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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA JOSIANE MARIA DE MACEDO FERNANDES CONTROLE INTELIGENTE DE SISTEMAS SUBATUADOS COM APLICAÇÕES EM PROBLEMAS DE MECÂNICA DO CONTATO Natal 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE ... · redes neurais artificiais, colunas de perfuração. ABSTRACT In the present work, a nonlinear control strategy based

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA MECÂNICA

JOSIANE MARIA DE MACEDO FERNANDES

CONTROLE INTELIGENTE DE SISTEMAS SUBATUADOS

COM APLICAÇÕES EM PROBLEMAS DE MECÂNICA DO

CONTATO

Natal

2017

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JOSIANE MARIA DE MACEDO FERNANDES

CONTROLE INTELIGENTE DE SISTEMAS SUBATUADOS

COM APLICAÇÕES EM PROBLEMAS DE MECÂNICA DO

CONTATO

Tese submetida ao corpo docente da

coordenação do Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Mecânica da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte como parte dos requisitos necessários

para obtenção do grau de Doutor em

Ciências em Engenharia Mecânica.

Orientador: WALLACE MOREIRA BESSA, D.Sc.

Natal

2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Sistema de Bibliotecas – SISBI

Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede

Fernandes, Josiane Maria de Macedo. Controle inteligente de sistemas subatuados com aplicações em problemas de mecânica do contato / Josiane Maria de Macedo Fernandes. - 2017. 97 f.: il.

Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica. Natal, RN, 2017. Orientador: Prof. Dsc. Wallace Moreira Bessa.

1. Engenharia mecânica - Tese. 2. Controle por modos deslizantes - Tese. 3. Sistemas subatuados - Tese. 4. Vibrações stick-slip - Tese. 5. Redes neurais artificiais - Tese. 6. Colunas de perfuração - Tese. I. Bessa, Wallace Moreira. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 621

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JOSIANE MARIA DE MACEDO FERNANDES

CONTROLE INTELIGENTE DE SISTEMAS SUBATUADOS COM APLICAÇÕES

EM PROBLEMAS DE MECÂNICA DO CONTATO

Tese submetida ao corpo docente da coordenação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Doutor em Ciências em Engenharia Mecânica.

Banca examinadora da Tese apresentada e aprovada em 28/06/2017

_____________________________________

Aline Cristina Mendes de Farias, D.Sc.

_____________________________________

André Felipe Oliveira de Azevedo Dantas, D.Sc.

______________________________________

João Carlos Arantes Costa Junior, D.Sc.

_____________________________________

Julio César Paulino de Melo , D.Sc.

______________________________________

Márcio Valerio de Araujo , D.Sc.

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À minha mãe Leni,

e ao meu esposo Marcelo.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. D.Sc. Wallace Moreira Bessa, pela oportunidade de ser sua aluna, pela

amizade, ensinamentos e orientações que deram origem a este trabalho e por sempre me

transmitir calma e incentivo nos momentos mais adversos.

Ao meu esposo Prof. D.Sc. Marcelo Costa Tanaka, que me apoiou e auxiliou na

formatação deste documento, que sempre esteve ao meu lado mesmo quando esgotado de sua

própria bagagem.

Aos professores D.Sc. Adrião Neto, D.Sc. Allan Martins, D.Sc. Carlos Trabuco, D.Sc.

João Carlos e D.Sc. Selma Nobrega, que doaram seus conhecimentos dentro e fora de sala de

aula sempre que possível.

Aos integrantes do grupo de pesquisa Otimização e Controle de Sistemas Dinâmicos

da UFRN, bem como aos que integram o grupo de pesquisas do Instituto de Mecânica e

Engenharia Oceânica (Institut für Mechanik und Meerestechnik) da Universidade Tecnológica

de Hamburg-Harburg (Technische Universität Hamburg-Harburg, TUHH) da Alemanha,

sobretudo ao professor Dr. -Ing. Edwin Kreuzer pelo conhecimento transmitido e pelo apoio.

Ao Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica – PPGEM, particularmente

à professora Salete Alves pelo apoio na reta final de conclusão deste doutorado e ao Luiz

Henrique, secretário do PPGEM, pela prontidão e paciência.

Ao Núcleo de Ensino e Pesquisa em Petróleo e Gás NUPEG, especialmente aos

Professores D.Sc. Osvaldo Chiavone e D.Sc. Afonso Avelino Dantas Neto pela amizade e

parceria e à Maria Brunet, secretária do NUPEG, pelo atendimento e amizade.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq e ao

Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico DAAD, por oportunizar o período de pesquisa na

cidade de Hamburgo na Alemanha, que tanto acrescentou no conhecimento e experiência na

área de controle para o desenvolvimento deste trabalho. E ao Programa de Recursos Humanos

da Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural PRH-ANP 14, pelo apoio financeiro e suporte

na publicação de trabalhos científicos.

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“São as nossas escolhas que revelam o que realmente somos,

muito mais do que as nossas qualidades.”

J. K. Rowling

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RESUMO

Neste trabalho é desenvolvida uma estratégia de controle não linear baseada no

controle por modos deslizantes com compensação neural para estabilização de sistemas

subatuados sujeitos a vibrações torcionais. No intuito de analisar o desempenho da abordagem

proposta, a lei de controle foi implementada em uma coluna de perfuração. As colunas de

perfuração são discretizadas em n partes. A atuação é dada no top drive, ou na mesa rotativa

na extremidade superior da coluna, e todo o restante da coluna não recebe atuação. As

vibrações torcionais abordadas neste trabalho são do tipo stick-slip, que é o caso mais crítico

desse tipo de vibração, cuja não linearidade é geralmente causada pelo atrito entre a coluna e a

formação, podendo ocorrer em qualquer ponto ao longo da coluna e deve ser levado em

consideração na modelagem. O controle por modos deslizantes apresenta robustez frente a

incertezas paramétricas e perturbações. A estratégia adotada não requer o conhecimento

prévio de incertezas e não linearidades do sistema. No entanto, a função descontínua utilizada

na lei de controle pode gerar o fenômeno de chattering, que em atuadores mecânicos é

indesejável. Para atenuar o chattering, uma função suave é utilizada no lugar da descontínua,

sendo essa abordagem ocasionadora de diminuição no desempenho do controlador. Nesse

ponto, técnicas de inteligência artificial podem contribuir na lei de controle para devolver o

desempenho ou parte dele ao sistema. Duas arquiteturas de rede são empregadas para estimar

a compensação, uma rede do tipo perceptron de múltiplas camadas e uma rede de funções de

base radial. As superfícies de controle são definidas como uma combinação linear dos erros

dos estados do sistema e uma rede neural é adicionada para compensar a formação de ciclos

limites, comumente apresentados após a perda de eficácia. Resultados são apresentados para

demonstrar a performance do sistema de controle proposto.

Palavras chaves: Controle por modos deslizantes, sistemas subatuados, vibrações stick-slip,

redes neurais artificiais, colunas de perfuração.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE ... · redes neurais artificiais, colunas de perfuração. ABSTRACT In the present work, a nonlinear control strategy based

ABSTRACT

In the present work, a nonlinear control strategy based on sliding mode method and

artificial neural networks is presented. This approach can be applied to stabilize nonlinear

under actuated systems subjected to torsional vibrations. In order to evaluate the proposed

approach, the control law was implemented in a drill string. Drill strings are addressed due to

their nonlinear and underactuated dynamics. The drill strings are discretized in n parts. The

control output is given at the top drive whereas the other string parts are not directly actuated.

Torsional vibrations employed in this work are stick-slip, which is the more critic way of

torsional vibrations. Stick-slip is a nonlinearity usually caused by friction between the drill

string and rock formations and can occurs at any point along its length. Sliding mode control

is a very robust technique even with parametric uncertainties and external perturbations.

There is no need of previous knowledge of uncertainties and nonlinearities. The discontinuous

function adopted at the control law can lead to the undesired chattering effect. The

discontinuous function can be replaced by a smooth function to avoid chattering, but this also

implies on decrement of the system performance. In order to attenuate this effect, a

compensation is added to the control law. Two different artificial neural network architectures

are investigated: multilayer perceptrons and radial basis functions. The sliding surfaces are

defined as a linear combination of tracking errors. The neural network is employed to mitigate

the generated limit cycle. Numerical results are presented in order to demonstrate the

performance of the control system.

Key words: Sliding modes control, undeactuated systems, stick-slip vibrations, artifitial

neural networks, drill strings.

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LISTA DE SIGLAS

BHA Conjunto de componentes do fundo do poço (Bottom Hole Assembly)

MIMO Sistema com múltiplas entradas e múltiplas saídas (multiple-input, multiple-output)

MLP Perceptron de múltiplas camadas (Multilayer Perceptron)

RNA Redes neurais artificiais (Artificial Neural Networks)

SISO Sistema com uma entrada e uma saída (single-input, single-output)

SMC Controle por modos deslizantes (Sliding Mode Control)

TLWP Plataforma de pernas atirantadas (Tension Leg Wellhead Plataform)

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LISTA DE SÍMBOLOS

Letras Minúsculas

b Biasc Centro da função de base radialcc Coeficiente que determina rapidez com que o atrito de Coulomb é alcançadocv Velocidade de propagação da ondad Pertubações externas ou incertezas de modelagemd Estimativa de d

ds Valor desejado da saída da rededst Coeficiente de amortecimento da colunadTD Coeficiente de amortecimento do Top DrivefT Atrito viscosok Ganho do controladorkst Rigidez da coluna de perfuraçãol Comprimento do pêndulo / comprimento da colunam Massa do pêndulomc Massa do carroq Vetor de coordenadas generalizadasqa Vetor de coordenadas atuadasqu Vetor de coordenadas não atuadasq Vetor de erro das trajetórias

qd Vetor das trajetórias desejadas

s Vetor de superfícies de deslizamentot Tempous Vetor de sinais de controle

v Potencial de ativaçãow Pesos sinápticos

x Entrada da rede

y Sinal de saída da rede neural

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z Saída da RBF

Letras Maiúsculas

B Matriz de ganhoD Matriz de amortecimentoE Erro quadráticoEm Erro quadrático médioFC Coeficiente de atrito de CoulombFf Força de atritoFs Valor limite das incertezas e perturbaçõesFV Coeficiente de atrito viscosoG Módulo de cisalhamentoIp Momento polar de inérciaJBHA Momento de inércia do BHAJTD Momento de inércia do Top DriveTTD Torque fornecido pelo Top DriveK Matriz de rigidezKp Ganho proporcionalM Matriz de inérciaMaa Parcela da matriz de inércia relacionada com as coordenadas atuadasMau Parcela da matriz de inércia relacionada com as coordenadas atuadas e não

atuadasMuu Parcela da matriz de inércia relacionada com as coordenadas não atuadasN Força normalP Número de amostrasT Conjunto de treinamentoTfric Torque resultanteTBHA Torque resultante no BHATc Atrito de CoulombTB Torque necessário para iniciar o movimentoV Função candidata a Lyapunov

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Letras gregas

a Constante associada à variável atuada da superfície de deslizamento

u Constante associada à variável não atuada da superfície de deslizamento

Inclinação do ponto de inflexão

Gradiente local

Pertubações externas

Constante positiva de ajuste do tempo de alcance da superfície de deslizamento

Ângulo do pêndulo

a Constante associada à variável atuada da superfície de deslizamento

u Constante associada à variável não atuada da superfície de deslizamento

Coeficiente de atrito

Velocidade tangencial relativa entre superfícies

Massa específica do material

Desvio padrão

Força tangente

s Velocidade Stribeck

TD Posição angular do Top Drive

BHA Posição angular do BHA

Função de ativação

BHA Velocidade angular da coluna no BHA

c Velocidade angular

d Velocidade angular desejada

TD Velocidade angular no Top Drive

th Velocidade angular onde a descontinuidade se inicia

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Evolução das receitas de contratos de perfuração............................................. 20Figura 2.1: Desenho esquemático de um pêndulo invertido sobre um carro...................... 30Figura 2.2: Posição do carro pelo método SMC convencional com zona morta na

entrada do controlador...................................................................................... 31Figura 2.3: Ângulo do pêndulo invertido sobre o carro pelo método SMC convencional

com zona morta na entrada do controlador....................................................... 32Figura 2.4: Sinal de controle para o pêndulo invertido sob um carro pelo método SMC

convencional com zona morta na entrada do controlador................................. 32Figura 2.5: Espaço de fase do erro para a trajetória do carro controlado por SMC

convencional..................................................................................................... 33Figura 2.6: Espaço de fase do erro para o ângulo do pêndulo controlado por SMC

convencional..................................................................................................... 33Figura 2.7: Posição do carro pelo método SMC com função saturação, com zona morta

na entrada do controlador.................................................................................. 35Figura 2.8: Ângulo do pêndulo invertido sobre o carro pelo método SMC com função de

saturação, com zona morta na entrada do controlador...................................... 35Figura 2.9: Sinal de controle para o pêndulo invertido sob um carro pelo método SMC

com a função saturação, com zona morta na entrada do controlador............... 36Figura 2.10: Espaço de fase do erro para a trajetória do carro controlado por SMC com a

função saturação................................................................................................ 36Figura 2.11:Espaço de fase do erro para o ângulo do pêndulo controlado por SMC com a

função saturação................................................................................................ 37Figura 3.1: Neurônio biológico........................................................................................... 40Figura 3.2: Modelo de um neurônio.................................................................................... 41Figura 3.3: Efeito do bias na saída do combinador............................................................. 41Figura 3.4: Funções de ativação parcialmente diferenciáveis............................................. 42Figura 3.5: Função de ativação sigmoide........................................................................... 43Figura 3.6: Efeito da variação do parâmetro na função de ativação sigmoide.............. 43Figura 3.7: Efeito da variação do parâmetro na função de ativação tangente

hiperbólica......................................................................................................... 44Figura 3.8: Função de ativação gaussiana.......................................................................... 45Figura 3.9: Função de ativação linear.................................................................................. 45Figura 3.10: Estrutura de uma rede MLP............................................................................... 47Figura 3.11: Propagação dos pesos adiante na rede MLP...................................................... 48Figura 3.12: Estrutura de uma RBF....................................................................................... 52Figura 3.13: Função de base radial com duas entradas......................................................... 53Figura 3.14:Ilustração do problema de classificação de padrões......................................... 54Figura 4.1: Representação gráfica do modelo de atrito de Coulomb.................................. 57Figura 4.2: Representação gráfica do modelo de atrito de Coulomb + atrito viscoso......... 58Figura 4.3: Representação gráfica do modelo de atrito Stribeck......................................... 60Figura 4.4: Modelo dinâmico massa-mola.......................................................................... 60Figura 4.5: Fases do stick-slip de acordo com a força aplicada.......................................... 61Figura 4.6: Característica do atrito não linear no BHA....................................................... 63Figura 5.1: Problemas que podem dificultar a operação de perfuração.............................. 65Figura 5.2: Outros problemas que podem dificultar a operação de perfuração................... 66Figura 5.3: Esquema de coluna de perfuração..................................................................... 69

