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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE AGRONOMIA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS Trabalho de Graduação Análise e interpretação Petrográfica e Geoquímica entre os Ortognaisses Facoidais das cidades do Rio de Janeiro e Niterói. Aluno Iuri Bomtempo Retamal 200904011-0 Orientador Prof. Dr. Rubem Porto Junior (DG/IA/UFRuralRJ) Setembro de 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE AGRONOMIA

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

Trabalho de Graduação

Análise e interpretação Petrográfica e Geoquímica entre os

Ortognaisses Facoidais das cidades do Rio de Janeiro e Niterói.

Aluno

Iuri Bomtempo Retamal

200904011-0

Orientador

Prof. Dr. Rubem Porto Junior

(DG/IA/UFRuralRJ)

Setembro de 2013

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II

1 – RETAMAL, IURI BOMTEMPO

Análise e interpretação Petrográfica e Geoquímica para os Ortognaisses

Facoidais das cidades do Rio de Janeiro e Niterói, RJ.

.

Curso de Geologia / Departamento de Geociências

Instituto de Agronomia / Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ

[Seropédica] Ano 2013

Trabalho de Graduação

Monografia

Área de Concentração: Geologia - Petrografia

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III

Resumo

O presente estudo foi realizado com o intuito de trabalhar dados analíticos obtidos anteriormente de

dois conjuntos litológicos, um referente ao ortognaisse do tipo facoidal ocorrente na cidade do Rio de

Janeiro e outro do mesmo litotipo, que ocorre do outro lado da Baía de Guanabara, na cidade de Niterói.

Através desses dados foi possível adquirir diversos diagramas de classificação geoquímica, tectônica, do

tipo “Harker” e de padronização de ETRs.

Tentou-se neste trabalho fazer uma correlação entres esses litotipos quanto as suas características

geoquímicas, condições de metamorfismo e ambiente tectônico. Em relação a esses granitóides, os

resultados apontam para rochas que geoquimicamente plotam no campo dos granitos, subalcalinos,

metaluminosos e de evolução calcialcalina. Quanto a procesos magmáticos, essas rochas evoluíram por

cristalização fracionada e com forte remobilização durante a sua trama metamórfica. Em diagramas de

classificação tectônica, essas rochas são sincolisionais a tardiorogênicas e o ambiente se distribui no campo

dos granitóides de arco vulcânico (VAG) com uma dispersão para os intralaca. As análises petrográficas

indicam que o metamorfismo atuou em grau forte, com intensa deformação e mudanças nas fases

minerais.

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IV

Índice

Capítulo 1 - Introdução

1 – Introdução...............................................................................................................................1

1.2-Localização da área, Fisiografia e Vias de Acesso.........................................................1

1.3 – Objetivo......................................................................................................................1

1.4 – Justificativa do Estudo................................................................................................1

1.5 – Metodologia...............................................................................................................2

1.5.1 - Etapa Inicial......................................................................................................2

1.5.2 - Etapa de Laboratório .......................................................................................2

a) Petrografia.......................................................................................................2

b)Análise Geoquímica..........................................................................................3

1.5.3 - Etapa de Gabinete............................................................................................3

1.6 – Nomenclatura e Sistemática......................................................................................3

Capítulo 2 – A Faixa Ribeira na Região Estudada

2 – Geologia Regional....................................................................................................................5

2. 2 - Aspectos Gerais da Geologia da Folha Baía da Guanabara .......................................8

2.2.1 – Introdução...........................................................................................................8

2.2.2 - Geologia da Cidade do Rio de Janeiro..................................................................8

2.2.3 – Aspectos da Geologia Estrutural da Cidade do Rio de Janeiro..........................10

2.2.4 - Geologia da Cidade de Niterói...........................................................................10

Capítulo 3 – O Ortognaisse Facoidal

3.1 - O Gnaisse Facoidal: Histórico..............................................................................12

3.2 - O Gnaisse Facoidal: caracterização geológica .....................................................15

3.3 - O Gnaisse Facoidal: Principais áreas de ocorrência.............................................15

3.4 - O Gnaisse Facoidal: Petrografia..........................................................................15

3.5 - O Gnaisse Facoidal: Aspectos estruturais e do metamorfismo...........................21

Capítulo 4 – Interpretação Geoquímica do Gnaisse Facoidal

4.1 – Análise Geoquímica dos Litotipos.......................................................................24

4.2 – Análise Geoquímica dos Elementos Terras Raras...............................................34

Capítulo 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 – Conclusões..........................................................................................................37

Referêncas Bibliográficas................................................................................................................................39

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V

Lista de Figuras

Figura Legenda Página

Figura 1 Localização da área de estudo 2

Figura 2 Compartimentação tectônica da Região SE brasileira 7

Figura 3 Seção estrutural do Orógeno Ribeira 7

Figura 4 Entorno da Baia da Guanabara 14

Figura 5a Gnaisse facoidal usado com elemento estrutural em construção 14

Figura 5b Gnaisse facoidal usado com elemento de fachadas de prédios 14

Figura 6 Mapa geológico da área estudada 15

Figura 7 Fotomicrografia: textura granoblástica 18

Figura 8 Fotomicrografia: textura nematoblástica 18

Figura 9 Fotomicrografia: preenchimento das fraturas por carbonato. 18

Figura 10 Fotomicrografia: núcleo preservado de plagioclásio 18

Figura 11 Fotomicrografia: Geminação difusa em microclina 18

Figura 12 Fotomicrografia: detalhe de um relito do plagioclásio 19

Figura 13 Fotomicrografia: microclina inclusa em plagioclásio alterado 19

Figura 14 Fotomicrografia: grãos de quartzo com extinção ondulante 19

Figura 15 Fotomicrografia: grão de quartzo apresentando interfinger e

embainhamento

19

Figura 16 Fotomicrografia: textura nematoblástica 21

Figura 17 Fotomicrografia: inclusão de grãos de biotita 21

Figura 18 Fotomicrografia: textura granoblástica 21

Figura 19 Diagrama: TAS 27

Figura 20 Diagrama: AFM 27

Figura 21 Diagrama: Classificação química segundo Le Maitre (1989) 28

Figura 22 Diagrama: Classificação química segundo Shand (1927) 28

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VI

Figura 23 Diagrama: Diagramas de Harker para os elementos maiores 30

Figura 24 Diagrama: Diagramas de Harker para os elementos menores 31

Figura 25 Diagrama: classificação de ambiente tectônico. 33

Figura 26 Diagrama: classificação de ambiente tectônico. 33

Figura 27 Diagrama: Diagrama de classificação R1 x R2 34

Figura 28 Diagrama: distribuição dos ETRs para a cidade de Niterói 35

Figura 29 Diagrama: distribuição dos ETRs para a cidade do Rio de Janeiro 35

Figura 30 Diagrama: distribuição dos ETRs para as cidades do Rio de Janeiro e

Niterói

36

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VII

Lista de Tabelas

Tabela Legenda Página

Tabela 1 Composição química dos litotipos do Rio de Janeiro

(Elementos maiores)

24

Tabela 2 Composição química dos litotipos de Niterói

(Elementos maiores)

24

Tabela 3 Composição química dos litotipos do Rio de Janeiro

(Elementos menores)

25

Tabela 4 Composição química dos litotipos de Niterói

(Elementos menores)

25

Tabela 5 Composição química dos litotipos do Rio de Janeiro

(ETRs)

25

Tabela 6 Composição química dos litotipos de Niterói (ETRs) 25

Tabela 7 Valores de r2 para coeficientes lineares e polinomiais para os

gnaisses do Rio de Janeiro

29

Tabela 8 Valores de r2 para coeficientes lineares e polinomiais para os

gnaisses de Niterói

29

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1

Capítulo 1 - Introdução

Os terrenos gnáissicos de alto grau e de complexa história evolutiva constituem um verdadeiro

desafio àqueles que se lançam nos estudos de caracterização petrográfica, estrutural e litoestratigráfica de

rochas neles presentes. Os efeitos da partição, da deformação, dos processos anatéticos seguidos de

migmatização regional e de intrusões em estágios distintos, obliteram elementos da trama original e

constituem, talvez, as características mais representativas destas rochas.

O presente trabalho relata um estudo comparativo entre gnaisses do tipo “facoidal” ocorrentes na

Folha “Baia da Guanabara” (CPRM, 2012). Ele esta baseado em um estudo comparativo entre análises

químicas, interpretações petrográficas, e metamórficas, de uma sequência de rochas gnáissicas de

pertinentes variações texturais e composicionais, que foi submetida aos efeitos evolutivos de deformação e

metamorfismo policíclicos e fusão parcial in situ, com geração de mobilizados graníticos e processo de

migmatização associado.

1.2 - Localização da área, Fisiografia e Vias de Acesso

A área estudada corresponde à afloramentos de maciços rochosos ocorrentes em parte da Zona Sul

do município do Rio de Janeiro e também em parte da Zona sudoeste do município de Niterói (Figura 1).

Encontra-se parcialmente contida em região de preservação ambiental, de caráter permanente,

correspondente ao Parque da Serra da Tiririca, em Niterói e Parque Nacional da Tijuca no Rio de Janeiro.

Apresenta relevo de amplitudes contrastantes, do tipo montanhoso, com altitudes que variam até

cerca de 800 metros, sendo que as superfícies superiores a 100 metros de altitude correspondem a mais de

70% da totalidade de seus domínios. Este conjunto faz parte de uma feição fisiográfica de grandes

dimensões, geomorfologicamente conhecida como Serra do Mar. A área apresenta-se, em grande parte,

coberta por mata secundária e subordinadamente por matas primárias localizadas nas cotas mais elevadas.

O acesso pode ser feito com relativa facilidade através de malha rodoviária asfaltada, e,

secundariamente, por inúmeras vias não asfaltadas, caminhos de eletrificação e trilhas que tendem a

facilitar o acesso às porções mais internas dos maciços rochosos.

1.3 – Objetivo

O presente trabalho tem a finalidade de fazer uma comparação geoquímica entre o denominado

Gnaisse Facoidal que ocorre na cidade do Rio de Janeiro com o ocorrente na cidade de Niterói. Serão aqui

abordadas, para efeito de comparação, a petrografia, as características geoquímicas, as condições de

metamorfismo e o ambiente tectônico. Para isso, serão utilizadas duas técnicas: a determinação das

associações metamórficas, a partir de estudo petrográfico, e a interpretação petroquímica, para

estabelecer as diferenças entre os conjuntos estudados.

1.4 – Justificativa do Estudo

O conjunto de rochas abordado nesse estudo corresponde aos mais importantes afloramentos de

maciços rochosos nos limites do contorno da Baia da Guanabara. Considerando os avanços feitos no

entendimento da geologia da cidade do Rio de Janeiro nos últimos anos, fica claro que a melhor

compreensão da geologia dessa região subsidiará importantes definições tanto a nível estratigráfico e

estrutural, quanto petrológico.

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2

1.5 - Metodologia

1.5.1 - Etapa Inicial

Nesta etapa foi feito um levantamento dos dados disponíveis sobre a Geologia da região estudada, com

levantamento de informações gerais referentes às unidades litológicas, uma revisão bibliográfica e a

manipulação de mapas, com a finalidade de utilizar estes resultados como base para a realização do estudo

comparativo entre os conjuntos gnáissicos aqui estudados. Também foi realizada, nesta fase, a compilação

e a avaliação qualitativa dos dados escolhidos para a posterior interpretação petroquímica.

1.5.2 - Etapa de Laboratório

Nesta fase do trabalho foram realizadas as atividades referentes a obtenção dos dados petrográficos,

bem como analisadas e interpretados dados geoquímicos disponíveis na literatura e utilizados neste

estudo.

Essa etapa foi realizada integralmente nas dependências do GEP/DG-IA/UFRuralRJ e foi subdividida

em três fases:

a) Petrografia

Consistiu no estudo de lâminas delgadas selecionadas do acervo pré-existente. Para a totalidade das

amostras estudadas, foram realizadas descrições petrográficas, que permitiram a caracterização das

texturas, da composição mineralógica e das associações metamórficas, além de eventual mineralogia

reliquiar. O modelo de microscópio utilizado nas descrições foi o Olympus BX-40, do Laboratório de

Mineralogia Óptica do Departamento de Geociências da UFRuralRJ. Durante a descrição, foram priorizados

os aspectos mineralógicos e texturais, com ênfase nas diferentes associações de minerais metamórficos

(identificação e quantificação), e quando possível, a definição de porfiroblastos e de evidências estruturais

(primárias e secundárias), geradas por fluxo magmático ou no estado sólido. Essa fase compreendeu, ainda,

Figura 1 - Localização da área de estudo (modificado do Google Earth, acessado em 01/09/2013).

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3

a confecção de croquis ilustrativos, aquisição de fotomicrografias e contagem modal seguida de

classificação em diagramas adequados.

b) Análise Geoquímica

Os dados geoquímicos disponíveis foram plotados em diagramas de variação e caracterização

pertinentes ao estudo. Para a confecção foram utilizados os softwares Microsoft Office Excel 2007, NewPet

1987-1994 e CorelDRAW 5.0. Com base nestes dados foi possível comparar aspectos geoquímicos,

tectônicos, magmáticos e metamórficos de cada grupo de rochas.

