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Nº 1279 | set. / outubro ' 13 | Ano 30 | Mensal | Assi. Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Sede: Marco de Canaveses | t. 910 536 928 | Tiragem md.: 15.000 ex. | OFERECEMOS LEITURA Prémio GAZETA SET / OUTUBRO ’ 13 repórter do marão + norte A chuva marcou o ritmo das últimas vindimas deste ano, no Douro, mas produtores e enólogos não estão preocupados. A chuva de agosto caiu em tempo certo. Amadureceu bem as uvas, fez com que a colheita deste ano viesse prometer bons sabores e aromas. E veio também colocar no tempo certo a vindima. Já a chuva que começou a cair neste final de setembro, início de outubro, não foi tão bem recebida, mas, ainda assim, não é grave. “As uvas estão muito maduras e muito sãs. Sem doenças, o que desde já é muito bom”, afirma um conhecido enólogo duriense, que prevê bons vinhos, frescos, aromáticos e com ótimo teor alcoólico. No Douro, também há quem se queixe da falta de gente para apanhar as uvas. Histórias de vindimas. O tempo é do Douro. INDEPENDENTES apostaram e venceram Foto de capa: Patrícia Posse falta de pessoas para colher as uvas

Revista Repórter do Marão - RM 1279 - SET / OUTUBRO 2013

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A chuva marcou o ritmo das últimas vindimas deste ano, no Douro, mas produtores e enólogos não estão preocupados. A chuva de agosto caiu em tempo certo.

Amadureceu bem as uvas, fez com que a colheita deste ano viesse prometer bons sabores e aromas. E veio também colocar no tempo certo a vindima. Já

a chuva que começou a cair neste final de setembro, início de outubro, não foi tão bem recebida, mas, ainda assim, não é grave. “As uvas estão muito maduras e muito sãs. Sem doenças, o que desde já é muito bom”, afirma um conhecido enólogo duriense, que prevê bons vinhos, frescos, aromáticos e com ótimo teor alcoólico. No Douro, também há quem se queixe da falta

de gente para apanhar as uvas. Histórias de vindimas. O tempo é do Douro.

Independentes apostaram e venceram

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Uma história contada por Eduarda Freitas

[ Tex t o e Fo t o s]

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A chuva cai miudinha. Salvador Pinto, 46 anos, sor-ri. Olha em volta. Estamos em Vilarinho de São Ro-mão, Sabrosa. Desde os dez anos que Salvador traba-lha nas vinhas. Aliás, tinha apenas dez anos quando fez a primeira vindima. Esse dia, em que pela pri-meira vez cortou um cacho de uvas, teima em per-manecer na memória. “Não gostei nada! Não gostei porque fui obriga-do!”, conta entre sorrisos. “O meu pai obrigou-me a acartar os cestos...o trabalho era mais puxado, as vinhas eram diferentes”.

O tempo mudou--lhe os gostos. Ago-ra não trocava uma vindima por nada. Mais, Salvador con-ta que não troca-va o trabalho nas vinhas por nada. É caseiro de uma quinta, a mesma onde agora está a fazer vindima. A vida não lhe proporcionou ser proprietário. “Só po-dia ter uma quinta se tivesse dinheiro ou se tivesse uma herança”. Nem uma coisa, nem outra. “Mas te-nho sorte em ter trabalho”, remata. Uma sorte que diz que começou a sério quando tinha 13 anos. “Com essa idade comecei a trabalhar nas vinhas todos os dias e não só nas vindimas...”.

Menos sorte tem tido em arranjar gente para vin-

dimar. “E quem quer?”, questiona. “Por exemplo, para hoje precisava de umas seis mulheres para vin-dimar. E sabe quantas consegui? Uma! A minha mu-lher, que está de férias e veio ajudar-me!”. A experi-ência de Salvador Pinto fá-lo encontrar razões para esta dificuldade em arranjar mão de obra. “Sabe, o Douro está a ficar desertificado. Não há gente jo-

vem...ou emigram ou não querem vir para as vindimas. O pessoal que con-sigo arranjar para trabalhar é todo de 30 anos para cima”. Por cada dia de tra-balho, 8 horas entre socalcos, a quinta onde Salvador tra-balha paga de 25 a 35 euros. “Depende se é a seco ou com almoço”. E depen-de também se é ho-mem ou mulher. “O trabalho da mulher é mais leve, o do ho-mem é mais pesa-

do, por isso paga-se um bocadinho melhor. Geral-mente uma diferença de 10 euros”, diz.

A crise conhece-a bem. “Aqui no Douro há proble-mas com os pequenos viticultores por causa do ex-cesso de vinho. Plantou-se vinha em tudo que era si-tio...há tanto vinho que os preços são muito baixos. Quem sofre com isso é o viticultor que tem um ou dois hectares. Para os grandes, não há problemas”.

Salvador Pinto queixa-se de não encontrar pessoal para fazer a vindima

A mulher, de férias, foi ajudá-lo a colher as uvas da quinta de que é responsável

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04 set/out '13 | repórterdomarão

António Manuel Pereira é o caseiro de outra quinta, ali logo ao lado. É hora de almoço. As tesouras param o ritmo certo que marca o corte da uva. Despachadas, as mulheres são rápidas a ir buscar o farnel e a sentarem-se em pedras que mais parecem bancos, tal é o cansaço.

António conhece cada uma das pessoas que traz a trabalhar. Não foi preciso correr muito para arranjar gente para a vindima. Mas tal como Salvador, conhece bem as dificuldades em arranjar mão de obra. “Trabalhar nas vinhas? Para quê? Já ganham o rendimento mínimo...”, ironiza.

A chuva miúda que cai não chateia quem almoça, tão pouco quem prima pela vida da quinta. “A chuva não faz mal às uvas, porque já veio tarde. E também é pouca”, diz António.

Sentada logo ali ao lado, está Maria Natália Ribeiro. É estreante nas vindimas, apesar da meia-idade. “É a primeira vez que vindimo!”, diz, enquanto ajeita um pedaço de frango que traz num pequeno recipiente. “Sempre trabalhei nas vinhas, mas curiosamente é a primeira vindima!”, conta. No resto do ano, Maria Natália trabalha ao dia. “Vou para a quinta que me chamar. Tenho renda de

casa para pagar, tenho despesas...e vivo sozinha. Por isso, que remédio. Trabalho no que conseguir”.

O tom de voz de Maria Natália fica um pouco mais sério, para logo depois voltar ao ar brincalhão do inicio da conversa. Natália endireita uma espécie de esponja que traz ao ombro, por baixo da camisola, para que os cestos das uvas não a magoem. Depois volta a pegar no frango e com os olhos nas vinhas, saboreia a comida que trouxe de casa e que há-de durar até que o dia de trabalho acabe.

Comer para trabalhar

António Manuel Pereira,ao fundo, é o caseiro da quinta e o pai de Daniela. O seu grupo de

vindimadores durante a pausa para o almoço.

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Chuva abençoada

Ao lado, uma outra senhora, mostra o pão com costeleta que trouxe para o almoço. “Ainda tenho outro pão, um iogurte e uma laranja”, conta, com uma voz tímida. Em casa já foram sete: marido e cinco filhos. Agora são apenas quatro: ela, o marido, um filho e uma nora. “Os outros emigraram. Não há trabalho por aqui...tiveram que ir governar a vida para outro lado”.

No grupo de pessoas que agora almoça, destaca-se uma voz jovem. É uma energia contagiante que atravessa as outras mulheres que riem com as graças de Daniela. Filha do caseiro, Daniela Pereira tem 19 anos. Acabou este ano o 12º ano. Não quer ir para a universidade. Não quer voltar a estudar. “Para quê?”, pergunta a rir mas com a certeza das coisas sérias. “Tenho amigos com o 9º ano que já estão a trabalhar e eu com o 12º ainda não consegui. Ou seja, os estudos não arranjam trabalho!”, conclui.

É também a primeira vez que Daniela está a vindimar. “Tem que ser, pelo menos enquanto não arranjo trabalho melhor. Sempre dá para ganhar uns trocos”. Daniela completou o ensino secundário com o curso de animadora sociocultural. Era por aí que gostava de seguir a vida. “Se conseguir. Se não trabalho noutra coisa. Aqui ou no estrangeiro...”.

O pai encolhe o sorriso. “Ela não quer ir para fora, pois não Daniela?”. Daniela deixa escapar um sorriso contido. As outras mulheres riem-se, a olhar para António, o pai de Daniela, como que a adivinhar a vontade da filha. “Para já vou fazendo animação aqui nas vindimas. Não é, pessoal?”, pergunta em voz viva e alegre. E todos concordam entregues aos almoços. Daqui a pouco, os sacos da comida fecham-se e as tesouras pousadas a um canto regressam às uvas, num corte certeiro. Estamos em outubro. As vindimas não podem esperar.

O futuro desenha-se

longe

É a chuva que está a marcar o ritmo das vindimas deste ano, no Douro. Paulo Ruão, enólogo da Associação Lavradores de Feitoria está muito satisfeito com a colheita deste ano. A chuva de agosto caiu em tempo certo. Amadureceu bem as uvas, fez com que a colheita deste

ano viesse prometer bons sabores e aromas. E veio também colocar no tempo certo a vindima, já que até então, previa-se um atraso de uma semana em relação ao ano passado. Já a chuva que começou a cair neste final de

setembro, início de outubro, não foi tão bem recebida, mas, ainda assim, não é grave. “O único problema é que temos que tirar as uvas já nestes dias, se não podem apodrecer”, diz.

