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Biodiversidade põe Vila Real no mapa europeu "O fado é um feitiço. Já não sei viver sem isso." Nº 1273 | março ' 13 | Ano 30 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | t. 910 536 928 | Tiragem média: 20 a 30.000 ex. | OFERECEMOS LEITURA Prémio GAZETA MARÇO ’ 13 repórter do marão + norte A corrupção tomou conta da política Paulo Morais afirma que portugueses são “servos dos negócios do Orçamento de Estado”

Revista Repórter do Marão

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Revista Mensal de Informação. Tiragem média de 20 a 30 mil exemplares. Distritos do Porto, Vila Real e Bragança e parte dos de Viseu, Aveiro e Braga. Regiões do Douro, Tâmega e Sousa, Trás-os-Montes

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Biodiversidade põe Vila Real no mapa europeu

"O fado é umfeitiço. Já não sei

viver sem isso."

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A corrupção tomou conta da política

Paulo Morais afirma que portugueses são “servos dos negócios do Orçamento de Estado”

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cidadania

Dívida pública resulta de20 anos de corrupção

ENTREVISTA | PAULO MORAIS, vice-presidente da Associação Cívica Transparência e Integridade

02 março'13 | repórterdomarão

Paulo Morais, 49 anos, docente do ensino superior, já foi líder da JSD de Viana

do Castelo e vice-presidente da Câmara do Porto. Agora,

afastado da política, continua a dedicar-se à Matemática e Estatística, tendo assumido

o combate à corrupção como a sua grande batalha.

Corrupção, essa, que diz estar na origem da crise em

Portugal, ao ter “tomado conta da política” que se

transformou “numa grande central de negócios”.

Perante isso, os portugueses mais não são que “servos do

Orçamento de Estado” que é hoje “o instrumento de

maior corrupção” do país. A solução? “Os portugueses, no

geral, só saem deste buraco se combaterem as causas” e a

causa é “essencialmentea corrupção”.

Liliana [email protected]

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“Paulo Morais é uma pessoa que nasceu em Viana do Castelo, há 49 anos e nasceu com os valores que lhe foram incutidos pela família e pelo próprio ambiente do Alto Minho dos finais do século XX”, começa por contar em entrevista ao Repórter do Marão, numa das muitas salas da Universidade Lusófona onde é profes-sor e diretor do Instituto de Estudos Eleitorais.

Viana acabaria por ficar para trás quando, para es-tudar matemática, optou pelo Porto. Dessa altura, re-corda, que o “ensino superior era medieval” e “não havia respeito nenhum pelos alunos” e lembra-se mesmo de ter liderado uma greve. Em todo o percurso foi-se mantendo ativo na intervenção cívica, chegan-do a ser presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências. Acabado o curso, permaneceu na vida académica, estudando matemática e estatísti-ca, atividade que conciliava com a militância no PSD do Porto onde se havia juntado a um grupo de pessoas “que estavam na oposição ao sistema vigente”, lide-rado então por Luís Filipe Menezes.

Os “traficantes de solos”“Quando Rui Rio é candidato à câmara do Por-

to convidou-me para integrar a sua lista e eu aceitei porque tinha a certeza absoluta que íamos perder”, explica agora Paulo Morais, pouco mais de 10 anos depois de ter assumido, durante quatro, a vice-presi-dência da câmara. Quatro anos em que interrompeu a carreira académica para se dedicar, em exclusivo, à po-lítica, aos pelouros da habitação e do desenvolvimento social e à “luta contra interesses instalados”.

O pelouro da habitação no Porto “representa mais de 40 bairros sociais, onde vivem 50 mil pessoas, e al-guns estavam completamente dominados pelo negó-cio de tráfico de droga que eu insistentemente com-bati”, assinala. Um dia comparou o tráfico de droga à corrupção existente no urbanismo em Portugal. Foi cri-ticado e acusado de difamação. Hoje mantém a mesma convicção de que “no pelouro do urbanismo, são outro tipo de traficantes. Traficam solos”.

Saído da câmara, e já em 2010, ajudou a nascer a Transparência e Integridade, Associação Cívica (da qual é vice-presidente), juntamente com outras pesso-as que decidiram atuar em conjunto na luta contra a

corrupção e estudar o fenómeno. Sempre que teve co-nhecimento de um crime de corrupção na área do ur-banismo, denunciou-o no local próprio “que é o Minis-tério Público” e ao longo dos anos apresentou “mais de 30 casos”. Nem todos foram julgados e dos julga-dos poucos foram efetivamente os condenados. Não só porque “há muitos casos em que o Ministério Público não acusa” mas também porque “o crime de corrup-ção propriamente dito é quase impossível de provar”.

“No ordenamento jurídico português para provar corrupção é preciso saber: qual é o assunto, qual foi o despacho da administração que diz respeito, qual foi o ganho de quem corrompeu e do corrompido, quais são os documentos que têm a ver com este ganho, qual é o nexo de causalidade entre isto tudo. E portanto é impossível provar um crime destes, só se o corrupto e o corruptor forem de braço dado a tribunal”, ironi-za Paulo Morais para quem “o Ministério Público não tem tido estratégia nenhuma de acusações em termos de crimes de urbanismo” e termina as investigações no momento “em que deviam começar”.

“Política transformou-se numa grande central de negócios”

Ao nível das autarquias, especialmente as do Por-to e Lisboa, a corrupção verifica-se na medida em que “se constrói aquilo que os grandes promotores imo-biliários decidem”, atira. Na origem dessa instru-mentalização diz estar a necessidade de os autarcas manterem o lugar, precisando para tal de “arranjar empregos para os seus apoiantes e arranjar negócios para os financiadores do partido”. Acrescenta mesmo que a “perversão” que está a ser feita à lei de limita-ção de mandatos se deve à “necessidade de manter clientelas”, quer em empregos quer em negócios.

Já ao nível nacional, Paulo Morais considera que “a corrupção tomou conta da política”, que se transfor-mou “numa grande central de negócios”, e que a dí-vida pública resultou de 20 anos de canalização de re-cursos, pela via da corrupção, “para um conjunto de grupos económicos”. E exemplifica: “Expo98, PPPs, BPN, BPP, submarinos, Apito Dourado, os casos de

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Dívida pública resulta de20 anos de corrupção

ENTREVISTA | PAULO MORAIS, vice-presidente da Associação Cívica Transparência e Integridade

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cidadania

corrupção são inúmeros [e] se cada um deles representar uns milhares de milhões de euros, é evidente que chegamos à si-tuação que chegamos”. Do lado da dívida privada, recorda que 70% desta foi gerada com a es-peculação imobiliária – "quem comprou casas nos últimos 20 anos, depreciou-as num instan-te em 40%. Ou seja, quem com-prou um apartamento por 100 mil, neste momento vale 60 mil, ponto final" – quando a cri-se começou no início de 2009, e que apenas 15% foram dedi-cados ao tecido produtivo e ao investimento “em agricultura, pesca e indústria”.

Perante os números, o in-vestigador é assertivo em dizer que o estado atual do país só se mantém “à custa do sacrifício” dos portugueses que, através dos seus impostos, mais não são do que “servos dos negócios do Orçamento de Estado” que é o “maior instrumento de corrup-ção em Portugal”. Os portugue-ses neste momento são, para Paulo Morais, “escravos de um fisco que por sua vez alimen-ta os grandes grupos econó-micos”. No parlamento, diz, a “promiscuidade” entre a políti-ca e os negócios “é absoluta” e as suas estruturas são na maio-ria dependentes “dos grandes grupos económicos”.

Todos os políticos são corruptos?

“Não”, garante o docente que estima que 90% sejam “sé-

rios”, estando o problema nos “10% de corruptos que domi-nam 90% do orçamento”. Ain-da assim, Paulo Morais garan-te não estar dececionado com a política, mas apenas porque “nunca” esteve iludido.

Autarquias não, Parlamento talvez

Um dia talvez possa voltar à política, mas agora ao nível do parlamento, onde possa con-tribuir para a resolução deste “tipo de problemas” e apenas se “surgisse uma circunstân-cia de ocupar um lugar em que pudesse ajudar a mudar o regi-me tal como ele está”. Para um lugar nas autárquicas garante que “nem pensar”.

Olhando para trás, reconhe-ce como maior conquista a ca-pacidade de “transferir para a opinião pública uma preocupa-ção grande pelo fenómeno da corrupção e a perceção que as pessoas hoje têm que a corrup-ção tem muito a ver com o es-tado em que se encontram nes-te momento”.

Depois de a comunidade ter começado a tomar consciência, falta para Paulo Morais o pas-so seguinte, “que se organize para combater não só o fenó-meno da corrupção, mas tam-bém se organize perdendo o medo”. Porque os portugueses “só saem deste buraco se com-baterem as causas” e a causa, garante, “é essencialmente a corrupção”.

04 março'13 | repórterdomarão

A corrupção é um crime "quase impossível" de provar

Nome completo: Paulo Alexandre Batista Teixeira de MoraisData de nascimento: 22 dezembro 1963Local de Nascimento: Viana do CasteloHabilitações literárias: Doutoramento em Engenharia

Livro: “Um Tratado para os Tempos Modernos”

Filme: “A Lista de Schindler”

Música: Concerto para Violino de Tchaikovsky

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desenvolvimento

Os autarcas da região manifestam a sua preocu-pação com o futuro na ligação e poucos já acredi-tam na retoma dos voos.

O presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nu-nes, tinha anunciado que obteve a garantia do pri-meiro-ministro, numa reunião em janeiro, de que as condições de operação seriam publicadas em Diário da República em fevereiro e os voos restabelecidos em meados de março, mas este prazo foi conside-rado desde sempre inexequível, sabendo-se que os trâmites de um qualquer concurso ou até de ajuste direto com o operador aéreo, se a legislação o per-mitir, demora sempre alguns meses.

