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i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS REGIONAL JATAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE ROSANE GOUVEIA VILELA MACHADO PREVALÊNCIA DE DOENÇAS INFECCIOSAS EM PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE ARTRITE REUMATOIDE E LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO NO SUDOESTE DO ESTADO DE GOIÁS NO PERÍODO DE 2008 A 2012. Jataí-GO 2015

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i

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

REGIONAL JATAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE

ROSANE GOUVEIA VILELA MACHADO

PREVALÊNCIA DE DOENÇAS INFECCIOSAS EM PACIENTES COM

DIAGNÓSTICO DE ARTRITE REUMATOIDE E LÚPUS ERITEMATOSO

SISTÊMICO NO SUDOESTE DO ESTADO DE GOIÁS NO PERÍODO DE 2008 A

2012.

Jataí-GO 2015

ii

iii

iv

ROSANE GOUVEIA VILELA MACHADO

PREVALÊNCIA DE DOENÇAS INFECCIOSAS EM PACIENTES COM

DIAGNÓSTICO DE ARTRITE REUMATOIDE E LÚPUS ERITEMATOSO

SISTÊMICO NO SUDOESTE DO ESTADO DE GOIÁS NO PERÍODO DE 2008 A

2012.

Dissertação de Mestrado da Universidade Federal de Goiás – Campus Jataí para obtenção do Título de Mestre em Ciências Aplicadas à Saúde.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo de Mattos Santa Rita Co-orientadores: Prof. Dr. Antônio Carlos Ximenes Prof. Dra. Vitalina de S. Barbosa

Jataí-GO 2015

v

vi

Dedico este trabalho

Ao meu esposo, João Miguel de Freitas Machado, pelo amor e apoio incondicional a todos meus projetos e aos nossos queridos filhos Heloísa e Luís Miguel.

vii

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Dr. Ricardo de Mattos Santa Rita pela oportunidade

e confiança em minha pessoa e pela grande cooperação e ensinamentos durante

todo esse percurso. E, principalmente, pela simpatia e paciência para conduzir a

execução deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Antônio Carlos Ximenes, pela dedicação, amizade,

disponibilidade de ensinar durante toda a minha vida profissional, não medindo

esforços para minha formação científica e ética.

À Profa. Dra. Vitalina de Souza Barbosa, pelas preciosas colaborações

durante toda a execução desta dissertação e pela arte de estimular, compreender e

ajudar sempre.

Ao Prof. Dr. Marcos Moreli, pelas valiosas colaborações e estímulo ao

conhecimento atualizado, durante todo o mestrado.

Ao Prof. Antônio Wilson Oliveira, pela análise estatística dos dados, pela

atenção e profissionalismo durante a execução do estudo.

À Heila Cristina Ferreira Paranaíba e Silva, pela ajuda na coleta dos dados

com dedicação e perfeição.

Aos meus pacientes, através do conhecimento que adquiri com eles em todos

esses anos.

Ao Prof. Hélio Ranes de Menezes Filho, pela amizade e companheirismo.

Ao colega Fausto Guimarães Costa, pela ajuda na estatística e amizade

durante o mestrado.

Ao colega Elton Faria de Souza Lima, pela grande ajuda durante o curso de

BICAS, com seus ensinamentos de química.

À Profa. Dra. Ana Luíza Lima Souza, pelos os conhecimentos de

Epidemiologia Clínica.

À todos os professores, colegas e funcionários do Programa de Pós

Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde (UFG-Jataí), que de forma direta ou

indireta contribuíram para o desenvolvimento da dissertação.

Às Profas. Michelle Rocha Parise, Ludimila Cardoso e Renata Beatriz Silva

pelas valiosas contribuições durante minha Qualificação.

viii

Aos Profs. Nílzio Antônio da Silva e Michelle Rocha Parise, pelas excelentes

contribuições durante minha defesa.

Aos meus pais, Antônia e José que sempre me incentivaram e me ajudaram

nessa longa jornada da vida.

ix

TABELAS

Tabela 01 Distribuição da frequência de pacientes portadores de Artrite

Reumatóide e variáveis demográficas ......................................................................

35

Tabela 02 Dados Demográficos dos pacientes com Artrite Reumatoide com

e sem infecção ..........................................................................................................

36

Tabela 03 Manifestações clínicas durante a primeira infecção nos

pacientes com Artrite Reumatóide ............................................................................

37

Tabela 04 Alterações do hemograma nos pacientes com Artrite

Reumatoide ...............................................................................................................

39

Tabela 05 Comorbidades nos pacientes com Artrite Reumatoide e sua

associação com infecção ..........................................................................................

39

Tabela 06 Tratamento medicamentoso prescrito para os pacientes

diagnosticados com Artrite Reumatoide e infecção ...................................................

40

Tabela 07 Associação da infecção em pacientes com Artrite Reumatoide

com as medicações em uso .............................................................................

41

Tabela 08 Dados Demográficos dos pacientes com Lúpus Eritematoso

Sistêmico com e sem infecção ..................................................................................

42

Tabela 09 Dados Demográficos dos pacientes com Lúpus Eritematoso

Sistêmico com e sem infecção ..................................................................................

42

Tabela 10 Manifestações clínicas durante a primeira infecção nos

pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico ............................................................

44

Tabela 11 Alterações hematológicas nos pacientes com LES ................................................... 45

Tabela 12 Comorbidades nos pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico

e associação com infecção .......................................................................................

45

Tabela 13 Medicamentos utilizados nos pacientes com Lúpus Eritematoso

Sistêmico durante a infecção ...................................................................................

47

Tabela 14 Proporção de infecção presente nos vários tratamentos dos

pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico ............................................................

47

x

ANEXOS

Tabela 01 Procedência dos pacientes com Artrite Reumatoide ................................................. 93

Tabela 02 Infecções mais frequentes no último ano investigado nos

pacientes com Artrite Reumatoide ............................................................................ 94

Tabela 03 Medicamentos utilizadas na primeira infecção em pacientes com

Artrite Reumatoide .................................................................................................... 95

Tabela 04 Procedência dos pacientes portadores de Lúpus Eritematoso

Sistêmico ...................................................................................................................

96

xi

FIGURAS

Figura 1 Fluxograma para tratamento medicamentoso da Artrite

Reumatoide .......................................................................................................

11

Figura 2 Mapa do Estado de Goiás e a microrregião do Sudoeste Goiano .................... 30

Figura 3 Estado de Goiás, Regiões de planejamento da Região Sudoeste

Goiano. ............................................................................................................

31

Figura 4 Procedência dos Pacientes com Artrite Reumatoide ........................................ 37

Figura 5 Infecções nos Pacientes com Artrite Reumatoide. ........................................... 38

Figura 6 Procedência dos Pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico. ......................

43

Figura 7 Infecções nos pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico ............................ 44

Figura 8 Associação de medicamentos nos pacientes com Lúpus

Eritematoso Sistêmico durante a primeira infecção... ......................................

46

xii

SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS

ABAT Abatacept

ACR

AINH

American College of Rheumatology

Antiinflamatórios não hormonais

Anti CCP

Anti ENA

Anti La

Anti RNP

Anti Ro

Anti-cyclic citrullinated peptide antibody

Anticorpos contra antígenos nucleares extraíveis

Anticorpo contra o antígeno La (SSB)

Anticorpo Ribo Núcleo Proteína

Anticorpo contra antígeno Ro (SSA)

AR Artrite reumatoide

BLK

BLyS

B Lymphoid Tyrosina Kinase

Estimulador de linfócitos B

C

CD4

Complemento

Linfócito T helper ou auxiliar

DMCD Drogas modificadoras do curso da doença

DNA Ácido desoxirribonucleico

DPOC Doença pulmonar obstrutiva crônica

ENA Antígeno nuclear extraível

EULAR European League Against Rheumatism

FAN Fator antinuclear

FR

GLADAR

HAS

Fator reumatoide

Grupo Latino Americano de estudo de AR

Hipertensão arterial sistêmica

HIV Vírus da imunodeficiência humana

HLA Antígeno leucocitário humano

HP Herpes zoster

HPV

ICAD

IBM

Vírus Papilloma humano

Índices Compostos de Atividade da doença

Instituto Mauro Borges de Estatísticas

IFD

IFN

Interfalangeanas distais

Interferon

IFP Articulações interfalangeanas proximais

IL Interleucina

IMC Índice de massa corporal

xiii

IRF5 Interferon regulatory fator 5

ITGAM

JC

Intergrin alpha-M

Vírus John Cunningham- vírus Polyoma

LES Lúpus Eritematoso Sistêmico

MCF Metacarpofalangeanas

MHC

MMPs

Complexo Principal de Histocompatibilidade

Metaloproteinases

MTF

MTX

Metatarsofalangeanas

Metotrexato

PCR Proteína C reativa

PTPN22

RANKL

Protein tyrosine phospatases non receptor 22

Ligante Receptor Ativador do Fator Nuclear KB

RANK Receptor Ativador do Fator Nuclear KB

RM

RTX

Rx

SLEDAI

Ressonância Nuclear Magnética

Rituximabe

Radiografia convencional

Systemic lúpus Erythematosus Disease Activity Index

SLICC Systemic Lupus International Collaborating Clinics

Sm Antígeno Smith

SNPs

SPSS

Polimorfismos de Nucleotídeos Único

Statistical Package for The Social Sciences

STAT 4 Activador of transcription 4

LT Linfócito derivado do timo

TCD4 Linfócito TCD4

TCLE Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TNFα

TOCI

Fator de Necrose Tumoral alfa

Tocilizumabe

TREX1 Three prime repair exonuclease 1

USG Ultrassonografia

VHS Velocidade de Hemossedimentação

xiv

RESUMO

Introdução: Pacientes com doenças reumáticas autoimunes tem maior risco de desenvolverem infecções quando comparados à população em geral, devido ao comprometimento do sistema imunológico e ao tratamento efetuado. Objetivos: Verificar a prevalência das infecções nos pacientes com artrite reumatoide (AR) e lúpus eritematoso sistêmico (LES) no período de 2008 a 2012; quais os locais mais prevalentes dessas infecções; correlacionar a presença das infecções com dados epidemiológicos, comorbidades, tabagismo, características clínicas e tratamento medicamentoso. Métodos: Foi realizado um estudo transversal descritivo, com análise dos prontuários dos pacientes atendidos de uma Clínica privada localizada no município de Jataí-Goiás, com pacientes referendados desse município e de outros do sudoeste goiano, portadores de AR e LES atendidos ambulatorialmente. Resultados AR: Foram avaliados 102 pacientes com AR, havendo predomínio de mulheres (76,47%), na faixa etária entre 40 a 59 anos (55%), maioria da etnia branca (59,80%), 53,92% cursaram o Ensino Fundamental, a ocupação predominante foi do lar (33,33%) e 49,02% eram procedentes de Jataí. Não houve piora da doença durante a infecção em 78,40% dos pacientes. Os locais de infecção mais frequentes foram o trato urinário correspondendo a 43,75% das infecções, seguido pelas as vias aéreas superiores em 25%, a pele em 11,25%. Diabetes e hipertensão apresentaram associação significativa com infecção. Oitenta e sete por cento dos pacientes com infecções utilizaram associações de drogas. O uso de corticoides, antimaláricos, sulfassalazina e metotrexato mostraram associação negativa com infecção. Resultados LES: Foram avaliados 43 pacientes com LES, a maioria mulheres (86.5%), sendo 21% entre 18 e 29 anos e 23,26% entre 30 e 39 anos. Houve um predomínio da etnia branca (60,47%), 46,52% cursaram o Ensino Fundamental, 34,88% tinham a ocupação do lar, 67,44% eram procedentes de Jataí. A nefrite estava presente em 43,33% e apresentou frequência significativa com infecção. Os locais de infecção mais frequentes foram o trato urinário (32,65%), infecção cutânea (16,33%), vias aéreas superiores (14,29%). A hipertensão, o uso de corticoides, azatioprina e antimaláricos apresentaram frequência significativa com infecção. Conclusões: A prevalência de infecção foi alta nos pacientes com AR e LES e houve associação do sexo feminino, diabetes e hipertensão com infecção nos pacientes com AR e associação negativa do uso de corticoides, antimaláricos, sulfassalazina e metotrexato, ainda no LES, houve associação da raça branca com infecção. Nefrite, hipertensão e o uso de corticoides, azatioprina e antimalárico apresentaram frequência significativa com infecções nos pacientes com LES. Infecções comuns como a urinária são muito frequentes nas duas doenças, sendo necessária maior atenção para tais infecções. Palavras-chaves: Artrite reumatoide; lúpus; infecção e comorbidades.

xv

ABSTRACT

Introduction: Patients with autoimmune rheumatic diseases have a higher risk of developing infections when compared to the general population, due to impairment of the immune system and to the effects of treatment. Aims: To verify the prevalence of the infections in patients with rheumatoid arthritis (RA) and systemic lupus erythematosus (SLE) to determine the more prevalent locations of these infections and correlate their presence with epidemiologic data, comorbidities, smoking, clinical characteristics and drug-based treatment. Methods: A transversal descriptive study was conducted, analyzing the records of patients seen at a private clinic located in Jataí and other municipalities of the Southwest of Goiás, with RA and SLE, treated as outpatients from 2008 to 2012. Results RA: 102 patients with RA were evaluated, with a predominance of women (76,47%), aged between 40 and 59 years old (55%), most Caucasians (59,80%), 53,92% attended elementary school, the predominant occupation was housework (33,33%) and 49,02% were from Jatai. There was no worsening of the disease during the infection in 78,40% of the patients. The most frequent sites of infections were the urinary tract (43,75% of the infections), followed by the upper airways (25%) and skin (11,25%). Diabetes and high blood pressure were most significantly associated with the presence of the disease. Eighty seven percent of the patients with infections used drug associations. The use of corticoids, antimalarial drugs, sulfasalazine and methotrexate showed negative association with infections. Results SLE: 43 patients with LES were evaluated, mostly women (86.5%), being 21% between 18 and 29 years old and 23,26% between 30 and 39 years old. There was a predominance of Caucasians (60,47%), 46,52% attended elementary school, 34,88% were house workers 67,44% were from Jatai. Nephritis was present in 43,33% and showed significant frequency with infection. The most frequent sites of infection was the urinary tract (32,65%), skin (16,33%) and upper airways(14,29%). High blood pressure, use of corticoids, azathioprine and antimalarial drugs showed significant frequency with infections. Conclusions: The prevalence of infection was high in patients with RA and SLE and there was association of gender, diabetes and high blood pressure with infections in patients with RA and negative association of use of corticoids, antimalarial drugs, sulfasalazine and methotrexate in these patients. Still in SLE, there was association of white race with infection. Nephritis, high blood pressure and the use of corticoids, azathioprine and antimalarial drugs showed significant frequency with infections in these patients. Common infections, as urinary tract, are very frequent in both diseases, being necessary higher attention to such infections. Keywords: Rheumatoid Arthritis; Lupus; infection and comorbidities.

xvi

SUMÁRIO

TABELAS ................................................................................................................. ix

FIGURAS ..................................................................................................................xi

SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................... xii

RESUMO...................................................................................................................xiv

ABSTRACT ............................................................................................................... xv

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 01

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 04

2.1 ARTRITE REUMATOIDE .................................................................................... 04

2.1.1 Considerações gerais e epidemiologia ........................................................ 04

2.1.2 Etiopatogênese ............................................................................................... 04

2.1.3 Manifestações clínicas ................................................................................... 07

2.1.4 Diagnóstico ..................................................................................................... 08

2.1.5 Tratamento ...................................................................................................... 10

2.1.6 Artrite Reumatoide e Infecções ..................................................................... 12

2.2 LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO ................................................................ 14

2.2.1 Considerações gerais e epidemiologia ........................................................ 14

2.2.2 Etiopatogênese ............................................................................................... 14

2.2.3 Manifestações clínicas ................................................................................... 17

2.2.4 Diagnóstico .................................................................................................... 19

2.2.5Tratamento ....................................................................................................... 19

2.2.6 Lúpus Eritematoso e Infecções .................................................................... 20

3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 25

4 OBJETIVOS ........................................................................................................... 26

4.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 26

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 26

5 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 27

5.1 DESENHO E LOCAL DO ESTUDO .................................................................... 27

5.2 ASPECTOS ÉTICOS .......................................................................................... 27

5.3 PACIENTES ........................................................................................................ 27

5.3.1 Critérios de Inclusão para pacientes ............................................................ 27

5.3.2 Critérios de exclusão para pacientes ........................................................... 28

5.4 COLETA DOS DADOS ....................................................................................... 29

5.4.1 Coleta de dados e extração ........................................................................... 29

5.4.2 Definição dos dados registrados .................................................................. 29

5.4.2.1 Dados Epidemiológicos .............................................................................. 29

5.4.2.2 Dados Clínicos ............................................................................................ 31

xvii

5.4.2.3 Dados laboratoriais ..................................................................................... 32

5.4.2.4 Dados referentes à comorbidades ............................................................. 32

5.4.2.5 Dados pesquisados referentes às infecções ............................................ 33

5.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................... 34

6 RESULTADOS ....................................................................................................... 35

6.1 RESULTADOS DOS PACIENTES COM ARTRITE REUMATOIDE ................... 35

6.2 RESULTADOS NOS PACIENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO 41

7 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 48

7.1 DISCUSSÃO ARTRITE REUMATOIDE.............................................................. 48

7.2 DISCUSSÃO LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO .......................................... 57

7.3 COMPARAÇÂO ENTRE ARTRITE REUMATOIDE E LÚPUS ERITEMATOSO

SISTÊMICO ............................................................................................................... 63

7.4 RELEVÂNCIA ..................................................................................................... 64

7.5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................ 65

7.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 65

8 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 66

9 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO ......................................................................... 67

10 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 68

11 ANEXOS .............................................................................................................. 83

ANEXO 1................................................................................................................... 84

CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS PARA ARTRITE REUMATÓIDE 2010

ACR/EULAR .............................................................................................................. 84

ANEXO 2................................................................................................................... 86

CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DO LES DO COLÉGIO AMERICANO DE

REUMATOLOGIA REVISADOS EM (HOCHBERG, 1997) ....................................... 86

ANEXO 3................................................................................................................... 87

CRITÉRIOS DO COLÉGIO AMERICANO DE REUMATOLOGIA 1987 PARA

CLASSIFICAÇÃO DA ARTRITE REUMATOIDE ....................................................... 87

ANEXO 4................................................................................................................... 88

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ............................................................. 88

ANEXO 5................................................................................................................... 89

CARTA DE ANUÊNCIA INSTITUCIONAL ................................................................ 89

ANEXO 6................................................................................................................... 91

MODELO DE FICHA QUE FOI UTILIZADA DURANTE AVALIAÇÃO DE PACIENTES

COM ARTRITE REUMATOIDE ................................................................................. 91

ANEXO 7................................................................................................................... 92

xviii

MODELO DE FICHA QUE FOI UTILIZADA DURANTE AVALIAÇÃO DE PACIENTES

COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO ............................................................. 92

ANEXO 8................................................................................................................... 93

Tabela 01– Procedência dos pacientes portadores de Artrite Reumatoide ............... 93

ANEXO 9................................................................................................................... 94

Tabela 02 – Infecções mais frequentes no último ano investigado nos pacientes com

Artrite Reumatoide .................................................................................................... 94

ANEXO 10................................................................................................................. 95

Tabela 03 – Medicamentos utilizados na primeira infecção nos pacientes com Artrite

Reumatoide ............................................................................................................... 95

ANEXO 11................................................................................................................. 96

Tabela 04– Procedência dos pacientes portadores de Lúpus Eritematoso Sistêmico.

.................................................................................................................................. 96

ANEXO 12................................................................................................................. 97

Normas da Revista Brasileira de Reumatologia ........................................................ 97

ANEXO 13...............................................................................................................101

Artigo 01 ..................................................................................................................101

1

1 INTRODUÇÃO

A Artrite Reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória sistêmica

caracterizada pelo comprometimento da membrana sinovial, de etiologia

desconhecida, provavelmente multifatorial e relacionada a fatores genéticos,

hormonais, infecciosos e ambientais (DA MOTA et al., 2012). A prevalência da AR é

estimada em 0,5 a 1%, com predomínio em mulheres e maior incidência na faixa

etária de 30-50 anos (SENNA et al., 2004).

No Brasil estima-se a prevalência da AR em 0,46%, representando cerca de

1 milhão pessoas (SENNA et al., 2004). O aparecimento ocorre durante os anos

mais produtivos da vida adulta, podendo desenvolver-se uma condição crônica

incapacitante, causando dor e deformidade. Durante os 10 anos iniciais, pelo menos

50% dos pacientes em países desenvolvidos são incapazes de manter um emprego

em período integral em decorrência da doença (WHO, 2014).

A classificação da AR na fase inicial é possível devido aos novos critérios

elaborados pelo Comitê do European League Against Rheumatism-Liga Europeia

Contra o Reumatismo (EULAR) e pelo American College of Rheumatology- Colégio

Americano de Reumatologia (ACR) (ALETAHA et al., 2010; ANEXO 1). O

diagnóstico dessa doença envolve a avaliação da história clínica, exame físico e a

utilização de testes laboratoriais como a detecção de presença de anticorpos

antipeptídeos citrulinados cíclicos (anti-CCP) e fator reumatoide (FUNOVITS et al.,

2010).

Nos últimos anos houve um grande avanço no conhecimento dos

mecanismos fisiopatológicos da AR o que propiciou o desenvolvimento de novas

classes terapêuticas e a implementação de diferentes estratégias de tratamento e de

acompanhamento dos pacientes, como o controle intensivo da doença e intervenção

na fase inicial dos sintomas (SMOLEN et al.,2010; DA MOTA et al., 2012).

Com o diagnóstico precoce e o uso de vários medicamentos

antecipadamente no curso da doença, questiona-se se estas novas condutas

poderiam predispor e se correlacionar com surgimento de um maior número de

doenças infecciosas, havendo assim necessidade de estudos.

Contudo, em se tratando da AR, o número de internações, as comorbidades

2

e a mortalidade ainda são elevados. Várias comorbidades associadas a AR como a

hipertensão arterial sistêmica, Diabetes mellitus, dislipidemia, aterosclerose,

síndrome metabólica, trombose venosa, embolia pulmonar, neoplasias e

osteoporose apresentam recomendações pela Sociedade Brasileira de

Reumatologia para o seu manejo (PEREIRA et al., 2012).

Não há referências de recomendações da Sociedade Brasileira de

Reumatologia para a grande parte das doenças infecciosas comuns, ou fatores de

risco associados às infecções que necessitariam de uma observação cuidadosa dos

profissionais que assistem estes doentes (PEREIRA et al., 2012). A partir destas

observações, justifica-se a necessidade de maiores estudos sobre os processos

infecciosos nessa população, já que são frequentes e que poderão determinar a

morte do paciente juntamente com as mortes associadas a causas cardiovasculares

(SONGCHAROEN et al., 2012; UEDA et al., 2012; PUNTIS et al., 2013;

YURKOVICH et al., 2014)

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES ou lúpus) é uma doença autoimune

com inflamação em diferentes órgãos, apresentando autoanticorpos reativos. Essa

doença é classificada através de critérios clínicos e laboratoriais definidos pelo

American College of Rheumatoloy para lúpus eritematoso sistêmico, revisados em

1997 e 1982 (HOCHBERG, 1997; TAN et al.,1982; ANEXO 2).

Apesar da etiologia ser desconhecida, acredita-se que haja interação dos

hormônios, meio ambiente, infecções e predisposição genética em sua

imunopatogênese (CRISPIN; TSOKOS, 2011). A doença apresenta-se com

manifestações em múltiplos órgãos como: pele, articulações, rins, sistema

cardiovascular, sistema neurológico, sistema hematopoiético, renal, além da

presença de anticorpos antinucleares circulantes, anticorpos anti DNA, anticorpos

anticardiolipina anticoagulante lúpico e outros (LANNA; FERREIRA; TELLES, 2014).

A imunossupressão nos pacientes está relacionada à própria doença, como

alterações do sistema imunológico (CARRILLO-CORDOVA; AMEZCUA-GUERRA,

2012), depressão das proteínas do complemento, anomalias na função do sistema

monocítico-fagocitário e deficiência na capacidade de opsonização (STRASSER et

al., 2012) ou com a sua terapêutica que envolve o uso de corticóides, drogas

imunossupressoras e atualmente o uso de imunobiológicos (DANZA; RUIZ-

IRASTORZ, 2013).

3

A infecção é o fator de risco mais comum para hospitalização, sendo uma

importante causa de morbidade e uma das primeiras causas de mortalidade nos

pacientes com LES, ao lado do envolvimento renal e neurológico (FENG et al., 2011;

MARTINEZ-MARTINEZ et al., 2012).

Os estudos demonstraram que pacientes com doenças reumáticas

autoimunes têm maior risco de desenvolverem infecções, quando comparados à

população em geral, seja pela própria doença ou pelo tratamento imunossupressor

(DAO et al., 2012; SONGCHAROEN et al., 2012).

Atualmente, atribui-se às infecções a principal causa de morte nos pacientes

com LES. Vinte a cinquenta e cinco por cento dos óbitos e 23% das hospitalizações

em pacientes com LES são atribuídas a doenças infecciosas ou são secundárias a

complicações destas. A mortalidade do LES associadas com atividade da doença

tem diminuído ao longo do tempo, ao passo que as infecções, frequentemente

atribuídas ao uso de corticosteroides e imunossupressores tem aumentado

gradualmente (FEI et al., 2014; ABU-SHAKRA et al., 1995; NAVARRO-ZARZA et al.,

2010).