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Figura 5.4: Dinâmica da coluna de perfuração (com n=200 graus de liberdade)................ 73Figura 5.5: Velocidade angular no top drive........................................................................ 73Figura 5.6: Velocidade angular no top drive da coluna com n=200 e controle SMC.......... 74Figura 5.7: Sinal de controle para a coluna com n=200 e controle SMC............................ 75Figura 6.1: Velocidade do carro pelo método SMC com a função de saturação e

compensação neural, com zona morta na entrada do controlador..................... 82Figura 6.2: Ângulo do pêndulo sobre o carro pelo método SMC com a função de

saturação e compensação neural, com zona morta na entrada do controlador........................................................................................................ 82

Figura 6.3: Sinal de controle do pêndulo sobre o carro pelo método SMC com a função de saturação e compensação neural, com zona morta na entrada do controlador........................................................................................................ 83

Figura 6.4: Distribuição dos centros em função do ciclo limite utilizada nas funções de base radial......................................................................................................... 84

Figura 6.5: Comparação das velocidade no top drive e no BHA da coluna utilizando a lei de controle por SMC com compensação RBF............................................. 85

Figura 6.6: Sinal de controle utilizando a lei de controle por SMC com compensação RBF................................................................................................................... 85

Figura 6.7: Comparação das velocidade no top drive e no BHA da coluna utilizando a lei de controle por SMC com compensação MLP............................................. 86

Figura 6.8: Sinal de controle utilizando a lei de controle por SMC com compensação MLP................................................................................................................... 86

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Parâmetros adotados no controle do pêndulo invertido pelo método SMC convencional................................................................................................. 31

Tabela 4.1: Parâmetros da característica de atrito........................................................... 63

Tabela 5.1: Parâmetros da simulação n=200 .................................................................. 72

Tabela 5.2: Parâmetros do controlador para n=200......................................................... 75

Tabela 6.1: Índices de desempenho das leis de controle................................................. 87

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................18

2 CONTROLE POR MODOS DESLIZANTES..................................................................25

2.1 Controle SMC de sistemas subatuados......................................................................26

2.1.1 Exemplo ilustrativo: controle de um pêndulo invertido utilizando SMC para

sistemas subatuados.........................................................................................................29

3 REDES NEURAIS ARTIFICIAIS......................................................................................38

3.1 Definição........................................................................................................................39

3.2 Modelo do neurônio artificial......................................................................................39

3.2.1 Funções de Ativação...............................................................................................42

3.2.1.1 Função sigmoide.............................................................................................433.2.1.2 Função tangente hiperbólica ..........................................................................443.2.1.3 Função gaussiana............................................................................................443.2.1.4 Função linear ..................................................................................................45

3.3 Arquiteturas de Redes Neurais Artificiais..................................................................46

3.3.1 Redes perceptron de múltiplas camadas (MLP).....................................................46

3.3.1.1 Treinamento de redes MLP.............................................................................473.3.2 Redes de funções de base radial ............................................................................51

3.3.2.1 Treinamento de redes RBF..............................................................................524 MODELOS DE ATRITO.....................................................................................................56

4.1 Modelo do atrito de Coulomb......................................................................................57

4.2 Modelo do atrito de Coulomb + atrito viscoso...........................................................57

4.3 Modelo de atrito Stribeck.............................................................................................58

4.4 Movimento stick - slip...................................................................................................60

5 CONTROLE SMC DE UMA COLUNA DE PERFURAÇÃO........................................64

5.1 Dinâmica de uma coluna de perfuração.....................................................................67

5.1.1 Modelo matemático com n graus de liberdade.......................................................69

5.2 Controle por modos deslizantes de vibrações stick-slip em uma coluna de

perfuração...........................................................................................................................74

6 CONTROLE SMC COM COMPENSAÇÃO NEURAL .................................................76

6.1 Prova de estabilidade...................................................................................................77

6.1.1 Exemplo ilustrativo: Controle de pêndulo invertido utilizando SMC para sistemas

subatuados com compensação neural..............................................................................81

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6.2 Controle SMC de vibrações em uma coluna de perfuração com compensação

neural ..................................................................................................................................83

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................88

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................90

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Capítulo 1

1 INTRODUÇÃO

A perfuração de poços como meio de exploração de petróleo começou a se consolidar

no ano de 1859 quando Edwin Lauretine Drake obteve sucesso na perfuração do primeiro

poço de petróleo dos Estados Unidos, no estado da Pensilvânia. Drake encontrou uma

formação há 21 metros da superfície que produzia 2 m³/dia de óleo. A produção de petróleo

cresceu exponencialmente, passando de 2 mil barris em 1859, para 3 milhões de barris em

1863 e, posteriormente, para 10 milhões de barris em 1874.

No Brasil, apesar de pesquisas e perfurações de poços anteriores, somente com a

criação da Petrobras, em 1953, as pesquisas se intensificaram. Desde então, campos de

petróleo vem sendo descobertos e explorados no Brasil. Estes campos vêm sendo encontrados

em águas cada vez mais e mais profundas. Sua exploração só se tornou possível pelos

contínuos avanços tecnológicos na área de perfuração e produção. As mais recentes

descobertas de campos de petróleo no Brasil que foram anunciadas em 2007 pela Petrobras,

tratam-se de reservatórios na camada pré-sal na costa brasileira (THOMAS, 2004).

De acordo com o Boletim de Produção de Petróleo e Gás Natural (ANP, 2017), a

maior parte das reservas de petróleo e gás natural no Brasil estão em campos marítimos.

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Somente em maio de 2017, foram produzidas 2.653 Mbbl/d1 de petróleo, e 105 MMm³/d2 de

gás natural no Brasil, sendo 95,2% do petróleo e 84,0% do gás natural produzidos em campos

matítmos. A produção, somente do pré sal, foi de 1.265 Mbbl/d de petróleo e 49 MMm³/d de

gás natural.

A perfuração de poços de petróleo compreende diversas áreas da engenharia e, dada

sua complexidade, é uma operação de alto custo. As companhias de petróleo gastam bilhões

de dólares por ano somente nas operações de perfuração. De acordo com “Managing Drilling

Risk” (PLUMB et. al., 1999), até 1999 eram gastos, em média, 20 bilhões de dólares por ano

na perfuração de poços pelas companhias de óleo e gás, desse valor, 15% eram referente a

perdas. No Brasil, com o atual cenário de exploração em águas profundas e ultraprofundas, os

custos de exploração são ainda mais altos que os praticados na década de 1990. Segundo o

“Relatório III – Desenvolvimento da cadeia Produtiva de petróleo e gás e investimentos em

P&P” realizado pela BAIN & COMPANY para o BNDES em 2009, os gastos globais com

exploração e produção de petróleo deram um salto entre os anos de 2002 e 2007. Em 2007,

os gastos que eram de pouco mais de 100 bilhões em 2002, passaram para quase 400 bilhões.

Segundo “Estudos de Alternativas Regulatórias, Institucionais e Financeiras para Exploração

e Produção de Petróleo e Gás Natural e para o Investimento Industrial da Cadeia Produtiva de

Petróleo e Gás Natural no Brasil”, também realizado pela BAIN & COMPANY para o

BNDES em 2009, o mercado global de contratos de serviços de perfuração de terceiros foi de

US$57 bilhões em 2007 e cerca de 63% desse valor, correspondem a serviços de perfuração

offshore. A Figura 1.1 ilustra a evolução das receitas de contratos de perfuração no período de

1999 a 2009.

Ainda segundo o relatório do BNDES, das reservas comprovadas no Brasil até 2007,

80% estão em águas profundas e ultraprofundas. Compreende-se, desta forma, o interesse da

comunidade pelo estudo das dinâmicas envolvidas e otimização da operação de perfuração de

poços de petróleo. Desde o interesse na otimização do modelo como em Richarda et. al.

(2007) e Kamel et. al. (2014), que modelam as colunas de perfuração, considerando o

acoplamento das vibrações torcionais e axiais. Em Wang et. al. (2017), também é proposto um

modelo para determinar o comportamento da coluna; Liu (2017) estabelece um modelo

dinâmico não linear com quatro graus de liberdade para caracterizar o comportamento da

1 Mbbl/d – mil barris por dia.2 MMm³/d – milhões de metros cúbicos por dia.

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20

broca no poço desviado. Até o controle como Sagert et. al. (2013) que utilizam linearização

por realimentação para estabilizar o stick-slip, fenômeno vibracional em colunas de

perfuração; Liu (2014) altera o termo da robustez do controlador por modos deslizantes

(Sliding Mode Control - SMC) para evitar o chattering na estabilização do stick- slip; Hong

et. al. (2016), foi proposto a utilização de um filtro de Kalman para estimar posição e

velocidade da broca e uma estratégia de controle linear quadrático gaussiano dos estados, para

diminuir as vibrações. Em Vromen et. al. (2015), foi proposto um controlador robusto de

realimentação de saída para eliminar as vibrações stick slip.

Figura 1.1: Evolução das receitas de contratos de perfuração.

Fonte: Relatório III – Desenvolvimento da cadeia Produtiva de petróleo e gás e investimentos em P&P” BAIN

&COMPANY

A ocorrência de vibrações em estruturas e sistemas mecânicos é uma situação bastante

comum na indústria. As vibrações podem causar efeitos indesejáveis como desconforto e alto

custo de manutenção. Desta forma, além da preocupação com segurança, a diminuição dos

custos operacionais tem sido o alvo de pesquisas no campo do controle de vibrações. Quanto

a perfuração de poços de petróleo, vários modos de vibração podem ser ativados na estrutura

e dependendo das condições do sistema as vibrações podem apresentar comportamentos

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21

extremamente não lineares e difíceis de controlar.

Em “Dinâmica de sistemas não suaves aplicada à perfuração de poços de petróleo”

(DIVENYI, 2009), foi feito um estudo do comportamento de colunas de perfuração sujeitas a

vibrações. Já em “Mechanical Modelling of Drill-Strings” (KREUZER e STRUCK, 2003), foi

proposto um modelo contínuo unidimensional para uma coluna de perfuração sujeita a

vibrações. Enquanto que em “Zustandmonitoring und Regelug schlanker kontinua” (STEIDL

e KREUZER, 2011), é proposto um controle de vibrações do tipo stick-slip para colunas de

perfuração pela decomposição de ondas.

O stick-slip é um dos modos de vibração que podem ser observados na perfuração.

Este fenômeno é caracterizado por um deslizamento abrupto seguido de uma adesão entre

duas superfícies em contato que se movimentam com velocidade relativa baixa. Quando isso

ocorre, pode haver uma instabilidade dinâmica causada pelo desbalanceamento momentâneo

de forças no sistema, causando os deslizamentos e adesões intermitentes. A alteração do

coeficiente de atrito entre as duas superfícies durante o movimento é uma possível causa da

ocorrência do stick-slip.

Dadas as condições em que pode ocorrer stick-slip, muitos sistemas dinâmicos estão

sujeitos a sua ocorrência, por exemplo, em sistemas de posicionamento, como motores de

passo e servomecanismos que operam com velocidades próximas de zero entre eixo e mancal.

Desta forma, muitas pesquisas são dedicadas a reduzir os efeitos deste fenômeno. Em

Suraneni et al. (2004) é proposto um algoritmo adaptativo baseado em lógica fuzzy para

reduzir os efeitos do stick-slip em sistemas de um grau de liberdade; Olejnik e Awrejcewicz

(2013) propõem um controlador de velocidade para motores de corrente contínua com stick-

slip pelo método de superfícies de deslizamento, enquanto que em Li et. al. (2015) um

controlador proporcional derivativo adaptativo com lógica fuzzy é desenvolvido para um

sistema de múltiplas entradas e múltiplas saídas (MIMO – multiple-input, multiple-output)

considerando stick-slip nas juntas do painéis solares em um veículo aeroespacial.

Neste contexto de ocorrências de dinâmicas não lineares e incertezas de modelagem, o

controle não linear vem ocupando um espaço cada vez maior na área de controle. A principal

vantagem na sua utilização, se deve a possibilidade de aumento da faixa operacional, uma vez

que controladores lineares são baseados na linearização do sistema em certos pontos de

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operação e, por isso, apresentam baixa performance e instabilidade por não conseguirem

compensar as não linearidades comumente apresentadas em sistemas de malha fechada com

ampla faixa operacional. Outra vantagem proporcionada pela adoção de uma abordagem

baseada na teoria do controle não linear, está relacionada à dificuldade de linearização de

alguns tipos de não linearidades, como por exemplo, histerese, saturação, atrito de Coulomb e

zona morta (BESSA, 2005).