1.5.3 - Etapa de Gabinete

Nessa etapa todos os dados obtidos anteriormente foram trabalhados e interpretados de maneira

integrada, para que os objetivos propostos inicialmente fossem atingidos. Essa foi realizada nas

dependências do GEP/DG-IA/UFRuralRJ e pode ser caracterizada por: manuseio de equipamentos

computacionais, como banco de dados, e de programas específicos para tratamento de textos e imagens

(Ms Word 2007, Ms Power Point 2007 e Corel Draw 9.0), interpretações estruturais, metamórficas e

petrológicas, realizadas a partir da integração e tratamento dos dados obtidos e, finalmente, a confecção

do presente trabalho de graduação.

1.6 – Nomenclatura e Sistemática

Os critérios utilizados na caracterização petrográfica (composicional e textural) dos litotipos nas

escalas macro e microscópicas foram:

# Coloração - As amostras dos litotipos estudados apresentam-se principalmente em três cores:

cinza, branco e rosa.

# Granulação - A subdivisão da granulação adotada (Quadro 1) foi a sugerida por Hughes (1982):

Granulação Classificação

<1mm = fina

1mm a 5mm = média

5mm a 30mm = grossa

>30mm = muito grossa

# Grau de Cristalinidade - Esse critério foi subdividido em termos adequados para os litotipos

metamórficos e magmáticos, seguindo nesta ordem: idioblástico, hipidioblástico e xenoblástico (para

material no campo metamórfico), ou idiomórfico, hipidiomórfico, e xenomórfico (quando em texturas

reliquiares).

# Texturas - Houve também a necessidade da utilização de terminologia específica que atendesse os

critérios de classificação petrográfica dos litotipos metamórficos e magmáticos que seguem

respectivamente: textura(s) equigranular, inequigranular, aplítica, inequigranular-porfirítica e pegmatítica e

textura(s)-granoblástica, nematoblástica e granoporfiroclástica.

Quadro 1- Subdivisão da granulação utilizada na petrografia.

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# Porfiroclastos - Compreendem grãos minerais (fenocristais ou porfiroblastos), que sofreram

modificações de suas formas originais, por efeitos da tectônica ou metamorfismo.

# Texturas reacionais - Correspondem aquelas (magmáticas ou metamórficas), originadas por

condições de desestabilização cristal x líquido e cristal x cristal.

# Sequência de cristalização - Foi obtida a partir de critérios clássicos e normalmente utilizados

como: idiomorfismo, inclusões, sineusis, relações intergranulares, grãos intersticiais, tendo por base os

parâmetros definidos em Shand (1927), Pitcher & Berger (1972) e Heinrich (1980).

# Moda e classificação dos litotipos - Foram obtidas através de metodologia fundamentada nos

postulados de Best (1982).

# Classificação Modal - Os valores modais para litotipos tidos como ortoderivados, foram plotados

em diagrama QAP, seguindo os padrões internacionais estabelecidos por Streckeisen (1976).

# Índice de cor - Baseado no volume de minerais máficos presentes, foram utilizados os termos:

(0-5%) hololeucocrático

(5-10%) leucocrático

(10-50%) mesocrático

(50-95%) melanocrático

(>95%) hipermelanocrático

Para a caracterização e análises geométrica-estruturais, foram utilizados os seguintes termos:

# Estruturas primárias - Esse termo foi utilizado com referência a relictos estruturais, gerados a

partir de fluxo magmático.

# Estruturas secundárias - Refere-se àquelas estruturas eminentemente geradas por efeitos da

deformação e metamorfismo.

# Fluxo magmático - Refere-se ao deslocamento de um fundido, com consequente rotação de corpos

cristalinos rígidos, sem a interferência entre cristais para que pudessem causar deformação plástica

(estágio com comportamento semelhante à suspensão) (Patterson et al., 1989).

Para a caracterização de eventuais porções migmatíticas dos litotipos metamórficos, a nomenclatura

a ser utilizada seria a dos termos puramente descritivos de Mehnert (1968).

Paleossoma - Correspondente à rocha original ligeiramente modificada ou não.

Neossoma - Correspondente ao conjunto (leucossoma e melanossoma), gerados a partir da

modificação estrutural da rocha original

Leucossoma - Porções do neossoma, enriquecidas de material leucocrático, essencialmente quartzo-

feldspático.

Melanossoma - Porções do neossoma, em que há uma maior concentração de minerais máficos

(biotita e hornblenda, etc.) em detrimento a minerais félsicos.

Quadro 2 - Índice de cor utilizada na petrografia.

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Metatexito - Corresponde aquelas porções em que os volumes de fusão parcial são incipientes, onde

porções fundidas e não fundidas podem ser distinguidas petrograficamente (isto é, rocha mãe com

metatectitos ± restitos).

Diatexito - Refere-se aquelas porções em que os volumes de fundido são mais significativos,

impossibilitando a distinção entre porções fundidas e não fundidas (fusão completa ou quase

completa).Texturas nebulíticas ou quase homófonas e schilierens, são características conspícuas.

Minerais relictos - Minerais pertencentes à rocha protometamórfica (protólito), que não tenham sido

totalmente transformados ao curso do metamorfismo.

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Capítulo 2 – Geologia Regional

2.1 - A Faixa Ribeira na região estudada

A área estudada está inserida no segmento central da Faixa Ribeira (Heilbron et al., 2000), que

corresponde, em parte, ao Cinturão Móvel Ribeira (Almeida et al., 1973). A Faixa Ribeira (Figura 2)

desenvolveu-se em vários episódios de convergência da Orogenia Brasiliana-Panafricana, durante o

Neoproterozóico–Cambriano, com últimos estágios no Ordoviciano Inferior (Heilbron et al., 2008).

A compartimentação tectônica da Faixa Ribeira, estabelecida para o seu segmento central (Figura 3),

compreende quatro terrenos tectono-estratigráficos: Ocidental, Oriental, Paraíba do Sul/Embú e Cabo Frio

(Heilbron et al., 2000, 2004, 2009, Trouw et al., 2000). Nesse setor, os dois primeiros são separados por

uma zona de cisalhamento complexamente redobrada, o Limite Tectônico Central (ou CTB – Central

Tectonic Boundary); que apresenta mergulhos subverticais a moderados para NW na porção centro-sul do

estado, e mergulhos para SE na porção noroeste. Os três primeiros terrenos foram amalgamados entre ca.

605 e 570 Ma. (Machado et al., 1996; Heilbron & Machado, 2003). Tardiamente, o Terreno Cabo Frio foi

acrescionado ao final da colagem orogênica, em ca. 530-510 Ma (Schmitt et al., 2005). O Terreno Ocidental

corresponderia à paleoplaca inferior (Placa Sanfranciscana), e o Terreno Oriental à placa superior, na qual

se instalou o Arco magmático Rio Negro, responsável pela colisão Arco/Continente. À Leste, por trás do

Terreno Oriental, o fechamento do espaço back-arc resultou na colisão com a paleoplaca do Terreno Cabo

Frio (Valeriano et al., 2012).

O segmento central da Faixa Ribeira evoluiu durante o segundo estágio orogênico do Brasiliano

(Trouw et al., 2000). Ele é interpretado como a raiz de um orógeno colisional neoproterozóico

profundamente erodido (Heilbron, 1995), com três associações de expressão regional: 1) embasamento

paleoproterozóico/arqueano; 2) cobertura sedimentar deformada meso a neoproterozóica com episódios

magmáticos; 3) granitóides gerados durante a Orogênese Brasiliana (635-480 Ma). Heilbron et al., (1998)

definiram os terrenos Ocidental e Oriental para o seguimento central da Faixa Ribeira. O primeiro

corresponde à margem passiva retrabalhada do Craton São Francisco, sendo compreendido pelas unidades

litotectônicas Andrelândia, Juiz de Fora e Paraíba do Sul. O terreno oriental é onde se localiza a área de

estudo precisamente, sendo formado por três escamas tectônicas (Heilbron & Machado 2003), listadas

abaixo da base para o topo, seguindo uma seção NW–SE:

a) Domínio Cambuci – composto por granada-biotita gnaisses com lentes de mármores e

calcissilicáticas, onde os protólitos sedimentares destas rochas são interpretados como depósitos de

ambiente tipo bacia ante-arco.

b) Domínio Costeiro – representa o ambiente onde se instalou o arco magmático da Faixa Ribeira,

denominado de Arco Magmático Rio Negro, sendo constituído também por paragnaisses pelíticos ricos em

intercalações de quartzitos e de calcissilicáticas. Os ortognaisses do Complexo Rio Negro têm afinidade

calcialcalina e composição que varia de tonalítica até granítica, com enclaves dioríticos e gabróicos. Os

dados geoquímicos e isotópicos sugerem pelo menos dois estágios de desenvolvimento do arco

magmático. O mais antigo data cerca de ca. 790 Ma, e o mais recente de ca. 635–620 Ma (Heilbron &

Machado, 2003; Tupinambá et al. 2000). Os dados isotópicos demonstram dois diferentes grupos,

indicando uma evolução progressiva de um arco intra-oceânico para um arco do tipo cordilheirano

(Heilbron et al., 2005).

c) Domínio Italva – composto de uma sucessão metassedimentar de baixo grau, rica em rochas

carbonáticas plataformais e interpretada como depositada em uma margem passiva ou em um ambiente

de bacia retro-arco. A época de deposição dessa sucessão é indicada pelas idades U–Pb de ca. 840 Ma,

registrada em zircões de intercalações anfibolíticas (Heilbron & Machado, 2003).

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7

Figura 2 - Compartimentação tectônica da Região SE brasileira (dados de Heilbron et al., 2004, 2009; Tupinambá et al., 2007 ;

Schmitt et al., 2005). Legenda para os terrenos da Faixa Ribeira: 8 e 9 – Domínios Andrelândia e Juiz de Fora do Terreno Ocidentall;

10- Terreno Paraíba do Sul; 11 e 12 – Terreno Oriental, com o Arco Magmático Rio Negro discriminado (11); 13 – Terreno Cabo Frio.

Figura 3 - Seção estrutural do Orógeno Ribeira com a relação entre os diferentes terrenos e domínios estruturais. Legenda:

Terreno Ocidental (1-6): 1 a 3 – Megassequência Andrelândia nos domínios Autóctone, Andrelândia e Juiz de Fora; Terreno

Ocidental (4-6): Associações do embasamento (Complexos Barbacena, Mantiqueira e Juiz de Fora; Terreno Paraíba do Sul (7-8):

7 – Grupo Paraíba do Sul, 8 – Complexo Quirirno; Terreno Oriental (9-13): 9 – Sequência Cambuci, 10 – Sequência Italva, 11 –

Sequência Costeiro, 12 – Arco Magmático Rio Negro, 13 – Granitos colisionais; Terreno Cabo Frio (14-15): 14 - Sequência Búzios

e Palmital, 15 – Complexo Região dos Lagos (Figura extraída de Heilbron et al., (2004)).

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8

A deformação principal do Terreno Oriental é caracterizada por dois episódios tectônicos

progressivos. O primeiro é representado por uma xistosidade de baixo ângulo subparalela ao bandamento,

superposta por uma foliação plano-axial relacionada a dobras isoclinais. Todos os dados U–Pb disponíveis

para granitos sin-colisionais e de minerais metamórficos caem dentro do intervalo entre 580–550 Ma

(Heilbron & Machado, 2003; Silva et al., 2005; Tupinambá et al., 2000).

O Terreno Cabo Frio é constituído de duas principais unidades estratigráficas (Heilbron et al., 1982):

a) ortognaisses paleoproterózoicos (ca. 1.9 Ga) com anfibolitos associados (Schmitt et al., 2004); e b) um

conjunto mais novo, formado por sucessão metassedimentar de alto grau, composta de paragnaisses

pelíticos a psamíticos com lentes de anfibolitos e calcissilicáticas. Datações U–Pb (SHRIMP) de zircões

detríticos revelam fontes arqueanas (ca. 2.5 Ga), paleoproterozóicas (ca. 2.0 Ga) e neoproterozóicas (ca.

1.0 Ga e 800–600 Ma) (Schmitt et al., 2003). Baseados em datações, localização geográfica e composição

litológica (pelitos, carbonatos e basaltos) dessas sucessões, (Heilbron & Machado 2003) sugerem que a

sedimentação dessa unidade pode estar associada a uma bacia retro-arco neoproterozóica, relacionada ao

arco magmático Rio Negro (Terreno Oriental).

