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COMENTÁRIO BÍBLICO DO ANTIGO TESTAMENTO VOL 1 Gênesis a Neemias Matthew Henry

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COMENTÁRIOBÍBLICO

DO

ANTIGOTESTAMENTO

VOL 1Gênesis a Neemias

Matthew Henry

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Tradução de Daniela Raffo

www.semeadoresdapalavra.net

Nossos e-books são disponibilizados gratuitamente, com a única finali-dade de oferecer leitura edificante a todos aqueles que não tem

condições econômicas para comprar.Se você é financeiramente privilegiado, então utilize nosso acervo ape-nas para avaliação, e, se gostar, abençoe autores, editoras e livrarias,

adquirindo os livros.

SEMEADORES DA PALAVRA e-books evangélicos

Sumário

GÊNESIS 4ÊXODO 62LEVÍTICO 99NÚMEROS 118DEUTERONÔMIO 147JOSUÉ 174JUÍZES 191RUTE 2061 SAMUEL 2092 SAMUEL 2321 REIS 2482 REIS 2661 CRÔNICAS 2852 CRÔNICAS 294ESDRAS 308NEEMIAS 313

Baixado da Internet de www.graciasoberana.comEm segunda-feira, 3 de setembro de 2007, 12:46:36

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Baixado da Internet de www. iglesiareformada.com Em quinta-feira, 17 de janeiro de 2008, 15:54:56

Tradução do espanhol ao português por Daniela RaffoTerminada em quarta-feira, 27 de agosto de 2008, 19:32:25

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GÊNESIS

Gênesis é um nome tomado do grego; significa "o livro da geração ou das origens"; chama-se assim apropriadamente pois contém o relato da origem de todas as coisas. Não há outra história tão antiga. Nada há dentro do livro mais antigo que existe que o contradiga; ao con-trário, muitas coisas narradas pelos escritores pagãos mais antigos, ou que se podem descobrir nos costumes de nações diferentes, confirmam o relatado no livro do Gênesis.

CAPÍTULO 1• Versículos 1-2 Deus cria os céus e a terra• Versículos 3-5 A criação da luz• Versículos 6-13 Deus separa a terra das águas – Faz frutífera a terra• Versículos 14-19 Deus forma o sol, a lua e as estrelas• Versículos 20-25 Deus cria os animais• Versículos 26-28 O homem, criado a imagem de Deus• Versículos 29-30 Designação dos alimentos • Versículos 31 Finalização e aprovação da obra da criação

Versículos 1-2O primeiro versículo da Bíblia nos dá um relato satisfatório e útil da origem da terra e dos

céus. A fé do cristão simples entende isto melhor que a fantasia dos homens mais cultos. Do que vemos do céu e da terra, aprendemos o poder do grande Criador. Que o fato de sermos criados como homens, nos lembre nosso dever cristão de manter sempre o olhar no céu e a terra sob nossos pés.

O Filho de Deus, um com o Pai, estava com Ele quando este fez o mundo; melhor falando, amiúde se nos diz que o mundo foi feito por Ele e que sem Ele nada foi feito. Oh, que elevados pensamentos deveria haver em nossa mente para o grande Deus que adoramos, e para o grande Mediador em cujo nome oramos! Aqui, no princípio mesmo do texto sagrado, lemos desse mesmo Espírito Divino cuja obra no coração do homem se menciona tão freqüentemente em outras partes da Bíblia.

Observe que, no princípio, nada desejável havia para ver, pois o mundo era informe e vazio; era confusão e desolação. De forma similar, a obra da graça na alma é uma nova criação: e numa alma sem graça, que não tem nascido de novo, há desordem, confusão e toda má obra; está vazia de todo bem porque está sem Deus; é escura, é as próprias trevas: este é o nosso estado por natureza, até que a graça do Todo Poderoso efetua em nós uma mudança.

Versículos 3-5Disse Deus: Seja a luz. Ele a quis, e imediatamente houve luz. Que poder o da palavra de

Deus! na nova criação, o primeiro que é levado à alma é a luz: o bendito Espírito opera na von-tade e nos afetos, iluminando o entendimento. Os que pelo pecado eram trevas, por graça se convertem em luz no Senhor. As trevas teriam estado sempre sobre o homem caído se o Filho de Deus não tiver vindo para dar-nos entendimento (1 João 5.20). A luz que Deus quis, foi aprovada. Deus separou a luz das trevas, pois, que comunhão tem a luz com as trevas? Nos céus há perfeita luz e não há trevas; no inferno, a escuridão é absoluta e não existe um raio de luz. O dia e a noite são do Senhor; usemos ambos para sua honra: cada dia no trabalho para Ele e descansando nEle cada noite. Meditando dia e noite em sua lei.

