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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GABRIELA GARCIA INTEGRAÇÃO DO LEAN MANUFACTURING E A INDÚSTRIA 4.0: UM ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DA REALIDADE AUMENTADA CURITIBA 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

GABRIELA GARCIA

INTEGRAÇÃO DO LEAN MANUFACTURING E A INDÚSTRIA 4.0: UM ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DA REALIDADE AUMENTADA

CURITIBA 2019

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GABRIELA GARCIA

INTEGRAÇÃO DO LEAN MANUFACTURING E A INDÚSTRIA 4.0: UM ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DA REALIDADE AUMENTADA

Artigo apresentado como requisito parcial à conclusão do Curso de Especialização em Engenharia de Produção, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Marcelo Gechele Cleto

CURITIBA

2019

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Integração do Lean Manufacturing e a Indústria 4.0: um Estudo de Caso da Utilização da Realidade Aumentada

Gabriela Garcia

RESUMO Diante do novo cenário industrial globalizado e competitivo, as empresas têm buscado diminuir os prazos e custos, assim como melhorar a qualidade aliada a maior flexibilidade da produção. O sistema Lean de produção já é muito difundido no mercado e de grande importância para melhoria contínua nas empresas. A chegada da quarta revolução industrial trouxe a necessidade de atualização do sistema de gestão anteriormente dominado pelo Lean Manufacturing. A integração entre as ferramentas Lean e a Indústria 4.0 revelam questionamentos pertinentes, os quais são abordados no presente artigo. Tendo em vista ambos os conceitos citados, este trabalho tem o objetivo de verificar, através de pesquisas bibliográficas, a aderência de novos conceitos da Indústria 4.0, em especial a Realidade Aumentada, aos conceitos consolidados do sistema de produção enxuta. A partir do estudo de aplicações da Realidade Aumentada na indústria, buscou-se analisar os pontos de integração entre o Lean Manufacturing e a Indústria 4.0, a fim de esclarecer a contribuição de ambos os métodos para evolução dos sistemas de produção. Palavras-chave: Indústria 4.0. Produção enxuta. Lean Manufacturing. Realidade Aumentada.

1 INTRODUÇÃO

Com o aumento da competitividade, as empresas têm buscado diferentes formas

de se manterem no mercado atual. Entretanto, após a segunda e terceira revolução

industrial, os avanços nesse setor vêm acontecendo de forma incremental, ou seja,

apenas utilizando-se de conceitos e ferramentas que já são amplamente incorporados

pela indústria. Como exemplo dessa transformação, pode-se citar o sistema Lean de

produção, o qual estabelece processos robustos e padronizados para que se eliminem

desperdícios e que se aumente a eficiência da fábrica.

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A quarta revolução industrial surgiu em meio aos rápidos avanços tecnológicos

ocorridos nos últimos anos. A Indústria 4.0, como também é conhecida, chegou

trazendo conceitos inéditos e novos recursos, os quais são capazes de trabalhar de

maneira integrada com as ferramentas já existentes. Para que as iniciativas desta

nova revolução industrial sejam implementadas de maneira eficaz, é necessário que

os processos já existentes na indústria sejam bem estabelecidos.

As ferramentas da Indústria 4.0 podem circular em praticamente todas as áreas de

uma organização. A aplicação estudada é a utilização da tecnologia de Realidade

Aumentada em diferentes segmentos do processo industrial. Essa ferramenta possui

a característica de mesclar o mundo real com conteúdo virtual, sendo capaz de

fornecer informações relativas ao processo de uma forma completamente diferente

dos meios tradicionais, que usam documentos físicos e imagens em 2D, por exemplo.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.2 Lean Manufacturing

O Lean Manufacturing, também conhecido por Sistema Toyota de Produção,

foi criado no Japão após a Segunda Guerra Mundial onde, na década de 60, o

mercado exigia maior flexibilidade e juntamente com o crescimento dos concorrentes

conduzia a um novo sistema de produção (OHNO, 1997)

O sistema de produção enxuta tem como foco a eliminação sistemática dos

desperdícios (SHINGO, 1996). Dessa forma opera para que o produto final seja

produzido na quantidade e momento certo, conforme demanda do cliente, além de

compor um fluxo contínuo de materiais na produção.

Com o objetivo de eliminar os desperdícios a fim de tornar a empresa mais

flexível e capaz de responder as necessidades dos clientes, entregando produto ou

serviço no menor tempo possível com qualidade e baixo custo, a Produção Enxuta

apoia-se em cinco princípios (WOMACK et al., 2004):

Valor: A empresa deve identificar e atender a necessidade do cliente e por fim

cobrar o preço específico de forma a manter a competitividade no mercado.

Fluxo de Valor: Identificar o fluxo de valor analisando toda a cadeia produtiva

identificando e corrigindo as atividades que não agregam valor ao cliente.

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Fluxo Contínuo: Criar um fluxo de processo sem interrupções, desperdícios e

estoques de forma que fluam os processos e as atividades reduzindo tempo de

produção.

Produção Puxada: A produção puxada acontece quando a demanda em

determinada seção ou célula é gerada pela necessidade da seção ou célula de

trabalho seguinte. (SEVERO, 2006).

Perfeição: É o aprimoramento contínuo em busca da perfeição. A partir do

momento em que a empresa especifica o valor com exatidão, identifica o fluxo

de valor, busca o fluxo contínuo de seu processo e deixa que o cliente puxe o

valor a perfeição deixa de ser uma utopia.

