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V CONGRESSO BRASILEIRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS Curitiba-PR - Brasil MOBILIDADE INTERNACIONAL NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES Laura Barbosa de Medeiros (UFU) - [email protected] Graduanda em Administração Erick de Freitas Moura (UFAM) - [email protected] Professor da Universidade Federal do Amazonas; Mestre em Administração pela UFU Carlos Roberto Domingues (UFU) - [email protected] Professor Adjunto da Faculdade de Gestão e Negócios da Universidade Federal de Uberlândia; Doutor em Administração - EAESP-FGV

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V CONGRESSO BRASILEIRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAISCuritiba-PR - Brasil

MOBILIDADE INTERNACIONAL NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA: DESAFIOS EPOSSIBILIDADES

Laura Barbosa de Medeiros (UFU) - [email protected] em Administração

Erick de Freitas Moura (UFAM) - [email protected] da Universidade Federal do Amazonas; Mestre em Administração pela UFU

Carlos Roberto Domingues (UFU) - [email protected] Adjunto da Faculdade de Gestão e Negócios da Universidade Federal de Uberlândia; Doutor emAdministração - EAESP-FGV

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MOBILIDADE INTERNACIONAL NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE

UBERLÂNDIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

As universidades são locais de criação e difusão do conhecimento, além de propulsoras

do desenvolvimento social, cultural e econômico, e por isso, têm a função de formar

cidadãos críticos para atuar na sociedade (CABRAL; SILVA; SAITO, 2011). Para

alcançar e expandir seus objetivos institucionais, a internacionalização do ensino superior

e, consequentemente, a mobilidade internacional de discentes e docentes, configura-se

como opção e sua importância, no contexto da globalização, já foi abordada por autores

como Lima e Reigel (2010), Lima e Maranhão (2011), Veiga (2011), Lima e Reigel

(2015) e Ferrari (2015). Alguns elementos são impulsionadores da mobilidade ao longo

dos tempos, como a evolução dos meios de transporte, a tecnologia da informação, o

movimento do ganho de escala que levam a reduções de custos, promove a célere

circulação de pessoas, mercadorias e capital, e que conduz os membros de diversas

culturas a partilharem espaços geográficos, econômicos e políticos (LIMA; REIGEL,

2010). Esta amplitude de possibilidades enseja, entre outras consequências, a necessidade

da cooperação acadêmica internacional entre as Instituições de Ensino Superior (IES), as

quais devem rever o seu papel social, ao promover a multiplicidade cultural de forma

estratégica, com a finalidade de competir em nível de igualdade com as melhores IES

nacionais e estrangerias (STALLIVIERI, 2002). Os ganhos da internacionalização das

IES, são vários, Lima e Maranhão (2011) observaram que sua contribuição está no

desenvolvimento de redes de relacionamento internacionais, cognição de hábitos e

costumes de uma cultura diferente daquela de origem e ampliação do escopo de atuação

profissional. Por meio das redes de conhecimento, há a aproximação das comunidades

científicas de diferentes países e é reforçada a premissa de que as universidades devem

promover avanços tecnológicos e científicos, em um contexto integrativo, onde há a

diminuição das barreiras entre nações e povos, com vias do aprimoramento científico,

tecnológico, social e cultural (STALLIVIERI, 2002). Além disso, há o favorecimento da

legitimação da circulação do conhecimento e formação de recursos humanos

(MOROSINI et al., 2016), a ampliação do espectro cultural dos discentes, bem como o

desenvolvimento das relações internacionais (GALWAY, 2000). Destaca-se, também, a

melhoria da qualidade acadêmica, ganho de competências individuais, institucionais e

sociais, preparação dos discentes para o mercado internacional, possibilitado pelo

entendimento do intercultural, e colaboração nos processos de ensino e investigação

