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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
WALICYRANISON PLINIO DA SILVA
CARACTERÍSTICAS GENOTÍPICAS E FENOTÍPICAS DE Candida albicans
ISOLADAS DA CAVIDADE BUCAL DE PACIENTES TRANSPLANTADOS
RENAIS COM ÊNFASE NA AÇÃO DO EXTRATO BRUTO DE Eugenia uniflora
NOS FATORES DE VIRULÊNCIA
NATAL-RN
2013
WALICYRANISON PLINIO DA SILVA
CARACTERÍSTICAS GENOTÍPICAS E FENOTÍPICAS DE Candida albicans
ISOLADAS DA CAVIDADE BUCAL DE PACIENTES TRANSPLANTADOS
RENAIS COM ÊNFASE NA AÇÃO DO EXTRATO BRUTO DE Eugenia uniflora
NOS FATORES DE VIRULÊNCIA
Dissertação apresentada à Coordenação do
Programa de Pós-graduação em Ciências
Farmacêuticas da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, como requisito para
obtenção do título de Mestre em Ciências
Farmacêuticas.
Orientador: Prof. Dr. Guilherme Maranhão
Chaves.
NATAL-RN
2013
DEDICATÓRIA
A todos que comigo fizeram deste sonho
uma realidade. Em especial à minha
família pelos valores que me ensinaram e
me transmitiram, pelo que sou.
AGRADECIMENTOS
A Deus, meu Pai, meu Amigo e meu Conselheiro, que pelas suas infinitas
misericórdias, me conduz e me guia por todos os dias de minha vida.
À minha família, que nunca abriu mão de apoiar em todas as minhas decisões,
pelo amor e carinho com que me tratam, pelos momentos de alegrias e tristezas que me
fazem cada dia mais fortalecido.
À minha esposa Lediana, que Deus colocou em minha vida para dividir comigo
todos os dias, as maravilhas que Ele tem feito em nosso viver, pelo grande amor que
tem transmitido a mim, carinho, compreensão e amizade.
Aos meus irmãos em Cristo, guerreiros da batalha espiritual, que me suprem em
oração e fazem dos meus dias difíceis, momentos de desfrute e paz interior.
Aos companheiros do Laboratório de Micologia Médica e Molecular, que
diariamente me ajudam nos experimentos, nos momentos de diversão e
companheirismo. Agradeço em especial ao amigo Vitor Lemos por me acompanhar nos
experimentos desde a graduação, pela dedicação e responsabilidade no desenvolver
deste projeto.
Ao grupo do Laboratório Especial de Micologia (UNIFESP), sob
responsabilidade do Prof. Arnaldo Lopes Colombo por cederem o software para
construção do dendrograma e pelo treinamento em sequenciamento molecular e teste de
sensibilidade à antifúngicos.
Ao Professor Ivanaldo Silveira, pela paciência e bondade com que me trata e me
acolheu no Laboratório de Microbiologia, bem como na disciplina de Microbiologia
Clínica.
Ao Professor Luiz Alberto Soares e à Magda Rayanne, por gentilmente nos
fornecerem o extrato de pitanga utilizado em todo este projeto.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) que
através do edital PROCAD-NF 08/2008, financiou este projeto e, especificamente às
Profas. Eveline Pipolo Milan e Terezinha Estivalet Svidzinski pela doação das cepas
clínicas de Candida albicans obtidas da cavidade oral de pacientes transplantados
renais.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
pelo financiamento deste Projeto, através do Edital Universal 14/2011.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas – PPgCF, pela
oportunidade em realizar em tempo hábil este mestrado.
Ao meu orientador, Prof. Guilherme Chaves, pela confiança em minha pessoa,
pela oportunidade que me deu de realizar este trabalho, por ser para todos os alunos do
LMMM, um exemplo a ser seguido em seriedade, compromisso, respeito e ética ao
trabalho. Agradeço por estar moldando o meu perfil de pesquisador e guiando os meus
passos na área acadêmica. Obrigado por tudo.
Bendito o homem que confia no Senhor,
e cuja esperança é o Senhor.
Porque ele é como árvore plantada junto às águas,
que estende as raízes para o ribeiro
que não receia quando vem o calor,
mas sua folha fica verde; e no ano de sequidão
não se perturba nem deixa de dar o seu fruto.
Jeremias 17:7-8.
ÍNDICE
RESUMO
ASBTRACT
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................... 20
2.1 A candidíase bucal................................................................................................. 20
2.2 Aspectos epidemiológicos da candidíase bucal..................................................... 21
2.3 A prevalência da candidíase bucal em pacientes transplantados renais................ 23
2.4 A perspectiva do agente patogênico: fatores de virulência de Candida albicans. 24
2.4.1 Morfogênese como fator de virulência em C. albicans......................................... 25
2.4.2 Atividade de fosfolipase........................................................................................ 26
2.4.3 Resistência à fagocitose por PMN......................................................................... 27
2.5 Utilizações de métodos moleculares para a avaliação epidemiológica de infecção
por Candida albicans..............................................................................
29
2.6 Utilização de extratos vegetais para a descoberta de novos alvos antifúngicos.... 31
3 OBJETIVOS........................................................................................................ 33
3.1 Objetivos gerais..................................................................................................... 33
3.2 Objetivos específicos............................................................................................. 33
4 METODOLOGIA................................................................................................ 34
4.1 Seleção de microrganismos................................................................................... 34
4.1.1 Verificação de viabilidade e pureza das leveduras armazenadas nos Laboratório
de Micologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e identificação
fenotípica das amostras..........................................................................................
34
4.2 Ensaios moleculares para genotipagem de espécies de leveduras......................... 35
4.2.1 Extração de DNA genômico de leveduras a partir de culturas.............................. 35
4.2.2 Ensaios moleculares para a tipagem de leveduras................................................. 36
4.2.3 Eletroforese em gel de agarose.............................................................................. 37
4.2.4 Avaliação da similaridade dos padrões de bandas................................................. 38
4.3 Determinação dos fatores de virulência de leveduras na presença e ausência do
extrato bruto de E. uniflora....................................................................................
39
4.3.1 Caldo NGY para padronização do inoculo............................................................ 39
4.3.2 Análise micromorfológica das leveduras crescidas em meio NGY na presença e
na ausência do E.B de E. uniflora..........................................................................
40
4.3.3 Ensaio de morfogênese em meio líquido............................................................... 40
4.3.4 Análise microscópica e mensuração do tamanho das hifas formadas no ensaio de
morfogênese......................................................................................................
41
4.3.5 Ensaio de morfogênese em meio sólido................................................................ 42
4.3.6 Atividade de fosfolipase........................................................................................ 42
4.3.7 Ensaio de fagocitose de C. albicans por PMN...................................................... 43
4.3.8 Análise estatística dos resultados.......................................................................... 45
5 RESULTADOS.................................................................................................... 45
5.1 Prevalência de C. albicans em isolados da cavidade oral..................................... 45
5.2 Genotipagem ABC................................................................................................. 47
5.3 Tipagem molecular pela técnica de Microssatélite................................................ 49
5.4 Análise dos padrões de bandas geradas por microssatélites versus genotipagem
ABC de Candida albicans
52
5.5 Correlação entre os fatores de virulência de Candida albicans crescidos na
ausência do extrato bruto de E. uniflora, com os genótipos A, B e C.................
55
5.5.1 Morfogênese em meio líquido............................................................................... 55
5.5.2 Avaliação da atividade de fosfolipase por C. albicans.......................................... 58
5.5.3 Fagocitose de C. albicans por polimorfonucleares................................................ 60
5.5.4 Atributos de virulência de isolados de Candida albicans oriundos de duas
diferentes regiões geográficas do Brasil (Nordeste e Sul).....................................
63
5.6 Análise da expressão dos fatores de virulência in vitro pelos isolados de Candida
albicans na presença do extrato bruto de Eugenia
uniflora...................................................................................................................
64
5.6.1 Morfogênese em meio líquido na presença do extrato bruto de Eugenia
uniflora.....................................................................................................................
64
5.6.2 Observação microscópica de células de C. albicans durante a transição entre
levedura-hifa (morfogênese), previamente crescidas em presença de E.B de E.
uniflora...................................................................................................................
65
5.6.3 Análise microscópica do tamanho das hifas formadas na presença e na ausência
de E.B de E. uniflora.............................................................................................
67
5.6.4 Evaginação lateral na presença do extrato bruto de E. uniflora............................ 70
5.6.5 Índice de morfologia (I.M) na presença do extrato bruto de E. uniflora .............. 73
5.7 Morfogênese em meio sólido do isolados crescidos na presença do extrato bruto
de E. uniflora................................................................................................
76
5.8 Ensaio de fagocitose de C. albicans por PMN crescidos na presença do extrato
bruto de E. uniflora................................................................................................
79
5.9 Avaliação da atividade de fosfolipase por C. albicans em presença de extrato
bruto de E. uniflora................................................................................................
83
6. DISCUSSÃO 86
7 CONCLUSÕES 99
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 101
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Separação de camadas de células por gradiente de
concentração,utilizando os reagentes Histopaque® 1077 e
Histopaque® 1119 com centrifugação a 500g durante 30 minutos à
25°C.
44
Figura 2. Perfil de bandas obtidas por meio da PCR utilizando os “primers” CA
INT-L e CA INT-R em cepas oriundas de Natal-RN. O genótipo A
apresenta uma única banda de 450pb, enquanto o genótipo B apresenta
uma banda de 840pb e o genótipo C, as duas bandas, uma de 450pb e
outra de 840 pb. PM-Peso molecular, C1-ATCC90028, C2-SC5413
(cepas de referência), B-Branco (controle negativo).
47
Figura 3. Distribuição dos genótipos de C. albicans obtidos pela metodologia da
genotipagem ABC. O genótipo A foi o mais prevalente, seguido do
genótipo C e do genótipo B.
48
Figura 4. Genotipagem por Microsatélite dos isolados clínicos de C. albicans
oriundos da cavidade oral de pacientes transplantados renais da cidade
de Maringá/PR. C1- C. albicans ATCC 90028; C2 – C. albicans
SC5314
50
Figura 5. Dendrograma dos 48 isolados clínicos de C. albicans, além das cepas
ATCC90028 e a SC5314, gerado através da matriz de similaridade
com 2% de tolerância.
54
Figura 6. Índice de morfologia (I.M) de células de C. albicans após 3h de
incubação em meio YPD líquido + 20% SFB, 37°C – 200 rpm
56
Figura 7. Atividade de fosfolipase de isolados clínicos de C. albicans).
58
Figura 8. Fagocitose de células de C. albicans por PMN quando incubadas em
meio EMEM + 20 mM HEPES, pH 7,2, a 37°C – 50 rpm, por 3h. (* =
Estatisticamente significante. Teste Mann-Whitney. P<0,05 ‡=Desvio
padrão)
61
Figura 9. Micromorfologia das células de C. albicans crescidas “overnight” em
presença de extrato bruto de E. uniflora, quando incubadas a 30 °C,
200 rpm., As setas indicam alteração na forma ovalada dos
blastoconídios e a presença de grandes vacúolos citoplasmáticos
(Objetiva de 40x).
64
Figura 10. C. albicans SC5314 previamente crescida na ausência de E.B de
E.uniflora, quando inoculada no meio YPD líquido+20%SFB, 37°C –
200rpm. 11A) Emissão de tubo germinativo após 1h de incubação.
11B) Hifa verdadeira formada após 3h de incubação
65
Figura 11. C. albicans 111R previamente crescida na ausência (A) e na presença
(B) de E.B de E.uniflora e posteriormente incubadas em meio YPD
líquido+20%SFB, 37°C – 200rpm. 12A) Hifas verdadeiras longas
formadas após 3h de incubação na ausência de E.B. 12B) Hifas
verdadeiras de tamanho reduzido após 3h de incubação na presença de
E.B. (Objetiva de 40x).
66
Figura 12. Mensuração do tamanho de hifa formada pela cepa ATCC 90028
formadas após 3h de incubação em meio YPD líquido+20% SFB
(37°C – 200 rpm) com células previamente crescidas na ausência e na
presença do E.B de E.uniflora.
67
Figura 12. Média dos tamanhos das hifas verdadeiras formadas após 3h de
incubação em meio YPD líquido+20% SFB (37°C – 200 rpm) com
células previamente crescidas na ausência e na presença do E.B de
E.uniflora.
68
Figura 13. Porcentagem de células que emitiram tubo germinativo por meio de
evaginação lateral nas leveduras de C. albicans quando incubadas em
meio YPD+SFB 20%, 37°C 200 rpm, por 1h. As cepas que cresceram
em presença do E.B de E.uniflora demonstraram uma acentuada
redução na emissão dos tubos germinativos.
70
Figura 14. Índice de morfologia (I.M) de células de C. albicans crescidas na
ausência e na presença de E.B de E. uniflora após 3h de incubação em
meio YPD líquido + 20% SFB, 37°C – 200 rpm.
74
Figura 15. Formação de hifa em meio sólido YPD+20% SFB. A.1) ATCC90028
sem E.B – A.2) ATCC90028 com E.B. B.1) SC5314 sem E.B – B.2)
SC5314 com E.B. C.1) Cepa 06L sem E.B – C.2) Cepa 06L com E.B.
D.1) Cepa 15g sem E.B – D.2) Cepa 15g com E.B. E.1) Cepa 15L sem
E.B – E.2 Cepa 15L com E.B. F.1) Cepa 111R sem E.B – F.2 Cepa
111R com E.B. Incubação à 37°C por 7 dias
78
Figura 16. Células de C. albicans crescidas na ausência do E.B de E. uniflora
eficazmente fagocitadas após co-incubação de ambas as células a 37
°C, por 3 h, 200 rpm. As setas indicam leveduras emitindo tubo
germinativo mesmo no interior das células fagocíticas. Objetiva de
40x.( Seta vermelha: C. albicans emitindo tubo germinativo no interior
do PMN; seta branca: PMN, seta amarela: blastoconídios fagocitados)
79
Figura 17. Células de C. albicans crescidas na presença do E.B de E. uniflora
não fagocitadas após co-incubação de ambas as células a 37 °C, por 3
h, 200 rpm. As células de C.albicans crescidas na presença do E.B de
E. uniflora tiveram uma acentuada diminuição no número de células
fagocitadas. As figuras mostram PMN com ausência de leveduras
fagocitadas em seu interior. Objetiva de 40x (Seta vermelha: PMN;
seta branca: C. albicans).
80
Figura 18. Fagocitose de células de C. albicans por PMN quando incubadas em
meio EMEM + 20 mM HEPES, pH 7,2, a 37°C – 50 rpm, por 3h. (* =
Estatisticamente significante. Teste T de student. P<0,05 ‡=Desvio
padrão)
81
Figura 19. Atividade de fosfolipase de isolados clínicos de C. albicans crescidas
na presença e na ausência do E.B de E .uniflora (* = Estatisticamente
significante. Teste T de student. P<0,05 ‡=Desvio padrão)
84
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Distribuição dos isolados clínicos de C. albicans quanto as
condições clínicas dos pacientes e a região geográfica de origem
46
Tabela 2. Distribuição das cepas de C. albicans oriundas de duas diferentes
cidades do Brasil (Natal-RN e Maringá-PR).
49
Tabela 3. Média dos fatores de virulência dos isolados clínicos de C.
albicans quando comparados pela região geográfica de origem
das cepas.
