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V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ___________________________________________________________________ 1 A ESTATÍSTICA NOS CURSOS SUPERIORES: uma análise curricular e a percepção dos graduandos sobre sua contribuição em sua formação profissional STATISTICS IN UNDERGRADUATE COURSES: a curricular analysis and the students' perception of its contribution to their professional training Areádne Helena Brandão PEREIRA 1 , Sueli Machado Pereira de OLIVEIRA 2 RESUMO Esta pesquisa teve como objetivo realizar uma análise de como a Estatística é contemplada nos cursos superiores de Administração, Ciências Contábeis e Engenharia de Produção, de uma universidade particular situada no sul de Minas Gerais. Foi realizada uma análise nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC), a fim de verificar se os objetivos estão de acordo com as competências indicadas nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). Investigamos também, por meio de questionário com perguntas objetivas e discursivas, como os alunos do 7º período destes cursos percebem a contribuição desta disciplina em sua formação profissional. A maioria dos alunos considera que teria pouca dificuldade em realizar suas atividades profissionais, caso a disciplina não estivesse inserida na matriz curricular (47%), especialmente os alunos do curso de Ciências Contábeis. No curso de Administração, a maioria considera que ela pode interferir no seu desempenho profissional e que é importante estar inserida no currículo, entretanto, uma quantidade significativa disse que não interfere no seu desempenho profissional e que pode ser aprendida futuramente. No curso de Engenharia de Produção, foi praticamente unânime a percepção de que o conhecimento estatístico interfere no seu desempenho profissional, de que é uma disciplina importante no curso e de que teriam dificuldades em exercer a profissão se não tivessem este conteúdo. Todavia foi o curso que mais apresentou alunos com dependência nesta disciplina, indicando serem necessárias estratégias diferenciadas de acompanhamento do aprendizado. PALAVRAS- CHAVE: Currículo; Cursos superiores; Ensino de Estatística; Formação profissional. ABSTRACT The goal of this research was to analyze how Statistics is contemplated in the undergraduate courses of Administration, Accounting Sciences and Production Engineering, from a private university located in the South of Minas Gerais State, Brazil. We analyzed the Courses Pedagogical Projects (PPC) in order to check if their objectives were in accordance to the competencies indicated in the National Curricular Guidelines (DCN). We also investigated, through a questionnaire with objective and discursive questions, how the 7th period students from these courses perceive the contribution of this academic discipline to their professional formation. Most students consider that they would have little difficulty in accomplishing their professional activities, if the discipline were not included in the course syllabus (47%), specially Accounting Sciences students. In the Administration course, most students believe that Statistics can interfere in their professional practice, and that it is important to have it in the course syllabus; however, a significant amount reported that Statistics do not interfere in their professional practice and that it can be learned later. In the Production Engineering course, the perception that the knowledge of Statistics interferes in the professional practice was practically unanimous, as well as the perception that it is an important discipline in the course and that they would have difficulties in the professional practice if they did not have this content. However, this was the course with most students with dependence in this discipline, indicating that different learning strategies are needed. KEY-WORDS: Course syllabus; Undergraduate courses; Teaching Statistics; Professional qualification. INTRODUÇÃO A disciplina de Estatística está presente em quase todos os cursos de bacharelado, visto que seu estudo fornece as ferramentas necessárias aos profissionais que precisam lidar com muitas 1 Aluna da Pós- graduação em Educação Matemática. IFSULDEMINAS, Campus Pouso Alegre. E-mail: [email protected] 2 Dra. em Educação pela UFMG e professora do IFSULDEMINAS, Campus Pouso Alegre. E-mail: [email protected]

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1

A ESTATÍSTICA NOS CURSOS SUPERIORES: uma análise curricular e a

percepção dos graduandos sobre sua contribuição em sua formação

profissional

STATISTICS IN UNDERGRADUATE COURSES: a curricular analysis and

the students' perception of its contribution to their professional training

Areádne Helena Brandão PEREIRA1, Sueli Machado Pereira de OLIVEIRA2

RESUMO Esta pesquisa teve como objetivo realizar uma análise de como a Estatística é contemplada nos cursos superiores de

Administração, Ciências Contábeis e Engenharia de Produção, de uma universidade particular situada no sul de Minas

Gerais. Foi realizada uma análise nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC), a fim de verificar se os objetivos estão

de acordo com as competências indicadas nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). Investigamos também, por

meio de questionário com perguntas objetivas e discursivas, como os alunos do 7º período destes cursos percebem a

contribuição desta disciplina em sua formação profissional. A maioria dos alunos considera que teria pouca dificuldade

em realizar suas atividades profissionais, caso a disciplina não estivesse inserida na matriz curricular (47%),

especialmente os alunos do curso de Ciências Contábeis. No curso de Administração, a maioria considera que ela

pode interferir no seu desempenho profissional e que é importante estar inserida no currículo, entretanto, uma

quantidade significativa disse que não interfere no seu desempenho profissional e que pode ser aprendida futuramente.

