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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA CHRISTIANE SIQUEIRA DE AZEVEDO SÁ DESENVOLVIMENTO DE UM MATERIAL TÊXTIL TERMOSENSSÍVEL COM MICRO/NANOCÁPSULAS IMOBILIZADAS EM FIBRAS REGENERADAS NATAL 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · análises de MEV, DRX, FTIR, Tamanho de partícula, Potencial zeta, TG. Aos alunos de iniciação científica do LABTEX, Felipe, Rodrigo,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

CHRISTIANE SIQUEIRA DE AZEVEDO SÁ

DESENVOLVIMENTO DE UM MATERIAL TÊXTIL

TERMOSENSSÍVEL COM MICRO/NANOCÁPSULAS

IMOBILIZADAS EM FIBRAS REGENERADAS

NATAL

2015

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CHRISTIANE SIQUEIRA DE AZEVEDO SÁ

DESENVOLVIMENTO DE UM MATERIAL TÊXTIL

TERMOSENSSÍVEL COM MICRO/NANOCÁPSULAS

IMOBILIZADAS EM FIBRAS REGENERADAS

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Engenharia

Mecânica da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, na área de

Tecnologia dos Materiais, em

cumprimento as exigências para

obtenção do título de Mestre em

Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. Rasiah

Ladchumananandasivam

Co-Orientador: Prof. Dr. José Heriberto

O. do Nascimento

Natal/RN, Fevereiro, 2015

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CHRISTIANE SIQUEIRA DE AZEVEDO SÁ

DESENVOLVIMENTO DE UM MATERIAL TÊXTIL TERMOSENSSÍVEL COM

MICRO/NANOCÁPSULAS IMOBILIZADAS EM FIBRAS REGENERADAS

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de

MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA

Sendo aprovada em sua forma final.

Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam (Orientador – Presidente)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Prof. Dr. José Heriberto O. do Nascimento (Co-Orientador)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Prof. Dr. Fernando Ribeiro Oliveira (Examinador Interno)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Profª. Drª. Andreza Kelly Costa Nóbrega (Examinador Externo)

Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)

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Dedico este trabalho a Deus o Senhor da minha vida. Ao meu esposo Antônio Henrique, pela compreensão, amor e carinho. Aos meus familiares, em especial a minha mãe Maria Zuleide, pelo amor, dedicação, incentivo e ao meu querido pai e avô José Machado “in memoriam”.

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Pedi e vos dará. Buscai e acharei. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele

que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á.

Mateus 7, 7-8.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus o meu Senhor e Salvador, por estar

sempre ao meu lado me guardando, ensinando sempre o melhor caminho e

dando força para enfrentar as dificuldades.

Aos meus familiares, pais, avós, tios e tias, primos e primas, sogro e sogra

e ao meu padrasto pelo apoio e incentivo ao longo dessa carreira. Em especial

a minha mãe que muito se dedicou em me ajudar.

Ao meu esposo Antônio Henrique que está ao meu lado desde a

graduação, pelo amor, dedicação e compreensão por cada dia de dedicação

exclusiva aos estudos.

A Instituição Universidade Federal do Rio Grande do Norte -UFRN, que

proporcionou a minha formação acadêmica, tanto a nível de graduação, como

na pós- graduação, Mestrado.

Ao apoio financeiro da CAPES (Comissão de Aperfeiçoamento de

Pessoal do Ensino Superior).

Ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica - PPGEM, pela

contribuição em minha formação acadêmica.

Ao Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, pela confiança em mim

depositada, pelos conhecimentos, pela orientação e pela convivência desde a

época da graduação nessa Instituição e depois como aluna de mestrado.

Ao Prof. Dr. José Heriberto Oliveira do Nascimento, pelo incentivo para

fazer o mestrado, pela grande ajuda na elaboração do projeto, pela orientação e

pela convivência desde a graduação quando éramos alunos.

Ao Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza coordenador e a Luiz

Henrique secretário da pós- graduação em Engenharia Mecânica.

A todos os professores do Departamento de Engenharia Mecânica e aos

do Departamento de Engenharia Têxtil que contribuíram para a minha formação

acadêmica e profissional.

Aos técnicos e alunos dos laboratórios que ajudaram na realização das

análises de MEV, DRX, FTIR, Tamanho de partícula, Potencial zeta, TG.

Aos alunos de iniciação científica do LABTEX, Felipe, Rodrigo, Rivaldo,

Carlos Uala, por companhia e ajuda no laboratório químico têxtil, em especial a

minha amiga Rita Kássia que muito me ajudou na realização da parte prática do

meu trabalho.

Aos meus amigos de sala Mayara, Breno, Itailza, Alcione, Augusta,

Brismark, Dany Kramer e especial a Francisco Claudivam da Silva e Iris Oliveira

da Silva pelos momentos compartilhados, pela grande ajuda na realização deste

trabalho.

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RESUMO

Os materiais têxteis inteligentes e funcionais têm sido amplamente

desenvolvidos e pesquisados com a finalidade de serem utilizados em várias

áreas da ciência e tecnologia. Esses materiais fibrosos necessitam de diferentes

propriedades químicas e físicas para se tornarem materiais multifuncionais. Com

o advento da nanotecnologia, as técnicas desenvolvidas têm sido ferramentas

essenciais para caracterizar qualitativamente esses novos materiais.

Ultimamente a aplicação de micro e nanomateriais em substratos têxteis tem

sido objeto de muitas pesquisas. Muitos desses nanomateriais não tem sido

otimizado, e os custos para sua aplicação e a poluição ao meio ambiente vem

aumentando, pois ainda não existe tratamento de efluentes contento esses

nanomateriais. As fibras de soja têm baixa adsorção de micro e nanocápsulas

termosenssíveis devido a sua incompatibilidade de suas cargas superficiais. No

presente trabalho utilizou-se a síntese da quitosana para previamente

funcionalizar as fibras de soja. A quitosana é um polieletrólito natural

apresentando alta densidade de cargas positivas, as fibras de soja apresentam

cargas negativas bem como, as micro/nanocápsulas, com isso a quitosana atua

como agente cationizador da fibra. Neste caso a quitosana atua como agente

auxiliar cationizador para fixar as microcápsulas termosenssíveis no substrato

têxtil. Para a caracterização do polieletrólito foram feitas as análises do tamanho

das partículas, potencial zeta, bem como as análises morfológicas (MEV e DRX),

análises das propriedades térmicas (TG), análise da Calorimetria Exploratória

Diferencial (DSC), análise por Espectroscopia na Região do Infravermelho com

Transformada de Fourier (FTIR), colorimetria via espectro de UV-VIS foram

simultaneamente realizadas no substrato utilizado. No potencial zeta e na

determinação do tamanho das partículas foi observada a estabilidade

eletrostática da quitosana em torno de 31.55mV e 291,0 nm respectivamente. O

resultado obtido com (GD) para o material extraído de camarão foi de 70%, que

de acordo com a literatura pode ser considerada como quitosana. Para

otimização do processo de tingimento foi usado um software estatístico, o Design

expert. A funcionalização do substrato têxtil com 2% de quitosana apresentou o

melhor resultado de K/S, sendo o parâmetro utilizado para o planejamento

experimental juntamente com as variáveis, tendo demonstrado a melhor

resposta de tingimento na faixa de 2,624 de absorbância. Verificou-se também

que a malha de soja tingida com as nano/microcápsulas termosenssíveis

apresentou excelente propriedade de solidez a lavagem, que foi observada após

25 lavagens caseiras e valores significativos de K/S.

Palavras-chave: Têxteis inteligentes; Quitosana; Polieletrólito; Microcápsulas,

Nanotecnologia.

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ABSTRACT

Intelligent and functional Textile Materials have been widely developed and

researched with the purpose of being used in several areas of science and

technology. These fibrous materials require different chemical and physical

properties to obtain a multifunctional material. With the advent of

nanotechnology, the techniques developed, being used as essential tools to

characterize these new materials qualitatively. Lately the application of micro and

nanomaterials in textile substrates has been the objective of many studies, but

many of these nanomaterials have not been optimized for their application, which

has resulted in increased costs and environmental pollution, because there is still

no satisfactory effluent treatment available for these nanomaterials. Soybean

fiber has low adsorption for thermosensitive micro and nanocapsules due to their

incompatibility of their surface charges. For this reason, in this work initially

chitosan was synthesized to functionalise soybean fibres. Chitosan is a natural

polyelectrolyte with a high density of positive charges, these fibres have negative

charges as well as the micro/nanocápsules, for this reason the chitosan acts as

auxiliary agent to cationize in order to fix the thermosensitive microcapsules in

the textile substrate. Polyelectrolyte was characterized using particle size

analyses and the measurement of zeta potential. For the morphological analysis

scanning Electron Microscopy (SEM) and x-Ray Diffraction (XRD) and to study

the thermal properties, thermogravimetric analysis (TGA), Differential Scanning

Calorimetry (DSC), Near Infrared Spectroscopy analysis in the Region of the

Fourier Transform Infrared (FTIR), colourimetry using UV-VIS spectrum were

simultaneously performed on the substrate. From the measurement of zeta

potential and in the determination of the particle size, stability of electrostatic

chitosan was observed around 31.55mV and 291.0 nm respectively. The result

obtained with (GD) for chitosan extracted from shrimp was 70 %, which according

to the literature survey can be considered as chitosan. To optimize the dyeing

process a statistical software, Design expert was used. The surface

functionalisation of textile substrate with 2% chitosan showed the best result of

K/S, being the parameter used for the experimental design, in which this showed

the best response of dyeing absorbance in the range of 2.624. It was noted that

soy knitting dyed with the thermosensitive micro andnanocapsules property

showed excellent washing solidity, which was observed after 25 home washes,

and significant K/S values.

Keywords: Intelligent textiles, Chitosan, Polyelectrolyte, Microcapsules,

Nanotechnology

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fluxograma 1: A nanotecnologia no segmento têxtil. ....................................... 13

Fluxograma 2:Classificação das fibras têxteis.................................................. 15

Fluxograma 3: Processo de obtenção da quitina e quitosana. ......................... 28

Figura 1: Representação esquemática das estruturas polimórficas de quitina... 4

Figura 2: Estrutura química da (a) celulose, (b) quitina e (c) quitosana. ............ 6

Figura 3: Reação de desacetilação da quitina.................................................... 7

Figura 4: Representação de uma microcápsula. .............................................. 20

Figura 5:Ilustração do princípio do termocromismo. ......................................... 21

Figura 6: Molécula do corante termocrômico. .................................................. 24

Figura 7: Ilustração da ligação entre fibra/quitosana/cápsulas. ........................ 54

Imagem 1: Equipamento para funcionalização e tingimento das amostras. ..... 30

Imagem 2: Rama .............................................................................................. 31

Imagem 3: Espectrofotômetro de bancada. ..................................................... 31

Imagem 4: Aparelho de Microscopia Eletrônica ............................................... 35

Imagem 5: Cascas trituradas............................................................................ 39

Imagem 6: Processo de desmineralização. ...................................................... 39

Imagem 7: Processo de desproteinização (Quitina). ........................................ 40

Imagem 8: Processo de desodorização. .......................................................... 40

Imagem 9: Processo de desacetilação (Quitosana). ........................................ 41

Imagem 10: Processo de diluição da quitosana. .............................................. 41

Imagem 11: Quitosana diluída. ......................................................................... 42

Imagem 12: Micrografia da quitosana em pó. .................................................. 46

Imagem 13: Micrografia da quitosana em pó. .................................................. 47

Imagem 14: Micrografia da quitosana em pó. .................................................. 47

Imagem 15: Amostras funcionalizadas com quitosana e tingidas. ................... 56

Imagem 16: Micrografia da fibra de soja (A) e (B) com micro/nanocápsulas. .. 57

Imagem 17: Micrografia das micro/nanocápsulas termosenssíveis. ................ 57

Imagem 18: Micrografia das micro/nanocápsulas termosenssíveis. ................ 58

Imagem 19: Amostra após lavagem. ................................................................ 59

Imagem 20: Solidez a lavagem (A) sem lavagem, (B) após 25 lavagens. ....... 59

Imagem 21: Amostra com melhor resultado do planejamento experimental. ... 61

Imagem 22: Efluente (a), Solução de tingimento (b) ........................................ 61

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Potencial zeta da quitosana ............................................................. 43

Gráfico 2: Potencial zeta das micro/nanocápsulas termosenssíveis. ............... 44

Gráfico 3: Tamanho de partícula da quitosana................................................. 45

Gráfico 4: FTIR da quitosana em pó. ............................................................... 49

Gráfico 5: DRX da Quitosana. .......................................................................... 50

Gráfico 6: DRX da Soja sem tratamento. ......................................................... 51

Gráfico 7: DRX da Soja tratada com quitosana. ............................................... 51

Gráfico 8: Curva TG da quitosana, soja, soja com quitosana, soja com

quitosana e cápsulas, cápsulas termosenssíveis. ............................................ 53

