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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ RAFAEL MOREIRA GOMES MEIOS DE IMPUGNAÇÃO AO PRONUNCIAMENTO JURISDICIONAL QUE SOBRESTA RECURSO ESPECIAL CURITIBA 2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

RAFAEL MOREIRA GOMES

MEIOS DE IMPUGNAÇÃO AO PRONUNCIAMENTO JURISDICIONAL

QUE SOBRESTA RECURSO ESPECIAL

CURITIBA

2012

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RAFAEL MOREIRA GOMES

MEIOS DE IMPUGNAÇÃO AO PRONUNCIAMENTO JURISDICIONAL

QUE SOBRESTA RECURSO ESPECIAL

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Direito. Orientador: Prof. Msc. Rafael Knorr Lippmann.

CURITIBA

2012

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TERMO DE APROVAÇÃO

RAFAEL MOREIRA GOMES

MEIOS DE IMPUGNAÇÃO AO PRONUNCIAMENTO JURISDICIONAL

QUE SOBRESTA RECURSO ESPECIAL

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para a obtenção do grau de bacharel no curso de direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 6 de julho de 2012.

Bacharelado em Direito Faculdade de Ciências Jurídicas Universidade Tuiuti do Paraná

Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite Coordenador do Núcleo de Monografias

Universidade Tuiuti do Paraná – FACJUR

Orientador: Prof. Msc.Rafael Knorr Lippmann Universidade Tuiuti do Paraná – FACJUR

Prof. André Luiz Baüml Tesser Universidade Tuiuti do Paraná – FACJUR

Prof (a). Danielli Weber Santos Costi Universidade Tuiuti do Paraná – FACJUR

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À Deus e a minha esposa

Maria Iracema Pinheiro Borges

que mesmo não sendo entendida de

ciências jurídicas me deu lições de

procedimentos e de comportamento.

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AGRADECIMENTOS

A minha gratidão é dirigida a todas as pessoas que no decorrer da minha

vida, influenciaram minha postura em se dedicar aos estudos e chegar à conclusão

do curso superior de Direito.

Especialmente, a minha família, que compreende a minha mãe Maria Nilde

Pereira Gomes ao meu pai Osvaldo Moreira Gomes, às minhas irmãs Joice Moreira

Gomes e Josiane Moreira Gomes e especialmente a minha esposa Maria Iracema

Pinheiro Borges, que tanto me apoiaram.

A sensibilidade e humildade que para minha alegria tive a oportunidade de

contar, embora nos últimos momentos dos professores Oswaldo Pacheco Lacerda

Neto, Rosane Kolotelo Wendpap, Dra. Maria Antonia de Souza e Teresa Cristina

Noronha, pessoas estas que imoderadamente me apoiaram.

Também sou grato aos doutrinadores Dr. Sérgio Cruz Arenhart e Dra.

Teresa Arruda Alvim Wambier e ao professor André Luiz Baüml Tesser que foram

diligentes nas sugestões doutrinárias.

Agradeço, ainda, ao meu orientador professor Mestre Rafael Knorr

Lippmann, que com inteligência e paciência incentivou e aclarou minhas dúvidas

para elaboração deste trabalho.

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é pontuar os meios possíveis para impugnar o pronunciamento que indevidamente sobresta recurso especial, com o procedimento disposto no artigo 543-C, do código de processo civil. A escolha do tema justifica-se pelo fato de não haver previsão legal de meio para impugnar o referido pronunciamento, haja vista a sua natureza jurídica e a jurisprudência que em sua maioria entende ser irrecorrível, no entanto, existem alguns meios que pelos seus requisitos podem ser utilizados para este fim, quais sejam, simples petição, medida cautelar, agravo do artigo 544 do código de processo civil, embargos de declaração e agravo interno. Os objetivos específicos resumem-se a: pontuar as hipóteses de cabimento do recurso especial e seus requisitos, pontuar os procedimentos do recurso especial e do recurso especial repetitivo, analisar a natureza jurídica do pronunciamento que determina o sobrestamento do recurso especial, analisar os meios cabíveis para impugná-lo, trazer as principais referências doutrinárias de correntes diversas sobre o assunto, traçar o rol de meios para este fim e trazer uma análise da doutrina e jurisprudência acerca do tema. Os procedimentos metodológicos foram análise de documentos como legislação, jurisprudência e súmulas; estudo bibliográfico de obras e artigos científicos. Dentre os resultados destacam-se a variabilidade de possíveis meios para impugnar o sobrestamento indevido do recurso especial repetitivo, os quais foram analisados na pesquisa delineada neste trabalho.

Palavras-chave: recurso especial, sobrestado, desobstrução, meios para impugnar.

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LISTA DE SIGLAS

CF Constituição da República Federativa do Brasil

CPC Código de Processo Civil Brasileiro

RE Recurso Extraordinário

RESP Recurso Especial

STF Supremo Tribunal Federal

STJ Superior Tribunal de Justiça

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 8

2 RECURSO ESPECIAL ................................................................................... 10

2.1 REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE ........................................................... 10

2.1.1 Cabimento ...................................................................................................... 10

2.1.2 Legitimidade ................................................................................................... 15

2.1.3 Interesse recursal ........................................................................................... 16

2.1.4 Inexistência de fato impeditivo ou extintivo ..................................................... 16

2.1.5 Tempestividade .............................................................................................. 17

2.1.6 Preparo ........................................................................................................... 18

2.1.7 Prequestionamento ......................................................................................... 19

2.1.8 Exaurimento das vias recursais ...................................................................... 20

2.2 PROCEDIMENTO DO RECURSO ESPECIAL ............................................... 20

2.3 PROCEDIMENTO DO RECURSO ESPECIAL REPETITIVO ......................... 22

3 PRONUNCIAMENTO QUE SOBRESTA O RECURSO ESPECIAL .............. 27

3.1 DISTINÇÃO ENTRE DESPACHO E DECISÃO INTERLOCUTÓRIA ............. 27

3.2 NATUREZA JURÍDICA DO PRONUNCIAMENTO QUE DETERMINA O

SOBRESTAMENTO DO RECURSO ESPECIAL ...................................................... 29

3.3 DESPACHO COMO PRONUNCIAMENTO IRRECORRÍVEL ........................ 30

3.4 O SOBRESTAMENTO INDEVIDO DO RECURSO ESPECIAL ...................... 31

4 MEIOS DE IMPUGNAÇÃO AO SOBRESTAMENTO DO RECURSO

ESPECIAL ................................................................................................................ 33

4.1 SIMPLES PETIÇÃO........................................................................................ 33

4.2 MEDIDA CAUTELAR ...................................................................................... 34

4.3 AGRAVO DO ARTIGO 544 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ................. 37

4.4 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ................................................................... 40

4.5 AGRAVO INTERNO ....................................................................................... 41

5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 43

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 48

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1 INTRODUÇÃO

O artigo 496 do código de processo civil brasileiro dispõe taxativamente os

seguintes recursos: apelação, agravo, embargos infringentes, embargos de

declaração, recurso ordinário, recurso especial, recurso extraordinário, embargos de

divergência em recurso especial e em recurso extraordinário. Embora, o sistema

jurídico abarque um rol de recursos possíveis, há pronunciamentos jurisdicionais que

não dispõem de meio legal para impugná-los.

A lei nº 11.672/2008 incluiu no CPC o art. 543-C que trata do procedimento

para os recursos especiais repetitivos, a finalidade deste procedimento foi, em suma,

a economia processual, evitando-se a subida dos recursos especiais, represando-os

provisoriamente no tribunal de origem até julgamento do STJ.

Todavia, em meio ao novo procedimento surgiu uma problematização no

procedimento, qual seja quando um recurso especial é indevidamente sobrestado

por não fazer referência com a questão discutida no recurso paradigma.

A despeito disso, quando o jurisdicionado tem seu recurso especial

sobrestado indevidamente no caso do art. 543-C do CPC qual meio adequado para

desobstruir o referido recurso?

A motivação deste trabalho surgiu pela ausência de previsão legal de meio

para impugnar o referido pronunciamento, haja vista a sua natureza jurídica e a

jurisprudência que entende ser irrecorrível tal pronunciamento.

No entanto, a justificativa da análise deste tema é no sentido de que há

meios possíveis para se utilizar nestes casos, pois alguns meios que pelos seus

requisitos podem ser utilizados para este fim, quais sejam, simples petição, medida

cautelar, agravo do art. 544 do Código de Processo Civil, embargos de declaração e

agravo interno.

Neste contexto, este trabalho está organizado em 3 (três) capítulos:

O primeiro capítulo tem como objetivo analisar o recurso especial suas

hipóteses de cabimento e seus requisitos. Para delimitar a análise deste trabalho

são pontuados o procedimento comum do recurso especial e do recurso especial

repetitivo disposto no art. 543-C do CPC.

No segundo capítulo o objetivo é chegar à natureza jurídica do

pronunciamento que sobresta o recurso especial, para tanto é realizada a distinção

entre despacho e decisão interlocutória.

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Também é analisado o despacho como um pronunciamento irrecorrível,

objetivando identificar a utilização de meios possíveis para impugnar o

sobrestamento indevido do recurso especial.

Por fim, o terceiro capítulo traz as hipóteses de meios de impugnação ao

sobrestamento do recurso especial, e traça um rol de meios possíveis para

desobstruir o recurso especial, dentre os quais simples petição, medida cautelar,

agravo do art. 544 do CPC, embargos de declaração e agravo interno, meios estes

que podem, por seus requisitos, serem hábeis a impugnar o referido

pronunciamento.

Os procedimentos metodológicos foram análise de documentos como

legislação, jurisprudência, súmulas; e estudos bibliográficos de obras e artigos

científicos.

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2 RECURSO ESPECIAL

O objetivo deste capítulo é analisar o recurso especial no que concerne as

suas hipóteses de cabimento e requisitos de admissibilidade. Também, pontuar os

procedimentos comum do recurso especial e dos recursos especiais repetitivos.

Está análise visa traçar o caminho do recurso especial até seu

sobrestamento indevido.

2.1 REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE

O recurso especial deve conter, conforme art. 541 do CPC: I – exposição do

fato e do direito; II – a demonstração do cabimento do recurso interposto; III – as

razões do pedido de reforma da decisão recorrida. Entretanto, para que o recurso

especial seja admitido o recorrente deverá observar o preenchimento dos requisitos

intrínsecos e extrínsecos.

Segundo o posicionamento doutrinário de Medina e Wambier (2008, p. 153)

“requisitos intrínsecos são; cabimento, legitimidade, interesse recursal e inexistência

de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer. Já os requisitos extrínsecos são:

tempestividade, regularidade formal e preparo.”

2.1.1 Cabimento

O Superior Tribunal de Justiça analisa questões de direito, não cabendo a

ele o reexame de provas ou de fatos, segundo Didier e Cunha (2011, p. 302) o STJ

tem “a função de interpretar a legislação infraconstitucional, corrigindo ilegalidades

cometidas no julgamento de causas, em última ou única instância, pelos Tribunais

Regionais Federais e pelos Tribunais de Justiça.”.

O recurso especial está previsto no art. 496, inc. VI do CPC, e as hipóteses

de cabimento estão dispostas no art. 105, inc. III alíneas “a”, “b” e “c” da Constituição

Federal da República.

Pois bem, diferentemente dos demais recursos o recurso especial e

extraordinário são recursos constitucionais, sobre o recurso especial e extraordinário

entende a doutrina, no seguinte sentido,

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[...] a finalidade desses recursos é assegurar que a lei federal e a Constituição Federal – por serem normas que devem ter o mesmo teor e a mesma aplicabilidade em todo território nacional e para todas as causas –, sejam corretamente aplicadas e interpretadas por todos tribunais e juízes do país (MARINONI; ARENHART, 2012, p. 557).

Diante das considerações preliminares, levando em conta que as hipóteses

de cabimento do recurso especial estão dívidas no art. 105, inc. III, da Constituição

Federal (CF): a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar

válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei federal

interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal, passamos a

analisá-las separadamente.