No curso de Engenharia de Produção, foi praticamente unânime a percepção de que o conhecimento estatístico

interfere no seu desempenho profissional, de que é uma disciplina importante no curso e de que teriam dificuldades

em exercer a profissão se não tivessem este conteúdo. Todavia foi o curso que mais apresentou alunos com

dependência nesta disciplina, indicando serem necessárias estratégias diferenciadas de acompanhamento do

aprendizado.

PALAVRAS- CHAVE: Currículo; Cursos superiores; Ensino de Estatística; Formação profissional.

ABSTRACT The goal of this research was to analyze how Statistics is contemplated in the undergraduate courses of Administration,

Accounting Sciences and Production Engineering, from a private university located in the South of Minas Gerais

State, Brazil. We analyzed the Courses Pedagogical Projects (PPC) in order to check if their objectives were in

accordance to the competencies indicated in the National Curricular Guidelines (DCN). We also investigated, through

a questionnaire with objective and discursive questions, how the 7th period students from these courses perceive the

contribution of this academic discipline to their professional formation. Most students consider that they would have

little difficulty in accomplishing their professional activities, if the discipline were not included in the course syllabus

(47%), specially Accounting Sciences students. In the Administration course, most students believe that Statistics can

interfere in their professional practice, and that it is important to have it in the course syllabus; however, a significant

amount reported that Statistics do not interfere in their professional practice and that it can be learned later. In the

Production Engineering course, the perception that the knowledge of Statistics interferes in the professional practice

was practically unanimous, as well as the perception that it is an important discipline in the course and that they would

have difficulties in the professional practice if they did not have this content. However, this was the course with most

students with dependence in this discipline, indicating that different learning strategies are needed.

KEY-WORDS: Course syllabus; Undergraduate courses; Teaching Statistics; Professional qualification.

INTRODUÇÃO

A disciplina de Estatística está presente em quase todos os cursos de bacharelado, visto que

seu estudo fornece as ferramentas necessárias aos profissionais que precisam lidar com muitas

1 Aluna da Pós- graduação em Educação Matemática. IFSULDEMINAS, Campus Pouso Alegre. E-mail:

[email protected] 2 Dra. em Educação pela UFMG e professora do IFSULDEMINAS, Campus Pouso Alegre. E-mail:

[email protected]

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2

informações. Estes profissionais devem saber extrair, de um vasto volume de dados, as

informações mais importantes para resolver uma situação e transformá-la em conhecimento.

As disciplinas de um curso de graduação são previstas no Projeto Pedagógico do Curso

(PPC), que deve estar sintonizado com uma nova visão de mundo, objetivando garantir uma

formação global e crítica para os alunos – a fim de capacitá-los, desde o exercício da cidadania e

o profissional, até seu desenvolvimento pessoal (VEIGA, 2000).

O objetivo principal deste estudo é analisar como a Estatística é contemplada no PPC de

Administração, Ciências Contábeis e Engenharia de Produção, e verificar como os alunos

concluintes percebem sua contribuição em sua formação profissional. A hipótese levantada é de

que os dois primeiros cursos teriam resultados mais próximos, pois são de áreas afins, enquanto o

de Engenharia de Produção, por ser da área de exatas, teria resultados um pouco diferentes.

Esta investigação é relevante pois, com as crescentes mudanças no mercado de trabalho,

constantes reformulações nos currículos dos cursos superiores são cada vez mais necessárias.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com Silva (2006), as instituições educacionais de ensino superior são

estruturadas com base no tripé ensino, pesquisa e extensão, com a função social de transformar os

indivíduos inseridos neste meio em pensadores críticos, para que possam desempenhar de forma

competente seu exercício profissional.

A partir de 1990, diversas foram as reformas na educação brasileira que atenderam às

pressões e orientações de organismos multinacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário

Internacional. As novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos de graduação

visam a orientar as Instituições de Ensino Superior a reformularem seus PPCs com a finalidade de

assegurar flexibilidade na formação e a qualidade desta (SILVA, 2007).

Para Gesser e Ranghetti (2011), os estudos sobre a concepção de currículo no ensino

superior destacam que os componentes curriculares devem estar intrinsecamente relacionados à

realidade social e à futura atividade profissional dos estudantes, para que a formação seja

significativa. O contexto social atual demanda dos cursos superiores um currículo que desenvolva

o pensamento crítico do estudante, além de relacionar as teorias vistas em sala de aulas à prática

da sua profissão.

