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V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ___________________________________________________________________
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UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA TRABALHAR SEQUÊNCIAS
NÚMERICAS EM SALA DE AULA
Sidnei Fernandes de Souza1
Cristiano Vaz Jacinto2
Otávio Elias Gomes3
Vitor da Silva Botelho4
Paula Reis de Miranda5
PALAVRAS-CHAVE: investigação matemática, sequências numéricas, progressão aritmética,
progressão geométrica.
RESUMO:
Esse trabalho apresenta a construção de uma abordagem diferente de um conteúdo sempre presente
nas aulas de matemática: as progressões aritméticas e geométricas. Para isso elaboramos uma
sequência didática investigativa, apoiada em atividades de descoberta guiada, que busca relacionar
esses conteúdos com representação gráfica de funções do 1º grau e exponenciais. Após estudo e
elaboração, a atividade foi colocada em prática no primeiro período de Licenciatura em
Matemática, do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas –
Campus Rio Pomba. Ao final desta experiência verificamos o quão é eficaz e estimulante uma
atividade que tem como fundamento processos de investigação.
ABSTRACT:
This work presents the construction of a different approach to a content always present in
mathematics classes: arithmetic and geometric progressions. For this, we elaborated a didactic
investigative sequence, based on guided discovery activities, that seeks to relate these contents
with graphic representation of functions of the first degree and exponential. After study and
elaboration, the activity was put into practice in the first period of Mathematics Degree, of the
Federal Institute of Education Science and Technology of the Southeast of Minas - Campus Rio
Pomba. At the end of this experiment we find out how effective and stimulating an activity is based
on research processes.
1 Licenciando em Matemática do IF Sudeste MG-Campus Rio Pomba – Bolsista do Pibid – [email protected] 2 Licenciando em Matemática do IF Sudeste MG-Campus Rio Pomba – [email protected] 3 Licenciando em Matemática do IF Sudeste MG-Campus Rio Pomba – Bolsista do Pibid - [email protected] 4 Licenciando em Matemática do IF Sudeste MG-Campus Rio Pomba – Bolsista do Pibid - [email protected] 5 Doutora em Educação – Professora do Departamento Acadêmico de Matemática, Física e Estatística do IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba – [email protected]
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1- INTRODUÇÃO
No segundo semestre de 2016 tivéramos nosso primeiro contado com as investigações
matemáticas (PONTE, 2002, PONTE, BROCADO E OLIVEIRA, 2006; FIORENTINI,
FERNANDES, CRISTÓVÃO, 2005). O contato com o tema investigações matemáticas estimulou
a criação de uma investigação matemática, fizemos a escolha por investigar o tema Progressão
Aritmética (P.A.) e Progressão Geométrica (P.G.). A escolha de trabalhar com esse assunto
aconteceu após análise da abrangência do conteúdo e da possibilidade de se construir, de forma
sequencial, porém completa e aprofundada, um ensino significativo (MOREIRA, 1982) para o
tema progressões.
As atividades investigativas estabelecem conexões entre os conteúdos matemáticos,
permitindo que o aluno crie suas próprias conjecturas baseadas tanto no conhecimento que possui
e como naquele que está em construção durante a atividade, através de comunicação de resultado
com companheiros de turma, com o professor e da resolução da própria investigação proposta.
O desenvolvimento de investigações em sala de aula representa um contexto rico e
desafiador de aprendizagem tanto para o aluno quanto para o professor. Para o aluno
porque este passa a constituir-se em sujeito de conhecimento, isto é, alguém que sente
prazer de participar da produção/ criação das ideias matemáticas. Para o professor porque
pode encontrar nas investigações matemáticas um modo significativo de ensinar,
compreender, trabalhar e estabelecer relação com a Matemática, levando os alunos a se
interessarem pelas aulas de álgebra, fato pouco comum, atualmente, em nossas escolas.
(FIORENTINI, FERNANDES, CRISTÓVÃO, 2005, p.21).