O Terreno Cabo Frio colidiu com os outros três terrenos entre 530–510 Ma. Tal episódio cambriano

tem sido referido como Orogenia Búzios (Schmitt et al., 2004) e gerou importantes estruturas de baixo

ângulo no Terreno Cabo Frio, destacando as grandes dobras isoclinais (Heilbron et al., 1982). Esse último

episódio tectônico também resultou na superposição de dobramentos e de zonas de cisalhamento destrais,

que afetaram todos os terrenos previamente amalgamados (Oriental, Paraíba do Sul, Embu e Ocidental).

Um exemplo é a Zona de Cisalhamento de Além Paraíba (Campanha, 1981), de centenas de quilômetros de

extensão e com uma espessa faixa milonítica.

2.2 - Aspectos Gerais da Geologia da Folha Baía da Guanabara

2.2.1 – Introdução

As rochas gnáissicas e graníticas da Cidade do Rio de Janeiro e de seus arredores têm despertado,

por conta da sua peculiar morfologia de “pães-de-açúcar”, o interesse de muitas gerações de

pesquisadores, geólogos ou não.

Desde os primeiros trabalhos realizados (localizados já na metade do século XIX), até os dias de hoje,

o conhecimento acerca da geologia destas rochas vem sendo desenvolvido gradativamente.

Entretanto, só a partir do início do século XX, com os estudos mais acurados de caracterização

petrográfica, estrutural e metamórfica, realizados inicialmente por Paes Leme (1910 e 1930) foi que, as

rochas gnáissicas da Cidade do Rio de Janeiro, incluindo os tipos facoidais, tiveram suas questões

estratigráficas e evolutivas abordadas.

2.2.2 - Geologia da Cidade do Rio de Janeiro

Os primeiros trabalhos de detalhe referentes à geologia da cidade estão em Lamego (1937), que

apresentou a “Teoria do Protognaisse”, sugerindo que o plagioclásio gnaisse (protognaisse) era uma

relíquia da crosta arqueana que, ao passar por vários estágios metamórficos, deu origem aos demais

gnaisses encontrados na região. Em Lamego (1938), o mesmo autor publica as primeiras observações

detalhadas da estrutura do Pão de Açúcar definindo duas fases de dobramento e descreve a Falha da

Guanabara, uma falha normal preenchida por diabásio, que teria condicionado o canal de entrada da Baía

de Guanabara. Posteriormente, em Lamego (1948), ele publica o primeiro trabalho de cartografia de maior

detalhe da cidade e suas adjacências: a Folha da Guanabara (em escala 1:100.000) no qual são discutidos

dados cartográficos, estratigráficos e estruturais.

Helmbold et al., (1965) apresentam o mapeamento geológico de semi-detalhe em escala 1:50.000,

para as folhas Baía da Guanabara, Santa Cruz e Vila Militar, que recobrem a totalidade da área do então

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Estado da Guanabara. Este mapa é de fundamental importância para a geologia do Rio de Janeiro, porque

neste estudo foi elaborada uma cuidadosa caracterização das unidades mapeáveis, baseadas nas

denominações petrográfico-mineralógicas das rochas. As rochas foram dividias em duas séries

metamórficas: a Série Superior, composta de biotita-gnaisses, microclina- gnaisses, leptinitos e plagioclásio

gnaisse; e a Série Inferior com gnaisses homogêneos grossos, desprovidos de granada, mas ricos em

Titanita, além de migmatitos com melanossomas anfibolíticos (Porto Jr., 1993).

Leonardos (1973) defendeu o ponto de vista de que as rochas que ocorrem na área do município do

Rio de Janeiro pertenceriam a um cinturão orogênico denominado Atlantides, com predomínio de dobras

recumbentes em associação à falhas normais posteriores que, em muitos casos, obliteram boa parte do

padrão regional de deformação.

Valença (1973) resumiu o conhecimento sobre a geologia do antigo Estado da Guanabara

descrevendo a Série Superior, como sendo formada por faixas de biotita-plagioclásio-(ortoclásio) - quartzo -

granada gnaisses de grande representação e de faixas mais localizadas de gnaisses ricos em sillimanita,

cordierita e granada. Essa série é composta por uma sequência mista de microclina gnaisses e plagioclásio

gnaisses flanqueia as faixas anteriores. A Série Inferior foi descrita como sendo constituída essencialmente

por hornblenda gnaisses graníticos e por migmatitos básicos com intercalações anfibolíticas. Rochas de

composição básica a intermediária são representadas por anfibolitos e granodioritos e interpretadas como

possíveis constituintes de fases vulcânicas e plutônicas que foram posteriormente metamorfisadas

(Valeriano et al. 2012).

Leonardos (1973) e Leonardos & Fyfe (1974) reconheceram e interpretaram duas grandes unidades

originadas em ciclos sedimentares diferentes. A mais antiga, de natureza molassóide, hoje metamorfisada,

ocorre sob forma de leptinitos, gnaisses graníticos e migmatitos, que foi denominada de Grupo Pão de

Açúcar; e uma mais jovem, rica em pelitos e sedimentos carbonáticos e quartzosos, que ocorre sob forma

de sillimanita-cordierita gnaisses, quartzitos e rochas calcissilicáticas, denominada de Grupo Sepetiba.

Caracterizaram ainda vários tipos graníticos, mobilizados e/ou autóctones, intrusivos ou ainda associados

aos gnaisses. Os tipos identificados variam de migmatitos graníticos a gnaisses tonalíticos, adamelitos,

granitos grossos, quartzo dioritos, granodioritos finos e granitos médios e aplíticos (Valeriano et al. 2012).

Pires et al. (1982) discriminaram três séries distintas de tipos graníticos na área do município do Rio

de Janeiro, as quais denominaram de "Ancient Granites, Older Granites Series and Younger Granites

Series". A penúltima destas séries foi definida como sendo formada pelo granodiorito Governador e pelo

tonalito Grajaú, enquanto a última foi definida como formada pelos granitos Utinga, Favela, Rosa e Allanita.

Penha (1984a) deu o passo inicial para o desenvolvimento dos estudos que atualmente se realizam

no Maciço da Pedra Branca, definindo-o como uma intrusão possivelmente zonada, tendo em seu centro

rochas de composição tonalítica e em suas bordas rochas de composição granítica. Porto Jr. e Valente

(1988) apresentaram estudo sobre as rochas da região do Morro do Sandá, a partir do qual é caracterizada

e formalizada a existência do Granito Pedra Branca.

A Cidade do Rio de Janeiro se insere no que Heilbron et al. (1998) definem como Segmento Central

da Faixa Ribeira, um orógeno colisional de idade neoproterozóica/cambriana, muito erodido, apresentando

embasamento paleoproterozóico/arqueano, cobertura sedimentar deformada meso a neoproterozóica

com episódios magmáticos e granitóides gerados durante a orogênese Brasiliana (635-480 Ma)

O Terreno Oriental apresenta ortognaisses tonalíticos a granodioríticos, gnaisses leucograníticos,

corpos quartzo- dioríticos que compõem o Complexo Rio Negro. O quadro litológico é completado por

ortognaisses granodioríticos, que intrudem esse complexo, e rochas metassedimentares de alto grau que

correspondem ao Grupo Paraíba do Sul e corpos de rochas graníticas não foliadas (Mattos 2007).

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2.2.3 – Aspectos da Geologia Estrutural da Cidade do Rio de Janeiro

Atualmente, para a região são reconhecidas três fases de deformação dúctil (Dn+2, Dn+1 e Dn), essas

fases vêm sendo melhores definidas a partir do mapeamento de Helmbold et al. (1965), com algumas

modificações do que foi proposto por Lamego (1938). A geologia estrutural dessa região é estudada mais

recentemente nos trabalhos de Valeriano & Magalhães (1984), Silva & Silva (1987), Pires & Heilbron

(1989) e Silva et al. (1991).

Valeriano & Magalhães (1983), fizeram mapeamento geológico estrutural da área do Pão de Açúcar

e adjacências, produzindo um mapa na escala 1:5.000 e identificaram e caracterizaram as unidades

mapeáveis com suas relações de contato , reconhecendo três fases de deformação dúctil ( Dn+2, Dn+1 e Dn)

assim como falhamentos e fraturamentos rúpteis pós Dn.

A última fase de deformação dúctil produziu dobras abertas com eixo caindo em torno de 30o para

ESSE, e planos axiais mergulhando em torno de 70o para NNE. Associado a essas fases ocorrem zonas de

cisalhamento dúcteis, onde se alojaram corpos de pegmatito e de granito nos planos de cisalhamento. A

penúltima fase Dn+1 também produziu dobras e zonas de cisalhamento, sendo as primeiras fechadas a

isoclinais (Valeriano & Magalhães, 1983), com os eixos das dobras de mergulhando suavemente para NE

ou SW, com superfícies axiais sub-horizontais, estando essas dobras associadas às zonas de cisalhamento

dúcteis (Pires & Heilbron, 1989). As zonas de cisalhamento possuem a mesma orientação dos planos axiais

das dobras geradas na mesma fase e são dobradas por Dn+2. A primeira fase de deformação Dn foi

responsável pelo desenvolvimento da xistosidade principal, da orientação dos megacristais e de algumas

lineações pré-Dn+1. O autor não afirma que essa seja a primeira fase, mas sim a mais antiga reconhecida.

Silva & Silva (1987) realizaram mapeamento geológico-estrutural da Serra da Carioca, com análise

estrutural, interpretações petrográficas e caracterizaram o metamorfismo atuante na região. Nesse

trabalho, as sequências de rochas gnáissicas pré-cambrianas foram dividias em três unidades (ortognaisses,

biotita-gnaisses e leptinitos), que apresentam caráter polimetamórfico situado na transição anfibolito alto-

granulito, com intensa mobilidade de fluídos. Junto a processos de migmatização e de anatexia, que

geraram mobilizados graníticos, três fases de deformação sucessivas afetaram toda a sequência.

2.2.4 - Geologia da Cidade de Niterói

Esta porção do estado do Rio de Janeiro insere-se no domínio crustal do Segmento Central da Faixa

Ribeira, denominado Domínio Costeiro, onde são comuns sequências orto e paragnáissicas, constituído

principalmente por ortognaisses, migmatitos e granitóides sin-, tardi- e pós- tectônicos. Na região de

Niterói, esses ortognaisses são representados por rochas granitóides bastante deformadas por um

tectonismo dúctil/rúptil, a Zona de Cisalhamento Dúctil de Niterói (Hippert,1990), que afetou rochas

graníticas em quase todo esses município.

Os trabalhos pioneiros que abordam a geologia de Niterói são poucos e não estão relacionados a

levantamentos geológicos sistemáticos. Entre eles, destacam-se em particular, os de Alberto Ribeiro

Lamego, que abordam a geologia de Niterói. São dele as mais importantes contribuições acerca da

conformação litológica e estrutural da área, publicadas na primeira metade do século passado (Lamego,

1937 & 1945), sintetizadas em Lamego (1964) e que, até os presentes dias, estão de certa forma, ajustadas

nas descrições e distribuição espacial das litologias ocorrentes na cidade de Niterói.

Lamego, em seus trabalhos, apresenta várias seções geológicas e descrições petrográficas do gnaisse

lenticular e do biotita gnaisse, publicando, em 1945, informações importantes da geologia de Niterói,

aceitas até os presentes dias, e modelos sobre a tectônica atuante na Baía de Guanabara. Décadas depois,

Kishida (1969) assinala e descreve o Plúton de Niterói, tido como o principal elemento geológico do

município.

A região é constituída principalmente por rochas granito-gnáissicas, pré-cambrianas, caracterizadas

pela presença de megacristais de K-feldspato (Hippert, 1990). O mesmo autor divide as rochas de Niterói

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em três conjuntos litológicos, diferenciados quanto à composição mineralógica e/ou à intensidade de

gnaissificação. São eles: granodiorito porfiroblástico, gnaisse granodiorítico e gnaisses graníticos.

Hippertt (1990) identificou a ocorrência de paragnaisses aluminosos (biotita-gnaisse e Kinzigitos) e

denominou a Zona de Cisalhamento Dúctil de Niterói. Trata-se de uma faixa de rochas miloníticas com mais

de dez quilômetros de largura, caracterizada por uma foliação milonítica de direção que varia entre N40-

70E e está disposta paralelamente ao alinhamento da zona. Apresenta ainda uma contribuição à geologia e

petrologia dos 'augen' gnaisses ou gnaisse facoidal de Niterói, abordando principalmente os processos

deformacionais e feições indicativas de sua deformação dúctil, a partir de rochas graníticas não deformadas

e sob condições metamórficas de médio a alto grau, com a presença de fenômenos metassomáticos com

aporte de potássio, responsável pelo desenvolvimento de megacristais de feldspato ou porfiroblastos

(augen).

Logo após, Machado (1997) descreve a litogeoquímica e tectônica dos granitóides Neoproterozóicos

do estado, assinalando o maciço de Niterói, formado por um granitóide de composição expandida,

granodiorítica a tonalítica e granítica, e localmente charnockítica. A colocação dessas rochas na crosta deu-

se em condições metamórficas de transição entre fácies granulito e anfibolito, apresentando idade Rb/Sr

de 537 Ma para o gnaisse facoidal. Posteriormente, Penha et al. (2001) definiu e mapeou em escala de

detalhe (1:20 000) o granito Itacoatiara, ocorrente em partes dos municípios de Maricá e Niterói.