Na alínea „a‟ do inc. III, do art. 105 da CF, que dispõe: “contrariar tratado ou

lei federal, ou negar-lhes vigência”, observa-se a proteção ao direito positivo federal,

no sentido de quando houver contrariedade ou negativa de vigência a tratado ou leis

federais, caberá recurso especial.

Pois bem, passamos a analisar o sentido pormenorizado do comando

contido no art. 105, inc. III, alínea „a‟, no que se refere ao termo „contrariar‟ é o que

não está de acordo com tratado ou lei federal, neste sentido ensina a doutrina,

[...] contrariar é mais abrangente do negar vigência. [...] supõe toda e qualquer forma de ofensa ao termo legal, quer deixando de aplicá-lo às hipóteses que a ele deve subsumir-se, que aplicando-o de forma errônea ou, ainda, interpretando-o de modo não adequado e diferente da interpretação correta, no sentido do órgão responsável pelo controle ao respeito e pela uniformização do direito federal. (PINTO, 2002, p. 179-180)

No entanto, observa-se que “contrariar” um tratado ou uma lei federal é mais

gravoso do que “negar vigência”, neste sentido entende Didier e Cunha (2011, p.

304) “contraria um texto é mais do negar-lhe vigência. Em primeiro lugar, a extensão

daquele termo é maior, chegando mesmo a abarcar a certos respeitos, o outro;

segundo, a compreensão dessas alocuções é diversa.”. [grifo do autor]

Os tratados segundo entendimento doutrinário de Mancuso (2003, p. 195)

“traduz relações do governante com outros governantes (relações horizontais, entre

pessoas coordenadas) enquanto a lei e o decreto traduzem relações do governo

com seus súditos (relações verticais, entre subordinantes e subordinados).”.

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Quanto à disposição do “tratado” no art. 105, inc. III, alínea „a‟, entende a

doutrina no seguinte sentido, confira-se:

O tratado comparece no Direito Brasileiro sob inúmeras designações: convenções, ajuste, pactos, em relação a assuntos religiosos com nome de concordata, mas sempre deverá ter o mesmo tratamento da lei federal. Assim quando nega vigência ao tratado, se esta negando vigência igualmente a norma federal. (MANCUSO, 2003, p. 195)

Entretanto, no direito brasileiro os tratados seguem para ratificação do

Congresso Nacional, e após tornam-se lei, nesta esteira entende a doutrina sobre o

assunto,

os tratados e convenções são celebrados pelo Poder Executivo; assim, para que tenham validade no Brasil, necessitam de ratificação pelo Congresso Nacional (Poder Legislativo). Ora, elaborada esta ratificação, torna-se lei, e, portanto, desnecessária a menção no art. 105, III, a, da Constituição Federal. (NEGRÃO, 1997, p. 30)

Quanto à disposição de “lei federal” no art. 105, inc. III, alínea „a‟, a doutrina

ensina no seguinte sentido, veja-se:

Lei federal, para efeito de cabimento de recurso especial, é expressão que engloba os seguintes diplomas: a) lei complementar federal; b) lei ordinária federal; c) lei delegada federal; d) decreto-lei federal; e) medida provisória federal; f) decreto autônomo federal. (DIDIER; CUNHA, 2011, p. 305)

Portanto, incabível recurso especial por ofensa aos demais atos, diplomas,

instrumentos normativos, portarias, instruções normativas, resoluções, decreto

legislativo e parecer normativo.

Já na hipótese de cabimento da alínea „b‟, inc. III, do art. 105, da CF, que

dispõe: “julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal” se

define quando um acórdão que julga válido ato do poder executivo local contestado

em face de lei federal, a esse respeito o entendimento da doutrina é no seguinte

sentido,

O acórdão deve julgar válida lei ou ato do governo local contestado em face de lei federal. Esta situação é uma espécie negativa de vigência ou contrariedade à lei federal. Se a decisão recorrida afirmou a validade de lei ou ato local (entenda-se estadual ou municipal) que está confrontado com norma federal é porque deixou de aplicá-la. Prevalecendo o ato ou a lei local é porque foi afastada a federal, dai o cabimento do recurso. (GRECO FILHO, 2002, p. 208)

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A interpretação da alínea „b‟ não traz muita clareza numa primeira análise

diante da dubiedade de entendimento que pode vir à tona, a este respeito esclarece

a doutrina no seguinte sentido,

[...] alínea b do art. 105, III, da CF não exsurge muito claro à primeira vista, mas o que o constituinte quis dizer pode ser visto de duas em duas hipóteses: a) a decisão teve por inválidos ato ou leis locais, no confronto entre aqueles textos e uma lei federal; essa hipótese afasta o recurso especial porque aí não se contrariou nem se negou vigência a uma lei federal contrastada com textos locais, mas, ao contrário, a decisão terá privilegiado a norma federal; b) a decisão julgou válida (entenda-se: fundou-se em) lei ou ato de governo local, descartando a alegação de que estes textos afrontavam a lei federal. Aqui, sim, surge a “questão federal”, porque privilegiou-se a normação local em detrimento da federal, e então se admite o recurso especial para que o STJ verifique se a opção feita no julgado recorrido estava correta ou se o afastamento da lei federal na espécie foi equivocado. (MANCUSO, 2003, p. 218) [grifo do autor]

Por fim, a alínea „c‟, inc. III, do art. 105, da CF, dispõe: “der a lei federal

interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal”. Esta terceira

hipótese dá cabimento ao recurso especial quando houver divergência

jurisprudencial, conforme entendimento do doutrinador Wambier, L., (2010, p. 692)

neste caso “o recurso especial se presta a uniformizar a jurisprudência

(entendimento dos tribunais acerca do direito posto) dos Estados, para que alei

federal não seja interpretada de modo diverso em diferentes Estados”.

Vale observar que no caso do art. 105, inc. III, alínea “c” da constituição

federal, o que se pretende com o recurso especial é a demonstração de fundamento

autônomo extrínseco ao julgado, nesta esteira segue entendimento doutrinário,

No caso da alínea c daquele dispositivo, o recorrente não lamenta um vício de atividade (error in procedendo) ou de avaliação jurídica (erro in iudicando), mas aponta fundamento autônomo – e extrínseco do julgado – qual seja a contingencia deste se apresentar divergente de acórdão (s) de outro (s) Tribunal (is), assim dando o mote ao STJ para emitir a última voz sobre a controvérsia, como guardião do Direito Federal, comum (MANCUSO, 2001, p. 290) [grifo do autor].

Para tanto, o recorrente deve demonstrar a divergência entre o acórdão

recorrido e o paradigma, devendo juridicamente e documentalmente demonstrar a

divergência, neste sentido entende a doutrina que,

[...] a nova redação do parágrafo único do art. 541, entretanto, passa-se a autorizar que a demonstração da divergência se dê também através de citação de mídia eletrônica, em que tiver sido publicada a decisão

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divergente, ou ainda pela reprodução de julgado disponível na internet, com indicação da respectiva fonte. Com esta alteração, torna-se possível a citação de decisões proferidas por outros Tribunais extraídas das páginas que os mesmos mantêm na internet. (WAMBIER, 2008, p. 265-266)

Nos casos em que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tenha se

firmado no mesmo sentido do acórdão recorrido, não caberá o recurso especial pela

divergência jurisprudencial, pois o objeto do recurso dever ser quanto às

divergências atuais.

Quando houver divergência jurisprudencial no mesmo tribunal, não será

cabível recurso especial, sendo admissível, neste ponto, somente se for divergência

entre tribunais diferentes, conforme Súmula nº 131 do Superior Tribunal de Justiça

confira-se: “a divergência entre julgados do mesmo tribunal não enseja recurso

especial”. Neste aspecto, quando de fato ocorrer divergência no mesmo tribunal, há

meio para a irresignação, conforme entendimento doutrinário a seguir,

A divergência jurisprudencial, outrossim, precisa ocorrer no âmbito de Tribunais diversos porque não há, a não ser pelo próprio recurso especial, meio de uniformizar a jurisprudência. Se a divergência for constatada no âmbito do mesmo Tribunal, o mecanismo de atingimento daquela finalidade é o incidente de “uniformização de jurisprudência”, disciplinado pelos art. 476 a 479, ou ainda, a medida a que se refere o § 1º do art. 555. Tribunais diversos, contudo, não devem ser entendidos como Tribunais que se localizem em Estados diversos. Para fins do recurso especial fundamentado na letra “c” do art. 105, da Constituição Federal, é apta a divergência, desde que devidamente demonstrada no caso concreto entre órgãos dos Tribunais de Justiça localizados nas capitais em que se encontra cada um dos cinco Tribunais Regionais Federais (BUENO, 2008, p. 274).

Quanto à possibilidade de demonstrar a divergência através do “cotejo

analítico” o artigo 255, §2º, do Regimento Interno do STJ, dispõe: “[...] o recorrente

deverá transcrever os trechos dos acórdãos que configurem o dissídio, mencionando

as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.”.

Portanto, no momento da confecção do recurso especial o julgado paradigma deve

ser comentado e comparado com o julgado recorrido, e não somente transcrito na

peça processual, neste sentido posiciona-se a jurisprudência:

[...] o tema discutido no acórdão hostilizado não pode ser comparado com simples trechos de decisões que enveredam pela convergência, mas que apontam pela perfeita similitude do caso em apreço, o que não configura

1 Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 13. Corte Especial. Brasília. Julgado em 08/11/1990.

http://www.stj.jus.br/SCON/sumulas/toc.jsp?livre=@docn&tipo_visualizacao=RESUMO&menu=SIM.

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analogia às matérias apreciadas nos julgados apresentados como paradigmas, bastando, para tanto, comparecerem-se as decisões. [...] O conhecimento do recurso especial pela alínea c do permissivo constitucional exige a demonstração da alegada divergência na forma dos arts. 541 do CPC e 255 do RISTJ, isto é, com o cotejo analítico dos julgados, indicando-se as circunstâncias de fato e de direito que os assemelhem ou identificam. Na hipótese dos autos, inexiste similitude fática entre o acórdão recorrido e os paradigmas.

2

Por fim, conforme delineado acima, na hipótese de cabimento da alínea „c‟ o

jurisdicionado deve demonstrar a divergência, nos moldes discorridos acima, com

acórdãos atuais e de tribunais distintos.

2.1.2 Legitimidade

A legitimidade para interpor recurso especial é da parte vencida, do terceiro

prejudicado e do Ministério Público, conforme art. 499 do CPC, necessário também

que o interessado tenha interesse em modificar o acórdão, neste sentido é a

jurisprudência,

[...] A legitimidade para recorrer (assim como o interesse) constitui requisito de admissibilidade dos recursos, razão pela qual não se revelam cognoscíveis os embargos de declaração opostos por quem não seja parte vencida ou terceiro prejudicado, à luz do disposto no artigo 499, do CPC. [...]

3

O advogado apesar de não estar indicado no rol do art. 499 do CPC entende

o Superior Tribunal Justiça que enquadra como terceiro interessado, especialmente

para tratar de suas verbas honorárias,

[...] PEDIDO DE MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. LEGITIMIDADE RECURSAL DO CAUSÍDICO. [...] 2. In casu, constata-se a presença dos requisitos de admissibilidade, inclusive o prequestionamento, ma vez que Tribunal de origem, efetivamente, enfrentou a matéria objeto do Recurso Especial, qual seja, a legitimidade do advogado para, em nome próprio, apelar da sentença que estipulou os honorários advocatícios. 3. É entendimento pacifico desta Corte Superior que o causídico temlegitimidade para recorrer da decisão judicial relativa à verba honoRária.Precedentes. 4. Agravo Regimental desprovido.

4

2 Recurso especial nº 442540. 1ª turma. Relator: Ministro José Delgado. Brasília. Julgado em

17/09/2002. Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp. 3 É o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça nos Embargos de Declaração no Recurso

Especial nº 1143677. Corte Especial 4 Neste sentido julgou o Superior Tribunal de Justiça no Agravo Regimental nos Embargos de

Declaração no Agravo nº 1053257. 5ª turma.