A utilização de atividades de investigação matemática é um trabalho que o professor pode
desenvolver, em sala de aula ou fora dela, com o objetivo de proporcionar um ensino mais
significativo, despertar a curiosidade, criatividade e prazer nos alunos, além de fomentar o espírito
investigativo e a resolução de problemas.
Quando apelamos aos padrões no ensino de matemática é normalmente porque queremos
ajudar os alunos a aprender uma matemática significativa e/ou a envolver-se na sua
aprendizagem facultando-lhe um ambiente de aprendizagem que tenha algo a ver com a
sua realidade e experiências. O estudo de padrões vai de encontro a este aspecto, apoiando
a aprendizagem dos estudantes para descobrirem relações, encontrarem conexões,
fazerem generalizações e também previsões.
(VALLE et al, 2008, p.5)
Além disso, de acordo com Pires (2000), ao criar um planejamento de um conteúdo ou
currículo de uma escola é fundamental possibilitar o desenvolvimento de uma postura crítica sobre
as questões envolvidas, buscando relação com outros objetos, assim construindo uma rede de
informações entre a Matemática e a realidade.
A memorização de fórmulas e conteúdos muitas vezes se caracteriza como aprendizagem
mecânica (MOREIRA,1982), sem estabelecer conexões entre os conteúdos matemáticos. O
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assunto Progressões Aritméticas e Progressões Geométricas chamou a atenção dos pesquisadores
por se encaixar nessa situação retratada, pois esse conteúdo possui algumas fórmulas e conceitos
que podem ser construídos através das conjecturas criadas de forma autônoma, mas acabam
terminando em aulas desgastantes que não geram o interesse do aluno.
Além disso, em discussões entre os pesquisadores, identificamos que, devido ao conteúdo
de sequências numéricas estarem como um dos últimos assuntos abordado nos livros didáticos
(MATEMÁTICA: Ensino Médio – Dante, 2004) primeiro ano do Ensino Médio, muitos
professores não aprofundam esse conteúdo que, a pesar de não ser extenso, torna-se muito
importante no aprendizado de outros temas (Matemática financeira, teoria de números, reprodução
de bactérias, entre outros).
Assim, propusemos um trabalho investigativo, no formado de uma sequência didática
estruturada como uma investigação em descoberta guiada (PONTE, 2002) em que os alunos
criarão padrões matemáticos, usando conhecimento de situações que ocorrem na natureza do
próprio, elaborando assim conjecturas sob as progressões e posteriormente demonstrando as
fórmulas e generalizações sobre o assunto. Trata-se, portanto, de um projeto de intervenção
pedagógica em nível de ensino básico que foi desenvolvido durante sua execução realçando essas
três ideias chave subjacentes: (a) todos os alunos podem gostar de matemática (b) a matemática é
a ciência dos padrões (c) a descoberta de padrões é uma estratégia poderosa de resolução de
problemas.
2- CONCEITOS INICIAIS DE SEQUÊNCIAS NÚMERICAS
Para o desenvolvimento do estudo dirigido tomamos as definições de sequência finita e
infinita:
i. Definição:
Chama-se sequência finita toda aplicação 𝑓 do conjunto ℕ𝑛∗ → ℝ.
Assim, em toda sequencia finita, a cada número natural 𝑖(1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑛) está associado um
número 𝑎𝑖 ∈ ℝ.
𝑓 = {(1, 𝑎1), (2, 𝑎2), … , (𝑛, 𝑎𝑛)}
ii. Definição:
Chama-se sequência infinita toda aplicação 𝑓 de ℕ∗ → ℝ.
2.1-PROGRESSÕES ARITIMÉTICAS
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Definição: Chama-se de Progressão aritmética (P.A.) toda sequência numérica com a
seguinte lei de recorrência:
𝑎𝑛 = 𝑎𝑛−1 + 𝑟
Em que 𝑎𝑛 é um termo desta sequência e 𝑟 é a razão.