Ao se reconhecer o currículo conectado à prática, e, por sua vez, configurado no processo

de seu desenvolvimento, faz-se importante considerar os agentes ativos no processo educacional.

Além de moldar tanto o projeto pedagógico como os docentes, o currículo é traduzido na prática

por eles mesmos, ou seja, a influência é recíproca. Nesse sentido, tem-se por pressuposto que a

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matriz curricular de um PPC é sempre carregada de intenções e ideologias; envolve construção de

identidades e não se reduz a uma matriz curricular.

MATERIAL E MÉTODOS

Esta pesquisa de caráter qualitativo dividiu-se em análise documental e aplicação de

questionário. Na análise documental, foram verificados os PPCs dos cursos superiores de

Administração, Ciências Contábeis e Engenharia de Produção, todos de uma Universidade

particular localizada no sul de Minas Gerais. O diretor da unidade foi contatado e assentiu por

meio de um Termo de Anuência. Fez-se um paralelo dos objetivos presentes nos PPCs dos cursos,

analisando-se os componentes curriculares referentes ao conteúdo de Estatística, com as

competências que são indicadas nas DCN para os cursos de graduação, com o intuito de verificar

se estas estão de acordo com os objetivos dos PPCs.

Posteriormente, analisou-se a percepção dos alunos sobre a Estatística no curso e em sua

formação profissional. Utilizou-se como instrumento de pesquisa um questionário com questões

objetivas e discursivas. O mesmo foi aplicado no 1º semestre de 2017 em 116 alunos do 7º período

dos cursos supracitados. Os alunos foram contatados em sala de aula com o consentimento do

professor presente. Foi-lhes explicado sobre a pesquisa e seus objetivos e todos os presentes

consentiram na aplicação do questionário e tiveram suas dúvidas respondidas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na análise documental, verificou-se as DCN e os PPCs. Conforme Quadro 1, o curso de

Ciências Contábeis possui somente uma disciplina relacionada à Estatística, enquanto o curso de

Administração possui duas, e o curso de Engenharia de Produção, três. Esta relação mostra uma

hierarquia da necessidade das competências em estatística que os egressos devem ter. A disciplina

Elementos de Estatística está presente no três PPCs oferecida na modalidade semipresencial.

Quadro 1. Disciplinas relacionadas à Estatística nos PPCs dos cursos de Administração, Ciências

Contábeis e Engenharia de Produção de universidade particular localizada no sul de Minas Gerais, 1º

semestre de 2017.

Cursos Disciplinas específicas Disciplina comum aos

três cursos

Administração Estatística Aplicada à Administração (5º Período).

Elementos de Estatística

(3º Período). Ciências Contábeis Não possui.

Engenharia de Produção Probabilidade e Estatística I (5º Período).

Probabilidade e Estatística II (6º Período).

Fonte: Dados da pesquisa.

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Em relação às competências profissionais estabelecidas nas DCN e os objetivos presentes

nos PPCs (Quadro 2), pode-se verificar que a Estatística contribui para o alcance das competências

dos futuros profissionais. No curso de Administração e Ciências Contábeis, os objetivos estão

intrinsecamente relacionados a algumas das competências necessárias ao administrador e ao

contador. No curso de Engenharia de Produção, a contribuição da Estatística é ainda mais nítida,

visto que as próprias competências se repetem como objetivo do curso. Isto pode ser explicado

pois, nos cursos de Administração e Ciências Contábeis, os alunos cursam Estatística Básica,

enquanto, na Engenharia, Estatística Experimental – ou seja, Estatística aplicada, considerada mais

complexa3. Como consequência, em Engenharia, há três disciplinas relacionadas à Estatística,

como mostrou-se no Quadro 1.

Quadro 2. Competências profissionais estabelecidas nas DCN dos cursos superiores e objetivos

presentes nos PPCs dos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Engenharia de Produção de

universidade particular localizada no sul de Minas Gerais, 1º semestre de 2017.

Cursos Competências profissionais estabelecidas

nas DCN Objetivos dos PPC

Administração

O profissional deve ser capaz de reconhecer e

definir problemas; tomar decisões; desenvolver

o raciocínio lógico crítico e analítico.

O aluno deve ser capaz de apreciar a

Estatística como ferramenta para a solução e

análise de problemas.

Ciências

Contábeis

O profissional deve ser capaz de elaborar

pareceres e relatórios; gerar informações para a

tomada de decisão.

O aluno deve ser capaz de apreciar a

Estatística como ferramenta para a coleta e

análise de dados visando à tomada de decisões

na solução e análise de problemas reais

Engenharia de

Produção

O profissional deve ser capaz de utilizar

ferramental matemático e estatístico para

modelar sistemas de produção; auxiliar na

tomada de decisões; utilizar indicadores de

desempenho; prever a evolução do cenário

produtivo.