Como trabalho de mapeamento geológico sistemático, que abrange todo o município de Niterói,

temos aquele representado pelas cartas geológicas de semi-detalhe (1:50.000), executadas através do

Projeto Carta Geológica do Estado do Rio de Janeiro, do Departamento de Recursos Minerais (DRM), do

Governo do Estado. Através desse projeto, foi mapeado o bloco Baía de Guanabara – folhas Baía de

Guanabara, Itaboraí, Saquarema e Maricá, com o relatório final (texto e mapas) apresentado pelo

DRM/Geomitec em 1981.

O arranjo estrutural observado nas rochas aflorantes na região foi gerado pela superposição de três

diferentes eventos tectônicos, a saber:

1) Evento Brasiliano (580 - 480 Ma): foi responsável pela formação da maior parte das rochas em

condições elevadas de temperatura e pressão, ou seja, a grandes profundidades (~ 25 a 30 km), e pela

deformação dúctil destas rochas gerando a foliação metamórfica e dobramentos (Heilbron et al., 2000);

2) Evento Sul-Atlantiano – Fase I (130 Ma): este evento associado à separação dos continentes Sul-

Americano e Africano, formação do Oceano Atlântico Sul e das bacias da margem continental

(Schobbenhaus et al., 1984) foi responsável, na área de estudo, pela intrusão de diques e veios de diabásio

e pela formação de parte do fraturamento encontrado;

3) Evento Sul-Atlantiano – Fase II (80-5 Ma): responsável por grandes modificações na paisagem, com

a formação da Serra do Mar, dos grábens da Guanabara e do Paraíba do Sul, de bacias sedimentares

continentais como Macacu e Taubaté e por um intenso vulcanismo alcalino (Schobbenhaus et al., 1984;

Ferrari, 2001). Na área de estudo, este evento gerou o relevo observado e foi acompanhado de novo

fraturamento.

Durante o longo intervalo de tempo entre os eventos 1 e 2 (~ 350 Ma) a região sofreu contínua

denudação que levou à retirada, por erosão, de um pacote de rochas de pouco mais de 20 km de

espessura. Desde o Evento 2 estima-se que um pacote de rochas de pouco mais de 5 km de espessura

tenha sido erodido. O contínuo processo de denudação e o consequente alívio de carga litosférica, também

propiciaram a formação de fraturas de alívio subparalelas à superfície do terreno.

Dentre as estruturas presentes na área, são separadas as dúcteis, dúcteis-rúpteis e rúpteis.

Considera-se que as duas primeiras foram formadas no evento 1 e as rúpteis nos eventos posteriores.

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Capítulo 3 – O Ortognaisse Facoidal

3.1 - O Gnaisse Facoidal: Histórico

O denominado gnaisse facoidal é a rocha com características mais expressivas que ocorre no entorno

da Baia da Guanabara e, portanto, das cidades do Rio de Janeiro e Niterói (figura 4). A topografia da região

é controlada, em grande parte, pela sua presença. Essa rocha foi utilizada como ornamento e material de

construção em diversas construções históricas.

Sua beleza e exuberância foram descritos desde o século XVI, com a chegada dos portugueses à Baía

de Guanabara. A vinda da Família real portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, promoveu o aumento da

investigação científica, em geral, por naturalistas europeus financiados pela nobreza. Todos esses relatos

tiveram caráter puramente descritivo até o início do século XIX. Muitos desses naturalistas registraram o

profundo impacto que a paisagem da Baía de Guanabara exerceu sobre eles (Mansur et al., 2008).

No ano de 1829, as primeiras rochas da cidade já haviam sido descritas por Caldcleugh, que notou “...

a presença de granitos e gnaisses nas partes mais elevadas da cidade”. Os estudos geológicos mais

específicos sobre o Rio de Janeiro começaram a ser realizados pelo Barão de Von Eschewege, que, em

1831, publicou seus primeiros estudos referentes a uma seção geológica que ia da Baía da Guanabara até a

cidade mineira de Uberaba (Valeriano et al., 2012).

Em 1895, foi publicada, por Rossiter Worthington Raymond, em Nova York, uma nota referente à

estrutura do augen-gnaisse do Rio de Janeiro. Em 1896, foi a vez de James Furman Kemp descrever o

gnaisse da Pedreira da Glória em uma nota em inglês, divulgada em Rochester (Valeriano et al., 2012).

Everardo Backheuser apresenta em 1926, o primeiro mapa da geologia referente à área do Distrito

Federal. Posteriormente, em 1946, ele publica contribuições sobre a análise do descascamento esferoidal

(em “cascas de cebola”) das rochas gnáissicas da Cidade, estudos sobre os granitos dos subúrbios do Rio de

Janeiro e uma discussão a respeito da formação não só da restinga da Marambaia como também de todo o

litoral carioca. Em 1949 ele faz referências à geologia da Cidade nos Anais do X Congresso Brasileiro de

Geografia (Valeriano et al., 2012).

Alberto Betim Paes Leme, pesquisador do Museu Nacional, que publicou, ainda em 1910, estudos

geológicos de parte do Distrito Federal e, em 1912, dos gnaisses da Cidade onde discute a origem das

rochas da cidade e apresenta soluções inovadoras, abordando o conceito da tectônica de placas, o que era

muito recente para o estágio de conhecimento geológico do período (Paes Leme, 1910). Em 1930, Paes

Leme refere-se aos gnaisses como “gnaisses porfiróides” e ,em 1943, apresenta uma nota explicando a

formação geológica do antigo Distrito Federal (Paes Leme, 1930).

Octávio Barbosa publicou, em 1935, nos anais da Escola de Minas de Ouro Preto, uma nota sobre as

rochas da Cidade do Rio de Janeiro. Nesses mesmos anais também está um trabalho realizado em co-

autoria com Djalma Guimarães e Henrique Capper Alves de Souza em que descrevem petrograficamente as

rochas do Distrito e imediações. No ano de 1938, Barbosa apresenta uma contribuição ao estudo da gênese

dos gnaisses da Cidade na Academia Brasileira de Ciências (Valeriano et al., 2012).

Alberto Ribeiro Lamego publica, em 1937, a Teoria do Protognaisse, sugerindo que o plagioclásio

gnaisse (protognaisse) deveria ser considerado como uma relíquea da crosta arqueana primitiva, que ao

passar pelos vários estágios metamórficos, daria origem a todos os gnaisses da região (Lamego, 1937). No

ano seguinte o mesmo estudou cuidadosamente as escarpas da região. Em 1948 e em 1954, ele descreve

essas rochas como “gnaisse lenticular” (Cavalcanti, 1990).

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Figura 4 - Entorno da Baia da Guanabara tem sua topografia controlada em boa parte pelo ortognaisse facoidal.

Figura 5a - Gnaisse facoidal

usado com elemento

estrutural em construção

Figura 5b - Gnaisse facoidal usado com elemento de fachadas

de prédios.

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O lançamento do mapa de Hembold et al. (1965), produziu o primeiro mapeamento de semi-detalhe

(escala 1:50.000) para parte da região aqui abordada. Nesse trabalho o Gnaisse Facoidal ficou estabelecido

com sendo constituinte da Série Superior.

Silva (2000) denominou o Gnaisse facoidal como granitos Pão de Açúcar e Corcovado, apesar de não

dividi-las quanto à características petrográficas, texturais ou químicas. Também realizou datações pelo

método U-Pb utilizando o SHRIMP, e obteve idades de 559 + 4 Ma para essas rochas.

3.2 - O Gnaisse Facoidal: caracterização geológica

Na região, o Gnaisse Facoidal é um conjunto litoestratigráfico representado geomorfologicamente,

pela presença de morros e serrotes com afloramentos rochosos no topo e ao longo de algumas vertentes,

escarpadas ou não. Apresenta fraturas e juntas de alívio (descompressão) nas exposições do maciço

rochoso, e matacões de tamanho e forma variadas espalhados pelas encostas.

Normalmente apresenta solo residual saprolítico pouco espesso, de natureza areno-argilosa, e

colúvio/tálus localizados. Suas melhores exposições ocorrem em afloramentos rochosos em sopé dos

morros e em antigas pedreiras.

Quando fresca, trata-se de uma rocha de coloração laranja-acinzentada, com cristais centimétricos a

decimétricos rosados/alaranjados a esbranquiçados de feldspato potássico. Esses grãos quase sempre

estão amendoados ou oftálmicos (típicos facóides), subeuedrais, dispersos e orientados em uma matriz

escura, biotítica, normalmente de grãos de fino a médio, onde se constata a presença de fitas de quartzo,

além da presença aleatória de aglomerados de granada em cristais de diversos tamanhos. Apresenta

diversos graus de milonitização devido a zonas de cisalhamento de diversos portes (métrica a kilométrica) e

em algns casos, transiciona para domínios com zonas charnockíticas.

São comuns inclusões de tamanhos e formas variadas, geralmente lenticulares, de rochas dioríticas,

gnáissicas e leptiníticas, orientadas segundo a foliação. Também são frequentes produtos remobilizações

quartzo feldspáticas, sob a forma de veios e bolsões pegmatito, de granito cinza-rosa e de quartzo.

3.3 - O Gnaisse Facoidal: Principais áreas de ocorrência

A região de ocorrência do Gnaisse Facoidal (Figura 6) abrange áreas nos municípios do Rio de Janeiro,

de Niterói, de São Gonçalo e de Maricá. No primeiro, encontram-se as exposições e os afloramentos mais

representativos, tanto em termos litológicos como estruturais (Cavalcanti 1990). Os principais

afloramentos estão concentrados na zona sul da cidade do Rio de Janeiro (Urca, Copacabana, Ipanema e

Gávea), no centro da cidade e em Jacarepaguá Hippertt, (1990).

Em termos de volume de ocorrência, o Gnaisse Facoidal é mais representativo na cidade de Niterói,

onde essa rocha ocorre sob a forma de um corpo semi-elíptico com direção NE-SW, que ocupa quase a

totalidade do município de Niterói, grande parte do de São Gonçalo e a parte Oeste de Maricá (Hippertt,

1990). Em comparação à cidade do Rio de Janeiro, nesses lugares há um aumento na intensidade das

alterações intempéricas e uma descaracterização das suas feições geológicas (Cavalcanti (1990).

3.4 - O Gnaisse Facoidal: Petrografia

Para a caracterização petrográfica foram analisadas 6 lâminas delgadas (Q-07, Q-10, Q-11, Q12, Q-14

e RS-06). Optou-se pela classificação pelo diagrama QAP Streckeisen (1976), por se tratarem de rochas

ortoderivadas. Para a obtenção dos valores modais, foram feitas estimativas visuais com no mínimo 10

visadas de campos distintos para cada seção delgada. Os valores obtidos foram recalculados para 100% e

plotados no referido diagrama.

A seguir será feita a descrição petrográfica dos 3 litotipos individualizados a partir das 6 lâminas

analisadas , sendo o primeiro uma rocha com megacristais de K-Feldspato, a segunda possui megacristais

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Figura 6 - Mapa geológico da área estudada (extraído e modificado de Valeriano et al., 2012).

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de plagioclásio e a terceira, é uma rocha com megacristais de microclina com epidoto. Nos anexos

encontram-se as descrições completas das 6 lâminas estudadas.

Gnaisse Facoidal tipo 1

A rocha é holocristalina, hololeucocrática (2% até 5% de máficos), inequigranular seriada, com

granulação variando de fina a grossa. Possui textura granoblástica (figura 7) (Q-07, Q-10, Q-11 e Q-12),

poiquiloblástica (Q-10) e nematoblástica (Q-11) (figura 8). A composição mineralógica da rocha é dada por:

minerais essenciais: microclina, plagioclásio, quartzo, biotita e muscovita; minerais acessórios: apatita,

zircão, titanita e muscovita; e secundários: minerais opacos, clorita e muscovita. O bandamento

metamórfico individualiza bandas ricas em material máfico (biotita, + granada, + clorita e opacos) e outra

rica em félsicos (microclina, plagioclásio e quartzo).

Ocorrem duas gerações de microclina, sendo a primeira constituída por grãos subédricos que variam

de médio a grosso com a maioria apresentando geminação tartan bem definida, mas em alguns casos

incipiente. Esses grãos costumam apresentar-se como megacristais poiquiloblásticos/porfiroblásticos, com

inclusão de grãos de plagioclásio reliquiar muito alterado com bordas reacionais (figura 10). Evidenciando o

processo de blastése K-feldspática, a que a rocha foi submetida durante o metamorfismo. Esses

megacristais de microclina tendem a ser micropertíticos (figura 9) e também é muito comum o

preenchimento das fraturas por carbonato ou por outro componente mais albítico. Observaram-se

inclusões de grãos de plagioclásio (comumente saussurtitizados e com bordas reacionais), quartzo, biotita e

zircão, assim como bolhas de quartzo.

