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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO Mariana Mergulhão Santos Castro IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NOS MODELOS DE NEGÓCIOS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS: análise de riscos e oportunidades e associação com desempenho financeiro RIO DE JANEIRO 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

Mariana Mergulhão Santos Castro

IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NOS MODELOS DE NEGÓCIOS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS: análise de riscos e oportunidades e associação

com desempenho financeiro

RIO DE JANEIRO

2015

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MARIANA MERGULHÃO SANTOS CASTRO

IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NOS MODELOS DE NEGÓCIOS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS: análise de riscos e oportunidades e associação

com desempenho financeiro

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientador: Prof. Celso Funcia Lemme

D.Sc. em Administração de Empresas

RIO DE JANEIRO

2015

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Castro, Mariana Mergulhão Santos. Impactos das mudanças climáticas nos modelos de negócios das empresas brasileiras: análise de riscos e oportunidades e associação com desempenho financeiro/ Mariana Mergulhão Santos Castro.-- Rio de Janeiro: UFRJ, 2015. 109 f.: il. Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto Coppead de Administração, Rio de Janeiro, 2015.

Orientador: Celso Funcia Lemme 1. Finanças. 2. Administração - Teses. I. Lemme, Celso Funcia (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de COPPEAD de Administração. III. Título.

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MARIANA MERGULHÃO SANTOS CASTRO

IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NOS MODELOS DE NEGÓCIOS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS: análise de riscos e oportunidades e associação

com desempenho financeiro

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração.

Aprovada em

_____________________________________________

Prof. Dr. Celso Funcia Lemme, DSc. – Orientador

(COPPEAD/UFRJ)

_____________________________________________

Profa. Dra. Alessandra Magrini

(PPE - COPPE/UFRJ)

_____________________________________________

Prof. Dr. Peter Herman May

(CPDA / UFRRJ)

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, qυе permitiu qυе tudo isso acontecesse, não somente

nesses dois anos de Coppead, mas ао longo dе minha vida, que еm todos оs

momentos providenciou tudo de melhor nos meus caminhos. Aos meus pais, irmão e

namorado, pelo amor, incentivo е apoio incondicional. Também ao professor Celso, pela orientação, apoio e confiança.

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RESUMO

Castro, Mariana Mergulhão Santos. IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NOS

MODELOS DE NEGÓCIOS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS: análise de riscos e

oportunidades e associação com desempenho financeiro. Orientador: Celso Funcia

Lemme. Rio de Janeiro: COPPEAD/UFRJ; 2015. Dissertação (Mestrado em Administração).

O objetivo desta pesquisa foi entender o impacto das mudanças climáticas no

modelo de negócio das empresas brasileiras, ou seja, quais são os riscos e

oportunidades envolvidos e se as iniciativas climáticas estão associadas com o desempenho financeiro. Para atingir este propósito, a base de dados dos anos de

2013 e 2014 do Carbon Disclosure Project (CDP) foi analisada com uma abordagem

descritiva, complementada por testes de hipóteses de proporções. Dos 17 setores

destacados pela literatura como de alto impacto ambiental, cinco não estão presentes

na amostra final. Com relação à governança climática, depreendeu-se que a maior

parte das empresas brasileiras expõe integração com a estratégia, envolvimento da liderança e com formuladores de políticas, bem como comunicação externa do

assunto e relato e verificação das emissões de GEE. Entretanto, ainda carecem de

desenvolvimento a aplicação de incentivos aos funcionários, o estabelecimento de

metas e o envolvimento com a cadeia de suprimentos. Na análise dos riscos e

oportunidades, grande parte ainda não tem o impacto financeiro potencial mensurado

e as ações tomadas pelas empresas não têm seu custo conhecido. Essa falha pode

ser devida à ausência ou insuficiência de um sistema de gerenciamento de

informações climáticas e sua integração com a área financeira. Apesar disso, em 2014

houve maior associação das iniciativas com o desempenho financeiro corporativo,

quando comparadas com as de 2013.

Palavras-chave: mudanças climáticas; modelos de negócios; desempenho

financeiro; riscos e oportunidades.

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ABSTRACT

Castro, Mariana Mergulhão Santos Castro. IMPACTOS DAS MUDANÇAS

CLIMÁTICAS NOS MODELOS DE NEGÓCIOS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS:

análise de riscos e oportunidades e associação com desempenho financeiro.

Orientador: Celso Funcia Lemme. Rio de Janeiro: COPPEAD/UFRJ; 2015. Dissertação (Mestrado em Administração).

The present paper seeks to analyse the impact of climate change on the

business model of Brazilian companies, in other words, what are the risks and

opportunities involved and if climate-based initiatives are linked with financial performance. In order to achieve this objective, the Carbon Disclosure Project’s (CDP)

2013 and 2014 databases were used with a descriptive approach, complemented by

hypothesis testing for proportions. Of the 17 industry sectors highlighted by the

literature as being of high environmental impact, five are not present in the final sample.

With regards to climate governance, the analysis showed that a majority of Brazilian

companies reported integration with the strategy involving leaders, policymakers, external communication of the matter, as well as reporting and assurance of

greenhouse gas emissions. However, aspects that still require development include

the use of incentives for employees, setting specific goals and involvement in the

supply chain. Upon analysis of the risks and opportunities, it becomes clear that many

still do not have their potential financial impact assessed and the costs of actions taken

by companies are not always known. This may be due to a lack or insufficiency of a

climate information management system and its integration with companies’ financial

departments, made evident by the climate-based initiatives identified. Despite these

aspects, initiatives reported in 2014 are closer to integration with financial performance

when compared to those adopted in 2013.

Keywords: climate change; business model; financial performance; risks and

opportunities.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Adaptação climática como um processo de gestão de riscos iterativo com múltiplos feedbacks ................................................................................................... 29 Figura 2 - Arquitetura conceitual da relação entre pró-atividade ambiental e desempenho financeiro e operacional, aprendizagem organizacional e satisfação dos stakeholders ....................................................................................................... 40 Figura 3 - Impulsionadores do desempenho em sustentabilidade e financeiro ......... 46

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Número de empresas da amostra por setor ............................................ 51 Tabela 2 - Características dos riscos descritos pelas empresas da amostra ............ 75 Tabela 3 - Características das oportunidades descritas pelas empresas da amostra .................................................................................................................................. 77 Tabela 4 – Frequência absoluta e relativa dos níveis de Epstein e Roy (2003) ........ 79 Tabela 5 – Menor percentual de não rejeição da hipótese nula para cada nível de associação com o desempenho financeiro................................................................ 79 Tabela 6 - Número de inciativas por setor ................................................................. 80 Tabela 7 - Número de iniciativas por empresa .......................................................... 80 Tabela 8 - Características das iniciativas climáticas ................................................. 81 Tabela 9 - Iniciativas nível 4 com tempo de vida do investimento em 2014 .............. 82

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Emissões de GEE mundiais por setor (2010) .......................................... 21 Gráfico 2 - Oportunidades de criação de valor e valor em risco máximo para empresas em transição para uma economia de baixo carbono ................................ 45 Gráfico 3 - Número médio de páginas por setor ........................................................ 58 Gráfico 4 - Relação entre a amostra e o nível de impacto ambiental com o número de empresas destacado* ........................................................................................... 61 Gráfico 5 - Exclusões e adições de setores entre 2013 e 2014 ................................ 62 Gráfico 6 – Percentual de adesão das empresas às práticas de governança climática .................................................................................................................................. 64 Gráfico 7 - Escopo das metas de redução de emissões ........................................... 66 Gráfico 8 - Número total de projetos em cada estágio de desenvolvimento.............. 67 Gráfico 9 - Emissões totais de CO2e reportadas pelas empresas ............................. 68 Gráfico 10 - Variação das emissões brutas (escopo 1+2) em relação ao ano anterior .................................................................................................................................. 68 Gráfico 11 – Classes de riscos .................................................................................. 74 Gráfico 12 - Riscos: impacto potencial ...................................................................... 74 Gráfico 13 – Classes de oportunidades..................................................................... 75 Gráfico 14 - Oportunidades: impacto potencial ......................................................... 77

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Gráfico 15 - Iniciativas climáticas: nível de Epstein & Roy ........................................ 78

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação setorial da dimensão ambiental ......................................... 20 Quadro 2 - Modelo de integração da mudança climática na gestão da empresa ...... 23 Quadro 3 - Variáveis do modelo de avaliação da estratégia climática ...................... 25 Quadro 4 - Sumário do questionário de mudanças climáticas do CDP ..................... 27 Quadro 5 - Principais riscos mapeados pelo IPCC ................................................... 30 Quadro 6 - Tipologia para o relacionamento entre DSA e DFC ................................ 35 Quadro 7 - Explicações para as inconsistências nas pesquisas referentes à relação entre desempenho socioambiental e financeiro ........................................................ 36 Quadro 8 - Relacionamento entre DA e DFC ............................................................ 42 Quadro 9 - Classificação setorial BM&FBovespa ...................................................... 50 Quadro 10 - Conjunto de setores de alto impacto ambiental ..................................... 52 Quadro 11 - Classes e geradores de risco ................................................................ 53 Quadro 12 - Trechos de respostas ao questionário de 2014..................................... 59 Quadro 13 - Ranking de emissões de GEE setorial (posição 2014) ......................... 63 Quadro 14 - Número de empresas com destaque positivo e negativo em relação ao nível de governança (por ano e setor) ....................................................................... 69 Quadro 15 - Exemplo de detalhamento de risco por uma empresa sem gestão formal de riscos e oportunidades ......................................................................................... 70 Quadro 16 - Referência de detalhamento de risco .................................................... 71 Quadro 17 - Número de empresas que expõem ou não (SIM/NÃO) os detalhes de método de gestão, custo de gestão e implicações financeiras dos riscos e oportunidades apontados em 2014 ........................................................................... 72

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CDLI Carbon Disclosure Leadership Index

CDP Carbon Disclosure Project

CH4 Metano

CO2 Dióxido de carbon

CO2e Dióxido de carbono equivalente

CPLI Carbon Performance Leadership Index

GEE Gases de Efeito Estufa

GICS Global Industry Classification Standard

GtCO2e Giga toneladas de equivalente de CO2

GWh Gigawatt-hora

IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change

ISE Índice de Sustentabilidade Empresarial

MtCO2e Milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono equivalente

N2O Óxido nitroso

PBMC Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas

PCH Pequenas Centrais Hidrelétricas

ppm partes por milhão

PwC PricewaterhouseCoopers

SICM Sustainable Insight Capital Management

WRI World Resources Institute

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11 SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13

1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA ........................................................................ 17

1.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA .................................................................... 17 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 18

2.1 MUDANÇA DO CLIMA NOS SETORES-CHAVE DA ECONOMIA .............. 18

2.2 GOVERNANÇA CLIMÁTICA ........................................................................ 21

2.3 O CARBON DISCLOSURE PROJECT ........................................................ 26

2.4 RISCOS E OPORTUNIDADES EMPRESARIAIS DIANTE DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS.......................................................................................................... 29

2.5 O IMPACTO DO DESEMPENHO SOCIOAMBIENTAL NO DESEMPENHO FINANCEIRO E NA GERAÇÃO DE VALOR .......................................................... 32

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ....................................................................... 49

3.1 UNIVERSO E AMOSTRA............................................................................. 49

3.2 FONTES E PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS ..................... 51

3.3 PROCEDIMENTOS PARA TRATAMENTO DE DADOS .............................. 51

3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO ESCOLHIDO................................................... 56 4 RESULTADOS ................................................................................................... 58

4.1 ANÁLISE QUALITATIVA DA FONTE DE DADOS ....................................... 58

4.2 ANÁLISE SETORIAL DA AMOSTRA EM RELAÇÃO AO IMPACTO AMBIENTAL ........................................................................................................... 61

4.3 GOVERNANÇA CLIMÁTICA ........................................................................ 63

4.4 MAPEAMENTO DOS RISCOS E OPORTUNIDADES ................................. 70

4.4.1 Riscos ....................................................................................................... 73

4.4.2 Oportunidades .......................................................................................... 75

4.5 ASSOCIAÇÃO DAS INICIATIVAS COM O DESEMPENHO FINANCEIRO . 78 5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 88

APÊNDICE 1 EMPRESAS CONVIDADAS EM 2013 PELO CDP – CLASSIFICAÇÃO BM&FBOVESPA ....................................................................................................... 94

APÊNDICE 2 EMPRESAS CONVIDADAS PELO CDP – CLASSIFICAÇÃO FINAL . 96

APÊNDICE 3 EMPRESAS DA ANÁLISE PILOTO .................................................... 99

APÊNDICE 4 RESULTADOS DOS TESTES DE HIPÓTESES ............................... 100

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ANEXO 1 ATIVIDADES POTENCIALMENTE POLUIDORAS E UTILIZADORAS DE RECURSOS AMBIENTAIS – Lei 10.165/2000 ........................................................ 101

ANEXO 2 CLASSIFICAÇÃO INDUSTRIAL DE TODOS OS SETORES DA ECONOMIA E RELAÇÃO COM PESQUISA BIBLIOGRÁFICA (IPCC, 2014b) ....... 104

ANEXO 3 SUMÁRIO DOS PRINCIPAIS RESULTADOS DA ANÁLISE DOS IMPACTOS CLIMÁTICOS NOS SETORES ECONÔMICOS (IPCC, 2014b) .......... 108

ANEXO 4 FLUXOGRAMA DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA NO MUNDO - 2010 (ECOFYS, 2013) ............................................................................ 109

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13 1 INTRODUÇÃO

Conforme o Intergovernmental Panel on Climate Change (2013) – IPCC –, a

atmosfera e o oceano aqueceram, a quantidade de neve e gelo diminuiu, o nível do

mar subiu e a concentração de gases de efeito estufa (GEE) – tais como dióxido de

carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) – tem aumentado ao longo dos últimos séculos. O relatório, Climate Change 2013: The Physical Science Basis (IPCC,

2013), argumenta que as atividades humanas afetam o orçamento de energia da Terra

à medida que alteram as emissões e as concentrações atmosféricas de importantes gases e as propriedades da superfície da terra.

Seja impulsionada por forças naturais ou humanas, a mudança do clima pode

levar a mudanças na probabilidade de ocorrência ou intensidade de eventos climáticos

extremos (IPCC, 2013). Esses eventos geram impactos que incluem alteração no

ecossistema, perturbações na produção de alimentos e fornecimento de água, danos

à infraestrutura e assentamentos, morbidez e mortalidade e consequências para a saúde mental e bem-estar humano (IPCC, 2014a).

De acordo com Stern (2007b), o estoque de gases de efeito estufa em 2006

era de 430 partes por milhão (ppm) e mesmo que o fluxo anual de emissões parasse

de aumentar, este indicador seria o dobro do nível do período anterior a Revolução

Industrial (280 ppm) em 2050, contexto em que o aumento da temperatura média

global seria superior a 2ºC. Para que a temperatura não ultrapasse o acréscimo de

2ºC, o limite de estabilização é 450 ppm, sendo preciso ter emissões zero a partir de 2050 (AGÊNCIA BRASIL, 2014; STERN, 2007b). O relatório Climate Change 2014:

Impacts, adaptation, and vulnerability do IPCC (2014a) estima que as perdas

econômicas anuais para o aumento da temperatura de 2ºC estão entre 0,2 e 2% do PIB.

Os efeitos da mudança do clima, entretanto, não são distribuídos de maneira uniforme, de forma que os países e pessoas mais pobres sofrerão primeiro e de forma

mais intensa, pois as regiões em desenvolvimento já apresentam temperatura mais

elevada, são dependentes da agricultura e possuem provisão de saúde e serviços públicos inadequados (IPCC, 2014a; STERN, 2007b).

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Stern (2007b) aponta que as políticas sobre mudanças climáticas versam

principalmente sobre a redução de riscos, que não podem ser totalmente eliminados,

porém podem ser substancialmente reduzidos por meio da mitigação, que possui custo muito menor do que os calculados para os impactos. São três os elementos

essenciais que devem constar em uma política de redução de emissões: precificação

do carbono (tributo, comércio ou regulação), política de tecnologia e remoção de

barreiras para a mudança de comportamento (informação, custo de transação e inércia organizacional) (STERN, 2007a).

Exemplos de iniciativas governamentais implementadas são: o Plano de Ação

em Mudanças Climáticas desenvolvido pelos Estados Unidos; as medidas de controle da poluição do ar e o esquema de cap and trade de emissões da China; e o reporte

obrigatório de emissões de gases de efeito estufa (GEE) para todas as grandes empresas listadas em bolsa no Reino Unido (CDP, 2013a). No Brasil, em 2009, foi

anunciado o Plano Nacional sobre Mudança do Clima com metas voluntárias de mitigação, tais como (BRASIL, 2008):

­ Reduzir até 80% o índice de desmatamento da Amazônia até 2020;

­ Ampliar em 11% ao ano nos próximos dez anos o consumo interno de

etanol;

­ Dobrar a área de florestas plantadas para 11 milhões de hectares em 2020,

sendo 2 milhões de hectares com uso de espécies nativas;

­ Aumentar a reciclagem de resíduos sólidos urbanos em 20% até 2015;

­ Aumentar a oferta de energia elétrica de cogeração para 11,4% da oferta

total de eletricidade no país, em 2030; e

­ Reduzir as perdas não-técnicas na distribuição de energia elétrica à taxa

de 1.000 GWh por ano, nos próximos 10 anos.

O plano nacional de adaptação já está começando a ser preparado pelos

ministérios do Meio Ambiente e da Ciência, Tecnologia e Inovação e prevê análise de

riscos em setores como agricultura, saúde, recursos hídricos, regiões costeiras e

grandes cidades (AGÊNCIA BRASIL, 2014). A segurança hídrica, energética e alimentar são os principais aspectos de preocupação no Brasil.

Stern (2007b) defende que esse tema requer profunda cooperação

internacional em diversas áreas, sobretudo na criação de sinais de preços e mercados

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para o carbono, na aceleração da inovação tecnológica e difusão e em promover a

adaptação, principalmente em países em desenvolvimento.

The Carbon Trust (2012) expõe estudos que demonstram que as emissões do

Brasil poderiam cair em 35%, para cerca de 810 MtCO2e até 2030, por meio da

aplicação de intervenções de políticas específicas e capitalizando sobre as medidas

e práticas de eficiência de redução de custos. O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (2013) – PBMC – divulgou que em 2010 o país reduziu as emissões de

GEE para 1,25 Gt CO2e em comparação com as emissões de 2,03 Gt CO2e de 2005,

porém o desenvolvimento social e econômico brasileiro pressiona as emissões de

GEE, principalmente as provenientes do uso de combustíveis fósseis, das atividades agropecuárias, do transporte e das mudanças do uso do solo.

O Brasil apresenta muitas oportunidades de baixo custo para a transição para

uma economia de baixo carbono, como medidas de eficiência energética, mudança

na matriz de transporte, pequenas centrais hidrelétricas (PCH), térmicas a bagaço de cana-de-açúcar e redução do desmatamento (PBMC, 2013).

O estudo Economia da Mudança do Clima no Brasil (MARCOVITCH;

MARGULIS; DUBEUX, 2010) afirma que o PIB brasileiro pode diminuir em até 2,3%

e os piores efeitos da mudança do clima serão sentidos nas regiões Norte, com a

“savanização” da Amazônia, e Nordeste, com a diminuição das chuvas e vazão dos rios, perdas agrícolas e retrocesso da pecuária.

É esperado que a população global alcance 9 bilhões em 2050, com mais de

70% habitando áreas urbanas e com o nível de consumo de recursos se aproximando

da média dos países ocidentais (KAHN; FOX, 2013). Esta grande demanda pressiona

os recursos naturais como energia, água e terras cultiváveis, que são extraídos,

cultivados, modificados, utilizados e não renovados, fazendo aumentar a volatilidade do preço das commodities e as restrições ambientais (KAHN; FOX, 2013). Esse

aumento populacional e do consumo para sustentar a industrialização dos mercados

resultam no aumento dos níveis de CO2e na atmosfera e da volatilidade no clima,

gerando consequências econômicas das catástrofes climáticas, cujas perdas

acumuladas no mundo entre 1980 e 2012 somam US$ 2,8 trilhões, com crescimento

de 454% no período (MUNICH REINSURANCE COMPANY, GEO RISKS RESEARCH

e NATCATSERVICE apud KAHN e FOX, 2013).

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Apesar da correlação entre as emissões de CO2 per capita com o PIB per

capita, Stern (2007b) afirma que não é preciso que haja escolha entre evitar alterações

climáticas e crescimento econômico. É possível “descarbonizar” a economia na escala necessária para a estabilização do clima e manter o desenvolvimento. O autor alerta

que o combate às alterações climáticas é a estratégia pró-crescimento a longo prazo.

Segundo estudo da Mercer Investment Consulting (apud KAHN e FOX, 2013), o custo

dos danos climáticos residuais pode chegar, em 2050, a US$ 900 bilhões, muito maior que o custo de adaptação.

O nível de preocupação e intervenção dos investidores institucionais está

aumentando de forma relevante, o que pode ser exemplificado pela formação de três grupos diferentes: o Carbon Disclosure Project (CDP), o Investor Network on Climate

Risk e o Institutional Investor Group on Climate Change (INNOVEST STRATEGIC

VALUE ADVISORS, 2007). A questão do carbono foi trazida aos investidores pelo trabalho do Carbon Tracker, que estima que aproximadamente 80% das reservas de

carvão, petróleo e gás não poderão ser extraídas e queimadas se os governos

cumprirem os compromissos globais firmados sobre o aumento da temperatura,

trazendo sérias implicações para as carteiras e avaliações que envolvem empresas com reservas de combustíveis fósseis (CDP, 2013a).

As mudanças climáticas e os impactos da escassez de recursos tornaram-se

questões relevantes que afetam a capacidade das empresas de competirem. O

mercado está começando a avaliar o comportamento das empresas por meio de nova

lente e, em última análise, vai reprecificar os riscos ambiental, social e de governança.

Os investidores que têm incorporado esses princípios em seus processos e decisões de investimento serão beneficiados (KAHN; FOX, 2013).

Corporações globais já reconheceram a importância do tema e estão

respondendo aos desafios através de estratégias climáticas bem articuladas (RAY,

2013). Economias em transição, como a brasileira, enfrentam o desafio ainda maior

de associar o crescimento econômico e social com o desenvolvimento sustentável.

Apesar do Brasil ainda não ter metas obrigatórias de redução de emissões de GEE, o cenário futuro aponta para esse caminho, configurando ambiente em que as empresas

precisam estar preparadas para regulamentações mais rigorosas.

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1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA

Esta pesquisa teve como objetivo entender o impacto das mudanças climáticas

no modelo de negócio das empresas brasileiras, buscando o relacionamento com a

estratégia empresarial, governança, identificação de riscos e oportunidades e associação com o desempenho financeiro.

O propósito foi oferecer elementos relevantes para instigar as empresas a

incorporar o tema mudanças climáticas na estratégia corporativa, expor uma análise

setorial para priorização de políticas públicas e encorajar os investidores a adicionar

esse fator em sua gestão de investimentos. Para a academia, espera-se avançar o conhecimento e a compreensão sobre as implicações das mudanças climáticas sobre o desempenho corporativo.

A pesquisa foi desenvolvida em paralelo a parceria firmada entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro, através do Instituto COPPEAD de

Administração, a Catavento (consultoria em sustentabilidade corporativa) e o CDP

(organização internacional sem fins lucrativos). A parceria teve como objetivo

investigar as justificativas empresariais e benefícios econômicos da mitigação e

adaptação às mudanças climáticas, através da avaliação da transparência e do

desempenho das empresas brasileiras no que diz respeito às suas emissões e estratégias.

1.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Este estudo foi delimitado às empresas respondentes ao pedido de informação de 2013 e 2014 do Carbon Disclosure Project (CDP) no Brasil.

A estrutura desta dissertação é composta de cinco capítulos, contando com

este primeiro de introdução. O capítulo 2 faz uma revisão bibliográfica e o capítulo 3

apresenta a metodologia. No capítulo 4 o resultado da análise das empresas é discutido e a conclusão apresentada no capítulo 5.

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18 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo começa listando os setores da economia com maior impacto na

dimensão climática (seção 2.1), em seguida é discutido como pode ser incorporada a

governança climática nas empresas para formulação de estratégias (seção 2.2). O

item 2.3 descreve a instituição CDP, agente que foi fonte dos dados. Na seção 2.4 os

riscos e oportunidades relacionados às mudanças climáticas são mapeados e por fim a associação com o desempenho financeiro é discutida (seção 2.5).