Versículos 6-13A terra estava desolada, mas por uma palavra se encheu das riquezas de Deus, que ainda

são suas. Embora se permite ao homem seu uso, são de Deus e para seu serviço e honra de-vem usar-se. A terra, a seu mandado, produz ervas, grãos e frutos. Deus deve ter a glória de todo o proveito que recebemos do produto da terra. Se tivermos interesse nEle, que é a Fonte, pela graça, nos regozijaríamos nEle quando secam os riachos temporais da misericórdia.

Versículos 14-19O quarto dia do trabalho dá conta da criação do sol, a lua e as estrelas. Todo é obra de

Deus. Fala-se das estrelas tal como aparecem ante os nossos olhos, sem dizer sua quantidade, natureza, lugar, tamanho ou movimentos; as Escrituras não foram feitas para satisfazer a cu-

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riosidade nem para fazer-nos astrônomos, senão para conduzir-nos a Deus e fazer-nos santos. As luzes do céu foram feitas para servi-lo a l.; o fazem fielmente e brilham a seu tempo sem faltar. Nós estamos como luzes neste mundo para servirmos a Deus; porém, respondemos de forma similar à finalidade para a qual fomos criados? Não, nossa luz não resplandece ante Deus como suas luzes brilham ante nós. Fazemos uso da criação de nosso Amo, todavia, nos importa muito pouco da obra de nosso Amo.

Versículos 20-25Deus mandou que se fizessem os peixes e as aves. Ele mesmo executou esta ordem. Os in-

setos, que são mais numerosos que as aves e as bestas, e tão curiosos, parecem ter sido parte da obra deste dia. A sabedoria e o poder do Criador são admiráveis tanto numa formiga como num elefante. O poder da providência de Deus preserva todas as coisas e a fertilidade é o efeito de sua bênção.

Versículos 26-28O homem foi feito depois de todas as criaturas: isto era tanto uma honra como um favor

para ele. Contudo, o homem foi feito o mesmo dia que as bestas; seu corpo foi feito da mesma terra que o delas; e enquanto ele estiver no corpo, habita na mesma terra com elas. Não per-mita Deus que, dando-lhe o gosto ao corpo e a seus desejos, nos façamos como as bestas que perecem! O homem foi feito para ser uma criatura diferente de todas as que tinham sido feitas até então. Nele deviam unir-se a carne e o espírito, o céu e a terra. Deus disse: "Façamos o homem". O homem, quando foi feito, foi criado para glorificar o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Nesse grande homem somos batizados, pois a este grande homem devemos o ser. É a alma do homem a que leva especialmente à imagem de Deus.

O homem foi feito reto (Ec 7.29). Seu entendimento via clara e verdadeiramente as coisas divinas; não havia erros nem equívocos em seu conhecimento; sua vontade consentia de ime-diato com a vontade de Deus em todas as coisas; seus afetos eram normais e não tinha maus desejos nem paixões desordenadas. Seus pensamentos eram facilmente levados a temas sub-limes e permaneciam fixos neles. Assim de santos, assim de felizes, eram os nossos primeiros pais quando tinham a imagem de Deus neles. Porém, quão desfigurada está a imagem de Deus no homem! Queira o senhor renová-la em nossa alma por sua graça!

Versículos 29-30As ervas e as frutas devem ser a comida do homem, incluindo o grão e todos os produtos da

terra. Que o povo de Deus coloque sobre Ele sua carga e não se afane por que comerão nem que beberão. O que alimenta as aves do céu não permitirá que seus filhinhos passem fome.

Versículo 31Quando começamos a pensar em nossas obras achamos, para vergonha nossa, que em

grande parte têm sido muito más; todavia, quando Deus viu sua obra, tudo era muito bom. Bom, pois tudo era cabalmente como o Criador queria que fosse. Todas suas obras, em todos os lugares de seu senhorio, o abençoam, e portanto, bendize, alma minha, ao Senhor. Abençoemos a Deus pelo evangelho de Cristo e, ao considerar sua onipotente, fujamos nós, os pecadores, da ira vindoura. Se formos criados de novo conforme à imagem de Deus em santi-dade, finalmente entraremos nos "novos céus e nova terra, nos quais mora a justiça".

