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1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ MICHELLE LUINNI SILVA O PODER DE POLÍCIA EM FACE DA COPA DO MUNDO DE 2014 NO BRASIL CURITIBA 2014

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

MICHELLE LUINNI SILVA

O PODER DE POLÍCIA EM FACE DA COPA DO MUNDO DE 2014 NO

BRASIL

CURITIBA

2014

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MICHELLE LUINNI SILVA

O PODER DE POLÍCIA EM FACE DA COPA DO MUNDO DE 2014 NO

BRASIL

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Msc. Claudio Henrique de Castro

CURITIBA

2014

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TERMO DE APROVAÇÃO

MICHELLE LUINNI SILVA

O PODER DE POLÍCIA EM FACE DA COPA DO MUNDO DE 2014 NO

BRASIL

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel no curso de Bacharelado em Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, ...... de ............................. de 2014

_________________________________________ Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite

Coordenador do Núcleo de Monografia Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: _________________________________________

Prof. Msc. Claudio Henrique de Castro Universidade Tuiuti do Paraná - FACJUR Professor: _________________________________________

Universidade Tuiuti do Paraná

Professor: _________________________________________ Universidade Tuiuti do Paraná

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha mãe Simone por todo apoio, ao meu pai Dalberto por sempre me incentivar a ser melhor e à meu noivo André pelo apoio e compreensão ao longo dos anos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Prof. Msc. Cláudio Henrique de Castro pelo tempo disponível para a orientação deste trabalho.

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RESUMO

A presente monografia tem como objetivo de estudo o poder de polícia exercido pala

Administração Pública, com enfoque na análise das exigências feitas pela FIFA para

realização do evento da Copa do Mundo de Futebol no Brasil.

Foram analisadas tanto a doutrina como Leis na busca de fundamentos para

analisar as restrições advindas das exigências feitas pela FIFA ao Brasil.

Palavras-chave: FIFA; poder de polícia; restrição de direitos; Copa do Mundo no

Brasil.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8

2 O CONCEITO DO PODER DE POLÍCIA ............................................................. 9

2.1 A ORIGEM HISTÓRICA DO PODER DE POLÍCIA ............................................ 10

2.2 AS CARACTERÍSTICAS DO PODER DE POLÍCIA ........................................... 11

2.3 AS DIFERENÇAS ENTRE A POLÍCIA ADMINISTRATIVA E A POLÍCIA

JUDICIÁRIA ................................................................................................................ 13

2.4 A TITULARIDADE DO PODER DE POLÍCIA...................................................... 14

2.4.1 Os Limites no Exercício do Poder de Polícia ...................................................... 15

2.4.2 O Abuso Do Poder De Polícia............................................................................. 16

3 A COPA DO MUNDO DE 2014 NO BRASIL E O PODER DE POLÍ CIA ........... 18

3.1 A TITULARIDADE DELEGADA .......................................................................... 20

3.2 OS NOVOS LIMITES EM DECORRÊNCIA DA COPA DO MUNDO DE 2014

NO BRASIL ................................................................................................................. 22

3.3 ALGUNS ASPECTOS DA LEI GERAL DA COPA EM RELAÇÃO AO PODER

DE POLÍCIA ................................................................................................................ 23

3.3.1 Da Restrição Da Circulação Nos Arredores Dos Estádios .................................. 25

3.3.2 Da Limitação na Transmissão dos Jogos ........................................................... 26

3.4 A LEI Nº 17.551/2013 EM RELAÇÃO AO PODER DE POLÍCIA ........................ 26

4 O CADERNO DE ENCARGOS DA FIFA E O PODER DE POLÍCIA ................. 28

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 30

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 32

ANEXOS ..................................................................................................................... 35

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1 INTRODUÇÃO

A Administração Pública possui a prerrogativa de exercer o poder de polícia

com o objetivo de restringir direitos individuais para o bom funcionamento da vida

em sociedade.

Todos os direitos dos cidadãos podem ser suprimidos desde que haja

previsão em lei, já que um dos princípios da administração pública é a legalidade.

Apesar da possibilidade de limitar os direitos, existem alguns requisitos que

a administração pública deve cumprir, dentre eles: a adequação e a necessidade do

ato praticado.

Com o advento da realização da Copa do Mundo de 2014 no país, houveram

algumas exigências realizadas pela FIFA as quais o Brasil precisou suprir para que

pudesse receber o evento. No entanto, tais exigências foram adequadas? E ainda,

houveram ilegalidades nos atos praticados?

Os problemas enfrentados nesta monografia atingiram todos os brasileiros

em maior ou menor proporção.

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1 Mello, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 31ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2014, p. 830 2 GOMES, Fábio Bellote. Elementos de Direito Administrativo. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 79

2 O CONCEITO DO PODER DE POLÍCIA

A Constituição da República Federativa do Brasil e as leis do país prevêem

diversos direitos garantidos aos brasileiros, porém no exercício destes deve-se

observar o bem-estar social1.

Para garantir que haja a devida observação aos interesses da coletividade, a

administração pública possui a prerrogativa de restringir direitos individuais, através

do exercício do poder de polícia.

O poder de polícia é um poder administrativo destinado à manutenção da

ordem social e jurídica, e, por conseguinte, da própria administração pública,

estando o seu exercício diretamente influenciado pelos princípios da administração

pública2.

Pelo conceito moderno, adotado no direito brasileiro, o poder de polícia é a

atividade do Estado consistente em limitar o exercí cio dos direitos individuais

em benefício do interesse público (DI PIETRO, 2014, p. 124).

O doutrinador José dos Santos Carvalho Filho, define o poder de polícia

como:

(...) entendemos que se possa conceituar o poder de polícia como a prerrogativa de direito público que, calçada na lei, autoriza a Administração Pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade em favor do interesse da coletividade (2012, p.75).

A concepção legal do poder de polícia é encontrada no artigo 78 do Código

Tributário Nacional, a qual se transcreve:

Considera-se poder de polícia a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

Parágrafo único: Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

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3 JUNIOR CRETELLA, José. Curso de Direito Administrativo. 18ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p.405 4 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 122 5 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 122 6 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 122 7 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 123

Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello (2014, p.840): “refere-se,

pois, ao complexo de medidas do Estado que delineia a esfera juridicamente

tutelada da liberdade e da propriedade dos cidadãos”.

Portanto, a administração pública, com prerrogativa prevista em lei, pode

restringir, em tese, qualquer direito garantido ao indivíduo, se com o exercício deste

houver um risco a paz social.

2.1 A ORIGEM HISTÓRICA

A palavra portuguesa polícia, tem origem no grego politeia através da forma

latina politia. Tem ligação etimológica ao vocábulo política, pois ambas vêm do

grego pólis (= cidade, Estado), indicava entre os antigos helênicos a constituição do

Estado, o bom ordenamento3.

Sabe-se que durante o período feudal, o príncipe possuía um poder

chamado jus politiae, através do qual determinava o que era necessário para manter

a boa ordem na sociedade civil, já no que se referia a ordem moral e religiosa dos

cidadãos a competência era da igreja4.

No fim do século XV na Alemanha, o jus politiae do governante era visto com

poderes mais amplos, pois o príncipe possuía autonomia para se insurgir sobre

todos os aspectos da vida privada das pessoas, com a intenção de manter o bem-

estar social5.

Surge então o Estado de Direito, no qual num primeiro momento baseado no

princípio do liberalismo, o indivíduo recebeu diversos direitos subjetivos onde a

atuação estatal só poderia interferir para manter a segurança pública6.

Posteriormente, o Estado passou a ser intervencionista e sua atuação se

estendeu para manter também a ordem econômica e social7.

Pouco antes do início do século XX, os doutrinadores passaram a falar em

uma polícia geral, a qual atuava em diversos setores da vida dos indivíduos. E

assim, o poder de polícia desenvolveu-se em dois sentidos: primeiro passou a atuar

não apenas em setores relacionados a segurança, mas também nas relações entre

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8 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 123 9 TÁCITO, Caio. O princípio de legalidade e Poder de polícia. Revista de Direito Administrativo. n. 227. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, jan./mar, p. 41.

particulares e ainda, passou a impor obrigações de fazer/não fazer para os

cidadãos8.

Em relação a origem, o doutrinador Onofre Alves Batista Junior, relata:

Já no avanço dos tempos, no século XVII, passou-se a estabelecer uma distinção entre polícia e justiça; a primeira se referia as normas atinentes à Administração, decretadas pelo príncipe, que afastava a apreciação dos tribunais; a outra dizia respeito às normas que ficavam fora da ação do príncipe e que eram aplicadas pelos juízes. Na onda do Liberalismo, passou-se a privilegiar a liberdade, centrando toda preocupação na atribuição de direitos ao indivíduo, devendo toda interferência te caráter excepcional. A atuação estatal passa a ser exceção, restrita à manutenção da ordem pública. Daí restringiu-se o Poder de polícia a Polícia de Segurança. Parte-se, desta forma, de um Estado neutro a um Estado ético, de um Estado mínimo ao Estado Providência, do Estado Polícia ao Estado de bem–estar, do Estado legislativo ao Estado Administrativo (2001, p. 37).

Para Caio Tácito (2002, p.75-77), a expressão Poder de polícia surgiu em

meados de 1827, através do juiz Marshall, que era presidente da Corte Suprema dos

EUA, no caso Brown versus Maryland, para demonstrar o limite ao direito de

propriedade para subordiná-lo ao interesses da comunidade9.

Portanto resta claro que o poder de polícia sofreu alterações ao longo dos

anos em relação a sua abrangência e atuação.

2.2 AS CARACTERÍSTICAS DO PODER DE POLÍCIA

São características do poder de polícia: a discricionariedade, a vinculação, a

coercibilidade e a autoexecutoriedade.

A discricionariedade trata-se da possibilidade da administração pública

tomar algumas decisões no caso concreto, quando a lei possuir margem para a

interpretação.

A discricionariedade segundo Celso Antonio Bandeira de Mello é:

Em outras hipóteses incumbe à Administração manifestar-se discricionariamente, isto é, examinando a conveniência e oportunidade de concordar com a prática do ato que seria vedado ao particular à falta de autorização. É o caso do porte de arma, por exemplo. (...) (2014, p. 851).

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10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 25ª ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 89. 11 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 128

O doutrinador José dos Santos Carvalho Filho (2012, p. 86) define: “O

inverso ocorre quando já está fixada a dimensão da limitação. Nessa hipótese, a

administração pública terá de cingir-se a essa dimensão (...). Neste caso trata-se da

vinculação do poder de polícia, pois a lei prevê a dimensão de atuação da

administração pública.”

A coercibilidade possibilita que a administração pública obrigue todos os

cidadãos a observarem os seus comandos.

É intrínseco a essa característica o poder que tem a Administração de usar a

força, caso necessária para vencer eventual recalcitrância10.

Em relação a autoexecutoriedade leciona Celso Antonio Bandeira de Mello:

As medidas de polícia administrativa frequentemente são autoexecutórias: isto é, pode a Administração Pública promover, por si mesma, independente de remeter-se ao Poder Judiciário, a conformação do comportamento do particular às injunções dela emanadas, sem necessidade de um prévio juízo de cognição e ulterior juízo de execução processado perante as autoridades judiciárias (...) (2012, p. 857).

Nos dizeres de José dos Santos Carvalho Filho (2012, p. 87): outro ponto a

se considerar é o de que a autoexecutoriedade não depende de autorização de

qualquer outro Poder, desde que a lei autorize o administrador a praticar o ato de

forma imediata.

José dos Santos Carvalho Filho faz duas observações sobre a

autoexecutoriedade dos atos da administração pública:

Impõem-se, ainda, duas observações. A primeira consiste no fato de que há atos que não autorizam a imediata execução pela Administração, como é o caso das multas, cuja cobrança só é efetivamente concretizada pela ação própria na via judicial. A outra é que a autoexecutoriedade não deve constituir objeto de abuso de poder, de modo que deverá a prerrogativa compatibilizar-se com o princípio do devido processo legal para o fim de ser a administração obrigada a respeitar as normas legais (2012, p. 87).

No entanto, para que a administração possa se utilizar dessa faculdade é

necessário que a lei a autorize expressamente, ou que se trate de medida urgente11.

Nos casos em que a lei autoriza a autoexecutoriedade deve ser assegurado

ao interessado o direito de defesa, o qual não é exigido nos casos de emergência.

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Porém em caso de arbitrariedade ou excesso de coercibilidade, a

administração pública responde pelos danos causados, conforme previsão do artigo

37, § 6º da Constituição Federal e o servidor que praticou o ato, responde nas

esperas cível, criminal e administrativa.

Nos casos em que não há previsão em lei ou não trata-se de medida

urgente, a administração pública deve recorrer ao judiciário.

2.3 AS DIFERENÇAS ENTRE A POLÍCIA ADMINISTRATIVA E A POLÍCIA

JUDICIÁRIA

Divide-se o poder de polícia exercido pela Administração Pública em

administrativa e judiciária, aquela possui a característica de ser preventiva e esta

repressiva.

A primeira terá por objetivo impedir as ações antissociais, e a segunda, punir

os infratores da lei penal (DI PIETRO, 2014, p. 125).

O objeto da polícia administrativa é a propriedade e a liberdade, enquanto o

da polícia judiciária é a pessoa, na medida em que lhe cabe apurar as infrações

penais, exceto as militares (Gasparini, 2014, p.182/183).

A importância da distinção entre polícia administrativa e polícia judiciária

está em que a segunda rege-se na conformidade da legislação processual penal e a

primeira pelas normas administrativas (De Mello, 2012, p. 851).

A diferença entre polícia administrativa e judiciária para Celso Antonio

Bandeira de Mello é a seguinte:

O que efetivamente aparta polícia administrativa de polícia judiciária é que a primeira se predispõe unicamente a impedir ou paralisar atividades antissociais enquanto a segunda se preordena à responsabilização dos violadores da ordem jurídica (2012, p. 851).

Do mesmo modo, Maria Sylvia Zanella Di Pietro aponta as diferenças:

Outra diferença: a polícia judiciária é privativa de corporações especializadas (polícia civil e militar), enquanto a polícia administrativa se reparte entre diversos órgãos da Administração, incluindo, além da própria polícia militar, os vários órgãos de fiscalização aos quais a lei atribua esse mister, como os que atuam nas áreas da saúde, educação, trabalho, previdência e assistente social (2014, p.126).

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12 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 572.

O doutrinador Marçal Justen Filho diferencia a polícia administrativa da

polícia judiciária da seguinte forma:

A distinção reside em que a polícia judiciária atua de modo conexo ao Poder Judiciário, no sentido de que busca prevenir e reprimir a ocorrência de eventos relacionados à competência jurisdicional. Assim, a ocorrência de um crime desencadeia atividades de persecução penal, que são desempenhadas atividades de persecução penal, que são desempenhadas em grande parte por meio de autoridades administrativas que exercitam função de polícia judiciária (2010, p. 567).

Portanto, o poder de polícia exercido pela administração pública não atinge

apenas a esfera administrativa como se poderia acreditar. Abrange também a esfera

jurídica, em especial a penal ao atuar de forma repressiva.

2.4 A TITULARIDADE DO PODER DE POLÍCIA

A União, os Estados e os Municípios são dotados de titularidade para

exercer o poder de polícia.

Para tentar definir o campo de atuação de cada uma delas, pode-se dizer

que é competente para dada medida de polícia administrativa o competente para

legislar sobre a matéria12.

A Constituição Federal da República Federativa do Brasil prevê o exercício

do poder de polícia nos artigos 21, 22, 25 e 30.

O doutrinador José dos Santos Carvalho Filho, ao citar Hely Lopes Meirelles,

define que:

Os assuntos de interesse nacional ficam sujeitos á regulamentação e policiamento da União; as matérias de interesse regional sujeitam-se às normas e à Polícia estadual; e os assuntos de interesse local subordinam-se aos regulamentos edilícios e ao policiamento administrativo municipal. (2010, p. 76).

Sendo o titular para exercer o poder de polícia em relação a determinada

situação, o ente público ou seu servidor público não podem renunciar a prática do

ato, já que o interesse público é indisponível.

O Poder de Polícia pode ser originário quando os atos emanarem dos entes

competentes, conforme prevê a Constituição ou derivado quando os entes públicos

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13 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 19ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2007. p. 71

delegarem a competência para entes públicos integrantes da administração pública.

Sendo portanto indelegável a particulares13.

Portanto, está discriminada na Carta Magna do país, qual ente da

federação é legítimo para atuar em relação a cada necessidade de aplicação do

poder de polícia.

2.4.1 Os Limites No Exercício Do Poder De Polícia

Ao exercer o poder de polícia, a administração pública retira ou restringe um

direito do indivíduo, tal ato não poderia ser feito sem qualquer limitação, sob o risco

de surgirem limitações infundadas e causar sérios danos aos cidadãos.

Nas palavras de Marçal Justen Filho: (2010, p. 579): “O poder de polícia

encontra seus limites na lei e no princípio da proporcionalidade.”

Para que um ato seja considerado proporcional ele dever ser adequado e

necessário.

O artigo 5º da Constituição da República Federativa do Brasil prevê os

direitos fundamentais das pessoas os quais são um dos limites do poder de polícia.

Extraí-se que o ato da administração pública, ainda que discricionário deve

respeitar os limites impostos em lei e os direitos individuais das pessoas.

Sobre o tema, afirma Juarez Freitas (2008, p. 327) que: “a limitação

administrativa dos direitos individuais, sob pena de se converter em condenável

abuso ou omissão de poder, não poder transgredir os prudentes limites de uma

intervenção que se quer motivada.”

As medidas utilizadas para a pratica do ato de poder de polícia pela

administração pública devem ser necessários, adequados e compatíveis com a lei.

Existe ainda, um limite natural para o exercício do poder de polícia, pela

administração pública, qual seja: atingir a finalidade legal, para a qual foi instituída a

medida de polícia.

Nos dizeres de Maria Sylvia Zanella Di Pietro:

O poder de polícia só deve ser exercido para atender ao interesse público. Se o seu fundamento é precisamente o princípio da predominância do interesse público sobre o particular, o exercício desse poder perderá a sua justificativa quando utilizado para beneficiar ou prejudicar pessoas determinadas. (2014, p. 129)

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Assim, além dos limites legais impostos a administração pública no exercício

do poder de polícia, deve-se observar também outros elementos como o princípio da

proporcionalidade e os direitos fundamentais dos indivíduos.

2.4.2 O Abuso Do Poder De Polícia

Para que não haja abuso no exercício do poder de polícia devem ser

observados, os princípios básicos da administração pública alencados no caput do

artigo 37 da Constituição Federal que dispõe: “A administração pública direta e

indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,

publicidade e eficiência.”