2.1 MUDANÇA DO CLIMA NOS SETORES-CHAVE DA ECONOMIA

Os riscos climáticos variam conforme determinantes internos e do contexto das

empresas e requer diferentes respostas e estratégias de gestão para cobrir as

exposições e aproveitar oportunidades de lucro (INNOVEST STRATEGIC VALUE

ADVISORS, 2007). Os determinantes da exposição aos riscos de carbono são: o setor, a distribuição geográfica da operação e mercado e fatores específicos da

empresa. Segundo o estudo Carbon Beta TM and Equity Performance: An Empirical

Analysis (INNOVEST STRATEGIC VALUE ADVISORS, 2007), os países que

possuem maior exposição aos riscos climáticos são EUA, Reino Unido, Japão,

França, Suécia, Holanda, Alemanha e Austrália, devido à existência de tratados,

políticas locais e variações naturais do clima. Em relação aos fatores específicos da empresa, o mesmo estudo lista os seguintes:

­ Intensidade energética e composição da fonte e padrões de consumo; ­ Localizações geográficas de instalações da produção;

­ Sortimento de produtos: intensidade de carbono direto, indireto e

incorporado;

­ Estruturas de custos específicos para redução de emissões;

­ Trajetória tecnológica: nível de progresso da adaptação ou substituição

para ambiente de restrição de carbono; ­ Dinâmica competitiva da indústria: capacidade de repassar custos;

­ Capacidade de gestão de risco; e ­ Capacidade de identificar e capturar oportunidades de receita.

O relatório da Innovest Strategic Value Advisors (2007) aplica a metodologia

de classificação padrão global de indústrias (GICS) para avaliar os riscos específicos

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de setores ao longo de toda a cadeia de valor (a montante, a jusante e internos), a

partir de índice chamado “carbon beta”. Os seis setores de maior impacto de carbono,

segundo o relatório, são empresas de: energia elétrica; materiais de construção; óleo, gás e combustíveis consumíveis; papel e produtos florestais; produtos químicos; e máquinas e conglomerados industriais.

O relatório Carbon Risks in UK Equity Funds (TRUCOST; WWF, 2009) destaca

que as exposições aos custos de carbono variam muito também entre as próprias

empresas nos setores de petróleo e gás, recursos básicos, construção e materiais, e

de alimentos e bebidas. As organizações que são mais intensivas em carbono em

relação aos seus pares, que enfrentam a concorrência de empresas que não são

regulados sobre as emissões, e que operam em mercados com maior elasticidade-

preço da demanda, podem ter capacidade limitada de repassar o aumento dos custos de produção, sem perder participação de mercado. Dessa forma, existe potencial

significativo para os gestores de fundos reduzir a exposição de carbono em portfólios através de decisões de seleção de ações sem alterar a alocação respectiva do setor.

A Lei nº 10.165/00 (BRASIL, 2000) lista as atividades potencialmente

poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais e as classifica de acordo com o

potencial de poluição (PP) e grau de utilização (GU) de recursos naturais. As

atividades com maior impacto são: extração e tratamento de minerais; indústria

metalúrgica; indústria de papel e celulose; indústria de couros e peles; indústria

química; e transporte, terminais, depósitos e comércio de carga perigosa. A lista completa das atividades e sua descrição está no Anexo 1.

A BM&FBovespa também tem uma classificação própria de setores dentro da dimensão ambiental, como listado no quadro 1. Andrade (2013) utilizou essa

classificação em sua pesquisa e identificou que as principais variáveis que afetam a

adesão ao ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&FBovespa) são o

tamanho da empresa e o nível de impacto ambiental que está inerente ao setor. Ou

seja, empresas que têm maior impacto ambiental possuem maior probabilidade de

aderirem ao ISE. Esse resultado contraria o constatado por Wegener et al. (2012), pois este autor afirma que empresas transparentes tendem a ser aquela de setores

menos poluidores e com menor exposição a riscos de litígio.

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20 Quadro 1 - Classificação setorial da dimensão ambiental

SETORES DE ALTO IMPACTO SETORES DE IMPACTO MODERADO Construção Energia elétrica Máquinas industriais Mineração Papel e celulose Petróleo e gás Química Siderurgia e metalurgia Telecomunicações

Alimentos e bebidas Comércio Software e dados Têxtil Transporte e serviços Veículos e peças

Fonte: adaptado de Andrade (2013).

Ainda existe pouca literatura sobre os impactos climáticos potenciais em cada

um dos setores da economia, porém o mercado interconectado propicia impactos

indiretos através de transbordamento de um setor para os demais (IPCC, 2014b). O

IPCC (2014b) estudou de forma mais detalhada os setores de energia, água,

transporte, turismo, seguro e agricultura, além de citar outros setores primários, secundários e terciários como pesca, floresta, minas, fábricas e construção e serviços

de saúde. Os impactos econômicos em destaque no relatório estão detalhados no

Anexo 3. O Anexo 2 lista os setores de acordo com a International Standard Industrial

Classification e os classifica de acordo com uma avaliação que reflete a amplitude e

a profundidade do estado de conhecimento entre estes setores; muitos dos quais não têm sido avaliados na literatura.

Em 2000, o World Resources Institute (WRI) publicou um fluxograma que

mostra a emissão mundial de gases de efeito estufa por fonte e por indústria

(ECOFYS, 2013). ASN Bank e Ecofys, em cooperação com DuurzaamBedrijfsleven.nl atualizaram o fluxograma com informações de 2010 (Anexo 3). As fontes de emissão

são carvão (25%), gás natural (19%), óleo (21%), emissões diretas (34,6% -

desmatamento e agropecuária) e resíduos (0,4%). Os setores que mais contribuem

para a emissão desses gases são a indústria, transporte e mudança no uso da terra,

como descrito pelo gráfico 1. No setor industrial, os subsetores com maior contribuição

são empresas de: minerais não metálicos (6%), ferro e aço (4,8%), químico e petroquímico (4,3%), metais não ferrosos (1,4%), comida e tabaco (1,1%) e papel,

celulose e impressão (1%).

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21 Gráfico 1 - Emissões de GEE mundiais por setor (2010)

Fonte: baseado em Ecofys (2013).

Em 2010, as emissões de CO2e, por setor no Brasil, são distribuídas da

seguinte forma: agropecuária (35%), energia (32%), mudança de uso da terra e

florestas (22%), processos industriais (7%) e tratamento de resíduos (4%). A segunda

maior oportunidade de redução de carbono está no setor de energia. A indústria

brasileira (incluindo a agropecuária), em 2010, consumiu 38,9% do total de energia, o

parque edificado cerca de 15% e o setor e transportes 28,3% (PBMC, 2013). Nesse

sentido, a indústria pode contribuir de forma significativa no esforço de redução de emissões de GEE por meio de ações de eficiência energética, substituição de

combustíveis tradicionais e adoção de processos industriais menos intensivos no uso

de energia (PBMC, 2013).

As várias fontes citadas, destacam setores econômicos com alto impacto

ambiental, e não necessariamente impacto climático. A união dessas fontes foi utilizada como uma proxy dos setores com maior impacto climático, como detalhado

na seção 3, metodologia de pesquisa.

2.2 GOVERNANÇA CLIMÁTICA

Empresas precisam examinar os recursos naturais que consomem e como elas

os utilizam em favor de sua própria viabilidade futura (MICHALISIN; STINCHFIELD,

2010). Atualmente, os líderes empresariais estão realizando mudanças fundamentais

em seus negócios para incorporar o pensamento sustentável

(PricewaterhouseCoopers, 2013a). Essas mudanças são parte de um realinhamento

da forma e com quem fazer negócios; mobilizar a gerência, membros do conselho, funcionários, fornecedores e parceiros em torno de práticas sustentáveis; e gerenciar

29%

15%

15%

13%

11%

7%7%3%

Emissões de GEE mundial por setor (2010)IndústriaTransporteMudança no uso da terraFornecimento de energiaEdifícios residenciaisEdifícios públicos comerciais & ServiçosAgriculturaResíduos

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riscos, descobrir e capitalizar oportunidades. Entretanto, essas ações não estão

amplamente arraigadas nas empresas. Em pesquisa com executivos realizada pela The McKinsey Quarterly (ENKVIST; VANTHOURNOUT, 2008), 60% deles afirmam

que mudanças climáticas são estrategicamente importantes, porém apenas um terço

traduz essa importância considerando o assunto no desenvolvimento da estratégia da

empresa. Do grupo de executivos que levam em consideração as mudanças

climáticas em suas ações, as motivações mais citadas para isso são reputação, atenção da mídia e preferências dos consumidores.

Outros autores também destacam: a vantagem competitiva que, em última

análise, aumenta as receitas e produtividade; e a liderança da alta administração

como motivadores à ação (CHU; SCHROEDER, 2010). É interessante notar que na

pesquisa de Chu e Schroeder (2010), as únicas empresas que não tinham adotado medidas sobre mudanças climáticas (pequenas e médias empresas) apontavam

requisitos legais e de fornecedores como motivadores, revelando uma abordagem

reativa. Calcular e reportar emissões, requisitos básicos para governança climática,

pode ser um desafio para pequenas e médias empresas. Em relação às barreiras à

ação, o mesmo artigo mostra que a maior delas é o fato de não ser uma exigência legal, pois gera desvantagem competitiva para aqueles que agem, seguido da ausência de incentivos financeiros e da falta de prioridade da liderança senior.

No Brasil, empresas mencionaram como fatores de estímulo, em ordem

decrescente de importância, a reputação, a eficiência operacional, a prática da responsabilidade social e a competitividade (MACEDO-SOARES et al., 2011).

Para que haja evolução efetiva da gestão ambiental em uma organização é necessário (i) disseminação, inserção e internalização da sustentabilidade na cultura

organizacional; (ii) estruturação do modelo de gestão da sustentabilidade integrado

ao modelo de gestão da organização, não sendo restrita ao discurso ou ações

pontuais; e (iii) customização da agenda de sustentabilidade considerando o porte, segmento e ativos (ROCHA, 2014).

A questão da cultura e comportamento organizacional também é frisada no

modelo proposto por Hoffman (2010) – quadro 2 –, que possui oito etapas em três

estágios que descrevem os componentes da estratégia. O autor argumenta que para

endereçar a mudança climática de forma apropriada, é essencial mudar a estrutura

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organizacional e a forma como os indivíduos pensam, transformando o fato científico

em um fato social.

Quadro 2 - Modelo de integração da mudança climática na gestão da empresa Estágio 1 Desenvolvimento de uma estratégia climática Etapa 1 Avaliação do perfil de emissão

Etapa 2 Avaliação de riscos e oportunidades

Etapa 3 Avaliação de opções de reduções

Etapa 4 Definição de objetivos e metas

Estágio 2 Foco interno

Estágio 3 Foco externo

Etapa 5 Mecanismos financeiros de suporte

Etapa 6 Engajamento da organização

Etapa 7 Formulação da estratégia política

Etapa 8 Gerenciamento de relações externas

Fonte: adaptado de Hoffman (2010).

A partir de uma pesquisa de campo em quatro empresas com reputação de ter

as melhores práticas em sustentabilidade (Nike, Procter & Gamble, The Home Depot

e Nissan North America), Epstein, Buhovac e Yuthas (2014) investigam como os

gerentes integram impacto financeiro, social e ambiental no dia a dia do negócio,

lidando com demandas concorrentes, recursos limitados e sendo avaliados por lucros

de curto prazo. O resultado da pesquisa demonstra que os gerentes são capazes de

administrar essas três perspectivas simultaneamente porque: 1) eles reconhecem o valor financeiro das reações dos stakeholders ao desempenho social e ambiental; 2)

eles utilizam a tecnologia e inovação de forma criativa para superar cenários

financeiros não favoráveis; e 3) alicerçam em valores organizacionais que sustentam

o pensamento de longo prazo. Essas empresas estão valorizando a sustentabilidade

sem calcular os benefícios financeiros. Corroborando com o modelo de Hoffman

(2010), os autores acreditam que os valores (cultura organizacional) são um dos fatores críticos mais importantes para a gestão bem sucedida dos trade-offs

existentes.

Outra ferramenta de integração do tema é a Climate SWOT apresentada por

Pesonen e Horn (2014), que foca no nível de produto. Os passos dessa ferramenta são:

1. Identificar as principais etapas do ciclo de vida do produto; 2. Identificar os impactos climáticos para todos os estágios do ciclo de vida

(situação atual e futura, aspectos positivos e negativos);

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3. Avaliar a significância de cada impacto;

4. Compilação da SWOT e formulação das estratégias climáticas; e

­ Forças: fortalecer fontes de vantagem competitiva ­ Fraquezas: mitigar os impactos climáticos através da melhoria

das operações e portfólio de produtos

­ Oportunidades: construir novas fontes de vantagem competitiva

­ Ameaças: acompanhar o desenvolvimento das questões que

podem prejudicar o negócio e estar preparado para adaptar

5. Formular um plano estratégico para cada impacto climático identificado

(metas, medidas concretas, responsabilidades, recursos, cronograma e indicadores).

O relatório do The Carbon Trust (2011) aponta os seguintes benefícios de se implementar metas ambientais: preparo para futura regulamentação; mitigação de

riscos; redução de custos; foco de negócios e inovação de produtos acelerada;

influência nos formuladores de políticas; ganho ou manutenção de negócios B2B;

retenção de talentos; e reputação. O mesmo documento define critérios para acessar a qualidade de metas ambientais, quais sejam:

­ As metas devem ser precisas no que está sendo medido, incluindo as

fronteiras geográficas e organizacionais, bem como a escala de tempo do

resultado;

­ Os dados necessários para mensuração da meta devem ser medidos de

forma acurada, com uma base sólida e todos os fatores de conversão

claramente especificados;

­ As metas devem ser ambiciosas e de longo alcance, pois são fundamentais

no fomento de colaboração e inovação, criando valor futuro nos negócios e

prevenção de riscos relacionados às mudanças climáticas; e ­ Os alvos devem ser apropriados e relevantes para uma empresa e seu

setor.

Michalisin e Stinchfield (2010) destacam três iniciativas amplas de mudanças climáticas destinadas a reduzir o dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa:

(1) desenvolvimento de substitutos de energia para o petróleo e o carvão; (2)

desenvolvimento de fontes de energia renováveis; e (3) trabalhar de forma

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colaborativa com empresas, governos, organizações não governamentais (ONGs) e

outras partes interessadas em relação a soluções de larga escala sobre mudanças climáticas.

A avaliação da governança climática está sendo praticada por vários grupos de investidores, como a exemplo do Carbon Disclosure Project, que possui metodologia

própria de avaliação e pontuação das empresas. Macedo-Soares et al. (2011) criaram modelo de avaliação da estratégia climática (as variáveis do modelo estão listadas no

quadro 3) e aplicaram em empresas brasileiras da indústria automotiva e de papel e celulose, setores importantes para economia doméstica.

Quadro 3 - Variáveis do modelo de avaliação da estratégia climática

VARIÁVEL DEFINIÇÃO OPERACIONAL PRÁTICAS OU DRIVERS Impacto da empresa no ambiente

Grau de impacto da organização no ambiente causado por emissões de GEE produzido pela operação ou pelos componentes da cadeia de valor a outras emissões associadas.

­ Medição das emissões diretas e indiretas

­ Determinação e ajuste do nível de emissões

Impacto das mudanças climáticas na empresa

Grau de impacto nas oportunidades e ameaças da organização, conduzindo a empresa a desenvolver e implementar uma estratégia climática.

­ Novos mercados ­ Competitividade ­ Fatores intangíveis ­ Fatores financeiros ­ Exposição a riscos

Envolvimento da empresa

Grau de efetividade das ações da empresa de mitigação e eliminação de emissões.

­ Medidas de redução de emissões na empresa

­ Medidas de redução de emissão na cadeia de valor

­ Medidas de compensação de emissões

Motivação das empresas

Grau de motivação que resulta tanto do lado pró-ativo da mobilização de funcionários e publicação de suas ações e a força relativa dos obstáculos que se interpõem no caminho da implementação de uma estratégia climática.

Proativa ­ Mobilização ­ Comunicação interna Reativa ­ Mitigação de obstáculos

Relações externas

Grau de influência da empresa e a habilidade de comunicar com os stakeholders e obter suporte de outras entidades para parcerias.

­ Parcerias ­ Publicações

Fonte: adaptado de Macedo-Soares et al. (2011)

Os principais resultados foram a constatação de que a maioria das empresas

dos dois setores ainda não tinham implementado uma efetiva estratégia climática,

estavam em nível bem abaixo de sua sede no exterior e a ausência de transparência.

As diferenças de adoção de práticas se deram entre indústrias, empresas, se elas são

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estrangeiras, exportadoras e para qual país exportam. A principal causa para a

deficiência nas práticas é a ausência de cultura ambiental, pois há a prevalência da cultura econômica com foco na redução de custos.

Devido às múltiplas dimensões do risco e da incerteza no contexto de mudança

do clima, a governança deve ser estabelecida com base na precaução, prevenção e gestão do risco (PBMC, 2013). Este último pilar será abordado na seção 2.4.

2.3 O CARBON DISCLOSURE PROJECT

As normas vigentes que regulam o reporte financeiro não requerem que as

empresas comuniquem informações ambientais (WEGENER et al., 2012). Essa

lacuna motivou investidores institucionais a procurar novas maneiras de conseguir essa informação.

O Carbon Disclosure Project (CDP), organização internacional sem fins

lucrativos, se destaca nessa relação entre investidores e empresas, representando o

maior repositório de dados e divulgador de informações ambientais (mudanças climáticas, água e florestas). Os stakeholders que utilizam essas informações querem

conhecer as estratégias de mitigação e avaliar a capacidade de adaptação em cenários mais drásticos (CDP, 2013a).

A organização é formada por uma comunidade de investidores – entre bancos,

fundos de pensão, gestoras de ativos e seguradoras – que anualmente, a partir de

2003, solicita a mais de 4.500 empresas a responder ao pedido de informação e

transforma os dados agregados em um relatório disponível ao público. Em 2014, havia

767 investidores signatários, que correspondiam a US$ 92 trilhões em ativos. Essa

instituição tem como visão “prevenir as mudanças climáticas, proteger os recursos naturais e criar prosperidade de longo prazo através da alocação eficiente de capital”

(“Carbon Disclosure Project,” 2014).

As atividades na América Latina começaram no Brasil em 2006 com uma

listagem regional de empresas com base no índice IBrX-100, da BM&FBOVESPA

(“Carbon Disclosure Project,” 2014). A partir de 2008, houve a expansão para a

América Latina, envolvendo a Argentina, Chile, México e Peru, além do Brasil, com 67 investidores signatários (10% dos investidores globais).

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O IBrX (Índice Brasil) é um índice de preços que mede o retorno de uma carteira

teórica composta por 100 ações selecionadas entre as mais negociadas na

BOVESPA, em termos de número de negócios e volume financeiro (BM&FBOVESPA, 2014). Não estão incluídos nesse universo Brazilian Depositary Receipts (BDRs) e

ativos de companhias em recuperação judicial ou extrajudicial, regime especial de

administração temporária, intervenção ou que sejam negociados em qualquer outra situação especial de listagem.

O pedido de informações é realizado por meio de questionário online que é

estruturado em três principais tópicos: gestão, riscos e oportunidades e emissões (quadro 4).

Quadro 4 - Sumário do questionário de mudanças climáticas do CDP

TÓPICOS DESCRIÇÃO DAS QUESTÕES

Gestão

CC1. Governança ­ CC1.1 Responsabilidade individual e de grupo ­ CC1.2 Desempenho individual

CC2. Estratégia ­ CC2.1 Abordagem de gestão de risco ­ CC2.2 Estratégia de negócio ­ CC2.3 Engajamento com os formuladores de políticas

CC3. Metas e iniciativas ­ CC3.1 Metas ­ CC3.2 Iniciativas para redução de emissões - cadeia de valor ­ CC3.3 Iniciativas para redução de emissões na organização

CC4. Comunicação

Riscos e oportunidades

CC5. Riscos em mudanças climáticas CC6. Oportunidades em mudanças climáticas

­ CC5.1 e CC6.1 Categoria, direcionador, descrição, impacto potencial, prazo, direto ou indireto, probabilidade, magnitude do impacto, implicações financeiras potenciais antes de tomar medidas, métodos que estão sendo usados para administrar esse risco ou oportunidade, custos associados a essas ações.

Emissões

CC7 Metodologia de emissões ­ CC7.1 Ano base ­ CC7.2, CC7.3 e CC7.4 Metodologia

CC8 Dados de emissão ­ CC8.1 Limite ­ CC8.2 a CC8.5 Dados de emissão dos Escopos 1 e 21 e

precisão ­ CC8.6 a CC8.8 Verificação externa ­ CC8.9 Emissões de CO2 sequestrado biologicamente

CC9 e CC10 Breakdown de emissões escopos 1 e 2 CC11 Energia CC12 Performance de emissões

1 Escopo 1: emissões diretas – dos geradores, frota móvel, extintores e ar condicionado / Escopo 2: emissões indiretas -- causadas pelo consumo de energia elétrica comprada da grade do Sistema Interligado Nacional.

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­ CC12.1 Histórico de emissões ­ CC12.2 Intensidade de emissões

CC13 Comercialização CC14 Emissões do Escopo 32

Fonte: baseado no Carbon Disclosure Project (CDP) (2014).

Além do relatório público com as informações agregadas das respostas das

empresas e do acesso pelos investidores signatários de todas as respostas

individuais, o CDP, a partir de 2007, começou a divulgar dois índices globais, o CDLI e o CPLI (“Carbon Disclosure Project,” 2014). Na América Latina, a pontuação foi

iniciada em 2012. A cada ano, desde 2008, a pontuação mínima, média e máxima do

CDLI está aumentando e a variação entre as empresas diminuindo, sugerindo uma

tendência de priorização do assunto pelos executivos dessas grandes empresas (KAHN; FOX, 2013).

Esses índices são utilizados pelos investidores, por exemplo, como indicadores

de boa gestão das mudanças climáticas e para a criação de produtos financeiros. No

processo de investimento a pontuação serve como medidor de engajamento

corporativo para diferenciação no estágio pré-investimento ou no estágio pós-investimento em atividades de governança corporativa. Para as empresas, eles

servem como parâmetro de referência das informações relacionadas com a mudança do clima divulgadas ao mercado (KAHN; FOX, 2013).

Segundo o site do CDP (“Carbon Disclosure Project,” 2014), o CDLI refere-se

ao quesito transparência do decil superior das empresas. Uma pontuação elevada

nesse índice indica resposta completa e abrangente em relação aos riscos e

oportunidades das mudanças climáticas específicos do negócio e boa prática de

gerenciamento para avaliação e entendimento das emissões de GEE, não refletindo as ações da companhia para mitigar as mudanças climáticas.

Em 2013 o CDP foi a instituição de maior credibilidade entre as que publicam

ratings, índices ou rankings de sustentabilidade, de acordo com a pesquisa conduzida

pela SustainAbility e GlobeScan (GLOBESCAN; SUSTAINABILITY, 2013), o projeto

Rate de Raters, que tem entrevistado periodicamente especialistas em

2 Escopo 3: emissões decorrentes da atividade da empresa, porém de fontes que não pertencem ou não são controladas pela empresa. São o caso, por exemplo, das emissões derivadas das viagens a serviço e do deslocamento dos funcionários entre suas residências e respectivos locais de trabalho.

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sustentabilidade (empresas, governo, ONGs, acadêmicos, consultores e mídia) de 70

países.

Em levantamento que o CDP realizou entre 2005 e 2012 com as empresas que

constavam nos dois índices, foi constatado que essas organizações apresentam

historicamente desempenho superior, fluxo de caixa estável e maior crescimento dos

dividendos ao longo do tempo (KAHN; FOX, 2013). Esse estudo conclui que à medida que o impacto das alterações climáticas nos negócios globais aumenta, a

diferenciação entre os líderes empresariais e retardatários será refletida em termos

financeiros. Pesquisas da Sustainable Insight Capital Management (SICM) sugerem,

entretanto, que mercados são ineficientes e não precificam com precisão os títulos para refletir essas macro tendências.

2.4 RISCOS E OPORTUNIDADES EMPRESARIAIS DIANTE DAS MUDANÇAS

CLIMÁTICAS

Responder às mudanças climáticas envolve fazer escolhas sobre riscos em um

mundo em transformação (IPCC, 2014a), riscos que provém de vulnerabilidade (falta

de preparação) e exposição (de pessoas ou ativos) com sobreposição nos eventos

climáticos decorrentes e tendências. Devido ao contexto de incerteza contínua em

relação a severidade e momento dos impactos, a gestão de risco iterativa é uma estrutura útil para a tomada de decisões, a qual está demonstrada na figura 1.

Figura 1 - Adaptação climática como um processo de gestão de riscos iterativo com múltiplos feedbacks

Fonte: adaptado de IPCC (2014a).

