81
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA VALÉRIA LIMA OLIVEIRA BIODIESEL DE FONTES ALTERNATIVAS DE TRIACILGLICERÓIS: O ESTUDO DO TEOR DE ÉSTERES SÃO CRISTOVÃO SE 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

  • Upload
    vodieu

  • View
    218

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

VALÉRIA LIMA OLIVEIRA

BIODIESEL DE FONTES ALTERNATIVAS DE TRIACILGLICERÓIS: O

ESTUDO DO TEOR DE ÉSTERES

SÃO CRISTOVÃO – SE

2015

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

VALÉRIA LIMA OLIVEIRA

BIODIESEL DE FONTES ALTERNATIVAS DE TRIACILGLICERÓIS: O

ESTUDO DO TEOR DE ÉSTERES

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós Graduação em Química, da

Universidade Federal de Sergipe, como

parte dos requisitos para a obtenção do

título de Mestre em Química.

Orientador: Prof. Dr. Alberto Wisniewski Junior

SÃO CRISTÓVÃO-SE

2015

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

O48b

Oliveira, Valéria Lima

Biodiesel de fontes alternativas de triacilgliceríois : o estudo do teor de ésteres / Valéria Lima Oliveira ; orientador Alberto Wisniewski Junior. – São Cristóvão, 2015.

80 f. : il.

Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal de Sergipe, 2015.

1. Biodiesel. 2. Ésteres. 3. Óleos e gorduras. 4. Biocombustíveis - Fontes alternativas. I. Wisniewski Junior, Alberto, Orient. lI. Título.

CDU 662.756

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

AGRADECIMENTOS

A Deus, por sempre estar ao meu lado me dando força para continuar e

enfrentar os obstáculos que a vida oferece;

Aos meus pais, Marlene e Claudino, por sempre confiarem em mim e ao meu

irmão Valter;

Ao meu noivo, Leonardo, por sempre confiar em mim, dando força nos

momentos mais difíceis, apoiando sempre em minhas decisões;

Agradeço a meu orientador Prof. Dr. Alberto Wisniewski Jr. pela colaboração,

disposição e pela paciência;

Aos professores, Dr. Péricles Barreto Alves e a Drª. Camila da Silva, pela

disponibilidade.

Aos professores do Laboratório de Análise de Poluentes Orgânicos (LCP), em

especial Dr. Sandro Navickiene.

A todos que fazem parte do Grupo de Pesquisa em Petróleo e Energia da

Biomassa (PEB), do qual eu participo, em especial a Josué, do LEMON

(Laboratório de Estudos sobre Matéria Orgânica Natural) e do LCP (Laboratório

de Análise de Compostos Orgânicos Poluentes);

Aos meus amigos, Bruno Araújo, Tassya Thaiza, Juliana Manhães, Luis

Fabricio que sempre me acompanham em todos os momentos;

A Profª Drª Camila da Silva e a todos que fazem parte do Laboratório de

termodinâmica e química de alimentos – UEM – Campus Umuarama pela

receptividade e disponibilidade dos equipamentos para realização de parte

desse trabalho.

Luiz Roberto Pedroso – CEDAE – RJ, ao James Correia de Melo – CETENE –

PE, ao pesquisador Dr. Luciano Oliveira Bastos – ECO 100, que contribuíram

para a realização desse trabalho;

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

Ao Programa de Pós Graduação em Química, ao CNPq pela bolsa concedida,

a todos os funcionários, professores e colegas com quem foram

compartilhados vários momentos.

Enfim, a todos aqueles que não foram citados e que contribuíram para esse

trabalho.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo caracterizar quimicamente o biodiesel

derivado de óleos e gorduras residuais e oleaginosas, e também otimizar a

metodologia para a determinação do teor de éster. Os biodiesel metílicos foram

obtidos a partir de óleo residual de fritura, de escuma de esgoto, gordura de

caixa de gordura, óleo de algodão e óleos obtidos de plantas da família

Annona, mais especificamente das espécies Anonna salzmannii, vepretorum e

squamosa. O biodiesel etílico testado foi produzido a partir de óleo residual de

fritura. As curvas de TG/DTG das amostras de biodiesel mostraram perdas de

massas características da evaporação e da decomposição de ésteres. Os

espectros de infravermelho apresentaram bandas de absorção de alta

intensidade em (1739-1770 cm-1) atribuída ao estiramento C=O de éster;

confirmado pelo estiramento C–O de éster (1247-1034 cm-1). Para a maior

parte das amostras de biodísel testadas o índice de acidez esteve dentro dos

limites estabelecidos pela ANP. O estudo do teor de ésteres foi determinado

através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa,

empregando os ésteres C17:0 e C18:1 como padrões. O método com injeção

PTV, heptano e padronização externa usando o padrão C18:1 foi o que

apresentou melhor repetibilidade (0,62%) e reprodutibilidade (3,00%), ambos

com coeficiente de correlação de r2= 0,9991. Os resultados dos teores de

ésteres obtidos a partir amostras apresentaram valores entre 75 e 93%.

Utilizando o método de coluna clássica com sílica como adsorvente foi

observado um aumento no teor de éster das amostras, atingindo valor exigido

pela legislação. A cromatografia bidimensional abrangente foi empregada na

comprovação da ausência de co-eluição de compostos que comprometem a

determinação de teor ésteres nos biodiesel. O método supercrítico,

empregando o etanol, mostrou-se um processo eficaz para matérias-primas

alternativas. Foram obtidas elevadas taxas de conversões (~93%) empregando

uma matéria-prima com um alto teor de ácidos graxos livres. Foi possível notar

que com o aumento de temperatura houve uma redução no teor de éster e que

utilizando hexano como co-solvente houve rendimento elevado no teor de

éster.

Palavras-chaves: biodiesel, teor de éster, cromatografia, etanol supercrítico

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

ABSTRACT

This study aimed to characterize chemically biodiesel derived from waste oils

and fats, and also optimize the methodology for determining the ester content.

The methyl biodiesel were obtained from residual frying oil, sewage scum,

grease trap, cottonseed oil and oils from the Annonacia family of plants, more

specifically the Annona salzmannii, vepretorum and squamosa species. We

also investigated the potencial to produce biodiesel from oils obtained from

exotic plants like Annona salzmannii, vepretorum and squamosa species. The

tested ethyl biodiesel was produced from residual frying oil. The curves

TG/DTG of biodiesel samples showed mass losses by evaporation and

decomposition of esters. Infrared spectra showed high intensity of absorption

bands (1739-1770 cm-1) attributed to C=O stretching ester; confirmed by C-O

ester stretch (1247-1034 cm-1). For most samples of biodiesel tested the acid

value was in accordance with the limit established by ANP. The study ester

content was determined by gas chromatography using the external and internal

standardization, using the esters C17:0 and C18:1 as standards. The method with

PTV injection, heptane and external standardization using the standard C18:1

showed the best repeatability (0.62%) and reproducibility (3.00%), both with a

correlation coefficient of r2= 0.9991. The results of the esters content obtained

from the samples showed values between 75 and 93%. Using the method with

classical column using silica as adsorbent was observed an increase in the

ester content of the samples, reaching the value required by legislation. The

comprehensive two-dimensional chromatography has been used in proving the

absence of co-eluting compounds that would compromise the determination of

the ester content. The supercritical method, using ethanol, proved to be an

effective process for alternative raw materials. High conversion rates were

obtained (~93%) employing a raw material with a high content of free fatty

acids. We observed that with increasing temperature there is a reduction in

ester content and that using hexane as co-solvent there was high yield in ester

content.

Keywords: biodiesel, ester content, chromatography, supercritical ethanol

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Reação de transesterificação entre triglicerídeos e álcool. .............. 15

Figura 2 - Perfil nacional das matérias-primas utilizadas para produção de

biodiesel. .......................................................................................................... 19

Figura 3 - Imagens das espécies (a) Annona squamosa, (b) Annona salzmannii

e (c) Annona vepretorum. ................................................................................. 28

Figura 4 - Diagrama esquemático do aparato experimental utilizado nas

reações supercrítica. ........................................................................................ 38

Figura 5 - Perfil termogravimétrico da matéria-prima e da amostra de ésteres.41

Figura 6 - Espectros de infravermelho das amostras de biodiesel e suas

matérias-primas. ............................................................................................... 44

Figura 7 - Diagrama de cores para as amostras de biodiesel. ......................... 55

Figura 8 - Curvas de DSC e TG/DTG para o óleo de caixa de gordura. .......... 57

Figura 9 - Espectro de absorção do óleo de caixa de gordura. ........................ 58

Figura 10 - Teor de éster do óleo de caixa de gordura após as reações

utilizando o método supercrítico. ...................................................................... 60

Figura 11 - Perfis Termogravimétricos das amostras de biodiesel. .................. 75

Figura 12 - Perfis cromatográficos das amostras de biodiesel em uma

dimensão. ......................................................................................................... 77

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Teor de óleo estimado e os rendimentos de diferentes matérias-

primas do biodiesel. ......................................................................................... 18

Tabela 2 - Teor de óleo e rendimento da reação. ............................................ 39

Tabela 3 - Valores obtidos dos IA para as matérias-primas e os ésteres. ....... 40

Tabela 4 - Dados dos intervalos de temperatura, perda de massa e massa

residual das amostras de ésteres. .................................................................... 42

Tabela 5 - Teor de ésteres obtidos utilizando padronização interna em colunas

diferentes.......................................................................................................... 46

Tabela 6 – Teor de ésteres obtidos por padronização externa com solventes

diferentes.......................................................................................................... 47

Tabela 7 - Desvios correspondentes ao teste da amostra alterando solvente e

método de injeção ............................................................................................ 48

Tabela 8 - Teor de ésteres das amostras de ésteres. ...................................... 49

Tabela 9 – Dados do tratamento em coluna utilizando sílica desativada a 5%. 51

Tabela 10 - Teor de éster antes e depois do tratamento em CC...................... 52

Tabela 11 - Composição relativa das amostras de ésteres usando CG x CG . 53

Tabela 12 - Especificação do biodiesel. ........................................................... 73

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AGL – Ácidos Graxos Livres

ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

ASTM – American Society for Testing and Materials

CC – Coluna Clássica

CEN –

Comitê Europeu de Normalização (do inglês, Comité Européen de Normalisation)

CGxCG-DIC – Cromatografia Gasosa Bidimensional Abragente com Detector de Ionização por Chama

CG-DIC – Cromatografia a Gás com Detector de Ionização por Chama

CPT – Compostos Polares Totais

DIC – Detector de Ionização por Chama

DTG – Termogravimetria Derivada (do inglês, Diferential Thermogravimetry)

EN – Norma Europeia (do inglês, European standard)

FAMEs – Ácidos graxos de ésteres metílicos (do inglês, Fatty Acid Methyl Esters)

IA – Índice de Acidez

ISO – International Organization for Standardization

IV – Infravermelho

NBR – Norma Brasileira

PTV – Programmed Temperature Vaporizing

OGR’s – Óleos e gorduras residuais

TG – Análise Termogravimétrica

THF – Tetrahidrofurano

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 13

1.1. Biocombustíveis ...................................................................................... 13

1.2. Biodiesel ............................................................................................... 14

1.2.1. Biodiesel de matérias-primas convencionais ................................ 17

1.2.1.1. Oleaginosas da região Nordeste ............................................... 20

1.2.1.2. Biodiesel de Óleos de Gorduras Residuais (OGR’s) ................. 22

1.3. Parâmetros de Qualidade do Biodiesel ............................................. 23

1.3.1. Teor de Ésteres ............................................................................ 23

1.3.2. Análises não convencionais ......................................................... 25

2. OBJETIVOS .............................................................................................. 27

2.1. Geral...................................................................................................... 27

2.2. Específicos ........................................................................................... 27

3. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................... 28

3.1. Amostras .............................................................................................. 28

3.2. Produção de Ésteres ........................................................................... 29

3.3. Análise Termogravimétrica (TG) ........................................................ 30

3.4. Análise de Infravermelho (IV) ............................................................. 30

3.5. Determinação do Índice de Acidez - ASTM D974 .............................. 30

3.6. Determinação dos Compostos Polares Totais (CPT) ....................... 31

3.7. Teor de Éster ........................................................................................ 32

3.7.1. Padrões e Reagentes ................................................................... 32

3.7.1.1. Padronização Interna ................................................................ 33

3.7.1.2. Padronização Externa ............................................................... 33

3.8. CG x CG – DIC ...................................................................................... 35

3.9. Método Supercrítico ............................................................................ 36

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 39

4.1. Características das matérias-primas ................................................. 39

4.2. Análise Termogravimétrica (TG) ........................................................ 41

4.3. Análise de Infravermelho (IV) ............................................................. 43

4.4. Teor de Ésteres .................................................................................... 45

4.5. Compostos Polares Totais .................................................................. 49

4.6. Análise utilizando a cromatografia bidimensional abrangente ....... 52

4.7. Avaliação do método supercrítico ..................................................... 56

4.7.1. Caracterização do Óleo de Caixa de Gordura .............................. 57

4.7.2. Análise do óleo de Caixa de Gordura no método supercrítico ...... 58

5. CONCLUSÃO ............................................................................................ 62

6. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 64

ANEXOS .......................................................................................................... 73

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

13

1. INTRODUÇÃO

1.1. Biocombustíveis

Atualmente, a matriz energética mundial é baseada em fontes não

renováveis, como gás natural, carvão mineral e, principalmente, petróleo. No

entanto, a perspectiva mundial está mudando rapidamente, por motivos ligados

ao meio ambiente, energia e economia global, em virtude de sucessivos

aumentos no preço do petróleo e a iminência da escassez desta fonte de

energia, aliado a uma consciência ambiental crescente. Desta forma tornou-se

emergencial o desenvolvimento de uma matriz energética sustentável baseada

em combustíveis alternativos renováveis (MARQUES et al., 2010)

Os biocombustíveis são uma escolha favorável ao elevado consumo de

combustível, devido à sua capacidade de renovação, biodegradabilidade e por

gerar gases de escape com qualidade aceitável. Esse tipo de combustível pode

ser líquido, gasoso ou sólido produzido a partir de biomassas (NIGAM &

SINGH, 2011).

Biocombustível pode ser classificado em primário e secundário. Os

primários são usados de forma não processada, principalmente para

aquecimento, cozimento ou produção de eletricidade, como lenha, cavacos de

madeira, entre outras. Os secundários são produzidos pelo tratamento da

biomassa, por exemplo, etanol e o biodiesel os quais podem ser divididos em

primeira, segunda e terceira geração de biocombustíveis de acordo com a

matéria-prima e a tecnologia utilizada para a sua produção (NIGAM & SINGH,

2011).

No que diz respeito às matérias-primas residuais para a produção dos

biocombustíveis secundários de primeira geração (biodiesel e etanol), são

ultilizados resíduos domésticos e agroindustriais de baixo valor agregado. As

primeiras rotas alternativas utilizadas no Brasil foram o uso de óleos residuais

de frituras e a esterificação de ácidos graxos, que permitiram a produção de

biodiesel, tornando-se um substituto do diesel. O etanol celulósico é um

substituto da gasolina, o qual é produzido a partir de biomassa lignocelulósica,

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

14

principalmente cana de açúcar e milho por meio de conversões biológicas

(SUAREZ et al., 2009; NAIK et al., 2010).