O autarca, que este ano termina o seu último mandato, já veio em meados deste mês reconhecer que o prazo esgotou-se e “não foram publicitadas em fevereiro as condições para os operadores con-correrem”, pelo que não há condições “para a ligação ser restabelecida no prazo anunciado”.

Citado pela Lusa, Jorge Nunes adiantou que tem conhecimento de que o Governo "aguarda ainda a aprovação do modelo de financiamento por parte da Comissão Europeia".

O Governo suspendeu, a 27 de novembro, os voos que se realizavam desde há 15 anos, alegada-mente por a União Europeia não autorizar o mode-lo de financiamento estatal que se cifrava em 2,5 mi-lhões de euros por ano.

O autarca de Bragança também reconhece que

o modelo de financiamento [ao passageiro] utiliza-do entre o Continente e a Madeira não será viável na região transmontana e até poderá ditar o fim de-finitivo da ligação por falta de operadores aéreos in-teressados.

Estima-se que mesmo com a subsidiação em metade do bilhete, o preço entre Bragança e Lisboa poderia atingir cerca de 400,00 por passageiro (ida e volta), quase quatro vezes o custo em 2012 (123,00). Nestas circunstâncias, dificilmente haverá operador aéreo – entre os três que efetuaram a ligação nos úl-timos anos, Aerocondor, Aeronorte e Aero Vip – que queira realizar o serviço entre Lisboa e as cidades de Vila Real e Bragança.

Para o presidente da Câmara de Bragança, “o in-centivo financeiro que estava a ser dado a esta li-gação aérea é absolutamente ridículo no quadro do esforço que o país faz para subvencionar servi-ços públicos de transporte particularmente em Lis-boa e que os transmontanos merecem muito mais do que isso".

Jorge Nunes considera que "a situação atual é evidentemente prejudicial para a região”, sobretu-do devido ao atraso das obras na autoestrada A4, por concluir entre Macedo de Cavaleiros e Bragan-ça, além da suspensão da concessão Túnel do Ma-rão, adiada há quase dois anos devido “a dificulda-des financeiras do concessionário", um consórcio liderado pela Somague.

Avião regional não descola!As duas cidades transmontanas, Bragança e Vila Real, continuam sem ligações aéreas com a capital, Lisboa, o que sucede desde novembro. Como já era esperado, o prometido reinício da carreira aérea durante este mês de março falhou e, pior do que isso, não existe nenhuma perspetiva de ser retomada a curto prazo. Os mais atentos já perceberam que jamais um avião voltará a fazer aquelas ligações aéreas a menos que o Governo volte a subsidiar quase integralmente os passageiros da carreira aérea e o operador que eventualmente venha a ser escolhido em concurso público, tal como se processou nos últimos 15 anos. Ainda que os bilhetes viessem a ser subsidiados a 50 por cento, o preço a pagar pelos utilizadores seria tão elevado que faltariam os interessados. Por outro lado, nas condições que o Governo quer impor o concurso para a carreira aérea ficará provavelmente deserto. Há uma terceira machadada no interesse dos transmontanos: o Governo só quer subsidiar os residentes nos dois distritos da região, pelo que o número de utentes diminuirá substancialmente e, por outro lado, a carreira aérea deixará de atrair visitantes para a região…

Page 6: Revista Repórter do Marão

artes

06 março'13 | repórterdomarão

“O Fado é um feitiço: é um segredo que quanto mais se canta mais se conta e mais secreto fica. E eu já não sei viver sem isso”, conta He-lena Sarmento, fadista e advogada de profissão que acaba de lançar o seu segundo álbum com dezasseis temas e “muitas palavras novas”. O trabalho, “Fado dos Dias Assim”, esteve em pré-venda durante um mês numa iniciativa que visou ajudar Helena a financiar, pela segun-da vez, uma edição 100% independente. “Além de ter sido uma boa ajuda, é muito bonito apreciar a atitude das pessoas quando lança-mos este tipo de desafios”, recorda agora.

O autofinanciamento é mesmo uma das maiores dificuldades da carreira da artista que sempre ouviu fado em casa – o pai é apaixo-nado por Amália – mas aos 13 anos se juntou a uma banda pop-ro-ck, os “Clepsidra” porque “ficava bem” na rebeldia da adolescência “di-zer que não gostava de fado”. Agora, admite “que na verdade, isso não era bem assim”.

O FadoComeçou a cantar fado com mais regularidade aos 21 mas o “amor

para sempre ao fado” só aconteceu de facto quando o compreende e

quando nele encontrou o seu caminho, aos 27 anos e hoje, aos 31, já não sabe viver sem ele ou sem cantar. Ao fado, onde tem um proje-to “bem definido” que invade todos os seus dias, junta a advocacia, a profissão que escolheu “principalmente por causa da sua vertente so-cial” a qual vive com a mesma paixão e intensidade com que vive o fado. “Além disso, com todas as dificuldades próprias de quem exerce a advocacia nos tempos que correm (...) é a advocacia que me ajuda a ser patrocinadora a 100% dos meus discos”, explica.

Em 2011 nascia o “Fado Azul”, depois de Helena encontrar João gi-gante-ferreira que, nas letras pedidas e procuradas, escreveu “espe-cialmente tudo aquilo que não foi necessário dizer”. Também o seu pai, Joaquim Sarmento, “romancista e homem de palavras”, integrou e integra o núcleo “das palavras essenciais” dos discos da cantora.

“Fado Azul” trouxe 13 faixas de fados clássicos ou tradicionais, cantados com palavras novas escritas especialmente para Helena e ainda dois covers de ícones como Amália Rodrigues e José Afonso. A experiência do primeiro disco, recorda, foi “muito gratificante e pedagógica” e com ele chegou a França, Alemanha, Áustria, Bene-lux, Espanha, Itália, República Checa, Reino Unido, Suíça, EUA, Hong Kong e Japão.

“O Fado é um feitiço”Helena Sarmento canta fado. Canta as palavras que não lhe faltam e canta porque não sabe viver sem música. Aos 31 anos lança agora o segundo álbum “Fado dos Dias Assim”, dois anos depois do “Fado Azul”, que a própria editou para vários países da Europa, chegando até ao Japão. O fado sempre fez parte da sua vida, mas o amor “para sempre” surgiu apenas quando o conseguiu compreender e nele encontrar-se.

Liliana [email protected]

HELENA SARMENTO | Fadista natural de Lamego lança segundo álbum “Fado dos dias assim”

Fotos: André Henriques | http://www.ahphoto.pt.vu/

Page 7: Revista Repórter do Marão

repórterdomarão | março'13 07

Os “Dias Assim”Dois anos depois é a vez do “Fado dos Dias Assim”, com

“dezasseis temas, muitas palavras novas, novos autores, mais músicas totalmente originais, um novo instrumento e uma maior maturidade vocal”. De todas destaca “Saudade da Prosa”, com a letra de Manuel António Pina e música ori-ginal de Paulo Rodrigues. “O desaparecimento precoce do poeta fez com que, na procura da memória, Paulo Rodrigues concebesse, mais do que uma canção, um verdadeiro obje-to musical, do qual faz parte a própria voz de Manuel An-tónio Pina”, explica Helena Sarmento. No novo álbum está

também “O que tinha de ser”, de Vinicius de Morais, “Porto--porto”, tema que abre o disco e “emerge do coração da cida-de património mundial” e “Fado Aritmético” que “constitui o primeiro avanço do disco e que resultou numa forma extra-ordinariamente divertida e singular de falar dessa coisa tão séria que é o Amor”.

Com dois álbuns lançados, Helena Sarmento acredita que o futuro “pertence aos que acreditam na beleza dos seus so-nhos” e todas as noites se deita com a “extraordinária sensa-ção” de que todas as suas pequenas conquistas nesse “mundo novo” do Fado se devem “única e exclusivamente” ao seu ta-lento e trabalho. O que lhe falta conquistar? “O resto da vida”.

“O Fado é um feitiço”HELENA SARMENTO | Fadista natural de Lamego lança segundo álbum “Fado dos dias assim”

Nome completo: Helena Isabel Cardoso Sarmento de AlmeidaData de nascimento: 23 de agosto de 1981Local de Nascimento: Lamego (Almacave)Habilitações literárias:Licenciada em Direito pela Universidade do Minho; pós-graduada em Direito das Autarquias Locais e Urbanismo pela Universidade do PortoLivro: “Anna Karenina” (Liev Tolstói)Filme: “A Lista de Schindler” (Steven Spielberg)Música: “João e Maria” (Chico Buarque)

Page 8: Revista Repórter do Marão

desenvolvimento

08 março'13 | repórterdomarão

Sabia-se que a crise e sobretudo a retirada de rendimentos à classe média, do funcionalismo público aos quadros médios e superiores das empresas, quer pelos cortes de salário ou pelos impostos, teria um forte impacto no turismo interno. Veja-se a quantidade de unidades hoteleiras que faliram nos últimos dois anos e as que fecharam na época baixa, só reabrindo nos períodos de algum afluxo de turistas, quer nacionais quer estrangeiros.

As notícias dos jornais e televisões falam geralmente da crise no Algarve, mas o Douro e o norte em geral estão a ser fustigados seriamente no setor do turismo e afins, englobando aqui todas as atividades de hotelaria e restauração.

Há honrosas exceções, que só confirmam a regra, nomeadamente a visibilidade conseguida pela cidade do Porto, cujas taxas de ocupação dos seus hotéis contrariam a tendência geral, e os novos (e soberbos) investimentos que a empresa Douro Azul esta a fazer (e que geram 200 novos postos de trabalho), de que é exemplo a promoção internacional conseguida com a vinda de estrelas do cinema americano para madrinhas de dois novos navios hotel.