Análise

Identif icaropções

Avaliar riscos

Avaliar tradeoffs

Escopo

Identif icar riscos, vulnerabilidades

e objetivos

Estabelecer o critério de tomada

de decisão

Implementação

Monitorar

Implementardecisão

Revisar e aprender

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O IPCC (2014a) mapeou os principais riscos com alcance para todos os setores

e regiões, que estão descritos no quadro 5. Para o Brasil, os riscos mais significativos

são: diminuição da produção e qualidade dos alimentos, alterações no fluxo do rio Amazonas, aumento de mortalidade e queimadas na floresta amazônica, degradação de manguezais na costa norte da América do Sul.

Quadro 5 - Principais riscos mapeados pelo IPCC

i. Risco de morte, ferimentos, problemas de saúde ou meios de subsistência interrompidas em zonas baixas do litoral e pequenas ilhas em estados em desenvolvimento e outras pequenas ilhas, devido à tempestades, inundações costeiras e aumento do nível do mar;

ii. Risco de graves problemas de saúde e subsistência interrompida em grandes populações urbanas, devido a inundações em algumas regiões;

iii. Riscos sistêmicos devido aos eventos climáticos extremos que levam à desagregação das redes de infraestrutura e serviços essenciais como energia elétrica, abastecimento de água e serviços de saúde e de emergência;

iv. Risco de mortalidade e morbidade durante os períodos de calor extremo, especialmente para as populações urbanas vulneráveis e aqueles que trabalham ao ar livre em áreas urbanas ou rurais;

v. Risco de insegurança alimentar e composição dos sistemas alimentares ligados ao aquecimento, secas, inundações, precipitação e extremos, especialmente para as populações mais pobres em áreas urbanas e rurais;

vi. Risco de perda de meios de subsistência rurais e renda, devido ao acesso insuficiente de água para beber e irrigar e redução da produtividade agrícola, especialmente para os agricultores e pecuaristas com capital mínimo em regiões semiáridas;

vii. Risco de perda dos ecossistemas marinhos e costeiros, a biodiversidade, e os bens ambientais, funções e serviços que prestam para a subsistência costeira, especialmente para as comunidades pesqueiras nos trópicos e no Ártico; e

viii. Risco de perda de ecossistemas terrestres e fluviais de água, biodiversidade, e bens ambientais, funções e serviços que prestam para a subsistência.

Fonte: adaptado de IPCC (2014a).

No contexto empresarial, riscos (ameaças e oportunidades) relacionados a

emissão de carbono, informação crítica para priorização das estratégias, podem ser

altamente complexos, inter-relacionados e específicos por setor (SUBRAMANIAM et

al., 2014). Subramaniam et al. (2014) relata quatro categorias de risco de carbono:

estratégicos (novos produtos e tecnologias emergentes), operacionais (pegada de carbono e uso de energia), de conformidade (regulamentação) e de relatório (pressão para transparência).

Na perspectiva dos investidores, as mudanças climáticas têm três implicações distintas (KERSCHNER; GERAGHTY, 2007):

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­ Físicas: tendências climáticas afetando temperatura, precipitação e vento.

Em 2013, o mundo enfrentou 150 desastres naturais, resultando em uma

perda econômica de US$ 131 bilhões, dos quais US$ 37 bilhões estava segurada (LIPINSKI, 2014). Em países em desenvolvimento, além da falta

de medidas de adaptação, o índice de seguros é muito menor, o que

ocasiona maiores prejuízos no longo prazo.

­ Regulatórias: empresas com operações internacionais estão sujeitas à

diversas regulações.

­ Comportamentais: impacto das questões climáticas no comportamento de

consumidores, litigantes (forçando a justiça a regular essas questões), investidores e corporações.

Pesquisa recente com líderes empresariais globais mostra que, embora a consciência de uma crise de recurso por vir é alta, a maioria das empresas vê isso

como apenas um risco que precisa ser gerenciado e não como nova oportunidade que pode ser alcançada (THE CARBON TRUST, 2014).

No último relatório de mudanças climáticas do CDP no Brasil “CDP Brasil 100

- Relatório de mudanças climáticas 2013: Oportunidades de negócios a partir da

redução de emissões”, no que se refere à governança, a maior parte das empresas

cumpre o conjunto de critérios, demonstrando alto grau de comprometimento com a

mitigação das mudanças climáticas, entretanto existe preferência por iniciativas de redução de emissões que apresentam retornos (payback) de curto prazo (menos de

três anos), ficando de fora projetos com período de retorno mais longos que tendem

a ser mais ambiciosos em termos de redução e de prevenção de emissões de GEE

(CDP, 2013a). Esse fato pode explicar que 76% das empresas tiveram aumento de

emissões de escopo 1 (emissões diretas – dos geradores, frota móvel, extintores e ar

condicionado) e escopo 2 (emissões indiretas – causadas pelo consumo de energia elétrica comprada da grade do Sistema Interligado Nacional) em comparação com o ano anterior.

A maioria das empresas tem a percepção das três categorias de risco (regulamentação, físico e outro) e o fator de risco mais reportado é a mudança nos

extremos de precipitação e secas, com o impacto mais percebido o aumento dos

custos operacionais. Em relação às oportunidades, a maioria percebe às associadas

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à regulamentação e os impactos mais relatados são o aumento da demanda e novos

negócios. Os respondentes afirmam, entretanto, que os custos e ganhos potenciais

associados aos riscos e oportunidades não são conhecidos e mesmo assim gerenciam a maior parte dos riscos e oportunidades reportados.

Subramaniam et al. (2014) realizaram pesquisa com 96 gerentes seniores em

empresa carbono intensivas da Austrália e destacaram seis fatores que afetam a extensão na qual os riscos e oportunidades de carbono são integradas no sistema de

gerenciamento de riscos formal: existência de estratégia de carbono formal,

envolvimento da liderança sênior, supervisão de auditoria interna, disponibilidade de recursos financeiros e de pessoal, além do setor energético apresentar maior adesão.

2.5 O IMPACTO DO DESEMPENHO SOCIOAMBIENTAL NO DESEMPENHO FINANCEIRO E NA GERAÇÃO DE VALOR

Gestores de empresas e investidores necessitam tomar decisões diante dos

dilemas que surgem nas organizações e nas decisões de alocação de recursos. Para

isso, esses atores utilizam diversos meios, informações contábeis, financeiras e não

financeiras, experiências, conceitos acadêmicos, valores pessoais e características de liderança.

No século XVIII, época do surgimento da indústria, o foco era restrito aos

indicadores financeiros, tais como rentabilidade e liquidez (CARVALHO; SÁ, 2011).

Ao longo da história existiram vários focos de interesse específicos na evolução da medição de desempenho, agregando às medidas puramente financeiras diversos

atributos relacionados à gestão de pessoas, clientes, processos, recursos intangíveis

e sustentabilidade (NETTO, 2007 apud RIBEIRO, MACEDO e MARQUES, 2012).

Medidas de desempenho social e ambiental começaram a ser consideradas no leque

de indicadores não financeiros a partir dos anos 1980, com o aumento da consciência

ambiental e social da sociedade e por problemas ambientais ocorridos nesse período (TURAN et al., 2008).

Atualmente, várias empresas de capital aberto com operação ou sediada nos

Estados Unidos integraram um preço interno do carbono como elemento central em suas estratégias de negócios, utilizando-o como ferramenta de planejamento que

ajuda a identificar oportunidades de receita, riscos, incentivo para maximizar

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eficiências energéticas para reduzir custos e guiar decisões de investimento de capital

(CDP, 2013b). Esses preços variam entre US$ 6 e US$ 60 por tonelada de CO2e.

Empresas de serviços públicos e energia são as mais suscetíveis a empregar essa ferramenta devido ao fato de fazerem planos de longo prazo para atender às

necessidades de energia, taxa de ocupação e amortização dos investimentos e custos

das plantas.

A incorporação de indicadores, práticas e de gestão ambiental depende do

nível de vulnerabilidade da empresa, ou seja, o quanto a firma é dependente

diretamente do capital natural e serviços ecossistêmicos de seu ambiente biofísico

(TASHMAN, 2011). A relação entre vulnerabilidade às mudanças climáticas e

desempenho ambiental, nível ao qual a empresa protege ou conserva os recursos

naturais que são trocados em seu ambiente socioeconômico, foi investigada por Tashman (2011). A amostra consistiu em painel não balanceado de 76 resorts de ski

dentro do período de 2001 a 2009. O resultado demonstra que empresas vulneráveis

tendem a se adaptar de forma que prejudica este ambiente próprio, pois as estratégias

de adaptação consomem fontes adicionais de recursos. Essas iniciativas são

rentáveis para as empresas porque o capital natural e os serviços ecossistêmicos não são precificados corretamente nos mercados e não há regulamentação. Entretanto, a

vulnerabilidade também leva os gerentes a focar a atenção em medidas

compensatórias que atendam outras dimensões ambientais, induzindo decisões que

envolvem a mitigação das mudanças climáticas. Os autores concluem que a vulnerabilidade climática é associada a melhor desempenho ambiental.

Além de introduzir internamente a perspectiva socioambiental na gestão das

empresas, é também relevante a divulgação das iniciativas em prol da transparência.

Divulgações de emissões de carbono, por exemplo, informam aos investidores os

custos futuros que podem ser impostos às empresas devido ao nível de emissões (MATSUMURA; PRAKASH; VERA-MUNOZ, 2013). A PricewaterhouseCoopers

(2013a) – PwC – entrevistou CEOs sobre os seus pontos de vista sobre questões

ambientais e sociais e evidenciou que a aceitação da comunicação de informações

não financeiras está em ascensão e sendo utilizada para embasar as decisões de

investimento. Na amostra, 41% disseram que planejam se concentrar mais na

comunicação não financeira, incluindo a sustentabilidade ou responsabilidade corporativa. Os investidores estão incrementando a análise de riscos e oportunidades

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relacionadas às mudanças climáticas, comunicando-os em linguagem financeira e

métricas, assim, potencialmente criando uma ligação mais clara entre sustentabilidade e valor de negócio.

Matsumura, Prakash e Vera-Munoz (2013) realizaram uma pesquisa com duas

perguntas que abordam a escolha das empresas em divulgar voluntariamente

informações de emissões de carbono para o público e a relação entre as emissões de carbono e valor da empresa. Os dados foram coletados entre 2006 e 2008 de

empresas da S&P 500 que divulgaram voluntariamente ao Cabon Disclosure Project

(CDP). Os resultados do estudo demonstram que empresas que são mais proativas

ambientalmente são mais propensas a divulgar suas emissões de carbono que as

mais reativas e quanto maior a proporção de empresas na mesma indústria que

divulgam, também mais propensa a empresa está em divulgar suas emissões. Eles também encontraram que o valor da empresa está associado negativamente com o

nível de emissão de carbono e, em média, para cada mil toneladas adicionais de

emissões de cabono, o valor da empresa diminui em US$ 202.000. O estudo citado

fornece evidências de que o mercado atribui custo implícito para as emissões de carbono, embora não haja atualmente custo explícito para a empresa.

Pesquisa da Innovest Strategic Value Advisors (2007) revela, contudo, que a

minoria dos signatários do CDP está alocando seus recursos em alguma estratégia

de investimento que explícita e sistematicamente leva em conta o risco climático. As

razões para a falta de adesão ao tema são que (i) os investidores ainda acreditam que

investimentos socioambientais são desperdício ou realmente prejudiciais; (ii) os

fundos e gerentes de recursos acham que estratégias ambientais são incompatíveis

com suas responsabilidades fiduciárias; e (iii) ainda há escassez de pesquisas com

evidências da relação entre desempenho socioambiental e desempenho financeiro

corporativo. Para alterar essa situação, é preciso de um caso de investimento com provas convincentes de que a integração da análise de risco climático pode de fato

melhorar o desempenho financeiro ajustado ao risco e de que a variação líquida de

exposição ao risco climático entre as empresas é díspare (INNOVEST STRATEGIC VALUE ADVISORS, 2007).

A relação entre o desempenho socioambiental (DSA) e desempenho financeiro

corporativo (DFC) é embasada em uma série de teorias que sustentam uma

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causalidade positiva ou negativa e a direção desse fenômeno. Argumentos que

defendem a relação negativa alegam que as atividades socioambientais requerem

uma fração significativa dos recursos da companhia na esperança de obter benefícios em futuro distante, se ele ocorrer; em contrapartida as teorias microeconômicas

neoclássicas defendem o relacionamento positivo enfatizando o papel dessas

atividades em reduzir a extensão dos custos externalizados (ZIEGLER; BUSCH;

HOFFMANN, 2009). O quadro 6 apresenta as hipóteses formadas a partir das teorias de relacionamento entre DSA e DFC nas perspectivas de causalidade.

Quadro 6 - Tipologia para o relacionamento entre DSA e DFC

SEQUÊNCIA CAUSAL

DIREÇÃO DO RELACIONAMENTO Positivo Negativo

DSA DFC Impacto social Trade-off DFC DSA Disponibilidade de recursos Oportunismo

DSA DFC Sinergia positiva Sinergia negativa Fonte: adaptado de Wajnberg e Lemme (2009).

Existem três abordagens básicas no estudo do impacto do desempenho

socioambiental no financeiro: análise de portfólio, estudo de eventos e regressão

(Ambec e Lanoie, 2008 apud Horváthová, 2012). A análise de portfólio compara o

desempenho financeiro de portfólios formados por empresas com determinado nível

de desempenho socioambiental com outro que tenha um nível diferente e tem a

característica de enfraquecer possíveis influências das variações específicas das empresas sobre os resultados obtidos (ZIEGLER; BUSCH; HOFFMANN, 2009); o

estudo de eventos analisa o impacto de anúncios ou iniciativas socioambientais sobre o retorno das ações (WAJNBERG e LEMME, 2009).

Como mencionado, ainda há número limitado de pesquisas que exploram a

relação entre desempenho socioambiental e desempenho financeiro, e as que existem

não formam um todo coeso, e sim controverso (CHEN; TANG; FELDMANN, 2014).

Horváthová (2010) examina a heterogeneidade dessa relação através de uma análise

de meta-regressão de 64 resultados de 37 estudos empíricos. A autora conclui que a escolha da metodologia influencia o resultado, sugerindo que é importante considerar

o viés da variável omitida; bem como aponta a importância de um tempo de cobertura

aproriado. O tipo de variável financeira utilizada (contábil, de mercado ou mista) não

se mostrou relevante, ao contrário do tipo de variável ambiental (quantitativa ou

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qualitativa), que interessa. O quadro 7 resume as principais explicações para as

inconsistências presentes neste campo de pesquisa.

Quadro 7 - Explicações para as inconsistências nas pesquisas referentes à relação entre desempenho socioambiental e financeiro

ARGUMENTOS AUTORES Ausência de uma base teórica coerente Aragón-Correa & Sharma (2003);

Ullmann (1985) Ausência de uma ideia clara da direção da causalidade

Ambec & Lanoie (2008); Surroca, Tribó & Waddock (2010); Waddock & Graves (1997)

Inconsistência na definição e mensuração dos construtos de interesse (desempenho ambiental e desempenho financeiro)

Busch & Hoffmann (2011); Griffin & Mahon (1997); McWilliams, Siegel & Wright (2006)

Uso de modelos mal especificados devido à omissão de variáveis e ausência de consideração de influências moderadoras ou mediadoras (como tamanho e localização da empresa)

Russo & Minto (2012); Telle (2006); Wagner (2001); Elsayed e Paton (2005)

Agregação da medida, ou seja, uso de um indicador amplo de responsabilidade socioambiental

Margolis et al. (2007)

Heterogeneidade nos métodos empíricos Horváthová (2010) Falha em distinguir se as empresas operam em indústrias ou com tecnologias mais limpas

King e Lenox (2001)

Os dados não medem o que deveriam medir Chatterji et al. (2009) Amostras pequenas e ausência de critérios ambientais objetivos

Konar e Cohen (2010)

Empresas ambientalmente eficientes podem ser eficientes também em outros processos produtivos

Filbeck e Gorman (2004)

É esperado que o desempenho ambiental tenha ao mesmo tempo impactos positivos e negativos no desempenho financeiro

Lioui e Sharma (2012)

Fonte: Endrikat, Guenther e Hoppe (2014); Lioui e Sharma (2012); Horváthová (2010).

A seguir são apresentados estudos empíricos sobre o relacionamento entre

DSA e DFC. É possível notar a diversidade de variáveis e métodos utilizados e recortes distintos das amostras e enfoques.

Horváthová (2012) abordou o efeito intertemporal da relação entre

desempenho ambiental (DA) e DFC por meio de regressão em uma amostra de

empresas da República Checa entre 2004 e 2008. O resultado sugeriu que melhorias

no DA, medido através da emissão de poluentes, estão associadas a custos adicionais

no curto prazo, entranto em um período de dois anos o efeito é positivo no

desempenho financeiro, medido pelo retorno sobre os ativos e retorno sobre o

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patrimônio. A autora indicou também que o tipo de atividade industrial tem efeito no

desempenho financeiro, porém certificações ambientais não apresentam impacto.

Ziegler, Busch e Hoffmann (2009) desenvolveram seu trabalho a partir do

argumento de que a política climática subjacente pode influenciar de forma

significativa a relação. Os autores compararam os dados dos EUA, que não possuía

política climática rigorosa, e da União Européia, que a partir de 2004 apresenta legislação rígida nesse tema, nos subperíodos de 2001 a 2003 e 2004 a 2006. O

método utilizado foi análise de portfólio e dados específicos de séries temporais

desagregada, em que o desempenho ambiental é medido através da declaração de

impacto climático e da redução de carbono da empresa. A estratégia de negociação

dos portfólios em cada país apresentou perdas nos retornos médios mensais

ajustados ao risco em todos os cenários e períodos, com exceção da União Européia no período entre 2004 a 2006. A conclusão sugere investir em empresas com alto

nível de respostas às mudanças climáticas, especialmente em regiões com regime de

políticas climáticas mais ambicioso, pois os “investimentos verdes” são penalizados

em mercados com uma política fraca.

O teste realizado pela Innovest Strategic Value Advisors (2007) mostra uma

relação entre “investimentos verdes” e nível de regulação semelhante. Nesse estudo, o retorno financeiro de “carbon performers” é comparado com o de “carbon laggards”

regionalmente. Ao contrário da Europa e América do Norte, onde as restrições de

emissão de carbono já estão em vigor ou próximas a existir, na região da Ásia-Pacífico o retorno das empresas “carbon performers” não foi superior, o que demonstra que os

mercados não premiam em uma fase precoce de regulação. Outro ponto sugerido no

relatório é que os custos marginais de abatimento podem ser substancialmente mais

elevados para as empresas da região Ásia-Pacífico, criando, assim, sanções

financeiras desproporcionais para as empresas que estão adotando estratégias proativas e despesas de capital.

Proatividade em gestão ambiental é o tema de Michalisin e Stinchfield (2010),

que formularam a hipótese e evidenciaram que uma empresa com estratégias proativas de mudanças climáticas tem melhor desempenho financeiro (medido através

do retorno sobre as vendas, sobre os ativos e giro total dos ativos) que empresas

comparáveis (mesmo país, indústria e tamanho) menos proativas. A amostra contém

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30 pares de empresas (de sete países de três continentes) e 12 indústrias e as

empresas proativas foram extraídas do KLD Global Climate Change 100 Index. Os

autores citam quatro formas pelas quais os líderes em mudanças climáticas podem alcançar vantagens competitivas: (i) atração de funcionários altamente talentosos que

compartilham a mesma visão sobre o meio ambiente (MURRAY & MONTANARI, 1986

e WADDOCK, 2006 apud MICHALISIN e STINCHFIELD, 2010); (ii) desenvolvimento

de competências socialmente complexas exclusivas sobre negócios e

sustentabilidade ambiental através de um trabalho colaborativo com outros grupos;

(iii) acesso aos recursos naturais finitos e segmentos de mercado em países que

permitem número limitado de concorrentes estrangeiros; e (iv) estar na vanguarda na

elaboração de nova legislação ambiental (HOFFMAN, 2007 e PORTER & VAN DER LINDE, 1995 apud MICHALISIN e STINCHFIELD, 2010).

Lioui e Sharma (2012) enfocaram o efeito indireto do desempenho ambiental

no desempenho financeiro, tomando como base o argumento de Porter e van der

Linde (1995a, 1995b) e Pizer e Kopp (2005) (apud LIOUI e SHARMA, 2012) de que

cumprir com a regulamentação ambiental pode ter efeitos colaterais através da

melhoria da eficência de processos produtivos. A partir da premissa de que pesquisa e desenvolvimento (P&D) e inovação são positivamente correlacionadas com o valor

da empresa, qualquer impacto do desempenho ambiental em P&D leva ao impacto

indireto positivo no desempenho financeiro (medido por meio do retorno sobre os

ativos e Q de Tobin). A amostra de 17.000 observações, do período de 1993 a 2007,

evidenciou que o impacto direto da DA no DFC é negativo, em contrapartida a

interação entre DA e P&D induz um impacto positivo no DFC, demonstrando que há

uma compensação extra pelo mercado para atividades de P&D direcionadas ao DA,

o que apoia a hipótese de criação de valor indireto. O artigo focou em P&D, porém

adverte que o modelo pode ser extendido para considerar outros fatores de efeitos indiretos.

Cada questão ambiental tem características diferentes que levam a níveis

distintos de preferências por parte dos stakeholders e afetam de forma desigual o

desempenho financeiro. Essas características englobam o escopo de poluição, tempo

até que os danos aconteçam, gravidade dos danos e existência de regulamentação e

tratados internacionais. Iwata e Okada (2011) realçaram essa questão em seu estudo e indicam que as respostas de desempenho financeiro são diferentes dependendo de

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cada questão ambiental. Foram utilizados dados de 268 empresas industriais do

Japão entre 2004 e 2008, o DFC foi medido através de sete índices (retorno sobre o

patrimônio, sobre os ativos, sobre os investimentos, sobre o capital investido, sobre as vendas, Q de Tobin e o logarítmo natural do Q de Tobin) e o DA foi representado

pelas emissões de resíduos e gases de efeito estufa. O resultado demonstrou que a

emissão de resíduos não tem efeito significativo, porém a redução de gases de efeito

estufa melhora os indicadores financeiros de longo prazo e não tem efeito nos de curto prazo. Os autores concluem que stakeholders como investidores, acionistas e

agências financeiras consideram o desempenho de longo prazo, entretanto

consumidores e parceiros comerciais não se preocupam com a gestão ambiental no curto prazo.

Uma pesquisa que utilizou estudo de eventos foi conduzida por Lo, Yeung e Cheng (2012) em empresas da indústria têxtil e de moda, que tiveram aumento no

número de sistemas de gerenciamento ambiental desde 1990 devido às exigências

dos clientes. O artigo tem como objetivo etender o efeito da adoção da certificação

ISO 14.000 no desempenho financeiro de empresas nos EUA, mensurado por meio

do retorno sobre os ativos, sobre as vendas e vendas sobre os ativos totais. Os resultados demonstram que a adoção desse sistema provocou um aumento médio no

retorno sobre os ativos de 1,2% a 2,9% e 1% a 3,3% no retorno sobre as vendas,

ambos acima das empresas não certificadas em um período de três anos. O maior

benefício da adoção do ISO 14.000 foi aumentar a lucratividade através da redução

de custos. Esse resultado está em desacordo com o mencionado anteriormente da

Horváthová (2012) sobre o efeito das certificações. Os autores notificam, entretanto,

que os benefícios poderiam ser contingentes a uma série de fatores externos, a

exemplo de regulamentação, estrutura de mercado e posição da empresa na cadeia de suprimento.

Sambasivan, Bah e Jo-Ann (2013) modelaram uma arquitetura conceitual para

explicar a relação entre proatividade ambiental e desempenho financeiro e

operacional, aprendizagem organizacional e satisfação dos stakeholders como

descrito na figura 2.

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40 Figura 2 - Arquitetura conceitual da relação entre pró-atividade ambiental e desempenho financeiro e operacional, aprendizagem organizacional e satisfação dos stakeholders

Fonte: adaptado de Sambasivan, Bah e Jo-Ann (2013)

A amostra de 291 firmas da Malásia foi obtida da Capital IQ database (da

Standard & Poor) e os dados foram colhidos através de questionários a funcionários e gerentes. Os resultados indicam que a satisfação dos stakeholders cria um link entre

a proatividade ambiental e o desempenho financeiro e a proatividade é relacionada

com a aprendizagem organizacional e com os desempenhos operacional e ambiental.

Todavia, o papel do tipo de tecnologia como moderador e do desempenho ambiental

como mediador não são suportados pela pesquisa. Essa última relação é justificada pelo fato de que os stakeholders na Malásia estão satisfeitos apenas por saber que

as empresas estão tentando ativamente proteger o meio ambiente e não necessitam

do desempenho ambiental efetivo.