Os biocombustíveis de segunda geração são produzidos a partir de

biomassa mais sustentável, considerado carbono neutro ou carbono negativo

em termos de impacto sobre as concentrações de CO2. A biomassa utilizada

para sua produção é a "biomassa vegetal", que se refere em grande parte ao

material lignocelulósico, materiais não alimentares de baixo custo e abundantes

disponíveis a partir de plantas, que são obtidos por processos bioquímicos ou

termoquímicos de conversão (NAIK et al., 2010; MOHAMMADI et al., 2011).

1.2. Biodiesel

De acordo com a Resolução ANP N° 45 de 2014, biodiesel – B100 é um

combustível composto de alquil ésteres de ácidos graxos de cadeia longa,

produzido a partir da transesterificação e ou/esterificação de matérias graxas

de origem vegetal ou animal.

A mesma resolução também estabelece a definição de misturas entre

diesel e biodiesel, denotado de BX – combustível comercial no qual deve

conter biodiesel em proporção definida (X%) conforme a legislação vigente.

O biodiesel está sendo considerado como um dos combustíveis

alternativos mais promissores, pois não tem natureza tóxica, é biodegradável e

produzido a partir de fontes de energia renovável. O biodiesel é completamente

miscível com o diesel e, assim, também pode melhorar certas qualidades do

combustível. Por exemplo, a adição de biodiesel no diesel pode melhorar a sua

lubricidade (JAKERIA et al., 2014).

A tecnologia mais comum de produção do biodiesel é a reação de

transesterificação de triglicerídeos (óleos e gorduras) com álcoois de cadeia

curta no qual proporciona como produto principal ésteres, e glicerol como

subproduto (ABBASZAADEH et al., 2012). A reação de transesterificação está

ilustrada na Figura 1.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

15

Figura 1 - Reação de transesterificação entre triglicerídeos e álcool.

Fonte: Autor

Dentre os álcoois empregados na transesterificação de óleos e gorduras,

os mais utilizados são o metanol e o etanol. O metanol é mais amplamente

aplicado na produção de biodiesel em escala comercial e, por ser mais reativo,

implica em menor temperatura e tempo de reação. O etanol, além de ter

produção consolidada no Brasil, é consideravelmente menos tóxico, é

renovável e produz biodiesel com maior número de cetano e lubricidade. Uma

grande desvantagem do etanol está no fato deste promover uma maior

dispersão da glicerina no biodiesel, dificultando a sua separação. Para a

obtenção de maiores rendimentos na reação de transesterificação costuma-se

utilizar excesso de álcool e remoção da glicerina (LÔBO et al., 2009).

A reação de transesterificação é realizada na presença de catalisadores.

Dentre os vários tipos estudados, os mais tradicionais são as bases e ácidos

de Brønsted-Lowry e os enzimáticos. Dentre estes, os alcóxidos são mais

ativos, resultando em rendimentos superiores a 98% da reação, no entanto são

mais sensíveis à presença de água. Catalisadores a base de hidróxidos de

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

16

sódio e potássio, embora menos ativos, apresentam menor custo, promovem

rendimentos satisfatórios e tem sido amplamente empregados (LÔBO et al.,

2009; SUAREZ et al., 2007).

O processo envolvendo catalisadores necessitam de matérias-primas de

alta qualidade, ou seja, a quantidade de ácidos graxos livres (AGL) não deve

ser superior a 3%, caso contrário a reação não ocorrerá. A presença de água

no meio reacional é crítico, pois hidrolisa óleos e gorduras transformando-os

em AGL. Esses ácidos graxos livres por sua vez reagem com os catalisadores

alcalinos formando sabões, por isso não é recomendável o uso de matérias-

primas com alto teor de AGL. Quando isso ocorre, geralmente utiliza-se

catalisadores ácidos num processo anterior denominado esterificação. As

matérias-primas que caracterizam esse tipo de problema são os óleos de fritura

e de gorduras residuais (BERGMANN et al., 2013; ATADASHI et al., 2013).

Essas limitações das reações catalíticas tem conduzido a estudos de

tecnologias alternativas, destacando as reações de fluido supercrítico para

produção de biodiesel, nas quais não se necessita da presença de catalisador.

Em particular, a aplicação do metanol supercrítico tem recebido atenção. Por

exemplo, o biodiesel produzido sob condições supercríticas tem uma tolerância

maior para água e AGL presentes nas matérias-primas, e como não há

presença de catalisadores, pode-se evitar o efeito de reações adversas (KWON

et al., 2014).

Neste processo, não-catalítico, apenas os reagentes são adicionados na

mistura e a reação ocorre em a condições supercríticas do álcool para produzir

o biodiesel, o que torna o processo relativamente simples e mantem a relação

custo-benefício (TAN & LEE, 2011).

O fluido supercrítico é definido como qualquer substância em condições

superiores à sua temperatura crítica (Tc) e pressão crítica (Pc). Nessas

circunstâncias, o fluido supercrítico pode ser tratado como um intermediário

entre um gás e um líquido, possuindo densidade comparável com a fase

líquida. Uma das vantagens importantes do fluido supercrítico é que muitas das

suas propriedades físicas tais como densidade, constante dielétrica e

solubilidade podem ser facilmente manipuladas pela variação na temperatura e

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

17

pressão (LEE et al., 2014). Nas condições supercríticas, o parâmetro de

solubilidade do álcool é reduzido para um valor próximo ao dos triglicerídeos, o

que leva à formação de uma solução de fase homogênea. Além disso, a

ausência de catalisador no processo, conduz a passos de separação e de

purificação mais simples na produção do biodiesel (GHOREISHI & MOEIN,

2013).

De acordo com Silva & Oliveira (2014), a reação para a produção de

biodiesel sob condições supercrítica, exige uma elevada razão molar de álcool

e óleo, além de altas temperaturas e pressões para a reação apresentar níveis

de conversão satisfatórios. Esses fatores levam a elevados custos de

processamento e fazem com que, em muitos casos, ocorra a degradação do

ésteres formados a partir dos ácidos graxos e favoreça a formação do glicerol ,

diminuindo assim a conversão da reação.

Estudos relatam que o uso de co-solvente leva a uma diminuição das

condições operacionais, além de aumentar a solubilidade mútua da mistura

álcool/óleo, reduzindo as limitações de transferência de massa, sendo assim,

aumentando a velocidade e o rendimento da reação. Os co-solventes mais

utilizados são: propano, hexano, heptano, dióxido de carbono (LEE & LIM,

2013; TAN et al., 2010; SILVA & OLIVEIRA, 2014).

1.2.1. Biodiesel de matérias-primas convencionais

Globalmente, há mais de 350 oleaginosas identificadas como potenciais

fontes para a produção de biodiesel. A ampla variedade de matérias-primas

disponíveis para essa produção representa um dos fatores mais significativos.

A matéria-prima deve cumprir dois requisitos principais: baixo custo e ter

grande escala de produção. A disponibilidade dessas matérias para a produção

de biodiesel depende do clima regional, da localização geográfica, das

condições locais do solo e das práticas agrícolas do país (ATABANI et al.,

2012).

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

18

De acordo com Bankovic-Ilic et al. (2012), as matérias-primas podem ser

divididas em três categorias: óleos vegetais (comestíveis e não-comestíveis),

gorduras animais e óleos residuais. Além disso, os óleos de algas têm surgido

nos últimos anos como a quarta categoria de interesse crescente devido a sua

rápida produção de biomassa.

Para considerar qualquer matéria-prima como fonte de biodiesel, é

necessário avaliar o percentual de óleo e rendimento por hectare, pois são

alguns dos parâmetros importantes. A Tabela 1 mostra o teor de óleo estimado

e os rendimentos de biodiesel de diferente matérias-primas.

Tabela 1 - Teor de óleo estimado e os rendimentos de diferentes matérias-

primas do biodiesel.

Matérias-primas Teor de óleo (%)

Rendimento de óleo (L/ha/ano)

Mamona (Ricinus communis L.) 53 1413 Soja 15-20 446

Girassol (Helianthus annuus) 25-35 952

Moringa oleifera 40 -

Canola (Brassica napus) 38-46 1190

Óleo de Palma (Elaeis Guineensis) 30-60 5950

Óleo de Amendoim (Arachis hypogaea L.)

45-55 1059

Óleo de Coco (Cocos nucifera) 63-65 2689

Fonte: ATABANI et al., 2012

O Brasil se destaca pela sua grande diversidade e produtividade de

grãos que podem ser utilizados para a obtenção de óleos vegetais (soja,

mamona, dendê, algodão, amendoim e outras), apresentando neste sentido,

um grande potencial para uma alternativa energética, no caso da substituição

total ou parcial do diesel de origem fóssil por biocombustíveis, ou seja, o diesel

produzido a partir de óleos vegetais (LOPES, 2008).

De acordo com a ANP (2014), óleo de soja continua sendo a principal

matéria-prima para a produção de biodiesel (B100) no Brasil, sendo

equivalente a 76,4%, com uma alta de 6% em relação a 2012. A segunda

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

19

matéria-prima no ranking de produção das usinas foi a gordura animal (19,8%

do total), após aumento de 26,3% em relação a 2012, seguida pelo óleo de

algodão (2,2% do total) e outros matérias graxos 1,6%. Em dezembro de 2014,

o relatório mensal da ANP (2014) mostrou um perfil nacional das matérias-

primas utilizadas para a produção de biodiesel como mostra a Figura 2.

Figura 2 - Perfil nacional das matérias-primas utilizadas para produção de

biodiesel.

Fonte: ANP, 2014.

O óleo de soja é extraído das sementes, o qual pode ser produzido em

quase todo o território nacional. O consumo interno de farelo de soja e óleo

vem crescendo de forma significativa, especialmente nos últimos 5 anos. Mais

de 93% dos grãos de soja consumidos no mercado interno são processados

para co-produzir óleo de soja e farelo (52% de farelo e 23% do óleo), apenas 6-

7% foi consumido como alimento ou ração. Em 2010, a produção de biodiesel

necessitou de cerca de 32% do consumo doméstico total de óleo de soja

(CASTANHEIRA et al., 2014).

Silitonga et al. (2013) estudaram a produção e realizaram a

caracterização do biodiesel da Ceiba pentandra por meio da transesterificação

ácido-base utilizando catalisadores básico (NaOH e KOH) e ácidos (H2SO4).

Gama et al. (2010) mostraram a produção de biodiesel do óleo de sementes de

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

20

girassol, no qual foi avaliado o processo de transesterificação utilizando

catalisadores homogêneos e heterogêneos (zeólitas, óxidos, sais inorgânicos).

Cesar et al. (2013) mostraram que entre as várias oleaginosas, a palma

foi identificada como ideal para a região Norte. No entanto, a participação da

palma ainda não é representativa na matriz do biodiesel brasileiro, pois o atual

nível de produção não é suficiente para atender às necessidades da indústria,

sendo necessário superar vários desafios para promover o óleo de palma para

produção de biodiesel.

1.2.1.1. Oleaginosas da região Nordeste

A produção de biodiesel no Nordeste registrou uma alta de 66,4%

ultrapassando inclusive o crescimento da região Sudeste de 32,6%. Atualmente

o Nordeste vem ocupando a terceira posição no ranking de produção nacional.

A região Centro-Oeste continua sendo a primeira com 42,8%, seguida do Sul

34,1%. A região Norte teve um decréscimo de 24% em sua produção (ANP,

2013).

Silva et al. (2010) apresentaram um estudo com as sementes da

Moringa oleífera cultivadas em Pernambuco para avaliar algumas propriedades

e a composição química do óleo, bem como o potencial de uso na produção de

biodiesel. As propriedades físico-químicas do biodiesel sugerem que este

material pode ser usado como combustível para motores diesel, principalmente

com uma mistura de diesel de petróleo.

Dentre algumas oleaginosas, pode-se destacar o gênero Annona L.

pertencente à família Annonaceae, a qual compreende cerca de 175 espécies

entre árvores e arbustos. No Brasil este gênero contém cerca de 60 espécies e

no estado de Sergipe onde existem nove espécies de Annona identificadas ou

depositadas no ASE "Herbário da Universidade Federal de Sergipe" (COSTA et

al., 2012).

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

21

Economicamente, as espécies de Annona têm grande importância como

fonte de frutos comestíveis, sendo amplamente cultivadas e comercializadas,

como Annona squamosa (fruta-do-conde, pinha ou ata), Annona muricata

(graviola), Annona salzmannii (araticum-da-mata) e Annona vepretorum

(araticum) (ARAÚJO, 2013).

De acordo com Lemos (2014), dados recentes para o ano de 2012

mostram que os principais Estados produtores de pinha no Brasil são: Bahia,

Alagoas, Pernambuco, São Paulo e Ceará. A Bahia continua como o maior

produtor brasileiro de pinha, com área total de mais de 3.500 ha cultivados e

produção de 20,8 mil toneladas. São Paulo é o único Estado fora da região

Nordeste, além da região semiárida de Minas Gerais, que apresenta produção

significativa de pinha.

Os trabalhos descritos na literatura relatam apenas estudos fitoquímicos

(COSTA et al., 2012; CHAVAN et al., 2010; COSTA et al., 2011) com essas

espécies de Annona. Recentemente Trejo et al. (2014), publicaram um trabalho

sobre o óleo da semente de Annona diversifolia, no qual essa espécie foi

avaliada pela primeira vez como matéria-prima com potencial para produção de

biodiesel. Nas suas sementes foi encontrado um teor de óleo de 21% após a

extração e um índice de acidez de 0,666 mg KOH g-1, sendo portanto,

adequado para transesterificação com catálise alcalina. O biodiesel obtido a

partir do óleo A. diversifolia poderia ser usado como um combustível

alternativo, em motores diesel convencionais.

Estudos prévios indicam a presença de um alto teor de óleo nas

sementes de Annonas (20-40%). O levantamento de dados de produção

disponíveis no Censo Agropecuário de 2006 apresenta a região Nordeste como

a principal produtora de pinha com mais de 94% da área cultivada no Brasil

(LEMOS, 2014). Desta forma, considerando a semente um resíduo da indústria

de sucos, este material mostra-se como uma potencial fonte de triglicerídeos

para a conversão em biodiesel.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

22

1.2.1.2. Biodiesel de Óleos de Gorduras Residuais (OGR’s)

Atualmente, o biodiesel pode ser produzido a partir de diferentes

matérias-primas alternativas tais como: óleo de fritura (BERRIOS et al., 2010;

DEMIRBAS, 2009); gordura de frango (GURU et al., 2010; MUSTAFA &

ALPTEKIN, 2011); resíduos da indústria de couro (ALPTEKIN et al., 2012);

gordura de porco (DIAS et al., 2009); escuma de esgoto (ROHANI &

SIDDIQUEE, 2011; SIVAKUMAR et al., 2011).

Essas matérias-primas são uma alternativa para o problema de

equilíbrio entre a produção de alimentos e energia, e apresentam um custo

mais competitivo do biocombustível em relação aos combustíveis fósseis.

Deve-se destacar que muitas dessas gorduras não têm fim comercial,

resultando em um enorme passivo ambiental para os que produzem, sendo

assim podendo ser utilizadas na produção de biodiesel (SUAREZ et al., 2009).

