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VIOLÊNCIA ESCOLAR: O DIÁLOGO NA SOLUÇÃO DOS CONFLITOS
Sadi Nunes da Rosa1
RESUMO
O propósito deste artigo consiste numa reflexão sobre o processo de implementação pedagógica realizado com base no referencial teórico do projeto “Violências nas escolas: da palmatória às incivilidades”, construído para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Neste projeto priorizou-se a discussão de conceitos e categorias de violências e incivilidade no contexto escolar, com a intenção de compreender estes fenômenos na busca de sua superação. No decorrer do trabalho de implementação, mediante o referencial histórico-conceitual que possibilitou a realização de estudo e debates em sala de aula sobre origem da violência e a sua especificidade no contexto escolar, foi possível verificar o interesse dos alunos no estudo do tema da violência. Como resultado da proposta de implementação pedagógica, os alunos participantes da implementação avaliaram como positivo o projeto e compreenderam a necessidade do diálogo na solução dos conflitos no espaço escolar, com envolvimento de todos os atores sociais. O interesse dos alunos na participação das atividades demonstrou que o objetivo proposto no projeto de implementação foi alcançado.
PALAVRAS-CHAVE: Violência. Educação. Escola. Incivilidade.
ABSTRACT
The aim of this paper is a reflection about the pedagogic process implementation accomplished based into the theoretical reference of the project “Violence in schools: from sconce to incivilities” built for the Educational Development Program - called PDE, which prioritized the discussion of concepts and categories of violence and incivility on school context with the intention of understand this phenomena and look forward to overcome it. During the work implementation, through the theoretical and conceptual historic which enabled execution of studies and discussion in classroom about the violence origin and its specificity in school context, it was possible to verify students' interest in studying about violence issue. As a result of the educational implementation proposal, attendant students of this implementation assessed as
1 Professor PDE – Colégio Estadual Novo Horizonte – Toledo (PR)
2
positive the project and understood the dialog necessity in solving conflicts at school, involving every social actor. The students' interest in joining the schedule activities has shown that the proposed goal at the project implementation was achieved.
Keywords: violence, education, school, incivility.
1. Introdução
A violência no contexto escolar é tema com freqüente exposição nos
órgãos de comunicação e se traduz numa realidade comprometedora da qualidade
de ensino enfrentada por toda a comunidade escolar. A criação de programas
governamentais, o amplo debate nos meios pedagógicos e acadêmicos e
repercussão midiática do tema evidenciam a gravidade do problema e a
necessidade de adoção de políticas públicas efetivas de enfrentamento da questão.
O presente artigo, nesse sentido, tem a pretensão de refletir sobre a
questão da violência escolar, ao buscar compreender as causas dessa violência,
suas conseqüências no ambiente escolar e as possibilidades de superação desde
problema que interfere diretamente no processo de ensino-aprendizagem. Trata-se
do resultado das reflexões realizadas com base no trabalho de Implementação
Pedagógica realizado por este educador, a partir das diferentes etapas de pesquisa
e atividades práticas que compõem o Programa de Desenvolvimento Educacional
(PDE). A implementação foi realizada numa turma de 43 alunos, de primeiro ano, do
Ensino Médio, do Colégio Estadual Novo Horizonte, em Toledo (PR).
Inicialmente vale esclarecer que o PDE se constitui numa proposta de
capacitação dos profissionais da educação desenvolvida pela Secretaria de Estado
da Educação (SEED), em parceria com a Secretaria de Estado da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior (SETI), do Paraná. Trata-se de capacitação dos
professores efetivos através de política educacional inovadora de Formação
3
Continuada. Tal programa propõe um conjunto de atividades organicamente
articuladas, definidas a partir das necessidades da Educação Básica, e que busca
no Ensino Superior a contribuição solidária e compatível com o nível de qualidade
desejado para a educação pública2. Os professores selecionados para o programa
se afastam da sala de aula e retornam à universidade para, com apoio acadêmico,
desenvolver a proposta em sala de aula, a partir do tema escolhido, por meio da
“implementação pedagógica”.
A particular opção pela temática da violência escolar, proposta no projeto
de implementação, se deu em razão da sua importância na atualidade, em face da
realidade observada nas escolas paranaenses e a repercussão da violência escolar
pela mídia, além da necessária discussão sobre os impactos causados na qualidade
de ensino e até mesmo na saúde do profissional da educação. Nesse sentido, a
proposta partiu da necessidade de se compreender a dinâmica da violência e das
incivilidades, suas causas e diferentes formas de manifestação na sociedade e suas
implicações no âmbito escolar de atuação do educador.
Os estudos sobre violência escolar, realizados nas últimas décadas,
indicam que não há unanimidade acadêmica a respeito da possibilidade da
construção de um conceito amplo de violência no espaço da escola, em razão da
complexidade do fenômeno, pois as escolas diferem umas das outras em contextos
sócio-econômicos e culturais.
Por esta razão, o trabalho priorizou a construção de uma base teórica
sobre o tema junto aos alunos envolvidos no projeto. Também se priorizou a
possibilidade de análise da percepção de alunos e professores a respeito das
violências presentes no cotidiano da escola, suas formas de manifestação e
respectivas propostas de prevenção. Por fim, diante da necessidade de
enfrentamento dos problemas de incivilidades e violências evidenciados num
contexto geral da escola, na implementação, objetivou-se ainda uma compreensão
sobre os mecanismos da violência para apontar caminhos para a superação e a
construção de uma cultura de paz. Nesta atividade, enfatizou-se a análise e
conceituação da violência através da leitura de obras que tratam do tema,
2 Informações Gerais sobre o Programa de Desenvolvimento Educacional. Disponível em http://www.pde.pr.gov.br. Acesso em 18 nov. 2009.