Gráfico 9: Funcionalização das amostras com quitosana. ............................... 55

Gráfico 10: Solidez a Lavagem. ....................................................................... 60

Gráfico 11: Resultados de K/S do planejamento experimental. ....................... 62

Gráfico 12: Diagrama de Pareto do tingimento. ............................................... 64

Gráfico 13: Valores observados em função dos previstos. .............................. 66

Gráfico 14: Normal de probabilidade de resíduos. ........................................... 67

Gráfico 15: Combinação da Concentração (B) e Temperatura (A). .................. 68

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Receita de alvejamento. ................................................................... 29

Tabela 2: Variáveis usadas no planejamento experimental. ............................ 32

Tabela 3: Parâmetros usados no planejamento experimental.......................... 33

Tabela 4: Cálculo de rendimento do processo de obtenção da Quitosana. ..... 38

Tabela 5: Valor em mV do potencial zeta da quitosana. .................................. 43

Tabela 6: Valor em mV do potencial zeta das micro/nanocápsulas

termosenssíveis. .............................................................................................. 44

Tabela 7: Tamanho médio de partícula e polidispersão da quitosana ............. 45

Tabela 8: Relação entre os termos, efeito padrão e % contribuição para o

modelo. ............................................................................................................ 64

Tabela 9: Análise de Variância (ANOVA) para a resposta do K/S ................... 65

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LISTA DE ABREVIATURAS

CS - Quitosana

HCl - Ácido clorídrico

NaOH – Hidróxido de sódio

NaOCl – Hipoclorito de sódio

H2O2 – Peróxido de hidrogênio

pH – Potencial hidrogeniônico

NH2 – Amina

CF3(CF2)7SO3Li – Hepetadecafluorooctano

CS – Quitosana

DNA - Ácido Desoxirribonucleico

RNA – Ácido Ribonucleico

SF – Farinha de Soja

SPC – Concentrado de Proteína de Soja

SPI – Proteína Isolada de Soja

SPF – Fibra Proteica de Soja

UV – Radiação Ultravioleta

RPM – Rotações por minuto

K/S – Força Colorística

MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura

DRX – Difratometria de Raio- X

ICR – Índice de Cristalinidade Relativa

TG – Análise Termogravimétrica

FTIR – Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourrier.

LABTEX – laboratório Químico Têxtil

mS/cm – miliSiemens por centímetro

Pa.S – Pascal por segundo

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO. ............................................................................................ 1

2. OBJETIVO GERAL ..................................................................................... 3

2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS. ................................................................... 3

3. REFERENCIAL TEÓRICO. ......................................................................... 4

3.1. QUITINA E QUITOSANA ......................................................................... 4

3.1.1. Quitosana como Biomaterial ........................................................... 9

3.1.2. Modificação Superficial de Fibras Têxteis .................................... 10

3.1.3. Biomateriais .................................................................................. 11

3.2. NANOTECNOLOGIA ............................................................................. 12

3.2.1. Aplicação de Nanotecnologia na indústria têxtil .................................. 13

3.3. FIBRAS .................................................................................................. 14

3.3.1. Fibras biodegradáveis .................................................................. 15

3.3.2. Fibras de Proteínas ...................................................................... 16

3.3.3. Fibras Regeneradas e Modificadas .............................................. 16

3.3.4. Fibra de Soja ................................................................................ 16

3.4. MICROCÁPSULAS ................................................................................ 18

3.5. CROMISMO ........................................................................................... 20

3.6. TÊXTEIS INTELIGENTES ..................................................................... 24

4. METODOLOGIA. .......................................................................................... 26

4.1. Materiais e equipamentos ...................................................................... 26

4.2. Procedimento experimental ................................................................... 26

4.2.1. Obtenção da Quitosana ................................................................... 26

4.2.2.Tratamento do Substrato Têxtil ......................................................... 29

4.2.3.Tratamento Superficial com Quitosana ............................................. 29

4.2.4.Tingimento com as Micro/nanocápsulas Termosenssíveis ............... 30

4.2.5. Espectrofotometria UV/VIS .............................................................. 31

4.2.6. Análise Estatística do Tingimento através do Planejamento

Experimental 24.......................................................................................... 32

4.3. TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO ..................................................... 33

4.3.1. Potencial Zeta .................................................................................. 34

4.3.2. Tamanho de Partícula ...................................................................... 34

4.3.3. Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV ................................... 35

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4.3.4. Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier –

FTIR ........................................................................................................... 36

4.3.5. Difratometria de Rios-X – DRX ........................................................ 36

4.3.6. Análise Termogravimétrica – TG ..................................................... 37

4.3.7. Solidez a Lavagem .......................................................................... 37

5. RESULTADOS ............................................................................................. 38

5.1. Processo de Obtenção da Quitosana .................................................... 38

5.2. Potencial Zeta ........................................................................................ 42

5.3. Tamanho de Partícula ............................................................................ 44

5.4. Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV.......................................... 46

5.5. Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier – FTIR 48

5.5.1. Grau de Desacetilação .................................................................... 49

5.6. Difratometria de Rios-X – DRX .............................................................. 50

5.6.1. Índice de Cristalinidade .................................................................... 50

5.7. Análise Termogravimétrica – TG ............................................................ 52

5.8. Tratamento Superficial do Substrato Têxtil com Quitosana ................... 53

5.9. Solidez a Lavagem ................................................................................. 58

5.10. Análise Estatística do Tingimento através do Planejamento

Experimental 24 ............................................................................................. 60

5.10.1. Gráfico de Pareto ........................................................................... 63

5.10.2. Gráfico de relação dos Valores Previstos e dos Valores Observados

................................................................................................................... 66

5.10.3. Gráfico Normal de Probabilidade de Resíduos .............................. 67

5.10.4. Gráficos 3D de Superfícies ............................................................ 68

6. CONCLUSÃO ............................................................................................ 69

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................ 71

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 72

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1. INTRODUÇÃO.

Os processos de modificação superficial de fibras têxteis por vias

químicas/físicas têm sido amplamente utilizados para melhorar a

adesão/adsorção de nanopartículas, corantes e pigmentos sobre estes

substratos. Atualmente, a modificação da superfície de fibras têxteis é

considerada como o melhor caminho para obter tratamentos têxteis modernos

(ENESCU, 2008).

Entre vários biopolímeros disponíveis, o polissacarídeo quitosana (CS) é

altamente recomendável para o processo de modificação superficial de fibras

têxteis, uma vez que apresenta propriedades biológicas e químicas únicas e a

sua solubilidade em soluções ácidas torna facilmente disponíveis para fins

industriais (ENESCU, 2008). Em pH ácido a quitosana comporta-se como

polieletrólito, apresentando alta densidade de carga, uma carga positiva por cada

unidade de glicosamina (CRAVEIRO; CRAVEIRO; C., 2004).

Muitos materiais como proteínas, polissacarídeos aniônicos, ácidos

nucleicos, ácidos graxos, etc. que possuem cargas negativas tem fortes

interação com a quitosana, em razão da sua carga positiva (CRAVEIRO;

CRAVEIRO; C., 2004). Como o substrato usado tem cargas superficiais

negativas, a soja que é produzida a partir de proteínas, há uma grande interação

entre o substrato e a quitosana.

A indústria têxtil é considerada um setor tradicional, porém foi uma das

pioneiras a introduzir a nanotecnologia nos seus produtos. Isto só foi possível

em função da sensibilidade de vários pesquisadores em ver que a nanociência

pode contribuir para desenvolver produtos têxteis inovadores, com diferentes

funcionalidades e desempenhos (NASCIMENTO, 2012).

Pigmentos termocromáticos orgânicos são compostos que mudam de cor em

função da temperatura em pequeno gradiente, quando comparados com os

inorgânicos. Estes são os mais usados industrialmente e podem ter uma variada

aplicação, nomeadamente em janelas, cobertura de estufas e em substratos

têxteis (BAMFIELD, 2001).

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As microcápsulas são partículas esféricas com tamanhos entre 50 nm e

aproximadamente 2 micrômetros, que são compostas por uma matriz polimérica

(parede) e um componente ativo encapsulado. As micro/nanocápsulas com

efeito termocromáticos, elas são constituídas por três componentes: um

composto sensível ao pH, um doador de prótons que atua como promotor da cor

e um solvente hidrofóbico não volátil (NASCIMENTO, 2012).

Uma fibra inteligente é aquela que pode reagir diante da variação de um

estímulo, luz, calor, suor, pH, etc., no lugar onde se produz a variação do

estímulo, mas que se comporta como uma fibra normal no local onde estes

estímulos não acontecem. As fibras inteligentes podem apresentar o

comportamento que as caracteriza devido a incorporação de microcápsulas em

seu interior. Quando se produz um tecido com essas fibras, este tecido adquire

as propriedades das fibras que o compõe e torna-se conhecido como tecido

inteligente (SÁNCHEZ, 2006).

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2. OBJETIVO GERAL

Neste projeto o objetivo foi desenvolver um têxtil funcional termocrômico,

previamente cationizado com um polieletrólito natural, a quitosana, e tingido pelo

método de exaustão.

2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.

Sintetizar um polieletrólito natural para atuar como auxiliar têxtil e modificar

as fibras de soja para melhorar a adsorção de micro/nanocápsulas

termocromáticas.

Caracterizar o polieletrólito através das técnicas de Microscopia Eletrônica

de Varredura (MEV), Difratometria de Raios-X (DRX), análise Termogravimétrica

e (TG), Espectroscopia na Região do Infravermelho com Transformada de

Fourier (FTIR), Potencial Zeta e Tamanho de Partícula.

Fazer o tingimento da soja com as nano/microcápsulas termocromáticas,

utilizando uma ferramenta estatística para otimizar este processo.

Caracterizar o material, têxtil funcional termocrômico, através das análises

de MEV, DRX, TG, espectrofotometria, coordenadas colorimétricas e solidez a

lavagem.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO.

3.1. QUITINA E QUITOSANA

A quitina é um biopolímero essencialmente produzido por fontes naturais

renováveis, encontrada nos exoesqueletos dos crustáceos (camarão,

caranguejo, siri, lagosta e krill), nos insetos, nas algas diatomáceas e também

na parede celular de alguns fungos. A fonte comercial mais utilizada são as

cascas de crustáceos marinhos (camarões e caranguejos), devido às largas

quantidades disponíveis desta fonte, essencialmente subprodutos da indústria

de processamento alimentar (MOURA; SCHMIDT; PINTO, 2006), (CAMPANA-

FILHO et al., 2007).

A quitina é a segunda substância orgânica mais abundante na biosfera, é

superada apenas pela celulose, mas a sua taxa de reposição chega a ser duas

vezes superior à da celulose, é a principal fonte de poluição superficial nas zonas

costeiras (CAMPANA-FILHO et al., 2007), (ABDOU; NAGY; ELSABEE, 2008).

A quitina apresenta três diferentes formas polimórficas, descritas como α-

quitina, β-quitina e γ-quitina, dependendo de sua estrutura cristalina, da

disposição de suas cadeias e da presença de moléculas de água, figura 1,

(MOURA; SCHMIDT; PINTO, 2006).

Figura 1: Representação esquemática das estruturas polimórficas de quitina

Fonte: Adaptado de CAMPANA-FILHO et al., 2007.

Após a solubilização, a quitina pode formar fibras, esponjas e filmes por

extrusão ou liofilização. A quitina pode ser processada na forma de filmes e fibras

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a partir de misturas com celulose ou seda. Estas fibras são antialérgicas,

desodorizantes, antibacteriana e controladora de umidade. Estes materiais

também podem incorporar diferentes drogas ou outros tipos de moléculas.

Levando-se em conta a biodegradabilidade, não-toxicidade, propriedades

antibacterianas, hidrofilidade, e afinidade para as proteínas formadoras de gel, a

quitina é amplamente utilizada na imobilização de enzima (RINAUDO, 2008).

É solúvel em meio ácido, formando um polímero catiônico, com a

protonação (adição de prótons) do grupo amino (NH3+), que confere

propriedades especiais diferenciadas em relação às fibras vegetais (KUMAR,

2000).

Estruturalmente, a quitina é semelhante à celulose substituindo-se os grupos

OH do carbono-2 de cada unidade glicosídica da celulose por grupos acetilados

(-NHCOCH3). Logo, a quitina é um polissacarídeo linear contendo cadeias de

resíduos β-(1-4)-2-acetamida-2-desoxi-D-glicose. Já a quitosana difere da

quitina, por ocorrer desacetilação na posição do carbono-2 de cada unidade

glicosídica por grupos aminas, como apresentado na figura 2 (ANTONINO,

2007).

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Figura 2: Estrutura química da (a) celulose, (b) quitina e (c) quitosana.

Fonte: ANTONINO 2007.

