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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS - CFCH ESCOLA DE COMUNICAÇÃO
JULIANA DA COSTA AMORIM
RioMania
RIO DE JANEIRO 2 0 0 7
2
Juliana da Costa Amorim
Riomania
Relatório Técnico do Projeto Experimental apresentado à Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social, Habilitação em Radialismo.
Orientador; Prof ª Drª. Cristina Haguenauer
Rio de Janeiro 2007
3
C 897 Amorim, Juliana da Costa
Relatório Técnico/ Juliana da Costa Amorim, Rio de
Janeiro, 2007. xi. 26 f.: il Relatório Técnico (Bacharelado em Comunicação Social)
– Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Comunicação, 2007.
Orientador: Profª Dra. Cristina Haguenauer 1. Cinema - animação 2. Cidade 3. Título
CDD: 859.4
4
Juliana da Costa Amorim
Riomania
Relatório Técnico do Projeto Experimental apresentado à Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social, Habilitação Radialismo. Rio de Janeiro, 12 de outubro de 2007. _____________________________________________
Prof. Dra. Cristina Haguenauer, ECO/ UFRJ _____________________________________________
Prof. Dr. Luciano Saramago, ECO/UFRJ
_____________________________________________ Prof. Dra. Fátima Sobral Fernandes, D.Sc., ECO/UFRJ
5
RESUMO
AMORIM, Juliana da Costa. Riomania. Rio de Janeiro, 2007. Relatório Técnico, Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007.
O objetivo deste projeto é produzir uma animação em que se questione, através de um
recorte espaço-temporal, a influência do crescimento das grandes metrópoles brasileiras sobre o
comportamento das populações que as habitam. A cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como
material empírico para ensaiar uma resposta a esse questionamento. Através de imagens e
diálogos, é feito um contraponto entre as estruturas físicas da cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro no século XXI e no início do século XX (o Rio Antigo). É feita uma reflexão sobre as
vantagens e desvantagens do crescimento populacional e espacial da cidade, bem como dos
avanços tecnológicos e das mudanças urbanísticas ao longo deste período. O filme de animação
se constrói através da técnica de composição gráfica em ferramentas computacionais largamente
utilizadas, atualmente, pelo mercado profissional da área. Essas tecnologias são utilizadas para a
produção do filme e apresentadas neste relatório.
6
ABSTRACT
AMORIM, Juliana da Costa. Riomania. Rio de Janeiro, 2007. Relatório Técnico, Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007.
The objective of this project is to produce an animation film that question, through a time-
spacing fragment, the influence of the growth of Brazilian large cities over the behavior of the
people that live on it. The city of Rio de Janeiro is chosen as empirical material to test an answer
to that question. Through pictures and dialogues, it is build an counterpoint between the physical
structures in the city of São Sebastião do Rio de Janeiro in the twenty-first century and the
beginning of the twentieth century (the “Old Rio”). The results are a reflection on the advantages
and disadvantages of population growth and space in the city, as well as technological advances
and urban changes throughout this period. The animation film is build through the technique of
composition graphics in computational tools currently and widely used at the professional
enviroment of the area. These technologies are used for the production of the film and presented
in this study.
1. CINEMA - ANIMAÇÃO 2. CIDADE 3. TÍTULO
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 01
1.1 Contexto do problema 02
1.2 Justificativa da relevância 03
1.3 Objetivo 04
1.4 Organização do relatório 05
2 PESQUISA DO TEMA 01
2.1 A história das cidades: considerações 03
2.2 A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro 04
3 REFERÊNCIAS VISUAIS DE RIOMANIA 06
3.1 Referencial estético 07
3.2 Referências audiovisuais 08
4 O PROJETO 11
4.1 Pré-produção 12
4.1.1 Storyboard 13
4.1.2 Argumento 14
4.1.3 Roteiro 15
4.2 Produção 16
8
4.2.1 Cronograma de realização 17
4.2.2 Ferramentas técnicas utilizadas: programas “Photoshop” e “After Effects” 18
4.2.3 A trilha sonora 19
4.3 Pós-produção 21
4.3.1 Produção de material de divulgação 23
4.3.2 Catalogação de festivais de animação 24
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 25
REFERÊNCIAS 26
ANEXOS 28
1
1. INTRODUÇÃO
Quando se fala de crescimento populacional e da metropolização dos centros urbanos
brasileiros, é comum discutir também as transformações culturais e comportamentais das
populações que as habitam. (SANTOS, 1979). As vantagens e desvantagens do processo de
urbanização das cidades variam segundo condições socioeconômicas, ambientais, políticas e
culturais. Utilizando a cidade do Rio de Janeiro neste filme de animação pretende-se traçar
paralelos entre distintas áreas urbanas, apontando mudanças espaciais e culturais nesses espaços.
Esta cidade foi escolhida por apresentar um vasto e denso arquivo fotográfico a partir do
século XIX. Trata-se de um fator relevante, já que o produto final deste relatório é o filme de
animação. O Rio de Janeiro tem uma diversidade histórica singular, pois foi desde capital do
Império Português a capital da República e hoje é popularmente conhecida como “Cidade
Maravilhosa”. Além disso, é a segunda maior metrópole do Brasil e quarta maior da América
Latina.
1.1 Contexto do problema
Globalização, cultura contemporânea, o “global” e o “local”, descentralização cultural e
transformação do território através da oferta cultural são todos temas recorrentes nas discussões
sobre a atualidade.
A globalização é, porventura, o fenômeno mais marcante das sociedades contemporâneas.
Ela influencia a nossa maneira cotidiana de viver, de uma maneira que não é imediatamente
compreendida, mas que condiciona fortemente os nossos comportamentos mais expostos ou mais
2
íntimos, desde a política e a economia, à sexualidade, à família ou à religião. Principalmente,
importa esclarecer que a globalização não é algo que tenha a ver exclusivamente com o mundo
dos negócios e da finança internacional, e os seus atores não são apenas os Estados. Como diz
Giddens,
É um erro pensar que a globalização só diz respeito aos grandes sistemas, como a ordem financeira mundial. A globalização não é apenas mais uma coisa que “anda por aí”, remota e afastada do indivíduo. É também um fenômeno “interior”, que influencia aspectos íntimos e pessoais das nossas vidas.(GIDDENS, 1985, p.179)
Portanto, este projeto tem como objetivo discutir as vantagens e desvantagens obtidas deste
processo de diversificação e uniformização cultural (a famosa “Mcdonaldização cultural”)
ocorrido ao longo dos séculos, na cidade do Rio de Janeiro. A idéia central é contrapor as
múltiplas origens nacionais e internacionais do processo de formação da população da cidade e
as particularidades de cada grupo desses integrantes ao conceito de pasteurização cultural, um
dos principais efeitos da globalização sobre os indivíduos das grandes metrópoles.
