25
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO O ORÇAMENTO DEMOCRÁTICO DE JOÃO PESSOA: MECANISMOS DE ARTICULAÇÃO Auricely Lopes Albino da Silva Pós Graduanda latu sensu em Gestão Pública Municipal Yure Silva Lima Professor Mestre em Geografia UEPB RESUMO: Este trabalho apresenta o instrumento do Orçamento Democrático de João Pessoa, focando no seu mecanismo de articulação popular, abordando a temática dos Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão administrativa e espaço de diálogo com a população. Através dos procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa e a análise dos dados, apresenta elementos que proporcionam reflexões e conclusões acerca do mecanismo de articulação do Orçamento Democrático através dos Articuladores (as) Regionais. As questões levantadas nos permitiram analisar a metodologia adotada pelos Articuladores (as) para realizar a mobilização e articulação acerca do trabalho do Orçamento Democrático. Palavras chaves: Participação Popular. Orçamento Democrático. Articulação. 1 INTRODUÇÃO Nos anos de 1980 os movimentos sociais levantaram suas bandeiras de luta reivindicando direitos e justiça social. Em meio a esse cenário, marcado pela falta de credibilidade governamental, se pautou a necessidade de um modelo de gestão pública mais democratizada, que possibilitasse a participação popular, o direito de eleger e definir as prioridades de investimento, acompanhando e fiscalizando as ações governamentais e os gastos e investimentos públicos. Esse instrumento de participação popular surge como

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL

MODALIDADE A DISTÂNCIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

O ORÇAMENTO DEMOCRÁTICO DE JOÃO PESSOA: MECANISMOS DE ARTICULAÇÃO

Auricely Lopes Albino da Silva

Pós – Graduanda latu sensu em Gestão Pública Municipal

Yure Silva Lima

Professor Mestre em Geografia UEPB

RESUMO: Este trabalho apresenta o instrumento do Orçamento Democrático de João

Pessoa, focando no seu mecanismo de articulação popular, abordando a temática dos

Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão administrativa e espaço de diálogo

com a população. Através dos procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa e a análise

dos dados, apresenta elementos que proporcionam reflexões e conclusões acerca do

mecanismo de articulação do Orçamento Democrático através dos Articuladores (as)

Regionais. As questões levantadas nos permitiram analisar a metodologia adotada pelos

Articuladores (as) para realizar a mobilização e articulação acerca do trabalho do Orçamento

Democrático.

Palavras chaves: Participação Popular. Orçamento Democrático. Articulação.

1 INTRODUÇÃO

Nos anos de 1980 os movimentos sociais levantaram suas bandeiras de luta

reivindicando direitos e justiça social. Em meio a esse cenário, marcado pela falta de

credibilidade governamental, se pautou a necessidade de um modelo de gestão pública mais

democratizada, que possibilitasse a participação popular, o direito de eleger e definir as

prioridades de investimento, acompanhando e fiscalizando as ações governamentais e os

gastos e investimentos públicos. Esse instrumento de participação popular surge como

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

mecanismo para a elaboração e acompanhamento das peças orçamentárias (LOA, PPA e

LDO)1. Com objetivo de evitar que os governos não cumpram o que planejam ou executem o

que não é prioridade, a população precisa entender a linguagem e os processos técnicos do

ciclo orçamentário e para isso a gestão pública deve implantar esse instrumento de forma a

proporcionar à população que participa, capacitação abordando a temática de Orçamento

Público, entre outras ferramentas como os processos licitatórios, os convênios, entre outras.

O OD – Orçamento Democrático de João Pessoa foi criado no ano 2005 no Governo

PSB – Partido Socialista Brasileiro. A nomenclatura, segundo gestores do OD, difere das

demais, difundidas como OP – Orçamento Participativo, por contemplar a participação

democrática, enfatizando que “nem tudo que é participativo é democrático”, no entanto, a

marca partidária prevalece, diferenciando essa experiência de outros partidos, como por

exemplo, a do PT – Partido dos Trabalhadores. Pois, foi o PT quem primeiro implementou a

experiência de Orçamento Participativo na administração pública da Cidade de Porto

Alegre/RS. O Orçamento Democrático de João Pessoa foi implementado como

Coordenadoria, vindo a compor a SETRANSP - Secretaria da Transparência Pública, criada

no mesmo ano através da reforma administrativa Lei nº. 10.429 junto a outras

Coordenadorias como: Sistema de Ouvidoria Municipal, Controle Interno e Departamento de

Produção e Gestão da Informação. Neste ano de 2011, as três primeiras coordenadorias foram

transformadas em Secretarias Executivas, o que as respaldam junto as demais Secretárias

quanto a relação hierárquica, possibilitando a criação de diretorias, além de proporcionar uma

dinâmica mais participativa no planejamento das ações governamentais junto ao corpo de

Secretariado e ao Prefeito. Porém, continuam subordinas a SETRANSP, especialmente

quanto a dotação orçamentária e aos processos licitatórios e de prestação de serviços. O OD

foi regulamentado no ano 2010 através da Lei nº. 11.903, segundo a Gestão Municipal, essa

foi uma iniciativa para assegurar que esse instrumento prevaleça independente da cor

partidária que assuma o governo. Embora, essa ferramenta de participação já esteja legitimada

na Constituição Federal em seu artigo 1º. Parágrafo único, ao tratar da participação popular

nas esferas de poder, incluindo os Conselhos Temáticos institucionalizados. E para que essa

garantia se efetive é preciso que a população sinta-se proprietária dessa ferramenta.

1 LOA – Lei Orçamentária Anual, PPA – Plano Pluri

1Anual e LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias. São peças

orçamentárias que definem o orçamento, as metas, ou seja, diretrizes de ações, políticas e programas para o ano

posterior. Assim como, a definição de um plano macro, para os próximos quatro anos de governança, de forma a

garantir através de um planejamento, um orçamento que respalde as ações governamentais. Essas ferramentas

são garantias constitucionais.

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

3

A Secretaria Executiva do Orçamento Democrático é composta por duas equipes. Uma

que trabalha questões de cunho interno, desenvolvendo os trabalhos de planejamento das

diversas atividades concernentes ao trabalho de articulação e das demandas orçamentárias, da

elaboração e organização técnica referente aos relatórios, as representações em reuniões de

técnicos (as), entre outras. A outra equipe desenvolve trabalhos externos, como: a articulação

e a mobilização do OD junto a população e aos Conselheiros (as) Regionais, mantendo a

população informada acerca das ações, serviços e obras municipais, através de reuniões e

promoção de eventos. São os Articuladores (as) Regionais, funcionários (as) comissionados

ou prestadores de serviços que promovem reuniões comunitárias, agendam audiências com os

técnicos da Prefeitura, organizam eventos e acompanham as demandas da população. São 18

Chefes de Núcleos Regionais, subdivididos por Regiões Orçamentárias. Ocorrendo que há

quatro Regiões acompanhadas por dois Articuladores (as), devido ao número populacional da

Região e a extensão geográfica, as demais seguem com um Articulador (a).