CAPÍTULO 2• Versículos 1-3 O primeiro dia de repouso• Versículos 4-7 Detalhes da criação• Versículos 8-14 Plantação do jardim do Éden• Versículo 15 O homem colocado no Éden • Versículos 16-17 O mandamento de Deus• Versículos 18-25 Dar nome aos animais – A criação da mulher – A instituição

divina do matrimônio

Versículos 1-3Depois de seis dias Deus cessou todas as obras de criação. Nos milagres tem utilizado leis

superiores da natureza, mas nunca foi mudado seu curso estabelecido, nem lhe foi agregado. Deus não descansou como se estiver cansado, senão como alguém que está muito com-prazido. Note-se o começo mesmo do reino de graça, a santificação ou a observância sagrada do dia de repouso. A observância solene de um dia a cada sete como dia sagrado de descanso e de santo trabalho, para a honra de Deus, é dever de toda pessoa a quem Deus tem dado a

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conhecer seus santos dias de repouso. Neste momento, ninguém da raça humana tinha ser, senão os nossos primeiros pais. Para eles foi instituído o dia de repouso e, é claro, também para todas as gerações sucessivas. O repouso cristão que observamos é um dia sétimo e nele celebramos o repouso de Deus Filho e a consumação da obra de nossa redenção.

Versículos 4-7Aqui se dá um nome ao Criador: "Jeová". Jeová é o nome de Deus que denota que somente

Ele tem seu ser de si mesmo, e que Ele dá o ser a todas as criaturas e coisas.Também se destacam as plantas e as ervas porque foram feitas e indicadas como alimento

para o homem. A terra não produziu seus frutos pelo seu próprio poder: isto foi feito pelo poder do Onipotente. Da mesma forma, a graça da alma não cresce por si mesma no terreno da na-tureza; é a obra de Deus. A chuva é também dádiva de Deus; não choveu senão até que Deus fez chover. Embora Deus opera usando médios, quando se agrada pode, não obstante, fazer sua obra sem médios; e embora nós não devemos tentar a Deus descuidando os médios, deve-mos confiar nEle tanto no uso como na falta de médios. De uma ou de outra forma, Deus re-gará as plantas de seu jardim. A graça divina desce como o orvalho e silenciosamente rega a igreja, sem fazer barulho. O homem foi feito do pó miúdo, como o que existe na superfície da terra. A alma não foi feita da terra como o corpo: pena então que deva agregar-se à terra e preocupar-se pelas coisas terrenas. Em breve daremos conta a Deus pela forma em que temos empregado estas almas; e se achar que as temos perdido, ainda que tenha sido para ganhar o mundo, estamos perdidos para sempre! Os néscios desprezam suas próprias almas ao preocu-par-se de seus corpos antes que de suas almas.

Versículos 8-14O lugar fixado para que Adão habitasse não era um palácio, senão um jardim. Quanto mel-

hor nos viremos com coisas simples e menos procuremos as coisas que comprazem o orgulho e a luxúria, mais perto estaremos da inocência. A natureza se contenta com um pouco e aquilo que for mais natural; a graça, com menos; porém a luxúria o deseja todo e não se contenta com nada. Nenhum prazer pode satisfazer a alma senão aquilo que Deus mesmo tem provido e indicado para isso. Éden significa deleite e prazer. Não importa qual tenha sido sua localização, tinha todas as comodidades desejáveis, sem nenhuma desvantagem, como nunca jamais exis-tiu nenhuma outra casa ou jardim na terra. Estava ornado com toda árvore agradável à vista e enriquecido com toda árvore que der fruto agradável ao paladar e bom para comer. Como Pai doce, Deus desejava não só o proveito de Adão, senão seu prazer; porque há prazer com in-ocência, melhor ainda, há verdadeiro prazer somente na inocência. Quando a Providência nos coloca num lugar de abundância e prazer, deveríamos servir a Deus com alegria de coração pelas coisas boas que nos dá. Éden tinha duas árvores exclusivas.

1) No meio do jardim estava a árvore da vida. O homem podia comer desta e viver. Cristo é agora a Árvore da vida para nós (Ap 2.7; 22.2) e o Pão de vida (Jo 6. 48,51).

2) Estava a árvore do conhecimento do bem e do mal, assim chamada porque havia uma revelação positiva da vontade de Deus acerca desta árvore, de modo que por ele o homem poderia chegar a conhecer o bem e o mal moral. Que é bom? Bom é não comer desta árvore. Que é mau? Mau é comer desta árvore. Nestas duas árvores Deus colocou diante de Adão o bem e o mal, a bênção e a maldição.

