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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 2014/2015 RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA CAROLINA FAGUNDES INICIAÇÃO CIENTÍFICA IC VOLUNTÁRIA/ EDITAL IC 2014/2015 PLANO DE TRABALHO: Uso de fachadas móveis na arquitetura contemporânea Relatório final apresentado à Coordenadoria de Iniciação Científica e Integração Acadêmica da UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ UFPR por ocasião do desenvolvimento das atividades voluntárias de Iniciação Científica Edital 2014- 2015. NOME DO ORIENTADOR: Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto Departamento de Arquitetura e Urbanismo TÍTULO DO PROJETO: Green Architecture: Estratégias de sustentabilidade aplicadas à arquitetura e design BANPESQ/THALES: 2014015429 CURITIBA PR 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – 2014/2015 RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA

CAROLINA FAGUNDES

INICIAÇÃO CIENTÍFICA – IC VOLUNTÁRIA/ EDITAL IC 2014/2015

PLANO DE TRABALHO:

Uso de fachadas móveis na arquitetura contemporânea

Relatório final apresentado à Coordenadoria de Iniciação Científica e Integração Acadêmica da UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR por ocasião do desenvolvimento das atividades voluntárias de Iniciação Científica – Edital 2014-2015.

NOME DO ORIENTADOR:

Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto

Departamento de Arquitetura e Urbanismo

TÍTULO DO PROJETO:

Green Architecture: Estratégias de sustentabilidade aplicadas à arquitetura e

design

BANPESQ/THALES: 2014015429

CURITIBA PR

2015

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1 TÍTULO

Uso de fachadas móveis na arquitetura contemporânea

2 RESUMO

A questão da sustentabilidade aplicada à arquitetura e ao design industrial é assunto

constante na pauta de debates nos últimos 40 anos em todo o mundo, especialmente com o

despertar ecológico ocorrido a partir dos anos 1970. Esse tema colocou em relevância aspectos

como a redução do impacto ambiental, a diminuição do desperdício energético e o incentivo ao

uso de sistemas passivos e/ou materiais ditos ecológicos, os quais passariam a ser fundamentais

no projeto de edificações que se propõem mais sustentáveis.

Em meio a isto, as fachadas móveis surgem como uma importante solução para a

arquitetura sustentável contemporânea, pois promovem a eficiência energética, por meio da

quebra da insolação direta, além da sua maior adaptabilidade e regulagem. Quando aliadas à

tecnologia dos brises, tornam-se uma solução mais econômica e, ao mesmo tempo, eficaz, visto

que permitem a entrada de luz e ventilação naturais, dispensando o uso de equipamentos

artificiais como o ar-condicionado; e trazendo maior conforto ambiental e privacidade aos

usuários. Tradicionalmente aplicados como persianas e venezianas, os brises funcionam com um

sistema de aletas paralelas, reguláveis ou fixas, dispostas vertical ou horizontalmente,

dependendo da posição da fachada em relação à incidência solar.

Tendo isto em vista, o objetivo geral desta pesquisa em iniciação científica, de caráter

teórico-conceitual e cunho exploratório, foi realizar um estudo teórico sobre o uso das fachadas

móveis na arquitetura, abordando aspectos históricos, técnicos e estéticos, com vistas à sua

aplicação contemporânea. De modo específico, pretendeu-se selecionar, ilustrar e descrever seu

emprego em obras residenciais já realizadas e de qualidade reconhecida. Como metodologia fez-

se a revisão web e bibliográfica, acompanhada do estudo descritivo e crítico de 03 (três) casos de

habitação unifamiliar. Como resultado fez-se a montagem de um quadro comparativo, o qual

aponta algumas constatações e diretrizes de projeto.

Conclui-se que obras que adotam fachadas móveis em combinação a brises apresentam

diversas vantagens no que tange à sustentabilidade, as quais incluem a proposta de soluções

mais versáteis e flexíveis no que se refere à iluminação, sombreamento e ventilação; a criação de

edificações mais econômicas e eficientes, devido à redução de gastos com equipamentos e

sistemas artificiais; e a definição de ambientes mais confortáveis e agradáveis em termos de

isolamento, privacidade e resultado estético.

Palavras-chave: Arquitetura. Sustentabilidade. Fachadas móveis.

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3 INTRODUÇÃO

Desde tempos imemoriáveis, o ser humano vem modificando o ambiente em que vive.

Com a Revolução Industrial, ocorrida a partir de meados do século XVIII, segundo o Portal

Educação (2012), a natureza passou a ser vista como matéria-prima a ser apropriada pelo homem

em prol da economia; postura esta que decorria de uma concepção do planeta como fonte

inesgotável de recursos. Entretanto, tal ideia começou a ser confrontada ao passo que foram

aparecendo diversos problemas ecológicos, muitos destes causados pela apropriação dos bens

naturais sem planejamento ou mesmo a reflexão sobre as consequências em médio e longo

prazo. Esse panorama encontrou seu momento mais crítico na segunda metade do século XX,

quando se inicia um processo gradativo de conscientização ambiental por todo plante, em

especial na Europa do segundo pós-guerra.

De acordo com Brundtland (1991), foi depois da Segunda Guerra Mundial (1939/45) que

surgiu a necessidade da reconstrução e se desenvolveram os primórdios da preocupação com o

meio ambiente, tanto devido aos danos causados pelo conflito como também graças a várias

pesquisas e denúncias, as quais tomaram força principalmente a partir dos anos 1960. Essas

discussões levaram à ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU a promover, em 1972, uma

conferência mundial sobre o meio ambiente humano, em Estocolmo, Suécia, que, ainda conforme

Brundtland (1991), “levou os países em desenvolvimento e os industrializados a traçarem, juntos,

os ‘direitos’ da família humana a um meio ambiente saudável e produtivo” (p. 8).

