Upload
trinhmien
View
217
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL JUIZ DE FORA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
IMUNOLOGIA E DOENÇAS INFECTO - PARASITÁRIAS
Marjorie Raquel Anariba Sarmiento
AVALIAÇAO COMPARATIVA DO RESISTOMA CLINICO FECAL EM INDIVIDUOS EUTROFICOS, COM SOBREPESO E OBESOS
JUIZ DE FORA
2016
MARJORIE RAQUEL ANARIBA SARMIENTO
AVALIAÇÃO COMPARATIVA DO RESISTOMA CLÍNICO FECAL EM
INDIVIDUOS EUTRÓFICOS, COM SOBREPESO E OBESOS
Dissertação de Mestrado do Curso de
Pós-Graduação em Ciências Biológicas:
Área de Imunologia e Doenças Infecto-
Parasitárias, para obtenção do Título de
Mestre em Ciências Biológicas na área
de Imunologia e Doenças Infecto-
Parasitárias.
Orientação:
Prof. Dr. Cláudio Galuppo Diniz (Orientador) Co-orientadores:
Profa. Dra. Vania Lúcia Silva Profa Dra. Dioneia Evangelista Cesar
Dra. Alessandra Barbosa Ferreira Machado
JUIZ DE FORA
2016
DESENVOLVIMENTO
Laboratório de Fisiologia e Genética Molecular Bacteriana
Departamento de Parasitologia, Microbiologia e Imunologia
Instituto de Ciências Biológicas - Universidade Federal de Juiz de Fora
Laboratório de Ecologia e Biologia Molecular de Microrganismos
Departamento de Biologia
Instituto de Ciências Biológicas - Universidade Federal de Juiz de Fora
COLABORAÇÃO
Profa . Dra. Juliana Alves Resende
Departamento de Parasitologia, Microbiologia e Imunologia
Instituto de Ciências Biológicas - Universidade Federal de Juiz de Fora
Laboratório Côrtes Villela
Laboratório de Análises Clínicas
Juiz de Fora, MG
APOIO FINANCEIRO
FAPEMIG: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Bendiga Dios la pródiga tierra en que nací.
Há esperança... Nós somos a esperança.
AGRADECIMENTOS
Como posso retribuir ao Senhor toda a sua bondade para comigo? Só existe
agradecimento no meu coração pela maravilhosa oportunidade que eu tive, porque
Ele guiou-me cada segundo do caminho.
A mi familia, mis guerreros y mi mayor bendición. Gracias por su apoyo y amor
indicional, esta es sólo una muestra de que somos grandes y que nuestro pasado
no decide nuestro futuro,
A Héctor, mi compañero, mi amigo, mi amor. Gracias por haber hecho estos años
más ligeros y más felices, gracias por recordarme que todo es posible cuando uno
decide que así sea.
À Organização de Estados Americanos (OEA) e à Universidade Federal Juiz de
Fora, por ter aberto suas portas para mim, e me oferecer o maior presente: O
conhecimento.
Ao Professor Cláudio, professora Vania e professora Dionéia, obrigada por ter
acreditado em mim, mesmo sem me conhecer. Obrigada pela paciência e por abrir
meus olhos a uma perspectiva diferente da vida, podem ter certeza que cada
momento compartilhado é um tesouro para mim.
À Alessandra, Juliana, Carol, Michelle vocês são as melhores! Obrigada pela ajuda
infinita e pela amizade, vocês são uma inspiração para mim.
À Thaís e Francis; minhas companheiras de luta, obrigada pelo carinho e pela
paciência em cada dia de bancada.
À Bia, Bruna, Cinthia, Andresa, Lud, Aline; Deus escolheu vocês para serem anjos
no meu caminho, obrigada por tudo. Amo vocês!
Obrigada Brasil, seu lindo!
RESUMO
A obesidade é uma doença de grande impacto para saúde pública e está relacionada com alterações na fisiologia, com reflexo no intestino, sobretudo do ponto de vista ecológico. Nestas condições, alterações na estrutura da comunidade microbiana podem ocorrer, mas pouco se sabe sobre suas implicações no fenômeno da resistência aos antimicrobianos, que atualmente figura como uma grande ameaça à medicina moderna. É aceito que a microbiota intestinal atue como reservatório de genes de resistência. Por outro lado, a exposição a diferentes xenobióticos pode alterar a composição da microbiota e atuar como agente de pressão seletiva no intestino, selecionando bactérias resistentes. Considerando as alterações no estilo de vida, dieta e microbiota que acontecem em pacientes com excesso de peso, o objetivo desta pesquisa foi avaliar a ocorrência de marcadores genéticos representativos do resistoma clínico no metagenoma intestinal de indivíduos eutróficos, com sobrepeso e obesos, sem história de antibioticoterapia recente. Foram avaliados 72 pacientes classificados em eutróficos, com sobrepeso e obesos, de acordo com o IMC. Medidas antropométricas, avaliação sócio-demográfica e nutricional dos pacientes foi realizada. Reação em cadeia da polimerase (PCR) convencional a partir do DNA metagenômico fecal extraído foi utilizada para avaliar a presença de 59 genes de resistência pertencentes a diferentes famílias de antibióticos. A densidade de diferentes grupos bacterianos foi avaliada por hibridização fluorescente in situ (FISH). Do total de genes pesquisados, foram detectados 27 tipos de genes, dos quais 17 genes de resistência são compartilhados entre os três grupos (eutróficos, com sobrepeso e obeso), o que indica a presença de um núcleo comum no resistoma formado principalmente por genes de resistência a tetraciclinas e beta-lactâmicos. Além disso, o grupo com obesidade que apresentou maior quantidade de genes detectados e variedade de genes (176:26), em comparação com o grupo sobrepeso (145:21) e o grupo eutrófico (132:0). A análise da densidade bacteriana mostrou principalmente a presença de bastonetes Gram negativos anaeróbios, seguido por bastonetes Gram negativos e cocos Gram positivos, os quais estiveram aumentados no grupo obeso, especialmente para Escherichia coli e Acinetobacter. Foi calculada a proporção de genes de resistência em comparação com as espécies bacterianas, mostrando uma maior probabilidade do surgimento de genes de resistência para o grupo dos bastonetes Gram negativos. Foi realizado o análise de correlação (Odds Ratio) entre os genes de resistência o IMC, ingesta calórica, consumo de xenobióticos, e uso de edulcorantes, e uma correlaçao positiva entre o surgimento dos genes de resistência e esses fatores foi observada. Os resultados sugerem que fatores relacionados ao excesso de peso como o IMC, dieta e a exposição a diferentes xenobióticos afetam a composição da microbiota intestinal, permitindo uma maior probabilidade da ocorrência de marcadores genéticos de resistência a drogas antimicrobianas no metagenoma fecal. Palavras-chave: microbiota intestinal, obesidade, resistência aos antibióticos
ABSTRACT
Obesity is a disease of great impact to public health and is related to changes in physiology, reflected in the gut, especially from an ecological point of view. Under these conditions, changes in microbial community structure may occur, but little is known about its implications in the antimicrobial resistance phenomenon, which currently ranks as a major threat to modern medicine. It is accepted that the intestinal microbiota acts as resistance genes reservoir. Moreover, exposure to different xenobiotics can change the composition of the microbiota and act as an agent of selective pressure in the intestine selecting resistant bacteria. Considering the changes in lifestyle, diet and microbiota that happen in overweight patients, the objective of this research was to evaluate the occurrence of genetic markers representative of the clinical resistoma in the gut metagenome of normal weight, overweight and obese individuals, with no history of recent antibiotic therapy. 72 patients were evaluated and classified as normal weight, overweight and obese according to BMI. Also, anthropometric, sociodemographic and nutrition evaluation of patients was performed. Conventional polymerase chain reaction (PCR) from the fecal metagenomic DNA extracted was used to assess the presence of 59 resistance genes belonging to different families of antibiotics. The density of different bacterial groups was assessed by fluorescence in situ hybridization (FISH). Of the total surveyed genes were detected 27 types of genes, of which 17 resistance genes are shared among the three groups (normal weight, overweight and obese), which indicates the presence of a common core in resistoma mainly made up of genes that confere resistance to tetracyclines and beta-lactams. Moreover, the obese group presents the highest amount of detected genes and variety of genes (176:26), compared to the overweight (145:21) and eutrophic group (132:0). The bacterial density analysis showed mainly the presence of Gram negative anaerobes, followed by Gram negative rods and Gram positive cocci, which were increased in the obese group, particularly Escherichia coli and Acinetobacter baumannii. Also, was calculated the ratio of resistance genes in comparison with the bacterial species showing more likely the emergence of resistance genes for the group of Gram negative rods. We performed the correlation analysis (odds ratio) between resistance genes BMI, caloric intake, consumption of xenobiotics, and use of sweeteners, and a positive correlation between the emergence of resistance genes and these factors was observed. The results suggest that factors related to overweight as BMI, diet and exposure to different xenobiotics affect the composition of the intestinal tract, allowing for a greater likelihood of genetic markers of antimicrobial drug resistance in fecal metagenome.
Keywords: Antimicrobial resistance, intestinal microbiota, gut, faecal resistome
LISTA DE ILUSTRAÇOES Pág
Fluxograma 1: Representação esquemática da estratégia experimental para o
estudo de ocorrência de genes de resistência bacterina às drogas no metagenoma
intestinal de indivíduos eutróficos, com sobrepeso e obesos e sua correlação com
ocorrência de grupos bacterianos de interesse e características antropométricas,
sociodemográfica e nutricional dos indivíduos. 39
Quadro1. Agrupamento dos marcadores de resistência a drogas antimicrobianas
avaliados e os grupos bacterianos relacionados a eles. 54
Figura 2. Média da ingestão de grupos de macronutrientes pelos indivíduos dos
grupos em estudo. 59
Figura 3. Distribuição de medicamentos e suplementos alimentares em uso pelos
indivíduos dos grupos em estudo, segundo declaração durante o inquérito
nutricional. 60
Figura 4. Distribuição de edulcorantes em uso pelos indivíduos dos grupos em
estudo, segundo declaração durante o inquérito nutricional. 61
Figura 5. Avaliação comparativa da quantidade de marcadores genéticos de
resistência a drogas antimicrobianas amplificados a partir metagenoma fecal,
representativo do resistoma clínico dos indivíduos. 62
Figura 6. Distribuição de marcadores genéticos de resistência a drogas
antimicrobianas avaliados a partir metagenoma intestinal, representativo do
resistoma clínico de indivíduos eutróficos, com sobrepeso e obesos. 63
Figura 7. Ocorrência de marcadores genéticos, por grupo farmacológico de drogas
antimicrobianas, entre os diferentes grupos, amplificados a partir metagenoma
intestinal representativo do resistoma clínico de indivíduos eutróficos, com
sobrepeso e obesos. 64
Figura 8. Diagrama de Venn com a distribuição dos marcadores genéticos de
resistência a drogas antimicrobianas amplificados a partir metagenoma fecal,
representativo do resistoma clínico dos indivíduos. 65
Figura 9. Densidade bacteriana relativa detectada a partir do metagenoma fecal, de
indivíduos eutróficos, sobrepeso e obesos. 66
Figura 10. Densidade bacteriana relativa dos diferentes grupos taxonómicos
detectados a partir do metagenoma fecal, de indivíduos eutróficos, sobrepeso e
obesos. 67
LISTA DE TABELAS Pág
Tabela 1. Oligonucleotídeos iniciadores utilizados 45
Tabela 2. Marcadores específicos utilizados para análise da composição da
comunidade bacteriana por FISH 52
Tabela 3. Características sócio-demográficas dos participantes 56
Tabela 4. Características antropométricas dos participantes 57
Tabela 5. Correlação entre os parâmetros nutricionais dos pacientes
e os marcadores de resistência detectados 65
Tabela 6. Razão entre o número de detecções de marcadores de resistência a
drogas antimicrobianas no metagenoma fecal de indivíduos eutróficos, com
sobrepeso e obesos, e a frequência relativa da densidade dos diferentes grupos
bacterianos associados a esses marcadores. 69
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
DNA: Ácido desoxirribonucleico
DAPI: 4',6-diamidino-2-phenylindole
EDTA: Ácido etilenodiamino tetra-acético
FISH: Fluorescent In Situ Hybridization (Hibridação Fluorescente In Situ)
HDL: High density lipoprotein
ICB: Instituto de Ciências Biológicas
IMC: Índice de masa corporal
LDL: Low density lipoprotein
LPS: Lipopolissacarídeo
MG: Minas Gerais
MLS: Macrolídeos, lincosamida e streptoGramina
PCR: Reação em cadeia da polimerase
QQFA: Questionário de frequência alimentar
TBE: Tris Borato EDTA
UFJF: Universidade Federal Juiz de Fora
UV: Ultra Violeta
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO………………………………………………………………………….13
2 REVISÃO DE LITERATURA…………………………………………………………..16
2.1 Microbiota Intestinal: homeostase e disbiose ................................................. 16
2.2 Antimicrobianos e Resistência Bacteriana ..................................................... 20
2.2.1 O Resistoma ............................................................................................ 23
2.2.3 O Resistoma fecal .................................................................................... 25
2.3 Obesidade ...................................................................................................... 28
2.4 Obesidade e microbiota intestinal .................................................................. 30
2.4 Metabólitos e Xenobióticos no Intestino ......................................................... 32
2.5 Justificativa .................................................................................................... 35
3 OBJETIVOS …………………………………………………………………………….37
3.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 37
3.2 Objetivos Específicos ................................................................................. 37
4 MATERIAIS E MÉTODOS…………………………………………………………….39
4.1 Delineamento Experimental ........................................................................... 39
4.2 Seleção de pacientes, coleta e preparo de amostras. ................................... 40
4.3 Extração de DNA das amostras fecais. .......................................................... 42
4.3 Detecção dos genes de resistência ............................................................... 43
4.4 Avaliação quantitativa e qualitativa das espécies bacterianas por hibridização
fluorescente in situ (FISH). ................................................................................... 50
4.5 Análise estatística .......................................................................................... 53
5 RESULTADOS………………………………………………………………………….55
5.1 Características Sócio-demográficas, antropométricas e nutricionais dos
participantes ......................................................................................................... 55
5.2 Detecção de marcadores genéticos de resistência a antimicrobianos ........... 62
5.3 Avaliação quantitativa de espécies bacterianas por FISH ............................ 66
5.4 Relação entre os parâmetros clínico-epidemiológicos e nutricionais,
distribuição de grupos bacterianos e os marcadores de resistência a drogas
observados nos metagenomas obtidos................................................................68
7. DISCUSSÃO…………………………………………………………………………..70
8 CONCLUSSOES……………………………………………………………………...79
9 REFERENCIAS…………………………………………………………………………80
8
Anexos…………………………………………………………………………………..100
8.1 Anexo 1: Parecer Cosubstanciado do
CEP…………………………………….100
8.2 Anexo 2: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .............................. 102
8.3 Anexo 3: Ficha de anamnese e dados cadastrais........................................ 104
8.4 Anexo 4. Questionário quantitativo de frequência alimentar ........................ 107
13 1 INTRODUÇÃO
Os avanços científicos relacionados ao estudo dos microrganismos
associados a superfícies internas e externas de hospedeiros, definidos como
microbiota residente, tem permitido uma compreensão mais profunda do papel
desses microrganismos na manutenção do estado geral de saúde dos seus
hospedeiros. Neste contexto, sabe-se que a microbiota intestinal participa de várias
funções vitais para a fisiologia de seres humanos e outros animais. Além disso, a
microbiota coexiste em um ambiente extremamente complexo, com relações
ecológicas bem definidas entre os procariotos, células intestinais e o
comportamento do hospedeiro, representado pela sua fisiologia e pelo fluxo de
substâncias ou seus metabólitos, que atuam como substrato para estes
microrganismos anfibiônticos.
A análise da microbiota intestinal permitiu ainda estabelecer grupos bacterianos
relativamente fixos em determinadas condições fisiológicas nesse ambiente, e os
benefícios que estão associados a eles. No entanto, esta relação benéfica pode ser
afetada se a microbiota é alterada. Esta condição de quebra na homeostase é
conhecida como disbiose, e pode ser causada por vários fatores, como a dieta,
localização geográfica e principalmente o uso de antibióticos. Além disso, a disbiose
pode estar associada com o desenvolvimento de diferentes doenças, tais como o
diabetes, a síndrome metabólica e obesidade.
O ecossistema intestinal representa um ambiente polimicrobiano susceptível a
ação de diferentes xenobióticos, como as drogas antimicrobianas, cuja exposição em
níveis terapêuticos ou sub-terapêuticos pode influenciar na seleção de marcadores de
resistência. Como um todo, o conjunto dos marcadores de resistência presentes em
14 uma dada população microbiana é definido como resistoma e os genes de resistência
a antibióticos de importância clinica é conhecido como o resistoma clínico, e seu
estudo é fundamental para compreensão do papel dos diferentes ecossistemas como
reservatórios de resistência, e as condições que levam às diferentes formas de
pressão seletiva, que contribuem para sua persistência na ausência de
antimicrobianos, o que pode impactar a terapêutica em situações de doenças
infecciosas.
Atualmente, a contenção do fenômeno da resistência aos antibióticos
representa um dos grandes desafios na saúde pública, de acordo com dados da
Organização Mundial da Saúde. Assim, o estudo dos fatores relacionados à
resistência aos antimicrobianos e seus reservatórios é fundamental e poderá permitir
melhor entendimento sobre a origem, causas e fatores ambientais envolvidos na
propagação deste fenômeno, o que poderá contribuir no desenvolvimento de novas
estratégias, medicamentos e medidas de controle que permitam um futuro melhor
para a população em geral.
Embora o intestino seja descrito como um dos maiores reservatórios de genes
de resistência, e constitui um ambiente propício para a transferência desses
marcadores entre bactérias, a influência de condições fisiológicas do hospedeiro que
resultem em rompimento da homeostase intestinal, como a obesidade, permanece
ainda não elucidada. Estudos recentes apontam a microbiota intestinal como
importantes componentes participantes da fisiopatologia da obesidade, à medida que
os microrganismos atuam no superávit energético para o hospedeiro, interferem com
a permeabilidade intestinal, com o trânsito e degradação de substâncias,
especialmente no intestino grosso, além de modularem localmente e sistemicamente
padrões imunológicos do hospedeiro.
15
Neste sentido, considerando-se a necessidade de contenção do fenômeno da
resistência bacteriana às drogas e o entendimento da influência das condições
fisiológicas que possam estar relacionadas a este fenômeno; é necessário o
conhecimento de fatores bióticos e abióticos que possam atuar como fatores de
pressão seletiva para seleção e persistência de marcadores de resistência. Essa
abordagem pode contribuir para novas estratégias terapêuticas e a minimização dos
impactos associados.
Neste estudo, com uma abordagem independente de cultivo, pretendeu-se
investigar a influência do estado de obesidade na persistência de marcadores
genéticos de resistência a drogas antimicrobianas no ecossistema intestinal,
representado pelo metagenoma fecal, comparativamente em indivíduos eutróficos,
com sobrepeso e obesos.
16 2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Microbiota Intestinal: homeostase e disbiose
O corpo humano depende da presença dos microrganismos para desenvolver
características fisiológicas essenciais para a sua sobrevivência, co-evoluindo e
mantendo a estabilidade e o equilíbrio ecológico dinâmico com a população
microbiana. A maioria desses microrganismos é residente, e são definidos como
populações microbianas de maior ou menor complexidade, estáveis em determinadas
áreas anatômicas, considerando-se idade, fisiologia e o comportamento dos
hospedeiros (XU e GORDON, 2003; GRICE e SEGRE 2012).
Esses microrganismos, também chamados de microbiota residente, indígena
ou autóctone, possuem importantes funções para a saúde dos hospedeiros, uma vez
que atuam como barreiras contra instalação de microrganismos patogênicos,
modulam o sistema imunológico, produzem ou degradam substâncias prejudiciais ou
úteis aos hospedeiros, e, ainda, podem participar do seu metabolismo energético
(QIN et al., 2010).
Como um todo, o chamado microbioma, que compreende o total de genes da
microbiota de um dado indivíduo, contém genes responsáveis por funções
bioquímicas essenciais para a fisiologia do hospedeiro. É considerado um órgão
multifuncional adquirido, e coexiste, assim, em uma relação homeostática com seu
hospedeiro (O’HARA e SHANAHAN, 2006; HOOPER, LITTMAN e MACPHERSON,
2012).
Nos seres humanos e outros animais de sangue quente, o trato gastrintestinal
representa um ecossistema peculiar de interação entre microbiota e seus hospedeiros
17 pela quantidade e diversidade de microrganismos nas diferentes porções anatômicas.
Neste sítio, observam-se diferentes formas de pressão seletiva e aporte nutricional
disponíveis para os microrganismos, cuja população microbiana é estimada em 100
trilhões de células (LEY, PETERSON e GORDON, 2006). O cólon está associado ao
maior número e diversidade de microrganismos, com estimativas de 1011 – 1012 cél/ml
do conteúdo intestinal (WHITMAN, COLEMAN e WIEBE, 1998). Além disso, acredita-
se que esses microrganismos, em conjunto, totalizem em seus genomas em torno de
150 vezes mais genes do que o genoma humano (SOMMER e BACKHEAD, 2013).