Paulo Ruão está também muito satisfeito em relação à qualidade. “As uvas estão muito maduras e muito sãs. Sem doenças, o que desde já é mesmo muito bom”. O enólogo prevê bons vinhos,

frescos, aromáticos e com ótimo teor alcoólico. Quanto à quantidade, este enólogo da Lavradores de Feitoria, que representa uma grande percentagem de quintas no Douro,

está também muito satisfeito e até acredita que este ano a produção de vinho vai ser superior à do ano passado.

Daniela Pereira, 19 anos, está

mais interessada em arranjar

um trabalho do que ir para a

universidade. E não esconde que

o estrangeiro a atrai...

repórterdomarão | set/out '13 05

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o ano zero dosINDEPENDENTES

06 set/out '13 | repórterdomarão

A ideia de que uma parte considerável do eleitorado já não se revê nos partidos tradicionais e do chamado "arco do poder" confirmou-se no último sufrágio, irreversivelmente. Os inde-pendentes vieram mesmo para ficar, como fizeram questão de salientar vários politólogos e analistas políticos. É verdade que alguns vencedores, até dos mais mediáticos, como Guilherme Pinto, em Matosinhos, são dissidentes ou "descamisados" dos partidos, como foram chamados na gíria autárquica, mas a vi-tória de Rui Moreira, no Porto, trouxe para a primeira linha da política nacional as candidaturas (e o apoio do eleitorado) de todos aqueles que estão cansados dos partidos, das suas ma-nobras ou jogadas e dos seus interesses.

A lição dos independentesE vieram para ficar. Como sublinha Miguel Sousa Tavares,

muito satisfeito por a maior vitória da cidadania ter ocorrido no seu "querido" Porto, a esmagadora maioria dos que concorre-ram à margem dos partidos já não regressarão às suas antigas formações. Os últimos resultados provam que as candidaturas independentes ficaram consolidadas. Não só para aqueles que venceram eleições e foram 13 as câmaras conquistadas no país aos partidos tradicionais mas também para os que foram elei-tos para executivos ganhos sem maioria (caso de Amarante, en-tre outros), onde a posição dos grupos de cidadãos assumem uma importância do ponto de vista político.

Representatividade na ANMPE agora? Um problema já existe, que urge resolver. Os es-

tatutos da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) não prevêem a representatividade dos independentes,

mas eles exigem estar representados, nomeadamente no Con-selho Geral.

Pedro Marques, presidente da Associação de Movimentos Autárquicos Independentes, citado pela Lusa, anunciou que a AMAI vai pedir uma audiência à direção da ANMP. "Em 2009, escrevemos uma carta ao presidente da associação de mu-nicípios e nunca obtivemos resposta", refere Pedro Marques, advertindo que a associação que dirige "não vai desistir de ter assento nos órgãos da ANMP e da Anafre".

Para aquele dirigente, "o bom resultado que estes movi-mentos tiveram nas autárquicas de domingo deve-se à con-fiança e à credibilidade que os candidatos representam nas suas autarquias", tendo anunciado que vai marcar um encontro nacional de autarcas independentes, logo após a assembleia geral da AMAI.

A participação de movimentos independentes nas eleições para os dois órgãos municipais (câmara municipal e assem-bleia municipal) aumenta desde 2005, mas nas freguesias a participação de movimentos independentes é comum desde há mais de duas décadas.

Quarta força políticaOs movimentos de cidadãos independentes são já a quarta

maior força política do poder local. Aumentaram o número de câmaras conquistadas de sete (em 2009) para 13, o número de votos passou de 4,09% para 6,90% e triplicaram o número de mandatos (344). Além disso, conquistaram três dos dez maio-res municípios do país (Matosinhos, Porto e Oeiras).

Os independentes já re- presentam mais votos e câmaras que o CDS-PP e o Bloco de Esquer-da em conjunto, embora o partido de

Paulo Portas tenha conquistado mais algumas câmaras, além da "eterna" autarquia de Ponte de Lima.

Relevante é também o facto de o aumento do número de câmaras independentes ter sido feito por renovação. Duas outras candidaturas de independentes, eventualmente com sucesso – Gondomar e no Alandroal – foram travadas pelo Tri-bunal Constitucional.

Os movimentos vencedores, de norte para sul, ocorreram em Vila Nova de Cerveira, Matosinhos, Porto, Anadia, Aguiar da Beira, Portalegre, Borba, Santa Cruz, São Vicente e Calheta, os três últimos nas regiões autónomas.

Como acontecera em 2009 e em 2005, a maioria dos vence-dores são oriundos de partidos, tendo até à data exercido car-gos de vice presidentes, vereadores ou presidentes de juntas de freguesia. As exceções entre os 13 presidentes eleitos a 29 de setembro são, segundo uma análise da Lusa, Rui Moreira (que ganhou a câmara da segunda cidade do país, Porto) e António Matos Recto (que venceu no Redondo) – nunca exerceram car-gos em partidos políticos.

A norte, as dissidências mais conhecidas tiveram sortes di-ferentes. O agora independente Guilherme Pinto, que venceu em Matosinhos, não se conformou com o seu afastamento da candidatura à câmara, imposto pela Concelhia e sancionado pela Distrital, que alegou que os estatutos não permitem avo-car o processo de escolha. Entregou o cartão de militante do PS e concorreu na condição de independente.

Em Gaia, a candidatura do independente Guilherme Aguiar, que curiosamente foi vereador de Guilherme Pinto no manda-to que agora terminou, não teve o mesmo sucesso. Ficou em terceiro (19,74%, correspondente a 27.494 votos, três manda-tos, em 139.300 votantes) e ao dividir os votos do eleitorado de

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o ano zero dosINDEPENDENTES

repórterdomarão | set/out '13 07

Guilherme Pinto renovou a maioria absoluta em Matosinhos Pedro Barros conseguiu ser eleito vereador em Amarante

direita fez cair estrondosamente uma autarquia que era do PSD há quatro mandatos.

O PSD, que apresentou Abreu Amorim depois de um con-turbado processo de escolha do candidato, não foi além de 19,97%, três mandatos e 27.813 votos.

Como consolação de Aguiar e do PSD (Amorim já fez saber que não será vereador e até coloca a hipótese de abandonar a política) apenas o facto de terem evitado a maioria absoluta ao Partido Socialista, que reconquistou uma câmara por que luta-va há muito tempo mas que Menezes nunca permitiu.

Os socialistas apostaram certeiramente em Eduardo Vítor Rodrigues, que obteve cinco mandatos, incluindo a presidência e 28,15%, correspondente a 53.146 votos.

Eduardo Vítor Rodrigues, professor universitário, admite en-tregar alguns dos pelouros às duas forças da oposição se exis-tir “um acordo programático e não um acordo de interesses”. “Prefiro ficar em minoria do que ter algum tipo de acordo de interesses”, avançou.

O socialista elogiou o dinamismo de Menezes em “muitos domínios”, mas lamentou o “despesismo" nas empresas muni-cipais, como a Gaianima, que promete “extinguir de imediato”.

Desastre de Menezes no PortoNo Porto, a disputa entre Rui Moreira e Filipe Menezes mo-

bilizou o eleitorado e Moreira saiu vencedor. É a candidatura de um genuíno independente e aquela que marcou mais a

noite eleitoral. Luís Filipe Menezes, candidato oficial do PSD, caiu estrondosamente, acabando num inesperado terceiro lugar com 21,06%, três mandatos e 24.366 votos. O candidato socialista, Manuel Pizarro, não conseguiu tirar partido da divi-são laranja e apesar de segundo não foi além de 22,68%, três mandatos e 26.237 votos. O resultado obtido pelo médico e antigo secretário de Estado da Saúde denota que os socia-listas vão ter muita dificuldade em regressar ao poder na se-gunda maior cidade do País, outrora conhecida pelas vitórias muito mediáticas de Fernando Gomes.

Os comentadores e os politólogos realçaram que no Porto funcionou a cidadania, uma espécie de ajuste de contas entre partidos e eleitores. A rejeição do vizinho Menezes foi mais que evidente…

Rui Moreira ficou à beira da maioria, tendo conquistado seis mandatos em 13. Obteve 45.411 votos, 39,25% dos 115.698 vo-tantes no Porto. Moreira, que suspendeu em junho a presidên-cia da influente Associação Comercial do Porto garantiu "que a cidade é governável" e reconheceu que desde a apresentação da candidatura acreditou na vitória.

“As pessoas que acreditam na democracia querem acredi-tar nos seus representantes, as pessoas que querem liberdade querem ter liberdade de escolha, querem que a política seja feita de uma forma séria”, sintetizou o seu pensamento. Moreira promete trabalhar com todos os eleitos da região e disse ainda que o Porto "vale por si".

Há três anos, numa entrevista ao Repórter do Marão,

quando já se falava no seu nome para suceder a Rui Rio, foi perguntado sobre o que faltava cumprir no Porto. Rui Moreira respondeu: "Falta encontrar um rumo, uma nova estratégia que contrarie a estagnação, que crie novas oportunidades. A cidade precisa de um choque vitamínico que a faça acre-ditar em si própria, que lhe liberte o talento".

A queda do PSD em Vila RealO PS alcançou a sua primeira vitória para a Câmara de Vila

Real, elegendo Rui Santos por uma vantagem de 541 votos em relação ao PSD, segundo o escrutínio provisório. Foi o re-sultado mais relevante no Distrito, onde o PS também venceu em Montalegre, Ribeira de Pena, Mondim de Basto, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, Mesão Frio e Murça. O PSD man-teve Chaves, Boticas, Valpaços, Régua, Vila Pouca de Aguiar e conquistou Alijó. “Ao fim de 38 anos fizemos história em Vila Real”, afirmou Rui Santos. O social-democrata Manuel Martins não pôde recandidatar-se ao cargo devido à lei de limitação de mandatos, pelo que o PSD escolheu para o suceder o pro-fessor António Carvalho, num processo muito moroso e que pode ter provocado algum desgaste.