No Brasil, tanto no âmbito regional como nacional, são escassos os dados

epidemiológicos referentes à incidência de doenças infecciosas comuns em

pacientes com artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico, fazendo-se oportuna

a realização de mais estudos para avaliar os processos infecciosos nessa população

e caracterizar associações que predispõem a essas infecções

(LERTCHAISATAPORN et al., 2013).

Nesse sentido, os dados fornecidos por esse estudo poderão servir como

ferramenta para a diminuição da incidência de infecções nestas populações baseado

na identificação de associações que possam predispor a ocorrência de infecções.

Esse é um estudo retrospectivo, transversal e observacional que se propõe a

avaliar os processos infecciosos em pacientes com Artrite Reumatoide e Lúpus

Eritematoso Sistêmico, atendidos nos últimos cinco anos na Clínica São Rafael.

Para a análise dos processos infecciosos, o último ano de acompanhamento foi

considerado como referência.

4

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 ARTRITE REUMATOIDE

2.1.1 Considerações gerais e epidemiologia

A artrite reumatoide (AR) é uma doença crônica, com potencial dano

articular irreversível, acarretando altos custos para o indivíduo e para a sociedade

(SOKKA, 2003). As características demográficas e clínicas da AR variam de acordo

com a população acometida em função das diferenças culturais, sócio econômicas e

políticas sociais instituídas entre as diferentes sociedades (SOKKA et al., 2010; DA

MOTA et al., 2012). A maior parte das informações disponíveis provém da Europa,

assim tornam-se necessários mais estudos realizados na população brasileira

(PINTO et al., 2014).

Estudo brasileiro realizado em Montes Claros-MG, envolvendo 3038

pessoas estimaram a prevalência da doença em 0,5% (SENNA et al., 2004). Um

outro estudo multicêntrico brasileiro em amostras populacionais das macroregiões

do país- norte, nordeste, centro oeste e sul, encontrou prevalência de 0,2 a 1% na

população adulta (MARQUES-NETO et al.,1993).

A AR acomete pacientes em idade produtiva e pode determinar importantes

limitações na capacidade funcional e perda da capacidade laboral, assim, como

custos elevados relacionados com o diagnóstico e tratamento dessa doença

(SCHOELS et al., 2010).

2.1.2 Etiopatogênese

A patogênese da AR é complexa e multifatorial, com participação de fatores

genéticos, hormonais, infecciosos e ambientais. O início da resposta imune levando

à inflamação reumatoide parece acontecer na membrana sinovial, sendo mediada

por macrófagos, neovascularização e migração de linfócitos e de leucócitos

polimorfonucleares no fluido sinovial. Desde a fase inicial pré articular da doença há

perda da autotolerância e consequente autoimunidade traduzidas por ativação

linfocitária e pela produção de auto-anticorpos, tais como fator reumatoide (FR) e

anti CCP (PINTO et al., 2014).

5

Fatores neuroendócrinos, genéticos e ambientais determinam a perda de

tolerância e o aparecimento das manifestações articulares. Há um desequilíbrio

entre citocinas pró e anti-inflamatórias e o recrutamento de macrófagos, células T,

células B e outras, com produção de citocinas tais como fator de necrose tumoral

alfa (TNFα), interleucinas (IL) 1, 17, prostaglandinas e metaloproteinases (MPs).

Essas citocinas ativariam outras citocinas e células criando uma rede de citocinas

pró inflamatórias. O que culmina com a ativação de fibroblastos, condrócitos e

osteoclastos determinando a degradação da cartilagem articular e erosão óssea

(PINTO et al., 2014).

Embora seja uma doença propriamente da articulação, pode causar

manifestações extra-articulares, sendo capaz de acometer vários órgãos como os

pulmões, olhos, vasos sanguíneos, coração e outros. Em alguns casos há produção

de FR com formação de imunocomplexos que fixam complemento e contribuem para

estas manifestações extra- articulares (TURESSON et al., 2002).

Novos conhecimentos tem surgido sobre como fatores ambientais interagem

com genes de suscetibilidade da doença e sistema imunológico na patogênese da

AR (KLARESKOG; CATRINA; PAGET, 2009). A interação entre a predisposição

genética e fatores ambientais é, provavelmente, a responsável pelo início da AR.

Até o momento, o fator de risco estabelecido para o desenvolvimento da AR

é o tabagismo (PEDERSEN et al., 2006). O tabaco e outros agressores brônquicos

levam à transformação de resíduos de arginina em citrulina, a citrulinização, e ocorre

então a perda de tolerância e reação contra as proteínas citrulinadas, que pode ser

documentado pela identificação de anticorpos contra essas proteínas (PINTO et al.,

2014).

Os pacientes que compartilham a frequência do alelo HLA-DRB1 (Antígeno

leucocitário humano) são aqueles em que o tabagismo parece determinar um risco

maior de aparecimento da AR (PINTO et al., 2014; USNAYO et al., 2011).

Mecanismos biológicos para a ação de vários agentes infecciosos específicos na

etiopatogenia da AR tem sido sugerido através da demonstração do aumento dos

títulos de anticorpos para o vírus Epstein Barr, Parvovírus B19 e citomegalovírus na

AR (MEHRAEIN et al., 2004; DRABORG; DUSS; HOUEN, 2013; CHRISTEN et al.,

2010).

Estudos genéticos evidenciam uma forte ligação entre AR e a presença

6

principalmente dos alelos HLA-DRB1*0404, HLA-DRB1*0401 e HLA DRB1*0405 do

complexo principal de histocompatibilidade (MHC) de classe II. Estudos em gêmeos,

mostram uma contribuição de fatores genéticos na ordem de 50% (CHOY; PANAYI,

2001), sendo que o alelo HLA-DRB1*0404 é o principal marcador genético de

suscetibilidade para AR e encontra-se associado à produção de anticorpos anti

proteínas citrulinadas (USNAYO et al., 2011).

Assim, somente a presença de alelos de HLADRB1 (presença do epítopo

compartilhado-EC) e dos genes PTPN22 (Protein tyrosine phospatases, non receptor

22) são alterações genéticas que sugerem estar associadas à ocorrência da AR. A

interação entre HLA-DRB1, tabagismo e anti CCP determina um perfil de doença

mais grave e de pior prognóstico (SALLIOT et al., 2011; TAYLOR et al., 2013).

A AR pode ser iniciada por um antígeno “artritogênico” exógeno, endógeno

ou uma combinação de ambos. Os antígenos endógenos são representados,

principalmente, pelos peptídeos citrulinados e os agentes exógenos podem ser

bactérias e vírus como o Epstein-Barr, micoplasma, parvovírus e micobactérias

(ALARCON; ANDRADE, 2007).

A resposta do organismo a esses antígenos promoveria uma resposta

autoimune mediada por linfócitos T, que continuariam a responder aos antígenos

próprios, perpetuando o processo inflamatório, mesmo sem a persistência da

exposição ao antígeno, o que poderia ser explicado pelo mimetismo molecular

(PINTO et al., 2014).

O TNF α e a IL1 são considerados as citocinas chave na patogênese da AR.

Estas citocinas induzem a síntese e a secreção de IL6, IL8, proteases, prostanoides

e fator estimulador de colônias de macrófagos e granulócitos (CHOY; PANAYI,

2001), além de aumentarem as concentrações de metaloproteinases que levam a

destruição tecidual e estímulo à reabsorção óssea (SMITH; HAYNES, 2002).

As erosões ósseas decorrem de um desequilíbrio entre o ligante receptor

ativador do fator nuclear kB (RANKL), a osteoprotegerina e o receptor ativador do

fator nuclear kB (RANK), os quais participam na maturação e ativação dos

osteoclastos. O RANKL se liga ao seu receptor nos osteoclastos permitindo que eles

se tornem maduros e ativos (HAYNES, et al., 2001) e a osteoprotegerina inibe a

maturação de osteoclastos. Observa-se na membrana sinovial inflamada de

pacientes com AR e nos locais de erosões ósseas uma maior expressão de RANKL

7

(KLARESKOG; CATRINA; PAGET, 2009).

Além dos linfócitos T, os linfócitos B apresentam importância na AR

(KLARESKOG; CATRINA; PAGET, 2009). Os linfócitos TCD4 estimulam as células

B a produzir imunoglobulinas como o fator reumatoide que, por sua vez, ativariam

complemento, estimulando a inflamação e corroborando para o aparecimento da

sinovite crônica (PINTO et al., 2014).

O mecanismo da localização articular, que se segue à perda de tolerância e

autoimunidade sistêmica, não está esclarecido. Seria possível imaginar que um

antígeno articular pudesse explicar a resposta imunológica e consequente migração

celular inflamatória para a membrana sinovial, mas, apesar de inúmeros esforços,

nenhum antígeno articular tem sido relacionado com a AR (PIERINGER;

STUDNICKA-BENKE, 2013).

2.1.3 Manifestações clínicas

Na AR, a artrite se manifesta de forma simétrica e com rigidez de várias

articulações, principalmente das articulações de mãos e pés, evolui com rigidez

matinal, edema de pequenas articulações de mãos e diminuição da força de

apreensão (BRASINGTON, 2011).

O envolvimento pode ser poliartrite de pequenas articulações de mãos, ou

acometer apenas uma articulação inicialmente. O desenvolvimento dos sintomas

pode ser rápido ou evoluir ao longo de vários meses. Sintomas gerais como febre,

astenia, fadiga, mialgia e perda ponderal podem preceder ou acompanhar o início

das manifestações articulares (SCOTT; WOLF; HUIZINGA, 2010).

A característica universal dos pacientes com AR é a dor nas articulações.

Nota-se acometimento de interfalangeanas proximais (IFP), metacarpofalangeanas

(MCF), punhos, cotovelos, quadris, joelhos, tornozelos e metatarsofalangeanas

(MTF). As interfalangeanas distais (IFD) são raramente envolvidas na AR, talvez por

apresentar menos tecido sinovial (WOOLF, 2003)

Os nódulos reumatoides ocorrem em 20% dos pacientes e são

característicos na AR, sendo marcadores de doença mais grave, condição na qual

se encontra títulos elevados de FR. Tais nódulos ocorrem em superfícies

extensoras, articulações e em locais com irritação mecânica crônica, como

8

cotovelos, pododáctilos, calcanhares e tecidos subcutâneos de quirodáctilos e de

outros tecidos (TURESSON et al., 2002) .

As manifestações articulares da AR podem ser reversíveis em sua fase

inicial, porém uma sinovite persistente não controlada determina a destruição óssea

e cartilaginosa, além de lesões tendinosas e ligamentares irreversíveis. Em fases

tardias aparecem as deformidades nos dedos, tais como dedos em pescoço de

cisne, deformidades em ‘’botoeira”, subluxações em MCF(s) com desvio ulnar dos

dedos, artelhos em martelo e punho em dorso de camelo (FLEMING; CROWN;

CORBETT, 1976).

Os punhos estão envolvidos na maioria dos pacientes com AR e, a

proliferação sinovial em torno dos punhos pode comprimir o nervo mediano,

causando a síndrome do túnel do carpo. A proliferação sinovial do punho pode

invadir tendões extensores, levando a ruptura e perda da função dos dedos (PINTO,

et al, 2014). Os cotovelos, ombros, quadris e tornozelos podem ser acometidos,

produzindo sintomas mecânicos que determinam limitações importantes destas

articulações. O comprometimento da coluna na AR limita-se à coluna cervical, sendo

o envolvimento mais grave na articulação atlantoaxial, podendo ocorrer a

subluxação (WOOLF, 2003).

Manifestações extra-articulares podem acontecer, incluindo quadros

cutâneos, oculares, pleuropulmonares (BESTAEV; KARATEEV; NASONOV, 2013),

cardíacos, hematológicos, neurológicos, osteometabólicos e envolvimento da laringe

(BEIRITH; IKINO; PEREIRA, 2013; RICHMAN et al., 2013).

2.1.4 Diagnóstico

O diagnóstico de AR depende das manifestações clínicas da doença. O

objetivo é estabelecer o diagnóstico nos primeiros doze meses de sintomas (AR

inicial), pois o diagnóstico precoce constitui uma “janela de oportunidade

terapêutica”, quando o estabelecimento de terapia adequada ainda pode modificar a

evolução da doença e o prognóstico sendo melhor em relação a fases mais tardias

da evolução (DA MOTA et al., 2010; SMOLEN et al., 2013).

As provas de atividade inflamatória, velocidade de hemossedimentação

(VHS) e proteína C reativa (PCR) são importantes no diagnóstico e no

9

monitoramento da atividade da doença, mas são inespecíficas (DA MOTA et al.,

2010).

Os autoanticorpos importantes no diagnóstico da AR são o FR e o anti CCP,

que fazem parte dos critérios de classificação ACR/EULAR (ANEXO 1). O FR,

quando presente em altos títulos, é marcador de mau prognóstico articular e maior

probabilidade de visceralização (NAM et al., 2010). O anti CCP é um marcador com

sensibilidade semelhante, mas com especificidade superior ao FR (DA MOTA et al.,

2011).

Os métodos de imagem mais empregados no diagnóstico são a radiografia

convencional (Rx), a ultrasonografia (USG) e a ressonância magnética (RM). O Rx é

o mais utilizado, tanto no diagnóstico como na monitorização da progressão da

doença, contudo não são observadas erosões no primeiro ano de evolução dos

sintomas. A USG tem maior sensibilidade para detecção precoce de erosões em

relação ao Rx, mas há dificuldade de reprodutibilidade, pois depende de um

examinador experiente. A RM é o exame com maior sensibilidade na detecção de

erosões (DA MOTA et al., 2011).

A classificação da AR era baseada nos critérios introduzidos pelo Colégio

Americano de Reumatologia (ACR) em 1987, conforme apresentado no ANEXO 3.

Esses critérios foram desenvolvidos com base em indivíduos com AR de longa

duração, e eram considerados o padrão para a seleção de pacientes para estudos

clínicos. No entanto, eles incluem características menos frequentes na AR de início

recente, como alterações radiográficas (erosões) e nódulos reumatoides, não sendo

considerados adequados para a identificação de indivíduos com AR em estágio

inicial.

Tornou-se, então, necessário o estabelecimento de novos critérios de

classificação para a AR, com foco na fase precoce da doença, estabelecendo-se

novos critérios classificatórios segundo ACR /EULAR no ano de 2010 (NEOGI et al.,

2010), conforme ANEXO 1. E podem ser aplicados a qualquer paciente, desde que

esteja presente sinovite clínica ativa, em pelo menos uma articulação, no momento

do exame e que essa sinovite evidenciada não possa ser explicada por outros

diagnósticos.

Os critérios propostos ACR / EULAR em 2010 se baseiam em um sistema de

pontuação por meio de um escore de soma direta. As manifestações são divididas

10

em quatro domínios: acometimento articular, sorologia, duração dos sintomas e

provas de atividade inflamatória. Uma pontuação maior ou igual a 6 classifica o

paciente como apresentando AR (ALETAHA et al., 2010, ANEXO 1). Esses novos

critérios definidos, também, não são diagnósticos, e sim classificatórios. Cuja função

é definir populações homogêneas para finalidade de estudo (DA MOTA et al., 2011).

No entanto, é importante ressaltar que o diagnóstico clínico é extremamente

complexo, e inclui diversos aspectos que dificilmente poderiam ser resumidos na

forma de um escore de critério. Os critérios formais podem servir como um guia para

o estabelecimento do diagnóstico clínico (DA MOTA et al., 2011).

2.1.5 Tratamento

O tratamento da AR envolve uma equipe multidisciplinar, pois inclui medidas

educativas para o paciente e familiares, terapia medicamentosa, reabilitação física,

apoio psicossocial e medidas cirúrgicas. Os medicamentos utilizados incluem o uso

de anti-inflamatórios não hormonais (AINH), corticoides, drogas modificadoras do

curso da doença (DMCD) sintéticas e biológicas (DA MOTA et al., 2012).

Os AINH são utilizados no início do tratamento para diminuir o processo

inflamatório e a dor, enquanto aguarda-se a ação das DMCD (ACR, 2002). Os

corticoides são também utilizados para melhora do processo inflamatório e da dor, e

atualmente têm sido indicados como atuantes na modificação do curso da doença

quando associados com as DMCD (SMOLEN et al., 2010).

As DMCD sintéticas utilizadas no Brasil incluem o metotrexato (MTX) (7,5 a

30 mg/ semana), sulfassalazina (de1-3g/dia), leflunomida (20 mg/dia ou em dias

alternados), sulfato de hidroxicloroquina (6 mg/Kg/dia), difosfato de cloroquina

(4mg/Kg/dia) e os sais de ouro (50mg/semana intra muscular e iniciando com

25mg/semana). As drogas imunossupressoras utilizadas no tratamento da AR são a

azatioprina (1-3mg/Kg/dia), ciclofosfamida (2-2,5 mg/Kg/dia ou pulsoterapia mensal)

e ciclosporina (3-5mg/Kg/dia) (DA MOTA et al., 2012). A utilização de tratamento

com DMCD no primeiro ano de AR, determina a redução da progressão radiológica e

a remissão sustentada (KYBURZ et al., 2011).

O MTX é considerado o fármaco padrão no tratamento da AR, pela sua

capacidade de reduzir sinais e sintomas da atividade da AR, melhorar o estado

11

funcional e reduzir a progressão radiológica (PINCUS et al., 2010).

De acordo com o fluxograma apresentado para o tratamento da AR a droga

inicial para monoterapia é o MTX. Caso não haja resposta em três meses ou pela

presença de intolerância a esse medicamento, faz-se a troca por outras DMCDs

sintéticos ou utiliza-se a combinação dessas drogas. Na falha deste esquema segue-

se o uso de DMCD biológica, sendo os anti TNF a primeira opção ou abatacepte ou

tocilizumabe. Aguarda-se três a seis meses e, havendo falha ou intolerância

terapêutica mantém-se o DMCD sintético e muda-se a DMCD biológica para outro

anti-TNF ou abatacepte ou rituximabe ou tocilizumabe (Figura-1; DA MOTA et al.,

2012).

Figura1- Fluxograma para tratamento medicamentoso da Artrite Reumatoide. ABAT: abatacept; AINH: antiinflamatórios não hormonais, DMCD: droga modificadora do curso da doença; ICAD: índices compostos de atividade da doença; MTX: metotrexato, RTX: rituximabe; TOCI: tocilizumabe. Fonte: DA MOTA et al., 2012

12

2.1.6 Artrite Reumatoide e Infecções

Pacientes com doenças reumáticas autoimunes têm maior risco de

desenvolverem infecções quando comparados à população em geral, seja pela

própria doença ou pelo tratamento imunossupressor. Já é conhecido um risco maior

para algumas infecções específicas em pacientes imunossuprimidos tais, como:

listeriose, estrongiloidíase disseminada, risco de reativação de hepatite B, herpes

zoster, Legionella pneumophila, Mycobacterium tuberculosis, Pneumocystis jirovecii

e infecções fúngicas como pelo Trichosporon asahii e outros (ALAWNEH et al.,

2014).

A infecção pelo Pneumocistii jiroveci acomete 5% dos pacientes com LES

(TSAI et al., 2012) e 2% dos pacientes com AR. Diferentemente dos pacientes com o

vírus da imunodeficiência humana (HIV), nos pacientes com doenças reumáticas

esta infecção tem curso mais agudo e maior morbimortalidade, com mortalidade de

30,8% na AR (TSAI et al., 2012).

A corticoterapia continua sendo amplamente utilizada no tratamento de

pacientes com AR e, embora eficaz, existem preocupações em relação às infecções.

DIXON et al (2012) observaram que pacientes com AR tratados com corticoides

desenvolveram a primeira infecção grave após uma média de 3,8 anos de

seguimento. Doses administradas até 2,5 anos também foram associadas com o

aumento do risco para infecção, embora em menor extensão (DIXON et al., 2012).

Dixon et al (2012) relataram que um usuário de 5 mg de prednisolona

apresenta um aumento no risco de infecção grave de 30%, 46% ou 100% quando

usado continuamente nos últimos três meses, seis meses ou três anos,

respectivamente, comparado a um não usuário de corticoides. O risco associado ao

uso de 5mg de prednisolona utilizada durante os últimos três anos foi semelhante ao

associado com 30 mg tomadas no último mês. A interrupção do curso de dois anos

de 10mg de prednisolona por seis meses diminuiu pela metade o risco em relação

ao uso contínuo. Da mesma maneira, Grijalva et al. (2010) demonstraram que os

corticoides, também, estão associados com maior risco de infecções e que tal

fenômeno é dose dependente.

O uso de corticoides durante um tempo prolongado por via oral foi associado

com um maior risco de infecção urinária de 6,8 vezes, sendo que culturas positivas

13

para Escherichia coli foram encontradas em 51% dos pacientes, com recorrência

frequente de infecção do trato urinário em um ano (PUNTIS et al., 2013). Em outro

estudo observou-se que o corticoide administrado por via oral predispõe a infecções

do trato respiratório inferior, assim como um risco maior para hospitalização em

decorrência deste tipo de infecção (COYNE et al., 2007).

No ano de 2010, Grijalva e colegas demonstraram que o tratamento inicial

da AR com leflunomida, sulfassalazina ou hidroxicloroquina não aumentou o risco

para infecções graves quando comparado com o metotrexato (MTX). A associação

do uso do MTX em pacientes com AR e infecções pelo vírus da varicela zoster e

vírus herpes zoster tem sido motivo de estudo e, até o presente momento, não foi

encontrada relação entre o uso de MTX e a infecção pelo vírus da varicela zoster,

contudo o desenvolvimento de herpes zoster e uso de MTX em pacientes com AR é

conflitante (FEI et al., 2014).

Com o avanço terapêutico e o desenvolvimento de novas drogas na

reumatologia, principalmente no que concerne a drogas imunobiológicas,

especialmente os anti-TNF, descreve-se a ocorrência de infecções bacterianas,

fúngicas, incluindo pneumocistose, histoplasmose, aspergilose e criptococose

(ALAWNEH et al., 2014).

O TNF tem uma importante função na defesa do hospedeiro, assim a terapia

com anti TNF pode aumentar o risco para infecções graves. Infecções comuns como

resfriado, influenza, infecção do trato urinário são mais comuns em pacientes com

doenças autoimunes (HUGLE; DAIKELER; TYNDAL, 2014). No entanto, ainda há

pouco conhecimento sobre o impacto da imunossupressão, particularmente da droga

imunobiológica anti-TNF nessas infecções.

Recentemente o uso de anti-TNFα tem sido descrito como risco para doença

por Legionella pneumophila, e este patógeno deverá ser considerado no diagnóstico

de pneumonia grave adquirida na comunidade, em pacientes que fazem uso de anti

TNFα (KAKU et al., 2013).

Os mecanismos que explicam a associação da AR e infecções ainda são

obscuros, mas acredita-se que há geração e repertório diminuído de linfócitos T, há

similaridade com o que acontece com a imunosenescência e são importantes os

fatores associados ao hospedeiro, tais como destruição da face articular, inflamação

pulmonar determinando um maior risco para infecções (WINTHROP, 2012).

14

2.2 LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

2.2.1 Considerações gerais e epidemiologia

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória sistêmica,

crônica e autoimune de etiologia desconhecida que apresenta diversas

manifestações clínicas e laboratoriais; com curso e prognóstico variáveis. É uma

doença complexa caracterizada pela perda da tolerância aos antígenos próprios e

pela deposição de imunocomplexos. Apresenta alterações da resposta imunológica,

com presença de anticorpos dirigidos contra proteínas do próprio organismo com

persistência de linfócitos B e T autorreativos e ativação da resposta imune inata,

sendo o dano tecidual causado pela presença de autoanticorpos autorreativos e pelo

depósito de imunocomplexos (CRISPIN; TSOKOS, 2011).

O LES é descrito em todo o mundo, com uma incidência de

aproximadamente 1 a 10 novos casos para 100.000 habitantes/ ano e com uma

prevalência que varia de 20 a 150 casos por 100.000 habitantes (PONS-ESTEL et

al., 2010) e acomete, principalmente, as mulheres na proporção de nove a dez

mulheres para cada homem, com pico de incidência entre 15 e 45 anos (SIMARD;

COSTENBADER, 2011).

2.2.2 Etiopatogênese

Na patogênese do LES tem-se estudado o papel da interação de fatores

genéticos, hormonais e ambientais no desenvolvimento de anormalidades

imunológicas (COOPER et al., 2002).

Fatores genéticos contribuem para a susceptibilidade à doença e estudos de

associação do genoma humano identificaram mais de 40 loci que predispõem ao

LES. E as combinações de defeitos dos genes resultam em respostas imunológicas

e patológicas diferentes, com expressões clínicas distintas (MOSER et al., 2009).

Estudos em gêmeos e em familiares dos pacientes com lúpus mostram que

5 a 12% dos parentes de pacientes com LES desenvolvem a doença, assim como os

gêmeos monozigóticos apresentam maior concordância na frequência de lúpus que

os gêmeos dizigóticos (HUNNANGKUL et al., 2008).

15

Uma complexa interação entre genes e exposição ambiental é necessária

para o desenvolvimento da doença. Acredita-se que fatores genéticos podem

predispor a doença pela perda de tolerância ao próprio e desenvolvimento de

autoimunidade, com produção de autoanticorpos autorreativos (CRISPIN; TSOKOS,

2011).

Vários genes estão envolvidos no risco para o desenvolvimento do lúpus,

incluindo HLA-DR, FCGR3A, FCGR2A, componentes do complemento C4A e C2,

IRF5 (do inglês interferon regulatory fator 5), STAT4 (do inglês- activator of

transcription 4), ITGAM (do inglês- integrin alpha-M) e BLK (B lymphoid Tyrosina

Kinase), genes HLA classe II (CRISPIN; TSOKOS, 2011). A maioria de

polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNPs) associados com LES foram definidos

como ocorrendo em genes cujos produtos podem contribuir para a função anormal

da célula T (TSOKOS, 2011; BARCELLOS et al., 2009).