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Portanto, a legitimidade para interpor recurso especial é um requisito

extrínseco de admissibilidade do recurso e caso não seja observado ocasionará na

inadmissibilidade do recurso especial.

2.1.3 Interesse recursal

Quando o recorrente verificar no acórdão recorrido a possibilidade de

melhorar a sua situação, no que se refere ao conteúdo do julgado, estará preenchido

o seu interesse recursal, segundo Medina e Wambier (2010, p. 173) “o interesse

recursal configura-se quando o recorrente pode esperar, em tese, uma situação

mais vantajosa com o julgamento do recurso”.

No entanto, considera-se que quando não há interesse recursal a parte que

obteve êxito no seu apelo, entretanto, poderá recorrer se verificar que mesmo

vencedora poderá, ainda, majorar a sua vantagem com o julgamento do recurso

especial, neste sentido entende a jurisprudência,

[...] O recurso só pode ser conhecido se o recorrente tiver interesse recursal. Tal requisito de admissibilidade está consubstanciado no binômio utilidade-necessidade. Isso significa que o recurso só poderá ser conhecido se puder trazer ao recorrente algum resultado prático, útil. Não serve, portanto, para a simples discussão de teses jurídicas

5 [...].

Contudo, o interesse recursal é mais um requisito extrínseco de

admissibilidade do recurso especial, devendo ser demonstrado na fundamentação

do recurso sob pena de inadmissibilidade.

2.1.4 Inexistência de fato impeditivo ou extintivo

Ainda nos pressupostos de admissibilidade extrínsecos do recurso especial

a inexistência de fato impeditivo é entendido como a desistência do recurso após a

sua interposição, quando ainda não se interpôs o recurso e a parte aceita a decisão

nos seus termos entende-se como fato extintivo do direito de recorrer, neste sentido

posiciona-se a doutrina,

5 É o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça no Agravo Regimental no Recurso Especial nº

147035. 2ª turma.

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17

[...] considerados pela doutrina como extintivos do direito de recorrer são a renúncia ao recurso (CPC art. 502) e aquiescência expressa ou tácita à decisão (CPC, art. 503). Os fatos impeditivos, por sua vez, são a desistência do recurso (CPC, art. 501) ou da ação, o reconhecimento jurídico do pedido e a renúncia ao direito sobre o qual se funda a ação. (MEDINA; WAMBIER 2008, p. 96)

Neste contexto, quando a parte pretende praticar ato incompatível com outro

já praticado incorre em preclusão lógica, neste sentido entende Medina e Wambier

(2010, p. 96) que “enquadra-se na figura da preclusão lógica, pois a interposição do

recurso seria um ato incompatível com o anteriormente realizado”.

Por fim, caso esteja presente, conforme delineado acima, algum fato

extintivo ou impeditivo do direito de recorrer, o recurso especial não ultrapassará o

juízo de admissibilidade.

2.1.5 Tempestividade

Segundo Medina e Wambier (2008, p. 153) os requisitos extrínsecos são:

tempestividade, regularidade formal e preparo. O art. 508 do CPC dispõe o prazo de

15 dias para interposição do recurso especial e extraordinário.

Porém, existem situações em que se admitirá a suspensão, prorrogação ou

interrupção dos prazos recursais. O caso de prorrogação ocorre quando terminam

no final de semana ou em dias de feriado, nesse caso, será prorrogado para o

primeiro dia útil subsequente, conforme art. 184, § 1º do CPC. Um dos casos de

interrupção de prazo está previsto no art. 507 do CPC, no caso de morte da parte ou

do procurador, neste caso o prazo será restituído. No caso de feriados locais a parte

deve comprovar que de fato ocorreu o feriado, no momento da interposição do

recurso não admitindo comprovação posterior, neste sentido veja-se a

jurisprudência,

[...] A demonstração da tempestividade do recurso especial, em razão de feriado local, deve ser feita, no mínimo, com a singela menção do fato nas razões recursais, acrescida da inexistência de óbice processual no despacho de admissibilidade do recurso perante o Tribunal "a quo", conforme precedente do STF, da relatoria da Min. Ellen Gracie, no AI ED- AgR 621.929/PR, DJ 22.8.2008. 2. Precedente: EDcl no AgRg no Ag 1.054.151/SP, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 17.3.2009, DJe 14.4.2009. 3. Não se admite a juntada tardia de documento a fim de comprovar a

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tempestividade, ante o óbice da preclusão consumativa. Agravo regimental improvido.6

A comprovação é indispensável para se suspender o prazo recursal em

razão de feriado local, entretanto a comprovação deve ser no momento da

interposição do recurso sob pena de inadmissibilidade do mesmo. Entretanto, no

caso de feriado nacional a comprovação fica dispensada.

2.1.6 Preparo

O preparo do recurso especial também é um requisito extrínseco de

admissibilidade em caso de não observância o recurso será deserto, conforme art.

511 do CPC. As despesas processuais devem ser recolhidas conforme orientação

de resolução de cada Tribunal ao qual é dirigido o recurso7

Segundo o art. 112 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça,

“são devidas custas nos processos de sua competência originária e recursal, nos

termos da lei”.

E conforme disposição da Súmula 1878 do STJ: “É deserto o recurso

interposto para o Superior Tribunal de Justiça, quando o recorrente não recolhe, na

origem, a importância das despesas de remessa e retorno dos atos”.

Entretanto, nos casos em que a parte se enquadra nas condições da lei nº

1.060/50 e também as dispostas no art. 511, § 1º do CPC, haverá dispensa do

preparo do recurso.

O art. 511 do CPC determina que a comprovação do preparo deve ser no

ato da interposição do recurso, segundo Dinamarco (1997, p. 98), “esta norma deve

ser flexibilizada, pois se ainda estiver dentro do prazo de interposição, a

comprovação não precisa ser exatamente no momento da interposição”.

No entanto, o STJ decidiu no seguinte sentido sobre o tema “caso o recurso

seja interposto depois do horário bancário, as custas poderão ser comprovadas nos

autos no dia seguinte.”9

6 Neste sentido julgou o Superior Tribunal de Justiça no Agravo Regimental no Recurso Especial nº

1247390. 2ª turma. 7 Superior Tribunal de Justiça. Resolução nº 01/2011.

8 Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 187. Corte Especial. Brasília. Julgada em 21/05/1997.

http://www.stj.jus.br/SCON/sumulas/toc.jsp?livre=@docn&tipo_visualizacao=RESUMO&menu=SIM.

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19

2.1.7 Prequestionamento

O prequestionamento é um pressuposto que exige do recorrente a

demonstração da violação da norma federal que tenha sido arguida e apreciada pela

instância inferior, a esse respeito entende a doutrina que,

[...] o prequestionamento é requisito que deriva prima face do próprio efeito devolutivo dos recursos. Em síntese, somente poderá ser submetida à reapreciação do tribunal a matéria que foi previamente controvertida e decidida pelo órgão recorrido (ALBUQUERQUE, 1998, p. 88) [grifo do autor]

O conceito de prequestionamento tem várias concepções que são elencadas

pelos doutrinadores, neste sentido a doutrina sistematiza o prequestionamento da

seguinte forma,

Daí haver, na jurisprudência, diversas concepções do que se deve entender por prequestionamento. Grosso modo, podemos sistematizar tais entendimentos em três grupos: a) prequestionamento como manifestação expressa do Tribunal recorrido acerca de determinado tema; b) prequestionamento como debate anterior à decisão recorrida, acerca do tema, hipótese em que o mesmo é muitas vezes considerado como ônus atribuído à parte; c) a soma das duas tendências citadas, ou seja, prequestionamento como prévio debate acerca do tema de direito federal ou constitucional, seguido de manifestação expressa do Tribunal a respeito (MEDINA, 2009, p. 113-114). [grifos do autor]

Ademais, a doutrina entende por mais espécies de prequestionamento,

quais sejam, o implícito, quando o julgado não menciona o dispositivo legal violado,

o explícito, quando o dispositivo é mencionado, a esse respeito veja-se

entendimento doutrinário que traz as definições da seguinte forma,

O chamado de “prequestionamento explícito” quer significar que a “questão constitucional” e a “questão federal”, é dizer, a tese de direito constitucional ou de direito infraconstitucional, são claramente, objetivamente, palpavelmente, facilmente identificadas na decisão recorrida. O chamado “prequestionamento implícito”, diferente do “explicito” e com o “númerico”, significa que a decisão recorrida, não obstante dizer respeito a uma “questão constitucional” ou “questão federal”, vale insistir, a uma específica tese de direito constitucional ou de direito federal, não tão clara quanto a conformação e aos seus limites. A expressão amplamente consagrada na jurisprudência e nos usos e costumes do foro, quer descrever as causas em que o foi deixou de ser decidido não é claro quanto deveria ou poderia ser. (BUENO, 2008, p. 242-243-244)

9 Confira-se o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial nº 1122064.

Corte Especial.

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Ademais, a figura do prequestionamento ficto foi acolhida pela doutrina a

partir do entendimento de que existiam duas categorias de embargos de declaração,

segundo Medina (2009, p. 239) “os esclarecedores e os prequestionadores. Este

último interposto com o fim específico de transpor os óbices das Súmulas 282 e 356

do STF”.

Em conformidade com este entendimento após opostos os embargos

prequestionadores estaria aberta a via recursal para o recurso especial ou

extraordinário conforme o caso, segundo entendimento doutrinário de Medina (2009,

p. 248) “o requisito do prequestionamento, mesmo que o recurso de embargos de

declaração não fosse sequer conhecido. Para parte da doutrina ocorreria, no caso o

prequestionamento ficto” [grifo do autor]

Em alguns casos a simples interposição de embargos já supriria o requisito

do prequestionamento, segundo entendimento doutrinário de Didier e Cunha (2011,

p.220) “a simples interposição de embargos de declaração já seria o bastante, pouco

importa se suprida ou não a omissão, aplicando-se, literalmente, o disposto no

enunciado 356 do STF. Haveria ai o chamado prequestionamento ficto”.[grifos do

autor]

Portanto, em suma, o prequestionamento tem a finalidade de que o STJ se

manifeste acerca da questão federal violada, que foi discutida e apreciada na

instância inferior, sendo reconhecido o prequestionamento e os demais requisitos o

recurso especial será admitido.

2.1.8 Exaurimento das vias recursais

O recurso especial somente será cabível além dos requisitos tratados se,

forem exauridas as vias recursais ordinárias, a súmula 207 do STJ dispõe: “é

inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra acórdão

proferido no tribunal de origem”.

2.2 PROCEDIMENTO DO RECURSO ESPECIAL

O procedimento do recurso especial está previsto nos artigos 508 e 541 até

545, todos do código de processo civil. O prazo para interposição é de 15 (quinze)

dias, em petição dirigida ao presidente ou vice-presidente do tribunal “a quo”.

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A petição do recurso especial deve conter, conforme art. 541, e incs, a

exposição dos fatos e do direito, a demonstração do cabimento do recurso interposto

e as razões do pedido de reforma da decisão recorrida.

Ultrapassadas questões pontuadas, no tópico 2.1, a petição será recebida, e

o recorrido será intimado para contrarrazoar no prazo de 15 (quinze) dias. Com a

apresentação, ou não, os autos serão encaminhados à conclusão do presidente ou

vice-presidente do tribunal, para análise da admissibilidade do recurso especial,

conforme art. 542, §1º. Sobre a análise da admissibilidade afirma Kozikoski (2006, p.

368) “[...] o juízo de admissibilidade recursal é desdobrado, sendo realizado

provisoriamente pelo Tribunal Local e definitivamente pelo tribunal ad quem.”.

Segundo Oliveira (2002, p.345) “o pronunciamento que aprecia os requisitos

de admissibilidade do recurso especial caracteriza por decisão interlocutória,

devendo, nos termos do art. 93 inc. IX da CF, ser fundamentada, sob pena de

nulidade.”.