O profissional deve ser capaz de utilizar

ferramental matemático e estatístico para

modelar sistemas de produção; auxiliar na

tomada de decisões; utilizar indicadores de

desempenho; prever a evolução do cenário

produtivo. Fonte: Dados da pesquisa.

Na pesquisa de campo, aplicou-se um questionário em 116 alunos, sendo 54 do curso de

Administração, 34 de Ciências Contábeis e 28 da Engenharia de Produção. Nem todos os alunos

matriculados responderam ao questionário. Em relação às características individuais, não houve

diferença significativa quanto ao sexo no total de respondentes – 51% são do sexo feminino e 49%

do sexo masculino. Todavia, conforme Tabela 1, no curso de Administração, os alunos se

distribuem igualmente em relação ao sexo; nos outros dois cursos, a relação é proporcionalmente

inversa, havendo uma preferência do sexo feminino pelo curso de Ciências Contábeis.

Tabela 1. Alunos dos cursos superiores de Administração, Ciências Contábeis e Engenharia de

Produção de universidade particular localizada no sul de Minas Gerais, 1º semestre de 2017.4 Cursos Total de participantes Sexo

(%) Masculino (%) Feminino (%)

Administração 46,6 50,0 50,0

Ciências Contábeis 29,3 38,0 62,0

3 Informação obtida com o professor do IFSULDEMINAS, Dr. Carlos Cezar Silva. 4 Em todas as tabelas apresentadas aqui, aparecem apenas as respostas selecionadas pelos alunos.

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Engenharia de Produção 24,1 61,0 39,0 Fonte: Dados da pesquisa.

Pode-se destacar que, em relação ao perfil, a maioria (96%) encontra-se na faixa-etária de

18 a 29 anos, é solteira (77,5%), não possui filhos (65%) e mora com os pais (58%). Dos que

possuem formação complementar, alguns possuem o curso técnico (10%), e uma pequena parte

(3,5%) já possui curso superior. A maioria dos participantes está inserida no mercado de trabalho

(85%), tendo de 2 a 5 anos de serviço (49%) e atua principalmente nas áreas: administrativa (16%),

compra e venda (12%), contábil (8%), e como estagiária nas áreas dos cursos (16%).

Em relação à concepção que possuem sobre a Estatística, verificou-se que a maioria teve

conhecimento da disciplina somente no curso de graduação (52,5%). Porém, segundo os

Parâmetros Curriculares Nacionais, este é um conteúdo obrigatório na área de matemática do

ensino médio, o que demanda mais investigações para saber se os alunos estão afirmando que

aprenderam a disciplina somente no curso superior ou se não a tiveram no ensino médio. Sete

alunos indicaram que aprenderam Estatística na prática profissional, ainda antes de ingressar na

graduação. Na pesquisa de Bifi (2006), também se verificou que a maioria dos alunos chega ao

ensino superior com pouco conhecimento e contato com a disciplina de Estatística. Apenas no

curso de Ciências Contábeis, a maioria dos alunos já tinha bons conhecimentos antes de ingressar

no curso, devido ao que foi visto no ensino médio (44%). Esta questão abre espaço também para

futuras investigações.

Sobre a avaliação de desempenho no curso, quando cursaram a disciplina de Estatística,

verificamos que a maioria dos alunos considera que teve um bom desempenho (64,5%). Alguns

destes (33,5%) respondeu que tiveram que se esforçar mais para conseguir aprovação. O curso de

Engenharia de Produção foi o que mais apresentou alunos com dependência nesta disciplina

(21,5%). 28,5% dos alunos deste curso consideraram seu desempenho razoável, somente o

suficiente para aprovação. Estes dados indicam que, especialmente neste curso, necessita-se de

mais atenção em relação ao acompanhamento do desempenho discente. Dentre os que não sentiram

dificuldade, sobressaem-se os alunos do curso de Ciências Contábeis (50%).

Os alunos do curso de Administração consideraram que tiveram que se esforçar mais para

conseguir aprovação (37%), indicando ser esta uma disciplina que demanda mais empenho e

dedicação. Encontramos o mesmo resultado na pesquisa de Mantovani e Viana (2008). As autoras

analisaram as atitudes dos alunos de Administração em relação à Estatística e destacaram que o

ensino desta disciplina é um desafio tanto para professores quanto para alunos, que têm

dificuldades na aprendizagem pois não têm uma base de conhecimentos matemáticos e estatísticos

essenciais ao processo. Outro ponto importante na pesquisa destas autoras é que os professores

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que ministram estas disciplinas nos cursos de Administração têm formação somente em

matemática, ficando difícil para os alunos estabelecer a relação dos conteúdos aprendidos com a

prática profissional. Este levantamento não foi realizado aqui, entretanto também se considera que

seja um fator que ajude a explicar o desempenho dos alunos.