Outro estudo conduzido na Malásia pertence a Yusoff, Mohamad e Darus

(2013) que realizaram análise de conteúdo nos relatórios anuais de 2009 a 2011 de

30 empresas líderes para entender a influência da divulgação da responsabilidade

social corporativa no desempenho financeiro. O intuito do artigo foi (i) investigar a

estrutura de divulgação, ou seja, a profundidade (volume de dados), a amplitude (diversidade de temas) e a concentração (peso da atenção desproporcional a determinados stakeholders); e (ii) entender como a prática de divulgação influencia o

Pró-atividade ambiental

Tipo de tecnologia

Desempenhooperacional

Aprendizagem organizacional

Desempenho financeiro

Satisfaçãodos

stakeholders

Desempenhoambiental

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desempenho financeiro (soma do retorno sobre os ativos, sobre o patrimônio e sobre

as vendas) do ano subsequente, o que é evidenciado. As empresas com desempenho

financeiro eficiente foram as que possuíam maior amplitude e concentração de divulgação, concentrando nos grupos de stakeholders definitivos, o que poderia

melhorar a legitimidade da empresa, aumentando o seu desempenho financeiro.

Chen, Tang e Feldmann (2014) também fizeram uma análise de conteúdo de relatórios financeiros e ambientais para identificar o nível de práticas ambientais e

associá-las ao desempenho financeiro (retorno sobre o capital investido e crescimento

das vendas). Essas práticas foram comparadas entre indústrias (mais e menos

regulamentadas e carbono intensivas) e entre países desenvolvidos e em

desenvolvimento (Suécia, China e Índia). O resultado indica que não há diferença

significativa de práticas ambientais entre indústria de processo e as demais. Outro ponto relevante é que das 33 práticas, apenas sete são empregadas de forma

diferente nos países e em sua maioria não são necessariamente melhores na Suécia.

A justificativa dos autores para este fato é o impacto da globalização, pois grandes

indústrias na Índia e China podem ter o mesmo padrão ambiental que os competidores

internacionais. Apenas quatro práticas ambientais tiveram correlação com o desempenho financeiro, e somente a prática de divulgação de informações ambientais apresentou correlação positiva forte com o crescimento das vendas.

A fim de integrar vários estudos nesse campo de pesquisa, como os descritos

acima, que não chegam a um consenso, Endrikat, Guenther e Hoppe (2014) fizeram

uma meta-análise de observações de 149 trabalhos focando a atenção na direção da

causalidade e na natureza multidimensional do desempenho ambiental. O resultado

de sua pesquisa indica que existe uma relação positiva e parcialmente bidirecional

entre o DA e DFC e que ela é mais forte quando há uma abordagem estratégica

ambiental proativa. Os autores segregaram desempenho ambiental em baseados em processo, esforços internos para tratar de questões ambientais, e o baseado em

resultado, observáveis e quantificáveis. O desempenho financeiro foi mensurado por

medidas contábeis e medidas de mercado no período corrente (t =0), anterior (t = -1)

e subsequente ( t = +1). As relações encontradas são demonstradas no quadro 8. O

impacto do DFC medidas contábeis (t = -1) no DA baseado em processo reforça a

hipótese da disponibilidade de recursos. O mesmo impacto não acontece no DA

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baseado em resultado, pois a empresa pode usar recursos para atividades ambientais

e não gerar resultado efetivo.

Quadro 8 - Relacionamento entre DA e DFC SEQUÊNCIA

CAUSAL DA baseado em processo

DA baseado em resultado

DA DFC (t = +1)

Contábil +

Aumento da eficiência interna e impacto positivo nos custos e receitas

Mercado n/s

O mercado premia o DA se ele gera resultados, não apenas

iniciativas ambientais

+ Influência positiva nas

avaliações externas da empresa e pode acarretar efeitos

reputacionais

DFC (t = -1) DA Contábil

+ Hipótese da disponibilidade de recursos: recursos financeiros

são necessários para as iniciativas

n/s Recursos financeiros podem ser

utilizados para iniciativas que não geram resultados

Mercado n/s Medidas contábeis são uma melhor proxy para slack organizacional

DA DFC (t = 0) Contábil ++

A relação entre DA e DFC pode ser impulsionada principalmente pelos efeitos internos do que externos (reputacionais)

Mercado + Fonte: baseado nos resultados de Endrikat, Guenther e Hoppe (2014). n/s: não significativo / +: relação positiva

Apesar dos autores terem considerado como variáveis de controle o tipo de

indústria, o tamanho da empresa, crescimento da indústria, intensidade de P&D, de

marketing, de capital e da competição e riscos financeiros, apenas esta última variável

teve efeito significativo na relação. Outro achado refere-se aos resultados mais fortes advindos de estudos com amostras de uma única indústria, demonstrando que a

oportunidade de obter benefícios financeiros a partir do desempenho ambiental é contingente à vários fatores específicos do setor.

Até o momento a unidade de análise das pesquisas citadas foi a empresa.

Thoumy e Vachon (2012) se voltaram para analisar o impacto dos projetos ambientais

no desempenho financeiro (medido através do índice de lucratividade e da taxa interna

de retorno), eliminando assim o ruído do ambiente organizacional. Foram utilizados

relatórios detalhados de 79 projetos ambientais, entre 2001 e 2009, de empresas de

manufatura de Quebec. Quatro características foram analisadas em cada projeto: (i) tipo de projeto, infraestrutura (sistemas de gerenciamento) ou estrutural (prevenção

de poluição); (ii) foco do projeto, principais produtos e processos ou periférico; (iii)

tamanho do projeto, investimento inicial; e (iv) tamanho da empresa, número de

empregados. A característica mais impactante foi o foco do projeto, evidenciando a

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superioridade de projetos ligados aos principais produtos e processos. Em relação ao

tipo, projetos de infraestrutura geraram melhores retornos. A tese de que empresas

grandes tem maior acesso a recursos foi suportada, pois essas têm mais capacidade de implementar iniciativas ambientais. A não consideração de sinergia entre os projetos das empresas é uma limitação do trabalho.

Independente do ceticismo ou da crença na mudança climática, as empresas, os conselhos e os investidores estão focados em estratégias de negócios sustentáveis

(PWC, 2013a). O foco na questão ambiental é quesito ético e econômico, não se trata

de a empresa ser ou não ecologicamente correta, e questão que influencia a

permanência da organização no mercado (LIMA; VIEGAS, 2002). A falta de atenção

nessa perspectiva pode acarretar perda de lucro e de posição de mercado, pois já

estão sendo formuladas restrições ao acesso a mercados internacionais (DONAIRE, 1999 apud LIMA; VIEGAS, 2002).

Essa intenção segue o conceito de Triple Botton Line (TBL), desenvolvido por

John Elkington nos anos 1980, plataforma para relatar e medir de forma integrada os resultados econômico-financeiros, social e ambiental, de forma que constrói e mantém a satisfação dos stakeholders (TURAN et al., 2008).

The Carbon Trust (2014) destaca que a crise de recursos (água, resíduos, uso

da terra) força as empresas a encontrar novos métodos de produção, tratar o consumo

desnecessário e desenvolver modelos de negócios inovadores com a sustentabilidade

no centro das operações. Entretanto, 40% das empresas veem sua resposta a

sustentabilidade como reativa, sinal de que não veem valor em risco ou oportunidades

para motivar a ação real, ao invés de ser um exercício de relatórios corporativos ou mitigação de riscos.

O relatório da Accenture e da UN Global Compact, The UN Global Compact-

Accenture CEO Study on Sustainability 2013 – Architects for a Better World, de

setembro de 2013 (apud THE CARBON TRUST, 2014), mostra que a proporção de

empresas citando a falta de ligação entre sustentabilidade e valor de negócio como

uma barreira chave para novas medidas de sustentabilidade aumentou para 37% em 2013, acima de 30% em 2010 e 18% em 2007.

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A transição para uma economia de baixo carbono trará desafios para a

competitividade, mas também oportunidades de crescimento, pois políticas climáticas

podem ajudar a erradicar ineficiências existentes (STERN, 2007b). Para algumas empresas a questão será parte da estratégia central, já para outras, será menos

crítica, mas ainda haverá oportunidades a se explorar e riscos a gerenciar (THE

CARBON TRUST, 2014).

A análise das curvas de custos marginais de abatimento associados às

medidas de redução de emissões de GEE na indústria mostra que quase 50% do

potencial de mitigação apresenta custos de abatimento negativos, situação atrativa

para o setor (PBMC, 2013). Essas oportunidades são principalmente a construção de

eficiência energética, as práticas agrícolas modificadas, troca de combustível

industrial, eficiência dos veículos, substituição de biocombustíveis líquidos, e cogeração de resíduos (THE CARBON TRUST, 2012).

Estudo do The Carbon Trust (2014) analisou quatro organizações que são

exemplos em proatividade na questão da sustentabilidade e foi observado que essas empresas procuram primeiramente entender detalhadamente suas exposições, ou

seja, mapeiam onde podem ocorrer exposições em suas operações e os impactos na

cadeia de suprimento próprio e usam essas informações para identificar onde

concentrar a ação. Os próximos passos são medir os impactos e identificar

oportunidades de melhorias, para então criar metas de sustentabilidade por meio de uma combinação de pegada inicial, pesquisas no local e modelagem financeira.

The Carbon Trust (2008) constatou oportunidades e riscos potenciais que

podem aumentar até 80% ou diminuir em 65% o valor de uma empresa, dependendo do setor e da abordagem de resposta (proativa ou reativa). Para chegar a esses

percentuais, a metodologia começa por identificar as principais fontes de valor

relacionadas à mudança climática em cada setor, desenvolve cenários globais e por

indústria alternativos para a transição para uma economia de baixo carbono e por fim

quantifica o impacto no fluxo de caixa projetado para empresas típicas dos setores automotivos, alumínio, óleo e gás, isolamento de edifícios, eletrônico e cerveja.

Os principais impulsionadores de valor identificados foram regulamentação,

comportamento do consumidor, inovação tecnológica e custo do carbono. Esses

impulsionadores afetam os custos relativos, as vantagens competitivas e mudanças

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na demanda por tipos de produto. A combinação de oportunidades de criação de valor

e valor em risco permite uma classificação dos setores em (gráfico 2):

­ Transformação: transforma a natureza do negócio a medida que os

participantes se adaptam a uma nova forma de competição;

­ Demanda decrescente: o valor em risco reflete uma mudança na demanda; ­ Demanda crescente: oportunidade de criação de valor em capturar um

aumento no volume para o setor como um todo; e

­ Volatilidade: modesta probabilidade de impacto significativo a longo prazo,

porém impactos de curto prazo no custo ou em mudanças na demanda pode causar volatilidade nos lucros.

Gráfico 2 - Oportunidades de criação de valor e valor em risco máximo para empresas em transição para uma economia de baixo carbono

Fonte: análise do The Carbon Trust e McKinsey & Co (THE CARBON TRUST, 2008).

A fim de avaliar o impacto das iniciativas sustentáveis no desempenho financeiro e os trade-offs que devem ser feitos, Epstein e Roy (2003) propõem um

sistema que auxilia os executivos das empresas a desenvolver uma estratégia de sustentabilidade e a fazer alocações de recursos para apoiar essa estratégia. Os

autores acreditam que agir de forma responsável porque é “a coisa certa a fazer” traz

vulnerabilidade ao processo, pois ele está sujeito a prioridades e mudanças de diretoria e a ciclos financeiros.

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46

No modelo desenvolvido por Epstein e Roy (2001 apud EPSTEIN e ROY,

2003), são organizados impulsionadores de sustentabilidade corporativa e

desempenho financeiro em cinco componentes principais: estratégia corporativa e da unidade de negócio, ações de sustentabilidade, desempenho em sustentabilidade, reações dos stakeholders e desempenho financeiro corporativo. A figura 3 demonstra

as relações do modelo.

Uma característica importante é a distinção entre resultados intermediários

(desempenho em sustentabilidade e reação dos stakeholders) e resultados

financeiros. A estrutura inclui ações que visam a melhoria do desempenho ambiental e social e aqueles que visam promover uma reação positiva das partes interessadas.

Figura 3 - Impulsionadores do desempenho em sustentabilidade e financeiro

Fonte: Epstein e Roy (2001 apud Epstein e Roy, 2003).

A implementação do modelo envolve quatro etapas:

1. Identificação dos stakeholders;

2. Mapeamento do modelo de desempenho corporativo: um modelo de sustentabilidade pode ser personalizado para refletir contexto empresarial

específico e suas metas;

3. Desenvolvimento de um plano detalhado, sistema e estrutura; e

4. Desenvolvimento de métricas e coleta de dados: todos os componentes do

quadro devem ser associados a indicadores de desempenho específicos.

Desempenhoem sustentabilidade

- Diversidade- Impactos ambientais- Criação de emprego- Envolvimento da comunidade- Fornecimento ético- Direitos humanos- Segurança do produto- Utilidade do produto

Reaçãodos stakeholders

- Empregados- Comunidade- Clientes- Governo- Investidores- Analistas financeiros

Estratégia corporativa e

da unidade de negócio

Desempenho financeiro

corporativo de longo

prazo

Ações de sustentabilidade(estratégia, planos e programas, estrutura e sistemas)

1 2

3

Custo-benefício das ações corporativas

Feedback

A seta indica a direção da influência. Linhas contínuas ilustram relações causais; linhas pontilhadas ilustram feedback informacional.

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Os dados sobre estes indicadores devem ser recolhidos para análise

estatística, como regressão múltipla, que deve ser realizada para testar a validade do modelo personalizado.

Com o propósito de avaliar as medidas e sistemas usados pelas organizações,

Epstein e Roy (2003) também desenvolveram um sistema de classificação em quatro

níveis de associação com o desempenho financeiro. Os autores argumentam que a única forma de integrar os aspectos socioambientais na estratégia empresarial é a

partir da identificação da justificativa de negócio. A construção da justificativa de

negócio tem como premissa que a partir das informações publicadas pelas empresas

é possível obter dados monetizados de investimentos, gastos e receitas,

possibilitando a determinação do valor de uma empresa ou operação. Os níveis são

detalhados a seguir:

­ Nível 1: meramente descritivo, não quantificado nem monetizado.

Classificadas como totalmente dissociadas do desempenho financeiro;

­ Nível 2: quantificadas em termos físicos, porém não são monetizadas. Essas informações, portanto, não podem ser diretamente relacionadas ao

desempenho financeiro e à geração de valor para a empresa;

­ Nível 3: quantificadas e monetizadas, porém apenas parcialmente

associadas ao desempenho financeiro e à geração de valor, pois se

restringem a discorrer sobre determinada saída (investimentos e outras

despesas) ou entrada (receita ou economia) isolada no fluxo de caixa;

­ Nível 4: quantificadas e monetizadas. Referem‐se aos investimentos,

custos e receitas, isto é, a todos os impactos de determinada ação no fluxo

de caixa da companhia. São, portanto, diretamente associadas ao

desempenho financeiro e à geração de valor. A integração de nível 4 que

existe normalmente é limitada aos benefícios diretos, em vez de em termos

de uma avaliação mais ampla (e reconhecidamente mais difícil) de benefícios indiretos para as partes interessadas.

Os níveis de associação com o desempenho financeiro dos autores foram

utilizados como medida de classificação das iniciativas climáticas na análise dos

dados desta pesquisa. O procedimento é detalhado no capítulo 3, metodologia da

pesquisa.

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Cardoso e Lemme (2011) realizaram uma pesquisa no primeiro semestre de

2009 a fim de identificar o grau de associação entre as ações ambientais e o

desempenho financeiro nas informações públicas das empresas líderes encontradas na publicação de relatórios de sustentabilidade no Brasil com a amostra selecionada a partir da publicação The road to credibility: a survey of sustainability reporting in

Brazil de 2008, totalizando 31 empresas. Os resultados indicaram que as empresas

pouco associam suas iniciativas ambientais com o desempenho financeiro nas

informações divulgadas. Esse resultado está de acordo com de Epstein e Roy (2003),

Wajnberg e Lemme (2009) e Hess (2003 apud Cardoso e Lemme (2011), Yachin et al

(2006 apud Cardoso e Lemme (2011), Ceres-ACCA (2007 apud Cardoso e Lemme

(2011). Apenas 5% de todas as informações ambientais categorizadas pelos autores

eram monetizadas e relacionadas aos benefícios financeiros corporativos. O subsetor de energia elétrica ocupou a liderança no ranking de associação com o desempenho

financeiro.

Uma possibilidade dessa baixa associação, segundo Wajnberg e Lemme

(2009), seria o fato de as práticas sustentáveis não serem economicamente atrativas

e seus gestores as enxergarem apenas como capazes de agregar valor à marca e à reputação da empresa. Cardoso e Lemme (2011) argumentam que as empresas

podem considerar confidenciais as informações sobre os benefícios financeiros

provenientes das iniciativas sustentáveis ou elas ainda não conseguiram definir

procedimentos e métodos que permitam quantificar financeiramente os efeitos de suas ações sustentáveis.

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49 3 METODOLOGIA DA PESQUISA

O capítulo de metodologia de pesquisa foi dividido em quatro seções. A

primeira descreve o universo e amostra, explicitando os filtros aplicados para se

chegar à amostra final e suas características; a fonte e procedimentos para coleta e

tratamento de dados são apresentados nas seções 3.2 e 3.3; e a seção 3.4 lista as limitações do método escolhido.

3.1 UNIVERSO E AMOSTRA

A partir do objetivo de explorar o ambiente empresarial brasileiro, o universo da

pesquisa compreendeu as companhias que atuam no mercado brasileiro. A amostra

escolhida consistiu nas empresas que responderam o pedido de informações do CDP, nos anos de 2013 e 2014, com informações relativas ao ano anterior ao da resposta.

Em 2013, 56 organizações responderam à instituição, porém apenas 49

respostas foram analisadas. As eliminações foram: quatro empresas que

incorporaram sua resposta à matriz no exterior, uma empresa que respondeu em conjunto com a matriz brasileira e duas holdings que responderam de forma

consolidada sobre suas investidas, sendo que duas dessas investidas possuem

questionário respondido individualmente. Somente foram consideradas as respostas

individuais de cada empresa, ou seja, as outras empresas que tiveram suas respostas fornecidas de forma incompleta apenas pela holding não foram adicionadas à análise.

Em 2014, o número de organizações respondentes foi de 58, sendo 50

respostas analisadas. As eliminações para chegar à amostra foram: quatro empresas

tiveram suas respostas incorporadas à matriz no exterior, uma à matriz brasileira, duas são as holdings que responderam para suas investidas e uma forneceu informações

sobre mudanças climáticas, porém não respondeu ao questionário. 47 empresas

responderam nos dois anos analisados, o que possibilita a análise evolutiva do cenário nacional, conforme pode ser observado ao longo capítulo 4 – resultados.

Todas as empresas foram categorizadas em setores de atuação de acordo com

a classificação setorial da BM&FBovespa, que as classifica em setor, subsetor e

segmento, porém apenas as duas primeiras classificações foram aproveitadas

(quadro 9). No Apêndice 1 foram listados os setores e subsetores, com as respectivas

empresas convidadas pelo CDP.

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50 Quadro 9 - Classificação setorial BM&FBovespa

Setor Subsetor Nível utilizado

BENS INDUSTRIAIS Máquinas e equipamentos Bens industriais Material de Transporte Bens industriais

CONSTRUÇÃO E TRANSPORTE Construção e engenharia Construção e engenharia Transporte Transporte

CONSUMO CÍCLICO

Comércio Consumo cíclico Diversos Consumo cíclico Mídia Consumo cíclico Tecidos, vestuários e calçados Consumo cíclico

CONSUMO NÃO CÍCLICO

Agropecuária Agropecuária Alimentos processados Alimentos processados Bebidas Bebidas Comércio e distribuição Consumo não cíclico - outros Diversos Consumo não cíclico - outros Fumo Fumo Produtos de uso pessoal e de limpeza Consumo não cíclico - outros Saúde Saúde

FINANCEIRO E OUTROS

Exploração de imóveis Financeiro e outros Holdings diversificadas Financeiro e outros Intermediários financeiros Financeiro e outros Previdência e seguros Financeiro e outros Serviços financeiros diversos Financeiro e outros

MATERIAIS BÁSICOS

Madeira e papel Madeira e papel Mineração Mineração Químicos Químicos Siderurgia e metalurgia Siderurgia e metalurgia

PETRÓLEO, GÁS E BIOCOMBUSTÍVEL Petróleo, gás e biocombustível Petróleo, gás e biocombustível

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Programas e serviços Tecnologia da informação

TELECOMUNICAÇÕES Telefonia fixa Telecomunicações Telefonia móvel Telecomunicações

UTILIDADE PÚBLICA Água e saneamento Água e saneamento Energia elétrica Energia elétrica Gás Gás

De forma geral, a classificação final para a pesquisa contemplou o setor.

Conforme discutido no item 2.1 da revisão de literatura, as indústrias podem ser

classificadas em alto e baixo impacto ambiental. Entretanto, alguns setores do quadro

9 contêm subsetores em ambas as classificações. Dessa forma, o subsetor foi

também utilizado em alguns casos para que pudesse haver a interseção entre as

listagens, classificação de alto e baixo impacto e da BM&F, resultando em 21 setores

da economia. A quantidade de empresas por setor é apresentada na tabela 1 e a lista completa de empresas e a classificação setorial final é apresentada no Apêndice 2.

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51 Tabela 1 – Número de empresas da amostra por setor

3.2 FONTES E PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

A fonte dos dados foram as respostas ao questionário online do CDP dos anos

de 2013 e 2014, disponibilizadas pelo próprio CDP. Os questionários de cada ano são correspondentes às informações do ano imediatamente anterior.

Como abordado na seção 2.3 e no quadro 4, o questionário tem três tópicos

(gestão, riscos e oportunidades e emissões) que são distribuídos em catorze questões

principais, sendo que cada uma, dependendo da resposta da empresa, abre diversas

subquestões. Ao todo são 114 perguntas compostas por questões abertas, cabendo

à empresa descrever a ação, processo ou contexto requerido ou relatar o volume ou valor de determinado item, e por questões fechadas, em que a empresa escolhe uma

opção dentro de uma lista. O CDP disponibiliza publicamente um manual sobre o que

é esperado como resposta em cada questão aberta, que contém 197 páginas.

3.3 PROCEDIMENTOS PARA TRATAMENTO DE DADOS

Os questionários respondidos foram analisados a fim de se cumprir as

seguintes tarefas propostas para alcançar os objetivos desta pesquisa:

2013 2014 2013 2014Agropecuária 1 1 - - Água e saneamento 2 2 2 2 Alimentos processados 4 6 3 3 Bebidas 1 1 1 - Bens industriais 5 5 2 2 Construção e engenharia 10 10 2 2 Consumo cíclico 9 10 3 3 Consumo não cíclico - outros 4 4 2 3 Energia elétrica 12 13 9 9 Financeiro e outros 17 18 9 10 Fumo 1 1 - - Gás - 1 - - Madeira e papel 4 4 3 3 Mineração 3 2 1 1 Petróleo, gás e biocombustível 5 3 2 2 Químicos 1 1 1 1 Saúde 4 3 1 2 Siderurgia e metalurgia 4 4 1 1 Tecnologia da informação 2 1 - - Telecomunicações 4 4 2 2 Transporte 7 6 5 4 Total 100 100 49 50

AmostraSetoresEmpresas

convidadas (CDP)

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1) Comparação entre os setores de alto impacto ambiental com os setores da amostra

brasileira do CDP. A listagem do quadro 10 foi formada pela união dos setores extraídos das seguintes fontes:

­ Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000: altera a Lei no 6.938, de 31 de

agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus

fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências; ­ Relatório da Innovest Strategic Value Advisors (2007);

­ Capítulo 10 do relatório do IPCC (2014);

­ Setores que mais contribuem para emissão de GEE, segundo Ecofys (2013); e ­ Setores de alto impacto na dimensão ambiental da BM&FBovespa.

Quadro 10 - Conjunto de setores de alto impacto ambiental

Setores de alto impacto ambiental 1. Agropecuária 2. Água e saneamento 3. Alimentos processados 4. Bens industriais 5. Construção e engenharia 6. Energia elétrica 7. Fumo 8. Gás 9. Indústria de couros e peles 10. Madeira e papel 11. Mineração 12. Petróleo, gás e biocombustível 13. Químicos 14. Siderurgia e metalurgia 15. Telecomunicações 16. Transporte 17. Turismo

2) Mapeamento da amostra por meio de estatística descritiva com o objetivo resumir

e descrever as características de governança climática do conjunto de dados de 2013

e 2014.

3) Mapeamento dos riscos e oportunidades relacionados às mudanças climáticas por

meio das classes propostas por Abrão (2011): regulatório, físico, reputação, mercado, financeiro, crédito, operacional e político.