Existem ainda, os princípios constitucionais implícitos que são: princípio da

da Supremacia do Interesse Público, princípio da Finalidade, princípio da

Razoabilidade, princípio da Proporcionalidade e o princípio da Responsabilidade do

Estado.

E ainda, o ato praticado nunca deve ultrapassar o necessário para a

obtenção do resultado pretendido e previsto em lei, por isso a coação só deve ser

usada quando não houver outra opção.

Algumas vezes, pode ocorrer que os agentes públicos no uso de suas

atribuições administrativas, cometam abusos que causem a ilegalidade do ato.

O abuso significa um desvio de conduta, que pode se dar de 3 formas:

excesso, desvio de finalidade e omissão.

O excesso ocorre quando o ato extrapola o permitido em lei ou é praticado

por agente incompetente. O ato pode ser considerado válido até onde não supera o

previsto em lei, ou até o limite da competência do agente. O artigo 55 da Lei nº

9.784/99, que dispõe sobre a atividade administrativa na esfera federal, prevê que é

possível um ato praticado com defeito sanável ser convalidado.

O desvio trata-se da praticada do ato com motivação diferente da prevista

em lei, ou seja, não há interesse público. Tal vício é insanável, portanto não pode

ser convalidado.

Ocorre a omissão nos casos em que a administração pública deveria agir e

não o faz de forma injustificada.

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Portanto, “Abusar do poder é empregá-lo fora da lei, sem utilidade pública”

(Meirelles, Hey Lopes 2004, p. 108)”.

A conseqüência do abuso do poder de polícia pode se dar na esfera

administrativa, cível, criminal e política. Inclusive, em várias leis há previsão de

sanções no caso de tal ato, como por exemplo na Lei nº 8.666/93 onde há inclusive

há possibilidade da pessoa perder o cargo, função ou mandato.

No mesmo sentido a Lei nº 8.429/92 também prevê sanções no caso de

ocorrerem abusos no exercício do poder de polícia, descrevendo tal ato como

improbidade administrativa.

Na Constituição da República Federativa do Brasil, há previsão de diversas

garantias, as quais devem ser usadas em caso de abuso de poder, são elas: habeas

corpus, mandado de segurança, entre outros.

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3 A COPA DO MUNDO DE 2014 NO BRASIL E O PODER DE PO LÍCIA

Em 2014 o Brasil sediou a Copa do Mundo de Futebol, o evento foi realizado

entre 12 de junho à 13 de julho e diversas capitais do país foram preparadas para

receber o evento.

Para que um país receba um evento desse porte deve realizar diversas

adequações e cumprir várias exigências, neste caso impostas pela FIFA -

Federação Internacional de Futebol Associado. E para tanto, no Brasil foram

investidos cerca de R$ 25 (vinte e cinco) bilhões de reais na construção e reforma

de estádios e investimento na infraestrutura (aeroportos, avenidas, urbanização e

sistemas de transporte) para preparar as cidades-sede para a realização do evento.

A adequação de um país para a realização de uma Copa do Mundo não diz

respeito apenas a estrutura, mas também envolve algumas exclusividades que

devem ser garantidas a FIFA.

Para que fossem garantidas tais exclusividades, os cidadãos tiveram alguns

de seus direitos restringidos, em alguns casos inclusive com afronta a Constituição

da República Federal do Brasil e a soberania nacional, tudo justificado pela

necessidade de cumprir os compromissos assumidos pelo país perante a FIFA,

quando o país foi escolhido como sede.

Ou seja, os direitos dos cidadãos, mesmo que temporariamente, foram

vedados como ocorre no estado de sítio, ou seja viveram sobre as prerrogativas de

um estado de exceção. O cenário foi caracterizado pela prevalência de interesses de

uma associação internacional (FIFA), em relação aos direitos fundamentais da

população.

Destaca-se que a disponibilidade desses direitos é exigência que não admite

qualquer negociação.

Julia Ávila Frazoni em entrevista à Revista do Instituto Humanista Unisinos

on-line (Revista nº 422, Ano VIII, de 10/06/2013), fala sobre o assunto:

As obras para realização dos megaeventos impactam os direitos humanos em diversas frentes. A violação mais premente dirige-se ao acesso à informação, ao direito à participação, consulta e interveniência da população afetada. A maior parte dos projetos e suas estratégias de execução são levadas a cabo à revelia do marco regulatório existente relacionado às exigências deliberativas e de participação. Além disso, o aparato simbólico montado em torno desses eventos serve à justificativa de urgência e alta prioridade das obras, que marcaram violações de direitos já conquistados e

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garantias previstas. Dessa forma, “legislações de exceção” são criadas para escudar práticas abusivas (como a Lei Geral da Copa), que fogem dos procedimentos usuais, direitos são suspensos por tempo determinado, em prol do “bom andamento” do evento e do suposto “interesse público e nacional”, e direitos humanos são frontalmente violados para realização das obras. A título de exemplo, podemos citar que o direito ao trabalho é violado através das regras criadas para ocupação dos espaços destinados à realização do evento, como as zonas de exclusão, prejudicando trabalhadores ambulantes e vendedores de rua; o direito do trabalho também sofre agressões como a alteração do regime de greve no período do evento e o direito à moradia é violado através de remoções e despejos forçados sem respeito às garantias nacionais e internacionais ligadas à segurança da posse.

Em relação ao assunto, o Promotor de Justiça de São Paulo Maurício

Antônio Ribeiro Lopes, em entrevista ao Congresso em Foco (ao Eduardo Militão,

em 30/07/2011) afirma que: “o governo brasileiro revogará temporariamente vários

direitos dos cidadãos durante a Copa”. E ainda, que a Lei Geral da Copa do Mundo

será a submissão do Brasil aos interesses da Federação Internacional de Futebol

Associados (FIFA).

Em outro trecho da entrevista o Promotor de Justiça Maurício Antônio

Ribeiro Lopes afirma:

A Lei Geral da Copa vai instituir entre nós um estado de exceção. É um momento em que uma série de garantias hoje constitucionais deixarão de ter vigência. Ela vai afetar o Estatuto do Idoso, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do Torcedor, vai criar um mecanismo que torna a Fifa isenta de ações judiciais no Brasil. Ou seja, a Lei Geral da Copa significa que o Brasil deixa de ser uma república federativa e passa a ser um estado-membro da Fifa. Se o preço for esse para realizar uma Copa, você pode dizer que o Ministério Público não tem nenhum interesse em realizar a Copa do Mundo no Brasil. É absurdo, é absurdo.

A FIFA apresenta ao país, o qual sediará o evento, um Caderno de

Encargos, que devem ser cumpridos.

O citado Caderno de Encargos da FIFA trata sobre todos os assuntos e

fases de preparação para que os eventos esportivos aconteçam nos moldes

impostos pela FIFA, como por exemplo: decisões na fase de pré-construção dos

estádios, segurança física e patrimonial, área de jogo, entre outros.

O poder de polícia, como já demonstrado, é a limitação dos direitos

individuais para manutenção do bem-estar da coletividade, e a titularidade do seu

exercício é da administração pública.

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No entanto, durante o período da realização da Copa do Mundo no país, a

restrição dos direitos dos cidadãos ocorreu por imposição da FIFA, a qual trata-se de

empresa privada com fins lucrativos. E ainda, tais restrições ocorreram apenas para

proteger interesses comerciais.

Por outro lado, verifica-se que todas as Leis, as quais tratam sobre o evento,

foram criadas dentro das legalidades, ou seja, pelo ente responsável e competente.

3.1 A TITULARIDADE DELEGADA

Em relação ao exercício do poder de polícia, o qual ocorre pela União, pelos

estados e pelos municípios há divergência na doutrina sobre sua delegabilidade.

Sobre o tema define Marçal Justen Filho (2010, p. 582) “Não se admite que

o Estado transfira, ainda que temporariamente, o poder de coerção jurídica ou física

para a iniciativa privada”

O doutrinador Celso Antônio Bandeira de Mello afirma sobre o tema:

Para concluir: salvo hipóteses excepcionalíssimas (caso dos poderes outorgados aos comandantes de navio), não há delegação de ato jurídico de polícia a particular e nem a possibilidade de que este o exerça a título contratual (...). (2012, p. 857).

Sabe-se que os atos de poder de polícia devem ser absolutamente

indelegáveis, no entanto vários juristas tem entendido pela flexibilização de certos

atos, os quais poderiam ser praticados por particulares.

Tal entendimento é extraído da obra do doutrinado José dos Santos

Carvalho Filho, nos trechos que seguem:

Ante o princípio de que quem pode o mais pode o menos, não é difícil atribuir às pessoas políticas da federação o exercício do poder de polícia. Afinal, se lhes incumbe editar as próprias leis limitativas, de todo coerente que se lhes confira, em decorrência, o poder de minudenciar as restrições. Trata-se aqui do poder de polícia originário, que alcança, em sentido amplo, as leis e os atos administrativos provenientes de tais pessoas. (2012, p.78)

O Estado, porém, não age somente por seus agentes e órgãos internos. Várias atividades administrativas e serviços públicos são executados por pessoas administrativas vinculadas ao Estado. A dúvida consiste em saber se tais pessoas têm idoneidade para exercer o poder de polícia. (2012, p.78)

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E a resposta não pode deixar de ser positiva, conforme proclama a doutrina mais autorizada. Tais entidades, com efeito, são o prolongamento do Estado e recebem deste o suporte jurídico para o desempenho, por delegação, de funções públicas a ele cometidas (2012, p.78).

Indispensável, todavia, para a validade dessa atuação é que a delegação seja feita por lei formal, originária da função regular do Legislativo. Observe-se que a existência da lei é o pressuposto de validade da polícia administrativa exercida pela própria Administração Direta e, desse modo, nada obstaria que servisse também como respaldo da atuação de entidades paraestatais, mesmo que sejam elas dotadas de personalidade jurídica de direito privado. O que importa, repita-se, é que haja expressa delegação na lei pertinente e que o delegatário seja entidade integrante da Administração Pública. .(2012, p.78)

Diógenes Gasparini compartilha da mesma opinião, como observa-se no

trecho a seguir:

A regra é a indelegabilidade da atribuição de polícia administrativa. Seu exercício sobre uma dada matéria, serviço de táxi, por exemplo, cabe ao Município que o realiza com seus recursos pessoais e materiais, pois é a pessoa competente para legislar. Embora essa seja a regra, admite-se a delegação desde que outorgada a uma pessoa pública administrativa, como é a autarquia, ou a uma pessoa governamental, como é a empresa pública. (...) Essa delegação, sempre por lei, é ampla (...). Para os particulares essa delegação só pode acontecer em situações muito específicas, como é o caso dos capitães de navio, assevera, com razão, Celso Antônio Bandeira de Mello, dado que se estaria outorgando a particular cometimentos tipicamente públicos ligados à liberdade e à propriedade (2012, p. 187).

O doutrinador Márcio Pestana (2010, p.596-599), indica condições que

devem ser atendidas para a efetividade da delegação do poder de polícia, quais

sejam, primeiro: a existência de nexo entre o ato da Administração Pública e a

atividade que a empresa privada pratica. A segunda condição indicada é a

impessoalidade. Por fim, a terceira condição é de que o ato praticado recaia apenas

sobre a propriedade, e nunca sobre a liberdade dos cidadãos.

Portanto a doutrina defende a possibilidade de delegação do poder de

polícia, desde feita por lei e que não restrinja a liberdade das pessoas.

Para a realização da Copa do Mundo no Brasil, o país precisou cumprir com

determinadas condições impostas pela FIFA e para tanto foi editada a Lei Geral da

Copa, lei nº 12.663/2012, a qual abrangia diversas questões presentes no Caderno

de Encargos da FIFA.

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3.2 OS NOVOS LIMITES EM DECORRÊNCIA DA COPA DO MUNDO DE 2014 NO

BRASIL

A FIFA é uma associação suíça de direito privado, uma entidade mundial

que regula o esporte do futebol no mundo. Todos os países que recebem a Copa do

Mundo de Futebol em seu território precisam cumprir com seu Caderno de

Encargos.

No entanto, no Brasil além das exigências realizadas pela FIFA o próprio

país tentou criar algumas leis sobre situações que o país passava e poderia

influenciar de forma negativa no evento da Copa do mundo.

No intuito de manter a "paz social" o projeto de lei nº 728/2011 criado pelos

senadores Marcelo Crivella, Ana Amélia e Walter Pinheiro, o qual foi apresentado

em 2011, voltou à pauta do Congresso Nacional meses antes da realização da Copa

do Mundo.

Devido ao descontentamento da população brasileira com os investimentos

exorbitante realizados para a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil,

realizaram-se diversas manifestações em várias cidades do território nacional.

Tal projeto de lei ficou conhecido como Lei antiterrorismo, já que tipificava tal

crime e lhe imputava pena, a qual seria maior para manifestações realizadas durante

a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, bem como, limitava o direito dos

trabalhadores à greve, entre outras providências.

No entanto tal projeto de lei contrariava o artigo 5º da Constituição da

República Federativa do Brasil, o qual garante aos cidadãos o direito à livre

manifestação em ruas e praças pública, conforme trecho abaixo:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Tal projeto de lei foi largamente reprovado pela população brasileira.

Em setembro de 2013, na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), o projeto

obteve relatório favorável do senador João Alberto Souza (PMDB-MA), mas recebeu

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14 http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2014/01/30/congresso-enfrenta-desafio-de-definir-lei-antiterrorismo-ate-a-copa.

voto contrário da senadora Ana Rita (PT-ES). A comissão acolheu como parecer o

voto de Ana Rita pelo arquivamento da matéria.

Segundo a senadora, não haveria tempo hábil para uma análise mais

aprofundada da proposta, já que faltava pouco tempo para o início da Copa do

Mundo. Para ela, as discussões, já em andamento, sobre a reforma do Código Penal

seriam mais apropriadas para realizar as tipificações de crimes presentes no

projeto14.

Assim, verifica-se que a realização da Copa do Mundo no Brasil trouxe ao

país o resgate de projeto de lei antigo, o qual previa a criação de novos limites para

a legislação já existente.

3.3 ALGUNS ASPECTOS DA LEI GERAL DA COPA EM RELAÇÃO AO PODER

DE POLÍCIA

A Lei Geral da Copa é a Lei nº 12. 663/2012 que conforme dispõe o artigo 1ª

da mesma, trata sobre as medidas relacionadas à Copa das Confederações da FIFA

2013, à Copa do Mundo da FIFA 2014 e os eventos relacionados, que foram

realizados no Brasil.

Com a criação desta Lei, o país precisou adequar sua própria legislação,

tendo em vista que a Lei possuía algumas previsões que soavam inconstitucionais,

os quais inclusive foram objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade Nº 4976,

proposta pela Procuradoria Geral da República, mas que foi julgada improcedente 1

(um) mês antes do evento da Copa do Mundo.

A ação proposta questionava quatro artigos da Lei Geral da Copa o 23, 37,

47 e o 53, os quais verifica-se:

Art. 23. A União assumirá os efeitos da responsabilidade civil perante a FIFA, seus representantes legais, empregados ou consultores por todo e qualquer dano resultante ou que tenha surgido em função de qualquer incidente ou acidente de segurança relacionado aos Eventos, exceto se e na medida em que a FIFA ou a vítima houver concorrido para a ocorrência do dano.

Art. 37. É concedido aos jogadores, titulares ou reservas das seleções brasileiras campeãs das copas mundiais masculinas da FIFA nos anos de 1958, 1962 e 1970: I - prêmio em dinheiro; e II - auxílio especial mensal para jogadores sem recursos ou com recursos limitados.

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15 Voto do Relator Disponível em: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI_4976_VOTO_MRL.pdf.

Art. 47. As despesas decorrentes desta Lei correrão à conta do Tesouro Nacional. (Produção de efeito) Parágrafo único. O custeio dos benefícios definidos no art. 37 desta Lei e das respectivas despesas constarão de programação orçamentária específica do Ministério do Esporte, no tocante ao prêmio, e do Ministério da Previdência Social, no tocante ao auxílio especial mensal

Art. 53. A FIFA, as Subsidiárias FIFA no Brasil, seus representantes legais, consultores e empregados são isentos do adiantamento de custas, emolumentos, caução, honorários periciais e quaisquer outras despesas devidas aos órgãos da Justiça Federal, da Justiça do Trabalho, da Justiça Militar da União, da Justiça Eleitoral e da Justiça do Distrito Federal e Territórios, em qualquer instância, e aos tribunais superiores, assim como não serão condenados em custas e despesas processuais, salvo comprovada má-fé.

Tal ação por maioria de votos foi julgada improcedente.

O Ministro Ricardo Lewandowski, relator da ação, disse que nenhum dos

artigos questionados pela Procuradoria Geral da República contrariava a

Constituição da República Federativa do Brasil15.

Com o entendimento dos Ministros de que a Lei não ofendia a Constituição a

mesma vigorou durante todo o evento e continuará até dezembro de 2014.

A Lei Geral da Copa dispõe sobre diversos temas, dentro dos quais há

restrição dos direitos dos cidadãos, além dos artigos já citados, como por exemplo

no artigo 11 que prevê exclusividade da FIFA em relação ao comércio ao redor dos

estádios, o qual segue:

Art. 11. A União colaborará com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que sediarão os Eventos e com as demais autoridades competentes para assegurar à FIFA e às pessoas por ela indicadas a autorização para, com exclusividade, divulgar suas marcas, distribuir, vender, dar publicidade ou realizar propaganda de produtos e serviços, bem como outras atividades promocionais ou de comércio de rua, nos Locais Oficiais de Competição, nas suas imediações e principais vias de acesso.

Tal disposição de lei restringe o direito dos cidadãos previsto no artigo 5º,

XIII da Constituição Federal, ou seja, há o exercício do poder de polícia pela FIFA, já

que o país, para atender as imposições expressas no Estatuto desta, restringiu um

direito da população.

No entanto, de acordo com a Constituição Federal, não se pode suprimir ou

restringir os direitos usufruídos por toda a coletividade em benefício de uma entidade

privada.

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Tal restrição foi apenas uma das quais supriu direitos individuais durante a

realização da Copa do Mundo no Brasil, outros serão estudados em tópico

específico.

3.3.1 DA RESTRIÇÃO DA CIRCULAÇÃO NOS ARREDORES DOS ESTÁDIOS

A Lei Geral da Copa (Lei nº 12. 663/2012), prevê também a restrição de

circulação nos arredores dos estádios, conforme verifica-se no § 1º do artigo 11 da

lei, o qual transcreve-se:

§ 1o Os limites das áreas de exclusividade relacionadas aos Locais Oficiais de Competição serão tempestivamente estabelecidos pela autoridade competente, considerados os requerimentos da FIFA ou de terceiros por ela indicados, atendidos os requisitos desta Lei e observado o perímetro máximo de 2 km (dois quilômetros) ao redor dos referidos Locais Oficiais de Competição.