Abordar a temática do Orçamento Democrático é falar de articulação e de mobilização

popular. Nesse sentido, o trabalho investiga o mecanismo de articulação desse instrumento na

Cidade de João Pessoa, através da vivência de articulação dos Chefes de Núcleos Regionais,

conhecidos como Articuladores (as). Estes funcionários de confiança do gestor e que

desenvolvem o trabalho de articulação junto a Prefeitura, agendando audiências com técnicos

(as), Secretários (as), organizando eventos e reuniões comunitárias, mantendo a população

informada e mobilizada sobre as ações, serviços e obras do Governo Municipal. Possuem

como ferramentas de trabalho: telefones institucionais, transportes para locomoção,

regimentos internos das Regiões Orçamentárias (documento que orienta a metodologia das

reuniões dos Conselheiros (as)2 e a participação), relatórios sistemáticos (referentes as

atividades realizadas na Região), além de computadores e de telefones fixos na sede da

Secretaria. João Pessoa foi zoneada em catorze Regiões Orçamentárias que são compostas

por bairros e comunidades, considerando a questão geográfica, social e ambiental. Esse

zoneamento está ilustrado no anexo 2 e 3. A 12ª. Região Orçamentária agrupou bairros de

aspectos rurais como: Gramame, Engenho Velho e Mituaçu. O Residencial Gervásio Maia e o

2 Conselheiro(a) Regional é o morador da Região, ou seja, do bairro ou da comunidade que está inserida na área

denominada Região, que se credencia como candidato a representante na Região, submetendo-se a aprovação na

assembleia, para acompanhar e fiscalizar as ações municipais. Essa nomenclatura foi modificada no ano 2011,

antes era chamado de Delegado (a).

Conselheiro (a) Municipal é o morador da Região já eleito Conselheiro Regional que se candidata a ser o

representante da Região junto aos técnicos do governo no acompanhamento das prioridades eleitas, assim como,

as ações, serviços e obras. Antes era conhecido apenas como conselheiro.

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

Colinas do Sul também compõe a Região, devido a proximidade geográfica e a utilização dos

mesmos equipamentos sociais. A experiência de João Pessoa difere da metodologia

aplicada pelas demais cidades, por trabalhar com prioridades, apontadas e eleitas em

Audiências Públicas, a serem trabalhadas através do planejamento das peças orçamentárias.

As demais experiências como Belo Horizonte e Porto Alegre, trabalham com a divisão de

recursos (financeiro) para destinação das obras. Para desenvolvimento das demandas

prioritárias, João Pessoa segue o modelo de ciclo orçamentário, ou seja, atividades

desenvolvidas anualmente, a partir do planejamento das prioridades eleitas pela população.

Esse ciclo é composto por seis etapas que estão detalhadas no anexo 1. Na primeira Etapa

do Ciclo 2011, a Secretaria mais demandada foi a saúde, os Gestores alegam que isso se deve

ao aumento de investimento na saúde como construção de novas Unidades de Saúde da

Família (USF), Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e reforma de hospitais. O fato é que

a Saúde sempre foi apontada como prioridade, a diferença dos motivos deste ano de dois mil e

onze, é que nos anos anteriores as reclamações eram sobre os serviços e os atendimentos,

apontados como questões freqüentes no preenchimento das fichas de prioridades. Dessa

forma, após vários investimentos nessa área, a demanda de hoje é por mais equipamentos

sociais como os citados acima, assim como, serviços especializados3. Na segunda Etapa onde

acontece a eleição dos representantes das Regiões Orçamentárias, foram eleitos 343

Conselheiros (as) Regionais, sendo 205 homens e 138 mulheres. Até a Quarta Etapa do Ciclo,

participaram das atividades do OD mais de 8.000 pessoas4. No mês de novembro do ano dois

mil e onze foi lançada uma cartilha da SETRANSP que informa os resultados dessas obras

que obedecem aos critérios de intervenção elencados pelo OD, referenciando a economia

orçamentária (menor custo), o benefício de maior número de pessoas (obra que contemple

maior contingente populacional), ou ainda, quando por imposição legal ou pelo critério de

IPTU, obras estruturantes realizadas durante os sete anos de ciclo, publicadas na I

Conferência da Transparência Pública, foram contabilizadas: 21 USF – Unidade de Saúde da

Família, 11 CREIs - Centro de Referência da Educação Infantil, 4 CREIs em construção e 16

reformados, 12 escolas, 32 quadras, 17 praças, 51 praças revitalizadas e mais de 700 ruas

pavimentadas como resultados das prioridades eleitas.

O mecanismo de articulação do OD de João Pessoa é o objeto de estudo desse

3 Dados observados e interpretados pela leitura e análise dos resultados da Diretoria de Acompanhamento.

4 As informações são originadas da Diretoria de Planejamento e Acompanhamento da Secretaria Executiva do

OD

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

5

trabalho, por fomentar a experiência de participação popular através de um instrumento

institucionalizado na Cidade de João Pessoa há quase sete anos. Analisando as respostas

apresentadas pelo roteiro de entrevista aplicado aos Articuladores (as), acerca das impressões

dos resultados, dos processos e da estrutura de mobilização, e como isso pode se refletir na

efetivação e difusão do OD na cidade como ferramenta de transformação social.

2 ORÇAMENTO PARTICIPAVO COMO MECANISMO DE ARTICULAÇÃO

POPULAR

O contexto histórico de globalização no Brasil ressaltou a situação de exclusão social

existente no país, como a concentração de renda de um grupo minoritário, enquanto, uma

grande parcela da população fica em situação de privações de direitos. Isso se deve também,

ao histórico de modelos de administração governamental respaldada pela oligarquia,

coronelismo, implantando práticas de exercício de poder tradicionalista, centralizadora e

autoritária. Houve tentativas de governança populista, porém, não obtiveram êxito, devido à

ausência de participação efetiva da população nos processos decisórios governamentais.