O art. 542, § 2º, preleciona que os recurso especial e extraordinário serão

recebidos no efeito devolutivo, todavia a doutrina se posiciona no seguinte sentido,

[...] a par da regra constitucional do acesso a justiça, a doutrina e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, desde que presente a plausibilidade do direito alegado no recurso e o perigo de ocorrência de dano irreparável ou de difícil reparação, têm aceito a propositura de ação cautelar, com o propósito de emprestar efeito suspensivo ao recurso especial ou suspender os efeitos da decisão recorrida. A competência para apreciação da ação cautelar tendente a conferir efeito suspensivo a recurso especial interposto é do Superior Tribunal de Justiça, podendo a medida liminar ser concedida pelo relator ad referendum do órgão colegiado competente. Aplicando-se o parágrafo único do art. 800 do CPC, interposto o recurso especial, a ação cautelar ou pedido de antecipação de tutela recursal deverá ser proposto diretamente perante o Superior Tribunal de Justiça. (OLIVEIRA, 2002, p. 346) [grifo do autor]

No mesmo sentido é a jurisprudência, confira-se:

[...] 1. O STJ tem entendido que a ação cautelar para dar efeito suspensivo ao recurso especial somente é da competência desta Corte após ter sido exercido, pelo Tribunal a quo, o juízo de admissibilidade. 2. Em situações excepcionalíssimas, sendo teratológica ou ilegal a decisão recorrida, este Tribunal tem admitido o exame de medidas cautelares, inclusive antes do juízo de admissibilidade pelo Tribunal de origem. Entretanto, a concessão de efeito suspensivo ao recurso especial (dotado em regra de efeito meramente devolutivo), deve obedecer à existência de fumus boni iuris e de periculum in mora.

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22

3. O fumus boni iuris consiste na plausibilidade de sucesso do recurso especial interposto, enquanto que o periculum in mora reside na existência de dano de impossível ou difícil reparação. [...]

10

No caso de admissão do recurso especial, os autos serão remetidos ao

Superior Tribunal de Justiça onde será realizado o juízo de admissibilidade definitivo,

pois o tribunal local analisa provisoriamente a admissibilidade, conforme Oliveira

(2002, p. 347) “juízo de admissibilidade feito pelo presidente ou vice-presidente do

tribunal local é sempre provisório, podendo o Superior Tribunal de Justiça examinar

a matéria referente à admissibilidade do recurso especial ex officio”.

Após o recurso especial será distribuído, e na sequencia o relator abrirá

vistas ao Ministério Público, se necessário, pelo prazo de vinte dias, pedirá dia para

julgamento, conforme art. 256 do Regimento Interno do STJ.

No julgamento do recurso especial será verificado preliminarmente, se é

cabível, e depois de decidida a preliminar pela negativa, a Turma não conhecerá do

recurso; se pela afirmativa, julgará a causa, aplicando o direito à espécie, conforme

art. 257 Regimento Interno do STJ.

2.3 PROCEDIMENTO DO RECURSO ESPECIAL REPETITIVO

O processo legislativo que resultou na aprovação da lei nº 11.672/08 teve

em sua essência a celeridade e economia processual, e segundo posicionamento

doutrinário a respeito,

[...] implementar a celeridade processual, bem como a eficiência do trâmite dos processos nos tribunais pela uniformização dos julgamentos dos recursos, que foi elaborado o Projeto de Lei nº 1.213/07, proposto em 30/05/2007, e encaminhado ao Senado em 29/11/2007, PCL 117, que após aprovação pelas Casas, foi remetido à sanção Presidencial em 17/04/2008, resultando na promulgação da Lei 11.672/08, em 08/05/08, cuja vigência se deu a partir de 08/08/08. (RIBEIRO, 2010, p. 632)

A lei nº 11.672/08 inseriu no CPC o art. 543-C dispositivo que trata do

procedimento dos recursos especiais repetitivos, que tratem sobre a mesma questão

de direito. A finalidade da referida lei é a economia processual, tendo em vista que o

STJ julga uma causa representativa da controvérsia, e este julgamento reflete nos

10

Superior Tribunal de Justiça. Agravo regimental na medica cautelar nº 5630. 2ª turma. Relatora: Ministra Eliana Calmon. Brasília. Julgado em 05/11/2012. Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp.

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23

demais processos sobrestados na origem, nesta esteira segue o entendimento

doutrinário, no seguinte sentido,

O fim da reforma promovida pela Lei nº 11.672/2002 é de economia processual. Busca-se evitar a enorme sucessão de decisões de questões iguais, com grande perda de energia e gastos, num tribunal notoriamente assoberbado por uma sempre crescente pletora de recursos. (THEODORO JÚNIOR, 2008, p. 59)

Neste sentido também segue o posicionamento doutrinário de Wambier, L.,

(2010, p. 698) “o intuito deste procedimento particular é claramente a economia

processual. Evita-se a subida dos recursos repetitivos, represando-os

provisoriamente no tribunal de origem”.

O recurso especial tem um procedimento específico disposto nos artigos 508

e 541 até 545, entretanto, os recursos especiais repetitivos têm o seu procedimento

próprio disposto no artigo 543-C, do Código de Processo Civil.

O artigo 543-C, caput, do CPC dispõe que: “Quando houver multiplicidade

de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o recurso especial será

processado nos termos deste artigo”. Esses recursos têm procedimento diverso dos

demais recursos, no sentido de serem julgados por amostragem, pois é escolhido

um ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão os que tiverem

maior amplitude nos fundamentos, esses serão paradigma para o julgamento dos

demais.

Caso seja verificada pelo tribunal de origem a existência de multiplicidade de

recursos com idêntica questão de direito. Inicialmente quanto ao primeiro termo

“multiplicidade” de recursos não há uma determinação legal da quantidade de

processos entendida como múltipla, pois o legislador deixou aberta a interpretação.

Quanto ao termo “idêntica questão de direito”, entende Câmara (2008, p.

125) que “demandas que são rigorosamente idênticas a incontáveis outras,

distinguindo-se apenas por seus elementos subjetivos, mas sendo idênticas as

causas de pedir e pedidos.”.

Portanto, o procedimento do art. 543-C será aplicado aos recursos

repetitivos com discussões iguais, sendo diferenciadas pelos seus elementos

subjetivos, segundo entendimento doutrinário a respeito,

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Para a noção de recurso „representativo da controvérsia’. Caberá ao órgão a quo selecionar um ou mais processos em que os subsídios instrutores (jurídicos e fáticos) reunidos permitam ao STJ a mais precisa percepção possível não apenas da questão de direito cuja relevância há de se aferir, como também do conflito em que ela se insere. Sendo assim, a adequada representação da controvérsia não depende apenas da peça recursal, ainda que esse seja o mais importante elemento. Outros atos do processo serão também muito uteis para tanto (as contra-razões ao recurso, a decisão recorrida, outras petições anteriores [...] Então, o órgão a quo deverá considerar a qualidade desses vários atos, e não apenas propriamente a do recurso. Evidentemente, é possível que um mesmo e único processo não reúna todas as peças mais adequadas a representação da controvérsia. Nesta hipótese, o órgão a quo deverá encaminhar tantos recursos em diferentes processos quanto seja necessário (p.ex., um por ter peça recursal mais clara e precisa, outro pela qualidade das contra-razões, um terceiro por conter acórdão melhor fundamentado etc.). (TALAMINI, 2008, p.14) [grifos do autor]

Portanto, a aferição da idêntica questão de direito para selecionar o

paradigma deve ser cautelosa e casuística, conforme doutrina acima.

Na sequencia, será selecionado um ou mais desses recursos e enviá-los ao

STJ, ficando os demais sobrestados na origem, antes mesmo da análise da sua

admissibilidade, em conformidade com o artigo 543-C, § 1º, do CPC. Conforme, se

verifica nos ensinamentos da doutrina sobre o assunto,

[...] incumbe ao presidente do tribunal de origem verificar a presença de recursos especiais seriados. Detectando a sua presença, devera selecionar um ou mais recursos que, sendo admitidos, serão encaminhados ao STJ pelo procedimento normal desse tipo de recurso. Os demais ficarão suspensos e retidos, até o pronunciamento do STJ sobre a questão a todos eles comum, desde que sejam adstritos a apenas a apenas uma única questão de direito. Isto porque a aplicação do artigo 543-C pressupõe identidade total de fundamento de direito entre todos os recursos, para que possam ser classificados como seriados ou repetitivos (NEGRÃO, 2012, p. 789).

No entanto, se o tribunal de origem não observar o procedimento, o Ministro

relator do recurso especial poderá determinar a suspensão dos recursos especiais

repetitivos no tribunal de origem, observada à jurisprudência dominante sobre a

controvérsia, conforme preleciona o art. 543-C, § 2º do CPC. Neste caso, o Ministro

relator do processo determina o sobrestamento dos demais recursos no recurso

paradigma, decisão que será comunicada aos demais Ministros e ao presidente dos

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Tribunais de Justiça e dos Tribunais Regionais Federais, conforme o caso, para

suspender os recursos que versem sobre a mesma controvérsia.11

A seleção do recurso paradigma ocorre da seguinte forma, conforme

Resolução 08/08 do STJ, art. 1º,§ 1º: “serão selecionado pelo menos um processo

de cada Relator e, dentre esses, os que contiverem maior diversidade de

fundamentos no acórdão e de argumentos no recurso especial”.12

Depois de selecionado os recursos e sobrestados os demais, o relator do

recurso especial poderá, se assim entender, solicitar informações no prazo de 15

(quinze) dias ao tribunal de origem a respeito da controvérsia, neste sentido entende

Didier e Cunha (2011, p. 315-316) que “para instruir o julgamento por amostragem, o

relator poderá solicitar informações dos tribunais de segunda instância a respeito da

controvérsia, que, no caso, funcionarão como amicus curiae (art. 543-C, § 3º do

CPC).” [grifo do autor].

Também será permitido, conforme necessidade do caso, a intervenção de

„amicus curiae’ no julgamento, conforme o art. 543-C,§ 4º, o Superior Tribunal de

Justiça poderá autorizar pessoas, órgãos ou entidades com interesse na

controvérsia que se manifestem no processo, neste sentido a doutrina se manifesta,

[...] trata-se da intervenção do amicus curiae cuja presença se justifica pela multiplicidade de interessados na tese a ser definida pelo STJ e pela repercussão que o julgado virá a ter sobre os recursos de estranhos à causa a ser decidida como paradigma. Sindicatos, associações, órgãos públicos e até pessoas físicas ou jurídicas privadas poderão habilitar-se como amicus curiae, desde que demonstrem algum interesse no julgamento do especial submetido ao regime do art. 543-C.O interesse, aqui, não é o jurídico em sentido técnico. A intervenção se justifica à base de qualquer interesse, inclusive o econômico, o moral, o social, o político, desde que sério e relevante. (THEODORO JÚNIOR, 2008, p. 61). [grifo do autor]

O “amicus curiae” na sua tradução é o amigo da corte, para Maciel (2010, p.

61-67) “o amicus curiae são terceiros que penetram no mundo fechado e subjetivo

do processo para discutir objetivamente teses jurídicas que afetaram toda

sociedade” [grifo do autor]. No entanto, o instituto permite que terceiros que não

compõem a lide, participem no processo para buscar a melhor solução.

11

Consulta ao sitio oficial Superior Tribunal de Justiça. Resolução 08/08. Disponível em:

http://bdjur.stj.jus.br/xmlui/bitstream/handle/2011/17559/Res_8_2008_PRE.pdf?sequence=4 Acesso em: 19 jun. 2012. 12

Consulta ao sitio oficial Superior Tribunal de Justiça. Resolução 08/2008. Disponível em:

http://bdjur.stj.jus.br/xmlui/bitstream/handle/2011/17559/Res_8_2008_PRE.pdf?sequence=4 . Acesso em: 19 jun. 2012.

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26

Segundo Bueno (2006, p. 125) “o amicus curiae sempre foi e continua sendo

um terceiro que intervem no processo por provocação judicial ou por livre iniciativa

para fornecer ao juízo elementos reputados como importantes, úteis [...].”