Para a implantação da produção enxuta, conforme Shah e Ward (2007), deve-se

trabalhar com diversas ferramentas, práticas gerenciais e com a mentalidade Lean de

forma integrada. Busca-se atingir os objetivos, apoiando-se sobre as práticas

estabelecidas pelos pilares do Just in Time e do Jidoka (autonomação). Há uma

constante aplicação de ferramentas que estruturam e garantem o funcionamento

desses pilares e uma interação constante com o Kaizen (melhoria contínua), pautados

sobre a padronização do trabalho e o nivelamento da produção (Heijunka).

2.2 .1 Ferramentas do Lean Manufacturing

A fim de sustentar a mentalidade enxuta, garantindo a identificação e eliminação

de desperdícios, certas ferramentas e práticas devem ser aplicadas, algumas das

principais serão abordadas a seguir.

2.2.2 5 S

O 5s surgiu no Japão em meados do século XX e consiste basicamente no

empenho das pessoas em organizar o local de trabalho por meio de manutenção

apenas do necessário, da limpeza, da padronização e da disciplina na realização do

trabalho, com o mínimo de supervisão possível.

O programa cinco sensos, mais conhecido como 5S, é considerado o passo inicial

para a implantação de programas de qualidade (CAMPOS, 1992). Ele se baseia nas

iniciais de cada senso escrito em japonês. As palavras são Seiri (seleção), Seiton

(ordenação), Seisoh (limpeza), Seiketsu (padronização) e Shitsuke (disciplina).

(ISHIKAWA, 1986). A grande virtude do programa, além de ser uma introdução para

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outros programas de qualidade, está na mudança de comportamento dos funcionários

envolvidos e a busca de um ambiente de trabalho agradável. Sendo assim, as

empresas têm visto no programa uma forma de integração dos funcionários e

padronização das atividades, por isso ele tem sido amplamente difundido. (OSADA,

1992).

2.2.3 Just in Time – incluindo a produção puxada, nivelamento da produção e o sistema Kanban

O Just in Time é um aglomerado de procedimentos que são planejados e

elaborados para atender uma alta quantidade de produtos a produzir, adotando-se

assim estoques reduzidos de matérias-primas, estoques entre as etapas produtivas e

pertences já efetuados. Ele tem como objetivo fundamental à melhoria contínua do

processo produtivo.

Segundo Corrêa (2009), a principal característica da filosofia JIT é trabalhar com

a produção puxada ao longo do processo, de acordo com a demanda. O material só́

é solicitado se realmente existe a necessidade de sua utilização. Percebe-se

verdadeiramente um combate ao desperdício, totalmente contrária à produção

empurrada, onde se acumulam estoques e custos para mantê-los. Neste caso, as

operações são disparadas pela disponibilidade do material a processar. Uma vez

completada a primeira operação, o lote é enviado para a operação seguinte,

esperando sua vez de encabeçar o lote a ser processado.

O Heijunka, ou nivelamento da produção, está associado em manter um padrão

repetitivo de sequência de modelos de produtos em termos de mix de produtos e

volume da produção. Desta forma, Liker (2005) afirma que ao invés de produzir cada

tipo de produto apenas uma ou poucas vezes ao mês, o nivelamento busca produzir

diariamente cada tipo de produto.

O sistema Kanban é um sistema de controle do fluxo de informações e produção

em um ambiente JIT, que controla harmoniosamente a produção necessária na

quantidade e no tempo necessário, reduzindo os tempos de espera, diminuindo os

estoques, melhorando a produtividade e interligando todas as operações de produção

interna na fábrica e os processos de fornecimento de materiais de fornecedores

externos. Kanban significa cartão, literalmente, um registro ou placa visível, usada

como meio de comunicação, transmissão de dados e informações.

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2.2.4 Mapeamento de Fluxo de Valor (VSM)

O Mapeamento de Fluxo de Valor é uma ferramenta simples e visual baseada

em processos, a qual permite a documentação, visualização e compreensão de fluxos

de processos, a fim de identificar os desperdícios e providenciar sua eliminação. Além

disso, engloba uma variedade de práticas de gestão, tais como, Just in time, sistemas

de qualidade, células de manufatura, gestão de suprimentos, entre outras.

O VSM é uma análise detalhada dos materiais e informações que fluem através

dos vários níveis de uma estrutura de produção. Isso permite identificar as fontes de

desperdício e propor um estado futuro desejado que guiará a implementação do Lean.

O mapeamento de fluxo de valor é construído pelos seguintes passos: primeiro a

definição do produto ou família de produtos a ser mapeada, o segundo passo trata-se

do desenho do estado atual, identificando suas oportunidades de melhoria e o terceiro

consiste na criação do mapa futuro com a eliminação das ineficiências (ROTHER,

2012).

2.2.5 Manutenção Produtiva Total (TPM)

Pode-se definir a TPM como sendo um sistema de manutenção que envolve a

participação de todos os setores e escalões da empresa, principalmente produção e

manutenção, objetivando a melhoria na eficiência dos equipamentos e a

responsabilização de todos sobre a manutenção dos bens produtivos (NAKAJIMA,

1989).

A Manutenção Preventiva Total se apoia sobre oito pilares para atingir maior

eficiência produtiva, sendo eles: Melhoria Focada ou Específica, Manutenção

Autônoma, Manutenção Planejada, Treinamento e educação, Gestão antecipada,

Manutenção da Qualidade, Segurança, saúde e o meio ambiente e Melhoria dos

processos.

A partir dos oito pilares citados, a metodologia TPM vislumbra a qualidade total em

todo seu processo produtivo. Portanto, está presente em todas as etapas e para que

ocorra de forma positiva e eficaz, faz-se necessário que o grupo dentro de suas

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atribuições estejam dispostos a cumprir suas etapas, sendo necessária formação

prévia e pessoal capacitado para nortear todo o processo.