Alguns autores como Azevedo (2005, p. 13) e Fernandes (2005, p.13) afirmam que “o

problema do Brasil não é a governabilidade e sim, a governança, ou seja, a forma de

utilização desta”. Azevedo em seu artigo sobre o tema a que nos referirmos anteriormente traz

ainda a discussão de uma crise de governance. E devido a esses acontecimentos históricos

voltados as formas de governabilidade, surgem na década de 80, espaços de participação

popular, sejam eles institucionalizados como os Conselhos Temáticos, ou através de outros

instrumentos reivindicados pelos movimentos sociais, como fóruns, conferências, plebiscitos

e referendos. A Constituição de 1988 trouxe em seu texto, diretrizes e orientações que

respaldam e garantem a seguridade dos direitos e deveres dos cidadãos, perpassando inclusive

pela participação no acompanhamento e fiscalização das políticas públicas. Nesse contexto, o

processo orçamentário é importantíssimo para conhecimento e empoderamento da população

sobre o ciclo orçamentário, pois é através dele que se viabilizam as ações de obras e serviços

nos municípios e estados. É nesse sentido que surgem as experiências de OP’s – Orçamentos

Participativos em todo país. Iniciando-se em 1989, no Rio Grande do Sul, no governo do PT –

Partido dos Trabalhadores, proporcionando à sociedade um meio de participação popular,

elegendo prioridades de investimento e acompanhando as demandas populares solicitadas em

assembleias. Rodrigues (2007, p. 57) traz essa discussão dos OP’s como “uma nova forma de

governar, quebrando o modelo tradicional, onde somente os Prefeitos, Governadores e

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

Secretariado decidiam sobre o orçamento público, dentro de um Gabinete, sem a participação

e/ou consulta popular”. Outros autores como Santos (1998) e Navarro (1998) comentam que o

OP permite aos cidadãos participação na dinâmica de investimentos do orçamento público

Santos (1998), da mesma forma que permite que grupos marginalizados possam participar da

mesma forma que outra, que tradicionalmente opinavam sobre a aplicação de investimento

público (NAVARRO, 1998).

Diante de regimes de ditadura, de centralismo, de autoritarismo, de oligarquismos e

coronelismo presentes ao longo dos anos a frente da governabilidade do Brasil. Os

movimentos sociais e partidos de esquerda buscaram um mecanismo de participação que

proporcionasse a população, a efetiva participação no que diz respeito aos investimentos da

localidade, obtendo direito a eleição e acompanhamento das prioridades e serem trabalhadas

pelo orçamento público. Com isso, experiências de OP’s em todo Brasil expandiram-se

buscando garantir esse exercício da democracia, embora, devemos estar atentos, no que tange

a metodologia de participação, a capacitação e a governança do local.

Com todas as críticas atribuídas aos OP’s, sejam elas quanto a metodologia e

resolutividade, muitos autores abordam essa temática, acreditando que esse é o caminho para

o exercício da democracia. Avritzer (2003), por exemplo, traz a discussão da teoria, ou seja, a

literatura que norteia o OP e a praticidade, a efetivação e a implantação desse instrumento

como mecanismo de participação popular. Já Azevedo (2008), Nabuco (2008) e Fernandes

(2005) abordam o tema tomando como parâmetro a experiência de Belo Horizonte que é

analisado como a experiência em OP que mais vem dando certo quanto a resolutividade das

prioridades e participação.

Discutiremos a prática cotidiana dessa experiência na Cidade João Pessoa, como ela

acontece todos os dias na cidade. E apontaremos questões para reflexão acerca das

dificuldades e satisfações elencadas pelos Chefes de Núcleos Regionais sobre o mecanismo

de articulação.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos elegidos para elaboração desse artigo “O Orçamento

Democrático de João Pessoa: mecanismos de articulação” tem como atores principais da

pesquisa, os Chefes de Núcleos Regionais. São 18 servidores (as) da Secretaria Executiva do

Orçamento Democrático de João Pessoa. Totalizando dezoito, onde todos foram entrevistados

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

7

(as). O estudo de campo foi aplicado em três dias. A Secretaria Executiva do OD foi

comunicada da pesquisa através de documento oficial. A abordagem foi de forma receptiva.

A motivação dessa pesquisa aconteceu pelos sete anos pela da experiência do OD na

Cidade de João Pessoa, passando por duas Gestões Municipais do PSB. “O texto traz uma

análise interpretativa, com o método de conhecimento científico por meio de procedimentos

metodológicos que possibilitaram investigar a realidade de forma organizada” (ZANELLA,

2010, p. 53). O método é dialético e a temática foi abordada considerando aspectos relevantes

para análises e conclusões, realizando uma leitura quantitativa, porém, explorando os dados

qualitativos.

A pesquisa é explicativa, “buscando identificar fatores determinantes ou contributivos

ao desencadeamento dos fenômenos, possibilitando procedimentos de registro, classificação,

análise” (ZANELLA, 2010, p. 81). Como técnica foi escolhida a entrevista, aplicada aos

Articuladores (as) Regionais. A entrevista foi elaborada com perguntas que contemplam

desde o perfil faixa etária, gênero e participação comunitária anterior ao OD, até indagações

abertas que questionam as satisfações, dificuldades, desafios, metodologia de articulação e a

representatividade do OD para a cidade e como experiência de sucesso. A escolha dessa

técnica permitiu observar expressões e comportamentos no momento das respostas,

compostas por catorze perguntas acerca do trabalho de articulação e a importância da

experiência para a cidade, do ponto de vista dos Chefes de Núcleos Regionais, durante os três

dias.

4 ANÁLISE DE RESULTADOS

Nesse capítulo analisaremos os dados apresentados a partir das respostas dos

Articuladores (as) Regionais sobre o trabalho de articulação desenvolvido no Orçamento

Democrático e a relevância desse instrumento para a Cidade de João Pessoa.

4.1 Articuladores(as) Regionais

O trabalho de articulação e mobilização do OD é desenvolvido por dezoito prestadores

(as) de serviço da Gestão Municipal. São militantes, com cargo de confiança, que representam

a Prefeitura na comunidade, fazendo o elo da gestão com a população. Utilizam como

ferramentas de trabalho: telefones móveis institucionais, transporte tipo van (previamente

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

agendada) para locomoção dos servidores (as) e dos Conselheiros (as) Regionais para

reuniões, visitas e outros eventos. Também contam com telefones fixos e computadores na

sede da Secretaria, assim como, regimentos internos aprovados na Região para orientação da

metodologia das reuniões e a participação dos Conselheiros (as) nas Regiões Orçamentárias,

além de elaborarem relatórios sistemáticos das atividades desenvolvidas na Região. Cada

Região possui um modelo específico de regimento interno, assim como, os Articuladores

sistematizam suas atividades através de relatório quantitativo e qualitativo das atividades

desenvolvidas nas Regiões Orçamentárias.

Através das opiniões dos Articuladores (as) Regionais acerca do mecanismo de

articulação do OD e as expressões desse instrumento para a cidade, poderemos analisar os

resultados desse trabalho no exercício da democracia participativa.

4.2 Apresentação e Análise dos Resultados

A apresentação dos dados estão organizados e distribuídos através de gráficos, tabelas

e análise das respostas dos Articuladores (as) Regionais a partir do roteiro de entrevista que

abrange questões que apontam o perfil dos Articuladores (as), a metodologia de trabalho, os

desafios e a importância desse instrumento para a Cidade de João Pessoa como mecanismo de

articulação e participação popular.