A quitosana é obtida pela reação de desacetilação da quitina em meio

alcalino, figura 3. A quitosana é um copolímero de 2-amino-2-deoxi-D-

glicopiranose e 2-acetamido-2-deoxi-D-glicopiranose. Este polímero possui uma

estrutura cristalina altamente organizada. Dessa forma, é um polímero insolúvel

em meio aquoso e na maioria dos solventes orgânicos, e tem baixa reatividade

química. A insolubilidade da quitina é o maior fator limitante da sua utilização. A

quitosana pode ser modificada fisicamente, sendo uma das vantagens mais

interessantes a sua grande versatilidade em ser preparada em diferentes formas,

tais como pós, flocos, microesferas, nanopartículas, membranas, esponjas,

fibras (LARANJEIRA; FÁVERE, 2009).

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Figura 3: Reação de desacetilação da quitina.

Fonte: Adaptado de LARANJEIRA, FÁVERE, 2009.

Para a obtenção de 1 kg de quitosana desacetilada a 75%, a partir de cascas

de camarão, são necessários cerca de 6,3 kg de HCl para desmineralização, 1,8

kg de NaOH para desproteinização e desacetilação, e 1,5 toneladas de água

para a ocorrência total das reações. Com tudo isso, o custo da quitina purificada,

no mercado internacional, gira em torno de US$ 750 por quilograma (SPIN-

NETO et al., 2008).

Quando o grau de desacetilação da quitina atinge cerca de 50%

(dependendo da origem de polímero), torna-se solúvel em soluções aquosas

ácidas médias e é chamada de quitosana (RINAUDO, 2006).

O termo quitosana abrange uma série de polímeros, que variam em massa

molar (em torno de 10.000 a 1 milhão de Daltons), dependendo da fonte e

procedimentos de preparação, e grau de desacetilação de 50 a 95% (LIMA,

2006).

A molécula de quitosana apresenta três tipos de grupos funcionais reativos:

um grupo amino e dois grupos hidroxila, um primário e um secundário, nas

posições C(2), C(3) e C(6), respectivamente (KIM et al., 2008). O grupo amino é

facilmente protonado, melhorando sua solubilidade. Os grupos hidroxila

secundários também podem ser substituídos com o objetivo de aumentar a

solubilidade do polímero. As hidroxilas primárias, em particular, podem ser

substituídas por cadeias, formando polímeros ramificados, ou mesmo

copolímeros grafitizado (VINSOVA; VAVRIKOVA, 2008).

A quitosana normalmente é insolúvel em soluções aquosas, com pH superior

a 7. Entretanto, em alguns ácidos, os grupos amino livres são protonados e a

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molécula torna-se altamente solúvel em pH ácido (SPIN-NETO et al., 2008). Em

pH ácido a quitosana comporta-se como polieletrólito, apresentando alta

densidade de carga, uma carga positiva por cada unidade de glicosamina

(CRAVEIRO; CRAVEIRO; C., 2004).

A quitosana é uma poliamina linear que possui grupamentos amino

disponíveis para reações químicas, aos quais são atribuídas as propriedades de

maior interesse. Estes grupamentos em presença de soluções ácidas, podem

adquirir uma carga positiva. Daí sua capacidade de solubilizar-se em ácidos

orgânicos, o que constitui uma das principais características que diferencia a

quitosana em relação à quitina (MOURA; SCHMIDT; PINTO, 2006).

A solubilidade da quitosana estará intimamente relacionada com a

quantidade de grupos amino protonados (–NH3+) na cadeia polimérica. Quanto

maior a quantidade destes grupos, maior o número de interações eletrostáticas

repulsivas entre as cadeias e também maior a sua solvatação em água. Deste

modo, o conhecimento preciso do teor de grupos –NH2 é um fator de muita

importância e que poderá condicionar a utilização da quitosana nas suas

diferentes aplicações (SPIN-NETO et al., 2008).

A quitosana tem muitas aplicações na indústria têxtil incluindo fibras de

quitosana, no tratamento de águas residuais, na remoção de odor e como agente

antimicrobiano (ÖKTEM, 2003).

Muitos materiais como proteínas, polissacarídeos aniônicos, ácidos

nucleicos, ácidos graxos, etc. que possuem cargas negativas têm fortes

interações com a quitosana, em razão da carga positiva desta. A quitosana adere

facilmente a polímeros naturais como cabelo e pele, constituídos por proteínas

e mucopolissacarídeos com cargas negativas (CRAVEIRO; C., 2004).

Devido as suas características de biodegradabilidade, biocompatibilidade e

hidrofilidade, além de ser proveniente de um recurso natural renovável e

abundante, quitina e quitosana vêm sido largamente utilizadas em estudos

relacionados a tratamento de efluentes, utilizada como agentes quelantes de

metais, floculantes, adsorventes de corantes, adsorventes de ânions metálicos,

dentre outras aplicações (MOURA; SCHMIDT; PINTO, 2006).

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A quitosana apresenta uma excelente capacidade de formar filmes, que têm

atraído as atenções e o interesse do mundo cientifico e da indústria. Mas, apesar

das suas vantagens e propriedades únicas, os filmes de quitosana apresentam

algumas desvantagens, a fragilidade é uma delas (FERNANDES et al., 2009).

Devido à ação antimicrobiana do grupo amino na posição C2 do resíduo de

glucosamina, a quitosana também é conhecida por ser um polissacarídeo

antimicrobiano. A capacidade da quitosana para imobilizar microrganismos

deriva de seu caráter policatiônico. Os grupos amino protonados bloqueiam as

sequências de proteína dos microrganismos, inibindo assim a proliferação dos

mesmos (ÖKTEM, 2003).

3.1.1. Quitosana como Biomaterial

A quitosana aplicada aos têxteis tem sido amplamente estudado para efeitos

como, melhorar a absorção do corante e agentes auxiliares ou anti-estáticos, por

causa da baixa toxicidade e boa biocompatibilidade deste polímero natural

(ZHANG et al., 2003).

Zhang et al., 2003 usaram a quitosana como agente antimicrobiano em

tecido de algodão, usando o glutaraldeído como agente de reticulação. Eles

pesquisaram o comportamento antibacteriano da quitosana em relação a

Escherichia coli. Foi preparada uma solução com quitosana e dialdeído numa

razão de 1:1, a solução ficou em repouso durante uma hora para a reação dos

grupos CHO do dialdeído com NH2 da quitosana, em seguida o tecido foi

mergulhado na solução resultando num pick-up de 110%. O tecido impregnado

com a solução foi seco a 80°C durante 5 minutos e polimerizados a 140°C por 3

minutos. Perceberam que quanto maior o peso molecular da quitosana menor é

a taxa de proliferação das bactérias estudadas e que quanto maior o grau de

desacetilação, maior a redução na taxa de proliferação das bactérias.

Ivanova e Philipchenko (2012) desenvolveram um tecido de algodão

hidrofóbico usando uma solução de quitosana com um tensoativo aniônico

hepetadecafluorooctano de lítio sulfonado CF3(CF2)7SO3Li. Para formar o

revestimento de nanopartículas hidrofóbicas foi pulverizado a dispersão sobre a

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amostra de tecido, em seguida foi seca ao ar, lavada com água pura por várias

vezes e novamente seco ao ar. Após evaporação do solvente, as amostras foram

secas numa estufa de vácuo a 110°C (IVANOVA; PHILIPCHENKO, 2012).

3.1.2. Modificação Superficial de Fibras Têxteis

A modificação ou funcionalização de fibras têxteis e de superfícies

poliméricas está ganhando cada vez mais importância. As modificações podem

atribuir novas propriedades a estes materiais, melhorar o desempenho em

aplicações convencionais e abrir novos campos de aplicação para os materiais

poliméricos. Em fibras têxteis, principalmente quando usadas em artigos de

vestuário, as modificações devem ser resistentes às repetidas lavagens e

secagens (ANDREAUS; DALMOLIN, 2010).

Processos de modificação superficial das fibras têxteis por vias

químicas/físicas têm sido amplamente utilizados para melhorar a

adesão/adsorção de corantes, pigmentos e nanopartículas sobre os substratos

têxteis. Hoje em dia, a modificação da superfície de fibras têxteis é considerada

como o melhor caminho para obter tratamentos têxteis modernos (ENESCU,

2008). Ele permite o nível requerido de efeitos benéficos pela modificação

apenas da superfície da fibra, minimizando assim, ataque a fibra, e por

conseguinte, a deterioração da qualidade da fibra pode ser facilmente evitada.

Entre vários biopolímeros disponíveis, o polissacarídeo quitosana (CS) é

altamente recomendável, uma vez que apresenta propriedades biológicas e

químicas únicas e a sua solubilidade em soluções ácidas torna facilmente

disponíveis para fins industriais (ENESCU, 2008).

Existem muitas técnicas para controlar as características de superfície das

fibras no que diz respeito ao processamento têxtil. Anteriormente, eram

aplicados principalmente os sistemas líquidos, mas atualmente, os sistemas

secos que são ambientalmente mais corretos, como o plasma, pulverização, e

feixe de íons são de muito interesse para aplicações em diversos materiais

(WAKIDA; TOKINO, 1996).

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Produtos têxteis com propriedades antibacterianas tem se tornado cada vez

mais importante para aplicações higiênicas e médicas. A aplicação de

acabamentos antimicrobianos nos materiais têxteis pode impedir o crescimento

e proliferação de bactérias. Os materiais antibacterianos, tais como fios, tecidos

e vestuário são muito importantes para evitar a infecção cruzada por

microrganismos patogênicos, especialmente bactérias, como Staphylococcus

aureus, Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae. Assim, os polímeros naturais

como quitosana e extrato naturais foram usados para fazer o acabamento nos

tecidos e foram considerados eficientes para cumprir estes objetivos

(CHANDRASEKAR; VIJAYAKUMAR; RAJENDRAN, 2014).

3.1.3. Biomateriais

Biomateriais à base de quitosana tiveram utilização sugerida como

bioadesivo, agente cicatrizador, agente antimicrobiano, material de bandagem,

molde para enxerto de pele, agente hemostático, material para sutura, e até

mesmo material para lentes de contato, na forma de filmes, géis, cápsulas, micro

cápsulas ou soluções. Recentemente, pesquisadores têm mostrado interesse

em novos materiais capazes de serem associados a outras substâncias que

favoreçam a formação óssea, especialmente os biopolímeros naturais, em

particular a quitosana, que pode apresentar potencial na reparação de defeitos

ósseos, levando em consideração as limitações de outros biomateriais (SPIN-

NETO et al., 2008).

Os biopolímeros são produzidos por organismos vivos, como plantas e micro

organismos. Celulose, amido, proteínas, peptídeos, DNA e RNA, são exemplos

de biopolímeros, no qual as unidades monoméricas são, respectivamente,

açúcares, aminoácidos e nucleotídeos. Biopolímeros estão presentes em

qualquer organismo, e na maioria desses organismos eles contribuem para a

maior fração da matéria seca celular. Eles possuem uma ampla gama de funções

essenciais ou benéficas para os organismos (BEDÊ, 2010).

A quitosana, por ser um biomaterial seletivamente permeável, surgiu como

bom candidato a meio de liberação de medicamentos no meio gastrointestinal,

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na mucosa oral, canais radiculares, dentinas cariadas ou bolsas periodontais, e

os estudos realizados têm apresentado resultados que colaboram com o uso da

quitosana nesta aplicação, visto que explicitam as qualidades dessa substância

como agente de liberação de fármacos, principalmente quando se necessita de

liberação lenta e controlada (SPIN-NETO et al., 2008).

3.2. NANOTECNOLOGIA

A nanotecnologia é entendida como a ciência de materiais para o domínio

de partículas e interfaces com dimensões extremamente pequenas, da ordem

de 1 a 100 nanômetros. Partículas deste tamanho, ou “nanopartículas”,

apresentam uma grande área superficial e, frequentemente, exibem

propriedades mecânicas, ópticas, magnéticas ou químicas distintas de partículas

e superfícies macroscópicas. O aproveitamento dessas propriedades em

aplicações tecnológicas forma a base da nanotecnologia de materiais (QUINA,

2004).

Os materiais em escala nano são ideais para utilizar em compósitos bem

como em sistemas que envolvam reações catalíticas, ativação de superfícies,

armazenamento, transformação e libertação de energia por células combustíveis

(hidrogênio e gás natural), células solares, sistemas nanoparticulados dispersos

(nanopartículas dispersas numa emulsão, microemulsão ou nanoemulsão

aquosa), dentre outros (NASCIMENTO, 2012).

O Brasil lidera as pesquisas e desenvolvimento de novos materiais com

nanotecnologia na América latina, devido às políticas e programas de

desenvolvimento, construção de novos centros de pesquisas em colaboração

com o bloco do Mercosul (principalmente Argentina), criação de redes de

pesquisa nacional envolvendo diversas instituições de ensino, liderada pela

Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Campinas (Unicamp) e

também com a significativa cooperação em patentes e publicações com os

Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Japão, Inglaterra, Canadá (KAY;

SHAPIRA, 2009).