Podemos obter o termo geral de uma P.A. da seguinte forma:
𝑎1 = 𝑎1 + 0 ∗ 𝑟
𝑎2 = 𝑎1 + 𝑟
𝑎3 = 𝑎2 + 𝑟 = (𝑎1 + 𝑟) + 𝑟 = 𝑎1 + 2𝑟
⋮
𝑎𝑛 = 𝑎1 + (𝑛 − 1)𝑟
Teorema 1: Na P.A. em que o primeiro termo é 𝑎1 e a razão é 𝑟 , o n-ézimo termo é:
𝑎𝑛 = 𝑎1 + (𝑛 − 1)𝑟
Demonstração:
Pelo Principio da Indução Matemática (P.I.M.), temos:
i. 𝑛 = 1, 𝑎1 = 𝑎1 + (1 − 1)𝑟 = 𝑎1.
ii. Supondo que para 𝑛 = 𝑘 a sentença é verdadeira, logo temos:
𝑎𝑘 = 𝑎1 + (𝑘 − 1)𝑟 Hipótese de Indução (H.I.)
iii. Agora provemos para 𝑛 = 𝑘 + 1, ou seja, 𝑎𝑘+1 = 𝑎1 + 𝑘𝑟(⋆
)
Por definição temos que:
𝑎𝑘+1 = 𝑎𝑘 + 𝑟
Utilizando a H.I, temos:
𝑎𝑘 + 𝑟 = (𝑎1 + (𝑘 − 1)𝑟) + 𝑟 = 𝑎1 + 𝑘𝑟 (∗)
De fato (∗) = (⋆), c.q.d.
A soma dos termos de uma P.A. finita pode ser obtida da seguinte forma:
Teorema 2: A soma dos 𝑛 primeiros números inteiros positivos é 𝑛(𝑛+1)
2.
Demonstração:
Pelo P.I.M.:
i) Para 𝑛 = 1, temos: 1 =1(1+1)
2 (Sentença verdadeira).
ii) Supondo que para 𝑛 = 𝑘, a fórmula é verdadeira. Provemos a validade para
𝑛 = 𝑘 + 1:
Hipótese de Indução: 1 + 2 + ⋯ + 𝑘 =𝑘(𝑘+1)
2.
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Tese: 1 + 2 + ⋯ + 𝑘 + (𝑘 + 1) =(𝑘+1)(𝑘+2)
2.
1 + 2 + ⋯ + 𝑘 + (𝑘 + 1) =𝑘(𝑘+1)
2+ (𝑘 + 1) =
𝑘(𝑘+1)+2(𝑘+1)
2=
(𝑘+1)(𝑘+2)
2.
c.q.d.
Teorema 3: Em toda P.A. têm-se: 𝑆𝑛 = 𝑛𝑎1 +𝑛(𝑛−1)
2𝑟.
𝑎1 = 𝑎1 + 0 ∗ 𝑟
𝑎2 = 𝑎1 + 𝑟
𝑎3 = 𝑎1 + 2𝑟
⋮
𝑎𝑛 = 𝑎1 + (𝑛 − 1)𝑟
_______________________
𝑆𝑛 = 𝑛 ∗ 𝑎1 + (𝑟 + 2𝑟 + ⋯ + (𝑛 − 1)𝑟)
𝑆𝑛 = 𝑛𝑎1 + 𝑟(1 + 2 + ⋯ + (𝑛 − 1))
Pelo Teorema 1, temos que: 1 + 2 + ⋯ + (𝑛 − 1) =𝑛(𝑛−1)
2.
Logo:
𝑆𝑛 = 𝑎1𝑛 +𝑛(𝑛 − 1)
2∗ 𝑟
Teorema 4: Em toda P.A., tem-se: 𝑆𝑛 =𝑛(𝑎1+𝑎𝑛)
2.