Lamberts, Dutra et Pereira (2004) destacam que foram as crises do petróleo de 1973 e

1979 fizeram a humanidade repensar suas fontes energéticas, o que deu início a pesquisa sobre

técnicas e métodos visando a economia de energia e a diminuição do impacto ambiental, o que

teve repercussão direta sobre a arquitetura e construção civil. Como resultado da Conferência de

Estocolmo, organizou-se a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a qual foi

responsável pela publicação, em 1987, do relatório intitulado “Nosso Futuro Comum”,

posteriormente reconhecido como Relatório Brundtland devido ao fato do grupo ter sido liderada

pela então Primeira-Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland (1939-).

Pela primeira vez na história, esse importante documento propagava o conceito de

sustentabilidade, segundo o qual

[...] a humanidade é capaz de tornar o desenvolvimento sustentável – de garantir que ele atenda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem também as suas. O conceito de desenvolvimento sustentável tem, é claro, limites – não limites absolutos, mas limitações impostas pelo estágio atual de tecnologia e da organização social, no tocante aos recursos ambientais, e pela capacidade da biosfera de absorver os efeitos da atividade humana. (BRUNDTLAND,1991, p. 09)

Dentre as degradações causadas pelo homem, a construção civil pode ser considerada

uma das grandes responsáveis pelo consumo exacerbado de matérias-primas no planeta, já que,

graças àquela, até 75% dessas são consumidas e retiradas da natureza, sendo a maioria destes

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recursos não renováveis (GLOBO CIÊNCIA, 2013). Além do consumo das matérias-primas, a

construção civil ocasiona uma série de impactos ao meio ambiente – este concebido como o

conjunto de meios físico, biótico e antrópico –, entre os quais: o desperdício de materiais, o

acúmulo de resíduos e as perturbações físicas no local e nos arredores da construção. As causas

de tais impactos causados pela construção civil são diversas, podendo ser aqui apontados: o

consumo e desperdício de recursos, água e energia; as emissões de ruídos e acúmulos de

resíduos; as perdas de materiais ocasionadas pelo entulho; e a ocupação de vias públicas, entre

outros. Neste contexto, a construção sustentável faz-se necessária para a redução dos impactos

ambientais, respeitando os três pilares da sustentabilidade: as dimensões econômica, social e

ambiental. (ARAÚJO et CARDOSO, 2010)

Uma solução para esse problema seria consumir materiais mais sustentáveis, de

preferência que possam ser renovados, reciclados e/ou reutilizados. Além disto, segundo

Lamberts, Dutra et Pereira (2004), a eficiência energética seria outra alternativa para a construção

civil. Os gastos nos setores comerciais e públicos com iluminação artificial e ar condicionado são,

respectivamente, de cerca de 44% e 20%. Ainda de acordo com esses autores, eficiência

energética pode ser definida com a “obtenção de um serviço com baixo dispêndio de energia [...]

Um edifício é mais eficiente energeticamente que outro quando proporciona as mesmas condições

ambientais com menor consumo de energia” (p. 14). Deste modo, para Santos et Abascal (2012),

alcançado a eficiência e eficácia energéticas, haveria perspectivas de se preservar o planeta da

ação humana.

Desde fins do século passado, buscava-se encontrar uma forma de avaliar essa eficiência

e, consequentemente, a sustentabilidade de uma edificação. Foi devido a isto que apareceram os

primeiros sistemas de certificação ambiental para a construção de edifícios no mundo, os quais

passaram a ser difundidos internacionalmente no início dos anos 2000, sendo um dos mais

reconhecidos a certificação denominada LEADERSHIP IN ENERGY AND ENVIRONMENTAL DESIGN –

LEED, criada pelo Conselho de Construção Sustentável dos EUA (USGBC). Tal sistema é

representado no país pelo Conselho de Construção Sustentável do Brasil (GBC).

De acordo com Spitzcovsky (2012), existem 08 (oito) tipos diferentes de selo LEED no

Brasil, os quais avaliam um rol de 07 (sete) quesitos referentes à sustentabilidade de uma

edificação, a saber: uso racional da água; eficiência energética; redução, reutilização e reciclagem

de materiais e recursos; qualidade dos ambientes internos da edificação; espaço sustentável;

inovação e tecnologia; e atendimento as necessidades locais. Cada quesito possui uma

pontuação que, somada, resulta na categoria à qual a edificação será avaliada, podendo a mesma

obter sua classificação em 04 (quatro) selos: LEED – mais de 40 pontos; LEED Silver – mais de

50 pontos; LEED Gold – mais de 60 pontos; e LEED Platinum – superior a 80 pontos.

Desse contexto referente ao despertar ecológico, à eficiência energética e à certificação da

construção sustentável que irrompe a ideia de proteger a fachada de uma edificação da incidência

4

solar direta, pois consiste em uma medida projetual que visaria minimizar o consumo de energia

na tentativa de manter a temperatura agradável dos ambientes, possibilitando sombreamento e

ventilação natural. Embora tal solução tenha sido usada pela humanidade desde tempos remotos,

foi a partir do século passado que a mesma voltou à tona na discussão da arquitetura moderna –

especialmente, através do chamado brise-soleil (em tradução literal: “quebra-sol”) – e, mais

recentemente, na defesa e difusão da arquitetura contemporânea mais sustentável, a qual adotou

o termo window blind para designar esse procedimento de “cobrir” as aberturas do edifício,

protegendo-o da insolação direta.

Comumente conhecidos como persianas1, além de outras designações que variam de

acordo com o idioma, tais dispositivos funcionam a partir de um sistema de aletas ou ripas

paralelas que, posicionadas conforme a incidência solar do local, permitem proteger as fachadas

das edificações, controlando a incidência direta da luz solar, ao mesmo tempo em que promovem

a privacidade, regulam a entrada de luz natural no ambiente e permitem a ventilação cruzada, ,

podendo ser móveis ou fixas, horizontais ou verticais. Tal praticidade levou a designar as

fachadas compostas por esses elementos de fachadas móveis ou praticáveis.

4 REVISÃO DA LITERATURA

Desde o Movimento Moderno (1915/45), o emprego de brises foi amplamente difundido a

partir da experiência do arquiteto franco-suíço Le Corbusier (1887-1965), que começou a utilizá-

los em resposta às críticas que suas edificações sofreram, principalmente aquelas dotadas de

janelas longitudinais ou paredes-cortinas – estas características do racionalismo moderno –, as

quais recebiam forte incidência solar, comprometendo tanto sua funcionalidade como conforto.

