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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ EDSON RICARDO MARCONDES PIRES FOMENTO NA AVICULTURA DE CORTE CURITIBA 2012

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ EDSON RICARDO …tcconline.utp.br/.../2013/10/FOMENTO-NA-AVICULTURA-DE-CORTE.pdf · de produção do frango de corte. Ainda assim, Huber (2012) cita

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

EDSON RICARDO MARCONDES PIRES

FOMENTO NA AVICULTURA DE CORTE

CURITIBA

2012

1

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

EDSON RICARDO MARCONDES PIRES

FOMENTO NA AVICULTURA DE CORTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de

Ciências Biológicas e da saúde da Universidade

Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para

obtenção do título de Médico Veterinário.

Orientadora acadêmica: Profa. Dra. Anderlise

Borsoi

Orientador profissional: Med. Vet. Eli Marcos

CURITIBA

2012

2

Reitor

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró Reitor Administrativo

Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró-Reitor Acadêmica

Prof.ª Carmem Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento

Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão

Sr. Roberval Eloy Pereira

Secretário Geral

Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz

Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Prof. João Henrique Faryniuk

Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária

Prof.ª Ana Laura Angeli

Metodologia Cientifica

Prof. Jair Mendes Marques

CAMPUS PROF. SIDNEY LIMA SANTOS

Rua Sidney A. Rangel Santos, 238, Santo Inácio

CEP 82.010-330 – Curitiba – PR

Fone (41) 3331-7700

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado a vida e feito de mim uma

pessoa abençoada, agradeço também a minha mãe, Nossa Senhora, por sempre ter

me preparado um bom caminho.

Aos meu pais Edson Pires e Zilda Apª M. Pires agradeço imensamente por

terem me dado a vida, me criado com fundamentação em princípios como a

honestidade, honra, lealdade, justiça e coragem, por terem abdicados de si e

investido em mim, por sempre me apoiarem em minhas decisões, pelos sábios

conselhos e pelas vezes, que não foram poucas, em que dobraram o joelho em

orações por mim.

Aos avós que sempre acreditaram em mim e se puseram em orações a meu

favor.

Aos demais familiares e amigos, entre eles ressalto tia Dicléia e tio Jeferson,

e minha irmã Amanda, pois foram os que se fizeram mais presentes.

Agradecimentos infindos a profª Drª Anderlise que com grande

desprendimento e atenção abdicou de seu tempo em favor de meu aprendizado e

desenvolvimento, repassando conhecimentos e orientações, não somente como

orientadora, mas, como verdadeira mestra, conduzindo meu crescimento

profissional.

Ao amigo Giankleber que com grande desprendimento e amizade, repartiu

comigo suas experiências e ideias.

À equipe técnica da Frangos Canção, pela paciência e conselhos

transmitidos, pela acolhida e amizade formada.

À Empresa Frangos Canção, pela oportunidade concedida.

Finalmente, agradecimentos a todos que colaboraram na minha formação

acadêmica e profissional.

4

RESUMO

Este relatório de estágio apresenta as atividades desenvolvidas no Estágio

Curricular do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, pelo

acadêmico Edson Ricardo Marcondes Pires. O estágio foi realizado na empresa

GTFoods Group – Frangos Canção em Paranavaí-PR, no fomento agropecuário de

aves. O estágio inclui acompanhamento de atividades na cadeia produtiva da

avicultura de corte e do sistema de integração avícola da empresa, bem como

assistência técnica veterinária aos produtores integrados. Foi desenvolvido durante

o estágio o trabalho de conclusão do curso contendo revisão bibliográfica atualizada

sobre o sistema de produção em aviários Dark House. O estágio foi supervisionado

pelo médico veterinário supervisor do fomento de aves, Eli Marcos da Silva, com

quem foi discutido e analisado os pontos de maior interesse no estágio, com ênfase

nas patologias, tratamentos e manejo do frango de corte.

Palavras – chave: Fomento, Frango de corte, Dark House.

5

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 – ABATEDOURO ...................................................................................13

FIGURA 02 – FÁBRICA DE RAÇÃO .........................................................................13

FIGURA 03 – INCUBATÓRIO ...................................................................................14

FIGURA 04 – MATRIZEIRO PRODUÇÃO ................................................................14

FIGURA 05 – CELULITE EM REGIÃO DE SOBRECOXA ATINGINDO REGIÃO DE

CAVIDADE CELOMÁTICA .......................................................................................18

FIGURA 06 – CELULITE EM REGIÃO DE SOBRECOXA DA AVE .........................18

FIGURA 07 – DERMATOSE EM REGIÃO DE PEITO E COXA DA AVE .................19

FIGURA 08 – NÓRIA APÓS A DEPENAGEM ..........................................................19

FIGURA 09 – FRANGO MAL EMPENADO COM LESÃO DE PELE ........................22

FIGURA 10 – LESÃO DE PELE POR ARRANHADURA ..........................................22

FIGURA 11 – MANEJO INADEQUADO DE COMEDOUROS INFANTIS .................23

FIGURA 12 – LENHA INADEQUADA PARA AQUECIMENTO (VERDE E DE

ESPESSURA INADEQUADA) ...................................................................................23

FIGURA 13 – COMEDOURO AUTOMÁTICO VAZIO DEVIDO À FALTA DE RAÇÃO

NO CAMPO ...............................................................................................................24