4.2.1 Perfil dos articuladores(as) regionais

Para melhor analisarmos o trabalho de articulação dos Articuladores (as) Regionais,

identificaremos o perfil desses prestadores (as) de serviço, como a faixa etária, a escolaridade,

o tempo de serviço na Secretaria, o gênero e a forma de ingresso no OD.

4.2.1.1 Faixa etária

A faixa etária dos Articuladores (as) demonstra uma diversidade, destacando que

metade possui idade acima de 35 anos, enquanto a outra metade subdivide-se entre 18 e 35

anos. O gráfico abaixo ilustra essa representação.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

9

Gráfico 1 – Faixa Etária

Fonte: Elaborado pela autora, baseado nas respostas dos entrevistados.

A equipe externa do OD é composta por todas as faixas etárias, contemplando desde a

juventude até a pessoa idosa, pois entre o grupo há uma pessoa de sessenta e dois anos de

idade. Essa diversidade pode ser interessante, pois possibilita à equipe uma riqueza peculiar

na metodologia de trabalho, considerando a experiência de vida trabalhista ou de militância

popular. É importante frisar que a participação da juventude nesse âmbito de trabalho

mobilizador e político é motivador para o debate e fomento da participação popular e da

democracia participativa, pois possibilita formação de novos quadros de atuação e renovação

no âmbito da administração pública e da participação popular.

4.2.1.2 Gênero

O gênero que prevalece nessa categoria de trabalho é o masculino, representado em

número de 10, isso pode ser uma demonstração do comportamento cultural da sociedade,

onde os homens são os que majoritariamente discutem e fazem articulação política e

comunitária. Embora, isso venha mudando ao longo dos anos. A participação das mulheres

vem tornando-se essencial e expandindo-se nesse debate, de forma que as mulheres

representam 44% desse universo entrevistado.

4.2.1.3 Escolaridade

16,00%

11,00%

22,00%

50%

Faixa Etária

de 18 a 23 anos

de 24 a 29 anos

de 30 a 35 anos

acima de 35 anos

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

Quanto à escolaridade dos Articuladores (as) apresentou-se satisfatória, pois, metade

dos comissionados (as) têm ensino superior completo ou cursando, a outra metade possui

ensino médio e apenas um Articulador tem ensino fundamental. Os níveis de escolaridade

apresentados podem auxiliar quanto a aplicação de métodos e metodologia de sistematização

e planejamento das atividades, unidas a experiência de mobilização e de militância política e

popular.

4.2.1.4 Tempo de serviço

O tempo de serviço na função de Articulador (a) está relacionado aos que participam

do processo desde sua implantação aos que ingressaram neste ano de dois mil e onze. Os

Articuladores (as) que possuem menos de um ano na função, vieram substituindo ex-

articuladores (as) que migraram para o Governo Estadual ou para cobrir um déficit de

Articulador (a) na Região que é composta por dois Chefes de Núcleos Regionais. Dessa

forma, podemos observar que a forma de ingresso no OD também perpassa pela questão

política. Correlacionado ao fato desses prestadores de serviço ter um cargo de confiança como

poderemos verificar na tabela abaixo.

Tabela 1 – Forma de Ingresso no Orçamento Democrático

Formas de Ingresso no OD Quantidade

Convite/Indicação 12

Transferência de Secretaria 01

Participação no OD como Conselheiro

(a)

05

Total 18 Fonte: Fonte: Elaborado pela autora, baseado nas respostas dos entrevistados.

Conforme podemos constatar na tabela acima os cargos de Chefes de Núcleos

Regionais são de confiança do gestor, pois 12 foram convidados por alguém da equipe do

OD, ou seja, indicados (as), uma Articuladora foi transferência de função, a de Agente

Setorial da SEDES – Secretaria de Desenvolvimento Social que também desenvolvem

trabalho de mobilização popular, mais especificamente auxiliando na organização popular

através de associações comunitárias e outras ações que se relacionam com a Secretaria e a

Gestão Municipal. E 05 funcionários (as) responderam que ingressaram no OD através da

participação no Ciclo do OD como participante, depois Delegado (hoje denominado

Conselheiro Regional) e posteriormente como Conselheiro (hoje denominado Conselheiro

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

11

Municipal), resultando no convite do gestor para o cargo. Geralmente essas pessoas

mostravam-se parceiras, dedicadas, assíduas e faziam intervenções em defesa da comunidade,

sempre reconhecendo o trabalho da gestão municipal, além de terem uma boa influência com

a comunidade. Com isso concluímos que os cargos são de confiança do Governo Municipal e

o ingresso não se dá por análise de currículo. Outro fato interessante para reflexão é

considerar até que ponto é favorável para o processo de participação popular, contratar

Conselheiros (as) como funcionários (as) do OD ou de outra Secretaria. Será que isso não cria

expectativas de emprego na participação popular junto a Prefeitura? Ou pode ser o

reconhecimento/mérito do trabalho comunitário do então Conselheiro (a) que não deveria

deixar de ser contratado por participar do OD?

Sobre essa questão é preciso atenção, para não desqualificar a participação popular,

essa não deve ser atrelada ao governo, deve ser independente, ou seja, não estatal. Isso ocorre

quando governos cooptam lideres de movimentos sociais, intimidando a participação

enquanto reivindicatória.

4.2.2 Militância do articulador(a)

Todos os Articuladores (as) Regionais participaram de Movimentos Sociais,

Comunitários, Temáticos e de Igrejas. Foram citados movimentos de categoria profissional,

das mulheres, da criança e do adolescente, da juventude, da moradia, das pastorais, estudantil,

da pessoa com deficiência, comunitário, partidário, negro e cultural. Dessa forma,

constatamos que os Articuladores(as) possuem experiência de participação, formação e

militância em movimentos sociais e reivindicatórios, podendo contribuir favoravelmente com

a efetiva participação popular de forma democrática e transparente.

Analisaremos as respostas dos entrevistados (as) quando indagados sobre a forma de

articulação na Região, as satisfações, as dificuldades, os desafios e o que precisa melhorar no

trabalho de articulação e a importância e relevância do Orçamento Democrático para João

Pessoa.

4.2.3 Metodologia do trabalho de articulação

Sobre a articulação na comunidade nenhum Articulador (a) fez menção ao regimento

interno que cada Região possui norteando as reuniões, as comissões de trabalho de

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

fiscalização e participação dos Conselheiros (as), tão pouco, sobre os relatórios mensais que

devem elaborar e entregar à Secretaria. Foram colocados aspectos da metodologia de trabalho

de forma particular, de cada Articulador. Vejamos algumas respostas sobre o processo de

articulação na comunidade:

“Através de reuniões com as Secretarias, parceria com Associações Comunitárias.