A microbiota intestinal exerce várias funções sobre a fisiologia de seu
hospedeiro, tais como: (i) processamento de componentes alimentares não digeríveis,
principalmente carboidratos, que são convertidos em ácidos graxos de cadeia curta
(acetato, propionato, butirato) (QUIN et al., 2010; SCHEPPACH, 1994); (ii) síntese de
fatores nutricionais, tais como vitaminas e aminoácidos (TAN e O’TOOLE, 2015); (iii)
processamento de xenobióticos; (iv) desenvolvimento e maturação do sistema imune
(KABAT, SRINIVASAN e MALOY, 2014); (v) renovação do epitélio intestinal e
manutenção da sua integridade; (vi) e resistência à colonização (SOMMER e
BACKHEAD, 2013). Além disso, acredita-se que a microbiota intestinal possua outras
funções ainda não bem estabelecidas, como papel auxiliar na síntese de metabólitos
disponibilizados aos hospedeiros (FISCHBACH, WALSH e CLARDY, 2007).
No intestino, a variabilidade taxonômica microbiana, entretanto, é maior que a
variabilidade funcional. Acredita-se que o número de espécies bacterianas varia entre
1.000 e 1.500, das quais 160 são amplamente compartilhadas, definindo-os como um
"núcleo comum" entre os indivíduos adultos com microbiota estável (QUIN et al 2010).
Nesta situação, a microbiota intestinal estável nos seres humanos é representada,
majoritariamente, pelos filos Bacteroidetes (20-25%), Firmicutes (60–65%),
18 Proteobacteria (5-10%), Actinobacteria (3%), e em menor quantidade, bactérias do filo
Verrucomicrobia e Fusobacteria (WOPEREIS et al., 2010 ; ROSENBAUN, KNIGHT e
LIEBEL, 2015). Apesar disso, todas as funções necessárias são realizadas no trato
gastrintestinal, o que indica que essas variações não afetam funcionalmente o
microbioma. Porém, essas diferenças podem afetar a eficácia da função realizada
(MARCHESI et al., 2015). Além disso, microbiota intestinal apresenta um caráter
anfibiôntico e pode estar associada a doenças infecciosas de origem endógena,
geralmente polimicrobianas, em situações de desequilibro ou ao alcançar sítios não
colonizados (UNDERWOOD, 2014; AL-SAFFAR et al., 2015). Já foi demostrado que
as alterações na microbiota (disbiose) também têm um papel importante no
aparecimento de várias doenças, não só no intestino, mas também em órgãos
distantes, como resultado da ruptura do equilíbrio na comunidade microbiana e na
homeostase atingida pelo hospedeiro (SUN e CHANG, 2014; BEIRAO et al., 2014).
Esse desequilíbrio, conhecido como disbiose, é um termo que foi utilizado pela
primeira vez em 1900 por Elie Metchnikoff para descrever alterações na fisiologia dos
hospedeiros em função de mudanças na microbiota. De acordo com Hawrelak e
Myers (2004), a disbiose pode afetar o hospedeiro devido a: (i) mudanças qualitativas
e quantitativas na microbiota; (ii) alterações em suas atividades metabólicas e; (iii)
alterações na distribuição das bactérias no intestino, o que resulta em mudanças na
diversidade e metabolismo bacteriano, com aumento de bactérias potencialmente
patogênicas.
A disbiose está associada a muitas doenças importantes, como câncer de
cólon, doença inflamatória intestinal, enterocolite necrotizante, síndrome metabólica,
doenças reumáticas, alergias, doenças cardíacas, asma, ovário policístico, diabetes,
esquizofrenia e obesidade (RUSELL et al., 2012; TREMELLEN e PEARCE, 2012;
19 ZHANG e ZHANG, 2013; SEVERANCE et al., 2013; UNDERWOOD, 2014;
BIEDERMANN e ROGLER, 2015). Portanto, é aceito que o conhecimento gerado
através do estudo da microbiota intestinal e as doenças relacionadas a sua alteração
poderá servir para um melhor conhecimento da fisiopatologia das doenças e
desenvolvimento de novas ferramentas e estratégias de prevenção, diagnóstico e
tratamento (NICHOLSON, HOLMES e WILSON, 2005).
Estudos recentes sobre composição e função da microbiota intestinal utilizaram
como parâmetro populações indígenas peculiares, como os índios da tribo Yanomami
na Amazônia venezuelana, os quais não tinham tido contato anterior com pessoas
fora da sua comunidade. Os autores demostraram a maior diversidade e
funcionalidade genética descrita em um grupo humano, indicando o impacto da vida
moderna das populações humanas na microbiota (CLEMENTE et al., 2015). Assim,
acredita-se que a microbiota residente é dinâmica e, como outros componentes
microbianos autóctones, pode ser influenciada por fatores como sexo, a idade, região
geográfica, condição imunológica e comportamento. Acredita-se ainda, que esses
fatores possam afetar a simbiose entre a microbiota e seu hospedeiro, alterando a
fisiologia do hospedeiro, e consequentemente, seu estado geral de saúde. Em alguns
casos, pode contribuir negativamente, tanto local, como sistemicamente (PHAM e
LAWLEY, 2014; YATZUNENKO et al., 2012).
O desenvolvimento e diversificação da microbiota intestinal é um processo
complexo que começa com o nascimento. A colonização inicial é crucial para o
desenvolvimento e maturação das características do sistema imunológico, de modo
que doenças tais como asma, diabetes e obesidade podem estar relacionadas com
mudanças na microbiota (COX et al., 2014; WOPEREIS et al., 2014; RUSSELL et al.,
2012). Estudos de análise do mecônio e da placenta tem mostrado a presença de
20 DNA de bactérias do gênero Bifidobacterium de procedência intestinal, o que sugere
uma transferência vertical deste material e o começo dos estímulos bacterianos no
corpo humano antes do nascimento (JIMENEZ et al., 2008; SATOKARI et al., 2009).
Após o nascimento, a implantação da microbiota, tanto qualitativamente quanto
quantitativamente, está relacionada, sobretudo, ao modo de alimentação do recém-
nascido e ao ambiente que ele vive (FALLANI et al., 2011). Theodore Escherich, um
dos pioneiros no estudo da microbiota em crianças, mostrou que a colonização
intestinal está diretamente relacionada com o meio ambiente nas primeiras 3 -24
horas após o nascimento, e modifica-se ao longo do desenvolvimento da criança
(SHULMAN, FRIEDMANN e SIMS, 2007). Assim, a microbiota vai se diversificando
cada vez mais, até alcançar uma microbiota mais estável e próxima à da vida adulta,
sendo estabelecida em torno de 2,5 anos (KOENIG et al., 2010).
2.2 Antimicrobianos e Resistência Bacteriana
Antimicrobianos são compostos que matam (bactericidas) ou inibem o
crescimento do microrganismo (bacteriostáticos). O termo antimicrobiano inclui
compostos produzidos naturalmente pelos microrganismos como moduladores nas
comunidades microbianas (antibióticos) e também compostos sintéticos ou semi-
sintéticos ou produzidos pela indústria farmacêutica (quimioterápicos). A resistência
antimicrobiana é a capacidade que os microrganismos tem de se multiplicar em
presença de drogas antimicrobianas, em concentrações iguais ou superiores às doses
terapêuticas (WHO, 2001).
De acordo com Gillings e Stokes (2012), os antibióticos representam diversas
famílias estruturais e moleculares com a capacidade de inibir o crescimento
21 bacteriano em altas concentrações. São considerados moléculas sinalizadoras e de
comunicação bacteriana, e só tem funções antimicrobianas em concentrações muito
mais altas do que aquelas necessárias para desempenhar a sua função original
(DANTAS, 2008). Seus efeitos podem ser diferentes dependendo das concentrações
em que se encontram no ambiente, e esta característica é definida como hormese
(ROMERO et al., 2011).
A maioria dos antibióticos são produtos secundários do metabolismo
bacteriano, e sua síntese é ativada durante momentos de estresse, como escassez
de nutrientes, ativando as vias metabólicas que produzem estes metabólitos . Nos
diferentes ecossistemas, a função destas moléculas pode variar desde matar ou inibir
os competidores até modular o crescimento e a morfologia bacteriana (DEMANECHE
et al., 2008).
Análises dos genomas bacterianos sugerem que apenas 1% do arsenal
antimicrobiano entre os microrganismos foi descrito, e a maior parte destas
substâncias são naturalmente produzidas nos processos fisiológicos microbianos
(FISCHBACH, 2009; OSBOURN, 2010). Os grupos de genes (clusters) que codificam
esses metabólitos podem não ser expressos (crípticos) em condições de laboratório
que não forneçam as condições para desencadear sua expressão (FISCHBACH,
2009).
O solo, um dos maiores reservatórios de resistência, é ao mesmo tempo o
hábitat de bactérias produtoras de antibióticos, principalmente bactérias do gênero
Actinomyces, que são as responsáveis pela produção de 80% dos antimicrobianos
utilizados na prática clínica (D’COSTA, GRIFFITHS e WRIGHT, 2007).
Paradoxalmente, as bactérias que vivem nestes ambientes coexistem na presença de
doses sub-terapêuticas de antibióticos, utilizando-os como vias de comunicação e
22 regulação genética entre espécies. Além disso, concentrações sub-terapêuticas de
alguns antimicrobianos, como os beta-lactâmicos e aminoglicosídeos, podem induzir a
produção de biofilmes (ROMERO et al., 2011), e sugere-se que as bactérias tem
diversificado seu repertório genético para responder eficazmente a certas moléculas,
dependendo do ambiente em que se encontram (WRIGHT, 2007).
Do ponto de vista biotecnológico e médico, os antimicrobianos são,
provavelmente, o recurso quimioterapêutico de maior sucesso desenvolvido no século
XX. Desde a sua instituição como suporte terapêutico, as drogas antimicrobianas têm
reduzido a mortalidade, mas não a persistência de doenças infecciosas. Além disso,
esses agentes antimicrobianos sejam naturais ou sintéticos apresentam efeitos
ecológicos (OSBOURN, 2010), principalmente atuando como agentes de pressão
seletiva, que aliada à habilidade de rápida replicação das bactérias e da transferência
horizontal de genes, faz da multirresistência bacteriana um fato inevitável (WRIGHT,
2007). Assim, a disseminação de genes de resistência aos antimicrobianos é um
problema global de saúde pública (FAO/OIE/WHO, 2003; ASM, 2009).
A introdução da penicilina no início dos anos 40, indicada na terapêutica de
infecções estafilocócicas, marca o início de uma nova era (TAVARES, 2000). No
entanto, linhagens do gênero Staphylococcus resistentes à penicilina foram
rapidamente detectadas, e dez anos depois, cerca de 50 a 60% dos isolados
tornaram-se resistentes (CDC, 2002; LIVERMORE, 2003)
O fenômeno da multirresistência aos antimicrobianos é uma das principais
características observadas entre linhagens bacterianas hospitalares, e têm incluído
além da resistência à oxacilina e a outros beta-lactâmicos, também a resistência à
eritromicina, clindamicina, tetraciclina, clorafenicol, rifampicina, aminoglicosídeos e
quinolonas (PEACOCK, 2005). Os microrganismos podem ser resistentes por
23 mecanismos intrínsecos ou adquiridos (POIREL, BONINN e NORDMANN, 2011),
resistência adaptativa (BRAOUDAKI e HILTON, 2004), co-resistência (SCHWABER et
al., 2005) e resistência cruzada (CHUANCHUEN et al., 2001).
Atualmente, microrganismos conhecidos como "super bactérias" tais como
Staphylococcus aureus MRSA, Acinetobacter baumannii e Klebsiella pneumoniae
KPC, causam milhares de mortes por ano, tornando a resistência bacteriana aos
antimicrobianos um grave problema de saúde pública (WHO, 2014; CARLET et al.,
2012).
2.2.1 O Resistoma
O desenvolvimento de técnicas microbiológicas independentes de cultivo
revelou uma nova abordagem para o conhecimento dos determinantes genéticos
relacionados à resistência aos antibióticos (GRICE e SEGRE, 2012), e revelou o
impacto que tem produzido o surgimento deste fenômeno (GILLINGS e STOKES,
2012). As terapias antimicrobianas foram concebidas para tratar os agentes
patogênicos em situações específicas, mas a sua utilização tem um impacto
ambiental significativo, cujo principal efeito é atuar como um agente de pressão
seletiva, motivando a evolução dos microrganismos em direção à resistência. Além
disso, outros agentes antimicrobianos, como biocidas e desinfetantes, também
desempenham essa função (GILLINGS, PAULSEN e TETU, 2015). Porém, o
surgimento de genes de resistência em ambientes que não são afetados diretamente
pela presença de antibióticos ainda não é claro (SENGUPTA, CHATTOPADHYAY e
GROSSART, 2013)
24
O microbioma humano interage com o pangenoma bacteriano, é a totalida de
genes presentes em todos os genomas de todos os procariotas na biosfera
(GILLINGS, 2013), e alguns autores descreveram que a troca genética é tão intensa
que o mundo bacteriano pode ser visto como um grande organismo multicelular, no
qual as células trocam seus genes com facilidade (LEVY, 1998). A porção do
pangenoma que contém os genes de resistência destes microrganismos é chamado
resistoma, e inclui todas as bactérias, sejam patogênicas ou comensais, em qualquer
ambiente do planeta. (FORSLUND et al., 2014) e os genes de resistência à
antibióticos de importância clínica que estão dentro do resistoma, são definidos como
o clínico. Análises metatranscriptômicas realizadas por Versluis et al. (2015)
mostraram a expressão de genes de resistência em condições naturais, em diferentes
ambientes e cuja presença não está relacionada com a presença de metabólitos
secundários relevantes, e que constituem um reservatório importante para bactérias
patogênicas.
O resistoma pode ser classificado em intrínseco e ambiental. O resistoma
intrínseco refere-se aos genes chamados de pré-resistência, que fazem parte das vias
metabólicas bacterianas e que eventualmente podem participar na resistência aos
antibióticos. Além disso, também podem tornar-se genes de resistência reais sob a
pressão seletiva adequada. Uma vez que estes determinantes atingem ambientes
humanos ou relacionados com atividades humanas, como resultado da contaminação
por xenobióticos, sofrem uma aceleração no seu processo de seleção, tornando-se
genes de resistência (PERRY e WRIGHT, 2014). Portanto, o conceito de resistoma
intrínseco permite expandir nossa compreensão dos mecanismos de resistência
potenciais e também como os efeitos na produção de antibióticos influenciam o
25 desenvolvimento destes mecanismos, atuando como agentes selecionadores
(FAJARDO et al., 2008).
O resistoma ambiental constitui um grande reservatório de resistência aos
antibióticos e está distribuído globalmente, mesmo em lugares sem atividade humana.
D’costa et al. (2006) mostraram que diferentes espécies de Actinomycetes são
resistentes a todos os tipos de antibióticos disponíveis comercialmente, incluindo os
mais recentes. Isso demonstra que estes determinantes existem há muito tempo e
que podem ser transferidos no seu ambiente por meio de mecanismos de
transferência horizontal (PERRY, WESTMAN e WRIGHT, 2014). Essa seleção será
acelerada na presença de ambientes com atividades humanas (GALAN et al., 2013).
2.2.3 O Resistoma fecal
A administração de antibióticos é capaz de produzir alterações profundas na
microbiota intestinal, principalmente a perda de diversidade microbiana e da
resistência à colonização. Os sítios disponíveis podem ser ocupados por bactérias
resistentes que previamente encontravam-se em baixas concentrações, ou até
mesmo por bactérias patogênicas. Os efeitos dessas alterações dependerão de
fatores como o espectro do agente antimicrobiano; a dose e duração do tratamento; a
via de administração e as propriedades farmacocinéticas da droga (JERNBERG et al.,
2010). Fouhyi et al. (2012) demostraram que recém-nascidos tratados com
gentamicina e ampicilina apresentaram diminuição de bactérias benéficas do
intestino, como as bifidobactérias e lactobacilos, que foram substituídas por
proteobactérias, ricas em elementos genéticos móveis envolvidos na resistência aos
antibióticos (BAQUERO, TEDIM e COQUE, 2013).
26
As bactérias que habitam normalmente o intestino de seres humanos e de
outros animais carreiam a maioria dos determinantes genéticos. Este reservatório de
genes de resistência aos antibióticos denomina-se resistoma fecal, que é definido por
Dantas e Sommer (2012) como um sistema aberto que é alterado constantemente
pela transferência de determinantes de resistência entre as espécies bacterianas por
meio de elementos genéticos móveis. Este processo é agravado pelo tratamento oral
com antibióticos de amplo espectro, que tem efeito também nas bactérias comensais,
enriquecendo o reservatório de genes de resistência disponível para os patógenos
(WILLMAN et al., 2015). No intestino, as bactérias compartilham genes de resistência
e podem receber e doar esses determinantes a bactérias transitórias (LESTER et al.,
2006; LINDBERG et al., 2000; NAKAO et al., 2014). Além disso, no intestino estão
presentes bactérias anfibiônticas, como Escherichia coli, Clostridium spp. e
Enterococcus spp., que também podem doar e receber material genético, além de
causar infecções, tais como bacteremia, endocardite, contaminação cirúrgica, entre
outras (TACONELLI, 2012).
No entanto, sabe-se pouco sobre a presença de genes de resistência no
intestino na ausência de estímulo. Estudos realizados por Moore et al. (2015)
mostraram que o resistoma fecal é estabelecido entre um a dois meses após o
nascimento, e seu enriquecimento está associado com fatores relacionados ao
ambiente de criança. Além disso, já foi descrito o resistoma fecal de populações
indígenas isoladas que não tem recebido tratamento antibiótico, indicando que os
genes são mantidos na ausência de pressão seletiva atribuída pelos antibióticos
(CLEMENTE et al., 2015). Já foi demonstrado que esses genes não estão
relacionados com sínteses de metabólitos secundários, o que indica que eles
27 poderiam ser expressos constitutivamente e realizar outras funções, além da
resistência aos antibióticos no intestino.
De acordo com Ruppé e Andremont (2014), o resistoma fecal pode ser dividido
em resistoma residente, que é composto pelos genes de resistência naturalmente
presentes nos membros permanentes da microbiota intestinal, tais como os do gênero
Bacteroides; e resistoma variável, composto de genes exógenos de bactérias
transitórias ou adquiridos por transferência horizontal. Esses elementos móveis de
transferência genética presentes em procariotas formam parte do mobiloma, e são
responsáveis pela manutenção e transferência horizontal de genes de resistência na
microbiota intestinal (SALYERS, GUPTA e WANG, 2004).
Os três principais mecanismos de transferência horizontal de genes são a
conjugação, a transformação e a transdução. A conjugação é o principal mecanismo
de transferência horizontal no intestino, e permite a transferência de material genético,
como plasmídeos, transposons e integrons (ARUTYUNOV e FROST, 2013). É aceito
que a conjugação seja altamente importante para disseminação de marcadores
genéticos de resistência a drogas antimicrobianas entre as bactérias intestinais, com
grande impacto na prática clínica (SHOEMAKER et al., 2001).
A transformação permite a recepção de DNA plasmidial e cromossômico, por
isso é um mecanismo importante na evolução dos microrganismos. Neste processo,
as células bacterianas podem capturar o DNA livre no ambiente e incorporá-lo no seu
genoma. Estima-se que existem pelo menos 80 espécies que utilizam este processo,
dos quais, pelo menos 12 são patogênicas, isolados no ambiente clínico (LORENZ e
WACKERNAGEL, 1994).
28
A transdução é outro mecanismo importante envolvido na aquisição de genes
de resistência, no qual os bacteriófagos desempenham um papel crucial na
transferência de material genético (MUNIESA, LLUCH e JOFRE, 2013).
2.3 Obesidade
A obesidade é definida pela Organização Mundial da Saúde como um acúmulo
anormal ou excessivo de gordura, que apresenta um risco para a saúde (WHO, 2014),
Estima-se que em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com
sobrepeso; e mais de 700 milhões, obesos. Além disso, o número de crianças com
sobrepeso e obesidade no mundo poderia chegar a 75 milhões, caso nada seja feito
(ABESO, 2015). Uma das formas de se diagnosticar a obesidade é a avaliação do
índice de massa corporal (IMC), que mede a relação peso/altura do indivíduo. Um
indivíduo com um IMC de 30 ou mais é geralmente considerado obeso, enquanto uma
pessoa com um IMC igual ou superior a 25 apresenta sobrepeso (LIN et al., 2002).
De acordo com o relatório global de doenças não transmissíveis da
Organização Mundial da Saúde (WHO, 2014), a prevalência mundial da obesidade
duplicou-se entre 1980 e 2014, e atualmente o Brasil ocupa a quinta posição mundial
em relação a esta doença. De acordo com pesquisas realizadas pelo Ministério da
Saúde do Brasil, 52.5% da população do Brasil está na faixa de sobrepeso, e 17.9%
podem ser caracterizados como obesos. Além disso, 3,4 milhões de mortes por ano
estão relacionadas com a obesidade, com alta concentração de casos na região das
Américas (LIM et al., 2014).