2.2.6 Single Minute Exchange of Dies (SMED)

Segundo Shingo (1985), uma das maiores dificuldades que as empresas

enfrentam é causada por uma produção muito diversificada associada a um baixo

volume. O que acaba por originar várias mudanças de setup, durante as quais não se

produz, apenas se aumenta o custo e o tempo. Ambos devem ser entendidos como

desperdícios, portanto é necessário reunir esforços para o eliminá-los. E da

necessidade de mitigar estas dificuldades, surgiu a metodologia Single Minute

Exchange of Die, baseada em conceitos teóricos e técnicos para a realização das

tarefas de setup em menos de dez minutos. E mesmo quando não é possível reduzir

esses tempos para valores inferiores a dez minutos, esta metodologia garante

normalmente reduções significativas.

O SMED é uma das ferramentas Lean utilizadas com o intuito de reduzir

desperdícios e aumentar a flexibilidade, através da redução do tempo de mudança de

setup. Esta redução permite às empresas diminuir o tamanho dos lotes a produzir e

melhorar o fluxo do processo. Esta necessidade deve-se ao fato de o mercado exigir

cada vez mais uma maior diversidade de produtos com ciclos de vida cada vez menor

e com a necessidade das empresas reduzirem o seu inventário.

2.2.7 Poka-yoke

Um dispositivo Poka-yoke dentro da manufatura tem como funções básicas a

paralisação de um sistema produtivo (máquina, linha, equipamento etc.), o controle

de características pré-estabelecidas do produto e/ou processo e a sinalização

quando anormalidades são detectadas. Tais funções básicas são utilizadas para

prevenir defeitos, impedindo a sua ocorrência ou detectando-o após o seu evento,

podendo, assim, serem classificadas como função reguladora ou mecanismos de

detecção (MOURA et al., 1996).

Shingo (1996) classifica os dispositivos Poka-yoke da seguinte forma:

Método do Controle: Para a linha ou a máquina de forma que a ação

corretiva seja imediatamente implementada;

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Método da Advertência: Detecta a anormalidade e sinaliza a ocorrência

através de sinais sonoros e/ou luminosos para atrair a atenção dos

responsáveis;

Método do Contato: Detecta a anormalidade na forma ou dimensão

através de dispositivos que se mantêm em contato com o produto;

Método do Conjunto: Utilizado em operações executadas numa sequência

de movimentos ou passos pré-estabelecidos, garantindo que nenhum dos

passos seja negligenciado;

Método das Etapas: Evita que o operador realize, por engano, uma

etapa que não faz parte da operação, executada através de

movimentos padronizados.

2.2.8 Kaizen

Segundo Oishi (1995), a palavra Kaizen é expressa como sinônimo de melhoria.

E através dele, a empresa busca melhorias em vários pontos de vista (técnico,

eficiência, econômico, etc.). Isso significa que através da melhoria contínua criam-se

esforços para implantação de ações visando a resolução de problemas. Em geral,

estas ações buscam a redução de gastos, melhoria da qualidade e aumento da

produtividade.

A filosofia Kaizen se baseia exclusivamente na eliminação de desperdícios

utilizando resolução de problemas que sejam baratos e de bom senso, e que se

apoiem na criatividade e motivação dos funcionários para melhorar a prática em seus

processos de trabalho, com foco na busca pela melhoria contínua (SHARMA, 2003).

A metodologia Kaizen, apesar de buscar a melhoria contínua, exige também

padronização, pois acredita-se que não pode haver melhoramento onde não existem

padrões e é válido mencionar ainda que os padrões criados servem apenas para

serem substituídos por padrões melhores. O foco da metodologia é voltado aos

processos, e não especificamente aos resultados, pois só a partir da melhoria de

processos, os resultados serão afetados (IMAI, 1992).

2.2.9 Standardized Work (SW)

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O Standard Work, ou trabalho normalizado, é composto por um conjunto de

procedimentos de trabalho (uma rotina padrão) que visa estabelecer os melhores

métodos e sequências para cada processo e para cada trabalhador (THE

PRODUCTIVITY PRESS DEVELOPMENT TEAM, 2002). As operações devem ser

seguidas exatamente como estão definidas, não havendo margem para a

improvisação e é referido muitas vezes como padrão de trabalho inflexível (AREZES

et al., 2010). Para Feng e Ballard (2008) o Standard Work é um método onde se define

como é que as operações devem ser realizadas num posto de trabalho de um sistema

produtivo, impedindo que os operadores executem as operações de forma aleatória.

Esta inexistência de aleatoriedade nos processos de fabricação permite reduzir

variações nos tempos de ciclo pois a sequência das operações, e é definida de acordo

com o takt time, de modo a responder às necessidades da procura (MONDEN, 1998).

Ou seja, o objetivo destas restrições está relacionado com a eliminação de Mura

(variabilidade) de forma a que seja possível melhorar a qualidade, a segurança,

eficácia e o planejamento (AREZES et al., 2010).

As operações e procedimentos normalizados permitem produzir eficientemente

com o mínimo de desperdícios possível, utilizando regras e métodos eficientes (LIM

et al., 1999). Losonci et al. (2011) afirmam que ao estarem descritas as operações a

executar, os operadores conseguem tornar-se polivalentes, pois têm acesso a toda a

informação e podem aprender a executar novas tarefas, o que garante uma maior

flexibilidade do sistema de produção.

2.2 Indústria 4.0

A 1ª Revolução Industrial ocorreu entre 1760 e 1840, em decorrência da

construção de ferrovias e pela invenção das máquinas a vapor. Já a 2ª Revolução

Industrial, iniciada no final do século XIX foi consequência da introdução da energia

elétrica e da linha de montagem, possibilitando a produção em massa. A 3ª Revolução

Industrial começou na década de 1960 e foi impulsionada pelo desenvolvimento dos

semicondutores, da computação pessoal e da Internet. A 4ª Revolução Industrial teve

início no início dos anos 2000 e é caracterizada pela maior integração da Internet nos

processos produtivos, sensores menores e mais baratos e inteligência artificial

aplicada nas máquinas. (SCHWAB, 2016).