63
LISTA DE ABREVIATURAS
AIDS: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
Als: Agglutinin-like sequence
ATCC: American Type Culture Collection
BSA: Bovine Serum Albumine
C.: Candida
CO2: Gás carbônico
Cph: Candida pseudohyphal regulator
ºC: Grau Celsius
DNA: Ácido desoxirribonucléico
dATP: Desoxiadenosina trifosfato
dCTP: Desoxicitosina trifosfato
dGTP:Desoxiguanina trifosfato
dTTP: Desoxitimidina trifosfato
DO: Densidade óptica
EDTA: Ácido etileno diaminotetracético
Efg: Enhanced filamentous growth
et al.: Colaboradores
g/l: Grama por litro
HIV: Vírus da Imunodeficiência Humana
h: Hora
Hwp: Hyphal wall protein
Hyr: Hyphally regulated protein
IM: Índice Morfológico
ITS: Internal Transcript Spacer
Kb: Kilobase
KCl: Cloreto de Sódio
KH2PO4: Fosfato de potássio monobásico
M: Molar
min: Minuto
mL: mililitro
mL/L: mililitro por litro
MLST: Multilocus Sequence Typing
mM: Milimolar
mm: Milímetro
MgCl2: Cloreto de magnésio
mg/mL: Miligrama por mililitro
μg/mL: Micrograma por mililitro
μL: microlitro
μM: micromolar
Nº: número
NaCl: Cloreto de sódio
Na2HPO3: Fosfato de sódio dibásico
NGY: Neopeptone – yeast extract - glucose
ng/μL: nanograma por microlitro
nm: nanômetro
PAMPs: Padrões moleculares associados a patógenos
PBS: Phosphate Buffered Saline
PCR: Polymerase Chain Reaction
pH: Potencial hidrogeniônico
PMNs: Polimorfonucleares
pmol/μL: Picomol por microlitro
®: marca registrada
rDNA: DNA codificador do RNA ribossomal
RFPL: Restriction Fragment Lenght Polymorphism
RNA: Ácido ribonucléico
rRNA: RNA ribossomal
ROS: Espécies reativas de oxigênio
Rpm: Rotações por minute
SDA: Sabouraud Dextrose Agar
spp.: Espécies
TAE: Tris acetato EDTA
TM: Trade Mark
UFRN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
U/mL: Unidade por mililitro
UV: Ultravioleta
YPD: Yeast Peptone Dextrose
YCB: Yeast Carbon Base
YNB: Yeast Nitrogen Base
Resumo
Candida albicans é uma levedura diplóide que em certas circunstâncias pode causar
infecções da cavidade oral e da orofaringe. A investigação de produtos naturais é
fundamental para a descoberta de novos alvos para o desenvolvimento de drogas
antifúngicas. Este estudo objetivou determinar os genótipos de 48 isolados clínicos de
C. albicans obtidos da cavidade oral de pacientes transplantados renais de duas distintas
regiões geográficas do Brasil. Além disso, foram investigados três fatores de virulência
in vitro: atividade de fosfolipase, morfogênese e a capacidade de escapar do ataque de
neutrófilos polimorfonucleares. A expressão destes fatores de virulência também foi
investigada na presença do extrato bruto de Eugenia uniflora. O genótipo A foi o mais
prevalente (30 isolados; 62,5%), seguido do genótipo C (15 isolados; 31,5%) e do
genótipo B (3 isolados; 6,25%). Quando a técnica do microssatélite com o primer M13
foi empregada, 80% dos isolados da região Sul foram agrupados no mesmo cluster.
Todos os isolados do genótipo C foram agrupados juntos em dois diferentes clusters
bem definidos. Isolados do genótipo C foram considerados mais resistentes à ação de
PMNs do que os dos genótipos A e B. As cepas isoladas do Sul do Brasil demonstraram
maior habilidade em combater a fagocitose por PMNs. Encontrou-se uma alta taxa de
isolados do genótipo C da cavidade oral deste grupo de pacientes. O extrato bruto de E.
uniflora inibiu a formação de hifa e fagocitose por PMNs, mas não apresentou efeito
significativo na atividade de fosfolipase. Este estudo caracterizou isolados clínicos de C.
albicans da cavidade oral de pacientes transplantados renais, contribuindo para um
melhor entendimento da patogênese e terapêutica alternativa para a candidíase oral.
Palavras-chave: Candida albicans, candidíase oral, pacientes transplantados renais,
genotipagem, fatores de virulência, Eugenia uniflora, produtos naturais.
Abstract
Candida albicans is a diploid yeast that in some circumstances may cause oral or
oropharyngeal infections. The investigation of natural products is mandatory for the
discovery of new targets for antifungal drugs development. This study aimed to
determine the genotypes of 48 clinical isolates of C. albicans obtained from the oral
cavity of kidney transplant patients from two distinct geographic regions of Brazil. In
addition, we investigated three virulence factors in vitro: phospholipase activity,
morphogenesis and the ability to evade from polymorphonuclear neutrophils. The
expression of these virulence factors in vitro was also investigated in the presence of the
crude extract of Eugenia uniflora. The genotype A was the most prevalent (30 isolates;
62.5%), followed by genotype C (15 isolates; 31.5%) and genotype B (3 isolates;
6.25%). When microsatellite technique with primer M13 was applied, 80% of the
isolates from the South were placed within the same cluster. All Genotype C strains
were grouped together within two different clusters. Genotype C was considered more
resistant to PMNs attack than genotypes A and B. Strains isolated from the South of
Brazil showed higher ability to combat PMNs phagocytosis. We found a high rate of
genotype C strains isolated from the oral cavity of this group of patients. The crude
extract of E. uniflora inhibited proper hypha formation and phagocytosis by PMNs, but
had no significant effect on phospholipase activity. This study characterized oral C.
albicans strains isolated from kidney transplant recipients and will contribute for the
better understanding of the pathogenesis and alternative therapeutics for oral
candidiasis.
Keywords: Candida albicans, oral candidiasis, kidney transplant recipients, genotyping,
virulence factors, Eugenia uniflora, natural products.
18
1 INTRODUÇÃO
Candida albicans é uma levedura diplóide que faz parte da microbiota normal da
cavidade oral e do trato gastrointestinal humano. Apesar de sua co-evolução junto com
o homem, como comensal, em determinadas ocasiões esta levedura pode sofrer uma
transição entre o estado de colonizante e passar a ser infectante. Esta alteração irá
depender de uma série de fatores associados tanto à fisiologia do micro-organismo,
quanto ao sistema imune do hospedeiro. Em relação ao patógeno, existe uma série de
características que estão diretamente associadas à sua patogenicidade, que são
denominados de fatores de virulência (Chaves et al,2012; Younes & Khalaf, 2013).
Os fatores de virulência de C. albicans contribuem tanto para uma manutenção
das cepas colonizantes como também para o dano e invasão tecidual, estabelecendo
assim a infecção. Entre os principais fatores de virulência de C. albicans estão a
capacidade de emitir estruturas filamentosas, transitando assim, da forma de levedura à
hifa verdadeira (morfogênese), fator este que contribui para a invasão dos tecidos, além
da secreção de enzimas hidrolíticas, como as fosfolipases, que irão degradar os
fosfolipídios de membrana. Associados a estes fatores está a capacidade de C. albicans
em resistir ao ataque de células fagocíticas, contribuíndo para evasão do sistema imune
(Yan et al., 2013).
Os pacientes nefropatas que são submetidos ao procedimento de transplante de
rim, ficam sujeitos ao uso de esquemas de imunossupressão medicamentosa, com o
objetivo de evitar uma rejeição do enxerto. O uso prolongado de imunossupressores, de
fato, torna este grupo de pacientes mais vulneráveis ao desenvolvimento de infecções
fúngicas oportunistas, sendo a candidíase oral, um dos quadros infecciosos oportunistas
mais prevalentes. (Carvalho et a. 2003. Al-Mohaya et a. 2002).
19
Com a finalidade de melhor entender os aspectos fisiológicos e história natural
relacionados aos micro-organismos, as técnicas moleculares são ferramentas muito úteis
para avaliar as rotas de infecção, variabilidade genética intra e interespecíficas, bem
como as chamadas microevoluções (Escribano et al. 2013)
O uso de produtos naturais que visam o tratamento de doenças tem aumentado nos
últimos tempos, frente à grande diversidade de plantas que existem em todo o planeta.
Por conseguinte, o número de publicações que estudam o comportamento de produtos
de origem vegetal tem ganhado destaque. De fato, ainda pouco se sabe a respeito dos
extratos vegetais no tratamento das infecções fúngicas, principalmente na candidíase,
bem como a relação dos compostos extrativos de plantas nos fatores de virulência de C.
albicans. Modelos alternativos de tratamento precisam ser investigados, uma vez que
Candida spp. podem se tornar resistentes a antifúngicos sintéticos convencionalmente
empregados na medicina contemporânea (Ishida et al,. 2006).
Diante destes fatos, o presente trabalho teve como objetivo avaliar
genotipicamente isolados clínicos de C. albicans oriundos da cavidade oral de pacientes
transplantados renais provenientes de duas regiões geográficas brasileiras distintas:
Natal, no estado do Rio Grande do Norte, região Nordeste e de Maringá, no estado do
Paraná, região Sul. Além disto, foi realizada a caracterização de fatores de virulência
(morfogênese, atividade de fosfolipase e resistência ao ataque de fagócitos) bem como
investigada a relação da atividade do extrato bruto de Eugenia uniflora nestes na
expressão destes atributos de patogenicidade.
20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. A candidíase bucal
Apesar de algumas espécies de Candida, principalmente C. albicans fazerem
parte da microbiota normal de seres humanos, estas podem se tornar patogênicas, a
depender das condições imunológicas do indivíduo, associadas a fatores de virulência
do próprio micro-organismo (Odds, 1998; Calderone, 2002). C. albicans pode causar
infecções superficiais ou sistêmicas, levando o paciente a correr risco de vida nas
infecções mais graves, como a candidemia, cujos indivíduos acometidos podem
apresentar mortalidade atribuída da ordem de 40 a 60% (Gudlaugsson et al., 2003).
Dentre as infecções de mucosa, encontra-se a candidíase bucal. De fato, a
candidíase bucal é conhecida provavelmente há vários séculos, uma vez que a doença
clínica foi descrita por Hippocrates em 400 a.C., inicialmente designada como úlcera
oral. Embora Candida spp. vivam como comensais em 30 a 60% dos indivíduos
saudáveis, são capazes de causar infecção na presença de condições predisponentes do
hospedeiro, como doenças sistêmicas que levam a imunossupressão, uso de agentes
imunossupressores e citostáticos e transplante de órgãos (Colombo et al., 2007).
Usualmente, em resposta a mudanças fisiológicas no hospedeiro, as leveduras
bucais comensais podem causar infecção. A patogenicidade de Candida está
relacionada à aderência e multiplicação nas superfícies mucosas, com a formação de
tubo germinativo e filamentação, no caso de C. albicans (Calderone, 2002). A adesão
do micro-organismo à superfície da mucosa bucal do hospedeiro é um pré-requisito para
a instalação de uma infecção e também pode servir como reservatório para a
disseminação de infecções fúngicas (Calderone & Gow, 2002).
21
2.2 Aspectos epidemiológicos da candidíase bucal
A candidíase bucal pode ocorrer tanto em pacientes imunocomprometidos, quanto
imunocompetentes. Desde o surgimento da AIDS tem se reportado o aumento da
candidíase oroesofágica (COE), sendo este um importante marcador da progressão da
evolução clínica da infecção pelo vírus HIV (Chaves et al. 2013). Não obstante, é
importante ressaltar que esta tendência esteja diminuindo em recentes anos, em virtude
do emprego das terapias antiretrovirais (TARVs). Entretanto, não se pode negligenciar
os pacientes com HIV que vivem em países onde os recursos para estas terapias são
limitados, além das falhas terapêuticas e falta de resposta imunológica, mesmo em
pacientes recebendo TARV. Por conseguinte, é importante distinguir quais as
características clínicas e história natural do patógeno em pacientes HIV positivos, ou de
imunossuprimidos em geral, incluindo os pacientes transplantados (Milan et al., 2001).
A colonização oral por Candida em pessoas saudáveis, bem como portadores de
enfermidades é bastante estudada. Acredita-se que 5,7 % dos bebês estejam colonizados
durante o nascimento, sendo que este número aumenta para 14,2 % no momento em que
os mesmos deixam o ambiente hospitalar, voltando a regredir após um ano de idade, e
aumentando durante a senilidade. O uso de dentaduras definitivamente contribui para
este achado, além do aumento do uso de medicamentos e substituições prostéticas
dentárias. Vários autores têm relatado variadas taxas de colonização por Candida na
cavidade oral e alguns estudos sugerem que desde 2 até 71% de indivíduos adultos
saudáveis e de 13 até 73% de pacientes podem estar colonizados por esta levedura,
segundo os mais variados estudos. A grande variabilidade da freqüência de colonização
encontrada por diferentes autores é devido ao método de coleta (ex: swab oral ou da
22
faringe ou bochecho). Além disso, hábitos de higiene influenciam na taxa de
colonização (Ruhnke, 2002).
Estudos mais antigos sempre relataram a vasta predominância de C. albicans
como agente colonizante da cavidade bucal (Ruhnke, 2002), tendência ainda observada
nos dias de hoje, embora de maneira geral, tenha ocorrido o aumento do isolamento de
espécies de Candida não-Candida albicans (Chaves et al., 2013). Entretanto, em 1995
surge uma nova espécie de Candida, C. dubliniensis, altamente relacionada
geneticamente a C. albicans (Sullivan et al., 2005). Este fato pode ter influenciado na
avaliação epidemiológica principalmente de trabalhos mais antigos, uma vez que pode
ter havido uma identificação não acurada dos isolados de Candida colonizantes da
cavidade bucal, superestimando a prevalência de C. albicans sobre C. dubliniensis
(Runhke, 2002).
C. dubliniensis pode colonizar a cavidade bucal e vaginal de indivíduos saudáveis,
além de HIV-positivos. Ainda antes das TARVs, um estudo irlandês demonstrou que C.
dubliniensis foi isolada em 27% de pacientes HIV positivos e 32% de pacientes com
AIDS avançada (total de 192 pacientes), apresentando lesões típicas de COE (Coleman
et al., 1997).
Estudos moleculares indicam que várias cepas e até espécies diferentes podem
colonizar membranas mucosas de seres humanos. Colonização por até 3 genótipos
distintos de C. albicans pode ocorrer no mesmo indivíduo paralelamente ou
sequencialmente (Jacobsen et al., 2008). Entretanto, acredita-se que um genótipo
“dominante” persista nas mucosas e seja responsável por infecções recorrentes. Estas
cepas persistentes podem ser passadas de um indivíduo a outro sexualmente e mudanças
fenotípicas podem ocorrer, como por exemplo, pela exposição a drogas antifúngicas.
Um estudo recente escocês demonstrou que colônias distintas de C. albicans obtidas de
23
voluntários saudáveis e pacientes com COE e candidíase vaginal podem sofrer
microevolução ou serem completamente substituídas em indivíduos saudáveis, mas não
infectados, sugerindo mais uma vez a necessidade de crescimento seletivo de um único
genótipo para que a infecção por Candida aconteça (Jacobsen et al., 2008).
Alguns fatores de risco foram descritos como associados à COE. Com relação aos
fatores locais, temos como exemplo: composição da microbiota; dietas ricas em
carboidratos; hábito de tabagismo; alterações na saliva, como xerostomia e radioterapia;
alterações nas células epiteliais, como: atrofia, hipertrofia e displasia; presença de
dentaduras e hábitos de higiene. Quanto aos fatores sistêmicos, podemos citar:
fisiológicos (infância, senilidade e gravidez), distúrbios endócrinos (diabetes mellitus,
hipotireoidismo), deficiências nutricionais (ferro, vitamina B12 e ácido fólico), doenças
hematológicas malignas (leucemia e agranulocitose) e imunossupressão (AIDS, aplasia,
uso de corticosteróides e quimioterápicos; Campisi et al., 2008).