1.2 Justificativa da relevância
Antes que possamos analisar os recursos mais vitais à disposição da humanidade, que possam pelo menos salvá-la de seu irracional mau uso da ciência e da invenção tecnológica, devemos encarar mais de perto as forças que têm produzido essa economia metropolitana e buscado apoio em seu orgulhosamente desastroso êxito. Talvez a consciência da evolução histórica das cidades venha a proporcionar uma visão, até agora ausente, que permita a introdução de novas medidas de controle em seus processos afora isso automáticos, por serem inconscientes. (MUMFORD, 1982, p.568)
3
Apenas através da observação da evolução histórica dos processos de formação da cidade
pode-se reconhecer os erros e os desvios no caminho normal de evolução desse organismo
urbano.
Isso porque esses defeitos de formação e de comportamento ficam escondidos sob a rotina
diária, a pressa e o automatismo dos indivíduos e do cotidiano da cidade. Ou então porque se
esquece que existem outras formas de se viver e se organizar socialmente.
Por isso,
A primeira necessidade da cidade hoje em dia é uma intensificação do autoconhecimento coletivo, uma visão mais profunda dos processos da história, como primeiro passo para a disciplina e o controle: aquele conhecimento que é alcançado por um paciente neurótico, ao enfrentar um traumatismo infantil há muito tempo enterrado, que se levantou no caminho de seu crescimento e integração normal. (MUMFORD, 1982, p.568)
1.3 Objetivo
O produto final deste projeto é um filme de animação que se utiliza das técnicas de
composição gráfica através da computação. O enredo do filme trata do tema das cidades, da
perda da naturalidade das suas formas e de seus habitantes, do seu “inchaço” e seu crescimento
desproporcional e, por conseguinte, de sua decadência.
1.4 Organização do relatório
Este relatório está organizado em cinco capítulos assim subdivididos: introdução, onde é
exposto o problema, através de sua contextualização e é esclarecida a necessidade do projeto,
pela “Justificativa da relevância”, para a comunidade acadêmica e para a produção de
4
conhecimento, é estabelecido o objetivo final de todo o projeto e exposto a organização das
distintas partes do relatório;
2 PESQUISA DO TEMA
2.1 A história das cidades: considerações
Ao se refletir sobre o tema da cidade inevitavelmente nos deparamos com perguntas como:
Como se forma uma cidade? Que finalidades ela preenche? Qual a influência de sua dinâmica no
comportamento dos indivíduos que a habitam?
Para responder satisfatoriamente tais questionamentos é necessário mergulhar na natureza
histórica das cidades. Mas isso é impossível de se realizar aqui. Por isso, limito-me a apenas
desdobrar o questionamento sem buscar-lhe uma resposta exaustiva ou satisfatória.
Teríamos que considerar, em princípio, o casamento de culturas dos caçadores paleolíticos e
os colonizadores neolíticos que começam a ocupar o mesmo território e, ao longo do tempo,
absorveram uns os modos dos outros. Segundo Mumford,
Como freqüentemente acontece, o componente rejeitado da cultura anterior (de caça) tornou-se o novo dominante na comunidade agrícola, mas era agora obrigado a desempenhar a tarefa de governar uma espécie superior de colônia. Agora, as armas já não serviam apenas para matar animais, mas para ameaçar e dominar os homens.(MUMFORD, 1982, p.33)
Segundo o historiador, o resultado da união dessas duas culturas teria sido uma ampla
mistura e entrecruzamento:
Isso deu à cidade potencialidades e capacidades que nem o caçador, nem o mineiro, nem o criador de gado, nem o camponês, jamais teria sido capaz de explorar, caso fosse deixado a si mesmo em seu “habitat” regional. Onde a cultura da enxada admitia a presença de aldeolas, a cultura do arado podia
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sustentar cidades e regiões inteiras. Onde o esforço local podia construir apenas valas e represas menores, as cooperações em larga escala podiam transformar todo o vale de um rio numa organização unificada de canais e obras de irrigação para a produção de alimentos e transporte, deslocando homens, suprimentos e matérias-primas por toda parte, conforme ditasse a necessidade. (MUMFORD, 1982, p. 35)
Para compreender a origem da cidade, deveríamos também considerar a evolução histórica
da cidade helênica e da acrópole ateniense.
E também a evolução do Império Romano: seus símbolos de poder visíveis, seus aquedutos,
seus viadutos e suas vias pavimentadas “cortando colinas e prados, saltando rios e pântanos,
como uma vitoriosa legião romana” (MUMFORD, 1982, p.127) e sua decadente organização
administrativa que se utilizava de um código aritmético confuso e sua ineficiente contabilidade.
Deveríamos considerar as cidades medievais, o domínio da Igreja sobre as massas.
Seria necessário esmiuçar toda a história da cidade até alcançarmos a modernidade, com suas
problemáticas de domínio de mercado e exaltação capitalista; a transformação de “cada parte da
cidade numa comodidade negociável, a mudança dos trabalhos manuais urbanos organizados
para a produção fabril em larga escala”, a transformação das cidades em “sombrias colônias”.
(MUMFORD, 1982, p.483).
Até chegarmos nos tempos contemporâneos da formação das megalópoles globalizadas,
simultaneamente pasteurizadas e diversificadas culturalmente, que competem não apenas em
população (a urbana sendo mais ampla do que a rural), mas também em área real ocupada ou
invadida, onde o crescimento urbano rivaliza com a área dedicada ao cultivo.
Teríamos que definir todos os conceitos tão discutidos nos tempos modernos como cultura
contemporânea, o “global” e o “local”, descentralização cultural e transformação do território
através da oferta cultural.
6
Entretanto, como esse projeto não se trata de uma monografia para um curso de História ou
Urbanismo, devemos realmente nos focar na questão da formação e da ampliação do diálogo (ou
discurso), peça-chave no estudo das Comunicações Sociais, possibilitado unicamente pela
formação das cidades.
Segundo Mumford,
As rotinas cotidianas da cidade, o trabalho da casa, o ofício, a profissão, podem ser desempenhadas quase em qualquer parte. Mesmo quando assumem uma forma altamente especializada, podem funcionar num enclave independente fora da cidade – assim como tantas grandes organizações semifeudais têm começado de novo a fazer em nossos próprios dias. Mas apenas numa cidade todo um elenco de personagens para o drama humano pode ser reunido: por isso, apenas na cidade há suficiente diversidade e competição para tornar mais leve o argumento e trazer os atores até o ponto mais alto da participação hábil e intensamente consciente(...) Como tantos outros atributos emergentes da cidade, o diálogo não fazia parte de seu plano ou funcionamento original, mas tornou-se possível pela inclusão de diversidades humanas dentro do anfiteatro urbano fechado (MUMFORD, 1984, p. 133).