Com o amadurecimento de seu trabalho e gradativa adoção do vocabulário brutalista, o brise-

soleil corbusieriano passou a fazer parte da linguagem estética nas últimas décadas de trabalho

do mestre, acabando por influenciar gerações.

Le Corbusier fez uso dos brises pela

primeira vez no projeto das Unités d’Habitation,

em tradução literal: “Unidades de Habitação”

(Figura 01); um complexo de edificações

plurifamiliares executadas em localidades na

França e exterior, no período entre 1947 e 1953,

em resposta à demanda habitacional de algumas

cidades, com destaque para Marselha. Silva

(2011) afirma que tais edificações foram uma

resposta à “crise habitacional” existente após o término da Segunda Guerra Mundial (1939/45),

1 Este termo, também adotado pelo espanhol, pode ser considerado sinônimo de veneziana, que tem origem italiana, além de store em francês, jalousie em alemão e jaloezie (zonwering) em holandês, entre outros. (N. Autora)

FIGURA 01

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sendo que o arquiteto já vinha, desde o período entre guerras, buscando soluções para os

problemas sociais decorrentes do conflito. Contudo, seus ideais e estudos eram, até a construção

das unidades em Marselha2, colocados em prática somente em casas particulares.

O projeto da Unidade de Habitação de Marselha foi encomendado pelo Ministério da Reconstrução da França [...] Sua realização tinha por objetivo aumentar o número de habitações destinadas às famílias desalojadas em consequência da Segunda Guerra Mundial e deu a oportunidade a Le Corbusier para concretizar um conjunto de pesquisas sobre a arquitetura e o habitar que vinha a realizar desde a década de vinte. (SILVA, 2011, p.63)

O legado da concepção corbusieriana de brise-soleil, a qual associava a sua função como

proteção solar à de elemento plástico, pode ser considerado como uma característica marcante na

arquitetura moderna do mundo inteiro, inclusive no Brasil. Passando a fazer parte da concepção

formal de muitos edifícios modernistas no país, os quebra-sóis foram amplamente utilizados entre

1930 e 1960, em especial nos locais de clima tropical e subtropical, provando que jovens

arquitetos brasileiros inspiraram-se nesses elementos de Le Corbusier, tornando-os

característicos do que ficou conhecido como Escola Carioca. (GUTIERREZ et LABAKI, 2005)

Em termos gerais, de acordo com Fathy (1986), pode-se dizer que os brises são uma

releitura das antigas persianas, sendo a largura das aletas ou ripas aumentadas de 4 para cerca

de 40 cm, de modo a se adequarem a uma escala maior, até mesmo permitindo o brise percorrer

uma fachada inteira, enquanto a persiana ser posicionada apenas na abertura das janelas. Já

para Lamberts, Dutra et Pereira (2004), o que diferencia principalmente um brise – que seria uma

“proteção solar externa” – de uma persiana – que funcionaria mais como uma “proteção solar

interna” – estaria no fato de o primeiro impedir a entrada de radiação direta antes que esta penetre

no vidro, protegendo assim a edificação do chamado efeito estufa. Ao controlar a entrada de

radiação e, consequentemente, calor, além de regulares a luz natural, esses elementos vazados,

quando posicionados corretamente, dispensam gastos com energia elétrica e ar condicionado,

além de proporcionarem maior conforto aos usuários. (FROTA, 2004)

Etimologicamente, a palavra “persiana”, tanto em português como espanhol, provém do

francês persienne, o qual designa aquilo que nasceu ou é originário da antiga Pérsia; região do

Oriente Médio onde hoje se encontra o Irã, ao norte da Mesopotâmia, atual Iraque. O Império

Persa remonta à época antiga, tendo sido fundado em meados do século IV a.C. e que, no seu

auge, no século VI a.C., chegou a dominar uma vasta área – cerca de 8 milhões de quilômetros

quadrados –, a qual abrangia desde o vale do Indo, a leste, até a região da Macedônia, a oeste,

incluindo outros territórios, como os do Egito e Turquia. Além de suas influências espaciais e

2 A Unidade de Habitação de Marselha possui uma altura de 18 andares, comportando 337 apartamentos, além de albergue, creche, lojas e restaurantes, entre outros serviços. Nesta construção, diversas inovações foram aplicadas, como: o uso de brises, a base formada por massivos pilotis e a planificação com base no “Modulor”, que consistia em um sistema de proporções baseadas nas pesquisas corbusierianas sobre as dimensões de diversos indivíduos, além do estudo da proporção áurea. Plasticamente, não há uma fachada principal, sendo os brises-soleil os elementos base da composição, modulados e formando loggias. Observa-se que o conceito inicial de loggia para esta edificação foi a de uma “dupla laje quebra-sol”, porém, ao final da construção, resultou em “além de preservar a intimidade do apartamento teve ainda a função de harmonizar a fachada em toda a sua extensão”. (SILVA, 2011, p. 103)

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militares, os persas deixaram um grande legado cultural, religioso e tecnológico, para os povos

que passaram por seu domínio; e que, de alguma forma, chegaram à Europa.

Acredita-se que a utilização desses elementos para proteção, sombreamento e ventilação

das aberturas nas edificações tenha sido apresentada ao mundo ocidental através do Império

Bizantino, que perdurou entre 395 e 1453; e cujas fronteiras territoriais foram bastante variáveis,

embora tenham encontrado em Veneza, no nordeste na Península Itália, a porta ideal para

ingressar definitivamente no repertório arquitetônico do Ocidente em plena Idade Média. A

influência política e econômica dos venezianos atingiu seu ápice graças ao controle do comércio

com o Oriente e os benefícios dele decorrentes, o que fez com que seus domínios se ampliassem

até a primeira metade do século XV, assim como os reflexos culturais e artísticos sobre vários

povos e regiões, fazendo com que as palavras “persiana” e “veneziana” acabassem se

confundindo em seus significados3.