A obesidade tem causas multifatoriais relacionada com fatores genéticos,
metabólicos, sociais, comportamentais e culturai (REF). Acredita-se que fatores
29 genéticos podem estar relacionados à eficiência no aproveitamento, armazenamento
e mobilização dos nutrientes ingeridos, ao gasto energético, em especial à taxa
metabólica basal, ao controle do apetite e ao comportamento alimentar (SCHIERRI et
al., 1994). A obesidade pode estar associada também a algumas desordens
endócrinas, como o hipotireoidismo e problemas no hipotálamo (GIGANTE et al.,
1997). Além disso, as pessoas que referem obesidade materna e paterna
apresentaram risco quase duas vezes mais alto de tendência à obesidade do que
aqueles cujos pais não são obesos (MOTTA et al., 2004). O crescimento acelerado
da obesidade nas populações tem destacado a modernização das sociedades, a qual
tem provocado mais oferta de alimentos aliada à melhoria das formas de trabalho
devido à mecanização e à automação das atividades (MANCINI, 2001). O modo de
viver foi alterado pela economia do gasto energético no trabalho e nas atividades de
vida diária, associada à maior oferta de alimentos. Por essas razões, a obesidade
vem sendo denominada "doença da civilização" ou "síndrome do Novo Mundo".
(MANCINI, 2001; TAVARES, NUNES e SANTOS, 2010).
A obesidade está associada com uma grande quantidade de doenças crónicas
como: i) Doenças cardiovasculares que sao a causa de um terço das mortes no Brasil
(Rodrigues, 2008). ii) Diabetes Mellitus que corresponde a um grupo de doenças
metabólicas caracterizadas por hiperglicemias resultantes de defeitos na secreção de
insulina, na ação da insulina ou em ambas (SILVA, 2007). Iii) A hipertensão arterial
que é uma doença crônica que se caracteriza pelo aumento dos valores de pressão
sistólica e/ou distólica (JESUS, 2009) entre outras.
30 2.4 Obesidade e microbiota intestinal
Os microrganismos intestinais possuem a capacidade de degradar carboidratos
não digeríveis pelas enzimas do hospedeiro, fornecendo calorias “extras”
(SONNENBURG et al., 2005; FLINT et al., 2008). Harley e Karp (2012) propõem
vários mecanismos biológicos para definir o papel da microbiota no desenvolvimento
da obesidade, tais como: (i) o aumento da capacidade de extrair energia dos
alimentos; (ii) alteração direta dos mecanismos energéticos do hospedeiro
(armazenamento e uso de energia) através de metabólitos microbianos; (iii)
intervenção direta no sistema imune do hospedeiro e; iv) regulação da insulina e
colesterol (CANI, 2013).
Diferentes estudos têm mostrado que o desenvolvimento da obesidade está
relacionado a mudanças na abundância relativa de dois filos dominantes no intestino,
Bacteroidetes e Firmicutes. Os indivíduos eutróficos possuem uma população
predominante de Bacteroidetes, enquanto indivíduos obesos possuem maior
proporção de Firmicutes (LEY et al., 2006). Os microrganismos pertencentes ao filo
Firmicutes possuem enzimas que degradam polissacarídeos que não são digeridos
por humanos, e essa energia adicional contribui para a obesidade no hospedeiro
(DAS, 2010). Assim, indivíduos com uma comunidade microbiana mais eficiente na
extração de energia ou com capacidade de promover a adiposidade podem estar
predispostos à obesidade. Esta hipótese foi confirmada por diversos estudos, onde
camundongos germ free, a princípio mais resistentes à obesidade, quando
transplantados com bactérias intestinais, sem aumento na quantidade de alimentos
ingeridos, apresentaram adiposidade aumentada, sugerindo que a colonização
bacteriana induz o aumento da lipogênese hepática e aumento no armazenamento de
gordura pelos adipócitos (BACKHED et al., 2007; HARLEY e KARP, 2012;
31 REINHARDT). Além disso, alterações na extração de energia pela microbiota
intestinal já foram descritas por Shin, Whon e Bae (2015) com um incremento no filo
Proteobacteria.
O sistema imunológico é responsável por controlar e regular a relação entre o
hospedeiro, a mucosa intestinal e sua população bacteriana residente, e quando há o
desequilíbrio, pode resultar em um estado de inflamação baixo grau, característico da
obesidade. Estudos têm mostrado que a microbiota intestinal pode provocar este
estado inflamatório através da atividade do lipopolissacarídeo (LPS), um componente
da parede celular de bactérias Gram-negativas (MOREIRA et al., 2012) relacionado
principalmente ao consumo de gorduras saturadas (LAM et al., 2015). Além disso, o
estado de obesidade esta relacionado com um aumento de leptina circulante
associado ao decréscimo nos níveis de grelina e adipocitocina, estão correlacionados
com a manutenção dessa inflamação (MANCO et al., 2007; SMITH et al., 2007;
VALERA MORA , 2007; ZHANG et al., 2009).
Devido a esta inflamação crônica de baixo grau, indivíduos obesos possuem
maiores níveis de citocinas inflamatórias circulantes. O tecido adiposo dos obesos se
torna um sítio de células inflamatórias, principalmente macrófagos (MФ) do tipo M1,
que secretam grandes quantidades de citocinas inflamatórias e quimiocinas que, por
sua vez, atraem um maior número de células, aumentando assim os níveis destas
moléculas, que contribuem ativamente para a inflamação sistêmica nestes indivíduos
(LUMENG, BODZIN e SALTIEL, 2007)
Cani et al. (2007) demonstraram que camundongos alimentados com dieta rica
em gordura apresentaram endotoxemia metabólica, que corresponde ao aumento de
LPS no plasma. Entretanto, foi 10-50 vezes menor do que os níveis encontrados em
um choque séptico. A relevância do complexo CD14/TLR4 no processo inflamatório
32 foi confirmada quando camundongos CD14KO (CANI et al., 2007) e TLR4KO foram
protegidos contra a obesidade e doenças metabólicas (SHI et al., 2006). Este LPS
endógeno é liberado no intestino após a morte de bactérias Gram-negativas e seu
acesso à circulação ocorre principalmente por duas vias: ou através de difusão direta,
devido ao aumento da permeabilidade intestinal, uma vez que o aumento na ingestão
de gordura saturada e carboidratos simples podem inibir a produção de proteínas de
ligação intestinal (MOREIRA et al., 2012; LAM et al., 2015) ou por absorção e
incorporação do LPS na estrutura dos quilomicrons (VREUGDENHIL et al., 2003).
2.4 Metabólitos e Xenobióticos no Intestino
Os xenobióticos são definidos como substâncias químicas estranhas ao
hospedeiro que entram no corpo através da pele, ingestão ou inalação, não sendo
considerados como nutrientes (DORRESTEIN, MAZMANIAN e KNIGHT, 2014). De
acordo com Apajalathi, (2005) são classificados em: (i) químicos naturais presentes
na dieta; (ii) poluentes do ar e da água, constituídos por substâncias químicas
inorgânicas e orgânicas complexas e; iii) drogas e produtos químicos agrícolas, como
pesticidas e fertilizantes, aditivos alimentares, metais pesados, plastificantes, produtos
químicos domésticos e industriais. A principal via de exposição à xenobióticos é a
oral, pela ingestão de agentes terapêuticos e exposição não intencional à poluentes
ambientais presentes nos alimentos e água. Assim, os xenobióticos presentes em
fontes alimentícias representam uma fonte significativa de químicos com capacidade
de influenciar a microbiota intestinal, causando disbiose (POSSEMIERS et al., 2009).
O metabolismo é o processo pelo qual esses metabólitos são processados. Os
xenobióticos administrados por via oral são metabolizados por enzimas da microbiota
33 intestinal, e esse processo depende da composição da microbiota intestinal e da
quantidade do xenobiótico que alcança o cólon, onde podem ser transformados em
metabólitos ativos, inativos ou tóxicos (SWANSON, 2015; KIM, 2015).
Por exemplo, o arsênico é um dos xenobióticos mais estudados, é já foi
mostrado que pode causar alterações não só na composição da microbiota, mas no
microbioma e nos metabólitos presentes no intestino, o que pode afetar diretamente o
hospedeiro (LU et al., 2014). Maurice, Haiser e Turnbaugh (2012) observaram a
influência de diferentes xenobióticos, entre eles etanol, ácidos, e drogas
antimicrobianas no comportamento microbiano intestinal, e concluíram que os
antibióticos apresentaram o maior efeito na microbiota intestinal, induzindo alteração
nos padrões regulares de transcrição, tradução, biosíntesse de vitaminas e transporte
de fostatos; já os outros xenobióticos foram capazes de induzir alterações nas
funções microbianas relacionadas ao transporte transmembrana, metabolismo (via
pentose-fosfato) e mecanismos catabólicos relacionados à biodegradação dessas
substâncias.
Além disso, estudos realizados por Kohanski (2007) mostraram que os
xenobióticos podem induzir estresse metabólico, sugerindo que a exposição a esses
agentes pode ser um fator de pressão seletiva, e é possível que as respostas
expressadas pelo microbioma na presença de xenobióticos estejam relacionadas com
respostas a outros alvos naturais. A microbiota intestinal produz uma grande
quantidade de metabólitos, como ácidos graxos de cadeia curta, exotoxinas e
enzimas, proteínas relacionadas ao quorum sensing, metabólitos secundários e
outros que ainda não foram caracterizados, mas que tem capacidade de afetar o
microambiente intestinal (VOGT, DIAZ e FINLAY, 2015), e sua síntese depende de
uma comunicação cruzada entre o hospedeiro, microrganismos e xenobióticos
34 (DORRESTEIN, MAZMANIAN e KNIGHT, 2014). Esses produtos metabólicos podem
ser tóxicos. Por exemplo, os ácidos graxos de cadeia curta podem inibir a colonização
de bactérias patogênicas, e, além disso, altas concentrações de ácidos graxos de
cadeia curta e pH externo baixo promovem o acúmulo destes ácidos no citoplasma
bacteriano, dissipando a força próton-motiva envolvida na síntese de ATP e
mobilidade dos microrganismos(VOGT, DIAZ e FINLAY, 2015).
Diferentes alimentos também podem ter produtos finais tóxicos, como é o caso
das proteínas, que no final do seu processo metabólico (putrefação) gera substâncias
potencialmente tóxicas, como amônia, aminas, fenóis e tióis (GUARNER e
MAGALEGADA, 2003). No caso da amônia, concentrações baixas afetam a
morfologia e metabolismo das células intestinais, além da síntese de DNA. Outro
derivado do metabolismo da carne, o fecapentano, induz mutações, aberrações nos
cromossomos, mudanças nas cromátides e reduz o tempo de vida das células
(HUGHES e ROWLAND, 2000). Outros fatores relacionados com o estilo de vida
como o estresse, podem alterar a quantidade de bactérias potencialmente benéficas,
como as do gênero Lactobacillus (GUR e BAILEY, 2016).
No caso da obesidade, estudos em camundongos eutróficos e com exceso de
peso mostraram mudanças nos padrões metabólicos. Níveis aumentados de ácido
oxolitocólico, oxocolenóico e colandienóico foram observados exclusivamente em
camundongos com obesidade, o que permite sugerir a correlação entre a dieta, a
microbiota e os metabólitos presentes no intestino (WALKER et al., 2014). Apesar
disso, sabe-se pouco sobre todas as funções que esses metabólitos realizam no
ambiente intestinal, e quais são as consequências dessas alterações na microbiota
intestinal.
35 2.5 Justificativa
Do exposto, dando sequência à linha de pesquisa “Epidemiologia da
resistência e resposta bacteriana aos antimicrobianos”, do Laboratório de Fisiologia e
Genética Molecular Bacteriana do ICB/UFJF e considerando-se:
• A importância da obesidade nos dias de hoje, considerada uma pandemia pela
Organização Mundial da Saúde;
• Os estudos que relacionam a obesidade com a disbiose e seu impacto na
microbiota intestinal, bem como fatores associados que podem contribuir para
este estado, como o estilo de vida, alimentação, exposição aos antimicrobianos e
outros xenobióticos;
• A importância do fenômeno da resistência às drogas antimicrobianas e a
necessidade de estudos regionais sobre sua epidemiologia para proposição de
medidas de prevenção e controle;
• A carência de informações sobre os impactos da obesidade na seleção ou
persistência de marcadores genéticos relacionados à resistência bacteriana às
drogas no ecossistema intestinal;
A investigação da influência do comportamento e da fisiologia de indivíduos com
sobrepeso e obesos no fenômeno da resistência bacteriana aos antimicrobianos,
torna-se altamente relevante. A literatura atual é carente de informação científica,
36 sobretudo, considerando-se o ecossistema intestinal nestes indivíduos de fisiologia
alterada, como reservatório de genes de resistência relacionados à drogas
antimicrobianas de uso clínico.
37 3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
• Avaliar a ocorrência de marcadores genéticos de resistência a drogas
antimicrobianas do resistoma clínico bacteriano em espécimes fecais obtidos
de indivíduos categorizados como obesos, com sobrepeso e eutróficos,
residentes em Juiz de Fora, MG, e a correlação da sua ocorrência com grupos
bacterianos representativos de espécies que comumente albergam esses
marcadores no seu genoma.
3.2 Objetivos Específicos
• Recrutar indivíduos, realizar medidas antropométricas, avaliação sócio -
demográfica e avaliação nutricional para caracterização de participantes
eutróficos, com sobrepeso e obesos na cidade de Juiz de Fora, MG;
• Obter DNA representativo do metagenoma intestinal a partir de espécimes
fecais dos indivíduos participantes categorizados em eutróficos, com
sobrepeso e obesos;
• Avaliar a presença de marcadores de resistência a drogas antimicrobianas do
resistoma clínico nos metagenomas obtidos, por PCR;
38
• Avaliar a distribuição de grupos bacterianos associados aos genes de
resistência pesquisados, nos metagenomas obtidos, por FISH;
• Correlacionar os parâmetros clínico-epidemiológicos dos participantes, a
distribuição de grupos bacterianos e os marcadores de resistência a drogas
observados nos metagenomas obtidos.
39 4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Delineamento Experimental
A estratégia experimental é descrita no fluxograma 1.
Fluxograma 1: Representação esquemática da estratégia experimental para o estudo de ocorrência de
genes de resistência bacterina às drogas no metagenoma intestinal de indivíduos eutróficos, com
sobrepeso e obesos e sua correlação com ocorrência de grupos bacterianos de interesse e
características antropométricas, sociodemográfica e nutricional dos indivíduos.
Coleta de amostras fecais e obtenção de DNA metagenômico.
Seleção de pacientes
• Serviço de Nutrição HU/UFJF
• Comunidade
Determinação de medidas antropométricas,
avaliação sociodemográfica e nutricional.
Quantificação e análise de integridade do DNA extraído.
Avaliação da ocorrência de genes
de resistência aos antimicrobianos Avaliação das espécies bacterianas
relacionadas aos genes de resistência.
Correlação dos parâmetros clínico-epidemiológicos dos participantes, distribuição de grupos
bacterianos e os marcadores de resistência.
40 4.2 Seleção de pacientes, coleta e preparo de amostras.
Este estudo é do tipo transversal, prospectivo, descritivo e observacional,
realizado com indivíduos adultos, selecionados na comunidade e no ambulatório do
serviço de nutrição do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Os critérios de inclusão foram: idade entre 18 e 60 anos e Índice de Massa Corporal
(IMC) a partir de 18,5 kg/m2. Os critérios de exclusão foram: doenças intestinais, uso
de antibióticos no ultimo mês e diagnóstico confirmado de diabetes. O estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade
Federal de Juiz de Fora (Anexo 1). Todos os voluntários foram informados a respeito
dos objetivos do estudo e assinaram o termo de consentimento livre esclarecido
(Anexo 2).
Para avaliação antropométrica, foram aferidos o peso, a estatura, as
circunferências da cintura (CC), abdominal (CA) e quadril (CQ). O peso dos
participantes foi aferido em balança digital com o indivíduo em posição central, ereto,
descalço, com os pés juntos, e usando o mínimo de roupa possível. A altura foi
verificada utilizando-se um estadiômetro vertical fixo à balança, também descalço e
ereto, com calcanhares unidos, com a cabeça livre de adereços e olhando para o
horizonte. O IMC foi calculado a partir da relação peso (kg)/altura (m2) e avaliado de
acordo com o proposto pela Organização Mundial de Saúde (1998).
As aferições das circunferências foram feitas usando fita métrica flexível e
inextensível de 150cm de comprimento, estando no plano horizontal e no mesmo
nível em todas as partes, com o individuo em pé, ereto, braços estendidos ao longo
do corpo e sem comprimir os tecidos. A circunferência da cintura foi aferida a 2 dedos
acima da cicatriz umbilical e com a roupa afastada, sendo analisada segundo os
41 pontos de OMS (1998), onde CC ≥ 94 cm e ≥ 80cm indica risco cardiovascular para
homens e mulheres respectivamente. Já circunferencia abdominal foi medida na
altura da cicatriz umbilical também com a roupa afastada e a circunferencia do quadril
foi aferida na área de maior proeminência da região glútea. A relação cintura quadril é
obtida pela divisão da circunferência da cintura pelacircunferência do quadril, sendo
usado para análise com valores de corte considerados pela OMS (1995), onde RCQ
>1 para homens e >0,85 para mulheres são indicativos de obesidade andróide e risco
aumentado de doenças relacionadas com a obesidade. Para diminuir o viés neste
estudo, as medidas foram tomadas sempre pelo mesmo profissional de nutrição,
usando a mesma cinta métrica e balança. Assim, com base nesses critérios, 72
indivíduos foram selecionados e divididos em 3 grupos: eutróficos (IMC = 18.5 – 25),
com sobrepeso (IMC= 25 – 30) e obesos (IMC > 30).
Para estimar a ingestão habitual dos participantes, aplicou-se um questionário
quantitativo de frequência alimentar (QQFA) adaptado. Para cada item do QQFA,
validado por Ribeiro e Cardoso (2002), os voluntários informaram a frequência média
de consumo habitual de alimentos (diária, semanal ou mensal) relativa aos últimos
seis meses e o tamanho da porção ingerida. Para ajudar os participantes na
estimativa das porções, usou-se o álbum fotográfico elaborado por Sales, Costa e
Silva (2004), que contém imagens dos alimentos questionados e diferentes tamanhos
das porções ingeridas.
Amostras fecais dos participantes foram coletadas em domicílio no início da
manhã, por demanda espontânea pelos participantes, em recipientes coletores
universais esterilizados e fornecidos pelos pesquisadores. Os recipientes com as
amostras fecais foram prontamente enviadas para o Laboratório de Fisiologia e
Genética Molecular Bacteriana do ICB/UFJF, onde foram aliquotadas.
42
Para extração de DNA metagenômico, foram pesados 200mg de fezes, e
armazenados em freezer -20°C; para análise dos grupos bacterianos de interesse, por
FISH, 150mg de fezes foram pesados e fixados em paraformaldeído 2%.
4.3 Extração de DNA das amostras fecais.
O DNA total foi extraído usando o kit comercial QIAamp™ DNA Stool Mini Kit e
a plataforma automatizada Qiacube (Qiagen, Hilden, Alemanha), de acordo com as
instruções do fabricante, e algumas modificações para aumento no rendimento do
DNA metagenômico. Inicialmente, três pérolas de vidro foram adicionadas por
amostra na etapa de lise celular e homogeneizadas em vórtex durante 2 minutos. Em
seguida as amostras foram incubadas a 95°C, por 15 min, e subsequentemente
agitadas em vórtex, vigorosamente, por mais 2 minutos adicionais. Após esta etapa,
300 mL de tampão InhibiTex (fornecido no kit) foram adicionados às suspensões
fecais, seguido de homogeneização, incubação e centrifugação. Posteriormente, o
procedimento de obtenção dos extratos de DNA foram continuados na plataforma
automatizada Qiacube, de acordo com o proGrama específico para o QIAamp™ DNA
Stool Mini Kit. O DNA representativo do metagenoma intestinal foi eluído em volume
de 200µL e mantido em freezer a -70ºC para estudos posteriores.
A concentração e a pureza do DNA metagenômico foram determinadas por
fluorimetria usando-se o fluorímetro Qubit™ 2.0®, com o kit Qubit™ dsDNA HS Assay
(Life Technologies, California, USA), de acordo com as instruções do fabricante. A
integridade do DNA foi avaliada por eletroforese em gel de agarose a 0,8% em
tampão TBE (Tris-HCl-Borato-EDTA). O gel foi corado com brometo de etídio e
43 analisado em transiluminador de luz ultravioleta (GE Healthcare, Reino Unido). O
DNA extraído foi aliquotado e armazenado em freezer a -70°C.