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Schwab (2016) afirma que a 4ª Revolução Industrial permitirá avanços sócio

econômicos com a integração da economia global, criando novas demandas para

serviços e produtos. Ainda segundo o autor, a 4ª Revolução Industrial irá provocar o

esforço da comunidade governamental e empresarial para aproveitar plenamente as

facilidades oferecidas pelos recursos digitais.

Hermann et al. (2016) definem Indústria 4.0 como um termo coletivo para

tecnologias e conceitos da cadeia de valores da organização. Ainda de acordo com

os autores, dentro das Fábricas Inteligentes, em inglês Smart Factories, estruturadas

ao molde da Indústria 4.0, os Sistemas Físicos Cibernéticos monitoram os processos

físicos, criam uma cópia virtual do mundo físico e tomam decisões descentralizadas.

Outro aspecto levantado por Hermann et al. (2016) é que os Sistemas Físicos

Cibernéticos são integrados com a Internet das Coisas, em inglês Internet of Things,

com os humanos, e com a Internet dos Serviços, sendo que esta última oferece

serviços, tanto de natureza interna quanto externa, utilizados pelos stakeholders da

cadeia de valor.

De modo a implementar a Indústria 4.0, Kagermann et al. (2013) sugerem três

características principais a serem consideradas:

Integração Horizontal: a organização deve, ao mesmo tempo, competir e

colabor com outras organizações relacionadas. Por meio desta cooperação,

ambas corporações podem se fortalecer através da formação de um

ecossistema eficiente de troca de informações, o qual poderá agregar valor aos

seus modelos de negócios.

Integração Vertical: uma fábrica possui vários sistemas e departamentos, como

controle e gerenciamento de produção, planejamento coorporativo e sistemas

de sensores, sendo essencial a integração entre todos esses sistemas e

departamentos para permitir um sistema de manufatura flexível e configurável

por meio de um sistema auto organizado que se adapta dinamicamente a

diferentes tipos de produtos e processa um grande volume de informações.

Engenharia de ponta a ponta: em um processo de criação de valor centrado no

produto, toda a cadeia de atividades envolvida, desde o processo de coletar e

identificar requisitos do cliente até o processo de reciclagem do produto, deve

estar integrada por meio de um modelo de produto contínuo e coerente.

Rüßman et al. (2015) identificam que os avanços tecnológicos implicaram em um

aumento de produtividade na indústria com o passar dos anos. Ao referir-se a tal

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assunto, os autores apontam que a 4ª Revolução Industrial surge como uma nova

onda de transformação tecnológica industrial digital e é sustentada por 9 pilares

fundamentais, sendo eles: Big Data, Robôs Autônomos, Simulação, Integração

Vertical e Horizontal, Internet das Coisas, Segurança Cibernética, Nuvem, Manufatura

Aditiva e Realidade Aumentada.

2.3 Realidade Aumentada

A Realidade Aumentada (RA), é a interação entre uma plataforma virtual e o

ambiente real, através da utilização de um conjunto de aparelhos constituído por

câmeras, computador e visor. Este conceito cria uma fusão entre o ambiente real e o

ambiente virtual, o que leva a uma interação em tempo real. Os objetos virtuais são

colocados no ambiente real e nunca o contrário e para que haja interação entre os

dois ambientes, é necessário que o posicionamento e alinhamento dos objetos

virtuais, calculados pelo computador, estejam de acordo com a orientação e

posicionamento do ambiente real (AZUMA et al., 2001).

Na realidade aumentada é muito importante o posicionamento e alinhamento dos

elementos virtuais. Para haver interação entre os dois ambientes é necessário que

existam alguns comandos de entrada de dados, além de imagens, sensores e GPS.

Deste modo a realidade aumentada necessita de muita informação. Essa informação,

depois de captada, é processada e enviada para o periférico de visualização. É

necessário que haja rapidez no processamento da informação, pois a interação entre

o ambiente real e o virtual é quase instantânea (AZUMA et al., 2001).

No início de seu desenvolvimento, a realidade aumentada era uma tecnologia

considerada cara e, portanto, o desenvolvimento de aplicações exigiam altos

investimentos. Depois de décadas de aprimoramento da tecnologia, com o

melhoramento das câmeras, sensores, algoritmos de rastreamento e tecnologias de

visualização, e com a evolução da tecnologias de informação, a RA entrou no

mercado de consumo (AZUMA, 2016). Na atualidade a realidade aumentada é

reconhecida como uma das principais tecnologias na 4ª revolução industrial, chamada

Indústria 4.0.

No caso de aplicações em Realidade Aumentada, aplicativos utilizam a câmera de

dispositivos compatíveis (smartphones, tablets, óculos especiais) para mapear

ambientes reais. Após o tratamento e seleção dos dados, informações ou instruções

interativas mais relevantes para aquela determinada situação, o software sobrepõe

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elementos visuais como gráficos, botões ou outras formas de visualização sobre a

visão que o usuário possui em seu dispositivo, permitindo que ele extraia mais

conteúdo, ou até mesmo que envie comandos aos objetos por meio da própria

aplicação.

A estratégia na Indústria 4.0 é integrar toda a cadeia de valor para atender uma

demanda crescente da indústria mundial e a RA é uma das principais novas

tecnologias abordadas por esse conceito por ajudar os processos industriais a se

tornarem mais inteligentes, principalmente nas operações que requerem

procedimentos, na manutenção e assistência remota, no treinamento dos

colaboradores, no controle da qualidade, na gestão de riscos, no design de produtos

e na logística.