Há genes que possuem variantes envolvidas na predisposição para o

desenvolvimento do LES e estão associados à imunidade inata e muitos deles são

controlados pelo interferon-alfa (KARIUKI et al., 2009). Outros genes associados a

predisposição ao LES estão envolvidos com sinalização de linfócitos e cada um

desses genes desempenha um papel na ativação e supressão das células T e B

(YANG et al., 2007).

Com exceção da rara mutação para TREX1 (three prime repair exonuclease

1) ou das deficiências dos componentes iniciais do complemento, não há um único

polimorfismo do gene responsável pelo risco de desenvolvimento de LES, mas uma

combinação de genes de susceptibilidade ou a presença de genes de

susceptibilidade associado à ausência de genes protetores são necessárias para

permitir o desenvolvimento da doença (LANNA; FERREIRA; TELLES, 2014).

Fatores ambientais têm sido implicados na etiologia do LES por seus efeitos

sobre o sistema imune. As infecções podem determinar respostas imunes

indesejáveis e a possibilidade de que os vírus possam desencadear o LES é

demonstrada pela rápida soroconversão para o herpesvírus humano 4, ou vírus

Epstein-Barr nas pacientes lúpicas como desencadeadores da doença (POOLE et

al.,2006).

Infecções por micobactérias e tripanossoma podem determinar a formação

de anticorpos anti-DNA ou mesmo os sintomas lúpus-símile e infecções bacterianas

16

podem induzir a ativação do LES (STEINBERG, 1995).

Medicamentos podem causar alterações no DNA, que são marcadores

epigenéticos da doença (BALLESTAR; ESTELLER; RICHARDSON, 2006). O

tabagismo e o consumo de álcool também são considerados fatores de risco

(GHAUSSY; SIBBITT; QUALIS, 2001). A exposição à luz ultravioleta pode induzir e

exacerbar as lesões cutâneas no LES (KUHN; BEISSERT, 2005).

O pó de sílica, encontrado em material de limpeza, no solo, em materiais de

cerâmica, em cimento e em fumaça de cigarro, pode aumentar o risco de

desenvolvimento de LES, especialmente em mulheres afro americanas (FINCKH et

al., 2006)

A maior prevalência em mulheres sugere que fatores hormonais possam

contribuir na etiopatogênese, sendo que o cromossomo X parece participar de forma

independente do hormônio (SMITH-BOUVIER et al., 2008).

No LES, há deficiência na regulação do sistema imune e consequente perda

do mecanismo de autotolerância por parte das células B aos autoantígenos. As

células B estão persistentemente ativadas e induzidas à maturação pelo estimulador

de linfócitos B (BLyS). Observa-se deficiência de fagocitose, clearance de

imunocomplexos e das células apoptóticas, permitindo a persistência de antígenos e

de imunocomplexos, com produção de autoanticorpos pelas células B que

determinam o dano tecidual, sendo as células B fundamentais na expressão da

doença (TSOKOS, 2011; MUÑOZ et al., 2009; ARBUCKLE et al., 2003).

A sinalização anormal promove a transcrição do gene defeituoso e a

produção de interleucinas alteradas, contribuem para o fenótipo aberrante de células

T. As células T infiltram os tecidos, incluindo a pele e o rim, que levam ao dano

tecidual (MOULTON; TSOKOS, 2011).

Participam também da patogênese várias citocinas tais como a IL-12, IL-17,

IL-18, IL-23 e IL-33. Assim, sua imunopatogênese é complexa envolvendo a

interação de várias citocinas, quimiocinas e moléculas sinalizadoras (YU et al., 2014).

Há interações entre interleucinas e os hormonios, e alguns destes participam da

lesão tecidual (CUTOLO et al., 1998).

As alterações autoimunes são caracterizadas pela presença de

autoanticorpos reativos, antinucleares, anticitoplasmáticos e antifosfolipídicos além

de linfócitos autorreativos. Esses autoanticorpos formam imunocomplexos que

17

depositam nos tecidos causando inflamação e dano tecidual. Além disso, o

mecanismo regulatório que deveria interromper o processo não funciona

adequadamente (RAMANUJAM; DAVIDSON, 2008).

Vários autoanticorpos são detectados no LES como o fator antinuclear (FAN),

anticorpos contra antígenos nucleares extraíveis (anti ENA): antígeno Smith (anti

Sm), anti RNP (anti Ribo Núcleo Proteína), anti Ro/SSA (anticorpo contra antígeno

Ro), anti La/SSB (anticorpo contra o antígeno La); Anti DNA, anti P ribossomal e os

antifosfolípides (REEVES; LI; ZHUANG, 2011).

Diversos genes associados à predisposição genética para o

desenvolvimento do LES estão localizados no MHC, sendo importante para o

desenvolvimento de autoimunidade (BARCELOS et al., 2009). Associações dos

alelos HLA-DRB1* 03:01 e HLA-DRB1* 15:015 com LES estão bem estabelecidos

em populações europeias (MOSER et al., 2009).

2.2.3 Manifestações clínicas

Queixas constitucionais como mal estar, fadiga, febre, anorexia e perda de

peso são comumente observadas no LES (LANNA; FERREIRA; TELLES, 2014).

Artralgias, artrite ou ambas são manifestações comuns da doença. A artrite

raramente é erosiva e acomete predominantemente mãos, punhos e joelhos. Podem

ocorrer quadros de miopatia por drogas, mialgias, miosite ou fibromialgia

(VASUVEVAN; GINZLER, 2011).

O comprometimento cutâneo é bastante comum, sendo três destas

manifestações critérios do American College of Rheumatology: lesões discóides,

eritema malar e fotossensibilidade. O eritema malar, também conhecido como lesão

em asa de borboleta, é o mais característico. Outras manifestações incluem eritema

subagudo, eritema periungueal, alopecia e Fenômeno de Raynaud (SONTHEIMER,

1997).

Anormalidades nos elementos formadores do sangue, da coagulação e do

sistema fibrinolítico são comuns nos pacientes com LES. As principais

manifestações são: anemia, leucopenia, linfopenia trombocitopenia e síndrome do

anticorpo antifosfolípide. Cinquenta por cento dos pacientes com LES têm anemia, e

as causas mais comuns são anemia por doença crônica e anemia ferropriva,

18

seguidas de anemia hemolítica autoimune (LANNA; FERREIRA; TELLES, 2014;

BAEK et al., 2011).

O envolvimento renal é frequente e é uma das manifestações mais graves

do LES com aumento da morbidade e mortalidade. Várias formas de

glomerulonefrite podem ocorrer, incluindo mesangial mínima (classe I), a mesangial

proliferativa (classe II), a nefrite lúpica focal (classe III), a nefrite lúpica difusa (classe

IV), membranosa (classe V) e a esclerose avançada (classe VI), que é considerada

a fase final (WEENING et al., 2004). Apesar dos avanços no tratamento da nefrite,

10% dos pacientes evoluem para insuficiência renal e doença renal terminal

(COSTENBADER et al., 2011).

O acometimento pulmonar caracteriza-se por comprometimento do

parênquima pulmonar, da circulação pulmonar, da pleura e do diafragma e inclui

pleurite aguda e crônica, pneumonite, hemorragia pulmonar, hipertensão pulmonar,

disfunção de vias aéreas superiores e envolvimento diafragmático (KAMEL et al.,

2011).

O sistema cardiovascular é afetado no LES e inclui o envolvimento do

pericárdio, endocárdio miocárdio e das artérias coronárias. Pode-se observar

pericardite e ou derrame pericárdico, doença valvar cardíaca, miocardite,

hipertensão arterial sistêmica, insuficiência cardíaca congestiva, doença coronariana

isquêmica e hipertensão pulmonar. Pericardite e derrame pericárdico são

manifestações comuns, contudo o tamponamento cardíaco é raro (KUMAR et al.,

2012).

As manifestações neuropsiquiátricas compreendem diversas síndromes

neurológicas, envolvendo o sistema nervoso central, periférico e autonômico, e

síndromes psiquiátricas e psicofuncionais (JARPA et al., 2011). Em 750 pacientes

com LES estudados, o lúpus neuropsiquiátrico ocorreu em 13% dos pacientes,

sendo que as convulsões, as psicoses e as doenças cerebrovasculares foram as

três características neuropsiquiátricas mais comuns nos pacientes

(CHIEWTHANAKUL et al., 2012; LANNA; FERREIRA; TELLES, 2014).

Os sintomas gastrintestinais são comuns, como náuseas, vômitos e

dispepsia. A pancreatite aguda é uma manifestação rara, mas representa

diagnóstico diferencial importante na avaliação de dor abdominal e às vezes simula

abdômen agudo (CAMPOS et al., 2010).

19

2.2.4 Diagnóstico

O diagnóstico do LES baseia-se na presença de manifestações clínicas

características e de auto anticorpos. Critérios para classificação dos indivíduos com

lúpus foram estabelecidos pelo Colégio Americano de Reumatologia em 1972 e

revisados em 1997 e 1982 (HOCHBERG, 1997; TAN et al.,1982). Qualquer

combinação de quatro ou mais dos onze critérios, bem documentado em qualquer

momento da evolução da história do indivíduo, torna muito mais provável o

diagnóstico de LES, com especificidade e sensibilidade de 95 e 75%

respectivamente (ANEXO 2).

Em 2012, os critérios de classificação do ACR foram revisados e validados

pelo grupo Internacional de Colaboração Clínica em Lúpus Sistêmico (Systemic

Lupus International Collaborating Clinics – SLICC), com o objetivo de melhorar a

relevância clínica e incorporar novos conhecimentos sobre imunologia no LES. De

acordo com esses novos critérios há um aumento de sensibilidade e é possível um

diagnóstico e tratamento precoces, em contrapartida há diminuição da especificidade

e necessidade de diagnósticos diferenciais (PETRI et al., 2012.).

2.2.5 Tratamento

O tratamento do lúpus tem como objetivo reduzir a atividade da doença,

prevenir e tratar as exacerbações, diminuir complicações de órgãos e sistemas,

tratar as complicações da doença e da terapêutica utilizada. A atividade da doença é

avaliada pela história, exame clínico, exames laboratoriais e utilização de Índices de

Atividade de doença, sendo o mais utilizado o Systemic lupus Erythematosus

Disease Activity Index (SLEDAI) (LANNA; FERREIRA; TELLES, 2014; GRIFFITHS;

MOSCA; GORDON, 2005).

São fundamentais para o sucesso do tratamento do LES evitar exposição

aos raios ultravioletas, controlar a obesidade e a dislipidemia, abolir o uso do tabaco,

evitar o álcool, praticar atividade física regular, manter dieta equilibrada e ingerir

quantidades adequadas de cálcio e vitaminas. O tratamento medicamentoso difere

de um paciente para o outro e depende dos órgãos e sistemas acometidos e da

gravidade das manifestações (MCCUNE; CAGNOLI; GONZALEZ-RIVERA, 2011).

Os antimaláricos são utilizados no LES com a finalidade de reduzir a

20

atividade da doença, poupar uso de corticoide, diminuir as recidivas e melhorar o

perfil lipídico, glicêmico e reduzir o risco de trombose. Os corticoides são usados

para controlar a maioria das manifestações clínicas no LES. A pulsoterapia de

metilprednisolona é utilizada no comprometimento renal, neuropsiquiátrico, mielite

transversa, comprometimento hematológico severo, peritonite crônica, vasculite

gastrointestinal e comprometimento pulmonar severo (SACHET et al., 2007;

MCCUNE; CAGNOLI; GONZALEZ-RIVERA, 2011).

Os imunossupressores podem ser utilizados nas anemias hemolíticas auto-

imunes, comprometimento cardíaco, pneumonite aguda, hemorragia pulmonar,

nefrite proliferativa e membranosa. Na nefrite proliferativa está indicado o uso de

pulsoterapia com ciclofosfamida ou micofenolato de mofetil inicialmente e na fase de

manutenção pode-se utilizar a azatioprina ou micofenolato mofetil (BORBA et al.,

2008; HAHN et al., 2012).

As terapias biológicas surgem como uma grande esperança para tratamento

mais eficaz e seguro no LES. O rituximabe, anticorpo monoclonal quimérico dirigido

contra antígeno CD20 de linfócitos B tem sido usado em casos refratários, indicado

para manifestações graves (REDDY et al., 2013). O belimumabe, anticorpo

monoclonal IgG recombinante totalmente humano contra estimulador solúvel do

linfócito B (BLys) utilizado para formas cutâneas e articulares (NAVARRA et al.,

2011). Outras intervenções biológicas em estudo incluem o epratuzumabe, atacicept,

ocrelizumabe, abatacept, anticorpos monoclonais contra IFN (interferon) alfa e gama

e contra IL6 e IL10 (BEZALEL et al., 2012; WALLACE et al., 2014; GINZLER et al.,

2012; MERRIL et al., 2010).

2.2.6 Lúpus Eritematoso e Infecções

Sabe-se atualmente que a infecção é a maior causa de morbidade e

mortalidade em pacientes com LES, pois há disfunções imunológicas, que

predispõem ao aumento de susceptibilidade a infecções, assim como o uso de

corticoides e imunossupressores que também predispõem a processos infecciosos.

A literatura demonstra casos de sepses por organismos incomuns, contudo as

infecções mais frequentes são atribuídas aos organismos piogênicos tais como

Staphylococcus sp. e Escherichia coli e patógenos oportunistas tais como bactérias,

21

fungos, vírus e protozoários (GINZLER; DVORKINA, 2007).

Estudo retrospectivo realizado na China identificou a infecção como o fator

mais frequentemente relacionado com morte no lúpus, seguido pelas desordens

renal, cerebral, multissistêmica e cardíaca (ZHEN et al., 2013). Outro estudo

retrospectivo realizado na Índia no período de 1998 a 2007 mostrou que atividade

lúpica e ou a infecção são as maiores causas de morte em pacientes hospitalizados

com lúpus (SHARMA et al., 2013).

No Brasil a insuficiência renal e doenças infecciosas, ainda são as causas

mais frequentes de morte nos pacientes com lúpus. No período avaliado de 1985 a

2007 observou-se um aumento do número de mortes associadas à infecção,

especialmente pneumonia e septicemia (SOUZA; SANTO; SATO, 2012). Outro

estudo realizado no Brasil mostrou uma frequência elevada de mortalidade tardia

nestes pacientes devido à própria doença e a infecção (TELLES et al., 2013).

Um estudo retrospectivo em um centro de referência canadense mostrou

que as infecções nos pacientes com LES são apontadas como uma das principais

causas de internações, correspondendo a 16,2% de todas as internações (LEE;

DHILLON; POPE, 2012).

O uso de corticoides e as manifestações de atividade da doença

desempenham importante função na susceptibilidade dos pacientes com LES a

processos infecciosos (LE MOING; LEPORT, 1998). O uso de prednisona foi o

principal fator de risco para o desenvolvimento de infecções oportunistas, sendo os

organismos mais comuns a Salmonella, a Candida, o Strongyloides e o Aspergillus

sp. (GINZLER; DVORKINA, 2007).

Agentes imunossupressores, especialmente azatioprina e ciclofosfamida

têm sido implicados como fatores de risco para infecções (MOHAMED, et al., 2014).

Contudo, um aspecto interessante é que mesmo na ausência de tratamento com

corticosteroides, as infecções são mais comuns em pacientes com LES. Mesmo

quando se usa corticoide com moderação e não se usa agentes imunossupressores,

os pacientes apresentam infecções graves durante o curso da doença (LANNA;

FERREIRA; TELLES, 2014).

Staples et al. (1974) verificaram que a elevação da ureia tem uma forte

associação com infecção, sugerindo que uma função renal prejudicada seja mais

importante que a inflamação renal ativa para uma maior susceptibilidade a

22

processos infecciosos. Ainda nesse estudo, observou-se que mesmo entre os

pacientes em remissão clínica há um aumento da tendência de se desenvolver

infecções bacterianas e oportunistas. Neste sentido, os pesquisadores compararam

as taxas de infecções com LES, AR e síndrome nefrótica idiopática e demonstraram

que as infecções são dez vezes mais frequentes em pacientes com lúpus

comparado aos outros grupos.

Muitas anormalidades, incluindo deficiência de imunoglobulinas, deficiências

do complemento, defeitos de quimiotaxia e atividade fagocítica são responsáveis

pela susceptibilidade a infecções. Linfopenia, tratamento com prednisona e baixos

níveis de C3 são fatores de risco independentes para o desenvolvimento de

infecções graves em pacientes com LES, incluindo diversos microorganismos, não

apenas infecções oportunistas (BARRERA-VARGAS et al., 2014).

A associação entre leucopenia e infecção severa permanece controversa

nessa doença. A linfopenia e neutropenia estão associadas com infecção no LES,

contudo não consegue demonstrar a função da leucopenia como fator predisponente

para infecção grave (LERTCHAISATAPORN et al., 2013).

A proteína C reativa (PCR) é um indicador para o diagnóstico de infecção

bacteriana no LES, sendo que os níveis de PCR são mais altos em pacientes com

infecção quando comparados com pacientes com recidivas da doença, e os níveis

de PCR diminuem após a resolução da infecção (KIM et al., 2012).

Anormalidades na imunidade celular no lúpus parecem contribuir para o

risco de infecções oportunistas. A incidência de Herpes zoster (HZ) está aumentada

em pacientes com LES e esta é a infecção viral mais comum nos pacientes com

lúpus (WALLACE; HAHN, 2007). É uma complicação tardia da doença, cujo principal

fator desencadeante desta infecção no LES é o uso concomitante de corticoides e

imunossupressores e não a atividade da doença (BORBA et al., 2010).

Os sítios mais frequentes para infecções bacterianas no LES são o trato

urinário, respiratório e pele (STAPLES et al., 1974). Um estudo realizado mostrou

que as infecções mais comumente encontradas foram infecções bacterianas,

seguidas por infecções virais, e os organismos mais comumente isolados foram

Staphylococcus aureus, seguido por espécies de salmonella, pseudomonas e

klebsiella (GONZALEZ-IBARRA et al. 2014).

O Citomegalovírus é incomum, contudo a infecção pulmonar por este agente

23

pode ser fatal. Sendo assim, é sempre necessário pensar nesta infecção em

pacientes apresentando febre, e a sorologia viral precisa ser rotineiramente

solicitada, principalmente quando a terapia imunossupressora está sendo instituída

(STRASSER et al., 2012).

Ribeiro, et al (2010) em seu estudo forneceram evidências que pacientes

com lúpus tem alta prevalência de Papilloma vírus humano (HPV) e essa infecção

tem sido associada à terapia imunossupressora. Há relato de caso de condilomatose

disseminada no LES associada com uso de corticosteroides e imunossupressores,

em que diferentes tipos de HPV foram identificados nas lesões (COSTAPINTO et al.,

2012).

Infecção por Cândida é uma complicação frequente em pacientes com LES,

principalmente a candidíase oral. A infecção pode-se estender para esôfago com

invasão da mucosa, associada ao tratamento com corticoides e terapia citotóxica. Há

também o relato de candidíase mucocutânea crônica em pacientes com lupus,

caracterizada pela susceptibilidade à infecção por cândida na pele, unhas e

mucosas (DE MORAES-VASCONCELOS et al., 2012).

O desenvolvimento de infecções fúngicas profundas é geralmente associado

ao uso de corticosteroides e imunossupressores (SILVA et al., 2012). Infecções

fúngicas invasivas podem ocorrer, com elevada morbidade e mortalidade, os fatores

de riscos foram descritos como sendo o nível elevado de PCR, atividade da doença,

ventilação mecânica, tratamento com antibióticos, hemodiálise, uso de altas doses

de corticoides e tratamento com micofenolato de mofetil (MARTINEZ-MARTINEZ et

al., 2012).

Infecção pelo cryptococcos não é comum no LES, o início dos sintomas

pode ser insidioso e as manifestações dessa infecção podem ser confundidas com

sintomas neurológicos do LES (ZIMMERMANN; SPIEGEL; LALLY, 1992) e

usualmente causa de meningite terminal. Uma cefaleia de início insidioso e

persistente frequentemente é a manifestação precoce da doença.

Estudos têm mostrado a ocorrência de pneumonia por Pneumocystis jirovecii

nos pacientes com lúpus após uso de imunobiológicos, tais como rituximabe. É

mencionado que susceptibilidade ocorre na dependência das características

imunológicas da doença, dos mecanismos de ação do rituximabe, de fatores

ambientais e das características biológicas dos fungos (BONILLA-ABADIA et al.,

24

2014). Essa infecção tem sido documentada em pacientes com LES em uso de altas

doses de corticoides e drogas citotóxica (WAINSTEIN; NEIRA; GUZMÁN, 1993).

Hiperinfecção com Strongyloides stercoralis pode ocorrer em pacientes

imunossuprimidos (POTTER; STEPHENS; DE KEULENAER, 2003). Leishmaniose

visceral tem sido relatada nesses pacientes (GARG et al., 2012; MOORE; BROWN,

2013).

25

3 JUSTIFICATIVA

Tendo em vista que os trabalhos avaliando os dados epidemiológicos,

clínicos e processos infecciosos associados a AR e LES no Brasil são escassos,

especialmente no sudoeste goiano, justifica-se este estudo na região.

Especialmente no que diz respeito aos processos infecciosos nesses

pacientes, é necessário determinar frequências e associações epidemiológicas,

clínicas, laboratoriais e do tratamento, bem como as possíveis comorbidades, a fim

de se buscar fatores que estejam relacionados à infecção que ocorre em pacientes

com AR e LES.

26

4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Verificar a prevalência de infecções nos pacientes com diagnóstico de AR e

LES.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

4.2.1 Identificar a frequência das regiões anatômicas mais infectadas.

4.2.2 Investigar os dados demográficos e aspectos clínicos mais associados

aos processos infecciosos na AR e LES.

4.2.3 Investigar a frequência e associação de tabagismo e de comorbidades

nessa população.

4.2.4 Investigar associação e frequência dos processos infecciosos com

alterações hematológicas na AR e no LES, respectivamente.

4.2.5 Estudar a associação da presença de infecção com as drogas

utilizadas no curso da AR (corticoides, antimaláricos, metotrexato, sulfassalazina,

azatioprina, leflunomida, ciclosporina, etanercepte, adalimumabe, tocilizumabe).

4.2.6 Investigar a frequência de infecção com as drogas utilizadas no curso

do LES (corticóides, antimaláricos, azatioprina, metotrexato e ciclofosfamida).

27

5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 DESENHO E LOCAL DO ESTUDO

Foi realizado um estudo retrospectivo, transversal e descritivo, no qual se

inclui uma coorte de pacientes com artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico

atendidos ambulatorialmente, em uma clínica privada no município de Jataí-Goiás,

com pacientes referendados de outras cidades do sudoeste goiano, no período de

2008 a 2012. Para a realização do estudo foram revisados retrospectivamente 329

prontuários de pacientes com AR e 103 prontuários de pacientes com LES.

5.2 ASPECTOS ÉTICOS

O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de Goiás - UFG (CEP/ UFG nº 555.556 - ANEXO 4) e foi

isento da aplicação do TCLE visto que este é um estudo retrospectivo, envolvendo

apenas a coleta de dados já arquivados em ficha e prontuários eletrônicos.

5.3 PACIENTES

5.3.1 Critérios de inclusão para pacientes

Idade igual ou superior a 18 anos;

Diagnóstico de LES baseado nos critérios de classificação Colégio

Americano de Reumatologia de 1997 (HOCHBERG, 1997) ou 1982

(TAN et al., 1982; ANEXO 2).

Diagnóstico de AR estabelecido pelos critérios de classificação para AR

do American College of Rheumatology definido em 1987 para

classificação da Artrite Reumatoide ou os critérios estabelecidos pelo

Comitê do Eular (European League Against Rheumatism-Liga Europeia

Contra o Reumatismo) e pelo American College of Rheumatology, em

2010 (ANEXO 3 e 1).

28

Pacientes com tempo de acompanhamento maior ou igual a um ano.

Pacientes de Jataí e demais cidades do sudoeste goiano.

5.3.2 Critérios de exclusão para pacientes

Pacientes menores de 18 anos;

Pacientes com período de acompanhamento menor que um ano;

Pacientes com Síndrome de Superposição e outros diagnósticos.

Pacientes oriundos de outras regiões e Estados

Dentre os 329 prontuários avaliados, 227 foram descartados, pois 117 não

preenchiam os critérios diagnósticos de Artrite Reumatoide ou apresentavam

diagnóstico de Síndrome de Superposição, 99 pacientes não completaram um ano

de tratamento e 11 pacientes eram procedentes de outras regiões e Estado.

Foram avaliados 103 prontuários de pacientes portadores de Lúpus

Eritematoso Sistêmico e selecionados 43 para o estudo. Vinte e nove pacientes

foram excluídos por não completarem um ano de tratamento, 30 pacientes por não

preencherem os critérios diagnósticos e um paciente era procedente de Goiânia.

Portanto, foram considerados elegíveis para o estudo, de acordo com os

critérios de inclusão e exclusão, 102 pacientes com AR e 43 pacientes com LES, de

ambos os sexos, atendidos na Clínica São Rafael localizada na Rua Sete de

Setembro, 88, Jataí-GO (Conforme autorização do responsável, Carta de Anuência –

ANEXO 5).

Foram avaliados pacientes de ambos os sexos que preenchiam os critérios

de classificação para AR e LES.

O diagnóstico, o tratamento e monitorização de todos os pacientes foram

realizados pelo mesmo médico, em uma clínica privada no município de Jataí Goiás.