Foram utilizados também os direcionadores presentes no questionário do CDP

(2013c) encontrados nas questões CC5.1 e CC6.1 – quadro 4 – a fim de dar um maior

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entendimento e profundidade sobre cada classe. A conciliação das classes e

direcionadores é apresentada no quadro 11.

Quadro 11 - Classes e geradores de risco

Classes de risco e oportunidades Direcionadores de risco e oportunidades

REGULATÓRIO

Acordos internacionais Limites de poluição do ar Impostos de carbono Regimes de Cap and Trade Obrigações de comunicação das emissões Impostos e regulamentos sobre combustível ou energia Regulamentos e normas sobre eficiência dos produtos Normas e padrões de rotulagem de produtos Acordos voluntários Regulamentos ambientais gerais, incluindo planejamento Regulação sobre energia renovável Incertezas dos Regulamentos novos Falta de regulamentação Outros fatores regulatórios

FÍSICO

Alteração na temperatura média Alterações nas temperaturas máximas e mínimas Alteração da precipitação média Alteração do padrão de precipitação Alteração entre os extremos de precipitação e das secas Neve e gelo Aumento do nível do mar Ciclones tropicais (furacões e tufões) Alterações induzidas em recursos naturais Incerteza dos riscos físicos Outros geradores (fatores) do clima físico

REPUTAÇÃO Reputação

MERCADO

Alteração do comportamento do consumidor Alterações induzidas em ambientes humanos e culturais Condições socioeconômicas flutuantes Aumento das demandas humanitárias Incerteza nos fatores sociais Incertezas nos sinais do mercado

FINANCEIRO, CRÉDITO, OPERACIONAL OU POLÍTICO Outros geradores

Fonte: Abrão (2011) e CDP (2013c).

4) Associação das informações divulgadas com o desempenho financeiro corporativo,

utilizando a escala de Epstein e Roy (2003) discutida no item 2.5.2 da revisão bibliográfica.

As informações apresentadas pelas empresas foram julgadas seguindo alguns

critérios determinados pela autora. Para amenizar a subjetividade do julgamento, esses critérios são apresentados a seguir:

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­ Somente foram incluídas para classificação as iniciativas ou ações específicas

e concretas da estratégia ou operação da empresa com claro impacto na

redução de emissões. Por exemplo: a. Nível 1: Empresa do setor de madeira e papel – Atualização dos motores

dos equipamentos, reduzindo assim a emissão de poluentes. Devido à

maior produtividade dos novos motores do consumo de combustível foi

menor para a maioria das operações de colheita.

b. Nível 4: Empresa do setor de energia elétrica – Gestão de frota (274

veículos movidos a diesel comum foram substituídos por veículos que

usam diesel S-10), redução e otimização do transporte de funcionários

e implantação de sistema de monitoramento de frota reduziu em 6,17%

o consumo de combustível. Economia anual de 3.053 ton de CO2 e R$

863.000 com investimento de R$ 12.000.000.

­ Os relatos genéricos sobre investimento em novas tecnologias sem a descrição do caso concreto ou desenvolvimento de produtos ou serviços sustentáveis

sem a descrição específica do mesmo não foram considerados.

­ Descrições de ações de governança e gerenciamento de práticas internas não

foram consideradas. Por exemplo: a. Engajamento com stakeholders;

b. Relato sobre estrutura de avaliação de riscos da empresa ou ausência dela;

c. Comunicação interna ou externa de questões ambientais;

d. Monitoramento do mercado ou de legislações;

e. Patrocínio de instituições; e

f. Inventário de emissões de gases de efeito estufa.

­ Os percentuais de variação foram considerados como termos físicos

enquadrados no nível 2 da escala, em adição aos valores absolutos.

­ Empresas que consolidaram iniciativas diferentes em uma única descrição

(informações agregadas) tiveram a contabilização de apenas uma iniciativa

classificada na escala, devido à impossibilidade de desagregar as informações

em termos físicos e/ou financeiros.

­ Empresas que relataram a mesma iniciativa várias vezes, variando apenas a região ou unidade de negócio em que foi implantada, contabilizaram apenas

uma única iniciativa, sendo os dados agregados para a análise.

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­ As iniciativas descritas em conjunto com práticas de governança foram

classificadas como nível 1, mesmo que a empresa apresentasse algum nível

associação com o desempenho financeiro, pois o valor específico da iniciativa não poderia ser segregado.

­ A iniciativa foi considerada normalmente mesmo quando o investimento

necessário para implantação da iniciativa era de outro ano, que não o de

referência do questionário.

­ Se a mesma iniciativa é relatada mais de uma vez ao longo do questionário, ela foi contabilizada apenas uma vez.

Três grupos de questões do questionário do CDP, quadro 4, compõem o

universo de análise das iniciativas climáticas aptas à classificação na escala de

Epstein e Roy (2003):

­ CC3.3 Iniciativas para redução de emissões na organização;

­ CC5.1 e CC6.1 Riscos e oportunidades: descrição, implicações financeiras

potenciais antes de tomar medidas, métodos que estão sendo usados para administrar esse risco ou oportunidade e custos associados a essas ações; e

­ CC12.1 Performance de emissões - Histórico de emissões.

Essa seleção foi possível devido à realização de análise piloto empreendida

em 15 empresas de setores variados (Apêndice 3). As demais questões examinam a

governança climática e o perfil de emissões da empresa, não sendo direcionadas para

iniciativas, dessa forma, não são adequadas para estabelecer a conexão com o desempenho financeiro corporativo.

5) Testes de hipóteses de proporções

Foram realizados testes de hipóteses de proporções e de diferença de

proporções a partir das proporções advindas da classificação das iniciativas climáticas

dentro da escala de quatro níveis Epstein e Roy (2003), como explicado no item 4 desta seção.

Os testes foram baseados na distribuição binomial, uma vez que, para cada

iniciativa e cada nível da escala, só existiam duas alternativas: enquadrar ou não a

iniciativa naquele nível. Os valores críticos foram extraídos diretamente da distribuição

binomial. Em função do tamanho e perfil da amostra, não foi considerada a

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aproximação para a distribuição normal, que permitiria o uso da estatística Z para os

testes. A função de probabilidade seguiu o modelo clássico da distribuição binomial, como registrado na equação 1:

Equação 1 - Função de probabilidade

P(x) !

( )! ! 푝 푞

Hipóteses em teste, com nível de significância (α) de 5%: H0: p = estimativa H1: p > estimativa

Dessa forma, a proporção de cada um dos níveis de Epstein e Roy (2003) para

os dois anos analisados foi testada com a hipótese nula de que o percentual foi

estatisticamente igual a zero e com graus crescentes de proporção (10%, 20%, 30%) até que a hipótese nula fosse rejeitada.

A fim de verificar se houve melhoria efetiva no grau de associação das

iniciativas com o desempenho financeiro corporativo entre os anos de 2013 e 2014,

as proporções somadas de nível 3 e 4 e as proporções somadas de nível 2, 3 e 4

foram testadas para determinar se a diferença observada entre os anos poderia ser atribuída à chance ou seria de fato indicativo de que as duas proporções não eram

iguais. O nível de significância de 5% também foi adotado para todos os testes de diferença de proporções, que foram bicaudais.

Hipóteses em teste: H0: p2013 = p2014 H1: p2013 ≠ p2014

Considerando que a amostra de empresas e iniciativas climáticas não atendeu

ao requisito de aleatoriedade, os resultados dos testes estatísticos devem ser

considerados como indicadores complementares em um estudo exploratório. Dessa forma, seria inadequado generalizar para o universo de empresas brasileiras.

3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO ESCOLHIDO

A fonte de informações para a realização da pesquisa advém de questionários

respondidos pelas próprias organizações, por isso considera-se que pode haver

algum viés na resposta. Outra questão limitante é a necessidade de julgamento do pesquisador em relação à classificação nos níveis de associação com o desempenho

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financeiro de Epstein e Roy (2003). Caso outro pesquisador tivesse que avaliar o nível

de certa informação, poderia julgar de forma diferente.

Os testes de hipóteses de proporções e de diferença de proporções devem ser

vistos com cautela, pois têm como base amostras não probabilísticas, empresas

escolhidas de forma não aleatória, a partir do julgamento da instituição. Outro ponto

que deve ser considerado é que alguns setores analisados possuem apenas um representante (bebidas, mineração, químicos e siderurgia e metalurgia), em

contrapartida, os setores de energia elétrica e financeiro e outros possuem até 5 vezes mais empresas que os demais.

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58 4 RESULTADOS

A seção de resultados está dividida em cinco subseções. A primeira é dedicada

à análise qualitativa das respostas ao questionário. A seção 4.2 apresenta análise

setorial da amostra e a relação com o impacto ambiental. O nível de adesão às

práticas de governança climática é discutido no item 4.3 e na seção 4.4 os riscos e

oportunidades são mapeados. A associação das iniciativas empresariais com o desempenho financeiro é discutida na seção 4.5.

4.1 ANÁLISE QUALITATIVA DA FONTE DE DADOS

O questionário enviado pelo CDP às empresas em branco, apenas com as

perguntas e tabelas a serem preenchidas, possui 30 páginas, desconsiderando os

módulos setoriais. O número médio de páginas do questionário respondido, por setor, é descrito no gráfico 3.

Gráfico 3 - Número médio de páginas por setor

A média de páginas em 2013 foi de 44 e em 2014, 57. A empresa do setor de

mineração apresentou o maior questionário respondido nos dois anos. Em

contrapartida, as empresas de construção e engenharia e saúde responderam ao

questionário em 34 páginas em média nos dois anos. É relevante frisar que o tamanho

do questionário não é diretamente proporcional à qualidade das respostas, entretanto,

um documento com apenas 34 páginas, ou seja quatro páginas líquidas, não

-

20

40

60

80

100

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consegue fornecer plenamente as informações requeridas, pois respostas muito

sintéticas limitam a qualidade.

Ao longo de todo o processo de pesquisa foi possível detectar algumas

nuances, falhas e melhores práticas das empresas respondentes. Também a

atividade realizada como contrapartida da parceria com o CDP e Catavento, ajudou a

entender melhor como são feitas as perguntas e o que se espera de uma resposta padrão e adequada. Essa atividade consistiu na aplicação da metodologia de scoring

do CDP para a construção do ranking das empresas que responderam ao questionário

no Brasil em 2014.

Cada empresa tem 114 questões para pontuação, sendo que algumas das questões são pontuadas para ambos disclosure e performance e outras apenas para

disclosure. A maioria das questões são pontuadas automaticamente pelo sistema do

CDP, pois são questões quantitativas ou múltipla escolha. Em média, 28 questões por empresa são pontuadas manualmente pelo scorer.

Quando foi realizada a análise das empresas de 2013, percebeu-se uma série

de dificuldades e falhas no discurso das companhias, tais como resposta repetitiva,

iniciativa genérica sem detalhamento, afirmativa de possuir iniciativas sem a descrição

das mesmas, resposta sem conexão com a questão, descrição de risco ou

oportunidade sem conexão com o negócio da empresa e descrição de risco ou

oportunidade sem conexão com o gerador escolhido. A fim de exemplificar tais

achados, foram escolhidos alguns trechos das respostas de 2014, descritos no quadro 12.

Quadro 12 - Trechos de respostas ao questionário de 2014 QUESTÃO RESPOSTA Iniciativa genérica sem detalhamento

CC5.1a/6.1a: Método de gestão de riscos ou oportunidades

­ “Planos de contingência e de emergência para lidar com possíveis problemas extremos relacionados com o clima”. (Empresa D)

­ “Campanhas educacionais”. (Empresa E) ­ “Pesquisa de mercado e bom plano de gerenciamento de

GEE” (Empresa D) ­ “Relacionamento com comunidades” / “Investimentos sociais”

(Empresa K) Afirmativa de possuir iniciativas sem a descrição das mesmas

CC5.1a: Método de gestão de riscos regulatórios

­ “Nós publicamos o nosso inventário de emissões de gases de efeito estufa desde o ano de 2009 e temos avançado em ações internas de redução”. (Empresa C)

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60

Resposta sem conexão com a questão

CC2.1c: Como os riscos e oportunidades identificados são priorizados?

­ “A organização monitora os riscos que possam causar a indisponibilidade de acesso físico nas agências e prédios administrativos. Estes riscos incluem eventos extremos, como inundações, incêndios, deslizamentos de terra, cortes de energia e pandemias. No que diz respeito à análise de alternativas de projeto no âmbito dos Princípios do Equador, (...) deve analisar alternativas que equilibram a redução nas emissões de carbono e os custos envolvidos”. (Empresa A)

CC5.1b/c: Por favor, descreva os riscos

­ “Cálculo da pegada de carbono durante o ciclo de vida do produto”. (Empresa F)

­ “O conhecimento de longo prazo no padrão de precipitação é de extrema importância, a fim de gerir a quantidade de água que irá ser armazenada no reservatório. Além disso, é muito importante para dimensionar novas usinas hidrelétricas”. (Empresa G)

­ “A empresa é membro do Instituto Brasileiro de Petróleo, e, portanto, está ciente de todas as questões regulatórias que estão sendo discutidas para a indústria de petróleo e gás. (Empresa I)

Descrição de risco ou oportunidade sem conexão com o negócio da empresa

CC5.1c: Por favor, descreva os riscos que são movidos por mudanças em outros aspectos relacionados com o clima

­ “Podemos consumir mais energia de acordo com o clima, por exemplo, no verão consumimos mais energia do que no inverno. Em média, para cada 1 grau, que aumentar o consumo em 2%”. (Empresa B)

­ “(...) não tem uma maneira formal para identificar os riscos decorrentes de questões do aquecimento global e sua conexão com as questões de regulamentação”. (Empresa C)

­ “Alterações nos regulamentos ambientais gerais” (Empresa H)

Descrição de risco ou oportunidade sem conexão com o gerador escolhido

CC5.1c: Por favor, descreva os riscos que são movidos por mudanças em outros aspectos relacionados com o clima

­ Gerador de risco: acordos internacionais “Tendência: aumento das emissões pela (...), como resultado de novas aquisições ou aumento de fatores de emissão na Rede Nacional (SIN)”. (Empresa F)

­ Gerador de risco: Alteração na temperatura média “Este risco foi identificado durante o diagnóstico de identificação de riscos e oportunidades realizado por especialistas da (...), como parte do processo de estruturação de Governança de Mudanças Climáticas no âmbito da Plataforma de Sustentabilidade. A expectativa é de evoluir este esforço para ter todos os parâmetros até 2016.” (Empresa J)

*Quando os nomes das empresas eram citados, eles foram substituídos por (...).

Esses discursos com inconsistências, exemplificados acima, diminuíram entre um ano e outro. O que se percebe na amostra de 2014 é um melhor entendimento do

questionário, ainda que com a presença de empresas que não respondem às

questões devido ao estágio inicial ou inexistência de gerenciamento do assunto.

Algumas empresas comentaram sobre os programas de ação da organização e

afirmaram que eles estariam detalhados em relatórios publicados pela empresa. Essa

pode ser uma evidência de que as empresas não estão colocando todas as informações que possuem sobre mudanças climáticas no reporte ao CDP ou até estão

fatigadas de repetir a mesma coisa em vários relatórios diferentes.

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61

4.2 ANÁLISE SETORIAL DA AMOSTRA EM RELAÇÃO AO IMPACTO AMBIENTAL

Cinco setores classificados como de alto impacto, dentre os 17 (quadro 11),

não estão presentes na amostra do CDP, sendo que dois deles não foram convidados:

turismo e indústria de couros e peles. O setor de turismo não está presente no índice

IBrX-100 e a indústria de couros e peles não tem representantes de capital aberto. Os outros três foram destacados no gráfico 4: agropecuária, fumo e gás.

Gráfico 4 - Relação entre a amostra e o nível de impacto ambiental com o número de empresas destacado*

* O número de empresas está destacado entre parênteses. Número de empresas com formato (x/y) representa 2013/2014.

As amostras analisadas em 2013 e 2014 são levemente diferentes em termos

de composição setorial. Em 2013, havia 17 setores distintos e em 2014, 16. O gráfico 5 demonstra a movimentação de setores entre os anos.

Agropecuária

Água e saneamento (2)

Alimentos processados (3)

Bebidas (1/0)Bens industriais (2)

Construção e engenharia (2)

Consumo cíclico (3) Consumo não cíclico - outros (2/3)

Energia elétrica (9)

Financeiro e outros (9/10)

FumoGás

Madeira e papel (3) Mineração (1)

Petróleo, gás e biocombustível (2)

Químicos (1)

Saúde (1/2)Siderurgia e

metalurgia (1)

Tecnologia da informação

Telecomunicações (2)Transporte (5/4)

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

2

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2

Pres

ença

na

amos

tra 2

013

e/ou

201

4

Alto impacto ambiental

SIM

NÃO

SIMNÃO

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62 Gráfico 5 - Exclusões e adições de setores entre 2013 e 2014

Empresas dos setores de bebidas e transporte saíram da amostra de 2014,

pois a primeira decidiu relatar as informações em conjunto com a matriz no exterior e a segunda saiu do critério de seleção de convocação do CDP. Apesar da saída de

uma empresa de transporte, ainda restaram quatro representantes deste setor, entretanto o setor de bebidas ficou sem representante em 2014.

O critério de seleção de empresas convidadas à responder ao CDP, presença

no índice IBrX-100, não considera aspectos ambientais, apenas a relevância da

comercialização das ações do mercado brasileiro. Empresas de elevado impacto

ambiental ou de grande vulnerabilidade, como os setores de turismo e de couros e peles, foram desconsideradas desde o primeiro momento.

O universo de empresas convidadas apresenta concentração em quatro

setores (de 21): 51% são classificadas nos setores de construção e engenharia,

consumo cíclico, energia elétrica e financeiro e outros. Setores de grande impacto ambiental como agropecuária, fumo, gás e químicos têm apenas um representante

convidado pelo CDP, a despeito da grande relevância de alguns deles na economia

brasileira. Da mesma forma que no universo, há na amostra predominância de

empresas, neste caso, dos setores energia elétrica e financeiro e outros em relação

aos demais, pois quase 40% do número total de empresas estão enquadradas em um desses dois setores.

Apesar da amostra está bem constituída em relação a presença de setores de

alto impacto ambiental, a alta concentração em poucos setores, um deles de baixo

49 -1 -1 1 1 1 50

0

10

20

30

40

50

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impacto ambiental, e a ausência de médias empresas agropecuárias e químicas, por

exemplo, de expressão ambiental e econômica, mostram-se como hiatos em relação

a um grupo mais bem representado. O estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura constatou que quase um quarto dos danos causados

por desastres naturais no mundo em desenvolvimento incidem sobre o setor agrícola,

assinalando a relevância desse setor em risco (ONU Brasil, 2015).

O quadro 13 demonstra quais setores da amostra reportaram o maior volume

de emissões em cada um dos escopos3, a partir da média por empresa.

Quadro 13 - Ranking de emissões de GEE setorial (posição 2014) # Escopo 1 Mil ton CO2e* Escopo 2 Mil ton CO2e* Escopo 3 Mil ton CO2e*

2013 2014 2013 2014 2013 2014

#1 Petróleo, gás e biocombustível 32.992 35.798 Mineração 1.469 1.352 Petróleo, gás e

biocombustível 216.297 249.818

#2 Mineração 16.404 14.065 Petróleo, gás e biocombustível 698 901 Mineração 235.003 226.457

#3 Siderurgia e metalurgia 12.061 11.482 Químicos 771 874 Químicos 12.000 11.534

*média por empresa

4.3 GOVERNANÇA CLIMÁTICA

A avaliação do nível de governança climática foi realizada principalmente por

meio de dez práticas extraídas do questionário do CPD. O percentual de empresas

que aderiram à cada uma das práticas está apresentado no gráfico 6. Este gráfico tem

barras verticais que indicam três faixas de aderência às práticas (pequena, média, alta) selecionadas pela autora a fim de facilitar a análise.

3 Escopo 1: emissões diretas – dos geradores, frota móvel, extintores e ar condicionado. / Escopo 2: emissões indiretas -- causadas pelo consumo de energia elétrica comprada da grade do Sistema Interligado Nacional. / Escopo 3: emissões decorrentes das atividades da empresa, entretanto de fontes não controladas por ela.

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64 Gráfico 6 – Percentual de adesão das empresas às práticas de governança climática

Todas as práticas apresentaram percentual de adesão relativamente estável

nos dois anos analisados. É razoável que não haja grandes mudanças entre um ano

e outro, pois este assunto exige um processo de aprendizagem mais lento, pois requer

alterações estruturais nos modelos de negócios.

As três práticas destacadas em amarelo têm um nível de aderência médio, o

que demonstra que as empresas têm desenvolvido uma estratégia climática que ainda

carece de definição de metas, engajamento da organização e gerenciamento de relações externas, segundo o modelo de Hoffman (2010) apresentado no quadro 2.

Em torno de 80% das empresas afirmam que a mudança climática está

integrada com a estratégia de negócio, ou seja, é parte da estratégia de crescimento

das receitas da empresa, ao invés de ser tratada unicamente no nível operacional. A

necessidade de reduzir as emissões de carbono, de adaptação, de capitalizar as

oportunidades e de comunicar e aprender mais sobre a mudança climática estão

integradas na estratégia geral de negócios dessas empresas. Representantes dos

setores de construção e engenharia, energia elétrica, petróleo, gás e biocombustível,

telecomunicações e transporte, que são de alto impacto; e consumo não cíclico – outros, saúde, financeiro e outros afirmaram não haver qualquer tipo de integração.

0% 20% 40% 60% 80% 100%

CADEIA DE SUPRIMENTOS

VERIFICAÇÃO EXTERNA - VOLUME CO2E

RELATO VOLUME DE EMISSÕES DE CO2E

COMUNICAÇÃO EXTERNA

ENGAJAMENTO FORMULADORES DE POLÍTICAS

INICIATIVAS DE REDUÇÃO DE EMISSÕES

METAS DE REDUÇÃO DE EMISSÕES

PRESENÇA DE INCENTIVOS

NÍVEL DE RESPONSABILIDADE ELEVADO

INTEGRAÇÃO COM A ESTRATÉGIA

2013 2014

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Um número ainda maior de empresas, perto de 90%, possuem indivíduo ou

comitê com responsabilidade direta e gerenciando especificamente as informações

sobre alterações climáticas. Empresas que não têm nenhum representante de nível executivo responsável por essa questão são dos setores de construção e engenharia, consumo não cíclico – outros, saúde e financeiro e outros.

Entretanto, apenas 60% das empresas têm incentivos para gestão de assuntos relacionados com mudanças climáticas. Esses incentivos são, em sua maioria,

recompensas monetárias, apesar da proporção de outros tipos de recompensas e

reconhecimentos terem aumento em 2014 (de 13% para 20% do número total de

incentivos). O benefício é oferecido principalmente para todos os funcionários, mas

também para equipe de executivos, gerentes de unidade de negócios e gestores de

ambiente ou sustentabilidade.

Os indicadores de desempenho incentivados que foram reportados nos dois

anos são principalmente relacionados a metas de redução do consumo de energia,

metas de redução de GEE e objetivos internos da organização relacionados à sustentabilidade e seu gerenciamento. Aproximadamente 11% das empresas não

indicavam qual o indicador incentivado e algumas apresentavam os investidores como

beneficiários da posição da empresa em um índice de sustentabilidade da bolsa de valores, o que não se configura como estímulo à administração propriamente dito.

Quase 83% das empresas relataram que se engajaram em atividades que

possam, direta ou indiretamente, influenciar a política na área de mudanças

climáticas. Essas atividades são realizadas por meio de engajamento direto, de

associações comerciais, financiamento de organizações de pesquisa e outros, tais como um acordo com bolsas para promover o investimento responsável de longo

prazo. Não é possível detalhar qual o percentual de engajamento em cada categoria

descrita, pois as empresas responderam de forma diversa, apontando associações

comerciais na categoria de envolvimento direto, financiamento na categoria outros, entre outros.

Apesar da grande proporção de empresas que relataram possuir o assunto

integrado à estratégia, quase a metade não tinha metas de redução de emissões ativa

(concluída ou atingida). As justificativas apresentadas para o não estabelecimento de

metas foram principalmente a grande vulnerabilidade a eventos inesperados devido à

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pequena quantidade de emissões anuais; a empresa e mercado local não estarem

preparados ou o assunto não ter conexão direta com o negócio; a presença de outras

metas intermediárias (lixo, água, energia); e o processo de inventário e gerenciamento da empresa ainda está em estágio primário. As metas apresentadas eram referentes a todos os escopos, como explicitado no gráfico 7.

Gráfico 7 - Escopo das metas de redução de emissões

*QNR: questão não respondida

É importante destacar que uma empresa pode ter mais de uma meta. O

percentual de redução estipulado pelas empresas foi, em média, 11% em 2013 e 14%

em 2014. Em 2013, o ano base médio foi 2010 com a meta para 2013; e em 2014 o

ano base médio foi 2011 com meta para 2015. O ano meta mais distante foi 2020.

