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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM Alan Almeida Rocha Suelem Lucas de Souza TRANSTORNOS AFETIVOS: subsídios para qualidade de vida do idoso institucionalizado e depressão na terceira idade GOVERNADOR VALADARES 2009

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE

ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE

CURSO DE ENFERMAGEM

Alan Almeida Rocha

Suelem Lucas de Souza

TRANSTORNOS AFETIVOS:

subsídios para qualidade de vida do idoso institucionalizado e depressão na terceira

idade

GOVERNADOR VALADARES

2009

ALAN ALMEIDA ROCHA

SUELEM LUCAS DE SOUZA

TRANSTORNOS AFETIVOS:

subsídios para qualidade de vida do idoso institucionalizado e depressão na terceira

idade

Trabalho de Conclusão de curso paraobtenção do grau de bacharel emEnfermagem, apresentado à Área deCiências Biológicas da Saúde daUniversidade Vale do Rio Doce.

Orientadora: Profª. Ms. ValériaCristina Santos Santana

GOVERNADOR VALADARES

2009

ALAN ALMEIDA ROCHA

SUELEM LUCAS DE SOUZA

TRANSTORNOS AFETIVOS:

subsídios para qualidade de vida do idoso institucionalizado e depressão na terceira

idade

Trabalho de Conclusão de curso para obtenção do graude bacharel em Enfermagem, apresentado à Área deCiências Biológicas da Saúde da Universidade Vale doRio Doce.Orientadora: Profª. Ms. Valéria Cristina Santos Santana

Governador Valadares, ______ de _____________________ de ___________

Banca Examinadora:

Profª. Ms. Valéria Cristina Santos Santana - Orientadora

Universidade Vale do Rio Doce

Profª. Enf. Erick Silva Ramalho

Universidade Vale do Rio Doce

Profª. Enf. Sandra Maria da Silva

Universidade Vale do Rio Doce

Profª. Enf. Ivanete Niley Rodrigues de Abril

Universidade Vale do Rio Doce

Dedicamos este trabalho a Deus pela

força nesta longa caminhada e aos nossos

pais pelo incentivo e apoio na realização

deste trabalho, principalmente pelo

investimento e confiança a nós concedido.

AGRADECIMENTO

Agradecemos a DEUS por nos preparar para uma profissão cujo cuidado é como as

obras mais primas e com mais sublime dom da vida. A caminhada foi árdua, mas

cada passo desta jornada foi traçado e determinado por ti.

Aos nossos pais, eternos companheiros e verdadeiros amigos, nosso sincero

agradecimento. Vocês que nos incentivaram a prosseguir e ensinaram a ultrapassar

os obstáculos sem medo, saibam que foram e sempre serão os pilares da nossa

formação.

Agradecemos à nossa orientadora Profª. Ms. Valéria Cristina Santos Santana pela

dedicação, delicadeza, paciência e conhecimento transmitido.

RESUMO

Sabe-se que o envelhecimento inicia-se em torno dos 30 anos sendo um processolento de diminuição das funções que é de forma variável de um indivíduo para outro.Temos que considerar que a população idosa brasileira tem crescido rapidamente e,em termos proporcionais, a faixa etária a partir de 60 anos de idade é a que maiscresce. A depressão é uma doença de alta incidência na população geral e é odistúrbio mais comum do afeto ou humor no idoso. O diagnóstico e a sintomatologianão são uma regra e podem variar em vários aspectos, dificultando desse modo aconfirmação da doença. A depressão rompe a qualidade de vida, aumenta o risco desuicídio e se autoperpetua. A institucionalização de idosos tende a crescer com oenvelhecimento populacional, sendo uma alternativa que proporcione dignidade equalidade de vida, a instituição tem que romper com sua imagem histórica desegregação e se tornar uma opção, na vida dos idosos. Com as transformaçõesdemográficas do envelhecimento da população é de grande importância garantir aosidosos não só uma sobrevida maior, mas também uma boa qualidade de vida paraque eles tenham uma percepção da vida, no contexto cultural, sistemas de valoresnos quais vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões epreocupações.

Palavras-chave: Idoso. Depressão. Institucionalização. Qualidade de vida.

ABSTRACT

It is known that the aging begins around the 30 years being a slow process ofdecrease of the functions that is in an individual's variable way for another. We haveto consider that the Brazilian senior population has been growing quickly and, inproportional terms, the age group starting from 60 years of age is the one that moregrows. The depression is a disease of high incidence in the general population and itis the disturbance more common of the affection or humor in the senior. Thediagnosis and the symptomatology are not a rule and they can vary in severalaspects, hindering in that way the confirmation of the disease, the depression breaksthe life quality, it increases the suicide risk and if solemnity perpetuates. The seniors'institutionalization tends to grow with the aging population, being an alternative thatprovides dignity and life quality, the institution has to break with its historical image ofsegregation and to become an option, in the seniors' life. With the demographictransformations of the aging of the population it is of great importance to guarantee tothe seniors not only a larger over life, but also a good life quality so that they have aperception of the life, in the cultural context, systems of values us which lives, and inrelation to its objectives, expectations, patterns and concerns.

Key-Words: Senior. Depression. Institutionalization. Life quality.

LISTA DE SIGLAS

APA - Associação Americana de Psiquiatria

AVAI - Anos de vida Ajustados para Incapacidade

AVDs - Atividades de Vida Diárias

AVI - Ano de Vida com Incapacidade

BDI - Escala de Beck

CES - Center for Epidemiologic Studies Depression Scale

CID 10 - Código internacional de Doenças, atualmente na sua décima revisão

DSM - Manual de Diagnóstico Estático de Doença Mental

DSM IV TR - Atualmente na Quarta edição revisada

EUA – Estados Unidos da América

GSD - Escala de Depressão Geriátrica

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ILPIs - Instituições de Longa Permanência para Idosos

MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

OMS - Organização Mundial de Saúde

PCII - Plano de Cuidado aos Idosos Institucionalizados

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 10

2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................. 12

2.1 ENVELHECIMENTO........................................................................................... 12

2.1.1 Principais alterações relacionadas com o envelhecimento....................... 14

2.1.2 Epidemiologia do envelhecimento ............................................................... 14

2.1.3 Características biofisiológicas do envelhecimento normal ....................... 17

2.1.4 Envelhecimento comum e envelhecimento bem-sucedido ou saudável .. 18

2.1.5 Envelhecimento normal e patológico .......................................................... 18

2.1.6 Impacto demográfico..................................................................................... 19

2.1.7 Impacto social ................................................................................................ 19

2.2 DEPRESSÃO...................................................................................................... 20

2.2.1 Fisiopatologia da depressão......................................................................... 21

2.2.2 Etiologia da depressão.................................................................................. 21

2.2.3 Fatores psicossociais, econômicos e culturais .......................................... 22

2.2.4 Fatores de risco ............................................................................................. 23

2.2.4.1 Estado civil.................................................................................................... 24

2.2.4.2 Escolaridade ................................................................................................. 24

2.2.4.3 Religião......................................................................................................... 24

2.2.4.4 Idade............................................................................................................. 25

2.2.4.5 Sexo e sexualidade....................................................................................... 25

2.2.4.6 Morte............................................................................................................. 26

2.2.5 Epidemiologia da depressão ........................................................................ 26

2.2.6 Critérios diagnósticos para a depressão..................................................... 27

2.2.7 Classificação diagnóstica da depressão ..................................................... 28

2.2.8 Avaliação da depressão ................................................................................ 29

2.2.8.1 Instrumentos de avaliação ............................................................................ 30

2.2.8.2 Escala de depressão geriátrica..................................................................... 30

2.2.8.3 Escala cornell................................................................................................ 31

2.2.9 Tipos de depressão ....................................................................................... 32

2.2.9.1 Depressão vascular ...................................................................................... 32

2.2.9.2 Síndrome depressão - disfunção executiva .................................................. 32

2.2.9.3 Depressão psicótica...................................................................................... 32

2.2.9.4 Depressão tipo melancólica ou endógena .................................................... 33

2.2.9.5 Episódio ou fase depressiva e transtorno depressivo recorrente.................. 35

2.2.9.6 Distimia ......................................................................................................... 35

2.2.9.7 Depressão atípica ......................................................................................... 36

2.2.9.8 Estupor depressivo ....................................................................................... 36

2.2.9.9 Depressão agitada ou ansiosa...................................................................... 36

2.2.10 Depressão maior .......................................................................................... 37

2.2.11 Apresentação clínica da depressão ........................................................... 38

2.2.12 Depressão no idoso..................................................................................... 39

2.2.13 Tratamento da depressão ........................................................................... 41

2.2.13.1 Implicações de enfermagem....................................................................... 41

2.2.14 Tratamento não farmacológico da depressão........................................... 43

2.2.15 Aquiescência................................................................................................ 44

2.2.16 Institucionalização asilar ............................................................................ 45

2.2.16.1 Instituições asilares para idosos: do surgimento aos dias atuais................ 45

2.2.16.2 Funcionalidade das instituições de longa permanência de idosos.............. 47

2.3 PROPOSTA DE ENFERMAGEM ....................................................................... 49

2.3.1 Plano de cuidado aos idosos institucionalizados (PCII) ............................ 49

2.3.2 Qualidade de vida do idoso .......................................................................... 51

3 METODOLOGIA.................................................................................................... 53

4 CONCLUSÃO........................................................................................................ 54

Referências ............................................................................................................. 56

ANEXO (S) ............................................................................................................... 59

10

1 INTRODUÇÃO

As síndromes depressivas são, atualmente, conhecidas como um problema

de saúde pública, a que mais interfere na qualidade de vida, podendo ser

classificada de acordo com os sintomas específicos de cada paciente. Segundo

levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão afeta cerca de

50 milhões de pessoas no mundo, sendo considerada a primeira causa de

incapacidade na saúde (DALGALARRONDO, 2000).

No Brasil, o envelhecimento tem aumentado a prevalência de doenças

psiquiátricas, das quais a depressão é considerada a mais freqüente e a depressão

menor a mais prevalente na população envelhecida.

Temos que considerar que a população idosa brasileira tem crescido

rapidamente e em termos proporcionais, a faixa etária a partir de 60 anos de idade é

a que mais cresce. No período de 1950 a 2025, segundo as projeções estatísticas

da OMS, o grupo de idosos no Brasil deverá ter aumentado em 15 vezes, enquanto

a população total em cinco vezes. Projeções recentes indicam que esse segmento

poderá ser responsável por 15% da população brasileira em 2020 (CAMARO et. al.,

1997 apud FREITAS et. al., 2006). O país ocupará, então, o sexto lugar quanto ao

contingente de idosos, alcançando, em 2025, cerca de 32 milhões de pessoas com

60 anos ou mais de idade (CHELONI, 2003).

Este estudo tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica no sentido

de ressaltar se o principal fator de depressão nos idosos em estudo é devido ao

desrespeito aos padrões de qualidade de vida, afetividade e pluripatologia acima de

60 anos.

Muitos idosos sofrem de depressão e em sua maioria são desencadeadas

não somente por fatores orgânicos, mas também por fatores externos e sociais tais

como o isolamento social, viuvez, subtração de atividades recreativas e

aposentadoria. Para Teles (1999), a doença psiquiátrica mais comum em pessoas

com mais de 65 anos é a depressão, no qual resulta de alterações hormonais, da

perda da função social, do próprio medo de envelhecer e de morrer, pois o individuo

que sofre de solidão, tem sentimento de inutilidade e falta de sentido da vida.

Diante da realidade inquestionável das transformações demográficas

iniciadas no último século e que nos fazem observar uma população cada vez mais

11

envelhecida, evidencia-se a importância de garantir aos idosos não só uma

sobrevida maior, mas também uma boa qualidade de vida (VECCHIA et. al., 2005).