Na câmara de Bragança, vitória esperada mas esmagado-ra do PSD (Hernâni Dias sucede a Jorge Nunes) sobre o PS (que candidatou Júlio Meirinhos). Ao contrário de Vila Real, os social-democratas continuam maioritários em número de municípios no Distrito.

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As derrotas do PSD em Paços de Ferreira e do PS em Amarante e na Trofa são os destaques das eleições no inte-rior do Distrito do Porto, onde social-democratas e socia-listas têm o mesmo número de presidências de Câmara. Um feito para a Distrital socialista que só não é mais robus-to porque teve dois percalços, Matosinhos e Amarante. Em ambos os casos houve uma aposta errada nos candi-datos, que se agrava na cidade piscatória por o presidente eleito ser um ex-militante, que entregou o cartão e apos-tou numa candidatura independente e de afronta ao seu antigo partido.

Em Amarante foi sobretudo o desgaste do poder so-cialista, que nem a ida a votos de uma candidatura in-dependente entre parte substancial do seu eleitorado tradicional impediu o PSD de celebrar uma vitória que perseguia há mais de uma década.

As meias surpresas são a derrota do PSD em Paços de Ferreira, depois do aviso de há quatro anos e a queda es-trondosa do PSD de Paredes, de Celso Ferreira, que per-deu 11 mil votos em quatro anos e ficou a escassos votos da derrota.

O socialista Humberto Brito que, nos últimos anos, se destacou nas críticas ao gigantesco endivididamento do Município de Paços de Ferreira e na luta contra a elevadís-sima tarifa da água e saneamento, acabou por derrubar um feudo laranja onde não se conhecia outra força polí-tica vencedora desde o 25 de abril.

O PSD, que recandidatava Pedro Pinto, perdeu cerca de 3.000 votos de 2009 para este escrutínio e isso foi sufi-ciente para o PS alcançar a maioria num bastião dos social--democratas. O PS venceu com 46,93% (14.437 votos), en-quanto o PSD ficou pelos 44,63% (13.669).

Em Paredes, o PSD colapsou e os socialistas ainda lu-tam pela vitória no tribunal. Apenas 73 votos separam as

duas forças políticas. O PSD obteve 41,10%, cinco manda-tos e 19.146 votos, enquanto os socialistas, que cresceram quase seis mil votos, obtiveram 40,94%, quatro mandatos e 19.073 votos.

A assembleia de apuramento eleitoral negou a recon-tagem de votos exigida pelos socialistas que alegam ter muitas dúvidas quanto ao resultado de Gandra, a última

das freguesias a ser apurada.O candidato do PS, Alexandre Almeida, não se confor-

ma com a decisão da magistrada que presidiu à assem-bleia de apuramento geral dos resultados das eleições de Paredes, que rejeitou o pedido de recontagem de votos.

Os socialistas, por seu turno, anunciaram que vão re-correr para o Tribunal Constitucional.

Fonte autárquica, citada pela Lusa, adianta que o pe-dido de recontagem de votos terá sido recusado por "não haver dúvidas quanto ao resultado verificado" numa das mesas da freguesia de Gandra.

Igualmente inesperada foi a derrota socialista na Trofa, que recandidatava Joana Lima. O PS obteve 9.292 votos e o PSD 10.092, precisamente 800 votos de diferença. No Marco de Canaveses, Manuel Moreira também renovou a maioria, mas a fragmentação do eleitorado (chamado a votar em cinco listas para a câmara) e o método de apu-ramento dos mandatos – a diferença entre o vencedor e o segundo é de mais de cinco mil votos – pregaram um sus-to ao PSD, que perdeu mesmo a maioria na assembleia.

O resto foram resultados mais ou menos esperados: o PSD renovou em Penafiel, com o vereador Antonino Sousa, embora o PS tenha encurtado a distância em nú-mero de votos e por isso ganhou o vereador que o PSD perdeu (agora tem 5 em 9); em Lousada ocorreu o inver-so, o PS manteve o poder mas o PSD também encurtou a vantagem dos socialistas; Felgueiras reduziu a duas for-ças políticas a presença no executivo, tendo o PSD au-mentado a votação e o número de mandatos, também por força de ter agora nove elementos – seis mandatos para o PSD e três para o PS e em Baião o PS reduziu o PSD a 18,42% dos votos (um mandato), obtendo 71,41%, com seis mandatos e 8.573 votos em 12.005 votantes.

Humberto Brito venceu à segunda tentativa em Paços de Ferreira e conquistou ao PSD uma

autarquia que governava desde o 25 de abril

Manuel Moreira vai fazer o terceiro mandato pelo PSD em Marco de Canaveses

mas perdeu a maioria na Assembleia

Vitórias 'laranja' aguardadas em Marco e Penafiel,meias surpresas em Paços e Paredes

Antonino Sousa manteve para o PSD uma autarquia que Alberto Santos (esq.) tinha conquistado ao PS há 12 anos

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Após duas décadas de poder socialista – coube a Francisco Assis, em 2009, retirar a câmara ao PSD, no que foi o arranque da sua carreira po-lítica – o eleitorado de Amarante votou em contracorrente com o país e deu a vitória a José Luís Gaspar, candidato da coligação PSD/CDS que foi a votos pela terceira vez, depois dos insucessos de 2001 e 2009. Embora sem maioria, a vitória de Gaspar representa sobretudo "a mudança" que o eleitorado já desejaria há algum tempo.

Governabilidade em minoria repete 2005

Sem maioria, a governabilidade da câmara – aguarda-se um mandato bem menos "tumultuoso" que o de 2006-09 – passará muito pelo posi-cionamento de Pedro Barros, do movimento independente Amarante Somos Todos. O gestor, que passou pela política há alguns anos e ape-nas ao nível da assembleia municipal, já deu mostras de estar disponível "para ouvir" os outros dois partidos e assegurou que assumirá o mandato.

A eleição da mesa da assembleia e sobretudo a aprovação do orçamento de 2014 farão alguma luz sobre eventuais "acordos de regime" e os posi-cionamentos dos três novos protagonistas na política amarantina – José Luís Gaspar, Dinis Mesquita (PS) e Pedro Barros.

A derrota do PS acaba por não ser surpresa, se excluirmos a "onda na-cional" e só resulta do desgaste dos últimos anos, em que o partido es-tava "claramente em perda". O PS perdeu nestas eleições mais de 4.000 votos, em 32.806 votantes. Tinha obtido 15.014 em 2005, quando três forças políticas disputaram os sete mandatos da altura, e teve 16.411 em 2009. Agora ficou pelos 12.319, 37,55 % dos votantes. A coligação PSD/CDS venceu com 39,09%, a que corresponde 12.824 votos.

"Afirmar Amarante"

José Luis Gaspar, como lhe competia, tem repetido os apelos à unida-de nas intervenções pós-vitória, convidando os seus adversários para um desígnio comum: "afirmar amarante".

O seu grande projeto de mandato será a requalificação do parque florestal e a sua transformação em parque urbano, um investimento ao alcance do Município – ao contrário de muitos outros, Amarante tem as contas equilibradas, pelo que com relativa facilidade acederá aos fundos do próximo quadro de ajudas comunitárias 2014-20.

Parque com Vida promete revolução no parque florestal

O novo presidente da câmara de Amarante propõe a construção de uma ponte pedonal de ligação da margem direita do Tâmega (na zona do Rossio) ao parque florestal – uma ideia que germina na cidade desde há uma década mas que os socialistas nunca colocaram no terreno – e a re-qualificação do parque, com novos espaços para os animais, novas áreas verdes e reforestação de outras, um parque infantil, percursos pedonais e ciclovias e um grande recinto para espetáculos e multimédia, além de áreas de aparcamento. O aproveitamento da orografia do terreno permi-tirá um amplo anfiteatro ao ar livre com grande capacidade para acolher público, na ordem das dezenas de milhar de pessoas, segundo o estudo prévio divulgado pela candidatura.

Ponte pedonal é uma ideia com 10 anos

O projeto "Parque com Vida" inclui ainda a criação de uma área des-portiva, a pensar em torneios de ténis e diversas estruturas de apoio.

A ponte pedonal a ligar as duas margens, a juzante do centro histórico e da ponte de S. Gonçalo, apresenta a particularidade de incluir a meio do tabuleiro, em plano inferior, um miradouro sobre a cidade.

José Luís Gaspar, cuja vitória demonstrou mais uma vez a força do pro-vérbio "à terceira é de vez", resume em poucas palavras o que pretende fazer nos próximos quatro anos: "A nossa terra tem um grande passado. Não há nenhuma razão para que não tenha também um grande futuro".

Mudança em Amarante ao fim de 24 anos de poder socialista

10 set/out '13 | repórterdomarão

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As eleições autárquicas de 29 de Setembro pro-porcionaram uma vitória ao PS no distrito do Por-to, que passou a ter tantas presidências de Câma-ra como o PSD, oito para cada um, mas teve mais votos, mais mandatos nas Câmaras e Assembleias Municipais e mais presidências de Juntas de Fre-guesia. Contudo, tal como sucedeu a nível nacional, a vitória do PS não representou uma “goleada” so-bre o PSD, como muitos esperariam após dois anos de uma governação centrada nas políticas de auste-ridade e no empobrecimento dos portugueses.

Começando a análise pelos oito concelhos do Tâmega e Sousa, os principais destaques vão na-turalmente para o facto de a coligação PSD/CDS ter conquistado Amarante ao PS e de este ter derrota-do o PSD em Paços de Ferreira. Em ambos os casos, colocou-se um ponto final a décadas de governa-

ção do mesmo partido e foram recompensados candidatos que tinham sido anteriormen-te derrotados.