A maioria dos alunos afirmou que a Estatística tem influência na melhoria de suas

competências profissionais (87%). Apenas 8% dos alunos consideram-na desnecessária ou

insuficiente para promover a melhoria de suas competências profissionais.

Verifica-se que, nos três cursos, a maioria considera o estudo da Estatística importante e

que ele contribui na sua formação profissional (83,5%), mas, contraditoriamente, apenas 7%

considera que todos os cursos deveriam tê-la como disciplina obrigatória.

Observa-se que, para uma grande parte de alunos, o estudo da Estatística no curso foi muito

bom, interessante e necessário (87%), e que 6% deles consideram o estudo oferecido na disciplina

como insuficiente. Entretanto, essa é uma opinião dissonante nos três cursos. A maioria dos alunos

pondera que teria pouca dificuldade em realizar suas atividades profissionais caso a disciplina não

estivesse inserida na matriz curricular (47%), e, dentre eles, destacam-se os alunos do curso de

Ciências Contábeis (17,5%). Já a maioria dos alunos do curso de Engenharia de Produção indicou

que poderia apresentar dificuldades no exercício da profissão (61%).

Na parte seguinte, analisam-se as questões dissertativas por curso. Nem todos os alunos

responderam este questionário, diminuindo o número de respondentes para 97.

Curso de Administração

Dos 48 alunos do curso de Administração, 77,5% consideram que a Estatística pode

interferir no seu desempenho profissional, e 22,5%, que não interfere (Tabela 2). Destacam-se as

respostas: ela auxilia na interpretação de planilhas e gráficos e na tomada de decisões; os alunos

utilizam-na na área em que atuam – e em pesquisas; considerada também como um aprendizado a

mais; e, mesmo não a utilizando na área em que trabalha, um aluno a acha importante.

De forma muito similar, Martins e Recco (2011) evidenciaram a importância da Estatística,

citando como exemplos de aplicação as pesquisas de mercado, os custos de produção e as questões

de oferta e demanda de vendas. Segundo afirmam,

Por meio da Estatística, busca-se uma paridade entre os fatores básicos de oferta, no

preço, de forma a não estimular a escassez no mercado e um baixo lucro e nem deixar

seus produtos expostos por um preço elevado, pela disparidade de valor que o consumidor

se dispõe a pagar, sem uma real perspectiva de venda, seja em seus estoques ou ao cliente

final (MARTINS; RECCO, 2011, p. 95).

Tabela 2. Você considera que o ensino da Estatística pode interferir no seu desempenho

profissional? Como? Resposta Nº de alunos (%)

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7

Sim 7 15%

Sim, na área em que atua utiliza conhecimentos estatísticos 6 12,5%

Sim, auxilia na interpretação de informações em planilhas e gráficos e na

tomada de decisões

12 25%

Sim, é um aprendizado a mais 11 23%

Sim, utiliza-se nas pesquisas 1 2%

Não 10 20,5%

Não utiliza na área em que está atuando, mas acha importante. 1 2%

Total 48 100% Fonte: Elaborada pelas autoras.

Em relação à questão de ser importante a Estatística estar inserida no currículo do curso,

44 alunos (92%) acham que sim ,e apenas 3 consideram que não (Tabela 3). Deram como resposta

que é um conhecimento necessário à sua formação profissional de administrador, auxiliando na

análise do mercado, e, ainda, que está ligada a outras disciplinas. Destaca-se que um aluno

respondeu que ela é importante e considera que o ensino no curso não foi suficiente.

Tabela 3. Você acha importante a disciplina de Estatística estar inserida no currículo do seu curso?

Por quê? Resposta Nº de alunos (%)

Sim 10 21%

Sim, é necessária na formação profissional do administrador 21 44%

Sim, auxilia na análise do mercado 3 6%

Sim, pois está ligada a outras disciplinas 3 6%

Sim, utiliza os conhecimentos na atuação profissional 7 15%

É importante, mas considera que, no curso, o ensino não foi bom 1 2%

Não 3 6%

Total 48 100% Fonte: Elaborada pelas autoras.

A maioria considera que é necessário ter um bom desempenho estatístico na profissão

(60,5%), e uma quantidade significativa disse que este desempenho não é necessário e pode ser

aprendido futuramente (39,5%) (Tabela 4). Foi considerado também que todas as profissões

necessitam de um conhecimento estatístico, e muitos citaram como exemplo a aplicação da

Estatística na análise dos dados de vendas, na tomada de decisões e na verificação da quantidade

de clientes.

Tabela 4. A profissão na qual você está graduando necessita de um bom desempenho estatístico?

