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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA ORTODONTIA AVALIAÇÃO DA PROPORÇÃO DENTAL DE BOLTON EM INDIVÍDUOS COM OCLUSÃO NORMAL NATURAL E MALOCLUSÕES DE CLASSE I E CLASSE II DIVISÃO 1 DE ANGLE. IVAN DELGADO RICCI São Bernardo do Campo 2010

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

ORTODONTIA

AVALIAÇÃO DA PROPORÇÃO DENTAL DE BOLTON EM

INDIVÍDUOS COM OCLUSÃO NORMAL NATURAL E

MALOCLUSÕES DE CLASSE I E CLASSE II DIVISÃO 1 DE

ANGLE.

IVAN DELGADO RICCI

São Bernardo do Campo

2010

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

ORTODONTIA

AVALIAÇÃO DA PROPORÇÃO DENTAL DE BOLTON EM

INDIVÍDUOS COM OCLUSÃO NORMAL NATURAL E

MALOCLUSÕES DE CLASSE I E CLASSE II DIVISÃO 1 DE

ANGLE.

IVAN DELGADO RICCI

Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Scanavini

São Bernardo do Campo

2010

Dissertação apresentada ao curso de Odontologia, da Faculdade da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de MESTRE pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Área de Concentração em ORTODONTIA.

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FICHA CATALOGRÁFICA

R359a

Ricci, Ivan Delgado

Avaliação da proporção dental de Bolton em indivíduos

com oclusão normal natural e maloclusões de classe I e

classe II divisão 1 de Angle / Ivan Delgado Ricci. 2010.

49 f.

Dissertação (mestrado em Ortodontia) --Faculdade de

Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, São

Bernardo do Campo, 2010.

Orientação : Marco Antonio Scanavini

1. Má oclusão 2. Má oclusão de Angle Classe I 3. Má

oclusão de Angle Classe II 4. Oclusão dentária I. Título.

D.

Black D4

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Agradeço a Deus

A ciência não consegue provar que Ele existe, mas também não prova o

contrário.

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Dedico este trabalho

aos meus pais, Arlindo e Maria Célia,

e a meus avós, in memorian,

Por entenderem que não sou perfeito, mas sou sempre o melhor de mim.

É impossível não amá-los!

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Agradeço, em especial,

Ao Prof. Dr. Marco Antonio Scanavini,

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ortodontia

Se há alguém que sempre me mostrou que além das barreiras outras mais

surgiriam, mas sempre há como transpô-las, esse alguém foi ele.

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Agradeço

Aos professores:

Prof. Dr. Luiz Renato Paranhos, por ser o incentivador desta conquista;

Prof. Dr. Danilo Furquim Siqueira, por demonstrar o que realmente é ensinar;

Prof. Dr. Fernando Cesar Torres, por encontrar tempo e disposição sempre;

Prof. Dr. André Luis Ribeiro de Miranda, por sua ajuda e organização clínica;

Prof. Dra. Renata Cristina F. Ribeiro de Castro, por sempre exigir mais;

Prof. Dra. Fernanda Angelieri, por ser um exemplo com sua garra científica;

Prof. Dra. Cláudia Toyama Hino, por conseguir ser mestre, mas também aluno;

Prof. Dr. José Roberto Lauris, por sua dedicação e conhecimento em

estatística;

Profa. Noeme Viana Timbó, por sua serenidade e paixão pelo que ensina.

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Agradeço

Aos funcionários do Programa:

Ana Regina Trindade Paschoalin, por não só toda a ajuda, prontidão e

confiança, mas por ser uma “mãe” para todos os que dela precisam, mesmo

que orelhas precisem ser puxadas;

Célia Maria dos Santos, por sua prontidão e também pelos “muitos cafezinhos”;

Marilene Domingos da Silva, por sua organização impecável na clínica;

Edilson Donizete Gomes, por sempre cumprir seus prazos com perfeição.

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Agradeço

Aos amigos de turma:

Franciele Orlando e Luiz Felipe Rossi Tassara, que me mostraram que Passo

Fundo e Belo Horizonte estão mais próximos do que se imagina;

Djalmyr Brandão de Melo Carvalho Jr., com seu sotaque e sua fala corrida,

mas uma educação precisa em todos os momentos;

Marcos Shinao Yamazaki, com seu nervosismo antes de cada apresentação,

mas um companheirismo e uma vontade inigualável em ajudar os outros;

Renata Pilli Jóias, com suas inusitadas apresentações, mas também com um

carisma ímpar e uma força maior que tornou exemplo a ser seguido por todos;

Sissiane Margreiter, com sua alegria sempre presente, mas também com sua

força de vontade sempre maior a qualquer possível obstáculo que possa surgir.

Gosto de pensar que amigos são para sempre.

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Agradeço

Aos dois de toda minha vida:

Daniela Alves da Silva e Rafael Sanches.

Acredito mais e mais em amizade, respeito, amor e confiança a cada novo

momento. Isso é o que eu defino por companheirismo.

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SUMÁRIO

RESUMO.............................................................................................................X

ABSTRACT........................................................................................................XI

LISTA DE FIGURAS.........................................................................................XII

LISTA DE TABELAS........................................................................................XIII

LISTA DE GRÁFICOS.....................................................................................XIV

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................1

2 REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................3

3 PROPOSIÇÃO........................................................................................15

4 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................17

5 RESULTADOS........................................................................................28

6 DISCUSSÃO...........................................................................................33

7 CONCLUSÃO..........................................................................................40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................42

ANEXO…………………………………………………………………………....…48

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RICCI, I.D. Avaliação da proporção dental de Bolton em indivíduos com

oclusão normal natural e maloclusões de classe I e classe II divisão 1 de

Angle. p. 49. Dissertação (Mestrado em Odontologia – área de Concentração

em Ortodontia), Faculdade da Saúde, Universidade Metodista de São Paulo,

São Bernardo do Campo, 2010.

RESUMO

Introdução: A análise de Bolton, análise que quantifica o tamanho dentário, é

uma referência importante para profissionais que buscam finalizações

ortodônticas adequadas. Objetivo: O objetivo deste trabalho é verificar se há

discrepância entre os indivíduos com oclusão normal natural e maloclusões de

Classe I e de Classe II divisão 1 de Angle pertencentes a amostra selecionada,

em relação aos valores encontrados por Bolton, bem como verificar também se

há dimorfismo sexual. Metodologia: 3 grupos contendo 35 pares de modelos

em gesso cada, separados pelo tipo de oclusão, pertencentes ao acervo do

programa de pós-graduação em Ortodontia da Universidade Metodista de São

Paulo foram medidos com paquímetro digital em sua maior distância mésio-

distal desde 1º molar direito a 1º molar esquerdo, dos arcos superiores e

inferiores, com dentição permanente. Os valores foram tabulados e a

proporção de Bolton foi aplicada. Resultados: Respectivamente para os grupos

1, 2 e 3, a proporção total encontrada foi de 90,36 (DP±1,70), 91,17 (DP±2,58)

e 90,76 (DP±2,45), e a proporção anterior foi de 77,73 (DP±2,39), 78,01

(DP±2,66) e 77,30 (DP±2,65). Conclusão: não houve dimorfismo sexual nem

diferença estatisticamente significante comparando os valores aos sugeridos

por Bolton.

Palavras-chaves: maloclusão, maloclusão de Angle classe I, maloclusão de

Angle classe II, oclusão dentária.

X

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RICCI, I.D. Assessment of Bolton´s dental ratio in Brazilians with normal

occlusion and Class I and Class II division 1 Angle´s malocclusions. p. 49.

Dissertação (Mestrado em Odontologia – área de Concentração em

Ortodontia), Faculdade da Saúde, Universidade Metodista de São Paulo, São

Bernardo do Campo, 2010.

ABSTRACT

Introduction: The Bolton analysis, analysis that quantifies the tooth size is an

important reference for professionals seeking appropriate orthodontic finishing.