As leis de controles que utilizam técnicas não lineares de abordagem simples,

apresentam diminuição do seu desempenho quando empregadas em sistemas de elevado grau

de incerteza. Desta forma, estratégias aliando técnicas de controle não linear e metodologias

de inteligência artificial vêm sendo bastante exploradas para melhorar a performance do

sistema de controle.

Estratégias de compensação inteligente (FERNANDES et. al., 2011; FERNANDES

et. al., 2012; TANAKA et. al., 2012; TANAKA et. al., 2013) demonstram a eficiência no

controle de sistemas dinâmicos não lineares e incertos, onde além de lidar com as

características não lineares dos sistemas, essas leis de controle apresentam bons resultados

com modelos imprecisos, bem como na presença de perturbações externas.

As redes neurais artificiais (RNA's) podem ser empregadas no reconhecimento,

reprodução e controle do comportamento dinâmico de sistemas complexos. Dadas estas

características, pretende-se neste trabalho, explorar a capacidade das RNA's de reconhecer e

modelar sistemas mecânicos incertos, no intuito de viabilizar sua utilização no

desenvolvimento de sistemas de controle inteligente.

Em trabalhos anteriormente publicados (FERNANDES et. al., 2011; FERNANDES

et. al., 2012), foram desenvolvidas estratégias de controle utilizando técnicas não lineares

com compensação inteligente para sistemas mecânicos de uma única entrada e saída (SISO –

single-input, single-output) não lineares e incertas. Neste trabalho, pretende-se expandir esta

técnica para sistemas mecânicos não lineares e incertos de múltiplas entradas e múltiplas

saídas (MIMO) permitindo o tratamento de sistemas de engenharia com maior número de

variáveis manipuladas e controladas. Entre os sistemas MIMO incluem-se, também, os

sistemas subatuados. Um sistema mecânico é definido como subatuado ao apresentar um

maior número de graus de liberdade a serem controlados do que (o número de) atuadores

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(disponíveis para ação de controle). Essa classe de sistemas aparece em diversos ramos da

indústria, em aplicações como: manipuladores robóticos (LAI et. al., 2009; XIN e LIU,

2013); pontes rolantes (XIN e KANEDA, 2005); para veículos aeroespaciais (CONSOLINI

et. al., 2010; TSIOTRAS e LUO, 2000); e para embarcações (SERRANO et. al., 2014).

Os principais motivos para ocorrer a subatuação são: por questões de projeto, que é o

caso de navios, pontes rolantes e helicópteros; dinâmica de corpos não rígidos, como, por

exemplo, no caso em que pelo menos uma ligação de um braço robótico é considerada

flexível; e falha de atuadores como de veículos aéreos e submarinos (LIU e YU, 2013).

Apesar da abrangência das aplicações, o projeto de controladores para sistemas

subatuados exige maior cuidado na elaboração do controle do que para sistemas totalmente

atuados. Além disso, seu comportamento dinâmico é frequentemente incerto e não linear,

tornando o controle dessa classe de sistemas, por metodologias convencionais, um grande

desafio. Com isso, muitos estudos vêm sendo feitos para melhorar o desempenho do

rastreamento de trajetória e set-point de sistemas subatuados. As estratégias mais comuns são

baseadas em linearização por realimentação (PATHAK et. al., 2005), alimentação avante pela

inversão do modelo (SEIFRIED, 2012), controle por modos deslizantes (ASHRAFIOUN,

2008; SANKARANARAYANAN e MAHINDRAKAR, 2009; XU e ÖZGÜNER, 2008),

função de Lagrange (BLOCH et. al., 2001; CONSOLINI et. al., 2010; e ORTEGA, 2002) e

outros métodos baseados em energia (XIN e KANEDA, 2013).

Desta forma, o objetivo fundamental deste trabalho é expandir a estratégia de controle

inteligente, baseada em técnicas de controle não linear e em RNA's, para sistemas mecânicos

MIMO, tanto os sistemas totalmente atuados como os subatuados. E, uma vez generalizada a

técnica, aplicá-la no tratamento de vibrações torcionais do tipo stick-slip causadas pelo atrito

entre a formação e colunas de perfuração para prospecção de petróleo, uma vez que, quando

discretizadas, essas colunas são consideradas como sistemas subatuados.

Serão utilizados dois tipos de rede, a perceptron de múltiplas camadas (Multilayer

Perceptron - MLP) e as funções de base radial, que em pesquisas realizadas anteriormente

(FERNANDES et. al., 2012) apresentaram respostas mais rápidas, dada sua estrutura mais

simples. A técnica de controle não linear empregada nesta pesquisa é o controle por modos

deslizantes. A rede neural é empregada como um aditivo compensador para a queda de

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desempenho do controlador quando ocorre a troca da função sinal na lei de controle por uma

função de saturação, para evitar que ocorra chattering. Sendo assim, a estratégia elaborada

pode ser empregada tanto em sistemas subatuados como em sistemas com múltiplas entradas

e saídas, uma vez que, nos sistemas totalmente atuados, a tarefa de controle é obtida sem

muitas restrições como em sistemas subatuados.

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25

Capítulo 2

2 CONTROLE POR MODOS DESLIZANTES

O controle por modos deslizantes (SMC) é uma técnica de controle robusta não linear,

que foi largamente investigado na década de 70 na antiga União Soviética. As principais

referências nesta área são os trabalhos de Utkin (1978) e de Slotine (1984), os quais são até

hoje frequentemente citados na literatura. Na atualidade, o SMC tem sido amplamente

empregado com sucesso na abordagem de sistemas com incertezas paramétricas, de

modelagem e perturbações. Esta técnica se baseia na definição de superfícies de deslizamento

em função dos erros de rastreamento dos estados do sistema. A teoria de estabilidade de

Lyapunov é utilizada para garantir que todas as trajetórias do sistema alcancem as superfícies

de deslizamento em um tempo finito e, uma vez que as superfícies são assintoticamente

estáveis, as trajetórias deslizam pelas superfícies até atingir a origem.

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2.1 Controle SMC de sistemas subatuados

A principal ideia do SMC consiste em transformar um problema de rastreamento de

trajetória de ordem n em q, em um problema de estabilização de primeira ordem em s. Assim,

a lei de controle u deve ser projetada de modo a garantir que q alcance a superfície s q , t =0

em um dado intervalo de tempo finito, e que uma vez alcançada, siga “deslizando”

exponencialmente sobre ela até atingir qd . Isto significa que o problema pode, então, ser

dividido em duas fases distintas: o modo de aproximação, no qual os estados desenvolvem

uma trajetória de q(0) = q0 até a superfície s q , t =0 e o modo deslizante, no qual a trajetória

dos estados está restrita a superfície de deslizamento.

A lei de controle deve garantir que a dinâmica s q , t =0 seja estabelecida, o que é

suficiente para manter os estados na superfície de deslizamento.

Neste tópico será definida, então, uma lei de controle para sistemas subatuados. Um

sistema subatuado é um sistema cujo número de atuadores é menor que o número de graus de

liberdade. As pesquisas para controle de sistemas subatuados ganharam ênfase na década de

1990, como o trabalho de Reyhannoglu et. al. (1999). Desde então, o controle de sistemas

desse tipo vem sendo explorado na área de controle por SMC como em Qian et. al. (2006) e

Liu (2014).

Considere um sistema mecânico com n graus de liberdade e m atuadores e r=n−m .

M q qK q , q =g q , q Bq u (2.1)

onde u∈ℝm é o vetor de sinais de entrada do atuador, M∈ℝn×n é a matriz de inércia,

K q , q∈ℝn representa as forças centrifugas e de Coriolis3, g q , q ∈ℝn são as forças

aplicadas no sistema, Bq∈ℝn×m é a matriz de ganho e q∈ℝn é o vetor de coordenadas

generalizadas.

Observe que quando m=rank B =n o sistema representado pela equação (2.1) é

totalmente atuado e subatuado se m=rank B n .

3 Pseudo forças observadas num sistema de coordenadas não inercial.

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Considere agora um sistema mecânico com o vetor de coordenadas generalizadas

particionado q=[qaT qu

T ]T , onde qa∈ℝm é o vetor de coordenadas atuadas e qu∈ℝ

r é o vetor

de coordenadas não atuadas. A equação (2.1) pode ser reescrita da seguinte forma:

[M aa M au

M auT M uu][ qa

qu]=[ f auf u ] (2.2)

onde f a= ga−k a e f u=gu−k u .

A matriz de inércia está dividida em três partes Maa, Mau e Muu.; M aa∈ℝmx m

corresponde a parte da matriz de inércia que está relacionada exclusivamente às coordenadas

atuadas, assim como M uu∈ℝr x r

está relacionada somente às coordenadas não atuadas.

Enquanto que M au∈ℝm x r

se relaciona com ambos os tipos de coordenadas.

Ashrauon e Erwin (2008) propuseram resolver a equação (2.2) da seguinte forma para

as acelerações:

qa=M ' aa−1 f 'au (2.3)

qu=M 'uu−1 f 'u−M au

T M aa−1 u (2.4)

onde, M ' aa=M aa−M au M uu−1 M au

T , f ' a= f a−M au M uu−1 f u , M ' uu=M uu−M au

T M aa−1 M au e

f ' u= f u−M auT M aa

−1 f a .

As superfícies de deslizamento são definidas como combinações ponderadas do erro

da trajetória q=[ qaT qu

T ]T e do erro da velocidade q=[ qaT qu

T ]T . Sendo q d a trajetória

desejada e q d a velocidade desejada, assim q=q−qd e q= q−q d . Desta forma, pode-se

definir a superfície de deslizamento como:

s=a qaa qau quu qu=a qau qusr (2.5)

onde sr=−a q ada qa−u q u

du qu .

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28

Assim,

s=a qaa qau quu qu=a qau qu sr

e

sr=−a q ada qa−u q u

du qu .

Considere agora uma função candidata de Lyapunov definida de acordo com as

superfícies de deslizamento:

V q , q=12

sT s (2.6)

A lei de controle deve satisfazer V q , q≤0 ou ainda:

si si− i∣si∣, i0 , i=1,... ,m (2.7)

onde i é uma constante estritamente positiva e está relacionada ao tempo necessário para

que a superfície de deslizamento seja alcançada, assim, quanto maior i , menor o tempo de

alcance.

No entanto, se a condição inicial q 0 ≠q0 ou M s e f s não forem conhecidas, para

garantir que a condição de deslizamento seja satisfeita, é feita a adição de um termo

descontínuo em s q , t =0 à estrutura do controlador. É importante lembrar, que apesar de

M s e f s serem desconhecidas, suas incertezas têm seus limites conhecidos.

A lei de controle pode ser definida, então, fazendo s=0 . Substituindo os valores de

q a e q u equações (2.3) e (2.4) e adicionando à estrutura um termo descontínuo

(ASHRAUON e ERWIN, 2008), temos:

us=− M s−1[ f ssrk sgn s] (2.8)

onde M s é uma estimativa de M s=a M ' aa−1−u M ' uu

−1 M auT M aa

−1 , f s é uma estimativa de

f s=a M ' aa−1 f ' au M ' uu

−1 f ' uT e k sgn s =[k 1 sgn s1 ...k m sgn sm] .

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A função sgn(.) pode ser matematicamente definida por:

sgn s={−1 se s00 se s=01 se s0

(2.9)

A descontinuidade da função sinal causa oscilações de alta frequência no sinal do

controlador. Essas oscilações são chamadas de chattering e em sistemas mecânicos esse

comportamento é indesejável pois pode acionar modos de vibração da estrutura.

Os ganhos, k , da função sgn(.) devem ser definidos de acordo com os limites das

incertezas,

k=F s (2.10)

onde, é o vetor das constantes i estritamente positivas, e F s é dado por:

∣ f s− f s∣F s . (2.11)

2.1.1 Exemplo ilustrativo: controle de um pêndulo invertido utilizando SMC

para sistemas subatuados

O exemplo a seguir foi refeito com base no exemplo de Ashrauon e Erwin (2008).

Considere um pêndulo invertido sob um carro ilustrado na Figura 2.1.

Esse sistema possui dois graus de liberdade e apenas uma entrada de controle. Desta

forma, o objetivo do controlador é estabilizar o pêndulo em seu ponto de equilíbrio instável

enquanto posiciona o carro na posição desejada. O sistema é definido matematicamente como:

[ mcm ml cosml cos ml2 ][ x]=[ml sin2u

mgl sin ] (2.12)

sendo mc e m a massa do carro e do pêndulo, respectivamente, l é o comprimento do pêndulo

e g a aceleração da gravidade.

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Figura 2.1: Desenho esquemático de um pêndulo invertido sobre um carro.

Os parâmetros do controlador a e a estão associados as variáveis de estado

atuadas, enquanto u e u se associam as não atuadas. A constante positiva relaciona o

tempo necessário para que os estados alcancem a superfície de deslizamento

Afim de testar a robustez da lei de controle da equação (2.8), uma não linearidade de

zona morta foi adicionada na entrada da variável manipulada do controlador, equação (2.13).

={u0,01 se u ≤ −0,010 se −0,01 u 0,01u−0,01 se u ≥ 0,01

(2.13)

As simulações ilustradas nas Figuras 2.2, 2.3 e 2.4 resultam da implementação das

equações (2.8) e (2.12) no MatLab, com uma taxa de amostragem de 50 Hz para o controlador

e 500 Hz para o simulador.