Versículo 15Depois que Deus houve formado a Adão, o colocou no jardim. Assim toda jactância ficou ex-

cluída. Somente o que nos fez pode fazer-nos felizes; quem é o Fornecedor de nossos corpos, e o Pai de nossos espíritos, e ninguém senão Ele pode prover plenamente para a felicidade do corpo e da alma. Ainda no mesmo paraíso o homem devia trabalhar. Nenhum de nós foi envi-ado ao mundo para estar ocioso. O que fez nossas almas e corpos, nos tem dado algo com que trabalhar; e o que nos deu esta terra por habitação, nos tem dado algo sobre que trabalhar. Os filhos e herdeiros do céu, enquanto estão no mundo, têm algo que fazer por esta terra, a qual deve ter sua quota de tempo e preocupação de parte deles; e se o fizerem olhando para Deus, estarão servindo-o tão verdadeiramente nisso como quando estão de joelhos. Observe que o chamamento do agricultor é um chamado antigo e honorável; era necessário até no paraíso. Além disso, há verdadeiro prazer nas tarefas as quais Deus nos chama e nas que nos emprega. Adão não teria podido ser feliz se tiver estado ocioso: continua sendo a lei de Deus que aquele que não trabalha não tem direito de comer (2 Ts 3.10).

Versículos 16-17Não coloquemos nunca nossa própria vontade contra a santa vontade de Deus. Não só se

outorgou liberdade ao homem para tomar os frutos do paraíso, senão que lhe foi assegurada a vida eterna por sua obediência. Tinha-se estabelecido uma prova para sua obediência. Pela 6

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transgressão ele perderia o favor de seu Criador e se faria merecedor de seu desagrado, com todos seus espantosos efeitos; deste modo ele ficaria propenso à dor, a doença e à morte. Pior do que isso, ele perderia a santa imagem de Deus e todo o consolo de sua aprovação; e sentindo o tormento das paixões pecaminosas e o terror da vingança de seu Criador, a qual de-veria suportar para sempre com sua alma que nunca morre. A proibição de comer do fruto de uma árvore em particular era sabiamente adequada para o estado de nossos primeiros pais. Em seu estado de inocência e separados dos outros, que ocasião ou que tentação tinham para romper algum dos dez mandamentos? O desenvolvimento dos acontecimentos prova que toda a raça humana estava comprometida na prova e queda dos nossos primeiros pais. Argumentar contra estas coisas é lutar contra fatos irrebatíveis, e contra a revelação divina; porque o homem é pecador e mostra por seus primeiros atos e por sua conduta posterior que está sem-pre disposto a fazer o mal. Está submetido ao desagrado divino, exposto aos sofrimentos e à morte. As Escrituras sempre falam do homem como que tem um caráter pecador e está nesse estado de miséria; e estas coisas valem para os homens de todas as épocas e de todas as nações.

Versículos 18-25O homem recebeu o poder sobre as criaturas e, como prova disso, lhes deu nome a todas

elas. Este fato mostra também seu discernimento em quanto às obras de Deus. Embora era senhor das criaturas, nada deste mundo era uma ajuda idônea para o homem. De Deus são to-das nossas ajudas. Se descansarmos em Deus, Ele operará todo para bem. Deus fez que um sono profundo caísse sobre Adão; porquanto não conhece o pecado, Deus cuida que o homem não sinta dor. Deus, como Pai dela, trouxe à mulher ao homem, como seu segundo ser e como sua ajuda idônea. Essa esposa, feitura de Deus por graça especial, e produto de Deus por providência especial, provavelmente demonstre ser a ajuda idônea para o homem. Veja-se que necessidade há, tanto de prudência como de oração, ao escolher esta relação que é tão próx-ima e tão duradoura. Havia necessidade de fazer bem isto que se faz para toda a vida.

Nossos primeiros pais não necessitavam roupa para cobrir-se do frio ou do calor, pois não podiam prejudicá-los: tampouco a necessitavam para vestir-se. Assim de livre, assim de feliz era a vida do homem em seu estado de inocência. Quão bom era Deus pol ele! com quantos favores Ele o carregou! Quão leves eram as leis que lhe foram dadas! Contudo, o homem, em meio de toda essa honra, não entendeu seu próprio interesse, senão que logo se tornou como as bestas que perecem.

CAPÍTULO 3• Versículos 1-5 A serpente engana a Eva• Versículos 6-8 Adão e Eva transgridem o mandamento divino, e caem no

pecado e na miséria• Versículos 9-13 Deus chama a Adão e Eva para que respondam• Versículos 14-15 Maldição para a serpente – A Semente prometida• Versículos 16-19 O castigo da humanidade• Versículos 20-21 A primeira vestimenta da humanidade• Versículos 22-24 Adão e Eva são expulsos do paraíso

Versículos 1-5Satanás atacou a nossos primeiros pais para conduzi-los a pecar; a tentação lhes resultou

fatal. O tentador foi o diabo, na forma e semelhança de uma serpente. O plano de Satanás era arrastar a nossos primeiros pais ao pecado e assim, pôr separação entre eles e seu Deus. Deste modo o diabo foi desde o começo um homicida e grande operador de maldades. A pes-soa tentada foi a mulher: a tática de Satanás foi começar uma conversação com ela enquanto estava sozinha. Há muitas tentações nas que o estar a sós dá grande vantagem ao tentador; em vez disso, a comunhão dos santos cuida em grande medida a fortaleza e seguridade deles. Satanás levou vantagem ao achar a mulher sozinha perto da árvore proibida.