E, ainda sobre o diálogo na cidade, Mumford diz:
Não é por acaso, pois, que mais de uma cidade histórica alcançou seu ponto culminante no diálogo que resume sua experiência total da vida. No livro de Jó, vê-se Jerusalém; em Platão, Sófocles e Eurípedes, Atenas; em Shakespeare e Marlowe, Dekker e Webster, a Londres elisabetana. Num sentido, o diálogo dramático é, ao mesmo tempo, o símbolo mais pleno e a justificação final da vida na cidade. Pela mesma razão, o símbolo mais revelador do fracasso da cidade, da sua própria inexistência como personalidade social, é a ausência do diálogo – não necessariamente o silêncio, mas igualmente o som ruidoso de um coro que pronuncia as mesmas palavras, num conformismo acuado embora complacente. O silêncio de uma cidade morta tem mais dignidade que os vocalismos de uma comunidade que não conhece nem o retiro nem a oposição dialética, nem a observação irônica nem a disparidade estimulante, nem um conflito inteligente, nem uma resolução moral ativa. Semelhante drama está destinado a ter um fatal último ato. (MUMFORD, 1984, p. 133)
2.2 A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro
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Segundo o dicionário Houaiss, Riomania significa
Riomania, s.f. (1990) paixão, obsessão, amor por cursos d’água, por quaisquer modalidades de rios (córregos, regatos, riachos, ribeiros, ribeirões, ribeirinhos, olhos d’água fluentes, etc) mais suas margens e seus, propriamente ditos, marginais. esp. esses mesmos sentimentos ou pendores, deliberadamente cultivados, acrescidos do vício fecundo e sadio de dar e dar-se ao Rio, dito Rio de Janeiro, redito Cidade do Rio de Janeiro, antedito São Sebastião do Rio de Janeiro, predito e multidito e mundidito Gloriosa Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, transdito Cidade Maravilhosa. enc. isso inclui a busca e a dação de bens, espontâneas, em favor dos seus nativos, cariocas, ou adotivos, cariocados, ou metecos vinculados e radicados, carioquizados, todos irmanados por um senso comum de identidade feliz, orgulhosa, carinhosa, generosa com a fisicidade natural da sua baía, mais a periferia dela, com colinas, morros, montanhas, pães e gáveas e corcovos e corcovados e lagoas e lagunas e lagos, mais a fisicidade edilícia ou edificada e a “non-aedifiandi”, com o Paço, os Montignys, os Reidys, os Niemeyers, os Burles, os Casés, as favelas, os becos, os parques, os jardins, as árvores, a luta pela sua preservação, recuperação, manutenção – mais o amor dos concidadãos – a que faltam creches, escolas, merendas, benfans, benefícios, beneplácitos, benedicências, benemerências, beneficências, benevolências, beneciências, benefratrências. Sint.m.q. amor do (pelo, em favor do, em pró do, em prol do) Rio de Janeiro. etim. rio<lat.rivus+gr.manía ’loucura, demência, loucura de amor, profecia, transporte, inspiração.’(HOUAISS,1986, p.522)
Segundo o arquiteto Augusto C. da Silva Telles, a cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro, desde sua fundação em 1565, junto ao morro Cara de Cão, compõe-se, ao redor da Baía
de Guanabara e à margem do oceano, como um conurbamento de Niterói, Duque de Caxias,
Nova Iguaçu, etc, de serras revestidas de densas matas, picos rochosos, isolados ou emergentes
das florestas, lagoas, pântanos e restingas.
Tal baía, a Baía de Guanabara, foi inicialmente confundida com a foz de um rio. Daí o
nome da cidade, “Rio de Janeiro, pois foi vista pela primeira vez, no dia primeiro de janeiro de
1502.”(TELLES, 2001, p.21). Segundo Augusto Telles, “deve-se, isto, certamente, ao fato de sua
barra ser relativamente estreita, constrangida entre duas altas moles rochosas; o Pão de Açúcar,
pelo lado oeste, e o Pico, pelo leste.” .”(TELLES, 2001, p.23)
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Logo constatada sua importância estratégica, o governo português encarregou Estácio de
Sá, sobrinho do governador-geral, de fundar, entre o Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar, em
primeiro de março de 1565, a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Entretanto, só em 1567 deu-se por completo a expulsão dos franceses da Baía de
Guanabara pelas tropas trazidas da Bahia e de São Vicente.
Logo após o domínio português da baía e de suas margens, a cidade foi transferida para
uma elevação no seu interior, o Descanso, e começou-se a organizar a cidade, “com arruamentos
e um casario de feição mais definitiva”(TELLES, 2001, p.13). Para o acesso aos lugares mais
altos, foram abertas ladeiras.
O local era estratégico, pois funcionava como um mirante de onde se podia avistar a
entrada da barra e os penedos que a definiam, os vales e as praias, o contorno da baía, as ilhas e
elevações, assim como o conjunto de montanhas que formavam sua moldura (Serra da Tijuca,
Corcovado, Dois Irmãos, Gávea, Tijuca) e, ao longe, a Serra do Mar, dos Órgãos, com o dedo de
Deus. Entretanto, esse sítio, o Morro do Castelo, era pequeno, e logo a ocupação começou a se
dar na faixa litorânea.
Logo, sesmarias foram sendo distribuídas aos jesuítas e demais ordens religiosas –
principalmente beneditinos e carmelitas – aos colonizadores e a descendentes do próprio
governador Mem de Sá.
Niterói nasce a partir de uma recompensa ao cacique Araribóia, pelo auxílio na luta
contra os franceses.
Foram sendo, então, fundados engenhos como o Engenho da Rainha, Engenho Novo,
Engenho de Dentro, Engenho Velho, Engenho D’água; fazendas como as de São Cristovão e
aldeias de catequese como São Lourenço, São Francisco, Itaboraí, São Pedro da Aldeia e
9
Campos dos Goitacás. Para interligar essas terras, foram abertos caminhos de acesso através de
praias, restingas e serras.
É notável, na primeira metade do século XVIII, a construção da monumental obra de
captação das águas do Rio Carioca, em suas nascentes na Serra da Tijuca, e sua canalização, ao
longo da cumeada e das faldas do Morro de Santa Teresa, até o centro da cidade.
Para isso, foi construído um aqueduto com dupla arcada – os Arcos da Lapa – a fim de ser ultrapassado o vale existente entre esse morro e o de Santo Antônio.” (TELLES, 2001, p.15)
Ao longo do aqueduto, iniciou-se a ocupação do Morro de Santa Teresa, onde as carmelitas
fundaram seu convento. Mas foi somente no século XIX que Santa Teresa se urbanizou,
principalmente através da ocupação estrangeira posterior à abertura dos portos em 1806.
Nessa mesma ocasião, intensificou-se o desmatamento dos vales altos da Serra da Tijuca, do
Alto da Boa Vista, Gávea Pequena e Solidão, ocupados, principalmente, por franceses. As áreas
deram lugar às fazendas, onde se cultivou o café, introduzido pouco antes no Brasil.
Alguns anos mais tarde, por iniciativa do Imperador D. Pedro II, realiza-se o reflorestamento
dessa área, notadamente o trecho da atual floresta da Tijuca. A iniciativa visava proteger as
nascentes dos rios Maracanã e Trapicheiro. Mais tarde, a área recebe um tratamento paisagístico
do botânico Glaziou, ganhando um gosto romântico e de parque de recreio.
Com a transformação da cidade em sede do Império, deu-se a consolidação da ocupação das
praias de Botafogo e Flamengo e a abertura de diversos logradouros como Laranjeiras,
Flamengo, Botafogo, Jardim Botânico, Gávea, ao Sul e, ao Norte, Rio Comprido, Andaraí,
Tijuca e São Cristóvão.