Das 12 metas que tiveram seu tempo completo, 11 foram atingidas na amostra de 2013 e 14 metas de 18 foram atingidas na amostra de 2014.

O gráfico 8 exibe o número de projetos climáticos relatados.

37%29%

20% 29%

23% 24%

11%18%3%

6%

2 01 3 2 0 14

QNR

Outros

Escopo 1+2+3

Escopo 1+2

Escopo 2

Escopo 1

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67 Gráfico 8 - Número total de projetos em cada estágio de desenvolvimento

Apesar do grande número de empresas sem metas, como discutido

anteriormente, quase 80% delas possuíam iniciativas de redução de emissões nos

dois anos e 42% delas estavam já implementadas em 2013. Em 2014, houve uma

distorção das proporções devido ao número de iniciativas em fase de pesquisa

reportado por uma empresa do setor de energia elétrica (707 das 1.188 iniciativas

apontadas nesse ano). Tirando esse caso extremo, foram, em média, 13 iniciativas

por empresa e 100.936 toneladas de CO2e de economia estimada por iniciativa. Em

2013, foram 397 iniciativas registradas nos diversos estágios de desenvolvimento,

sendo que foram quase 11 iniciativas, em média, por empresa e 69.188 toneladas de CO2e estimadas de economia por iniciativa.

Em torno de 85% das empresas comunicaram suas informações sobre

mudanças climáticas em outros meios que não o questionário do CDP, tais como

relatórios financeiros, relatórios normativos ou comunicações voluntárias.

Aproximadamente 90% das empresas relataram o montante de emissões de

gases de efeito estufa, das quais aproximadamente 65% possuem verificação de

terceiros ou garantia completa ou em andamento para o ano de referência. As

empresas reportaram juntas emissões globais de CO2e como apresentado no gráfico

9, dos quais quase 30% do Escopo 14 e 40% do Escopo 25, em média, são através de fontes fora do Brasil.

4 Escopo 1: emissões diretas – dos geradores, frota móvel, extintores e ar condicionado 5 Escopo 2: emissões indiretas -- causadas pelo consumo de energia elétrica comprada da grade do Sistema Interligado Nacional.

15.6%

71.4%

14.1%

8.9%

27.0%

6.0%41.8%

13.6%1.5% 0.1%

2 01 3 2 01 4

Nãoimplementado

Implementado

Implementaçãoiniciada

A serimplementado

Em fase depesquisa

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68 Gráfico 9 - Emissões totais de CO2e reportadas pelas empresas

Uma menor proporção de empresas afirmou que suas emissões aumentaram

em relação ao ano anterior (gráfico 10).

Gráfico 10 - Variação das emissões brutas (escopo 1+2) em relação ao ano anterior

Quando questionadas sobre a razão da variação, a maioria se referiu ao fator

de emissão da rede elétrica brasileira que aumentou significativamente devido ao

período mais seco que fez o governo colocar as usinas termelétricas em operação, a fim de complementar a geração de energia por usinas hidrelétricas. Alterações que

ocorrem por causa da variação (aumento ou diminuição) do resultado de sua empresa

(ou seja, um produto ou serviço) e atividades de redução de emissões foram as duas

razões secundárias. As demais foram mudança no limite, na metodologia, aquisições,

mudança nas condições físicas de operação e outros. Ainda, duas empresas disseram

não saber identificar a variação das emissões absolutas nos dois anos analisados. Não é possível atribuir o percentual exato de variação a cada razão, pois algumas

empresas detalharam um único valor de variação para justificativas agrupadas.

140,184 9,724

726,429

132,340 11,658

778,627

E SC O PO 1 ES C O PO 2 E SC O PO 3

MIL

TO

N C

O2E

2013

2014

78%64%

12%

18%

6%

6%

4%

4%8%

20 1 3 2 01 4

QNR

Nenhumavariação

Não tem dados

Diminuiu

Aumentou

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É importante analisar não apenas a variação de emissões absoluta, pois como

demonstrado anteriormente, a variação pode ser devida à maior ou menor produção.

É coerente identificar a intensidade das emissões, relacionada à alguma medida da operação, identificando assim melhorias nos processos.

Aproximadamente 74% das empresas não participaram em regime de comércio

de emissões e não tinham a intenção de participar em um horizonte de 2 anos. No que se refere ao envolvimento das empresas com o restante da cadeia de suprimentos

em relação ao tema das emissões de GEE e estratégias de mudanças climáticas,

próximo de 56% dizem se envolver.

Quando as duas amostras (2013 e 2014) são comparadas, é possível perceber

leve queda neste nível de governança climática e no número médio de iniciativas por

empresa. Um fator que contribuiu para a leve diminuição do grau de aderência às

práticas foi a mudança no conjunto de empresas entre os dois anos. Duas empresas

que tinham bom nível de governança saíram da amostra de 2014 e três empresas

iniciaram o reporte nesse ano, porém ainda com nível de gerenciamento e número de iniciativas muito baixo. Não é possível afirmar, entretanto, que o cenário pirou, pois

apesar da entrada de três empresas consideradas com baixo nível de maturidade no

assunto, o fato delas começarem a relatar ao CDP já é um avanço na questão. O

quadro 14 apresenta as empresas que se destacaram positiva e negativamente, por setor.

Quadro 14 - Número de empresas com destaque positivo e negativo em relação ao nível de governança (por ano e setor)

Nível de impacto ambiental

DESTAQUES POSITIVOS DESTAQUES NEGATIVOS Evolução entre os anos

2014 e 2013 2014 2013 2014 e 2013 2014

Alto ­ Energia elétrica (1)

­ Mineração (1) ­ Alimentos

processados (1)

­ Madeira e papel (1)

­ Energia elétrica (1)

­ Madeira e papel (1)

­ Energia elétrica (1)

­ Construção e engenharia (2)

n/a n/a

Baixo ­ Consumo não cíclico – outros (1)

­ Financeiro e outros (1)

n/a ­ Saúde (1) ­ Financeiro e

outros (2)

­ Consumo não cíclico – outros (1*)

­ Saúde (1*) ­ Financeiro

e outros (1*)

­ Financeiro e outros (2)

O número de empresas está destacado entre parênteses. * Empresas que entraram na amostra apenas em 2014. n/a: não aplicável.

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Os destaques descritos no quadro resultaram de análise qualitativa e tem sua

fonte principal nas respostas a oito subtemas do tópico gestão (quadro 4). Os

destaques positivos são principalmente empresas de alto impacto ambiental, com

exceção do setor de construção e engenharia que tem um nível de governança

climática bem aquém das empresas da amostra. O setor de energia elétrica é o que

apresenta a maior homogeneidade de prática entre as empresas de destaque positivo.

É possível que isso ocorra devido a cadeia de valor da empresa estar intrinsecamente

ligada ao assunto mudanças climáticas.

4.4 MAPEAMENTO DOS RISCOS E OPORTUNIDADES

Aproximadamente 70% das empresas em 2014 (78% em 2013) possuíam

algum procedimento para gestão de riscos e oportunidades relacionados às

mudanças climáticas, seja ele específico ou integrado à gestão de riscos geral da

organização. Em 2013, no conjunto de empresas que possuíam algum procedimento,

poucas detalharam de forma satisfatória como é feita essa gestão. 42% afirmaram

que a frequência é anual ou a cada seis meses e 55% não reportaram a frequência com que os procedimentos são realizados ou revistos. A forma como a pergunta é

estruturada no questionário mudou em 2014, o que fez com que maior número de

empresas respondesse de forma adequada a questão. 80% delas afirmam gerenciar

os riscos com frequência maior ou igual a anual.

Apesar de não ter no processo administrativo uma gestão de riscos e

oportunidades formalizada, algumas empresas descrevem riscos e oportunidades que

enxergam atingir o seu negócio. Um exemplo dessa situação é o caso é uma empresa do setor de siderurgia e metalurgia que descreve o risco apresentado no quadro 15:

Quadro 15 - Exemplo de detalhamento de risco por uma empresa sem gestão formal de riscos e oportunidades Classe de risco Físico Direcionador Alteração do padrão de precipitação Descrição A redução da disponibilidade de água pode afetar

diretamente as operações da [empresa] que dependem deste recurso natural. [A empresa] é parte de dois consórcios de usinas hidrelétricas: [X] e [Y]; e as mudanças no padrão de chuvas pode afetar negativamente essas unidades.

Impacto potencial Redução/interrupção da capacidade de produção Horizonte temporal Desconhecido Natureza do impacto (direto ou indireto) Direto Probabilidade Improvável Magnitude do impacto Média-alta

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71 Implicações financeiras Podem incluir maiores custos de seguro e operacionais

e aumento das provisões para eventuais perdas. Método de gestão Planos de emergência e contingências para lidar com

possíveis problemas relacionados extremos do clima. Custo da gestão O custo é indeterminado e depende de condições

futuras do mercado.

O detalhamento do risco apresentado não é completo e carece de maior aprofundamento para que a empresa entenda o horizonte temporal e crie um método

de gestão específico, assim como defina as implicações financeiras e o custo de

gestão. Entretanto, um primeiro passo já foi feito, o da identificação do risco. Uma

situação mais crítica é encontrada em dez empresas (20% da amostra), sendo quatro

de setores de alto impacto ambiental, que não apontaram nenhum risco e/ou

oportunidade climática: duas de energia elétrica, uma de bens industriais, uma de construção e engenharia, uma de consumo não cíclico – outros, três de financeiro e

outros e duas de saúde.

O quadro 16 apresenta uma boa referência de detalhamento de risco, que pode ser aplicado também a oportunidades.

Quadro 16 - Referência de detalhamento de risco Classe de oportunidade Regulação Direcionador Regimes de Cap and Trade Descrição Atualmente, o Ministério da Fazenda está estudando a

criação de um sistema nacional Cap and Trade. No entanto, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro (onde parte de nossas operações estão localizadas), há o compromisso de metas para 2020, que podem incluir um esquema Cap and Trade, entretanto sem o estabelecimento de metas setoriais. Por outro lado, a implementação de um mercado voluntário de carbono no Brasil está em uma fase preparatória e está prevista na Política Nacional sobre Mudança do Clima.

Impacto potencial Aumento dos custos operacionais Horizonte temporal Maior que seis anos Natureza do impacto (direto ou indireto) Direto Probabilidade Tão provável quanto não Magnitude do impacto Média Implicações financeiras Em caso de implementação de regimes de Cap and

Trade, se a empresa só tem a permissão para emitir 90% do seu inventário de GEE, tem de comprar os outros 10%, cerca de 300.000 tCO2e. O impacto financeiro poderia ser em torno de 1,5 milhões de dólares, considerando US$ 5,00 o preço do carbono neste mercado.

Método de gestão A comunicação com as autoridades brasileiras e a transparência da informação relativa às operações, incluindo a publicação de dados absolutos, indicadores de desempenho e metas internas são iniciativas que permitem à empresa sensibilizar as autoridades para as

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medidas já tomadas ou em implementação na mitigação das mudanças climáticas e tomá-los em conta nos programas oficiais de limites de emissões, em termos absolutos ou relativos. Participação em vários fóruns técnicos que discutem essas perspectivas, e concretamente que participam da iniciativa EPC - Empresas pelo Clima em Getúlio Vargas, em São Paulo, em conjunto com outras empresas participantes nesta iniciativa, a criação de um sistema para simular um mercado de carbono virtual 2014. Atualmente, todos os parâmetros de regulação do mercado estão sendo definidos.

Custo da gestão Custos associados às ações são de aproximadamente R$ 50.000.

Nesse exemplo a empresa quantifica a possível implicação financeira caso o

risco ocorra, bem como descreve o método de gestão escolhido e quantifica o custo dessa ação. O quadro 17 apresenta o número de empresas que detalharam o método

de gestão, custo de gestão e implicações financeiras em pelo menos um risco ou oportunidade apontado.

Quadro 17 - Número de empresas que expõem ou não (SIM/NÃO) os detalhes de método de gestão, custo de gestão e implicações financeiras dos riscos e oportunidades apontados em 2014

RISCOS OPORTUNIDADES SIM NÃO*, por setor SIM NÃO*, por setor

Método de gestão

30 ALTO IMPACTO AMBIENTAL ­ Telecomunicações (2) ­ Construção e engenharia (1) ­ Petróleo, gás e biocombustível (1) ­ Energia elétrica (2) ­ Transporte (1) BAIXO IMPACTO AMBIENTAL ­ Consumo não cíclico - outros (2) ­ Financeiro e outros (1)

29 ALTO IMPACTO AMBIENTAL ­ Telecomunicações (2) ­ Petróleo, gás e biocombustível (1) ­ Água e saneamento (1) ­ Energia elétrica (2) ­ Transporte (2) BAIXO IMPACTO AMBIENTAL ­ Consumo não cíclico - outros (1) ­ Financeiro e outros (2)

NÃO* SIM, por setor NÃO* SIM, por setor Custo de gestão

26 ALTO IMPACTO AMBIENTAL ­ Alimentos processados (2) ­ Energia elétrica (3) ­ Madeira e papel (1) ­ Mineração (1) ­ Petróleo, gás e biocombustível (1) ­ Químicos (1) ­ Transporte (2) BAIXO IMPACTO AMBIENTAL ­ Consumo cíclico (1) ­ Financeiro e outros (2)

27 ALTO IMPACTO AMBIENTAL ­ Alimentos processados (2) ­ Energia elétrica (2) ­ Madeira e papel (2) ­ Mineração (1) ­ Petróleo, gás e biocombustível (1) ­ Químicos (1) ­ Transporte (2) BAIXO IMPACTO AMBIENTAL ­ Consumo não cíclico - outros (1) ­ Financeiro e outros (1)

Implicações financeiras

26 ALTO IMPACTO AMBIENTAL ­ Água e saneamento (1) ­ Alimentos processados (1) ­ Energia elétrica (4) ­ Madeira e papel (1) ­ Mineração (1) ­ Químicos (1) ­ Transporte (2)

31 ALTO IMPACTO AMBIENTAL ­ Alimentos processados (2) ­ Energia elétrica (2) ­ Madeira e papel (1) ­ Mineração (1) ­ Petróleo, gás e biocombustível (1) ­ Químicos (1) BAIXO IMPACTO AMBIENTAL

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73

BAIXO IMPACTO AMBIENTAL ­ Financeiro e outros (3)

Financeiro e outros (1)

* As empresas que não apresentaram riscos ou oportunidades foram excluídas do conjunto de empresas que não apontaram métodos de gestão, custo de gestão e implicações financeiras.

60% das empresas, em 2014, apresentaram algum método de gestão para

mitigação de pelo menos um risco descrito, seja ele em forma de iniciativa climática

ou processos internos, como engajamento com fornecedores, comunicação, criação de departamentos, monitoramentos físicos ou de políticas e inventário de emissões. Em relação às oportunidades, 58% das empresas apontaram um método de gestão.

O custo da gestão de risco foi registrado por apenas 28% das empresas e 26% registraram o custo da gestão de oportunidades. Também 28% das empresas

souberam apontar as implicações financeiras estimadas dos riscos (antes de qualquer gestão), de forma quantitativa, e 18% das oportunidades.

Da mesma forma que a maior parte das empresas que não descreveu método

de gestão para os riscos identificados são de setores de alto impacto ambiental,

aquelas que conseguiram definir os custos e implicações financeiras também estão

nesse grupo. Os setores de petróleo, gás e biocombustível, água e saneamento,

energia elétrica e transporte não possuem uma homogeneidade nos seus representantes. Isso pode indicar a falta de relação entre vulnerabilidade ambiental e proatividade nesta área.

Em resumo, 80% das empresas apontaram pelo menos um risco ou oportunidade, apesar de 70% dizerem ter uma gestão de risco. Quando os métodos

de gestão foram questionados, um percentual muito pequeno os descreveram. A

quantificação em termos monetários é uma prática que menos de 30% das empresas

realizam. Isso indica que essas empresas que dizem ter uma gestão de risco climático formal não o possuem em nível de amadurecimento adequado.

4.4.1 Riscos

Como descrito na metodologia, os riscos foram classificados em oito classes:

regulatório, físico, mercado, reputação, financeiro, crédito, operacional e político. Ao

todo, 314 riscos foram identificados em 2013 e 321 em 2014. O gráfico 11 apresenta a frequência de cada classe de risco.

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74 Gráfico 11 – Classes de riscos

O risco político não apareceu em nenhuma das citações das empresas. É

possível perceber mediante os relatos que os direcionadores de risco mais frequentes

foram sobre alterações do clima, seja a precipitação ou temperatura média,

regulamentação futura (previsões de metas obrigatórias, impostos e procedimentos para obtenção de licença), reputação e alteração no comportamento do consumidor. O gráfico 12 descreve os impactos potenciais dos riscos identificados.

Gráfico 12 - Riscos: impacto potencial

*QNR: questão não respondida

É esperado que esse impacto seja de forma majoritária no aumento do custo

operacional da organização. Outro impacto relevante seria na redução ou interrupção da capacidade produtiva. Aspectos mais relacionados ao funcionamento da

economia, como redução dos preços das ações, aumento do custo de capital e

redução da disponibilidade de capital, quase não foram citados. As empresas

129 131 2917 1 3 4

123147

2316 2 2 8

2013 2014

153

4466

9 13 9 6 9 4 1

169

36

70

7 13 6 10 3 7 0

A B C D E F G H I J

2013

2014

A - Aumento do custo operacionalB - Redução da demanda por produtos e serviçosC - Redução/interrupção da capacidade de produçãoD - OutrosE - Redução dos preços das açõesF - Incapacidade de fazer negóciosG - Aumento do custo de capitalH - Desigualdades sociais mais amplasI - Redução da disponibilidade de capitalJ - QNR

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enxergam muito mais aspectos de sua gestão interna do que no funcionamento do

mercado em um mundo com restrições de recursos e uma economia de baixo

carbono. Talvez a preocupação ainda seja com o próprio micro ambiente e não com

as mudanças globais que podem acontecer na alocação de recursos pelos

investidores. A tabela 2 apresenta o percentual de riscos que se encaixam em cada uma das características requeridas no questionário.

Tabela 2 - Características dos riscos descritos pelas empresas da amostra 2013 2014

Probabilidade

Desconhecida 10,8% 9,7% “Mais provável do que não” a “Praticamente certo” 54,8% 53,6%

“Tão provável quanto não” 21,7% 23,4% “Improvável” 12,7% 13,4%

Magnitude

Desconhecida 16,2% 13,4% Média-alta e alta 27,7% 31,8% Média 22,9% 18,1% Média-baixa e baixa 33,1% 36,8%

Horizonte temporal Desconhecido 30,3% 37,4% Curto prazo 43,0% 26,2% Longo prazo 26,8% 36,4%

Natureza do efeito (direto ou indireto) 74,2% - Direto 78,2% - Direto

A maior parte dos riscos apresentados pelas empresas tem grande

probabilidade de materialização, impacto potencial descrito no gráfico 12 com

magnitude entre média e baixa, horizonte temporal desconhecido ou no longo prazo

e com efeito direto na operação da empresa (em oposição aos efeitos na cadeia de

suprimentos e nos clientes – indiretos). O percentual acentuado de características

desconhecidas, tal como 37% dos riscos identificados não tem um horizonte temporal

conhecido, dificulta a gestão de risco e a priorização de ações, deixando o ajuste do

modelo de negócios sem um argumento forte para acontecer. Essa falta de um

entendimento mais profundo dos riscos acontece mesmo em um ambiente em que as

empresas julgam com alta probabilidade de se concretizar.

4.4.2 Oportunidades

As oportunidades foram categorizadas da mesma forma que os riscos, no

entanto, não foram citadas oportunidades financeiras nem políticas. O gráfico 13 apresenta a frequência de cada classe de oportunidade.

Gráfico 13 – Classes de oportunidades

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No total, foram identificadas 226 oportunidades climáticas em 2013 e 223 em

2014, das quais quase metade (47%) se concentraram na categoria regulatório. Assim

como a expectativa de uma legislação mais rígida em relação às mudanças climáticas

é direcionador de risco importante, muitas empresas veem esse aspecto também

como um direcionador de oportunidade, realçando a vantagem da matriz energética brasileira, as receitas que advém de regimes de cap and trade, o movimento já iniciado

em direção a produtos eco eficientes e a energia renovável.

As oportunidades físicas se concentram principalmente na possível alteração

do padrão de precipitação, em que um cenário de maior volume de chuvas asseguraria

a geração de energia hidrelétrica e maior comercialização de seguros; e nas

alterações induzidas em recursos naturais, permitindo parcerias e financiamentos em soluções de adaptação e mitigação para disponibilidade de recursos. As outras

oportunidades estão ligadas à reputação e alteração do comportamento do consumidor, que procura por empresas com maior responsabilidade socioambiental.

O gráfico 14 descreve os impactos potenciais das oportunidades identificadas.

107

53 34 21 1 10

105

60

25 22 1 10

2013

2014

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77 Gráfico 14 - Oportunidades: impacto potencial

*QNR: questão não respondida

É esperado que o impacto se dê principalmente no aumento da demanda por produtos e serviços já existentes, criação de novos produtos e redução de custos

operacionais. Novamente, as empresas enxergam majoritariamente impactos em

produtos e custos. Fatores externos como a percepção dos investidores e

financiadores – que aumentaria o preço da ação, reduziria o custo do capital ou

aumentaria a disponibilidade de capital – são preteridos. A tabela 3 apresenta o

percentual de oportunidades que se encaixam em cada uma das características requeridas no questionário.

Tabela 3 - Características das oportunidades descritas pelas empresas da amostra 2013 2014

Probabilidade

Desconhecida 5,3% 7,2% “Mais provável do que não” a “Praticamente certo” 73,9% 74,9%

“Tão provável quanto não” 19,9% 16,1% “Improvável” 0,9% 1,8%

Magnitude

Desconhecida 7% 6% Média-alta e alta 32% 31% Média 35% 34% Média-baixa e baixa 27% 29%

Horizonte temporal Desconhecido 14,6% 17% Curto prazo 54,9% 35,0% Longo prazo 30,1% 43,5%

Natureza do efeito (direto ou indireto) 81,0% - Direto 80,3% - Direto

36

4

52

9 9 523

48

15 9 15 1

305

46

12 12 12 18

46

17 10 10 5

A B C D E F G H I J K Q N R

O PO RTUNI D ADES - I M PACT O PO TE NCI AL

2013

2014

A - Redução de custos operacionaisB - Redução dos custos do capitalC - Maior demanda por produtos/serviços existentesD - Oportunidades de preço PremiumE - Aumento de capacidade de produçãoF - Aumento na disponibilidade de capital

G - Maior preço da açãoH - Novos produtos/serviçosI - Oportunidades de investimentoJ - Benefícios sociais mais amplosK - Outros

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As empresas estão mais otimistas em relação às oportunidades, pois três

quartos delas têm grande probabilidade de se materializar. A magnitude do impacto

esperado é principalmente média a alta e com efeito direto na organização. O

horizonte temporal das oportunidades também é de longo prazo, porém neste caso, o

percentual de “desconhecido” é menor do que no caso dos riscos. O interessante é que a caracterização das oportunidades é mais conhecida que a dos riscos.

4.5 ASSOCIAÇÃO DAS INICIATIVAS COM O DESEMPENHO FINANCEIRO

Para a análise da associação com o desempenho financeiro, como foi descrito

na metodologia, apenas os três grupos de questões citados na seção 3.3 da metodologia, tópico 4, foram considerados.

O gráfico 15 exibe o percentual de iniciativas climáticas em cada nível de

associação6 com o desempenho financeiro.

Gráfico 15 - Iniciativas climáticas: nível de Epstein & Roy

Houve evolução em relação ao nível de associação das iniciativas com o

desempenho financeiro das empresas. Em 2013, 65% das descrições citadas pelas

empresas não tinham qualquer valor monetário, contexto que se alterou em 2014, com essa proporção diminuída para 49%. As iniciativas de nível 4 estão majoritariamente

presentes na questão CC3.3, pois esta questiona diretamente o investimento

necessário e o benefício econômico anual.

6 Nível 1: meramente descritivo; Nível 2: quantificadas em termos físicos; Nível 3: quantificadas e monetizadas, porém apenas parcialmente associadas ao desempenho financeiro; e Nível 4: quantificadas e monetizadas.

41%

24%

22%

13%

26%

23%28%

23%

Nível 1

Nível 2

Nível 3

Nível 4

2014

2013

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A estatística descritiva, porém, é sujeita a flutuação amostral. A fim de tentar

dizer se o percentual que enxerga-se em cada um dos níveis é representativo e não

puro efeito de flutuação estatística, foi feito o teste de hipótese de proporções para os

quatro níveis de associação com o desempenho financeiro dos dois anos. A tabela 4 mostra as duas amostras com as frequências dos dados.