Após aprovação do Comitê de Ética, foram obtidos os dados demográficos,

manifestações clínicas no LES e AR, comorbidades associadas, dados laboratoriais

(hemograma), medicamentos e as infecções que acometeram os pacientes no último

ano de acompanhamento ambulatorial.

29

5.4 COLETA DOS DADOS

5.4.1 Coleta de dados e extração

Foram realizadas pesquisas em prontuários escritos e eletrônicos. Os dados

para avaliação dos pacientes com AR e LES foram coletados utilizando uma ficha

para AR (ANEXO 6) uma ficha para LES (ANEXO 7). Nestas, foram registrados:

dados epidemiológicos, manifestações clínicas, comorbidades, exames laboratoriais,

tratamento e infecções nos pacientes selecionados.

5.4.2 Definição dos dados registrados

5.4.2.1 Dados Epidemiológicos

O grupo étnico foi autorreferido pelo paciente. O nível educacional dos

pacientes foi escalonado em Ensino Fundamental, Ensino Médio e Superior e,

também, autorreferido pelo paciente.

Quanto à procedência foram considerados pacientes do sudoeste Goiano

(Figura 2 e 3), baseados nas definições de Regiões de Planejamento do Estado de

Goiás-2006, que incluem 26 municípios, descritos pelo IMB - Instituto Mauro Borges

de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos/ SEGPLAN (IBM, 2006).

30

Figura 2 – Mapa do Estado de Goiás e a microrregião do Sudoeste Goiano, em vermelho. Fonte – http://pt.wikipedia.org/wiki/fichero:goias_ micro_sudoestedegoias.svg

31

Figura 3 – Estado de Goiás, Regiões de planejamento da Região Sudoeste Goiano.

Fonte – Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Sócio Econômicos/ SEGPLAN

(IBM) -(http:www.seplan.go.gov.br/sepin/viewcad.asp?id_cad=5100&id_not=9)

5.4.2.2 Dados Clínicos

A artrite foi descrita pela presença de dor, edema e limitação funcional de

qualquer articulação. O relato do paciente e ou queixas de artralgia e ou fadiga foi o

que definiu a descrição de piora da doença.

Nefrite foi definida de acordo com os critérios do Colégio Americano de

32

Reumatologia para classificação do LES, revisados em 1997, que se caracteriza por

proteinúria persistente (> 500mg em vinte e quatro horas ou cilindros celulares).

5.4.2.3 Dados laboratoriais

Foram coletados os dados do hemograma no momento da infecção ou até

30 dias antes do processo infeccioso, através da revisão de dados do prontuário.

Para os pacientes que não tiveram infecção, elegeu-se o hemograma da última

consulta ou o mais próximo da última consulta. A anemia foi definida nos adultos

com hematócrito menor que 41% e ou hemoglobina menor que 13,5 g/dL para os

homens e hematócrito menor que 37% e ou hemoglobina menor que 12 g/dL para

mulheres (LINKER; DAMON, 2013).

A leucopenia foi considerada nos casos que demonstraram um número de

leucócitos menor que 4.000/ mL, sendo a leucopenia considerada severa quando o

paciente apresentava leucócitos menores que 2.000/ mL e leucopenia persistente

quando o paciente apresentava leucopenia em período maior ou igual a 75% do

período de observação (LERTCHAISATAPORN et al., 2013). Os limites normais de

plaquetas foram considerados entre 150 e 350.000/ mm³ e plaquetopenia foi definida

com plaquetas inferiores a 150.000/ mm³ (ROBERTI et al., 2014).

5.4.2.4 Dados referentes à comorbidades

Para os pacientes com AR foram avaliadas as seguintes comorbidades:

tabagismo, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), diabetes, obesidade,

depressão, incontinência urinária e hipertensão. E para os pacientes com LES foram

avaliados as comorbidades tabagismo, diabetes, obesidade e hipertensão.

Em relação à hipertensão, foi considerado hipertenso o paciente que havia

relato de uso de medicação antihipertensiva ou que apresentava pressão sistólica

maior ou igual a 140 mmHg e pressão diastólica maior ou igual a 90mmHg em

pacientes que não estavam sob uso de medicação, considerando para o diagnóstico

a média de duas ou mais medidas em diferentes visitas, com técnica adequada,

aparelho calibrado e com o indivíduo na posição sentada (SUTTERS, 2013).

O Diabetes mellitus tipo 2 foi considerado no paciente com glicemia de jejum

maior ou igual a 126 ou teste de tolerância à glicose maior ou igual a 200, duas

33

horas após ingestão de 75 g de glicose ou pela presença de glicemia casual maior

ou igual a 200 mg/ dL, com sintomas clássicos da doença como poliúria, polidipsia e

perda de peso ou hemoglobina glicada maior ou igual a 6,5 % (MASHARANI, 2013).

A obesidade foi determinada através do índice de massa corpórea (IMC),

que pode ser calculado de acordo com a razão entre peso em quilogramas e o

quadrado da altura em metros (peso Kg/ altura m²). O paciente foi considerado

obeso ao apresentar IMC maior ou igual a 30 Kg/m² (PINHO; PORTO, 2014).

Tabagista foi definido como os que fumaram no mínimo um cigarro por dia,

durante um período contínuo de pelo menos 6 meses (QUIAN et al., 2010).

Já a incontinência urinária foi estabelecida de acordo com a definição de um

ou mais episódios de perda urinária involuntária nas últimas semanas descritas pelo

paciente (BRETAS, 2004). DPOC foi catalogada quando referida pelo paciente como

portador ou usuário de medicações específicas para essa doença. Depressão foi

definida quando o paciente referiu ser portador dessa doença.

5.4.2.5 Dados pesquisados referentes às infecções

Naqueles pacientes com mais de um episódio de infecção, o primeiro

episódio foi utilizado como referência.

Infecção urinária foi definida através de sinais e sintomas clínicos e ou

alterações no exame de urina tipo I e urocultura positiva para o microorganismo

causador, não sendo essencial a contagem de colônias acima de 100.000 para um

ou outro paciente (MENG; STOLLER; WALSH, 2013).

Candidíase oral foi determinada clinicamente pela presença em cavidade

oral de placas brancas, cremosas com aspecto de leite talhado, aderentes e

indolores recobrindo uma área de mucosa eritematosa. Candidíase vulvovaginal foi

estabelecida pelo resultado da colpocitologia oncoparasitária (EDWARDS, 2008).

Foram consideradas infecções de vias aéreas superiores as seguintes

entidades: infecções no nariz e nos seios paranasais, tonsilites e faringites.

Bronquites e pneumonias foram consideradas infecções de vias aéreas inferiores

(LUSTIG; SCHINDLER, 2013).

Síndromes Influenza foram definidas clinicamente como quadro clínico de

início abrupto com febre, calafrios, mal estar, tosse não produtiva, coriza, congestão

34

nasal e mialgias com exclusão de outras doenças infecciosas (PATEL; SHANDERA,

2013).

Infecção gastrintestinal foi estabelecida clinicamente pela presença de

diarreia associada a sintomas locais de cólicas abdominais, náusea e tenesmo e

quando possível a associação de pesquisa de leucócitos fecais e coprocultura

(CHIN-HONG; GUGLIELMO, 2013).

Infecção grave foi definida como aquela que gerou internação e ou que fez

necessário uso de antimicrobiano endovenoso ou causou ameaça de vida ou ainda

que causou incapacidade significante ou persistente (VAN DARTEL et al., 2013).

5.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

As variáveis quantitativas contínuas foram apresentadas na forma de

medidas descritivas de tendência central e de dispersão. A associação entre as

variáveis categóricas foram medidas por meio do teste qui-quadrado de Pearson. As

diferenças estatísticas entre proporções de variáveis dicotômicas foram definidas

pelo teste binomial para proporções. O nível de significância adotado foi de 5%. Os

dados foram analisados utilizando o programa SPSS versão 18 (Statistical Package

for The Social Sciences) para Windows.

35

6 RESULTADOS

6.1 RESULTADOS DOS PACIENTES COM ARTRITE REUMATOIDE

Foram incluídos no estudo 102 pacientes com AR selecionados de 2008 a

2012.

Dentre os 102 pacientes com AR observou-se 52 pacientes com infecção

(50,98 %) e 50 pacientes sem infecção. Houve um predomínio do gênero feminino

(76,47%) na população, sendo a associação de infecção significativamente maior no

sexo feminino (Tabela 1).

Houve predomínio dos pacientes nas faixas etárias entre 40-59 anos

(54,90%) com a média de idade dos pacientes de 52,50 anos, DP=14,13 anos,

sendo a idade mínima 19 e máxima 89 anos. Quanto ao grupo étnico observou-se

um predomínio da etnia branca (59,80%) (Tabela 1).

Houve associação entre sexo feminino e infecção (p=0,048; Tabela 1).

Tabela 1 – Distribuição da frequência de pacientes portadores de Artrite Reumatoide

e variáveis demográficas.

Variáveis AR (n=102)

n (%) Sem infecção

n (%) Com Infecção

n (%) P*

Gênero 0,048

Feminino 78 (76,47) 34 (43,59) 44 (56,41)

Masculino 24 (23,53) 16 (66,67) 08 (33,33) Faixa Etária (anos)** 0,06

18-29 04 (3,92) 03 (75,00) 01 (25,00) 30-39 13 (12,75) 07 (53,85) 06 (46,15) 40-49 28 (27,45) 16 (57,14) 12 (42,86) 50-59 28 (27,45) 12 (42,86) 16 (57,14) 60-69 17 (16,67) 06 (35,29) 11 (64,71) 70 ou mais 12 (11,76) 06 (50,00) 06 (50,00)

Raça 0,96

Branca 61 (59,80) 30 (49,18) 31 (50,82) Parda 28 (27,45) 13 (46,43) 15 (53,57)

Negra 13 (12,75) 07 (53,85) 06 (46,15)

*Teste qui quadrado de Pearson. Valor estatisticamente significativo (p<0,05) **Média de idade=

52,50 anos. DP=14,13.

Quanto às ocupações, 33,33% eram do lar, seguidos por pacientes

aposentados com 10,78%, comerciantes e professores com 5,88% cada um dos

36

grupos e agropecuarista com 4,90%. As demais profissões correspondem a

39,22%. A maioria dos pacientes cursou o Ensino Fundamental com 54 pacientes

(53,92%), sendo nove pacientes sem escolaridade (8,82%). Não houve associação

entre profissão ou entre a escolaridade e a presença da infecção (Tabela 2). De

acordo com o registro dos prontuários foram caracterizados o nível de escolaridade,

sem definição completa de cada fase escolar, incluindo pacientes que cursaram ou

estavam cursando determinada fase.

Tabela 2 – Dados Demográficos dos pacientes com Artrite Reumatoide com e sem

infecção.

Variáveis AR (n=102)

n (%) Sem infecção

n (%) Com Infecção

n (%) P*

Ocupação 0,140

Do lar 34 (33,33) 12 (35,29) 22 (64,71) Aposentado 11 (10,78) 07 (63,64) 04 (36,36) Professor 06 (5,88) 04 (66,67) 02 (33,33) Comerciante 06 (5,88) 04 (66,67) 02 (33,33) Agropecuarista 05 (4,90) 04 (80,00) 01 (20,00) Outras 40 (39,22) 19 (47,50) 21 (52,50)

Escolaridade 0,341

Fundamental 55 (53,92) 23 (41,82) 32 (58,18) Médio 20 (19,61) 13 (65,00) 07 (35,00) Superior 16 (15,69) 08 (50,00) 08 (50,00) S/ escolaridade 09 (8,82) 05 (55,55) 04 (44,45)

* Teste qui quadrado de Pearson. Valor estatisticamente significativo (p<0,05).

Quarenta e nove por cento dos pacientes eram procedentes de Jataí,

seguidos de 20,60% de Rio Verde e 10,80% de Mineiros. Os demais pacientes

(19,61%) eram procedentes de Aparecida do Rio Doce, Cachoeira Alta, Caçu,

Caiapônia, Itarumã, Montividiu, Paranaiguara, Quirinópolis e Serranópolis (Figura 3 e

Tabela 1 no ANEXO 8).

37

Figura 4- Procedência dos Pacientes com Artrite Reumatoide Teste qui-quadrado de Pearson. p=0,243.

Quanto às manifestações clínicas da Artrite Reumatoide, durante a infecção

não observou-se piora da doença (p<0,001), e não houve diferença significativa na

presença ou ausência da artrite no grupo (Tabela 3). Somente o prontuário de um

paciente não tinha relato quanto a piora ou não da doença no momento da infecção,

o que explica somente 51 pacientes na Tabela 3.

Tabela 3 – Manifestações clínicas durante a primeira infecção nos pacientes com

Artrite Reumatoide.

Variáveis Com Infecção

n (%) P*

Piora da Doença <0,001

Não 40 (78,40) Sim 11 (21,60)

Artrite 0,262

Não 30 (58,80) Sim 21 (41,20)

p*Teste binomial para proporções. ** Um paciente não tem dados.n=51

Todos os pacientes apresentaram infecções comunitárias, não havendo

registros de infecções hospitalares. A maioria dos pacientes não necessitou

internação e ou do uso de antibióticos endovenosos, apenas quatro pacientes

apresentaram infecção grave (7,24%).

Os locais de acometimentos mais frequentes foram o trato urinário com

43,75%, as vias aéreas superiores 25%, infecção cutânea com 11, 25% e infecção

6,86

20,59

0,98

0,98

2,94

10,78

49,02

1,96

1,96

0,98

0,98

1,96

0 10 20 30 40 50 60

Serranópolis

Rio Verde

Quirinópolis

Paranaiguara

Motividiu

Mineiros

Jataí

Itarumã

Caiapônia

Caçu

Cachoeira Alta

Aparecida do Rio Doce

38

gastrintestinal com 6,25% (Figura 4). Foram descritas outras infecções: dentária,

ginecológica, em gengiva, infecção prostática, influenza, candidíase, infecção pelo

Helicobacter pylori e dengue. (Figura 4 e Tabela 2 no ANEXO 9). Trinta um

pacientes tiveram uma infecção por ano, quinze pacientes tiveram duas infecções,

cinco pacientes tiveram três infecções e um paciente teve quatro infecções por ano.

Na avaliação da infecção urinária observou-se infecção por E. coli e

Staphylococos em 17, 15% para cada agente, infecção por estreptococos, proteus e

Klebsiela em 5,71, para cada um dos agentes e em 48,57% não foi isolado o agente

etiológico.

Figura 5- Infecções nos Pacientes com Artrite Reumatoide. Outras= Dentária, influenza, gengiva, ginecológica, próstata, H. pylori, candidíase e dengue. n=80

Em relação ao hemograma, este foi avaliado em noventa pacientes com AR,

pois não havia relato de hemograma nos demais prontuários no momento da

infecção. Foi detectado anemia em dezessete pacientes (18,89%), sendo que oito

pacientes eram portadores de infecção e nove pacientes não apresentaram

infecção. Sendo assim não houve diferença estatisticamente significante (p= 0,890).

Já a leucopenia foi demonstrada em 6,67% dos pacientes avaliados e não houve

associação entre leucopenia e infecção. Plaquetopenia não foi observada neste

estudo no momento que o hemograma foi avaliado (Tabela 4).

35 (43,75%)

20 (25%)

9 (11,25%)

5 (6,25%)

11 (13,75%)

Infecção urinária

Infecção de vias aéreassuperiores

Infecção cutânea

Infecção gastrintestinal

Outras

39

Tabela 4 – Alterações do hemograma nos pacientes com Artrite Reumatoide.

Variáveis

AR (n=90)

n (%)

Sem infecção

n (%)

Com Infecção

n (%)

P*

Anemia 17 (18,89) 09 (52,94) 08 (47,06) 0,890

Leucopenia 06 (6,67) 01 (16,67) 05 (83,33) 0,054

Plaquetopenia 00 (0,00) 00 (0,00) 00 (0,00)

*Teste qui-quadrado Pearson. Valor estatisticamente significativo (p < 0,05).

A Tabela 5 mostra que dentre os 102 pacientes com AR, 15,69% eram ex-

fumantes, 17,65% eram fumantes e 66,67% eram não fumantes. Foram detectados

3,92% pacientes com DPOC, 7,84% com diabetes, obesidade em 21,82%,

depressão em 25,49%, incontinência urinária em 1,96% e a hipertensão arterial em

56,86% dos pacientes. Das comorbidades avaliadas o diabetes e a hipertensão

mostraram-se associadas à presença de infecção.

Tabela 5 – Comorbidades nos pacientes com Artrite Reumatoide e sua associação

com infecção.

Variáveis AR n (%)

Sem infecção n (%)

Com Infecção n (%)

P*

Tabagismo1 0,210

Ex-Fumante 16 (15,69) 05 (31,25) 11 (68,75)

Fumante 18 (17,65) 11 (61,11) 07 (38,89)

Não fumante 68 (66,67) 34 (50,00) 34 (50,00)

DPOC¹ 04 (3,92) 00 (0,00) 04 (100,00) 0,450

Diabetes¹ 08 (7,84) 01 (12,50) 07 (87,50) 0,031

Obesidade² 12 (21,82) 05 (41,67) 07 (58,33) 0,660

Depressão¹ 26 (25,49) 15 (57,69) 11 (42,31) 0,305

Inc.Urinária¹ 02 (1,96) 00 (0,00) 02 (100,00) 0,161

Hipertensão¹ 58 (56,86) 23 (39,66) 35 (60,34) 0,030

*Teste qui-quadrado de Pearson Valor estatisticamente significativo (p < 0,05).Inc.

urinária= incontinência urinária. ¹n=102 pacientes avaliados. ² n=55 pacientes avaliados

A Tabela 6 apresenta os medicamentos utilizados no tratamento da AR

durante a infecção. Dos 52 pacientes com infecção, 4 não estavam usando

medicações. Os corticoides utilizados para o tratamento dos pacientes com AR

foram a prednisona ou prednisolona. A utilização de corticoides foi observada em

40

81,25% os pacientes. Mais de oitenta por cento dos pacientes estavam em uso de

doses baixas de corticoides, ou seja, menor ou igual a 10 mg/dL.

Os antimaláricos utilizados foram a difosfato de cloroquina na dose de 150

mg/d ou sulfato de hidroxicloroquina na dose de 400 mg/dia. O metotrexato foi

utilizado na dose de 7,5 mg a 15 mg/semana, a sulfassalazina foi utilizada na dose

de 1 a 3 g/dia, a leflunomida na dose de 20 mg/dia, a azatioprina na dose de 1 a

3mg /Kg/dia. Aproximadamente quarenta e dois por cento dos pacientes usaram

antimaláricos e 35,42% metotrexato.

As drogas biológicas utilizadas foram: adalimumabe na dose 40 mg (SC) a

cada 15 dias, etanercepte na dose de 50mg/ semana e tocilizumabe na dose de 8

mg/Kg/dose (IV) a cada quatro semanas.

Oitenta e sete por cento dos pacientes utilizaram associação de

medicamentos durante o processo infeccioso, sendo que a associação de

medicametos mais frequente foi metotrexato e corticoide com 15,38%, seguido de

corticoide e antimaláricos com 13,46% (Tabela 3 no ANEXO 10).

Tabela 6 – Tratamento medicamentoso prescrito para os pacientes diagnosticados

com Artrite Reumatoide e infecção.

Drogas Nº de Pacientes (n=48) Percentual

Corticoide 39 81,25

Antimalárico 20 41,67

Metotrexato 17 35,42

Leflunomida 09 18,75

Azatioprina 06 12,50

Biológicos 05 10,42

Sulfassalazina 03 6,25

Ciclosporina 01 2,08

Na Tabela 7 podemos observar que o uso dos corticoides, antimaláricos,

sulfassalazina e de metotrexato mostraram associação negativa com a infecção

(p<0,05), ou seja, a prevalência de infecção foi significantemente maior nos

pacientes que não usaram esses medicamentos.

41

Tabela 7 – Associação da infecção em pacientes com Artrite Reumatoide com as

medicações em uso.

Variáveis Sem infecção

(n=50)

n (%)

Com infecção

(n=52)

n (%)

P*

Corticoide 0,021

Não 4 (8) 13 (25,00)

Sim 46 (92) 39 (75,00)

Antimaláricos 0,030

Não 16 (32) 32 (61,54)

Sim 34 (68) 20 (38,46)

Sulfassalazina 0,031

Não 40 (80) 49 (94,23)

Sim 10 (20) 3 (5,77)

Leflunomida 0,727

Não 40 (80) 43 (82,69)

Sim 10 (20) 9 (17,31)

Azatioprina 0, 802

Não 45 (90) 46 (88,46)

Sim 5 (10) 6 (11,54)

Metotrexato <0,001

Não 7 (14) 35 (67,31)

Sim 43 (86) 17 (32,69)

Biológicos 0,698

Não 44 (88) 47 (90,38)

Sim 6 (12) 5 (9,62)

*Teste qui-quadrado de Pearson.

6.2 RESULTADOS NOS PACIENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO

SISTÊMICO

Foram selecionados 43 prontuários de pacientes com LES para o estudo,

sendo observado 69,77% pacientes com infecção e 30,23% sem infecção. A maioria

era do gênero feminino (86,5%) e quanto à faixa etária, 20,93% dos pacientes

tinham entre 18 e 29 anos, 23,26% entre 30 e 39, 20,93% entre 40 e 49 e 27,91%

entre 50 e 59. A média de idade observada foi de 42,09 anos, DP=12,94, com idade

mínima de 20 anos e a máxima de 71 anos. Observou-se predominância do grupo

étnico branco (60,47%) (Tabela 8).

Não houve associação significativa entre o gênero, faixa etária e infecção,

porém houve entre o grupo étnico branco e infecção com p<0,05 (Tabela 8).

42

Tabela 8 – Dados Demográficos dos pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico

com e sem infecção.

Variáveis LES (n=43)

n (%)

Sem infecção

n (%)

Com Infecção

n (%) P*

Gênero 0,256

Feminino 37 (86,05) 10 (27,03) 27 (72,97)

Masculino 06 (13,95) 03 (50,00) 03 (50,00)

Faixa Etária (anos)** 0,758

18-29 09 (20,93) 03 (33,33) 06 (66,67)

30-39 10 (23,26) 02 (20,00) 08 (80,00)

40-49 09 (20,93) 03 (33,33) 06 (66,67)

50-59 12 (27,91) 05 (41,67) 07 (58,33)

60-69 02 (4,65) 00 (0,00) 02 (100,00)

70 ou mais 01 (2,32) 00 (0,00) 01 (100,00)

Raça 0,047

Branca 26 (60,47) 11 (42,31) 15 (57,69)

Parda 15 (34,88) 01 (6,67) 14 (93,33)

Negra 02 (4,65) 01 (50,00) 01 (50,00)

* Teste qui quadrado de Pearson. Valor estatisticamente significativo (p<0,05).** Média de idade de 42,09 anos (DP=12,94).

A ocupação do lar foi a predominante com 34,88%, seguido por

estudantes com 18,60% e as demais profissões descritas na Tabela 9. Observou-se

que o nível educacional predominante na população foi o Ensino Fundamental com

46,52%, seguido do Ensino Médio e Superior, com 23,26% e 25,58%

respectivamente. Não houve relação estatisticamente significativa da ocupação e do

nível educacional com a infecção (Tabela 9).

Tabela 9 – Dados Demográficos dos pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico

com e sem infecção.

Variáveis LES (n=43)

n (%) Sem infecção

n (%) Com Infecção

n (%) P*

Ocupação 0,381

Do lar 15 (34,88) 03 (20,00) 12 (80,00) Estudante 08 (18,61) 03 (37,50) 05 (62,50) Professor 04 (9,30) 01 (25,00) 03 (75,00) Serviços gerais 02 (4,65) 00 (0,00) 02 (100,00) Doméstica 03 (6,98) 01 (33,33) 02 (66,67) Outras 11 (25,58) 05 (45,45) 06 (54,55)

Escolaridade 0,726

Fundamental 20 (46,52) 05 (25,00) 15 (75,00) Médio 10 (23,26) 04 (40,00) 06 (60,00) Superior 11 (25,58) 04 (36,36) 07 (63,64) Sem escolaridade 01 (2,32) 00 (0,00) 01 (100,00) Não Informado 01 (2,32) 00 (0,00) 01 (100,00)

*Teste qui quadrado de Pearson. Valor estatisticamente significativo (p<0,05).

43

Quanto à procedência, a maioria dos pacientes era procedente de Jataí

(67,44%), seguido por Rio Verde com 16,28% e demais cidades, conforme Figura 5.

Não foi observada significância estatística entre procedência e infecção (Figura 5 e

Tabela 4 no ANEXO 11).

Figura 6- Procedência dos Pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico. Teste qui quadrado de Pearson. P=0,381

Na Tabela 10 observa-se a artrite e nefrite durante a primeira infecção nos

portadores de LES. A artrite foi observada em 26,67% dos pacientes com infecção e

em 38,46% daqueles sem infecção. Quando avaliamos a nefrite, encontramos

43,33% dos pacientes com infecção e sem infecção em 30,77%. Houve uma

frequência significativa da nefrite com infecção (p< 0,05).

4,65

2,33

16,28

2,33

2,33

2,33

67,44

2,33

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Serranópolis

Santa Helena

Rio Verde

Quirinópolis

Montividiu

Mineiros

Jataí

Aporé

44

Tabela 10 – Manifestações clínicas durante a primeira infecção nos pacientes com

Lúpus Eritematoso Sistêmico.