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3.2.1. Aplicação de Nanotecnologia na indústria têxtil

A indústria têxtil é considerada um setor tradicional, porém foi uma das

pioneiras a introduzir a nanotecnologia nos seus produtos, como mostra o

fluxograma 1. Muitos produtos com nanotecnologia passiva já estão sendo

produzidos pelas indústrias têxteis (roupas, têxteis técnicos e médicos em

especial, não tecidos). Isso foi devido a sensibilidade de vários investigadores

em ver que a nanociência pode contribuir para o desenvolvimento de produtos

têxteis inovadores, com diferentes funcionalidades e desempenhos. Nos tempos

atuais, aplicar nanotecnologia requer estudo intenso, muita pesquisa e custo

muito elevado, mas espera-se que estes custos diminuam a longo prazo devido

ao avanço das inovações nanotecnológicas (NASCIMENTO, 2012).

Fluxograma 1: A nanotecnologia no segmento têxtil.

Fonte: adaptado de NASCIMENTO, 2012.

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3.3. FIBRAS

As Fibras Têxteis, são elementos filiformes (tem forma de filamento),

caracterizados pela flexibilidade, finura e grande comprimento em relação à sua

dimensão transversal máxima, o que as torna portanto, apropriadas para

aplicações têxteis. As fibras podem ser descontínuas e contínuas. As

descontínuas têm comprimento limitado a alguns centímetros. As contínuas têm

um comprimento muito grande e é limitado apenas por razões técnicas: no caso

da seda natural, o conteúdo do casulo; no caso das fibras não naturais, a

capacidade da embalagem (Ladchumananandasivam, 2005).

As fibras têxteis podem ter várias origens, e esse é o critério comumente

usado para a sua classificação. Assim as fibras podem ser: de origem natural se

são produzidas pela natureza sob uma forma que as torna aptas para o

processamento têxtil; ou de origem não-natural (que não existe na natureza) se

são produzidas por processos industriais, quer a partir de polímeros naturais

transformados por ação de reagentes químicos (fibras regeneradas ou

artificiais), quer por polímeros obtidos por síntese química (fibras sintéticas),

como mostra o fluxograma 2.

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Fluxograma 2:Classificação das fibras têxteis.

Fonte: LADCHUMANANANDASIVAM, 2006.

3.3.1. Fibras biodegradáveis

Muitas fibras naturais, regeneradas ou sintéticas, são biodegradáveis. As

fibras naturais podem ser subdivididas em três categorias principais,

dependendo da sua natureza ou origem: vegetal, animal ou mineral. As fibras

vegetais e fibras de origem animal são totalmente biodegradáveis, enquanto as

fibras minerais não são. As fibras vegetais são obtidas a partir de diversas partes

das plantas incluindo as folhas, caules, e frutas / sementes. Os comprimentos

destas fibras dependem principalmente da sua localização no interior da planta,

por exemplo, as fibras dos frutos/sementes são curtas (alguns centímetros),

enquanto fibras do caule e folhas podem ter mais de um metro de comprimento

(BLACKBURN, 2005).

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3.3.2. Fibras de Proteínas

Fibras de proteínas são constituídas por cadeias polipeptídicas compostas

por vários aminoácidos como unidades primárias (monoméricos). Fibras de

proteínas podem ser classificadas em quatro grupos distintos, com base na

fonte: fibras do cabelo/pelo de animais, fibras formadas por secreção, fibras

obtidas a partir de penas de aves, e fibras que são regeneradas a partir de

proteínas vegetais ou animais (BLACKBURN, 2005).

3.3.3. Fibras Regeneradas e Modificadas

Uma das fibras regeneradas de celulose mais comum é a fibra de raion

viscose (viscose), derivado a partir da polpa da madeira purificada. Muitas

variedades de fibras de viscose, por exemplo viscose de alta tenacidade estão

disponíveis comercialmente.

Lyocell é produzido de polpa de madeira através de um processo de fiação

a solvente. Existem vários sistemas de solventes efetivos na dissolução direta

da celulose: Cloreto de lítio, dimetil acetamida, Amônia, tiocianato de amônia.

Lyocell tem várias propriedades interessantes que resultam do arranjo cristalino

das unidades celulósicas. O grau de polimerização e cristalinidade são maiores

do que do ráion viscose. As unidades cristalinas são conectadas pelas pontes

de hidrogênio (LADCHUMANANANDASIVAM, 2006).

3.3.4. Fibra de Soja

A utilização de proteína de soja não é nova, já na década de 1910 Henry

Ford experimentou o uso de materiais agrícolas para fazer peças de carros. Ele

tentou muitas culturas, incluindo glúten de trigo, farelo e óleo de soja e foi bem

sucedido em fazer várias peças de automóveis, tais como caixa de bobina com

glúten de trigo reforçado com fibras de amianto e porta-luvas, trocador de

marchas, maçanetas, botões de buzina, pedais de acelerador, cabeças

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distribuidoras, acabamento interno, painéis, etc., com farelo de soja reforçados

com fibras (BLACKBURN, 2005).

As proteínas de soja disponíveis comercialmente são classificadas em três

grupos principais com base no teor de proteína: farinha de soja (SF),

concentrado de proteína de soja (SPC) e proteína isolada de soja (SPI). SF

contém cerca de 55% de proteínas e 35% de amido (hidratos de carbono) é a

forma que tem menos proteína de soja refinada e é preparada por moagem de

flocos de grãos de soja. SPC é preparado por eluição de componentes solúveis

a partir de farinha de soja desengordurada e contém cerca de 70% de proteína

e 18% de carboidratos. SPI é a forma mais pura de todas elas e contém cerca

de 95% de proteína (BLACKBURN, 2005).

Criar uma fibra feita pelo homem, macia, confortável e economicamente

viável equivalente a lã, uma fibra de proteína natural, tem sido uma meta para

as indústrias têxteis, cientistas e fabricantes. Desenvolvimentos em fibras

biodegradáveis a partir de recursos renováveis no final do século XX, reavivaram

o interesse nestas fibras. O desenvolvimento de uma fibra como a lã a partir de

soja é uma história de inovação tecnológica (e fracasso) interligados com a

mudança de política e prioridades ecológicas. As fibras de proteína de soja foram

uma das inovadoras e pioneiras nas fibras proteicas regeneradas que foram

desenvolvidos na metade do século XX. No entanto, os problemas técnicos

significavam que as fibras não poderiam competir com tantas fibras naturais ou

as fibras sintéticas recém-desenvolvidas e assim, ter aplicação comercial

limitada, não se tornou fibras convencionais e foram quase totalmente

esquecidas (BLACKBURN, 2005).

A fibra de soja é uma fibra proteica regenerada sendo um polímero natural

obtido a partir da semente de soja. É feita do bolo da soja após olear, pelas novas

tecnologias da bioengenharia, e foi descoberta na China, em 1999, por Li

Guanqi. Entre as suas características, apresentam toque e brilho muito próximos

da seda, é confortável, tem ótimo toque, e de fácil cuidado, assim como boas

propriedades de alongamento, absorção de umidade, e tem maior resistência à

tração em relação ao algodão (ALVES; RUTHSCHILLING, 2008). O processo de

obtenção destas fibras é realizado a úmido, devido ao líquido que coagula em

banho. Posteriormente, estas são firmadas por termofixação, onduladas e

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cortadas em fibras curtas. Em decorrência de sua forma, as fibras de SPF são

adequadas para a fabricação de tecidos leves e de alto poder de cobertura. Os

tecidos com 100% de fios de SPF resultam em tecidos leves e com toque similar

aos da mistura do cashmere com a seda natural (Aparecida & Raquel). A

proteína esférica é destilada do bolo da semente e refinada e, posteriormente, é

adicionada uma enzima biológica que modifica a estrutura espacial da proteína.

Seguidamente, são adicionados altos polímeros e a solução é cozida e

estabilizada por acetilização. Por fim, passa pelo processo de texturização e

termofixação e é cortada no tamanho necessário para o fim a que se destina.

Apesar da cor natural das fibras de soja serem amareladas, estas fibras podem

ser tingidas com corantes ácidos e reativos e possuem uma ótima solidez.

Contudo, não reagem aos corantes neutros.

A absorção à umidade é semelhante à do algodão. A sua taxa de

recuperação de umidade é de 8.6%. Estas fibras detêm um bom efeito anti-

estático e contêm aminoácidos necessários ao corpo humano como a hidroxila,

a cianamida e a carboxila.

As fibras de soja são resistentes aos ácidos, aos raios ultravioleta e bastante

resistentes aos álcalis, contudo são sensíveis à soda cáustica. Também são

resistentes aos fungos, apresentando uma resistência semelhante à da seda e

lã, e uma maior resistência ao mofo que a lã, seda e algodão. As fibras proteicas

de soja têm uma má qualidade termoplástica, na medida em que começam a

amarelar a partir de 120ºC. Estas fibras são mais leves que o algodão, viscose

e seda e têm um melhor alongamento que o algodão, na ordem dos 18-21%,

porém, menor que a da viscose, seda e lã (YI-YOU, 2004).

3.4. MICROCÁPSULAS

As microcápsulas são definidas como partículas esféricas ou irregulares,

com tamanho entre os 50 nanômetros e 2 micros, compostas por uma matriz

polimérica (parede da microcápsula) e um componente ativo, substância do

núcleo (BEZERRA; SILVA; MORELL, 2014). As microcápsulas também são

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aplicadas na área cosmética e na enologia. Sua aplicação nos produtos têxteis

data do princípio dos anos 1990.

A microencapsulação é o processo através do qual pequenas parcelas de

componentes ativos de um gás, líquido ou sólido, são empacotadas num

segundo material, com objetivo de proteger o material ativo do meio circundante.

Uma grande vantagem de usar a tecnologia de microencapsulação é a sua

capacidade para proteger os componentes ativos de ambiente perigoso, como

oxidação, calor, acidez, alcalinidade, umidade ou evaporação. Também protege

componentes de interagir com outros compostos no sistema, o que pode resultar

na degradação ou polimerização (CHENG et al., 2009).

Entre vários materiais, a sílica é amplamente usada como um material de

revestimento por causa da sua durabilidade, estabilidade fotocrômico e

inocuidade para o ambiente do corpo humano. Assim, microcápsulas de sílica

são aplicadas em vários setores, como cerâmica, medicina, cosméticos,

cromatografia e pigmentos (HONG et al., 2011).

Processos físico-químicos, tais como coacervação e polimerização

interfacial têm sido utilizados para micro encapsular os sistemas fotossensíveis

e termocrômico. Porém, para obter uma vida útil satisfatória e melhor

durabilidade em tecidos, técnicas de polimerização interfacial são quase sempre

adotadas. O sistema mais utilizado para a microencapsulação de tintas

termocrômicas e fotocrômicas envolve sistemas de ureia ou de melamina-

formaldeído. Corantes termocrômicos micro encapsulados geralmente resistem

até 20 ciclos de lavagem, embora a secagem excessiva a temperaturas elevadas

ou uso de produtos branqueadores pode reduzir a vida útil do acabamento

(NELSON, 2002).

A composição das microcápsulas tem como base de referência a patente

número US 4717710, com o título Thermochromic composition. Segundo esta

patente, que se refere aos pigmentos termocromáticos da Matsui, a composição

termocromática compreende: um material cromogênio doador de elétrons, um

composto do tipo 1,2,3 – triazole, uma imina (ou base de Schiff) pouco solúvel

ou um sal de amina primária com ácido carboxílico, e um álcool, amida ou éster

atuando como solvente (LOPES et al., 2009).

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Figura 4: Representação de uma microcápsula.

Fonte: (http://www.helmetharbor.com/st)

3.5. CROMISMO

Cromismo se refere ao fenômeno em que a cor é o resultado de um largo

espectro de interações entre a luz incidente e o material (DURASEVIC;

OSTERMAN; SUTLOVIC, 2010). Estas interações podem ser classificadas em

cinco grupos seguintes: mudança reversível na cor; absorção e reflexão da luz;

absorção de energia, seguido de emissão da luz; absorção de luz e transferência

de energia ou transformação de energia; uso (manipulação) de luz.

Cromismo é um fenômeno no qual ocorre uma alteração na cor de um

composto químico que é denominado de acordo com um estímulo externo que

provoque a reação, quer fisicamente quer quimicamente. Muitas, mas não todas

estas reações são reversíveis. O fenômeno inclui mudanças de cor, não só na

região visível, mas em todo espectro eletromagnético (DURASEVIC;

OSTERMAN; SUTLOVIC, 2010)(LOPES et al., 2009). A classificação deste

fenômeno é como se segue:

- Fotocromismo - a mudança de cor de um composto induzida pela luz.

- Termocromismo - mudança de cor de um composto induzido por calor.

- Eletrocromismo - mudança de cor de um composto causada por uma corrente

elétrica.

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A figura 5 ilustra o princípio de termocromismo que ocorre em microcápsulas

poliméricas, onde temos o estado colorido e o estado incolor do corante de

acordo com a variação de temperatura.

Figura 5:Ilustração do princípio do termocromismo.