FIGURA 14 – AFERIÇÃO DE VAZÃO DE NIPPLE - INADEQUADA POIS

APRESENTAVE-SE COM VAZÃO ALTA .................................................................24

FIGURA 15 – MANEJO INADEQUADO DE CAMA, NOTAR FALTA DA QUEIMA DE

PENAS ......................................................................................................................25

FIGURA 16 – CAMA ÚMIDA .....................................................................................25

FIGURA 17 - FRANGOS OFEGANTES DEVIDO À DESCONTROLE DE

AMBIÊNCIA ...............................................................................................................26

FIGURA 18 – LINHA AUTOMÁTICA DE RAÇÃO QUEBRADA ................................27

FIGURA 19 – COOLING PAD DANIFICADO ............................................................27

FIGURA 20 – VEDAÇÃO INADEQUADA ..................................................................28

FIGURA 21 – AVES OFEGANTES, AVE COM CIANOSE .......................................29

FIGURA 22 – AVE EM ÓBITO COM POSIÇÃO CARACTERÍSTICA DE FALÊNCIA

CARDÍACA AGUDA ..................................................................................................30

FIGURA 23 – AVIÁRIO DARK HOUSE ....................................................................32

FIGURA 24 – COMPARAÇÃO PESO MÉDIO DIFERENTES AVIÁRIOS ................35

6

FIGURA 25 – COMPARAÇÃO DA C.A EM DIFERENTES AVIÁRIOS .....................36

FIGURA 26 – COMPARAÇÃO GPD EM DIFERENTES AVIÁRIOS .........................36

FIGURA 27 – COMPARATIVO CUSTO DE CONSTRUÇÃO DIFERENTES

AVIÁRIOS ..................................................................................................................37

7

LISTA DE TABELAS

TABELA 01 – ESTATÍSTICA DESCRITIVA DAS ATIVIDADES REALIZADAS NO

ESTÁGIO CURRICULAR NA EMPRESA FRANGOS CANÇÃO ..............................15

TABELA 02 – PROPORÇÃO DE NUTRIENTES PARA O CRESCIMENTO VERSUS

MANUTENÇÃO .........................................................................................................33

TABELA 03 – TABELA COMPARATIVA DE PRODUÇÃO EM DIFERENTES

AVIÁRIOS COM VALORES REAIS...........................................................................34

TABELA 04 – TABELA COMPARATIVA DE PRODUÇÃO EM DIFERENTES

AVIÁRIOS TOMANDO AVIÁRIO CONVENCIONAL COMO REFERÊNCIA ............34

8

LISTA DE SIGLAS

C.A Conversão Alimentar

E. Eimeria

g Gramas

GPD Ganho de Peso Diário

HTS Health Traking System

IEP Índice de eficiência produtivo

Kg Quilograma

m² Metro quadrado

PIB Produto interno bruto

UBABEF União Brasileira de Avicultura e Associação Brasileira

dos Produtores e Exportadores de Frangos.

ºC Graus Celsius

9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................10

2 DADOS SOBRE O ESTÁGIO ............................................................................12

2.1 ORIENTADOR ACADÊMICO .............................................................................12

2.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL ........................................................................12

2.3 CARGA HORÁRIA DO ESTÁGIO ......................................................................12

2.4 LOCAL DO ESTÁGIO ........................................................................................12

2.5 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .......................................................................14

2.6 ESTATÍSTICAS E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DO ESTÁGIO ..................15

3 SANIDADE .........................................................................................................17

3. 1 CELULITE ..........................................................................................................20

3.2 FALHAS DE MANEJO ENCONTRADAS À CAMPO QUE POSSIVELMENTE

CONTRIBUEM PARA DEPRESSÃO IMUNITÁRIA ..................................................23

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................31

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................38

10

1. INTRODUÇÃO

No Brasil, a avicultura emprega mais de 4,5 milhões de pessoas, direta e

indiretamente, e responde por quase 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Em 2009 a produção brasileira atingiu a marca histórica de 10,9 milhões de

toneladas, garantindo ao Brasil uma posição entre os três maiores produtores

mundiais de carne de frango, com Estados Unidos e China. Desse total, cerca de

65% permanecem no mercado interno, o que comprova a força dessa indústria para

o país. O consumo per capita de carne de aves no Brasil está em aproximadamente

47 quilos por ano.

Nas exportações, o Brasil mantém, desde 2004, a posição de maior

exportador mundial, tendo terminado 2009 com a marca de 3,6 milhões de toneladas

embarcadas para mais de 150 países (UBABEF, 2012).

Contudo, neste ano de 2012, a avicultura passa um período delicado,

podendo ser caracterizado até como uma crise, de acordo com o que

acompanhamos em noticiários como o “G1 Agronegócios”. O principal fato

determinante deste momento de mercado, foi a queda da produtividade de grãos

como soja e milho, base da nutrição das aves, elevando significativamente o custo

de produção do frango de corte.

Ainda assim, Huber (2012) cita que dentro do complexo de carnes brasileiro,

a carne de frango é a atividade mais dinâmica e modernizada. Modernização feita

com o objetivo de redução dos custos, aumento da produtividade e maior

competitividade. É preciso lembrar também que a qualidade e profissionalismo em

que a avicultura brasileira encontra-se hoje é resultado de uma longa história de

trabalho e dedicação. Muitos investimentos foram feitos em genética, em manejo,

em nutrição, em pesquisa de aditivos, tecnologias, em soluções ambientalmente

corretas e em mão de obra.