Demonstração:
𝑆𝑛 = 𝑛𝑎1 +𝑛(𝑛 − 1)
2∗ 𝑟 =
2𝑛𝑎1 + 𝑛(𝑛 − 1)𝑟
2=
𝑛(𝑎1 + 𝑎1 + (𝑛 − 1)𝑟)
2=
𝑛(𝑎1 + 𝑎𝑛)
2
c.q.d.
2.2-PROGRESSÃO GEOMÉTRICA
Definição: Chama-se progressão geométrica (P.G.), uma sequência dada pela seguinte lei
de recorrência:
𝑎1 = 𝑎
𝑎𝑛 = 𝑎𝑛−1 ∗ 𝑞
Onde 𝑎, 𝑞 são números reais dados.
Fórmula do termo geral
Partindo da Definição de P.G. e considerando o primeiro termo 𝑎1 ≠ 0, a razão 𝑞 ≠ 0 e o
índice 𝑛 ∈ ℕ de um termo desejado, temos:
𝑎2 = 𝑎1 ∗ 𝑞
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𝑎3 = 𝑎2 ∗ 𝑞
𝑎4 = 𝑎3 ∗ 𝑞
⋮
𝑎𝑛 = 𝑎𝑛−1 ∗ 𝑞
Multiplicando essas 𝑛 − 1 igualdades, temos:
𝑎2×𝑎3× ⋯×𝑎𝑛 = 𝑎1×𝑎2× ⋯×𝑎𝑛−1×𝑞𝑛−1
Podemos cancelar os termos iguais de cada nado da igualdade, desta forma temos:
𝑎𝑛 = 𝑎1×𝑞𝑛−1
Teorema 5: Na P.G. em que o primeiro termo é 𝑎1 e razão 𝑞, o n-ézimo termo é:
𝑎𝑛 = 𝑎1×𝑞𝑛−1
Demonstração:
Pelo P.I.M., temos:
i) Para 𝑛 = 1 é verdadeiro, pois 𝑎1 = 𝑎1×𝑞1−1 = 𝑎1
ii) Supondo que para 𝑛 = 𝑘, seja verdadeiro então provemos para 𝑛 =
𝑘 + 1.
Hipótese de Indução (H.I.): 𝑎𝑘 = 𝑎1×𝑞𝑘−1
Tese: 𝑎𝑘+1 = 𝑎1×𝑞𝑘(𝐼)
𝑎𝑘+1 = 𝑎𝑘×𝑞 = 𝑎1×𝑞𝑘−1×𝑞 = 𝑎1×𝑞𝑘(𝐼𝐼)
c.q.d.
Para determinar a formula da soma dos termos de uma P.G (𝑆𝑛), considere o seguinte:
(𝑖)𝑆𝑛 = 𝑎1 + 𝑎1𝑞 + 𝑎1𝑞2 + ⋯ + 𝑎1𝑞𝑛−1
Multiplicando ambos os lados da equação por 𝑞, temos:
(𝑖𝑖)𝑞𝑆𝑛 = 𝑎1𝑞 + 𝑎1𝑞2 + ⋯ + 𝑎1𝑞𝑛−1 + 𝑎1𝑞𝑛
Subtraindo a equação (𝑖) de (𝑖𝑖), temos:
𝑞𝑆𝑛 − 𝑆𝑛 = 𝑎1𝑞𝑛 − 𝑎1
𝑆𝑛(𝑞 − 1) = 𝑎1𝑞𝑛 − 𝑎1
𝑆𝑛 =𝑎1𝑞𝑛 − 𝑎1
𝑞 − 1
Teorema 6: A soma dos 𝑛 termos iniciais de uma P.G. é:
𝑆𝑛 =𝑎1𝑞𝑛 − 𝑎1
𝑞 − 1, 𝑐𝑜𝑚 𝑞 ≠ 1.
Demonstração:
Pelo PIM, temos;
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i) Para 𝑛 = 1, temos 𝑆1 =𝑎1𝑞1−𝑎1
𝑞−1=
𝑎1(𝑞−1)
𝑞−1= 𝑎1, logo é verdadeiro.
ii) Supondo 𝑛 = 𝑘 verdadeiro, provemos para 𝑛 = 𝑘 + 1.