4
desenvolvidas por pesquisadores de diferentes áreas de conhecimento, tais como:
educação, ciência política, filosofia, e história.
O trabalho de implementação da proposta pedagógica foi dividido em
quatro etapas, entre março e junho de 2009. Priorizou-se, nas duas primeiras
etapas, o estudo teórico com as referências histórico-conceituais da violência
escolar, seguido de dois encontros onde se pôde discutir sobre eventuais atitudes de
violências e incivilidades no âmbito da própria escola. No primeiro encontro os
alunos foram orientados sobre o PDE e seus objetivos, tendo acesso às primeiras
noções de violências escolares, embora já tivessem contato com a abordagem
superficial dada ao tema através de veiculação feita pela mídia.
No segundo encontro, os alunos passaram à leitura e análise da Unidade
Pedagógica produzida na primeira fase do PDE em 2008, constituída de um estudo
do tema desde a década de 80 e que apresenta as categorias da violência escolar
conforme os recentes estudos. Nesta fase foi possível contextualizar as categorias
de violência através da análise de reportagens recortadas de jornais, e de uma série
de reportagens veiculadas pela Rede Record de Televisão, denominada “Violências
nas escolas”. No terceiro encontro os alunos divididos em grupo passaram a analisar
casos concretos de violências e a discutir eventuais situações ocorridas na própria
escola. Por fim, no último encontro, elencadas as situações de violência na escola,
foram discutidas e definidas alternativas de prevenção e de construção de uma
cultura de paz, oportunidade em que também responderam à pesquisa de avaliação
do trabalho, cujos resultados serão analisados a seguir.
Nesse sentido, no processo de implementação, a formação teórica e a
motivação dos estudantes ao debate e reflexão sobre a violência, especificamente
possibilitando a compreensão das eventuais situações que geram violência na
própria escola, foram decisivas na tarefa de levar os alunos à consciência da sua
condição de sujeitos históricos. A proposta de diferenciação de atos de violência e
incivilidades com contextualização e visualização da violência em suas múltiplas
formas, viabilizou a compreensão pelos alunos, senão na esfera macro, pelo menos
da microviolência que emerge nas relações sociais na própria escola.
5
Desta forma, o conteúdo histórico ficou contemplado na preocupação em
fazer com que os alunos se percebam enquanto sujeitos sociais, responsáveis e
agentes de sua história, com mudanças que começam na própria escola, num
exercício de cidadania. Trata-se de um incentivo à prevenção à violência através da
reflexão e do exercício da palavra, da participação nos assuntos da escola, na
identificação e correção de atitudes que podem levar à violência, mas sobretudo na
capacidade de se apresentar como sujeito histórico que pode provocar mudanças
substanciais e transformar a escola num espaço de paz e de cidadania.
2. Violências: concepções e manifestações na escola
A implementação pedagógica, como informado inicialmente, teve como
ponto de partida conceituação da violência e suas manifestações no decorrer das
últimas décadas. Os estudantes concordaram, conforme o estudo apresentado na
Unidade Didática, que não existe a possibilidade de conceituar genericamente a
violência, pois além de fenômeno complexo, apresenta um significado histórico e
culturalmente construído que impossibilita a abrangência das situações
diversificadas em apenas um conceito. Embora exista um núcleo central ligado à
noção de agressão física ou moral, a violência tende a ser concebida como “uma
variedade de sentidos adotados para conceituar esse campo específico”
(WAISELFISZ, 2003, p.17). Conforme Paulo Sérgio Pinheiro e Guilherme Assis de
Almeida3, em razão desta complexidade, é necessária a compreensão de definições
específicas de violência, dado o fato de que a sua concepção, além da agressão
física, também abrange o uso da força física pelo Estado, enquanto força autorizada,
na condição de “ameaça implícita em conseqüência de toda infração à lei e a ordem”
(2003, p.15).
No caso da escola, a ação estatal não está relacionada ao monopólio da
força, mas à violência simbólica que consiste na reprodução pela escola das
relações sociais capitalistas e no cumprimento das obrigações legais ligadas ao
3 Pesquisadores do Núcleo de Estudos da Violência da USP.
6
conteúdo programático e à imposição da disciplina. Em outras palavras, queremos
cidadãos dóceis ou críticos? Talvez aqui esteja uma das causas da violência
escolar, consubstanciada na resistência a este modelo capitalista de escola, que
prioriza a disciplina e um conteúdo desconectado do interesse e da realidade do
aluno, em vez de adoção da educação como direito humano, como descreve Flávia
Schilling:
Há escolas que, por não terem mais a centralidade do ensinar e do aprender, por não assumirem a realização do direito humano à educação (condição para a concretização de outros direitos humanos), parecem prisões; E, nas prisões, há rebeliões. Situações frequentes e "normais" nas escolas até certo tempo, hoje ganham uma dimensão enorme. Chama-se por Polícia, pela mediação da autoridade do Ministério Público, do Judiciário. Parece que os conflitos não podem mais ser tratados pedagogicamente. Criminalizam-se condutas que antes eram indiferentes à Grande Lei e eram tratadas com a mediação da autoridade escolar (...) Há outras que lidam de maneira diversa com a educação nesta mesma sociedade, que reflete as contradições existentes de um outro modo: são escolas que bloqueiam o medo, incentivam a participação, abrem-se à vizinhança, descriminalizam condutas e acolhem (SCHILLING, 2004, p. 70-71).