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(VEIGA, 2011). Em uma perspectiva mais crítica, a internacionalização das IES foi

analisada quanto à apuração de lucros pela comercialização de serviços educacionais

como foco da internacionalização, conforme Contel e Lima (2007). Lima e Maranhão

(2011) ainda consideraram que mesmo diante dos ganhos da mobilidade internacional, é

possível observar a tendência de padronização de currículos, culturas e consciências, pelo

processo de intercâmbio refletir a desigualdade econômica vivenciada entre as diferentes

nações participantes, ou seja, apesar da valoração da multiculturalidade e do

multilinguismo, as políticas adotadas pelos governos e IES reforçam o modelo de

educação adotado pelos países desenvolvidos, com consequente domínio das matrículas

internacionais. As autoras destacaram, como exemplo, a padronização dos serviços

oferecidos, igualmente, dos programas de ensino e do idioma adotado (inglês), que

conduzem à formação de paradigmas de qualidade, nas suas palavras, “tendem à

promoção de um multiculturalismo desengajado” (LIMA; MARANHÃO, 2011, p. 594).

Por isso, faz-se necessário o estabelecimento de efetivo diálogo intercultural (LIMA;

REIGEL, 2010). De outra forma, Ferrari (2015), ao estudar a internacionalização dos

Institutos Federais, por meio da análise de um acordo de cooperação para promoção da

inovação e desenvolvimento tecnológico entre o Brasil e o Canadá, observou que os

benefícios não eram unilaterais ao país desenvolvido. Ainda quanto às críticas, Teodoro

(2003), há mais de uma década e meia, sugeriu que havia a necessidade de gerenciamento

adequado do processo internacionalização pelas IES, em especial, pela preparação prévia

do corpo docente e consideração das perspectivas dos discentes. Em uma perspectiva mais

recente, Dutra e Maranhão (2017), ao estudarem as barreiras e possiblidades da

internacionalização do ensino superior em uma IES que não foi identificada, perceberam

que mesmo diante da ampla disseminação do tema da internacionalização do ensino

superior, há baixo grau de compreensão, pelos alunos, de seus critérios e possibilidades.

Já Lima e Reigel (2015) observaram, em um estudo comparativo entre alunos brasileiros

e colombianos, que os primeiros, ao escolherem a instituição hospedeira, valorizam a boa

infraestrutura de acolhimento, bem como a tradição em receber estudantes internacionais,

diferentemente, os segundos valorizam a notabilidade da instituição na área que

pretendem se especializar, por meio dos rankings de IES mundiais. As autoras ainda

consideraram que mesmo que os alunos brasileiros tenham destacado o interesse no

intercâmbio como alavanca para o desenvolvimento de competências profissionais, por

eles se inserem na vida profissional precocemente, há comprometimento da consecução

de um projeto de formação superior mais ambicioso. Outrossim, a mobilidade acadêmica

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envolve investimentos públicos e privados para sua execução, como a disponibilização

de bolsas e estabelecimento de acordos bilaterais de ensino, pesquisa e extensão entre as

IES e, pelo investimento, é natural que alunos com maior aproveitamento acadêmico

sejam mais competitivos para se internacionalizarem (SPEARS, 2014). Todavia, maiores

notas não é o único critério norteador para quem, de fato, realiza o intercâmbio, por

também interferir a falta de recursos financeiros e de oportunidades, o trabalho no país de

origem (DUTRA; MARANHÃO, 2017) e domínio da língua estrangeira (STALLIVIERI,

2009). Efetivamente, a definição dos critérios para a mobilidade internacional e das

estratégias de internacionalização pelas Universidades devem observar o princípio de sua

autonomia, com clara definição de suas necessidades e com objetivos condizentes com o

planejamento institucional (STALLIVIERI, 2002). A autora ainda destaca que as

estratégias de internacionalização devem observar alguns quesitos, dentre eles, a

definição de uma política de internacionalização embasada na cooperação acadêmica, o

estímulo aos estudantes, professores e gestores a se internacionalizarem, a inserção em

redes de cooperação internacionais, da mesma maneira, a participação em projetos de

investigação colaborativa, a captação de recursos de diferentes fontes de financiamento,