2.3 A prevalência da candidíase bucal em pacientes transplantados renais
A terapia de escolha para o tratamento de pacientes com insuficiência renal
crônica é o transplante de rim. A possibilidade de rejeição do enxerto e o desafio de se
encontrar um equilíbrio nos esquemas de imunossupressão medicamentosa, de forma
que estes não sejam excessivos, a ponto de produzir infecções, nem tão pouco leves o
suficiente para permitir a rejeição do órgão constituem dificuldades desse procedimento
(Carvalho at al. 2003). Essa imunossupressão crônica apresenta, frequentemente,
repercussões na cavidade bucal, que podem ser localizadas ou fazer parte de um quadro
de doença disseminada (JIN et al., 2004).
24
Um dos efeitos colaterais do processo pós-transplante é o desenvolvimento de
infecções oportunistas, que são a maior causa de morbidade e mortalidade como
resultado da imunossupressão (Al-Mohaya et al, 2002; Hwang et al., 2004).
A prevalência de candidíase bucal em receptores de transplante renal encontrada
na literatura varia de 9,4% a 46,7% (Al-Mohaya et al., 2002; De La Rosa-Garcia et al.,
2005; Guleç et al., 2003; King et al., 1994). Essa variação bastante ampla pode ser
atribuída à sensibilidade dos distintos métodos de coleta e isolamento utilizados, às
diferenças dos níveis de imunossupressão, critérios diagnósticos e populações de
estudo. De la Rosa-García et al. (2005), em estudo realizado com 90 receptores de
transplante de rim no México, observaram uma prevalência de 18,7% de candidíase
bucal. Al-Mohaya et al. (2002) diagnosticaram candidíase bucal em 15,5% dos 58
receptores de transplante renal avaliados. Güleç & Haberal (2010) estudaram a
prevalência de lesões orais em 100 receptores de transplante renal e encontraram uma
prevalência de 26% de candidíase bucal.
2.4 A perspectiva do agente patogênico: fatores de virulência de Candida
albicans.
Acredita-se que a imunidade do hospedeiro seja o principal fator regulador do
status de C. albicans no organismo. Entretanto, esta espécie possui atributos de
virulência peculiares uma vez que ela é definitivamente mais virulenta que outras
espécies de Candida, em modelos animais de infecção superficial e disseminada. Os
principais fatores de virulência de C. albicans incluem capacidade de aderência às
células epiteliais e endoteliais humanas, morfogênse, secreção de hidrolases, rápidas
modificações fenotípicas e variações antigênicas (Calderone, 2002). Além dos fatores
25
de virulência bem estabelecidos na literatura, a habilidade das células de C. albicans de
sobreviver ao ataque de células fagocíticas humanas é um importante fator no
estabelecimento de candídiase disseminada (Romani, 2002, Chaves et al., 2007).
Vários estudos de deleção de genes específicos foram relatados na literatura. Para
ser considerado como fator de virulência, o gene nocauteado deve causar uma atenuação
na virulência da cepa mutante quando inoculado em animais em modelo de infecção
experimental. O estudo de virulência desta espécie tem progredido bastante, devido ao
fato de seu genoma estar completo (Navarro-Garcia, et al., 2001).
2.4.1 Morfogênese como fator de virulência de Candida albicans
Acredita-se que a transição de levedura à hifa seja importante no estabelecimento
da infecção, uma vez que mutantes incapazes de formar hifa são atenuados em
virulência em camundongos. A morfogênese em C. albicans pode ser mediada por
vários fatores ambientais. Os parâmetros que induzem modificações morfológicas in
vitro incluem: temperatura de crescimento acima de 35 ºC, pH acima de 6.5, escassez de
carbono ou nitrogênio, baixas concentrações de oxigênio e alguns compostos químicos
como N-acetyl-glucosamina (GlCNac) aminoácidos e álcool. Alguns hormônios
humanos como hormônio luteinizante, gonadotrofina coriônica, progesterona e estradiol
também induzem a formação de hifa. Entretanto, soro é o mais potente indutor de
filamentação. É importante enfatizar que é sempre necessária a combinação de mais de
um desses fatores para a indução de filamentação (Taschdjian, 1960; Navarro-Garcia et
al., 2001, Brown, 2002, Bassilana, et al., 2005).
Cinco vias metabólicas foram reportadas como importantes para a formação de
hifa. a) A via sinalizada por pH (El Barkani, et al., 2000); b) A via Czf1 (zinc finger
26
protein), que promove a formação de hifa em matrizes sólidas (Brown, et al., 1999); a
via envolvendo o fator de transcrição Cph2 (fator de transcrição basic helix loop Cph2)
(Lane et al., 2001); a via metabólica sinalizada por Ras-cAMP (Ras-AMP cíclico), cujo
principal componente são os fatores de transcrição Efg1 (Elongation factor growth 1)
(Stoldt et al., 1997) e Cph1, pertencendo à via metabólica de MAP kinase (Liu et al.,
1994). Por conseguinte, genes que codificam estes fatores de transcrição podem ser
considerados essenciais para a formação de hifa em C. albicans.
Alguns genes (específicos de hifa) são expressos durante a transição de levedura a
hifa, mas não são essenciais para o desenvolvimento da mesma. Por exemplo, os genes
ALS3 e ALS8, ambos pertencentes à família ALS (agglutinin-like sequences) são
ativados quando as células de C. albicans são estimuladas com soro e N-acetyl-
glucosamina. Entretanto, o mutante duplo Δals3/als3/als8/als8 ainda é capaz de formar
hifa. Por conseguinte, nem ALS3, nem ALS8 são requeridos na formação de uma hifa
viável (Brown, 2002).
2.4.2 Atividade de fosfolipase
Um dos principais mecanismos que conferem aos fungos a capacidade de aderir,
infectar e causar doença é a produção das enzimas extracelulares denominadas
fosfolipases. O termo “fosfolipase” se refere a um grupo heterogêneo de enzimas que
possuem em comum a capacidade de quebrar ligações do tipo éster nos
glicerolfosfolipídios. Embora todos os fosfolipídeos sejam alvo das fosfolipases, cada
enzima tem a capacidade de clivar específicas ligações (Ghannoum, 2000).
27
Estas enzimas se localizam na superfície dos fungos e na extremidade dos tubos
germinativos produzidos por blastoconídios. Estas degradam os fosfolipídios
constituintes da membrana das células do hospedeiro levando a alteração nas
características de superfície que facilita a adesão fúngica e subseqüente infecção ou até
mesmo a própria destruição da célula (Barrett-Bee, et al., 1985)
A maior ação da fosfolipase ocorre onde a hifa entra em contato direto com a
membrana celular e em geral apenas as hifas conseguem invadi-las com sucesso, sendo
assim as fosfolipases extracelulares são muito importantes no processo de invasão dos
tecidos (Ghannoum, 2000).
O método de detecção da atividade da fosfolipase em placas em C. albicans e
outras leveduras foi descrito por Price, et al., (1982). A gema de ovo possui grande
quantidade fosfolipídios, principalmente fosfatidilcolina e fosfatidiletanolamina. Por
conseguinte, estes dois fosfolipídios podem ser incorporados ao meio base de Ágar
Sabouraud Dextrose (ASD). As colônias que são produtoras de fosfolipases quando
crescem neste meio, apresentam uma densa zona de coloração branca, bem definida ao
redor da colônia. Essa zona densa se deve provavelmente à reação entre o cálcio e os
ácidos graxos provenientes da degradação dos fosfolipídios da gema do ovo pela
fosfolipase produzida pelas leveduras (Ghannoum, 2000).
2.4.3 Resistência à fagocitose por neutrófilos polimorfonucleares
A imunidade inata dos hospedeiros contra os micro-organismos patogênicos está
associada à presença de células fagocíticas, que de fato são a primeira linha de defesa do
28
sistema imune contra estes agentes. Os componentes essenciais para que este sistema de
defesa atue de forma efetiva são as células fagocíticas, como por exemplo, os
neutrófilos polimorfonucleares. (PMN) e os fagócitos mononucleares (Netea et al.,
1999).
O processo de reconhecimento das células de Candida pelo sistema imune está
relacionado com a presença de receptores específicos encontrados na parede celular das
leveduras e que são reconhecidos por receptores padrão encontrados nas células
fagocíticas (Gow et al, 2012).
A parede celular das leveduras é composta por polímeros de manana
covalentemente associadas a proteínas formando as glicoproteínas, os polissacarídeos de
quitina, que juntamente com as β-1,3-glucanas conferem a morfologia da célula.
Também são encontradas as glicosilfosfatidilinositol e as β-1,6-glucanas, na região
central na parede celular (Gow et al., 2012).
A avaliação do processo de fagocitose é observada quando células de C.
albicans são co-incubadas com PMNs isodados de sangue total em condições que
favorecem o reconhecimento e a fagocitose (Fradin et al 2005). O processo de
fagocitose pode ser observado microscopicamente avaliando-se o número de PMNs
contados e a porcentagem de leveduras fagocitadas em seu interior (Fradin et al., 2005).
As leveduras podem sobreviver ao ataque dos fagócitos em processo que
envolve a resistência ao estresse oxidativo, onde em resposta aos radicais intermediários
de oxigênio produzidos pelas células de defesa, C. albicans produz enzimas que
degradam estes compostos, como as enzimas catalase, superóxido desmutase (Sods) e
29
glutationa-redutase (Grx2), impedindo assim o dano oxidativo (Chaves et al, 2007,
Chaves & Silva, 2012).
2.5 Utilizações de métodos moleculares para a avaliação epidemiológica de
infecção por Candida albicans
A análise da similaridade genética entre diferentes cepas de uma mesma espécie
de micro-organismo patogênico é ferramenta fundamental para permitir a investigação
da história natural de infecções, caracterizar suas fontes e mecanismos de transmissão,
monitorar a emergência de cepas resistentes a drogas e auxiliar na definição de surtos
(Soll, 2000).
Na tentativa de aprimorar a análise de variabilidade biológica intra-específica,
vários métodos já foram desenvolvidos e adaptados para detectar polimorfismo genético
em espécies de leveduras. Entre os métodos mais utilizados em micologia médica
podemos citar: RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism) sem hibridização,
RFLP com hibridização por sondas, MLEE (Multiloccus Enzyme Electrophoresis),
RAPD (Randomly Amplified Polymorphic DNA) e PFGE (Pulsed Field Gel
Electrophoresis; Soll, 2000). Todos estes métodos geram padrões de bandas de
fragmentos de DNA (fingerprintings de DNA) cujos resultados podem ser armazenados
e analisados por programas de computadores específicos, para geração de dendrogramas
e estimativa das distâncias filogenéticas entre as cepas estudadas (Soll, 2000; Sullivan
& Coleman, 2002).
A disponibilidade da técnica de PCR, a tecnologia do seqüenciamento automático
de DNA e a existência de bancos genômicos, permitem avaliação de tipagem genotípica
30
baseada em seqüenciamento em estudos epidemiológicos (Soll, 2000). O MLST
(multilocus sequence typing) é um método de alta resolução baseado na análise de
polimorfismo de nucleotídeos de seqüências de aproximadamente 450-500 pb de
fragmentos internos (loci) de genes essenciais. Cada seqüência diferente de um alelo
define um perfil alélico para cada amostra analisada (Bougnoux et al., 2002, Tavanti et
al., 2005; Tavanti et al., 2005a ). Este método já foi bem caracterizado para estudo de
várias bactérias patogênicas (Dingle et al., 2001; Enright et al., 2000), bem como para
eucariotos como C. albicans (Bougnoux et al., 2002; Bougnoux et al., 2006).
Em estudo realizado por McCullough et al., (1999) foi proposta uma metodologia
para a genotipagem de C. albicans, denominada de Genotipagem A,B,C. Neste estudo,
foi observado que um inserto de 379 nucleotídeos no rDNA, codificando a subunidade
25S do RNA ribossomal é responsável por uma banda de 4.2-kb em alguns isolados de
C. albicans caracterizando um genótipo denominado de genótipo B. Em outros isolados
este inseto não é observado, sendo gerada uma banda menor, de 3.7-kb na PCR; estes
isolados foram caracterizados como sendo C. albicans do genótipo A. Além destes, há
um suposto genótipo em transição entre os genótipos A e B, onde provavelmente um
isolado do genótipo A recebeu o íntron e está se tornando o genótipo B, mas que
apresenta como resultado de PCR os dois padrões de bandas encontrados nos genótipos
A e B separadamente, sugerindo assim uma possível reprodução sexuada. Este foi
denominado de genótipo C. No mesmo estudo é observada maior prevalência do
genótipo A, seguida pelo genótipo B e posteriormente, pelo genótipo C.
Outra metodologia molecular utilizada para avaliar a variabilidade genética e
traçar perfis genotípicos em C. albicans é a técnica de microssatélite. Esta técnica se
baseia na amplificação por meio de PCR, de regiões conhecidas como microssatélites,
31
que são sequencias curtas, de dois a seis nucleotídeos em média, que se repetem em
tandem (Sampaio et al, 2005; Li et al, 2008). O produto de PCR é gerado com um
padrão de múltiplas bandas (fingerprint) onde o primer se anelou nas fitas de DNA. As
imagens geradas na eletroforese são analisadas por meio de programas específicos de
computador que geram um dendrograma baseado em cálculos de algoritmos de
proximidade entre as cepas utilizadas na análise. Esta técnica vem demonstrando
bastante segurança para avaliar as diferenças entre as espécies bem como observar os
polimorfismos que naturalmente ocorrem dentro de uma mesma espécie (Sampaio et al,
2005; Li et al, 2008, Chaves et al., 2012). Desde o surgimento da técnica de
microssatélite, esta metodologia vem sendo utilizada como importante ferramenta para a
caracterização genotípica de C. albicans.
O uso do primer M13 para a reação de PCR por microssatélite têm sido utilizado
em pesquisa para a diferenciação de cepas patogênicas de Candida e Sacharomyces
cerevisiae (Xu et al, 1999; Chaves et al., 2012), bem como para caracterizar
genotipicamente grupos, cepas de Cryptococcus neoformans (Casali et al, 2003).
2.6 Utilização de extratos vegetais para a descoberta de novos alvos
antifúngicos
C. albicans geralmente é sensível a todos os agentes antifúngicos disponíveis.
Entre as espécies de Candida não-Candida albicans, C. tropicalis e C. parapsilosis são
também sensíveis aos azóis, entretanto C. tropicalis possui sensibilidade menor ao
fluconazol que C. albicans. C. lusitaniae, responsável por 1–2% das candidemias é
susceptível aos azóis, contudo possui alta resistência intrínseca a anfotericina B. Por
32
outro lado, C. krusei apresenta resistência intrínseca ao fluconazol e C. glabrata
desenvolve resistência rapidamente após contato com este fármaco. Ambas têm
emergido como importantes agentes em infecções sistêmicas em pacientes
hospitalizados (Pfaller et al., 2006; Brito et al., 2006 Andes & Safdar, 2005; Hajjeh et
al., 2004; Ostrosky-Zeichner et al., 2003; Sanglard & Odds, 2002; Pappas et al., 2004).
Pesquisas de novos agentes antibacterianos e antifúngicos obtidos a partir de
extratos de plantas se intensificaram devido ao arsenal relativamente pequeno de drogas
disponíveis para o tratamento das micoses principalmente, além da problemática
envolvendo cepas resistentes.
Eugenia uniflora pertence à família Myrtaceae que apresenta espécies com
compostos fenólicos com ação antioxidante e algumas com ação hipoglicemiante e anti-
reumáticas, também utilizadas em distúrbios estomacais e como anti-hipertensiva. E.
uniflora (pitangueira) é uma planta de frutos comestíveis muito conhecida e apreciada
no Brasil, e o chá de suas folhas tem aplicação na medicina popular principalmente
como hipotensor, antigota, estomáquico e hipoglicemiante. Considerando a investigação
científica das propriedades farmacológicas de espécies diversas, relatos são encontrados
na literatura, como por exemplo: analgésica, hipoglicemiante, anti-hipertensiva e
antimicrobiana (Adebajo et al., 1989)
Em estudo prévio conduzido por Ferreira et al. (2013), foi realizada uma triagem
da atividade antifúngica de plantas medicinais do nordeste do Brasil. Em um total de 30
extratos brutos obtidos, observou-se uma ação mais efetiva no extrato da E. uniflora,
com MIC variando entre 31.25 a 62.5 μg/mL contra C. albicans, de 15.62 a 31.25
μg/mL contra C. dubliniensis e 15.62 μg/mL para C. glabrata e C. krusei.