O exercício do diálogo e da participação cidadã na questão da violência
escolar, por estas razões, foi tema predominante na implementação. No decorrer do
trabalho os alunos puderam ainda discutir a conceituação da professora Marilena
Chauí, que concebe a violência para além da questão da força física, como “um ato
de brutalidade, sevícia e abuso físico e/ou psíquico contra alguém e caracteriza
relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão e intimidação, pelo medo e
pelo terror” (2005, p. 342). A violência também foi mostrada através de sua face
coletiva com violação da integridade moral, conforme Yves Michaud, no sentido da
violação perpetrada por várias pessoas ou grupos e que agem de maneira a causar
dano “a uma ou várias pessoas, seja em sua integridade física, seja em sua
integridade moral, em suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais”
(apud SCHILLING, 2004, p. 38).
O estudo da professora Marília Pontes Sposito sobre violência e
juventude e posteriormente, sobre violência escolar, também ofereceu subsídios
7
excelentes para a discussão em sala de aula, pois esta concebe que “a violência é
todo ato que implica ruptura de um nexo social pelo uso da força” (1998, p. 60).
Desse modo, a dificuldade de construir um conceito genérico de violência, em razão
de sua manifestação estar sempre ligada a situações específicas, diversificadas, foi
apreendida pelos alunos. No entanto, em razão das recentes manifestações de
violência no contexto escolar, o conceito adotado pela Organização Mundial de
Saúde (OMS), mais amplo, que retrata a questão no âmbito da sociedade, foi
decisivo nos debates, em vista que o Organismo concebe a violência além da força
física, incluindo as relações de poder (PINHEIRO; ALMEIDA, 2004, p. 16).
O estudo da violência, por todas estas razões, foi delimitado a partir
destas noções teóricas, no âmbito da escola, com verificação das causas, formas de
manifestação em campos específicos, comportando as leituras diferenciadas que
incorporam práticas diversas, segundo o grupo ou classe social dos alunos,
conforme STIVAL (2008, p. 99). Nesse sentido, foi possível compreender que “não
existe uma violência, mas violências que devem ser entendidas em seus contextos e
situações particulares” (BRITTO, 1994, p. 150).
3. Violências nas escolas: origens
Conforme a avaliação dos alunos, no final do estudo, a potencialidade da
violência no contexto escolar específico, provém, em 96% dos casos, da discussão
entre colegas, que tendem a se transformar em agressões físicas, o que faz
transparecer que o diálogo é precário nas relações sociais. Tal conclusão encontra
ressonância nos estudos sobre juventude e violência que embasam o projeto, os
quais apontam o surgimento nos anos 90, além da violência patrimonial, da
ocorrência das agressões físicas entre alunos e os primeiros casos de agressões a
professores. Segundo Marília Pontes Sposito, foi nesse período que surgiram novas
manifestações de violência, apontando a continuidade de atos de vandalismo, mas
também “práticas de agressões interpessoais, sobretudo entre o público estudantil.
8
Dentre essas últimas, as agressões verbais e ameaças são as mais freqüentes”
(SPOSITO, 2001, p. 94).
É importante ressaltar que no início do ano 2000, em pesquisas amplas,
para a compreensão das violências escolares, passou-se a conceber a questão da
violência escolar com a perspectiva da vítima, ou seja, a percepção por aquele que
se expõe aos atos de violência. Pesquisa realizada pela Unesco em 20014 em várias
capitais brasileiras procurou construir um conceito de violência a partir dos vitimados
e concluiu que as violências nas escolas não “constituem em dados objetivos, mas
experiências vivenciadas de formas múltiplas e distintas por aqueles que as sofrem”
(SCHILLING, 2004, p. 78). Ao mesmo tempo, a questão parece se agravar em razão
da intensificação de veiculação pela mídia de notícias sobre violências nas escolas,
acabando por provocar um sentimento de insegurança e de indignação da
sociedade (MADEIRA, 1999).
Para esta socióloga paulista, a chamada “síndrome da violência por
contágio da mídia” acabou por abalar os educadores, acentuando as tensões e
conflitos nas escolas e provocou a ampliação do afastamento e dos desencontros
entre e alunos e professores. Esta assertiva também se confirmou no trabalho
desenvolvido, tendo em vista que na avaliação final da implementação pedagógica,
72% dos alunos informaram que já tinham ouvido falar sobre violências nas escolas
pelos meios de comunicação. No entanto, antes da implementação, acompanhavam
os noticiários sobre as violências sem qualquer reflexão ou qualquer posicionamento
crítico frente ao tema. Nesse sentido, o estudo realizado com os alunos possibilitou
uma ampla formação teórica que possibilitará uma atitude crítica frente aos
noticiários e ao tratamento superficial e descontextualizado desta complexa questão.
Em contraponto, observou-se que a mesma mídia que repercute
intensamente as ocorrências de violências nas escolas, impõe o consumo como
condição de vida, o que acaba refletindo negativamente na juventude em idade
escolar, e no seu desejo de consumo reprimido, dando causa a novos conflitos e
ampliando o espaço escolar como reprodutor das relações sociais burguesas. Nesse
sentido, “a própria freqüência à escola assume uma espécie de consumo típico do
4 Cf. ABRAMOWAY, Miriam. Violências nas escolas: versão resumida, Miriam Abramoway et. al. Brasília: UNESCO Brasil, 2003.
