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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM MÚSICA ESCOLA DE MÚSICA CURSO DE LICENCIATURA MAYRA ELISA ARAÚJO DE SOUZA BATISTA EDUCAÇÃO MUSICAL NO PRIMEIRO ESTÁGIO DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO ENSINO DE MÚSICA NA ESCOLA REGULAR NATAL/RN 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · características gerais do desenvolvimento da criança de zero a três anos de idade, seu desenvolvimento musical e por fim a experiência

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM MÚSICA

ESCOLA DE MÚSICA CURSO DE LICENCIATURA

MAYRA ELISA ARAÚJO DE SOUZA BATISTA

EDUCAÇÃO MUSICAL NO PRIMEIRO ESTÁGIO DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM

RELATO DE EXPERIÊNCIA DO ENSINO DE MÚSICA NA ESCOLA REGULAR

NATAL/RN 2012

MAYRA ELISA ARAÚJO DE SOUZA BATISTA

EDUCAÇÃO MUSICAL NO PRIMEIRO ESTÁGIO DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO ENSINO DE MÚSICA NA ESCOLA REGULAR

Monografia apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na área de educação musical como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciado em Música.

Orientadora: Profa. Ms. Catarina Shin Souza

NATAL/RN 2012

Catalogação da Publicação na Fonte

Biblioteca Setorial da Escola de Música

B33e Batista, Mayra Elisa Araújo de Souza.

Educação musical no primeiro estágio da educação infantil: um relato de

experiência do ensino de música na escola regular / Mayra Elisa Araújo de

Souza Batista. – Natal, 2012.

53 f. : il.; 30 cm.

Orientadora: Catarina Shin Lima de Souza.

Monografia (graduação) – Escola de Música, Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, 2012.

1. Educação musical pré-escolar - Monografia. 2. Ensino pré-

escolar - Monografia. I. Centro de Educação Integrada (Zona Sul). II.

Souza, Catarina Shin Lima de. III. Título.

RN/BS/EMUFRN CDU 78:373.2

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente por ter me dado o dom da vida. Por ser meu

consolo e conforto todos esses anos, e por ter me dado mais essa vitória. A Ele

entrego tudo o que tenho!

À minha mãe, Ruth Araújo de Souza Batista, pelo exemplo de vida,

determinação, coragem e exemplo de mãe. Pelos conselhos, orientações,

investimentos, e principalmente pelo amor e carinho que me foi dado todo esse

tempo. Te amo!

Ao meu pai, Janilson Batista da Silva, pelos momentos de reflexão e

paciência. Por ser uma inspiração para minha carreira musical e pelo exemplo de

vida, determinação, coragem que me incentivaram a prosseguir. Obrigado por tudo!

Te amo!

Aos meus irmãos Sage Raoni e Milena Maria, amigos e companheiros de

todos os momentos de minha vida. Amo vocês!

À minha família por todo carinho, suporte, incentivo e por estarem sempre

presente nos momentos em que mais precisei. Obrigado por tudo!

À professora Ms. Catarina Shin, pelos ensinamentos, paciência e amizade

durante esses dois últimos anos do curso. Por ser uma das fontes de inspiração

para minha vida profissional no decorrer dessa jornada.

À professora Dra. Amélia Dias, que se tornou uma das fontes de inspiração

para minha atuação como profissional desde o início do curso.

À professora Ms. Carolina Chaves Gomes por responder tão prontamente ao

meu chamado e aos ensinamentos aprendidos no decorrer desse ano de 2012.

À equipe CIART pelos dias de alegria, gargalhadas, aperreios, boa música e

anos de aprendizado que levarei por toda a minha vida.

Aos professores Ticiano D’Amore, Isaac Samir, Maristela Mosca, Ângela

Portela, Bethânia, Danilo Guanais, Jean Joubert, Valéria Carvalho, Maria Helena e

Manoca Barreto pelos ensinamentos, competência profissional e pelo cuidado e

atenção que me foi dada no decorrer do curso.

Agradeço aos meus amigos e companheiros de curso, Ruanna Bárbara,

Eduardo Cleiton, Edbergon Varela, Brígida Bessa, José Joelson, Patrícia, Jemima

Feitosa, Fábio Rodrigues, Kalinca e Larissa Paiva pela paciência, companheirismo,

e dias de gargalhadas que fizeram com que esses quatros anos fossem bem melhor.

Aos demais amigos presentes e ausentes por todo o apoio, amizade, carinho

e paciência.

A todos que, diretamente ou indiretamente, contribuíram para a realização

deste trabalho em minha vida profissional.

Dedico este trabalho aos meus avós (in memorian) pelo legado que me deixaram. Aos meus avós paternos Seziom e Carmelita por serem inspirações musicais que deram o pontapé em minha jornada com a música. E a minha avó materna Maria de Araújo, pelos seus ensinamentos, apoio e orações. A vocês dedico essa conquista como sinal do meu amor e gratidão, por todo amor e carinho que me foi dado, com a certeza de que em breve nos veremos.

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo apresentar um relato de experiência do ensino de música na educação infantil, especificamente com alunos da turma do Estágio I correspondente a faixa etária de um a três anos de idade, do colégio Centro de Educação Integrada Zona Sul - Parnamirim/RN. Sabendo que a educação infantil passou a ser a primeira etapa da educação básica oferecida em creches e pré-escolas (Lei 9394/96), e que, através da aprovação da lei 11.769/08 o ensino de música nas escolas de formação básica passou a ser obrigatório, estudos e pesquisas a respeito dessa área e acervo de materiais para educação musical na educação infantil, vem aumentando consideravelmente. Para isso, este estudo terá como caráter fundamental a descrição e a observação, explanando as características gerais do desenvolvimento da criança de zero a três anos de idade, seu desenvolvimento musical e por fim a experiência em sala de aula, enfatizando a rotina da aula de música, e, finalizando com as conclusões dessa experiência. Palavras-chave: Educação Musical. Educação Infantil. Desenvolvimento Musical.

ABSTRACT

This assignment aims to present an experience of teaching music in early childhood education, specifically with students in the Grade I which corresponds to the age group of one to three years, in the school Centro de Educação Integrada Zona Sul - Parnamirim / RN . Knowing that early childhood education has become the first stage of basic education offered in kindergartens and preschools (Law 9394/96), and that, through the approval of the Law 11.769/08 teaching music in regular schools became mandatory, studies and research regarding this subject and collection of materials for musical education in early childhood education has increased considerably. Therefore, this study will be as a fundamental aspect the description and observation, explaining the general characteristics of the development of children from birth to three years old, their musical development and ultimately the experience in the classroom, emphasizing the routine of music class, ending with the conclusions of this experience. Keywords: Music Education. Early Childhood Education. Musical Development.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Sala de aula utilizada como sala de música no colégio CEI.......... 27

Figura 2 – Sala de aula utilizada como sala de música no colégio CEI.......... 28

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Resumo do desenvolvimento cognitivo e afetivo......................... 18

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11

2 A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................................. 13

2.1 Características gerais do desenvolvimento da criança de zero a três anos de

idade ...................................................................................................................... 18

2.2 Desenvolvimento musical de crianças de zero a três anos de idade ............... 20

3 UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA ESCOLA REGULAR .................................. 25

3.1 A escola ........................................................................................................... 25

3.1.1 Caracterização da escola: espaços ........................................................... 26

3.2 Relato de experiência ...................................................................................... 28

3.2.1 Caracterização das turmas ........................................................................ 30

3.2.2 Conteúdos ................................................................................................. 31

3.2.3 Os primeiros contatos ................................................................................ 32

3.2.4 Atuação nas aulas de música .................................................................... 34

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 43

ANEXOS ................................................................................................................... 45

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1 INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, a Educação Musical no Brasil vem crescendo e abrangendo

diversos espaços que vão além das escolas especializadas. Após a aprovação da

Lei 11.769/08 (Brasil, 2008), o ensino de música nas escolas de formação básica

tornou-se obrigatório. Apesar disso, a música sempre esteve presente nas escolas

como uma das principais ferramentas no desenvolvimento da educação infantil,

mesmo não sendo considerado um componente curricular ou até mesmo um

conteúdo a ser sistematizado e abordado. Dessa maneira, a educação infantil está

contemplada por essa lei porque é parte da educação básica brasileira.

Conforme a Lei 9394/96, no artigo 29, temos que a Educação Infantil,

primeira etapa da educação básica brasileira, pretende o desenvolvimento integral

da criança até os seis anos de idade, contemplando os aspectos físico, psicológico,

intelectual e social (Brasil, 1996).

Nesse contexto, os estudos, discussões, e materiais sobre o ensino da

música na educação infantil e a prática do professor nessa área vêm aumentando

consideravelmente. Constitui-se, portanto, o objetivo geral desse trabalho apresentar

minha experiência de docência com as turmas do estágio I, primeira etapa da

educação infantil, correspondente a crianças de um a três anos de idade, do Colégio

Centro de Educação Integrada (CEI) Zona Sul na cidade de Parnamirim/ RN.