Nenhuma crise é fácil de ser enfrentada, mas é preciso enfrentá-la com

objetividade e colaboração, mantendo a postura que o setor avícola sempre teve ao

longo da sua história de sucesso: foco, organização e muito trabalho (HUBER,

2012).

O presente trabalho tem como foco descrever o estágio curricular obrigatório

do acadêmico Edson Ricardo Marcondes Pires, relatando a importância do manejo

11

em todas as fases de produção do frango de corte e agregar conhecimento por meio

de uma revisão bibliográfica sobre o sistema de produção em galpões Dark House.

12

2. DADOS SOBRE O ESTÁGIO

O estágio obrigatório foi realizado na área de produção de frango de corte,

direcionado para a parte de fomento, onde foi feito acompanhamento de visitas

técnicas e chamados de emergências solicitados pelos integrados. Em menor

frequência, acompanhamento das atividades na fábrica de ração e abatedouro.

2.1 ORIENTADOR ACADÊMICO

O estágio foi coordenado pela Doutora Médica Veterinária Anderlise Borsoi,

professora da disciplina de Doenças de aves e suínos, do curso de Medicina

Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

2.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL

Médico Veterinário Eli Marcos da Silva, supervisor da área de fomento da

Frangos Canção, unidade de Paranavaí, integrante do GTfoods Group.

2.3 CARGA HORÁRIA DO ESTÁGIO

A carga horária totalizou 414 horas.

2.4 LOCAL DO ESTÁGIO

O GTFoods Group iniciou a administração de ativos da avícola Frangos

Canção em 2011, no entanto, a empresa surgiu em 1992, na região de Maringá.

Para promover o negócio, aos poucos a organização buscou ampliar a sua área de

atuação, optando pela criação de frangos de maneira integrada. Atualmente, o grupo

abate 360 mil aves por dia e administra os ativos das empresas Frangos Canção,

Gold Frango, Mister Frango e Bellaves. O Grupo GTFoods também tem investido na

ampliação de sua atuação, inclusive incluindo novos produtos em seu portfólio, entre

eles batata palito congelada, polenta, mandioca e também algumas frutas

13

produzidos por fornecedores parceiros. Os peixes e frutos do mar também já fazem

parte dos investimentos do grupo.

A avícola paranaense Frangos Canção, que desde o final de 2011 faz parte

do Grupo GTFoods, aparece em 3º lugar no ranking das melhores empresas do

agronegócio do Brasil por pontos obtidos no setor de aves e suínos da edição

especial da Revista Exame, Maiores e Melhores. A publicação traz uma lista das

melhores e maiores empresas do Brasil segundo diversos critérios. A indústria

Frangos Canção aparece pela segunda vez no ranking das 1000 maiores empresas

brasileiras em vendas, categoria em que subiu da 834ª para a 591ª posição em

2011, quando avaliada a sua receita líquida.

O Canção também melhorou sua posição na lista das 400 maiores empresas

do agronegócio, passando da 182ª posição em 2010 para a 135ª em 2011. A

empresa cresceu 69,8% em vendas líquidas e faturou um total de 677,3 milhões de

reais em 2011. Em 2012 a meta é registrar um faturamento de R$ 1 bilhão. O forte

crescimento da avícola impulsionou a participação dela também na lista das 50

maiores empresas do agronegócio em crescimento, que traz um ranking das

empresas com maior expansão nas vendas. A Frangos Canção ocupa a 11ª

colocação nesta categoria.

FIGURA 1 – ABATEDOURO. FIGURA 2 – FABRICA DE RAÇÃO.

Fonte: NOGUEIRA, 2008. Fonte NOGUEIRA, 2008.

14

FIGURA 3 –INCUBATÓRIO. FIGURA 4 – MATRIZEIRO PRODUÇÃO

Fonte: NOGUEIRA, 2008. Fonte: NOGUEIRA, 2008.

2.5 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades realizadas durante o estágio curricular incluíram as áreas de

fomento da produção de frango de corte bem como fábrica de ração e abatedouro.

No fomento, participação em visitas de rotina para fornecer assistência aos

integrados, acompanhamento nos alojamentos de pintainhos, realização de

necropsias, acompanhamento do programa de monitoria de saúde das aves

chamado Health Traking System (HTS); realização de coletas de sangue e órgãos

para exame laboratorial de rotina, acompanhamento na apanha das aves destinadas

ao abate.

Na fabrica de ração, acompanhamento de todo o processo para a fabricação

da ração e realização de procedimentos de controle de qualidade das rações e das

matérias primas que são utilizadas para sua fabricação no laboratório bromatológico

da fábrica.

No abatedouro, realização de visita técnica para visualização do processo de

abate e inspeção, ante e post-mortem.

15

2.6 ESTATÍSTICAS E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DO ESTÁGIO

TABELA 1 – ESTATÍSTICA DESCRITIVA DAS ATIVIDADES REALIZADAS NO

ESTÁGIO CURRICULAR NA EMPRESA FRANGOS CANÇÃO.