A popularidade das persianas no Ocidente data da segunda metade do século XVIII;

alguns séculos após os venezianos trazerem-nas da Pérsia. Seu sistema para proteção possui,

entretanto, origem milenar, já que povos como os egípcios e os chineses podem ser considerados

pioneiros na técnica. Enquanto os egípcios antigos usavam juncos de cana amarrados para

fazerem suas persianas, os chineses empregavam o bambu como matéria-prima. Contudo, foi em

11 de dezembro de 1769 que surgiu a primeira patente para persianas com o britânico Edward

Bevan, o qual introduziu um sistema que tornou possível a regulagem da incidência solar pela

persiana; sistema este que foi aperfeiçoado em 21 de agosto de 1841 pelo estadunidense John

Hampson, o qual tornou também possível a mudança do ângulo das ripas4. (MCAMPBELL, 2014;

BLINDS SHUTTERS AND MORE, 2015)

Nos EUA, há registros que persianas foram utilizadas pioneiramente em 1761, mais

especificamente para cobrir as janelas da igreja de St. Peter, nas Third e Pine Streets, na cidade

da Filadélfia PA, sendo originalmente feitas em tecido. Em 1767, de acordo com o site da The

Curtain Rod Store (2015), John Webster começou a vender as chamadas Wooden Venetian Sun

Blinds em sua loja de estofados também situada na Filadélfia, as quais se tornaram bastante

populares. Isto porque a madeira abundante passou a substituir o pano importado da Inglaterra a

3 Segundo a Grande Enciclopédia Larousse Cultural (1998), enquanto persiana pode ser definida como o dispositivo composto por lâminas móveis, verticais ou horizontais, colocado em geral internamente, como opção às cortinas; veneziana designa a janela de fasquias fixas, comumente disposta no exterior da edificação, que deixa penetrar o ar

quando fechada, mas veda a claridade. Contudo, hoje em dia, ambos termos parecem ter seus significados ampliados, assim como as modalidades de sua aplicação, seja ela interna como externa, móvel ou fixa, o que depende mais da estética e funcionalidade que se pretende. Logo, prefere-se nesta pesquisa a adoção da expressão de origem inglesa window blind, cujo significado sugere-se mais amplo e genérico (em livre tradução, “janela

protegida”), englobando todas as possibilidades de proteção e controle de fachadas. 4 Alguns pesquisadores apontam o cientista e inventor britânico Gowin Knight (1713-72) – mais conhecido pelo desenvolvimento de um processo para criar aço fortemente magnetizado em 1745, cuja principal aplicação estaria nas agulhas de bússolas; e vencedor da Copley Medal em 1747 – como o primeiro responsável pela patente intitulada Dwarf Venetian Blinds, datada de 1760. Knight também é lembrado como o primeiro bibliotecário do British Museum, em Londres, nomeado em 1756. (THE CURTAIN ROD STORE, 2015)

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um imposto pesado. Webster talvez tenha feito a primeira propaganda conhecida no Novo Mundo

para persianas de madeira, cujo anúncio no Pennsylvania Journal and Weekly Advertise dizia:

[…] the newest invented Venetian Sun Blinds for windows, on the best principles, stan’d to any colour, move to any position, so as to give different lights, screens from the scorching rays of the sun, draws a cool air in hot weather, draws up as curtain, and prevents being overlooked, and is the greatest preserver of furniture of anything of the kind ever invented

5. (THE

CURTAIN ROD STORE, 2015, p. 01)

As persianas reguláveis de madeira disseminaram-se após a patente britânica de Bevan,

datada de 1769, estando presentes inclusive no ato da assinatura da Declaração da

Independência dos EUA, em 04 de julho de 1776, ocorrido no Independence Hall; edifício

também localizado na Filadélfia, que atualmente é considerado Patrimônio da Humanidade pela

UNESCO. Durante o período colonial norte-americano, o modelo mais utilizado era feito em

nogueira como uma produção secundária da indústria local de móveis. As chamadas window

blinds, além da proteção contra o sol, eram duráveis, fáceis de operar e econômicas, tornando-se,

por estes motivos, extremamente populares, em especial nas colônias inglesas que estavam

passando pelo Estilo Georgiano, predominante entre 1714 e 1811. (KUMPEL, 2013)

Ainda de acordo com Kumpel (2013), esse estilo arquitetônico combinava elementos do

palladianismo, neoclássico, rococó e neogótico, estando presente principalmente no leste dos

EUA, região de colonização britânica; e permitia o uso das persianas de madeira. No período

seguinte, o do Estilo Federalista, que dura até meados da década de 1830, as venezianas

continuaram presente, porém com desenho um pouco diferente, tornando-se mais delicadas e

brancas, assim consideradas mais elegantes. Já na Era Vitoriana, entre 1837 e 1901, em que a

arquitetura tornou-se mais ornamentada, as venezianas de duas folhas começaram a aparecer em

outros estabelecimentos, como nas bibliotecas. (KUMPEL, 2013)

Durante o século XIX, conforme o site da The Curtain Rod Store (2015), as persianas

foram se aperfeiçoando. Em 1841, John Hampson patenteou, em Nova Orleans LO, o mecanismo

moderno que ainda é usado hoje para ajustar o ângulo das lâminas horizontais das venezianas; e,

em 1888, G. L. Castner desenvolveu um novo modelo de window shade na Inglaterra. Seu

emprego doméstico continuou frequente no início do século passado, porém, considera-se o

prédio da RCA do Rockfeller Center – o Music City Hall de Nova York, construído em 1930 –, a

primeira edificação moderna com seu emprego incorporado à composição arquitetônica de gosto

essencialmente Art Déco. Em 1931, registrou-se a maior encomenda até então feita de persianas

nos EUA, de modo a atender a solicitação para o Empire State Building, erguindo no coração de

Manhattan, o que foi providenciado pela Burlington Venetian Blind Company.