3 METODOLOGIA

Neste capítulo primeiramente serão apresentados métodos de utilização da

tecnologia de realidade aumentada para implantação de ferramentas do lean

manufacturing na indústria.

3.1 5S

O método dos 5S é normalmente a primeira ferramenta a ser utilizada quando se

quer implementar a filosofia Lean e também uma das mais importantes pelo seu

caráter educacional e disciplinar. Esta técnica está direcionada para a limpeza e

organização, de modo a permanecer nos postos de trabalho apenas e só́ o que é

necessário para a produção (SIMONS et al., 2010).

A conciliação do método 5S com a realidade aumentada pode trazer melhores

resultados para as empresas. Por exemplo, utilizando QRcodes, os funcionários

conseguem ativar o sistema de RA em seus óculos, os quais poderiam demonstrar

como sistematizar, arrumar e limpar seus postos. Com isso os empregados serão

instruídos, de maneira didática, à reavaliar o que é realmente necessário para efetuar

seu trabalho e o que pode ser eliminado, visando a efetividade do modelo 5S.

Pensando em ambientes como armazéns ou almoxarifados, o 5S é uma

ferramenta essencial para manter os postos de trabalho organizados. Por exemplo, o

funcionário pode utilizar um óculos de realidade aumentada ativado por marcas

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fiduciais (QRcode ou código de barras, por exemplo), assim ele visualizará o ambiente

real acrescido de elementos virtuais, os quais o levariam à realizar os 5 passos do

método 5S.

Começando pelo primeiro passo do método 5 S, o Seiketsu, nele o trabalhador

aprenderia a sistematizar a organização e limpeza de seu espaço. Em segundo lugar

ele faria uma triagem dos objetos de seu ambiente, aprendendo quais deles são

essenciais para realização de seu trabalho, utilizando o chamado Seiri. Em seguida o

empregado passaria pelo Seiso, que é o passo direcionado à retirada das sujidades

do local. O quarto passo seria o Seiton, nele o utilizador é instruído em como organizar

seus objetos de modo à estarem sempre acessíveis. No último passo chamado de

Shitsuke, o óculos de realidade aumentada resumiria os quatro passos anteriores para

que o operador fixasse o método e também percebesse melhorias possíveis de serem

aplicadas.

3.2 Kanban

O sistema Kanban é uma técnica de gestão de materiais e de produção, um

método empregado para puxar os materiais, para repor a quantidade requerida pelo

cliente ou pelo processo seguinte, portanto, é o oposto do sistema tradicional que

empurra o material para o processo seguinte ou para o estoque com base numa

expectativa de consumo, previsão ou plano. Para controlar a prioridade de produção,

quando um posto de trabalho produz mais de um tipo de peça, é utilizado o quadro de

controle do Kanban. Este quadro é um painel com objetivo de orientação e priorização,

onde cada coluna representa um item, e as três faixas de cores que definem a sua

criticidade, como um semáforo.

O Kanban eletrônico é uma solução tecnológica desenvolvida para ser um sistema

integrado provedor de informações de apoio a implantação e sustentação de

metodologias de produção puxada. As principais funções de um sistema de Kanban

eletrônico são o controle de cartões Kanban de forma eletrônica, através de código de

barras ou RFID, e a extensão deste controle para outras áreas produtivas que não

sejam controladas por quadro Kanban, criando assim uma malha de identificação de

operações por toda a linha de produção das empresas

O sistema Kanban utilizando cartões evoluiu para o sistema eletrônico e pode

tornar-se ainda mais tecnológico com a utilização de óculos de realidade aumentada.

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Os operadores ao utilizarem os óculos podem comunicar-se entre si sem necessidade

de preencherem cartões Kanban manualmente (LAGE, 2010). O sistema funcionaria

da seguinte forma: quando um lote de determinadas peças acabasse, o colaborador

poderia enviar um QRcode para o posto de trabalho anterior. O operador deste posto

ao fazer a leitura da marca fiducial imediatamente visualizará um cartão Kanban

virtual. Em seguida ele posicionará este cartão em um quadro Kanban, existente no

ambiente real, mas preenchido apenas virtualmente. Ou seja, os funcionários só

conseguem visualizar o quadro com informações através do uso do óculos de RA. E

em seguida um novo lote de peças tem que ser produzido. Ao encerrar a produção do

lote, é enviado um novo QRcode ao posto de trabalho posterior. No monitor do posto

de trabalho, o funcionário visualizará o cartão Kanban virtual referente ao lote

produzido. Assim o fluxo de produção se tornará muito mais ágil e assertivo (LAPPE

et al., 2014)

A Figura 1 representa a visão do operador utilizando óculos de realidade virtual.

Com a leitura do código de barras ele consegue enxergar a ordem de serviço a ser

cumprida, assim como registrar o término da atividade, assim substituindo o uso de

cartões Kanban físicos.

FIGURA 1 – ERUGA REALIDADE VIRTUAL NA LOGÍSTICA

FONTE: ERUGA (2018)

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3.3 Manutenção Produtiva Total (TPM)

O objetivo do TPM é engajar um senso de união e responsabilidades entre os

supervisores, operadores e técnicos da manutenção. A ideia é não se limitar a

simplesmente manter o equipamento funcionando, mas também estender e otimizar

o seu desemprenho global.

A percepção tradicional que se tem do trabalho da manutenção é consertar

equipamentos que estejam quebrados. Com esta visão, tem-se que as atividades de

manutenção estão delimitadas em ações reativas de reparar ou substituir algo. Este

fenômeno é conhecido como manutenção reativa ou manutenção de quebras ou

manutenção corretiva.

