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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA ENGENHARIA CIVIL PAULO ROGÉRIO FREITAS DE MATOS IMPLANTAÇÃO DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO EM UMA EMPRESA CONSTRUTORA A PARTIR DA FILOSOFIA LEAN FORTALEZA 2009

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE … do... · 2.5.4 O uso de indicadores para avaliação do PCP ... competitividade da melhor forma ... desenvolvimento de modelos de planejamento

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA

ENGENHARIA CIVIL

PAULO ROGÉRIO FREITAS DE MATOS

IMPLANTAÇÃO DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO EM UMA EMPRESA CONSTRUTORA A PARTIR DA FILOSOFIA LEAN

FORTALEZA 2009

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PAULO ROGÉRIO FREITAS DE MATOS

IMPLANTAÇÃO DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO EM UMA EMPRESA CONSTRUTORA A PARTIR DA FILOSOFIA LEAN

Monografia apresentada à disciplina de Projeto de Graduação do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheiro Civil. Orientador: Prof. José de Paula Barros Neto

FORTALEZA 2009

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M381i Matos, Paulo Rogério Freitas de Implantação do planejamento e controle da produção em uma empresa construtora a partir da filosofia Lean / Paulo Rogério Freitas de Matos, 2009.

79 f. ; il. color. enc. Orientador: Prof. Dr. José de Paula Barros Neto Área de concentração: Construção Civil

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Depto. de Engenharia Estrutural e Construção Civil, Fortaleza, 2009.

1. Planejamento da produção. 2. Controle da produção. 3. Filosofia Lean. I. Barros Neto, José de Paula (Orient.). II. Universidade Federal do Ceará – Graduação em Engenharia Civil. III. Título.

CDD 620

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais e irmãos por me darem sempre apoio e condições para enfrentar as

dificuldades dessa nossa vida.

Ao professor José de Paula Barros Neto pela orientação desta monografia e

ensinamentos transmitidos através do GERCON.

À professora Thais da Costa Lago Alves por todos os excelentes conceitos e

experiências trocadas durante o curso de Engenharia Civil.

A Maurílio Medeiros, pela amizade, conselhos, e o grande aprendizado durante o

período em que trabalhamos juntos.

Aos colegas de faculdade: Vanessa Lira, Patrícia Pinto, Marcio Anderson, Marisônia

Benevides, Renê Pinheiro e Jackson Cavalcanti, pela amizade e apoio durante o

curso de Engenharia Civil.

Aos meus amigos, Rafael Rodrigues, “Marquim” e “Lella”, por me proporcionarem

momentos de extrema alegria e companheirismo.

Ao meu irmão gêmeo, Pedro Rodolfo, por me inspirar todos os dias a sempre querer

algo mais.

A Deus, por me conceder tudo isso e a chance de seguir este caminho maravilhoso.

OBRIGADO!

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PAULO ROGÉRIO FREITAS DE MATOS

IMPLANTAÇÃO DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO EM UMA EMPRESA CONSTRUTORA A PARTIR DA FILOSOFIA LEAN

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Aprovada em ____/____/_____

Prof. José de Paula Barros Neto, Dr.

(Orientador)

Prof. Luiz Fernando Mählmann Heineck, Ph.D.

(Examinador)

George Silva Costa, Eng. Civil

(Examinador)

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RESUMO

Orientador: Prof. José de Paula Barros Neto, Dr.

A indústria da construção civil em Fortaleza vem gradativamente elevando seus

padrões tecnológicos e gerenciais com vistas ao atendimento das necessidades do mercado. Nesse sentido, algumas construtoras vêm adotando conceitos e práticas advindas do Sistema Toyota de Produção e da sua adaptação para a construção civil, i.e., Construção Enxuta. Com isso, este trabalho tem como objetivo descrever os esforços de uma pequena empresa construtora do setor de incorporação, no sentido de melhorar o seu sistema de Planejamento e Controle da Produção (PCP) e modernizar as práticas gerenciais por ela adotadas, a partir de sua participação em um módulo sobre planejamento do programa INOVACON. Procura-se, então, disseminar essas práticas adotadas, bem como discutir o processo de mudança da realização do planejamento tradicional para um novo Planejamento e Controle da Produção, tendo em vista o combate à incerteza e à falta de transparência dos processos. Dessa forma, fez-se uma revisão bibliográfica sobre os principais conceitos pertinentes ao assunto (Sistema Toyota de Produção, Construção Enxuta, PCP, dentre outros), além da apresentação da empresa e dos aspectos metodológicos acerca da aplicação e estudo do PCP desta, que consistiram em um diagnóstico para identificação da realidade dos processos de planejamento e uma pesquisa junto à empresa com a finalidade de se introduzir novos modelos para acompanhamento e controle dos planos de médio e curto prazo. Por fim, os resultados descrevem as novas práticas adotadas e sua repercussão junto ao planejamento da obra, mostrando a importância de se planejar e controlar um empreendimento antes e durante a sua execução, através de um Plano de Gerenciamento do PCP da obra. Palavras-chaves: construção civil, planejamento, controle e produção enxuta.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Estágio da obra em Junho/2009 (Construtora “A”)............................................................18 Figura 2.1 – Diagrama de seqüência para execução da unidade base (COSTA et al., 2004, p.6)..........28 Figura 2.2 – Exemplo de plano de ataque de um empreendimento (COSTA et al., 2004, p.7)..............29 Figura 2.3 – As fases do processo de planejamento (LAUFER e TUCKER, 1987 apud BERNARDES, 1996, p.34)..............................................................................................................................................31 Figura 2.4 – Gráfico de Linha de Balanço (KEMMER, 2006, p.35).....................................................34 Figura 2.5 – Exemplo de planilha de médio prazo (CODINHOTO et al., 2003, p.6)............................35 Figura 2.6 – Exemplo de evolução do PPC (BERNARDES et al., 1998 p.7)........................................37 Figura 3.1 – Trecho do Cronograma Físico da Obra da Construtora “A”..............................................39 Figura 3.2 – Trecho do Cronograma de Grandes Compras da Construtora “A”....................................40 Figura 3.3 – Trecho da Linha de balanço da Construtora “A”...............................................................41 Figura 3.4 – Formato inicial do Plano de Curto Prazo da Construtora “A”...........................................42 Figura 3.5 – Porcentagem de causas da PSS (Março a Junho de 2009) - Construtora “A”....................46 Figura 3.6 – Porcentagem de causas da PSEM (Março a Junho de 2009) - Construtora “A”................46 Figura 3.7 – Planilha de curto prazo alterada - Construtora “A”............................................................47 Figura 3.8 – Planilha de médio prazo adotada - Construtora “A”..........................................................49 Figura 3.9 – Exemplo do calendário mensal: Junho 2009......................................................................50 Figura 3.10 – Gráfico do índice PPC (Construtora “A”)........................................................................51 Figura 3.11 – Gráfico do índice PSEM (Construtora “A”).....................................................................51 Figura 3.12 – Gráfico do índice IRR (Construtora “A”).........................................................................52 Figura 3.13 – Comparativo de indicadores (PPC, PSEM, IRR) – Construtora “A”...............................52 Figura 3.14 – Diagrama de seqüência do pavimento tipo (Construtora “A”).........................................54 Figura 3.15 – Ciclo da alvenaria externa (Construtora “A”)...................................................................55

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 – Diferenças entre a produção em massa e a Produção Enxuta (WOMACK et al., 1992 apud ALVES, 2000, p.18)......................................................................................................................22 Quadro 2.2 – Comparativo entre a filosofia convencional e a filosofia “Enxuta” (KOSKELA, 1993 apud KEMMER, 2006, p.16)..................................................................................................................24 Quadro 2.3 – Exemplo de pré-dimensionamento de mão-de-obra e equipamentos (COSTA et al., 2004, p.6)..........................................................................................................................................................29 Quadro 3.1 – Análise de causas da PSS (Construtora “A”)...................................................................44 Quadro 3.2 – Análise de causas da PSEM (Construtora “A”)................................................................45 Quadro 3.3 – Célula de produção para dimensionamento de equipes (Construtora “A”)......................55

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LISTA DE SIGLAS

STP – Sistema Toyota de Produção CE – Construção Enxuta PCP – Planejamento e Controle da Produção PSP – Projeto de Sistema de Produção LB – Linha de Balanço PSS – Programação Semanal de Serviços PSEM – Programação Semanal de Equipamentos e Materiais PPC – Percentual de Planejamento Cumprido IRR – Índice de Remoção de Restrições NORIE – Núcleo Orientado Para Inovação da Edificação INOVACON – Programa de Inovação da Indústria da Construção Civil

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................vi LISTA DE QUADROS..........................................................................................................vii LISTA DE SIGLAS...............................................................................................................viii 1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................11

1.1 CONTEXTO DA PESQUISA .................................................................................11 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA .................................................................................13 1.3 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................14 1.4 OBJETIVOS.............................................................................................................14

1.4.1 Objetivo geral ...................................................................................................14 1.4.2 Objetivos específicos.........................................................................................15 1.5 DELIMITAÇÕES DO TRABALHO ..........................................................................15 1.6 METODOLOGIA.........................................................................................................15 1.6.1 O Programa INOVACON................................................................................16 1.6.2 Descrição da empresa e da obra estudada........................................................17 1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO..................................................................................18 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................................20 2.1 O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO E A CONSTRUÇÃO CIVIL..............20 2.2 LEAN CONSTRUCTION - A BUSCA PELA MELHORIA CONTÍNUA.............23 2.3 O PLANEJAMENTO E O PENSAMENTO ENXUTO COMO PRINCÍPIO DE TRANSPARÊNCIA................................................................................................................25

2.3.1 Definição de planejamento................................................................................25 2.3.2 Planejamento x Informação...............................................................................25 2.3.3 Planejamento x Transparência...........................................................................26

2.4 O PROJETO DE SISTEMA DE PRODUÇÃO (PSP)............................................27 2.5 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL.......................................................................................................................................30 2.5.1 A necessidade de controle.................................................................................30

2.5.2 A hierarquização do planejamento....................................................................31 2.5.3 Algumas ferramentas do planejamento.............................................................34 2.5.4 O uso de indicadores para avaliação do PCP....................................................36

3. RESULTADOS...............................................................................................................39 3.1 ANÁLISE DO SISTEMA DE PCP DA EMPRESA..............................................39

3.1.1 Diagnóstico do processo de PCP da empresa....................................................39 3.2 ALTERAÇÕES NO SISTEMA DE PCP DA EMPRESA......................................43

3.2.1 Análise das causas.............................................................................................43 3.2.2 Alterações no plano de curto prazo...................................................................46 3.2.3 Planejamento de médio prazo............................................................................48

3.2.4 Análise dos indicadores de desempenho...........................................................50 3.2.5 Aplicação das ferramentas do PSP....................................................................52 3.2.6 Padronização do PCP........................................................................................55

4. CONCLUSÕES..............................................................................................................57 4.1 DIFICULDADES OBSERVADAS.............................................................................58 4.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.......................................................58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................59 ANEXO 1.................................................................................................................................65 ANEXO 2.................................................................................................................................66

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ANEXO 3.................................................................................................................................68 ANEXO 4.................................................................................................................................69 ANEXO 5.................................................................................................................................70 ANEXO 6.................................................................................................................................72 ANEXO 7.................................................................................................................................74 ANEXO 8.................................................................................................................................75 ANEXO 9.................................................................................................................................78

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Contexto da Pesquisa

A indústria da construção civil atualmente tem elevado seus padrões

tecnológicos devido à crescente competitividade do mercado. Com isso, algumas

construtoras cearenses vêm adotando práticas advindas do Sistema Toyota de Produção

e da Construção Enxuta para aumentar sua produtividade e enfrentar essa

competitividade da melhor forma (FERRAZ et al., 2005).

Essas práticas estão sendo gradativamente direcionadas ao planejamento da

empresa, visando a adaptação do seu sistema de produção ao conceito atual de melhoria

contínua. De acordo com Koskela (1992) apud Alves (2000), a produção deve ser

tratada como um fluxo de materiais e informações a serem convertidos em um produto

final que devem ser gerenciados do modo mais transparente possível.

