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VIVIAN DE SOUZA MENEGASSI RESPOSTA À CORTICOTERAPIA SISTÊMICA ORAL NAS EXACERBAÇÕES MODERADAS A GRAVES DE ASMA: INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DE EOSINOFILIA NO ESCARRO INDUZIDO Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina para conclusão do Curso de Graduação em Medicina. Florianópolis Universidade Federal de Santa Catarina 2004

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VIVIAN DE SOUZA MENEGASSI

RESPOSTA À CORTICOTERAPIA SISTÊMICA ORAL

NAS EXACERBAÇÕES MODERADAS A GRAVES DE

ASMA: INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DE EOSINOFILIA

NO ESCARRO INDUZIDO

Trabalho apresentado à Universidade

Federal de Santa Catarina para conclusão

do Curso de Graduação em Medicina.

Florianópolis

Universidade Federal de Santa Catarina

2004

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VIVIAN DE SOUZA MENEGASSI

RESPOSTA À CORTICOTERAPIA SISTÊMICA ORAL

NAS EXACERBAÇÕES MODERADAS A GRAVES DE

ASMA: INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DE EOSINOFILIA

NO ESCARRO INDUZIDO

Trabalho apresentado à Universidade

Federal de Santa Catarina para conclusão

do Curso de Graduação em Medicina.

Presidente do Colegiado: Prof. Dr. Edson José Cardoso

Orientador: Dr. Emilio Pizzichini

Co-orientadores: Dra. Leila John Marques Steidle

Dra. Marcia Margaret Menezes Pizzichini

Florianópolis

Universidade Federal de Santa Catarina

2004

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Menegassi, Vivian de Souza. Resposta à Corticoterapia Sistêmica Oral nas Exacerbações

Moderadas a Graves de Asma: Influência da Presença de Eosinofilia no Escarro Induzido / Vivian de Souza Menegassi. - Florianópolis, 2004.

36 p.

Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) - Universidade Federal de Santa Catarina - Curso de Graduação em Medicina.

1. Asma 2. Corticoterapia 3. Escarro 4. Eosinofilíco 5. Não-eosinofílico I. Título

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Ângela Maria Mendes de Souza Menegassi e João Amancio dos Santos

Menegassi, e ao meu irmão, Thiago de Souza Menegassi, que sempre estiveram do meu lado

torcendo pelo meu sucesso. Eu os amo muito.

Aos meus avós, Ary Menegassi, Eulyta Setembrina Menegassi e Maria Dora Mendes de

Souza, que sempre tiveram orgulho em dizer “minha neta vai ser médica”. Obrigada por me

apoiarem por todos estes anos.

A Joenio Costa da Silva Júnior, pelas palavras de incentivo e amor nos momentos mais

difíceis desta caminhada.

Aos meus orientadores, Dr. Emilio Pizzichini, Dra. Marcia Margaret Menezes Pizzichini e

especialmente Dra. Leila John Marques Steidle, que me ensinaram a arte da pesquisa e além

de grandes mestres foram meus grandes amigos.

A todos do NUPAIVA, Cristiane Cinara Rocha, Janara Voltolini, Nazaré Otília Nazário,

Célia Tânia Zimmermman, Juliana Kadletz da Silva, Marcello Bini, Gustavo Phillipi de Los

Santos e Ricardo Ximenes Malinverni, que ajudaram na construção deste trabalho. Vocês são

especiais.

À minha turma de faculdade, que me trouxe momentos de alegria e me ensinou que somos

todos parte de uma grande equipe.

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SUMÁRIO

RESUMO...................................................................................................................................iv

SUMMARY................................................................................................................................v

1.INTRODUÇÃO.....................................................................................................................01

2.OBJETIVOS..........................................................................................................................06

2.1Primário..........................................................................................................................06

2.2.Secundário......................................................................................................................06

3.METODOLOGIA.................................................................................................................07

3.1 Participantes.................................................................................................................07

3.2 Delineamento do estudo...................................................................... ........................09

3.3 Procedimentos clínicos e laboratoriais.......................................................................10

3.4 Análise estatística.........................................................................................................13

4.RESULTADOS.....................................................................................................................14

5. DISCUSSÃO.........................................................................................................................21

6.CONCLUSÕES............................................ ........................................................................25

7.REFERÊNCIAS....................................................................................................................26

NORMAS ADOTADAS..........................................................................................................30

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RESUMO

Introdução: Corticosteróides sistêmicos são drogas de escolha no tratamento das

exacerbações de asma. Postula-se que asma associada à presença de eosinofilia no escarro

(eosinófílos ≥ 3%) apresente melhor resposta à corticoterapia.

Objetivo: Observar a resposta à corticoterapia sistêmica oral nas exacerbações moderadas a

graves de asma conforme a presença de eosinofilia no escarro medida pelo uso de

broncodilatador de curta duração, escore do questionário de controle de asma e volume

expiratório forçado no 1° segundo (VEF1) pós-broncodilatador.

Método: Cinqüenta exacerbações moderadas a graves de asma, ocorridas em 46 participantes

atendidos no Hospital Universitário e que concordaram em participar do estudo, foram

avaliadas. Todos os participantes responderam ao questionário de controle de asma, realizaram

espirometria e exame de indução de escarro antes e após 7 dias de corticoterapia sistêmica

oral.

Resultados: A maioria das exacerbações foi eosinofílica (74%). Independentemente da

presença de eosinofilia no escarro, corticoterapia sistêmica oral resultou em melhora

significativa dos desfechos investigados. Indivíduos exacerbados com eosinofilia no escarro

apresentaram melhora significativamente mais expressiva do escore do questionário de

controle de asma e do volume expiratório forçado no 1° segundo (VEF1) pós-broncodilatador

e diminuição significativa e mais evidente da proporção de eosinófilos no escarro e número de

eosinófilos no sangue periférico após corticoterapia.

Conclusões: Ausência de eosinofilia no escarro em exacerbações moderadas a graves de asma

está associada a uma resposta menos evidente à corticoterapia sistêmica oral quando avaliada

pelo escore do questionário de controle de asma e volume expiratório forçado no 1° segundo

(VEF1) pós-broncodilatador.