Variáveis Com infecção n=30

n (%)

Sem infecção n=13

n (%)

p *

Artrite 8 (26,67) 5 (38,46) 0,581

Nefrite 13 (43,33) 4 (30,77) 0,049

*Teste binomial para proporções. Valor significativo p<0,05

Na população estudada, os locais de infecções mais frequentes foram: o

trato urinário com 32,65%, seguido pelas infecções cutâneas com 16,33%, as vias

aéreas superiores com 14,29% e vias aéreas inferiores com 12,24%. Candidíase

ocorreu em 14,29% dos pacientes. Outras infecções descritas foram infecção por

Gardnerella, sepse e influenza (Figura 7). Dezenove pacientes tiveram uma infecção

por ano, oito pacientes tiveram duas infecções, dois pacientes tiveram quatro

infecções e um paciente teve seis infecções por ano.

Figura 7- Infecções nos pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico. n=49

Nas infecções do trato urinário, 25% foram causadas por E. coli, 12,5% para

cada um dos seguintes agentes: Enterococcus, Staphylococos aureus e

Staphlylococos coagulase negativa, e 6,25% por Proteus. Em cerca de 31,25% dos

16 (32,65%)

7 (14,29%)

8 (16,33%)

7 (14,29%)

6 (12,24%)

5 (10,20%)

Infecção urinária

Infecção de vias aéreassuperiores

Infecção cutânea

Candidíase

Infecção de vias aéreasinferiores

Outras

45

pacientes com infecção, não isolou-se o agente etiológico e 9,30% dos pacientes

apresentaram quadro grave de infecção.

Na Tabela 11 observa-se as alterações hematológicas, comparando os

pacientes sem infecção com aqueles com a primeira infecção. Não houve

prevalência significativa de anemia, leucopenia e linfopenia e infeção nos pacientes

estudados.

Tabela 11 – Alterações hematológicas nos pacientes com LES (n=41).

Variáveis Sem infecção n=13 n (%)

Com Infecção n=28 n (%)

P*

Anemia 03 (23,08) 05 (17,86)

0,727

Leucopenia 01 (7,69) 03 (10,71)

0,625

Plaquetopenia 00 (0,00) 00 (0,00)

Linfopenia 00 (0,00) 04 (14,28)

0,125

*Teste binomial para proporções. p < 0,05 estatisticamente significativo.

Na Tabela 12 observam-se as comorbidades como o tabagismo, o diabetes

Mellitus, a obesidade e a hipertensão. Dos pacientes com LES, 18,60% eram

fumantes, não sendo descritos ex fumantes. O diabetes Mellitus foi verificado em

9,30% dos pacientes. A variável obesidade foi avaliada em 25 pacientes e esteve

presente em 4,65%. A hipertensão arterial sistêmica foi detectada em 39,53%.

Dentre as variáveis estudadas a hipertensão apresentou frequência significante nos

pacientes com infecção.

Tabela 12 – Comorbidades nos pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico e

associação com infecção.

Variáveis

LES n (%)

Sem infecção n (%)

Com Infecção n (%)

P*

Tabagismo (n=43)

Fumante 8 (18,60) 2 (25,00) 6 (75,00) 0,721

Não Fumante 35 (81,40) 11 (31,43) 24 (68,57)

P**

Diabetes¹ 04 (9,30) 00 (0,00) 4 (100) 0,125

Obesidade² 02 (8,00) 01 (50,00) 01 (50,00) 1,000

Hipertensão¹ 17 (39,53) 4 (23,53) 13 (76,47) 0,049

*Teste qui-quadrado de Pearson.** Teste binomial para proporções. ¹ n=43 pacientes avaliados. ² n=25 pacientes avaliados

46

Das drogas utilizadas no tratamento do lúpus, no surgimento da primeira

infecção, a associação mais frequente foi dos antimaláricos e corticoides em 44,44%

dos pacientes, seguida pela associação de corticoides, antimaláricos e azatioprina

em 14,81%. A associação de pulsoterapia combinada com succinato sódico de

metilprednisolona e ciclofosfamida observada em 11,11% dos pacientes (Figura 8).

Figura 8- Associação de drogas nos pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico durante a primeira infecção. Mal= antimalárico, Cort= corticoide, Aza= azatioprina, MTX=metotrexato, pc=pulso de corticoide, pcomb= pulso combinada, n=27 Três pacientes estavam em uso de apenas uma droga (1cort, 2mal). Sete pacientes fizeram uso de pulsoterapia

O antimalárico foi a droga mais utilizada, em 90% dos pacientes com LES

durante a primeira infecção, seguido pelo corticoide em 86,67% dos pacientes e pela

azatioprina 36,67%. A pulsoterapia combinada foi utilizada em 13,33% dos

pacientes, pulsoterapia com corticoide e metotrexato em 10% (Tabela 13).

12(44,45)%

2(7,41%)1(3,70%)

4 (14,82%)

1 (3,70%)

3 (11,11%)

1 (3,70%)

1 (3,70%)

2 (7,41)%

Mal/Cort

Mal/Aza

Cort/MTX

Mal/Aza/Cort

Mal/Cort/MTX

pcomb/ mal/ aza/cort

pcomb/aza/cort

pc/mal/MTX/cort /aza

pc/cort/mal

47

Tabela 13 – Medicamentos utilizados nos pacientes com Lúpus Eritematoso

Sistêmico durante a infecção.

Medicamentos Nº de Pacientes (n=30) Percentual

Antimalárico 27 90

Corticoide 26 86,67

Azatioprina 11 36,67

Metotrexato 03 10,00

Pulso Combinada 04 13,33

Pulso de Corticoide 03 10,00

A Tabela 14 apresenta os medicamentos utilizados no tratamento do LES. O

uso de antimaláricos, corticoide e azatioprina mostraram uma frequência significante

com a infecção (p=0,014, p= 0,011 e p<0,001, respectivamente). E não houve

associação de infecção com uso de metotrexato e pulsoterapia. Na pulsoterapia de

corticoide utilizou-se a metilprednisolona na dosagem de 500mg a 1g por via

endovenosa por três dias e na pulsoterapia combinada utilizou-se a

metilprednisolona na dosagem acima descrita por um dia seguida da ciclofosfamida

na dose de 500mg a 1g (750 mg/m² de superfície corporal) por via endovenosa por

um dia.

Tabela 14 – Proporção de infecção presente nos vários tratamentos dos pacientes

com Lúpus Eritematoso Sistêmico.

Variáveis

Com infecção n=30

n (%)

Sem infecção n=13

n (%) p *

Antimaláricos 27 (90) 11 (84,61) 0,014

Corticoide 26 (86,67) 10 (76,92) 0,011

Azatioprina 11 (36,67) 0 <0,001

Metotrexato 3 (10) 2 (15,38) 1,000

Pulso de corticoide 3 (10) 1 (7,69) 0,625

Pulso combinada 4 (13,33) 0 0,125

*Teste binomial para proporções. Valores < 0,05 são significantes.

48

7 DISCUSSÃO

7.1 DISCUSSÃO ARTRITE REUMATOIDE

Na maioria das áreas pobres do mundo observa-se um número escasso de

pesquisas sobre a epidemiologia da AR, o que limita a compreensão de sua

epidemiologia. A maioria dos estudos epidemiológicos sobre AR são provenientes de

países desenvolvidos, sendo a real incidência dessa doença nos países em

desenvolvimento ainda desconhecida (ALAMANOS; VOLGARI; DROSOS, 2006).

Considerando a falta de dados epidemiológicos da AR no Brasil, Goiás e

sudoeste goiano, este trabalho buscou analisar a prevalência desta entidade em

uma coorte de pacientes desta região e averiguar a associação desta doença com

os processos infecciosos, visto que há uma elevada susceptibilidade e risco

aumentado de infecção nos portadores de AR devido a fatores inerentes a

patogênese da AR, bem como em decorrência das comorbidades crônicas e

complicações dos diversos medicamentos utilizados (WINTHROP, 2012; MICHAUD;

WOLFE, 2007).

Ao analisar a miscigenação e a diversidade genética da população brasileira,

impõe-se a necessidade de estudos regionais para que possamos comparar com os

dados obtidos na literatura europeia, norte americana e de outras regiões do Brasil e

assim entender a epidemiologia dessa doença e a sua relação com diferentes

infecções em nosso meio, justificando a relevância desse estudo no sudoeste

goiano.

O Sudoeste Goiano é composto por vinte e seis municípios, que foram

definidos pela Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento (IMB, 2006). Essa

coorte de pacientes com AR provem de doze desses municípios, sendo que 49,02%

dos indivíduos da pesquisa foram procedentes de Jataí, seguidos pelos municípios

de Rio Verde e Mineiros. Essa maior preponderância do município de Jataí ocorre

pelo fato do atendimento médico ser realizado nesta cidade e no caso de Rio Verde

e Mineiros, por estes municípios estarem localizados nas proximidades de Jataí.

Com isso é possível vislumbrar a necessidade de outros especialistas para essa

região e regiões afins permitindo um atendimento do indivíduo no próprio município

onde vive. Não foi observada associação entre procedência e infecção, que

49

julgamos ser devido ao não encontro de doenças infecciosas epidêmicas.

Noventa e nove pacientes foram excluídos do estudo por ter menos de um

ano de acompanhamento e isso nos possibilita indagar sobre a não aderência ao

tratamento. Dentre esses questionamentos inclui-se a dificuldade de realização de

acompanhamento pelos pacientes em rede privada e problemas de deslocamento

entre as cidades, fazendo-se necessária a adoção de políticas públicas que visem

ao atendimento dos portadores de AR na região, bem como o diagnóstico precoce

da doença culminando com a realização de um tratamento adequado e assim evitar

as complicações inerentes da evolução da doença.

Essa preocupação com a melhoria da qualidade de atendimento dos

pacientes com AR já é um consenso do GLADAR- Grupo Latino Americano de

Estudo de Artrite Reumatoide e da Liga Pan Americana de Associações de

Reumatologia, que em 2009 definiu que a AR e doenças reumáticas devem ser

prioridades de Saúde Pública na América Latina, devido a sua prevalência e impacto

na qualidade de vida, com esforços globais para melhorar o atendimento de

pacientes com AR (CARDIEL et al., 2012).

A Sociedade Brasileira de Reumatologia, em 2012, estabeleceu o consenso

sobre o manejo de comorbidades em pacientes com Artrite Reumatoide, incluindo a

Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes mellitus, dislipidemia, aterosclerose,

síndrome metabólica, trombose venosa, embolia pulmonar e neoplasias (PEREIRA

et al., 2012). Os protocolos para investigação de tuberculose, hepatites virais e HIV

estão bem definidos pela comunidade científica, em função da utilização de drogas

modificadoras da doença biológicas (MALAKAUSKAS et al., 2011; HUGLE;

DAIKELER; TYNDAL, 2014).

Contudo, apesar de outras infecções como as do trato urinário, das vias

aéreas superiores, cutâneas e outras serem frequentes entre os pacientes com AR,

ainda não se dispõe de protocolos clínicos bem definidos. Impõe-se a necessidade

do estudo dessas infecções com o intuito de tentar estabelecer associações com

outras situações clínicas, laboratoriais e ou do tratamento da AR a fim de definir

associações de risco para infecções e posteriormente organizar protocolos de

conduta visando a redução dessas comorbidades tão importantes entre os pacientes

com AR.

No presente estudo mais da metade da população estudada com AR

50

(50,9%) apresentou pelo menos uma infecção e concordante com o presente

estudo, Doran et al. (2002) ao comparar pacientes de Rochester, Minnesota com e

sem AR, encontraram risco duas vezes maior para infecção nos pacientes com AR e

Winthrop (2012) em seus estudos demonstrou risco de infecções graves também

duas vezes maiores nos portadores de AR.

Na da literatura encontramos estudos evidenciando que os pacientes

portadores de doenças do tecido conjuntivo tem risco de desenvolver infecções

(LISTING; GERHOLD; ZINK, 2013; FALAGAS et al., 2006). Em uma revisão

sistemática e meta-análise realizada por Zhu e colaboradores (2014) de Janeiro de

1980 a Março de 2014 demonstraram que a AR foi fator de risco para infecção após

artroplastias.

Considerando os dados demográficos como sexo, faixa etária, raça,

profissão, escolaridade e procedência; o sexo feminino mostrou-se predominante na

população estudada, com uma proporção de 3,25 mulheres para cada homem.

Esses dados estão de acordo com estudos da Europa, Estados Unidos, América

Latina e no Piauí no Brasil, que demonstram que a doença AR acomete ambos os

sexos, com predomínio do feminino (ALMEIDA; ALMEIDA; BERTOLO, 2014;

CARDIEL et al., 2012).

Dentre os dados demográficos, o único que mostrou associação

estatisticamente significativa com infecção foi o sexo feminino. Concordante esse

estudo Puntis e colaboradores (2013) encontraram 89% de infecção urinária no sexo

feminino em pacientes com AR.

Conforme descrito na literatura o pico de incidência da AR ocorre após a

quarta década de vida (PINTO et al., 2014), e no presente estudo houve um

predomínio dos pacientes nas faixas etárias entre 40-49 anos e entre 50-59 anos.

Doran et al (2002), em estudo retrospectivo por mais de dez anos,

encontraram a média de idade de 58 anos nos pacientes com AR, uma média

ligeiramente maior ao do presente estudo que foi de 52,50 anos. Moura et al (2012)

encontraram média de idade entre os pacientes com AR de 44 anos.

Neste estudo não houve associação entre idade dos pacientes com AR e

infecção, contrariamente Coyne e colaboradores (2007) constataram que a idade

avançada esteve associada a uma maior incidência de pneumonia.

Em relação ao grupo étnico, nesse estudo, houve um predomínio do grupo

51

étnico branco em 59,80% dos pacientes. Esses resultados diferem das

características étnicas da população brasileira, na qual 47,7% são brancos, de

acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da

coorte de AR inicial do Hospital Universitário de Brasília (DA MOTA et al., 2010). Por

outro lado, um estudo multicêntrico, prospectivo e observacional desenvolvido pelo

GLADAR identificou os mestiços como principal grupo étnico (CARDIEL et al., 2012).

No entanto, considerando que existem dificuldades de se determinar com

clareza a etnia nessa população extremamente miscigenada, e que o critério

utilizado foi o da autorreferência, essa predominância de brancos no nosso meio é

questionável. Neste sentido, estudos da variabilidade genética e diversidades

étnicas tem sido demonstrados em pacientes com AR (KIM et al., 2014). Nessa

coorte de AR, não houve associação entre grupo étnico e infecção, e até o

momento, não foram encontrados estudos avaliando essas variáveis.

No presente estudo observou-se baixo nível de escolaridade nos pacientes

com AR, o mesmo sendo encontrado no Piauí e Curitiba (ALMEIDA; ALMEIDA;

BERTOLO, 2014; MOURA et al., 2012). Demonstrando que a doença é mais

prevalente em pessoas com baixos níveis educacionais. Nesse estudo não foram

identificadas associações entre escolaridade e infecção nos pacientes com AR,

assim como não há trabalhos, até a presente data, comparando essas variáveis.

Nesta coorte não houve associação de ocupação e infecção nos pacientes

com AR, isso pode ser explicado pelo fato da ocupação do lar não apresentar riscos

de contato com patógenos contagiosos causadores das infecções mais prevalentes

entre os pacientes desse estudo. E não foi evidenciado, até o momento, estudos

avaliando essas variáveis nos pacientes com AR.

Os sítios de infecções mais frequentes encontrados, no presente estudo,

foram o trato urinário, seguido pelas de vias aéreas superiores e infecções cutâneas.

Diferentemente dessa população, Doran et al. (2002a) detectaram sítios de infecção

mais prevalentes como os ossos, articulações, pele, infecções de partes moles e

infecções no trato respiratório inferior (DORAN et al., 2002a).

Essas diferenças de sítios de acometimento podem ser explicadas porque o

estudo de Doran et al. (2002) ocorreu em uma população geograficamente definida

em Rochester, Minnesota, em que 90% da população era branca, as infecções

foram avaliadas em um período maior, de 1955 a 1994. Já no presente estudo

52

houve avaliação de pacientes de diferentes cidades e as infecções foram avaliadas

em um período de curta duração, correspondendo ao último ano de

acompanhamento, podendo não refletir o risco real de infecções em pacientes com

AR a longo prazo. Assim as populações são geneticamente distintas, com fatores de

riscos singulares, como tratamentos e agentes etiológicos diferentes, justificando a

ocorrência de infecções em sítios diferentes.

De acordo com a ANVISA (2015) estima-se que cerca de 10 a 20% da

população feminina apresenta, pelo menos, uma infecção urinária em algum

momento da vida. Já estudos na população norte americana mostram que 40 a 50%

da população feminina terão um quadro de infecção urinária nesse mesmo intervalo

de tempo (SOBEL; KAYE, 2010). Contudo não é possível comparar esses dados

com o presente estudo, no qual a amostra não é aleatória e não foram feitos testes

estatísticos.

Considerando o agente etiológico da infecção urinária, houve infecção por E.

coli em 17,15% dos pacientes no presente estudo, diferentemente de Puntis e

colaboradores (2013) que encontraram culturas positivas para E. coli em 51% dos

pacientes com AR. Já a infecção pelo Proteus mirabilis, no presente estudo, ocorreu

em 5,71% dos pacientes. Como ocorreu uma alta taxa de infecções sem isolamento

do agente etiológico, esse percentual referente a E. coli e Proteus mirabilis pode não

ser real, sendo essa uma limitação do presente estudo.

Neste estudo não houve piora da doença durante a infecção, sendo esta

uma frequência significativa. Essa variável é autorreferida e sofre influência de

muitos fatores, tais como: condição emocional, apoio dos familiares, uso de

medicamentos para controle da dor nos portadores de AR e outros, assim a piora da

doença avaliada por apenas um índice é um fator limitante desse estudo. Para

melhor análise dessa associação, são necessários estudos posteriores com a

utilização dos índices compostos da atividade da doença, em que são avaliados

parâmetros clínicos, avaliação global do paciente e do médico, assim como exames

laboratoriais (DA MOTA et al., 2010).

O diabetes tipo 2 esteve presente em 7,84% dos pacientes avaliados nesta

população, semelhante ao da população de pacientes com AR do Piauí que foi de

6,1% (ALMEIDA; ALMEIDA; BERTOLO, 2014).

Observou-se uma associação positiva entre a comorbidade diabetes e

53

infecção no presente estudo. Em consonância com o presente estudo, Doran et al.

(2002b) descreveram o diabetes como fator de risco para infecção nos pacientes

com AR. Ainda Puntis e colaboradores (2013), avaliando infecções urinárias em

pacientes com AR, detectaram que diabetes tipo 2 e o uso de cateteres contribuíram

para o aparecimento de infecção urinária nesses pacientes (PUNTIS et al., 2013).

A hipertensão esteve presente em 56,86 % dos pacientes com AR nesta

coorte, sendo concordante com alguns trabalhos publicados que mostram uma alta

prevalência desta comorbidade em indivíduos portadores de AR, variando entre 53%

e 73% (KITAS; GABRIEL, 2011; PANOULAS et al., 2007). Ainda, Panoulas e

colaboradores (2007) encontraram uma frequência de 70,5% de hipertensão na

população de quatrocentos pacientes avaliados com AR.

Nesta coorte observou-se uma associação da hipertensão com infecção.

Concordante com esses dados, um estudo retrospectivo avaliando artrite séptica e

comorbidades, no período entre 2006 a 2012, detectou a hipertensão arterial

sistêmica (HAS), diabetes e infecção pelo vírus da imunodeficiência humana como

comorbidades associadas a esse tipo específico de infecção (DE SOUZA

MIYAHARA et al., 2014).

A AR cursa com maior expressão do TNF-α, IL1 e IL6, aumento da

expressão de moléculas de adesão, do receptor de angiotensina II tipo 1, da

endotelina e menor expressão de óxido nítrico, e esse desequilíbrio pode contribuir

com a hipertensão arterial (KITAS; GABRIEL, 2011).

Ainda, considerando que a maioria dos pacientes do estudo utilizaram

corticoides, a hipertensão poderia estar associada ao uso de corticoides como

demonstraram Mazzantini et al. (2010) em seu estudo onde pacientes com AR

tratados com baixas doses de corticoides mostraram uma alta prevalência de

hipertensão comparados com pacientes que não fizeram uso deste medicamento

(MAZZANTINI et al., 2010). Outro trabalho demonstra que o uso de glicorticoides por

período maior que seis meses e em dose maior que 7,5 mg/dia está associado a

HAS nos pacientes com AR (PANOULAS et al., 2008).

O uso corticoide nessa coorte, mesmo em doses baixas, ou seja, menor que

10mg/ dia, poderia estar influenciando o aparecimento da hipertensão. E esse

medicamento poderia ser considerado um fator de confusão e a hipertensão não ter

uma associação direta com infecção. Contudo não foi possível estudos estatísticos

54

considerando apenas os pacientes hipertensos sem usar corticoide, pois a amostra

ficou muito pequena e inviabilizou os estudos.

Em relação às demais comorbidades investigadas nesta coorte como o uso

de tabaco, DPOC, obesidade, depressão e incontinência urinária não demonstraram

associação com a infecção. O pequeno número de pacientes apresentando as

comorbidades DPOC e incontinência urinária inviabilizou os estudos estatísticos.

Além disso, visto que não foram feitas investigações diagnósticas para DPOC, pode

ser que tenham indivíduos com DPOC não relatados no estudo, pois muitos

pacientes fumantes poderiam estar com a doença em suas fases iniciais, sendo este

um fator de limitação do estudo.

A condição de ser fumante não esteve associada a infecções no presente

estudo, ao contrário dos resultados obtidos por Duran et al. (2002b), que

demonstraram o hábito de fumar como um fator de risco para a infecção. Essas

diferenças podem ser decorrentes da variabilidade genética das populações

estudadas e momentos diferentes de avaliação, pois atualmente há uma maior

proteção para doenças das vias aéreas, pela utilização de vacinas para influenza e

pneumococos reduzindo, assim, as doenças infecciosas do trato respiratório e

finalmente pode-se imputar que amostra de fumantes nessa casuística foi pequena.

A obesidade não mostrou associação relevante com infecção neste trabalho,

provavelmente porque o número de pacientes com infecção e obesidade mostrou-se

muito pequeno. Contrariamente ao presente estudo a literatura evidencia a

obesidade como fator de risco para infecção em pacientes com AR, após artroplastia

total de joelhos e quadris (SOMAYAJI; BARNABE; MARTIN, 2013). A obesidade foi

considerada fator de risco independente para a letalidade em pacientes com

bacteremia avaliados por Huttunen e colaboradores (2007).

Sabendo-se que a depressão pertence ao espectro de desordens

inflamatórias e degenerativas e está fortemente associada com aumento da

morbidade e mortalidades (MAES et al., 2011), esperava-se associação com

infecção. No entanto, como o número de indivíduos apresentando AR e depressão

foi pequeno, torna-se difícil concluir sobre a existência ou não dessa associação,

sendo esse um ponto para futuras pesquisas.

A anemia não esteve associada a infecção, nessa coorte, concordante com

o presente estudo Bloxham e colaboradores (2011) que pesquisaram anemia em

55

2000 pacientes com AR e foram identificados 10% como tendo anemia. A principal

causa de anemia neste estudo foi por deficiência de ferro, não havendo relato de

anemia associada à infecção. Embora no presente estudo não foram feitas

pesquisas para investigação das causas de anemia, não observou-se associação da

anemia com infecção.

Doran et al. (2002b), que descreveram a leucopenia como preditor de

infecção grave, a amostra do presente estudo não observou associação significativa

de leucopenia nos pacientes com AR e infecção, mas apresentou próximo da

significância. A leucopenia também pode ser explicada pelo uso de medicamentos,

tais como o metotrexato, sendo descrita a associação de infecção severa e citopenia

em 9,7% dos pacientes associado ao uso deste medicamento (GISPEN et al.,1987).

Sabe-se que uma parcela dos portadores de AR necessita de combinações

de múltiplas drogas modificadoras do curso da doença para controle da atividade

inflamatória reumatoide. A história farmacológica, nessa população, foi de difícil

análise, pois durante avaliação os pacientes estavam sendo medicados com

associação de diferentes fármacos de segunda linha para AR (DA MOTA et al.,

2013).

No presente estudo, os corticoides foram utilizados em 81,25% dos

pacientes no momento da infecção, e mostrou uma associação negativa com

infecção, ou seja, a prevalência de infecção foi maior nos que não usaram

corticoides. Contrariamente a esse estudo, Dixon et al., (2012) mostraram que o

corticoide apresenta-se como um importante fator de risco modificável para

infecções graves, com risco semelhante ou maior em relação aos fármacos

biológicos. Também Doran et al. (2002b) relataram o uso de corticoide como um

fator preditor importante de infecções em pacientes portadores de AR. E Winthrop et

al. (2002) demonstraram que os glicocorticoides aumentam o risco de infecções

graves em até 4 vezes dependendo da dose utilizada e para aqueles pacientes que

necessitam de doses elevadas de corticoides associados ao uso de drogas

modificadoras do curso da doença (DMCDs) biológicos o risco de infecção é

considerável. Esse resultado inesperado sobre corticoide apresentar associação

negativa com infecção no presente estudo, poderia ser explicado pela dose de

corticoide utilizada ter sido pequena na maioria dos pacientes, assim como a

utilização do corticoide associado a outros medicamentos.

56

Nessa coorte os antimaláricos foram utilizados em 41,67% dos pacientes

com AR, seguido do MTX em 35,42%. Já no tratamento da AR inicial na experiência

do GLADAR, o corticoide foi utilizado em 64% dos pacientes, seguido pelo MTX em

60,5% e antimaláricos em 32,1% (CARDIEL et al., 2012).

No presente estudo os antimaláricos, sulfassalazina e metotrexato

apresentaram associação negativa com infecção, indicando que a prevalência de

infecção foi significativamente maior nos que não usaram esses medicamentos.