Kemmer (2006), Bernardes e Formoso (2002) e Soares (2003) defendem as

inovações gerenciais propostas pela Construção Enxuta como forma de redução de

perdas desde que estejam associadas ao controle da produção. Em complemento,

Ballard e Howell (1996) apud Bernardes (2001), afirmam que a compreensão das

atividades em fluxo facilita o processo de tomada de decisões e pode minimizar ou

eliminar desperdícios e alterações nos planos da obra.

Existem várias empresas que já trabalham com o pensamento enxuto

difundido em seus setores produtivos, muito embora outras precisem ser despertadas

para esse objetivo. A intenção de se usar os princípios da Construção Enxuta com foco

em produção e planejamento é justamente a busca pela estabilidade, que é uma das

bases da filosofia Lean.

Dessa forma, o Programa de Inovação da Indústria da Construção Civil no

Estado do Ceará (INOVACON-CE), que atua desde 1997, vem implantando, dentre

outras idéias, módulos referentes à Construção Enxuta, aumento da produtividade e

melhorias em planejamento de obras.

O programa INOVACON é descrito em vários artigos, sendo os mais

recentes os de Sousa et al. (2005) e Heineck et al. (2008). Todo o conteúdo técnico do

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programa está coberto em um CD editado por Barros Neto (2006) contendo dezoito

módulos de ações desenvolvidas junto a empresas cearenses a partir de 1997.

Sabe-se que o planejamento é um fator chave para o sucesso das atividades

de qualquer empresa. De acordo com Bernardes (2001), este se define como o processo

de tomada de decisão e estabelecimento de metas que precisa de um controle para se

atingir os objetivos. Em se tratando de uma empresa construtora, a qualidade, o

cumprimento dos prazos e a redução de custos e desperdícios são possíveis resultados

de um planejamento bem sucedido.

Howell e Ballard (1997) e Alacón (1997) apud Alves (2000) afirmam que a

construção civil tenta encontrar novas formas de gerenciar sua produção, tendo em vista

as exigências do mercado quanto à qualidade e redução de custos.

Com isso, conceitos bastante estudados atualmente e que buscam essa

realidade são o de Planejamento e Controle da Produção (PCP) e o de Projeto de

Sistema de Produção (PSP), que estão diretamente ligados à filosofia Lean. O

desenvolvimento de modelos de planejamento e controle de produção e sua implantação

numa empresa constituem um passo crucial para o entendimento do próprio PCP,

tornando-se mais fácil de enxergar as possibilidades de melhorias (KARTAM et al.,

1995, apud BERNARDES, 2001).

Durante o início deste ano, mas especificamente nos meses de Março a

Junho, o Programa INOVACON trabalhou a implantação do PCP e do PSP em algumas

construtoras cearenses, visando a melhor capacitação destas no que diz respeito ao

controle de seus processos produtivos.

É importante salientar que a relação entre o PCP e o PSP apresenta

resultados promissores, como se observa em trabalhos de Costa et al. (2004) e Schramm

(2004). Geralmente o Projeto de Sistema de Produção visa a sistematização dos

processos de planejamento, enquanto que o Planejamento e Controle da Produção cuida

do controle formal das etapas. Dessa forma, Ballard et al. (2001), apud Costa et al.

(2004), concorda quando diz que o PSP tem a função de dar condições para o controle e

melhoria do sistema de produção.

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1.2 Problema de Pesquisa

Um dos principais problemas enfrentados pelas construtoras, seja de grande,

médio ou de pequeno porte, encontra-se na informalidade e na falta de transparência das

informações trocadas entre responsáveis e equipes de produção. (FORMOSO et al.,

1999). Geralmente essas informações devem funcionar como ponte entre uma atividade

e outra, permitindo que o processo possa se realizar em fluxo.

Segundo Formoso et al. (2001), a falta de planejamento é uma das principais

causas das deficiências observadas na construção civil, tais como baixa produtividade,

baixa qualidade e elevadas perdas em seus produtos.

O fato de o planejamento ser tratado de maneira isolada dentro da empresa é

algo que ocorre com freqüência, quando na verdade é um processo gerencial que requer

a participação de todos os envolvidos com a produção, incluindo o mestre de obras,

operários e empreiteiros (FORMOSO et al., 2001). Isso pode ser facilitado através da

realização de reuniões, elaboração de planos de tomada de decisão e difusão de

informações no canteiro.

Observa-se, também, que durante a execução da obra o processo de tomada

de decisões nem sempre segue um plano organizado em termos de seqüência de

atividades, determinação de recursos e mão-de-obra, ou seja, é feito intuitivamente

baseado na experiência do gerente ou no planejamento de longo prazo.

Ainda de acordo com Formoso et al. (2001), deve-se trabalhar no sentido de

corrigir essas falhas apontadas tanto na literatura quanto de forma evidenciada na

prática, promovendo assim mudanças comportamentais na elaboração dos planos. Em

especial, deve-se adotar o planejamento em três níveis; longo (estratégico), médio

(tático) e curto (operacional).

Percebe-se a partir daí, a necessidade de se fazer um estudo sobre como o

planejamento da obra pode ser elaborado através da sistematização do PSP, para que

possa ser de fato controlado em termos de prazos, produtividade e redução de

desperdícios, que são fatores pertinentes ao conceito de Construção Enxuta e de PCP.

Existe uma série de trabalhos referentes ao estudo de PCP em empresas

construtoras (CARNEIRO, 2009; BERNARDES, 2004; BERNARDES, 2001;

FORMOSO et al., 1999). No entanto, ressalta-se que a implantação dos conceitos de

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Construção Enxuta e de PCP numa obra específica é um processo característico, ou

seja, depende do que já é feito, do que ainda pode ser feito e do que pode ser melhorado

no ponto de vista de planejamento e execução das atividades da empresa.

1.3 Justificativa

Este trabalho se justifica na medida em que mostra uma experiência prática

da utilização dos conceitos teóricos de Produção, Construção Enxuta e de Planejamento

e Controle de Produção, através de um estudo de caso numa construtora cearense de

pequeno porte. O estudo é pertinente, pois mostra a importância desses conceitos na

construção civil por meio de alterações nos planos de uma obra, de modo que eles se

tornem compatíveis em termos de prazos, trazendo assim benefícios para a empresa. A

pesquisa também reforça a eficiência da hierarquização do planejamento nos níveis de

longo, médio e curto prazo.

1.4 Objetivos 1.4.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo geral apresentar as contribuições ao

processo de planejamento de uma empresa construtora de pequeno porte, obtidos a

partir da aplicação de ferramentas da Produção – Construção Enxuta e do Planejamento

e Controle de Produção (PCP) em interface com o Projeto de Sistema de Produção

(PSP).

A interligação desses conceitos será apresentada em um diagrama que

relaciona os diversos componentes do planejamento da obra, tanto os que já são

aplicados como os que foram implantados ao longo do tempo em que a empresa

trabalhou com o apoio do programa INOVACON.

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1.4.2 Objetivos Específicos

• Evidenciar a introdução do pensamento enxuto nos sistemas produtivos;

• Fazer um estudo do sistema de planejamento e controle da produção da

empresa;

• Verificar a eficiência da elaboração dos planos da obra nos níveis de longo

médio e curto prazo;

• Padronizar um modelo de PCP para sua aplicação nas demais obras.

1.5 Delimitações do Trabalho

Este trabalho foi desenvolvido por meio da intervenção do Programa de

Inovação da Indústria da Construção Civil (INOVACON) em uma empresa construtora

atuante no mercado de construções de Fortaleza-CE. Portanto, no que compete ao

conteúdo da pesquisa, ressalta-se que serão apresentadas apenas informações relativas a

um período de quatro meses, que foi o tempo de duração e aplicação dos módulos de

PCP na empresa.

Além disso, esses dados referem-se à realidade da empresa em questão, logo,

para efeito de comparação podem existir divergências com relação aos processos de

planejamento observados em outras empresas do mesmo ramo.

1.6 Metodologia

Para a elaboração deste trabalho, toda a pesquisa dividiu-se em três etapas.

Primeiramente, foi feita uma revisão bibliográfica acerca dos principais conceitos que se

julgou serem importantes, dentre os quais se podem citar: Sistema Toyota de Produção

(STP), Construção Enxuta (CE), Planejamento e Controle da Produção (PCP) e Projeto

de Sistema de Produção (PSP).

Em paralelo, realizou-se a segunda etapa, que foi um diagnóstico em uma

construtora de pequeno porte, visando mostrar o acompanhamento dos processos de

planejamento empregados em uma de suas obras, bem como suas necessidades quanto à

organização e aprimoramento destes.

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16

Vale ressaltar que antes do início das atividades na obra estudada, a empresa

participou de um seminário sobre Planejamento e Controle da Produção realizado

dentro da programação do INOVACON, que foi decisivo para sua sensibilização e

realização deste trabalho.

Os resultados da etapa descrita acima deram condições para a realização da

terceira e última etapa, que consistiu numa pesquisa realizada na mesma empresa. Esse

estudo, que também foi assessorado por uma equipe técnica do programa INOVACON,

teve como finalidade a implantação de novos conceitos de PCP na obra, bem como o

acompanhamento dos processos dentro dos novos moldes de planejamento.

THIOLLENT (1994) define a metodologia da pesquisa-ação como uma

forma em que pesquisador e empresa trabalham juntamente na identificação e solução

de um problema. Assim, tomou-se por base conceitos relacionados ao Sistema Toyota

de Produção para avaliar o PCP da obra estudada e realizar mudanças no mesmo. O

Anexo 1 apresenta o sistema de PCP da empresa com a indicação dos itens identificados

antes e depois da realização do estudo.

Dessa forma, serão apresentados posteriormente os resultados desse estudo,

que em resumo, apontam um processo de mudança da realização do planejamento da

empresa citada, buscando enquadrar-se em um novo PCP pautado nos conceitos e

práticas da Produção/Construção Enxuta.

1.6.1 O Programa INOVACON

No Ceará, o Programa de Inovação da Indústria da Construção Civil

(INOVACON-CE) contempla hoje quatro empresas voluntárias que participam

ativamente dos módulos. Em abril deste ano, foram trabalhados nestas empresas os

módulos de Planejamento e Controle da produção e de Projeto de Sistema de Produção.

Em resumo, essas empresas sentiram a necessidade de modificar seus

processos de planejamento e por isso se mantiveram abertas às visitas e treinamentos da

equipe técnica do programa, bem como mostraram bastante dedicação no trabalho dos

módulos. As principais atividades desenvolvidas durante os módulos de planejamento

estão listadas a seguir:

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• Preparação dos processos de planejamento através de procedimentos

padrões;

• Coleta de informações nos setores intervenientes ao planejamento;

• Gerenciamento das informações fornecidas aos tomadores de decisões para

sua melhor difusão;

• Elaboração de planos compatíveis com os processos da empresa para

aumentar a sua eficiência;

• Avaliação do processo de planejamento no decorrer da obra para melhor

visualização das possibilidades de melhoria;

• Elaboração de planos de ataque dos serviços e o estudo dos fluxos de

materiais.

1.6.2 Descrição da empresa e da obra estudada

A empresa a qual o estudo se refere é uma construtora considerada de

pequeno porte de Fortaleza-CE que possui em seu histórico 15 obras entregues, e será

referenciada aqui como “Construtora A”.

Durante o estudo, a empresa executava um edifício empresarial com 16

pavimentos tipo, um pavimento com auditório, mezanino, térreo e dois subsolos. Cada

pavimento tipo possuía seis salas. Os serviços em andamento na obra, no momento do

estudo (março a junho/2009), consistiam na realização da estrutura em concreto

armado, elevação da alvenaria, execução de contrapiso, instalações elétricas, hidro-

sanitárias e de combate a incêndio.

A Figura 1.1 abaixo representa uma vista geral da mesma registrada no

inicio do mês de junho de 2009.