A segunda geração de microclina é caracterizada por grãos que variam de fino a médio, anédricos a

subédricos e com geminação difusa (figura 11). Essa geração é caracterizada por não possuírem textura

poiquiloblástica. Entretanto, o processo de substituição persiste e continua apresentando bordas zonadas

nas poucas inclusões/relitos.

Os grãos de plagioclásio podem ser divididos em quatro gerações, sendo a primeira constituída por

grão anédricos (tendendo a arredondados), finos a médios, saussuritizados e sem geminação aparente.

Essa geração é a que ocorre na forma de grãos reliquiares (com ou sem bordas reacionais) e são os grãos de

plagioclásio mais alterados da rocha (figura 12).

A segunda geração de plagioclásio é formada por grãos subédricos, fino a médio com geminação

polissintética da lei da albita bem definida. Esses são os que estão menos saussuritizados e possuem raras

inclusões. As bordas reacionais são menos espessas, sendo esses os que menos sofreram o processo de K-

feldspatização durante o metamorfismo (figura 13).

A terceira geração é geralmente mais tardia que se forma nas bordas reacionais/inclusões de grãos

de k-feldspato e plagioclásio mais antigo, essa possui coloração branca acinzentada e não possui

geminação. A quarta forma de ocorrência é nas porções mirmequitizadas, também de composição mais

sódica.

Os grãos de biotita são subédricos a euédricos, finos a médios e apresentam pleocroísmo intenso. A

cor natural varia de marrom claro a verde. Com nicóis cruzados, comumente é observado a presença de

“bird eyes”. Esses grãos ocorrem em bandas associados à granada, a clorita, a muscovita e a minerais

opacos. Pode estar associada também a apatita, zircão e titanita. Na lâmina Q-14, que apresenta a textura

lepidoblástica propriamente dita, a biotita encontra-se inalterada, já nas demais está sendo cloritizada.

A principal forma de ocorrência de grãos de quartzo presente neste litotipo é em grãos que variam de

médios a grossos, anédricos e na maioria das vezes com extinção ondulante (figura 14). Esse mineral tem

textura poiquiloblástica e pode apresentar padrão de embainhamento e interfinger (figura 15), incluindo a

maioria dos outros minerais presentes, como plagioclásio, biotita, e menos comumente, K-feldspato. Uma

segunda forma de ocorrência possui granulação variando de fina a média e que não interagem tanto com

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os feldspatos, sem apresentar embainhamento ou interfinger. A terceira forma são os grãos dispostos nas

bolhas de quartzo presentes na maioria dos feldspatos.

Figura 7 - Textura granoblástica.

Figura 8 - Textura lepidoblástica.

Figura 9 – Megacristas de microclina pertíticos e com

preenchimento das fraturas por carbonato.

Figura 10 - Núcleo preservado de plagioclásio com bordas

zonadas.

Figura 11 - Geminação difusa em microclina.

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19

Gnaisse Facoidal tipo 2

O segundo litotipo estudado é caracterizado pela lâmina Q-11. Trata-se de uma rocha

hololeucocrática (5% de máficos) com textura lepidoblástica (figura 16). A composição mineralógica da

rocha é dada por: plagioclásio, microclina, quartzo, biotita e muscovita. Os minerais acessórios são zircão e

apatita e os secundários são minerais opacos.

Os megacristais de plagioclásio são grãos subédricos, grossos e que apresentam geminação

polissintética da leia da albita (ou pode estar alterada). Quando estão alterados, esses perdem a geminação

e apresentam saussurita, carbonato, plagioclásio (de composição albítica) e sílica. Os contornos desses

grãos também apresentam saussuritização e podem ser transicionais e/ou zonados. Possuem inclusões de

microclina, plagioclásio e biotita (figura 17).

A segunda geração de plagioclásio é composta por grãos anédricos a subédricos, que variam de fino

a médio. Esses encontram-se muito saussuritizados e sem geminação polissintética aparente. Apresentam

contatos transicionais, bordas alteradas e possuem raras inclusões de biotita (usualmente fina e subédricas

a euédrica) e bolhas de quartzo. A terceira geração está disposta nas bordas zonadas, de coloração branca

Figura 12 - Inclusão de grão de microclina em grão de Pla- gioclásio.

Figura 13 – Grão de plagioclásio incluso em microclina.

Figura 14 - Grãos de quartzo com extinção ondulante.

Figura 15 - Grão de quartzo apresentando

embainhamento.

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acinzentada e a quarta geração ocorre como produto das mirmequitas, nesse caso associado ao quartzo e,

portanto, mais tardia.

Os grãos de microclina que ocorrem nesta rocha são subédricos a anédricos e de granulação fina.

Esses possuem geminação tartan e o contato com os grãos de plagioclásio são transicionais e podem estar

saussuritizados e com presença de carbonato. Alguns grãos ocorrem inclusos nos megacristais de

plagioclásio, em grãos de quartzo e possuem, por vezes, raras inclusões de biotita.

Os grãos de quartzo variam de médio a grosso e são anédricos. Podem apresentar textura

poiquiloblástica englobando grãos de microclina, biotita, zircão e plagioclásio. Os grãos maiores estão

isentos de deformação. Também ocorrem grãos de quartzo anédricos de granulação fina a média que

possuem uma leve extinção ondulante. Seus contornos são marcados por embainhamento e interfinger.

A biotita presente está disposta em grãos subédricos a anédricos que variam de fino a médio e

estão associados a minerais opacos. O hábito é tabular ocorrendo prioritariamente em bandas máficas,

logo textura lepidoblástica. Também podem ser observados bird eyes em superfícies mais rugosas. A

apatita e zircão ocorrem de forma acessória nesses agregados máficos, são de granulometria fina e

subédricos a anédricos. A rocha passou por um processo de muscovitização, onde juntamente com opacos,

esses minerais são produto da substituição da biotita.

Gnaisse Facoidal tipo 3

Esse litotipo é observado na lâmina RS-06. É uma rocha hololeucocrática (1% de máficos) com

granulometria variando de média a grossa e apresentando textura granoblástica (Figura 18). A composição

mineralógica da rocha é dada por: plagioclásio, microclina, quartzo e biotita (eventual) como constituintes

essenciais. Completam a composição mineralógica: zircão, apatita e minerais opacos e os minerais

secundários são epidoto e muscovita.

Os grãos de microclina são subédricos, variam de fino a grosso e podem ser divididos em duas

gerações. Na primeira, os grãos variam de médio a grosso, com geminação tartan e carlsbad. Esses são os

megacristais da rocha que por vezes são micropertitícos e com fraturas preenchidas por carbonato.

Possuem poucas inclusões de quartzo e o que podem ser relictos de grãos alterados de plagioclásio. A

segunda geração é formada por grãos de fino a médio, com geminação incipiente e que interagem com

menos intensidade com os grãos de plagioclásio, corroendo-os.

Os grãos de plagioclásio também podem ser divididos em duas gerações, sendo a primeira formada

por grãos anédricos a subédricos, finos a médios e estão completamente alterados, substituídos por

carbonato, epidoto, sílica e plagioclásio albítico. A segunda geração ocorre como grãos subédricos, médios,

porém com geminação polissintética da lei da albita aparente e bordas zonadas também alteradas.

O quartzo presente na rocha está disposto em grãos de médio a grosso, anédricos e apresentam

embainhamento nos seus contornos. Esses encontram-se límpidos e isentos de deformação, também são

observadas inclusões de plagioclásio e microclina.

A biotita é de granulação fina e ocorre em volume muito restrito, sendo observados poucos grãos

que se encontram próximos a plagioclásio e alterando para clorita e minerais opacos. O epidoto tem sua

forma arredondada, é de granulação fina, hábito arredondado, pleocróicos variando de amarelo

esverdeado ao branco e possuem alta cor de birrefringência.

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21

3.5 - O Gnaisse Facoidal: Aspectos estruturais e do metamorfismo

A foliação observada no gnaisse facoidal é atribuída, em parte, ao fluxo magmático e, parte à

deformação principal na região (Dn+1). A forma dos corpos do Gnaisse Facoidal é alongada e acompanha a

mesma direção apresentada pelos planos associados aos cisalhamentos presentes em escala regional. No

caso específico do gnaisse facoidal, as diversas características abordadas sugerem a existência de um

ambiente tectonicamente ativo (durante a deformação regional) em boa parte do período de colocação do

corpo.

Paterson et al. (1989) creditam aos plútons sintectônicos as seguintes características:

1) Continuidade de estruturas entre o plúton e a rocha encaixante;

2) Existência texturas/estruturas de fluxo intermediário ou transicional entre membros representados por

fluxo magmático e fluxo no estado sólido à altas temperaturas;

3) Forma alongada e a presença de estruturas indicativas de "emplacement" em zonas de falha ativas;

4) Foliação interna paralela aos contatos com a rocha encaixante.

Figura 16 – Textura lepidoblástica.

Figura 17 - Inclusão de grãos de biotita em grão de

plagioclásio

Figura 18 - Textura granoblástica.

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A maioria dos plútons concordantes também é considerada do tipo sintectônico por Castro (1987),

sendo interpretados por Batemann (1984) como diápiros ou diápiros “ballooning”.

As características apresentadas pelo gnaisse facoidal, além de estarem de acordo com aquelas

atribuídas à plútons sintectônicos possuem, no geral, caráter parautoctóne. Essa rocha é encontrada

cortando flancos de dobras tardi-Dn+1 e preenchendo planos de cisalhamento associados à Dn+1 (Silva &

Silva, 1987), sugerindo que a colocação do corpo ocorreu no estágio sin a tardi-cisalhamento. Ou seja, o

episódio de colocação e cristalização do corpo ocorreu em situações tardi- a pós deformação principal.

Deve-se salientar, entretanto, que em algumas porções, pode-se encontrar texturas isotrópicas à

nível de afloramento e registradas ainda na petrografia. “Fabrics” isotrópicos deste tipo podem ser

atribuídos a três fatores principais:

a- ao término da deformação regional quando da cristalização das partes centrais do corpos;

b- a deformação não foi penetrativa o suficiente;

c- a deformação interagiu com um sistema magmático com fração cristalina reduzida.

Segundo o modelo proposto por Hibbard (1987), o fator mais importante na formação de granitos

gnaissificados é o estágio de cristalização apresentado pelo sistema.

Nos experimentos realizados em gnaisses compostos por quartzo e plagioclásio, Winkler (1977)

chegou a algumas conclusões importantes através da observação de diversas reações.

No início da anatexia (PH2O=5Kb;T=6800C) por exemplo, ao invés de ocorrer a reação:

(1) Muscovita + Quartzo =Alcalifeldspato + Al2SiO5 + H2O

toma lugar a reação:

(2) Muscovita + Quartzo + Plagioclásio1 = massa fundida (Quartzo, Plagioclásio e

Alcalifeldspato) + Plagioclásio2 + Sillimanita + H2O

Winkler (1977) reitera que a reação de "quebra" da muscovita, na presença de quartzo e

plagioclásio, têm sido amplamente usada para definir a transição do metamorfismo de grau médio para o

de alto grau. Se houver ainda biotita no sistema, como é o caso, esta pode reagir com sillimanita e quartzo

para gerar alcalifeldspato e granada, liberando água. A granada em pressões relativamente mais elevadas

pode coexistir ou a substituir:

(3) cordierita = almandina + 2 H2O

(4) Biotita + Sillimanita (ou Cianita) + 2 Quartzo = Alcalifeldspato + Granada almandina + H2O.

- Devemos lembrar que cordierita é um mineral encontrado em certos trechos de ocorrência do

gnaisse facoidal (principalmente próximo aos contatos com o Biotita Gnaisse) em associação a

granada.

Como atesta a reação (4), biotita (assim como a muscovita), na presença de quartzo e plagioclásio, é

uma das fontes para a formação de alcalifeldspato em temperaturas acima daquelas em que ocorre

anatexia. No início da anatexia, onde a biotita é pouco consumida, a quantidade de alcalifeldspato que

cristaliza a partir do líquido é inferior ao volume de quartzo e plagioclásio. Como decorrência, nestas

condições de baixa taxa de fusão tende-se a gerar uma massa fundida granodiorítica a granítica (Winkler,

1977).

A quase total ausência de Sillimanita apesar de constituir mineral indicativo de fácies anfibolito

superior, exercendo papel importante nas reações metamórficas apresentadas pode ser explicada baseada

nas reações (1) e (2). O processo de reação no sentido inverso pode ter propiciado a substituição de

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sillimanita por muscovita, mediante re-hidratação (retrometamorfismo) e metassomatismo potássico (K+ +

H2O + Al2SiO5).

Outros eventos tardios proporcionaram o aparecimento de mirmequita, que se mostra abundante

nesta rocha. Ashworth & McLellan (1985) acreditam que intercrescimentos mirmequíticos podem ser

originados pelo mesmo processo que gera muscovita a partir de sillimanita e biotita.