Hipótese de Indução (H.I.): 𝑆𝑘 =𝑎1𝑞𝑘−𝑎1
𝑞−1
Tese: 𝑆𝑘+1 =𝑎1𝑞𝑘+1−𝑎1
𝑞−1(𝑖).
𝑆𝑘+1 = 𝑆𝑘 + 𝑎1𝑞𝑘 =𝑎1𝑞𝑘 − 𝑎1
𝑞 − 1+
(𝑞 − 1)(𝑎1𝑞𝑘)
𝑞 − 1=
𝑎1𝑞𝑘 − 𝑎1 + 𝑎1𝑞𝑘+1 − 𝑎1𝑞𝑘
𝑞 − 1
=𝑎1𝑞𝑘+1 − 𝑎1
𝑞 − 1(𝑖𝑖)
c.q.d.
3- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste trabalho foi proposta a criação de uma sequência didática de caráter investigativo
(PONTE, 2002) estruturada como um Estudo Dirigido, composto por uma série de atividades que
têm como principal objetivo guiar o aluno a deduzir as formula de Progressões Aritmética (P.A.)
e Geométrica (P.G.), bem como soma de uma progressão aritmética finita (Soma de P.A.) e de
soma de uma progressão geométrica finita (Soma de P.G.).
Para a aplicação e validação da sequência didática escolhemos a turma do primeiro período
do curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Campus
Rio Pomba para a aplicação do Bloco de Atividades I e II. Na aplicação do roteiro os alunos
organizaram-se em duplas, para poderem elaborar conjecturas e discutir o conteúdo do trabalho,
enquanto os pesquisadores acompanhavam o desenvolvimento da atividade, observando e
anotando as discussões levantadas pelos alunos.
Os pesquisadores utilizaram-se da observação e do diário de campo para registros e
captação de material empírico.
3.1- A SEQUÊNCIA DIDÁTICA
A sequência didática foi dividida em três blocos, com cada bloco abordando um assunto.
O primeiro bloco foi elaborado abordando conteúdos referentes às P.As. Nele estão
contidas duas atividades: uma com objetivo de instigar o aluno à fórmula do termo geral de P.A e
a outra têm como objetivo cativar a fórmula de soma de termos de uma P.A. finita, como
apresentado na figura I, a seguir
1. Observe a seguinte sequência:
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a) Desenhe os termos F6 e F7 da sequência.
b) Complete a tabela abaixo e construa um gráfico relacionando a ordem com o
número de quadrinhos:
Ordem F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8
Nº de quadrinhos
c) Tente escrever uma regra para determinar o número de quadrinhos de acordo com
a posição que o termo ocupa na sequência.
2. Vamos procurar uma fórmula simplificada de encontrar a soma dos termos da
sequencia da atividade 1.
• Escreva a soma dos oito primeiros termos obtidos na sequencia da
atividade 1, mas não some, apenas descreva a soma (𝑆𝑎).
• Escreva a mesma sequência na ordem inversa (𝑆𝑏). (Do 8º para o 1º termo)
• Some as duas sequências termo a termo (𝑆𝑎 + 𝑆𝑏). (F1+F8, F2+F7, e
assim por diante)
• Qual conclusão você chegou?
• Obtenha a soma dos oito primeiros termos.
d) Tente deduzir uma formula para a soma da sequência finita referente à atividade.
Figura I: Bloco I da Sequência Didática
Como se pode observar, nesse primeiro bloco de atividades o aluno será estimulado a
investigar sobre o a obtenção de um termo qualquer de uma progressão aritmética, a soma dos
termos de uma PA e o comportamento da representação gráfica dos termos de uma P.A.