Objective: The objective of this study is to verify that there is discrepancy

between the subjects with normal occlusion and malocclusion Class I and Class

II division 1 belonging to the selected sample, compared to the values reported

by Bolton and also check difference related to sexual dimorphism. Methods: 3

groups of 35 pairs of plaster casts each, separated by the type of occlusion,

pertaining to the program of graduate orthodontics at the Methodist University of

Sao Paulo were measured with a digital caliper at its greatest distance

mesiodistal since 1st right molar to 1st molar left, the upper and lower arches,

with permanent teeth. The values were tabulated and the proportion of Bolton

has been applied. Results: Respectively for groups 1, 2 and 3, the total ratio

found was 90.36 (SD ± 1.70), 91.17 (SD ± 2.58) and 90.76 (SD ± 2.45) and the

anterior ratio was 77.73 (SD ± 2.39), 78.01 (SD ± 2.66) and 77.30 (SD ±

2.65). Conclusion: there was no sexual dimorphism or statistically significant

difference compared to the values suggested by Bolton.

Key-words: malocclusion, Angle´s class I malocclusion, Angle´s class II malocclusion, dental occlusion.

XI

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LISTA DE FIGURAS

Figuras 1 e 2 – Exemplo de modelo do grupo 1 (oclusão normal natural)

selecionado para amostra, nas vistas frontal, lateral e oclusal;

Figuras 3 e 4 – Exemplo de modelo do grupo 2 (maloclusão de classe I)

selecionado para amostra, nas vistas frontal, lateral e oclusal;

Figuras 5 e 6 – Exemplo de modelo do grupo 3 (maloclusão de classe II divisão

1) selecionado para amostra, nas vistas frontal, lateral e oclusal;

Figura 7 – Paquímetro digital marca Mitutoyo;

Figura 8 – Posição para medição de dentes anteriores;

Figura 9 – Posição para medição de dentes posteriores;

Figura 10 – Paquímetro fechado apresentando memória diferente de zero;

Figura 11 – Paquímetro fechado apresentando memória correta.

XII

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Média, desvio padrão das duas medições, e teste “t” pareado e erro

de Dahlberg para avaliar o erro sistemático e o erro casual;

Tabela 2 – Comparação entre os sexos Feminino (n=27) e Masculino (n=8)

pelo teste “t” de Student;

Tabela 3 – Comparação entre os três grupos (n=35, cada) pela Análise de

Variância;

Tabela 4 – Comparação entre os valores obtidos no presente estudo (n=35) e

o padrão de Bolton pelo teste “t” de Student.

XIII

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Média do Índice de Bolton para os três grupos estudados;

Gráfico 2 – Média do Índice de Bolton para os três grupos estudados e o

padrão de Bolton.

XIV

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1 INTRODUÇÃO

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1- INTRODUÇÃO

O planejamento detalhado é fundamental para que o sucesso do

tratamento ortodôntico seja alcançado, pois é nessa etapa que conseguimos

visualizar e prevenir os transtornos oclusais que dificultam a finalização do

tratamento com a excelência na obtenção das seis chaves de oclusão3.

Uma das inúmeras análises utilizadas pelo ortodontista é a análise

de modelos, e por meio dessa análise podemos verificar a discrepância dental

interarcos, sendo um recurso importante para o diagnóstico e prognóstico do

tratamento21.

BOLTON12 analisou os arcos maxilares e mandibulares e estudou as

discrepâncias oclusais decorrentes de massas dentais desproporcionais entre

esses arcos, fatores estes que impediam que o tratamento ortodôntico

obtivesse uma boa finalização. A análise é realizada medindo-se as distâncias

mesiodistais de 1º molar permanente direito a 1º molar permanente esquerdo

da maxila e da mandíbula, e então são identificados o arco e o segmento

(anterior ou posterior) com excesso de massa dental antes da intervenção

ortodôntica, favorecendo o planejamento do profissional. É denominada análise

da Discrepância do Tamanho Dental de Bolton. E foi a partir das investigações

de Bolton que diversos autores aplicaram a sua análise da discrepância em

vários outros estudos2,7,8,9,13,20,23,24, utilizando modelos em gesso e paquímetros

convencionais ou digitais ou compassos de ponta seca para avaliar suas

amostras11,12,28,32,33,36,38,41. Esse método mostrou-se bastante eficaz, uma vez

que, ocasionalmente, dentes com tamanhos desproporcionais são facilmente

detectados. Entretanto, discrepâncias significativas podem ocorrer entre o

conjunto total dental dos arcos, sendo difícil a identificação por inspeção

clínica, possivelmente sendo detectada apenas na etapa de finalização do

caso, gerando dificuldade para o ortodontista. Assim, a análise das proporções

dentais é de fundamental importância, e deve ser considerada como uma

ferramenta valiosa na fase de diagnóstico e planejamento, possibilitando ao

ortodontista uma oclusão satisfatória com bom engrenamento dental e uma

melhor finalização do tratamento.

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2 REVISÃO DA

LITERATURA

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2 – REVISÃO DE LITERATURA

Em 1902, BLACK11, publicou o livro “Descriptive anatomy of the human

teeth”, onde, além de outras informações, apresentou os diâmetros

mésiodistais, incisal e cervical dos incisivos inferiores, tendo sido então um dos

primeiros pesquisadores a se interessar pelo estudo da morfologia e dimensão

dos dentes humanos.

Já em 1944, BALLARD7, comparou os resultados obtidos por BLACK11

com as medidas dos diâmetros mésiodistais dos dentes de 500 pares de

modelos em gesso com oclusão normal, a fim de estabelecer uma relação

entre discrepâncias dentárias e dificuldades de finalização adequada e

estabilidade, após a remoção da contenção. Os resultados obtidos mostraram

que, de toda a amostra avaliada, 90% apresentou diferença no diâmetro

mésiodistal entre os dentes do lado direito e esquerdo, sendo que deste total,

80% apresentou discrepâncias em torno de 0,5mm e apenas oito por cento

apresentou discrepâncias entre os lados, manifestada em torno de 0,25mm. A

alta incidência de assimetrias foi um dos fatores que o autor considerou como

sendo contribuinte ao desenvolvimento de maloclusões e da instabilidade pós-

contenção dos casos estudados.

Em 1949, NEFF34, propôs um coeficiente anterior a partir da divisão

entre a somatória dos diâmetros mésiodistais dos dentes anteriores inferiores

pela somatória dos superiores, pois estava consciente da importância da

correta proporção entre o tamanho dos dentes anteriores superiores e

inferiores para a promoção de um trespasse vertical adequado. Sua conclusão

foi que, em casos de sobremordida normal, o tamanho dos dentes anteriores

superiores apresentava coeficiente variando entre 1,20 a 1,22mm, ou seja,

20% maior que os inferiores.

LUNDSTRÖM31 (1954) buscou estabelecer uma relação entre o diâmetro

mésiodistal dos dentes superiores e inferiores, e o alinhamento e a oclusão

destes dentes. Os resultados obtidos evidenciaram a existência de correlação

entre o diâmetro mesiodistal dos dentes e a diferença entre o grau de

apinhamento na maxila e na mandíbula, ou seja, se os dentes superiores forem

desproporcionalmente mais largos que os inferiores haverá uma tendência ao

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apinhamento na maxila enquanto que dentes superiores relativamente menores

tenderão a provocar apinhamento inferior. Então, de acordo com o autor,

quando o tamanho dos dentes de um arco não está em harmonia com o

tamanho dos dentes do arco antagônico, ou, no arco onde os dentes

apresentam dimensões maiores, provavelmente ocorrerá apinhamento

dentário.

