156
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ BRUNO ROMEIRO SOARES VINÍCIUS MOREIRA YAMAGUTI METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO E REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA CURITIBA 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ BRUNO ROMEIRO … · NTC – Norma Técnica Copel ONS – Operador Nacional do Sistema OPEX - Operational Expenditure (Despesas Operacionais) PBA –

  • Upload
    lamdieu

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

BRUNO ROMEIRO SOARES

VINÍCIUS MOREIRA YAMAGUTI

METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE LINHAS DE

TRANSMISSÃO E REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

CURITIBA

2016

BRUNO ROMEIRO SOARES

VINÍCIUS MOREIRA YAMAGUTI

METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE LINHAS DE

TRANSMISSÃO E REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

disciplina TE – 105 – Projeto de Graduação, como

requisito parcial à obtenção do grau de

Engenheiro Eletricista, ao Departamento de

Engenharia Elétrica, Setor de Tecnologia,

Universidade Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Rasi Aoki

CURITIBA

2016

TERMO DE APROVAÇÃO

BRUNO ROMEIRO SOARES

VINÍCIUS MOREIRA YAMAGUTI

METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE LINHAS DE

TRANSMISSÃO E REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Trabalho de conclusão de Curso de Graduação aprovado como requisito parcial

para obtenção do grau de Engenheiro Eletricista no Curso de Engenharia Elétrica,

Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná, pela seguinte banca

examinadora:

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Rasi Aoki

Departamento de Engenharia Elétrica, UFPR

Prof. Dr. Carlos Marcelo Pedroso

Departamento de Engenharia Elétrica, UFPR

Prof. Dr. Ivan Eidt Colling

Departamento de Engenharia Elétrica, UFPR

Curitiba, 27 de junho de 2016.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente aos nossos familiares, amigos e namoradas

pelo companheirismo e por estarem sempre ao nosso lado.

Agradecemos a todas as pessoas que estiveram em nossas vidas e

contribuíram em nosso desenvolvimento pessoal, profissional e acadêmico.

Agradecemos ao nosso orientador Prof. Dr. Alexandre Rasi Aoki por ter

partilhado conosco etapas importantes de aprendizado e, principalmente, pela

paciência, compreensão e dedicação com nosso trabalho.

Agradecemos aos colegas de trabalho, os quais por muitas vezes

partilharam informações, materiais e experiências e que, de certa forma,

contribuíram para concretização deste projeto.

Agradecemos a Deus pela oportunidade do aprendizado e pela chance de

compartilhar conhecimentos com profissionais experientes da área, auxiliando em

nossa educação.

RESUMO

Atualmente existe no cenário brasileiro uma enorme quantidade de Concessionárias

de energia que atuam no desenvolvimento dos projetos de Linhas de Transmissão e

Redes de Distribuição de energia elétrica. Entretanto, os procedimentos e a

sequência de elaboração das atividades adotadas pelas empresas na realização de

projetos são diferentes. O método para elaboração deste trabalho consistiu em

estudar, descrever e sistematizar as etapas necessárias para elaboração de projetos

de Linhas de Transmissão e Redes de Distribuição através de pesquisas

bibliográficas, consultas técnicas a profissionais atuantes da área e a própria

experiência prática dos autores em projetos do gênero. O objetivo principal é

possibilitar que qualquer equipe técnica multidisciplinar seja capaz de seguir uma

sequência de atividades fundamentais para a elaboração dos projetos e auxiliar

profissionais sem experiência na área a adquirir conhecimento. Como resultados

foram elaborados fluxogramas multifuncionais sistematizando e sequenciando os

processos para constituição dos projetos. Cada um desses processos foi detalhado

em fichas, contendo os pré-requisitos, materiais, profissionais, descrição, resultados

e aplicações da atividade. Para validação da metodologia desenvolvida, foram

apresentados estudos de casos e gráficos com resultados de questionários

realizados com profissionais da área. Assim, o trabalho ainda possibilita estudos

futuros para evolução do desenvolvimento na área de engenharia e gerenciamento

de projetos.

Palavras-chave: Linhas de Transmissão. Redes de Distribuição. Projetos.

Metodologia. Fluxograma. Estudos de Caso.

ABSTRACT

Currently there are in the Brazilian scenario a huge amount of energy companies

operating in the development of Transmission Lines and also Distribution Networks

designs. However, the procedures and the preparation activities sequence adopted

by the companies in carrying out designs are different. The elaboration method of

this work was to study, describe and systematize the necessary steps for the

preparation of Transmission Lines and Distribution Networks designs, through library

research, technical consultations to professionals who work in the area as well as the

own authors practical experience in these type of engineering designs. The main

target of this work is to enable any multidisciplinary technical team to follow a

sequence of key activities for the preparation of designs and assist inexperienced

professionals in the field to acquire knowledge. As results cross-functional flowcharts

were elaborated, systematizing and sequencing processes for the creation of these

kinds of designs. Each of these processes has been detailed in forms containing the

prerequisites, materials, professional description, results and also application of the

activities. For the methodology validation were presented case studies and charts

based on professionals’ answers on questionnaires. Thus, the work also enables

future studies to keep improving engineering and project management.

Key words: Transmissions Lines. Distribution Networks. Designs. Methodology.

Flowchart. Case Studies.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - HORIZONTE DE 2015 DO SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL. ...... 26

FIGURA 2 - SISTEMA RADIAL SIMPLES (ELEKTRO, 2015). .................................. 42

FIGURA 3 - SISTEMA RADIAL COM RECURSO. .................................................... 43

FIGURA 4 - SISTEMA RADIAL COM PRIMÁRIO EM ANEL. ................................... 43

FIGURA 5 – DIAGRAMA DA METODOLOGIA DESENVOLVIDA PARA LT. ............ 53

FIGURA 6 - FLUXOGRAMA MULTIFUNCIONAL LT. ............................................... 56

FIGURA 7 - CRONOGRAMA DE MACROETAPAS LT. ............................................ 58

FIGURA 8 - DIAGRAMA DA METODOLOGIA DESENVOLVIDA PARA RD. ........... 81

FIGURA 9 - FLUXOGRAMA MULTIFUNCIONAL RD. .............................................. 85

FIGURA 10 - EAP LT500KV ASSIS-LONDRINA. ................................................... 105

FIGURA 11 - GRÁFICO DE DESEMBOLSO ACUMULADO ................................... 106

FIGURA 12 - RELATÓRIO DE VENTO PARA A REGIÃO DE LONDRINA. ........... 108

FIGURA 13 - ALTERNATIVAS DE TRAÇADO ....................................................... 112

FIGURA 14 ELABORAÇÃO DO PERFIL TOPOGRÁFICO. .................................... 126

FIGURA 15 - DIMENSIONAMENTO MECÂNICO. .................................................. 126

FIGURA 16 - EXEMPLO DO RESULTADO DE CÁLCULO MECÂNICO. ............... 127

FIGURA 17 - RESULTADOS QUANTO À SELEÇÃO DAS PRINCIPAIS ETAPAS

DOS FLUXOGRAMAS. ........................................................................................... 134

FIGURA 18 - RESULTADOS QUANTO À DIVISÃO DAS ATIVIDADES DOS

FLUXOGRAMAS ENTRE AS ÁREAS. .................................................................... 134

FIGURA 19 - RESULTADOS QUANTO À UTILIZAÇÃO DOS FLUXOGRAMAS. ... 135

FIGURA 20 - RESULTADOS QUANTO À PRESENÇA DE ETAPAS E MARCOS

MAIS RELEVANTES NO CRONOGRAMA DE MACROETAPAS. .......................... 135

FIGURA 21 - RESULTADOS QUANTO À ADEQUAÇÃO DO CRONOGRAMA DE

MACROETAPAS EM PROJETO DE LT COM 30 MESES PARA LICENCIAMENTO E

30 MESES PARA CONSTRUÇÃO. ......................................................................... 136

FIGURA 22 - RESULTADOS QUANTO À UTILIZAÇÃO DO CRONOGRAMA DE

MACROETAPAS EM PROJETOS. ......................................................................... 136

FIGURA 23 - RESULTADOS QUANTO À ESCOLHA DOS ITENS DAS FICHAS. . 137

FIGURA 24 RESULTADOS QUANTO À DESCRIÇÃO DAS TÉCNICAS CONTIDAS

NAS FICHAS DESCRITIVAS CONFORME A ATUALIDADE. ................................ 137

FIGURA 25 - RESULTADOS QUANTO À UTILIZAÇÃO DAS FICHAS. ................. 138

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - PRINCIPAIS NORMAS BRASILEIRAS UTILIZADAS EM PROJETOS

DE LT ........................................................................................................................ 38

TABELA 2 - PRINCIPAIS NORMAS BRASILEIRA UTILIZADAS EM PROJETOS DE

REDES DE DISTRIBUIÇÃO ...................................................................................... 49

TABELA 3 - NORMAS CONSULTADAS PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE

RD ............................................................................................................................. 50

TABELA 4 - PARÂMETROS DE DESEMPENHO ELÉTRICO. ............................... 109

TABELA 5 - EFEITOS ELÉTRICOS NO LIMITE DA FAIXA. ................................... 110

TABELA 6 – LIMITES DE MT FIXADOS PELO PRODIST...................................... 127

TABELA 7 – LIMITES DE BT FIXADOS PELO PRODIST ...................................... 128

TABELA 8 - CAPACIDADES DE CONDUÇÃO DE CORRENTE PARA CABOS DE

ALUMÍNIO. .............................................................................................................. 129

TABELA 9 - COEFICIENTES DE QUEDA DE TENSÃO PARA CABOS DE

ALUMÍNIO ............................................................................................................... 129

TABELA 10 - PROFISSIONAIS CONSULTADOS PARA AVALIAÇÃO DA

METODOLOGIA. ..................................................................................................... 133

LISTA DE FICHAS DESCRITIVAS - PROJETOS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

FICHA DESCRITIVA LT01 - PLANEJAMENTO DA EXPANSÃO. ............................ 60

FICHA DESCRITIVA LT02 - ELABORAÇÃO DOS RELATÓRIOS R1, R2, R3 E R4 61

FICHA DESCRITIVA LT03 - ABERTURA DO EDITAL / LEILÃO REALIZADO PELA

ANEEL....................................................................................................................... 62

FICHA DESCRITIVA LT04 - ESTUDOS PRÉ-LEILÃO.............................................. 63

FICHA DESCRITIVA LT05- COTAÇÕES DE MERCADO E ELABORAÇÃO DE

PROPOSTA .............................................................................................................. 65

FICHA DESCRITIVA LT06 - ASSINATURA DO CONTRATO DE CONCESSÃO ..... 66

FICHA DESCRITIVA LT07 - PROJETO BÁSICO ..................................................... 67

FICHA DESCRITIVA LT08 - DEFINIÇÃO DO TRAÇADO ........................................ 68

FICHA DESCRITIVA LT09 - LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO E SONDAGEM

GEOLÓGICA ............................................................................................................. 69

FICHA DESCRITIVA LT10 - PROJETO EXECUTIVO .............................................. 71

FICHA DESCRITIVA LT11 - RELATÓRIOS E CADASTROS DE PROPRIEDADES 72

FICHA DESCRITIVA LT12 - ELABORAÇÃO DE PROPOSTAS PARA

INDENIZAÇÃO .......................................................................................................... 74

FICHA DESCRITIVA LT13 - ASSESSORIA PARA INDENIZAÇÃO .......................... 76

FICHA DESCRITIVA LT14 - APROVAÇÕES DAS INTERVENÇÕES ...................... 77

FICHA DESCRITIVA LT15 - ESTUDOS AMBIENTAIS ............................................. 78

FICHA DESCRITIVA LT16 - PROGRAMAS AMBIENTAIS E INVENTÁRIO

FLORESTAL ............................................................................................................. 80

LISTA DE FICHAS DESCRITIVAS – PROJETOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO

FICHA DESCRITIVA RD01 - RECEBIMENTO DE SOLICITAÇÃO DE SERVIÇO .... 87

FICHA DESCRITIVA RD02 - DETERMINAÇÃO DA DEMANDA. ............................. 88

FICHA DESCRITIVA RD03 - OBTENÇÃO DE DADOS PRELIMINARES................. 89

FICHA DESCRITIVA RD04 - SIMULAÇÕES DE IMPACTO NO SISTEMA ELÉTRICO

.................................................................................................................................. 90

FICHA DESCRITIVA RD05 - EXPLORAÇÃO DE ALTERNATIVAS DE

ATENDIMENTO ........................................................................................................ 91

FICHA DESCRITIVA RD06 - LEVANTAMENTO DE CAMPO E TOPOGRAFIA ....... 92

FICHA DESCRITIVA RD07 - DESENHO DO PROJETO .......................................... 93

FICHA DESCRITIVA RD08 - DIMENSIONAMENTO ELETROMECÂNICO .............. 94

FICHA DESCRITIVA RD09 - ELABORAÇÃO DA LISTA DE MATERIAIS E TAREFAS

.................................................................................................................................. 95

FICHA DESCRITIVA RD10 - ELABORAÇÃO DA PROPOSTA ................................ 96

FICHA DESCRITIVA RD11 - DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA

APROVAÇÃO DO PROJETO ................................................................................... 97

FICHA DESCRITIVA RD12 - ANÁLISE DOS RESPONSÁVEIS TÉCNICOS ............ 98

FICHA DESCRITIVA RD13 - APROVAÇÃO DE ÓRGÃOS AMBIENTAIS ................ 99

FICHA DESCRITIVA RD14 - APROVAÇÃO DE ÓRGÃOS INTERVENIENTES ..... 100

FICHA DESCRITIVA RD15 - LIGAÇÃO DA CARGA .............................................. 101

LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS

∆U% - Queda de tensão percentual;

∆Upu= Queda de tensão por unidade

°C – Graus Celsius

A – Ampère

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRADEE – Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica

AID – Áreas de Influência Direta

AII - Áreas de Influência Indireta

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica

APP - Áreas de Preservação Permanente

ART - Anotação de Responsabilidade Técnica

ART – Anotação de Responsabilidade Técnica

ASV – Autorização de Supressão Vegetal

BDGD – Base de Dados Geográficos da Distribuidora

BEN – Balanço Nacional Energético

BOVESPA – Bolsa de Valores de São Paulo

BT – Baixa Tensão

CA – Cabo de Alumínio

CAA – Cabo de Alumínio com Alma

CAPEX - Capital Expenditure (Despesas de Capital)

CC – Carga Concentrada

CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CD – Carga Distribuída

CI – Carga Instalada

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPT – Cone Penetration Test (Ensaios de Penetração de Cone)

D – Demanda

DCA – Declaração de Carga

DEC – Duração Equivalente por Consumidor

DIC – Duração de Interrupção Individual por Unidade Consumidora

DMIC - Duração Máxima de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora

DOU – Diário Oficial da União

DUP – Decreto de Utilidade Pública

EIA – Estudos de Impactos Ambientais

EPE – Empresa de Pesquisa Energética

EPI – Equipamento de Proteção Individual

EPTE – Engenharia e Planejamento em Transmissão de Energia

FD – Fator de Demanda

FEC – Frequência Equivalente de Interrupção por Consumidor

FIC - Frequência de Interrupção Individual por Unidade Consumidora

FP – Fator de Potência

GPS - Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global)

I – Corrente elétrica

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

IBAPE - Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia

INMET - Instituto Nacional de Meteorologia

IPHAN - Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

kg – Quilograma

km – Quilômetro

kWh – Quilowatt hora

L – Comprimento da linha

LEP – Lista de Etapas e Preços

LI – Licença de Instalação

LM – Lista de Materiais

LO – Licença de Operação

LP – Licença Prévia

LT – Linhas de Transmissão

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MME – Ministério de Minas e Energia

MPO - Manual de Procedimentos da Operação

MT – Média Tensão

MV – Marco de Vértice

NA – Normalmente Aberta

NBR – Norma Brasileira

NF – Normalmente Fechada

NTC – Norma Técnica Copel

ONS – Operador Nacional do Sistema

OPEX - Operational Expenditure (Despesas Operacionais)

PBA – Projeto Básico Ambiental

PDD – Plano de Desenvolvimento da Distribuição

PDE – Plano Decenal de Expansão

PDET – Programa Determinativo de Expansão da Transmissão

PET – Programa de Expansão da Transmissão

PNE – Plano Nacional de Expansão

PR – Para-raios

PRODIST – Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico

Nacional

RA – Resolução Autorizativa

RA – Ruído Audível

RAP – Receita Anual Permitida

RAP – Relatório Ambiental Preliminar

RAS – Relatório Ambiental Simplificado

RD – Redes de Distribuição

RDPA – Relatório de Detalhamento dos Programas Ambientais

Renováveis

RI – Rádio Interferência

RIMA – Relatório de Impacto de Meio Ambiente

RTK - Real Time Kinematic (Posicionamento Relativo Cinemático em Tempo Real)

SE – Subestação

SIN – Sistema Interligado Nacional

SPT – Standard Penetration Test (Ensaio de Penetração Padrão)

TIR – Taxa Interna de Retorno

TV – Televisão

U – Tensão

V – Volts

VA – Volt Ampère

W – Watt

XLPE – Polietileno Reticulado

Ω – Ohm

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 18

1.1 CONTEXTO ..................................................................................................... 18

1.2 OBJETIVOS .................................................................................................... 19

1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................ 19

1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................ 19

1.3 JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIÇÕES ......................................................... 20

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................... 21

2 TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ........................................................... 24

2.1 DEFINIÇÕES ................................................................................................... 24

2.1.1 Projeto de Linhas de Transmissão ............................................................ 24

2.1.2 Planejamento da Expansão ...................................................................... 25

2.1.3 Projetos Básico e Executivo ...................................................................... 27

2.1.4 Levantamento Topográfico e Sondagem Geológica ................................. 28

2.1.5 Avaliação de imóveis ................................................................................. 29

2.1.6 Estudos de Impactos Ambientais e Socioeconômicos .............................. 30

2.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS........................................................................ 31

2.2.1 Cabos Condutores e Cabos Para-raios ..................................................... 32

2.2.2 Isoladores .................................................................................................. 32

2.2.3 Estruturas e ferragens ............................................................................... 33

2.2.4 Fundações................................................................................................. 33

2.2.5 Aterramento............................................................................................... 34

2.3 CÁLCULOS ELETROMECÂNICOS ................................................................ 35

2.4 FATORES DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA ................................. 36

2.4.1 Perdas no transporte de energia ............................................................... 36

2.4.2 Custos de instalação e materiais das LTs ................................................. 37

2.5 NORMAS APLICÁVEIS .................................................................................. 37

2.6 ASPECTOS LEGAIS E REGULATÓRIOS ...................................................... 38

3 REDE DE DISTRIBUIÇÃO ..................................................................................... 40

3.1 DEFINIÇÕES ................................................................................................... 40

3.1.1 Tipos de Redes de Distribuição................................................................. 40

3.1.2 Tipos de projetos ....................................................................................... 41

3.1.3 Configurações de Redes de Distribuição Primária .................................... 42

3.1.4 Sistema Radial Simples ............................................................................ 42

3.1.5 Sistema Radial com Recurso .................................................................... 42

3.1.6 Sistema em Anel Aberto ............................................................................ 43

3.1.7 Configurações de Redes de Distribuição Secundária ............................... 44

3.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS........................................................................ 44

3.2.1 Subestação de distribuição ....................................................................... 44

3.2.2 Condutores ................................................................................................ 44

3.2.3 Postes ....................................................................................................... 45

3.2.4 Transformadores, para-raios e elos fusíveis ............................................. 45

3.2.5 Banco de Capacitores ............................................................................... 45

3.2.6 Reguladores de Tensão ............................................................................ 45

3.2.7 Chave de operação ................................................................................... 46

3.3 CÁLCULOS ELETROMECÂNICOS ................................................................ 46

3.3.1 Dimensionamento de Condutores da Rede Primária ................................ 46

3.3.2 Dimensionamento de Condutores da Rede Secundária ........................... 46

3.3.3 Cálculo de Esforços Mecânicos nos Postes .............................................. 47

3.4 ASPECTOS DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA ............................... 47

3.5 NORMAS APLICÁVEIS .................................................................................. 49

3.6 ASPECTOS REGULATÓRIOS ....................................................................... 50

3.6.1 Qualidade de Energia da Distribuição ....................................................... 51

4 METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE LTs ....................... 53

4.2 FLUXOGRAMA MULTIFUNCIONAL .............................................................. 53

4.3 CRONOGRAMA DE MACROETAPAS ........................................................... 57

4.4 FICHAS DESCRITIVAS .................................................................................. 59

5 METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE RDs ...................... 81

5.1 FLUXOGRAMA MULTIFUNCIONAL .............................................................. 81

5.2 FICHAS DESCRITIVAS .................................................................................. 86

6 ESTUDO DE CASO – PROJETO DE LT ............................................................. 102

6.1 PLANEJAMENTO DA EXPANSÃO .............................................................. 102

6.2 ELABORAÇÃO DOS RELATÓRIOS R1, R2, R3 E R4 ................................ 103

6.3 ABERTURA DO EDITAL E LEILÃO REALIZADO PELA ANEEL................ 104

6.4 ESTUDOS PRÉ-LEILÃO ............................................................................... 105

6.5 COTAÇÕES DE MERCADO E ELABORAÇÃO DA PROPOSTA ................ 106

6.6 ASSINATURA DO CONTRATO DE CONCESSÃO ...................................... 107

6.7 PROJETO BÁSICO ....................................................................................... 107

6.8 DEFINIÇÃO DO TRAÇADO .......................................................................... 112

6.9 LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO E SONDAGEM GEOLÓGICA ............. 112

6.10 PROJETO EXECUTIVO .............................................................................. 113

6.11 RELATÓRIOS E CADASTROS DE PROPRIEDADES ............................... 115

6.12 ELABORAÇÃO DE PROPOSTAS PARA INDENIZAÇÃO ......................... 116

6.13 ASSESSORIA NOS PROCESSOS JURÍDICOS......................................... 117

6.14 APROVAÇÕES DAS INTERVENÇÕES ...................................................... 117

6.15 ESTUDOS AMBIENTAIS ............................................................................ 118

6.16 PROGRAMAS AMBIENTAIS E INVENTÁRIO FLORESTAL ..................... 120

7 ESTUDO DE CASO - PROJETO DE RD ............................................................. 122

7.1 RECEBIMENTO DA SOLICITAÇÃO DE SERVIÇO ...................................... 122

7.2 DETERMINAÇÃO DA DEMANDA ................................................................ 122

7.3 OBTENÇÃO DE DADOS PRELIMINARES .................................................. 123

7.4 EXPLORAÇÃO DE ALTERNATIVAS DE ATENDIMENTO .......................... 124

7.5 LEVANTAMENTO DE CAMPO E TOPOGRAFIA......................................... 124

7.6 DESENHO DO PROJETO E DIMENSIONAMENTO ELETROMECÂNICO .. 125

7.7 CÁLCULO DA QUEDA DE TENSÃO DA REDE PRIMÁRIA ........................ 127

7.8 CÁLCULO DA QUEDA DE TENSÃO DA REDE SECUNDÁRIA.................. 128

7.9 ELABORAÇÃO DE LISTA DE MATERIAIS E TAREFAS ............................ 131

7.10 ELABORAÇÃO DE PROPOSTA ................................................................ 131

7.11 DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA APROVAÇÃO DO PROJETO . 131

7.12 ANÁLISE DO RESPONSÁVEL TÉCNICO .................................................. 131

7.13 ANÁLISE DO PROJETO PELOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS........................ 132

7.14 ANÁLISE DO PROJETO PELOS ÓRGÃOS INTERVENIENTES ............... 132

8 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................... 133

8.1 PROFISSIONAIS CONSULTADOS .............................................................. 133

8.2 AVALIAÇÃO DOS FLUXOGRAMAS MULTIFUNCIONAIS .......................... 134

8.2.1 Resultados quanto à seleção das principais etapas dos fluxogramas .... 134

8.2.2 Resultados quanto à divisão das atividades entre as áreas dos

fluxogramas ...................................................................................................... 134

8.2.3 Resultados quanto à utilização dos fluxogramas em projetos ................. 135

8.3 AVALIAÇÃO DO CRONOGRAMA DE MACROETAPAS ............................ 135

8.3.1 Resultados quanto à presença de etapas e marcos mais relevantes ..... 135

8.3.2 Resultados quanto à adequação à LT de 30 meses de licenciamento e 30

de construção ................................................................................................... 136

8.3.3 Resultados quanto à utilização do cronograma em projetos de LT ......... 136

8.4 AVALIAÇÃO DAS FICHAS DESCRITIVAS .................................................. 137

8.4.1 Resultados quanto à escolha dos tópicos abordados nas fichas ............ 137

8.4.2 Resultados quando à descrição das técnicas conforme a atualidade ..... 137

8.4.3 Resultados quando à utilização das fichas descritivas em projetos ........ 138

9 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ....................................................... 139

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 142

ANEXO A – CRONOGRAMA OFICIAL LT500kV ASSIS-LONDRINA................... 145

ANEXO B – SILHUETA DA TORRE TÍPICA ALE1 ................................................ 146

ANEXO C – EXEMPLO DE SEÇÃO DIAGONAL ................................................... 147

ANEXO D – EXEMPLO DE BOLETIM DE SONDAGEM ........................................ 148

ANEXO E – SISTEMAS DE ATERRAMENTO LT500kV ASSIS-LONDRINA ........ 149

ANEXO F – FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO (LT) ................................................ 150

ANEXO G – FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO (RD) ............................................... 151

ANEXO H – DESCRITIVO DE CARGAS ................................................................ 152

ANEXO I – TRAÇADO PROPOSTO 1.................................................................... 153

ANEXO J – TRAÇADO PROPOSTO 2................................................................... 154

ANEXO K – ELEVAÇÃO DO TRAÇADO PROPOSTO .......................................... 155

18

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTO

O desenvolvimento socioeconômico do Brasil tem um forte vínculo com a

expansão do setor elétrico, implicando em que a energia elétrica e suas diversas

aplicações sejam indispensáveis à sociedade do mundo moderno. O progresso de

uma região é acompanhado pela elevação na demanda por eletricidade, tanto pelos

fornecedores, que requerem mais energia para poderem produzir, quanto por parte

dos consumidores, que adquirem mais produtos, como eletrodomésticos e

eletroeletrônicos e esse crescimento no consumo torna essencial o investimento em

infraestrutura. O Sistema Interligado Nacional (SIN) conecta eletricamente através

de Linhas de Transmissão (LT) todas as regiões do país, entretanto, e ainda que a

maior parte do país seja atendida por este sistema, a crescente demanda requer

permanente expansão da rede básica do SIN e também ampliação, reforço e

melhoria das Redes de Distribuição (RD), para que haja qualidade e confiabilidade

no atendimento ao consumidor final (ONS, Operador Nacional do Sistema Elétrico,

2016).

A construção de linhas de transmissão, seja para a interligação nacional ou

apenas para atender a demandas específicas, é um serviço que inclui diversos

estudos e atividades tanto de viabilidade técnica quanto econômica de ímpeto

ambiental e social, e objetiva um melhor aproveitamento da energia elétrica. É

interessante destacar que todas as etapas de projeto e construção de LTs exigem

fortes aportes financeiros, desde a sua concepção até a conclusão. Além disso,

depois de construídas, as LTs devem ser operadas por equipes qualificadas e delas

receber manutenção adequada. Construir linhas de transmissão no Brasil não é uma

tarefa livre, pois é necessário inicialmente arrematar o empreendimento em leilão da

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e durante a elaboração do projeto é

preciso obter múltiplas autorizações de órgãos governamentais. Sua implantação é

um trabalho bastante complexo, que exige grandes esforços em distintas etapas,

como no processo de licenciamento ambiental, no estudo do traçado e na busca por

mão-de-obra especializada. Além do que é necessário solucionar dois grandes

desafios de viabilidade técnico-econômica para obter sucesso no projeto: reduzir as

perdas elétricas na transmissão e otimizar os custos na construção.

19

No sistema de distribuição, cada companhia de energia é responsável por

uma área de atendimento e a diversidade territorial é uma das características mais

marcantes nos pontos de vista socioambiental e socioeconômico do Brasil. Como

consequência observa-se que cada companhia tem suas próprias normas de

elaboração de projetos e construção de RDs. Em geral, os critérios adotados têm

como base as normativas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e

da Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (ABRADEE), no

entanto cada corporação apresenta suas particularidades devido aos aspectos

físicos, sociais, técnicos e culturais conforme a localização. Em geral, projetos de

RDs surgem através de novas solicitações de clientes ou a partir de estudos do

planejamento da expansão do sistema, e para ambos os principais desafios

compreendem a obtenção de dados preliminares, determinação da demanda,

configuração do traçado, além dos dimensionamentos elétricos e mecânicos (CELG,

2008).

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo principal deste trabalho consiste em sistematizar práticas profissionais

atuais, estabelecendo um método para elaboração de projetos para Linhas de

Transmissão e Redes de Distribuição de energia elétrica, resultando em um

conhecimento que não é encontrado em bibliografia, estruturando os procedimentos

funcionais e ferramentas necessárias no desenvolvimento destes projetos e

ordenando os processos de realização de projetos das áreas.

1.2.2 Objetivos específicos

Por se tratar de um trabalho vinculado a projetos, a descrição dos procedimentos

e os resultados obtidos neste trabalho estarão direcionados às concessionárias de

transmissão e distribuição de energia elétrica e também a empresas que se incluem

no desenvolvimento dos projetos. Além disso, este trabalho tem o intuito de atingir

os estudantes do curso de Engenharia Elétrica, engenheiros recém-formados com

pouca experiência, assim como engenheiros da área que também possuem

20

interesse em gerenciamento de projetos nos setores de transmissão e/ou

distribuição de energia. Os objetivos específicos deste trabalho são:

● desenvolver fluxogramas multifuncionais, subdividindo as macroetapas dos

projetos entre as equipes e setores responsáveis;

● elaborar um cronograma geral com as principais atividades e marcos

referentes a projetos de LTs;

● descrever em formas de fichas as macroetapas dos projetos.

● apresentar estudos de caso para validação técnica da metodologia

desenvolvida;

● validar a metodologia perante profissionais experientes das áreas;

● comparar as ferramentas idealizadas com os métodos usados nos casos

estudados.

1.3 JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIÇÕES

Atualmente existem no cenário brasileiro dezenas de concessionárias de

energia que atuam no desenvolvimento dos projetos de LTs e RDs, e neste contexto

encontram-se diversas atividades que são essenciais, como por exemplo, projetos

eletromecânicos, topografia, avaliação dos imóveis atingidos (urbanos e/ou rurais),

elaboração de orçamentos, documentações e licenças ambientais. Entretanto, as

maneiras como as concessionárias realizam os projetos são ligeiramente distintas. O

diferencial do presente trabalho é possibilitar que uma equipe técnica multidisciplinar

seja capaz de seguir uma sequência de atividades fundamentais para a elaboração

dos projetos, tanto sob a perspectiva técnica, quanto com relação os aspectos

ambientais, regulatórios, administrativos, jurídicos, entre outros. Ainda, diferencia-se

por integrar as experiências práticas e ser capaz de traduzi-las em uma metodologia

de aplicação geral, elucidando situações e procedimentos que não são encontrados

em bibliografias e normas. Dentre as contribuições da abordagem destes temas para

o atual trabalho destacam-se:

● agilização do processo de elaboração de projetos;

● auxílio aos engenheiros recém-formados;

● integração de experiências práticas;

● agregação e sistematização de informações;

● detalhamento das atividades envolvidas nos projetos;

21

● elaboração de ferramentas que não se encontram publicamente em

bibliografia;

● incorporação de conhecimentos para disciplinas acadêmicas.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho é estruturado conforme descrito a seguir:

No capítulo 1, introdutório, apresentam-se os contextos sobre LTs e RDs,

além das preocupações e premissas básicas para elaboração de projetos na área.