4.3 Detecção dos genes de resistência
Os marcadores de resistência tet(A), tet(B), tet(E), tet(L), tet(K), tet(M),
tet(Q),tet(O), aacA-AphD, ampC, blaZ, blaCTX-M, ereA, ereB, linA, mecA, mphA,
mrsA, mef, mrsB, blaSHV, blaTEM, vatA, vatB, vatC, vga, vgb, bla-KPC, ermA, ermB,
ermC, mexB, mexD, mexF, mexY, blaOXA23, blaOXA51, blaOXA58, blaOXA24, blaOXA1,
blaOXA10, blaOXA2, blaOXA143, blaSPM-1, sul1, sul2, sul3, nim1, nim2, nim3, nim4, qnrS,
qnrB, cepA, cfxA, cfxA2, cfiA, qnrB, qnrS, representativos do resistoma clínico fecal,
foram pesquisados a partir do DNA metagenômico extraído das amostras fecais por
PCR convencional, utilizando oligoiniciadores específicos e condições de amplificação
já descritas na literatura (Tabela 1).
As reações de PCR foram realizadas em volumes de 25 µL, contendo 12,5 µL
de PCR Master Mix (Promega Corporation, Madison, WI, USA), 1µL de DNA
(~20ng/µL), o volume do primer foi de acordo com a referência usada e o volume foi
completado com água. Foi realizado em termociclador automatizado (Biometra T1
Thermal Cycler, Gttingen, Alemanha). Os amplicons foram visualizados em
transiluminador de luz ultravioleta (GE Healthcare, Reino Unido) após eletroforese em
gel de agarose 1.5% e corados com brometo de etídio. Foi utilizado o padrão de peso
molecular 100bp DNA ladder (Promega Corporation, Madison, WI, USA). As
condições de amplificação, bem como as concentrações de cada um dos
oligonucleotídeos iniciadores seguiram os protocolos das referências. O controle
negativo foi realizado a partir de reações sem DNA molde. Como controle positivo,
44 foram utilizadas amostras da coleção positivas para os genes: blaZ, tet(K), tet(M),
mecA, blaCTX-M, ereB, mrsa, blaTEM, aacA-aphD, mexB, mexD, mexF, mexY, blaOXA23,
blaOXA51, blaOXA143, blaOXA10, blaOXA2, blaSPM-1. Para os demais genes pesquisados
foram realizados ensaios de sequenciamento de amplicons selecionados numa
amostragem de 10% das reações específicas de cada um dos marcadores. Para as
reações do sequenciamento foram utilizados os produtos de PCR de cada gene
estudado em duas réplicas. As reações foram processadas em equipamento ABI
3730 DNA analyser (Applied Biosystems/USA).
45 Tabela 1. Oligonucleotídeos iniciadores utilizados neste estudo, tamanhos dos fragmentos esperados e referências.
Gene alvo Antimicrobiano Sequência (5’ – 3’) Amplicon (bp) Referência
blaCTX-M Beta-lactâmico ATG TGC AGY ACC AGT AAA G
562 Jones et al., 2009 GGT CAC CAG AAG GAG C
blaKPC Beta-lactâmico ATG TCA CTG TAT CGC CGT CT
892 Jones et al., 2009 TTT TCA GAG CCT TAC TGC CC
blaSHV Beta-lactâmico CTT TAC TCG CCT TTA TCG GC
982 Jones et al., 2009 TTA CCG ACC GGC ATC TTT CC
blaTEM Beta-lactâmico GTG CGC GGA ACC CCT ATT
968 Jones et al., 2009 TTA CCA ATG CTT AAT CAG TGA GGC
blaOXA-23 Beta-lactâmico GAT CGG ATT GGA GAA CCA GA
501 Woodford et al., 2006 ATT TCT GAC CGC ATT TCC AT
blaOXA-51 Beta-lactâmico TAA TGC TTT GAT CGG CCT TG
353 Woodford et al., 2006 TGG ATT GCA CTT CAT CTT GG
blaOXA-24 Beta-lactâmico GGT TAG TTG GCC CCC TTA AA
246 Woodford et al., 2006 AGT TGA GCG AAA AGG GGA TT
blaOXA-143 Beta-lactâmico TGG CAC TTT CAG CAG TTC CT
149 Higgins et al., 2010 TAA TCT TGA GGG GGC CAA CC
blaOXA-58 Beta-lactâmico AAG TAT TGG GGC TTG TGC TG
599 Woodford et al., 2006 CCC CTC TGC GCT CTA CAT AC
blaOXA-10 Beta-lactâmico TCT TTC GAG TAC GGC ATT AGC
760 Naas et al., 2000 CCA ATG ATG CCC TCA CTT TCC
blaOXA-2 Beta-lactâmico GCC AAA GGC ACG ATA GTT G
701 De Champs et al., 2002 GCG TCC GAG TTG ACT GCC GG
46 Tabela 1. Continuação…
blaZ Beta-lactâmico ACT TCA ACA CCT GCT GCT TTC
173 Martineu et al., 2000. TGA CCA CTT TTA TCA GCA ACC
cfxA/cfxA2 Beta-lactâmico CGT AGT TTT GAG TAT AGC TTT
802 Morin, Madinier e Fosse, 2003. GAT GTT GCC TAT ATA TGT C
ampC Beta-lactâmico ATA ACC ACC CAG TCA CGC
630 Odeh et al., 2002 CAG TAG CGA GAC TGC GCA
blaSPM-1 Beta-lactâmico CCT ACA ATC TAA CGG CGA CC
649 Gales et al., 2003 TCG CCG TGT CCA GGT ATA AC
cfiA Beta-lactâmico TCC ATG CTT TTC CCT GTC GCA GTT AT
683 Sóki et al., 2004 GGG CTA TGG CTT TGA AGT GC
tet(A) Tetraciclina GCT ACA TCC TGC TTG CCT TC
210 Ng et al., 2001 CAT AGA TCG CCG TGA AGA GG
tet(B) Tetraciclina TTG GTT AGG GGC AAG TTT TG
659 Ng et al., 2001 GTA ATG GGC CAA TAA CAC CG
tet(E) Tetraciclina AAA CCA CAT CCT CCA TAC GC
278 Ng et al., 2001 AAA TAG GCC ACA ACC GTC AG
tet(K) Tetraciclina GTA GCG ACA ATA GGT AAT AGT
360 Strommenger et al., 2003 GTA GTG ACA ATA AAC CTC CTA
tet(L) Tetraciclina TCG TTA GCG TGC TGT CAT TC
267 Ng et al., 2001 GTA TCC CAC CAA TGT AGC CG
tet(M) Tetraciclina AGT GGA GCG ATT ACA GAA
158 Strommenger et al., 2003 CAT ATG TCC TGG GGT GTC TA
47 Tabela 1. Continuação…
tet(O) Tetraciclina AGC GTC AAA GGG GAA TCA CTA TCC
1723 Trzcinski et al., 2000 CGG CGG GGT TGG CAA ATA
tet(Q) Tetraciclina TTA TAC TTC CTC CGG CAT CG
904 Ng et al., 2001 ATC GGT TCG AGA ATG TCC AC
mrsA Meticilina TCC AAT CAT AGC ACA AAA TC
163 Chaieb et al., 2007 AAT TCC CTC TAT TTG GTG GT
mecA Meticilina GTA GAA ATG ACT GAA CGT CCG ATA A
310 Zhang et al., 2004 CCA ATT CCA CAT TGT TTC GGT CTA A
mef Meticilina AGT ATC ATT AAT CAC TAG TGC
348 Chaieb et al., 2007 TTC TTC TGG TAC AAA AGT GG
ereA Eritromicina AAC ACC CTG AAC CCA AGG GAC G
420 Sutcliffe et al., 1996 CTT CAC ATC CGG ATT CGC TCG A
ereB Eritromicina AGA AAT GGA GGT TCA TAC TTA CCA
546 Sutcliffe et al., 1996 CAT ATA AAT CAT CAC CAC CAA TGG CA
mphA Eritromicina AAC TGT ACG CAC TTG C
837 Sutcliffe et al., 1996 GGT ACT CTT CGT TAC C
ermA MLS
AAG CGG TAA ACC CCT CTG A 190 Strommenger et al., 2003
TTC GCA AAT CCC TTC TCA AC
ermB MLS CTA TCT GAT TGT TGA AGA AGG ATG AAA
142 Martineau et al., 2003 GTT TAC TCT TGG TTT AGG ATG AAA
ermC MLS AAT CGT CAA TTC CTG CAT GT
299 Strommenger et al., 2003 TAA TCG TGG AAT ACG GGT TTG
48 Tabela 1. Continuação…
qnrB Quinolona GAT CGT GAA AGC CAG AAA GG
476 Kim et al., 2009 ATG AGC AAC GAT GCC TGG TA
qnrS Quinolona GCA AGT TCA TTG AAC AGG GT
428 Kim et al., 2009 TCT AAA CCG TCG AGT TCG GCG
sul1 Sulfonamida ATG GTG ACG GTG TTC GGC ATT CTG A
815 Grape, Sundstrom e Kronvall, 2003. CTA GGC ATG ATC TAA CCC TCG GTC T
sul2 Sulfonamida CCT GTT TCG TCC GAC ACA GA
396 Hindi, Shubbar e Addos, 2013. GAA GCG CAG CCG CAA TTC AT
sul3 Sulfonamida GAG CAA GAT TTT TGG AAT CG
396 Grape, Sundstrom e Kronvall, 2003. CAT CTG CAG CTA ACC TAG GGC TTT GGA
nim1 Metronidazole ATG TTC AGA GAA ATG CGG CGT AAG CG
458 Trinh e Reysset, 1996. GCT TCC TTG CCT GTC ATG TGC TC
nim2 Metronidazole ATG TTC AGA GAA ATG CGG CGT AAG CG
458 Trinh e Reysset, 1996. GCT TCC TTG CCT GTC ATG TGC TC
nim3 Metronidazole ATG TTC AGA GAA ATG CGG CGT AAG CG
458 Trinh e Reysset, 1996. GCT TCC TTG CCT GTC ATG TGC TC
nim4 Metronidazole ATG TTC AGA GAA ATG CGG CGT AAG CG
458 Trinh e Reysset, 1996. GCT TCC TTG CCT GTC ATG TGC TC
aacA - aphD Aminoglicosídeo TAA TCC AAG AGC AAT AAG GGC
227 Strommenger et al., 2003 GCC ACA CTA TCA TAA CCA CTA
vatA MLS*
TGG TCC CGG AAC AAC ATT TAT 268 Strommenger et al., 2003
TCC ACC GAC AAT AGA ATA GGG *Macrólido, Lincosamida e estreptoGramina
49 Tabela 1. Continuação…
vatB MLS GCT GCG AAT TCA GTT GTT ACA
136 Strommenger et al., 2003 CTG ACC AAT CCC ACC ATT TTA
vatC MLS AAG GCC CCA ATC CAG AAG AA
467 Strommenger et al., 2003 TCA ACG TTC TTT GTC ACA ACC
vga MLS CCG AAC TGC TAT TAG CAG A
470 Lina et al., 1999 AAG TTC GTT TCT CTT TTC GA
vgb MLS ACT AAC CAA GAT ACA CAG GAC C
734 Lina et al., 1999 TTA TTG CTT GTC AGC CTT CC
linA MLS GGT GGC TGG GGG GTA GAT GT 323 Sutcliffe et al., 1996
GCT TCT TTT GAA ATA CAT GG
mrsB MLS TAT GAT ATC CAT AAT AAT TAT CCA ATC
334 Lina et al., 1999 AAG TTTA TAT CAT GAA TAG ATT GTC CTG TT
cepA MLS TTT CTG CTA TGT CCT GCC C
743 Nakano et al., 2011 ATC TTT CAC GAA GAC GGC
mexB * GTG TTC GGC TCG CAG TAC TC
244 Yoneda et al., 2005 AAC CGT CGG GAT TGA CCT TG
mexD * CGA GCG CTA TTC GCT GC
165 Xavier et al., 2010 CGA GCG CTA TTC GCT GC
mexF * GGC AGT TGC ACG TCG A
255 El Amin et al., 2005 CGC CTG GTC ACC GAG GAA GAG T
mexY * TAG TCC ATG GCT TGC GGG AAG C
250 Yoneda et al., 2005 CCG CTA CAA CGG CTA TCC CT
* Bombas de efluxo que conferem resistência cruzada a diferentes drogas antimicrobianas
50 4.4 Avaliação quantitativa e qualitativa das espécies bacterianas por
hibridização fluorescente in situ (FISH).
A partir das amostras fixadas previamente com paraformaldeído 2%, foram
adicionados 1100µL de TWEEN 0,001%, e incubadas a temperatura ambiente
durante 60 min. Posteriormente, as amostras foram sonicadas (Sonicador Vibra Cell
VCX 130PB), imersas em gelo, a uma amplitude de 90% por 3 vezes com pulsos de
duração de 60 segundos e vórtex de 60 segundos entre cada pulso. Após, foi
realizada centrifugação por 5 min, o sobrenadante foi coletado em tubo do tipo
Falcon de 50 mL, e lavados duas vezes com 5 mL de água destilada, e novamente
centrifugados por 5 min. O sobrenadante foi filtrado em filtro de policarbonato de
25mm de diâmetro, 0.2 µm de poro (Whatman GE Healthcare, Maidstone, Reino
Unido).
A câmara de hibridização foi preparada com um lenço de papel no fundo de
um tubo tipo Falcon de 50mL e saturado com 1mL de solução de hibridização. Após,
20µL de cada sonda foi colocado em uma lâmina coberta com parafilme junto com o
filtro e mais 20µL de sonda foram colocados no papel de filtro. A lâmina foi colocada
na câmara de hibridização e incubada a 42ºC, por 16 h. Para a lavagem dos filtros
após a hibridização, foi adicionado 1mL da solução de lavagem correspondente a
concentração da sonda, e os filtros foram colocados a 48ºC durante 15 min e
corados durante 3 min com 30µL de DAPI e lavados 3 vezes com etanol 80%.
Os filtros corados com DAPI foram secados e colocados em uma nova lâmina,
com uma gota de glicerol e lamínula por cima. A presença de bactérias no filtro foi
visualizada em microscópio de epifluorescência Olympus IX-71 com o filtro UV para
51 o DAPI e filtro de acrilamida para as sondas. As sequências das sondas utilizadas
estão disponíveis na Tabela 2.
52 Tabela 2: Marcadores específicos utilizados para análise da composição da comunidade bacteriana por FISH
Nome Bactérias Grupo Sequência (5’ – 3’) Formamida (%) Referência
Bfra602 Grupo B. fragilis B. Gram negativos anaerobios GAG CCG CAA ACT TTC ACA A 30% Franks et al., 1998.
Bfrag998 Bacteroides fragilis B. Gram negativos anaerobios GTT TCC ACA TCA TTC CAC TG 30% Rigottier-Gois et al., 2003.
ECO1167 Escherichia coli Bastonetes Gram negativos
GCA TAA GCG TCG CTG CCG 40% Neef, Amann e Schleifer, 1995.
Enc1259 Enterococcus spp. Cocos Gram positivos GAA GTC GCG AGG CTA AGC 35% Behr et al., 2000.
FUS664 Fusobacterium sp Gram negativos anaerobios CTT GTA GTT CCG CYT ACC TC 40% Gmur et al., 2004.
PINT649 Prevotella intermedia Gram negativos anaerobios GCC GCC RCT GAA STC AGG CC 40% Gmur e Thurnheer, 2002.
PNG675 Prevotella nigrescens Gram negativos anaerobios TCC GCC TGC GCT GCG TGT A 40% Gmur e Thurnheer, 2002.
Pae997 Pseudomonas sp. Bastonetes Gram negativos TCT GGA AAG TTC TCA GCA 35% Amman et al., 1996.
KO218 S. aureus, S. haemolyticus Cocos Gram positivos
GAA GCA AGC TTC TCG TCC G 20% Franke, Klammer e Insam, 2005.
Str Streptococcus spp. Cocos Gram positivos CAC TCT CCC CTT CTG CAC 30% Trebesius et al., 2000.
ACA652 Gênero Acinetobacter B. Gram negativos ATC CTC TCC CAT ACT CTA 35% Wagner et al., 1994.
53 4.5 Análise estatística
Foi realizado teste t de Student, para comparação entre médias, considerando-
se valores de p < 0,05 para as análises, utilizando-se a calculadora estatítica do
Social Science Statistics, 2015.
O teste de Wilcoxon foi utilizado para determinar se houve diferenças
significativas na frequência de detecção dos marcadores de resistência,
considerando-se valores de p < 0,05 para as análises e utilizando-se o programa de
análise estatística Biostat 5,0.
Foi estudada a relação entre a densidade dos grupos bacterianos estudados e
a frequência de detecção dos marcadores de resistência os quais foram agrupados de
acordo com as referências usadas. Posteriormente foi calculada uma razão entre o
número absoluto de detecção dos marcadores de cada conjunto e a frequência
relativa de cada grupo bacteriano (Quadro 1).
A análise da correlação entre a ocorrência dos marcadores de resistência, e
características antropométricas e nutricionais dos indivíduos eutróficos, com
sobrepeso e obesos foi avaliada calculando-se razão de Odds (OR) (BLAND e
ALTMAN, 2000). Valor de OR igual a 1 indica que a condição sob estudo é
igualmente provável de ocorrer nos dois grupos. OR maior do que 1 indica que a
condição tem maior probabilidade de ocorrer no primeiro grupo, e valor de OR menor
do que 1 indica que a probabilidade é menor no primeiro grupo do que no segundo.
54 Quadro1. Agrupamento dos marcadores de resistência a drogas antimicrobianas avaliados e os grupos
bacterianos relacionados a eles.
Grupo Bacteriano Marcadores associados
Bastonetes Gram negativos Anaeróbios cfiA, cepa, cfxA, cfxA2, nim1, nim2, nim3, nim4
Bastonetes Gram negativos
blaOXA2, qnrB, qnrS, sul1, sul2, mexY, tet(Q), tet(B),
ampC, tet(L), tet(A), tet(E), tet(O), blaCTX-M, blaTEM,
tet(M), blaSHV, blaOXA143, mexY, tet(M), blaOXA23,
blaOXA51, blaOXA58, blaOXA24, blaOXA1, blaOXA10, blaSPM-1,
mexB, mexD, sul3, blaKPC, tet(K), mexF
Cocos Gram positivos
aaca-aphd, mef, ereB, mphA, vgb, blaZ, ereA, vatA,
vatB, vatC, mecA, erma, ermB, ermC, mrsB, linA, vga,
vgb, vatA, vatB, vatC, mrsA.
55 5 RESULTADOS
5.1 Características Sócio-demográficas, antropométricas e nutricionais dos
participantes
Dos 72 indivíduos participantes deste estudo, totalizando 24 indivíduos em
cada grupo amostrado (eutróficos, com sobrepeso e obesos), 62.5% pertenciam ao
sexo feminino e 37.5% ao masculino, com uma média de idade de 39,61 anos. Os
dados de gênero e idade por grupo, além do estado civil, raça, renda mensal e
escolaridade dos pacientes, estão apresentados na Tabela 3.
Em relação às características antropométricas, existe um aumento gradual
nas medidas de circunferência abdominal, cintura, quadril, relação cintura quadril e
IMC de acordo com os grupos estudados. Assim, a menor medida foi a achada no
grupo eutrófico, e a maior no grupo obeso, sendo o grupo de transição o grupo com
sobrepeso (Tabela 4).
56 Tabela 3. Características sócio-demográficas dos participantes.
Variáveis analisadas Eutróficos (n=24)
Sobrepeso (n=24)
Obeso (n= 24)
Idade média (anos; variação) 37,91; ± 12 38,12; ± 13.38 42,79; ± 11.67
Sexo: n (%)
Masculino 7 (30%) 12 (50%) 9 (37,5%)
Feminino 17 (70%) 12 (50%) 15 (62,5%)
Estado civil: n (%)
Solteiro 12 (50%) 10 (41,6%) 10 (41,6%)
Casado 11 (45.8%) 13 (54,1%) 13 (54,1%)
Outro 1 (4,1%) 1 (4,1%) 1 (4,1%)
Raça (cor da pele): n (%)
Branca 16 (66,6%) 15 (62,5%) 12 (47,4%)
Parda 5 (20,8%) 5 (20,8%) 7 (42,1%)
Negra 2 (8,3%) 3 (12,5%) 5 (10,5%)
Indefinido* 1 (4,1%) 1 (4,1%) 0
Renda mensal**: n (%)
1-3 10 (41,7%) 13 (54,1%) 20 (83,3%)
4-6 2 (8,3%) 8 (33,3%) 0
7-9 3 (12,5%) 1 (4,1%) 2 (8,3%)
10-13 9 (37,5%) 2 (8,3%) 2 (8,3%)
Escolaridade: n (%)
Fundamental completo 2 (8,3%) 6 (25%) 3 (12,5%)
Fundamental incompleto 4 (16,6%) 7 (29,1%) 3 (12,5%)
Médio completo 4 (16,6%) 7 (29,1%) 7 (29,1%)
Médio incompleto 1 (4.1%) 0 1 (4,1%)
Superior completo 11 (45,8 %) 3 (12,5%) 7 (29,16%)
Superior incompleto 2 (8,3 %) 1 (4,1%) 3 (12,5%) * O participante não soube definir; ** Renda mensal em salários mínimos de referência, Brasil em 2015 (R$788,00).