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SUMMARY

Introduction: Systemic steroids are the treatment of choice for asthma exacerbations. It is

suggested that asthma with sputum eosinophilia (eosinophils ≥ 3%) show a better response to

corticotherapy.

Objective: To evaluate the clinical response to oral steroids in the moderate to severe asthma

exacerbations with or without sputum eosinophilia, measuring the use of broncodilator of

short duration, asthma control questionnaire score and post-broncodilator forced expiratory

volume in the first second (VEF1).

Method: Fifty episodes of moderate to severe asthma exacerbations, occurred in 46 patients

attended in a University Hospital and that agreeded to participate, were evaluated. They all

answered the asthma control questionnaire, had measureaments of spirometry and induced

sputum cell counts before and after 7 days of oral systemic corticotherapy.

Results: The majority of the exacerbations was eosinophilic (74%). Regardless the presence

of sputum eosinophilia, moderate to severe asthma exacerbations showed significant

improvement. Exacerbations with sputum eosinophilia showed greater clinical improvement in

asthma control questionnaire score and post-broncodilator forced expiratory volume in the

first second (VEF1) and more evident reduction of eosinophilia in sputum and number of

eosinophils in peripheral blood after corticotherapy.

Conclusion: Absence of sputum eosinophilia in moderate to severe asthma exacerbations is

associated with a less evident clinical response to oral systemic corticotherapy as measured by

asthma control questionnaire score and post-broncodilator forced expiratory volume in the

first second (VEF1).

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1. INTRODUÇÃO

A asma brônquica é uma doença já relatada no passado através de escritos que remontam,

pelo menos, ao ano 5000 antes de Cristo. Definições iniciais consideravam-na uma patologia

crônica limitada ao músculo brônquico. Nos últimos vintes anos, desenvolveu-se a idéia da

asma como uma doença inflamatória crônica das vias aéreas. Hoje, a presença desta

inflamação faz parte do conceito atual de asma sendo considerada fator primário em sua

fisiopatologia. Através do processo inflamatório, a asma manifesta-se por: episódios

recorrentes de dispnéia, opressão torácica, tosse e sibilância, especialmente à noite e ao

despertar pela manhã; limitação reversível ao fluxo de ar e aumento da responsividade das vias

aéreas.

Nas últimas décadas, grandes avanços ocorreram quanto ao entendimento mais claro

sobre a patogênese da asma com conseqüente desenvolvimento de novas linhas terapêuticas e

melhoria na monitoração dos pacientes. Apesar disso, as taxas de morbidade e mortalidade por

asma vêm apresentando considerável aumento. As razões do aumento da prevalência da asma

ainda são desconhecidas. É possível que tanto fatores hereditários quanto fatores ambientais

como maior exposição intradomiciliar a antígenos, poluição tabágica entre outros, estejam

envolvidos. A Teoria da Higiene, apesar de resultados ainda contraditórios, tenta explicar a

prevalência da asma no mundo moderno considerando que uma maior exposição antigênica

precoce resultaria em menor atopia. Ou seja, infecções ainda na infância atuariam como

“proteção” no desenvolvimento da asma 1. No que se refere à mortalidade devido à asma, a

taxa mundial alcançou mais de 180.000 pessoas por ano no final da década de 90. Embora

pequeno, este número de eventos facilmente preveníveis, vem crescendo estatisticamente em

diversos países 2.

Dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstram que 100 a 150

milhões de indivíduos de todo o mundo são portadores de asma, correspondendo a uma

incidência que varia entre 10-15% 3. O estudo multinacional ISAAC (International Study of

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Asthma and Allergies in Children) realizado em diversas cidades brasileiras demonstrou uma

prevalência média sintomas de asma de 19,85% em crianças entre 6-7 anos e 13-14 anos,

situando o Brasil entre os oito primeiros no ranking mundial 4. Apesar de poucos estudos

brasileiros demográficos de grande amplitude, estima-se que cerca de 7 a 10% da população

tenha asma. A asma é considerada importante problema de Saúde Pública no Brasil, sendo a

quarta causa de internação pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que corresponde a 4 % do

total, excluindo internações relacionadas ao parto e puerpério. Levando-se em consideração

estes dados além do alto custo gerado, tem surgindo a necessidade crescente de uma ação que

torne o Plano Nacional de Controle de Asma (PNCA) uma realidade na prática, além de uma

melhor compreensão sobre a fisiopatologia da asma brônquica através de estudos intensivos

nesta área 5.

Apesar de não existir uma definição consensual e definitiva de asma, um conceito mais

atualizado foi proposta pelo GINA (Global Initiative for Asthma) tentando defini-la de forma

mais ampla e abrangente: “Asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas na qual

vários tipos de células estão envolvidas principalmente eosinófilos, mastócitos e linfócitos tipo

T. Em indivíduos suscetíveis, a inflamação causa episódios recorrentes de sibilos, dispnéia,

opressão torácica, tosse noturna ou matinal. Estes sintomas são geralmente acompanhados de

limitação variável ao fluxo de ar que é, pelo menos em parte, revertido de forma espontânea

ou com tratamento. A inflamação também leva a um aumento da responsividade das vias

aéreas a diferentes estímulos” 6.

As primeiras evidências de que a asma apresenta um componente inflamatório surgiram

há mais de 100 anos através de achados de autópsia de pacientes com asma exacerbada

relatados por Osler. Curiosamente, estes achados foram atribuídos ao processo post-mortem 7.

A partir da década de 80, com a introdução de técnicas como a broncofibroscopia que

permitiram a obtenção de espécimes de tecido brônquico obtido por biópsia e líquido alveolar

obtido pelo lavado bronco-alveolar (LBA), ficou clara a relação entre a inflamação e a asma in

vivo 8.