Em resumo, pode-se dizer que, durante o metamorfismo progressivo de alto grau, fases anídricas

tendem a substituir fases hidratadas através de reações de desidratação [vide reações (1),(2),(3) e (4)]. A

água então que é expelida pode percorrer espaços intergranulares, fraturas ou planos de cisalhamento ou

ainda ser absorvida em bolsões de fusão (Passchier et al., 1993), propiciando a rehidratação das fases

minerais submetidas ao resfriamento (muscovitização, cloritização, sericitização, saussuritização, etc...).

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Capítulo 4 – Interpretação Geoquímica do Gnaisse Facoidal

4.1 – Análise Geoquímica dos Litotipos

As rochas estudadas foram submetidas a análises litogeoquímicas. A partir dos resultados obtidos foi

possível fazer uma análise de suas características químicas e uma tentativa de inserção, dessas rochas, em

um ambiente geotectônico apropriado. Assim, com base na avaliação de diversos diagramas de

interpretação petrológica disponíveis na literatura fez-se a caracterização química desse litotipo. O

conjunto analisado corresponde a 32 amostras pertencentes a um acervo pré-existente, sendo 15 coletadas

nos limites da cidade do Rio de Janeiro (região do Pão de açúcar) e 17 nos limites da cidade de Niterói

(região da Serra da Tiririca). A composição química dessas amostras está apresentada nas Tabelas 1, 2, 3, 4,

5 e 6.

Tabela 1 - Composição química dos litotipos do Rio de Janeiro – Elementos maiores (%peso).

Amostras SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 MnO MgO CaO Na2O K2O P2O5 LOI Total2Rio-30 73,58 0,16 13,32 1,54 0,03 0,23 1,67 2,84 5,77 0,20 0,71 100,05

Rio-12 73,40 0,57 13,24 1,92 0,03 0,34 1,87 3,09 5,69 0,24 0,30 100,69

Rio-3 73,10 0,39 12,60 2,20 0,04 0,61 2,32 3,03 5,29 0,18 0,50 100,26

Rio-28 72,70 0,35 13,45 2,05 0,07 0,62 2,24 2,85 4,98 0,22 0,62 100,15

Rio-15 72,40 0,20 13,87 1,95 0,04 0,37 1,69 2,94 5,80 0,16 0,60 100,02

Rio-2 72,20 0,41 13,40 2,58 0,05 0,63 1,77 3,11 5,33 0,18 0,42 100,08

Rio-7 71,60 0,32 14,05 2,20 0,04 0,54 2,62 3,11 4,84 0,17 0,45 99,94

Rio-5 71,30 0,41 13,80 2,65 0,04 0,61 2,02 3,33 5,69 0,19 0,40 100,44

Rio-6 70,40 0,38 13,77 3,39 0,06 0,66 2,49 3,55 4,61 0,17 0,70 100,18

Rio-8 70,10 0,52 13,40 3,88 0,06 0,86 2,62 3,52 5,09 0,14 0,40 100,59

Rio-14 70,00 0,65 13,86 1,95 0,03 0,27 1,54 5,12 5,80 0,23 0,55 100,00

Rio-16 69,70 0,53 14,40 3,85 0,05 0,92 2,24 3,03 4,91 0,24 0,52 100,39

Rio-4 69,30 0,51 13,90 3,02 0,06 0,80 2,77 3,54 5,30 0,24 0,80 100,24

Rio-1 68,75 0,73 14,29 2,99 0,07 0,95 2,97 3,89 4,63 0,17 0,70 100,14

Rio-22 68,30 0,66 13,90 4,62 0,07 1,06 2,77 2,95 4,82 0,21 0,78 100,14

Tabela 2 - Composição química dos litotipos de Niterói – Elementos maiores (%peso).

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Tabela 4- Composição química dos litotipos de

Niterói – Elementos menores (ppm).

Tabela 5 - Composição química dos litotipos do Rio de Janeiro – Elementos terras raras (ppm).

Tabela 6 - Composição química dos litotipos de Niterói – Elementos terras raras (ppm).

Tabela 3- Composição química dos litotipos do

Rio de Janeiro – Elementos menores (ppm).

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Com base nos diagramas de classificação química, podemos afirmar que os litotipos estudados se

enquadram no campo subalcalino (Figura 19) e mostram tendência de evolução calci-alcalina (Figura 20).

Do ponto de vista geoquímico, as amostras se concentram no campo dos granitos com pequena dispersão

(Figura 21) e caráter metaluminoso (Figura 22).

Os gnaisses da cidade do Rio de Janeiro caracterizam-se por apresentar uma variação no conteúdo

de SiO2 de 68,3 a 73,7% sem lacunas composicionais. Para os gnaisses da cidade de Niterói a variação no

conteúdo de SiO2 se dá entre 67,9 e 72,5%, portanto em um intervalo algo menos expandido. As

quantidades de Fe apresentam-se em média em volume maior nas rochas da cidade de Niterói. O conteúdo

em Na2O é quase que invariavelmente maior que 3,0% e a razão K2O/Na2O é, em média, maior nos tipos

ocorrentes na cidade do Rio de Janeiro (tabelas 1 e 2).

Os diagramas de variação para elementos maiores (Figura 23), menores e traços (Figura 24) do tipo

“Harker” permitem a observação de correlações negativas para os elementos Mg, Ti, Fe, Ca e Y; e com

correlações positivas para os elementos K e Zr. Os demais elementos apresentam distribuição em

patamares. Devemos lembrar, entretanto, que tal interpretação pode apresentar problemas em função da

pouca expansibilidade do conjunto analisado.

A análise estatística (tabelas 7 e 8) aponta para predomínio dos graus de significância de padrões

lineares em relação aos curvi-lineares. Mostra, também, que o grau de significância relativo às amostras da

cidade do Rio de Janeiro é maior do que aqueles encontrados para as rochas da cidade de Niterói.

Tendências lineares nesse tipo de diagrama são interpretadas como estando relacionados tanto a

processos de hibridização representativos de eventual processo de "magma mixing" ou ainda, a processos

de fusão parcial ("restite unmixing", (Chappell et al., 1987)). Porém, lacunas composicionais, em geral,

devem ser entendidas como indicativas de ausência de cogeneticidade. No caso estudado, em função tanto

da não existência de lacuna(s) composicional(is), quanto da existência de tendências curvilíneas (ou

tendendo a tal comportamento), como no caso dos diagramas referentes à Fe2O3, Na2O e K2O, a

interpretação por cristalização fracionada e/ou fusão parcial ("restite unmixing") é favorecida em relação a

outras possibilidades. Pode ainda ser dito que, como estas rochas correspondem a tipos ortoderivados

metamorfisados, as mesmas podem ter evoluído por cristalização fracionada durante sua história

magmática e a assinatura para fusão parcial estar associada ao metamorfismo de alto grau, com efetiva

remobilização, pela qual passaram durante o processo orogênico.

Os elementos Rb, Ba e Sr são elementos bem distribuídos em rochas ácidas, principalmente se muito

enriquecidas em feldspatos. El Bouseily & El Sokkary (1975) os consideraram bons traçadores de processos

de cristalização, principalmente a razão Ba/Sr. No caso das amostras analisadas para a região de Niterói, Ba

e Sr apresentam firme decréscimo, enquanto para as rochas da cidade do Rio de Janeiro mantêm-se em

patamar.

Pearce et al. (1984) propuseram uma subdivisão para as rochas graníticas em função do ambiente

tectônico. A subdivisão foi feita baseada em elementos traços discriminantes (Rb, Y, Nb, Ta) e os

granitóides foram distribuídos por quatro grupos denominados de ORG (granitos de cadeia oceânica), VAG

(granitos de arco vulcânico), WPG (granitos intra-placas) e COLG (granitos colisionais). Granitos de cadeia

oceânica são aqueles relacionados a complexos ofiolíticos, sendo tipicamente corpos pequenos e

localizados na parte superior destes complexos. O termo descritivo proposto por Coleman & Peterman

(1975) e Coleman & Donato (1979) é plagiogranito oceânico. São granitóides que têm hornblenda como

mineral máfico principal, meta a peraluminosos, plotando no campo dos quartzo dioritos e/ou tonalitos em

diagrama QAP. Granitos de arco-vulcânico podem variar desde tipos oceânicos até tipos continentais e sua

evolução pode gradar desde afinidades toleiíticas até cálcio-alcalinas ou shoshoníticas (Peccerillo & Taylor,

1976). Os granitos de arco tipo oceânico com afinidades toleiíticas plotam preferencialmente no campo dos

quartzo dioritos a tonalitos em diagramas QAP, têm hornblenda como mineral máfico principal. Já os de

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Legenda para as figuras: Amostras coletadas na cidade do Rio de Janeiro e Amostras coletadas na

cidade de Niteroi

Figura 19 - Diagrama TAS.

Figura 20 - Diagrama AFM mostrando o trend de evolução com

afinidade cálcio-alcalina.

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Figura 21 - Classificação química segundo Le Maitre (1989).

Figura 22 - Classificação química segundo Shand (1927).

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Tabela 7 - Valores de r2 para coeficientes lineares e polinomiais para os gnaisses do Rio de Janeiro (n= 15 amostras).

Tabela 8 - Valores de r2 para coeficientes lineares e polinomiais para os gnaisses de Niterói (n= 17 amostras).

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Figura 23 - Diagramas de Harker para os elementos maiores.

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afinidades cálcio-alcalinas plotam nos campos do quartzo diorito, quartzo monzonito, tonalito e

granodiorito em diagrama QAP. Apresentam biotita e hornblenda como principais minerais máficos, tendo

índice cálcio-alcalino. Quando relacionados a margens continentais ativas, plotam predominantemente nos

campos do quartzo monzonito, granodiorito e granito (senso strictu) em diagrama QAP. Têm biotita como

mineral máfico e eventualmente também hornblenda, indo de metaluminosos a fracamente

peraluminosos.

Os granitos intraplacas podem ser subdivididos de acordo com a natureza da crosta na qual se

posicionam. Plotam no campo do quartzo sienito, granito (sensu strictu) e álcali granito em diagrama QAP.

Seus minerais máficos característicos são o anfibólio, biotita e eventual piroxênio, sempre de composição

sódica. São tipos peraluminosos, podendo variar para peralcalinos. Os granitos colisionais, relacionam-se a

cinturões orogênicos, podendo apresentar distinções de acordo com o tipo de colisão as quais se associam

Figura 24 - Diagramas de Harker para os elementos menores.

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(Pitcher, 1982; Harris et al., 1983). Outra característica conspícua é sua associação com o evento de maior

deformação da orogênese, o que lhes impõe características de corpos sin a pós-colisão. Os típicos são os

granitos Hercinianos (ex. Quèrigut), Alpinos (ex. Adamello) e Himalaianos. Aqueles sin-colisão plotam no

campo do granito (senso strictu) em diagrama QAP e são granitos à muscovita, de caráter peraluminoso,

exibindo forte associação com os granitos do tipo S de Chappell & White (1974). Os pós-colisäo têm na

biotita seu mineral máfico mais comum, podendo eventualmente apresentar também hornblenda, e

plotam na mesma região onde plotam os VAG em diagrama QAP, sendo caracteristicamente

metaluminosos ou fracamente peraluminosos, exibindo muitas das características dos granitos do tipo I de

Chappell & White (op. cit.).

Ao examinarmos os dados de campo referentes aos granitóides do município do Rio de Janeiro pode-

se certamente descartar a possibilidade dos mesmos pertencerem ao grupo dos granitos de cadeia

oceânica (ORG).

A observação do diagrama Nb x Y (Figura 25) permite observarmos que os gnaisses da cidade do Rio

de Janeiro e seus correlatos na cidade de Niterói distribuem-se, com alguma dispersão, nos campos dos

granitos de arco vulcânico (sin-colisionais) e no limite do campo dos granitos orogênicos.

O diagrama Rb x (Y + Nb) (Figura 26) mostra uma concentração das amostras, independentemente de sua

localização geográfica, no campo dos granitóides intraplacas (WPG), com pequena dispersão para o campo

dos de arco-vulcânico. Isso pode ser atribuido, considerando que essas rochas foram primeiramente

geradas em uma ambiente de arco-vulcânico (VAG). Com o fechamento do oceano correspondente a esse

arco, ocorre à aproximação e a colisão das placas envolvidas no processo. Desse momento em diante, as

rochas se encontram em um ambiente de uma só placa, formada por esta colisão, e as rochas passam a

ganhar a assinatura de granitos intraplaca (WPG), correspondendo à uma crosta, agora, espessada.

Diagramas geoquímicos para discriminação de ambientes tectônicos vêm sendo usados com relativo

sucesso, permitindo interpretações consistentes. O diagrama de parâmetros multicatiônicos R1 x R2 (La

Roche et al., 1980), inicialmente proposto para classificação química de rochas plutônicas, foi aperfeiçoado

por Batchelor & Bowden (1985) (figura 27) que utilizaram-se do diagrama, já modificado, para a

determinação de modelos petrogenéticos que envolvessem variados processos de diferenciação, como

cristalização fracionada, fusão parcial ou mistura de magmas.