Segundo a OMS, a qualidade de vida é a percepção do indivíduo de sua

posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais vive, e em

relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (PEREIRA et. al.,

2006).

Por fim, este estudo é de grande valia para a enfermagem, pois proporciona

ao profissional base científica para saber reconhecer sinais e sintomas da depressão

e assim elaborar um plano de cuidado para os idosos institucionalizados a fim de

obtenção de uma boa qualidade de vida, juntamente com outros profissionais da

área como psicólogos, psiquiatras, geriatras, dentre outros.

12

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 ENVELHECIMENTO

O processo de envelhecimento e sua conseqüência natural, a velhice,

continua sendo uma das preocupações da humanidade desde o inicio da civilização.

Leme (2002) lembra que poucos problemas têm merecido tanta atenção e

preocupação do homem como o envelhecimento e a incapacidade funcional

associada a esse processo. A impressão que ainda se tem é justamente o inverso,

pois a história demonstra que as idéias sobre velhice são tão antigas quanto à

origem da humanidade (FREITAS et. al., 2006).

De acordo com FREITAS et al. (2006), o envelhecimento é um processo, a

velhice é uma fase da vida e o velho ou idoso é o resultado final que constituem um

conjunto, cujos componentes estão intimamente relacionados.

Segundo o Estatuto do Idoso (2003), idoso é toda pessoa que possui idade

igual ou superior a 60 anos e este tem vários direitos, como direito à vida, à

liberdade, à dignidade, ao respeito, à saúde, à educação, à cultura, ao lazer, ao

esporte, à profissionalização, à previdência social, à assistência social, à habitação,

ao transporte, à proteção, entre outros.

Conforme descrição de Brasil (2001) apud Papaléo Netto (2002), “envelhecer

é um processo fisiológico e natural pelos quais todos os seres vivos passam e é,

sem dúvida, a maior fase de desenvolvimento humano. Nascemos, crescemos e

amadurecemos e deste momento até a morte passamos a vida toda envelhecendo”.

De acordo com Paes (2006); Cancela (2007), para a OMS, a Terceira Idade

tem início entre os 60 e 65 anos, mas esta é uma idade instituída para efeito de

pesquisa, já que o processo de envelhecimento depende de três fatores principais:

a) idade biológica, que está ligada ao envelhecimento orgânico. Cada órgão

sofre modificações que diminuem o seu funcionamento durante a vida e a

capacidade de auto-regulação torna-se também menos eficaz;

13

b) idade social, refere-se ao papel, aos estudos e aos hábitos da pessoa,

relativamente aos outros membros da sociedade. É fortemente

determinada pela cultura e pela história de um país, e;

c) idade psicológica, que relaciona-se com as competências

comportamentais que a pessoa pode mobilizar em resposta às mudanças

do ambiente e inclui a inteligência, memória e motivação.

De acordo com IBGE (2000), nos países desenvolvidos, a definição de idoso

é de pessoas com 65 anos ou mais, enquanto, nos países em desenvolvimento o

limite é de 60 anos. O cenário mundial mostra que a esperança de vida ao nascer

aumentou 19 anos desde 1950.

Segundo Garcez (2008), afirma que a idade refere-se à pessoa que é o

sujeito do diagnóstico, os valores são, em ordem alfabética:

a) adolescente;

b) adulto;

c) bebê;

d) criança de 1 a 3 anos;

e) criança em idade escolar;

f) criança em idade pré-escolar;

g) feto;

h) idoso;

i) neonato.

Conforme IBGE (2000), hoje no mundo, uma em cada dez pessoas tem 60

anos ou mais. As estimativas são de que, daqui a 30 anos, a proporção será de um

para cada cinco pessoas, sendo que nos países ricos será um para cada três

pessoas. A Itália, com 23,1%, o Japão 22 3%, a Alemanha 21,8% e o Reino Unido

20,4%, estão entre os países com maior índice de pessoas com 60 anos ou mais.

14

2.1.1 Principais alterações relacionadas com o envelhecimento

Há milhares de anos que se tenta desvendar os processos que levam o

organismo ao envelhecimento. Inúmeras teorias têm sido propostas, mas o certo é

que, até os nossos dias, nenhuma delas foi ainda comprovada.

Sabe-se que o envelhecimento é um processo, não uma doença, de

diminuição gradativa de funções, que se inicia em torno dos 30 anos, e

acompanham os indivíduos de forma variável, sendo agravado pelas doenças ditas

crônico-degenerativas, hipertensão arterial, diabetes, osteoporose e funções que

declinam, como por exemplo, a diminuição progressiva da função renal ou da função

respiratória e uma leve tendência a aumentos na pressão sistólica que por si, não

são doenças, pois mantém o organismo ainda em equilíbrio instável, só precipitando

problemas se alguma agressão externa ocorrer, como por exemplo, uma infecção

(GODILHO, 2003 apud SANTANA, 1996).

Mantendo um estilo de vida ativo e saudável pode-se retardar as alterações

morfofuncionais que ocorrem com a idade, pela adoção de hábitos saudáveis de

vida, como não fumar, praticar exercícios, ter uma dieta saudável e equilibrada e

outras medidas de prevenção primária de saúde (GODILHO, 2003 apud SANTANA,

1996).

2.1.2 Epidemiologia do envelhecimento

A epidemiologia é o estudo da distribuição dos eventos e seus determinantes

na população, sendo que aqui será estudado como evento o envelhecimento

populacional (COUTO et. al., 1999 apud SANTANA, 1996).

O crescente aumento da população idosa em todo o mundo, comprovado

através de numerosos estudos demográficos, tem colocado para órgãos

governamentais e para sociedade o desafio de problemas médico-sociais próprios

do envelhecimento populacional (PAPALÉO NETTO, 2002).

15

Os idosos estão cada vez mais numerosos e têm papel fundamental na

família brasileira. A pesquisa Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Domicílios no

Brasil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados

do Censo 2000, revela que as pessoas com 60 anos ou mais eram 7,3% da

população em 1991 e hoje são 8,6%, demonstrando aumento de 17% na década.

Há 14,5 milhões de brasileiros na terceira idade, já os idosos chefes de família

passaram de 60,4% para 62,4% e existem 8,9 milhões nesse universo, sendo que,

54,5% vivem com os filhos e os sustentam (IBGE, 2000).

O crescimento da população idosa do país tem se tornado cada vez mais

relevante. De acordo com Zimerman (2000), a OMS estima que a expectativa de

vida da população mundial, que hoje é de 66 anos, passará a ser de 73 anos em

2025, e em 26 países, a esperança de vida deverá ser de 80 anos. Já no Brasil, a

esperança de vida é de 67 anos e em 2025, a probabilidade é que se chegue aos 74

anos.Já nas projeções realizadas a partir de 1960 até 2025 para alguns países

evidencia-se uma expectativa de vida em torno dos 80 anos, mas as diferenças

entre as nações desenvolvidas e aquelas em desenvolvimento ainda permanecem.

A expectativa de vida estimada para o quinquênio de 2020-2025 para o Japão,

América do Norte e Europa, apresenta valores em torno de 75 anos para homens e

80 anos para mulheres, já para outros países como Brasil e África, a expectativa

será em torno de 69 e 63 anos para homens e 75 e 67 anos para mulheres. Outro

fato importante a ser ressaltado é a diferença de expectativa de vida entre os sexos.

Em média, as mulheres têm cinco anos a mais de vida do que os homens, sendo

que, no Brasil entre 1960-1965, esta diferença era cerca de quatro anos, enquanto

que a previsão para 1965-2020 é de 6,3 anos (CANÇADO, 1994 Apud SANTANA,

1996).

Netto (1996) Apud Santana (1996), afirma que, em todos os países a

expectativa de vida das mulheres é maior do que as dos homens e atualmente no

Brasil, as mulheres, em média, vivem mais do que os homens, cerca de cinco anos.

Além das diferenças biológicas que explicam este fato, outros fatores são

importantes:

a) as diferenças na exposição a fatores de risco como acidentes de trabalho

e trânsito, homicídios, entre outros, pois as idosas de hoje, em sua grande

16

maioria, não foram inseridas no mercado de trabalho, permanecendo no

ambiente doméstico, aparentemente mais seguro;

b) as diferenças no consumo de álcool e tabaco, exposições estas que estão

relacionadas com uma série de doenças que aumentam as taxas de

mortalidade;

c) diferentes atitudes em relação à saúde e à doença, pois mulheres fazem

uso mais freqüente de serviços de saúde, inclusive de forma preventiva, o

que facilita diagnósticos precoces e tratamentos mais eficazes e;

d) a melhoria significativa da atenção obstétrica e do pré-natal que propiciou

o aumento da expectativa de vida entre as mulheres.

Visto até poucos anos como problema tipicamente europeu, pois neste

continente vivem 12% da população mundial e 28% de pessoas com mais de 65

anos de idade, a partir do inicio da última década não é mais possível sustentar tal

visão, pois, desde 1960 mais de 50% dos idosos são originários de nações que

constituem o Terceiro Mundo (PAPALÉO NETTO, 2002).

Essa maior velocidade de crescimento da população idosa nas regiões

menos desenvolvidas do mundo fará possivelmente, com que, nos anos de 2025

nas projeções de populações de países que terão mais de 16 milhões de indivíduos

com 60 anos ou mais, dos onze países classificados, oito sejam do terceiro mundo.

O Brasil será o sexto país em números absolutos, com 32 milhões de idosos,

conforme mostra a TABELA 1. A razão de crescimento da população idosa em

alguns países em desenvolvimento como Brasil, México e Nigéria, será quatro a

cinco vezes maior do que a dos Estados Unidos e do Japão, sendo que nos

primeiros o crescimento deverá ser 15 a 16 vezes, enquanto que nos últimos de 3 a

4 vezes. A razão de crescimento nada mais é, do que a relação entre as populações

do ano de 2025 e de 1950 para cada país (CANÇADO, 1996; FILHO; NETTO, 1994

Apud SANTANA, 1996).

17

TABELA 1 Projeção para países que terão mais de 16 milhões de idosos, 60 anos ou mais, no ano de

2025.

ClassificaçãoPaíses 1950 2025

China

Índia

CEI (antiga URSS)

Estados Unidos

Japão

BrasilIndonésia

Paquistão

México

Bangladesh

Nigéria

16°10°

11°

25°

14°

27°

6°7°

10°

11°Fonte: (FILHO; NETTO, 1994; CANÇADO, 1994; FORTALENZA; ALMEIDA, 1997 Apud SANTANA,

1996).

Como visto na TABELA 1, o Brasil de 16° lugar em números de idosos em

1950, passará a ocupar a 6° posição em 2025, ganhando dez posições neste

período, com uma população de idosos estimada em 27 milhões, enquanto, os

Estados Unidos perderá uma posição, passando de 3° para o 4° lugar (FILHO;

NETTO, 1994; CANÇADO, 1994; NETTO, 1996; CHAIMOWICZ, 1997; LIMA;

COSTA et. al., 2000; CAMPOS et. al., 2000 Apud SANTANA, 1996).

2.1.3 Características biofisiológicas do envelhecimento normal

O envelhecimento humano, desde sua concepção até a morte, passa por

diversas fases, como o desenvolvimento, puberdade, maturidade ou de estabilização

e envelhecimento. É possível identificar entre as três primeiras fases, marcadores

físicos e fisiológicos de transição entre elas. O envelhecimento manifesta-se por

18

declínio das funções dos diversos órgãos que, caracteristicamente, tende a ser

lineares em função do tempo, não se conseguindo definir um ponto exato de

transição, como nas demais fases. Tem início relativamente precoce, ao final da

segunda década da vida, perdurando por longo tempo, até que surjam, no final da

terceira década, as primeiras alterações funcionais e/ou estruturais ao

envelhecimento (PAPALÉO NETTO, 2002).

