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0 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE AGRONOMIA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS Trabalho de Graduação Estratigrafia Química do Brejo do Espinho Aluno Fábio de Araújo Carvalho 200504007-8 Orientador M.sc. Leonardo Ribeiro Tedeschi (PETROBRAS/CENPES) Co-Orientador Prof. Dr. Sergio Brandolise Citroni (DG/IA/UFRuralRJ) Julho de 2011 Obra para Consulta

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE AGRONOMIA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

Trabalho de Graduação

Estratigrafia Química do Brejo do Espinho

Aluno Fábio de Araújo Carvalho

200504007-8

Orientador M.sc. Leonardo Ribeiro Tedeschi

(PETROBRAS/CENPES)

Co-Orientador Prof. Dr. Sergio Brandolise Citroni

(DG/IA/UFRuralRJ)

Julho de 2011

Obra para Consulta

 

Agradecimentos

Agradeço  a  todos  que  estiveram  presentes  na  minha  vida  pessoal, 

profissional e acadêmica, me apoiando direta e indiretamente neste trabalho.  

A minha querida mãe (in memorian), o amor, apoio e confiança em meu 

futuro, e o orgulho do primeiro filho na universidade 

Ao meu pai e meus  irmãos: Fernando, Carla e Angélica, eu agradeço ao apoio 

pela essa  luta e a conformação pela mina ausência dentro de casa, pois foram 

muitos campos. 

Aos  meus  orientadores  Leonardo  Ribeiro  Tedeschi  pela  confiança  em 

meu  trabalho,  conselhos  e  principalmente  pela  parceria.  Ao  Dr.  Sergio 

Brandolise Citroni, agradeço pelos conselhos.  

Aos  amigos  da  esquina  e  da  Rural  Jerônimo, Marquinhos:  óleo,  papel, 

remédio, charuto, ao meu cumpadre Rodrigo e o Acir, a Lili, Elaine, Fernanda, 

Renato Vinha, Bagdá, Pablo, Marcela, Carolina, Raoni, Alemão,  as Marianas e 

ainda uma Marina,  Leda,  Luiz,  Leandro  Lameira, Ferrugem, Giselle, Kamilinha, 

Rodrigo Bal, Ariany, Ursulla, Flávia Ponte, Moçamba, Maradona, Girafa, Frota, 

Nizara,  Saquarema,  Tuta,  João  Kibe,  Bia  de  Cataguases,  Goiás, Mari  de  Sete 

Lagoas, Marcus, Régis, Shrek, Gian, Sarah Almeida, Flávia Duarte.  

Aos amigos de trabalho, Rogério Antunes, Silvya Couto dos Anjos, Edison 

José Milani,  Luiz Carlos Veiga,  Elizabeth Pedrão,  Emília Queiroz,  e  ao  gerente 

Oscar Strohschoen e todos do meu setor, agradeço pelos ensinamentos dentro 

da Petrobra. A todo pessoal da UFRuralRJ, principalmente aos professores Alexis 

Nummer,  Sérgio  Valente,  Soraya  Almeida,  Rubem  Porto  Jr,  Soraya  Carelli, 

Claudia Ribeiro,  Leônidas,  Lúcio, Francisco e dos básicos  também, Professores 

Antônio Carlos, Leila Martins, Maria Engracinda. Obrigado a todos. 

Obra para Consulta

 

Resumo 

Este trabalho de pesquisa apresenta o estudo de estratigrafia química com base 

em  gamaespectrometria  dos  elementos  radioativos  K,  Th,  U  e  CG  total, 

realizado  em  seis  testemunhos  amostrados  na  área  de  estudo.  A  laguna  do 

Brejo do  Espinho  localiza‐se  a  cerca de  100  Km da  cidade do Rio de  Janeiro, 

entre os municípios de Araruama e Cabo Frio, neste ambiente de água  rasa e 

calma  são  observados  em  superfícies  esteiras  microbianas,  enquanto  em 

profundidade  centimétrica  ocorrem  sedimentos  mistos  carbonáticos  ‐

siliciclásticos,  associados  aos  sistemas  deposicionais  costeiros.  Foram 

estabelecidos  até  seis  unidades  quimioestratigráficas  nos  testemunhos 

estudados, bem como a identificação dos estágios de subida e rebaixamento do 

nível da água,  interpretados pelas ocorrências de minerais terrígenos na forma 

detrítica. Para  isto, foram utilizados os perfis gamaespectrométricos de tório e 

as descrições dos níveis  faciológicos diagnosticados por Santos  (2010). A razão 

entre  os  isótopos  de  carbono  e  oxigênio  foram  usados  na  tentativa  de 

identificar  condições  ambientais  anóxicas,  óxicas  e  evaporíticas  durante  a 

sedimentação. O estudo demonstra que a metodologia da estratigrafia química 

empregada  para  compartimentar  e  correlacionar  a  sequência  sedimentar  em 

alta resolução pode ser considerado eficaz, assim, servindo como ferramenta de 

auxílio  para  o  reconhecimento  do  ambiente  de  sedimentação,  quando  há 

poucas informações geológicas adicionais disponíveis. 

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ÍNDICE

Índice de Figuras....................................................................................................5 

Índice de Tabelas...................................................................................................6 

Capítulo 1 - Introdução..........................................................................................7

1.1 – Apresentação................................................................................................7  

1.2 – Objetivos.......................................................................................................8 

Capítulo 2 – Área de estudo.................................................................................9

2.1 – Localização, clima e síntese evolutiva...........................................................9 

2.2 – O Ambiente.................................................................................................11 

2.3 – Aspectos sedimentológicos.........................................................................13 

Capítulo 3 – Materiais e Métodos............................................................................14

3.1 – Testemunhagem.........................................................................................15 

3.2 – Gamaespectometria e isótopos de C e O....................................................16 

3.3 – Levantamento bibliográfico........................................................................19 

3.4 – Bases teóricas para a análise dos dados.....................................................19 

    3.4.1 – Fundamentos da Gamaespectrometria................................................18 

3.4.1.1 ‐ Geoquímica dos elementos.........................................................21 

           3.4.1.2 ‐ Geoquímica do Potássio em sedimentos.....................................21 

3.4.1.3 ‐ Geoquímica do Tório em sedimentos.........................................21  

           3.4.1.4 ‐ Geoquímica do Urânio em sedimentos.......................................22 

           3.4.1.5 – Concentrações de K, Th e U em formações carbonáticas...........23 

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     3.4.2 – Geoquímica dos isótopos de Carbono e Oxigênio...............................25 

3.5 – Estratigrafia Química...................................................................................27 

Capítulo 4 – Análise e Resultados..........................................................................30 

4.1 – Descrições das unidades quimioestratigráfcas...........................................31 

4.2 – Correlação das unidades quimioestratigráficas..........................................56 

4.3 – Interpretação..............................................................................................60 

4.4 – Conclusão....................................................................................................62 

Capítulo 5 – Referências Bibliográficas.................................................................65 

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ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 (Mapa e imagem do satélite da localização do Brejo do Espinho)........10 

Figura 2 (Imagem de satélite da laguna Brejo do Espinho inundada).................12 

Figura 3 (Imagem de satélite da laguna Brejo do Espinho vazia)........................13  

Figura 4 (Foto do testemunho amostrado em tudo de PVC)..............................14 

Figura 5 (Imagem de satélite com indicação dos pontos referenciados.............15 

Figura 6 (Foto do equipamento Spectral Core Gamma System – SGL 300..........17  

Figura 7 (Foto do espectrômetro de massa acoplado.........................................18  

Figura 8 (Relação dos isótopos de C e O, entre as amostras e o padrão)............26 

Figura 9 (Esquema ilustrativo mapa  litoestratigráfico e quimoestratrigráfico)..28 

Figura  10  (Compartimentação  das  unidades  quimioestragráficas  e  descrições 

dos níveis faciológicos do testemunho 1)............................................................33 

Figura 11(Compartimentação das unidades quimioestragráficas e as descrições 

dos níveis faciológicos do testemunho 0)............................................................37  

Figura 12 (Compartimentação das unidades quimioestragráficas e as descrições 

dos níveis faciológicos do testemunho 2)............................................................41 

Figura 13 (Compartimentação das unidades quimioestragráficas e as descrições 

dos níveis faciológicos do testemunho 3)............................................................44 

Figura 14 (Compartimentação das unidades quimioestragráficas e as descrições 

dos níveis faciológicos do testemunho 4)...........................................................49 

Figura 15 (Compartimentação das unidades quimioestragráficas e as descrições 

dos níveis faciológicos do testemunho 5)...........................................................54  

Figura  16  (Seção  de  correlação  das  unidades  quimioestragráficas  dos  seis 

testemunhos do Brejo do Espinho).....................................................................59 

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ÍNDICE DE TABELAS

1‐  Tabela  com  as  coordenadas  dos  pontos  testemunhados  na  área  de estudo..................................................................................................................16 2‐  Compartimentação  das  unidades  quimioestratigráficas  e  as  concentrações dos elementos nos testemunhos.........................................................................54 

 

 

 

 

 

 

 

 

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1 – Introdução

1.1 - Apresentação

O  método  de  Estratigrafia  Química  engloba  o  estudo  da  geoquímica 

inorgânica  e  orgânica  para  compartimentação  e  correlação  de  sequências 

sedimentares (Rodrigues, 1995). Em termos é uma técnica que utiliza variações 

da  geoquímica  em  sedimentos  siliciclásticos  e  carbonáticos,  para  estabelecer 

padrões com assinaturas geoquímicas distintas e correlacioná‐las. Sua aplicação 

é  cada  vez mais  intensa  na  exploração  de  hidrocarbonetos  e  no  estudo  das 

bacias sedimentares. Além da correlação das seqüências, os dados geoquímicos 

podem ser usados em estudos de proveniência, caracterização de depósitos e 

estudos diagenéticos. Em  geral, possibilita delinear o arcabouço estratigráfico 

de vários ambientes, até mesmo o ambiente lagunar moderno.  

No  ambiente  lagunar  do  Brejo  do  Espinho  de  idade  holocênica  ocorre 

sedimentação carbonática (esteiras microbianas e estromatólitos com materiais 

orgânicos  e  bioclastos)  e  siliciclástica  (grãos  detríticos  intercalados).  Neste 

trabalho, serão utilizados a gamaespectometria e a geoquímica  isotópica como 

ferramenta  quimioestratigráficas  com  o  objetivo  de  entender  a  evolução 

paleodeposicional e estratigráfica deste ambiente.  

Dados  gamaespectométricos  foram  obtidos  em  seis  testemunhos 

amostrados da área e  foram  relatados por  (Santos, 2010). Estes dados  foram 

estudados  para  compartimentar  e  correlacionar  os  seis  testemunhos  e 

identificar a distribuição lateral e vertical das sequências estratigráficas em alta 

resolução. Os dados de geoquímica  isotópica de δ13C e δ18O foram obtidos em 

apenas um testemunho e foi estudado para  investigação paleoambiental deste 

ambiente. 

O  estudo  das  correlações  estratigráficas  não  pode,  no  entanto,  ser 

isolado da análise de fácies. Neste caso, utilizamos as descrições faciológicas do 

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trabalho  de  graduação  do  (Santos,  2010),  pois  estes  dados  fornecem 

informações  diagnósticas  das mudanças  verticais  de  fácies  nos  testemunhos 

estudados.  