9
jovem” (MADEIRA, 1999), aliado a simbólicos modos de vida que valorizam a
juventude e a beleza corporal. Por esta razão, a escola, contrapondo-se à ditadura
do comportamento e da moda imposta pela mídia, deve estar alerta para evitar que
a desigualdade decorrente do consumismo seja fator de violência escolar, assunto,
aliás, que merece ser aprofundado em pesquisas.
4. Violências e relações humanas
As razões para a evolução da violência no contexto escolar, não obstante
as condições macrossociais, podem residir no distanciamento entre as pessoas e na
ausência do diálogo como fator de resolução de conflitos. Na avaliação final do
trabalho, 30% dos alunos envolvidos no projeto apontaram a falta de diálogo como
potencial risco de violência na escola. Esta posição não é isolada, pois a
pesquisadora da Unesco, Miriam Abramoway, vem constatando em suas pesquisas
que a escola não está conseguindo responder aos conflitos internos, principalmente
por não conseguir atender à expectativa da juventude no seu tempo livre. Na sua
análise, isso acaba por diminuir as relações de confiança e abre um enorme
distanciamento entre professores e alunos. Trata-se de um espaço com diferentes
modalidades de violência física, uso e tráfico de drogas, violência sexual,
homicídios, violência simbólica ou institucional, que se revela “nas relações de poder
e na violência verbal entre professores e alunos, ou seja, na confusão entre
autoridade e autoritarismo” (STIVAL, 2007 p. 98).
Este distanciamento também se confirmou na análise do questionário (em
anexo) aplicado aos professores da escola onde foi implementado o projeto do PDE,
e na avaliação realizada pelos alunos participantes do projeto. Na avaliação dos
alunos, 27% deles disseram que as violências e incivilidades no âmbito escolar
podem resultar da falta de diálogo entre professores e alunos, 30% informaram que
podem resultar da falta de diálogo entre os alunos, enquanto a maioria, 96%, aponta
a origem dos conflitos na discussão entre colegas.
10
Os professores (37%), por sua vez, dizem que utilizam de 20 a 40% do
tempo escolar em atividades relacionadas à indisciplina e conflitos na sala de aula,
demonstrando, em parte, a dificuldade de um consenso obtido pelo diálogo em
classe. Esta crise também se demonstra quando 93% dos educadores dizem que os
conflitos mais freqüentes que envolvem alunos atrapalham a aula. Soma-se o fato
de que 56% dos professores avaliados admitem já terem sido vítimas de agressão
verbal por parte dos alunos.
Dessa forma, certas violências podem ser compreendidas como resultado
das relações desenvolvidas no próprio contexto escolar, em suas múltiplas formas,
com intensidade e gravidade variadas. Podem estar ligadas ao contexto social
amplo, marcado por processos de exclusão social, desemprego, estímulo ao
individualismo e na precarização das relações humanas. Outras situações também
interferem neste processo, como falta de condições adequadas para o
desenvolvimento do trabalho dos educadores, formação para lidar com situações de
conflito, falta de profissionais capacitados nas áreas de psicologia e assistência
social, atuando na escola, bem como, problemas de superlotação de salas de aulas
- que impossibilita o professor de tratar as individualidades dos alunos.
Por isso, no processo de implementação, foi priorizado o enfoque de que
a violência escolar significa apenas “aquela que nasce no interior da escola ou como
modalidade de relação direta com o estabelecimento de ensino” (SPOSITO, 1998, p.
64), mas também naquela divisão proposta por Debarbieux (1996) entre “violência
da escola” como aquela produzida no interior da escola e como “violência na
escola”, a que embora praticada na escola tenha relação com situações que fogem
ao contexto escolar (apud MARRA, 2007, p. 39).
Assim, se pode perceber, que no caso da escola onde ocorreu a
implementação, a partir destes referenciais teóricos, a violência resulta, muitas
vezes, da fragilidade das relações humanas. Os alunos até então consideravam
normal agredir moralmente os colegas com condutas de impor apelidos, fazer
referências a defeitos físicos, ao modo de vestir, à orientação sexual, etnia, entre
outros xingamentos. Trata-se de uma naturalização do preconceito por parte de
quem faz uso da violência, muitas vezes involuntária por que pratica mas silenciosa
11
e dolorosamente suportada pela indefesa vítima. Neste sentido, no presente trabalho
foram dados os primeiros passos no combate a naturalização da violência.
Os resultados das atividades desenvolvidas demonstram que os alunos
no decorrer da implementação tiveram a oportunidade de diferenciar violência de
incivilidade5, conforme proposto no estudo por CHARLOT (2002). O sociólogo
francês ampliou a conceituação, ao separar “violência na escola” como “aquela que
se produz dentro do espaço escolar sem estar ligada à natureza e às atividades da
escola; “violência à escola” como sendo aquela “ligada à natureza e às atividades da
instituição escolar" e “violência da escola”, que consiste na chamada violência
institucional ou simbólica, em que os alunos se submetem a imposição de regras,
normas não consentidas, conteúdo programática não atraente, modo de composição
de classes, de atribuição de notas, palavras desdenhosas dos adultos, atos
considerado pelos alunos como injustos ou raciais” (CHARLOT, 2002).
A pesquisa da UNESCO, em 2001, adotou esta classificação e passou a
trabalhar o conceito amplo de violências, abrangendo as múltiplas formas verificadas
no ambiente escolar, a partir da ótica dos vitimados. Miriam Abramoway (2003, p.
77) descreve que os relatos de violências cotidianas passam pelas incivilidades,
violência verbal, humilhações e exclusões sociais. Tais situações se agravam
quando tendem a se naturalizar no contexto dos atores escolares, tornando-se algo
sem importância, ampliando o sentimento de vitimação. Nessa pesquisa ainda se
adotou o termo “incivilidade” para designar as humilhações, intimidações, grosserias
e falta de respeito.