5 Em tradução livre: “[...] o mais novo invento Venetian Sun Blinds para janelas, nos melhores princípios, disponível em qualquer cor, desloca-se para qualquer posição, fornece diferentes iluminações, protege de raios escaldantes do sol, permite ar fresco em clima quente, funciona como cortina, e impede a ser espiado, além de ser o maior preservativo de móveis de qualquer coisa do tipo já inventado". (N. Autora)

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Em 1936, a Kirsch fabricou as primeiras window blinds em alumínio; e, dez anos depois,

em 1946, a Hunter Douglas massificou-as. Tanto que, no ano seguinte, já havia cerca de 1.000

distribuidores em toda a América do Norte, que as vendiam durante o dia e montavam-nas à noite.

Em 1950, apareceram as persianas verticais: Edward e Frederick Bopp, na cidade de Kansas MO,

inventaram e patentearam aletas cegas verticais, criando a empresa Vertical Sun. Assim como as

persianas horizontais, estas aletas, que podem ser feitas em qualquer material, também permitem

sua regulagem, sobrepondo-se umas às outras, permitindo ou não a entrada de luz. Uma década

após, em 1960, a patente da Vertical Sun foi vendida; e este tipo de window blind alastrou-se

mundo afora. As modificações continuaram nos anos 1970 – quando se introduziram mini-aletas

de alumínio com 2,5 cm de largura – e 1980 – quando o alumínio foi substituído por materiais

vinílicos, além de serem produzidos modelos motorizados por controle-remoto –, fazendo com que

elas se tornassem cada vez mais sofisticadas. Finalmente, em 2005, a Skotz Manufacturing criou

uma veneziana automatizada, a MagnesBlind. (THE CURTAIN ROD STORE, 2015)

Deve-se destacar que o posicionamento adequado de uma window blind depende da

posição da edificação em relação ao sol. Por isto, é necessário um estudo, mesmo que superficial,

para evitar seu uso inadequado. Como o Brasil é um país localizado majoritariamente no

hemisfério sul, de acordo com o site Cimento e Areia (2012), de forma simplificada, ocorre a

seguinte situação, a qual precisa ser observada: a leste, tem-se o sol nascente e, a oeste, o sol

poente; em ambos os horários, o sol é rasante. Isto indica a necessidade de proteção eficiente da

janela. Enquanto o norte recebe insolação principalmente no inverno – embora a insolação seja

irradiada durante o ano inteiro em todo o período diário, especialmente ao meio-dia –, ao sul, há

pouca incidência solar, sendo praticamente nula no inverno, o que indica problemas como

umidade e mofo. Deste modo, o emprego de persianas ou venezianas na fachada sul é

funcionalmente desnecessário.

Segundo Forte et Ferraz (2010), a colocação ideal de brises para maior eficácia contra a

insolação direta, considerando as posições do sol durante o dia – e as elevações leste e oeste,

por receberem sol rasante – devem ter suas aletas dispostas de maneira vertical. A elevação

norte, por receber insolação durante todo o dia e em boa parte rasante, devem receber aletas

preferencialmente horizontais. A fachada sul dispensa o uso de window blinds, pois recebe um

nível mínimo de insolação.

A critério de classificação, podem ser definidos os seguintes tipos de window blinds e suas

variações:

Persianas horizontais e verticais (venetian blinds): são compostas por aletas paralelas, conectadas por cordas, que permitem a regulagem e a abertura das persianas, com o intuito de proteger o ambiente da insolação, promovendo a privacidade (Figura 02);

Persianas rolô: são produzidas com a tecnologia das telas solares ou filtra-sol, são compostas por poliéster com PVC, possuindo microfuros que possibilitam a ventilação e a luminosidade natural. Fogem da estética das persianas horizontais, porém possuem as mesmas características básicas de proteger o ambiente da incidência solar, além de isolá-lo do barulho

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externo. Existem também as persianas rolô blackouts, que impedem a total entrada de luz no ambiente (Figura 03);

Persianas romanas: são produzidas de modo que, ao puxar o cordão lateral para baixo, adquirem dobras e abrem-se na direção horizontal, podendo ser feitas de diversos materiais, sendo o poliéster e o bambu os mais comuns (Figura 04);

Janelas venezianas: são aquelas que permitem a ventilação e impedem a entrada direta de sol por meio de suas palhetas paralelas inclinadas, estas fixas na esquadria (Figura 05);

Brises: são ripas ou aletas paralelas posicionadas de forma vertical ou horizontal, podendo serem fixas ou móveis (Figura 06);

Jalousie windows ou Louvers: são window blinds compostas por as aletas paralelas presas diretamente no quadro da janela, podendo serem as ripas móveis ou fixas; e produzidas em diversos materiais, como alumínio, madeira e vidro (Figura 07).

5 MATERIAIS E MÉTODOS

De caráter exploratório, esta pesquisa é baseada em revisão web e bibliográfica com

estudo de casos, realizando-se por meio da investigação, seleção e coleta de fontes impressas,

nacionais e internacionais; ou ainda publicadas on line, que tratavam direta ou indiretamente

sobre fachadas móveis os janelas praticáveis (window blinds). Além de material para registro

computacional, gráfico e fotográfico, utilizou-se as instalações físicas destinadas ao docente-

adjunto, autor do projeto e lotado na subárea de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo, em

Regime de Dedicação Exclusiva, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, com a

participação de 01 (uma) discente do curso de graduação, autora do presente relatório.

Em suma, a metodologia de pesquisa seguiu as seguintes etapas:

a) Revisão Bibliográfica e Coleta de Dados: Esta etapa baseou-se na pesquisa web e

bibliográfica sobre a conceituação e a caracterização desses elementos arquitetônicos,

além da contextualização histórica a respeito da sustentabilidade e eficiência energética

FIGURA 02

FIGURA 03

FIGURA 04

FIGURA 05

FIGURA 06

FIGURA 07

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em edificações, procurando assim fundamentar conceitualmente e dar subsídios às

próximas etapas da pesquisa.

b) Seleção e Mapeamento de Obras: Esta etapa envolveu a identificação e descrição de 03

(três) exemplares de arquitetura contemporânea, estes divulgados pelos círculos

acadêmicos e profissionais, nos quais se destacava o emprego de window blinds, de modo

a exemplificar essa solução arquitetônica voltada à economia energética e melhoria do

conforto ambiental das edificações.

c) Análise e Avaliação dos Casos: A partir da seleção dos casos, fez-se a descrição e

comparação de características funcionais, técnicas e estéticas mais relevantes, ilustrando-

se com imagens dos exemplares escolhidos.

d) Conclusão e Redação Final: O fechamento desta pesquisa deu-se através da elaboração

do presente RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA, além de material expositivo por ocasião do

Evento de Iniciação Científica da UFPR – EVINCI, previsto para outubro de 2015.