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Com a implantação das estradas de ferro que saíam para o norte em direção à São Paulo e
Minas e para as cidades serranas de Petrópolis, Teresópolis e Friburgo, foram se consolidando,
como estações de paragem, os núcleos suburbanos que dariam origem às cidades de Nova
Iguaçu, Duque de Caxias, Nilópolis, etc.
Nas primeiras duas décadas do século XX, através das alterações básicas da trama urbana
feitas por Paulo de Frontin e, principalmente, pelo prefeito Pereira Passos, o Rio de Janeiro
colonial torna-se uma metrópole. Rasga-se a Avenida Central, atual Rio Branco, inúmeras ruas –
Assembléia, Carioca, Uruguaiana, Passos, Marechal Floriano, etc – são alargadas e as
edificações derrubadas e reconstruídas sob partícipes da nova moda. Aterros são feitos, criam-se
as Avenidas Beira-Mar e da Praia do Flamengo. São feitos avanços sobre a baía, para a
implantação do Cais do Porto.
No centenário da Independência, o núcleo inicial da cidade, o Morro do Castelo, é posto
abaixo, e criam-se, então, pelo projeto do urbanista francês Agache, os novos aterros fronteiros
ao Russel e à Glória e a Praça Paris. A extensão das linhas de bonde para Copacabana provoca a
urbanização das áreas oceânicas (Copacabana e Leme, e posteriormente, Ipanema e Leblon) e,
por conseguinte, sua valorização. Abre-se a Avenida Brasil, que, é em seguida, prolongada até
Santa Cruz, e interligada com as estradas Presidente Dutra e Washington Luís, acesso para
Petrópolis, Belo Horizonte e, depois, Salvador e Brasília. Com a Avenida Brasil, deu-se a
conurbação das cidades vizinhas Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis e, do outro lado da
baía, através da ponte Rio-Niterói, com São Gonçalo, Alcântara, Itaboraí, Magé. Forma-se,
assim, um extenso núcleo urbano chamado “Grande Rio”.
11
A abertura dos dois túneis nos morros Dois Irmãos destrava o desenvolvimento da cidade
pelo litoral e nasce, através do projeto do arquiteto Lúcio Costa, a Barra da Tijuca. São também
ocupados São Conrado, o Recreio dos Bandeirantes e, posteriormente, Jacarepaguá.
Recentemente, em 1961, deu-se, através do desmonte do morro de Santo Antônio, o
aterro da área projetada pelo arquiteto Afonso Eduardo Reidy e do paisagista Roberto Burle
Marx, chamado Parque do Flamengo. Também pelo desmonte do morro foram ampliadas as
praias de Copacabana, Ipanema e Leblon e criados os calçadões que as emolduram. Segundo
Augusto Telles:
Os parques e as praias litorâneas, assim como as florestas da serra, conferem ao Rio um caráter único de, ao mesmo tempo, uma grande metrópole de trabalho, núcleo industrial, comercial, financeiro e cidade litorânea e parque de reserva natural e paisagístico.(TELLES, 2001, p.17)
3 REFERÊNCIAS VISUAIS DE RIOMANIA
3.1 Referencial Estético: fotografias do Rio Antigo e figuras de J. Carlos
José Carlos de Brito Cunha, mais conhecido como J. Carlos, foi um cartunista carioca, do
bairro da Gávea, muito atuante em periódicos como “O tagarela”, “O careta” e “Para Todos”. J.
Carlos ficou famoso por desenvolver diversas figuras do arquértipo Melindrosa, moças que se
vestiam e portavam de um forma peculiar e sedutora durante aquela época.
J. Carlos também tem uma vasta obra referente ao Carnaval Carioca. Palhaços, reis-momo,
arlequins e outras figuras características dessa festa, são os objetos de retratação do desenhista.
E são essas as figuras utilizadas em Riomania. Os personagens das cenas de festejos e
exaltação do desenvolvimento urbano são inspirados no trabalho deste artista.
12
A base para a construção dos cenários do filme serão fotografias do Rio Antigo.
O termo “Rio Antigo” é utilizado para definir o período em torno do ano de 1922, na cidade
do Rio de Janeiro, quando se deu a reforma estrutural do Prefeito Pereira Passos, que
transformou a vila colonial em uma metrópole modernizada, através da abertura de avenidas e
ruas e da implantação de sistemas ferroviários e marítimos de alta tecnologia para os padrões da
época.
Por ser esse período uma época marcante para a cidade, os museus da cidade preservam um
vasto material fotográfico da época. Destacamos o Museu Histórico Nacional, com seu acervo de
cerca de 10.200 fotografias, entre as quais os primeiros processos fotográficos, como
daguerreótipos e ambrotipos de artistas como Marc Ferrez e Augusto Malta e Juan Gutierrez.
3.2 Referências Audiovisuais
O filme “The Monk and the fish”, de Michaël Dudok De Wit, filmado em 1994, é uma
brincadeira sobre um monge que vê um peixe nadando num lago e tenta capturá-lo com uma
rede. Entretanto, o peixe é muito mais esperto do que se esperava e acaba ludibriando o pequeno
monge. Quanto mais o peixe foge do monge, mais o monge torna-se obcecado por capturá-lo.
Ele segue o peixe quando este sai do lago e chega a um canal, passando por diferentes paisagens
e fora do confinamento do monastério. A captura torna-se menos obcecada, e os dois começam a
se mover em harmonia. Eles flutuam através de uma porta para um espaço aberto e sobem para o
céu juntos.
O filme foi feito utilizando a técnica de animação de células (“cell animation”), com o
auxílio de computação gráfica. Tradicionalmente, a animação de células é feita com pincéis, tinta
13
indiana e guache. O filme foi vencedor de vários prêmios e selecionado para concorrer ao Oscar
de “Melhor Curta-Metragem de Animação”.
A simplicidade dos cenários, aliada à riqueza dos reflexos e ao jogo de sombras e texturas da
tinta dos desenhos de “O Monge e o peixe” inspira “Riomania”.
O Monge e o peixe, de Michaël Dudok De Wit, França, 1994. Montagem de quadros do filme para ilustrar a estética de aquarelas e cenários longínquos do mesmo. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=Y37cWnjdhdM> Acesso em: 12 de nov. 2007, 17:10:00.
Em “The Father and the daughter” de Michaël Dudok De Wit , de 2000, um pai diz adeus a
sua jovem filha e parte. Como o passar das paisagens através das estações, a garota vive através
delas e do tempo. Ela se torna uma jovem mulher, tem uma família e se torna uma idosa. Apesar
disso, existe sempre uma profunda espera por seu pai. Segundo o autor, “Pai e Filha é um filme
sobre a espera, o tipo de espera quieto, porém, total, que afeta nossas vidas.” (DE WIT, Father
and daughter, 2000)
A influência deste filme sobre a estética de “Riomania” refere-se à construção dos cenários
horizontais que proporcionam e ilustram tão bem a passagem de espaço e tempo, através do
progresso das bicicletas pelos campos. Também é interessante perceber a construção dos
14
personagens em sombras que simplificam a produção do desenho sem que se perca a qualidade e
riqueza das cenas.