 

1.2 – Objetivos

 

O  objetivo  deste  estudo  é  utilizar  a  Estratigrafia  Química  como 

ferramenta  para  compartimentar  e  correlacionar  os  sedimentos  do  Brejo  do 

Espinho, com o objetivo de contribuir para melhor caracterização do arcabouço 

deposicional. 

Neste contexto serão avaliados e utilizados: 

‐ Dados gamaespectométricos. 

‐ Dados isotópicos de δ13C e δ18O e; 

‐ Variações verticais e laterais de fácies. 

 

 

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2 - ÁREA DE ESTUDO  

2.1 - Localização, síntese evolutiva e o clima

 

O  Brejo  do  Espinho  situa  se  a  cerca  de  100  Km  da  cidade  do  Rio  de 

Janeiro,  na  Região  dos  Lagos,  entre  os municípios  de  Araruama  e  Cabo  Frio. 

Localiza‐se a margem da  rodovia RJ‐102 nas  coordenadas 22º56’S e 42º14’W, 

no  sistema  lagunar de Araruama pertencente a Reserva Ecológica da Restinga 

de Massambaba (Figura 1). 

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Figura 1: Mapa da localização da laguna Brejo do Espinho em UTM. A imagem de satélite apresenta as coordenadas geográficas (Google, 2009). 

 

 10 

 

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11 

 

A restinga da Massambaba é formada por um duplo sistema de cordões 

arenosos,  sendo  que  o mais  elevado  e  interiorizado  está  associado  à  última 

transgressão pleistocênica, enquanto que o mais baixo e servindo de anteparo à 

praia  oceânica  atual,  associado  à  última  transgressão  holocênica.  Entre  estes 

cordões desenvolveram se pequenas e estreitas lagunas a frente do cordão mais 

antigo e o reverso do cordão mais recente (Muehe, 2006 in Delfino, 2009).  

Estudos  paleoambientais  e  paleoclimáticos  indicam  que  o  Brejo  do 

Espinho  iniciou  sua  formação  entre  7.200  e  6.000  anos  A.P.  mantendo 

comunicação  com  o  sistema  lagunar  interno  até  4.100  anos  A.P.,  sendo  sua 

sedimentação  neste  período  essencialmente  organodetrítica.  Com  seu 

isolamento entre 4.100 e 3.900 anos A.P. em decorrência de um rebaixamento 

do  nível  do  mar,  a  sedimentação  mudou  para  essencialmente  carbonática 

(Ortega, 1996 in ).  

Sylvestre  et  al.  (2005),  com  base  na  análise  de  diatomáceas  nos 

sedimentos do Brejo do Espinho, determinou duas fases climáticas ao longo do 

Holoceno nesta  localidade: antes de 2.200 anos A.P.,  com  grande entrada de 

água doce,  indicando um clima mais úmido e depois de 2.200 anos A.P., com 

condições mais secas.  

Ao  contrário  da  maior  parte  do  litoral  do  estado  do  Rio  de  Janeiro, 

caracterizado por um  clima  tropical úmido, a área de estudo está  situada em 

uma região cujo micro‐clima é semi‐árido à  intermitência de uma ressurgência 

costeira em Cabo Frio (Laslandes et al., 2004). 

 

2.2 - O ambiente   

O  Brejo  do  Espinho  é  um  corpo  aquático  com  uma  área  de 

aproximadamente 1 km2 e coluna d’água que varia entre 2 cm e 1,5 m (Anjos et 

al.  2004).  As  lagunas  são  geneticamente  ligadas  à  dinâmica  costeira,  sendo 

corpos  de  águas  rasas  e  calmas,  geralmente  com  comunicação  com  o mar. 

Obra para Consulta

Segundo  Suguio  (1992),  sua  salinidade  pode  variar  de  quase  doce  até 

hipersalina.  

O termo brejo, que deu origem ao nome da localidade, refere‐se às áreas 

sujeitas às  inundações sazonais ou permanentes, que ocupam as zonas baixas 

entre terraços arenosos e vales de rios e riachos (Andrade & Dominguez, 2002). 

 De acordo com Anjos et al.  (2003), as  trocas de água entre o Brejo do 

Espinho  e  outros  corpos  aquáticos  adjacentes,  incluindo  o Oceano  Atlântico, 

ocorre apenas por percolação em subsuperfície através dos cordões arenosos. 

Segundo Vasconcelos & Mackenzie (1997), o fluxo de água para laguna é 

controlado  pelas  variações  climáticas.  Durante  a  estação  úmida,  período  de 

chuvas, é quando o suprimento de água meteórica é mais alto, acompanhada 

pela elevação do lençol freático, neste caso o Brejo do Espinho é inundado por 

escoamento superficial (Figura 2).  

 

 

Figura 2: Imagem de satélite da laguna Brejo do Espinho inundada. (Google, 2009)   

12 

 

Obra para Consulta

 

Durante a estação seca, período de menos chuvas e maior evaporação, a 

laguna apresenta mais vazia (Figura 3), neste ocorre por percolação o fluxo da 

água do mar através das dunas. 

 

Figura 3: Imagem de satélite da laguna Brejo do Espinho vazia. Fonte: Google, 2009.  

2.3 - Aspectos Sedimentológicos   

O  sedimento  superficial  do  Brejo  do  Espinho  é  caracterizado  pelo 

desenvolvimento  de  comunidades  cianobacterianas  bentônicas  sensíveis  a 

mudanças climáticas (Anjos et al., 2003), onde alternam‐se lâminas carbonáticas 

com  lâminas  ricas  em  matéria  orgânica  (van  Lith  et  al.,  2002).  Bivalvios, 

gastrópodos,  foraminíferos,  ostracodes  e  diatomáceas  são  observados  nestes 

sedimentos  (Barbosa,  1997;  Sylvestre  et  al.,  2005).  Em  camadas  de 

subsuperfície ocorrem nesta  laguna diversos tipos de sedimentos carbonáticos 

(coquinas,  estromatolitos  e  grainstones)  e  siliciclásticos  (argilitos,  lamitos  e 

arenitos), associados a sistemas deposicionais costeiros.

13 

 

Obra para Consulta

3 - Materiais e Métodos   

Foram realizadas duas visitas de campo a área de estudo, uma no período 

de  cheia,  em  junho,  e outra no período mais  seco,  em  setembro. Nas  visitas 

foram  retirados  testemunhos,  como  da  figura  4,  os  quais  foram  realizados 

análises  de  sedimentologia,  gamaespectrometria  e  isotópicas  de  δ13C  e  δ18O 

com equipamentos do Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello 

(CENPES) da PETROBRAS. 

 

 

Figura 4 : Foto do testemunho amostrado em tudo de PVC (Santos, 2010). 

 

14 

 

Obra para Consulta

3.1 - Testemunhagem 

 

Para amostragem dos sedimentos no Brejo do Espinho  foram utilizados 

seis  testemunhos  coletados  nos  pontos  P0,  P1,  P2,  P3,  P4  e  P5  indicados  na 

Figura 5. 

 

 

Figura 5 : Imagem de satélite com indicação dos pontos referenciados, os 

testemunhos  de  0  a  6,  foram  coletados  nos  pontos  P0,  P1,  P2,  P3,  P4  e  P5 

(Santos, 2010). 

 

 

 

 

15 

 

Obra para Consulta

16 

 

1‐  Tabela  com  as  coordenadas  dos  pontos  testemunhados  na  área  de estudo. 

 

Coordenadas UTM dos pontos – Datum SIRGAS 2000 – MC 45° 

P0  P1  P2  P3  P4  P5   

7461118  7461127  7461105.2 7461100.6 7461026.4  7460928.3  N/S 

783199  783203  783191.3  783172.7  783120.4  783074.1   W/E 

 

O procedimento de testemunhagem se deu por  inserção de um tubo de 

PVC (Figura 4) pressionado manualmente ou por percussão sobre os sedimentos 

do  fundo  da  lagoa.  Os  testemunhos  amostrados  foram  congelados  em  um 

freezer  industrial  para  preservação  dos  sedimentos  e  eventuais  estruturas 

sedimentares durante a serragem. Após o congelamento os sedimentos  foram 

retirados do tubo de PVC, imersos em nitrogênio líquido para aumentar o grau 

de congelamento, serrado em duas metades e fotografado.  

 

3.2 – Gamaespectrometria e Isótopos de Carbono e Oxigênio. 

 

Os dados de perfis  gamaespectrométricos dos  seis  testemunhos  foram 

obtidos  através  do  equipamento  Spectral  Core  Gamma  System  –  SGL  300, 

mostrado  na  figura  6.  As medições  são  regularmente  espaçadas  de  1  em  1 

centímetro. O  equipamento  consiste  de  um  transportador  que movimenta  o 

testemunho,  sendo  que  para  ocorrer  aquisição  perfeita  dos  dados  de  perfis, 

sugere‐se que esteja em velocidade até 2,75 pés por minuto para testemunhos 

de 4 polegadas e 0,55 pés por minuto para os de 2 polegadas. O equipamento é 

constituido  por  uma  blindagem  de  chumbo  de  6,5  polegadas  ao  redor  do 

Obra para Consulta

detector  e  do  túnel,  com  intuito  de  reduzir  o  background  (mínimo  de 

interferência) da radiação gama.  

O  sistema  de  detector  típico  é  composto  por  um  cristal  de  cintilação 

blindado  e  acoplado  com  um  fotomultiplicador.  O  cristal  de  cintilação  é 

normalmente  iodeto de sódio contaminado com tálio [NaI  (Tl)]. Outros cristais 

de cintilação incluem iodeto de césio (CsI) e germanato de bismuto (BiGeO). Os 

atuais  detectores  de  raios  gama  estão  integrados  a  tecnologia  de 

processamento de  sinal digital  (DSP) que permite a melhoria da  relação  sinal‐

ruído,  na  resoluçao  aprimorada  e  dados  perfilados  precisos.  As  unidades  de 

contagens  padrão  na  gamaespectrômetria  são  em  concentrações  de  potássio 

(%), urânio e tório (ppm), e o perfil de core gama total (CG total) em unidades 

de API.  

Os  sinais  são  exibidos  em  um  tela  de  computador  ou  relatórios  com 

gráficos plotados em formatos de perfis, expressos em curvas profundidades do 

testemunho versus valores dos dados. 

 

            Figura 6: Foto do equipamento Spectral Core Gamma System – SGL 300. 

 

Para  análise  dos  isótopos  de  C  e  O,  as  amostras  foram  coletadas  da 

fração  carbonática nos  testemunhos em ordem de profundidade, em  seguida 

registradas, passando para o processo de secagem da amostra. Posteriormente 

17 

 

Obra para Consulta

pulverizada no moinho da marca HETSCH modelo RM200 em grau de ágata. Em 

seguida foi peneirada em malha de 80 mesh.  

As  amostras  foram  analizadas  nos  equipamentos  localizado  nos 

laboratórios do centro de pesquisa da PETROBRAS (Cenpes), no método on line, 

foi  utilizado  espectrômetro  de  massas  isotope  Ratio  modelo  Delta  V  Plus 

Advantage acoplado a um dispositivo de preparação para extração do CO2 Kiel 

IV Carbonate Device (Figura 7). 