Recorde-se que apesar de o empresário Mário Ferreira sempre ter apostado nos barcos de passeio no Douro navegável ele soube corrigir o rumo da sua empresa quando percebeu que não podia ficar à

espera dos clientes estrangeiros para os seus hotéis de luxo no Douro - já geriu o Solar da Rede e o Vintage House e teve planeado um novo cinco estrelas na Rede, que nunca avançou - e hoje concentra todo o potencial dos 20 anos da Douro Azul nos barcos hotéis, com uma frota significativa e ainda em crescimento, ao mesmo tempo que anuncia ter a operação turística dos próximos anos vendida a canadianos, americanos e ingleses.

Quanto ao turismo tradicional do Douro, que vive quase exclusivamente do mercado interno, o futuro é muito mais negro. Fizemos o percurso a meio de março, junto ao último fim de semana dos programas das amendoeiras em flor, passando por Vila Flor, Alfândega da Fé, Mogadouro, Sendim, Miranda do Douro, Freixo de Espada à Cinta, Figueira de Castelo Rodrigo, Almendra e Vila Nova de Foz Côa e o que vimos é desanimador.

Invariavelmente, uns mais que outros, estes centros urbanos apresentavam-se com pouca gente: não há visitantes, apenas locais. Somente em Figueira de Castelo Rodrigo encontramos dois autocarros de turismo estacionados no centro da vila. Na estrada do IC5 para Freixo e desta vila para Barca D'Alva quase não encontramos veículos e os poucos que cruzamos eram dos aglomerados locais. Não há veículos de turistas a passear ou autocarros, como se avistavam há alguns

anos. Atravessa-se Barca d'Alva e contam-se pelos dedos o número de pessoas que avistamos. Parece o deserto...

Nas vilas e cidades que percorremos, o movimento encontrado foi muito reduzido, embora menos acentuado em Vila Flor e Mogadouro. Cafés e restaurantes estão sem clientes, outros fechados definitivamente, com o dístico "arrenda-se" ou "passa-se" colado na porta. Nem o afamado Restaurante Gabriela, em Sendim, responsável pela confeção de uma invejada posta de carne à mirandesa, tinha clientes à hora do almoço.

Tirando os fluxos normais de pessoas da terra que circulam de e para os serviços públicos – centro de saúde, finanças, correios, câmara municipal, bancos, escolas, etc. – não se vislumbra um turista ou uma família a passear. O que mais se vê são estabelecimentos comerciais, outrora prósperos, fechados.

Há equipamentos públicos de desporto, lazer, de feiras e exposições, etc. completamente subaproveitados. Nas duas horas que circulamos pelas ruas de Miranda do Douro o movimento automóvel encontrado foi diminuto (com pouquíssimas matrículas espanholas) e o número de pessoas que passeava no centro histórico quase irrisório. O dono de um café, perante o nosso espanto, disse-nos que era o dia dessa semana com mais movimento de pessoas. "Isto caiu mais de 50 por cento", resumiu, lamentando sobretudo a fuga massiva dos vizinhos da margem esquerda do rio Douro devido à crise que também estão a passar.

Se a esta falta de sustentabilidade económica do território juntarmos a diminuição da população – todos estes municípios registam quebras populacionais de 15% na última década – temos um problema a necessitar de ser enfrentado muito seriamente pelas autoridades, quer nacionais quer locais.

Crise afasta visitantes da regiãoEstradas e ruas desertas, equipamentos subaproveitados, estabelecimentos de restauração fechados ou sem clientes é o cenário mais negro da crise que também atingiu a maioria das vilas e cidades do Douro Superior. Comparado com a atividade económica que o circuito das amendoeiras em flor ainda proporcionava há cinco ou dez anos o panorama de hoje é quase desolador. Em Miranda do Douro, cidade fronteiriça que beneficiava imenso da procura dos seus vizinhos espanhóis (a crise em Espanha é ainda mais assustadora que a portuguesa), perdeu mais de metade dos seus visitantes, reconheceu ao RM um comerciante de restauração no centro histórico da cidade mirandesa.

Quebras no Douro Superior chegam a 50 por cento

Sendim Miranda do Douro Freixo de Espada à Cinta

Figueira de Castelo Rodrigo

Vila Flor Alfândega da Fé Mogadouro

Almendra Vila Nova de Foz Côa

Page 9: Revista Repórter do Marão

repórterdomarão | março'13 09

O Douro é rico por que tem muita pobreza. É-o não só pelas suas popula-ções esmagadas em séculos de exploração, mas também na ausência da diver-sidade de recursos que acabaram por exponenciar os poucos que tinha, quase únicos, irrepetíveis em qualquer outro lugar..

Ali resultou a obra ciclópica que o engrandeceu e honrou, tornando-o ini-gualável ao conseguir do nada fazer tudo, aperfeiçoando a obra do criador. Nes-ta aprimorou-se na exclusividade do que o solo e o sol permitiam para fazer algo único e invejável que o mundo reconhece e deseja.

Tem apenas três riquezas: as pessoas, a terra/paisagem e o vinho. Aquelas vão escasseando nos atributos que as moldaram no carácter e no ser, procuran-do fugir à míngua e à desdita do que lhes dão em torno, mas o tesouro das suas tradições, modos e cultura ainda permanecem em memórias indeléveis. Quanto ao que deslumbra os olhos ainda ficou muito, mas já muito lhe espoliaram ace-nando-lhe com a riqueza que nem sabe quanta é, vendo-a fugir com a água que corre até à foz para desaparecer no mar. No vinho, que soube aprender de quem lhe ensinou e lhe abriu caminhos, melhorou imenso em qualidade e saber, mas perdeu o arrimo de quem a devia representar, defender, promover e garantir.

Que lhe deram até hoje? Salvo poucos momentos históricos, muitos projec-tos e programas megalómanos que satisfizeram egos de apresentadores e por aí ficaram. De que lhe serviram epítetos de melhor do mundo, único, “excelên-cia”, destino sustentado, património da humanidade e tantos outros? Para que fo-ram bienais e outras realizações artificiais de encher o olho mas que mais não davam que uns títulos da press, promessas de voltar e trazer sem retorno e efei-to, e brindes em goles de néctar que mal provavam, e sem ao menos conhece-rem a epopeia que lhes deu o ser?

Um museu de território inacabado que apenas subsiste na carolice e empe-nho de uns poucos. Instituições vitais com orçamentos esmifrados e de compe-tências vazias. Missões confiadas que não se cumprem. Feitos de lapela de quem os diz mas que se esfumam no vazio. Transportes cada vez menos e estradas que não saem do papel. Tudo na ausência absoluta de uma voz que se ouça para se fazer ouvir e afirmar. Não a lamúria e o lamento dos que apenas mostram es-tar vivos com ameaças vãs e inconsequentes. Até as “casas” que deviam ser do

Douro, do IVDP e IPTM à dita, parecem mergulhadas numa penumbra que nem sequer lhes adivinha forças para o extertor da morte, quanto mais para o que a obrigação institucional lhes ditou mas não permitem que se faça.

O que lhe podem dar para complementar o pouco do muito que tem, vai sendo cada vez mais reduzido ou até nulo. Quando algo nasce de novo pare-ce já vir com avançada idade e certidão de óbito no foral. Vai-lhe valendo o que tem na sua essência telúrica e o anónimo que o mantém vivo para ele próprio sobreviver.

Quem o visita espanta-se no absurdo de contradições e desmesuras. O tudo e o nada, o muito e o pouco, o ter e o ser, e essencialmente a obra de quem tudo fez do nada que tinha. É o turista que o Douro cativa mas ainda não descobriu qual quer e deve ter. Já vai tendo alguns bons exemplos de quem sabe o que quer e onde ir buscar. Mas não lhe segue o exemplo do fazer e critica-os na inveja do que fazem e do que sabem.

Fez múltiplas apostas. A magia do rio navegável vai correspondendo às po-tencialidades, mas os investimentos infraestruturais há muito que se cansaram, talvez pela muita força inicial que não voltou. A hotelaria tradicional, da mais alta qualidade estrutural e qualificação, não encontrou ainda a adequada clientela. Algumas das melhores portas vão-se fechando, e há inconsequência nas apos-tas que imitam outros lugares sem atender ao local. Ambientes fortes não tole-ram importações quando o que se plagia está naturalmente ao estender da mão. A da ruralidade vai-se mantendo e afirmando pois, vivendo de sonhos e dese-jos de afirmação de quem os idealizou e suporta, não é tanto um investimen-to a rentabilizar mas um complemento de actividade e preservação patrimonial.

A restauração, que já vivia mal depois do primeiro susto com a ASAE que não passou disso, viu a situação agravar-se com os que queriam conhecer ou matar saudades da rica gastronomia dos avós que perderam meios e vontade. Foi depois a machadada do IVA a subir e a nova facturação, desaparecendo o mercado interno que é grande sustentáculo sazonal de toda a actividade. Acres-cente-se o esmorecer da escassa promoção motivacional.

O que vai ser do Douro? Já não há muito tempo para responder. Recorde--se apenas que são as pessoas que prestigiam as instituições e não o inverso...

- prata ou lata ?ARMANDO MIRO, jornalista. Ex-presidente da Região de Turismo da Serra do Marão

Page 10: Revista Repórter do Marão

sustentabilidade

O município de Vila Real, em parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), lançou-se na saga de conhecer melhor a biodiversidade da região, através do Programa de Preservação da Biodiversidade de Vila Real. Recen-temente, a Associação Internacional das Cidades Educadoras classificou a iniciati-va como uma das cinco melhores experiências internacionais na área da susten-tabilidade e educação ambiental.

A primeira ação do Programa consistiu na monitorização de todos os grupos de fauna e flora, num trabalho que envolveu cerca de 20 pessoas. Como o ecossis-tema da região se fragmentou, as espécies ficaram isoladas e, ao perderem viabili-dade genética, foram desaparecendo naturalmente. Por isso, têm sido pensadas e implementadas medidas de gestão para assegurar a sua sobrevivência.