Eis, pois, a problemática desse estudo/pesquisa: de que forma pode-se

musicalizar crianças de zero a três anos de idade? Quem são esses alunos, o que

fazer, e como desenvolver a música com alunos dessa faixa etária? Assim, para o

desenvolvimento deste trabalho serão discutidos os conceitos sobre a relação entre

o desenvolvimento infantil e a educação musical, utilizando os autores Gainza,

Cauduro e Mejía, além do Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil –

(RCNEI) como principais fontes de estudo. Também se procurou apontar as

características gerais do desenvolvimento das crianças de zero a três anos de idade;

o desenvolvimento musical; uma breve descrição da escola relatando um pouco da

proposta pedagógica, metodologia e estrutura da mesma, e; o relato de experiência

descrevendo detalhes da rotina e desenvolvimento das aulas, explorando algumas

dificuldades encontradas, possíveis soluções, e experiências vividas no decorrer do

ano de 2012.

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Neste sentido, este trabalho foi concebido principalmente a partir de meus

questionamentos acerca de como ensinar música na educação infantil. Também

devido às dificuldades encontradas durante o dia a dia em sala de aula em como

realizar esse ensino, e como agir com crianças dessa faixa etária. Considerando

todos esses fatos, esse estudo representa um auxílio tanto para o desenvolvimento

das minhas aulas, como para outros que tenham o interesse em conhecer melhor ou

trabalhar com a educação infantil.

A metodologia utilizada no trabalho em questão parte de uma concepção

qualitativa, na qual a descrição e observação terá um caráter fundamental,

apontando a coleta de dados e suas análises (NEVES, 1996). A partir disso, esse

estudo/pesquisa explanará através da coleta de dados as observações feitas em

sala de aula, os planos de aula construídos, e a caracterização da escola e das

turmas trabalhadas. Na análise, serão categorizadas as atividades mediante as

partes das aulas, analisando as observações, confrontando com a literatura e

documentos apresentados.

O primeiro capítulo visa apresentar a importância e objetivos da educação

musical no ensino infantil, apontando as ferramentas utilizadas nessa área com o

auxílio e sugestões do RCNEI. Descreve, ainda, as características gerais do

desenvolvimento da criança, enfatizando a faixa etária de zero a três anos de idade

e as etapas do seu desenvolvimento musical.

O segundo capítulo relata minha experiência de ensino no Colégio CEI com

turmas do Estágio I. Descreve a caracterização da escola; o processo de

desenvolvimento dos planos de aula e coletas de dados até chegar ao primeiro

contato com os alunos; a metodologia de trabalho, apontando alguns educadores e

métodos utilizados; finalizando com a rotina de aula exemplificando com atividades

realizadas.

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2 A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Desde a mais tenra idade as crianças estão inseridas em ambientes com

diversidades de sons. Dentre os primeiros que elas têm contato se encontram os

acalantos e canções populares que são executados principalmente pelos seus pais

e cuidadores, através da voz cantada, e outros estímulos sonoros que estão

inseridos no seu contexto familiar (BRASIL, 1998). Essas canções e melodias que a

criança escuta são parte essencial deste ambiente sonoro. Com isso, a criança vai

descobrindo e interpretando os sons através da sua audição. E a partir da interação

com sons ela fará imitações que se tornarão parte de seu vocabulário. Essa

linguagem será adquirida tanto em casa quanto na escola.

A partir da LDB 9394/96 (BRASIL, 1996), a educação infantil passou a ser

primeira etapa da educação básica oferecida em creches e pré-escolas, tendo a

concepção da criança como sujeito histórico, de direitos e produtor de cultura. As

instituições educacionais poderiam articular as experiências e os saberes delas com

conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico

e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de zero a

cinco anos de idade. É nesse pensamento que o Referencial Curricular Nacional

para a Educação Infantil - RCNEI (BRASIL, 1998 p.55) sugere que o trabalho de

música nas escolas deve se organizar de forma que as crianças desenvolvam as

seguintes capacidades musicais: ouvir; perceber e discriminar eventos sonoros

diversos; produzir e brincar com a música; imitar, inventar e reproduzir.

Assim como a música tem estado presente na vida dos seres humanos, ela

também tem estado presente na escola, buscando dar vida ao ambiente escolar e

favorecer a socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de criação e

apreciação. Segundo Kater (2012) espera-se que o ensino de música na escola não

venha a ser confundido com um fazer musical pedagogicamente

descompromissado, com lazer ou passatempo e nem que se torne prisioneiro da

educação artística, em que muitas vezes não está relacionado com a vivência

musical, mas apenas com a teoria. No entanto, é possível perceber que a música na

educação infantil tem desenvolvido um papel secundário, ou seja, de suporte para

outras áreas e/ou disciplinas com diversos objetivos distintos e extramusicais. Na

instituição escolar, a música se apresenta frequentemente como uma auxiliar na

construção dos hábitos comportamentais das crianças assim como suas atitudes. Na

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rotina escolar da criança há uma canção para cada atividade a ser realizada: existe

a canção do lanche, da fila, a do parquinho; há também canções para os conteúdos

trabalhados em sala de aula como as cores, números e o alfabeto. E para

complementar, temos também as datas comemorativas que são muito exploradas na

educação infantil colocando o educador musical muitas vezes na qualidade de

professor “festeiro” (SILVA, 1996). Destacamos a título de exemplo um texto de Silva

(1996, p.5) extraído da apresentação de seu livro “A canção na pré-escola”:

Esta orientação de atividades está baseada na experiência de diversos centros de educação infantil, em diferentes regiões. Normalmente, além do Maternal, as crianças passam por três estágios, incluindo Jardim e Pré. O primeiro estágio caracteriza-se por brincadeiras, jogos, pequenas canções que visam desenvolver a socialização. No segundo estágio continua o trabalho de integração social e intensificam-se os exercícios de percepção sensorial. No último estágio aprofundam-se o relacionamento e o conhecimento mútuo. Desenvolvem-se exercícios de psicomotricidade, interação com o meio ambiente, noções de tempo e espaço, expressão corporal, oral e gráfica. Desde o início, sugerimos que se trabalhe com ritmo e poesia. Estes recursos levam a criança a se concentrar, a se acalmar e desperta nela o senso de ordem.

Como se percebe, a proposta de música foi tratada como auxiliar para

desenvolver apenas habilidades extramusicais. Diante disso, percebemos que a

música está presente direta e indiretamente nas atividades escolares das crianças

nessa faixa etária, sendo desenvolvida de uma maneira muitas vezes estereotipada

e mecânica, deixando de lado os principais objetivos que a educação musical

oferece.

De acordo com Kater (2012, p. 42), a educação musical tem como objetivo:

[...] atender às necessidades de promoção de conhecimento junto aos alunos, seu desenvolvimento criativo e participativo, não os situando na condição predominante de ‘público’, nem restringindo a ‘música na escola’ a apresentações, à música das aparências, das comemorações visíveis e exteriores.

Para Gainza (1964), há apenas uma meta, única e clara, na Educação

Musical e que consiste em fazer com que a criança ame a música. Isso acontecerá à

medida que ela se apropria do conhecimento musical, ou seja, quanto mais a

criança compreender a música, mais perto estará dela e a amará. A autora

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complementa dizendo que só terá direito de se chamar de “educação” musical um

ensino que seja capaz de contemplar as necessidades inerentes ao

desenvolvimento da personalidade infantil e que se proponha a cultivar o corpo, a

mente, e o espírito da criança através da música. Sendo assim, percebemos que o

ensino da música vai além de uma simples definição de canções que acompanham

a rotina de cada criança.

Nos dias de hoje, dois artifícios acompanham com frequência o ensino da

música na educação infantil: o canto e a bandinha rítmica. O canto tem importante

função no aprendizado da música desenvolvendo ao mesmo tempo a melodia, ritmo,

harmonia e a audição. Ele é uma atividade que deve ser frequente e habitual na

educação musical dos bebês e crianças. Segundo o RCNEI (1998) as crianças

quando cantam começam a imitar o que ouvem, desenvolvendo dessa maneira

condições necessárias para a elaboração de um repertório e informações que irá lhe

permitir criar e se comunicar por meio dessa linguagem. Para isso as canções a

serem executadas devem ser fáceis de ser cantadas não demandando um grande

esforço vocal para as crianças.

Gainza (apud MEJÍA, 2006, p. 77) reforça que:

[...] teoricamente a linguagem e o canto deveriam progredir de forma paralela na criança de modo que, ela ao atingir a idade de três ou quatros anos, no máximo, se encontre em condições de cantar com a mesma correção com a que se fala e de afinar seu canto com a mesma precisão com a qual articula e pronuncia seu idioma.

Além da prática do canto temos também o uso da bandinha rítmica,

responsável pelo desenvolvimento da musicalidade das crianças na educação

infantil. Segundo o RCNEI (1998) a bandinha tem a função de trabalhar com o

desenvolvimento motor da criança, da audição, percepção, e do ritmo. Geralmente

são utilizados instrumentos como clavas (pauzinhos), pandeiros, tambores, cocos,

sinos, guizos, entre outros. Porém, uma dificuldade que encontramos diz respeito à

qualidade sonora dos instrumentos adquiridos pelas escolas que podem interferir

significativamente no processo de musicalização infantil. Alguns desses

instrumentos muitas vezes são confeccionados com materiais de má qualidade.