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Atualmente, a inflamação na asma tem sido caracterizada como um complexo e

heterogêneo processo composto por células inflamatórias como eosinófilos, mastócitos,

linfócitos e neutrófilos e onde vários mediadores pró-inflamatórios estão envolvidos. Uma

cascata de eventos é ativada por estes elementos resultando em lesões e alterações das células

epiteliais brônquicas, mudanças na permeabilidade vascular, hipersecreção de muco, disfunção

ciliar, espessamento da membrana basal, hipertrofia da musculatura lisa brônquica,

anormalidades no controle neural autonômico e tônus das vias aéreas além de aumento na

reatividade da musculatura lisa dos brônquios 2, 8, 9, 10. Vale destacar o papel dos eosinófilos

como células efetoras marcantes na patogênese da asma produzindo grande quantidade de

citocinas pró-inflamatórias e liberando proteínas ativas como proteína eosinofílica catiônica

(ECP) dentre outras, todas com ações lesivas sobre o epitélio brônquico.

Na visão dos pacientes, os parâmetros mais importantes no controle da asma são os

sintomas, limitação das suas atividades e repercussão emocional. Entretanto, tem sido

observado que uma avaliação clínica isolada não reflete de maneira adequada dados sobre a

inflamação vigente nas vias aéreas dos asmáticos. Achados corroboram a recomendação do

GINA de que a avaliação do paciente asmático deveria ser expandida considerando uma

monitoração direta da inflamação das vias aéreas oferecendo dados considerados inacessíveis

através de uma avaliação clínica e fisiológica. Parâmetros como documentação do tipo e

intensidade do processo inflamatório, possíveis causas de exacerbações e resposta ao

tratamento adotado poderiam ser registrados e monitorados 6.

A necessidade de métodos menos invasivos, mais baratos, seguros e de fácil utilização na

prática é cada vez maior. A partir disso, nos últimos anos, técnicas envolvendo a medida da

inflamação das vias aéreas no escarro induzido, no ar expirado e no ar condensado têm sido

descritas na literatura como promissoras para a análise dos marcadores inflamatórios da asma 11.

A partir de 1989, o exame de escarro para marcadores inflamatórios vem sendo utilizado

na pesquisa clínica e na prática médica permitindo monitorar de forma direta e menos invasiva

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a resposta inflamatória das vias aéreas através da análise celular e de outros marcadores pró-

inflamatórios 12, 13, 14. O método de indução de escarro foi desenvolvido a partir da necessidade

de se obter material de pacientes incapazes de expectorar espontaneamente. Atualmente, o

exame do escarro induzido tem sido considerado o método que melhor reflete o processo

inflamatório nas vias aéreas 14, sendo minimamente invasivo, de simples realização,

reprodutível 15, válido 15, responsivo 16 e seguro podendo ser utilizado inclusive em situações

de exacerbações asmáticas agudas e graves 16.

Existem evidências crescentes da importância do eosinófilo no processo inflamatório da

asma. Hoje, esta célula é considerada como o principal marcador da inflamação na asma

diferenciando indivíduos asmáticos dos saudáveis 17, 18. Entretanto, estudos mais recentes

realizados relatam que indivíduos asmáticos exacerbados apresentam mecanismos

inflamatórios heterogêneos nem sempre associados à presença de eosinófilos. O estudo de

Turner e colaboradores observou que nem todos indivíduos com exacerbações moderadas dos

sintomas de asma apresentavam eosinofilia no escarro 19. Pizzichini e colaboradores sugeriram

em seu trabalho que há uma inflamação predominantemente neutrofílica em asmáticos com

exacerbações moderadas a graves associadas a viroses 20. Analisando indivíduos exacerbados,

o trabalho de Fahy e colaboradores concluiu que há um predomínio de neutrófilos em crises de

asma e que isto pode estar relacionado com a presença freqüente de infecções do trato

respiratório como desencadeante destas crises 21. A importância destes achados está

relacionada com um melhor entendimento das diferentes características inflamatórias dentro

de uma mesma patologia.

Apesar do ampliado leque de recursos disponíveis no momento, os corticosteróides

representam a droga mais importante no tratamento e prevenção de exacerbações de asma. É

consenso que o tratamento das exacerbações deva ser direcionado primariamente à redução do

processo inflamatório das vias aéreas através da introdução precoce desta droga resultando em

diminuição da sintomatologia e melhora da função pulmonar 22, 23, 24. O corticosteróide atua

diretamente no núcleo celular aumentando a transcrição de genes antiinflamatórios.

Entretanto, o seu principal efeito está na desativação de múltiplos genes inflamatórios

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responsáveis pela produção de diversas citocinas pró-inflamatórias, moléculas de adesão e

enzimas 2, 25.

Na literatura, dados demonstram que a eosinofilia no escarro é reduzida de maneira

expressiva com a utilização de corticosteróide em situações de exacerbações de asma 13, 26. Por

outro lado, uma elevação precoce deste marcador pode ser observada quando da retirada desta

droga em pacientes asmáticos dependentes de prednisona 27. Pizzichini e colaboradores.

investigaram a resposta ao corticosteróide oral em exacerbações graves de asma. Apesar de

uma pequena amostra de 10 participantes, este estudo observou que um indivíduo apresentava

inflamação não-eosinofílica e que este não mostrou resposta esperada à corticoterapia 16. Da

mesma forma, ao investigar 23 indivíduos com asma não controlada, Pavord e colaboradores

sugeriram que asma não controlada com padrão não-eosinofílico apresentam uma resposta

pobre à corticoterapia 13.

Este estudo tem como propósito investigar a influência da presença de eosinofilia nas

exacerbações moderadas a graves de asma na resposta ao uso de um corticosteróide sistêmico

oral na dose de 30 mg/dia de prednisona por 7 dias ou equivalente.

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2. OBJETIVOS

2.1 Primário

Avaliar a resposta à corticoterapia sistêmica oral nas exacerbações moderadas a graves de

asma de acordo com a presença de eosinofilia no escarro induzido medida através dos

seguintes parâmetros clínicos e fisiológicos:

• Uso de broncodilatador de curta duração (BD).

• Escore do Questionário de Controle de Asma (QCA).

• Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo pós-broncodilatador em litros

[VEF1pBD(L)] e em valor percentual [(VEF1pBD(%)].

2.2 Secundário

Avaliar a resposta à corticoterapia sistêmica oral nas exacerbações moderadas a graves de

asma de acordo com a presença de eosinofilia no escarro induzido medida através dos

seguintes parâmetros inflamatórios:

• Proporção de eosinófilos no escarro induzido.