a gestão de convênios e acordos de colaboração científicos e acadêmicos, a oferta de

títulos acadêmicos conjuntos e a formação de recursos humanos capacitados para a

educação universitária internacional. Concomitante às dificuldades de acesso ao

intercâmbio, que se configura na etapa de pré-internacionalização do estudante, ainda há

os fatores de aclimatação dele no novo país, similar a curva de adaptação de expatriados

abordados por Adler (2002), além do sofrimento psicológico e sentimento de solidão

sofridos pelos discentes durante o intercâmbio (HUNLEY, 2010), além de possíveis

problemas de adaptação ao retornar à Universidade local. Todas estas abordagens se

destacam em um cenário de expansão, pelas IES, dos incentivos à mobilidade

internacional e da valorização do profissional com formação multicêntrica. Para o

discente, este é um momento de construção da sua própria personalidade, da aquisição de

valores sociais e culturais e do desenvolvimento de habilidade didáticas, pedagógicas e

interpessoais (DALMOLIN, et al. 2013). Ao considerar as perspectivas dos discentes

quanto à mobilidade internacional, este artigo terá como objetivo descrever e analisar os

critérios utilizados tanto pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) para seleção dos

alunos para o programa de intercâmbio, quanto dos próprios alunos para seleção do país

destino, bem como o apoio recebido por eles antes, durante e após a mobilidade

internacional pela IES e as dificuldades enfrentadas durante todo o processo. A

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metodologia de pesquisa será exploratória e analítica, cujo o corpus de pesquisa são os

estudantes da Universidade Federal de Uberlândia que realizaram o intercâmbio pela

estrutura da própria Universidade e cujo o período no exterior seja maior ou igual a seis

meses. A condição imposta do tempo da mobilidade internacional se justifica pela

possibilidade de obtenção de dados mais robustos. Para obtenção dos dados, a técnica

será de entrevistas semiestruturadas, conduzida por meio de um roteiro previamente

estabelecido, contudo, sem demasiada rigidez, conferindo liberdade tanto ao entrevistador

quanto ao entrevistado para abordar mais amplamente algumas questões, conforme

conceito de Vergara (2005), embasadas no referencial teórico. A análise de conteúdo será

por meio da técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 1999). Os resultados esperados do

pretenso artigo são elencar os critérios efetivos de escolha dos alunos que fizeram o

intercâmbio, nas perspectivas da IES e do aluno, comparando-os com os critérios

encontrados na literatura, igualmente, analisando-os, comparativamente, com os critérios

da própria UFU, além de descrever e analisar os desafios encontrados por estes alunos

durante todo o processo de mobilidade internacional e analisar o apoio (ou não) desta IES

na superação e/ou mitigação destas dificuldades. Como regra, sabe-se que o aluno da

UFU deve ter cursado pelo menos 50% de seu curso até o início do intercâmbio, tem que

cursar, obrigatoriamente, um semestre acadêmico na Universidade após seu regresso,

além de apresentar média geral aritmética (MGA) superior a 60 pontos e comprovar

proficiência na língua do país destino (UFU, 2018). Naturalmente, as vagas de bolsas são

limitadas e cada IES destino tem, também, suas próprias regras, além de peculiaridades

quanto a disponibilização (ou não) de alojamento e refeições nos restaurantes

universitários, que podem auxiliar a equilibrar as diferenças socioeconômicas dos

pretensos intercambistas. A tratativa contemplará, dessa maneira, a descrição e análise do

intercâmbio estudantil, sob a ótica do próprio estudante, em um contexto de

reconhecimento das vantagens da vivência internacional, mas que pode ser aperfeiçoado

ao se conhecer seus critérios, desafios e dificuldades, mormente aqueles surgidos durante

o intercâmbio e na volta ao Brasil. Além disso, os resultados do artigo poderão auxiliar

no melhor aproveitamento do intercâmbio do estudante pela IES local na geração de

conhecimento.

PALAVRAS-CHAVE: mobilidade internacional; globalização; intercâmbio; IES.

REFERÊNCIAS

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