Pai e Filha, de Michaël Dudok De Wit, França, 2000. Montagem de quadros do filme para ilustrar a construção dos cenários e a simplicidade do retrato dos personagens. Disponível em < http://www.youtube.com/watch?v=RvmTsH4iHBo> Acesso em: 12 de nov. 2007, 17:20:10.
O filme “Riomania” também é fortemente inspirado no trabalho do animador indiano Ishu
Patel. Integrante do “National Film Board of Canada”, é reconhecido internacionalmente como
um diretor de filmes de animação e educador. Algumas das premiações de seus filmes incluem
duas nomeações ao “Oscar”, o prêmio “Urso de Prata” no Festival de Berlim, o “Grande Prêmio”
de “Annecy” e o Grande Prêmio de Montreal. Ishu Patel tem seu trabalho fundado sobre
questões como “a vida após a morte” e “destino divino”. É sobretudo no filme “Paradise” que há
maiores inspirações para a construção de “Riomania”. O filme “Paradise” é baseado numa fábula
indiana, onde um comum pássaro preto realiza uma dança noturna de ilusão e transformação
mágica, tornando-se um “Pássaro Divino” para o Imperador. Entretanto, ele não percebe que o
magnífico palácio de cristal onde dança é também sua prisão.
15
A multiplicidade de cores e o traço simples porém único e original do animador são as
marcas do filme. Abaixo, disponibilizamos uma montagem para ilustrar a discussão acima
proposta.
Paradise, de Ishu Patel, Canadá, 1984. Montagem de quadros para ilustrar a multiplicidade de cores do animador. Disponível em <http://www.iicdelhi.nic.in/program/program_detail.asp?ProgId=842&CatgId=3> Acesso em: 12 de nov. 2007, 17:28:15.
4 O PROJETO
A seguir será descrito o processo de produção do filme de animação “Riomania”. O projeto
é de iniciativa individual, onde a roteirista, a produtora, a animadora, a finalizadora e a
distribuidora são a mesma pessoa. Num filme de animação mais complexo, geralmente essas
funções são divididas em equipes. Entretanto, existem outros filmes de animação que são
produzidos através de iniciativas individuais como esta.
4.1 Pré-produção
A pré-produção compreende os processos de pesquisa do tema e desenvolvimento do
argumento, o “storyline”, roteiro e “storyboard” do filme. O filme Riomania não segue os
processos padrões de construção de narrativas audiovisuais. A seguir será esclarecido o por quê
disto, juntamente com a descrição dos processos deste filme.
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4.1.1 Storyboard
O projeto do filme “Riomania” começou com o desenvolvimento de um conto que falava
sobre a relação do homem e da cidade, e fazia também referência a lugares comuns da cidade do
Rio de Janeiro e do Rio Antigo.
Após a pesquisa do tema, a idéia se desdobrou e foi decidido contar o filme através de uma
linha cronológica que ilustrasse tanto a passagem do tempo, quanto o desenvolvimento
tecnológico e urbanístico da cidade.
Logo, o projeto do filme “Riomania” inicia-se com a construção das cenas, com a união
dos elementos que a autora idealizava conter no filme.
Por isso, a primeira etapa de pré-produção do filme não foi a construção do roteiro, mas
sim do storyboard que está inserido no anexo deste projeto. Primeiramente, construiu-se um
storyboard desenhado à mão. Entretanto, logo fez-se necessário construí-lo digitalmente através
de composição de elementos no programa “Photoshop”, que possibilitava a visualização da idéia
como um todo, por muito se assemelhar à forma de construção da animação final em “After
Effects” (que é por composição gráfica). Diz-se comumente que o “software” “After Effects” é
um “Photoshop” animado.
Assim, o filme foi dividido em sete cenas e construído um quadro de storyboard para cada
cena.
A primeira cena ilustra a entrada dos personagens na atmosfera selvagem ou natural. Na
composição utilizou-se uma foto de uma mata selvagem e dois elementos, a jaguatirica e o sabiá,
que ilustram a sonoridade (a primeira pelo rugido e o segundo pelo assobio) desta atmosfera.
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A segunda cena descreve a entrada no ambiente rural. Utilizou-se, para isso, uma foto de
antiga de uma plantação de café.
A terceira cena é sobre o ambiente pré-urbano, o storyboard mostra algo que se assemelha
a uma vila e algumas figuras que representam as primeiras organizações do trabalho, e que
também ilustram a sonoridade deste ambiente: o ferreiro e a bigorna, o tecelão e o tear, as
padeiras e o forno.
A quarta cena ilustra a primeira impressão do personagem sobre os processos de
urbanização: o progresso e a bem-aventurança dos seus habitantes pela formação dessa “utopia”.
Os elementos utilizados para compor esse quadro são uma foto da Cinelândia, a praça dos
cinemas e do entretenimento no Rio Antigo, e elementos como arlequins, um casal de
enamorados e um personagem típico do samba carioca.
A quinta cena descreve os “efeitos colaterais” dessa urbanização. A industrialização e a
poluição, o desmatamento, a exploração do trabalho, a pobreza e a concentração de renda, ponto
comum entre a maioria das metrópoles mundiais, sobretudo as dos países subdesenvolvidos. As
figuras utilizadas foram uma foto de fábricas e chaminés soltando fumaça e os personagens
atravessando a cena.
A sexta cena ilustra o processo de verticalização das cidades quando os personagens sobem
por uma torre de um dos múltiplos arranha-céus da cidade e são “expelidos” pelo topo do
prédio.
A sétima cena mostra a implosão de Riomania por sua superpopulação. Nessa cena os
personagens flutuam sobre a cidade enquanto ela se multiplica exorbitantemente até se
autodestruir. Os elementos utilizados foram uma foto de cidade moderna, uma metrópole
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fotografa à noite, com uma iluminação verde (dando um tom futurista ao quadro) e os
personagens sobrevoando a cena.
4.1.2 Story line
Logo após a construção do storyboard a autora começou a trabalhar sobre o story line.
A story line é a forma de contar o conflito motivado pela idéia de maneira objetiva e
suscinta. A maioria dos autores é unânime em dizer que uma story line não pode ultrapassar
cinco ou seis linhas. Nela deve ser apresentado o conflito, seu desenvolvimento e sua solução. A
story line do filme Riomania é o seguinte:
Personagens viajam através do ambiente urbano de “Riomania”. Iniciam a viagem pela zona
natural que a precede. Atravessam a zona rural e as primeiras organizações de civilização.
Passam ao espaço urbano e assistem tanto ao progresso quanto as declínio do processo de
urbanização. São expelidos de Riomania pelo efeito de superpopulação. Observam, da
estratosfera, a implosão da megalópolis.
4.1.3 Roteiro
O roteiro do filme é baseado no Off construído para as cenas. O tempo do filme é descrito
pelo tempo de narração.