Depois de ultrapassada a manifestação escrita do amicus curiae, conforme

art. 3º, inc. I da Resolução nº 08/08 do STJ, será concedido vistas do processo ao

Ministério Público, para se manifestar no prazo de 15 (quinze) dias, conforme artigo

(543-C, §6º, CPC), sobre o assunto Theodoro Júnior (2008, p. 61) se manifeste “ao

Ministério Público, antes da elaboração do relatório, dar-se-á vistas dos autos por

quinze dias, tendo em conta o interesse público ou coletivo que a tramitação do

especial passa a ter”.

Após a manifestação do Ministério Público será elaborado o relatório e

encaminhado aos demais ministros, então será incluso em pauta para julgamento.

Segundo Theodoro Júnior (2008, p.61) “a competência para julgamento do

especial seriado é da Seção ou Corte especial do STJ”. Também deverá ter

preferência de julgamento o recurso especial paradigma, salvo os casos de réu

preso, segundo Didier e Cunha (2011, p. 316) “Estabelece-se a preferência para

julgamento para esse julgamento, ressalvadas os casos em que envolvam réu preso

e habeas corpus” (art. 543-C, § 6º, CPC).

Ultrapassados os procedimentos relacionados, após o julgamento do recurso

especial paradigma, os recursos suspensos terão seguimento denegado na hipótese

de o acórdão recorrido coincidir com a orientação do Superior Tribunal de Justiça, ou

serão novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão

recorrido divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça.

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27

3 PRONUNCIAMENTO QUE SOBRESTA O RECURSO ESPECIAL

Este capítulo visa analisar a classificação dos atos processuais do art. 162 e

§§ do CPC, para confrontar e chegar à natureza jurídica do pronunciamento que

sobresta os recursos especiais, com o objetivo de identificar a utilização dos meios

possíveis para impugnar o sobrestamento do recurso especial indevidamente

sobrestado.

3.1 DISTINÇÃO ENTRE DESPACHO E DECISÃO INTERLOCUTÓRIA

Este tópico justifica-se pela controvérsia existente na classificação do ato

que sobresta o recurso especial, e também visa elucidar os entendimentos

doutrinários e jurisprudenciais acerca da referida distinção.

A dimensão dos atos processuais não está restrita manifestação de mero

prosseguimento da marcha processual, pois conforme as palavras de Santos (2008,

p. 285) “são atos processuais os atos que tem importância jurídica para a relação

processual, isto é, aqueles atos que têm por efeito a constituição, a conservação, o

desenvolvimento, a modificação ou cessação da relação processual”.

Os atos processuais são de suma importância para o procedimento do

processo, tendo em vista que a movimentação do mesmo se efetiva com uma série

de atos, neste contexto é o entendimento da doutrina a respeito,

[...] um dos elementos integrantes da entidade complexa processo é o procedimento, entendido como conjunto de atos coordenados em vista de um resultado final – a outorga da tutela jurisdicional a quem tiver razão. O primeiro desses atos é a demanda de parte e o último, o provimento com que o juiz concederá a tutela a quem tiver razão. Entre eles realiza-se uma quantidade grande de atos intermediários, cada qual condicionado pelo antecedente e preparador dos subsequentes [...]. Cada um dos atos integrantes do procedimento e um ato processual e para a caracterização deste é essencial a sede em que a conduta se realiza, ou seja, o processo – não é processual o ato que no processo não seja realizado. (DINAMARCO, 2005, p. 471-472).

Sendo assim, muitos são os atos processuais, e o magistrado, o presidente

da relação jurídica processual, pois responsável pela prática de alguns destes atos,

como exemplo o despacho que determina a citação que é segundo Marinoni e

Arenhart (2012, p. 103) “o ato de convocação inicial do processo, capaz de

angularizar a relação processual, trazendo para ela a (s) pessoa (s) em face de

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quem se pede a atuação do direito”, ou que resolve antecipadamente a lide, ou,

ainda, a sentença terminativa do processo.

São também responsáveis por alguns atos processuais, as partes e os

auxiliares da justiça, como o diretor de secretaria, o escrivão e o perito.

Para delimitar os atos processuais e chegar à análise da natureza jurídica do

pronunciamento que sobresta o recurso especial, se faz necessário definir quais são

os atos privativos do magistrado.

O magistrado no exercício da atividade judicante deve exercer sua função

mediante a prática de atos inerentes somente a sua atividade, essas manifestações

visam garantir a prestação jurisdicional, uma vez que ao final do processo o

magistrado decidirá a causa.

Os atos privativos do magistrado são além dos previstos no artigo 162 e

parágrafos do Código de Processo Civil, os que conforme Dinamarco (2005, p. 493-

494) “classificam-se os atos praticados pelo juiz em atos materiais e em

provimentos, estes últimos denominados pronunciamentos ou provisões dos juízes.”.

De acordo com Liebman (apud SANTOS, 2008, p. 293) os pronunciamentos

são divididos da seguinte forma: “quatro os tipos de pronunciamento: despacho de

expediente, despacho interlocutório, decisão terminativa e sentença definitiva”.

Em conformidade com o artigo 162, § 2º, do Código de Processo Civil, a

decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão

incidente. Neste contexto Dinamarco (2005, p. 496) sustenta que “existem pedidos

que não tem natureza interlocutória, mas são decididos interlocutóriamente”.

No mesmo sentido, entende Wambier (2006, p. 103) sobre as decisões

interlocutórias que “tal como concebida inicialmente pelo CPC/1973, relacionava-se

apenas as questões „incidentes‟ (CPC, art. 162,§ 2º), isto é (...) eram desligadas do

julgamento do mérito, que devia ocorrer apenas com a sentença final”.

Entretanto, modernamente em que pese o texto legal do artigo 162, § 2º, do

Código de Processo Civil, ser o mesmo, sustenta Wambier (2006, p. 103) que “há

interlocutórias que dizem respeito ao mérito. Quando o juiz profere decisão

antecipando os efeitos da tutela (CPC, art. 273), realiza às vezes exaurientemente, o

direito afirmado pelo autor.”.

Portanto, feitas as considerações acerca da decisão interlocutória e do

despacho, no próximo tópico será analisada a natureza jurídica do pronunciamento

que sobresta o recurso especial.

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3.2 NATUREZA JURÍDICA DO PRONUNCIAMENTO QUE DETERMINA O

SOBRESTAMENTO DO RECURSO ESPECIAL

O Superior Tribunal de Justiça entende majoritariamente que o

sobrestamento dos recursos especiais não tem conteúdo decisório, neste sentido é

o teor da jurisprudência veja-se: “[...] A decisão do Presidente do Tribunal a quo que

determina o sobrestamento do recurso especial sob o rito do art. 543-C do CPC, não

tem cunho decisório [...]”.13

Entretanto, é necessário analisar qual é pronunciamento jurisdicional mais

adequado para o caso em que se suspende o julgamento de um recurso especial

repetitivo.

Quando um recurso especial é sobrestado, não há resolução da

controvérsia, tendo em vista que o processo aguardará o pronunciamento definitivo

do Superior Tribunal de Justiça, pois os requisitos de admissibilidade do recurso

sobrestado ainda não foram analisados, neste sentido confira-se a jurisprudência

sobre o assunto,

A decisão do Presidente do Tribunal a quo que determina o sobrestamento do recurso especial sob o rito do art. 543-C do CPC, não tem cunho decisório, porquanto, nessa hipótese, não se trata de genuíno juízo de admissibilidade, o qual somente ocorrerá em momento posterior, depois de resolvida a celeuma, em abstrato, no âmbito do STJ (art. 543-C, §§ 7º e 8º). Precedentes

14

No que tange as decisões interlocutórias que, em suma, são hábeis a

solucionar questões incidentes no processo, e conforme entendimento doutrinário

acerca da diferença entre despacho e decisão interlocutória, sustenta Dinamarco

(2005, p. 498) que “a interlocutória, ao contrário do despacho esta impregnada de

conteúdo decisório, a exemplo daquela que exclui uma das partes do polo passivo

da lide”.

Portanto, quando um magistrado determina o sobrestamento do recurso

especial, o que se verifica é a suspensão do julgamento do recurso até o

pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça.

13 Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 1268518, 4ª Turma, Relator: Ministro Luis Felipe Salomão. Brasília. Julgado em 18/08/2011. Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp. 14

No mesmo sentido julgou o Superior Tribunal de Justiça nos Embargos de Declaração em Agravo de Instrumento nº 1.277.921.

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30

3.3 DESPACHO COMO PRONUNCIAMENTO IRRECORRÍVEL

O despacho previsto no art. 162, § 3º do Código de Processo Civil trata-se

de um pronunciamento judicial de mero expediente, e por não ter cunho decisório,

em face dele não cabe recurso (art. 504, do CPC).

Embora o despacho não tenha cunho decisório, no caso em que o tribunal

comete equívoco em identificar o recurso especial com o paradigma, determinando o

sobrestamento, causa prejuízos à parte interessada.

Os fundamentos dos recursos especiais nem sempre se restringem a um

pedido, e no caso em que a parte fundamenta seu recurso com vários pedidos e o

seu recurso é sobrestado baseando-se em um dos seus fundamentos, ou ainda,

quando seu fundamento nada tem a ver com o discutido no paradigma.

Como fica o jurisdicionado? Qual meio correto a utilizar?

Alguns doutrinadores entendem que se o pronunciamento causa prejuízo à

parte não se identifica como um mero despacho, mas sim como decisão

interlocutória, segundo entende Silva (2001, p. 202) sobre o assunto “a circunstância

de provocar um determinado provimento judicial qualquer gravame às partes é

elemento suficiente para catalogá-lo não como simples despacho, mas como

decisão interlocutória”.

Nesta esteira, em regra o despacho não deveria causar prejuízo à parte,

haja vista, que prejuízos são causados quando se decide algo em detrimento de

alguém, em conformidade com o posicionamento doutrinário sobre o assunto,

[...] os despachos de mero expediente (como vista dos autos às parte, a baixa ao contador etc), por definição, são incapazes de provocar prejuízo a quem quer que seja. Por esta razão, são irrecorríveis. Se, todavia, um “despacho” vier a causar prejuízo – pela opção judicial que se fez a um dos sujeitos do processo, ou mesmo a terceiro -, então perderá sua essência de despacho, transformando-se em decisão interlocutória (MARINONI; ARENHART, 2003, p. 563).

Em que pese o viés doutrinário citado acima, o Superior Tribunal de Justiça

não se coaduna com este entendimento, sendo constante o desprovimento do

recurso cabível de decisão interlocutória, confira-se o teor do julgado,

[...] 2. Não cabe recurso dirigido a esta Corte Superior de Justiça com escopo de reformar decisão do Tribunal de origem que sobrestou recurso especial com base no art. 543-C do CPC, acrescido pela Lei n.º

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11.672/2008 (Lei dos recursos especiais repetitivos). 3. Inexiste previsão legal de recurso contra decisão que determina sobrestamento de recuso especial na origem, com fundamento no art. 543-C do CPC. 4. A decisão do Presidente do Tribunal a quo que determina o sobrestamento do recurso especial sob o rito do art. 543-C do CPC, não tem cunho decisório, porquanto, nessa hipótese, não se trata de genuíno juízo de admissibilidade, o qual somente ocorrerá em momento posterior, depois de resolvida a celeuma, em abstrato, no âmbito do STJ (art. 543-C, §§ 7º e 8º). Precedentes. 5. Agravo regimental não provido, com aplicação de multa.

15

No caso do pronunciamento judicial que determina o sobrestamento do

recurso especial, restou delineado, que de acordo com a jurisprudência trata-se de

um pronunciamento sem cunho decisório 16.

Todavia, em casos de impropriedade no sobrestamento do recurso especial,

qual seria o meio, dentre os disponíveis e cabíveis, para modificar tal situação?

Neste contexto, se faz necessário analisar no próximo tópico, o

sobrestamento indevido do recurso especial, e qual a solução utilizada pelo Superior

Tribunal de Justiça, bem como o posicionamento doutrinário acerca dos meios e

suas possibilidades para desobstruí-lo.