Em Amarante, a limita-ção de mandatos obrigou o PS a encontrar um sucessor para Armindo Abreu, que curiosa-mente saiu vencedor da elei-ção para a Assembleia Muni-cipal (AM). O gestor José Luís Gaspar (PSD/CDS), que se ti-nha apresentado a eleições em 2001 e em 2009, aprovei-tou a oportunidade e venceu à terceira tentativa, por pouco mais de 500 votos. Os eleitos inde-pendentes serão o fiel da balança, tanto na Câma-ra como na AM.

Já em Paços de Ferreira, o advogado Humberto Brito, que se evidenciou ao liderar os protestos con-tra as tarifas da água no concelho, deu ao PS a vi-tória que lhe escapara há quatro anos, muito embo-ra sem alcançar maioria na AM. As polémicas em torno da concessão da água e saneamento e do ele-vado endividamento da autarquia estão certamen-te entre as principais razões para a derrota de Pedro Pinto, até aqui presidente dos Autarcas Sociais-De-mocratas.

Nos restantes municípios não houve alterações nas presidências das Câmaras. Inácio Ribeiro (PSD/PPM), em Felgueiras, e Celso Ferreira (PSD), em Pa-redes, conquistaram novas maiorias absolutas, em-bora a vitória do segundo na autarquia paredense tenha acontecido por apenas 73 votos, com a conse-quente perda de um vereador para o PS.

Nos casos de Penafiel e Lousada, os vice-presi-dentes que se apresentaram a eleições por força da limitação de mandatos, Antonino Sousa (PSD/CDS) e Pedro Machado (PS), cumpriram o desafio a que se propuseram e ganharam com maioria. Contudo, Antonino Sousa, que deixara a militância do CDS para se apresentar como independente à frente da coligação, ficou aquém dos resultados anteriores e perdeu um vereador para o PS.

Em Marco de Canaveses, Manuel Moreira (PSD) garantiu por muito pouco nova maioria absoluta

no executivo, mas perdeu-a na AM, o que abre um novo ciclo político neste município. O anacrónico movimento de Avelino Ferreira Torres perdeu boa parte do seu peso eleitoral, mas conseguiu manter dois vereadores. O PS, que recuperou de um período muito negativo nos últimos anos, ficou a escassos oito votos de eleger um segundo vereador, que reti-raria a maioria ao PSD na Câmara, e passa a ter um peso significativo na AM com a conquista de sete Juntas de Freguesia.

Em Baião, o líder distrital do PS, José Luís Car-neiro, obteve uma vitória retumbante ao alcançar 71,41 % dos votos, elegendo seis dos sete membros do executivo. Um resultado que atesta a excelente relação que conseguiu construir com os seus mu-nícipes. O resultado alcançado, a sua posição des-tacada no seio do PS e a relação que mantém com

António José Seguro fazem dele um dos nomes em perspectiva para a presidência da Associação Na-cional de Municípios Portugueses.

Na área metropolitana do Porto houve várias mudanças e o impacto político destas eleições au-tárquicas foi, sem dúvida, muito grande. A situação política e social favoreceu desde logo o reforço das posições da CDU, que aumentou o número de vo-tos e mandatos e passou a contar com vereadores em Matosinhos, Gondomar, Maia, Valongo e Porto.

Na Póvoa de Varzim e em Vila do Conde, a limi-tação de mandatos obrigou a mudar as lideranças, mas os experientes vice-presidentes Aires Pereira (PSD) e Elisa Ferraz (PS) garantiram vitórias maio-ritárias aos seus partidos, apesar da perda de um vereador pelo PS em Vila do Conde. O mesmo suce-deu ao PSD na Maia, que elegeu confortavelmente Bragança Fernandes para um último mandato, mas perdeu um vereador para a CDU. Ainda não foi des-ta que o PS conseguiu encontrar um candidato ca-paz de se intrometer na luta pela vitória na Maia.

Em Santo Tirso, o regressado Joaquim Couto (PS), antigo presidente da Câmara, governador civil e deputado, ganhou tranquilamente, depois de um conturbado processo de nomeação no seio do seu partido, em que contou com a oposição do anterior presidente, Castro Fernandes.

A única conquista do PSD na AMP sucedeu na Trofa através de Sérgio Humberto, professor e de-putado desde a última remodelação governamen-

tal. O PS, que ganhara a Câmara em 2009, não con-seguiu evidenciar méritos suficientes para renovar esse mandato, como há algum tempo se percebia.

As grandes vitórias do PS aconteceram em Va-longo, Gondomar e Gaia, onde recuperou o poder ao fim de muitos anos, embora com cambiantes di-ferentes. O quadro da AICEP e ex-deputado José Ribeiro, que já se candidatara em 2005, venceu em Valongo, mas está obrigado a entender-se com a oposição. Marco Martins, actual presidente da Jun-ta de Freguesia de Rio Tinto, soube tirar partido do impedimento que recaiu sobre o movimento de Va-lentim Loureiro e conseguiu uma ampla maioria em Gondomar. Em Gaia, o professor universitário Edu-ardo Vítor Rodrigues, vereador e antigo autarca de freguesia, ganhou uma das eleições mais disputa-das. A embrulhada criada pelo PSD com o processo

de sucessão de Luís Filipe Me-nezes, fazendo surgir duas can-didaturas da mesma área po-lítica que se digladiaram, e a crescente censura a um mode-lo de gestão autárquica assen-te no endividamento criaram as condições políticas para o PS recuperar a autarquia gaiense.

As vitórias de candidatu-ras independentes em Matosi-nhos e no Porto constituíram uma forte derrota para os dois maiores partidos. No primeiro caso, a forma como o PS empur-rou porta fora Guilherme Pin-

to, presidente da Câmara em fun-ções, para atender apenas à vontade do aparelho do partido, foi um erro tremendo. De uma vez por to-das, os partidos têm de perceber que há vida para lá das sedes partidárias e que ganhar uma conce-lhia é muito diferente de conquistar o eleitorado de um município. A dimensão da derrota de António Parada foi um bom exemplo disso.

No Porto, o economista Rui Moreira ganhou de forma categórica, contra todas as previsões iniciais, congregando pessoas de várias proveniências, mui-tas das quais nunca se tinham envolvido na políti-ca activa. Muito mais do que o apoio do CDS, Morei-ra contou com o espírito livre do povo do Porto, que quis travar o populismo e as megalomanias de Luís Filipe Menezes. O voto útil em Moreira acabou por penalizar também o socialista Manuel Pizarro, que, apesar das suas qualidades pessoais e políticas, teve menos cerca de 30.000 votos face aos resulta-dos alcançados por Francisco Assis e Elisa Ferreira nas anteriores eleições. Também neste caso se de-monstrou que não basta ter a estrutura partidária unida para alcançar vitórias autárquicas.

Por último, uma nota para o facto de ter havi-do cerca de 100.000 votantes a menos no distrito e para o aumento de aproximadamente 40.000 vo-tos brancos e nulos em relação às autárquicas de 2009. São dados que devem interpelar os partidos e os agentes políticos, uma vez que este crescen-te alheamento e desinteresse não é benigno para a democracia. Os partidos devem empenhar-se em compreender o que está por trás deste fenómeno.

Autárquicas no Distrito do Porto vistas à lupa

A análise deJosé CarlosPereira

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22 outubro'12 | repórterdomarão22 outubro'12 | repórterdomarãoCentros de Promoção Produtos LoCais: MARCO DE CANAVESES: DOLMEN - Alameda Dr. Miranda da Rocha, 266 | T. 255 521 004 BAIÃO: DOLMEN - Rua de Camões, 296 | T. 255 542 154

A Cooperativa Dolmen lidera a nível na-cional a taxa de execução do programa Pro-DeR entre a quase meia centena de organis-mos de gestão do programa comunitário de apoio ao desenvolvimento local, os GAL - Gru-pos de Ação Local. Com data de referência a 30 de agosto, a taxa de execução atingia 65% e a taxa de compromisso 95%, englobando 101 compromissos de investimento. A Dolmen re-gista ainda uma das mais baixas taxas de de-sistência.

O presidente da Dolmen, Telmo Pinto, faz um retrato do andamento dos projetos em cur-so no território do Douro Verde, que engloba as sub-regiões do Baixo Tâmega e do Douro Sul – os concelhos de Amarante, Baião, Cinfães, Marco de Canaveses, Resende e Penafiel.

"A Dolmen é a instituição que está em primeiro lugar na taxa de execução. Es-tamos com 65% à data de 30 de agosto de 2013 e no fim do ano estaremos com uma taxa de execução muito perto dos 80% que é, sem margem para dúvida, a instituição a gerir o ProDeR no Continen-te e nas Ilhas que está claramente à fren-te. É sinal da vitalidade do nosso territó-rio e que a Dolmen também apostou nos promotores que apresentaram as candi-daturas e acertou, porque foram promo-tores que quiseram executar, ao contrário

do que aconteceu em muitos outros ter-ritórios que viram projetos aprovados e depois abandonaram o investimento. No nosso território isso não aconteceu em termos de desistências.

É sinal que o nosso território tem po-tencial e tem promotores com condições de investir e apostar no território.

Penso que vamos chegar ao fim de 2014 [o programa comunitário termina no final deste ano mas há mais um ano para concluir os investimentos] com uma taxa muito perto dos 100%, e talvez até ultrapassar. Nós estamos neste momen-to a querer chegar aos 100% e porventu-ra ainda conseguiremos algumas reservas de outros grupos que não têm condições de executar e o nosso território tem con-dições de executar mais projetos."