Nos capítulos 2 e 3 são apresentadas fundamentações teóricas e revisões

da literatura para LTs e RDs, respectivamente.

Nos capítulos 4 e 5 apresentam-se as metodologias desenvolvidas para a

elaboração de projetos de LTs e RDs, respectivamente. O capítulo 4 é dividido em

três subcapítulos: fluxograma multifuncional, cronograma de macroetapas de LT e

fichas descritivas; o capítulo 5 é dividido em fluxograma multifuncional e fichas

descritivas.

Nos capítulos 6 e 7 são apresentados, respectivamente, estudos de caso

para elaboração de projetos de LTs e RDs, como uma das formas de validação da

metodologia proposta.

No capítulo 8 apresenta-se e discute-se a análise dos resultados do trabalho,

onde são ilustrados por meio de gráficos os resultados de formulários baseados na

escala Likert realizados com os profissionais atuantes na área de elaboração de

projetos de LT e RD, a fim de validar a metodologia proposta.

Os métodos para abordagem do trabalho foram escolhidos a fim de sintetizar

informações em um modo acessível e de rápida compreensão. Entre as técnicas

encontradas para abordagem do tema proposto foram descartadas pesquisas

empíricas, aquelas de tentativa e erro, pesquisas experimentais, que são de cunho

prático com experimentos, e técnicas acadêmicas, que utilizam conduções através

de pesquisas. Dessa maneira foi escolhida uma mistura entre pesquisa teórica, com

embasamentos na teoria e pesquisa de campo, com a coleta de informações

práticas da realidade.

Com relação à pesquisa de campo, foram realizadas 15 consultas técnicas

não estruturadas a profissionais experientes atuantes nas áreas de projetos de LT e

RD. Primeiramente foram elaboradas versões preliminares dos fluxogramas e das

22

fichas descritivas, fundamentadas em pesquisas bibliográficas e experiências

práticas dos autores. Essas versões preliminares foram então analisadas pelos

especialistas, que indicaram correções e sugestões de melhorias, que contribuíram

na construção das ferramentas propostas. Essa prática foi exercida ao longo do

desenvolvimento do trabalho até que foram alcançadas as versões finais das fichas

e fluxogramas.

Primeiramente foi adotada a utilização de fluxogramas multifuncionais, por

permitirem melhor organização visual do sequenciamento dos processos. Entre o

fluxograma convencional e o fluxograma multifuncional, foi adotado o segundo, por

permitir visão ampla das interações entre os diferentes setores envolvidos nos

processos de desenvolvimento do projeto. Ainda, permite a visualização das

atividades interligadas entre os setores e definição das responsabilidades de cada

um. Essas interações não poderiam ser visualizadas caso tivesse sido adotado o

fluxograma convencional. Cada processo contido no diagrama foi identificado

através de um código.

Definida a utilização dos fluxogramas multifuncionais para ordenação e

atribuição de responsabilidades dos processos, foi preciso descrevê-los de forma

detalhada. Fazer isso diretamente nos processos do diagrama multifuncional ficaria

visualmente poluído e tecnicamente inviável devido à quantidade de informações e

detalhes a serem incluídos, por isso foi adotado o uso de fichas descritivas. Os

tópicos contidos dentro de cada ficha foram escolhidos após consultas em

referências bibliográficas, nas quais foram observados os graus de especificidade

das atividades e pontos importantes de cada processo, assim como aspectos não

contidos nas bibliografias e que são fundamentais para concretização das

atividades. Portanto foram definidos os seguintes tópicos que devem estar presentes

em cada ficha descritiva, tanto para a área de LT quanto de RD:

● atribuição da ficha: Linha de Transmissão ou Rede de Distribuição;

● identificação conforme código do fluxograma multifuncional (ex: RD01 ou

LT01);

● atividade: nome do processo conforme fluxograma multifuncional;

● pré-requisitos: atividades, processos, informações e documentos necessários

para realização do processo em descrição;

● materiais: ferramentas e softwares úteis;

23

● profissionais e recursos humanos: categoria, formação e perfil dos

profissionais envolvidos;

● descrição: descritivo técnico do processo;

● resultados: itens gerados ao final do processo, tais como documentos, plantas

e relatórios;

● aplicações: tipos de projeto aos quais essa atividade é aplicada.

Na composição da metodologia adotada para elaboração de projetos de LTs

foi construído um cronograma de macroetapas referente a um projeto de LT com 30

meses para licenciamento e 18 a 30 meses para construção, com o intuito de

apresentar a organização das principais atividades e marcos no tempo e comparar

este arranjo com o do cronograma real da LT do estudo de caso.

A escolha em apresentar estudos de caso possibilitou descrever, a partir dos

processos colocados nos diagramas multifuncionais, todas as etapas, cálculos,

estudos, análises, documentos e resultados reais dos projetos, atribuindo uma visão

da metodologia desenvolvida sobre as práticas atuais realizadas e ilustrando a

adequação e conformidade do método para aplicação.

Para validação da metodologia foram realizadas 17 consultas estruturadas a

profissionais experientes e atuantes nas áreas de elaboração de projeto de LT e RD,

que avaliaram as ferramentas construídas através dos formulários.

24

2 TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Antes de dar início a qualquer tipo de estudo de expansão ou melhoria da

rede básica é importante conhecer as diferenças entre os tipos de projetos de LT,

visto que são subdivididos em projetos de linhas novas e existentes.

Os principais requisitos que compõem e determinam as diretrizes de um

empreendimento de LT são elaborados durante a etapa de planejamento da

expansão, realizada por órgãos federais com auxílio das concessionárias de

energia. Esta fase termina em um leilão, onde as concessionárias irão arrematar

lotes para elaboração dos projetos e construção das LTs.

Dessa maneira, a empresa responsável por um empreendimento vai iniciar

trabalhos em escritório e em campo para desenvolvimento dos projetos básico,

exigido pela ANEEL, e executivo, para construção e operação da LT. Durante estes

processos ocorre uma variedade enorme de atividades, realizadas principalmente

pelos setores comerciais, administrativo, engenharia, fundiário, jurídico, meio

ambiente, entre outros, possuindo atividades essenciais exercidas com apoio dos

profissionais em campo também, como levantamento topográfico, sondagem

geológica, avaliação dos imóveis atingidos, estudos ambientais e socioeconômicos,

além de muitas outras atividades.

2.1 DEFINIÇÕES

Para compreensão do processo de elaboração de projeto de LT é

indispensável conhecer os eventos abordados no planejamento da expansão do

setor elétrico, como são desenvolvidos os projetos básico e executivo, levantamento

topográfico, sondagem geológica, avaliações de imóveis atingidos pela implantação

do empreendimento, estudos de impactos ambientais e socioeconômicos, além de

diversas outras atividades.

2.1.1 Projeto de Linhas de Transmissão

Um projeto de LT no cenário brasileiro requer diversos estudos e definições

em todo o trajeto desde o ponto transmissor, geralmente uma subestação (SE)

elevadora em alguma fonte geradora, até o terminal receptor, usualmente uma

subestação rebaixadora em um centro consumidor. Nestes estudos incluem-se

25

principalmente aspectos que dependem do nível de tensão, corrente elétrica,

quantidade de potência a ser transmitida, modo de transmissão (aéreo ou

subterrâneo), materiais, comprimento, localização, atendimento, clima, solo entre

diversos outros. Para isso, é necessária uma equipe de profissionais com

experiências advindas de áreas distintas com o intuito de organizar e segmentar as

atividades de forma que todas as exigências do projeto sejam sanadas e a LT entre

em operação atendendo às normas e à demanda de energia elétrica.

Para se tratar de um projeto de LT, a tensão da linha deve ser igual ou

superior a 230kV, pois abaixo desse valor a linha é caracterizada como de

subtransmissão ou distribuição (ONS, 2011).

Existem projetos de LTs novas e existentes. Entre os projetos de linhas de

transmissão existentes, encontram-se a recapacitação (aumento da capacidade de

corrente) e reisolamento (alteração da tensão). Projetos de recapacitação e

reisolamento têm o intuito de permitir que as LTs transfiram maior potência

ampliando a disponibilidade de energia elétrica requerida pela sociedade e

aumentando a vida útil do empreendimento, interferindo em LTs existentes e criando

assim impactos menores em virtude da permanência da maior parte das estruturas.

Ao longo dos anos as instalações estão inevitavelmente expostas a fatores

climáticos, poluição, desgastes mecânicos, contaminações e dessa forma é

importante a realização de inspeções, manutenções e substituições periódicas.

Assim, entre os principais procedimentos de mudanças em linhas de transmissão

existentes estão o aumento da bitola dos cabos, substituição e/ou inserção de

estruturas, ferragens ou concreto, troca de conjunto de cadeias de isoladores e

raspagem de terreno (OLIVEIRA, 2000).

2.1.2 Planejamento da Expansão

No estágio de planejamento são abrangidos os estudos com horizonte de

até 30 anos, com a busca para se investigar as estratégias de desenvolvimento do

setor elétrico brasileiro, auxiliando no estabelecimento dos programas de

crescimento tecnológico e industrial e definindo custos marginais de expansão em

longo prazo.

A etapa de planejamento da expansão é reivindicada para a Empresa de

Pesquisa Energética (EPE) via Ministério de Minas e Energia (MME), com o objetivo

26

de realizar os estudos de planejamento e definição da melhor alternativa de

expansão de rede do Sistema Interligado Nacional (SIN), confrontando informações

sob os aspectos econômico, técnico e socioambiental.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é o órgão incumbido pela

coordenação da operação das instalações de geração e transmissão de energia no

Sistema Interligado Nacional (SIN). O SIN é o sistema de produção e transmissão de

energia elétrica, formado por múltiplos proprietários e concessionários das cinco

regiões geográficas brasileiras, interligando grande parte das usinas e LTs no país.

A FIGURA 1 representa o horizonte de 2015 do SIN.

FIGURA 1 - HORIZONTE DE 2015 DO SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL.

FONTE: ONS (2015).

A partir desses estudos e especificações, são elaborados pela EPE e por

concessionárias designadas os relatórios R1, R2, R3 e R4 com as seguintes

informações:

● R1: Estudos de Viabilidade Técnico-Econômica e Socioambiental

● R2: Detalhamento da Alternativa de Referência

● R3: Caracterização e Análise Socioambiental

● R4: Caracterização da Rede Existente

27

O Ministério de Minas e Energia (MME) define a data dos leilões de energia,

que são operados pela ANEEL e pela Câmara de Comercialização de Energia

Elétrica (CCEE), e a fixação do preço-teto para o MWh a ser ofertado é de acordo

com a fonte de energia. As concessionárias de energia participam do leilão do lote e

aquela vencedora vai seguir com a assinatura do contrato de concessão e

inicialização da elaboração do projeto básico (EPE, 2005).

2.1.3 Projetos Básico e Executivo

Esta é a fase em que a LT, já definida na etapa de planejamento, é

detalhada de modo a determinar com nitidez as características técnicas do projeto,

suas diretrizes, assim como os programas socioambientais que serão necessários.

Ela se inicia com o desenvolvimento dos estudos, que possuem o intuito de

estabelecer as regras e procedimentos que devem ser adotados, e ainda fixar

normas para apresentação.

As principais diretrizes para o projeto básico são preferencialmente aquelas

que buscam o menor comprimento total da linha, alocando assim torres em trechos

de linha reta com poucas deflexões, em terrenos apropriados e de fácil acesso, além

de evitar que a LT atravesse regiões urbanas ou de elevado valor socioeconômico,

facilitando assim a obtenção da servidão da faixa e minimizando os custos e

impactos ambientais do empreendimento.

No projeto básico deverão ser relatadas as propriedades gerais da LT, tais

como: comprimento, tensão, número de circuitos, número de fases, quantidade de

cabos condutores e cabos para-raios, corrente elétrica. Também deve ser

apresentada a finalidade da linha, descrevendo sua necessidade e justificativa

técnico-econômica, contendo nesta descrição os benefícios que serão

proporcionados para a população das regiões a serem atendidas. Deve haver a

apresentação do levantamento de dados do traçado da LT, com a caracterização

dos aspectos técnicos e socioambientais, de forma que seja possível avaliar as

áreas e fatores que possam vir a prejudicar, restringir ou até mesmo impedir a

implantação do empreendimento.

Ao fim da elaboração do projeto básico inicia-se a preparação do projeto

executivo, que vai conter as informações de todas as partes que contemplam a

construção de uma LT, dividindo-se basicamente em três partes: projeto executivo

28

eletromecânico, civil e estrutural. O projeto executivo não vai ser avaliado pela

ANEEL, entretanto o projeto executivo engloba todos os domínios do

empreendimento da LT, incluindo as intervenções técnicas e socioambientais e só

poderá ser útil para construção após a obtenção de todas as licenças, autorizações,

matrículas de imóveis, indenizações, aprovações, etc. As normas e padrões devem

ser seguidos e devidamente listados em toda a documentação tanto no projeto

básico quanto no executivo (ELETROBRAS, 1997).

2.1.4 Levantamento Topográfico e Sondagem Geológica

De acordo com a NBR 13133 (1991), Norma Brasileira para Execução de

levantamento topográfico, o levantamento topográfico é definido por:

“Conjunto de métodos e processos que, através de medições de

ângulos horizontais e verticais, de distâncias horizontais, verticais

e inclinadas, com instrumental adequado à exatidão pretendida,

primordialmente, implanta e materializa pontos de apoio no

terreno, determinando suas coordenadas topográficas. A estes

pontos se relacionam os pontos de detalhe visando a sua exata

representação planimétrica numa escala pré-determinada e à sua

representação altimétrica por intermédio de curvas de nível, com

equidistância também pré-determinada e/ou pontos cotados.”

O trabalho prático de Topografia pode ser dividido em cinco etapas (BRINKER &

WOLF, 1977):

i. Tomada de decisão: na qual há o relacionamento entre os métodos de

levantamento, equipamentos, posições ou pontos a serem levantados, etc.

ii. Trabalho de campo ou aquisição de dados: etapa onde se efetuam as

medições e gravação de dados.

iii. Cálculos ou processamento: fase para elaboração de cálculos com base

nas medidas obtidas com o objetivo de determinar as coordenadas, volumes, etc.

iv. Mapeamento ou representação: estágio destinado para produção de mapa

ou carta a partir das informações adquiridas anteriormente.

v. Locação: posicionamento dos objetos.

29

Para o projeto de uma LT, o serviço de topografia contempla o estudo e a

implantação do traçado, levantamentos planialtimétrico e cadastral, locação das

estruturas, medição da resistividade do solo, confecção das seções diagonais,

levantamento de informações para projetos de travessias e preparação de

documentos para requerimento do Decreto de Utilidade Pública (DUP).

De acordo com (CHIOSSI, 1979), os perfis geotécnicos são elementos

fundamentais para as investigações geofísicas e mecânicas, considerando a

diversidade de materiais, rochas, tipos, consistências, resistências, permeabilidades

e espessuras de solos, variações do nível freático, ao longo do traçado da LT. O

objetivo principal da sondagem geológica é realizar o reconhecimento dos terrenos

envolvidos onde as estruturas serão implantadas, uma atividade indispensável para

o projeto de fundações. Atualmente os métodos utilizados para sondagem geológica

são mapeamento geológico, investigação geofísica, poços exploratórios, sondagens

a trado, sondagens rotativas e sondagens à percussão e borro, enquanto as etapas

para aplicação destes métodos se dividem em investigação preliminar, investigação

de projeto, definição de parâmetros geotécnicos e verificação de construção.

2.1.5 Avaliação de imóveis

A área projetada em volta do eixo da LT é denominada faixa de servidão, que

varia de acordo com a tensão transmitida e outros fatores que envolvem a

segurança e as restrições sobre o espaço que a LT ocupa. A largura da faixa de

servidão é definida de acordo com NBR 5422 de 1985 e assim surgem limitações

para o uso do terreno.

São impostas moderações obrigatórias ao proprietário do imóvel em benefício

coletivo ou em benefício de terceiros, mediante avaliação da propriedade e prévia

indenização. Em casos de instalação de LT em áreas rurais, os usuários de terra

convivem com restrições quanto a determinadas atividades, tais como implantação

de edificações ou construções de pequeno porte, realização de queimadas e plantio

de vegetação de porte arbóreo (EPTE, 2011).

O valor das propriedades rurais depende de diversas características

particulares do terreno, como as formas do relevo, acessos, classificações do solo,

mercado agrícola e principalmente a capacidade de produção do solo. Linhas de

Transmissão também atravessam regiões urbanas e a avaliação das propriedades

30

afetadas baseia-se, por exemplo, em pesquisas de preços de imóveis, benfeitorias e

na região dos empreendimentos (LIMA, 2005).

De acordo com o Glossário de Terminologia do Instituto Brasileiro de

Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (IBAPE/SP, 2002) a avaliação de

imóveis trata da definição técnica do valor ou de seus rendimentos, gravames,

frutos, direitos, seguros, ou de um empreendimento, para uma data e um lugar

determinado. As avaliações são realizadas seguindo as normas da NBR 14653 de

2004, em qual há a orientação para os procedimentos gerais e detalhamento para

propriedades rurais e urbanas.

2.1.6 Estudos de Impactos Ambientais e Socioeconômicos

As LTs distinguem-se de outros sistemas elétricos como redes de

distribuições, subestações de energia e plantas industriais, por exemplo, pois na

grande maioria das ocasiões se estendem por áreas providas de dissemelhantes

atributos culturais, estéticos, abióticos e bióticos, e deparam-se com Áreas de

Preservação Permanente (APPs), fontes de minérios, rios, lagos, ecossistemas

urbanos, Unidade de Conservação, áreas com atividades agropecuárias, áreas

arqueológicas, territórios indígenas, entre outros espaços. Dessa forma, a

preocupação durante o projeto de uma LT é de identificar e analisar os impactos

ambientais e socioeconômicos, tanto os do ponto de vista positivo quanto aqueles

do negativo, para então preparar os estudos necessários para cada tipo de situação

em cumprimento a todas as leis ambientais brasileiras nos níveis federal, estadual e

municipal (TOBOUTI & DOS SANTOS, 2014).

O empreendimento de uma LT influencia pelo menos três classes de áreas,

as diretamente afetadas, as de influência direta e as de influência indireta. Estas

categorias de áreas são consideradas limites geográficos onde há a possibilidade de

ocorrência de modificações permanentes ou temporárias no contexto ambiental, que

podem afetar relações físico-químicas, biológicas e sociais no meio ambiente e

desta maneira criar efeitos na qualidade de recursos naturais, qualidade de vida dos

seres vivos, saúde e segurança. A Área de Influência Indireta (AII) é aquela sujeita

aos impactos indiretos do empreendimento, considerando sua implantação e

operação, enquanto a Área de Influência Direta (AID) é aquela sujeita aos impactos

31

diretos do empreendimento, sejam eles de abrangência positiva ou negativa

(FOGLIATTI, FILIPPO, & GOUDARD, 2004).

No decorrer do projeto, os principais estudos apresentados pelas

concessionárias de energia ao IBAMA contemplam os seguintes assuntos sobre

impactos no meio biótico: perda e remoção de indivíduos de espécie de flora,

fragmentação de áreas de vegetação nativa, alteração do número de indivíduos da

fauna no entorno da LT, acidentes com fauna alada, acidentes com fauna terrestre e

interferências sobre unidades de conservação (VELHAS, 2007).

No âmbito físico, os estudos de impactos ambientais mais preponderantes

são: início e/ou aceleração do processo erosivo, interferência com área de

patrimônio paleontológico e alterações da rede de drenagem (BIODINÂMICA RIO,

2007).

Os impactos recorrentes de uma LT no cenário socioeconômico são

geralmente: melhoria ou inserção do fornecimento de energia elétrica, dinamização

da economia, formação de expectativas favoráveis na população, aumento na oferta

de trabalho, intercessão no cotidiano da população, aumento do tráfego de veículos

e embarcações, pressão sobre a infraestrutura de serviços essenciais, interferência

no uso e ocupação da terra, alteração da paisagem local e intervenção com bens do

patrimônio arqueológico do país (VIANA, 2010).

2.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

A elaboração do projeto executivo depende diretamente dos estudos dos

materiais e aspectos físicos que compõem a LT, e por isso é primordial entender

sobre os elementos presentes. Durante o desenvolvimento do projeto, haverá as

análises de todos estes fatores, com ensaios, exames, testes, cálculos, para

escolher adequadamente as melhores opções para o empreendimento. Basicamente

o que vai afetar a composição do projeto executivo eletromecânico são os estudos

de cabos condutores e para-raios, isoladores e aterramento, para o projeto estrutural

a análise de estruturas e ferragens e no projeto civil as fundações das torres.

32

2.2.1 Cabos Condutores e Cabos Para-raios

O transporte de energia é feito através dos campos elétricos e dos campos

magnéticos, e os cabos condutores são, portanto os guias. Durante o projeto, sua

escolha e dimensionamento são fundamentais na perspectiva de natureza mecânica

e de custo, e nos aspectos elétricos principalmente na restrição de perdas de

energia por efeito Joule (relacionados às correntes) ou Corona (relacionados à

tensão), e ainda no auxílio em moderar os níveis de rádio interferência e ruídos

acústicos. Outras concepções que são importantes para a decisão de escolha dos

cabos são os estudos com relação a falhas, trações, dilatação térmica e vibrações

devido aos esforços mecânicos, à mudança de climática e aos ventos (LABEGALINI,

LABEGALINI, FUCHS, & ALMEIDA, 1992).

Os cabos para-raios, localizados na parte mais alta das estruturas, são

projetados de forma que possuem a função de interceptar descargas atmosféricas e

evitar que estas atinjam os cabos condutores, impedindo assim as possibilidades de

interrupção no fornecimento de energia elétrica (LABEGALINI, LABEGALINI,

FUCHS, & ALMEIDA, 1992).

2.2.2 Isoladores

Os condutores das LTs devem ser fixados e isolados eletricamente dos seus

suportes nas ferragens. Para tal tarefa são utilizados elementos feitos de material

dielétrico, conhecido como isoladores. Para o isolamento entre os condutores e o

solo, o próprio ar faz tal função.

Os isoladores são instalados em conjunto (forma de cadeias), com

quantidade adequada à classe de tensão da linha. Atualmente nos projetos são

estudadas as possibilidades de utilização de isoladores de vidro, porcelana e de

material polimérico. Para o projeto de LTs são geralmente consideradas as opções

de isoladores do tipo suspensão e ancoragem, e essa decisão vai depender do tipo

de torre, distância dos cabos condutores aos obstáculos, tração, entre outros fatores

(LABEGALINI, LABEGALINI, FUCHS, & ALMEIDA, 1992).

33

2.2.3 Estruturas e ferragens

As torres de transmissão proporcionam a fixação dos cabos e têm o dever de

garantir as distâncias de segurança entre os condutores energizados e entre estes e

o solo também. As torres podem ser de concreto ou madeira, mas na grande maioria

das ocasiões são estruturas metálicas, feitas com chapas e cantoneiras, que se

encaixam por meio de parafusos. As ferragens são dimensionadas de forma que

suportem cargas mecânicas exigidas pelos cabos condutores e cadeias de

isoladores.

As torres formadas por estruturas metálicas podem ser autoportantes, nas

quais o suporte no solo é feito por mais de uma base da própria estrutura, ou

estaiadas, nas quais a estrutura possui fundação no solo, mas seu suporte é feito

por meio de estais. As torres autoportantes geralmente são compostas por uma

estrutura denominada de torre básica, extensões, pés e mísulas enquanto as

estaiadas usualmente possuem módulos, extensões, mísulas, estais, partes inferior

e superior comuns.

O tipo de torre escolhido no projeto depende da distância e disposição dos

condutores (triangular, horizontal ou vertical), dimensões e formas de isolamento e

também do material estrutural que compõe a torre. Neste trabalho serão

consideradas apenas as torres com estrutura metálica (LABEGALINI, LABEGALINI,

FUCHS, & ALMEIDA, 1992).

2.2.4 Fundações

A fundação da torre é o suporte que transfere as cargas das estruturas ao

terreno. Portanto, durante o projeto, os cálculos, dimensionamentos, desenhos,

ensaios, entre outras atividades são primordiais para que a LT não apresente danos

na fundação, visto que seriam muito mais caras e trabalhosas as recuperações de

uma torre com problemas na fundação do que remontar estruturas danificadas. Os

estudos do traçado, atividades de sondagem e conhecimento do solo também são

importantes concepções para a fundação, pois é necessário que o solo seja

resistente e rígido para não haver rupturas, corrosões nem deformações. O intuito é

escolher o modelo de fundação mais adequado para cada torre. Os principais meios

de fundações são as fundações rasas e profundas.

34

A fundação rasa, também denominada de superficial, é utilizada nas

ocasiões em que a carga é transmitida ao solo através das pressões sob a base da

fundação. Nesses casos são utilizadas grelhas, sapatas ou blocos. As grelhas são

perfis metálicos, utilizados preferencialmente em terrenos secos, são de fácil

transporte, rápida escavação e montagem, porém são consideravelmente afetadas

pela corrosão. As sapatas constituem-se por uma placa de concreto armado alçada

por um pilar também de concreto e são alternativas para fundações próximas à

superfície do terreno. Já os blocos, similarmente feitos de concreto armado, aplicam-

se usualmente em terrenos de difícil escavação manual, solos com a presença de

rochas e podem ser ancorados nas pedras e apresentam vantagem no aspecto do

custo-benefício.

As fundações profundas são capazes de transmitir as cargas ao terreno pela

base, por sua superfície lateral ou por uma conciliação de ambas. Neste método,

destacam-se as fundações com tubulão e com estacas metálicas. Tubulão é uma

fundação profunda de concreto armado de formato cilíndrico, que exige solo coeso

para não haver escoramento. Já as estacas metálicas são formadas por peças de

aço que podem ser cravadas em qualquer tipo de solo, porém seu custo é elevado.

A carga oriunda dos suportes de sustentação, principalmente em torres

autoportantes, pode ser transmitida para a fundação através de um componente

metálico chamado de stub. Os desenhos, as dimensões e composição do stub são

muito importantes, pois carregam informações primordiais para o projeto,

dimensionamento e cálculos da fundação das torres (NBR6122, 1996).

2.2.5 Aterramento

O sistema de aterramento de uma LT é composto pela associação da malha

de terra das subestações terminais, cabos para-raios e pelo aterramento dos pés

das torres, visto que estes últimos podem ser feitos por hastes e/ou cabos

enterrados no solo e possui como objetivo descarregar as tensões excedentes para

a terra. O aterramento deve se delimitar a faixa de servidão da LT e não pode

interferir com demais instalações existentes no local.

O aterramento é influenciado principalmente pela resistividade do solo,

portanto durante o projeto são essenciais estudos sobre o tipo do solo, composição

química, temperatura, umidade, concentração de sais, entre outros. Assim, o

35

sistema deve ser resistente à corrosão e possuir uma vida útil compatível com a vida

útil da LT (KINDERMANN & CAMPAGNOLO, 1995).

2.3 CÁLCULOS ELETROMECÂNICOS

O projeto de uma LT se inicia quando é vista a necessidade de elevação na

capacidade do sistema de transmissão. Para cada transmissão de energia elétrica

entre um transmissor e um terminal receptor encontram-se diversos tipos de

soluções tecnicamente viáveis, no entanto poucos destes resultados são capazes de

garantir um serviço de padrão ótimo e ao mesmo tempo oferecer o transporte do

quilowatt-hora a um custo mínimo. O projeto começa após a seleção de um traçado

viável para interligação entre os pontos, estabelecimento da classe de tensão, bitola

dos cabos, composição dos condutores, tipos de estruturas, aterramento, entre

outras definições (LABEGALINI, LABEGALINI, FUCHS, & ALMEIDA, 1992).

Desta maneira, a qualidade de todos os estudos envolvidos em um projeto de

LT são determinantes para a otimização do empreendimento. Não por acaso que os

cálculos eletromecânicos envolvem conhecimentos meteorológicos, elétricos,

mecânicos, entre outras esferas da ciência. O Operador Nacional do Sistema

Elétrico (ONS) define no submódulo 2.4 (2011) os requisitos mínimos para linhas de

transmissão aéreas, criando dessa forma uma base para os estudos e cálculos

eletromecânicos realizados durante um projeto de LT, seriam eles:

● Requisitos elétricos

○ capacidade de corrente das fases;

○ capacidade de corrente dos cabos para-raios;

○ perda joule nos cabos;

○ tensão máxima operativa;

○ coordenação de isolamento;

○ emissão eletromagnética;

○ desequilíbrio;

○ travessia com LT da rede básica.

● Requisitos mecânicos

○ confiabilidade;

○ parâmetros de vento;

○ cargas mecânicas sobre os cabos;

36

○ cargas mecânicas sobre as estruturas;

○ fadiga mecânica dos cabos;

○ fundações.

● Requisitos eletromecânicos

○ descargas atmosféricas;

○ corrosão eletrolítica;

○ corrosão ambiental;

2.4 FATORES DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA

Independente do empreendimento, a doutrina fundamental da administração

técnico-econômica indica que o preço de venda dos produtos deve cobrir os custos

de produção e comercialização, de forma que haja remuneração sobre os

investimentos. No setor elétrico o princípio não é diferente, e o preço da energia

elétrica, calculado através do kWh, deve ser o mais baixo possível, com o objetivo

de atender a maior demanda possível. Entretanto, o número elevado de variáveis

que compõe os equacionamentos dificulta a otimização dos cálculos de viabilidade

técnico-econômica e é nessa fase do projeto em que a experiência pessoal do

profissional aliada à experiência operativa da empresa são recursos importantes no

progresso dos trabalhos. Os principais fatores que entram na balança destas

análises são as perdas técnicas no transporte de energia elétrica e as despesas com

materiais, instalações e construções da LT (FUCHS, 1977).

2.4.1 Perdas no transporte de energia

As perdas no transporte de energia são configuradas por energia produzida

que não poderá ser vendida, ocasionando assim um prejuízo para a empresa. Tanto

as perdas por efeito Joule quanto aquelas por Corona reduzem com o aumento da

bitola dos condutores, no entanto esse procedimento por consequência acarreta a

elevação dos custos de instalação. Isto posto, surge um dilema na elaboração dos

estudos, envolvendo o aumento no grau de confiabilidade quanto à não-interrupção

do serviço e a adição nos custos. Logo, a análise técnico-econômica respalda-se em

construir uma relação entre estes dois elementos contrastantes, o custo da energia

perdida durante a condução e custo das instalações necessárias para o transporte

(FUCHS, 1977).

37

2.4.2 Custos de instalação e materiais das LTs

Os estudos de viabilidade técnico-econômica com relação aos custos anuais

de instalação devem abranger dezenas de aspectos, incluindo: estudos elétricos,

projetos eletromecânicos, fiscalização de obras, desapropriações, custo de materiais

(estruturas, cabos, ferragens, isoladores, fundações, aterramento, serviços,

equipamentos), mão de obra (topografia, locações em campo, supressão vegetal,

execução de obras) além dos encargos financeiros, custos de manutenção e

operação, entre outros.

Os custos das estruturas de uma LT dependem substancialmente da

escolha dos materiais presentes. Dessa forma, destacam-se os seguintes elementos

para os estudos de viabilidade: número de circuitos, tipo de estrutura (autoportante

ou estaiada), dimensões, peso dos materiais empregados, nível de isolamento,

fatores de segurança, altura, vão gravante, diâmetro dos cabos, número de

condutores, distância entre as fases, entre outros (FUCHS, 1977).