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Já a segunda atividade tem como objetivo levar os estudantes a investigarem a fórmula da
soma dos termos de uma P.A. finita. , Para isso, propusemos uma sequência didática organizada
nos moldes de uma descoberta guiada (PONTE, 2002), apresentando, portanto, alguns passos
facilitadores
No segundo bloco os conteúdos se referem às P.G. As atividades deste bloco também são
divididas em uma investigação sobre a fórmula do termo geral de uma P.G. e outra investigação
sobre a fórmula da soma dos termos de uma P.G finita, além de conduzir o aluno a compreender
o comportamento da representação gráfica dos termos de uma P.G (FIGURA II).
1. Observe a seguinte sequência:
a) Complete a tabela:
Figura B1 B2 B3 B4
Nº de círculos
b) Construa um gráfico relacionando figura com a quantidade de círculos.
c) Tente escrever uma regra para determinar o número de círculos de acordo com a
sua posição que ocupa na sequência.
d) Utilizando o resultado anterior, determine o B10.
2. Vamos procurar uma fórmula simplificada de encontra à soma da sequência finita
referente à atividade 1.
• Utilizando os dados da atividade 1, escreva a soma dos quatros primeiros
termos da progressão geométrica (𝑆).
• Multiplique cada termo pela razão (𝑞) da sequência.
• Faça a seguinte operação 𝑞 ∗ 𝑆 − 𝑆.
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• O que você observou?
• Agora substitua o primeiro termo por 𝑎1 e o último termo por 𝑎𝑛 e a razão
por 𝑞 e deduza a formula da soma de termos de uma P.G.
FIGURA II: Bloco II da Sequência Didática
Já no terceiro bloco, foram elaboradas duas atividades relacionadas com os resultados
obtidos nos blocos anteriores. A primeira delas utilizaria o resultado do bloco I na resolução de
um problema relacionado à Teoria de Números, que envolve uma P.A, como mostra a Figura III.
Considere a seguinte sequência numérica: 3, 4, 5, … 6𝑘, com 𝑘 ∈ ℕ. Determine o resto da divisão
da soma dos termos desta sequência por 3.
FIGURA III: Atividade 1 do Bloco III da Sequência Didática
Esta sequencia pode ser associada como uma P.A. de razão 𝑟 = 1, desta forma a soma de
termos de uma P.A pode ser determinado da seguinte forma:
𝑆𝑛 = (𝑎1 + 𝑎𝑛)×𝑛
2
Como o primeiro número da forma 6𝑘 é o 6, e a soma dos três primeiros termos é divisível
por três, podemos considerar o seguinte;
𝑆𝑛 =(6 + 6𝑘)𝑛
2=
6𝑛 + 6𝑘𝑛
2=
2(3𝑛 + 3𝑘𝑛)
2= 3𝑛 + 3𝑘𝑛 = 3[𝑛 + 𝑘𝑛]
Como 𝑛 + 𝑘𝑛, sempre é um número natural, temos que 3|3[𝑛 + 𝑘𝑛], ∀𝑛 ∈ ℕ. Se 3 divide
que dizer que o resto sempre será zero, ∀𝑘 ∈ ℕ.
Assim, o objetivo dessa atividade é a partir dos conhecimentos adquiridos durante o estudo
dirigido, consegui modelar um problema de teoria de números, identificando o tipo de sequência
e a partir dai solucionar o problema.
Já na segunda atividade, utilizou-se o resultado do bloco II, dando um destaque especial
para a segunda atividade, que tem como objetivo incitar o aluno a relacionar as P.G. a uma
aplicação financeira feita a uma taxa juros composto (𝑖) em um determinado período (𝑡)
conhecendo o capital investido (𝐶) (Figura IV).
1. Apliquei R$ 500,00 na caderneta de poupança. Sabendo que, a partir do segundo
mês, a taxa de juros incide sobre o montante acumulado no mês anterior e supondo a taxa de
rendimento mensal fixa de 1% ao mês, complete a tabela abaixo:
Mês Capital Juros ou rendimento (𝐶 ∗ 1%) Montante (𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 + 𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠)
1 500
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Agora volte a tabela e substitua os R$ 500,00 por C, a uma taxa de 1% por 𝑖 e o período (Tempo
de aplicação) por 𝑡, obtendo assim uma fórmula para o montante do juro composto com taxa constante.
