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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CLEIDIANE MARIA RAMOS ISABELLA KNOPP DE LIMA ATUAÇÃO CLÍNICA E FISIOTERÁPICA NA DISPLASIA BRONCOPULMONAR: RELATO DE CASO JUIZ DE FORA 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CLEIDIANE … · Dessa forma, as manobras de higiene brônquica, contribuem de maneira essencial à proteção do aparelho respiratório (POSTIAUX,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

CLEIDIANE MARIA RAMOS ISABELLA KNOPP DE LIMA

ATUAÇÃO CLÍNICA E FISIOTERÁPICA NA DISPLASIA BRONCOPULMONAR: RELATO DE CASO

JUIZ DE FORA 2010

CLEIDIANE MARIA RAMOS ISABELLA KNOPP DE LIMA

ATUAÇÃO CLÍNICA E FISIOTERÁPICA NA DISPLASIA BRONCOPULMONAR: RELATO DE CASO

Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II, do Departamento de Fisioterapia, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para obtenção do título de Graduação em Fisioterapia.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Tavares Neves Co-orientador: Prof. Walquer Souza Ferreira

JUIZ DE FORA

2010

Ramos, Cleidiane Maria.

Atuação clínica e fisioterápica na displasia broncopulmonar: relato de caso / Cleidiane Maria Ramos, Isabella Knopp de Lima. – 2010.

50 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)—Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010.

1. Doença pulmonar - Crianças. 2. Fisioterapia - Recém-

nascidos. I. Lima, Isabella Knopp de. II. Título.

CDU 616.24-053.2:615.8

FOLHA DE APROVAÇÃO:

AGRADECIMENTOS:

A todos que ao longo desta caminhada colaboraram de alguma forma.

Especialmente...

...Aos nossos pais que não mediram esforços para que pudéssemos chegar até

aqui.

...Aos nossos orientadores Luiz Antônio e Walquer, por toda a sua dedicação e

disponibilidade em repassar seus conhecimentos para que este trabalho se tornasse

realidade.

...À banca examinadora, Rosa e Ana Márcia, por prestigiarem este trabalho,

dispensando tempo e contribuindo de forma significativa neste processo.

.... Ao pequeno prematuro, que emprestou sua história de vida para este estudo.

...Aos funcionários do Hospital Albert Sabin.

Enfim, a todos que de forma direta ou indireta participam para que este sonho se

torne realidade.

RESUMO:

A Displasia Broncopulmonar é uma das principais causas de morbidade e

mortalidade em recém-nascidos pré-termos, submetidos a tratamento em unidades

de terapia intensiva neonatais. É também uma causa freqüente de internação

prolongada, com sérias conseqüências sociais e econômicas.

O objetivo desse estudo foi relatar o caso de um recém-nascido prematuro

extremo com idade gestacional de 27 semanas, com diagnóstico de DBP, admitido

no Hospital Albert Sabin, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Por isso, foi realizado a

busca do prontuário do participante para realização da pesquisa.

Sabendo-se que as intercorrências decorrentes da prematuridade e do

conseqüente tempo prolongado de hospitalização afetam negativamente o

prognóstico do recém-nascido, sugere-se que novas pesquisas sejam realizadas,

sobretudo de caráter longitudinal, para que seja realizado um acompanhamento dos

recém-nascidos por um tempo maior, visando obter dados sobre o prognóstico tardio

de pacientes com Displasia Broncopulmonar.

Palavras chave: Displasia Broncopulmonar. Recém-nascido. Fisioterapia Neonatal.

ABSTRACT:

Bronchopulmonary dysplasia is the most important cause of morbidity and

mortality in newborn preterm, undergoing treatment in neonatal intensive care units.

It is also a frequent cause of prolonged hospitlzation, with serious social and

consequences.

The aim of this study was to report the case of an extremely premature

newborn with a gestational age of 27 weeks, diagnosed with BPD admitted to the

Albert Sabin Hospital, in Juiz de Fora, Minas Gerais. Therefore, the search was

conducted of the records of the participant to the survey.

Knowing that the complications arising from prematurity and consequent

prolonged hospitalization negatively affect the prognosis of the newborn, it is

suggested that further research is done, especially with a longitudinal, to be

conducted monitoring of newborns by a longer time in order to obtain data on the late

prognosis of patients with Bronchopulmonary Dysplasia.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS:

DBP: Displasia Broncopulmonar

RNPT: Recém-nascido pré-termo

RNMBP: Recém-nascido muito baixo peso

UTIN: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

FiO2: Fração Inspirada de Oxigênio

PCA: Persistência do Canal Arterial

SpO2: Saturação Periférica de Oxigênio

FC: Freqüência Cardíaca

FR: Freqüência Respiratória

AFE: Aumento do Fluxo Expiratório

SDR: Síndrome do Desconforto Respiratório

PPI: Pressão positiva inspiratória

TOT: Tubo oro-traqueal

VA`s: Vias aéreas

PCA: Persistência do canal arterial

DMH: Doença da Membrana Hialina

CRF: Capacidade residual funcional

O2: Oxigênio

CPAP: Pressão positiva contínua nas vias aéreas

IG: Idade gestacional

SUMÁRIO:

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................10

2. OBJETIVOS..........................................................................................................14

3. MÉTODOS E TÉCNICAS......................................................................................15

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................16

4.1. Incidência...........................................................................................................16

4.2. Fisiopatologia...................................................................................................16

4.3. Etiopatologia......................................................................................................17

4.4. Fatores de risco.................................................................................................17

4.4.1.Fatores de Risco Maternos...............................................................................18

4.4.2.Fatores de Risco pós-natais da DBP................................................................18

4.5. Características Neuromotoras do Recém-Nascido........................................23

4.6. Prevenção da Displasia Broncopulmonar......................................................24

4.6.1.Corticóide Antenatal..........................................................................................24

4.6.2 .Corticóide Pós-natal.........................................................................................25

4.6.3. Surfactante Exógeno........................................................................................25

4.6.4.Vitamina A.........................................................................................................25

4.7. Intervenção Fisioterápica.................................................................................26

4.7.1. Posicionamento................................................................................................27

4.7.2 .Manobras de Higiene Brônquica......................................................................28

4.7.3. Aspiração..........................................................................................................29

4.7.4 Estimulação diafragmática e costal..................................................................30

4.7.5 .Assistência Ventilatória....................................................................................30

5. APRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO................................................................33

5.1. Características Maternas..................................................................................33

5.2. Condições de Nascimento................................................................................33

5.3. Evolução no período neonatal.........................................................................33

6. CONDUTA FISIOTERÁPICA.................................................................................35

7. DISCUSSÃO..........................................................................................................36

8. CONCLUSÃO........................................................................................................43

9. REFERÊNCIAS......................................................................................................44

10. ANEXOS..............................................................................................................48

1. INTRODUÇÃO:

Atualmente, observamos um aumento significativo na sobrevida de recém-

nascidos pré-termo (idade gestacional inferior a 37 semanas). Isso ocorre, sobretudo

pelo maior conhecimento da fisiologia e patologia neonatal. Além do

desenvolvimento de novas técnicas na assistência perinatal, como a utilização de

corticoterapia em gestantes em iminência de trabalho de parto prematuro, a

introdução da terapêutica com surfactante exógeno e de novas linhas de

antimicrobianos, novos métodos de ventilação assistida. Esse fato faz com que

prematuros cada vez mais extremos sobrevivam á infância e alcancem, com

sucesso, a vida adulta (FRIEDRICH; CORSO; JONES, 2005). Esse aumento da

sobrevida resultou em aumento da incidência de Displasia Broncopulmonar (DBP)

(BANCALARI; CLAURE; SOSENKO, 2003).

A DBP foi descrita inicialmente por Northway e colaboradores no ano de

1969, como uma doença pulmonar crônica que acometia recém-nascidos

prematuros com síndrome do desconforto respiratório (SDR), ou doença da

membrana hialina (MONTE et. al., 2005). O dano pulmonar foi atribuído

principalmente ao uso de ventilação mecânica agressiva e altas concentrações de

FIO2 nesses lactentes (BANCALARI; CLAURE, 2006).

A falta de uniformidade nos critérios de diagnósticos de DBP é predominante

em toda a literatura e é responsável por grande parte da variação na incidência da

patologia. Os diferentes critérios de diagnóstico têm sido largamente baseados em

um único critério clínico, a necessidade de oxigenoterapia prolongada, que serve

como um marcador para insuficiência respiratória crônica. Assim, a DBP deve ser

considerada em qualquer neonato que permanece dependente de oxigênio em

concentrações acima de 21% por um período maior ou igual a 28 dias (BANCALARI;

CLAURE; SOSENKO , 2003).

Múltiplos fatores contribuem para DBP, e provavelmente agem aditiva ou

sinergicamente para promover o mecanismo de lesão (JOBE; BANCALARI, 2001). O

dano ao tecido pulmonar ainda em desenvolvimento resulta em fibrose e

desorganização do processo maturativo normal (MONTE et. al., 2005).