Visitas a obras na Região e estar diariamente em contato com os Conselheiros”

(Articuladora 1)

“Através dos Conselheiros e das lideranças comunitárias e religiosas, utilizando o

carro de som, panfletos e fazendo reuniões” (Articulador 1)

“A partir de um mapeamento da comunidade e identificação das lideranças,

construindo uma agenda com as comunidades e lideranças, fazendo o trabalho

pedagógico, transmitindo a funcionalidade do OD” (Articulador 2).

Como podemos observar, a forma como os Articuladores desenvolvem a mobilização

na Região, acontece através de contatos pessoais, utilização de algumas ferramentas de

divulgação e articulação com entidades, porém, o que ficou perceptível foi a articulação

voltada para as reuniões regionais e de gestão, e contato com os Conselheiros (as) Regionais.

Embora, a divulgação do trabalho do OD junto a população não perpasse exclusivamente pelo

Conselheiro (a), enfatizando que o Articulador deve junto ao Conselheiro (a) de sua área de

atuação, mobilizar e manter informada a comunidade sobre as ações, obras e serviços

municipais.

4.2.4 Dificuldades no trabalho de articulação

As dificuldades apontadas foram sobre a estrutura de trabalho, no que concerne aos

transportes, contatos telefônicos, os processos políticos e a questão motivacional que

repercute também na intersetorialidade. Vejamos algumas das colocações:

“A falta de respostas das Secretarias, porque depois da motivação feita por nós à

população, não se tem o retorno para a comunidade e fica a cobrança pelo que você

propagou” (Articulador 6)

“(pensativo) As dificuldades são os processos políticos, a disputa política

partidária” (Articuladora 2)

“(pensativo) A falta de estrutura como: transporte disponível para cada

Articulador, telefone com mais bônus e créditos para o cotidiano dos trabalhos na

comunidade. E o enfrentamento a lideranças com perfis individualistas e também a

alguns parlamentares” (Articulador 9)

As maiores dificuldades apontadas acusam que as Secretarias Municipais não estão em

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

13

consonância com o processo do OD, dificultando o trabalho de credibilidade e

intersetorialidade. Além da infraestrutura mencionada como dificuldade, outras respostas não

expostas no artigo, deixaram claro que já melhorou muito. Apesar da demanda de trabalho nas

Regiões ser intensa, demonstrando a dificuldade de ter que aguardar uma vaga no horário das

vans da Secretaria. Da mesma forma que apontam a necessidade de novos planos para os

aparelhos móveis, devido ao uso incansável cotidianamente. Também destaco a preocupação

da Articuladora 2 ao apontar a questão política partidária como dificuldade, pois, os processos

de decisão, podem esbarrar em interesses individuais e partidários.

4.2.5 Satisfações no trabalho de articulação

Quanto às satisfações no desenvolvimento desse trabalho de articulação foi notória a

exaltação em fazer parte dessa experiência na cidade. Vejamos algumas colocações:

“(demonstração de euforia) É um prazer! Ver as realizações de nossas demandas

junto à comunidade e com resultados do poder público, concretizados” (Articulador

3)

“Poder passar as ações e serviços da Prefeitura para a população, assim como,

sobre seus direitos” (Articulador 4)

“O avanço político e o reconhecimento comunitário. A descoberta de novos atores

comunitários nessa oportunidade de discutir os problemas e eleger as prioridades”

(Articulador 5)

É perceptível que os Articuladores (as) Regionais demonstram satisfação com o

trabalho, apesar das dificuldades citadas anteriormente, reconhecem as ações, serviços e obras

realizadas pela Prefeitura através do OD, embora ponderando no ponto anterior, a falta de

retorno das Secretarias quanto às respostas às solicitações dos Conselheiros (as).

4.2.6 Desafios na articulação

Sobre esse ponto foram mencionados aspectos como a falta de: motivação, estímulo,

incentivo e reconhecimento do trabalho por parte da Gestão Municipal. De forma que os

gestores (as) municipais enxerguem o OD como elo com a comunidade, para um trabalho

coletivo de forma consultiva e participativa. Vejamos algumas declarações sobre esses

desafios:

“Manter acesa a vontade das pessoas em construir e acreditar no projeto”

(Articuladora 3)

“É se virar nos trinta”. “Para resolver tudo, pedindo ajuda, havendo e descobrindo

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

apoio e ajuda” (Articulador 8)

“O primeiro desafio é se manter estimulado e inovar a metodologia de

mobilização” (Articulador 2)

Fazendo uma leitura dessas respostas percebemos que a primeira declaração aborda o

fator credibilidade e compromisso, a segunda fala sobre a expectativa e cobrança da gestão

sobre o Articulador, que é parte de um projeto político de gestão e por isso a cobrança sobre

esse trabalho de mobilização, e a terceira é sobre o desestímulo e a necessidade de inovação

na metodologia de mobilização, de forma a alcançar outros atores da participação popular e

novas estratégias de articulação.

Como sugestões para melhorar esses desafios os Articuladores (as) fizeram alguns

apontamentos, vejamos:

“(pensativo) Melhores condições de trabalho para o Articulador, diminuir a

cobrança sobre o Articulador, atender as demandas, explicar o que é possível

atender no momento e o que não é. Que os Secretários (as) cumpram com as

palavras anunciadas e não fique na promessa, reconhecer o Articulador como

parceiro do projeto, socializando as informações municipais” (Articulador 1).

“Promover formações políticas e maior reconhecimento do Governo com o OD e

com a população” (Articulador 5)

“A articulação na perspectiva da intersetorialidade dos Secretários com o OD. Ter

uma visão mais política da equipe de apoio, ou seja, a equipe interna e melhorar a

capacitação interna da equipe e dos Conselheiros de forma mais sistemática”

(Articulador 10)

No momento da resposta, o Articulador 1 exemplificou um acontecimento na Região

em que trabalha, onde a gestão realizou uma ação e não o comunicou. Isso demonstra o

problema de intersetorialidade já apontada como dificuldade anteriormente. Também foi

mencionada a importância da promoção de capacitações para a equipe do OD e para os

Conselheiros (as) Regionais, de forma sistemática. É válido ressaltar que já houve

capacitações, embora, não haja um calendário fixo no planejamento.

Após analisar um pouco da metodologia, dos desafios, das dificuldades e das

satisfações no trabalho de articulação, abordaremos a importância e relevância dessa

experiência de participação popular na Cidade de João Pessoa, a partir da visão dos

Articuladores (as) Regionais.