Fonte: (www.chromazone.co.uk)

Corantes e pigmentos termocrômicos mudam de cor reversivelmente com

uma alteração relativamente pequena na temperatura. Eles oferecem um

significativo potencial para a estética e design têxtil funcional na área de

materiais inteligentes, que são concebidos para interagir em uma variedade de

formas. Dois tipos de sistema termocrômico que tenha sido usado com sucesso

nos têxteis merecem destaque: o tipo líquido cristalino e os baseados em

formadores de cor, para ambos os tipos, os componentes ativos são

normalmente microencapsulados e aplicados ao substrato têxtil como um

pigmento (CHOWDHURY; BUTOLA; JOSHI, 2013).

Materiais orgânicos termocrômicos reversíveis consistem geralmente de

pelo menos três componentes ou seja, um corante, um revelador da cor e um

solvente. A sua reação com o segundo componente, o revelador da cor aceita

elétrons, define a posição da absorção de comprimento de onda mais longo que

provoca coloração / descoloração (KULČAR et al., 2010).

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Corantes termocrômicos reversíveis são disponíveis comercialmente com

várias temperaturas de ativação, a partir de -15 a 65 °C, mas a maioria das

aplicações são limitadas a três gamas de temperatura, ou seja, frio (~10°C), calor

do corpo ativado (~31°C) e quente (~43°C) (KULČAR et al., 2010).

Misturas orgânicas termocrômicas fazem parte da maior família de corantes

funcionais, que são materiais inteligentes com propriedades óticas que podem

mudar com estímulos químicos, elétricos e/ou térmicos (MACLAREN; WHITE,

2005).

Corantes e pigmentos termocrômicos, nos quais a mudança de cor com a

temperatura é reversível, são úteis onde a mudança de cor indica uma variação

na temperatura, como por exemplo em termômetros de plástico, embalagens de

alimentos, termografia médica e em ensaios não-destrutivos de artigos de

engenharia e circuitos eletrônicos. Eles podem também ser usado para design

criativo ou efeitos em artigos têxteis. Há um potencial recente de aplicações

têxteis de termocromismo com o desenvolvimento dos chamados tecidos de

vestuário "inteligentes", que são projetados para interagir em uma variedade de

formas com o seu ambiente (CHRISTIE; BRYANT, 2005).

Dois principais tipos de sistemas termocrômicos foi desenvolvido para os

materiais têxteis. O primeiro é um sistema multicomponente contando com uma

cor principal, o efeito termocrômico é geralmente um intercâmbio reversível a

partir de uma cor para outra, ou de incolor para cor a uma dada temperatura. O

segundo tipo usa cristais líquidos, neste caso o efeito termocrômico é bastante

diferente em que um espectro contínuo de cores, é possível ao longo de um

intervalo das temperaturas, conhecidas como "jogo de cores" (CHRISTIE;

BRYANT, 2005). Uma característica de ambos os sistemas termocrômicos

aplicados aos têxteis é a exigência da microencapsulação, um processo pelo

qual os ingredientes são envolvidos em uma pequena cápsula. Isto é necessário

para assegurar que os materiais estejam ali contidos e proporcionar proteção

contra o ambiente a que os mesmos podem ser sensíveis. Eles são aplicados

como pequenas partículas sólidas e são muitas vezes consideradas como

pigmentos, em vez de corantes (CHRISTIE; ROBERTSON; TAYLOR, 2007).

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Há uma exploração comercial de têxteis termocrômicos, mais notavelmente

as camisetas que mudam de cor com a temperatura da pele, um item de moda

transitória do final dos anos 1980. Há, no entanto, um considerável potencial

para aplicações têxteis funcionais de termocromismo associados com os

chamados tecidos e vestuários 'inteligentes', que são projetados para detectar e

reagir às condições ambientais e a estímulos. Um projeto termocrômico requer

um meio de aplicação de corantes ou pigmentos termocrômicos em um

substrato, em conjunto com um sistema gerador de calor, o que pode, por

exemplo, envolver um simples contato com a pele humana ou circuitos

eletrônicos. Este último combina o processo de design criativo com as

tecnologias de coloração e engenharia eletrônica (CHRISTIE; ROBERTSON;

TAYLOR, 2007).

Os materiais fotossensíveis são suscetíveis a serem afetados pelos fatores

ambientais, tais como oxigênio, pH, luz e temperatura, que leva à oxidação e

deterioração. Esses fatores ambientais limitam as aplicações de materiais

fotossensíveis em têxteis e outras áreas civis (ZHOU et al., 2013).

Materiais fotossensíveis, quando ativados por irradiação com luz ultravioleta

(UV) sofre uma transformação reversível entre duas espécies moleculares com

diferentes espectros de absorção. No caso de corantes disponíveis

comercialmente, o resultado de irradiação UV é uma mudança de cor,

normalmente a base de incolor para cor. O material reverte ao seu estado

original, quando a fonte luminosa é removida, ou por irradiação com um

comprimento de onda diferente da luz. Podem ser previstas aplicações de

corantes fotossensíveis em têxteis utilizando a criatividade do designer têxtil para

explorar os efeitos de mudança de cor dinâmicas de uma forma inteligente e em

produtos têxteis funcionais ou inteligentes; por exemplo, na proteção de marca,

camuflagem e como sensores UV (LITTLE; CHRISTIE, 2011).

Compostos fotossensíveis são de interesse da ciência e indústria por sua

característica única de mudar de cor de forma reversível, em resposta a estímulo

da luz. As mudanças de cor em compostos fotossensíveis provêm da mudança

de absorção óptica em função da estrutura molecular ou alteração de

conformação. O uso de fotocromismo nos têxteis criará novas oportunidades

para desenvolver roupas inteligentes capazes de bloquear a radiação UV e/ou

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detecção de alterações ambientais, bem como a indicação de efeitos fantasia de

mudança de cor (CHENG et al., 2008).

A figura 6 ilustra a molécula do corante termocrômico, onde na forma leuco

o corante encontra-se na forma incolor.

Figura 6: Molécula do corante termocrômico.

Fonte: http://commons.wikimedia.org

3.6. TÊXTEIS INTELIGENTES

Têxteis inteligentes podem ser descritos como têxteis que são capazes de

detectar estímulos do meio ambiente, para reagir a eles e se adaptar por

integração de funcionalidades na estrutura têxtil. O estímulo, bem como a

resposta pode ser elétrica, térmica, de origem química, magnética ou outro

(SCOTT, 2005).

A extensão de inteligência pode ser dividida em três subgrupos:

Têxteis inteligentes passivos, são aqueles que mantêm suas

características independentemente do ambiente exterior;

Têxteis inteligentes ativos, são os que atuam especificamente sobre

um agente exterior;

Têxteis muito inteligentes, são os tecidos que adaptam

automaticamente sua funcionalidade às alterações do ambiente. São

aqueles que modificarão suas propriedades em relação ao estímulo

exterior.

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A indústria têxtil está procurando alterar o seu foco principal para o

desenvolvimento de produtos com grandes possibilidades para acrescentar valor

aos substratos têxteis tradicionais através do incremento de diferentes

funcionalidades, seja pela utilização de novas fibras, pelo desenvolvimento de

novas estruturas, pela aplicação de novos acabamentos ou mesmo pela

integração de sistemas eletrônicos. Os denominados têxteis técnicos, funcionais

e o conceito “wearable technology” fazem parte deste novo eixo de atenção

(FERREIRA; FERREIRA; OLIVEIRA, 2014).

O primeiro material têxtil rotulado como um smart textile foi um fio de seda

com memória de forma (Otsuka e Wayman, 1999). Tratava-se de um novo tipo

de produto que oferecia um grande e potencial interesse para aplicações de

natureza técnica.

Materiais de alta tecnologia, por exemplo, podem ser utilizados em

condições perigosas envolvendo calor tóxico ou produtos químicos agressivos,

eles fornecem extrema resistência ao impacto (SCOTT, 2005).

Podemos citar como têxteis inteligentes os tecidos antimicrobianos, tecidos

frios, Cosmeto-têxteis, têxteis fotocrômicos e termocrômicos, têxteis para

segurança, saúde e comunicação, proteção contra a radiação ultravioleta,

tecidos poli sensuais, têxteis eletrônicos e condutores, materiais com memória

de forma (SÁNCHEZ, 2006).

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4. METODOLOGIA.

Neste capítulo será descrito os materiais e métodos experimentais usados

para a obtenção da quitosana, funcionalização do substrato têxtil e processo de

exaustão usado no tingimento com microcápsulas termosenssíveis.

4.1. Materiais e equipamentos

Todos os reagentes utilizados neste trabalho foram de grau analítico para

análise (P.A).

Hidróxido de sódio em micro pérolas – NaOH - Vetec

Ácido clorídrico – HCl - Quimex

Hipoclorito de sódio – NaOCl - QM

Ácido acético – CH3COOH - Vetec

Acetona - CH3OCH3– Vetec

Demais produtos:

Quitosana – produzida em laboratório

Micro/nanocápsulas Termosenssíveis – Matsui

Ligante – Primal Eco 934 TK

4.2. Procedimento experimental

4.2.1. Obtenção da Quitosana

O processo para a extração de quitina e quitosana a partir de exoesqueletos

de camarões (Litopenaeus vannamei) foi semelhante ao utilizado por ANDRADE

et al., 2012. Todo o processo para a obtenção da quitosana foi realizado no

Laboratório Químico Têxtil – LABTEX.

As cascas do camarão foram obtidas em uma feira livre da cidade de

Natal/RN. Uma das primeiras operações para obtenção da quitina a partir dos

resíduos de camarão foi o pré-tratamento: limpeza, separação, secagem,

trituração. Inicialmente lavou-se as cascas com água corrente, uma a uma, para

eliminação de materiais residuais como: carne, ovas, sais, matérias vegetais,

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orgânicos e outros materiais. Em seguida as cascas foram secas em estufa, da

Biofogo modelo BF2 ECF 64, a temperatura de 80ºC por 4 horas. As cascas já

secas foram trituradas a fim de obter menor granulometria.

Após obtenção de partículas menores, foi realizado o processo de

desmineralização, o qual tem por objetivo reduzir o teor de cinzas da matéria-

prima, com o uso do ácido clorídrico (HCl) a uma concentração de 2,5%, este

processo foi realizado em banho maria por uma hora a 50°C para eliminação do

carbonato de cálcio (CaCO3), em seguida a amostra foi lavada constantemente

com água destilada para neutralização do pH.

No processo de desproteinização foi utilizado o hidróxido de sódio (NaOH) à

5% para eliminação das proteínas, processo realizado em banho maria por uma

hora a 50°C com agitação manual e seguido da neutralização do pH, sendo neste

processo obtida a quitina.

Os exoesqueletos dos crustáceos contêm pigmentos que não se encontram

complexados com materiais inorgânicos ou proteínas, não sendo eliminados

pelos tratamentos mencionados, por isso é necessário o processo de

despigmentação/desodorização com hipoclorito de sódio (NaOCl) a 0,36% (v/v).

Durante a reação de desacetilação, os grupamentos acetamido

(-NHCOCH3) da quitina são transformados, em graus variados, em grupos amino

(-NH2), dando origem a quitosana. Para obtenção da quitosana a partir da quitina

foi realizado o processo de desacetilação alcalina, com o hidróxido de sódio

concentrado (43%), processo realizado por três horas a 90°C sob agitação no

agitador magnético.

Após a obtenção da quitosana particulada segue-se para o processo de

diluição, onde foi utilizada uma concentração de 1:100. Em um béquer foi diluído

o ácido acético (1% v/v) com 99 ml de água destilada e acrescentado um grama

de quitosana particulada, o processo foi feito em um agitador magnético, durante

2 horas seguido de filtragem em papel filtro. Depois de diluída a solução de

quitosana foi filtrada duas vezes em papel filtro, obtendo-se uma solução viscosa

e transparente. No fluxograma 3 está descrito todos os processos e reagentes

usados para a obtenção da quitosana.

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A quitosana diluída, solução padrão de 1%, foi caracterizada em análise

de condutividade elétrica e viscosidade.

A condutividade elétrica foi realizada no equipamento Multi parâmetro da

Hach Sension 156 e a viscosidade medida em um Rheometer R/S da BrookField.

Fluxograma 3: Processo de obtenção da quitina e quitosana.

Fonte: autor

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4.2.2.Tratamento do Substrato Têxtil

O substrato têxtil utilizado neste trabalho foi a malha de soja Rib 1x1 com

gramatura de 274g/m2. A malha possui uma cor natural amarelada, por isso foi

necessário o alvejamento para melhorar o grau de brancura. A malha alvejada

foi utilizada em todos os processos seguintes, o alvejamento foi realizado em

uma máquina tipo banho maria, modelo Q215M2 da Quimis, com a temperatura

controlada de 90°C por 60 minutos, com volume de banho de 2 litros, após este

processo se deu o enxague da malha com água morna e em seguida com água

corrente para a retirada total dos produtos químicos. A tabela 1 mostra a receita

usada para o alvejamento do tecido de soja.