2.5 NORMAS APLICÁVEIS

O objetivo das normas técnicas é de padronizar a realização de serviços e

produtos de diversas classes, de forma que garanta ao consumidor satisfação e

segurança. Tanto para projetos quanto para a construção de LTs no Brasil, o que

assegura a qualidade dos trabalhos são as Normas Brasileiras (NBR ’s), criadas

pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A TABELA 1 correlaciona

apenas algumas das principais normas utilizadas durante um projeto de LT e quais

as etapas em que estas são geralmente utilizadas.

38

TABELA 1 - PRINCIPAIS NORMAS BRASILEIRAS UTILIZADAS EM PROJETOS DE LT

Código Nome Etapas

NBR 5422 Projeto de linhas aéreas de linhas de transmissão de energia

Projeto Básico Projeto eletromecânico

NBR 6122 Projeto e execução de fundações Projeto Básico Projeto Civil

NBR 13133

Execução de levantamento topográfico Levantamento Planialtimétrico

NBR 14653

Avaliação de bens Avaliação de Imóveis

NBR 7095 Ferragens eletrotécnicas para linhas de transmissão e subestações de alta tensão e extra alta tensão

Projeto Básico

NBR 5032 Isoladores de porcelana ou vidro para linhas aéreas e subestações de alta tensão - especificação

Projeto Básico

NBR 5471 Eletrotécnica e eletrônica - condutores elétricos

Projeto Básico Projeto Eletromecânico

NBR 8449 Dimensionamento de cabos para-raios para linhas aéreas de transmissão de energia elétrica

Projeto Básico Projeto Eletromecânico

NBR 5460 Sistemas elétricos de potência Projeto Básico Projeto Eletromecânico

FONTE: OS AUTORES (2016).

2.6 ASPECTOS LEGAIS E REGULATÓRIOS

Os fatores conceituais e metodológicos do acesso aos sistemas de

transmissão são elementos indispensáveis no setor elétrico brasileiro,

principalmente tratando-se na competição pela comercialização de energia elétrica.

Desse modo, todo projeto de empreendimento de LT é regulamentado por leis de

níveis federal e estadual, e dependendo do negócio pode ser também regulado por

leis municipais. Fora as leis, existem ainda os órgãos regulatórios do setor elétrico,

representados pela ANEEL e pelo ONS.

39

A ANEEL é responsável pela regulamentação em diversos fatores, e

constam entre eles os seguintes itens (ANEEL, Acesso e Uso dos Sistemas de

Transmissão e de Distribuição, 2005):

● exploração dos serviços e instalações de energia elétrica;

● prestação de serviços públicos, verificando a qualidade;

● encargos do poder concedente e da concessionária;

● instalações de interesse restrito;

● opção do consumidor pela compra de energia;

● estipulação de tarifas, descontos e benefícios tarifários;

● classificação das instalações;

● livre acesso ao sistema de transmissão;

● encargos setoriais de responsabilidade no segmento de consumo.

Entre as atribuições conferidas ao ONS para regulamentação de

empreendimentos no setor de transmissão encontram-se as seguintes atividades

(ANEEL, Resolulção N° 281, 01 de Outubro de 1999):

● proposta de instruções e procedimentos do uso do sistema de transmissão;

● elaboração de estudos de avaliação técnica e econômica dos reforços das

Rede Básica;

● realização de avaliações de viabilidade técnica;

● estabelecimento, em conjunto com as partes interessadas, das

responsabilidades relativas ao acesso;

● celebração e firmamento dos contratos de uso e conexão do sistema de

transmissão, respectivamente.

40

3 REDE DE DISTRIBUIÇÃO

O Sistema de Distribuição caracteriza-se como a parcela do setor elétrico

dedicado ao rebaixamento da tensão provinda do sistema de transmissão, à

conexão de centrais geradoras e ao fornecimento de energia elétrica ao consumidor,

composto pela rede elétrica e pelo conjunto de instalações e equipamentos elétricos

que operam em níveis de alta tensão (entre 69 e 230 kV), média tensão (entre 1 e

69 kV) e baixa tensão (igual ou inferior a 1 kV). As redes de distribuição de alta

tensão interligam SEs, que por sua vez reduzem o nível de tensão para que as

redes de média e baixa tensão levem energia elétrica até pequenos

comércios/indústrias e residências através de ramais de ligação (ANEEL, 2015).

Para entender melhor o Sistema de Distribuição, este capítulo descreve no

primeiro subcapítulo as definições. Em seguida são apresentadas as características

físicas, cálculos eletromecânicos, aspectos de viabilidade técnico-econômica,

normas aplicáveis e aspectos regulatórios.

3.1 DEFINIÇÕES

Dentro deste subcapítulo são apresentadas definições essenciais para

entendimento do tema proposto neste trabalho.

3.1.1 Tipos de Redes de Distribuição

Segundo a ABRADEE – Associação Brasileira de Distribuidores de Energia

Elétrica existem quatro tipos de redes de distribuição de energia elétrica. São elas:

Rede de Distribuição Aérea Convencional: rede na qual os condutores são

nus (sem isolamento), sendo mais sujeitas à ocorrência de defeitos e falhas.

Rede de Distribuição Aérea Compacta: possuem condutores protegidos

cobertos por uma camada de polietileno reticulado (XLPE), sustentados por

um cabo mensageiro de aço e espaçadores de material isolante.

Rede de Distribuição Aérea Isolada: possui os condutores encapados com

isolação suficiente para serem trançados.

Rede de Distribuição Subterrânea: é o tipo de rede que proporciona o maior

nível de confiabilidade e também o melhor resultado estético, dado que as

redes ficam enterradas. Porém, são mais caras que as demais, sendo

41

comuns em áreas de alta densidade urbana ou onde há restrições para a

instalação das redes aéreas.

3.1.2 Tipos de projetos

Cada Distribuidora de Energia possui nomenclaturas diferentes para

designação dos tipos de projetos, porém, em suma, as características são similares.

A Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG – classifica os projetos entre

Expansão, Reforma e Reforço de Rede enquanto a Norma Técnica COPEL - NTC

841001 (COPEL, 1999) descreve quatro tipos de projetos para a Rede Urbana, que

são os mesmos para a Rede Rural:

Projetos de Rede Nova, que visam a implantação de todo o sistema de

distribuição necessário ao atendimento de uma determinada área onde não

exista rede de distribuição.

Projeto de Ampliação de Rede, no qual trechos da rede de distribuição são

construídos a partir do ponto de conexão com o sistema existente, onde tem

início a ampliação, visando possibilitar a efetivação de uma ou mais ligações

simultâneas.

Projeto de Melhoria de Rede, que se destina a melhorar e/ou restabelecer as

características elétricas e/ou mecânicas de um determinado trecho de rede,

visando o fornecimento de energia em nível adequado de qualidade e

segurança.

Projeto de Reforço de Rede, destinados à modificação das características

elétricas de um determinado trecho de rede existente, para possibilitar o

aumento de carga ou novas ligações.

Ainda, essa norma propõe e detalha os seguintes tópicos para elaborar

projeto:

Anteprojeto: obtêm-se dados preliminares, como características do projeto;

planejamento básico; planos e projetos existentes; plantas cadastrais ou

croqui de situação, levantamento de carga e determinação da demanda;

Projeto: consiste em explorar o traçado da rede, dimensionamento elétrico e

mecânico; locação de estruturas em planta; proteção e seccionamento;

iluminação pública e apresentação do projeto.

42

3.1.3 Configurações de Redes de Distribuição Primária

A configuração da rede primária é definida em função do grau de

confiabilidade a ser adotado em um projeto, compatibilizando-o com a importância

da carga ou da localidade a ser atendida (COPEL, 1999). Neste trabalho serão

abordadas apenas as descrições de tipos, projetos e configurações de redes de

distribuição aérea. A seguir estão detalhadas aquelas mais comumente encontradas

no Brasil.

3.1.4 Sistema Radial Simples

É um sistema de distribuição de energia composto por uma linha principal

instalada desde a fonte até as cargas, que não possui recursos de manobras,

chaves ou seccionadores, para interligação com outros circuitos de mesma tensão

de operação (AZEVEDO, 2010).

Os Sistemas Radiais Simples (FIGURA 2) são aqueles em que o fluxo de

potência tem um único trajeto da fonte para a carga. É o tipo mais simples de

alimentação e são usados normalmente em áreas de baixa densidade de carga,

apresentando baixa confiabilidade devido à falta de recurso para manobra quando

da perda do circuito de distribuição geral ou do alimentador (COPEL, 1999).

FIGURA 2 - SISTEMA RADIAL SIMPLES (ELEKTRO, 2015).

3.1.5 Sistema Radial com Recurso

Neste sistema o sentido do fluxo de potência pode ser orientado por trajetos

diversos até as cargas do sistema, dependendo das configurações de manobras.

São utilizados em áreas de maiores densidades de cargas ou em locais que

precisam de maior grau de confiabilidade. Este sistema é caracterizado

43

principalmente pela presença de religadores automáticos e chaves tripolares (N.A. –

Normalmente Aberta e N.F. – Normalmente Fechada. A FIGURA 3 ilustra a

configuração desse sistema.

FIGURA 3 - SISTEMA RADIAL COM RECURSO.

FONTE: COPEL, NTC 841001.

3.1.6 Sistema em Anel Aberto

O Sistema em Anel Aberto é composto de dois ou mais alimentadores

radiais que podem ser interligados através de uma chave de interligação NA, que

permite o seccionamento de trechos da rede, diminuindo o impacto do desligamento

sobre os consumidores. Caso seja necessária a interligação ou transferência de

blocos de cargas de outro alimentador, é preciso avaliar a condição das cargas

durante o período de manobra, podendo ser necessário o corte de fornecimento de

energia a alguns consumidores (AZEVEDO, 2010). O sistema radial com primário

em anel é ilustrado na FIGURA 4.

FIGURA 4 - SISTEMA RADIAL COM PRIMÁRIO EM ANEL.

FONTE: (AZEVEDO, 2010).

44

3.1.7 Configurações de Redes de Distribuição Secundária

A rede secundária deve ser projetada no sistema radial, similarmente à rede

primária, porém sem chaves de manobra, evitando o atendimento de um consumidor

por mais de um transformador (AZEVEDO, 2010).

3.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

Uma rede aérea convencional é composta basicamente por postes,

cruzetas, isoladores, para-raios, braço de iluminação pública, condutores,

transformadores, banco de capacitores e chaves de operação e manobra

(VELASCO, 2003). Neste subcapítulo são apresentados alguns desses materiais

que compõem as RDs.

3.2.1 Subestação de distribuição

As subestações de distribuição são responsáveis pelo rebaixamento dos

níveis de alta tensão para níveis de média tensão, e são constituídas de

equipamentos como transformador, chaves, seccionadores, disjuntores e

equipamentos de mediação e proteção contra raios ou curtos-circuitos (ABRADEE,

Redes de Energia Elétrica).

3.2.2 Condutores

Podem ser utilizados na Rede de Distribuição condutores de alumínio com

alma de aço (CAA), que contam com reforço da alma de aço para sustentar esforços

mecânicos, ou sem alma (CA), nus ou protegidos. Ainda, podem ser utilizado cabo

de cobre.

Os condutores protegidos utilizados na rede de média tensão compacta

contam com capa externa destinada a proteção contra contatos mecânicos e não

possuem isolação. Ainda, podem ser encontrados cabos isolados multiplexados na

rede de baixa tensão.

Os cabos isolados possuem três componentes básicos: condutor metálico,

em cobre ou alumínio; isolação, que reduz o risco energizado; proteção externa, que

protege contra contatos mecânicos (KAGAN, OLIVEIRA, & ROBBA, 2010).

45

3.2.3 Postes

São os elementos básicos da RD que suportam equipamentos e cabos. São

especificados pelas propriedades geométricas, como altura, material e forma e

também pela resistência à flexão (máximo esforço horizontal). Podem ser de

concreto, madeira e aço. Os postes de concreto tipo duplo T, os mais usados pelas

concessionárias, possuem face lisa e cavada, sendo que a lisa aguenta um esforço

mecânico até 40% maior que a sua resistência nominal. Por este motivo, em final de

trechos, em estruturas de ancoragem, os postes são projetados na posição topo

(PRAZERES, 2008).

3.2.4 Transformadores, para-raios e elos fusíveis

Na grande maioria das regiões do país, os transformadores de distribuição

transformam 13,8 kV, em 220 V ou 127 V – tensão que atende aos consumidores

residenciais, pequenos comércios e indústrias (ABRADEE, Redes de Energia

Elétrica).

Transformadores contam frequentemente com para-raios para a proteção

contra sobretensões e elos fusíveis para a proteção contra sobrecorrentes,

instalados no nível primário (KAGAN, OLIVEIRA, & ROBBA, 2010).

3.2.5 Banco de Capacitores

A instalação de banco de capacitores na rede primária objetiva elevar o fator

de potência do sistema, e apresenta vantagens como redução do carregamento nos

transformadores das subestações e nos alimentadores, redução de perdas, melhoria

na estabilidade do sistema e elevação dos níveis de tensão da rede (FRAGOAS,

2008).

3.2.6 Reguladores de Tensão

A instalação de reguladores de tensão na RD permite compensar as quedas

de tensão causadas devido à circulação de corrente das cargas atendidas. A

necessidade de instalação de reguladores de tensão pode ser confirmada devido a

reclamações de consumidores, medições ou realização de estudos específicos

(FRAGOAS, 2008).

46

3.2.7 Chave de operação

As que operam na condição normal fechadas se destinam a isolar blocos de

carga, para permitir a manutenção corretiva ou preventiva da rede de média tensão

(KAGAN, OLIVEIRA, & ROBBA, 2010).

Estão localizadas nas derivações de alimentadores primários, nas

derivações de consumidores ligados em tensão primária e em todos os

transformadores de distribuição. Quando ocorre a atuação do fusível, o cartucho é

acionado da posição normalmente fechada, indicando ruptura do elo fusível.

(PRAZERES, 2008).

3.3 CÁLCULOS ELETROMECÂNICOS

3.3.1 Dimensionamento de Condutores da Rede Primária

A escolha da bitola é feita observando-se a queda de tensão máxima

permitida pela ANEEL, perdas e capacidade de condução. A queda de tensão

máxima é calculada entre o barramento da subestação e o ponto onde se localiza a

última ligação primária.

Com base no traçado da rede primária e na bitola do condutor calcula-se a

queda, considerando-se a carga estimada no fim do horizonte de projeto. O cálculo

elétrico é o do coeficiente de queda de tensão em [% por MVA * km].

Para áreas de alta densidade o fator limitante para o dimensionamento da

bitola dos condutores é o nível de perdas (COPEL, 1999).

3.3.2 Dimensionamento de Condutores da Rede Secundária

Assim como para a rede primária, os níveis de tensão da rede secundária

devem estar dentro dos estabelecidos pela ANEEL.

O dimensionamento deve atender aos limites de capacidade térmica dos

condutores e máxima queda de tensão. O cálculo é feito considerando coeficientes

de queda de tensão em [% por kVA * hm] e pode ser consultado no ANEXO 15 da

NTC 841001, sendo a carga sempre considerada equilibrada ou igualmente

distribuída pelos circuitos monofásicos existentes (COPEL, 1999).

47

3.3.3 Cálculo de Esforços Mecânicos nos Postes

Para determinação dos esforços mecânicos exercidos sobre o poste devem

ser consideradas trações exercidas pelos condutores da rede primária, secundária,

ramais de ligação e outros cabos de uso mútuo. Os esforços exercidos por todos os

cabos devem ser referenciados a 0,20m do topo do poste. O esforço resultante deve

ser calculado nas seguintes situações: Ângulos; Fins de rede; Mudança da seção

dos condutores; estruturas em situações de arrancamento e compressão; mudança

de quantidade de condutores (CEMIG, 2014);

Para os postes duplo T, a face cavada do poste suporta um esforço

mecânico máximo de metade da sua resistência nominal, enquanto a face lisa

suporta até 40% mais que sua resistência nominal. É por isso que se deve deixar a

face lisa voltada para a resultante dos esforços mecânicos.

Os esforços mecânicos nos postes são causados pela força de tração

(tensionamento) que os condutores exercem multiplicada pela distância de fixação

dos cabos da rede primária e secundária em relação ao solo. O tensionamento

exercido por cada cabo depende da sua bitola. Para casos de angulação na rede as

forças de tração são decompostas e em seguida é calculada a força resultante

através de soma vetorial. O dimensionamento incorreto pode acarretar inclinação e

empenamento do poste (PRAZERES, 2008).

3.4 ASPECTOS DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA

No setor de distribuição, a viabilidade técnico-econômica está diretamente

ligada à definição de planos de curto, médio e longo prazo, que prevejam a

necessidade de carga futura e que corrijam as deficiências previstas. A formulação

de alternativas, visando o cumprimento das metas de qualidade de fornecimento é

importante para tornar economicamente viável a longo prazo o projeto. Para isso, é

essencial a realização de simulações que analisem a tensão, a confiabilidade e o

carregamento dos condutores e equipamentos, para cada ano em operação. A partir

destas análises, é relevante verificar que os custos previstos para cada ano estejam

de acordo com os custos conhecidos da empresa (ELETROBRÁS, 1982).

Primeiramente é preciso estabelecer um horizonte de planejamento, sem

contabilizar novos investimentos e também compreender o tempo suficiente para

48

que a RD instalada tenha recursos confiáveis de tecnologia disponível nas previsões

de mercado. Este tempo será a referência de análise da RD implantada.

Normalmente esses valores vão de dez anos para redes de distribuição aérea e

quinze anos para redes subterrâneas. Outro fator importante é a análise da carga,

que deve ser feita junto aos mapas de carga. Esta influência principalmente na

decisão se o sistema será subterrâneo ou aéreo. Um terceiro fator importante é o

estudo do sistema elétrico. Para tal, deve-se analisar a tensão nominal da RD, que

tem que levar em conta a legislação vigente. E a partir disso, precisam-se estudar os

sistemas de distribuição primária e secundária, além dos transformadores, levando

em conta os requisitos de carga, a continuidade do serviço, disponibilidade de

recursos e os níveis de curto-circuito. Depois que as alternativas de instalação já

estiverem elaboradas, é necessária uma análise técnica, a partir de simulações, que

considerem a tensão oferecida ao cliente final, a continuidade do fornecimento de

energia e o carregamento dos condutores. Quando estes valores não atendem as

metas previstas pela empresa, podem ser adicionadas medidas corretivas, como a

troca dos condutores ou a construção de novos alimentadores e subestações

(ELETROBRÁS, 1982).

Também é importante a realização de uma análise econômica, que

considere os custos de operação e manutenção e os custos de perdas. Os custos de

operação e manutenção estão diretamente relacionados aos gastos das equipes de

manutenção e de emergência e aos gastos de substituição de materiais. Os custos

de perdas devem abranger o custo da energia, as perdas do sistema e a demanda

de energia. Outro fator importante a ser analisado é a vida útil dos componentes,

que podem influenciar diretamente nos custos de longo prazo de uma RD. Este pode

ser simplificado para o custo de vida útil da instalação como um todo e também estar

referenciado a gastos com furtos ou danos devido à violência. Estes valores podem

ser obtidos a partir de tabelas gerais e também com dados da própria empresa

(ELETROBRÁS, 1982).

49

3.5 NORMAS APLICÁVEIS

A TABELA 2 correlaciona algumas das principais normas brasileiras

utilizadas durante a elaboração de um projeto de RD e quais as etapas em que

estas são geralmente utilizadas. Já a TABELA 3 apresenta as normas específicas de

algumas concessionárias que foram consultadas para a estruturação do trabalho.

TABELA 2 - PRINCIPAIS NORMAS BRASILEIRA UTILIZADAS EM PROJETOS DE REDES DE

DISTRIBUIÇÃO

Código Nome Etapas

NBR 13133 Execução de levantamento topográfico Levantamento de

campo e topografia

NBR 15688 Redes de distribuição aérea de energia

elétrica com condutores nus

Dimensionamento de

estruturas

NBR 15992 Redes de distribuição aérea de energia

elétrica com cabos cobertos fixados em

espaçadores para tensões até 36,2kV

Dimensionamento de

estruturas

NBR 5460 Sistemas elétricos de potência Todas

NBR 5440 Transformadores para redes aéreas de

distribuição - Padronização

Dimensionamento

eletromecânico

NBR 7271 Cabos de alumínio nus para linhas aéreas -

Especificação

Dimensionamento

mecânico

NBR 5471 Eletrotécnica e Eletrônica - Condutores

elétricos

Dimensionamento

eletromecânico

FONTE: OS AUTORES (2016).

50

TABELA 3 - NORMAS CONSULTADAS PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE RD

Código Nome Companhia

NTD-00.001 Elaboração de Projetos de Redes Aéreas de Distribuição Urbanas

CEEE-D

NTD-05 Critérios Básicos Para Projetos de Redes Aéreas de Distribuição Rural - RDR

CELPA

ND-3.1 Projetos de Redes de Distribuição Aéreas Urbanas

CEMIG

NTC 831001 Projeto de Redes de Distribuição Rural COPEL

NTC 841001 Projeto de Redes de Distribuição Urbana COPEL

ND.22 Projetos de Redes Aéreas Urbanas de Distribuição de Energia Elétrica

ELEKTRO

ND-2.003 Apresentação de Projetos de Rede de Distribuição Aérea

AES ELETROPAULO

NDU-007 Critérios Básicos Para Elaboração de Projetos de Redes de Distribuição Aéreas Rurais

ENERGISA

NOR-TDE-108

Redes de Distribuição Aéreas Rurais ENERSUL

NOR-TDE-107

Redes de Distribuição Aéreas Urbanas ENERSUL

NTD-1.02 Critérios para Projeto de Redes Aéreas Urbanas Convencionais (Redes Aéreas Nuas)

CEB

NTD-04 Critérios para Projeto de Redes Aéreas Urbanas Convencionais (Redes Aéreas Nuas)

CEA

MPN-DP-01/MN-001

Projetos de Redes de Distribuição Aéreas Urbanas

ELETROBRAS

FONTE: OS AUTORES (2016).

3.6 ASPECTOS REGULATÓRIOS

O setor de distribuição presta serviço público sob contrato com o órgão

regulador do setor, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), sendo que a

Agência edita Resoluções, Portarias e outras normas para o funcionamento

adequado do setor de Distribuição. Os Procedimentos de Distribuição de Energia

Elétrica no Sistema Elétrico Nacional (PRODIST) dispõem disciplinas, condições,

responsabilidades e penalidades relativas à conexão, planejamento da expansão,

51

operação e medição da energia elétrica. O PRODIST, ainda, estabelece critérios e

indicadores de qualidade para consumidores e produtores, distribuidores e agentes

importadores e exportadores de energia.

As distribuidoras de energia, assim como as transmissoras, não podem

estabelecer seus próprios preços, pois são reguladas pelo Poder Concedente,

representado pela ANEEL. Isso porque as distribuidoras são concessionárias do

serviço público de distribuição de energia, signatárias de contratos de concessão

que preveem métodos regulatórios para o estabelecimento de preços aos

consumidores.

O sistema regulatório aplicado à distribuição de energia no Brasil é do tipo

preço-teto (price-cap), no qual o órgão regulador estabelece os preços máximos que

podem ser aplicados por essas empresas.

Como ocorre também para as transmissoras, os mecanismos de regulação das

Distribuidoras são basicamente a revisão tarifária, que incide periodicamente a cada

três, quatro ou cinco anos, a depender do contrato de concessão, e o reajuste

tarifário anual, que se trata de correção monetária e compartilhamento de ganhos de

produtividade (ABRADEE, A distribuição de energia).

3.6.1 Qualidade de Energia da Distribuição

O fornecimento de energia elétrica aos consumidores deve obedecer aos

conceitos de qualidade de serviço e qualidade do produto. A qualidade do serviço,

ou continuidade de fornecimento, é resultado de baixos índices de interrupções no

sistema elétrico, provocados por falhas no sistema (manutenção corretiva) e por

atividades de manutenção programada (manutenção preventiva), em função de

serviços necessários a serem realizados no sistema. A qualidade do produto é

caracterizada pela forma de onda de tensão dos componentes de um sistema

trifásico e contempla principalmente fenômenos como variação de frequência,

variações de tensão de curta e longa duração, distorções harmônicas de tensão e

corrente, desequilíbrios de tensão e corrente e flutuações de tensão (KAGAN,

OLIVEIRA, & ROBBA, 2010). Definem-se, para um determinado período, os índices

operativos a seguir:

52

Duração Equivalente por Consumidor (DEC): exprime o espaço de tempo em

que, em média, cada consumidor na área de estudo considerada ficou sem

energia.

Frequência Equivalente de Interrupção por Consumidor (FEC): número de

interrupções que, em média, determinado consumidor sofreu, no período

considerado.

A fim de se ter um controle maior sobre cada consumidor, são definidos três

indicadores relacionados à duração e frequência de interrupções em uma dada

unidade consumidora:

Duração de Interrupção Individual por Unidade Consumidora (DIC): intervalo

de tempo durante o qual ocorre descontinuidade na distribuição de energia

elétrica;

Frequência de Interrupção Individual por Unidade Consumidora (FIC): número

de interrupções ocorridas, no período observado, em cada unidade

consumidora.

Duração Máxima de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora (DMIC):

tempo máximo de interrupção contínua para determinada unidade

consumidora.

Além desses, podem ser citados outros indicadores, tais como: Duração

Equivalente por Potência instalada, Duração Média por Consumidor, Duração Média

por Potência Instalada, Frequência Equivalente de Interrupção por Consumidor,

Frequência Equivalente de Interrupção por Potência Instalada, Confiabilidade por

Consumidor, Confiabilidade por Potência e Energia não Distribuída (KAGAN,

OLIVEIRA, & ROBBA, 2010).

53

4 METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE LTs

Este capítulo aborda a apresentação dos métodos desenvolvidos para

elaboração de projetos de LTs, incluindo primeiramente o diagrama multifuncional,

que serviu como base e apoio para a construção do cronograma de macroetapas e

para o detalhamento das fichas descritivas. Esta metodologia abordou em suma os

processos relacionados à LT, desde o planejamento da expansão até emissão de

Licença de Instalação (LI), assim foram dispensadas todas as análises que

envolvem SEs e obras, portanto a abordagem foi feita apenas para projetos de LTs

novas. A sistematização adotada para desenvolvimento do trabalho sobre

elaboração de projetos de LT seguiu-se da maneira apresentada na FIGURA 5.

FIGURA 5 – DIAGRAMA DA METODOLOGIA DESENVOLVIDA PARA LT.

FONTE: OS AUTORES (2016).

4.2 FLUXOGRAMA MULTIFUNCIONAL

O fluxograma multifuncional referente à elaboração de projetos de LTs foi

dividido em oito setores, escolhidos de acordo com a realidade das atribuições das

atividades entre os setores da própria concessionária de energia, incluindo a divisão

de planejamento estratégico, setor administrativo, comercial, área de engenharia,

esfera jurídica e divisão de meio ambiente e ainda integrando órgãos intervenientes

e os órgãos de nível federal do planejamento estratégico do setor elétrico.

A primeira etapa que dá início a um projeto é o planejamento da expansão,

no qual a EPE e o ONS realizam estudos de panoramas de crescimento de

consumo de energia elétrica e assim desenvolvem documentos com uma visão

integrada da demanda e da oferta de energia. Com apoio destes documentos, a

EPE elabora os relatórios R1, R2, R3 e R4, que irão apresentar as alternativas de

54

novos empreendimentos de LTs para compor o SIN. Com isso, é aberto o edital do

leilão pela ANEEL, onde as concessionárias tem acesso a estes documentos e

relatórios e dão início aos estudos pré-leilão. Nestes estudos, o setor de

planejamento estratégico da companhia filtra dentro do edital aquele(s) lote(s) que

demonstra(m) sinergia com os investimentos da empresa e assim realizam uma

modelagem econômica financeira, encontrando um valor adequado para a Receita

Anual Permitida (RAP). Se a concessionária chega à conclusão que não vale a pena

participar do leilão, encerra-se ali sua participação nos estudos, mas se existir o

interesse se iniciarão as cotações de mercado junto à área comercial, em busca de

empresas parceiras para elaboração do projeto, fornecimento de bens, materiais e

serviços para implantação da LT. A empresa então decide se haverá a formação de

um consórcio e então cerca de seis meses depois da abertura do edital é realizado o

leilão propriamente dito. Este evento, que acontece na Bolsa de Valores de São

Paulo (BOVESPA), é dividido em duas etapas: a primeira com lances da RAP em

envelopes fechados e a segunda no estilo “viva-voz”. Aquela companhia que der o

menor lance da RAP arremata o lote em questão e pode assinar o contrato de

concessão, que possui validade usualmente de 30 anos.

A partir da assinatura do contrato de concessão a equipe de engenharia da

empresa se torna apta a começar a elaboração do projeto básico e possui um prazo

de quatro meses para apresentação deste para a ANEEL, que vai avaliar e reenviar

cartas de correções para caso da não aprovação dos documentos, estudos e/ou

relatórios contidos no projeto básico. Ao mesmo tempo ocorre também a definição

do traçado, fundamentada na diretriz colocada no relatório R3, e que tem o intuito de

escolher o melhor caminho da LT, desviando da maior quantidade de obstáculos

geográficos e interferências socioambientais. Com o traçado previamente definido,

equipes da concessionária vão a campo para realizar o levantamento topográfico,

onde haverá a modelagem dos terrenos compreendidos no traçado, e sondagem

geológica, na qual serão feitos estudos dos solos onde estarão provavelmente

locadas as estruturas. Simultaneamente, uma equipe do setor fundiário de

engenharia faz o levantamento cadastral de todas as propriedades atingidas no

empreendimento.

Com o projeto básico aprovado ou em fase final de correções pela ANEEL,

inicia-se a preparação do projeto executivo, que é subdividido em três partes: projeto

executivo civil, estrutural e eletromecânico. Composto com as características e

55

requisitos básicos colocados no projeto básico, o projeto executivo proporciona o

início das análises de meio ambiente e intervenções e tem parte importante como

premissa na descrição dos imóveis atingidos. Para cada imóvel a empresa vai

encontrar um valor para indenização ao proprietário como forma de uso da terra em

prol da implantação da LT, entretanto geralmente as negociações esbarram na falta

de documentação ou em ocasiões em que o proprietário não aceita a proposta, e

nestes casos são abertos processos judiciais. Assim o setor jurídico da

concessionária tem importante papel na assessoria para indenização, a sentença

final será dada por um juiz para que o processo chegue ao fim e haja o acordo.

No decorrer do projeto executivo são consultados os órgãos intervenientes

com o objetivo de se informar sobre os procedimentos para aprovação das

interferências. Quando as intervenções da LT forem a âmbito socioambiental

(centros urbanos, aldeias indígenas, comunidades quilombolas, etc) não é

necessária a emissão de Licença Prévia (LP) pelo órgão ambiental responsável

para a aprovação da interferência. Quando a situação ocorre em contexto não

socioambiental (rodovias, ferrovias, linhas de transmissão, gasodutos, oleodutos,

etc) a emissão da LP é uma condição importante para a aprovação. Um processo

essencial para emissão da LP é a etapa de estudos ambientais, na qual equipes

em campo realizam levantamento e diagnóstico do potencial arqueológico do

traçado da LT e ainda fazem captura de animais para pesquisas de fauna. Em

sequencia, é feito o inventário florestal, onde existe a coleta e análise laboratorial

de material de flora. Durante estes processos, profissionais da esfera

socioambiental são responsáveis por análises das comunidades afetadas, e assim

todo o material final destes estudos, tanto o social quanto os de fauna e flora

contribuem para a preparação dos relatórios de impactos ambientais, em que a

concessionária descreve os programas de compensação/indenização assim como

o seu compromisso com estas propostas. Assim, com o final de todas estas etapas

existe a obtenção da autorização de supressão vegetal e emissão da Licença de

Instalação (LI), e a partir deste instante a concessionária está liberada para iniciar a

construção e implantação do empreendimento.