57 Tabela 4. Características antropométricas dos participantes.
Variáveis analisadas
(n; variação; sexo)
Valores de
referencia
Eutróficos
(n=24)
Sobrepeso
(n=24)
Obeso
(n= 24)
IMC * 22.82 ± 1,77 29.79 ± 14,05 36,98 ± 6,04
Circunferência
abdominal
Homens Normal
≥ 94cm
82,0 ± 4,9
98,0 ± 3.1
88,6 ± 3,8
97,4 ± 2,0
0
98,6 ± 3,2
Mulheres Normal
≥ 80cm
77,0 ± 2,4
83,7 ± 2,0
0
84,5 ± 2,1
0
0
Circunferência
cintura
Homens Normal
≥ 80cm
0
92,4 ± 6,3
0
90,54 ± 5
0
106,5 ± 9,5
Mulheres Normal
≥ 90cm
74,27 ± 3,7
0
0
84,44 ± 4,3
0
115,8 ± 18,4
Circunferência
quadril
**
**
99,2 ± 4,6
105,4 ± 4,2
114,9 ± 25,0
Relação
cintura/quadril
Homens Normal
>1
0.73 ± 0.4
0
0
0.88 ± 0.7
0
1.02 ± 0.2
Mulheres Normal
>0,85
0.71 ± 0.3
0
0
0.89 ± 0.4
0
1.1 ± 0.8
*Valores de referência e classifição de acordo com a Organização Mundial de Saúde (1998); ** Não há valores de referência. H = Homem; M = Mulher
Em relação à avaliação nutricional, foi determinado o consumo calórico e de
macronutrientes dos pacientes (carboidratos, proteínas, lipídios e fibras). Em relação
à ingestão calórica diária, observou-se uma diferença significativa entre a quantidade
de calorias médias ingeridas pelos indivíduos dos grupos eutrófico e obeso, sendo o
consumo médio de calorias pelos eutróficos 1891.58kcal/dia, enquanto que os obesos
relataram ingestão média de 2191.33kcal/dia. O grupo formado pelos indivíduos com
sobrepeso apresentou uma ingestão média de calorias de 2018.79kcal/dia
caracterizando um grupo de transição semelhante tanto ao grupo eutrófico, quanto ao
grupo obeso (Figura 1).
58
Figura 1. Média da ingestão calórica pelos indivíduos dos grupos em estudo. As letras a e b indicam diferença significativa no consumo calórico entre os grupos (p<0.05).
Em relação à ingesta de carboidratos e fibras totais, os resultados mostraram
que existe uma diferença significativa no consumo destes nutrientes entre os grupos
de indivíduos eutrófico e obeso, que apresentaram médias de consumo diário de
carboidratos de 54 e 57%, e de fibras 23 e 30%, respectivamente. Já considerando-se
o grupo de indivíduos com sobrepeso, foi observado um consumo diário destes
nutrientes semelhante aos os dois primeiros grupos, na forma de uma transição
(carboidratos 55% e fibras 25%) (Figuras 2A e 2D). Para a avaliação do consumo
diário de proteínas e lipídios não foi observada diferença significativa entre os
indivíduos avaliados (Figura 2B; 2C).
59
Figura 2. Média da ingestão de grupos de macronutrientes pelos indivíduos dos grupos em estudo. As letras a, b e c indicam diferença significativa no consumo de diferentes nutrientes entre os grupos (p<0.05). A – ingestão média de carboidratos; B – ingestão média de proteínas; C – ingestão média de lipídios; D – ingestão média de fibras.
60
Os pacientes relataram não ter usado antibióticos no último mês, porem, foi
identificado o uso de diferentes medicamentos, suplementos nutricionais e adoçantes
artificiais (edulcorantes). Em geral, os indivíduos do grupo obeso relataram uso de
antidepressivos, antiácidos, anti-inflamatórios, diuréticos, barbitúricos, e outros
medicamentos sem descrição dos princípios ativos ou nomes comerciais. Os
indivíduos do grupo com sobrepeso relataram uso de antidepressivos, anti-
inflamatórios, tamoxifeno, anticoncepcionais e suplementos nutricionais. Com uso
menor de medicamentos, os indivíduos eutróficos relataram apenas o uso de
antidepressivo e suplementos nutricionais como: whey protein, sulfato de glicosamina
e condroitina. (Figura 3).
Figura 3. Distribuição de medicamentos e suplementos alimentares em uso pelos indivíduos dos grupos em estudo, segundo declaração durante o inquérito nutricional.
61
Além dos medicamentos e dos suplementos nutricionais, foi investigado, ainda,
o uso de outros xenobióticos, como os adoçantes artificiais (edulcorantes), os quais
foram classificados de acordo com sua composição. Todos os grupos de indivíduos
relataram fazer uso dessas substâncias, embora seu uso, no geral, foi menos relatado
entre os eutróficos (Figura 4).
Figura 4. Distribuição de edulcorantes em uso pelos indivíduos dos grupos em estudo, segundo declaração durante o inquérito nutricional.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
Sucralose +Acesulfame K
Steviosídio + sacarinae ciclamato
Sacarina + ciclamato Outros
Eutroficos
Sobrepeso
Obeso
62 5.2 Detecção de marcadores genéticos de resistência a antimicrobianos
O resistoma clínico referido neste estudo foi composto de 59 marcadores
genéticos de resistência, representativos de antimicrobianos de uso corrente na
medicina humana e animal no Brasil. Esses marcadores são tanto de origem
cromossômica, quanto de origem extracromossômica. Desse total, 27 tipos de
marcadores foram observados no metagenoma fecal dos indivíduos amostrados,
sendo que entre os indivíduos obesos foram detectados maior número desses
marcadores (Figuras 5 e 6).
Figura 5. Avaliação comparativa da quantidade de marcadores genéticos de resistência a drogas antimicrobianas amplificados a partir metagenoma fecal, representativo do resistoma clínico de indivíduos eutróficos, sobrepeso e obesos. As letras a e b indicam diferenças estatísticas significativas (p>0,05).
63
Figura 6. Distribuição de marcadores genéticos de resistência a drogas antimicrobianas avaliados a partir metagenoma intestinal, representativo do resistoma clínico de indivíduos eutróficos, com sobrepeso e obesos. A: resistoma clínico avaliado; B: marcadores detectados.
A
B
Obeso
Sobrepeso
Eutrófico
0 5 10 15 20 25
tet(Q)tet(A)tet(O)
blaTEMMef
tet(B)aacA – aphD
sul1qnrBsul2
cepAqnrS
ampCmphA
ereBblaCTX-M
OXA2tet(L)tet(E)mexY
cfiAtet(M)
vgbblaZ
blaSHVereA
OXA143mecA
OXA23OXA51OXA58OXA24
OXA1OXA10SPM-1MEXBMEXD
cfxAcfxA2
sul3nim1nim2nim3nim4
KPCermAermBermCtet(K)mrsBlinAvgavgb
vatAvatBvatC
mecAmexFmrsA
0 5 10 15 20 25
tet(Q)tet(A)tet(O)
blaTEMMef
tet(B)aacA – aphD
sul1qnrBsul2
cepAqnrS
ampCmphA
ereBblaCTX-M
OXA2tet(L)tet(E)mexY
cfiAtet(M)
vgbblaZ
blaSHVereA
OXA143
Marcadores genéticos detectados
Marcadores genéticos avaliados
64
Entre os marcadores detectados no resistoma clínico fecal dos individuos
eutróficos, com sobrepeso e obesos, aqueles referentes à resistência às tetraciclinas
foram os mais observados em todos os grupos, seguidos de marcadores de
resistência às drogas beta-lactâmicas, aminoglicosídeos, sulfonamidas e quinolonas.
Marcadores de resistência aos nitroimidazois, macrolídeos lincosaminas e
estreptoGraminas, além de bombas de efluxo ativo, também foram amostrados. De
maneira geral, os marcadores foram detectados em maiores frequências entre os
individuos do grupo obeso (Figura 7).
Figura 7. Ocorrência de marcadores genéticos, por grupo farmacológico de drogas antimicrobianas, entre os diferentes grupos, amplificados a partir metagenoma intestinal representativo do resistoma clínico de indivíduos eutróficos, com sobrepeso e obesos. As letras a e b indicam diferenças estatísticas significativas (p>0,05).
Foram observados 17 tipos de marcadores que são comuns entre todos os
grupos de indivíduos avaliados, pertencentes principalmente ao grupo das
tetraciclinas, beta-lactâmicos, quinolonas, sulfonamidas, macrolídeos e
aminogliosídeos. No grupo eutrófico, foram detectados 19 tipos de marcadores,
Grupos de indivíduos
Mar
cado
res g
enét
icos
det
ecta
dos
49 43 36
76
6764
13
89
11
56
12
810
14
137
1
1
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Obeso Sobrepeso Eutrófico
Bombas de efluxo
Sulfonamidas
Quinolonas
Nitroimidazois
MLS
Aminoglicosídeos
Tetraciclinas
Beta-lactâmicos
a abb
a
abb
65 enquanto que no grupo de indivíduos com sobrepeso, 21 tipos foram detectados, com
a presença exclusiva do gene blaOXA-143, relacionado com resistência a beta-
lactâmicos em bastonetes Gram negativos não fermentadores. No grupo de
indivíduos obesos, 26 tipos de genes foram detectados, com a presença exclusiva
dos marcadores blaZ, ereA, tet(M) e vgb, relacionados com resistência a beta-
lactâmicos, macrolídeos, lincosamidas e estreptroGraminas, além de tetraciclina
(Figura 8).
Figura 8. Diagrama de Venn com a distribuição dos marcadores genéticos de resistência a drogas antimicrobianas amplificados a partir metagenoma fecal, representativo do resistoma clínico de indivíduos eutróficos, sobrepeso e obesos (27 dos 59 marcadores amostrados).
Sobrepeso (21)
Obeso (26)
Eutrófico(19)
1
03
4
2 0
17
OXA-143
OXA-2SHVmexY
blaZ; ereA;tet(M); vgb
cfiAtet(L)
mef; aacA – aphD;ampC; CTX-M; TEM;cepA; ereB; mphA;qnrB; qnrS; sul1;
Sul2; tet(A); tet(B);tet(E); tet(O); tet(Q)
66 5.3 Avaliação quantitativa de espécies bacterianas por FISH
Foi realizada a análise por hibridização fluorescente in situ da densidade
relativa das espécies bacterianas relacionadas com os marcadores de resistência,
em relação à densidade bacteriana total. Para análise dos dados, posteriormente
os diferentes grupos taxonômicos foram agrupados em: (i) bastonetes Gram
negativos anaeróbios (Fusobacterium sp., Prevotella sp., Bacteroides sp.), (ii)
bastonetes Gram negativos (Acinetobacter sp., E. coli, Pseudomonas sp.), (iii)
cocos Gram positvos (Staphylococcus sp., Enterococcus sp., Streptococcus sp.).
Como um todo, foi observado maior densidade bacteriana no grupo obeso,
seguido pelos grupos com sobrepeso e eutrófico; porém sem diferenças
significativas nos 3 grupos. Bastonetes Gram negativos anaeróbios foram
detectados em maior quantidade, seguido pelos bastonetes Gram negativos e
cocos Gram positivos. Os três grupos bacterianos estiveram aumentados no
metagenoma fecal dos indivíduos obesos (Figura 9).
Figura 9. Densidade bacteriana relativa detectada a partir do metagenoma fecal, de indivíduos eutróficos, sobrepeso e obesos. Não houve diferença significativa entre as densidades bacterianas avaliadas (p>0,05)
67
Os grupos bacterianos encontraram-se diferentemente distribuídos. Existe uma
maior densidade de bactérias do grupo Fusobacterium sp., principalmente no grupo
obeso, e diferenças significativas nas quantidades de Enterococcus sp. e E. coli entre
os grupos eutrófico e obeso. No caso das outras espécies bacterianas estudadas,
existem discretas diferenças na distribuição nos diferentes grupos, porém não são
significativas (Figura 10).
Figura 10. Densidade bacteriana relativa dos diferentes grupos taxonómicos detectados a partir do metagenoma fecal, de indivíduos eutróficos, sobrepeso e obesos. As letras a e b indicam diferenças estatísticas significativas (p>0,05).
68 5.4 Relação entre os parâmetros clínico-epidemiológicos e nutricionais,
distribuição de grupos bacterianos e os marcadores de resistência a drogas
observados nos metagenomas obtidos.
Para análise da relação entre os parâmetros clínico-epidemiológicos e
nutricionais e os marcadores de resistência a drogas observados nos metagenomas
obtidos; foram calculadas as razões de Odds entre os valores de IMC, ingesta
calórica, uso de xenobióticos e uso de edulcorantes, foi estabelecido arbitrariamente a
observação de pelo menos cinco marcadores genéticos de resistência a drogas
antimicrobianas como parâmetro de corte, valor que corresponde numericamente em
torno de 10% do total de marcadores avaliados.
Em todos os casos, foi observada correlação positiva entre uma detecção de
marcadores de resistência a drogas no metagenoma fecal dos indivíduos obesos e os
parâmetros avaliados
Tabela 5. Correlação entre os parâmetros nutricionais dos pacientes e numero marcadores de resistência detectados.
Parâmetros avaliados Odds ratio (Variação)
IMC >25 2,14 (0,75 – 6,07)
Calorias (2000 Kcal) 1,44 (0,51 - 4,07)
Uso de Xenobióticos 1,93 (0,55 – 6,67)
Uso de edulcorante 1,6 (0,40 – 6,64)
69
Na avaliação da relação entre a densidade de grupos bacterianos estudados e
a frequência de detecção de marcadores de resistência, a razão obtida sugere que os
bastonetes Gram negativos anaeróbios exibem um maior número de marcadores de
resistência no grupo dos indivíduos eutróficos, o que foi observado da mesma forma
observado nos cocos Gram positivos.
Considerando-se os bastonetes Gram negativos, existe um maior numero de
marcadores de resistência a antibióticos nos grupos de indivíduos com sobrepeso e
obesos em relação com a densidade bacteriana (Tabela 6).
Tabela 6. Razão entre o número de detecções de marcadores de resistência a drogas antimicrobianas
no metagenoma fecal de indivíduos eutróficos, com sobrepeso e obesos, e a frequência relativa da
densidade dos diferentes grupos bacterianos associados a esses marcadores.
Grupos Bastonetes Gram
negativos anaeróbios
Bastonetes Gram
negativos
Cocos Gram
positivos
Eutrófico 0,60 8,63 4,20
Sobrepeso 0,19 9,56 2,70
Obeso 0,35 9,36 3,51
70 7. DISCUSSÃO
A obesidade, atualmente, configura-se como um sério problema de saúde
pública (WHO, 2010), sendo reconhecida como um fator negativo associado a um
grande número de doenças, como diabetes do tipo 2, doenças vasculares, cardíacas
e câncer. Suas complicações e implicações metabólicas são consideradas os
principais desafios a serem combatidos no século XXI, uma vez que o número de
obesos é crescente em todo o mundo, atingindo inclusive os países mais pobres ou
em desenvolvimento (FLEGAL et al., 2007; DIXIT, 2008; PRENTICE, 2006).
Apesar de a obesidade ser historicamente associada a uma má alimentação
com ingestão de excesso calórico e sedentarismo, estudos atuais sugerem a doença
com alterações metabólicas, de causa multifatorial, com participação de hormônios,
neuropeptídeos e citocinas e, ainda, participação da microbiota residente intestinal
(MOREIRAS et al., 2013; PRENTICE, 2006; MOLLER et al., 2005).
Epidemiologicamente, é aceito que a obesidade seja uma forma de agravo à saúde,
relacionada, sobretudo, a pessoas do sexo feminino, com grande influência de fatores
econômicos com implicações diretas na educação e comportamento. Por outro lado, a
condição de sobrepeso é relatada ser mais comum em indivíduos do sexo masculino
(MINISTERIO de SAUDE DO BRASIL, 2014; IBGE, 2009).
Neste estudo, foram avaliados 72 indivíduos, em uma amostragem por
conveniência, recrutados na comunidade ou em serviço de nutrição de um hospital
universitário, em uma cidade de porte médio na região sudeste do Brasil. De acordo
com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995), esses
indivíduos foram classificados em eutróficos, com sobrepeso e obesos, avaliando-se
suas características antropométricas, especialmente seu Índice de Massa Corporal
(IMC). Assim, o grupo de indivíduos obesos foi formado por pessoas com uma idade
71 média de 47 anos, principalmente do sexo feminino que recebem entre 1 e 3 salários
mínimos de referência no Brasil, em 2015. O grupo de indivíduos com sobrepeso
apresentou uma distribuição muito mais equilibrada entre os sexos, mas ainda com
predomínio de participantes de baixa renda, o que afeta a qualidade dos alimentos
ingeridos por esses indivíduos (SNYDER, 2004).
O consumo de macronutrientes está de acordo com o esperado para a região
sudeste do Brasil (ARAUJO et al., 2013). Porém, os pacientes obesos tiveram um
consumo significativamente aumentado de calorias, carboidratos, lipídios e fibras, em
comparação com os outros grupos. Uma alimentação rica em açucares é
característica da sociedade ocidental e já foi descrito amplamente que dietas
aumentadas em carboidratos, principalmente carboidratos simples; permitem um
balanço energético positivo, inflamação de baixo grau e modificações na
permeabilidade intestinal levando ao estado de obesidade (JONASSON et al, 2014).
Em relação ao consumo de no consumo de proteínas e lipídios, não houve diferença
significativa no consumo entre os grupos.
Além disso, foi observado um maior uso de xenobióticos pelos pacientes
obesos, entre eles anti-hipertensivos, anti-inflamatórios, anti-depressivos, anti-ácidos
e edulcorantes. Por outro lado, o grupo de indivíduos eutróficos foi caracterizado pelo
consumo de diferentes suplementos nutricionais como: whey protein, sulfato de
glicosamina e condroitina. Os dados relacionados com as alterações da microbiota
intestinal e o consumo de adoçantes artificias não calóricos foram descritos por Suez
et al. (2014). Porém, a presença de marcadores de resistência aos antibióticos no
intestino e o consumo desses xenobióticos não tem sido descrito anteriormente.
Apesar da literatura não discutir os efeitos destes xenobióticos sobre a
microbiota intestinal, e nem tão pouco foram dosados resíduos destas substâncias no
trato gastrintestinal, nossos dados permitem sugerir que a carga de xenobióticos
72 ingerida possa atuar como agentes de pressão seletiva locais, reforçando a maior
observação de genes de resistência a drogas antimicrobianas no metagenoma do
grupo de indivíduos obesos. Deve-se considerar, no entanto, que embora o não uso
prévio de antimicrobianos não possa garantir um ecossistema microbiano isento de
desestruturação, esse viés foi igualmente considerando em todos os participantes.
Avanços recentes nas metodologias de estudo de ecossistemas microbianos
tem permitido a caracterização da mudança na arquitetura da microbiota em seres
humanos e de organismos-modelo, em resposta à antibioticoterapia (SOMER e
DANTAS, 2011). Essas alterações incluem diminuição na diversidade filogenética do
ecossistema microbiano previamente estável (DETHLEFSEN et al., 2008). De acordo
com a literatura, embora a microbiota começa a se recuperar em direção aos estados
de equilíbrio iniciais, em espaços de tempo de uma semana após a exposição aos
antibióticos, esse estado de equilíbrio não é atingido antes de pelo menos meses ou
anos após a exposição (DETHLEFSEN e RELMAN, 2011). É importante destacar que
as alterações são mais ou menos persistentes, dependendo do espectro de ação dos
antimicrobianos, como observado em modelos murinos com administração de
diferentes regimes de uma ou várias drogas (ANTONOPOULOS et al., 2009).
Uma grande consequência da exposição repetida de antimicrobianos à
microbiota é a observação de um aumento na abundância de marcadores de
resistência, não apenas relacionado à continuidade da pressão seletiva, mas também
pelo favorecimento de transferência gênica entre os microrganismos pelos
mecanismos de recombinação genética bacteriana. Acredita-se, no entanto, que o
desenvolvimento dessa microbiota alterada seja dependente da existência de níveis
basais de resistência antibiótica entre os microrganismos daquele ecossistema.
Mesmo na ausência de exposição a antimicrobianos por vias antropogênicas, outros
73 xenobióticos poderiam atuar na resistência cruzada ou na co-seleção (READY et al.,
2004; ALLEN et al., 2010).
Ainda, especula-se sobre a presença de subpopulacões de microrganismos
resistentes na microbiota humana e de outros animais, independente de exposição
prévia de drogas ou outros xenobióticos, tal como observado em ecossistemas
ambientais mais primitivos ou isolados (VERSLUIS, 2015).
De acordo com a literatura, nos últimos 40 anos a prevalência de marcadores
como tet(Q), tet(M), ermF e ermG tem sido aumentada no ecossistema intestinal em
indivíduos que não receberam tratamento antimicrobiano, sugerindo a persistência
destes determinantes na ausência de seleção causada pela presença de antibióticos
(SHOEMAKER et al., 2001).