Os óleos e gorduras de animais possuem estruturas químicas

semelhantes às dos óleos vegetais, sendo ácidos graxos que podem estar

livres ou esterificados. As diferenças estão nos tipos e distribuições dos ácidos

graxos combinados com o glicerol podendo ser mono-, di- ou triglicerídeos

(SUAREZ et al., 2009; PARENTE, 2003).

Segundo a ANP (2013), as matérias-primas alternativas utilizadas para a

produção de biodiesel no ano de 2012 foram 27,69% de gordura animal e

11,04% outros materiais graxos, que inclui óleo de palma, óleo de amendoim,

óleo de nabo-forrageiro, óleo de girassol, óleo de mamona, óleo de sésamo,

óleo de fritura usado e outros materiais graxos.

A escuma de esgoto de acordo com Kargbo (2010) é rica em lipídeos,

incluindo os triglicerídeos, diglicerídeos, monoglicerídeos, fosfolípideos e

ácidos graxos livres contidos nos óleos e gorduras. A gestão destas escumas

apresenta desafios ambientais formidáveis, consequentemente, a produção de

biodiesel a partir da escuma de esgoto torna-se viável como uma alternativa

para resolver problemas ambientais e de energia.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

23

1.3. Parâmetros de Qualidade do Biodiesel

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis publicou

a Resolução ANP Nº 45, de 25 de agosto de 2014, na qual estabelece as

especificações e obrigações quanto ao controle de qualidade do biodiesel a

serem atendidas na sua comercialização no país (Anexo Tabela 12). As

especificações do biodiesel foram determinadas ou regulamentadas de forma a

garantir a qualidade do biodiesel, protegendo assim os direitos dos

consumidores.

A realização do controle de qualidade do biodiesel inclui: evitar fraudes,

adição ilegal de solventes de baixo custo ao combustível; assegurar direitos

dos consumidores e; manter a garantia dos fabricantes de automóveis, visto

que combustíveis fora das especificações e/ou adulterados causam danos em

partes importantes do motor. Além da adulteração, a qualidade do biodiesel

pode sofrer variações devido à presença de contaminantes oriundos da

matéria-prima, do processo de produção ou formados durante a estocagem do

biodiesel (GASPARINI, 2010).

A determinação das características do biodiesel deve ser realizada

mediante os critérios da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e

da American Society for Testing and Materials (ASTM), International

Organization for Standardization (ISO) e do Comité Européen de Normalisation

(CEN), que são regulamentadas pela ANP em 2014.

1.3.1. Teor de Ésteres

A qualidade do biodiesel é um fator importante. No Brasil está

regulamentada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis (ANP) pela da Resolução No 45/2014. Dentre os parâmetros

controlados, o teor de ésteres, que deve ser determinado utilizando as

metodologias EN14103:2003/2011 e NBR15764:2009.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

24

O teor de éster indica o grau de pureza do biodiesel produzido e a

eficiência do processo de produção. O baixo teor pode ocasionar em uma

combustão ineficiente e carbonização dos cilindros (BENEVIDES, 2011).

A EN14103:2003 recomenda a quantificação dos ésteres por

cromatografia a gás com detector de ionização por chama (CG-DIC) com

padronização interna, utilizando o heptadecanoato de metila (C17:0) como

padrão, porém o uso desta substância como padrão interno pode levar a falsos

resultados na quantificação de ésteres, principalmente aqueles provenientes de

matérias-primas alternativas, os quais podem conter naturalmente este éster

em sua composição. O outro fator relacionado a esta norma é a faixa de

ésteres atribuídos ao biodiesel, que está restrita a ésteres de cadeias que vão

do C14:0 a C24:0, impossibilitando a inclusão de ésteres com cadeias menores.

Em 2011 essa norma sofreu algumas alterações, e o padrão interno agora

utilizado é o C19:0, permitindo também a inclusão de ésteres do C6:0 ao C24:0

(PRADOS et al., 2012; OLIVEIRA et al., 2013).

Schober et al. (2006), mostraram que o uso do C17:0 como padrão

interno pode causar interferências no teor de ésteres de biodiesel produzido a

partir de matérias-primas de gorduras animais, devido ao teor natural de ácido

heptadecanóico (C17:0) na gordura. O trabalho propõe um estudo modificando a

norma EN14103:2003/2011, no qual apresentou um aumento de 2 a 7% no teor

de ésteres comparando com os valores obtidos pela versão da norma,

demostrando também a degradação da amostra preparada num período de 7

dias.

Uma solução brasileira para superar as limitações da EN14103:2003 foi

a implementação da NBR15764:2009. Esta norma permite a quantificação do

biodiesel produzido a partir de diferentes tipos de óleos, gorduras e álcoois,

utilizando padronização externa. No entanto, este método tem uma limitação,

quando comparado às EN14103:2003/2009. A NBR15764:2009 emprega

clorofórmio como solvente. Este solvente é incompatível com o detector (CG-

DIC), pois causa a corrosão durante a utilização, com a consequente perda de

sensibilidade (GASPARINI et al., 2011).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

25

A NBR15764:2009, versão brasileira equivalente a norma europeia,

quantifica os ésteres por padronização externa, utilizando o padrão de

estearato de metila ou etila para o preparo da curva analítica, exceto para o

biodiesel de mamona que possui ácidos graxos menores que C14:0 em sua

cadeia, no qual este pode ser quantificado usando o ricinoleato de metila ou

etila. Biodiesel contendo ésteres que estão na faixa de C6:0 a C14:0, podem ser

quantificados usando o laurato de metila ou etila (C12:0). Esta norma brasileira

considera biodiesel, ésteres compreendidos na faixa de C8:0 a C24:0

(EN14103:2003/2011; NBR15764:2009).

1.3.2. Análises não convencionais

Diversas técnicas têm sido empregadas na determinação do teor de

ésteres em biodiesel, tanto no sentido de estimar a pureza do produto final

quanto para acompanhamento da reação de transesterificação. A

cromatografia gasosa com detector por ionização em chama (CG-DIC), a

cromatografia gasosa com detector seletivo de massas (CG/DSM), a

cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), a cromatografia líquida com

detector seletivo de massas (CL/DSM), a ressonância magnética nuclear de

hidrogênio e carbono (RMN 1H e 13C) e o infravermelho próximo (IV) são alguns

exemplos (MARQUES et al., 2010).

Baptista et al. (2008) relataram o uso da espectroscopia de

infravermelho (IV) para determinar os teores de ésteres em biodiesel, bem

como ácido linolénico (C18:3) em escala de laboratório e industrial. Além disso,

os modelos de calibração para os ésteres metílicos dos ácidos mirístico (C14:0),

palmítico (C16:0), esteárico (C18:0), oleico (C18:1) e linoleico (C18:2) foram obtidos.

A análise de componentes principais foi utilizada para a análise qualitativa dos

espectros, a regressão de mínimos quadrados parciais foi utilizada para

desenvolver os modelos de calibração entre os dados analíticos e os

espectrais. Os resultados confirmaram que a espectroscopia de Infravermelho

(IV), em combinação com calibração multivariada, é uma técnica promissora

para o controle de qualidade de biodiesel tanto em escala laboratorial industrial.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

26

A técnica de IV foi aplicada na determinação do percentual de biodiesel

presente no diesel BX (GUARIEIRO et al., 2008) e no monitoramento da

degradação do biodiesel, correlacionando-a com parâmetros como o índice de

acidez, teor de água e estabilidade oxidativa (LIRA et al., 2010). A literatura

registra uma revisão na qual o autor apresenta o uso da técnica de IV para

análise da qualidade do biodiesel (ZHANG, 2012). Outras técnicas como a

Análise Termogravimétrica (TG) também podem ser utilizadas na avaliação do

teor de ésteres em biodiesel (ENWEREMADU & MBARAWA, 2009; SARI et al.,

2011).

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

27

2. OBJETIVOS

2.1. Geral

Verificar a influência dos métodos analíticos na quantificação do teor de

ésteres em biodiesel de matérias-primas alternativas e a adequação as

especificações regulamentadas.

2.2. Específicos

Obter biodiesel de fontes alternativas, como óleo residual de fritura,

escuma de esgoto, gordura da caixa de gordura, óleo residual de fritura

etílico e produzir biodiesel das oleaginosas Annona squamosa, Annona

salzmannii e Annona vepretorum;

Determinar o teor de ésteres, determinar o teor de Compostos Polares

Totais nas amostras de biodiesel e caracteriza-los por cromatografia

gasosa com detector de ionização por chama (CG-DIC) e por

cromatografia bidimensional abrangente (CGxCG);

Caracterizar as amostras de biodiesel por análise térmica e

infravermelho;

Utilizar óleo de caixa de gordura para produção de biodiesel através do

método supercrítico, sendo realizada a composição química deste óleo e

determinar o teor de éster das amostras produzidas pelo método

supercrítico.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

28

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Amostras

As matérias-primas 1A- óleo residual de fritura, 2A - escuma de esgoto,

3A- gordura da caixa de gordura, 4B- óleo residual de fritura por

transesterificação etílica foram cedidas pela estação de tratamento de esgoto

(ETE) Alegria da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro –

CEDAE e as amostras de biodiesel foram produzidas pela empresa ECO100

Desenvolvimento Sustentado Ltda., também sediada no RJ.

Os ésteres de óleo de algodão foram fornecidos pela usina do Centro de

Tecnologias do Nordeste – CETENE, em Caetés-PE.

A coleta da Annona squamosa (ASE 26670 Latitude: 11°00'52.9"S

Longitude: 37°12'23.0"W São Cristóvão, Sergipe, Brasil), Annona salzmannii

(ASE 15627 Latitude:11°23'12.0"S Longitude: 37°25'05.0"W Santa Luzia do

Itanhy, Sergipe, Brasil), Annona vepretorum (ASE 23158 Latitude: 9°48'18.0"S

Longitude: 37°41'03.8"W Poço Redondo, Sergipe, Brasil) (Figura 3).

Fonte: Cedido por COSTA, E. V.

Figura 1 – Imagens das espécies (a) Annona squamosa, (b) Annona

salzmannii e (c) Annona vepretorum.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

29

Sementes

Extrato Hexânico

(XLEH)

18,77 (1,34%)

Extração com hexano

5 extrações em intervalo de 72

horas

Filtração e concentração do

solvente

Resíduo

Descartado

3.2. Produção de Ésteres

As sementes de Annona squamosa, A. salzmannii e A. vepretorum

foram secas em uma estufa à 50 °C por cinco dias e em seguida trituradas em

um moinho de quatro facas. Após secas e moídas, tiveram suas massas

determinadas (752, 16,0 e 45,59 g respectivamente), sendo posteriormente

submetidas à extração sob maceração com hexano (400 mL), com intervalo de

72 horas. O resíduo remanescente foi descartado conforme o Esquema 1. O

extrato obtido foi concentrado em um evaporador rotativo à pressão reduzida, à

temperatura de 40-50 oC, e em seguida seco em dessecador. Após a completa

secagem foram realizados os o cálculo dos rendimentos.

Esquema 1. Fluxograma de obtenção dos extratos.

O método empregado para o processo de produção de ésteres foi

adaptado seguindo o de GURU et al (2010) onde a partir de matérias-primas

com teores de AGL maiores que 2,0 mg KOH g-1 foram realizados dois

procedimentos: esterificação por catálise ácida, foi medido 1 g do óleo em um

frasco de 40 mL e adicionado metanol em uma relação de 1:6 (óleo:álcool) e

por último adicionado 43 µL do catalisador ácido sulfúrico. Em seguida, o frasco

foi fechado e mantido em agitação a uma temperatura de 40 °C durante 30 min.

Posterior a reação, o éster foi separado e lavado com uma solução de 10% de

bicarbonato de sódio quente. Em seguida foi lavado com água e foi filtrado sob

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

30

sulfato de sódio anidro. Posterior a esse procedimento foi realizada a

transesterificação por catálise básica.

A transesterificação por catálise básica foi adaptada de acordo com a

metodologia de ALBUQUERQUE (2006) para os demais óleos foi realizada

medindo 1 g do óleo em um frasco de 40 mL e adicionado metanol numa

relação de 1:10 (óleo:álcool) na presença de 1% do catalisador hidróxido de

potássio (KOH). Em seguida o frasco foi fechado e mantido sob agitação a uma

temperatura de 40 °C durante 1 h. Em seguida o éster foi separado, lavado

com água e filtrado sob sulfato de sódio anidro.

3.3. Análise Termogravimétrica (TG)

O comportamento térmico das amostras de ésteres foi realizado em um

equipamento da marca Shimadzu, modelo TGA-50, utilizando nitrogênio como

gás de purga com fluxo de 40 mL min-1. As amostras foram aquecidas de 25 °C

a 900 °C a uma taxa de 10 °C min-1.

3.4. Análise de Infravermelho (IV)

Os espectros de reflectância das amostras foram obtidos pelo modo de

reflectância total atenuada (do inglês, ATR), utilizando um

espectrômetro Varian 640-IR, modelo FT-IR Spectrometer.

Os espectros de absorção das amostras foram obtidos em pastilhas de

KBr utilizando um espectrômetro Varian 640 IR. O espectro foi varrido de 4000

a 400 cm-1, utilizando-se resolução de 4 cm-1, aquisição de 32 scans por

amostra e empregando-se o espectro do ar como sinal de fundo.

3.5. Determinação do Índice de Acidez - ASTM D974

O Índice de Acidez pelo método ASTM D974 foi determinado

solubilizando-se uma massa de 0,5 g da amostra em 25 mL de uma solução de

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

31

éter etílico:etanol (2:1), a qual foi titulada com solução aquosa de NaOH 0,0107

mol L-1 previamente padronizada com biftalato de potássio, utilizando solução

alcoólica indicadora de fenolftaleina 1%.

Uma solução do branco contendo os reagentes com ausência da

amostra foi titulada inicialmente para determinar a influência dos reagentes. O

Índice de Acidez é expresso em mg KOH g-1 e pode ser calculado pela

Equação 1.

Índice de Acidez = ( )

Equação 1

Onde:

Vbranco = volume em mL da solução de NaOH gastos na titulação do branco;

Vamostra = volume em mL da solução de NaOH gastos na titulação da

amostra;

f = fator da solução de hidróxido de sódio.

3.6. Determinação dos Compostos Polares Totais (CPT)

As amostras foram preparadas e seguiram uma metodologia adaptada

por Tanamati (2008). Em uma coluna de vidro de 10 mm de diâmetro interno e

150 mm de comprimento, foi inserido algodão na parte inferior. Sílica gel (60)

da Macherey-Nagel (sílica gel 60, 70-230 mesh ASTM) foi ativada com auxílio

de uma mufla a uma temperatura de 400 ºC durante quatro horas. Em seguida,

foi deixada em repouso por uma hora no dessecador. Uma quantidade 5 g de

sílica ativada foi medida e desativada adicionando-se 5% de água destilada

sobre constante agitação de 100 rotações por minutos (rpm) durante 10 min.