Poucas escolas investem em instrumentos com maior qualidade sonora o que

implica também na qualidade da percepção e acuidade auditiva dos alunos. De

acordo com Gainza (1964, p. 25), “é necessário que tudo o que a criança cante ou

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escute possua uma indiscutível qualidade” e que deveria caber ao educador musical

escolher o material auditivo para cultivar a sensibilidade de seus alunos. Até os

objetos sonoros que utilizamos nas aulas de música deverão ser cuidadosamente

escolhidos. É possível encontrar objetos confeccionados com materiais que

permitem obter uma gama de sonoridades ricas e variadas e que podem ser

utilizadas para a realização de jogos e atividades de percepção musical. Esses

objetos sonoros devem ser previamente classificados e separados em grupos e

subgrupos, de acordo com a qualidade e forma dos materiais que os integram

(GAINZA, 1964).

O educador musical desatento a esse fato perde um importante meio de

desenvolver a musicalidade de seus alunos deixando de lado o espaço da criação

de atividades ligadas à percepção dos sons que explorem a boa qualidade sonora

de cada material utilizado.

Em detrimento dessas práticas, muitas das instituições têm encontrado

dificuldades para integrar a linguagem musical em seu contexto educacional.

Percebemos então a defasagem existente nessa área enfatizando a realização de

atividades de imitação e reprodução (BRASIL, 1998). Vemos que a música é tratada

como um produto pronto que é transferida para os alunos, quando na verdade

deveria ser construída com eles.

Vimos também que a música tem estado presente em situações do nosso

cotidiano. Existem músicas para dançar, para chorar a morte de um ente querido,

para celebrar a vida, para adormecer, entre outras, tendo uma função bem ritual.

Muitos povos do mundo inteiro até hoje seguem costumes respeitando as

festividades e a manifestação musical (cultural) de cada grupo. Com isso, o RCNEI

(1998) reforça que as crianças por estarem envoltas desde muito cedo em sua

própria cultura musical, aprendem e internalizam essas tradições.

Apesar das grandes mudanças na organização social e no papel da música

no decorrer do tempo, sempre é preservado algo no caráter ritual de determinada

sociedade. Como por exemplo, a questão do fazer e ensinar “de ouvido”,

misturando a intuição e o conhecimento prático já adquirido pelo indivíduo. Todas

essas questões devem ser consideradas na hora do planejamento do ensino-

aprendizagem, pois o contato intuitivo e a espontaneidade musical desde os

primeiros anos de vida da criança é o ponto de partida para a musicalização. O

RCNEI reforça que algumas atividades como o brincar de roda, cantar uma canção,

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realizar gestos e fazer brincadeiras musicais, estimulam, despertam, e desenvolvem

o gosto musical, contribuindo para a construção das necessidades afetiva, cognitiva

e estética da criança. A vivência musical, a percepção, a criação e a reflexão, são

pontos que integram o aprendizado musical que com o passar do tempo vão se

desenvolvendo cada vez mais (BRASIL, 1998).

A relação entre o desenvolvimento infantil e a expressão musical tem sido

discutida entre diversos estudiosos e pesquisadores que analisam cada fase da

criança na sua maneira de sentir, ouvir, perceber, e pensar, contribuindo na

construção do conhecimento da linguagem musical de maneira significativa (Mejía,

2006).

A música como linguagem possui características e estrutura próprias.

Algumas delas são apresentadas pelo Referencial Curricular Nacional para a

Educação Infantil (BRASIL, 1998 p.48). Uma delas é a produção musical, centrada

na experimentação e na imitação e tendo como produtos a interpretação, a

improvisação e a composição; outra é a apreciação, que se volta para o

desenvolvimento do prazer da escuta, análise, reconhecimento e a capacidade de

observação.

Apesar de a Educação Musical ter seus próprios objetivos, não deixa de ser

importante que procure integrar-se com as demais áreas da educação, visando

tornar possível a realização de projetos integrados, muito importantes para o

desenvolvimento da criança.

A música é um meio de expressão e uma forma de conhecimento que é

acessível desde os bebês até as crianças mais jovens, inclusive as que apresentam

necessidades especiais. Dessa forma é um meio de grande importância para o

desenvolvimento cognitivo, autoestima, expressão, e de integração social (BRASIL,

1998). Porém, antes que se inicie o trabalho de ensino de música, o educador

musical precisa conhecer as fases de desenvolvimento infantil, as características e

necessidades das crianças com quem irá trabalhar.

Tendo em vista que o presente trabalho trata do ensino de música para

crianças do Estágio I, correspondente a idade de um a três anos, do Colégio Centro

de Educação Integrada Zona Sul CEI, me limitarei a discutir as características e

fases do desenvolvimento infantil e musical nessa faixa etária.

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2.1 Características gerais do desenvolvimento da criança de zero a três anos de

idade

Por muito tempo tem se ouvido falar que o período da criança de zero a seis

anos, é o momento em que ela mais absorve aquilo que lhe é ensinado. Cauduro

(1989) reforça essa informação ao reportar afirmações de neurologistas de que o

período correspondente ao nascimento até os seis anos de idade é a melhor época

para se ensinar qualquer coisa para uma criança, pelo fato de que é nesse período

que seu cérebro cresce mais rápido. Nessa fase, o cérebro da criança está aberto a

todo tipo de estímulo e informação, fato que fomenta sua imaginação. Segundo

Piaget (1994, p. 17) “o período que vai do nascimento até a aquisição da linguagem

é marcado por extraordinário desenvolvimento mental.” Assim, a criança estará apta

a absorver novas experiências como a fala, os movimentos, a coordenação motora

entre outros pontos.

Sabemos que, de acordo com a teoria piagetiana, o desenvolvimento

cognitivo das crianças é dividido em etapas, ilustradas no quadro a seguir:

ESTÁGIO CARACTERÍSTICAS DO ESTÁGIO

PRINCIPAIS MUDANÇAS DO ESTÁGIO

Sensório-Motor (0-2 anos)

Atividade reflexa O desenvolvimento caminha da atividade reflexa à representação e solução de problemas sensório-motores. Surgem os sentimentos primitivos de gostar e não gostar.

Pré-Operacional (2-7 anos)

- Resolução de problemas pelo emprego das representações mentais; - Desenvolvimento da Linguagem (2 anos); - Pensamento e Linguagem Egocêntricos

- O desenvolvimento caminha da representação sensório-motora ao pensamento pré-lógico e à solução de problemas.

Operações Concretas (7-11 anos)

- O pensamento adquire reversibilidade; - Operações lógicas são aplicadas na resolução de problemas concretos; - Não pode resolver problemas verbais e problemas hipotéticos complexos.

- O desenvolvimento caminha do pensamento pré-lógico á solução dos problemas concretos; - Aparecimento da vontade e início da autonomia; - A intencionalidade é construída.

Operações Formais (11-15 anos)

- Pode resolver todos os tipos de problemas logicamente - e pensar cientificamente; - Soluciona os problemas verbais e hipotéticos complexos; - Estruturas cognitivas adultas.

- O desenvolvimento caminha da solução lógica dos problemas concretos á solução lógica de todos os tipos de problemas; - Emergência dos sentimentos idealistas e formação da

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personalidade; - Início da adaptação ao mundo adulto.

Quadro 1 – Resumo do desenvolvimento cognitivo e afetivo

Fonte: (SANTOS, NASCIMENTO e TEIXEIRA apud WADSWORTH, 1997, p. 156)

A fase de zero a três anos de idade, que será tratada no presente capítulo,

está inserida em duas etapas gerais: a etapa sensório-motora (0 a 2 anos de idade),

e a etapa pré-operacional (2 a 7 anos de idade).

O estágio sensório-motor se caracteriza pela atividade motora e sensorial

da criança de zero a dois anos de idade, sendo de fundamental importância para o

desenvolvimento cognitivo. Esse é o estágio do início da inteligência. Segundo Mejía

(2006), nesse período o bebê se relaciona com o mundo através dos sentidos e da

ação estabelecendo, pouco a pouco, as relações entre objetos e atos, percebendo

as consequências de suas ações e desenvolvendo paulatinamente um

comportamento relacionado com metas. Os bebês desde o nascimento são capazes

de perceber e de se deixarem contagiar com as emoções dos que estão à sua volta

através da visão e da audição, sentindo-se atraídos pelo rosto, pelo toque e pelos

cuidados das pessoas responsáveis por eles.

Essa etapa ainda se concentra em esquemas sensório-motores, que são as

primeiras formas de pensamento e expressão, e padrões de comportamento. Mejía

(2006, p. 72) diz que:

Os esquemas são organizados em reações circulares, que são um segmento do comportamento que o bebê associa a uma consequência na tentativa de reproduzir tal conduta. As reações circulares primárias são esquemas simples que o bebê descobre casualmente e que são restritas ao seu corpo, como por exemplo: chupar o dedo; as reações circulares secundárias são coordenações de esquemas simples que tem certa intencionalidade, e as reações circulares terciárias são combinações de esquemas secundários que envolvem uma intencionalidade.

Todas essas reações são importantes para que aqueles que forem trabalhar

com crianças dessa faixa etária conheçam suas características desenvolvendo

dessa maneira atividades direcionadas. Aumentam também o nível de aproximação,

já que o contato é uma das ferramentas essenciais nesse período gerando a

confiança entre ambas as partes.