Tabela 4 – Frequência absoluta e relativa dos níveis de Epstein e Roy (2003) Nível de Epstein e Roy (2003)

Frequência 2013 Frequência 2014 Absoluta Relativa Absoluta Relativa

Nível 1 112 41% 58 26% Nível 2 67 24% 53 23% Nível 3 61 22% 62 28% Nível 4 37 13% 51 23% Total 277 100% 224 100% níveis 2, 3 e 4 165 59% 166 49% níveis 3 e 4 98 35% 113 51%

O resultado do teste está exposto no Apêndice 4. A tabela 5 apresenta a partir de qual percentual não é possível rejeitar a hipótese nula.

Tabela 5 – Menor percentual de não rejeição da hipótese nula para cada nível de associação com o desempenho financeiro Escala de Esptein e Roy (2003) 2013 2014 Nível 1 36% 22% Nível 2 21% 20% Nível 3 19% 24% Nível 4 11% 19%

Esses percentuais não estão distantes dos descritos na frequência relativa. A

fim de testar se houve realmente evolução, o teste de diferença de proporções foi

aplicado sobre as proporções somadas das amostras de 2013 e 2014, utilizando os

critérios descritos na seção 3.3 – tópico 4. Não foi possível rejeitar, com nível de

significância de 5%, que a soma das proporções de nível 3 e 4 das iniciativas de 2013

não são iguais à mesma soma de proporções para as iniciativas 2014; assim como a

soma das proporções de nível 2, 3 e 4 das iniciativas de 2013 não são iguais à mesma

soma de proporções para as iniciativas 2014. Este teste corrobora a evolução das

empresas brasileiras da amostra do CDP em relação ao nível associação das iniciativas climáticas com o desempenho financeiro.

Ao todo foram contabilizadas 224 iniciativas (277 em 2013), das quais 75%

(60% em 2013) foram encontradas na questão CC3.3 – Iniciativas para redução de

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emissões na organização (quadro 4). A tabela 6 exibe o número de iniciativas por setor e o percentual acumulado do número de iniciativas.

Tabela 6 - Número de inciativas por setor Setor Impacto

ambiental Número de empresas

Número de iniciativas

Percentual acumulado

Financeiro e outros Baixo 10 42 19% Alimentos processados Alto 3 33 33% Químicos Alto 1 23 44% Petróleo, gás e biocombustível Alto 2 22 54% Energia elétrica Alto 9 20 63% Bens industriais Alto 2 19 71% Madeira e papel Alto 3 15 78% Consumo cíclico Baixo 3 11 83% Transporte Alto 4 9 87% Mineração Alto 1 8 90% Consumo não cíclico - outros Baixo 3 8 94% Água e saneamento Alto 2 7 97% Siderurgia e metalurgia Alto 1 4 99% Telecomunicações Alto 2 3 100% Construção e engenharia Alto 2 0 n/a Saúde Baixo 2 0 n/a Total

n/a: não se aplica

Em média, cada empresa detalhou 4,5 iniciativas (6 em 2013). Ao todo 16

empresas (7 em 2013) não apresentaram nenhuma iniciativa que pudesse ser

avaliada na associação com o desempenho financeiro, essas são representantes dos

setores de construção e engenharia, financeiro e outros, petróleo, gás e combustível e saúde. A tabela 7 apresenta o número de iniciativas por empresa.

Tabela 7 - Número de iniciativas por empresa Empresa Setor Número de

iniciativas Percentual acumulado

níveis 3 e 4

Empresa A Químicos 23 10% 11 Empresa B Petróleo, gás e biocombustível 22 20% 7 Empresa C Bens industriais 19 29% 16 Empresa D Alimentos processados 17 36% 13 Empresa E Financeiro e outros 16 43% 10 Empresa F Alimentos processados 13 49% 10 Outros n/a 114 51% 46 Total 224 100% 113

n/a: não se aplica

Metade das iniciativas estão concentradas em seis empresas e 60% das

iniciativas classificadas como nível 3 e 4 pertencem a tais empresas, cinco de setores

de alto impacto ambiental. Esse padrão não é acompanhado pelas demais empresas

desses setores. Apesar da empresa do setor de químicos ter apontado 23 iniciativas, nenhuma delas pôde ser classificada como de nível 4 em 2014, fato que não ocorreu

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em 2013. 31% das iniciativas de nível 4, em 2014, foram fornecidas por uma única

empresa do setor de bens industriais, exemplo da concentração de iniciativas

climáticas em poucas empresas da amostra. Ou seja, têm poucas empresas

realmente investindo em iniciativas climáticas, dado o grau de concentração, mas

estas podem ser referências para as demais que já apresentam certo nível de governança climática.

A tabela 8 faz um resumo das características das iniciativas climáticas. Esse

resumo refere-se às iniciativas encontradas na questão CC3.3 (quadro 4), a única que

permitia esse nível de detalhamento, pois questionava especificamente esses

aspectos. As iniciativas encontradas nas demais questões (CC5.1, CC6.1 e CC12.1 –

quadro 4) não foram classificadas com este nível de detalhamento devido à ausência

de dados e nem todas as iniciativas identificadas na questão CC3.3 tiveram o investimento e o benefício econômico reportados.

Tabela 8 - Características das iniciativas climáticas 2013 2014

Percentual de iniciativas por tipos de investimento

Eficiência energética nos processos 22% 34% Redução de emissões de processo 18% 22% Eficiência energética nos serviços de construção 12% 11%

Outros 48% 33%

Escopo das iniciativas

Escopo 1 21% 9% Escopo 2 19% 21% QNR 60% 70%

Iniciativas (voluntárias ou mandatórias)

Voluntárias 44% 31% QNR 56% 69%

Payback do investimento

Menos de 1 ano 25% 24% Entre 1 e 3 anos 15% 20% Mais de 4 anos 12% 11% QNR 47% 45%

Investimento total reportado7

Energia elétrica R$ 2,2 bi R$ 2 bi Petróleo, gás e biocombustível R$ 3,5 bi R$ 698 mi Financeiro e outros R$ 1,4 mi R$ 413 mi Outros R$ 199 mi R$ 189 mi

Economia anual em toneladas de CO2

Redução de emissões de processo 236 mil 13,2 mi Eficiência energética de processos 3,9 mi 3,9 mi Instalação de energia e baixo carbono 2,9 mi 2,6 mi Outros R$ 3,5 mi 0,4 mi

Benefício econômico anual8 R$ 1 bi R$ 1 bi QNR: questão não respondida bi: bilhões / mi: milhões

7 Os valores em dólares foram convertidos em reais através da taxa de câmbio de 31/12/2013 e de 31/12/2014. 8 Mesma observação que nota 5.

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Nos dois anos, quase 70% do montante total investido foi dedicado à instalação

de energia de baixo carbono, apesar de que em número de iniciativas, esse tipo de

investimento não se destaca. O investimento total reportado foi de R$ 3,3 bilhões,

principalmente pelo setor de energia elétrica (R$ 5,9 bilhões em 2013). Em 2013 o

terceiro setor que mais investiu foi o de água e saneamento com R$ 366 milhões, que não apresentou nenhum investimento em 2014. Por meio dessas iniciativas, foi

estimada uma economia anual em toneladas de CO2 de 20,1 milhões, originada

principalmente pela redução de emissões de processo (10,6 milhões em 2013). Nem

todos os investimentos reportados tiveram o benefício econômico anual respectivo

citado, ou seja, a economia monetária por ano esperada a partir da iniciativa quando

estiver totalmente operacional. O tipo de atividade que mais gerou benefícios

absolutos foi eficiência energética de processos reportada pelo setor de energia

elétrica. Não é possível dizer qual o setor que mais investe ou qual o tipo de

investimento que mais gera benefício econômico, pois a maior parte das iniciativas

não tinha esse nível de detalhamento, mas apenas uma descrição simples. As que

tinham um maior detalhe, apontavam apenas uma das características: ou economia de CO2 ou montante investido ou benefício econômico. Dessa forma, surgem incongruências e dificuldades de comparação entre os setores e os anos.

Em 2014, 23 iniciativas (5 em 2013) continham as informações necessárias para o cálculo da taxa interna de retorno do investimento realizado. A tabela 9 descreve essas iniciativas de 2014.

Tabela 9 - Iniciativas nível 4 com tempo de vida do investimento em 2014 Empresa Tipo de investimento Investimento

(R$) Benefício

anual Tempo de

vida (anos) TIR

Energia elétrica A Instalação de energia de baixo teor de carbono 288 mil 426 mil 20 148%

Energia elétrica B Eficiência energética: Processos 29 mi 16 mi 20 55% Transporte: frota 12 mi 863 mil 5 -27%

Energia elétrica C Transporte: frota 150 mi 3,8 mi 5 -44% Transporte Eficiência energética: Processos 1,2 mi 115 mil 25 8%

Financeiro e outros Eficiência energética: Processos

74 mil 150 mil 25 203% 4,7 mi 426 mil 25 8% 82 mil 540 mil 25 659% 3,4 mi 150 mil 25 1% 56 mil 26,5 mil 25 47%

Eficiência energética: Serviços de construção 1,4 mi 1,1 mi 25 76%

Madeira e papel A Outros 30 mi 6,7 mi 20 22%

Madeira e papel B Eficiência energética: Tecido de construção 13 mi 1,8 mi 20 13%

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Consumo cíclico Eficiência energética: Processos 2,1 mi 959 mil 10 45% Petróleo, gás e biocombustível

Eficiência energética: Serviços de construção 3,3 mi 4,2 mi 10 129%

Alimentos processados A

Reduções de emissões de processo

2 mi 2,5 mi 5 122% 2,6 mi 493 mil 5 -1% 150 mil 1,9 mi 5 1244%

Alimentos processados B

Reduções de emissões fugitivas 100 mil 12 mil 8 -1%

Reduções de emissões de processo

715 mil 1,1 mi 17 156% 22 mil 85 mil 4 386% 22 mil 648 mil 20 2945%

Eficiência energética: Serviços de construção 71,5 mil 23 mil 20 32%

mi: milhões

Onze empresas relataram as 23 iniciativas e nove são de setores de alto

impacto ambiental. A taxa interna de retorno dessas iniciativas varia de negativo a

excepcionalmente positivo. Um questionamento que deve ser feito é a adequação dos números relatados, pois pode ser que empresas descreveram no campo de benefício

anual, o benefício total do investimento, por exemplo. Em 2013 as cinco iniciativas relatadas tiveram uma TIR entre 35% e 344%.

Apesar da associação com o desempenho financeiro ter melhorado entre os

anos, foi observado um cenário de alta concentração de iniciativas em poucas

empresas e uma não completude no detalhamento dessas iniciativas, o que prejudica a análise crítica e a inserção desse assunto na avaliação de empresas.

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84 5 CONCLUSÃO

A pesquisa teve como objetivo fazer o diagnóstico do ambiente empresarial

brasileiro em relação às respostas das empresas às mudanças climáticas e seu

impacto no modelo de negócio e associação com o desempenho financeiro. A amostra

escolhida foi a base de dados do CDP de 2013 e 2014. Esse repositório de

informações agrega elementos que ajudam a entender como as empresas estão adotando diretrizes para transição para uma economia de baixo carbono. A maioria

dos setores considerados de alto impacto ambiental pela literatura revisada tiveram

representantes na amostra, no entanto o setor agropecuário foi uma exceção

relevante, pois é um setor de grande importância para a economia nacional e para mudanças climáticas.

O nível de governança climática da maior parte das empresas pareceu

adequado em termos de integração com a estratégia; envolvimento da liderança e

com formuladores de políticas; comunicação; e relato e verificação das emissões de

GEE. Os aspectos que ainda carecem de desenvolvimento são a aplicação de incentivos aos funcionários, estabelecimento de metas e envolvimento com a cadeia de suprimentos.

As empresas descreveram mais riscos que oportunidades em 2014, o que pode denotar um olhar sob a lógica de ameaça e não de um mundo em constante mutação

em que os pioneiros podem ganhar a liderança, aproveitando as oportunidades. No

entanto, as companhias se mostraram mais otimistas em relação à probabilidade de

ocorrência, período e magnitude do impacto das oportunidades quando comparados

aos mesmos aspectos dos riscos. Apesar de terem mapeado e descrito os riscos e

oportunidades, conhecerem os impactos potenciais e possuírem métodos de gestão,

poucas estimam a probabilidade de materialização, os custos de agir e as implicações

financeiras de não agir. Essa é uma indicação de que as empresas estão agindo sem

um argumento econômico, e em sua maioria, relatando ações genéricas ou programas

internos, planos e expectativas de ações. Existe um entendimento qualitativo das

questões, mas ainda há dificuldade de conectá-las com os impactos econômicos e, portanto, de estabelecer a influência no desempenho financeiro.

O grau de associação das iniciativas climáticas com o desempenho financeiro

apresentou um aumento de 2013 para 2014, chegando a 51% no último ano. Essa

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evolução também está presente quando comparados os resultados encontrados por

Cardoso e Lemme (2011), em que apenas 5% das informações identificadas eram

monetizadas, e Abrão (2011), que identificou 18% de infomações com dados financeiros.

Essa tendência possibilita aos investidores agregar esses dados em suas

análises de avaliação de empresas, entretanto a materialidade das iniciativas não é levada em consideração. Iniciativas como instalação de fazendas eólicas e troca de

lâmpadas por modelos mais eficientes recebem o mesmo peso. Ainda, algumas

empresas afirmam que as informações são confidenciais, o que faz com que

iniciativas que possuem informações monetárias sejam descritas apenas qualitativamente.

É possível que a deficiência ainda presente na associação com o desempenho

financeiro esteja no sistema de gerenciamento das informações. Algumas empresas

não conseguem estruturar as informações climáticas e avançar no que seria a

transformação de indicadores físicos em financeiros. Para que esse passo seja seguido, é necessária maior aproximação entre as áreas de sustentabilidade e

financeira. A carência do gerenciamento dos dados fica evidente também no número

de iniciativas espalhadas ao longo do questionário com nível de detalhamento

diferente (precisão, quantificação e monetização) e no fato de que algumas empresas

afirmam ter várias ações e não articulam quais são ou descrevem no texto apenas de forma genérica.

Apesar da elevada extensão e nível de detalhamento do questionário do CPD,

a metodologia não é focada em dados financeiros. Em uma questão são tratados

diretamente o investimento, o benefício econômico e a redução de CO2e, como também o indicador financeiro payback, porém o VPL (valor presente líquido), um

indicador amplamente utilizado nas análises financeiras, não está presente. As

perguntas são centradas essencialmente no volume de emissões, metodologia de

contabilização e energia. Dessa forma, é possível perceber a ênfase dada a gestão e

contabilização de emissões, em detrimento de informações financeiras, em um questionário que tem como público-alvo principal os investidores.

Apesar da maioria das empresas já possuírem o perfil de emissão, avaliação

de riscos e oportunidades e engajamento com formuladores de políticas, ainda é

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preciso aperfeiçoar a definição de metas e objetivos, o gerenciamento de relações

externas, o engajamento organizacional e principalmente os mecanismos financeiros de suporte às iniciativas implementadas.

Não há um comportamento setorial padrão, as empresas de mesmo setor não

apresentaram uma conduta homogênea, com disparidades relevantes, fato que

reforça a análise feita pela Innovest Strategic Value Advisors (2007), que argumenta que os riscos climáticos variam conforme setor da empresa, a distribuição geográfica

de sua operação e mercado e fatores específicos da empresa (trajetória tecnológica,

dinâmica competitiva, sortimento de produtos e capacidade de gestão).

Essa ausência de especificidade setorial também é notada na dissertação de

Abrão (2011), que realizou pesquisa similar na mesma escola de negócios. A autora

concluiu que setores distintos da economia não apresentam classes de riscos

distintas, denotando uma compreensão limitada dos impactos das mudanças

climáticas em seus negócios particulares. Outro ponto de similaridade entre as

pesquisas é o foco majoritário das empresas em riscos físicos e regulatórios, que são de impacto evidente, em detrimento de aspectos operacionais e relacionados ao envolvimento com os diferentes stakeholders. No que tange o grau associação com o

desempenho financeiro, a autora destaca um movimento de quantificação e

monetização das iniciativas ainda em fase inicial, com quase 60% de relatos apenas descritivos.

A falta de preparação da empresa foi apontada por elas mesmas como uma

das razões da ausência de metas para redução de GEE e o risco mais citado se deve

à perspectiva de uma regulamentação rígida. Percebe-se uma abordagem reativa ao

assunto pela maioria das empresas analisadas, que pode ser quebrada por meio de

uma resposta ambiciosa no âmbito internacional e local, por meio de políticas

públicas, para dar senso de urgência à liderança sênior, motivando ações concretas

e um alinhamento entre políticas empresariais e públicas, pois como Ziegler, Busch e

Hoffmann (2009) concluem: “investimentos verdes” são penalizados em mercados

com política pública fraca. Esse argumento é corroborado por Abrão (2011), que identifica o setor de energia como um destaque positivo e aponta como determinante o papel da regulação.

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Como sugestão de pesquisa futura, propõe-se a análise da associação com o

desempenho financeiro em outros relatórios emitidos pelas empresas, não apenas a

base de dados do CDP, assim como estender a investigação para médias empresas

com alto impacto ambiental e setores de moderado impacto ambiental conforme as

fontes citadas na revisão de literatura. A realização de estudo de caso setorial para

entender a relevância econômica do valor investido em iniciativas ambientais em

relação a receita ou ativo total das empresas seria um caminho também a ser

explorado. A limitação encontrada para a realização da análise comparativa

internacional é também proposta de estudo posterior, dado que o CDP avança no scoring e disclosure e as empresas em maior transparência das informações para o

público externo.

Para a formulação de hipóteses sobre as mudanças de comportamento e

práticas dentro das empresas, sugere-se uma pesquisa com uma etapa de entrevistas

para captação de dados primários, bem como a replicação desta pesquisa em quatro

ou cinco anos para avaliar uma evolução efetiva, pois o campo ainda está em

construção e necessita de um processo de aprendizagem mais longo. Apesar do

assunto mudanças climáticas ser de grande publicidade no momento, outras questões ambientais podem ser mais tangíveis para as empresas e assim potencialmente ser

de mais fácil associação com o desempenho financeiro, tais como gestão da água e de resíduos, temas que também merecem investigação.

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88 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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94 APÊNDICE 1 EMPRESAS CONVIDADAS EM 2013 PELO CDP – CLASSIFICAÇÃO BM&FBOVESPA

CLASSIFICAÇÃO INDUSTRIAL BM&FBOVESPA BENS INDUSTRIAIS

Máquinas e equipamentos Weg

Material de Transporte Embraer S.A. Iochpe-Maxion SA. Marcopolo S.A. Randon S.A. Implementos e Participações

CONSTRUÇÃO E TRANSPORTE Construção e engenharia

Brasil Brokers Participações S.A. Brookfield Incorporações S.A. Cyrela Brazil Realty S.A.

Empreendimentos e Participações Even Construtora e Incorporadora S.A. Ez Tec Empreendimentos e Participações

S.A. Gafisa S.A. MRV Engenharia e Participações PDG Realty S/A Empreendimentos e

Participações Rossi Residencial S.A. Tecnisa S.A. Mills Estruturas e Servicos de Engenharia

SA Transporte

All America Latina Logistica Arteris AS Companhia de Concessões Rodoviárias –

CCR Ecorodovias Infraestrutura e Logística

S.A. Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. LATAM Airlines Group S.A. LLX Logística S.A. Prumo Logística

CONSUMO CÍCLICO Comércio

B2W Companhia Global de Varejo Lojas Americanas S.A. Lojas Renner S.A. Via Varejo

Diversos Anhanguera Educacional Participações Kroton Educacional S.A. Localiza Rent a Car S.A. Multiplus S.A. Estacio Participacoes SA

Mídia Net Serviços de Comunicação S.A.

Tecidos, vestuários e calçados Cia. Hering

CONSUMO NÃO CÍCLICO

Agropecuária Vanguarda Agro

Alimentos processados BRF Brasil Foods COSAN S.A. Indústria e Comércio JBS Marfrig Alimentos S.A. M Dias Branco SA Minerva Foods

Bebidas Ambev – Cia. de Bebidas das Américas

Comércio e distribuição Cia. Brasileira de Distribuição (CBD)

Grupo Pão de Açúcar Raia Drogasil

Diversos Hypermarcas S.A.

Fumo Souza Cruz

Produtos de uso pessoal e de limpeza Natura Cosméticos S.A.

Saúde Amil Participações Diagnósticos da América S.A. – DASA Odontoprev S.A. Qualicorp S.A.

FINANCEIRO E OUTROS Exploração de imóveis

BR Properties S.A. BRMALLS Participações MULTIPLAN Empreendimentos

Imobiliários S.A. Holdings diversificadas

Ultrapar Participações S.A. Itausa Bradespar

Intermediários financeiros Banco Bradesco S.A. Banco do Brasil S.A. Banco do Estado do Rio Grande do Sul

S.A. Banco Santander Brasil Itaú Unibanco Holding S.A.

Previdência e seguros Porto Seguro Sul América S.A. BB Seguridade Participacoes SA

Serviços financeiros diversos BM&FBovespa CETIP S.A. – Balcão Organizado de

Ativos e Derivativos Cielo S.A. Grupo BTG Pactual

MATERIAIS BÁSICOS

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Madeira e papel Duratex S.A. Fibria Celulose S.A. Klabin Suzano Papel e Celulose S.A.

Mineração CCX Carvão da Colômbia S.A. MMX Mineiração e Metálicos S.A. Vale

Químicos Braskem

Siderurgia e metalurgia Cia. Siderurgica Nacional – CSN Gerdau S.A. Metalúrgica Gerdau S.A. Usiminas

PETRÓLEO, GÁS E BIOCOMBUSTÍVEL Petróleo, gás e biocombustível

HRT Participações em Petróleo S.A. OGX Petróleo e Gás Participações S.A. OSX Brasil S.A. Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras QGEP Participações S.A.

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Programas e serviços

Totvs S.A. Microsoft Brasil

TELECOMUNICAÇÕES Telefonia fixa

Embratel Participações S.A. Oi S.A. Telefónica Brasil

Telefonia móvel Tim Participações S.A.