- Uma espécie de reserva de eficiência?

"Não é bem uma reserva de eficiência, a Autoridade de Gestão poderá permitir num ou noutro grupo, numa ou outra re-gião, que não tenha condições de execu-tar mais e outras que não consigam exe-cutar, transferir algumas verbas de um grupo para outro. Só em meados de no-vembro haverá uma decisão da Autorida-de de Gestão."

DOLMEN LIDERA EXECUÇÃO NACIONAL DO PRODERTaxa de 65% no final de agosto e a de compromisso de investimento nos 95%

CRUZEIRO PROMOCIO

NAL

DO DOURO VERDE

A Dolmen, Cooperativa de Formação, Educação e Desenvolvi-mento do Baixo Tâmega, CRL, enquanto membro da parceria li-derada pela Minha Terra – Federação Portuguesa de Associações de Desenvolvimento Local, é uma das entidades autorizadas a praticar atos de gestão operacional da Bolsa de Terras, de acor-do com despacho n.º 12109/2013, de 23 de setembro, nos con-celhos de Amarante, Baião, Marco de Canaveses, Cinfães, Pena-fiel e Resende.

O Ministério da Agricultura e do Mar autorizou 225 entidades idóneas que se constituirão como uma rede de proximidade jun-to dos proprietários e demais interessados, com vista à divulga-ção e dinamização da Bolsa de Terras.

A Bolsa de Terras aplica-se aos prédios rústicos e à parte rús-tica dos prédios mistos, integrados voluntariamente pelos seus proprietários ou seus representantes, com aptidão agrícola, flo-restal e silvopastoril, e visa facilitar o acesso à terra através da sua disponibilização, quando não seja utilizada, e uma melhor identi-ficação e promoção da sua oferta, para arrendamento, venda ou outros tipos de cedência.

Os atos de gestão contemplados no despacho correspondem à divulgação e dinamização da Bolsa de Terras; prestação de in-formação; promoção da comunicação entre as partes interessa-das; verificação da informação relativa à caracterização dos pré-dios prestada pelos proprietários que disponibilizem os seus prédios; envio de informação à Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Regional (DGADR) para disponibilização na Bolsa de Terras, após cumprimento dos procedimentos necessá-rios por parte dos proprietários; e apoiar a celebração de contra-tos, em representação da DGADR.

Para mais informações, contactar a Dolmen em Marco de Canaveses (Alameda Dr. Miranda da Rocha, 266 | 4630-200 Marco de Canaveses | 255 521 004) ou Baião (Rua de Camões, 296 | 4640-147 Baião | 255 542 154).

Dolmen reconhecida para atos de gestão da Bolsa de Terras

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repórterdomarão | outubro'12 23

agenda | crónica

repórterdomarão | outubro'12 23

agenda | crónica

Centros de Promoção Produtos LoCais: MARCO DE CANAVESES: DOLMEN - Alameda Dr. Miranda da Rocha, 266 | T. 255 521 004 BAIÃO: DOLMEN - Rua de Camões, 296 | T. 255 542 154

Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

DOLMEN LIDERA EXECUÇÃO NACIONAL DO PRODER- Quais as perspetivas?

"Neste momento, somos sem margens para dúvidas o grupo, a associação de de-senvolvimento que ao longo de um ano executou mais. É sinal que há condições de poder receber mais financiamento e ao receber mais financiamento estamos a apoiar mais iniciativas porque nós temos um overbooking muito superior às verbas que temos disponíveis."

- Além dos investimentos em turismo no es-paço rural, defende-se que o próximo qua-dro comunitário deveria também alargar os apoios a pequenos negócios de transforma-ção de produtos locais. Qual é a opinião da Dolmen?

"Penso que a proposta que está em cima da mesa vai tentar cobrir essa lacu-na, através do eixo 3. À partida aponta--se que seja uma abordagem multifundos e que haja possibilidade de apoiar estas pequenas iniciativas. Há numa ou nou-tra área pequenas indústrias de transfor-mação, nomeadamente no fumeiro, nas compotas, mel e também de queijo, em-bora não sejamos uma região com muita tradição, que poderão beneficiar dessas ajudas. Quanto mais oferta e mais diver-sificada mais atrativo se torna o nosso ter-ritório".

- A Dolmen pode vir a assumir-se também como uma entidade de certificação?

"É um caminho que se tem de explorar cada vez mais. Eu penso que há condições técnicas, estamos neste momento no pro-cesso de qualificação e num próximo tem-po também de acreditação da nossa insti-tuição. A seguir temos de criar condições, através da certificação, para que possa-mos qualificar a nossa oferta de produtos mais tradicionais de forma a promover a sua singularidade".

- Quais são os desafios da Dolmen para os próximos anos?

“Num momento de grande crise, temos de perceber que não podemos fazer mais do mesmo. Temos de acrescentar muito mais ao que fazemos pelo território, de modo a promover o Douro Verde de for-ma integrada, ou seja, em rede com to-dos, municípios e operadores turísticos da região. O nosso propósito é vender a singularidade do conjunto e não a singu-laridade de cada concelho, potenciando as riquezas culturais, patrimoniais, paisa-gísticas e gastronómicas do nosso territó-rio. Os rios Douro e Tâmega, mas também as serras do Marão, Aboboreira e de Mon-temuro devem ser o indutor do desenvol-vimento integrado dos seis concelhos."

Taxa de 65% no final de agosto e a de compromisso de investimento nos 95%

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RESPINGOS – V1. A Pedro Passos Coelho — independentemente da bondade ou maldade

das suas opções, a meu ver mais maldade do que bondade, como tenho dei-xado dito e entendido por mais de uma vez — não se podem negar algumas qualidades políticas. Uma delas é a tenacidade: não foge do pântano, como fez António Guterres após as autárquicas de 2001, ou Durão Barroso, ao chei-ro de ocupação que lhe untasse mais a barba. Não. Passos Coelho mantém uma firmeza impressionante e vai aparando os sucessivos golpes com uma determinação quase estóica, buscando alternativas que levem o seu barco (não necessariamente o nosso barco) a bom porto.

É certo que por vezes essa determinação não é acompanhada do necessário fair play, isto é, de serenidade e de capacidade de aceitar civilizadamente os reveses. Talvez isso seja uma consequência da sua juventude, ou seja, do cha-mado ‘sangue na guelra’ — nada que o amadurecimento natural não resolva.

É o caso da sua reacção ao chumbo da requalificação dos funcionários pú-blicos (cínica maneira de dizer despedimentos) no Tribunal Constitucional, que comprometeu metas e expectativas acordadas com a Troika. Reagiu o primeiro-ministro com fair play? Não. Desatou a disparar aqui e ali desabafos mal-humorados que acabaram num insulto velado: falta bom senso aos senho-res juízes do Tribunal Constitucional.

Já seria tempo de Passos Coelho e o seu governo perceberem que o Tribunal Constitucional não tem que decidir politicamente: tem apenas que contrastar as leis que lhe chegam para fiscalização com o texto da Constituição. O que quer dizer que não é boa política ‘deitar o barro à parede’, como tem feito ordinariamente o governo, assim como quem diz: se pegar, pegou; se não pegar, paciência. A boa política será pôr aquela chusma de assessores jurídicos (que por lá andam nos ministérios a sugar o seu) a estudar com competência, como lhes é exigível, os diplomas e vetar (é um modo de dizer) eles próprios, preventivamente, aqueles que ferem a lei fundamental do país. As leis é que têm de se conformar à Constituição, não é a Constituição que tem de se con-formar às leis.

A Constituição, tal como está, é um obstáculo inultrapassável a toda a ac-ção governativa? É natural. Não podemos esquecer que é uma lei datada, que correspondia a ideais e pressupostos políticos e económicos que podem en-tretanto ter envelhecido. Mas há mecanismos que permitem que seja alterada; pelo menos essa porta deixaram-na aberta, os voluntariosos constituintes de 1976. Só que para isso o governo precisa, no mínimo, do entendimento com o PS — coisa que também não vemos o primeiro-ministro procurar com par-ticular entusiasmo.

Quer dizer: mude-se a Constituição, não se provoquem nem enxovalhem os juízes que velam por ela.

2. Vejo na televisão, em imagens de arquivo, Paulo Portas a tomar posse como vice-primeiro-ministro. «Eu, abaixo assinado, juro por minha honra que cumprirei com lealdade as funções que me são confiadas.» E não posso deixar de sorrir. Com lealdade? Como pode ser leal para com a pátria quem não con-segue sê-lo consigo próprio?

Paulo Portas toma atitudes irrevogáveis, destinadas a ser revogadas na pri-meira oportunidade. É isso lealdade para consigo próprio?

Já agora, veremos qual o grau de lealdade de que é capaz, no que respeita àquela coisa dos cortes nas pensões e da convicção com que afirmava em tempos não aceitar no país um ‘cisma grisalho’. Presumivelmente será grau zero, e deixará de ser incomodado pela ideia do tal cisma com a mesma natu-ralidade e desenvoltura com que revogou o irrevogável.

Não há nada a fazer. Paulo Portas é assim mesmo. Ele é, mutatis mutandis, como os escorpiões. Picar está-lhe na massa do sangue e, quando chega a altura, têm de picar, ponto final, parágrafo.

A.M.PIRES CABRAL

Vitorino apresenta em Vila Reala sua já longa carreira musical

O músico Vitorino apresenta, no dia 19, em Vila Real, o recital "Cantar e Contar Histórias". Neste espetáculo, o cantor faz uma retrospetiva dos 39 anos da sua car-reira, em que apresentará os seus maiores êxitos, como "Menina que estás à janela", "Queda do Império", "Leitaria Garrett", entre outros.