Logo após, essa massa foi introduzida na coluna com usando 25 mL de uma

solução de hexano/éter etílico (90:10) em forma de suspensão, que auxiliou no

empacotamento. Em seguida, foi realizada uma lavagem com metanol com

volume proporcional ao da coluna. Ao final dessa lavagem foi passado 30 mL

da solução hexano/éter etílico (90:10) a fim de mudar a fase.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

32

Em um balão de 10 mL foi pesado 0,5 g de ésteres, o qual foi aferido

com a solução hexano/éter etílico. Logo após, foi transferido 4 mL da solução

de biodiesel para o topo da coluna (recolhendo em béquer). Balões de 100 mL

com junta esmerilhada que foram utilizados na eluição dos compostos apolares

e polares foram condicionados em estufa a 100 ºC durante uma hora. Logo

após, foram colocados em dessecador durante uma hora, e tiveram suas

massas medidas. Eluiu-se com 30 mL da solução hexano/éter etílico (90:10)

recolhendo os compostos apolares (FAMEs). Posteriormente, foram

adicionados 7 mL de éter etílico na coluna e foi recolhido (compostos polares).

No evaporador rotatório o excesso de solvente foi removido das frações apolar

e polar, que foram posteriormente levadas a estufa por uma hora a 100 ºC, e

logo após mantidas em dessecador por uma hora. Os balões tiveram suas

massas medidas e as porcentagens relativas da fração apolar e polar foram

determinadas. Os compostos polares totais são determinados pela Equação 2.

(

) Equação 2

Onde m é a massa de biodiesel em 4 mL e é a diferença da massa

final e da inicial dos balão de 50 mL.

3.7. Teor de Éster

3.7.1. Padrões e Reagentes

Para a avaliação do teor de ésteres foram empregados os padrões C17:0

(heptadecanoato de metila) e C18:1 (oleato de metila), marca Sigma-Aldrich,

com pureza de 98% e 99%, respectivamente. Foi utilizado o solvente n-heptano

99% da Tedia.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

33

3.7.1.1. Padronização Interna

Foram preparadas uma solução (A) de 0,5 g mL-1 da amostra de éster

usando n-heptano como solvente. Em seguida uma segunda solução (B) de 0,1

g mL-1 do padrão interno C17:0 com n-heptano.

Em um balão volumétrico de 1 mL foi adicionado 100 µL da solução A e

aferiu com a solução B. Em um balão volumétrico de 1 mL foi adicionado100 µL

da solução A e aferiu com n-heptano.

As análises foram realizadas por cromatografia gasosa empregando-se

um detector de ionização por chama (DIC) em um equipamento VARIAN

modelo CP-3800. O cromatógrafo estava equipado com uma coluna capilar

CP-SIL 5CB (15 m x 0,25 mm, 0,4 m) da marca VARIAN e modelo CP7709,

usando nitrogênio como gás de arraste com fluxo de 1,3 mL min-1, hidrogênio e

ar sintético. As condições analíticas foram: volume de injeção de 1,0 µL,

temperatura do injetor 250 °C, temperatura do detector de 270 °C, operando

em modo split (1:50); a programação de temperatura do forno foi de 100 °C

durante 3 min, com posterior aquecimento a 220 °C com uma taxa de 7 °C min-

1, permanecendo a temperatura final durante 15 min. As mesmas análises

também foram conduzidas nas mesmas condições cromatográficas apenas

mudando a coluna por uma HP-INNOWAX (30 m x 0,25 mm x 0,25 m) da

marca VARIAN modelo CP8713.

3.7.1.2. Padronização Externa

Foram realizados testes nas seguintes condições:

Curvas analíticas nas concentrações 40, 24, 16, 8, 4 µg mL-1 foram

preparadas, uma com o padrão C17:0 e a outra com o padrão C18:1 e

todas aferidas com n-heptano. Foi preparada também nas mesmas

condições uma curva analítica utilizando uma solução mix (contendo os

dois padrões). Foi medido 0,5 g das amostras de ésteres e aferido com

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

34

n-heptano, dessa solução foram utilizados 100 µL e aferido com n-

heptano em um balão de 1 mL. A solução mix apenas foi testada nas

mesmas condições utilizando solvente tetrahidrofurano (THF).

As análises foram realizadas por cromatografia gasosa usando o DIC em

um equipamento VARIAN modelo CP-3800. O cromatógrafo estava equipado

com uma coluna capilar CP-SIL 5CB (15 m x 0,25 mm, 0,4 m) da marca

VARIAN e modelo CP7709, usando nitrogênio como gás de arraste com fluxo

de 1,3 mL min-1, hidrogênio e ar sintético. As condições analíticas foram:

temperatura do injetor 250 °C, temperatura do detector de 270 °C, operando

em modo split (1:50); a programação de temperatura do forno foi de 100 °C

durante 3 min, com posterior aquecimento a 220 °C com uma taxa de 7 °C min-

1, permanecendo a temperatura final durante 15 min.

Para realizar uma segunda curva analítica, foram utilizados dois padrões

(C17:0 e C18:1), a partir destes foi preparada uma solução mix de 0,01 g

mL-1 e a partir dessa foram preparados cinco pontos (1000, 500, 250,

100, 10 µg mL-1) todas as soluções foram aferidas com n-heptano. Para

as amostras foram preparadas soluções de 500 µg mL-1 aferidas com n-

heptano.

As análises do teor de ésteres foram realizadas em um equipamento da

LECO/Agilent 7890A. A coluna utilizada no CG foi uma de HP-5ms (30 m x

0,25 mm DI, 0,25 µm). A detecção foi realizada com um detector de ionização

por chama (DIC). As condições foram, temperatura do detector de 320 °C,

modo split (1:50) com injeção de 1,0 µL a 280 °C, utilizando hidrogênio como

gás de arraste com fluxo constante de 1 mL min-1, também usando o nitrogênio

e o ar sintético como gases auxiliares. A programação da temperatura no forno

primário foi de 50 °C (2 min), rampa de 15 °C min-1 até 280 °C (10 min). No

forno secundário a programação da temperatura foi de 70 ºC (2 min), rampa de

15 ºC min-1 até 300 ºC (10 min).

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

35

Para realizar a terceira curva analítica, foram utilizados dois padrões

(C17:0 e C18:1), a partir destes foi preparado uma solução mix de 100 mg

mL-1 e a partir dessa foram preparados sete pontos (27,5, 25,0, 22,5,

20,0, 17,5, 15,0, 12,5 µg mL-1). As soluções foram aferidas com n-

heptano. Para as amostras foram preparadas soluções de 25,0 mg mL-1

aferidas com n-heptano.

Para realizar a quarta curva analítica, foi utilizado o padrão C18:1, a partir

destes foi preparado uma solução de 100 mg mL-1 e a partir dessa

solução cinco pontos foram preparados (6,0, 9,0, 12,0, 15,0, 18,0 µg mL-

1) todas as soluções foram aferidas com n-heptano. Para as amostras

foram preparadas soluções de 10,0 mg mL-1 aferidas com n-heptano.

As análises do teor de ésteres foram realizadas em um equipamento da

LECO/Agilent 7890A. A coluna utilizada no CG foi uma de HP-5ms (30 m x

0,25 mm DI, 0,25 µm) da marca Agilent Technologies. As condições foram,

temperatura do detector de 320 °C, injeção com Programmed Temperature

Vaporizing (PTV), modo split (1:50) com injeção de 1,0 µL a 90 °C (3 min),

rampa de 600 ºC min-1 até 280 ºC (25 min), utilizando hidrogênio como gás de

arraste com fluxo constante de 1 mL min-1, também usando o nitrogênio e o ar

sintético como gases auxiliares. A programação da temperatura no forno

primário foi de 50 °C (2 min), rampa de 15 °C min-1 até 280 °C (11 min). No

forno secundário a programação da temperatura foi de 70 ºC (2 min), rampa de

15 ºC min-1 até 300 ºC (11 min). A detecção foi realizada com um detector de

ionização por chama (DIC).

3.8. CG x CG – DIC

Os diagramas de cores foram obtidos em um sistema CGxCG-DIC

LECO/Agilent 7890A equipado com um forno secundário e modulador de duplo

estágio operando com N2 líquido. O conjunto de colunas consistiu de uma HP-

5ms (30 m x 0,25 mm DI, 0,25 µm) da marca Agilent Technologies na primeira

dimensão e uma DB-17 (1,5 m x 0,1 mm DI, 0,1 µm) na segunda dimensão. As

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

36

condições operacionais foram: temperatura do detector de 320 °C, modo split

(1:20) com injeção de 1,0 µL a 280 °C, com hidrogênio como gás de arraste a

uma taxa constante de 1 mL min-1, também usando o nitrogênio e o ar sintético

como gases auxiliares. A programação da temperatura do forno primário foi de

40 °C (2 min), 30 °C min-1 até 140 °C (0 min), 2 °C min-1 até 280 °C (10 min). A

programação da temperatura do forno secundário foi de 60 °C (2 min), 30 °C

min-1 até 140 °C (0 min), 2 °C min-1 até 300 °C (10 min). O período de

modulação foi de 6 s, com 1,25 s de duração do pulso quente e 1,75 s do pulso

frio, entre os estágios.

3.9. Método Supercrítico

O procedimento experimental empregado foi o bombeamento contínuo

dos substratos (previamente homogeneizada por agitador mecânico) a uma

dada razão molar (1:1 e 1:2, óleo:álcool) e vazão volumétrica de alimentação

(3,8; 1,9 e 1,26 mL min-1), até o tempo necessário para preencher o sistema

reacional com a mistura. Durante o preenchimento do reator, o forno foi

aquecido até a temperatura da reação (250, 275, 300 e 350 °C). A temperatura

da reação foi monitorada com termopares acoplados ao reator, ligados ao

indicador de temperatura e ajustada pelo controlador do forno, até se atingir a

temperatura de operação. O sistema foi pressurizado pelo ajuste da válvula de

controle de pressão até obtenção da pressão desejada (200 bar), a qual foi

monitorada pelo indicador de pressão.

A carga na saída do reator é passada por um sistema de resfriamento

para a coleta das frações. Foram otimizadas as temperaturas, pressão, e

tempos de residência. Esse tempo de residência foi calculado dividindo-se o

volume do reator vazio (57 mL) pelas vazões (mL min-1) fixado na bomba. Logo

após a coleta das frações, foram levadas a estufa com circulação de ar a 90 °C

para a evaporação do etanol não reagido até obtenção de massa constante.

A Figura 4 apresenta um diagrama esquemático do aparato experimental

para condução das reações em condições pressurizadas, o qual consiste de:

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

37

AM - Agitador mecânico. Inserido em frasco contendo a mistura reacional,

utilizado para homogeneizar e manter a mesma em agitação permanente

durante a reação.

MR - Mistura reacional constituída de óleo vegetal/água ou hidrolisado/álcool

etílico em proporções molares determinadas previamente para cada condição

reacional.

V1 - Válvula de via única (check-valve). A função desta válvula é permitir o

fluxo em apenas um sentido.

BH - Bomba de alta pressão de líquidos, com operação a vazão constante (0,1

a 10 mL min-1) e pressão de trabalho de 0 a 414 bar. A bomba é utilizada para

deslocar a mistura reacional para a zona de reação e manter a pressão do

sistema.

R - RLE (reator de leito empacotado) constituído de 60 cm de tubo de aço inox

304 L com 30,5 mm de diâmetro externo.

FM - O reator é acoplado a um forno com controlador e indicador de

temperatura, o qual fornece o calor necessário para condução da reação.

TP1, TP2 e TP3 - Termopares de isolação mineral tipo K. Os termopares estão

acoplados a entrada e saída dos reatores por conexão tipo T ligados a um

indicador de temperatura (IT).

V2 - válvula para controle da pressão.

PI – Indicador de pressão.

SR - Sistema de resfriamento.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

38

Figura 4 - Diagrama esquemático do aparato experimental utilizado nas

reações supercrítica.

Legenda: (MR) mistura reacional, (AG) agitador mecânico, (BH) bomba HPLC, (F) forno, (R)

local a ser instalado os reatores a serem testados, (T3) indicador de temperatura na entrada do

reator, (T2) indicador de temperatura no meio do reator, (T1) indicador de temperatura na saída

do reator (SR) sistema de resfriamento, (V1) válvula de via única, (V2) válvula para controle de

pressão e amostragem, (PI) indicador de pressão, (A) amostragem.

Fonte: Cedido por SILVA, C.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

39

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Características das matérias-primas

Os extratos hexânicos dos óleos extraídos das sementes das Annonas,

apresentaram teores de óleos e rendimentos das reações para produção de

ésteres (Tabela 2).

Para o cálculo do rendimento da reação de transesterificação foi

utilizado a Equação 3.

( )

Equação 3

Tabela 2 - Teor de óleo e rendimento da reação.

Amostras Teor de Óleo

(%) Rendimento

(%)

Annona salzmannii 25,15 75,40

Annona vepretorum 25,60 61,40

Annona squamosa 21,04 86,50

O teor de óleo nessas sementes se apresentou maiores em relação a

algumas oleaginosas como a soja 16% (CAVALCANTE et al., 2011) enquanto

que na espécie da Annona diversifolia foi de 21% (TREJO et al., 2014).

Lokhande et al. (2013), mostraram que o teor de óleo para a Annona

squamosa foi de 28%. Outros estudos reportaram teores de 27% (MARIOD &

AHMED, 2010).

O índice de acidez (IA) deve ser uma das primeiras análises a ser

realizada, uma vez que o valor encontrado pode influenciar na eficiência da

produção do biodiesel. De acordo com a Resolução de N° 45 da ANP de 2014,

o limite máximo permitido do IA é de 0,5 mg KOH g-1.

Os valores obtidos dos IA estão representados na Tabela 3.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

40

Tabela 3 - Valores obtidos dos IA para as matérias-primas e os ésteres.

Matéria-Prima Índice de Acidez

(mg KOH g-1)

1A 1,74

2A 13,51

3A 15,43

Óleo A. salzmannii 0,21

Óleo A. vepretorum 0,19

Óleo A. squamosa 2,40

Ésteres

1A 0,38

2A 0,94

3A 0,26

4B 0,14

A. salzmannii 0,10

A. vepretorum 0,09

Algodão 0,13

Legenda: 1A- óleo residual de fritura, 2A - escuma de esgoto, 3A- gordura da caixa de gordura,

4B- óleo residual de fritura por transesterificação etílica.

Avaliar o IA é muito importante para definir qual a rota de produção de

biodiesel se deve seguir, mais precisamente, determinar se a reação será por

transesterificação básica ou esterificação ácida seguida de transesterificação

básica, ou ainda se é necessário submeter o óleo a um tratamento prévio

(SANTOS & FRAGA, 2014).

Segundo Silva et al. (2014), os óleos vegetais com IA de até 6 mg KOH

g-1 são geralmente susceptíveis a reações de transesterificação por catálise

básica homogênea. Para óleos com acidez maior que 6 mg KOH g-1 essa rota

não é adequada, pois reações de neutralização podem ocorrer em paralelo

entre o catalisador e os ácidos graxos livres (AGL), resultando na formação de

emulsões e reduzindo o rendimento do processo.

Para as amostras apresentadas nesse trabalho, notou-se que as

matérias-primas que possuem IA acima de 2 mg KOH g-1 não foi possível

realizar apenas a reação de transesterificação. Sendo assim, para a Annona

salzmannii e a vepretorum foi executado apenas a reação de transesterificação

e para a Annona squamosa foi realizado primeiro uma reação de esterificação

e em seguida a transesterificação, pois essa matéria-prima apresentou um

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

41

índice de acidez superior a 2 mg KOH g-1, o que impossibilitou de usar apenas

a reação de transesterificação.