2.1.4 Envelhecimento comum e envelhecimento bem-sucedido ou saudável

O ritmo de declínio das funções orgânicas varia não só de um órgão a outro,

como também entre idosos de mesma idade. Este fato é de observação corriqueira e

justifica a impressão de que o envelhecimento produz efeitos diferentes de uma

pessoa à outra (PAPALÉO NETTO, 2002).

A questão que se levanta é se o processo intrínseco que ocorre com o

avançar da idade por si só é responsável por estes fatos ou se é fatores extrínsecos

ao processo de envelhecimento normal, como tipo de dieta, meio ambiente,

composição corpórea, causas psicossociais, entre outros, possam exercer papel

preponderante nessa disparidade de efeitos (PAPALÉO NETTO, 2002).

2.1.5 Envelhecimento normal e patológico

Não há dúvida que com o avançar da idade vão ocorrendo alterações

estruturais e funcionais, que embora variem de um individuo a outro, são

encontradas em todos os idosos e são próprias do processo de envelhecimento

normal. Certamente estas doenças podem induzir tais modificações que, com

freqüência, assumem maior intensidade, exteriorizando-se comumente de maneira a

tornar possível sua caracterização. Porém, como foi anteriormente citado, não é

sempre fácil estabelecer os limites entre senescência e senilidade, ou seja, entre

19

modificações peculiares do envelhecimento e as decorrentes de processos mórbidos

mais comuns em idosos. Isto se deve, de um lado, à grande variabilidade de

comportamento individual perante da terceira idade e, de outro, ao fato de as

pessoas da terceira idade amiúde não se apresentarem com quadros floridos, isto é,

com manifestações clássicas observáveis em indivíduos jovens (PAPALÉO NETTO,

2002).

2.1.6 Impacto demográfico

O crescente aumento da população idosa em todo o mundo, comprovado

através de numerosos estudos demográficos, tem colocado para órgãos

governamentais e para sociedade o desafio de problemas médico-sociais próprios

do envelhecimento populacional (PAPALÉO NETTO, 2002).

Visto até poucos anos como problema tipicamente europeu, pois nesse

continente vivem 12% da população mundial e 28% de pessoas com mais de 65

anos de idade, a partir do inicio da última década não é mais possível sustentar tal

visão, pois, desde 1960 mais de 50% dos idosos são originários de nações que

constituem o Terceiro Mundo (PAPALÉO NETTO, 2002).

2.1.7 Impacto social

Paralelamente às modificações demográficas que estão se sucedendo tanto

nos países desenvolvidos como naqueles que se encontram em fase de

desenvolvimento, há necessidade também de profundas transformações

socioeconômicas, particularmente nestes, visando melhor qualidade de vida aos

idosos e àqueles que se encontram em processo de envelhecimento (PAPALÉO

NETTO, 2002).

20

O complexo problema que associa a precária condição socioeconômica,

problemas advindos da existência de múltiplas afecções concomitantes e

dificuldades de adaptação dos idosos às exigências do mundo moderno, têm como

conseqüência natural o isolamento do velho e um impacto sobre a sociedade que

terá que enfrentar este desafio com absoluta presteza (PAPALÉO NETTO, 2002).

2.2 DEPRESSÃO

A depressão é uma resposta comum aos problemas de saúde e constitui um

problema freqüentemente não-diagnosticado na população de pacientes. As

pessoas podem ficar deprimidas em conseqüência de lesão ou doença e podem

estar sofrendo de uma perda anterior, que é o componente de um novo problema de

saúde ou podem procurar o cuidado de saúde para queixas somáticas que são

manifestações corporais de depressão (SMELTZER; BARE 2005).

Muitas pessoas experimentam depressão, mas procuram tratamento para

queixas somáticas. As principais queixas somáticas dos pacientes que enfrentam a

depressão são a cefaléia, dor nas costas, dor abdominal, fadiga, indisposição,

ansiedade e desejo sexual diminuído ou problemas com o desempenho sexual

(STUART; LARAIA, 2000 Apud SMELTZER; BARE 2005). Essas sensações são,

com freqüência, manifestações de depressão. A depressão não é diagnosticada em

aproximadamente metade das vezes e se mascara como problemas de saúde física

(CARSON, 1999 Apud SMELTZER; BARE 2005). Pessoas com depressão também

exibem um mau desempenho e altas taxas de absenteísmo no trabalho e na escola.

Os sintomas específicos da depressão clínica incluem os sentimentos de

tristeza, inutilidade, fadiga e culpa e dificuldade em se concentrar ou tomar decisões.

As alterações no apetite, ganho ou perda de peso, distúrbios do sono e retardo

psicomotor ou agitação também são comuns. Com freqüência, os pacientes

apresentam pensamentos recorrentes sobre a morte ou suicídio, ou empreenderam

tentativas de suicídio (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2000 Apud

SMELTZER; BARE 2005). É feito um diagnóstico de depressão clínica quando uma

pessoa se apresenta com, pelo menos, 5 dos 9 critérios diagnósticos para

21

depressão e infelizmente, apenas 1 dentre 3 pessoas deprimidas é adequadamente

diagnosticada e tratada de forma apropriada (SMELTZER; BARE 2005).

2.2.1 Fisiopatologia da depressão

Existem dados sugestivos de que as alterações do sistema dos

neurotransmissores podem ocorrer como consequência de mudanças no número,

assim como na sensibilidade dos neurorreceptores pré e pós-sinápticos no sistema

nervoso central, sem que haja, obrigatoriamente, alterações na quantidade do

próprio neurotransmissor. As hipóteses baseadas na deficiência de

neurotransmissores tem sido, pois, substituídas por hipóteses mais enfocadas nos

neuroreceptores. Portanto, as hipóteses atuais orbitam em torno dos

neuroreceptores, os quais ao invés de estruturas rígidas apresentam

neuroplasticidade, se adaptando e respondendo as alterações dos

neurotransmissores (FREITAS et. al., 2006).

Em relação aos fatores da genética, a possibilidade de ocorrência de

depressão maior entre familiares de primeiro grau de deprimidos é três vezes maior

do que nos não deprimidos. Em gênero a correlação chega a 40% (FREITAS et. al.,

2006).

2.2.2 Etiologia da depressão

A etiologia da depressão é complexa e ainda não totalmente elucidada,

havendo interações de múltiplos fatores como hereditariedade, alterações

biológicas, fatores somáticos, psíquicos, sociais, econômicos, culturais entre outros,

que atuariam em graus variados sobre uma personalidade predisposta a

desenvolver a síndrome, a origem genética da depressão surgiu mediante a

observação de ocorrência de casos de depressão maior em determinadas famílias,

22

tal fato é menos aparente nas formas reativas ou neuróticas e as alterações

biológicas desempenham papel importante na gênese das depressões maiores

(PAPALÉO NETTO, 2002).

Para Papaléo Netto (2002), o fator somático diz respeito a algumas hipóteses,

como, hipótese catecolamínica, segundo a qual a depressão seria decorrente da

deficiência central de noradrenalina, as hipóteses dopaminérgica e indolamínica, que

afirmam ser depressão causada pela diminuição da serotonina central e por último a

hipótese colinérgica que a explica pelo aumento da função colinérgica. A hipótese

mais recente é a da hipersensibilidade dos receptores e os fatores psicossociais,

econômicos e culturais que desempenham importância relevante na gênese deste

distúrbio, por isso serão abordados separadamente.

2.2.3 Fatores psicossociais, econômicos e culturais

A nossa civilização valoriza a capacidade do individuo de produzir e consumir,

com isso exclui do idoso, que produz e consume pouco, sua importância social. As

perdas são comuns entre os idosos. Perdas físicas, como diminuição da visão e da

audição, da força, da precisão manual, da flexibilidade, da rapidez na execução das

tarefas, podem reduzir a capacidade do auto-cuidado, levando - os também a perda

da independência. A aposentadoria com redução de ganhos, a viuvez, o

afastamento dos filhos, a morte de parentes e amigos podem causar ou contribuir

para os sintomas depressivos (PAPALÉO NETTO, 2002).

Os idosos apresentam muito medo da solidão, de ficar só, mesmo por

instantes. Muitos quase não recebem a visita dos filhos, tentando justificar que estes

têm seus problemas e que, portanto, falta-lhes tempo. A hipótese da permanência

na própria casa em repouso é estressante para o idoso, fazendo-o utilizar a negação

para diminuir a percepção de um ambiente que não lhe é agradável e que se sente

impotente para sair (PAPALÉO NETTO, 2002).

Papaléo Netto (2002) ressalta que é importante que o idoso mantenha uma

ocupação de seu interesse, que exercite a mente e de preferência, que tenha

remuneração adequada para que se sinta valorizado, devendo esta atividade ser

23

feita em conjunto com outras pessoas, estimulando o convívio social. No que diz

respeito à afetividade, o medo e a incerteza ante o desconhecido, dão lugar a

grandes tensões, por outro lado, observa-se que os pacientes mostram dificuldades

para dar vazão a seus desejos de viver e o temor de contrariar convenções sociais a

respeito da idade.

A depressão é, portanto a falência do Eros, instinto de Vida, que se manifesta

através de atitudes programadas e automáticas. Com o envelhecimento, as

programações desaparecem, ficando as automações e diante de tantas limitações e

medos, como medo da morte de familiares e amigos, medo de perda corporal, de

sua independência e da solidão, torna-se necessária uma abordagem, mesmo que

sumária, sobre a religião, sexualidade e morte, fatores eventualmente responsáveis

por tais manifestações (PAPALÉO NETTO, 2002).

2.2.4 Fatores de risco

Os estudos de risco para transtornos depressivos são, em geral, de corte

transversal e não-longitudinais, estabelecendo uma co-ocorrência de evento,

sugerindo assim, o aumento da possibilidade, mas não a determinação de causa e

efeito (FREITAS et. al., 2006).

A arteriopatia cerebral autossômica dominante com infartos subcorticais e

leucoencefalopatia (CADASIL) é uma entidade nosológica cujos sintomas de

depressão fazem parte integralmente do seu quadro clinico, podendo compor a

sintomatologia inicial ou aparecer durante o curso da doença, sendo assim este é

um dos poucos fatores de riscos genéticos para depressão (FREITAS et. al., 2006).

Também os indivíduos com leucoencefalopatia na região pré-frontal medial

orbital e na cápsula interna a esquerda desenvolvem depressão com maior

frequência. A doença cerebrovascular, enfim, precipita, predispõe e perpetua a

depressão no idoso, como a depressão vascular, o episódio depressivo em curso é

também um forte preditor de risco para novos episódios de depressão, assim como

a presença de dano cognitivo subclínico (FREITAS et. al., 2006).

24

FREITAS et al. (2006) descrevem que em relação a outros eventos de saúde,

dois fatores não devem ser esquecidos, a incapacidade, que tem relação recíproca

com a depressão e o uso de medicamento. A prescrição de algumas classes de

substâncias, apesar de necessária, deve ser cuidadosa, devendo ao potencial efeito

de desencadear sintomas depressivos. Entre essas medicações encontram-se

alguns anti-hipertensivos, benzodiazepínicos, antiparkinsonianos, tuberculostáticos e

o álcool.

2.2.4.1 Estado civil

A convivência com companheiro, independentemente do estado civil, é fator

protetor para os transtornos do humor e o fato de não ser casado está associado à

presença de sintomas depressivos (FREITAS et. al., 2006).