No caso da escola da implementação, os alunos admitem a rotina de
condutas que demonstram incivilidade, como chamar alguém por apelido vexatório,
expor o colega ao ridículo em função de defeito físico ou por um comportamento
involuntário. Desse modo, 24% dos alunos responderam na pesquisa que já
praticaram ato de incivilidade embora os que se dizem vítimas desse
comportamento chegue a 42%. Isso significa que nos atos de incivilidade as vítimas
não reagem e dessa forma impõe-se uma naturalização dessas condutas na escola.
5 Conduta que não viola a lei ou os regulamentos, mas as regras de boa convivência: empurrões, grosserias, apelidos, ofensas repetidas ao direito de cada um (CHARLOT, 2002). Atualmente alguns pesquisadores em lugar de intimação ou incivilidades, adotam o termo microviolência. (MARRA, 2007. p. 53).
12
5. Violências e relações de poder
Na avaliação final da implementação em análise, 92% dos alunos
apontaram que discussões entre colegas são potencialmente uma das principais
causas de violências. Consideram normal e até mesmo banal, colocar apelidos, dar
tapa nas costas, referir-se de forma negativa a defeitos físicos, etc. Quanto aos
professores, 100% deles, também informaram que as agressões mais comuns são
as verbais, sendo que 90% dos educadores disseram que estas agressões estão
ligadas à personalidade e relações humanas, como colocar apelidos, gozações,
entre outras. Nesse sentido, a violência pode resultar das relações de poder no
âmbito escolar, da opressão de pequenos grupos sobre os demais, além da própria
estrutura física e pedagógica da escola que eventualmente pode oprimir e/ou
discriminar os estudantes, caracterizando uma forma de violência, caracterizada por
Marilena Chauí como “relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão e
intimidação, pelo medo e pelo terror” (2005, p. 342).
Tais situações revelam, em muitos casos, a naturalização das
incivilidades e até mesmo da violência, por parte dos alunos, no contexto escolar,
materializando-se na recusa às atividades, piadas de mau gosto e indiferença para
com a aprendizagem, afetando sobremaneira as relações no ambiente escolar.
Forma-se um clima onde professores e alunos se sentem atingidos em sua
identidade e dignidade pessoal e profissional, uma atitude anti-social que pode
evoluir para a violência, se não for combatida ou prevenida.
É oportuno ressaltar que as incivilidades tendem ainda a representar um
mecanismo de insatisfação dos alunos com a instituição escolar e, aliado ao mesmo
tempo “às dificuldades da unidade escolar em criar possibilidades para que tais
condutas assumam a forma de um conflito capaz de ser gerido no âmbito da
convivência democrática” (SPOSITO, 2001, p. 100). A escola, por isso, deve ser
promotora dos direitos humanos, mas estes se concebem a partir do direito humano
à educação. E se educação é direito humano, os conflitos devem ser geridos pelo
13
diálogo, pela participação, e pelo debate. Neste sentido, é fundamental dar voz aos
atores escolares, para se detectar as crises, as violências e suas causas, para que
do amplo debate seja possível construir soluções.
Desta forma, no decorrer das atividades da implementação, houve
consenso nas discussões encetadas, que não basta tratar como violência tão
somente a agressão física, a depredação do patrimônio ou aquelas que são
evidentes. Por isso, neste estudo das violências no contexto escolar, observou-se a
importância de se levar em consideração a percepção dos vitimados, aqueles que se
encontram expostos aos diversos tipos de violências, sejam físicas, psicológicas,
simbólicas ou identificadas enquanto incivilidades, independente se forem aos
professores, alunos ou funcionários administrativos. Também é necessário dar
espaço ao diálogo, à palavra de quem é exposto ao ridículo, às gozações, aos
preconceitos, em suas múltiplas formas. E neste processo de investigação das
violências nas escolas, conforme a abordagem teórica apresentada, “é o próprio
aluno, e não o pesquisador, que diz o que deve ser considerado como violência”
(CHARLOT, 2002), sem desmerecer a opinião do professor.
6. O diálogo como solução pacífica dos conflitos
No decorrer do trabalho da implementação ficou evidente que para a
compreensão do conceito de violências pelos adolescentes não pode ser omitido o
diálogo franco entre os diversos atores, sejam eles alunos, educadores, gestores,
servidores, pais e colaboradores da escola. As violências, muitas vezes,
permanecem escondidas, diante da inexistência de espaço de denúncia em razão
da tolerância e mesmo omissão da escola em identificar as atitudes contrárias à
dignidade humana e fomentar a sua erradicação do espaço escolar. Nesse sentido,
a criação de momentos propícios à reflexão, ao diálogo, de atividades que agreguem
a comunidade escolar, eventos culturais e esportivos, constituem ações infalíveis na
prevenção. É pelo estreitamento das relações humanas que a escola vai superar os
14
conflitos e promover a cultura de paz, como já o fizeram escolas com histórico de
violência e que hoje comemoraram a superação.
Na avaliação da implementação, por exemplo, 27% dos alunos disseram
que a falta de diálogo entre professor e aluno pode resultar em violência ou ato de
incivilidade. Entre os professores da escola 43% querem que o tema indisciplina seja
contemplado na proposta pedagógica, enquanto outros 37% defendem a aplicação
de sanções rígidas, ou seja, um endurecimento da disciplina na escola.
Desta forma, para a prevenção da violência, conforme propôs inicialmente
o projeto, não basta entender e identificar as várias formas de manifestação no
contexto escolar e distingui-las por categorias. É necessária a prática constante do
diálogo, da negociação e resolução pacífica de conflitos. Havendo interesse dos
próprios alunos, esta proposta depende de longo trabalho com envolvimento de toda
a comunidade escolar, possibilitando ao estudante a construção de um sentido de
pertencimento, e que a escola lhe seja um espaço de cidadania e liberdade, para “os
anseios de manifestar na escola a sua marca de viver a juventude não podem ser
ignorados, nem visto como obstáculos aos estudos” (MADEIRA, 1999). Para que
estes anseios não sejam transportados para a violência, a escola precisa apostar na
criatividade e no potencial dos seus estudantes, promovendo ações que levem a
este pertencimento, promovendo as relações humanas e construindo a almejada
cultura de paz.
Observa-se que uma perspectiva contrária à cultura de paz ganha espaço
diante do avanço das múltiplas manifestações de violência no contexto escolar e do
sentimento de impotência dos educadores diante desta nova realidade. Percebe-se
que vem se sustentando um discurso baseado na intervenção na escola, pelo
endurecimento do controle e da disciplina dos alunos. No entanto, o comportamento
dos alunos, sob a ótica da indisciplina, não pode ser analisado apenas sob o viés
sócio-econômico e comportamental. A atribuição do avanço da violência escolar à
questões sócio-econômicas, para pesquisadores como Rosana Del Picchia Nogueira
e Carlos Alberto Máximo Pimenta6, engessa a compreensão de outras expressões
de socialização, sendo necessária uma ampla análise do fenômeno mediante os
enfoques histórico-institucional, sócio–econômico, político e cultural.6 GT: Sociologia da Educação/n.14/PUC/SP.
15
Para esses autores, vivemos numa sociedade multifacetada, herdeira de
um individualismo perpetrado pelos regimes militares e de imposição de uma
padronização cultural. Este contexto gera resistências e reações subjetivas nos
alunos, que precisam ser compreendidos, e não reprimidos. A escola se constitui no
local propício para a emergência destas manifestações, expressas, muitas vezes,
como forma de resistência às relações de poder historicamente construídas. Nessa
perspectiva, não se poderiam classificar conflitos e atos de violência, atribuindo
responsabilidades ou impondo um dever de disciplina sobre os alunos, sem antes
compreender a extensão e as mensagens transmitidas por estas manifestações no
âmbito da escola. O diálogo e a compreensão das mensagens dos alunos são
tarefas da escola. O endurecimento da disciplina, nesse sentido, resultará fatalmente
na ampliação das resistências, podendo evoluir para outras formas de violências.
7. Considerações Finais
A atividade proposta na primeira série, do ensino médio, como parte
integrante do projeto de implementação pedagógica, apontou resultados positivos.
Diante da amplitude do problema da violência no contexto escolar - sobretudo seu
tratamento pela mídia - a abordagem teórica foi importante, pois possibilitou aos
alunos compreenderem a violência num contexto histórico, político, social e
econômico. Além disso, o trabalho atingiu o objetivo proposto inicialmente ao
possibilitar uma reflexão no contexto escolar, onde os alunos se encontram
inseridos, tendo em vista o reconhecimento de condutas que levam à violência e a
adoção de mecanismos de prevenção.
A grande maioria dos alunos, 72%, tinha noções prévias, e dissociadas do
contexto sócio-econômico, que envolve os sujeitos sociais que praticam ou são
vítimas da violência escolar. Este conhecimento provinha da veiculação sobre o
tema, na mídia. Somente 24% dos alunos tiveram acesso a informação por ações e
comentários na própria escola. Todos os participantes do projeto entenderam a
necessidade de discutir o fenômeno em sala de aula, para que esta reflexão seja
16
realizada pelas pessoas envolvidas direta ou indiretamente em situações de conflito.
O debate consciente sobre este tema deve servir ao aprimoramento das relações
que se estabelecem no ambiente escolar, possibilitando aos alunos uma
participação efetiva e democrática na análise e transformação da realidade que os
cerca.
Na avaliação final da implementação, além de apontarem a necessidade
de estreitamento das relações humanas, os alunos ainda reconheceram praticar
violência (30%), incivilidade (24%), mas 42% deles também apontaram que foram
vítimas de violência ou incivilidade na escola. Este reconhecimento é importante na
construção de um processo de cultura de paz na escola, na qual o diálogo franco
entre os todos os atores é ferramenta essencial, pois possibilita uma solução
pacífica dos conflitos.
A avaliação do projeto de implementação (proposto pelo professor PDE),
feita pelos participantes, apresentou os seguintes resultados: 63% avaliaram o
projeto como excelente, 24% como regular, e 3% bom. Resultado que consideramos
satisfatório, pois o trabalho foi inovador em sua abordagem, além de trabalhar com
uma temática que mexe com as subjetividades dos sujeitos envolvidos na discussão.
Por fim, como resultado prático das atividades, no decorrer da
implementação, os estudantes produziram, o que batizaram de: “Os dez
mandamentos da prevenção da violência escolar”. São dez atitudes, as quais se
observadas por todos os segmentos da escola, se constituem em excelentes
instrumentos de prevenção à violência.
Os Dez Mandamentos da Prevenção à Violência na Escola
1. Respeito às regras e normas da escola
2. Cooperação e solidariedade na sala de aula
3. Promoção do diálogo na resolução de conflitos
4. Respeito e valorização das palavras do outro
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5. Respeito às diferenças étnicas, de cor, gênero, posição social ou de orientação sexual
6. Evitar e não incentivar as brigas
7. Respeito e valorização do professor
8. Proteção do patrimônio público da escola
9. Evitar humilhações, xingamentos e apelidos
10. Zelar pelo bom nome da escola
A proposta de implementação, como todas as demais atividades do
Programa de Desenvolvimento Educacional, além dos benefícios pedagógicos
auferidos pelos alunos amplamente descritos, possibilitou a mim como educador um
crescimento e uma capacitação ímpar. Considero o tema central da implementação
uma questão gravíssima que afeta todos os segmentos da escola, mas alunos e
professores estão sofrendo mais com este problema. Nesse sentido, a pesquisa
sobre o tema direcionou-se às mais recentes obras, estudos e pesquisas sobre
violência escolar, possibilitando uma formação para enfrentar a realidade cotidiana
da escola e, sobretudo, para auxiliar os colegas que enfrentem dificuldades nesse
tema.
Por fim, o retorno à universidade depois de vários anos em sala de aula
foi significativo. O PDE possibilitou um elo entre a academia e o ensino fundamental,
num momento em que se discute a qualidade do ensino. O contato com os
professores, com as linhas de pesquisas e as tendências pedagógicas e
historiográficas trouxe uma transformação na metodologia de ensino que certamente
influenciará na melhoria da qualidade de ensino na área de atuação.
8. Referências
18
ABRAMOWAY, Miriam. Escola e violência. 2ª. ed. Brasília: Unesco/UCB, 2003.
______. Violências nas escolas: versão resumida. Miriam Abramoway et alii. Brasília: Unesco Brasil, Rede Pitágoras, Instituto Ayrton Senna, UNAIDDS, Banco Mundial, USAID, Fundação Ford, CONSED, UNDIME, 2003.
BRASIL. Ministério da Educação. Assessoria de Comunicação Social. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília: MEC, 2004.
CHARLOT, Bernard. Trad. Sonia Taborda. A violência na escola: como os sociólogos franceses abordam a questão. In: Sociologias, Porto Alegre, v. 4, n. 8, jul/dez. 2002, p 432-443. Disponível em: <www.scielo.br>. Acesso em: 24 jun. 2008.
CHAUÍ, Marilena. Cultura e democracia. 11. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2005.
GUIMARÃES, Áurea M. Vigilância, punição e depredação escolar. Campinas: Papirus, 1985.
LIMA, Raymundo de. Palmada Educa? Revista Espaço Acadêmico, Maringá, nº 42, nov / 2004. Disponível em <http://www.espacoacademico.com.br/ lima.htm>. Acesso em 30 jul. 2008.
______. Violência na/da escola. Revista Espaço Acadêmico, Maringá, nº 78, nov/2007. Disponível em <http://www.espacoacademico.com.br/078/78 ima.htm> Acesso em: 30 jul. 2008.
MADEIRA, Felícia Reicher. Violências nas escolas: quando a vítima é processo pedagógico. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, Fundação Seade, v. 13, n. 4, 1999, p.49-61. Disponível em: <http:// www.seade.gov.br/produtos/ spp/v13n04/v13n 0405.pdf>. Acesso em 12 ago. 2008.
MARRA, Célia Auxiliadora dos Santos. Violência escolar: a percepção dos atores escolares e a repercussão no cotidiano da escola. 1. ed. São Paulo: Annablume, 2007.
MICHAUD, Yves. A violência. São Paulo: Ática, 1989.
NOGUEIRA, Rosana M. C. Del Picchia A.; PIMENTA, Carlos Alberto Máximo. Escola e violências: uma reflexão possível. GT: Sociologia da Educação / n.14/PUC/SP. Disponível em <http://www.anped.org.br/reunioes/28/ textos /g t14/ gt14845int.doc> Acessado em: 29 out. 2008.
NUNES, Sadi. Violências e cultura de paz nas escolas. Toledo: Fasul Editora, 2007.
ORTEGA, Rosário; DEL REY, Rosário. Estratégias educativas para a prevenção da violência. Tradução de Joaquim Ozório. Brasília: UNESCO, UCB, 2002.
PINHEIRO, Paulo Sérgio; ALMEIDA, Guilherme de Assis de. Violência urbana. 1. ed. São Paulo: Publifolha, 2003. (Folha Explica).
19
SCHILLING, Flavia. A sociedade da insegurança e a violência na escola. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2004. (Coleção: Cotidiano escolar).
SPOSITO, Marilia Pontes. A instituição escolar e a violência. Cadernos de Pesquisa: Revista de Estudos e Pesquisa em Educação, São Paulo, n 104,1998.
______. Um breve balanço da pesquisa sobre violência escolar no Brasil. Educ Pesq. São Paulo: USP, v. 27, nº 1, jan./jun. 2001, p 87-103. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo>. Acesso em 18 jul. 2008.
STIVAL, Maria Cristina Elias Esper. Políticas públicas do Estado do Paraná: a violência nas escolas e a ação da patrulha escolar comunitária. Curitiba: UTP, 2007. (Série Dissertações).
WAISSELFISZ, Julio Jacob; MACIEL, Maria. Revertendo violências, semeando futuros: avaliação de impacto do programa abrindo espaços no Rio de Janeiro e em Pernambuco. Brasília: Unesco, 2003.
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ANEXOS
Anexo 1:
Secretaria de Estado da EducaçãoPrograma de Desenvolvimento Educacional – PDEImplementação:“Violências nas escolas: da palmatória às incivilidadesProfessor PDE: Sadi Nunes da Rosa
QUESTIONÁRIO (PROFESSORES)*
Professor(a): na avaliação considere inicialmente esta escolas, mas também a
experiência de outras escolas em que atua.