O Off do filme Riomania é o seguinte:
Os primeiros sinais que indicam que se está entrando em Riomania é a mudança dos
símbolos aleatórios e caóticos, para os repetitivos e em série. Ao caminhar, deixa-se de ver as
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múltiplas e exóticas flores como bromélias, ipês, marias sem-vergonhas, hibiscos, trepadeiras,
orquídeas e passa-se a assistir as repetitivas seqüências de cafezais com suas flores estéreis e
amareladas.
A surpresa ao se avistar a pisada da jaguatirica selvagem, é substituída pelo entediante
passado do boi triste e domesticado pelo arado.
Um pouco mais adiante, escuta-se os primeiros sons da presença humana. Ao entrar pela
primeira rua rudimentalmente calçada, percebe-se a presença dos artesãos que ainda resistem no
ambiente urbano e tecnológico de Riomania: o ferreiro, o tecelão, o padeiro, o oleiro e o ourives.
Ao se atravessar uma praça, lá pelas tantas do centro da cidade, cruza-se com uma
multidão festejante, carros conversíveis carregando arlequins e bailarinas, casais apaixonados
namorando a cada esquina e cinemas reluzentes que anunciam suas inéditas apresentações.
Pensar-se-ia que Riomania é um lugar bom, a ilha de Utopia, o ideal o progresso humano, da
aventura da urbanização.
Entretanto, logo após atravessarmos o primeiro túnel, somos envoltos em uma fétida e
escura nuvem de fumaça. Todos os sons de pássaros, do vento, das folhas balançando nas
árvores e das que se arrastam pelo chão, desaparecem. O riso dos amantes é substituído pelo
berro da criança e do som ensurdecedor de máquinas e furiosos veículos. Se o viajante não
conhece Riomania pensaria que aquele lado da cidade está em estado de guerra.
Mas depois de um tempo refletindo, percebe-se logo que, para manter, do outro lado do
túnel, os casais, os palhaços e fazer o Carnaval na praça durar para sempre, temos que manter as
máquinas funcionando a todo o vapor, do lado de cá.
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Enquanto a população se multiplica e as construções se espalham e se verticalizam, os
campos e matas, que mantém vivos o organismo de Riomania, desaparecem. Riomania morrerá
pela implosão de suas vias congestionadas.
4.2 Produção
As etapas de produção do filme de animação Riomania foram idealizadas da seguinte forma:
inicialmente, daria-se a coleta de material em museus, preferencialmente o Museu Nacional, e
arquivos históricos das fotos do Rio Antigo. Também de imagens de Arte Naïf para a
composição dos personagens.
Posteriormente, a digitalização do material através do escaneamento das imagens
selecionadas em uma resolução satisfatoriamente alta.
Conseguinte à digitalização, inicia-se o processo de animação em si. Trabalhando as
imagens nos programas “Photoshop” e “After Effects” serão construídas as cenas de Riomania.
Esses processos serão melhor detalhados posteriormente, no item “4.2.2 Técnicas utilizadas:
Photoshop e After Effects” deste relatório.
Findo o processo de composição e animação das cenas dá-se as saídas dos filmes, isto é, a
passagem do projeto de “After Effects” para filme propriamente, através do processo de
renderização. As saídas são feitas em sequência de TIFF, que é o formato de maior qualidade e
sem compressão, entretanto de grande tamanho em “bytes”. Essa saída será utilizada para a
gravação do DVD final. E outra em arquivo de “windows media”, de baixa qualidade, para o
envio pela internet, através do site “Yousendit” para a compositora da trilha sonora utilizá-lo
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para sincronizar a trilha à imagem. Esta enviará, em retorno, um arquivo de áudio com a trilha
sonora composta, que será mixado e editado juntamente ao arquivo de vídeo de alta qualidade, e
gravado o DVD.
O processo de produção, entretanto, já começa enfrentando diversas barreiras.
Já na fase de captação de material, houveram dificuldades em contatar o responsável pelo
Museu de Arte Naïf. Também para se conseguir as fotografias do Rio Antigo. O Museu
Histórico Nacional mostrou-se ineficaz para esse próposito pois não disponibiliza um método
para se conseguir as fotografias para uso doméstico, e o Arquivo Nacional dispõe de um confuso
e ineficaz sistema de busca e de requisição de imagens através de um complicado e demorado
requerimento. Esses sistemas, então, mostraram-se inutilizáveis e causaram uma certa sensação
de frustração. Por isso, partiu-se então para a coleta de material na biblioteca do CCBB através
do empréstimo entre bibliotecas dos livros necessários. Foi preenchido um requerimento na
biblioteca do CFCH e este foi utilizado na biblioteca do CCB para o empréstimo de três
exemplares. Dois de imagens de arte naïf e um de imagens de Juan Guttierrez e do Rio Antigo.
Foi conseguido também um excelente livro de fotografias na biblioteca da ECO. Tal mudança
não acarretou problemas de qualidade das imagens, uma vez que o processo de escaneamento
pode ser designado para maior ou menos qualidade indepentemente do tamanho do exemplar a
ser digitalizado. Entretanto o material referente à arte Naïf não se mostrou satisfatório ou
enquadrado à estética do filme, por isso, a referência para construção dos personagens deslocou-
se para as figuras de J. Carlos, que trabalhou no mesmo período das fotos utilizadas e tem um
acervo bastante interessante.
Mostrou-se complicado também o processo de marcação de horários no Laboratório de
Multimídia da ECO, onde só se pode permanecer com a presença de um monitor. Como torna-se
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necessário a permanência por muitas horas no laboratório para a produção do filme, essa etapa
tornou-se problemática uma vez que os monitores não podem estar presentes por tanto tempo.
Entrou-se, então, em contato, tanto por correio eletrônico quanto pessoalmente, com a
coordenadora do laboratório, que autorizou a utilização integral do equipamento.
Outro fator que muitíssimo afetou a produção do filme é a inexistência de um “scanner” nos
equipamentos da Eco. Sem tal aparato tecnológico é quase impossível trabalhar com computação
gráfica, uma vez que ela é quase toda baseada em digitalização de imagens e composição destas.
A digitalização foi, então, realizada domesticamente, através de apoiadores do projeto.
4.2.1 Cronograma de realização
O cronograma de realização foi definido da seguinte forma:
Como se pode perceber, as tarefas que demandaram mais tempo para realização foram,
sem dúvida, a execução do filme de animação e a preparação do relatório do Projeto
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Experimental. O tempo disponibilizado para as funções contou também com o fator
“imprevistos”, como os já citados “dias perdidos” de coleta de material no Arquivo Nacional ou
a busca do “scanner” para a digitalização das fotografias.
4.2.2 Ferramentas técnicas utilizadas: programas “Photoshop” e “After Effects”
O processo de animação do filme Riomania segue a técnica de composição gráfica. A
composição gráfica é muitas vezes realizada, comercialmente, através dos programas
“Photoshop” e “After Effects”. O programa “Macromedia Flash” também é muito utilizado para
isso, entretanto seu funcionamento e sua abrangência no mercado difere do “After Effects”.