Entretanto, uma visão mais recente da manutenção a define como sendo todas as

atividades desenvolvidas para manter ou restaurar um item em seu estado físico, com

relação as suas especificações originais, para obtenção do rendimento projetado.

Obviamente o escopo da manutenção não deve ficar restrito somente a ações

reativas, mas também deve incluir ações proativas como: inspeções periódicas,

substituições preventivas e monitoramento das condições.

A área de manutenção é uma das mais promissoras para utilização da tecnologia

de Realidade Aumentada. Um exemplo de aplicação já implantado é utilização de

tablets capaz de fazerem o reconhecimento das máquinas no ambiente real,

fornecendo manuais, tutorias e instruções em tempo real para o operador. Há ainda

a possibilidade de exercer a mesma função através de óculos de RA, os quais

facilitariam o acesso à informação, pois o operador não precisaria utilizar as mãos

para comandá-los, já que os tablets necessitam dos comandos manuais

(HENDERSON, 2007).

Outro exemplo, é o uso de óculos de realidade aumentada para realizar a

manutenção à distância. Caso um funcionário não consiga realizar a manutenção de

determinada máquina, ele pode transmitir o que vê, em tempo real, para um

especialista que pode resolver o problema de onde estiver, passando instruções

também via RA. Isso só é possível, pois esta tecnologia tem a capacidade de fornecer

uma visão interna das máquinas e processos. Com um dispositivo de RA é possível

analisar características internas de um processo produtivo ou uma máquina, assim o

trabalho dos técnicos fica muito mais eficiente e didático (MASONI et al., 2017)

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GABRIELA GARCIA

Treinamentos também podem ser aplicados com auxílio da realidade

aumentada, assim os operadores podem aprender como as máquinas funcionam

internamente e qual o passo a passo para realização da manutenção com eficiência,

aumentando a confiabilidade do processo

A Figura 2 representa a utilização de óculos de realidade aumentada para

realização de manutenção em máquina. Neste caso o operador pediu auxílio de um

especialista, o qual mantém contato direto em uma chamada de vídeo e supervisiona

a atividade do operador in loco.

FIGURA 2 – UTILIZAÇÃO DA REALIDADE EUMENTADA NA MANUTENÇÃO

FONTE: ERUGA (2018)

3.4 Single Minute Exchange of Die (SMED)

O método SMED, conhecido como troca rápida de ferramentas, tem como objetivo

a diminuição do tempo de mudança de ferramentas ou moldes das máquinas,

chamado de setup. A redução deste intervalo é de grande importância para que a

linha de produção permaneça pouco tempo parada sem produzir.

O óculos de realidade aumentada pode auxiliar na troca de ferramentas das

máquinas da seguinte maneira: usando um comando de voz, o utilizador aciona o

óculos de RA, este equipamento irá sobrepor elementos virtuais ao ambiente real de

trabalho, ou seja, o operador visualizará a máquina na qual deve trocar ferramentas e

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junto à ela serão acrescidas orientações de como realizar esta mudança (GOLCHEV,

2018).

Estas orientações podem ser feitas de maneira gradativa, ao utilizar o primeiro

comando de voz o empregado visualizará o primeiro passo, por exemplo desapertar

um parafuso. Com um novo comando de voz, será demonstrado o segundo passo,

como retirar uma peça, por exemplo. E assim sucessivamente até que a troca de

ferramenta seja concluída na máquina.

Outro parâmetro que pode ser utilizado no óculos de RA, é o tempo. Ele é essencial

na realização do setup. Considera-se importante estabelecer metas de tempo para

conclusão das tarefas, pois com a utilização desta tecnologia o operador sente-se

mais seguro e amparado ao realizar as mudanças estabelecidas. Com isso ele se

tornará mais ágil e especializado, o que resultará numa redução de tempo do setup e

consequentemente melhores resultados à empresa.

Além da utilização de óculos de RA durante o setup, sugere-se que sejam feitos

treinamentos utilizando-se desta tecnologia, não só com o uso de óculos de RA, mas

também de dispositivos como tablets, por exemplo. Estes treinamentos têm como

objetivo explicar de maneira didática como os operadores devem executar cada passo

da mudança de ferramentas e assim deixa-los mais confiantes ao efetivamente

realizá-las. Na Figura 3 é demonstrada a visão de um operador ao utilizar os óculos

de RA para treinamento para troca de ferramentas. Nela está representada a máquina

na qual será realizada a troca de setup, juntamente com as instruções para

cumprimento da atividade.

FIGURA 3 – REALIDADE VIRTUAL – TREINAMENTO 4.0

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GABRIELA GARCIA

FONTE: ERUGA (2018)

3.5 Poka-yoke

O Poka-yoke tem como objetivo prevenir possíveis erros ou defeitos durante o

processo produtivo. O método de controle e de advertência são amplamente utilizados

na indústria, ambos já foram esclarecidos anteriormente. No método de controle,

quando uma avaria ou uma falha é detectada, a máquina é imediatamente parada,

em alguns casos a linha inteira de produção tem que ser interrompida. A linha só irá

voltar a produzir após o reparo da máquina. Já no método de advertência o operador

tem autonomia para tomada de decisão, pois o erro é apenas detectado e ele deve

decidir qual providência tomar.

Em empresas que o controle de qualidade é extremamente importante, por

exemplo na indústria automotiva, o Poka-yoke aliado à realidade aumentada pode

facilitar as inspeções da área da qualidade. Utilizando óculos de realidade aumentada,

o operador conseguiria fazer a leitura da peça através de um QRcode. Para

inspecioná-la, esta tecnologia poderia sobrepor uma peça (com malha renderizada),

considerada perfeita dentro dos padrões de qualidade estabelecidos, à peça que o

utilizador tem que realizar a inspeção. Se a peça inspecionada conferir com a peça

ideal, a qualidade exigida é comprovada. Já se houverem diferenças entre elas, o

operador tem a função de determinar se o erro ou avarias são passíveis de correção

(NÖLLE et al., 2016). Caso haja solução de reparação, o método do Poka-yoke de

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GABRIELA GARCIA

controle é acionado. Mas se não houver como transformar a não conformidade da

peça em conformidade, o Poka-yoke de advertência é utilizado.