4.2.7 Reflexões sobre o OD na cidade de João Pessoa

As perguntas que seguem agora abordam a motivação, a importância e o resultado do

trabalho do OD na Cidade de João Pessoa do ponto de vista dos Articuladores (as) Regionais.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

15

Indagados sobre o que faz o OD acontecer todos os dias na Cidade de João Pessoa, os

Articuladores (as) responderam:

“A fomentação das comunidades, no sentido de buscar a melhoria da qualidade de

vida, produzindo assim, demandas que existem, ao contrário de gestões passadas,

que mantinham exclusivamente a articulação com os parlamentares, desprezando o

diálogo com a população” (Articulador 9)

“Os Conselheiros (as) Regionais, sendo peças fundamentais, porque estão vendo as

necessidades diárias. E as realizações das obras e ações das demandas”

(Articulador 1)

“(pensativa) Vontade de fazer da Articuladora. E do trabalho do OD de uma forma

geral. É o caminho certo de se governar” (Articuladora 5)

Observamos que as demandas cotidianas da população são fatos que motivam a

realização do OD todos os dias na cidade, somadas ao trabalho que é desenvolvido pelos

Conselheiros (as) Regionais junto a comunidade, ao trabalho dos Articuladores (as) no

compromisso de viabilizar a participação popular nos fóruns de discussão e de deliberação,

assim como, os resultados das obras e ações realizados na Cidade de João Pessoa.

Correlacionando as respostas anteriores com as perguntas sobre a importância do OD

para a cidade, as colocações foram voltadas para a população:

“É o empoderamento da população. Em ser consultada para o cumprimento das

obras. Mesmo não atendendo a todas as demandas” (Articuladora 2)

“Foi a melhor coisa que já aconteceu numa gestão democrática. A cidade cresceu

em infraestrutura e ficou mais organizada” (Articulador 10)

“Porque está formando cidadãos livres” (Articuladora 1)

O Articulador 1 cita essa expressão “cidadãos livres” para enfatizar que a população

está participando da Administração Pública e elegendo as prioridades de investimentos.

Percebemos que nas respostas há uma notória credibilidade ao instrumento. De alguma forma

os Articuladores (as) Regionais acreditam na mudança cultural de participação popular na

Gestão Pública, assim como, apontam um desenvolvimento da cidade em infraestrutura e

participação cidadã, embora, em outras respostas ficou clara a falha do governo na

sistematização e efetivação das demandas orçamentárias elegidas pela população. Mesmo que

a Gestão Municipal inaugure, entregue e realize várias obras na cidade, essas demandas

parecem não serem planejadas e definidas com o Conselho do OD5. O que, pelo entendimento

5 COD – Conselho do Orçamento Democrático é composto por 14 Conselheiros titulares e seus respectivos

suplentes, sendo dois para cada Região (um titular e um suplente), além dos representantes da população há uma

representação da SEGAP - Secretaria da Articulação Política, da CMJP – Câmara Municipal de João Pessoa e da

Secretaria Executiva do OD com seus respectivos suplentes.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

das Etapas do Ciclo do OD, essa metodologia aconteceria na 4ª. Etapa, momento em que os

Conselheiros (as) Municipais reunir-se-iam com os técnicos (as) das Secretarias mais

demandadas para definir as ações prioritárias apontadas e elegidas em Audiência Popular.

4.2.8 O Orçamento Democrático como experiência de sucesso e transformação

A última pergunta procurou saber, na opinião do Articulador (a), se o OD é uma

experiência transformadora e de sucesso. Vejamos:

“(demonstração de incerteza e dúvida na resposta) Foi inovadora. (receio em

responder) Porque iguala as pessoas como um todo na participação” (Articuladora

6)

“Sim. Por ver o envolvimento das pessoas. (volta atrás na afirmação) Mais ou

menos. Muitas pessoas não participam e não conhecem devido à falta de

divulgação” (Articuladora 5)

“Ainda não. É uma experiência inicial. Só será uma experiência transformadora e

de sucesso, com a consolidação da participação popular de forma mais qualitativa,

indo além do ciclo orçamentário, onde a própria comunidade/população qualificar

a sua intervenção no exercício de sua cidadania” (Articulador 9)

Essas declarações não afirmam o OD como transformador e de sucesso, ao menos

inicialmente, alguns Articuladores (as) apontaram como um instrumento em construção para

essa transformação. A Articuladora 6 ao responder a essa questão, ficou receosa se deveria ou

não responder o que realmente pensava. Já a Articuladora 5, ao responder a afirmativa, volta

atrás, refazendo a resposta após refletir melhor. Já o Articulador 9 reconhece a experiência

como inovadora, mas que ainda não pode ser considerada transformadora e de sucesso. Esses

funcionários (as) reconhecem a importância do OD para a cidade, mas pondera que o

instrumento ainda não pode ser considerado transformador e de sucesso.

As outras declarações reconhecem o Orçamento Democrático como experiência

transformadora e de sucesso. Reconhecem o OD como um instrumento legítimo de

participação e escuta da população, mas que ainda precisa ser melhorada quanto a

metodologia e especialmente em relação ao planejamento, a definição e a execução das

demandas apontadas durante o Ciclo do OD. Vejamos:

“Sim. Por ter conseguido resgatar o sentimento de cidadania, o valor público. É

transformador porque as pessoas entendem a coisa pública como sua. Porque houve

mudança de comportamento e de cultura da população e dos gestores”

(Articuladora 3)

“Sim. E como é! Enxergamos a diferença em nossa cidade. Quem viu João Pessoa

há seis anos e vê hoje, enxerga a diferença. E isso se deve ao OD. Porque o povo

está participando. É um olhar diferente. O povo é quem reivindica. É uma

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

17

evolução” (Articulador 1)

Com exceção das três declarações que não consideraram o OD como uma experiência

transformadora e de sucesso, todas as declarações foram afirmativas e respondidas com

firmeza e de forma enfática, sempre focando o instrumento como espaço de diálogo e de

participação popular. A Articuladora 3 ressalta em sua resposta o sentimento de cidadania. E

o Articulador 1 relembra a cidade antes das duas últimas gestões comparando os avanços por

ele avaliado como feitos do OD.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência do Orçamento Democrático em João Pessoa, com sete anos de

existência, trouxe para a administração pública local, um modelo de gestão que proporciona o

diálogo e a participação popular nas escolhas de prioridades de investimentos, de acordo com

o planejamento das peças orçamentárias. O mecanismo de articulação dessa experiência é o

elo principal de apresentação e mobilização para a participação popular, podendo até ser

considerado o motor desse instrumento. E isso acontece através do trabalho de dezoito

agentes políticos de cargos comissionados e com experiência de articulação e mobilização.

Sobre essa questão a análise dos dados constatou a satisfação desses prestadores com o

trabalho que realizam, porém, destacando a necessidade de fortalecer a intersetorialidade tanto

sobre o reconhecimento do trabalho de articulação para a gestão, como da importância do

próprio OD para a cidade. Enfatizando que os Articuladores não são reconhecidos pelos

gestores (as) municipais, assim como, as demandas demoram a serem respondidas e/ou

atendidas.