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Figura 1.1 – Estágio da obra em Junho/2009 (Construtora “A”)

Informações complementares sobre a obra e seus processos de planejamento

serão descritos posteriormente com o delineamento da pesquisa. Com essas informações,

dá-se continuidade ao trabalho mostrando no próximo tópico os principais conceitos que

serviram de base teórica para este estudo.

1.7 Estrutura do Trabalho

Esta monografia está dividida basicamente em seis tópicos, onde o primeiro

deles é a Introdução, que trata da contextualização do problema, justificativa e

objetivos, além de outras informações pertinentes ao estudo. O segundo tópico

apresentado é a Metodologia que foi empregada no trabalho. Este tópico irá tratar do

método de pesquisa realizado, além de uma breve apresentação da empresa que serviu

de base para o estudo.

Num tópico seguinte, tem-se a Revisão Bibliográfica, trazendo os principais

conceitos utilizados na realização desta pesquisa, seguido dos Resultados que são

apresentados em um tópico a parte.

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19

O trabalho se encerra com as Conclusões e as principais dificuldades

encontradas para a realização dessa pesquisa, bem como sugestões para trabalhos

futuros. Por fim são reunidas as referências bibliográficas que serviram de base teórica

para o desenvolvimento desse trabalho, seguido dos anexos referentes à pesquisa.

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20

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O Sistema Toyota de Produção e a Construção Civil

A construção civil vem experimentando uma nova forma de lidar com sua

produção. Formoso (2000) apud Bernardes (2001) afirma que essa nova metodologia se

consolidou com as mudanças observadas no Sistema Toyota de Produção, que acabaram

se tornando um paradigma de gestão da produção.

Em linhas gerais, as práticas utilizadas para a concepção de um produto

final permitiram transparecer algumas lacunas. De acordo com Koskela (1992) apud

Alves (2000), estas práticas eram voltadas para o modelo de conversão de

administração, que enfatiza a transformação de insumos (inputs) em produtos (outputs),

mas que acaba negligenciando algumas etapas inerentes ao processo. Com isso, a

inovação que surgiu em contrapartida a esse problema é intitulada de Produção Enxuta,

que busca o aumento da produtividade e a eliminação de desperdícios do processo

produtivo (ALVES, 2000).

De fato, a eliminação de desperdícios pode ser um fator contribuinte para o

aumento da produtividade, tanto que Womack et al. (1992) apud Bernardes (2001),

mostra que a Produção Enxuta sugere menores quantidades sobre vários aspectos, desde

metade do esforço de operários, metade do espaço físico utilizado para fabricação,

metade do investimento em ferramentas e materiais, além de sugerir menores

quantidades de estoques para se obter uma maior produção e variedade do produto.

A redução dos desperdícios também está ligada à identificação de perdas.

Segundo Ohno (1997) e Shingo (1996) apud Kemmer (2006), os principais tipos de

perdas são: perda por transporte; perda no processamento em si, perda por estoque

disponível; perda por produtos defeituosos; perda por movimentação; perda por espera e

perda por superprodução.

Para Alves (2000), a identificação dos pontos onde as perdas estão

ocorrendo, o norteador para ações de melhoria e o aumento da eficiência do processo só

podem ocorrer se essa prévia análise dos diferentes tipos de perdas for realizada. Feita

essa análise, pode-se consolidar então, o STP a partir de seus conceitos principais.

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21

De acordo com Ohno (1997) apud Alves (2000), o STP é sustentado por dois

pilares: a Autonomação e o Just-in-time. De forma objetiva será feita a seguir uma breve

descrição sobre cada um destes conceitos.

Autonomação – Shingo (1996) apud Alves (2000), afirma que é uma forma de dar a

função à maquina para interromper o fluxo produtivo quando este se depara com um

problema. Guinato (1996) apud Alves (2000) defende que deve haver uma estreita

relação entre o operador e a máquina, para que este possua autonomia de operar e

resolver o problema quando houver um. De acordo com Kemmer (2006), essa

autonomia que é dada aos operários garante o fluxo contínuo e sincronizado da

produção.

Just-in-time – Para Shingo (1996) apud Alves (2000), este é um fator que promove a

produção com estoques mínimos, onde o aumento da produção é alcançado através da

eliminação das perdas. A idéia central deste conceito é produzir o necessário, quando

necessário. Para isso, alguns autores como SHINGO (1996); HOPP e SPEARMAN

(1996) e ALVES (2000) defendem que o processo produtivo deve receber apenas o

necessário (insumos), em tempo e quantidade certos. Esta estratégia possibilita o

chamado efeito aprendizagem, pois em função dos lotes pequenos, há a possibilidade de

se observar melhor a produção e identificar os problemas, impedindo que os mesmos

sejam reproduzidos e haja assim um aumento do desempenho da equipe e da qualidade

do produto final (KEMMER, 2006).

Alem disso, autores como KOSKELA (1992); ALVES (2000); KEMMER

(2006) apontam também outros importantes princípios da Produção Enxuta. Para tanto,

o STP define mais precisamente esses conceitos, onde o primeiro deles, a especificação

de valor, mostra exatamente o que interessa para o cliente final, em termos de produto

e/ou serviço, em um tempo determinado.

Tem-se também, a identificação da cadeia de valor, que procura medidas

necessárias para levar um produto ou serviço ao cliente final. Já o conceito de fluxo visa

evitar a formação de estoques e esperas através de um fluxo contínuo para que a

produção puxada atenda apenas ao que foi demandado. Por fim, o último princípio é o

da perfeição, que tenta manter a contínua busca de melhorias através da

retroalimentação do sistema (WOMACK et al., 1992 apud KEMMER, p.14, 2006).

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22

Womack e Jones (1998) apud Alves (2000), afirma que o fluxo contínuo

garante a geração de valor na transição de uma atividade para outra, onde nesse

processo, a próxima atividade recebe as condições necessárias para ser realizada, mas

sem se ater às condições de “lote”, onde uma atividade só começa quando se termina a

antecedente.

Em relação a esta nova idéia tão comentada hoje, como é a Produção

Enxuta, vários autores já fazem uma abordagem conceitual mais completa sobre o

assunto, podendo ser citados como exemplo; KOSKELA (1992); ALVES (2000);

BERNARDES (2001), KEMMER (2006), além de vários artigos com abordagens mais

objetivas, que são direcionados a eventos relacionados à Produção Enxuta

freqüentemente.

No entanto, torna-se interessante apresentar uma análise comparativa que

mostre as vantagens da Produção Enxuta sobre a produção convencional, em termos de

redução de desperdícios e aumento da produtividade. Alves (2000) mostra em seu

trabalho essa mesma análise comparativa, que pode ser conferida no Quadro 2.1 abaixo:

Quadro 2.1 – Diferenças entre a produção em massa e a Produção Enxuta (WOMACK et al., 1992 apud

ALVES, 2000, p.18)

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23

O Quadro 3.1 acima deixa evidente a forma como a metodologia enxuta de

um modo geral, trata a produção. Se transportadas para a construção civil, as

informações apontadas acima podem ser facilmente identificadas no meio produtivo.

Como exemplo, pode-se falar de algumas dessas afirmações como a “Investigação e

correção do problema através dos 5 porquês” que é feita em algumas empresas através

da análise de listas de causas para o não cumprimento de serviços.

Outro exemplo é o de “Produção em pequenos lotes” que pode ser

exemplificada através da elaboração de células de produção, mas estas são abordagens

que neste trabalho serão feitas posteriormente com maior detalhe, quando se fizer a

apresentação do desenvolvimento da pesquisa.

A análise conjunta dos fatores acima citados (Quadro 2) em paralelo com os

“pilares” do STP, definidos por Ohno (1997) apud Alves (2000), como Autonomação e

JIT, mostra uma nova filosofia que procura direcionar esforços para a redução de perdas

na produção, buscando maior qualidade e perfeição do produto ou serviço final. Essa

nova forma de lhe dar com a produtividade, preservando o fluxo contínuo, se

direcionada à construção civil, abre espaço para uma nova vertente de trabalho,

nomeada de Lean Construction, ou Construção Enxuta.

A seguir faz-se uma apresentação mais completa desse conceito tendo como

foco a crescente busca pela melhoria contínua por parte das empresas construtoras, que

compram essa idéia pensando em uma melhor atuação competitiva no mercado da

construção, através da redução de desperdícios e do aumento de sua produtividade.

2.2 Lean Construction - A busca pela Melhoria Contínua

A indústria da construção civil tem explorado cada vez mais as formas de

contornar os entraves do ambiente construtivo. Isso se dá por conta do mercado

competitivo, que acaba obrigando as organizações a se preocuparem mais com seus

métodos produtivos, visando um melhor desempenho e com menores desperdícios.

Essa necessidade vem sendo suprida há alguns anos pelos princípios da

Construção Enxuta. Esta, ao contrário do modelo tradicional do processo de produção,

que prega apenas a conversão de matéria prima em produto, considera também as

atividades de fluxo (transporte, movimentação ou espera) como uma etapa essencial

para o aumento da produtividade (KOSKELA, 1992 apud BERNARDES, 2001, p.15).

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Ainda de acordo com Koskela (1992) apud Bernardes (2001), uma nova

forma de se entender os processos produtivos foi a principal mudança conceitual trazida

pela CE. Em seu trabalho, Kemmer (2006) mostra que o STP serviu de suporte para a

disseminação desses princípios, fazendo com que a produção tenha se divido em

atividades que agregam valor e atividades que, apesar de não agregarem valor, ainda

assim participam do processo, podendo ser citadas principalmente as atividades de fluxo

e inspeção (insumos, pessoas e informações).

Koskela (1993) apud Kemmer (2006) apresenta alguns princípios que regem

essa nova metodologia de construção, onde os principais resumem-se à redução das

atividades que não agregam valor, redução do tempo de ciclo, aumento da transparência

do processo, foco no controle do processo como um todo, construção da melhoria

contínua, dentre outros. O Quadro 2.2 mostra um comparativo entre a filosofia de

produção “enxuta” e a convencional.

Quadro 2.2 – Comparativo entre a filosofia convencional e a filosofia “Enxuta” (KOSKELA, 1993 apud KEMMER, 2006, p.16)

Quando colocadas sob efeito comparativo, as informações do quadro acima

mostram o quão vantajoso é a aplicação dos conceitos Lean no que diz respeito ao fluxo

das atividades, ao controle do tempo desse fluxo e à melhoria contínua. De acordo com

Bernardes (2001), a filosofia Lean quando focada em construção, reflete os esforços de

um grupo de pesquisadores que busca a aplicação de seus conceitos, de modo que hoje

se pode observar a concretização desse fato em várias construtoras nacionais.

Por fim, o estudo dessa filosofia aplicada nas empresas mostra que pode

haver uma ligação com o processo de planejamento das mesmas quando o objetivo é

alcançar a melhoria contínua dos processos. Bernardes (2001) afirma que a conversão e

as atividades em fluxo propostas pela CE são de grande contribuição para o processo de

controle da produção. O mesmo autor afirma ainda que sugestões de melhoria

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25

provenientes das próprias equipes de produção são de grande importância para o

sistema, favorecendo também outro princípio inerente ao estudo de modelos de

planejamento, a transparência.

2.3 O Planejamento e o Pensamento Enxuto como Princípio de Transparência

2.3.1 Definição de Planejamento

Nos últimos anos, vários autores abordaram uma definição para

planejamento. Laufer e Tucker (1987) apud Bernardes (1996), afirmam que este é um

processo de tomada de decisão que antecede uma ação desejada, com o propósito de

auxiliar o gerente na realização de suas funções.

Em seu trabalho, BERNARDES (1996) adota como definição aquela

proposta por BIO (1985), que considera o planejamento como um processo de

desenvolvimento e escolha de alternativas para se alcançar um objetivo futuro.

Barros Neto (1999) apresenta os aspectos de planejamento como uma das

partes integrantes do sistema da construção civil, além do canteiro de obras; gestão da

qualidade; aspectos tecnológicos; fornecedores e organização da produção. O mesmo

autor reforça que o grande problema da indústria da construção civil é por não

considerar o planejamento um processo gerencial, sendo este trabalhado isoladamente

nos setores produtivos, causando assim uma deficiência na coleta, armazenamento e

disseminação de informações.