3.4 O SOBRESTAMENTO INDEVIDO DO RECURSO ESPECIAL

Em casos onde houver multiplicidade de recursos especiais com fundamento

em idêntica questão de direito, o tribunal local admitirá um ou mais recursos

representativos da controvérsia, encaminhando-os ao Superior Tribunal de Justiça, e

suspendendo os demais até o pronunciamento definitivo do Superior Tribunal de

Justiça (CPC, art. 543-C, § 1ª).

A suspensão do julgamento dos recursos especiais repetitivos, não tem

prazo para terminar, caso o processo realmente seja objeto de sobrestamento, não

há nada que se possa fazer, entretanto, em se tratando de sobrestamento indevido

pela incompatibilidade da discussão entre o recurso sobrestado e o paradigma, qual

providencia a parte deve tomar?

O posicionamento do Superior Tribunal de Justiça vem seguindo a esteira do

entendimento do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que para desobstrução

15 Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 1268518, 4ª Turma, Relator: Ministro Luis Felipe Salomão. Brasília. Julgado em 18/08/2011. Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp. 16

Sobre este entendimento decidiu o Superior Tribunal de Justiça no Agravo Regimental no Agravo

de Instrumento nº 1268518, 4ª Turma, Relator: Ministro Luis Felipe Salomão. Brasília. Julgado em 18/08/2011. Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp.

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de recurso especial indevidamente sobrestado a competência é do tribunal de

origem, conforme entendimento jurisprudencial sobre o assunto, “é preciso que o

tribunal [...] sinalize a possibilidade de algum remédio adequado, para que não haja

prejuízo à parte”.17

O pronunciamento que sobresta os recurso especial de certa forma adia a

prestação da tutela jurisdicional, pois as questões intrínsecas alheias de cada caso

são adiadas, ficando a espera do julgamento do paradigma, neste sentido entende a

doutrina sobre o assunto,

[...] deve-se considerar mais duas hipóteses, em que não se terminava propriamente o processo, porém praticava-se ato que, tendo em vista o pedido feito pelo autor, de um ponto de vista prático, importava terminação do processo, pelo menos temporariamente. Assim a decisão que determina a suspensão ou sobrestamento do processo. Conquanto tal decisão não significasse, efetivamente, terminação do processo, em realidade ela não atendia os efeitos desejados do autor, que pretendia prosseguir no feito e se via obstado por essa decisão (WAMBIER, 2006, p. 66-67).

Ainda, neste ponto, a lei nº 11.672/08 não dispôs a respeito de meio para

impugnar o sobrestamento dos recursos especiais, e conforme entende Ribeiro

(2010, p.657) “silenciou a lei quanto a possibilidade da recorribilidade da decisão de

suspensão processual, seja atacando a decisão de sobrestamento, seja qualquer

outra na qual o recorrente tenha sido prejudicado pela suspensão de seu processo.”.

Portanto, restou analisado a natureza jurídica do pronunciamento que

determina o sobrestamento dos recursos especiais, o sobrestamento indevido do

recurso especial e no próximo capítulo será pontuado os meios cabíveis para

desobstruir os recursos especiais indevidamente sobrestados.

17 Neste sentido julgou o Supremo Tribunal Federal no Agravo de Instrumento. Quest. Ord. em

Agravo de Instrumento nº 760358. Tribunal Pleno. Relator: Ministro Gilmar Mendes. Brasília. Julgado em 19/11/2009. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/pesquisarJurisprudencia.asp.

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33

4 MEIOS DE IMPUGNAÇÃO AO SOBRESTAMENTO DO RECURSO ESPECIAL

Este capítulo visa trazer um rol de meios possíveis para desobstruir os

recursos especiais indevidamente sobrestados, meios estes que podem, por seus

requisitos, serem hábeis a impugnar o sobrestamento indevido.

4.1 SIMPLES PETIÇÃO

O pronunciamento que determina o sobrestamento do recurso especial é

conforme a jurisprudência desprovido de cunho decisório18, conforme restou tratado

neste trabalho, não sendo passível de recurso, conforme art. 504, do CPC, neste

ínterim, alguns doutrinadores entendem adequado à utilização de simples petição ou

requerimento,

[...] acaso o recurso seja sobrestado de maneira equivocada, a solução está em requerer-se, diretamente ao Tribunal de origem, demonstrando-se a diferença entre as controvérsias, via simples requerimento, a imediata realização do juízo de admissibilidade e imediata remessa (MARINONI; MITIDIERO, 2008, p. 63).

No mesmo sentido, em julgamento de caso análogo o Supremo Tribunal

Federal decidiu,

[...] O recorrente trouxe aos autos petição informando a divergência de assuntos, solicitando novo julgamento com observância das questões trazidas na lide. Com razão o recorrente. O tema objeto deste agravo em recurso extraordinário é divergente do mencionado no RE nº 586.546, motivo pelo qual, em juízo de retratação, anulo a decisão de 15/12/2011 e passo a análise do Agravo em Recurso Extraordinário. [...] É o relatório. DECIDO. Da análise dos autos, verifico que os recursos especiais interpostos concomitantemente foram sobrestados, nos termos do artigo 543-C, § 1º, do CPC. Ex positis, determino o retorno dos autos à origem para que seja observado o procedimento previsto no artigo 543-C do Código de Processo Civil e, se for o caso, após o julgamento do recurso especial repetitivo, retornem os autos a este Supremo Tribunal Federal. Publique-se. Brasília, 29 de fevereiro de 2012. Ministro Luiz Fux Relator Documento assinado digitalmente.

19

18

Sobre este entendimento decidiu o Superior Tribunal de Justiça no Agravo Regimental no Agravo

de Instrumento nº 1268518, 4ª Turma, Relator: Ministro Luis Felipe Salomão. Brasília. Julgado em 18/08/2011. Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp 19 Supremo Tribunal Federal. Recurso extraordinário com Agravo nº 658387. Decisão monocrática.

Relator: Ministro Luiz Fux. Brasília. Decidido em 29/02/2012. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/pesquisarJurisprudencia.asp.

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A esse respeito o egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná,

regulamentou no seu Regimento Interno, a possibilidade do recorrente se manifestar

nos casos em que não concorde com o sobrestamento do seu recurso, conforme o

art. 106 do referido Regimento:

o recorrente não concordando com a seleção ou com o sobrestamento de seu recurso, poderá requerer, fundamentadamente, a reconsideração da referida deliberação; em caso de deferimento, procederse-á, desde logo, ao juízo de admissibilidade recursal.

20

Portanto, delineada a possibilidade de se desobstruir recurso especial

indevidamente sobrestado por simples petição ou por reconsideração, será

analisada no próximo tópico a medida cautelar.

4.2 MEDIDA CAUTELAR

A tutela cautelar diz respeito ao direito da parte que visa assegurar o seu

direito refreado a perigo de dano, a este respeito à doutrina posiciona,

[...] o direito a tutela cautelar não advém do processo. A tutela cautelar não se destina a garantir a efetividade da ação e, por isto mesmo, não pode ser pensada como uma mera técnica processual necessária a lhe outorgar efetividade. O direito a tutela cautelar esta situado no plano do direito material (MARINONI; ARENHART, 2012, p. 23).

As medidas cautelares previstas nos art. 796 e seguintes do Código de

Processo Civil visam através da tutela cautelar assegurar o direito material da parte

que tem um direito seu transgredido, neste contexto, o entendimento doutrinário

sobre o assunto,

[...] a tutela cautelar a tutela de um direito violado ou, em outro caso, assegura uma situação jurídica tutelável, ou seja situação jurídica a ser tutelada através do chamado processo principal (MARINONI; ARENHART, 2012, p. 23). [grifo do autor]

Os requisitos específicos da ação cautelar são “periculum in mora”, ou seja,

perigo na demora, que está relacionado à demonstração do “perigo de dano”, e

20

PARANÁ. Tribunal de Justiça do Estado. Regimento interno. Disponível em:

http://www.tjpr.jus.br/regimento-interno. Acesso: 22 jun. 2012.

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também a urgência na tutela requerida. E também “fumus buni iuris”, ou seja,

fumaça do bom direito, a tutela do direito pleiteado deve ser provável e verossímil,

nesta esteira entende a doutrina que,

Para obter a tutela cautelar, o autor deve convencer o juiz de que a tutela do direito provavelmente lhe será concedida. A admissão de uma convicção de verossimilhança, como suficiente a concessão da tutela cautelar, decorre do perigo de dano e da consequente situação de urgência, a impor a solução da tutela jurisdicional imediata. (MARINONI; ARENHART, 2012, p. 29).

Cabe ao autor demonstrar o perigo na demora no trâmite do processo

principal, e que se aguardar o andamento normal, o resultado não lhe surtirá efeito,

trazendo prejuízos irreparáveis, segundo Montenegro Filho (2010, p. 55) “o autor

deverá demonstrar que o fato de o magistrado não intervir de forma imediata pode

acarretar o perecimento do direito substancial a ser disputado pelas partes na ação

principal”.

Após as considerações iniciais acerca da medida cautelar, se faz necessário

analisar o seu cabimento para desobstruir os recursos especiais sobrestados

indevidamente. Pois bem, neste caso, é possível que estejam presentes a fumaça

do bom direito, perigo de dano e o perigo na demora, requisitos estes necessários

para o cabimento da medida cautelar.

No entanto, para os casos de multiplicidade de recursos com fundamento

em idêntica questão de direito, o tribunal determinará a suspensão dos demais, até

pronunciamento definitivo do Superior Tribunal de Justiça.

Todavia, a parte prejudicada por esta suspensão indevida do seu recurso

especial deverá demonstrar o perigo de dano, a urgência na tutela requerida e o

preenchimento pontual dos requisitos específicos do “periculum in mora”, e do

“fumus buni iuris”.

Neste contexto, o Superior Tribunal de Justiça entende que sua competência

somente inicia-se depois de feito o juízo de admissibilidade do recurso especial pelo

Tribunal origem, e, que não tem competência para julgar a ação cautelar.

Conforme julgado do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho

[...] em hipótese de sobrestamento de recurso especial com fundamento no art. 543-C do CPC, parece-me mais adequado que a discussão alusiva a

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eventual desacerto dessa decisão seja resolvida no âmbito do próprio Tribunal de Justiça ou Regional Federal.

21

Neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça posiciona, no mesmo sentido

que o Supremo Tribunal Federal, qual seja, o de que o Tribunal de origem é

competente para julgar medida cautelar visando a desobstrução de recurso

indevidamente sobrestado, tendo em vista que o juízo de admissibilidade ainda não

foi realizado, e portanto, nestes casos não há competência dos Tribunais superiores,

conforme posicionamento jurisprudencial,

[...] esclareça, outrossim, por oportuno, que compete ao Tribunal de origem, ainda que sobrestado o processo na forma do art. 543-C, do CPC, a apreciação do pedido de efeito suspensivo a recurso especial pendente de juízo de admissibilidade, porquanto, somente em casos excepcionais, o STJ tem concedido efeito suspensivo a recurso especial ainda não-admitido ou não-interposto, notadamente quando a decisão recorrida é teratológica ou manifestamente contrária à jurisprudência pacífica desta Corte, incidindo, por analogia, as Súmulas ns. 634 e 635/STF.

22

Porém, em casos excepcionais, em que o pronunciamento indevido de

sobrestamento é manifestamente contrário à jurisprudência pacífica do Superior

Tribunal de Justiça, tem se concedido efeito suspensivo ao recurso especial.

Sendo assim, a competência para julgamento da medida cautelar para

desobstruir os recursos especiais sobrestados indevidamente, fica adstrita aos

tribunais de origem, desde que preencham os requisitos inerentes à tutela cautelar.

O exame de admissibilidade do recurso especial represado é realizado após

o pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça.

Portanto, a inadmissibilidade de medida cautelar para o pronunciamento que

sobresta os recursos especiais impedindo o andamento processual, não deve ser

óbice à concessão de medida de urgência sob pena de violação ao art. 5.º XXXV da

Constituição Federal.