A criação desse instrumento na Cidade de João Pessoa possibilitou que outras

lideranças comunitárias, com exceção das representações legalizadas, como associações e

parlamentares, participassem ativamente dos processos que deliberam o orçamento público e

de fóruns e conferências que apontam diretrizes para as políticas públicas. Porém, essa

ferramenta em João Pessoa, ainda não alcançou os movimentos sociais, as classes média/alta e

tão pouco os parlamentares, pois não há registro de participação e planejamento coletivo com

essas representações, é importante expandir o OD para outros atores e formadores de

opiniões, como já apontado no planejamento da Secretaria sobre a implementação do OD

Digital e do OD Criança que ainda não foi implantado, respaldando a questão da

intersetorialidade.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

O OD de João Pessoa apresenta uma metodologia que contempla: avaliação das ações

governamentais, eleição de prioridades, eleição de representantes populares, planejamento das

demandas entre outras ações. Porém, a leitura dos dados apresenta questões que perpassam

pelo planejamento das demandas prioritárias, embora tenha uma Etapa do Ciclo que objetiva

trabalhar o planejamento das prioridades apontadas, isso não acontece de forma deliberativa,

as Secretarias apresentam as solicitações sistematizadas e as ações já realizadas pelo órgão,

abrindo para novas demandas, sem sequer planejar as eleitas em assembleias populares. Muito

é feito pela gestão em se tratando de obras e serviços, até mesmo das demandas apontadas em

assembleias, porém, os Conselheiros (as) Municipais não participam efetivamente dessas

escolhas, ou seja, decisões, o que deveria acontecer durante o ciclo. Isso reforça o que se é

colocado pelos Articuladores (as) sobre a falha na intersetorialidade da gestão.

A partir da análise dados ficou evidente que o OD acontece na Cidade de João Pessoa,

considerando que o planejamento e acompanhamento das demandas prioritárias, a

intersetorialidade, a divulgação e o fortalecimento da participação popular precisam ser

melhores planejados de forma estratégica para garantir a qualificação da participação e

eficácia do OD. Esse instrumento é uma ferramenta para quebrar os modelos de gestão

clientelistas e assistencialistas. O OD é um mecanismo essencial para um projeto político. Ele

proporciona a identificação de novos atores sociais e pode ser o caminho para a concretização

da democracia, da participação popular e do compartilhamento de poder com a sociedade.

MINICURRÍCULO

Auricely Lopes Albino da Silva

Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba desde 2007.

Concluindo a Pós-Graduação em Gestão Pública Municipal pela EAD/UFPB

Virtual. Cursando a Especialização em Políticas Públicas de Proteção Social pelo

Centro Integrado de Tecnologia e Pesquisa. Atualmente exercendo o cargo de

Chefia de Gabinete de Vereadora em João Pessoa pela Câmara Municipal – Casa

Napoleão Laureano. Contato: [email protected]

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

19

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Sérgio de. Políticas públicas e governança em Belo Horizonte. 1997.

Cadernos IPPUR XI. Vol. 1. Nº. 2. Disponível em:

<www.chs.ubc.ca/consortia/outputs3/NPCBook-Perspectivas_Brasilieras.pdf>

AZEVEDO, Sérgio de; NABUCO, Ana Lúcia. Democracia participativa: a experiência de

Belo Horizonte. Belo Horizonte: Leitura. 2008. 1ª. Edição. Disponível em < buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=B58175&tipo=com

pleto&idiomaExibicao=1> ISBN 978-857358-844-6.

AZEVEDO, Sérgio de; FERNANDES, Rodrigo Barroso. Orçamento participativo:

construindo a democracia. Revan. 2005. Rio de Janeiro. ISBN 85-7106-311-7. Disponível em

< www.scribd.com/doc/13519281/Participatory-Budget-in-Brazil-Dissemination-Report >

AVRITZER, Leonardo. O Orçamento participativo e a teoria democrática: um balanço

crítico. 2003. Disponível em: <onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1468-

2427.2006.00692.x/full >.

AVRITZER, Leonardo; NAVARRO, Zander. Org. A inovação democrática no Brasil. São

Paulo: Cortez, 2003. ISBN 85-249-0904-6.

BRAGA’S. Maria do Carmo; SILVIA, Helena Félix. Revista Eletrônica da Faculdade de

Ciências Humanas. 2008.

GOHN, Maria da Glória. Conselhos gestores na política social urbana e participação popular.

Cadernos Metrópole. nº.7. 1º. Semestre. 2002. Disponível em:

<www.undp.org/legalempowerment/reports/National Consultation Reports/Country

Files/7_Brazil/7_5_Urban_Policy.pdf >.

GOULART, Jefferson O. Orçamento participativo e gestão democrática no poder local.

2006. Lua Nova. São Paulo. 2006.

SANTOS JÚNIOR, Orlando Alves dos. Democracia, desigualdades e governança local:

dilemas da reforma municipal no Brasil. 2002. Cadernos metrópole. nº.8.

LEAL, Suely. Fetiche da participação popular: novas práticas de planejamento, gestão e

governança democrática no Recife. Recife. Ed. do Autor. 2003.

LUBAMBO, Catia; COÊLHO, Denilson Bandeira; MELO, Marcus André. Desenho

Intitucional e participação política: experiências no Brasil contemporâneo. Vozes.

Petrópolis/RJ: Vozes, 2005. ISBN 85-326-3207-6.

RODRIGUES, Marisa Santos. Participação popular como estratégia para o

desenvolvimento urbano sustentável: o caso do OD do Município de João Pessoa. João

Pessoa/PB. Dissertação. PRODEMA/UFPB. 2007.

SALLES, Helena da Motta. Gestão democrática e participativa. Especialização em Gestão

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

Pública Municipal. Editora Universitária. João Pessoa. 2010.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Democracia y Participación: el ejemplo del Presupuesto

participativo. El Viejo Topo. ISBN 84-95776-53-7.

SILVA, Gustavo Tavares da. Gestão participativa e cidadania ativa. João Pessoa/PB.

Professor Pós Doutor do Departamento de História da UFPB.

TONOLLIER, Odir Alberto. Orçamento participativo: análise de uma experiência concreta.

Porto Alegre/RS. 1999.

ZANELLA, Liane Carly Hermes. Metodologia de estudos e de pesquisa em administração.

Especialização em Gestão Pública Municipal. Editora Universitária. João Pessoa/PB. Editora

UFPB. 2010.

JOÃO PESSOA. Prefeitura Municipal de João Pessoa. Secretaria da Transparência Pública.

Secretaria Executiva do Orçamento Democrático. www.odemocratico.pb.gov.br

BRASIL. Rede Brasileira de Orçamento Participativo. Disponível em:

<www.redebrasileiraop.com.br>

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

21

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA

1. Idade: _____________

Gênero: __________________

Escolaridade: ___________________________________

Já militou em movimentos sociais?

Não ( ) sim ( )

Se sim, quais?