2.3.2 Planejamento x Informação

Bernardes (1996) define a informação como o resultado do processamento,

não necessariamente computacional, de qualquer dado manipulado em uma empresa,

sendo esta de grande valor para o desenvolvimento de determinado processo.

Para Aquad et al. (1994) apud Bernardes (1996), o ambiente da indústria da

construção civil apresenta uma grande quantidade de intervenientes com diferentes

níveis de especialização. Estes desempenham suas tarefas trocando informações que

muitas vezes são repassadas de forma desorganizada, sem proporcionar uma devida

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estrutura de fluxo para execução dos serviços, causando assim uma dificuldade de

controle.

Formoso et al. (1999) complementa ainda que na construção civil, o

planejamento abrange uma grande quantidade de tarefas que possuem um alto grau de

incerteza. As informações acabam sendo de grande importância para a continuidade

dos serviços, porém, cada integrante do sistema construtivo, desde o mestre de obras até

o próprio gestor, possui uma visão diferente de cada processo, ou seja, cada um acredita

que determinado produto ou serviço pode ser feito de uma maneira.

Entretanto, o grau de incerteza existente no ambiente construtivo pode ser

reduzido através da relevância e precisão das informações (CAMPBELL, 1997 apud

BERNARDES, 1996). Segundo Watherbe (1987) a relevância da informação tem efeito

direto na tomada de decisão, se esta não auxilia a decisão, é por que não tem valor para

o processo.

2.3.3 Planejamento x Transparência

O pensamento enxuto, quando direcionado ao planejamento de um

empreendimento, tenta alinhar as idéias de modo a reduzir o grau de dificuldade do

gerenciamento da obra, dando subsídios para que a execução das atividades ocorra de

modo mais transparente.

Segundo Oliveira (1999) o princípio de transparência quando implementado

na construção civil proporciona um ambiente mais produtivo e organizado, pois auxilia

a comunicação do processo construtivo entre administração e operários.

O mesmo autor defende também o uso de indicadores para controle de

produção através da utilização de gráficos, cores e símbolos para tornar a compreensão

e análise dos resultados do processo construtivo mais transparente. Indicadores de

desempenho aplicados em sistemas de planejamento serão abordados com mais detalhe

neste capítulo, porém, num tópico mais adiante.

Em seu trabalho, Alves (2000) faz uma abordagem sobre o uso de medições

para dar mais transparência aos fluxos físicos nos canteiros de obras. Bernardes (2001)

afirma também que uma forma de dar mais transparência ao processo de planejamento é

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27

através do uso de plantas e esboços durante as discussões das metas, de modo a facilitar

a compreensão por parte das equipes de produção.

A seguir será tratado de um conceito que atualmente tem sido muito

estudado em função dos processos de planejamento por trazer benefícios através do

pensamento enxuto. Este, conhecido por Projeto de Sistema de Produção (PSP),

apresenta bons resultados quando trabalhado junto ao controle da produção.

2.4 Projeto de Sistema de Produção (PSP)

O PSP, de acordo com Costa et al. (2004), é um princípio que estabelece

uma visão sistêmica e busca a otimização dos processos produtivos ou do sistema de

produção como um todo. O mesmo autor ressalta ainda que o objetivo principal do

emprego do PSP é a definição antecipada dos planos de ataque do empreendimento e o

estabelecimento da continuidade de fluxos dos recursos da produção.

Mota et al. (2008) afirma que, como existe uma ligação direta com o

planejamento do empreendimento, a idéia é que o PSP seja elaborado antes do início da

obra. Assim, as decisões relativas à seqüência das atividades, alocação de recursos,

programação dos serviços, dentre outras, devem ser levadas em conta. Costa et al.

(2004) comenta que se essas definições relativas ao sistema de produção não forem

feitas antes do início do empreendimento, seu desempenho poderá ser comprometido

em relação aos prazos e custos de execução.

Halpin; Woodhead (1976) apud Costa et al. (2004), mostram que o Projeto

de Sistema de Produção consiste em quatro atividades principais:

(a) O desenvolvimento de um plano consistindo na seleção de uma tecnologia de

construção adequada e a definição de atividades de trabalho que devem ser

desenvolvidas de acordo com a lógica tecnológica;

(b) A seleção de equipamento e mão-de-obra, que estabelece o conjunto de recursos que

devem estar disponíveis para o desenvolvimento do processo de trabalho. A

natureza dos recursos necessários é definida pelas necessidades da tecnologia de

construção, enquanto que o número de recursos usado é uma função da magnitude

do trabalho envolvido e a produtividade esperada;

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(c) O desenvolvimento de políticas gerenciais, definidas como um conjunto ordenado

de ações que são pré-definidas para operar em resposta a um conjunto de condições

antecipadas, que são freqüentemente projetadas para processos críticos;

(d) O monitoramento e avaliação do desempenho dos processos de construção,

envolvendo o contínuo monitoramento da produtividade e progresso do trabalho e a

manipulação de recursos para reagir à variabilidade no canteiro de obras. Assim,

possibilita ao gerente assegurar que cargas de trabalho excessivas ou ociosidade de

trabalhadores e recursos não ocorram.

Em seu trabalho, COSTA et al. (2004) trás algumas ferramentas importantes

para aplicação do PSP, onde a primeira delas é o Diagrama de Seqüência, que define a

seqüência de execução de uma unidade-base do produto (Figura 2.1). O autor define a

unidade-base como sendo uma unidade de produção repetitiva, como por exemplo, um

pavimento.

Figura 2.1 – Diagrama de seqüência para execução da unidade base (COSTA et al., 2004, p.6)

Outra ferramenta apresentada por COSTA et al. (2004) é a planilha de Pré-

dimensionamento da mão-de-obra e equipamentos, que reúne informações referentes

aos serviços e equipamentos, bem como as equipes e o tempo de duração de cada

atividade (Quadro 2.3).

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Quadro 2.3 – Exemplo de pré-dimensionamento de mão-de-obra e equipamentos (COSTA

et al., 2004, p.6)

A definição do Plano de ataque de determinado serviço também se refere a

uma ferramenta abordada no trabalho de COSTA et al. (2004). Essa ferramenta

apresenta soluções para a execução de um serviço baseado na viabilidade técnica

(evitando desperdícios), prazos e custo (Figura 2.2).

Figura 2.2 – Exemplo de plano de ataque de um empreendimento (COSTA et al., 2004, p.7)

Como foi dito anteriormente, o PSP é um princípio de sistematização dos

processos que busca a otimização e a continuidade de fluxo das atividades e recursos,

tornando, de modo antecipado, o planejamento do empreendimento mais transparente e

de fácil visualização. Esse princípio é complementado pelo controle dos processos de

planejamento em tempo real, que pode ser definido como Planejamento e Controle da

Produção (PCP).

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30

2.5 Planejamento E Controle da Produção na Construção Civil

2.5.1 A necessidade de controle

De acordo com Bernardes (2001), a construção civil vem adaptando

conceitos desenvolvidos em ambientes de produção industrial através de procedimentos

administrativos como sistemas de planejamento e controle da produção. Mas esta

adaptação nas empresas de construção nem sempre se dá de modo eficiente. Para

Formoso et al. (2001), o processo de planejamento e controle da produção (PCP) na

construção civil ainda apresenta diversos problemas tais como: falta de visão de

processo, negligência da incerteza, informalidade e necessidade de mudanças

comportamentais entre os envolvidos.

Segundo Koskela (1992) apud Bernardes (2001), esses problemas muitas

vezes são causados pelas inúmeras peculiaridades observadas no setor da construção.

Laufer & Tucker (1987) apud Kemmer (2006), também caracterizam este insucesso

pela falta de domínio técnico entre os gerentes e pela falta de dados representativos

sobre a produtividade da empresa.

Formoso et al. (1999) afirma que, pelo fato de o planejamento não ser

encarado como um processo gerencial, alguns processos acabam sendo comprometidos

devido à falta de planos para alocação de materiais, equipamentos e mão-de-obra.

LIMA at al. (2009) fala também sobre a informalidade com que os planos são

difundidos e a falta de documentos que possam disseminar a informação em vários

formatos nos diversos níveis da organização.

Reichmann et al. (1998) ressaltam também que essa falta de adequação dos

modelos de planejamento às condições da empresa, principalmente de pequeno e médio

porte, favorecem a incerteza pela falta de transparência e formalização dos processos.

De acordo com Bernardes (2001), o planejamento consiste em um processo

de tomada de decisão e estabelecimento de metas que só é eficaz se seguido de controle.

Sabendo disso, pesquisadores de grupos específicos em gerenciamento da construção

civil, como o NORIE (Núcleo Orientado Para Inovação da Edificação), vêm

desenvolvendo estudos teóricos relacionados a modelos de planejamento e controle da

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produção, onde estes já se aplicam em diversas empresas construtoras nacionais.

2.5.2 A hierarquização do planejamento

Em sua definição, o PCP é apresentado basicamente como um sistema de

hierarquização do processo de planejamento que busca a redução das incertezas

inerentes à construção civil por meio da antecipação dos problemas da obra (ALVES,

2000).

Essa hierarquização se dá em duas formas; horizontal e verticalmente.

Segundo Laufer & Tucker (1987) apud Alves (2000), a dimensão horizontal do

planejamento consiste nas seguintes etapas: planejamento do processo de planejamento,

coleta de informações, preparação dos planos, difusão das informações e avaliação do

processo de planejamento (Figura 2.3).

Figura 2.3 – As fases do processo de planejamento (LAUFER e TUCKER, 1987 apud

BERNARDES, 1996, p.34)

Uma definição detalhada sobre cada etapa do ciclo horizontal pode ser

consultada nos trabalhos de BERNARDES (2001); ALVES (2000) e BERNARDES

(1996). Neste trabalho estas etapas não serão comentadas, pois será dada ênfase maior

ao planejamento vertical.

Segundo Hopp e Spearman (1996) apud Bernardes (2001), cada nível de

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planejamento requer um grau de detalhes para os diferentes setores da empresa. Laufer

& Tucker (1987) apud Bernardes (1996), explicam que, pelo fato das programações de

um empreendimento de construção sofrerem freqüentes modificações, manter uma

consistência entre os níveis hierárquicos representa uma grande dificuldade do

planejamento.

Ainda de acordo com Laufer e Tucker (1987) apud Bernardes (2001),

devido à incerteza presente no processo construtivo é importante que o planejamento

seja dividido também numa dimensão vertical, respeitando assim o nível de detalhe de

cada setor.

Por tanto, nesta dimensão vertical, tem-se a seguinte divisão: planejamento

estratégico, tático e operacional. O nível estratégico apresenta o conjunto de metas do

empreendimento a serem alcançadas em determinado tempo, ou seja, em longo prazo

(SHAPIRA e LAUFER, 1993 apud BERNARDES, 1996).

No planejamento tático é feita a identificação de recursos, estruturação do

trabalho e treinamento das equipes, ou seja, os meios e as limitações para se alcançar as

metas, também chamado de médio prazo. (DAVIS e OLSON, 1987 apud

BERNARDES, 2001). Em relação ao nível operacional, Laufer e Tucker (1987) apud

Bernardes (2001), o relacionam com as decisões e o curso das ações para se alcançar as

metas em um curto prazo. BERNARDES (2001); ALVES (2000) e BERNARDES

(1996) definem em seus trabalhos esta concepção vertical (estratégico, tático e

operacional) do planejamento de forma mais detalhada.

O trabalho de LIMA at al. (2009) mostra a necessidade de se realizar

efetivamente o planejamento nesses três níveis, i.e., longo, médio e curto prazo,

conforme sugerido pela literatura e com base nas reais demandas do sistema produtivo.

(FORMOSO et al., 2001).

Nesse sentido, destaca-se a importância do conceito de produção puxada.

Womack e Jones (1996) definem a produção puxada como a forma de produzir apenas o

que é necessário, em quantidades necessárias e no momento em que necessita. O autor

afirma ainda que o objetivo desse princípio é justamente obter a redução dos

desperdícios ocasionados por superprodução e dos tempos de espera na conclusão de

qualquer processo.