BOLTON12(1958) propôs uma análise no afã de determinar e localizar as

discrepâncias de tamanhos dentários, intra e intermaxilares. Em seu estudo,

ele avaliou, inicialmente, 55 casos de indivíduos com excelente oclusão, dentre

os quais, 44 tinham sido tratados ortodonticamente sem extrações, e 11

possuíam oclusão normal natural. Após realizar as medidas mésiodistais de

todos os dentes permanentes de primeiro molar direito até primeiro molar

esquerdo, superiores e inferiores, estabeleceu os índices total e anterior da

proporção dos dentes superiores em relação aos inferiores, fornecendo ao

ortodontista subsídios para predizer se o caso tem ou não condições de

alcançar um bom engrenamento dental ao final do tratamento. O cálculo da

proporção de tamanho dental total entre as duas arcadas foi obtido segundo a

fórmula que se segue:

VALOR do diâmetro mésiodistal dos 12 dentes inferiores

VALOR do diâmetro mésiodistal dos 12 dentes superiores

O cálculo da proporção entre os dentes anteriores superiores e inferiores

obedece os seguintes princípios:

VALOR do diâmetro mésiodistal dos 6 dentes inferiores

VALOR do diâmetro mésiodistal dos 6 dentes superiores

O autor encontrou uma variação para a proporção total dos arcos

dentais de 87,5% a 94,8%, com uma média de 91,3% e um desvio padrão de

1,91. A proporção de tamanho dentário anterior apresentou uma variação de

74,5% a 80,4%, com uma média de 77,2% e um desvio padrão de 1,65. Esta

análise tornou-se um método auxiliar valioso para o diagnóstico das

X 100

X 100

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discrepâncias de tamanho dental, que tanto influenciam o relacionamento

oclusal.

A questão de se a genética influencia na variação do diâmetro

mésiodistal dos dentes e nas dimensões dos arcos foi avaliada em 1958 por

HOROWITZ; OSBORNE e DeGEORGE23. Os autores estudaram 54 pares de

gêmeos (33 monozigóticos e 21 dizigóticos) e com idades variando entre 18 e

55 anos. Utilizaram um paquímetro para obter as medidas dos diâmetros

mésiodistais dos seis dentes anteriores superiores e inferiores nos modelos em

gesso. Concluíram que os incisivos superiores e inferiores foram os que

sofreram maior influência genética, e os caninos, os que apresentaram maior

componente de variação genética.

BOLTON13 (1962), relatando situações nas quais aplicou sua análise em

100 casos de sua clínica, verificou que 29 apresentaram uma discrepância

dental anterior maior que o desvio padrão. Afirmou que, devido a esta alta

porcentagem, deve ser dada grande importância ao diâmetro dental na fase de

diagnóstico.

MOORREES e REED32, em 1964, com a intenção de estudar o tamanho

dos dentes decíduos e permanentes, avaliaram 184 pares de modelos, sendo

84 do sexo masculino e 100 do feminino, com idades variando de 3 a 5 anos e

de 16 a 18 anos. Os autores observaram diferenças intra e interarcos.

Concluíram que esta discrepância no diâmetro mésiodistal entre os dentes

decíduos e/ou permanentes constitui um dos fatores que pode influenciar a

oclusão e o alinhamento dos dentes permanentes, tanto para o lado favorável

quanto para o desfavorável.

A fim de elucidar as causas do apinhamento dental e observar as

influências do tratamento ortodôntico sobre o alinhamento dos dentes,

FASTLICHT18, em 1970, comparou um grupo de 28 casos não tratados com

outro de 28 casos tratados ortodonticamente. Os dois grupos comparados

possuíam indivíduos tanto do sexo masculino como feminino e com idades

variando entre 11 e 42 anos. Os aspectos avaliados neste estudo foram:

diâmetro mésiodistal dos incisivos, distância intercaninos e trespasses vertical

e horizontal. Segundo o autor, o apinhamento dos incisivos é um fenômeno

anatômico e fisiológico de adaptação, que pode ser observado tanto em casos

tratados como em não tratados, sendo, portanto, o resultado da combinação de

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vários fatores como: sexo, idade, função muscular, redução da distância

intercaninos, extrusão dos caninos, trespasse vertical exagerado, tipologia

facial e, em alguns casos, de mecanoterapia inadequada. O autor concluiu que

quanto maior o trespasse vertical, maior o apinhamento inferior, quanto menor

a distância intercaninos maior o apinhamento, que o apinhamento está

diretamente relacionado ao diâmetro mésiodistal dos dentes.

SANIN e SAVARA40, em 1971, analisaram as discrepâncias de tamanho

das coroas dentárias em 51 indivíduos do sexo masculino e 50 do sexo

feminino. Verificaram que, mesmo nas boas oclusões, o padrão do tamanho

das coroas variou muito. Os incisivos laterais, os caninos e os primeiros pré-

molares inferiores, quando grandes, induzem geralmente ao apinhamento dos

incisivos centrais inferiores.

LAVELLE28, em 1972, com o propósito de comparar o tamanho dos

dentes superiores e inferiores entre diferentes grupos raciais, considerando

também os diferentes tipos de maloclusões, selecionou uma amostra com 40

modelos de indivíduos caucasianos, 40 de negros e 40 de mongóis, todos sem

história de tratamento ortodôntico prévio e em uma faixa etária entre 18 e 28

anos. Encontrou que a média dos diâmetros mésiodistais das coroas foi maior

para os negros, seguido dos mongóis e por último os caucasianos. Os negros

também apresentaram o maior grau de harmonia no tamanho dos dentes

comparados com os caucasianos e mongóis e isso confirma o fato das

irregularidades e maloclusões serem mais prevalentes nas comunidades da

Europa e América do Norte do que nas comunidades primitivas.

Em 1974, ARYA et al.6, a fim de investigar a diferença de tamanho

dentário entre os sexos e entre as maloclusões de classe I e II Angle, avaliaram

uma amostra de 40 indivíduos; 20 do sexo masculino e 20 do feminino, com

idades variando de 4,5 a 14 anos. Observaram que entre os dentes decíduos,

apenas o segundo molar superior mostrou diferença significante entre os sexos

e que, tanto no grupo de classe I como no de classe II os maiores dentes foram

medidos no sexo masculino. Concluíram ainda não ter havido correlação entre

sexo e tipo de maloclusão, e entre oclusão e tamanho dental.

DORIS; BERNARD e KUFTINEC17 (1981) compararam uma amostra de

80 indivíduos norte-americanos leucodermas quanto à hipótese de que se os

dentes dos indivíduos com arcos apinhados seriam mais largos do que os dos

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indivíduos com arcos sem apinhamento. Para isto, a amostra foi dividida em

dois grupos de 40 indivíduos de acordo com a quantidade de apinhamento, ou

seja, em um grupo ficaram indivíduos com até 4 mm de apinhamento e no

outro ficaram os indivíduos com apinhamento acima de 4mm. A diferença

entre os dois grupos foi estatisticamente significante para todos os dentes. Os

dentes mais largos no sentido mésiodistal foram encontrados nos arcos mais

apinhados, sendo que alguns dentes, em particular, eram mais largos (caninos

e pré-molares inferiores). Os dentes dos indivíduos do sexo masculino também

se mostraram mais largos do que os do feminino, mas não em um nível

estatisticamente significante. Houve ainda, menor correlação entre sexo e a

quantidade de apinhamento. Para os autores, um dos principais fatores que

determinam se o arco dental será apinhado ou não é o tamanho absoluto dos

dentes.