33
Recentemente, demonstrou-se que o óleo da canela tem efeito antifúngico contra
células sésseis e formadoras de biofilme de C. ortopsilosis e C. parapsilosis (Pires et
al., 2011).
3.0 OBJETIVOS
3.1 Objetivos gerais
Apesar dos avanços no entendimento dos fatores de virulência de Candida
albicans, pouco se sabe da expressão destes fatores na presença de extratos vegetais
com potencial antifúngico. Deste modo o presente trabalho objetivou caracterizar
genotipicamente isolados clínicos de C. albicans, bem como fenotipicamente os fatores
de virulência na presença do extrato bruto de E. uniflora.
3.2 Os objetivos específicos
3.1 Determinar os genótipos mais frequentes de isolados comensais e infectantes
de Candida albicans obtidas da cavidade oral de pacientes transplantados renais
oriundos das regiões Nordeste e Sul do Brasil.
3.2 Caracterizar fenotipicamente isolados de Candida albicans, quanto à atividade
de fosfolipase, a transição levedura-hifa (morfogênese) e à capacidade de resistir ao
ataque de fagócitos.
34
3.3 Correlacionar os dados obtidos dos fatores de virulência, com os diferentes
genótipos de C. albicans obtidos, bem como com a procedência dos isolados (Regiões
Nordeste e Sul do Brasil).
3.4 Avaliar a capacidade de expressão dos fatores de virulência previamente
mencionados, na presença do extrato bruto da E. uniflora, verificando diferenças entre
os mesmos.
4.0 METODOLOGIA
4.1 Seleção de micro-organismos
4.1.1 Verificação de viabilidade e pureza das leveduras armazenadas nos
Laboratório de Micologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e
identificação fenotípica das amostras
Previamente aos experimentos, 48 cepas de C. albicans oriundas de 154 pacientes
transplantados renais (38 isoladas em Natal-RN e 10 em Maringá-PR) isoladas e
identificadas pela Dra. Eveline Pipolo Milan (UFRN) e pela Prof.ª Terezinha
Svidzinsky (UEM). As cepas estavam estocadas em freezer à -80°C em YPD líquido
com 20% de glicerol. Os isolados clínicos foram submetidos à verificação de sua
pureza e viabilidade. Para isso, as cepas foram semeadas em meio ágar Sabouraud
dextrose (SDA / Oxoid, Cambridge, UK) contendo cloranfenicol (Ariston), com
repiques sucessivos, com a finalidade de que os testes fossem realizados com culturas
recentes.
35
Para avaliação da pureza, as leveduras foram semeadas com alça de níquel-cromo
pela técnica de esgotamento, em placas de Petri (90x15 mm) descartáveis contendo
meio CHROMagar Candida® (BD, NJ, USA), meio cromogênico seletivo, que permite
a identificação de culturas mistas de leveduras. Após 48 horas de incubação a 37°C, as
colônias isoladas tiveram sua identificação confirmada por identificação clássica
(Warren & Hazen 1995, Baumgartner et al.,1996).
4.2 Ensaios moleculares para genotipagem de espécies de leveduras
4.2.1 Extração de DNA genômico de leveduras a partir de culturas
As cepas de C. albicans foram crescidas overnight em meio YPD líquido
(Dextrose 20g/L, Peptona 20g/L, Extrato de Levedura 10 g/L) incubadas em Shaker
(TE-420, Tecnal®) a temperatura de 30°C sob rotação de 200 rpm. Em tubos de
microcentrifugação de volume 1,5 mL, foram adicionados 1 mL de cada cultura
crescida e as amostras foram centrifugadas à 1300 rpm por 2 minutos. O sobrenadante
foi então descartado e o pellet ressuspendido em 25 µl do reagente Prepman® Ultra
(Applied Biosystems). Os tubos foram submetidos à vigorosa agitação por 5 min em
agitador de tubos. Após a agitação as amostras foram incubadas por 10 minutos em
banho-maria (Q334M-28, Quimis®) a 100°C. Os tubos foram centrifugados a 1300 rpm
por 2 minutos e o sobrenadante com o DNA extraído foi transferido para um novo tubo
e armazenado a -20°C. Após a extração, o DNA genômico foi quantificado e seu índice
de pureza avaliado utilizando-se espectrofotômetro (NanoDrop Thermo Scientific 2000;
Amershan Pharmacia Biotech), no qual foi mensurada a absorbância em 260 nm
36
(Concentração do DNA em ng/μl = Absx100x50) e em 280 nm (quantificação de
proteínas).
4.2.2 Ensaios moleculares para a tipagem de leveduras
Os isolados clínicos de C. albicans foram submetidos às técnicas de genotipagem
para avaliação da similaridade genética entre as mesmas. Para tanto foram utilizadas as
técnicas de genotipagem ABC e microssatélites, utilizando-se o primer M13 (Casali et
al., 2003). Para as reações de PCR realizadas para a genotipagem ABC, foram
adicionados em tubos de microcentrifugação de 0,2 mL de capacidade os seguintes
componentes: 12,5 µl de PCR Master Mix 2X, PROMEGA [Taq DNA polimerase
50u/mL; deoxinucleotídios (dATP,dGTP,dCTP,dTTP, 400μM cada); MgCl2 3mM], 1uL
de cada oligonucleotídio na concentração inicial de 10 pmol/μL;], 9,5 µl de água milli-
Q esterilizada livre de nucleases (PROMEGA), 1 µl do primer CA-INT-L (5′-ATA
AGG GAA GTC GGC AAA ATA GAT CCG TAA-3′), 1 µl do primer CA-INT-R (5′-
CCT TGG CTG TGG TTT CGC TAG ATA GTA GAT-3′), 1 µl DNA genômico
diluído a 40ng/uL, totalizando um volume de 25 µl.
A amplificação foi realizada em um termociclador (TX 96, Amplitherm
Thermocyclers). Foram utilizados os seguintes ciclos de PCR: ciclo de desnaturação
inicial de 94°C por 3 minutos, seguido de 30 ciclos a 94° C – 1 minuto (desnaturação);
55°C – 1 minuto (anelamento); 72°C- 1 minuto (extensão). Para o ciclo de extensão
final, foi utilizada a temperatura de 72°C por 5 minutos. Para a técnica de genotipagem
ABC, os primers CA-INT-L e CA-INT-R foram utilizados (McCullough et al., 1999).
37
Para as reações de microssatélite, foram adicionados em tubos de
microcentrifugação de 0,2 mL, os seguintes componentes: 11,5 µl de água milli-Q
esterilizada, 2,5 µl de 10X buffer MgCl2 (Invitrogen Corporation, CA, USA), 5 µl de
dNTP mix 1,25 mM (6,3 µl dATP 100mM, 6,3 µl dGTP 100mM, 6,3 µl dCTP 100mM,
6,3 µl dTTP 100mM, 475 H2O milli-Q esterilizada Invitrogen Corporation, CA, USA);
3,5 µl de MgCl2 (Invitrogen Corporation, CA, USA) 25 mM, 1 µl do oligonucleotideo
50 pmol/ µl (Integrated DNA Technologies ) 0,13 µl de Tween-20; 0,4 µl de Taq DNA
polimerase (500 U) (Invitrogen Corporation, CA, USA) e 1 µl de DNA diluído à 40 ng/
µl, totalizando em um volume de 25 µl. Foi utilizado o primer M13 (5’ – GAG GGT
GGC GGT TCT -3’ ) para a metodologia do microssatélite (Casali et al., 2003). A
amplificação foi realizada em um termociclador (TX 96, Amplitherm Thermocyclers)
utilizando-se os seguintes ciclos de PCR: 1 ciclo de 97 °C por 3 min (desnaturação
inicial); 40 ciclos de 93 ºC por 20 s (desnaturação), 50 ºC por 1 min (anelamento) e 72
ºC por 2 min (extensão) e 1 ciclo de 72 ºC por 5 min (extensão final).
4.2.3 Eletroforese em gel de agarose
O gel de agarose (Ultra Pure Agarose-Invitrogen Corporation, CA, USA) para a
eletroforese foi preparado na concentração de 1,2% em solução tampão TAE 1X (Tris,
4,84g; acetato, 1,14g; EDTA, 2mL). Os produtos amplificados por PCR foram diluídos
em tampão orange G (Sigma-Aldrich; 10uL da reação em 2uL do tampão orange G) e 1
µl do marcador de peso molecular (100 base pair Ladder / Invitrogen Corporation, CA,
USA), diluído em 9uL de água milli –Q esterilizada adicionada de 2µL do tampão
Orange G. Para a corrida eletroforética dos produtos de amplificação de microssatelites
foi utilizada uma corrente elétrica de 100 volts por 30 minutos e em seguida a 55 volts
38
por 270 minutos (Fonte LPS 600V, Cuba LCH 13x15, Loccus Biotecnologia). Após o
término da eletroforese, o gel de agarose foi corado com solução de brometo de etídio
(Sigma-Aldrich) durante 20 minutos (400 mL de TAE 1X + 20 µl de brometo de etídio
10 mg/mL) e descorado em água destilada por 15 minutos.
Os padrões de bandas contidos nos géis tiveram sua imagem visualizada em um
transiluminador de raios UV (KODAK Gel Logic 100 Imaging System, Carestream),
capturada e salva para posterior análise utilizando-se o programa Gel Compar II
(Bionumerics).
4.2.4 Avaliação da similaridade dos padrões de bandas
A análise dos resultados gerados pelo método de microssatelite foi realizada por
dendrograma utilizando o programa GEL COMPAR II versão 4.0 Bionumerics
(Applied Maths, Kortrijk, Bélgica) através de análise de agrupamento, de acordo com a
similaridade dos padrões de bandas obtidos.
Os géis foram comparados entre si após o aporte de suas imagens pelo programa
Gel Compar II. Este programa fez correções de distorções do gel, como padrões de
sorriso, através da comparação com um padrão universal e selecionou automaticamente
as bandas presentes no gel. As imagens originais dos géis foram analisadas visualmente
para desconsiderar os artefatos. O coeficiente de Dice com tolerância de 2% foi
utilizado para esta análise que se baseia na presença e ausência de bandas, bem como do
maior peso para as bandas em comum entre as amostras analisadas para gerar a matriz
de similaridade. Para gerar o dendrograma, foi utilizado o método UPGMA
(unweighted pair-group method using arithmetic averages), que baseado na matriz de
similaridade, fez o grupamento par a par das amostras, gerando desta maneira o
39
grupamento em uma árvore enraizada. Esta análise foi realizada em colaboração com o
Prof. Dr. Arnaldo Lopes Colombo, do Departamento de Infectologia, Universidade
Federal de São Paulo-UNIFESP.
4.3 Determinação dos fatores de virulência de leveduras na presença e
ausência do extrato bruto de Eugenia uniflora
4.3.1 Caldo NGY para padronização do inóculo
Para a caracterização fenotípica dos diferentes isolados, as amostras foram
inicialmente crescidas em meio NGY (Neopeptona Difco 1g/L; dextrose 4g/L; Extrato
de leveduras Difco 1g/L), sendo para cada cepa utilizados 2 tubos cônicos de 15 mL, 1
contendo apenas o NGY e outro contendo o NGY adicionado do extrato bruto de E.
uniflora na concentração de 1000 µg/mL. Quando as células são inoculadas por “wet
looping” neste meio (com uma alça em anel carregada por um filme de suspensão de
leveduras rapidamente imersa no meio e removida) e incubadas por 18-24 h em shaker a
30 °C, 200 rpm, um inóculo de aproximadamente 2 x 108 células/mL é produzido.
Obs.: O extrato bruto de E. uniflora foi gentilmente cedido pelo Prof; Luiz
Alberto Soares, da Universidade Federal de Pernambuco, quando às análises da
expressão dos fatores de virulência in vitro envolviam a presença do referido extrato.
40
4.3.2 Análise micromorfológica das leveduras crescidas em meio NGY na
presença e na ausência do extrato bruto de Eugenia uniflora.
Para efeitos comparativos, as células de C. albicans crescidas em meio NGY
(30°C – 200 rpm) na presença e na ausência do E.B de E. uniflora foram observadas em
microscopia óptica e os aspectos micromorfológicos das leveduras foram observados,
com a finalidade de se observar alguma alteração nas células quando incubadas na
presença do E.B.
4.3.3 Ensaio de morfogênese em meio líquido
O ensaio da morfogênese foi realizado segundo técnica descrita por Chaves et al.,
(2007). As células de C. albicans foram crescidas overnight em meio NGY (30°C - 200
rpm) na presença e ausência do extrato bruto de E. uniflora. A absorbância da
densidade óptica do crescimento foi determinada em espectofotômetro à 600 nm (Libra
S32, Biochrom), com a finalidade de padronizar a quantidade de células que foram
incubadas no experimento. O valor da absorbância obtido na leitura das amostras deve
estar compreendido entre 0,8 e 1,2, o que corresponde a uma concentração aproximada
de 2x108 células/mL. As células de C. albicans foram padronizadas para 1x10
6
células/mL, o que corresponde a 50 µl do crescimento compreendido entre 0,8 e 1,2 de
absorbância.
Para a indução da morfogênese, o volume total da suspensão de leveduras foi
inoculado em caldo YPD + Soro Fetal Bovino (Sigma-Aldrich), em concentração de
20% (4 mL YPD liquido, 1 mL SFB) e incubadas sob agitação mecânica à temperatura
de 37° C, 200 rpm, por um período de até 3h de incubação. Posteriormente, uma
41
alíquota de 500 µL da suspensão foi adicionada à igual volume de formalina a 10% em
PBS em tubos de microcentrifugação de 1,5 mL de capacidade, armazenados a 4°C para
posterior leitura em microscópio em dois diferentes intervalos de tempo (1h e 3h de
incubação).
Para as amostras retiradas com 1h de incubação foram observadas 100 leveduras
em microscopia óptica (400x de magnificação; CX21, Olympus) para a determinação da
porcentagem de evaginação lateral (formação de tubos germinativos).
Para as amostras incubadas por um período de 3h, as células também foram
observadas da mesma forma previamente descrita, para o cálculo do índice de
morfologia: às células esféricas de C. albicans que apresentavam morfologia de
blastoconídio foi atribuído o valor IM=1, células apresentando diâmetro com o dobro do
comprimento, IM=2, células com aparência de pseudo-hifas, IM=3 e longas hifas
verdadeiras de lados paralelos, I.M=4. Para a determinação do I. M. foi empregada a
seguinte fórmula:
Índice de morfologia I.M=(N°IM1x1)+(N° IM2 x2)+(N° IM3 x 3)+(N° IM4 x4)
100
4.3.4 Análise microscópica e mensuração do tamanho das hifas formadas no
ensaio de morfogênese.
Os isolados clínicos de C. albicans submetidos ao ensaio de morfogênese foram
analisados microscopicamente e o tamanho das hifas formadas após 3h de ensaio de
morfogênese foi determinado. Para isto, utilizando microscopia óptica em 400x de
magnificação (Leitz, Leica Biomed). 100 hifas verdadeiras foram posicionadas em
42
régua graduada em 200x200 µm e seus tamanhos foram registrados. Para cada cepa, a
média de 100 hifas foi calculada para os isolados crescidos na presença e na ausência do
E.B de E. uniflora.