Concordante com essa população estudada, Puntis et al. (2013) demonstraram que

os pacientes que não utilizaram DMCDs apresentaram maior incidência de infecção

(PUNTIS et al, 2013). Em outro estudo, também, concordante com essa coorte

analisada, há descrição de segurança dos DMCDs sintéticos quando comparados

com os biológicos anti TNF, demonstrando maior risco para infecções graves e

tuberculose quando utiliza-se os biológicos (RAMIRO et al., 2014).

Uma revisão sistemática da literatura sobre a segurança a longo prazo do

metotrexato, utilizado como monoterapia durante mais de dois anos, no tratamento

da artrite reumatoide, mostrou que esta droga não foi fator de risco para infecções

graves (SALLIOT; VAN DER HEIJDE, 2009).

Muito se tem estudado sobre a associação entre infecção e uso de DMCDs

biológicos. Contudo, nesta amostra, o número de pacientes usando esses

medicamentos foi pequeno e sem significado estatístico. Em concordância Winthrop

et al. (2012), definem que os trabalhos com uso de DMARDs biológicos nem sempre

são estatisticamente significantes, e o risco de infecção com terapia biológica não é

simples de entender ou calcular, sendo influenciado por fatores de risco que variam

com o tempo e com fatores não modificáveis do paciente como a idade, doença

pulmonar crônica e outras comorbidades (WINTHROP, 2012).

Com a utilização dos imunobiológicos na AR descreve-se a ocorrência de

infecções bacterianas, fúngicas, incluindo pneumocistose, histoplasmose,

aspergilose e criptocose (ALAWNEH et al., 2014). Mas há estudos mostrando

resultados conflitantes referente ao uso de anti TNF e infecções e uma possível

explicação para esses resultados pode ser a diferente duração de tratamento com

anti TNF (GOH et al., 2013)

Em 2005, Listing e colaboradores avaliando infecções em pacientes com AR

em uso de biológicos relataram uma frequência de infecção de 15%. Já o Registro

57

Nacional do uso de biológicos (BiobadaBrasil) avaliaram 1037 pacientes, 750

tratados com biológicos, sendo a maioria portadores de AR e detectou 23% de

infecções com uso destes medicamentos. Especulou-se que essa maior taxa de

infecção encontrada poderia estar relacionada com aumento de exposição a outros

imunossupressores, comorbidades, uso de corticosteroides e atividade da doença

(TITTON et al., 2011).

7.2 DISCUSSÃO LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

Ao se considerar a epidemiologia do lúpus e infecções são necessários

estudos na população brasileira, incluindo as suas diferentes regiões para o

entendimento da doença no Brasil, como um estudo clínico epidemiológico de

pacientes com LES realizado no sul do Brasil em Cascavel-PR (NAKASHIMA et al.,

2011). Devido a essa escassez de dados epidemiológicos sobre o LES no sudoeste

goiano e a necessidade de maiores conhecimentos sobre infecções nestes

pacientes, esse estudo tem relevância para o conhecimento clínico-epidemiológico

do LES nessa região.

No presente estudo, 28,15% dos pacientes com LES abandonaram o

tratamento. Neste sentido em estudo realizado em Natal-RN detectou-se baixa

aderência em 27,5% e 15% de boa adesão ao tratamento. As justificativas para

aderência ao tratamento alegada pelos pacientes desse estudo foram as

perspectivas do tratamento em prevenir os riscos de complicações da doença

(FARIA et al., 2014).

Essa coorte verificou a prevalência das doenças infecciosas em indivíduos

com LES e relacionou com dados demográficos, manifestações clínicas, alterações

do hemograma, comorbidades e tratamento medicamentoso, com intuito de definir

frequências e associações que possam facilitar decisões clínicas, visto que as

infecções podem mimetizar exacerbações do LES causando dificuldade para

diagnóstico e tratamento apropriados.

Considerando-se os dados demográficos da amostra de LES, observa-se

que a maioria dos pacientes são procedentes de Jataí, as demais cidades do

sudoeste apresentam menor número de pacientes. Acredita-se que esse resultado

da procedência tenha ocorrido em função da localização da clínica no município de

58

Jataí. Não observou-se associação significativa entre procedência e infecção, como

também foi o encontrado por Zonana-Nacach e colaboradores em 2001, que não

correlacionaram fatores sociodemográficos com infecção.

Nesse estudo 60,47% dos pacientes se declaram pertencer ao grupo étnico

branco, o que está de acordo com estudo realizado no sudeste do Brasil, onde

documentaram uma incidência aumentada de LES em caucasianos (CHAHADE et

al., 1995). Diferente dos dados dessa coorte, o IBGE em censo 2000/2010 mostrou

que no estado de Goiás 47,9% declararam serem brancos (IBGE). Os dados do

presente estudo diferem da literatura, que mostra que a incidência e a prevalência

da doença são maiores entre os afro-caribenhos, asiáticos e populações latino

americanas em comparação aos caucasianos (GONZALEZ et al., 2013).

Para os demais dados demográficos estabelecidos: sexo, faixa etária, grupo

étnico, profissão e escolaridade, somente o grupo étnico mostrou-se

significantemente associado com infecção.

Corroborando achados da literatura, o presente estudo mostra um

predomínio do sexo feminino nos pacientes com LES, equivalente a 86,05% dos

pacientes (SIMARD; COSTENBADER, 2011).

A faixa etária dos pacientes considerada para o estudo foi a do momento da

infecção, assim observou-se nessa população que a maioria dos pacientes estavam

entre 40-49 anos e entre 50-59 anos. Mas a doença acomete, também, mulheres

mais jovens, com 20,93% dos pacientes entre 18-29 anos. Tais achados são

concordantes com a descrição da literatura, cujo pico de incidência da doença está

entre 15 e 40 anos (SIMARD; COSTENBADER, 2011).

Observou-se, nesse estudo, que os pacientes têm como ocupação principal

os afazeres do lar, seguidos por estudantes e essas ocupações não estiveram

relacionadas com maior risco para processos infecciosos descritos. Até a presente

data não encontramos associação destas ocupações e infecções.

No presente estudo, no entanto, não foi observada associação significativa

entre o nível educacional e infecção na população estudada. Sabe-se que os países

desenvolvidos têm melhores taxas de sobrevivência do LES em função do maior

índice de desenvolvimento humano, melhores taxas de alfabetização e maior

expectativa de vida (VASUDEVAN; GINZLER 2011).

Em relação as infecções no lúpus, esse estudo mostrou que 69,77% dos

59

pacientes com LES desenvolveram infecção durante o último ano de

acompanhamento clínico. E esses dados estão de acordo com a maioria dos

trabalhos publicados, que tem registrado número de infecções semelhantes aos

achados neste estudo (MOHAMED et al., 2014; ZONANA-NACACH et al., 2001).

Em um estudo prospectivo em que 200 pacientes com LES foram

acompanhados por um ano, Mohamed et al. (2014) mostraram que 55% dos

pacientes desenvolveram infecção, sendo que 45% tiveram um episódio de infecção

durante o período da pesquisa e 55% tiveram várias infecções. Zonana-Nacach et al.

(2001), em estudo prospectivo acompanharam 200 pacientes ambulatoriais com

lúpus por três meses e detectaram que 32% dos pacientes tiveram infecção.

No presente estudo, o trato urinário foi o local mais comumente envolvido

com 16 infecções (32,65%) e a E. coli foi o agente infeccioso mais comumente

isolado em 25% dos casos, seguidos por dois casos de infecção por enterococos

(12,5%) e dois casos pelo Staphylococcus (12,5%). Resultados semelhantes foram

encontrados por Mohamed et al. (2014) que detectaram o trato urinário como

topografia mais frequente de infecção com 31,8% e a E. coli como agente infeccioso

mais frequentemente isolado com 35,1%, seguidos pela Klebsiella com 14,9%.

Concordante com o presente trabalho, Bosch et al. (2006) mostraram em

estudo caso controle prospectivo de pacientes com LES avaliados por três anos os

processos infecciosos ocorridos nesses pacientes, e observaram que a incidência de

infecção urinária, pneumonia e bacteremia foi significativamente maior no LES, e a

E. coli foi o microrganismo isolado em 21,3% das infecções.

Embora sejam descritos pacientes com lúpus, apresentando infecções

graves em outros locais, tais como infecções sistêmicas associadas ao uso de

cateter intravenoso em 31,8%, infecções do trato respiratório em 27,2%; o trato

urinário também tem sua importância nessas infecções graves correspondendo a

13,6% dessas infecções (BARRERA-VARGAS et al., 2014).

As outras infecções descritas nesta coorte foram as infecções cutâneas em

16,33%, seguido por infecções das vias aéreas superiores e candidíase com sete

pacientes para cada tipo de infecção (14,29%) e por infecções de vias aéreas

inferiores em seis pacientes (12,24%). Zonana-Nacach et al. (2001), encontraram

infecções urinárias em 26%, infecção cutânea com 23%, infecção sistêmica com

12% e infecção vaginal com 9%.

60

Este estudo também está de acordo com o realizado no México que mostrou

o trato genitourinário como principal sítio de infecção nos pacientes com LES,

correspondendo a 25,84%, seguidos por infecção de partes moles e pele com

23,59%, bacteremia em 19,10% e pneumonia em 15,73% (BARRERA-VARGAS et

al., 2014).

A candidíase foi a infecção oportunista descrita no presente estudo e tem

sido demonstrado que a infecção por Cândida spp corresponde ao quarto agente

infeccioso isolado em pacientes internados nos estados Unidos. Entre 2000 a 2005,

a incidência de hospitalizações relacionadas com candidemia por 100.000

habitantes aumentou em 52%, mostrando que a infecção por esse agente tem

aumentado abruptamente (EDWARDS, 2010).

Quando avaliada as manifestações clínicas como nefrite e artrite, observou-

se uma frequência estatisticamente significativa de nefrite com infecção. O

envolvimento renal constitui-se num dos principais determinantes da

morbimortalidade nos pacientes com LES. Em consonância com esse estudo, está a

descrição na literatura de que as infecções são comuns nos pacientes com LES,

especialmente naqueles portadores de doença renal crônica, tanto por bactérias

típicas quanto pelas atípicas (VASUDEVAN; GINZLER, 2011).

Embora o envolvimento das articulações seja uma das manifestações mais

precoces e mais comuns no lúpus, não houve frequência estatisticamente

significativa entre artrite e infecções. Nesse sentido, num estudo retrospectivo

avaliando 105 pacientes com LES e infecção pelo citomegalovírus humano, não

relacionou-se o processo infeccioso a artrite e sim com a atividade clínica da doença

(ZHANG et al., 2014).

Ao avaliar as alterações hematológicas, não observou-se frequência

significativa entre anemia, leucopenia, linfopenia e infecção. Diferentemente de

Merayo-Chalico et al. (2013) que, ao revisarem 167 prontuários de pacientes com

LES, num período de cinco anos, encontraram a linfopenia como um fator de risco

independente para o desenvolvimento de infecções graves em pacientes com LES.

Outro estudo descreve a linfopenia como fator de risco para infecção pelo Herpes

zoster em pacientes portadores de LES (HU et al., 2013). Por outro lado, assim

como observado neste estudo, Barrera-Vargas et al. (2014) não associaram a

linfopenia como fator de risco para infecções graves nos pacientes com lúpus.

61

Em relação a leucopenia, Lertchaisataporn et al. (2013) não demonstraram

sua associação a infecções graves nos pacientes com LES, assim como nessa

coorte. Diferentemente dessa coorte, Mohamed et al. (2014) encontraram uma alta

taxa de leucopenia e linfopenia no grupo de pacientes com lúpus e infecção e

recomendaram manter suspeita de infecção para os pacientes que apresentarem

essas alterações do hemograma.

Embora a leucopenia e neutropenia sejam achados comuns no lúpus, essas

condições são transitórias e variam com o tempo, a atividade da doença e ao

tratamento que vão se modificando ao longo do curso da doença. Desta maneira a

contagem de leucócitos em apenas um momento não pode prever uma infecção em

momentos posteriores (LERTCHAISATAPORN et al., 2013).

Dentre as várias citopenias associadas ao LES, a anemia é a mais comum e

Newman et al. (2013) revisando as diferentes etiologias para a anemia no LES

encontraram anemia relacionada a cronicidade da doença, secundária a

insuficiência renal, devido à perda sanguínea, induzida por drogas, em decorrência

de hemólise autoimune, decorrente de anemia aplásica, anemia microangiopática e

infecção. A ausência de frequência estatisticamente significativa entre infecção e

anemia no presente estudo, sugere futuras pesquisas para elucidar a etiologia da

anemia nesses pacientes.

Embora este estudo não tenha encontrado associação significativa entre o

tabaco e infecção nos pacientes com LES na coorte, estudo recente mostra que o

tabaco aumenta a susceptibilidade à infecção pulmonar bacteriana, mesmo em

fumantes passivos, além de estar associado a doença periodontal e infecções virais

do trato respiratório superior (ALMIRALL; BLANQUER; BELLO, 2014).

Na investigação das comorbidades no presente estudo, a hipertensão

arterial ocorreu em uma parcela expressiva dos pacientes, com frequência

estatisticamente significativa nos processos infecciosos. A importância de estudar

essas duas variáveis no LES justifica-se, visto que tanto as infecções quanto as

doenças cardiovasculares são causas importantes de morte nos pacientes com

lúpus (YURKOVICH et al., 2014; MEROLA et al., 2014). A literatura mostra que a

hipertensão, a idade avançada, a elevação da creatinina e níveis elevados de LDL

colesterol foram fatores de risco para mortalidade por qualquer causa nos pacientes

com lúpus (WU, et al., 2014).

62

Na população estudada não encontrou-se frequências significativas entre o

diabetes, obesidade e infecções nos indivíduos com LES, o que pode ser explicado

pela pequena amostra estudada. Porém, tais comorbidades são condições em que

há inflamação e o mecanismo dessas interrelações necessitam de maiores

pesquisas. É descrito que o corpo reage a obesidade como faria em um processo

infeccioso (ESCARCEGA, et al., 2006). Até o momento não encontramos estudos

associando lúpus e infecções ao diabetes e a obesidade.

Ao analisar os medicamentos utilizados observou-se que noventa por cento

dos pacientes com lúpus estavam em uso de combinação de drogas durante o

momento da infecção. A associação mais frequente foi do antimaláricos e

corticoides, seguido pela associação de antimaláricos, azatioprina e corticoides.

Sendo difícil a análise de cada medicamento em individual.

Noventa por cento dos pacientes com LES e infecção estavam em uso de

antimaláricos, sendo essa uma prevalência significativa. Diferentemente deste

estudo, Merayo-Chalico et al. (2013) demonstraram que o tratamento com a

hidroxicloroquina está relacionado com proteção para infecção nos pacientes com

LES. Recentemente em estudo realizado mostrou que a hidroxicloroquina parece

melhorar a imunogenicidade das vacinas, sendo descrito como uma das medidas

preventivas de infecções nos pacientes com LES (PASOTO; RIBEIRO; BONFA,

2014). Semelhante a esse estudo, Barrera-Vargas et al. (2014) avaliaram infecções

sistêmicas em pacientes com lúpus e não demonstraram efeito protetor da

hidroxicloroquina contra bactérias resistentes aos antibióticos. Essa discordância em

relação aos achados em que os antimaláricos apresentaram prevalência significativa

com infecção pode ter ocorrido em função da associação com outras drogas.

Diferentemente dos antimaláricos, os corticoides apresentam múltiplos

efeitos colaterais, dentre eles um maior risco de infecções (BARRERA-VARGAS et

al., 2014). Nessa amostra houve uma frequência significativa entre o uso de

corticoide e a apresentação de infecção.

Consonante com essa casuística, um estudo recente em pacientes com LES

demonstrou que baixos níveis de complemento (C3), hospitalização recente e dose

de prednisona no momento da infecção são fatores de risco independentes para

infecção com bactérias resistentes (BARRERA-VARGAS et al., 2014). Sendo assim,

deve-se utilizar uma dose efetiva para controle da atividade da doença, e assim que

63

possível, promover a retirada gradual da mesma.

Estudo realizado para avaliar os fatores de risco para infecção na nefrite

lúpica mostrou que a incidência de infecção nessa população foi de 22,68% e que a

dose de prednisona maior ou igual a 20 mg/ dia, diminuição de CD4 e hiperglicemia

foram fatores preditores independentes para infecção nesses pacientes (YU, et al.,

2014). Candidíase oral em pacientes com lúpus esteve associada ao uso de

corticoides, uso de imunossupressores, leucocitose, atividade da doença

(FANGTHAM; MAGDER; PETRI, 2014).

Ao contrário do observado neste trabalho, Mohamed et al. (2014)

demonstraram em seus estudos que o uso de metilprednisolona e ciclofosfamida

endovenosa constituiu-se em risco significativo para infecção. Isso não foi

demonstrado neste estudo, pois a coorte de pacientes foi muito pequena,

necessitando da realização de estudos posteriores.

Diferentemente dessa casuística, Mohamed et al. (2014) observaram que

não houve riscos de infecções em usuários de azatioprina ou micofenolato de

mofetila. Ainda, um estudo demonstrou que a azatioprina age como poupadora de

esteroide nos pacientes com LES, e está associado a menores taxas de mortalidade.

Já esse estudo mostrou uma frequência importante entre infecção e uso de

azatioprina e questiona-se se as associações de drogas utilizadas poderiam dificultar

o entendimento do risco específico de infecção para pacientes em uso de

azatioprina (SIRIPAITOON et al., 2014).

7.3 COMPARAÇÂO ENTRE ARTRITE REUMATOIDE E LÚPUS

ERITEMATOSO SISTÊMICO

Como os processos infecciosos são uma preocupação de todos os

profissionais que atuam junto com os pacientes que têm diagnóstico de AR ou

Lúpus, o aprendizado constante e inovações na pesquisa clínica auxiliam no melhor

entendimento destas duas doenças, bem como nos fatores de risco para as

infecções, possibilitando uma atuação de forma precoce e segura, diminuindo essas

comorbidades e, finalmente reduzindo a mortalidade por infecções (BARRERA-

VARGAS, et al., 2014).

A maioria dos pacientes são provenientes do município de Jataí e cidades

64

vizinhas. Quando compara-se os índices de infecção nas duas doenças, observa-se

que na Artrite Reumatoide o índice foi de 50,98% e no Lúpus de 69,77%. Esse

índice maior de infecção no lúpus pode ser explicado por uma maior

imunossupressão necessária para controle da doença quando comparado ao

tratamento da AR.

O local de infecção mais acometido em ambas as doenças foi o trato

urinário. Sendo o agente etiológico mais frequente desta infecção nos pacientes com

lúpus foi a E. coli e nos pacientes com AR foram E.coli e Staphylococos.

Quanto aos dados demográficos, para AR o sexo feminino foi predominante

e o grupo étnico branco mostrou-se preponderante nos pacientes com LES. No

lúpus os pacientes são acometidos mais precocemente, durante a idade fértil, já a

faixa etária de acometimento da AR ocorre após a quarta década de vida.

É importante considerar que nos indivíduos mais velhos há

comprometimento das funções imunes, com diminuição dos linfócitos T funcionais,

sendo essas células menos ativas na presença de proteínas estranhas e há uma

resposta humoral menos vigorosa e de menor duração, o que pode contribuir para o

aumento de infecções neste grupo de pacientes com AR (MORAES; MORAES;

LIMA, 2010).

Na AR não houve piora da doença durante a infecção, com valor estatístico

significante. Para o LES a variável clínica nefrite apresentou frequência significativa

com infecção.

As comorbidades diabetes e hipertensão na AR apresentaram-se

associadas com infecção. Dentre as comorbidades no lúpus, apenas a hipertensão

apresentou frequência significativa com processos infecciosos.

Em ambas doenças as alterações do hemograma não tiveram relação com

infecção nessa coorte. Quanto aos medicamentos utilizados no tratamento, nas duas

entidades houve um uso importante do corticoide. A análise do tratamento efetuado

em ambas doenças mostrou-se difícil, em função das variadas associações de

drogas utilizadas (BOSCH, et al., 2006).

7.4 RELEVÂNCIA

Este foi o primeiro estudo em amostra do sudoeste goiano, avaliando a

65

prevalência de infecções em pacientes com AR e Lúpus, contribuindo assim para

uma melhor compreensão destas doenças em nossa região. Nesse estudo a

obtenção dos dados foi realizada por fichas bem completas, que contemplavam

diversas variáveis. E, ao final do estudo, os resultados confirmaram alguns aspectos

já publicados em outras coortes e revelaram associações e frequências de infecções

com variáveis ainda não estudadas.

7.5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Este estudo apresentou algumas limitações. Em primeiro, por se tratar de

um estudo retrospectivo, em algumas situações não sendo possível obter as

variáveis propostas para tal. Da mesma forma como não foi possível o estudo dos

índices compostos da atividade da doença, tanto para o Lúpus Eritematoso

Sistêmico quanto para a AR. Ainda, pelo tamanho da amostra ser pequeno, houve

limitação de algumas conclusões do estudo.

7.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O papel das infecções nas doenças autoimunes como a AR e lúpus

permanece como um desafio na abordagem clínica pela dificuldade de diagnóstico,

visto que as manifestações clínicas se sobrepõem e tem-se urgência para um

tratamento adequado e precoce, tanto para as infecções quanto para as

manifestações de atividade da doença, pois os pacientes são imunossuprimidos pela

própria doença e pelo uso de medicamentos. Sendo assim, fazem-se necessários

estudos das diversas infecções nesses pacientes, com objetivo de determinar

associações que facilitem o diagnóstico e tratamento precoce dos processos

infecciosos.

Este estudo despertou o interesse para novas pesquisas sobre infecções

associadas ao uso de drogas biológicas e de outros marcadores clínicos e

laboratoriais associados aos processos infecciosos nas duas doenças. Sendo assim

faz-se necessárias pesquisas futuras para responder alguns questionamentos que

surgiram durante a execução desse trabalho.

66

8 CONCLUSÃO

1. A prevalência de infecção foi considerável nos pacientes com AR e LES.

2. Em ambas as doenças o local principal de infecção foi o trato urinário.

3. A infecção se associou ao gênero feminino na AR e ao grupo étnico

branco no LES.

4. Nos pacientes com AR não houve piora da doença durante a infecção. Já

no LES, a nefrite apresentou frequência significativa com infecção.

5. O tabagismo não esteve associado com infecção tanto na AR como no

LES.

6. Houve associação entre a diabetes e hipertensão com infecção nos

pacientes com AR.

7. Foi detectada frequência significante entre a hipertensão e infecção nos

pacientes com LES.

8. Nenhuma alteração hematológica associou-se à infecção na AR e não

apresentou frequência significativa no LES.

9. Os corticoides, antimaláricos, sulfassalazina e metotrexato tiveram

associação negativa com infecção nos pacientes com AR.

10. Corticoides, azatioprina e antimaláricos apresentaram frequência

significante com infecção com pacientes com LES.

.

67

9 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

Atividade

2013 2014 2015

Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev

Aprovação no Comitê de Ética

X X X

Revisão Bibliográfica

X X X X X X X X X

Coleta dos dados

X X X

Análise dos dados

X X

X

Redação, revisão bibliográfica e apresentação em congressos

X X

X

Exame de qualificação

X

Preparo e submissão de manuscrito em periódico da área especializada

X

Defesa

X

68

10 REFERÊNCIAS

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83

11 ANEXOS

84

ANEXO 1

CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS PARA ARTRITE REUMATÓIDE 2010 ACR/EULAR.

Fonte: NAM et al. (2010)- FR= fator reumatoide, ACPA=anticorpo anti-peptídeo citrulinado cíclico, PCR=proteína c reativa

85

86

ANEXO 2

CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DO LES DO COLÉGIO AMERICANO DE REUMATOLOGIA REVISADOS EM (HOCHBERG, 1997).

Eritema malar lesão eritematosa fixa em região malar, plana ou em relevo.

Lesão discóide lesão eritematosa, infiltrada, com escamas queratóticas

aderidas e tampões foliculares, que evolui com cicatriz atrófica

e discromia.

Fotossensibilidade exantema cutâneo como reação não usual à exposição à luz

solar, de acordo com a história do paciente ou observado pelo

médico.

Úlceras Orais úlceras orais ou nasofaríngeas, usualmente indolores,

observadas pelo médico.

Artrite não erosiva envolvendo duas ou mais articulações periféricas,

caracterizadas por dor e edema ou derrame articular.

Pleurite ou pericardite pleuris (caracterizada por história convincente de dor

pleurítica, atrito auscultado pelo médico ou evidência de

derrame pleural) ou pericardite (documentado por

eletrocardiograma, atrito ou evidência de derrame pericárdico).

Envolvimento renal com proteinúria persistente (> 0,5 g/dia ou 3+) ou cilindros celulares.

Envolvimento neurológico

com convulsão (na ausência de outra causa) ou psicose (na ausência de outra causa).

Envolvimento hematológico

com pelo menos 1 dos seguintes: anemia hemolítica leucopenia <4000/mm3 (em duas ou mais ocasiões)

linfopenia <1500/mm3 (em duas ou mais ocasiões) trombocitopenia <100.000/mm3 (na ausência de outra causa)

Alteração imunológica com pelo menos 1 dos seguintes: presença de Anti-DNA presença de Anti-Sm presença de um anticorpo antifosfolípides (Anticardiolipina IgG e IgM, anticoagulante lúpico e VDRL falso positivo)

Anticorpo antinuclear positivo

título anormal de anticorpo antinuclear por imunofluorescência

indireta ou método equivalente, em qualquer época, e na

ausência de drogas conhecidas por estarem associadas a

síndrome do lúpus induzido por drogas.