Com a utilização da Realidade Aumentada, o processo de inspeção da qualidade

pode ter sua confiabilidade aumentada, assim como maior grau de agilidade. Porém

segundo Nölle et al. (2016), os óculos de realidade aumentada ainda não possuem

qualidade suficiente de renderização para inspeções minuciosas. Mas como esta

tecnologia vem avançando exponencialmente, acredita-se que este avanço está

próximo de ser alcançado.

Como exemplo de empresa utilizadora da realidade aumentada, a Renault tem se

demonstrado pioneira na área. Os óculos de RA são ferramentas usadas nas

inspeções de qualidade dos carros já montados. Através do óculos o operador

consegue ter acesso à informação dos pontos de atenção que devem ser

inspecionados e através do áudio ele também recebe alertas. Esta aplicação tem

como objetivo apoiar os inspetores na realização do trabalho e trazer excelência aos

índices de qualidade da empresa. Na Figura 4 é demonstrado parte da aplicação do

óculos de RA na Renault.

FIGURA 4 – RENAULT LEVA REALIDADE AUMENTADA PARA PROCESSO PRODUTIVO

FONTE: GOEPIK (2018)

3.6 Standardized Work (SW)

Como foi descrito anteriormente, o trabalho padronizado apresenta como

finalidade documentar e controlar de acordo com padrões a execução de operações

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GABRIELA GARCIA

e tarefas indiretas, de modo a eliminar variações (desperdícios), permitindo melhorias

contínuas. Além disso, ele auxilia a orientação do trabalho, fazendo com que se

encontre um padrão entre turnos para ergonomia, qualidade, produtividade e

segurança, diminuindo assim a variabilidade do processo.

Durante o processo de padronização é importante utilizar ideias dos próprios

funcionários para aprimorar as instruções de trabalho, dando a oportunidade para eles

contribuírem de forma efetiva na melhoria contínua do processo. As pessoas desejam

poder assumir a responsabilidade por seus próprios recursos e querem sentir que

estão dando uma contribuição pessoal para algo importante.

Para garantir a constância da qualidade e o fluxo contínuo das peças é necessário

a realização de treinamentos para todos os operadores compreenderem a

padronização do trabalho. Durante o treinamento os operadores devem entender a

importância de realizar as operações da mesma maneira. Isto não significa que um

novo modo de trabalho não possa ser sugerido pelos operadores e implantado para

todos os turnos, mas sim que estas alterações devem ser feitas de maneira

controlada.

Assim como foi descrito nas seções anteriores, a realidade aumentada pode ser

implementada na fase de treinamento, neste caso a fim de obter a padronização na

execução das atividades. Outro cenário interessante para implementação da

realidade aumentada, seria em uma linha de montagem de placas de circuitos

eletrônicos, por exemplo. Se os operadores utilizassem óculos de realidade

aumentada, ativados através de QRcodes presentes nas placas a serem montadas,

eles poderiam visualizar o layout dos componentes e assim saberiam exatamente qual

seria o circuito a ser construído. Essa função poderia ser ativada para diferentes tipos

de placas eletrônicas, ou seja, diferentes lotes de produção, cada um com sua marca

fiducial específica para orientar os operadores. A implantação da Realidade

Aumentada garantiria mais confiança para os funcionários no processo de montagem,

trazendo a padronização da atividade de maneira didática e eficiente (GORECKY,

2013).

A Figura 5 demonstra uma linha de montagem de placas eletrônicas, na qual as

operadoras executam as soldas orientadas pelo layout apresentado nas telas. A

utilização dos óculos de RA executaria a mesma função das telas, mas de maneira

interativa. Os seja, o layout virtual dos circuitos poderia ser projetado de maneira

virtual sobre as placas pertencentes ao ambiente real. Esta tecnologia traria melhoria

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GABRIELA GARCIA

no aspecto ergonômico do posto de trabalho, pois as operadoras não precisariam

inclinar a cabeça para enxergarem a tela, já que estariam utilizando os óculos como

guia. E também é importante citar que a atividade padronizada traria mais agilidade,

menos desperdícios e erros e também reduziria o tempo de ciclo da montagem das

placas. FIGURA 5 – SETOR DE MONTAGEM DA EMBTECH

FONTE: POÇOS JÁ (2019). 4 DISCUSSÃO

A união do Lean Manufacturing com a Indústria 4.0 é uma importante área de

estudo que necessita ser explorada pela pesquisa. Com o surgimento de um novo

modelo de indústria de manufatura, as indústrias estão buscando cada vez mais novas

formas de modo eficiente para acomodar a união dos conceitos da Indústria 4.0 nas

configurações de industriais já existentes (SANDERS et al., 2017). No entanto, surge

um grande dilema com relação a compatibilidade da filosofia Lean e da Indústria 4.0

para uma nova transformação industrial, isso ocorre devido os princípios do sistema

Lean tentarem reduzir a complexidade para alcançar soluções simples por meios

simples, enquanto a Indústria 4.0 busca simplificar a complexidade do ponto de vista

do utilizador com um controle descentralizado e assistentes inteligentes.