Os resultados de  isótopos estáveis de δ13C e δ18O, foram registradas em 

parte por mil o/oo em relação ao padrão International Pee Dee Belemnite (PDB). 

 

 

Figura 7: Espectrômetro de massa modelo Delta V Plus Advantage acoplado a um dispositivo de preparação para extração do CO2 Kiel IV Carbonate Device. 

 

 

 

18 

 

Obra para Consulta

19 

 

 

3.3 - Levantamento Bibliográfico   

Nessa etapa foi realizado um  levantamento de trabalhos científicos com 

ênfase em gamaespectrometria e geoquímica isotópica em ambientes lagunares 

com  sedimentação  siliciclástica e  carbonática,  a  fim de  se obter  informações, 

principalmente,  sobre  sua  formação  e  desenvolvimento.  Após  essa  revisão 

geral,  foi  feita  uma  busca  sobre  publicações  específicas  da  Laguna  Brejo  do 

Espinho.  Com  base  nessa  revisão  foi  possível  ter  uma  base  sólida  de 

informações necessárias para o desenvolvimento da pesquisa acadêmica. 

 

 

3.4 - Bases Teóricas para a análise dos dados 

 

Este tópico tem como objetivo abordar os fundamentos da metodologia 

usada neste  trabalho,  como princípios da  gamaespectrometria,  assim  como  a 

geoquímica dos elementos radioativos e também aplicação da geoquímica dos 

isótopos estáveis de carbono e oxigênio em sedimentos. 

 

3.4.1 - Fundamentos da Gamaespectrometria

A  gamaespectrometria  basea‐se  na  física  nuclear,  nos  princípios  das 

radiações  de  três  tipos  de  partículas  procedentes  de  núcleos  instáveis  de 

substâncias  radioativas:  as  partículas  α  (alfa),  que  são  mais  ionizantes,  no 

entanto  com  pouca  penetração;  as  partículas  β  (beta),  estas,  são  mais 

penetrantes,  porém  menos  ionizantes  do  que  as  partículas  α,  contudo,  na 

geociência  as  que  mais  interessam,  são  as  partículas  γ  (gama),  por  ondas 

eletromagnéticas, com tipo de radiação mais penetrativa. (Sardella, 1997). 

Obra para Consulta

20 

 

Quando o núcleo de um átomo emite uma partícula α, uma partícula β, 

um  raio  γ,  ou  então  quando  captura um  elétron  de  uma  camada  externa  ao 

núcleo, o processo é chamado de decaimento radioativo (Arya, 1966). 

O decaimento  radioativo ocorre  em  substâncias naturais  em um processo de 

desintegração  do  núcleo,  formando  novos  elementos,  que  ficam  excitados  e 

liberam  um  fóton,  que  corresponde  a  radiação  gama  (Candido  &  Rostirolla, 

2010). 

Os  raios  gamas  são  detectados  pelos  cristais  de  cintilação  através  do 

detector,  estes  cristais  são  constituídos  de  iodeto  de  sódio  contaminado  por 

tálio, Nal(Tl) que  convertem os  raios gama em  radiação  ionizante  (elétrons) e 

por  seguinte  a  energia  dos  elétrons  em  sinais  (Ellis  &  Singer,  2008).  Na 

gamaespectrometria  são  utilizadas  unidades  derivadas  do  elétron‐volt  (eV), 

como  milhões  de  elétrons‐volts  (MeV),  ou  quiloelétrons‐volts  (keV)  e 

conseqüente uso dos  instrumentos como, cintilômetros que medem a energia 

ou  contagem  total  (CG  total)  e  os  gamaespectrômetros    que  permitem 

discriminar  a  energia  e  quantificar  os  radioisótopos,  os  quais  devem  ser 

previamente calibrados, que corresponde as transformações das contagens por 

segundo em concentrações ( Candido & Rostirolla, 2010). 

As medições consistem nas contagens por concentrações da CG total, K, 

U  e  Th  em  rochas,  sedimentos  e  solos  através  da  detecção  dos  raios  gama 

emitidos durante o decaimento radioativo natural destes elementos, alguns em 

particulares  (e.g.  Faure, 1986): o potássio  40K, que  representa 0,01167% do K 

total (39K e 41K, não são radioativos e representam, respectivamente, 93,2581% 

e 6,7302% do K  total),  238U  (99,2743% do U  total),  235U  (0,7200% do U  total), 234U (0,0057% do U total), e 232Th (praticamente  100% do Th total). 

Na  gamaespectrometria  de  poços,  testemunhos  e  afloramentos  são 

utilizados os perfis para  correlacionar estratos,  identificar preliminarmente os 

tipos litológicos e estimar o volume de folhelhos (Ellis & Singer, 2008) e prever a 

argilosidade de uma formação geológica.

Obra para Consulta

21 

 

3.4.1.1 Geoquímica dos elementos radioativos  

Os  elementos  radioativos  são  liberados  por  intemperismo  e  erosão  e 

dispersos  por  transporte  e  precipitação,  logo,  podem  ser  localmente 

concentrados durante os ciclos da sedimentação e diagênese (Glover, 2005). O 

estudo da geoquímica desses elementos é fundamental para a compreensão da 

sua ocorrência no ambiente.  

 

 

3.4.1.2 - Geoquímica do Potássio em sedimentos

 

O  Potássio  emite  raios  gama  com  uma  energia  única  de  1,46  MeV, 

contudo, existem três isótopos naturais de potássio: 39K, 40K e 41K, sendo que o 

isótopo  40K é o único  radioativo. O potássio é  comum em muitos  sedimentos 

que  levam  mica,  k‐feldspatos,  sais  de  cloreto  e  dependendo  do  grau  de 

intemperismo,  formam  argilominerais,  como:  ilita,  montmorilonita  e  ilita 

interestratificadas, montmorilonita, clorita e caulinita (Serra, et al., 1980). 

Uma  parte  da  concentração  total  do  potássio  entra  na  formação  de 

alguns destes minerais, mas a maior parte é dissolvida pela água. Nas  regiões 

áridas, maior parte tende a permanecer como produtos de alteração (Resíduo), 

em outras regiões são transportados pelos rios para o lago e o Mar. 

 

 

3.4.1.3 - Geoquímica do Tório em sedimentos  

Há somente um isótopo do tório de longa duração 232Th, outros isótopos 

de Th (234Th and 230Th), além de serem raros, são encontrados na natureza como 

filhos de  238U. Os  raios  gama  são emitidos  com uma  energia de 2,62 MeV. A 

concentração média de tório na crosta da Terra é acerca de 12 ppm. As fontes 

originais ou  rochas  fonte de  tório  são as  rochas  ígneas em que o  tório existe 

Obra para Consulta

22 

 

como uma série de minerais e apresenta concentração média de 3,5 a 4 vezes 

ao do urânio (Serra, et al., 1980). 

O Tório existe apenas na valência Th4+, tendo um grau muito estável de 

oxidação como Th(OH)4, que é facilmente hidrolisado durante o  intemperismo, 

portanto,  de  difícil  transporte  e  uma  tendência  a  concentrar‐se  em minerais 

residuais, como os minerais de bauxita e argila. As concentrações significativas 

de  tório,  além das  argilas  radioativas,  também podem  ser  encontradas  como 

minerais pesados em sedimentos, tais como na forma detrítica, a ocorrência de 

Monazita, Torita, Zircão, Titanita e Allanita (Durrance, 1986). 

O íon Th 4+, devido ao seu grande raio iônico, é susceptível de ser fixada 

por absorção de minerais de argila. A quantidade provavelmente depende do 

PH e na abundância de outros cátions, assim a maioria das argilas parece conter 

tório. No  entanto,  algumas montmorilonitas  têm  um  teor  baixo  e  apesar  da 

diagênese,  a  quantidade  de  tório  fixado  em  minerais  de  argila  se  mantém 

constante (Serra, et al., 1980). 

 

3.4.1.4 - Geoquímica do Urânio em sedimentos

 

  Existem  três  isótopos naturais de urânio e  todos  são  radioativos:  234U, 235U, 238 U. Os raios gama são emitidos com uma energia de 1,76 MeV. A meia‐

vida dos  isótopos de urânio são: 2,5 x 10s anos   para 234U, 7,1 x 108 anos para 235U e 4,4 x 109 anos para  238U. A concentração média do urânio na crosta da 

Terra é de cerca de 3 ppm. As fontes originais também são as rochas ígneas, na 

qual  o  urânio  existe  como  um  conjunto  de  minerais  acessórios,  porém,  os 

principais minerais que  transportam o urânio,  somente a monazita e o  zircão 

são estáveis durante o intemperismo (Wignall & Myers, 1988). 

A  característica  principal  geoquímica  do  urânio  é  que  ele  é  facilmente 

oxidado no íon uranilo UO22+ pela ação bacteriana. Este ion é muito solúvel e o 

Obra para Consulta

23 

 

urânio é de fácil transporte, existindo em dois estados de valência: 4+ e 6+. O íon 

U4+  é  geralmente  insolúveis  em  água  e  existe  apenas  em  águas  hidrotermais 

sulfurosas (Eh <0, pH <4). Se o Eh <0 e pH <4, o íon U4+ por dissociação fornece o 

insolúvel óxido de urânio UO2 ou uraninita. Por oxidação, no entanto, U4 + passa 

facilmente a valência +6 como UO42‐  ___  U207

2+. O íon U6+ não existe em solução, 

mas logo fornece um íon complexo uranilo U022+, que é relativamente estável e 

muito solúvel em baixos valores de pH (Eh> 0 e pH <2). Em pH baixo (<2,5) e em 

excesso  de  sulfatos,  neste  caso  concede  complexos  de  sulfato  como 

[UO2(S04)3]4‐. Um aumento do pH, entre (2 < pH < 5) pode induzir a hidrólise do 

íon uranilo e a  formação de U2O52+   para, U3O8

2+     ou mais  complexos  iônicos 

como  [UO2(OH)2UO3]n.  Sob  condições  neutras  o  íon  uranilo  forma  vários 

complexos iônicos com carbonatos: [UO2(C03) 2]2‐ ou [UO2 (CO3)2(OH)2]

4‐ que são 

estáveis a 7,5 <pH <8,5. Sob  condições  redutoras  (Eh <O), o  íon UO22+  forma 

complexos  com  numerosos  compostos  orgânicos  (por  exemplo,  ácidos 

húmicos), que  facilitam  sua  fixação pelo mineral e matéria orgânica  (Serra, et 

al., 1980).

 

3.4.1.5 – Concentrações de K (%), Th (ppm), U (ppm) em formações carbonáticas

Em  carbonatos  puros  (calcários,  chalk  e  dolomita),  o  tório  será 

geralmente ausente, porque os íons de tório comuns são insolúveis, e o potássio 

também será insignificante se no caso a formação tem muito baixo o valor de Th 

e abundância do valor de K, a rocha pode ser um carbonato puro, no entanto, 

pode conter urânio (Glover, 2005).  

Como os microorganismos  são extremamente eficazes em concentrar e 

armazenar o urânio, portanto, a sua presença pode  indicar material de origem 

Obra para Consulta

24 

 

orgânica. Porém, os íons de urânio são solúveis ou insolúveis em função do seu 

estado de oxidação (Wignall & Myers, 1988). 