SETORES / ATIVIDADES QUANTIFICAÇÃO

Alojamentos 22 Alojamentos

Visitas técnicas 340 Visitas

Aves visitadas 4725372 Aves

Necropsias realizadas 682 Necropsias

Realização do programa HTS 15 Produtores

Monitoria E. máxima 120 Produtores

Suabe de cama 105 produtores

Vacinação 05 Lotes

Abatedouro 04 Lotes

Fábrica de Ração / Laboratório 08 Horas

HTS = Health Traking System.

E. Máxima = Eimeria maxima.

Nas visitas de preparação das instalações e alojamentos, eram conferidas as

fichas de chegada do lote (origem do pintainho, peso médio, linhagem, quantidade

de mortalidade, idade da matriz) e observadas se todas as instalações estavam

adequadas aos primeiros dias de vida do pintainho: temperatura e ventilação

mínima, espaço e número de equipamentos, vazão de bebedouro tipo nipple,

temperatura de água.

A sanidade dos lotes era monitorada através de necropsias, coleta de

materiais para análise (suabe de cama). Eram selecionadas aves ao acaso para o

sacrifício e necropsia; durante a necropsia realizava-se minuciosa inspeção em

todos os órgãos buscando lesões macroscópicas. Itens avaliados: excretas, lesão de

fáscia, cor do fígado, erosão de moela, espessura intestinal, presença de lesões

compatíveis com Eimerias (E.) (E. acervulina, E. maxima, E. tenella) e o tamanho da

Bursa de Fabricius, trato respiratório superior e inferior juntamente com sacos

aéreos.

16

Avaliava-se o desempenho do lote, observando o peso médio das aves de

acordo com a idade, quantidade de água, ração consumida e mortalidade, com base

nas informações contidas nas fichas, as quais eram preenchidas pelos produtores.

17

3. SANIDADE

As visitas ao abatedouro para acompanhamento do abate foram basicamente

para acompanhar lotes que estavam com problemas no momento do abate gerando

a condenação parcial ou total de carcaças. O abate de lotes problemáticos como

estes, tem a velocidade de abate reduzida de 6000 a 8000 aves/horas, para cerca

de 2000 à 2500 aves/hora. A redução na velocidade do abate gerava transtornos,

pois se for considerado 8 horas de abate com a linha em velocidade reduzida, serão

de 32000 a 58000 aves que deixariam de serem abatidas, ou seja, 1 ou 2 aviários

padrão teriam que ter o abate reprogramado. É importante levar em consideração

também, os frangos que já estão nas dependências da empresa, nos caminhões

esperando o abate, que, com esse tempo prolongado de espera, acabam sofrendo

estresse e perdendo peso.

Toda essa situação se traduz em perdas econômicas e transtornos, nesse

ponto também não pode - se deixar de considerar as toneladas de frangos que

sofrem condenação.

Já considerando os lotes que tiveram que sofrer reprogramação de abate que

ainda se encontram no campo também contribui para o prejuízo, pois sabe-se que

quanto maior a idade, mais alta será a conversão alimentar. Normalmente a fábrica

de ração tem que expedir mais ração para esses lotes, necessitando de toda a

logística do transporte.

As principais causas dessas condenações em abatedouro foram dermatose e

celulite.

18

FIGURA 05 – CELULITE EM REGIÃO DE SOBRECOXA DA AVE,

ATINGINDO REGIÃO ABDOMINAL.

FIGURA 06 – CELULITE EM REGIÃO DE SOBRE COXA DA AVE.

19

FIGURA 07 – DERMATOSE EM REGIÃO DE PEITO E COXA DA AVE.

FIGURA 08 – NÓRIA APÓS A DEPENAGEM

20

3.1 CELULITE

A celulite é o processo patológico caracterizado pela inflamação purulenta

aguda e difusa do tecido subcutâneo, dissecando planos teciduais e podendo

envolver camadas musculares.

A doença apresenta etiologia multifatorial, havendo uma interação complexa

de fatores ligados ao manejo, às aves e à genética bacteriana. Diversas bactérias

tem sido associadas com a celulite, entre elas Staphylococcus aures, Streptococus

dysgalactiae, Proteus spp., Aeromonas spp. e Citrobacter freundii, Clostridium

septicum e Clostridium perfringes. Entretanto, a Escherichia coli é a mais

frequentemente isolada, e aves com a doença podem também apresentar outras

lesões típicas de colibacilose, como peri-hepatite, salpingite e artrite. Conforme o

conhecimento atual, para que a celulite ocorra é indispensável que a pele esteja

lesada e que grande quantidade de bactérias entre em contato com a lesão, de

modo a invadir e multiplicar-se no hospedeiro (JÚNIOR, 2000).

Durante o estágio foi verificado que a maior predisposição à ocorrência da

enfermidade citada é a falha no manejo, pois bactérias dispostas normalmente em

cama e ambiente, não deveriam causar tantos efeitos danosos. As aves poderiam

estar sofrendo de algum fator que cause depressão imunitária. Fatores infecciosos

que poderiam contribuir para aparecimento de celulite como a presença de agentes

imunodepressores, incluindo infecções víricas tais como a doença infecciosa bursal,

a doença de Marek, a anemia infecciosa das aves, a leucose, a reticuloendoteliose a

micoplasmose, além da ação de agentes como as micotoxinas e outros que podem

desencadear doenças cutâneas devem estar no rol de possibilidades de presença

nos lotes da integração, seja por falha no controle das micotoxinas, falhas de

vacinação ou presença não detectada de micoplasmas em matrizes, por exemplo.