O trabalho desenvolvido em torno da borboleta azul tornou-se uma referên-cia do Programa de Biodiversidade. “Em 2006, a população era pequenina, com pouco mais de 200 borboletas. No ano passado, contabilizámos 3200 só num es-paço de dois hectares”, revela Paula Arnaldo, coordenadora do Programa por par-te da UTAD. Diminuiu-se a intensidade do pastoreio e, anualmente, um grupo de voluntários, muitos deles ingleses, rumou ao lameiro de Lamas de Olo para arran-car as plantas que pudessem competir com a genciana, a planta hospedeira da borboleta azul.

“Outra das ações que está prevista é a criação de corredores verdes, através

de desrames e limpeza dos matos, para que os vários núcleos de populações que existem no Alvão possam entrar em contacto, já que a borboleta azul tem muito pouco poder de voo”, avança.

A mortalidade acidental de anfíbios na Estrada Nacional 313 suscitou, tam-bém, uma medida de gestão que consistiu na construção de muretes para evitar o atravessamento da via. Verificou-se uma “diminuição drástica” dos atropelamen-tos da lontra, do sapo-comum, do sapo-corredor, do tritão e da salamandra-de--pintas-amarelas, que acorrem à barragem do Alvão na época de acasalamento. “Também está delineado algum trabalho para manter os morcegos nos seus habi-tats, colocando travões à entrada das pessoas”, acrescenta a investigadora.

Em paralelo, o Programa tem desenvolvido várias ações de educação e sen-sibilização para as questões do ambiente. Cerca de 240 voluntários têm vindo a ser mobilizados para diversas atividades, sobretudo na remoção de resíduos das margens dos rios.

Nos dias 21 e 22, realizou-se o I Fórum da Biodiversidade “Que estratégias para o futuro?”, onde foram divulgados os resultados do Programa, abordando ainda temáticas como riscos ambientais, serviços ecológicos ou medidas de orde-namento do território para preservar a biodiversidade.

“Queremos que as pessoas fiquem informadas e mostrar-lhes que devem olhar para a Natureza e ver aquilo que lá está”, conclui a coordenadora.

Vila Real quer ser cidade exemplarna proteção da biodivers idadeA ação do Homem e as alterações climáticas são os principais responsáveis pela perda de biodiversidade na região de Trás-os-Montes. Foi justamente para preservar o património biológico que, em 2010, a autarquia vila-realense impulsionou um programa pioneiro. Agora, pretende que Vila Real se imponha, naturalmente, como um destino de biodiversidade.

10 março'13 | repórterdomarão

Colias croceus – Paula Arnaldo

Patrícia [email protected]

ENTREVISTA | Paula Arnaldo, investigadora da UTAD e coordenadora do Programa de Preservação da Biodiversidade

Borboleta azul a fazer a postura

Page 11: Revista Repórter do Marão

Vila Real quer ser cidade exemplarna proteção da biodivers idade

repórterdomarão | março'13 11

Financiamento de 1,7 milhõesde euros

Iniciado em 2010, o Programa de Preservação da Biodiversidade de Vila Real recebeu uma verba de 1,7 milhões de euros. Para levar a cabo os trabalhos de in-vestigação, a autarquia local procedeu a uma aqui-sição de serviços junto da academia transmontana. “Neste tipo de financiamento, o objetivo é resolver problemas específicos e temos de chegar ao final da investigação e dar soluções”, explica Paula Arnaldo.

Comparativamente com as bolsas aprovadas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), este mo-delo de financiamento permite desenvolver uma in-vestigação mais linear e “dá outra estabilidade”. “Co-meça a ser prática recorrente empresas e municípios contratualizarem serviços connosco. É por aí que con-seguimos fazer investigação e mesmo ter bolseiros a trabalhar. Há muitos anos que defendo que isto é uma boa alternativa.”

Já a pensar em aproveitar o próximo quadro co-

munitário de apoio, a equipa tenciona dar continui-dade ao Programa de Biodiversidade e alargá-lo às cidades de Peso da Régua e de Lamego. “Também temos projetos para perceber o que vai acontecer à fauna e flora depois de construídas as barragens na bacia do Tâmega e já surgiram pedidos para centros interpretativos em várias zonas do país, de modo a torná-los mais apelativos para a visitação”, adianta Paula Arnaldo.

Explorar os serviços ecológicos

Os estudos sobre a biodiversidade deixam ante-ver uma janela de oportunidades para as comunida-des locais, ou seja, elas devem tirar partido dos re-cursos naturais, “inclusivamente do ponto de vista financeiro”. “O mel é um serviço ecológico que pode ser muito valorizado e que tem a ver com a biodiver-sidade vegetal, ou as aromáticas”, exemplifica a inves-tigadora.

Com cerca de metade do território de Vila Real in-tegrada em áreas classificadas (Parque Natural do Al-

“Temos de criar um pacote de ofertas para manter o visitante em Vila Real ou fazê-lo regressar. O Turismo de Natureza tem de dar alternativas de visitação”, considera Paula Arnaldo. Para a investigadora da UTAD é ainda fundamental resolver o problema da falta de sinalização e da logística.

ENTREVISTA | Paula Arnaldo, investigadora da UTAD e coordenadora do Programa de Preservação da Biodiversidade

Page 12: Revista Repórter do Marão

vão e Sítio Marão/Alvão da Rede Natura 2000), o Turismo de Natureza é outra face-ta a explorar, mas sempre numa lógica integrada.

“Temos de criar um pacote de ofertas para manter o visitante em Vila Real ou fazê-lo regressar. O Turismo de Natureza tem de dar alternativas de visitação”, con-sidera Paula Arnaldo. Daí que, a breve trecho, se pretenda criar uma espécie de cir-cuito entre os bio-percursos, o Observatório de Biodiversidade e o Centro de Ci-ência Viva, equipamentos ainda não concluídos. “Em termos turísticos, queremos aproveitar tudo isto e juntar as quintas do Douro, que já trabalham a biodiversida-de”, avança.

Em paralelo, é crucial colmatar o problema da falta de sinalização e da logística: “ao criarmos este pacote de Turismo de Natureza, temos de dar informações preci-sas e ter guias a orientar os grupos”.

Além da inauguração do conjunto de 10 bio-percursos, o Programa de Biodi-versidade inaugurará, em julho, o Observatório de Biodiversidade, que está a ser er-guido na freguesia da Campeã e que terá uma área envolvente superior a 10 hec-tares.

Paula Arnaldo integra também a Comissão Regional de Coordenação de Com-bate à Desertificação e constata que já há zonas no Nordeste Transmontano deser-tificadas, devidamente referenciadas, “onde se nota o desaparecimento de uma sé-rie de culturas, plantas e animais”.

Novos rurais podemtravar despovoamento

Numa visão prospetiva, a investigadora acredita que a tónica dominante será a procura pela terra. “Já vi um êxodo muito grande dos meios rurais para as gran-des cidades da faixa litoral, mas penso que no futuro haverá um retorno de novos rurais.” Face à sobrelotação do Litoral, as pessoas “vão voltar às origens” e mesmo aquelas que não têm raízes no Interior “vão querer experimentar coisas novas”. “

A terra vai ser muito apelativa e vamos ter pessoas com conhecimentos. Co-nheço muitos jovens que tiraram um curso superior, foram para as grandes cida-des e, agora, vêm para o Interior”, refere. Contudo, protagonizam uma atitude di-ferente, mais conhecedora dos meandros que os esperam. “Hoje, o novo rural já não entra na agricultura cegamente. Daqui a 10 anos, vamos ter um panorama muito interessante, de jovens com conhecimentos científicos em zonas onde an-tigamente não existia ninguém”, observa.

Para combater a desertificação (impulsionada por alterações climáticas que levaram ao desaparecimento de espécies) e o despovoamento (consequência da intervenção do Homem no território) na região, Paula Arnaldo enuncia al-gumas medidas.

Observatório da Biodiversidade abre em julho na Campeã

12 março'13 | repórterdomarão

sustentabilidade

Identificação de um ninho de borboleta azul Contagem dos ovos de borboleta azul

Medição da lagarta da borboleta logo que esta abandona a flor Circus pygargus (tartaranhão-caçador) – Paulo Travassos

Page 13: Revista Repórter do Marão

Observatório da Biodiversidade abre em julho na Campeã

repórterdomarão | março'13 13

“Tem de haver conhecimento científico sobre os problemas es-pecíficos do ecossistema relativamente à desertificação. Por exem-plo, os zimbrais são característicos do Nordeste Transmontano e as populações não lhes dão valor nenhum, quando podem ser uma--mais valia”, aponta.

Apesar da região se encontrar desertificada, é essencial preser-var e valorizar as espécies que se adaptaram bem e que resistem. “Depois de as conhecer, é trabalhá-las de forma a diminuir o pro-blema da perda da biodiversidade”, acrescenta. Só a criação de con-dições para fixar a população é que poderá contrariar a sangria de-mográfica. “O principal foco é dar condições às pessoas para que não sintam a necessidade de ir para as grandes cidades.

” Por outro lado, cabe aos habitantes destes territórios a mis-são de serem criativos. “Têm de conseguir encontrar, no seu local, algo que possam fazer de novo. Hoje em dia, têm de ser pioneiros. Quem se quiser instalar não pode fazer o que o vizinho do lado faz, tem de fazer obrigatoriamente outra coisa, tem de ter ideias novas”, sentencia Paula Arnaldo.

As áreas protegidas de Montesinho e do Douro Internacional são também alvo de investigações no âmbito da biodiversidade, por parte do Instituto Politécnico de Bragança (IPB). Este ano, arrancou o projeto “IND_CHANGE - Ferramentas de modelação baseadas em indicadores para prever alterações na paisagem e promover a aplicação da investigação  sócio-ecológica  na gestão adaptativa do território”, que inclui um componente sobre efeitos causados pela alteração das paisagens na biodiversidade. Com término em 2015, o projeto vai debruçar-se sobre o Parque Natural de Montesinho, uma das áreas de estudo. Este ano, Maria Alice Pinto, do Centro de Investigação de Montanha, deverá apresentar as conclusões do estudo sobre “padrões e processos de variação (neutral e adaptativa) na zona de hibridação da abelha da Península Ibérica”, que aborda a diversidade genética e a sua explicação evolutiva.