20

No estágio pré-operacional, correspondente às idades de dois a sete anos,

acontece a transição entre a inteligência sensório-motor e a inteligência

representativa, que é realizada principalmente pela imitação, ou seja, através da

reprodução de um modelo. O desenvolvimento da linguagem e o raciocínio pré-

lógico são algumas das características principais dessa etapa. Os períodos desse

estágio são divididos em: pré-conceitual (2 a 4 anos de idade) e intuitivo (4 a 7 anos

de idade).

A partir dos próximos tópicos traçaremos algumas características do

desenvolvimento musical das crianças da educação infantil de zero a três anos de

idade.

2.2 Desenvolvimento musical de crianças de zero a três anos de idade

Nos dias de hoje, comprova-se que o aprendizado musical do bebê se inicia

desde o útero materno. Segundo Cauduro (1989) a partir do vigésimo segundo dia

de gestação o ouvido humano começa a se desenvolver. Porém, o bebê só passa a

ouvir por volta dos seis meses e meio, quando seu cérebro começa a amadurecer.

Com isso, o feto conseguirá ouvir alguns sons internos como os da digestão, batidas

do coração e os sons da respiração.

A partir do momento em que o bebê nasce já traz consigo algumas

estruturas mentais relacionadas ao pensamento que, apesar de limitadas,

necessitam apenas do estímulo para que sejam desenvolvidas. Como já foi dito, o

aparelho auditivo é o primeiro a se desenvolver na criança. Antes mesmo que se

desenvolvam os demais sentidos como o tato e a visão, a audição se desenvolve

primeiro, disponibilizando às crianças as primeiras experiências sonoras e musicais,

das quais se destacam: tipos de vozes, ruídos de mesa e cadeira, porta abrindo e

fechando, ruídos do trânsito, sons de chocalho, brinquedos e barulhos que fazem

parte de sua rotina (BRASIL, 1998).

Além desses sons, a música, o ritmo, e o som, são importantes fontes de

estímulo, e de atração para o desenvolvimento do bebê. Segundo Mejía (2006, p.

74):

[...] o bebê responde à música e a qualquer outra estimulação acústica, mudando a posição e modificando seu estado de repouso habitual. Mais que uma apreciação musical, se trata de uma reação

21

orgânica general, que se caracteriza por uma resposta rítmica com efeitos posturais e motor.

Nesse pensamento, Cauduro (1989) relata que a criança com menos de sete

anos tende a captar os elementos que excitam o seu campo perceptivo, ou seja:

[...] no campo da percepção auditiva musical, a criança nessa faixa etária capta os componentes de uma canção (melodia, estrutura rítmica, texto, acompanhamento harmônico, timbres) como uma coisa só, como um bloco unitário. E sob a excitação do estímulo sonoro ela só consegue centralizar ou focalizar um desses componentes de cada vez. Ou ela acompanha a estrutura rítmica da canção (apoiada no texto ou no ritmo das palavras) ou tenta seguir e repetir a linha melódica da mesma (CAUDURO, 1989, p. 19).

A capacidade que a criança pequena de zero a três anos demonstra ter para

captar e desmembrar certos conteúdos, especialmente aqueles relacionados ao que

ela ouve e vê, é desenvolvida aos poucos já que nessa faixa etária a criança ainda

se encontra na etapa do desenvolvimento infantil, no qual, a percepção está apoiada

em sensações, ou seja, em informações de ordem sensorial enviadas ao cérebro

pelos sentidos.

Durante os primeiros meses de vida até o primeiro ano de idade, o bebê

desenvolve alguns tipos de comunicação através de sons e balbucios de pequenas

sílabas. Ele já será capaz de permanecer sentado mais tempo, engatinhar, e

explorar tudo ao seu redor (MEJÍA, 2006). Em relação à música, a criança ao

escutá-la moverá as mãos através de palmas, pés, e a cabeça, como reação à altura

e ao ritmo que está sendo ouvido.

A música funciona na maioria das vezes como um calmante que equilibra as

emoções das crianças. Segundo Bernal y Calvo (apud MEJÍA, 2006, p. 74), a

música pode desempenhar um papel muito importante na vida do recém-nascido

pelos seguintes motivos: estimula o hemisfério direito (a parte artística do cérebro),

favorece o desenvolvimento motor e acalma o choro; além disso, a voz cantada,

sussurrada, doce, suave produz efeitos sedativos, tranquilizadores.

Percebemos por experiência própria que ao ouvir uma canção, o bebê se

manifesta por meio de movimentos das pernas, braços, sorrisos e demais

expressões. Nessa idade, a propriedade do som que mais atrai a criança é o timbre,

especialmente a dos familiares. A mãe, por exemplo, é a primeira a proporcionar

esse contato do bebê com a música, ao desenvolver jogos e brincadeiras musicais

22

que na maioria das vezes são cantados por ela mesma, acompanhados de gestos

com as mãos, pés, e danças que vão explorando todo o corpo do bebê (GAINZA,

1964).

Os bebês procuram, antes mesmo do primeiro ano de vida, comunicar-se

através de gestos com o corpo, pequenas vocalizações, sons e ações. É através

desses fatores que eles exploram, ampliam e aprendem as maneiras de utilizar o

equipamento vocal que possuem. Essa ação da criança é uma manifestação da

“musicalidade comunicativa” do bebê, ou seja, a “habilidade inata e universal que se

ativa ao nascimento, vital para a comunicação entre as pessoas, que se caracteriza

pela capacidade de se combinar o ritmo com o gesto, seja ele motor ou sonoro”.

(MALLOCH, 1999/2000; MALLOCH E TREVARTHEN, 2009 apud PARIZZI, 2011,

p.50).

As crianças pequenas são seres fisicamente ativos e inquietos, que amam o

movimento e atividades. Elas também são muito emotivas, necessitando sempre de

atenção e carinho. Como aponta Aronoff (1969, p.5) “os aspectos cognitivo

(intelectual) e afetivo (emocional) do crescimento da criança estão completamente

entrelaçadas”.

Ao chegar ao segundo ano de vida as respostas aos sons e à música por

meio dos diferentes tipos de movimentos dos bebês vão aumentando e se

desenvolvendo cada vez mais. É durante essa idade que a criança começará a falar

e a repetir canções e vocabulários que escuta ao seu redor. Ela também já será

capaz de captar nas canções em primeiro lugar as palavras, depois o ritmo e

finalmente a melodia (MEJÍA, 2006).

Segundo Aronoff (1969) a música provoca reações diversas relacionadas à

coordenação motora, ao estado emocional e ao processo cognitivo da criança. Pelo

fato de a música promover profundas influências no ser humano, ela tornou-se um

dos principais veículos de desenvolvimento dos bebês.

Várias pesquisas têm sido direcionadas em relação ao desenvolvimento

musical da criança na primeira infância (zero a três anos de idade), ressaltando a

importância da educação musical desde a mais tenra idade.

Gainza (1964, p. 23) coloca que:

A educação musical tem de ser baseada em um estudo completo por causa da personalidade da criança. O conhecimento do comportamento, interesses, preferências e necessidade da criança

23

orientarão ao educador, que serão treinados desta forma a fim de escolher corretamente métodos não só de ensino, mas também a música e os materiais utilizados.

Alguns pedagogos musicais dentre eles Dalcroze, Willems, Gainza,

Cauduro, Mejía reforçam a necessidade de a criança de estar em contato com a

música através do cantarolar, dançar, movimentar-se, inventar e brincar. Segundo

Cauduro (1989, p. 13),

A Iniciação Musical configura-se como aquela fase cuja finalidade é aproximar a criança da música, levando-a progressivamente a gostar de ouvi-la, a desfrutar o prazer de cantar, de ritmar com as mãos e pés, de dançar e se movimentar ao som da música”. Essa é a fase do despertar musical da criança, através da sensibilização aos sons que estão inseridos em seu mundo e do descobrimento do seu corpo como instrumento musical. Tudo para ela é novidade e interessante.

Durante a fase do primeiro ano aos três anos de idade a relação existente

entre o bebê e a música desenvolve-se mais facilmente por todas as experiências

musicais protagonizadas por ele desde a gestação, fato que contribui também para o

desenvolvimento de habilidades físicas e mentais.

Vale salientar que, é nessa fase que a criança deixa o ambiente seguro de

seu lar para ter suas primeiras experiências sociais externas ao lar. O primeiro dia

de aula geralmente é marcado por choros, devido ao estranhamento ao novo

ambiente e às pessoas desconhecidas e, principalmente, pela ausência daqueles

que lhes proporcionam segurança e alegria. Segundo o RCNEI (1998) para que

essa relação possa ser positiva, o educador musical deve proporcionar ao bebê

diferentes experiências musicais que ativem e provoquem os seus instintos tanto

gestuais como vocais, relacionados à sua comunicação com os adultos e o mundo.

Deve, ainda, transmitir segurança, planejando, primeiramente, atividades de acordo

com o seu mundo conhecido (lar, pessoas da família, sua relação com os outros,

ambientes etc).

Ao chegar aos três anos de vida, as crianças ampliam suas expressões

musicais, começando a cantarolar canções completas, desenvolver atividades

rítmicas etc. Estão bastante atentas a todas fontes sonoras que as cercam, sempre

as descobrindo e explorando, trabalhando inconscientemente as propriedades do

som como: altura, duração, intensidade e timbre, sem ter a preocupação de

conhecer seus conceitos, ou de estar reproduzindo as notas musicais corretamente

24

ou cantando melodias exatamente como deveria ser. Parejo (2011) reforça que

segundo o método de Edgar Willems, é de grande importância que as crianças

vivenciem a música antes de aprender seus conceitos.