Os  íons de urânio altamente oxidados em ambientes de oxidação como 

desertos,  são  insolúveis.  Assim,  um  carbonato,  que  também  tem  baixa 

abundância  de  U,  pode  ter  sido  formado  em  um  ambiente  oxidante  (talvez 

deserto).  Por  outro  lado,  os  íons  de  urânio  não‐oxidado  em  ambientes  de 

subsuperfície  são  mais  solúveis  e,  portanto,  podem  estar  presentes  nos 

carbonatos. Nos ambientes oxidantes não são propícios para a conservação da 

matéria  orgânica,  como  nos  ambientes  redutores,  porém  não  só  favorece  a 

conservação  de  material  orgânico,  como  ajuda  a  conversão  da  matéria  em 

hidrocarbonetos (Glover, 2005).  

A fonte do material orgânico de hidrocarbonetos em rochas carbonáticas 

é  frequentemente  de  material  algal,  que  são  incorporados  em  rochas 

depositadas  em  ambiente  redutor  e  contêm  uma  quantidade  significativa  de 

urânio.  As  leituras  de  perfis  gamaespectrométricos  com  anomalia  alta  em 

rochas carbonáticas não estão relacionadas apenas à fração argila, mas também 

devido  à  presença  de  isótopos  da  série  de  urânio‐rádio  de  origem  orgânica. 

Portanto, altas  leituras, não são um  indicador confiável da argilosidade de um 

carbonato (Fertl, 1979). 

No entanto, se o perfil gamaespectrométrico indica a presença de K e Th, 

juntamente com o U, pode‐se dizer que a ocorrência de K, com a contribuição 

de Th estão associadas  com o  teor de argila do  carbonato argiloso, enquanto 

que  o U  está  associado  a  alguma  fonte  orgânica  que  foi  depositado  em  um 

ambiente  redutor  que  favorece  a  conservação  da matéria  orgânica  (Glover, 

2005). 

Da mesma forma, Glover (2005), verificou que valores elevados de K e Th, 

juntamente  com baixo valor de U  indicam um  carbonato argiloso, depositado 

em ambiente oxidante que não é um ambiente favorável para a conservação de 

material orgânico. Note‐se que K e Th devem estar presentes em conjunto para 

Obra para Consulta

25 

 

uma argila ser indicada. A presença de K e não Th (com ou sem U) é geralmente 

um  indicador  de  restos  de  algas  ou  presença  de  k‐feldspato  no  carbonato. 

Assim, no cálculo da argilosidade de um carbonato, é melhor usar o CG total. Os 

valores reais de K e Th nos carbonato argilosos vão depender do tipo de argila 

presente. 

 

 

3.4.2 - Geoquímica dos Isótopos estáveis de Carbono e Oxigênio em sedimentos  

Os  isótopos estáveis baseiam  se em  isótopos de um elemento que não 

ocorre desintegração por meio de processos de decaimento radioativo ao longo 

do  tempo, assim, mantém se estáveis. A maioria dos elementos consistem de 

mais de um  isótopo estável. Por exemplo, o elemento carbono (C) existe como 

dois isótopos estáveis, 12C e 13C, enquanto o elemento oxigênio (O) existe como 

três isótopos estáveis, 16O, 17O, e 18O. Os processos físicos, químicos e biológicos 

podem  provocar  a  diferenciação  na  distribuição  e  abundâncias  relativas  de 

isótopos de um mesmo elemento nos ambientes  sedimentares distintos. Este 

processo é conhecido como fracionamento isotópico, tal que a ocorrência deste 

nos  sedimentos pode oferecer  informações  importantes para o entendimento 

geológico deposicional do ambiente (Tedeschi & Amora, no prelo). 

Estes  isótopos  são  estudados  como  razões  entre  as  quantidades  dos 

isótopos menos abundantes (maior número de massa) em relação àqueles mais 

abundantes  (menor número de massa), ou  seja,  13C/12C,  18O/16O. As notações 

δ13C  e  δ18O  correspondem  à  razão  isotópica  encontrada  para  uma  amostra 

comparada a um padrão. Usualmente, esses  valores  são expressos em partes 

por mil (‰), de acordo com a relação abaixo:   

Obra para Consulta

 

3

12

13

12

13

12

13

13 10‰ ×

⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

=

padrão

padrãoamostra

CC

CC

CC

       

3

16

18

16

18

16

18

18 10‰ ×

⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

=

padrão

padrãoamostra

OO

OO

OO

Oδ  

Figura 8: Relações de isótopos de C e O, entre as amostras estudada e o padrão. 

O padrão utilizado para ambos os isótopos, quando utilizamos em rochas 

carbonáticas, era originariamente proveniente de um belemnita do Cretáceo, a 

Belemnitella americana, da Formação Peedee (PDB) na Carolina do Sul, Estados 

Unidos. Hoje, este padrão exauriu e foi substituído por outro, o Vienna Peedee 

Belemnite  (VPDB),  embora  usualmente  os  valores  sejam  apresentados  em 

relação ao padrão PDB. O valor do padrão PDB foi definido como igual a zero: 

(δ13Cpadrão = 0,00‰ e δ18Opadrão = 0,00‰). 

É  importante  destacar  que  os  isótopos  de  oxigênio  são  extensamente 

utilizados  para  estudos  hidrológicos  e  a  base  dos  estudos  isotópicos  em 

carbonatos está focada no fracionamento isotópico entre o carbonato e a água 

que deu origem a este carbonato. Neste caso, também utilizamos outro padrão: 

a média das  águas oceânicas  (SMOW‐standard mean ocean water). Portanto, 

em  qualquer  estudo  com  isótopos  de  oxigênio  é  necessário  verificar  qual  o 

padrão utilizado. A relação entre o padrão SMOW e o VPDB é (Sharp, 2007): 

δ18OSMOW = 1,03091 x δ18OPDB + 30,91 

Quando  medimos  a  razão  isotópica  de  uma  amostra  e  o  valor  das 

notações δ13C e δ18O forem negativos, significa que a razão é inferior àquela do 

padrão.  Já os valores positivos  significam que a  razão encontrada na amostra 

são superiores àqueles do padrão. 

Em  sedimentos  lagunares,  as  mudanças  nos  valores  de δ18O  são 

comumente atribuídos a mudanças na temperatura ou da razão precipitação / 

26 

 

Obra para Consulta

27 

 

evaporação, portanto, a composição isotópica de minerais pode ser usado para 

inferir  mudanças  em  qualquer  temperatura  ou  de  isótopos  de  oxigênio  da 

composição das  águas do  ambiente de estudo  (Leng  e Marshall, 2004). Além 

disso,  os  valores  δ13C  pode  fornecer  informações  sobre  os  fatores  que 

controlam a composição do carbono presente no ambiente( Garce Valero‐de et 

al. ,2000).  

Os valores de carbono pode ser atribuída à evaporação, ou a processos 

orgânicos,  tais  como metanogênese.    (Rosen  et  al,  1988, mas  vê. Wright  e 

Wacey,  2005).  Os  valores  de  oxigênio  são  claramente  controlados  por 

evaporação,  e  os  três  ciclos  de  isótopos  de  oxigênio  foram  identificados  por 

(Rosen  et  al.  1988)  que  foram  interpretados  como  devido  ao  aumento  da 

importância da água da chuva e diluição da  salinidade, quando a água estava 

mais rasa. 

3.4.5 – Estratigrafia Química

A  estratigrafia  química  foi  definida  como  a  aplicação  de  dados  de 

geoquímica  na  compartimentação  e  correlação  de  camadas  sedimentares 

(Rodrigues,  2005).  A  composição  dos  sedimentos  é  variável,  sendo  que  as 

diferenças  nas  características  geoquímicas  e  mineralógicas  das  rochas 

sedimentares são potencialmente uma forma de discriminar e correlacionar os 

depósitos. 

Os  depósitos  carbonáticos  e  siliciclásticos  podem  ser  subdivididos  em 

unidades  estratigráficas  com  assinaturas  geoquímicas  diagnósticas, 

denominadas  de  unidades  quimioestratigráficas.  Essas  unidades  são 

potencialmente importantes na definição e correlação de estratos. Este tipo de 

estudo é especialmente  importante em  locais em que métodos tradicionais de 

estratigrafia não permitem correlações precisas ou quando se necessita de uma 

Obra para Consulta

resolução  maior  do  que  a  fornecida  pelos  métodos  tradicionais  (Rodrigues, 

2005).  

A  composição  dos  sedimentos  é  variável,  sendo  que  as  diferenças  nas 

características  geoquímicas  e  mineralógicas  das  rochas  sedimentares  são 

potencialmente uma forma de discriminar e correlacionar os depósitos. 

Com  a  finalidade  de mostrar  as  diferenças  entre  quimioestratigrafia  e 

litoestratigrafia, observa‐se a figura 9 que a formação A representa o folhelho e 

a formação B o arenito. Demonstra‐se um esquema ilustrativo da classificação e 

organização das unidades.  

As  concentrações  de  carbono  orgânico  total  (COT),  que  é  um  atributo 

químico, definem em três unidades quimioestratigráficas distintas (UQ ‐ 1, UQ ‐ 

2 e UQ – 3). Assim, as unidades correlacionáveis apresentam na Formação A, as 

unidades  quimioestratigráficas  1  e  2,  enquanto  na  Formação  B  à  unidade 

quimioestratigráfica 3 (Tedeschi & Amora, no prelo). 

 

 

28 

 

Obra para Consulta

29 

 

Figura 9: Esquema ilustrativo de mapa litoestratigráfico e quimoestratrigráfico e 

respectivos perfis 1‐1’ (Tedeschi & Amora, no prelo). 

É  importante  observar  que  o  foco  deste  trabalho  é  a  aplicação  da 

estratigrafia  química  de  elementos  radioativos  e  isótopos  de  C  e  O  em 

sedimentos  do  Brejo  do  Espinho  e  que  dois  princípios  simples  permitem 

interpretar  o  registro  sedimentar  da  área  do  estudo:  o  princípio  da 

horizontalidade original e o princípio da superposição. 

 

 

Obra para Consulta

30 

 

4 - Análise e Resultados

 

Para  a  análise,  os  perfis  gamaespectrométricos  dos  6  testemunhos  do 

Brejo dos Espinho foram organizados em seção estratigráfica de acordo com sua 

localização, sendo que o datum estratigráfico da seção é a própria superfície do 

lago, ou seja os topos dos testemunhos correspondem a profundidade de 0 cm 

(Figura  16).  Assim  procedendo,  observando  os  padrões  das  assinaturas 

geoquímicas  dos  perfis  gamaespectrométricos,  que  diagnosticam  as  unidades 

quimioestratigráficas,  todos  os  perfis  foram  mantidos  na  mesma  escala 

horizontal  e  vertical  correspondente  a  fim  de  obter  resultado  seguro  da 

compartimentação e correlação das unidades.  