Tomando como base estudos realizados por vários autores,

LOMBARDI30 (1982), teceu algumas considerações sobre as causas biológicas

do apinhamento dentário. Enfatizou o aumento da incidência de apinhamento

dentário nas sociedades tecnologicamente avançadas, quando comparadas às

sociedades primitivas. Buscando justificativas para este fenômeno, comentou a

hipótese que se baseia no princípio da pureza racial (homogeneidade genética)

das sociedades primitivas, e na miscigenação das sociedades

contemporâneas. No entanto, respaldando-se no trabalho de TOWNSEND47

(1978) concluiu que esta hipótese só se confirmaria se caracteres como o

tamanho dos dentes e tamanho dos arcos dentários fossem transmitidos por

uma pequena quantidade de genes. Diante dos conceitos genéticos modernos

o tamanho dos dentes e dos arcos são características determinadas, por no

mínimo, vários pares de genes e quanto maior o número de genes envolvidos,

menores as chances de haver incompatibilidade destas características nos

descendentes. Portanto, baseando-se nestes conceitos, declarou ser

inconsistente a afirmação de que a hereditariedade é a principal causa do

apinhamento. Em contrapartida, o autor salientou que a baixa incidência de

apinhamento nas populações primitivas parece ter maior relação com o alto

grau de atrição interproximal, resultante de uma dieta mais consistente e

abrasiva do que com a desarmonia entre tamanho dos dentes e tamanho dos

arcos dentários.

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RADNZIC37 (1988), considerando também a possibilidade de influência

do meio ambiente sobre o apinhamento dentário, avaliou a correlação entre o

diâmetro mésiodistal das coroas dentárias, as dimensões dos arcos e o grau

de apinhamento primário em dois diferentes grupos étnicos. Quando as

variáveis foram avaliadas isoladamente, não demonstraram correlação

significante. Todavia, o diâmetro mésiodistal demonstrou um efeito cumulativo

sobre o apinhamento, quando avaliado em combinação com as outras

variáveis, sugerindo a existência de uma complexa relação de causa e efeito

entre diâmetro mésiodistal e apinhamento.

BISHARA et al.10 (1989) examinaram as dimensões mésiodistais e

vestibulolinguais das coroas dentárias de três populações: 57 indivíduos (35

masculinos e 22 femininos) da cidade de Iowa, Estados Unidos, 54 indivíduos

(30 masculinos e 24 femininos) de Alexandria, Egito; e 60 indivíduos (26

masculinos e 34 femininos) de Chihuahua, México. Todos os grupos

caracterizavam-se por serem portadores de maloclusão de classe I, sem

tratamento ortodôntico prévio. Foram realizadas comparações entre os dentes,

assim como entre os somatórios dos grupos de dentes, entre os sexos e entre

as amostras. Utilizou-se a análise de variância geral linear nas comparações

estatísticas e os resultados indicaram que: 1) todas as populações

evidenciaram diferenças significantes nos tamanhos dentários entre os sexos,

com os indivíduos do sexo masculino apresentando os caninos e primeiros

molares maiores; 2) a variação nas dimensões vestíbulolinguais foi semelhante

às mésiodistais nas três populações e 3) houve similaridade nas dimensões

dentárias entre o sexo masculino e o feminino nas três populações, porém, nos

masculinos demonstrando dimensões levemente maiores. Os autores

concluíram que as equações de predição utilizadas na análise de espaço da

dentadura mista para determinar as discrepâncias entre o tamanho dos dentes

e o comprimento do arco dentário poderiam ser utilizadas para as três

populações. Porém, sugeriram que fossem realizadas algumas modificações.

Aplicar a Análise de Bolton no início do tratamento, é fundamental

para o sucesso do mesmo. PINZAN, MARTINS e FREITAS36 (1991)

interpretaram a análise de Bolton e explicaram sua utilização, destacando sua

importância na predição do relacionamento final dos dentes anteriores e

posteriores, superiores e inferiores (presença de diastemas, sobressaliência,

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dificuldade de oclusão entre os dentes posteriores), na seleção de dentes a

serem extraídos ou desgastados (para restabelecer as larguras mesiodistais

adequadas ou favorecer a estética e oclusão finais).

Consciente da importância da análise de BOLTON12 como auxiliar na

elaboração do diagnóstico ortodôntico, SHELLHART et al.42 (1995), verificaram

a confiabilidade desta análise quando realizada com compasso de ponta seca

ou com o paquímetro, em modelos com apinhamento. Os modelos de 15

pacientes foram medidos duas vezes por quatro examinadores diferentes, com

intervalo de quinze dias entre as medições. Os resultados deste estudo

demonstraram que podem ocorrer erros de medições clinicamente significantes

quando a análise de Bolton é realizada em modelos com mais de 3 milímetros

de apinhamento e que o paquímetro demonstrou ser ligeiramente mais preciso

para realizar as medições do que o compasso de ponta seca.

Diante da importância das dimensões dentárias no engrenamento e

alinhamento dentário e também na estabilidade após o tratamento ortodôntico,

ARAÚJO e WILHELM5 (1996) estudaram a incidência da discrepância de

Bolton (1958) em 195 pacientes portadores de maloclusão de classe I e classe

II divisão 1ª de Angle, sendo 70 do sexo masculino e 125 do feminino. Dois

instrumentos foram utilizados para a obtenção das medidas: um paquímetro

sensível a 0,1mm e um compasso de ponta seca, ambos da marca Dentaurum.

Pelos resultados obtidos neste estudo, foi possível afirmar que os diâmetros

mésiodistais se mostraram independentes do tipo de maloclusão (classe I e

classe II 1ª divisão de Angle). Os autores concluíram também que houve

discrepância de Bolton nos pacientes analisados, sendo que, 36% destes

apresentaram excesso de material dentário acima de 2mm; e a arcada inferior

apresentou maior incidência de excesso do que a arcada superior. No que diz

respeito ao sexo, o feminino apresentou um índice médio dos dentes anteriores

maior do que o masculino, porém, em relação ao índice total, os homens

apresentaram dimensões dentárias maiores. Frequentemente, nas últimas

fases do tratamento ortodôntico, descobre-se que não será possível finalizar o

caso adequadamente, pois o tamanho dos dentes superiores não é compatível

com os inferiores e isto não permite uma boa relação vertical e horizontal

(sobremordida e sobressaliência). Se os diâmetros mésiodistais dos incisivos

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superiores forem maiores que os correspondentes inferiores o caso

apresentará tendência para maior sobremordida e sobressaliência. Se os

incisivos inferiores forem maiores que os superiores, haverá tendência a

mordida de topo. Na tentativa de compensar esta desproporção, podem surgir

diastemas superiores ou ainda apinhamento no arco inferior para acomodação

do excesso de massa dentária.

Para RAMOS et al.38 (1996) o diagnóstico preciso e o planejamento

detalhado, incluindo a avaliação das discrepâncias do tamanho dentário,

permitirá um tratamento mais específico e consciente para uma finalização

apurada com trespasses horizontal e vertical adequados.

Interessados em reforçar a importância da análise de BOLTON12,

ROCHA e VIGORITO48 (1998) estudaram uma amostra composta por 40 pares

de modelos em gesso de indivíduos brasileiros, leucodermas, dos dois sexos,

na faixa etária de 12 a 17 anos, com dentadura permanente e oclusão normal.

Concluíram que há diferença estatística entre os valores propostos pelo índice

de Bolton e o índice obtido na pesquisa, considerando os 6 dentes anteriores

inferiores em relação aos superiores.

SMITH, BUSCHANG e WATANABE43 (2000) questionaram a aplicação

da proporção dentária de Bolton entre diferentes populações (leucodermas,

melanodermas e espânicos) e sexos (feminino e masculino). Analisando

modelos pré-tratamento ortodôntico de 180 pacientes (60 pacientes de cada

grupo étnico), os autores concluíram que a proporção de Bolton se aplica

apenas para leucodermas do sexo feminino, e que não deve ser utilizada

indiscriminadamente em leucodermas do sexo masculino, melanodermas e

espânicos. Leucodermas apresentam a proporção dentária mas baixa em

relação à observada em melanodermas e espânicos, em virtude do segmento

posterior.

De acordo com HEUSDENS, DERMWUT e VERBEECK22 (2000), quatro

estudos epidemiológicos sobre os efeitos da discrepância do tamanho dentário

nas maloclusões publicados em periódicos internacionais, encontraram o

mesmo índice de Bolton para o segmento total e outro valor para o índice do

segmento anterior (78,9%, DP2,73).