• Número absoluto de eosinófilos no sangue periférico.

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3. MÉTODO

3.1 Participantes

O protocolo do estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com

Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Indivíduos que apresentaram exacerbação aguda de intensidade moderada ou grave de

asma atendidos no ambulatório de Pneumologia ou no Serviço de Emergência Médica

localizados no Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago - UFSC)

foram encaminhados para o Núcleo de Pesquisa em Asma e Inflamação das Vias Aéreas

(NUPAIVA/UFSC) no período de setembro/2001 a agosto/2003. Todos os participantes

assinaram o termo de consentimento livre esclarecido.

Foram incluídos, sucessivamente, 46 adultos de ambos os sexos, com idade entre 18 e 60

anos, com diagnóstico prévio de asma brônquica, não fumantes, ex-fumantes por mais de um

ano ou fumantes com carga tabágica inferior a 10 maços/ano. As características dos

participantes ao serem incluídos neste estudo estão sumarizadas na tabela 1.

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TABELA 1 - Características dos participantes.

Total

Participantes, n 46

Idade, anos* 36.32 (13.4)

Sexo masculino, n (%) 20 (40.0)

Tabagismo, atual/ex (n/n) 3/15

História de atopia, n (%) 40 (80.0)

Em uso de CI, n (%) 21(42.0)

VEF1pBDL* 1.71 (0.5)

VEF1pBD% previsto* 52.28 (11.2)

∆ % no VEF1* 24.24 (18.2)

Dados expressos pela * média e desvio padrão (DP); n = número absoluto; % = percentual; CI = costicosteróide inalatório; VEF1pBDL = volume expiratório forçado no 1 segundo pós-broncodilatador em litros; VEF1pBD% = volume expiratório forçado no 1 segundo pós-broncodilatador em percentual; ∆ = variação percentual após uso de broncodilatador. Valores de VEF1% de acordo com valores preditos de Crapo 28.

A asma foi caracterizada clinicamente pela presença de sintomas episódicos de sibilância,

tosse, opressão torácica e dispnéia no último ano. A confirmação objetiva do diagnóstico foi

feita através de espirometria demonstrando um aumento do VEF1 (volume expiratório forçado

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no primeiro segundo) de pelo menos 12% ou 200 ml 10 minutos após inalação de 200µg de

broncodilatador de curta duração (salbutamol).

Exacerbações moderadas de asma foram definidas clinicamente por aumento dos sintomas

associado ou não a despertares noturnos freqüentes e/ou necessidade crescente de

broncodilatador de curta duração para alívio sintomático, VEF1 pós-broncodilatador < 70% do

previsto após a inalação de 2 jatos de salbutamol (200 µg) e necessidade de tratamento com

um corticosteróide sistêmico oral após avaliação médica. Exacerbações graves de asma foram

definidas através das características clínicas acima citadas, porém, considerando VEF1 pós-

broncodilatador < 60% do previsto após a inalação de 2 jatos de salbutamol (200 µg) 16.

Foram excluídos os participantes com história de doenças pulmonares crônicas

conhecidas (bronquite crônica, enfizema pulmonar, etc), doenças graves de outros aparelhos

ou sistemas ou uso de medicações que pudessem interferir nos resultados. Também foram

excluídos pacientes com história de tabagismo com quantidade superior a 10 maços/ano e

gestantes ou nutrizes.

3.2 Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo clínico com intervenção onde os participantes incluídos foram

avaliados pré-intervenção (V1) e pós-intervenção (V2). A intervenção consistiu em tratamento

com corticosteróide sistêmico oral na dose de 30 mg/dia de prednisona ou equivalente por 7

dias. A primeira dose foi administrada logo após a indução do escarro e coleta do sangue

periférico no dia de inclusão do estudo.

Neste estudo, não foi utilizado placebo por ser considerado antiético, uma vez que hoje,

os corticosteróides sistêmicos são consideradas indispensáveis no tratamento de pacientes

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asmáticos exacerbados. Nenhum paciente havia recebido corticosteróide sistêmico oral ou

parenteral antes das medidas iniciais. O tratamento da exacerbação foi iniciado e concluído

sem que o investigador e o paciente conhecessem os resultados do exame do escarro. Se na

opinião do investigador havia indícios clínicos de processo infeccioso, antibioticoterapia era

associada à corticoterapia. Todos os participantes permaneceram no NUPAIVA/UFSC por um

período de pelo menos 6 horas após início da corticoterapia para garantir que não houvesse

deterioração do quadro clínico. O processamento do material obtido no exame do escarro foi

realizado sem o conhecimento das características clínicas dos participantes.

3.3 Procedimentos clínicos e laboratoriais

Após uma explicação detalhada do estudo e assinatura no termo de consentimento, os

participantes foram avaliados em duas visitas.

Na V1, os participantes foram submetidos aos seguintes procedimentos: 1. Anamnese

incluindo sintomas respiratórios, características da sua exacerbação, infecção das vias aéreas

associada e história de atopia; 2. exame físico; 3. preenchimento de uma escala específica e

validada sobre “História e Gravidade dos Sintomas de Gripe ou Resfriado”29; 4. avaliação dos

sintomas respiratórios da última semana medida por uma da escala de Likert com pontuação

variando de 1 (desconforto extremo) a 7 (nenhum desconforto) relacionados a 5 itens 30; 5.

preenchimento do Questionário de Controle de Asma (QCA) 31, 32; 6. realização de

espirometria com prova broncodilatadora; 7. obtenção de escarro através de exame de

indução; 8. coleta do sangue periférico e 9. realização de radiografia do tórax e dos seios da

face.

Na V2, os pacientes foram submetidos aos seguintes procedimentos: 1. Breve anamnese

dos sintomas respiratórios atuais; 2. exame físico; 3. preenchimento do QCA; 4. realização de

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espirometria com prova broncodilatadora; 5. obtenção de escarro através de exame de indução

e 6. coleta do sangue periférico.