4.3.5 Ensaio de morfogênese em meio sólido
O ensaio de morfogênese de C. albicans em meio sólido foi realizado de acordo
com Chaves et. al (2007). Células de C. albicans foram crescidas overnight (30°C - 200
rpm) em meio NGY na presença e na ausência do extrato bruto de E. uniflora para a
padronização do inóculo. Cinco microlitros de células foram inoculados na superfície de
meio YPD sólido (dextrose 20g/l, peptona 20g/l, extrato de levedura 10g/l, Agar 15g/l)
adicionado de 20% de SFB em placas de Petri 90x15mm, incubadas a 37°C por até 7
dias. A análise macroscópica das colônias quanto à capacidade de formação de hifa foi
realizada utilizando-se cada cepa previamente crescida na presença e ausência de
extrato bruto de E. uniflora para fins comparativos.
4.3.6 Atividade de fosfolipase
Para detecção de atividade de fosfolipase, foi utilizado o método de Price et al.
(1982). Culturas crescidas overnight em NGY na presença e na ausência do extrato
bruto de E. uniflora foram diluídas e padronizadas a uma concentração de 2 x 105
cells/mL e a suspensão de células inoculada em triplicata em superfície de ágar
fosfolipase (peptona 10g, dextrose 40g, Agar 16g, Egg Yolk Emulsion (Fluka) 80 mL).
As placas foram incubadas por 72h. Após o período de incubação, os diâmetros das
43
colônias e os halos formados foram medidos. O Pz (zona de fosfolipase) foi
determinado pela seguinte equação:
Pz = diâmetro da colônia (cm)______________
Diâmetro da colônia (cm) + zona de precipitação (cm)
As amostras com valores de Pz=1.0 são consideradas fosfolipase negativas,
enquanto valores mais baixos indicam cepas produtoras de fosfolipase
4.3.7 Ensaio de fagocitose de Candida albicans por neutrófilos
polimorfonucleares
O ensaio de fagocitose de C. albicans por neutrófilos polimorfonicleares foi
realizado segundo metodologia proposta por Fradin et al., (2007). As células de C.
albicans foram crescidas overnight em meio NGY (30°C - 200 rpm) na presença e
ausência do extrato bruto de E. uniflora para a padronização do inóculo. As células de
C. albicans foram lavadas três vezes com solução salina e ressuspendidas em meio
EMEM (Sigma-Aldrich) + 20mM HEPES (Sigma-Aldrich), pH 7,2, sendo
posteriormente ajustadas para uma concentração final de 5x106 células/mL. Os PMNs
foram isolados por gradiente de concentração utilizando-se os reagentes Histopaque
1119® e Histopaque 1077® (Sigma Aldrich). O sangue total foi coletado sempre de um
mesmo doador saudável, utilizando-se tubos contendo EDTA. Em tubo de ensaio
estéril, foram adicionados 2,5 mL do Histopaque 1119® e em seguida 2,5 mL do
Histopaque 1077®. Gentilmente, 5 mL do sangue foram adicionados sobre o
44
Histopaque 1077®, sendo o tubo de ensaio centrifugado a 500g durante 30 min. A
camada superior de plasma foi isolada para opsonizar as células de C. albicans. As
camadas de mononucleares e plaquetas foram desprezadas. A camada de PMNs foi
isolada (Fig. 01), lavada com solução salina 3 vezes e as células ressuspendidas para
uma concentração 8x105 cel/mL (determinada em contagem em câmara de Neubauer).
Às células de C. albicans foi adicionado 10% do volume de plasma e incubadas a
37°C por 10 min para opsonização. Após a opsonização, 250µL das células opsonizadas
foram co-incubadas com igual volume da suspensão de PMNs à temperatura de 37°C –
Figura 1. Separação de camadas de células por gradiente de concentração,utilizando os reagentes
Histopaque® 1077 e Histopaque® 1119 com centrifugação a 500g durante 30 minutos à 25°C
45
50 rpm sob agitação mecânica por um período de 3h de incubação. Após a incubação,
500 µL de formalina 10% em PBS foram adicionados e as amostras armazenadas à 4°C.
Foram contados 100 neutrófilos e o número de células de C. albicans fagocitadas
no interior de cada PMN, com o auxílio de microscopia óptica (400 x de magnificação;).
4.3.8 Análise estatística dos resultados
Para comparação dos valores dos fatores de virulência entre dois isolados,
aplicou-se o teste t de Student, utilizando-se o Programa Microsoft Office Excel® 14.0
(Microsoft Corporation).
Para comparação entre grupos de isolados quanto aos fatores de virulência em
diversas situações, aplicou-se o teste t não paramétrico de Mann-Whitney, utilizando o
GraphPad Instat® (GraphPad Software, USA).
Em todos os testes estatísticos, considerou-se diferença significativa quando
p<0,05.
5 RESULTADOS
5.1 Prevalência de Candida albicans em isolados da cavidade oral
As amostras foram coletadas da cavidade oral de pacientes transplantados renais
de duas diferentes regiões do Brasil, Natal-RN (Nordeste) e Maringá-PR (Sul). Um total
de 48 cepas de C. albicans foi isolado de 154 pacientes. A presença de lesões
pseudomembranosas ou eritematosas foi associada com 11 isolados (22,9%), enquanto
46
que 37 (77,10%) eram cepas colonizantes, onde não foi possível se observar a presença
de lesões. Apenas uma única amostra de cada paciente foi coletada, exceto para três
pacientes de Maringá. Do paciente 37, a cepa 06A foi obtida da saliva, enquanto que o
isolado 06L foi obtido de lesão da cavidade oral. Do paciente 38 foram obtidos 2
isolados de C. albicans a partir de uma mesma lesão, cujas colônias eram
fenotipicamente distintas (10Li, lisa e 10S, rugosa). O Paciente 40 apresentou 2 lesões
diferentes, de onde duas cepas foram obtidas, uma da língua e outra da gengiva (15L e
15G, respectivamente), além de outra amostra da saliva (15A; Tabela 1).
Paciente Cepa Condição
clínica
Região
geográfica
Paciente Cepa Condição
clínica
Região
geográfica
1 1 Colonização Natal 25 46 Colonização Natal
2 2 Colonização Natal 26 50 Colonização Natal
3 3 Colonização Natal 27 51 Colonização Natal
4 5 Infecção Natal 28 53 Colonização Natal
5 6 Colonização Natal 29 54 Colonização Natal
6 8 Colonização Natal 30 60 Colonização Natal
7 10 Infecção Natal 31 61 Colonização Natal
8 11 Colonização Natal 32 70 Colonização Natal
9 12 Infecção Natal 33 72 Colonização Natal
10 13 Colonização Natal 34 82 Colonização Natal
11 17 Colonização Natal 35 85 Colonização Natal
12 20 Colonização Natal 36 107 Colonização Natal
13 21 Colonização Natal 37 06A Colonização Maringá
14 23 Colonização Natal 37 06L Infecção Maringá
15 24 Infecção Natal 38 10S Colonização Maringá
16 28 Infecção Natal 38 10Li Colonização Maringá
17 30 Colonização Natal 39 12A Colonização Maringá
18 31 Colonização Natal 39 12L Infecção Maringá
19 32 Colonização Natal 40 15A Colonização Maringá
20 34 Colonização Natal 40 15G Infecção Maringá
21 37 Colonização Natal 40 15L Infecção Maringá
22 40 Infecção Natal 41 18A Colonização Maringá
23 41 Colonização Natal 42 111L Colonização Natal
Tabela 1. Distribuição dos isolados clínicos de Candida albicans quanto às condições clínicas dos
pacientes e a região geográfica de origem.
47
24 44 Infecção Natal 42 111R Colonização Natal
5.2 Genotipagem ABC
O DNA genômico das 48 cepas de C. albicans isoladas da cavidade oral de
pacientes transplantados renais, sendo 38 oriundas de Natal-RN (79,17%) e 10 oriundas
de Maringá-PR (20,83%) foram amplificadas utilizando-se o método de genotipagem
ABC utilizando-se os primers CA INT-L e CA INT-R. Para efeitos comparativos, as
cepas de referência utilizadas foram a ATCC90028 e a SC5314, ambas do genótipo A.
Esta técnica é baseada na amplificação de regiões específicas de um íntron
localizado no gene 26S do DNA ribossomal que apresenta tamanho variável segundo os
diferentes genótipos de C. albicans.
O genótipo A possui um perfil de amplificação de banda de peso molecular de
450pb, enquanto o genótipo B apresenta uma banda de 840pb e o genótipo C apresenta
as duas bandas (Figs.2 A e B).
Figura 2.A - Perfil de bandas obtidas por meio da PCR utilizando os primers CA INT-L e CA INT-R
em cepas oriundas de Natal-RN. O genótipo A apresenta uma única banda de 450pb, enquanto o
genótipo B apresenta uma banda de 840pb e o genótipo C, as duas bandas, uma de 450pb e outra de
840 pb. PM-Peso molecular, C1-ATCC90028, C2-SC5413 (cepas de referência), B-Branco (controle
negativo).
A
48
O genótipo mais prevalente entre todas as cepas de C. albicans foi o A, com 30
cepas (62,5%), seguido do genótipo C com 15 cepas (31,25%) e o genótipo B, com 3
cepas (6,45%; Fig. 3.)
Figura 3. Distribuição dos genótipos de Candida albicans obtidos pela metodologia da genotipagem
ABC. O genótipo A, representado foi o mais prevalente, seguido do genótipo C e do genótipo B
Figura 2.B - Perfil de bandas obtidas por meio da PCR utilizando os primers CA INT-L e CA INT-R em cepas
oriundas de Natal-RN. O genótipo A apresenta uma única banda de 450pb, enquanto o genótipo B apresenta
uma banda de 840pb e o genótipo C, as duas bandas, uma de 450pb e outra de 840 pb. PM-Peso molecular,
C1-ATCC90028, C2-SC5413 (cepas de referência), B-Branco (controle negativo).
B
49
A distribuição dos genótipos em relação às duas diferentes cidades em que foram
isolados segue como descrita na Tabela 2.
5.3 Tipagem molecular pela técnica de microssatélite
A tipagem molecular das cepas clínicas isoladas de pacientes transplantados
renais oriundos das duas mencionadas cidades das regiões Norte e Sul do Brasil,
também foi realizada por meio da metodologia de microssatélite, a qual amplifica
regiões em que sequencias curtas de nucleotídeos se repetem em tandem. O DNA
genômico de todos os isolados foi amplificado com o primer M13. A amplificação do
DNA gerou padrão de bandas bem definidos, variando de 100 pb a 2 KB, sendo que a
técnica de microssatélite demonstrou satisfatório poder discriminatório. Os padrões de
bandas gerados após a PCR revelaram a presença de fragmentos de alta intensidade
comuns a todas as cepas (600 pb), caracterizando-as como C. albicans, ressaltando as
bandas que são conservadas nesta espécie, além disto, é visível a variação entre as
bandas que não são conservadas, demonstrando a variabilidade genética intra-
específica (Figs. 4 A a 4 E ).
Tabela 2. Distribuição das cepas de Candida albicans oriundas de duas diferentes cidades do Brasil (Natal-
RN e Maringá-PR) .
50
Fig 4.A – Genotipagem por Microsatélite dos isolados clínicos de Candida albicans oriundos da cavidade
oral de pacientes transplantados renais da cidade de Maringá/PR. C1- Candida albicans ATCC 90028;
C2 – Candida albicans SC5314
Fig 4.B – Genotipagem por Microsatélite dos isolados clínicos de Candida albicans oriundos da
cavidade oral de pacientes transplantados renais das cidades de Maringá/PR e de Natal/RN. C1-
Candida albicans ATCC 90028; C2 – Candida albicans SC5314.
A
B
51
Fig 4.C – Genotipagem por Microsatélite dos isolados clínicos de Candida albicans oriundos da
cavidade oral de pacientes transplantados renais da cidade de Natal/RN. C1- Candida albicans ATCC
90028; C2 – Candida albicans SC5314
Fig 4.D – Genotipagem por Microsatélite dos isolados clínicos de Candida albicans oriundos da
cavidade oral de pacientes transplantados renais da cidade Natal/RN. C1- Candida albicans ATCC
90028; C2 – Candida albicans SC5314.
C
D
52
5.4 Análise dos padrões de bandas geradas por microssatélites versus
genotipagem ABC de Candida albicans
Como esperado, os controles externos de C. albicans, SC5314 e ATCC90028,
foram agrupados em clusters completamente diferentes, através das análises por
dendrograma utilizando-se o programa GelCompar II, comprovando a eficácia da
técnica em discriminar isolados de diferentes regiões geográficas. As cepas de
referência apresentaram 75% de similaridade, sendo agrupadas juntas em um cluster
diferente de todos os demais isolados clínicos (Fig. 5).
Não foi possível detectar nenhum cluster que agrupasse apenas isolados
colonizantes ou infectantes. Além disso, em ambos os casos, isolados apresentando
Fig 4.E – Genotipagem por Microsatélite dos isolados clínicos de Candida albicans oriundos da
cavidade oral de pacientes transplantados renais das cidade de Natal/RN. C1- Candida albicans
ATCC 90028; C2 – Candida albicans SC5314.
E
53
100% de similaridade, mesmo sendo obtidos de pacientes diferentes, foram
encontrados. Com relação às comparações sobre o relacionamento genético dos isolados
obtidos das duas regiões geográficas do Brasil, observou-se um cluster composto pela
grande maioria dos isolados de Maringá-PR (80% destes). Além disso, estes isolados
apresentaram de 80 a 93% de similaridade em cada cluster (Fig. 5).
Foi possível observar uma correlação entre o mesmo genótipo ABC de C.
albicans e uma alta porcentagem de similaridade entre os isolados comparados pela
técnica de microssatélite. Na maioria dos casos, isolados considerados altamente
relacionados pela técnica de microssatélite, observando-se os padrões de banda obtidos
com o primer M13, também apresentaram o mesmo genótipo A ou C, com exceção de 2
casos: os isolados 02 e 85 de Natal, além das cepas 15 L e 18 A, de Maringá;
genótipos A e C, em ambos os casos). Além disso, as cepas de C. albicans do genótipo
C de Natal foram agrupadas em 2 clusters completamente distintos, com mais de 90 %
de similaridade entre os isolados pertencentes a cada cluster. Em relação ao genótipo B,
dois de três isolados demonstraram uma similaridade de 94%, sendo agrupados no
mesmo cluster (Fig. 5).
Além disso, quando mais de um isolado foi obtido de diferentes amostras de um
mesmo paciente, todos estes apresentaram o mesmo genótipo ABC (genótipo A).
Entretanto, estes isolados não foram considerados idênticos pela técnica de genotipagem
por Microssatélite utilizando-se o primer M13, onde certo grau de variabilidade
genética foi observado (Fig. 5).
54
Fig. 5 – Dendrograma dos 48 isolados clínicos de Candida albicans, além das cepas ATCC90028 e a
SC5314, gerado através da matriz de similaridade com 2% de tolerância.
55
5.5 Correlação entre os fatores de virulência de Candida albicans crescidos na
ausência do extrato bruto de Eugenia uniflora, com os genótipos A, B e C.
5.5.1 Morfogênese em meio líquido
Quando o índice de morfologia (I.M) foi utilizado para atribuir scores à
morfologia das células, não foi possível de se observar diferenças entre os isolados
pertencentes aos três diferentes genótipos A, B ou C. A capacidade de morfogênese dos
isolados (mudança da forma de blastoconídio à hifa verdadeira) foi verificada na
presença de YPD+20% de soro. Os diferentes isolados apresentaram células
predominantemente na forma de pseudo-hifa, com um I.M variando de 2,66 ± 0,61
(genótipo C) a 2,77 ± 0,69 (genótipo A). O I.M médio de isolados do genótipo B foi
2,67 ± 0,71 (Figs. 6A a 6D). Não se observou diferença significativa entre a capacidade
dos isolados em formar hifa verdadeira.
56
Fig 6.A – Índice de morfologia (I.M) de células de Candida albicans após 3h de incubação em meio
YPD líquido + 20% SFB, 37°C – 200 rpm.
Fig 6.B – Índice de morfologia (I.M) de células de Candida albicans após 3h de incubação em meio
YPD líquido + 20% SFB, 37°C – 200 rpm.