Os altos valores de IA correspondem a formação de AGL, devido à

reação de hidrólise de triglicerídeos, o que indica que a matéria-prima está em

um grau de deterioração acelerado, causando problemas no processo com

catálise básica, formando sabões que, além de consumirem parte do

catalisador durante a sua formação, geram emulsões e dificultam a separação

dos produtos (ésteres e glicerina) no final da reação (SUAREZ et al., 2007).

4.2. Análise Termogravimétrica (TG)

Análise termogravimétrica foi realizada com o intuito de avaliar o

comportamento térmico das amostras de ésteres. A Figura 5 ilustra a curva de

análise termogravimétrica (TG) da matéria-prima e da amostra de ésteres que

permitem mostrar os seus comportamentos térmicos. Os perfis

termogravimétricos das demais amostras de ésteres estão apresentadas no

anexo.

Legenda: 1A- óleo de fritura, MP- matéria-prima e B- ésteres

Figura 2 - Perfil termogravimétrico da matéria-prima e da amostra de ésteres.

0 200 400 600 800 10000 200 400 600 800 1000

0

20

40

60

80

100

Pe

rda

de

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

MP 1A

B 1A

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

42

As curvas de TG/DTG (anexos) mostraram um comportamento análogo

para as amostras de ésteres 1A, 2A, 3A, 4B. Para as amostras de ésteres de

A. vepretorum e algodão, ambos apresentam um único decaimento de massa

no intervalo de 260-300 °C. Essa etapa pode ser atribuída à volatilização e/ou

decomposição térmica dos ésteres (OLIVEIRA et al., 2012).

Na Tabela 4 estão apresentados o decaimento de massa por intervalos

de temperatura, perda de massa e massa residual das amostras de ésteres

com base nos perfis térmicos.

Tabela 4 - Dados dos intervalos de temperatura, perda de massa e massa

residual das amostras de ésteres.

Amostras T (°C) T máx (°C) Perda de Massa (%) Massa Residual (%)

1A 150-400 260 99,12 0,88

2A 105-395 265 99,99 0,02

3A 130-360 280 99,49 0,51

4B 125-405 291 99,25 0,75

Algodão 120-425 245 99,95 0,05

A. salzmannii 130-400 291-380 99,43 0,58

A. squamosa 168-470 337 99,86 0,14

A. vepretorum 120-430 294 99,41 0,59 Legenda: 1A- óleo residual de fritura, 2A- escuma de esgoto, 3A- gordura da caixa de gordura,

4B- óleo residual de fritura por transesterificação etílica.

Para as amostras de ésteres de oleaginosas A. squamosa e A.

salzmannii ocorreram em duas etapas de perda de massa, sendo que a

primeira ocorre num intervalo de temperatura de 290-340 °C referente à

volatilização e/ou decomposição dos ésteres e a segunda etapa (380-445 °C)

podendo ser alusiva a ácidos graxos minoritários de maior massa molar e/ou

impurezas existentes no óleo (OLIVEIRA et al., 2012).

Pelo decaímento de massa, pode-se correlacionar com a cromatografia

gasosa, podendo essa técnica servir como uma análise qualitativa da

conversão dos ácidos graxos em ésteres metílicos, uma vez que os valores

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

43

obtidos na perda de massa aproximam-se dos percentuais de ésteres totais na

cromatografia.

As curvas de TG/DTG para as matérias-primas apresentaram dois

decaimentos de massas que estão entre 240 a 490 °C, o maior decaimento de

massa pode estar relacionado com à volatilização e/ou decomposição dos

triglicerídeos. O menor decaimento é atribuída a impurezas existentes nos

óleos, as quais podem ser ácidos graxos livres (SANTOS, 2010).

Comparando-se a curva termogravimétrica da matéria-prima 1A com a

do éster, nota-se que a faixa de degradação dos triglicerídeos da matéria-prima

está muito próxima à volatilização e/ou decomposição dos ésteres presentes

no biodiesel, mostrando que o éster pode sofrer influência da matéria-prima

não esterificada, podendo ser possíveis contaminantes, os ácidos graxos livres.

Esse perfil é notável nos óleos de algodão, A. squamosa e A. vepretorum, nas

demais matérias-primas isso não ocorre.

4.3. Análise de Infravermelho (IV)

Os espectros de absorção na região do infravermelho apresentaram

vibrações referentes as ligações químicas de grupos funcionais presentes nas

estruturas das matérias-primas e biodiesel estudados, conforme descrito por

PAVIA et al. (2010).

A Figura 6 mostra a análise de infravermelho para as amostras das

matérias-prima e dos respectivos ésteres. Para todas as amostras foram

observadas bandas de absorção em comum. Essas bandas foram em 2921-

2852 cm-1 referentes ao estiramento da ligação C-H sp3 alifático, sendo

confirmadas pelas bandas de dobramentos simétricos (1456-1466 cm-1) e

assimétrico (1371-1381 cm-1) referentes a –CH3 e –CH2, respectivamente

(SILVA et al., 2014).

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

44

Legenda: 1A- óleo residual de fritura, 2A - escuma de esgoto, 3A- gordura da caixa de gordura,

4B- óleo residual de fritura por transesterificação etílica. MP- matéria-prima, B- ésteres

Uma banda de alta intensidade em 1739-1770 cm-1 atribuída ao

estiramento C=O de éster segundo Guarieiro et al. (2008); confirmado pelo

estiramento C–O de éster (1247- 1034 cm-1); em 722 cm-1 são deformações

assimétricas de ligações angulares C-H com dobramento rocking de CH2

referente a alcanos de cadeia longa (SILVA et al., 2014).

A matéria-prima 1A apresentou uma banda de absorção em 3006 cm-1 a

qual é referente a C-H sp2 atribuída a ligações insaturadas. Para as matérias-

primas 2A e 3A foram observadas bandas de absorção em 1706 cm-1 e 1709

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

Tra

nsm

itâ

ncia

/Re

fle

cta

ncia

MP 2A

MP 3A

° n onda cm -1

MP 1A

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

75

80

85

90

95

100

105

Re

fle

ctâ

ncia

B 1A

n° onda (cm-1)

B 2A

Smoothed X1

B 3A

B 4B

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

75

80

85

90

95

100

105

110

B Algodao

Re

fle

ctâ

ncia

B Squa

n° onda cm-1

B Vepre

B Salz

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

80

85

90

95

100

105

110

MP Algodao

Re

fle

ctâ

ncia

MP Salz MP Vepre

n° onda cm -1

MP Squa

Figura 3 - Espectros de infravermelho das amostras de biodiesel e suas matérias-primas.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

45

cm-1, respectivamente, referentes aos estiramentos C=O de ácido carboxílico

(ZHANG, 2012). Foi possível observar uma deformação em 1737 cm-1 no

espectro da matéria-prima 2A referente a sobreposição da carbonila de éster,

mostrando a natureza complexa dessa matéria-prima. As matérias-primas 2A e

3A apresentaram uma pequena e larga de banda de absorção em 3457 cm-1,

que se refere a presença de O-H de ligação de hidrogênio.

4.4. Teor de Ésteres

O teor de ésteres indica o grau de pureza do biodiesel produzido e a

eficiência do processo de produção. Com esta medida, obtém-se

quantitativamente o percentual de éster que foi convertido na reação. O baixo

teor de ésteres indica um baixo rendimento na reação de transesterificação, ou

seja, grande parte dos triglicerídeos não foi convertido (SANTOS, 2010). De

acordo com os limites estabelecidos pela ANP, o teor de ésteres não deve ser

inferior a 96,5%.

Devido às limitações existentes pelas normas para a determinação do

teor de ésteres, nas quais serão detalhadas posteriormente, foi realizado um

estudo de metodologias para que as matérias-primas estudadas no presente

trabalho fossem utilizadas na produção de ésteres com o intuito que as

mesmas se enquadrem dentro das normas estabelecidas. As metodologias

testadas seguiram como base a EN14103:2003 e a 2011 e a NBR15764:2009.

Testes foram realizados utilizando apenas a amostra 2A (escuma de

esgoto) com a metodologia de padronização interna. Os resultados obtidos

mostraram que para amostra contendo o padrão interno C17:0 obteve um teor de

éster 70,7%, e, sem a presença do padrão interno, foi de 81,9%. O método

utilizado para quantificação do teor de éster (EN14103) compromete os

resultados obtidos com biodiesel de matrizes diferentes, especialmente aqueles

que já possuem em sua composição natural a presença do C17:0.

Schober et al. (2006), mostraram que o uso do C17:0 como padrão

interno pode causar interferências no teor de ésteres de biodiesel produzido a

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

46

partir de matérias-primas de gorduras animais, devido ao teor natural de ácido

heptadecanóico (C17:0) na gordura. O seu trabalho propõe um estudo

modificando a norma EN14103:2003/2011, no qual apresentou um aumento de

2 a 7% no teor de ésteres comparando com os valores obtidos pela norma,

demonstrando também a degradação da amostra preparada num período de 7

dias.

A Tabela 5 apresenta os resultados dos teores de éteres utilizando

padronização interna empregando colunas de diferentes polaridades no CG.

Os resultados não se mostraram satisfatórios, pois não foram obtidos valores

que atendessem os exigidos pela norma, mínimo de 96,5%.

Segundo Prados et al. (2012) relataram que a EN14103:2003 além de

utilizar o heptadecanoato (C17:0) como padrão interno, utiliza uma condição

cromatográfica desfavorável. A temperatura do injetor de 250 ºC é inferior à

temperatura de volatilização de alguns ésteres de ácidos graxos de cadeia

longa. Além disso, a baixa temperatura do forno (isoterma de 200 ºC) dificulta a

eluição alguns ésteres de cadeia longa.

Tabela 5 - Teor de ésteres obtidos utilizando padronização interna em colunas

diferentes.

AMOSTRA CP-SIL 5CB

% (m/m) HP-INNOWAX

% (m/m)

1A 69,8 88,9

2A 68,5 80,3

3A 67,0 84,5

4B 71,8 99,9

Legenda: 1A- óleo residual de fritura, 2A - escuma de esgoto, 3A- gordura da caixa de gordura,

4B- óleo residual de fritura por transesterificação etílica.

Em outro teste, foram realizadas análises com uma curva analítica

obtida por padronização externa usando o heptadecanoato de metila (C17:0) e

oleato de metila (C18:1) como padrões em separado, e em uma solução com a

mistura dos dois padrões (MIX) utilizando solventes diferentes. Os valores para

os teores de ésteres apresentados na Tabela 6 demonstram que os

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

47

biocombustíveis não atendem o exigido pela norma, além de exibirem uma alta

repetibilidade em torno de 15%, enquanto o máximo permitido pela norma

europeia é de apenas 1%. As mesmas amostras foram analisadas no modo

manual em outro equipamento (SHIMADZU, modelo GC-17) com detector de

ionização por chama (DIC) utilizando a mesma coluna a fim de tentar minimizar

os problemas de repetibilidade e reprodutibilidade, mas não se obteve êxito.

Tabela 6 – Teor de ésteres obtidos por padronização externa com solventes

diferentes.

n-heptano % (m/m)

THF % (m/m)

AMOSTRA C17:0 C18:1 MIX MIX

1A 42,7 94,1 138,4 139,0

2A 91,7 82,4 110,9 83,3

3A 85,1 71,2 76,4 96,0

4B 89,4 83,8 112,3 89,9

Legenda: 1A- óleo residual de fritura, 2A - escuma de esgoto, 3A- gordura da caixa de gordura,

4B- óleo residual de fritura por transesterificação etílica.

Em um equipamento LECO/Agilent 7890A foram realizados testes

utilizando padronização externa. As análises consistiram em otimizar um

método que corroborasse valores com repetibilidade e reprodutibilidade, assim

podendo ser aplicado nas amostras.

Para a otimização da nova metodologia empregada para quantificação

do teor de ésteres por padronização externa, foram realizados testes de

repetibilidade e reprodutibilidade. A Tabela 7 mostra o desvio percentual de

uma mesma amostra analisada em triplicata utilizando diferentes solventes

com polaridade distintas (acetona, n-heptano, THF) no preparo da amostra,

avaliando métodos de injeção no modo split e Programmed Temperature

Vaporizing (PTV).

O modo de injeção PTV tem a mesma função básica do isotérmico

(split), exceto pelo fato de ter a temperatura de vaporização do analito

programável. Uma das vantagens do PTV é que a amostra pode ser

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

48

introduzida fria no sistema. Deste modo, a evaporação, a decomposição e a

degradação térmica durante o processo de injeção são minimizadas

(RODRIGUEZ et al., 2010).

Tabela 7 - Desvios correspondentes ao teste da amostra alterando solvente e

método de injeção

PTV split

Solvente s% s%

Acetona 0,63 21,08

n-heptano 0,48 27,95

THF 0,96 8,14

Percebe-se que os melhores resultados foram gerados com o injetor no

modo PTV e utilizando-se como solvente n-heptano para o preparo da solução

da amostra de biodiesel, no qual se obteve uma repetibilidade de 0,48%.

Gasparini et al. (2011) mostraram que a NBR15764:2009 emprega o

clorofórmio como solvente de análise. Este solvente é incompatível com o

detector (CG-DIC), pois causa a corrosão durante a utilização, com a sua

consequente perda de sensibilidade, pois compostos que contêm átomos de

cloro em sua estrutura, ao ser degradado na chama do detector produz ácido

clorídrico, promovendo a corrosão do detector, afetando a confiabilidade dos

resultados.

Novos testes foram realizados com uma segunda e terceira curvas de

padronização externa. As análises apresentaram variações muito grandes nos

teores de ésteres, além de um percentual de coeficiente de variação chegando

até 20% o que não é aceitável pelas legislações vigentes.

A metodologia padrão de determinação de teor de ésteres em biodiesel

(EN14103) usa o heptadecanoato de metila como padrão interno, visto que a

maioria das matérias-primas utilizadas na produção de biodiesel provem de

óleos vegetais e que esses não contem o C17:0. No caso de amostras de óleos

e gorduras residuais (OGR’s), o uso deste padrão interno torna-se impraticável

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

49

pela sua presença na amostra original. Sendo assim é importante

desenvolvimento de novos métodos alternativos (MORAES et al., 2011).

Desta forma, foram realizadas novas análises com uma curva de

padronização externa usando o oleato de metila (C18:1). A Tabela 8 apresenta

os teores de ésteres para as amostras de ésteres. A curva analitica do padrão

apresentou coeficiente de correlação de r2= 0,9991.

Tabela 8 - Teor de ésteres das amostras de ésteres.

Amostras % teor de éster

1A 83,09

2A 75,74

3A 82,70

4B 92,09

Algodão 90,92

A. squamosa 88,54

A. salzmannii 94,19

A. vepretorum 93,54 Legenda: 1A- óleo residual de fritura, 2A - escuma de esgoto, 3A- gordura da caixa de gordura,

4B- óleo residual de fritura por transesterificação etílica.

O método proposto foi avaliado em teste de repetibilidade e

reprodutibilidade, nos quais apresentaram um desvio padrão relativo de 0,62 e

3% respectivamente. A EN14103/2011 estabelece que esses valores podem

chegar a 1% para repetibilidade e a 4% para reprodutibilidade. Para ambos os

casos os valores atenderam o especificado pela norma, fornecendo resultados

adequados para a metodologia proposta.