A  separação das unidades quimioestratigráficas  foi  realizada de acordo 

com as existências de significativas anomalias nos perfis gamaespectométricos 

de Tório e observações nas descrições dos níveis faciológicos diagnosticados por 

(Santos, 2010). Os dados  isotópicos de δ13C e δ18O no testemunho 0, contribui 

para  interpretação  paleoambiental.  Neste  contexto  foram  destacadas  e 

correlacionadas  seis  unidades  quimioestratigráficas,  posicionadas  nos 

testemunhos da base para topo em ordem crescente a nomenclatura atribuída 

de 1 a 6. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Obra para Consulta

31 

 

4.1 - Descrição e compartimentação das unidades quimioestratigráficas.

Testemunho 1 – Figura 10 

 

A unidade quimioestratigráfica 4 

Topo: 9 cm              Base: 20 cm 

A unidade quimioestratigráfica 4 abrange o 1º nível faciológico e a parte 

inferior  do  2º  nível  ,  consiste  em    areia  arcoseana,  bioclástica  com 

granulometria de média a grossa do 1º nível e areia arcoseana, bioclastica fina a 

média e argilosa do 2º nível. Neste intervalo são observados duas anomalias da 

concentração  de  urânio,  que  podem  está  associados  à  presença  de minerais 

pesados na  forma detrítica,  como monazita ou  zircão?,  (pico de 4,21 ppm na 

base do intervalo e outro na profundidade de 18 cm de valor 1,45 ppm) e tende 

a diminuir em direção ao topo. As concentrações de potássio variam dentro da 

unidade, desde valores mais baixos, estes coincidem com a maior presença de 

bioclastos e mais altos como a ocorrência de uma anomalia de valor 0,0110% 

devido a presença de k‐feldspato na profundidade de 14 cm. O tório apresenta 

praticamente  constante,  tendo um pequeno  aumento próximo  ao  topo  até  a 

ocorrência  de  uma  anomalia  de  1,18  ppm  a  9  cm  de  profundidade, 

característico da presença de  argila,  assim,  esta  condição demarca o  topo da 

unidade. As concentrações de CG total na unidade mostram uma tendência de 

diminuição  em  direção  ao  topo,  concomitante  aos  de  urânio  e  potássio, 

podendo está associados a ocorrências de bioclastos que também diminuem da 

base para o topo. A unidade apresenta 11 cm de espessura. 

 

Obra para Consulta

32 

 

A unidade quimioestratigráfica 5 

Topo: 0 cm             Base: 9 cm 

 

A  unidade  quimioestratigráfica  5  corresponde    a  parte  superior  do  2º 

nível  faciológico  e  o  3º  nível.  Apresenta  areia  arcoseana,  bioclástica,  com 

granulometria  fina  a  média,  argilosa  e  esteira  microbiana.  Os  valores  das 

concentrações de tório dentro do intervalo variam ligeiramente, ocorrendo uma 

anomalia de 1,24 ppm na profundidade de 3  cm, decorrente do  aumento da 

presença  da  argila.  Os  valores  de  potássio  é  menor  em  relação  a  unidade 

subjacente, porém, são observadas algumas variações dentro do  intervalo ( de 

0,0059 % a 8 cm para 0,0051 % a 0 cm), isto devido a presença de  k‐feldspato . 

A concentração de urânio apresenta constante em toda a unidade, indicando a 

preservação da matéria orgânica. As concentrações de CG total apresenta uma 

tendência de diminuição de 14,74 API na profundidade de 8 cm a 12,09 API na 

profundidade de 4 cm, associado a reduzida presença de bioclastos. A unidade 

apresenta 9 cm de espessura. 

 

 

 

 

 

 

 

Obra para Consulta

33 

 

Figura 10: Compartimentação das unidades quimioestragráficas e as descrições dos níveis faciológicos do testemunho 1. 

 

 

Obra para Consulta

34 

 

 

Testemunho 0 – Figura 11 

 

A unidade quimioestratigráfica 2 

Topo: 25 cm              Base: 31 cm 

 

A  unidade  quimioestratigráfica  2  abrange  o  1º  nível  faciológico,  que 

consiste  em  areia  quartzosa,  argilosa  com  granulometria  média  a  fina  e 

cimentada por carbonatos. A concentração de urânio nesta unidade mantém‐se 

alta  e  constante,  indicando  a  presença  de  matéria  orgânica  abundante.  O 

potássio apresenta variações nas concentrações dentro da unidade, ocorrendo 

uma anomalia de valor 0,0024 % na profundidade de 29 cm, devido a presença 

de k‐feldspato detrítico. O  tório apresenta um  ligeiro aumento em direção ao 

topo, que é sucedido por uma anomalia de 4,45 ppm a 25 cm de profundidade, 

podendo  está  associado  ao  aporte  de mineral  de  argila  radioativa  na  forma 

detrítica, esta última, demarca o topo da unidade. As concentrações de CG total 

próximo a base, os valores são pertos de zero, em seguida mostra uma anomalia 

de 21 API a 28 cm de profundidade e em seguida uma tendência de diminuição 

em  direção  ao  topo.  A  unidade  apresenta  6  cm  de  espessura.  Os  dados  de 

isótopos  de  C  e  O,  indicam  um  ambiente  de  condições  redutoras  na  base, 

passando  para  condições  evaporíticas  na  parte  superior  e  óxica  no  topo  da 

unidade. 

 

 

 

Obra para Consulta

35 

 

 

A unidade quimioestratigráfica 3 

Topo: 5 cm             Base: 25 cm 

A unidade quimioestratigráfica 3 corresponde os níveis  faciológicos: 2º, 

3º,  4º,  5º  e  6º,  consiste  em  grande  variações  verticais  de  fácies.  A  base  da 

unidade apresenta  laminito muito argiloso  com níveis de areia quartzosa que 

corresponde  o  2º  nível,  o  3º  nível  apresenta  areia  arcoseana,  com  grãos 

detríticos  dispersos,  o  4º  nível  areia  arcoseana  de  granulometria  fina  com 

intraclastos  com  fragmentos  de  estromatólitos  e  grão  detríticos,  o  5º  nível 

apresenta  estromatólito  estratiforme  bastante  brechado  e  o  6º  nível 

corresponde o  topo da unidade e apresenta areia quartzosa de granulometria 

de fina a média.  Associando com estas fácies, os valores das concentrações de 

tório dentro do intervalo diminuem da base para o topo (do valor 4,45 ppm na 

profundidade de 25 cm para 0,85 ppm na profundidade de 6 cm), em seguida, 

apresenta  uma  incipiente  anomalia  de  1,26  ppm,  que  corresponde  a  aporte 

maior  de minerais  radioativos  na  forma  detrítica,  caracterizando  o  topo  da 

unidade na profundidade de 5 cm.  Os valores de potássio na base aumentam a 

até o valor máximo de 0,0033 % na profundidade 21 cm, associado a presença 

de k‐feldspato detrítco, em seguida uma tendência a diminuição em direção ao 

topo ( de 0,0033 % a 21 cm para 0,0019 % a 5 cm), esta tendência de diminuição 

coincide  com  aumento  de  bioclastos.  A  concentração  de  urânio  apresenta 

valores altos em toda unidade, com pequenas variações. A concentração de CG 

total na base da unidade demonstra um aumento até a profundidade de 15 cm, 

em  seguida diminui em direção ao  topo da unidade,  também  coincide  com o 

aumento de bioclastos. Os dados de isótopos de C e O, indicam na parte inferior 

da  unidade,  condição  de  ambiente  óxico,  passando  para  uma  condição 

evaporítica na parte superior. A unidade apresenta 20 cm de espessura. 

Obra para Consulta

36 

 

 

A unidade quimioestratigráfica  4 

Topo: 0 cm            Base: 5 cm 

A  unidade  quimioestratigráfica  4  está  associado  ao  topo  do  7º  nível 

faciológico  que  corresponde  a  coquina  e  esteira microbianas.  Em  direção  ao 

topo  da  unidade,  as  concentrações  de  tório,  potássio  e  CG  total  apresentam 

uma tendência de diminuição, indicando menor aporte de siliciclastos. Por outro 

lado, os valores das concentrações de urânio apresentam uma anomalia de 1,49 

ppm  na  profundidade  de  4  cm.  A  unidade  apresenta  5  cm  de  espessura. Os 

dados de isótopos C e O indicam condições ambientais óxicas e as descrições de 

fácies observam‐se sedimentação episódica influenciado por tempestade. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Obra para Consulta

 

37 

 

Figura 11: Compartimentação das unidades quimioestragráficas e as descrições dos níveis faciológicos do testemunho 0. 

Obra para Consulta

38 

 

 

Testemunho 2 – Figura 12 

 

A unidade quimioestratigráfica 2 

Topo: 23 cm             Base: 25 cm 

A  unidade  quimioestratigráfica  2  abrange  a  parte  inferior  do  1º  nível 

faciológico,  que  apresenta  areia  arcoseana,  bioclástica  e  intraclástica  rica  em 

material  carbonático  intergranular.  A  concentração  de  urânio  neste  intervalo 

apresenta  uma  anomalia  de  2,15  ppm  na  base  do  intervalo  a  25  cm  de 

profundidade,  talvez  associado  a  matéria  orgânica  preservada  e  tende  a 

diminuir em direção ao  topo. As  concentrações de potássio variam dentro da 

unidade, ocorrendo uma anomalia de valor 0,0039% na profundidade de 24 cm, 

pode está associado a ocorrência de K‐feldspato. O tório apresenta um aumento 

em  direção  ao  topo  da  unidade  e  uma  anomalia  de  15,36  ppm  a  23  cm  de 

profundidade, que  indica ocorrência de mineral  radioativo na  forma detrítica, 

esta  última,  demarca  o  topo  da  unidade.  As  concentrações  de  CG  total  na 

unidade mostram uma tendência a aumentar em direção ao topo concomitante 

ao tório. A unidade apresenta 2 cm de espessura. 

 

A unidade quimioestratigráfica 3 

Topo: 10 cm             Base: 22 cm 

A unidade quimioestratigráfica 3 corresponde  a parte intemediária do 1º 

nível  faciológico, que  apresenta  areia  arcoseana, bioclástica,  rica  em material 

carbonático  intraclastos entre os grãos. Os valores das concentrações de  tório 

dentro  do  intervalo  diminuem  da  base  para  o  topo,  do  valor  8,97  ppm  na 

profundidade de 22 cm para 2,59 ppm na profundidade de 12 cm, em seguida 

Obra para Consulta

39 

 

observa  se  uma  incipiente  anomalia  de  tório  de  4,71  ppm  a  11  cm  de 

profundidade,  sendo  que  este  último  caracteriza  o  topo  da  unidade,  estas 

condições  indicam a diminuição de detríticos na parte  inferior e  subseqüente 

aumento  do  aporte  na  parte  superior.  Os  valores  de  potássio mostram  um 

aumento  na  base  da  unidade  de  0,0041  %  a  22  cm  para  0,0046  a  21  cm, 

característico  da  presença  de  k‐feldspatos,  sucedida  por  uma  tendência  de 

diminuição dos valores em direção ao topo, de 0,0077 % a 20 cm para 0,0065 % 

a 11  cm. A  concentração de urânio pode está associado a matéria orgânica e 

observa‐se uma  incipiente anomalia de 0,81 ppm a 22 cm de profundidade, na 

base da unidade, em seguida diminui até profundidade 11 cm com 0,32 ppm. As 

concentrações  de  CG  total  em  direção  ao  topo  não  varia  muito,  porém, 

apresenta uma anomalia de 13.67 API a 16  cm de profundidade diretamente 

correlacionada  à  concentração  do  potássio.  A  unidade  apresenta  12  cm  de 

espessura. 