Com a intenção de pesquisar a presença de diferenças no tamanho dos

dentes em diferentes tipos de maloclusões, ALKOFIDE e HASHIM2 (2002),

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avaliaram 240 modelos pré-tratamento de pacientes Sauditas, sendo 60 de

classe I, 60 de classe II, 60 de classe III e 60 modelos de oclusão normal. A

análise estatística utilizada para este estudo demonstrou não haver diferença

significante na discrepância de tamanhos dentários entre os diferentes tipos de

maloclusões, tanto na proporção total como na proporção para a região

anterior. Entretanto, uma diferença significante entre homens e mulheres foi

observada na proporção anterior dos modelos com maloclusão de classe III. Os

resultados deste estudo reforçaram a necessidade de realização da análise de

Bolton, ainda na fase de diagnóstico, ou seja, antes de iniciar o tratamento

ortodôntico, para evitar dificuldades de finalização dos casos.

Ao final de diversos tratamentos ortodônticos nos quais não se utilizou a

análise da discrepância de Bolton, observa-se que seriam necessários recursos

para adequar as massas dentais superiores e inferiores. BÓSIO, CLOSS e

FABER14 (2001) avaliaram a incidência de pacientes com discrepância de

tamanho dental de uma amostra aleatória de 159 candidatos a tratamento

ortodôntico, dos quais 42,11% apresentaram discrepância de tamanho dental

na região anterior, e provavelmente necessitariam de desgastes interproximais

ou restaurações cosméticas durante ou ao final do tratamento.

MOTTA et al.33 (2004) avaliaram as desarmonias de tamanho dental de

161 pacientes da clínica de Ortodontia da FO/UERJ. Os autores calcularam as

médias para as razões total e anterior de Bolton e não encontraram diferenças

estatisticamente significantes entre homens e mulheres. Na comparação com

as médias descritas por Bolton, observaram que discrepâncias de tamanho

dental tendem a ocorrer em pacientes com maloclusoes com maior frequência.

A hereditariedade é um fator a ser considerado quando se aplica a

análise de Bolton em familiares. BAYDAS, OKTAY e DAGSUYU9 (2005)

investigaram a possibilidade da interferência de fatores genéticos

(hereditariedade) na discrepância do tamanho dental de Bolton e notaram que

irmãos apresentaram o mesmo tipo de discrepância, de forma que, em irmãos

do mesmo sexo, essa semelhança foi ainda mais acentuada.

CARREIRO et al.15 (2005) estudaram a discrepância de tamanho dental

na oclusão normal e nos diferentes tipos de maloclusões e sua relação com as

medidas que determinam a forma de arco e o posicionamento dental na região

anterior. Observaram que não ocorreu dimorfismo sexual entre as

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discrepâncias de tamanho dental e os diferentes tipos de oclusão; as

proporções estabelecidas por Bolton não se aplicaram ao grupo com oclusão

normal, que apresentou 91,76% para a proporção total e 78,24% para a

proporção anterior; os grupos, em geral, apresentaram excesso dental total no

arco; os excessos dentais não contribuíram na ocorrência das maloclusões; e

as discrepâncias total e anterior não interferiram diretamente nas larguras e

comprimentos dos arcos, bem como no posicionamento dos dentes anteriores.

Investigando a freqüência e a correlação da discrepância do tamanho

dental de Bolton nas diferentes classificações de Angle, AKYALÇIN et al.1

(2006) analisaram pacientes Classe I, Classe II e Classe III esqueléticos dos

sexos feminino e masculino, e não verificaram diferenças estatisticamente

relevantes de discrepância de tamanho dental entre os grupos da amostra.

Porém, o alto índice de discrepâncias de tamanho dental na população

ortodôntica e sua correlação significante com algumas características dentais,

sugeriram a proporção do tamanho dental de Bolton como uma importante

ferramenta no planejamento dos casos.

Uma amostra de 60 pacientes pré tratamento ortodôntico de cada

classificação de Angle foi estudada por BASSARAN et al.8 (2006). Os autores

questionaram a existência de uma tendência à discrepância do tamanho dental

intermaxilar que prevalecesse entre os diferentes grupos de maloclusões. Não

observaram dimorfismo sexual nem diferenças estatisticamente significantes

entre as médias de cada grupo.

A análise de modelos é um importante recurso nos processos de

diagnóstico e planejamento do tratamento ortodôntico. LEAL et al.29 (2006)

relacionaram os métodos de análise mais importantes e, entre eles, a análise

de Bolton. Definiram-na como sendo eficaz, todavia discutiram o real impacto

das discrepâncias de tamanho dental nos diversos grupos raciais.

LA TORRE e RAMOS27 (2007) abordaram os fatores que podem afetar a

proporção dental anterior e as estratégias clínicas usualmente adotadas.

Identificaram as medidas mésiodistais dos dentes anteriores, a espessura do

incisivo central superior, sobremordida e sobressaliência no pré e pós-

tratamento. Verificaram que a espessura do incisivo central superior (quanto

mais fino, maior a proporção e vice-versa), a angulação e inclinação dos dentes

anteriores e a curvatura do arco interferem na proporção dental anterior. Os

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autores sugeriram desgaste interproximal e reanatomização para compensação

das desproporções na finalização ortodôntica.

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3 PROPOSIÇÃO

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3 – PROPOSIÇÃO

Em face da importância da análise de Bolton e com base na revisão da

literatura foi proposto:

1) Verificar a presença de Discrepância Anterior e Total de Bolton em

indivíduos com oclusão normal natural, maloclusão de Classe I e Classe II,

divisão 1 de Angle;

2) Verificar se há influência de dimorfismo sexual nos valores

encontrados.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

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4 – MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Material

4.1.1 Amostra

A amostra para a realização desta pesquisa foi constituída de 105 pares

de modelos pertencentes ao arquivo de documentação ortodôntica do acervo

do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, área de concentração em

Ortodontia, da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), e o Projeto de

pesquisa foi registrado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Metodista de São Paulo sob número 296120-09, datado de 26 de outubro de

2009, com parecer favorável à sua realização.

A amostra foi divida em três grupos:

Grupo 1: modelos de pacientes portadores de oclusão normal natural;

Grupo 2: modelos de pacientes portadores de maloclusão de Classe I de

Angle;

Grupo 3: modelos de pacientes portadores de Classe II, divisão1, de

Angle.

Grupo I : Oclusão Normal Natural (n=35)

A seleção dos pacientes com oclusão normal natural foi realizada em

dois momentos. De 6118 indivíduos de diversas escolas de ensino médio e

fundamental da região do ABC (São Paulo), 60 indivíduos foram selecionados

de acordo com os critérios25:

possuir oclusão normal e não ter tido intervenção ortodôntica,

serem brasileiros e leucodermas,

terem 12 a 21 anos,

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apresentar todos os dentes permanentes (os terceiros molares eram

opcionais),

não apresentar interferências oclusais nos movimentos funcionais de

protrusiva e látero protrusiva direita e esquerda,

apresentar contatos posteriores bilaterais e simultâneos,

apresentar o contato dos caninos quando do fechamento da mandíbula,

não apresentar diferenças significativas entre MIH e relação cêntrica, e

Em um segundo momento, a oclusão dos 60 indivíduos foi reavaliada

criteriosamente e reduzida a 35 pares de modelos que se enquadravam no

conceito de “oclusão normal natural”. Estes tiveram sua oclusão avaliada por

um especialista em oclusão dental, sendo que a mesma deveria apresentar

aspectos de normalidade tanto estáticos (máxima intercuspidação e relação

cêntrica) como funcionais (lateralidade e protrusão), como:

possuir chave de molar (Classe I de Angle4);

não apresentar apinhamentos ou diastemas;

não apresentar giroversões;

possuir curva de Spee plana ou ligeiramente côncava;

possuir sobremordida e sobressaliência adequadas;

apresentar contatos posteriores bilaterais e simultâneos, e também

contatos nos caninos, quando do fechamento da mandíbula;

não apresentar interferências oclusais nos movimentos funcionais

mandibulares de protrusão e lateralidade direita e esquerda;

não apresentar diferença significativa entre as posições de máxima

intercuspidação habitual (MIH) e de relação cêntrica (RC)

Assim, utilizou-se modelos em gesso de 35 indivíduos com oclusão normal

natural, sendo 27 do sexo feminino e 8 do masculino. Os modelos deveriam

apresentar o estado de conservação aceitável, a presença de todos os dentes

íntegros e a oclusão normal natural.