UTILIDADE PÚBLICA Água e saneamento

Cia. de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP

COPASA Energia elétrica

AES Tiete Cemig Cia. Energética de São Paulo – CESP Cia. Paranaense de Energia – COPEL CPFL Energia S.A. CTEEP Cia. de Transmissão de Energia

Elétrica Paulista EDP – Energias do Brasil S.A. Eletrobras Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de

São Paulo S.A. Light S.A. MPX Energia S.A. Tractebel Energia S.A. Eneva Equatorial Energia SA

Gás Comgás

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96 APÊNDICE 2 EMPRESAS CONVIDADAS PELO CDP – CLASSIFICAÇÃO FINAL

Empresas convocadas Classificação setorial Resposta 2013 Resposta 2014 AES Tiete Energia elétrica Disponível Disponível All America Latina Logistica Transporte Disponível Disponível Ambev – Cia. de Bebidas das Américas Bebidas Disponível Incorporada a

matriz Amil Participações Saúde SR n/a Anhanguera Educacional Participações Consumo cíclico SR SR

Arteris AS Transporte SR SR B2W Companhia Global de Varejo Consumo cíclico Disponível Disponível Banco Bradesco S.A. Financeiro e outros Disponível Disponível Banco do Brasil S.A. Financeiro e outros Disponível Disponível Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A. Financeiro e outros SR Disponível

Banco Santander Brasil Financeiro e outros Disponível Disponível BB Seguridade Participacoes SA Financeiro e outros n/a SR BM&FBovespa Financeiro e outros Disponível Disponível BR Properties S.A. Financeiro e outros Disponível Disponível

Bradespar Financeiro e outros Incorporada a matriz

Incorporada a matriz

Brasil Brokers Participações S.A. Construção e engenharia SR SR Braskem Químicos Disponível Disponível BRF Brasil Foods Alimentos processados Disponível Disponível BRMALLS Participações Financeiro e outros Disponível Disponível Brookfield Incorporações S.A. Construção e engenharia Disponível Disponível CCX Carvão da Colômbia S.A. Mineração SR n/a Cemig Energia elétrica Disponível Disponível CETIP S.A. – Balcão Organizado de Ativos e Derivativos Financeiro e outros SR SR

Cia. Brasileira de Distribuição (CBD) Grupo Pão de Açúcar

Consumo não cíclico - outros Disponível Disponível

Cia. de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP Água e saneamento Disponível Disponível

Cia. Energética de São Paulo – CESP Energia elétrica Disponível Disponível

Cia. Hering Consumo cíclico SR SR Cia. Paranaense de Energia – COPEL Energia elétrica Disponível Disponível

Cia. Siderurgica Nacional – CSN Siderurgia e metalurgia Disponível Disponível Cielo S.A. Financeiro e outros Disponível Disponível Comgás Gás n/a SR Companhia de Concessões Rodoviárias – CCR Transporte Disponível Disponível

COPASA Água e saneamento Disponível Disponível COSAN S.A. Indústria e Comércio Alimentos processados SR SR CPFL Energia S.A. Energia elétrica Disponível Disponível CTEEP Cia. de Transmissão de Energia Elétrica Paulista Energia elétrica SR SR

Cyrela Brazil Realty S.A. Empreendimentos e Participações Construção e engenharia Disponível Disponível

Diagnósticos da América S.A. – DASA Saúde SR SR

Duratex S.A. Madeira e papel Disponível Disponível Ecorodovias Infraestrutura e Logística S.A. Transporte Disponível Disponível

EDP – Energias do Brasil S.A. Energia elétrica Disponível Disponível Eletrobras Energia elétrica Disponível Disponível

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97

Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A. Energia elétrica Disponível Disponível

Embraer S.A. Bens industriais Disponível Disponível Embratel Participações S.A. Telecomunicações SR SR Eneva Energia elétrica n/a SR Equatorial Energia SA Energia elétrica n/a SR Estacio Participacoes SA Consumo cíclico n/a SR Even Construtora e Incorporadora S.A. Construção e engenharia SR SR

Ez Tec Empreendimentos e Participações S.A. Construção e engenharia SR SR

Fibria Celulose S.A. Madeira e papel Disponível Disponível Gafisa S.A. Construção e engenharia SR SR Gerdau S.A. Siderurgia e metalurgia SR SR Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. Transporte Disponível Disponível Grupo BTG Pactual Financeiro e outros SR SR

HRT Participações em Petróleo S.A. Petróleo, gás e biocombustível SR SR

Hypermarcas S.A. Consumo não cíclico - outros SR SR

Iochpe-Maxion SA. Bens industriais SR SR Itaú Unibanco Holding S.A. Financeiro e outros Disponível Disponível Itausa Financeiro e outros Não analisado Não analisado JBS Alimentos processados Disponível Disponível Klabin Madeira e papel Disponível Disponível Kroton Educacional S.A. Consumo cíclico SR SR LATAM Airlines Group S.A. Transporte Disponível n/a Light S.A. Energia elétrica Disponível Disponível LLX Logística S.A. Transporte SR n/a Localiza Rent a Car S.A. Consumo cíclico SR SR Lojas Americanas S.A. Consumo cíclico Disponível Disponível Lojas Renner S.A. Consumo cíclico Disponível Disponível M Dias Branco SA Alimentos processados n/a SR Marcopolo S.A. Bens industriais SR SR Marfrig Alimentos S.A. Alimentos processados Disponível Disponível Metalúrgica Gerdau S.A. Siderurgia e metalurgia SR SR

Microsoft Brasil Tecnologia da informação Incorporada a matriz n/a

Mills Estruturas e Servicos de Engenharia SA Construção e engenharia n/a SR

Minerva Foods Alimentos processados n/a SR MMX Mineiração e Metálicos S.A. Mineração SR SR MPX Energia S.A. Energia elétrica SR n/a MRV Engenharia e Participações Construção e engenharia SR SR MULTIPLAN Empreendimentos Imobiliários S.A. Financeiro e outros SR SR

Multiplus S.A. Consumo cíclico SR SR

Natura Cosméticos S.A. Consumo não cíclico - outros Disponível Disponível

Net Serviços de Comunicação S.A. Consumo cíclico SR n/a Odontoprev S.A. Saúde Disponível Disponível OGX Petróleo e Gás Participações S.A.

Petróleo, gás e biocombustível SR n/a

Oi S.A. Telecomunicações Disponível Disponível

OSX Brasil S.A. Petróleo, gás e biocombustível SR n/a

PDG Realty S/A Empreendimentos e Participações Construção e engenharia SR SR

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98

Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras Petróleo, gás e biocombustível Disponível Disponível

Porto Seguro Financeiro e outros Disponível Disponível Prumo Logística Transporte n/a SR

QGEP Participações S.A. Petróleo, gás e biocombustível Disponível Disponível

Qualicorp S.A. Saúde SR Disponível

Raia Drogasil Consumo não cíclico - outros SR Disponível

Randon S.A. Implementos e Participações Bens industriais SR Informações

fornecidas Rossi Residencial S.A. Construção e engenharia SR SR

Souza Cruz Fumo Incorporada a matriz

Incorporada a matriz

Sul América S.A. Financeiro e outros SR SR Suzano Papel e Celulose S.A. Madeira e papel SR SR Tecnisa S.A. Construção e engenharia SR n/a

Telefónica Brasil Telecomunicações Incorporada a matriz

Incorporada a matriz

Tim Participações S.A. Telecomunicações Disponível Disponível Totvs S.A. Tecnologia da informação SR SR

Tractebel Energia S.A. Energia elétrica Incorporada a matriz

Incorporada a matriz

Ultrapar Participações S.A. Financeiro e outros Não analisado Não analisado Usiminas Siderurgia e metalurgia SR SR Vale Mineração Disponível Disponível Vanguarda Agro Agropecuária SR SR Via Varejo Consumo cíclico n/a SR Weg Bens industriais Disponível Disponível

*n/a = não aplicável para o ano. / SR = sem resposta (declinou a participação ou não respondeu a solicitação)

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99 APÊNDICE 3 EMPRESAS DA ANÁLISE PILOTO

Empresas Classificação setorial AES Tiete Energia elétrica All America Latina Logistica Transporte Ambev – Cia. de Bebidas das Américas Bebidas Banco Bradesco S.A. Financeiro e outros Banco do Brasil S.A. Financeiro e outros Banco Santander Brasil Financeiro e outros BM&FBovespa Financeiro e outros Braskem Químicos BRMALLS Participações Financeiro e outros

Brookfield Incorporações S.A. Construção e engenharia

Cemig Energia elétrica

Cia. Brasileira de Distribuição (CBD) Grupo Pão de Açúcar Consumo não cíclico - outros

Cia. Energética de São Paulo – CESP Energia elétrica Cia. Paranaense de Energia – COPEL Energia elétrica Cielo S.A. Financeiro e outros

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100 APÊNDICE 4 RESULTADOS DOS TESTES DE HIPÓTESES

Hipótese Nula ( p = ) 1-P Valor Acumulado Resultado

0% 0.0000 Rejeita Ho

5% 0.0000 Rejeita Ho

10% 0.0000 Rejeita Ho

20% 0.0000 Rejeita Ho

30% 0.0001 Rejeita Ho

40% 0.4159 Não Rejeita Ho

50% 0.9991 Não Rejeita Ho

Tabela Resumo Teste de Hipótese 2013 Nível 1

Hipótese Nula ( p = ) 1-P Valor Acumulado Resultado

0% 0.0000 Rejeita Ho

5% 0.0000 Rejeita Ho

10% 0.0000 Rejeita Ho

20% 0.0370 Rejeita Ho

30% 0.9811 Não Rejeita Ho

40% 1.0000 Não Rejeita Ho

50% 1.0000 Não Rejeita Ho

Tabela Resumo Teste de Hipótese 2013 Nível 2

Hipótese Nula ( p = ) 1-P Valor Acumulado Resultado

0% 0.0000 Rejeita Ho

5% 0.0000 Rejeita Ho

10% 0.0000 Rejeita Ho

20% 0.1791 Não Rejeita Ho

30% 0.9982 Não Rejeita Ho

40% 1.0000 Não Rejeita Ho

50% 1.0000 Não Rejeita Ho

Tabela Resumo Teste de Hipótese 2013 Nível 3

Hipótese Nula ( p = ) 1-P Valor Acumulado Resultado

0% 0.0000 Rejeita Ho

5% 0.0000 Rejeita Ho

10% 0.0288 Rejeita Ho

20% 0.9975 Não Rejeita Ho

30% 1.0000 Não Rejeita Ho

40% 1.0000 Não Rejeita Ho

50% 1.0000 Não Rejeita Ho

Tabela Resumo Teste de Hipótese 2013 Nível 4

Hipótese Nula ( p = ) 1-P Valor Acumulado Resultado

0% 0.0000 Rejeita Ho

5% 0.0000 Rejeita Ho

10% 0.0000 Rejeita Ho

20% 0.0130 Rejeita Ho

30% 0.8989 Não Rejeita Ho

40% 1.0000 Não Rejeita Ho

50% 1.0000 Não Rejeita Ho

Tabela Resumo Teste de Hipótese 2014 Nível 1

Hipótese Nula ( p = ) 1-P Valor Acumulado Resultado

0% 0.0000 Rejeita Ho

5% 0.0000 Rejeita Ho

10% 0.0000 Rejeita Ho

20% 0.0754 Não Rejeita Ho

30% 0.9789 Não Rejeita Ho

40% 1.0000 Não Rejeita Ho

50% 1.0000 Não Rejeita Ho

Tabela Resumo Teste de Hipótese 2014 Nível 2

Hipótese Nula ( p = ) 1-P Valor Acumulado Resultado

0% 0.0000 Rejeita Ho

5% 0.0000 Rejeita Ho

10% 0.0000 Rejeita Ho

20% 0.0022 Rejeita Ho

30% 0.7517 Não Rejeita Ho

40% 0.9999 Não Rejeita Ho

50% 1.0000 Não Rejeita Ho

Tabela Resumo Teste de Hipótese 2014 Nível 3

Hipótese Nula ( p = ) 1-P Valor Acumulado Resultado

0% 0.0000 Rejeita Ho

5% 0.0000 Rejeita Ho

10% 0.0000 Rejeita Ho

20% 0.1323 Não Rejeita Ho

30% 0.9903 Não Rejeita Ho

40% 1.0000 Não Rejeita Ho

50% 1.0000 Não Rejeita Ho

Tabela Resumo Teste de Hipótese 2014 Nível 4

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101 ANEXO 1 ATIVIDADES POTENCIALMENTE POLUIDORAS E UTILIZADORAS DE RECURSOS AMBIENTAIS – Lei 10.165/2000

CÓDIGO CATEGORIA DESCRIÇÃO PP/GU

01 Extração e

Tratamento de Minerais

pesquisa mineral com guia de utilização; lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem beneficiamento; lavra subterrânea com ou sem beneficiamento, lavra garimpeira, perfuração de poços e produção de petróleo e gás natural.

Alto

02

Indústria de Produtos Minerais

Não Metálicos

beneficiamento de minerais não metálicos, não associados a extração; fabricação e elaboração de produtos minerais não metálicos tais como produção de material cerâmico, cimento, gesso, amianto, vidro e similares.

Médio

03 Indústria Metalúrgica

fabricação de aço e de produtos siderúrgicos, produção de fundidos de ferro e aço, forjados, arames, relaminados com ou sem tratamento; de superfície, inclusive galvanoplastia, metalurgia dos metais não-ferrosos, em formas primárias e secundárias, inclusive ouro; produção de laminados, ligas, artefatos de metais não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia; relaminação de metais não-ferrosos, inclusive ligas, produção de soldas e anodos; metalurgia de metais preciosos; metalurgia do pó, inclusive peças moldadas; fabricação de estruturas metálicas com ou sem tratamento de superfície, inclusive; galvanoplastia, fabricação de artefatos de ferro, aço e de metais não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia, têmpera e cementação de aço, recozimento de arames, tratamento de superfície.

Alto

04 Indústria Mecânica

fabricação de máquinas, aparelhos, peças, utensílios e acessórios com e sem tratamento térmico ou de superfície.

Médio

05

Indústria de material Elétrico,

Eletrônico e Comunicações

fabricação de pilhas, baterias e outros acumuladores, fabricação de material elétrico, eletrônico e equipamentos para telecomunicação e informática; fabricação de aparelhos elétricos e eletrodomésticos.

Médio

06 Indústria de Material de Transporte

fabricação e montagem de veículos rodoviários e ferroviários, peças e acessórios; fabricação e montagem de aeronaves; fabricação e reparo de embarcações e estruturas flutuantes.

Médio

07 Indústria de Madeira

serraria e desdobramento de madeira; preservação de madeira; fabricação de chapas, placas de madeira aglomerada, prensada e compensada; fabricação de estruturas de madeira e de móveis.

Médio

08 Indústria de

Papel e Celulose

fabricação de celulose e pasta mecânica; fabricação de papel e papelão; fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina, cartão e fibra prensada.

Alto

09 Indústria de Borracha

beneficiamento de borracha natural, fabricação de câmara de ar, fabricação e recondicionamento de pneumáticos; fabricação de laminados e fios de borracha; fabricação de espuma de borracha e de artefatos de espuma de borracha, inclusive látex.

Pequeno

10 Indústria de Couros e Peles

secagem e salga de couros e peles, curtimento e outras preparações de couros e peles; fabricação de artefatos diversos de couros e peles; fabricação de cola animal.

Alto

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102

11

Indústria Têxtil, de Vestuário, Calçados e Artefatos de

Tecidos

beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, de origem animal e sintéticos; fabricação e acabamento de fios e tecidos; tingimento, estamparia e outros acabamentos em peças do vestuário e artigos diversos de tecidos; fabricação de calçados e componentes para calçados.

Médio

12 Indústria de Produtos de

Matéria Plástica

fabricação de laminados plásticos, fabricação de artefatos de material plástico. Pequeno

13 Indústria do Fumo

fabricação de cigarros, charutos, cigarrilhas e outras atividades de beneficiamento do fumo. Médio

14 Indústrias Diversas usinas de produção de concreto e de asfalto. Pequeno

15 Indústria Química

produção de substâncias e fabricação de produtos químicos, fabricação de produtos derivados do processamento de petróleo, de rochas betuminosas e da madeira; fabricação de combustíveis não derivados de petróleo, produção de óleos, gorduras, ceras, vegetais e animais, óleos essenciais, vegetais e produtos similares, da destilação da madeira, fabricação de resinas e de fibras e fios artificiais e sintéticos e de borracha e látex sintéticos, fabricação de pólvora, explosivos, detonantes, munição para caça e desporto, fósforo de segurança e artigos pirotécnicos; recuperação e refino de solventes, óleos minerais, vegetais e animais; fabricação de concentrados aromáticos naturais, artificiais e sintéticos; fabricação de preparados para limpeza e polimento, desinfetantes, inseticidas, germicidas e fungicidas; fabricação de tintas, esmaltes, lacas, vernizes, impermeabilizantes, solventes e secantes; fabricação de fertilizantes e agroquímicos; fabricação de produtos farmacêuticos e veterinários; fabricação de sabões, detergentes e velas; fabricação de perfumarias e cosméticos; produção de álcool etílico, metanol e similares.

Alto

16

Indústria de Produtos

Alimentares e Bebidas

beneficiamento, moagem, torrefação e fabricação de produtos alimentares; matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueadas e derivados de origem animal; fabricação de conservas; preparação de pescados e fabricação de conservas de pescados; beneficiamento e industrialização de leite e derivados; fabricação e refinação de açúcar; refino e preparação de óleo e gorduras vegetais; produção de manteiga, cacau, gorduras de origem animal para alimentação; fabricação de fermentos e leveduras; fabricação de rações balanceadas e de alimentos preparados para animais; fabricação de vinhos e vinagre; fabricação de cervejas, chopes e maltes; fabricação de bebidas não-alcoólicas, bem como engarrafamento e gaseificação e águas minerais; fabricação de bebidas alcoólicas.

Médio

17 Serviços de Utilidade

produção de energia termoelétrica; tratamento e destinação de resíduos industriais líquidos e sólidos; disposição de resíduos especiais tais como: de agroquímicos e suas embalagens; usadas e de serviço de saúde e similares; destinação de resíduos de esgotos sanitários e de resíduos sólidos urbanos, inclusive aqueles provenientes de fossas; dragagem e derrocamentos em corpos d’água; recuperação de áreas contaminadas ou degradadas.

Médio

18 Transporte, Terminais,

transporte de cargas perigosas, transporte por dutos; marinas, portos e aeroportos; terminais de minério, Alto

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103

Depósitos e Comércio

petróleo e derivados e produtos químicos; depósitos de produtos químicos e produtos perigosos; comércio de combustíveis, derivados de petróleo e produtos químicos e produtos perigosos.

19 Turismo complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos. Pequeno

20 Uso de

Recursos Naturais

silvicultura; exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos florestais; importação ou exportação da fauna e flora nativas brasileiras; atividade de criação e exploração econômica de fauna exótica e de fauna silvestre; utilização do patrimônio genético natural; exploração de recursos aquáticos vivos; introdução de espécies exóticas ou geneticamente modificadas; uso da diversidade biológica pela biotecnologia.

Médio

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104 ANEXO 2 CLASSIFICAÇÃO INDUSTRIAL DE TODOS OS SETORES DA ECONOMIA E RELAÇÃO COM PESQUISA BIBLIOGRÁFICA (IPCC, 2014b)

ATIVIDADE SEÇÃO CAP 10

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA COM RESULTADOS SEM RESULTADOS*

A - Agricultura, silvicultura e pesca

10.5

01 - Produção vegetal e animal, caça e atividades de serviço relacionadas 02 - Silvicultura e exploração florestal 03 - Pesca e aquicultura

n/a

B - Minas e pedreiras 10.5

05 - Extração de carvão e de lenhite 06 - Extração de petróleo bruto e gás natural 07 - Extração de minérios metálicos 09 - Atividades de serviços de apoio às indústrias extrativas

08 - Outras indústrias extrativas

C - Manufatura 10.5

19 - Fabricação de coke e produtos petrolíferos refinados (10.2) 32 - Outras indústrias transformadoras

10 - Fabricação de produtos alimentícios 11 - Indústria das bebidas 12 - Fabricação de produtos de tabaco 13 - Fabricação de têxteis 14 - Fabricação de artigos de vestuário 15 - Fabricação de produtos de couro e afins 16 - Fabricação de madeira e de produtos de madeira e cortiça, exceto mobiliário; fabricação de artigos de palha e cestaria 17 - Fabricação de papel e produtos de papel 18 - Impressão e reprodução de mídia gravada 20 - Fabricação de produtos químicos e produtos químicos 21 - Fabricação de produtos farmacêuticos de base e de preparações farmacêuticas 22 - Fabricação de produtos de borracha e plásticos 23 - Fabricação de outros produtos minerais não metálicos 24 - Indústrias metalúrgicas de base 25 - Fabricação de produtos metálicos, exceto máquinas e equipamentos 26 - Fabricação de equipamentos informáticos, produtos eletrônicos e ópticos 27 - Fabricação de equipamento elétrico 28 - Fabricação de máquinas e equipamentos

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105

29 - Fabricação de veículos automóveis, reboques e semi-reboques 30 - Fabricação de outros equipamentos de transporte 31 - Fabricação de móveis 33 - Reparação e instalação de máquinas e equipamentos

D – Oferta de eletricidade, gás, vapor e ar condicionado

10.2 35 - Eletricidade, gás, vapor e ar condicionado n/a

E - Abastecimento de água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição

10.3 e 10.8

36 - Captação, tratamento e distribuição de água (10.3) 37 - Esgotos (10.3) 38 - Atividades de coleta, tratamento e eliminação de resíduos; recuperação de materiais (10.8) 39 - Atividades de despoluição e outros serviços de gestão de resíduos (10.8)

n/a

F - Construção 10.5 41 - Construção de edifícios 42 - Engenharia Civil 43 - Atividades especializadas de construção

n/a

G - Atacado e varejo; reparação de veículos automóveis e motocicletas

10.8

45 – Atacado e varejo e reparação de veículos automóveis e motocicletas 46 - Atacado, exceto de veículos automóveis e motocicletas 47 - Varejo, exceto de veículos automóveis e motocicletas

n/a

H - Transportes e armazenagem 10.4

49 - Transportes terrestres e transportes por meio de dutos 50 - Transporte aquático 51 - O transporte aéreo 52 - Armazenagem e atividades auxiliares dos transportes 53 - Atividades postais e de correio

n/a

I - Alojamento e atividades de serviços de alimentação

10.6 55 - Alojamento 56 - Atividades de serviços de alimentos e bebidas

n/a

J - Informação e comunicação 10.8

58 - Atividades editoriais 59 - Atividades de publicação de imagens em movimento, vídeo e televisão de produção de programas, gravação de som e música 60 - Atividades de programação e radiodifusão 61 - Telecomunicações 62 - Programação de computadores, consultoria e atividades relacionadas

n/a

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106

63 - Atividades dos serviços de informação

K - Atividades financeiras e de seguros

10.7

64 - Atividades de serviços financeiros, exceto seguros e fundos de pensões 65 - Seguros, resseguros e fundos de pensões, exceto segurança social obrigatória 66 - Atividades auxiliares de serviços financeiros e de seguros

n/a

L - Atividades imobiliárias 10.8 68 - Atividades imobiliárias n/a

M - Atividades profissionais, científicas e técnicas

10.8

69 - Atividades jurídicas e de contabilidade 70 - Atividades das sedes sociais ; Atividades de consultoria em gestão 71 - Atividades de arquitectura e de engenharia; ensaios e análises técnicas 72 - Investigação científica e desenvolvimento 73 - Publicidade e pesquisa de mercado 74 - Outras atividades profissionais, científicas e técnicas 75 - Atividades veterinárias

n/a

N - Atividades dos serviços administrativos e de apoio

10.8 e 10.6

77 - Atividades de aluguel e locação 78 - Atividades de emprego 79 - Agência de viagens, operadores turísticos, serviços de reservas e atividades relacionadas (10.6) 80 - Atividades de investigação e de segurança 81 - Serviços para edifícios e atividades de paisagem 82 Apoio do escritório administrativo e outras atividades de apoio às empresas

n/a

O - Administração pública e defesa; segurança social obrigatória

10.8 84 - Administração pública e defesa; segurança social obrigatória

n/a

P - Educação 10.8 85 - Educação n/a

Q - Atividades de saúde humana e ação social

10.8

86 - Atividades de saúde humana 87 - Atividades de cuidados residenciais 88 - Atividades de apoio social sem alojamento

n/a

R - Artes, entretenimento e recreação

10.6 90 - Atividades criativas, artísticas e de entretenimento n/a

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107

91 - Bibliotecas, arquivos, museus e outras atividades culturais 92 - Jogos de azar e apostas 93 - Atividades desportivas, de diversão e recreativas

S - Outras atividades de serviços

10.8

94 - Atividades de organizações associativas 95 - Reparação de computadores e de bens pessoais e domésticos 96 - Outras atividades de serviços pessoais

n/a

T - Atividades das famílias empregadoras; atividades de bens e serviços que produzem de famílias para uso próprio

10.8

97 - Atividades das famílias empregadoras de pessoal doméstico 98 - Atividades de bens e serviços para uso próprio

n/a

U - Atividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais

10.8 99 - Atividades de organizações e entidades extraterritoriais

n/a

* Nenhum resultado = sem resultados para o impacto das mudanças climáticas sobre a atividade econômica particular. Pode haver resultados para o impacto das mudanças climáticas sobre a atividade relacionada, ou para o impacto da atividade sobre a mudança climática.

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108 ANEXO 3 SUMÁRIO DOS PRINCIPAIS RESULTADOS DA ANÁLISE DOS IMPACTOS CLIMÁTICOS NOS SETORES ECONÔMICOS (IPCC, 2014b)

SETOR DRIVERS DA MUDANÇA CLIMÁTICA SINAL DO IMPACTO

TURISMO DE INVERNO

Temperatura Neve Negativo

TURISMO DE VERÃO

Temperatura Precipitação Nebulosidade

Negativo para fornecedores em altitudes e latitudes baixas Positivo para fornecedores em

altitudes e latitudes altas Neutro para turistas

DEMANDA DE REFRIGERAÇÃO

Temperatura Umidade Ondas de calor

Positivo para fornecedores Negativo para consumidores

DEMANDA DE AQUECIMENTO

Temperatura Umidade Ondas de frio

Negativo para fornecedores Positivo para consumidores

SERVIÇOS DE SAÚDE

Temperatura Precipitação

Positivo para fornecedores Negativo para consumidores

SERVIÇOS E INFRAESTRUTURA DE ÁGUA

Temperatura Precipitação Intensidade da tempestade Variabilidade sazonal

Negativo para usuários de água Positivo para fornecedores Espacialmente heterogêneo

TRANSPORTE

Temperatura Precipitação Intensidade da tempestade Variabilidade sazonal Congelamento ou Descongelamento

Negativo para todos os usuários Positivo para a indústria de

construção de transporte

SEGUROS

Inundações Tempestade de vento Granizo Secas Temperatura

Negativo para consumidores Neutro para fornecedores

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ANEXO 4 FLUXOGRAMA DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA NO MUNDO - 2010 (ECOFYS, 2013)