Em caso de resposta afirmativa, cite alguns exemplos. Respostas Nº de alunos (%)

Sim 6 12,5%

Sim, dados de vendas, quantidade de clientes, tomada de decisões 17 35%

Sim, é importante ter algumas noções 5 11%

Sim, todas as profissões necessitam de um conhecimento estatístico 1 2%

Não 18 37,5%

Não, pode aprender futuramente 1 2%

Total 48 100% Fonte: Elaborada pelas autoras.

Curso de Ciências Contábeis

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Dos 24 alunos participantes, 29% disseram que a Estatística auxilia no seu desempenho

profissional, e, destes, 25% citam exemplos da utilização deste conhecimento, tais como na análise

de relatórios e gráficos (Tabela 5). Dois alunos citaram que o conhecimento em Estatística interfere

muito pouco no seu desenvolvimento profissional, e cinco responderam que não interfere. É

importante destacar as respostas: interfere, mas se fosse oferecido presencialmente seria melhor,

pois é uma área muito importante para a contabilidade; e depende da área que for seguir –

indicando uma relação da Estatística com algumas áreas profissionais, mas não com todas, e uma

preferência pelo ensino presencial.

Tabela 5. Você considera que o ensino da Estatística pode interferir no seu desempenho

profissional? Como? Respostas Nº de alunos (%)

Interfere muito pouco 2 8,5%

Interfere, mas se fosse oferecido presencialmente seria melhor, pois é uma

área muito importante para a contabilidade.

1 4%

Sim, auxilia no desempenho profissional 7 29%

Sim, principalmente na análise de relatórios e gráficos 6 25%

Depende da área que for seguir. 1 4%

Não interfere 5 21%

Não interfere na área que atua no momento, mas no sentido amplo da

contabilidade, faz-se necessária.

2 8,5%

Total 24 100% Fonte: Elaborada pelas autoras.

A maioria dos alunos respondeu de forma afirmativa que é importante a Estatística estar

inserida no currículo do curso (91,5%) (Tabela 6). Algumas das respostas mais predominantes

foram: “é necessário ter este conhecimento pois auxilia na profissão” (46%); “é importante para a

coleta de dados e estudo de campos” (16%); e “está relacionada à área de resultados e indicadores”

(8,5%). Apenas 8,5%, o que corresponde a 2 alunos, disseram que “não acha[m] necessário”.

Tabela 6. Você acha importante a disciplina de Estatística estar inserida no currículo do seu curso?

Por que? Resposta Nº de alunos (%)

Sim 3 12,5%

Sim, é necessário ter este conhecimento pois auxilia na profissão. 11 46%

Sim, é importante para a coleta de dados, estudos de campos, etc. 4 16%

Sim, mas somente para conhecimento 2 8,5%

Sim, está relacionada a área de resultados e indicadores. 2 8,5%

Não acha necessário 2 8,5%

Total 24 100% Fonte: Elaborada pelas autoras.

Para 71% dos graduandos, a profissão na qual estão graduando necessita de um bom

desempenho estatístico (Tabela 7). Outros citaram que é importante para ter uma visão do

crescimento da empresa (12,5%), e um aluno indicou que depende da área em que for atuar. Dentre

os que consideram que ela não é necessária na profissão (25%), um aluno considera o seu

aprendizado importante.

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Destaca-se, dos que responderam de forma afirmativa (71%), que 42% indicam que esse

desempenho contribui na análise de dados, de gráficos, relatórios gerenciais, além de auxiliar no

planejamento e gestão. Este também é o entendimento de Nossa (1999), que observa que algumas

técnicas estatísticas e matemáticas podem auxiliar o contador na geração de informações e, ainda,

O contador deve voltar-se à análise e interpretação desses demonstrativos, gerando

informações úteis para os tomadores de decisões. Para isso, torna-se necessário o

conhecimento básico de economia, administração e ciências afins; firme inclinação para

métodos quantitativos em geral, estatísticas e processamentos de dados; desenvolvimento

da habilidade de criar simulações que reflitam os resultados das várias alternativas para

cursos em ação [...] (NOSSA, 1999, p. 6)

Tabela 7. A profissão na qual você está graduando necessita de um bom desempenho estatístico?

Em caso de resposta afirmativa, cite alguns exemplos. Respostas Nº de alunos (%)

Sim, na análise de dados, de gráficos, relatórios gerenciais, além de auxiliar

no planejamento e gestão.

10 42%

Sim, para ter uma visão do crescimento da empresa 3 12,5%

Sim 4 16,5%

Não 5 21%

Não, mas acha o aprendizado importante 1 4%

Depende da área em que for atuar 1 4%

Total 24 100% Fonte: Elaborada pelas autoras.