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Fig. 1 - Modelo Grupo 1 – vistas frontal e lateral

Fig. 2 - Modelo Grupo 1 – vista oclusal

Grupo 2: Maloclusão de Classe I de Angle

Os modelos em gesso dos pacientes portadores de maloclusão de

Classe I de Angle tinham as características:

Possuir maloclusão de Classe I de Angle;

8 pares de modelos em gesso de pacientes do sexo masculino e 27

pares de modelos em gesso de pacientes do sexo feminino;

não ter sido submetido a qualquer tipo de tratamento ortodôntico;

presença dos dentes íntegros superiores e inferiores.

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Fig. 3 - Modelo Grupo 2 – vistas frontal e lateral

Fig. 4 - Modelo Grupo 2 – vista oclusal

Grupo 3: Maloclusão de Classe II, Divisão 1 de Angle;

Para os modelos em gesso de pacientes portadores de maloclusão de

Classe I de Angle, seguiam:

8 pares de modelos em gesso de pacientes do sexo masculino e 27

pares de modelos em gesso de pacientes do sexo feminino;

Possuir maloclusão de Classe II, Divisão 1 de Angle;

não ter sido submetido a qualquer tipo de tratamento ortodôntico;

presença dos dentes íntegros superiores e inferiores.

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Fig. 5 - Modelo Grupo 3 – vistas frontal e lateral

Fig. 6 - Modelo Grupo 3 – vista oclusal

A idade dos indivíduos dos três grupos não foi critério de inclusão ou

exclusão para este estudo, uma vez que o estudo teve por finalidade a análise

dos dentes sem qualquer tipo de intervenção ortodôntica, bastando, para isto,

estarem posicionados no arco e irrompidos, permitindo que o maior

comprimento mésiodistal seja utilizado para as medições, porém, foi

relacionada para maior informação.

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4.2 Métodos

4.2.1 Mensuração dos modelos

Os modelos foram mensurados com a utilização de paquímetro digital da

marca Mitutoyo, modelo 500-144 Brasil, com capacidade de 150mm e

resolução de 0,01mm, avaliando-se o diâmetro mésiodistal dos dentes

anteriores e posteriores em seu maior eixo, nos arcos maxilares e

mandibulares.

A linha do maior diâmetro dental era visualizada, medida, e seu valor

anotado em planilha específica, para posterior análise.

Um único operador efetuou a medição dos modelos, tomando o cuidado

de mantê-los paralelos ao solo, utilizando o paquímetro também com o máximo

de paralelismo ao solo, para que a reprodutibilidade no caso da medição

posterior pudesse ser o mais similar possível.

Fig. 7 - Paquímetro digital marca Mitutoyo

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Fig. 8 - Posição para medição dos dentes anteriores

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Fig. 9 - Posição para medição dos dentes posteriores

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Sempre que uma arcada era finalizada, o paquímetro era fechado e

novamente zerado, uma vez que a utilização continuada do mesmo poderia

apresentar erros devido o fechamento total do instrumento e a indicação do

visor não ser igual a zero. Este processo foi realizado desde o início das

aferições por conta do examinador, a fim de aumentar a acurácia do estudo e

evitar erros de valores.

Fig. 10 – Paquímetro fechado apresentando memória numérica não zerada (incorreta)

Fig. 11 – Paquímetro fechado apresentando memória numérica zerada (correta)

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4.2.2 Erro do método

As medidas foram feitas duas vezes, seguindo um protocolo específico.

Em um intervalo de 15 dias, o mesmo operador selecionou

aleatoriamente 20% dos 105 pares de modelos em gesso (n = 21), sendo 7

pares por grupo), mensurando-os novamente, seguindo os mesmos métodos já

descritos. Estes modelos foram mensurados novamente para avaliar a

confiabilidade do método de medição e a calibração.

Para verificar o erro sistemático intra-examinador foi utilizado o teste “t”

pareado. Na determinação do erro casual utilizou-se o cálculo de erro proposto

por Dahlberg.

4.2.3 Análise dos dados

Os valores referentes aos dentes dos 105 pares de modelos em gesso

foram tabulados para a verificação do proposto, como segue:

Para verificar se os dados obtidos tinham distribuição normal foi utilizado

o teste de Kolmogorov-Smirnov.

Para comparação entre os gêneros e entre os valores obtidos e o padrão

de Bolton foi utilizado o teste “t” de Student.

Para comparação entre os três grupos foi utilizado Análise de Variância

a um critério modelo fixo.

Em todos os testes estatísticos foi adotado nível de significância de 5%

(p<0,05).

Todos os procedimentos estatísticos foram executados no programa

Statistica for Windows v. 5.1 (StatSoft Inc., Tulsa, USA).

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5 RESULTADOS

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5 – RESULTADOS

Os resultados das avaliações do erro sistemático, avaliado pelo teste “t”

pareado, e do erro casual pela fórmula de Dahlberg são mostrados na tabela 1.

Tabela 1 – Média, desvio padrão das duas medições, e teste “t” pareado e erro de Dahlberg para avaliar o erro sistemático e o erro casual.

Dente 1a. Medição 2a. Medição

t p

Erro média dp média dp

16 10,45 0,50 10,36 0,52 2,069 0,052ns 0,15

15 6,88 0,49 6,80 0,44 2,882 0,009 * 0,10

14 7,23 0,47 7,08 0,49 4,595 0,000 * 0,15

13 7,92 0,48 7,90 0,46 0,410 0,686ns 0,10

12 7,09 0,60 7,02 0,59 3,147 0,005 * 0,09

11 8,85 0,52 8,83 0,51 0,561 0,581ns 0,09

21 8,86 0,53 8,80 0,54 2,026 0,056ns 0,11

22 7,01 0,54 6,96 0,57 1,285 0,214ns 0,12

23 7,91 0,43 7,73 0,53 3,462 0,002 * 0,22

24 7,32 0,49 7,22 0,46 2,371 0,028 * 0,14

25 6,91 0,53 6,83 0,52 3,003 0,007 * 0,10

26 10,46 0,50 10,38 0,51 2,990 0,007 * 0,09

36 10,98 0,62 10,93 0,60 2,263 0,035 * 0,09

35 7,22 0,47 7,17 0,46 1,518 0,145ns 0,13

34 7,20 0,41 7,12 0,40 3,297 0,004 * 0,09

33 6,96 0,41 6,85 0,42 4,875 0,000 * 0,10

32 6,04 0,41 6,04 0,40 0,096 0,925ns 0,14

31 5,49 0,34 5,50 0,33 0,313 0,758ns 0,13

41 5,54 0,36 5,54 0,36 0,051 0,960ns 0,09

42 6,00 0,38 5,98 0,45 0,425 0,675ns 0,14

43 6,79 0,42 6,72 0,42 1,564 0,133ns 0,15

44 7,22 0,42 7,17 0,45 2,153 0,044 * 0,10

45 7,31 0,50 7,23 0,53 3,249 0,004 * 0,10

46 10,95 0,53 10,92 0,56 0,988 0,335ns 0,10

16-26 96,88 4,70 95,92 4,77 5,603 0,000 * 0,87

13-23 47,64 2,63 47,24 2,73 3,965 0,001 * 0,42

36-46 87,70 3,92 87,16 4,00 3,483 0,002 * 0,62

33-43 36,81 1,91 36,64 1,97 1,306 0,207ns 0,45

Bolton Total

90,56 1,60 90,90 1,86 2,433 0,024 * 0,51

Bolton Anterior

77,32 2,24 77,59 2,18 1,401 0,177ns 0,65

ns – diferença estatisticamente não significante / * - diferença estatisticamente significante (p<0,05)

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Os três grupos passaram pelo critério de distribuição normal dos dados

avaliados pelo teste de Kolmogorov-Smirnov (p > 0,20).