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tomando como critério para seleção de possíveis estudos de caso o fato de analisar

apenas fachadas móveis e executadas em edificações no século XXI, pré-selecionou-se as

seguintes obras para análise na segunda fase da pesquisa:

Torre Agbar (2005, Barcelona, Espanha) – Jean Nouvel

Casa Harmonia 57 (2008, São Paulo SP, Brasil) – Triptyque Arquitetura

Maison Bambou (2009, Bessancourt, França) – Karawitz Architecture

Sede do SEBRAE Nacional (2010, Brasília DF, Brasil) - Álvaro Puntoni, Luciano Margotto Soares,

Jonathan Davies & João Sodré

Sunset Cabin (2011, Ontario, Canadá) – Taylor Smyth Architects

Casa dos Ipês (2011, São Paulo SP, Brasil) – Marcio Kogan

Edifício Jacobo (2013, Cuenca, Equador) – Javiér Duran & María Augusta Hermida

Partindo do interesse em enfocar o uso da fachada móvel como instrumento eficiente para

promover maior sustentabilidade nas edificações e procurando encontrar um ponto em comum

entre os casos a serem estudados, optou-se em escolher 03 (três) residências executadas neste

século, as quais apresentassem, além das fachadas móveis – foco principal da presente pesquisa

–, outras estratégias interessantes para se tornarem casas sustentáveis e com maior eficiência

energética. Somou-se a isto a maior acessibilidade a materiais e informações sobre os projetos.

Portanto, os casos abordados foram os seguintes: a Casa dos Ipês, projetada entre 2009 e 2011

pelo Studio MK27, em São Paulo SP (Brasil); a Maison Bambou – certificada com o selo

PassiveHaus –, obra da Karawitz Architecture, criada em 2009 na cidade de Bessancourt

(França); e a Casa Harmonia 57, projeto de 2008 da Triptyque Arquitetura, também para a capital

paulista.

11

ESTUDO DE CASO I Casa dos Ipês

(2009/11, São Paulo SP - Brasil)

Studio MK27

Localização: São Paulo SP (Brasil) Área do projeto: 1.343 m² Data do projeto: 2009 Data de construção: 2011 Autoria: Studio MK27 (Marcio Kogan e Lair Reis)

A casa dos Ipês (Figura 08) possui uma

diversidade de materiais que vai desde concreto,

madeira, aço e pedras; cada um com uma função

distinta. Contudo, o concreto aparente é o grande

triunfo da obra, já que o segundo andar da construção

consiste em uma grande caixa de concreto que

praticamente flutua sobre leves paredes de vidro e

enormes portas pivotantes de madeira, as quais se

abrem para o exterior da casa (Figura 09), conectando

assim a sala com a área da piscina como se fossem

um único cômodo. (ARCHDAILY, 2014)

De acordo com a equipe de arquitetos do

Studio MK27, liderada por Márcio Kogan:

[...] ao longo da última década, o conhecimento de projeto e especificação de concreto armado foi retomado e desenvolvido. Os brutalistas modernos adotavam o concreto sob o pretexto de verdade formal. Na prática, o concreto aparente impõe construção de fôrmas, geralmente com madeiras novas e de boa qualidade que fazem dele um material caro. (ARCHDAILY, 2014, p. 01)

Assim, pode-se observar como a obra foi

concebida e construída, utilizando-se o concreto

ripado, em um complexo sistema baseado em um

processo artesanal de carpintaria, já que as fôrmas de

madeira devem ser feitas como o negativo da forma

final do edifício.

Na planta do pavimento térreo

(Figura 11), observa-se que as grandes

portas pivotantes que se abrem para a

área da piscina estão na área de estar.

Logo, a planta é igualmente clara: a sala é

o coração do térreo, dominando com sua

ampla abertura todo o perímetro do

terreno (FRAJNDLICH, 2013). A sensação

de amplitude que se tem dentro da casa é

também evidenciada pelos grandes vãos

internos, proporcionados pela planta livre

da edificação. Já no segundo pavimento

(Figura 11), este mais compartimentado que o primeiro, a fachada norte, que recebe maior insolação direta

no hemisfério sul, é contemplada com uma sequência de brises de madeira móveis (Figura 10), os quais

são feitos com aletas verticais que podem ser articuladas, como janelas venezianas convencionais. De

acordo com o portal Archdaily (2014), esta fachada móvel leva o conforto térmico para a área interna do

pavimento, além de conferir um total controle da iluminação dos cômodos.

FIGURA 08

FIGURA 09

FIGURA 10

FIGURA 11

12

ESTUDO DE CASO II Maison Bambou

(2009, Bessancourt - França)

Karawitz Architecture

Localização: Bessancourt (França) Área do projeto: 177 m² Data do projeto: 2009 Data de construção: 2009 Autoria: Karawitz Architecture

Este projeto do grupo Karawitz, conhecido

como Casa Bambu (Figura 12), possui uma aparência

que remete à de uma casa tradicional francesa, tendo

sido a primeira edificação da França a receber a

certificação PassivHaus6, ou seja, “casa passiva”. De

acordo com Rangel (2014), a residência possui boa

orientação em relação ao sol, estando os cômodos

voltados para a fachada sul, a qual recebe a maior

radiação solar no hemisfério norte; direção onde se

encontram também os painéis fotovoltaicos da casa.

Segundo o site Arch Tendências (2014), a casa

possui estrutura em madeira maciça, sendo apenas as

fundações em concreto, além de ter uma segunda pele

de bambu; esta que fora deixada sem tratamento

contra intempéries, passando a adquirir tonalidade

cinza ao longo do tempo; cor semelhante aos celeiros

tradicionais da França (Figura 13). A casca exterior é

inteiramente coberta com varas de bambu cortadas sob

medida fixa com fios de aço, dando uma aparência de

filigrana a esta estrutura compacta.