O programa “Photoshop” é um software caracterizado como editor de imagens
bidimensionais do tipo “raster” ou que produz imagens de “bitmap”, isto é, os pontos marcados
na imagem são reais e proporcionais ao tamanho definido, ou melhor, há uma equivalência entre
a imagem na tela, ou “virtual”, e a imagem “real”. Entretanto, o programa possui também
algumas capacidades de edição típicas dos editores vetoriais. Foi desenvolvido pela “Adobe
Systems” e é considerado o líder no mercado dos editores de imagem profissionais, para edição
profissional de imagens digitais e trabalhos de pré-impressão.
Apesar de ter sido concebido para edição de imagens para impressão em papel, o
“Photoshop” está a ser cada vez mais usado também para produzir imagens destinadas à “World
Wide Web”. O “Photoshop” também suporta edição com outros tipos de programas da “Adobe”,
especializados em determinadas áreas: o “Adobe ImageReady” (edição de imagens para a web),
“Adobe InDesign” (edição de texto) “Adobe Illustrator” (edição de gráficos vectoriais), “Adobe
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Premiere” (edição de vídeo não-linear), “Adobe After Effects” (edição de efeitos especiais em
vídeo) e o “Adobe Encore DVD” (edição destinada a DVDs).
Portanto, diz-se que o programa “Photoshop” trabalha juntamente com o “After Effects” na
composição gráfica pois suas transferências de arquivos são facilitadas e suas interfaces,
semelhantes.
O “Photoshop” é usado no filme Riomania para recortar e tratar as fotografias do Rio Antigo
e as figuas de J. Carlos, e separá-las em camadas para serem animadas.
Após esse processo, os arquivos são enviados para o programa “After Effects” em formato
“psd”, ou dividas em camadas. Daí começa, enfim, a animação, em si, dos elementos.
O “After Effects” usa um sistema de camadas organizados em uma linha do tempo
(“timeline”) para criar composições a partir de imagens estáticas, gerando, ao fim do processo,
arquivos de vídeo. A animação é produzida através da alteração de propriedades como opacidade
e posição, controladas separadamente em cada camada. Além disso, pode-se aplicar efeitos em
cada uma dessas camadas. Como já foi dito anteriormente, o “After Effects” é descrito como o
“Photoshop” animado, porque sua flexibilidade permite ao compositor a alteração, em qualquer
etapa da criação, do vídeo, assim como o “Photoshop” faz com imagens.
Cada figura ou filme é posicionado em uma linha do tempo, de forma similar aos sistemas
de edição não-linear. Entretanto, a diferença entre os sistemas de edição não-linear e o “After
Effects” é que o “After Effects” é orientado por layers, enquanto os sistemas de edição não-linear
são orientados por trações (“track”). O sistema de orientação por camadas que o “After Effects”
adota funciona bem para trabalhos onde se utiliza bastante efeitos e “keyframing”. Além disso, o
“After Effects” apresenta também ferramentas básicas de animação em 3D e de animação de
câmera, que abrem um leque maior de possibilidades para a criação gráfica.
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A “interface” principal do programa consiste de diversos painéis (como janelas), onde os
três mais usados são o painel de Composição e o painel de linha do tempo (“Timeline”). O painel
de Projeto funciona como um arquivo para importar as imagens, os vídeos e os áudios.
Para se trabalhar no programa “After Effects” é essencial que o animador tenha
conhecimento amplo do programa “Photoshop” pois a transição de um para o outro é somente de
movimentação. Todos os outros recursos (efeitos, máscaras, correções de cores) estão presentes
em ambos os “softwares”.
A complexidade da animação depende muito da criatividade e conhecimento técnico do
animador, entretanto, não é muito complexo se produzir algo simples nesse programa. Algum
conhecimento de “tracking” e “keyframing” são bastantes para se aventurar nesse ramo.
Para exemplificar tal situação, supomos a produção de uma animação de bolinhas coloridas.
Coincidentemente, esta foi a primeira tarefa exercida pela animadora do filme Riomania logo
que iniciou seus trabalhos nessa área. A primeira lição aprendida no Laboratório Multimídia,
quando deu-se o início das atividades de monitoria nesse laboratório foi justamente essa: animar
bolinhas no “After Effects”.
Supomos, então, tal tarefa.
Para fazer as bolinhas sugerimos criá-las no programa “Photoshop”. Não porque seja mais
fácil fazê-lo nesse “software” (pois há uma ferramenta disponível para tanto no “After Effects”
que facilitaria e economizaria muito tempo de produção), mas porque possibilitaria a
visualização do intercâmbio entre os dois programas. Então, cria-se um novo documento
pressionando as teclas “ctrl” e “N”, preferencialmente um arquivo equivalente a uma tela de
vídeo (NTSC DV 720x480) e com a ferramenta “elipse” cria-se um círculo proporcional,
apertando a tecla “shift” e salva-se tal documento em arquivo “psd” com fundo transparente.
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Tela do programa “Photoshop”. A seta indica a ferramenta de “elipse”. Figura obtida com a cópia da tela do
monitor do computador. Pode-se, então, iniciar a animação em “After Effects”. Inicializa-se o programa e cria-se um
nova composição. Para se trabalhar com vídeo geralmente se utiliza a configuração NTSC DV,
já descrita acima.
Com a composição criada pode-se então, importar a bolinha desenhada no programa “After
Effects”. Para isso, clica-se em “File” e seleciona-se a opção “Import”. Pode-se então buscar a
pasta onde se encontra o arquivo e importá-lo. Quando isso acontecer, o programa “Afte Effects”
disponibilizará uma opção de importar com camada ou como arquivo. A diferença entre os dois é
que, no primeiro, o programa respeitará a separação das camadas, que no caso é importante pois
a bolinha está em fundo transparente, e no segundo, o arquivo será importado como se fosse uma
imagem única. Tudo será mesclado, objetos e fundo, criando um arquivo só.
Com a bolinha dentro do projeto, pode-se então arrastá-la para a janela de composição ou
para a linha do tempo (“timeline”) e começar a animá-la através de “keyframes”. Para
exemplificar a animação, sugerimos uma animação de posição, criando-se “keyframes” de um
em um segundo com diferenças de 100 pixels nas direções norte e oeste, depois norte e leste,
depois norte e oeste novamente, depois sul e oeste, depois sul e leste, depois sul e oeste
novamente. Tem-se então a primeira animação do projeto, que pode ser visualizada através de
um render (temporário) apertando a tecla zero do teclado numérico ou clicando-se na seta “play”
da janela “Time Control”.
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Para criar uma maior diversidade e complexidade nesta animação, pode-se dupliar o arquivo
da bolinha clicando-se no ícone desta na janela “Timeline” e apertando as teclas “Ctrl” e “D”.
Para mudar sua posição de uma forma rápida e fácil, pode-se apenas alterar o fator Rotação
(rotation) desta nova bolinha. Pode-se então, criar múltiplas bolinhas dessa forma, em diferentes
valores de rotação, a partir daquela primeira. Para visualizar a nova criação, pode-se novamente
criar um novo “Render”.