 

A unidade quimioestratigráfica  4 

Topo: 0 cm             Base: 10 cm 

A  unidade  quimioestratigráfica  4  está  associado  ao  topo  do  1º  nível 

faciológico e todo 2º nível que corresponde a areia arcoseana, bioclástica, rica 

em material carbonático intraclastos entre os grãos, lama carbonática maciça e 

esteiras microbianas. Em direção ao topo da unidade, a concentração de urânio 

mantém se estável, talvez indicando a presença de matéria orgânica, enquanto 

o  tório  diminui  de  4,45  ppm  a  10  cm  para  3.3  ppm  a  0  cm,  indicando  a 

diminuição do aporte de mineral de argila, porém a concentração ainda é alta 

em  relação  a  outros  testemunhos.  Os  valores  da  concentração  de  potássio 

variam em direção ao topo da unidade, a diminuição associado à ocorrência de 

bioclastos  e  o  aumento  a  de  k‐feldspatos.    A  concentração  de  CG  total  na 

Obra para Consulta

40 

 

unidade  apresenta  algumas  variações,  diretamente  associado  aos  valores  de 

potássio. A unidade apresenta 10 cm de espessura. Obra para Consulta

41 

 

Figura 12: Compartimentação das unidades quimioestragráficas e as descrições dos níveis faciológicos do testemunho 2.

 

 

Obra para Consulta

42 

 

Testemunho 3 – Figura 13 

 

A unidade quimioestratigráfica 2 

Topo: 14 cm            Base: 18 cm 

 

A  unidade  quimioestratigráfica  2  abrange  a  parte  inferior  do  1º  nível 

faciológico. Apresenta areia quartzosa a arcoseana de granulometria muito fina 

a  fina  com  presença  de  lama  carbonática.  A  concentração  de  urânio  está 

associada à matéria orgânica e neste intervalo apresenta uma anomalia de 1,23 

ppm na profundidade de 17 cm e tende a diminuir em direção ao topo. Nesta 

unidade ocorre uma anomalia de potássio do valor 0,0057% na profundidade de 

16  cm,  podendo  está  associado  a  presença  de  k‐feldspato  detrítico  em  areia 

quartzosa e subsequente anomalia da concentração de tório de 7,59 ppm a 14 

cm  de  profundidade,  indicando  a  ocorrência  de mineral  radioativo  na  forma 

detrítica, esta última, demarca o topo da unidade. As concentrações de CG total 

na unidade mostram uma  tendência de diminuição em direção ao  topo  (6,82 

API a 4,48 API), concomitante aos valores de urânio. A unidade apresenta 4 cm 

de espessura. 

 

A unidade quimioestratigráfica 3 

Topo: 5 cm             Base: 13 cm 

 

A  unidade  quimioestratigráfica  3  corresponde    a  parte  superior  do  1º 

nível  faciológico,  que  apresenta    lama  carbonática  maciça,  bioturbada.  Os 

valores das concentrações de tório dentro do intervalo diminuem da base para 

Obra para Consulta

43 

 

o  topo  (do  valor  5,94  ppm  na  profundidade  de  13  cm  para  1,95  ppm  na 

profundidade de 6 cm), sugerindo uma diminuição da ocorrência de detríticos, 

em seguida, apresenta uma incipiente anomalia de 2,37 ppm  que caracteriza a 

presença de mineral detrítico pouco  radioativo e  indica o  topo da unidade na 

profundidade  de  5  cm.    Os  valores  de  potássio  mostram  uma  tendência  a 

diminuição em direção ao topo (0,0039 % a 13 cm para 0,0019 a 7 cm), devido a 

diminuição  de  k‐feldspatos,  passando  a  aumentar  no  topo  da  unidade.  A 

concentração de urânio apresenta baixa na base da unidade, em seguida ocorre 

uma anomalia de 1,11 na profundidade 9 cm, voltando a diminuir em direção ao 

topo da unidade. As concentrações de CG total em direção ao topo da unidade 

mostram  uma  tendência  de  aumento  de  4,56  API  a  8,85  API,  talvez 

característico  do  aumento  de  bioclastos.  A  unidade  apresenta  8  cm  de 

espessura. 

 

A unidade quimioestratigráfica  4 

Topo: 0 cm              Base: 4 cm 

 

A  unidade  quimioestratigráfica  4  está  associado  ao  topo  do  1º  nível 

faciológico  e  todo  2º  nível  que  correspondem  a  lama  carbonática maciça  e 

esteiras microbianas. Em direção ao topo da unidade, ocorrem a diminuição das 

concentrações de urânio (de 0,82 ppm a 0,6 ppm) e do tório (2,13 ppm a 1,59 

ppm), este último apresenta uma anomalia  incipiente de 2,15 ppm no topo da 

unidade,  indicando  um  pequeno  aporte  de mineral  detrítico. Os  valores  das 

concentrações de potássio  aumentam em direção  ao  topo da unidade,  talvez 

relacionado à presença de k‐feldspato detrítico em areia quartzosa próxima a 

esteira microbiana.   A concentração de CG  total na unidade apresenta poucas 

variações, concomitante ao de tório. A unidade apresenta 6 cm de espessura. 

Obra para Consulta

44 

 

 

    Figura 13: Compartimentação das unidades quimioestragráficas e as descrições dos níveis faciológicos do testemunho 3.

Obra para Consulta

45 

 

Testemunho 4 – Figura 14 

 

A unidade quimioestratigráfica 1 

Topo: 54 cm             Base: 60 cm 

A unidade quimioestratigráfica 1 no  testemunho 4 corresponde a parte 

inferior do 1º nível faciológico, que apresenta a areia com granulometria média 

a grossa com presença de bioclastos. A unidade apresenta variações nos valores 

de concentração de urânio, com anomalia de 12,48 ppm na profundidade de 60 

cm,  indicando a presença de matéria orgânica na base da unidade, por outro 

lado,  os  valores  de  potássio  e  tório  demonstram  baixas  concentrações,  esta 

situação é devido a ausência de detritos. Em seguida são observados aumentos 

dos  valores  de  potássio  e  tório,  associado  ao  aporte  de mineral  detrítico  no 

ambiente. Esta anomalia de tório é utilizada para caracterizar o topo da unidade 

e  pode  indicar  a  ocorrência  de  sedimentos  com minerais  pesados  (monazita, 

alanita, zircão, etc) ou argila radioativa na forma detrítica. As concentrações de 

CG  total nesta unidade mostram uma  tendência de diminuição de valores em 

direção ao topo, porém apresentam uma anomalia de 8,34 API na profundidade 

56 cm, correlato as anomalias de potássio e urânio. Esta unidade tem 7 cm de 

espessuras e o topo na profundidade de 54 cm. 

 

A unidade quimioestratigráfica 2 

Topo: 47 cm             Base: 53 cm 

A  unidade  quimioestratigráfica  2  abrange  a  parte  superior  do  1º  nível 

faciológico e base do 2º nível . Apresenta areia média a grossa com presença de 

bioclastos  e  intercalação  de  areia  arcoseana  com  matéria  orgânica,  de 

granulometria  fina  a  média,  com  bioclastos,  o  topo  e  a  base  da  unidade 

Obra para Consulta

46 

 

correspondem a 47 cm e 53 cm. A concentração de urânio neste intervalo é alta, 

devido a quantidade de matéria orgânica preservada, tendo um pico 1,47 ppm 

na profundidade de 50 cm. As concentrações de potássio e tório diminuem em 

direção  ao  topo,  associado  à  diminuição  do  aportemineral  de  argila,  porém 

ocorre um aumento seguidos pelas anomalias de potássio de valor 0,0039% na 

profundidade  de  47  cm  e  da  concentração  de  tório  de  3,69  ppm  na mesma 

profundidade, esta última, demarca o topo da unidade. As concentrações de CG 

total na unidade mostram uma tendência de aumento em direção ao topo (5,65 

API  a  5,96  API),  com  uma  anomalia  de  6,18  na  profundidade  de  50  cm, 

diretamente associado com a presença de urânio. 

 

A unidade quimioestratigráfica 3 

Topo: 36 cm             Base: 46 cm 

A unidade quimioestratigráfica 3 corresponde   ao 2º nível  faciológico e 

apresenta    intercalação  de  areia  arcoseana  com  matéria  orgânica,  de 

granulometria  fina  a média,  com bioclastos. Os  valores das  concentrações de 

tório diminuem da base para o topo dentro do intervalo, devido o menor aporte 

de argila detrítica, porém apresenta uma anomalia incipiente de valor 1,37 ppm 

na profundidade de 36 cm,   esta anomalia caracteriza o  topo da unidade.   Os 

valores de potássio mostram uma  tendência  a  aumentar em direção  ao  topo 

(0,0036 % a 46 cm e 0,0064 a 36 cm), devido aos k‐feldspatos presente na areia. 

A  concentração  de  urânio  apresenta  uma  anomalia  de  1,08  ppm  na 

profundidade  43  cm  associado  a matéria  orgânica,  em  seguida  observa‐se  a 

diminuição em direção ao  topo da unidade. As concentrações de CG  total em 

direção ao topo da unidade mostram uma tendência de diminuição de 5,58 API 

a  4,08  API,  associado  à  menor  aporte  de  material  bioclasto.  A  unidade 

apresenta 11 cm de espessura. 

Obra para Consulta

47 

 

A unidade quimioestratigráfica  4  

Topo: 18 cm               Base: 35 cm 

A unidade quimioestratigráfica 4 está associado a três níveis faciológicos, 

que  correspondem  intercalação de  areia  arcoseana  com matéria orgânica, de 

granulometria fina a média, com bioclastos do 2º nível faciológico, intercalação 

de areia arcoseana com matéria orgânica, de granulometria  fina a média, com 

bioclastos  do  3º  nível    e  a  coquina  com matriz  arenosa,  fina  a média,  que 

corresponde  a  parte  inferior  do  4º  nível.  Nesta  unidade,  ocorrem  duas 

pequenas variações na concentração de urânio devido a matéria orgânica ( de 

0,79  ppm  a  32  cm  e  0,83  ppm  a  21  cm),  por  outro  lado,  os  valores  das 

concentrações  de  potássio  e  tório,  que  além  de  não  apresentarem  muitas 

variações, ocorrem apenas valores anômalos incipientes na profundidade de 26 

cm  ( 0,0067 %   de K) e do  tório de 2,15 ppm a 18  cm de profundidade, que 

caracteriza o topo da unidade e um aumento do aporte de argila detrítica.   As 

concentrações de CG  total na unidade mostram uma  tendência de diminuição 

da base da unidade na profundidade 35 cm até 25 cm (de 3,93 API a 2,36 API), 

em seguida, os valores têm um pequeno aumento até o topo. Apresenta 18 cm 

de espessura. 