21 Superior Tribunal de Justiça. Agravo nº 1370438. Decisão monocrática. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Brasília. Decidido em: 27/04/2012. Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp. 22 Superior Tribunal de Justiça. Agravo nº 18094. 3ª turma. Relator: Massami Uyeda. Brasília.

Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp.

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4.3 AGRAVO DO ARTIGO 544 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

O agravo do artigo 544 do CPC é um recurso para os casos de inadmissão

de recurso extraordinário e recurso especial, sendo processado nos próprios autos

dispensando a formação do instrumento, conforme sistemática introduzida pela Lei.

nº 12.322/2010, neste contexto entende a doutrina que,

O artigo 544, caput, do Código de Processo Civil foi alterado pela Lei 12.322/10, passando a dispor que, não admitido o recurso extraordinário ou especial, caberá agravo, nos próprios autos, no prazo de dez dias. Esse agravo nos próprios autos nada mais é do que o antigo agravo, previsto no art. 544, que agora, em vez de ser interposto “por instrumento” é interposto “nos próprios autos”, o que simplifica muito o sistema. Assim, em vez de subir o recurso de agravo por instrumento, sobe nos próprios autos do processo onde é interposto. (ALVIM, 2011. p. 146) [grifo do autor]

Para se adaptar ao novo procedimento os Tribunais superiores adotaram

uma nova classe processual para melhor trâmite interno nas cortes, conforme

pontua orientação doutrinária,

[...] o STF, criou-se uma nova classe processual, denominada Recurso Extraordinário com Agravo (ARE), com a finalidade de se adaptar a rotina da Corte Suprema às disposições contidas no art. 544 do CPC, na redação dada pela Lei. Federal nº 12.322/2010. Também no STJ, foi criada uma nova classe processual, denominada agravo em recurso especial (AResp), adaptando as regras regimentais e a rotina do tribunal à nova legislação que altera o art. 544 do CPC (DIDIER; CUNHA, 2011, p. 294).

O agravo do artigo 544 do CPC é cabível em casos de inadmissão de

recurso extraordinário e especial, podendo ser interposto simultaneamente para

ambos os recursos inadmitidos, em conformidade com posicionamento doutrinário,

Caso haja inadmissão do recurso extraordinário ou do recurso especial, caberá agravo, respectivamente, para o STF e para o STJ, conforme o caso. Se ambos os recursos forem inadmitidos, deve o interessado interpor um agravo para cada recurso não admitido (art. 544, § 1º, CPC). No que, a partir da Lei nº. 12322/2010, esse agravo deixou de ser processado por instrumento e passou a ser processado nos próprios autos do processo onde foi proferida a decisão agravada (art. 544, caput, CPC) (DIDIER; CUNHA, 2011, p. 293).

Vale constar, entretanto, que a previsão legal é expressa no sentido de que

caberá agravo do art. 544, nos casos de „inadmissão‟ de recursos especial ou

extraordinário, e conforme corrente doutrinária não se pode ampliar seu cabimento

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38

para casos análogos como os de „retenção‟, neste sentido segue o entendimento

doutrinário,

[...] a retenção não pode ser confundida com inadmissão, até porque não há qualquer juízo acerca da admissibilidade dos recursos extraordinário e especial quando da prolação da decisão prevista no § 3º do artigo 543. Além do mais, o princípio da taxatividade revevela que o cabimento de recurso está restrito aos exatos termos do dispositivo de regência (SOUZA, 2009, p. 606).

No mesmo sentido, há julgados do Superior Tribunal de Justiça, que

compartilham o mesmo entendimento, confira-se,

[...] No caso ora analisado, pretende-se com o presente agravo de instrumento reformar decisão que sobrestou recurso especial com fundamento no art. 543-C do CPC. A lastrear a interposição do recurso, o recorrente indica o art. 544 do mesmo Diploma, que possui a seguinte redação: Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo de instrumento, no prazo de 10 (dez) dias, para o Supremo Tribunal Federal ou para o Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso. Ora, o dispositivo invocado não abarca o caso de sobrestamento do recurso especial, com fundamento no art. 543-C, porquanto, nessa hipótese, não se trata de genuíno juízo de admissibilidade, o qual somente ocorrerá em momento posterior, depois de resolvida a celeuma, em abstrato, no âmbito do STJ (art. 543-C, §§ 7º e 8º). Nem se há falar, ademais, em utilização do art. 542, § 3º, do CPC, que trata de retenção do recurso especial, hipótese em relação a qual, muito embora não haja previsão de recurso contra a decisão, esta Corte tem admitido agravo de instrumento, simples petição ou, ainda, medida cautelar para o destrancamento do recurso.

23

Todavia, a doutrina não é unânime, pois no caso de sobrestamento indevido

de recurso especial pelo tribunal de origem, há uma corrente que entende ser

admissível o agravo do art. 544 do CPC para desobstruir o recurso especial,

conforme entendimento sobre o assunto,

A nosso ver, havendo sobrestamento indevido da tramitação de algum recurso extraordinário ou especial pela presidência do tribunal a quo, deverá ser admitido agravo de instrumento para o STF ou STJ, conforme o caso (art. 544 do CPC), demonstrando-se que aquele recurso não se insere no rol de recursos com fundamento em idêntica controvérsia selecionados pelo órgão a quo. (MEDINA; WAMBIER, 2008, p. 236-237). [grifo do autor]

Na mesma corrente, pela admissibilidade do recurso de agravo, entende

Leite (2008, p. 3) que “hão de serem reconhecidas as possibilidades de ser

23

Superior Tribunal de Justiça. Agravo regimental no agravo de instrumento nº 1268518. 4ª turma. Relator: Luis Felipe Salomão. Brasília. Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp.

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interpostos recursos das decisões que impeçam andamento do processo, como

Agravo de Instrumento”.

Ainda, nesta tendência doutrinária, posiciona-se Fingergut (2011, p.14) no

sentido de que “o agravo é um meio importante para a subida do recurso

extraordinário ou especial, previsto na legislação processual civil, não podendo ser

suprimido por decisão judicial do STF e STJ submetido à lei do recurso repetitivo.”.

Entretanto, a jurisprudência majoritária do Superior Tribunal de Justiça

entende pelo não cabimento do Agravo do art. 544 do CPC, pois em julgado recente

assim se manifestou,

[...] Não cabe Agravo de Instrumento (CPC, art. 544) contra decisão que determina o sobrestamento do feito, em virtude da pendência de julgamento de Recurso Especial submetido à sistemática prevista no art. 543-C do CPC (recurso repetitivo).

24

Alguns doutrinadores acompanham o posicionamento do Superior Tribunal

de Justiça e acrescentam que o pronunciamento que determina o sobrestamento

dos recursos especiais, não se trata de juízo de admissibilidade e tampouco de

análise do cabimento do recurso, nesta esteira segue o entendimento doutrinário

sobre o assunto,

[...] a não admissão do agravo de instrumento regrado pelo art. 544 do Código de Processo Civil pelos Tribunais Superiores faz sentido,uma vez que a decisão de sobrestamento não equivale a um juízo de prelibação negativo de inviabilidade de seguimento dos recursos especiais lato sensu; cuida-se, salvo melhor juízo, de uma decisão que sequer analisa o cabimento dos recursos excepcionais, não ensejando, desta maneira, o recurso de agravo de instrumento contra despacho ou decisão denegatória de recurso. Neste caso, o sobrestamento não importa em denegação (ROSSI, 2011, p. 42-51). [grifo do autor]

No entanto, pelo que já foi analisado neste trabalho, o pronunciamento que

sobresta o recurso especial não se trata de decisão interlocutória, e pelo fato do

agravo do art. 544 do CPC ser destinado para casos de inadmissão dos recursos

especiais e extraordinário, é de se concluir pela jurisprudência do Superior Tribunal

de Justiça, e pelo que foi analisado neste tópico, que não cabe agravo do art. 544 do

CPC contra pronunciamento que sobresta recurso especial.

24 Superior Tribunal de Justiça. Agravo regimental no agravo de instrumento nº 1282373. 3ª turma.

Relator: Ministro Sidnei Beneti. Brasília. Julgado em 27/03/2012. Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp.

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40

4.4 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

A prestação da tutela jurisdicional deve ser clara e objetiva para que o

jurisdicionado não fique a mercê de interpretações errôneas, para tanto o Código de

Processo Civil prevê em seu art. 496, inciso IV, o recurso de embargos de

declaração. Este recurso tem a finalidade corrigir eventuais defeitos, omissões,

contradições e obscuridade presentes nos pronunciamentos judiciais.

Os embargos de declaração são cabíveis, conforme art. 535 do CPC,

quando houver na sentença ou no acórdão, obscuridade, contradição ou se for

omitido ponto sobre o qual devia pronunciar o juiz ou tribunal.

Todavia, o art. 535 do CPC não é interpretado literalmente, tanto pela

doutrina como pela jurisprudência, se assim fosse, não seria possível embargar os

demais atos não previstos no referido artigo, como por exemplo, decisões

interlocutórias e decisões de relator, com os referidos vícios, neste sentido entende

a doutrina,

A interpretação literal do dispositivo apontado indicaria que os embargos de declaração seriam cabíveis contra sentença ou acórdão, no caso de obscuridade ou contradição, e contra qualquer espécie de decisão (sentença, acórdão ou decisão interlocutória) apenas no caso de omissão. Em verdade, porém, esta conclusão não tem sentido [...] parece mais adequado entender que os embargos de declaração são cabíveis, seja qual for o vício (obscuridade, contradição ou omissão), contra qualquer espécie de deliberação judicial, da decisão interlocutória e do acórdão. (MARINONI; ARENHART, 2012, p. 542-543). [grifo do autor]

No mesmo sentido é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça

posiciona-se, confira-se:

[...] É entendimento pacífico desta Corte que os embargos declaratórios são cabíveis contra quaisquer decisões judiciais. (ERESP 159317/DF, CE, Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 26.04.1999). 2. Ainda que rejeitados, os embargos de declaração tempestivamente apresentados interrompem o prazo para a interposição de outros recursos. Precedentes: REsp 653.348/MG, 2ª T., Min. Castro Meira, DJ de 07.11.2005; REsp 643.612/MG, 2ª T., Min. Francisco Peçanha Martins, DJ de 26.09.2005, REsp 478.459/RS, 1ª T., Min. José Delgado, DJ de 31.03.2003.3. Recurso especial a que se dá provimento.

25

25 Superior Tribunal de Justiça. Recurso especial nº 762384. 1ª Turma. Relator: Ministro Teori Albino

Zavascki. Brasília. Julgado em 06/12/2005. Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp.

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O art. 504 do CPC dispõe que não cabe recurso de despachos, todavia

existem posicionamentos doutrinários, em ambos os sentidos pelo cabimento e pelo

não cabimento de embargos contra despachos, conforme adiante explicará.

Restou consignado que despachos não têm cunho decisório, porém a

prática processual tem demonstrado que os despachos não são somente para dar

andamento à marcha processual. Como exemplo o pronunciamento que determina o

sobrestamento indevido do recurso especial, que não estará isento de ser omisso,

obscuro ou contraditório, sobre este assunto entende Assis (2008, p. 598) “o fato de

o despacho não provocar gravame às partes não isenta dos defeitos do art. 535”.

A obscuridade no pronunciamento se define por algo que é que é difícil de

entender, que falta de clareza no desenvolvimento da idéia da fundamentação da

decisão. A contradição significa incoerência entre o que diz e o que se disse, ou

seja, a decisão é contraditória quando quer dizer algo, porém ao final se opõe ao

próprio conteúdo. Já a omissão ocorre quando não foi abordado pelo magistrado

ponto trazido pela parte.

Adentrando na possibilidade de embargar o pronunciamento que sobresta o

recurso especial observa-se que na suspensão indevida do recurso especial, seria

possível à alegação de erro material, no caso de matéria diversa do paradigma,

neste caso caberia os embargos de declaração, para reverter o quadro, diante da

contraditoriedade identificada no pronunciamento.