Com a intenção de cumprir tal dispositivo legal a Prefeitura de Curitiba

realizou o cadastramento dos moradores, comerciantes e trabalhadores que

precisavam circular nos dias de jogos nas áreas restritas, ou seja, qualquer pessoa

que quisesse circular pelas vias públicas ao redor do estádio Durival Brito em dias

de jogos e que não possuísse ou portasse a credencial não conseguiriam ter acesso

ao local.

Do mesmo modo, como houve a restrição na circulação de pessoas,

ocorreu com os veículos, que poderiam inclusive ser guinchados caso estivesse em

local de acesso restrito.

Diante disso, os moradores não poderiam assistir aos jogos em suas

residências e convidar parentes e amigos para desfrutarem dos jogos juntos, já que

os mesmos não conseguiriam ter acesso aos locais pela falta da credencial, já que

para solicitá-la era necessário apresentar o RG e um comprovante de residência

válido dos últimos três meses.

A Constituição da República Federativa do Brasil prevê no seu artigo 5º,

inciso XV, o qual inclusive é direito e garantia fundamental do ser humano que: “é

livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa,

nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”

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No entanto, pelo advento da realização da Copa do Mundo no Brasil, houve

a restrição de um direito constitucional dos cidadãos brasileiros, por meio de

exigências realizada pela FIFA para que o evento ocorra no país e no momento que

o Brasil realizou sua candidatura, prestou um compromisso de que se adequaria a

tais exigências.

A determinação da restrição da circulação de pessoas e veículos por

diversos dias e horários em um determinado local do território brasileiro, trata-se

claramente do exercício do poder de polícia pela FIFA, já que restringe direitos

individuais por um suposto bem-estar social.

3.3.2 Da Limitação Na Transmissão Dos Jogos

A Lei Geral da Copa tratou ainda da exclusividade que a FIFA teria em

relação a transmissão das partidas, conforme artigo 15 da Lei, a qual prevê: " A

transmissão, a retransmissão ou a exibição, por qualquer meio de comunicação, de

imagens ou sons dos Eventos somente poderão ser feitas mediante prévia e

expressa autorização da FIFA".

E ainda, no mesmo artigo 15, no inciso IV a lei previu que haveria sanção

civil no caso de: “exibição pública das Partidas por qualquer meio de comunicação

em local público ou privado de acesso público, associada à promoção comercial de

produto, marca ou serviço ou em que seja cobrado Ingresso”;

Porém a Constituição da República Federativa do Brasil no inciso XV do

artigo 5º disciplina que: “é livre a expressão da atividade intelectual, artística,

científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.”

Pelo disposto na Carta Magna não há previsão de qualquer restrição a

comunicação, inclusive afirma que não haverá necessidade de licença.

Porém na realização da Copa do Mundo no Brasil houve a restrição em

relação a notícias, transmissões de jogos e inclusive transmissões sonoras.

Novamente uma disposição da Lei Geral da Copa restringe um direito e

garantia fundamental dos cidadãos brasileiros, há portanto a conformação do

exercício do poder de polícia pela FIFA.

3.4 A LEI Nº 17.551/2013 EM RELAÇÃO AO PODER DE POLÍCIA

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A Lei nº 17.551/2013 é uma lei estadual que tem vigência no Paraná até

31/12/2014 e dispõe sobre as medidas relativas à Copa das Confederações da FIFA

2013, à Copa do Mundo FIFA 2014 e eventos relacionados que seriam realizados no

Estado do Paraná, foi publicada em 30/04/2013 e entrou em vigor na mesma data.

O artigo 5º desta lei suprimiu um direito assegurado aos cidadãos do Brasil

pela Lei nº 12.933/2013, qual seja: o direito assegurado a algumas pessoas

previamente definidas de pagar metade do valor do ingresse em espetáculos

artístico-culturais e esportivos.

O citado artigo 5º prevê que: “nenhuma norma estadual que conceda

gratuidade, redução de preço, meia-entrada ou qualquer outra forma de subvenção

a consumidores será aplicável sobre os preços dos Ingressos.”

Neste caso, novamente há supressão de direitos individuais pela FIFA, a

qual requereu a edição de tal lei, no entanto neste caso não há como falar em bem-

estar social como motivador para a ausência do direito, já que tratou-se de questão

meramente comercial.

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4 - O CADERNO DE ENCARGOS DA FIFA E O PODER DE POL ÍCIA

O processo para que o Brasil fosse escolhido como sede da Copa do Mundo

de 2014 iniciou em 2003, quando foi decidido que algum país integrante da Oceania

Football Confederation e Confederação Sulamericana de Futebol (CONMEBOL)

sediaria o evento. Neste momento foram indicados os seguintes países: Argentina,

Colômbia e Brasil.

Em 2006, quando foi decidido que o Brasil não teria concorrentes, iniciou a

preocupação para que o país atendesse ao Caderno de Encargos da FIFA.

Tal Caderno de Encargos trazia as exigências da FIFA para que o país

recebesse o evento da Copa do Mundo e dentre os temas abordados está a

construção dos estádios.

No item 1.2 do documento às folhas 32, que trata da localização dos

estádios, extrai-se:

O estádio deve ser localizado em local suficientemente espaçoso e seguro para a circulação e atividades seguras do público externo e ter espaço para manobras de veículos de serviço e operações. Enquanto é normal que os espectadores cheguem ao estádio espaçadamente durante um longo período de tempo para evitar filas desnecessárias nas catracas, a maioria tende a sair do estádio ao mesmo tempo, o que aumenta muito a necessidade de espaço.

O desenvolvimento da infraestrutura de transporte é dispendioso. Sugere-se que à decisão final sobre a locomoção do estádio considere a proximidade da infraestrutura de transporte público (...).

No intuito de promover a construção de estádios de futebol no padrão

exigido e atender a mobilidade urbana, o Brasil precisou realizou diversas

desapropriações, como em Camaragibe, região metropolitana de Recife/PE.

A desapropriação é o ato pelo qual o poder público por motivo de

necessidade pública, utilidade pública ou interesse social impõe ao proprietário a

perda de seu bem, sem praticamente nenhuma chance de oposição, recebendo o

que acredita-se ser uma indenização justa.

Segundo José Cretella Júnior (2006, p.405), "a desapropriação constitui a

mais profunda penetração do poder de polícia, no campo do direito privado. É o

instrumento jurídico mediante o qual o Estado se apodera do bem particular".

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Resta claro que para atender as exigência impostas pela FIFA a

administração pública exerceu o poder de polícia ao suprimir o direito individual de

propriedade pelo interesse social.

No entanto neste caso pelas manifestações que ocorreram no período pré

Copa do Mundo, não há como afirmar categoricamente que havia interesse social,

mas sim interesse de uma minoria.

No próprio citado Caderno de Encargos da FIFA no ponto 1.6 às folhas 43,

há indicação de que: "são vitais o contato prévio e a consulta junto aos

representantes das comunidades locais, grupos ambientais e autoridades locais e

nacionais do futebol durante à escolha do local e o projeto de um estádio."

Porém não foi o que aconteceu por aqui, já que as desapropriações foram

ocorrendo, sem que as pessoas fossem ouvidas.

E novamente está evidenciado o exercício do poder de polícia pela FIFA.

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5 CONCLUSÃO

Diante do exposto, a conclusão que se chega é que o poder de polícia existe

a muitos anos e em diversas sociedades, sendo diferente apenas sua abrangência e

atuação.

O atual poder de polícia exercido no Brasil pela Administração Pública

configura-se pela possibilidade de serem restringidos direitos individuais para que

seja garantido o bem-estar social. Ele possui características bem definidas, quais

sejam: a discricionariedade, a autoexecutoriedade, a vinculação e a corecibilidade.

Pode-se dividir o pode de polícia entre administrativa e judiciária, onde esta

é repressiva e aquela preventiva.

Os titulares para exercer o poder de polícia estão previstos na Constituição

da República Federativa do Brasil, nos artigos 21, 22, 25 e 30. A doutrina não é

unânime em relação a delegabilidade do exercício de tal poder restritivo de direitos.

Sendo uma atuação restritiva de direitos individuais por parte da

administração pública há limite no seu exercício, sendo este extrapolado se

configura o abuso do poder de polícia.

Em 2014 o Brasil sediou a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de

Futebol, para que o país recebesse tais eventos precisou cumprir o Caderno de

Encargos da FIFA – Federação Internacional de Futebol Associado.

No âmbito Federal foi criada a Lei nº 12.663/2012, a qual ficou conhecida

como Lei Geral da Copa, a qual infringiu diversos direitos dos cidadãos, sendo

objeto inclusive de Ação Direta de Inconstitucionalidade, a qual foi julgada

improcedente.

No estado do Paraná foi criada a Lei nº 17.551/2013, a qual também tratava

da realização da Copa do Mundo no Brasil e da mesma forma previa restrição de

diretos individuais.

Tais leis possuem diversas ilegalidades, pois restringem, por exemplo o

direitos dos cidadãos de circularem próximo ao estádio onde ocorreram os jogos em

determinados horários, se não possuíssem a credencial emitida pela prefeitura.

No entanto a FIFA não possuía qualquer legitimidade para promover tais

restrições, pois conforme demonstrado, no que se refere a restrição de locomoção

por exemplo, a única legitimada para exercer o poder de polícia e promover tal

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restrição é a administração pública direta, portanto uma empresa privada com

interesse comercial não poderia dar origem a tais restrições.

Todas as restrições impostas violaram, entre outros, garantias

constitucionais as quais são inclusive cláusulas pétreas, no nosso ordenamento

jurídico tendo em vista a sua importância.

A população não pôde exercer 100% dos seus direitos durante a realização

da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, por caráter puramente comercial, as

restrições não tiveram relação com o bem-estar social, mas sim com o lucro visado

pela FIFA.

Houve uma deturpação do instituto do poder de polícia no Brasil, desde

origem das restrições até sua finalidade.

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REFERÊNCIAS

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ANEXOS

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº. , DE 2011 Define crimes e infrações administrativas com vistas a incrementar a segurança da Copa das Confederações FIFA de 2013 e da Copa do Mundo de Futebol de 2014, além de prever o incidente de celeridade processual e medidas cautelares específicas, bem como disciplinar o direito de greve no período que antecede e durante a realização dos eventos, entre outras providências. O CONGRESSO NACIONAL decreta: CAPÍTULO I Disposições preliminares Art. 1º Esta Lei traz disposições que visam incrementar a segurança da Copa das Confederações FIFA de 2013, doravante designada “Copa das Confederações”, e da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014, doravante designada “Copa do Mundo de Futebol”, a serem realizadas no Brasil, definindo crimes e sanções administrativas, disciplinando o incidente de celeridade processual, bem como o direito de greve no período que antecede e durante a realização dos eventos, entre outras providências. Art. 2º Para efeito desta Lei, a expressão: I – “eventos relacionados às competições” compreende as cerimônias e as atividades vinculadas às competições de que trata o artigo 1º desta Lei, tais como as de abertura, encerramento, treinos, exibições culturais, artísticas e beneficentes, além de outras definidas em regulamento; II – “no período que antecede a realização dos eventos” compreende o período de 3 (três) meses que antecede o início das competições; III – “durante a realização dos eventos” compreende o período em que serão realizadas as competições previstas no artigo 1º, conforme calendário estabelecido pela organização dos eventos; IV – “Cidades-Sede” compreende aquelas em que se encontram os estádios nos quais serão realizadas as competições; V – “nas redondezas do estádio” compreende o raio de 5 (cinco) quilômetros do local onde será realizada uma ou mais partidas de futebol das competições de que trata esta Lei; VI – “ato de violência” compreende violência contra pessoa ou coisa; VII – “delegação” compreende os atletas, membros da comissão técnica e dirigentes de uma determinada equipe participante; VIII – “ingresso” compreende o bilhete que permite o acesso ao estádio de futebol ou a qualquer cerimônia de responsabilidade da organização dos eventos; IX – “credencial” compreende o documento emitido pela organização dos eventos que permite acesso a áreas restritas do estádio ou de cerimônia oficial; X – “organização dos eventos” compreende os representantes das seguintes pessoas jurídicas: a) as autoridades federais, estaduais, distritais e municipais diretamente envolvidas na organização dos eventos;

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b) Fédération Internationale de Football Association (Fifa) – associação suíça de direito privado, entidade mundial que regula o esporte de futebol de associação, e suas subsidiárias, não domiciliadas no Brasil; c) Subsidiária Fifa no Brasil – pessoa jurídica de direito privado, domiciliada no Brasil, cujo capital social total pertence à Fifa; d) Comitê Organizador Brasileiro Ltda. – pessoa jurídica brasileira de direito privado, reconhecida pela Fifa, constituída com o objetivo de promover, no Brasil, as Copa das Confederações e a Copa do Mundo de Futebol, bem como os eventos a elas relacionados; e) Confederação Brasileira de Futebol – associação brasileira de direito privado, sendo a associação nacional de futebol no Brasil. CAPÍTULO II Disposições penais Seção I Disposição preliminar Art. 3º Os crimes previstos neste Capítulo são puníveis quando praticados no período que antecede ou durante a realização dos eventos de que trata esta Lei, aplicando-se-lhes o disposto no art. 3º do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo também se aplica às causas de aumento da pena previstas no art. 12. Seção II Dos crimes em espécie Terrorismo Art. 4º Provocar ou infundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa à integridade física ou privação da liberdade de pessoa, por motivo ideológico, religioso, político ou de preconceito racial, étnico ou xenófobo: Pena – reclusão, de 15 (quinze) a 30 (trinta) anos. §1º Se resulta morte: Pena – reclusão, de 24 (vinte e quatro) a 30 (trinta) anos. § 2º As penas previstas no caput e no § 1º deste artigo aumentam-se de um terço, se o crime for praticado: I – contra integrante de delegação, árbitro, voluntário ou autoridade pública ou esportiva, nacional ou estrangeira; II – com emprego de explosivo, fogo, arma química, biológica ou radioativa; III – em estádio de futebol no dia da realização de partidas da Copa das Confederações 2013 e da Copa do Mundo de Futebol; IV – em meio de transporte coletivo; V – com a participação de três ou mais pessoas. § 3º Se o crime for praticado contra coisa: Pena – reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos. § 4º Aplica-se ao crime previsto no § 3º deste artigo as causas de aumento da pena de que tratam os incisos II a V do § 2º. § 5º O crime de terrorismo previsto no caput e nos §§ 1º e 3º deste artigo é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

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Ataque a delegação Art. 5º Ofender a integridade corporal ou a saúde de integrante de delegação, com o fim de intimidá-lo ou de influenciar o resultado da partida de futebol: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Violação de sistema de informática Art. 6º Violar, bloquear ou dificultar o acesso a página da internet, sistema de informática ou banco de dados utilizado pela organização dos eventos: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço até a metade se o agente insere dados falsos na página da internet, no sistema de informática ou no banco de dados utilizado pela organização dos eventos. Falsificação de ingresso Art. 7º Falsificar ingresso: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem oferece ou vende o ingresso falsificado. Revenda ilegal de ingressos Art. 8º Revender ingressos com valor superior ao estabelecido pela organização dos eventos: Pena – reclusão, de 6 (meses) a 2 (dois) anos, e multa. § 1º A pena é aumentada de um terço até a metade, se o crime for praticado: I – nas redondezas do estádio e na véspera ou no dia da partida; II – por meio da internet. § 2º Nas mesmas penas incorre o representante da organização dos eventos ou funcionário autorizado que vende ingressos em número superior ao permitido para cada comprador, sabendo que serão destinados à revenda ilegal. Falsificação de credencial Art. 9º Falsificar credencial com o fim de entrar no estádio ou em áreas de acesso restrito, assim consideradas pela organização dos eventos: Pena – reclusão, 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem faz uso de credencial falsa. Dopping nocivo Art. 10º Ministrar substância ou droga proibida pela organização dos eventos, com vistas a prejudicar o desempenho de atleta ou a sua recuperação física: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. § 1º Na mesma pena incorre quem vende a substância ou droga proibida pela organização dos eventos, sabendo da destinação prevista no caput deste artigo. §2º. Se a dopagem é culposa: Pena: detenção, de 1 (um) a 6 (seis meses) § 3º. Se a dopagem é culposa, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se a conduta resultar de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente omite socorro imediato à vítima, não busca reduzir os efeitos do seu ato ou se evade.

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Venda fraudulenta de serviço turístico Art. 11º Vender ou oferecer serviço turístico relacionado aos eventos de que trata esta Lei, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. § 1º Para efeito do caput deste artigo, considera-se serviço turístico a oferta, em conjunto ou separadamente, de passagem aérea, marítima ou terrestre, hospedagem, traslado, passeio ou ingresso para partida da Copa das Confederações 2013 e da Copa do Mundo de Futebol. § 2º A pena é aumentada de um terço se o crime for praticado por meio da internet. Seção III Das causas de aumento da pena Art. 12º As penas dos crimes previstos nos arts. 41-B a 41-G da Lei nº 10.671, de 15 de maio de 2003 – Estatuto de Defesa do Torcedor, aumentam-se de 1/3 (um terço) se a conduta tiver relação com os eventos relacionados às competições de que trata esta Lei. Parágrafo único. No mesmo aumento incide as penas dos crimes previstos no art. 20, caput e §§ 1º e 2º, da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, e no art. 140, § 3º, do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, quando praticados em estádio ou em suas redondezas. CAPÍTULO III Disposições processuais Seção I Da competência Art. 13º Para todos os efeitos legais, considera-se que os crimes definidos nesta Lei e aqueles a que se refere o art. 12 são praticados contra o interesse da União, cabendo à Justiça Federal o seu processamento e julgamento, nos termos do art. 109, II e IV, da Constituição Federal. Art. 14º O Poder Judiciário poderá criar varas judiciais especializadas para processar e julgar os crimes previstos nesta Lei e aqueles a que se refere o art. 12, inclusive com atendimento nos locais onde serão realizados eventos de que trata esta Lei, em horário estendido. Seção II Do incidente de celeridade processual Art. 15º Em relação ao processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei e daqueles a que se refere o art. 12, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, instaurar incidente de celeridade processual, determinando, se necessário, a prática de atos processuais em sábados, domingos, feriados, férias, recessos ou fora do horário de expediente forense, bem como designar servidores ad hoc para a realização de atos específicos de comunicação processual e de expediente em geral.