Ao examinarmos os resultados obtidos para as rochas estudadas, podemos observar uma forte

concentração das amostras no campo dos corpos sin-colisionais com dispersão até o campo dos tardi-

orogênicos. Esse comportamento é coerente com as condições de posicionamento dos corpos durante a

evolução do processo orogênico. Neste caso a dispersão em direção ao campo dos corpos tardi-orogênicos

corresponde aos tipos de posicionamento tardio quando já temos uma crosta mais espessada.

Possivelmente como resposta a um relaxamento termal em associação a eventos de extensão crustal

(Figura 27).

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Figura 25 - Diagrama de classificação de ambiente tectônico.

Figura 26 - Diagrama de classificação de ambiente tectônico.

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34

4.2 – Análise Geoquímica dos Elementos Terras Raras.

Os resultados obtidos para as análises de Elementos Terras Raras (ETR), para os ortognaisses

facoidais aqui estudados, estão apresentados nas Tabelas 5 e 6. As figuras (28, 29 e 30) apresentam os

mesmos dados normalizados pelo condrito de Sun (1979) para os dois conjuntos de gnaisses estudados.

De uma forma geral os dois conjuntos (ortognaisses da cidade do Rio de Janeiro e da cidade de

Niterói) mostram uma curva com média inclinação, anomalia negativa para Európio, sem apresentar forte

empobrecimento em ETRp.

A observação conjunta dos dados permite afirmar que existe um comportamento relativamente

homogêneo para cada um dos dois conjuntos, obtendo-se ainda uma boa correlação entre os dois

conjuntos, apesar de diferenças nos valores de Lu que se mostram altos nas rochas da cidade de Niterói

(problema analítico?).

A superposição entre as curvas obtidas para os dois conjuntos apontam para um padrão

característico para ortoderivados cálcio-alcalinos, incluindo a presença das anomalias negativas para

európio que são comuns a estas rochas.

Figura 27 - Diagrama de classificação R1 x R2.

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Figura 28 - Padrão normalizado para distribuição dos ETRs do ortognaisse facoidal da cidade de Niterói

Figura 29 - Padrão normalizado para distribuição dos ETRs do ortognaisse facoidal da cidade do Rio de

Janeiro.

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Figura 30 - Padrão normalizado para distribuição dos ETRs do ortognaisses facoidais. Observação

conjunta para as duas áreas.

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37

Capítulo 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 - Conclusões

Com base nos dados aqui apresentados, algumas caracterizações puderam ser realizadas e serão

aqui listadas.

1 - As rochas ortoderivadas analisadas na petrografia constituem um grupo de gnaisses facoidais, de

granulação grossa, hololeucocráticos a leucocráticos e ricos em minerais feldspáticos e quartzo. Esses

feldpspatos são K-feldspato (microclina) e plagioclásio, dispostos em diversas gerações. Isso é válido para

os dois conjuntos analisados (cidade do Rio de Janeiro e cidade de Niterói);

2 – Ainda em base petrográfica deve ser dito que os litotipos, de ambos os grupos, apresentam diversas

texturas, tendo sido identificados tipos: granoblásticos, poiquiloblásticos, lepidoblásticos e porfiroblásticos.

Essas texturas foram desenvolvidas durante o metamorfismo (crescimento no estado sólido), mudando

texturas formadas previamente em processo magmático, como textura de fluxo e porfirítica. As diferentes

texturas metamórficas ocorrem devido ao metamorfismo ser um processo heterogêneo, onde ocorre o re-

equilíbrio químico e físico das rochas. Nesse caso, o crescimento blástico de K-feldspatos (microclina) é o

fator mais marcante, capaz de gerar as texturas granoblástica, poiquiloblástica e porfiroblástica dando a

rocha o aspecto facoidal;

3 – O estudo das lâminas delgadas não permitiu uma clara definição de associações metamórficas para a

caracterização do metamorfismo. Isso pode ser explicado por serem os protólitos, rochas de origem

magmática, com quantidades predominantes de feldspatos e quartzo, que vão passar por intensivo

processo de reestruturação química-estrutural. De toda a forma, o metamorfismo pode ser caracterizado

como de Grau Forte com base na literatura e pela presença de silimanita e cordierita próximo aos contatos

com o biotita gnaisse;

4 - Do ponto de vista geoquímico, os ortognaisses estudados são classificados predominantemente como

granitos. Plotam no campo das rochas sub-alcalinas de evolução calcialcalina e caráter metaluminoso.

Apresentando-se como conjuntos pouco expandidos.

5 - A razão K2O/Na2O é maior, em média, para os litotipos amostrados no Rio de Janeiro, e a porcentagem

de Na2O é quase que invariavelmente maior que 3,0%, nos dois conjuntos. Essa variação pode significar que

processos de dissociação de soluções sólidas (acontecidos no estado sólido) foram mais efetivos no

conjunto de ortognaisses da cidade do Rio de Janeiro. Tal fato pode ser associado ao término da

cristalização ou do nível do metamorfismo ter sido um pouco menos intenso nestas rochas, ou ainda que as

rochas do conjunto da cidade do Rio de Janeiro representar partes menos profundas do orógeno.

6 - A análise estatística apresenta maior grau de significância para padrões lineares, o que é interpretado

como processos de hibridização (“magma mixing”) ou fusão parcial (“restite unmixing”) como os processos

de maior eficácia para a geração primária destas rochas;

7 - Nos diagrama de variação em espaços XY (tipo Harker), os óxidos Fe2O3, Na2O, e K2O tendem a

apresentar padrão curvilíneo, o que favorece a interpretação para cristalização fracionada e/ou fusão

parcial. Como são rochas ortoderivadas metamorfisadas, isso sugere que elas possam ter evoluído por

cristalização fracionada na trama magmática e a assinatura fusão parcial pode ter sido adquirida durante o

metamorfismo de alto grau que essas foram submetidas, onde foi muito intensa a remobilização dos

elementos;

8 - Tectonicamente essas rochas apresentam assinatura de granitóides de arco vulcânico sin-colisionais e

de granitóides intraplaca. Podemos interpretar que essas rochas estavam primeiramente em um ambiente

de arco magmático e com a evolução da tectônica, o fechamento do oceano relacionado a esse arco e a

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colisão das duas massas continentais, houve o espessamento crustal e o confinamento desse arco na massa

continental, agora unificada. Nesse momento, elas adquirem a assinatura intraplaca;

9 - O item anterior é corroborado pelo diagrama R1xR2 no qual as rochas dos dois conjuntos se distribuem

no campo dos granitóides sin-colisionais com uma pequena tendência de variação para o campo dos tardi-

orogênicos. Essa variação pode ser interpretada como correspondente a assinatura adquirida no ambiente

de arco vulcânico (granitóides sin-colisionais) e a segunda no ambiente intraplaca (granitóides tardi-

orogênicos);

10 – A análise dos padrões para os Elementos Terras Raras aponta para tipos enriquecidos e com curva de

inclinação mediana, interpretada como produto de sua assinatura magmática. Isso é válido para os dois

conjuntos. Anomalia negativa para Eu é comum também aos dois conjuntos e indicativo de processos de

diferenciação normais. As curvas apresentadas mostram padrão equivalente para rochas tipicamente

graníticas para o caso das rochas da cidade do Rio de Janeiro, e padrão bastante similar a tipos

granodioríticos para as rochas da cidade de Niterói.

11 - Através dos dados obtidos e gerados nesse trabalho, a comparação e correlação entre os ortognaisses

das duas cidades foi realizada. Como pontos principais de sustentação dessa correlação temos:

O ambiente tectônico (VAG e WPG)

O comportamento geoquímico em diagramas tipo “Harker”

O padrão de distribuição dos ETRs

12 – Como fatores distintivos temos:

A razão K2O/Na2O, maior para o conjunto de rochas da cidade do Rio de Janeiro.

A quantidade de Ferro é maior para o conjunto de Niterói.

Com base nestes dados podemos assumir uma cogeneticidade entre os dois conjuntos de rochas,

sendo que suas diferenças podem estar relacionadas a diferentes níveis crustais de posicionamento.

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Anexos

#Descrição lâmina Q-07

A Lâmina da rocha é cristalina, hololeococrática (4% de máficos) e inequigranular seriada, variando

de fina a grossa. Essa possui textura granoblástica e a composição mineralógica da rocha é dada por:

minerais essenciais microclina, plagioclásio, quartzo, biotita e granada. Os minerais acessórios são: apatita,

titanita, zircão e muscovita; e os secundários são minerais opacos.

Os grãos de microclina apresentam geminação tartan, porém essa pode estar incipiente em alguns

casos. A primeira geração de microclina (Mic1) é constituída por grãos anédricos a subédricos que variam

de fino a médio, esses têm a preferência de ocorrerem em agregados. A geminação é evidente e o contato

entre os grãos é nítido. Ocorrem “bubbles” de quartzo e poucas inclusões de zircão.

A segunda geração de microclina (Mic2) é composta por grãos anédricos a subédricos que variam de

fino a médio. Esses contrastam dos grãos da Mic1 porque possuem maior granulação e a geminação é

incipiente, sugerindo, baseado na paragênese granada, biotita e opacos, que o metamorfismo está próximo

da faixa de transição ortoclásio-microclina. Os contatos com os grãos de plagioclásio apresentam bordas

reacionais, nesse caso o contato entre os grãos tende a ser côncavo em direção ao plagioclásio, o que

sugere um crescimento blástico. Também são encontradas “bubbles” de quartzo e mirmequitas nas bordas.

Os grãos de plagioclásio são divididos em quatro gerações. A primeira geração de plagioclásio (Plg1)

possui grãos anédricos e finos, porém ocorrem poucos subédricos e/ou médios. A cor é cinza escuro e a

geminação incipiente. Essa geração é a que possui os grãos mais saussuritizados e apresenta bordas

reacionais, principalmente com Mic2 e com Mic1.

A segunda geração de plagioclásio (Plg2) é constituída por grãos subédricos que variam de médio a

grosso. A geminação polissintética (lei da albita) apresenta o padrão de intercalação de gêmeos grossos e

gêmeos finos, assumido como efeito do metamorfismo. A relação de contato entre os grãos é nítida,

porém quando em contato com microclina essa tende a ser transicional. A cor prevalece a cinza clara e os

grãos estão levemente saussuritizados. Ocorrem inclusões de zircão e “bubbles” de quartzo.

A terceira geração de plagioclásio (Plg3) possui grãos subédricos, finos, sem geminação e com cor de

birrefringência variando de cinza clara a cinza escura. Associado a essa geração, em suas bordas e também

nos contatos plagiclásio-microclina, ocorre a quarta geração de plagioclásio (Plg4); que possui composição

mais albítica.

Os grãos de quartzo estão dispostos em três padrões distintos, sendo o primeiro composto por grãos

grossos com textura intergranular, que interagem assentuadamente com grãos de feldspato, apresentando

“embayement”. O segundo é caracterizado por grãos fino a médio de aspecto granular, límpidos, que

interagem com menor intensidade com os grãos de feldspato. O terceiro padrão é o que está distribuído

nas bubbles de quartzo.

Os grãos de biotita são subédricos e variam de fino a médio. Esses apresentam pleocroísmo e sua cor

natural varia desde o marrom claro, marrom escuro e verde (presença de Fe+3). Ocorrem em agregados

associados a grãos de granada. Podem estar inclusos em Plg2, quartzo e Mic2.

A muscovita presente está disposta em grãos finos e subédricos a anédricos. Ocorrem, na maioria

das vezes, como produto de alteração das Plg1 e Plg2 (saussuritização) associado a carbonato de

granulação muito fina ou como pseudomorfo da biotita.

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A granada ocorre em um agregado de grãos subédricos médios a grossos associado, principalmente,

a biotita e opacos. Alguns desses grãos de biotita estão inclusos em grãos de granada e apresentam bordas

reacionais.

A rocha é um

#Descrição da Lâmina Q-10

A Lâmina da rocha é cristalina, hololeococrática (2% de máficos) e inequigranular seriada, variando

de fina a grossa. Essa possui textura granoblástica e a composição mineralógica da rocha é dada por:

minerais essenciais microclina, plagioclásio, quartzo, biotita; minerais acessórios: apatita, titanita, zircão,

clorita e muscovita; e os secundários são minerais opacos.

Os grãos de microclina (Mic1) são subédricos, e variam de médio a grosso. Esses são os que

apresentam maior granulação na rocha (megacristais) e possuem geminação Tartan incipiente a bem

definida. Essa geração é marcada por megacristais poiquiloblásticos, micropertiticos com albita e carbonato

preenchendo fraturas; alguma vezes possuem relictos de plagioclásio incluso nesses com bordas zonadas

constituídas de carbonato e plagioclásio de composição mais albítica (Plg4). Observaram-se inclusões de

grãos de feldspato, quartzo, biotita e zircão, assim como “bubbles” de quartzo. O contato com o demais

grãos é nítido, porém alguns apresentam “ebayement” com grãos de quartzo.