E, finalmente, para concluir algo que tenha alguma coerência visual, é interessante mudar-se
a cor das bolinhas, tendo cada uma em sua cor própria. Clica-se na primeira ou segunda bolinha,
se for interessante mudar as cores desde a primeira, e, no topo do monitor, na opção Efeitos
(Effects), seleciona-se um efeito de “Hue/Saturation” na opção “Color Correction”. Pela
alteração do fator “Hue”, então, poderá se ter bolinhas de cores diferentes. Esse efeito está
disponível também no programa “Photoshop”. Como já foi dito, os dois programas em muito se
assemelham e muito dos efeitos do “After Effects” estão presentes neste outro.
Agora falta só criar o filme em si. Clica-se na opção “Composition”, no topo do monitor, e
seleciona-se a opção “Render”. Então, após configurar-se as definições de renderização, clica-se
em “Render” e o filme será disponibilizado na pasta denominada pelas configurações
anteriormente propostas.
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Tela do programa “After Effects” com as janelas “Project”, à esquerda, no topo, “Composition”, no centro,
“Character”, “Info”, “Tracker Control”, “Time Control”, “Effects Presets”. Disponível em < http://www.outside-hollywood.com/img/aftereffects.jpg>. Acesso em: 13 de nov. 2007, 12:33:15.
4.2.3 A trilha sonora
A trilha sonora de um filme refere-se a toda a banda sonora, portanto música, diálogos e
efeitos sonoros, enfim todo e qualquer elemento sonoro que acompanha as imagens de um filme.
A expressão vem do inglês “sound track”. Na maior parte dos filmes esses elementos são
pensados e trabalhados por profissionais e equipes distintas: o som direto, o desenho sonoro, o
“foley” (artista que cria o ambiente sonoro natural do filme), a música propriamente dita, a
dublagem dos diálogos, enfim, o que conhecemos como trilha sonora muitas vezes não é pensada
criativamente de uma forma única, e sim como compartimentos, ou melhor, engrenagens que
permitem o desenvolvimento dramático do filme.
A trilha sonora será composta por uma produtora de música eletrônica. Para fazê-lo, serão
utilizados os “softwares” “Logic Pro”, um aplicativo para criação de músicas e produção de que
funciona como um estúdio totalmente digital, e “Kontakt”, aplicativo desenvolvido pela
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companhia alemã “Native Instruments” para criação de “samples”. Segundo Luciana, a
compositora da trilha " O conceito do filme será mantido e traduzido sonoramente, através da
utilização de samples que criem as ambiências retratadas em Riomania.”
Para desenvolver a trilha, a produtora receberá um arquivo de vídeo de baixa qualidade,
enviado através do “site” “yousendit”, para compor em “sync” com as imagens já produzidas.
O arquivo de áudio final será, então, novamente enviado pelo “yousendit” para a produtora
do filme, que o utilizará como base para a composição da trilha sonora. Qualquer alteração,
corte, fusão ou mixagem serão então realizados no próprio “After Effects”, assim como qualquer
adição de efeito sonoro que a produtora achar necessário conter no filme.
4.3 Pós-produção
Tradicionalmente, o processo de composição da animação em After Effects deveria ser
considerado um processo de pós-produção, entretanto, como se trata de uma animação realizada
somente neste programa, decidimos classificá-lo como processo de produção em si. Os processos
de pós-produção do filme Riomania são a produção de material de divulgação e a catalogação de
festivais de animação.
4.3.1 Produção de material de divulgação
A produção de material de divulgação consiste na autoração do DVD, através do software
Adobe Encore DVD, onde se construirá uma claquete de classificação e apresentação do filme, e
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produção de material gráfico como cartaz e filipetas para utilização em festivais onde filme
possa ser selecionado para exibição e competição.
O formato do cartaz será como de um cartaz tradicional de cinema e será baseado em um
quadro do filme, exportado do “After Effects” para “jpeg”. A filipeta também seguirá um
processo de composição semelhante, porém mais informações serão adicionadas através das
ferramentas de texto do “Photoshop”.
O cartaz e a filipeta não serão impressos. Serão apenas gravados em um CD para possível
utilização posterior.
4.3.2 Catalogação de Festivais de Cinema de Animação
A catalogação dos festivais de animação foi feita através do site www.kinoforum.org.br,
que oferece um guia de festivais no Brasil e no exterior. A consulta no site pode ser realizada
pelos critérios “circuito”, data de realização, prazo de inscrição e local de realização. O site
inclui também não só festivais de cinema de animação, mas festivais de todos os tipos de filmes.
Como a realização do filme Riomania se encerra em dezembro, disponibilizamos aqui um
catálogo para inscrição em festivais a partir de janeiro do ano de 2008 até julho de 2008. No site
kineforum pode-se também obter informações de como fazer as inscrições, isto é, endereços,
datas e requerimentos para seleção dos festivais.
Mostra de Cinema de Tiradentes
cidade(s): Tiradentes
19 a 27 de janeiro
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Festival de Verão do RS de Cinema Internacional
cidade(s): Porto Alegre, São Leopoldo, Rio Grande, Torres, Três Cachoeiras, Barra do
Ribeiro e Guaíba - RS
8 a 15 de fevereiro
Festival de Cinema Hispano Brasileiro
cidade(s): Valência(Espanha) e Rio de Janeiro
25 de fevereiro a 5 de março (Valência); 4 a 8 de dezembro (Rio de Janeiro)
Mostra do Filme Livre (MFL)
cidade(s): Rio de Janeiro - RJ, com itinerância em Belo Horizonte - MG e em sessões
especiais integrando a programação de eventos de curtas nacionais
6 a 18 de fevereiro
Festival de Jovens Realizadores de Audiovisual do Mercosul
cidade(s): Vitória
março
Cine PE Festival do Audiovisual
cidade(s): Recife
23 a 29 de abril
RESFEST
cidade(s): São Paulo
abril
Entre Todos – Festival de Curtas-Metragens de Direitos Humanos
cidade(s): São Paulo
13 a 19 de maio
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Festival de Cinema dos Países de Língua Portuguesa - CINEPORT
cidade(s): João Pessoa - PB, com itinerância nos países da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP)
4 a 13 de maio
IV PUTZ! Festival Universitário de Cinema e Vídeo de Curitiba
cidade(s): Curitiba - PR
16 a 19 de maio
Vide Vídeo – Festival Nacional de Cinema e Vídeo Universitário da UFRJ
cidade(s): Rio de Janeiro
7 a 11 de maio
Anima Mundi – Festival Internacional de Animação do Brasil
cidade(s): Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belém
29/06 a 08/07 (RJ), 11/07 a 15/07 (SP), Brasília e Belem a confirmar
CineEsquemaNovo 2007 – Festival de Cinema de Porto Alegre
cidade(s): Porto Alegre - RS
25 de junho a 1 de julho de 2007
Festival de Belém do Cinema Brasileiro
cidade(s): Belém
30 de junho a 6 de julho
FICA - Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental
cidade(s): Cidade de Goiás
12 a 17 de junho
Anim!Arte – Festival Brasileiro Estudantil de Animação