87

ANEXO 3

CRITÉRIOS DO COLÉGIO AMERICANO DE REUMATOLOGIA 1987 PARA CLASSIFICAÇÃO DA ARTRITE REUMATOIDE

Fonte: Modificado a partir de ARNETT et al.(1988)

88

ANEXO 4

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

89

ANEXO 5

CARTA DE ANUÊNCIA INSTITUCIONAL

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CÃMPUS JATAÍ

90

91

ANEXO 6

MODELO DE FICHA QUE SERÁ UTILIZADA DURANTE AVALIAÇÃO DE PACIENTES COM ARTRITE REUMATOIDE

92

ANEXO 7

MODELO DE FICHA QUE SERÁ UTILIZADA DURANTE AVALIAÇÃO DE PACIENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

93

ANEXO 8

Tabela 01– Procedência dos pacientes portadores de Artrite Reumatoide.

Procedência AR (n=102) Sem infecção Com Infecção P**

Aparecida do Rio Doce 02 (1, 96) 01 (0,98) 01 (0,98) 0,243

Cachoeira Alta 01 (0, 98) 00 01 (0,98)

Caçu 01 (0, 98) 00 01 (0,98)

Caiapônia 02 (1,96) 01 (0,98) 01 (0,98)

Itarumã 02 (1, 96) 01 (0,98) 01 (0,98)

Jataí 50 (49, 02) 21 (20,59) 29 (28,43)

Mineiros 11 (10,78) 07 (6,86) 04 (3,92)

Montividiu 03 (2, 94) 03(2,94) 00

Paranaiguara 01 (0, 98) 01 (0,98) 00

Quirinópolis 01 (0,98) 01 (0,98) 00

Rio Verde 21 (20, 59) 13 (12,74) 08 (7,84)

Serranópolis 07 (6, 86) 01 (0,98) 06 (5,88)

**Teste qui quadrado de Pearson. Valor estatisticamente significativo (p<0,05).

94

ANEXO 9

Tabela 02 – Infecções mais frequentes no último ano investigado nos

pacientes com Artrite Reumatoide.

Infecções Frequência Percentual

Infecção urinária 35 43,75

Infecção de vias aéreas superiores 20 25,00

Infecção cutânea 09 11,25

Infecção gastrintestinal 05 6,25

Outras 11 13,75

Total 80 100%

*Considerar que alguns pacientes tiveram mais de uma infecção por ano (n= 80); Outras: influenza, genital, candidíase, dentária, próstata, gengiva, Helicobacter pylori e dengue.

95

ANEXO 10

Tabela 03 – Medicamentos utilizados na primeira infecção nos pacientes com

Artrite Reumatoide.

Cort - corticoide, Mal - antimaláricos, MTX - metotrexato, Lef - leflunomida, biol -drogas modificadoras do curso da doença biológicas, aza - azatioprina, cicl - ciclosporina, S -sulfassalazina

Drogas Nº de Pacientes Percentual

Cort, mal 07 13,46

Cort, MTX 08 15,38

Cort, lef 06 11,54

Cort, biol 02 3,85

Mal 03 5,77

Cort, aza 03 5,77

mal, MTX 03 5,77

Cort 02 3, 85

Cort, cicl 01 1,92

Cart, mal, aza 01 1,92

Cort, lef, MTX 01 1,92

Cort, S, aza 01 1,92

Cort, S, aza, MTX 01 1,92

Cort, mal, lef 01 1,92

Cort, mal, MTX 02 3,85

MTX 01 1,92

mal + lef 01 1,92

mal + S 01 1,92

Cort, mal, adal 01 1,92

Cort,MTX, et 01 1,92

Cort, MTX, Toc 01 1,92

Drogas não descritas 0 4 7,69

Total 52 100,00

96

ANEXO 11

Tabela 04– Procedência dos pacientes portadores de Lúpus Eritematoso

Sistêmico.

Procedência

LES (n=43)

n (%)

Sem infecção

n (%)

Com Infecção

n (%)

P**

0,381

Aporé 01 (2,33)* 00 (0,00) 01 (2,33)

Jataí 29 (67,44) 10 (23,26) 19 (44,19)

Mineiros 01 (2,33) 0 (0,00) 01 (2,33)

Montividiu 01 (2,33) 0 (0,00) 01 (2,33)

Quirinópolis 01 (2,33) 0 (0,00) 01 (2,33)

Rio Verde 07 (16,28) 02 (4,65) 05 (11,63)

Santa Helena 01 (2,33) 00 (0,00) 01 (2,33)

Serranópolis 02 (4,65) 01 (2,33) 01 (2,33)

**Teste qui quadrado de Pearson. Valor estatisticamente significativo (p<0,05).

97

ANEXO 12

Normas da Revista Brasileira de Reumatologia

A Revista Brasileira de Reumatologia, órgão oficial da Sociedade Brasileira de Reumatologia, foi fundada em 1957 e é publicada bimestralmente. A revista publica artigos originais, artigos de revisão, comunicações breves, relatos de casos e cartas aos editores. O manuscrito deve ser submetido online através do site: http://ees.elsevier.com/bjr/ Secretaria Editorial RBR Revista Brasileira de Reumatologia Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 2.466 – conjs. 93-94 CEP: 01402-000 – São Paulo – SP – Brasil Tel./fax: (11) 3289-7165 e-mail: [email protected]. APRESENTAÇÃO DO MANUSCRITO O manuscrito pode ser submetido em português ou inglês, em espaço duplo, com margens de 2,5 cm. No texto não devem ser empregadas abreviaturas não convencionais, gírias (jargões) médicas ou redação tipo telegráfica. A citação de medicamentos e produtos farmacêuticos deve ser feita utilizando-se apenas a nomenclatura farmacológica, sem menção do nome comercial. ESTRUTURA DO MANUSCRITO Manuscript*, Title Page*, Cover Letter e Author Agreement* devem ser enviados em arquivos individuais. Tabelas e figuras devem ser numeradas conforme citadas no texto e enviadas em arquivos separados, com títulos e legendas correspondentes. (*arquivos obrigatórios) Página do título Deve conter: a) título do artigo; b) nome completo dos autores e sua titulação mais importante; c) departamento(s) e instituição(ões) onde se originou o trabalho; d) nome, endereço completo e e-mail válido do autor responsável para correspondência; e) conflito de interesse e agências financiadoras relevantes; f) título resumido com no máximo 60 caracteres. Author Agreement É o documento no qual os autores declaram a originalidade do manuscrito, além de aprovarem o artigo objeto da submissão, a autoria e a ordem da lista de autores. Deve ser assinado por todos os autores. A seguir é apresentado um modelo. Caro Editor, Os autores, abaixo assinados, declaram que este manuscrito é original, não foi publicado antes e não se encontra submetido para qualquer outra publicação. Gostaríamos de pedir a atenção do Editor para a presente publicação de nós autores, referente a aspectos do presente manuscrito submetido. Confirmamos que o manuscrito foi lido e aprovado por todos os autores signatários e que não há nenhum outro autor a fazer parte senão os listados. Confirmamos também que a ordem dos autores listada no manuscrito foi aprovada por todos. Entendemos que o Autor para Correspondência será o único contato para o processo editorial. Ele será o único responsável pela comunicação com os demais autores acerca do progresso da submissão, da revisão do manuscrito e de sua aprovação final. (Assinatura de todos os autores) Artigo Original Deve conter: página do título, página de resumo com palavras-chave, introdução, material e métodos ou pacientes e métodos, resultados e discussão, agradecimentos, referências, tabelas, figuras e legendas das figuras. Não deve exceder 5.000 palavras, incluindo-se as referências e excluindo-se a página do título, resumo, tabelas e legendas. Pode exibir até seis figuras ou tabelas e até 50 referências. Página de resumo Deve conter: a) objetivo, métodos, resultados e conclusões, não excedendo 250 palavras; b) três a cinco palavras-chave. Introdução A finalidade dessa seção é definir o propósito e as razões para a realização do trabalho. Não se recomenda extensa revisão da literatura. Pacientes e métodos ou Material e métodos Deve incluir informações suficientes que permitam a reprodução do trabalho e, quando pertinente, a aprovação pelo Comitê de Ética institucional. Os métodos empregados na análise estatística devem sempre ser citados.

98

Resultados Devem ser claros e concisos. Tabelas e gráficos não devem duplicar informações. Discussão Deve ser concisa, interpretando os resultados no contexto da literatura atual. É conveniente não ultrapassar a metade do número de páginas do trabalho completo. Agradecimentos Apenas às pessoas que contribuíram, por exemplo, com técnicas, discussão e envio de pacientes. Auxílio financeiro deve ser referido na página do título. Referências Devem ser citadas no texto em algarismos arábicos, sobrescritos e depois da pontuação, sem parênteses ou colchetes. A numeração deve ser sequencial, de acordo com a ordem de citação no texto. Nas referências com mais de seis autores, devem ser citados os seis primeiros, seguidos pela expressão et al. Sugere-se a utilização dos programas Reference Manager ou Endnote, seguindo-se o estilo Vancouver. Exemplos de referência para diferentes formatos são apresentados a seguir. Os autores devem consultar o NLM’s Citing Medicine para mais informações sobre os formatos das referências. Artigo de revista 1. Rivero MG, Salvatore AJ, Gomez-Puerta JA, Mascaro JM, Jr., Canete JD, Munoz-Gomez J et al. Accelerated nodulosis during methotrexate therapy in a patient with systemic lupus erythematosus and Jaccoud’s arthropathy. Rheumatology (Oxford) 2004; 43(12):1587-8. Artigo extraído de endereço eletrônico 2. Cardozo JB, Andrade DMS, Santiago MB. The use of bisphosphonate in the treatment of avascular necrosis: a systematic review. Clin Rheumatol 2008. Available from: http://www.springerlink.com.w10069.dotlib.com.br/content/l05j4j3332041225/fulltext.pdf. [Accessed in February 24, 2008]. Livro 3. Murray PR, Rosenthal KS, Kobayashi GS, Pfaller MA. Medical microbiology. 4th ed. St. Louis: Mosby; 2002. Tabelas e Figuras Cada tabela ou figura deverá ser numerada em algarismo arábico e enviada em arquivo separado (.jpg, .tif, .png, .xls, .doc) com 300 dpi no mínimo. Título e legenda devem estar no mesmo arquivo da figura ou tabela a que se referem. Tabelas e ilustrações devem ser autoexplicativas, com informações suficientes para sua compreensão sem que se tenha de recorrer ao trabalho. Fotomicrografias devem incluir a escala apropriada. Artigo de Revisão Revisões, preferencialmente sistemáticas, podem ser submetidas à RBR, devendo abordar com profundidade um tema de interesse para o reumatologista. Não apresentam estruturação padronizada, prescindindo de introdução ou discussão. Devem apresentar resumo sem subdivisões, com três a cinco palavras-chave, e não devem exceder 6.000 palavras, incluindo-se as referências e excluindo-se a página do título, resumo, tabelas e legendas. Podem exibir até cinco figuras ou tabelas e até 70 referências. Relato de Caso Deve incluir resumo e palavras-chave, sem necessidade de subdivisões. O texto, porém, apresenta as seguintes seções: introdução, que deve ser concisa; relato de caso, contendo a descrição e a evolução do quadro clínico, exames laboratoriais, ilustrações e tabelas (que substituem as seções material e métodos e resultados); e discussão. Deve conter no máximo seis autores, e não deve exceder 1.500 palavras, incluindo-se as referências e excluindo-se a página do título, resumo, tabelas e legendas. Pode exibir até duas figuras ou tabelas e até 15 referências. Comunicação breve Aborda um ponto ou detalhe específico de um tema. Deve incluir resumo com no máximo 250 palavras, e três a cinco palavras-chave. O texto não necessita subdivisões, deve ter até 2.500 palavras incluindo-se as referências e excluindo-se a página do título, resumo, tabelas e legendas. Pode exibir até três figuras ou tabelas e até 25 referências.

99

Regras para aplicar tempos verbais apropriados de acordo com o contexto ou seção

Contexto ou seção Tempo verbal apropriado

Resumo Passado

Introdução Presente, quando se referir a fatos estabelecidos e conhecimento prévio

Métodos, materiais e resultados

Passado

Discussão/Conclusão Combinado de passado (quando se referir a resultados obtidos no trabalho) e presente (quando se referir a fatos estabelecidos e conhecimento prévio); às vezes pode ser utilizado o futuro (especialmente quando se referir a perspectivas de trabalhos a serem realizados)

Atribuições Passado Ex.: Andrade et al. relataram...

Descrição de Tabelas e Figuras

Presente

Conhecimento estabelecido e resultados prévios

Presente

Regras gerais para se obter uma boa escrita em um artigo científico: 1. Prefira a voz ativa. 2. As sentenças devem ser curtas, claras e objetivas. 3. A unidade de medida deve ser abreviada quando empregada com valores numéricos (p. ex., 1 mg), mas escrita por extenso quando separada de valor numérico. Utilize o Sistema Internacional de Unidades (SI units) para definir as unidades de medida. Lembre-se de deixar um espaço entre o número e a unidade (p. ex., 10 mg/dL), exceto quando for porcentagem, que deve estar junto (p. ex., 70%). O plural das unidades de medida é a mesma forma do singular (p. ex., 1 mL, 10 mL; 1 h, 10 h). Quando iniciarem a frase, os números devem estar por extenso, e não em algarismo arábico. 4. Defina a abreviação na primeira vez que aparecer no texto principal. Após a definição, use sempre a abreviação em vez da forma por extenso. Evite o uso de abreviações no título e no resumo. 5. Ao escrever em inglês, não utilize contrações (p. ex., prefira does not em vez de doesn't). Livro recomendado: Rogers SM. Mastering scientific and medical writing: a self-help guide. Berlin: Springer; 2007. Considerações éticas e legais A RBR segue as normas do Uniform Requirements for Manuscripts (URM) Submitted to Biomedical Journals desenvolvidas pelo The International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) – fevereiro de 2006. Conflito de interesse A confiança pública no processo de revisão por pares e a credibilidade dos artigos publicados dependem, em parte, de como o conflito de interesse é administrado durante a redação, a revisão por pares e a decisão editorial. O conflito de interesse existe quando um autor (ou instituição do autor), revisor ou editor tem relações financeiras ou pessoais que influenciem de forma inadequada (viés) suas ações (tais relações são também conhecidas como duplo compromisso, interesses conflitantes ou fidelidades conflitantes). Essas relações variam entre aquelas com potencial insignificante até as com grande potencial para influenciar o julgamento, e nem todas as relações representam verdadeiro conflito de interesse. O potencial conflito de interesse pode existir dependendo se o indivíduo acredita ou não que a relação afete seu julgamento científico. Relações financeiras (tais como emprego, consultorias, posse de ações, testemunho de especialista pago) são os conflitos de interesse mais facilmente identificáveis e os mais suscetíveis de minar a credibilidade da revista, dos autores e da própria ciência. No entanto, podem ocorrer conflitos por outras razões, tais como relações pessoais, competição acadêmica e paixão intelectual. Consentimento informado Os pacientes têm o direito à privacidade, que não deve ser infringida sem o consentimento informado. A identificação de informações, incluindo os nomes dos pacientes, iniciais ou números no hospital, não devem ser publicadas em descrições, fotografias e genealogias, a menos que a informação seja essencial para os propósitos científicos e o paciente (ou responsável) dê o consentimento livre e esclarecido para a publicação. O consentimento informado para este propósito requer que o manuscrito a ser publicado seja mostrado ao paciente. Os autores devem identificar os indivíduos que

100

prestam assistência a escrever e divulgar a fonte de financiamento para essa assistência. Detalhes identificadores devem ser omitidos se não são essenciais. O anonimato completo é difícil de se conseguir; no entanto, no caso de qualquer dúvida, o consentimento deve ser obtido. Por exemplo, mascarar a região ocular em fotografias de pacientes é uma proteção de anonimato inadequada. Se as características de identificação são alteradas para proteger o anonimato, como na linhagem genética, os autores devem garantir que as alterações não distorçam o significado científico. Quando o consentimento informado foi obtido, ele deve ser indicado no artigo publicado. Princípios éticos Ao relatar experimentos em seres humanos, os autores devem indicar se os procedimentos seguidos estiveram de acordo com os padrões éticos do comitê responsável por experimentação humana (institucional e nacional) e com a Declaração de Helsinki de 1975, revisado em 2000. Se houver dúvida se a pesquisa foi realizada em conformidade com a Declaração de Helsinki, os autores devem explicar a razão para sua abordagem e demonstrar que o corpo de revisão institucional aprovou explicitamente os aspectos duvidosos do estudo. Ao relatar experimentos com animais, os autores devem indicar se as orientações institucionais e nacionais para o cuidado e a utilização de animais de laboratório foram seguidas. Registro de ensaios clínicos Os ensaios clínicos devem ser registrados segundo recomendação da OMS em www.who.int/ictrp/en/. A definição de ensaios clínicos incluem ensaios preliminares (fase I): um estudo prospectivo com o recrutamento de indivíduos submetidos a qualquer intervenção relacionada à saúde (medicamentos, procedimentos cirúrgicos, aparelhos, terapias comportamentais, regime alimentar, mudanças nos cuidados de saúde) para avaliar os efeitos em desfechos clínicos (qualquer parâmetro biomédico e de saúde, inclusive medidas farmacocinéticas e reações adversas). A RBR tem o direito de não publicar trabalhos que não cumpram estas e outras normas legais e éticas explicitadas nas diretrizes internacionais. Financiamento e apoio Os autores devem, também, informar se receberam financiamento ou apoio de instituições como CNPq, CAPES, Fundos Remanescentes da SBR, instituições universitárias, laboratórios etc.

101

ANEXO 13

Artigo 01

Identificação de Fatores predisponentes e prevalência de doenças

infecciosas em pacientes com diagnóstico de Artrite Reumatoide

no Sudoeste do Estado de Goiás no período de 2008 a 2012

Rosane Gouveia Vilela Machado¹, Antônio Carlos Ximenes2, Vitalina de Souza

Barbosa 3 Ricardo de Mattos Santa Rita4

1Professora Auxiliar de Semiologia do Departamento de Clínica Médica, Faculdade

de Medicina, Universidade Federal de Goiás-FM/ UFG Regional Jataí.

2Doutor em Reumatologia pela Universidade de São Paulo USP, Chefe do

Departamento de Medicina Interna do Hospital Geral de Goiânia HGG

3Professora Adjunta do Serviço de Reumatologia do Departamento de Clínica

Médica Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Goiás-FM/UFG

4Professor Adjunto III da Universidade Federal de Goiás, Chefe do Instituto de

Biociências, Universidade Federal de Goiás-CCB/ UFG Regional Jataí.

Endereço para correspondência para: 1

102

Clínica São Rafael, Rua 07 de Setembro,

88- Setor Centro. CEP: 75.000046

Jataí, GO, Brasil.

E-mail: [email protected]

Não há conflitos de interesse e agências financiadoras relevantes.

Artigo submetido a Revista Brasileira de Reumatologia (Normas de Publicações -

ANEXO 13).

103

RESUMO

Objetivos: verificar a prevalência de infecções nos pacientes com diagnóstico de

artrite reumatoide (AR) e os sítios anatômicos mais frequentes. Materiais e

métodos: Foram analisados 102 prontuários de pacientes com AR atendidos em

Clínica privada de Jataí-Goiás de 2008 a 2012. Foram coletados dados

epidemiológicos, manifestações clínicas, comorbidades, hemograma, tratamento e

infecções do último ano de acompanhamento desses pacientes. Resultados:

Infecções ocorreram em 52 pacientes (50,98%), com predomínio de mulheres

(76,47%), na faixa etária entre 40 a 59 anos (55%), maioria da etnia branca

(59,80%), 53,92% cursaram o Ensino Fundamental, a ocupação predominante foi do

lar (33,33%) e 49,02% eram procedentes de Jataí. Não houve piora da doença

durante a infecção em 78,40% dos pacientes. Os locais de infecção mais frequentes

foram o trato urinário (43,75%), seguido pelas as vias aéreas superiores (25%), a

pele (11,25%). Das comorbidades estudadas diabetes e hipertensão arterial

apresentaram associação com infecção. O uso de corticoides, antimaláricos,

sulfassalazina e metotrexato mostraram associação negativa com infecção.

Conclusão: A prevalência de infecção foi elevada nos pacientes com AR. Houve

associação do sexo feminino, de comorbidades como diabetes e hipertensão com

infecção e associação negativa do uso de corticoides, antimaláricos, sulfassalazina e

metotrexato com infecção nessa coorte. Infecções comuns como a urinária são

muito frequentes entre os pacientes com AR, sendo necessária maior atenção para

tais infecções.

Palavras-chaves: Artrite reumatoide; infecção e comorbidades.

ABSTRACT

104

Aims: Verify the prevalence of the occurrence of infections on patients with diagnosis

of rheumatoid arthritis (RA) and the most prevalent anatomical sites. Material and

methods: Records of 102 patients with RA assisted in a private health clinic in Jataí-

Goiás from 2008 to 2012 were analyzed. Epidemiological data, clinical manifestation,

comorbidities, hemogram, treatment and infections of the last year follow-up of these

patients were collected. Results: The infection occurred in 52 patients,

predominantly women (76,47%), aged between 40 and 59 years old (55%), mostly

Caucasians (59,80%), 53,92% attended elementary school, the predominant

occupation was housework (33,33%) and 49,02% came from Jataí. There was no

worsening of the disease during the infection in 78,40% of the patients. The most

frequent sites of infection were the urinary tract, with 43,75% of the infections,

followed by upper airways in 25% and skin in 11,25%. From the studied

comorbidities, diabetes and high blood pressure showed association with infection.

The use of corticosteroids, antimalarial drugs, sulfasalazine and methotrexate

showed negative association with infection. Conclusion: The prevalence of infection

was high in patients with RA. There was association of female gender, of

comorbidities as diabetes and high blood pressure with infections in patients with RA

and negative association in use of corticosteroids, antimalarial drugs, sulfasalazine

and methotrexate with infections in these patients. Common infections, as urinary

tract, are very frequent among patients with RA, being necessary higher attention in

these patients.

Keywords: Rheumatoid Arthritis, infections and comorbidities.

105

INTRODUÇÃO

Artrite Reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória sistêmica

caracterizada pelo comprometimento da membrana sinovial, de etiologia

desconhecida, multifatorial e relacionada a fatores genéticos, hormonais, infecciosos

e ambientais. A prevalência da AR é estimada em 0,5 a 1% da população, com

predomínio em mulheres e maior incidência na faixa etária de 30-50 anos. No Brasil

estima-se a prevalência da AR em 0,46%, representando cerca de 1 milhão

pessoas.1

Pacientes com doenças reumáticas autoimunes têm maior risco de

desenvolverem infecções quando comparados à população em geral, seja pela

própria doença ou pelo tratamento imunossupressor.2 Já é conhecido um risco maior

para algumas infecções específicas em pacientes imunossuprimidos tais, como:

listeriose, estrongiloidíase disseminada, risco de reativação de hepatite B, herpes

zoster, Legionella pneumophila, Mycobacterium tuberculosis, Pneumocystis jirovecii

e infecções fúngicas como pelo Trichosporon asahii e outros.3

Com avanço terapêutico e o desenvolvimento de medicamentos

imunobiológicas, especialmente os anti-TNF, descreve-se a ocorrência de infecções

bacterianas, fúngicas, incluindo pneumocistose, histoplasmose, aspergilose e

criptococose.3,4

Não há referências de recomendações da Sociedade Brasileira de

Reumatologia para a grande parte das doenças infecciosas comuns ou fatores de

risco associados às infecções que necessitariam de atenção dos profissionais que

assistem estes doentes.5 E no Brasil, são escassos os dados epidemiológicos

referentes à prevalência de doenças infecciosas comuns em pacientes com artrite

106

reumatoide. Assim, justifica-se a necessidade de estudos sobre os processos

infecciosos e caracterização de associações que predispõem a essas infecções

nessa população, já que são frequentes e que poderão determinar a morte do

paciente.6,7

Esse trabalho teve como objetivos verificar a prevalência das infecções nos

pacientes com AR nos últimos cinco anos e os locais de infecção mais prevalentes,

assim como identificar se há associação de infecção com dados epidemiológicos,

características clínicas, tabagismo, comorbidades, alterações hematológicas e

medicamentos utilizados no tratamento do AR.

PACIENTES E MÉTODOS

Foi realizado um estudo transversal e descritivo, no qual se inclui uma coorte

de pacientes com artrite reumatoide atendidos no ambulatório, em uma clínica no

município de Jataí-Goiás, com pacientes referendados de outras cidades do

sudoeste goiano, no período de 2008 a 2012.

Foram avaliados pacientes de ambos os sexos que preenchem os critérios

de classificação para AR pelo critério do American College of Rheumatology definido

em 1987 para classificação da Artrite Reumatoide8 ou os critérios estabelecidos pelo

Comitê do Eular (European League Against Rheumatism) e pelo American College

of Rheumatology.9

Os critérios de exclusão para o presente estudo foram: pacientes menores

de 18 anos; período de acompanhamento menor que um ano; pacientes com

Síndrome de Superposição e pacientes oriundos de outras regiões e Estados.

Foram obtidos os dados demográficos, manifestações clínicas na AR,

107

comorbidades associadas, dados do hemograma, medicamentos e as infecções que

acometeram os pacientes no último ano de acompanhamento ambulatorial, através

da utilização de uma ficha com registro destes itens.

As variáveis quantitativas contínuas foram apresentadas na forma de

medidas descritivas de tendência central e de dispersão. À associação entre as

variáveis categóricas foram medidas por meio do teste qui-quadrado de Pearson. As

diferenças estatísticas entre proporções de variáveis dicotômicas foram definidas

pelo teste binomial para proporções. O nível de significância adotado foi de 5%. Os

dados foram analisados utilizando o programa SPSS versão 18 para Windows.