2.2.4.2 Escolaridade

A pouca instrução é outro fator que está associado aos sintomas depressivos,

à maior escolaridade é fator protetor. Os indicadores de classes sociais são

inversamente relacionados a sintomas depressivos (FREITAS et. al., 2006).

2.2.4.3 Religião

A religião para o idoso é um referencial pessoal. O tema religiosidade é muito

controverso, uma vez que pode exercer influência benéfica como suporte social,

amparo, redução de estresse. Porém em alguns casos chega exercer um efeito

25

maléfico que provém de alienação em consequência do fanatismo (PAPALÉO

NETTO, 2002).

Além disto, vários teóricos se posicionaram frente a este tema. Freud via a

religião como uma neurose coletiva, onde considerava que quanto maior o

conhecimento, mais difundido será o afastamento da crença religiosa (PAPALÉO

NETTO, 2002).

Assim, percebe-se que as pessoas com práticas religiosas moderadas que

participam ativamente nos trabalhos destas, tem um objetivo de vida, além de um

envolvimento maior com as pessoas, podendo melhorar sua satisfação na vida e

diminuir o estresse (PAPALÉO NETTO, 2002).

2.2.4.4 Idade

A prevalência de transtornos depressivos é maior entre os mais jovens. Por

outro lado, um maior número de idosos apresenta sintomas depressivos que não

preenchem os critérios propostos (FREITAS et. al., 2006).

2.2.4.5 Sexo e sexualidade

As mulheres apresentam mais sintomas depressivos do que os homens pois,

mulheres são mais sensíveis e por isso, se queixam de sintomas, tem liberdade para

chorar, disposição para procurar tratamento, exposição aos estressores da vida e

aos efeitos hormonais (FREITAS et. al., 2006).

A morbidade da depressão é elevada para o sexo feminino, pois, enquanto a

mulher tem maior probabilidade de se tornar incapacitada o homem tem de morrer

(FREITAS et. al., 2006).

Muitas vezes associa-se erroneamente o declínio do libido em decorrência do

próprio envelhecimento. Impotência sexual não é sinônimo de senescência. Sabe-se

26

que a impotência sexual na maioria das vezes é decorrente de um distúrbio

psicológico, todo modo, a depressão pode causar diminuição do libido, enquanto a

perda da atividade sexual pode gerar depressão (PAPALÉO NETTO, 2002).

Tal assunto é de difícil abordagem tanto por parte de alguns profissionais da

saúde quanto pelo próprio paciente, devido em grande parte aos preconceitos e

estigmas, portanto, devemos superar os nossos próprios preconceitos, ajudando os

idosos a lidar com as falsas imagens e expectativas sobre à pratica sexual

(PAPALÉO NETTO, 2002).

2.2.4.6 Morte

Em sua visão sobre a morte, a vida é um processo energético e como tal um

princípio irreversível e dirigido para um objetivo, que é um estado de repouso. A vida

é teleológica por excelência, é a busca intrínseca em direção a um objetivo. Todo

processo busca o seu fim e a meta da vida e, portanto a morte, que é o coroamento

de uma vida e não algo a ser negado. A vida plenamente vivida é o melhor preparo

para a vivência da morte. Aqueles que mais temem a vida quando jovens são os que

mais temem a morte quando envelhecem (PAPALÉO NETTO, 2002).

2.2.5 Epidemiologia da depressão

Sabe-se que os distúrbios psiquiátricos mais prevalentes nos idosos são as

síndromes depressivas e demências. Assim, a influência dos fatores psicossociais

na origem da depressão desempenha papel mais significativo no idoso do que no

jovem (PAPALÉO NETTO, 2002).

Os transtornos depressivos apresentam significativa prevalência entre

indivíduos idosos da comunidade, variando entre 4,8 e 14,6%. Quando os estudos

referem-se a idosos hospitalizados ou institucionais, os resultados são ainda

27

maiores, atingindo 22,09%. Nos estudos que avaliam os sintomas depressivos

clinicamente significantes, sem levar em consideração os critérios do CID 10 ou

DSM IV, mas utilizando escalas de sintomas, a variação na prevalência na

comunidade aumenta para 6,4 a 59,3% (FREITAS et. al., 2006).

As variações entre as prevalências observadas em todo o mundo, ocorrem na

dependência da definição da população idosa alvo, dos parâmetros diagnósticos

utilizados e da origem dos indivíduos idosos, assim sendo na comunidade, atenção

básica, ambulatórios especializados, unidades de internação ou instituições de longa

permanência; o que se confunde, em partes, com outros fatores, como os diferentes

perfis da população - alvo em relação às possíveis comorbidades agudas e/ou

crônicas, a capacidade funcional e a autonomia, estes dois últimos

reconhecidamente divisores de água em relação ao estado de saúde do idoso

(FREITAS et. al., 2006).

2.2.6 Critérios diagnósticos para a depressão

De acordo com American Psychiatric Association (2000) Apud Smeltzer e

Bare (2005), uma pessoa experimenta pelo menos 5 das 9 características, com um

dos dois primeiros sintomas presentes na maior parte do tempo:

a) humor deprimido;

b) perda do prazer ou interesse;

c) ganho ou perda de peso;

d) dificuldade para dormir;

e) retardo ou agitação psicomotora;

f) fadiga;

g) sensação de inutilidade;

h) incapacidade de se concentrar e;

i) pensamentos de suicídio ou morte.

28

2.2.7 Classificação diagnóstica da depressão

Os tratamentos da saúde mental são classificados segundo duas codificações

distintas mas com alguns aspectos semelhantes. O código internacional de

Doenças, atualmente na sua décima revisão (CID 10), da OMS, e o Manual de

Diagnostico Estático de Doença mental (DSM), atualmente na Quarta edição

revisada (DSM IV TR), porém mantido o texto original e um documento da

Associação Americana de Psiquiatria (APA). No Brasil, na área de geriatria, o

referencial da APA é o mais utilizado (FREITAS et. al., 2006).

Para que seja efetivado um diagnóstico de episódios depressivos ou

transtornos depressivos, quando já aconteceram dois ou mais episódios, é

necessário que esteja presente um elenco de sintomas que compõem os critérios

diagnósticados estabelecidos e revisados, pelo menos uma dessas duas entidades,

não havendo qualquer distinção de sintomas por faixa etária para fim de diagnóstico

(FREITAS et. al., 2006).

Conforme Papaléo Netto (2002), a classificação diagnóstica tem como

objetivo agrupar as características da enfermidade em questão, com a finalidade de

orientar em relação ao diagnóstico e ao tratamento. Em se tratando de distúrbios

mentais, devido ao grande número de teorias etiológicas, é mais difícil obter-se um

consenso geral. Na depressão primária não há alterações patológicas comprovadas,

e ela foi por muito tempo classificada em endógena, neurótica, reativa ou psicogena.

Elas podem ser devidas a doenças orgânicas, recebendo a denominação de

depressão somatogênica e podem estar relacionadas com outras doenças

psíquicas, nas quais a depressão faz parte da sintomatologia da doença de base ou

ser conseqüência do tratamento ou intoxicação medicamentosa:

a) depressões psicogênicas - neuróticas, por estresse, reativa;

b) depressões engonenas - bipolares, cíclicas e unipolares, periódicas,

involutivas;

c) depressões somatogênicas - orgânicas, secundárias.

Ao considerar os distúrbios do humor em adultos mais velhos, o médico deve

estar consciente da possibilidade de ocorrência de uma grande depressão, que é a

mais debilitadora e a mais proximamente associada ao risco de suicídio, distimia ou

29

depressão crônica de baixo grau e distúrbios do humor secundários a uma condição

médica subjacente ou a uma medicação prescrita ou de balcão (DUTHIE; KATZ,

2002).

2.2.8 Avaliação da depressão

De acordo com Duthie e Katz (2002), para uma melhor avaliação da

depressão deve se considerar:

a) aspectos fundamentais de uma completa avaliação de depressão;

b) história;

c) exame físico, neurológico, psiquiátrico;

d) revisão da exposição a medicamentos e substâncias;

e) estudos laboratoriais, quadro químico, como exemplo os eletrólitos, cálcio,

fósforo, glicose, testes de função renal/hepática;

f) hemograma completo;

g) triiodotironina (t3), tiroxina (t4), hormônio estimulador da tireóide;

h) vitamina b12 , folato de glóbulos vermelhos;

i) urinálise;

j) radiografia do tórax;

k) eletrogardiograma;

l) teste para vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou reagente rápido do

plasma (rrp), caso indicado;

m) tomografia computadorizada ou ressonância magnética, caso indicado.

Esta avaliação é realizada antes do tratamento iniciar, de modo a indicar os

distúrbios médios subjacentes que sejam pertinentes ou não e que possam estar

contribuindo para os sintomas da depressão (DUTHIE; KATZ, 2002).

30

2.2.8.1 Instrumentos de avaliação

Os índices de reconhecimento dos sintomas da depressão e a conseqüente

instituição de uma terapêutica adequada são baixos, especialmente na atenção

básica. Uma das principais justificativas é o fato de que alguns sintomas que fazem

parte dos critérios diagnósticos para depressão são culturalmente e erroneamente

aceitos como fatores próprios de envelhecimento ou secundário a alguma outra

patologia clínica. Outros fatores também comuns são a presença de doenças

clínicas, o isolamento social, o início insidioso dos sintomas e a ausência ocasional

de humor deprimido, levando o idoso a não queixar, o familiar a não encaminhá-lo

ao serviço de saúde e os profissionais, muitas vezes, a não investigá-lo, causando,

enfim, sofrimento desnecessário para o paciente, carga para a família e custo para a

sociedade (FREITAS et. al., 2006).

Existem várias escalas diagnósticas validadas para rastreio de depressão ou

verificação de gravidade de seus sintomas. A aplicação de uma escala contribui para

a investigação diagnóstica e reduz a possibilidade de subdiagnóstico por expor

objetivamente à sintomatologia, mas nunca deve ser utilizada isoladamente como

critério diagnóstico (FREITAS et. al., 2006).

Existem várias escalas para avaliação sintomatológica, como a Escala de

Depressão Geriátrica (GDS), a Center for Epidemiologic Studies Depression Scale

(CES) e a Escala de Zung, e para avaliação da intensidade dos sintomas, como a

Escala de Beck (BDI), a Escala Hamilton e a escala de Cornell (FREITAS et. al.,

2006).

2.2.8.2 Escala de depressão geriátrica

A escala de depressão geriátrica (GDS) é o instrumento mais popular para

avaliação de sintomas depressivos em idosos, tendo sido a única desenvolvida para

esse grupo etário. Seu entendimento é simples, com respostas dicotômicas do tipo

31

sim/não e de rápida e fácil aplicação. A GDS pode ser utilizada por qualquer

profissional da atenção básica, entrevistadores leigos ou mesmo ser auto-aplicável e

encontra-se disponível e validada em vários idiomas, inclusive em português.

Apresenta acuracia para os idosos, mais que 80 anos, e a vantagem de não incluir

sintomas somáticos, reduzindo a interferência de sintomas confundidores em uma

população na qual a comorbidade é uma realidade. A desvantagem é a limitação do

uso na presença de déficit cognitivo, especialmente após estágio moderado. A

versão original da GDS possui 30 itens, porém existem versões mais curtas, sendo a

principal, composto por 15 itens selecionados (FREITAS et. al., 2006).

O escore de GDS 30 sugere depressão a partir de 11 pontos e a GDS 15,

acima de 5 pontos. Mesmo sem avaliar objetivamente a gravidade dos sintomas,

indica-se depressão moderada de 11 a 20 e 8 a 9, e grave acima de 21 e 10 pontos

para a GDS30 e 15, respectivamente (FREITAS et. al., 2006).