Na solução numérica a equação diferencial de 2ª ordem do modelo do pêndulo

invertido sob o carro, foi convertida em um sistema de duas equações de 1ª ordem, de modo

que pudessem ser simultaneamente resolvidas pelo método de Runge- Kutta de 4ª ordem.

Os parâmetros do controlador são informados na Tabela 2.1 e o estado inicial do

sistema é xc=−1m ; x c=−1m /s ; =−40° e =0 rpm . Vale lembrar que o ângulo do

pêndulo é uma variável não atuada e que somente a trajetória do carro é atuada nesse sistema.

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Figura 2.2: Posição do carro pelo método SMC convencional com zona morta na entrada do

controlador.

Tabela 2.1 - Parâmetros adotados no controle do pêndulo invertido pelo método SMC

convencional.

mc m l αa αu λa λu η

0,4 kg 0,14 kg 0,215 m 0,02 0.1 0.005 1 2

Analisando os resultados das Figuras 2.2 e 2.3, nota-se que o controlador atinge os

objetivos de para os estados desejados de xd=0 m e d=0º , mesmo com a presença de uma

não linearidade de zona morta na entrada do controlador. No entanto, o sinal de controle

gerado para atingir tais objetivos possui a característica de um chaveamento de alta

intensidade (chattering), como pode ser observado na Figura 2.4. O espaço de fase do erro

para a trajetória do carro é apresentado na Figura 2.5 e, para o do ângulo do pêndulo, na

Figura 2.6.

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Figura 2.3: Ângulo do pêndulo invertido sobre o carro pelo método SMC convencional com

zona morta na entrada do controlador.

Figura 2.4: Sinal de controle para o pêndulo invertido sob um carro pelo método SMC

convencional com zona morta na entrada do controlador.

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33

Figura 2.5: Espaço de fase do erro para a trajetória do carro controlado por SMC

convencional.

Figura 2.6: Espaço de fase do erro para o ângulo do pêndulo controlado por SMC

convencional.

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Uma das soluções para este problema é apresentada em Slotine e Li (1984) através da

adoção de uma camada limite na vizinhança da superfície de deslizamento, fazendo com

que a lei de controle seja “suavizada”. Isto se faz com a substituição da função descontínua do

tipo relé, sgn(.), por uma função tangente hiperbólica, tanh(.), ou por uma função de

saturação, sat(.) Ambas tem o mesmo efeito de suavização.

A substituição da função sgn(.) por uma função contínua pode minimizar ou até

eliminar por completo o chattering. Porém, o problema de “rastreamento perfeito” passa a ser

um problema de “rastreamento com precisão garantida”. E isso deve ser levado em

consideração de acordo com a precisão desejada em cada aplicação. No trabalho de Bessa

(2009) é comprovado que o erro de estados estará sempre presente com a adoção de uma

função de suavização na lei de controle por SMC, ou seja, há uma convergência deste erro

para uma camada limitada em torno de zero. A prova é feita em cima da teoria apresentada em

Slotine e Li (1984) que propõe a adoção de uma estreita camada limite, −1 s , na

vizinhança da superfície de deslizamento.

Desta maneira, a nova lei de controle é dada pela equação (2.14).

u=− M s−1 [ f ssrk sat −1 s] (2.14)

onde ∈ℝm×m é uma matriz diagonal com m entradas positivas i , e sat . é a função

saturação definida por:

sat si /i={sgn s i if ∣si /i∣≥1si /i if ∣si /i∣1

(2.15)

Com os mesmos parâmetros da simulação anterior, Tabela 2.1, e =0,01 , os

resultados da simulação da lei de controle com a função sat(.), equação (2.14), são ilustrados

nas Figuras 2.7, 2.8 e 2.9.

Com os resultados obtidos, nota-se que a lei de controle, dada pela equação (2.14),

possibilitou a eliminação do efeito do chattering, conforme indicado na Figura 2.9. Porém, os

resultados das variáveis xc e , apresentados respectivamente pelas Figuras 2.7 e 2.8, não

demonstraram a mesma eficácia obtidos pelos resultados anteriores (Figuras 2.2 e 2.3,

respectivamente).

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Figura 2.7: Posição do carro pelo método SMC com a função de saturação, com zona morta

na entrada do controlador.

Figura 2.8: Ângulo do pêndulo invertido sobre o carro pelo método SMC com a função de

saturação, com zona morta na entrada do controlador.

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Figura 2.9: Sinal de controle para o pêndulo invertido sob um carro pelo método SMC com a

função de saturação, com zona morta na entrada do controlador.

As Figuras 2.10 e 2.11 apresentam o espaço de fase do erro para a trajetória do carro e

para o ângulo do pêndulo, respectivamente.

Figura 2.10: Espaço de fase do erro para a trajetória do carro controlado por SMC com a

função saturação.

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Figura 2.11: Espaço de fase do erro para o ângulo do pêndulo controlado por SMC com a

função saturação.

Comparando com as Figuras 2.5 e 2.10, nota-se um aumento do erro residual em

torno de zero, caracterizando a camada limite de estabilização dos erro de estados. Com isso,

verifica-se que ao substituir a função descontínua da lei de controle por uma função de

saturação, o sistema controlado reduz a sua performance.

Essa perda de eficiência por parte do controlador é consequência da substituição da

função descontínua associada ao termo de robustez k, por uma função se suavização, gerando

um erro residual em torno da camada limite (BESSA, 2009).

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38

Capítulo 3

3 REDES NEURAIS ARTIFICIAIS

Segundo Fernandes (2012, p. 14)

O conceito de Redes Neurais Artificiais (RNA) tem sua origem na década de

40. O termo RNA deriva da motivação de seus estudos, que foram inspirados

na maneira como se organiza e funciona o sistema nervoso biológico. Apesar

do conceito ter sido desenvolvido na década de 40, a pesquisa e aplicação

em larga escala para resolução de problemas de engenharia somente veio

ocorrer na década de 80. O primeiro modelo matemático inspirado em um

neurônio biológico data de 1943, depois disso vários pesquisadores da época

se dedicaram ao estudo das redes neurais e em 1949 foi proposto o primeiro

método de treinamento de RNAs. Nove anos mais tarde, uma linha de

pesquisa obteve destaque com o desenvolvimento do primeiro

neurocomputador, Mark I – Perceptron seguida pela rede Adaline (ADAptive

LINear Element) e posteriormente pela Madaline (Adaline múltipla). Apesar

destas redes se mostrarem úteis em algumas aplicações, elas possuem

grandes limitações por apresentar apenas uma camada.

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39

Em 1969 foi demonstrado que essas redes eram incapazes de classificar corretamente

padrões para classes não linearmente separáveis e que não haveria razão para supor que uma

versão de múltiplas camadas poderia superar estas limitações. Em virtude disso, a pesquisa no

campo das RNAs foi momentaneamente desencorajada, o que se refletiu em pouquíssimos

trabalhos na área durante a década de 70. Somente em 1982 o estudo das RNAs tomou novo

impulso, com a proposição das redes recorrentes de Hopfield. Um dos principais destaques da

época foi o desenvolvimento do algoritmo de retropropagação (back-propagation) no

treinamento de MLP's. As RNA's passaram novamente a ser um campo vasto de interesse para

pesquisas nas inúmeras áreas do conhecimento. Desde então, novas contribuições vêm

surgindo no estudo das RNA's.

3.1 Definição

RNA'S são modelos computacionais inspirados no sistema nervoso biológico

caracterizas por adaptar seus parâmetros internos de acordo com a apresentação de dados e o

uso de um algoritmo de aprendizagem. O que torna a RNA capaz de fazer generalizações,

estimar soluções e organizar dados de acordo com suas características padrão (SILVA el. al.,

2010).

3.2 Modelo do neurônio artificial

O modelo de um neurônio artificial é um modelo bem simplificado de seu equivalente

biológico e procura conciliar paralelismo e conectividade.

O neurônio biológico, Figura 3.1, é uma célula do sistema nervoso que conduz

impulsos sob determinados estímulos e possui 3 partes príncipais: dendritos, corpo celular e

axônio. Os dendritos têm a função de captar estímulos, o corpo celular processa as

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informações captadas pelos dendritos e envia para o axônio que conduz os impulsos para

outros neurônios propagando informações.

Figura 3.1: Neurônio Biológico.

Fonte: Silva et. al. (2010, p. 29)

Os neurônios artificiais podem ser lineares e não lineares e realizam funções como

coletar e agregar sinais, produzindo uma resposta de acordo com sua função operacional.

O modelo mais simples de neurônio artificial, Figura 3.2, foi proposto por McCulloch

e Pitts (1990) e tem cinco elementos básicos: sinais de entrada, pesos sinápticos, combinador

linear, função de ativação e sinal de saída.

No modelo proposto por McCulloch e Pitts, os sinais de entrada xn são dados

decorrentes de estímulos do meio externo ou ainda ser as saídas de outros neurônios em uma

camada anterior. Os pesos sinápticos wkn são valores utilizados para ponderar os sinais de

entrada da rede, onde o índice (k) se refere ao neurônio e o índice (n) se refere ao elemento de

entrada da sinapse do peso. A partir da multiplicação dos sinais de entrada pelos pesos

sinápticos é quantificada a influência de cada sinal de entrada no neurônio. O combinador

linear agrega os sinais de entrada ponderados pelas sinapses dos neurônios, cuja saída é dada

por yk (SILVA el. al., 2010).

A função de ativação ϕ(.) limita a amplitude da saída do neurônio dentro de um

intervalo de valores permissíveis. Isto não ocorre para algumas funções, como por exemplo,

para a função linear. Sinal de saída yk é o valor produzido pelo neurônio.

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41

Figura 3.2: Modelo de um neurônio.

O bias (bk ), na Figura 3.2, é um parâmetro externo do neurônio artificial k que

aumenta ou diminui a entrada líquida da função de ativação, modificando a relação,

v k=ukbk , entre o potencial de ativação vk e a saída do combinador linear uk.

Figura 3.3: Efeito do bias na saída do combinador

Matematicamente, o modelo do neurônio apresentado na Figura 3.2 pode ser

representado pelas equações (3.1) e (3.2).

v k=∑i=1

n

w ki⋅x ibk (3.1)

x1

x2

x3

xn

.

.

.

wk1

wk2

wk3

wkn

ϕ(.)

bk

Σvk yk

Combinador linear

Potencial de ativação, vk

Saída do combinador linear, uk

bk > 0bk = 0

bk < 0

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42

sendo uk=∑i=1

n

w ki⋅x i , logo v k=ukbk .

yk=φ vk (3.2)

onde vk é a saída do combinador linear dos sinais de entradas da rede associados ao bias no

n- ésimo neurônio. Desta forma, o bias está representado por x0 e pode ser -1 ou +1, ϕ(.)

representa a função de ativação do neurônio, yk representa a saída obtida pelo k-ésimo

neurônio da rede e n é o número de sinais de entrada do neurônio.

3.2.1 Funções de Ativação

As funções de ativação podem ser classificadas como parcialmente ou totalmente

diferenciáveis ao longo de seu domínio. Funções de ativação parcialmente diferenciáveis são

funções que em alguns pontos do seu domínio não possuem derivada de primeira ordem.

Dentre elas se destacam: função degrau, função sinal e função rampa simétrica, como mostra

a Figura 3.4 respectivamente.

Funções de ativação totalmente diferenciáveis são funções que possuem derivada de

primeira ordem em todo seu domínio. Este grupo tem como principais representantes na

utilização em RNA's as funções sigmoide, tangente hiperbólica, gaussiana e linear.

Figura 3.4: Funções de ativação parcialmente diferenciáveis.

u

g(u) g(u) g(u)

u u

1 1

-1

1

-11

-1

(a) Função degrau. (b) Função sinal. (c) Função rampa simétrica.

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43

3.2.1.1 Função sigmoide

A função sigmoide é definida por:

g u= 11e−⋅u

(3.3)

A função sigmoide fornece resultados entre zero e um, como pode ser observado na

Figura 3.5.

Figura 3.5: Função de ativação sigmoide.

Na equação (3.3) o valor de β influencia na inclinação da inflexão da curva. Assim,

quanto maior o valor de β mais a função sigmoide se aproxima da função degrau, Figura 3.5,

tendendo a esta, conforme β tende ao infinito, como pode ser observado na Figura 3.6.

Figura 3.6: Efeito da variação do parâmetro β na função de ativação sigmoide

g(u)

u

1

β crescente

g(u)1

βPonto de inflexão

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44

3.2.1.2 Função tangente hiperbólica

Os resultados gerados pela função tangente hiperbólica assumem valores entre -1 e 1,

Figura 3.7.

Figura 3.7: Efeito da variação do parâmetro β na função de ativação tangente hiperbólica

Assim como na função sigmoide o parâmetro β também está relacionado com a

inclinação da função tangente hiperbólica no seu ponto de inflexão. A equação que

correspondente a essa função é dada por:

g u=1−e−⋅u

1e−⋅u (3.4)

Desta forma, quanto maior for o valor de β, mais esta função se aproxima de uma

função sinal, Figura 3.4b, coincidindo, por fim, com esta quando β for infinito.

3.2.1.3 Função gaussiana

A função gaussiana fornece resultados de acordo com o posicionamento da saída do

combinador linear em relação ao seu centro, c. Na Figura 3.8, é possível observar que a saída

do neurônio será a mesma para valores posicionados a uma mesma distância do centro.

g(u)

u

1

β crescente

-1

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45

A função gaussiana é dada por:

g u=e−u−c2

22 (3.5)

onde σ é o desvio padrão e c o centro da função.

Figura 3.8: Função de ativação gaussiana.