Em 2012, findaram os projetos de “Conservação e valorização da flora endémica ameaçada em Portugal Pólo” e “Cultibos, yerbas i saberes: biodiversidade, sustentabilidade e dinâmica em tierras de Miranda”. De referir ainda que o IPB já teve em curso estudos para avaliar o efeito de empreendimentos hidroelétricos na qualidade dos sistemas aquáticos de várias bacias, bem como projetos de inventariação e conservação da flora e vegetação autóctones.

Projetos de investigação emMontesinho e no Douro Internacional

Anthus campestris (petinha-dos-campos) – Paulo Travassos Abertura de ninhos de formiga Myrmica

Lagarto água macho – Albano Soares Meles meles (texugo fêmea) – Aurora Mouzon

Page 14: Revista Repórter do Marão

educação

O deputado Luís Vales, do PSD, eleito pelo cír-culo do Porto, que diz ter informações da empre-sa Parque Escolar, confirmou que as obras de re-qualificação da Escola Secundária do Marco de Canaveses foram suspensas “por falta de dota-ção financeira”.

Luís Vales disse ter-se reunido recentemente com o presidente da empresa do Estado que está a remodelar o parque escolar e lhe ter sido comu-nicado a suspensão temporária da empreitada relativa à Escola Secundária do Marco de Cana-veses, uma decisão que teria sido já tomada em dezembro de 2011.

Segundo o deputado, a Parque Escolar terá re-cebido ordens da tutela para suspender a obra quando terminasse a primeira fase da requalifica-ção da escola, o que aconteceu em setembro de 2012. A mesma situação estará a afetar 20 escolas no país, adiantou ainda o deputado, citado pela Lusa. A justificação passava por não estar ainda cabimentada, pelo Ministério das Finanças, verba para o resto dos trabalhos.

O deputado eleito pelo circulo do Porto la-

menta a situação, porque, sublinha, apenas foi re-alizada a primeira das três fases da empreitada, que tem um custo global de 12 milhões de euros.

Obras só a partir de setembro

O parlamentar adiantou que recebeu informa-ção da Parque Escolar de que a obra só será reto-mada em setembro, no âmbito de um plano de investimentos plurianual.

O deputado reconhece que as atividades leti-vas decorrem numa situação precária e que está a fazer todas as diligências para ser recebido pelo ministro da Educação.

“Espero que o senhor ministro seja sensível à situação e que seja encontrada uma solução para as obras recomeçarem rapidamente”, dis-se Luís Vales.

ManifestaçõesO eleito social-democrata, que é natural do

Marco de Canaveses, admitiu poder participar em manifestações de protesto convocadas pela comunidade escolar e pela autarquia, mas só de-pois de "esgotar todas as possibilidades de di-álogo com o Governo".

Luís Vales referiu estar "indignado" por as obras terem sido suspensas sem que a direção da escola e a autarquia tenham sido informadas.

Câmaraprotesta

Também o presidente da Câmara do Marco de Canaveses, Manuel Moreira (PSD), ameaçou par-ticipar em manifestações de rua, com a participa-ção de alunos, se o Governo não retomar as obras na escola secundária da cidade.

“É de um grito de revolta que se trata. Se não houver resposta afirmativa, vamos ter de tomar outras iniciativas”, afirmou o autarca.

Manuel Moreira anunciou que mandou para o ministro da Educação, Nuno Crato, uma carta a exigir que sejam retomadas as obras de mo-dernização da escola, paradas desde o final de 2012.

“Exigimos a urgente retoma dos trabalhos. Jamais aceitaremos que uma escola seja sus-

Câmara revoltada com atraso da SecundáriaAs dificuldades de financiamento ditaram a suspensão temporária das obras de mais uma escola que estava a ser requalificada pela Parque Escolar, desta vez no Marco de Canaveses. A Escola Secundária tem as obras paradas desde o final de 2012 e a Câmara Municipal decidiu denunciar agora a situação por esta suspensão colocar em causa o calendário definitivo da obra, que apontava a sua conclusão a tempo da abertura do ano letivo 2013/14. Relativamente a outra escola que também sofreu uma paragem, apesar de curta, em Baião, as obras foram concluídas e a comunidade escolar já pôde mudar-se para os novos edifícios há algumas semanas, depois de um ano e meio em instalações provisórias.

PARQUE ESCOLAR | Escola do Marco de Canaveses com obras suspensas

14 março'13 | repórterdomarão

Page 15: Revista Repórter do Marão

pensa, instalando o caos na vida académica”, disse o autarca social-democrata, numa conferência de imprensa em que esteve acompanhado do diretor da escola, José Teixeira.

Manuel Moreira insiste que estão disponíveis verbas comuni-tárias para a obra, faltando apenas a comparticipação nacional.

Segundo o diretor da escola, os cerca de 1.600 alunos do es-tabelecimento estão a viver "uma coisa terrível, porque coexis-tem uma zona cheia de condições e outra degradada".

"Temos salas em que chove lá dentro, é frio e o aspeto vi-sual aproxima-se das favelas”, lamenta José Teixeira.

Câmara revoltada com atraso da SecundáriaPARQUE ESCOLAR | Escola do Marco de Canaveses com obras suspensas

repórterdomarão | março'13 15

Apesar de também ter sofrido uma paragem nas obras, a EB 2,3/Secundária de Baião acabou por ficar concluída este mês, estando a comunidade escolar já instalada no novo edifício.

Com cerca de um milhar de alunos, a EB 2,3/S de Baião dispõe agora de novas oficinas, para acolher os cursos profissionais de mecânica e de eletricidade, salas dedicadas a cursos inovadores, como o de ótica ocular, laboratórios e unidade de ensino estruturado, para alunos do 2º ciclo com necessidades educativas especiais.

O novo edifício dispõe de 59 salas de aulas, 18 delas "multifunções", dois ginásios, balneários de apoio aos equipamentos desportivos e um salão polivalente com capacidade para 180 lugares sentados.

Para o diretor do Agrupamento de Escolas, Carlos Alberto Carvalho, há uma grande satisfação entre os elementos da comunidade educativa pela mudança para a nova escola. "Todos nós sentimos que aqui vamos dispor de condições ideais de trabalho e aprendizagem", comentou durante uma visita guiada com o presidente da Câmara. O autarca, José Luís Carneiro, teve a oportunidade de conversar com vários alunos e desafiou-os a "aplicarem-se nos seus estudos porque é dessa forma que poderão concretizar os seus sonhos e objetivos".

Escola concluída em Baião

Page 16: Revista Repórter do Marão

22 outubro'12 | repórterdomarão

agenda | crónica

22 outubro'12 | repórterdomarão

MARCO DE CANAVESES: DOLMEN - Alameda Dr. Miranda da Rocha, 266 | T. 255 521 004

Dolmen debateu a região com parceiros e especialistasA Dolmen organizou na Fundação Eça de Queiroz, em Tormes, um jan-

tar-debate com autarcas, parceiros, investidores, técnicos e especialistas de desenvolvimento regional com o intuito de avaliar os investimentos re-alizados até hoje no território Douro Verde e perspetivar que tipo de ações deverão ser empreendidas durante a vigência do próximo instrumento co-munitário de apoio, no período 2014-2020.

No encontro da Dolmen participaram os professores Lino Tavares Dias, di-retor da Área Arqueológica do Freixo e professor da U.Porto, Luís Ramos, de-putado e professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e Rio Fernandes, geógrafo e investigador em ordenamento do território, pro-fessor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

"A Dolmen enquanto gestora e dinamizadora de programas de apoio ao desenvolvimento local reuniu os principais atores públicos, associativos e privados para debater os caminhos trilhados e perspetivar o futuro da nossa região. Este Encontro de Parceiros do Desenvolvimento permitiu de-bater as prioridades do presente e do futuro do nosso território em ordem à auscultação e definição da estratégia de desenvolvimento a apresentar no próximo quadro estratégico(2014-2020)", assinalou Telmo Pinto, presi-dente da Dolmen, na abertura do debate.

Acrescentou ainda que "nos próximos Encontros de Parceiros, a reali-zar ao longo deste ano, pretendemos discutir o papel e importância da produção, transformação e comercialização dos produtos locais; as siner-gias da oferta cultural, paisagística, gastronómica e do alojamento turísti-co, entre outros."

Segundo Telmo Pinto, "a aposta na qualificação, diferenciação e com-plementaridade da oferta, no nosso território, deve ter uma preferência na nossa estratégia e na abordagem que pretendemos para a nossa região."

Colaborador da primeira hora do projeto da Dolmen, Lino Tavares Dias salientou a importância do caminho de ferro que atravessa a região, apesar das ameaças que pairam sobre este meio de transporte.

Aludindo que já Eça de Queiroz o utilizou no século XIX quando rumou a Tormes, sobretudo por ser “estratégico”, o investigador salientou que “o ca-

minho de ferro é a grande marca deste espaço no final do século XIX e no século XX”.

Acrescentou que a lógica da paisagem cultural, que a Dolmen traçou para esta região, tem tudo. “Temos é de saber explorar este produto”, de-safiou.

“É por isso que quando é falado em termos identitários, em termos de identidade e afirmação, este aspeto é absolutamente fundamental, por-que foram as pessoas que aqui viveram, desde há uns milhares de anos, que gradualmente construíram de uma forma harmoniosa esta lógica de perceber o território e usar a sua capacitação é a mais valia que curiosa-mente serviu de suporte ao pensamento da Dolmen”, concluiu Lino Tava-res Dias.

Luís Ramos traçou a evolução do território em termos de estruturas, construídas com os apoios da União Europeia. “O país não seria o mesmo, sobretudo nos meios rurais, sem este tipo de ajuda da UE, e quem não fizer este exercício não estará a ser sério”, sustentou o deputado do PSD.