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Shingo (1989) apud Lima et al. (2009), fala da influencia do STP para o uso

da produção puxada na construção. Em complemento, afirma Balard (2000) apud Lima

et al. (2009), que o planejamento, conforme realizado pela Toyota, tem servido de base

para as mudanças realizadas pela construção civil. O exemplo mais conhecido da

aplicação dos conceitos advindos do STP é o Last Planner System (LPS), que emprega a

produção puxada, lotes pequenos, participação de trabalhadores na definição dos planos,

nivelamento da produção, parada da produção para analisar problemas e impedir sua

propagação, entre outros.

Ballard (2000); Formoso et al., (2001) afirmam que o LPS também sugere

que o planejamento seja realizado na construção civil nos níveis: longo (plano mestre),

médio (lookahead planning) e curto prazo. De acordo com Bernardes (2004), vários

estudos práticos em relação à implantação do SLP, já foram realizados por

pesquisadores brasileiros em empresas de construção civil (BERNARDES et al., 1998;

FORMOSO et al., 1999; ALVES, 2000; BERNARDES, 2001; COELHO e FORMOSO,

2003; SOARES, 2003, dentre outros).

Por fim, BALARD (2000) apud LIMA et al. (2009), p.2; FORMOSO et al.,

(2001) definem os três níveis de planejamento vertical de acordo com o LPS como

sendo:

− Planejamento de longo prazo – também chamado de plano mestre, lida com a

programação da obra com base em restrições financeiras associadas ao fluxo de

caixa do empreendimento e contempla todo o prazo de realização do

empreendimento. Esse plano apresenta os grandes serviços da obra (e.g.,

fundações, estruturas, alvenaria) e suas datas marco que indicam o início e o fim

das atividades, os ritmos de produção e os lotes de processamento e de

transferência, o plano de ataque à obra.

− Planejamento de médio prazo (lookahead planning) – o médio prazo tem como

objetivos principais: proteger a produção contra incertezas, integrar os níveis de

planejamento e auxiliar no controle e na aprendizagem (COELHO E FORMOSO,

2003). É no planejamento de médio prazo que possíveis entraves ou restrições à

realização das tarefas são identificados e ações são disparadas para que sejam

removidas antes da liberação das tarefas para a produção. A análise sistemática das

restrições contribui para o melhor entendimento de como é realizada a execução

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dos serviços e possibilita a organização de listas de verificação a serem usadas

antes da execução de um serviço. Em obras de incorporação o plano de médio

prazo engloba usualmente de 5 a 12 semanas. A literatura sobre o tema aponta que

o planejamento de médio prazo é pouco realizado por empresas construtoras

(KEMMER ET AL., 2008) apud LIMA et al. (2009), p.3.

Planejamento de curto prazo – o curto prazo é geralmente realizado semanalmente

e deve contar com a participação efetiva das equipes que irão realizar as tarefas. O

objetivo é envolver as equipes de produção de modo que elas possam indicar a

capacidade produtiva necessária para realizar as atividades programadas (carga de

trabalho), bem como discutir as melhores formas de se realizar a atividade. O curto

prazo tem um caráter de controle muito forte visto que as tarefas são repassadas

para as equipes de produção e ao final de uma semana verifica-se quais atividades

foram ou não realizadas.

2.5.3 Algumas ferramentas do planejamento

Para a realização do planejamento da obra a longo prazo, normalmente se

utiliza a técnica de linha de balanço (LB). Segundo Limmer (1997), a LB consiste

basicamente no traçado de linhas em um plano cartesiano que representam cada uma

delas, uma atividade e seu respectivo andamento. A Figura 2.4 abaixo mostra um

gráfico de linha de balanço, onde a inclinação de cada reta indica o ritmo de execução

de cada atividade.

Figura 2.4 – Gráfico de Linha de Balanço (KEMMER, 2006, p.35)

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Heineck (1996) complementa que a LB é a técnica mais indicada para

empreendimentos de caráter repetitivo, pois leva em consideração variáveis como: lotes

de produção e tempo de ciclo.

A metodologia de aplicação dessa ferramenta esta ligada com alguns fatores

(Maziero, 1990; Mendes Jr., 1997): Definição da unidade básica de repetição;

determinação das atividades a serem programadas e suas precedências; obtenção das

quantidades de serviços a executar; dimensionamento do tamanho das equipes,

produtividade esperada e durações das atividades na unidade de repetição considerada;

definição do prazo da obra e datas importantes; determinação do plano de ataque à obra;

programação das atividades, dentre outros.

Trabalhos como o de KEMMER (2006); TAVARES et al., (2004) e

ROMANO et al., (2005) exploram melhor o uso da linha de balanço, tendo em vista o

aprimoramento da programação por meio de células de produção e diferentes tempos de

ciclo.

No acompanhamento do planejamento de médio prazo, recomenda-se o uso

da planilha de médio prazo (Figura 2.5). Através desta planilha, tem-se a identificação

e estudo das restrições referentes às atividades do período (normalmente um ou dois

meses), a equipe responsável por determinado serviço, a descrição do mesmo, e uma

coluna destinada à data limite para remoção das restrições, além de um horizonte de

tempo determinado pela administração que atenda bem as necessidades do plano.

Figura 2.5 – Exemplo de planilha de médio prazo (CODINHOTO et al., 2003, p.6)

Codinhoto et al. (2003) afirma ainda que a identificação das restrições são

atividades gerenciais realizadas conjuntamente com o planejamento de médio prazo

que requerem controle para serem eficazes. Porém, isso tem sido negligenciado pelos

gerentes, que muitas vezes não fazem o devido monitoramento para identificação e

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36

remoção dessas restrições.

O Anexo 2 traz um modelo de planilha de médio prazo que foi fornecida

pelo grupo de pesquisa NORIE da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com a

finalidade de ser aplicada nas empresas voluntárias do programa INOVACON.

Já o acompanhamento do planejamento de curto prazo pode ser feito também

através de um plano de curto prazo. De acordo com Bernardes et al. (1998), o plano de

curto prazo deve conter a previsão da mão de obra designada para determinada tarefa

dentro de um plano semanal que estabeleça as atividades diárias. O autor afirma ainda

que o controle desse modelo está direcionado para a equipe de trabalho e registro das

causas pelas quais as tarefas eventualmente não se concluíram.

O Anexo 7 apresenta um modelo de plano semanal que, assim como a do

plano de médio prazo, foi fornecido à equipe técnica do INOVACON a fim de ser

aplicado nas construtoras voluntárias ao programa.

2.5.4 O uso de indicadores para avaliação do PCP

A medição do desempenho da produtividade é uma forma de se obter um

“feedback” dos processos de trabalho de uma empresa. Assim, o uso de indicadores tem

sido feito em grande parte das empresas do ramo da construção como fonte de dados

para a tomada de decisão e controle dos processos de planejamento. (FORMOSO &

LANTELME, 2000 apud CODINHOTO et al., 2003).

Para Bernardes et al. (1998) a utilização de indicadores para controle da

produção em empresas construtoras é importante, pois proporcionam o estabelecimento

de diretrizes para se corrigir desvios de planejamento. Alacón (1997) apud Codinhoto et

al. (2003), afirma também que através do uso de indicadores é possível se estabelecer

padrões para o desempenho do sistema de produção de modo a se obter mais qualidade

das informações para a tomada de decisões.

Bernardes et al. (1998) ressalta ainda que a implementação de quaisquer

modelos de planejamento requer sua avaliação em relação à eficiência e eficácia desse

processo por meio dos indicadores. Lantelme (1994) estabelece alguns critérios para

esses indicadores quando se tem a finalidade de medir desempenho:

• Devem ser de formulação simples e passível de entendimento para todos os

envolvidos no processo;

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37

• Devem apresentar um grau satisfatório de representatividade das atividades e

resultados;

• Devem ser calculados com dados disponíveis e, principalmente confiáveis.

Sabendo disso, alguns indicadores têm sido usados com freqüência para

aferir a eficiência dos planos de longo, médio e curto prazo. Neste trabalho serão

definidos indicadores do plano de médio prazo (tático) e do curto prazo (operacional),

que foram índices implantados na empresa descrita nesta pesquisa.

O indicador normalmente associado ao plano de curto prazo que vem sendo

aplicado em diversas empresas construtoras atualmente é o Percentual de Planos

Completos (PPC). Este é calculado para refletir o percentual de tarefas efetivamente

realizadas quando comparadas com o total de atividades previstas para o período. Com

base nessa verificação, buscam-se as causas dos problemas para as atividades que não

foram realizadas e procura-se atuar nessas causas para que não voltem a acontecer

(LIMA et al., 2009; FORMOSO et al., 2001).

Ballard e Howell (1998) apud Alves (2000), apresentam o PPC como sendo

o quociente entre o número de tarefas planejadas e executadas e o número total de

tarefas planejadas em porcentagem. A Figura 2.6 mostra um exemplo hipotético da

evolução do PPC em determinado período.

Figura 2.6 – Exemplo de evolução do PPC (BERNARDES et al., 1998 p.7)

Outro indicador também usado no horizonte de curto prazo é o índice que

mede a Porcentagem de Solicitações Emergenciais de Materiais (PSEM). Bernardes et

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38

al. (1998) diz que esse indicador representa a quantidade de solicitações emergenciais

do mês, e este avalia também a eficiência do modelo de planejamento, uma vez que, se

o processo for eficiente esse índice tende a zero.

Já no plano de médio prazo, tem-se um índice associado à identificação e

remoção de restrições. Codinhoto et al. (2003, p.2), propõe a seguinte definição para

restrições:

“Restrições são atividades gerenciais, necessidades físicas, financeiras e de informações

de projeto que se não disponibilizadas no momento, na quantidade e especificação

corretas, impedem a programação dos pacotes1 de trabalho relacionados às mesmas.

Necessitam de um responsável por removê-las, uma data limite para a remoção e uma

tarefa a ser executada atribuída a elas. São exemplos de restrição: entrega de materiais,

treinamento, contratação de mão de obra e envio de projeto para produção”.

A remoção das restrições gera um índice, mais conhecido como Índice de

Remoção de Restrições (IRR). Codinhoto et al., (2003) o define como a razão entre o

número de restrições de uma semana (se caso for aferido semanalmente) pelo número

de restrições planejadas para o mesmo período. Este mesmo autor mostra em seu

trabalho as diferentes formas de se calcular este índice e sua aplicação prática

detalhada em uma empresa de construção.

Encerra-se aqui a apresentação dos conceitos necessários para o

entendimento deste trabalho. O próximo capítulo trata dos resultados obtidos com a

aplicação dos conceitos de PCP/PSP/Construção Enxuta em uma empresa construtora

de Fortaleza, cuja caracterização foi feita anteriormente.

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39

3 RESULTADOS

3.1 Análise do Sistema de PCP da Empresa

Antes de se iniciar o trabalho de implementação desse sistema foi realizado

um diagnóstico inicial junto à empresa para se identificar os problemas relativos ao PCP

da obra, que serão abordados a seguir.

3.1.1 Diagnóstico do processo de PCP da empresa

Na “Construtora A”, o histórico de obras mostrava que o planejamento antes

do estudo era feito da seguinte maneira: através de um planejamento macro (longo

prazo) e um planejamento semanal (curto prazo). O planejamento de longo prazo

contemplava um horizonte de 36 meses e era apoiado em três grandes alicerces: o

cronograma físico (representado por um Gráfico de Gantt), a Linha de Balanço e o

cronograma de grandes compras.

O cronograma físico gerava o cronograma financeiro com o fluxo de caixa

mensal, além de delimitar o tempo de execução de todos os serviços da obra,

especificando seus respectivos inícios e términos. A Figura 3.1 mostra apenas um trecho

do cronograma físico, mas este pode ser visualizado no Anexo 5.