________________________________________________________________

2. Como foi seu ingresso no OD?

________________________________________________________________

3. Há quanto tempo exerce a função de Articulador (a)?

________________________________________________________________

4. Como é o processo de articulação na comunidade?

________________________________________________________________

5. Quais as satisfações no desenvolvimento desse trabalho?

________________________________________________________________

6. Quais as dificuldades em ser Articulador (a) do OD?

________________________________________________________________

7. Quais os desafios?

________________________________________________________________

8. Qual a importância do OD para a cidade de João Pessoa?

________________________________________________________________

9. Que pode melhorar?

________________________________________________________________

10. Que faz o OD acontecer todos os dias?

________________________________________________________________

11. O OD é uma experiência transformadora e de sucesso? Por quê?

________________________________________________________________

12. Que pode melhorar?

________________________________________________________________

13. Que faz o OD acontecer todos os dias?

________________________________________________________________

14. O OD é uma experiência transformadora e de sucesso? Por quê?

________________________________________________________________

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

ANEXO 1 – CICLO DO ORÇAMENTO DEMOCRÁTICO 2011

Etapa Metodologia

1ª. Etapa – Audiências

Públicas

Momento em que acontece avaliação das ações

governamentais com a presença do Prefeito e

Secretariado, e escolha das prioridades para

investimento no ano vindouro

2ª. Etapa – Assembleias

Populares

Eleição dos Conselheiros (as) Regionais por Região

Orçamentárias a cada dois anos e, apresentação das

obras, ações e serviços municipais

3ª. Etapa – Assembléia

Geral dos Delegados (as)

Momento de eleição dos Conselheiros (as) Municipais e

consolidação das obras, ações e serviços municipais

4ª. Etapa – Planejamento

Democrático

Momento de planejamento das prioridades junto com os

técnicos (as) do governo. Participam os Conselheiros

(as) Municipais e Regionais

5ª. Etapa – Audiências

Setoriais

Momento de consolidação das ações, serviços e obras de

acordo com as prioridades eleitas. As secretarias mais

demandadas são convidadas e apresentam o que está

inserida na LOA

6ª. Etapa – Avaliação e

Planejamento

Momento de avaliação das atividades do ano e

planejamento das atividades do próximo ano, com a

presença do Prefeito reunindo todos os Conselheiros

(as), equipe do OD, Secretariado e população FONTE: SITE DO OD-JP2011WWW.OD.JOAOPESSOA.PB.GOV.BR ACESSADO EM 29/11/11

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

23

ANEXO 2 – MAPA DA REGIONALIZAÇÃO DA CIDADE

Fonte: Secretaria Executiva do Orçamento Democrático 2011

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

ANEXO 3 – ZONEAMENTO DAS REGIÕES ORÇAMENTÁRIAS

Zoneamento das Regiões Orçamentárias

Regiões

orçamentárias

Bairros/comunidades

1ª. Bessa, Jardim Oceania, Manaíra, São José, São Luiz, São Gabriel,

São Mateus, Washington Luís, Chatuba I, II e III, Jardim Luna,

Brisamar e João Agripino.

2ª. Jacarapé, Penha, Vila dos Pescadores, Vila do Sol, Rio do Cabelo,

Seixas, Rabo do Galo, Quadramares, Altiplano, São Domingos,

Cabo Branco, Tambaú, Paulino Pinto, Barreira do Cabo Branco,

Portal do Sol, Cidade Recreio.

3ª. Mangabeira I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, Cidade Verde I e II,

Projeto Mariz, ESPEP, Girassol, Vila Mangueira, Feirinha, Patrícia

Tomaz, ASPOM, Vila União, Conjuntos dos Ambulantes,

Comunidade Luiz Ramalho, PROSIND, Nova Esperança.

4ª. Valentina I e II, Muçumago, Paratibe, Nova Mangabeira, Planalto

da Boa Esperança, Barra de Gramame, Cuiá, Frei Damião,

Comunidade Quilombola, Planície Dourada, Monte das Oliveiras,

Cidade Maravilhosa, Condomínios Amizade, Liberdade,

Independência e Cidadania, Santa Bárbara, Parque do Sol, Ana

Clementina de Jesus.

5ª. Cidade dos Colibris, José Américo, Laranjeiras, FAC I e II, Santa

Verônica, Água Fria, Citex, Geisel, Boa Vista, Nova República,

Ernani Sátiro, Esplanada, Costa e Silva, Jardim Sepol, Nova Canaã,

Rua do Arame, Grotão, 1º. de Abril, Greenville, Funcionários II, III

e IV, Maria de Nazaré, Morada Verde, Presidente Médice, João

Paulo II, Vila da Paz, Nova Vida, Taipa, Gauchinha, Conjunto dos

Radialista, Nova Trindade.

6ª. Bairro das Indústrias, Cidade Verde I e II, Mumbaba, Distrito

Industrial, Loteamento Verde Vale, Jardim Veneza, Três Lagoas,

Jardim Verona, Condomínio da Paz, Conjunto José Vieira Diniz,

Conjunto Padre Ibiapina.

7ª. Cristo, Rangel, Jaguaribe, Jardim Bom Samaritano, Novo

Horizonte, Matinha, Monte Cassino, Pedra Branca, Boa Esperança,

Redenção, São Geraldo, Ceasa, Bela Vista.

8ª. Funcionários I, Planalto, Cruz das Armas, Baleado, Jardim Guaíba,

Lagoa Antonio Lins, Alvorada I e II.

9ª. Varadouro, Alto do Mateus, Bairro dos Novais, Porto do Capim,

Trapiche, Renascer I, Distrito Mecânico, Santa Emília de Rodat,

Saturnino de Brito, Ilha do Bispo, Ninho da Perua, São Judas Tadeu,

Jardim da Mônica, Beira da Linha, Juracy Palhano.

10ª. Roger, Tambiá, 13 de Maio, Comunidade do S, Asa Branca, Terra

do Nunca, Riachinho, Buraco da Gia, Vila Japonesa.

11ª. Mnadacaru, Bairro dos Ipês, Bairro dos Estados, Jardim Mangueira,

Rua do Cano, Alto do Céu, Porto de João Tota, Vem – Vem, Pedro

Gondim, Padre Zé, Beira Molhada.

12ª. Gramame, Colinas do Sul I e II, Gervásio Maia, Parque Sul,

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_oraamento_democratico_de_joao... · Orçamentos Participativos como novo modelo de gestão

25

Engenho Velho, Marinês.

13ª. Centro, Torre, Expedicionários, Tambauzinho, Tito Silva, Miramar,

Brasília de Palha, Yaya, Padre Hildon Bandeira, Cafofo.

14ª. Castelo Branco I, II e III, Bancários, Conjunto Anatólia, Jardim São

Paulo, Cidade Universitária, Eucalipto, São Rafael, Timbó, Santa

Clara, Santa Bárbara, Colibris II. Fonte: Cartilha do Orçamento Democrático publicada em 2011