Tabela 1: Receita de alvejamento.

Produto Quantidade em mililitros por

litro (mL/L)

Hidróxido de sódio - NaOH 32,73

Peróxido de hidrogênio – H2O2 63,64

Estabilizador de H2O2 - Stabilizer

HSF

21,82

Detergente - Resiwet HEM 43,64

Sequestrante Resipac NB/Reflanil 21,82

Volume de Banho 2000 mL

Fonte: autor

4.2.3.Tratamento Superficial com Quitosana

Primeiramente houve a diluição da quitosana na proporção de 1:100 (1 g de

quitosana para 100 mL de água destilada).

Após a malha alvejada e seca foi realizado o processo de funcionalização

com as concentrações de 0, 1, 2, 3, 5, 7, 10% de quitosana em relação ao volume

de banho. Foram usadas 7 amostras com as soluções contendo as devidas

concentrações. Foi realizado esse processo com diferentes concentrações de

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quitosana para se conseguir uma porcentagem ideal de funcionalização, com

intuito de não desperdiçar o polieletrólito, visto que a partir de uma determinada

concentração ocorre a saturação, ou seja, todos os grupos funcionais da

quitosana já se ligaram ao substrato.

Foram utilizadas amostras com aproximadamente 1 grama, para um volume

de banho de 50 mL. Estas amostras foram funcionalizadas utilizando o

equipamento ALT-B TOUCH 35 da Mathis, imagem 1, com os seguintes

parâmetros:

40 rotações por minuto RPM

Auto reversão de 50 segundos

Temperatura 70°C

Tempo de 30 minutos

Pressão de 4 bar

Imagem 1: Equipamento para funcionalização e tingimento das amostras.

Fonte: autor

4.2.4.Tingimento com as Micro/nanocápsulas Termosenssíveis

As amostras funcionalizadas com quitosana foram tingidas com as

micro/nanocápsulas termosenssíveis no processo por exaustão utilizando o

mesmo equipamento usado para o processo de funcionalização (Imagem 1). As

condições para o tingimento foram as seguintes, massa da amostra de 1 grama,

relação de banho de 1:75 g/mL; temperatura 70°C; tempo 40 minutos. O pH foi

ajustado entre 4,5 e 5, também foi usado um ligante que auxilia na fixação das

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cápsulas no substrato. Após o tingimento as amostras foram secas na rama por

2 minutos a 130°C (Imagem 2).

Imagem 2: Rama

Fonte: autor

4.2.5. Espectrofotometria UV/VIS

Após o tingimento com as micro/nanocápsulas termosenssíveis foram

realizadas as leituras da força colorística (K/S) em cada amostra utilizando o

espectrofotômetro de bancada modelo 2600D da Konica Minota, (Imagem 3).

Com intervalo de medição de 400 a 700nm, abertura do feixe de 10° e tipo de

iluminante D65.

Imagem 3: Espectrofotômetro de bancada.

Fonte: autor

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32

4.2.6. Análise Estatística do Tingimento através do Planejamento

Experimental 24

Com o objetivo de encontrar um ponto ótimo de tingimento com as

micro/nanocápsulas termosenssíveis foi realizado um planejamento

experimental com o programa estatístico Design Expert 7.0 utilizando 4 variáveis

e 4 pontos centrais, resultando em 20 experimentos. Realizados os

experimentos de acordo com a tabela gerada pelo programa foram obtidas as

respectivas respostas.

As variáveis utilizadas no processo e seus valores estão descritas na tabela

2, e na tabela 3, que foi gerada pelo software, estão os parâmetros para cada

experimento.

Tabela 2: Variáveis usadas no planejamento experimental.

Variáveis - 0 +

Temperatura ºC 40 55 70

Concentração % 1 3 5

Tempo (min) 20 30 40

R:B (g/mL) 35 55 75

Fonte: autor

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Tabela 3: Parâmetros usados no planejamento experimental.

Padrão Corrida A: Temperarura

ºC B: Concentração

% C: Tempo

(min) D: R:B (g/mL)

Resposta K/S

1 1 40 1 20 35 -

8 2 70 5 40 35 -

10 3 70 1 20 75 -

14 4 70 1 40 75 -

4 5 70 5 20 35 -

2 6 70 1 20 35 -

19 7 55 3 30 55 -

11 8 40 5 20 75 -

15 9 40 5 40 75 -

6 10 70 1 40 35 -

3 11 40 5 20 35 -

9 12 40 1 20 75 -

17 13 55 3 30 55 -

12 14 70 5 20 75 -

5 15 40 1 40 35 -

18 16 55 3 30 55 -

20 17 55 3 30 55 -

7 18 40 5 40 35 -

13 19 40 1 40 75 -

16 20 70 5 40 75 - Fonte: autor

4.3. TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO

Para caracterização da quitosana diluída foram realizadas as análises de

Potencial Zeta e Tamanho de Partícula, as análises morfológicas das amostras

foram realizadas com uso de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV),

Espectroscopia na Região de Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR)

e Difração de Raios-X (DRX). As propriedades térmicas foram estudadas através

da análise Termogravimétrica (TG). Para o tecido foram feitos os testes de

solidez a lavagem e espectroscopia UV/VIS.

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4.3.1. Potencial Zeta

A análise do potencial zeta foi analisada em aparelho modelo zetasizer

nanoseries/nano-Z do fabricante Malvern no laboratório do NUPEG/UFRN.

Análise de Potencial zeta é uma técnica para determinar a carga de

superfície das nanopartículas em solução (coloides). As mesmas têm uma carga

de superfície que atrai uma fina camada de íons de carga oposta à sua

superfície. O potencial Zeta de partículas tem valores que variam tipicamente

desde 100 mV e -100 mV. Nanopartículas com valores de potencial zeta maior

que 25 mV ou inferior a -25 mV normalmente têm um alto grau de estabilidade.

Trata-se de uma importante ferramenta para a compreensão do estado da

superfície de nanopartículas e prevê a estabilidade ao longo das mesmas. Esse

potencial é função da carga superficial da partícula, de qualquer camada

adsorvida na interface com o meio, e da natureza e composição do meio que a

circunda. Como esse potencial reflete a carga efetiva nas partículas, ele se

relaciona com a repulsão eletrostática entre elas e com a estabilidade da

suspensão. O Potencial Zeta também varia em função do pH da solução que se

deseja analisar (BEDÊ, 2010).

4.3.2. Tamanho de Partícula

Por essa técnica, quando um raio luminoso atravessa uma dispersão coloidal

e atinge uma nanopartícula em movimento browniano, ocorre o espalhamento

da luz. O equipamento relaciona o tamanho das partículas com a quantidade de

luz espalhada (BEDÊ, 2010).

O diâmetro médio e a polidispersão das partículas em suspensão foram

determinados através de espalhamento de luz dinâmico utilizando-se

equipamento Zetasizer Nano series Nano-Zs (Malvern Instruments).

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4.3.3. Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV

Essa técnica é utilizada para analisar a morfologia de materiais sólidos, pois

permite uma caracterização rápida e precisa da superfície e de suas

subestruturas. A área a ser analisada é bombardeada por um fino feixe de

elétrons de alta voltagem, que são direcionados na superfície da amostra coberta

por um filme de carbono condutivo. Como resultado da interação do feixe de

elétrons com a superfície da amostra em análise ponto a ponto, uma série de

radiações é emitida, e, quando captada corretamente, fornece informações da

natureza topográfica da amostra, cujas imagens se apresentam com aparência

natural em três dimensões (KESTENBACH E FILHO, 1994).

As análises das microestruturas das amostras foram realizadas em

equipamento tipo Hitachi Tabletop Microscope TM 3000, imagem 11, do

laboratório de Engenharia de Materiais.

Imagem 4: Aparelho de Microscopia Eletrônica

Fonte: autor

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4.3.4. Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier – FTIR

A técnica por Espectroscopia na Região do Infravermelho com Transformada

de Fourier é um método analítico padrão, frequentemente usado para

caracterizar a estrutura dos polímeros. É utilizada para verificar a presença das

bandas de absorção dos grupos funcionais presentes nas amostras. O espectro

é obtido pela passagem da radiação pela amostra, registrando os comprimentos

de onda para os quais as bandas de absorção aparecem (ANDRADE, 2010).

A análise foi feita em um espectrômetro Shimadzu, modelo FTIR-8400S de

série IRAffitinity-1, acoplado a um módulo HATR MIRacle com prisma de ZnSe

da PIKE Techonogies no laboratório de química da UFRN.

4.3.5. Difratometria de Rios-X – DRX

As análises por Difração de Raios-X foram realizadas em Difratômetro

Universal de raios-x, modelo Miniflex II Rigaku, com radiação de cobre (Cu),

potência de 30 kV e corrente de 30 mA, na região angular de 10 a 90° com passo

0,02 e velocidade de 5° por minuto. As análises foram realizadas no laboratório

de Física da UFRN.

Através dessa técnica é possível realizar a caracterização micro estrutural,

determinar a cristalinidade do material, bem como o índice de cristalinidade do

mesmo.

O índice de cristalinidade (ICR) de um polímero expressa a relação entre as

partes cristalinas e não cristalinas do material, pode ser calculado com a

equação 1:

% ICR = (IC – IA / IC) 100 (1)

Onde: % ICR é o índice de cristalinidade; IC e IA são as intensidades difratadas

relativas às regiões cristalinas (2θ≅20°) e amorfas (2θ≅10°).

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4.3.6. Análise Termogravimétrica – TG

A TG fornece informações com relação às variações de massa em função

do tempo e/ou temperatura sob determinadas condições atmosféricas. Os

experimentos são executados por meio de uma termobalança de elevada

sensibilidade, reprodutibilidade e resposta rápida às variações de massa. As

curvas obtidas fornecem informações relativas à composição e estabilidade

térmica da amostra, dos produtos intermediários e do resíduo formado. Dada a

natureza dinâmica da variação de temperatura da amostra para originar curvas

TG, fatores instrumentais (razão de aquecimento, atmosfera (N2, ar ou outros),

vazão de gás, composição do cadinho, geometria do porta amostra e tamanho e

forma do forno] e relacionados às características da amostra (quantidade,

granulometria, forma cristalina, empacotamento, condutividade térmica,

solubilidade dos gases liberados da amostra e calor de reação envolvido) podem

influenciar a natureza, a precisão e a exatidão dos resultados experimentais

(CLEMENTINO et al., 2007).

As análises termogravimétricas das amostras sólidas foram realizadas no

aparelho de modelo STA 449 F3, de marca NETZSCH, utilizando cadinho de

platina, sob atmosfera de ar sintético e intervalos de temperatura de 20 a 450°C

com taxa de aquecimento de 20°C/min.

4.3.7. Solidez a Lavagem

O teste de resistência a água foi realizado com objetivo de avaliar o

comportamento da amostra após tingimento, para observar se realmente ocorreu

a fixação das micro/nanocápsulas no substrato. Esta análise segue os padrões

estabelecidos pela norma AATCC 61-2008 como utilizada por (NASCIMENTO

2012). De acordo com a norma utilizada, cada ciclo de lavagem industrial

equivale a 5 lavagens domésticas.

Dependendo do tipo de fibra as lavagens são realizadas em pH neutro ou

alcalino (> pH 10), em temperaturas até 60ºC e com detergentes, contendo

surfactantes não iônicos, aniônicos, oxidantes e outros.

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38

5. RESULTADOS

5.1. Processo de Obtenção da Quitosana

Através das análises realizadas na quitosana obtida, o percentual de

rendimento foi calculado sobre a concentração da massa inicial dos

exoesqueletos de camarões, na tabela 4 encontra-se o percentual de rendimento

e perda de massa de cada etapa do processo para a extração da quitosana.

Houve redução em cada etapa da produção, devido a cada etapa ter por objetivo

a redução de componentes orgânicos. A redução ocorrida entre as etapas de

desodorização (quitina purificada) e desacetilação (quitosana) se deve a quebra

das moléculas e a retirada de grupamentos acetil, havendo uma redução de

massa, sendo que a redução mais significativa ocorreu no processo de

desmineralização. Observou-se que o percentual de rendimento da quitosana foi

de 10,05%, valor superior a outro, como citado por (MOURA; SCHMIDT; PINTO,

2006). Podemos observar na tabela 4 o percentual de perda de massa da

amostra em cada processo da obtenção.

Tabela 4: Cálculo de rendimento do processo de obtenção da Quitosana.

Processo Peso obtido em

gramas

Perda (%)

Peso inicial da amostra(cascas) úmida

262,70 -

Após secagem por uma hora 180,55 31,3

Após a trituração 175,67 1,9

Após a desmineralização 47,75 48,7

Após a desproteinização 40,18 2,9

Após a desodorização (quitina) 34,28 2,2

Após a desacetilação 26,40 3,0

Rendimento da quitosana % 10,05

Fonte: autor

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39

A imagem 5 mostra o resultado da trituração dos exoesqueletos de camarão,

esta é a primeira etapa após a limpeza manual da amostra.