4.5. Compostos Polares Totais

A quantificação dos compostos polares totais (CPT) tem sido

considerada, há aproximadamente três décadas, como o parâmetro mais útil na

avaliação da qualidade de óleos e gorduras de fritura. A determinação dos CPT

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

50

pelo uso da cromatografia líquida clássica em coluna (CC) tornou-se o método

padrão (IUPAC, 1981).

A fim de verificar os baixos teores de ésteres nas amostras de biodiesel,

foi realizado o método de coluna clássica para separar os compostos polares

totais na tentativa de averiguar a sua influência sobre o valor do teor de éster.

Para a utilização do método de coluna clássica, foram realizados alguns

testes para a otimização dessa metodologia. Foi utilizada sílica ativada e

desativada a 5% com água, e também foram avaliados diferentes solventes

(metanol e éter etílico) para o condicionamento da coluna e para a eluição dos

compostos polares.

Os resultados obtidos nas melhores condições estão representados na

Tabela 9, na qual a sílica utilizada foi a desativada a 5% de água, utilizando

solvente de lavagem MeOH e o solvente para eluição dos compostos polares

foi o éter etílico. Quando foram adicionados 5% (m/m) de água referente a

massa de sílica utilizada, o que ocorre é que a superfície da sílica retém água

suficiente para que as separações ocorram por um mecanismo semelhante à

cromatografia em papel (COLLINS et al., 2006).

A sílica possui propriedades adsortivas, o que na sua maioria pode ser

indesejável e por isso, muitas vezes é necessário que o suporte sofra processo

de desativação de forma a tornar a sua superfície mais apolar e não cause

problemas de adsorção com moléculas da amostra (PIZZUTTI et al., 1997).

Os parâmetros de coluna que apresentaram melhores eficiência na

purificação dos ésteres foi quando empregou sílica desativada pré-

condicionada com etanol para retirada de impurezas polares com posterior

ambientalização com a mistura de eluição hexano/éter etílico (90:10). Nestas

condições o produto final apresentou elevados percentuais de compostos

apolares o que não foi obtido utilizando sílica ativada.

O método de separação em coluna, permite uma boa separação entre

os triacilgliceróis não alterados e o material polar, estes estão correlacionados

às degradações ocorridas no óleo ou gordura. Verifica-se que os compostos

polares totais apresentaram um valor elevado para as amostras 1A e 2A. Na

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

51

realização da análise notou-se um pigmento amarelo, que ficou retido na

coluna após a eluição com os solventes, esse fato levou a um valor elevado do

CPT (TANAMATI, 2008; GONZALEZ, 2012).

Tabela 9 – Dados do tratamento em coluna utilizando sílica desativada a 5%.

Coluna de Sílica Desativada a 5%

Amostras Fração hex/éter

%

Fração éter

%

CPT

%

1A 88,21 8,82 11,79

2A 89,00 4,66 10,99

3A 97,99 5,10 2,00

4B 95,92 3,41 4,08

Legenda: 1A- óleo residual de fritura, 2A - escuma de esgoto, 3A- gordura da caixa de gordura,

4B- óleo residual de fritura por transesterificação etílica.

O CPT tem como objetivo separar as amostras com base na diferença

de polaridade, utilizando cromatografia de adsorção em duas frações. A fração

apolar (hex/éter) contém ésteres não alterados e, na fração polar (éter), se

encontram os compostos de degradação ou compostos polares (TANAMATI,

2008). A fração hex/éter pode estar relacionada com o teor de ésteres das

amostras, apresentaram bons resultados, sendo que algumas amostras

atingiram o estabelecido pela norma que é de 96,5%. Sendo necessário a

avaliação dessa fração por cromatografia gasosa usando o DIC para confirmar

esses valores, os resultados obtidos estão representados na Tabela 10, na

qual faz um comparativo entre o método proposto antes do tratamento em

coluna e depois do tratamento, comparando também com a norma EN

14103:2003 realizada em instituições diferentes, na Fundação Universidade

Regional de Blumenau (FURB) e no Instituto Nacional de Tecnologia (INT).

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

52

Tabela 10 - Teor de éster antes e depois do tratamento em CC.

n=3. Legenda: 1A- óleo residual de fritura, 2A - escuma de esgoto, 3A- gordura da caixa de

gordura, 4B- óleo residual de fritura por transesterificação etílica.

O método de coluna clássica mostrou-se eficiente para determinação do

teor de éster presentes em amostras provenientes de matérias-primas

alternativas. O método de análise proposto, além de melhorar o teor de éster

antes do tratamento com CC, também apresentou um aumento no teor de éster

após o tratamento com CC. Essa melhora após o tratamento utilizando o

método de coluna clássica pode ser devido a remoção dos contaminantes.

Quando comparado o método proposto e o da EN 14103:2003, nota-se que

houve um aumento no teor de éster, esse fato como já foi discutido pode ser

devido a presença do C17:0 na composição das matérias-primas levando a

interferência no método de análise.

4.6. Análise utilizando a cromatografia bidimensional abrangente

A cromatografia gasosa bidimensional abrangente (CG x CG) é uma

técnica que emprega duas colunas capilares em série de seletividade diferente

através de um dispositivo de modulação (BLASE et al., 2015).

% Éster (método proposto) % Éster (método EN

– INT) EN14103

% Éster (método

EN – FURB)

EN14103

% Éster

Depois da

Coluna

Ésteres Padrão C18:1 ± Padrão C17:0 Padrão C17:0 ± Padrão C18:1

1A 93,48 0,68 82,6 81,3 3,21 101,06

2A 86,70 0,33 76,6 75,8 0,27 107,48

3A 93,04 0,26 86,4 82,3 1,11 99,57

4B 98,33 0,38 93,6 85,2 0,82 102,05

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

53

Essa técnica que permite a separação dos picos de acordo com dois

critérios diferentes, quais sejam a massa molecular ou o ponto de ebulição e a

polaridade, permitindo a total separação de hidrocarbonetos e ésteres

(MORAES et al., 2011).

Em comparação com cromatografia a gás (CG) em uma dimensão, a

cromatografia bidimensional abrangente (CG x CG) tem sido amplamente

usada por se destacar no aumento da capacidade de pico e seletividade; no

aumento da sensibilidade principalmente em moduladores criogênicos; no

aumento potencial de identificação, devido à formação de padrões de

cromatogramas ordenados de compostos homólogos (TRANCHIDA et al.,

2014).

Os resultados mostraram que cada tipo de biodiesel contém uma

composição diferente de FAMEs na qual depende da fonte de óleo. A Tabela

11 mostra a composição relativa das amostras de biodiesel referente as

análises realizadas por cromatografia abrangente bidimensional. Para a

identificação da composição de cada biodiesel foi utilizado como referência o

padrão de FAMEs.

Tabela 11 - Composição relativa das amostras de ésteres usando CG x CG

% Área Relativa

1A 2A 3A 4B Algodão A.

salzmannii A.

vepretorum A.

squamosa

Cáprico C10:0 - - 1,18 - - - 1,96 - Láurico C12:0 - - 4,77 - - - - - Mirístico C14:0 - 6,84 2,68 - - - - -

Pentadecanóico C15:0 - - - 1,04 - - - - Palmítico C16:0 9,06 15,57 40,44 12,65 16,15 13,83 19,98 13,86

Heptadecanóico C17:0 - - 1,17 - - - - - Hexadecanoico 2

metil C17:0-

C1 30,55

Esteárico C18:0 4,27 5,98 14,11 2,54 2,80 3,73 6,08 16,70 Oléico C18:1 28,51 5,70 13,13 30,55 21,05 29,57 66,30 45,57

Linoléico C18:2 41,63 7,57 18,53 40,05 60,00 52,87 5,69 21,65 Nonadecanóico C19:0 1,06 6,67 3,99 4,49 - - - - Nonadecenóico C19:1 6,15 9,26 - - - - - -

Nonadecedienóico C19:2 6,85 11,84 - - - - - -

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

54

Nota-se que os compostos com maior percentual de área relativa

identificados nas amostras de biodiesel foram o ácido palmítico (C16:0), ácido

esteárico (C18:0), ácido oléico (C18:1) e o ácido linoléico (C18:2). Também foi

possível observar na amostra 2A (escuma de esgoto) a presença de um ácido

característico desta matéria-prima. A identificação foi realizada através da

espectrometria de massas, chegando-se ao ácido 2-metil-hexadecanóico (C17:0-

C1). Este ácido com cadeia linear de 16 carbonos, apresenta uma ramificação

no primeiro carbono adjacente a carbonila, apresentando nesta amostra um

percentual relativo significativo de 30,55. Este ácido segundo a literatura, pode

ser criado na pele animal (sebo), pela membrana de algumas bactérias, no

tecido onde ocorre a fermentação microbiana de animais, como também a

substância cerosa única para seres humanos que abrange o feto até o

momento do seu nascimento (RAN-RESSLER et al., 2008; RAN-RESSLER et

al., 2012).

A Figura 7 mostra os diagramas de cores das amostras de biodiesel no

sistema bidimensional. Nos diagramas de cores foi possível notar que as

amostras de biodiesel não apresentaram coeluição entre os ésteres

encontrados, mostrando uma similaridade entre os perfis cromatográficos da

primeira e segunda dimensão. Portanto a informação obtida no sistema

bidimensional abrangente é suficiente para a quantificação dos ésteres. Os

perfis cromatográficos das amostras de biodiesel no modo monodimensional

estão apresentados no anexo.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

55

Figura 4 - Diagrama de cores para as amostras de biodiesel.

3A

4B

1A

2A

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

56

4.7. Avaliação do método supercrítico

A. salzmannii

A. vepretorum

A. squamosa

Algodão

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

57

0 200 400 600 800 1000

0

20

40

60

80

100

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

Oleo de caixa de gordura

DTG

0 100 200 300 400 500

-1

0

1

2

3

4

DC

S (

mW

)

Temperatura (°C)

Oleo de Caixa de Gordura

4.7.1. Caracterização do Óleo de Caixa de Gordura

O índice de acidez do óleo apresentou um valor de 14,2 mg KOH g-1,

como já foi ressaltado anteriormente por Silva et al. (2014), os óleos vegetais

com IA de até 6 mg KOH g-1 são geralmente susceptíveis a reações de

transesterificação por catálise básica homogênea.

Segundo Oliveira et al. (2012) o alto índice de acidez tem um efeito

bastante negativo no que se diz respeito a qualidade do óleo, pois prejudica a

reação de catalise básica exigindo maiores quantidades de catalisador, a

elevada acidez livre no combustível tem ação negativa sobre os componentes

metálicos do motor aumentando a taxa de corrosão. Um baixo índice de acidez

para o óleo minimiza as reações indesejadas como a saponificação dos ácidos

graxos livres promovida pelo meio básico do catalisador durante a reação.

A Figura 8 mostra as curvas de análise calorimétrica diferencial (DSC) e

a termogravimétrica (TG/DTG). Mostrando a TG/DTG o início da decomposição

térmica em 273 °C e outras perdas de massa em 360, 463 e 564 °C. A curva

de DSC mostra dois picos (440 e 500 °C) bem definidos que segundo Bernal et

al. (2002), são referentes a um processo endotérmico.

Figura 5 - Curvas de DSC e TG/DTG para o óleo de caixa de gordura.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

58

A Figura 9 mostra o espectro de absorção para o óleo de caixa de

gordura, no qual exibe bandas na região de 3000-2850 cm-1 correspondem a

longas ligações entre C-H. A intensa banda de absorção em 1739-1770 cm-1 é

atribuída ao estiramento C=O de éster, na região de 720 cm-1 também se

observa deformações assimétricas das ligações angulares de C-H dos grupos

metilenos (-CH2-). A pequena banda de absorção em 3427 cm-1 é referente a

presença de O-H envolvidas por ligações de hidrogênio. (SILVA et al., 2014).

Figura 9 - Espectro de absorção do óleo de caixa de gordura.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

60

80

100

120

Re

fle

ctâ

ncia

n° de onda (cm-1)

Oleo de caixa de gordura

2854

29231740

720

3427

4.7.2. Análise do óleo de Caixa de Gordura no método supercrítico

O método supercrítico foi realizado em um processo contínuo sem a

presença de catalisador, empregando etanol nas condições pressurizadas a

uma pressão de 200 bar em reator com um volume de 57 mL, variando

temperatura (250, 275, 300 e 325 °C), tempo (15, 30 e 45 min), vazão (3,8; 1,9

e 1,26 mL min-1), razão mássica óleo e álcool (1:1 e 1:2) e adição de co-

solvente (20%).

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

59

A reação utilizando o método supercrítico para o óleo de caixa de

gordura proporcionou elevadas taxas de conversões dos ácidos graxos livres,

apresentando valores de até 93%. Essas taxas de conversões foram

confirmadas através das análises de teor de éster.

A Figura 10 mostra o efeito da temperatura e do tempo no teor de éster

produzido pela reação de esterificação/transesterificação do óleo de caixa de

gordura com etanol supercrítico e com adição do co-solvente hexano.

Nota-se que o teor de éster apresentou um aumento proporcional com a

temperatura, em um tempo de residência maior (45 min) e com menor fluxo

(1,26 mL min-1) em todos os casos, exceto para a temperatura de 325 °C.

Vieitez et al. (2009) relataram em seu estudo o efeito da temperatura em

processo contínuo de ésteres de soja com etanol supercrítico utilizando

temperaturas entre 250 e 350 °C, mostrando que o teor de éster aumenta com

a redução do fluxo.

Para a temperatura de 325 °C houve uma redução do teor de éster, que

pode ser devido a degradação dos ésteres e dos ácidos graxos na reação de

esterificação/transesterificação (VIEITEZ et al., 2009). Segundo Imahara et al.

(2008) relataram que as reações em condições supercríticas devem ser de

preferência em temperaturas mais baixa do que 300 °C devido a essa

degradação.

Silva & Oliveira (2014) mostraram que geralmente um aumento da

temperatura conduz uma melhoria acentuada nas taxas de conversões da

reação, mas temperaturas elevadas (> 350 °C) causam uma diminuição no

rendimento da reação.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

60

Legenda: (a) proporção 1:1 óleo:álcool; (b) proporção 1:2 óleo:álcool; (c) proporção 1:1 com

adição de 20% de co-solvente; (d) proporção 1:2 com adição de 20% de co-solvente.

Nota-se que o aumento da razão mássica óleo álcool é um fator que

também influencia no teor de éster, mostrando para este trabalho um melhor

resultado na proporção 1:2 apresentando teor de éster de até 94%. A literatura

reporta que o excesso de álcool é necessário para garantir a alta conversão

dos triglicerídeos em ésteres. A alta razão molar fornece uma melhor

oportunidade para as moléculas do álcool entrar em contato com as moléculas

de triglicerídeos durante a reação. No entanto, isto pode levar a um aumento

no custo de produção, assim, a razão molar entre o álcool e o óleo deve ser

otimizado (SAMNIANG et al., 2014).

Figura 6 - Teor de éster do óleo de caixa de gordura após as reações utilizando o método supercrítico.