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§1º Instaurado o incidente de que trata o caput deste artigo, a contagem do início e do término dos prazos processuais levará em conta sábados, domingos, feriados, férias, recessos ou horário fora do expediente forense. §2º A comunicação de atos processuais poderá ser feita por qualquer meio idôneo de comunicação, inclusive por mensagem eletrônica, fax ou telefonia, devendo o serventuário remetente registrar nos autos a sua adequada recepção e compreensão pelo destinatário. §3º A instauração do incidente será comunicada à presidência do tribunal competente, para as medidas administrativas cabíveis, inclusive a designação de magistrados em auxílio. §4º As medidas previstas no caput deste artigo também serão comunicadas ao juízo deprecado e à presidência do respectivo tribunal, se for o caso. Seção III Das medidas cautelares específicas Art. 16º O juiz, mediante representação da autoridade policial ou requerimento do Ministério Público, poderá decretar, isolada ou cumulativamente, e sem prejuízo de outras previstas no Código de Processo Penal, as seguintes medidas cautelares: I – proibição de entrar em estádio de futebol; II – retenção de passaporte e de outros documentos; III – suspensão de atividades de torcida de futebol organizada na forma de pessoa jurídica. Parágrafo único. As medidas cautelares previstas nos incisos I e III do caput deste artigo terão duração máxima de 120 (cento e vinte) dias, admitida uma única prorrogação por igual período, em caso de extrema e comprovada necessidade. Seção IV Comunicação à repartição consular Art. 17º A prisão em flagrante ou a decretação de qualquer medida cautelar em desfavor do estrangeiro serão comunicadas, em até 24 horas, à repartição consular do país de origem. Art. 18ª Assegura-se ao estrangeiro, na fase de investigação ou de instrução processual, o direito de ser assistido gratuitamente por intérprete, caso não compreenda ou não fale a língua portuguesa. Parágrafo único. Sendo necessário, o intérprete também intermediará as conversas entre o interrogando e seu defensor, ficando obrigado a guardar absoluto sigilo sobre aquilo que tomar conhecimento. CAPÍTULO IV Das infrações e das penalidades administrativas Seção I Das infrações administrativas Art. 19º As penalidades administrativas previstas neste Capítulo aplicam-se a fatos praticados no período que antecede ou durante a realização dos eventos. Art. 20º Fazer uso de credencial que pertença a outra pessoa:

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Penalidades – multa e proibição de entrar em estádio de futebol. Art. 21º Entrar no estádio de futebol com objeto, indumentária ou instrumento proibido pela organização dos eventos:: Penalidades – multa e proibição de entrar em estádio de futebol. Art. 22º Invadir o gramado do estádio interrompendo a partida: Penalidades – multa e proibição de entrar em estádio de futebol. Parágrafo único. Nas mesmas penalidades incorre quem arremessa objeto no campo de futebol ou faz uso de laser ou de outro artefato que possa prejudicar o desempenho dos atletas. Art. 23º Vender ingressos em número superior ao permitido para cada comprador de acordo com os critérios estabelecidos pela organização dos eventos: Penalidade – multa. Art. 24º Caso se verifique uma das infrações previstas nos arts. 20, 21, 22 e 23, a organização dos eventos poderá determinar a retirada imediata do torcedor do estádio ou de outros eventos relacionados às competições, sem direito a reembolso, bem como apreender objetos proibidos, encaminhando-os, em caso de ilícito, à autoridade policial competente. Seção II Das penalidades administrativas Art. 25º A penalidade de multa consiste no pagamento à União de valor a ser fixado entre 1 (um) e 20 (vinte) salários mínimos, conforme as circunstâncias e a gravidade do fato, considerada, ainda, a capacidade econômica do infrator. Art. 26º A penalidade de proibição de entrar em estádio de futebol impede, por 2 (dois) anos, o acesso do infrator a estádio em que for realizada partida de futebol no Brasil. § 1º Para garantir a efetividade da restrição, a autoridade competente poderá criar banco de dados com os nomes dos infratores, com possibilidade de consulta por parte da organização dos eventos. § 2º Se o infrator desrespeitar a medida prevista no caput deste artigo, a proibição de entrar em estádio de futebol poderá ser aplicada pelo período de 5 (cinco) anos, a contar da data em que terminaria a primeira punição. Art. 27º As penalidades previstas nesta Seção serão aplicadas pela autoridade administrativa competente, nos termos do regulamento desta Lei, garantindo-se ao acusado o contraditório e a ampla defesa. Seção III Da medida preventiva de proibição de entrar em estádio de futebol Art. 28º Em face de comportamento que suscite a aplicação da penalidade de proibição de entrar em estádio de futebol, a autoridade administrativa competente poderá restringir, preventivamente, pelo período máximo de 120 (cento e vinte) dias, o acesso do acusado a estádio de futebol no Brasil, indicando as razões pelas quais

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a medida se faz necessária, sem prejuízo do regular andamento e conclusão do respectivo processo administrativo. CAPÍTULO V Da repatriação, da deportação e da expulsão Seção I Da repatriação Art. 29º O Brasil poderá repatriar estrangeiro que, comprovadamente, já tenha participado de agressão, tumulto ou ato de vandalismo como torcedor de equipe de futebol, com vistas a prevenir distúrbios da ordem pública no período que antecede ou durante os eventos de que trata esta Lei. §1º A repatriação consiste no impedimento do ingresso de estrangeiro no território nacional que esteja em área de aeroporto, porto ou posto de fronteira, mediante despacho da autoridade competente pela respectiva área de fiscalização. §2º Da decisão de que trata o §1º deste artigo será feita imediata comunicação aos Ministros de Estado da Justiça e das Relações Exteriores. §3º As despesas com a repatriação são de responsabilidade da empresa transportadora. Seção II Da deportação Art. 30º Sem prejuízo de outras hipóteses legais, a entrada ou estada em território nacional de estrangeiro passível de repatriação, nos termos desta Lei, poderá dar ensejo à deportação. §1º A deportação consiste na retirada compulsória do estrangeiro do território nacional. §2º A deportação será promovida mediante determinação do Ministério da Justiça ou de autoridade que dele tenha recebido delegação, nos termos do regulamento desta Lei. Art. 31º O estrangeiro poderá ser dispensado, a critério da autoridade competente, de quaisquer penalidades relativas à entrada ou estada irregular no Brasil ou do cumprimento de formalidade que possa dificultar a deportação. Art. 32º O deportado só poderá reingressar no território brasileiro se ressarcir à União das despesas com a sua deportação e efetuar, se for o caso, o pagamento da multa devida à época, com valores atualizados. Seção III Da expulsão Art. 33º Sem prejuízo de outras hipóteses legais, poderá ser expulso do território nacional o estrangeiro que, no período que antecede ou durante a realização dos eventos: I – participar de atos de hostilidade contra torcedores; II – portar arma de fogo, explosivo ou outras armas e instrumentos com potencial lesivo, sem autorização da autoridade brasileira;

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III – danificar bens públicos ou privados, na condição de torcedor de equipe de futebol. § 1º A expulsão consiste na retirada compulsória de estrangeiro que cometer crime no Brasil ou, de qualquer forma, atentar contra os interesses nacionais. §2º Ocorrendo uma das hipóteses de que tratam os incisos I, II e III do caput deste artigo, o Ministro da Justiça determinará, de ofício ou mediante representação do Ministério Público, a abertura do competente procedimento para a expulsão do estrangeiro, cuja tramitação não excederá o prazo de 20 (vinte) dias, dentro do qual fica assegurado ao expulsando o direito de defesa. § 3º Após a conclusão do procedimento pela polícia federal, o Ministro da Justiça decidirá sobre a expulsão, não cabendo pedido de reconsideração da sua decisão. Art. 34º Para os casos previstos nesta lei, o juiz poderá, a qualquer tempo, em face de representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, decretar a prisão do estrangeiro, para garantir a tramitação do procedimento de expulsão. Art. 35º Sem prejuízo das hipóteses legais de impedimento de expulsão, sua efetivação poderá ser adiada se a medida colocar em risco a vida do expulsando. Art. 36º O estrangeiro, posto em liberdade ou cuja prisão não tenha sido decretada, deverá comparecer, a cada 5 (cinco) dias, à Polícia Federal para informar sobre seu endereço, atividades e cumprimento das condições que lhe forem impostas. Parágrafo único. Descumprida qualquer das condições estabelecidas no caput deste artigo, a autoridade policial competente poderá, a qualquer tempo, solicitar a prisão do estrangeiro à autoridade judicial. Art. 37º A expulsão poderá efetivar-se ainda que haja processo criminal em tramitação ou condenação sendo cumprida, desde que razões de ordem interna, de segurança pública ou doença grave incurável ou contagiosa a recomendarem por motivos humanitários, ou quando o cumprimento da pena se torne mais gravoso do que a retirada do estrangeiro do País. Seção IV Disposições gerais Art. 38º A repatriação, a deportação e a expulsão serão feitas para o país da nacionalidade ou de procedência do estrangeiro, ou para outro que consinta em recebê-lo, ressalvadas as hipóteses previstas em acordos internacionais dos quais o Brasil seja signatário. Art. 39º Não se procederá à repatriação, deportação ou expulsão que implique extradição não admitida pela lei brasileira. Art. 40º As despesas com a deportação e expulsão do estrangeiro, não podendo este ou terceiro por ela responder, serão custeadas pela União. CAPÍTULO VI Das limitações ao exercício do direito de greve

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Art. 41º No período que antecede ou durante a realização dos eventos, o exercício do direito de greve nas cidades-sede pelas categorias que desempenham serviços ou atividades de especial interesse social fica condicionado ao disposto nesta Lei, sem prejuízo da aplicação, no que não contrariá-la, do disposto na Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989. Art. 42º Para os efeitos desta Lei, consideram-se serviços ou atividades de especial interesse social: I – tratamento e abastecimento de água; II – produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; III – assistência médica e hospitalar; IV – distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; V – operação, manutenção e vigilância de atividades de transporte coletivo; VI – coleta, captação e tratamento de esgoto e lixo; VII – telecomunicações; VIII – controle de tráfego aéreo; IX – operação, manutenção e vigilância de portos e aeroportos; X – serviços bancários; XI – hotelaria, hospitalidade e serviços similares; XII – construção civil, no que se refere a obras destinadas aos eventos de que trata esta Lei ou de mobilidade urbana; XIII – judicial e de segurança pública, observada a vedação constante do art. 142, § 3º, inciso IV, da Constituição Federal. Art. 43º Havendo deliberação favorável de categoria que desempenha serviço ou atividade de especial interesse social, conforme definido no art. 42, no sentido da paralisação coletiva da prestação do correspondente serviço ou atividade, deverão ser notificados a entidade patronal respectiva, os empregados diretamente interessados e os usuários, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias. Art. 44º Nos serviços ou atividades de especial interesse social, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços de, no mínimo, 70 % (setenta por cento) da força de trabalho, garantindo o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade e da organização dos eventos. Art. 45º Ao Poder Público é permitida, em caso de greve, a contratação de servidores substitutos, em número suficiente para o atendimento das necessidades inadiáveis da população e dos serviços cuja paralisação resulte em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento. Art. 46º Os grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho dos trabalhadores ou servidores contratados nos termos do art. 45 nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa, observado o disposto no art. 50 desta Lei. Art. 47º No caso de inobservância do disposto nos arts. 44, 45 e 51, o Poder Público assegurará o acesso dos trabalhadores substitutos e das equipes de manutenção ao trabalho, bem como a prestação direta dos serviços indispensáveis.

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Art. 48º A Justiça do Trabalho conferirá máxima prioridade de processamento e julgamento aos dissídios referentes às categorias ou atividades arroladas no art. 42, cumprindo ao Tribunal publicar, de imediato, o competente acórdão. Art. 49º Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas nesta Lei, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho. Art. 50º A responsabilidade pelos atos ilícitos ou crimes cometidos no curso da greve, será apurada, conforme o caso, segundo a legislação trabalhista, civil ou penal. Parágrafo único. Deverá o Ministério Público, de ofício, requisitar a abertura do competente inquérito e oferecer denúncia quando houver prática de delito. Art. 51º Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados. Parágrafo único. A prática referida no caput deste artigo assegura aos trabalhadores o direito à percepção dos salários durante o período de paralisação. CAPÍTULO VII Cláusula de vigência Art. 52º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação e produzirá efeitos mesmo após a realização dos eventos, observado o disposto nos arts. 3º e 19. J U S T I F I C A Ç Ã O Em 2013 e 2014 os olhos do mundo, mais do que nunca, estarão voltados para o Brasil, em virtude de sediarmos a Copa das Confederações FIFA de 2013 e a Copa do Mundo da Federação Internacional das Associações de Futebol – FIFA, em 2014. Desde as escolhas, toda uma gama de investimentos, com estimativa inicial gerando em torno de seis bilhões de dólares, quase onze bilhões de reais, vem sendo realizada para possibilitar que o País promova um espetáculo à altura da grandeza e grandiosidade desses eventos, sendo a Copa o segundo maior espetáculo esportivo do mundo. A expectativa é de que em 2014, para a Copa do Mundo, em apenas um mês, recebamos dez por cento do total de turistas que nos visitam em um ano inteiro. Serão cerca de meio milhão de pessoas a mais que acorrerão às cidades em que acontecerão os jogos. Mas essa expectativa é muito conservadora, pois as nossas mundialmente famosas belezas naturais, dentre outros atrativos, de certo alavancarão esse número. Essa convicção exsurge dos números verificados nas edições anteriores dos Jogos da Copa do Mundo: em 1994, os EUA receberam 400.000 turistas; a França, em 1998, 500.000; o Japão, em 2002, 400.000; e a Alemanha, em 2000, por conta da sua localização geográfica privilegiada, bem no centro da Europa, recebeu 2 milhões de turistas; a África do Sul, em 2010 recebeu cerca de 500.000.

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É razoável até mesmo esperar que ocorra com o Brasil o que se deu com a Alemanha na Copa de 2000, pois além de fazermos fronteira com quase todos os países sul-americanos, e dos demais estarmos a pouca distância, ainda temos mais um elemento facilitador à recepção de turistas, que é a não exigência, desde 2006, de vistos de turismo, por até noventa dias, para procedentes da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, aos quais basta a exibição da carteira de identidade expedida pelo órgão competente do seu país. Impõe considerar que para o aumento de 7% do turismo de 2009 para 2010, os Países da América do Sul foram os que mais contribuíram para isso. Deste subcontinente eram 2,09 milhões de turistas em 2009, número que cresceu para 2,38 milhões em 2010, crescimento de 13,78%. Considerando que só no caso da Argentina o aumento foi de 15,56% sobre 2009. A esse extraordinário contingente se juntarão milhares de jornalistas, funcionários e voluntários convidados pela FIFA, além de investidores nacionais e estrangeiros à procura de oportunidades de negócios, a gerar milhares de novos empregos, aumento do fluxo turístico, promoção e revitalização de áreas urbanas e garantia de investimentos de peso no País. O impacto positivo sobre o nosso PIB pode ser esperado. Levantamentos dão conta de que em 1994 os EUA aumentaram em 1,4% o PIB; em 1998, na França, ele cresceu 1,3% à mais; em 2002, a Coréia o elevou em 3,1%; e a Alemanha, em 2006, teve crescimento de 1,7%. Porém, toda essa pujança de recursos e o trânsito de pessoas das mais diversas nacionalidades e etnias, exigirão especial aparelhamento jurídico voltado à segurança pública, dentre outras áreas correlatas, com adaptações em nossa legislação, ainda que temporárias, para que honremos os compromissos assumidos na subscrição dos Cadernos de Encargos perante a FIFA, na oportunidade da escolha do País como sede das competições, objetivo que se espera alcançar com este Projeto. Se registre, que apesar da louvável iniciativa do Poder Executivo, que em setembro último encaminhou à Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº. 2.330, de 2011, tipificando condutas não contempladas em nosso ordenamento jurídico e, em tese, necessárias ao cumprimento de obrigações assumidas preteritamente, constata-se, no entanto, que os tipos penais idealizados são voltados exclusivamente à proteção de interesses dos organizadores, patrocinadores e participantes dos eventos. Com efeito, na Seção IV daquele Projeto são definidos os “Crimes Relacionados às Competições”, a saber: 1) o Uso indevido de Símbolos Oficiais de Titularidade da FIFA (arts. 16/17); 2) Marketing de Emboscada por Associação (art. 18), que consiste na obtenção de vantagem indevida por associação a evento ou símbolos da FIFA; e 3) Marketing de Emboscada por Intrusão (arts. 19/21), definida como associação desautorizada, em bens e serviços, de atividades desenvolvidas pela FIFA. Tais tipos penais são caracterizados como de ação penal condicionada à representação da FIFA, enquadrando-se no conceito das infrações de menor potencial ofensivo (art. 20). Como se infere, o presente Projeto não conflita e nem se coaduna com a motivação daquele idealizado pelo Executivo Federal, pois o que se objetiva na presente proposta é a proteção da sociedade, de forma a resguardar os direitos do consumidor, a incolumidade física dos participantes e espectadores em geral, dentre outros, como se verá doravante.