3.2.1.4 Função linear

A função de ativação linear produz resultados de acordo com a saída do combinador

linear, como mostra a Figura 3.9.

Figura 3.9: Função de ativação linear.

g(u)

u

1

c c+σ

σ σ

c-σ

0,6065

g(u)

u

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46

A equação que define a função linear é:

g u =u (3.6)

3.3 Arquiteturas de Redes Neurais Artificiais

Vários são os tipos de arquiteturas de rede. Nas próximas seções serão discutidos, no

entanto, apenas dois tipos de RNA's, as redes MLP e as redes de função de base radial, que

são as arquiteturas empregadas nessa pesquisa.

3.3.1 Redes perceptron de múltiplas camadas (MLP)

Redes do tipo MLP, Figura 3.10, possuem no mínimo uma camada oculta de neurônios

entre a camada de entrada e de saída da rede.

Esse tipo de arquitetura tem sido aplicado com sucesso na resolução de problemas nas

diversas áreas do conhecimento, e são consideradas uma das arquiteturas mais versáteis no

campo das redes neurais. Isto se deve principalmente as características que esse tipo de rede

possui, como, por exemplo, a habilidade de aprender sobre um problema através do

treinamento e generalizar para casos não apresentados à rede.

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47

O treinamento das redes MLP é feito de forma supervisionada e as informações fluem

na direção da camada de entrada para a camada de saída, como mostra a Figura 3.10.

Figura 3.10: Estrutura de uma rede MLP.

3.3.1.1 Treinamento de redes MLP

O treinamento de uma rede neural consiste na modificação gradual de seus pesos

sinápticos. Desta forma, a matriz de pesos sinápticos é modificada através de um algoritmo de

treinamento com o intuito de modelar os dados apresentados a rede. No treinamento de uma

rede neural procura-se minimizar o erro gerado entre a saída da RNA e a resposta desejada

(SILVA et. al., 2010).

O algoritmo de treinamento pela retropropagação (Backpropagation) é dividido em

duas fases: forward e backward. A primeira fase do treinamento se dá pela propagação dos

pesos adiante, forward. A rede fornece então fornece uma saída que é comparada com o valor

da amostra. Na segunda fase do treinamento os pesos são atualizados de acordo o erro,

backward, iniciando o processo pela ultima camada (camada de saída), de forma a cumprir o

.

.

.

1

1

1ª camada neural escondida

.

.

.

Entradas do PCM

Camada neural de

saída

.

.

.

m

2

3

n1

n2

2

3

1

.

.

.

2ª camada neural escondida

Saídas do PCM

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48

objetivo da rede que é minimizar o erro quadrático E(k):

E k =12∑j=1

n

ds j k − y jk 2 (3.7)

onde yj(k) é o valor de saída do j-ésimo neurônio de acordo com a k-ésima amostra de

treinamento e dsj(k) seu respectivo valor desejado.

Para avaliar o desempenho da rede é calculado o erro médio quadrático Em, que

engloba as P amostras.

Em=1P∑k=1

P

E k (3.8)

A Figura 3.11 representa um esquema de uma rede neural artificial com n entradas, x1

e x2,, Wji(1) e Wji

(2) correspondem as matrizes de pesos da 1ª e 2ª camada, respectivamente.

Cada elemento das matrizes corresponde a conexão – ou sinapse – do j-ésimo neurônio da

camada anterior ao i-ésimo neurônio da camada posterior. Já os vetores vj representam as

entradas ponderadas pelos pesos.

Figura 3.11: Propagação dos pesos adiante na rede MLP.

.

.

.

.

.

.

z

x1

x2

1

ϕL(v(2))

vj(1)

Wji(2)

2

3

m

ϕL(vj(1))

yj(1)

vj(2)

Wji(1)

yj(2)

xn

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49

• Propagação dos pesos adiante

A combinação linear obtida pelo somatório das entradas da rede e o bias (bn) no n-

ésimo neurônio na 1ª camada é dada por:

v j1 =∑

i=0

n

W ji1⋅ x i (3.9)

sendo,

y i=φ v j1 (3.10)

Para a 2ª camada é dada por:

v j2=∑

i=0

n

W ji2⋅ xi (3.11)

sendo,

y i=φ v j2 (3.12)

onde ϕ(.) é a função de ativação que deve ser contínua e diferenciável em todo o seu domínio.

Calculado o sinal de saída da rede é possível mensurar o seu erro, que será utilizado na

fase de retropropagação.

• Retropropagação do sinal do erro

◦ Atualização dos pesos da última camada

A retropropagação do erro se inicia a partir da camada de saída. Seu objetivo é ajustar

a matriz de pesos Wji(2) minimizando o erro entre a saída da rede e a saída desejada.

Para minimizar o erro aplica-se um operador gradiente em relação à matriz de pesos

Wji(2) (Silva, 2010):

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50

∇ E2= ∂E∂W ji

2=∂ E∂ y j

2

∂ y j2

∂ L j2

∂ L j2

∂W ji2 (3.13)

onde E é o erro médio quadrático dado pela equação (3.8).

Das Equações (3.7), (3.8), (3.9) e (3.10), tem-se que:

∂ E∂ y j

2 =−ds j−y j2 ,

∂ v j2

∂W ji2= y i

1 , ∂ y 2

∂v j2= ' v j

2 (3.14)

Substituindo na equação (3.11):

∂ E∂W ji

2 =−ds j−y j2 ' v j

2 y i1

(3.15)

O sinal negativo indica que, para a minimização do erro, o ajuste dos pesos deve ser

feito no sentido contrário ao do vetor gradiente, uma vez que o gradiente de uma função

indica o sentido de crescimento da função.

W ji2=− ∂E

∂W ji2 ⇒ W ji

2= j2 y i

1 (3.16)

onde δj(2) é o gradiente local na camada de saída, sendo definido por:

j2=−ds j− y j

2 ' v j2 (3.17)

Desta forma, obtêm-se uma expressão que ajusta os pesos da camada de saída. O

próximo passo é, então, ajustar os pesos da camada intermediária.

• Atualização dos pesos da camada intermediária

A atualização dos pesos da camada intermediária se dá da mesma forma que foi

ajustada a matriz de pesos da camada de saída, aplicando-se um operador gradiente em

relação à matriz de pesos Wji(1).

∇ E1= ∂E∂W ji

1 =∂E∂ y j

1

∂ y j1

∂L j1

∂ L j1

∂W ji1 (3.18)

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51

Logo, o incremento dos pesos é dado por:

W ji1=− ∂E

∂W ji1 ⇒ W ji

1= j1x i (3.19)

onde δj(1) é o gradiente local na camada oculta, sendo definido por:

j1 =∑

k=1

n 2

k2 W kj

2 φ ' v j1 (3.20)

Na equação (3.18), observa-se que o ajuste dos pesos da camada intermediária leva em

consideração a retropropagação do erro resultante da camada de saída.

3.3.2 Redes de funções de base radial

As redes de funções de base radial (Radial Basis Function – RBF), Figura 3.12,

podem ser empregadas em quase todos os problemas em que as MLP's podem ser utilizadas.

Este modelo das RBF's foi inspirado no comportamento de alguns neurônios biológicos que

possuem a propriedade chamada de resposta localmente sintonizada. Esses neurônios

respondem de forma seletiva a um intervalo finito de sinais de entrada. Um exemplo de

neurônio com essa característica são neurônios de reconhecimento facial localizados no lobo

temporal esquerdo no cortex cerebral de macacos (POGGIO e GIROSI, 1990).

A estrutura de uma RBF compreende três camadas, cada uma com uma função

distinta, conforme Figura 3.12. A camada de entrada faz a ligação do sistema à rede através da

entrada de dados. Na segunda e única camada oculta da rede, cujas funções de ativação são

do tipo base radial, inicializa-se o processo de treinamento, ou seja, de ajuste de pesos, nesta

fase são realizadas transformações não lineares gerando os campos receptivos locais. A

terceira camada, camada de saída, fornece a resposta da rede ao padrão de ativação aplicada à

camada de entrada.

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52

Figura 3.12: Estrutura de uma RBF.

3.3.2.1 Treinamento de redes RBF

O método de aprendizagem de uma rede RBF é constituído de duas fases de

aprendizado. Na primeira fase é feita a alocação dos centros das funções de base radial. A

alocação dos centros normalmente é feita por um método de agrupamento, sendo o método

k- means o mais utilizado. Outras formas também podem ser utilizadas como, por exemplo, a

disposição aleatória dos centros, ou ainda, uma disposição com distâncias regulares entre os

mesmos. Na segunda fase os pesos da camada de saída são ajustados utilizando um método de

aprendizagem supervisionada que pode ser o algoritmo de retropropagação ou pelo problema

de interpolação.

• Alocação dos neurônios da camada intermediária

Conforme discutido anteriormente, os neurônios das redes RBF são compostos por

funções de ativação do tipo base radiais e a função mais aplicada nesse campo é a função de

x1

x2

.

.

.

/

W

m neurônios ocultos

xn

.

.

.

Função gaussiana

Função linear

z

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53

ativação do tipo gaussiana que é representada pela equação (3.5). Além da equação (3.5),

outra função de base radial utilizada é a equação (3.21), tendo a vantagem de maior

simplicidade de utilização, já que não é necessário o cálculo do desvio padrão de todo o

conjunto de dados.

.=e−∥x−c∥2

2L2 (3.21)

onde,

L=dsmax

2M (3.22)

sendo M o número de neurônios ocultos, e dsmax é definido por:

dsmax=max ∥ci−c j∥2 (3.23)

Assim como nas redes MLP, nas redes RBF o número de neurônios na camada de

saída é igual ao número de saídas do sistema. A Figura 3.13 ilustra uma função de ativação

gaussiana para uma rede com duas entradas x1 e x2.

Na Figura 3.13, verifica-se que quanto mais próximo está a amostra do centro da

função de ativação, maior será o seu peso no valor produzido pelo campo receptivo radial da

função de ativação. Observa-se também que o neurônio produzirá valores semelhantes para as

amostras que possuam mesma distância radial do centro da gaussiana (SILVA et. al., 2010).

Figura 3.13: Função de base radial com duas entradas.

x1

x2

g(x)

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54

Diferentemente dos problemas de classificação de padrões tratados pelo MLP que

define as fronteiras de delimitação através de hiperplanos, nas redes RBF as fronteiras

delimitadoras são determinadas por campos hiperesféricos, mais especificamente, neste

trabalho as funções de ativação empregadas são do tipo gaussianas. Analisando estas

propriedades em um problema simples de classificação de padrões como mostra a Figura 3.14

com duas entradas, x1 e x2.

Figura 3.14: Ilustração do problema de classificação de padrões

Em um problema como esse pode-se verificar a diferença no processo de delimitação

de fronteiras entre uma rede MLP e uma rede RBF. Na rede MLP a separação de padrões foi

feita por duas retas, já na rede RBF por um campo receptivo representado por uma

circunferência. Desta forma, observa-se que para um mesmo agrupamento de dados foram

necessários dois neurônios na camada intermediária da rede MLP para classificar os padrões

do sistema, enquanto na rede RBF foi necessário apenas um neurônio na camada

intermediária.

• Ajuste dos pesos da camada de saída

Um método simples para fazer o ajuste da camada de saída é aplicando o método da

matriz pseudo inversa. Uma vez que a matriz de pesos W não é quadrada e, por isso, não

possui uma matriz inversa única (BROOMHEAD e LOWE, 1988).

x1

x2 x2

(a) PCMx1(b) RBF

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55

Considerando um conjunto de treinamento T={X ,ds1, X ,ds2, ... , X,dsp} , cujo

objetivo é fazer com que z≈ds e, desta forma, fazer com que o erro tenda a zero, E0 ,

sendo que ds são os valores desejados e z é dado por:

z=∑i=1

M

w i⋅yi=∑i=1

M

wi⋅φi∥X−t∥ (3.24)

Como se deseja que z≈ds , pode-se igualar a equação (3.24) para todos os valores do

conjunto de treinamento conforme se verifica na equação (3.25):

[11 12 13 ⋯ 1M

21 22 23 ⋯ 2M

⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ p1 p2 p3 ⋯ pM

][ w1

w 2

⋮wM]=[ds1

ds2

⋮ds p]⇒[]{w}={ds} (3.25)

Com o intuito de se obter os pesos da RBF, calcula-se os pesos com base na matriz

pseudo inversa [ϕ]+:

{w}=[]+ {ds} (3.26)

A matriz pseudo-inversa representa a solução que possui a menor norma para o

problema (HOVARD et. al, 2003).

O erro (E) pode ser calculado pela norma euclidiana:

∥[ds]−[]{w }∥=E (3.27)

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56

Capítulo 4

4 MODELOS DE ATRITO

O movimento relativo entre dois corpos em contato dá origem a uma força de atrito.

No modelo clássico, a força de atrito, F f , é proporcional a força normal, N , gerada por uma

carga, expressa da seguinte forma: F f=N , onde é uma propriedade empírica do contato

entre materiais conhecida como coeficiente de atrito. Devido à natureza complexa das

interações entre as superfícies em movimento, o atrito pode apresentar um comportamento

altamente não-linear e descontínuo. Além disso, muitos sistemas mecânicos industriais têm

suas superfícies de contato lubrificadas. Apesar da diminuição da força de atrito, esse

tratamento contribui com o comportamento não linear do atrito. Existem vários modelos que

foram desenvolvidos para expressar o comportamento do atrito baseados em resultados

experimentais.

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57

4.1 Modelo do atrito de Coulomb

Esse modelo é aplicado em casos onde não há lubrificação nele, o sinal da velocidade

é levado em consideração e a força de atrito é dada na seguinte forma:

F f v =F C sgn v (4.1)

onde F C representa o coeficiente de atrito de Coulomb, que depende, por sua vez, da carga; e

v é a velocidade relativa tangencial entre as superfícies em contato.