Na FIGURA 6 é apresentado o fluxograma multifuncional referente à

elaboração de projetos de LTs.

56

FIGURA 6 - FLUXOGRAMA MULTIFUNCIONAL LT.

FONTE: OS AUTORES (2016).

57

4.3 CRONOGRAMA DE MACROETAPAS

O cronograma de macroetapas foi desenvolvido para representar o

sequenciamento das principais etapas e marcos na elaboração de um projeto de LT,

visto que os marcos são os eventos significativos em relação ao controle do projeto

na linha do tempo. Este cronograma construído retrata um empreendimento com até

30 meses para licenciamento e mais 30 meses para construção. Essa ferramenta foi

elaborada com o software Gantt Project e pode ser observado na FIGURA 7.

58

FIGURA 7 - CRONOGRAMA DE MACROETAPAS LT.

FONTE: OS AUTORES (2016).

59

4.4 FICHAS DESCRITIVAS

Todas as atividades inseridas no fluxograma multifuncional que tiveram

atribuição de códigos foram descritas em fichas, abordando os seguintes tópicos:

pré-requisitos;

materiais;

profissionais e recursos humanos;

descrição;

resultados;

aplicações.

Para o processo de elaboração de projetos de LTs foram produzidas, a partir

das consultas técnicas não estruturadas e pesquisas bibliográficas, 16 fichas

descritivas que são apresentadas a seguir.

60

FICHA DESCRITIVA LT01 - PLANEJAMENTO DA EXPANSÃO.

Ficha descritiva de atividade de projeto LT01

Projeto de Linha de Transmissão

Atividade LT01 Planejamento da Expansão

Pré-requisitos

Estabelecimento de panoramas de crescimento de consumo de energia, aumento da geração e demanda de energia, elevação da confiabilidade do sistema, congestionamento na rede básica e competição no fornecimento de energia.

Materiais Equipamentos de tecnologia da informação, mobiliário e material de escritório em geral.

Profissionais e Recursos Humanos

Profissionais de nível médio e superior das áreas de Administração, Análise de Sistemas, Arquitetura, Biologia, Ciências Contábeis, Direito, Engenharia, Geologia e Sociologia.

Descrição

Estudo realizado pela EPE e pelo ONS para auxiliar o planejamento a ser definido pelo MME. O trabalho realizado visa assegurar operacionalmente as melhores condições, com segurança, baixo custo, promovendo a otimização dos sistemas e permitindo o acesso a todos os interessados. O problema do planejamento envolve a criação de vários modelos matemáticos com as soluções mais adequadas, e assim surge a dificuldade em escolher aquela melhor alternativa que satisfaça todos os objetivos. Importante destacar que essa análise já determina se a LT vai ser aérea ou subterrânea.

Resultados

A EPE é responsável pela criação do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), documento que inclui uma visão integrada da demanda e oferta de energia no horizonte de 10 anos, definindo um cenário de referência para implantação de infraestrutura energética para atender o crescimento do mercado e assegurando a expansão com equilíbrio, sustentabilidade técnica, econômica e socioambiental. A EPE também elabora o Plano Nacional de Expansão (PNE), documento similar ao PDE, porém para um horizonte de 25 a 30 anos e o Balanço Energético Nacional (BEN), arquivo que contém toda a contabilidade anual de oferta e consumo de energia no país. Paralelamente, a EPE também prepara o documento chamado de Programa de Expansão da Transmissão (PET), no qual é indicado o conjunto de LTs e subestações de transmissão cuja instalação é prioritária, estabelecendo concessões a serem licitadas a curto prazo. Por último, a EPE ainda desenvolve um documento chamado Programa Determinativo de Expansão da Transmissão (PDET), que contém as instalações da Rede Básica dos 5 anos à frente. Já o ONS tem o dever de produzir o Plano da Operação Energética, que apresenta as avaliações das condições de atendimento ao mercado previsto de energia elétrica do SIN para horizonte de cinco anos e também os Manuais de Procedimentos da Operação do SIN (MPOs), que contém as características e requisitos elétricos de operação do sistema. Atividades sucessoras: Elaboração dos Relatórios R1, R2, R3 e R4 solicitados pela EPE.

Aplicações Projetos de LT nova, tanto aérea (rural ou urbana) quanto subterrânea (atualmente apenas urbana).

FONTE: OS AUTORES (2016).

61

FICHA DESCRITIVA LT02 - ELABORAÇÃO DOS RELATÓRIOS R1, R2, R3 E R4

Ficha descritiva de atividade de projeto LT02

Projeto de Linha de Transmissão

Atividade Elaboração de relatórios R1, R2, R3 e R4

Pré-requisitos Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), Plano Nacional de Expansão (PNE), Balanço Energético Nacional (BEN) e Programa Determinativo de Expansão da Transmissão (PDTE).

Materiais Equipamentos de tecnologia da informação, mobiliário e material de escritório em geral.

Profissionais e Recursos Humanos

Profissionais do âmbito socioambiental, socioeconômico, dos ramos de meio ambiente e engenharia da EPE e colaboradores de concessionárias solicitadas no auxílio do desenvolvimento dos relatórios.

Descrição

Com a assistência do PDE, PNE, PET, BEN e PDTE é elaborado o Relatório R1. A alternativa de referência é selecionada para desenvolvimento e é confirmada como empreendimento no PDET, assim paralelamente são preparados os Relatórios R2 e R3. Se houver alteração na alternativa de referência deve-se corrigir o R1, senão há o início do processo de licitação de implantação do empreendimento. Logo, ocorre o início da preparação do Relatório R4. Com os Relatórios prontos há informação necessária para estruturar o edital de leilão da ANEEL.

Resultados

O relatório R1 traz a análise de viabilidade técnico-econômica, comparando as alternativas para o empreendimento, indicando as características básicas e expectativa de custo. As análises deste relatório englobam: fluxo de potência, estabilidade de tensão e rejeição de carga em regime permanente, estabilidade eletromecânica, curto-circuito, compensação reativa em série e derivação, utilização de religamento monopolar, definições de subestações e equipamentos, análise socioambiental e econômica. O relatório R2 conta com a descrição das seguintes características elétricas da alternativa de referência: definição do condutor, estudos de transitórios eletromagnéticos e extinção de arco secundário. O relatório R3 aborda a discriminação dos aspectos socioeconômicos e ambientais através da avaliação dos meios físico, biótico, cultural, socioeconômico, análise das áreas do corredor do empreendimento, indicação da diretriz preferencial para LT, extensão aproximada e relatórios fotográficos. Por último, o relatório R4 descreve informações requisitadas pela ANEEL às concessionárias de instalações circunvizinhas ao novo empreendimento. Este relatório agrega diversos tipos de informações, no entanto as mais comuns são: requisitos de telecomunicação, controle, proteção, condução e operação. Atividades sucessoras: Estudos das alternativas por parte das concessionárias para decidir se há interesse ou não em elaborar proposta comercial para participação de leilão da ANEEL.

Aplicações Projetos de LT nova, tanto aérea (rural ou urbana) quanto subterrânea (atualmente apenas urbana).

FONTE: OS AUTORES (2016).

62

FICHA DESCRITIVA LT03 - ABERTURA DO EDITAL / LEILÃO REALIZADO PELA ANEEL

Ficha descritiva de atividade de projeto LT03*

Projeto de Linha de Transmissão LT03**

Atividade Abertura do edital / Leilão realizado pela ANEEL

Pré-requisitos

Estudos de planejamento da ANEEL e relatórios R1, R2, R3 e R4 solicitados pela EPE e uma publicação de audiência pública para abertura do edital. A empresa interessada em participar do leilão deve fazer sua inscrição na Bolsa de Valores de São Paulo e contratar um operador que será responsável por dar os lances. Para o dia do leilão já se deve contar com a definição se o projeto vai ser desenvolvido com recursos próprios ou com parcerias de fornecedores para compor a proposta. Apresentação da Taxa Interna de Retorno (TIR) para os acionistas da concessionária.

Materiais Material de escritório para estudos do projeto (cotações, orçamentos, documentações).

Profissionais e Recursos Humanos

No escritório: engenheiros de projetos, responsáveis pelos estudos técnicos e montagem de projeto e, orçamentista, que transforma os estudos em valores. No leilão: diretores, gerentes e pelo menos um superintendente para assumir o poder de decisão e ainda o operador, que vai dar os lances na Bolsa de Valores.

Descrição

Depois da elaboração dos Relatórios R1, R2, R3 e R4, a ANEEL lança um edital com os lotes de empreendimentos que estarão disponíveis no Leilão. Até o dia programado para o leilão propriamente dito passam-se em torno de seis meses. No leilão participam apenas o operador e o superintendente ou diretor escolhido para função e os lances de valor para a Receita Anual Permitida (RAP) são dados a partir de um valor teto e diminuindo conforme os deságios planejados na proposta. Na primeira etapa são lances em envelopes fechados e na segunda etapa, as empresas ainda participantes dão lances no estilo "viva-voz". Só passam para a segunda etapa aquelas empresas com lances de até 5% mais alto do que o menor lance registrado. Dessa forma, no leilão para um empreendimento de LT é o menor lance que vence.

Resultados

Arrematando um lote, a empresa tem uma semana para apresentar todos os documentos que a ANEEL solicitou no edital (exemplo: carta de garantia, informações contábeis da empresa, valores de financiamentos, etc) e assim efetivar e validar o arremate. Assim, cerca de 45 dias depois acontece a assinatura do contrato de concessão. Caso a empresa não vença o leilão, a equipe desenvolve um relatório de encerramento, argumentando os motivos do fim da participação no negócio.

Aplicações Projetos de LT nova (Aérea e Subterrânea)

FONTE: OS AUTORES (2016).

63

FICHA DESCRITIVA LT04 - ESTUDOS PRÉ-LEILÃO

Ficha descritiva de atividade de projeto LT04

Projeto de Linha de Transmissão

Atividade Estudos pré-leilão

Pré-requisitos

Todos os pré-requisitos já estão contidos nos Relatórios R1, R2, R3 e R4 que apresentam as informações dos empreendimentos que compõe os lotes descritos no edital. É necessária também a definição da Receita Anual Permitida (RAP).

Materiais

Equipamentos de informática e escritório. Softwares úteis: Tower, PLS-CADD, SAPS, Google Earth, Microsoft/Libre Office, consultas na base de

dados da EPE.

Profissionais e Recursos Humanos

Os estudos são realizados por profissionais graduados em Engenharia (Civil, Elétrica, Ambiental), recomendável haver profissionais do setor de Economia e também um Advogado (responsáveis pela análise financeira das empresas e negociação dos pré-contratos). É recomendável que a equipe multidisciplinar também possua um Biólogo e um Sociólogo, para estudos preliminares na esfera socioambiental.

Descrição

A empresa deve possuir uma equipe ou comitê que vai verificar se o empreendimento do leilão tem sinergia com os objetivos da corporação, se existe um porte adequado para o investimento, se há conhecimento técnico suficiente, entre outros critérios para montar uma classificação do projeto perante aos demais avaliados. O primeiro passo é a realização dos estudos técnicos baseados nos Relatórios R1, R2, R3 e R4, examinando o traçado, tipos e pesos de estruturas, cabos, materiais, fundações e um quantitativo total da LT e orçar os custos. São previstos os valores de indenização fundiária e os custos ambientais também. O segundo passo é determinar as maneiras de contratação de parceiros/fornecedores para a elaboração do projeto e obra. Estas duas etapas podem ser consideradas como as premissas da Modelagem Econômica Financeira. Atualmente as empresas têm decidido em iniciar os estudos pré-leilão antes mesmo da abertura do edital da ANEEL, fundamentando as análises nos relatórios R.

64

Resultados

Os estudos geram o Cronograma de Desembolsos, que consiste em um cronograma de gastos mensais para o valor total da LT, englobando todos os aspectos desde os custos com funcionários, seguradoras, corretoras, custos de materiais, construção, que são chamados de Capital Expenditure (CAPEX) e Operational Expenditure (OPEX). A modelagem vai criar um

cenário macroeconômico confrontando o orçamento total da LT com a RAP, examinando o tempo para construção, quais itens são financiáveis, quem vai financiar o projeto, taxas de juros, inflação, variação de moeda estrangeira, quando os capitais de terceiros vão ser aportados, e assim produzindo um fluxo de desembolso que apresenta como principal resultado a TIR. A partir destes resultados haverá uma reunião com a diretoria para definição do interesse ou não em participar do leilão.

Aplicações Projetos de LT nova (Aérea e Subterrânea). Para Projetos de LT existente são feitas autorizações da ANEEL diretamente para alguma concessionária.

FONTE: OS AUTORES (2016).

65

FICHA DESCRITIVA LT05- COTAÇÕES DE MERCADO E ELABORAÇÃO DE PROPOSTA

Ficha descritiva de atividade de projeto LT05

Projeto de Linha de Transmissão

Atividade Cotações de mercado e elaboração de proposta

Pré-requisitos

Relatórios R1, R2, R3 e R4, abertura do edital do leilão da ANEEL e os projetos preliminares feitos a partir dos estudos de planejamento sobre os relatórios. Cronograma de desembolsos desenvolvido e TIR encontrada a partir da modelagem nos estudos pré-leilão. Consulta financeira da situação da empresa são os itens mais importantes para se iniciarem os estudos pré-leilão.

Materiais Material de escritório para estudos do projeto e contato com parceiros/fornecedores no mercado (cotações, orçamentos, documentação).

Profissionais e Recursos Humanos

Engenheiros e técnicos de projeto (civil eletromecânico e mecânico). Profissionais do setor fundiário e meio ambiente. Corpo orçamentista para elaboração do CAPEX e OPEX, além de solicitação de propostas com fornecedores, além das gerências que são responsáveis pelas negociações finais.

Descrição

Nesta etapa os profissionais se dividem para avaliarem propostas de mercado a fim de obter a partir de um perfil simulado, dados quantitativos de estruturas, cabos, distâncias, valores de terrenos de subestações, custo da faixa, avaliações de interferências ambientais, entre outras observações. Assim a concessionária faz um orçamento de referência para o custo do empreendimento e desde então a empresa inicia a busca por parceiros e fornecedores. As empresas interessadas entram em contato e buscam os documentos para habilitação de suas participações. Autorizadas, elaboram então uma proposta técnica do projeto e construção da LT e por último a proposta comercial com o valor do negócio. Durante esse processo, as empresas buscam chegar no melhor valor, com a maior TIR possível.

Resultados

Dessa etapa há o retorno para os estudos chamados de pré-leilão, colocando todos os parâmetros avaliados na modelagem financeira e análise de sensibilidade. Assim, chega-se a um valor de proposta para o empreendimento para a participação no leilão da ANEEL de acordo com os estudos realizados em mercado. A empresa deve definir até o dia anterior ao leilão se haverá parceiros no projeto ou se a empresa será a única responsável por realizar o projeto, escolhendo geralmente aquela parceria que apresentou o melhor cronograma de desembolsos e menor preço total do negócio, e assim a empresa deve elaborar um relatório de propostas justificando a contratação daquela parceria escolhida. Atividade sucessora: Participação no leilão propriamente dito da ANEEL.

Aplicações Projetos de LT nova (Aérea e Subterrânea). Em projetos de LT existente não são abordados novas cotações de mercado

FONTE: OS AUTORES (2016).

66

FICHA DESCRITIVA LT06 - ASSINATURA DO CONTRATO DE CONCESSÃO

Ficha descritiva de atividade de projeto LT06

Projeto de Linha de Transmissão

Atividade Assinatura do contrato de concessão

Pré-requisitos Toda a etapa de planejamento da expansão encerrada e arremate do lote em análise no leilão.

Materiais Equipamentos de informática, mobiliário e material de escritório em geral.

Profissionais e Recursos Humanos

Diretores administrativos e de engenharia, além de testemunhas por parte da concessionária. Diretor geral por parte da ANEEL.

Descrição

O contrato de concessão possui as seguintes cláusulas: Definições, Objeto, Condições de prestação de serviço, Obrigações e encargos da transmissora, prerrogativas da transmissora, Receita do serviço de transmissão, Revisão da receita anual permitida, Fiscalização do serviço, Execução da garantia de fiel cumprimento, Penalidades, Intervenção na concessão, Extinção da concessão e reversão dos bens vinculados, Compromisso do acionista controlador ou sócio quotista, Prazo da concessão, Modo amigável de solução de divergências e foro do contrato, Riscos do negócio, Caso fortuito ou força maior e, Publicação e registro do contrato. Usualmente o contrato de concessão ainda contém anexos com as características e requisitos técnicos básicos das instalações de transmissão, diretrizes para apresentação de projetos, cronogramas, orçamentos e parâmetros tarifários da RAP, entre outros.

Resultados

Após ter arrematado o lote no leilão, a concessionária deve apresentar os documentos para a ANEEL (na BOVESPA) para que esta faça a homologação do leilão em Diário Oficial da União, assim a concessionária de energia e a ANEEL assinam o contrato de concessão do empreendimento mediante testemunhas. A validade do contrato de concessão para um negócio do setor de transmissão geralmente é de 30 anos. Os documentos devem ser digitalizados e cada parte recebe cópias do arquivo. Atividades sucessoras: A partir da data da assinatura do contrato a concessionária possui 4 meses para elaboração e entrega do Projeto Básico para apreciação da ANEEL.

Aplicações Projetos de LT nova (Aérea e Subterrânea). Projetos de Recapacitação de LT existente. Projetos de Reisolamento de LT existente

FONTE: OS AUTORES (2016).

67

FICHA DESCRITIVA LT07 - PROJETO BÁSICO

Ficha descritiva de atividade de projeto LT07

Projeto de Linha de Transmissão

Atividade Projeto Básico

Pré-requisitos

Assinatura do contrato de concessão e um documento que formaliza a transferência do empreendimento da área que fez a negociação para a área que vai implementar o projeto, geralmente chamado de Plano de Negócios. Este documento contém as informações básicas do negócio, junto com os valores e cronogramas. E por último, a assinatura dos contratos com as empresas terceirizadas responsáveis pela realização dos projetos e/ou fornecimento de materiais e serviços.

Materiais

Equipamentos de informática e escritório. Softwares úteis: Tower, PLS-CADD, SAPS, Google Earth, AutoCAD, MicroStation, Microsoft/Libre Office, CatLocVBA, ELEKTRA, ATP (Alterative Transient Program) e ArcGis.

Profissionais e Recursos Humanos

Profissionais de nível superior e técnico nas áreas de elétrica, civil, cartografia e meio ambiente.

Descrição

O Projeto Básico de uma LT é feito inteiramente pela empresa responsável pelo empreendimento, com apoio ou não de terceirizadas. Os responsáveis possuem um prazo de 4 meses para entregar para correção/aprovação da ANEEL duas cópias com os seguintes documentos e análises correspondentes ao projeto: Lista de normas técnicas referentes ao projeto, Apresentação das variáveis climatológicas, Cálculo de carregamentos devido a ventos, Características e estudos mecânicos dos cabos condutores e pára-raios e, Cálculo de curto-circuito, Trações, Flechas, Perdas, Distâncias de seguranças, Largura da faixa de servidão, Níveis de campo elétrico e magnético, Coordenação de Isolamento, Silhuetas das estruturas, árvores de carregamento, critérios de projeto de fundações, Definição de isoladores e ferragens, Sistema de aterramento e amortecimento, Plantas do traçado e localização das travessias, entre outros estudos.

Resultados

O Projeto Básico enviado para a ANEEL é avaliado item a item para verificação se atende aos requisitos colocados inicialmente no edital. Um documento é enviado para a concessionária relatando quais itens foram atendidos e quais estão com pendências e/ou merecem alteração. Em paralelo com esse processo, a empresa já inicia o desenvolvimento da definição do traçado e levantamento topográfico. Quando o Projeto Básico é aprovado, a ANEEL envia um documento descrevendo que todos os itens estão em conformidade e o ONS emite um parecer técnico autorizando as especificações do projeto. Atividades sucessoras: com o Projeto Básico aprovado, traçado definido e levantamento topográfico em andamento, as informações devem ser reunidas para incorporação dos projetos civil, estrutural e eletromecânico, e em paralelo os estudos ambientais podem ser iniciados.

Aplicações Projetos de LT nova (Aérea e Subterrânea). Projetos de Recapacitação e projetos de Reisolamento, para LT existente.

FONTE: OS AUTORES (2016).

68

FICHA DESCRITIVA LT08 - DEFINIÇÃO DO TRAÇADO

Ficha descritiva de atividade de projeto LT08

Projeto de Linha de Transmissão

Atividade Definição do Traçado

Pré-requisitos Um estudo completo sobre a diretriz do empreendimento feito a partir do Relatório R3.

Materiais

O relatório R3 é descrito de forma simplificada, portanto além do trabalho feito em campo, são necessários em escritório softwares como o Google Earth, que é um programa de livre acesso, e softwares específicos para o

processamento dos dados coletados em campo. Para o trabalho em campo é essencial um veículo para transporte, Equipamentos de Proteção Individual (EPI), GPS geodésico e equipamentos para medição de relevo e altimetria, como estação total por exemplo. Softwares úteis: Google Earth, AutoCAD, MicroStation, Microsoft/Libre Office e ArcGis.

Profissionais e Recursos Humanos

Profissionais do ramo de engenharia ambiental, florestal e cartografia. Engenheiros responsáveis pelo projeto da LT, técnicos em engenharia civil e técnicos em agrimensura.

Descrição

A definição do traçado da LT é o refinamento da diretriz sugerida no relatório R3, inicialmente descrita pelos vértices, no entanto pode ser diferente, desde que respeite a faixa de estudo definida no R3. Isto se deve ao fato da presença de inúmeros obstáculos ao longo do traçado e a concessionária leva em consideração a própria estratégia em atingir algumas interferência ao invés de outras, visto que a relevância do que é impactado não é normatizada. Assim, baseado nas análises socioambientais do R3 podem-se estimar custos de terras atingidas, já que há a possibilidade de se mudar o traçado. As principais considerações são em desviar de regiões valorizadas, áreas de preservação, áreas indígenas, centros urbanos, entre outros meios que interfiram de uma maneira socioambiental. Com o traçado definido, a equipe de campo está apta para realizar a implantação dos Marcos de Vértice (MV), geralmente transportando coordenadas de bases próximas conhecidas até a LT, e em seguida, já com GPS geodésico locar os demais vértices, garantindo uma melhor precisão das coordenada. Dessa forma, a equipe terá capacidade de proceder o trabalho com o levantamento cadastral e planialtimétrico da LT, que pode ser feito por voo ou topografia convencional.

Resultados

O principal resultado desta etapa é uma planilha com todas as coordenadas precisas dos MVs. Com estes dados elabora-se um arquivo, que geralmente está em formato kmz, mas pode ser em shp ou cad, que pode ser reconhecido através dos softwares citados. Em seguida, a equipe responsável vai fazer o processamento dos dados, para então ter apontamentos das localizações, relevos, distâncias, etc. Atividades sucessoras: relatórios e cadastros das propriedades atingidas e levantamento topográfico.

Aplicações Projetos de LT nova (Aérea e Subterrânea). Projetos de Recapacitação de LT existente. Projetos de Reisolamento de LT existente.

FONTE: OS AUTORES (2016).

69

FICHA DESCRITIVA LT09 - LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO E SONDAGEM GEOLÓGICA

Ficha descritiva de atividade de projeto LT09

Projeto de Linha de Transmissão

Atividade Levantamento Topográfico e Sondagem geológica

Pré-requisitos Topografia: traçado economicamente viável já definido e pontos de relevo levantados. Sondagem geológica: coordenadas das estruturas e especificações do projetista.

Materiais

Topografia: EPI, GPS geodésico, nível (para medição de altimetria), estação total e um veículo para deslocamento. Ou então, o que é mais recomendável pela qualidade do material, é o levantamento com voo, utilizando um avião de pequena tripulação, câmeras, sensores a laser e GPS em conjunto com uma equipe no chão para colocação de alvos no solo (marcos de vértice). Exemplo de software útil: ArcGis. Sondagem Geológica: GPS, veículo, câmera fotográfica e equipamento de sondagem, podendo ser SPT, vane test, cone CPT, trado, entre outros instrumentos

disponíveis.

Profissionais e Recursos Humanos

Topografia: Profissionais do ramo de engenharia cartográfica e civil para processamento de dados em escritório e, engenheiros e/ou técnicos em agrimensura, pelo menos 2 profissionais por instrumento para trabalho em campo. Se for utilizado levantamento com voo, é necessária equipe responsável para liberação e manutenção do avião, além do piloto e o operador dos equipamentos. Sondagem: Sondador e no mínimo dois ajudantes (sem necessidade de especialização), fiscal em campo (geralmente um técnico), um laboratorista para análise do material, e um engenheiro civil ou geólogo para verificação do laudo.

Descrição

O levantamento topográfico vai modelar o relevo a partir de procedimentos como fotogrametria e sensoriamento a laser. São necessárias etapas em campo e em escritório para processamento dos dados e o que varia de projeto a projeto são as tecnologias utilizadas. Quando a LT é muito extensa é altamente recomendável fazer-se levantamento topográfico aéreo, por motivos de praticidade, tempo e precisão, apesar de demandar mais tecnologias e provavelmente um custo mais alto. No entanto, dentro de área de vegetação é necessário utilizar o equipamento estação total, pois o GPS não consegue receber sinal do satélite. Atualmente o método de sondagem mais utilizado é sondagem à percussão, chamado também de SPT. Nesse método utiliza-se um equipamento que vai retirar amostras de solo através de uma haste revestida em aço especial a partir de golpes realizados com um tubo suspenso. Assim, já é observada a resistência do solo quanto à penetração do amostrador e o solo recolhido é enviado para análise granulométrica em laboratório.

70

Resultados

Topografia: A empressa vai receber um ou mais CDs com as imagens (ortofotos) do levantamento e dois arquivos, um em formato kmz e outro em xyz. O arquivo xyz contém a nuvem de pontos e as imagens servem para

avaliar áreas de vegetação, obstáculos e o relevo em geral, para fazer todo o layout da parte de planialtimetria, verificação de acessos e construções,

inserção em memoriais e plantas das propriedades e até alterações no traçado da LT. Já o arquivo kmz é usado para projetar as estruturas entre os vértices. Esse posicionamento de cada estrutura volta para a equipe de campo para materializar a locação. Um documento essencial gerado neste processo é a Seção Diagonal de cada torre, utilizado para levantamento de quantitativo de materiais e afloramentos das estruturas. Sondagem: A análise laboratorial e o boletim de medição de campo do sondador, que contém a informação de quantidade de golpes para cada camada e a norma NBR 6484, serão úteis para se determinar o tipo de solo, nível d'água, resistência do solo quanto à penetração, massa específica e outros dados essenciais para o projeto de fundações. Atividade sucessora: projeto eletromecânico.

Aplicações Projetos de LT nova (Aérea e Subterrânea). Em projetos de LT existente serão feitas estas atividades em caso de seccionamento da LT, realocação de torres recapacitação ou reisolamento.

FONTE: OS AUTORES (2016).

71

FICHA DESCRITIVA LT10 - PROJETO EXECUTIVO

Ficha descritiva de atividade de projeto LT10

Projeto de Linha de Transmissão

Atividade Projeto Executivo

Pré-requisitos Relatórios R1, R2, R3 e R4, Definição do Traçado, Levantamento Topográfico, Projeto Básico, quantitativos e valor dos contratos definidos para elaboração do projeto ou contratação de terceiros.

Materiais

Equipamentos de informática e escritório. Softwares úteis: Tower, PLS-CADD, SAPS, Google Earth, AutoCAD, MicroStation, Microsoft/Libre Office, CatLocVBA, ELEKTRA.

Profissionais e Recursos Humanos

Profissionais de nível superior e técnico nas áreas de elétrica, civil, cartografia e meio ambiente. Gerentes das divisões para gestão dos projetos e diretores para assinatura dos contratos.

Descrição

O Projeto Executivo pode ser realizado paralelamente à aprovação e correções do Projeto Básico, desde que todas as alterações sejam observadas. O Projeto Executivo é dividido em três projetos, o Eletromecânico (inclui projeto todos os cálculos elétricos e mecânicos), Civil (projeto das fundações) e Estrutural (projeto das torres). Assim, os estudos realizados serão principalmente sobre os seguintes aspectos: Relatório de vento e clima, Características elétricas básicas, Coordenação de isolamento, Faixa de passagem, Estruturas, Traçado, Fundações, Aterramento, Arranjos de isoladores, Sistema Ótico, Carga e Fadiga mecânica sobre cabos e descrição das Normas aplicáveis. Após o desenvolvimento do Projeto Executivo devem ser emitidas três Anotações de Responsabilidade Técnica (ART), uma para cada tipo de projeto.

Resultados

Desenhos, relatórios, memoriais, resultados de medições, Lista de Materiais (LM), Lista de Etapas e Preços (LEP) entre outros documentos que serão entregues utilizados para pesquisa de preços de materiais e serviços de fornecedores e/ou empresas terceirizadas responsáveis pelas obras do empreendimento. Durante esse processo ocorrem também ensaios e inspeções de materiais. Para cada fornecedor haverá contratos que serão assinados por diretores da concessionária. O Projeto Executivo está interligado com as aprovações das intervenções na LT, principalmente aos estudos ambientais, e também com o levantamento cadastral dos imóveis atingidos, dessa forma para obtenção das licenças haverão as necessidades de completar estas etapas.

Aplicações Projetos de LT nova (Aérea e Subterrânea). Projetos de Recapacitação de LT existente. Projetos de Reisolamento de LT existente.

FONTE: OS AUTORES (2016).

72

FICHA DESCRITIVA LT11 - RELATÓRIOS E CADASTROS DE PROPRIEDADES

Ficha descritiva de atividade de projeto LT11

Projeto de Linha de Transmissão

Atividade Relatórios e cadastros de propriedades

Pré-requisitos

Definição do traçado realizada e é desejável que o Projeto executivo esteja em desenvolvimento. São fundamentais os documentos: Matrículas dos imóveis adquiridas em Cartório de Registros de Imóveis (RI) e termo de autorização assinado pelo proprietário ou representante legal, para entrada e avaliação da propriedade.

Materiais Em campo: EPI, equipamentos de topografia como estação total e RTK (GPS com referenciamento à rádio), veículo para locomoção e câmera fotográfica. No escritório: material de informática.

Profissionais e Recursos Humanos

Em campo: São necessárias no mínimo duas pessoas: um Topógrafo, geralmente Técnico Agrimensor e um Balizador, um ajudante com desejável experiência na área e com os equipamentos topográficos. No escritório: Profissionais de nível médio ou superior, geralmente técnico agrimensor, arquiteto, agrônomo ou engenheiro civil, responsáveis pela conferência dos dados topográficos oriundos do campo. É desejável a presença de um desenhista, formação mínima de nível médio, para produção de desenhos técnicos, que serão os produtos finais.

Descrição

Em posse das coordenadas geográficas, dos MVs da diretriz da LT, bem como das matrículas dos imóveis atingidos pela servidão de passagem, levantam-se em campo as coordenadas de todos os pontos de interesse contidos na faixa (confrontantes de imóveis, cercas, culturas, benfeitorias, estradas particulares ou públicas, rodovias, ferrovias, rios, entre outras intervenções). Quando possível confere-se em campo juntamente com o proprietário as divisas fiscais do imóvel avaliado. Os dados coletados são repassados ao escritório para preparação dos documentos.