A
B
57
Fig 6.C – Índice de morfologia (IM) de células de Candida albicans após 3h de incubação em meio
YPD líquido + 20% SFB, 37°C – 200 rpm.
Fig 6.D – Índice de morfologia (I.M) de células de Candida albicans após 3h de incubação em meio
YPD líquido + 20% SFB, 37°C – 200 rpm.
C
D
58
5.5.2 Avaliação da atividade de fosfolipase por Candida albicans
Observou-se uma positiva atividade de fosfolipase para todos os isolados,
determinada quando os isolados de C. albicans foram incubados em ágar fosfolipase, à
temperatura de 30ºC. Não houve diferença significativa quanto à atividade de
fosfolipase dos isolados do genótipo A (Média= 0,51± 0,04), genótipo C (Média= 0,55±
0,05) e do genótipo B (Média= 0,57± 0,07; Figs. 7A a 7D).
Fig 7.A – Atividade de fosfolipase de isolados clínicos de Candida albicans.
59
Fig 7.B – Atividade de fosfolipase de isolados clínicos de Candida albicans.
Fig 7.C – Atividade de fosfolipase de isolados clínicos de Candida albicans.
C
B
60
5.5.3 Fagocitose de Candida albicans por polimorfonucleares
Houve uma grande variabilidade dos isolados de C. albicans, quanto à capacidade
em resistir ao ataque de fagócitos por PMNs, determinada pelo número de células de C.
albicans fagocitadas por 100 PMNs, após 3 h de co-incubação dos dois tipos de células,
isolados pertencentes ao genótipo C foram significativamente mais resistentes ao ataque
das células fagocíticas que os isolados pertencentes aos dois outros genótipos (A e B)
(Média= 109,93 ± 12,29). A média do número de leveduras do genótipo A, fagocitadas
por 100 PMNs foi de 121,67 ± 16,06 e do genótipo B de 141,33 ± 14,27 (Fig. 8A a 8D).
Fig 7.D – Atividade de fosfolipase de isolados clínicos de Candida albicans
D
61
Fig 8.A – Fagocitose de células de Candida albicans por PMN quando incubadas em meio EMEM +
20 mM HEPES, pH 7,2, a 37°C – 50 rpm, por 3h. (* = Estatisticamente significante. Teste Mann-
Whitney. P<0,05 ‡ =Desvio padrão)
Fig 8B – Fagocitose de células de Candida albicans por PMN quando incubadas em meio EMEM +
20 mM HEPES, pH 7,2, a 37°C – 50 rpm, por 3h. . (* = Estatisticamente significante. Teste Mann-
Whitney. P<0,05 ‡ =Desvio padrão)
A
B
62
Fig 8C – Fagocitose de células de Candida albicans por PMN quando incubadas em meio EMEM +
20 mM HEPES, pH 7,2, a 37°C – 50 rpm, por 3h. (* = Estatisticamente significante. Teste Mann-
Whitney. P<0,05 ‡ =Desvio padrão)
Fig 8D – Fagocitose de células de Candida albicans por PMN quando incubadas em meio EMEM +
20 mM HEPES, pH 7,2, a 37°C – 50 rpm, por 3h. . (* = Estatisticamente significante. Teste Mann-
Whitney. P<0,05 ‡ =Desvio padrão)
C
D
63
5.5.4 Atributos de virulência de isolados de Candida albicans oriundos de
duas diferentes regiões geográficas do Brasil (Nordeste e Sul).
Quando os fatores de patogenicidade foram comparados entre todos os isolados
obtidos das duas regiões geográficas, as cepas oriundas de Maringá expressaram mais
ativamente todos os fatores de virulência avaliados. Esta diferença foi considerada
estatisticamente significativa para resistência à fagocitose por PMNs (Tabela 3).
Interessantemente, 40% dos isolados obtidos de Maringá foram infectantes, enquanto
que apenas 18,4% dos isolados de Natal foram infectantes.
*Teste Mann-Whitney. P<0,05 ‡ =Desvio padrão
Fator de virulência Natal vs Maringá
Atividade de fosfolipase
Pz
0.53 ± 0.05 vs 0.51 ± 0.04
Índice de morfologia
I.M
2.70 ± 0.65 vs 2.85 ± 0.72
Número de células de C. albicans fagocitadas
por 100 PMNs*
125.61 ± 14.61 vs 96.50 ± 16.36*
Tabela 3. Média dos fatores de virulência dos isolados clínicos de Candida albicans quando comparados
pela região geográfica de origem das cepas.
64
5.6 Análise da expressão dos fatores de virulência in vitro pelos isolados de
Candida albicans na presença do extrato bruto de Eugenia uniflora.
5.6.1 Morfogênese em meio líquido na presença do extrato bruto de Eugenia
uniflora
As células de C. albicans que foram crescidas em meio NGY overnight a 30°C e
200 rpm na presença do extrato bruto de E. uniflora foram observadas à microscopia
óptica sob objetiva de 40x. Estas apresentaram alterações nas morfologias, modificando
a forma convencional esférica ou oval típica dos blastoconídios. As células de levedura
também apresentaram um aumento na quantidade de vacúolos citoplasmáticos (Fig. 9).
Figura 9. Micromorfologia das células de Candida albicans ATCC90028 crescidas overnight em presença de
extrato bruto de Eugenia uniflora, quando incubadas a 30 °C, 200 rpm., As setas indicam alteração na forma
ovalada dos blastoconídios e a presença de grandes vacúolos citoplasmáticos (Objetiva de 40x).
65
5.6.2 Observação microscópica de células de Candida albicans durante a
transição entre levedura-hifa (morfogênese), previamente crescidas em presença
do extrato bruto de Eugenia uniflora
Foi possível observar a evaginação lateral (emissão do tubo germinativo) na
primeira hora de incubação na ausência de E.B (Fig. 10A). Após 3 h de incubação, o
tamanho das hifas formadas era consideravelmente maior, com vários isolados
apresentando a habilidade de formar hifas verdadeiras, com IM de 4, a exemplo da cepa
de referência SC5314 (Fig. 10B).
Quando observadas através de microscopia óptica, as cepas de C. albicans
crescidas na presença do EB de E. uniflora apresentaram uma menor porcentagem de
células que emitiam tubo germinativo (evaginação lateral) à 1h de incubação, a 37 °C
bem como uma redução no índice de morfologia observado após 3h de incubação, para
a grande maioria dos isolados.
Figura 10. Candida albicans SC5314 previamente crescida na ausência de extrato bruto de Eugenia
uniflora, quando inoculada no meio YPD líquido+20%SFB, 37°C – 200rpm. 10(A) Emissão de tubo
germinativo após 1h de incubação. 10(B) Hifa verdadeira formada após 3h de incubação. (Objetiva de
40x).
A B
66
Quando avaliamos os isolados separadamente, a cepa 111R, oriunda de Natal-RN
apresentou uma notável habilidade na formação de hifa verdadeira, podendo ser
observado quando a mesma foi crescida na ausência de E.B de E. uniflora (Fig 11A).
Apesar de ser um isolado altamente formador de longas hifas verdadeiras, quando as
células foram crescidas na presença do E.B e realizado o ensaio de morfogênese,
também foi observada visualmente uma redução no comprimento das hifas formadas,
onde a cepa 111R apresenta hifas mais curtas do que quando crescidas na ausência de
E.B de E. uniflora (Fig. 11B).
Figura 11. Candida albicans 111R previamente crescida na ausência (A) e na presença (B) de extrato bruto
de Eugenia uniflora e posteriormente incubadas em meio YPD líquido+20% soro fetal bovino, 37°C –
200rpm. 11(A) Hifas verdadeiras longas formadas após 3h de incubação na ausência de E.B. 11(B) Hifas
verdadeiras de tamanho reduzido após 3h de incubação na presença de extrato bruto. (Objetiva de 40x).
A B
67
5.6.3 Análise microscópica do tamanho das hifas formadas na presença e na
ausência de extrato bruto de Eugenia uniflora.
Uma vez que verificamos visualmente que células de C. albicans crescidas na
presença e na ausência de E.B de E. uniflora apresentaram hifas verdadeiras mais
curtas, durante o experimento de morfogênese, foi realizada a medição do tamanho das
hifas formadas após 3h de incubação, para 14 isolados do presente estudo, além das
cepas de referência. Para tanto, escolheram-se aleatoriamente isolados com alta, média e
baixa redução do IM, quando as células foram incubadas na presença do extrato bruto
de E. uniflora. Houve uma nítida redução do tamanho das hifas, quando os isolados
foram pré-crescidos na presença do extrato bruto de E. uniflora (Média de 21 µm na
ausência versus 14 µm na presença do E.B (Figs. 12A a 12D; P<0,05).
A figura 12 ilustra a redução no tamanho da hifa formada pela cepa de C. albicans
ATCC90028 quando realizado o ensaio de morfogênese com células crescidas na
presença e na ausência do E.B de E. uniflora.
Figura 12. Mensuração do tamanho de hifa formada pela cepa de Candida albicans ATCC90028
formadas após 3h de incubação em meio YPD líquido+20% soro fetal bovino (37°C – 200 rpm)
com células previamente crescidas na ausência e na presença do extrato bruto de Eugenia uniflora.
68
Figura 12A - Média dos tamanhos das hifas verdadeiras formadas após 3h de incubação em meio
YPD líquido+20% SFB (37°C – 200 rpm) com células previamente crescidas na ausência e na
presença do extrato bruto de Eugenia uniflora.
Figura 12B - Média dos tamanhos das hifas verdadeiras formadas após 3h de incubação em meio
YPD líquido+20% SFB (37°C – 200 rpm) com células previamente crescidas na ausência e na
presença do extrato bruto de Eugenia uniflora.
69
Figura 12C. - Média dos tamanhos das hifas verdadeiras formadas após 3h de incubação em meio
YPD líquido+20% SFB (37°C – 200 rpm) com células previamente crescidas na ausência e na
presença do extrato bruto de Eugenia uniflora.
Figura 12D. Média dos tamanhos das hifas verdadeiras formadas após 3h de incubação em meio YPD
líquido+20% SFB (37°C – 200 rpm) com células previamente crescidas na ausência e na presença do
extrato bruto de Eugenia uniflora.
70
5.6.4 Evaginação lateral na presença do extrato bruto de Eugenia uniflora
A avaliação da morfogênese foi realizada com os 48 isolados clínicos e as duas
cepas de referência neste estudo. Após 1h de incubação, 100 células de C. albicans que
foram previamente crescidas em meio NGY na presença e na ausência do E.B de E.
uniflora foram observadas, para a determinação da porcentagem de células que emitiam
o tubo germinativo (evaginação lateral).
Foi observado que dentre as 50 cepas testadas, 43 (86%) apresentaram uma
grande redução na porcentagem de células que emitiam tubo germinativo a 1h de
incubação (Figs. 13A a 13E). A cepa 24 (colunas em amarelo) apresentou a maior
redução na porcentagem de células que emitiam tubo germinativo após 1h de incubação
(evaginação lateral).
Figura 13A. - Porcentagem de células que emitiram tubo germinativo por meio de evaginação lateral
nas leveduras de Candida albicans quando incubadas em meio YPD+ soro fetal bovino 20%, 37°C 200
rpm, por 1h. As cepas que cresceram em presença do extrato bruto de Eugenia uniflora demonstraram
uma acentuada redução na emissão dos tubos germinativos.
A
71
Figura 13B. - Porcentagem de células que emitiram tubo germinativo por meio de evaginação
lateral nas leveduras de Candida albicans quando incubadas em meio YPD+ soro fetal bovino
20%, 37°C 200 rpm, por 1h. As cepas que cresceram em presença do extrato bruto de Eugenia
uniflora apresentaram uma acentuada redução na emissão dos tubos germinativos. A coluna
tracejada representam cepa que teve maior redução na evaginação lateral.
Figura 13C. - Porcentagem de células que emitiram tubo germinativo por meio de evaginação
lateral nas leveduras de Candida albicans quando incubadas em meio YPD+ soro fetal bovino
20%, 37°C 200 rpm, por 1h. As cepas que cresceram em presença do extrato bruto de Eugenia
uniflora tiveram uma acentuada redução na emissão dos tubos germinativos.
B
C
72
Figura 13E. - Porcentagem de células que emitiram tubo germinativo por meio de evaginação lateral nas
leveduras de Candida albicans quando incubadas em meio YPD+ soro fetal bovino 20%, 37°C 200
rpm, por 1h. As cepas que cresceram em presença do extrato bruto de Eugenia uniflora tiveram uma
acentuada redução na emissão dos tubos germinativos.
Figura 13D. - Porcentagem de células que emitiram tubo germinativo por meio de evaginação
lateral nas leveduras de Candida albicans quando incubadas em meio YPD+ soro fetal bovino 20%,
37°C 200 rpm, por 1h. As cepas que cresceram em presença do extrato bruto de Eugenia uniflora
tiveram uma acentuada redução na emissão dos tubos germinativos.
D
E
73
5.6.5 Índice de morfologia (I.M) na presença do extrato bruto de Eugenia
uniflora
Entre as 50 cepas analisadas (48 isolados clínicos, a ATCC 90028 e SC5314) 41
apresentaram redução no IM (82%). Embora essa redução tenha sido discreta, onde as
células apresentaram IM médio de 2,764 (D.P ± 0,52) para as cepas crescidas na
ausência do E.B e 2,34 (D.P ± 0,29) para as cepas crescidas na presença do E.B de E.
uniflora (Fig 14).
Apesar de algumas cepas que foram crescidas na presença do E.B de E. uniflora
terem apresentado um IM igual ou superior ao controle (cepas crescidas na ausência do
E.B), observou-se uma redução no tamanho das hifas (sendo em algumas cepas
mensuradas, como previamente descrito), apesar terem apresentando IM semelhante
(Figs. 14A a 14E).
O isolado clínico que apresentou maior redução no índice de morfologia foi a
cepa 37 (coluna tracejada – Fig. 14C) A cepa 111R, teve redução no índice de
morfologia I.M=4, para I.M =3,11, como previamente descrito (Fig. 14E).
74
Figura 14A. - Índice de morfologia (I.M) de células de Candida albicans crescidas na ausência e na presença
de extrato bruto de Eugenia uniflora após 3h de incubação em meio YPD líquido + 20% soro fetal bovino,
37°C – 200 rpm.
Figura 14B. - Índice de morfologia (IM) de células de Candida albicans crescidas na ausência e na
presença de extrato bruto de Eugenia uniflora após 3h de incubação em meio YPD líquido + 20% soro
fetal bovino, 37°C – 200 rpm.
A
B
75
Figura 14C. - Índice de morfologia (IM) de células de Candida albicans crescidas na ausência
e na presença de extrato bruto de Eugenia uniflora após 3h de incubação em meio YPD líquido
+ 20% soro fetal bovino, 37°C – 200 rpm.
Figura 14D - Índice de morfologia (I.M) de células de Candida albicans crescidas na
ausência e na presença de extrato bruto de Eugenia uniflora após 3h de incubação em
meio YPD líquido + 20% soro fetal bovino, 37°C – 200 rpm.
D
C
76
5.7 Morfogênese em meio sólido do isolados crescidos na presença do extrato
bruto de Eugenia uniflora
O ensaio para avaliar a capacidade das colônias de C. albicans formarem
filamentações em meio indutor sólido (YPD+20%SFB) quando crescidas em meio
NGY na ausência e na presença de E.B de E. uniflora foi realizado com todas as 50
cepas do estudo. Entre os isolados clínicos, 05 apresentaram colônias com aspecto
fenotípico de produção de filamentos quando incubadas a 37°C, enquanto que as demais
apresentaram fenótipo liso, demonstrado que a indução da formação de hifa em YPD +
20% SFB é menos eficiente que o meio líquido de YPD + 20% SFB.