Figura 3.1 – Trecho do Cronograma Físico da Obra da Construtora “A”

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40

O cronograma de grandes compras objetivava prever antecipadamente quais

os insumos e/ou serviços que precisam ser adquiridos, contratados ou orçados, visando

garantir o fiel cumprimento das datas de serviços previstas no cronograma físico. Esse

cronograma pode ser visualizado tanto pela Figura 3.2 abaixo, no Anexo 3 e, como

mostrado abaixo, de acordo com a necessidade e importância de cada serviço, as

compras vão sendo efetuadas com sua devida antecedência e demarcadas no

cronograma de amarelo.

Figura 3.2 – Trecho do Cronograma de Grandes Compras da Construtora “A”

Por fim, a linha de balanço utilizada pela Construtora A apresentava os

quinze maiores serviços do empreendimento identificando seus inícios, términos e

locais de execução. Esta também utilizava como recursos os ciclos e produtividades

históricos da empresa e tais ciclos permitiam o dimensionamento de efetivo da mão-de-

obra total e de cada pacote de serviço, além das remunerações percebidas pelos

operários.

Diferente dos modelos tradicionais observados na maioria das construtoras,

essa linha de balanço apresentava o horizonte de tempo delimitado em semanas em vez

de ser diário (Figura 3.3). A vantagem disso era um planejamento de longo prazo bem

menos detalhado que, embora perdesse um pouco da precisão das informações, podia

ser acompanhado com mais facilidade e suas eventuais necessidades eram supridas pelo

cronograma físico.

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41

Figura 3.3 – Trecho da Linha de balanço da Construtora “A”

Já o planejamento de curto prazo, cujo espectro era de uma semana,

englobava tanto a previsão de atividades como a de aquisição de insumos e/ou serviços

da(s) semana(s) seguinte(s). As tarefas eram relacionadas em uma planilha chamada de

programação semanal de serviços (PSS) com suas respectivas equipes e local. Nesta

etapa, o cumprimento das atividades era analisado através do índice Percentual de

Planejamento Cumprido (PPC).

A Figura 3.4 mostra o plano de curto prazo em sua primeira versão. Percebeu-

se que a elaboração deste plano apresentava algumas falhas como: falta de detalhamento

das tarefas, falta de detalhamento das equipes e a não visualização do tempo de

execução das atividades.

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42

Figura 3.4 – Formato inicial do Plano de Curto Prazo da Construtora “A”

Ainda como parte do controle realizado no nível de planejamento de curto

prazo, a aquisição de insumos e/ou serviços também gerava um índice relativo à

Programação Semanal de Equipamentos e Materiais, o índice PSEM. Esse indicador,

que já era trabalhado na empresa, representava o quociente do número de solicitações

emergenciais de materiais e equipamentos solicitados em uma semana pelo total de

solicitações de materiais e equipamentos da semana. Tanto a análise do índice PPC,

como do índice PSEM serão detalhadas mais adiante neste capítulo.

Com esse diagnóstico, observou-se que esses planos apresentavam uma

lacuna representada pela inexistência do plano de médio prazo. Isto influenciava

diretamente na produtividade das equipes e conseqüentemente na execução das

atividades visto que possíveis restrições para a realização das tarefas não eram

identificadas e, conseqüentemente, causavam a parada das atividades.

Em certa ocasião foi feita a programação para execução de concreto polido do

piso do subsolo. Com prévia antecipação foi programado o fornecimento de concreto

usinado, a escala de pessoal próprio para o lançamento e adensamento desse concreto e

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a escala da empresa terceirizada para o nivelamento e polimento final do piso. No

momento da chegada da equipe terceirizada no dia desse serviço, verificou-se que nem a

administração da obra e nem a empresa terceirizada haviam trazido um componente de

fibra a ser adicionado ao concreto para esse tipo de piso. Ou seja, um componente de

baixíssimo custo financeiro não fora previsto causando o atraso do serviço. Caso o

plano de médio prazo tivesse sido feito de forma sistematizada para o serviço em

questão o material teria sido identificado e adquirido com antecedência.

3.2 Alterações no Sistema de PCP da Empresa

A seguir, apresenta-se o resultado do trabalho realizado pela equipe técnica

do programa INOVACON juntamente com a administração da construtora, que

consistiu na sistematização do Planejamento e Controle da Produção através da

implantação de novas ferramentas nos planos da obra em estudo.

3.2.1 Análise das Causas

Uma das primeiras alterações implantadas após a etapa de análise do PCP foi

a introdução da análise de causas pela não realização das tarefas em relação ao nível de

planejamento semanal (curto prazo). Esta é uma forma simples baseada no conceito dos

5 porquês, propostos pelo STP, que promove a investigação do problema até a última

causa possível.

A análise de causas que impediam a execução das tarefas programadas no

plano de curto prazo passou a ser feita semanalmente juntamente com os indicadores

PPC e o PSEM, que já eram coletados pela obra. Observou-se nessa análise que muitos

dos problemas que impediam a realização das tarefas tinham ligação com a ausência do

plano de médio prazo.

As causas coletadas pela Programação Semanal de Serviços (PSS),

referentes aos atrasos ou não cumprimento de alguma etapa de serviço, foram analisadas

seguindo um modelo padronizado pelo NORIE (Anexo 9), que consiste numa lista

enumerada de possíveis causas dependendo do serviço estudado. Essa lista identifica os

principais itens geradores das causas, que são: planejamento, projeto, mão-de-obra,

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44

materiais e um item geral que abrange qualquer causa fora do contexto dos itens

anteriores.

Com isso, o Quadro 3.1 abaixo traz como exemplo as causas coletadas em

determinada semana do estudo, referentes ao não cumprimento total de alguns serviços,

no caso, o cimbramento de uma das lajes, a concretagem de pilares e instalações

elétricas da sala de engenharia.

O número apresentado na última coluna indica a referencia da real causa

observada na lista do Anexo 9. Como pode ser observada, a causa para o primeiro item

não concluído foi a de número 25, que indica “Condições adversas do tempo” e de

natureza geral. Já para o segundo item não concluído, foi a causa de número 27, que

indica “Atraso de tarefa antecedente”, também de natureza geral. Já para o último item,

tem-se como causa a de número 1, ou seja, “Falta de mão-de-obra própria (falta de

previsão)”, que é referente ao item planejamento.

Quadro 3.1 – Análise de causas da PSS (Construtora “A”)

Da mesma forma, elaborou-se um estudo das causas para o comportamento

variável das compras emergenciais efetuadas por semana, através da Programação

Semanal de Equipamentos e Materiais (PSEM). O Quadro 3.2 mostra um exemplo no

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45

qual foram efetuadas duas compras emergenciais, as ocorrências da solicitação e a causa

real, também referenciada pelo Anexo 9.

No caso, a causa identificada para os dois itens emergenciais foi a de

número 26, que significa “Alteração na programação (motivos: exigência do cliente,

exigências municipais, mudança de estratégia de ataque)”.

Quadro 3.2 – Análise de causas da PSEM (Construtora “A”)

Por fim, o estudo foi complementado com uma análise gráfica, tanto para as

causas do não cumprimento de atividades da PSS como das compras emergenciais da

PSEM, nos quais se pode observar (Figura 3.5 e 3.6) a freqüência de ocorrência dessas

causas e qual delas foi a mais significativa.

A Figura 3.5 mostra graficamente que a causa mais freqüente para o atraso do

plano semanal durante o período em estudo foi “Condições adversas de tempo”, com

28,57% das ocorrências, o que pode ser facilmente explicado pelo longo período

chuvoso que aconteceu durante o início deste ano (março a junho de 2009). A segunda

causa mais freqüente foi “Alteração da programação”, que na maioria das vezes foi por

decisão da própria administração da obra.

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46

Porcentagem Causas PSS

7,14%3,57%

3,57%

10,71%

3,57%

28,57%

17,86%

10,71%

7,14%

3,57%

3,57%

1- Falta de mão-de-obra própria

3- Erro de projeto

8- Falta de definição (especific.) de

planejamento

18- Absenteísmo empreitada

21- Falta de material (entrega fora

do prazo)

25- Condições adversas de tempo

26- Alteração na programação

27- Atraso de tarefa antecedente

28- Defeito no guincho

32- Decisão interna

33-Falta de mão-de-obra

Figura 3.5 – Porcentagem de causas da PSS (Março a Junho de 2009) - Construtora “A”

A Figura 3.6 traz como a principal causa das compras emergenciais “Erro de

planejamento” e em segundo plano a causa “Má qualidade do material”, que se referem

à falha de programação do próprio setor de compras juntamente com a administração e

as condições de equipamentos que precisavam ser trocados. Por exemplo, certa vez,

grande parte do material comprado foi utilizada na fabricação de carros de mão, pois os

que existiam estavam em más condições de uso.

Porcentagem Causas PSEM

15,79%

26,32%

2,63%10,53%

2,63%

18,42%

10,53%

13,16%

3- Falta de Material (falta de previsão)

6- Erros de Planejamento

7- Falta de Equipamento (falta de previsão)

9- Outros (Planejamento)

21- Falta de material (entrega fora do

prazo)

23- Má qualidade do material

26- Alteração na programação

31- Outros (geral)

Figura 3.6 – Porcentagem de causas da PSEM (Março a Junho de 2009) - Construtora “A”

Em paralelo com o estudo das causas, foi feita também uma alteração no

plano de curto prazo, pois o mesmo apresentava pouco detalhamento das tarefas e

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47

nenhuma visualização da execução destas quanto ao tempo e a equipe que as

executavam. No item a seguir detalham-se melhor as falhas que havia nesse plano e as

modificações realizadas neste.

3.2.2 Alterações no Plano de Curto Prazo

Observou-se que as atividades que formavam este plano necessitavam de

um pouco mais de detalhe. Uma atividade mostrada na Figura 3.4 (modelo do antigo

plano), como por exemplo, “Armadura das lajes”, não deixa claro quais lajes serão

armadas. Pode-se perceber também que não há descrição da equipe que executa o

serviço, nem do tempo de execução.

Sabendo disso, foi elaborado em seguida o plano de curto prazo com essas

devidas alterações, que pode ser observado na Figura 3.7 adiante. Nesse novo modelo,

as atividades são mais detalhadas, a equipe que executa o serviço é especificada e o

tempo de duração de cada atividade também foi incluindo, o que deu mais

previsibilidade à programação da obra em geral.

Figura 3.7 – Planilha de curto prazo alterada - Construtora “A”

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48

Atividades como concretagem de pilares, armadura de vigas, elevação de

alvenaria, dentre outras, passaram a ser incluídas respectivamente da seguinte forma:

Concretar P1, P5, P6, P10 e P11, Armar vigamento da laje (V1 a V20), Elevar

alvenaria Caixa de escada e poço elevador (1ª parte), facilitando a visualização da

execução, para as equipes, e a medição das mesmas para a análise do Percentual de

Planejamento Cumprido (PPC). No formato antigo, apresentado anteriormente na

Figura 3.4, estas atividades eram dispostas apenas com uma identificação pouco

detalhada e sem a distinção da equipe e do período de execução (dias da semana), como

por exemplo: Concretagem de pilares, Elevação da alvenaria da caixa de escada,

Armadura de vigas, dentre outras.

Tornou-se cultura também, a execução de reuniões semanais de curto prazo,

onde nelas se definiam as tomadas de decisões referentes a identificação e solução de

restrições entre equipes, as atividades da semana seguinte e se discutiam também as

atividades que por ventura não vieram a ser cumpridas. Participavam dessas reuniões o

engenheiro da obra junto com técnico e estagiário, o mestre de obras, eventualmente

encarregados das equipes (pedreiro, marceneiro, ferreiro), almoxarife e, quando

necessário, empreiteiros.

Como já foi dito, outra necessidade observada foi a de se elaborar o plano

de médio prazo, pois grande parte das causas analisadas poderia ter sido identificada e

evitada antes que interferissem na programação de curto prazo.

3.2.3 Planejamento de Médio Prazo

A implantação do planejamento de médio prazo veio a ser o elo entre o

planejamento macro (longo prazo) e o micro (curto prazo), e passou a permitir então um

maior detalhamento e previsibilidade dos serviços para um horizonte de oito semanas.