73

Resultados

O objetivo principal deste processo é a partir da realização do levantamento topográfico do terreno, obter a Planta Cadastral da LT e desenvolver o Memorial Descritivo do Imóvel. Estes produtos são essenciais para a futura descrição do laudo de avaliação de cada propriedade, visando sempre o objetivo final do escopo que é a averbação da servidão de passagem na matrícula dos imóveis. O levantamento topográfico vai levantar informações necessárias para os documentos: Planta Cadastral: é um desenho que apresenta por onde a LT atravessa o terreno, as dimensões que compreendem a servidão, as benfeitorias do local (edificações, construções e bens), culturas, vegetações, as coordenadas, cotas, acessos e outros dados relevantes. Memorial Descritivo do Imóvel: contém os dados de identificação do imóvel e do proprietário e ainda apresenta as informações da planta cadastral de forma detalhada, descrevendo principalmente o que está compreendido dentro do perímetro atingido. Os profissionais do setor administrativo são responsáveis por elaborar Memorandos, Carta para ANEEL e Carta para o governo com base no DUP.

Aplicações Projetos de LT nova (Aérea e Subterrânea). Projetos de Recapacitação de LT existente. Projetos de Reisolamento de LT existente.

FONTE: OS AUTORES (2016).

74

FICHA DESCRITIVA LT12 - ELABORAÇÃO DE PROPOSTAS PARA INDENIZAÇÃO

Ficha descritiva de atividade de projeto LT12

Projeto de Linha de Transmissão

Atividade Elaboração de propostas para indenização

Pré-requisitos

Relatórios cadastrais, que incluem a planta cadastral com todos os imóveis que estão contidos no traçado da LT, Memoriais Descritivos de cada imóvel e Pauta de Valores dos imóveis da região. É desejável que já esteja emitido o Decreto de Utilidade Pública (DUP), também chamado de Resolução Autorizativa (RA).

Materiais Equipamentos de tecnologia da informação, mobiliário e material de escritório em geral.

Profissionais e Recursos Humanos

Para análises e supervisão, esta etapa pode ser realizada por Engenheiros (civil, agrônomo ou agrimensor) e também Arquiteto. Para e emissão da Resolução Autorizativa (decreto de utilidade pública de nível federal) é recomendável pelo menos um profissional do ramo administrativo.

Descrição

O principal documento para elaboração da proposta para indenização é o Laudo de Avaliação, também chamado de Parecer Técnico. As duas variáveis mais significativas no laudo são o preço da área unitária (em R$/m² ou R$/hectare) da propriedade e o coeficiente de servidão. O valor da indenização proposta administrativamente é o produto da área de servidão (obtida na planta cadastral) pelo coeficiente de servidão. Já o valor da área unitária é obtido quase que na totalidade dos casos pelo método comparativo de dados de mercado, norteado pela NBR 14653, consistindo na coleta de amostras no mercado imobiliário, a partir de estudos em atributos econômicos, físicos, de localização, entre outros aspectos relevantes. A fim de tratar as diferentes características existentes entre os elementos amostrais e o imóvel em avaliação faz-se homogeneização através de fatores validados por instituições de renome no meio avaliativo, Para determinação do coeficiente de servidão não existem diretrizes específicas em norma, mas sim diversos métodos desenvolvidos por especialistas e órgãos do meio. Cada concessionária desenvolve seu próprio método de acordo com o perigo, as restrições e com o incômodo que a LT oferece no espaço.

75

Resultados

A apresentação da proposta é o resultado deste processo e ocorre quando um negociador da empresa vai até o proprietário e lhe apresenta o Laudo, com o propósito negociar a proposta administrativa de indenização. O dono do imóvel pode aceitar ou não. Se houver o aceite, a empresa deve ir a um cartório de notas para formalizar a escritura pública de servidão do imóvel, depois efetua o pagamento ao proprietário e por último faz a averbação na matrícula do imóvel com a presença da LT. Se não houver o aceite ou se houver pendências de documentação, haverá o início de um processo judicial com assessoria jurídica para indenização. Caso não tenha sido emitido o DUP, com a Planta Cadastral, Memoriais Descritivos e orçamentos para indenização é solicitado o documento de decreto de utilidade pública, que será encaminhado para o Diário Oficial da União (DOU) e também para análise da ANEEL em até 90 dias.

Aplicações

Projetos de LT nova (Aérea e Subterrânea). Para projetos de LT existentes deve-se avaliar se já existe averbação na matrícula e a esfera jurídica vai decidir se haverá indenização ou não, conforme as leis. A Resolução Autorizativa não se aplica para projetos de LT existente.

FONTE: OS AUTORES (2016).

76

FICHA DESCRITIVA LT13 - ASSESSORIA PARA INDENIZAÇÃO

Ficha descritiva de atividade de projeto LT13

Projeto de Linha de Transmissão

Atividade Assessoria nos processos judiciais

Pré-requisitos Vão anexos ao processo judicial: DUP, Planta Cadastral, Memorial Descritivo do Imóvel, Petição, Laudo de Avaliação.

Materiais

Vistoria em campo exige equipamentos de medição e análise de terreno, câmera fotográfica, GPS, veículo para locomoção, etc. As demais atividades são feitos no escritório, cartório e tribunal, e, portanto requerem instrumentos de informática em geral.

Profissionais e Recursos Humanos

Na concessionária: É preciso de Advogado para a defesa, junto com um Engenheiro, que será o seu assistente técnico. Parte do proprietário: um Advogado e é recomendável que trabalhe também um assistente técnico (pode ser um corretor de imóveis). No espaço judicial: juiz, perito (geralmente engenheiro), oficial de justiça, profissionais de cartório, escriturário, etc.

Descrição

Esta atividade ocorre no caso em que o proprietário não aceitou a proposta para indenização ou quando existe a recusa de acesso físico no terreno ou ainda quando há pendência de documentação para imissão na posse, assim surge a exigência de que a concessionária ingresse judicialmente pleiteando a imissão na posse, e assim é aberto um processo na esfera judicial para que haja um acordo e seja feita a averbação da servidão no registro do imóvel. Então é feita uma petição padrão do requerente (concessionária), a nomeação de perito judicial e vistoria prévia na propriedade. O juiz vai julgar apenas se a indenização é justa, não vai julgar os métodos utilizados na avaliação, e ele segue a Constituição Brasileira, que descreve que a indenização deve ser prévia e justa. Como o juiz não possui conhecimento técnico para avaliar os métodos, o perito judicial com auxílio técnico da empresa tem o dever de estipular, através de uma vistoria e análise de mercado, a indenização justa. O perito prepara um laudo, que é entregue ao juiz e este pode acatar ou contestar o propósito. Em caso de contestação, as partes irão estudar os laudos e discutir as inconformidades para apresentação de um novo laudo ao juiz.

Resultados

Tratando-se de um processo judicial, ainda há possibilidades de qualquer uma das partes recorrer a outra esfera judicial, mas quando se chega ao acordo, o juiz emite uma sentença a concessionária está autorizada para fazer o pagamento. Nesse caso, se a empresa não aceitar a decisão ainda pode recorrer ao tribunal também. Se houver o aceite o juiz emite uma liminar ao cartório para averbação da servidão na matrícula do imóvel. É comum os casos terminarem em primeira instância.

Aplicações Projetos de LT nova (Aérea e Subterrânea). Para projetos de LT existentes processos judiciais para indenização são raros, mas quando ocorrem geralmente são por requerimento de indenizações não pagas.

FONTE: OS AUTORES (2016).

77

FICHA DESCRITIVA LT14 - APROVAÇÕES DAS INTERVENÇÕES

Ficha descritiva de atividade de projeto LT14*

Projeto de Linha de Transmissão LT14**

Atividade Aprovações das Intervenções

Pré-requisitos

Projeto executivo em desenvolvimento, conhecimento das normas ABNT e normas/especificações técnicas do agente responsável pela infraestrutura transposta. Dependendo do tipo de intervenção há a necessidade de que a Licença Prévia (LP) já tenha sido emitida anteriormente ao início dos projetos de travessias e muitas vezes são fundamentais inspeções técnicas no local. É necessário o levantamento planialtimétrico dos ativos atravessados também.

Materiais

Equipamentos de informática e escritório. Softwares úteis: Tower, PLS-CADD, SAPS, Google Earth, AutoCAD, MicroStation, Microsoft/Libre Office, CatLocVBA, ELEKTRA, ArcGis.

Profissionais e Recursos Humanos

Pelo menos um desenhista (sem necessidade de que seja graduado em engenharia), uma equipe com engenheiros e técnicos (das áreas de civil, elétrica, civil, ambiental) para elaboração e revisão dos projetos e desenhos. No mínimo um profissional do setor administrativo, que vão fazer a união dos documentos relacionados à parte burocrática e também um advogado (em ambas as partes) para avaliação e assinatura do Termo de Autorização da intervenção. Ainda é importante a presença de um profissional do domínio financeiro para eventuais pagamentos de taxas.

Descrição

Inicialmente a equipe de desenvolvimento do projeto deve verificar qual a concessionária ou órgão responsável pela infraestrutura ou unidades de conservação transpostas e consultá-lo sobre as exigências para elaboração de relatórios, memoriais, documentos e demais arquivos de projetos para solicitação da autorização. Logo, existe a realização e revisão deste material e são encaminhadas, geralmente via correio físico (não eletrônico), para o órgão, que vai analisar. Se forem necessárias correções, o projeto é reencaminhado para nova verificação, senão há a aprovação e é emitido um termo para celebração da autorização ou carta de anuência. É bom salientar que alguns órgãos cobram taxa de análise. Intervenções no âmbito socioambiental requerem usualmente reuniões presenciais para mais fácil sensibilização, de forma a garantir a anuência da transposição, que é uma premissa para a emissão da LP, que vai ser emitida após autorização. Já em intervenções que não são de natureza socioambiental a LP deve já estar emitida para elaboração dos estudos e projetos.

Resultados

O principal documento resultante deste processo é o Termo de Autorização, contrato que contém os critérios técnicos e jurídicos, no qual as duas partes celebram a autorização da transposição dos empreendimentos, geralmente sem prazo de validade. Os advogados de ambas as partes irão avaliar se as cláusulas atribuídas e as taxas legais cobradas são abusivas ou justas. Outros documentos subsequentes seriam a Carta de Anuência, a qual o órgão redige e envia para a empresa responsável e dependendo da instância do órgão é publicado em diário oficial e por último a Certidão de Uso e Ocupação do Solo, que informa sobre as atividades permissíveis e uso do solo no município.

Aplicações Projetos de LT nova (Aérea e Subterrânea). Para projetos de LTs existentes é fundamental que se informe o órgão interveniente e consulte as exigências para elaboração dos projetos e burocracia necessária.

FONTE: OS AUTORES (2016).

78

FICHA DESCRITIVA LT15 - ESTUDOS AMBIENTAIS

Ficha descritiva de atividade de projeto LT15

Projeto de Linha de Transmissão

Atividade Estudos Ambientais

Pré-requisitos

Projeto Básico e a definição do traçado em desenvolvimento. Além disso, é necessária uma autorização de captura de fauna, que requer uma apresentação para órgão ambiental de um plano de trabalho com metodologia de captura.

Materiais

Escritório: material de informática e softwares para mapeamento temático (exemplo: ArcGis, Google Earth). Campo: GPS, câmera, veículo, EPI, clinômetro, redes de neblina (captura de aves e morcegos), armadilhas para pequenos mamíferos (exemplos: shermann e tomahawk), armadilhas

para grandes mamíferos (sensores de movimento), armadilhas para anfíbios e répteis (exemplo: pitfall), ganchos herpetológicos (cobras), cambão (exemplo: laço de Lutz), instrumentos de avaliação e medição de

animais, cavadeiras e pincéis para análises arqueológicas, etc.

Profissionais e Recursos Humanos

Para trabalho em campo e escritório com relação às análises de fauna e arqueologia é preferível que seja a mesma equipe, que pode ser formada por arqueólogos, botânicos, biólogos, engenheiros florestais, auxiliares de campo e pelo menos um profissional do setor de socioeconomia (recomendável que seja um sociólogo ou antropólogo), responsável por entrevistas em campo com a comunidade. Necessário um coordenador para a equipe. Para os levantamentos do meio físico são recomendados geógrafos, engenheiros ambientais e civis.

Descrição

Em campo, os profissionais de fauna abrem as trilhas no local, instalam armadilhas e capturam os animais. Logo, fazem as medições e exames no próprio local para logo em seguida soltá-los. No local são feitas análises preliminares do potencial arqueológico e dependendo dos resultados são realizadas prospecções, que identificam vestígios arqueológicos no local. A equipe ainda vai realizar os levantamentos do meio físico (solo, clima, hidrologia, geologia, geomorfologia), socioeconômico (estudos das comunidades) e das legislações pertinentes, tanto da região quanto das normas/especificações dos órgãos. No escritório, os dados e informações obtidas em campo são sintetizados para produção dos relatórios. O processo de levantamento arqueológico não será descrito devido ao alto nível de detalhamento das atividades, entretanto vale destacar que é junto dessa etapa de estudos ambientais em que ocorrem estas tarefas. Ainda nesse processo os profissionais de flora realizam o levantamento preliminar da vegetação a ser atingida pela implantação da LT.

79

Resultados

O principal resultado deste processo é a elaboração dos relatórios de estudos ambientais, que abordam as alternativas locacionais e tecnológicas, características do empreendimento, aspectos regulatórios, programas e planos governamentais, identificação e diagnósticos dos impactos nos meios físico, biótico e socioeconômico, prognóstico ambiental e apresentação de propostas para compensação e mitigação dos impactos ambientais. A produção dos relatórios vai depender das regulações do órgão ambiental interveniente e do grau de impacto do empreendimento, são muitas variáveis que definem se serão elaborados o EIA e RIMA (Estudos de Impactos Ambientais e Relatório de Impacto de Meio Ambiente, respectivamente) ou RAP ou RAS (Relatório Ambiental Preliminar e Relatório Ambiental Simplificado, respectivamente). A diferença é que para o EIA/RIMA existe audiência pública e são feitas duas campanhas de fauna, enquanto que para RAP/RAS, além de serem relatórios mais simples, exigem apenas uma campanha. Os relatórios são enviados aos órgãos ambientais pertinentes relacionados ao empreendimento. Com a aprovação destes produtos, é emitida uma Licença Prévia (LP) pelo órgão interveniente responsável, que viabiliza o empreendimento no contexto ambiental.

Aplicações Projetos de LT nova (Aérea e Subterrânea). Projetos de LTs existentes geralmente são isentos de apresentação de estudos de impactos ambientais.

FONTE: OS AUTORES (2016).

80

FICHA DESCRITIVA LT16 - PROGRAMAS AMBIENTAIS E INVENTÁRIO FLORESTAL

Ficha descritiva de atividade de projeto LT16

Projeto de Linha de Transmissão

Atividade Programas Ambientais e Inventário Florestal

Pré-requisitos

Necessária a LP, pois contém as condicionantes para os programas ambientais de compensação e mitigação na fase de instalação. É essencial também o DUP para uso do terreno. É importante um acordo/judicialização com o proprietário para entrada no imóvel.

Materiais Em campo: instrumentos de poda e armazenamento de vegetação coletada. Laboratório herbário: equipamentos para análise da flora. No escritório: material de informática para produção dos relatórios.

Profissionais e Recursos Humanos

Para coleta de flora em campo e análise em laboratório herbário: botânico, biólogo, engenheiro florestal e auxiliar de campo (geralmente um técnico). A mesma equipe pode ser responsável pela criação do PBA (Projeto Básico Ambiental) ou do RDPA (Relatório de Detalhamento dos Programas Ambientais).

Descrição

Uma equipe vai a campo para coleta de material de flora (raízes, frutos, ramos, folhas, etc) que será levada para análise em laboratório herbário. Com os resultados dos exames, a equipe pode desenvolver o Inventário Florestal, um relatório que apresenta as metodologias utilizadas em campo, os tipos de vegetação presentes nas regiões, mensuração de volumes e as propostas de compensação da supressão da vegetação. Este documento é essencial para autorização de supressão de vegetação. Outro documento resultante é o relatório dos programas ambientais, que pode ser um PBA ou o RDPA. Ambos têm a mesma finalidade, que é a de definir o compromisso do empreendedor que vai realizar os programas de compensações, mitigações, indenizações, reposições consequentes dos impactos ambientais causados pelas obras, evidenciando todos os métodos e processos de cada programa e subprograma. A única diferença é que o RDPA é um diagnóstico mais sintetizado do que o PBA.

Resultados

Como resultado final a concessionária recebe do órgão ambiental conveniente um documento chamado de Autorização da Supressão Vegetal (ASV), contendo as discriminações das áreas atingidas, tipos de vegetações suprimidas, estágio de sucessão e volume autorizado. Também é emitida a Licença de Instalação (LI), que consiste na permissão para construção da LT.

Aplicações Projetos de LT nova (Aérea e Subterrânea). Projetos de LTs existentes geralmente são isentos de apresentação de Inventário Florestal e do PBA ou RDPA.

FONTE: OS AUTORES (2016).

81

5 METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE RDs

Este capítulo aborda a apresentação da metodologia desenvolvida para

elaboração e projetos de RDs. O capítulo é subdividido em fluxograma multifuncional

e fichas descritivas, diferente do capítulo de elaboração de projetos de LTs. Neste

capítulo não foi abordada a criação de um de cronograma de macroetapas devido à

maior simplicidade dos projetos de RDs e também à maior agilidade na execução

das obras.

Esta metodologia é sugerida para profissionais que trabalham tanto em

Companhias de Energia quanto para profissionais de empresas terceirizadas, e em

alguns processos existem diferenças nas atividades de acordo com a empresa de

atuação, que são apontadas na descrição das fichas descritivas. A abordagem foi

proposta para projetos de RDs na baixa e média tensão, não considerando os

projetos na alta tensão nem a necessidades de obras em SEs.

A sistematização adotada para desenvolvimento do trabalho sobre

elaboração de projetos de LT seguiu-se da maneira apresentada na FIGURA 8.

FIGURA 8 - DIAGRAMA DA METODOLOGIA DESENVOLVIDA PARA RD.

FONTE: OS AUTORES (2016).

5.1 FLUXOGRAMA MULTIFUNCIONAL

O fluxograma multifuncional referente à elaboração de projetos de RD foi

dividido em sete setores, adotados de modo a ilustrar a divisão de tarefas entre

equipes tanto para projetos elaborados por empresas terceirizadas quanto para

projetos elaborados pela concessionária de energia. Não foi incluído no fluxograma

o setor de planejamento a nível federal (ONS, EPE, ANEEL), visto que a

82

concessionária de energia tem autonomia para realizar a elaboração, aprovação e

execução de projetos de RD de MT e BT. Porém é necessário que a concessionária

envie anualmente à ANEEL o Plano de Desenvolvimento da Distribuição (PDD),

documento que apresenta o resultado dos estudos de planejamento elétrico e

energético do sistema de distribuição, incluindo o plano de obras, a relação de obras

realizadas e análise crítica de comparação entre obras planejadas e realizadas.

Projetos de RDs surgem através de novas solicitações de clientes

(acessantes) ou a partir de estudos do planejamento da expansão do sistema. Para

o primeiro caso, é necessário que o interessado forneça dados suficientes para

possibilitar o estudo de fornecimento de energia ou de acesso ao sistema de

distribuição, tais como identificação e localização da unidade consumidora, natureza

da atividade a ser exercida, informações técnicas dos equipamentos utilizados e

planta em arquivo digital, no caso de loteamentos. Com esses dados é possível

estimar a demanda a ser considerada para análise de viabilidade técnica de

conexão ao sistema de distribuição. Os métodos para estimar essa demanda variam

de acordo com a concessionária de energia, mas de maneira geral são utilizados

dados estratificados de medições periódicas de consumidores já conectados ao

sistema aplicados a um determinado horizonte de planejamento. Ainda, utiliza-se do

fator de diversidade no caso de vários consumidores em um mesmo circuito. É

necessário também a obtenção de dados preliminares, como plantas cadastrais e

relatórios técnicos da rede de distribuição, disponíveis sob consulta à Base de

Dados Geográficos da Distribuidora (BDGD). Para os casos de projetos elaborados

por profissionais externos que não possuam acesso a esse sistema é necessário

entrar em contato com a concessionária para solicitar essas informações. Com

esses dados é possível determinar a necessidade de obras, e consequentemente de

projeto, no sistema de distribuição para atendimento ao solicitante. Para os casos

em que exista rede distribuição próxima e a mesma suporte a demanda proposta,

não necessitando de projetos e obras, o cliente pode ser liberado para conexão ao

sistema de distribuição. Somente a concessionária de energia pode autorizar a

ligação da unidade consumidora, portanto profissionais externos devem fazer a

solicitação à companhia.

Nos casos em que não se existe disponibilidade da RD para atendimento à

demanda do cliente em MT e/ou houver necessidade de atendimento a cargas

especiais é necessário que o setor de planejamento realize simulações e estudos de

83

impactos da carga no Sistema Elétrico. O setor de planejamento também é

responsável por monitorar o nível de tensão e carregamento dos circuitos de média

tensão, avaliando a necessidade de obras de melhoria no sistema de distribuição.

Para ambas situações são enviados ao setor de projetos relatórios contendo, entre

outros itens, croqui dos serviços a serem executados.

Nos casos em que não se existe disponibilidade da RD para atendimento à

demanda do cliente em BT sem cargas especiais é necessário explorar, ainda em

escritório, as alternativas de atendimento. Este processo tem como principal

resultado um esboço com traçado estimado do projeto, a ser validado com

levantamento de campo. Nesta etapa é possível prever, através de softwares como

Street View e Google Earth, a necessidade de levantamento topográfico e ambiental.

O levantamento de campo é realizado a fim de conferir a planta cadastral e

verificar a viabilidade técnica do traçado estimado, analisando e anotando

interferências ambientais e geográficas, assim como todos os detalhes necessários

para elaboração do projeto. É realizado o levantamento topográfico e estudo de

quantidade e tipologia de árvores com necessidade de corte, quando aplicável.

Com as informações da planta cadastral com as anotações e detalhes de

campo é possível elaborar o desenho do projeto em simultaneidade com o

dimensionamento eletromecânico. As representações gráficas variam de acordo

com a concessionária de energia e é necessária a consulta em normas específicas

para verificação da simbologia adequada exigida pela concessionária. O

dimensionamento eletromecânico tem como principais resultados a tipologia de

postes e condutores a serem utilizados no projeto, assim como dimensionamento de

transformadores, para-raios, chaves de operação e outros equipamentos da rede de

distribuição.

Com essas informações determinadas é possível gerar a lista de materiais e

serviços necessários para execução da obra, exigida para aprovação do projeto. É

frequentemente exigido pelas concessionárias que essa lista seja elaborada em

softwares próprios da companhia de energia, devido a códigos cadastrais

específicos de cada concessionária. Com essa lista é possível elaborar a proposta

comercial, que é enviada para aprovação do cliente. Caso não seja aprovada, o

processo é arquivado; caso aprovada, é necessário a reunião e assinatura de

documentos exigidos pela concessionária para aprovação do projeto. Para projetos

elaborados por terceiros, após os documentos e pranchas do projeto assinadas pelo

84

responsável técnico, o processo é enviado para análise da concessionária. Após a

assinatura do responsável técnico da concessionária o projeto é enviado para

aprovação e anuência dos órgãos ambientais e intervenientes, quando aplicáveis.

Se não for necessário a autorização desses órgãos o projeto é considerado

tecnicamente liberado para execução.

Na FIGURA 9 é apresentado o fluxograma multifuncional referente à

elaboração de projetos de RDs.

85

FIGURA 9 - FLUXOGRAMA MULTIFUNCIONAL RD.

FONTE: OS AUTORES (2016).

86

5.2 FICHAS DESCRITIVAS

Todas as atividades inseridas no fluxograma multifuncional que tiveram

atribuição de códigos foram descritas em fichas, abordando os seguintes tópicos:

pré-requisitos;

materiais;

profissionais e recursos humanos;

descrição;

resultados;

aplicações.

Para o processo de elaboração de projetos de RDs foram produzidas, a

partir de consultas técnicas não estruturadas e pesquisas bibliográficas, 15 fichas

descritivas que serão apresentadas a seguir.

87

FICHA DESCRITIVA RD01 - RECEBIMENTO DE SOLICITAÇÃO DE SERVIÇO

Ficha descritiva de atividade de projeto RD01

Projeto de Rede de Distribuição

Atividade Recebimento de solicitação de serviço

Pré-requisitos Informações básicas do solicitante tais como endereço do empreendimento, características e finalidade da solicitação, dados de equipamentos a serem atendidos e disjuntor geral de proteção.

Materiais Equipamentos de informática, mobiliário e material de escritório em geral, necessário para recebimento da solicitação do solicitante, via e-mail.

Profissionais e Recursos Humanos

Não é fundamental a existência de profissional qualificado para execução desta atividade, pois não há necessidade de conhecimentos técnicos específicos para realização da atividade.

Descrição

O cliente solicita "Consulta de Acesso" ao Sistema de Distribuição, informando dados que permitem a realização de estudos de viabilidade do seu empreendimento.

Resultados

A solicitação é cadastrada em banco de dados e tramitada ao profissional responsável da área técnica, com os respectivos arquivos fornecidos pelo solicitante, que servirão de subsídio para o cálculo da demanda a ser atendida, e determinar a necessidade de realização de obras para a ligação.

Aplicações Projetos de Rede de Distribuição Aérea em BT e MT.

FONTE: OS AUTORES (2016)

88

FICHA DESCRITIVA RD02 - DETERMINAÇÃO DA DEMANDA.

Ficha descritiva de atividade de projeto RD02

Projeto de Rede de Distribuição

Atividade Determinação da Demanda

Pré-requisitos Informações básicas do solicitante tais como endereço do empreendimento, características e finalidade da solicitação, dados de equipamentos a serem atendidos e disjuntor geral de proteção.

Materiais

Material de informática para cálculo da demanda a ser atendida, fatores de demanda típico da Base de Dados Geográficos da Distribuidora (BDGD), disponíveis em normas específicas; softwares úteis: Microsoft Office, Libre Office.

Profissionais e Recursos Humanos

Profissionais de nível técnico ou superior na área de Eletrotécnica, com conhecimento suficiente para determinar a melhor opção para cálculo da demanda de acordo com as diversidades da situação de atendimento.

Descrição

Para casos de atendimento a consumidores em BT com demanda menor que 75kVA (200A): com as informações fornecidas pelo solicitante, como localização e equipamentos a serem atendidos, estuda-se a melhor opção para cálculo da demanda, de acordo com as normas vigentes da Companhia. Usualmente são utilizados valores típicos conseguidos através de dados estatísticos realizados pela Companhia dentro de um horizonte de estudo. Porém existem casos que a unidade consumidora é atendida por Projetos Elétricos, como é o caso de edifícios de uso coletivo, em que o projetista responsável pelo projeto interno faz o levantamento das cargas a serem atendidas e multiplica este fator por um fator de demanda. Esta carga demandada é a contratada entre o consumidor e Companhia, e deve ser adotada como a carga necessária a ser atendida pela Rede de Distribuição. Neste caso a demanda não é calculada pelo setor de projetos, pois não faz parte do escopo da RD Aérea.

Resultados

Para casos de atendimento de consumidores em baixa tensão em que a demanda não está especificada em Projeto Elétrico interno, é determinada a demanda do consumidor, a ser utilizada para análise de viabilidade de ligação no Sistema de Distribuição.

Aplicações Projetos de Rede de Distribuição Aérea em BT e MT

FONTE: OS AUTORES (2016)

89

FICHA DESCRITIVA RD03 - OBTENÇÃO DE DADOS PRELIMINARES.

Ficha descritiva de atividade de projeto RD03

Projeto de Rede de Distribuição

Atividade Obtenção de Dados Preliminares

Pré-requisitos Endereço do solicitante, ou dados de referência elétrica da RD, como dados de placas de transformadores e chaves de manobra.

Materiais

Material de informática para obtenção dos relatórios do circuito e planta cadastral da região; mobiliário e material de escritório em geral. Softwares úteis: Google Street View, Google Earth e Base de Dados

Geográfico da Distribuidora (BDGD).

Profissionais e Recursos Humanos

Profissionais de nível técnico ou superior das áreas de Eletrotécnica e Engenharia Elétrica, responsáveis pela avaliação da necessidade de obras na rede. Ao menos um profissional com acesso ao BDGD para consulta das plantas cadastrais e relatórios técnicos.

Descrição

Com as informações fornecidas pelo cliente o profissional atuante na Companhia pode consultar em cadastro as características completas da RD, avaliando a necessidade de obras. Para os profissionais externos, podem entrar em contato com a Companhia e solicitar relatório de carregamento do circuito e plantas cadastrais, e verificar se existem projetos em desenvolvimento da Companhia. Essas plantas cadastrais possuem informações da posição e tipologia dos postes e circuitos no arruamento.

Resultados

Constata-se a necessidade de obras na RD; determina-se o tipo e características de projeto a ser desenvolvido. Para os profissionais externos, mesmo que as plantas não possuam informações das estruturas da rede, pode-se consultar pelo Street View, quando disponível, com riscos

de o cadastro estar errado.

Aplicações Projetos de Rede de Distribuição Aérea em BT e MT.

FONTE: OS AUTORES (2016)

90

FICHA DESCRITIVA RD04 - SIMULAÇÕES DE IMPACTO NO SISTEMA ELÉTRICO

Ficha descritiva de atividade de projeto RD04

Projeto de Rede de Distribuição

Atividade Simulações de Impacto no Sistema Elétrico

Pré-requisitos Necessidade de alteração ou inclusão de alimentadores para atendimento às solicitações de inclusão de grandes demandas no Sistema Elétrico.

Materiais Equipamentos de tecnologia da informação, mobiliário e material de escritório em geral usado para possibilitar acesso à BDGD.

Profissionais e Recursos Humanos

Engenheiros da área de Sistemas de Potência e Eletrotécnica

Descrição

Para casos em que não existe disponibilidade da RD para atendimento à demanda do cliente, e se ainda for constatada a necessidade de implantação de novo alimentador de Média Tensão, o setor de Planejamento e Expansão do Sistema da Companhia de Energia é responsável por consultar as áreas de planejamento da Alta Tensão e o Setor de Obras da Transmissão e Proteção de Subestações a fim de indicar obras e estimativa orçamentária para atendimento do consumidor. Nesse caso este setor é responsável por realizar simulações e estudos de impactos da carga no Sistema Elétrico, definir o dimensionamento das obras necessárias na Subestação e localização do Bay para interligação entre a rede de distribuição e a SE. Após os estudos e simulações no Sistema Elétrico, são enviados relatórios ao setor de projetos. Ainda, existe a situação em que este setor monitora os níveis de tensão e carregamento dos alimentadores, constatando a necessidade de obras de melhoria na RD. Nesse caso a Solicitação de projeto é enviada diretamente ao setor de projetos para verificar a viabilidade de implantação do planejamento.

Resultados

Envio de solicitação de elaboração de projetos para atendimento ao consumidor, com Relatório de Obras do Planejamento: proposta de obra na rede contendo croqui dos serviços a serem executados, descrição, justificativa, custo previsto e seus respectivos itens orçamentários, previsão de conclusão da obra e pay-off. Outro caso possível é quando este setor

constata, após análises no Sistema de Potência, a necessidade de melhoria dos índices de qualidade de energia do sistema. Neste caso, o mesmo relatório é enviado ao setor de projetos da Companhia de Energia para estudo de viabilidade. Ainda, esse setor é responsável pela elaboração do Plano de Desenvolvimento da Distribuição, que é enviado anualmente à ANEEL.