Mas o professor universitário colocou também o acento na “sustentabi-lidade económica e social” de muitos desses equipamentos, apesar de con-cordar que existe um salto qualitativo muito elevado, nomeadamente no in-terior do país.

“Temos hoje em muitos municípios do interior níveis e qualidade de infraestruturas muito melhores que nas áreas metropolitanas (AM) do Por-to e de Lisboa”, considerou.

Aludindo ao desequilíbrio de recursos – “houve dinheiro a mais para se-tores e áreas onde não era tão necessário” – o deputado definiu uma das principais distorções: “O subsídio era o aliciante para o investimento priva-do. Isto distorceu o sistema e a grande maioria [dos projetos] não produ-ziu bens transacionáveis”.

Relativamente ao próximo quadro de apoio europeu, Luís Ramos de-fendeu que os programas devem apontar no sentido da criação de rique-za e acautelar os problemas de governança, dando como sensato que a concorrência entre vários apoios será “contraproducente”. Deverão ain-da ser orientados para “intervenções territoriais integradas” e não me-

Lino Tavares DiasTelmo Pinto

Page 17: Revista Repórter do Marão

repórterdomarão | outubro'12 23

agenda | crónica

repórterdomarão | outubro'12 23

agenda | crónica

BAIÃO: DOLMEN - Centro de Promoção Produtos Locais | Rua de Camões, 296 | T. 255 542 154

Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

Dolmen debateu a região com parceiros e especialistas

ros apoios circunstanciais.Para este professor da UTAD, as prioridades devem assentar “na criação

de riqueza, em produtos que sejam vendidos cá ou lá fora”, acautelando a sua “produção, transformação e comercialização”.

Defendeu o empreendedorismo e a melhoria da organização das empre-sas, que constitui um dos “custos de contexto mais graves nas empresas e instituições”.

Se não corrigirmos algumas das distorções que temos atualmente, con-cluiu Luis Ramos, “daqui a 25 anos vamos estar muito pior e sem esperan-ça nenhuma”.

Por seu turno, Rio Fernandes sinalizou a importância do conhecimento e criticou “o discurso fácil do turismo”.

“Os países mais desenvolvidos vão ser aqueles onde há mais conheci-mento”, disse, e já não tanto “os que têm mais ou menos riqueza", seja no subsolo ou na paisagem.

O investigador da U.Porto defendeu que os operadores turísticos têm de vender, sobretudo, “autenticidade”, mas insistiu no capital humano.

A região “precisa de fixar os mais qualificados”, defendendo que a mo-bilidade de pessoas para os territórios “é que é fundamental”.

“Quem ficar sem pessoas é que não terá futuro”, sentenciou.

Feira de Fumeiro de Baião

Rio FernandesLuís Ramos

Uma centena de pessoas encheu a sala do restaurante de Tormes

Page 18: Revista Repórter do Marão

regiões

18 março'13 | repórterdomarão

Nove telas a óleo e quatro espelhos da antiga sacristia, que integram o acervo do Núcleo Museológico do Baixo Tâmega (Nú-cleo de Arte Sacra), em Cabeceiras de Basto, podem ser observadas pelos visitantes na-quele núcleo do Museu das Terras de Basto, sediado no Mosteiro de S. Miguel de Refojos.

Segundo o Município de Cabeceiras de Basto, ao longo do ano de 2012 o acervo pa-trimonial do Núcleo de Arte Sacra da Igreja de S. Miguel de Refojos foi sendo enrique-cido pelo restauro de pinturas a óleo sobre tela. Procedeu-se também à conservação e restauro de quatro espelhos da antiga sa-cristia, cujo desenho é de Frei José de Santo António de Vilaça, monge beneditino, que executou obra para as grandes casas bene-ditinas do norte de Portugal.

Castelo de Paiva promove vinho verde em julho

A Câmara de Castelo de Paiva abriu as inscri-ções para a XVI Feira do Vinho Verde, Gastronomia e Artesanato que se realizará na primeira semana de julho (entre os dias 5 e 7). Neste evento, nota a organização, podem participar produtores natu-rais e/ou residentes do concelho, as Juntas de Fre-guesia e a Associação Comercial e Industrial.

Os produtores podem inscrever-se até 30 de abril. No evento participam também restaurantes, tasquinhas e artesãos locais.

Museu de Cabeceiras com mais arte sacra

Carlos Vaz na administração do Centro Hospitalar do Tâmega

O administrador hospitalar de car-reira Carlos Vaz regressa à região do Tâ-mega e Sousa para um novo desafio.

Depois da sua passagem pela admi-nistração do antigo hospital de S. Gon-çalo, em Amarante (antes da constitui-ção do centro hospitalar), e nos últimos anos pelo Centro Hospitalar de Trás-os--Montes e Alto Douro (CHTMAD), o Con-selho de Ministros aprovou este mês a sua nomeação para a nova administra-ção do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), com sede em Penafiel, e que integra as unidades de Penafiel e Amarante.

Carlos Vaz substitui José Luís Catari-no, presidente do CHTS desde abril de 2010. Além de Vaz, o Conselho de Mi-nistros nomeou também os vogais do CA do CHTS, agora reduzido a cinco elementos: Manuel José Magalhães de Barros, José Gaspar Pinto de Andrade Pais, José Luis Barros da Silva (diretor clínico) e Jor-ge Luciano Leite Monteiro (enfermeiro diretor).

Para o Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHT-MAD), com sede em Vila Real, foi nomeado Carlos José Cadavez (presidente) e os vogais Fernando Miguel Pereira, José Joaquim Costa (diretor clínico) e José dos Santos Lameirão (enfermeiro diretor).

O CHTMAD é constituído por quatro unidades hospitalares (Vila Real, Chaves, Lamego e Peso da Régua) e uma unidade de cuidados continuados (Vila Pouca de Aguiar).

A Câmara de Mondim anunciou a renovação da iluminação no núcleo histórico da vila, agora dotada de candeeiros com tecnologia LED. A ação estava no Plano de Regeneração Urbana de Mondim de Basto "que mantém a lógica da iluminação mural, evitando os constrangimentos à circulação pedonal e viária". Este tipo de iluminação, segundo a autarquia, "é me-nos poluente e mais económica, consumindo cerca de um terço das lâmpadas das lanternas antigas".

O Museu Municipal de Penafiel mostra até 29 de setembro, uma exposição da Viarco que "retra-ta a importância do lápis, num espaço de pedago-gia para crianças, que ensina e transmite valores, de influência e residência para artistas, de muse-ologia industrial".

Estão patentes no museu obras de Carlos Paiva, Diogo Pimentão, Filipe Cortez, Lília Santos, Ricardo Pistola, Rui Ferreira, Rui Florido e Pascal Nordmann. “Viarco Traços para o Futuro” é o tema de uma ex-posição que pretende "retratar e valorizar o lápis", um utensílio "de excelência, uma ferramenta com a qual todos iniciamos ciclos de aprendizagem", fun-damental também "para a expressão plástica".

A Câmara de Fafe anunciou que con-cluiu a iluminação pública da pista de ciclo-turismo do concelho, um investimento de 38 mil euros. Foram colocadas "luminárias" numa extensão de 6.600 metros.

A pista de cicloturismo ocupa o antigo traçado da linha férrea que ligava Fafe a Gui-marães, desativada em 1986.

Fafe ilumina pista de cicloturismo

A aposta nas vendas de pão-de-ló pela internet logrou aumentar as vendas da cen-tenária "Casa do Pão-de-ló de Margaride", em Felgueiras, anunciaram os proprietários. Guilherme Likfold, descendente dos funda-dores do estabelecimento fundado há 283 anos, disse à Lusa que o uso das plataformas multimédia, foi fundamental para fazer cres-cer o negócio.

Segundo o proprietário, a promoção do produto através da venda online permitiu manter o negócio familiar e o emprego de uma dezena de trabalhadores.

O site apresenta a história da casa, a ori-gem do "Pão-de-ló em Margaride" e permi-te a aquisição 'online' da doçaria tradicional.

A Câmara de Felgueiras, que organi-za anualmente um festival do pão-de-ló no Mosteiro de Pombeiro, assinala que esta igua-ria tradicional é fabricada em cerca de duas dezenas de empresas familiares no concelho.

Pão-de-lóde Felgueiras

à venda na internet

Mondim de Basto renova iluminação do centro

Museu de Penafiel mostra"Traços" da Viarco

Page 19: Revista Repórter do Marão

crónica

repórterdomarão | março'13 19

RESPINGOS II

1. «Feliz é o país que protesta com uma canção», disse em di-recto na televisão a Senhora Vi-viane Reding, vice-presidente da Comissão Europeia, referindo-se aos sucessivos protestos ao som de Grândola Vila Morena.

De facto, é preferível protes-tar com canções do que com petardos.

Mas estas palavras, que pre-tendiam obviamente ser simpá-ticas, conseguiram apenas ser li-geiras. É que não colam lá muito bem com a realidade portuguesa. Alguém devia dizer à Senhora Reding que, neste país, o cantar nem sempre é sinal de felicida-de. E que o grande poeta que é o povo português, sabiamente, cristalizou esse aparente parado-xo numa quadra magistral:

Quem tem meninos pequenosPor força tem de cantar;Quantas vezes a mãe cantaCom vontade de chorar.

O povo português, é certo,

tem cada vez menos meninos pequenos, que seja forçoso em-balar cantando; mas tem cada vez mais políticos (deviam aqui seguir-se alguns adjectivos ade-quados e corrosivos, mas cala-te, boca), aos quais tem vido a can-tar com uma enorme, angustiada vontade de chorar.

Expliquem isso à senhora. E já agora haja moderação

no uso da linda e fresca canção de José Afonso nas mais desen-contradas circunstâncias. Só se consegue, com isso, desacreditar o seu enorme significado simbó-lico. Não se ouve já chamar a es-sas intervenções ‘grandoladas’? ‘Grandolada’ rima com ‘peixei-rada’. Tenham isso em atenção.

