Os tipos de tempo

Para se compreender os tipos de tempo que atuam em Presidente Prudente e na região do oeste paulista é necessário analisar a dinâmica da circulação atmosférica regional.

Há basicamente 5 grandes grupos de sistemas determinam os tipos de tempo e, consequentemente, explicam o clima local: a) os sistemas tropicais; b) os sistemas equatoriais; c) os sistemas polares; d) os sistemas frontais e, e) os sistemas especiais (ENOS – El Niño Oscilação Sul e ZCAS – Zona de Convergência do Atlântico Sul).

Os sistemas tropicais atlânticos se individualizam nas massas Tropical Atlântica (Ta) e Tropical Atlântica Continentalizada (TAc). Originam-se no anticiclone marítimo e atuam o ano todo de modo constante, sobre o oeste paulista, trazendo estabilidade o tempo no outono/inverno, em decorrência da subsidência do ar superior e, instabilidade na parte inferior na primavera/verão (Fig. 6).

Quando o anticiclone marítimo se encontra próximo ao litoral do sudeste, atinge a região com ventos vindos de leste e são mais úmidos e menos quentes (massa Tropical Atlântica). Entretanto, quando o anticiclone se posiciona mais ao norte, no litoral da Bahia, os ventos de nordeste percorrem alguns milhares de quilômetros pelo continente, antes de chegar ao oeste paulista. Neste trajeto, recebe aumento de temperatura e diminuição da umidade, pelas trocas térmicas entre a superfície e o ar da baixa troposfera (massa Tropical Atlântica Continentalizada).

Massa Tropical Atlântica Massa Tropical Atlântica Continentalizada

Figura 6. Cartas sinóticas da ação das massas TA e TAC.

O sistema tropical continental origina-se na depressão do Chaco, na região

central da América do Sul. Com ventos quentes e secos, a massa Tropical Continental (TC) apresenta baixas pressões resultantes do sistema pré-frontal (momentos que antecedem a entrada de uma frente fria) e, trazem para a região um aquecimento bastante acentuado, resultando nos dias mais quentes e abafados, com atuação bem definida na primavera e no verão (Fig. 7).

Outro sistema com características semelhantes, porém menos acentuado é o sistema equatorial, responsável pela massa Equatorial Continental (EC). No verão, os ventos úmidos da Amazônia são atraídos pela convergência do Atlântico sul e nesta trajetória, de noroeste para sudeste, atinge o oeste paulista provocando tempo quente e úmido.

Massa Tropical Continental Massa Equatorial Continental

Figura 7. Cartas sinóticas da ação das massas TC e EC.

Os sistemas polares se individualizam na massa Polar Atlântica (PA), que se origina no anticiclone migratório polar, na latitude do mar de Weddel, nas proximidades da Antártida.

Com ventos do quadrante sul (SW, S e SE) atinge o oeste paulista com baixas temperaturas e grande amplitude térmica. Como são sistemas estáveis, apresentam pouca umidade e elevada pressão atmosférica. Atuam principalmente no outono e inverno e dão origem a tipos de tempo frios e com o céu claro.

É comum ocorrer uma diminuição gradativa da pressão e aumento da temperatura após alguns dias de domínio do ar polar enfraquecido na latitude dos trópicos e, quando isto ocorre, a massa Polar Atlântica passa a denominar-se Polar Tropicalizada (PT). Com ventos de SE e E, esta massa se caracteriza por localizar-se entre dois sistemas perturbados: uma frente fria em dissipação ao norte,

caracterizando uma frontólise, e uma nova frente fria vindo do sul, caracterizando um processo de frontogênese (Fig.8).

Massa Polar Atlântica Massa Polar Tropicalizada

Figura 8. Cartas sinóticas da ação das massas PA e PT.

Os sistemas frontais resultam do encontro de dois sistemas antagônicos (tropicais e polares) que geram instabilidade atmosférica em área de descontinuidade das massas de ar. Com a penetração da Frente Polar Atlântica (FPA), há elevada nebulosidade, queda de precipitação e diminuição da temperatura. Em geral, cerca de 70% das chuvas regionais estão associadas a este sistema (Fig.9).

As Linhas de Instabilidade (IT) ocorrem quando há movimento convectivo bastante intenso, principalmente associado às correntes de ar que se deslocam do litoral para o interior dos continentes. São comuns no verão e estão associadas a precipitações rápidas e intensas.

Outro sistema, ainda não totalmente compreendido, mas que é responsável por longos períodos de chuvas no oeste paulista são as Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Trata-se de uma banda de nebulosidade organizada por uma corrente de umidade que se desloca da Amazônia para o Atlântico Sul, no período de verão. Quando associadas a uma entrada de frente fria ocasiona episódios intensos de chuvas por vários dias.

O ENOS (El Niño - Oscilação Sul), mais popularmente conhecido como El Niño é um fenômeno de origem oceanográfica e atmosférica que se origina por meio do aquecimento das águas superficiais do oceano Pacífico equatorial, nas

proximidades do Peru.Quando se inicia o processo ocorre uma inversão nas zonas de pressão e

jatos de média e alta altitude bloqueiam as passagens frontais, que estacionárias elevam os totais pluviométricos no centro sul do Brasil. O inverso, ou seja, quando as águas do Pacífico estão mais frias (fase negativa), ocorre o contrário verificando-se uma diminuição das passagens frontais e a conseqüente diminuição das chuvas no centro sul do país.

Frente Polar Atlântica - FPA Zona de Convergência do Atlântico Sul - ZCAS

Figura 9. Cartas sinótica da ação de sistemas perturbado FPA e imagem do satélite GOES do sistema perturbado ZCAS.

Observe na imagem acima (à esquerda) a grande amplitude de atuação e a nebulosidade espessa da ZCAS, principalmente encobrindo quase por completo os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Frente FriaZCAS