A implantação de equipamentos de automação eleva a qualidade do produto, ao

mesmo tempo em que torna os processos de fabricação mais eficientes. Porém, o

sistema de automação só deve ser integrado à indústria após melhorar o fluxo da

produção, o que pode ser obtido com o sistema Lean. Dessa forma e com uma visão

mais tecnológica, pode-se considerar que a filosofia Lean é um complemento à

automação (SATOGLU et al., 2018), pois não deve-se confiar totalmente nas

tecnologias, devido nem sempre melhorarem o desempenho, e no entanto, podem

tornar o sistema mais complicado, sendo que a complexidade dos sistemas de

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GABRIELA GARCIA

produção devem serem reduzidos por práticas enxutas. Assim, é possível verificar

que o sistema Lean e a Indústria 4.0 podem ser perfeitamente integrados em um

sistema de gerenciamento de produção bem sucedido, pois não são mutuamente

exclusivas (SATOGLU et al., 2018).

A integração entre o sistema Lean e a Indústria 4.0 ainda será capaz de superar as

deficiências das práticas convencionais, melhorando a produtividade e eliminando os

resíduos (SANDERS et al., 2016). O processo de transição para a Industria 4.0 ocorre

de forma gradativa e o Lean Manufacturing impulsiona essa transição por ser uma

forma de gestão que visa eliminar os desperdícios e aumentar a produtividade. Isto

permite que as empresas se organizem internamente e revejam seus índices de

produtividade para posteriormente investir em automação. Somente a utilização de

tecnologias não será suficiente para garantir a eficiência da produção e, por isso, o

Lean é muito importante na Industria 4.0. Antes de automatizar processos, instalar

robôs ou sensores, é imprescindível realizar melhorias nos processos e eliminar os

desperdícios. Por outro lado, a Industria 4.0 auxilia a jornada Lean e facilita a

especificação do que é valor para o cliente, auxiliando a sua empresa a manter-se

competitiva no mercado.

Mesmo com o advento da Indústria 4.0 é provável que o sistema Lean torne-se

mais importante para o sucesso da implementação da Indústria 4.0 do que

desaparecer. Pois, antes da implantação da Indústria 4.0 é necessário a aplicação

com sucesso da filosofia Lean, pois a Indústria 4.0 não resolve os problemas de má

gestão e/ou da fraca organização (SATOGLU et al., 2018). Em suma, quando a

tecnologia começa a ser empregada de forma mais efetiva, existe também um

desenvolvimento da manufatura enxuta que faz com que empresas passem a realizar

suas atividades de maneira muito mais ágil e precisa.

A tecnologia de Realidade Aumentada pode incorporar novas interfaces homem-

máquina para a fabricação de aplicações e ativos de TI, exibindo KPIs (Key

Performance Indicator) e feedbacks em tempo real sobre os processos de fabricação,

a fim de melhorar a tomada de decisões (GORECKY, 2014). Desta forma, a RA torna-

se também uma tecnologia de habilitação chave para o ambiente da Indústria 4.0, à

medida que melhora a transferência de informações entre os mundos digital e físico e

auxilia na cooperação entre seres humanos e máquinas (ROMERO, 2016). Através

de informações intuitivas e combinando a inteligência do operador com a flexibilidade

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GABRIELA GARCIA

do sistema, a RA aumenta a eficiência do trabalho manual e ao mesmo tempo melhora

sua qualidade (GORECKY, 2013).

Também é importante mencionar que os seres humanos desempenham um papel

fundamental na Indústria 4.0. Os seres humanos têm vantagens em relação às

máquinas devido à criatividade, experiência e resolução de problemas, devido às suas

habilidades senso motoras. A tarefa dos seres humanos dentro da Indústria 4.0 é

definir os objetivos e as regras de produção, enquanto que os sistemas cyber físicos

pertencentes à Indústria 4.0 são capazes de verificar e otimizar sistemas de produção

inteiros (SENDLER, 2013). No entanto, para poder usar todo o potencial da Indústria

4.0, é necessário que os usuários sejam capazes de entender e trabalhar com as

tecnologias no cotidiano da produção (BAUERNHANSL et al., 2014).

De acordo com Brown (2018), a natureza do trabalho no chão de fábrica irá

requerer empregados mais bem capacitados. Ao invés de operar uma única máquina

e monitorar a sua saída, os colaboradores precisarão saber como trabalhar com

computadores para monitorar diversas máquinas de uma só vez e utilizar ferramentas

automatizadas para diagnosticar e resolver problemas de qualidade. Essa novo

requisito tornará essencial competências que antigamente eram raramente

requisitadas de um trabalhador de linha produtiva, como por exemplo: pensamento

crítico, resolução de problemas, gestão de problemas e tomadas de decisão.

6 CONCLUSÃO

A Indústria 4.0 vem trazendo diversos questionamentos a respeito de sua

implementação e também a respeito de sua possível substituição à conceitos

tradicionais de gestão industrial. O presente artigo buscou mostrar que as técnicas da

Indústria 4.0 e do Lean Manufacturing são complementares e não substitutivas, dessa

forma, ambas podem ser trabalhadas de maneira a fortalecer a estratégia da empresa.

Ambos conceitos são claramente aplicáveis de forma paralela, sendo que um

sustenta-se como base para uma melhor implementação do outro e vice-versa.

Embora estes sistemas cyber físicos estejam atualmente numa fase inicial, no

futuro, o uso da tecnologia RA no ambiente industrial será muito mais amplo, visto que

as empresas já constataram que a sua utilização pode oferecer vantagens

significativas na autonomia dos operadores, bem como na melhoria do controle da

qualidade, como foi abordado anteriormente neste artigo.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GABRIELA GARCIA

Diante de tamanha revolução proporcionada pela evolução da indústria, é possível

que num futuro próximo tais sistemas possam implicar enormes impactos tanto no

conteúdo do trabalho quanto na organização do trabalho, e podem mudar a forma

como o fator humano está participando e agregando valor em muitas cadeias de valor

industriais.

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