2. A pata do Acordo Ortográ-fico continua a escoicinhar sem dó nem piedade a língua portu-guesa. Com as chamadas duplas grafias criou uma tal bernarda que qualquer dia ninguém se entende.

O mais recente exemplo chega-me pelo correio. É uma circular da ARS Norte — orga-nismo oficial que, como tal, está obrigado a aplicar o estafermo. Aplicar? Bom, aparentemente é aplicado ou não conforme os humores de momento do usuá-rio. Vejam só. A certa altura lê-se na circular: «contatar a unidade onde se encontra inscrito». Um pouco abaixo: «caso não ocorra um registo de contato.» E mais abaixo ainda: «através de con-tacto com qualquer uma das uni-dades». Tudo na mesma circular.

Em que ficamos? ‘Contato’ e ‘contatar’ — ou ‘contacto’ e ‘contactar’?

E diziam aqueles fulanos que o Acordo não provocaria conse-quências a nível de pronúncia. Está-se vendo: qualquer dia aí está Portugal a dizer ‘contato’ onde sempre disse ‘contacto’. Quando esta confusão de narizes e outras que tais se vulgariza-rem — e, não tenham dúvidas, vão-se vulgarizar —, teremos a língua portuguesa mais pobre e enfraquecida, mais canibalizada pela norma brasileira.

Não sei se o doutor Casteleiro y sus muchachos já limparam as mãos à parede pelo lindo serviço que fizeram. Se ainda não, estará talvez na hora de o fazerem.

[email protected]

Descubra o mundo com ...

Michael Aires e Rui Barbosa *

BÉLGICAA Bélgica é um Estado federal dividido em três regiões: a Flandres a

norte, onde se fala flamengo (neerlandês), a Valónia a sul, onde se fala francês, e Bruxelas, capital bilingue, onde o francês e o neerlandês são línguas ofi-ciais. A leste, existe ainda uma pequena comunidade germanófona com cerca de 70 000 habitantes.

Este país localiza-se a leste da Alemanha e a sudoeste da França. Possui uma superfície de 30.528 km2 e 10,1 milhões de habitantes, sendo Bruxelas a sua capital. A temperatura média anual é de 9º C, tendo um clima oceâni-co temperado em que o verão é suave e o inverno é fresco e, em ocasiões,

muito frio.No que diz res-

peito à população existem no país dois grupos étnicos: os flamengos, de ori-gem germânica e os valões, de origem cel-ta. Para além destes grupos habitam no país pessoas de todo o mundo, designada-

mente portugueses que, tal como pessoas de outras nacionalidades, emi-graram para este país à procura de melhores condições de vida.

A Bélgica é um dos países mais industrializados da Europa e a sua paisa-gem é bastante variada, de que são exemplo as planícies ao longo dos 67 km de costa do Mar do Norte, o planalto na zona central do país, colinas e florestas na região das Ardenas.

O prato mais conhecido do país são os mexilhões com batatas fri-tas, sendo de destacar que o país produz mais de 1000 marcas de cerveja.

Atomium é um dos ex-libris da cidade de Bruxelas, tendo sido construído em 1958, para a Expo-sição Universal de Bruxelas, re-presentando uma molécula de fer-ro ampliada 165.000 milhões de vezes. Este monumento, serve de miradouro, já que depois de subir as suas escadas tem-se uma im-pressionante vista panorâmica so-bre a cidade.

Manneken Pis, uma estátua com cerca de 55 centímetros, é igual-mente um monumento de destaque deste país, caraterizando-se por algumas lendas: alguns contam que um menino salvou Bruxelas de um in-cêndio com o “xixi”, apagando a faísca de uma bomba inimiga.

A distância de Portugal/Bélgica são cerca de 2450 km. A viagem de avião tem uma duração de cerca de 3 horas.

* Alunos do 2º ano do curso Técnico de Turismo Ambiental e Rural da Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Marco de Canaveses

A.M.PIRES CABRAL

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.

Page 20: Revista Repórter do Marão

14 fevereiro'13 | repórterdomarão

poder local

EPAMACHélder Teixeira vende pimento padrón em Espanha

O grau de empregabilidade ou de saídas profissionais para os alunos da Escola Profis-sional de Agricultura e Desenvolvimento Ru-ral do Marco de Canaveses (EPAMAC) consti-tui o maior capital deste estabelecimento de ensino.

Além dos alunos que encontram rapida-mente trabalho após a sua formação base, de que são exemplos as áreas do turismo e animação rural e da formação agrária, ou-tros têm enveredado por criar a sua empresa, como foi o caso de um antigo aluno de Ama-rante, que frequentou a EPAMAC na década de noventa.

Hélder Teixeira estudou em Amarante até ao 9º ano, mas o apelo da agricultura e o exemplo dos pais deram-lhe o incentivo ne-cessário para ingressar na EPAMAC, em 1993, no curso de Técnico de Gestão Agrícola. Eram os primeiros anos de funcionamento da esco-la e a oferta formativa resumia-se, nessa épo-ca, àquele curso de formação agrícola.

Vende toda a produção de pimento padrão para o norte de Espanha (Galiza), cerca de 12 toneladas ao ano.

Por que razão escolheu esta escola?Os meus pais trabalhavam na área agrícola e

isso foi um fator determinante. Ainda estudei a hipótese de ir para a Escola Profissional de Vitivi-nicultura de Amarante mas gostamos da Esco-la do Marco e acabei por ingressar. Estudei lá 3 anos, de 1993 a 1996. 

Como aprecia a formação que a escola passa aos alunos?

A formação que todos os alunos recebem da EPAMAC é uma ferramenta de trabalho, funda-mental para o início de uma carreira. Interessa depois é cada aluno mostrar tudo aquilo que lá aprendeu e aplicar isso num projeto.

Que percurso fez a seguir à Epamac?Estive um tempo parado, enquanto tentei

concorrer ao ensino superior. Depois comecei a trabalhar com os meus pais. Entretanto, fiz vá-rias formações em Amarante, na Póvoa de Var-zim, em Torres Vedras, bem como em Almería (Espanha). Consegui alguns conhecimentos em novas áreas, como a Fertirrigação [técnica de

adubação que utiliza a água de irrigação para levar nutrientes ao solo cultivado] e na área da Hidroponia [técnica de cultivar plantas sem solo, geralmente suspensas, onde as raízes re-cebem uma solução nutritiva que contém água e todos os nutrientes essenciais ao desenvolvi-mento da planta].

Como entrou no mundo empresarial? Criei uma empresa hortícola, inicialmen-

te como jovem empresário e em nome indivi-dual, mas posteriormente passei de nome in-dividual para uma sociedade. No final de 1999 instalamos o primeiro meio hectare em estu-fas multitúneis. Foi a primeira fase.  Depois fiz um segundo projeto em que instalei, em 2004, meio hectare em estufas pé direito, utilizan-do tudo o que tinha aprendido no sul de Espa-nha. E foi daqui que comecei a desenvolver a comercialização para os grossistas.

Além da horticultura, tenho outra sociedade com o meu pai na área dos vinhos.

Além de empresário, sou dirigente de duas associações, uma na área do vinho e outra na área agrícola.

Que futuro vê para as suas empresas?Até agora tudo corre bem e espero que conti-

nue. O vinho também exporto para a Alemanha e França, sobretudo para o "mercado da Sauda-de", onde estão muitos emigrantes. A área hor-

tícola é um mercado em crescimento e em que há muitas oportunidades. No meu caso, já po-dia ter mais terrenos cultivados se me alugas-sem os terrenos. Os preços são proibitivos, o do-bro do que custam noutros países europeus. É uma situação que determina o sucesso ou insu-cesso dos jovens que querem entrar nesta área.

Espera alargar a sua produção, nomeada-mente a novos produtos?

Temos ideias de outros hortícolas, como alfa-ce e, se houver clientes, os tomates. Se aparecer alguém com um contrato bom para nós, nós aí vamos produzir. É o que hoje em dia fazemos antes de plantar.

Negociámos 20 mil plantas de pimento pa-drão em novembro de 2012 que foi plantado no final de fevereiro/início de março. Começa a produzir em junho. É tudo pensado atempa-damente.

Que recordações tem da sua passagem pela EPAMAC?

Muito boas. Digamos que não devo ter sido um exemplo de aluno. Tinha as minhas asneiras como todos, mas foram três ótimos anos, mui-to bem vividos. Não é só o facto de ter estado na escola mas é como ser adepto de um clube, vestimos aquela camisola e fica para sempre. E hoje sinto que visto aquela camisola ainda, que ainda sou da escola...

Antigo aluno da nossa Escola é empresário agrícola em Amarante

Page 21: Revista Repórter do Marão

repórterdomarão | fevereiro'13 15

Produção editorial da responsabilidade da EPAMAC

Page 22: Revista Repórter do Marão

Cartoons de Santiagu

HUGO CHÁVEZ1954 - 2013 2013

Publicação da IV Série

[Pseudónimo de António Santos]

O olharde...

eDuArDO pintO 1933-2009

Amarante - Finais Anos 50

ALEGRIA NA DANÇA

artes

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la Lima (C.P. 6019), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, Daniel Faiões (T.P. 991). Fotografia e Fotojornalistas: Marta Sousa, Manuel Teles, Jorge Sousa, Paulo Teixeira.Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota, Eduarda Freitas.Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas Permanentes e Ocasionais: António Fontaínhas Fernandes, José Carlos Pereira, Cláudia Moura, Armando Miro, Beja Santos, Alberto Santos, José Luís Carneiro, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Couti-nho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, F. Matos Rodri-gues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo.

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Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.

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22 março'13 | repórterdomarão

Page 23: Revista Repórter do Marão

IRENE, SARA e NANDINHONão sei se já te disse, mas eu

cada vez gosto menos de falar de mim. Aliás nunca gostei. Pen-so que não tem nenhum interes-se aborrecer os outros com os assuntos que só a nós dizem res-peito.