O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de Goiás - UFG (CEP/ UFG nº 555.556).

RESULTADOS

Foram considerados elegíveis para o estudo 102 pacientes com AR e a

infecção ocorreu em 52 pacientes (50,98%). Das variáveis demográficas estudadas,

apenas o gênero feminino apresentou associação com infecção (p< 0.05) (Tabela1).

Quarenta e nove por cento dos pacientes eram procedentes de Jataí,

seguidos de 20,60% de Rio Verde e 10,80% de Mineiros. E não foi observada

associação significativa entre procedência e infecção (p=0,243).

Quanto as manifestações clínicas da Artrite Reumatoide durante a infecção

não se observou-se piora da doença (p<0,001), e não houve diferença significativa

na presença ou ausência da artrite no grupo.

108

Todos os pacientes apresentaram infecções comunitárias, não havendo

registros de infecções hospitalares. Apenas quatro pacientes apresentaram infecção

grave (7,24%).

Os locais de acometimentos mais frequentes foram o trato urinário com 43,

75%, as vias aéreas superiores em 25% e infecção cutânea com 11,25% (Figura 1).

Os agentes da infecção urinária foram E. coli (17,15%) e Staphylococos (17, 15%),

estreptococos (5,71%), proteus (5,71%) e Klebsiela (5,71). Em 48,57% não foi

isolado o agente etiológico.

Em relação ao hemograma, este foi avaliado em noventa pacientes com AR

e foi detectado anemia em dezessete pacientes (18,89%) e leucopenia em 6,67%.

Não houve associação entre anemia, leucopenia e infecção (p= 0,890, p=0,054,

respectivamente). Plaquetopenia não foi observada neste estudo.

Das comorbidades descritas nos pacientes com AR, diabetes e hipertensão

estiveram associadas com infecção (p< 0,05) (Tabela 2).

Os corticoides foram utilizados no tratamento da AR durante a infecção em

81,25%. As DMCDs não biológicas utilizadas no tratamento da AR foram os

antimaláricos, metotrexato, sulfassalazina, leflunomida e azatioprina. As DMCD

biológicas prescritas foram o adalimumabe, etanercepte e tocilizumabe (Tabela 3).

Oitenta e sete por cento dos pacientes utilizaram associação de

medicamentos durante o processo infeccioso, e a associação mais frequente foi

metotrexato e corticoide com 15,38%.

Observou-se que o uso dos corticoides, antimaláricos, sulfassalazina e de

metotrexato mostraram associação negativa com a infecção (p<0,05), ou seja, a

prevalência de infecção foi significantemente maior nos que não usaram esses

medicamentos. (Tabela 4).

109

DISCUSSÃO

Ao se considerar a falta de dados epidemiológicos da AR no Brasil, Goiás e

sudoeste goiano, e a grande miscigenação e a diversidade genética da população

brasileira, este trabalho analisou a prevalência de infecção em uma coorte de

pacientes com AR desta região, visto que há risco aumentado de infecção nos

portadores de AR devido a fatores inerentes a patogênese da doença, bem como

em decorrência das comorbidades crônicas e complicações dos diversos

medicamentos utilizados.10,11,12,13 A coorte de pacientes foi escolhida de forma

aleatória no período de 2008 a 2012.

O Sudoeste Goiano é composto por vinte e seis municípios, e essa coorte

de pacientes com AR provem de doze desses municípios, sendo que a maioria dos

indivíduos foram procedentes de Jataí, seguidos pelos municípios de Rio Verde e

Mineiros. Essa maior preponderância do município de Jataí ocorre pelo fato do

atendimento médico ser realizado nesta cidade e no caso de Rio Verde e Mineiros,

por estes municípios estarem localizados nas proximidades de Jataí. Não foi

observada associação entre procedência e infecção, que julgamos ser devido ao

não encontro de doenças infecciosas epidêmicas no presente estudo.

Noventa e nove pacientes foram excluídos do estudo, porque não

completaram um ano de acompanhamento, evidenciando baixa aderência ao

tratamento e tendo como possíveis causas a dificuldade de realização do tratamento

pelos pacientes em rede privada e problemas de deslocamento entre as cidades.

Justificando a necessidade de adoção de políticas públicas que visem ao melhor

atendimento dos portadores de AR na região.

E esta preocupação com a melhoria da qualidade de atendimento dos

110

pacientes com AR é um consenso do GLADAR- Grupo Latino Americano de Estudo

de Artrite Reumatoide e da Liga Pan Americana de Associações de Reumatologia,

que em 2009 definiu que a AR e doenças reumáticas devem ser prioridades de

Saúde Pública na América Latina, devido a sua prevalência e impacto na qualidade

de vida, com esforços globais para melhorar o atendimento de pacientes com AR.14

A Sociedade Brasileira de Reumatologia, em 2012, estabeleceu o consenso

sobre o manejo de comorbidades em pacientes com Artrite Reumatoide, incluindo a

Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes mellitus, dislipidemia, aterosclerose,

síndrome metabólica, trombose venosa, embolia pulmonar e neoplasias.5 Os

protocolos para investigação de tuberculose, hepatites virais e HIV estão bem

definidos pela comunidade científica, em função da utilização de drogas

modificadoras da doença biológicas.15, 16

Contudo, apesar de outras infecções como as do trato urinário, das vias

aéreas superiores, cutâneas e outras serem frequentes entre os pacientes com AR,

ainda não se dispõe de protocolos clínicos bem definidos. Impõe-se a necessidade

do estudo dessas infecções com o intuito de tentar estabelecer associações com

outras situações clínicas, laboratoriais e ou do tratamento da AR a fim de definir

associações de risco para infecções, com objetivo de reduzir as infecções entre os

pacientes com AR.

No presente estudo mais da metade da população estudada com AR

apresentou pelo menos uma infecção e concordante com o presente estudo, Doran

et al.13 (2002) ao comparar pacientes de Rochester, Minnesota com e sem AR,

encontraram risco duas vezes maior para infecção nos pacientes com AR e Winthrop

(2012)10 em seus estudos demonstrou risco de infecções graves também duas

vezes maiores nos portadores de AR.

111

No presente estudo mais da metade da população estudada com AR

apresentou pelo menos uma infecção. Nesse sentido, estudos observacionais têm

mostrado um risco de infecção séria duas vezes maior nos portadores de AR.10 Em

uma revisão sistemática e meta-análise realizada por Zhu et al.17 (2014) de Janeiro

de 1980 a Março de 2014 demonstraram que a AR foi fator de risco para infecção

após artroplastias.

Considerando os dados demográficos, o sexo feminino mostrou-se

predominante na população estudada, com uma proporção de 3,25 mulheres para

cada homem. Esses dados estão de acordo com estudos da Europa, Estados

Unidos, América Latina.18

Dentre os dados demográficos o único que mostrou associação

estatisticamente significativa com infecção foi o sexo feminino. Concordante com

este estudo Puntis et al.2 (2013) encontraram 89% de infecção urinária no sexo

feminino.

Conforme descrito na literatura o pico de incidência da AR ocorre após a

quarta década de vida, e no presente estudo houve um predomínio dos pacientes

nas faixas etárias entre 40-59 anos.

Doran et al13 (2002), em sua coorte, encontraram média de idade de 58 anos

nos pacientes com AR, uma média ligeiramente maior ao do presente estudo que foi

de 52,50 anos. Moura et al 23 (2012) encontraram média de idade entre os pacientes

com AR de 44 anos.

Porém, neste estudo não houve associação entre idade dos pacientes com

AR e infecção. Contrariamente aos dados da amostra do presente estudo, Coyne et

al.19 (2007) constataram que a idade avançada esteve associada a uma maior

incidência de pneumonia.

112

Houve um predomínio, neste estudo, do grupo étnico branco em 59,80% dos

pacientes. Esses resultados diferem das características étnicas da população

brasileira, na qual 47,7% são brancos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE)20 e da coorte de AR inicial do Hospital

Universitário de Brasília.21 Por outro lado, um estudo multicêntrico, prospectivo e

observacional desenvolvido pelo GLADAR identificou os mestiços como principal

grupo étnico.18

No entanto, considerando que existem dificuldades de se determinar com

clareza a etnia nessa população extremamente miscigenada, e que o critério

utilizado foi o da autorreferência, essa predominância de brancos no nosso meio é

questionável. Neste sentido, estudos da variabilidade genética e diversidades

étnicas tem sido demonstradas em pacientes com AR.22 Nessa coorte de AR, não

houve associação entre grupo étnico e infecção, e até o presente momento, não

foram encontrados estudos avaliando essas variáveis.

No presente estudo observou-se baixo nível de escolaridade nos pacientes

com AR, o mesmo sendo encontrado em Curitiba23. Demonstrando que a doença é

mais prevalente em pessoas com baixos níveis educacionais. Nesse estudo não

foram identificadas associações entre escolaridade e infecção nos pacientes com

AR, assim como não há trabalhos, até a presente data, comparando essas variáveis.

Nesta coorte não houve associação de ocupação e infecção nos pacientes

com AR, isso pode ser explicado pelo fato da ocupação do lar não apresentar riscos

de contato com patógenos contagiosos causadores das infecções mais prevalentes

entre os pacientes deste estudo. E não foi evidenciado, até o presente momento,

estudos entre essas variáveis.

Os locais de acometimento mais frequentes encontrados foram o trato

113

urinário, seguido pelas de vias aéreas superiores e infecções cutâneas.

Diferentemente dessa população, Doran et al.13 (2002a) detectaram sítios de

infecção mais prevalentes como os ossos, articulações, pele, infecções de partes

moles e infecções no trato respiratório.13

Essas diferenças de sítios de acometimento podem ser explicadas porque o

estudo de Doran et al.13 (2002) ocorreu em uma população geograficamente definida

em Rochester, Minnesota, em que 90% da população era branca e as infecções

foram avaliadas em um período maior, de 1955 a 1994. Já no presente estudo

houve avaliação de pacientes de diferentes cidades e as infecções foram avaliadas

em um período de curta duração, correspondendo ao último ano de

acompanhamento, podendo não refletir o risco real de infecções em pacientes com

AR a longo prazo. Assim as populações são geneticamente distintas, com fatores de

riscos singulares, como tratamentos e agentes etiológicos diferentes, justificando a

ocorrência de infecções em sítios diferentes.

Considerando o agente etiológico da infecção urinária, houve infecção por E.

coli em 17,15% dos pacientes no presente estudo, diferentemente de Puntis et al.2

(2013) que encontraram culturas positivas para E. coli em 51% dos pacientes com

AR. Já a infecção pelo Proteus mirabilis tem sido associada ao mecanismo

etiopatogênico da AR24, contudo no presente estudo foi detectado 5,71% dessa

infecção. Um fator limitante do estudo foi a alta taxa de infecções sem isolamento do

agente etiológico, impossibilitando definir as reais taxas de infecções por esses

agentes.

Neste estudo não houve piora da doença durante a infecção, sendo essa

uma frequência significativa. Contudo como essa variável é autorreferida e sofre

influência de muitos fatores, tais como: condição emocional, apoio dos familiares,

114

uso de medicamentos para controle da dor nos portadores de AR e outros, assim a

piora da doença avaliada por apenas um índice é um fator limitante desse estudo.

Para melhor análise dessa associação, são necessários estudos posteriores com a

utilização dos índices compostos da atividade da doença, em que são avaliados

parâmetros clínicos, avaliação global do paciente e do médico, assim como exames

laboratoriais.21

Observou-se uma associação positiva entre a comorbidade diabetes e

infecção no presente estudo. Em consonância com o presente estudo, Doran et al.25

(2002b) descreveram o diabetes como fator de risco para infecção nos pacientes

com AR. Ainda Puntis et al.2, avaliando infecções urinárias em pacientes com AR,

detectaram que diabetes tipo 2 e o uso de cateteres contribuíram para o

aparecimento de infecção urinária nesses pacientes.2

A hipertensão esteve presente em 56,86 % dos pacientes com AR nesta

coorte, sendo concordante com alguns estudos publicados que mostram uma alta

prevalência desta comorbidade em indivíduos portadores de AR, variando entre 53%

e 73%.26,27 Ainda, Panoulas et al.27 (2007) encontraram uma frequência de 70,5% de

hipertensão na população estudada com AR.

Neste estudo observou-se uma associação da hipertensão com infecção.

Concordante com esses dados, um estudo retrospectivo avaliando artrite séptica e

comorbidades, como a hipertensão arterial no período entre 2006 e 2012, detectou a

hipertensão arterial, diabetes e infecção pelo vírus da imunodeficiência humana

como comorbidades associadas a esse tipo específico de infecção.28

A AR cursa com maior expressão do TNF-α, IL1 e IL6, aumento da

expressão de moléculas de adesão, do receptor de angiotensina II tipo 1, da

endotelina e menor expressão de óxido nítrico, e esse desequilíbrio pode contribuir

115

para a Hipertensão.26

Ainda, considerando que a maioria dos pacientes do estudo utilizaram

corticoides, a hipertensão poderia estar associada ao uso de corticoides como

demonstraram Mazzantini et al.29 (2010) em seu estudo onde pacientes com AR

tratados com baixas doses de corticoides mostraram uma alta prevalência de

hipertensão comparados com pacientes que não fizeram uso deste medicamento.29

Outro estudo demonstra que o uso de glicorticoides por período maior que seis

meses e em dose maior que 7,5 mg/dia está associado a hipertensão nos pacientes

com AR.30 O uso corticoide nessa coorte, poderia estar influenciando o aparecimento

da hipertensão e não somente a presença de infecção. Sendo que o corticoide

poderia ser um fator de confusão e a hipertensão não ter uma associação direta com

a infecção.

Em relação às demais comorbidades investigadas neste estudo como o uso

de tabaco, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), obesidade, depressão e

incontinência urinária não demonstraram associação com a infecção. O pequeno

número de pacientes apresentando as comorbidades DPOC e incontinência urinária

inviabilizou os estudos estatísticos. Além disso, visto que não foram feitas

investigações diagnósticas para DPOC, muitos pacientes fumantes poderiam estar

com a doença em suas fases iniciais, sendo este outro fator de limitação do estudo.

A condição de ser fumante não esteve associada a infecções no presente

estudo, ao contrário dos resultados obtidos por Doran et al.25 (2002b), que

demonstraram o hábito de fumar como um fator de risco para a infecção. Essas

diferenças podem ser decorrentes da variabilidade genética das populações

estudadas e momentos diferentes de avaliação, pois atualmente há uma maior

proteção para doenças das vias aéreas, pela utilização de vacinas para influenza e

116

pneumococos reduzindo, assim, as doenças infecciosas do trato respiratório.

A obesidade não mostrou associação relevante com infecção neste estudo,

provavelmente porque o número de pacientes com infecção e obesidade mostrou-se

muito pequeno. Contrariamente ao presente estudo a literatura evidencia a

obesidade como fator de risco para infecção em pacientes com AR, após artroplastia

total de joelhos e quadris.31 A obesidade foi considerada fator de risco independente

para a letalidade em pacientes com bacteremia avaliados por Huttunen et al.32

(2007)

Sabendo-se que a depressão pertence ao espectro de desordens

inflamatórias e degenerativas e está fortemente associada com aumento da

morbidade e mortalidades,33 esperava-se associação com infecção. No entanto,

como o número de indivíduos apresentando AR e depressão foi pequeno, torna-se

difícil concluir sobre a existência ou não dessa associação, sendo esse um ponto

para futuras pesquisas.

A anemia não esteve associada a infecção, nessa coorte, concordante com

o presente estudo Bloxham e colaboradores 34 (2011) avaliando causas de anemia

em pacientes com AR não encontraram associação de anemia e infecção.

Diferentemente dessa coorte, em que foi evidenciado 18,89% de anemia,

Bloxham et al.34 (2011) pesquisaram anemia em 2000 pacientes com AR e foram

identificados 10% como tendo anemia. A principal causa da anemia neste estudo foi

por deficiência de ferro, não havendo relato de anemia associada à infecção.

Embora no presente estudo não foram feitas pesquisas para investigação das

causas da anemia, não observou-se associação da anemia com infecção.

Diferentemente de Doran et al.25 (2002b), que descreveram a leucopenia

como preditor de infecção grave, a amostra do presente estudo não observou

117

associação significativa entre anemia e leucopenia nos pacientes com AR e

infecção. A leucopenia também pode ser explicada pelo uso de medicamentos, tais

como o metotrexato, sendo descrita a associação de infecção severa e citopenia em

9,7% dos pacientes associado ao uso desse medicamento.35

A história farmacológica, nessa população, foi de difícil análise, pois os

pacientes estavam sendo medicados com associação de diferentes fármacos, de

acordo com o consenso da Sociedade Brasileira de Reumatologia para o tratamento

da AR.

No presente estudo, os corticoides foram utilizados em 81,25% dos

pacientes no momento da infecção, e mostrou uma associação negativa com

infecção, ou seja, a prevalência de infecção foi maior nos que não usaram

corticoides. Contrariamente a esse estudo, Dixon et al.36 (2012) mostraram que o

corticoide apresenta-se como um importante fator de risco modificável para

infecções graves, com risco semelhante ou maior em relação aos fármacos

biológicos. Também Doran et al.25 (2002b) relataram o uso de corticoide como um

fator preditor importante de infecções em pacientes portadores de AR. E Winthrop et

al.10 (2002) demonstraram que os glicocorticoides aumentam o risco de infecções

graves em até 4 vezes dependendo da dose utilizada e para aqueles pacientes que

necessitam de doses elevadas de corticoides associados ao uso de drogas

modificadoras do curso da doença (DMCDs) biológicos o risco de infecção é

considerável. Essa divergência da literatura no presente estudo, em relação ao uso

de corticoide poderia ser explicada pela dose de corticoide utilizada ter sido pequena

na maioria dos pacientes, assim como a utilização do corticoide associado a outros

medicamentos ter influenciado esse resultado.

O uso de antimaláricos esteve presente nos pacientes com AR em 41,67%

118

seguido do MTX em 35,42%, no presente estudo. Já no tratamento da AR inicial na

experiência do GLADAR, o corticoide foi utilizado em 64% dos pacientes, seguido

pelo MTX em 60,5% e antimaláricos em 32,1%.18

No presente estudo os antimaláricos, sulfassalazina e metotrexato

apresentaram associação negativa com infecção, indicando que a prevalência de

infecção foi significativamente maior nos que não usaram esses medicamentos.

Concordante com essa população estudada, Puntis et al.2 (2013) demonstraram que

os pacientes que não utilizaram DMCDs apresentaram maior incidência de

infecção.2 Em outro estudo, também, concordante com essa coorte estudada, há

descrição de segurança dos DMCDs sintéticos quando comparados com os

biológicos anti TNF, demonstrando maior risco para infecções graves e tuberculose

quando utiliza-se os biológicos.37

Em uma revisão sistemática da literatura sobre a segurança a longo prazo

do metotrexato, utilizado como monoterapia durante mais de dois anos, no

tratamento da artrite reumatoide, mostrou que esta droga não foi fator de risco para

infecções graves.38

Muito se tem estudado sobre a associação entre infecção e uso de DMCDs

biológicos. Contudo, nesta amostra, o número de pacientes usando esses

medicamentos foi pequeno e sem significado estatístico. Em concordância Winthrop

et al.10 (2012), definem que os trabalhos com uso de DMCDs biológicos nem sempre

são estatisticamente significantes, e o risco de infecção com terapia biológica não é

simples de entender ou calcular, sendo influenciado por fatores de risco que variam

com o tempo e com fatores não modificáveis do paciente como a idade, doença

pulmonar crônica e outras comorbidades10 ou pelas diferenças de duração do

tratamento com anti TNF.3

119

Em 2005, Listing et al.12 (2013) avaliando infecções em pacientes com AR

em uso de biológicos relataram uma frequência de infecção de 15%. Já o Registro

Nacional do uso de biológicos (BiobadaBrasil) detectou 23% de infecções com uso

destes medicamentos. Especulou-se que essa maior taxa de infecção encontrada

pelo BiobadaBrasil poderia estar relacionada com aumento de exposição a outros

imunossupressores, comorbidades, uso de corticosteroides e atividade da doença.39

A prevalência de infecção foi alta nos pacientes com AR e houve associação

do sexo feminino, de comorbidades como diabetes e hipertensão com infecção nos

pacientes com AR. O uso de corticoides, antimaláricos, sulfassalazina e MTX

apresentaram associação negativa com infecção nessa coorte. Infecções comuns

como a urinária são muito frequentes entre os pacientes com AR, sendo necessária

maior atenção para tais infecções.

CONFLITOS DE INTERESSE

Os autores declaram não haver conflitos de interesse.

REFERÊNCIAS

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124

Tabela 1 – Distribuição da frequência de pacientes portadores de Artrite Reumatoide e

variáveis demográficas.

Variáveis

AR (n=102)

n (%)

Sem infecção

n (%)

Com Infecção

n (%)

P**

Gênero 0,048

Feminino 78 (76,47)* 34 (43,59) 44 (56,41)

Masculino 24 (23,53) 16 (66,67) 08 (33,33)

Faixa Etária (anos)*** 0,060

18-29 04 (3,92) 03 (75,00) 01 (25,00)

30-39 13 (12,75) 07 (53,85) 06 (46,15)

40-49 28 (27,45) 16 (57,14) 12 (42,86)

50-59 28 (27,45) 12 (42,86) 16 (57,14)

60-69 17 (16,67) 06 (35,29) 11 (64,71)

70 ou mais 12 (11,76) 06 (50,00) 06 (50,00)

Raça 0,960

Branca 61 (59,80) 30 (49,18) 31 (50,82)

Parda 28 (27,45) 13 (46,43) 15 (53,57)

Negra 13 (12,75) 07 (53,85) 06 (46,15)

Ocupação 0,140

Do lar 34 (33,33) 12 (35,29) 22 (64,71)

Aposentado 11 (10,78) 07 (63,64) 04 (36,36)

Professor 06 (5,88) 04 (66,67) 02 (33,33)

Comerciante 06 (5,88) 04 (66,67) 02 (33,33)

Agropecuarista 05 (4,90) 04 (80,00) 01 (20,00)

Outras 40 (39,22) 19 (47,50) 21 (52,50)

Escolaridade 0,341

Fundamental 55 (53,92) 23 (41,82) 32 (58,18)

Médio 20 (19,61) 13 (65,00) 07 (35,00)

Superior 16 (15,69) 08 (50,00) 08 (50,00)

S/ escolaridade 09 (8,82) 05 (55,55) 04 (44,45)

** Teste qui quadrado de Pearson. Valor estatisticamente significativo (p<0,05).*** Média de idade=

52,50 anos. DP= 14,12.

125

Tabela 2 – Comorbidades nos pacientes com Artrite Reumatoide e sua associação com

infecção.

Variáveis

AR

n (%)

Sem infecção

n (%)

Com Infecção

n (%)

P**

Tabagismo (n=102) 0,210

Ex-Fumante 16 (15,69)* 05 (31,25) 11 (68,75)

Fumante 18 (17,65) 11 (61,11) 07 (38,89)

Não fumante 68 (66,67) 34 (50,00) 34 (50,00)

DPOC¹ 04 (3,92) 00 (0,00) 04 (100,00) 0,450

Diabetes¹ 08 (7,84) 01 (12,50) 07 (87,50) 0,031

Obesidade² 12 (21,82) 05 (41,67) 07 (58,33) 0,660

Depressão¹ 26 (25,49) 15 (57,69) 11 (42,31) 0,305

Inc.Urinária¹ 02 (1,96) 00 (0,00) 02 (100,00) 0,161

Hipertensão¹ 58 (56,86) 23 (39,66) 35 (60,34) 0,030

**Teste qui-quadrado de Pearson Valor estatisticamente significativo (p < 0,05).Inc. urinária=

incontinência urinária. ¹-102 pacientes avaliados. ²-55 pacientes avaliados

126

Tabela 3 – Tratamento medicamentoso prescrito para os pacientes diagnosticados com

Artrite Reumatoide e infecção.

Drogas Nº de Pacientes (n=48) Percentual

Corticoide 39 81,25

Antimalárico 20 41,67

Metotrexato 17 35,42

Leflunomida 09 18,75

Azatioprina 06 12,50

Biológicos 05 10,42

Sulfassalazina 03 6,25

Ciclosporina 01 2,08

127

Tabela 4 – Associação da infecção em pacientes com Artrite Reumatoide com as

medicações em uso.

Variáveis Sem infecção (n=50)

n (%)

Com infecção (n=52)

n (%)

P*

Corticoide 0,021

Não 4 (8) 13 (25,00)

Sim 46 (92) 39 (75,00)

Antimaláricos 0,030

Não 16 (32) 32 (61,54)

Sim 34 (68) 20 (38,46)

Sulfassalazina 0,031

Não 40 (80) 49 (94,23)

Sim 10 (20) 3 (5,77)

Leflunomida 0,727

Não 40 (80) 43 (82,69)

Sim 10 (20) 9 (17,31)

Azatioprina 0, 802

Não 45 (90) 46 (88,46)

Sim 5 (10) 6 (11,54)

Metotrexato <0,001

Não 7 (14) 35 (67,31)

Sim 43 (86) 17 (32,69)

Biológicos 0,698

Não 44 (88) 47 (90,38)

Sim 6 (12) 5 (9,62)

**Teste qui-quadrado de Pearson Valor estatisticamente significativo (p < 0,05).

128

Figura 1 - Infecções nos Pacientes com Artrite Reumatoide.

Outras= Dentária, influenza, gengiva, ginecológica, próstata, H. pylori, candidíase e dengue.

n=80

35 (43,75%)

20 (25%)

9 (11,25%)

5 (6,25%)

11 (13,75%)

Infecção urinária

Infecção de vias aéreassuperiores

Infecção cutânea

Infecção gastrintestinal

Outras