Curso de Engenharia de Produção

Neste curso, 25 alunos fizeram parte da pesquisa. Sobre considerar se o ensino da

Estatística pode interferir no seu desempenho profissional, apenas um aluno (4%) respondeu que

depende da área de atuação (Tabela 8). Assim como no curso de Ciências Contábeis, parece haver

algum nicho no campo profissional em que a Estatística não é necessária. Uma pesquisa futura

poderia responder a esta questão. Porém, foi predominante a resposta afirmativa (96%). Destes,

16% disseram que, de uma forma positiva, ela pode agregar mais conhecimento profissional; 8%

reiteram que o conhecimento pode ser um diferencial na atuação profissional. Dois deram exemplo

da prática profissional, dizendo que as melhorias aplicadas no processo estão diretamente

conceituadas de aplicações estatísticas, e um citou que o engenheiro de produção precisa mostrar

resultados e a maioria dos cálculos está relacionada ao estudo da Estatística. É importante enfatizar

que quatro alunos observaram que, sem este conhecimento, não seria possível realizar algumas

atividades profissionais.

Este entendimento alinha-se ao que foi respondido anteriormente, na questão objetiva,

sobre a dificuldade que enfrentariam na atividade profissional caso não tivessem estudado

Estatística. Os alunos deste curso foram os que mais indicaram muita dificuldade (61%).

Tabela 8. Você considera que o ensino da Estatística pode interferir no seu desempenho

profissional? Como? Respostas Nº de alunos (%)

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Sim, de uma forma positiva pode agregar mais conhecimento profissional 4 16%

Sim 9 36%

Sim, pois sem este conhecimento não seria possível realizar algumas atividades

profissionais

4 16%

Sim, o conhecimento na área faz desempenhar tarefas com base em análises. 2 8%

Sim, o conhecimento pode ser um diferencial na atuação profissional 2 8%

Sim, as melhorias aplicadas no processo estão diretamente conceituadas de

aplicações estatísticas

2 8%

Sim, pois o engenheiro de produção precisa mostrar resultados e a maioria dos

cálculos está relacionada ao estudo da Estatística.

1 4%

Depende da área de atuação 1 4%

Total 25 100% Fonte: Elaborada pelas autoras.

Todos consideraram que é importante a disciplina de Estatística estar inserida neste curso

(Tabela 9). Muitos a consideraram como um conhecimento essencial na área de engenharia (36%),

e 28% disseram que, dependendo da área de atuação, é imprescindível, como no processo

(prevenção de falhas) ou na qualidade. Para um aluno, partes importantes que foram aplicadas

durante o curso foram utilizadas no estágio, e, para outro, ela é pré-requisito para outras disciplinas.

Na pesquisa de Junior e Lopes (s/d), os autores também enfatizam a contribuição deste

conhecimento na área de Engenharia:

Na Engenharia de Produção, a Estatística tem grande importância para a atuação

profissional. O ensino de Estatística deve, portanto, habilitar o aluno a participar

ativamente na produção, interpretação e comunicação de dados. Isso será rotineiro em sua

carreira, de forma que não deverá ser um simples apreciador passivo da produção

estatística de terceiros. [...]. É necessário ultrapassar a concepção do conhecimento

estatístico desenvolvido apenas com o uso de fórmulas e algoritmos e trazer uma

contextualização para esses estudos, para além da ideia de ser somente uma disciplina de

caráter puramente matemático (JUNIOR; LOPES, s/d, p. 23).

Tabela 9. Você acha importante a disciplina de Estatística estar inserida no currículo do seu curso?

Por que? Resposta Nº de alunos (%)

Sim, é um conhecimento essencial na área de engenharia. 9 36%

Sim, partes importantes que foram aplicadas durante o curso foram

utilizadas no estágio

1 4%

Sim, dependendo da área de atuação é imprescindível, como por exemplo,

no processo (prevenção de falhas) ou na qualidade.

7 28%

Sim 7 28%

Sim, ela é pré-requisito para outras disciplinas. 1 4%

Total 25 100% Fonte: Elaborada pelas autoras.

Ao investigar se o graduando necessita de um bom desempenho em Estatística para o

exercício futuro da profissão, obteve-se, também, unanimidade nas respostas (Tabela 10). Todos

responderam afirmativamente e citaram exemplos de sua aplicabilidade: no controle estatístico do

processo; na análise de erros e de gráficos; nos parâmetros de entrada de peças, levantamento de

dados, manutenção preventiva; na manutenção, na cronoanálise industrial, metas, planos de

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investimentos e na correlação e distribuição normal. Ribeiro e Caten (2012) também encontraram

em sua pesquisa a Estatística como instrumento básico para a organização, tratamento e análise

das informações do processo – Controle Estatístico do Processo. Segundo afirmam, a Estatística

aplicada à produção tem o objetivo de contribuir na melhoria da qualidade, da produtividade e do

custo do que está sendo produzido, além de identificar causas que não são naturais no processo e

podem causar danos a ele.