Figura 14E - Índice de morfologia (I.M) de células de Candida albicans crescidas na ausência e na
presença de extrato bruto de Eugenia uniflora após 3h de incubação em meio YPD líquido + 20% soro
fetal bovino, 37°C – 200 rpm.
E
77
As cepas que apresentaram fenótipos filamentosos (SC5314, 06L, 15g, 15L e
111R), apresentaram aspecto nitidamente mais liso, quando as células foram crescidas
na presença de E.B de E. uniflora (Fig. 15)
78
Figura 15. Formação de hifa em meio sólido YPD+20% SFB. A.1) ATCC90028 sem E.B – A.2) ATCC90028
com E.B. B.1) SC5314 sem E.B – B.2) SC5314 com E.B. C.1) Cepa 06L sem E.B – C.2) Cepa 06L com E.B.
D.1) Cepa 15g sem E.B – D.2) Cepa 15g com E.B. E.1) Cepa 15L sem E.B – E.2 Cepa 15L com E.B. F.1) Cepa
111R sem E.B – F.2 Cepa 111R com E.B. Incubação à 37°C por 7 dias.
A1
.1.
1
A2
B1 B2
C1 C2
D1 D2
E1 E2
F1 F2
79
5.8 Ensaio de fagocitose de Candida albicans por PMN crescidos na presença
do extrato bruto de Eugenia uniflora
Foi observado através de microscopia óptica que as células de C. albicans
crescidas na ausência de E.B de E. uniflora e co-incubadas com PMN, sob condições
experimentais descritas na metodologia, foram satisfatoriamente fagocitadas, mesmo
quando emitiam tubos germinativos curtos, na tentativa de resistir assim ao estresse
oxidativo no interior dos PMNs e escapar dos mesmos (Fig. 16)
Quando crescidas na presença do E.B de E. uniflora e co-incubadas com
neutrófilos, interessantemente, observou-se uma diminuição do número de células
fagocitadas pelos PMNs, sendo observados inúmeros neutrófilos sem nenhuma célula
de C. albicans em seu interior (Fig. 17).
Figura 16. Células de Candida albicans crescidas na ausência do E.B de E. uniflora eficazmente
fagocitadas por PMNs após co-incubação de ambas as células a 37 °C, por 3 h, 200 rpm. As setas
indicam leveduras emitindo tubo germinativo mesmo no interior das células fagocíticas. Objetiva de 40x
(Seta vermelha: Candida albicans emitindo tubo germinativo no interior do PMN; seta branca: PMN, seta
amarela: blastoconídios fagocitados)
80
Todas as 50 cepas submetidas ao ensaio na presença do E.B de E. uniflora
apresentaram uma redução na quantidade de células de C. albicans fagocitadas pelos
neutrófilos.
A redução no número de células de C. albicans fagocitadas por 100 PMNs foi
estatisticamente significativa quando comparados o grupo submetido ao teste na
ausência do extrato bruto de E. uniflora e o grupo onde o E.B foi utilizado (Teste T de
student. P<0,05; Figs 18A a 18E).
Figura 17. Células de Candida albicans crescidas na presença do extrato bruto de Eugenia uniflora
não fagocitadas após co-incubação de ambas as células a 37 °C, por 3 h, 200 rpm. As células de
Candida albicans crescidas na presença do extrato bruto de Eugenia uniflora tiveram uma acentuada
diminuição no número de células fagocitadas. As figuras mostram um PMN com ausência de
leveduras fagocitadas em seu interior. Objetiva de 40x (Seta vermelha: PMN; seta branca: C.
albicans).
81
Figura 18A. - Fagocitose de células de Candida albicans por PMN quando incubadas em meio EMEM +
20 mM HEPES, pH 7,2, a 37°C – 50 rpm, por 3h. (* = Estatisticamente significante. Teste T de student.
P<0,05 ‡ =Desvio padrão)
Figura 18B - Fagocitose de células de Candida albicans por PMN quando incubadas em meio EMEM
+ 20 mM HEPES, pH 7,2, a 37°C – 50 rpm, por 3h. (* = Estatisticamente significante. Teste T de
student. P<0,05 ‡ =Desvio padrão)
A
B
82
Figura 18C - Fagocitose de células de Candida albicans por PMN quando incubadas em meio
EMEM + 20 mM HEPES, pH 7,2, a 37°C – 50 rpm, por 3h. (* = Estatisticamente significante.
Teste T de student. P<0,05 ‡ =Desvio padrão)
Figura 18D - Fagocitose de células de Candida albicans por PMN quando incubadas em meio
EMEM + 20 mM HEPES, pH 7,2, a 37°C – 50 rpm, por 3h. (* = Estatisticamente significante.
Teste T de student. P<0,05 ‡ =Desvio padrão)
C
D
83
5.9 Avaliação da atividade de fosfolipase por Candida albicans em presença
de extrato bruto de Eugenia uniflora
A avaliação da atividade de fosfolipases produzidas e secretadas pelas cepas de C.
albicans foi determinada através da medição da zona de precipitação ao redor das
colônias crescidas em ágar fosfolipase, incubadas por 30°C durante 72h, em células pré-
crescidas na presença do E.B de E. uniflora.
Os isolados clínicos apresentaram ligeira diminuição na produção de fosfolipase,
mas quando comparadas com as cepas que não foram tratadas com o extrato, não houve
diferença estatisticamente significativa para todos os isolados clínicos, exceto para as
Figura 18E - Fagocitose de células de Candida albicans por PMN quando incubadas em meio
EMEM + 20 mM HEPES, pH 7,2, a 37°C – 50 rpm, por 3h. (* = Estatisticamente significante.
Teste T de student. P<0,05 ‡ =Desvio padrão)
E
84
duas cepas de referência de C. albicans (ATCC 90028 e SC5314; Teste T- student,
P>0,05; Fig 19A a 19E).
Figura 19A - Atividade de fosfolipase de isolados clínicos de Candida albicans crescidas na presença e
na ausência do E.B de E .uniflora (* = Estatisticamente significante. Teste T de student. P<0,05 ‡
=Desvio padrão)
Figura 19B - Atividade de fosfolipase de isolados clínicos de Candida albicans crescidas na presença e na
ausência do extrato bruto de Eugenia uniflora (* = Estatisticamente significante. Teste T de student.
P<0,05 ‡ =Desvio padrão)
A
B
85
Figura 19C - Atividade de fosfolipase de isolados clínicos de Candida albicans crescidas na presença e na
ausência do extrato bruto de Eugenia.uniflora (* = Estatisticamente significante. Teste T de student.
P<0,05 ‡ =Desvio padrão)
Figura 19D - Atividade de fosfolipase de isolados clínicos de Candida albicans crescidas na presença e na
ausência do extrato bruto de Eugenia uniflora (* = Estatisticamente significante. Teste T de student. P<0,05 ‡
=Desvio padrão)
86
6 DISCUSSÃO
Os principais objetivos deste trabalho foram caracterizar genotipicamente cepas
de C. albicans isoladas da cavidade bucal de pacientes transplantados renais oriundos
das cidades de Maringá-PR e Natal-RN, com finalidade a de traçar um perfil
epidemiológico destes isolados, utilizando as metodologias de Genotipagem ABC e
microssatélite, bem como avaliar a capacidade destes isolados em produzirem hifa
verdadeira (morfogênese), apresentarem atividade de fosfolipase e resistir ao ataque de
fagócitos.
O extrato bruto de E. uniflora, conhecida popularmente como pitanga, cujas
propriedades antifúngicas foram determinadas pela Msc. Magda Rayanne Ferreira, sob
responsabilidade dos Profs. Terezinha Svidzinsky, da UEM e Luiz Alberto Lira Soares,
Figura 19E - Atividade de fosfolipase de isolados clínicos de Candida albicans crescidas na presença e na
ausência do extrato bruto de Eugenia uniflora (* = Estatisticamente significante. Teste T de student. P<0,05 ‡
=Desvio padrão)
E
87
da UFPE, foi utilizado neste trabalho com a finalidade de se avaliar uma provável
interação com as células de C. albicans e verificar se havia alguma interferência na
expressão dos fatores de virulência previamente descritos.
Em relação à genotipagem ABC, observamos que ocorreu uma maior prevalência
do genótipo A (62,5%), entre as cepas de C. albicans, seguida pelo genótipo C com
31,25% e do genótipo B com 6,54%. Esta distribuição na prevalência genotípica foi
observada quando analisadas as duas cidades separadamente, onde em relação aos 10
isolados provenientes de Maringá-PR, 09 foram pertencentes ao genótipo A, e 1
genótipo C e nenhum foi caracterizado como pertencente ao genótipo B. Em relação as
38 cepas isoladas de pacientes oriundos da cidade de Natal-RN, o genótipo A também
foi o mais prevalente, com 21 cepas, seguido pelo C, com 14 isolados e o B ocorrente
em 3 cepas.
Em estudo realizado por McCullough et al. (1999) com 430 cepas de C. albicans
cedidas pelas American Type Culture Colection (ATCC) pertencentes ao genótipos A,
B e C, foi observado que o genótipo A foi o mais prevalente, com 289 cepas, seguido
pelo B, com 85 e pelo genótipo C, 56 isolados.
Chaves et al., (2012) em estudo com isolados clínicos de pacientes críticos
internos em UTI com colonização em diversos sítios anatômicos que desenvolveram ou
não candidemia, observaram que dentre as 51 cepas utilizadas na genotipagem ABC,
25, pertenciam ao genótipo A, seguido pelo genótipo B com 18 cepas e do genótipo C,
com 8 isolados. Estes dados corroboram com o presente trabalho, onde o genótipo A
foi o mais prevalente. Também se pode observar uma alta prevalência de cepas
pertencentes ao genótipo C. Este é um achado diferente da maioria dos outros estudos.
Por exemplo, na investigação de Sardi et al., (2012), cepas do genótipo C não foram
88
encontradas. Este fato também foi observado pelo estudo de Jacobsen et al., (2008). Em
um total de 32 indivíduos C. albicans com colonização oral, candidíase oral e outras
infecções superficiais, apenas um isolado do genótipo C foi encontrado. De fato, Odds
et al., (2007) descrevem este genótipo como raro, tendo sido encontrado em apenas 173
dos 1931 isolados de C. albicans obtidos de diferentes origens geográficas e sítios
corporais do mundo inteiro.
Para a avaliação intra-específica de C. albicans também utilizou-se a metodologia
de microsatéllite, utilizando o primer M13. Os padrões de bandas observados foram
suficientemente diferentes para assegurar que o primer possui um bom poder
discriminatório, podendo ser aplicada para estudos epidemiológicos de infecções por C.
albicans com baixo custo e suficiente eficácia. Esta técnica ainda não vem sendo
largamente empregada para a genotipagem desta espécie, Chaves et al. (2012), mas tem
sido empregado largamente para tipar Cryptococcus neoformans, Casali et al., (2003),
Ferrera-Paim et al., (2011).
Outros loci de microssatélite vêm sendo descritos na literatura para estudos de
genotipagem para leveduras. Em estudo realizado por Costa-de-Oliveira, et al, 2011,
utilizou-se um total de 35 cepas de C. albicans isoladas de 12 pacientes com fungemia
com a finalidade de avaliar a variabilidade genética entre estas cepas utilizando quatro
loci de microssatélites. Os isolados de sangue foram comparados com cepas isoladas de
urina, secreção de trato respiratório e de cateter. Os isolados de sangue apresentaram
alta similaridade entre eles e entre os isolados de outros sítios, indicando assim uma
possível recorrência nas fungemias devido à mesma cepa e uma possível falha na
resposta terapêutica a estes pacientes.
89
A amplificação de fragmentos de DNA genômico que se repetem em tandem
utilizando o primer M13 neste estudo, revelou que cepas classificadas como
pertencentes aos genótipos A, B e C de C. albicans apresentaram variações nos perfis
de bandas formados. Esta variação entre as cepas se deve ao fato de que as áreas do
DNA onde apresentam as repetições múltiplas serem altamente polimórficas e às
variações no número de repetições que ocorrem intra-especificamente (Sampaio et al,
2005), mostrando-se superior à genotipagem ABC.
Em estudo realizado por Wang et al. (2003) avaliou-se genotipicamente isolados
de C. albicans utilizando a metodologia de microssatélite com o primer M13 e a relação
destes isolados com a resistência ao fluconazol. Dentre os 41 isolados clínicos, 11 cepas
foras sensíveis ao fluconazol, 8 cepas foram dose-dependente e 22 foram resistentes.
Entre estas cepas, duas das doze bandas puderam ser observadas e a análise por clusters
dos padrões formados no gel revelaram associação entre as cepas resistentes e o local
geográfico de origem destas.
Outro fator interessante é que, exceto em dois casos, todos os isolados do
genótipo C foram agrupados em 2 clusters distintos, bem separados. Mccullough et al.,
(1999) sugerem que os isolados de C. albicans do genótipo C são provavelmente
pertencentes ao genótipo A que ocasionalmente tenham adquirido um íntron. Este fator
pode explicar, pelo menos em parte, porque estes isolados foram considerados idênticos
pela técnica do microssatélite em duas ocasiões. Estes dados sugerem peculiaridades na
distribuição dos genótipos de C. albicans oriundos da cavidade oral de pacientes
transplantados renais, analisados, pela primeira vez no presente estudo.
O fato de terem sido encontrados alguns isolados obtidos de pacientes diferentes,
considerados indistinguíveis (100% de similaridade) não é fora do comum. Outros
90
autores têm descrito a possibilidade de cepas não relacionadas geneticamente possuírem
o mesmo genótipo. Por exemplo, Sampaio et al. (2003) utilizando a técnica de
microssatélite com o locus CAI4 observaram que em 73 isolados vaginais
independentes, 44 genótipos diferentes puderam ter sido detectados. Além disso, não se
pode excluir a possibilidade de transmissão cruzada entre os pacientes, durante o
período de internação hospitalar.
Um dos nossos achados mais importantes foi o agrupamento da maioria dos
isolados do Sul do Brasil em um mesmo cluster do dendrograma gerado pela técnica de
microssatélite. Estes isolados também apresentaram o mesmo genótipo ABC (genótipo
A). Este achado pode ser explicado, pois C. albicans co-evoluiu junto com seres
humanos de determinadas regiões geográficas, uma vez que esta espécie pertence à
microbiota normal humana (Odds et al., 2007).
Um certo grau de correlação do relacionamento genético entre os isolados foi
encontrado quando ambas as técnicas de genotipagem foram empregadas. Em apenas
duas ocasiões, isolados pertencentes aos genótipos A ou C foram considerados idênticos
pela técnica de microssatélite. Esta diferença reforça a necessidade da combinação de
pelo menos duas técnicas diferentes para tipagem de C. albicans. (Soll, 2000).
Além do fato do alto isolamento de cepas pertencentes ao genótipo C de C.
albicans, estes isolados também se mostraram mais resistentes à fagocitose pelos PMNs
de que as cepas dos genótipos A e B. Embora no momento da coleta das amostras,
apenas um isolado do genótipo C foi considerado infectante (obtido de paciente
apresentando lesão), o fato de se tratarem de indivíduos imunossuprimidos e
colonizados por cepas que expressaram os fatores de virulência in vitro pode
influenciar, futuramente, no desfecho clínico destes pacientes.
91
Outro fato interessante a ser observado em relação à fagocitose de células de C.
albicans por polimorfonucleares é que as cepas pertencentes ao genótipo A foram mais
sensíveis ao ataque das células fagocíticas, devido ao elevado número de células de C.
albicans contadas no interior dos PMNs. No tocante às cepas pertencentes ao genótipo
B, percebemos que todos os isolados também foram bastante sensíveis à fagocitose.
Estudos incluindo um maior número de isolados do genótipo B são necessários para
verificar se estes achados são encontrados em populações maiores.