Neste sentido, estudos mais recentes tem revelado a presença de
microorganismos resistentes às tetraciclinas e outros antimicrobianos na microbiota
oral de crianças que ainda não fizeram o uso de agentes antimicrobianos
(LANCASTER et al., 2003). De acordo com a literatura, foi relatado que
enterobactérias isoladas do trato gastrintestinal de voluntários humanos sem uso
prévio de antimicrobianos por pelo menos um ano mostraram a presença de
marcadores resistência à pelo menos 13 drogas antimicrobianas (SOMMER et al.,
2009). Ainda, mais recentemente, estudos realizados em índios da Amazonia
venezuelana que nunca receberam tratamento antibiótico, mostraram a presença de
marcadores de resistencia no intestino dos participantes sem estímulo aparente
(CLEMENTE, 2015).
No nosso estudo, foram avaliados 59 marcadores genéticos pertencentes ao
resistoma clínico representativo de drogas antimicrobianas de uso rotineiro no
tratamento e profilaxia de doenças infecciosas em serem humanos e outros animais.
Foram detectados 27 genes de diferentes famílias de antibióticos, dos quais 17 são
74 compartilhados ou aparecem pelo menos uma vez nos diferentes grupos, o que indica
a presença de um core ou núcleo comum de genes de resistência que está presente
em todos os pacientes, independentemente do grupo. Esse núcleo está formado
principalmente por marcadores de resistência a tetraciclina e beta-lactâmicos, seguido
pelas quinolonas, aminoglicosídeos e sulfonamidas, e esses achados estão de acordo
com diferentes pesquisas, que tem mostrado a existência de um núcleo comum de
marcadores de resistência (FORSLUND et al., 2013; VERSLUIS et al., 2015;
CLEMENTE et al., 2015;).
Porém, a frequência de detecção e a variedade nos marcadores foi
significativamente maior no grupo obeso, com a presença exclusiva de tet(M), ereA,
blaZ e vgb, que conferem resistência a tetraciclina, beta-lactâmicos e macrolídeos,
respectivamente. No grupo com sobrepeso, houve uma frequência de detecção e
variedade de genes maior, mas sem diferença significativa em comparação com o
grupo eutrófico, porém significativamente menor que no grupo obeso e além disso,
mostrou a presença exclusiva do marcador blaOXA-143, que confere resistência a beta-
lactâmicos em não fermentadores. No grupo eutrófico, a frequência de detecção foi
significativamente menor e não houve enriquecimento na variedade de marcadores
detectados nem presença exclusiva de genes para esse grupo.
De maneira semelhante, outros estudos tem mostrado a existência de um
núcleo de genes dentro do resistoma fecal, que é compartilhado pelos indivíduos
independentemente se tiveram exposição aos antibióticos ou não, sugerindo que
esses genes poderiam pertencer a bactérias comensais do intestino. Esse núcleo é
formado principalmente por genes que conferem resistência a tetraciclinas,
macrolídeos, amiglicosídeos, beta-lactâmicos e cloranfenicol (BARTOLINI et al., 2003;
MOORE et al., 2013; BENGSTON-PALMER et al., 2015; CLEMENTE et al., 2015;
RAYMOND et al., 2015; VERSLUIS et al., 2015). Além disso, análise metagenômica
75 realizada por Forslund et al. (2013) mostraram que os genes de resistência mais
abundantes no intestino estão relacionados aos antibióticos utilizados por tempo
prolongado na prática clínica, principalmente aqueles usados como promotores de
crescimento em animais, como é o caso da tetraciclina. As tetraciclinas são
antibióticos de amplo espectro que foram descobertos em 1945 e tiveram um uso
indiscriminado tanto na área clínica quanto na avicultura, sendo usados como
promotores de crescimento em animais. Com o aumento da prevalência de
resistência aos antibióticos, medidas para regular seu uso foram adotadas
(ROBERTS, 1996). Assim, no Brasil, o uso de cloranfenicol, penicilinas, tetraciclinas e
sulfonamidas foi proibido a partir de 1998; já no período de 2002 – 2004 foi proibido o
uso de arsénico, antimônio, nitrofurano e olanquindox (SANTANA et al., 2011).
Porém, o impacto ambiental do uso desses xenobióticos no ambiente tem tido
implicações ambientais importantes e já foi mostrada a ampla presença de
marcadores genéticos de resistência à tetraciclina no ambiente (VERSLUIS, 2015).
De maneira geral, as análises mostraram uma correlação positiva entre o IMC,
a ingesta calórica, uso de xenobióticos, uso de edulcorantes e a detecção de pelo
menos 5 marcadores genéticos no metagenoma amostrado. Estes resultados
sugerem uma inter-relação entre o excesso de peso e o incremento no número de
marcadores genéticos de resistência a antibióticos de importância clínica (resistoma
clínico), a qual poderia estar relacionada com diversos fatores de pressão seletiva
exclusivos do grupo obeso.
Embora alguns limites do intervalo interior sejam menores do que um (1), o que
poderia sugerir uma ausência de correlação, os limites do intervalo superior reforçam
a tendência de uma correlação fortemente positiva entre as características
antropométricas e nutricionais e a ocorrência dos genes de resistência entre os
grupos.
76 Apesar da carência de estudos disponíveis na literatura para comparação desses
resultados, os dados apresentados discordam daqueles descritos por Forslund et al
(2013); que não encontraram relação entre o IMC e a presença de marcadores de
resistência no intestino humano, em um estudo que avaliou o resistoma fecal de 252
indivíduos em 3 países. Porém, seus resultados em quanto aos marcadores geneticos
achados são similares aos nossos.
Em relação aos parâmetros nutricionais de ingestão de carboidratos, proteínas
e lipídios, a ampla variação nos níveis de consumo aceitáveis, de acordo com os
guias nutricionais disponíveis, impossibilitaram a definição de um ponto de corte para
as análises de correlação (IOM, 2005).
A avaliação da densidade de grupos bacterianos relacionados aos marcadores
genéticos avaliados mostrou diferentes níveis populacionais, ao considerar-se os
grupos de indivíduos amostrados. Considerando-se o agrupamento dos bastonetes
Gram negativos anaeróbios, representados pelos gêneros Bacteroides, Prevotella e
Fusobacterium, foi observado um aumento significativo de Fusobacterium no
metagenoma fecal dos indivíduos do grupo obeso; considerando-se o agrupamento
dos bastonetes Gram negativos, representados por E. coli, Pseudomonas sp. e
Acinetobacter sp., um aumento significativo na espécie E. coli foi também observado
no grupo de indivíduos obesos; e considerando-se o agrupamento dos cocos Gram
positivos, representado pelos gêneros Staphylococcus, Enterococcus e
Streptococcus, houve um aumento na densidade dos Staphylococcus e Enterococcus,
porém sem diferença significativas no grupo de indivíduos obesos em comparação
com grupos de indivíduos eutróficos e com sobrepeso.
Diferentes estudos tem demonstrado diferenças nas densidades bacterianas no
intestino de pacientes obesos, porém, coincidem no incremento de Enterococcus,
77 Prevotella, Staphylococcus, E. coli, Acinetobacter e Fusobacterium (ANGELAKIS et
al., 2012 ; CHIU et al., 2014). Bactérias do género Bacteroides têm sido extensamente
relacionadas com a presença de resistência a antibióticos, principalmente tetraciclinas
e macrolídeos (SHOEMAKER et al., 2001). Além disso, o aumento das bactérias do
grupo das Proteobacterias em desequilíbrios energéticos no intestino já foi descrito
por Shin, Won e Bae (2015), o que poderia explicar a presença aumentada de E. coli
no intestino e os níveis de observação de marcadores de resistência associados a
bastonetes Gram negativos, no nosso estudo.
Em relação à avaliação da relação entre os grupos bacterianos e a observação
dos marcadores genéticos de resistência a antimicrobianos, embora não existam
estudos disponíveis para comparação dos nossos resultados, a razão obtida permite
sugerir que existe uma maior probabilidade de associação dos marcadores genéticos
com os bastonetes Gram negativos principalmente nos grupos com sobrepeso e
obeso. Como relatado anteriormente, apesar da detecção desses marcadores possa
estar relacionada a níveis basais na população, ou consequência de pressão seletiva
antimicrobiana anterior ao critério estabelecido no estudo, todos os indivíduos
participantes estavam sujeitos ao mesmo viés. Assim, essa observação,
considerando-se os bastonetes Gram negativos poderia estar relacionada com os
diferentes xenobióticos ingeridos pelos indivíduos dos grupos com sobrepeso o
obeso.
A mesma observação não poderia ser extrapolada, no entanto, para o os
bastonetes Gram negativos anaeróbios e cocos Gram positivos, sugerindo um
aumento na pressão seletiva principalmente para o grupo dos bastonetes Gram
negativos.
De maneira geral, a distribuição dos genes de resistência parece ser
aumentada no metagenoma dos indivíduos eutróficos, considerando a densidade dos
78 bastonetes Gram negativos anaeróbios. Entretanto, é importante destacar que na
microbiota fecal dos indivíduos com sobrepeso e obeso, a densidade relativa desses
microrganismos estava aumentada. Esse fenômeno pode contribuir para uma
diminuição no valor da razão entre o número de eventos de detecção de marcadores,
e a frequência relativa bacteriana. O mesmo fenômeno foi observado para cocos
Gram positivos e a distribuição de marcadores detectados entre os indivíduos.
Por outro lado, mesmo que a razão entre o número de eventos de detecção de
marcadores e a frequência relativa dos bastonetes Gram negativos tenha sido maior
nos grupos de indivíduos com sobrepeso e obesos, há de se considerar que a
densidade desses microrganismos, nestes indivíduos, se mostrou aumentada. Esse
fenômeno reforça a ideia da maior pressão seletiva para persistência de marcadores
de resistência a drogas associados a enterobactérias e Gram negativos não
fermentadores nos indivíduos com excesso de peso, associado à sua fisiologia e
comportamento.
79 8 CONCLUSÕES
• Alteração na estrutura da microbiota residente intestinal está relacionada ao
excesso de peso e os fatores associados, na população amostrada;
• Existe no resistoma clínico fecal humano, de maneira geral, um núcleo de
genes de resistência que são compartilhados homogeneamente entre os
indivíduos, os quais correspondem aos antibióticos de maior uso rotineiro na
medicina humana e animal;
• Indivíduos com altos valores de IMC tem maior probabilidade da ocorrência
de marcadores genéticos de resistência a drogas antimicrobianas no
metagenoma fecal;
• Indivíduos com alta ingesta calórica diária e que fazem uso rotineiro de
xenobióticos, dentre eles adoçantes, tem maior probabilidade da ocorrência
de marcadores genéticos de resistência a drogas antimicrobianas no
metagenoma fecal;
• Entre indivíduos com sobrepeso e obesos, existe uma tendência de maior
ocorrência entre genes de resistência a drogas antimicrobianas nos
bastonetes Gram negativos intestinais em comparação com os bastonetes
gram negativos anaeróbios e os cocos Gram positivos.
80 9 REFERÊNCIAS
AL-SAFFAR, F.; MIRANDA, D.T.; IBRAHIM, S.; SHUJAAT, A. 2015. How an
opportunistic infection can mess with your Brain and take your breath away: A rare
case of simultaneous lung and brain abscess due to Streptococcus anginosus. Case Reports in Infectous Diseases: 1-3.
ALLEN, H.K.; DONATO, J.; WANG, H.H.; CLOUD-HANSEN, K.A.; DAVIES, J.;
HANDELSMAN, J. 2010. Call of the wild: antibiotic resistance genes in natural
environments. Nature Reviews Microbiology, 8: 251-259
AMANN, R.; LUDWIG, W.; SCHULZE, R.; SPRING, S.; MOORE, E.; SCHLEIFER,
G.H. 1996. rRNA targeted oligonucleotide probes for the identification of genuine and
former pseudomands. Systematic Applied Microbiology, 19: 501 – 509.
ANGELAKIS, E.; ARMOUGOM, F.; MILLION, M.; RAOULT, D. 2012. The relationship
between gut microbiota and weight gain in humans. Future Microbiology, 7 (1): 91–
109.
ANTONOPOULUS, D.A.; HUSE, S.M.; MORRISON, H.G.; SCHMIDT, T.M.; SOGIN,
M.L.; YOUNG, V.B. 2009. Reproducible community dynamics of the gastrointestinal
microbiota following antibiotic perturbation. Infection and Immunology, 77: 2367-
2375.
APAJALAHTI, J. 2005. Comparative Gut Microflora, Metabolic Challenges, and
Potential Opportunities. Journal of Applied Poultry Research, 14: 444–453.
ARAUJO, M.C.; BEZERRAL, I.N.; BARBOSA, F.S.; JUNGER, W.L.; YOKO, E.M.;
PEREIRA, R.A.; SICHIERI, R. 2013. Consumo de macronutrients e ingestão
inadequada de micronutrientes em adultos. Revista de Saúde Pública, 47 (1): 177S-
89S,
ARUYUTNOV, D.; FROST, L.S. 2013. F conjugation: Back to the beginning. Plasmid, 70: 18 – 32.
ASSIF, M. 2014. The prevention and control the type-2 diabetes by changing lifestyle
and dietary pattern. Journal of education and health promotion, 3 (1): 1 – 25.
81 Associaçao brasileira para o estudo da obesidade e sindrome metabolico. 2009 –
2010. Diretrizes brasileiras de Obesidade, 1 – 85.
BACKHED, F.; MANCHESTER, J.K.; SEMENKOVICH, C.F.; GORDON, J.I. 2007.
Mechanisms underlying the resistance to diet-induced obesity in germ-free mice.
Proceedings of the National Academy of Science, 104 (3): 979 – 984.
BAQUERO, F.; TEDIM, A.P.; COQUE, T.M. 2013. Antibiotic resistance shaping multi-
level population biology of bacteria. Frontiers in Microbiology, 4 (15): 1 – 15..
BEHR, T.; KOOB, C.; SCHEDL, M.; MEHLEN, A.; MEIER, H.; KNOPP, D.; FRAHM,
E.; OBST, U.; SCHLEIFER, K.; NEISSNER, R.; LUDWIG, W. 2000. A nested array of
rRNA targeted probes for the detection and identification of enterococci by reverse
hybridization. Systematic and Applied Microbiology, 23: 563 – 572.
BEIRAO, E.M.; PADOVAN, A.C.; FURTADO, J.D.; COLOMBO, A.L.; MEDEIROS,
E.A. 2014. Does the change on gastrointestinal tract microbiome affects host? The
Brazilian Journal of Infectious Diseases: 1- 4.
BENGSTON-PALMER, J.; ANGELIN, M.; HUSS, M.; KJELLQVIST, S.;
KRISTIANSSON, E.; PALMGREN, H.; LARSSON, J.; JOHANSSONE, A. 2015. The
Human Gut Microbiome as a Transporter of Antibiotic Resistance Genes between
Continents. Antimicrobial Agents Chemotherapy, 59: 6551 – 6560.
BIEDERMANN, L.; ROGLER, G. 2015. The intestinal microbiota: its role in health and
disease. European Journal of Pediatry, 174: 151–167.
BLAND, J.M.; ALTMAN, D.G. 2000. The odds ratio. Statistics notes, 320: 1-2.
BRAOUDAKI, M.; HILTON, A.C. 2004. Adaptive resistance to biocides in Salmonella
enterica and Escherichia coli O157 and cross-resistance to antimicrobial agents.
Journal of Clinical Microbiology, 42 (1): 73 – 78.
CHAIEB, K.; ZMANTAR, T.; CHEHAB, O.; BOUCHAMI, O.; BENHASEN, A.;
MAHDOUANI, K.; BAKHROUF, A. 2007. Antibiotic resistance genes detected by
multiplex PCR assays in Staphylococcus epidermidis strains isolated from dialysis fluid
and needles in a dialysis service. Journal of Infectious Diseases, 60 (4):183-7.
82 CANI, P.D. 2013. Gut microbiota and obesity: lessons from the microbiome. Briefings in Functional Genomics, 12 (4): 381 – 387.
CHIU, C.M.; WEI, C.H.; WENG, S.L.; TSENG, H.C.; LIANG, C.; WANG, W.C.; YANG,
T.L.; WENG, C.T.; CHANG, T.H.; HUANG, H.D. 2014. Systematic Analysis of the
Association between Gut Flora and Obesity through High-Throughput Sequencing and
Bioinformatics Approaches. Biomed Research International: 1- 10.
CARDOSO, M. A. & STOCCO, P. R. Desenvolvimento de um questionário quantitativo
de freqüência alimentar em imigrantes japoneses e seus descendentes residentes em
São Paulo, Brasil. Caderno Saúde Pública. Rio de Janeiro, 16(1):107-114, jan-mar,
2000
CARLET, J.; JARLIER, V.; HARBARTH, S.; VOSS, A.; GOOSSENS, H.; PITTET, D.
2012. Ready for a world without antibiotics? The Pensières antibiotic resistance call to
action. Antimicrobial Resistance Infection Control, 1 (11): 1 - 13.
CARVALO, A.C.; FORNARI, J.V.; BERNABE, A.S.; ARCARI, D.P.; FERRAZ, N.N.
2013. Prevalência de obesidade e comorbidades associadas em trabalhadores do
ramo vidreiro. Saúde em Foco, 7: 1 – 8.
CHUANCHUEN, R.; BEILINCH, K.; HOANG, T.T.; BECHER, A.; KARKHOFF-
SCHWEIZER, R.R.; SCHWEIZER, H.P. 2001. Cross-resistance between triclosan and
antibiotics in Pseudomonas aeruginosa Is mediated by multidrug efflux pumps:
exposure of a susceptible mutant strain to triclosan selects nfxB mutants
overexpressing MexCD-OprJ. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, 45 (2): 428–432.
CLEMENTE, J.C.; PEHRSSON, E.C.; BLASER, M.J.; SANDHU, K.; GAO, Z.; WANG,
B.; MAGRIS, M.; HIDALGO, G.; CONTRERAS, M.; ALARCON, O.N.; LANDER, O.;
MCDONALD, J.; COX, M.; WALTER, J.; OH, P.L.; RUIZ, J.F.; RODRIGUEZ, S.;
SHEN, N.; SONG, S.J.; METCALF, J.; KNIGHT, R.; DANTAS, G.; DOMINGO, G.
2015. The microbiome of uncontacted Amerindians. Science: 1 - 12.
COX, L.M.; YAMANISHI, S.; SOHN, J.; ALEKSEYENKO, A.V.; LEUNG J.M.; CHO, I.;
KIM, S.G.; LI, H.; GAO, Z.; MAHANA, D.; RODRIGUEZ, J.G.; ROGERS.; ROBINE,
83 N.; LOKE, P.; BLASER, M.J. 2014. Altering the intestinal microbiota during a critical
developmental window has lasting metabolic consequences. Cell, 158: 705–721.
D’COSTA, V.M.; MCGRAN, K.M.; HUGHES, D.W.; WRIGHT, G.D. 2006. Sampling the
antibiotic resistome. Science, 311: 374 – 376.
D’COSTA, V.M.; GRIFFITHS, E.; WRIGHT, G.D. 2007. Expanding the soil antibiotic
resistome: exploring environmental diversity. Current Opinion in Microbiology, 10: 481 – 489.
D’COSTA, V.M.; KING, C.E.; KALAN, L.; MORAR, M.; SUNG, W.W.; SCHWARZ, C.;
FROESE, D; ZAZULA, G.; CALMELS, F.; DEBRUYNE, R.; GOLDING, G.B.; POINAR,
H.N.; WRIGHT, G.D. 2011. Antibiotic resistance is ancient. Nature, 00 (1): 1-5.
DANTAS, G.; SOMMER, M.O.; OLUWASEGUN, R.D.; CHURCH, G.M. 2008. Bacteria
subsisting on antibiotics. Science, 320: 100 – 103.
DANTAS, G.; SOMMER, O.A. 2012. Context matters — the complex interplay
between resistome. Current Opinion in Microbiology, 15: 577–582 genotypes and
resistance phenotypes
DAS, U.N. 2010. Obesity: Genes, brain, gut, and environment. Nutrition, 26: 459 –
473.
DAVID, E.; KAUFFMAN, K.D. 2005. Metabolic Syndrome: A Clinical and Molecular
Perspective, Annual Review of Medicine 56: 45 – 53.
DAVIES, J. 1994. Inactivation of antibiotics and the dissemination of resistance genes.
Science, 264: 375 – 381.
DAVIES, J. 2006. Where have all the antibiotics gone?. Canadian Journal of Infectious Diseases & Medical Microbiology, 17 (5): 287 – 289.
DAVIES, J.; DAVIES, D. 2010. Origins and evolution of antibiotic resistance.
Microbiology and Molecular Biology Reviews, 74 (3): 417–433.
DEFTHLEFSEN, L.; HUSE, S.; M.L. SOGIN, D.A. RELMAN. 2008. The pervasive
effects of an antibiotic on the human gut microbiota, as revealed by deep 16S rRNA
sequencing. PLoS ONE, 6: 280 – 289.
84 DETHLEFSEN, L.; D.A. RELMAN. 2011. Incomplete recovery and individualized
responses of the human distal gut microbiota to repeated antibiotic perturbation.