Claro que também tenho von-tade de falar de mim, dos meus assuntos, mas evito, sempre fui assim, reservada. Não podemos ser iguais, e a mim calhou-me ser assim, que é que hei-de fazer?

Claro que em certas ocasiões da minha vida tive a estranha sensação que ia rebentar se con-tinuasse calada. Quando isso me acontece, saio de casa e ponho--me a caminhar para cima e para baixo, para baixo e para cima, e lentamente a ver melhor o que se está a passar e, devagarinho, começo a sentir-me mais sosse-gada.

Acredita, porque é mesmo ver-dade, o que te vou dizer. Ultima-mente, o que mais me custa é ter de estar no centro de saúde a ou-vir aquela gente a falar das suas doenças e das doenças da famí-lia inteira. Aquelas almas falam pelos cotovelos. Põem a cabeça de lado, olham para o chão, e às vezes fecham os olhos, se calhar para reverem melhor o filme .

E eu dou comigo a pensar: ai, Irene, Irene, se tu fosses diretora deste centro de saúde mandavas pôr em todas as paredes carta-zes a dizer , mas em letras gar-rafais: As lamúrias são proibidas neste local.

Mas não era bem isto o que eu queria contar-te. Sabes, desta vez ando a sentir-me bem mal. Não, não estou doente, tirando a pastilha para a tensão alta, não me posso queixar. Mas já cá es-tão cinquenta anos, sabias? Pois é, e já tenho o cabelo todo bran-co, três netos e três filhas, todas divorciadas. A mais nova casou--se em Abril do ano passado. Eu não queria, mas ela insistiu, insis-tiu, que tinham dinheiro, e era o sonho da vida dela, e queria ser muito feliz no dia do seu casa-mento. O Salvador, que foi sem-pre muito vaidoso, veio em so-corro da filha, que sim, que pois então.

E eu disse-lhe: Sara, bem sa-bes que o teu pai está a receber o subsídio de desemprego, e da-qui a meio ano acaba.. E nós ain-da estamos a pagar a prestação da casa. O meu ordenado não dá para tudo. O dinheiro que tí-

nhamos foi gasto na porcaria do carro que o teu pai comprou, que anda sempre avariado. Ago-ra não temos o dinheiro, mas te-mos um carro que não me leva a lado nenhum. Eu bem avisei o teu pai: Salvador, deixa o dinhei-ro na promissória, que podemos precisar dele.

Mas ele nunca me ouviu, é mais teimoso que um burro ve-lho. E a minha filha respondeu, toda airosa: ó mãe, está tudo controlado, não te preocupas. Eu e o Nandinho tratamos de tudo.

Lá se fez o casamento numa quinta cheia de arvoredo com flores por todos os lados, tudo muito chique, e um bolo de noi-va lindo, enorme, alto como uma torre, uma autêntica obra de arte, como eu nunca tinha vis-to. Gostei muito do bolo de noi-va, tão bonito, mas só para ver. Para comer não prestou, era mui-to enjoativo, muito pegajoso.

Também contrataram um con-junto que tocava músicas muito engraçadas. E toda a gente dan-çou e cantou;

e se a barraca cair, deixa que caia, ora zumba na caneca, ora na caneca zumba,

e outras assim muito populares, muito bem-dispostas. A verdade tem de ser dita, a festa foi muito linda e também se bebeu bem. O pai do Nandinho apanhou uma borracheira de caixão à cova. Essa parte é que destoou um bo-cadinho, mas foi engraçado.

E agora vem o resto. Em no-vembro, sete meses depois da boda na quinta a Sara teve o Mi-guel, e dois dias antes do Natal, o Nandinho pediu o divórcio, e foi à vida dele. Parece que está em Angola.

Ontem, muito chorosa, a Sara, veio dizer-me que não tinha di-nheiro para pagar a prestação do casamento, se eu a podia ajudar. Deu-me uma fúria! Então a mi-nha filha mente-me descarada-mente, descasa-se, está desem-pregada, tem um filho, e agora eu tenho de lhe pagar a presta-ção de uma boda de um casa-mento que já se desfez. E onde é que eu tenho o dinheiro? Onde? Onde?

Anda tudo doido.

António Mota

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crónica

repórterdomarão | março'13 23

PAREDES – Continente | Intermarché | Casa do Benfi-ca | JCA | Câmara Municipal | Biblioteca Municipal | Nos-so Café | Bombeiros | Paredes Hotel Apartamento | JAP Renault | Mitsubishi - Mouriz | Galp (centro) | Hospital da Misericórdia | Lusodiesel | CTI Tractores | MCoutinho (Seat,Ford,Peugeot) | Esc. Secundária | Esc. Básica 2/3 | Pastelaria Cakes | Casa da Cultura | Padaria/Pastelaria Princezinha | Livraria GriffusPENAFIEL – Pingo Doce | Intermarché | BricoMarché | Roady | AKI | Hospital do Tâmega e Sousa | Câmara Mu-nicipal | Café Alvorada | Café Imperial | Mcdonalds | Past. "O Cantinho" | Pastelaria Nova Doce | Pastelaria Aliança | Pastelaria Aromas de Cafe - Sameiro | Penafiel Park Ho-tel | Magikland (ex-Bracalândia) | Esc. B. A. Ferreira Go-mes | Esc. Secundária (Sameiro) | Esc. EB 2/3 Penafiel Sul | Esc. Secundária (Guilhufe) | Pena Hotel | Estação CP | Clinica Med. Arrifana de Sousa | Stand VW JAP Blue | Stand Caetano Auto Toyota | Staples | PENAFIEL SUL: Eco-marché Termas S. Vicente | Hotel e Termas de S. Vicente | Inatel Entre-os-Rios | Restaurante Al-margem | Bombei-ros | Restaurante Ponte da Pedra | Rest. MozinhoPAÇOS DE FERREIRA – Continente | Pingo Doce | In-termarché | Câmara Municipal | Clínica Radelfe | Biblio-teca | Esc. Secundária | Grupo Martins | FERRARA PLA-ZA: Continente | Lojas JCA+Freamunde LOUSADA – Pingo Doce | Continente | Intermarché | Piscinas Municipais | Esc. Preparatória | Esc. Secundá-ria | Bombeiros | Espaço Artes | Câmara Municipal | Con-feitaria Cascata Rosa | Confeitaria Central | Café PaládioFELGUEIRAS – Continente | Pingo Doce | Intermar-ché | Esc. Secundária | Esc. C+S | Esc. Sup Tec. e Gestão | Cent. Camionagem | Mercad. Adriano | Hotel Horus | ISCE | Biblioteca | Galp | McDonalds; LIXA: Continente | Esc. Secundária | Esc. C+S | Staples | BombeirosFAFE – Pingo Doce (Rotunda A7 + Montelongo) | Galp | Intermarché | Euronics | Continente | E.Leclerc | Hotel Confort Inn | Esc. EB 2,3 | Esc. Secundária | Central de Ca-mionagem | Bombeiros | Hospital | Bar da Praça | Ar-cadia Café | Posto de Turismo | Sãozinha Café | Câmara Municipal | Esc. EB 2,3 - Montelongo | Biblioteca | Teatro Municipal | Pavilhão Desportivo Municipal | JAP Renualt | Posto BP (Saída Guimarães) | FafeDieselAMARANTE – Pingo Doce | Intermarché | Continente | Câmara Municipal | Quiosque da Alameda | Café Bar | Museu Amadeo de Souza Cardozo | Hotel Casa da Cal-çada | Confeitaria da Ponte | José Rodrigues - Dentista | Esplanada Tílias | Casa da Juventude | Clínica e Café Cris-tal Center | Café da Manhã | Bombeiros | Momel (Loja Cepelos, Sede e Ponte Pego) | Loja Informática Microtâ-mega | Estação Rodoviária | Petrofregim | Tipog. Grafi-ca Norte | Livraria Moruscla | Café Conde | Centro Pasto-ral | Galp | Biblioteca | FVform - Formação Profissional | Café/Restaurante Príncipe | Café Conselheiro | Café Par-dal (R. 5 Outubro) | Hosp. Amarante - Novo | Café Grão Real | Café Seara | JAP Renault | Casa das Artes | Café Campo da Feira | Salão de chá Butterfly | Esc. Prof Antó-nio Lago Cerqueira | Pastelaria "O Moinho" | Esc. Secun-dária | Esc. EB 2,3 | Esc. EB 2,3 de Telões | Colégio de São Gonçalo | Esc. Básica da Sede | Papelaria Jorge Pinheiro (junto Biblioteca) | Chaimite (St. Luzia) | Alvescar (Opel) | Pastelaria Sonhos do Tâmega | Posto Combustivel Pi-nheiro Manso (Ponte Pego)MARCO DE CANAVESES – Continente | Pingo Doce | Intermarché | Hosp. Rainha Santa Isabel | Câmara Mu-nicipal | Assoc. Empresarial | Dolmen | Barbearia Cor-reira | Café ETC | Esplanada Da Vinci | Biblioteca | Café Woodrock | Bombeiros | Esc. Secundaria | Esc. EB 2/3 | JAP Renault | Pastelaria Café Copacabana | MCoutinho - Sede | Restaurante Momentos | Santana | Standarte | Mitsubishi (Stand) | Repsol | Pastelaria Café Copacaba-na (R. Amália Rodrigues) | Publigraf | Padaria Marcoen-se | Restaurante Tanoeiro | Hemauto | Estação CP | MAR-CO SUL: Escola Profissional de Agricultura Rosém | VILA BOA DO BISPO: Café Nascer do Sol | Bombeiros | Pada-rias Reunidas | Padaria A. Moreira | Café Entroncamento | ALPENDURADA: Café Desportivo | Padarias Reunidas | Café Avenida | Café Caçador | Ecomarché | MiniPreço BAIÃO – MiniPreço | Intermarché | Câmara Municipal

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