2.2.8.3 Escala cornell

Especialmente indicada para os pacientes com suspeita de depressão no

curso de demência. Apresenta sensibilidade satisfatória na demência leve e

moderada, por meio da avaliação de sintomas físicos, do humor, do comportamento,

do pensamento e do ciclo sono-vigília. O questionário é aplicado aos cuidadores e

posteriormente aos pacientes, cabendo ao médico a pontuação final nos casos em

que as informações entre os entrevistados são discrepantes (FREITAS et. al., 2006).

32

2.2.9 Tipos de depressão

2.2.9.1 Depressão vascular

FREITAS et al. (2006) afirmam que, é caracterizada por redução do interesse,

retardo psicomotor, prejuízo na percepção e pouca agitação ou sentimento de culpa,

além de possível piora na incapacidade. Dentre os sintomas cognitivos mais

presentes estão os déficit de fluência verbal e a anomia.

2.2.9.2 Síndrome depressão - disfunção executiva

Causada por proeminente disfunção frontoestriatal e caracterizada por retardo

psicomotor, redução de interesse, dano nas atividades instrumentais da vida diária

(AIVD), compreensão ou percepção imediata de uma situação, de um pensamento

ou de uma questão e sinais vegetativos. Essa síndrome apresenta resposta pobre,

lenta e instável aos antidepressivos e requer um cuidadoso plano de

acompanhamento (FREITAS et. al., 2006).

2.2.9.3 Depressão psicótica

É uma depressão grave, mais freqüente em idosos do que nos adultos jovens

na qual ocorrem associados aos sintomas depressivos, um ou mais sintomas

psicóticos, como delírio de ruína ou culpa, delírio hipocondríaco ou de negação de

órgão, alucinações com conteúdos depressivos. Se os sintomas psicóticos são de

conteúdo negativo, depressivo, classificam-se como sintomas psicóticos humores-

33

congruentes, de culpa, doença, morte, punição, entre outros, caso os sintomas

psicóticos não sejam de conteúdo negativo, são denominados sintomas psicóticos

de humor incongruentes, delírio de perseguição, de inserção de pensamentos, auto-

referentes, entre outros (FREITAS et. al., 2006; DALGALARRONDO, 2000).

2.2.9.4 Depressão tipo melancólica ou endógena

FREITAS et al. (2006) afirmam que, é caracterizada por incapacidade de

reagir a estímulos positivos, piora do humor pela manhã, sentimento de culpa

excessiva, despertar precoce, marcante retardo ou agitação psicomotora, perda de

apetite ou peso.

FREITAS et al. (2006) afirmam ainda que, pode haver dificuldade de

diferenciar a depressão da demência, quando estão presentes sintomas como

apatia, perda de peso, retardo psicomotor, redução da concentração, da memória de

curto prazo, falta de iniciativa e de volição, se secundários a depressão ou

demência. Quando a afasia está presente, comportamentos como recusa de

alimentação ou tratamento médico podem interpretados como relacionados com

ideação suicida.

Especialmente entre portadores de demência, são apatia e redução de

iniciativa. No caso de demência do tipo Alzheimer, os indivíduos apresentam menos

sintomas de humor e mais redução de energia, de concentração e lentidão motora,

mantendo esse padrão sintomatológico, mesmo com a evolução da demência

(FREITAS et. al., 2006).

A chamada pseudodemência, que é depressão associada a déficit cognitivo

que melhora com o tratamento de depressão, pode evoluir para demência em três

anos, em 40% dos casos, podendo a depressão ser apenas uma manifestação

precoce da demência. Em alguns casos o diagnóstico diferencial é difícil, devendo

ser observadas as características sintomáticas peculiares de cada doença para

decisão diagnóstica, como comorbidade ou apresentação isolada de depressão ou

demência (FREITAS et. al., 2006).

34

A seguir apresentam alguns critérios mais observados para o diagnóstico

diferencial entre depressão e demência (FREITAS et. al., 2006).

Os sintomas de uma doença clínica, como anemia, uremia, neoplasia,

hipotireoidismo e outras, podem mimetizar ou mascarar a depressão. Porém, em

idosos deprimidos, diferentemente dos que apresentam doenças crônicas, os

escores de sintomas estão aumentados de maneira geral e não especificamente em

algum item (FREITAS et. al., 2006).

Como qualquer nível de sintomas depressivos se associa com a atividade da

doença no nível biológico, os sintomas depressivos clinicamente significantes que,

no entanto, não preenchem os critérios diagnósticos para transtorno de humor pelo

Código internacional de Doenças, atualmente na sua décima revisão (CID 10) e

Manual de Diagnóstico Estático de Doença Mental, atualmente na quarta edição

(DSM IV), também causam dano à saúde e ao bem-estar dos indivíduos, podendo,

em 25% dos casos, evoluírem para depressão maior. Esse elenco de sintomas é

conhecido como depressão subsindrômica e definido como a presença de dois ou

mais sintomas depressivos na maior parte do tempo, durante, pelo menos, duas

semanas, em indivíduos que não preenchem critérios para depressão maior, distimia

ou outros transtornos depressivos. Observa-se que, no curso da depressão maior,

os pacientes passam mais tempo apenas com sintomas depressivos do que com o

quadro clinico completo exigido pelos critérios diagnósticos no CID 10 e DSM IV.

Nos maiores de oitenta anos, antes do estabelecimento da depressão, pode existir

uma fase subsindrômica de até três anos (FREITAS et. al., 2006).

Trata-se de um subtipo de depressão na qual predominam os sintomas

classicamente endógenos. Este tipo de depressão é de natureza neurobiológica e

independente de fatores psicológicos. Os sintomas típicos desse tipo de depressão

de acordo com Dalgalarrondo (2000) são:

a) anedonia;

b) hiporreatividade geral;

c) tristeza vital sentida no corpo;

d) lentificação psicomotora;

e) perda do apetite e de peso corporal;

f) depressão pior pela manhã, melhorando ao longo do dia;

g) insônia terminal, onde o individuo acorda de madrugada e não consegue

mais dormir;

35

h) ideação de culpa.

2.2.9.5 Episódio ou fase depressiva e transtorno depressivo recorrente

Dalgalarrondo (2000) relata que no episódio depressivo, evidentes sintomas

depressivos como humor deprimido, anedonia, fadigabilidade, diminuição da

concentração, da auto-estima, idéias de culpa, de inutilidade, transtornos do sono e

do apetite, devem estar presentes por pelo menos duas semanas e não mais do que

por dois anos de forma ininterrupta. Os episódios duram geralmente entre três a

doze meses, com uma mediana de seis meses. Quanto aos episódios depressivos,

é conveniente ressaltar que:

a) o episódio depressivo é classificado pela CID-10 em leve, moderado ou

grave, de acordo com o número, intensidade e importância clinica dos

sintomas;

b) quando o paciente apresenta, ao longo de sua vida, vários episódios

depressivos, que nunca são intercalados por episódios maníacos, faz-se

então o diagnóstico de transtorno depressivo recorrente.

2.2.9.6 Distimia

É uma depressão crônica, geralmente de intensidade leve, muito duradoura,

que começa no início da vida adulta e dura pelo menos vários anos. Os sintomas

depressivos mais comuns são a diminuição da auto-estima, fadiga aumentada,

dificuldade de tomar decisões ou se concentrar, mau humor crônico, irritabilidade e

sentimento de desesperança. Os sintomas devem estar presentes de forma

ininterrupta por pelo menos dois anos (DALGALARRONDO, 2000).

36

2.2.9.7 Depressão atípica

Para Dalgalarrondo (2000), é um subtipo de depressão que pode ocorrer em

episódios depressivos de intensidade leve a grave, em transtorno uni ou bipolar.

Além dos sintomas depressivos gerais, ocorrem os seguintes sintomas:

a) aumento do apetite, principalmente para doces e chocolate, e/ou ganho de

peso;

b) hipersonia;

c) sensação de corpo muito pesado;

d) sensibilidade exacerbada a indicativos de rejeição;

e) reatividade do humor aumentada, que melhora rapidamente com eventos

positivos e também piora rapidamente com eventos negativos.

2.2.9.8 Estupor depressivo

Estado depressivo grave, no qual o paciente permanece dias em uma cama

ou cadeira, em estado de catalepsia, imóvel, geralmente rígido, com negativismo

que se exprime pela ausência de respostas ás solicitações ambientais, via de regra

em estado de mutismo, recusando a alimentação, freqüentemente urinando e

defecando no leito. O paciente pode neste estado desidratar e vir a falecer por

complicações clínicas, como insuficiência pré-renal, desequilíbrios hidroeletrolíticos

(DALGALARRONDO, 2000).

2.2.9.9 Depressão agitada ou ansiosa

Depressão com forte componente de ansiedade e inquietação psicomotora. O

paciente queixa-se de uma angustia intensa associada aos sintomas depressivos,

37

não para quieto, insone, irritado, anda de um lado para o outro, desespera-se. Nos

casos mais graves há risco de suicídio (DALGALARRONDO, 2000).

2.2.10 Depressão maior

A redução nas atividades pode ser um sinal de aviso inicial de depressão em

idosos, visto que, quase sempre, o apetite é adversamente afetado, resultando em

uma concomitante perda de peso, mas, o ganho de peso pode ocorrer, embora

raramente, em especial em pessoas mais jovens. O sono é normalmente afetado e

as depressões mais severas são acompanhadas de uma insônia terminal ou

despertar na madrugada. A falta de energia ou fadiga fácil é frequentemente um

fator de manifestação em idosos, talvez acompanhada de passar muito tempo na

cama. Caso se encontre sentimentos de inutilidade, culpa ou remorso, deve-se ter

cautela porque estes indivíduos podem estar rumando para uma grande depressão

com os aspectos psicóticos, acompanhados de alucinações ou ausências, no qual,

as alucinações têm uma íntima associação com o suicídio (DUTHIE; KATZ, 2002).

Quando problemas com a concentração e o pensamento adquirem caráter de

importância, a síndrome da demência da depressão é diagnosticada e isto é

frequentemente confundido com condições como as apresentadas pelo mal de

Alzheimer. Entretanto, se as mudanças cognitivas são unicamente devidas à

depressão, elas devem ser solucionadas assim que se constate melhoria na

depressão. Também é importante voltar à atenção para pensamentos recorrentes

sobre a morte e inquirir sobre pensamentos ou planos de suicídio, pois obviamente,

ninguém que seja considerado como estando em risco de suicídio ativo requer

pronta intervenção e observação contínua (DUTHIE; KATZ, 2002).

38

2.2.11 Apresentação clínica da depressão

O quadro clínico da depressão no idoso assemelha-se na maioria das vezes

aquele encontrado no jovem, ou seja, tristeza patológica, às vezes difícil de

interpretar por sua natureza íntima e pessoal, ansiedade, expressa por medo intenso

sem que haja uma causa objetiva, conteúdo do pensamento pessimista e

desagradável, pensamento embotado e lentificado, anedonia, idéias de culpa,

autodepreciação, inutilidade, indecisão, queixas somáticas, astenia, fadiga,

diminuição da atenção, dificuldade de concentração, déficit de memória, escassa

necessidade de comunicação, diminuição do interesse sexual, pensamentos

niilistas, idéias recidivantes de morte e suicídio, auto-agressividade, que pode induzir

ao alcoolismo, bulimia, tabagismo, abandono de medicação e em casos extremos,

ao suicídio (PAPALÉO NETTO, 2002).

Os sintomas que podem compor um episódio de depressão e o que estão

descritos, muitas vezes, entre os idosos, necessitam de uma busca ativa para o

correto estabelecimento diagnóstico, pela possibilidade de atribuição errônea de

origem desses ao próprio processo de envelhecimento ou as comorbidades

presentes (FREITAS et. al., 2006).