Proceedings of the National Academy of Science, 108 (1): 4554 – 4561.
DEMANECHE, S.; SANGUIN, H.; POTÉ, J.; NAVARRO, E.; BERNILLON, D.;
MAVINGUI, P.; WIDI, W.; VOGEL, T.M.; SIMONET, P. 2008. Antibiotic-resistant soil
bacteria in transgenic plant fields. Proceedings of the National Academy of Science, 105 (10): 3957–3962.
DE CHAMPS, C.; POIREL, L.; BONNET, R.; SIROT, D.; CHANAL, C.; SIROT, J.
Prospective survey of β-lactamases produced by ceftazidim resistance Pseudomonas
aeruginosa isolated in a French hospital in 2000. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, 46(2): 3031-3034, 2002.
DIXIT, V.D. 2008. Adipose-immune interactions during obesity and caloric restriction:
reciprocal mechanisms regulating immunity and health span. Journal of Leucocyte Biology, 84: 882-892
El AMIN, N.; GISKE, C.G.; JALAL, S.; KEIJSER, B.; KRONVALL, G.; WRETLIND, B.
2005. Carbapenem resistance mechanisms in Pseudomonas aeruginosa: alterations
of porin OprD and efflux proteins do not fully explain resistance patterns observed in
clinical isolates. APMIS, 113:187-196, 2005.
FALLANI, M.; AMARRI, S.; UUSIJARVI, A.; ADAM, R.; KHANNA, S.; AGUILERA, M;
GIL, A.; VIEITES J.M.; NORIN, E.; YOUNG, D.; SCOTT, J.A.; DORE, J.; EDWARDS,
C.A. 2011. Determinants of the human infant intestinal microbiota after the introduction
of first complementary foods in infant samples from five european centres.
Microbiology, 157: 1385 – 1392.
FAJARDO, A.; MARTINEZ, N.M.; MERCADILLO, M.; GALAN, J.C.; GHYSELS, B.;
MATTHIJS, S.; CORNELIS, P; WIEHLMANN, L.; TUMMLER, B.; BAQUERO, F.;
MARTINEZ, J.L. 2008. The neglected intrinsic resistome of bacterial pathogens. PLoS ONE, 3 (2): 1 - 6.
FISCHBACH, M.A.; WALSH, M.A.; CLARDY, J. 2007. The evolution of gene
collectives: How natural selection drives chemical innovation. Proceedings of the National Academy of Sciences, 105 (12): 4601– 4608.
85 FISCHBACH, M.A. 2009. Antibiotics from microbes: Converging to kill. Current Opinion in Microbiology, 12 (5): 520–527.
FLEGAL, K.M. GRAUBARD, B.I. WILLIAMSON, D.F. GAIL, M.H. 2007. Cause-
specific excess deaths associated with underweight, overweight, and obesity. Journal of Nutrition, 298: 2028 - 2037
FLINT, H.J.; BAYER, E.A; RINCON, M.T.; LAMED, R.; WHITE, B.A. 2008.
Polysaccharide utilization by gut bacteria: potential for new insights from genomic
analysis. Nature, 6: 121-130.
FOUHY, F.; GUINANE, C.M.; HUSSEY, S.; WALL R.; RYAN, A.C.; DEMPSEY, E.M.;
MURPHY, B.; ROSS, R.P.; FITZGERALD, G.F.; STANTON, C.; COTTER, P.D. 2012.
High-throughput sequencing reveals the incomplete, 4 short-term, recovery of the
infant gut microbiota following parenteral antibiotic treatment with ampicillin and
gentamycin. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, 56 (11): 5811 - 5820.
FORSLUND, K.; SUNAGAWA, S.; KULTIMA, J.R.; MENDE, D.R.; ARUMUGAN, M.;
TYPAS, A.; BORK, P. 2013. Country-specific antibiotic use practices impact the
human gut resistome. Genome Research, 23: 1163 – 1169.
FORSLUND, K.; SUNAGAWA, S.; COELHO, L.P.; BORK, P. 2014. Metagenomic
insights into the human gut resistome and the forces that shape it. Bioessays, 36: 316–329.
FRANKS, A.H.; HARMSEN, H.J.; RAANGS, G.C.; JANSEN, G.J.; SCHUT, F.;
WELLING, G.W. 1998. Variations of bacterial populations in humans feces measured
by fluorescence in situ hybridization with group specific 16S rRNA- targeted
oligunuclotide probes. Applied Enviromental Microbiology, 64: 3336 – 3345.
GALAN, J.C.; CANDELAS, F.G.; ROLAIN, J.M.; CANTON, R. 2013. Antibiotics as
selectors and accelerators of diversity in the mechanisms of resistance: from the
resistome to genetic plasticity in the β-lactamases world. Frontiers in Microbiology, 4 (9): 1 – 16.
GALES, A.C.; MENEZES, L.C.; SILBERT, S.; SADER, H.S. Dissemination in distinct
Brazilian regions of an epidemic carbapenem-resistant Pseudomonas aeruginosa
86 producing SPM metallo-β-lactamase. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, 52: 699-702, 2003.
GILLINGS, M.R.; PAULSEN, I. T.; TETU, S.G. 2015. Ecology and Evolution of the
Human Microbiota: Fire, Farming and Antibiotics. Genes, 6: 841 – 857.
GILLINGS, M.R.; STOKES, H.W. 2012. Are humans increasing bacterial evolvability?.
Trends in Ecology and Evolution, 27 (6): 346 – 352.
GILLINGS, M.R. 2013. Evolutionary consequences of antibiotic use for the resistome,
mobilome, and microbial pangenome. Frontiers in Microbiology, 4 (4): 1 – 10.
GIRAUD-MORIN, C.; MADINIER, I.; FOSSE, T. 2003. Sequence analysis of cfxA2-like
β-lactamases in Prevotella species. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, (51): 1293–1296.
GMUR, R.; WYSS, C.; XUE, Y.; THURNHEER, T.; GUGGENHEIM, B. 2004.Gingival
crevice microbiota from Chinese patients with gingivitis or necrotizing ulcerative
gingivitis. European Journal of Oral Science, 112: 33 – 41.
GMUR, R.; THURNHEER, T. 2002. Direct quantitative differentiation between
Prevotella intermedia and Prevotella nigrescens in clinical samples. Microbiology, 148: 1379 - 1387
GRAPE, M.; SUNDSTROM, L.; KRONVALL, G. 2003. Sulphonamide resistance gene
sul3 found in Escherichia coli isolates from human sources. Journal of Antimicrobial
Chemotherapy, 52: 1022–1024.
GRICE, E.A; SEGRE, J.A. 2012. The human microbiome: Our second genome.
Annual Review of Genomics and Human Genetics, 13: 151–70.
GUARNER, F.; MALAGELADA, J.R. 2003. Gut flora in health and disease. The Lancet, 360: 512–19.
HARLEY, T. W.; KARP, C.L. 2012. Obesity and the gut microbiome: Striving for
causality. Molecular Metabolism, 1: 21 – 31.
HAWRELAK, J.A.; MYERS, S.P. 2004. The causes of intestinal dysbiosis: A review.
Alternative Medicine Review, 9 (2): 180 – 197.
87 HIGGINS, P.G.; LEHMANN, M.; SEIFERT, H. Inclusion of OXA-143 primers in a
multiplex polymerase chain reaction (PCR) for genes encoding prevalent OXA
carbapenemases in Acinetobacter spp. International of Journal Antimicrobial
Agents, 35: 305-307, 2010.
HINDI, A.K.; SHUBBAR, E.E.; ADDO, S.A. 2013. Molecular Study on distrbution of
sul1 and sul2 genes among Salmonella enterica causing Enteric Fever. Magazine of
Al-Kufa University for Biology, 5 (2): 1 – 9.
HOOPER, L.V.; LITTMAN, D.R.; MACPHERSON, A.J. 2012. Interactions between the
microbiota and the immune system. Science, 336: 1268-1273.
HUGHES, R.; ROWLAND, I. R. 2000. Metabolic activities of the gut microflorao in
Relation to Cancer. Microbial Ecology in Health and Disease, 2: 179–185
JERNBERG, C.; LOFMARK, S.; EDLUND, C.; JANSSON, J.K. 2010. Long-term
impacts of antibiotic exposure on the human intestinal microbiota. Microbiology, 156: 3216 – 3223.
JIMENEZ, E.; MARÍN, M.L.; MARTÍN, R.; ODRIOZOLA, J.M.; OLIVARES, M. 2008. Is
meconium from healthy newborns actually sterile? Research in Microbiology, 159: 187-193.
JONASSON, L.; GULDBRAND, H.; LUNBERG, A.K.; NYSTROM, F.H. 2014. Advice to
follow a low-carbohydrate diet has a favourable impact on low-grade infl ammation in
type 2 diabetes compared with advice to follow a low-fat diet. Annals of Medicine: 1 –
6.
JONES, C.H.; TUCKMAN, M.; KEENEY, D.; RUZIN, A.; BRADFORD, P.A. 2009.
Characterization and sequence analysis of extended spectrum B-lactamase encoding
genes from Escherichia coli, Klebsiella pneumonie, and Proteus mirabilis isolates
during tigecycline phase 3 clinical trials. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, 53 (2): 465 – 475,
KABAT, A.M.; SRINIVASAN, N.; MALOY K.J. 2014. Modulation of immune
development and function by intestinal microbiota. Trends in Immunology, 35 (11): 507 – 517.
88 KIM, H.B.; PARK, C.H.; KIM, C.J.; JACOBY, G.A.; HOOPER, C. 2009. Prevalence of
Plasmid-Mediated Quinolone Resistance Determinants over a 9-Year Period.
Antimicrobial agents and chemotherapy, 53 (2): 639 – 645.
KIM, D. 2015. Gut microbiota-mediated drug-antibiotic interactions. Drug Metabolism and Disposition, 43: 1581–1589.
KOHANSKI, M.A.; DWYER, D.J.; HAYETE, B.; LAWRENCE, C.A. 2007. A Common
Mechanism of Cellular Death Induced by Bactericidal Antibiotics. Cell, 130: 797–810.
LAM, Y.Y.; CONNIE, W.Y.; HOFFMAN, J.A.; OSCARSSON, J.; DINUDOM, A.;
MATHER, T.J.; COOK, D.I.; HUNT, N.H.; HOLMES, H.J.; STORLEN, L.H. 2015.
Effects of dietary fat profile on gut permeability and microbiota and their relationships
with metabolic changes in mice. Obesity, 23: 1429 – 1439.
LANCASTER, H.; READY, D.; MULLANY, P.; SPRATT, D.; BEDI, R.; WILSON, M.
2003. Prevalence and identification of tetracycline-resistant oral bacteria in children not
receiving antibiotic therapy. FEMS Microbiology Letters 228: 99-104.
LESTER, C.H.; MOLLER, N.F.; SORENSEN, T.L.; MONNET, D.L.; HAMMERUM,
A.M. 2006. In vivo transfer of the vanA resistance gene from an enterococcus faecium
isolate of animal origin to an E. faecium isolate of human origin in the intestines of
human volunteers. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, 50 (2): 596 – 599.
LEVY, S.B. 1998. The challenge of antibiotic resistance. Scientific American: 46 –
53.
LEY, R.E.; PETERSON, D.A.; GORDON J.I. 2006. Ecological and evolutionary forces
shaping microbial diversity in the human intestine. Cell, 124: 837 – 848.
LEY, R.E.; TURNBAUGH, P.J.; KLEIN, S.; GORDON, J.I. 2006. Human gut microbes
associated with obesity. Nature, 444 (21): 1022 – 1023.
LIM, S.S.; VOS, T.; FLAXMAN, A.D.; DANAEI, G.; SHIBUYA, K.; ADAHIR-ROHANI,
H.; AMANN, M.; ANDERSON, H.R.; ANDREWS, K.G. 2012. A comparative risk
assessment of burden of disease and injury attributable to 67 risk factors and risk
factor clusters in 21 regions, 1990–2010: a systematic analysis for the Global Burden
of Disease Study 2010. National Institute of Health, 380: 2224 – 2260
89 LIN, W.Y.; LEE, L.T.; CHEN, C.Y.; LO, H.; HSIA, H.H.; LIU, I.L.; LIN, R.S.; SHAU,
W.Y.; HUANG, K.C. 2002. Optimal cut-off values for obesity: using simple
anthropometric indices to predict cardiovascular risk factors in Taiwan. International Journal of Obesity, 26: 1232 – 1238.
LINDBERG, E.; NOWROUZIAN, F.; ADLERBERTH, I.; WOLD, A.E. 2000. Long-time
persistence of superantigen producing Staphylococcus aureus strains in the intestinal
microflora of healthy infants. Pediatric Research, 48 (6): 741– 747.
LIVERMORE, D.M. 2003. Overstretching the mutant prevention concentration.
Journal of Animicrobial Chemotherapy, 52, 732.
LORENZ, M.G.; WACKERNAGEL, W. 1994. Bacterial gene transfer by natural genetic
transformation in the environment. Microbiological Review, 58 (3): 563 – 602.
LU, K.; ABO, R.P.; SCHLIEPER, K.A.; GRAFFAM, M.E.; LEVINE, S.; WISHNOK, J.S.;
SWENBERG, J.A.; TANNENBAUM, S.R.; FOX, J.G. Arsenic exposure perturbs the
gut microbiome and Its metabolic profile in mice: An integrated metagenomics and
metabolomics analysis. Environmental Health Perspectives, 122 (3): 284 – 291.
LUMENG, C. N.; BODZIN, J. L.; SALTIEL, A. R. 2007. Obesity induces a phenotypic
switch in adipose tissue macrophage polarization. Journal of Clinical Investigation., v.
117, n. 1. p. 175–184.
MAURICE, F.C.; HAISER, H.J.; TURNBAUGH, J. 2012. Xenobiotics Shape the
Physiology and Gene Expression of the Active Human Gut Microbiome. Cell, 152: 39–
50.
MANCO, M.; FERNANDEZ-REAL, J. M.; EQUITANI, F.; VENDRELL, J.; VALERA
MORA, M. E.; NANNI, G.; TONDOLO, V.; CALVANI, M.; RICART, W.; CASTAGNET,
M.; MINGRONE, G.. Effect of massive weight loss on inflammatory adipocytokines
and the innate immune system in morbidly obese women. The Journal of Clinical
Endocrinology & Metabolism, V. 92, N. 2, P. 483-490, jul. 2007.
MARCHESI, J.R.; ADAMS, D.H.; FAVA, F.; HERMES, G.D.; HIRSCHFIELD,G.M.;
HOLD, G.; QURAISHI, M.N.; KINROSS, J.; SMIDT, H. TUOHY, M.K.; THOMAS, V.L.;
ZOETENDAL, E.G.; HART, A. 2015. The gut microbiota and host health: a new clinical
frontier. Gut, 0: 1 – 10.
90
MARTINEAU, F.; PICARD, F.J.; BERGERON, M.G. 2000. Correlation between the
Resistance Genotype Determined by Multiplex PCR Assays and the Antibiotic
Susceptibility Patterns of Staphylococcus aureus and Staphylococcus epidermidis.
Antimicrobial Agents and Chemotherapy, 44 (2): 231–238.
MINISTERIO DA SAUDE. Vigilancia de fatores de risco e proteção para doenças
crônicas por inquérito telefônico. Vigitel 2014: 1 – 37.
MOREIRA, A.P.; TEXEIRA, T.F.; FERREIRA, A.B.; PELUZIO, M.C.; ALFENAS, R.C.
2012. Influence of a high-fat diet on gut microbiota, intestinal permeability and
metabolic endotoxaemia. British Journal of Nutrition, 108: 801 – 809.
MOREIRAS, G.V.; MERINO, L.F.; APERTE, E.A.; BARTRINA, J.A.; TORRES, J.M.;
LAIN, S.A.; CORTES, S.B.; GARCIA, L.C.; SAAVEDRA, M.A.; RUBIO, A.D.; AZA,
M.G. 2013. Obesidad y sedentarismo en el siglo XXI: ¿qué se puede y se debe hacer.
Nutricion Hospitalaria 2013; 28 (5): 1-12
MORIN, G.M.; MADINIER, I.; FOSSE, T. 2002. Sequence analysis of cfxA2-like β-
lactamases in Prevotella species. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, 51: 1293–1296
MOORE, A.M.; PATEL, S.; FORSBERG, K.J.; WANG, B.; GAYLE, B.; RAZIA, Y.; QIN,
X.; TARR, P.I.; DANTAS, G. 2013. Pediatric Fecal Microbiota Harbor Diverse and
Novel Antibiotic Resistance Genes. Plos One, 8 (11): 1 – 9.
MOORE, A.M.; AHMADI, S.; PATEL, S.; GIBSON, M.K.; WANG, B.; Ndao, M.;
DEYCH, E. 2015. Gut resistome development in healthy twin pairs in the first year of
life. Microbioma, 3 (27): 2-10.
MUNIESA, M.; LLUCH, M.C.; JOFRE, J. 2013. Could bacteriophages transfer
antibiotic resistance genes from environmental bacteria to human-body associated
bacteria populations? Mobile Genetic Elements, 3 (4): 258471 - 258474.
NAKANO, V.; SILVA, A.N. MERINO, V.R., WEXLER, H.M. 2011. Antimicrobial
resistance and prevalence of resistance genes in intestinal Bacteroidales strains.
Clinical Science, 66 (4): 543-547
91 NAAS, T.; BENAOUDIA, F.; MASSUARD, S.; NORDMANN, P. 2000. Integron-located
VEB-1 extended-spectrum β-lactamase gene in a Proteus mirabilis clinical isolate from
Vietnam. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, 46: 703–711.
NEEF, A.; AMANN, R.; SCHLEIFER, K.H. 1995. Detection of microbial cells in
aerosols using nucleic acid probes. Systemic and Applied Microbiology, 18: 113 –
122.
NG, L.K.; MARTIN, I.; ALFA, M.; MULVEY, M. 2001. Multiplex PCR for the detection of
tetracycline resistant genes. 2001. Molecular and Cellular Probes, 15: 209–215.
NICHOLSON, J.K.; HOLMES, E.; WILSON, I.D. 2005. Gut microorganisms,
mammalian metabolism and personalized health care. Nature: 1 – 8.
ODEH, R.; KELKAR, A.M.; BONOMO, R.A.; SCHRECKENBERGER, P.C.; QUINN,
J.P. 2002. Broad resistance due to plasmid mediated ampC B-lactamases in clinical
isolates of Escherichia coli. Clinical Infectious Diseases, 35: 140 – 145.
O’HARA, A.M.; SHANAHAN, F. 2006. The gut flora as a forgotten organ. European Molecular Biology Organization reports, 7 (7): 688 – 693.
OSBOURN, A. 2010. Secondary metabolic gene clusters: evolutionary toolkits for
chemical innovation. Trends in Genetics, 26: 449 – 457.
PEACOCK, S.J. 2005. Staphylococcus. In: Topley & Wilson’s Microbiology & Microbial
Infections. 772 – 731.
PEREIRA-MAIA, E.C.; SILVA, P.P.; ALMEIDA, W.B.; SANTOS, H.F.; MARCIAL, B.L.;
RUGGIERO, R.; GUERRA, W. 2010. Tetraciclinas e glicilciclinas: uma visão geral. Química Nova, 33 (3): 700 – 706.
PERRY, J.A.; WRIGHT, G.D. 2014. Forces shaping the antibiotic resistome.
Bioessays, 36: 1- 5.
PERRY, J.A.; WESTMAN, E.L.; WRIGHT, G.D. 2014. The antibiotic resistome: what’s
new? Current Opinion in Microbiology, 21: 45–50.
PHAM, T.A.; LAWLEY, T.D. 2014. Emerging insights on intestinal dysbiosis during
bacterial infections. Current Opinion in Microbiology, 17: 67–74.
92 POIREL, L.; BONNIN, R.A.; NORDMANN, P. 2011. Genetic basis of antibiotic
resistance in pathogenic Acinetobacter species. Life, 63 (12): 1061–1067.
POSSEMIERS, S.; GROOTAERT, C.; VERMEIREN, J.; GROSS, G.; MARZORATI,
M.; VERSTRAETE, W.; WIELE, T.V. 2009. The Intestinal Environment in Health and
Disease – Recent Insights on the Potential of Intestinal Bacteria to Influence Human
Health. Current Pharmaceutical Design, 15: 2051-2065
PRENTICE, A.M. 2006. The emerging epidemic of obesity in developing countries.
International Journal of Epidemiology, 35: 93 -99.
QIN, J.; LI, R.; RAES, J.; ARUMURGAM, M.; BURGDORF, K.S.; MANICHANH, C.;
NIELSEN, T.; PONS, N.; LEVENEZ, F.; YAMADA, T.; MENDE, D.R. 2010. A human
gut microbial gene catalogue established by metagenomic sequencing. Nature, 464: 60 - 65.
RAYMOND, F.; OUAMEUR, A.A.; DÉRASPE, M.; IQBAL, N.; HELENE, G.; DRIDI, B.;
LEPROHON, P.; PLANTE, P.L.; GIROUX, R.; BERUBE, E.; FRENETTE, JOHANNE,
BOUDREAU, D.K.; SIMARD, J.L.; CHABOT, I. 2015. The initial state of the human gut
microbiome determines its reshaping by antibiotics. The International Society for Microbial Ecology Journal: 1 – 14.