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O Primeiro Capítulo é dedicado a definir as expressões cunhadas neste Projeto, necessárias à escorreita compreensão e, ainda, a sua integração com a legislação sobre o tema, em especial a Lei n°. 12.350, de 20 de dezembro de 2010, que dispõe sobre as medidas tributárias para realização da Copa das Confederações FIFA 2013 e a Copa do Mundo FIFA 2014. O Capítulo II se divide em três seções. A primeira prevê que os crimes nele contidos são puníveis quando praticados antes ou durante a realização dos eventos, aplicando-se o disposto no art. 3º do Código Penal, para estabelecer que a persecução prosseguirá mesmo após a vigência da nova lei, cuja aplicabilidade é dirigida a fatos vinculados à disputa dos jogos. Na segunda Seção são dispostos oito novos tipos penais: “Terrorismo”, por motivação ideológica, religiosa, política ou de preconceito racial, étnico ou xenófobo; “Ataque a Delegação”, com o fim de intimidá-la ou de influenciar o resultado dos jogos; “Violação de sistema de informática”, com o propósito de bloquear ou dificultar acesso a página da internet, sistema de informática ou banco de dados utilizado pela organização dos eventos; “Falsificação de Ingresso”, alcançando quem o vende ou oferece; “Revenda ilegal de ingressos”, idealizado para reprimir a ação de cambistas; “Falsificação de credencial”, com vistas ao ingresso em estádios e áreas de acesso restrito; “Dopping”, para prejudicar o desempenho dos atletas; “Venda Fraudulenta de Serviço Turístico”, mediante a ação de induzir alguém a erro para vender ou oferecer serviço turístico relacionado a evento da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. A tipificação do crime “Terrorismo” se destaca, especialmente pela ocorrência das várias sublevações políticas que testemunhamos ultimamente, envolvendo nações que poderão se fazer presente nos jogos em apreço, por seus atletas ou turistas. Talvez em razão da característica pacificidade do nosso povo, que repercute em nossas relações internacionais, não possuímos definição jurídica consensual sobre o terrorismo, embora o Brasil ter ratificado tratados internacionais reputando certos atos como de caráter terrorista ou destinados a frustrar seu financiamento ou limitar deslocamento de suspeitos. Mas isso não impede que tenhamos a consciência de que eventos do porte dos que sediaremos possam encorajar atos de terrorismo, como o ocorrido nas Olimpíadas de 1972, na Alemanha, em que onze atletas israelenses foram feitos reféns e depois mortos pelo grupo palestino “Setembro Negro”. Nosso despreparo jurídico para o enfrentamento desse fenômeno é igualmente evidente. Embora a Constituição Federal considere o repúdio ao terrorismo como princípio que deve reger nossas relações internacionais (art. 4º, inc. VII) e esse crime como inafiançável e insuscetível de graça ou anistia (art. 5º, inc. XLIII), não possuímos tipificação satisfatória para combatê-lo. O único tipo penal aproximado que possuímos é da época do regime militar, inserido na Lei de Segurança Nacional Mencionada definição legal, concebida para atender ao quadro político instalado nos anos de chumbo, não contempla toda a complexidade do problema, razão pela qual pretendemos, com a presente sugestão, criar novo tipo penal, que tenha como condutas nucleares “provocar ou infundir terror ou pânico generalizado”. Contudo, para melhor definir o fenômeno, e distingui-lo de outras práticas correlatas, a sua tipificação reclama a motivação ideológica, religiosa, política ou de preconceito racial, étnico ou xenófobo. Ademais, para melhor delineamento da conduta injusta que se objetiva reprimir, restringimos o modus operandi dessa atemorização à ofensa à integridade física ou privação de liberdade, com agravação da pena nas

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hipóteses em que é praticado: a) contra integrante de delegação, árbitro, voluntário ou autoridade pública ou esportiva, nacional ou estrangeira; b) com emprego de explosivo, fogo, arma química, biológica ou radioativa; c) em estádio de futebol no dia da realização de partidas; d) em meio de transporte coletivo; e) ou com a participação de três ou mais pessoas. Tais delineamentos estão em consonância com as convenções sobre terrorismo ratificadas pelo Brasil e com a Carta de 1988, que considera o crime de terrorismo inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. A terceira Seção do Capítulo II se ocupa das causas que induzem ao aumento, em um terço, das penas previstas para os novéis crimes, com ênfase para aqueles previstos nos arts. 41-B a 41-G da Lei nº. 10.671, de 15 de maio de 2003 – “Estatuto de Defesa do Torcedor”. O Capítulo III da proposta dispõe sobre “Disposições Processuais” especiais e específicas acerca do foro, tramitação e processamento das ações ajuizadas com base na nova legislação. Em sua primeira Seção é definida a competência da Justiça Federal para o processamento e julgamento dessas ações, tendo em vista a compreensão de que os crimes em questão são perpetrados contra o interesse da União, a teor do que dispõe o art. 109, inciso IV, da Constituição Federal. Também é sugerida a possibilidade de criação de varas especializadas para essa tarefa. A segunda Seção do Capítulo III prevê a instauração do Incidente de Celeridade Processual, providência coerente com a rapidez esperada para o julgamento das ações penais instauradas com base na nova legislação que sobrevier à esperada aprovação desta proposta. De fato, não se afigura razoável empregar nesses feitos a dinâmica processual ordinária, haja vista que tais condutas injustas poderão ser cometidas por estrangeiros, cuja permanência no Brasil possivelmente coincidirá com o interregno de realização dos jogos, ou será até menor. Daí, faz-se necessária a imediata resposta do Poder Judiciário. Para isso, a instauração do Incidente de Celeridade Processual possibilitará a prática de atos processuais em sábados, domingos, feriados, férias, recessos ou fora do horário de expediente forense, bem como a designação de servidores ad hoc para a sua realização. A comunicação de atos processuais poderá ser realizada por qualquer meio idôneo, inclusive por mensagem eletrônica, fax ou telefonia. Essa inovação foi inspirada na exitosa experiência sobre tramitação processual prevista para as ações eleitorais regidas pela Lei nº. 9.504, de 1977 (“Lei das Eleições”) e aquelas penais disciplinadas pela Lei nº. 9.099, de 1997 (“Lei dos Juizados Especiais”). Além disso, tal instrumento está em sintonia com as exigências de celeridade e eficácia, considerados os mais atuais conceitos e teorias processuais penais que objetivam um direito processual funcional, instrumental, cuja decisão seja produzida em prazo razoável. Na terceira Seção do Capítulo III o projeto inova ao prever, sem prejuízo no disposto no Decreto-Lei nº. 3.689, de 1941 (“Código de Processo de Penal), medidas cautelares específicas ao ambiente dos Jogos, tais como: proibição de entrada em estádio de futebol; retenção de passaporte e de outros documentos; e suspensão de atividades de torcida organizada de futebol. Na Seção IV, última do Capítulo III, são previstas providências supervenientes à prisão em flagrante delito ou à decretação de medidas cautelares em desfavor de estrangeiros, como a comunicação à competente repartição consular, assistência

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gratuita de intérprete, inclusive para intermediação com a sua defesa, hipótese em que o intérprete estará obrigado a preservar sigilo sobre o que tomar conhecimento. O Capítulo IV desdobra-se em quatro Seções. A primeira traz as infrações administrativas relacionadas com os tipos definidos no Capítulo II: uso de credencial de terceiros; ingresso em estádios com objeto proibidos e invasão ou arremesso de objetos no gramado. Além disso, são estabelecidas punições no caso de ingresso furtivo nos estádios, bem como a venda de ingressos em quantidade superior a permitida por comprador. Na Seção II do mesmo Capítulo são estipuladas penalidades administrativas complementares às infrações contidas na Seção anterior, consistentes de multas cujo valor variará entre um e vinte salários mínimos. Tais penalidades serão aplicadas pela autoridade a ser definida em regulamento, o qual deverá também estabelecer medidas de garantia do contraditório e da ampla defesa pelo acusado. Por fim, a Seção III do Capítulo IV estabelece normas a serem observadas para a aplicação de medida preventiva acessória à decisão judicial cautelar de proibição de ingresso em estádios de futebol, prevista na Seção III do Capítulo III. Tal medida preventiva não poderá exceder o prazo de cento e vinte dias e deverá ser decretada por despacho fundamentado da autoridade administrativa competente, sem prejuízo da tramitação regular e independente do processo judicial. O Capítulo V, constituído de quatro Seções, é inaugurado com prescrições relativas à repatriação de estrangeiros, compreendida como o impedimento de ingresso em território brasileiro, seja por aeroporto, porto ou posto de fronteira, daquele que já tenha participado de agressão, tumulto ou ato de vandalismo como torcedor de equipe de futebol. O projeto estabelece, ainda, que a decisão de repatriação deverá ser imediatamente comunicada aos Ministros de Estado da Justiça e das Relações Exteriores, ficando sua despesa a cargo da empresa transportadora. Temos plena ciência de que a questão da repatriação, da deportação ou da expulsão, pode deflagrar indesejável estremecimento diplomático. Na última edição Copa do Mundo, ocorrida na África do Sul, cerca de trinta argentinos pertencentes à torcida alcunhada de “barras bravas” foram deportados às vésperas dos jogos. Três deles entraram com ação por danos morais contra a FIFA, alegando terem sofrido maus-tratos, na qual perseguem indenização de U$ 10 milhões cada. No caso relatado a deportação baseou-se em informações passadas pela própria Argentina sobre membros violentos de torcidas locais. De posse desse tipo de informação, ou seja, a prova atestando que o ingresso de certos estrangeiros ameaça a segurança dos jogos, por terem participado de agressão, tumulto ou ato de vandalismo como torcedores, o Brasil poderá evitar-lhes a entrada, eis que o visto é mera expectativa de direito. Em suma, esta proposição cria a figura da “repatriação”, inexistente em nosso “Estatuto do Estrangeiro”, e que permitirá impedir o ingresso de pessoa quando ainda esteja em área de aeroporto, porto ou posto de fronteira. A conveniência desse procedimento e a atribuição de sua competência à autoridade local responsável pela fiscalização imigratória é justificada pelo afluxo de turistas esperado, meio milhão em um mês, e pela necessária imediatidade do cumprimento da decisão, para aproveitar a presença do transporte pelo qual o ingresso do estrangeiro estiver ocorrendo.

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Quanto à imposição do ônus do retorno do repatriando, convém esclarecer que a Lei nº. 6.815/1980 (“Lei dos Estrangeiros”) também prevê que cabe à empresa transportadora responder, a qualquer tempo, pela saída do clandestino e do “impedido”, este último assim definido como aquele sobre a qual recaia juízo de inconveniência quanto a sua presença no território nacional, relembrando que a decisão deverá se dar por despacho fundamentado e ser comunicada aos Ministros de Estado já referidos. As disposições contidas nas Seções II e III do Capítulo V dizem respeito a figuras já conhecidas em nosso ordenamento jurídico: a deportação e a expulsão. Consiste a primeira em retirada compulsória de estrangeiro que tenha entrado ou esteja irregularmente no território nacional. Nesse sentido, previmos que as hipóteses habilitadoras da nova figura da repatriação, em casos de o estrangeiro ter ultrapassado área de aeroporto, porto ou posto de fronteira, poderá dar ensejo à deportação. Contudo, distintamente de ação tipicamente policial e de cooperação como é o caso da repatriação, a deportação dependerá de promoção do Ministério da Justiça ou autoridade por ele delegada. Com a finalidade de acelerar o procedimento de deportação, o estrangeiro poderá ser dispensado de quaisquer penalidades relativas à entrada ou à estada irregular no Brasil ou do cumprimento de formalidade que possa dificultar a deportação. O seu retorno é condicionado ao ressarcimento das despesas com a deportação e o eventual pagamento atualizado das multas. Na Seção III do Capítulo V é tratada a hipótese de expulsão de estrangeiros. Em razão de seu caráter punitivo, necessita-se buscar certo equilíbrio entre a urgência de combater ameaça ao evento esportivo e o direito do estrangeiro. A motivação da expulsão, contrariamente à repatriação e à deportação, é a prática de ato ilícito em solo nacional. Por conseguinte, sem afetar outras hipóteses legais, também ensejaria a expulsão as seguintes ocorrências: participação de atos de hostilidade contra torcedores; portar arma de fogo, explosivo ou outras armas e instrumentos com potencial lesivo, sem autorização da autoridade brasileira; danificar bens públicos ou privados, antes ou depois da partida de futebol. A expulsão será precedida da abertura do competente procedimento, cuja tramitação não excederá vinte dias, prazo muito mais exíguo do que o procedimento comum previsto no Estatuto do Estrangeiro, assegurado ao expulsando o direito de defesa. Da decisão de expulsão não caberá recurso. Ademais, se necessária à garantia da tramitação do procedimento de expulsão, poderá a autoridade judicial, a qualquer tempo, decretar a prisão do estrangeiro, em face de representação de autoridade policial ou do Ministério Público. Outra inovação proposta é que caberá ao Ministro da Justiça, e não ao Presidente da República, a decisão sobre essa modalidade de expulsão. Caso o expulsando não seja preso ou esteja em liberdade, deverá se apresentar a cada cinco dias à autoridade policial, sob pena de prisão. A proposta ressalva que expulsão poderá efetivar-se ainda que haja processo criminal em tramitação ou condenação sendo cumprida, desde que razões de ordem interna, de segurança pública ou doença grave incurável ou contagiosa o recomendarem por motivos humanitários, ou quando o cumprimento da pena se torne mais gravoso do que a sua retirada do País. Também por razões humanitárias, a par das hipóteses já previstas em lei como impeditivas da expulsão, o projeto prevê que ela poderá ser adiada caso a sua execução ponha em risco a vida do expulsando.

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Na Seção IV, última do Capítulo V, foi estabelecido que a repatriação, a deportação ou a expulsão serão feitas para o país da nacionalidade ou de procedência do estrangeiro, ressalvada a hipótese diversa previstas em acordos internacionais firmados pelo Brasil, ou quando o procedimento caracterizar extradição não admitida pela legislação brasileira. Finalmente, o Capítulo VI é destinado a tema de extrema relevância: o direito de greve. Com efeito, uma greve de trabalhadores do setor de transportes, da saúde ou de servidores dos órgãos de segurança pública, terá efeitos catastróficos na realização dos Jogos de 2013 e de 2014. Ademais, não se pode descurar do fato de que o momento em que ocorre esse grandioso evento esportivo pode ser considerado como oportuno para o êxito de um movimento grevista. Por isso, com o objetivo de minimizar a possibilidade de que tais deflagrações ocorram ou a repercussão de seus efeitos, é proposta a adoção de várias medidas legais, a começar pela definição de quais sejam as “Atividades de Especial Interesse Social” para efeitos da nova lei, a saber: tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; assistência médica e hospitalar; distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; operação, manutenção e vigilância de atividades de transporte coletivo; coleta, captação e tratamento de esgoto e lixo; telecomunicações; controle de tráfego aéreo; operação, manutenção e vigilância de portos e aeroportos; serviços bancários; hotelaria, hospitalidade e serviços similares; construção civil, no caso de obras destinadas à realização dos eventos; judicial; e de segurança pública. No caso de deliberação favorável à paralisação coletiva de categoria que desempenha tais serviços ou atividades, o projeto estipula a necessidade de comunicação, com a antecedência mínima de quinze dias, à entidade patronal, aos empregados diretamente interessados e aos usuários, e a manutenção de, no mínimo, setenta por cento da força de trabalho. Outra providência, é a previsão de contratação de servidores substitutos para o atendimento das necessidades inadiáveis da população e dos serviços, cuja paralisação resulte em prejuízo irreparável, sendo vedado aos grevistas impedir o acesso ao trabalho de substitutos, devendo o Poder Público garantir esse acesso ou realizar a prestação direta dos serviços. A inobservância dessas normas ou a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho, constituirá abuso do direito de greve, devendo a sua responsabilidade ser apurada na forma da legislação trabalhista, civil ou penal, cabendo ao Ministério Público, de ofício, requisitar a abertura de inquérito e oferecer denúncia quando houver indício da prática de delito. Se comprovada a iniciativa da paralisação grevista pelo empregador, para frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados, estes terão direito à percepção dos salários durante o período de paralisação. Por derradeiro, juntamente com a cláusula de vigência, é estabelecida que a eficácia da Lei subsistirá ao encerramento dos eventos. A importância das Copas para o Brasil transcende às festividades durante a realização dos jogos. As competições são, desde já, celeiro de oportunidades de investimento e de obtenção de resultados objetivos a médio e longo prazo. É o momento propício para ampliar exposição do Brasil no exterior, de modo a aumentar o número de visitantes e a entrada de divisas.

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Pelo estudo “Panorama do Turismo Internacional 2009”, da Organização Mundial de Turismo, esse mercado representava trinta por cento das exportações mundiais de serviços e seis por cento das totais. Como categoria de exportação, estava em quarto lugar, atrás apenas dos combustíveis, produtos químicos e automóveis. Assim, visando criar o necessário aparelhamento jurídico indispensável ao eficaz aproveitamento dessa formidável possibilidade de ampliar nossa participação nesse precioso mercado, é que apresentamos a presente proposição, certos de que os nossos nobres Pares compreenderão a sua importância para o País e envidarão esforços para a sua rápida aprovação. Sala das Sessões, de novembro de 2011. Senador MARCELO CRIVELLA Senadora ANA AMÉLIA Senador WALTER PINHEIRO

LEI Nº 12.663, DE 5 DE JUNHO DE 2012. Dispõe sobre as medidas relativas à Copa das Confederações FIFA 2013, à Copa do Mundo FIFA 2014 e à Jornada Mundial da Juventude - 2013, que serão realizadas no Brasil; altera as Leis nos 6.815, de 19 de agosto de 1980, e 10.671, de 15 de maio de 2003; e estabelece concessão de prêmio e de auxílio especial mensal aos jogadores das seleções campeãs do mundo em 1958, 1962 e 1970. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1º Esta Lei dispõe sobre as medidas relativas à Copa das Confederações FIFA 2013, à Copa do Mundo FIFA 2014 e aos eventos relacionados, que serão realizados no Brasil. Art. 2º Para os fins desta Lei, serão observadas as seguintes definições: I - Fédération Internationale de Football Association (FIFA): associação suíça de direito privado, entidade mundial que regula o esporte de futebol de associação, e suas subsidiárias não domiciliadas no Brasil; II - Subsidiária FIFA no Brasil: pessoa jurídica de direito privado, domiciliada no Brasil, cujo capital social total pertence à FIFA; III - Copa do Mundo FIFA 2014 - Comitê Organizador Brasileiro Ltda. (COL): pessoa jurídica de direito privado, reconhecida pela FIFA, constituída sob as leis brasileiras com o objetivo de promover a Copa das Confederações FIFA 2013 e a Copa do Mundo FIFA 2014, bem como os eventos relacionados; IV - Confederação Brasileira de Futebol (CBF): associação brasileira de direito privado, sendo a associação nacional de futebol no Brasil; V - Competições: a Copa das Confederações FIFA 2013 e a Copa do Mundo FIFA 2014;

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VI - Eventos: as Competições e as seguintes atividades relacionadas às Competições, oficialmente organizadas, chanceladas, patrocinadas ou apoiadas pela FIFA, Subsidiárias FIFA no Brasil, COL ou CBF: a) os congressos da FIFA, cerimônias de abertura, encerramento, premiação e outras cerimônias, sorteio preliminar, final e quaisquer outros sorteios, lançamentos de mascote e outras atividades de lançamento; b) seminários, reuniões, conferências, workshops e coletivas de imprensa; c) atividades culturais, concertos, exibições, apresentações, espetáculos ou outras expressões culturais, bem como os projetos Futebol pela Esperança (Football for Hope) ou projetos beneficentes similares; d) partidas de futebol e sessões de treino; e e) outras atividades consideradas relevantes para a realização, organização, preparação, marketing, divulgação, promoção ou encerramento das Competições; VII - Confederações FIFA: as seguintes confederações: a) Confederação Asiática de Futebol (Asian Football Confederation - AFC); b) Confederação Africana de Futebol (Confédération Africaine de Football - CAF); c) Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Confederation of North, Central American and Caribbean Association Football - Concacaf); d) Confederação Sul-Americana de Futebol (Confederación Sudamericana de Fútbol - Conmebol); e) Confederação de Futebol da Oceania (Oceania Football Confederation - OFC); e f) União das Associações Europeias de Futebol (Union des Associations Européennes de Football - Uefa); VIII - Associações Estrangeiras Membros da FIFA: as associações nacionais de futebol de origem estrangeira, oficialmente afiliadas à FIFA, participantes ou não das Competições; IX - Emissora Fonte da FIFA: pessoa jurídica licenciada ou autorizada, com base em relação contratual, para produzir o sinal e o conteúdo audiovisual básicos ou complementares dos Eventos com o objetivo de distribuição no Brasil e no exterior para os detentores de direitos de mídia; X - Prestadores de Serviços da FIFA: pessoas jurídicas licenciadas ou autorizadas, com base em relação contratual, para prestar serviços relacionados à organização e à produção dos Eventos, tais como: a) coordenadores da FIFA na gestão de acomodações, de serviços de transporte, de programação de operadores de turismo e dos estoques de Ingressos; b) fornecedores da FIFA de serviços de hospitalidade e de soluções de tecnologia da informação; e c) outros prestadores licenciados ou autorizados pela FIFA para a prestação de serviços ou fornecimento de bens; XI - Parceiros Comerciais da FIFA: pessoas jurídicas licenciadas ou autorizadas com base em qualquer relação contratual, em relação aos Eventos, bem como os seus subcontratados, com atividades relacionadas aos Eventos, excluindo as entidades referidas nos incisos III, IV e VII a X; XII - Emissoras: pessoas jurídicas licenciadas ou autorizadas com base em relação contratual, seja pela FIFA, seja por nomeada ou licenciada pela FIFA, que adquiram o direito de realizar emissões ou transmissões, por qualquer meio de comunicação, do sinal e do conteúdo audiovisual básicos ou complementares de qualquer Evento, consideradas Parceiros Comerciais da FIFA;