A idade média dos sujeitos de cada grupo foi 15,6 anos (dp = 1,2) para o

grupo Normal, 14,0 anos (dp = 2,0) para o grupo Classe I e 13,8 anos (dp =

2,0) para o grupo Classe II.

Tabela 2 – Comparação entre os gêneros Feminino (n=27) e Masculino (n=8) pelo teste “t” de Student.

Grupo Variável

Feminino Masculino

t P

média dp média dp

Normal

Bolton Total 90,36 1,70 90,44 1,20 -0,132 0,896ns

Bolton Anterior

77,73 2,39 76,68 1,19 1,195 0,241ns

Classe I

Bolton Total 91,17 2,58 91,25 3,24 -0,068 0,946ns

Bolton Anterior

78,01 2,66 78,66 3,64 -0,561 0,579ns

Classe II

Bolton Total 90,76 2,45 90,37 2,35 0,405 0,688ns

Bolton Anterior

77,30 2,65 77,27 2,08 0,029 0,977ns

ns – diferença estatisticamente não significante

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31

Tabela 3 – Comparação entre os três grupos (n=35, cada) pela Análise de Variância.

Grupo

Bolton Total Bolton Anterior

média dp Média dp

Normal 90,38 1,58 77,49 2,20

Classe I 91,19 2,70 78,16 2,87

Classe II 90,67 2,40 77,29 2,51

ANOVA (p) 0,324 ns 0,331 ns

ns – diferença estatisticamente não significante

70

75

80

85

90

95

Bolton Total Bolton Anterior

Normal

Classe I

Classe II

Gráfico 1 – Média do Índice de Bolton para os três grupos estudados.

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Tabela 4 – Comparação entre os valores obtidos no presente estudo (n=35) e o padrão de Bolton (n=55) pelo teste “t” de Student.

Bolton Grupo

Obtido Padrão

t p

média dp média dp

Total

Normal 90,38 1,58 91,30 1,91 2,386 0,019 *

Classe I 91,19 2,70 91,30 1,91 0,232 0,817ns

Classe II 90,67 2,40 91,30 1,91 1,377 0,172ns

Anterior

Normal 77,49 2,20 77,20 1,65 0,714 0,477ns

Classe I 78,16 2,87 77,20 1,65 2,009 0,048 *

Classe II 77,29 2,51 77,20 1,65 0,204 0,839ns

ns – diferença estatisticamente não significante * - diferença estatisticamente significante (p<0,05)

70

75

80

85

90

95

Normal Classe I Classe II Padrão Normal Classe I Classe II Padrão

Bolton Total Bolton Anterior

Gráfico 2 – Média do Índice de Bolton para os três grupos estudados e o padrão de Bolton.

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6 DISCUSSÃO

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34

6 – DISCUSSÃO

Vários autores1,2,7,12,13,16,31,43 destacaram a importância da proporção

entre o tamanho dos dentes superiores e inferiores, na obtenção de uma

oclusão satisfatória. A análise de Bolton12 (1958), tornou-se a mais indicada

para este fim, e sua utilização deve ser feita no diagnóstico e no plano de

tratamento ortodôntico.

PINZAN, MARTINS e FREITAS36 (1991) destacaram que a finalidade da

análise de Bolton é predizer o relacionamento final dos dentes anteriores e

posteriores, superiores e inferiores, obtendo-se as informações sobre a

persistência de espaços, da presença final de trespasse horizontal, ou a

dificuldade de oclusão entre os dentes posteriores, auxiliando, também, na

seleção dos dentes extraídos, desgastados ou aumentados.

A análise de Bolton demonstra que uma boa oclusão depende de uma

correta proporção entre as massas dentais presentes nos arcos maxilar e

mandibular. Ela estuda a relação dental interarcos, utilizando a maior medida

mesiodistal de cada dente permanente, compreendendo todos os dentes entre

o 1º molar permanente esquerdo até o 1º molar permanente direito, de ambos

os arcos. A proporção estabelecida é a total (os 12 dentes do arco) de 91,3%

(DP +- 1,91), e a anterior (os 6 dentes anteriores do arco) de 77,2% (DP +-

1,65)12,13.

O valor encontrado determina se há excesso de massa mandibular (caso

o resultado encontrado seja maior do que o proposto) ou maxilar (caso seja

menor), o que justificaria, então, a realização do stripping dental. Porém, pode

ocorrer de, ao invéz de excesso de massa, o que exista seja falta de massa,

como por exemplo, em arcos onde haja a presença de dentes com a coroa de

tamanho menor que o normal (dentes conoides), sendo necessário, entao, o

aumento dessas coroas com material restaurador, por exemplo. FREEMAN;

ASKERONI; LORTON19, verificaram que o excesso de massa está presente na

mandíbula (19,7%) mais vezes do que na maxila (10,8%).

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A análise de Bolton tem grande importância no planejamento e

finalização ortodôntica15,22,29,36,38,41,43,44,45, havendo diversos estudos que

avaliam a proporção de Bolton e a largura mesiodistal dos dentes7,11 ou até a

presença de fatores oclusais15,21,38,46.

BOLTON12, em 1958 determinou que pacientes com as médias das

proporções de tamanho dentário anterior e total acima ou abaixo de 2% dos

valores estabelecidos em sua pesquisa (proporção anterior: 77,2% e proporção

total: 91,3%), são classificados como portadores de discrepância de tamanho

dentário. Demonstrando que um valor acima para ambas proporções, o

excesso de massa dentária é no arco inferior, caso este valor esteja abaixo, o

excesso é no arco superior. Os valores que foram aplicados neste trabalho,

como significantes para a discrepância de tamanho dentário, seguiram o

critério de Bolton. Ademais, outros autores também acabaram adotando este

protocolo de valores1,5,19,41.

A idade média dos grupos de oclusão normal, maloclusão de classe I e

de classe II divisão 1 foi respectivamente, em anos, 15,6; 14,0; 13,8, e os

modelos em gesso dos 35 indivíduos de cada grupo da amostra deste estudo

integram um grupo homogêneo de brasileiros leucodermas, com oclusão

normal natural, criteriosamente selecionado, avaliado tanto em máxima

intercuspidação como em relação cêntrica, sendo esta a posição ideal e mais

confiável para a análise de modelos.

Os valores relacionados às medidas dos dentes foram tomados através

da aferição com paquímetro digital de modelos em gesso, avaliando-se a

espessura dos dentes anteriores e posteriores em seu maior eixo, nos arcos

maxilares e mandibulares, sempre mantendo os modelos paralelos ao solo, a

fim de evitar problemas no caso de reprodutibilidade das medidas.

A escolha pelo paquímetro digital ocorreu por o método utilizando

compasso de ponta seca ser menos confiável42, e pela melhor acurácia entre o

paquímetro digital e o paquímetro manual. Há ainda a possibilidade do

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emprego de softwares para a aferição das medidas, mas não houve diferença

estatisticamente significante entre as realizadas com o paquímetro

digital25,26,35,44,45, além de haver uma dificuldade um pouco maior para a

obtenção dos dados.

A tendência de os homens apresentarem dentes maiores do que as

mulheres no sentido mediodistal é relatada em vários

estudos6,10,17,18,20,28,39,41,43, embora WOODWORTH et al.49 tenham encontrado

incisivos inferiores menores no gênero masculino e molares maiores que o

normal no feminino.