Aplicações Processo realizado apenas pela Companhia de Energia para projetos de Rede de Distribuição Aérea Rural e Urbana, acarretando em obras do tipo Ampliação e Melhoria.

FONTE: OS AUTORES (2016)

91

FICHA DESCRITIVA RD05 - EXPLORAÇÃO DE ALTERNATIVAS DE ATENDIMENTO

Ficha descritiva de atividade de projeto RD05

Projeto de Rede de Distribuição

Atividade Exploração de Alternativas de Atendimento

Pré-requisitos Plantas cadastrais; Relatório de Cargas Existentes no Circuito; demanda individual e/ou diversificada definidas.

Materiais Cartas topográficas, plantas cadastrais e fotografias aéreas, impressora. Softwares úteis: Google Earth, Street View, AutoCAD/ProgeCAD.

Profissionais e Recursos Humanos

Engenheiros ou técnicos na área de Eletrotécnica para realizar estudos prévios de atendimento à carga.

Descrição

Baseando-se nas plantas cadastrais, relatórios técnicos da RD e imagens de satélite, estudam-se possíveis situações de atendimento ao projeto de acordo com o tipo de solicitação; para atendimento a áreas novas, exploram-se alternativas de atendimento em consonância com áreas e características similares (grau de urbanização, área de lotes, categoria de atendimento). Elabora-se traçado estimado conforme normas de Elaboração de Projetos de Rede de Distribuição da Concessionária da região. Com a análise das plantas cadastrais e de dados do Google Earth e Street View é possível prever a necessidade de levantamento topográfico e prever

interferências ambientais. Para estes casos, analisar a viabilidade técnica e econômica, considerando os recursos e profissionais disponíveis e distância de locomoção, entre realizar o levantamento topográfico mesmo sem a certeza de aprovação e pagamento do projeto, ou ir ao local e estimar a locação dos postes.

Resultados

Para atendimento da solicitação de consumidor direto, ainda em escritório, elabora-se croqui com traçado estimado da rede, a ser validado com levantamento de campo. Para os casos em que a solicitação de projeto vem diretamente do setor de planejamento, já é recebida com croqui e relatório de estudos realizado.

Aplicações Projetos de Rede de Distribuição Aérea em BT e MT.

FONTE: OS AUTORES (2016)

92

FICHA DESCRITIVA RD06 - LEVANTAMENTO DE CAMPO E TOPOGRAFIA

Ficha descritiva de atividade de projeto RD06*

Projeto de Rede de Distribuição

Atividade Levantamento de Campo e topografia

Pré-requisitos

Planta contendo dados cadastrais da RD, croqui com estimativa dos locais de implantação dos postes e do traçado da rede; conhecimento de nomenclaturas e montagens de estruturas de Rede de Distribuição, conforme normas NBR 15992 e NBR 15688, além das específicas de cada Companhia de Energia. Relatório de Obras do Planejamento, a solicitação.

Materiais Planta estimada impressa, materiais para anotações, máquina fotográfica, instrumento para medição de distâncias, veículo de transporte, EPI, GPS, estação total ou teodolito.

Profissionais e Recursos Humanos

Profissionais na área de eletrotécnica, meio ambiente, cartografia, arquitetura, agrimensura e em engenharias civil e florestal.

Descrição

(*) A atividade de topografia não é necessária para todos os tipos de projetos de RD. Confirmam-se os dados da planta cadastral obtida. Para os casos de Ampliação de Rede, verifica-se a viabilidade da implantação do traçado estimado em escritório. Em campo, anotam-se interferências ambientais e outras do terreno e faz-se a implantação de postes estimados, quando não se trata de terreno íngreme, pois nesses casos é preciso elaborar o perfil topográfico para constatar que os condutores estão a níveis seguros do solo. É recomendado realizar o registro fotográfico. Caso os profissionais da área ambiental e topografia não estejam presentes no levantamento de campo e seus serviços forem necessários, realizar outra visita ao local com estes profissionais. Para casos de obras solicitadas pelo Planejamento e Expansão, o levantamento é feito para verificar a viabilidade do croqui proposto por este setor.

Resultados

Planta contendo dados cadastrais da RD existente e traçado da rede nova, validada e conferida em campo, com anotações e detalhes necessários para elaboração do projeto; dados georreferenciados e interferências ambientais.

Aplicações Projetos de Rede de Distribuição Aérea em BT e MT.

FONTE: OS AUTORES (2016)

93

FICHA DESCRITIVA RD07 - DESENHO DO PROJETO

Ficha descritiva de atividade de projeto RD07

Projeto de Rede de Distribuição

Atividade Desenho do Projeto

Pré-requisitos Planta contendo dados cadastrais da RD validada e conferida em campo, com anotações para elaboração do projeto, relatórios técnicos do circuito, demanda individual e diversificada do circuito determinadas.

Materiais Mobiliário e material de informática para produção dos desenhos. Softwares úteis: Google Earth, AutoCAD, Microsoft/Libre Office, e ArcGis e software de locação de estruturas da concessionária.

Profissionais e Recursos Humanos

Profissionais de nível técnico ou superior na área de Elétrica/Eletrotécnica, pois é necessário conhecimento técnico para uso dos software e

dimensionamento eletromecânico.

Descrição

O desenho do projeto deve ser elaborado em paralelo com o dimensionamento de estruturas, a fim de definir quais postes, condutores, estruturas e equipamentos representar em planta. Essas representações variam de acordo com a Concessionária e devem ser consultadas em normas específicas de desenhos de RDs de cada uma. É importante apontar os ângulos entre postes, usados para dimensionamento das estruturas e para cálculo de esforços mecânicos, e quando necessário elaborar o perfil planialtimétrico e indicação de ocupação de faixa de domínio com os dados georreferenciados obtidos no processo “RD06 – Levantamento de Campo e topografia”.

Resultados Projeto de RD Aérea, com perfil planialtimétrico, indicação de faixa de domínio e todos os detalhes necessários para execução do projeto.

Aplicações Projetos de Rede de Distribuição Aérea Rural e Urbana.

FONTE: OS AUTORES (2016)

94

FICHA DESCRITIVA RD08 - DIMENSIONAMENTO ELETROMECÂNICO

Ficha descritiva de atividade de projeto RD08

Projeto de Rede de Distribuição

Atividade Dimensionamento Eletromecânico

Pré-requisitos Projeto Preliminar, demanda dos consumidores a serem atendidos já determinada.

Materiais Equipamentos de informática e escritório. Softwares úteis: AutoCAD, MicroStation, Microsoft/Libre Office. Normas NBR 15992, NBR 15688. Tabelas de dados de coeficientes de queda de tensão de condutores.

Profissionais e Recursos Humanos

Profissionais de nível médio, técnico ou superior das áreas de Engenharia Elétrica/Eletrotécnica, pois é necessário conhecimento técnico para utilizar os softwares.

Descrição

Consiste no dimensionamento das estruturas da Rede Primária e Secundária, condutores, postes, transformadores e equipamentos de proteção e seccionamento. Com relação ao dimensionamento de estruturas, devem ser respeitados os ângulos verticais e horizontais máximos permitidos, afastamentos entre condutores, construções e solo, além de limitações mecânicas de isoladores e cruzetas. Ainda, devem ser projetadas estruturas padrões conforme normas ABNT NBR 15992 e NBR 15688, além das específicas das Companhias de Energia. Os condutores devem possuir capacidade de condução suficiente para permitir a passagem de corrente exigida pela carga e proporcionar ao final do circuito níveis de tensão dentro dos estipulados pela ANEEL. Para isso, é necessário calcular a queda de tensão dos circuitos primários e secundários. Ainda, deve ser avaliado o ambiente no qual será instalado para definição do material de constituição dos cabos. Para definição dos postes, além de respeitadas a altura mínima para utilização de equipamentos, devem ser calculados os esforços mecânicos devido à tração dos condutores, a fim de determinar sua carga nominal. Com a informação da demanda estimada no processo “RD02 – Determinação da demanda” dimensionam-se os transformadores, realizam-se o balanceamento de cargas entre fases e dimensionam-se equipamentos de proteção.

Resultados

Relatório de cálculo de esforços mecânicos dos postes, relatório de cálculo da queda de tensão dos circuitos, determinação dos condutores, postes, estruturas, potência e localização de equipamentos a serem implantados no projeto.

Aplicações Projetos de Rede de Distribuição Aérea Rural e Urbana.

FONTE: OS AUTORES (2016)

95

FICHA DESCRITIVA RD09 - ELABORAÇÃO DA LISTA DE MATERIAIS E TAREFAS

Ficha descritiva de atividade de projeto RD09

Projeto de Rede de Distribuição

Atividade Elaboração da Lista de Materiais e Tarefas

Pré-requisitos Desenho do projeto e cálculos eletromecânicos elaborados. Todas as estruturas e componentes do projeto definidos.

Materiais

Material de informática e escritório para elaboração da lista de materiais e tarefas. Softwares úteis: específicos de cada Companhia para elaboração de orçamentação, Microsoft/Libre Office, normas específicas da Companhia da região com a relação de códigos de materiais e serviços a serem adotados.

Profissionais e Recursos Humanos

Profissionais de nível técnico ou superior das áreas de Elétrica/Eletrotécnica responsáveis pela elaboração da lista de materiais e tarefas, devido a necessidade de conhecimento técnico para utilização dos softwares.

Descrição

Com as informações dos componentes projetados a serem implantados e/ou retirados da RD, é elaborada a lista de materiais e tarefas. Para isso são utilizados softwares próprios cedidos pela Companhia de Energia da região, nos quais são inseridos os códigos dos módulos (composição de materiais e serviços) dos componentes. Caso estes softwares não estejam

disponíveis, podem ser consultadas as normas da Companhia e elaborar a listagem.

Resultados Listagem com a quantidade de materiais e mão de obra a ser usada para execução do projeto, elaboradas devido à exigência das Companhias para aprovação do projeto.

Aplicações Projetos de Rede de Distribuição Aérea Rural e Urbana.

FONTE: OS AUTORES (2016)

96

FICHA DESCRITIVA RD10 - ELABORAÇÃO DA PROPOSTA

Ficha descritiva de atividade de projeto RD10

Projeto de Rede de Distribuição

Atividade Elaboração de Proposta Comercial

Pré-requisitos Lista de materiais e tarefas elaborada.

Materiais Equipamentos de informática e escritório para elaboração da proposta. Softwares úteis: Microsoft/Libre Office, Sistema de Gestão da Rede de Distribuição de Energia da Companhia.

Profissionais e Recursos Humanos

Profissionais de das áreas de Engenharia Elétrica/Eletrotécnica, profissionais do setor comercial da empresa com conhecimento dos custos atualizados de materiais.

Descrição Com a lista de materiais e tarefas elaborada, inserem-se valores atualizados nos materiais e tarefas. Para cálculo dos valores referente aos serviços são adotados valores monetários para cada unidade de serviço.

Resultados

Elaboração da proposta comercial com base na lista de materiais e tarefas, contendo escopo dos serviços, e prazo de execução. Propostas elaboradas por terceirizadas possuem a informação de possibilidade de participação financeira da Companhia; Propostas elaboradas pela Companhia possuem o valor da participação financeira, quando aplicáveis, segundo normativa da ANEEL. Arquiva-se o processo em caso de o cliente não aceitar a proposta ou contrata-se serviço de execução de obras pelo consumidor, firmado com assinaturas de contratos. Neste caso, dá-se andamento no processo de aprovação de projeto com a Companhia de Energia, no caso de projetos por terceiros, ou coleta-se a assinatura do responsável técnico da Companhia, no caso de elaboração do projeto pela Companhia. A assinatura da Companhia é obrigatória para validação do projeto e liberação para execução.

Aplicações Projetos de Rede de Distribuição Aérea Rural e Urbana.

FONTE: OS AUTORES (2016)

97

FICHA DESCRITIVA RD11 - DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA APROVAÇÃO DO PROJETO

Ficha descritiva de atividade de projeto RD11

Projeto de Rede de Distribuição

Atividade Documentação necessária para aprovação do projeto

Pré-requisitos Cliente aprovar a proposta de orçamento para realização de projeto e/ou execução de obras de Rede de Distribuição.

Materiais Equipamentos de informática e escritório. Softwares úteis: Microsoft/Libre Office.

Profissionais e Recursos Humanos

Auxiliar administrativo para providencias as documentações, diretores para assinaturas de documentos e Engenheiro ou técnico na área de eletricidade para assinar como responsável técnico.

Descrição

Para projetos elaborados pela Companhia de Energia: consiste em providenciar a documentação necessária com o cliente ou analisar a documentação da empresa terceirizada para aprovação do projeto. Para empresas terceirizadas consiste em providenciar a documentação necessária junto ao cliente para enviar para a Análise da Companhia.

Resultados Todos os documentos necessários para análise e reanálise de projeto, devidamente assinados pelas partes interessadas.

Aplicações Projetos de Rede de Distribuição Aérea Rural e Urbana.

FONTE: OS AUTORES (2016)

98

FICHA DESCRITIVA RD12 - ANÁLISE DOS RESPONSÁVEIS TÉCNICOS

Ficha descritiva de atividade de projeto RD12

Projeto de Rede de Distribuição

Atividade Análise dos Responsáveis Técnicos

Pré-requisitos Projeto Executivo, lista de materiais e tarefas e documentação completa necessária para aprovação do projeto.

Materiais Equipamentos de informática e escritório. Serviços de postagem para envio e recebimento da documentação.

Profissionais e Recursos Humanos

Engenheiro Eletricista da empresa terceirizada e da Companhia de Energia. Profissional administrativo para envio e recebimento das documentações

Descrição É realizada a análise técnica do projeto, do dimensionamento das estruturas, postes, condutores, equipamentos e da documentação.

Resultados

Considerando projetos elaborados pela Companhia: assinatura do responsável técnico da Companhia. Considerando projetos elaborados por terceiros: assinatura do responsável técnico da empresa terceirizada e posteriormente do responsável técnico da Companhia. Somente após a assinatura do responsável técnico da Companhia o projeto é enviado, pela Companhia, para análise de órgãos ambientais e intervenientes, quando for o caso. Estes não aceitam realizar análise sem o carimbo de aprovação da Companhia, inviabilizando a realização destas atividades em paralelo com outros processos a fim de agilizar o processo de aprovação do projeto.

Aplicações Todos os projetos de RD.

FONTE: OS AUTORES (2016)

99

FICHA DESCRITIVA RD13 - APROVAÇÃO DE ÓRGÃOS AMBIENTAIS

Ficha descritiva de atividade de projeto RD13

Projeto de Rede de Distribuição

Atividade Aprovação de Órgãos Ambientais

Pré-requisitos Projeto aprovado, carimbado e assinado pela Companhia de Energia.

Materiais Material de informática para produção dos relatórios, Base de Dados Geográfico da Distribuidora (BDGD). Equipamentos de informática e escritório.

Profissionais e Recursos Humanos

Profissionais da área ambiental atuantes no órgão responsável pela Análise Ambiental, ao menos um profissional administrativo para providenciar a documentação necessária requisitada pelos órgãos ambientais para realização da análise de viabilidade do traçado da Rede de Distribuição.

Descrição

Abaixo, casos em que necessitam de análise por órgãos ambientais: - Se o traçado proposto exige corte de árvores devido à proximidade com a RD; - Se o traçado passa próximo a matas ciliares, nascentes de rios, matas de capão, árvores de lei isoladas, reflorestamentos e demais áreas de preservação ambiental. Para estes casos, o projetista deve entrar em contato com o órgão Ambiental da região e solicitar os formulários necessários, que variam de acordo com o tipo de serviço e a região de atuação.

Resultados Autorização de supressão vegetal; anuência de órgãos ambientais.

Aplicações Projetos de Rede de Distribuição Aérea Rural e Urbana.

FONTE: OS AUTORES (2016)

100

FICHA DESCRITIVA RD14 - APROVAÇÃO DE ÓRGÃOS INTERVENIENTES

Ficha descritiva de atividade de projeto RD14

Projeto de Rede de Distribuição

Atividade Aprovação de Órgãos Intervenientes

Pré-requisitos Projeto executivo, perfil planialtimétrico, demonstração de ocupação de faixa de domínio, cliente ter aprovado a proposta de orçamento.

Materiais Material de informática para produção dos relatórios, Base de Dados Geográfico da Distribuidora (BDGD). Equipamentos de informática e escritório.

Profissionais e Recursos Humanos

Ao menos um profissional administrativo para providenciar a documentação necessária requisitada pelos órgãos intervenientes para realização da análise de viabilidade do traçado da Rede de Distribuição.

Descrição

Para os casos em que a Rede de Distribuição passa sobre Rodovias Estaduais, Federais ou conveniadas em contrato de concessão, Ferrovias, Águas que estejam sob jurisdição das Capitanias dos Portos, Oleodutos e Gasodutos ou sob Linhas de Transmissão, é necessária a aprovação do Projeto pelos órgãos competentes dessas áreas. Para a execução da obra, pode ser necessário o alvará da Secretaria de Trânsito autorizando os serviços do projeto. Ainda, verificar com a Prefeitura Municipal do local de aprovação e execução do projeto a necessidade de documentos e alvarás complementares, assim como planos diretores a serem cumpridos.

Resultados Autorização dos órgãos intervenientes regionais com emissão de parecer favorável.

Aplicações Projetos de Rede de Distribuição Aérea Rural e Urbana.

FONTE: OS AUTORES (2016)

101

FICHA DESCRITIVA RD15 - LIGAÇÃO DA CARGA

Ficha descritiva de atividade de projeto RD15

Projeto de Rede de Distribuição

Atividade Ligação da Carga

Pré-requisitos Rede de Distribuição existente estar suficientemente dimensionada para atendimento da carga demandada; dados da obra e do cliente, Descritivo de Cargas, demanda solicitada.

Materiais Material de informática para produção dos relatórios, Base de Dados Geográfico da Distribuidora (BDGD). Sistema de Gestão da Rede de Distribuição de Energia da Companhia.

Profissionais e Recursos Humanos

Profissionais técnicos da Companhia de Energia.

Descrição

Caso constatado que a carga demandada pode ser atendida pela rede existente, sem necessidade de obras de reforço ou melhoria, é feita a ligação do acessante ao Sistema de Distribuição. O serviço de ligação somente pode ser executado pela Companhia de Energia. Portanto, em caso da análise do fluxograma por profissionais externos da Companhia, é necessário fazer a solicitação da ligação à Companhia. Para isso são necessários dados da obra e do cliente.

Resultados O cliente é liberado para conexão ao Sistema de Distribuição.

Aplicações Casos em que a Rede de Distribuição existente suporta a carga demandada proposta, não havendo necessidade obras na rede.

FONTE: OS AUTORES (2016)

102

6 ESTUDO DE CASO – PROJETO DE LT

O objetivo deste estudo de caso é investigar a elaboração de um projeto real

e atual de LT no Brasil seguindo o sequenciamento do fluxograma multifuncional

construído, as descrições das fichas, e comparando por fim com o cronograma de

macroetapas de referência, com um enfoque maior nos processos que envolvem

estudos e/ou cálculos elétricos.

Para isso, foi escolhida a LT500kV Assis-Londrina C2, uma nova opção de

um circuito para a já existente LT500kV Londrina-Assis C1, que compõe interligação

entra as regiões sul, sudeste e centro-oeste na malha do SIN, desde a SE Assis até

a SE Londrina, em circuito simples e distância total de 123 quilômetros. Atualmente,

o projeto está em fase final, com obras em andamento e previsão de conclusão em

agosto de 2017. O cronograma oficial do projeto se encontra no ANEXO A –

CRONOGRAMA OFICIAL LT500kV ASSIS-LONDRINA.

6.1 PLANEJAMENTO DA EXPANSÃO

O PDE de 2019 elaborado pela EPE e publicado em abril de 2010

incorporou uma visão integrada da expansão da demanda e oferta de recursos

energéticos num período de 10 anos, definindo um cenário de referência, que serviu

para orientar os agentes de mercado para assegurar a expansão equilibrada da

oferta de energia, com sustentabilidade técnica, econômica e ambiental.

O plano decenal para 2019 agrupou em cinco capítulos os aspectos:

● Demanda de energia: apresentou uma visão consolidada das perspectivas de

consumo de energia das principais fontes, incluindo informações relevantes à

eficiência energética.

● Oferta de energia elétrica: condensou os principais estudos da geração e

transmissão de energia elétrica no país.

● Oferta de petróleo e seus derivados, gás natural e biocombustíveis: foram

sintetizados os resultados do panorama para expansão da infraestrutura

associada aos derivados do petróleo (refino e logística), gás natural,

biocombustíveis líquidos e biomassa.

103

● Aspectos socioambientais e de sustentabilidade: foi apresentada uma síntese

geral, abrangendo os parâmetros macroeconômicos básicos para este PDE,

os resultados da evolução da matriz energética entre 2010 e 2019 e ainda foi

apresentada uma síntese dos investimentos associados à expansão da oferta

energética no período de 10 anos.

Neste estudo destacou-se a importância da interligação entre as regiões sul,

sudeste e centro-oeste, que possibilitaria a otimização entre estas zonas, partindo-

se da disponibilidade de aproveitamento da diversidade hidrológica existente. Nesse

contexto, a possibilidade de um sistema de transmissão de energia elétrica entre as

subestações de Assis e Londrina entrou em evidência.

6.2 ELABORAÇÃO DOS RELATÓRIOS R1, R2, R3 E R4

No relatório R1 foi feita a análise técnico-econômica das alternativas para

interligação entre as regiões sul, sudeste e centro-oeste. Nas simulações de

desempenho dinâmico não foram detectadas violações dos níveis de tensão

admissíveis para a energização e nem a necessidade de compensação reativa para

a operação da LT e foi observada estabilidade em caso de curto-circuito monofásico.

Já na análise do condutor ótimo, por se tratar de uma duplicação de um circuito

existente, o cabo escolhido deveria ser o mesmo do Circuito 1. Na hipótese em que

não existisse o Circuito 1, haveria uma seleção dos cabos candidatos e

apresentação dos respectivos dados elétricos, técnicos e econômicos de cada um.

Enquanto isso, na análise socioambiental, preliminarmente foi apresentado o mapa

do corredor da LT demonstrando quais as vegetações e solo presentes no espaço,

assim como as áreas de influência urbana, terras indígenas, assentamentos rurais e

áreas de proteção integral atingidas. Por fim, a LT500kV Assis-Londrina C2 foi

apontada como alternativa vencedora, junto com mais uma LT, devida a baixa

probabilidade de causarem impactos socioambientais mais relevantes, tendo em

vista as atuais ocupações do solo e empreendimentos lineares ao longo dos

respectivos corredores.

O relatório R2 analisa todas as linhas que compõem a alternativa

selecionada no R1, e para a LT em questão neste estudo de caso adotaram-se para

simulações diversos parâmetros do circuito 1, entre eles a resistência máxima de

sequência positiva em 0,021 Ω/km, frequência de 60Hz e capacidade de

104

transmissão em longa duração igual a 2200A (valor eficaz), à temperatura de 50°C.

Além disso, no R2 foram apresentados os resultados das simulações de

energização e religamento da linha, religamento tripolar e monopolar e rejeição de

carga, e todos os valores estiveram compatíveis com as capacidades de absorção

da LT. Dessa forma, as recomendações finais foram para que os parâmetros

utilizados nas simulações fossem assumidos para o projeto da LT no C2.

Dessa vez, no relatório R3, foi feito o tratamento referente apenas à

LT500kV Assis-Londrina C2, com a caracterização e análise da região do corredor

selecionado, provendo informações da viabilidade e dificuldades encontradas na

área, além de diagnosticar os possíveis impactos socioambientais e

socioeconômicos com a execução da obra. Todo este estudo foi realizado por uma

empresa transmissora de energia por solicitação da EPE e o resultado final do

relatório foi útil para todas as concessionárias interessadas em participar do leilão

deste empreendimento.

O relatório R4 foi constituído por um conjunto de arquivos com informações

contidas em desenhos de plantas, diagramas unifilares, cortes, diagramas de

proteções e medições, localização, entre outros dados das subestações de Assis e

Londrina. Estes documentos foram solicitados pela ANEEL e fornecidos pelas

concessionárias das instalações das SEs.

6.3 ABERTURA DO EDITAL E LEILÃO REALIZADO PELA ANEEL

O cronograma do edital do leilão 001/2014 trouxe as datas dos eventos,

destacando principalmente a publicação do edital no Diário Oficial da União, a data

de inscrição online (até três dias antes da sessão pública), a data da sessão pública

(ocorrida em 9 de maio de 2014) e da assinatura do contrato (até 45 dias depois da

sessão). O documento do edital do leilão apresentou tecnicamente de uma maneira

sintetizada os empreendimentos contidos em cada lote do edital e de uma maneira

completa todos os aspectos legais e regulatórios para a licitação da concessão dos

serviços públicos de construção, manutenção e operação das instalações.

Para cada lote foi elaborado um documento com os requisitos técnicos das

LTs, SEs, equipamentos e sistemas de supervisão e controle. Nos requisitos

elétricos, é interessante destacar a informação de que a empresa transmissora não

teria liberdade de modificar no projeto os níveis de tensão, distribuição do fluxo de

105

potência em regime permanente e a localização das SEs Assis e Londrina e ainda

apontou as capacidades operativas da LT500kV Assis-Londrina C2 em 3120A para

longa duração e 3930A em curta duração, 50kA de corrente máxima nos para-raios

em caso de curto-circuito fase-terra e por último a resistência de sequência positiva

da LT de 0,0208Ω/km à temperatura de 50°C.

6.4 ESTUDOS PRÉ-LEILÃO

A concessionária que arrematou o lote M do leilão 001/2014 iniciou a

estruturação dos estudos que antecederam o leilão antes mesmo da abertura do

edital, baseando-se nas especificações dos relatórios R1 a R4. Nessa etapa a

divisão de desenvolvimento de negócios construiu primeiramente a Estrutura

Analítica do Projeto (EAP), apresentada na FIGURA 10.

FIGURA 10 - EAP LT500KV ASSIS-LONDRINA.

FONTE: OS AUTORES (2016).

106

Com a EAP idealizada, foi possível o desenvolver o cronograma de

desembolsos e o CAPEX, discriminando todos os gastos previstos para cada

processo do projeto e construção da LT e organizando esses valores na escala de

tempo, criando um formato visível de observação de quais as atividades mais

influentes na questão econômica e montando assim, os gráficos de desembolso

mensal e acumulado. Estes resultados somados aos estudos que envolveram

análise da RAP e da TIR para a LT em questão, a equipe chegou à decisão após

consulta com a diretoria, que seria viável a participação no leilão do lote M. O

desembolso acumulado é ilustrado na FIGURA 11.

FIGURA 11 - GRÁFICO DE DESEMBOLSO ACUMULADO

FONTE: OS AUTORES (2016).

6.5 COTAÇÕES DE MERCADO E ELABORAÇÃO DA PROPOSTA

Em janeiro de 2014, antes mesmo da realização do leilão da ANEEL a

empresa que arrematou o lote M buscou no mercado parceiros e fornecedores de

serviços para elaboração e aprovação do projeto básico, projeto executivo, obras

civis, montagem eletromecânica, comissionamento, desenvolvimento de estudos,

programas e demais requisitos necessários ao licenciamento ambiental, entrada da

LT nas SEs, fornecimento de materiais e acessórios. A concessionária instruiu as

empresas para apresentação da proposta através de um documento que descreveu

os procedimentos, disposições, preparações e documentações fundamentais para

avaliação e assim, oito grupos se mostraram interessados e apresentaram suas

ofertas. A divisão de desenvolvimento de negócios da concessionária analisou os

107

preços e assinou, em abril de 2014, um pré-contrato com o consórcio que ofereceu o

a melhor proposta em conjunto com menor valor para fornecimento de bens e

prestação de serviços para a implantação da LT500kV Assis-Londrina C2.

6.6 ASSINATURA DO CONTRATO DE CONCESSÃO

A sessão pública do leilão foi realizada em São Paulo, no salão da Bolsa de

Valores, e o lote M que continha apenas a LT em questão foi arrematado com uma

proposta de R$14.987.000,00 para a RAP e deságio de 6,53% em relação ao valor

do edital. Assim, o contrato de concessão para 30 anos foi assinado no dia

05/09/2014, contendo toda a descrição das regulações e encargos da

concessionária transmissora de energia para com o objeto do contrato, destacando

o dever da entrada da operação comercial no prazo de 36 meses desde a

assinatura, ressaltando a data de necessidade para julho de 2017, apresentação do

projeto básico em até 120 dias contados desde a assinatura e correção do mesmo

por parte da ANEEL em até 90 dias após entrega. Nos anexos do contrato foi

colocado um cronograma de referência contendo as principais atividades e marcos

para os projetos básico e executivo, licenciamento ambiental, aquisições de

materiais, obras civis, montagem, desenvolvimentos físico e geral, e operação

comercial.

6.7 PROJETO BÁSICO

O projeto básico enviado para correção e aprovação da ANEEL e do ONS

conteve um complexo estudo sobre todos os fatores que envolvem o

empreendimento, seguindo todos os requisitos da norma NBR 5422, e todos os seus

resultados continuaram válidos para a elaboração do projeto executivo. Muitos

parâmetros adotados nos cálculos passaram depois por medições para definições

dos valores reais do projeto.

O relatório de vento elaborado em setembro de 2014 trouxe para as regiões

próximas à LT, conforme a distribuição de Gumbel apresentada na NBR 5422, as

amostras de velocidades máximas de vento com média de 10 minutos em relação

ao intervalo de tempo de retorno (em anos) destes ventos com mesma velocidade.

Na FIGURA 12 é mostrado o resultado para a região de Londrina.

108

FIGURA 12 - RELATÓRIO DE VENTO PARA A REGIÃO DE LONDRINA.

FONTE: OS AUTORES (2016).

No relatório de clima feito dia setembro de 2014, os dados de temperatura

utilizados no estudo foram medidos em estações climatológicas operadas pelo

Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), e caracterizaram as regiões do

empreendimento com relação às coordenadas geográficas, altitude, densidade

relativa do ar, percentual de tempo ruim, fatores de correção atmosférica, umidade

relativa e absoluta, temperaturas média, máxima e mínima anuais, absolutas, de

inverno e verão.

Os estudos das estruturas foram também efetuados no mês de setembro e

incluíram o desenho detalhado da torre típica, descrição do programa de ensaios

mecânicos na torre típica, o cálculo e dimensionamento estrutural da mesma torre e

ainda a definição da série de estruturas utilizadas trazendo as silhuetas de cada uma

das torres. A silhueta da torre típica, nomeada de ALE1 é apresentada no ANEXO B

– SILHUETA DA TORRE TÍPICA ALE1.

Ainda em setembro, no projeto básico também foram enviadas em nove

partes, as plantas do possível traçado com imagens de satélite, demonstrando a

localização das SEs, detalhes de todas as travessias, mapas de localização, notas e

listagem de documentos de referência além das convenções geográficas.

Todos os relatórios e estudos a seguir foram realizados entre setembro e

dezembro de 2014. O relatório de características elétricas básicas foi baseado nos

requisitos colocados nos documentos do edital do leilão, e buscou analisar e definir

todas as características dos cabos condutores e para-raios, parâmetros de

109

desempenho elétrico, impedâncias, perdas nos condutores, transposições e

coordenação de isolamento. Na TABELA 4 estão apresentados alguns aspectos

relevantes sobre as características elétricas da LT em questão.

TABELA 4 - PARÂMETROS DE DESEMPENHO ELÉTRICO.

FONTE: OS AUTORES (2016).