Como já foi explicado, nesse plano são especificadas as tarefas e seus

respectivos locais, os responsáveis pela execução, a data limite para sua execução e a

identificação das restrições, que podem ser referentes à mão de obra, material,

administração, projetos, segurança, equipamentos e terceirizados. A planilha de médio

prazo adotada ficou, depois de algumas alterações, da forma como mostra a Figura 3.8.

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Figura 3.8 – Planilha de médio prazo adotada - Construtora “A”

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50

Uma novidade importante desse plano foi a identificação das restrições e

seus responsáveis por removê-las. Dessa forma, o Anexo 8 mostra um banco de dados

elaborado, referente às atividades e suas respectivas restrições previamente

determinadas, de modo que, ao se fazer o fechamento do plano de médio prazo

semanalmente, já se sabia as possíveis restrições a serem enfrentadas, bem como o

responsável pela sua remoção.

De modo a avaliar o andamento das ações realizadas no nível de médio

prazo, a obra passou a calcular o Índice de Remoção de Restrição (IRR). O IRR é

representado pelo quociente entre o número de restrições removidas em uma semana e o

número total de restrições identificadas para aquela semana. A análise deste índice será

feita mais adiante juntamente com o índice PPC e o índice de compras emergenciais

(PSEM).

Ainda com o intuito de dar maior transparência e facilitar o entendimento do

PCP por todos da obra, foi concebido, ainda em nível de médio prazo, o calendário

mensal da obra (Figura 3.9). O calendário mensal contém todas as informações básicas

pertinentes à obra em relação à segurança do trabalho, palestras e treinamentos, rotinas

diárias, tarefas de curto e médio prazo, recebimento e pedido de insumos. Esse

calendário também confere um maior grau de formalidade ao planejamento de médio

prazo visto que o mesmo é entregue e encontra-se disponível para várias pessoas dentro

da obra (e.g., engenheiro, mestre-de-obras, estagiário, guincheiro, almoxarife,

encarregado de compras, operários).

Figura 3.9 – Exemplo do calendário mensal: Junho 2009

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A Figura 3.9 apresenta o calendário do mês de junho/2009, no qual foram

especificadas, como exemplo, as atividades do dia 5. Pode-se perceber o nível de

importância e de variabilidade das informações nele agrupadas, que vão desde o início

de atividades localizadas até a especificação dos dias de reuniões (curto prazo) da

administração.

O calendário mensal, que passou a ser elaborado ao final de cada mês, com

a programação do mês seguinte, pode ser conferido no Anexo 4. A principal vantagem

dele foi permitir uma melhor previsibilidade das atividades consideradas críticas, como

por exemplo, os dias de concretagem, além de incentivar o maior comprometimento das

equipes envolvidas, já que estas também tinham acesso a este calendário.

3.2.4 Análise dos Indicadores de Desempenho

Em relação ao plano de curto prazo, passou a se trabalhar dois indicadores

de desempenho. O primeiro deles se refere ao controle da PSS, que é o índice PPC, e o

segundo se refere ao acompanhamento das compras emergenciais da PSEM, que é o

índice PSEM. O PPC passou a ser mensurado semanalmente na obra, e a Figura 3.10

mostra o seu acompanhamento durante algumas semanas. Já a Figura 4.11 mostra o

acompanhamento semanal do índice de solicitações emergenciais (PSEM).

Figura 3.10 – Gráfico do índice PPC (Construtora “A”)

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52

Figura 3.11 – Gráfico do índice PSEM (Construtora “A”)

A mensuração do IRR foi resultado da análise das restrições do plano de

médio prazo. Historicamente comprovou-se que os primeiros valores de IRR calculados

apresentaram índices muito altos (Figura 3.12), fato facilmente explicado pela falta de

prática em se trabalhar o médio prazo e pela dificuldade que se tinha de detalhar as

restrições para as atividades. Basicamente, identificava-se um baixo número de

restrições para serem removidas.

Figura 3.12 – Gráfico do índice IRR (Construtora “A”)

Com os três índices aferidos na obra, i.e., IRR, PPC e PSEM, o gráfico de

comparativo de indicadores (Figura 3.13) é gerado para avaliar de forma conjunta o

comportamento dos índices e verificar se um bom desempenho de um dos indicadores

ocorreu em detrimento de um mal desempenho de outro.

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53

ÍNDICESÍNDICESÍNDICESÍNDICES

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

SEMANASSEMANASSEMANASSEMANAS

PERCENTUAIS

PERCENTUAIS

PERCENTUAIS

PERCENTUAIS

PPC

PSEM

IRR

Figura 3.13 – Comparativo de indicadores (PPC, PSEM, IRR) – Construtora “A”

Observa-se na Figura 3.13 que o IRR não era calculado no início no estudo,

e passou a ser analisado somente a partir da 12ª semana. Da mesma forma, o PPC

também só foi calculado a partir da semana 6.

Em um segundo estágio, notou-se uma redução dos índices IRR, fato

explicado pelo maior refinamento das restrições relacionadas às atividades (e.g.,

verificação de um número maior de restrições) e da dificuldade em removê-las no prazo

estipulado. A análise do processo de identificação/remoção de restrições revelou que a

obra lidava com essas atividades, mas não documentava a forma como era realizada e

por vezes sofria com a falta de elementos necessários para a execução das atividades.

Com relação ao indicador PPC, nas semanas 7 e 8 o indicador apresenta

uma melhoria (mais tarefas realizadas por período) e na semana 9, cuja programação

havia sido realizada juntamente com aquela da semana 10, o indicador apresentou-se

estável. A partir daí o PPC passou a oscilar entre 80% e 100%, que representa um bom

desempenho segundo a literatura sobre o tema (e.g., BALARD, 2000 apud LIMA et al.,

2009, p.6) e pode, inclusive, resultar em ganhos de produtividade visto que a produção

trabalha de forma protegida o que propicia um fluxo contínuo de tarefas.

Por fim, a Figura 3.13 apresenta a evolução do indicador PSEM, o qual

avalia as solicitações emergenciais de recursos. Observa-se que esse indicador se

encontra com valores abaixo de 40%, sendo que na maioria dos períodos não passa de

20%. Em outras palavras, o PSEM apresenta um bom desempenho, visto que quanto

menor o seu valor melhor é o resultado do planejamento. Observa-se também na semana

18, que enquanto o PPC chegava ao valor 100% o PSEM estava bastante

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54

comprometido, com um alto valor de 36%. Isso indica que, muito embora a

programação semanal tenha sido cumprida completamente, isso exigiu um aumento do

índice de compras emergenciais.

3.2.5 Aplicação das ferramentas de PSP

Em paralelo ao estudo do planejamento e controle da produção, foram

implementados também alguns conceitos referentes ao caráter sistêmico da produção,

no sentido de se complementar as ferramentas de controle. A primeira modificação

realizada foi a elaboração do diagrama de precedências da unidade base, que se refere à

ordem dos principais serviços de execução de uma unidade escolhida como modelo.

Esse diagrama (Figura 3.14) utiliza como unidade base um pavimento tipo,

pois sua execução obviamente é de caráter repetitivo. A idéia principal dele era

padronizar essa seqüência e encontrar o tempo total de execução da unidade base, i.e.,

pavimento tipo, a partir dos tempos de ciclo de cada serviço. Alguns serviços como:

concreto, contra piso, alvenarias (interna, externa e caixa de escada) e instalações

elétricas e hidráulicas estão com seus tempos de ciclo determinados também na figura

abaixo.

Figura 3.14 – Diagrama de seqüência do pavimento tipo (Construtora “A”)

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55

Com isso, a Figura 3.15 apresenta como exemplo, um documento definindo

os ciclos dos grandes serviços da obra, que passaram a ser elaborados com o objetivo de

tornar as etapas constituintes dos ciclos e as suas durações conhecidas por todos. No

mesmo documento verifica-se a duração de todas as atividades componentes do mesmo,

bem como a seqüência a ser obedecida pelas equipes. O tamanho do lote de produção e

da equipe a realizá-lo também pode ser encontrado no diagrama de ciclo.

Antes da elaboração deste documento não se conhecia ao certo a duração e

composição dos ciclos, essa informação era muitas vezes conhecida somente pelo

mestre de obras e pelas equipes de produção. Atualmente, os ciclos são empregados

também para a organização e distribuição das tarefas semanais para as equipes de

produção.

Figura 3.15 – Ciclo da alvenaria externa (Construtora “A”)

Outra modificação a ser discutida foi a criação das células de produção, por

meio de um quadro de dimensionamento de equipes (Quadro 3.3). Esse quadro traz

informações como especificação das atividades e seus ciclos, as equipes que as

executam, bem como a produtividade e a remuneração das equipes de cada serviço. A

vantagem deste recurso é permitir a visualização da terminalidade dos serviços por meio

da utilização de lotes pequenos.

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Quadro 3.3 – Célula de produção para dimensionamento de equipes (Construtora “A”)

A utilização desta planilha de produção nos permite visualizar também quais

os serviços mais importantes financeiramente para a obra. Como exemplo, tem-se a

estrutura de concreto que custa, em média, R$ 3.270,00 por pavimento concretado.

Vale ressaltar que tanto os ciclos de serviços (Figura 3.15) como a célula de

produção (Quadro 3.3) só foram feitos para alguns serviços, no caso, estrutura, contra

piso, alvenaria interna, externa e caixa de escada e impermeabilização. No entanto, a

aplicação destes conceitos aos demais serviços, e a continuação do trabalho de PCP da

obra ficou por conta da administração, visto que o período de estudo desta pesquisa se

limitou ao tempo de quatro meses (março a junho de 2009).

3.2.6 Padronização do PCP

Este último item tem como finalidade resumir as atividades e alterações

executadas durante o período de estudo. Vale ressaltar que nem todas as

implementações foram evidenciadas aqui, a não ser aquelas que se julgou mais

importantes. Com base no trabalho realizado e nos resultados obtidos, a empresa espera

consolidar o sistema de PCP apresentado e empregá-lo em futuros empreendimentos.

Por tanto, de modo a facilitar a visualização das alterações propostas para o

sistema de PCP da empresa, elaborou-se a figura apresentada no Anexo 1. Essa figura

mostra o sistema de PCP com a indicação dos itens que existiam na empresa antes do

estudo (caixas sólidas) e aqueles que foram introduzidos (caixas pontilhadas) a partir

das demandas geradas durante o trabalho. Também se observa no Anexo 1 a relação

entre os diversos componentes do sistema de PCP e de PSP atualmente empregado na

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obra em questão.

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58

4 CONCLUSÕES

Este trabalho mostrou a iniciativa de se modificar o sistema de PCP de uma

empresa construtora de pequeno porte da cidade de Fortaleza. Dessa forma, foram

apresentados os conceitos que embasaram a análise do sistema, bem como as alterações

realizadas na forma de planejamento da obra. O estudo foi desenvolvido junto a esta

empresa, de modo a identificar problemas no PCP de uma obra em andamento e assim

propor soluções que viessem a ser trabalhadas e sistematizadas na cultura desta.

Com base nos conceitos discutidos no Capítulo 3 desta monografia,

percebeu-se a importância de se incorporar a filosofia Lean no contexto produtivo da

obra, quando se tem como objetivo exercitar a melhoria contínua. Falando

especificamente da obra em questão, o aumento da transparência dos processos e a

disseminação das informações para as equipes de produção, por meio de documentos e

planos sistemáticos, deram vida às idéias propostas por autores como KOSKELA

(1992); FORMOSO et al. (1999); ALVES (2000); BERNARDES (2001); SOARES

(2003); KEMMER (2006), dentre vários outros, que falam da execução de um processo

produtivo, seja indústria ou construção civil, adotando-se uma visão de fluxo.

Como resultado das aplicações das ferramentas de PCP na obra, pode-se

ressaltar como principais contribuições: as ações corretivas promovidas pelo estudo das

causas (curto prazo) e pelo estudo das restrições (médio prazo); a própria elaboração do

plano de médio prazo, que trouxe mais previsibilidade aos serviços; as modificações no

plano de curto prazo, que deram mais visibilidade às atividades e facilitaram a

identificação dos problemas de fluxo; o conjunto de informações concebidas pela

análise dos índices da obra (PPC, PSEM e IRR), a elaboração do calendário mensal, que

reúne informações sobre os principais serviços em execução e dos ciclos de serviço, que

deram mais visibilidade às etapas dos mesmos.

