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A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. Reabilitação urbana: uma noção e uma via de concretização Autor(es): Paula, Fernanda; Lopes, Dulce Publicado por: Editorial do Departamento de Arquitectura URL persistente: http://hdl.handle.net/10316.2/37892 DOI: http://dx.doi.org/10.14195/0874-6168_9_9 Accessed : 26-Jan-2019 16:03:33 digitalis.uc.pt impactum.uc.pt

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Reabilitação urbana: uma noção e uma via de concretização

Autor(es): Paula, Fernanda; Lopes, Dulce

Publicado por: Editorial do Departamento de Arquitectura

URLpersistente: http://hdl.handle.net/10316.2/37892

DOI: http://dx.doi.org/10.14195/0874-6168_9_9

Accessed : 26-Jan-2019 16:03:33

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PLANOS SALVAGUARDA VILA REAL DE sra ANTÓNIO NÚCLEO POMBALINO

PROJECTO URBANO COIMBRA PÓLO Ili E HOSPITAIS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Paulo Ormindo Azevedo 1 Nuno Portas 1 Donatella Calabi 1 Horta Correia Renata Araújo 1 !Fernando M'ello Franco 1 PbiHipe Glayre

SETEMBRO 2005 •wze•:+:

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li SALVAGUARDA. VILA REAL DE STº ANTÓNIO

REABILITAÇÃO URBANA: UMA NOÇÃO E UMA VIA DE CONCRETIZAÇÃO

P ara a intervenção planificadora no Núcleo Pombalino de Vila Real de Santo António, optou· se pela elaboração de um Plano de Pormenor

de Salvaguarda que adoptasse, na falta de regulamentação legal deste tipo de planos consagrados na Lei n.2

107 /2001, de 8 de Setembro, que estabelece as bases da politica e do regime de protecção e valorização do património cultural, a modalidade de plano de pormenor simplificado previsto na alínea c) do n.2 2 do artigo 91.2

do Decreto-Lei n.2 380/99, de 22 de Setembro, com as alterações promovidas pelo Decreto-Lei n.2 310/2001, de 10 de Dezembro, que aprovou o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (doravante RJ IGT).

Efectivamente, ao contrário dos planos de pormenor de conteúdo normal, expressamente regulados no artigo 91.2, n.2 1 do RJIGT - orientados para áreas de expansão ou de nova urbanização - , os planos de conservação, reconstrução e reabilitação urbana, designadamente de zonas históricas ou de áreas críticas de recuperação e reconversão urbanística, encontram-se particularmente vocacionados para intervenções de reabilitação.

Serve, como veremos adiante, o Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Pombalino de Vila Real de Santo António, dada a sua área de intervenção e os objectivos que com o mesmo se pretendem alcançar, para a promoção de uma política de reabilitação urbana.

Esta pode, contudo, ser actualmente alcançada por intermédio de um regime excepcional definido no Decreto·

Lei n.2 104/2004, de 7 de Maio, que, embora valendo apenas para zonas históricas como tal classificadas em plano municipal de ordenamento do território (artigo 1.2 ,

n.os 3 e 4), ou para áreas críticas de recuperação e reconversão urbanística (nos termos do artigo 41.2 da Lei dos Solos), se encontra igualmente funcionalizado à consecução dos desígnios da reabi litação urbana, com a particularidade de esta poder ser alcançada através de formas organizacionais específicas correspondentes a sociedades anónimas de capitais exclusivamente públicos com participação municipal e estadual - intituladas SRU· Sociedade de Reabilitação Urbana - , com competências em matéria de licenciamento e autorização de operações urbanísticas, de expropriação e de fiscalização na sua área de intervenção 11).

Independentemente da forma organizacional util izada para o efeito e da área de intervenção, está aqui em causa a noção de reabilitação urbana que, embora de delimitação aparentemente simples, em especial se a contrapusermos às intervenções urbanísticas de "nova urbanização", suscita, contudo, dúvidas relativamente a uma sua determinação mais precisa. Senão vejamos:

De acordo com o disposto no n.2 2 do artigo 1.2 do Decreto­Lei n.2 104/2004 "entende-se por •reabilitação urbana• o processo de transformação do solo urbanizado, compreendendo a execução de obras de construção, reconstrução, alteração, ampliação, demolição e conservação de edifícios, tal como definidas no regime jurfdico da urbanização e da edificação, com o objectivo

Fernanda Paula e Dulce Lopes

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REABILITAÇÃO URBA1'jj'I: SAL VAGUARDA. UMA NOÇÃO E UMA VIA DE CONCRETIZAÇAO VILA REAL DE ST' ANTÓNIO

de melhorar as suas condições de uso, conservando o seu carácter fundamental, bem como o conjunto de operações urbanísticas e de loteamento e obras de urbanização que visem a recuperação de zonas históricas e de áreas crfticas de recuperação e reconversão urbanística".