Comparativamente com outras faixas etárias, são frequentes queixas, como

sensação subjetiva da perda de memória e dano cognitivo, entre idosos. Estes

tendem a se queixar mais de sintomas somáticos e cognitivos, do que de humor

deprimido, sintomas afetivos ou culpa (FREITAS et. al., 2006).

Em relação à depressão de início precoce, a depressão geriátrica de início

tardio, apresenta menor história familiar, maior prevalência de demência, piora no

desempenho do testes neuropsicológicos e dano auditivo neurossensorial (FREITAS

et. al., 2006).

A depressão mascarada, também denominada equivalente depressivo, pode

ter natureza endógena ou neurótica e tem sido definida como um conjunto de

sintomas que habitualmente correspondem ou podem corresponder a doenças muito

diferentes e ocorrem em doentes nos quais não é aparente o distúrbio do estado de

ânimo (PAPALÉO NETTO, 2002).

39

Na depressão verdadeira, geralmente o início é brusco e de curso irregular,

onde os pacientes apresentam-se com queixas de perda de memória e dificuldade

de realizar atividades intelectuais que são incongruentes em relação ao déficit

intelectual, são pouco colaborativos. As síndromes de depressão endógena referem-

se a sintomas vegetativos caracterizados por queixas difusas e somáticas, perda de

apetite, desprazer, agitação psicomotora ou retraimento, sentimento de culpa e

inutilidade, ausência de reatividade ao meio ambiente (PAPALÉO NETTO, 2002).

De acordo com Papaléo Netto (2002), é comum associar-se o fato de que, ao

ser hospitalizado, o paciente fica deprimido. Sabe-se que a hospitalização

geralmente causa a depressão de fundo reativo. Embora a etiologia da depressão

seja multifatorial, em se tratando do paciente hospitalizado, pode-se observar três

tipos de sintomas:

a) vegetativo - são caracterizados basicamente pelos distúrbios do sono,

anorexia, perda de interesse sexual e de vontade de viver;

b) cognitivo - geralmente apresentam anedonia, sentimentos de culpa,

autodepreciação, abandono, desesperança, entre outros;

c) humor - negam a tristeza, sentimento de culpa e choro, relatam sentir - se

fracos ou com falta de energia, dependendo de remédios como vitaminas.

Papaléo Netto (2002) afirma ainda que, no paciente hospitalizado é de

fundamental importância estabelecer o diagnóstico diferencial e agrupa-o em três

categorias, que são:

a) distúrbios psiquiátricos, que incluem depressão maior, distúrbio afetivo

bipolar, distimia e depressão reativa;

b) depressões secundárias e;

c) sintomas que simulam depressão como anorexia, perda de energia,

insônia, bradicinesia, lesões do lobo frontal.

2.2.12 Depressão no idoso

A depressão é o distúrbio mais comum do afeto ou humor do idoso e, com

frequência, responde ao tratamento. Sua classificação e diagnóstico variam de

40

acordo com o número, gravidade e duração dos sintomas. A depressão rompe a

qualidade de vida, aumenta o risco de suicídio e se autoperpetua. Ela também pode

ser o sinal inicial de uma doença crônica ou o resultado de doença física. Os sinais

de depressão incluem os sentimentos de tristeza, fadiga, memória e concetração

diminuídos do sono, distúrbios do apetite com perda ou ganho de peso excessivos,

agitação, diminuição do aspecto de atenção e ideação suicida (SMELTZER; BARE

2005).

Embora a depressão entre os idosos seja disseminada, ela é, com frequência,

não diagnosticada e não tratada. A avaliação clínica atenciosa é essencial. A

depressão geriátrica e os sintomas de demência se sobrepõem com frequência, de

modo que o comprometimento cognitivo pode ser um resultado da depressão em um

lugar da demência. Quando a depressão e as doenças clínicas coexistem, como

acontece com frequência, a negligência da depressão pode retardar a recuperação

física. Os sintomas poderiam ser secundários a uma interação medicamentosa ou a

uma condição física não-diagnosticada. A avaliação do estado mental do paciente,

inclusive a avaliação para a depressão, é vital e não deve passar despercebida

(SMELTZER; BARE 2005).

Os transtornos depressivos unipolares estão entre as 10 principais causas de

anos de vida ajustados para incapacidade (AVAI), independentes do sexo, para

todas as idades, no entanto, quando apenas o componente incapacidade de carga é

avaliado, a depressão passa a ser a causa mais importante de ano de vida com

incapacidade (AVI), independente da idade e do sexo. Esses indicadores traduzem a

necessidade de um olhar diferenciado para a possibilidade do diagnóstico de

depressão em idosos, uma vez que ainda é comum a atribuição errônea dos

sintomas depressivos ao processo de envelhecimento, por parte do próprio idoso, de

seus familiares e de alguns profissionais de saúde (FREITAS et. al., 2006).

Para FREITAS et al. (2006), esse cenário gera um elevado custo econômico

para o indivíduo, a família e a sociedade, composto por fatores como o custo dos

serviços sociais e de saúde, a redução na produtividade ou a perda do emprego e o

impacto negativo na mortalidade prematura.

41

2.2.13 Tratamento da depressão

A doença depressiva no final da vida deve ser vigorosamente tratada com

antidepressivos. Também foi demonstrado que as abordagens psicossociais são

efetivas. Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina, como a paroxetina

(Paxil), são clinicamente úteis e exibem ação rápida, como baixa ocorrência de

efeitos adversos. Os antidepressivos tricíclicos, especificamente a nortriptilina

(Aventyl), desipramina (Norpramin e doxepina [Sinequan]), também são clinicamente

efetivos para a depressão. Os efeitos colaterais anticolinérgicos, cardíacos e

ortostáticos, bem como as interações com outros medicamentos, exigem que esses

agentes sejam usados com cuidado e a dosagem deve ser controlada com cautela

para aliviar os sintomas e, ao mesmo tempo, evitar a intoxicação medicamentosa.

Podem transcorrer 4 a 6 semanas para que os sintomas diminuam, de modo que a

enfermeira (o) deve oferecer explicações e encorajamento durante esse período

(SMELTZER; BARE 2005).

O abuso do álcool relacionado com a depressão é significativo na população

idosa. Os problemas relacionados com álcool em pessoas idosas frequentemente

permanecem ocultos, no entanto, muitos adultos idosos negam seu hábito, quando

questionados. O abuso do álcool é particularmente perigoso na pessoa idosa devido

às alterações nas funções renal e hepática e a probabilidade de efeitos colaterais

nas interações com os medicamentos prescritos (ADAMS; ATKINSON; GANZ;

O’CONNER, 2000 Apud SMELTZER; BARE 2005).

2.2.13.1 Implicações de enfermagem

De acordo com Smeltzer e Bare (2005), o enfermeiro (a) que administra os

medicamentos às pessoas idosas deve estar ciente do seguinte:

a) os medicamentos removidos do corpo principalmente por excreção renal

permanecem neste por um intervalo de tempo maior nas pessoas com

função renal diminuída. Com freqüência, as dosagens devem ser

42

reduzidas porque são comuns a dosagem excessiva e a intoxicação

medicamentosa nas doses terapêuticas usuais;

b) os medicamentos com uma margem de segurança estreita, como

exemplo, glicosídios digitálicos, que devem ser administrados com

cautela;

c) um declínio no débito cardíaco pode diminuir a taxa de liberação para

órgão-alvo ou para o tecido de armazenamento;

d) os sistemas circulatório e nervoso central das pessoas idosas são menos

capazes de lidar com os efeitos de determinados medicamentos, mesmo

quando os níveis sanguíneos estão normais;

e) as respostas idiossincrásicas ou incomuns aos medicamentos podem

manifestar-se como reações tóxicas e complicações;

f) em conseqüência de um metabolismo mais lento, os níveis do

medicamento podem aumentar nos tecidos e no plasma, levando à ação

medicamentosa prolongada;

g) muitas pessoas idosas possuem múltiplos problemas médicos que

exigem tratamento com um ou mais medicamentos. A possibilidade de

interações entre os medicamentos é adicionalmente ampliada se a

pessoa idosa também estiver tomando os medicamentos de venda livre;

h) uma dieta rica em fibra ou o uso do psílio (Metamucil) ou de outros

laxativos pode acelerar o transporte gastrintestinal e reduzir a absorção

de medicamentos atualmente ingeridos;

i) se, por algum motivo, um paciente não for digno de confiança sobre estar

tomando o medicamento, a enfermeira (o) deve certificar-se de que o

comprimido ou cápsula é realmente deglutido e não está retido entre as

bochechas e as gengivas ou dentes.

Smeltzer e Bare (2005) afirmam que, o ensino da auto-administração do

medicamento requer fazer ao paciente as perguntas e solicitar as demonstrações de

retorno para garantir que o aprendizado aconteceu. As perdas sensorial e de

memória, bem como a destreza manual diminuída, podem afetar a capacidade do

paciente de realizar adequadamente as instruções, devendo o plano de ensino ser

ajustado para satisfazer às necessidades de cada paciente. As seguintes etapas

empreendidas pela enfermagem podem ajudar o paciente a controlar seus

medicamentos e melhoram a adesão:

43

a) explicar a ação, os efeitos colaterais e a dosagem de cada medicamento;

b) escrever o horário dos medicamentos;

c) encorajar a utilização de frascos padronizados sem lacres de segurança,

se não existirem crianças no domicílio;

d) sugerir a utilização de um dispensador de medicamento de múltiplas

doses e múltiplos dias para ajudar os pacientes a aderir ao esquema de

medicamentos;

e) destruir os medicamentos antigos e não utilizados;

f) rever periodicamente o esquema de medicamentos;

g) desencorajar o uso de medicamentos de venda livre e os agentes

fitoterápicos sem a consulta a profissional de saúde;

h) encorajar o paciente a levar regularmente consigo todos os

medicamentos, incluindo aqueles de venda livre, quando consultar o

profissional de saúde primário.

2.2.14 Tratamento não farmacológico da depressão

O tratamento não farmacológico da depressão em idosos inclui uma

variedade de estratégias, cada uma delas refletindo os desafios exclusivos do

tratamento desta população. É importante incluir a totalidade da equipe de

tratamento, assim como todo o sistema de apoio no processo de avaliação e

tratamento. A equipe frequentemente consiste de um clínico geral, um psiquiatra

consultor, um terapeuta ocupacional, assistentes sociais e enfermeiras (os)

(DUTHIE; KATZ, 2002).

A avaliação, a educação do paciente, os cuidados hospitalares diurnos, os

serviços de apoio social, além de psicoterapia de grupo e/ou individual adequados

devem ser considerados, a fim de abordar a ampla variedade de problemas com que

pode se defrontar o trabalho individual com os idosos, através de doença crônica ou

sob a forma de um grande distúrbio depressivo (DUTHIE; KATZ, 2002).

A avaliação e a educação são importantes do ponto de vista de conformidade

com o tratamento, o esclarecimento é a parte essencial do processo de diagnóstico

44

e tratamento, pois muitos indivíduos idosos, assim como a população geral, não

estão conscientizados dos fenômenos biológicos de distúrbio da grande depressão.

Ao apresentar as opções de tratamento, deve ser feita uma explicação do raciocínio

para o tratamento através de medicamentosa ao paciente e sua família a fim de,

assegurar adesão ao mesmo (DUTHIE; KATZ, 2002).