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XIII - Agência de Direitos de Transmissão: pessoa jurídica licenciada ou autorizada com base em relação contratual, seja pela FIFA, seja por nomeada ou autorizada pela FIFA, para prestar serviços de representação de vendas e nomeação de Emissoras, considerada Prestadora de Serviços da FIFA; XIV - Locais Oficiais de Competição: locais oficialmente relacionados às Competições, tais como estádios, centros de treinamento, centros de mídia, centros de credenciamento, áreas de estacionamento, áreas para a transmissão de Partidas, áreas oficialmente designadas para atividades de lazer destinadas aos fãs, localizados ou não nas cidades que irão sediar as Competições, bem como qualquer local no qual o acesso seja restrito aos portadores de credenciais emitidas pela FIFA ou de Ingressos; XV - Partida: jogo de futebol realizado como parte das Competições; XVI - Períodos de Competição: espaço de tempo compreendido entre o 20o (vigésimo) dia anterior à realização da primeira Partida e o 5o (quinto) dia após a realização da última Partida de cada uma das Competições; XVII - Representantes de Imprensa: pessoas naturais autorizadas pela FIFA, que recebam credenciais oficiais de imprensa relacionadas aos Eventos, cuja relação será divulgada com antecedência, observados os critérios previamente estabelecidos nos termos do § 1o do art. 13, podendo tal relação ser alterada com base nos mesmos critérios; XVIII - Símbolos Oficiais: sinais visivelmente distintivos, emblemas, marcas, logomarcas, mascotes, lemas, hinos e qualquer outro símbolo de titularidade da FIFA; e XIX - Ingressos: documentos ou produtos emitidos pela FIFA que possibilitam o ingresso em um Evento, inclusive pacotes de hospitalidade e similares. Parágrafo único. A Emissora Fonte, os Prestadores de Serviços e os Parceiros Comerciais da FIFA referidos nos incisos IX, X e XI poderão ser autorizados ou licenciados diretamente pela FIFA ou por meio de uma de suas autorizadas ou licenciadas. CAPÍTULO II DA PROTEÇÃO E EXPLORAÇÃO DE DIREITOS COMERCIAIS Seção I Da Proteção Especial aos Direitos de Propriedade Industrial Relacionados aos Eventos Art. 3º O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) promoverá a anotação em seus cadastros do alto renome das marcas que consistam nos seguintes Símbolos Oficiais de titularidade da FIFA, nos termos e para os fins da proteção especial de que trata o art. 125 da Lei no 9.279, de 14 de maio de 1996: I - emblema FIFA; II - emblemas da Copa das Confederações FIFA 2013 e da Copa do Mundo FIFA 2014; III - mascotes oficiais da Copa das Confederações FIFA 2013 e da Copa do Mundo FIFA 2014; e IV - outros Símbolos Oficiais de titularidade da FIFA, indicados pela referida entidade em lista a ser protocolada no INPI, que poderá ser atualizada a qualquer tempo. Parágrafo único. Não se aplica à proteção prevista neste artigo a vedação de que trata o inciso XIII do art. 124 da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996.

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Art. 4º O INPI promoverá a anotação em seus cadastros das marcas notoriamente conhecidas de titularidade da FIFA, nos termos e para os fins da proteção especial de que trata o art. 126 da Lei no 9.279, de 14 de maio de 1996, conforme lista fornecida e atualizada pela FIFA. Parágrafo único. Não se aplica à proteção prevista neste artigo a vedação de que trata o inciso XIII do art. 124 da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Art. 5º As anotações do alto renome e das marcas notoriamente conhecidas de titularidade da FIFA produzirão efeitos até 31 de dezembro de 2014, sem prejuízo das anotações realizadas antes da publicação desta Lei. § 1º Durante o período mencionado no caput, observado o disposto nos arts. 7º e 8º: I - o INPI não requererá à FIFA a comprovação da condição de alto renome de suas marcas ou da caracterização de suas marcas como notoriamente conhecidas; e II - as anotações de alto renome e das marcas notoriamente conhecidas de titularidade da FIFA serão automaticamente excluídas do Sistema de Marcas do INPI apenas no caso da renúncia total referida no art. 142 da Lei no 9.279, de 14 de maio de 1996. § 2º A concessão e a manutenção das proteções especiais das marcas de alto renome e das marcas notoriamente conhecidas deverão observar as leis e regulamentos aplicáveis no Brasil após o término do prazo estabelecido no caput. Art. 6º O INPI deverá dar ciência das marcas de alto renome ou das marcas notoriamente conhecidas de titularidade da FIFA ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), para fins de rejeição, de ofício, de registros de domínio que empreguem expressões ou termos idênticos às marcas da FIFA ou similares. Art. 7º O INPI adotará regime especial para os procedimentos relativos a pedidos de registro de marca apresentados pela FIFA ou relacionados à FIFA até 31 de dezembro de 2014. § 1º A publicação dos pedidos de registro de marca a que se refere este artigo deverá ocorrer em até 60 (sessenta) dias contados da data da apresentação de cada pedido, ressalvados aqueles cujo prazo para publicação tenha sido suspenso por conta de exigência formal preliminar prevista nos arts. 156 e 157 da Lei no 9.279, de 14 de maio de 1996. § 2º Durante o período previsto no caput, o INPI deverá, no prazo de 30 (trinta) dias contados da publicação referida no § 1o, de ofício ou a pedido da FIFA, indeferir qualquer pedido de registro de marca apresentado por terceiros que seja flagrante reprodução ou imitação, no todo ou em parte, dos Símbolos Oficiais, ou que possa causar evidente confusão ou associação não autorizada com a FIFA ou com os Símbolos Oficiais. § 3º As contestações aos pedidos de registro de marca a que se refere o caput devem ser apresentadas em até 60 (sessenta) dias da publicação. § 4º O requerente deverá ser notificado da contestação e poderá apresentar sua defesa em até 30 (trinta) dias. § 5º No curso do processo de exame, o INPI poderá fazer, uma única vez, exigências a serem cumpridas em até 10 (dez) dias, durante os quais o prazo do exame ficará suspenso.

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§ 6º Após o prazo para contestação ou defesa, o INPI decidirá no prazo de 30 (trinta) dias e publicará a decisão em até 30 (trinta) dias após a prolação. Art. 8º Da decisão de indeferimento dos pedidos de que trata o art. 7o caberá recurso ao Presidente do INPI, no prazo de 15 (quinze) dias contados da data de sua publicação. § 1º As partes interessadas serão notificadas para apresentar suas contrarrazões ao recurso no prazo de 15 (quinze) dias. § 2º O Presidente do INPI decidirá o recurso em até 20 (vinte) dias contados do término do prazo referido no § 1o. § 3º O disposto no § 5o do art. 7o aplica-se à fase recursal de que trata este artigo. Art. 9º O disposto nos arts. 7o e 8o aplica-se também aos pedidos de registro de marca apresentados: I - pela FIFA, pendentes de exame no INPI; e II - por terceiros, até 31 de dezembro de 2014, que possam causar confusão com a FIFA ou associação não autorizada com a entidade, com os Símbolos Oficiais ou com os Eventos. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica a terceiros que estejam de alguma forma relacionados aos Eventos e que não sejam a FIFA, Subsidiárias FIFA no Brasil, COL ou CBF. Art. 10º A FIFA ficará dispensada do pagamento de eventuais retribuições referentes a todos os procedimentos no âmbito do INPI até 31 de dezembro de 2014. Seção II Das Áreas de Restrição Comercial e Vias de Acesso Art. 11º A União colaborará com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que sediarão os Eventos e com as demais autoridades competentes para assegurar à FIFA e às pessoas por ela indicadas a autorização para, com exclusividade, divulgar suas marcas, distribuir, vender, dar publicidade ou realizar propaganda de produtos e serviços, bem como outras atividades promocionais ou de comércio de rua, nos Locais Oficiais de Competição, nas suas imediações e principais vias de acesso. § 1º Os limites das áreas de exclusividade relacionadas aos Locais Oficiais de Competição serão tempestivamente estabelecidos pela autoridade competente, considerados os requerimentos da FIFA ou de terceiros por ela indicados, atendidos os requisitos desta Lei e observado o perímetro máximo de 2 km (dois quilômetros) ao redor dos referidos Locais Oficiais de Competição. § 2º A delimitação das áreas de exclusividade relacionadas aos Locais Oficiais de Competição não prejudicará as atividades dos estabelecimentos regularmente em funcionamento, desde que sem qualquer forma de associação aos Eventos e observado o disposto no art. 170 da Constituição Federal. Seção III Da Captação de Imagens ou Sons, Radiodifusão e Acesso aos Locais Oficiais de Competição

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Art. 12º A FIFA é a titular exclusiva de todos os direitos relacionados às imagens, aos sons e às outras formas de expressão dos Eventos, incluindo os de explorar, negociar, autorizar e proibir suas transmissões ou retransmissões. Art. 13º O credenciamento para acesso aos Locais Oficiais de Competição durante os Períodos de Competição ou por ocasião dos Eventos, inclusive em relação aos Representantes de Imprensa, será realizado exclusivamente pela FIFA, conforme termos e condições por ela estabelecidos. § 1º Até 180 (cento e oitenta) dias antes do início das Competições, a FIFA deverá divulgar manual com os critérios de credenciamento de que trata o caput, respeitados os princípios da publicidade e da impessoalidade. § 2º As credenciais conferem apenas o acesso aos Locais Oficiais de Competição e aos Eventos, não implicando o direito de captar, por qualquer meio, imagens ou sons dos Eventos. Art. 14º A autorização para captar imagens ou sons de qualquer Evento ou das Partidas será exclusivamente concedida pela FIFA, inclusive em relação aos Representantes de Imprensa. Art. 15º A transmissão, a retransmissão ou a exibição, por qualquer meio de comunicação, de imagens ou sons dos Eventos somente poderão ser feitas mediante prévia e expressa autorização da FIFA. § 1º Sem prejuízo da exclusividade prevista no art. 12, a FIFA é obrigada a disponibilizar flagrantes de imagens dos Eventos aos veículos de comunicação interessados em sua retransmissão, em definição padrão (SDTV) ou em alta-definição (HDTV), a critério do veículo interessado, observadas as seguintes condições cumulativas: I - que o Evento seja uma Partida, cerimônia de abertura das Competições, cerimônia de encerramento das Competições ou sorteio preliminar ou final de cada uma das Competições; II - que a retransmissão se destine à inclusão em noticiário, sempre com finalidade informativa, sendo proibida a associação dos flagrantes de imagens a qualquer forma de patrocínio, promoção, publicidade ou atividade de marketing; III - que a duração da exibição dos flagrantes observe os limites de tempo de 30 (trinta) segundos para qualquer Evento que seja realizado de forma pública e cujo acesso seja controlado pela FIFA, exceto as Partidas, para as quais prevalecerá o limite de 3% (três por cento) do tempo da Partida; IV - que os veículos de comunicação interessados comuniquem a intenção de ter acesso ao conteúdo dos flagrantes de imagens dos Eventos, por escrito, até 72 (setenta e duas) horas antes do Evento, à FIFA ou a pessoa por ela indicada; e V - que a retransmissão ocorra somente na programação dos canais distribuídos exclusivamente no território nacional. § 2º Para os fins do disposto no § 1o, a FIFA ou pessoa por ela indicada deverá preparar e disponibilizar aos veículos de comunicação interessados, no mínimo, 6 (seis) minutos dos principais momentos do Evento, em definição padrão (SDTV) ou em alta-definição (HDTV), a critério do veículo interessado, logo após a edição das imagens e dos sons e em prazo não superior a 2 (duas) horas após o fim do Evento, sendo que deste conteúdo o interessado deverá selecionar trechos dentro dos limites dispostos neste artigo.

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§ 3º No caso das redes de programação básica de televisão, o conteúdo a que se refere o § 2o será disponibilizado à emissora geradora de sinal nacional de televisão e poderá ser por ela distribuído para as emissoras que veiculem sua programação, as quais: I - serão obrigadas ao cumprimento dos termos e condições dispostos neste artigo; e II - somente poderão utilizar, em sua programação local, a parcela a que se refere o inciso III do § 1o, selecionada pela emissora geradora de sinal nacional. § 4º O material selecionado para exibição nos termos do § 2o deverá ser utilizado apenas pelo veículo de comunicação solicitante e não poderá ser utilizado fora do território nacional brasileiro. § 5º Os veículos de comunicação solicitantes não poderão, em momento algum: I - organizar, aprovar, realizar ou patrocinar qualquer atividade promocional, publicitária ou de marketing associada às imagens ou aos sons contidos no conteúdo disponibilizado nos termos do § 2o; e II - explorar comercialmente o conteúdo disponibilizado nos termos do § 2o, inclusive em programas de entretenimento, documentários, sítios da rede mundial de computadores ou qualquer outra forma de veiculação de conteúdo. Seção IV Das Sanções Civis Art. 16º Observadas as disposições da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), é obrigado a indenizar os danos, os lucros cessantes e qualquer proveito obtido aquele que praticar, sem autorização da FIFA ou de pessoa por ela indicada, entre outras, as seguintes condutas: I - atividades de publicidade, inclusive oferta de provas de comida ou bebida, distribuição de produtos de marca, panfletos ou outros materiais promocionais ou ainda atividades similares de cunho publicitário nos Locais Oficiais de Competição, em suas principais vias de acesso, nas áreas a que se refere o art. 11 ou em lugares que sejam claramente visíveis a partir daqueles; II - publicidade ostensiva em veículos automotores, estacionados ou circulando pelos Locais Oficiais de Competição, em suas principais vias de acesso, nas áreas a que se refere o art. 11 ou em lugares que sejam claramente visíveis a partir daqueles; III - publicidade aérea ou náutica, inclusive por meio do uso de balões, aeronaves ou embarcações, nos Locais Oficiais de Competição, em suas principais vias de acesso, nas áreas a que se refere o art. 11 ou em lugares que sejam claramente visíveis a partir daqueles; IV - exibição pública das Partidas por qualquer meio de comunicação em local público ou privado de acesso público, associada à promoção comercial de produto, marca ou serviço ou em que seja cobrado Ingresso; V - venda, oferecimento, transporte, ocultação, exposição à venda, negociação, desvio ou transferência de Ingressos, convites ou qualquer outro tipo de autorização ou credencial para os Eventos de forma onerosa, com a intenção de obter vantagens para si ou para outrem; e VI - uso de Ingressos, convites ou qualquer outro tipo de autorização ou credencial para os Eventos para fins de publicidade, venda ou promoção, como benefício, brinde, prêmio de concursos, competições ou promoções, como parte de pacote de viagem ou hospedagem, ou a sua disponibilização ou o seu anúncio para esses propósitos.

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§ 1º O valor da indenização prevista neste artigo será calculado de maneira a englobar quaisquer danos sofridos pela parte prejudicada, incluindo os lucros cessantes e qualquer proveito obtido pelo autor da infração. § 2º Serão solidariamente responsáveis pela reparação dos danos referidos no caput todos aqueles que realizarem, organizarem, autorizarem, aprovarem ou patrocinarem a exibição pública a que se refere o inciso IV. Art. 17º Caso não seja possível estabelecer o valor dos danos, lucros cessantes ou vantagem ilegalmente obtida, a indenização decorrente dos atos ilícitos previstos no art. 16 corresponderá ao valor que o autor da infração teria pago ao titular do direito violado para que lhe fosse permitido explorá-lo regularmente, tomando-se por base os parâmetros contratuais geralmente usados pelo titular do direito violado. Art. 18º Os produtos apreendidos por violação ao disposto nesta Lei serão destruídos ou doados a entidades e organizações de assistência social, respeitado o devido processo legal e ouvida a FIFA, após a descaracterização dos produtos pela remoção dos Símbolos Oficiais, quando possível. CAPÍTULO III DOS VISTOS DE ENTRADA E DAS PERMISSÕES DE TRABALHO Art. 19º Deverão ser concedidos, sem qualquer restrição quanto à nacionalidade, raça ou credo, vistos de entrada, aplicando-se, subsidiariamente, no que couber, as disposições da Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980, para: I - todos os membros da delegação da FIFA, inclusive: a) membros de comitê da FIFA; b) equipe da FIFA ou das pessoas jurídicas, domiciliadas ou não no Brasil, de cujo capital total e votante a FIFA detenha ao menos 99% (noventa e nove por cento); c) convidados da FIFA; e d) qualquer outro indivíduo indicado pela FIFA como membro da delegação da FIFA; II - funcionários das Confederações FIFA; III - funcionários das Associações Estrangeiras Membros da FIFA; IV - árbitros e demais profissionais designados para trabalhar durante os Eventos; V - membros das seleções participantes em qualquer das Competições, incluindo os médicos das seleções e demais membros da delegação; VI - equipe dos Parceiros Comerciais da FIFA; VII - equipe da Emissora Fonte da FIFA, das Emissoras e das Agências de Direitos de Transmissão; VIII - equipe dos Prestadores de Serviços da FIFA; IX - clientes de serviços comerciais de hospitalidade da FIFA; X - Representantes de Imprensa; e XI - espectadores que possuam Ingressos ou confirmação de aquisição de Ingressos válidos para qualquer Evento e todos os indivíduos que demonstrem seu envolvimento oficial com os Eventos, contanto que evidenciem de maneira razoável que sua entrada no País possui alguma relação com qualquer atividade relacionada aos Eventos. § 1º O prazo de validade dos vistos de entrada concedidos com fundamento nos incisos I a XI encerra-se no dia 31 de dezembro de 2014.