Questionário de Controle de Asma (QCA)

O QCA é um questionário validado com o objetivo de avaliar o grau de controle de asma

do indivíduo sendo constituído por 6 perguntas objetivas e auto-explicativas a serem

respondidas pelo participante e uma medida objetiva a ser preenchida pelo pesquisador (VEF1

pré-broncodilatador expresso em percentual do predito). Cada quesito tem como resposta

máxima um escore de 6 pontos e avalia sintomas, uso de broncodilatador de curta duração e

intensidade da limitação ao fluxo de ar das vias aéreas. Considera-se asma não controlada

quando o valor total do escore do questionário dividido por 7 é > 2 31, 32.

Espirometria

A espirometria com prova broncodilatadora foi realizada seguindo especificações da

American Thoracic Society (ATS) 33 utilizando-se um espirômetro computadorizado (Koko®

Spirometer, PDS Instrumentation, Louisville, USA). O VEF1 basal foi obtido entre os três

melhores valores diferindo entre si em menos que 0,15 L. A reversibilidade foi comprovada 10

minutos após a inalação de 200 µg de salbutamol liberados através de um dispositivo

pressurizado dosimetrado e administrados com auxílio de um espaçador (Aerochamber ®,

Trudell Medical International, London, On, Canada).

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Indução do escarro

A indução do escarro foi realizada seguindo um método modificado para pacientes com

intensa limitação ao fluxo de ar. O procedimento consistiu da inalação de um aerossol de

solução salina isotônica (0,9%) seguida por solução salina hipertônica (3, 4 e 5%), produzido

por um nebulizador ultra-sônico Fisoneb® (Canadian Medical Products, Ltd., Markham,

Ontario). A inalação do aerossol foi mantida inicialmente por 1 minuto, seguida de inalações

que duraram 2, 4 ou 7 minutos com posterior registro do VEF1. O participante do estudo foi

instruído a tossir e expectorar o escarro em um pequeno recipiente estéril. Estes procedimentos

foram consecutivamente repetidos aumentando a concentração da solução a cada 7 minutos até

completar o total de 21 minutos ou até que ocorresse queda do VEF1 de 20% ou mais em

relação ao valor basal do indivíduo 16.

Processamento do escarro

O processamento do escarro foi realizado no prazo máximo de 2 horas, conforme

previamente descrito. O escarro foi separado da saliva com o objetivo de diminuir a

contaminação por células escamosas presentes no expectorado. O material, já selecionado, foi

colocado em um tubo de poliestireno de 15 ml e tratado com substância mucolítica, ditiotreitol

(DTT) a 0,1% (Sputalysin 10%; Calbiochen Corp., San Diego, CA). Em seguida, a solução foi

agitada por 15 segundos sendo consecutivamente aspirada e ejetada através de uma pipeta de

Pauster, sendo então, colocada em um agitador de mesa por mais 15 minutos (Dade Tube

Rocker, Baxter Diagnostics Corporation, Miami, FL). Após isso, foi adicionada solução salina

tamponada em fosfato de Dulbecco (D-PBS). A suspensão obtida foi filtrada em um filtro de

nylon com microporos de 48 µm (BBS Thompson, Scarborough, Ontario) com o objetivo de

remover restos celulares e muco ainda não dissolvido. Logo após, a contagem total de células

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(CTC) foi realizada excluindo as células escamosas mortas (coradas pelo corante trypan blue)

com o uso de um hemocitômetro de Neubauer. A suspensão foi centrifugada para obter o

sobrenadante e citospinas. Após secarem ao ar livre, as citospinas foram preparadas para a

contagem celular diferencial com o uso de corante de Giemsa. Foram contadas 400 células

não-escamosas na lâmina de melhor qualidade. Os resultados foram expressos como

percentagem do total de células não-escamosas 14.

Consideramos o escarro eosinofílico quando a contagem diferencial de eosinófilos é ≥

3%, e neutrofílico quando a contagem diferencial de neutrófilos é ≥ 65%. Estes pontos de

corte foram estabelecidos com base nos valores normais relatados por Belda e colaboradores 34.

3.4 Análise estatística

A análise dos dados foi realizada pelo programa estatístico SPSS para Windows 7.0.

Dados com distribuição normal se encontram expressos como média e desvio padrão (DP)

e os de distribuição não normal como mediana e amplitude de semiquartil (ASQ). Diferenças

entre os grupos eosinofílico e não-eosinofílico foram analisadas pelo teste t não-pareado.

Diferenças dentro de cada grupo (V2 – V1) foram analisadas pelo teste t pareado. Variáveis

categóricas foram analisadas pelo teste do qui-quadrado. Variáveis de distribuição não-normal

(eosinófilos) sofreram transformação logarítmica antes da análise. Valores de p inferiores a

0.05 foram considerados significantes. A concordância entre a presença de eosinofilia no

escarro e no sangue periférico foi analisada através do coeficiente Kappa (Κ) cujo grau de

concordância foi mensurado conforme Altman: < 0.20 = ruim, 0.21 – 0.40 = aceitável, 0.41 –

0.60 = moderado, 0.61 – 0.80 = bom e 0.81 – 1.00 = muito bom. 35.

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4. RESULTADOS

Foram avaliadas 50 exacerbações moderadas a graves de asma neste estudo a partir de 46

indivíduos. Do total de 50 participantes incluídos na V1, dois participantes foram excluídos

devido à impossibilidade de produzir escarro espontâneo ou induzido e dois participantes não

compareceram na V2. Quatro participantes apresentaram dois episódios distintos de

exacerbações com intervalo de tempo maior do que 60 dias.

As características das 50 exacerbações estão sumarizadas na tabela 2. Não houve

diferenças estatísticas significativas nos parâmetros clínicos e fisiológicos avaliados. A

presença de escarro com caráter purulento foi similar nos grupos eosinofílico e não-

eosinofílico sendo 37.8% e 38.5%, respectivamente. Em 9 exacerbações houve associação

com sinusite sendo sua presença similar em ambos os grupos, 16.2% no grupo eosinofílico e

23.1% no não-eosinofílico. Um paciente de cada grupo apresentou associação da exacerbação

com pneumonia. O uso de antibióticos associados ao corticosteróide oral foi semelhante nos

dois grupos sendo 27% no grupo eosinofílico e 23.1% no grupo não-eosinofílico.