Simbologia dos parâmetros da Tabela:

● Pr e Pg: Potências nos terminais receptor e gerador, respectivamente;

● Vr e Vg: Tensões nos terminais receptor e gerador, respectivamente;

● Ir e Ig: Correntes nos terminais receptor e gerador, respectivamente;

● Perd(MW) e Perd(%): Perdas de potência ativa, em MW em %, na LT;

● MVAR: Perdas de potência reativa na linha (Indutiva, se positivo);

● RI: Rádio Interferência no limite da faixa;

● RA: Ruído Audível no limite da faixa;

● E(kV/cm): Média dos gradientes superficiais máximos dos condutores;

● E0(kVef/cm): Gradiente de corona crítico;

● SIL: Potência Natural das linhas;

● Cos (φ): Fator de potência no terminal receptor.

Dados da LT 500kV Assis - Londrina C2:

● Nível de curto-circuito fase-terra na SE Assis: 50 kA;

● Resistência da malha de aterramento da SE Assis: 1Ω;

● Nível de curto circuito fase-terra na SE Londrina: 50kA;

● Resistência da malha de aterramento da SE Londrina: 1Ω;

● Estrutura típica: ALE1;

● Número de torres / km: 2,0;

● Comprimento da LT: 120 km;

● Resistência de aterramento das estruturas de projeto: 28Ω;

110

● Condutor fase: CAL 823 MCM – Liga 1120;

● Número de cabos por fase: 4;

● Distância entre condutores no bundle: 45,7 cm;

● Cabos para-raios convencionais:

○ CAA Dotterel;

○ Aço 3/8” EHS.

● Cabos para-raios do tipo OPGW:

○ OPGW 16,75 mm;

○ OPGW 14,7 mm.

O estudo de coordenação de isolamento abrangeu o cálculo dos ângulos de

balanço e das distâncias críticas, tanto para as estruturas autoportantes quanto para

as estaiadas, levando em consideração os critérios elétricos dos cabos já

especificados anteriormente. Foi calculada a quantidade mínima de isoladores para

as cadeias de suspensão e ancoragem, apresentados os níveis de isolamento e

desempenho da LT sob surtos de manobra.

A análise da faixa de passagem tratou de definir a largura da faixa adotando

como torre típica aquela já especificada anteriormente e máxima tensão de

operação de 550kV. Estes cálculos foram realizados a partir do critério de

conferência de balanço dos cabos condutores e para-raios, critérios de área atingida

pelos estais da torre típica, critério de Rádio Interferência (RI) e Ruído Audível (RA)

e também estudos da interferência dos campos elétrico e magnético. Como principal

conclusão desse relatório ficou a recomendação de largura de faixa de 60 metros,

30 para cada lado, que atenderia satisfatoriamente todos os requisitos das análises.

Além disso, ficou evidenciado nos cálculos que as baixas intensidades de ruído

audível e rádio interferência não teriam efeito significativo na transmissão de energia

elétrica. Os resultados finais dos efeitos elétricos calculados neste relatório são

mostrados na TABELA 5

.

TABELA 5 - EFEITOS ELÉTRICOS NO LIMITE DA FAIXA.

FONTE: OS AUTORES (2016).

111

Os estudos das fundações discorreram sobre os quatro tipos de fundações a

serem utilizadas, sendo elas de tubulão, sapata, tubulão revestido e em bloco

cilíndrico para estais, abordando os critérios gerais e específicos, aspectos de

estabilidade e segurança. Nesse estudo ainda houve a apresentação dos

parâmetros geotécnicos tratando dos principais tipos de solos possivelmente

encontrados na região que a LT se estende e seus respectivos aspectos geológicos.

Os sistemas de aterramento tanto para as estruturas autoportantes quanto

para as estaiadas foram especificados para resistência de aterramento igual ou

inferior a 28Ω e expectativa de resistividade do solo na ordem de 1000Ω.m, fatores

que serão medidos em definitivo na fase do projeto executivo. Foram apresentadas

as metodologias de cálculo adotadas para definição dos parâmetros dos cabos de

contrapeso as geometrias dos sistemas propostos para cada tipo de estrutura.

Foram detalhados em desenhos todos os arranjos de isoladores e conjuntos

de ancoragem e suspensão, além dos instrumentos de conexão que formam as

cadeias e estabelecem acoplamento nas estruturas e nos cabos, como balancins,

grampos, olhais, armaduras, anéis, elos, manilhas, extensões, sapatilhas, alças,

prolongadores, entre outros materiais.

Por último, foram preparados os relatórios de carga e fadiga mecânica sobre

os cabos devido aos esforços do vento. Os cálculos incluíram condições de ventos

nominais e extremos e de temperatura média e mínima, esta última refere-se ao

caso de quando os cabos estão mais tracionados. Todos os resultados obtidos

estavam de acordo com as normas e com as especificações técnicas dos cabos e as

principais conclusões obtidas nesses estudos foram a necessidade da instalação de

espaçadores-amortecedores nos cabos condutores, com a função de dissipação das

vibrações introduzidas pelo vento, e de amortecedores de vibração individuais nos

cabos para-raios.

O projeto básico foi enviado à ANEEL, que o encaminhou para o ONS avaliar

e emitir carta-resposta para a concessionária em formato de relatório técnico,

esclarecendo as revisões solicitadas nos documentos que compõem o projeto

básico, a fim de facilitar a reanálise e aprovação dos documentos. Antes da

aprovação, a última carta-resposta foi enviada dia de 20 de junho de 2015.

112

6.8 DEFINIÇÃO DO TRAÇADO

Com base nas diretrizes do relatório R3 foram estudadas todas as regiões

para definição do traçado mais viável. Assim, nesse processo que durou cerca de 3

semanas e foi realizado em paralelo à elaboração do projeto básico, os profissionais

em campo junto com a equipe de escritório definiram 18 marcos de vértice, onde

ocorrem as deflexões da LT, registrando para cada um e também para os pórticos

das SEs a distância progressiva e as coordenadas geográficas. Entre três traçados

possíveis, o traçado escolhido atravessa regiões predominantemente rurais nos

municípios de Assis e Cândido Mota pertencentes ao estado de São Paulo e nos

municípios de Santa Mariana, Leópolis, Cornélio Procópio, Uraí, Jataizinho, Assaí e

Londrina, pertencentes ao estado do Paraná. A FIGURA 13 apresenta os três

traçados que foram analisados. Após os estudos foi selecionada a alternativa 3.

FIGURA 13 - ALTERNATIVAS DE TRAÇADO

FONTE: OS AUTORES (2016).

6.9 LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO E SONDAGEM GEOLÓGICA

O levantamento dos dados planialtimétricos, fundamentados na norma NBR

13133, ocorreu em paralelo com a elaboração do projeto básico e iniciou-se com

autorizações para entrada em propriedades privadas para implantação dos alvos em

solo nas coordenadas relativas aos marcos de vértice e no dia 14 de junho de 2014

foi realizado o voo e perfilamento à laser, assim as ortofotos e os arquivos em

113

formatos xyz e kmz gerados foram fundamentais no desenvolvimento do projeto

executivo. Simultânea à preparação do projeto executivo, começaram a locação de

todas as estruturas e levantamento das seções diagonais, ambas as tarefas que

duraram cerca de dois meses. A tabela de locação traz os dados de distâncias

(progressiva e vãos), coordenadas, cotas, ângulos de deflexão, tipo e altura da torre,

quais os pés, cabos, arranjos e fundações enquanto as seções diagonais foram

elaboradas uma a uma para cada torre da LT, representando o perfil do terreno e

dando auxílio para determinação dos afloramentos, extensões e pés das estruturas.

O ANEXO C – EXEMPLO DE SEÇÃO DIAGONAL - mostra um exemplo de seção

diagonal.

Ao mesmo tempo ainda foi feita a sondagem geológica dos terrenos,

processo que durou três meses e foi essencial para o projeto executivo civil. A

sondagem geológica foi feita no empreendimento inteiro utilizando-se o método à

percussão. Foram efetuadas 620 sondagens para os 237 terrenos das estruturas da

LT, isso porque em vários foi necessária a execução de mais de uma sondagem

devido à presença de solo rochoso. Para cada sondagem elaborou-se um boletim,

contendo os dados do equipamento (amostrador, peso batente e altura da queda), o

gráfico do comportamento das penetrações, com profundidade máxima de 15

metros, e a classificação do material encontrado no solo. Consta no ANEXO D –

EXEMPLO DE BOLETIM DE SONDAGEM - um exemplo de boletim de sondagem

da LT.

6.10 PROJETO EXECUTIVO

As três partes do projeto executivo se estenderam desde março de 2015 até

janeiro de 2016 em razão das várias alterações e correções dos detalhes e das

soluções mais adequadas para o empreendimento.

O projeto executivo civil teve como essência o relatório com os critérios das

fundações, o perfilamento dos terrenos e os boletins de sondagem, e dessa forma

foram feitos individualmente os projetos para cinco tipos de fundações. No projeto

básico haviam sido descritos quatro tipos de fundação e no executivo foram

escolhidos dois destes e outros três diferentes, isso deve-se aos estudos mais

detalhados das constituições dos solos e perfilamento dos terrenos. Assim, com

base na norma NBR 6122, foram elaborados os projetos para fundação, todas em

114

concreto armado, sendo elas em tubulão, sapata inclinada, placa, mastro central e

bloco ancorado, cada uma contendo os todos os desenhos (detalhes em

perspectiva, corte e visão em planta), dimensões, peso, volume de concreto, volume

escavado, entre outros aspectos e ainda as notas, com todas as recomendações

para construção.

A LT tem um total de 237 estruturas, sendo todas metálicas para circuito

simples, sendo ambos os pórticos e apenas seis torres com cadeias de ancoragem e

as demais 231 de suspensão, sem nenhum tipo de proteção catódica empregada.

Dessa maneira, foram selecionados sete modelos de torres, sendo a mais baixa de

22,5 (vinte e dois e meio) metros e a mais alta com 68 metros de altura. Para cada

tipo de estrutura, foram preparados os projetos detalhados de todas as cantoneiras,

mancais, pés, extensões, mísulas, mastros, chapas, manilhas, parafusos.

O projeto eletromecânico foi o segmento mais complexo entre as três partes

do projeto executivo, com elaboração durando cerca de sete meses e mesmo

sustentado por diversos aspectos e estudos já atribuídos no projeto básico enviado à

ANEEL, detalhou inúmeras propriedades da LT.

O estudo de amortecimento para os cabos condutores e para-raios foi

realizado em conjunto com o fornecedor austríaco dos materiais e abordou em suma

desenhos dos conjuntos de amortecedores e resultados de diversas simulações,

atendendo todos os requisitos da concessionária. Os desenhos dos arranjos

especificaram em forma de desenhos e notas todas as cadeias de isoladores e

conexões, tanto para o cabo condutor escolhido (liga de alumínio CAL 1120) quanto

para os três tipos de cabos para-raios (OPGW 24FO, Dotterel 176.9MCM e cabo de

aço galvanizado 3/8” EHS). Os estudos de faseamento definiram a necessidade de

três transposições do tramos de fases, importantes para manter o equilíbrio do fluxo

de potência e evitar o desequilíbrio entre as frequências fundamentais das tensões e

correntes de fase. Os sistemas de aterramento continuaram com os mesmos

esquemas já especificados no projeto básico e foi escolhida cordoalha de aço 5/16”

SM, com no mínimo 100 metros de extensão por estrutura, sendo 25 em cada pé de

torre para as autoportantes. Os desenhos dos sistemas de aterramento para as

torres autoportantes e estaiadas são mostrados no ANEXO E – SISTEMAS DE

ATERRAMENTO LT500kV ASSIS-LONDRINA.

A planta do traçado serviu como embasamento e modelo para preparação

das plantas de locação das estruturas, supressão vegetal e de acessos. Essas

115

plantas contaram com as informações atualizadas e reais adquiridas após diversas

atuações da equipe em campo, apresentando também todas as travessias lineares

(ferrovias, rodovias, estradas, aeroportos, gasodutos, oleodutos, rios, lagos,

reservatórios e linhas de transmissão), áreas de conservação, áreas de proteção,

reservas legais, edificações e vegetações a serem suprimidas e podadas que

cortam o traçado da LT em estudo. O diagrama geral de enlace dos cabos para-

raios apresentou a divisão dos 25 tramos, detalhes e localização das 26 caixas de

emendas, desenhos das conexões, quantidade e comprimentos das bobinas,

descrição dos acessórios, notas com recomendações para construção, entre outras

especificações. O projeto de sinalização para inspeção aérea, baseado na norma

NBR 6535, apresentou para cada travessia linear a sinalização, em forma de pintura,

placas e esferas que estarão presentes nas torres e/ou cabos, nos casos de

deflexões maiores que 30°, cruzamentos, ramais de ligação e derivações. Para as

travessias em estradas e rodovias, ainda foram feitos os desenhos com as

sinalizações de placas de trânsito a serem colocadas durante as obras. Depois,

foram produzidos todos os outros desenhos e memoriais descritivos de todas as

travessias do traçado, com o intuito de receber os termos de autorização para cada

uma, processo que será abordado mais a frente no tópico de aprovações das

intervenções.

Durante a realização do projeto executivo houve os estudos de mercado para

realização de inspeções, testes e ensaios de materiais, em busca de encontrar os

melhores fornecedores. Assim, foram elaborados memoriais e boletins de inspeção

e os contratos com os fornecedores foram fechados no fim do ano de 2015 e a lista

completa de materiais pôde ser finalizada apenas em fevereiro de 2016 e foi o último

item que compôs o projeto executivo.

6.11 RELATÓRIOS E CADASTROS DE PROPRIEDADES

Simultaneamente à produção do projeto básico, a equipe de escritório já

buscou nos cartórios todas as certidões dos imóveis atravessados pela LT. Uma vez

adquiridos os documentos, as equipes em campo estiveram trabalhando, se

locomovendo de propriedade a propriedade para as avaliações. Meses depois, ao

mesmo tempo da elaboração do projeto executivo, iniciaram-se as atividades para

elaboração das plantas cadastrais e dos memoriais descritivos dos imóveis. Todas

116

as atividades foram feitas de acordo com o caderno de especificações técnicas que

descreve os processos para execução dos serviços fundiários especializados de

engenharia e avaliação, referentes à liberação de faixa de servidão de LTs.

6.12 ELABORAÇÃO DE PROPOSTAS PARA INDENIZAÇÃO

Sustentados em recomendações da norma NBR 14653 e avaliações de

valores de mercado da atualidade, foi desenvolvido um cálculo para obtenção do

valor do metro quadrado dos imóveis, e a partir de amostras de das regiões foi

possível encontrar um valor para indenização para cada propriedade. As técnicas

em questão foram o Método Comparativo de Dados de Mercado e Método de Custo

e Comparativo de Custos de Reprodução

A Pauta de Valores apresentou as metodologias de pesquisas de preços,

cálculos e valores obtidos no estudo, que envolveu a caracterização das variáveis:

área total do imóvel, vocação, localização e valor unitário em R$/m² da propriedade.

A variável área é utilizada em metros quadrados, enquanto para as demais foram

atribuídos valores de escalas conforme o próprio método definiu. Basicamente a

método desenvolvido encontrou uma fórmula que incluiu as variáveis citadas para

calcular um novo preço unitário, atribuindo inicialmente um valor mínimo, um médio

e um máximo com bases nos valores de mercado. Com os dados das variáveis de

cada imóvel e a área atingida pela servidão da LT foram calculados os valores de

indenização para todas as propriedades. A fórmula encontrada foi:

Unitário = 7.252,7738 + 48.227,447/Área + 13.306,318*Vocação +

8.568,172*Localização + 15.264,234/Município

Assim, para cada imóvel foi preparado um laudo de avaliação contendo todos

os dados do proprietário, matrícula do imóvel e uma explicação sintética do método

de avaliação, apresentando como resultado final o valor para indenização. Com o

laudo, o memorial e a planta cadastral de cada propriedade, os membros da equipe

foram de imóvel a imóvel para apresentação da proposta de indenização

diretamente para o dono do terreno. A negociação aconteceu primeiramente

oferecendo-se 20% do valor calculado, em caso de rejeição foi oferecido até 40% do

valor e por último, em caso ainda de rejeição ou de muito interesse da

117

concessionária em não atrasar o cronograma, a oferta estendeu-se até 60% do

valor. Em muitos casos houve o aceite no momento, entretanto surgiram rejeições.

Foram comuns durante as negociações as contrapropostas dos proprietários

solicitando indenizações mais altas, referenciando os danos da terra em quantidade

de sacas de soja desaproveitadas, atribuído o valor da saca no atual momento da

situação e assim criando uma nova oferta para análise da concessionária.

Nas ocasiões em que houve rejeição ou naquelas em que houve pendências

de documentação, abriram-se processos judiciais para assessoria jurídica na

indenização.

6.13 ASSESSORIA NOS PROCESSOS JURÍDICOS

Esta é uma etapa que atualmente continua em andamento, devido à enorme

burocracia envolvida e dificuldade de negociação em diversos casos. Conforme o

cronograma estabelecido esta atividade tem duração prevista de 460 dias,

terminando em torno de fevereiro de 2017. Atualmente das 407 propriedades, 274

têm negociação em processo administrativo, 38 estão em processo judicial, 30 já

possuem o termo de acordo judicial e as 65 restantes estão com situação indefinida

por enquanto. A maioria dos processos já definidos é decorrente de dificuldades na

negociação e foram finalizados com sentença judicial de primeira instância.

6.14 APROVAÇÕES DAS INTERVENÇÕES

Durante a elaboração do projeto executivo foram verificadas todas as

travessias de âmbito socioambiental e também aquelas consideradas lineares.

Houve o contato com os órgãos responsáveis com o intuito de receber as

ordenações dos procedimentos pertinentes, projetos e documentações necessárias

para emissão das anuências.

No traçado da LT em estudo, foram deparadas cinco travessias sobre linhas

de transmissão (230, 440 e 500kV), duas travessias sobre redes de distribuição de

alta tensão (ambas 138kV), nove travessias sobre rodovias e duas sobre ferrovias.

No atual momento apenas duas das 18 travessias já tiveram seus projetos e

documentos aprovados e também já possuem seu Termo de Autorização emitido. As

restantes estão com seus projetos e documentos em processo de análise final. O

Termo de Autorização é um contrato individual para cada travessia, descrevendo

118

qual a natureza dos objetos do contrato, atribuindo prazos para início da construção

(geralmente de um ano), obrigações de entrega de documentos, desenhos e

relatórios, condicionando todas as responsabilidades da concessionária em respeitar

as condições técnicas, ambientais e sociais dos objetos, além dos termos que

descrevem valores, rescisão e disposições gerais. A maioria dos Termos de

Autorização foi emitida no início do ano de 2016.

6.15 ESTUDOS AMBIENTAIS

Iniciados junto com o desenvolvimento do projeto básico e definição do

traçado e com duração total de quase três meses, os estudos ambientais tiveram

como objetivo a elaboração do RAS, Relatório Ambiental Simplificado, seguindo as

determinações, orientações e especificações do Anexo I da Portaria interministerial

N°421 do MMA (Ministério do Meio Ambiente), de 26 de outubro de 2011.

Para caracterização ambiental do meio biótico foi delimitada uma AID como

um corredor de um quilômetro de largura, 500 metros para cada lado da diretriz da

LT, enquanto que a AII, aquela área potencialmente ameaçada pelos impactos

indiretos da implantação e operação do empreendimento, foi considerada num

entorno de cinco quilômetros da faixa de servidão. Para o meio físico, a AID ficou

caracterizada como o traçado da linha e sua faixa de servidão, as áreas de

implantação das subestações e seu entorno, as áreas destinadas aos canteiros de

obras, as áreas onde serão abertos novos acessos, e outras áreas que sofrerão

alterações decorrentes da ação direta do empreendimento, já a AII foi definida para

fins de avaliação dos recursos hídricos formada pela bacia hidrográfica configurada

pela união das bacias Médio Paranapanema (território paulista) e as bacias do Baixo

Tibagi e Paranapanema II (território paranaense). Quanto aos demais componentes

do meio físico, ficou definida a AII como o entorno de cinco quilômetros da Linha de

Transmissão. Tais áreas caracterizam a AII para o meio físico. Por último, para o

meio socioeconômico, a AID ficou delimitada em 500 metros para cada lado da

faixa, enquanto que a AII ficou caracterizada por todos os municípios atingidos pela

passagem da LT.

Assim, o RAS descreveu todos métodos de exame que foram utilizados em

campo para cada um dos meios e apresentou de forma organizada todas as

informações ambientais e socioeconômicas e todos os resultados encontrados, a

119

maioria com registros fotográficos, tabelas de espécies de flora e fauna, gráficos

climáticos, geológicos, geomorfológicos, de recursos hídricos, de cobertura vegetal,

de unidades de conservação, de uso do solo, mapas pedológicos, de influência do

meio socioeconômico, biótico e físico.

Após a exposição e descrição dos métodos e dos resultados, o RAS incluiu

o diagnóstico para as medidas de controle, prevenção e compensação dos impactos

nos três meios. Para o meio biótico foram descritas as medidas de redução de

impactos à flora, fragmentação de habitats da fauna, perda de espécies por

acidentes e recomendações contra a ampliação da caça. Para o meio físico foram

listados os planos para controle de erosão do solo, interferência na rede de

drenagem natural, contaminação por esgotos e resíduos sólidos no canteiro e

alojamentos, aumento dos níveis de ruído e elevação da quantidade de partículas

sólidas no ar. Já para o meio socioeconômico, foram relatas as providências quanto

à restrição ao uso e ocupação do solo, remoção de benfeitorias, oferta de postos de

trabalho, aumentos da receita tributária e da renda local, acréscimo multiplicação da

circulação de veículos nas vias de acesso ao empreendimento, aumento na

probabilidade de acidentes e também ampliação da oferta de energia.

Logo, foi possível fazer a caracterização dos programas ambientais, que

abordam a gestão e educação ambiental, plano ambiental para construção (incluindo

educação para trabalhadores, sinalizações de trânsito e gerenciamento de detritos

nas frentes de obra), plano de recuperação das áreas degradadas, programa de

comunicação social e plano de controle de processos erosivos. Entre os projetos de

conservação da flora foram adotados os programas de supressão da vegetação, de

reposição florestal obrigatória e monitoramento da fauna.

Ao fim do RAS, foi concluído que o empreendimento em questão foi

considerado com pequeno potencial de impacto ambiental, de acordo com a

Resolução CONAMA N° 279, de 27 de junho de 2001 e disposições da Portaria do

MMA nº 421, de 26 de outubro de 2011, enfatizando que muitos dos impactos são

de caráter transitório, com duração apenas durante a fase de obras. Além disso,

destacaram-se também os impactos positivos decorrentes da implantação da LT.

Neste estudo de caso não foi abordada a apresentação da pesquisa de

diagnóstico e levantamento arqueológico, devido ao elevado nível de detalhamento

das informações. Entretanto é válido destacar sobre a autorização para prospecção

arqueológica na área de implantação da LT, que foi emitida pelo Instituto de

120

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no dia 17 de dezembro de 2014 e

que o relatório chamado de diagnóstico e prospecção arqueológica recebeu

protocolo de recebimento pelo IPHAN no dia 30 de abril de 2015, sendo mais um

documento essencial para emissão da LP.

Diante apresentação do relatório RAS em dezembro de 2014, foi solicitada a

emissão da LP. O IBAMA protocolou o relatório em abril de 2015 e então no dia 24

de julho de 2015 foi emitida a LP, com validade de dois anos, licenciando na esfera

ambiental o empreendimento com as condicionantes das realizações dos programas

ambientais e socioeconômicos descritos na RAS e outros citados no próprio

documento, apresentação do DUP, Projeto Executivo, Licenças de Operação (LO)

das SEs e condicionando a emissão da ASV apenas mediante elaboração de

Inventário Florestal.

6.16 PROGRAMAS AMBIENTAIS E INVENTÁRIO FLORESTAL

Estas etapas do projeto, concluídas no fim de 2015, sucederam a emissão

da Licença de Instalação (LI) e foram representadas basicamente pela elaboração

de dois documentos essenciais, o RDPA e o Inventário Florestal.

No RDPA, foram detalhados e justificados todos os programas ambientais

que haviam sido selecionados e descritos de forma sucinta no RAS, abordando os

objetivos, as metodologias, planos de ação, indicadores, metas cronogramas,

equipes responsáveis, inter-relação com outros programas, público alvo, legislações

vigentes, acompanhamentos das execuções dos programas e responsabilidades.

O Inventário Florestal, baseado nas atividades realizadas em campo a nas

análises laboratoriais do material de flora recolhido, descreveu como objetivo do

relatório a caracterização quantitativa e qualitativa da cobertura vegetal das áreas de

supressão do empreendimento, por meio da realização de inventário volumétrico e

florístico, possibilitando avaliar o estado de conservação da área e subsidiar a

quantificação do volume de material lenhoso a ser gerado com a supressão da

vegetação. O documento apresentou também toda a metodologia de trabalho em

campo, tratando das incursões em campo, procedimentos de medição, amostragem

de fragmentos, censo florestal e classificação da vegetação e os resultados

encontrados sobre as áreas de supressão, tipologias e estágios da vegetação a ser

suprimida. Por último, ainda apontou as medidas compensatórias de áreas a serem

121

reflorestadas, métodos de restauração ecológica, proteção das áreas, entre outros

planos.

Assim, com os dois documentos resultantes devidamente protocolados, foi

emitida pelo MMA no dia 23 de dezembro de 2015 a Licença de Instalação (LI)

relativa à LT em questão, válida por três anos e condicionando a implantação do

empreendimento somente com a realização das medidas compensatórias

apresentadas no RDPA e ainda atribuindo novas condições. Por último, o MMA

emitiu no dia 5 de janeiro de 2016 a Autorização de Supressão Vegetal (ASV) para

uma área de 11,93 hectares e volume de 2077m³, que já haviam sido destacadas no

Inventário Florestal, condicionando diversos aspectos sobre as atividades de

supressão e compensação.

122

7 ESTUDO DE CASO - PROJETO DE RD

Este estudo de caso tratou da elaboração de projeto por terceiros de

Ampliação de Rede de Distribuição Rural para atendimento a um site de telefonia

com entrada de serviço com disjuntor geral de 2x70A, monofásico a três fios,

definido pelo cliente. A tensão de operação foi já estabelecida era de 254/127V. A

torre de telefonia foi implantada no alto de um morro de uma propriedade rural e as

etapas para elaboração deste projeto são apresentadas a seguir conforme ilustradas

no desenvolvimento deste trabalho.

7.1 RECEBIMENTO DA SOLICITAÇÃO DE SERVIÇO

No primeiro contato do cliente solicitando o pedido de orçamento foram

recebidas as plantas de localização da torre, contendo indicação do número de

placa de transformador próximo e croqui para identificação do local, com a posição

projetada do medidor e do poste padrão de entrada de serviço, além do Descritivo

de Cargas instaladas, apresentadas no ANEXO H – DESCRITIVO DE CARGAS,

justificando a necessidade do disjuntor de 2x70A. As informações para retorno do

orçamento (e-mail e telefone) estavam na assinatura do contato.

7.2 DETERMINAÇÃO DA DEMANDA

O atendimento foi a consumidor único, em tensão secundária, através de

ligação monofásica a três fios, sendo a distribuição de sinal de telefonia sua principal

atividade. Observou-se no descritivo de cargas que não havia cargas especiais a

serem atendidas.

Foi utilizado o método de estimativa da demanda para consumidores não

residenciais em função da carga total instalada, ramo de atividade e simultaneidade

de utilização dessas cargas, de acordo com as normas da Companhia de Energia

que aprovou o projeto. Portanto a demanda foi calculada através da fórmula:

123

𝐷 =𝐶𝐼 𝑥 𝐹𝐷

𝐹𝑃

Sendo:

D= Demanda em kVA;

CI= Carga instalada, em kW

FD= Fator de demanda (considerado =1 para este caso);

FP= Fator de Potência.

Os dados de Carga Instalada e Fator de Potência foram obtidos da

Declaração de Cargas, elaborado com dados dos equipamentos fornecidos pelo

cliente, enquanto que o fator de demanda foi considerado igual a um, pois o site iria

operar em plena carga durante todo o dia.

Portanto:

𝐷 =14700 𝑥 1

0,98 = 15.000 VA = 15 [kVA]

Portanto a carga atendida foi igual 15kVA.

7.3 OBTENÇÃO DE DADOS PRELIMINARES

Houve contato com a Companhia de Energia da região para solicitar as

plantas cadastrais e relatórios técnicos da rede e para isso foi necessário informar o

número da placa do transformador próximo, para que a Companhia o localizasse em

cadastro. Ainda, foi questionado sobre o desenvolvimento de projetos por parte dela

na região. A mesma forneceu o relatório técnico da RD, assim como as plantas do

local contendo a localização e tipologia dos postes, trechos primários, secundários e

equipamentos. Além disso, informou sobre programa de eletrificação rural que

estipula bitola mínima do cabo de alumínio de média tensão em 04CAA. Com os

dados informados pelo cliente e com a localização da propriedade, foi consultado o

software Google Earth, obtendo imagens de satélite do local para serem combinadas

com as plantas fornecidas pela Companhia de Energia, a fim de prever

interferências com o terreno. Entrou-se em contato com a Prefeitura do município

para verificação de planos diretores vigentes. Constatou-se a não existência desses

planos.

Através da análise do relatório técnico da rede primária, verificou-se que o

alimentador em questão estava com carregamento e níveis de tensão dentro dos

limites estipulados pela ANEEL e suportava carga de 15kVA, não havendo

124

necessidade de obras de melhoria na média tensão. Porém, foi necessária obra de

ampliação de rede, pois se constatou que não existia RD chegando ao local de

implantação da torre. O consumidor precisava ser atendido em tensão secundária de

energia, ramal de ligação aéreo, pois iria instalar entrada de serviço com disjuntor

2x70A. Portanto, foi necessário fazer a derivação da rede primária a partir da

existente, e ao final desta derivação implantar um transformador para rebaixar o

nível de tensão de 13,8kV para 254-127V, e então derivar o condutor de ramal de

alimentação aéreo do secundário do transformador até a fixação do poste de

entrada de energia do consumidor. Logo, tratou-se de uma Ampliação de Rede de

Distribuição Rural para atendimento a um novo consumidor com disjuntor geral de

2x70A.

7.4 EXPLORAÇÃO DE ALTERNATIVAS DE ATENDIMENTO

O atendimento foi a consumidor único, com transformador exclusivo, sem

previsão de desenvolvimento da área por se tratar de rede rural com final do trecho

em fazenda particular. Portanto o planejamento se resumiu em instalar um

transformador com potência suficiente para atendimento ao novo consumidor.

Foram considerados dois traçados para atendimento à nova unidade

consumidora e ambos podem ser consultados no ANEXO I – TRAÇADO

PROPOSTO 1 - e ANEXO J – TRAÇADO PROPOSTO 2. Observou-se o perfil

estimado do terreno no ANEXO K – ELEVAÇÃO DO TRAÇADO PROPOSTO -

gerado pelo software Google Earth. Foi possível verificar que a inclinação do traçado

proposto era de aproximadamente 175 metros (627 - 452 metros) e também notar a

presença de várias árvores devido à existência de morro fechado. Portanto, foi

solicitado que um técnico ambiental acompanhasse o levantamento de campo,

juntamente com o técnico em Eletrotécnica, para realização dos ajustes e definir o

melhor traçado, levando-se em conta as interferências locais.

7.5 LEVANTAMENTO DE CAMPO E TOPOGRAFIA

Com relação à rede existente, foram confirmadas a tipologia e

posicionamento dos postes, dados de equipamentos, distâncias entre vãos, bitola

dos cabos e quantidade de fases. Não foi constatada nenhuma divergência com

125

relação à planta fornecida pela Companhia. Foram anotadas informações não

presentes na planta cadastral, tais como estruturas da Rede Primária e Secundária.