Figura 4.1: Representação gráfica do modelo de atrito de Coulomb.

4.2 Modelo do atrito de Coulomb + atrito viscoso

A associação do atrito viscoso adiciona à força de atrito uma componente proporcional

à velocidade, Figura 4.2. Assim, a força de atrito deixa de ser uma componente constante em

módulo quando se inicia o movimento, e passa a variar com a velocidade.

F f v =FC sgn v FV v (4.2)

onde F V é o coeficiente de atrito viscoso. O coeficiente de Coulomb, F C , é a força

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58

necessária para iniciar o movimento a partir do repouso. Uma vez que a força tangente (τ)

atinge o valor da força de atrito estático o movimento é iniciado. Geralmente, o coeficiente de

atrito estático é maior que o coeficiente de atrito de Coulomb.

A equação (4.3) representa a parte do atrito que depende da velocidade.

F f v ,t ={min ∣∣, FS sgn , se=0,F f , senão (4.3)

Figura 4.2: Representação gráfica do modelo de atrito de Coulomb + atrito viscoso

4.3 Modelo de atrito Stribeck

Experimentos tribológicos apontam que nem a soma dos atritos de Coulomb e viscoso

consegue representar alguns fenômenos que ocorrem em regimes de baixa velocidade quando

os contatos são lubrificados. O atrito stribeck é um desses casos e causa um comportamento

não linear da força de atrito. Ele se caracteriza pela diminuição da força de atrito com o

aumento da velocidade em faixas de velocidades próximas a zero. Em altas velocidades, no

entanto, a força de atrito viscoso predomina. Assim, a força aumenta com o aumento da

velocidade.

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59

Para melhor entender este fenômeno, pode-se dividi-lo em quatro fases. Tomando a

primeira como sendo a de atrito estático. Nessa fase as superfícies estão em contato, uma vez

que se aplica força, os pontos de contato se deformam elasticamente, porém, não haverá

movimento até que a força atinja o valor necessário de atrito estático.

Na segunda fase, o movimento é iniciado, no entanto, a velocidade ainda não é

suficiente para criar o filme de lubrificação e, por isso, nessa fase permanece o contato

sólido- sólido entre as superfícies. A força de atrito diminui com o aumento da velocidade. No

entanto, admite-se que a força de atrito nessa fase ainda é maior que nas próximas fases.

Na terceira fase, com o aumento da velocidade, o lubrificante é aspirado para entre as

superfícies, formando o filme, mais ainda não totalmente e, por isso, ainda ocorre contato

entre as asperezas das superfícies. Quanto maior a viscosidade do fluido lubrificante, maior

será a espessura do filme.

Na quarta fase, o filme lubrificante está totalmente formado. Assim, o modelo de atrito

é definido pelo atrito viscoso e a forca de atrito é considerada proporcional à velocidade.

Existem muitos modelos empíricos para definir o efeito Stribeck, Figura 4.3, como:

Modelo de Tustin, exponencial da velocidade, modelo Gaussiano e o modelo Lorentziano

(LANTOS e LŐRINC, 2011). Esses modelos combinados aos modelos previamente

discutidos fornecem comportamentos mais completos do comportamento do atrito nas

equações (4.4), (4.5) e (4.6).

Modelo de Tustin:

F f v =FCF S−FC e−∣v∣/ vS sgn v F V v (4.4)

Modelo Gaussiano:

F f v =FCF S−FC ev/ vS

2

sgn v F V v (4.5)

Modelo Lorentziano:

F f v =FCF S−FC 1

1v / vS2 sgnvF V v (4.6)

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60

Figura 4.3: Representação gráfica do modelo de atrito Stribeck.

4.4 Movimento stick - slip

Quando ocorre alguma variação do atrito durante o deslizamento entre duas

superfícies, pode ocorrer uma instabilidade dinâmica, que por sua vez causa deslizamentos

abruptos associados a uma queda da tensão. Na presença do stick-slip, a velocidade se altera

intermitentemente entre zero e valores muito elevados, proporcional a cada caso, por causa do

comportamento do atrito em velocidades próximas de zero. Para entender melhor o fenômeno

stick-slip, considere agora o modelo dinâmico massa-mola representado na Figura 4.4.

Figura 4.4: Modelo dinâmico massa-mola.

onde F é uma força aplicada, k é a constante da mola e M a massa.

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61

Conforme é introduzida uma força F gradativamente no sistema, a mola se deforma

armazenando energia até que começa a deslocar a massa M. A massa M só irá iniciar seu

movimento uma vez que F supere o atrito estático, desta forma, enquanto não houver

movimento, identifica-se a fase “stick”. Quando o movimento de M é iniciado, o atrito deixa

de ser estático e passa a ser dinâmico, que normalmente é menor que o estático. A energia

armazenada na mola é, então, liberada repentinamente acelerando M, neste momento ocorre a

fase do fenômeno que pode ser chamada de “slip”. A força da mola diminui, até que fica

menor que a força de atrito dinâmico interrompendo o movimento novamente. O sistema

volta, desta forma, para a primeira fase e reinicia o ciclo. É importante notar que, se a mola é

muito rígida ou se a velocidade é muito alta, não existe a ocorrência do fenômeno. Isso

acontece porque, quando a mola é muito rígida para o sistema, não há deformação suficiente

para armazenar a energia que causa a aceleração da massa. Quanto à velocidade, pode-se

observar que este fenômeno só ocorre próximo às velocidades nulas (SCHOLZ, 2002). As

condições para ocorrer a instabilidade pode ser observada na Figura 4.5.

Figura 4.5: Fases do stick-slip de acordo com a força aplicada.

Atingida a força necessária para vencer o atrito estático, pouco antes do ponto B, a

mola descarrega de acordo com a reta k, cuja inclinação representa a rigidez da mola. Quando

o ponto B é alcançado, a força de atrito diminui a uma taxa de velocidade maior que a força

da mola na reta k. O desbalanceamento de forças que ocorre neste instante causa a

instabilidade do sistema e induz a aceleração do movimento. Depois do ponto C, a força de

atrito passa a ser maior que a força da mola e a massa desacelera até parar no ponto D. A

condição para que haja instabilidade é dada então pela equação (4.7).

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62

∣ F x ∣k (4.7)

A formação das vibrações stick-slip, no caso das colunas de perfuração, resultam da

relação entre o torque aplicado na broca e sua velocidade de rotação. Sabe-se que o torque

diminui com o aumento da velocidade, já que a velocidade do sistema é limitada. A

velocidade, por sua vez, depende do peso sobre a broca e do desgaste de seus dentes. O efeito

do atrito entre a rocha e a broca corresponde a um amortecimento, impedindo que a coluna

rotacione com velocidade constante.

As abordagens para modelar o atrito característico referente à interação entre à broca e

a formação se diferem como em Balanov et. al. (2003) e Pavone (1996). Isso se deve ao fato

de haver vários tipos de brocas e de formações rochosas. Consequentemente, existe uma

grande variedade de possíveis combinações entre elas e cada característica de atrito modelada

se refere à característica de apenas uma dessas possíveis interações. Muitos dos modelos

propostos para definir as características de atrito são baseados em suposições, uma vez que

poucas são as medições realizadas em campo, dada sua complexidade.

Um aspecto importante na modelagem do atrito é a sua representação em torno da

velocidade de rotação nula. Uma forma muito utilizada é a função arco-tangente. Neste

trabalho, a característica de atrito é modelada como uma função definida por partes, equação

4.8. O torque resultante Tfric(ωc) é uma função da velocidade angular da coluna ωc no ponto de

contato e é definida por:

T fric c={[T cT b−T ce−cc/c]sgn c f tc , ∣c∣th ,

c /th [ f tthT cT b−T ce−cc th ] , ∣c∣th

(4.8)

A Figura 4.6 representa o gráfico do torque no Bottom Hole Assembly (BHA) e é

definida pela sobreposição de duas curvas da equação 4.8 (TBHA=TBHA,1+TBHA,2). Os dados para

gerar a curva foram retirados de Kreuzer e Steidl (2012) e são fornecidos na Tabela 4.1.

Os parâmetros TC e TB representam o atrito de Coulomb e o torque necessário para a

coluna sair do estado de paralisação, respectivamente. cc define a rapidez com que o atrito de

Coulomb é atingido e fT corresponde ao atrito viscoso. O parâmetro ωth é a velocidade angular

onde se inicia a descontinuidade.

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63

Figura 4.6: Característica do atrito não linear no BHA.

Tabela 4.1 - Parâmetros da característica de atrito

Parâmetros TBHA,1 TBHA,2

Tc 5000 Nm 0,001 Nm

TB 10000 Nm 3000 Nm

cc 1 s/rad 0,01 s/rad

ft 0,0001 Nm/rad 0,01 Nm/rad

ωth 0,01 rad/s 0,0001 rad/s

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64

Capítulo 5

5 CONTROLE SMC DE UMA COLUNA DE PERFURAÇÃO

Existem vários problemas que podem ocorrer ao longo da operação de perfuração,

pois são muitas as variáveis mecânicas e geológicas envolvidas. Esses problemas podem

naturalmente aumentar os custos de perfuração tanto por danos mecânicos como pelo

aumento do tempo da operação, levando-se em consideração, por exemplo, o custo do aluguel

da sonda de perfuração.

Durante a perfuração pode-se encontrar, por exemplo, geopressão, zonas

inconsolidadas, fraturadas ou falhas, formações reativas ou móveis, podendo causar

instabilidade das paredes do poço, colapso do revestimento, má limpeza dos cascalhos,

vibrações da coluna de perfuração e uma série de outras variações e perturbações, Figuras 5.1

e 5.2. Todos esses exemplos citados podem ter consequências muito danosas à perfuração de

poços, colocando em risco a integridade da operação. Neste trabalho, no entanto, será dada

ênfase às vibrações da coluna de perfuração, mais especificamente um de seus casos, o Stick-

slip, cujo conceito será discutido mais à frente nesta seção.

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65

Figura 5.1: Problemas que podem dificultar a operação de perfuração. (a) Geopressão; (b) Zona inconsolidada; (c) fraturas ou falhas; (d) formação reativa; (e) formação móvel

(a) (b) (c) (d) (e)

Fonte: Plumb et. al. (2009)

As vibrações em colunas de perfuração podem ser tanto a causa como a consequência

de inúmeros problemas e suas combinações, tais como perda de circulação do fluido de

perfuração, dificuldade de controle de trajetória do poço, prisão de coluna, etc.

Quando o sistema está submetido a vibrações, pode ocorrer a diminuição da taxa de

perfuração, o que implica no aumento de tempo de perfuração e, desta forma, aumenta

também os custos de perfuração como o aluguel da sonda, por exemplo. Em casos mais

extremos, pode ocorrer até mesmo a ruptura da coluna de perfuração. Problemas dessa

complexidade além de aumentar gastos com aluguel da sonda, resultam em mais custos em

operações como a “pescaria” - operação executada a fim de recuperar objetos ou ferramentas

que se quebram, ficam ou caem no poço - ou ainda, no desvio no poço, onde se reinicia a

perfuração a partir do ponto da fratura.

Existem três tipos de vibrações em colunas de perfuração: torcional, axial e lateral.

Eles ocorrem normalmente acoplados, no entanto, para termos de simplificação, eles são

analisados separadamente. Cada tipo de vibração possui um fenômeno característico

associado. Esses fenômenos são: stick-slip, bit-bouce e whirl. Esses fenômenos introduzem

não linearidades no sistema.

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66

As vibrações torcionais ocorrem em torno do eixo da coluna e causam variação da

rotação ao longo da coluna, ocasionando, assim, diferenças entre os valores das velocidades

obtidas e desejadas. O fenômeno stick-slip, que é um caso específico e também mais crítico

das vibrações torcionais, ocorre quando a broca interrompe seu movimento torcional

temporariamente. O torque fornecido à coluna pelo top drive ou pela mesa rotativa, no

entanto, não é interrompido. Desta forma, a coluna se deforma em torno do seu eixo,

acumulando energia, até que o torque aplicado seja suficiente para superar as forças de atrito

estático exercidas na broca e retorna o movimento bruscamente com velocidade muito acima

da desejada.

As vibrações axiais, por sua vez, ocorrem paralelamente ao eixo da coluna de

perfuração, fazendo com que o peso aplicado sobre a broca varie e, desta forma, a taxa de

penetração também varia. O caso crítico para as vibrações axiais é chamado bit-bounce.

Quando ocorre o bit-bounce, a broca perde o contato com a formação rochosa

intermitentemente. Causando impactos entre a broca e a formação. Esse comportamento pode

causar danos aos equipamentos, reduzir a taxa de penetração e, no caso de acoplamento com

outros modos vibração, causar impactos da broca com as paredes do poço e mudança

indesejada da trajetória de perfuração.

Figura 5.2: Outros problemas que podem dificultar a operação de perfuração. (a) Vibração da

coluna; (b) Má limpeza dos cascalhos; (c) Colapso do revestimento do poço.