Segundo Mejía (2006, p. 76), a criança dessa idade já é capaz de distinguir

propriamente a música do ruído e pode aprender canções. O principal modo de

expressão é gesto, o som e o movimento misturados a jogos. Esses jogos com

movimentos ligados à música desenvolverão nas crianças os sentidos rítmico,

melódico e motor.

A partir de então a criança já começa a ter um domínio maior sobre linhas

melódicas, memorização de canções, desenhos melódicos, improvisação de

histórias, uma maior precisão de entonação, reprodução rítmica, batimentos

corporais como palmas e pés, entre outros.

25

3 UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA ESCOLA REGULAR

Neste capítulo irei relatar a minha experiência na turma do estágio I da

educação infantil em uma escola de ensino regular, o Centro de Educação Integrada

Zona Sul. Apresentarei os tópicos sobre a escola e sua proposta pedagógica, sua

caracterização e espaços, os conteúdos desenvolvidos no decorrer das aulas, os

primeiros contatos com as turmas, e a atuação nas aulas de música.

3.1 A escola

Em 1972 como Instituto Infantil de Alfabetização e Artes e, a partir de 1988,

como Centro de Educação Integrada e a partir de 2010 como CEI Mirassol e 2012

como CEI Zona Sul (nova unidade), o colégio constrói-se na perspectiva de

formação integrada. O trabalho pedagógico desenvolvido pela instituição apoia-se

numa matriz que articula o ensino à dimensão histórico-cultural.

O princípio básico que norteia a ação pedagógica do CEI é o ensinar a

pensar. Outros dois princípios que dão suporte e significado a essa proposta são: o

fazer democrático e a construção do conhecimento, sem os quais não se realiza a

autonomia intelectual dos alunos (CEI, 2012).

É de interesse da Escola o pensamento relacional e problematizador da

realidade, para que o aluno faça a leitura do mundo e tenha subsídios teórico-

práticos para nele atuar. Diante disso, as aprendizagens são mais significativas na

medida em que os alunos estabelecem relações entre o saber escolar e parcelas da

realidade que já conhecem.

Para o CEI (2012), o saber fazer do aluno implica produção individual e

coletiva através de projetos, pesquisas, produções de textos, experimentações,

dramatizações, resoluções de problemas, trabalhos de artes, exposições,

olimpíadas, gincanas, etc. Essas atividades acontecem nas salas de aula e fora

delas, nos vários ambientes pedagógicos da escola e nas aulas de campo.

No CEI (Mirassol e Zona Sul) um Tema Integrador, anualmente, articula os

conteúdos e os eventos educativos. Para o ano de 2012 o tema definido foi

Sustentabilidade: desafios e possibilidades.

26

3.1.1 Caracterização da escola: espaços

O CEI é uma escola privada que possui duas unidades, uma no bairro de

Mirassol e outro na Zona Sul, sendo esta última na Avenida Maria Lacerda na cidade

de Parnamirim.

A unidade Zona Sul foi ativada no início do ano de 2012, disponibilizando

educação desde a educação infantil ao terceiro ano do ensino médio. A escola

fornece aos seus alunos uma estrutura com algumas salas climatizadas, biblioteca,

sala de informática, sala de vídeo, auditório, quadra poliesportiva, piscina olímpica e

cantina. Conta também com uma equipe de coordenação pedagógica e psicólogos

que atendem a educação infantil, ensino fundamental I e II e o ensino médio.

A educação infantil dessa unidade oferece turmas do estágio I (primeiro nível

da educação infantil) ao 1º ano, totalizando onze turmas, cinco pelo turno matutino e

seis no vespertino. Cada uma delas possui uma professora generalista

acompanhado de professoras auxiliares e guardadoras. O estágio I da educação

infantil, principal fonte de estudo desse trabalho, possui uma professora generalista

e no máximo duas guardadoras em cada turma. Essas guardadoras tem a função de

auxiliar as professoras em atividades como limpar, arrumar e cuidar das crianças.

A escola dispõe de onze salas de aulas para as essas turmas. Cada uma

possui uma lousa, cadeiras e mesas, armário, bebedouro, caixas de brinquedos, e

para as turmas do estágio I ao IV um tatame no qual são realizados momentos de

atividades lúdicas. Fora da sala de aula, são fornecidos também alguns espaços de

entretenimento como a sala do conto, na qual são realizados momentos de contação

de histórias e brincadeiras com fantoches, jogos e brinquedos. Possui também, uma

sala de vídeo e a sala da psicomotricidade, cantinho escolhido para a realização de

atividades com o objetivo de desenvolver o psicomotor das crianças. Outros espaços

como o parquinho, também chamado de caixa de areia, e o pátio, são locais nos

quais as crianças terão a liberdade de brincar e interagir com os demais alunos. A

escola dispõe de banheiros com chuveiros, piscina para as aulas de natação e lazer,

cantinho do estudo e atividades, espaço com cadeiras e mesas destinado as

atividades extras.

As aulas de música inicialmente começaram a ser ministradas nas próprias

salas de aula. Mas, devido a grande movimentação de uma sala para a outra e ao

27

curto tempo das aulas, comecei a ministrá-las na sala de vídeo como aponta as

fotografias abaixo:

FIGURA 1: Sala de aula utilizada como sala de música no colégio CEI.

Fonte: A autora

Além dessa movimentação, outro motivo importante para que essa mudança

ocorresse foi a questão do espaço físico. Em muitas salas, a grande quantidade de

cadeiras e materiais espalhados fazia com que o espaço ficasse insuficiente para o

desenvolvimento das aulas, causando muitas vezes desconforto para os alunos.

Dessa maneira, sugeri a coordenação que em todas as quartas-feiras (dia das aulas

de música), a sala de vídeo ficasse a minha disposição e desse modo prossegui

com o trabalho. Uma dificuldade para ministrar aula na sala de vídeo, é que a

mesma funcionava também como a sala de brinquedos. Por isso, as crianças

ficavam dispersas, já que os brinquedos ficavam à mostra.

28

FIGURA 2: Sala de aula utilizada como sala de música no colégio CEI.

Fonte: A autora

3.2 Relato de experiência

O CEI Zona Sul não dispunha de aulas de música em sua escola. Sendo eu

a primeira professora a ser convidada a ministrar essas aulas. Antes desse convite,

minha experiência em sala de aula como professora de música e com crianças

dessa faixa etária se deu em outras escolas privadas, municipais, e uma

especializada em música.

Ministrei aulas para bebês até três anos de idade no tempo integral em uma

escola privada. Essas aulas funcionavam como uma oficina de música que era

oferecida aos alunos no contra turno delas, como se fosse uma creche. Por estarem

dormindo ou chorando, e querendo a presença dos pais em algumas ocasiões, as

crianças não eram obrigadas a participarem das aulas. Diante disso, não consegui

desenvolver um bom trabalho por não existir uma continuidade dele.

Outras experiências de contato com o ensino de música ocorreram em uma

escola especializada no Curso de Iniciação Artística (CIART) da Escola de Música

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN) destinado a crianças

29

de seis até nove anos, e em uma escola do município através do projeto Mais

Educação, trabalhando o Canto Coral com crianças de idades diversificadas.

Senti grande responsabilidade ao receber o convite do colégio CEI. Logo,

alguns questionamentos me vieram à cabeça, como por exemplo, o que iria ministrar

pra as crianças dessa faixa etária, como poderia ensinar e o que precisaria para

desenvolver essas aulas. Sabemos que o ensinar vai muito além de uma simples

exposição de conteúdos e exercícios que complementam esses conteúdos.

Segundo PENNA (2011, p. 14) “o ensinar constitui-se em uma atividade bastante

complexa, em que é preciso dar ao conteúdo que se ensina (o que) uma forma

(como, o modo de ensinar) que viabilize um processo de ensino e aprendizagem

significativo”. Para que esse ensino aconteça é preciso que haja um planejamento

prévio, delimitando esses conteúdos e o como fazê-lo.

Para isso, no início do ano fui convocada para algumas reuniões de

planejamento com as professoras generalistas das turmas que iria assumir,

juntamente com a coordenadora da educação infantil. No entanto, nessas reuniões a

música ficava em segundo plano. Talvez, pelo fato da coordenadora ter pouco

conhecimento na área, bem como o envolvimento nos planejamentos das

professoras generalistas. A única coisa solicitada a mim foi a de organizar uma lista

com os instrumentos que iria precisar e de que teria um encontro semanal com trinta

minutos de duração, sendo quarta-feira o dia escolhido para as aulas. Por fim, a

música era planejada apenas por mim sem qualquer contribuição por parte da

equipe de professores e coordenação.