 

A unidade quimioestratigráfica 5 

Topo: 7 cm              Base: 17 cm 

A unidade quimioestratigráfica 5 está associada a três níveis faciológicos, 

com  presença  de  coquina  com  matriz  arenosa,  fina  a  média  do  4º  nível 

faciológico, o  laminito microbial do 5º nível e areia de granulometria média a 

grossa com bioclástos do 6º nível, a unidade apresenta variações nos valores da 

concentração  de  urânio,  pois mantém  se  baixa  e  quase  constante    na  parte 

Obra para Consulta

48 

 

inferior da unidade ( 0,78 ppm na profundidade de 17 cm até 15 cm, com valor 

de 0,81 ppm), em seguida, os valores aumentam até o  topo da unidade  (1,17 

ppm  na  profundidade  de  7  cm).  Os  valores  da  concentração  de  potássio 

diminuem em direção ao topo. Enquanto ao tório, apresenta um aumento em 

direção ao topo e uma anomalia na profundidade de 7 cm com o valor de 2,94 

ppm,  apresenta  aporte  de  mineral  detritico  em  alta  energia  em  relação  a 

unidade  subjacente.  A  unidade  apresenta  11  cm  de  espessura.    As 

concentrações de CG  total na unidade mostram uma  tendência constante em 

direção ao topo de 3,9 API a 3,54 API. 

 

A unidade quimioestratigráfica 6 

Topo: 0 cm              Base: 6 cm 

A unidade quimioestratigráfica 6 está associada ao  topo do 6º nível e a 

todo  7º  nível  faciológico,  que  corresponde  a  areia  de  granulometria média  a 

grossa,  com  bioclástos  e  no  nível  faciológico  sobrejacente  apresenta  esteira 

microbiana  parcialmente  decomposta.  Nesta  unidade,  ocorre  um  pequena 

diminuição em direção ao topo da concentração de urânio (1,26 ppm na base da 

unidade a 1,00 ppm no topo), porém, os valores da concentração de potássio e 

tório  variam  e  aumentam  dentro  do  intervalo,  devido  a  presença  de mineral 

detrítico  e  k‐feldspatos  na  areia  e  talvez  presente  na  esteira microbiana.  A 

unidade apresenta 7 cm de espessura. As concentrações de CG total na unidade 

mostram uma tendência de aumento em direção ao topo de 3,54 API a 4,9 API.

Obra para Consulta

49 

 

Figura 14: Compartimentação das unidades quimioestragráficas e as descrições dos níveis faciológicos do testemunho 4. 

 

 

Obra para Consulta

50 

 

Testemunho 5 – Figura 15 

 

A unidade quimioestratigráfica 1 

Topo: 54 cm               Base: 55 cm 

A  unidade  quimioestratigráfica  1  no  testemunho  5  correponde  ao 

intervalo de areia arcoseana de granulometria fina com presença de bioclastos 

(moluscos  bivalves),  diagnosticada  como  1º  nível  faciológico.  A  unidade 

apresenta valores de concentração de urânio muito baixa, próximo a 0,25 ppm 

(ausência de matéria orgânica¿), por outro  lado, os valores das concentrações 

de potássio e tório demonstram anomalias de (0,0111% para K e 8,35 ppm para 

o Th). Os  valores de potássio estão associados à presença de  k‐feldspato nas 

areia  arcoseana.  A  anomalia  de  tório  é  utilizada  para  caracterizar  o  topo  da 

unidade  e  pode  estar  associada  a  aporte  de  minerais  pesados  (monazita, 

alanita,  zircão,  etc)  na  forma  detrítica.  As  concentrações  de  CG  total  nesta 

unidade  apresentam uma  tendência  de  diminuição  de  valores  em  direção  ao 

topo, porém é observada uma anomalia de 22,07 API na profundidade 54 cm, 

correlato  com  as  anomalias  de  potássio  e  tório.  Esta  unidade  tem  2  cm  de 

espessuras. 

 

A unidade quimioestratigráfica 2 

Topo: 47 cm               Base: 53 cm 

A  unidade  quimioestratigráfica  2  apresenta    areias  arcoseanas,  com 

bioclastos  e  levemente  carbonática,  que  corresponde  a  parte  superior  do  1º 

nível  e  a  inferior  do  2º  nível.  A  concentração  de  urânio mantém  se  baixo  e 

constante  em  todo  intervalo,  talvez  associado  a  baixa  ocorrência  de matéria 

orgânica.  As  concentrações  de  potássio  variam  dentro  da  unidade  devido  a 

Obra para Consulta

51 

 

alternância de k‐feldspatos e bioclastos, enquanto os valores de tório diminuem 

em direção ao topo. São observados dois valores anômalos nas concentrações: 

uma de potássio, na profundidade 50 cm a 0,0102 % e a outra de tório, a 47 cm 

e 3,69 ppm, esta última, demarca o topo da unidade, que consiste no aporte de 

mineral de argila radioativa detrítica. As concentrações de CG total na unidade 

mostram uma  tendência de diminuição em direção ao  topo  (14,79 API a 10,1 

API), concomitante aos valores de tório. 

 

A unidade quimioestratigráfica 3 

Topo: 40 cm              Base: 46 cm 

A unidade quimioestratigráfica 3 abrange a parte superior do 2º nível e 

todo 3º nível  faciológico  sobrejacente,  corresponde a um  intervalo  com areia 

arcoseana intercalada com areia carbonática e camadas de lama carbonática. Os 

valores  das  concentrações  do  potássio  variam  dentro  do  intervalo  (mínimo 

0,0063 %   a máximo 0,0088 %), enquanto que os valores de  tório demonstra 

uma tendência de diminuição em direção ao topo, devido ao menor aporte de 

mineral  de  argila,  em  seguida,  apresenta  uma  anomalia  de  2,45  ppm  na 

profundidade  40cm,  que  caracteriza  o  topo  da  unidade.    A  concentração  de 

urânio mantém  se  baixa  (entre  0,13  ppm  a  0,24  ppm)  e  constante  em  todo 

intervalo.  As  concentrações  de  CG  Total  em  direção  ao  topo  da  unidade 

demonstram uma tendência de diminuição de 10,04 API a 6,34 API. A unidade 

apresenta 6 cm de espessura. 

 

 

 

Obra para Consulta

52 

 

A unidade quimioestratigráfica  4 

Topo: 22 cm               Base: 39 cm 

A  unidade  quimioestratigráfica  4  está  associado  a  todo  4º  nível 

faciológico  e  base  do  5º  nível,  que  corresponde  a  intercalações  de  lama 

carbonática,  bioturbada  com  areias  quatzosas,  bioclásticas  de  granulometrias 

finas e areia arcosena, estrutura do tipo hummocky ocorre na base do  4º nível. 

Nesta  unidade,  ocorre  um  pequeno  aumento  em  direção  ao  topo  da 

concentração  de  urânio,  por  outro  lado,  os  valores  das  concentrações  de 

potássio  e  tório,  que  além  de  não  apresentarem muitas  variações,  ocorrem 

apenas anomalias incipientes na profundidade de 30 cm (0,0064 %  de K e 2,24 

ppm  de  tório)  e  praticamente  mantêm‐se  estáveis  em  direção  ao  topo  da 

unidade. A unidade  apresenta 18  cm de  espessura.   As  concentrações de CG 

total na unidade demonstram uma pequena  tendência de diminuição da base 

ao topo da unidade na profundidade 39 cm até 28 cm (de 5,98 API a 4,77 API), 

em seguida, os valores mantêm quase constantes até o topo. 

 

A unidade quimioestratigráfica 5 

Topo: 17 cm             Base: 21 cm 

A  unidade  quimioestratigráfica  5  está  associada  a  parte  inferior  do  5º 

nível  faciológico e corresponde a areia arcosena de granulometria média com 

bioclástos, a unidade apresenta poucas variações dos valores da concentração 

de urânio, pois mantém  se baixa  ( 0,42 ppm e 0,47 ppm), por outro  lado, os 

valores das  concentrações de potássio e  tório  , apresentam  variações  com as 

ocorrências  de  k‐feldspatos  e  bioclastos  e  uma  anomalia  de  tório  nas 

profundidades de 17 cm (4,25 ppm de tório) que caracteriza o topo da unidade. 

Esta situação apresenta maior aporte de mineral de argila na forma detrítica. A 

Obra para Consulta

53 

 

unidade apresenta 6 cm de espessura.  As concentrações de CG total na unidade 

mostram uma pouca tendência de aumento em direção ao topo de 4,59 API a 

4,8 API. 

A unidade quimioestratigráfica 6   Topo: 0 cm             Base: 16 cm 

 

A unidade quimioestratigráfica 6 está  associada  a parte  superior do 5º 

nível  e  a  todo  4º  nível  faciológico,  que  corresponde  a  areia  arcosena  de 

granulometria  média,  com  bioclástos,  no  nível  faciológico  sobrejacente 

apresenta esteira microbiana parcialmente decomposta. Nesta unidade, ocorre 

um pequena diminuição em direção ao topo da concentração de tório (3,3 ppm 

na base da unidade a 2,87 ppm no  topo), devido ao aporte menor de mineral 

detrítico, por outro lado, os valores da concentração de potássio variam dentro 

do intervalo, entre ( 0,0054 % a 0,0072 %), associado com a presença ou não de 

k‐feldspato e/ou bioclastos. A concentração de Urânio não apresenta variações, 

ocorre apenas uma diminuição na profundidade de 3 cm ( 0,45 ppm de urânio) 

em  seguida  os  valores  crescem  em  direção  ao  topo  da  unidade.  A  unidade 

apresenta  17  cm  de  espessura.  As  concentrações  de  CG  total  na  unidade 

mostram uma tendência de aumento em direção ao topo de 4,23 API a 7,36 API. 

Obra para Consulta

 

Figura 15: Compartimentação das unidades quimioestragráficas e as descrições dos níveis faciológicos do testemunho 5. 

54 

 

Obra para Consulta

55 

 

 

2 ‐ Tabela com a compartimentação das unidades quimioestragráficas e as concentrações dos elementos nos testemunhos. 

Obra para Consulta

56 

 

4.2 - Correlação das unidades quimioestratigráficas – Figura 16

Durante o estudo tentou‐se delimitar as anomalias dos perfis de tório na 

seção,  considerando‐os  como  importante marcos  estratigráfico  nas  unidades, 

possíveis  de  serem  correlacionados  ou  por  apresentar  algum  evento 

deposicional significante. 

Os perfis de potássio, urânio e CG  total, muitas  vezes não  apresentam 

assinaturas  diagnósticas  para  compartimentação,  portanto,  dificultando  a 

caracterização das unidades a partir deles, logo, não fornecem informações para 

a  correlação  estratigráfica.  No  entanto  indicam  algumas  tendências  como  a 

presença  de  k‐feldspatos  detríticos  em  areia  quartzosa,  matéria  orgânica 

preservada ou não, aumento e diminuição da presença de bioclastos, em cada 

intervalo.   

Assim, foram identificadas nas unidades quimioestratigráficas estágios de 

deposição conforme as variações do nível de água no Brejo do Espinho, estas 

influenciadas pelos períodos de chuva e de seca. 

 

Unidade quimioestratigráfica 1 

A unidade quimioestratigráfica 1 ocorre em apenas nos testemunhos 4  e  

5, que são os mais distais e estão  localizados próximos ao depocentro da área 

de estudo, contudo, esta unidade correlaciona com a parte  inferior do 1º nível 

faciológico nos  testemunhos mencionados. No  testemunho  5,  esta unidade  é 

pouco  espessa  devido  a  profundidade  final  da  amostragem,  entretanto, 

corresponde  ao  topo  da  unidade  1  no  testemunho  4.  Os  dados  dos  perfis 

gamaespectrométricos associados aos aspectos das fácies descritas, permitem a 

sugerir a ocorrência de um estágio de subida do nível de água, influenciado pelo 

período de chuva. 