Com esta pesquisa espera-se contribuir para a disseminação de conceitos

relacionados ao PCP na construção civil e, em especial, para a realização da

hierarquização do planejamento (longo, médio e curto prazo), identificado como uma

lacuna na literatura dessa indústria. A seguir serão comentadas algumas dificuldades

enfrentadas durante a execução dos trabalhos de implementação do PCP na obra

descrita.

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4.1 Dificuldades observadas

Em relação ao plano de longo prazo trabalhado na obra (linha de balanço e

cronograma de Gantt), observou-se a necessidade de se revisar e atualizar os mesmos,

principalmente a linha de balanço, pois como foi já foi comentado, esta não era

realizada nos moldes tradicionais. É recomendado que, para este plano, as atualizações

sejam feitas em períodos semestrais.

Outra dificuldade observada diz respeito ao plano de curto prazo, que exigiu

uma maior participação das equipes e do mestre de obras em sua elaboração e nas

reuniões de discussão das atividades. Os envolvidos mostraram-se resistentes no

começo do estudo, mas no decorrer do trabalho mostraram boa adaptação ao sistema de

PCP em geral.

4.2 Sugestões para trabalhos futuros

O estudo realizado mostrou-se relevante por trabalhar ativamente sobre o

sistema de planejamento de uma pequena construtora. Outras empresas do mercado

também têm trabalhado no sentido de aprimorar o seu PCP e algumas têm conseguido

alcançar níveis excelentes em termos de controle e melhoria contínua.

A idéia de se trabalhar os níveis de planejamento se torna ainda mais

interessante quando atinge o relacionamento da empresa com seus empreiteiros, de

modo que a programação dos terceiros esteja evidenciada para toda obra. Assim, como

sugestão para estudos futuros fica o seguinte tema:

- Estudar uma forma de engajar a programação das empresas prestadoras de

serviços ao cronograma executivo da obra, de modo que os prazos sofram cada vez

menos alterações devido às incertezas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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WETHERBE, J. Análise de sistemas para sistemas de informação por computador. Rio de Janeiro, Campus, 1987. WOMACK, J. P.; JONES, D. T. A Mentalidade Enxuta nas Empresas. Lean

Thinking. Rio de Janeiro, Campus, 1996.

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ANEXOS

ANEXO 1 – PLANO DE GERENCIAMENTO DO PCP DA OBRA ANEXO 2 – PLNANILHA DE MÉDIO PRAZO E LISTA DE RESTRIÇÕES - NORIE ANEXO 3 – CRONOGRAMA DE GRANDES COMPRAS (TRECHO) ANEXO 4 – CALENDÁRIO MENSAL DA OBRA ANEXO 5 - CRONOGRAMA FÍSICO DA OBRA (LONGO PRAZO) ANEXO 6 – LINHA DE BALANÇO DA OBRA (LONGO PRAZO) ANEXO 7 – PLANILHA DE CURTO PRAZO – NORIE ANEXO 8 – BANCO DE DADOS DE ATIVIDADES E RESTRIÇÕES ANEXO 9 – LISTA DE CAUSAS - NORIE

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ANEXO 1

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ANEXO 2

PLANO DE MÉDIO PRAZO Planejamento x

Execução

Obra : Período ______ de _____/_____ à _____/_____/_____

Engenheiro(a) : Mestre : OBS: Ver Lista de restrições em anexo

Estagiário(a) : Data: Equipe Descrição da tarefa Restrições OK Semana 1

___ / ___ / ___ à ___ / ___ / ___

Semana 2 ___ / ___ / ___ à ___ /

___ / ___

Semana 3 ___ / ___ / ___ à ___ /

___ / ___ Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T

ARQUIVO: Assinatura do Engenheiro Assinatura do Mestre Página

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1 LISTA DE RESTRIÇÕES Anexo do Plano de Médio Prazo

1.1 Período de __ / __/ __ à __ / __ / __

Obra : 1.1.1 Engenheiro(a) :

Mestre : 1.1.2 DATA: Estagiário(a) :

Restrição Nº 1.2 Descrição da restrição

Data limite para remoção da restrição

OK

ARQUIVO: Assinatura do Engenheiro Assinatura do Mestre Página

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ANEXO 3

CRONOGRAMA DE GRANDES COMPRAS OBRA 17 - EDIFÍCIO EMPRESARIAL AV. DESEMBARGADOR MOREIRA, 2.800 / DIONISIO TORRES - FORTALEZA / CEARÁ

JANEIRO - 2009 FEVEREIRO - 2009 MARÇO - 2009 CÓD. DESCRIÇÃO DE SERVIÇOS A REALIZAR CÓD. DESCRIÇÃO DE SERVIÇOS A REALIZAR CÓD. DESCRIÇÃO DE SERVIÇOS A REALIZAR

04.01 Super-Estrutura 04.01 Super-Estrutura 04.01 Super-Estrutura

11.01 Instalação Elétrica, Telef., Antena, Int. e TV 05.01 Alvenaria 05.01 Alvenaria

11.01 Instalação Elétrica, Telef., Antena, Int. e TV 09.01 Pisos e Pavimentações

11.01 Instalação Elétrica, Telef., Antena, Int. e TV

12.01 Esquadrias de Madeira

15.01 Elementos Pré-moldados em Concreto

MAIO - 2009 JUNHO - 2009 JULHO - 2009 CÓD. DESCRIÇÃO DE SERVIÇOS A REALIZAR CÓD. DESCRIÇÃO DE SERVIÇOS A REALIZAR CÓD. DESCRIÇÃO DE SERVIÇOS A REALIZAR

04.01 Super-Estrutura 04.01 Super-Estrutura 04.01 Super-Estrutura

05.01 Alvenaria 05.01 Alvenaria 05.01 Alvenaria

07.01 Impermeabilização 06.01 Revestimentos Internos 06.01 Revestimentos Internos

09.01 Pisos e Pavimentações 09.01 Pisos e Pavimentações 06.02 Revestimentos Externos

11.01 Instalação Elétrica, Telef., Antena, Int. e TV 11.01 Instalação Elétrica, Telef., Antena, Int. e TV 07.01 Impermeabilização

12.01 Esquadrias de Madeira 12.01 Esquadrias de Madeira 09.01 Pisos e Pavimentações

15.01 Elementos Pré-moldados em Concreto 15.01 Elementos Pré-moldados em Concreto 11.01 Instalação Elétrica, Telef., Antena, Int. e TV

12.01 Esquadrias de Madeira

12.02.01 Contra-marco em Alumínio

15.01 Elementos Pré-moldados em Concreto

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ANEXO 4

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ANEXO 5

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ANEXO 6

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ANEXO 7

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ANEXO 8

LISTA DE ATIVIDADES E RESTRIÇÕES - MÉDIO PRAZO Item Código Especificação das Tarefas Restrição Responsável

1 01 Pedir Aço Gerar pedido Engenheiro

2 02 Receber Aço Conferir planilhamento Engenheiro

Cumprir calendário pelo empreiteiro

Arcelormittal

3 03 Pedir Cordoalhas Gerar pedido Engenheiro

4 04 Receber Cordoalhas Cumprir calendário pelo

empreiteiro Impacto

5 05 Montar Cordoalhas Cumprir calendário pelo

empreiteiro Impacto

6 06 Concretar laje (L1 a L14)

Realizar Ciclo do concreto Servente, Carpinteiro, Eletricista, Ferreiro,

Bombeiro

Condições do tempo -

Cumprir calendário pelo empreiteiro

Engemix

Controlar SLUMP Carpam

7 07 Protender Vigas (V2, V13, V17, V19)

Fazer controle tecnológico do concreto

Carpam

Cumprir calendário pelo empreiteiro

Impacto

8 08 Concretar Pilares

Armar pilares Ferreiro

Concretar pilar Servente

Montar forma dos pilares Carpinteiro

9 09 Elevar Torre do Guincho de Carga

Cumprir calendário pelo empreiteiro

FV manutenções

10 10 Fabricar Sistema ANDON

Adquirir quadro elétrico Compras

Adquirir componentes internos Felipe

Montar componentes no quadro Felipe / Eletricista

Testar o equipamento Felipe / Eletricista

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Treinar os funcionários Administração

11 11 Fabricar Sistema KANBAN

Adquirir porta cartão de ponto Compras

Confeccionar cartões de argamassa

Administração

Fazer diagrama KANBAN Letrista

Montar quadro KANBAN Soldador

Treinar os funcionários Administração

12 12 Programar concreto - Engemix Enviar fax ao empreiteiro Administração

13 13 Programar Controlar tecnológico concreto - Carpam

Enviar fax ao empreiteiro Administração

14 14 Programar protensão e cordoalhas - Impacto

Enviar fax ao empreiteiro Administração

15 15 Programar elevação da torre de carga

Enviar fax ao empreiteiro Administração

16 16 Comunicar os clientes Enviar comunicado Estagiário

Receber resposta do comunicado Estagiário

17 17 Orçar instalações elétricas Levantar quantitativos Administração

18 18 Orçar instalação de água Levantar quantitativos Administração

19 19 Orçar instalação de esgoto Levantar quantitativos Administração

20 20 Orçar instalação de combate incêndio

Levantar quantitativos Administração

21 21 Montar elevador de passageiros Cumprir calendário pelo

empreiteiro FV manutenções

22 22 Contratar Fachada Recebimento de Propostas Diretoria

23 23 Fechar contrato do elevador Recebimento de propostas Diretoria

24 24 Fechar contrato esquadria de alumínio (Contra marco)

Recebimento de propostas Diretoria

25 25 Fechar contrato de impermeabilização Recebimento de propostas Diretoria

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26 26 Projeto elétrico e hidrosanitário Concluir projetos

27 27 Palestra de primeiros socorros

Confirmar palestrante Administração

Avisar funcionários Administração

Liberar funcionários Administração

Preparar refeitório Administração

28 28 Palestra sobre segurança do trabalho

Confirmar palestrante Administração

Avisar funcionários Administração

Liberar funcionários Administração

Preparar refeitório Administração

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ANEXO 9

LISTA DE CAUSAS PARA O NÃO CUMPRIMENTO DOS PLANOS (NORIE)

Planejamento 1. Falta de mão-de-obra própria (falta de previsão) 2. Falta de mão-de-obra empreitada (falta de previsão) 3. Falta de material (falta de previsão) 4. Programação com excesso do número de serviços (serviços dimensionados a mais do que a capacidade produtiva da empresa pode

absorver) 5. Produção da mão-de-obra superestimada (prevista) 6. Erros de planejamento (indicar motivo) 7. Falta de equipamento (falta de previsão) 8. Falta de definição (especificação) do planejamento 9. Outros

Projeto 10. Falta de projeto executivo na obra 11. Falta de detalhamento/definição do projeto 12. Alteração do projeto 13. Local de trabalho inacessível devido a uma configuração do projeto (problemas referentes à acessibilidade) 14. Projeto excessivamente complexo – apresentando dificuldade de entendimento e execução do mesmo 15. Incompatibilidade entre projetos 16. Outros

Mão-de-obra 17. Falta de mão-de-obra própria (absenteísmo) 18. Falta de mão-de-obra empreitada (absenteísmo) 19. Baixa produção da mão-de-obra (executada) 20. Outros

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Materiais 21. Falta de material (entrega fora do prazo) 22. Falta de definição do material (indicar se: no projeto, no memorial ou do cliente) 23. Má qualidade do material (necessidade de devolução ou perdas maiores do que as previstas) 24. Outros

Geral 25. Condições adversas do tempo 26. Alteração na programação (motivos: exigência do cliente, exigências municipais, mudança de estratégia de ataque) 27. Atraso de tarefa antecedente 28. Problemas na execução dos serviços (indicar motivo) 29. Houve retrabalho 30. Faltou equipamento (entregue fora do prazo)

31. Outros