O pulmão prematuro é mais vulnerável à lesão pulmonar devido à

necessidade de adaptação precoce à vida extra-uterina e à deficiência do sistema

enzimático antioxidante. Na DBP, essa lesão baseia-se fundamentalmente no

bloqueio do desenvolvimento normal do pulmão. Há autores que correlacionam uma

diminuição da quantidade de alvéolos, além de redução da área de superfície interna

dos mesmos, devido ao extravasamento de líquidos e inflamação alveolar

decorrentes do processo de lesão gerado pelo uso de oxigênio. Isto leva a uma

alteração no processo de desenvolvimento pulmonar (REBELLO; MASCARETTI,

2004).

Os principais fatores relacionados à gênese da DBP são: infecção (pré-natal

ou pós-natal), ventilação mecânica (volutrauma e atelectrauma) e hiperóxia. Esses

fatores em combinação levam à produção de mediadores inflamatórios que atuam

sobre o parênquima pulmonar de forma direta ou indireta, lesando-o e bloqueando

seu desenvolvimento normal (REBELLO; MASCARETTI, 2004).

Os nascimentos pré-termo podem ocorrer durante o final da fase canalicular

do desenvolvimento pulmonar (17ª a 26ª semana de gestação), onde ocorre a

maturação das vias condutoras pulmonares e inicia-se o desenvolvimento das

unidades respiratórias terminais, que irão amadurecer nas fases sacular (27ª a 35ª

semana de gestação) e alveolar (a partir da 35ª semana de gestação). A lesão

durante a formação do parênquima pulmonar pode resultar em uma alteração na

progressão do processo de alveolarização, resultando num quadro de simplificação

alveolar. Dessa forma, a DBP representa a reparação dos pulmões em resposta à

lesão aguda pulmonar (MONTE et. al., 2005).

O tratamento da DBP deve ser individualizado, devido à gravidade da lesão e

variações no quadro clínico apresentado. O acompanhamento clínico desses

pacientes deve ser feito por uma equipe interdisciplinar, incluindo neonatologista, e

outras especialidades pediátricas, como pneumologia, cardiologia, oftalmologia e

neurologia, além de Fisioterapia, Nutrição e Fonoaudiologia (MONTE et. al., 2005).

O tratamento dos prematuros com DBP tem como objetivo diminuir o

processo de lesão, impedindo principalmente a hipertensão pulmonar e o cor

pulmonale, comum nessa patologia. A hipoxemia é a principal causa das alterações

cardiovasculares, a oxigenoterapia pode auxiliar a diminuir a hipertensão pulmonar.

Os diuréticos são administrados conforme a necessidade do paciente, para diminuir

o edema pulmonar, decorrente da função cardíaca comprometida. Os antibióticos

são utilizados para tratar infecções pulmonares existentes. O uso de

broncodilatadores é indicado para controle dos sintomas respiratórios, diminuindo a

resistência das vias aéreas. A utilização de dexametasona pode produzir uma

melhora da função pulmonar em curto prazo, possibilitando um desmame rápido do

suporte ventilatório. No entanto, a terapia com esteróides aparentemente não

apresenta resultados em longo prazo como, por exemplo, efeitos em relação à

mortalidade ou duração na suplementação de oxigênio. (SCANLAN; WILKINS;

STOLLER, 2000).

O quadro clínico da DPB caracteriza-se freqüentemente pela taquipnéia

associada à tiragem e, também, por hipersecreção crônica revelada pela ausculta

pulmonar, edema e broncoespasmo com sibilâncias. Dessa forma, as manobras de

higiene brônquica, contribuem de maneira essencial à proteção do aparelho

respiratório (POSTIAUX, 2002).

A Fisioterapia desempenha papel importante no tratamento desses pacientes.

De forma geral, os objetivos baseiam-se em melhorar as condições pulmonares,

aumentando a complacência pulmonar e diminuindo a resistência das vias aéreas.

Dessa forma, o trabalho respiratório imposto a esses neonatos será diminuído

(POSTIAUX, 2002). Em recém nascidos sob ventilação mecânica, as técnicas de

desobstrução brônquica foram introduzidas e amplamente divulgadas após a

publicação de Gregory, em 1972. Basicamente, essas técnicas podem ser definidas

como a aplicação externa de forças, que visam aumentar o transporte de muco

através das vias aéreas (SANTOS et. al. 2009).

O tempo prolongado de permanência na UTIN a que são submetidos os

RNPT permite salientar a importância dos cuidados com o posicionamento para o

correto desenvolvimento, favorecendo assim a melhora do quadro clínico bem como

o fornecimento de estímulos adequados a esses neonatos. Alterar os decúbitos com

certa freqüência e posicionar corretamente o bebê podem ser procedimentos

benéficos tanto para o aparelho respiratório, quanto para o desenvolvimento

neurossensorial e psicomotor (SHEAHAN; BROCKWAY; TECKLIN, 2002).

A DBP é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em recém-

nascidos pré-termos, submetidos a tratamento em unidades de terapia intensiva

neonatais. É também uma causa freqüente de internação prolongada, com sérias

conseqüências sociais e econômicas. Por isso, um conhecimento profundo dessa

doença pode contribuir para medidas futuras de prevenção, que objetivam diminuir

sua incidência, minimizar suas complicações, diminuir os gastos hospitalares e

beneficiar a saúde do recém-nascido (CUNHA; FILHO; RIBEIRO, 2003).

2. OBJETIVOS:

2.1. Objetivo Geral:

Relatar o caso de um recém-nascido pré-termo com DBP.

2.2. Objetivos Específicos:

1-Descrever o conceito de DBP.

2- Avaliar os fatores de risco neonatais predisponentes à DBP.

3- Descrever estratégias fisioterápicas utilizadas para diminuir a progressão da

doença.

3. MÉTODOS E TÉCNICAS

Esse estudo consiste num relato de caso de recém-nascido prematuro

extremo com idade gestacional de 27 semanas, com diagnóstico de DBP, admitido

no Hospital Albert Sabin, em Juiz de Fora, Minas Gerais escolhido de forma

aleatória. Este hospital é referência para a região, compreendendo a Zona da Mata,

Sul de Minas Gerais e alguns municípios do Rio de Janeiro.

Após aprovação do protocolo pelo Comitê de Ética do Hospital Albert Sabin

(nº1106/98) e após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido por

parte de um dos responsáveis pelo recém-nascido, foi realizada a busca do

prontuário do participante para realização da pesquisa.

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

4.1. Incidência:

Mesmo com os avanços ocorridos nas UTI neonatais, a incidência de DBP

ainda é alta, sendo de até 71% entre os RN com IG igual a 25 semanas e 30% entre

os RN com peso de nascimento inferior a 1.500 gramas, aumentando para 39 a 61%

entre os RN com peso de nascimento entre 500 e 800 gramas (REBELLO;

MASCARETTI, 2004). Dessa forma, percebemos que a incidência da DBP é

inversamente proporcional à idade gestacional e ao peso de nascimento. Os relatos

na literatura são extremamente variáveis, devido principalmente às diferenças da

população estudada e aos diferentes diagnósticos utilizados para definir a doença

(MONTE et. al, 2005).

4.2. Fisiopatologia:

A DBP desenvolve-se a partir de uma lesão pulmonar aguda, seguida por

uma série de eventos de lesão e recuperação que geram uma patologia pulmonar

(BANCALARI; CLAURE; SOSENKO, 2003).

O estímulo inicial, responsável pela ativação do processo inflamatório, pode

ser a ação de radicas livres (secundários a terapia por O2), barotrauma, volutrauma

e agentes infecciosos (BANCALARI; CLAURE; SOSENKO, 2003).

As células lesadas liberam agentes que estimulam a migração de células

inflamatórias e macrófagos, além da produção de citocinas e liberação de

mediadores inflamatórios (BANCALARI; SOSENKO, 1990).

Entre os produtos liberados, estão as substâncias derivadas de lipídios das

membranas celulares que são metabolizados em ácido araquidônico. O ácido

araquidônico pode ser catalisado e produzir leucotrienos, tromboxano,

prostaglandina ou prostaciclina (BANCALARI; SOSENKO, 1990).

Estes produtos em quantidades elevadas no fluido broncoalveolar do RN com

DBP têm propriedades vasoativas e inflamatórias potentes que atuam na via aérea e

no sistema vascular, alterando a permeabilidade capilar (BANCALARI; SOSENKO,

1990).

Com o aumento da permeabilidade capilar, ocorre perda de água e proteínas

para a luz do alvéolo, causando edema pulmonar. Esse edema interfere no sistema

surfactante ocasionando obstrução não homogênea de vias periféricas. Como

resultado final cria-se áreas de colapso e hiperdistensão pulmonar (PERES, 2006).

A produção de mediadores inflamatórios que atuam sob o parênquima

pulmonar, lesando-o e bloqueando seu desenvolvimento normal, podem ser os

responsáveis, pelo processo crônico (REBELLO; MASCARETTI, 2004).

A liberação de enzimas proteolíticas diretamente dos neutrófilos ativos destrói

a estrutura da elastina e colágeno no pulmão, favorecendo o surgimento de

enfisema pulmonar. O colágeno confere resistência ao tecido pulmonar, enquanto a

elastina confere sustentação e estabilização funcional, fazendo com que qualquer

força exercida sobre o pulmão seja distribuída através de todo o órgão prevenindo a

hiperinsuflação alveolar (PERES, 2006).

Como as fibras elásticas fornecem o suporte estrutural para o

desenvolvimento do septo alveolar, a degradação proteolítica destas fibras levaria à

hipoalveolização e à desorganização da arquitetura pulmonar, sendo um fator

importante no desenvolvimento de DBP (BRUCE et al, 1991).