2.2.15 Aquiescência

Conforme Duthie e Katz (2002), a eficácia de qualquer tipo de tratamento da

depressão no paciente geriátrico depende da aquiescência dele às recomendações

do tratamento. O diagnóstico e tratamento da depressão no idoso podem ser mais

bem divididos em três componentes:

a) identificação dos sintomas da depressão como tais e o diagnóstico

subseqüente;

b) tratamento;

c) terapia da manutenção.

Todos estes três fatores são essenciais, e o fracasso em qualquer um deles

poderá resultar em sofrimento continuado, que poderia, de outra forma, ser

facilmente tratado, permitindo ao indivíduo afetado levar uma vida normal e

saudável. Em virtude do aumento da longevidade, o diagnóstico e o tratamento

eficazes de uma pessoa de 80 anos de idade podem normalizar a qualidade de vida

destes indivíduos por muitos anos (DUTHIE; KATZ, 2002).

A adesão ao tratamento no cenário externo ao paciente requer primeiramente

reconhecimento e compreensão por parte do paciente, tanto do diagnóstico como

das recomendações do tratamento. O estigma da doença mental é uma falta de

conscientização generalizada da depressão como uma doença física, assim como

outras múltipas concomitâncias médicas, dificuldade de transporte e renda fixa,

podem todos levar à falta de aquiescência ao tratamento. Por estas razões, existe

uma necessidade especial de, já no primeiro encontro com o paciente e sua família,

desenvolver uma boa aliança de tratamento com vistas a facilitar um diagnóstico e

tratamento eficaz posteriores (DUTHIE; KATZ, 2002).

45

Os efeitos colaterais são a razão pela qual os pacientes geriátricos

interrompem as medicações e é, portanto, fundamental que o médico escolha a

medicação apropriada, na dosagem correta. O método recomendado para o

tratamento desta população é iniciar com dosagem baixa elevando-a gradativamente

(DUTHIE; KATZ, 2002).

2.2.16 Institucionalização asilar

Uma situação estressante e desencadeadora de depressão é a

institucionalização asilar. Neste ambiente o idoso se vê isolado de seu convívio

social e adota estilo de vida diferente do seu, como horário das refeições e

atividades, falta de intimidades, controle de medicações, entre outros. Este

isolamento social leva-o a perda de identidade, liberdade, auto-estima, solidão e,

muitas vezes, recusa a própria vida, o que justificaria a alta prevalência de doenças

mentais nos asilos (PAPALÉO NETTO, 2002).

Tais pacientes devem ser investigados cuidadosamente, pois a sua não

identificação dentro de um ambiente hospitalar muitas vezes retarda a alta, dificulta

o tratamento e a reabilitação da doença física e, em muitos casos, ocasiona demora

na recuperação (PAPALÉO NETTO, 2002).

2.2.16.1 Instituições asilares para idosos: do surgimento aos dias atuais

O surgimento de instituições para idosos não é recente, no qual o cristianismo

foi pioneiro no amparo aos velhos e há registro de que o primeiro asilo foi fundado

pelo Papa Pelágio II (520-590), que transformou a sua casa em um asilo para velhos

(ALCÂNTARA, 2004).

Segundo Alcântara (2004), no Brasil Colônia, o Conde de Resende defendeu

que soldados velhos mereciam uma velhice digna e descansada. Em 1794, no Rio

46

de Janeiro, começou então a funcionar a Casa dos Inválidos, não como ação de

caridade, mas como reconhecimento àqueles que prestaram serviço à pátria, para

que tivessem uma velhice tranqüila.

No século XVIII, os asilos da Era Elisabetana eram instituições que abrigavam

mendigos. A partir do século XIX, foram criados na Europa asilos grandiosos, com

alta concentração de velhos. O maior era o Salpêtrière, que abrigava oito mil

doentes, dentre os quais dois a três mil idosos. Para Beauvoir (1990), este pode ser

considerado o núcleo da primeira instituição geriátrica, espaço que possibilitou

coletar dados clínicos e sociais sobre idosos.

O hospital enquanto instrumento terapêutico aparece em torno de 1780. Até

essa época, o hospital era um lugar de internamento, cujo objetivo era prestar

assistência material e espiritual aos doentes, pobres, devassos, loucos e prostitutas.

Caracterizava-se como espaço de separação e exclusão, pois se acreditava que o

indivíduo doente deveria ser separado do convívio social para evitar dano à

sociedade (FOUCAULT, 1979).

A história dos hospitais se assemelha à dos asilos de velhos, pois em seu

início, ambos abrigavam idosos em situação de pobreza e exclusão social. No Brasil,

o Asilo São Luiz para a Velhice Desamparada, criado em 1890, foi a primeira

instituição para idosos no Rio de Janeiro. Segundo Groisman (1999) apud Pollo e

Assis (2008), seu surgimento dá visibilidade à velhice. A instituição era um mundo à

parte e ingressar nela significava romper laços com família e sociedade.

Born (2002) afirma que não existiam instituições específicas para idosos,

estes eram abrigados em asilos de mendicidade, junto com outros pobres, doentes

mentais, crianças abandonadas, desempregados. Em fins do século XIX, a Santa

Casa de Misericórdia de São Paulo dava assistência a mendigos e, conforme o

aumento de internações para idosos passou a definir-se como instituição

gerontológica em 1964.

O modelo asilar brasileiro ainda tem muitas semelhanças com as chamadas

instituições totais, ultrapassadas no que diz respeito à administração de serviços de

saúde e/ou habitação para idosos (MORENO, 1999 apud POLLO; ASSIS, 2008).

Goffman (2003) define instituição total como um local de residência e

trabalho, onde um grande número de indivíduos com situação semelhante,

separados da sociedade mais ampla por considerável período de tempo, leva uma

vida fechada e formalmente administrada. Nesse espaço os indivíduos se tornam

47

cidadãos violados em sua individualidade, sem controle da própria vida, sem direito

a seus pertences sociais e à privacidade, com relação difícil ou inexistente com

funcionários e o mundo exterior.

Os estados com a maior proporção de idosos em Instituições de Longa

Permanência para Idosos ILPIs são Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio

Grande do Sul e Goiás. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate

à Fome (MDS), responsável pela política de cuidados de longa duração no Brasil,

em 2005 a União financiou 1.146 instituições para 24.859 idosos (CAMARANO,

2005).

A institucionalização de idosos tende a crescer com o envelhecimento

populacional. Mesmo nos países desenvolvidos como Canadá e EUA, onde a

institucionalização de idosos abaixo de 85 anos diminuiu, as internações de pessoas

com 85 anos e mais aumentaram (BORN; BOECHAT, 2002).

Em 1970, quando escreveu A Velhice, Beauvoir (1990), denunciou

veementemente as deficiências dos asilos. Hoje os problemas persistem e, apesar

de existirem instituições com atendimento de qualidade, ainda é expressivo o

número daquelas que não atendem a parâmetros básicos de funcionamento.

Quando inevitável, para que se torne uma alternativa que proporcione

dignidade e qualidade de vida, a instituição tem que romper com sua imagem

histórica de segregação e se tornar uma saída, uma opção, na vida dos idosos

(POLLO; ASSIS, 2008).

2.2.16.2 Funcionalidade das instituições de longa permanência de idosos

Nos países avançados, as opções para se manter o idoso na comunidade

através de uma rede de serviços têm mudado o perfil da institucionalização. Hoje a

predominância nas instituições é de idosos com idades mais avançadas, com perdas

funcionais sérias e com demência (BORN; BOECHAT, 2002).

Nos países como o Brasil, com extrema desigualdade socioeconômica e

diversidade cultural, o atendimento assume contornos diferenciados. No sul, sudeste

e para aqueles com poder aquisitivo maior, a institucionalização tende a ser similar a

48

dos países desenvolvidos. Porém, muitos idosos são institucionalizados por doenças

crônico-degenerativas e dificuldades geradas pela falta da família ou impossibilidade

desta para mantê-lo (BORN 2002).

Pollo e Assis (2008) descrevem que algumas situações são também

marcadas pelo conflito familiar e resultam na procura da família, ou às vezes do

próprio idoso, pela institucionalização. De outra parte, muitas famílias não

conseguem manter o idoso dependente em casa porque o cuidado se torna difícil e

desgastante, físico e emocionalmente. Quando a situação socioeconômica é mais

favorável, a sobrecarga pode ser minimizada com a contratação de cuidadores e

outros tipos de suporte.

Para Vasconcelos (2000), cuidar implica função física, psicológica, relacional,

material, e para tal demanda, é fundamental a disponibilização de determinadas

condições econômicas e sociais que viabilizem o cuidado. Na atualidade, nem todas

as famílias estão aptas a cuidar de seus membros, devido à crise econômica e as

transformações no mundo do trabalho.

A tendência, da sociedade e dos profissionais que trabalham com a questão

do envelhecimento, é culpar a família que não contribui para a resolução da

problemática da institucionalização. A família necessita de orientações, suporte

psicossocial e acesso à rede de serviços para o cuidado do idoso por parte do

Estado (POLLO; ASSIS, 2008).

Conforme Kane, citado por Born e Boechat (2002), 12 estudos analisados nos

Estados Unidos da América (EUA), demonstraram que os principais fatores para a

institucionalização foram, idade, diagnóstico, limitação nas atividades de vida diárias

(AVDs), estado civil, situação mental, morar sozinho, etnia, pobreza, ausência de

suportes sociais.

Amendoeira (2000) apud Pollo e Assis (2008), apontam fatores de risco para

internação no Brasil, síndrome de imobilidade, múltiplos problemas médicos,

depressão, demência, alta hospitalar recente, incontinência, ser mulher, ter idade

acima de 70 anos, ser solteiro, sem filhos, viúvo recente, morar sozinho, isolamento

social e pobreza.

Estudos em alguns locais do Brasil confirmam o perfil apresentado. Pesquisa

realizada em três instituições de Natal (RN) concluiu que as características

socioeconômicas e de saúde encontradas na população internada são marcadas

pelo predomínio de mulheres, condições de saúde precária, baixo poder aquisitivo,

49

contatos familiares conflituosos e ausência de moradia (DAVIM et al., 2004 apud

POLLO; ASSIS, 2008).

Pollo e Assis (2008) afirmam que até o momento inexistem dados exatos

sobre o número de idosos institucionalizados no Brasil e a demanda por este

atendimento. A realidade é que, seja porque foram colocados nas instituições ou

foram por conta própria, não há sinais de que a demanda por instituições irá

diminuir, principalmente se não forem disponibilizadas outras alternativas para

atender aos idosos e às famílias.

2.3 PROPOSTA DE ENFERMAGEM

2.3.1 Plano de cuidado aos idosos institucionalizados (PCII)

Um plano de cuidados de vida é um documento individualizado que avalia as

necessidades de vida e de cuidados de saúde atuais e futuros de um cliente, fornece

informações valiosas em relação aos fatores que podem afetar radicalmente os

cuidados da saúde e a qualidade de vida do indivíduo.

Com freqüência, um plano de cuidados de vida é solicitado para indivíduos

com lesões ou doenças catastróficas tais como, lesão cerebral traumática,

amputação, esclerose múltipla que, exigirão serviços médicos e de reabilitação

continuados. Um plano de cuidados de vida também pode servir como um esquema

daquilo que se espera nos cuidados de longo prazo.

Esses planos fornecem uma orientação das necessidades previstas de

cuidado do paciente para as famílias, companhias de seguro, advogados,

planejadores de alta e todos os profissionais médicos e de enfermagem.

O cuidado ao idoso, nestas instituições, requer atenção integral e ações

interdisciplinares, portanto o objetivo deste projeto é desenvolver o conhecimento e

a prática geriátrica e gerontológica.