15 20 25 30 35 40 45

70

75

80

85

90

95

100

Te

or

de

Este

r (%

)

Tempo (min)

250 °C

275 °C

300 °C

325 °C

(a)

15 20 25 30 35 40 45

75

80

85

90

95

100

Te

or

de

Este

r (%

)

Tempo (min)

250 °C

275 °C

300 °C

325 °C

(b)

15 20 25 30 35 40 45

75

80

85

90

95

100

Te

or

de

Este

r (%

)

Tempo (min)

250 °C

275 °C

300 °C

325 °C

(c)

15 20 25 30 35 40 45

80

85

90

95

100

Te

or

de

Este

r (%

)

Tempo (min)

250 °C

275 °C

300 °C

325 °C

(d)

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

61

A adição de co-solvente é um fator importante, pois segundo a literatura

o mesmo reduz as limitações de transferência de massa entre as fases

envolvidas e aumenta a velocidade da reação, ajudando a reduzir o ponto

crítico da mistura (SILVA & OLIVEIRA, 2014).

Como mostrado na Figura 10 (c) e (d), foi obtido um rendimento elevado

de éster até 94% a 300 °C na proporção 1:2 com 20% de hexano como co-

solvente.

Muppaneni et al. (2013) mostraram em seu trabalho que o aumento da

temperatura e da proporção co-solvente (hexano) para o método supercrítico,

favorece o rendimento da reação. Podendo concluir que o hexano tem um

elevado potencial para ser utilizado como um co-solvente numa reação

supercrítica.

Analisando a metodologia para determinação do teor de éster no

presente trabalho, não se notou uma boa reprodutibilade das amostras

utilizando o método supercrítico, sendo realizada a triplicata das amostras. O

menor valor obtido para essas injeções foi de 7% sendo que o permitido pela

norma EN 14103:2011 é de 4%.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

62

5. CONCLUSÃO

Os resultados obtidos demonstraram que é possível obter ésteres a

partir de matérias-primas alternativas estudadas no presente trabalho e que a

proposta da utilização de resíduos do tratamento de esgoto mostra-se uma

fonte promissora em função da disponibilidade, custos e da mitigação

ambiental.

A caracterização das amostras de ésteres por análise termogravimétrica

permitiu prever de forma qualitativa o teor de éster presente, mostrando a

perda de massa através de intervalos de temperatura para cada constituinte.

Foi verificado que o método de coluna clássica apresenta influência nos

parâmetros de qualidade, podendo aumentar o teor de éster das amostras para

que assim possam ser enquadradas ao valor mínimo permitido pela legislação.

A desativação da sílica com 5% de água e a lavagem da coluna com metanol

foram fatores determinantes na separação dos compostos polares presentes

nas amostras de biodiesel utilizando o método de coluna clássica.

Para as análises do teor de éster via cromatografia gasosa, o melhor

modo de injeção foi o PTV, apresentando uma repetibilidade e reprodutibilidade

dentro do que é exigido pela norma EN 14103:2011.

Os óleos de sementes da espécie Annona se mostraram como potencial

matéria-prima para produção de ésteres, apresentando alto teor de óleo nas

sementes e bons índices de acidez para duas das espécies, facilitando assim o

processo de transesterificação.

A cromatografia bidimensional abrangente, inicialmente empregada para

a verificação de coeluição, forneceu os perfis de distribuição de ésteres nos

diferentes tipos de ésteres do presente trabalho, podendo ser futuramente

empregada na identificação da fonte de matéria-prima de origem do biodiesel.

O método supercrítico realizado num processo contínuo sem a presença

de catalisador, empregando etanol nas condições pressurizadas mostrou-se

um processo eficaz para matérias-primas alternativas com altos valores de

ácidos graxos livres, mostrando conversões adequadas. Assim evitando etapas

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

63

de purificação do biodiesel como é realizado nos métodos convencionais

devido a presença dos catalisadores.

Foram obtidas elevadas taxas de conversões dos ácidos graxos livres

apresentando valores de 93%. Foi possível notar que com o aumento de

temperatura houve uma redução no teor de éster, podendo ser devido a

degradação dos ésteres e dos ácidos graxos na reação de

esterificação/transesterificação.

Notou-se um rendimento elevado de éster até 94% a 300 °C na

proporção 1:2 com 20% de hexano como co-solvente. Mostrando que o hexano

pode ser utilizado como um co-solvente numa reação supercrítica.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

64

6. REFERÊNCIAS

ABBASZAADEH, A.; GHOBADIAN, B.; OMIDKHAH, M. R.; NAJAFI, G.; Current biodiesel production technologies: A comparative review. Energy Conversion and Management, v. 63, p. 138–148, 2012.

ALBUQUERQUE, G. A., Obtenção e caracterização físico-química do biodiesel de Canola (Brassica napus). Dissertação de Mestrado, Universidade Federal da Paraíba, 2006.

ALPTEKIN, E.; MUSTAFA, C.; SANLI, H.; Evaluation of leather industry wastes as a feedstock for biodiesel production. Fuel, v. 95, p. 214–220, 2012.

ANP, 2014. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Resolução ANP n°45 de agosto de 2014.

ANP, 2013. Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis-2013. Ministério de Minas e Energia, ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. ISSN 1983-5884.

ANP, 2014. Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis-2013. Ministério de Minas e Energia, ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

ANP, 2014. Boletim Mensal do Biodiesel, Dezembro de 2014. Disponível

em:〈http://www.anp.gov.br/?pg=65917&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cach

ebust=1370112188884〉 (acessado Janeiro 2015).

ARAÚJO, C. S.; Estudo Fitoquímico e Atividade Biológica In Vitro de Annona vepretorum Mart. (Annonaceae). Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Vale do São Francisco, 2013.

ATABANI, A. E.; SILITONGA, A. S.; BADRUDDIN, I. A.; MAHLIA, T. M. I.; MASJUKI, H. H.; MEKHILEF, S.; A comprehensive review on biodiesel as an alternative energy resource and its characteristics. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 16, n. 4, p. 2070–2093, 2012.

ATADASHI, I. M.; AROUA, M. K.; AZIZ, A. R. A.; SULAIMAN, N. M. N.; The effects of catalysts in biodiesel production: A review; Journal of Industrial and Engineering Chemistry, v. 19, p. 14–26, 2013.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

65

BANKOVIC-ILIC, I. B.; VELJKOVIC, V. B.; STAMENKOVIC, O. S.; Biodiesel production from non-edible plant oils. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 16, p. 3621–3647, 2012.

BAPTISTA, P.; CORREIA, M. J. N.; FELIZARDO, P.; MENEZES, J. C.; Multivariate near infrared spectroscopy models for predicting the methyl esters content in biodiesel. Analytica Chimica Acta, v. 607, p. 153–159, 2008.

BENEVIDES, M.S. L.; Estudo sobre a Produção de Biodiesel a Partir das Oleaginosas e Análise de Modelos Cinéticos do Processo de Transesterificação Via Catálise Homogênea. Trabalho de conclusão de Curso, Universidade Federal Rural do Semi-Árido Campus Angicos, Rio Grande do Norte, 2011.

BERGMANN, J. C.; QUIRINO, B. F.; TUPINAMBA, D. D.; COSTA, O. Y. A.; ALMEIDA, J. R. M.; BARRETO, C. C.; Biodiesel production in Brazil and alternative biomass feedstocks. Renewable and Sustainable Energy Reviews; v. 21, 411–420, 2013.

BERRIOS, M.; MARTÍN, M. A.; GUTIERREZ, M. C.; MARTÍN, A.; Obtaining biodiesel from spanish used frying oil: Issues in meeting the EN 14214 biodiesel standard. Biomass and Bioenergy, v. 34, p. 312–318, 2010.

BERNAL, C.; CAVALHEIRO, E. T. G.; COUTO, A. B.; BREVIGLIERI, S. T.; Influência de Alguns Parâmetros Experimentais nos Resultados de Análises Calorimétricas Diferenciais – DCS. Química Nova, v. 25, n. 5, p. 849-855, 2002.

BLASE, R. C.; PATRICK, E. L.; MITCHELL, J. N.; LIBARDONI, M.; Analysis of cave atmospheres by comprehensive two-dimensional gas chromatography (GC×GC) with flame ionization detection (FID). Analytical Chemistry Research, v.3, p.54–62, 2015.

CASTANHEIRA, E. G.; COELHO, S. T.; GRISOLI, R.; FREIRE, F.; PECORA, V.; Environmental sustainability of biodiesel in Brazil. Energy Policy, v. 65, p. 680–691, 2014.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

66

CAVALCANTE, A. K.; SOUSA, L. B.; HAMAWAKI, O. T.; Determinação e Avaliação do Teor de Óleo em Sementes em Soja pelos Métodos de Ressonância Magnética Nuclear e Soxhlet. Bioscience Journal, v. 27, p. 8-15, 2011.

CHAVAN, M. J.; SHINDE, D. B.; WAKTE, P. S.; Analgesic and anti-inflammatory activity of Caryophyllene oxide from Annona squamosa L. bark. Phytomedicine, v. 17, p. 149–151, 2010.

CÉSAR, A. S.; BATALHA, M. O.; ZOPELARI, A. L. M. S.; Oil palm biodiesel: Brazil's main challenges. Energy, v. 6, p. 485–491, 2013.

COLLINS, C. H.; BRAGA, G. L.; BONATO, P. S.; Fundamentos de Cromatografia, Editora da Unicamp, Campinas. 2006.

COSTA, E. V.; CRUZ, P. E. O.; MORAES, V. R. S.; NOGUEIRA, P. C. L.; VENDRAMIN, M. E.; BARISON, A.; FERREIRA, A. G.; PRATA, A. P. N.; Chemical constituents from the bark of Annona salzmannii (Annonaceae). Biochemical Systematics and Ecology, v. 39, p. 872–875, 2011.

COSTA, E. V.; DUTRA, L. M.; NOGUEIRA, P. C. L.; MORAES, V. R. S.; SALVADOR, M. J.; RIBEIRO, L.H. G.; GADELHA, F. R.; Essential Oil from the Leaves of Annona vepretorum: Chemical Composition and Bioactivity. Natural Product Communications, v. 7, p. 265-266, 2012.

DEMIRBAS, A.; Biodiesel from waste cooking oil via base-catalytic and supercritical methanol transesterification. Energy Conversion and Management, v. 50, p. 923–92, 2009.

EN 14103. Fat and oil derivatives - Fatty Acid Methyl Esters (FAME) - Determination of ester and linolenic acid methyl ester contents. British Standard, 2003.

EN 14103. Fat and oil derivatives - Fatty Acid Methyl Esters (FAME) - Determination of ester and linolenic acid methyl ester contents. British Standard, 2011.

ENWEREMADU, C. C.; MBARAWA, M. M.; Technical aspects of production and analysis of biodiesel from used cooking oil—A review. Renewable and Sustainable Energy Reviews, 13, 2205–2224, 2009

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

67

DIAS, J. M.; MARIA, C. M.; FERRAZ, A.; ALMEIDA, M. F.; Production of biodiesel from acid waste lard. Bioresource Technology, v. 100, p. 6355–6361, 2009.

GAMA, P. E.; LACHTER, E. R.; GIL, R. A. S. S. Produção de biodiesel através de transesterificação in situ de sementes de girassol via catálise homogênea e heterogênea. Química Nova, v. 33, n. 9, p. 1859-1862, 2010.

GASPARINI, F.; Avaliação e Adaptação das Condições da EN 14103 para Quantificação de Ésteres em Biodieseis Etílicos puros de Soja, Babaçu, Palma e Sebo Bovino e em suas Misturas. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2010.

GASPARINI, F.; OLIVEIRA, J. E.; LIMA, J. R. O.; GHANI, Y. A.; HATANAKA, R. R.; SEQUINEL, R.; FLUMIGNAN, D. L.; EN 14103 adjustments for biodiesel analysis from different raw materials, including animal tallow containing C17. Bioenergy Technology, 2011.

GHOREISHI, S. M.; MOEIN, P.; Biodiesel synthesis from waste vegetable oil via transesterification reaction in supercritical metanol. The Journal of Supercritical Fluids, v.76, p.24-31, 2013.

GONZALEZ, S. L.; Produção Contínua de Biodiesel por Transesterificação de

Óleo do Fruto de Macaúba (Acrocomia Aculeata) e Óleo de Fritura em Metanol

e Etanol Supercrítico. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa

Catarina, 2012.

GUARIEIRO, L. L. N.; PINTO, A. C.; AGUIAR, P. F.; RIBEIRO, N. M.; Metodologia analítica para quantificar o teor de biodiesel na mistura biodiesel: diesel utilizando espectroscopia na região do infravermelho. Química Nova, v. 31, n. 2, p. 421-426, 2008.

GURU, M.; KOCA, A.; CAN, O.; ÇINAR, C.; SAHIN, F.; Biodiesel production from waste chicken fat based sources and evaluation with Mg based additive in a diesel engine. Renewable Energy, v. 35, p. 637–643, 2010.

IMAHARA, H.; MINAMI, E.; HARI, S.; SAKA, S.; Thermal stability of biodiesel in supercritical methanol. Fuel, v.87, p. 1–6, 2008.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

68

KARGBO, D. M.; Biodiesel Production from Municipal Sewage Sludges. Energy Fuels, v. 24, p. 2791–2794, 2010.

KWON, E. E.; JEON, E. C.; YI, H.; KIM, S.; Transforming duck tallow into biodiesel via noncatalytic transesterification. Applied Energy, v.116, p.20–25, 2014.

JAKERIA, M. R.; FAZAL, M. A.; HASEEB, A. S. M. A.; Influence of different factors on the stability of biodiesel: A review; Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 30, p. 154–163, 2014.

LEE, K.T.; LIM, S.; Influences of different co-solvents in simultaneous supercritical extraction and transesterification of Jatropha curcas L. seeds for the production of biodiesel. Chemical Engineering Journal, v.221, p.436–445, 2013.

LEE, K.T.; LIM, S.; PANG, Y. L.; ONG, H. C.; CHONG, W. T.; Integration of reactive extraction with supercritical fluids for process intensification of biodiesel production: Prospects and recent advances. Progress in Energy and Combustion Science, v.45, p.54-78, 2014.

LEMOS, E. E. P.; A Produção de Anonáceas no Brasil. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 36, edição especial, p. 077-085, 2014.

LIRA, L. F. B.; PIMENTEL, M. F.; ALBUQUERQUE, M. S.; PACHECO, J. G. A.; FONSECA, T. M.; CAVALCANTI, E. H. S.; STRAGEVITCH, L.; Infrared spectroscopy and multivariate calibration to monitor stability quality parameters of biodiesel. Microchemical Journal, v. 96, p. 126–131, 2010.

LÔBO, I. P.; FERREIRA, S. L. C.; CRUZ, R. S.; Biodiesel: Parâmetros De Qualidade E Métodos Analíticos. Química Nova, v. 32, n. 6, p. 1596-1608, 2009.

LOKHANDE, A. R.; PATIL, V. S.; WANI, K. S.; Study of Diethanolamide from Custard AppleSeed Oil (Annona Squamosa L). International Journal of Engineering Research & Technology, v. 2, 2013.

LOPES, A. C. O.; Estudo Das Variáveis De Processo Na Produção E Na Purificação Do Biodiesel De Soja Via Rota Etílica. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal De Alagoas, 2008.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

69

MARIOD, A. A.; AHMED, Y. M.; Annona squamosa and Catunaregam nilotica Seeds, the Effect of the Extraction Method on the Oil Composition. Journal of the American Oil Chemists' Society, v. 87, p. 763–769, 2010.

MARQUES, M. V.; FONTOURA, M.; NACIUK, F. F.; MELLO, A. M. S.; SEIBEL, N. M.; ANTONIO, L.; Determinação do Teor de Ésteres Graxos em Biodiesel Metílico de Soja por Cromatografia Gasosa Utilizando Oleato de Etila como Padrão Interno. Química Nova, v. 33, n. 4, p. 978-980, 2010.