Vitorino ainda dará a voz a vários temas do cancioneiro alentejano que o artista tem vindo a renovar, acompanhado de Sérgio Costa ao piano, Carlos Salomé na gui-tarra, Rui Alves na bateria e Daniel Salomé no saxofone e clarinete.

O evento está agendado para as 22:00 no Grande Auditório do Teatro de Vila Real e tem um custo de 10€.

crónica / diversos

14 set/out '13 | repórterdomarão

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.

[email protected]

RM 1279 - Out 13

A Câmara de Paredes está a promover, pelo quinto ano consecutivo, mais uma edição do programa "Conheça o Património - O Lugar e os Homens", que decorre até 12 de outubro. Esta iniciativa, organizada pelos Pelouros da Cultura e Turismo, tem como público-alvo a população das freguesias do concelho de Paredes com o objec-tivo "de proporcionar o conhecimento dos diferentes valores patrimoniais dispersos pelo território". As inscrições e os transportes são gratuitos.

Paredes divulga património

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crónica

repórterdomarão | agosto'13 15

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Manuel Moreira destacou ainda o fac-to das obras inauguradas permitirem «maior mobilidade aos cidadãos diferen-tes. Esta foi, sem dúvida, uma das nossas grandes preocupações», assegurou.

Neste dia comemorativo estiveram presentes o Presidente da Câmara Muni-cipal, Manuel Moreira, que se fez acom-panhar do seu Executivo; o Presidente da Assembleia Municipal, António Couti-nho, o representante da Comissão Direc-

tiva do ON2 - Novo Norte, Carlos Duarte; o arquitecto Rafael Magalhães, responsá-vel pelo projecto; representantes da em-presa Huila, a quem foi adjudicada a obra; Presidentes de Junta de Freguesia; Depu-tados Municipais; entre outras entidades e personalidades.

A comitiva percorreu as várias aveni-das, ruas e praças intervencionadas, as-sistindo a diferentes momentos de ani-mação que pretenderam celebrar a

revitalização e a nova dinâmica criada na cidade do Marco de Canaveses. Um pro-jecto pelo qual «lutamos muito, duran-te sete anos, para que fosse possível, em primeiro lugar, garantir o financiamento e depois a sua concretização. Consegui-mos e, por isso, estamos muitos felizes», observou Manuel Moreira.

As obras de requalificação dotaram o centro urbano do Marco de novas infraes-truturas; espaços públicos de qualidade;

Cidade do Marco mais convi dativae com melhor qualidade de vidaForam inauguradas em Setembro as obras de Requalificação Urbana da Cidade do Marco de Canaveses. A cerimónia foi presidida pelo Presidente da Câmara Municipal, Manuel Moreira. Um investimento de quatro milhões de euros, que teve como objectivo valorizar e modernizar «a nossa sala de visitas tornando-a mais bonita, harmoniosa e acessível para todos. Uma cidade convidativa e com melhor qualidade de vida para quem vive, trabalha e visita o Marco de Canaveses», disse o Edil Marcoense.

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novas formas de mobilidade, de acessi-bilidade e de reordenamento de trânsito; reorganização de estacionamento; no-vas pavimentações; passeios mais largos e melhores condições de acessibilidade; mais passadeiras; novas paragens de au-tocarro; novos reguladores de fluxos de iluminação pública para uma maior efi-ciência energética; renovação das redes de água e saneamento; alargamento da rede de gás natural; mobiliário urbano e áreas verdes, não esquecendo o lado am-biental do projecto, com a colocação e re-posicionamento de vários equipamentos de recolha de resíduos.

Na sua intervenção, o Presidente da Câmara Municipal, Manuel Moreira, con-

fessou que «hoje é um dia feliz para o Marco de Canaveses». «Procuramos criar um ambiente urbano diferenciador e de valor acrescentado, uma cidade revita-lizada que valoriza o nosso Concelho e que irá proporcionar uma outra dinâmica ao nosso comércio local. Numa altura em que o País e a Região atravessam grandes dificuldades financeiras, a Requalificação Urbana da Cidade do Marco de Canave-ses constitui um instrumento de estímulo à economia local, quer pelo investimento directo quer pelo indirecto», sustentou o Autarca.

Manuel Moreira apelou aos muníci-pes para que avancem com a renova-ção das fachadas dos edifícios, «o que felizmente já está a acontecer em várias zonas da cidade». Adiantou ainda que, nesse sentido, «na próxima Assembleia Municipal vai ser apresentado um Pro-grama Estratégico de Reabilitação Ur-bana, através de uma Área de Reabilita-ção Urbana, que permite a execução de obras de reabilitação do edificado com incentivos fiscais, nomeadamente: redu-ção da taxa de IVA de 23% para 6% nas empreitadas; IMT - isenção na 1ª trans-missão de imóvel reabilitado em ARU ex-

clusivamente a habitação própria e per-manente e IMI - isenção por um período de 5 anos, o qual pode ser prorrogado por mais 5 anos».

Com a Requalificação Urbana, a cida-de do Marco de Canaveses ganha tam-bém mais acções de dinamização a nível do comércio tradicional, de eventos cul-turais, sem deixar de lado a componen-te social.

O Presidente da Câmara Municipal agradeceu ainda «a todos os cidadãos, e em especial, a todos os moradores, comer-ciantes e serviços que foram afectados pe-las obras, pela compreensão e paciência manifestadas ao longo da realização das mesmas. O meu muito obrigado pela vos-sa colaboração para que, hoje, possamos inaugurar uma obra bonita e uma cidade que vale a pena visitar!».

Refira-se que este projecto inclui, ain-da, a requalificação da antiga Casa do Povo de Fornos - agora designado Marco Fórum XXI - que para além dos serviços locais de Segurança Social, terá aí todo um conjunto de serviços públicos de apoio à população, Sala de Espectáculos, Espaço Municipal da Juventude e a Sede da futura Junta de Freguesia do Marco.

Cidade do Marco mais convi dativae com melhor qualidade de vida

PuBLirePortaGem

Produção editorial da responsabilidade da C.M. MARCO DE CANAVESES

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MÁRIO de CARVALHOO festival literário Escritaria, que se realiza anual-

mente em Penafiel no início de outubro, homenageia este ano Mário de Carvalho. No evento, que decorre no Museu da cidade, participam o ator Carlos Avillez, o humorista Ricardo Araújo Pereira e a também es-critora Lídia Jorge, segundo anunciou a organização.

A organização confirmou também as presenças de Pedro Vieira, das "Produções Fictícias", Gonçalo M. Tavares e Mónica Baldaque, escritores, José Car-los Vasconcelos, jornalista, José Fanha, arquiteto, e Marie-Hélène Piwnik, tradutora francesa.

Durante o festival literário será lançado um novo livro de Mário de Carvalho, 69 anos. A obra tem o títu-lo “A liberdade de Pátio” e reúne sete contos inéditos.

A organização adianta que são "Sete contos, sete histórias que representam a multiplicidade de regis-

tos na escrita inigualável de Mário de Carvalho”. A apresentação vai ser feita por Paula Morão.

No programa, destaca-se também a conferência "Mário de Carvalho, vida e obra" e a apresentação de um livro que reproduz os melhores momentos do Es-critaria de 2012, dedicado a António Lobo Antunes.

Como é habitual, a cidade contará com obras de arte de rua alusivas à obra e à vida do autor durante os três dias de evento.

Teatro de rua, conferências e apresentações de li-vros são atividades também incluídas no festival lite-rário organizado pela Câmara de Penafiel.

Nas edições anteriores do Escritaria foram home-nageados os escritores Urbano Tavares Rodrigues, José Saramago, ambos já falecidos, Agustina Bessa Luís, Mia Couto e António Lobo Antunes.

cultura

18 set/out '13 | repórterdomarão

A LIBERDADE DO PÁTIO: «Um homem é incumbido de trans-portar uma estranha caixa contendo uma cabeça. Um excelso professor vê-se condenado a passar o resto dos seus dias numa prisão deveras invulgar. A história por detrás da internacionali-zação de uma das maravilhas culinárias de Portugal. Quatro pro-fessores reformados que o destino uniu num jardim municipal decidem aliar as suas bibliotecas. Um frequentador assíduo do metro calha em faltar com a sua palavra, despertando a indigna-ção de um dos funcionários. Um comandante da Marinha inca-paz de aceitar um não. As memórias da iniciação sexual de um jovem, num tempo em que os tios tomavam a seu cargo essa ta-refa. Sete contos. Sete histórias que representam a multiplicida-de de registos na escrita inigualável de Mário de Carvalho.»

no festival literário Escritaria — Penafiel

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repórterdomarão | agosto'13 19

Page 20: Revista Repórter do Marão - RM 1279 - SET / OUTUBRO 2013

Armando MiroJornalista

opinião

No exercício da profissão acompanhei mais de uma dú-zia de «épocas de incêndios». É um termo que parece cada vez mais adequado pois, como se fosse época de caça, de moda ou de outra qualquer actividade com ciclos e objec-tivos definidos e determinados - como seja naquela a pre-servação das espécies - no fogo parece a lembrança aos pi-rómanos que chegou a hora do fósforo, e a prevenção aos que com tal lucram que a torneira da massa vai abrir. Esta ainda tem a vantagem de aviso prévio com os polémicos concursos que lhes garantem a espórtula.

Ainda comecei a juntar documentação e pesquisa para dedicar ao assunto. Porém, com tantos «especialistas» que a Comunicação Social nos brindou em debate e “debite”, achei que não valia a pena perder tempo com tal. Estava tudo bem entregue, ou seja, bem sabido, conhecido e, es-sencialmente, o como fazer por ser dito de alta cátedra. Fi-quei descansado: pelo menos onde ardeu, já não volta a ar-der tão cedo.