Em face da definição aqui avançada, a polltica pública de que aqui curamos é designada de forma plural , tanto como política de recuperação, de renovação, de reabilitação ou ainda de revitalização e requalíficação urbanas.

Destes conceitos, o de recuperação parece assentar, numa primeira aproximação, numa perspectiva de mera conservação do edificado que não equivalha ao restauro, quantas vezes considerando o edifício de forma isolada (2),

o que, apesar de se assumir como uma vertente importante, senão primacial das intervenções a realizar, por isso mencionada no citado artigo, não esgota a amplitude desta política, de natureza essencialmente global e integrada.

Por seu lado, a política de renovação urbana parece apelar para uma actuação de modernização, se não mesmo de demolição e posterior "substituição" do edificado, ainda que seja esta a designação privilegiada em termos de direito comparado e pela doutrina nacional (3).

A noção de reabilitação urbana, ainda que designando um "processo de transformação do espaço urbano, compreendendo a execução de obras de conservação, recuperação e readaptação de edifícios e de espaços urbanos, com o objectivo de melhorar as suas condições de uso e habitabilidade, conservando porém o seu carácter fundamental", definição esta que serviu de base à prevista no Decreto-Lei n.2 104/2004, pode, igualmente, não esgotar todas as intervenções possíveis ao abrigo do mesmo, sobretudo na medida em que este se aplica, igualmente, a áreas críticas de recuperação e reconversão urbanistica, cujas necessidades podem ir além desta perspectiva "conservacionista" (4).

Enfim, a politica de requallflcação ou revitalização urbanisticas assume um cariz mais amplo, que pode alargar-se a todo o espaço urbano (e rural complementar), referindo-se, sobretudo, ao objectivo final das intervenções e não especificamente a estas.

De facto, independentemente da designação que seja dada a esta política especial de ordenamento do território e de urbanismo - recuperação, renovação, reabilitação ou revitalização - deve-se assentar que o essencial da mesma

ê a necessidade de "intervenção no existente", sendo a escolha dos instrumentos juridicos ditada por considerações de adequação (e, em geral, de proporcio­nalidade) relativamente ao fim proposto. E isto quer o já existente seja um centro urbano tradicional - que, em grande medida, se pretende "manter'', ainda que adaptando-o às novas exigências da vida social, caso do núcleo pombalino Vila Real de Santo António--, ou uma zona de edificação recente e desordenada - e, por vezes, de ra iz i legal - cuja manutenção ê, quantas vezes, por razões de claudicante desrespeito pelos requisitos minimos de habitabilidade, impossivel (5).

Quanto à hipótese de intervenção em centros históricos, acentue-se que existe, de facto , uma linha de preferência pelos inst rumentos que promovam a conservação do património incluído nos centros das cidades, como forma de preservação ou recuperação da sua atractividade, (pluri)centralidade e multifuncionalidade. Contudo, tal não exclui que, em situações justificadas, se possa lançar mão de instrumentos que promovam uma intervenção mais intensa nessa área, tendo em vista os objectlvos que, com a mesma, se visam atingir.

Neste ponto, a política que se pretende levar a cabo em Vila Real de Santo António é, efectivamente, uma politica de revitalização urbana, aliada, de perto, a preocupações e objectivos sociais, pretendendo, essencialmente, a reversão da situação de escassez, envelhecimento e empobrecimento da população e de fuga ou falta de atractividade de usos urbanos bem como de requalificação urbana, já que lhe são assinalados objectivos de melhoria do ambiente urbano.

Especificamente no que se refere à intervenção em Vi la Real de Santo António, sendo certo que não foi seguido o regime constante no Decreto-Lei n.R 104/2004, não deixou de se atender às especificidades da área de intervenção, tanto em termos da regulamentação normativa gizada, como ainda dos mecanismos a adaptar de concretização da mesma, estabelecidos ambos, pelo menos nas suas linhas principais, no Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Pombalino de Vi la Real de Santo António.