Imagem 5: Cascas trituradas.

Fonte: autor

Na imagem 6 temos a amostra após o processo de desmineralização, na

mesma percebemos uma pequena alteração com relação a cor e uma grande

redução no peso da amostra devido a eliminação do carbonato de cálcio.

Imagem 6: Processo de desmineralização.

Fonte: autor

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40

A imagem 7 mostra a amostra após o processo de desproteinização no qual

houve a elimimação de proteínas, também percebemos uma alteração na cor da

amostra. Após este processo já obtemos a quitina.

Imagem 7: Processo de desproteinização (Quitina).

Fonte: autor

A imagem 8 apresenta o resultado do processo de desodorização, no qual

são eliminados os pigmentos coloridos que não foram eliminados nos procesos

anteriores, e também o odor característico do camarão.

Imagem 8: Processo de desodorização.

Fonte: autor

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41

Na imagem 9 temos o produto final, a quitosana, a qual apresenta-se em

forma de pó como escamas e geometricamente irregular.

Imagem 9: Processo de desacetilação (Quitosana).

Fonte: autor

A imagem 10 mostra o processo de diluição da quitosana, onde temos a transformação da quitosana em pó para quitisana em líquido.

Imagem 10: Processo de diluição da quitosana.

Fonte: autor

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42

Na imagem 11 temos a quitosana diluída, a qual foi obtida a partir da quitosana em pó.

Imagem 11: Quitosana diluída.

Fonte: autor

A quitosana diluída a 1%, imagem 11, apresenta pH de 4,07 e condutividade eletrica

de 2,24 mS/cm, a mesma apresenta uma viscosidade de 0,0281144 Pa/S a temperatura

de 25°C e um bom grau de pureza e aparência translúcida.

A solução tem durabilidade superior a um ano, isto deve-se a seleção da matéria-

prima e controle durante o processo de obtenção. A solução que foi preparada a 12

meses atrás, apresenta as mesma características como viscosidade e cor, esta solução

foi estocada em recipiente de vidro devidamente fechado a temperatura ambiente.

5.2. Potencial Zeta

As medidas de potencial zeta foram realizadas a fim de descobrir se o

material apresenta boa estabilidade eletrostática quando em suspensão. A regra

geral para a estabilidade eletrostática da solução é a faixa de Potencial Zeta de

+/- 25 mV. Como o potencial zeta da amostra de quitosana está fora dessa faixa,

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em torno de 31.55mV, como mostra o gráfico 1 e a tabela 5, podemos considerar

que a amostra está estável. A amostra de quitosana líquida foi preparada em

emulsão com água destilada em 1:200 mL em agitador magnético por 30 minutos

seguidos de 60 minutos em ultrassom, ultrasonic cleaner, para eliminar as bolhas

e aglomerados formados durante a diluição, o pH da solução foi ajustado em 7.

Gráfico 1: Potencial zeta da quitosana

Fonte: autor

Tabela 5: Valor em mV do potencial zeta da quitosana.

Fonte: autor

No gráfico 2 temos o potencial zeta das micro/nanocápsulas, onde

observamos uma predominância de valores negativos o que resulta em uma

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média negativa o que confirma sua característica. Isto explica o fato da não

compatibilidade das cargas superficiais com o substrato usado que também

apresenta carga superficial negativa. Na tabela 6 temos os valores do potencial

zeta onde temos uma média de -4,21 mV.

Gráfico 2: Potencial zeta das micro/nanocápsulas termosenssíveis.

Fonte: autor

Tabela 6: Valor em mV do potencial zeta das micro/nanocápsulas termosenssíveis.

Fonte: autor

5.3. Tamanho de Partícula

As medidas de tamanho de partículas são importantes para se definir o

melhor método de preparo das amostras, já que se busca uma faixa de tamanho

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que reflita diretamente nas propriedades do material. O diâmetro médio das

partículas de quitosana, mostrado na tabela 6 é de 291,0 nm, com polidispersão

média de 0,196. Podemos encontrar na literatura resultados semelhantes para

tamanho de partícula conforme publicado por KÜLKAMP, 2009. Esses valores

de polidispersão revelam uma variação pequena de tamanho, e uma

homogeneidade das nanopartículas, indicando a estabilidade e controle do

diâmetro das mesmas.

Gráfico 3: Tamanho de partícula da quitosana

Fonte: autor

Tabela 7: Tamanho médio de partícula e polidispersão da quitosana

Fonte: autor

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46

5.4. Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV

As amostras de quitosana em pó foram caracterizadas por Microscopia

Eletrônica de Varredura.

As características morfológicas do sólido estudado, quitosana de camarão,

mostraram resultados de estruturas similares com aspectos de várias partículas

geometricamente irregulares, finas e levemente unidas e ainda apresentam uma

superfície heterogênea, imagem 12.

Imagem 12: Micrografia da quitosana em pó.

Fonte: autor

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47

Nas imagens 13 e 14 onde temos uma aproximação em x200 e x150

observamos uma estrutura rugosa e fibrosa.

Imagem 13: Micrografia da quitosana em pó.

Fonte: autor

Imagem 14: Micrografia da quitosana em pó.

Fonte: autor

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5.5. Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier – FTIR

A análise de FTIR foi feita com o objetivo de identificar os grupos funcionais

e as bandas características da quitosana como podemos observar no gráfico 4.

O espectro é obtido pela passagem da radiação pela amostra, registrando os

comprimentos de onda para os quais as bandas de absorção aparecem. As

análises foram realizadas no Espectrômetro Shimadzu, modelo FTIR-8400S, da

série IRAfinity - 1; acoplado a um modulo HATR MIRacle com prisma de ZnSe

(Seleneto de Zinco), da PIKE techonogies.

O Gráfico 4 mostra as bandas características da quitosana de camarões

Litopenaeus vannamei, onde temos:

A região de 3357 cm-1 corresponde ao estiramento O-H;

A banda 1642 cm-1 é associada ao estiramento C=O, conhecida como

banda amida I;

Em 2878 cm-1, o pico corresponde ao alongamento do C-H.

A região de 1425 cm-1 corresponde à deformação angular do CH2.

Os picos em torno de 1319 cm-1, 1360 cm-1, 1374 cm-1 correspondem

às vibrações fortes de flexão da ligação NH primário, secundário e

terciário, respectivamente.

A região entre 890 a 1021 cm-1 corresponde às bandas de estruturas

polissacarídicas.

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49

Gráfico 4: FTIR da quitosana em pó.

Fonte: autor

5.5.1. Grau de Desacetilação

O grau de desacetilação (D) pode ser calculada a partir de Equação 2, e por

esta razão a determinação da absorbância no espectro de infravermelho da

quitosana foi obtida para as bandas em 3400 e 1655 cm-1, respectivamente,

como mostrado no gráfico 4.

Ao aplicar esses valores na equação correspondente foi obtido o

DD=70,17% para a quitosana obtida em laboratório e DD= 70,33% para a

quitosana industrial usada como comparação, o que corresponde a um aceitável

grau para este biopolímero LIMA; AIROLDI, 2004. Este valor é compatível com

o encontrado por ANDRADE et al., 2012.

(2)

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50

5.6. Difratometria de Rios-X – DRX

O emprego da técnica por difração de raios-X permitiu distinguir claramente

existência dos picos cristalinos para a quitosana e demais amostras.

5.6.1. Índice de Cristalinidade

A quitosana por si só não apresenta padrão de cristalinidade absoluta, isto

depende do grau de acetilação e do processo pelo qual o polissacarídeo foi

obtido, por isso a partir dos dois picos de maior intensidade da difratometria de

raio-X desse material foi determinado o índice de cristalinidade. Com base no

gráfico 4 do DRX da quitosana encontramos os valores dos principais picos

característicos deste polímero, referentes a 2θ/10°=59962 e 2θ/20°=50720, a

partir daí foi calculado o índice de cristalinidade relativa (ICR) usando a equação

(1), onde valor do ICR foi 15,41%.

Gráfico 4: DRX da Quitosana.

Fonte: autor

No gráfico 5 temos o DRX do tecido de soja que apresenta três picos mais

significativos, um pico em 2θ/11°=25211, um em 2θ/20°=61427 de maior intensidade e

um em 2θ/22°=35993.

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51

Gráfico 5: DRX da Soja sem tratamento.

Fonte: autor

O gráfico 6 apresenta o DRX da soja tratada com quitosana onde observamos uma

diminuição na intensidade do pico 2θ/20º=61103 em relação a soja, isto pode ser

atribuído as regiões amorfas da quitosana, temos em 2θ/11°=30700 um aumento do

pico em relação a soja que é atribuído ao pico de maior intensidade da quitosana, e um

pico em 2θ/22°=36337 o mesmo que aparece na soja. Isto mostra que mesmo a baixa

concentração a quitosana influenciou na cristalinidade do substrato.

Gráfico 6: DRX da Soja tratada com quitosana.

Fonte: autor

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52

5.7. Análise Termogravimétrica – TG

O termograma a seguir, gráfico 8, revela que sob atmosfera dinâmica N2, as

amostras apresentam um processo de desidratação, seguido da decomposição

do polímero com geração de material carbonizado. Observa-se dois estágios,

desidratação e decomposição em todas as amostras, sendo o segundo estágio

onde ocorre a perda de massa.

Para a soja, na faixa de 25-70ºC acontece a desidratação e na faixa de 230-

350ºC ocorre a decomposição, com a quitosana, a desidratação ocorre na faixa

25-135°C e na faixa entre 250-320°C a decomposição como foi observado por

SANTOS; P SOARES, 2003. Na soja funcionalizada com quitosana percebemos

o mesmo comportamento da soja sem tratamento, isto pode ser atribuído ao fato

de que a quitosana não altera as características estruturais do substrato, apenas

modifica as suas cargas superficiais devido formar apenas um

nanorevestimento. No caso das nano/microcápsulas termosenssíveis

percebemos que não há desidratação apenas a decomposição na faixa entre

300-330°C. Para o tecido de soja funcionalizado com quitosana e tingida com as

micro/nanocápsulas termosenssíveis, a desidratação ocorre entre 28-90°C e a

decomposição entre 230-330°C.

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Gráfico 7: Curva TG da quitosana, soja, soja com quitosana, soja com quitosana e cápsulas,

cápsulas termosenssíveis.

Fonte: autor

5.8. Tratamento Superficial do Substrato Têxtil com Quitosana

Este processo é feito com o polieletrólito quitosana, o mesmo consiste em

cationizar a superfície do tecido o qual apresenta grupos hidroxilos (-OH), deixa-

la com cargas positivas (NH+), para que possa ocorrer a ligação entre o substrato

e as micro/nanocápsulas termosenssíveis, as quais também apresentam cargas

negativas, como ilustra a figura 7.

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54

Figura 7: Ilustração da ligação entre fibra/quitosana/cápsulas.

Fonte: autor

De acordo com os resultados da força colorística, gráfico 8, a amostra

funcionalizada com 2% de quitosana apresentou um maior pico de absorbância

em torno de 1,6996 no comprimento de onda de 590,73 cm-1, também

observamos que a partir de 3% de funcionalização há uma saturação do

polieletrólito, o qual é desperdiçado. A partir desses dados foi adotado este

parâmetro de funcionalização das 20 amostras usadas no planejamento

experimental. As leituras de cor das amostras foram feitas sob condições de

temperatura de ± 25°C e umidade relativa do ar de ± 65%.

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Gráfico 8: Funcionalização das amostras com quitosana.

400 450 500 550 600 650 700

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

K/S

Comprimento de Onda cm-1

Padrão

S/ Quitosana

1% Quitosana

2% Quitosana

3% Quitosana

5% Quitosana

7% Quitosana

10% Quitosana

Fonte: autor

Foi evidenciado que a quitosana atua como cationizador o que podemos

observar na imagem 15; nesta temos as amostras que foram funcionalizadas

com as diferentes concentrações de quitosana e uma sem funcionalização, em

seguida as mesmas foram tingidas, a amostras sem funcionalização não fixou

as micro/nanocápsulas durante o tingimento devido a incompatibilidade de

cargas superficiais do substrato e das cápsulas. O gráfico 9, mostra através da

força colorística, que a amostra sem quitosana apresenta um valor de K/S muito

próximo ao da amostra padrão a qual não foi tingida.

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56

Imagem 15: Amostras funcionalizadas com quitosana e tingidas.

Fonte: autor

Através das imagens de MEV observamos as micro/nanocápsulas

impregnadas na soja, na imagem 16A observamos a fibra de soja sem

tratamento, na imagem 16B temos a soja funcionalizadas com quitosana e

tingidas com as micro/nanocápsulas termosenssíveis, as micro/nanocápsulas se

fixam na superfície da fibra.

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57

Imagem 16: Micrografia da fibra de soja (A) e (B) com micro/nanocápsulas.