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TABELA 2 - Características das exacerbações moderadas a graves de asma do tipo eosinofílico e não-eosinofílico na V1.

Eosinofílico Não-eosinofílico Total p

Exacerbações, n (%) 37 (74) 13 (26) 50 (100) ---

Duração, dias*

13.54 (11.6) 11.46 (11.7) 13 (11.5) NS

Sintomas de asma:

Sintomas diurnos, n (%)

36 (97.3) 12 (92.3) 48 (96.0) NS

Sintomas noturnos, n (%)

33 (89.2) 13 (100.0) 46 (92.0) NS

Tosse, n (%)

30 (81.1) 10 (76.9) 40 (80.0) NS

Presença de escarro, n (%)

23 (62.2) 7 (53.8) 30 (60.0) NS

Escore de sintomas* 20.86 (5.90) 22.77 (6.3) 21.36 (6.0) NS

Escore gripe/resfriado**

8.86 (6.5) 13.0 (8.1) 9.94 (7.0) NS

Uso de BD, µg/dia* 716 (490) 523 (470) 666 (480) NS

Escore do QCA* 3.56 (1.0) 3.04 (1.0) 3.42 (1.0) NS

VEF1pBDL* 1.68 (0.5) 1.78 (0.6) 1.71 (0.5) NS

VEF1pBD% previsto* 51.24 (11.7) 55.23 (9.4) 52.28 (11.2) NS

EOS escarro, %**

36.75(45.5)

0.75 (1.25)

14.5 (52.4)

0.000

EOS sangue, x 109/L*

0.85 (0.5)

0.45 (0.5)

0.74 (0.5)

0.036

Dados expressos pela * média e desvio padrão (DP) e ** mediana e amplitude do semiquartil; n = número absoluto; % = percentual; BD = broncodilatador; QCA = questionário de controle de asma; VEF1pBDL = volume expiratório forçado no 1 segundo pós-broncodilatador em litros; VEF1pBD% = volume expiratório forçado no 1 segundo pós-broncodilatador em percentual EOS = eosinófilos; p = significância entre os grupos eosinofílico versus não-eosinofílico; NS = não significante. Valores de VEF1% de acordo com valores preditos de Crapo 28.

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A tabela 3 sumariza os resulatados dos parâmetros clínicos, fisiológicos e inflamatórios

encontrados na V2. Com exceção da proporção de eosinófilos no escarro, não houveram

diferenças significativas entre os dois grupos nas demais medidas avaliadas. A concordância

entre a presença de eosinofilia no escarro e no sangue medida pelo índice Kappa foi de 0.6,

indicando uma concordância moderada.

TABELA 3 – Parâmetros clínicos, fisiológicos e inflamatórios das exacerbações moderadas a graves de asma do tipo eosinofílico e não-eosinofílico na V2.

Dados expressos pela * média e desvio padrão (DP); ** mediana e amplitude do semiquartil (ASQ). QCA = questionário de controle de asma; BD = broncodilatador; VEF1pBDL = volume expiratório forçado no 1 segundo pós-broncodilatador em litros; VEF1pBD% = volume expiratório forçado no 1 segundo pós-broncodilatador em percentual; EOS = eosinófilos; p = significância entre os grupos eosinofílico versus não-eosinofílico; NS = não significante. Valores de VEF1% de acordo com valores preditos de Crapo 28.

Eosinofílico Não-eosinofílico Total p

Escore do QCA*

2.01 (0.9) 2.50 (1.0) 2.14 (0.9) NS

Uso de BD, µg/dia *

568 (30) 538 (390) 560 (360) NS

VEF1pBDL*

2.37 (0.7) 2.03 (0.8) 2.28 (0.8) NS

VEF1pBD% previsto*

71.45 (15.1) 63.08 (13.3) 69.30 (15.0) NS

EOS escarro, %**

1.5 (4.5) 0.15 (0.6) 1.0 (2.1) 0.031

EOS sangue, x 109/L*

0.25 (0.2) 0.25 (0.2) 0.25 (0.2) NS

Das 50 exacerbações estudadas, 37 (74%) foram caracterizadas como do grupo

eosinofilico e as outras 13 (26%) foram caracterizadas como do grupo não-eosinofilico. Duas

(5.4%) exacerbações eosinofílicas apresentaram neutrofilia associada, caracterizada por uma

concentração ≥ 65% de neutrófilos no escarro. Em contraste, 7 (53.8%) exacerbações não-

eosinofílicas também apresentaram inflamação neutrofílica.

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Analisando a resposta ao tratamento (V2 – V1), observou-se que nas exacerbações

eosinofílicas, a exceção do uso de BD inalterado do ponto de vista estatístico, houve melhora

significativa do escore do QCA, dos valores de VEF1 em litros e em percentual e melhora dos

padrões inflamatórios através da diminuição da proporção de eosinófilos no escarro e número

absoluto de eosinófilos no sangue. Quando os mesmos parâmetros foram avaliados nas

exacerbações não-eosinofílicas, notou-se melhora do escore do QCA, melhora dos valores de

VEF1 em litros e em percentual e diminuição da proporção de eosinófilos no escarro de forma

significante. O uso de BD e o número absoluto de eosinófilos no sangue não apresentaram

diferenças significativas.

Ao comparar o grupo eosinofílico com o grupo não-eosinofílico, excetuando o uso de BD

sem significância estatística, constatou-se que no primeiro grupo a melhora do escore do QCA

e dos valores de VEF1 em litros e em percentual foi mais expressiva. Da mesma forma, a

diminuição da proporção de eosinófilos no escarro e do número absoluto de eosinófilos no

sangue foi significativa e mais evidente no grupo eosinofílico. As diferenças das respostas

entre V2 e V1 nas exacerbações moderadas a graves de asma em ambos os grupos estão

sumarizadas na tabela 4, figuras 1, 2 e 3.

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TABELA 4 - Diferenças das respostas nas exacerbações moderadas a graves de asma do tipo eosinofílico e não-eosinofílico entre V2 e V1.

Dados expressos pela média e desvio padrão. QCA = questionário de controle de asma; BD = broncodilatador; VEF1pBDL = volume expiratório forçado no 1 segundo pós-broncodilatador em litros; VEF1pBD% = volume expiratório forçado no 1 segundo pós-broncodilatador em percentual; EOS = eosinófilos; p= significância entre os grupos eosinofílico versus não-eosinofílico; * = p = 0.000; ** = p ≤ 0.05; NS = não significante. Valores de VEF1% de acordo com valores preditos de Crapo 28.

Eosinofílico Não-eosinofílico Total p

Escore do QCA -1.55 (1.1)* -0.54 (0.9)** -1.29 (1.2)* 0.006

Uso de BD, µg/dia -149 (460) NS 15.4 (640)NS -106 (511)NS NS

VEF1pBDL 0.69 (0.6)* 0.25 (0.3)** 0.57 (0.5)* 0.012

VEF1pBD% previsto 20.22 (17.1)* 7.85 (8.8)** 17.0 (16.2)* 0.017

EOS escarro, % -34.18 (25.2)* -0.51 (0.7)** -25.25 (26.3)* 0.000

EOS sangue, x 109/L -578 (370)* -44.6 (151)NS -426 (403)* 0.001

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Eosinofílico

Não-eosinofílico

Total

Escore do QCA (unidades) Uso do BD (µg/dia)

-2

-1,5

-1

-0,5

0

-150

-100

-50

0

50

* NS

Figura 1. Média das diferenças (V2 – V1) do escore do QCA e uso do BD nas exacerbações moderadas a graves de asma do tipo eosinofílico, não-eosinofílico e total. * p = 0.006; NS = não significante (significância entre os grupos eosinofílico versus não-eosinofílico).

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Eosinofílico

Não-eosinofílico

Total

VEF1pBDL (litros) VEF1pBD%(%)

0

0,5

1

0

10

20

30

* **

Figura 2. Média das diferenças (V2 – V1) do VEF1pBDL e VEF1pBD% nas exacerbações moderadas a graves de asma do tipo eosinofílico, não-eosinofílico e total. * p = 0.012; ** p = 0.017 (significância entre os grupos eosinofílico versus não-eosinofílico).

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Eosinofílico

Não-eosinofílico

Total

EOS escarro (%) EOS sangue (x 109/L)

-40

-30

-20

-10

0

-600

-400

-200

0

* **

Figura 3. Média das diferenças (V2 – V1) do EOS escarro e EOS sangue nas exacerbações moderadas a graves de asma do tipo eosinofílico, não-eosinofílico e total. * p = 0.000; ** p = 0.001 (significância entre os grupos eosinofílico versus não-eosinofílico).

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5. DISCUSSÃO

No presente estudo, investigou-se a resposta à corticoterapia sistêmica oral por sete dias

em 50 episódios de exacerbações moderadas a graves de asma. Demonstrou-se significativa

resposta à corticoterapia medida por parâmetros como o escore do QCA, VEF1pBD em litros

ou valor percentual independentemente da presença de eosinofilia no escarro. Estes achados

estão em concordância com a atual prática clínica, onde se preconiza o uso de corticosteróides

sistêmicos para o tratamento de exacerbações agudas e de intensidade moderada ou grave. Por

outro lado quando analisadas de forma separada, a resposta terapêutica das exacerbações

eosinofílicas foi significativamente superior àquela observada nas exacerbações não-

eosinofilicas. A presença de uma resposta terapêutica discriminada quando analisa-se o perfil

inflamatório da exacerbação não foi mencionada previamente na literatura e a implicação

deste achado necessita ser discutida e melhor pesquisada.

A qualidade da obtenção dos dados deste estudo foi garantida pela seleção de um grupo

significativo e homogêneo de 46 indivíduos com um episódio de gravidade considerável, para

os quais é necessário o uso de corticoterapia sistêmica. A resposta à intervenção terapêutica

foi avaliada através da mensuração de desfechos de importância clínica para o paciente, como

a medida dos sintomas e o uso de broncodilatador de curta duração expressos no QCA e

através da medida de parâmetros objetivos como a intensidade da limitação ao fluxo de ar das

vias aéreas, medida pelo VEF1 pós-broncodilatador. Adicionalmente, mediu-se a resposta

inflamatória das vias aéreas no curso de tais exacerbações e a resposta à intervenção com

corticosteróides sistêmicos.

Uma das fraquezas do estudo foi a não caracterização da causa das exacerbações. Embora

isto pudesse ser inferido clinicamente, esta suposição é de longe inacurada. Para uma melhor

caracterização da natureza das exacerbações seria necessária a obtenção de culturas de escarro

e outras secreções respiratórias para bactérias patogênicas e mais ainda, o isolamento de vírus

nas secreções do aparelho respiratório. Estudos anteriores comprovaram o papel de infecções

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virais relacionadas a exacerbações dos sintomas de asma no curso de episódios caracterizados

clinicamente como gripais. Nesta situação observou-se a presença de uma resposta

inflamatória distinta, não eosinofilica, com neutrofilia discreta e aumento da permeabilidade

vascular das vias aéreas, medida por elevadas concentrações de fibrinogênio na fase líquida do

sobrenadante do escarro 20. Outros pontos que poderiam diminuir a importância do estudo

estariam limitados ao tempo de intervenção de 7 dias e a dose e tipo de corticosteróide

utilizado neste estudo. Contudo, diversos estudos clínicos anteriores sugerem resposta

terapêutica máxima ao redor do sétimo dia e utilizam uma dosagem e apresentacção

farmacológica de corticosteróide sistêmico variável 16.

A utilização de um método direto para medir o processo inflamatório das vias aéreas,

como o exame do escarro induzido vem ganhando espaço na pesquisa clínica e em alguns

casos na prática médica na avaliação de asmáticos. Jayaram e colaboradores relataram em

artigo de revisão a importância do exame de escarro em caracterizar a resposta inflamatória de

asmáticos em diferentes situações, controlados ou exacerbados, tratados ou virgens de

tratamento. Eles concluiram que na asma, como clinicamente definida, existe uma diversidade

do processo inflamatório, com situações de resposta eosinofílica ou não- eosinofílica 36. A

aplicabilidade clínica da monitoração do processo inflamatório das vias aéreas através do

exame do escarro foi investigada prospectivamente por Green e colaboradores em um estudo

clínico controlado. Eles investigaram o valor do exame do escarro em modificar a conduta

clínica preconizada e compararam esta conduta àquela baseada em parâmetros clínicos e

fisiológicos como determinada pelos consensos de tratamento da asma. O principal desfecho

do estudo foi a freqüência de exacerbações no curso de um ano. Os participantes que foram

randomizados para modificar o tratamento de acordo com o exame do escarro apresentaram

um número significativamente menor de exacerbações e utilizaram um dose de corticosteróide

similar ao grupo referência para o controle da asma 37.