(a) (b) (c)

Fonte: Plumb et. al. (2009)

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67

As vibrações laterais também são muito danosas à operação de perfuração, pois elas

causam flexão da coluna e, quando ocorrem em grandes amplitudes, também podem causar

impactos da coluna contra a parede do poço. Isto pode causar não somente danos aos

equipamentos, como ainda dificultar o controle de direcionalidade. Além disso, essas

vibrações são difíceis de se identificar, uma vez que praticamente não são transmitidas para a

superfície. Um caso específico desse modo de vibração é conhecido como whirl. O whirl

ocorre quando o centro de massa da coluna não coincide com seu eixo geométrico. Desta

forma, à medida que a coluna gira, um efeito centrífugo aparece flexionando a coluna. Isso

faz com que, além da rotação da coluna, exista um movimento de translação das seções

transversais da coluna ao redor do centro do poço. Existem dois casos de whirl: forward whirl

e backward whirl. Quando ocorre o forward whirl, os movimentos de rotação e translação tem

o mesmo sentido e frequência. Assim, durante o movimento, o mesmo ponto de uma seção

transversal da coluna aponta sempre para a parede do poço. No caso em que a amplitude da

vibração é muito grande, esse ponto toca a parede e as sucessivas rotações ocasionarão

desgaste. No caso do backward whirl, os movimentos de rotação e translação ocorrem no

sentido oposto. Esses movimentos submetem a coluna a momentos fletores que mudam

constantemente de sentido e intensidade.

5.1 Dinâmica de uma coluna de perfuração

A perfuração de um poço de petróleo, como dito anteriormente, é uma operação

complexa e, por isso, demanda uma complexa estrutura mecânica para sua execução. Pode-se

dividir os equipamentos de acordo com suas funções em cinco sistemas: de suspensão,

rotativo, de circulação, de controle e de monitoramento.

O sistema de suspensão é responsável pela suspensão de cargas no poço. Seus

principais componentes são os cabos, a catarina, o bloco de coroamento, o guincho e a torre

em si. A catarina é um conjunto de polias móveis que possibilita a movimentação da coluna de

perfuração e equipamentos. O bloco de coroamento também é um conjunto de polias.

Diferentemente da catarina, o bloco de coroamento não é móvel, se localiza na parte superior

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68

da torre e suporta todas as cargas transmitidas pelo cabo. O guincho é responsável pela

movimentação dos cabos para elevar e baixar cargas no poço. A torre é uma estrutura robusta

e alta o suficiente para suportar todas as cargas e torques exigidos pela operação de

perfuração.

O sistema rotativo, Figura 5.3, compreende os equipamentos que fornecem o

movimento de rotação à broca. Esse sistema é composto basicamente pela cabeça de injeção,

uma mesa rotativa ou top drive, os tubos de perfuração, os tubos pesados e os comandos. A

cabeça de injeção faz a interface entre os equipamentos rotativos e não rotativos. A mesa

rotativa fornece, para o sistema, o movimento de rotação. Em sondas mais modernas a mesa

rotativa é substituída pelo top drive. O top drive é um motor acoplado diretamente na catarina.

Seu uso, além de poupar espaço, possibilita a perfuração de três em três tubos, ao invés de um

em um como utilizando a mesa rotativa. Os tubos de perfuração são tubos de espessura fina,

que conectados compõem a coluna de perfuração responsável pela transmissão do torque do

motor para a broca. Os tubos pesados são tubos de maior espessura e, por isso, mais densos,

pois devem exercer peso sobre a broca. Os comandos são tubos de espessura intermediária,

para fazer a transição de rigidez entre a coluna e os tubos pesados. O conjunto formado pelos

comandos, broca e tubos pesados é chamado de Bottom Hole Assembly.

O sistema de circulação é responsável pela injeção e circulação do fluido de

perfuração para remoção dos cascalhos de dentro do poço. Esse sistema é composto por

bombas e mangueiras para injeção do fluido e tanques de armazenamento de fluido. Os

cascalhos são usados na obtenção de informações da formação rochosa para monitoramento

da operação de perfuração. O fluido de perfuração também tem a função de manter o

equilíbrio da pressão do poço.

O sistema de controle de poço é responsável pela segurança e, por isso, tem a função

de fechar o poço em casos de fluxos de fluidos para dentro do poço, ou ainda, uma situação

mais indesejável que é a ocorrência de um blowout, isto é, quando perde-se o controle da

pressão no poço e ocorre o fluxo descontrolado de fluidos da formação para a superfície.

O sistema de monitoramento do poço tem função direta de auxiliar no controle da

perfuração. Esse sistema é responsável por receber e registrar os parâmetros da perfuração

como a taxa de penetração, velocidade de rotação, pressões envolvidas, temperatura da lama,

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69

composição de cascalhos e utiliza as informações para controlar a operação, predizer e

prevenir possíveis problemas.

Figura 5.3: Esquema de coluna de perfuração.

5.1.1 Modelo matemático com n graus de liberdade

O modelo dinâmico contínuo da torção da coluna pode ser definido pela equação da

onda:

∂2 x , t ∂ t2 =cv

2 ∂2 x , t ∂ x2 (5.1)

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onde é o ângulo de rotação e depende da coordenada de comprimento x e do tempo t; cv é

referente à velocidade de propagação da onda na coluna e depende do módulo de

cisalhamento G e da massa específica ρ do material:

cv=G

(5.2)

Nesse modelo, no entanto, é muito complexa a adição das condições de contorno não

lineares e dos distúrbios. Além disso, para os tipos de carga analisados, geralmente não há

uma solução analítica dada com exceção de curvas de atrito específicas, (STEIDL, 2011). O

modelo abordado nesse trabalho, no entanto, é um modelo discretizado que foi abordado em

Kreuzer e Steidl (2012) no controle de vibrações torcionais por decomposições de ondas. A

coluna é dividida em n partes, onde cada parte tem uma inércia equivalente ao trecho

referente da coluna.

A dinâmica do sistema é, então, representada pela combinação de n sistemas

massa- mola-amortecedor acoplados. O top drive e o BHA são modelados como discos

rígidos e aparecem somente nas condições de contorno. A condição de contorno superior da

coluna é derivada do momento do top drive, enquanto que a condição de contorno inferior da

coluna, também é derivada do momento angular e depende da característica do atrito.

Para simulações numéricas a estrutura foi discretizada em 200 partes. A primeira parte

representa o momento de inércia do top drive (JTD) e o momento de inércia do BHA (JBHA). A

coluna é representada por 198 elementos iguais com momentos de inércia J2,...,J199. Os

elementos da coluna são modelados como vários sistemas massa-mola-amortecedor

acoplados, correspondentes à rigidez e ao amortecimento interno da coluna. As equações do

movimento são descritas a seguir com = .

M D K =g (5.3)

onde, M é a matriz de inércia, D é a matriz de amortecimento e K é a matriz de rigidez, com

M, D e K ∈ℝnxn .

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71

M=[ J td 0 0 ⋯ 00 J 2 0 ⋱ ⋮0 ⋱ ⋱ ⋱ 0⋮ ⋱ 0 J n−1 00 0 0 J BHA

] (5.4)

D=[d 1 −d 1 0 ⋯ 0−d 1 d 1d 2 −d 2 ⋱ ⋮

0 −d 2 ⋱ ⋱ 0⋮ ⋱ ⋱ d n−2d n−1 −d n−1

0 0 −d n−1 d n−1

] (5.5)

K=[k 1 −k 1 0 ⋯ 0−k1 k1k 2 −k 2 ⋱ ⋮

0 −k 2 ⋱ ⋱ 0⋮ ⋱ ⋱ k n−2k n−1 −k n−1

0 0 −k n−1 k n−1

] (5.6)

O vetor g(ω) contém todos os torques externos (top drive, atrito não linear ao longo da

coluna, atrito não linear no BHA). Os momentos de inércia Ji , os coeficientes de

amortecimento dj e a rigidez da coluna kj são dados por:

J j={J TD , j=1, I p⋅198 /l , j=2,...,199 ,J BHA , j=200.

(5.7)

d j={2 d G I p⋅198/ l , j=1,d G I p⋅198/ l , j=2,...,198 ,2 d G I p⋅198/ l , j=199.

(5.8)

k j={2G I p⋅198/ l , j=1,G I p⋅198/ l , j=2,...,198 ,2G I p⋅198/ l , j=199.

(5.9)

onde l, JBHA, JTD, di, Ip, G e ρ são, respectivamente, o comprimento da coluna de perfuração, o

momento de inércia do BHA, o momento de inércia do top drive, o amortecimento interno, o

momento polar de área, o módulo de cisalhamento e a massa específica do material dos tubos

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de perfuração.

O modelo representado pela equação (5.3) foi simulado com o comportamento de

atrito entre broca e formação, mostrado na Figura 4.6. O torque do top drive (TTD) é calculado

por uma lei de controle proporcional a diferença entre velocidade angular desejada d e

velocidade angular do top drive TD : T TD=K pd−TD . Os parâmetros utilizados na

simulação se encontram na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 - Parâmetros da simulação para n=200.

Comprimento da coluna de perfuração l 2000 mMomento de inércia do BHA JBHA 312 kg m²

Momento de inércia do top drive JTD 25 kg m²Ganho proporcional Kp 100000 Nms/rad

Amortecimento interno di 0,001 NsSegundo momento polar de inércia Ip 1,884 x 10-5 m4

Módulo de cisalhamento G 79,6 x 109 N/m²Massa específica do aço ρ 7850 kg/m³

No vetor de forças externas g(ω), o torque fornecido pelo top drive é alocado no

primeiro elemento e o torque causado pelo atrito no BHA loca-se no último elemento:

g =T TDTD ,0, ... ,0,−T BHABHAT (5.10)

A dinâmica da coluna pode ser observada na Figura 5.4. Observando as Figuras 5.5 e

5.6, pode-se facilmente verificar a ocorrência do stick-slip. Enquanto a velocidade do top

drive, l = 0 m, se mantém próxima a 15 rad/s (velocidade angular desejada, ωd), a velocidade

do BHA, l = 2000 m, se alterna entre momentos onde a velocidade é nula e momentos em que

a velocidade está muito acima da velocidade desejada.

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Figura 5.4: Dinâmica da coluna de perfuração (com n=200 graus de liberdade).

Figura 5.5: Velocidade angular no top drive.

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5.2 Controle por modos deslizantes de vibrações stick-slip em uma coluna

de perfuração

Os resultados que são apresentados a seguir, Figuras 5.6 e 5.7, ilustram as simulações

computacionais realizadas aplicando-se a lei de controle, equação (2.14), para o modelo da

coluna de perfuração de n graus de liberdade, equação (5.3). Foram escolhidos,

simetricamente, quatro pontos da coluna para serem controlados: top drive, 1/5, 3/5 e 4/5 do

comprimento l da coluna e BHA. A equação diferencial de 2ª ordem do modelo da coluna foi

dividida em duas equações diferenciais de 1ª ordem. Desta forma, podem ser simultaneamente

resolvidas pelo método de Runge-Kutta de 4ª ordem. Foi utilizada uma taxa de 1 kHz para o

simulador e 500 Hz para o controlador.

Figura 5.6: Velocidade angular no top drive da coluna com n=200 e controle SMC.

Os valores dos parâmetros λ e α para cada um desses pontos encontram-se na Tabela

5.2.

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Tabela 5.2 - Parâmetros do controlador para n=200.

Parâmetros Top

drivel 1

5 l 35

l 45

BHA

λ -12,5 -7,5 -1,5 4,5 9,5α -9,5 -7,5 -4,5 -2,0 0,5

Figura 5.7: Sinal de controle para a coluna com n=200 e controle SMC

Comparando-se as Figuras 5.5 e 5.6, observa-se uma significativa diminuição das

vibrações torcionais. Pode-se observar também, que a utilização controlador, Figura 5.6,

impede a ocorrência do stick-slip, visto que a broca não tem mais seu movimento

interrompido, não apresentando momentos com velocidade nula, como ocorre quando sem a

atuação do controlador, Figura 5.5. Na Figura 5.6 compara-se as velocidades angulares do top

drive com o BHA e na Figura 5.7 pode-se verificar o sinal de controle para essa simulação.

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Capítulo 6

6 CONTROLE SMC COM COMPENSAÇÃO NEURAL

Nas seções anteriores foi visto como funciona o controle SMC, como a função sinal

em sua estrutura pode causar o chaveamento excessivo do sinal de controle que é danoso a

algumas classes de sistemas mecânicos e como a utilização da função de saturação suaviza o

sinal de controle. Nas simulações demonstradas foi visto também que a utilização da função

sat(.) diminui o desempenho do controlador SMC.

Neste capítulo, as estruturas das RNA's, MLP e RBF apresentadas no capítulo 3 são

utilizadas para estimar as perturbações, d, no sistema de controle através da superfície de

deslizamento, equação (2.20), e adicionadas à lei de controle SMC, equação (2.26), de forma

compensadora, para devolver parte do desempenho perdido pela utilização da função de

saturação e sem a ocorrência das oscilações de alta frequência no sinal de controle. A nova lei

de controle com compensação neural é dada então pela equação (6.1).

u=− M s−1 [ f ssrk sat −1 s d ] (6.1)

onde d é a estimativa de d pela rede.

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77

6.1 Prova de estabilidade

Considere que a respeito de um determinado sistema mecânico tem-se somente um

conhecimento parcial de seu modelo matemático. Sabe-se então que para este sistema existem

incertezas relativas a matriz de inércia, M , nas forças aplicadas, f , e ainda perturbações

externas, , que devem ser levadas em conta. Desta forma, pode-se representar o sistema da

seguinte maneira:

MM q= f fu (6.2)

Para efeito de simplificação, todas as incertezas e perturbações externas são

relacionadas em um único vetor d da seguinte forma:

d= f−M q (6.3)

O vetor d também pode ser definido em relação as variáveis atuadas e não atuadas,

como d=[d aT du

T ]T . Desta forma as equações (2.3) e (2.4) de aceleração com incertezas são

reescritas como:

qa=M ' aa−1 f ' aud ' a (6.4)

qu=M ' uu−1 f ' u−M au

T M aa−1 ud ' u (6.5)

sendo d ' a=d a−M au M uu−1 du , d ' u=du−M au

T M aa−1 d a e d s=a M ' aa

−1 d a−u M ' uu−1 d ' u .