O bom sistema de isolamento assim como de

recuperação de calor dispensa o uso de aquecimento,

sendo os próprios usuários, além do sol, as principais

fontes de calor da casa. A fachada sul possui um

sistema de janelas móveis, para aproveitamento da luz

solar e proteção do interior, tanto de dia quanto de

noite. Os brises de bambu possuem orientação

horizontal, pois neste caso a fachada sul recebe maior

quantidade de energia solar (Figura 14). Ao norte, um

sistema de fachada dupla funciona como limitador das

perdas de calor, pois se forma um corredor de ar entre

a casa e segunda pele. As janelas possuem vidros

triplos, sendo os guarda-sóis móveis, permitindo tanto

a proteção da insolação quanto a ventilação cruzada, o

que contribui para a eficiência térmica da construção. Os painéis solares produzem cerca de 3.200 kwh por

ano. No verão ou nos dias mais quentes, o sistema de janelas móveis pode ser aberto e revelando as

varandas do andar superior (Figura 15). Conforme Rangel (2014), uma ventilação mecânica garante a

recuperação de calor e a entrada de ar fresco no interior. Assim, a casa adapta-se a todas as estações do

ano, abrindo-se no verão para que os moradores desfrutem da varanda. Já o projeto de interiores é simples

e funcional, beneficiando-se dos jogos de luzes da iluminação natural e dos revestimentos naturais.

6 PassivHaus é uma certificação alemã que premia edificações sustentáveis que possuam consumo de energia igual ou

próximo a zero. Os princípios básicos para um projeto tornar-se uma casa passiva são baseados em questões térmicas e planejamento inteligente. (N. autora)

FIGURA 12

FIGURA 13

FIGURA 14

FIGURA 15

13

ESTUDO DE CASO III Harmonia 57

(2008, São Paulo SP - Brasil)

Triptyque Arquitetura

Localização: São Paulo SP (Brasil) Área do projeto: 1.100 m² Data do projeto: 2008 Data de construção: 2008 Autoria: Greg Bousquet, Carolina Bueno, Guillaume Sibaud e Olivier Raffaelli

Esta edificação está localizada na Vila

Madalena, bairro tradicional da capital paulista; e

possui diversas estratégias para ser uma casa

sustentável. Mesclando técnicas e matérias vernáculos

e contemporâneos, a obra possui estrutura composta

basicamente por concreto, aço e madeira (Figura 16).

O Harmonia 57 foi concebido como um organismo vivo,

com volumetria simples e inserido na paisagem da

cidade, respeitando o entorno do bairro e dialogando

com as características culturais deste.

Conforme Azevedo (2013), a pele deste

organismo vivo consiste em uma espessa camada

vegetal que recobre as paredes exteriores duplas. A

composição desta parede é de um concreto orgânico,

que possui poros, o que possibilita a aplicação de

vegetação, possuindo também um sistema de irrigação,

que funciona como “artérias” do organismo. A captação

da água é feita através de filtros, a partir de onde é

distribuída pelo sistema de tubulações, irrigando as

paredes verdes; sistema presente ao redor de toda a

casa e que possibilita um maior conforto térmico e

acústico dentro da edificação, além de uma economia

de até 90% de água.

O partido é composto de dois blocos de

concreto interligados por meio de rampas e decks,

além de aberturas ao longo dos cômodos para criar

uma área de convívio e permitir a ventilação (Figura

17). As aberturas – janelas e venezianas – estão

localizadas em locais estratégicos, permitindo o

aproveitamento da luz natural. Suas paredes são de

cor cinza, de um concreto simples, intencionalmente

deforme e esculpida para receber a cobertura de

vegetação. Já seus decks são em estrutura metálica

com piso de madeira. Os corrimões metálicos podem fazer a vez de encanamentos também. As janelas são

planos de vidro protegidos por 04 (quatro) painéis móveis em madeira de eucalipto, o que remete à forma

pura de troncos de árvores. (ROCHA, 2010; AZEVEDO, 2013)

Para Rocha (2010), as tubulações metálicas amarelas e cinzas da edificação conferem uma

aparência fabril ao projeto. De acordo com Macedo Filho (2009), as imensas venezianas funcionam como

um sistema de brises, que protegem a fachada e revelam a transparência do prédio, classificando-o como

uma arquitetura inteligente e bela. A implantação da edificação (Figura 18) encontra-se oblíqua em relação

ao norte, tendo a fachada principal a orientação nordeste. Esta fachada é a que recebe as enormes janelas

praticáveis, justificando seu uso por ser a parte da casa que recebe a maior quantidade de energia solar,

principalmente no período da manhã.

FIGURA 16

FIGURA 17

FIGURA 18

14

8 CONCLUSÃO

Tanto as persianas como as janelas venezianas são dispositivos arquitetônicos que

procuram solucionar a insolação direta, os quais foram aplicados desde a antiguidade e difundidos

no mundo há séculos. Durante o modernismo do século XX, tiveram ganharam uma nova versão a

partir da reinterpretação corbusieriana, da qual surgiu o chamado brises-soleil e, mais

recentemente, reapareceram na forma de fachadas móveis, as quais apresentam melhor

adaptação e evolução mais eficiente, por meio de ripamentos e outros mecanismos, inclusive

inteligentes, com vistas à maior sustentabilidade das edificações. Utilizando-se este artifício de

maneira correta em relação ao posicionamento solar e decorrentes estudos da insolação, esses

elementos contribuem, juntamente com outras estratégias, para a conquista da eficiência

energética, importante aliada da arquitetura sustentável. Observa-se ainda que o uso das janelas

praticáveis torna-se mais eficiente que o de anteparos fixos, pois possibilitam a regulagem que,

devido à quantidade de luz natural desejada para um cômodo e de acordo com cada estação do

ano ou hora do dia, permite maior versatilidade aos ambientes, sejam habitacionais ou não.