Na base da elaboração deste Plano de Pormenor, de acordo com o que resu lta dos termos de referência inicialmente fixados, encontra-se a intenção de reposição da originária matriz pombalina da cidade de Vi la Real de Santo António, evitando-se, assim, o agravamento do processo de descaracterização e desvitalização a que a mesma tem vindo a ser submetida.

Ili

PLANOS if4ftli

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SALVAGUARDA. REABILITAÇÃO URBANA: VIL A REAL DE STº ANTÓNIO UMA NOÇÃO E UMA VIA DE CONCRETIZAÇÃO

( ... ) a finalidade última que se pretende acautelar com o Plano é a da protecção do espaço urbano em si mesmo e não das edificações isoladas que nele se inscrevem. 111

Nestes termos, a finalidade última que se pretende acautelar com o Plano é a da protecção do espaço urbano em si mesmo e não das edificações isoladas que nele se inscrevem. Com efeito, a protecção e salvaguarda dos edifícios que contenham elementos arquitectõnicos pombalinos apenas se impõe na medida em que estes fazem parte de um conjunto urbano que merece, nessa qualidade, uma protecção mais ampla e perene.

Deste modo, foram assumidos como objectivos do Plano de Pormenor, por referência ao projecto fundacional do Núcleo Pombalino a definição e o estabelecimento de regras de actuação que permitam salvaguardar e valorizar o património urbanístico e arquitectõnico existente, mediante a sua protecção material e a definição de usos e normas adequadas às suas características morfológicas, de forma a conseguir a recuperação e valorização urbana integral do Núcleo Pombalino, bem como a dinamização das potencialidades locais.

Para tanto, diferenciaram-se as regras pertinentes ao Núcleo Pombalino - e, dentro destas, as referentes a uma Zona de Intervenção Sensível, na qual se pretende incentivar a integração de usos comerciais, culturais e de lazer e a definição das bases da requalificação urbana, de modo a gerar um efeito de irradiação na restante ãrea de intervenção -, das regras apl icáveis à Zona Envolvente, que visam a criação de uma cintura de edifícios com uniformidade estética e volumétrica em torno do Núcleo Pombalino, para clarificação dos limites originais do mesmo e servindo os intentos de execução do Plano.

De facto, na Zona Envolvente o plano prevê a obrigatoriedade de construção de edifícios com quatro pisos, sendo o quarto piso, na medida em que excede o direito médio atribuido a cada proprietário, funcionalizado à concretização dos mecanismos de perequação previstos no plano.

Tais mecanismos correspondem a uma exigência legal de redistribuição dos benefícios e encargos gerados pelo mesmo, pelo que o valor correspondente à ãrea do quarto piso reverterá para o fundo de compensação previsto no plano e a criar por regulamento municipal, visando compensar, primacialmente, os proprietários do Núcleo Pombalino pela perda de edificabilidade ou pela não exaustão do índice médio previsto para o mesmo.

Ainda, dadas as especiais características da intervenção no Núcleo Pombalino, ligadas ao complexo de elementos constantes do presente Plano que devem ser tidos em consideração na autorização ou licenciamento das operações urbanísticas previstas, é criado um Gabinete de Gestão, cuja orgânica e funcionamento será objecto de regulamento próprio, decorrendo a sua actividade no tempo normal de execução do plano - 10 anos - , podendo ser eventualmente prorrogada enquanto tal se justifique .Também as compensações (mas já não as indemnizações, se a elas houver lugar) no âmbito do Núcleo Pombalino apenas serão efectivadas se as intervenções de iniciativa dos particulares previstas no plano tiverem lugar no prazo máximo de 10 anos a contar da entrada em vigor deste.

Esta solução, inovadora no nosso ordenamento jurídico, encontra-se, porém, em conformidade com os princípios que regem as expropriações do plano previstos no artigo 143.; do RJIGT, que prevê um limite temporal de cinco anos passado o qual, não tendo os interessados concretizado a ed ificabilidade conferida pelo plano, não terão direito a qualquer compensação. E é, por fim, este limite de 10 anos que, apesar de não ser absoluto, visa, em primeira linha, a concretização efectiva das disposições do Plano de Pormenor, sem assumir uma orientação de natureza lmpositiva e unilateral, antes assentando nos vectores de um urbanismo promocional e concertado, como hodiernamente se impõe. 'ª1

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IW DA RÉPÚBLICA ANTES DO SEU ALARGAMENTO

PLANOS iti:W4§11