Devido essas informações, essa pesquisa teve como um dos objetivos

verificar se há dimorfismo sexual dentro dos diferentes tipos de maloclusoes,

em relação à discrepância de tamanho dentário. Com isso, definiríamos se o

estudo seria com os dois sexos agrupados em cada grupo específico, ou se

haveria necessidade de uma avaliação separada, a fim de evitar interferências

possíveis.

Com relação às más oclusões, essa afirmação é confirmada pelo estudo

de MOTTA et al.33 com pacientes brasileiros, o qual também não evidenciou

diferenças significativas nas médias obtidas para as proporções total e anterior

entre tipos de más oclusões. Outros autores1, também acharam resultados

semelhantes. A partir desses resultados podemos afirmar que o tipo de má

oclusão não influenciaria na proporção dos tamanhos dentários interarcos.

No grupo com oclusão normal natural, o valor observado foi próximo

entre as médias obtidas para a proporção total nos sexos feminino e masculino,

sendo 90,36% e 90,44%, respectivamente, bem como um valor próximo entre

as médias para a proporção anterior, sendo 77,73% e 76,68%,

respectivamente, implicando a não ocorrência de dimorfismo sexual para estas

medidas, tornando possível o agrupamento dos dois gêneros para as demais

comparações. Com base nestes resultados pode-se afirmar que não ocorreram

diferenças significantes na relação entre os dentes inferiores e superiores,

tanto para a proporção total como para a proporção anterior, entre os sexos,

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não havendo necessidade de se realizar estudos separados nos homens. A

única medida que se apresentou aumentada no gênero feminino foi a

quantidade de apinhamento na região antero-inferior (observado durante a

medição), embora sem significância estatística.

No grupo com maloclusao de Classe I, observou-se um valor próximo

entre as médias obtidas para a proporção total nos sexos feminino e masculino,

sendo 91,17% e 91,25%, respectivamente, bem como um valor próximo entre

as médias para a proporção anterior, sendo 78,01% e 78,66%,

respectivamente, não ocorrendo dimorfismo sexual para estas medidas.

Ocorreu, neste grupo, uma maior quantidade de apinhamento na região antero-

inferior nos indivíduos do sexo masculino, também observado durante a

medição.

Em relação ao grupo de Classe II, divisão I, observou-se um valor

próximo entre as medias obtidas para a proporção total nos sexos feminino e

masculino, sendo 90,76% e 90,37%, respectivamente, bem como um valor

próximo entre as medias para a proporção anterior, sendo 77,30% e 77,27%,

respectivamente, também não demonstrando dimorfismo sexual.

As amostras foram agrupadas, uma vez que não houve ocorrência de

dimorfismo sexual, para se comparar a possível presença de relação entre os

diferentes tipos de maloclusoes (oclusão normal natural, classe I e classe II

divisão 1) e a presença, ou não, de discrepância de tamanho dentário.

Embora no Brasil os índices de Bolton sejam comumente utilizados na

ortodontia e haja a necessidade de estudos devido à extensa miscigenação

racial da população, este estudo encontrou valores para a proporção total e

para a proporção anterior muito próximos aos propostos por Bolton, permitindo

assim que sua tabela seja utilizada, mesmo tendo o autor baseado seus

valores em uma população leucoderma norte-americana.

A literatura apresenta relatos de diferenças significantes entre as

raças2,10,19,28,39,41,43, tanto nas dimensões como em proporções dentárias. Os

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indivíduos carregam características peculiares e genéticas de seus pais, e

como o tamanho e formato dos dentes sofre influencia do fator genética1,20,23, a

discrepância de Bolton também está suscetível à ela.

Em estudo realizado por HOROWITZ; OZBORNE; DEGEORGE23 em

irmãos gêmeos homo e heterozigotos, concluíram que a largura mesiodistal

dos dentes e a proporção dental anterior sofrem influencias de hereditariedade

e que o dimorfismo sexual não é presente.

Não se avaliou, nesse estudo, a influência genética na discrepância de

Bolton, mas no proposto, o dimorfismo sexual não foi estatisticamente

significante, embora autores como GARN; LEWIS; KEREWSKY20, LAVELLE28

e SANTORO et al.41, afirmem que há dimorfismo sexual entre o tamanho das

coroas dos dentes.

Em relação à proporção total de Bolton, não foi encontrada diferença

significante entre os grupos estudados, ou seja, as médias obtidas para esta

medida nos portadores de Oclusão Normal Natural, de Classe I e de Classe II

divisão I foram muito próximas, indicando que a relação entre todos os dentes

superiores com os inferiores não influencia na ocorrência das maloclusoes,

corroborando com CROSBY e ALEXANDER16, que observaram que nenhum

grupo especifico de maloclusao apresentou significância estatística nas

discrepâncias encontradas por FREEMAN et al.19, embora não tenham dividido

a amostra em grupos específicos de maloclusao. Já outros autores2, relataram

que a proporção total ou anterior é maior em indivíduos com oclusão normal,

porém, sem haver diferença estatisticamente significante para a discrepância

de Bolton entre as maloclusoes de Classe I e II. Vale citar que não foram

detalhados os critérios para a inclusão do grupo de oclusão normal.

Em estudos que compararam a freqüência de discrepância de Bolton em

indivíduos classe I e II, não houve diferença estatisticamente significante entre

as maloclusoes2, nem a presença de dimorfismo sexual23. No estudo de

MOTTA et al.33, não foram observadas diferenças estatisticamente significantes

entre as médias obtidas para proporção total e anterior entre os grupos de

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maloclusao. Segundo os autores, isso sugere que o tipo de maloclusao

presente não interfere na proporção entre os dentes superiores e inferiores.

Em um estudo de CARREIRO et al.15, afirmaram que as proporções

estabelecidas por Bolton não se aplicaram ao grupo com oclusão normal,

porém não foram estabelecidos os valores de desvio padrão e nem realizados

testes estatísticos para que comparassem seus valores aos valores de Bolton,

encontrando apenas os valores de 91,76% para a proporção total e 78,24%

para a proporção anterior. Desta forma, se fossem considerados apenas os

valores numéricos e o desvio padrão estabelecido por Bolton, comparando o

valor obtido por CARREIRO et al.15, os valores seriam coincidentes.

A escolha da amostra utilizada neste estudo se deu por não haver má

relação de molares1 entre os indivíduos com malocluções de classe I e II

divisão 1, quando se utiliza a discrepância de Bolton, que tem relação com

características dentais.

A discrepância de tamanho dentário, portanto, não é um fator isolado a

ser considerado na má oclusão e deve ser vista com bom senso pelo

profissional. Porém, ela não pode deixar de ser mais uma análise necessária a

ser incluída no diagnóstico e plano de tratamento. De modo que, quanto mais

global e abrangente for o conhecimento do profissional em relação ao paciente

que está sendo tratado, maiores as chances de sucesso na finalização do

tratamento ortodôntico.

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7 CONCLUSÃO

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7 – CONCLUSÃO

Baseado na amostra estudada, na condição em que foi desenvolvido

este estudo e de acordo com os resultados obtidos, parece-nos lícito concluir:

1. A comparação entre a proporção dental de Bolton com a Oclusão

Normal, Classe I e Classe II, Divisão 1, não apresentou diferença

estatisticamente significante.

A proporção dental total de Bolton, não se aplicou de forma

satisfatória em relação a Oclusão Normal Natural.

A proporção dental anterior de Bolton não se aplicou de forma

satisfatória em relação a maloclusão de Classe I.

2. Não ocorreu dimorfismo sexual entre as discrepâncias de tamanho

dental quando comparadas Oclusão Normal Natural, Classe I e Classe

II, Divisão 1 de Angle.

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REFERÊNCIAS

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* De acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR-6023), com adaptações

sugeridas pelas Normas para apresentação de monografias, dissertações e teses recomendada para uso

no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Área de Concentração em Ortodontia, da

Universidade Metodista de São Paulo, revisadas em 2006.

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