Após a revisão bibliográfica aqui realizada, o estudo de casos de edificações

contemporâneas que fazem uso de fachadas móveis permitiu ilustrar e também constatar na

prática profissional, tanto no Brasil como no exterior – no caso, França –, a utilização desse

artifício projetual, além de se verificar semelhanças e particularidades. Observou-se, por meio da

pesquisa, que em todos os três exemplos houve preocupação quanto ao posicionamento da

edificação em relação à orientação solar. De forma simplificada, projetos no hemisfério sul devem

ter suas proteções preferencialmente voltadas para a fachada norte – que recebe sol e, por

consequência, maior carga térmica no inverno –, enquanto no hemisfério norte, os anteparos

devem ser voltados para a fachada sul, variando as angulações de acordo com cada localidade

específica. No que se refere às fachadas leste e oeste, estas devem ser trabalhadas de acordo

com o uso dos ambientes, sua natureza e frequência, assim como considerando as intenções

estéticas que orientem a proposta.

Outro ponto comum refere-se ao emprego sistemático da madeira certificada na

constituição do ripado, seja vertical como horizontal. Os painéis resultantes podem ser fixos,

corrediços ou pivotantes. Estes, combinados com outras soluções sustentáveis, como sistema de

captação de água, aplicação de materiais sustentáveis e maior isolamento, fazem com que os

edifícios estudados compactuem com os ideais de uma arquitetura mais econômica, que dispensa

o uso de ar condicionado e aquecedores, contribuindo assim para um consumo reduzido de

energia. Percebe-se ainda que a mobilidade desses painéis possibilita a integração de ambientes

interiores e exteriores, associando espaços e promovendo áreas de transição, sombra e aeração

aos cômodos das residências.

As vantagens de uma pesquisa em iniciação científica nesta área estão na percepção de

que existem diversas soluções eficientes para o desenvolvimento de projetos sustentáveis – entre

15

as quais, o uso das fachadas móveis, que foi o principal objeto de estudo –, que são acessíveis

em custo e originais em termos plásticos, criando soluções arquitetônicas interessantes. Além

disso, tal estudo vem valorizar a importância que fatores como ar, luz, sombra, calor e

transparência têm para se obter uma edificação de qualidade, que propicie bem estar e conforto

aos seus usuários. Aliás, a questão da insolação é tema de grande valor para os profissionais de

arquitetura e urbanismo que pretendam estar sintonizados ao debate mundial sobre

sustentabilidade.

As maiores dificuldades encontradas na pesquisa concentraram-se no fato de que ainda há

falta de bibliografia específica sobre janelas praticáveis, pois dados científicos são escassos,

principalmente na língua portuguesa, em comparação à quantidade de catálogos de produtos

similares, bastante acessíveis no mercado. Quanto aos estudos de caso, houve problemas no

acesso a informações específicas sobre os brises aplicados às edificações selecionadas,

limitando-se a pesquisa em recolher o que estava disponível pelos meios de comunicação. De

qualquer forma, devido às limitações acadêmicas quanto a prazos e disponibilidade de tempo,

acredita-se que esta introdução ao universo científico da pesquisa tenha se desenvolvido de

maneira satisfatória.

9 REFERÊNCIAS

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10 FONTE DE ILUSTRAÇÕES

Figura Disponível em: Acesso em:

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02 http://www.curtaincleaningexperts.com.au/wp-content/uploads/2012/11/v-blinds13.jpg 14/06/2015

03 http://www.cleansystemss.com.br/imagens/produtos/cortina-rolo-01.jpg 14/06/2015

04 http://www.rjpersianas.com/images/CORTINA_ROMANA_SITE__RJ_PERSIANAS.jpg?652 14/06/2015

17

05 http://images.taqi.com.br/large_730x730/086935_z_large.jpg 14/06/2015

06 http://www.3f.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/12/67557-4948269.jpg 14/06/2015

07 https://kibster.files.wordpress.com/2012/04/jalousie_windows.jpg?w=521&h=347 14/06/2015

08 https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/75/cc/20/75cc20b232614f59f9d29e226f6fb43a.jpg 14/06/2015

09 http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/227/imagens/g371491s.jpg 14/06/2015

10 https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/a5/5c/55/a55c5547dc4bd85aa2399c38b14009b6.jpg

14/06/2015

11 http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/227/imagens/g371492s.jpg 14/06/2015

12 http://sustentarqui.com.br/wp-content/uploads/2014/11/Passivhaus-Casa1.jpg 23/06/2015

13 http://o.homedsgn.com/wp-content/uploads/2012/01/Passive-House-08-800x996.jpg

http://1.bp.blogspot.com/-oWkv0AK723M/T09zFRZyQRI/AAAAAAAAE7c/ aFAzNw0VFFE/s400/9.jpg

23/06/2015

14 http://archtendencias.com.br/wp-content/uploads/2014/06/ casa_bamboo_karawitz_architecture-35.jpg

23/06/2015

15 http://sustentarqui.com.br/wp-content/uploads/2014/11/Passivhaus-Casa.jpg 23/06/2015

16 http://adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2011/12/1324650923_triptyque_harmonia_img_1-530x374.jpg

23/06/2015

17 http://adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2011/12/1324650949_triptyque_harmonia_elevation_2.jpg

23/06/2015

18 http://triptyque.com/wp-content/uploads/2014/12/HAR_PS.jpg 23/06/2015

9 PARECER DO ORIENTADOR

Este trabalho de iniciação científica cumpriu o cronograma inicial, permitindo atingir os objetivos

iniciais, não ocorrendo atrasos e imprevistos. Seu desenvolvimento junto ao professor-orientador

permitiu a complementação e publicação de material didático do curso de arquitetura e urbanismo da

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR. A aluna voluntária demonstrou interesse e dedicação

parcial na elaboração das tarefas indicadas pelo professor-orientador, permitindo o desenvolvimento

regular da pesquisa. Tratando-se de um trabalho introdutório sobre o tema e da vastidão de questões

possíveis de serem abordadas em investigações nesse campo de trabalho, considera-se que os

resultados atingidos foram satisfatórios, embora incompletos, tendo em vista os meios utilizados e

também os fins pretendidos.

DATA E ASSINATURAS

Curitiba, julho de 2015.

Carolina Fagundes

Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto