63
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE UNAÍ CURSO DE AGRONOMIA INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE FERRUGEM COMUM, MANCHA DE FEOSFÉRIA E MANCHA DE CERCOSPORA EM HÍBRIDOS DE MILHO EM UNAÍ-MG Unaí-MG 2006 i

Vicente monografia

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Vicente monografia

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE UNAÍ CURSO DE AGRONOMIA

INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE FERRUGEM COMUM, MANCHA DE FEOSFÉRIA E MANCHA DE CERCOSPORA EM HÍBRIDOS DE MILHO EM

UNAÍ-MG

Unaí-MG 2006

i

Page 2: Vicente monografia

VICENTE DE PAULO RIBEIRO JÚNIOR

INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE FERRUGEM COMUM, MANCHA DE FEOSFÉRIA E MANCHA DE CERCOSPORA EM HÍBRIDOS DE MILHO EM

UNAÍ-MG

Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca examinadora como parte das exigências do curso de Agronomia para obtenção do título de Engenheiro-Agrônomo.

Profo. M. Sc. Milton Luiz da Paz Lima (Orientador)

Unaí, MG 2006.

ii

Page 3: Vicente monografia

VICENTE DE PAULO RIBEIRO JÚNIOR

INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE FERRUGEM COMUM, MANCHA DE FEOSFÉRIA E MANCHA DE CERCOSPORA EM HÍBRIDOS DE MILHO EM

UNAÍ-MG

APROVADA EM: 26 de junho de 2006.

_____________________________________ Profo. Cleverton Cavagnolli

(Engenheiro-Agrônomo)

_____________________________________ Profo. Luiz Adriano Maia Cordeiro

(D.S. Fitotecnia)

_______________________________________

Profo. Milton Luiz da Paz Lima Orientador (M.Sc. Fitopatologia)

i

Page 4: Vicente monografia

“Toda vitória se dá com muita luta e sofrimento,

A luta passa, o sofrimento é apenas temporário,

a vitória que se conquista permanece”

ii

Page 5: Vicente monografia

AGRADECIMENTOS

A Deus, primeiramente pelo dom da vida.

A meus pais Sr. Vicente de Paulo Ribeiro e Sra. Maria de Fátima Silva Ribeiro, pela

dedicação, empenho e confiança.

A minha esposa Sra. Núbia Cristina pela força e estímulo que me deu quando deparei

com as dificuldades encontradas durante o curso, e a meus filhos Felipe e Tiago.

Ao meu orientador, professor, e amigo Milton Luiz da Paz Lima, pela prontidão e

atenção a mim dedicada durante as aulas e a realização do relatório de monografia.

Ao Sr. Neivaldo Cappellesso pela força, atenção e orientação a mim prestadas desde o

início do curso.

Aos Irmãos, Harald, Hartmut e Helmut Germendorff pela oportunidade de permitir a

realização o trabalho na Fazenda Campinas e São Thiago sendo esta de propriedade dos

mesmos, e por ter cedido com prazer e bom gosto toda infra-estrutura da fazenda em prol do

experimento.

Ao Sr. Edivaldo, Gerente da Fazenda Campinas e São Thiago, por ter me ajudado com

muita dedicação na realização do plantio, tratos culturais e colheita do experimento, e a todos

funcionários da fazenda.

iii

Page 6: Vicente monografia

A alma de meu irmão Camilo Honório, que partiu cursando o primeiro ano de Agronomia, e que se estivesse aqui estaria formando junto comigo, más que com certeza está ao meu lado todos os dias me dando inspiração e força espiritual.

DEDICO

iv

Page 7: Vicente monografia

SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ..............................................................................................................iii RESUMO .................................................................................................................................vii 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................8 2. REVISÃO DE LITERATURA ..............................................................................................3

2.1 Cultura do milho...............................................................................................................3 2.1.1 Híbridos de milho ......................................................................................................6

2.2 Doenças na cultura do milho ............................................................................................7 2.2.1. Mancha de Cercospora ou Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis) .....................8

2.2.1.1. Sintomas ............................................................................................................8 2.2.1.2. Etiologia da Cercosporiose..............................................................................10 2.2.1.3. Epidemiologia da Cercosporiose.....................................................................12 2.2.1.4. Controle da Cercosporiose...............................................................................19

2.2.2. Feosféria, Mancha por Phaeosphaeria, Mancha branca ou esferulina (Phaeosphaeria maydis) ...................................................................................................24

2.2.2.1. Sintomas de Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria .....................................25 2.2.2.2.Etiologia da Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria ......................................26 2.2.2.3. Epidemiologia da Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria.............................27 2.2.2.4. Controle da Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria ......................................28

2.2.3. Ferrugem Comum (Puccinia sorghi)......................................................................29 2.2.3.1. Sintomas da Ferrugem Comum .......................................................................30 2.2.3.2. Etiologia da Ferrugem Comum .......................................................................31 2.2.3.3. Epidemiologia da Ferrugem Comum ..............................................................32 2.2.3.4. Controle de Ferrugem Comum........................................................................33

2.3. Incidência e Severidade de doenças em milho ..............................................................35 3. MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................................36

3.1. Instalação dos experimentos..........................................................................................36 3.2 Dados Metereológicos ....................................................................................................36 3.3. Tratos Culturais .............................................................................................................37 3.4 Avaliação de Incidência e Severidade de Doenças ........................................................37 3.5 Colheita e Pesagem das Amostras ..................................................................................39

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................................................40 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................48

v

Page 8: Vicente monografia

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Produtividade, incidência e severidade de ferrugem comum, mancha de cercospora e mancha de feosféria em híbridos de milho em Unaí-MG......................................................44 Tabela 2. Coeficiente de correlação de Pearson (r) entre a incidência e a severidade da ferrugem comum, mancha de cercospora e mancha de feosféria em Unaí-MG.......................45 Tabela 3. Classificação dos híbridos em três níveis de resistência a ferrugem comum, mancha de feosfaeria e mancha de cercospora, utilizando análise multivariada com medida de similaridade UPGMA...............................................................................................................47

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Escala de notas para avaliação da severidade de milho. ...........................................39 Figura 2. Dendrograma de agrupamento dos híbridos de milho segundo variáveis epidemiológicas de incidência e severidade a mancha de cercospora, ferrugem comum e mancha de feosfaeria. ...............................................................................................................46

LISTA DE ANEXOS Anexo 1. Estádios vegetativos e reprodutivos de uma planta de milho ...................................50 Anexo 2. Médias diárias de temperatura (Estação Metereológica Fazenda Decisão, Unaí-MG), no período de novembro de 2005 a maio de 2006....................................................................51 Anexo 3. Umidade relativa do ar (Estação Metereológica Fazenda Decisão, Unaí-MG), no período de novembro de 2005 a maio de 2006.........................................................................52 Anexo 4. Regime pluviométrico de chuvas (Estação Metereológica Fazenda Decisão, Unaí-MG), no período de novembro de 2005 a maio de 2006..........................................................53 Anexo 5. Valores referentes análise química de solos da área utilizada..................................54

vi

Page 9: Vicente monografia

RESUMO INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE FERRUGEM COMUM, MANCHA DE FEOSFÉRIA E MANCHA DE CERCOSPORA EM HÍBRIDOS DE MILHO EM UNAÍ-MG. Ribeiro Jr, V.P. & Paz Lima, M.L. FACTU, Faculdade de Ciências e Tecnologia de Unaí (FACTU), 38610-000, Unaí, MG. . A cultura do milho (Zea mays L.) a partir da década de 90 têm incorporado em seu manejo grandes avanços tecnológicos na sua produção, e mais recentemente esta gama de tecnologia têm contribuído para o grande incremento de produtividade, a qual tem sido reduzida pela severidade de algumas manchas foliares. O objetivo deste trabalho foi avaliar incidência e severidade de mancha de cercospora, mancha de feosféria e ferrugem comum em 25 genótipos de milho em Unaí-MG. Avaliou-se aos 105 dias após o plantio, a incidência e a severidade de manchas foliares das três doenças. Houve diferença significativa entre as médias dos híbridos somente para as variáveis de incidência da ferrugem, incidência de feosféria, e severidade de ferrugem, feosféria e mancha de cercospora, ou seja, todos os 25 genótipos se comportaram diferencialmente com exceção a incidência de mancha de cercospora. Em híbridos que se destacaram pela alta produtividade (superior a 10.000/ha), observou-se que a severidade das doenças avaliadas foi baixa, ao passo que os híbridos que tiveram as menores produtividades (em torno de 7.500/ha), a severidade de mancha de cercospora e feosféria chegou a atingir níveis de 100% de lesão da área foliar. Os híbridos que tiveram as menores incidências de ferrugem comum foram: ‘Traktor’ e ‘NB 2203’, de mancha de feosféria foi o híbrido ‘Cargo’. Os híbridos que tiveram as menores severidades de ferrugem foram: ‘30K75’, ‘Somma’, ‘Fort’, ‘NB 7233’, ‘NB 5304’, ‘2B710’, ‘Cargo’, ‘NB 7254’, ‘Maximus’, ‘NB 7414’, ‘NB 7354’, ‘NB 9274’, ‘NB 8383’, ‘Garra’, ‘Speed’, ‘Ag 9010’, ‘NB 8304’, ‘Traktor’ e ‘NB 2203’, e quanto a severidade de mancha de cercospora as

vii

Page 10: Vicente monografia

menores severidades ocorreram com os híbridos ‘DKB 350’, ‘DKB 393’, ‘30K75’, ‘Impacto’ e ‘NB 7233’, e os híbridos que tiveram as menores severidades de mancha de feosféria, foram: ‘DKB 390’, ‘Fort’, ‘Impacto’, ‘NB 8383’ e ‘Garra’. Observou-se nesta avaliação diferenças de comportamento entre as cultivares quanto a ocorrência de manchas foliares, logo a incidência não é uma variável que reduz a produtividade somente a severidade de manchas foliares no experimento avaliado comprometeu a produção.

1. INTRODUÇÃO

Com cultivo extensivo do milho, amplamente cultivado no Brasil e no mundo, é de se

esperar a ocorrência de um elevado número de doenças. E destas, mais de vinte já foram

identificadas nesta cultura no Brasil. Contudo, pela freqüência e intensidade com que ocorrem

somente algumas apresentam importância econômica. A doença é, entretanto, o resultado da

interação entre três fatores, patógeno, ambiente e hospedeiro (Bergamin Filho et al., 1995), e

por isso, basta então que estas condições sejam favoráveis à integração ou que ocorra variação

no patógeno para que as doenças de importância secundária passem a constituir problemas

fitopatológicos para a cultura do milho.

A ocorrência de doenças na cultura do milho em condições favoráveis pode

comprometer seriamente a qualidade e a produção de sementes e grãos. A incidência e a

severidade e manchas foliares tem aumentado nos últimos anos em decorrência,

principalmente, de modificações no sistema de cultivo e na época de plantio, bem como a

expansão da área plantada. Os plantios safrinha, e de inverno, expõem a cultura do milho às

condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de determinadas doenças. Contribuem

para preservação de inóculo também, plantas de milho voluntárias que permanecem no campo

viii

Page 11: Vicente monografia

após a colheita. Também a irrigação pode proporcionar condições de microclima favorável a

algumas doenças foliares (Galvão e Miranda, 2004).

O milho, apesar de ser considerado uma planta bastante tolerante à ação dos agentes

de estresse vegetal, continuamente tem manifestado significativa vulnerabilidade a incidência

de patógenos, e outro fator a isso atribuído, é devido a recomendações equivocadas de

genótipos susceptíveis, isto tem sido observado em função de mudanças repentinas de

estratégias de planejamento, objetivando puramente o incremento acentuado de rendimento e

lucratividade. Esses fatores implicam na necessidade de utilização premente de medidas

integradas de controle, visando à manutenção dos agentes bióticos nocivos à cultura em

população e intensidade inferiores ao nível de dano econômico por eles provocados (Fancelli

e Dourado Neto, 2000).

No final do ciclo de cultivo, é o estádio de desenvolvimento da cultura, em que o

hospedeiro apresenta o maior nível de susceptibilidade as manchas foliares. Dentre as

manchas foliares de maior importância tem-se a ferugem comum, a mancha de feosféria e a

mancha de cercospora.

Anualmente são lançados no mercado um número imenso de novos híbridos, e o

estudo e a identificação de fontes de resistência a doenças, nestes materiais, são poderosos

instrumentos no planejamento e estruturação de medidas gerais de controle com ênfase em

resistência genética.

O objetivo deste trabalho foi analisar a incidência e a severidade de algumas manchas

foliares, mancha de cercospora, feosféria e ferrugem comum em híbridos comerciais de

milho, plantados no mês de novembro na região de Unaí-MG, uma vez que a agressão das

doenças pode variar de acordo com o local, a região e a época de plantio.

2

Page 12: Vicente monografia

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Cultura do milho

No passado, a cultura do milho era, frequentemente cultivado em consórcio com o

feijão, sempre esteve relacionado à noção de subsistência, atualmente, a produção desse cereal

é mais facilmente associada a cultivos comerciais, baseados na utilização de tecnologias

modernas, nos quais a relação mais importante é com a soja, que o sucede na rotação de

culturas, ou com ele disputa espaço como opção de plantio. O milho é uma cultura plantada

em todo território brasileiro e sua importância reside ainda em sua capacidade de empregar

mão-de-obra, em virtude de suas características de produção. Além disso, o milho se destaca,

como o produto de maior volume produzido, respondendo pelo segundo maior valor da

produção, sendo superado apenas pela soja no agronegócio brasileiro. O milho é ainda o

principal insumo para a confecção de rações utilizadas na produção animal. A importância do

3

Page 13: Vicente monografia

milho para produção animal, pode ser citada pelo fato de que quase 80% de todo o milho

produzido no país é consumido em forma de ração animal. O emprego do milho na

alimentação humana por sua vez, é de expressão bem reduzida, se comparado ao volume

destinado às rações. O Brasil é o terceiro maior produtor de milho do mundo, sendo os

Estados Unidos e a China os maiores produtores. No Brasil, o estado de Minas Gerais é o

terceiro maior produtor de milho, sendo os que produzem maior quantidade, são o Paraná e o

Rio Grande do Sul (Galvão e Miranda, 2004).

O milho (Zea mays L. - Gramineae) pertence a uma das famílias botânicas mais

importantes para o homem, as das gramíneas, e esta é constituída de aproximadamente 700

gêneros, sendo reconhecidas 8000 espécies. Outras gramíneas cultivadas pelo homem, aos

quais seus grãos são explorados comercialmente, tem-se: o trigo (Triticum aestivum), cevada

(Hordeum vulgare), centeiro (Secale cereale), aveias (Avena sp.), arroz (Oryza sativa) e sorgo

(Sorghum sp.). A organização de suas estruturas florais é empregado neste grupo uma

terminologia especial para designar vários elementos que compõem a sua flor. A maioria das

plantas pertencentes a esta família é composta de plantas herbáceas, anuais ou perenes, com

exceção os “bambus” que são de grande porte e lenhosos. A espécie possui flores unissexuais,

possui um ovário plumoso, seu fruto é do tipo cariopse (Joly, 2002).

O milho desempenha uma função estratégica na cadeia produtiva da proteína animal

(carnes, ovos e derivados), cujo consumo cresce a cada ano, em razão de suas qualidades

intrínsecas de teor calórico, amilose e pigmentação. Na alimentação humana, o milho é

comumente empregado na forma in natura, como milho verde; e na forma de subprodutos,

como pães, farinha e massas (Pinazza & Alimandro, 1998a).

Cultivado de Norte a Sul do País, sob variadas formas, o milho apresenta-se como uma

cultura de grande importância econômica e social, além de um enorme potencial para o

4

Page 14: Vicente monografia

crescimento do setor agrícola, graças ao desenvolvimento de novas tecnologias que visam

sempre o aumento de produtividade (Agrianual, 2000).

O agronegócio brasileiro correspondeu a um terço do PIB (Produto Interno Bruto)

nacional em 2003, quando movimentou mais de 420 bilhões de dólares (CNA, 2006). Dentro

deste mercado, o milho destaca-se como um dos principais produtos agrícolas. A Companhia

Nacional de Abastecimento (CONAB), estimou a produção da safra nacional 2005/06, em

cerca de 41 milhões de toneladas, quase seis milhões de toneladas a mais que o ano passado.

A grande produção alcançada pelo Brasil nestes últimos anos deve-se principalmente ao

incremento em área de plantio, 350 mil hectares a mais que em 2004/05, e pela adoção de

híbridos mais produtivos e adaptados (Conab, 2006).

O milho é uma planta que apresenta variações quanto à sua fase vegetativa,

evidenciando desde genótipos extremamente precoces, cuja polinização pode ocorrer 30 dias

após a emergência, tornando o ciclo extremamente curto, até materiais extremamente tardios,

cujo ciclo pode se estender por até 300 dias. Contudo em nossas condições, a cultura do milho

apresenta ciclo variável entre 110 e 180 dias, em função da diversidade de genótipos

existentes (Costa, 2001).

O ciclo é o período compreendido entre a semeadura e a colheita (para efeito prático)

ou entre a emergência e a maturação fisiológica (para efeito de planejamento), em função de

graus-dias (Fancelli e Dourado Neto, 2000, citado por Costa, 2001).

O estádio fenológico (Anexo1) representa a caracterização morfológica do material

genético em função dos eventos fisiológicos da planta de milho.

O milho é uma planta de dias curtos. A ocorrência de dias longos pode promover o

aumento de sua fase vegetativa, ocasionando o atraso no florescimento (Ferraz, 1966, citado

por Costa em 2001). A cultura responde com altos rendimentos a intensidades luminosas

crescentes, em virtude de pertencer ao grupo das plantas de fisiologia C4, o que lhe confere

5

Page 15: Vicente monografia

alta produtividade biológica (Fancelli e Dourado Neto, 1997, citado por Costa, 2001). O

potencial de produção do milho é definido antecipadamente, ou seja, por ocasião da emissão

da 4ª a 5ª folha (estádios V4 e V5), podendo se estender até a 6ª Folha (V6). Essa etapa é

denominada de diferenciação dos primórdios florais. A determinação do número de fileiras

das espigas ocorrerá entre o período correspondente à emissão da 7ª a 9ª folha completamente

expandida (estádios V7 a V9). Entre os estádios correspondentes a 12 folhas e grãos leitosos,

ocorre a confirmação do potencial de produção definido anteriormente. Nessa etapa a planta

deverá estar devidamente suprida de nutrientes, principalmente de nitrogênio, e não ser

submetida à deficiência hídrica prolongada (Fancelli e Dourado Neto, 1997, citado por Costa,

2001).

A importância econômica de doenças foliares na cultura do milho é extremamente

relevante. Isso se deve a um aumento na incidência e severidade das mesmas, o que tem

comprometido o desempenho dos híbridos no campo, afetando diretamente a produtividade e

resultando em perda de lucratividade e consequentemente falta de interesse na produção desse

cereal de alto investimento e valor econômico (Brunelli, 2004).

2.1.1 Híbridos de milho

A produção de sementes híbridas de milho é um dos avanços tecnológicos

desenvolvidos para esta cultura. Hoje estima-se que quase 60% da área brasileira plantada

com milho utiliza mais de 160 híbridos diferentes (Pinazza & Alimandro, 1998b). A indústria

sementeira do milho é muito dinâmica, e a cada ano novas cultivares são recomendadas, tanto

por empresas privadas, quanto por empresas públicas.

A escolha certa sobre qual híbrido utilizar é fundamental para que o produtor rural

obtenha altas produtividades e lucros satisfatórios no desenvolvimento da atividade agrícola.

Porém, como a oferta de híbridos no mercado é muito grande, esta decisão passa a ser

problemática para o agricultor. Por isso, é importante verificar, periodicamente, o

6

Page 16: Vicente monografia

desempenho agronômico dos principais materiais recomendados para regiões específicas de

cultivo do milho, o que poderá trazer ao produtor informações valiosas sobre qual (ou quais)

híbridos deverá utilizar em sua propriedade (Santos et al., 2002).

2.2 Doenças na cultura do milho

Para que uma doença se estabeleça, é necessário que haja uma relação íntima entre três

fatores: o patógeno (que seja patogênico), o hospedeiro (que seja suscetível) e um ambiente

(favorável para desenvolvimento da mesma). A crescente incidência e severidade das doenças

são fatores que vêm contribuindo de forma marcante para a redução do rendimento de grãos

na cultura do milho (Meirelles et al.,1998, citado por Costa, 2001). Logo, a identificação de

genótipos resistentes é uma necessidade indispensável quando da utilização desses materiais

em áreas de ocorrência dos patógenos.

Além da identificação da doença em lavouras de milho, é de suma importância a sua

quantificação que, apresenta os seguintes objetivos: avaliar a evolução da doença ou de

epidemias; comparar a eficiência de fungicidas no controle de doenças; avaliar a resistência

de cultivares provenientes de melhoramento genético a patógenos; auxiliar na determinação

do momento de aplicação de fungicidas visando no controle de doenças em plantas,

determinar a porcentagem de perdas no rendimento de grãos em função da intensidade da

doença e avaliar a influência de práticas agrícolas no controle e intensidade de doenças. As

doenças são quantificadas pela identificação de sinais e sintomas, que poderão ser analisados

através da porcentagem de plantas infectadas (incidência) presentes na área ou através da

avaliação da extensão da área dos tecidos lesionados (severidade) (Fancelli e Dourado Neto,

2000).

Também, segundo Fancelli e Dourado Neto (2000), os principais métodos de manejo

ou controle integrado de patógenos apresentam natureza preventiva e erradicante. Assim, o

conjunto de medidas que objetivarem a redução do inóculo (ou de propágulos) dos principais

7

Page 17: Vicente monografia

agentes causais de doenças consiste no método “preventivo”, ao passo que aquele que acarrete

na diminuição da taxa de evolução ou na paralisação da doença e dos efeitos maléficos

causados pela presença é considerado “erradicante”. Dentre os principais métodos de controle

de doenças comumente empregados na cultura do milho, destacam-se: resistência genética,

sistema de produção, definição da época de semeadura e região de cultivo, rotação de

culturas, roguing, uso de sementes sadias, tratamento de sementes, controle biológico e

controle químico.

Como as demais culturas o milho é suscetível a muitas doenças, causadas

principalmente por fungos. Nas regiões Centrais do Brasil, os maiores danos são causados

pela ferrugem polissora, pela mancha de feosféria e mais recentemente pela cercospora. Nas

localidades mais altas a helmintosporiose e a mancha de feosféria também são importantes.

Os danos causados por organismo semelhante a micoplasma e fitoplasma, causadores de

enfesamentos, também são freqüentes no Brasil Central. Porém outras doenças podem se

tornar importantes, como o grupo de podridões de sementes e morte de plântulas (gêneros

Fusarium, Pythium, Rhizoctonia, Trichoderma), podridões radiculares (gêneros Fusarium,

Pythium, Rhizoctonia, Stenocarpella, Colletotrichum, Pyrenochaeta), manchas foliares

(Helmintosporiose, Cercosporiose, feosféria, mancha folisr por Diplódia macrospora, mancha

de curvularia, mancha pardo escura e mancha cobatiela), ferrugens (ferrugem comum,

ferrugem polissora e ferrugem tropical), míldio, carvões, podridões do colmo e da espiga

(Reis et al., 2004).

2.2.1. Mancha de Cercospora ou Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis)

2.2.1.1. Sintomas Os sintomas da mancha por Cercospora, nas folhas, são lesões cloróticas (amareladas)

ou necróticas de coloração palha ou cinza, sempre limitadas pelas nervuras secundárias e com

extremidades, em geral, tipicamente retangulares. Em geral aparecem próximo ao

8

Page 18: Vicente monografia

florescimento, nas folhas inferiores, e, sob condições favoráveis, alcançam as folha superiores

em cerca de uma semana (Galvão e Miranda, 2004).

Segundo Reis et al.(2004), a Cercosporiose ou mancha cinzenta da folha do milho,

poderia também ser denominada de mancha retangular da folha do milho, pois é a única

ostentando esta característica.

Alguns híbridos menos suscetíveis podem apresentar sintomas mais atenuados, e

menores incidências. As manchas, nesse caso, podem ser menores e menos retangulares,

geralmente acompanhadas por bordos cloróticos ou avermelhados. A esporulação neste tipo

de lesão é diminuta, o que contribui para uma menor intensidade da epidemia (Freppon et al.,

1994, citado por Brunelli, 2004).

Os sintomas típicos de lesões de Cercospora têm sido constatados nas folhas basais,

próximo ao período do florescimento da planta (10 dias antes e 10 dias após). Contudo,

observou-se que a infecção pode ocorrer a partir do estádio de quatro folhas e que em

condições especiais, os primeiros sintomas de C. zeae-maydis em plantas de milho, podem ser

vistos desde a fase de plântula (plantas com duas folhas) mesmo acontecimento foi observado

por Fancelli e Dourado Neto (2001).

Os sintomas observados inicialmente nas folhas basais, no início, as lesões ainda

imaturas, podem ser confundidas com sintomas causados por outros patógenos que danificam

as folhas das plantas de milho, como por exemplo, a Helminthosporium maydis. O fungo

Cercospora zeae-maydis provoca lesões em ambas as faces da folha e também na bainha. Os

sintomas iniciais correspondem a pequenas lesões (1 a 3 mm de comprimento), de formato

retangular e irregular, bordas cloróticas e são mais visíveis quando as folhas são observadas

contra a luz. Com a evolução da doença o reconhecimento torna-se mais fácil, pois, as lesões

adquirem formato retangular (5 a 7 mm de comprimento e 4 mm de largura), coloração

acinzentada a parda e se distribuem paralelamente as nervuras da folha. O fato das lesões

9

Page 19: Vicente monografia

ocorrerem paralelamente as nervuras e serem estréias relaciona-se a delimitação do

crescimento lateral da hifa pelo sistema vascular provocada pelo envolvimento do tecido do

esclerênquima. Quando a incidência é severa, pode ocorrer o apodrecimento do colmo, o qual

passa a servir de alojamento ao patógeno (Fancelli e Dourado Neto, 2001).

Segundo Lipps (1987) e Ward et al. (1999), citados por Brunelli (2004), os primeiros

sintomas da mancha gênero Cercospora são observados geralmente na fase de floração,

principalmente nas folhas baixeiras, onde o patógeno coloniza o limbo foliar, provocando

extensas áreas necróticas. O sintoma típico da doença se caracteriza pelo aspecto linear-

retangular das lesões que geralmente são delimitadas pelas nervuras, e possuem coloração

palha a verde-oliva e, sob condições de alta umidade relativa, tornam-se cobertas por esporos,

conferindo uma coloração acinzentada, que caracteriza a doença na língua inglesa como

mancha cinzenta ou “gray leaf spot” (Freppon et al., 1994, citado por Brunelli, 2004).

O período de latência da mancha de cercospora é longo quando comparado aos demais

patógenos da cultura do milho, podendo seus esporos permaneceram viáveis por 14 a 28 dias.

Ainda vale a pena ressaltar que o tamanho, bem como o tipo e o número de lesões podem

variar com o híbrido, sendo que os mais suscetíveis apresentam maior número de lesões

quando comparados com híbridos resistentes. Todavia, a idade da folha não tem interferido

significativamente na caracterização das lesões (Fancelli e Dourado Neto, 2001).

Além da umidade relativa, o genótipo também pode afetar a duração do período de

latência. Alguns pesquisadores observam que o período latente de C. zeae-maydis, para

híbridos suscetíveis, perdurou por 14 dias e para híbridos moderadamente resistentes, o

período se estendeu até 28 dias (Fancelli e Dourado Neto, 2001).

2.2.1.2. Etiologia da Cercosporiose

O agente causal da cercosporiose do milho é chamado de Cercospora zeae-maydis foi

identificado em 1924, em Illinois (EUA), e reportado pela primeira vez, como causador de

10

Page 20: Vicente monografia

prejuízos na lavoura de milho em 1943 (Fancelli e Dourado Neto, 2001). Galvão e Miranda

(2004), citam que o agente causal da cercosporiose do milho é causado também por

Cercospora sorghi var. maydis. No banco de dados americano de registro de fungos tem-se

três espécies de Cercospora que atacam os gêneros Zea, aos quais são C. sorghi, C. sorghi

var. maydis e C. zeae-maydis (SBML, 2006). No Brasil, a mancha de C. zeae-maydis foi

constatada pela primeira vez em 1953, e durante um longo período foi considerada uma

doença secundária, por sua ocorrência esporádica, e baixa severidade. Este quadro foi

revertido no final da década de 90 quando foram relatadas severas epidemias em alguns

campos de produção nos municípios de Jataí e Rio Verde, GO. Nas safras seguintes, os surtos

epidêmicos alastraram por toda região centro sul brasileira (Chupp, 1953, citado por Brunelli

2004).

O fungo C. zeae-maydis é mitospórico, segundo a nova edição do dicionário dos

fungos (Index Fungorum, 2006), sendo sua fase perfeita atribuída ao ascomiceto

Mycophaerella. Embora algumas estruturas típicas deste gênero sejam encontradas em

cultivos artificiais, ainda não foi relatada a ocorrência do estádio sexual em lesões, sendo

deste modo incerta a existência da fase teleomórfica (Dunkle & Carson, 1998, citado por

Brunelli, 2004).

Seus conídios são alongados, ligeiramente curvados, hialinos, multisseptados,

possuindo 6 a 10 septos e tamanho variável entre 70 e 180 x 4-6 µm. Também Chupp (1953),

citado por Brunelli (2004), confirma a afirmação das duas espécies fúngicas, C. zeae-maydis e

C.sorghi f.sp. maydis. Sendo que esta última, embora possa ser encontrada associada a várias

lesões características da doença, é descrita como sendo menos agressiva que a primeira. A C.

zeae-maydis tem sido relatada com o responsável por severas epidemias ao redor do mundo,

colonizando mais rapidamente o tecido foliar e provocando lesões mais alongadas e em maior

número. Estudos com isolados americanos e africanos de C. zeae-maydis, demonstraram a

11

Page 21: Vicente monografia

existência de dois grupos geneticamente distintos (Wang et al., 1998; Dunkle & Levy, 2000,

citado por Brunelli, 2004). Embora não haja trabalhos sobre a diversidade genética de C.

zeae-maydis no Brasil, relatos sugerem diferenças de agressividade entre isolados

provenientes de diferentes regiões produtoras, indicando, provavelmente, diversidade na

população do fungo.

2.2.1.3. Epidemiologia da Cercosporiose

No Brasil, em função das condições climáticas reinantes nas regiões produtoras desse

cereal e da ausência de programas efetivos de rotação de culturas, associados à baixa

disponibilidade de genótipos resistentes e ao cultivo de milho, praticamente, o ano todo, o

Cercospora apresenta acentuado potencial de expansão, podendo atingir níveis elevados de

ocorrência e prejuízos. Como o patógeno se perpetua, eficientemente, em restos de cultura, a

prática de rotação de culturas e a adoção de medidas de caráter preventivo, tornam-se

imperiosas, pois caso contrário, com o sistema plantio direto, em regiões epidêmicas, correrá

sério risco de infecção; e ainda cumpre ressaltar que, a referida doença pode ocorrer em

qualquer época de cultivo e em qualquer estágio da lavoura, desde que as condições básicas

exigidas pelo patógeno sejam satisfeitas (Fancelli e Dourado Neto, 2001).

Em 1995, nos EUA, a referida doença provocou perdas significativas de produção em

aproximadamente 9,3 milhões de hectares, sendo que sua incidência vem aumentando com o

decorrer dos anos. Além deste país, a C. zeae-maydis tem provocado consideráveis danos á

cultura do milho na Colômbia, Peru, Trinidad Tobago, Costa Rica, México, Venezuela e,

atualmente, no Brasil. Em algumas regiões do continente africano, onde as condições

climáticas são extremamente favoráveis ao desenvolvimento da doença, foram detectadas

12

Page 22: Vicente monografia

consideráveis quedas na produção de milho, principalmente no Kênia, Cameroon, Unganda e

Zaire. Ainda, recentes citações reportam que também foram registradas perdas de produção

provocadas pelo mencionado patógeno na China (Fancelli e Dourado Neto, 2001).

A mancha por Cercospora já foi constatada em diversos municípios dos Estados de

Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso do

Sul. Sendo a doença altamente destrutiva, podendo causar perdas de até 80% na produção de

grãos ou sementes de milho. Até, recentemente, era considerada de importância secundária

para a cultura, devido a baixa incidência e severidade. No ano de 2000, a mancha por

Cercospora causou um surto epidêmico nas regiões dos chapadões no estado de Goiás,

ocorrendo em alta severidade desde os municípios de Montividiu, Rio Verde e Jataí, até a

divisa do estado com o Mato Grosso do Sul, acarretando perdas severas na produção do cereal

(Galvão e Miranda, 2004).

No Brasil, visando à minimização dos prejuízos impostos pela mancha de

Cercospora, áreas que apresentaram plantas infectadas entre a quarta e oitava folha, como o

ocorrido na região de Rio Verde, GO, na safra 2000/01, exigiram medidas curativas drásticas.

A não observância desses cuidados quando da infecção precoce (entre a quarta e décima

folha) aliada a condições climáticas favoráveis a evolução da doença, fatalmente acarretará

redução significativa do potencial produtivo. Assim quando os primeiros sintomas de mancha

de cercospora, em plantas de milho, aparecem próximo do florescimento e as lesões

permanecem apenas nas cinco folhas basais da planta, as perdas serão pequenas e,

normalmente, não exigirão tratamentos específicos. Contudo, se as lesões progredirem para as

folhas superiores (sobretudo atingindo aquelas posicionadas acima da espiga) em meio a

condições de estresse (seca, baixa luminosidade, encharcamento, deficiência de potássio e

cobre, bem como excesso de nitrogênio, dentre outras) providências urgentes deverão ser

implementadas (Fancelli e Dourado Neto, 2001).

13

Page 23: Vicente monografia

Segundo Fancelli e Dourado Neto (2001), o fungo C. zeae-maydis, requer prolongado

período de alta umidade relativa do ar (período mínimo de 12 horas com umidade superior a

90%), folhas com superfície úmida por período superior ou igual a 12 horas e temperatura

oscilando entre 25 e 32º C, a lavoura de milho fechada também favorece condições para a

infecção do fungo, devido o microclima propício ao patógeno. Ao atingir a superfície das

folhas, os conídios de Cercospora podem germinar no período de 12 a 24 horas e iniciarem a

penetração, através dos estômatos, em 4 a 7 dias. Aproximadamente, 7 a 9 dias após a

infecção, a clorose nas folhas começa a se evidenciar e, nos dias seguintes, as lesões

cloróticas iniciam o seu desenvolvimento. A produção de conídios pode ocorrer 14 a 15 dias

após a infecção após a infecção e prolongar-se por vários dias, sendo que em cada mm² de

lesão podem ser produzidos cerca de 5000 novos conídios, dos quais 50 a 80% estão aptos a

germinar. O ciclo de infecção (infecção, penetração e produção de conídios) varia de acordo

com a suscetibilidade do genótipo. Nos EUA, o ciclo de infecção nos híbridos

moderadamente resistentes dura de 21 a 28 dias e nos híbridos suscetíveis de 14 a 21 dias.

A severidade da mancha por Cercospora é favorecida também pela ocorrência de

vários dias nublados, ocasião a qual a umidade relativa do ar é alta, também favorece a

presença de orvalho ou serração por longo período. Sob condições climáticas desfavoráveis, a

doença paralisa seu desenvolvimento e desenvolve-se rapidamente tão logo as condições

voltem a ser favoráveis. Este patógeno sobrevive nos restos de cultura do milho e dissemina-

se principalmente através do vento. Por isso um fator de grande importância para a ocorrência

da doença é a presença, na superfície do solo, de restos de cultura do milho contaminados, que

constituem fonte de inoculo (Galvão e Miranda, 2004).

Normalmente, a facilidade de penetração do fungo C. zeae-maydis nos estômatos é

maior em tecidos de plantas mais velhas quando comparado com tecidos de plantas jovens. A

esporulação é abundante sob condições de calor, nebulosidade e alta umidade, porém o

14

Page 24: Vicente monografia

referido patógeno pode sobreviver em condições adversas de ambiente, desde que os

processos de germinação e infecção já tenham sido iniciados. O período de alta umidade

relativa não necessita ser contínuo para que a infecção ocorra, desde que o processo possa

permanecer quiescente até que a umidade relativa seja retomada. A C. zeae-maydis

desenvolve um estroma no interior da cavidade substomatal que pode originar conidióforos e

conídios, 16 a 21 dias após a penetração. Esse estroma, formado no interior da citada

cavidade, pode sobreviver por longos períodos de seca e retomar a colonização da cavidade

sub-estomatal e/ou esporular, quando as condições ambientais voltarem a ser favoráveis.

Essas evidências científicas ratificam a possibilidade da ocorrência de infecções precoces

(quando a planta ainda for jovem), seguidas de um período de latência, cujo potencial

destrutivo somente pode ser manifestado quando a retomada das condições ideais exigidas

pelo patógeno (Fancelli e Dourado Neto, 2001).

Em meio a elevado potencial de inóculo, a doença pode se desenvolver,

significativamente, mesmo sob temperaturas mais baixas. Geralmente, híbridos de milho de

ciclo tardios apresentam maior risco de serem infectados por Cercospora do que híbridos de

ciclo precoce. Este fato pode ser relacionado ao espaço de tempo que as plantas aumentam o

período de exposição, que por sua vez aumenta a probabilidade de a doença atingir altos

níveis de severidade, bem como reduzir a intercepção da radiação solar no período crítico de

enchimento de grãos. Em trabalho realizado nos Estados Unidos, usando uma escala de 1 a 5

para quantificar a severidade da doença, alguns pesquisadores demonstraram que o aumento

de cada unidade na escala empregada, representou perdas nas produções de grãos igual a 1,06

t/ha nos híbridos tardios, 0,7 t/ha nos híbridos de ciclo médio e 0,1 t/ha em híbridos precoces.

Contudo, ressalta-se que o fator mais importante relacionado ao genótipo, quanto a

suscetibilidade a Cercospora, não está relacionado ao ciclo das plantas, mas sim, a herança

genética (tolerância ou resistência) (Fancelli e Dourado Neto, 2001).

15

Page 25: Vicente monografia

A ocorrência de Cercospora vem aumentando consideravelmente, em várias regiões

produtoras do mundo, sendo que tal crescimento está diretamente associado com a adoção de

práticas agrícolas que negligenciam a rotação de culturas e que preservam os resíduos de

plantas infectadas na superfície do solo. Estes procedimentos favorecem a perpetuação do

inoculo propiciando a proliferação do mesmo para outras áreas e safras. A C. zeae-maydis é

conhecida por infectar apenas a cultura do milho não havendo, até o momento, nenhum relato

de que o referido patógeno seja transmitido por sementes (Ward et al., 1999, citado por

Fancelli e Dourado Neto, 2001).

Como períodos de alta umidade favorecem a proliferação do fungo, pois, ocorre a

produção de esporos (conídios) que infestam os resíduos. Assim, o fungo C. zeae-maydis

pode sobreviver por longos períodos, na entressafra, nos restos de cultura de milho presentes

na superfície do solo, porém não é competitivo com outros fungos presentes no solo e não

sobrevive quando enterrado (Stromberg, 1986, citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001).

Os esporos são disseminados eficientemente pelo vento para novas plantas e infectam,

primeiramente, as folhas basais. Sob condições ambientais favoráveis, as lesões resultantes da

infecção inicial produzem esporos que, por sua vez, são transportados através do vento e por

respingos de chuva (ou irrigação) para folhas superiores. A ocorrência de prolongado período

seco, pode amplificar a taxa de disseminação dos esporos a longa distância (Ward et al, 1999,

citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001).

Ainda, algumas evidências demonstram que a dispersão aérea dos esporos é maior no

início da tarde, quando a temperatura se eleva, e a umidade relativa do ar e a umidade da

superfície das folhas diminuem (Rupe et al., 1982, citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001).

O fungo pode permanecer dormente quando submetido a condições ambientais

desfavoráveis (altas temperaturas e falta de umidade), e retomar seu desenvolvimento

rapidamente, sob condições favoráveis (Gênio (1995), citado por Fancelli e Dourado Neto,

16

Page 26: Vicente monografia

2001). Quando ocorrem prolongados períodos climaticamente favoráveis e, especialmente

após o fechamento do dossel, as lesões se desenvolvem e coalescem resultando em extensas

áreas necrosadas e secas nas folhas. Os esporos de C. zeae-maydis podem desprender-se das

folhas e se deslocar a longas distâncias, assim como a velocidade de deslocamento dos

esporos de Cercospora é de aproximadamente 2,2 cm/segundo, a qual é baseada nos valores

médios de tamanho e massa, pode-se concluir que os propágulos podem deslocar-se a

distâncias variáveis entre 0,1 km (100 m) a mais de 40 km No entanto a capacidade de

deslocamento depende da velocidade do vento reinante no local considerado (Ward et al,

1999, citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001).

Na África do Sul, as lesões provocadas por C. zeae-maydis na cultura do milho,

aparecem bem antes da antese (florescimento), ao contrário do que acontece na maior parte

dos EUA e no Brasil, em que as lesões se manifestam normalmente logo após a antese. O

aparecimento das lesões em fase mais jovens de desenvolvimento possibilita maior interação

entre o hospedeiro e o patógeno resultando na maior severidade da doença. Por esse motivo,

os prejuízos da Cercospora na África do Sul, são muito mais acentuados, quando comparado

com aqueles determinados em Iowa, EUA (Nutter & Stromberg. 1999, citado por Fancelli e

Dourado Neto, 2001).

Geralmente a C.zeae-maydis provoca danos à cultura do milho já no primeiro ano de

ocorrência na área, principalmente se a disseminação pelo vento e as condições de ambiente

forem propícias. Porém, em algumas situações desfavoráveis ao desenvolvimento da doença,

o patógeno não se manifesta de forma severa, no primeiro ano de colonização da área,

permanecendo nos restos culturais durante o período de entressafra e provocando nova

epidemia apenas na cultura do milho subseqüente. Nos últimos anos, a incidência de C. zeae-

maydis aumentou em várias partes do mundo, incluindo nos maiores produtores mundiais

como EUA, África, Brasil e México (Lalterel & Rossi, 1983; Ward & Novell, 1998; Ward et

17

Page 27: Vicente monografia

al., 1999; Fantin et al., 2001, citados por Brunelli, 2004). A produção em híbridos suscetíveis

pode ser considerável, (Donahue et al. 1991, citados por Brunelli, 2004), estimaram perdas de

até 25% em regiões endêmicas nos EUA. Em agosto de 1995 a doença reduziu a produção em

50% em muitos campos de produção de milho nos Estados Unidos. Na áfrica do Sul foram

constatadas perdas de 65% em híbridos suscetíveis. Essa redução se dá pelo severo ataque do

patógeno às folhas, diminuído a área fotossintética. Os danos também ocorrem pelo

enfraquecimento da planta, que por sua vez favorece podridões de colmo levando ao

tombamento da mesma. No Brasil, danos acerca dos causados pelo patógeno são incipientes,

mas teme-se que eles possam atingir patamares idênticos aos alcançados em outros países. Os

danos, no entanto, não se restringem somente à redução causada diretamente pelo patógeno.

Nas safras de 2000/01 em diante, vários híbridos altamente produtivos tiveram que sair do

mercado, e serem substituídos por outros com menor rendimento, mas que apresentavam boa

resistência, diminuindo assim a produtividade (Brunelli, 2004).

Se a infecção da planta e o aparecimento dos sintomas iniciais se evidenciarem entre a

4ª e 8ª folha, a redução do potencial produtivo da cultura, segundo inúmeros autores, poderá

oscilar entre 40 e 70%. Porém, se a severidade exceder 40 a 50% da área foliar das folhas

posicionadas acima da espiga, no período compreendido entre o pendoamento e o

florescimento, as perdas podem oscilar entre 65 a 90% (Ward et al., 1999, citado por Fancelli

e Dourado Neto, 2001).

Para Stromberg & Carter (1991), citados por Fancelli e Dourado Neto (2001), os

componentes do rendimento mais afetados pela presença de C. zeae-maydis na cultura do

milho são o número de grãos por espiga e o tamanho dos grãos.

Segundo Ribeiro do Valle (2005), calcula-se que a epidemia da cercosporiose na

região do sudoeste goiano atingiu, na safrinha de 2000, uma área equivalente a 35.000 ha de

milho. As lavouras que emergencialmente foram tratadas com fungicidas ainda produziram

18

Page 28: Vicente monografia

cerca de 5,35 t/ha, enquanto as não tratadas produziram, em média, apenas 3,32 t/ha. Com

base nesses dados, pode-se estimar uma perda de aproximadamente U$$ 8,0 milhões de

dólares na área da epidemia.

2.2.1.4. Controle da Cercosporiose

Segundo Fancelli e Dourado Neto (2001), objetivando reduzir a incidência de C. zeae-

maydis em lavouras de milho, recomenda-se a implementação de inúmeras medidas de caráter

preventivo, dentre as quais merecem destaque o uso de rotação de culturas, evitar áreas e

épocas com abundância de orvalho e neblina, evitar o atraso de colheita, empregar adubação

equilibrada, principalmente em nitrogênio e potássio, utilizar fertilizante silicatado, evitar

excesso e aplicação tardia de nitrogênio, evitar o uso de espaçamentos largos (acima de 0,85m

entrelinhas), avaliar a possibilidade da utilização de quebra-ventos, realizar pulverizações

foliares de produtos à base de Manganês (Mn) e Cobre (Cu), entre os estádios V4 e V6 da

planta de milho.

Inúmeros estudos têm mostrado que apenas um ano de rotação de culturas, pode ser

suficiente para reduzir significativamente o nível de inoculo de C. zeae-maydis, na área.

Todavia, os melhores resultados têm sido obtidos com supressão da cultura do milho, em

áreas severamente infectadas por dois anos (Perkins, 1995, citado por Fancelli e Dourado

Neto, 2001).

Em função da especificidade do patógeno, qualquer cultura, exceto milho, é

considerada não hospedeira de C. zeae-maydis e pode ser utilizada no sistema de rotação de

culturas (Munkvoly, 1997, citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001). Da mesma maneira,

em áreas com a presença da doença considerada, a alteração da finalidade da produção, de

grãos para silagem, poderá contribuir para a redução de inoculo, pois, o material vegetal

eventualmente infectado, será parcialmente removido da área (Payne et al., 1987, citado por

Fancelli e Dourado Neto, 2001).

19

Page 29: Vicente monografia

Porém, o atraso na colheita de grãos, sobretudo em regiões chuvosas, ou em

predominância de ventos, poderá favorecer a manutenção e disseminação do patógeno, o qual

atuará, de forma intensa na seguinte safra (Ward et al, 1999, citado por Fancelli e Dourado

Neto, 2001).

Com relação à influência da nutrição de plantas e a incidência e severidade da

Cercospora na lavoura de milho, poucos trabalhos foram desenvolvidos nesse aspecto.

Porém, Smith (1989), citado por Fancelli e Dourado Neto (2001), observou que a aplicação de

nitrogênio acima da recomendação, provocou significativo aumento na severidade da doença.

Resultados semelhantes foram obtidos por Ward (1996), citado por Fancelli e Dourado Neto

(2001). Ainda, com base na fisiologia de plantas e de evidências prática, pode-se inferir que o

fornecimento tardio de nitrogênio na lavoura de milho, com plantas apresentando mais de 12-

14 folhas (V12 e V14), bem como a utilização de quantidades de N e K, superior à relação

2:1, poderá predispor a planta à maior incidência e severidade de Cercospora (Fancelli, 2001,

citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001).

Medidas de caráter genérico relacionadas à prevenção de doenças de plantas, tais

como aplicação de sulfato de manganês (500g/ha) e óxido cuproso (100-125g/ha), entre os

estádios correspondentes a 4 e 6 folhas, bem como o fornecimento de 15 a 25 kg/ha de sílica

deverão ser implementadas (Fancelli e Dourado Neto, 2001).

A medida de controle mais eficiente para essa doença é a utilização de cultivares

resistentes. A eliminação de restos culturais de milho contaminados, por enterrio ou rotação

de cultura por um ou dois anos, reduzindo a concentração de inoculo na área, são medidas que

podem contribuir muito para reduzir a severidade da doença, desde que não haja nas

imediações outras lavouras infectadas que possam servir de fonte de inóculo. Ainda, evitar

altas densidades de plantio, que podem proporcionar microclima favorável ao

20

Page 30: Vicente monografia

desenvolvimento do patógeno, também pode reduzir a severidade da mancha por Cercospora

(Galvão e Miranda, 2004).

Também segundo Fancelli e Dourado Neto (2001), além das práticas de controle

acima citadas, outra questão importante é o uso de fungicidas, e no momento correto, além da

alternância de ingredientes ativos e fungicidas com distintos modos de ação. A inclusão de

híbridos de milho resistentes em sistemas de rotação de culturas pode contribuir para o

manejo (e controle) efetivo da doença. A semeadura de híbridos resistentes resulta em baixa

quantidade de inóculo presente nos restos culturais e assim, minimizar os riscos às lavouras

seguintes de milho implantadas na próxima safra.

Nesse contexto, numerosos estudos estão sendo realizados, principalmente nos EUA,

visando melhorar as características de resistência da cultura do milho. Para (Ayers et al, 1984,

citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001), a resistência dos híbridos ao fungo, teve grande

impacto sobre os componentes de disseminação e sobrevivência, incluindo a alteração no

tamanho e distribuição das lesões, no período de latência e na taxa de esporulação. Segundo

Beckman et al. (1982), citado por Fancelli e Dourado Neto (2001), afirmaram terem

observado atrasos significativos no aparecimento de lesões (longo período de incubação) e na

esporulação (ampliação do período de latência), em híbridos moderadamente resistentes. Da

maneira similar, Ringer et al. (1995), citado por Fancelli e Dourado Neto (2001), observaram

menor período latente em híbridos moderadamente resistentes (22 dias após a inoculação).

Ward et al.(1996), citado por Fancelli e Dourado Neto (2001), observaram em

trabalho realizado na África do Sul, que híbridos de milho moderadamente resistentes à C.

zeae-maydis, apresentaram menor respostas a aplicação de fungicidas quando comparados

com híbridos suscetíveis. Ainda, verificou-se que o emprego de híbridos suscetíveis implica

na necessidade da realização de maior número de aplicações de fungicidas em relação ao uso

de híbridos resistentes. Todavia, somente a aplicação de produtos químicos, mesmo no

21

Page 31: Vicente monografia

momento indicado, poderá não surfir o efeito desejado se elevado potencial de inóculo do

patógeno permanecer viável nos restos de cultura.

Segundo Payne et al (1987), citados por Fancelli e Dourado Neto (2001), a influência

do sistema de cultivo (convencional e plantio direto) sobre a disseminação e o

desenvolvimento de C. zeae-maydis, constataram que a evolução da doença foi mais

acentuada nas áreas de produção de milho sob sistema plantio direto. Também em trabalho

realizado por Nazareno et al, 1993, citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001, observou a

existência de estreita relação entre a quantidade de resíduo presente na superfície do solo e a

severidade de C. zeae-maydis, principalmente, quando as condições do ambiente eram

favoráveis ao patógeno. Constatou-se então que o número médio de lesões por folhas de

milho nos tratamentos com 0, 10, 35, e 85% de cobertura do solo com restos vegetais de

milho foi de aproximadamente, 12, 36, 42 e 119, respectivamente. Da mesma maneira,

observaram que quando a quantidade de resíduo recobria mais de 35% do solo, os níveis da

doença aumentaram acentuadamente.

O efeito da incorporação de restos da cultura do milho na sobrevivência de C. zeae-

maydis foi avaliado na Carolina do Norte, EUA, onde se observou que o enterrio da resteva

infectada, a 15 cm de profundidade, não proporcionou a sobrevivência do patógeno (Payne &

Waldron, 1983, citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001). Assim os referidos autores

recomendam como medida de controle, o manejo de resíduos infectados como uma das

formas de redução da propagação de C. zeae-maydis em áreas de produção de milho. Assim, a

implantação e a condução adequada do sistema plantio direto e o emprego de programas

efetivos de rotação de culturas, mostram-se imperiosos para o sucesso e perpetuação dessa

modalidade de sistema de produção para regiões produtoras de milho e propícias à ocorrência

de Cercospora.

22

Page 32: Vicente monografia

Reis et al. (2004), afirmaram que a cercosporiose do milho pode ser eficientemente

controlada pela aplicação foliar de fungicidas, sendo economicamente justificável em híbridos

suscetíveis e em lavouras com alto potencial de rendimento. Nos EUA e no Brasil, os

fungicidas testados com melhor desempenho são os triazóis, benzimidazóis e estrubilurinas.

Dois critérios podem ser adotados como indicador do momento para aplicação de fungicidas

no controle de cercosporiose, ainda segundo aqueles autores:

- Presença da doença e estádio de desenvolvimento da planta: Para fins práticos sugere-se um

limiar de ação (LA) de 40-50% de incidência, e para facilitar o monitoramento, propõe-se

trabalhar com uma amostra de 50 plantas por situação de lavoura, e portanto quando forem

detectadas duas lesões em 20 a 25 plantas deve-se proceder imediatamente a aplicação do

fungicida(levando-se em conta a posição da folha da espiga, examinando-a em conjunto com

as duas abaixo e as duas acima dela quanto a presença de lesões necróticas de

Cercosporiose).

- Com base na função de dano da doença: Por meio da relação entre a severidade da

Cercosporiose e o rendimento de grãos. Estudos mostram que para cada 1% de aumento de

severidade da doença no estádio 7, o rendimento foi reduzido em 47,6 kg/ha num híbrido

suscetível, e 35,7 kg/ha num cultivar moderadamente tolerante, aumentos de rendimento de

até 67% tem sido relatados em função do controle da doença com fungicidas em híbridos

suscetíveis. Várias equações da função de dano são estudadas como a modificada por Reis et

al. (2004), para ser utilizada em doenças causadas por fungos:

ID = [Cc /(Pp x Cd)]x Ec onde:

ID = Intensidade da doença; Cc = custo de controle químico envolvendo o custo do fungicida

e o custo de sua aplicação (R$/ha); Pp = preço da tonelada de milho (R$/ton de grão); Cd =

coeficiente de dano (tomado da função de dano R=1000 – 15,33 L (lesão foliar)); e, Ec =

23

Page 33: Vicente monografia

eficiência de controle considerando a fungitoxicidade do produto, da dose e da qualidade da

aplicação.

Para exemplo de uma lavoura de milho com 8,5 t/ha de potencial de rendimento,

custo de aplicação de R$ 90,00 e o preço da tonelada de milho de R$ 285,00, chega-se ao

valor de ID = 1,7 lesões (número de lesões nas 5 folhas de referência), sendo este limiar de

dano econômico (LDE) ou limiar de ações (LA). Com esta intensidade da doença a perda

(R$/ha) iguala-se ao custo de controle, justificando a aplicação de fungicida.

A maior eficiência no controle químico de C. zeae-maydis foi obtida quando a

aplicação de fungicida foi realizada no início de desenvolvimento da doença, ou seja, no

momento em que as lesões atingiram 2 a 3 % da área foliar (máximo 5 %) e eram observadas

apenas nas cinco folhas basais (Ward et al, 1997, citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001).

Os mesmos autores também determinaram que quando a aplicação de fungicida foi realizada

preventivamente (antes do aparecimento de sintomas da doença), a eficiência de controle foi

baixa, e a relação benefício/custo foi desfavorável. Portanto a aplicação de fungicida deve ser

iniciada após a manifestação dos primeiros sintomas de Cercospora, porém antes de atingirem

altos níveis de severidade. O intervalo entre as aplicações depende da ocorrência ou não de

condições adequadas ao desenvolvimento da doença, do produto químico utilizado e do grau

de resistência do híbrido. Assim, a determinação do momento correto de aplicação de

fungicidas, exige vistorias e levantamentos contínuos, fundamentados em observações

detalhadas e precisas (Francelli e Dourado Neto, 2001).

2.2.2. Feosféria, Mancha por Phaeosphaeria, Mancha branca ou esferulina (Phaeosphaeria maydis)

Aliado ao bom desempenho agronômico dos híbridos, outro fator importante para

obtenção de altas produtividades de milho é a reação destes materiais à incidência de

determinados patógenos, como o fungo Phaeosphaeria maydis, que causa perdas

significativas na produção, em virtude da redução da área foliar. A doença causada por esse

24

Page 34: Vicente monografia

fungo é conhecida como mancha-foliar de feosféria ou mancha branca, e no Brasil é

relativamente recente, é relatada no início dos anos 80, no Oeste do Paraná, por Reis & Casa

(1996). Ela ocorre, praticamente, em todas as regiões onde se cultiva milho, embora em

alguns estados seja mais problemática, como em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,

Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais, principalmente na região do Triângulo

Mineiro. A doença não ocorre nos primeiros estádios de desenvolvimento das plantas, mas em

condições favoráveis pode se tornar visível já aos 60 dias após o plantio. À semelhança das

outras doenças, a severidade é maior no florescimento, época em que as plantas são avaliadas

quanto à resistência. Em plantios tardios, a severidade da doença é maior que em plantios

iniciais (Buiatti, 2000).

2.2.2.1. Sintomas de Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria

A doença Phaeosphaeria maydis, também conhecida como “Pinta branca” atualmente,

é considerada uma das principais doenças do milho, devido a sua ampla distribuição como em

decorrência dos prejuízos que tem causado aos cultivares suscetível (Fancelli e Dourado Neto,

2000).

Inicialmente, as lesões são circulares, aquosas e verde-claras. Posteriormente, passam

a necróticas, de cor pálida, circulares e elípticas, com diâmetro variando de 0,3 a 1,0 cm.

Geralmente são encontradas dispersas no limbo foliar, podendo coalescer. Em geral, os

sintomas aparecem primeiro nas folhas inferiores, progredindo rapidamente para as

superiores, sendo mais severos após o pendoamento. Podem ocorrer também nas palhas das

espigas. Os sintomas dessa doença não ocorrem em plântulas de milho, ao contrário daqueles

causados pelo fungo Phyllosticta maydis (Mycosphaerella zeae-maydis), que pertence ao

mesmo gênero da forma imperfeita do agente causal da mancha por Phaeosphaeria. Sob

condições favoráveis, a mancha por Phaeosphaeria pode causar seca prematura das folhas e

redução no ciclo da planta no tamanho e no peso de grãos (Galvão e Miranda, 2004).

25

Page 35: Vicente monografia

Com a evolução da doença a frutificação do fungo pode ser observada no centro das

lesões. As lesões são semelhantes a lesões causadas por deriva de paraquat (Fancelli e

Dourado Neto, 2000).

A mancha de feosféria passou a ser considerada uma doença importante na cultura do

milho a partir do início de 1990, principalmente com o advento do sistema plantio direto,

sobretudo na região Centro Oeste do Brasil e Oeste do estado do Paraná. Atualmente a doença

encontra-se distribuída em todas as regiões do Brasil, sendo que os maiores danos têm sido

detectados em regiões com altitude superior a 600 m, coincidindo com temperatura alta e

elevada precipitação pluvial (Reis et al., 2004).

2.2.2.2.Etiologia da Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria

A doença mancha por P. maydis (P. Henn) Rane, Payak e Renfro (sin. Sphaerulina

maydis P. Hennings= Leptosphaeria zeae maydis Sacc). O gênero Phaeosphaeria está

classificado em Ascomycotina-Loculoascomycetes-Pleosporales-Pleosporaceae. Os

ascósporos são hialinos, retos ou levemente curtos e apresentam três septos, com leve

constrição em cada um. A forma imperfeita desse fungo é classificada como Phyllosticta sp.

apresenta conídios hialinos, elipsóides, alongados ou redondos, unicelulares, tipicamente uni

ou bigutulados, que são produzidos em picnídios esféricos ou globosos, de cor marrom

escura, com ostíolo visível, na face superior da folha (Galvão e Miranda, 2004).

Dificuldades encontradas para obtenção de plantas de milho com sintomas da mancha

por Phaeosphaeria, através de inoculações artificiais com esporos desse fungo cultivado in

vitro, associadas ao fato de que no início do desenvolvimento os sintomas dessa doença

assemelham-se àqueles causados por bactérias em plantas, têm levado ao questionamento

sobre a verdadeira identidade de seu agente causal. Recentemente, a bactéria Pantoea ananás

(= Erwinia ananas) foi isolada de lesões foliares jovens da “mancha por Phaeosphaeria”,

cultivada in vitro, e inoculada em plantas de milho com 15, 30 e 45 dias de idade, em casa de

26

Page 36: Vicente monografia

vegetação. Lesões semelhantes àquelas normalmente observadas em lavouras atacadas por

essa doença apareceram nessas plantas entre cinco e sete dias após a inoculação e a bactéria

foi reisolada das lesões. Esses resultados sugerem o envolvimento dessa bactéria na fase

inicial da doença (Galvão e Miranda, 2004).

No entanto, em outro trabalho, o fungo Phyllosticta sp. foi isolado de lesões necróticas

da mancha por Phaeosphaeria, cultivado in vitro e inoculado em plantas de milho em estádio

inicial de florescimento, em casa de vegetação. Lesões semelhantes àquelas normalmente

observadas em lavouras atacadas por essa doença apareceram nessas plantas, 26 dias após a

inoculação. As lesões apareceram inicialmente nas folhas inferiores, progredindo para as

superiores, e evoluíram até a senescência das plantas, sendo mais severas nas plantas

cultivadas em solução nutritiva que naquelas cultivadas em solo. Esse fungo foi reisolado das

lesões. Ainda, avaliações da efetividade de fungicidas e do antibiótico agrimicina para

controle dessa doença, em campo, mostram maior eficiência do fungicida mancozeb e

nenhum efeito do antibiótico agrimicina. Esses resultados evidenciaram ser um fungo o

agente causal da doença (Galvão e Miranda, 2004).

2.2.2.3. Epidemiologia da Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria

A mancha por Phaeosphaeria é uma doença de ocorrência generalizada nas principais

regiões produtoras de milho no Brasil. Folhas com severidade próxima de 20% podem ter a

taxa fotossintética líquida reduzida em até 50%. Sob condições favoráveis ao seu

desenvolvimento, pode acarretar redução na produção superior a 60%. Na América Latina,

sua ocorrência tem sido detectada também no Equador, no México e na Colômbia (Galvão e

Miranda, 2004).

Este patógeno sobrevive nos restos culturais e é disseminado através de estruturas

denominadas ascósporos, os quais, sob condições favoráveis, podem germinar e infectar

folhas novas e maduras. É considerada como uma doença de fácil disseminação e de rápida

27

Page 37: Vicente monografia

velocidade de colonização de tecidos. O desenvolvimento da doença é favorecido por

temperatura diurna entre 24 e 30o C, temperaturas noturnas em torno de 14 e 16o C e umidade

relativa do ar superior a 60%. Ainda regiões com abundante formação de orvalho e baixa

luminosidade podem favorecer sua incidência. Em regiões com altitude superior a 700 metros

a probabilidade de ocorrência dessa doença tem sido maior (Fancelli e Dourado Neto, 2000).

A severidade da feosféria também é favorecida por altas precipitações pluviométricas.

Considerando-se que esse patógeno forma clamidósporos, é possível que permaneça nessa

forma, no solo, por longo tempo. À semelhança do que ocorre com outros patógenos, é

possível que sobreviva também em restos de cultura. Assim, ao longo do tempo, um aumento

na concentração de inoculo desse patógeno pode ocorrer em áreas onde se utiliza

sistematicamente o plantio direto, tornando as lavouras de milho muito mais sujeitas à

ocorrência da doença em alta severidade. O milho é o único hospedeiro desse patógeno

conhecido atualmente (Galvão e Miranda, 2004).

2.2.2.4. Controle da Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria

Uma prática de controle muito eficiente é realizar a semeadura o mais cedo possível,

preferencialmente entre os meses de setembro a outubro, evitando as épocas de plantio tardias

em que a doença incide com maior severidade. Também é recomendável incorporar restos de

cultura de milho ao solo quando a doença ocorrer com alta severidade (Fancelli e Dourado

Neto, 2000).

Embora a utilização de cultivares resistentes seja o método mais eficiente para o

controle da manha por Phaeosphaeria, atualmente a maioria das cultivares comerciais de

milho tem se mostrado suscetíveis a esse patógeno. A partir da década de 90, quando essa

doença passou a destacar-se pelos prejuízos causados à produção, várias instituições de

pesquisa e empresas produtoras de semente de milho intensificaram suas pesquisas para

28

Page 38: Vicente monografia

obtenção de cultivares resistentes, tornando possível a obtenção futura de cultivares

resistentes (Fernandes e Oliveira, 2000).

Quanto ao controle químico, alguns fungicidas, incluindo o mancozeb, tem se

mostrado eficiente no controle dessa doença (Galvão e Miranda, 2004).

2.2.3. Ferrugem Comum (Puccinia sorghi) As ferrugens em milho são causadas por parasitas biotróficos que apresentam a

habilidade de extrair nutrientes apenas de células vivas. O nome comum decorre do aspecto

ferruginoso apresentado pela massa de esporos presentes na região central das pústulas (Reis

et al., 2004).

As ferrugens possuem várias espécies de fungos na cultura do milho, a ferrugem

branca ou tropical (Physopella zeae), é uma das mais novas doenças na cultura do milho

Brasil, tendo sido relatada em 1985. A partir do início da década de 90, esta doença tem se

destacado devido à severidade de sua ocorrência no sudoeste goiano. Assim, como a ferrugem

polyssora e a ferrugem branca, sob condições favoráveis, pode causar seca prematura das

plantas de milho, reduzindo a produtividade (Fernandes e Oliveira, 2000). A ferrugem

polissora (Puccinia polyssora) ocorre desde a década de 80 e tem sido um sério problema em

todo o país, sendo em condições favoráveis e em cultivares suscetíveis, pode ocorrer

severamente nas folhas, caule, palha das espigas e bainha, causando seca prematura das

plantas e perda de produção (Fernandes e Oliveira, 2000).

Esta doença é, atualmente, uma das mais importantes doenças do milho no Brasil,

sendo a ferrugem polissora a mais agressiva das ferrugens que ocorrem na cultura. A doença

já possui ampla distribuição geográfica, podendo ser encontrada na América do Sul, America

Central, América do Norte, leste, oeste e sul do continente africano, Sudeste da Ásia,

Filipinas, Austrália e oeste da Índia. Essa doença adquiriu maior importância no Brasil a partir

da década de 1990, associada a diversos fatores, como a suscetibilidade, de cultivares

29

Page 39: Vicente monografia

comerciais, o plantio contínuo de milho entre outros. Essa doença tem limitado o plantio de

milho safrinha no Brasil, devido ao plantio de cultivares suscetíveis (Galvão e Miranda,

2004).

Das três ferrugens que ocorrem no milho, a ferrugem comum é a menos severa,

provavelmente por ser uma doença antiga e bastante disseminada no país, fato que

possibilitou, nos programas de melhoramento genético, a seleção adequada para sua

resistência. A doença é mais importante nos primeiros plantios da região sul e

esporadicamente, na região Central do Brasil, quando da ocorrência de temperaturas baixas

associadas ao cultivo de híbridos suscetíveis (Kimati et al, 1997)

A Ferrugem comum (Puccinia sorghi) sendo a mais antiga e a mais comum

encontrada no milho será abordada com mais ênfase.

2.2.3.1. Sintomas da Ferrugem Comum

Essa ferrugem forma pústulas predominantemente alongadas, de cor marrom clara em

plantas jovens e que se tornam marrom escuras à medida que a planta se aproxima da fase de

maturação. Essas pústulas podem ser encontradas em ambas as faces das folhas, e devido ao

rompimento da epiderme, apresentam caracteristicamente uma fenda. A distinção entre

ferrugem comum e ferrugem polyssora, em campo, embora não seja fácil, pode ser feita

considerando-se as características de suas pústulas. Em laboratório, são facilmente

diferenciadas, ao microscópio, pela morfologia de seus uredosporos. Essa ferrugem pode ser

encontrada em qualquer fase de desenvolvimento de plantas de milho, inicialmente nas folhas

baixeiras. Contudo, quando ela ocorre nas plantas jovens e as condições climáticas

permanecem favoráveis, causa maior redução na produção que quando incide em plantas em

final de ciclo. Várias raças desse patógeno já foram identificadas (Fernandes e Oliveira,

2000).

30

Page 40: Vicente monografia

Segundo Fancelli e Dourado Neto (2000), a ferrugem comum caracteriza-se pela

presença de pústulas elípticas e alongadas, localizadas nas duas faces da folha. Inicialmente

apresentam coloração marrom clara, que é intensificada, podendo adquirir coloração negra, à

medida que amadurecem e se rompem as pústulas formando uma fenda característica. Sob

condições favoráveis pode causar seca prematura das plantas reduzindo drasticamente o

tamanho das espigas e a produtividade do milho. A diferença em relação a P. polyssora, está

na coloração mais escura e no formato mais alongado de suas pústulas (Fancelli e Dourado

Neto, 2000).

Em condições de alta severidade, podem ocorrer clorose e morte do limbo e da bainha

foliar (Galvão e Miranda, 2004).

2.2.3.2. Etiologia da Ferrugem Comum

Segundo Index Fungorum (2006), o fungo Puccinia sorghi Sch.(1832) tem como

sinonímias as espécies Aecidium oxalidis Thüm., (1876), Dicaeoma sorghi (Schwein.),

Kuntze (1898), Puccinia maydis Berenger (1844), Puccinia zeae Berenger (1851) e Tilletia

epiphylla Berk. & Broome (1882).

A ferrugem comum é causada pelo fungo P. sorghi Schw (Basidiomycotina-

Uredinales-Pucciniaceae). Os uredosporos apresentam coloração marrom ferruginosa, formato

arredondado e medem 21 a 30 x 24 a 33 um. As paredes dos uredosporos apresentam

coloração marrom clara, medem de 1,5 a 2,0 µm de espessura, são moderadamente

equinuladas e possuem três ou quatro poros germinativos equatoriais. Cada uredósporo é

binucleado, assim como o micélio que se desenvolve apartir de sua germinação. Os

teliosporos que substituem os uredosporos nas pústulas são de coloração marrom escura, lisos

alongados a elípticos ou ovalados, bicelulares e com ligeira constrição no septo. Medem 14 a

25 x 28 a 46 µm e são ligados a pedicelos, cujo comprimento é uma a duas vezes o

comprimento do teliósporo. Os aeciosporos são de coloração amarela, verrugosos esféricos e

31

Page 41: Vicente monografia

elipsóides, medem 13 a 19 x 18 a 26 µm e ocorrem em feixes, em espécies de Oxalis. Esse

patógeno pode ser cultivado em folhas de milho destacadas e colocadas em uma solução de

sacarose 5% e 20 ppm de cinetina (Galvão e Miranda, 2004).

As fases uredial e telial da ferrugem comum são encontradas em todas as regiões de

plantio de milho do mundo. A fase aecial da ferrugem comum é relatada com menor

freqüência, em regiões temperadas da Europa, EUA, África do Sul, Índia e Nepal, em Oxalis

spp. Esta é a ferrugem de mais antiga ocorrência no Brasil, estando presente em todas as

regiões de plantio de milho do país (Galvão e Miranda, 2004).

2.2.3.3. Epidemiologia da Ferrugem Comum

O fungo P. sorghi apresenta um ciclo completo, tendo como hospedeiro alternativo o

trevo silvestre (Oxalis spp.). É uma doença favorecida por temperaturas entre 18 e 23o C e

umidade relativa do ar alta. A disseminação ocorre através de uredosporos formados no

próprio milho, ou por aeciósporos produzidos no hospedeiro alternativo (trevo), cuja

disseminação ocorre, principalmente, através do vento. O trevo é infectado pelo micélio

proveniente da germinação dos basidiósporos que são formados após a geminação dos

teliosporos, no solo (Fancelli e Dourado Neto, 2000).

Os teliósporos germinam na primavera, em determinadas regiões do mundo, para dar

origem às basídias, sobre as quais são produzidos pequenos basidiósporos de paredes finas,

hialinos e haplóides. Os basidiósporos germinam e penetram em folhas de Oxalis spp.,

formando estruturas denominadas espermogônias, onde são produzidas pequenas

espermácias, sobre a face superior da folha. As espermácias fundem-se com as hifas

receptivas, dando início ao estádio aecial na face inferior de Oxalis spp. Os aeciosporos,

binucleados, são transportados pelo vento, indo infectar folhas de milho. Esta infecção da

origem à fase uredial, que é a fase repetitiva do ciclo do patógeno. Em áreas temperadas,

inclusive nos EUA, não há produção da fase aecial, sendo os uredosporos trazidos pelo vento

32

Page 42: Vicente monografia

de regiões tropicais e subtropicais do mundo, onde o patógeno persiste em plantas de milho.

Tecidos mais velhos apresentam-se normalmente mais resistentes à doença (Galvão e

Miranda, 2004).

A ferrugem comum, embora ocorra com mais intensidade na região Sul, devido a

temperatura ser mais amena. Assim como as outras ferrugens, sob condições favoráveis, pode

causar seca prematura da planta, comprometendo significativamente a produção. A maior

severidade da doença é obtida nos meses de agosto a outubro nas regiões subtropicais altas e

baixas e de agosto a setembro nas regiões tropicais altas (Fancelli e Dourado Neto, 2000).

2.2.3.4. Controle de Ferrugem Comum

Por ser um parasita obrigatório e apresentar ciclo completo, deve-se fazer a eliminação

de plantas hospedeiras (Fernandes e Oliveira, 2000).

O controle da ferrugem comum também é obtido através do cultivo de variedades

resistentes. Mais de 100 fontes de resistência a essa ferrugem foram identificadas em

linhagens de milho, durante as décadas de 1950 a 1960. A maioria dessas linhagens

apresentava resistência do tipo específica, e 24 fatores de resistência dominantes foram

identificados entre esses materiais, com base no espectro de isolados de P. sorghi, aos quais

elas apresentavam resistência, e pelo seu posicionamento no mapa de ligação genética de

milho. Esses genes de resistência mapearam, em três áreas do genoma de milho, um grupo de

loci no cromossomo 10 (Rp1, Rp5 e Rp6) e dois outros loci completos, possivelmente nos

cromossomos 3 (Rp3) e 4 (Rp4). Estes loci têm recebido considerável atenção em trabalhos

mais recentes, devido a sua alta instabilidade, complexidade e potencial para análises

moleculares. A caracterização de um grupo definitivo de patógenos de P. sorghi foi

estabelecida para identificação de novos genes de resistência a esse patógeno. Por meio dessa

coleção de patótipos, foi identificado um fator de resistência até então desconhecido no

33

Page 43: Vicente monografia

cultivar ‘Golden King’, o qual segregou como um único gene (Rp1a) e independentemente do

gene Rp1 (Galvão e Miranda, 2004).

Apesar de amplamente estudada, a resistência vertical não tem sido tão utilizada no

melhoramento de milho para a resistência de P. sorghi, principalmente pela alta variabilidade

apresentada por este patógeno. O controle da Ferrugem Comum em milho tem sido

satisfatoriamente obtido através da resistência parcial ou quantitativa. Essa resistência tem

demonstrado ser de alta estabilidade. Quando foram desenvolvidas as primeiras linhagens de

milho nos EUA, no início da produção de milho híbrido, estas foram rigorosamente

selecionadas para resistência à Ferrugem Comum, que era um dos principais problemas em

milho híbridos suscetíveis. As linhagens resistentes que foram selecionadas nessa época

constituíram o germoplasma básico para o desenvolvimento de novas linhagens, que foram

em seguida incorporadas em híbridos comerciais (Galvão e Miranda, 2004).

Vários trabalhos indicaram a predominância de efeitos aditivos no controle genético

da resistência parcial de milho a P. sorghi, com poucos genes envolvidos. Rápidos ganhos ao

nível de resistência em populações de milho têm sido relatados através de seleção recorrente e

pelo método de pedegree (Galvão e Miranda, 2004).

Quando a Ferrugem comum ocorrer em plantas jovens, o controle com fungicidas

pode ser obtido se as aplicações forem iniciadas logo após o aparecimento das primeiras

pústulas. Quando a Ferrugem ocorre em plantas em final de ciclo, não causa redução

significativa na produção, e assim o controle químico é desnecessário. O fungicida

tebuconazole controla bem a Ferrugem Comum no milho (Fernandes e Oliveira, 2000).

A resistência genética é a medida preferencial de controle de doenças. Esforços têm

sido desprendido com sucesso na obtenção de cultivares com resistência a ferrugens e outras

doenças. Em face da grande disponibilidade de híbridos comerciais o produtor rural tem a

34

Page 44: Vicente monografia

possibilidade de escolher aqueles com resistência a uma dada moléstia, que predomine em sua

região (Borges e Borges, 2000).

Outras medidas de controle necessárias para o controle de Ferrugem Comum, é o uso

de rotação de culturas, e evitar adubação nitrogenada em excesso (Fancelli e Dourado Neto,

2000).

2.3. Incidência e Severidade de doenças em milho

A incidência é de fácil utilização, prática a e rápida. Só não é tão precisa quando

utilizada para avaliar doenças foliares, apesar do seu uso para tal fim. Em alguns casos tem

sido constatadas, as correlações entre a incidência e severidade (Azevedo, 1997).

A severidade é a variável mais utilizada para a quantificação de doenças de plantas,

porque expressa, com mias precisão, o dano real causado pelos patógenos. A severidade é um

método subjetivo de avaliação de doença. É obtida visualmente e pode variar entre os

avaliadores (Azevedo, 1997).

35

Page 45: Vicente monografia

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Instalação dos experimentos

Foram implantados na Fazenda Campinas & São Thiago, Município de Unaí-MG, no

dia 3 de novembro de 2005, com 25 híbridos de milho (Tabela 1.) onde a regulagem da

semeadora-adubadora com espaçamento de 45 cm entre linhas, um total de 3,8 sementes.m-1,

totalizando um total de 79.920 sementes/ha, afim de que o estande final ficasse com 70 a 72

mil plantas.ha-1. A adubação de plantio foi feita de acordo com a análise de solo (Tabela 2),

corresponde a 350 kg/ha da formulação 05:37:00, e mais aplicado à lanço 130kg/ha de cloreto

de potássio.

O plantio dos genótipos de milho feito lado a lado, com seis linhas de cada material, e

com distância de 300m.

A operação de semeadura foi realizada com velocidade de 6 Km/hora, e as caixas da

máquina Jumil Exacta, foram limpas uma a uma, a fim de não deixar resíduos de semente de

um genótipo junto com outro.

3.2 Dados Metereológicos

Os dados metereológicos foram fornecidos pela estação metereológica da Fazenda

Decisão, localizada ao lado da Fazenda Campinas & São Thiago (Anexos 3,4 e 5).

36

Page 46: Vicente monografia

3.3. Tratos Culturais

O plantio foi realizado sob sistema plantio direto, procedeu-se aplicação tardia de

herbicida pós emergente 3,0 l/ha de Atrazina, e 0,5 lt/ha de Nicosulfurom, e foi realizada uma

aplicação com inseticida piretróide para controle inicial de lagarta do cartucho.

A adubação nitrogenada de cobertura foi feita aos 25 dias após o plantio com 81 kg/ha

de nitrato de amônio e aos 40 dias 150 kg/ha de uréia.

Não houve mais aplicações foliares. Não foi realizada aplicação de fungicida, uma vez

que a intenção do trabalho foi de avaliar as reações dos genótipos em seu ambiente, perante a

incidência e severidade de doenças foliares, sem a interferência de fungicidas químicos para o

controle destes patógenos.

Durante todo o ciclo da cultura, o clima foi favorável, tendo um pequeno veranico

antes da floração dos híbridos, e as condições para a ocorrência de doenças foi boa devido ao

excesso de chuvas e a alta temperatura na região (Anexos 3,4 e 5)

3.4 Avaliação de Incidência e Severidade de Doenças

A doença foi quantificada utilizando-se duas variáveis: a incidência e a severidade. A

incidência foi avaliada pelo número de plantas apresentando sintomas dividido pelo total de

plantas avaliadas (10 plantas), originando a porcentagem de plantas atacadas pelo patógeno.

A severidade foi avaliada seguindo escala diagramática (Figura 1), que classifica as

plantas quanto a área de tecido lesionado para as três doenças avaliadas (Azevedo, 1997).

A avaliação dos genótipos de milho foi realizada aos 105 dias após a emergência do

milho, no estádio V8 (Anexo 2) fase final de enchimento de grãos, para se ter uma avaliação

da interferência da incidência e severidade das doenças foliares na produtividade, e foi

realizada da seguinte forma: primeiro fez-se a avaliação da incidência, escolhendo-se ao acaso

20 pontos do bloco composto pelo híbrido, ao acaso, onde contou-se em 10 plantas 20 vezes

37

Page 47: Vicente monografia

no número de plantas que apresentassem sintomas de ferrugem, mancha de cercospora e

mancha de feosféria, sendo expresso em porcentagem. Logo após, fez-se avaliação da

severidade seguindo escala diagramática de Azevedo (1997), para avaliação de doenças de

foliares de milho (Figura 1), é expressa em notas que vão de 0 a 5, sendo avaliadas

aleatoriamente 10 plantas.

Utilizou-se o programa SAS for windows para análise estatística dos dados que foram

transformados para √x+1. Fez-se teste de análises estatísticas, análise de variância, teste de

comparação de média, Tukey, análise de correlação com teste de hipótese entre as variáveis

dependentes, e por fim utilizando o procedimento “fast class” do SAS separou os genótipos

em três grupos (resistentes, intermediários e suscetíveis) através de análise multivariada

contruiu-se um dendrograma de agrupamento.

38

Page 48: Vicente monografia

Figura 1. Escala de notas para avaliação da severidade de milho. Fonte: (Azevedo, 1997)

3.5 Colheita e Pesagem das Amostras A colheita foi realizada no dia 25 de maio de 2006, onde esquadrejou-se a área com o

auxílio de uma trena, foi retirado a bordadura do experimento 11 m, sendo este espaço

descartado, e mediu uma distância de 278 metros de comprimento, sedo o espaçamento de 45

cm entre linhas, vezes seis linhas de cada genótipo, foi colhido 278 m de comprimento, logo

uma área de 750,6 m2 de cada híbrido de milho.

A pesagem foi realizada em uma balança rodoviária, a qual foi colocada embaixo de

uma carreta graneleira, com sistema de sapatas, a balança possui microcomputador, que é

ligado à uma bateria. Cada vez que se pesou um híbrido, a balança foi calibrada para pesar o

próximo.

39

Page 49: Vicente monografia

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve diferença significativa entre as médias dos híbridos de milho somente para as

variáveis incidência da ferrugem comum, incidência de feosféria; e, severidade de ferrugem

comum, feosféria e mancha de cercospora, ou seja, todos os 25 genótipos não se

comportaram diferencialmente quanto a incidência de mancha de cercospora (Tabela 1).

Os híbridos que tiveram as menores incidências de ferrugem comum foram ‘Traktor’ e

‘NB 2203’, de mancha de feosféria foi o híbrido ‘Cargo’ (Tabela 1.).

Os híbridos que tiveram as menores severidades de ferrugem comum (nota 1) foram;

‘30K75’, ‘Somma’, ‘Fort’, ‘NB 7233’, ‘NB 5304’, ‘2B710’, ‘Cargo’, ‘NB 7254’, ‘Maximus’,

‘NB 7414’, ‘NB 7354’, ‘NB 9274’, ‘NB 8383’, ‘Garra’, ‘Speed’, ‘Ag 9010’, ‘NB 8304’,

‘Traktor’ e ‘NB 2203’; e quanto a severidade de mancha de cercospora as menores

severidades (nota 1) ocorreram com os híbridos: ‘DKB 350’, ‘DKB 393’, ‘30K75’, ‘Impacto’

e ‘NB 7233’; e, os híbridos que tiveram as menores severidades de mancha de feosfaeria

(nota 1), foram DKB390, Fort, Impacto, NB 8383 e Garra (Tabela 1.).

O híbrido ‘NB 7233’ destacou-se pela produtividade de 183 sc/há e teve incidência de

cercospora, feosféria e ferrugem de 100%, 100% e 92,5%, respectivamente, porém baixas

severidades de mancha de cercospora, mancha de feosfaeria e ferrugem em notas de 1, 2 e 1,

respectivamente. Pode-se inferir que a alta incidência, não é um fator preponderante para

40

Page 50: Vicente monografia

reduzir a produtividade, somente a alta severidade terá efeito mais expressivo na taxa

fotossíntética (Tabela 1).

O híbrido que teve menor produtividade, (AG 9010) com 122,7 sc/ha, teve 100% de

incidência de mancha de cercospora e mancha de feosféria, porém alta nota (5) para

severidade de cercospora e feosféria. Possivelmente a incidência ou severidade interferiu na

produtividade deste genótipo (Tabela 1). Fancelli e Dourado Neto (2001) citaram que muitas

doenças foliares como o complexo das ferrugens (Puccinia polysora, P. sorghi e Phisopella

zeae), a mancha de Phaeosphaeria (Phaeosphaeria maydis), e mancha de Cercospora

(Cercospora zeae-maydis, C. sorghi f.sp. maydis), são exemplos de patógenos capazes de

comprometer a produtividade de híbridos comerciais.

Foi observado que a incidência de doenças não prejudicou a produtividade, pois,

alguns genótipos que tiveram 100% de incidência de uma doença, tiveram pouca severidade

da mesma, não afetando, portanto, a área foliar contudo mantendo a produtividade. Desta

forma a severidade é a variável que mais se relaciona com a produtividade (Tabela 1).

A severidade de feosféria prejudicou a produtividade nos híbridos (NB 2203 e AG

9010).

Houve variabilidade do comportamento de resistência entre os genótipos avaliados (Tabela 1).

Espera-se que, à medida que aumente a incidência da doença, haja um aumento da

severidade, como foi observada entre a variável severidade da ferrugem comum e a incidência

de ferrugem comum (aumento de 42,90 % **), severidade de ferrugem comum e a incidência

de mancha de feosféria (aumento de 10,55%*), severidade de mancha de cercospora e

incidência de mancha de feosféria (aumento 12,06 %**), severidade de mancha de feosféria e

incidência de mancha de feosféira (aumento de 8,88 %*), severidade de mancha de feosféria e

severidade de mancha de cercospora (aumento de 40,19 %**). Resultados contraditórios,

onde o aumento de uma variável ocasionou a redução da outra ocorreu entre a severidade da

41

Page 51: Vicente monografia

mancha de cercospora e a incidência da ferrugem comum (redução de 62,64 %**), entre a

severidade da mancha de feosfaeria e a incidência de ferrugem comum (redução de 40,35

%**), entre a severidade da mancha de cercospora e a severidade da ferrugem comum

(redução de 43,18 %**), entre a severidade de feosfaeria e a severidade de ferrugem comum (

redução de 29,88 %**) (Tabela 2).

Ao correlacionar as médias de incidência e severidade com as produtividades dos

híbridos, observou-se correlação negativa (que era o esperado) entre a severidade de mancha

de cercospora (69,03 %), severidade de mancha de feosfaeria (26,19 %), e incidência de

manchas de feosfaeria (1,63%). De todas as variáveis a severidade de cercospora foi a que

mais contribuiu para a redução da produtividade.

Na Figura 2 pode-se verificar os graus de similaridade e dissimilaridade dos híbridos

de milho e as manchas foliares em estudo, merecendo destaque os híbridos ‘Cargo’ que na

Tabela 3 foi classificado como resistente as manchas foliares, e no dendrograma distanciou-se

dos demais genótipos.

Em pesquisa realizada com o intuito de se avaliar o efeito da severidade da doença

infectando o terço médio da planta de milho (folhas 6 a 12), no estágio de grãos

pastosos/farináceos, Nutter & Jenco, (1992), citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001,

detectaram que a cada 1% de acréscimo na severidade de cercospora a produção de grãos foi

reduzida em 47,6 kg/ha.

Brunelli (2004), ressaltou que as doenças foliares são responsáveis pelas quedas de

produtividade, como pode ser verificado na Tabela 1.

As perdas atribuídas à ocorrência de mancha de cercospora estão relacionadas com a

redução da interceptação de radiação solar, alteração no funcionamento dos estômatos,

diminuição da taxa fotossintética e redução da taxa de translocação de fotoassimilados

(Fancelli e Dourado Neto, 2001).

42

Page 52: Vicente monografia

A incidência e severidade desta doença no Brasil têm aumentado significativamente a

partir dos anos 90, podendo ser hoje encontrada praticamente em todas as regiões onde o

milho é cultivado. Embora a utilização de cultivares resistentes seja o método mais eficiente

para o seu controle, ainda a maioria dos cultivares comerciais de milho tem se mostrado muito

sensível a esse patógeno, o qual tem causado grandes perdas de produtividade (Fancelli e

Dourado Neto, 2000).

As lesões ocorridas nas folhas produzem uma redução na área fotossinteticamente

ativa, aumentando a respiração e diminuindo a translocação de assimilados, com conseqüente

diminuição de biomassa, tanto na parte aérea como raízes (Presello e Morata, 1998, citados

por Costa 2001). Da mesma forma Dudienas et al., citados também por Costa (2001),

constataram devido à severidade de P. maydis, redução de 40 % de área foliar,

aproximadamente, em genótipos suscetíveis. Nessa mesma situação, genótipos considerados

tolerantes ainda apresentaram 20% de área foliar afetada. Fancelli (1988), citados por Costa

(2001), observaram que a destruição de 25 % da área foliar do milho próxima ao

florescimento foi responsável pela redução de 32 % no rendimento.

Em genótipos suscetíveis a mancha causada por P. maydis pode reduzir a produção de

grãos em cerca de 60% (Fernandes e Oliveira, 1997, citados por Costa, 2001).

Ziccoli et al. (1980), citados por Costa (2001), observaram que a doença mancha de

feosféria ocorre durante todo o período de cultivo do milho, mas sua severidade aumenta a

partir de semeaduras feitas de novembro em diante, como realizado neste experimento.

A redução da taxa fotossintética após o florescimento pode ser ocasionada por seca,

excesso de chuva, nebulosidade prolongada, relação desfavorável entre N e K, e

principalmente pela destruição da área foliar ocasionada por ataque de pragas e severidade de

doenças foliares (Fancelli, 1994 citado por Costa, 2001).

43

Page 53: Vicente monografia

Tabela 1. Produtividade, incidência e severidade de ferrugem comum, mancha de cercospora e mancha de feosféria em híbridos de milho em Unaí-MG.

Ferrugem Cercospora Feosféria Ferrugem Cercospora Feosféria1 DKB 350 100 a 100 a 100 a 2b 1e 3c 1632 DKB 390 100 a 100 a 100 a 3a 2d 1e 1573 DKB 393 100 a 100 a 100 a 2b 1e 2d 1664 P 30K75 100 a 100 a 100 a 1c 1e 4b 1565 SOMMA 100 a 100 a 100 a 1c 3c 2d 1356 FORT 100 a 100 a 100 a 1c 4b 1e 1287 NB 7302 100 a 100 a 100 a 2b 3c 2d 1468 IMPACTO 100 a 100 a 100 a 2b 1e 1e 1689 AG 8060 100 a 100 a 100 a 2b 2d 3c 167

10 NB 7233 92.5 ab 100 a 100 a 1c 1e 2d 18311 NB 5304 91.5 b 100 a 100 a 1c 4b 3c 15212 D 27B10 90.5 b 100 a 100 a 1c 3c 3c 15413 CARGO 89.5 b 100 a 71.5 b 1c 2d 2d 15514 NB 7254 89.0 b 100 a 100 a 1c 2d 2d 17815 MAXIMUS 88.5b 100 a 100 a 1c 2d 3c 15516 NB 7414 88.5 b 100 a 100 a 1c 2d 2d 16017 NB 7354 87.5 b 100 a 100 a 1c 2d 2d 16918 NB 9274 87.0 bc 100 a 100 a 1c 5a 4b 13019 NB 8383 79.5 cd 100 a 100 a 1c 4b 1e 16520 GARRA 75.0 de 100 a 100 a 1c 3c 1e 14121 SPEED 67.5 ef 100 a 100 a 1c 4b 4b 15422 AG 9010 60.0 fg 100 a 100 a 1c 5a 5a 12223 NB 8304 56.5 g 100 a 100 a 1c 4b 3c 16424 TRAKTOR 48.0 h 100 a 100 a 1c 4b 2d 13025 NB 2203 46.5 h 100 a 100 a 1c 5a 5a 146

Ord Genótipos Incidência (%) Severidade (notas 1-5) Produtividade sc/ha

* Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si ao teste Tukey (P~0,05).

44

Page 54: Vicente monografia

Tabela 2. Coeficiente de correlação de Pearson (r) entre a incidência e a severidade da ferrugem comum, mancha de cercospora e mancha de feosféria em Unaí-MG.

Variáveis Incidência Ferrugem

(%)

Incidência Cercospora

(%)

Incidência Feosfaeria

(%)

Severidade Ferrugem

(notas)

Severidade Cercospora

(notas)

Severidade Feosfaeria

(notas) Incidência Ferrugem

(%) 1 nd -0,0544 ns +0,4290** -0,6264** +0.4035**

Incidência Cercospora

(%) nd 1 nd nd nd nd

Incidência Feosfaeria

(%) -0,0544ns nd 1 +0,1055* *0,1206** 0.0888*

Severidade Ferrugem

(notas) +0,4290** nd +0,1055* 1 -0,4318** -0.2988**

Severidade Cercospora

(notas) -0,6264** nd +0,1206** -0,4318** 1 +0.4918**

Severidade Feosfaeria

(notas) -0,4035** nd +0,0888* -0,2988** +0.4019** 1

* significativo a P~0,05%, ** significativo a P~0,01%,ns não significativo, nd não determinado

45

Page 55: Vicente monografia

Figura 2. Dendrograma de agrupamento dos híbridos de milho segundo variáveis epidemiológicas de incidência e severidade a mancha de cercospora, ferrugem comum e mancha de feosfaeria.

46

Page 56: Vicente monografia

Tabela 3. Classificação dos híbridos em três níveis de resistência a ferrugem comum, mancha de feosfaeria e mancha de cercospora, utilizando análise multivariada com medida de similaridade UPGMA.

Ferrugem Cercospora Feosfaeria Ferrugem Cercospora Feosfaeria9274 87 100 100 1 5 4 2 Intermediário

Impacto 100 100 100 2 1 1 2 IntermediárioDKB 390 100 100 100 3 2 1 2 IntermediárioDKB 8060 100 100 100 2 2 3 2 Intermediário

2203 46,5 100 100 1 5 5 3 SuscetívelMaximus 88,5 100 100 1 2 3 2 Intermediário

Soma 100 100 100 1 3 2 2 IntermediárioDKB 393 100 100 100 2 1 2 2 IntermediárioTraktor 48 100 100 1 4 2 3 Suscetível

Fort 100 100 100 1 4 1 2 Intermediário8383 79,8 100 100 1 4 1 2 Intermediário7302 100 100 100 2 3 2 2 Intermediário

Speed 67,5 100 100 1 4 4 3 Suscetível7254 89 100 100 1 2 2 2 Intermediário

2B710 90,5 100 100 1 3 3 2 IntermediárioAG 9010 60 100 100 1 5 5 3 Suscetível30K75 100 100 100 1 1 4 2 Intermediário7233 92,5 100 100 1 1 2 2 Intermediário7443 89,5 100 7,15 1 2 2 1 Resistente

DKB 350 100 100 100 2 1 3 2 Intermediário5304 91,5 100 100 1 4 3 2 Intermediário7354 87,5 100 100 1 2 2 2 Intermediário

NB 7414 88,5 100 100 1 2 2 2 IntermediárioGarra 75 100 100 1 3 1 2 Intermediário8304 56,5 100 100 1 4 3 3 Suscetível

Grau de ResistênciaHíbridosIncidência (%) Severidade (Nota 1-5)

Classes

47

Page 57: Vicente monografia

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGRIANUAL 2001: anuário estatístico da agricultura brasileira. São Paulo: FNP Consultoria & Comércio, 2000. p. 434.

AZEVEDO, L. A.S. Manual de quantificação de doenças de plantas. São Paulo: [s.n.], 1997 114p.

BERGAMIN FILHO, A., KIMATI, H. e AMORIM, L. Manual de fitopatologia: princípios e conceitos. 3. ed.n.1. São Paulo: Agronômica Ceres, 1995. v.1, 919p.

BORGES, G. e BORGES L.D. Seminário Sobre Tecnologia de Produção e Comercialização de Milho, 2000, Passo Fundo – RS. Palestras Resumidas. Editora Aldeia Norte. 136 p.

BRUNELLI, K.R. Cercospora zeae-maydis: Esporulação, diversidade morfo-genética e reação de linhagens de milho. Piracicaba: ESALQ USP, 2004. 105 p. (Dissertação de mestrado).

BUIATTI, A. L. Reação de cultivares de milho a doenças fúngicas foliares. Uberlândia: UFU, 2000. 57 p. (Dissertação de mestrado).

CNA, Centro Nacional de Agricultura e Abastecimento, Disponível em:< http\\www.cna.org.br >, Acessado em março de 2006.

CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento, Disponível em: <http\\www.conab.gov.br>, Acessado em abril de 2006.

COSTA, F.M.P. Severidade de Phaeosphaeria maydis e rendimento de grãos de milho (Zeae maydis L.) em diferentes ambientes e doses de nitrogênio. Piracicaba: ESALQ USP, 2001. 98 p. (Dissertação de mestrado).

RIBEIRO DO VALE, F.X. Anais Workshop de Epidemiologia de Doenças de Planta, Quantificação de perdas no manejo de doenças de plantas. In: Viçosa, MG, p. 27-28, 2005. 158 p.

FANCELLI, L.A. e DOURADO NETO, D. Milho tecnologia e produtividade. Piracicaba: ESALQ/LPV, 2001. 259 p.

48

Page 58: Vicente monografia

FANCELLI, L.A. e DOURADO NETO, D. Produção de Milho. Guaíba: Agropecuária. 2000. 360 p.

FERNANDES F.T. e OLIVEIRA E. Principais doenças na cultura do milho. Sete Lagoas, MG, EMBRAPA-CNPMS, Circular técnica n.26, 2000. 80p.

GALVÃO, J.C.C., MIRANDA, G.V. Tecnologias de produção de milho. Viçosa. UFV. 1 Ed. 2004. 366p.

INDEX FUNGORUM, Disponível em:<http://www.indexfungorum.org.>, Acessado em abril de 2006.

JOLY, A.B. Botânica, introdução a taxonomia vegetal. Companhia Editora Nacional, 13ª. Edição, São Paulo, SP. 777pp.

KIMATI, H., AMORIM, L., BERGAMIN FILHO, A., CAMARGO, L.E.A. e REZENDE, J.A.M. Manual de Fitopatologia, doenças de plantas cultivadas. Editora Ceres, 3ª. Ed., São Paulo, , v. 2, pp 774.1997.

PINAZZA, L. A.; ALIMANDRO, R. Cenário atípico. Agroanalysis, São Paulo, p. 12-17, ago. 1998a.

PINAZZA, L.A. e ALIMANDRO, R. Milho híbrido: desafios de uma semente. Agroanalysis, São Paulo, p. 18-19, ago. 1998b.

REIS, E.M.; CASA, R.T.; BRESOLIN, A.C.R. Manual de Diagnose e Controle de Doenças do Milho. 2 ed. Ver. Atual. Lages: Graphel, 2004.144p.

SANTOS, P.G., JULIATTI, C.F., BUIATTI, A.L. e HAWAKI, O.T. Avaliação do desempenho agronômico de híbridos de milho em Uberlândia, MG. Pesquisa Agropecuária Brasileira v.37 n.5 . 2002.

SBML Systematic Botany of Mycological Laboratory. Disponível em:<http://nt.ars-grin.gov.>, acessado em junho de 2006.

49

Page 59: Vicente monografia

ANEXOS Anexo 1. Estádios vegetativos e reprodutivos de uma planta de milho Estádios vegetativos Estádios reprodutivos VE – emergência R1 – florescimento V1 – primeira folha R2 – grão leitoso V2 – segunda folha R3 – grão pastoso V3 – terceira folha R4 – grão farináceo V6 – sexta folha R5 – grão farináceo duro V9 – nona folha R6 – maturidade fisiológica V12 – décima segunda folha V15 – décima quinta folha V18 – décima oitava folha VT – Pendoamento

50

Page 60: Vicente monografia

Anexo 2. Médias diárias de temperatura (Estação Metereológica Fazenda Decisão, Unaí-MG), no período de novembro de 2005 a maio de 2006.

Dia nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/061 19,8 20,1 21,3 22,4 22,4 20,92 21,9 22,1 20,4 21,7 21,9 20,43 22,8 21,5 20,5 22,4 21,8 20,54 22,1 20,8 20,0 20,5 23,0 22,6 19,45 19,3 20,6 21,1 20,5 20,2 21,5 20,06 22,6 21,4 19,1 20,5 22,1 21,8 19,87 23,8 20,4 20,6 22,2 22,6 21,7 20,48 24,9 21,0 21,6 22,7 20,6 21,1 20,89 25,3 20,5 19,3 22,2 21,1 19,9 19,910 20,9 20,5 20,3 23,7 21,3 20,1 19,611 20,0 20,3 20,1 20,6 21,8 20,4 19,912 19,2 19,6 20,5 22,0 20,2 22,8 18,713 19,6 18,6 19,2 21,2 21,0 22,3 17,814 20,5 19,2 20,5 22,9 20,7 21,3 19,215 20,3 20,1 21,2 22,8 20,5 22,8 19,916 21,7 19,8 20,4 22,5 20,8 22,2 18,717 20,9 19,9 20,8 20,8 21,4 22,2 18,118 22,2 18,5 21,5 21,4 19,9 20,2 16,719 20,0 21,4 21,7 23,6 20,4 19,4 14,820 20,3 21,1 22,3 21,8 19,8 19,3 15,621 24,2 22,4 21,4 23,1 20,6 18,5 18,222 21,1 22,4 20,7 21,0 21,9 19,7 18,923 20,7 22,5 21,5 21,5 22,4 20,1 19,024 20,7 21,5 22,4 21,1 21,8 20,5 19,425 20,3 21,8 23,7 21,4 22,6 20,1 18,226 21,1 22,9 23,9 21,9 23,1 19,927 20,1 21,2 23,0 22,7 20,6 20,728 20,9 20,5 23,0 21,9 22,4 21,829 19,7 20,2 22,5 20,6 21,530 19,1 19,2 21,5 22,2 21,031 19,0 20,2 21,4

Temperatura média durante a realização do experimento

51

Page 61: Vicente monografia

Anexo 3. Umidade relativa do ar (Estação Metereológica Fazenda Decisão, Unaí-MG), no período de novembro de 2005 a maio de 2006.

Dia nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/061 94,6 86,5 89,9 85,8 83,6 75,72 86,8 80,4 89,5 88,8 88,0 76,43 84,3 87,0 88,8 86,8 82,8 75,74 77,4 91,3 91,0 88,8 85,3 81,1 74,85 87,4 92,5 89,0 88,8 95,7 84,8 72,06 73,4 89,1 93,7 88,8 87,0 82,0 72,47 67,4 91,0 89,3 85,0 84,2 83,3 73,68 59,4 90,3 85,9 83,4 89,8 85,0 79,79 60,6 92,8 92,6 84,7 86,6 92,7 81,810 84,6 93,9 88,6 82,5 88,0 92,6 78,011 90,1 92,2 87,8 89,4 87,3 90,9 81,612 91,9 90,8 86,9 87,0 94,3 80,0 74,813 92,6 95,7 87,7 86,4 91,1 82,9 74,014 88,4 94,8 85,8 83,0 93,5 83,6 75,815 84,8 91,7 78,3 83,6 93,4 79,3 80,416 80,6 89,0 75,4 85,5 90,6 77,5 82,917 87,5 84,8 73,1 90,2 89,5 78,7 73,718 80,0 93,3 76,1 79,5 92,8 91,0 72,919 92,2 85,6 73,2 77,5 90,9 89,0 71,820 89,8 81,8 75,3 86,7 89,7 87,3 69,221 75,8 75,8 76,6 82,8 89,2 84,5 71,822 87,8 72,7 79,0 86,5 81,5 75,3 74,023 88,1 75,2 76,2 82,9 79,7 68,0 77,124 93,1 70,0 72,3 88,5 79,3 72,1 75,025 91,6 69,1 68,0 90,6 79,2 73,8 82,326 89,5 73,9 65,9 88,9 79,7 77,7 83,827 95,2 84,9 74,8 85,7 89,6 77,228 89,4 86,8 76,2 89,8 85,7 71,529 93,8 86,6 82,4 90,5 72,030 93,8 90,1 87,3 85,1 73,531 91,2 91,3 89,4

Umidade Relativa do ar - Média em % durante a realização do experimento

52

Page 62: Vicente monografia

Anexo 4. Regime pluviométrico de chuvas (Estação Metereológica Fazenda Decisão, Unaí-MG), no período de novembro de 2005 a maio de 2006.

Dia nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/061 16,0 3,6 7,6 0,2 1,4 0,02 1,0 0,0 27,8 21,0 3,2 0,03 8,4 7,2 0,0 1,0 0,0 0,04 25,2 19,8 6,2 0,0 22,0 0,2 0,05 13,0 8,6 1,6 0,0 8,2 0,0 0,06 9,4 21,0 18,2 0,0 3,2 0,6 0,07 0,0 3,8 12,4 0,0 6,0 1,4 0,08 0,0 14,4 0,2 15,6 4,8 16,2 0,09 0,0 87,2 73,6 2,8 0,0 6,4 0,010 33,0 1,8 0,0 0,0 19,0 19,6 0,011 2,3 16,2 15,2 24,4 0,2 6,2 12,812 31,8 62,0 0,0 0,2 61,6 0,0 0,013 4,6 9,2 0,2 0,2 35,4 0,0 0,014 0,0 10,6 0,0 0,2 8,0 13,0 0,015 0,0 19,0 0,0 0,0 21,4 0,0 0,016 0,0 9,0 0,0 0,0 4,6 0,0 1,017 2,0 5,0 0,0 2,2 15,8 0,0 0,018 33,2 21,4 0,0 0 11,6 2,4 0,019 8,0 2,2 0,0 0 0,0 15,4 0,020 1,2 10,8 0,0 11,6 14,6 0,0 0,021 0,0 0,0 0,0 0,2 17,8 0,0 0,022 1,6 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0,023 28,2 0,0 0,0 0 0,2 0,0 0,024 5,4 0,0 0,0 59,4 0,0 0,025 21,4 0,0 0,0 7,2 0,0 0,026 43,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,027 8,8 3,4 5,0 0,4 75,2 0,028 6,6 0,0 0,0 26,4 2,0 0,029 5,6 0,0 0,0 12,2 0,030 33,0 3,6 34,4 1,2 0,031 2,4 1,0 5,0

Precipitação de chuvas durante a realização do experimento

53

Page 63: Vicente monografia

Anexo 5. Valores referentes análise química de solos da área utilizada.

MO P K S Ca Mg Al H+Al CtCt V m pH dag/kg mg/dm3 mg/dm3 mg/dm3 cmoc/dam3 cmoc/dam3 cmoc/dam3 cmoc/dam3 cmoc/dam3 % %

6 3,7 6,9 171 3,3 2,9 1,2 0 4,1 8,6 52 0

54