1. Você considera que as agressões e conflitos nas escolas, na atualidade, são um
problema:
( ) Muito importante
( ) relativamente importante
( ) não tão importante
( ) sem nenhuma importância
2. Qual porcentagem aproximada de seu tempo escolar (aula) é utilizada em temas
relacionados com indisciplina e os conflitos em sala de aula:
( ) menos de 20%
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( ) Entre 21% e 40%
( ) Entre 41% e 60%
( ) Mais do que 60%
( ) não tenho problemas de indisciplina
3. Quando ocorre um conflito ou um caso de indisciplina na sala de aula (de caráter
leve, apesar de repetido), como você age habitualmente:
( ) Manda o aluno para fora da sala
( ) Conversa com o aluno em particular
( ) Separa-o dos demais na sala de aula
( ) Ignora e continua a aula
( ) Informa a equipe pedagógica
( ) Não tenho conflitos e indisciplina em minha aula
4. Você acha que a adoção de medias conjuntas desde o início do ano ajuda na
solução da indisciplina e ou violência?
( ) Sim, desde que envolva todos os professores
( ) Depende das medidas adotadas
( ) Sim, mas envolvendo também a família
( ) Depende do apoio da direção e equipe pedagógica
( ) Não
5. Indique a solução que considera mais apropriada para resolver os conflitos na
escola:
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( ) Melhorar o clima da escola
( ) Aplicar sanções rígidas
( ) Incluir o tema de indisciplina na proposta pedagógica
( ) Priorizar a convivência como objetivo do projeto educacional
( ) Não há solução, os professores estão indefesos
( ) Outros .................................................................................................
6. As agressões e os abusos entre os alunos são o problema-chave da convivência
escolar?
( ) Concordo muito
( ) Concordo mais ou menos
( ) Concordo um pouco
( ) Não concordo
7. Tipos de agressões mais freqüência entre os alunos:
( ) Físicas
( ) Verbais (insultos ameaças, apelidos)
( ) Isolamento, rejeição
( ) Chantagens, roubos
( ) Não existem agressões relevantes
8. Causa mais comum entre os alunos que provocam as agressões da pergunta
anterior?
( ) Não há agressões
23
( ) Racismo, intolerâncias
( ) Gênero
( ) Personalidade, caráter, apelidos
( ) Posição social, roupas, etc
( ) Outros__________________________________________________
9. Quando e onde ocorrem com maior 23reqüência as agressões e as intimidações
entre os alunos?
( ) Recreio – pátio
( ) Entrada e saída da escola
( ) Na sala – aula
( ) Corredores – troca de professor
( ) Em qualquer lugar
10.Os conflitos que ocorrem com maior freqüência envolvem :
( ) Alunos que atrapalham a aula
( ) Agressões, gritos.
( ) Desrespeito aos professores
( ) Vandalismo
( ) Conflitos entre professores
( ) Outros__________________________________________________
11. Nos últimos anos, você sofreu alguma agressão por parte de alunos:
( ) Agressão física
24
( ) Verbal
( ) Destruição de objetos
( ) Ameaças, intimidação, fofocas
( ) Nenhuma
( ) Outros__________________________________________________
12. Sobre o Estatuto da criança e adolescente e o relacionamento com os alunos:
( ) Já li o estatuto e conheço as normas
( ) Já li mas não me lembro das normas
( ) Conheço o estatuto e aplico e respeito as normas
( ) Ainda não li o Estatuto
( ) Não tive nenhuma capacitação sobre o Estatuto e aplicação na sala
de aula
*Questionário adaptado de FERNANDES, Isabel. Prevenção da
violência e solução de conflitos: o clima escolar como fato de
qualidade. Trad. Fulvio Lubisco. São Paulo: Madras Editora, 2005,
p.194/197.
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Anexo 2:
Secretaria de Estado da EducaçãoPrograma de Desenvolvimento Educacional (PDE)Professor PDE: Sadi Nunes da RosaProjeto: Violências nas escolas: da palmatória às incivilidadesImplementação pedagógica
QUESTIONÁRIO (ALUNOS)
Analise os itens e assinale o que mais lhe convier:
1.Você já tinha ouvido falar sobre violências nas escolas antes do projeto?
( ) não ( ) sim, pela mídia ( ) sim, por comentários na escola
2. Como você avalia o problema da existência de violências na escola?
( ) Grave ( ) não interfere na aprendizagem ( ) Não preocupa
3. Você sabia diferenciar antes do projeto ato de violência de indisciplina
(incivilidade)?
( ) Sim ( ) não ( ) mais ou menos
4. Você já praticou ato de violência na escola?
( ) Sim ( ) não
5. Você já praticou ato de incivilidade na escola?
( ) Sim ( ) Não
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6. Já foi vitima de incivilidade ou violência na escola?
( ) Sim ( ) Não
7. Você acha é necessário discutir a violência na escola?
( ) Sim ( ) Não
8. Indique pelo menos 03 (três) situações que você acredita que mais podem gerar
violência ou incivilidade na escola?
( ) Tráfico ou uso drogas
( ) discussões entre os colegas
( ) Falta de diálogo entre os alunos
( ) falta de diálogo entre professores e alunos
( ) Falta de uma maior participação da direção junto aos alunos
( ) atritos por causa de namoro
9. Avalie o projeto sobre violências nas escolas?
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) regular ( ) não atendeu as expectativas