MOHAMMADI, M.; NAJAFPOUR, G. D.; YOUNESI, H.; LAHIJANI, P.; UZIR, M. H.; MOHAMED, A. R.; Bioconversion of synthesis gas to second generation biofuels: A review. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 15, n.9, p. 4255–4273, 2011.

MORAES, M. S. A.; CARAMÃO, E. B.; MUHLEN, C. V.; BORTOLUZZI, J. H.; ZINI, C. A.; GOMES, C. B.; Uso da Cromatografia gasosa bidimensional abrangente (GCxGC) na caracterização de misturas biodiesel/diesel: Aplicação ao biodiesel de sebo bovino. Química Nova, v. 34, n. 7, p. 1188-1192, 2011.

MUPPANENI, T.; REDDY, H. K.; PONNUSAMY, S.; PATIL, P. D.; SUN, Y.; DAILEY, P.; DENG, S.; Optimization of biodiesel production from palm oil under supercritical ethanol conditions using hexane as co-solvent: A response surface methodology approach. Fuel, v. 107, p. 633–640, 2013.

MUSTAFA, C.; ALPTEKIN, E.; Optimization of transesterification for methyl ester production from chicken fat. Fuel, v. 90, p. 2630–2638, 2011.

NAIK, S. N.; VAIBHAV, V. G.; PRASANT, K. R.; AJAY, K. D.; Production of first and second generation biofuels: A comprehensive review. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v.14, p. 578–597, 2010.

NBR 15764. Biodiesel — Determinação do teor total de ésteres por cromatografia gasosa. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2009.B

NIGAM, P. S.; SINGH, A. Review Production of liquid biofuels from renewable resources. Progress in Energy and Combustion Science, v. 37, p. 52-68, 2011.

OLIVEIRA, D. S.; FONSECA, X. D. S.; FARIAS, P. N.; BEZERRA, V. S.; PINTO, C. H. C.; SOUZA, L. D.; SANTOS, A. G. D.; MATIAS, L. G. O. Obtenção do biodiesel através da transesterificação do óleo de Moringa Oleífera Lam. HOLOS, v.1, 2012.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

70

OLIVEIRA, D. M.; FONTOURA, L. A. M.; ONGARATTO, D. P.; NACIUK, F. F.; SANTOS, V. O. B.; KUNZ, J. D.; MARQUES, M. V.; SOUZA, A. O.; PEREIRA, C. M. P.; SAMIOS, D.; Obtenção de Biodiesel por Transesterificação em Dois Estágios e sua Caracterização por Cromatografia Gasosa: Óleos e Gorduras em Laboratório de Química Orgânica. Química Nova, v. 36, n. 5, p. 734-737, 2013.

PARENTE, E. J. S.; Biodiesel: Uma aventura tecnológica num país engraçado. Fortaleza: Unigráfica, 2003.

PAVIA, DONALD L.; LAMPMAN, GARY M.; KRIZ, GEORGE S.; VYVYAN, JAMES R. Introdução à espectroscopia. 4. ed. CENGAGE Learning, 2010.

PRADOS, C. P.; REZENDE, D. R.; BATISTA, L. R.; ALVES, M. I. R.; FILHO, N. R. A.; Simultaneous gas chromatographic analysis of total esters, mono-, di- and triacylglycerides and free and total glycerol in methyl or ethyl biodiesel. Fuel, v. 96, p. 476–481, 2012.

PIZZUTTI, I. R.; SCHWERZ, L.; VIARO, N. S. S.; ADAIME, M. B.; Estudo da Determinação dos Grupos Silanóis (≡ Si-OH) em Sílica - Aplicação à Materiais de Recheio Utilizados em Cromatografia Gasosa. Química Nova, v. 20, n. 3, 1997.

RAN-RESSLER, R. R.; DEVAPATLA, S.; LAWRENCE, P.; BRENNA, J. T.; Branched Chain Fatty Acids Are Constituents of the Normal Healthy Newborn Gastrointestinal Tract. Pediatric Research, v. 64, p. 605–609, 2008.

RAN-RESSLER, R. R.; LAWRENCE, P.; BRENNA, J. T.; Structural characterization of saturated branched chain fatty acid methyl esters by collisional dissociation of molecular ions generated by electron ionization. Journal of Lipid Research, v. 53, p. 195–203, 2012.

RODRÍGUEZ, D. G.; DÍAZ, A. M. C.; FERREIRA, R. A. L.; TORRIJOS, R. C. Determination of pesticides in seaweeds by pressurized liquid extraction and programmed temperature vaporization-based large volume injection–gas chromatography–tandem mass spectrometry. Journal of Chromatography A, v. 1217, p. 2940–2949, 2010.

ROHANI, S.; SIDDIQUEE, M. N.; Lipid extraction and biodiesel production from municipal sewage sludges: A review. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 15, p. 1067–1072, 2011.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

71

SAMNIANG, A.; TIPACHAN, C.; NGAM, S. K.; Comparison of biodiesel production from crude Jatropha oil and Kratingoil by supercritical methanol transesterification. Renewable Energy, v. 68, p. 351-355, 2014.

SANTOS, A. G. D.; Avaliação da estabilidade térmica e oxidativa do biodiesel de algodão, girassol, dendê e sebo bovino. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2010.

SANTOS, C. C. A.; FRAGA, I. M.; Influência do índice de acidez do óleo extraído da bacaba (oenocarpus distichus mart.), na reação de transesterificação via catálise básica para produção de biodiesel. Revista de Química Industrial, edição 742, 1º trimestre de 2014.

SARI, A.; BICER, A.; LAFCI, O.; CEYLAN, M.; Galactitol hexa stearate and galactitol hexa palmitate as novel solid–liquid phase change materials for thermal energy storage. Solar Energy, v. 85, p. 2061–2071, 2011.

SCHOBER, S.; SEIDL, I.; MITTELBACH, M.; Ester content evaluation in biodiesel from animal fats and lauric oils. European Journal of Lipid Science and Technology, v. 108, p. 309–314, 2006.

SILITONGA, A. S.; ONG, H. C.; MAHLIA, T. M. I.; MASJUKI, H. H.; CHONG, W. T.; Characterization and production of Ceiba pentandra biodiesel and its blends. Fuel, v. 108, p. 855–858, 2013.

SILVA, J. P. V.; SERRA, T. M.; GOSSMANN, M.; WOLF, C. R.; MENEGHETTI, S. M. P.; MENEGHETTI, M. R.; Moringa oleifera oil: Studies of characterization and biodiesel production. Biomass and Bioenergy, v. 34, p. 1527–1530, 2010.

SILVA, T. A.; BATISTA, A. C. F.; ASSUNÇÃO, R. M. N.; VIEIRA, A. T.; OLIVEIRA, M. F.; Methylic and ethylic biodiesels from pequi oil (Caryocar brasiliense Camb.): Production and thermogravimetric studies. Fuel, v.136, p. 10–18, 2014.

SILVA, C.; OLIVEIRA, J. V.; Biodiesel Production Through Non-Catalytic Supercritical Transesterification: Current State And Perspectives. Brazilian Journal of Chemical Engineering, v.31, p.271-285, 2014.

SIVAKUMAR, P.; ANBARASU, K.; RENGANATHAN, S.; Bio-diesel production by alkali catalyzed transesterification of dairy waste scum. Fuel, v. 90, p. 147–151, 2011.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

72

SUAREZ, P. A. Z.; SANTOS, A. L. F.; RODRIGUES, J. P.; ALVES, M. B.; Biocombustíveis a partir de óleos e gorduras: desafios tecnológicos para viabilizá-los. Química Nova, v. 32, n. 3, p. 768-775, 2009.

SUAREZ, P. A. Z.; MENEGHETTI, S. M. P.; MENEGHETTI, M. R.; WOLF, C. R.; Transformação De Triglicerídeos Em Combustíveis, Materiais Poliméricos E Insumos Químicos: Algumas Aplicações Da Catálise Na Oleoquímica. Química Nova, v. 30, n. 3, p. 667-676, 2007.

TANAMATI, A. A. C.; Instabilidade Oxidativa do Óleo de Soja Submetido a Fritura de Alimentos Congelados. Dissertação Dotourado, Universidade Estadual de Maringá, 2008.

TAN, K. T.; LEE, K.T.; MOHAMED, A. R.; Effects of free fatty acids, water content and co-solvent on biodiesel production by supercritical methanol reaction. The Journal of Supercritical Fluids, v.53, p.88–91, 2010.

TAN, K. T.; LEE, K.T.; A review on supercritical fluids (SCF) technology in sustainable biodiesel production: Potential and challenges. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v.15, p.2452–2456, 2011.

TRANCHIDA, P. Q.; MONDELLO, L.; FRANCHINA, F. A.; DUGO, P. Flow-modulation low-pressure comprehensive two-dimensional gas chromatography. Journal of Chromatography A, v. 1372, p. 236–244, 2014.

TREJO, B. R.; RAMÍREZA, D. G.; PRADA, H. Z.; SÁNCHEZ, J. A. C.; REYES, L.; CHUMACERO, A. R.; SALAZAR,J. A. R.; Annona diversifolia seed oil as a promising non-edible feedstock for biodiesel production. Industrial Crops and Products, v. 52, p. 400–404, 2014.

VIEITEZ,I.; SILVA,C.; ALCKMIN,I.; BORGES, G. R.; CORAZZA, F. C.;OLIVEIRA, J. V.; GROMPONE, M. A.; JACHMANIA, I.; Effect of Temperature on the Continuous Synthesis of Soybean Esters under Supercritical Ethanol. Energy & Fuels, v. 23, p. 558–563, 2009.

ZHANG, W. Review on analysis of biodiesel with infrared spectroscopy. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 16, p. 6048–6058, 2012.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

73

ANEXOS

Tabela 12 - Especificação do biodiesel.

CARACTERÍSTICA UNIDADE LIMITE MÉTODO

ABNT NBR

ASTM D EN/ISO

Aspecto - LII (1) - - -

Massa específica a 20 ºC

kg m-3 850 a 900

7148 14065

1298 4052

3675 -

12185 Viscosidade

Cinemática a 40 ºC mm² s-1 3,0 a

6,0 10441 445 3104

Teor de água, máx. mg kg-1 (2) - 6304 12937 Contaminação Total,

máx. mg kg-1 24 - 12662

15995 Ponto de fulgor, mín.

(3) ºC 100 14598 93 3679

Teor de éster, mín % massa 96,5 15764 - 14103 Resíduo de carbono,

máx. (4) % massa 0,05 15586 4530 -

Cinzas sulfatadas, máx.

% massa 0,02 6294 874 3987

Enxofre total, máx. mg kg-1 10 15867 5453 20846 20884

Sódio + Potássio, máx.

mg kg-1 5 15554 15555 15553 15556

- 14108 14109 14538

Cálcio + Magnésio, máx.

mg kg-1 5 15553 15556

- 14538

Fósforo, máx. mg kg-1 10 15553 4951 14107 Corrosividade ao cobre, 3 h a 50 ºC,

máx.

- 1 14359 130 2160

Número Cetano (5) - Anotar - 613 6890 (6)

5165

Ponto de entupimento de filtro

a frio, máx.

ºC (7) 14747 6371

Índice de acidez, máx.

mg KOH g-1 0,5 14448 -

664 -

14104 (8)

Glicerol livre, máx. % massa 0,02 15341 (8)

15771 - -

6584 (8) -

14105 (8) 14106

(8)

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

74

Glicerol total, máx. (9)

% massa 0,25 15344 15908

6584 (8) -

14105 (8)

Monoacilglicerol, máx.

% massa 0,8 15342 (8)

15344 15908

6584 (8) 14105 (8)

Diacilglicerol, max. % massa 0,2 15342 (8)

15344 15908

6584 (8) 14105 8)

Triacilglicerol, máx. % massa 0,2 15342 (8)

15344 15908

6584 (8) 14105 (8)

Metanol e/ou Etanol, máx.

% massa 0,2 15343 - 14110 (8)

Índice de Iodo g/100g Anotar - - 14111 (8) Estabilidade à

oxidação a 110 ºC, mín. (10)

h 6 - - 14112 5751(8)

Fonte: Resolução N° 14 ANP, 2012

Notas aplicadas a Tabela 2:

(1) Límpido e isento de impurezas, com anotação da temperatura de ensaio.

(2) Será admitido o limite de 380 mg kg-1

60 dias após a publicação da

Resolução. A partir de 1º de janeiro de 2013 até 31 de dezembro de 2013 será

admitido o limite máximo de 350 mg kg-1

e a partir de 1º de janeiro de 2014, o limite

máximo será de 200 mg kg-1

.

(3) Quando a análise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130 ºC, fica dispensada a análise de teor de metanol ou etanol.

(4) O resíduo deve ser avaliado em 100% da amostra.

(5) Estas características devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da tabela de especificação a cada trimestre civil. Os resultados devem ser enviados à ANP pelo Produtor de biodiesel, tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e, em caso de neste período haver mudança de tipo de material graxo, o Produtor deverá analisar número de amostras correspondente ao número de tipos de materiais graxos utilizados.

(6) O método ASTM D6890 poderá ser utilizado como método alternativo para determinação do número de cetano.

(7) Limites conforme a Tabela. Para os estados não contemplados na tabela o ponto de entupimento a frio permanecerá 19 ºC.

(8) Os métodos referenciados demandam validação para os materiais graxos não previstos no método e rota de produção etílica.

(9) Poderá ser determinado pelos métodos ABNT NBR15908, ABNT NBR15344, ASTM D6584 ou EN14105, sendo aplicável o limite de 0,25% em massa.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

75

Para biodiesel oriundo de material graxo predominantemente láurico, deve ser utilizado método ABNT NBR15908 ou ABNT NBR15344, sendo aplicável o limite de 0,30% em massa.

(10) O limite estabelecido deverá ser atendido em toda a cadeia de abastecimento do combustível.

0 200 400 600 800 1000

0

20

40

60

80

100

B 1A

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

DTG

0 200 400 600 800 1000

0

20

40

60

80

100

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

B 2A

DTG

0 200 400 600 800 1000

0

20

40

60

80

100

Ma

ssa

(%

)

B 3A

Temperatura (°C)

DTG

0 200 400 600 800 1000

0

20

40

60

80

100

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

B 4B

DTG

Figura 7 - Perfis Termogravimétricos das amostras de biodiesel.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

76

0 200 400 600 800 1000

0

20

40

60

80

100

B salzmannii

0 200 400 600 800 1000

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

DTG

0 200 400 600 800 1000

0

20

40

60

80

100

B squamosa

0 200 400 600 800 1000

-2

0

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

DTG

0 200 400 600 800 1000

0

20

40

60

80

100

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

B vepretorum

0 200 400 600 800 1000

-2

0

DTG

0 200 400 600 800 1000

0

20

40

60

80

100M

assa

(%

)

Temperatura (°C)

B Algodao

0 200 400 600 800 1000

-2

0

DTG

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

77

Figura 12 - Perfis cromatográficos das amostras de biodiesel em uma

dimensão.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

78

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

79

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ REITORIA DE … · através de cromatografia a gás, utilizando a padronização interna e externa, empregando os ésteres C 17:0 e C 18:1 como

80