Resta aquilo que mo lembrou numa reportagem, com alguma dimensão, que o meu jornal de então me publi-cou onde escrevi que, quando a floresta arde, quase toda a gente ganha com isso.

Acompanhei na altura técnicos dos Serviços Florestais, da Direcção Regional de Agricultura, dos bombeiros e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). As-sisti a debates e conferências importantes onde quando ar-dia pouco todos queriam ser obreiros do feito, ficando a culpa irremediavelmente solteira quando era imensa a ca-lamidade.

Recordo também o assacar de culpas aos madeireiros, aos pastores, aos pirómanos (embora não fosse esta como

hoje a maior atribuição), e por aí se ficava. Enaltecia-se a prevenção quando ardia pouco, embora ela fosse quase sempre a mesma ou seja pouca ou nenhuma. Lamentava--se a sua ausência quando já nada havia a fazer. Até assis-ti, em épocas eleitorais, a sessões públicas de entrega de cheques de subsídios aos que tinham perdido algo com o fogo, lembrando os que à cerimónia presidiam, dos autar-cas aos extintos governadores, a magnanimidade do ben-feitor.

Lembro ainda uma reunião com o então ministro da agricultura – responsável desaparecido agora de cena como se o fogo fosse acção bélica para forças para-mili-tares, ou para estes como se reclama em última instância. Também já se pede que ponham a trabalhar nisso os do “rendimento mínimo” e os pirómanos suspeitos. Perguntei então por que é que quando falava de “combate” aponta-va os muitos milhares de contos que a isso destinava, e na prevenção os números eram em percentagem. Acrescen-tei: se no ano passado se gastaram cem escudos, ao gastar agora dois ou três contos de réis a grande aposta é para a prevenção que vai subir dois ou três mil por cento...

Hoje o espectáculo mediático diz-nos que não aprende-mos com os outros que já o fizeram com bons resultados, ou seja, a redução noticiosa ao mínimo e essencial, o que baixou drasticamente as ocorrências. Por cá até parece um concurso para ver onde arde mais, quem tem “mais meios aéreos, viaturas e homens no teatro das operações” como gostam de relatar os camaradas de profissão. Só falta o slo-gan promocional: “faça arder a sua terra para ver quem tem mais tempo de televisão...”

Também o renovo espontâneo, em que se espera algum

A “mijinhA” do cãoA mArcAr o território

20 set/out '13 | repórterdomarão

“Euro Pesadelo, Quem Comeu a Classe Média?”, por Aleix Saló, Bertrand Editora, 2013, é um livro surpreen-dente, original do princípio ao fim. Aleix Saló é autor de verdadeiros fenómenos editoriais, é uma figura des-tacada da moderna contracultura espanhola, tem o seu nome ligado a trabalhos de animação, vídeo e desenhos de vinhetas. Com este livro, e fazendo recurso a um dese-nho sugestivo ao lado do texto, Aleix Saló traz advertên-cias inquietantes: quando a classe média protagoniza um filme de terror, a Europa treme. Por isso, ele convoca me-dos ancestrais e discreteia sobre a história da Europa já que atualmente ela é percorrida por um estranho fantas-ma. E explica: “É o fantasma da pobreza, que se estendeu pelo continente apanhando toda a gente de surpresa. Os cidadãos passaram, em tempo recorde, da abundância à escassez, das conversas sobre desporto a discussões so-bre economia, défice e dívida. As filas, na rua, já não são para comprar alguma coisa mas sim para os centros de emprego. E onde antes existiam sucursais bancárias que inundavam de dinheiro quem entrava, existem agora ca-sas de penhores e locais de compra e venda de ouro”.

Uma tentativa de demonstração de que a civilização e a cultura europeias são assunto complexo, mostra como o Crescente Fértil, fora da Europa, que teve um impac-to decisivo na organização do continente, a democracia, a filosofia, a escultura, o teatro, entre outros, foram ma-nifestações que assentaram em poderosos intercâmbios culturais onde a Ásia menor, o Egipto e o restante norte de África pesaram na formação europeia, na constituição do feudalismo, do poder papal, das cruzadas em direção à Terra Santa, na tensão entre o Islão e a Cristandade. E re-corda o autor: “Apesar da identidade cultural ter sido re-sultado da reação contrária à cultura islâmica, esta últi-ma teve um papel mais relevante nas raízes europeias do que aquilo que muitos estariam dispostos a admitir hoje em dia. Sem ir mais longe: durante os dois primeiros sé-culos da Idade Média, enquanto os reinos cristãos manti-nham os escritos do seu passado greco-romano perdidos no esquecimento, definhando, guardado, num punhado de mosteiros, os reinos muçulmanos recompilaram e tra-duziram profusamente todos os tratados e relatos da Era Clássica que conseguiram encontrar, especialmente os que falassem de ciência”.

Saltando para o presente, o autor considera que 2001 foi o ano dos três impactos: Primeiro, com o 11 de setem-bro, o mundo tornou-se num lugar muito mais hostil, os Estados Unidos sentiram-se legitimados para ocupar o Afeganistão, começou uma perseguição implacável aos

terrorismos. Mas convém não esquecer que psicopatas como Anders Breivik invocaram os imigrantes muçulma-nos e os valores do ultraconservadorismo. Não se pode esquecer o pano de fundo dos ecossistemas sociais dos países em desenvolvimento que têm vindo a ser profun-damente afetados pela escalada das armas. O autor forja um país, a Lixadolândia, antiga colónia de uma potência europeia, país rico em recursos naturais, dominado por uma elite corrupta que tinha ocupado o lugar dos colo-nos depois da sua partida, o país passou a ser assistido por diversas organizações estrangeiras que lhe adminis-travam os serviços socias e de saúde, não obstante acen-tuou-se um clima social de insegurança e violência, de-pois chegaram o FMI e o Banco Mundial, nenhum dos problemas fundamentais do país encontrou solução, a Lixadolância entrou numa espiral de endividamento.

euroPesAdelo, Quem comeu A clAssemédiA?

Beja Santos Ex-Assessor D.G.Consumidor

Page 21: Revista Repórter do Marão - RM 1279 - SET / OUTUBRO 2013

Segundo, desde finais do século passado que irromperam movimentos reivindica-tivos antiglobalização e de protesto global, constituído por jovens para os quais não existia causa pela qual não valesse a pena lutar, desde a ecologia e o multiculturalis-mo, passando pela legalização das drogas leves até à mobilização contra o racismo e o fascismo. A queda do Muro de Berlim foi o certificado visível do fracasso do modelo soviético, marcou o triunfo do modelo económico dos Estados Unidos, um estado ma-gro e leve, desenhado para não intervir nos fluxos do mercado nacional e que concede todo o protagonismo à iniciativa privada e à lei da oferta e da procura. Com a criação da Organização Mundial do Comércio surgiram as deslocações em massa das fábricas, crescentes abusos de exploração do trabalho, atentados devastadores ao ambiente. Aumentaram assombrosamente as trocas, multiplicaram-se os investimentos, encur-taram-se as distâncias e desapareceram fronteiras comerciais. Mas não nos iludamos, não há termo de comparação possível entre o poder aquisitivo e os direitos de um tra-balhador francês comparativamente aos da Malásia ou Tailândia. Tudo parecia sorrir à classe média europeia norte-americana com esta proliferação de produtos de consu-mo a preços baixíssimos. Mas foi euforia de curta duração: a entrada massiva destes produtos sacudiu a indústria europeia, incapaz de competir com custos tão baixos; os trabalhadores das indústrias que permaneceram na Europa viram a sua capacidade de pressão nas negociações laborais diminuir drasticamente. No fundo, era também um processo que já tinha sido atiçado pelos ultraliberais, como Margaret Thatcher, uma fe-roz defensora de grandes cortes no gasto público, da privatização do setor público e da venda do património do Estado, tudo com resultados paradoxais, e logo nos pri-meiros tempos: aumento da produtividade e do emprego, desindustrialização geral e mal funcionamento dos serviços públicos. Com toda esta trepidação, a economia de-finhou, cresceu o desemprego e reduziram-se as prestações sociais. As classes médias procuraram adaptar-se e beneficiar da progressiva abertura dos mercados e da febre da competitividade. Banalizaram-se os contratos temporários, ao definhar o setor in-dustrial desapareceram muitos postos de trabalho. Em suma, as classes médias habi-tuaram-se à incerteza.

Terceiro, a chegada do euro, acontecimento que o autor aproveita para falar da his-tória das tecnologias, da rivalidade entre impérios coloniais e de duas guerras mundiais desmedidamente sangrentas. Nasceu a CEE e mais tarde a União Europeia, nesta o Ban-co Central Europeu transformou-se numa referência obrigatória, define as taxas de ju-ros do euro. Começou a falar-se na inovação, investigação e desenvolvimento. Os ban-cos passaram a emprestar dinheiro a outros bancos, até se chegar à bacanal e depois as bolhas financeira, imobiliária e do crédito. Em 2008, a falência do Lehman Brothers foi a gota de água, falência descomunal que degenerou numa série de incumprimentos e ameaçou toda a economia europeia. A dívida pública grega tornou-se numa amea-ça monstruosa, o jogo de equívocos chegara ao fim. De uma maneira cativante, Aleix Saló explica os procedimentos adotados para a redução dos défices públicos e como o projeto europeu se encontra seriamente ameaçado. Temos novas rotas do mercado global, e porto do Pireu é um exemplo elucidativo, onde os chineses planeiam conver-tê-lo no maior porto do continente, superando o de Roterdão. A China investe dinhei-ro num país resgatado pelo FMI e contrata precariamente a sua população. Resta saber qual o destino que está reservado ao modelo social europeu e o que será o futuro da Europa entre a liberdade e a desproteção do modelo norte-americano e o intervencio-nismo autoritário do Estado chinês.