A segunda geração de microclina (Mic2) é composta por grãos subédricos a anédricos que variam de

fino a médio. A geminação é incipiente a pouco nítida e o contato com os grãos de plagioclásio é

transicional a zonados, porém de maior sutileza comparada à relação Mic1-plagioclásio. Seus grãos são

mais anédricos que da Mic1, possuem poucas inclusões (alguns relictos de grãos de plagioclásio) e também

apresenta “bubbles” de quartzo.

O plagioclásio presente na rocha pode ser dividido em quatro gerações, sendo a primeira (Plg1)

constituída por grãos que varia de fino a médio, subédricos a anédricos, com extinção ondulante e muito

saussuritizados, a ponto de não apresentarem geminação. Outra característica desses é apresentar as

bordas muito alteradas e o núcleo zonado. Esses foram substituídos por grãos de microclina, e em alguns

casos, apresenta as bordas zonadas por uma segunda geração de plagioclásio (Plg2) mais tardio, de

composição albítica.

A terceira geração de plagioclásio (Plg3) é formada por grãos subédricos, finos, geminados e, na

maioria, inclusos em grãos de microclina. A quarta (Plg4) é formada por grãos albíticos, associado a

quartzo, presentes nas mirmequitas que cortam os grãos da Mic1.

Os grãos de quartzo variam de fino a médio, são anédricos e possuem inclusões de zircão e biotita.

Esses possuem extinção ondulante e o contato entre os grãos é nítido, porém, em alguns casos apresenta

embayements e interfingering com grãos de k-feldspato.

Os grãos de biotita presentes são subédricos a euédricos e de granulação fina. Apresentam

pleoroísmo variando de marrom claro a escuro. Muitos desses estão sendo substituídos por clorita,

apresentando interfingering. A clorita é de coloração verde e também apresenta pleocroísmo, porém

variando entre verde claro e escuro. Esses grãos de biotita e clorita estão comumente associado a minerais

opacos e também estão sendo substituídos por grãos de muscovita, que possui granulação fina e são

subédricos.

Os minerais acessórios são zircão, titanita e apatita, que ocorrem pontualmente na lâmina, sendo de

granulação fina e, na maioria de habito, arredondado.

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# Descrição Lâmina Q-11

A lâmina da rocha é cristalina, porfiroblástica e nematoblástica . A composição mineralógica da rocha

é dada por: plagioclásio, microclina, quartzo, biotita e muscovita. Os minerais acessórios são zircão e

apatita e os secundários são minerais opacos.

Os grãos de microclina estão dispostos em grãos de fino a médio, subédricos e com geminação

tartan. O contato entre os grãos é nítido, exceto em alguns casos quando a microclina está substituindo o

plagioclásio. Nesse caso pode ser transicional com bordas reacionais e ocorrerem poucos relictos de grãos

de plagioclásio.

O plagioclásio presente na rocha pode ser dividido em quatro gerações. A primeira (Plg1) é a mais

alterada (saussuritizada) e sem a geminação polissintética. Esses grãos variam de fino a médio, de

subédricos a anédricos e ocorrem em associação; apresentando contato transicional e bordas

saussuritizadas. Ocorrem nesses poucas inclusões de biotita (fina e subédricas a euédrica) e “bubbles” de

quartzo.

Os porfiroblastos plagioclásio (Plg2) são subédricos, de granulação grossa, possuem hábito colunar

planar e apresentam textura poquiloblástica. Esses grãos possuem geminação incipiente e o contato entre

os grãos é nítido. Ocorrem nesses, inclusões de grãos de microclina, de biotita, de quartzo, de zircão e,

muscovita e de opacos, relacionados à substituição da biotita.

A terceira geração de plagioclásio (Plg3) é composta por grãos subédricos que variam de fino a

médio. Esses estão geminados, a relação de contato entre os grãos é nítida (as vezes levemente

saussuritizadas) e ocorrem “bubbles” de quartzo. Alguns grãos de plagioclásio encontram-se totalmente

mirmequitizados, sugerindo uma quarta geração de grãos de plagioclásio (Plg4), de composição albítica e

disposta em intercrescimento com as lamelas de quartzo.

Os grãos de quartzo são anédricos a subédricos e variam de fino a médio. A extinção é variável,

sendo em poucos casos ondulante e na maioria com extinção total (grãos pouco deformados), sugerindo

que o metamorfismo ocorreu após o ápice da deformação. O contato entre os grãos é nítido e também

apresenta embayement. A segunda variedade está disposta em “bubbles” de quartzo e a terceira em

lamelas presentes nas mirmequitas.

Os grãos de biotita presentes dispõem-se em agregados (pequenas faixas) de grãos finos anédricos

a subédricos. Esses possuem hábito tabular planar, apresentam pleocroísmo e textura rugosa, onde estão

preservados os “bird eyes”. Esses grãos ocorrem associados à muscovita e a opacos principalmente, com

preferência de ocorrem paralelamente por serem minerais secundários provenientes da desestabilização

da biotita.

Os grãos de muscovita presentes variam de fino a médio, são subédricos, incolores (//) e com

relevo médio. Esse mineral, em parte é oriundo do processo de retrometamorfismo que a rocha foi

submetida, essa moda apresenta pseudomerfismo com a biotita e é constituída por grãos finos, associados

também a opacos; a outra é constituida por poucos grãos médios, subédricos que ocorrem isoladamente.

Os grãos de apatita e zircão ocorrem pontualmente sendo de granulação fina a muito fina e hábito

arredondado

# Descrição da Lâmina Q-12

A lâmina da rocha é cristalina, hololeucocrática (3% de máficos), inequigranular seriada variando de

fina a grossa e a textura é granoblástica. A composição mineralógica da rocha é dada por: minerais

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essenciais; microclina, plagioclásio, quartzo e biotita. Os minerais acessórios são zircão e muscovita e os

secundários são os minerais opacos.

Os grãos de microclina presentes são divididos em duas gerações: a primeira (Mic1) é constituída por

grãos finos com geminação (tartan) bem definida. O contato entre os grãos é nítido e aparentemente essa

geração é proveniente (em parte ou totalmente) da substituição de grãos finos de plagioclásio. Isso é

evidenciado por bordas reacionais e a substituição dos grãos de plagioclásio através de bordas côncavas em

direção à esses.

A segunda geração de microclina (Mic2) é constituída por grãos médio a grosso, anédricos a

subédricos e micropertitícos, porém com a geminação menos representada que da Mic1. O processo de

formação desses grãos também é a substituição de grãos de plagioclásio, porém de granulação médio a

grosso e sugere ter ocorrido depois da Mic1; porque a geminação (tartan) não foi totalmente formada e

ocorrem relictos de grãos de plagioclásio mais frequentemente. Nessa segunda geração ocorrem inclusões

de quartzo, biotita e plagioclásio.

Os grãos de plagioclásio podem ser divididos em três gerações. A primeira é formada por grãos finos,

anédricos, saussuritizados, com geminação incipiente e muito alterados. A tendência é que esses grãos

estejam inclusos em grãos de microclina e com as bordas zonadas, micropertitícas e arredondadas. O

contato entre os grãos pode ser tanto nítido como transicional. Quando for transicional podem ocorrer

com bordas zonadas, saussurititzadas e/ou mirmequitizadas.

A segunda geração de plagioclásio (Plg2) é constituída por grãos médios presentes na matriz,

subédricos e com geminação polissintética (lei da albita). Esses grãos estão levemente saussuritizados,

possuem contato nítido entre os grãos e poucas inclusões de biotita euédrica e fina. A terceira geração

de plagioclásio é de composição mais albítica e está relacionada a desestabilização das gerações Plg1 e

Plg2, disposta nas bordas dessas.

Os grãos de quartzo presentes são anédricos e variam de fino a médio, com hábito amebóide,

extinção levemente ondulante, ou seja, pouco deformado e poiquiloblástico, porque inclui todos os

minerais supracitados. Esse também apresenta embayemente quando o contato é com grãos de microclina

Os grãos de biotita são finos, subédricos a euédricos e com hábito tabular planar. Estão comumente

associados à muscovita e a opacos e apresentam bird eyes, podendo estar inclusos em microclina e

quartzo. A muscovita presente está comumente relacionada a desestabilização da biotita e do plagioclásio,

comumente ocorrendo como pseudomorfo daquele associado a opacos e como produto de

desestabilização desse junto com carbonato. Pontualmente ocorrem grãos finos dos minerais zircão e

apatita

# Descrição da Lâmina Q-14

A lâmina da rocha é cristalina, nematoblástica, porfiroblástica, pouiquiloblástica e hololeucocrática

(4% de máficos). Os grãos são subédricos a anédricos e inequigranular seriada variando de fino a grosso. A

composição mineralógica da rocha é dada por: minerais essenciais microclina, plagioclásio, quartzo e

biotita; minerais acessórios: muscovita e zircão e minerais opacos (secundários).

Os grãos de microclina são divididos em duas gerações, a primeira é constituída por grãos subédrcios

a anédricos, que varia de fino a médio. A geminação polissintética da lei da albita é bem definida, e o

contato entre os grãos é nítido na maioria dos casos; exceto quando esses contatos ocorrem com grãos de

plagioclásio. Nesse caso o contato entre os grãos podem estar zonados, formando albita e/ou carbonato.

Nesses grãos ocorrem inclusões de grãos de plagioclásio e biotita, e também bubbles de quartzo.

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A segunda geração de microclina é constituída por porfiroblastos, nesse caso a geminação pode estar

bem definida ou ser micropertítica. Esses grãos apresentam texturas de substituição, como relictos de

grãos de plagioclásio e contatos transicionais com esses, sugerindo um porcesso de microclinitazação que a

rocha foi submetida. Ocorrem inclusões de biotita, plagioclásio, muscovita e opacos; assim como bubbles

de quartzo. Outra textura reconhecida é de intercrescimento (interfingering e embayemente) relacionado

com grãos de quartzo.

Os grãos de plagioclásio presentes na lâmina podem ser divididos em três gerações, a primeira (Plg1)

é constituída por grãos finos, anédricos (tendendo a ter contornos arredondados), saussuritizados e sem

geminação aparente. Esses grãos estão inclusos em grãos de microclina e quartzo, ou tendem a possuir

contatos transicionais com esses grãos de k-feldspato. Nesses casos podem ocorrer bordas zonadas

formadas por grãos de plagioclásio albítico (Plg2).

A terceira geração (Plg3) é constituída por grãos subédricos a anédricos, de hábito colunar planar e

que variam de fino a médio. A geminação polissintética da lei da albita é aparente e o contato entre os

grãos é nítido, exceto em alguns casos esses contatos com o grãos de plagioclásio estão zonados

(apresentando o Plg2), saussuritizados ou mirmequitizados. Ocorrem inclusões de poucos grãos de biotita

fina e euédrica e também bubbles de quartzo.

#Descrição da lâmina RS-06

A lâmina RS-06 corresponde a uma rocha hololeucocrática (1% de máficos), sua granulometria varia

de média a grossa e apresenta textura granoblástica. A composição mineralógica da rocha é dada por:

microclina, plagioclásio, quartzo e biotita. Os minerais acessórios são epidoto, muscovita, zircão e apatita e

os secundários são minerais opacos.

Os grãos de microclina são subédricos, variam de fino a grosso e podem ser divididos em duas

gerações. A primeira é formada por grãos de médio a grosso, com geminação tartan e carlsbad bem

definida. Esses são os megacristais da rocha, que por vezes são micropertitícos e com fraturas preenchidas

por carbonato. Ocorrem poucas inclusões de quartzo e o que podem ser relictos de grãos alterados de

plagioclásio. A segunda é formada por grãos de fino a médio, com geminação incipiente e interagem de

forma significativa com grãos de plagioclásio, os substituindo.

Os grãos de plagioclásio podem ser divididos em duas gerações, sendo a primeira formada por grãos

anédricos a subédricos, finos a médios e estão completamente alterados, substituídos por carbonato,

quartzo e material albítico. A segunda ocorre em grãos subédricos, médios, porém com geminação

polissintética da lei da albita aparente e interagem menos com os k-feldspatos.

O quartzo presente na rocha está disposto em grãos de médio a grosso, anédricos e apresentam

embainhamento nos seus contornos. Esses grãos se encontram límpidos e isentos de deformação, com leve

extinção ondulante; também são observadas inclusões de plagioclásio e microclina.

A biotita e muscovita presentes na rocha são de granulação fina e de ocorrência pontual, comumente

próximos a grãos de plagioclásio muito alterado, associados à clorita e opaco. O epidoto tem sua forma

arredondada, é de granulação fina e também parece ser produto de alteração desses feldspatos

juntamento com carbonato. Seus grãos são pleocróicos variando de amarelo esverdeado a branco e

possuem alta cor de birrefringência. Também observam-se grãos de zircão anédrico a subédricos.