Com relação à proposta da rede nova, comprovou-se que o segundo traçado

proposto era o mais viável, devido à quantidade de árvores a serem cortadas, caso

fosse escolhido o primeiro traçado proposto. Adotada a segunda alternativa de

traçado, foram anotadas em planta as interferências como cercas, barrancos,

irregularidades no terreno, construções e árvores, que não puderam ser observadas

na planta cadastral nem na imagem via satélite. E por fim, foram realizados o

levantamento topográfico, e levantamento de possíveis árvores a serem podadas.

7.6 DESENHO DO PROJETO E DIMENSIONAMENTO ELETROMECÂNICO

Para elaboração do perfil topográfico foi utilizado software da companhia,

representado na FIGURA 14, que calculou as flechas e catenárias dos cabos

baseados em tabelas de trações e flechas para cabos condutores e apontou assim a

locação dos postes no perfil, para que fossem atendidas as distâncias mínimas

verticais entre o condutor e o solo. Como resultado obteve-se a distância dos vãos e

locação dos postes com angulações horizontais e verticais, usadas para cálculo de

esforços mecânicos e estruturas.

O desenho foi realizado em paralelo com o dimensionamento eletromecânico,

e à medida que se constatava que o dimensionamento estimado era insuficiente,

alterava-se a representação do desenho. Foi necessária a consulta em norma

específica da Companhia para verificar a simbologia a ser utilizada para

representação de postes. Os esforços mecânicos dos postes foram calculados com

o software da companhia e podem ser observados na FIGURA 15, e um exemplo do

resultado de um deles é apresentado na FIGURA 16.

126

FIGURA 14 ELABORAÇÃO DO PERFIL TOPOGRÁFICO.

FONTE: OS AUTORES(2016)

FIGURA 15 - DIMENSIONAMENTO MECÂNICO.

FONTE: OS AUTORES(2016)

127

FIGURA 16 - EXEMPLO DO RESULTADO DE CÁLCULO MECÂNICO.

FONTE: OS AUTORES(2016)

7.7 CÁLCULO DA QUEDA DE TENSÃO DA REDE PRIMÁRIA

O nível de tensão nominal de operação da rede primária para o caso em

estudo era de 13,8kV, e os limites mínimos e máximos podem ser consultados na

TABELA 6:

TABELA 6 – LIMITES DE MT FIXADOS PELO PRODIST

FONTE: PRODIST, “MÓDULO 8 – QUALIDADE DA ENERGIA”

128

Consultando o relatório técnico observou-se que a tensão primária da rede

existente, da qual seria derivada a rede a ser ampliada, é 13.411V.

Para o cálculo da queda de Tensão da Rede Primária foram seguidos os

procedimentos apontados nas normas de Projetos de Redes de Distribuição Aérea

das Companhias de Energia

Para o cabo utilizado, 04 CAA, considerou-se o valor de 1,669 [%/(MVA*km)];

A extensão total da ampliação era de 1500 metros.

Ao longo desses 1500 metros não foram alimentadas outras cargas, portanto a

carga distribuída foi considerada nula.

A carga concentrada no final do trecho foi de 15kVA = 0,15 MVA;

A carga total foi: 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 =CD

2+ CC =

0

2+ 0,15 = 0,15 MVA.

Onde:

CD = carga distribuída;

CC = carga concentrada;

CD*CC = 0,15 * 1,5 = 0,225 [MVA*km];

Coeficiente de queda de tensão: 1,669 [% / (MVA*km)];

Queda de tensão = [MVA*km] * [% / (MVA*km)] = 0,225 * 1,669 = 0,375525%.

Portanto, a tensão encontrada nos bornes do primário do transformador foi de

(1-0,00375525) * 13.411V = 13.360,63834225V. Este valor estava dentro dos limites

dos estabelecidos pela ANEEL.

7.8 CÁLCULO DA QUEDA DE TENSÃO DA REDE SECUNDÁRIA

Os limites da tensão nominal secundária são apresentados na TABELA 7.

TABELA 7 – LIMITES DE BT FIXADOS PELO PRODIST

FONTE: PRODIST, “MÓDULO 8 – QUALIDADE DA ENERGIA”

129

O condutor usado para atendimento ao consumidor via ramal aéreo deveria

ter ampacidade mínima para permitir a passagem de 70A de corrente e deveria ser

do tipo tríplex (duas fases e neutro). Segundo NBR 8182 e catálogo de fornecedor

de cabos, o cabo de alumínio tríplex de seção nominal de 25mm² possui

ampacidade de 84A em temperatura ambiente de 30ºC e temperatura do cabo a

70ºC, o que atendeu à necessidade. As capacidades de condução de corrente de

cabos de alumínio multiplexados podem ser consultadas na TABELA 8.

TABELA 8 - CAPACIDADES DE CONDUÇÃO DE CORRENTE PARA CABOS DE ALUMÍNIO.

FONTE: (CONDUSPAR, 2012)

Na TABELA 9 é possível consultar os coeficientes de queda de tensão para

os cabos de alumínio multiplexados.

TABELA 9 - COEFICIENTES DE QUEDA DE TENSÃO PARA CABOS DE ALUMÍNIO

FONTE: (CONDUSPAR, 2012)

130

Para o cabo adotado, considerando-se fator de potência igual a 0,8, obteve-

se o coeficiente de 2,37 (V/Axkm).

Para cálculo da queda de tensão foi usada a seguinte fórmula:

∆U% = ∆𝑈𝑝𝑢.𝐼.𝐿.100

𝑈

Onde:

● ∆U%= Queda de tensão percentual;

● ∆Upu= Queda de tensão por unidade;

● L = Comprimento da linha (km);

● I = corrente conduzida no cabo (A);

● U = Tensão nominal da linha (V).

Aplicando-se os valores do caso:

∆U% = 2,37.70.0,020.100

254 = 1,3063%

Como o ramal aéreo seria ligado diretamente nos bornes secundário do

transformador, a tensão neste ponto era de 127/254V.

Portanto as tensões no ponto de entrega da Concessionária (poste de

entrada de serviço do consumidor) foram:

● 127V * (1- 0,013063) = 125,3410V;

● 254V * (1- 0,013063) = 250,6820V.

Estas tensões estão dentro do estabelecido pela ANEEL, pois:

● 116V<125,3410V<132V e 232V<250,6820V<264V.

O dimensionamento das estruturas foi realizado considerando as limitações

de ângulos horizontais e verticais máximos permitidos pela Companhia de Energia

responsável pela aprovação deste projeto, para as estruturas da NBR 15688. Já o

dimensionamento do transformador foi projetado ao final do circuito um

transformador de 15kVA para atendimento ao cliente.

Com relação ao cálculo dos esforços mecânicos dos postes, para os postes

sem ângulos, foram adotadas estruturas N1 em postes tipo duplo T D/150/10.5m,

pois é a mínima situação permitida pela Companhia. Já para os postes com

angulações foram calculados os esforços devido a tração do cabo utilizando-se

software da Companhia de Energia.

131

7.9 ELABORAÇÃO DE LISTA DE MATERIAIS E TAREFAS

Foram elaboradas listas de materiais e tarefas necessárias para aprovação do

projeto, com base na NBR 15688, que apresenta os materiais utilizados para

composição de cada estrutura. Porém a Companhia em questão exigiu que a lista de

materiais fosse elaborada conforme códigos específicos da empresa. Portanto,

houve a necessidade de elaboração da composição em software própria da

Companhia.

7.10 ELABORAÇÃO DE PROPOSTA

Com a lista de materiais e tarefas, foi elaborada a proposta comercial,

contendo valores, escopo, prazos de execução e informação sobre possibilidade de

participação financeira da Companhia de Energia. A proposta foi aceita pelo cliente.

Solicitou-se então ao setor administrativo que providenciasse as documentações

necessárias para aprovação do projeto pela Companhia de Energia.

7.11 DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA APROVAÇÃO DO PROJETO

Foram reunidos os seguintes documentos para solicitação de análise do

projeto pela Companhia de Eletricidade:

● solicitação de Análise de Projeto por empresa terceirizada;

● autorização de Passagem do solicitante;

● anotação de Responsabilidade Técnica – ART;

● lista de materiais e tarefas;

● declaração de Carga – DCA;

● cálculo de queda de tensão.

Os três primeiros foram enviados ao cliente para assinatura.

7.12 ANÁLISE DO RESPONSÁVEL TÉCNICO

Após o retorno da documentação assinada pelo cliente, coletou-se a

assinatura do responsável técnico da empresa terceirizada, tanto na documentação

quanto nas pranchas do projeto. A documentação completa foi então enviada para

análise da Companhia de Energia, juntamente com as pranchas do projeto através

de Protocolo de Solicitação de Serviços. Após 15 dias, dentro de um máximo de 30,

132

foi emitido um documento de Aprovação de Projeto, informando que a Companhia

procedeu com a análise do projeto eletromecânico apresentado que o mesmo

atendeu as exigências e especificações estabelecidas nas Normas e Manuais

Técnicos.

7.13 ANÁLISE DO PROJETO PELOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS

Não foi necessária a análise do projeto por parte de órgãos ambientais, visto

que o traçado não passava por áreas de proteção ambiental e não haveria

necessidade de corte de árvores.

7.14 ANÁLISE DO PROJETO PELOS ÓRGÃOS INTERVENIENTES

Não foi necessária a análise do projeto por Órgãos Intervenientes, pois o

traçado não passava sobre rodovias, ferrovias, águas que estejam sob jurisdição

das Capitanias dos Portos, oleodutos e gasodutos ou sob Linhas de Transmissão.

133

8 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para validação dos resultados foram aplicados formulários objetivos com

três perguntas divididas entre os tópicos desenvolvidos na metodologia: fluxograma

multifuncional, cronograma de macroetapas (apenas para o formulário de LT) e

fichas descritivas. Logo, nos formulários de LT encontram-se nove perguntas e nos

de RD, seis.

O questionário foi aplicado ao maior número de pessoas possível dentro do

tempo hábil, sem número específico definido para a quantidade de participantes,

sendo todos atuantes na área de projetos. Os formulários continham os seguintes

dados: nome e idade (não divulgados), profissão, empresa (não divulgado), setor de

atuação e tempo de experiência na área. Os profissionais responderam às

perguntas, de cunho objetivo, sobre a metodologia desenvolvida. Os modelos de

formulários podem ser consultados no ANEXO F – FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO

(LT) - e no ANEXO G – FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO (RD) - e os resultados serão

apontados a seguir em quatro itens. As possíveis respostas, com base na escala de

Likert, atribuíram avaliação qualitativa e quantitativa com os julgamentos: Péssimo

(nota 0), Ruim (nota 25), Regular (nota 50), Bom (nota 75) e Excelente (nota 100).

8.1 PROFISSIONAIS CONSULTADOS

Foram consultados 17 profissionais, sendo que nove avaliaram o método

proposto para LT e oito analisaram o método para RD, os quais são apresentados

na TABELA 10.

TABELA 10 - PROFISSIONAIS CONSULTADOS PARA AVALIAÇÃO DA METODOLOGIA.

Profissão Setores de

atuação

Quantidade de profissionais conforme Experiência (anos)

1 a 5 6 a 10 mais de 10

Eng. Eletricista Projetos de LTs Projetos de RDs

Comercial 1 6 2

Técnico(a) em Eletrotécnica

Projetos de LTs Projetos de RDs

2 1 1

Eng. Civil Fundações Fundiário

1 1 0

Eng. Cartógrafo(a) Projetos de LTs 1 0 0

Biólogo(a) Meio Ambiente 0 1 0

FONTE: OS AUTORES (2016).

134

8.2 AVALIAÇÃO DOS FLUXOGRAMAS MULTIFUNCIONAIS

8.2.1 Resultados quanto à seleção das principais etapas dos fluxogramas

Notas médias:

● Avaliação da metodologia para projetos de LT: 83,33

● Avaliação da metodologia para projetos de RD: 75,00

FIGURA 17 - RESULTADOS QUANTO À SELEÇÃO DAS PRINCIPAIS ETAPAS DOS

FLUXOGRAMAS.

FONTE: OS AUTORES (2016).

8.2.2 Resultados quanto à divisão das atividades entre as áreas dos fluxogramas

Notas médias:

● Avaliação da metodologia para projetos de LT: 88,89

● Avaliação da metodologia para projetos de RD: 78,13

FIGURA 18 - RESULTADOS QUANTO À DIVISÃO DAS ATIVIDADES DOS FLUXOGRAMAS ENTRE

AS ÁREAS.

FONTE: OS AUTORES (2016).

135

8.2.3 Resultados quanto à utilização dos fluxogramas em projetos

Notas médias:

● Avaliação da metodologia para projetos de LT: 88,89

● Avaliação da metodologia para projetos de RD: 81,25

FIGURA 19 - RESULTADOS QUANTO À UTILIZAÇÃO DOS FLUXOGRAMAS.

FONTE: OS AUTORES (2016).

8.3 AVALIAÇÃO DO CRONOGRAMA DE MACROETAPAS

8.3.1 Resultados quanto à presença de etapas e marcos mais relevantes

Nota média:

● Avaliação da metodologia para projetos de LT: 88,89

FIGURA 20 - RESULTADOS QUANTO À PRESENÇA DE ETAPAS E MARCOS MAIS RELEVANTES

NO CRONOGRAMA DE MACROETAPAS.

FONTE: OS AUTORES (2016).

136

8.3.2 Resultados quanto à adequação à LT de 30 meses de licenciamento e 30 de

construção

Nota média:

● Avaliação da metodologia para projetos de LT: 80,56

FIGURA 21 - RESULTADOS QUANTO À ADEQUAÇÃO DO CRONOGRAMA DE MACROETAPAS

EM PROJETO DE LT COM 30 MESES PARA LICENCIAMENTO E 30 MESES PARA

CONSTRUÇÃO.

FONTE: OS AUTORES (2016).

8.3.3 Resultados quanto à utilização do cronograma em projetos de LT

Nota média:

● Avaliação da metodologia para projetos de LT: 83,33

FIGURA 22 - RESULTADOS QUANTO À UTILIZAÇÃO DO CRONOGRAMA DE MACROETAPAS EM

PROJETOS.

FONTE: OS AUTORES (2016).

137

8.4 AVALIAÇÃO DAS FICHAS DESCRITIVAS

8.4.1 Resultados quanto à escolha dos tópicos abordados nas fichas

Notas médias:

● Avaliação da metodologia para projetos de LT: 88,89

● Avaliação da metodologia para projetos de RD: 87,50

FIGURA 23 - RESULTADOS QUANTO À ESCOLHA DOS ITENS DAS FICHAS.

FONTE: OS AUTORES (2016).

8.4.2 Resultados quando à descrição das técnicas conforme a atualidade

Notas médias:

● Avaliação da metodologia para projetos de LT: 83,33

● Avaliação da metodologia para projetos de RD: 84,38

FIGURA 24 RESULTADOS QUANTO À DESCRIÇÃO DAS TÉCNICAS CONTIDAS NAS FICHAS

DESCRITIVAS CONFORME A ATUALIDADE.

FONTE: OS AUTORES (2016).

138

8.4.3 Resultados quando à utilização das fichas descritivas em projetos

Notas médias:

● Avaliação da metodologia para projetos de LT: 88,89

● Avaliação da metodologia para projetos de RD: 78,13

FIGURA 25 - RESULTADOS QUANTO À UTILIZAÇÃO DAS FICHAS.

FONTE: OS AUTORES (2016).

139

9 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

Este trabalho teve como principal intuito a sistematização de práticas

profissionais atuais para estabelecimento de um método para elaboração de projetos

de LTs e RDs, estruturando os procedimentos funcionais e ferramentas e ainda

organizando os processos de realização de projetos das áreas.

A metodologia adotada para estruturação do trabalho consistiu no

desenvolvimento de fluxogramas multifuncionais, cronograma de macroetapas de

projeto de LTs, elaboração de fichas descritivas para todos os processos inseridos

nos fluxogramas e descrição de estudos de casos contemporâneos. Para a

validação da metodologia foram feitas consultas a profissionais das áreas, os quais

responderam a questionários avaliando os métodos produzidos.

Através da observação da diversidade das notas obtidas nas análises dos

resultados constatou-se que a metodologia escolhida não é única nem absoluta,

porém a partir da consideração das notas médias, certificou-se que o método

apresentou uma organização e sequência condizente para elaboração de projetos

em ambas as áreas. Assim, analisadas todas as dificuldades encontradas e diante

da complexidade em estruturar um método geral para elaboração de projetos de LTs

e de todos os tipos de RDs, as notas obtidas na análise dos resultados a partir de

avaliações de 17 profissionais com experiências nas áreas foi satisfatória, com nota

média na avaliação da metodologia para LT de 86,11 e para RD de 80,73 em um

máximo de 100.

Com relação aos fluxogramas multifuncionais verificou-se a dificuldade em

estabelecer o processo de elaboração de projetos de LTs em um sequenciamento

ótimo, devido à vasta quantidade de tarefas existentes e ao fato de muitas delas

serem realizadas simultaneamente, porém a divisão dos processos entre os setores

demonstrou adequadamente a segmentação das atividades na empresa. Para o

fluxograma multifuncional de projetos de RDs, verificou-se a menor quantidade de

processos envolvidos, não contendo também a colaboração da mesma quantidade

de setores, e destacou-se a dificuldade de apresentar em um único fluxograma o

desenvolvimento de projetos realizados pelas concessionárias de energia e por

empresas terceirizadas para os diferentes tipos de projetos.

O cronograma de macroetapas representou de maneira conveniente o

decurso de um projeto de LT com 30 meses para licenciamento e mais 30 para

140

construção, referenciando as principais atividades, documentos envolvidos e

marcos. Constatou-se no decorrer do desenvolvimento deste trabalho que não

haveria a necessidade de elaboração de um cronograma de macroetapas

demonstrando a realização de projetos de RDs, visto que nas práticas profissionais

atuais eles não são feitos devido ao fato de existirem diversos tipos de projetos e

também por serem processos muito dinâmicos.

As fichas descritivas foram capazes de organizar as tarefas entre os tópicos

abordados e criaram uma maneira visualmente prática de entendimento dos

processos, entretanto foi observado que entre os tópicos escolhidos as descrições

se repetiram em algumas ocasiões, elucidando que os critérios para seleção dos

tópicos não foram os ideais.

Os estudos de caso alvejaram descrever as etapas de projetos reais

conforme os processos inclusos nos fluxogramas e as descrições dos mesmos nas

fichas. O caso estudado sobre projeto de LT nova de 30 meses de licenciamento

abordou todas as etapas e setores envolvidos no fluxograma multifuncional,

destacou as atividades e documentos feitos e ainda apresentou o cronograma oficial

do projeto, que comparado ao cronograma de macroetapas criado, se assemelhou

em diversos aspectos, verificando a compatibilidade e utilidade deste produto. Com

relação ao estudo de caso de RD, foi apresentado um projeto de ampliação de RD

Rural para atendimento de um consumidor em Baixa Tensão de Distribuição, e

comprovou-se que foram seguidas as etapas apresentadas na metodologia do

trabalho.

É importante destacar sobre a frequente influência de áreas que vão além da

engenharia e que são imprescindíveis durante a realização dos projetos, tanto com

relação à presença constante de setores de planejamento, comercial, administrativo,

jurídico e ambiental das companhias quanto à atuação de órgãos intervenientes,

mesmo aqueles que não são considerados do setor elétrico. Também foi possível

perceber através das descrições das fichas e da apresentação dos estudos de caso,

como as dimensões socioambientais são impactadas na implantação dos

empreendimentos, e ainda se observaram como os interesses econômicos são

predominantes quando relacionados a alguns aspectos sociais.

Dessa forma, pôde ser observado que o trabalho tem disponibilidade para

complementação por novos estudos, de forma a garantir resultados ainda melhores

e auxiliar nas contribuições nos setores de projetos e engenharia. Entre novas

141

contribuições, é possível destacar que a metodologia pode envolver mais etapas dos

projetos, adentrando em mais detalhes e aprimorando os métodos desenvolvidos. A

análise dos resultados pode ser expandida a uma quantidade maior de consultas a

profissionais, incluindo especialistas de diferentes concessionárias de energia das

regiões brasileiras, com o intuito de comprovar de maneira integral a eficácia da

metodologia. Além da comparação com estudos de caso e avaliação de profissionais

das áreas, pode ser criado outro procedimento para análise validação dos

resultados. Para futuros estudos, sugere-se a aplicação da metodologia em projetos

de LTs com dimensões diferentes a fim de avaliar se a metodologia proposta é

aplicável para todos os tipos de projeto. Analogamente para a RD, testar para os

projetos de melhoria, reforço e rede nova, elaborados por Companhias de Energia e

por terceirizadas. Por fim, possíveis estudos futuros podem incluir uma metodologia

análoga para elaboração de projetos de subestações, aspecto que não foi abordado

neste trabalho, tanto para aquelas que interligam o início e o fim de uma linha de

transmissão quanto para as que compõem o sistema de distribuição.

Assim sendo, tanto o objetivo geral quantos todos os objetivos específicos

do trabalho foram alcançados através da produção de todos os materiais relevantes

ao desenvolvimento de projetos de LTs e RDs, apresentação dos estudos de caso e

comparações destes com as ferramentas elaboradas neste trabalho, e ainda com a

validação dos resultados por intermédio dos critérios escolhidos.

142

REFERÊNCIAS

(2016). Acesso em 25 de Junho de 2016, disponível em ONS, Operador Nacional do

Sistema Elétrico: http://www.ons.org.br

ABRADEE. (s.d.). Acesso em 30 de Maio de 2016, disponível em A distribuição de

energia: http://www.abradee.com.br/setor-de-distribuicao/a-distribuicao-de-

energia

ABRADEE. (s.d.). Acesso em 02 de Maio de 2016, disponível em Redes de Energia

Elétrica: http://www.abradee.com.br/setor-eletrico/redes-de-energia-eletrica

ANEEL. (01 de Outubro de 1999). Resolulção N° 281. AGÊNCIA NACIONAL DE

ENERGIA ELÉTRICA.

ANEEL. (2005). Acesso e Uso dos Sistemas de Transmissão e de Distribuição.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA.

AZEVEDO, F. A. (2010). Otimização De Rede De Distribuição De Energia Elétrica

Subterrânea Reticulada Através De Algoritmos Genéticos. Dissertação

(mestrado) (p. 140). Curitiba: Universidade Federal do Paraná, Setor de

Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica. Orientador:

Alexandre Rasi Aoki.

BIODINÂMICA RIO, E. (2007). Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) das Linhas de

Transmissão (LTs) de São Simão–Marimbondo–Ribeirão Preto 500kV. Rio de

Janeiro.

BRINKER, R. C., & WOLF, P. R. (1977). Elementary Surveying 6 ed. New York:

Harper & Row.

CELG. (2008). NTD 08: Critérios de projetos de redes de distribuição aéreas

urbanas. CENTRAIS ELÉTRICAS DE GOIÁS S/A, 101.

CEMIG. (2014). ND-3.1 Projetos de Redes de Distribuição Aéreas Urbanas.

COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, 124.

CHIOSSI, N. J. (1979). Geologia Aplicada a Engenharia. São Paulo.

CONDUSPAR. (2012). CATÁLOGO DE BAIXA E MÉDIA TENSÃO.

COPEL. (1999). NTC 841001 - Projeto de Redes de Distribuição Urbana 3a edição.

COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA.

ELEKTRO. (2015). Norma ND.22 - Projetos de Redes Aéreas Urbanas de

Distribuição de Energia Elétrica Revisão 05. ELEKTRO Eletricidade e

Serviços S.A.

143

ELETROBRÁS. (1982). PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO

VOLUME 1. RIO DE JANEIRO: EDITORA CAMPUS.

ELETROBRAS. (1997). Acesso em 05 de Abril de 2016, disponível em Diretrizes

para Projeto Básico de Sistemas de Transmissão:

https://www.eletrobras.com/elb/data/Pages/LUMIS4AB3DA57PTBRIE.htm

EPE. (2005). Acesso em 01 de Abril de 2016, disponível em Diretrizes para

Elaboração dos Relatórios Técnicos Referentes às Novas Instalações da

Rede Básica:

http://www.epe.gov.br/Transmissao/Paginas/Diretrizespara.aspx?CategoriaID

=f

EPTE. (s.d.). FAIXAS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA. Acesso em 12

de Abril de 2016, disponível em Engenharia e Planejamento em Transmissão

de Energia: http://www.epte.com.br/faixa.html

FOGLIATTI, M. C., FILIPPO, S., & GOUDARD, B. (2004). Avaliação de impactos

ambientais. Rio de Janeiro: Editora Interciência.

FRAGOAS, A. G. (2008). Escola de Engenharia de São Carlos. Acesso em 01 de

Abril de 2016, disponível em ESTUDO DE CASO DO USO DE BANCOS DE

CAPACITORES EM UMA REDE DE DISTRIBUIÇÃO PRIMÁRIA –

INDICATIVOS DA SUA VIABILIDADE ECONÔMICA:

https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ve

d=0ahUKEwja9fHc_MTNAhVFGZAKHaEOCq8QFggeMAA&url=http%3A%2F

%2Fwww.tcc.sc.usp.br%2Ftce%2Fdisponiveis%2F18%2F180500%2Ftce-

26032010-

145421%2Fpublico%2FFragoas_Alexandre_Graciolli.pdf&usg=AFQj

FUCHS, R. D. (1977). Transmissão de Energia Elétrica. Rio de Janeiro.

IBAPE/SP. (12 de Novembro de 2002). GLOSSÁRIO DE TERMINOLOGIA. Acesso

em 12 de Abril de 2016, disponível em Instituto Brasileiro de Engenharias e

Perícias de São Paulo: http://www.ibape-

sp.org.br/arquivos/glossario_de_terminologia.pdf

KAGAN, N., OLIVEIRA, C. C., & ROBBA, E. J. (2010). INTRODUÇÃO AOS

SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. EDITORA EDGAR

BLUCHER.

KINDERMANN, G., & CAMPAGNOLO, J. M. (1995). Aterramento Elétrico. Porto

Alegre: Editora Sagra, DCLuzzatto.

144

LABEGALINI, P. R., LABEGALINI, J. A., FUCHS, R. D., & ALMEIDA, M. T. (1992).

Projetos Mecânicos das Linhas Aéreas de Transmissão. São Paulo.

NBR 14653-1. (2001). Avaliação de bens (Parte 1: Procedimentos gerais). Rio de

Janeiro: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT.

NBR 14653-3. (2004). Avaliação de bens (Parte 3: Imóveis Rurais). Rio de Janeiro:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT.

NBR13133. (1994). Execução de levantamento topográfico. Rio de Janeiro:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT.

NBR5422. (1985). Projeto e Execução de Fundações. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA

DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT.

NBR6122. (1996). Projeto e Execução de Fundações. ABNT, ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.

OLIVEIRA, C. (2000). Recapacitação de linhas de transmissão. Rio de Janeiro.

ONS. (2011). Acesso em 14 de Abril de 2016, disponível em Submódulo 2.4

Requisitos mínimos para linhas de transmissão aérea:

http://apps05.ons.org.br/procedimentorede/procedimento_rede/procedimento_

rede.aspx

PRAZERES, R. A. (2008). Redes de Distribuição de Energia Elétrica e Subestações

(22a ed.). Curitiba: Base Livros Didáticos.

TOBOUTI, A. K., & DOS SANTOS, V. L. (2014). Impactos Ambientais causados na

implantação de Linhas de Transmissão no Brasil. Caderno de Meio Ambiente

e Sustentabilidade, vol. 4.

VELASCO, G. D. (2003). Arborização Viária X Sistemas de Distribuição de Energia

Elétrica: Avaliação dos Custos, Estudo das Podas e Levantamento de

Problemas Fitotécnicos.

VELHAS, R. D. (2007). Relatório de Impacto Ambiental da Linha de Transmissão

Paracatu 4- Pirapora 2 500 kV. Belo Horizonte.

VIANA, E. M. (2010). Relatório de Impacto Ambiental da LT Montes Claros – LT

Pirapora 2 – Montes Claros 2. Minas Gerais.

145

ANEXO A – CRONOGRAMA OFICIAL LT500kV ASSIS-LONDRINA

146

ANEXO B – SILHUETA DA TORRE TÍPICA ALE1

147

ANEXO C – EXEMPLO DE SEÇÃO DIAGONAL

148

ANEXO D – EXEMPLO DE BOLETIM DE SONDAGEM

149

ANEXO E – SISTEMAS DE ATERRAMENTO LT500kV ASSIS-LONDRINA

150

ANEXO F – FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO (LT)

151

ANEXO G – FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO (RD)

152

ANEXO H – DESCRITIVO DE CARGAS

Po

tên

cia/

Car

ga

do

s a

par

elh

os

( W

att

)M

onof

.B

if.Tr

if.

11

P.U

NI (

W)

7.04

0X

21

P.U

NI (

W)

2.40

0X

32

P.U

NI (

W)

200

X

41

P.U

NI (

W)

1.27

0X

51

P.U

NI (

W)

3.79

0X

10

P.U

NI (

W)

0

20

P.U

NI (

W)

0

BTU

Wat

tB

TUW

att

BTU

BTU

Wat

tA

(D

eman

da)

1000

100

4000

400

7500

1250

012

50

2000

200

5000

500

9000

1500

015

00

3000

300

6000

600

1000

020

000

2000

(Wat

t)

CA

RG

A I

NS

TALA

DA

(A +

B)

Wat

t

CA

RG

A D

EM. (

W)

FP 0

,98

DE

CL

AR

ÃO

DE

CA

RG

AS

- D

CA

Res

pons

ável

pel

as in

form

açõe

s:

Nom

e:

R

G:

E-m

ail

Tele

fone

25/0

6/20

16

Loca

l

Ite

mQ

uan

tid

ade

De

scri

ção

da

ca

rga

Po

tên

cia

e t

ipo

de

lig

ação

Mo

tor

CV

(o

u H

P)

Car

gas

Con

venc

iona

is

100

Apar

elho

a s

er li

gado

em

Tom

ada

127V

1.27

0

Apar

elho

a s

er li

gado

em

Tom

ada

254V

3.79

0

C –

Exi

ste

Ger

ação

Pró

pria

? S

IM (

)

N

ÃO

( X

) *

** H

á pr

evis

ão d

e G

eraç

ão P

rópr

ia?

SIM

(

)

O (

X )

***

Dat

a da

pre

visã

o:__

___

/ ___

__ /

____

____

__15

.000

7.04

0E

quip

amen

to T

elec

om -

APM

30H

Ban

co d

e B

ater

ias

2.40

0

Sis

tem

a de

Ilum

inaç

ão (1

00W

)

750

900

1000

(Wat

t)

Wat

t

To

tal

B –

Em

con

diçõ

es d

e m

áxim

a ca

rga

prov

ável

, qua

is e

quip

amen

tos

e/ou

apa

relh

os f

unci

onar

ão s

imul

tane

amen

te?

1,2

,3,4

,5

TOD

OS

14.7

00

Car

gas

Espe

ciai

s (a

pare

lhos

de

sold

a el

étric

a, a

pare

lhos

de

Rai

o X,

mot

or c

om p

otên

cia

mai

or d

o qu

e 5

CV,

etc

, ...)

B {

Tot C

V (o

u H

P) x

736

}

14.7

000

A –

Prin

cipa

l ativ

idad

e de

senv

olvi

da n

a un

idad

e

cons

umid

ora:

TELE

FON

IA C

ELU

LAR

153

ANEXO I – TRAÇADO PROPOSTO 1

154

ANEXO J – TRAÇADO PROPOSTO 2

155

ANEXO K – ELEVAÇÃO DO TRAÇADO PROPOSTO