Após dias a semanas desse processo de agressão, ocorre resposta

regenerativa do pulmão com recrutamento de fibroblastos e subseqüente

desenvolvimento de fibrose e hiperplasia, com um grande impacto sobre a

arquitetura e função pulmonar (PERES, 2006).

Considerando que a diminuição dos alvéolos é um achado importante em RN

prematuros que morrem de DBP. O conhecimento do processo e regulação da

septação e vascularização no desenvolvimento alveolar serão fundamentais para

entender a fisiopatologia da DBP (JOBE; BANCALARI, 2001).

4.3. Etiopatologia:

A DBP é considerada uma doença de etiologia complexa, resultante de

múltiplos fatores que atuam sobre um sistema pulmonar imaturo, sujeito a várias

agressões e, ao mesmo tempo, com mecanismos de defesa ainda não

desenvolvidos (BANCALARI, 2006).

4.4. Fatores de risco:

4.4.1.Fatores de Risco Maternos:

Os fatores de risco durante a gestação e sua associação com a DBP referem-

se a doenças e as complicações freqüentemente observadas durante a gravidez

(PERES, 2006).

A infecção intra-útero é uma das mais importantes e freqüentes causas de

partos prematuros. Esta infecção é geralmente subclínica e assintomática até o

início do trabalho de parto ou ruptura das membranas. A sua detecção durante a

gestação somente pode ser realizada através da coleta de amostras de líquido

amniótico ou de sangue fetal, e ambos os procedimentos são invasivos e oferecem

riscos (CORSO, 2009).

Microorganismos provenientes da flora cervicovaginal, através da via

ascendente (pelo trato genital inferior), freqüentemente são os responsáveis por

essa infecção, sendo o Ureaplasma urealyticum o mais comumente encontrado.

Outras vias de infecção intrauterina menos comuns, incluem: a migração de

patógenos a partir da cavidade abdominal através das trompas de Falópio, a

disseminação hematogênica (pelo sangue materno) através da placenta ou a

contaminação inadvertida através de amniocentese (CORSO, 2009).

Quando presentes no fluido amniótico, os microorganismos podem ter acesso

ao feto através de vários pontos de entrada, como o trato respiratório, pele ou trato

gastrointestinal (CORSO, 2009).

Infecções no pulmão e ou traquéia adquirida antes mesmo do parto podem

causar inflamação, lesando o pulmão e aumentando o risco de DBP (BANCALARI;

CLAURE; SOSENKO, 2003).

A corioamnionite é a inflamação das membranas placentárias, em resposta à

infecção intrauterina. A presença de corioaminionite tem sido associada ao trabalho

de parto prematuro, isso porque é desencadeada uma resposta inflamatória que se

inicia a partir do sangue materno, seguida da participação da circulação sanguínea

fetal e que envolve produção local de uma série de citocinas. Estas, por sua vez,

podem desencadear as contrações prematuras, dilatação do colo e ruptura de

membranas (TEIXEIRA, 2009).

4.4.2.Fatores de Risco pós-natais da DBP:

Prematuridade e muito baixo peso ao nascer:

O desenvolvimento normal do pulmão é rompido com o parto prematuro.

Dessa forma, esse órgão ainda imaturo é exposto a estímulos adversos no momento

em que é mais vulnerável, devido á deficiência de surfactante e mecanismos

antioxidantes inadequados (PERES, 2006).

O processo de alveolização pulmonar continua após o nascimento até

próximo do final do segundo ano de vida, quando a criança passa a ter 300 milhões

de alvéolos. A interrupção neste processo de rápida formação de alvéolos causará

um grave prejuízo no desenvolvimento pulmonar (PERES, 2006).

Dessa forma, o grau de agressão imposto a um pulmão imaturo parece ser

determinante na doença respiratória aguda e subseqüente desenvolvimento da DBP

(MONTE et al, 2005).

Além disso, estudos comprovam que prematuro com DBP têm um peso médio

e uma IG média menor que àqueles sem a doença. Ou seja, o risco de DBP

aumenta claramente com a diminuição do peso de nascimento e IG (TAPIA et al,

2006).

Assim, a associação entre RNMBP e DBP reflete o papel importante da

prematuridade no desenvolvimento da DBP, sendo a doença mais freqüente quanto

mais imaturo for o RN (PERES, 2006).

Infecção:

Há evidências de que a infecção pré e pós-natal possam contribuir para o

desenvolvimento da DBP devido a liberação de mediadores inflamatórios e afluxo de

células inflamatórias no pulmão. Além de provocar liberação de mediadores pró-

inflamatórios, a infecção pulmonar, seja congênita ou nosocomial, pode gerar

necessidade de suporte ventilatório, que aumenta ainda mais o dano pulmonar

(MONTE et. al., 2005).

Oxigênio:

O O2 induz uma lesão pulmonar através da produção de radicais tóxicos, tais como

superóxido (O2-), peróxido de hidrogênio (H2O2), hidroxil (OH-) e oxigênio livre (O-).

Estes metabólitos são considerados os principais envolvidos na lesão tecidual

pulmonar (REBELLO; MASCARETTI, 2004).

O RN (especialmente o prematuro) é mais vulnerável a essas lesões, porque

os sistemas antioxidantes ainda não se desenvolveram completamente. Os

metabólitos ativos do O2 provocam grande dano tecidual através da oxidação de

enzimas, inibição de proteases e da síntese de DNA, diminuição da síntese de

surfactante e peroxidação de lipídeos, além de funcionarem como fatores

quimiotáticos de células inflamatórias (MONTE et. al., 2005).

Lesão induzida pelo ventilador:

O termo “lesão induzida pelo ventilador” refere-se a alterações fisiológicas e

morfológicas que podem ocorrer durante a ventilação mecânica. Esse dano não é

específico, podendo o ventilador piorar a lesão aguda, com extravasamento de

líquido, proteína e sangue para as VA’s, alvéolos e interstício. Este fato interfere na

mecânica pulmonar, inibindo a função do surfactante e promovendo a inflamação do

pulmão (BANCALARI; CLAURE; SOSENKO, 2003).

Minimizar os vários mecanismos que contribuem para a lesão pode ter

implicações terapêuticas, contribuindo para que se evite complicações indesejáveis

como a alta incidência da DBP. O uso da ventilação mecânica é um dos os

principais fatores para o aparecimento de lesão pulmonar (BANCALARI; CLAURE;

SOSENKO, 2003).

O pulmão do RNPT é mais susceptível à lesão pulmonar secundária à

ventilação mecânica, devido a características como: estruturalmente é mais imaturo,

com menor quantidade de colágeno e elastina; no nascimento, encontra-se

preenchido por líquido e a CRF é reduzida; o surfactante encontra-se em menor

quantidade e mais instável; má perfusão até que ocorra a expansão pulmonar e a

queda da resistência vascular pulmonar (REBELLO; MASCARETTI, 2004).

Em RNPT, a ventilação mecânica pode causar danos ao pulmão ou aumentar

uma condição preexistente que levou à necessidade do suporte ventilatório. A lesão

induzida pelo ventilador pode estar associada a dano alveolar estrutural, edema

pulmonar, inflamação e fibrose. Seus mecanismos incluem: alta pressão de VA’s

(barotrauma), grandes volumes de gás (volutrauma), ciclos repetidos de colapso e

reexpansão alveolar (atelectrauma) e inflamação aumentada (biotrauma). De modo

crescente, a inflamação vem sendo implicada na causa de lesões (TEIXEIRA, 2005).

O uso de pressão positiva inspiratória (PPI) causa lesão epitelial e aumento

de exsudação, causando o braotrauma. A probabilidade dessa lesão ocorrer é

diretamente proporcional á agressividade da ventilação mecânica e ao pico de

pressão inspiratória (TEIXEIRA, 2005).

Atualmente, acredita-se que a pressão de forma isolada não seja considerada

um mecanismo preponderante no início da lesão pulmonar (MONTE et. al., 2005).

O volutrauma é a lesão associada à hiperdistensão das estruturas

pulmonares devido o uso de grandes volumes correntes durante a ventilação

mecânica. Altos volumes no início da ventilação mecânica diminuem a resposta ao

tratamento com surfactante (TEIXEIRA, 2005).

O atelectrauma é a lesão que ocorre pelos ciclos repetidos de colapso e

reexpansão alveolar. O uso de PEEP insuficiente predispõe á esse tipo de lesão

(MONTE el al, 2005)

O biotrauma ocorre pela liberação de mediadores inflamatórios decorrente da

ventilação mecânica. (TEIXEIRA, 2005).

A inflamação ocorre em resposta a uma lesão. Após o início da inflamação,

leucócitos são recrutados da circulação e macrófagos tissulares são ativados,

produzindo uma série de mediadores, citocinas de resposta rápida, como o fator de

necrose tumoral alfa (TNF-α) e interleucina (IL-1). A entrada dos neutrófilos no

espaço alveolar junto a macrófagos tissulares ativados forma o cenário para a lesão

das estruturas pulmonares, como elastina e colágeno. A lesão ocorre pela formação

de oxidantes pelas células fagocíticas e à liberação de proteases (TEIXEIRA, 2005).