Leitura imperdível.

repórterdomarão | set/out '13 21

tempo para saber quais as espécies que resistem melhor ao fogo e se adaptam ao terreno, desapareceu do léxico. Lembro-o a propósito de vários casos, um deles apontado ao mi-nistro, em que numa certa área o tempo pós-fogo já passado brindara-nos com uma linda mata só a precisar de desbaste e acertos. Porém ia ser tudo arrasado pois havia projecto de reflorestação já agendado, concursado e com as respectivas verbas e feitor garantidos.

E por falar em verbas - já vai longa a conversa - não esqueço a diferença de área ardi-da conforme se pagava o combate pelo que ardia em alternativa ao receber o mesmo quer ardesse ou não. Houve diferenças significativas para melhor na segunda alternativa. Acabo no célebre Programa de Apoio Florestal (PAF) que então se dizia que só em Trás--os-Montes - financiado a 100% - teriam de florestar, além dos montes, as estradas, cami-nhos, campos de futebol, adros de igreja e cemitérios, e mesmo assim não chegava a terra.

Ligado a isto, mas também por ser transversal aos governos, está a sua organização es-trutural. Ressalta aqui a criatividade indígena de novas entidades que brotam como co-gumelos. Escolhe-se um nome que dê para uma sigla simpática que se possa ostentar e proclamar como se fora o santo graal ou a salvação do mundo. Promete-se depois a regu-lamentação que tarda e nunca a razão da nova nem o que foi feito da velha. Menos ainda o estudo e avaliação que o ditou. Seja ZAC, ZUC ou algo parecido, o que precisa é de sono-ridade para entrar no ouvido. Logo segue o coro dos convertidos a favor e dos cépticos ou prejudicados contra. Nem uns nem outros com razão, pois não sabem o quê ou para quê, e muito menos o como. Mas lá está o “responsável” a vangloriar-se do feito que será “histó-rico”. E nem dá conta que, além de culpar dos males quem o antecedeu abrindo a porta à polémica, ao querer ficar na “História” como herói, apondo-lhe a sua chancela como todos tentam e gostam de fazer, apenas faz a “mijinha” de cão a marcar o território ...

P.S.: Um alerta pois tarde ou cedo acabamos a pagar os defeitos onde não metemos prego nem estopa. Com a nova ponte da A4 em Vila Real sobre o Rio Corgo julguei ter dei-xado de ser o único com uma estrada para casa a lembrar os solavancos do comboio. Po-rém, a ondulação do piso, terá mais a ver com a proximidade do Marão, esse “mar” imenso com tanta onda que só lhe falta a espuma para o parecer, embora a estrada se assemelhe mais ao mar negro. Não há fiscalização, vistorias e autos de entrega e recepção?...

GLória e toCtoCSim, costumo vir aqui sentar-me neste banco em frente ao roseiral.

Sempre amei as flores, e tenho muita pena de não poder ter um jar-dim, mesmo que fosse pequenino.

Como me chamo? Só quer um nome? Mas eu tenho tantos nomes e sobrenomes. No total são nove palavras. Mas fiquemos pela Glória. Não é um nome da moda, mas eu até gosto, por ser tão diferente. A minha mãe, é que tinha a mania das grandezas. O meu pai contou--me que ela tinha um caderninho onde anotava a fiada de nomes que ia dar aos filhos. Ela contava ter muitos filhos, mas só me teve a mim, coitada.

Não sei porque é que estou a falar com um desconhecido. Estou admirada comigo mesma. Ou nem por isso. E já agora, como é o seu nome?

Ah, Eduardo. É um nome bonito. Que estranha coincidência. O ho-mem com quem eu namorei também se chamava Eduardo. Morreu a semana passada, coitado.

Não, não casei. Outros interesses se levantaram e eu fiquei solteira, e acho que devo continuar a ser solteira até que a morte me venha bus-car. Já tenho setenta anos. Sabe, à medida que vamos envelhecendo fica tudo mais claro, os nossos olhos apesar de cansados veem tudo com mais nitidez. E o que antes nos parecia ser imprescindível, tornou--se dispensável e fútil. A nossa vida é como um puzzle, onde todos as peças se vão encaixando.

Desculpe, estar a monopolizar o seu tempo. O senhor tem aí uma bela máquina fotográfica. É daquelas que fazem tudo ,e ainda filmam, não é? Eu não ligo muito a essas coisas da técnica, gosto mais de ler . E também gosto de animais. A minha mãe detestava bichos junto dela. Era alérgica, mal os via começava logo a espirrar e a soltar griti-nhos que tanto me irritavam. Nunca tive um cão, nem um gato, nem um peixe.

Só depois dos meus pais terem morrido é que eu comecei a ter to-das as liberdades dentro do apartamento que eles me deixaram, e que está a precisar de alguns arranjos. Mas a vida não está fácil para nin-guém, muito menos para os reformados que são uma presa fácil dos governantes. Eu acho que os burocratas, sempre tão frios, tão mentiro-sos e tão racionais, têm o secreto desejo de nos verem o mais depres-sa possível transformados em pó para que dessa forma o país fique ai-roso e resplandecente.

Eu fui funcionária do ministério da justiça uma vida inteira. Agora sou reformada, pertenço à malfadada geração grisalha.

Ah, neste cesto está um problema que me anda a incomodar, e eu sei que para certas almas pode parecer ridículo.

Neste cesto está um melro, apanhei-o na primavera. Estava senta-da neste banco, e o melro apareceu do nada e ficou quieto junto dos meus sapatos. O bicho estava muito magro e exausto. Peguei nele e descobri que tinha uma perna e as duas asas partidas. Não fui capaz de o deixar ali a morrer em frente das rosas. Trouxe-o para casa, chamei--lhe Toctoc e fui bater à porta de uma veterinária. Que me disse, depois de o examinar gratuitamente, que o Toctoc nunca mais ia conseguir voar. Eu não quis acreditar nela, talvez o tempo o curasse e ele pudes-se voltar a ser livre, pensei assim uma série de meses, já nem sei quan-tos com ele dentro da maior gaiola que consegui encontrar.

Agora trago-o todos os dias para aqui, a ver se ganho coragem para o libertar no sítio exato onde o apanhei. Acho que o cativeiro tem-se prolongado mais do que a conta. Mas se ele não consegue voar, que fim será o dele? Confio na natureza?

Aqui tem um problema que eu ainda não consegui resolver. Qual é a sua opinião?

António Mota

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crónica

Page 22: Revista Repórter do Marão - RM 1279 - SET / OUTUBRO 2013

artes

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22 set/out '13 | repórterdomarão

Cartoons de Santiagu

2013

[Pseudónimo de António Santos]

Publicação da IV Série

O olharde...

eduardO pintO 1933-2009

sensiBiLidades

REUNIÃO DOS PATOSRio Tâmega - Amarante

Anos 60

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A cidade do Porto foi o cenário escolhido pela Caetano Auto para apresentar o seu novo e inovador modelo da Toyota, Auris Touring Sports, disponível em versões a gasolina, diesel e híbrido. O regresso da marca nipónica às carrinhas familiares compactas veio reforçar a aposta no segundo segmento mais importante do mercado com um design mais arrojado, mais espaço, mais eficiência e uma maior segurança.

A Auris Touring Sports torna-se também na primeira carrinha híbrida no segmento C com uma média de consumo de 3,8l/100km e 88g/km de emissões de CO2, bem abaixo da barreira dos 100 g/km.

No seu interior destaca-se o nível da qualidade dos materiais, a vasta série de espaços para arrumação, o piso

de carga de nível duplo, a rede de protecção de bagagem com enrolador, bem como pela capacidade da bagageira combinada pelo sistema Toyota Easy Flat que irá permitir o rebatimento dos bancos traseiros com um único toque e proporcionar um comprimento do vão de carga até 2047mm (e até 1658 litros).

Em Portugal, estarão disponíveis a versão gasolina 1.33 Dual VVT-i (Active, Comfort ou Exclusive), a diesel 1.4 D-4D (Active, Comfort, Comfort+Sport ou Exclusive), onde a empresa espera atingir as maiores vendas, e o híbrido Auris Touring Sports no modelo Comfort ou Exclusive. Por encomenda, podem ainda ser adquiridos, apenas na versão Exclusive, o modelo a gasolina 1.6 Valvematic de 132 cv por 28.105 euros e o modelo a diesel 2.0 D-4D de 124 cv por 33.460 euros.

Quanto aos preços das versões já disponíveis e consoante o nível de equipamento, variam entre 19.360 a 25.200 euros, na versão a gasolina; o diesel entre 23.000 a 28.000 euros e o híbrido entre 26.875 a 29.035 euros.

Em todas as versões, a marca japonesa oferece a manutenção para os três primeiros anos ou 45 mil km. No caso da Auris Touring Sports Hybrid, para além deste contrato de manutenção e a exemplo dos restantes modelos Toyota, passa para os cinco anos.

Merecem ainda destaque no novo Auris Touring Sports como o sistema de Assistência ao Estacionamento Inteligente Simplificado (SIPA), o sistema "Toyota Touch " e o teto panorâmico "Skyiew", um dos maiores do segmento, 1553 mm de comprimento por 960 mm de largura.

repórterdomarão | set/out '13 23

empresas

Toyota Auris Touring Sports assinalao regresso da marca às carrinhas familiares

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