Em estudo realizado na Dissertação de Mestrado de Santos et al. (2009) sobre
genotipagem e fatores de virulência de 51 cepas de C. albicans isoladas de diferentes
sítios anatômicos de pacientes internados em hospital terciário de São Paulo, foi
observado que as cepas pertencentes ao genótipo A apresentaram em geral uma maior
capacidade de expressão de fatores de virulência quando comparadas aos isolados dos
genótipos B e C. Sendo assim, a alta resistência de isolados de C. albicans do genótipo
C ao ataque de fagócitos trata-se de um importante achado do presente estudo.
Com relação aos fatores de virulência expressos pelos isolados de Natal e
Maringá, foi possível de se observar que os isolados da região Sul expressaram todos
os fatores de virulência avaliados in vitro (diferença estatisticamente significante para
resistência à fagocitose por PMNs). Em um estudo recente relacionado à caracterização
de biofilmes da cavidade oral formado em superfícies mucosas, observou-se uma
intensa migração de PMNs, com agregados celulares justapostos aos biofilmes de
mucosa. Além disso, em locais da lesão onde os biofilmes eram mais expressos, os
neutrófilos migraram por toda a extensão da mucosa (Dongari-Bagtzoglou et al.,, 2009).
Sendo assim, este parece ser um importante fator de virulência a ser utilizado na
comparação de diferentes isolados clínicos de C. albicans.
92
A produção de fosfolipases por células de C. albicans neste estudo apresentou um
perfil homogêneo, com atividade média (Pz) de 0,56. Este é um valor que reflete uma
atividade enzimática moderada e que não foi correlacionada com nenhum genótipo
específico.
Em revisão realizada por Ghannoum (2000), o autor descreve o papel das
fosfolipases no processo de virulência de C. albicans, pois estas enzimas atuam nas
membranas celulares, hidrolisando os fosfolipídios, levando à lesão celular e morte.
Apesar deste fator de virulência ser importante, e o fato de que todas as nossas amostras
foram capazes de produzir fosfolipase, não foi possível observar associação de nenhum
genótipo específico e a produção desta enzima.
Em relação à emissão de tubos germinativos dos isolados clínicos após 1h de
incubação em meio YPD líquido + 20% SFB sem a presença do E.B de E. uniflora,
incubados a 37°C – 200 rpm, foi observado que a porcentagem de células que emitiam
tubo germinativo foi variada e não houve um padrão de distribuição entre os genótipos,
entretanto foi observado que as cepas provenientes de Natal-RN emitiam mais tubos
germinativos do que as cepas isoladas de Maringá-PR nos genótipos A e C.
Quando crescidas em meio NGY na presença de E.B de E. uniflora a porcentagem
de células de C. albicans que emitiam tubo germinativo após 1h de incubação em meio
YPD líquido + 20% SFB 37°C - 200 rpm foi significativamente reduzida, mesmo na
cepa 111R que é altamente formadora de hifas, a qual também apresentou uma redução
na evaginação de tubos germinativos, sugerindo que o E.B da E. uniflora deve interferir
em alguma forma na morfogênese. Quando analisado o índice de morfologia,
independentemente do genótipo observado, houve uma redução no valor de I.M após 3
horas de incubação no mesmo meio indutor.
93
O índice de morfologia observado no trabalho realizado mostrou que os isolados
clínicos de C. albicans apresentaram I.M médio de 2,76, o que indica uma prevalência
das formas de pseudo-hifas. No entanto, um número variável de hifas verdadeiras
também foi observado nos diferentes isolados. Embora as cepas isoladas de Natal-RN
tivessem uma maior porcentagem de emissão de tubo germinativos quando comparadas
às cepas oriundas de Maringá-PR, o índice de morfologia destas foi superior àquelas
independentemente do genótipo analisado.
Entre todas as cepas analisadas, o isolado 111R, oriundo de Natal formou 100%
de evaginações laterais e tubos germinativos após 1h de incubação. Esta característica
foi mantida pela cepa durante as 2h subsequentes de incubação, o que foi observado no
índice de morfologia (I.M) = 4; atribuído a esta cepa, dificultando determinar a
quantidade de hifas formadas, sendo possível de se visualizar hifas verdadeiras
altamente desenvolvidas. Esta cepa foi a única a apresentar esta característica.
Diversos estudos têm demonstrado o papel da filamentação de C. albicans na sua
virulência. Ken Haynes (2001) em sua revisão sobre fatores de virulência em Candida
relata que cepas mutantes em que são bloqueadas nas fases de blastoconídios e de
pseudo-hifas têm a sua virulência atenuada e que esta redução na virulência é atribuída à
incapacidade destas cepas em formarem hifas verdadeiras.
Estudo realizado por Liu et al., (2010) demonstra o papel da proteína quinase
CaSch9p na morfogênese e virulência de C. albicans. Os autores nocautearam o gene
que codifica a proteína CaSch9p e inocularam a cepa mutante em ratos. Foi observado
que a ausência desta proteína afetou a filamentação de C . albicans e a virulência desta
espécie foi diminuída.
94
Todas as cepas utilizadas nos experimentos foram crescidas “overnight ”em meio
de padronização de inoculo NGY à 30°C – 200 rpm, e algumas amostras deste
crescimento foram analisadas à microscopia óptica com a finalidade de se observar
alguma alteração morfológica nas células de C. albicans devido à ação do E.B de E.
uniflora. Algumas características como presença de grandes vacúolos citoplasmáticos e
células com aspecto morfológico anormal com as mais diferentes variações foram
observadas, o que sugere uma possível influencia do E.B na morfologia da parede
celular de C. albicans.
Ishida et al., (2006) em trabalho realizado utilizando subfração de extrato vegetal
de Stryphnodendron adstringens (barbatimão), demonstraram que células de Candida
tratadas com o referido extrato apresentaram alterações morfológicas em sua superfície,
onde foi observada a perda da integridade da parede celular das leveduras e as células
apresentaram deformações. As células que foram submetidas ao mesmo experimento,
porém não foram tratadas com o extrato, permaneceram intactas e sem nenhum
comprometimento estrutural (grupo controle).
Um fato interessante e que foi avaliado mais profundamente acontece com
algumas cepas, que quando crescidas na presença do E.B de E. uniflora apresentaram
I.M bastante similar de que quando crescidas na ausência do EB. Observou-se que
embora sob as duas diferentes condições de crescimento, as cepas receberam valor de
I.M=4, pois eram capazes de formar hifas verdadeiras. Entretanto, estas eram
consideravelmente menores quando as células cresceram na presença do E.B. Para
confirmar esta teoria, os isolados que produziam hifas verdadeiras após 3h de incubação
tiveram o comprimento destas estruturas mensurado e a hipótese foi confirmada, que
embora tenha formado hifa verdadeira na ausência e na presença do E.B de E. uniflora
95
as hifas tratadas com o E.B. apresentaram comprimento menor. Estes resultados
sugerem que o E.B de E. uniflora poderá atuar na parede celular das leveduras de C.
albicans confirmando os achados obtidos nas alterações micromorfológicas visualizadas
em microscopia óptica.
Quando cepas de Candida foram submetidas à avaliação da formação de hifas
(morfogênese) em presença da subfração do extrato de Stryphnodendron adstringens,
foi observado um aumento da porcentagem de blastoconídios em relação à quantidade
de hifas, indicando que ocorreu uma redução na transição de levedura à hifa (Ishida et
al., 2006).
Em estudo realizado por Bernardes et al., (2012) utilizando extrato bruto das
folhas de Aloe vera, planta conhecida popularmente como babosa, foi observado que
quando crescidas na presença de diferentes concentrações do extrato, células de C.
albicans apresentaram uma diminuição significativa no crescimento e multiplicação
(observadas a partir das densidades ópticas das culturas) bem como uma redução na
taxa de formação de tubos germinativos quando em contato com o extrato bruto das
folhas deste vegetal.
Ao serem induzidos o crescimento e a filamentação de C. albicans em meio
contendo purpurina, um derivado das raízes de Rubia tinctorum L, de onde é possível se
obter o condimento conhecido no Brasil como colorau; foi observado que houve uma
redução na quantidade de hifas formadas em meios líquidos indutores da morfogênese,
quando comparadas com o maciço crescimento e filamentação que ocorreu no controle
que foi realizado na ausência da purpurina. Este fato foi também macroscopicamente
observado em meios sólido suplementados com soro fetal bovino (Tsang et al. 2012).
Este estudo vem reforçar a interferência de compostos naturais na inibição do
96
crescimento celular, bem como do desenvolvimento de estruturas filamentosas de C.
albicans.
As cepas de C. albicans do presente estudo que foram submetidas ao teste de
formação de hifa (morfogênese) em meios indutores líquidos também foram semeadas
em placas de Petri com o mesmo meio (YPD+20% soro), porém com a adição de ágar
na formulação. Quando semeadas em meio sólido e incubadas à temperatura de 37°C
durante 7 dias, apenas 5 isolados apresentaram um fenótipo formador de hifa nestas
condições, demonstrando este meio não ser o mais específico para a avaliação da
morfogênese em meio sólido. Em meio sólido, as colônias que apresentaram aspecto
rugoso, característico de leveduras com colônias filamentosas, apresentaram também
uma mudança deste aspecto quando crescidas na presença do E.B de E. uniflora. As
colônias que possuías as extremidades com filamentos passaram a apresentar as suas
bordas lisas, indicando uma redução na filamentação. Nas colônias onde o centro era
mais apiculado, com aspecto cerebriforme e enrugado, houve uma atenuação nesta
característica, o que corrobora a hipótese de que efetivamente, o E.B está influenciando
na transição de levedura-hifa em C. albicans.
Em estudo realizado por Zucchi et al., (2010) foi demonstrado que a filamentação
de C. albicans em superfícies sólidas é dependente da sinalização que ocorre por meio
da proteína Cek1P, ativada via uma glicoproteína de superfície celular Dfi1 em
mecanismo que reconhece a matriz onde a levedura está inserida. Foi demonstrado que
mutantes que tiveram o gene DFI1 inativado, que codifica esta proteína, perderam a
capacidade de filamentação em meio sólido e tornaram-se atenuados em virulência. Os
dados apresentados neste estudo nos levam a supor a hipótese que de alguma forma, um
97
dano estrutural na superfície celular de C. albicans causado por E. uniflora pode ser
responsável por inibição de vias que levam a transição entre levedura-hifa
(morfogênese), o que foi observado quando os isolados de fenótipo filamentoso foram
submetidos as condições de indução de filamentação em meios YPD+SFB 20% liquido
e sólido.
Um fato interessante ocorreu com a cepa 111R, altamente formadora de hifas.
Enquanto que os demais isolados foram altamente fagocitadas, este isolado clínico
apresentou o menor número de C. albicans fagocitadas (11 células fagocitadas em 100
PMNs). Este fato reflete a importância da filamentação como auxiliar na redução do
ataque das células fagocíticas, corroborando com a ideia de que a emissão do tubo
germinativo é um fator crucial na evasão do sistema imune.
Fradin et al. (2003) reportaram que a grande quantidade de leveduras fagocitadas
por PMN reflete a rápida interação que ocorre entre as células de C. albicans e os PMNs
(neutrófilos, eosinófilos e basófilos), onde após 30 minutos de incubação torna-se
possível observar cerca de 90% de células de leveduras ligadas ou fagocitadas por estas
células do sistema imune.
Fradin et al. (2005), descreveram que quando incubadas em presença de PMNs,
95,6% das células de C. albicans ainda estão sob a forma de blastoconídios, destas 38%
encontram-se fagocitadas, enquanto que 57,5% estão ligadas aos PMNs após 30 min de
incubação. Baseado nestes dados apresentados pelos autores pode-se afirmar que a cepa
111R não foi efetivamente fagocitada devido ao fato de que ao ser crescida, durante o
pré-inóculo, a cepa já apresenta grande quantidade de hifas formadas, mesmo em
temperatura que não estimula a filamentação. Desta forma, quando incubada em
98
presença de PMNs, com muitas hifas previamente desenvolvidas, a mesma não foi
fagocitada eficientemente.
No ensaio de fagocitose, onde muitas leveduras foram fagocitadas pelos PMNs,
observamos um interessante resultado, pois em todas as cepas testadas, ocorreu uma
significativa redução na quantidade de células de Candida fagocitadas, se previamente
crescidas na presença do E.B. Este achado reforça nossa hipótese de que o E.B está
agindo na parede celular de C. albicans, pois o fato de que os PMNs não estarem
fagocitando as leveduras, pode estar associado ao não reconhecimento das mesmas,
fator este que ocorre por meio de um impedimento na interação com as β-glucanas,
mananas e receptores de manoses, que fazem parte da constituição da parece celular de
C. albicans e que os PMN não estariam reconhecendo estes componentes devido a um
possível dano que o E.B de E. uniflora possa estar causando na parede das leveduras.
No trabalho publicado por Gow et al., (2012), são relatadas as vias de sinalização
celular para o processo de reconhecimento das leveduras de Candida pelas células da
imunidade inata. Neste estudo são demonstrados os padrões moleculares associados ao
patógeno Candida (PAMP) encontrados na parede celular, que são reconhecidos pelos
receptores padrões de reconhecimento (PRP) encontrados na superfície das células de
defesa. Neste trabalho os autores destacam a importância do reconhecimento das
mananas, fosfolipomananas e β-1,3-glucanas de Candida pelo sistema imune. Estas
informações nos permitem sugerir que um possível dano estrutural na parece celular
possa interferir nos receptores envolvidos no reconhecimento das células de C. albicans
pelos PMNs e esteja associado ao baixo número de leveduras fagocitadas quando
tratadas com o E.B de E. uniflora.
99
Quando crescidas na presença de E.B e semeadas em ágar fosfolipase, foi
observado um ligeiro aumento no valor de Pz na maioria dos isolados, indicando uma
diminuição na produção das fosfolipase, entretanto, esta diferença, entretanto não foi
significativa na produção desta enzima.
Em revisão sobre fosfolipases e o seu papel na virulência e patogenia das
infecções fúngicas, Ghannoum (2000) relata que as enzimas fosfolipases são produzidas
e secretadas pelas células fúngicas, atuando em ligações éster específicas. Estas enzimas
atuam clivando os fosfolipídios de membrana, desestabilizando as mesmas e causando
dano ou até mesmo morte celular. O fato de que estas enzimas são geradas no interior
celular e que são secretadas para o meio externo onde atuam nas outras células, podem
ter influenciado no resultado do teste da avaliação da atividade de fosfolipase por C.
albicans na presença do E.B de E. uniflora, pois o extrato possivelmente está atuando
na parede celular das leveduras e como estas enzimas não são constituintes da parede
celular e sim enzimas secretadas, o E.B não estaria influenciando na produção destas
enzimas.
7.0 CONCLUSÕES
Os resultados do presente trabalho permitem as seguintes conclusões:
7.1 Utilizando-se a técnica de genotipagem ABC, embora o genótipo A tenha sido
o mais prevalente, ressalta-se a alta frequência de isolamento de cepas do genótipo
C da cavidade oral de pacientes transplantados renais
100
7.2 A técnica de microssatélite utilizando o primer M13 apresentou superior poder
discriminatório que a genotipagem ABC, reforçando a necessidade de se avaliar
diferentes loci na investigação do relacionamento genético dos isolados de C.
albicans.
7.3 Os isolados de C. albicans do genótipo C apresentaram-se significantemente
mais resistentes ao ataque de fagócitos
7.4 A maioria dos isolados da região Sul (Maringá-PR) foram agrupados em um
cluster distinto, por análises de dendrograma, e apresentaram-se mais resistentes a
ataque de PMNs que os isolados de Natal-RN.
7.5 O extrato bruto da pitanga (E. uniflora) parece influenciar na expressão de
fatores de virulência de C. albicans in vitro, reduzindo a formação de hifa
verdadeira e impedindo as células de leveduras serem fagocitadas por PMNs,
embora a ação na secreção de fosfolipase tenha sido mínima ou ausente, nas
condições testadas.
101
8.0 Referências bibliograficas
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