A partir do processo inflamatório pode ocorrer eventos que levam à

regeneração e cura ou à progressão da resposta inflamatória, que culmina com a

disfunção progressiva de órgãos. Vários fatores não infecciosos como oxigênio,

ventilação com pressão positiva e ventilação com excessivo volume corrente podem

desencadear a resposta inflamatória. Vários estudos já demonstraram que a reação

inflamatória não relacionada a infecções específicas está fortemente associada ao

aparecimento da DBP (TEIXEIRA, 2005).

A ventilação com altos volumes ou pressões pode causar a liberação de

mediadores pró-inflamatórios; e um desequilíbrio entre os fatores pró e

antiinflamatórios pode ser considerado um marcador da lesão pulmonar (TEIXEIRA,

2005).

Persistência do canal arterial:

As enfermidades cardíacas e pulmonares são causas importantes de

morbimortalidade em RNPT, e podem prolongar a permanência desses neonatos em

UTIN, limitando o prognóstico dos mesmos (RIBEIRO; MELO; DAVIDSON, 2008).

Nesse contexto, podemos citar a persistência do canal arterial, que pode ser

associada a intercorrências pulmonares, como infecções, atelectasias ou falha na

extubação (RIBEIRO; MELO; DAVIDSON, 2008).

Durante a vida intra-uterina, os pulmões não oxigenam o sangue, uma vez

que as trocas gasosas ocorrem na placenta. Dessa forma, o canal arterial é um

componente essencial da circulação fetal, permitindo a comunicação entre as

artérias pulmonares e aorta. No útero, a baixa tensão de O2 fetal, além de elevadas

taxas de prostaglandinas circulantes desempenham papel significativo na

manutenção do lúmen desse canal. Após o nascimento a termo, ocorre o

fechamento do mesmo, dentro de 24 a 48 horas. A PCA é diagnosticada quando

esse canal não se fecha após 72 horas de nascimento (HERMES –DESANTIS;

CLYMAN, 2006).

Após o parto, a comunicação entre as artérias aorta e pulmonar tende ao

fechamento devido à redução da resistência vascular pulmonar e aumento do fluxo

sanguíneo para o pulmão, diminuição da pressão na artéria pulmonar, além da

queda na concentração de prostaglandinas. Dessa forma, observa-se a mudança da

circulação fetal para neonatal, que é potencializada pela rápida contração do canal

em resposta à elevação da concentração de O2 (RIBEIRO; MELO; DAVIDSON,

2008).

Inicialmente, nos primeiros quatro dias de vida, ocorre o fechamento funcional

do canal arterial, devido o papel constritor do O2. O fechamento anatômico segue o

fechamento funcional do canal arterial e ocorre devido à isquemia hipóxica profunda na

parede muscular do canal, com degeneração da parede, necrose e migração das células

musculares, havendo oclusão gradual do lúmen vascular. Com isso, o canal se transforma

em ligamento arterioso (RIBEIRO; MELO; DAVIDSON, 2008).

Nos prematuros, o fechamento pode ser retardado, sobretudo na presença de

asfixia perinatal, síndrome do desconforto respiratório, ventilação mecânica e

hipervolemia. Com a PCA após o nascimento, há presença de shunt esquerdo-

direito, como conseqüência da inversão do padrão circulatório, causando

repercussões cardiopulmonares. (RIBEIRO; MELO; DAVIDSON, 2008).

Inicialmente, através do aumento do débito cardíaco, o RN consegue manter

o fluxo sistêmico, aumentando a contratilidade do miocárdio e a FC. Entretanto, essa

sobrecarga da musculatura cardíaca pode causar insuficiência cardíaca e diminuição

do débito cardíaco (RIBEIRO; MELO; DAVIDSON, 2008).

Nesse quadro, instalam-se complicações respiratórias decorrentes do edema

pulmonar propiciado pelo shunt E-D, que alteram a mecânica do pulmão e a relação

ventilação-perfusão, gerando hipóxia, hipercapnia e acidose mista (RIBEIRO; MELO;

DAVIDSON, 2008).

O uso de medicamentos inibidores da prostaglandina, como a indometacina

tem sido utilizados de forma profilática, logo após o nascimento de prematuros

extremos, como medida para promover a constrição do canal arterial (HERMES –

DESANTIS; CLYMAN, 2006).

A história natural da PCA depende do diâmetro do canal e magnitude do

shunt. Pacientes com canal arterial menor que 1,7 mm geralmente não apresentam

sinais de comprometimento hemodinâmico significativo e, apresentando um

prognóstico normal. Pacientes com sobrecarga de volume do coração esquerdo

significativa, no entanto, correm o risco de desenvolverem insuficiência cardíaca

congestiva ou doença vascular pulmonar irreversível, mesmo se assintomáticos ou

minimamente sintomáticos durante a infância (SCHNEIDER; MOORE, 2006).

As alterações pulmonares que ocorrem na PCA fazem com que os

prematuros sejam submetidos a um maior período de ventilação mecânica, além de

serem mais propensos a desenvolverem infecções. Esses fatores contribuem para

instalação da DBP (RIBEIRO; MELO; DAVIDSON, 2008).

4.5. Características Neuromotoras do Recém-Nascido:

Alterações posturais e atrasos no desenvolvimento neuromotor

freqüentemente estão presentes nos pacientes com DBP (SOUZA; STOPÍGLIA;

BARACAT, 2009).

Em estudos comparando prematuros com e sem DBP, foi observado que há

diferenças no desempenho de certas funções motoras, perceptivas e de inteligência.

A adoção de um padrão flexor em determinado momento e extensor em outro é,

provavelmente, o mais importante sinal de integridade neurológica (SOUZA;

STOPÍGLIAZ; BARACAT, 2009).

Estudo realizado por Souza et al, com 24 recém-nascidos (12 com DBP e 12

controles) entre os anos de 2005 a 2007, revelou que o grupo com DBP apresentou

o dobro de recém-nascidos com padrão anormal de tônus, sem capacidade de

adotar alternância entre flexão e extensão.

O lactente considerado à termo exibe forte flexão fisiológica. O

desenvolvimento desse tônus muscular flexor é resultado da maturação do sistema

nervoso central durante a vida fetal. Os prematuros, ao contrário, por não

apresentarem maturidade neurológica e pelo reduzido tempo de posicionamento no

ambiente intra-uterino, exibem caracteristicamente uma hipotonia global e um

padrão muscular extensor e abdutor (SWEENEY; SWANSON, 1994).

Prematuros submetidos a longos períodos de ventilação mecânica tendem a

aumentar a hiperextensão cervical, elevação escapular, retração dos ombros e das

extremidades superiores, arqueamento do tronco e imobilidade da pelve (TECKLIN,

2002). Essa estabilização postural anormal pode resultar em bloqueios seqüenciais

de movimento, determinando o atraso no desenvolvimento motor dos prematuros

(SWEENEY; SWANSON, 1994).

Bebês com idade gestacional inferior a 37 semanas apresentam várias

morbidades relacionadas à imaturidade de seus órgãos. Um ambiente desfavorável

na UTIN pode agravar esse quadro. Um impacto negativo desse ambiente pode se

manifestar de várias maneiras pelo prematuro. Marcadores típicos de estresse são

os parâmetros fisiológicos, como aumento da FC e diminuição da SpO2. Além disso,

o crescimento da criança é afetado negativamente pelo aumento do gasto

energético, que pode ocorrer durante o atendimento de rotina do berçário. Dessa

forma, o prematuro é particularmente vulnerável a um ambiente estressante. Os

efeitos nocivos do estresse podem ter implicações de curto e longo prazo para o

desenvolvimento neurocomportamental (SYMINGTON; PINELLI, 2004).

4.6. Prevenção da Displasia Broncopulmonar:

A principal forma de prevenção da DBP é evitar o parto prematuro, através da

realização de um pré-natal adequado (MONTE et al, 2005). Entre outras medidas,

podemos citar:

4.6.1.Corticóide Antenatal:

No período antenatal, o pulmão do feto é, muitas vezes, exposto a

corticosteróides (betametasona/dexametasona) para acelerar a maturação

pulmonar, pois existe suficiente evidência clínica e experimental ligando a

corticoterapia antenatal à aceleração da maturação do pulmão (JOBE, 2005).

A administração desse fármaco à gestante antes do parto prematuro resulta

no aumento do volume e melhora da complacência pulmonar do RN, diminuindo a

incidência da Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) e mortalidade neonatal

(REBELLO; MASCARETTI, 2004).

Apesar de ainda não comprovado, acredita-se que o uso de corticóide possa

diminuir a incidência e a gravidade de DBP, uma vez que essa substância também

tem papel efetivo no controle do processo inflamatório que ocorre na DBP

(REBELLO; MASCARETTI, 2004).

4.6.2 .Corticóide Pós-natal:

Atualmente, é controversa a utilização dessa substância no período pós-natal.

A corticoterapia diminui a inflamação, o edema e a fibrose; entretanto, estudos

demonstram que pode ocorrer alterações neurológicas tardias em recém-nascidos

que fizeram uso desses medicamentos (MONTE et al, 2005).

4.6.3. Surfactante Exógeno:

A terapia com surfactante exógeno promove uma elevação da CRF e da

complacência pulmonar e promove um recrutamento alveolar mais homogêneo,

reduzindo as atelectasias, favorecendo a diminuição dos parâmetros ventilatórios

(REBELLO; MASCARETTI, 2004).