Este projeto, dirigido aos idosos residentes em instituições de longa

permanência, visa à melhora de sua qualidade de vida, a partir da integração entre

50

comunidade e instituição. Contudo, para se atingir o objetivo proposto acreditamos

que devemos optar pela abordagem holística de saúde, neste sentido trata-se de

uma evolução qualitativa da consciência que representa a cooperação sinérgica

entre os diversos tipos de conhecimento.

Para Leloup et. al. (1997) a palavra holística se origina do termo grego holos,

que quer dizer inteiro. Tem como característica essencial o acolhimento de todas as

condições do ser humano. Cada vez que fazemos um diagnóstico, devemos

considerar as questões físicas, bioquímicas, somáticas, neurofisiológicas, psíquicas,

emocionais, mentais e sociais.

A partir desta visão de mundo, desenvolvemos este projeto, praticando o

cuidado à saúde dos idosos, baseados em ações interdisciplinares, entendendo o

homem como um ser inacabado, inconcluso, e que traz em si o potencial da

transcendência, mesmo vivenciando o período da senescência, cujas dimensões

biológicas, psicológicas, sociais e espirituais atuam de modo interdependente.

O projeto em pauta tem como propósito uma contribuição para o ensino, à

pesquisa e à prática de cuidado para com o idoso em uma instituição de longa

permanência. Compreendemos o idoso como um ser único, integral e indivisível;

assim, elaboramos um Plano de Cuidado aos Idosos Institucionalizados (PCII), que

por sua vez, compromete à Medicina, Enfermagem, Psicologia, Farmácia,

Fisioterapia, Educação Física, Terapia Ocupacional e Assistência social.

Portanto Smeltzer e Bare (2005) afirmam que, os componentes típicos de um

plano de cuidados de vida ao idoso são:

a) história clínica;

b) história social;

c) questões de família;

d) história vocacional / educacional;

e) avaliações médicas projetadas;

f) necessidades de fisioterapia e terapia ocupacional projetadas;

g) medicamentos e cuidados médicos futuros;

h) suprimentos terapêuticos;

i) artigos pessoais;

j) exames diagnósticos;

k) necessidades de equipamentos e suprimentos médicos;

l) equipamento de recreação;

51

m) auxílios para função independente;

n) cuidados domiciliares / institucionais;

o) necessidade de transporte;

p) renovações arquitetônicas;

q) complicações clínicas potenciais;

r) estado financeiro comprometido.

O planejamento para os cuidados e a compreensão das questões

psicossociais que a pessoa idosa enfrenta deve ser realizado junto com família do

idoso institucionalizado e à atenção não é somente ao idoso institucionalizado, mas

também aos familiares e assim resgatando sua auto estima.

2.3.2 Qualidade de vida do idoso

Diante da realidade inquestionável das transformações demográficas

iniciadas no último século e que nos fazem observar uma população cada vez mais

envelhecida, evidencia-se a importância de garantir aos idosos não só uma

sobrevida maior, mas também uma boa qualidade de vida (VECCHIA et. al., 2005).

O conceito de qualidade de vida está relacionado à auto-estima e ao bem-

estar pessoal e abrange uma série de aspectos como a capacidade funcional, o

nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual,

o autocuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os valores culturais,

éticos e a religiosidade, o estilo de vida, a satisfação com o emprego e/ou com

atividades diárias e o ambiente em que se vive (FREITAS et. al., 2006).

O grupo de estudiosos em qualidade de vida da OMS, The WHOQOL Group,

propõe um conceito para qualidade de vida subjetivo, multidimensional e que inclui

elementos positivos e negativos, qualidade de vida é a percepção do indivíduo de

sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais vive, e

em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (PEREIRA et.

al., 2006).

A qualidade de vida dos idosos e sua avaliação sofrem os efeitos de

numerosos fatores, entre eles os preconceitos dos profissionais e dos próprios

52

idosos em relação à velhice. O idoso deve participar ativamente na avaliação do que

é melhor e mais significativo para ele, pois o padrão de qualidade de cada vida é um

fenômeno altamente pessoal. Esta é uma questão não apenas metodológica, mas

também ética (FREITAS et. al., 2006).

Segundo a OMS, o ambiente físico em que o idoso está inserido pode

determinar a dependência ou não do indivíduo. Desta forma, é mais provável que

um idoso esteja física e socialmente ativo, se puder ir andando com segurança à

casa de seus vizinhos, ao parque ou tomar o transporte local. Idosos que vivem em

ambientes inseguros são menos propensos a saírem sozinhos e, portanto, estão

mais susceptíveis ao isolamento e à depressão, bem como a ter mais problemas de

mobilidade e pior estado físico, o que vem a influenciar a qualidade de vida

(PEREIRA et. al., 2006).

Assim, qualidade de vida é um conceito que está submetido a múltiplos

pontos de vista e que tem variado de época, país, cultura, classe social e de

indivíduo para indivíduo, conforme decorrer do tempo. O que hoje pode ser uma boa

qualidade de vida, pode não ter sido há um tempo atrás, poderá não ser amanhã, ou

daqui há algum tempo (PASCHOAL, 2000).

53

3 METODOLOGIA

Siqueira (2005) define revisão bibliográfica como a descrição dos conceitos,

procedimentos e do ponto de vista de diversos autores sobre um determinado

assunto, precedendo um estudo teórico ou empírico de maior amplitude, sendo esta

uma fase de contato com o conhecimento existente na área, onde não se permitem

julgamentos ou críticas.

Já Oliveira (1999) relata que a pesquisa bibliográfica tem por finalidade

conhecer as diferentes formas de contribuição cientifica que se realizaram sobre

determinado assunto ou fenômeno.

Este estudo constitui-se de uma revisão bibliográfica qualitativa descritiva,

acerca dos transtornos afetivos, subsídios para qualidade de vida do idoso

institucionalizado, depressão na terceira idade, que tem como base de dados artigos

científicos e de livros relacionados ao assunto.

Os artigos bem como os livros foram reunidos por tema e após a leitura foram

extraídos os pontos principais de cada um, após o processo de seleção os dados

foram reunidos e consolidados.

54

4 CONCLUSÃO

Ao final da pesquisa concluímos que, foi de suma importância o tema

abordado que nos proporcionou um conhecimento científico-teórico. Sendo assim, o

envelhecimento inicia-se em torno dos 30 anos de idade, iniciando um processo

lento de diminuição das funções que é de forma variável de um indivíduo para outro.

Atualmente considera-se que a população idosa brasileira tem ampliado

rapidamente, portanto, este processo se dá pelo crescimento da indústria

farmacêutica, que visa à melhoria dos medicamentos para idosos, pois, são eles que

são os clientes mais visados nos últimos anos. Afinal, são essas pessoas com faixa

etária a partir de 60 anos que necessitam mais de medicamentos.

Além disto, a depressão é uma doença de alta incidência na população geral

e é o distúrbio mais comum que afeta o idoso. Este distúrbio é uma resposta comum

aos problemas de saúde. Pessoas podem ficar deprimidas em consequência de

lesões, alterações biológicas, fatores somáticos, psíquicos, sociais, econômicos,

culturais, hereditariedade, entre outros. A classificação do diagnóstico varia de

acordo com o número, gravidade e duração dos sintomas. A depressão pode ser

também, um sinal de doença crônica ou o resultado de doença física, sendo os

fatores somáticos da depressão a tristeza, fadiga, memória e concentração

diminuída, distúrbios do apetite com perda ou ganho de peso excessivos, agitação,

atenção e ideação suicida, sendo que estes fatores rompem a qualidade de vida do

idoso seja ele institucionalizado ou não.

Outrossim, a institucionalização de idosos tende a crescer com o

envelhecimento populacional, sendo uma alternativa e não uma obrigação. As

instituições asilares foram criadas para cuidar dos idosos e oferecer qualidade e

expectativa de vida, amor, carinho entre outros. Essa qualidade de vida que os

asilos fornecem aos idosos tem vários pontos de vista e que tem variado de época,

país, cultura, classe social e principalmente de um indivíduo para outro, o que hoje

pode ser uma boa qualidade de vida, pode não ter sido há um tempo atrás, não

poderá ser amanhã e existem projetos de atividades que resgatam a auto estima do

idoso institucionalizado. Então estas instituições asilares tem que romper essa

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barreira, que todo asilo é para idosos doentes, uma vez que o objetivo é contrário,

as instituições asilares tem como meta de zelar pelo idoso, sendo ele doente ou não,

por isso, concluímos que a instituição asilar não é uma obrigação, mais sim uma

opção na vida dos idosos.

O planejamento para os cuidados e a compreensão das questões

psicossociais que a pessoa idosa enfrenta dever ser realizado junto com a família do

idoso institucionalizado e a atenção desse plano de cuidado, não é só para o idoso

institucionalizado, mas também aos familiares. Neste plano de cuidado temos que

colher todos os dados possíveis do nosso cliente que é a história clínica, história

social, questões da família, história vocacional e educacional, avaliações médicas

anteriores, medicamentos em uso, artigos pessoais, exames diagnósticos, entre

outros.

Em suma, o estudo foi de grande valia para a enfermagem, respondendo

assim aos nossos anseios e objetivos, pois tais dados analisados proporcionam ao

profissional de saúde, através da base teórica científica, a capacidade em saber

reconhecer sinais e sintomas da depressão em idosos, e analisar sua qualidade de

vida, em uma instituição asilar.

56

Referências

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ZIMERMAN, Guite I. Velhice: aspectos biopsicossociais. Porto Alegre: ArtesMédicas Sul, 2000.

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ANEXO (S)

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TABELA 2 Escala de depressão geriátrica

Escolha a melhor resposta para como você se sentiu na última semana.

1. Você está satisfeito com sua vida?* SIM NÃO

2. Abandonou muitos dos seus interesses e atividades? SIM NÃO

3. Sente que a vida está vazia? SIM NÃO

4. Sente-se frequentemente aborrecido? SIM NÃO

5. Você tem muita fé no futuro?* SIM NÃO

6. Tem pensamentos negativos? SIM NÃO

7. Na maioria do tempo está de bom humor?* SIM NÃO

8. Tem medo de que algo de mal vá lhe acontecer? SIM NÃO

9. Sente-se feliz na maioria de tempo?* SIM NÃO

10.Sente-se frequentemente desamparado, adoentado? SIM NÃO

11.Sente frequentemente intranqüilo? SIM NÃO

12.Prefere ficar em casa em vez de sair? SIM NÃO

13.Preocupa-se muito com o futuro? SIM NÃO

14.Acha que tem mais problema de memória que os outros? SIM NÃO

15.Acha bom estar vivo?* SIM NÃO

16.Fica frequentemente triste? SIM NÃO

17.Sente-se inútil? SIM NÃO

18.Preocupa-se muito com o passado? SIM NÃO

19.Acha a vida muito interessante?* SIM NÃO

20.Para você é difícil começar novos projetos? SIM NÃO

21.Sente-se cheio de energia?* SIM NÃO

22.Sente sem esperança? SIM NÃO

23.Acha que os outros têm mais sorte que você? SIM NÃO

24.Preocupa-se com coisas sem importância? SIM NÃO

25.Sente-se frequentemente vontade de chorar? SIM NÃO

26.É difícil para você concentrar-se? SIM NÃO

27.Sente-se bem ao despertar?* SIM NÃO

28.Prefere evitar as reuniões sociais? SIM NÃO

29.É fácil para você tomar decisões?* SIM NÃO

SIM NÃO30.O seu raciocínio está tão claro quanto antigamente?*

Escore: ___________( Número de respostas deprimidas)

Normas

Norma: 5 ± 4

Discretamente deprimida: 15 ± 6

Muito deprimida: 23 ± 5

Fonte: SMELTZER; BARE 2005.

* Respostas apropriadas (não-deprimidas) = sim; todas outras = não.