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§ 2º O prazo de estada dos portadores dos vistos concedidos com fundamento nos incisos I a X poderá ser fixado, a critério da autoridade competente, até o dia 31 de dezembro de 2014. § 3º O prazo de estada dos portadores dos vistos concedidos com fundamento no inciso XI será de até 90 (noventa) dias, improrrogáveis. § 4º Considera-se documentação suficiente para obtenção do visto de entrada ou para o ingresso no território nacional o passaporte válido ou documento de viagem equivalente, em conjunto com qualquer instrumento que demonstre a vinculação de seu titular com os Eventos. § 5º O disposto neste artigo não constituirá impedimento à denegação de visto e ao impedimento à entrada, nas hipóteses previstas nos arts. 7º e 26 da Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980. § 6º A concessão de vistos de entrada a que se refere este artigo e para os efeitos desta Lei, quando concedidos no exterior, pelas Missões diplomáticas, Repartições consulares de carreira, Vice-Consulares e, quando autorizados pela Secretaria de Estado das Relações Exteriores, pelos Consulados honorários terá caráter prioritário na sua emissão. § 7º Os vistos de entrada concedidos com fundamento no inciso XI deverão ser emitidos mediante meio eletrônico, na forma disciplinada pelo Poder Executivo, se na época houver disponibilidade da tecnologia adequada. Art. 20º Serão emitidas as permissões de trabalho, caso exigíveis, para as pessoas mencionadas nos incisos I a X do art. 19, desde que comprovado, por documento expedido pela FIFA ou por terceiro por ela indicado, que a entrada no País se destina ao desempenho de atividades relacionadas aos Eventos. § 1º Em qualquer caso, o prazo de validade da permissão de trabalho não excederá o prazo de validade do respectivo visto de entrada. § 2º Para os fins desta Lei, poderão ser estabelecidos procedimentos específicos para concessão de permissões de trabalho. Art. 21º Os vistos e permissões de que tratam os arts. 19 e 20 serão emitidos em caráter prioritário, sem qualquer custo, e os requerimentos serão concentrados em um único órgão da administração pública federal. CAPÍTULO IV DA RESPONSABILIDADE CIVIL Art. 22º A União responderá pelos danos que causar, por ação ou omissão, à FIFA, seus representantes legais, empregados ou consultores, na forma do § 6o do art. 37 da Constituição Federal. Art. 23º A União assumirá os efeitos da responsabilidade civil perante a FIFA, seus representantes legais, empregados ou consultores por todo e qualquer dano resultante ou que tenha surgido em função de qualquer incidente ou acidente de segurança relacionado aos Eventos, exceto se e na medida em que a FIFA ou a vítima houver concorrido para a ocorrência do dano. Parágrafo único. A União ficará sub-rogada em todos os direitos decorrentes dos pagamentos efetuados contra aqueles que, por ato ou omissão, tenham causado os danos ou tenham para eles concorrido, devendo o beneficiário fornecer os meios necessários ao exercício desses direitos.

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Art. 24º A União poderá constituir garantias ou contratar seguro privado, ainda que internacional, em uma ou mais apólices, para a cobertura de riscos relacionados aos Eventos. CAPÍTULO V DA VENDA DE INGRESSOS Art. 25º O preço dos Ingressos será determinado pela FIFA. Art. 26º A FIFA fixará os preços dos Ingressos para cada partida das Competições, obedecidas as seguintes regras: I - os Ingressos serão personalizados com a identificação do comprador e classificados em 4 (quatro) categorias, numeradas de 1 a 4; II - Ingressos das 4 (quatro) categorias serão vendidos para todas as partidas das Competições; e III - os preços serão fixados para cada categoria em ordem decrescente, sendo o mais elevado o da categoria 1. § 1º Do total de Ingressos colocados à venda para as Partidas: I - a FIFA colocará à disposição, para as Partidas da Copa do Mundo FIFA 2014, no decurso das diversas fases de venda, ao menos, 300.000 (trezentos mil) Ingressos para a categoria 4; II - a FIFA colocará à disposição, para as partidas da Copa das Confederações FIFA 2013, no decurso das diversas fases de venda, ao menos, 50.000 (cinquenta mil) Ingressos da categoria 4. § 2º A quantidade mínima de Ingressos da categoria 4, mencionada nos incisos I e II do § 1o deste artigo, será oferecida pela FIFA, por meio de um ou mais sorteios públicos, a pessoas naturais residentes no País, com prioridade para as pessoas listadas no § 5o deste artigo, sendo que tal prioridade não será aplicável: I - às vendas de Ingressos da categoria 4 realizadas por quaisquer meios que não sejam mediante sorteios; II - aos Ingressos da categoria 4 oferecidos à venda pela FIFA, uma vez ofertada a quantidade mínima de Ingressos referidos no inciso I do § 1o deste artigo. § 3º (VETADO). § 4º Os sorteios públicos referidos no § 2o serão acompanhados por órgão federal competente, respeitados os princípios da publicidade e da impessoalidade. § 5º Em todas as fases de venda, os Ingressos da categoria 4 serão vendidos com desconto de 50% (cinquenta por cento) para as pessoas naturais residentes no País abaixo relacionadas: I - estudantes; II - pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; e III - participantes de programa federal de transferência de renda. § 6º Os procedimentos e mecanismos que permitam a destinação para qualquer pessoa, desde que residente no País, dos Ingressos da categoria 4 que não tenham sido solicitados por aquelas mencionadas no § 5o deste artigo, sem o desconto ali referido, serão de responsabilidade da FIFA. § 7º Os entes federados e a FIFA poderão celebrar acordos para viabilizar o acesso e a venda de Ingressos em locais de boa visibilidade para as pessoas com deficiência e seus acompanhantes, sendo assegurado, na forma do regulamento, pelo menos, 1% (um por cento) do número de Ingressos ofertados, excetuados os

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acompanhantes, observada a existência de instalações adequadas e específicas nos Locais Oficiais de Competição. § 8º O disposto no § 7o deste artigo efetivar-se-á mediante o estabelecimento pela entidade organizadora de período específico para a solicitação de compra, inclusive por meio eletrônico. § 9º (VETADO). § 10º Os descontos previstos na Lei no 10.741, de 1o de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso), aplicam-se à aquisição de Ingressos em todas as categorias, respeitado o disposto no § 5o deste artigo. § 11º A comprovação da condição de estudante, para efeito da compra dos Ingressos de que trata o inciso I do § 5o deste artigo é obrigatória e dar-se-á mediante a apresentação da Carteira de Identificação Estudantil, conforme modelo único nacionalmente padronizado pelas entidades nacionais estudantis, com Certificação Digital, nos termos do regulamento, expedida exclusivamente pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), pela União Nacional dos Estudantes (UNE), pelos Diretórios Centrais dos Estudantes (DCEs) das instituições de ensino superior, pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e pelas uniões estaduais e municipais de estudantes universitários ou secundaristas. § 12º Os Ingressos para proprietários ou possuidores de armas de fogo que aderirem à campanha referida no inciso I do art. 29 e para indígenas serão objeto de acordo entre o poder público e a FIFA. Art. 27º Os critérios para cancelamento, devolução e reembolso de Ingressos, assim como para alocação, realocação, marcação, remarcação e cancelamento de assentos nos locais dos Eventos serão definidos pela FIFA, a qual poderá inclusive dispor sobre a possibilidade: I - de modificar datas, horários ou locais dos Eventos, desde que seja concedido o direito ao reembolso do valor do Ingresso ou o direito de comparecer ao Evento remarcado; II - da venda de Ingresso de forma avulsa, da venda em conjunto com pacotes turísticos ou de hospitalidade; e III - de estabelecimento de cláusula penal no caso de desistência da aquisição do Ingresso após a confirmação de que o pedido de Ingresso foi aceito ou após o pagamento do valor do Ingresso, independentemente da forma ou do local da submissão do pedido ou da aquisição do Ingresso. CAPÍTULO VI DAS CONDIÇÕES DE ACESSO E PERMANÊNCIA NOS LOCAIS OFICIAIS DE COMPETIÇÃO Art. 28º São condições para o acesso e permanência de qualquer pessoa nos Locais Oficiais de Competição, entre outras: I - estar na posse de Ingresso ou documento de credenciamento, devidamente emitido pela FIFA ou pessoa ou entidade por ela indicada; II - não portar objeto que possibilite a prática de atos de violência; III - consentir na revista pessoal de prevenção e segurança; IV - não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, de caráter racista, xenófobo ou que estimulem outras formas de discriminação; V - não entoar xingamentos ou cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos;

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VI - não arremessar objetos, de qualquer natureza, no interior do recinto esportivo; VII - não portar ou utilizar fogos de artifício ou quaisquer outros engenhos pirotécnicos ou produtores de efeitos análogos, inclusive instrumentos dotados de raios laser ou semelhantes, ou que os possam emitir, exceto equipe autorizada pela FIFA, pessoa ou entidade por ela indicada para fins artísticos; VIII - não incitar e não praticar atos de violência, qualquer que seja a sua natureza; IX - não invadir e não incitar a invasão, de qualquer forma, da área restrita aos competidores, Representantes de Imprensa, autoridades ou equipes técnicas; e X - não utilizar bandeiras, inclusive com mastro de bambu ou similares, para outros fins que não o da manifestação festiva e amigável. § 1º É ressalvado o direito constitucional ao livre exercício de manifestação e à plena liberdade de expressão em defesa da dignidade da pessoa humana. §2º O não cumprimento de condição estabelecida neste artigo implicará a impossibilidade de ingresso da pessoa no Local Oficial de Competição ou o seu afastamento imediato do recinto, sem prejuízo de outras sanções administrativas, civis ou penais. CAPÍTULO VII DAS CAMPANHAS SOCIAIS NAS COMPETIÇÕES Art. 29ª O poder público poderá adotar providências visando à celebração de acordos com a FIFA, com vistas à: I - divulgação, nos Eventos: a) de campanha com o tema social “Por um mundo sem armas, sem drogas, sem violência e sem racismo”; b) de campanha pelo trabalho decente; e c) dos pontos turísticos brasileiros; II - efetivação de aplicação voluntária pela referida entidade de recursos oriundos dos Eventos, para: a) a construção de centros de treinamento de atletas de futebol, conforme os requisitos determinados na alínea “d” do inciso II do § 2o do art. 29 da Lei no 9.615, de 24 de março de 1998; b) o incentivo para a prática esportiva das pessoas com deficiência; e c) o apoio às pesquisas específicas de tratamento das doenças raras; III - divulgação da importância do combate ao racismo no futebol e da promoção da igualdade racial nos empregos gerados pela Copa do Mundo. CAPÍTULO VIII DISPOSIÇÕES PENAIS Utilização indevida de Símbolos Oficiais Art. 30º Reproduzir, imitar, falsificar ou modificar indevidamente quaisquer Símbolos Oficiais de titularidade da FIFA: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa. Art. 31º Importar, exportar, vender, distribuir, oferecer ou expor à venda, ocultar ou manter em estoque Símbolos Oficiais ou produtos resultantes da reprodução, imitação, falsificação ou modificação não autorizadas de Símbolos Oficiais para fins comerciais ou de publicidade:

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Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses ou multa. Marketing de Emboscada por Associação Art. 32º Divulgar marcas, produtos ou serviços, com o fim de alcançar vantagem econômica ou publicitária, por meio de associação direta ou indireta com os Eventos ou Símbolos Oficiais, sem autorização da FIFA ou de pessoa por ela indicada, induzindo terceiros a acreditar que tais marcas, produtos ou serviços são aprovados, autorizados ou endossados pela FIFA: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, sem autorização da FIFA ou de pessoa por ela indicada, vincular o uso de Ingressos, convites ou qualquer espécie de autorização de acesso aos Eventos a ações de publicidade ou atividade comerciais, com o intuito de obter vantagem econômica. Marketing de Emboscada por Intrusão Art. 33º Expor marcas, negócios, estabelecimentos, produtos, serviços ou praticar atividade promocional, não autorizados pela FIFA ou por pessoa por ela indicada, atraindo de qualquer forma a atenção pública nos locais da ocorrência dos Eventos, com o fim de obter vantagem econômica ou publicitária: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa. Art. 34º Nos crimes previstos neste Capítulo, somente se procede mediante representação da FIFA. Art. 35º Na fixação da pena de multa prevista neste Capítulo e nos arts. 41-B a 41-G da Lei no 10.671, de 15 de maio de 2003, quando os delitos forem relacionados às Competições, o limite a que se refere o § 1o do art. 49 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), pode ser acrescido ou reduzido em até 10 (dez) vezes, de acordo com as condições financeiras do autor da infração e da vantagem indevidamente auferida. Art. 36º Os tipos penais previstos neste Capítulo terão vigência até o dia 31 de dezembro de 2014. CAPÍTULO IX DISPOSIÇÕES PERMANENTES Art. 37º É concedido aos jogadores, titulares ou reservas das seleções brasileiras campeãs das copas mundiais masculinas da FIFA nos anos de 1958, 1962 e 1970: (Produção de efeito) I - prêmio em dinheiro; e II - auxílio especial mensal para jogadores sem recursos ou com recursos limitados. Art. 38º O prêmio será pago, uma única vez, no valor fixo de R$ 100.000,00 (cem mil reais) ao jogador. (Produção de efeito) Art. 39º Na ocorrência de óbito do jogador, os sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial expedido a requerimento dos interessados,

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independentemente de inventário ou arrolamento, poder-se-ão habilitar para receber os valores proporcionais a sua cota-parte. (Produção de efeito) Art. 40º Compete ao Ministério do Esporte proceder ao pagamento do prêmio. (Produção de efeito) Art. 41º O prêmio de que trata esta Lei não é sujeito ao pagamento de Imposto de Renda ou contribuição previdenciária. (Produção de efeito) Art. 42º O auxílio especial mensal será pago para completar a renda mensal do beneficiário até que seja atingido o valor máximo do salário de benefício do Regime Geral de Previdência Social. (Produção de efeito) Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, considera-se renda mensal 1/12 (um doze avos) do valor total de rendimentos tributáveis, sujeitos a tributação exclusiva ou definitiva, não tributáveis e isentos informados na respectiva Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física. Art. 43º O auxílio especial mensal também será pago à esposa ou companheira e aos filhos menores de 21 (vinte um) anos ou inválidos do beneficiário falecido, desde que a invalidez seja anterior à data em que completaram 21 (vinte um) anos. (Produção de efeito) § 1º Havendo mais de um beneficiário, o valor limite de auxílio per capita será o constante do art. 42 desta Lei, dividido pelo número de beneficiários, efetivos, ou apenas potenciais devido à renda, considerando-se a renda do núcleo familiar para cumprimento do limite de que trata o citado artigo. § 2º Não será revertida aos demais a parte do dependente cujo direito ao auxílio cessar. Art. 44º Compete ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) administrar os requerimentos e os pagamentos do auxílio especial mensal. (Produção de efeito) Parágrafo único. Compete ao Ministério do Esporte informar ao INSS a relação de jogadores de que trata o art. 37 desta Lei. Art. 45º O pagamento do auxílio especial mensal retroagirá à data em que, atendidos os requisitos, tenha sido protocolado requerimento no INSS. (Produção de efeito) Art. 46º O auxílio especial mensal sujeita-se à incidência de Imposto sobre a Renda, nos termos da legislação específica, mas não é sujeito ao pagamento de contribuição previdenciária. (Produção de efeito) Art. 47º As despesas decorrentes desta Lei correrão à conta do Tesouro Nacional. (Produção de efeito) Parágrafo único. O custeio dos benefícios definidos no art. 37 desta Lei e das respectivas despesas constarão de programação orçamentária específica do Ministério do Esporte, no tocante ao prêmio, e do Ministério da Previdência Social, no tocante ao auxílio especial mensal. Art. 48º (VETADO). Art. 49º (VETADO).

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Art. 50º O art. 13-A da Lei no 10.671, de 15 de maio de 2003, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso X: “Art. 13-A. .................................................................. X - não utilizar bandeiras, inclusive com mastro de bambu ou similares, para outros fins que não o da manifestação festiva e amigável.....................” (NR) CAPÍTULO X DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 51º A União será obrigatoriamente intimada nas causas demandadas contra a FIFA, as Subsidiárias FIFA no Brasil, seus representantes legais, empregados ou consultores, cujo objeto verse sobre as hipóteses estabelecidas nos arts. 22 e 23, para que informe se possui interesse de integrar a lide. Art. 52º As controvérsias entre a União e a FIFA, Subsidiárias FIFA no Brasil, seus representantes legais, empregados ou consultores, cujo objeto verse sobre os Eventos, poderão ser resolvidas pela Advocacia-Geral da União, em sede administrativa, mediante conciliação, se conveniente à União e às demais pessoas referidas neste artigo. Parágrafo único. A validade de Termo de Conciliação que envolver o pagamento de indenização será condicionada: I - à sua homologação pelo Advogado-Geral da União; e II - à sua divulgação, previamente à homologação, mediante publicação no Diário Oficial da União e a manutenção de seu inteiro teor, por prazo mínimo de 5 (cinco) dias úteis, na página da Advocacia-Geral da União na internet. Art. 53º A FIFA, as Subsidiárias FIFA no Brasil, seus representantes legais, consultores e empregados são isentos do adiantamento de custas, emolumentos, caução, honorários periciais e quaisquer outras despesas devidas aos órgãos da Justiça Federal, da Justiça do Trabalho, da Justiça Militar da União, da Justiça Eleitoral e da Justiça do Distrito Federal e Territórios, em qualquer instância, e aos tribunais superiores, assim como não serão condenados em custas e despesas processuais, salvo comprovada má-fé. Art. 54º A União colaborará com o Distrito Federal, com os Estados e com os Municípios que sediarão as Competições, e com as demais autoridades competentes, para assegurar que, durante os Períodos de Competição, os Locais Oficiais de Competição, em especial os estádios, onde sejam realizados os Eventos, estejam disponíveis, inclusive quanto ao uso de seus assentos, para uso exclusivo da FIFA. Art. 55º A União, observadas a Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, e as responsabilidades definidas em instrumento próprio, promoverá a disponibilização para a realização dos Eventos, sem qualquer custo para o seu Comitê Organizador, de serviços de sua competência relacionados, entre outros, a: I - segurança; II - saúde e serviços médicos; III - vigilância sanitária; e