Fonte: autor

Nas imagens 17 e 18 observa-se o aspecto estrutural das

micro/nanocápsulas termosenssíveis antes da aplicação no tecido de soja. É

possível averiguar que as cápsulas apresentam geometria esférica e diâmetro

diferenciado, há uma grande variação de tamanho que vai de microns a

nanômetros como podemos ver nas imagens a seguir.

Imagem 17: Micrografia das micro/nanocápsulas termosenssíveis.

Fonte: autor

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58

Imagem 18: Micrografia das micro/nanocápsulas termosenssíveis.

Fonte: autor

5.9. Solidez à Lavagem

A amostra tingida com as micro/nanocápsulas termosenssíveis que obteve

a melhor resposta no planejamento experimental, foi reproduzida e submetida

ao teste de solidez à lavagem com diferentes ciclos (1, 2, 3, 4, 5), com o intuito

de verificar a durabilidade da adsorção nano/microcápsulas na soja. Foram

usadas amostras com 1 grama, volume de banho de 75 ml, 1,5% de detergente,

por 60 minutos cada ciclo a 40°C. Cada ciclo de lavagem industrial com 60

minutos corresponde a 5 lavagens domésticas.

Após 25 lavagens as amostras apresentam uma boa concentração de

micro/nanocápsulas na superfície da fibra, como mostra a imagem 19.

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59

Imagem 19: Amostra após lavagem.

Fonte: autor

Imagem 20: Solidez a lavagem (A) sem lavagem, (B) após 25 lavagens.

Fonte: autor

A partir da leitura feita no espectrofotômetro obtemos o resultado da força

colorística (K/S) para cada ciclo de 5 lavagens, gráfico 10, a amostra sem lavar,

imagem 20A, apresenta o valor de K/S aproximadamente de 2,37 no

comprimento de onda de 590 cm-1, de acordo com o aumento das lavagens o

valor de K/S vai diminuindo, como é esperado. A grande queda do valor de K/S

da amostra sem lavar para a amostra após 5 lavagens, é devido ainda existir

muitas micro/nanocápsulas que não se fixaram no tecido durante o tingimento.

Porém após 25 lavagens, imagem 20B, ainda temos um valor muito significativo

da força colorística com 1,02.

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60

Gráfico 9: Solidez a Lavagem.

Fonte: autor

5.10. Análise Estatística do Tingimento através do Planejamento Experimental

24

De acordo com os resultados obtidos com o planejamento, a melhor resposta

da força colorística (K/S) foi a amostra denominada padrão 8-corrida 2, imagem

21, onde foi usado os seguintes valores das variáveis, temperatura de 70°C,

concentração de micro/nanocápsulas de 5%, tempo 40 minutos e volume de

banho 35 mL. Com isso pode-se ver que foi suficiente o menor volume de banho,

isso mostra que o processo utiliza pouca água o que é muito bom para as

indústrias. Os resultados obtidos com o programa estatístico mostram que o

processo é confiável.

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61

Imagem 21: Amostra com melhor resultado do planejamento experimental.

Fonte: autor

Na imagem 22a temos o efluente e 22b a solução antes do tingimento,

analisando o efluente visualmente percebemos que as cápsulas foram todas

fixadas no substrato.

Imagem 22: Efluente (a), Solução de tingimento (b)

Fonte: autor

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62

No gráfico 11 estão os resultados da força colorística de todas os

experimentos do planejamento.

Gráfico 10: Resultados de K/S do planejamento experimental.

400 450 500 550 600 650 700

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

K/S

Comprimento de Onda cm-1

Padrão

Std 6 Run 19

Std 16 Run 18

Std 1 Run 9

Std 3 Run 15

Std 13 Run 14

Std 15 Run 13

Std 7 Run 12

Std 14 Run 17

Std 11 Run 16

Std 8 Run 8

Std 4 Run 7

Std 9 Run 6

Std 19 Run 5

Std 12 Run 4

Std 5 Run 3

Std 2 Run 2

Std 20 Run 1

Std 17 Run 20

Std 10 Run 11

Std 18 Run 10

Fonte: autor

A tabela a seguir foi gerada pelo software, após a inserção das respostas

(K/S) do experimento para cada corrida, onde está destacada a amostra de

melhor resultado.

Padrão Corrida A: Temperarura

ºC B: Concentração

% C: Tempo

(min) D: R:B (g/mL)

Resposta K/S

1 1 40 1 20 35 0,644

8 2 70 5 40 35 2,624

10 3 70 1 20 75 0,3493

14 4 70 1 40 75 0,7412

4 5 70 5 20 35 2,038

2 6 70 1 20 35 0,1685

19 7 55 3 30 55 0,8346

11 8 40 5 20 75 1,6769

15 9 40 5 40 75 1,6743

6 10 70 1 40 35 0,3972

3 11 40 5 20 35 1,6528

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9 12 40 1 20 75 0,2978

17 13 55 3 30 55 0,7826

12 14 70 5 20 75 2,1308

5 15 40 1 40 35 0,7826

18 16 55 3 30 55 0,6867

20 17 55 3 30 55 1,0876

7 18 40 5 40 35 1,6378

13 19 40 1 40 75 0,4721

16 20 70 5 40 75 2,2731

Modelo matemático em termos dos fatores codificados:

(R1) = +1.04 + 0.027A +0.36B +0.059C -6.228E -003D +0.080AB +0.032AC

+0.048AD -0.030BC -8.386E -004BD -1.881E-003CD -1.189E-003ABC-

0.06ABD -9.891E-003ACD -0.016BCD -8.757E -003ABCD.

5.10.1. Gráfico de Pareto

O gráfico de Pareto, gráfico 12, mostra os efeitos principais de interações

que contribuem em valores positivos (maiores) e valores negativos (menores)

para o experimento, e na tabela 7 são mostrados os valores de cada termo.

A cor laranja representa os efeitos positivos e a cor azul representa os

efeitos negativos. Assim pode-se dizer que as variáveis as quais apresentam

valores positivos foram a concentração (B) e temperatura (A), as mesmas

apresentam valores acima da linha t-valor (3.18245). A combinação entre a

temperatura (A), concentração (B) e a relação de banho (D) contribuíram

negativamente para o processo, isto mostra que a concentração (B) está

diretamente proporcional ao volume de banho (D). A concentração (B) foi a

variável que mais influenciou em maior valor no processo, pois esta variável está

diretamente ligada a resposta do experimento (K/S), quanto menor a

concentração menor a resposta de (K/S).

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Gráfico 11: Diagrama de Pareto do tingimento.

Fonte: autor

Tabela 8: Relação entre os termos, efeito padrão e % contribuição para o modelo.

Termo Efeito Padrão % Contribuição

A-Temperatura 0,054 0,48

B-Concentração 0,72 84,68

C-Tempo 0,12 2,29

D-R:B -0,012 0,025

AB 0,16 4,24

AC 0,064 0,67

AD 0,095 1,48

BC 0,06 0,59

BD -1,677 E 4,601 E

CD -3,762 E 2,315 E

ABC -2,379 E 9,256 E

ABD -0,12 2,4

ACD -0,02 0,064

BCD -0,031 0,16

ABCD -0,018 0,05

Erro - 1,01 Fonte: autor

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Tabela 9: Análise de Variância (ANOVA) para a resposta do K/S

Fonte de Variação Soma

Quadrática

N° de graus de

liberdade

Média Quadrática

F Valor

Probabilidade (p)

Regressão 2,376 15 0,158 19,23 0.0163

B-Concentração 2,071 1 2,071 251,50 0.0005

AB 0,104 1 0,104 12,59 0.0381

ABD 0,059 1 0,059 7,13 0.0757

C-Tempo 0,056 1 0,056 6,80 0.0798

AD 0,036 1 0,036 4,41 0.1267

AC 0,016 1 0,016 2,00 0.2523

BC 0,014 1 0,014 1,75 0.2780

A-Temperatura 0,012 1 0,012 1,43 0.3184

Resíduo 0,025 3 8,235E-

003 - -

Total corrigido 2,446 19 - - - Desvio padrão = 0,091; R2 = 0,9897; R2 ajustado = 0,9382; R2 previsível = 0,95 CV% = 8,96;

Previsão adequada = 14,455.

Observamos na tabela 9 que os coeficientes de determinação R2, R2

ajustado e R2 previsível para o tingimento convergem próximo de 1, o que indica

um nível de concordância e ajuste entre os valores previstos pelo modelo

estatístico proposto e os valores obtidos experimentalmente. O nível de precisão

adequado obtido é 14,455, uma relação adequada de precisão superior a 4

indica que o modelo quadrático é adequado.

O modelo F-valor de 19,23 implica que o modelo é significativo e pode ser

utilizado para a previsão dos valores experimentais.

Os valores de "Prob> F" menor que 0,0500 indica que os termos do modelo

são significativos. Neste caso B, AB são termos significativos do modelo.

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5.10.2. Gráfico de relação dos Valores Previstos e dos Valores Observados

O gráfico 13 mostra a relação entre os valores experimentais encontrados e

previstos do K/S. Os valores previstos pelo modelo foram representados pela

reta e os valores observados pelos pontos. Verifica-se que a diferença dos

valores observados aproximou-se dos valores previstos, o que pode ser

comprovado pelo elevado valor do coeficiente de regressão obtido pelo modelo

(R2 = 0.9897). Isto mostra que o modelo proposto foi satisfatório e não necessita

de ajustes.

Gráfico 12: Valores observados em função dos previstos.

Fonte: autor

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5.10.3. Gráfico Normal de Probabilidade de Resíduos

No gráfico 14 é apresenta a probabilidade normal dos resíduos e observa-

se que o modelo proposto na análise de variância obedece aos critérios dos

mínimos quadrados, em razão que os resíduos foram ajustados ao longo de uma

linha reta, o resíduo foi de 0,025, o que comprova que a normalidade do modelo

foi satisfeita.

Gráfico 13: Normal de probabilidade de resíduos.

Fonte: autor

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5.10.4. Gráficos 3D de Superfícies

No gráfico 15 está representada tridimensionalmente a melhor resposta de

K/S obtida na análise estatística.

A região do gráfico em vermelho representa as melhores respostas do

experimento, e exatamente no ponto de K/S igual a 2,624 temos a melhor

resposta do experimento, no qual temos a combinação das variáveis:

temperatura de 70°C, concentração de 5% das nano/microcápsulas

termosenssíveis, tempo 40 minutos e relação de banho 1:35 g/mL. A região em

azul representa os resultados menos significativos do experimento.

Gráfico 14: Combinação da Concentração (B) e Temperatura (A).

Fonte: autor

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6. CONCLUSÃO

De acordo com os objetivos neste trabalho e dos resultados obtidos,

concluímos que:

As etapas para extração do biopolímero mostraram-se eficientes, pois a

quitosana obtida apresentou grau de desacetilação (GD) acima de 50%,

contribuindo para a sua solubilização e para o processo de funcionalização do

substrato têxtil.

A análise de potencial zeta mostrou uma boa estabilidade eletrostática da

quitosana em solução.

Com relação ao tamanho de partícula da quitosana foi encontrado um valor

médio dentro da escala nanométrica, o que mostra que o processo de diluição

foi eficiente.

A Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) foi essencial para observação

do formato e tamanho das partículas de quitosana e das micro/nanocápsulas

termosenssíveis bem como destas impregnadas no tecido de soja, destacando

suas características superficiais.

Com a análise de FTIR podemos comprovar que o material obtido na síntese

é quitosana, pois podemos observar os grupos funcionais e as bandas

características deste polímero.

Através da técnica de DRX podemos observar os picos cristalinos de cada

material, evidenciando uma diminuição na intensidade do maior pico do

substrato de soja funcionalizado com quitosana.

Na análise de TG podemos observar os processos de desidratação e

decomposição onde ocorre a carbonização de cada material. O comportamento

dos gráficos para o tecido de soja sem tratamento e do tecido de soja com

quitosana foi igual, concluímos que a quitosana não influenciou nas

características estruturais do substrato.

O resultado da aplicação do planejamento estatístico com as variáveis

usadas mostrou-se eficiente no processo de tingimento da soja com as

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micro/nanocápsulas onde conseguimos otimizar o processo encontrando as

condições ideais de cada variável.

O método de tingimento por exaustão com temperatura e pressão foi muito

eficiente, pois conseguimos um bom resultado no tingimento com as cápsulas e

uma boa solidez a lavagem mesmo após 25 ciclos de lavagens domésticas, onde

temos uma boa concentração de cápsulas no substrato.

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7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como sugestões para trabalhos futuros foram identificados os seguintes:

1- Estudar a influência do grau de desacetilação da quitosana na eficiência

da funcionalização de substratos têxteis.

2- Síntese de um biofilme de quitosana para liberação controlada de

antibiótico.

3- Caracterização do efluente gerado no processo de tingimento.

4- Estudo cinético da adsorção.

5- Estudo da solidez a luz e fricção.

6- Estudo de como melhorar resistência de solidez à lavagem.

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