Mês Capital Juros ou rendimento (𝐶 ∗ 1%) Montante (𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 + 𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠)
1
2
Procure perceber com qual progressão já estudada você pode associar esta situação. Qual é o
primeiro termo e a razão? Calcule o montante no mês 20.
FIGURA IV: Segunda atividade do Bloco III da Sequência Didática
4-RESULTADOS E DISCUSSÃO
No primeiro bloco que tratava de P.A., os alunos demonstraram facilidade e associaram
corretamente os termos da progressão, analisaram o padrão produzido e, após essa análise, fizeram
a representação gráfica que relacionara a posição do termo com o valor termo, representando assim
a função afim na própria folha do roteiro com sucesso, como podemos visualizar na Figura V.
Figura V: Representação Gráfica de uma progressão aritmética, feita por um aluno.
Porém, ao iniciarmos o bloco de Atividades II, percebemos algumas dificuldades dos
alunos em construir a representação gráfica que se associava ao comportamento de uma progressão
geométrica (Figura VI). Pouco mais da metade dos estudantes tentou representar que a lei de
formação como uma reta, onde o correto seria representar como o gráfico de uma função
exponencial.
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Figura VI: Representação gráfica de uma progressão geométrica, feita pela dupla A.
A esse fato associamos a carência de práticas investigativas no ambiente de sala de aula de
Matemática, muitas vezes impregnado de exercícios e pseudoproblemas (FIORENTINI,
FERNANDES, CRISTOVÃO, 2005) que contribuem para uma aprendizagem mecânica e pouco
significativa (MOREIRA, 2000).
Porém, ao final da aula, quando os pesquisadores discutiram as atividades e exploraram o
as conjecturas formuladas pelos estudantes, estes imediatamente fizeram a associação correta,
relacionando a representação de uma progressão geométrica ao gráfico de uma função exponencial
(DANTE, 2004). Em outro momento serão aplicadas as demais atividades que compõem a
sequência didática aqui apresentada.
5-CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta de elaborar uma aula diferente, porém significativa, foi uma aposta de sucesso
e nos possibilitou apresentar à turma de futuros professores uma das inúmeras alternativas de se
produzir uma aula diferente, que estimule o aluno a aprender a aprender’ matemática a partir da
investigação e que permita a compreensão e construção de um conhecimento sólido.
Essa experiência demonstrou a importância de atividades guiada (PONTE, 2002), para que
haja uma aprendizagem significativa de conteúdos matemáticos, mas que são subsunções
importantes para a evolução do aprendizado matemático (MOREIRA, 1982).
Referências
DANTE, Luiz Roberto. Matemática: Ensino Médio. 1 ed. São Paulo: Ática, 2004. 320p.
FIORENTINI, D. FERNANDES, F. CRISTOVÃO, E. Um Estudo das Potencialidades
Pedagógicas das investigações Matemáticas no Desenvolvimento do Pensamento Algébrico.
Faculdade de Educação: Unicamp. 2005.
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MOREIRA, M. A. e MASINI, E.F.S. Aprendizagem significativa: a teoria de aprendizagem de
David Ausubel. São Paulo: Editora Moraes. 1982.
PIRES, C. M. C Currículos de Matemática: da organização linear à ideia de rede. - São Paulo:
FTD. 2000.
PONTE, J. P. et al (org.) Atividades de investigação na aprendizagem da matemática e na
formação de professores. Seção de Educação e Matemática da Sociedade Portuguesa de Ciências
de Educação. 2002.
PONTE, J. P., BROCARDO, J. OLIVEIRA, H. Investigações Matemáticas na Sala de Aula. Belo
Horizonte: Autêntica, 2006.