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IV - alfândega e imigração § 1º Observada a disposição do caput, a União, por meio da administração pública federal direta ou indireta, poderá disponibilizar, através de instrumento próprio, os serviços de telecomunicação necessários para a realização dos Eventos. (Incluído pela Medida Provisória nº 600, de 2012) § 2º É dispensável a licitação para a contratação, pela administração pública federal direta ou indireta, da TELEBRÁS ou de empresa por ela controlada, para realizar os serviços previstos no § 1º. (Incluído pela Medida Provisória nº 600, de 2012) § 1º Observado o disposto no caput, a União, por intermédio da administração pública federal direta ou indireta, poderá disponibilizar, por meio de instrumento próprio, os serviços de telecomunicação necessários para a realização dos eventos. (Incluído pela Lei nº 12.833, de 2013) § 2º É dispensável a licitação para a contratação pela administração pública federal, direta ou indireta, da Telebrás ou de empresa por ela controlada, para realizar os serviços previstos no § 1o. (Incluído pela Lei nº 12.833, de 2013) Art. 56º Durante a Copa do Mundo FIFA 2014 de Futebol, a União poderá declarar feriados nacionais os dias em que houver jogo da Seleção Brasileira de Futebol. Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que sediarão os Eventos poderão declarar feriado ou ponto facultativo os dias de sua ocorrência em seu território. Art. 57º O serviço voluntário que vier a ser prestado por pessoa física para auxiliar a FIFA, a Subsidiária FIFA no Brasil ou o COL na organização e realização dos Eventos constituirá atividade não remunerada e atenderá ao disposto neste artigo. § 1º O serviço voluntário referido no caput: I - não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim para o tomador do serviço voluntário; e II - será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade contratante e o voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício. § 2º A concessão de meios para a prestação do serviço voluntário, a exemplo de transporte, alimentação e uniformes, não descaracteriza a gratuidade do serviço voluntário. § 3º O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias, desde que expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário. Art. 58º O serviço voluntário que vier a ser prestado por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou instituição privada de fins não lucrativos, para os fins de que trata esta Lei, observará o disposto na Lei no 9.608, de 18 de fevereiro de 1998. Art. 59º (VETADO). Art. 60º (VETADO). Art. 61º Durante a realização dos Eventos, respeitadas as peculiaridades e condicionantes das operações militares, fica autorizado o uso de Aeródromos Militares para embarque e desembarque de passageiros e cargas, trânsito e

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estacionamento de aeronaves civis, ouvidos o Ministério da Defesa e demais órgãos do setor aéreo brasileiro, mediante Termo de Cooperação próprio, que deverá prever recursos para o custeio das operações aludidas. Art. 62º As autoridades aeronáuticas deverão estimular a utilização dos aeroportos nas cidades limítrofes dos Municípios que sediarão os Eventos. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no art. 22 da Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980, à entrada de estrangeiro no território nacional fazendo uso de Aeródromos Militares. Art. 63º Os procedimentos previstos para a emissão de vistos de entrada estabelecidos nesta Lei serão também adotados para a organização da Jornada Mundial da Juventude - 2013, conforme regulamentado por meio de ato do Poder Executivo. Parágrafo único. As disposições sobre a prestação de serviço voluntário constante do art. 57 também poderão ser adotadas para a organização da Jornada Mundial da Juventude - 2013. Art. 64º Em 2014, os sistemas de ensino deverão ajustar os calendários escolares de forma que as férias escolares decorrentes do encerramento das atividades letivas do primeiro semestre do ano, nos estabelecimentos de ensino das redes pública e privada, abranjam todo o período entre a abertura e o encerramento da Copa do Mundo FIFA 2014 de Futebol. Art. 65º Será concedido Selo de Sustentabilidade pelo Ministério do Meio Ambiente às empresas e entidades fornecedoras dos Eventos que apresentem programa de sustentabilidade com ações de natureza econômica, social e ambiental, conforme normas e critérios por ele estabelecidos. Art. 66º Aplicam-se subsidiariamente as disposições das Leis nos 9.279, de 14 de maio de 1996, 9.609, de 19 de fevereiro de 1998, e 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Art. 67º Aplicam-se subsidiariamente às Competições, no que couber e exclusivamente em relação às pessoas jurídicas ou naturais brasileiras, exceto às subsidiárias FIFA no Brasil e ao COL, as disposições da Lei no 9.615, de 24 de março de 1998. Art. 68º Aplicam-se a essas Competições, no que couberem, as disposições da Lei no 10.671, de 15 de maio de 2003. § 1º Excetua-se da aplicação supletiva constante do caput deste artigo o disposto nos arts. 13-A a 17, 19 a 22, 24 e 27, no § 2º do art. 28, nos arts. 31-A, 32 e 37 e nas disposições constantes dos Capítulos II, III, VIII, IX e X da referida Lei. § 2º Para fins da realização das Competições, a aplicação do disposto nos arts. 2º-A, 39-A e 39-B da Lei nº 10.671, de 15 de maio de 2003, fica restrita às pessoas jurídicas de direito privado ou existentes de fato, constituídas ou sediadas no Brasil. Art. 69º Aplicam-se, no que couber, às Subsidiárias FIFA no Brasil e ao COL, as disposições relativas à FIFA previstas nesta Lei.

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Art. 70º A prestação dos serviços de segurança privada nos Eventos obedecerá à legislação pertinente e às orientações normativas da Polícia Federal quanto à autorização de funcionamento das empresas contratadas e à capacitação dos seus profissionais. Art. 71º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Parágrafo único. As disposições constantes dos arts. 37 a 47 desta Lei somente produzirão efeitos a partir de 1o de janeiro de 2013. Brasília, 5 de junho de 2012; 191o da Independência e 124o da República. Lei nº 17551 DE 30/04/2013 Norma Estadual - Paraná Publicado no DOE em 30 abr 2013 Dispõe sobre as medidas relativas à Copa das Confederações FIFA 2013 e à Copa do Mundo FIFA 2014. A Assembléia Legislativa do Estado do Paraná decretou e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre as medidas relativas à Copa das Confederações FIFA 2013, à Copa do Mundo FIFA 2014 e aos Eventos relacionados que serão realizados no Estado do Paraná. Art. 2º. Para os fins desta Lei serão observadas as seguintes definições: I - Fédération Internationale de Football Association - FIFA: associação suíça de direito privado, entidade mundial que regula o esporte de futebol de associação e suas subsidiárias não domiciliadas no Brasil; II - Subsidiária FIFA no Brasil: pessoa jurídica de direito privado, domiciliada no Brasil, cujo capital social total pertence à FIFA; III - Copa do Mundo FIFA 2014 - Comitê Organizador Brasileiro Ltda. - COL: pessoa jurídica de direito privado, reconhecida pela FIFA, constituída sob leis brasileiras com o objetivo de promover a Copa das Confederações FIFA 2013 e a Copa do Mundo FIFA 2014, bem como os Eventos relacionados; IV - Confederação Brasileira de Futebol - CBF: associação brasileira de direito privado, sendo a associação nacional de futebol no Brasil; V - Competições: a Copa das Confederações FIFA 2013 e a Copa do Mundo FIFA 2014; VI - Eventos: as Competições e as seguintes atividades relacionadas, oficialmente organizadas, chanceladas, patrocinadas ou apoiadas pela FIFA, Subsidiárias FIFA no Brasil, COL ou CBF: a) os congressos da FIFA, cerimônias de abertura, encerramento, premiação e outras cerimônias, sorteio preliminar, final e quaisquer outros sorteios, lançamentos de mascote e outras atividades de lançamento;

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b) seminários, reuniões, conferências, workshops e coletivas de imprensa; c) atividades culturais, concertos, exibições, apresentações, espetáculos ou outras expressões culturais, bem como os projetos Futebol pela Esperança (Football for Hope) ou projetos beneficentes similares; d) Partidas de futebol e sessões de treino; e) outras atividades consideradas relevantes para a realização, organização, preparação, marketing, divulgação, promoção ou encerramento das Competições. VII - Períodos de Competição: espaço de tempo compreendido entre o 20º (vigésimo) dia anterior à realização da primeira Partida e o 5º (quinto) dia após a realização da última Partida de cada uma das Competições; VIII - Prestadores de Serviços da FIFA: pessoas jurídicas licenciadas ou autorizadas, com base em relação contratual, para prestar serviços relacionados à organização e à produção dos Eventos, tais como: a) coordenadores da FIFA na gestão de acomodações, de serviços de transporte, de programação de operadores de turismo e dos estoques de Ingressos; b) fornecedores da FIFA de serviços de hospitalidade e de soluções de tecnologia da informação; c) outros prestadores licenciados ou autorizados pela FIFA para a prestação de serviços ou fornecimento de bens. IX - Parceiros Comerciais da FIFA: pessoas jurídicas licenciadas ou autorizadas com base em qualquer relação contratual, em relação aos Eventos, bem como os seus subcontratados, com atividades relacionadas aos Eventos, excluídas as entidades referidas nos incisos III, IV e VII a X; X - Locais Oficiais de Competição: locais oficialmente relacionados às Competições, tais como estádios, centros de treinamentos, centros de mídia, centros de credenciamento, áreas de estacionamento, áreas para a transmissão de Partidas, áreas oficialmente designadas para atividades de lazer destinadas aos fãs, bem como qualquer local no qual o acesso seja restrito aos portadores de credenciais emitidas pela FIFA ou de Ingressos; XI - Partida: jogo de futebol realizado como parte das Competições; XII - Ingressos: documentos ou produtos emitidos pela FIFA que possibilitem a entrada em um Evento, inclusive pacotes de hospitalidade e similares. CAPÍTULO II DO CONTROLE DE ENTRADA E DA PERMANÊNCIA NOS LOCAIS OFICIAIS DE COMPETIÇÃO Art. 3º. O acesso e a permanência nos Locais Oficiais de Competição durante os Períodos de Competição serão restritos às pessoas autorizadas pela FIFA. § 1º A FIFA tornará públicas, até 3 (três) meses antes do início de cada Evento, todas as restrições e condições que definir, nos termos do caput, com respeito ao controle de entrada e permanência de pessoas nos Locais Oficiais de Competição. § 2º Não se aplicam aos Eventos quaisquer normas estaduais que disponham sobre o controle de entrada e permanência de pessoas nos Locais Oficiais de Competição, inclusive aquelas que disponham sobre acesso preferencial e outros benefícios atribuídos a grupos especiais de pessoas. CAPÍTULO III DAS CONDIÇÕES DE OFERTA E COMERCIALIZAÇÃO DE INGRESSOS

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Art. 4º. Não se aplicam aos Eventos quaisquer normas estaduais que disponham sobre produção, distribuição e comercialização dos Ingressos, bem como as informações que devam neles constar e as medidas de segurança para fins de combate à falsificação. Art. 5º. Nenhuma norma estadual que conceda gratuidade, redução de preço, meia-entrada ou qualquer outra forma de subvenção a consumidores será aplicável sobre os preços dos Ingressos. Parágrafo único. Inclui-se no disposto no caput qualquer norma estadual que disponha sobre a reserva de quantidade absoluta ou percentual de Ingressos para quaisquer categorias de pessoas, seja para distribuição gratuita, venda preferencial ou a preço reduzido. Art. 6º. Nenhum direito relacionado a cadeiras cativas, cabines, camarotes, tribunas ou outras instalações semelhantes que tenham sido objeto de concessão, permissão ou autorização pelo Poder Público, será aplicável aos Eventos. § 1º Durante os Períodos de Competição, os Locais Oficiais de Competição, em especial os estádios onde sejam realizados os Eventos, deverão estar totalmente disponíveis, livres e desembaraçados, inclusive quanto ao uso de seus assentos. § 2º A FIFA poderá vender Ingressos para os locais mencionados no caput sem prévia autorização do Poder Público ou do concessionário, permissionário ou autorizatário, e sem que lhes sejam devidas qualquer remuneração ou indenização. § 3º Exceto pelos torcedores que, em decorrência de lei ou de decisão de autoridade competente, sejam impedidos de comparecer a Eventos esportivos, o Poder Público e o concessionário, permissionário ou autorizatário não poderão impedir ou de qualquer forma obstaculizar o acesso aos Locais Oficiais de Competição aos torcedores que detenham os Ingressos a que se refere o § 2º deste artigo, sob pena de responderem por perdas e danos ao detentor do Ingresso e à FIFA, bem como ao Poder Público, se for o caso. CAPÍTULO IV DA SEGURANÇA NOS LOCAIS OFICIAIS DE COMPETIÇÃO Art. 7º. A segurança nos Locais Oficiais de Competição, nas suas imediações e principais vias de acesso, nos aeroportos, hotéis e centros de treinamento localizados no Estado do Paraná e as medidas de prevenção de acidentes ou incidentes de segurança de qualquer tipo, inclusive nos dias de Partida, será realizada, sem custos para a FIFA e para o COL, pelos poderes públicos competentes, não sendo aplicáveis aos Eventos quaisquer normas estaduais que disponham em sentido diverso, inclusive as que exijam a contratação de seguros de quaisquer espécies. § 1º O plano de segurança, a ser acordado entre a FIFA e os poderes públicos competentes, poderá contemplar o uso de segurança privada, a ser paga pela FIFA ou pelo COL, nos estádios onde se realizam os Eventos. § 2º O caput deste artigo aplica-se igualmente a normas estaduais que disponham sobre o dever de manter, nos Locais Oficiais de Competição, ambulância, médicos, equipes e equipamentos de socorro a emergências, cabendo à FIFA e às autoridades competentes decidirem sobre o tema. CAPÍTULO V

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DO CONSUMO E COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS, BEBIDAS E PRODUTOS NOS LOCAIS OFICIAIS DE COMPETIÇÃO Art. 8º. Não se aplicam aos Eventos quaisquer normas estaduais que disponham sobre a divulgação de marcas, distribuição, venda, publicidade, ou propaganda de produtos e serviços, bem como outras atividades promocionais ou de comércio de rua, consumo de mercadorias, alimentos e bebidas no interior dos Locais Oficiais de Competição, nas suas imediações e principais vias de acesso, inclusive as que proíbem o consumo de bebidas alcoólicas. CAPÍTULO VI DA PUBLICIDADE NOS LOCAIS OFICIAIS DE COMPETIÇÃO E DEMAIS ESTABELECIMENTOS Art. 9º. Não se aplicam aos Eventos quaisquer normas estaduais que disponham sobre veiculação de propaganda, dever de informar, campanhas de conscientização ou publicidade, de caráter institucional ou não, nos Locais Oficiais de Competição, imediações, inclusive as zonas de restrição e principais vias de acesso a tais locais. § 1º O disposto no caput aplica-se igualmente às regras referentes à veiculação de publicidade, a todo e qualquer bem público ou a qualquer bem privado que venha a ser cedido, locado ou de qualquer forma utilizado pela FIFA, pela imprensa ou por qualquer pessoa física ou jurídica relacionada às Competições. § 2º Permanecem aplicáveis as regras estaduais que vedem a colocação de qualquer forma de publicidade ou propaganda que possa colocar em risco a segurança do trânsito nas vias públicas, estradas e rodovias, ou que promova ou incite qualquer forma de discriminação racial, sexual ou religiosa. Art. 10º. O Poder Público cooperará com a FIFA no combate a qualquer ilícito ou tentativa de violação ao disposto nos arts. 8º ou 9º, bem como aos direitos da propriedade intelectual relacionados aos Eventos, tais como marcas, símbolos, expressões e mascotes que caracterizem a FIFA ou os Eventos. § 1º O Poder Público criará, a pedido da FIFA, um comitê estadual, composto por membros dos departamentos e agências relevantes do Estado, que se reunirá a cada seis meses, ou em periodicidade menor, se necessário, para fins de revisar a implementação de aperfeiçoamentos e iniciativas, visando proteger os direitos mencionados no caput. § 2º As autoridades competentes do Estado ficam autorizadas, no exercício do poder de polícia, a tomar medidas para garantir a proteção dos direitos mencionados no caput podendo, inclusive, confiscar materiais relacionados à violação. Art. 11º. O Poder Público, no âmbito de sua competência, cooperará com a FIFA, investigando e combatendo as práticas publicitárias e comerciais que, sem a prévia aprovação da FIFA, visem tirar proveito econômico, mercadológico ou de imagem sobre os Eventos. CAPÍTULO VII DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

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Art. 12º. Para os fins previstos nesta Lei a FIFA fornecerá à Secretaria de Estado para Assuntos da Copa do Mundo 2014 lista contemplando os Prestadores de Serviços da FIFA, os Parceiros Comerciais da FIFA e as Subsidiárias FIFA no Brasil. Art. 13º. Durante os Períodos de Competição, as entidades públicas ou privadas que administram os estádios onde serão realizadas Partidas deverão, caso a FIFA solicite, alterar temporariamente os nomes de tais estádios, adotando os nomes indicados pela FIFA. § 1º Os nomes temporários adotados para os Estádios na forma do caput deverão ser utilizados para quaisquer fins relacionados aos Eventos. § 2º Durante os Períodos de Competição fica vedado o uso dos nomes temporários adotados para os estádios na forma do caput pelas entidades públicas ou privadas a quem pertençam tais estádios ou por aquelas que os administram, pelos clubes a eles associados e por pessoas por eles licenciadas. § 3º O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos nomes originais dos estádios quando usados para fins associados aos Eventos com o objetivo de obter vantagem econômica, comercial ou de imagem. Art. 14º. Antes de cada Partida será executado o hino nacional das duas seleções participantes, que também terão suas bandeiras nacionais hasteadas no respectivo Local Oficial de Competição. Parágrafo único. Não serão aplicáveis às Competições normas estaduais que disponham sobre formalidades a serem seguidas antes de Eventos desportivos, inclusive aquelas prevendo a obrigatoriedade de execução de outros hinos. Art. 15º. Aplicam-se, no que couber, às Subsidiárias FIFA no Brasil as disposições relativas à FIFA previstas nesta Lei. Art. 16º. O Governador do Estado poderá declarar feriados os dias que ocorrerem os Eventos em seu território. Art. 17º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação e vigorará até 31 de dezembro de 2014. Palácio do Governo, em 30 de abril de 2013. Carlos Alberto Richa Governador do Estado Mario Celso Cunha Secretário Especial para Assuntos da Copa do Mundo de Futebol de 2014 Cezar Silvestri Secretário de Estado de Governo PLENÁRIO CERTIDÃO DE JULGAMENTO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.976

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PROCED. : DISTRITO FEDERAL RELATOR : MIN. RICARDO LEWANDOWSKI REQTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) : PRESIDENTE DA REPÚBLICA ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO INTDO.(A/S) : CONGRESSO NACIONAL ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO CERTIFICO que o PLENÁRIO, ao apreciar o processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: Decisão : O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou improcedente a ação direta, vencido, parcialmente, o Ministro Joaquim Barbosa (Presidente). Falaram, pelo Ministério Público Federal, o Dr. Rodrigo Janot Monteiro de Barros, Procurador-Geral da República, e, pela Advocacia-Geral da União, o Ministro Luís Inácio Lucena Adams. Plenário, 07.05.2014. Presidência do Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Presentes à sessão os Senhores Ministros Celso de Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Rosa Weber, Teori Zavascki e Roberto Barroso. Procurador-Geral da República, Dr. Rodrigo Janot Monteiro de Barros. p/ Luiz Tomimatsu Assessor-Chefe do Plenário