Atualmente, vários estudos estão sendo realizados, na tentativa de se

estabelecer uma estratégia de tratamento com o surfactante exógeno, visando a

otimização de seus efeitos na SDR e avaliar a sua real eficácia no controle da

insuficiência respiratória decorrente de outras condições pulmonares do período

neonatal, como DBP (MIOYOSHI, 2001).

Em recém-nascidos prematuros extremos, vários estudos indicam o uso

dessa substância antes de 2 horas de vida, como tratamento profilático para redução

da freqüência da DBP (MONTE et al, 2005).

4.6.4.Vitamina A:

A vitamina A, atua na diferenciação e manutenção da integridade do epitélio

pulmonar, também pode ser deficiente em RNPT, visto ser transferido da mãe para o

feto predominantemente durante o último trimestre da gestação. Desta forma,

concentrações baixas desta vitamina têm sido associada com aumento na incidência

da DBP (PERES,2006).

Dessa forma, a adequada suplementação dessa vitamina pode desenvolver

um papel protetor contra a lesão pulmonar (PERES, 2006).

4.7. Intervenção Fisioterápica:

A Fisioterapia é uma modalidade terapêutica em expansão dentro das

unidades de terapia intensiva pediátrica e neonatal. Segundo a portaria do Ministério

da Saúde nº 3.432, em vigor desde 12/8/1998, as unidades de terapia intensiva de

hospitais com nível terciário devem contar com assistência fisioterápica em período

integral, por diminuírem as complicações e o período de hospitalização, reduzindo,

conseqüentemente, os custos hospitalares (NICOLAU; LAHÓZ, 2007).

Aspectos relacionados com a eficácia e efeitos adversos do tratamento

fisioterápico respiratório em crianças, poucas vezes são avaliados com objetividade.

Esse fato deve-se, sobretudo à complexidade dos neonatos internados em terapia

intensiva, e pela falta de padronização no tratamento (NICOLAU; LAHÓZ, 2007).

A Fisioterapia atua nos berçários de alto risco promovendo a melhora da

qualidade de vida, diminuindo o tempo de permanência desses bebês na UTIN,

favorecendo o ganho de peso, e melhorando o tônus e estado de alerta. Inicialmente

deve ser realizada uma avaliação criteriosa, que permite conhecer a situação clínica

do RN, através da história obstétrica e antecedentes maternos, além da coleta de

dados pessoais do RN, tais como idade, peso, Apgar, tipo e condições de parto e a

hipótese diagnóstica (DOMINGUEZ; KOMIYAMA, 1998).

O exame físico também deve ser realizado pelo Fisioterapeuta, que irá

observar o estado geral do RN, temperatura, freqüência cardíaca e respiratória,

padrão respiratório, tipo de tórax, ritmo respiratório, condições da pele, postura e

tônus muscular, comportamento, estado de sono, presença de edema, enfisema

subcutâneo e fraturas de costela. A ausculta pulmonar e análise de exames

complementares como a gasometria arterial e radiografias também devem ser

verificados (DOMINGUEZ; KOMIYAMA, 1998).

A eliminação de secreções pulmonares é um dos objetivos a serem

alcançados, em vista da limitação estrutural e funcional respiratória dos RN

(HADDAD et al, 2006).

Os RNPT apresentam as costelas situadas horizontalmente em relação ao

diafragma, e redução da expansibilidade torácica durante a inspiração, o que pode

ocasionar uma respiração paradoxal. Essas características levam a uma redução da

CRF e aumento do trabalho respiratório. (RIBEIRO et al, 2007).

4.7.1. Posicionamento:

O RNPT apresenta um quadro de hipotonia generalizado, o que, associado ao

posicionamento corporal restrito devido longo tempo em ventilação mecânica e à

ação da gravidade contribui para anormalidades posturais, freqüentemente

encontradas em prematuros (DOMINGUEZ; KOMIYAMA, 1998).

Esses bebês podem apresentar hiperextensão cervical com retração dos

ombros (visível em RNPT sob ventilação mecânica em virtude da síndrome do

desconforto respiratório), membros superiores abduzidos com retração escapular e

membros inferiores em abdução e rotação externa, com pés evertidos, conhecido

como “postura de rã” (DOMINGUEZ; KOMIYAMA, 1998).

Alternar os decúbitos a cada 2 horas e propiciar um adequado

posicionamento na UTIN é muito importante para melhorar a função respiratória dos

pacientes (prevenindo a estase de secreções e facilitando a reexpansão pulmonar),

favorecer o desenvolvimento neurossensório-psicomotor do RN, além de propiciar

maior conforto e evitar escaras de decúbito (DOMINGUEZ; KOMIYAMA, 1998).

A estimulação sensoriomotora deve ser empregada como intervenção no

desenvolvimento de bebês clinicamente instáveis, que necessitam de equipamentos

respiratórios e monitores fisiológicos. Para que a intervenção seja terapêutica em

uma UTIN, deve-se levar em consideração sua intensidade, duração, freqüência e

tipo, de acordo com a tolerância fisiológica de cada neonato (SWEENEY;

SWANSON, 1994).

Atualmente, há um grande questionamento na literatura quanto a melhor

posição para os RN’s. Para o RN à termo, recomenda-se que não seja adotada a

posição prono, devido à associação observada entre essa posição ao dormir e a

síndrome da morte súbita infantil. Entretanto, existem alguns benefícios dessa

posição na mecânica pulmonar, como aumento da oxigenação, melhora da

complacência e da função diafragmática e diminuição da assincronia

toracoabdominal (ANTUNES; RUGOLO; CROCCI, 2003).

O posicionamento em decúbito ventral oferece maior estabilidade à caixa

torácica e melhor acoplamento tóraco-abdominal, facilitando a expansão do tórax

altamente complacente dos RNPTs. Além disso, a musculatura abdominal recebe

maior estímulo tátil e proprioceptivo, tornando-se mais efetiva. (DOMINGUEZ;

KOMIYAMA, 1998). Os RN’s apresentam uma melhor oxigenação pulmonar quando,

além da posição prona, inclina-se levemente sua cabeça para cima, o que não

ocorre na posição totalmente horizontalizada ou com a cabeça para baixo (PARKER;

PRASAD, 2002).

Esta postura minimiza os efeitos do refluxo gastroesofágico e reduz o risco de

aspiração. Facilita uma postura mais flexora pela ação da gravidade, contribuindo

para o desenvolvimento neuropsicomotor do neonato (DOMINGUEZ; KOMIYAMA,

1998).

O posicionamento em decúbito dorsal é o mais utilizado, principalmente em

RN submetidos à ventilação mecânica. Esta postura apresenta-se vantajosa quando

se refere aos cuidados e visualização do bebê. Entretanto, é o decúbito que oferece

maiores desvantagens para a mecânica respiratória e a que mais contribui para

alterações posturais nesses neonatos (DOMINGUEZ; KOMIYAMA, 1998).

O decúbito lateral é uma postura vantajosa sob o aspecto do desenvolvimento

neuropsicomotor, pois facilita a flexão ativa no nível do tronco e do quadril,

proporciona melhor orientação entre mão e a linha média e entre a mão e a boca.

Esses fatores favorecem o desenvolvimento de auto-organização e simetria

(DOMINGUEZ; KOMIYAMA, 1998).

Para uma manutenção do posicionamento são utilizados anteparos (rolinhos)

feitos com lençóis ou travesseiros. O colchão d` água também é muito utilizado,

sobretudo em pacientes submetidos a longo tempo de ventilação mecânica

(DOMINGUEZ; KOMIYAMA, 1998).

4.7.2 .Manobras de Higiene Brônquica:

A fisioterapia respiratória tem alterado o prognóstico de pacientes com DBP,

diminuindo a incidência de complicações dessa patologia, como a atelectasia pós-

extubação (NICOLAU; LAHÓZ, 2007).

A Fisioterapia Respiratória em neonatologia possui como objetivos: melhorar

a função respiratória, de modo a facilitar as trocas gasosas e adequar a relação

ventilação-perfusão; adequar o suporte respiratório; prevenir e tratar as

complicações pulmonares; manter as VA’s permeáveis; possibilitar o desmame da

ventilação mecânica e da oxigenoterapia (NICOLAU; LAHÓZ, 2007).

Nos casos em que se objetiva a remoção da secreção do trato respiratório

inferior, são empregadas as “Manobras de Higiene Brônquica”. Tem como objetivo

deslocar as secreções pulmonares, conduzindo-as para os brônquios de maior

calibre, traquéia e, finalmente, para fora do sistema respiratório (HADDAD et al,

2006 ).

As modalidades de aplicação das Técnicas de Higiene Brônquica em

neonatologia baseiam-se principalmente na aplicação de vibrações ou pressões

tóraco-abdominais. As vibrações são aplicadas durante a expiração, e consistem de

contrações isométricas dos antebraços, chegando a uma resultante vibratória ao

nível das mãos (POSTIAUX, 2002).

As pressões realizam uma expulsão expiratória, e podem ser realizadas com

as duas mãos do fisioterapeuta posicionadas sobre o lactente, sendo uma aplicada

sobre o abdome e outra sobre a caixa torácica; ou ainda, com uma mão só, cobrindo

tórax e abdome (POSTIAUX, 2002).