Fatores estressantes como alta densidade, ventilação inadequada, fatores

nutricionais como a deficiência de aminoácidos como a metionina e cisteína, entre

outros poderiam ser descartados, pois a Frangos canção trabalha com densidade

adequada comercialmente, 14 aves/m² ou seja 39,2 Kg/m² pois considera 2,800 kg

ao abate, em aviários padrão cooling pad e tendo visto que a equipe de expansão

tem prática comum de não libera alojamento de aviários que não forneçam as

21

exigências necessárias para uma boa ambiência. Ainda pode-se sugerir fortemente

um fator principal como as falhas de manejo; manejo inadequado de cama, manejo

inadequado de ventilação, manejo de luz inadequado, ponto esse de extrema

importância, apontado como principal causador de lesões de pele que evoluem para

dermatite e celulites. Em alguns manejos de luz, como o 2X1 pico de luz (2 horas de

ambiente claro e 1 hora de ambiente escuro) ou e manter as luzes apagadas ao

anoitecer e acender as luzes durante a madrugada., justificado por maior consumo

de ração e água. Tal fato ocorre, pois as aves ingerem mais alimento em

temperaturas mais amenas que ocorrem durante a madrugada. Acreditando-se

melhorar o GPD (ganho de peso diário) e consequente ganho de peso. Pode-se

teorizar que com o citado manejo de luz, as aves, depois de um tempo de jejum,

desperta com luz artificial abruptamente; assim, se agitam e acabam competindo por

comedouros, bebedouros, consequentemente se lesionando e abrindo uma porta de

entrada para os microrganismos causadores das dermatose / celulite, causando alta

taxa de descarte no abatedouro. Dessa maneira o ganho de peso / GPD no campo

não compensaria as perdas no abate.

Por outo lado, se fosse utilizado um programa de luz ajustado para que as

aves despertassem com a luz gradativa do amanhecer, não se agitariam muito e

consequentemente não lesionariam umas as outras. Outro fato importante é o

manejo da ração, pois em algumas ocasiões houve a falta de ração no campo

devido a problemas técnicos com a fábrica de ração. As aves depois do período em

jejum pela falta do alimento, quando a oferta de ração ocorria novamente, também

se agitavam e acabavam por se lesionar.

Ainda foi possível notar no campo, outra falha de manejo que predispõe às

lesões de pele, que era a falha no aquecimento na fase inicial do frango, que pode

acarretar mau empenamento, fazendo com que as lesões de pele aconteçam mais

facilmente (BARBI; ZAVIEZO apud RIBEIRO et. al. 2012).

22

FIGURA 09 – FRANGO MAL EMPENADO COM LESÃO DE PELE.

FIGURA 10 – LESÃO DE PELE POR ARRANHADURA.

.

23

3.2 FALHAS DE MANEJO ENCONTRADAS À CAMPO QUE POSSIVELMENTE

CONTRIBUEM PARA IMUNODEPRESSÃO

FIGURA 11 – MANEJO INADEQUADO DE COMEDOUROS

INFANTIS.

FIGURA 12 – LENHA INADEQUADA PARA AQUECIMENTO(VERDE E DE

ESPESSURAINADEQUADA).

24

FIGURA 13 – COMEDOURO AUTOMÁTICO VAZIO DEVIDO À FALTA DE RAÇÃO

NO CAMPO.

FIGURA 14 – AFERIÇÃO DE VAZÃO DE NIPPLE - INADEQUADA, POIS

APRESENTAVE-SE COM VAZÃO ALTA,

25

FIGURA 15 – MANEJO INADEQUADO DE CAMA, NOTAR FALTA DA QUEIMA DE

PENAS.

FIGURA 16 – CAMA ÚMIDA

26

FIGURA 17 – FRANGOS OFEGANTES DEVIDO Á DESCONTROLE DE

AMBIÊNCIA.

Todos os fatores acima ilustrados podem causar depressão imunitária, como

no caso do manejo inadequado de comedouros infantis, aquecimento inadequado e

falta de ração que levam a uma situação de estresse e predispõem a doenças; já o

manejo inadequado de cama, como não efetuar queima de penas e fermentação

adequada, mantém a cama com carga bacteriana alta que em combinação com a

depressão imunitária podem causar problemas sanitários.

Além disso, foram notados vários problemas em instalações, ocasionados

pela falta de manutenção de instalações e equipamentos, fatores esses que

afetariam a produção, seja pelo estresse causado nas aves ou pelo desperdício de

insumos que se traduz em perdas econômicas.

27

FIGURA 18 – LINHA AUTOMÁTICA DE RAÇÃO QUEBRADA

FIGURA 19 – COOLING PAD DANIFICADO

28

FIGURA 20 – VEDAÇÃO INADEQUADA

Pode-se dizer que a avicultura moderna é feita de detalhes, detalhes estes,

que corrijam as falhas, principalmente as de manejo citadas e instalações. Tais

detalhes, se ajustados, certamente promoveriam um ambiente adequado para o

frango, livre de estresse, assim com melhor condição sanitária, apto para uma boa

produção (expressar seu potencial genético) e consequente boa colheita de

resultados.