O Núcleo de Pesquisa em Asma e Inflamação das Vias Aéreas (NUPAIVA/UFSC) é

pioneiro no Brasil e na América do Sul nesta metodologia. Neste estudo, utilizou-se um

protocolo modificado de indução de escarro para aumentar sua segurança em indivíduos com

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exacerbações graves de asma 16. A maioria dos pacientes forneceu amostra adequada e não

apresentou intercorrências durante o procedimento. A taxa de insucesso de dois pacientes sem

obtenção de escarro foi considerada aceitável. As amostras foram processadas com escarro

selecionado da saliva com objetivo de minimizar a contaminação celular 15. A utilização do

escarro induzido neste estudo permitiu uma monitoração direta e com riscos aceitáveis da

inflamação das vias aéreas nas exacerbações de asma através da análise celular e de outros

marcadores pró-inflamatórios. A partir da análise do escarro dos participantes do estudo,

caracterizou-se dois grupos considerando-se o tipo de inflamação encontrada: eosinofílicos

com proporção de eosinófilos ≥ 3% e não-eosinofílicos com proporção de eosinófilos < 3% 34.

Diversos estudos usando o exame do escarro induzido demonstraram que a maioria dos

asmáticos virgens de tratamento apresenta um processo inflamatório tipicamente relacionado à

bronquite eosinofílica 38. Contudo, um número ainda indefinido de pacientes sintomáticos que

varia de estudo para estudo, com valores próximos a 40%, apresenta contagem eosinofílica

dentro do intervalo de normalidade 12, 15. O presente estudo reforça este observação, porém em

uma situação distinta, durante o curso de exacerbações asmáticas. Nesta população

evidenciou-se que 26% dos episódios foram não-eosinofílicos.

De maneira geral, as exacerbações moderadas a graves de asma independente do tipo

inflamatório encontrado nas vias aéreas apresentam melhora da sintomatologia e melhora da

função pulmonar com o uso de corticosteróide sistemico 22, 25. Contudo, a prática clínica

demonstra que nem todos os pacientes se beneficiam de modo homogêneo ao tratamento

instituído. Existem evidências sugerindo que alguns indivíduos apresentam melhora mais

acentuada do que outros. Não é possível, baseado em parâmetros clínicos e fisiológicos, prever

quais indivíduos vão apresentar uma resposta mais satisfatória ao tratamento e quais e quantos

não se beneficiarão da intervenção. Neste estudo partiu-se do pressuposto de que exacerbações

asmáticas não-eosinofílicas se beneficiariam menos à intervenção com corticosteróides

sistêmicos.

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Ao comparar a resposta à corticoterapia sistêmica oral por 7 dias em exacerbações

moderadas a graves de asma do grupo eosinofílico com a do grupo não-eosinofílico, percebeu-

se que o tratamento com corticosteróide melhorou asmáticos com exacerbação eosinofílica de

forma mais significativa através dos parâmetros investigados. Esta observação foi inicialmente

hipotetizada por uma achado fortuito de um estudo anterior realizado por Pizzichini e

colaboradores. Neste estudo investigou-se a cinética da resposta ao tratamento com prednisona

em 10 episódios de exacerbações graves de asma. Um único indivíduo não apresentou

processo eosinofílico e não apresentou resposta eficaz medida por mudança no VEF1 à

corticoterapia utilizada 16. Adicionalmente, Pavord e colaboradores demonstraram que

asmáticos sintomáticos não controlados com uma resposta não-eosinofílica apresentaram uma

resposta mais pobre aos corticosteróides inalatórios 13. Estas observações suportaram a

hipótese de que escarro eosinofílico tem grande relação com o grau de resposta à

corticoterapia e atualmente uma série de estudos vêm sendo realizados a fim de responder esta

questão de forma mais clara e definitiva 39.

As características clínicas e fisiológicas das exacerbações asmáticas durante a inclusão,

sem qualquer intervenção, não permitiram discriminar os participantes com inflamação

eosinofílica ou não-eosinofílica. Os achados de inflamação eosinofílica e não-eosinofílica no

escarro e no sangue periférico, representam diferenças esperadas, pois elas apenas representam

um ponto de corte escolhido para dividir os participantes. Esta ausência de diferença estatística

significativa na sintomatologia, infecções associadas, uso de medicações e valores

espirométricos enfatiza a necessidade de se medir valores inflamatórios como através do

escarro para discriminar melhor os respondedores dos não respondedores ao tratamento com

corticosteróide.

Quando se agrupam as exacerbações como eosinofílicas e não-eosinofílicas, é possível se

observar uma diferente resposta à intervenção com corticosteróide sistêmico. No presente

estudo os indivíduos com exacerbação não-eosinofílica apresentaram uma resposta

clinicamente pobre a esta intervenção apesar de apresentar diferença estatística significativa.

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Este achado levanta a hipótese de que indivíduos exacerbados com este padrão inflamatório

não apresentam o benefício esperado quando do uso de corticosteróides sistêmicos orais.

Estudos futuros seriam necessários no sentido de investigar a evolução clínica das

exacerbações de asma de padrão não-eosinofílico no escarro, questionando a necessidade do

uso de corticoterapia, uma vez que neste estudo o grupo em questão apresentou uma melhora

clínica desprezível. Estudos envolvendo novas alternativas terapêuticas que resultem em uma

melhora clínica expressiva de asmáticos exacerbados sem evidência de eosinofilia no escarro

também seriam pertinentes.

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NORMAS ADOTADAS

Este trabalho foi digitado de acordo com as normas de resolução número 001/2001 do colegiado do Curso em Graduação de Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina, terceira edição.

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