As técnicas fisioterápicas descritas na literatura, mais utilizadas em neonatos

são: vibração/vibrocompressão, manobras com ambú (bag-squeezing), aspiração de

VA’s e endotraqueal, e aumento de fluxo expiratório (NICOLAU; LAHÓZ, 2007).

4.7.3. Aspiração:

A aspiração brônquica traqueal é a fase final da desobstrução pulmonar. Em

RNPT o reflexo de tosse geralmente é ineficaz, o que torna essa prática muito

comum em UTIN, a fim de prevenir obstruções no tubo endotraqueal (POSTIAUX,

2002).

Apesar de ser uma técnica simples, exige rigor asséptico. Durante o

procedimento, deve-se monitorar continuamente a FC e a SpO2. Para minimizar os

efeitos deletérios dessa prática, a FiO2 pode ser aumentada em 10% do seu valor

inicial (DOMINGUEZ; KOMIYAMA, 1998).

A aspiração da VA pode causar lesões na via respiratória, na caixa torácica e

até no sistema nervoso central. Pode ocorrer também espasmo laríngeo, bradicardia

vagal, retardo no início da respiração, atelectasia, aumento da pressão intracraniana

e infecção local (HADDAD et al, 2006 ).

4.7.4 Apoio diafragmático e costal:

É uma técnica fisioterápica que tem como objetivo melhorar a ventilação

pulmonar e promover a desobstrução brônquica a partir da reorganização do

sinergismo dos músculos respiratórios, que se encontram alterados durante uma

patologia respiratória (LIMA; CUNHA, 2005).

Na presença de uma disfunção pulmonar, ocorre um desequilíbrio de forças

entre músculos inspiratórios e expiratórios (torácicos e abdominais), que modificam o

ponto de equilíbrio torácico (CRF). Essas disfunções musculares modificam a

configuração do tronco, alteram a geometria torácica e abdominal, e ainda dificultam

o funcionamento normal do diafragma e musculatura acessória da respiração (LIMA;

CUNHA, 2005).

Dessa forma, é realizado um manuseio dinâmico sobre o tronco do paciente,

em que o fisioterapeuta atua no sentido de suprir as falhas dos músculos

respiratórios oferecendo pontos fixos, apoios e alongamento para facilitar o

funcionamento muscular normal (LIMA; CUNHA, 2005).

Tal manuseio se caracteriza por: alongamento dos músculos inspiratórios;

fortalecimento do diafragma, através do reposicionamento das costelas (componente

justaposiconal), normalização do tônus e força abdominal (componente insercional)

e treinamento diafragmático; e por último, fortalecimento dos músculos acessórios

(LIMA; CUNHA, 2005).

4.7.5 .Assistência Ventilatória:

Uma vez que o dano pulmonar tenha se estabelecido, esses prematuros irão

necessitar de ventilação mecânica e maior concentração de O2. O desmame do

ventilador e oxigenoterapia deve ocorrer de forma gradual, podendo durar semanas

ou meses. (BANCALARI, 2006).

Para reduzir a lesão pulmonar, e conseqüentemente, a incidência de DBP,

algumas estratégias ventilatórias tem sido descrita, como: ventilação convencional,

ventilação de alta freqüência e CPAP (SUGUIHARA; LESSA, 2005).

Suporte ventilatório invasivo na DBP:

Em neonatologia, tem-se observado, nos últimos anos, uma tendência para

implementar modalidades menos agressivas de suporte ventilatório, utilizando-se a

ventilação limitada a pressão, ciclada a tempo e com fluxo contínuo. Esta

modalidade de ventilação é acessível e de fácil manuseio, porém, o assincronismo

entre RN e ventilador representa risco de lesão pulmonar (SUGUIHARA; LESSA,

2005).

Em uma UTIN, a ventilação mecânica usa de estratégias para proteção

pulmonar, utilizando baixos volumes correntes, otimização da PEEP e hipercapnia

permissiva (MONTE el al, 2005).

A hipercapnia permissiva é uma estratégia ventilatória em que se mantêm

níveis elevados de PaCO2 , com objetivo de reduzir a lesão pulmonar induzida pela

ventilação mecânica. A PaCO2 deve aumentar gradualmente para prevenir acidose

respiratória e garantir a estabilidade hemodinâmica (FIORETTO et al, 2004)

Entretanto, a hipercapnia permissiva precisa ser mais estudada em

prematuros devido o risco de provocar lesão no sistema nervoso central (MONTE el

al, 2005).

Ventilação oscilatória de alta freqüência (VOAF):

Essa modalidade de ventilação utiliza volume corrente mínimo e pressão de

distenção contínua acima da pressão média das VA´s (PEEP). Isto previne a lesão

pulmonar que ocorre com abertura e fechamento alvéolos. Dessa forma, representa

uma estratégia ventilatória protetora em situações onde há necessidade do uso de

parâmetros lesivos para os pulmões.

(FIORETTO et al, 2004).

Suporte ventilatório não invasivo na DBP:

O CPAP por pronga nasal é um tipo de suporte ventilatório não invasivo de

ampla utilização nas UTIN devido o seu baixo custo e fácil manuseio. Com aumento

na incidência de DBP, o CPAP nasal surge como uma perspectiva de ventilação não

invasiva tão eficaz quanto a ventilação assistida e com menores efeitos colaterais.

Estudos mostram que a utilização do CPAP reduz a necessidade e o tempo de

intubação, diminuindo o risco da DBP (SUGUIHARA; LESSA, 2005).

Nesse tipo de modalidade ventilatória, é aplicada uma pressão contínua

durante todo o ciclo respiratório, prevenindo o colapso alveolar e promovendo uma

ventilação mais homogênea. Além disso, ocorre uma diminuição da apnéia

obstrutiva e a excreção de surfactante aumenta (SUGUIHARA; LESSA, 2005).

5. APRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO:

5.1. Características Maternas:

Mãe com 33 anos, segunda gestação, sem antecedentes pessoais

patológicos. Começou a fazer pré-natal nas primeiras semanas de gestação. Na

20ª semana de gravidez foi internada no hospital Santa Casa de Misericórdia de Juiz

de Fora apresentando contrações e sangramento.

Uma semana após o ocorrido, recebeu alta hospitalar, porém no dia seguinte,

foi internada novamente na Maternidade Terezinha de Jesus devido a outro

sangramento. Neste hospital, permaneceu internada por 8 dias. Após saída do

mesmo, permaneceu por 2 dias sob cuidados domiciliares, e sob recomendação

médica de repouso absoluto, fazendo uso de medicamento antibactericida para

combater infecção urinária.

Foi internada em trabalho de parto prematuro no Hospital Albert Sabin,

evoluindo para a resolução com idade gestacional (IG), calculada mediante a data

da última menstruação (DUM), de 27 semanas.

5.2. Condições de Nascimento:

RN nascido em 11/05/2009, de parto cesariana, do sexo masculino, branco,

com peso de 965 g, nota de apgar no primeiro e quinto minuto de vida: 6 e 7

respectivamente. Logo após o nascimento foram realizadas aspiração de VA’s,

intubação endotraqueal no primeiro minuto de vida e oxigenação com O2 em pressão

positiva.

5.3. Evolução no período neonatal:

Foi admitido na UTIN do Hospital Albert Sabin e no terceiro dia após o

nascimento apresentou quadro de sepse neonatal fúngica, insuficiência renal aguda

e doença da membrana hialina (DMH). Desde o início da internação foi colocado em

ventilação mecânica conectado ao ventilador no modo assisto-controlado (A/C),

tendo permanecido nessa condição até o 18º dia de vida (432 horas).

Durante evolução clínica apresentou PCA, atelectasia de repetição, derrame

pericárdio moderado, cianose por pneumotórax e SDR. Apresentou derrame

pericárdico drenado e pneumotórax resolvido no 16° dia.

Ecocardiograma revelou PCA sem repercussão hemodinâmica, por isso não

foi indicado uso de indometacina.

Fez uso de 2 doses de surfactante exógeno. Foi administrado também

dexametasona, por 4 dias (2 doses diárias).

Foi extubado no 18° dia de vida e colocado em ventilação mecânica não

invasiva BIPAP. Após a extubação foi observado diminuição da atelectasia na

radiografia de tórax. Fez uso de oxihood a 30% durante dois dias após a extubação.

A oxigenoterapia foi utilizada durante 49 dias (1176 horas). O paciente evoluiu com

DBP a partir do 34º dia após o nascimento.

Foi atendido pela equipe de fisioterapia desde o primeiro dia de vida. O

acompanhamento baseou-se em manobras de fisioterapia respiratória e fisioterapia

motora .

Recebeu alta hospitalar após atingir ganho de peso ponderal (2 quilos), estar

em ventilação espontânea ao ar ambiente e realizar dieta plena por sucção. Ficou

internado na UTIN do Hospital Albert Sabin durante três meses.

6. CONDUTA FISIOTERÁPICA:

O prematuro permaneceu em protocolo de intervenção mínima, de acordo

com a rotina do Serviço de Fisioterapia do Hospital Albert Sabin, do nascimento até

o 7° dia de vida. Durante esse tempo, a conduta fisioterápica consistiu em

posicionamento do prematuro em decúbito dorsal, com cabeça centralizada na linha

média apoiada por coxins laterais, e pescoço em posição neutra. Os membros eram

posicionados em flexão. Além disso, era realizada aspiração em TOT e VA`s.