Outra situação crítica encontrada na integração da empresa, foi a alta

mortalidade na fase final da criação devido a alta temperatura conhecida da região

noroeste do estado, onde em aviários pressão positiva, mesmo com a baixa lotação

com que a empresa trabalha (em período de primavera e verão de 12 aves/m² ou

seja 33,6 kg/m² considerando um peso de 2,800 kg ao abate), não era possível

atingir a ambiência adequada para a fase final da criação, que seria em torno de

24ºC de temperatura real, cerca de 21ºC de sensação térmica, considerando

velocidade de vento e umidade.

29

Os prejuízos da mortalidade de aves em final de crescimento são grandes,

traduzidos eminentemente pela perda de aves a serem abatidas.

Neste contexto pode –se citar um exemplo de atendimento a chamado de

emergência feito pelo produtor Fulgêncio Arcas do município de Santa Isabel do

Ivaí/PR. O produtor chamou assistência técnica afirmando que o lote se encontrava

em alta mortalidade noturna. O lote encontrava-se com 43 dias de alojamento, aves

da linhagem Ross, o total de 15297aves havia sido alojada em aviário automático e

pressão positiva. Nessa idade encontrava-se com mais de 10% de mortalidade.

Após realização de necropsias em 6 aves, não foram encontradas alterações

macroscopicamente visíveis . Já na observação do lote, verificou-se aves sofrendo

pelo calor, (bico aberto e ofegantes), além de outros sinais clínicos que despertaram

atenção: a presença de cianose de crista e barbela em várias aves.

FIGURA 21 – AVES OFEGANTES, AVE COM CIANOSE

Em conversa com produtor rural, o mesmo relatou que fechava o aviário

durante a noite. Deste modo, a suspeita é de que ocorra falta de oxigênio durante a

30

noite, que, aliada a falta de ambiência, levam o organismo lançar mão de um

mecanismo compensatório como o aumento da frequência cardíaca, na tentativa de

oxigenar adequadamente todo o organismo, mecanismo que no seu extremo, leva à

uma falência cardíaca, pois foram encontradas várias aves mortas em posição

característica de falência cardíaca aguda.

FIGURA 22 – AVE EM ÓBITO COM POSIÇÃO CARACTERÍSTICA DE

FALÊNCIA CARDÍACA AGUDA

Foi orientado ao produtor que melhorasse a ventilação do aviário e

consequentemente teria uma melhor renovação de ar e oxigenação, abaixando

cortinas, mantendo extremidades do aviário abertas e ventiladores ligados.

31

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Segundo Patrício (2012), a carne de frango nos últimos 60 anos passou de

um produto de consumo ocasional para um produto de consumo diário e essencial,

como fonte de proteína de baixo custo. A sua disponibilidade aumentou

consideravelmente por sua alta capacidade de produção mundial instalada e as

ofertas sobre a demanda se tornaram constantes na maior parte do mundo. As

principais commodities envolvidas na sua produção, como milho e produtos

derivados de soja, passaram a ser produtos muito consumidos e altamente valiosos.

A competição por esses insumos os tornou custosos e escassos em muitas épocas

do ano.

A avicultura se vê obrigada a baixar custos de produção para se manter

competitiva; e isso se passa pelo fundamento de se incrementar a eficiência da

produção de carne, melhorando a utilização de grãos por meio de uma melhor

conversão alimentar. Com o objetivo de melhorar o desempenho do frango de corte,

algumas companhias norte americanas, começaram nos anos 80 a produzir em

sistemas de ambiente controlado, com limitação de luminosidade. Este sistema

permitiu incrementar a densidade e melhorar os resultados zootécnicos. Nesses

aviários os frangos ficam mais calmos, com um maior conforto térmico e menos

movimento, permitindo-lhes um menor consumo de energia. Isto proporciona melhor

conversão alimentar e ganho de peso, além de menos problemas metabólicos.

(PATRÌCIO, 2012)

Não existe um tipo de instalação avícola que seja ideal no combate ao

estresse por calor ou frio que possa ser adotado em todas as regiões do mundo,

porque cada região climática impõe uma exigência própria de arranjos com vistas ao

conforto térmico (TINÔCO, 2001), entretanto, grande parte das produções de

frangos de corte se utilizam de aviários convencionais (cortina amarela), havendo

ainda poucos com aviários escuros ou Dark House (NOWICKI et. al., 2011)

Nos últimos dez anos há uma movimentação significativa, em todo o Brasil,

para se utilizar instalações de criação em aviários escuros (Dark House) ou semi-

escuros. Estas mudanças são impulsionadas à medida que as pesquisas genéticas

avançam cada vez mais em busca de uma ave com maior ganho de peso (alta

32

conformação), com isso as dificuldades de manejo aumentam a cada ano. Além

disso, a sazonalidade, a diversidade climática, o potencial produtivo dos frangos e a

ambiência avícola são fatores que estimulam o setor a buscar alternativas viáveis no

âmbito produtivo (SOUZA et al., 2008).