As unidades do CEI (Mirassol e Zona Sul) possuem uma equipe de eventos

que fornecem apoio e acompanhamento aos planejamentos dos professores de

artes. Porém, não tive esse acompanhamento durante o ano de 2012. Essa

situação, fez com que eu desenvolvesse os planos de aula e definisse os conteúdos

a serem trabalhados com aqueles alunos sem qualquer intervenção ou contribuição

por parte dessa equipe, baseado somente nas experiências por mim vividas tanto no

curso de Licenciatura em Música como em sala de aula. Isso nos leva a refletir sobre

a importância que o colégio dá para a disciplina, uma vez que esse

acompanhamento exista nas demais disciplinas. Principalmente na educação

infantil. Já que a música faz parte da estrutura curricular, deveria estar inserida nos

planejamentos que são feitos semanalmente pelas professoras generalistas

juntamente com a coordenadora. Talvez a música seja encarada apenas como um

30

acessório. Ou seja, mais como recreação musical e não uma disciplina importante

como qualquer outra, com conteúdos e conhecimentos próprios. E também a escola

pode não ter a maturidade e experiência suficiente para lidar com ela. Diante dessa

situação comecei a recorrer às experiências já vivenciadas em sala de aula e a

materiais variados.

Com as datas já definidas para início do ano letivo, comecei a planejar e

pensar em conteúdos, e recursos que utilizaria para a primeira aula. Além das

turmas do estágio I, assumi as do estágio II, III, IV e 1º ano matutino e vespertino.

Porém como já foi dito, irei me ater somente às turmas do estágio I.

Estando em um mundo até então desconhecido, procurei antes do início das

aulas coletar o máximo de informações e dados a respeito dos alunos, da estrutura,

e do material disponível para as aulas. Algumas das informações adquiridas foram

as de que eu ministraria as aulas nas salas próprias de cada turma, e que por

enquanto o material solicitado, nesse caso os instrumentos musicais, ainda

chegaria. Irei apresentar nos próximos pontos do meu relato a caracterização da

turma, os conteúdos programados, os primeiros contatos, a metodologia de trabalho

utilizada, e por fim as considerações finais.

3.2.1 Caracterização das turmas

Diante dos dados coletados, a turma do estágio I atende crianças a partir de

um ano até, no máximo, três anos de idade. Inicialmente, a escola oferecia duas

turmas, uma pelo turno da manhã e outra pelo turno da tarde. No entanto, devido as

constantes reclamações dos pais a respeito da quantidade de alunos por turma, foi

aberta mais uma turma.

Na turma do turno matutino temos no total de dezessete crianças,

equivalendo a nove meninas e oito meninos. As crianças desse turno demonstram

ser muito calmas e tranquilas. A maioria consegue responder muito bem as

atividades, apesar de dois deles ainda serem muito pequenos.

Ao contrário da turma da manhã, os alunos do turno vespertino são um

pouco mais agitados. Mesmo com tanta movimentação, eles conseguem responder

e desenvolver bem mais que os alunos da manhã. Com o total de quinze crianças

devido a solicitações dos pais, o estágio I vespertino foi dividido em duas turmas.

31

Ficando a primeira com quatro meninos e duas meninas, e a segunda com cinco

meninas e quatro meninos. Apesar dessa divisão, no horário da aula de música as

turmas eram unidas.

No geral, os alunos atendem aos comandos dados e atividades

desenvolvidas. Nem todas as crianças conseguem comunicar-se através da fala,

sendo necessária uma atenção maior por parte do professor para lidar com esses

alunos.

3.2.2 Conteúdos

Com todas as informações coletadas a respeito dos alunos comecei a me

concentrar nos conteúdos que iria ministrar, sendo essa etapa uma das maiores

dificuldades por mim encontrada no decorrer das aulas. O que ensinar para alunos

dessa faixa etária de zero a três anos, e o como fazer, foram questionamentos

frequentes do meu dia a dia como já foi dito, especialmente por estar iniciando

nessa jornada de ensino musical.

Em primeiro lugar, procurei concentrar as aulas relacionando-as a prática do

canto. Definindo assim, algumas canções que poderia utilizar no decorrer do ano. A

maioria das canções utilizadas foi de autoria dos educadores musicais reconhecidos

na produção de material musical como Elvira Drummond, Bia Bedran, Paulo Tetti e

Sandra Peres (Palavra Cantada), Thelma Chan, além de músicas do Folclore

Brasileiro e cantigas populares.

Com o passar das aulas e já conhecendo melhor a turma, procurei definir os

conteúdos trabalhados através da minha experiência anterior com o ensino de

musica. Dessa forma, os conteúdos trabalhados com as turmas do estágio I foram:

propriedades do som (intensidade, altura, timbre e duração), prática do canto coral,

percepção do som e silêncio, apreciação musical, expressão corporal, e,

brincadeiras e jogos cantados. Todos esses conteúdos foram realizados com

objetivo de despertar no aluno a sensibilização sonora, rítmica, musical, o cultivo da

voz, lateralidade e a integração. Confesso que muitos deles vieram da experiência

vivenciada com os alunos do CIART e também das pesquisas em livros da área. Fiz

uso também das orientações sugeridas pelo RCNEI para as crianças da faixa etária

de zero a três anos, principalmente, no que diz respeito à exploração, expressão e

32

produção do silêncio e de sons com a voz, o corpo, e materiais diversos; à

interpretação de músicas e canções diversas; e, à participação em brincadeiras e

jogos cantados e rítmicos.

Apesar da enorme quantidade de materiais disponíveis sobre a educação

infantil, dos quais muitos deles nos fornecem atividades, canções e até estruturas de

aulas, quando são colocadas em prática em sala de aula, às vezes não funcionam

como o esperado. Necessitando assim, sempre de uma estratégia por parte do

professor para lidar com essas situações problemas.

3.2.3 Os primeiros contatos

Com a primeira aula já planejada e informações anotadas, no dia 01/02/2012

iniciaram as aulas. Para o primeiro contato com os alunos, procurei planejar a aula

da seguinte maneira: o primeiro momento voltado para as apresentações de cada

criança e do professor, e o segundo momento, para a hora do canto, com canções

folclóricas já conhecidas e de outros autores trabalhando a integração, socialização

e o desenvolvimento do corpo e da lateralidade. Mas não foi dessa forma que

aconteceu. Pelo fato de as crianças serem muito pequenas, muitas delas estavam

assustadas e chorando, o que dificultou um pouco o início da aula, sendo necessário

o acompanhamento dos pais. Além da presença dos pais, professora e guardiãs,

estavam presentes também a coordenadora e a psicóloga da educação infantil.

Nesse momento senti uma grande responsabilidade de minha parte em demonstrar

firmeza e tranquilidade naquilo que iria ministrar. Mesmo com muitas pessoas

observando e possuindo apenas trinta minutos para conhecer meus novos alunos

dei início à aula.

No momento em que retirei o violão (único instrumento disponível para eu

trabalhar naquele momento) da capa e comecei a tocar, toda a atenção foi voltada

para mim. As crianças que estavam chorando ao ver o violão já ficaram mais

atentas, parando de chorar. As demais participaram sem nenhum problema.

Sabendo que precisaria adquirir a confiança das crianças, dos pais e dos demais

que estavam na sala, esse primeiro contato foi um grande desafio.

Na etapa das apresentações dos nomes, algumas das crianças tiveram

vergonha de falar, necessitando o auxílio dos pais. Na hora do canto, procurei

33

colocar canções do Folclore Brasileiro já conhecidas por eles, como por exemplo,

“Palminhas” de Olga Pohlmann, “A janelinha”, e “Se você está contente” do Folclore

Brasileiro. Um dos livros que me ajudaram grandemente com essas canções logo de

início foram o “Brincadeiras e Brinquedos – da educação infantil à melhor idade” de

Kacianni Ferreira (2010), e “Vivência Musical I” de Elvira Drummond (1998).

No geral, os alunos responderam somente a algumas atividades devido ao

nível de concentração deles e a presença dos pais na sala de aula. Percebi também

grande dificuldade em realizar atividades variadas com as crianças, me limitando

somente a prática do canto. Apesar dos contratempos, consegui cumprir com a meta

da primeira aula.

Durante todo o mês de fevereiro procurei manter a estrutura feita na primeira

aula, com o primeiro momento voltado para um canto de entrada, e o segundo

direcionado para a hora do canto, inserindo apenas um jogo musical. Ficando dessa

maneira:

Partes da Aula

1. Canto de Entrada

2. Hora do Canto

3. Jogo Musical (Dependendo do tempo disponível)

4. Relaxamento

5. Canto de despedida

Uma dos jogos musicais realizados no segundo dia de aula foi com a canção

“Pulando” do livro “Vivência Musical I” de Elvira Drummond (Anexo I). Do início da

aula até chegar a essa atividade, os alunos prestaram bastante atenção e

participaram com tranquilidade. Chegando ao jogo tudo mudou. A atividade consistia

em fazer um círculo no chão com giz, e os alunos deveriam ficar ao redor e fora do

círculo. Depois disso, as crianças iriam seguir os comandos da música e do

professor, pulando dentro e fora do círculo, e depois no mesmo lugar. O resultado

final do jogo teve um ponto positivo e outro negativo. O ponto negativo foi que

muitas crianças ainda não tinham a coordenação motora para pular dentro e fora do

círculo. Porém, um ponto positivo foi que algumas delas conseguiram. A avaliação

que tirei dessa atividade foi que precisava conhecer melhor meus alunos e suas

características para poder direcionar atividades referentes à idade deles. Apesar

34

disso, observei que precisava repetir mais essas atividades para que os alunos

pudessem realizá-las. A repetição faz parte do aprendizado musical de crianças

dessa faixa etária. Assim, ao longo das aulas fui percebendo uma melhoria no

desenvolvimento dos alunos em relação a esse jogo.