Após esse período, a conduta fisioterápica consistiu na realização de

posicionamento (decúbito lateral/ prono), estimulação do desenvolvimento

neurosensóriopsico motor e apoio diafragmático e costal.

Após o RN ter adquirido peso de 1500 gramas e estabilidade clínica

incrementou-se na conduta respiratória, a utilização da AFE como manobra de

higiene brônquica.

7. DISCUSSÃO:

A DBP é multifatorial, apresentando fatores de risco pré e pós-natais, o que a

torna uma doença com heterogeneidade no grau de lesão pulmonar. Isto impõe

limitações nos desenhos de estudo e torna quase impossível a definição da

significância de um dado fator de risco. Além disso, a seqüência exata da

patogênese da inflamação que levará à lesão pulmonar é, ainda hoje, especulativa

(TEIXEIRA, 2009).

Em nosso estudo, o RN apresentou vários dos fatores de risco para DBP

descritos na literatura, como parto prematuro devido a intercorrências durante a

gravidez. Neste sentido, podemos dizer que a presença de um determinado fator de

risco não é obrigatoriamente a causa da doença, uma vez que podem existir

associações com outros determinantes da patologia.

Os principais fatores maternos que se associam ao parto pré-termo de RN

são: pré-eclâmpsia, crescimento intrauterino restrito (CIUR), infecção do trato

urinário e hipertensão arterial sistêmica (TEIXEIRA, 2009).

No presente estudo, verificamos a presença de fator de risco materno que

pode ter contribuindo para trabalho de parto prematuro, uma vez que a mãe do RN

apresentou infecção urinária durante as últimas semanas de gestação.

A introdução de novas modalidades ventilatórias, o uso de corticóide

antenatal e da terapêutica com surfactante exógeno tem melhorado o prognóstico

das doenças pulmonares, o que proporcionou uma mudança nas características de

pacientes atendidos em UTIN, com predomínio de neonatos cada vez mais imaturos

(NICOLAU; FALCÃO, 2007).

Uma pesquisa realizada por Tapia et al (2006) com 1.825 RN de muito baixo

peso, para identificar alguns dos fatores de risco associados ao desenvolvimento da

DBP concluiu que a incidência dessa doença foi de 24,4%. A sobrevida sem DBP

aumentou quanto maior foi a idade gestacional. Maior peso ao nascer, maior idade

gestacional e sexo feminino estiveram associados a um menor risco da DBP.

Em nosso estudo, o concepto, do sexo masculino, apresentou como fator

significativamente associada à DBP a IG de 27 semanas (prematuro extremo) e

peso de 965 g (extremo baixo peso).

O uso de corticóide prepara o RN para o parto prematuro, aumentando a

produção de surfactante e a complacência pulmonar, diminuindo o aparecimento de

DMH. Assim sendo, era de supor uma diminuição na incidência da DBP. No entanto,

na literatura não existem estudos que comprovem uma redução significativa desta

doença com o uso dessa intervenção. Isso se deve provavelmente ao fato de que os

efeitos benéficos do uso antenatal do corticóide possam estar mascarados pelo

aumento na sobrevida dos RNMBP, que são aqueles de maior risco para o

desenvolvimento da DBP (PERES, 2006).

Segundo estudo realizado pela Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais

(2004), crianças cujas mães receberam corticosteróide precisaram ser tratadas

menos vezes com surfactante exógeno e precisaram menos de VM e

oxigenoterapia. No entanto, o diagnóstico de DBP foi comparável nos dois grupos

em relação ao uso ou não de corticosteróide antenatal.

Apesar da comprovação da eficácia dessa terapêutica, indicando que todas

as mães em risco de parto prematuro deveriam ser tratadas, os índices de utilização

do corticosteróide antenatal ainda estão muito aquém do desejável (REDE

BRASILEIRA DE PESQUISAS NEONATAIS, 2004).

Como nossa pesquisa baseou-se na utilização dos dados do prontuário do

RN, não tivemos acesso às precrições realizadas no momento do parto. Portanto,

não sabemos informar se foi realizada a administração do corticóide antenatal.

Em RNPT, o uso de dexametasona após o nascimento difere em diversos

serviços neonatais, devido aos efeitos colaterais causados pelo mesmo. Estudos

sugerem que a administração dessa substância provoca alterações no

desenvolvimento neurológico desses pacientes (SUGUIHARA; LESSA, 2005). Em

função disto, a administração sistêmica do corticóide após o nascimento deve ser

restrita em RN com DBP que apresentem distúrbios respiratórios recorrentes

(MONTE el al, 2005).

Como o RN em questão apresentava atelectasias de repetição, pneumotórax

e hiper-responsividade brônquica foi realizada administração dessa droga após o

nascimento.

Nas últimas duas décadas a introdução da terapia com surfactante

representou esperança para a redução da DBP, baseada no conceito teórico da

menor lesão pulmonar. Isto pode ser explicado pelo fato de que o uso de surfactante

promove um aspecto pulmonar mais homogêneo, favorecendo uma maior

estabilidade das unidades alveolares e manutenção da CRF. Como conseqüência

observa-se uma necessidade de parâmetros ventilatórios menos agressivos, o que

pode reduzir a lesão pulmonar induzida pela ventilação. Dessa forma, ao se

promover uma insuflação alveolar mais homogênea e reduzir a agressão pulmonar,

o risco de aparecimento da DBP será menor (SUGUIHARA & LESSA, 2005).

Evidências indicam que o surfactante usado de forma profilática, melhorou a

função respiratória, e diminuiu a incidência de DBP. Dessa forma, o uso de

surfactante profilático em RN com risco de desenvolver a SDR (IG< 30 semanas)

apresentou uma melhor evolução, comparada com o uso de surfactante terapêutico.

Entretanto, ainda não é claro qual concepto seria classificado como “de risco” para

receber o surfactante profilático. Assim, os resultados de estudos indicam que a

administração profilática (até 15 minutos de vida) é mais efetiva que o tratamento

tardio (TEIXEIRA, 2009).

No RN do estudo, foi realizada aplicação dessa substância de forma

terapêutica, o que contribui para melhora do prognóstico do mesmo.

O parto prematuro continua sendo a causa mais importante de mortalidade

perinatal e o maior determinante das doenças neonatais e da infância como ocorrem

na DBP. A falta de maturação pulmonar, a deficiência de surfactante e sistema de

defesas antioxidantes inadequadas, aumentam a possibilidade de uma criança

imatura necessitar de hospitalização prolongada com uso de suporte ventilatório

(TEIXEIRA, 2006).

É bem definido que a lesão pulmonar induzida pelo ventilador e pelo uso de

oxigenoterapia são fatores que contribuem para evolução da DBP. O uso da

ventilação mecânica provoca barotrauma, volutrauma, atelectrauma, biotrauma.

(TEIXEIRA, 2005).

O uso de altas pressões para ventilar áreas de baixa complacência leva à

ruptura alveolar em outras áreas não comprometidas, podendo causar pneumotórax,

aumentando a produção de mediadores pró-inflamatórios. Isso leva a instalação de

dano pulmonar, podendo acarretar o desenvolvimento de DBP (SUGUIHARA &

LESSA, 2005).

No estudo realizado por Peres (2006), resultados demonstraram maior risco

de DBP em RN expostos a FiO2 acima de 0,60, confirmando a associação entre

altas concentrações de O2 e a patologia. Além disso, no mesmo estudo, a PIP

assumiu grande força estatística, sendo considerada um fator significativo na

ocorrência de DBP.

Nossos dados suportam essa análise, uma vez que a permanência do RN em

VM por 18 dias e em oxigenoterapia por 49 dias foram um dos importantes fatores

contribuintes para a ocorrência da lesão pulmonar.

Para evitar tal processo, deve-se dar prioridade por formas não-invasivas de

suporte ventilatório. Entretanto, sem essa alternativa, deve-se priorizar uma

ventilação menos agressiva, com curtos tempos inspiratórios, moderados volumes

corrente, baixas pressões, minimizando assim, a exposição do prematuro ao O2 e às

formas invasivas de suporte ventilatório (TEIXEIRA, 2009).

Tapia et al (2006) comprovou em amplo estudo epidemiológico para identificar

alguns dos fatores de risco associados ao desenvolvimento da DBP, associação

entre a PCA e o maior risco de DBP. A PCA leva a um aumento do fluxo sangüíneo

no pulmão e o edema intersticial. Como conseqüência, ocorre diminuição da

complacência pulmonar, elevando, assim, a necessidade de ventilação mecânica e

suplementação com oxigênio.

Pode-se, em nosso estudo, confirmar o que já foi relatado anteriormente por

outros autores de que RN com história de PCA apresenta aumento de risco para

DBP.

A atuação fisioterápica neonatal tem merecido destaque em virtude de seu

reconhecimento nos últimos anos, resultando no reconhecimento deste profissional

como membro importante dentro de uma equipe interdisciplinar (NICOLAU;

FALCÃO, 2007).

Atualmente, os profissionais de uma UTIN procuram evitar manipulações

freqüentes e/ou intensas, principalmente no RNPT, devido ao risco de efeitos

adversos (NICOLAU; LAHÓZ, 2007).

Em neonatologia, os efeitos adversos e as peculiaridades do tratamento

fisioterápico nem sempre são avaliados com objetividade. Isso ocorre principalmente

pela complexidade dos casos internados e pela falta de padronização no tratamento.