Segundo Pompermaier (2012), o sistema Dark House constitui em um

isolamento das condições ambientais externas desfavoráveis, a entrada de ar por

uma extremidade do aviário, passando por um sistema de resfriamento através de

processo evaporativo e na exaustão controlada do ar através de exaustores

posicionados nas extremidades opostas às entradas.

FIGURA 23 – AVIÁRIO DARK HOUSE

Este sistema reflete em todos os parâmetros produtivos e econômicos da

criação: no ganho de peso, na mortalidade, na qualidade de carcaça, no custo da

criação, etc. Entretanto, é na conversão alimentar que é observado o efeito mais

significativo (POMPERMAIER, 2012).

33

A maioria dos benefícios está relacionada com o menor gasto energético para

a manutenção dos frangos criados no sistema Dark House, permitindo o uso dessa

energia para o crescimento da ave. Leeson et. al. (1997) revelaram a distribuição de

nutrientes para o crescimento versus manutenção, conforme pode ser observado na

Tabela 02 (PATRÍCIO, 2012).

TABELA 02 – PROPORÇÃO DE NUTRIENTES PARA O CRESCIMENTO VERSUS

MANUTENÇÃO.

Semana Manutenção Crescimento

1 20% 80% 2 30% 70% 3 40% 60% 4 50% 50% 5 60% 40% 6 70% 30% 7 75% 25% 8 80% 20%

Fonte: LEESON et al., 1997

Neste sistema, as aves são criadas com luminosidade controlada, o que

possibilita mantê-las mais calmas e aumentar a densidade de criação, com

consequentes melhorias nos resultados de desempenho (NOWICKI et al., 2011).

Nos últimos dez anos há uma movimentação significativa, em todo o Brasil,

para se utilizar instalações de criação em aviários escuros (Dark House) ou semi-

escuros (SOUZA et al., 2008).

São estabelecidas algumas exigências para que o produtor possa trabalhar

com esse sistema como: a) o galpão deve ser todo automatizado, tendo o menor

contato humano como o lote; b) ter fontes alternativas de energia como geradores,

pois a eletricidade é fundamental para o uso do sistema de criação; c) conhecimento

de metas de produção e d) acompanhamento técnico qualificado. (SOUZA et al.,

2008)

RESULTADOS OBTIDOS

Segundo Gallo (2009) os seguintes resultados foram obtidos em aviários Dark

House.

Melhor conversão alimentar = Redução de 50 a 90 gramas

34

Maior ganho de peso = Redução de 3 a 5 dias para o abate

Mortalidade = Redução de 1 a 2%

TABELA 03 – TABELA COMPARATIVA DE PRODUÇÃO EM DIFERENTES

AVIÁRIOS COM VALORES REAIS.

Tipo de Galpão C.A GPD IEP Mortalidade Total de Aves

Dark House 1.825 57,4 291 5,19 14 Milhões Ventilação Negativa 1,872 57,3 283 5,17 95 Milhões Ventilação Positiva 1,901 56,3 278 5,08 35 Milhões

Valor P 0,000 0,000 0,000 0,387 144 Milhões

Fonte: GALLO, 2009

C.A = Conversão alimentar.

GPD = Ganho de peso diário.

IEP = Índice de eficiência Produtivo.

TABELA 04 – TABELA COMPARATIVA DE PRODUÇÃO EM DIFERENTES

AVIÁRIOS TOMANDO AVIÁRIO CONVENCIONAL COMO REFERÊNCIA.

Aviário Convencional

Aviário Ventilação negativa Claro

Aviário Ventilação Negativa Dark House

Densidade (aves/m²) 10,5 12,5 15 C.A (g) Referência -30 -76 GPD (g) Referência + 1 +1

IEP Referência +5 +13 Dermatose Referência Referência - 50%

Volume abatido 35735018 95398333 14431669

Fonte: GALLO, 2009

C.A = Conversão alimentar.

GPF = Ganho de peso diário.

IEP = Índice de eficiência produtivo.

Dados comparativos de uma empresa brasileira no oeste que faz uso da

tecnologia a 5 anos, desde 2004 (GALLO, 2009). Isso nos mostra as vantagens do

aviário Dark House, verificadas em ambas as tabelas comparativas. O melhor

desempenho do lote em C.A (Conversão alimentar), GPD (Ganho de peso diário) e

por fim um IEP (Índice de eficiência produtivo), assim sendo superior aos outros

tipos de aviários comparados em desempenho do lote.

35

De acordo com Gallo (2009) fica evidente que o grande ganho do Dark House

consiste na menor Conversão Alimentar que o sistema proporciona. Sendo o custo

da ração cerca de 70% do custo do frango vivo, o investimento nesta tecnologia

torna-se viável economicamente pelo retorno que ela proporciona. Outro grande

ganho do sistema é um índice significativamente menor de condenação por

dermatose provocada por arranhões.

“As perdas por condenações geram aproximadamente um déficit econômico

de 70-80 milhões de dólares anualmente na indústria de frangos”. (CZARICK, 2002)

Casarotto (2006) nos apresenta os gráficos a seguir ilustrados como figuras,

mostrando comparativos de produção em diferentes aviários, sendo eles:

Convencional, Dark House e tipo túnel.

FIGURA 24 – COMPARAÇÃO PESO MÉDIO EM DIFERENTES AVIÁRIOS

Fonte: CASAROTTO, 2006.

36

FIGURA 25 – COMPARAÇÃO DA C.A EM DIFERENTES AVIÁRIOS

Fonte: CASAROTTO, 2006.

FIGURA 26 – COMPARAÇÃO GPD EM DIFERENTES AVIÁRIOS

Fonte: CASAROTTO, 2006.

37

FIGURA 27 – COMPARATIVO CUSTO DE CONSTRUÇÃO DIFERENTES

AVIÁRIOS

Fonte: CASAROTTO, 2006.

De acordo com os gráficos apresentados, podemos notar a superioridade do

aviário tipo Dark House em peso médio das aves ao abate de acordo com a figura

24, uma conversão alimentar mais baixa mostrada na figura 25, um GPD (ganho de

peso diário) mais alto, ilustrado na figura 26 e na figura 27, se mostra superior, pois

mesmo tendo um custo de construção mais elevado economicamente, possibilita o

alojamento de um número maior de aves, ou seja mais Kg/ M² sem prejudicar o

potencial produtivo da ave e fornecendo uma boa ambiência, compensando assim o

maior custo de construção.

Os desafios de campo são cada vez mais maiores, principalmente em um

ambiente onde o potencial genético da ave é cada vez maior e a necessidade de

manter-se mundialmente competitivos estimula a explorar o máximo deste potencial.

Assumir a missão do bom manejo: proporcionar à ave a melhor condição

ambiental possível para que ela possa expressar seu máximo potencial. Obtendo o

bônus do bom peso ao abate com o menor consumo de ração possível

(CASAROTTO, 2006).

O sistema Dark House é utilizado com sucesso em mais de duzentas granjas

avícolas do Paraná, contribuindo para melhor conforto as aves. Com menos

estresse as aves se machucam menos e tem um desgaste menor (GALLO apud

MARTINS, 2008).

38

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização do estágio em uma empresa com alta tecnologia e sólida como a

Frangos Canção, foi de fundamental importância para o futuro da carreira

profissional do estagiário. Pelo fato de nunca ter tido experiência na área de

produção avícola não experimental, nem mesmo em um sistema organizacional de

uma empresa, as tecnologias e padrões da empresa foram bem transmitidos e

possíveis de serem assimilados.

Em relação ao sistema de integração avícola da Frangos Canção, muito

esforço, dedicação e trabalho tem sido empregados para aprimorar o sistema de

produção e gerar resultados satisfatórios, tanto para a empresa quanto para o

avicultor.

As atividades realizadas proporcionaram a oportunidade de expor

conhecimentos adquiridos ao longo do período acadêmico, aprendendo com as

dificuldades encontradas e com o conhecimento compartilhado pelos profissionais

de uma grande empresa avícola do cenário brasileiro - a Frangos Canção. Através

do estágio, foi possível entender a importância do fomento e a importante função do

Médico Veterinário no mesmo.

O trabalho do médico veterinário é de fundamental importância na área de

manejo e sanidade avícola, tendo em vista que as perdas zootécnicas decorrente de

patologias que acometem os lotes geram prejuízos á empresa. Foi oportunizado

compreender que no âmbito sanitário é necessário a realização de eficiente manejo

e a realização de necropsias a campo para antecipar a ocorrência e detectar

patologias para realização de tratamento. Foi fundamental o contato com aves

apresentando diferentes patologias para o reconhecimento das lesões, uma vez que

esse aprendizado servirá para o futuro trabalho a campo. Além disso, todo este

treinamento, sem o conhecimento teórico das diferentes patologias que interagem

em uma mesma ave ou lote, faz com que o diagnóstico possa ser não eficiente e o

tratamento apenas paliativo.

Ainda foi possível aprender o quanto a extensão rural é importante, pois cada

avicultor pensa e age de forma diferente e trabalhar no campo é mais do que seguir

39

e fornecer orientações técnicas, e sim promover um trabalho de educação junto aos

produtores e tratá-los de forma digna e com respeito.

Quanto ao exposto, as principais situações a campo encontradas que

prejudicam a produção foram: problemas de condenação em abatedouro

principalmente por dermatoses / Celulite, pode-se levantar algumas hipóteses que

levam/causam depressão imunológica na ave e predisponham a ocorrência das

dermatoses e celulite como as falhas de manejo, manejo de luz inadequado, manejo

de aquecimento em fase inicial inadequado, falta de ambiência adequada, falta de

ração à campo, falta de manutenção em instalações e a possível presença de

agentes imunodepressores incluindo infecções víricas tais como a doença infecciosa

bursal, a doença de Marek, a anemia infecciosa das aves, a leucose, a

reticuloendoteliose a micoplasmose, além da ação de agentes como as micotoxinas,

seja por falha no controle das micotoxinas, falhas de vacinação ou presença não

detectada de micoplasmas em matrizes, por exemplo.

A constante vivência com a área de avicultura de corte, possibilitou de forma

satisfatória, a realização pessoal e certeza de escolha da área para atuação

profissional.

Durante o estágio, foi possível ter a real visão do mundo da avicultura, em

toda sua complexidade e trabalho, trabalho esse muito nobre, pois se trata da

produção de alimento, alimento que atinge o mundo todo chegando às mesas das

mais diferentes nações e culturas. Fato este, que levou a um grande crescimento

profissional e social, nesse contexto, um grande crescimento pessoal.

40

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