Outro jogo feito realizado nesse mesmo mês foi o “Passa, passa” também de

Elvira Drummond (Anexo II). A atividade consistia em passar uma bola pequena, ou

um objeto qualquer, durante a execução da canção de acordo com o ritmo. Ao dar

início observei que as crianças ficaram muito agitadas e não conseguiam passar a

bola sem deixar cair. Dessa maneira tive que parar a atividade muitas vezes,

deixando-a de lado nas outras aulas, percebendo que esse jogo no contexto dessa

turma e nível não seria eficaz.

Ao final do mês de fevereiro conclui que precisaria de mais materiais,

atividades e conhecimentos a respeito do universo dessas crianças. Depois de

algumas pesquisas e estudos consegui definir meus planos de aulas baseado na

sugestão da professora Josette Feres em seu livro “Bebê: Música e Movimento:

orientação para musicalização infantil”, que explanarei no próximo ponto.

3.2.4 Atuação nas aulas de música

Como já foi dito anteriormente, os planos de aula ficaram totalmente sob

minha responsabilidade. Confesso que não defini um plano de curso para todo ano

devido à falta de orientação e experiência. No decorrer das aulas esses planos

foram sendo estruturados e definidos. Tentei direcionar minhas aulas com base nos

conteúdos apontados e utilizando como ferramentas principais o canto, o corpo,

apreciação musical, jogos e brincadeiras musicais, e mais a frente os instrumentos

de bandinha rítmica.

Para essa definição recorri a alguns educadores musicais e suas

metodologias. Um deles foi Jaques-Dalcroze, compositor e pedagogo musical

responsável por desenvolver um método baseado no movimento. Acreditava que a

experiência motriz da criança era a primeira forma de compreensão da música,

sendo a rítmica o centro da pedagogia dalcroziana. Os movimentos naturais das

crianças como andar, correr, saltitar e balançar expressam naturalmente os

elementos da música. Segundo Mariani (2011, p. 41) “o movimento corporal é

utilizado como meio de sensibilização e experimentação não somente do ritmo, mas

35

de todos os elementos da linguagem musical, como a altura dos sons, os intervalos,

as notas dos acordes, as estruturas harmônicas e cadências”. Diante disso, procurei

desenvolver as atividades voltadas com muita movimentação corporal, sabendo, que

para crianças dessa faixa etária de zero a três anos é extremamente necessário que

os movimentos e gestos estejam entrelaçados no aprendizado musical.

Uma das atividades feitas em sala de aula que exemplifica essa pedagogia e

método foi realizada pela canção de início de aula “Quem veio” de Elvira Drumonnd

(Anexo III). Essa atividade consiste em cantar a canção recebendo as crianças para

o começo da aula. Ao final da canção cada criança deverá dizer seu nome e

explorando os sons do corpo como palmas, batendo os pés no chão, mãos sobre as

coxas, entre outros. Essa canção era motivo de grande entusiasmo para as

crianças, pelo fato de estarem se movimentando batendo com os pés e mãos.

Outra atividade realizada que reforça a movimentação do corpo é com a

canção “Estica Dobra”, do grupo Palavra Cantada. Em primeiro lugar, pergunta-se

aos alunos quais partes do nosso corpo podemos esticar e dobrar. Depois disso a

canção é colocada no aparelho de som, e a cada momento do refrão as crianças

deverão esticar e dobrar as partes do corpo sugeridas pelo professor. Nas demais

partes, os alunos devem dançar livremente realizando qualquer tipo de gestos. O

desenvolvimento dessa atividade deixavam os alunos bastante focados no

professor, devido aos movimentos realizados.

Outro pedagogo musical no qual procurei seguir foi Edgar Willems.

Pedagogo e musicista, afirmava que a vivência musical era o fio condutor de toda a

aprendizagem. Para ele era importante que a criança primeiramente vivesse a

música para que depois tomasse consciências dos conceitos. Segundo Parejo

(2011, p. 103) na concepção willemsiana, o ritmo tem a prioridade, a melodia a

primazia. O ritmo é o elemento mais material, portanto prioritário na música, sendo a

melodia sua “tributária”. Dessa forma, o ritmo e o canto estão entrelaçados, tendo o

canto, um papel de essencial importância na educação musical dos iniciantes. Com

isso, nas aulas dadas no colégio CEI, o canto tornou-se um dos principais

instrumentos.

Uma das atividades desenvolvidas em sala de aula que exemplifica essa

visão se dá com a canção “O anão e o gigante” de Elvira Drumonnd (Anexo IV). As

crianças se movimentam de acordo com a sugestão do texto. Começam encolhidas

ao mencionar: “O anão é baixinho é pequenininho” cantando grave, e esticam o

36

corpo ao falar: “O gigante é bem alto, pra pegá-lo eu dou um salto”, indo para o

agudo. A criança vivenciará o salto do grave para o agudo sem ter necessariamente,

o conhecimento de que está realizando uma das propriedades do som, nesse caso a

altura. Essa foi uma das atividades mais aceitas pelos alunos. Ao final da atividade

procurei sempre enfatizar esses dois sons, levantando as mãos para cima ao cantar

com a vogal “u” o agudo, e baixando-as ao cantar o som grave.

Com o passar das aulas senti a necessidade de estabelecer uma rotina para

a aula de música. Além das orientações dos métodos, um dos materiais que me

auxiliou grandemente para essa definição foi à sugestão da rotina de aula (Anexo V)

apresentada pela professora Josette Feres (1998) no livro Bebê Música e

Movimento como já foi dito anteriormente. Essa sugestão foi adaptada por mim de

acordo com a necessidade das turmas e faixa etária. Foi feita pelo fato da

professora Josette dar aulas em uma escola especializada de música, experiência

diversa à da escola regular.

Em resumo, a definição da rotina da aula de música no estágio I do CEI

Zona Sul apresentou cinco momentos:

Partes da Aula

1. Canto de Entrada

2. Hora do Canto:

- Expressão e percussão corporal

- Movimento sem locomoção

- Movimento com locomoção

3. Brincadeiras e jogos musicais, ou apreciação musical.

4. Conjunto de percussão

5. Canto de despedida

A primeira parte da aula se inicia pelo canto de entrada. Momento no qual o

professor dará as boas vindas aos seus alunos sinalizando o início da aula. A

canção utilizada para esse momento durante o ano foi “Quem veio” de Elvira

Drummond, já citada nesse capítulo. Fixei durante o ano de 2012 somente um Canto

de Entrada, para que os alunos pudessem memorizar sabendo que ao ouvi-la a aula

iria começar. Uma das sugestões feitas pela professora FERES em seu livro, foi a de

que tanto as canções de início como de término permanecessem as mesmas. Como

37

foi dito no primeiro capítulo deste trabalho, as crianças dessa faixa etária captam os

elementos como a melodia, ritmo, texto, em um só bloco (MEJÍA, 2006). Por isso

que a memorização se tornou um dos principais pontos de desenvolvimento das

aulas.

Depois do acolhimento dos alunos, se inicia a segunda parte da aula. A hora

do canto é o momento destinado para trabalhar o desenvolvimento da audição

interior e a fala através de canções. Nas aulas de música no ano de 2012 quase

sempre o canto acompanhou as atividades e exercícios, muitos deles utilizados para

desenvolver a psicomotricidade da criança. Foram canções que trabalharam com a

expressão corporal, percussão corporal, movimentação e integração, além de

conteúdos como as propriedades do som.

De acordo com minhas leituras e pesquisas a respeito do repertório infantil,

procurei desenvolver canções pequenas, de fácil memorização, e com melodias

simples, para que os alunos não perdessem o interesse e conseguissem

acompanhar as aulas. Elas foram acompanhadas na maioria das vezes pelo violão e

outras por Cd’s. Procurava ao cantar sempre estar em contato com os meus alunos,

interagindo constantemente com eles, sendo parte do universo deles. Como foi

apresentado logo acima das partes das aulas, nessa etapa do canto procurei

organizar as canções em várias etapas com músicas que desenvolvessem a

expressão corporal, percussão corporal, movimento sem locomoção e movimento

com locomoção.

Uma das canções que explorou a expressão corporal foi a “Vozes de

animais” de Elvira Drummond (1998) encontrada no anexo VI. A cada estrofe, a

música sugeria que os alunos imitassem os animais falados ao final de cada frase,

movimentando o corpo e trabalhando os efeitos onomatopéicos das vozes. Antes de

cantar a canção procurei estimular os alunos a imitarem diversos animais como a

cobra, leão, cabra, cachorro, entre outros. Pude perceber que essa canção

contagiava a todos de modo que até os mais tímidos interagiam com os demais

alunos. Apesar de alguns alunos ainda não falarem, nessa atividade todos eles

conseguiram fazer os sons dos animais através de pequenos balbucios. A

expressão corporal é um meio que ajudará a criança a desenvolver a fala, e é

através dela que muitos deles se comunicam através de ruídos e balbucios

principalmente aqueles que ainda não falam.