Obra para Consulta

57 

 

Unidade quimioestratigráfica 2 

A unidade quimioestratigráfica 2 ocorre nos testemunhos 0, 2, 3, 4  e  5, 

varia  de  3  cm  a  8  cm,  sendo mais  espessa  nos  testumunhos mais  distais.  A 

correlação  quimioestratigráfica  desta  unidade  corresponde  ao  1º  nível 

faciológico  nos  testemunhos  proximais,  enquanto  nos  mais  distais, 

correspondem  ao  1º  nível  e  a  parte  inferior  do  2º  nível.  Observando  o 

comportamento  do  perfil  de  tório,  a  unidade  corresponde  ao  estágio  de 

rebaixamento  do  nível  da  água,  principalmente  observados  nos  testemunhos 

mais distais 4 e 5, no entanto, nos testemunhos mais proximais que ocorre esta 

unidade  (testemunhos,  0,  2  e  3)  o  comportamento  do  perfil  de  tório  indica 

passagem  rápida  para  o  estágio  de  subida  do  nível  da  água,  podendo  ser 

influenciado por ocorrência de chuva esporádica em um período de seca. Esta 

informação  pode  ser  corroborada  pelos  dados  isotópicos  de  δ13C  e  δ18º  no 

testemunho 0, que  caracteriza um ambiente evaporítico na parte  superior da 

unidade, passando gradualmente para condição óxica. 

Unidade quimioestratigráfica 3 

A unidade 3, não ocorre apenas no testemunho 1 e apresenta variações 

de espessura na seção. Considerando os dados de perfis de tório, a unidade 3 

apresenta  um  estágio  de  rebaixamento  progressivo  em  direção  ao  topo. Um 

período de menos chuva e menor aporte de detrítico para o ambiente. Os dados 

de  isótopos  C  e  O  na  unidade  3  do  testemunho  0,  corrobora  com  esta 

informação,  indicando  condições  ambientais  óxicas  na  parte  inferior  e 

evaporíticas na parte superior da unidade. 

Unidade quimioestratigráfica 4 

A  unidade  quimioestratigráfica  4  ocorre  em  toda  seção,  sendo  mais 

espessas nos  testemunhos mais distais. Conforme o  comportamento do perfil 

Obra para Consulta

58 

 

de  tório  associado  à  fácies  desta  unidade,  assumindo  o  aspecto  quando 

ocorrência  de  areias  e  coquinas.    Neste  caso  foi  possível  estabelecer  a  sua 

correlação entre os  testemunhos com a subida do nível de água associado ao 

processo de deposição de alta energia por tempestade.  

Unidade quimioestratigráfica 5 

A unidade quimioestratigráfica 5 ocorre em apenas nos testemunhos 1, 4  

e    5.  Esta  unidade  correlaciona  com  a  parte  superior  do  1º  nível  e  2º  nível 

faciológico  no  testemunho  1,  mais  proximal  e  os  níveis  4º,  5º  e  6º  nos 

testemunhos 5 e 6 mais distais. A unidade 5 no apresenta espessuras variadas 

entre os testemunhos e de acordo com tendência crescente do perfil de tório, 

denota  um  aumento  do  aporte  de  detrítico  em  alta  energia,  associado  ao 

período  de  maior  volume  de  chuva  e  tempestade.  Esta  unidade  apresenta 

valores da concentração de tório maiores do que a unidade subjacente. 

Unidade quimioestratigráfica 6 

            A unidade quimioestratigráfica 6 ocorre em apenas nos testemunhos 4  e  

5, sendo mais espesso no mais distal. Esta unidade corresponde aos níveis 5°, 6° 

e 7°, nos testemunhos. O perfil de tório apresenta uma tendência de diminuição 

para  o  topo,  caracterizando  um  estágio  de  rebaixamento  do  nível  de  água, 

corresponde ao período menos chuvoso em clima mais seco. 

 

Obra para Consulta

59 

 

 

Figura 16: Seção de correlação das unidades quimioestragráficas dos seis testemunhos do Brejo do Espinho.

 

Obra para Consulta

60 

 

4.3 - Interpretação

 

As  concentrações  anômalas  do  elemento  tório  nos  testemunhos 

amostrados estão associadas à presença mais significativa de minerais pesados 

na  forma  detrítica  e  argilas  radioativas  oriundas  das  áreas  adjacentes, 

parcialmente  transportadas  para  dentro  do  Brejo  do  Espinho  no  período  de 

maior ocorrência de chuva, em clima mais húmido. Enquanto que no período 

mais  seco,  com  menor  ocorrência  de  chuva,  as  suas  concentrações  são 

reduzidas. Correlacionadas a estas variações, as unidades quimioestratigráficas 

foram  interpretadas  em  relação  aos  níveis  da  água,  associadas  às mudanças 

climáticas com padrões deposicionais de subida e rebaixamento estabelecidos. 

Os perfis de tório indicam que em cada topo da unidade há influência do 

aporte de minerais detríticos através do suprimento por  leques subaquosos ou 

descargas de pequenos  canais efêmeros para dentro do Brejo do Espinho em 

períodos húmidos e/ou ocasionalmente em períodos secos. 

As  unidades  1  e  2  compreende  o  estágio  de  subida  do  nível  da  água, 

associado a período de chuva, quando se implanta a fase em que os eventos de 

subida relativa da água se tornam eficazes, iniciando assim, um avanço da linha 

da água do Brejo do Espinho em direção a  restinga  (adjacências). Onde pode 

ocorrer erosão e o avanço de sedimentos para dentro da bacia, aumentando o 

aporte de areias. 

As  unidades  3  e  6,  foram  interpretadas  como  ter  sido  depositada  em 

estágio  de  rebaixamento  do  nível  da  água,  implantada  durante  o  período  de 

seca, quando diminui  a  taxa de  aporte  sedimentar, provocando o  registro de 

sedimentos finos, principalmente nas fácies mais distais.  

As unidades 4 e 5, caracetriza‐se como depósito de estágio de subida do 

nível  de  água  associado  à  tempestade,  nesta  ocasião  estabelece  o 

retrabalhamento gradual dos depósitos do estágio de nível de água mais baixo, 

Obra para Consulta

61 

 

em  geral,  são  depositados  coquinas  e  areias  médias  a  grossa  com  conchas 

dispersas,  em  áreas proximais  e  sedimentos  finos nas  áreas mais distais  com 

estruturas do tipo hummocky.  

 

 

 

 

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62 

 

 

4.4 – Conclusão

 

O  estudo  estratigrafia  química  de  alta  resolução,  combinado  com 

aspectos  sedimentológicos  da  variação  vertical  e  lateral  de  fácies, 

diagnosticados  por  (Santos,  2010)  foram  realizados  em  seção  com  seis 

testemunhos amostrados no ambiente.  

‐ Com reconhecimento e interpretação das assinaturas químicas distintas 

dos perfis gamaespctrométricos  foi possível compartimentar e correlacionar a 

sequência  sedimentar  na  laguna  do  Brejo  do  Espinho,  através  do  estudo, 

possibilitou‐se a  identificação de  registros associados as mudanças  climáticas, 

tendo em vista  que é o  principal controlador da sedimentação no ambiente. 

 Foram  interpretadas  seis  unidades  quimioestratigráficas  com 

predomínio  de  tendências  de  estágios  de  subida  e  rebaixamento  do  nível  da 

água.  

A  associação  entre  as  concentrações  de  tório  e  potássio  com  dados 

faciológicos  nos  testemunhos  foi  bastante  coerente,  mesmo  levando‐se  em 

conta  com  algumas  incongruências  localizadas.  No  entanto,  apenas  as 

ocorrências significativas das anomalias na concentração do tório permitiram a 

compartimenteção e correlação entre unidades quimioestratigráficas.  

A  utilização  integrada  do método  possibilitou  a  distinguir  estágios  de 

subida e rebaixamento do nível da água. Estes estágios são caracterizados por 

apresentarem anomalias que marcam eventos de maior ou menor concentração 

do tório, ou seja, maior ou menor aporte de minerais na forma detrítica. Estes 

minerais  podem  ser  argilas  radioativas  como  ilita  e  caulinita  ou  minerais 

pesados como a monazita e o zircão, para melhor conclusão, necessita‐se de um 

estudo mais detalhado.  

O  uso  integrado  dos  dados  demonstram  a  possível  ocorrência  de  três 

estágios  da  variação  do  nível  da  água,  associados  a mudanças  climáticas  ao 

Obra para Consulta

63 

 

longo da seção estudada: 

‐ um estágio de subida do nível da água, diagnosticada pela anomalia de 

tório, associado a clima húmido, período de chuva. 

‐ o estágio de subida do nível da água associado a  tempestade, onde a 

perfil de tório apresenta um aumento constante, como vistos na unidades 4 e 5, 

‐ um estágio de rebaixamento da água, diagnosticada pela diminuição da 

concentração do tório. Clima mais seco, menos ocorrência de chuva. 

Os dados gamaespectrométricos demonstram que o aumento do CG total 

está correlacionado com a presença de bioclastos, enquanto que a  resposta a 

fácies  argilosa,  demonstra  uma  diminuição,  esta  tendência  é  ao  contrário 

apresentado na bibliografia.   

Devido a presença de mineral de argila, areia arcoseana e K‐feldspatos 

detríticos em areia quartzosa, os valores da concentração K apresentam valores 

altos  em  toda  seção,  porém  os  valores  menores  são  observados  quando  a 

ocorrência dos bioclastos são maiores.   

A concentração do U está associado a matéria orgânica, que é abundante 

no ambiente Brejo do Espinho, porém algumas ocasiões anômalas parece está 

relacionadas a minerais pesados na  forma detrítica. Todavia, as concentrações 

do U causam algumas dúvidas nas  interpretações, pois os dados  isotópicos do 

testemunho  0,  diagnosticam  condições  ambientais  óxicas  e  evaporíticas. 

Segundo Glover  (2005), condição não propícias para a preservação da matéria 

orgânica,  no  entanto,  as  concentrações  do  U  mantem‐se  alta  com  poucas 

variações em todo testemunho.  

Como há poucos  trabalhos disponíveis  teorizados  sobre  a utilização da 

gamaespectrometria para  caracterização  de  dados  estratigráficos  e  climáticos 

em ambientes holocênicos, principalmente o lagunar. Na forma análoga, foram 

usados  trabalhos disponíveis na  literatura  sobre ambientes  lagunar e  lacustre 

pretéritos de sedimentação siliciclasticas – carbonáticas. 

Obra para Consulta

64 

 

Por  fim,  com  a  compartimentação  e  correlação  das  unidades 

quimioestratigráficas  e  suas  fácies  correspondentes,  foram  mostrados  e 

discutidos  os  possíveis  controles  climáticos  e  ambientais  nos  sedimentos  do 

Brejo do Espinho, que devem ter  interferido nos ciclos deposicionais durante a 

sua evolução.  

 

 

 

 

 

 

Obra para Consulta

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