Tabela 10. A profissão na qual você está graduando necessita de um bom desempenho estatístico?

Em caso de resposta afirmativa, cite alguns exemplos. Respostas Nº de alunos (%)

Sim, no controle estatístico do processo. 8 32%

Sim 7 28%

Sim, na manutenção 1 4%

Sim, na análise de erros e de gráficos 5 20%

Sim, parâmetros de entrada de peças, levantamento de dados, manutenção

preventiva

2 8%

Sim, cronoanálise industrial, metas, planos de investimento. 1 4%

Sim, na correlação e distribuição normal. 1 4%

Total 25 100% Fonte: Elaborada pelas autoras.

CONCLUSÕES

Verificamos que, na análise das DCN e dos PPCs de Administração, Ciências Contábeis e

Engenharia de Produção, existe uma hierarquia relativa à necessidade das competências em

Estatística que os egressos dos três cursos devem ter. Elas são mais necessárias aos egressos do

curso de Engenharia de Produção, e os graduandos deste curso são os que mais percebem a

aplicação destes conhecimentos em sua futura atuação profissional.

Na análise do perfil, verificamos uma questão de gênero relacionada à preferência pelos

cursos. Sobressai-se o sexo feminino no curso de Ciências Contábeis, e o masculino no de

Engenharia de Produção. A maioria dos alunos é de jovens até 29 anos, solteiros, sem filhos,

moram com os pais e já estão no mercado de trabalho.

Em relação ao conhecimento anterior de Estatística, a maioria percebe que obteve esse

conhecimento somente na graduação, não indicando terem aprendido os conceitos básicos no

ensino médio, com exceção dos alunos de Ciências Contábeis.

A maioria dos alunos considera que teria pouca dificuldade em realizar suas atividades

profissionais, caso a disciplina não estivesse inserida na matriz curricular, especialmente os alunos

do curso de Ciências Contábeis.

No curso de Administração, a maioria considera que a Estatística pode interferir no seu

desempenho profissional e que é importante ela estar inserida no currículo; entretanto, uma

quantidade significativa disse que ela não interfere no seu desempenho profissional e que pode ser

aprendida futuramente.

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No curso de Engenharia de Produção, foi praticamente unânime a percepção de que o

conhecimento de Estatística interfere no seu desempenho profissional, que é uma disciplina

importante no curso e que teriam dificuldades em exercer a profissão se não tivessem este

conteúdo. Todavia foi o curso que mais apresentou alunos com dependência nesta disciplina,

indicando serem necessárias estratégias diferenciadas de acompanhamento do aprendizado.

Esta pesquisa abre possibilidades de novas investigações, no que diz respeito ao

conhecimento prévio de estatística dos graduandos e sobre a contextualização necessária para que

a Estatística seja compreendida na futura atuação profissional dos egressos destes cursos

superiores.

REFERÊNCIAS

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Conceitos Estatísticos de Base. 2006. 123f. Dissertação (mestrado em Educação Matemática),

PUC, São Paulo.

GESSER, V.; RANGHETTI, D. S. O currículo no ensino superior: princípios epistemológicos

para um design contemporâneo. Revista e- curriculum, São Paulo, v. 7, n. 2, agosto 2011.

JUNIOR, G. B. S.; LOPES, C. E. Contribuições da Estatística para a formação de engenheiros

de produção. Sociedade Brasileira de Educação Matemática, p. 23- 30. s/d.

MARTINS, A. M. M.; RECCO, C. H. Um estudo da importância da Estatística na

Administração. Revista de Educação Matemática- vol. 13, número 15, 2011, p. 89- 99.

NOSSA, V. A necessidade de professores qualificados e atualizados para o ensino da

contabilidade. VI Congresso Brasileiro de Custos, São Paulo- SP, Brasil, 29 de junho a 2 de julho

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RIBEIRO, J. L. D.; CATEN, C. S. Série monográfica qualidade: Controle Estatístico do

Processo. Fundação Empresa Escola de Engenharia da UFRGS, Porto Alegre- RS, 2012.

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exploratório nos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Economia nos Estados da Bahia-

Brasil. Doutorado em Educação, Universidade do Minho-Instituto de Educação e Psicologia,

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VEIGA, I. P. A. Projeto Político Pedagógico: Continuidade ou transgressão para acertar?

CASTANHO, S.; Castanho, M. E. L. M. (org.). In: O que há de novo na educação superior: do

projeto pedagógico à prática transformadora. Campinas, SP: Papirus, 2000.