(NICOLAU; LAHÓZ, 2007)

Entretanto, há a necessidade dessa avaliação, já que a fisioterapia pode

auxiliar na diminuição da morbidade e mortalidade de neonatos em tratamento

intensivo, reduzindo o tempo de hospitalização e custos hospitalares (NICOLAU;

LAHÓZ, 2007)

O acompanhamento desses profissionais em UTIN consiste sobretudo na

realização de manuseios respiratórios e procedimentos que visem o adequado

desenvolvimento neuromotor dos conceptos (SELESTRIN et al, 2007).

Durante o século passado, na década de 90, estudos concluíam que

procedimentos de intervenção fisioterápica seriam contra-indicados, uma vez que

causavam instabilidade hemodinâmica no RN, causando assim, efeitos deletérios

(SELESTRIN et al, 2007).

A fisioterapia respiratória foi introduzida na UTIN baseada em estudos

realizados em pacientes pediátricos e adultos, sem evidências que comprovassem

sua eficácia. Resultados de trabalhos realizados em RN evidenciaram que as

manobras de higiene brônquica auxiliam na eliminação de secreção, mantendo as

vias aéreas pérvias. No entanto, a eficácia desses procedimentos devem ser

criteriosamente avaliado, pois os estudos analisados, além de serem compostos por

amostras pequenas, apresentarem-se pouco controlados com relação à idade

gestacional, tipo de doença de base e as intercorrências durante a hospitalização.

Além disso, os desenhos experimentais diferem com relação às técnicas

fisioterápicas realizadas e quanto aos parâmetros utilizados para avaliar a eficácia

dos estudos (NICOLAU; FALCÃO, 2007).

Estudos encontrados na literatura revelam que as manobras de higiene

brônquica são contra-indicadas em RNPT com peso de nascimento inferior a 1500

gramas nos primeiros 3 dias de vida. Isso se deve à maior probabilidade de ocorrer

hemorragia intracraniana (NICOLAU; LAHÓZ, 2007).

Para os RNPT nestas condições, o posicionamento é fundamental e parte

integrante do atendimento fisioterápico durante os primeiros dias de vida, pois

possibilita melhores condições biomecânicas ao segmento tóraco-abdominal e

aperfeiçoa a função respiratória, sem promover eventos hemorrágicos (NICOLAU;

LAHÓZ, 2007).

O paciente recebia diariamente acompanhamento fisioterápico durante toda

sua internação. De acordo com as diretrizes do Hospital Albert Sabin, foi seguido o

protocolo de intervenção mínima, com objetivo de retirar estímulos nocivos e é

indicada para todo RN com IG <32 semanas e/ou peso de nascimento inferior a

1500 gramas, nos sete primeiros dias após o nascimento. Durante esse tempo, a

fisioterapia limitou-se a realização de aspiração, com objetivo de manter as VA´s

pérvias e posicionamento adequado, onde o prematuro era mantido aninhado, em

posição fetal.

Após esse período, a conduta fisioterápica consistiu na realização de

posicionamento (decúbito lateral/ prono), estimulação do desenvolvimento

neurosensóriopsico motor e estimulação diafragmática e costal.

Após o RN ter adquirido peso de 1500 gramas e estabilidade clínica,

incrementou-se na conduta respiratória, a utilização da AFE como manobra de

higiene brônquica.

A intervenção de fisioterapia neonatal empregada varia muito regionalmente e

principalmente entre países, dificultando a comparação entre procedimentos

diferentes. Em nosso país, alguns estudos avaliaram o efeito do procedimento

fisioterápico em RN (SELESTRIN et al, 2007).

Estudo realizado por Antunes et al (2006, p. 97) em prematuros durante o

período pós-extubação, comparou os efeitos da fisioterapia respiratória

convencional (manobras de drenagem postural, pressão manual torácica, facilitação

da tosse e/ou aspiração de vias aéreas superiores) com o aumento do fluxo

expiratório (AFE), sobre os parâmetros fisiológicos dos RN. Em ambos os grupos

houve aumento significativo da SpO2 após as manobras, indicando que essas

técnicas são benéficas para a oxigenação. Não houve alteração significativa na FR.

Entretanto, após fisioterapia respiratória convencional, houve aumento significativo

da FC que persistiu até 30 minutos, o que não ocorreu após o AFE.

Em outra pesquisa, Nicolau (2006) estudou a variação dos parâmetros

fisiológicos de 42 RNPT durante procedimentos intervencionistas de fisioterapia

neonatal. Os procedimentos utilizados foram: posicionamento de drenagem postural

(decúbito lateral direito e esquerdo), vibração e apoio diafragmático e costal, seguida

de aspiração endotraqueal e/ou das vias aéreas superiores. Os resultados sugeriram

que os procedimentos realizados não poderiam ser considerados prejudiciais para

os RNPT, já que não comprometeram a estabilidade clínica dos conceptos.

O procedimento de aspiração, entretanto, foi o responsável pela maior

variabilidade dos dados, provocando oscilações significantes de todas variáveis

fisiológicas, exceto da FR. Isso comprova que este procedimento deve ser

empregado de maneira cautelosa, e não deve fazer parte do atendimento rotineiro

de intervenção de fisioterapia neonatal (NICOLAU, 2006).

Selestrin et al (2007, p.146) também avaliou os parâmetros fisiológicos após

procedimentos de fisioterapia intervencionista em 27 RNPT sob ventilação mecânica

invasiva. O protocolo constava de manobras de fisioterapia motora, seguida por

tratamento respiratório. Avaliando-se o conjunto das variáveis fisiológicas

analisadas, encontrou-se diminuição da FC, e FR, aumento da SpO2 e manutenção

da PA.

Dessa forma, a maioria dos estudos encontrados atualmente demonstram que

os procedimentos fisioterápicos encontrados não apresentam repercussões

deletérias ao RN. A aplicabilidade dessas técnicas é justificada por sinais clínicos

como diminuição do esforço respiratório, melhora da sincronia tóraco-abdominal e a

ação mais eficaz do diafragma. Esses sinais traduzem uma estabilidade cárdio-

pulmonar significativa, favorecendo o prognóstico do RN, sem exercer influência

deletéria sobre a hemodinâmica cerebral (NICOLAU, 2006).

Trabalho realizado por Antunes, Rugolo e Crocci (2003) não evidenciou efeito

da postura em prono ou supino, na FC e na FR de RNPT durante desmame da

ventilação mecânica. O decúbito ventral favoreceu a redução mais rápida de alguns

parâmetros ventilatórios e a necessidade de reintubação foi menos freqüente nos

pacientes que permaneceram nessa posição. Isso pode ser atribuído à melhora da

mecânica respiratória em prono, através da diminuição na assincronia

toracoabdominal.

Algumas manobras manuais fisioterápicas podem acarretar efeitos adversos

quando aplicadas em RN. Dentre elas, incluímos a tapotagem e o posicionamento

na postura de Trendelemburg (NICOLAU; LAHÓZ, 2007).

Dessa forma, um programa de intervenção fisioterápico adequado,

respeitando a fisiologia do RNPT e o conhecimento da fisiopatologia da doença que

o acomete, pode tratar patologias pulmonares, como a DBP. Por outro lado, a

utilização de técnicas fisioterápicas inadequadas e a sua conseqüente influência na

estabilidade clínica podem aumentar a vulnerabilidade do neonato de alto risco a

condições adversas (NICOLAU; FALCÃO, 2007).

8. CONCLUSÃO:

Conclui-se que este estudo cumpriu com os objetivos propostos, uma vez que

foi possível identificar os principais fatores de risco para o desenvolvimento de DBP,

como infecção materna, prematuridade, permanência em ventilação mecânica, uso

prolongado de O2, e PCA.

Foi possível identificar a importância do tratamento fisioterápico no RN em

estudo, uma vez que o acompanhamento possibilitou a manutenção das VA´s

pérvias, contribuindo para o desmame da ventilação mecânica e oxigenoterapia.

Além disso, contribuiu para um desenvolvimento neuromotor mais adequado do

recém-nascido.

A lesão decorrente da DBP é vista como uma complicação da prematuridade,

que poderá se perpetuar como uma morbidade freqüente em neonatos. Isto causa

um importante problema para a saúde pública, já que as taxas de sobrevida dos

RNMBP continuam a crescer.

Dessa forma, a melhor forma de prevenir a DBP é evitar o parto prematuro

através de um pré-natal adequado. Por isso, é importante o acompanhamento das

gestantes, para diagnóstico e tratamento precoce de infecções intraútero.

A administração de corticóide pré-natal e surfactante pós-natal como

tratamento tem se mostrado benéfica para diminuir a gravidade da DBP e essa

prática deve ser estimulada. Esforços devem ser feitos para utilização de práticas

menos agressivas de ventilação mecânica, minimizando-se a gravidade da DBP.

Sabendo-se que as intercorrências decorrentes da prematuridade e do

conseqüente tempo prolongado de hospitalização afetam negativamente o

prognóstico do RN sugere-se que novas pesquisas sejam realizadas, sobretudo de

caráter longitudinal, para que seja realizado um acompanhamento dos recém-

nascidos por um tempo maior, visando obter dados sobre o prognóstico tardio de

pacientes com DBP.

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Anexo A- Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

ANEXO B- Consentimento Livre e Esclarecido: