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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Juliana de Lima Villa APOSENTADORIA ESPECIAL DO SEGURADO “EMPREGADO” CURITIBA 2010

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Juliana de Lima Villa

APOSENTADORIA ESPECIAL DO SEGURADO “EMPREGADO”

CURITIBA

2010

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Juliana de Lima Villa

APOSENTADORIA ESPECIAL DO SEGURADO “EMPREGADO”

Trabalho de Dissertação apresentado ao Curso de

Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da

Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito

parcial para obtenção do título de Bacharel em

Direito.

Orientador: Oswaldo Pacheco Lacerda Neto.

CURITIBA

2010

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APOSENTADORIA ESPECIAL DO SEGURADO “EMPREGADO”

CURITIBA

2010

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TERMO DE APROVAÇÃO

Juliana de Lima Villa

APOSENTADORIA ESPECIAL DO SEGURADO “EMPREGADO”

Esta Dissertação (monografia) foi julgada e aprovada para obtenção do título (grau) de Bacharel em

Direito, no Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná

Curitiba, 30 de agosto de 2010.

______________________________

Curso de Direito

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Prof. Oswaldo Pacheco Lacerda Neto

Universidade Tuiuti do Paraná

Prof.

Universidade Tuiuti do Paraná

Prof.

Universidade Tuiuti do Paraná

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de forma especial ao meu

marido pelo carinho, compreensão, incentivo e confiança

que sempre depositou em mim, pois sem ele nada seria

possível.

Aos meus filhos, Leonardo e Rafael, que sempre

demonstraram amor e carinho por aquela que por vezes

esteve ausente.

Aos meus pais que sempre demonstram amor

incentivo e confiança na minha capacidade.

.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS, pois o que seria de mim sem a

fé que tenho nele.

Aos meus irmãos e minha querida irmã pela

amizade, compreensão e carinho que sempre

demonstraram através de gestos ou palavras.

Aos meus amigos pelo constante incentivo nessa

caminhada.

Ao professor Oswaldo Pacheco Lacerda Neto pelo

empenho e dedicação despendida em orientar-me.

A todos os mestres que de forma direta ou indireta

participaram da minha formação.

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EPÍGRAFE

“A conquista de direitos à trabalhos em condições

saudáveis advém da luta de longo período insalubre”.

Autor desconhecido

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RESUMO

O objetivo do presente trabalho é pesquisar na doutrina e na jurisprudência

sobre a aposentadoria especial, desde sua evolução histórica, conceito, definir a

quem de direito e quais os requisitos para obtenção do mesmo. Versa sobre a

insalubridade, seu conceito e sua importância diante da pesquisa ora em voga.

Apresenta algumas atividades insalubres e o entendimento das mesmas diante os

Tribunais, além das diversas formas judiciais aceitas para comprovação do direito à

aposentadoria especial. Ressalta o entendimento acerca do tema e a possibilidade

de conversão do tempo especial em tempo comum. Visa apresentar a aplicabilidade

da lei na prática constatando as medidas preventivas adotadas pelas empresas.

Destaca posicionamento atual do Tribunal Regional Federal do Paraná.

Palavra Chave: aposentadoria, insalubridade, benefício

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10

1. SEGURIDADE SOCIAL ................................................................................... 12

1.1.BREVE HISTÓRICO DA SEGURIDADE SOCIAL.......................................... 12

1.1.1.Seguridade Social no Brasil......................................................................... 13

1.2. CONCEITO .................................................................................................... 14

1.3. TIPOS DE SEGURIDADE SOCIAL................................................................ 14

1.3.1. Saúde............................................................ ............................................. 15

1.3.2. Assistência Social........................................................................................ 15

1.3.3 Previdência Social.... ................................................................................... 16

1.4. ESPÉCIES DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS ...................................... 17

2. APOSENTADORIA ESPECIAL ....................................................................... 18

2.1. HISTÓRICO DA APOSENTADORIA ESPECIAL........................................... 18

2.2. CONCEITO .................................................................................................... 22

2.3. BENEFICIÁRIOS ........................................................................................... 22

2.4. CARÊNCIA..................................................................................................... 23

2.5. REQUISITOS PARA CONCESSÃO .............................................................. 25

2.6. DATA DO INÍCIO DO BENEFÍCIO ................................................................ 27

2.7. RENDA MENSAL INICIAL.............................................................................. 28

2.8. CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO ........................................................................ 29

2.9. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM TEMPO COMUM ..................... 30

3. INSALUBRIDADE ............................................................................................ 33

3.1. ATIVIDADES INSALUBRES.......................................................................... 35

4. OUTROS MEIOS DE COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE

ESPECIAL ............................................................................................................

44

4.1. PERÍCIA JUDUCIAL ...................................................................................... 45

4.2. DOCUMENTOS E PROVA TESTEMUNHAL IDÔNEA.................................. 46

4.3. SENTENÇA TRABALISTA ............................................................................ 47

4.4. RECEBIMENTO DE ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE OU PERICULOSI

DADE..................................................................................................................

48

5. O QUE AS EMPRESAS ESTÃO FAZENDO COMO MEDIDA PREV ENTIVA 49

6. POSICIONAMENTO DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DO P ARANA .. 52

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.. ............................................................................ 55

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 56

ANEXOS................................................................................................................ 58

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INTRODUÇÃO

A Seguridade Social é um conjunto de ações de iniciativa do poder público e

da sociedade destinado a atender as necessidades básicas do ser humano, ou seja,

a garantir o mínimo de condição social necessária para uma vida digna, conforme

assegura o próprio artigo 1º, III, da Constituição Federal de 1988. Tem por escopo

proporcionar benefícios relativos à saúde, assistência social e previdência, conforme

previsto no próprio bojo do artigo 194 da Constituição Federal, além de estar

albergada no artigo 1º da Lei 8.212/1991, que dispõe sobre a sua organização.

Dentre os benefícios da Seguridade Social encontram-se os benefícios

previdenciários, sendo a aposentadoria especial uma de suas espécies. Esta

modalidade tem amparo legal no § 1º do artigo 201 da Constituição Federal e nos

artigos 57 e 58 da Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991, que prevêem o benefício com

uma redução significativa do tempo de contribuição para se aposentar com 15

(quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos de contribuição. Tal benesse é

conferida ao segurado que estiver exposto de forma habitual e permanente a

agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, dada a atividade nociva ou

insalubre à qual esteja submetido.

Desta forma, a pesquisa ora abordada encontra relevância mediante a

dificuldade de comprovação do tempo de exposição a agentes insalubres por parte

do segurado, vez que a insalubridade de certas atividades não se encontra

albergada na legislação, ou o sendo, seu controle não é administrado de forma

eficaz pela empresa.

Importante ressaltar que o reconhecimento e a concessão do benefício não

configuram uma vantagem ao trabalhador, mas sim uma necessidade que se

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assenta na prevenção de uma futura enfermidade ou invalidez potencialmente

causada por tais exposições.

Desta feita, buscar-se-á apresentar, na forma da lei, o direito do segurado

empregado, bem como seus requisitos, carência, forma de comprovação e

tendências jurisprudenciais acerca do tema.

Durante a pesquisa, realizar-se-ão entrevistas com trabalhadores do setor

empresarial, como forma de enriquecer o estudo e trazer a lume elementos de

ordem prática.

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1. SEGURIDADE SOCIAL

1.1. BREVE HISTÓRICO DA SEGURIDADE SOCIAL

Segundo análise cronológica de Augusto Massayuki Tsutiya, desde a

Antiguidade já existia uma preocupação com a proteção social das pessoas

carentes. Tem-se o assistencialismo como primeiro sistema de amparo aos

necessitados.

Lamartino França de Oliveira relata que no Brasil a Seguridade Social foi

implantada pelas Santas Casas de Misericórdia, com a assistência médica prestada

de forma gratuita ao beneficiado. Posteriormente, o segundo maior sistema de

proteção conhecido foi o mutualismo, que consistia na contribuição financeira de um

grupo de pessoas visando à proteção recíproca dos seus membros. Como exemplo

tem-se as organizações operárias e os montepios de servidores públicos.

(OLIVEIRA, 2006, p.21 e 22).

Muitas mudanças ocorreram com o advento da Revolução Industrial,

tornando insuficientes tais sistemas de proteção. O intervencionismo estatal deixou a

classe trabalhadora desprovida de proteção e sem possibilidade de se associarem,

tornando-os submissos ao capitalismo. Em decorrência disso, Karl Marx, em 1848

escreve a obra Manifesto Comunista, dando início a uma contra-revolução com a

formação de sindicatos cujo intuito era a oposição à exploração capitalista.

(TSUTIYA, 2008, p.4).

Por fim, em 1869, o Chanceler da Alemanha, Otto Von Bismarck, é

convidado a desenvolver um projeto de proteção social à classe trabalhadora. Inicia-

se a Previdência Social na forma de Seguro Social. (TSUTIYA, 2008, p.5).

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1.1.1. Seguridade Social no Brasil

Conforme Augusto Massayuki Tsutiya, a evolução histórica da Seguridade

Social Brasileira pode ser acompanhada de acordo com a vigência constitucional em

cada época.

Na Constituição de 1824, a instituição de socorros públicos aos necessitados

já era prevista. Em 1835 o Montepio Geral dos Servidores do Estado garantia

remuneração de três meses aos comerciantes acidentados.

Em 1891 surge o termo “aposentadoria” na legislação brasileira, benefício

este previsto para servidores em caso de invalidez a serviço da Nação. Já em 1923,

com o advento da Lei Eloy Chaves, fora instituída a Previdência Social com a

criação das caixas de aposentadoria e pensão dos ferroviários, albergando

aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária (equivalente à por tempo de

serviço), pensão por morte e assistência médica.

Em 1934 surgem novas formas de proteção, tais como à gestante, ao idoso,

ao trabalhador, ao inválido. É a primeira Constituição a fazer referência ao termo

“previdência”. Ainda nesta época ocorreu a introdução da forma tríplice de custeio,

abrangendo custeio pelo poder público, pelo empregado e pelo empregador.

Em 1937 altera-se constitucionalmente a palavra “previdência” por “Seguro

Social”. A positivação da matéria estava contida em duas alíneas, prevendo seguro

de velhice, de invalidez, de vida e para acidentes de trabalho. Ainda previa que as

associações de trabalhadores deveriam prestar auxílio ou assistência aos seguros

sociais e aos associados em caso de acidente de trabalho.

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Já em 1946, ocorre nova alteração quanto à nomenclatura, substituindo-se a

expressão “seguro social” por “previdência social”, contido no artigo 157, XVI,

Constituição Federal, mantendo as mesmas coberturas anteriormente previstas.

Em 1967, a sexta Constituição inovou com a precedência do custeio em

relação à criação de novos benefícios. Assim, sempre que introduzido novo

benefício, indicar-se-á a fonte de custeio.

Por fim, a Constituição de 1988 positivou a Seguridade Social, sistema

instituído no Título VIII – Da Ordem Social, com a finalidade de oferecer a todos,

proteção em relação à Saúde, Previdência Social e Assistência Social. (TSUTIYA,

2008, p.8 a 10).

1.2. CONCEITO

A previsão legal da Seguridade encontra-se no artigo 1º da Lei nº

8.212/1991, a qual dispõe sobre a organização da Seguridade Social e prevê: “A

Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos

poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à

previdência e à assistência social”.

1.3. TIPOS DE SEGURIDADE SOCIAL

A Carta Magna, no artigo 194, Capítulo II do Título VIII, organiza a

Seguridade Social em três áreas distintas de atendimento, quais sejam: saúde,

assistência social e previdência.

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Esclarece Lamartino França de Oliveira, que a saúde e a assistência social

independem do beneficiário ser contribuinte ou não, enquanto que para a

previdência faz-se mister o segurado ser contribuinte. (OLIVEIRA, 2006, p. 28).

1.3.1. Saúde

Marcelo Leonardo Tavares entende a saúde como um direito de todos e

dever do Estado, que deve garantir mediante políticas sociais e econômicas

programas de prevenção concernentes à redução do risco de doenças, acesso

igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde.

Sua previsão legal encontra fundamento na Constituição Federal, do artigo 196 a

200, bem como no artigo 2º da Lei 8.213/1991. (TAVARES, 2009, p.14).

1.3.2. Assistência Social

Prevista na Constituição Federal nos artigos 203 e 204, regulada pela Lei nº

8.742/1993 (LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social) e pelo artigo 4º da Lei

8.212/1991 (Lei Orgânica da Seguridade Social), a assistência social independe de

contribuição do beneficiário para com o Sistema da Seguridade Social. Destina-se a

prestar de forma gratuita ao cidadão, proteção à família, maternidade, infância,

adolescência, velhice, e aos portadores de limitações físicas, como forma de atender

às necessidades básicas do indivíduo nessas situações críticas da existência

humana nas quais se encontram sem condições de prover o próprio sustento de

forma permanente ou provisória.

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16

Para gozar deste tipo de benefício, o requisito básico é a comprovação da

impossibilidade de manutenção e sobrevivência autônoma, ou até mesmo de ter

este provimento com auxílio da família. (TAVARES, 2009, p.16).

No entanto, o presente estudo distancia-se da Assistência Social, posto que o

objetivo é o estudo de um benefício da Previdência Social. Portanto, para a

compreensão do tema em análise, a Assistência Social limitar-se-á a item

introdutório.

1.3.3. Previdência Social

Marcelo Leonardo Tavares ressalta que existem dois tipos de previdência no

Brasil: público e privado. Diz ainda que a previdência privada caracteriza-se por ser

um sistema complementar e facultativo de seguro com natureza contratual.

Já a previdência do sistema público, denominado Regime Geral de

Previdência Social – RGPS, instituído pela Lei nº 8.213/1991, é conceituada por

Marcelo Leonardo Tavares como “seguro público, coletivo, compulsório, mediante

contribuição e que visa cobrir os seguintes riscos sociais: incapacidade, idade

avançada, tempo de contribuição, encargos de família, morte e reclusão”.

(TAVARES, 2009, p. 26).

Dando continuidade ao pensamento de Marcelo Leonardo Tavares, a

previdência social é um direito assegurado a todos que contribuem para o sistema

previdenciário, de forma a proporcionar a manutenção do segurado ou de sua

família num patamar de condições mínimas de existência com dignidade.

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1.4. ESPÉCIES DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS

O infortúnio é uma das principais preocupações da Previdência Social que

visa proporcionar proteção social mediante a ocorrência de determinados eventos

que colocam por muitas vezes o ser humano em estado de necessidade.

(TAVARES, 2009, p.121).

Desta forma, em regra, a Previdência Social disponibiliza benefícios aos

seus segurados para prover tais infortúnios, de modo que ao segurado propriamente

dito cabem as aposentadorias, seja por invalidez, por idade, por tempo de

contribuição ou a especial, além do salário família, salário maternidade e os auxílios

doença e acidente. Já aos dependentes, cabe a pensão por morte e o auxílio

reclusão. Desta feita, a aposentadoria especial encontra-se no item “aposentadoria”,

e dela deriva. (KERTZMAN, 2006, p.277).

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18

2. APOSENTADORIA ESPECIAL

2.1. HISTÓRICO DA APOSENTADORIA ESPECIAL

De acordo com Augusto Massayuki Tsutiya, o benefício da aposentadoria

especial foi instituído através da Lei nº 3.807/1960, no artigo 31 da Lei Orgânica da

Previdência Social (LOPS). Nesta época, tinha sua regulamentação prevista no

Decreto nº 48.959-A/1960, o qual estabelecia a concessão do benefício ao segurado

que atendesse ao critério de idade mínima de 50 (cinquenta) anos, com 15 (quinze)

anos de contribuição e exercício de 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos

de atividade profissional em serviços penosos, insalubres ou perigosos, assim

considerados pelo decreto do Poder Executivo. (TSUTIYA, 2008, p.347).

Em 1964, o Decreto nº 53.381 trouxe inovações à LOPS, estabelecendo um

quadro que relacionava serviços e atividades profissionais classificados como

insalubres, perigosos ou penosos, dada a exposição aos agentes químicos, físicos e

biológicos em trabalho habitual e permanente.

Em 1968 adveio a Lei nº 5.440-a, regulada pelo Decreto nº 63.230, que

alterou o artigo 31 da LOPS, suprimindo a exigência do limite de idade mínima de 50

(cinquenta) anos e mantendo os critérios quanto ao número de contribuições e de

anos exigidos em labor insalubre. Entretanto, tal alteração não durou mais do que 4

(quatro) meses para voltar a vigorar e implementar a computação do período de

auxílio doença ou aposentadoria por invalidez decorrentes do exercício das

atividades estabelecidas no Decreto nº 53.831/1964. (TSUTIYA, 2008, p.347).

Em 1973, com o advento da Lei nº 5.890, as modificações foram mais

consistentes, de forma a revogar o artigo 31 da LOPS e definir no seu artigo 9º

novos critérios, passando-se a exigir apenas 5 (cinco) anos de contribuições ao

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invés de 15 (quinze) anos. Destarte, houve uma redução da exigência de 180 (cento

e oitenta) para 60 (sessenta) contribuições, contudo o requisito de 15 (quinze), 20

(vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos de exercício em atividade insalubres, penosas ou

perigosas se manteve.

Em 1979, a Lei nº 6.643 acrescentou o § 3º ao artigo 9º da Lei nº

5.890/1973, autorizando a computar para fins de aposentadoria especial o tempo de

exercício em cargo de administração ou de dirigente sindical.

Já em 1980, a Lei nº 6.887 incluiu no § 4º do artigo 9º da Lei nº 5.890/1973,

possibilitando a conversão do tempo de serviço especial em comum.

Outras inovações se deram em 1985 com a Lei nº 7.369, regulamentada

pelo Decreto nº 93.412/1986, que contemplou o contato com energia elétrica como

agente gerador de periculosidade, além de instituir salário adicional para os

empregados deste setor.

Em 1991, com a Lei nº 8.213, retoma-se a exigência das 180 (cento e

oitenta) contribuições, sendo que no § 4º do artigo 57 da referida lei, não mais

relacionava as atividades penosas, insalubres ou perigosas, mas atividades com

agentes nocivos, químicos, físicos, biológicos ou pela associação dos agentes

prejudiciais à saúde do segurado.

A Lei nº 9.032/1995 extinguiu a outorga do benefício exclusivamente pelo

exercício da profissão, passando a exigir, além do que já estava estabelecido

anteriormente, a necessidade de laudo pericial técnico que comprovasse as

condições ambientais e operacionais do trabalho quanto à exposição aos agentes

nocivos. Desta feita, a partir de então não bastava constar na carteira profissional a

atividade que ensejava exposição aos agentes, mas se fazia necessário sua

comprovação técnica.

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O Decreto nº 2.172 de 5 de março de 1997, dispôs o regramento para o

segurado que iniciou suas contribuições até 28/04/1995, cabendo enquadramento

de atividade profissional, entre 29/04/1995 e 05/03/1997. Tal enquadramento seria

possível se o agente nocivo constasse da relação anexa ao Ofício MPAS/SPS/GAB

nº 95, de 28/05/1996, sendo que a partir de 06/03/1997, este só ocorreria se para

todo o período o agente nocivo constasse do Anexo IV, do RBPS aprovado por este

Decreto.

Em dezembro de 1997, a Lei nº 9.528 inovou, trazendo a possibilidade de o

Poder Executivo definir e relacionar os agentes nocivos, além de enaltecer o uso do

EPC (equipamento de proteção coletiva) e de exigir laudo pericial técnico a ser

elaborado por médico do trabalho ou engenheiro do trabalho registrado no Ministério

do Trabalho. Ademais, ratificou o perfil profissiográfico consistente no mapeamento,

atualizando as condições laborais e ambientais, tendo em vista a descrição fiel das

funções do empregado, sua exposição a agentes nocivos, riscos existentes e tempo

de execução do trabalho.

Em 1999 houve alteração na forma de calcular os benefícios da Previdência

Social, criando-se o fator previdenciário, o qual reduziu o valor do benefício,

dependente da idade, do tempo de contribuição e da expectativa de sobrevida. Tal

fator afetou o segurado que se aposentava com tempo especial convertido em

comum.

Mediante tantas alterações que sobrevieram em prejuízo ao segurado, o

Ministério Público ingressou em Porto Alegre/RS com ação civil pública, requerendo

tutela antecipada e questionando as diversas alterações processadas no que

concernia à aposentadoria. Em 2000, a ação foi julgada parcialmente procedente,

deferindo-se a tutela antecipada, fato que propiciou a muitos trabalhadores a

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aposentadoria. Entretanto, o INSS recorreu ao Superior Tribunal de Justiça, que em

julho de 2003 declarou a ilegitimidade do Ministério Público Federal para interpor a

referida medida, o que gerou, na prática, o cancelamento de todos os atos judiciais

advindos daquela ação. Por conseguinte, os segurados que haviam se aposentado

deveriam regressar ao trabalho a fim de completar o tempo faltante para os 35 (trinta

e cinco) anos de contribuição.

Augusto Massayuki Tsutiya relata que, com o intuito de minorar tais

consequências aos atingidos desta decisão, surgiu o Decreto nº 4.827, de agosto de

2003, que dispôs que a caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob

condições especiais obedecerão ao disposto na legislação em vigor à época da

prestação do serviço. As regras de conversão de tempo de atividade sob condições

especiais em tempo de atividade comum aplicar-se-iam ao trabalho prestado em

qualquer período. Assim ficou dispensada a exigência de laudo técnico pericial para

o preenchimento dos formulários que comprovassem o exercício das atividades

exercidas antes do advento da Lei nº 9.032/1995, exceto para ruído. (TSUTIYA,

2008, p.347-351).

Diante do grande número de leis modificadoras desde a criação da LOPS de

1960, muitas foram as controvérsias geradas pelas suas disposições instáveis, até o

advento da Lei nº 8.213/1991, que vigora atualmente, e que será exposta no

decorrer do presente trabalho através dos assuntos abordados. Destarte, o estudo

ora em exame pretende trazer à baila a aposentadoria especial e suas

peculiaridades face às leis vigentes.

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2.2. CONCEITO

O fundamento da aposentadoria especial é retirar o trabalhador do ambiente

de trabalho antes de ter sua saúde comprometida. Está amparada

constitucionalmente no § 1º do art. 201 e pelos artigos 57 e 58 da Lei nº 8.213/1991.

Nos ensinamentos de Carlos Alberto Pereira de Castro:

A aposentadoria especial é uma espécie de aposentadoria por tempo de contribuição, com redução do tempo necessário à inativação, concedida em razão do exercício de atividades consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física. Ou seja, é um benefício de natureza previdenciária que se presta a reparar financeiramente o trabalhador sujeito a condições de trabalho inadequados. (CASTRO, 2010, p.637).

2.3. BENEFICIÁRIOS

Para André Luiz Menezes Azevedo Sette, é devida aposentadoria especial

ao “segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, somente

quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção”. (SETTE, 2007,

p.247).

Entretanto faz-se mister esclarecer que o presente trabalho está adstrito à

pesquisa da aposentadoria especial devida ao segurado empregado, sendo os

demais segurados apenas mencionados a título de esclarecimento.

Com relação ao segurado empregado, observa-se que a Consolidação das

Leis do Trabalho (CLT) entende por empregado o prescrito no artigo 3º do Decreto-

Lei nº 5.452/1943, ou seja, “toda pessoa física que prestar serviços de natureza não

eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”. Desta feita,

denotam-se quatro características inerentes à identificação do empregado, quais

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sejam: trabalho prestado por pessoa física, habitualidade (não eventualidade),

subordinação jurídica e a onerosidade. (SARAIVA, 2010, p.44).

2.4. CARÊNCIA

Encontra-se estampado no bojo do artigo 24 da Lei nº 8.213/1991 e no art.

26 do Decreto nº 3.048/1999 o conceito de carência: “número mínimo de

contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício,

consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas

competências”.

No entendimento de Tavares, a carência é o período que o segurado tem

que contribuir para se valer do benefício da aposentadoria especial, sendo este de

180 (cento e oitenta) contribuições, ou seja, 15 (quinze) anos. (TAVARES, 2009,

p.148).

Desta forma, para o segurado gozar do benefício de aposentar-se após 15

(quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, faz-se mister o pagamento de 180

(cento e oitenta) contribuições, conforme previsto no artigo 25, II, da Lei nº

8.213/1991.

Observa-se que para o segurado que iniciou suas atividades laborativas e

contributivas até 24 de julho de 1991 em atividade insalubre, deverá ser considerada

para fins de carência a tabela prevista do artigo 142 da lei supracitada, conforme

tabela progressiva de carência anexa (Anexo I).

Desta forma, o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até o dia 24

de julho de 1991 faz jus à aposentadoria especial desde que tenha 60 (sessenta)

contribuições, e, após este período, o número de contribuições vai tendo acréscimo

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conforme exposto no artigo 142 da lei em voga. Assim, observa-se que o número

mínimo atualmente exigido de 180 (cento e oitenta) contribuições, somente a partir

do ano de 2011 será observado pelos inscritos anteriormente a 1991.

Nesta esteira, considerando que o presente trabalho está contemplado no

ano de 2010, denota-se que o trabalhador só precisaria comprovar 174 (cento e

setenta e quatro) contribuições para obter seu direito à aposentadoria especial na

presente data. Já os segurados que cumpriam os requisitos exigidos para

aposentadoria especial e contemplavam as 60 (sessenta) contribuições até 24 de

julho de 1991, valer-se-iam do direito adquirido a eles concedidos pela lei anterior.

No entanto, importante não confundir que após 1991, com o advento da Lei

nº 8213 que majorou o tempo de contribuição, todos os segurados que se

inscreveram na Previdência Social diante das circunstâncias de insalubridade,

passaram a enquadrar-se no novo regramento, qual seja, o período mínimo de

comprovação de 180 (cento e oitenta) contribuições.

A nova lei veio ao encontro de um dos fundamentos mais importantes

contemplados pela Seguridade Social brasileira, a solidariedade. Com cunho

participativo e de repartição dos custos contemplados pelo artigo 195 da

Constituição Federal, fica extremamente oneroso e fadado ao fracasso o sistema

previdenciário prevendo apenas 60 (sessenta) contribuições para garantir ao

segurado sua aposentadoria, o que vigorara até 1991 aos segurados que se

aposentassem por idade, tempo de contribuição e especial, conforme previsto no

caput do artigo 142 da mesma lei.

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2.5. REQUISITOS PARA CONCESSÃO

O benefício será devido ao segurado que tenha trabalhado sujeito a

condições especiais que prejudiquem sua saúde ou sua integridade física pelo

período de 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, de forma habitual e

permanente. Tem-se como entendimento desta permanência para requerimento da

aposentadoria especial, o tempo de trabalho indissociável da produção do bem ou

da prestação do serviço. (SETTE, 2007, p.248).

Ainda esclarece Kertzman que:

“a legislação conta como tempo permanente de exposição a agentes nocivos as férias, os afastamentos por incapacidade, o período de percepção de salário-maternidade, desde que, à data do afastamento, o segurado estivesse exercendo atividade considerada especial”. (KERTZMAN, 2006, p.296).

Tal comprovação deverá ser feita junto ao Instituto Nacional do Seguro

Social (INSS) através de laudo pericial e ainda, segundo André Luiz Sette, de forma

a “comprovar a efetiva exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos

ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período

equivalente ao exigido para a concessão do benefício”. (SETTE, 2007, p.248).

Exemplifica Kertzman que são agentes físicos os ruídos, vibrações, frio,

pressões anormais; agentes químicos, os vapores de substâncias nocivas e os

absorvidos pela via respiratória; agentes biológicos, as bactérias, fungos, dentre

outros. (KERTZMAN, 2006, p.296).

Conforme observa Augusto Massayuki Tsutiya, a obrigação da comprovação

de tal exposição aos agentes nocivos cabe ao segurado, o qual deverá solicitar à

empresa formulário segundo o modelo do INSS devidamente preenchido. O

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formulário é baseado em laudo pericial realizado por médico do trabalho ou

engenheiro de segurança, que deverão fazer constar as condições ambientais do

trabalho ao qual o segurado está exposto. (TSUTIYA, 2008, p.344).

Prossegue o autor explicando que além das condições ambientais locais,

deverá ainda o laudo indicar se há prática do uso de equipamentos de proteção

coletiva (EPC) e/ou de proteção individual (EPI), pois, a priori, se o uso destes

equipamentos vier a eliminar ou neutralizar a presença de agente nocivo, descabida

é a aposentadoria especial.

Atualmente, quando apresentado ao INSS o formulário designado pelo nome

“perfil profissiográfico-previdenciário” (PPP) e do mesmo constar que o uso destes

equipamentos no que tange a ruídos mantém o som abaixo do tolerável, ou seja, 85

(oitenta e cinco) decibéis, fica descaracterizada a nocividade e, por conseguinte,

descabe a aposentadoria especial. (TSUTIYA, 2008, p. 344).

Entretanto, apesar de tais designações, a Súmula 9 do Juizado Especial

Federal diz que “o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que

elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo

de serviço especial prestado”.

Ressalta-se ainda que a perda da qualidade de segurado não será

considerada para fins de concessão do benefício da aposentadoria especial,

mediante o preceito contido no caput do art. 3º da Lei nº 10.666/2003.

Todavia, as empresas, mediante a tecnologia dos equipamentos disponíveis

no mercado, os quais servem para diminuir o impacto de agentes nocivos, vêm

implementando o uso destes de forma gradativa. Seu propósito é diminuir os custos

com o empregado, pois do contrário a empresa que dá azo à concessão de

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aposentadoria especial é apenada com o aumento da alíquota do seguro acidente

do trabalho. (TSUTIYA, 2008, p.344).

Renato Saraiva explicita que a empresa é obrigada a fornecer os

equipamentos de proteção individual aos empregados de acordo com o risco que

cada atividade compreenda. (SARAIVA, 2010, p. 347).

No mesmo sentido é o entendimento da Súmula 289 do Tribunal Superior do

Trabalho, conforme respectivamente se transcreve:

TST Enunciado nº 289 - Res. 22/1988, DJ 24.03.1988 - Mantida - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Fornecimento do Aparelho de Proteção do Trabalho - Adicional de Insalubridade O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade, cabendo-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, dentre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado.

Percebe-se desta forma que o adicional de insalubridade é devido ao

segurado que trabalha em condições insalubres, acima dos limites de tolerância

estabelecidos pelo Ministério do Trabalho. A ele é garantida a percepção de

adicional, respectivamente, de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) ou

10% (dez por cento) do salário mínimo, segundo a classificação nos graus máximo,

médio ou mínimo, conforme contido no artigo 192 da Consolidação das Leis de

Trabalho. (Anexo II).

2.6. DATA DO INÍCIO DO BENEFÍCIO

É consenso na doutrina estudada, que a data do início do benefício deve

seguir as mesmas regras da adotada na aposentadoria por idade. Sendo assim,

para o segurado empregado computa-se a partir da data do seu desligamento do

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emprego, quando requerida até 90 (noventa) dias depois dela, ou a partir da data do

requerimento se não houver desligamento do emprego e requerida após os 90

(noventa) dias. Já para os demais segurados computa-se a data a partir do

momento do requerimento.

Impende ressaltar que o segurado, ao aposentar-se pela modalidade

especial, recebe benefício quanto à redução do tempo exigido de 15 (quinze), 20

(vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, desde que sujeito à permanência contínua em

atividades exercidas sob condições especiais prejudiciais à saúde ou à integridade

física pela exposição a agentes nocivos - químicos, físicos ou biológicos. Pode o

mesmo continuar laborando, desde que não nas mesmas condições de trabalho

insalubre que o aposentou. (KERTZMAN, 2006, p. 295).

A continuidade do labor não acarretará na diminuição do valor a ser recebido

pelo benefício da aposentadoria especial. Desta forma, continuará o segurado a

receber sua aposentadoria especial mais o valor devido de seu salário referente à

nova função por ele desempenhada. (KERTZMAN, 2006, p.299).

Constata-se tal situação de forma contrária comparando o holerite do Anexo

II no qual o funcionário labora em função que enseja adicional de insalubridade e ao

mesmo tempo recebe benefício de aposentadoria por contribuição conforme

demonstrado no Anexo III.

2.7. RENDA MENSAL INICIAL

Consistirá o benefício na percepção de 100% (cem por cento) do valor do

salário de benefício do segurado, conforme previsto no §1º, do artigo 57, da Lei nº

8213/1991.

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Ivan Mascarenhas Kertzman observa que os beneficiários desta modalidade

de aposentadoria são os que de alguma forma geram contribuições para o seu

próprio custeio, pois sobre a remuneração percebida pelos segurados empregados

ou avulsos, as empresas contribuem com adicional de 6,9% (seis vírgula nove por

cento) ou 12% (doze por cento) para o custeio das aposentadorias especiais. Sobre

o valor bruto da nota da cooperativa de trabalho, pagam adicional de 5,7% (cinco

vírgula sete por cento) ou 9% (nove por cento), quando os associados ficam

expostos a agentes nocivos, sendo que as cooperativas de produção recolhem o

mesmo percentual que os segurados empregados para os associados.

(KERTZMAN, 2006, p.296).

2.8. CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO

Ao contrário das demais espécies de benefícios que contemplam diversas

formas de cessação, a aposentadoria especial apenas cessa com a morte do

segurado. Conforme bem expõe André Luiz Menezes Azevedo Sette, para a

possibilidade de o segurado aposentado retomar ou permanecer em suas atividades

em contato com agentes insalubres, sua aposentadoria será apenas suspensa no

período em que se mantiver nesta situação. Tal entendimento foi adotado

administrativamente pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), através da

Instrução Normativa INSS/DC nº 57/2001. (SETTE, 2007, p. 253 e 254).

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2.9. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM TEMPO COMUM

A Legislação Previdenciária em seu § 5º, do artigo 57, da Lei nº 8.213/1991,

prevê, a contrário senso, a proibição da conversão de tempo comum para a

concessão da aposentadoria especial.

Entretanto, concede o permissivo na conversão de tempo especial para

tempo comum, prestigiando assim os trabalhadores submetidos a situações

insalubres por um tempo inferior aos demais para requisição de sua aposentadoria

por tempo de serviço. Porém, o Decreto nº 3.048/1999, no seu artigo 70, faz uma

distinção na conversão entre homens e mulheres, segundo a tabela transcrita em

anexo. (Anexo IV).

Augusto Massayuki Tsutiya exemplifica a conversão com segurado que

trabalhou em atividade com nível de ruído acima do permitido pelo período de 20

(vinte) anos. Em função de sua atividade, o tempo necessário para se aposentar é

de 25 (vinte e cinco) anos. Pode, no entanto, aposentar-se ordinariamente,

convertendo os 20 (vinte) anos através da aplicação do multiplicador da tabela

correspondente: 25 x 1,4 = 28 anos. Assim, dos 35 (trinta e cinco) anos que deveria

trabalhar na aposentadoria comum, após a conversão bastará trabalhar mais 7

(sete) anos, ao invés dos 15 (quinze) necessários se não fosse tal conversão.

(TSUTIYA, 2008, p. 346).

Observa-se que se a mesma situação de conversão para o mesmo tipo de

função fosse aplicada à trabalhadora (mulher) o multiplicador a ser usado seria 1,2

(um vírgula dois), restando então 6 (seis) anos a laborar para obter o direito à

aposentadoria especial.

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No mesmo sentido, é o entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal

Justiça no Recurso Especial 956110/SP (2007/0123248-2) proferido pelo Ministro

Napoleão Nunes Maia Filho conforme segue:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO LABORADO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS EM TEMPO COMUM. POSSIBILIDADE. "O Trabalhador que tenha exercido atividades em condições especiais, mesmo que posteriores a maio de 1998, tem direito adquirido, protegido constitucionalmente, à conversão do tempo de serviço, de forma majorada, para fins de aposentadoria comum." (REsp 956.110/SP, 5ª Turma, Rel. Min.Napoleão Nunes Maia Filho, DJ 22/10/2007). Precedentes da e. Quinta Turma e da e. Sexta Turma do c. STJ.

Apesar de tratar-se de um benefício ao segurado, tal conversão só foi

permitida até 28 de maio de 1998, quando entrou em vigor a Medida Provisória nº

1.663-10, convertida na Lei nº 9.711 de 20 de novembro de 1998, restando vetada a

conversão posterior a essa data. Infrutífera foi a tentativa de reverter esta situação

com a edição de novo decreto revogando a lei, visto que esta só poderia ser

revogada por meio de nova lei. (TSUTIYA, 2008, p.346).

Desta feita, a Turma de Uniformização dos Juizados Especiais Federais, em

10 de maio de 2004, por meio da Súmula 16, pacificou o entendimento com relação

à matéria nos seguintes termos: “A conversão em tempo de serviço comum, do

período de trabalho em condições especiais, somente é possível relativamente à

atividade exercida até 28 de maio de 1998 (art. 28 da Lei nº 9.711/1998)”. Observa-

se no entanto, que o Superior Tribunal de Justiça, em seu entendimento, estendeu a

possibilidade de conversão mesmo posterior ao período de maio de 1998,

concedendo o benefício da conversão a quem laborou em circunstâncias especiais.

Outra modalidade de conversão ainda subsiste para converter o tempo entre

atividades especiais (Anexo V), que é a situação para o segurado que houver

exercido sucessivamente duas ou mais atividades sujeitas a condições especiais, no

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qual em nenhuma das atividades tenha completado o tempo exigido para se

aposentar. (KERTZMAN, 2006, p.300).

Nesta seara, Ivan Mascarenhas Kertzman ensina que se computará a soma

dos respectivos períodos após conversão, considerando-se a proporcionalidade

matemática e a atividade preponderante. (KERTZMAN, 2006, p.300).

Lamartino França de Oliveira exemplifica a situação com segurado que

trabalhou 8 (oito) anos em atividade que requereria 20 (vinte) anos para concessão

da aposentadoria especial e mais 15 (quinze) anos em outra atividade que

requereria 25 (vinte cinco) anos de labor. Desta forma, faz-se o seguinte cálculo com

base na tabela do anexo supracitado: 8 x 1,25 = 10 anos - usa-se o conversor 1,25,

porque ele é que faz a proporção entre a atividade de 20 (vinte) e 25 (vinte e cinco)

anos, restando desta o período de 10 (dez) anos já trabalhado na primeira atividade

e mais os 15 (quinze) da segunda atividade, completando exatamente o tempo

necessário para assegurar a aposentadoria especial aos 25 (vinte e cinco) anos de

labor. (OLIVEIRA, 2006, p. 236).

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3. INSALUBRIDADE

Segundo ensinamento de Maria Helena Carreira Alvim Ribeiro, insalubre

“significa doentio, mórbido, enfermo, prejudicial à saúde, nocivo”. (RIBEIRO, 2006, p.

315).

Ressalta que esta definição deve ser considerada de acordo com a

legislação da época na qual o segurado esteve submetido à prestação de serviço

insalubre. (RIBEIRO, 2006, p. 315).

Em observância ao princípio “tempus regit actum”, deve-se atentar às

diversas legislações que fazem parte da designação do que seria insalubre para o

enquadramento do segurado no tempo especial de sua aposentadoria. Desta forma,

incumbiu-se dessa designação o Anexo I e o II do Decreto nº 83.080/1979, e o

Anexo do Decreto nº 53.831/1964, até a edição do Decreto nº 2.172/1997 no Anexo

IV, o qual por sua vez classificou os agentes nocivos em químicos, físicos e

biológicos e associações de agentes, mantendo-se esta classificação no atual Anexo

IV do Decreto 3.048/1999. (RIBEIRO, 2006, p.315).

Importante saber sobre a insalubridade, vez que o direito ao benefício da

aposentadoria especial advém da exposição dos segurados aos agentes nocivos

presentes no ambiente de trabalho e encontram-se a um nível de concentração

superior aos limites de tolerância estabelecidos na legislação como suportáveis -

tornando-os prejudiciais ao ser humano.

Segundo Maria Helena Carreira Alvim Ribeiro, este limite de tolerância “é a

concentração ou intensidade relacionada com a natureza e o tempo de exposição do

trabalhador ao agente nocivo, que não causará dano à saúde”. (RIBEIRO, 2006,

p.316).

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Neste diapasão, denota-se que a correlação do tempo, intensidade ou

concentração com a sua previsão em legislação, são constatações importantes para

a definição da aposentadoria especial; ou seja, é mister saber quantos anos o

segurado ficou exposto ao agente nocivo, se foi de forma permanente e qual o grau

de intensidade do agente a que ficou exposto, para então constatar se este estará

ou não dentro dos padrões previstos em lei.

Assim, uma vez prevista na legislação a atividade como sendo insalubre,

não caberá ao segurado o dever de comprovar a sua exposição a fatores de risco,

pois a presunção legal já se faz por suficiente para a concessão do benefício. Como

exemplo, pode-se mencionar o profissional que labora com rede elétrica - a

presunção já é efetiva e independente de provas. (RIBEIRO, 2006).

Observa-se ainda que a Consolidação das Leis do Trabalho, no artigo 191

do Capítulo V, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho, dispõe que:

A eliminação ou neutralização da insalubridade ocorrerá: I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância.

Contudo, importante ressaltar que por vezes estes níveis podem alcançar

patamares de tolerância aceitáveis com a aplicação de equipamentos de proteção,

sejam os individuais ou coletivos, ou ainda quando usados simultaneamente.

No entanto, ainda que utilizados tais equipamentos, se apenas minimizarem

e não neutralizarem o risco ou dano pela exposição a agentes insalubres, terá o

segurado o seu direito garantido desde que a atividade seja prevista na legislação

como insalubre e os requisitos de tempo, exposição, permanência e continuidade

sejam devidamente atendidos pelo segurado.

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Nesse sentido é a jurisprudência do TRF da 3ª Região, como se relata a

seguir:

PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA ESPECIAL - REMESSA OFICIAL - INSALUBRIDADE DECORRENTE DA PROFISSÃO - INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. 1. Conforme o art. 10 da Lei no. 9469/97, as sentenças proferidas contra às autarquias e fundações públicas serão obrigatoriamente passíveis de remessa oficial. 2. A comprovação da insalubridade dos trabalhos exercidos até a data de 28.04.1995 (lei no. 9.032/95), se dá pela apresentação do formulário SB-40 (atualmente DSS-8030), especificando de forma minuciosa as funções exercidas pelo trabalhador ou a exposição aos agentes nocivos, elencados nos anexos dos decretos no. 53.831/64 e no. 83.080/79. 3. Para a comprovação da insalubridade do exercício laboral realizado após 29.04.1995, ressalvado os benefícios requeridos anteriormente a edição da Medida Provisória nº 1.523/96 de 11.10.96, mister se faz a apresentação de laudo técnico-pericial, comprovando a exposição aos agentes nocivos elencados nos anexos dos decretos no. 53.831/64 e no. 83.080/79, e posteriormente 05.03.1997, aos do anexo IV do decreto no. 2.172/97. 4. Reconhecida a insalubridade dos períodos declinados pelo autor até 28.04.1995, eis que a atividade de forjador é especial conforme o código 2.5.2 do anexo II do decreto no. 83.080/79, em razão do autor somente ter colacionado DSS-8030, demonstrando o exercício desta profissão, e não os agentes nocivos/agressivos. 5. Inversão do ônus da sucumbência. 6. Apelação do INSS e remessa oficial providas. (AC – Apelação Cível 482352 Processo:1999.03.99.038916-3/SP, OJ 1ª Turma. Rel.Desembargador Federal Roberto Haddad, TRF-3 Região. DJU 19/11/2001.

Acatado pelo Tribunal o reconhecimento da atividade prevista legalmente

como insalubre, advém o direito à aposentadoria especial em razão da

demonstração do exercício da profissão.

3.1. ATIVIDADES INSALUBRES

Conforme Maria Helena Carreira Alvim Ribeiro, várias são as atividades

previstas no Anexo IV do Decreto nº 3048/1999 como sendo insalubres, e nesses

moldes ensejam pagamento do benefício da aposentadoria especial a segurados

que desempenham tais funções. (RIBEIRO, 2006, p.315).

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A título exemplificativo serão abordadas algumas atividades tidas

presumidamente como insalubres, e outras que advêm da não observância do limite

de tolerância predeterminado pela legislação.

a) Ruído

Situação pertinente ao ensejo da aposentadoria especial é a exposição do

segurado a ambiente de trabalho com ruído acima de 85 (oitenta e cinco) decibéis, a

partir de 19 de novembro de 2003, conforme Anexo IV do Regimento da Previdência

Social regulamentada pelo Decreto nº 3.048/1999, desde que o segurado

permaneça por 25 (vinte e cinco) anos em exposição de forma permanente e não

intermitente.

Neste viés, torna-se importante ressaltar o conceito de ruído a fim de

delimitar se o segurado terá direito à aposentadoria especial ou ao cômputo de

tempo de serviço exercido em atividade especial. (RIBEIRO, 2006, p.316).

Eduardo Gabriel Saad elucida que “os processos quentes e o ruído

excessivo são problemas mais encontradiços no setor industrial”. (SAAD, 1979, p.44

citado por RIBEIRO, 2006, p.317).

Entretanto, a importância desta definição se dá em face da aplicabilidade

que a mesma tem na legislação previdenciária, a qual computa o requisito do

segurado ficar exposto a agente nocivo, tal como ruído, de forma permanente e não

intermitente, para que o mesmo tenha direito ao benefício. Desta feita, o ruído

permanente é aquele que ocorre de forma contínua na jornada de trabalho e por

deveras o intermitente é aquele ruído que apresenta interrupções.1 (RIBEIRO, 2006,

316 e 317).

1 RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim, 2006. P.317.

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Os níveis de ruído são medidos em decibéis (dB) com instrumento de

medição de nível de pressão sonora, e sua aferição é de importância fundamental

para detecção do grau de exposição a que o segurado está exposto - se a nível

suportável ou agressivo ao homem. (RIBEIRO, 2006, p.317).

Mediante as mudanças ocorridas nos níveis de ruídos ao longo dos anos,

Maria Helena Carreira Alvim Ribeiro relaciona-os da seguinte forma: “até

05.03.1997, quando a exposição for superior a 80 dB (A); a partir de 06.03.1997 até

18.11.2003, quando a exposição for superior a 90 dB; a partir de 19.11.2003,

quando o Nível de Exposição Normalizado (NEN) se situar acima de 85 dB (A)”.

(RIBEIRO, 2006, p.324).

Observa-se que a Norma Regulamentadora (NR-9) do Programa de

Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) visa identificar as condições ambientais de

trabalho por setor ou o processo produtivo, reconhecendo os agentes nocivos e

discriminando sua natureza, intensidade ou concentração.

b) Exposição ao frio

Um exemplo de profissional exposto a esse agente insalubre segundo a 2ª

Turma do TRT da 10ª Região, é o açougueiro, conforme exposição na decisão do

Recurso Ordinário: RO 607200401310003 originário da 13ª Vara de Trabalho de

Brasília proferido pela Desembargadora Maria Piedade Bueno Teixeira.

Para efeito da legislação previdenciária interessam os seguintes conceitos:

Ruído permanente: ruído que se repete no decorrer da jornada de trabalho, não sendo eventual ou fortuito, mas constante.

Ruído não ocasional: ruído freqüente e usual.

Ruído intermitente: ruído que apresenta interrupções os suspensões; sendo não contínuo.

Ruído habitual: ruído que se sucede frequentemente, usual.

Ruído eventual: ruído casual, incerto, fortuito.

Ruído contínuo: ruído que se repete de forma contínua no decorrer da jornada de trabalho.

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ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. AÇOUGUEIRO. EXPOSIÇÃO CONTÍNUA A FRIO. A percepção do adicional de insalubridade é devida a todos os trabalhadores envolvidos nas atividades ou operações que os exponham a frio, consideradas insalubres, em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho, consoante o disposto no anexo 9, da Norma Regulamentar 15 (Portaria nº 3.214/78). (DJ. 30/03/2005. Des. Maria Piedade Bueno Teixeira. OJ. 2ª Turma).

De acordo com a Norma Regulamentadora NR-15, a caracterização da

insalubridade se dá pela exposição a temperaturas baixas determinadas por

avaliação qualitativa constatada com inspeção do local de trabalho. Percebe desta

forma o trabalhador, 20% (vinte por cento) de adicional de insalubridade sobre o

valor do salário mínimo regional conforme demonstrado no Anexo VI, com

caracterização de grau médio.

c) Eletricista

A Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, título da 10ª Norma

Regulamentadora, estabelece requisitos para garantir a segurança e a saúde dos

trabalhadores. Prevê aplicação da norma na fase de geração, transmissão,

distribuição e consumo de energia, fases essas que colocam o trabalhador em

situações de risco.

De acordo com julgamento do Desembargador Federal Francisco Wildo do

Tribunal Regional Federal da 5ª Região da Apelação – Reexame Necessário 5258

RN 0001932-86.2008.4.05.8400 DJ 25/03/20102, o tempo de serviço é regido

2 TRF – 5 Região. REEXAME NECESSÁRIO 5258. RN 0001932-86.2008.4.05.8400. DJ 25/03.2010. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ELETRICISTA. CONCESSÃO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. COMPROVAÇÃO. CPTS. PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO (PPP). LAUDO TÉCNICO. JUROS DE MORA. LEI Nº. 9.494/97, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº. 11.960/2009. 1. O tempo de serviço é regido sempre pela lei da época em que foi prestado. Dessa forma, em respeito ao direito adquirido, se o trabalhador laborou em condições adversas e a lei da época permitia a contagem de forma mais vantajosa, o tempo de serviço assim deve ser contado e lhe assegurado. 2. No caso, verifica-se que o período trabalhado pelo demandante, entre 24.05.82 a 28.04.95, na Companhia Energética do Rio Grande do Norte (COSERN - Grupo Neoenergia), como Eletricista e Eletrotécnico é considerado especial (agente eletricidade - código 1.1.8, Anexo do Decreto nº. 53.831/64) por presunção legal, tendo em vista que é anterior à edição da Lei nº. 9.032/95. Ademais, a Cópia da CTPS, o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) e o Laudo Pericial, elaborado por Engenheiro de Segurança do Trabalho, além de corroborar a presunção legal de que o período supracitado é especial, também comprova a efetiva exposição da parte autora ao agente nocivo eletricidade pelo interregno de 29.04.95 a 11.06.2007 na mesma Companhia Energética. 3. Comprovado que o autor exerceu atividade (Eletricista e Eletrotécnico), com exposição ao fator de risco "eletricidade" a nível superior a 250 volts, de forma habitual e permanente, no

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sempre pela lei da época em que foi prestado. Assim, o segurado tem o seu direito

assegurado de forma a ser contemplado pela aposentadoria especial, vez que

demonstra ter laborado como eletricista e eletrotécnico na Companhia Energética do

Rio Grande do Norte em condições adversas, e a lei da época permitia a contagem

mais vantajosa.

Ainda pode o trabalhador corroborar a presunção legal de sua condição

laboral através da Cópia da CTPS, o PPP (Perfil Profissional Previdenciário) e o

Laudo Pericial.

Ainda a Lei 7.369/85 instituiu para o setor de energia elétrica salário

adicional para empregado que exercer labor neste setor, em condições de

periculosidade, tendo direito a remuneração adicional de 30% (trinta por cento)

sobre o salário que perceber.

Sobre o tema, Maria Helena Carreira Alvim Ribeiro esclarece que terão este

direito aqueles trabalhadores que, expostos aos efeitos da eletricidade, estes

possam resultar em incapacitação, invalidez permanente ou morte. (RIBEIRO, 2006,

p.334).

O cumprimento desta previsão pode ser constatado através do holerite

apresentado (Anexo VII), no qual o trabalhador recebe adicional de periculosidade

por se encontrar em situação de risco.

d) Trabalhadores expostos a atividades em hospitais

São considerados insalubres os trabalhos nos quais ocorre exposição a

agentes biológicos, como vírus e bactérias, por contato com pacientes, podendo a período de 24.05.82 a 11.06.2007 é de se reconhecer o referido tempo de serviço como especial (25 anos e 24 dias), ensejando o deferimento do benefício de aposentadoria especial, nos termos do art. 57 da Lei nº 8.213/91. 4. Os juros de mora são de 1 % (um por cento) ao mês, a partir da citação, até o mês de junho de 2009, devendo, a partir do mês seguinte, incidir na forma prevista no art. 1º-F, da Lei nº. 9.494/97, com redação dada pela Lei nº. 11.960/2009. Apelação e remessa oficial providas neste ponto. 5. Precedentes desta egrégia Corte e do colendo STJ. 6. Apelação e remessa oficial providas em parte.

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atividade ser enquadrada como especial, pois no trabalho hospitalar é certo que as

infecções hospitalares trazem risco à saúde humana. (RIBEIRO, 2006, p.331).

Regulada pelo Decreto nº 3.048/99 no Anexo IV e reconhecido por maioria

pela Sexta Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, as atividades

desenvolvidas pelo operador de raio X e pelo atendente de enfermagem são

consideradas insalubres, conforme se denota na decisão da Juíza Eliana Paggiarin

Marinho no acórdão da Apelação Cível de processo nº 2000.04.01.144928-7:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. ATIVIDADES ESPECIAIS. OPERADOR DE RAIO-X E ATENDENTE DE ENFERMAGEM. 1. As atividades prestadas como operador de raio-x e atendente de enfermagem podem ser enquadradas como especiais, inclusive no período posterior à Lei n. 9.032/95. 2. Possibilidade de conversão de especial para comum mesmo na ausência de direito ao benefício em 28-04-1995. Viabilidade da conversão também da atividade prestada após 28-05-1998, já que o artigo 57, par.5. da Lei n. 8.213/91, não foi revogado. 3. Custas reduzidas por metade. 4. Apelação e Remessa oficial providas em parte. (AC/RS 2000.04.01.144928-7 DJ.18/07/2001 OJ.6 Turma. Rel. Eliana Paggiarin Marinho.)

Além disso, constata-se através do Comprovante de Pagamento (Anexo

VIII), que na prática as empresas estão a cumprir a previsão legislativa.

e) Trabalho do Frentista

A atividade dos profissionais que trabalham com inflamáveis, tal como o

trabalho de frentista, é considerada especial, vez que o trabalho laboral o expõe

diária e diretamente a derivados do petróleo, líquidos e gasosos, estando dessa

forma em trato constante com elementos intoxicantes. (RIBEIRO, 2006, p. 343).

Nesse sentido a jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 3ª Região

faz jus à concessão de aposentadoria, conforme decisão do processo 96.03.008298-

8/SP proferida pelo juiz relator Johonsom Di Salvo exposta:

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PREVIDENCIÁRIO. Pedido de reconhecimento de tempo de serviço rural e urbano como “frentista” a ser somado a períodos registrados em CTPS, a fim de ser o INSS condenado a prestar aposentadoria por tempo de serviço preliminares repelidas. Prescrição inexistente demonstração inequívoca do tempo rural. Veiculada por testemunhos e início de prova documental. Tempo trabalhado como “frentista” também reconhecido. Tempo trabalhado quando o autor era menor deve ser aproveitado em seu favor. Natureza insalubre e perigosa da atividade do “frentista”. Condenação do INSS em honorários de valor fixo, restando inútil insurgência do órgão sobre “prestações vincendas” com base de cálculo.(...) 6.O trabalho como “frentista”- com exposição diária e constante a derivados do petróleo, líquidos e gasosos – evidentemente é tarefa perigosa por haver trato direto com elementos altamente intoxicantes o combustíveis. Tanto assim que a atividade laboral no comércio a varejo dos combustíveis é classificada como risco grave face à Periculosidade do Trabalho, nos termos do item 50.50-4 do anexo V do Decreto 3.048/99(RPS). (AC-300771 processo 96.03.008298-8/SP, Rel. Juiz Johonsom Di Salvo, TRF-3 Reg., 5 T., un., DJU 08.05.2001, p.410)

Esclarece Renato Saraiva, que decorrente da exposição direta e constante

a situação perigosa, ao frentista é pago adicional de periculosidade que consistirá no

percentual de 30% (trinta por cento), calculados sobre o salário-base. (SARAIVA,

2010, p.355). Conforme holerite de frentista em anexo. (Anexo IX).

e) Gari

A atividade do gari, para Maria Helena Carreira Alvim Ribeiro, “não pode ser

considerada nociva tão-somente pelo fato do seu exercício”. (RIBEIRO, 2006,

p.344).

Os agentes biológicos estão previstos no Anexo IV do Decreto nº 3.048/1999

e no Regulamento da Previdência Social sob Código 3.0.0; no item 3.0.1 está a

coleta e industrialização do lixo, a qual enseja a aposentadoria especial, desde que

o trabalhador esteja no labor pelo período de 25 (vinte e cinco) anos.

Adverte ainda que trabalhador neste tipo de atividade em contato

permanente com o lixo faz jus ao adicional de insalubridade em grau máximo, sendo

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de mesmo direito tanto para os que coletam quanto aos que manipulam, em

decorrência dos agentes nocivos existentes no lixo. (RIBEIRO, 2006, p.345).

No mesmo sentido é a decisão da 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da

2ª Região da Apelação Cível 232039 conforme segue:

PREVIDENCIÁRIO - GARI - ATIVIDADE INSALUBRE - CONVERSÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO COMUM EM APOSENTADORIA ESPECIAL. I - É forte a jurisprudência, no sentido de que a lista das atividades nocivas à saúde não é taxativa, mas exemplificativa, de modo que diversos elementos probatórios podem concluir pela existência da insalubridade, ainda que a atividade não esteja elencada como tal. II - Entretanto, com o advento do Decreto nº 2.172/97, a atividade de coleta e industrialização do lixo passa a constar do rol exemplificativo das atividades insalubres, que ensejam a obtenção de aposentadoria especial. III - Assim, comprovado o exercício da atividade de gari de coleta de lixo urbano por mais de 25 anos, resta claro que o Autor faz jus à conversão da aposentadoria comum por tempo de serviço em aposentadoria especial integral, com percepção de todos os atrasados. IV - A condenação em honorários está de acordo com a dosimetria que adota esta Turma. V - Apelação Cível e Remessa Necessária a que se negam provimento." (TRF2 - APELAÇÃO CIVEL: AC 232039 2000.02.01.020780-2 Relator(a): Desembargador Federal FRANCA NETO Julgamento: 30/11/2004 Órgão Julgador: QUINTA TURMA Publicação: DJU - Data::08/12/2004 )

Desta feita, o INSS, através da Instrução Normativa nº 78/2002, deu

tratamento à matéria em seu artigo 147, V, sendo o mesmo inciso do artigo referido

pela Instrução Normativa nº 95/2003, alterando o período ao qual deverá ser

apresentado o laudo técnico, que antes era de 29.04.1995 para 14.10.1996, ficando

seu teor nos seguintes moldes:

Art. 147 Deverão ser observadas os seguintes critérios para o enquadramento de algumas atividades abaixo relacionadas, para o período trabalhado até 28.04.1995: V – coleta e industrialização do lixo: a atividade de coleta e industrialização do lixo, desde que exista exposição a microorganismos e parasitas infecciosos vivos e suas toxinas, poderão ser enquadradas no Código 3.0.1 do Anexo IV dos Decretos 2.172, de 1997, e 3.048, de 1999, desde que seja apresentado o laudo técnico, a partir de 14.10.1996.

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Maria Helena Carreira Alvim Ribeiro observa que apesar de tal instrução

normativa tratar da matéria em específico, esta não poderá ser contrária ao previsto

em lei. (RIBEIRO, 2006, p.346).

O holerite do trabalhador gari no (Anexo X) comprova a observância da lei

no sentido do pagamento de adicional de insalubridade decorrente da função.

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4. OUTROS MEIOS DE COMPROVAÇÃO DE EXERCÍCIO DE ATIV IDADE

ESPECIAL

A aposentadoria especial é concedida ao segurado que estiver exposto pelo

período de 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos de forma permanente e

não intermitente a agentes que prejudiquem sua saúde ou integridade física,

condições estas que deverão ser comprovadas junto ao INSS para que o mesmo

tenha direito ao benefício. (TAVARES, 2009, p.147).

A priori a comprovação da exposição do trabalhador aos agentes nocivos é

de responsabilidade do empregador ou de seu preposto através do preenchimento

do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e do Programa de

Prevenção Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Nestes documentos deverão

constar de forma detalhada as atividades laborativas com exposição a agentes

nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes realizadas pelo

empregado durante a sua permanência na empresa, conforme definido no Anexo IV

do Regimento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999.

Entretanto, por vezes esta comprovação não é alcançada devido à falta de

laudos ou documentos que atestem a efetiva realidade a que o segurado se

encontra e necessita demonstrar para obter o benefício da aposentadoria especial.

Sendo assim, poderá o segurado buscar a comprovação através de perícia judicial,

documentos e prova testemunhal idônea, sentença trabalhista, recebimento de

adicionais de insalubridade ou periculosidade. (RIBEIRO, 2006, p.305).

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4.1. PERÍCIA JUDICIAL

Para a comprovação da exposição a agentes nocivos químicos, físicos,

biológicos ou associação de agentes, deverá o segurado requerer a realização de

perícia técnica através do ajuizamento de ação ordinária previdenciária junto à

Justiça Federal. (RIBEIRO, 2006, p.305).

Nesse sentido é o entendimento da jurisprudência do Superior Tribunal de

Justiça ao julgar Recurso Especial 223.787 de processo originário do Rio Grande do

Sul nº 1999/009651-9 admitindo a comprovação e reconhecimento da atividade

insalubre através de perícia judicial, conforme segue:

PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA ESPECIAL – ATIVIDADE INSALUBRE - COMPROVAÇÃO POR PERÍCIA - POSSIBILIDADE - DIVERGÊNCIA JURIPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADA. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que ao trabalhador que exerce atividade insalubre, ainda que não inscrita em regulamento mas comprovada por perícia judicial, é devido o benefício de Aposentadoria Especial. A simples transcrição de ementas não é suficiente para caracterizar o dissídio jurisprudencial apto a ensejar a abertura da especial, devendo ser mencionadas e expostas as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados, bem como, juntadas certidões ou cópias integrais dos julgados paradigmas. Recurso parcialmente conhecido pela aliena "a", mas desprovido. (REsp. 233.787/RS(1999/0090651-9) Rel. Min.Jorge Scartizzini)

Desta forma, o STJ possibilita ao segurado que, mesmo sem ter sua

atividade laborativa expressamente definida e prevista na legislação, possa ter seu

direito garantido ao comprovar, através de perícia judicial, o dano decorrente da

exposição laborativa a agentes nocivos à sua saúde, posto a legislação cuidar de rol

meramente exemplificativo.

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4.2. DOCUMENTOS E PROVA TESTEMUNHAL IDÔNEA

É notório que a partir da Medida Provisória nº 1.523/1996 passou-se a exigir

o preenchimento de formulários com base em laudo técnico para todos os casos,

vez que antes desta data só era exigido para casos de exposição a ruído e calor.

(RIBEIRO, 2006, p. 306).

Contudo, ainda que de forma excepcional, o Tribunal Regional Federal da 3ª

Região tem admitido a comprovação do tempo especial por meio de documentos,

conforme se demonstra na decisão prolatada pelo Juiz Wilson Zuhy referente a

Apelação Cível 159846 julgado pela 5ª Turma conforme se segue:

APOSENTADORIA ESPECIAL ELETRICITÁRIO. PERICULOSIDADE. PROVA DOCUMENTAL IDÔNEA. PROCEDÊNCIA. TERMO INICIAL DA APOSENTADORIA: DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. RECURSO PROVIDO. 1. A atividade de eletricitário é considerada como de risco (Lei 7.369, de 20 de setembro de 1985 e Regulamento). 2. Declaração da empregadora afirmando as condições de trabalho e as condições de risco deve ser considerada prova idônea a permitir o reconhecimento da atividade de risco, ademais quando não descaracterizada essa prova pela parte contrária, quer no aspecto formal, quer no material. 3. Provimento do recurso do autor com a inversão do ônus da prova. (AC – Apelação Cível - 159846 Processo: 94.03.013702- 9 Juiz: Wilson Zauhy. OJ. 5 Turma. TRF300059701 DJU DATA:25/06/2002)

Ainda conforme Maria Helena Carreira Alvim Ribeiro, neste mesmo Tribunal

admite-se a comprovação do tempo especial através de declarações expressas de

ex-empregadores, corroboradas por testemunhos. (AC 95.03.025257-1/SP, Rel.Juiz

Johonsom Di Salvo, TRF-3ª Reg., 5 T. un., DJU 28.11.2000, p.640). (RIBEIRO,

2006, p.307).

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4.3. SENTENÇA TRABALHISTA

A sentença trabalhista tem sido instrumento utilizado pelos segurados como

meio de comprovação de tempo de labor em condições insalubres com o fim de

assegurar o direito à aposentadoria especial, ou por vezes, para ter o

reconhecimento do tempo especial na conversão em tempo comum, servindo para

aumentar o valor do benefício recebido em benefício da aposentadoria especial.

(RIBEIRO, 2006, p. 308).

Esse é o entendimento do Relator Juiz José Henrique Guaracy Rebêlo

advindo do Tribunal Regional Federal da 1ª Região:

PROCESSO CIVIL. PROVA EMPRESTADA. SENTENÇA JUDICIAL. 1 - A sentença judicial trabalhista supre os registros do empregador, nos limites das questões decididas, e vale como prova em ação previdenciária na qual se busca aposentadoria especial. 2 - Sentença mantida - Apelação desprovida (AC 94.01.11967-8/MG; Rel. Juiz José Henrique Guaracy Rebêlo (Conv.), OJ1 DJ 09/07/2001.

A sentença trabalhista transitada em julgado supre a inércia do empregador

em prestar informações sobre a situação fática laboral de seu antigo empregado

que, em decorrência da exposição a agentes insalubres pelo tempo de 15 (quinze),

20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, tenha direito à aposentadoria especial ou à

conversão deste tempo em comum, aproveitando assim o benefício reducional do

fator de conversão.

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4.4. RECEBIMENTO DE ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE OU

PERICULOSIDADE

É entendimento doutrinário que o recebimento de adicionais de

insalubridade ou periculosidade por parte do segurado não é pressuposto obrigatório

para que seja reconhecido o exercício de atividade de natureza especial.

Nesse sentido é reconhecido por Sérgio Pinto Martins que “não

necessariamente, a aposentadoria especial irá coincidir com as pessoas que

recebem adicionais de remuneração. Exemplo seria o adicional de periculosidade. O

pagamento do adicional pode ser um indício ao direito à aposentadoria especial”.

(MARTINS, apud RIBEIRO, 2006, p.309).

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5. O QUE AS EMPRESAS ESTÃO FAZENDO COMO MEDIDA PREV ENTIVA

Segundo relato do Sr. Valdir Dering, responsável pela segurança do trabalho

da empresa Metalúrgica X, localizada em Campo Largo – Paraná, “conforme

previsto no próprio quadro II da Norma Regulamentadora – (NR 4), Serviços

Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, as

empresas classificadas em grau de risco 3 e com número de funcionários entre 101

e 250, caso da nossa empresa que comporta 115 funcionários, faz-se mister apenas

1 técnico de segurança. Entretanto, contamos com a assessoria terceirizada tanto

do engenheiro do trabalho quanto de suporte médico para realização dos exames

que se fazem necessários no decorrer do período laboral. Lembra ainda que a

orientação a ser seguida é no sentido de fazerem o uso de equipamentos de

proteção individual e/ou coletivo para minimizar ou se possível neutralizar os riscos

que a atividade possa vir a causar à saúde dos funcionários.

Esta metalúrgica, por trabalhar com produção individualizada sob

encomenda, não possui um padrão rotineiro quanto ao tipo do trabalho a ser

desenvolvido, mas sim trabalhos similares que são sempre desenvolvidos nos

mesmos setores. Exemplo: o trabalhador que labora no setor de oxicorte sempre

estará sujeito ao ofício que este setor desenvolve, o que significa dizer que deverá

seguir as regras de proteção e prevenção previstas nas normas que atende este

setor em específico.

Ressalta que a empresa procura disponibilizar os equipamentos de

segurança disponíveis no mercado na medida do possível, com intuito de proteger

os funcionários de possíveis danos à saúde e à integridade física dos mesmos. Aqui

se tem diversos equipamentos a disposição dos funcionários tais como a máscara

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PFF2 para poeira e outra máscara especial para solda; óculos incolor ou verde de

tonalidade 5 para trabalhadores do oxicorte; luva de diversas espécies para proteção

devida nos diversos setores; protetor auricular de 3 (três) formas (moldável, silicone

ou concha); calçado de segurança com biqueira de aço, PVC, ou sem biqueira para

funcionários do escritório e eletricistas; cinto de segurança tipo pára-quedista com 2

talabarques; avental e blusão de raspa, além dos equipamentos de proteção de uso

coletivo como as cortinas de solda, extintores de incêndio nas diversas modalidades

existentes, faixas de segurança para demarcação de solo e das ilhas, tapumes de

madeira para isolar a parte de solda. Ao entregar o equipamento e orientar o

funcionário do seu funcionamento relaciona-se o material entregue na ficha de

controle de material e o funcionário assina a ficha dando ciência que o recebeu e

obrigatoriamente tem que usá-lo para sua proteção. (Anexo XI e XII).

Além de medidas protetivas individuais a empresa preocupa-se com o

aspecto coletivo acerca do ambiente de trabalho a que o funcionário ficará exposto.

Assim, destaca que a construção do próprio pavilhão de trabalho é preparado para

sistema de exaustão para melhor ventilação e dissipação dos fumus metálicos. Tudo

implementado para que a empresa pudesse desenvolver seus trabalhos dentro das

normas estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e atender às necessidades de um

ambiente salubre para seus funcionários conforme figura anexa. (Anexo XIII).

Salienta que apesar dessa parte preventiva, ainda estão os funcionários

obrigados à realização de exames periódicos para acompanhamento e aferição da

evolução, seja auditiva, respiratória, pulmonar ou qualquer outro tipo de exame

possível que possa detectar danos desencadeados pela insalubridade do ambiente

de trabalho. Continua a explicar que todos esses exames não são feitos a todos os

funcionários; o tipo de exame é designado de acordo com a função que cada um

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executa. Coloca ainda que os exames são realizados semestralmente por médico do

trabalho que seguem as recomendações do exigido no formulário do PPRA

(Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), no PCMSO (Programa de

Prevenção Médico de Saúde Ocupacional), para designação dos tipos de exames a

serem realizados. Desta forma a empresa tem conseguido cumprir com as

determinações previstas em lei alcançando os índices preestabelecidos e tidos como

salubres.

Para finalizar, menciona que a empresa está constantemente investindo em

programas de prevenção e que no momento o projeto a ser implantado é para

realização de atividades físicas enfocados em relaxamento corporal e ensinamentos

de como os funcionários devem proceder para erguer pesos”.

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6. POSICIONAMENTO DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4 ° REGIÃO

Muitos são os segurados que necessitam recorrer ao Juizado Especial

Federal para ter reconhecido seus direitos inerentes à aposentadoria, seja ela por

tempo de contribuição ou especial, haja vista terem seus pedidos na via

administrativa indeferidos.

É de notório saber a dificuldade encontrada pelos segurados para

comprovação do labor em tempo de atividade especial, vez que o documento

utilizado para constatação das condições do trabalhador em período especial é

demonstrado através da empresa com o preenchimento do Perfil Profissiográfico da

Previdência Social.

Contudo, os Tribunais até pouco tempo vinham indeferindo o pedido de

reconhecimento de conversão do período especial em comum, visto que a lei

beneficia o segurado com a redução do tempo a ser trabalhado de forma

significativa, desde que tenha exercido a atividade até 28 de maio de 1998.

No entanto, segundo o Magistrado Danilo Pereira Junior, relator do acórdão

nº 2005.70.95.014064-8 (2004.70.08.000735-8) de 12/09/2006 da 2ª Turma

Recursal do Juizado Especial de Paranaguá “a praxe vem demonstrando que vários

magistrados estão estendendo o direito à conversão para período posterior a

28/05/1998 e que o INSS não tem recorrido destas decisões”. Acrescenta ainda que

“o próprio INSS vem convertendo tempo especial em comum na via administrativa

após 28/05/1998 por força da Instrução Normativa n. 118/2005, que não exige limite

de tempo para conversão de tempo especial em comum. Neste mesmo sentido é o

artigo 70 do Decreto 4.827/03”.

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Dessa forma, denota-se que para reconhecimento e aproveitamento do

tempo especial na aposentadoria o que se tem exigido é a comprovação do

exercício de labor especial.

Merece destaque a decisão proferida pela 1ª Turma Recursal do Paraná, em

demanda na qual o Dr. Oswaldo Pacheco Lacerda Neto representou o recorrente

Oracio Ramos em face ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.

O recurso advém de ação previdenciária que pleiteava a obtenção de

aposentadoria por tempo de serviço/contribuição mediante o cômputo do período de

01.01.1965 a 31.12.1975 como tempo de serviço rural.

O recurso advém de ação previdenciária nº. 2007.70.00.003252-6/PR que

pleiteava a “obtenção de aposentadoria por tempo de serviço/contribuição mediante

o cômputo do período de 01.01.1965 a 31.12.1975 como tempo de serviço rural e o

reconhecimento da especialidade dos períodos de 19.01.77 a 01.06.82, 23.09.82 a

18.09.86 e 23.10.86 a 02.06.91, com a sua conversão em tempo de serviço comum”.

O dispositivo da sentença define que o julgamento foi considerado

parcialmente procedente quanto ao pedido inicial restando extinto o processo com a

resolução de mérito para o fim de condenar o INSS a proceder à averbação do

período de 01.01.73 a 30.12.75 como tempo de serviço rural e do período de

23.09.82 a 18.09.86 como tempo especial, mediante a aplicação do fator de

conversão 1,4.

Inconformado com a decisão o recorrente pede a reforma da sentença na

parte sucumbente a fim de que seja reconhecido o tempo de serviço especial no

período compreendido de 19.01.1977 a 01.06.1982 e de 23.10.1986 a 02.06.1991

para posteriormente seja concedida a conversão de tempo de serviço especial em

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tempo de serviço comum mediante aplicação do fator já pelo magistrado

determinado.

Importante ressaltar é o resultado deste julgamento, ora que causou

divergência quanto à sua análise e votação entre ou doutos magistrados.

A juíza relatora, Doutora Ana Beatriz Vieira da Luz Palumbo entendeu que o

recorrente não gozava do direito e votou por negar o procedimento ao recurso. No

entanto, com voto divergente a Doutora Luciane Merlin Clève Kravetz entendeu pelo

provimento ao recurso. Da mesma forma acompanhou este entendimento a Juíza

Federal Sílvia Salau Brollo.

Diante está decisão ressalta-se o precedente que muitos precisavam para

obterem seus direitos até então não reconhecidos. (Anexo XIV).

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55

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante ao exposto, denota-se o rigor imposto para comprovação da

insalubridade e posterior requerimento à aposentadoria especial.

O grande número de alterações legislativas dificulta e por vezes prejudica os

segurados que, apesar de submeterem-se a atividades insalubres, não têm seu

direito reconhecido diante de tantas oscilações na lei.

Importante ressaltar que a criação da aposentadoria especial visa

proporcionar uma redução ao tempo necessário para o segurado aposentar-se,

justamente por encontrar-se em desvantagem frente às demais atividades

profissionais. De forma que quando a própria lei reconhece a insalubridade criando

normatizações, não deveria dificultar ou controlar de forma ineficaz quem

efetivamente tem ou não direito a esse benefício, visto que cada pessoa possui nível

de tolerância próprio.

A proteção e prevenção à saúde e integridade física do segurado fazem-se

necessárias e primordiais. Para tanto, medidas preventivas de comportamento diário

estão sendo exigidas nas empresas de modo que venham a proporcionar condições

adequadas e salubres para o desenvolvimento das atividades, enquanto todos não

cumprem com seu papel preventivo a justiça busca resolver as controvérsias

existentes.

Entretanto, a constatação da realidade vivenciada pelos trabalhadores em

situação de risco e suas conseqüências tem sido alvo de flexibilizações perante os

tribunais o que vem a abrir as portas para um cumprimento do dever advocatício

mais justo.

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_______. Tribunal Regional Federal da 3ª Regional . Apelação Cível 232039.

Conversão de Aposentadoria por Tempo de Serviço Comum em Aposentadoria

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Especial. Disponível em:

<http://www.trf3.jus.br/NXT/Gateway.dll?f=templates&fn=default.htm&vid=trf3e:trf3ve

>. Acessado em 05 agosto de 2010.

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Periculosidade Prova Documental Idônea. Disponível em:

<http://www.trf3.jus.br/NXT/Gateway.dll?f=templates&fn=default.htm&vid=trf3e:trf3ve

> Acessado em: 06 de agosto de 2010.

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TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário: Regime Geral de

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TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de Direito da Seguridade Social . 2 Edição.

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ANEXOS

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ANEXO I – Tabela Progressiva de Carência

Tabela da Evolução dos Meses de Contribuições Exigidos para Aposentadoria

Especial (art.142, da Lei 8213/1991)

Ano de implementações das condições Meses de contribuição exigidos

1991 60 meses

1992 60 meses

1993 66 meses

1994 72 meses

1995 78 meses

1996 90 meses

1997 96 meses

1998 102 meses

1999 108 meses

2000 114 meses

2001 120 meses

2002 126 meses

2003 132 meses

2004 138 meses

2005 144 meses

2006 150 meses

2007 156 meses

2008 162 meses

2009 168 meses

2010 174 meses

2011 180 meses

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ANEXO II – Holerite Insalubridade

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ANEXO III – Comprovante de Recebimento de Aposentadoria Especial

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ANEXO IV – Tabela de Conversão de Tempo de Atividade Especial para Comum

(homens x mulheres)

Tempo a converter Multiplicadores

Mulher (para 30) Homem (35 anos)

De 15 anos 2 2,33

De 20 anos 1,5 1,75

De 25 anos 1,2 1,4

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ANEXO V – Tabela de Conversão de Tempo entre Atividades Especiais

Tempo a

converter

Multiplicadores

Para 15 Para 20 Para 25

De 15 anos - 1,33 1,67

De 20 anos 0,75 1,25

De 25 anos 0,60 0,80

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ANEXO VI – Holerite Trabalhador Exposto ao Frio

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ANEXO VII – Holerite Trabalhador Exposto à Eletricidade

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67

ANEXO VIII – Holerite Trabalhador Exposto a Agentes Biológicos – Enfermeira

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68

ANEXO IX – Holerite Trabalhador Exposto a Periculosidade – Frentista

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69

ANEXO X – Holerite Trabalhador Exposto a Agentes Biológicos – Gari

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70

ANEXO XI - Controle de Materiais

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71

ANEXO XII – Equipamento de Proteção Individual (EPI)

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ANEXO XIII – Equipamento de Proteção Coletiva (EPC)

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Anexo XIV

O QUE AS EMPRESAS ESTÃO FAZENDO COMO MEDIDA PREVENT IVA

Segundo relato do Sr. Valdir Dering, responsável pela segurança do trabalho

da empresa Metalúrgica X, localizada em Campo Largo – Paraná, “conforme

previsto no próprio quadro II da Norma Regulamentadora – (NR 4), Serviços

Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, as

empresas classificadas em grau de risco 3 e com número de funcionários entre 101

e 250, caso da nossa empresa que comporta 115 funcionários, faz-se mister apenas

1 técnico de segurança. Entretanto, contamos com a assessoria terceirizada tanto

do engenheiro do trabalho quanto de suporte médico para realização dos exames

que se fazem necessários no decorrer do período laboral. Lembra ainda que a

orientação a ser seguida é no sentido de fazerem o uso de equipamentos de

proteção individual e/ou coletivo para minimizar ou se possível neutralizar os riscos

que a atividade possa vir a causar à saúde dos funcionários.

Esta metalúrgica, por trabalhar com produção individualizada sob

encomenda, não possui um padrão rotineiro quanto ao tipo do trabalho a ser

desenvolvido, mas sim trabalhos similares que são sempre desenvolvidos nos

mesmos setores. Exemplo: o trabalhador que labora no setor de oxicorte sempre

estará sujeito ao ofício que este setor desenvolve, o que significa dizer que deverá

seguir as regras de proteção e prevenção previstas nas normas que atende este

setor em específico.

Ressalta que a empresa procura disponibilizar os equipamentos de

segurança disponíveis no mercado na medida do possível, com intuito de proteger

os funcionários de possíveis danos à saúde e à integridade física dos mesmos. Aqui

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se tem diversos equipamentos a disposição dos funcionários tais como a máscara

PFF2 para poeira e outra máscara especial para solda; óculos incolor ou verde de

tonalidade 5 para trabalhadores do oxicorte; luva de diversas espécies para proteção

devida nos diversos setores; protetor auricular de 3 (três) formas (moldável, silicone

ou concha); calçado de segurança com biqueira de aço, PVC, ou sem biqueira para

funcionários do escritório e eletricistas; cinto de segurança tipo pára-quedista com 2

talabarques; avental e blusão de raspa, além dos equipamentos de proteção de uso

coletivo como as cortinas de solda, extintores de incêndio nas diversas modalidades

existentes, faixas de segurança para demarcação de solo e das ilhas, tapumes de

madeira para isolar a parte de solda. Ao entregar o equipamento e orientar o

funcionário do seu funcionamento relaciona-se o material entregue na ficha de

controle de material e o funcionário assina a ficha dando ciência que o recebeu e

obrigatoriamente tem que usá-lo para sua proteção. (Anexo XI e XII).

Além de medidas protetivas individuais a empresa preocupa-se com o

aspecto coletivo acerca do ambiente de trabalho a que o funcionário ficará exposto.

Assim, destaca que a construção do próprio pavilhão de trabalho é preparado para

sistema de exaustão para melhor ventilação e dissipação dos fumus metálicos. Tudo

implementado para que a empresa pudesse desenvolver seus trabalhos dentro das

normas estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e atender às necessidades de um

ambiente salubre para seus funcionários conforme figura anexa. (Anexo XIII).

Salienta que apesar dessa parte preventiva, ainda estão os funcionários

obrigados à realização de exames periódicos para acompanhamento e aferição da

evolução, seja auditiva, respiratória, pulmonar ou qualquer outro tipo de exame

possível que possa detectar danos desencadeados pela insalubridade do ambiente

de trabalho. Continua a explicar que todos esses exames não são feitos a todos os

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funcionários; o tipo de exame é designado de acordo com a função que cada um

executa. Coloca ainda que os exames são realizados semestralmente por médico do

trabalho que seguem as recomendações do exigido no formulário do PPRA

(Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), no PCMSO (Programa de

Prevenção Médico de Saúde Ocupacional), para designação dos tipos de exames a

serem realizados. Desta forma a empresa tem conseguido cumprir com as

determinações previstas em lei alcançando os índices preestabelecidos e tidos como

salubres.

Para finalizar, menciona que a empresa está constantemente investindo em

programas de prevenção e que no momento o projeto a ser implantado é para

realização de atividades físicas enfocados em relaxamento corporal e ensinamentos

de como os funcionários devem proceder para erguer pesos”.

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ANEXO XV – Sentença

PROCEDIMENTO COMUM DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL Nº 2007.70.00.003252-6/PR AUTOR : ORACIO RAMOS

ADVOGADO : OSWALDO PACHECO LACERDA NETO

RÉU : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

SENTENÇA

Relatório Dispensado pelo artigo 38 da Lei 9.099/95. Fundamentação O autor, nascido em 22.03.1953 (fl. 08), pretende a obtenção de aposentadoria por tempo de serviço/contribuição mediante o cômputo do período de 01.01.1965 a 31.12.1975 como tempo de serviço rural e o reconhecimento da especialidade dos períodos de 19.01.77 a 01.06.82, 23.09.82 a 18.09.86 e 23.10.86 a 02.06.91, com a sua conversão em tempo de serviço comum. Tempo de Serviço Rural Exigência de prova material O autor apresenta os seguintes documentos, visando suprir a exigência do §3º do artigo 55 da Lei nº 8.213/91: i. em nome próprio: a) certidão de casamento, dando conta de sua condição de lavrador na data de 28.02.75 (fl. 09); b) certidões de nascimento de seus filhos, dando conta da sua condição de lavrador em 12.06.75 e 21.05.76 (fls. 10-11); c) certificado de dispensa de incorporação, no qual consta que detinha a condição de lavrador na data de 21.11.73 (fl. 15). Análise da prova material Dos documentos acostados aos autos, tenho que servem como início de prova material da condição de rurícola do autor tão-somente quanto ao período de 01.01.73 a 30.12.75. O autor apresentou documentos pessoais, consubstanciados no certificado de dispensa de incorporação (1973), na certidão de nascimento de seus filhos (1975) e na certidão de casamento (1975), os quais constituem mais que um início razoável de prova material para o período de 1973 a 1975.

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Entretanto, antes da data de seu certificado de dispensa de incorporação (21.11.73), não há documento algum, sequer em nome de terceiros, de modo que é inviável reconhecer o exercício de atividade rural no período de 01.01.65 a 31.12.72, haja vista que o início de prova material é requisito essencial para essa finalidade. O autor poderia, ao menos, ter evidenciado o vínculo do dono das terras onde laborava à agricultura, apresentando notas fiscais ou documentos indicativos da comercialização de produtos agrícolas, por exemplo, para demonstrar a efetiva existência de atividade rural. Destarte, a exigência do § 3º do art. 55 e do inciso III do art. 106, ambos da Lei nº 8.213/91, foi suprida somente em relação ao período de 01.01.73 a 30.12.75. Prova pessoal Comum nos feitos previdenciários, a prova pessoal demonstrou-se idônea a declarar que o autor criou-se trabalhando na lavoura, especificando, ainda, o local (Terra Boa/PR), consoante se tira dos depoimentos de fls. 235-238. A prova pessoal não esboçou precisão de datas remotas, sendo que, quanto a este aspecto, não traduziria maior peso no convencimento, por ser infactível a lembrança de fatos distantes. Nesse aspecto, entendo como sendo pertinente a seguinte lição: "(...) A testemunha não é uma máquina fotográfica ou uma filmadora, pelo que, diante dos fatos variáveis e complexos que lhe são postos, é natural que selecione aqueles que mais lhe interessam e, após essa seleção, a informação passa ainda para o campo afetivo, onde sofre interferências dos valores e opiniões do receptor e que permitem a qualificação dos fatos como bons ou maus, para só então aflorar no campo operacional, mediante a externação do que foi visto ou ouvido. Assim, os depoimentos das testemunhas, que presenciaram os mesmos fatos, podem ter colocações diferentes, enfoques díspares, sem que essas discrepâncias indiquem a ocorrência de inverdades nas declarações, pois cada pessoa vê a situação sob uma perspectiva própria" (O JUIZ E A PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO, Desembargadora Federal Suzana de Camargo Gomes, RTRF 3º R, nº 42 - p. 48). Dessa maneira, a prova pessoal evidencia que o autor trabalhou como diarista, em terras pertencentes a terceiros, plantando café, milho e arroz, sem o auxílio de empregados assalariados e maquinário agrícola. Conclusão Uma vez que há início de prova material e que as provas testemunhais confirmam o exercício de atividade rural pelo autor, entendo que o período de 01.01.73 a 30.12.75 merece ser reconhecido como tempo de serviço rural. Já quanto ao período de 1965 a 1972, considero impossível o seu reconhecimento, devido à ausência de início de prova material, muito embora esse lapso de tempo tenha sido confirmado pelas testemunhas. Tempo de serviço especial A consagração de princípio fundamental da intemporalidade pode ser vislumbrada na orientação do Supremo Tribunal Federal encontrada no RE 174.150-3-RJ, no sentido de que "pela lei vigente à época de sua prestação, qualifica-se o tempo de serviço do funcionário

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público, sem a aplicação retroativa de norma ulterior que nesse sentido não haja disposto" (rel. Min. Octávio Gallotti, DJ 18-08-2000). Resguarda-se, assim, a segurança e a confiança daqueles que teriam direito à aposentadoria especial ou, se for o caso, à conversão do tempo especial em comum por terem exercido atividade considerada especial pela legislação vigente ao tempo do trabalho. Esse norte jurisprudencial foi acolhido pela emblemática decisão do Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região proferida na Apelação Cível em Ação Civil Pública de nº 2000.71.00.030435-2/RS, rel. Des. Federal Paulo Afonso Brum Vaz, quando se assentou que "o enquadramento da atividade especial faz-se de acordo com a legislação contemporânea à prestação de serviço" (j. 16.10.2002). Recentemente, o Decreto nº 4.827, de 3.09.2003 emprestou nova redação ao artigo 70, do Decreto 3.048/99, que passou a dispor em seu parágrafo primeiro que "a caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço". Desse modo, supervenientes exigências legislativas que digam com a caracterização e comprovação do tempo de atividades especiais não podem afetar a condição adquirida pelo trabalhador, no que alude ao reconhecimento do tempo de atividade especial e, para, além disso, o modo de comprová-la. Caracterização da atividade especial exposta a ruído No caso dos autos, a questão diz respeito ao direito do trabalhador de ver reconhecida como especial a atividade que desempenhou sujeito ao agente agressivo ruído, ainda que com a utilização de EPI em determinado período. A matéria já se encontra pacificada por meio da Súmula nº 32, editada pela Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, com o seguinte teor: "O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto nº 53.831/64 (1.1.6); superior a 90 decibéis, a partir de 05 de março de 1997, na vigência do Decreto nº 2.172/97; superior a 85 decibéis, a partir da edição do Decreto nº 4.882, de 18 de novembro de 2003". De outra banda, no que respeita à utilização de equipamentos de proteção individual, recente súmula editada pela Turma de Uniformização dos Juizados Especiais Federais dispõe literalmente: "Súmula nº 09: Aposentadoria Especial - Equipamento de Proteção Individual. O uso de Equipa-mento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado" (DJ 13/11/03, p.405). No entanto, tenho que o entendimento da Súmula nº 09 deve ser mitigado nos casos em que há efetiva comprovação de que a utilização de equipamentos de proteção individual minimiza os efeitos nocivos do ruído, reduzindo-os a patamares aceitáveis, não prejudiciais à saúde e integridade física do trabalhador.

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O caso dos autos O autor requer o reconhecimento da especialidade dos períodos de 19.01.77 a 01.06.82, 23.09.82 a 18.09.86 e 23.10.86 a 02.06.91, nos quais alega ter trabalhado em condições insalubres. Período de 19.01.77 a 01.06.82 Quanto a esse período, verifico que o autor laborou na empresa Agip do Brasil S/A, onde exerceu a função de ajudante de depósito, consoante dados do Perfil Profissiográfico Previdenciário (fl. 31). Estaria exposto a um nível médio de ruído de 91 decibéis. Entretanto, os EPI's são avaliados como eficazes, o que elimina a insalubridade do trabalho. De fato, uma vez elidida a insalubridade pela utilização de EPI, a atividade laboral não se enquadra na condição de especial, considerando-se a proteção eficaz para reduzi-la aos limites toleráveis e padrões normais. Assim, uma vez demonstrada a inexistência da insalubridade ou periculosidade, seja pela utilização eficiente dos equipamentos de proteção e segurança seja por qualquer outra razão, resta afastada a própria natureza especial da atividade. Daí que, comprovado que o uso eficiente de equipamento de proteção individual ou coletivo (EPI ou EPC) elimina ou neutraliza a ação do agente agressor, de modo a não deixar nenhuma seqüela no trabalhador, fica descaracterizada a condição especial do trabalho (TRF 4ª Região - AC - 487057 - Relator JUIZ PAULO AFONSO BRUM VAZ - DJU 06/11/2002 P. 638). Adotar entendimento em contrário no sentido de que o EPI não se presta para atenuar a insalubridade implica simplesmente desprezar todos os estudos acerca da eficiência do uso dos equipamentos de proteção ao trabalhador. Pertinente à descaracterização da especialidade pelo uso do EPI, importante citar a seguinte colocação doutrinária: "Efeito do uso de equipamentos de proteção no direito ao cômputo do tempo de atividade especial. Pelo conceito legal, somente poderia ser considerado tempo computável para este fim o despendido pelo segurado em atividade nociva à sua saúde. Ora, se de acordo com as normas técnicas de segurança e medicina do trabalho, o segurado, ao estar utilizando o chamado EPI, estava trabalhando com o agente nocivo neutralizado, não lhe causando mal algum, não há como se entender computável este período para fins de aposentadoria diferenciada. De nosso entendimento não discrepa o pensamento de Wladimir Martinez sobre o tema: 'Todavia, se o trabalhador usou equipamento de proteção (no caso, o protetor auricular reduz até 30% dos 90 decibéis determinantes do benefício) não pode o empregador fornecer o SB 40 sem essa in-formação. Caracterizado o fato, não há direito à aposentado-ria especial". (CARLOS ALBERTO PEREIRA DE CASTRO e JOÃO BATISTA LAZZARI - Manual de Direito Previdenciário 2ªed. São Paulo: LRt, 2001. p. 483-484). Também não há como enquadrar a função de ajudante de depósito como especial por categoria profissional, por não haver previsão dessa atividade nos decretos 53.831/64 e 83.080/79. Diante dessas circunstâncias, tenho que o período de 19.01.77 a 01.06.82 não merece ser reconhecido como tempo de serviço especial. Período de 23.09.82 a 18.09.86 Conforme o Perfil Profissiográfico Previdenciário (fls. 32-33), o autor trabalhou como auxiliar de produção na empresa Berneck Aglomerados S/A, no período de 23.09.82 a

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18.09.86, onde estava exposto a um nível de ruído de 90 decibéis e ao agente químico formol. É importante observar que consta do PPP que a empresa começou a fornecer os EPI's adequados aos seus funcionários somente a partir de 1995, ou seja, na época pleiteada pelo requerente não havia EPI's e, portanto, a exposição ao ruído ocorria a um patamar acima do limite de tolerância de 80 decibéis, caracterizando a insalubridade do trabalho. Assim, tenho que o período ora abordado merece ser reconhecido como tempo de serviço especial, visto que restou demonstrado que a exposição era prejudicial à saúde e integridade física do postulante. Período de 23.10.86 a 02.06.91 Segundo o formulário DSS-8030 (fl. 34), referente a tal período, o autor laborou como operador de furadeira para a empresa Hubner Indústria Mecânica Ltda. Estaria exposto ao agente físico ruído em um nível de 85 decibéis, de modo intermitente. O laudo técnico pericial fornecido pela empresa (fls. 35-36) corrobora as informações do formulário, no que diz respeito à exposição acima do limite de tolerância, acrescentando que o EPI reduzia o nível de pressão sonora em 18 decibéis, neutralizando os efeitos nocivos do ruído. Nesse sentido, é válido destacar a decisão do Tribunal Regional Federal, que dispõe o seguinte: "PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. UTI-LIZAÇÃO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDU-AL. NEUTRALIZAÇÃO DA INSALUBRIDADE. EFEITOS. 1.

Constando do laudo pericial referência à utilização de EPI, com efetiva neutralização do agente nocivo, não há que se considerar a atividade insalubre, para o efeito de concessão de aposentadoria especial ou conversão de tempo de serviço especial em comum (e vice-versa).

2. É irrelevante o disposto na OS/INSS/DSS nº 564/97 acerca da utilização de EPI fora do seu período de vigência."

(TRF 4ª Região. Processo 2002.72.03.000634-9. Rel. Juíza Federal Gisele Lemke. Data do Acórdão 17.12.2002). Ademais, não é possível o enquadramento por categoria profissional no presente caso, inclusive por serem demasiado genéricas as nominações conferidas ao labor desempenhado. Logo, é inviável reconhecer a especialidade do período de 23.10.86 a 02.06.91, devido ao fato de a exposição não ocorrer de modo permanente e do uso de proteção adequada restabelecer a salubridade do trabalho. Contagem de tempo de serviço Em 25.04.2005, o autor requereu o benefício de aposentadoria por tempo de serviço/contribuição na esfera administrativa, o qual foi indeferido pelo INSS por falta de implementação do tempo mínimo de serviço. Somando-se o período rural de 01.01.73 a 30.12.75 e o período especial de 23.09.82 a 18.09.86, ao tempo de serviço admitido pelo INSS (fls. 55-60), verifico que o autor passa a contar com: a) 25 anos, 10 meses e 24 dias de tempo de serviço na data da promulgação da Emenda Constitucional nº 20/98; b) 26 anos, 10 meses e 06 dias anteriormente à edição da Lei

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nº 9.876/99 e; c) 28 anos, 10 meses e 08 dias de tempo de contribuição na data de entrada do requerimento administrativo do benefício, insuficientes à obtenção do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição pretendido. Dispositivo Ante o exposto, julgo parcialmente procedente o pedido inicial e extinto o processo com resolução do mérito, na forma do art. 269, I, do CPC, tão-somente para o fim de condenar o INSS a proceder à averbação do período de 01.01.73 a 30.12.75 como tempo de serviço rural e à averbação do período de 23.09.82 a 18.09.86 como tempo de serviço especial, mediante a aplicação do fator de conversão 1,4. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Caso haja recurso de quaisquer das partes dentro do prazo de 10 (dez) dias, intimem-se os recorridos para, querendo, oferecerem resposta escrita no mesmo prazo, nos termos do §2º do art. 42 da Lei nº 9.009/95, c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01. Após, apresentadas, ou não, as contra-razões, remetam-se os autos às Turmas Recursais da Seção Judiciária do Estado do Paraná. Curitiba, 09 de junho de 2008.

Marcos Francisco Canali Juiz Federal Substituto na Titularidade Plena