READY, D.; LANCASTER, H. QURESHI, F.; BEDI, R.; MULLANY, P.; WILSON, M.
2004. Effect of amoxicillin use on oral microbiota in young children. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, 48: 2883-2887
RIGOTTIER-GOIS, L.; ROCHET, V.; GARREC, N.; SUAU, J. 2003. Enumeration of
Bacteroides species in human faeces by fluorescente in situ hybridization combined
with flow cytometry usin 16S rRNA probes. Systematic and Applied Microbiology, 26: 110 – 118.
ROBERTS, M.C. 1996. Tetracycline resistance determinants: mechanisms of action,
regulation of expression, genetic mobility, and distribution. FEMS Microbiology Reviews 19: 1-24.
ROMERO, D.; TRAXLER, M.F.; LOPEZ, D.; KOLTER, R. 2011. Antibiotics as signal
molecules. Chemical Reviews, 111 (9): 5492 – 5505.
93 ROSENBAUN, M.; KNIGHT, R.; LEIBEL, R.L. 2015. The gut microbiota in human
energy homeostasis and obesity. Trends in Endocrinology and Metabolism, 1054:
1-9.
RUPPÉ, E.; ANDREMONT, A. 2013. Causes, consequences, and perspectives in the
variations of intestinal density of colonization of multidrug-resistant enterobacteria.
Frontiers in Microbiology, 4 (129): 1 – 10.
RUSELL, S.L.; GOLD, M.J.; HARTMANN, M.; WILLING, B.P.; THORSON, L.;
WLODARSKA, M.; GILL, N.; BLANCHET, M.; MOHN, W.W.; MCNAGNY, K.M.;
FINLAY, B. 2012. Early life antibiotic-driven changes in microbiota enhance
susceptibility to allergic asthma. European Molecular Biology Organization Reports, 13 (5): 440 – 446.
SALES, R. L.; COSTA, N. M. B.; SILVA, M. M. S. 2004. Avaliando o consumo
alimentar por fotos. Universidade Federal de Viçosa: 1 – 40.
SALYERS, A.A.; GUPTA, A.; WANG, Y. 2004. Human intestinal bacteria as reservoirs
for antibiotic resistance genes. Trends in Microbiology, 12 (9): 412 - 416.
SANTANA, E.S.; OLIVEIRA, F.H.; BARNABE, A.C.; MENDES, F.M.; ANDRADE, M.A.
2011. Uso de antibióticos e quimioterápicos na avicultura. Centro científico conhecer: 1 – 21.
SATOKARI, R.; GRONROOS, T.; LAITINEN, K.; SALMINEM, S.; ISOLAURI, E. 2009.
Bifidobacterium and Lactobacillus DNA in the human Placenta. Letters in Applied Microbiology, 48: 8 – 12.
SCHEPPACH, W. 1994. Effects of short chain fatty acids on gut morphology and
function. Gut: 35 – 38.
SCHWABER, M.J.; VENEZIA, S.N.; SCHWARTZ, D.; CARMELI, Y. 2005. High levels
of antimicrobial coresistance among extended-spectrum B-lactamase producing
enterobacteriaceae. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, 49 (5): 2137–2139.
SENGUPTA, S.; CHATTOPADHYAY, M.; GROSSART, H. 2013. The multifaceted
roles of antibiotics and antibiotic resistance in nature. Frontiers in Microbiology, 4 (47): 1 – 13.
94 SHANAHAN, F. 2002. The host–microbe interface within the gut. Best Practice & Research Clinical Gastroenterology, 16 (6): 915 – 931.
SHANNON, L.R.; MATTHEW, J.G.; HARTMANN, M.; SHANNON L.; WILLING, B.P.;
THORSON, L.; WLODARSKA, M.; GILL, N.; BLANCHET, M.; MOHN, W.W.;
MCNAGNY K.M.; FINLAY, B.B. 2012. Early life antibiotic-driven changes in microbiota
enhance susceptibility to allergic asthma. European Molecular Biology Organization Reports, 13 (5): 440 -447.
SHIN, N.R.; WHON, T.W.; BAE, J.W. 2015. Proteobacteria: microbial signature of
dysbiosis in gut microbiota. Trends in Biotechnology: 1 – 8.
SHOEMAKER, N.B.; VLAMAKIS, H.; HAYES, K.; SALYERS, A.A. 2001. Evidence for
extensive resistance gene transfer among Bacteroides spp. and among Bacteroides
and other genera in the human colon. Applied and Enviromental Microbiology, 67 (2): 561 – 568.
SHULMAN, S.T.; FRIEDMANN, H.C.; SIMS, R.H. 2007. Theodor Escherich: The first
pediatric infectious diseases physician?. Clinical Infectious Diseases, 45: 1025 -
1029.
SMITH, A. G.; SHERIDAN, P. A.; HARP, J. B.; BECK, M. A. 2007. Diet-induced obese
mice have increased mortality and altered immune responses when infected with
influenza virus. Journal of Nutrition, v.137, p. 1236-1243.
SPEAKMAN, J.R. 2004. Obesity: the integrated roles of environment and genetics. Journal of nutrition. 134 – 209.
SOCIAL SCIENCE STATISTICS. 2015. Dísponivel em: <
http://www.iri.usp.br/documentos/ref_ABNT_Chicago_Out12.pdf> Accesado em: 23
de Outubro 2015.
SOMMER, M.O.; DANTAS, G.; CHURCH, G.M. 2009. Functional characterization of
the antibiotic resistance reservoir in the human microflora. Science, 325:1128-1131.
SOMMER, F.; BACKHEAD, F. 2013. The gut microbiota — masters of host
development and physiology. Nature Reviews Microbiology: 1 – 12.
95 SONNENBURG, J.L.; XU, J.; LEIP, D.D.; CHEN, C.H.; WESTOVER, B.P.;
WEATHERFORD, J.; BUHLER, J,D.; GORDON, J.I. 2005. Glycan foraging in vivo by
an intestine-adapted bacterial symbiont. Science, 307: 1955 – 1959.
SÓKI, J.; FODOR, E.; HECHT, D.W.; EDWARDS, R.; ROTIMI, V.O.; KEREKES, I.;
URBAN, E.; NAGY, E. 2004. Molecular characterization of imipenem-resistant, cfiA-
positive Bacteroides fragilis isolates from the USA, Hungary and Kuwait. 2004.
Journal of Medical Microbiology, 53: 413 – 419.
SOUZA R.J.; MENTE A.; MAROLEANU, A.; COZMA A.I.; HA V.; KISHIBE T.;
ULERYK E.; BUDYLOWSKI P.; SCHÜNEMANN H.; BEYENE J.; ANAND S.S. 2015.
Intake of saturated and trans unsaturated fatty acids and risk of all cause mortality,
cardiovascular disease, and type 2 diabetes: systematic review and meta-analysis of
observational studies. British Medical Journal: 1- 56.
STROMMENGER, B.; KETTLITZ, C.; WITTE, W. 2003. Multiplex PCR Assay for
Simultaneous Detection of Nine Clinically Relevant Antibiotic Resistance Genes in
Staphylococcus aureus. Journal of Clinical Microbiology, 41 (9): 4089 – 4084.
SUEZ, J.; KOREM, T.; ZEEVI, D.; SCHAPIRA, G.Z.; THAISS, C.A. MAZA,O.; ISRAELI,
D.; ZMORA, N.; GILAD, S.; WEINBERGER, A.; KUPERMAN, Y.; HARMELIN, A.;
KOLODKIN-GAL, I.; SHAPIRO, H.; HALPERN, Z.; SEGAL, E.; ELINAV, E. 2014.
Artificial sweeteners induce glucose intolerance by altering the gut microbiota. Nature 514: 181–186
SUTCLIFFE, J.; GREBE, T.; AMELIA, T.; WONDRACK, L. 1996. Detection of
Erythromycin-Resistant Determinants by PCR. Antimicrobial agents and chemotheraphy, 40 (11): 2562–2566
SWANSON, H. 2015. Drug metabolism by the host and gut microbiota: A partnership
or rivalry?. Drug Metabolism and Disposition, 43: 1499–1504
TACONELLI, E. 2012. Burden of Staphylococcus aureus endocarditis: how real is the
threat?. Infection hot topic, 18 (2): 107 – 108.
TAVARES, W. 2001. Bactérias Gram-positivas problemas; Resistencia do
estafilococo, do enterococo e do pneumococo aos antimicrobianos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 33 (3): 281 – 301.
96 TAVARES, B.T.; NUNES, S.M.; SANTOS, M.O. 2010. Obesidade e qualidade de vida:
revisão da literatura. Revista Médica Minas Gerais, 20 (3): 359-366.
THORNBURN, A.N.; MACIA, L.; MACKAY, C.R. 2014. Diet, Metabolites, and
“Western-Lifestyle” Inflammatory Diseases. Immunity, 40 (6): 833 – 842.
TREBESIUS, K.; LEITRITZ, L.; ADLER, K.; SCHUBERT, S.; AUTENRIETH, I. B.;
HEESEMANN, J. 2000. Culture independente and rapid identification of bacterial
pathogens in necrositing fascitis and streptococcal toxic shock syndrome by
fluorescence in situ hybridization. Medical Microbiology and Immunology, 188: 169
– 175.
TREMELLEN, K.; PEARCE, K. 2012. Dysbiosis of gut microbiota (DOGMA) A novel
theory for the development of polycystic ovarian syndrome. Medical Hypotheses, 79: 104 – 112.
TRINH, S.; REYSSET G. 1996. Detection by PCR of the nim genes encoding 5-
nitroimidazole resistance in Bacteroides spp. Journal of Clinical Microbiology, 34 (9): 2078–2084
TRZCINSKI, K.; COOPER, B.S.; HRYNIEWICZ, W.; DOWSON C.G. 2000. Expression
of resistance tetracyclines in strains of methicillin – resistant Staphylococcus aureus.
Journal of Antimicrobial Chemotherapy, 45: 763 – 770.
UNDERWOOD, M.A. 2014. Intestinal dysbiosis: Novel mechanisms by which gut
microbes trigger and prevent disease. Preventive Medicine, 165: 133 – 137.
VALERA MORA, M. E.; MANCO, M.; CAPRISTO, E.; GUIDONE, C.; IACONELLI, A.;
GNIULI, D.; ROSA, G.; CALVANI, M; MINGRONE, G. 2007. Growth hormone and
ghrelin secretion in severely obese women before and after bariatric surgery. Obesity,
V. 15, P. 2012-2018.
VERSLUIS, D.; D’ANREA, M.M.; GARCIA, J.R.; LEIMENA, M.M.; HUGENHOLTZ, F.;
ZHANG, J.; OSTURK, B.; NYLUNDS, LOTTA.; SIPKEMA, DETMER.; SCHAIK, W.V.;
VOS, W.; KLEEREBEZEM, M. 2015. Mining microbial metatranscriptomes for
expression of antibiotic resistance genes under natural conditions. Scientific Reports: 1-10.
97 VOGT, S.L.; DIAZ, J.; FINLAY, B.B. 2015. Chemical communication in the gut: Effects
of microbiota-generated metabolites on gastrointestinal bacterial pathogens.
Anaerobe, 15: 30019-6.
VREUGDENHIL, A.C.; ROUSSEAU, C.H.; HARTUNG, T.; GREVE, J.W.; VAN TEER,
C.; BUURMAN, W.A. 2003. Lipopolysaccharide (LPS) binding protein mediates LPS
detoxification by chylomicrons. The Journal of Inmunology, 170: 1399 – 1405.
WAGNER, M. ERHART, R.; MANZ, W.; AMANN, R.; LEMMER, H.; WEDI, D.;
SCHELEIFER, K.H. 1994. Development of an rRNA targeted oligonucleotide probe
specific for the genus Acinetobacter and its application for in situ monitoring in
activated sludge. Applied and Enviromental Microbiology, 60: 792 – 800.
WALKER, A.; PFITZNER, B.; NESCHEN, S.; KAHLE, M.; HARIR, M.; LUCIO, M.;
MORITZ, F.; TZIOTIS, D.; WITTING, M.; ROTHBALLER, M.; ENGEL, M.; SCHMID,
M.; ENDESFELDER, D.; KLINGENSPOR, M.; RATTEI, T.; CASTELL, Z.C.;
HARTMANN, A. 2014. Distinct signatures of host–microbial meta-metabolome and gut
microbiome in two C57BL/6 strains under high-fat diet. International Society for Microbial Ecology, 8: 2380–2396.
WHITMAN, W.B.; COLEMAN, D.C.; WIEBE, W.J. 1998. Prokaryotes: The unseen
majority. Proceedings of the National Academy of Sciences, 95: 6578 - 6583.
WILLMAN, M.; EL-HADIDIC, M.; HUSONC, D.H.; SCHUTZA, M.; WEIDENMAIERA,
C.; PETERA, S. 2015. Antibiotic selection pressure determination 1 through sequence-
based metagenómicas. Antimicrobial Agents and Chemotherapy: 1 – 33.
WOODFORD, N.; TURTON, J.F.; LIVERMORE, D.M.2006. Multiresistant Gram-
negative bacteria: the role of high-risk clones in the dissemination of antibiotic
resistance. FEMS Microbiology Reviews, 35 (5): 736-755, 2011.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. 1998. Obesity: preventing and managing the
global epidemic. World Health Organization.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. 2014. WHO global strategy for cointanment fo
antimicrobial resistance. World Health Organization: 1 – 96.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. 2014. Antimicrobial resistance: global report on
surveillance. World Health Organization: 1 – 232.
98 WORLD HEALTH ORGANIZATION. 2014. Global status report on non comunicable
disseases. World Health Organization, 1 – 302
WORLD HEALTH ORGANIZATION. 1995. WHO Expert Committee on Physical
Status. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: World Health Organization. WHO Technical report series, 854.
WOODFORD, N.; ELLINGTON, M.J.; COELHO, J.M.; TURTON, J.F.; WARD, M.E.;
BROWN, S.; AMYES, S.G.; LIVERMORE, D.M. Multiplex PCR for genes encoding
prevalent OXA carbapenemases in Acinetobacter spp. International Journal Antimicrobial Agents, 4: 351-353, 2006.
WOPEREIS, H.; OOZEER, H.; KNIPPING, BELZER, C.; KNOL, J. 2014. The first
thousand days – intestinal microbiology of early life: establishing a symbiosis.
Pediatric Allergy and Immunology, 25: 428 – 438.
WRIGHT, G.D.; SUTHERLAND, A.D. 2007. New strategies for combating multidrug-
resistant bacteria. Trends in Molecular Medicine, 13 (6): 260 – 267.
WRIGHT, G. 2010. Antibiotic resistance in the environment: a link to the clinic?
Current Opinion in Microbiology, 13: 589–594.
XAVIER, D.E.; PICÃO, R.C.; GIRARDELLO, R.; FEHLBERG, R.C.C.; GALES, A.C.
2010. Efflux pumps expression and its association with porin down regulation and β-
lactamase production among Pseudomonas aeruginosa causing bloodstream
infections in Brazil. BioMed Central Microbiology, 10: 1-7, 2010.
XU, J; GORDON, J.I. 2003. Honor thy symbionts. Proceedings of the national academy of science, 100 (18): 10452 – 10459.
YATSUNENKO, T.; REY, F.E.; MANARY, M.J.; TREHAN, I.; DOMINGUEZ-BELLO,
M.G.; CONTRERAS, M.; MAGRIS M.; HIDALGO, G.; BALDASSANO, R.N.;
ANOKHIN, A.P.; HEATH, A.C.; WARNER, B.; REEDER, J.; KUCZYNSKI, J.;
CAPORASO, G.; LOZUPONE, C.A.; LAUBER, C.; CLEMENTE, J.C.; KNIGHTS, D.;
KNIGHT, R.; GORDON, J.I. 2012. Human gut microbiome viewed across age and
geography. Nature, 486: 222 – 227.
YONEDA, K.; CHIKUMI, H.; MURATA, T.; GOTOH, N.; YAMAMOTO, H.; FUJIWARA,
H, NISHINO, T.; SHIMIZU, E. 2005. Measurement of Pseudomonas aeruginosa
99 multidrug efflux pumps by quantitative real-time polymerase chain reaction. FEMS
Microbiology Letters: 243: 125-131.
ZHANG, Y.; ZHANG, H. 2013. Microbiota associated with type 2 diabetes and its
related complication. Food Science and Human Wellness, 2: 167 – 172.
ZHANG, K.; SPARLING, J.; CHOW, B.L.; ELSAYED, S.; HUSSAIN, Z.; CHURCH,
D.L.; GREGSON, D.B.; LOUIE, T.; CONLY, J.M. 2004. New quadriplex PCR assay for
detection of methicillin and mucriprocin resistance and simultaneous discrimination of
Staphylococcus aureus from coagulase negative staphylococci. Journal of Clinical
Microbiology, 42 (11): 4947 – 4955
ZHANG, N.; HUAN, Y.; HUANG, H.; SONG, G. M.; SUN, S. J.; SHEN, Z. F. 2009.
Atorvastatin improves insulin sensitivity in mice with obesity induced by monosodium
glutamate. Acta Pharmacologyca Sinica, v. 31, p. 35-42.
100 8 Anexos
8.1 Anexo 1: Parecer Cosubstanciado do CEP
101
102 8.2 Anexo 2: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
103
104 8.3 Anexo 3: Ficha de anamnese e dados cadastrais
FICHA DE ANAMNESE E DADOS CADASTRAIS
Entrevistador:____________________ DATA: _____/_____/_________
DADOS PESSOAIS E SOCIÓ-DEMOGRÁFICOS
PRONTUÁRIO N°:
1. Nome:
2. Idade: 3. Sexo ( ) 4. Estado civil:
6. Endereço:
_____________________________________________________________________________
_____________________________________Bairro:____________________
CEP:____________________
7. Telefone:
Residencial:__________________Trabalho:__________________Celular:_________________
8. Ocupação profissional atual:
______________________________________________________________
9. Renda mensal da família (salários mínimo): __________10. N°de pessoas que vivem desta
renda:_____
11. Escolaridade:
( ) Ensino Fundamental completo ( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Ensino
Médio Completo
( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Superior Completo ( ) Superior Incompleto
12. Cor: ( ) branca ( ) preta ( ) parda ( ) amarela ( ) outra
13 vida sexual ativa: ( ) não ( ) sim- parceiros ( ) 01 ( ) mais de um
16. Atualmente você tem:
a. Diabetes ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 7 ) Não sabe
b. Doenças do coração ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 7 ) Não sabe
c. Pressão alta ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 7 ) Não sabe
105 d. Insuficiência Renal ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 7 ) Não sabe
e. Doença no fígado ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 7 ) Não sabe
f. Depressão ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 7 ) Não sabe
g. Doença na tireóide ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 7 ) Não sabe
h. imunossupressão ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 7 ) Não sabe
i. soropositivo(a) para HIV ( 0 ) Não ( 1 ) Sim ( 7 ) Não sabe
j.Outras doenças: ______________________________________________
17. Você faz uso de medicamento ou de suplemento?
( 0 ) Não
(1) Sim –Qual (is)? (1) Anti-hipertensivo.
( 2 ) Hipoglicemiante oral.
( 3 ) Insulina.
( 4 ) Anti-depressivo.
( 5 ) Dislipidêmicos.
( 6 ) Antibióticos :
( ) antifúngico ( ) antibacteriano ( ) Antiprotozoário
Quanto tempo faz que tomou antibiótico por último?
( ) menos de 30 dias ( ) 30 dias ou mais
( 7 ) Outro (s). Qual (is)?
_______________________________________________
DADOS SOBRE ESTILO DE VIDA
1. Você pratica alguma atividade física?
(0) Não (1) Sim. Se SIM, qual
atividade?________________________________________
Com que freqüência? _________vezes/semana. Quanto tempo gasta praticando atividade
física?______horas
2. Em média, quanto tempo por dia você gasta assistindo TV ou fica no
computador?_____________horas.
3.Você fuma?
106 (0) Não (1) Sim. Se sim, há quanto tempo? _______________ Quantos cigarros fuma por dia?
____________
4. Você costuma consumir bebida alcoólica?
( 0 ) nunca
( 1 ) diariamente
( 2 ) 1 ou menos de uma vez por mês
( 3 ) pelo menos 1 vez por semana
(4 ) 2 a 4 vezes por mês
( 5 ) 2 a 3 vezes por semana
5. Qual o tipo de bebida você bebe?
( 0 ) Nenhuma ( 1 ) cerveja (2 ) vinhos ( 3 ) destilados (cachaça, whisky, vodca, licor) (
4 ) bebidas ice
6. Quantas doses contendo álcool você consome num dia típico quando você está bebendo?
( 0 ) Nenhuma ( 1 ) 1 a 2 doses ( 2 ) 3 a 5 doses ( 3 ) 6 a 8 doses ( 4 ) 10 ou mais
107 8.4 Anexo 4. Questionário quantitativo de frequência alimentar
108
109
110