4.5 AGRAVO INTERNO

No direito processual civil, especificamente no que concerne aos recursos, o

princípio da taxatividade pressupõe que podem servir como recursos somente os

instrumentos previstos em lei federal. Sendo, portanto, competência da União

legislar sobre o direito processual, nos termos do art. 22 da Constituição Federal.

O recurso de agravo é disposto e regrado nos arts. 522 e seguintes do

Código de Processo Civil, porém pode ser regulamentado por leis, e também por

regimentos internos dos Tribunais, como é o caso do sucedâneo recursal agravo

regimental.

O agravo interno é uma espécie do recurso de agravo que esta disposto art.

557 § 1º, com prazo de 5 (cinco) dias.

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No caso de sobrestamento indevido do recurso especial, que em regra é

determinado monocraticamente pelo presidente do tribunal de origem, o Superior

Tribunal de Justiça, se posicionou no sentido de ser cabível o agravo interno para

subida do recurso especial sobrestado indevidamente, conforme entendimento

jurisprudencial sobre o assunto,

[...] Ressalto, ademais, que a Corte Especial deste Tribunal firmou a orientação de que não cabe agravo contra decisão que sobresta recurso especial com base no art. 543-C do CPC, devendo a parte utilizar-se do agravo interno, a ser interposto no Tribunal de origem, para a correção de eventuais equívocos.

26

Portanto, depreende-se do entendimento do STJ que o agravo interno é o

meio apropriado para desobstruir o REsp, e também que a competência para

resolver eventual sobrestamento indevido de recurso especial e dos tribunais de

origem.

26 Superior Tribunal de Justiça. Embargos de declaração no agravo nº 1277921. 4ª Turma. Relatora:

Ministra Maria Isabel Gallotti. Brasília. Julgado em 22/05/2012 Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp.

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43

5 CONCLUSÃO

Tomando como referencia a questão central desta pesquisa, “ausência de

previsão legal de meio para impugnar o sebrestamento do recurso especial. Como o

jurisdicionado deve proceder no caso de sobrestamento indevido?”, é possível

afirmar que há vertentes doutrinárias diversas sobre qual é a natureza jurídica e qual

o meio mais adequado para este fim. Dentre os méis possíveis foram investigados a

simples petição, a medida cautelar, o agravo do art. 544 do CPC, embargos de

declaração e ao final o agravo interno.

A alínea „a‟ do inc. III, do art. 105 da CF, dispõe: “contrariar tratado ou lei

federa, ou negar-lhes vigência”, no caso de descumprimento desta hipótese é

incabível recurso especial por ofensa aos demais atos, diplomas, instrumentos

normativos, portarias, instruções normativas, resoluções, decreto legislativo e

parecer normativo.

Já na hipótese de cabimento da alínea „b‟, inc. III, do art. 105, da CF, que

dispõe: “julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal” ,

quando a lei federal é violada por acórdão que julgou ato administrativo ou lei

estadual, o Superior Tribunal de Justiça pode ser acionado via recurso especial para

se manifestar. No entanto, a interpretação da alínea „b‟ não traz muita clareza numa

primeira análise diante da dubiedade de entendimento que pode vir à tona.

Por fim, a alínea „c‟, inc. III, do art. 105, da CF, dispõe: “der a lei federal

interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal”, nesta terceira

hipótese o que se pretende com o recurso especial é a demonstração de

fundamento autônomo extrínseco ao julgado.

Após investigação profunda acerca da natureza jurídica do pronunciamento

jurisdicional, foi observado pelas características do mesmo que não se enquadra

como decisão interlocutória, pois não decide, via de regra, nenhuma questão

incidental do processo, também não se enquadra como sentença, pois não põe fim

ao processo, depois de vasta analise doutrinária e jurisprudencial o referido

pronunciamento aproxima-se de despacho, tendo em vista que em regra não deveria

decidir nada sobre o processo.

Diante da aproximação do pronunciamento que sobresta o recurso especial

com a natureza jurídica de despacho, foi realizada a distinção entre despacho e

decisão interlocutória, para elucidar a natureza jurídica, pois a doutrina por vários

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autores traz o referido pronunciamento como decisão interlocutória e em outros

posicionamentos como despacho.

Para delimitar a análise do pronunciamento que sobresta o recurso especial

foi pontuado as características do despacho, principalmente no que concerne a sua

irrecorribilidade.

Entretanto, superada a análise do recurso especial e também do

prununciamento de determina seu sobrestamento foi pontuado e investigado os

meios possíveis para impugná-lo.

A simples petição encontra apoio na jurisprudência que entende que o

pronunciamento que sobresta o recurso especial não tem cunho decisório, e no caso

de equivoco no sobrestamento a solução está em, via petição, demonstrar

diretamente ao tribunal de origem da disparidade de fundamentos com o recurso

paradigma, solicitando a análise da admissibilidade e a imediata subida do recurso

ao STJ.

Neste sentido regulamentou o TJPR no art. 106 do Regimento Interno que:

“o recorrente não concordando com a seleção ou com o sobrestamento de seu

recurso, poderá requerer, fundamentadamente, a reconsideração da referida

deliberação; em caso de deferimento, procederse-á, desde logo, ao juízo de

admissibilidade recursal”.

A medida cautelar está prevista no art. 796 e seguintes do Código de

Processo Civil visam através da tutela cautelar assegurar o direito material da parte

que tem um direito seu transgredido, requisitos específicos da ação cautelar são

“periculum in mora”, ou seja, perigo na demora, que está relacionado à

demonstração do “perigo de dano”, e também a urgência na tutela requerida. E

também “fumus buni iuris”, ou seja, fumaça do bom direito, a tutela do direito

pleiteado deve ser provável e verossímil.

Quanto ao possível cabimento da medida cautelar para desobstruir os

recursos especiais sobrestados indevidamente. Neste caso, é necessário que

estejam presentes a fumaça do bom direito, perigo de dano e o perigo na demora,

requisitos estes necessários para o cabimento da medida cautelar.

A parte prejudicada por esta suspensão indevida do seu recurso especial

deverá demonstrar o perigo de dano, a urgência na tutela requerida e o

preenchimento pontual dos requisitos específicos do “periculum in mora”, e do

“fumus buni iuris”.

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45

Neste contexto, o Superior Tribunal de Justiça entende que sua competência

somente inicia-se depois de feito o juízo de admissibilidade do recurso especial pelo

Tribunal origem, e, que não tem competência para julgar a ação cautelar. Em casos

excepcionais, em que o pronunciamento indevido de sobrestamento é

manifestamente contrário à jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça,

tem se concedido efeito suspensivo ao recurso especial. Sendo assim, a

competência para julgamento da medida cautelar para desobstruir os recursos

especiais sobrestados indevidamente, fica adstrita aos tribunais de origem, desde

que preencham os requisitos inerentes à tutela cautelar.

No que se refere ao agravo do artigo 544 do CPC é um recurso para os

casos de inadmissão de recurso extraordinário e recurso especial, sendo

processado nos próprios autos dispensando a formação do instrumento.

A jurisprudência entendeu em alguns casos que o dispositivo 544 do CPC

não abarca o caso de sobrestamento do recurso especial, com fundamento no art.

543-C, porquanto, nessa hipótese, não se trata de genuíno juízo de admissibilidade,

o qual somente ocorrerá em momento posterior, depois de resolvida a celeuma, e

muito embora não haja previsão de recurso contra a decisão, o STJ têm admitido

agravo de instrumento, simples petição ou, ainda, medida cautelar para o

destrancamento do recurso.

Entretanto, a doutrina não é unânime, pois no caso de sobrestamento

indevido de recurso especial pelo tribunal de origem, há uma corrente que entende

ser admissível o agravo do art. 544 do CPC para desobstruir o recurso especial.

Todavia, a jurisprudência majoritária do Superior Tribunal de Justiça entende

pelo não cabimento do Agravo do art. 544 do CPC. Alguns doutrinadores

acompanham o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça e acrescentam que

o pronunciamento que determina o sobrestamento dos recursos especiais, não se

trata de juízo de admissibilidade e tampouco de análise do cabimento do recurso.

No entanto, pelo que já foi analisado neste trabalho, o pronunciamento que

sobresta o recurso especial não se trata de decisão interlocutória, e pelo fato do

agravo do art. 544 do CPC ser destinado para casos de inadmissão dos recursos

especiais e extraordinário, é de se concluir pela jurisprudência do Superior Tribunal

de Justiça, e pelo que foi investigado neste trabalho, que não cabe agravo do art.

544 do CPC contra pronunciamento que sobresta recurso especial.

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46

Os embargos declaratórios são cabíveis, quando houver na sentença ou no

acórdão, obscuridade, contradição ou se for omitido ponto sobre o qual devia

pronunciar o juiz ou tribunal.

Todavia, o art. 535 do CPC não é interpretado literalmente, tanto pela

doutrina como pela jurisprudência, se assim fosse, não seria possível embargar os

demais atos não previstos no referido artigo, como por exemplo, decisões

interlocutórias e decisões de relator, com os referidos vícios.

O pronunciamento que determina o sobrestamento indevido do recurso

especial, que não estará isento de ser omisso, obscuro ou contraditório. A possível

obscuridade no pronunciamento se define por algo que é que é difícil de entender,

que falta de clareza no desenvolvimento da idéia da fundamentação da decisão.

A contradição significa incoerência entre o que diz e o que se disse, ou seja,

a decisão é contraditória quando quer dizer algo, porém ao final se opõe ao próprio

conteúdo. Já a omissão ocorre quando não foi abordado pelo magistrado ponto

trazido pela parte.

Quanto a possibilidade de embargar o pronunciamento que sobresta o

recurso especial observa-se que na suspensão indevida do recurso especial, seria

possível à alegação de erro material, no caso de matéria diversa do paradigma,

neste caso caberia os embargos de declaração.

O recurso de agravo é disposto e regrado nos arts. 522 e seguintes do

Código de Processo Civil, porém pode ser regulamentado por leis, e também por

regimentos internos dos Tribunais, como é o caso do sucedâneo recursal agravo

regimental. O agravo interno é uma espécie do recurso de agravo que esta disposto

art. 557 § 1º, com prazo de 5 (cinco) dias.

No caso de sobrestamento indevido do recurso especial, que em regra é

determinado monocraticamente pelo presidente do tribunal de origem, o Superior

Tribunal de Justiça, se posicionou no sentido de ser cabível o agravo interno para

subida do recurso especial sobrestado indevidamente.

Portanto, depreende-se do entendimento do STJ que o agravo interno é o

meio apropriado para desobstruir o REsp, e também que a competência para

resolver eventual sobrestamento indevido de recurso especial e dos tribunais de

origem.

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Os procedimentos metodológicos foram análise de documentos como

legislação, jurisprudência, súmulas; e estudos bibliográficos de obras e artigos

científicos.

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REFERÊNCIAS

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____________. Recurso Especial nº 1122064. Corte Especial. Relator: Hamilton Carvalho. Brasília. Julgado em 01/09/2010. Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp. Acesso em: 02 mai.. 2012. ____________. Embargos de Declaração no Recurso Especial nº 1143677. Corte Especial. Relator: Ministro Luiz Fux. Brasília. Julgado em 29/06/2010. Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp. Acesso em: 25 abr. 2012. ____________. Recurso especial nº 762384. 1ª turma. Relator: Ministro Teori Albino Zavascki. Brasília. Julgado em 06/12/2005. Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp. Acesso em: 15 jun. 2012. ____________. Recurso especial nº 442540. 1ª turma. Relator: Ministro José Delgado. Brasília. Julgado em 17/09/2002. Disponível em: www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp. Acesso em: 02 jun. 2012. ____________. Regimento interno. Disponível em: http://www.stj.jus.br/publicacaoseriada/index.php/regimento. Acesso em: 22 jun. 2012. ____________. Resolução nº 08/08. Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/xmlui/bitstream/handle/2011/17559/Res_8_2008_PRE.pdf?sequence=4 Acesso em: 29 jun. 2012. ____________. Súmula nº 13. Corte Especial. Brasília. Julgado em 08/11/1990.

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____________. Súmula nº 187. Corte Especial. Brasília. Julgada em 21/05/1997.

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