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134 v27 DE NOVEMBRO DE 2008 P osa para a fotografia com pa- ciência e simpatia. Momentos depois, há-de chegar o Luso, o robô submarino que, a esta altura, já leva léguas de exploração no fundo do oceano. O chefe da missão ainda nessa tarde rumará a Nova Iorque, para acertar mais pormenores relativos a esse projecto magnífico que é tornar Portugal maior, no subsolo marinho, para lá das 200 milhas náuticas. Ma- nuel Pinto de Abreu, 49 anos, o chefe da Estrutura de Missão da Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), conta já com uma vitória, desde que, no ano passado, as Nações Unidas reco- nheceram a jurisdição nacional sobre o banco hidrotermal Rainbow – um oásis de vida marinha nos mares dos Açores. Engenheiro hidrográfico e oceanógrafo, vice-reitor da Universidade Lusófona, Pinto de Abreu doutorou-se nos EUA com nota máxima. Conta o antigo colega de carteira e grande amigo Paulo Mónica, 47 anos: «É organizado, tem uma grande capacidade de trabalho e um enorme carisma.» Foi comandante de um navio da Marinha, participou em acções de busca e salvamento e também na fiscalização da pesca. Na recta final da «maior experiên- cia científica do País na última década» – até Maio de 2009, quando apresentar a proposta de alargamento à ONU – o homem da EMEPC vê o mar como uma oportunidade. E uma paixão: «Sinto-me bem quando vou para dentro de água.» É uma autoridade no estudo dos estuários em Portugal, seguramente a que mais sabe», garantem os colegas do Instituto de Oceanografia, José Lino Costa, 44 anos, e Isabel Domingues, 47 anos. A história também não men- te e prova que Maria José Costa foi a primeira pessoa em Portugal a doutorar-se neste tipo de ecossistemas e é aquela que há mais tempo se dedica a estudar a sua biologia. Corria o ano de 1982 quando Zita, como é conhecida pelos amigos, apresentou, na Universidade Paris VII, uma tese de dou- toramento sobre os peixes do estuário do Tejo – em Portugal, não havia especialistas na matéria para poderem avaliar o seu trabalho. Passados tantos anos, reconhece que deu «um pequeno contri- buto para abrir caminhos aos mais jovens» e que o País conta com «muitos e bons profissionais nesta área». Participou em estudos de impacto ambiental tão diversos como os da construção da Expo 98, Ponte Vasco da Gama ou Barragem do Alqueva. Actualmente, é coordenadora do grupo de Zoologia do Instituto de Oceanografia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e presidente da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais. Publicou dezenas de textos e estudos científicos e o livro O Estuário do Tejo. P. M. S. Uma mulher de águas Maria José Costa, 59 anos, professora universitária FIGURAS SOCIEDADE Mar adentro Manuel Pinto de Abreu, 49 anos, oceanógrafo POR TERESA CAMPOS FOTOS: JOSÉ CARLOS CARVALHO E MARCOS BORGA

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Manuel Pinto de Abreu, 49 anos, oceanógrafo Maria José Costa, 59 anos, professora universitária SOCIEDADE 134 v 27 DE NOVEMBRO DE 2008 POR TERESA CAMPOS P. M. S. FOTOS: JOSÉ CARLOS CARVALHO E MARCOS BORGA

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134 v 27 DE NOVEMBRO DE 2008

Posa para a fotografia com pa-ciência e simpatia. Momentos depois, há-de chegar o Luso, o robô submarino que, a esta

altura, já leva léguas de exploração no fundo do oceano. O chefe da missão ainda nessa tarde rumará a Nova Iorque, para acertar mais pormenores relativos a esse projecto magnífico que é tornar Portugal maior, no subsolo marinho, para lá das 200 milhas náuticas. Ma-nuel Pinto de Abreu, 49 anos, o chefe da Estrutura de Missão da Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), conta já com uma vitória, desde que, no ano passado, as Nações Unidas reco-nheceram a jurisdição nacional sobre o banco hidrotermal Rainbow – um oásis

de vida marinha nos mares dos Açores. Engenheiro hidrográfico e oceanógrafo, vice-reitor da Universidade Lusófona, Pinto de Abreu doutorou-se nos EUA com nota máxima. Conta o antigo colega de carteira e grande amigo Paulo Mónica, 47 anos: «É organizado, tem uma grande capacidade de trabalho e um enorme carisma.» Foi comandante de um navio da Marinha, participou em acções de busca e salvamento e também na fiscalização da pesca. Na recta final da «maior experiên-cia científica do País na última década» – até Maio de 2009, quando apresentar a proposta de alargamento à ONU – o homem da EMEPC vê o mar como uma oportunidade. E uma paixão: «Sinto-me bem quando vou para dentro de água.»

É uma autoridade no estudo dos estuários em Portugal, seguramente a que mais sabe», garantem os colegas do Instituto de Oceanografia, José Lino Costa, 44 anos, e Isabel Domingues, 47 anos. A história também não men-

te e prova que Maria José Costa foi a primeira pessoa em Portugal a doutorar-se neste tipo de ecossistemas e é aquela que há mais tempo se dedica a estudar a sua biologia.

Corria o ano de 1982 quando Zita, como é conhecida pelos amigos, apresentou, na Universidade Paris VII, uma tese de dou-toramento sobre os peixes do estuário do Tejo – em Portugal, não

havia especialistas na matéria para poderem avaliar o seu trabalho. Passados tantos anos, reconhece que deu «um pequeno contri-buto para abrir caminhos aos mais jovens» e que o País conta com «muitos e bons profissionais nesta área». Participou em estudos de impacto ambiental tão diversos como os da construção da Expo 98, Ponte Vasco da Gama ou Barragem do Alqueva. Actualmente, é coordenadora do grupo de Zoologia do Instituto de Oceanografia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e presidente da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais. Publicou dezenas de textos e estudos científicos e o livro O Estuário do Tejo. P. M. S.

Uma mulher de águasMaria José Costa, 59 anos, professora universitária

FIGURAS SOCIEDADE

Mar adentroManuel Pinto de Abreu, 49 anos, oceanógrafo

POR TERESA CAMPOS

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