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Outro ponto trabalhado na hora do canto foi a percussão corporal. De acordo

com minhas observações no decorrer do ano vi que os alunos gostavam muito de

bater no próprio corpo, no chão, na parede com seus brinquedos, e também

achavam muito divertido realizar barulhos com a boca fazendo imitações, apertando

e estourando as bochechas, estalando a língua, entre outros. Assim, desenvolvi

canções como “Palminhas” de Olga Polhmann. As crianças acompanham a melodia

juntamente com palmas e depois escodem as mãos e as mostram, como sugere a

canção. Outro exemplo que reforce a percussão corporal é a canção “Brincando” do

livro “Coralito” de Thelma Chan (2006) encontrada no anexo VII. Os alunos deverão

fazer o que a música sugere. Essa canção foi muito positiva, deixando os alunos

bastante entusiasmados e felizes fazendo com que todos participassem, em

especial na hora da realização dos gestos.

Observei que meus alunos gostavam muito de se movimentar pulando,

correndo e principalmente dançando. Com isso, além da expressão e percussão

corporal, procurei trabalhar bastante com a movimentação deles no espaço da sala

de aula, deixando-os bem livres, mas com supervisão, em todo o momento da hora

do canto, dando apenas as direções que as atividades sugeriam.

Para isso, resolvi seguir também a sugestão Da professora FERES (1998)

de desenvolver canções de movimento sem locomoção em primeiro lugar, devido à

concentração e agitação dos alunos, deixando para depois, o movimento com

locomoção.

Percebi que no decorrer das aulas foi necessário um grande número de

canções em meu repertório devido à concentração dos alunos e a dinâmica da aula,

sabendo também que o período de trinta minutos de aula para crianças dessa faixa

etária de zero a três anos é considerado suficiente, sendo o limite deles. Por isso

houve a necessidade de atividades diversas que estimulassem a constante

movimentação dos alunos. Outra necessidade está no posicionamento do professor.

Observei que era preciso realizar a aula como se estivesse contanto uma história, ou

seja, contextualizando as canções e atividades trabalhadas. Como por exemplo, na

canção do “Anão e o gigante” já citada, perguntando aos alunos se conheciam um

homem bem grande (gigante) e o outro bem pequeninho (anão), prendendo dessa

maneira, a atenção da criança do início até o final da aula. Essa atitude funcionou

muito bem no decorrer desse ano.

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Diante disso, uma das canções que trabalhou o movimento sem locomoção

foi a música “Dona Árvore” de Bia Bedran. Ao cantá-la, mesmos sentados no

tatame, fazíamos os gestos com as mãos na hora do: “Subir, subir, vamos subir”; e

depois imitávamos o macaquinho na parte: “Sou macaquinho e não vou cair”. Para a

movimentação com locomoção uma das canções utilizadas foi a cantiga popular

“Marcha Soldado”. No decorrer da música, os alunos ao cantar marchavam batendo

os pés no chão. Para essa atividade utilizei o tambor dando o pulso da canção. Os

alunos apreciavam muito esse momento em especial por causa do instrumento.

Para o momento dos jogos e brincadeiras musicais, terceira etapa da aula,

procurei realizar atividades que envolvesse muita movimentação com o corpo,

gestos e diversão, extraindo dos alunos risos e gargalhadas. Como por exemplo,

com a canção “Seven Jumps” do Cd Dance Music, Shenanigans (1980-1990). Essa

música sugere que os alunos repitam os gestos que o professor fará de acordo com

cada momento. Geralmente são gestos bem divertidos como fazer careta, encher a

bochecha de ar, entre outros. A cada gesto ao final do trecho musical há uma

parada, que em sequência são realizadas sete vezes, causando suspense,

divertindo ainda mais os alunos. As crianças nessa atividade demonstravam

bastante euforia e prazer. Além dos jogos e brincadeiras, nesse momento da aula

procurei intercalar com apreciações de vídeos musicais. Muitos desses vídeos

mostrados aos alunos foram clipes do grupo Palavra Cantada como, por exemplo,

“De gotinha em gotinha” do Dvd “Vem Dançar com a gente”, e “Rato” do Dvd “Clipes

+ Canções curiosas”. Procurei apresentar vídeos bastante coloridos e pequenos,

que prendessem a atenção dos alunos. Esse foi um dos períodos da aula dos quais

os alunos gostaram muito, sempre atentos e participativos.

A quarta etapa da aula é o conjunto de percussão. Como os alunos ainda

não possuem uma coordenação motora definida busquei desenvolver com os

instrumentos musicais algumas atividades livres e também direcionadas. A maioria

dos instrumentos utilizados foram sempre pequenos e que não machucassem os

alunos como cocos, caxixis, ovinhos, maracas, sinos, pauzinhos, pandeirolas,

guizos, chocalhos, e o tambor que ao usá-lo, a professora acompanhava os alunos

para não haver perigo de acidentes.

Nas primeiras aulas ainda não dispunha dos instrumentos, sendo essa parte

da aula inserida apenas no final do mês de março com a chegada dos mesmos. A

atividade livre consistia em distribuir para os alunos os instrumentos geralmente do

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mesmo grupo, deixando-os tocar livremente, experimentando e explorando os sons

dos mesmos. Por outro lado, a atividade direcionada era feita também com os

instrumentos acompanhados de canções que exploravam a percepção do som e do

silêncio, a coordenação motora, e a sensibilização rítmica. Esse era o momento da

aula no qual os alunos mais ansiavam, tocando com muita vontade e felicidade.

Para finalizar a aula, assim como o canto de entrada, encerramos com o

canto de despedida. Essa duas canções permaneceram as mesmas desde o início

do ano. A música utilizada para o final da aula foi a “Tchau” da professora Josettte

Feres (1998) (Anexo VIII). Um fato bem interessante foi o de que ao iniciar o primeiro

acorde da canção os alunos já sabiam que a aula iria terminar, enfatizando assim,

uma rotina da aula de música.

Toda essa rotina de aula como já foi dito foi construída por mim mesma com

base nos livros citados no decorrer desse relato, ao longo das aulas e necessidades

surgidas no decorrer do ano de 2012.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho objetivou a descrição de um relato de experiência no Colégio

Centro de Educação Integrada Zona Sul com turmas do estágio I da educação

infantil, correspondente a crianças de um a três anos de idade. Elencou conceitos

sobre o desenvolvimento infantil, caracterizou as crianças da faixa etária de zero a

três anos de idade, e, seu desenvolvimento musical, e relatou a experiência

vivenciada na escola regular. Descreveu-se as aulas dadas no colégio CEI, as

atividades que foram feitas, dificuldades e possíveis soluções que foram

encontradas no decorrer de sua realização.

No primeiro capítulo relatou-se as características gerais do desenvolvimento

das crianças da faixa etária de zero a três anos de idade assim como o seu

desenvolvimento musical.

No segundo capítulo descreveu-se a caracterização da escola e sua proposta

pedagógica. Foi apresentada a caracterização da turma, conteúdos trabalhados, os

primeiros contatos e a atuação das aulas de música.

Antes mesmo da aprovação da Lei 11.769/08 o ensino de música sempre

esteve presente como suporte permeando o trabalho na educação infantil. Dessa

maneira, este trabalho permitiu compreender que o processo de ensino de música

na educação infantil precisa ser realizado com planejamentos prévios que nos dê

suporte para o desenvolvimento da prática em sala de aula. E que, muitas vezes, o

profissional de música se encontrará em situações nas quais não existirá o apoio da

escola, tendo que recorrer as experiências já vividas em sua prática.

Através dessa experiência em sala de aula, percebemos que o professor de

música necessita possuir um grande acervo de materiais didáticos como repertórios,

atividades, e instrumentos musicais, que possam ser trabalhados especificamente

com crianças dessa faixa etária. E que, antes de tudo, ele precisa conhecer o

público infantil no qual irá trabalhar, estando sempre pronto a lidar pincipalmente

com situações comportamentais dessas crianças, já que são muito pequenas e

necessitam de atenção e cuidado.

Constatamos que no decorrer do ano de 2012 a rotina da aula de música que

foi construída e proposta em sala de aula foi bem sucedida, procurando sempre

atender as necessidades de cada turma. Vimos também que muitas vezes será

preciso realizar testes, como por exemplo, em relação as atividades propostas,

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mesmo sabendo que não poderão funcionar. Podendo assim, tirar conclusões a

respeito de sua funcionalidade nas aulas dadas.

Conclui-se dessa maneira que o ensino de música na educação infantil é um

instrumento de grande aprendizagem e que deve ser considerada como um meio de

expressão e forma acessível desde os bebês até aos mais velhos. Sendo a

linguagem musical um excelente meio para o desenvolvimento rítmico, melódico, de

expressão e de integração social.

43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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44

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WADSWORTH, B. J. Inteligência e Afetividade da Criança na Teoria de Piaget. 5ª ed. São Paulo: Pioneira. 1997.

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ANEXOS

46

Anexo I

Canção “Pulando” de Elvira Drummond

47

Anexo II

“Passa Passa” de Elvira Drummond

48

Anexo III

Canção “Quem veio” de Elvira Drummond

49

Anexo IV

“O anão e o gigante” de Elvira Drummond

50

Anexo V

“Partes da aula” de Josette Feres

51

Anexo VI

Canção “Vozes de Animais” de Elvira Drummond

52

Anexo VII

Canção “Brincando” de Thelma Chan

53

Anexo VIII

Canção “Tchau” de Josette Feres