Algumas considerações devem ser levantadas para a validez da lei de controle:

Hipótese 1: A matriz de inércia M é simétrica, positiva definida e limitada para cada

q .

Hipótese 2: O vetor de perturbações d é desconhecido, porém limitado.

Hipótese 3: O vetor de coordenadas generalizadas q é disponível.

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Hipótese 4: A trajetória desejada qd é diferenciável em relação ao tempo. Além disso,

todos os componente de qd estão disponíveis e com limites conhecidos.

De acordo com as hipóteses 1 e 2, d ' a e d ' u também são limitadas, uma vez que a

e u são escolhidos pelo projetista da lei de controle. Desta forma, d s também é limitado.

Para lidar com as incertezas e perturbações relacionadas em d s , neste trabalho, é

proposta a adoção de uma compensação inteligente d . Cada componente d i é estabelecido

de acordo com as entradas fornecidas a rede neural.

O compensador inteligente é adicionado à lei de controle como mostrado na equação

(6.6).

u=− M s−1[ f s srk sgn s d ] (6.6)

onde k i∣d si− d i∣ sendo os componentes de k∈ℝ e uma constante positiva relativa ao

tempo de alcance das superfícies de deslizamento.

Para o sistema mecânico subatuado e incerto definido pelas equações de aceleração,

equações (6.4) e (6.5), a lei de controle, equação (6.6) garante a convergência dos erros de

rastreamento para as superfícies de deslizamento s q=0 .

Prova:

Considere a equação (6.7) positiva definida, escrita por:

V 1t =12

sT s (6.7)

Diferenciando a equação (6.7) uma vez no tempo temos:

V 1t =sT s (6.8)

Substituindo s :

V 1t =sT a qa u qu sr (6.9)

Sabe-se que qa=M ' aa−1 f ' aud ' a e qu=M ' uu

−1 f ' u−M auT M aa

−1 ud ' u , logo:

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79

V 1t =sT [ a M ' aa−1 f ' aud ' a u M ' uu

−1 f ' u−M auT M aa

−1 ud ' u sr] (6.10)

Que equivale a:

V 1t =sT f sd ss rM s u (6.11)

Substituindo a lei de controle u , equação (6.6):

V 1t =sT [d s−d−k sgn s ] (6.12)

mas k i∣d si− d i∣, assim:

V 1t −∥s∥ (6.13)

Desta forma, V 1t ≤V 10 e s é limitado e, de acordo com a equação (2.5),

s=a qaa qau quu qu=a qau qusr , o vetor q também é limitado. Além disso,

de acordo com as hipóteses s , integrando os dois lados desta equação obtêm-se:

limt∞∫0

t∥s∥dt≤lim

t∞[V 1[ t ]−V 1[0 ]]≤V 1[0 ]∞ (6.14)

Segundo o Lema de Barbalat s0 quando t∞ , garantindo, assim, a convergência

dos erros dos estados até a superfície de deslizamento (SLOTINE e LI, 1984).

A presença do termo descontínuo k sgn s na lei de controle provoca o efeito de

“chattering”. Este tipo de oscilação de alta frequência na variável de controle deve ser

evitada, pois pode excitar modos de vibração que não estão modelados no sistema mecânico,

adicionando assim mais incertezas à modelagem do sistema.

Uma solução para o problema do chattering, é a substituição da função descontínua

associada ao termo de robustez k, sgn(.), na lei de controle, por uma função suave de

saturação sat(.), dada pela equação (2.14),

u=− M s−1 [ f ssrk sat −1 s]

conforme discutido no capítulo 2..

Desta forma, fora da camada limite a lei de controle, equação (2.14), se comporta da

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80

mesma maneira que a lei de controle da equação (2.3),

u=− M s−1[ f s srk sgn s ]

o que demonstraria a atratividade da camada limite.

Esta afirmação pode ser confirmada matematicamente pelo Teorema I.

Teorema I: Considere o sistema mecânico subatuado, equação (2.1),

[M aa M au

M auT M uu][ qa

qu]=[ f auf u ]

sujeito às Hipóteses 1 e 2. Então, a lei de controle definida pela equação (2.14) garante a

convergência do erro dos estados para a camada limite ={q∈ℝn ∣∣si∣≤ i ,i=1, .. . ,m} .

Prova:

Seja a função positiva definida candidata Lyapunov V 2 definida como:

V 2t =12

sT s (6.15)

onde cada componente de s q é a distância entre si e sua camada limite:

s q=s−sat −1s (6.16)

Observe que s=s=0 na região e fora dela s=s , assim a derivada no tempo

de V 2 fora de se torna:

V 2t =sT s (6.17)

Substituindo s :

V 2t =sT a qa u qu sr (6.18)

Substituindo os valores de qa e qu :

V 2t =sT [ a M ' aa

−1 f ' aud ' a u M ' uu−1 f ' u−M au

T M aa−1ud ' u sr ] (6.19)

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logo:

V 2t =sT f sd s srM su (6.20)

Substituindo a lei de controle u , equação (2.14), e como sat −1 s =sgn s fora

de :

V 2t =sT [d s−d−k sgn s ]≤−∥s∥ (6.21)

Desta forma, V 2 t ≤V 20 e, portanto, s é limitado, por Barbalat s0 quando

t∞ .

6.1.1 Exemplo ilustrativo: Controle de pêndulo invertido utilizando SMC para

sistemas subatuados com compensação neural

Para ilustrar a metodologia do projeto do controlador e avaliar a performance do

controlador, as simulações feitas no exemplo 2.1.1 foram refeitas utilizando a lei de controle,

equação (6.1). Os resultados são apresentados nas Figuras 6.1, 6.2 e 6.3.

A rede neural utilizada, é uma rede de funções de base radial, com 21 neurônios na

camada intermediária. As funções de ativação são do tipo gaussiana, cujos centros foram

posicionados previamente e distribuídos simetricamente de acordo com o espaço de estados.

Para o ajuste dos pesos da camada de saída da rede RBF foi utilizado o método da matriz

pseudo inversa. A superfície de deslizamento s é utilizada para treinar a rede neural e

x , , x e são as entradas da rede neural. O objetivo da rede é fazer o sinal s convergir

para zero, s0 .

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82

Figura 6.1: Velocidade do carro pelo método SMC com a função de saturação e compensação

neural, com zona morta na entrada do controlador.

Figura 6.2: Ângulo do pêndulo sobre o carro pelo método SMC com a função de saturação e

compensação neural, com zona morta na entrada do controlador.

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83

Figura 6.3: Sinal de controle do pêndulo invertido sobre um carro pelo método SMC com a

função de saturação e compensação neural, com zona morta na entrada do controlador,.

Como pode ser observado nas Figuras 6.1 e 6.2 a lei de controle com o compensador

proposta permite ao sistema rastrear a trajetória desejada. Através da análise comparativa das

Figuras 6.1 e 6.2 com as Figuras 2.5 e 2.6, pode-se observar a melhora na performance do

controlador proposto, com a compensação neural em relação ao controlador utilizando

somente a técnica de modos deslizantes, Figuras 2.5 e 2.6. A redução do erro médio

quadrático da trajetória desejada é de 73%, enquanto que a do ângulo do pêndulo é de 55%.

6.2 Controle SMC de vibrações em uma coluna de perfuração com

compensação neural

Para ilustrar a metodologia do projeto do controlador e avaliar a sua performance, as

simulações feitas no item 5.2.2 foram refeitas utilizando a lei de controle, equação (6.1).

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84

A rede neural utilizada é uma rede de funções de base radial com 21 neurônios na

camada intermediária. As funções de ativação são do tipo gaussiana, cujos centros foram

posicionados previamente e distribuídos simetricamente de acordo com o espaço de estados. A

distribuição dos centros é feita de acordo com a Figura 6.4.

Figura 6.4: Distribuição dos centros em função do ciclo limite utilizada nas funções de base

radial.

Os pesos da camada de saída da rede RBF foram ajustados utilizado o método da

matriz pseudo inversa. A superfície de deslizamento s é o sinal enviado para treinar a rede

neural; d é a saída da rede; e TD ,BHA , TD , BHA são as entradas da rede neural. O objetivo

da rede é fazer o sinal s convergir para zero, s0 .

O resultado ilustrado na Figuras 6.5 é referente ao modelo da equação (5.7), utilizando

a lei de controle com compensação neural, equação (6.1). O sinal de controle para esta

simulação é apresentado na Figura 6.6. A taxa de amostragem é de 1000 Hz para o simulador

e 100 Hz para o controlador. Na solução numérica a equação diferencial de 2ª ordem do

modelo da coluna de perfuração foi convertida em um sistema de duas equações de 1ª ordem,

de modo que pudessem ser simultaneamente resolvidas pelo método de Runge-Kutta de 4ª

ordem. A matriz de massa utilizada na simulação tem incerteza de 15% em relação a matriz de

massa empregada no controlador e as variáveis de estado têm incerteza de 10%. Os

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85

parâmetros utilizados são os mesmos apresentados na Tabela 5.2.

Figura 6.5: Comparação das velocidade no top drive e no BHA da coluna utilizando a lei de

controle por SMC com compensação RBF.

Figura 6.6: Sinal de controle utilizando a lei de controle por SMC com compensação RBF.

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86

As simulações ilustradas nas Figuras 6.7 e 6.8 resultam da implementação das

equações (5.7) e (6.1), sob as mesmas condições das simulações anteriores, porém com adição

de uma rede MLP compensadora de uma camada oculta com 15 neurônios.

Figura 6.7: Comparação das velocidade no top drive e no BHA da coluna utilizando a lei de

controle por SMC com compensação MLP.

Figura 6.8: Sinal de controle utilizando a lei de controle por SMC com compensação MLP.

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87

Os resultados obtidos demonstram que a lei de controle com compensação

proporcionou melhoria do desempenho do sistema. Observa-se que o tempo necessário para o

inicio do movimento do BHA da lei de controle SMC foi de 3,7 s, a máxima velocidade

angular do BHA desenvolvida foi de 38 rad/s e para o top drive foi de 25 rad/s, Figura 5.6.

Para a lei de controle SMC com compensação RBF o tempo necessário para o inicio do

movimento do BHA foi de 3,0 s, a máxima velocidade angular do BHA desenvolvida foi de

37 rad/s e para o top drive foi de 27 rad/s, Figura 6.5. E para a lei de controle SMC com

compensação MLP o tempo necessário para o inicio do movimento do BHA foi de 2,3 s, a

máxima velocidade angular do BHA desenvolvida foi de 33 rad/s e para o top drive foi de 26

rad/s, Figura 6.7.

Para avaliar o desempenho do controlador coma a coluna de perfuração também foi

utilizado um índice de desempenho que pondera a média e a variância do sinal de controle e o

erro das variáveis de estado apresentado em Goodhart, (1994). Os valores dos índices de

desempenho foram calculados utilizando o sinal de controle e os erros no top drive e no BHA

são dados na Tabela 6.1.

Tabela 6.1 – Índices de desempenho das leis de controle.

Índices SMC SMC

+ RBF

SMC

+ MLP

Top drive 0,7422 0,6508 0,5398BHA 0,7257 0,6433 0,5474

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88

Capítulo 7

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho é abordado o problema de estabilização de vibrações stick-slip em

colunas de perfuração para prospecção de petróleo. As colunas de perfuração são sistemas

subatuados, seu comportamento dinâmico, discutido no capítulo 5, é não-linear devido a suas

características construtivas, acrescido de incertezas na modelagem, além das perturbações

causadas pelas irregularidades na estrutura da formação geológica.

As vibrações stick-slip, abordadas no capítulo 4, são modeladas em função do atrito no

contato da coluna e a formação. O atrito entre a broca e a formação é uma das pertubações

que tornam o controle desse sistema ainda mais complexo. Nesse sentido, no capítulo 6, é

apresentada uma metodologia de controle utilizando o controle SMC com compensação

neural para sistemas dinâmicos subatuados, não lineares e incertos, que apresentam o

stick- slip.

A lei de controle SMC é discutida no capítulo 2. Como visto, a troca da função sinal

por uma função suave para evitar a ocorrência do chattering diminuiu a performance do

controlador e, para compensar isso, propõe-se a adição de um termo compensador calculado

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89

por uma rede neural, sendo as redes candidatas para a estratégia de compensação discutidas

no capítulo 3.

Como citado no primeiro capítulo, em trabalhos anteriores foram demonstrados que a

combinação de técnicas de controle não linear com técnicas de inteligência artificial resultam

em controladores mais eficientes para sistemas SISO. Os resultados obtidos neste trabalho

comprovam que, assim como para sistemas SISO, a combinação do SMC com RNA's resulta

em um controlador mais eficiente no trato dos sistemas subatuados.

No capítulo 6, exemplo 6.1.1, o rastreamento da trajetória desenvolvida pelo carro teve

sua performance melhorada em 73% utilizando uma compensação neural calculada por uma

RBF, enquanto que o rastreamento do ângulo do pêndulo teve a performance melhorada em

55% utilizando como critério de avaliação o calculo do o erro médio quadrático.

Ainda no capítulo 6, no controle da coluna de perfuração, observou-se que ouve uma

pequena diminuição do tempo necessário para o inicio do movimento do BHA quando

utilizando a compensação neural, tanto RBF quanto MLP. As máximas velocidades angulares

desenvolvidas no top drive e no BHA também foram menores empregando a compensação. A

diminuição desses aspectos e dos índices de desempenho indicam, desta forma, que a

utilização da compensação inteligente melhora o desempenho da lei de controle SMC para

sistemas subatuados.

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