Satanás tentou a Eva para, através dela, poder tentar a Adão. Sua tática é enviar as ten-tações por meios dos que não suspeitamos, e através dos que têm maior influência sobre nós. Satanás pôs em dúvida se era ou não pecado comer desta árvore. Não deixou ao descoberto seu desígnio ao começo, mas apresentou uma pergunta que parecia inocente. Quem quiser es-tar a salvo deve cuidar-se de não falar com o tentador. Citou errado o mandamento. Ele falou em forma sarcástica. O diabo, assim como é de mentiroso, é também um escarnecedor desde o princípio; e os escarnecedores são seus filhos. A arte de Satanás em falar da lei divina como duvidosa ou irracional e, assim, atrai a gente ao pecado; nossa sabedoria consiste em manter firme nossa crença no mandamento de Deus e um elevado respeito por Ele. É assim então que

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Deus disse: "Não mentirás, não tomarás seu nome em vão, não te embriagarás, etc.?" Sim, es-tou bem seguro de que disse isso, e está bem dito; e, por Sua graça, eu o cumprirei.

O iniciar esta conversa com a serpente foi a fraqueza de Eva: por sua pergunta deveria ter percebido que não tinha boas intenções e, portanto, deveria ter retrocedido. Satanás ensina primeiro aos homens a duvidar e, depois, a negar. Promete-lhes benefícios se comem deste fruto, seu objetivo é introduzir o descontentamento com seu estado presente, como se não for bom como poderia e deveria ser. Nenhum estado por si mesmo dará felicidade a menos que a mente seja colocada nisso. Os tenta para que busquem ascender, como se fossem dignos de serem deuses. Satanás se arruinou a si mesmo quando desejou ser como o Altíssimo; depois, procurou infestar a nossos primeiros pais com o mesmo desejo para arruiná-los também. O di-abo continua ainda atraindo as pessoas a sua esfera de interesse, sugerindo-lhes pensamentos perversos acerca de Deus e falsas esperanças de conseguirem benefícios por meio do pecado. Portanto, pensemos sempre bem de Deus como o sumo bem, e pensemos mal do pecado como o sumo mal: assim resistiremos ao diabo e ele fugirá de nós.

Versículos 6-8Observe os passos da transgressão: não são passos ascendentes, senão descendentes,

rumo ao abismo.1) Ela viu. Uma grande quantidade de pecado vem pelos olhos. Não atentemos para aquilo

que traz consigo o risco de estimular a concupiscência (Mt 5.28).2) Ela tomou. Foi seu próprio ato e obra. Satanás pode tentar mas não pode obrigar; pode

persuadir-nos a que nos lancemos ao precipício, porém não pode lançar-nos (Mt 4.6).3) Ela comeu. Quando olhou talvez não tivesse intenção de tomá-lo; ou quando o pegou,

que não tivesse a intenção de comer; porém, acabou nisso. É sabedoria deter os primeiros movimentos do pecado, e abandoná-lo antes de ver-se comprometido com ele.

4) Deu também a seu marido. Os que têm feito mal, estão dispostos a arrastar consigo a outros a fazerem o mesmo.

5) Ela comeu. Ao não levar em conta a árvore da vida, do qual lhe era permitido comer, e ao comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, que estava proibido, Adão claramente mostra seu desprezo pelo que Deus tinha-lhe outorgado, e seu desejo pelo que Deus con-siderou prudente não dar-lhe. Desejava ter o que queria e fazer o que lhe aprazer. Em uma palavra, seu pecado foi a desobediência (Rm 5.19); a desobediência a um mandado claro, sim-ples e expresso. Não tinha uma natureza pecaminosa que o traísse; em vez disso tinha liber-dade de vontade, com toda sua força, não enfraquecida nem desequilibrada. Afastou-se com muita presteza. Arrastou a toda sua posteridade no pecado e na miséria. Então, quem pode dizer que o pecado de Adão em si causou pouco dano?

Já era demasiado tarde, quando Adão e Eva viram a tolice de comer a fruta proibida. Viram a felicidade da qual caíram e a miséria em que afundaram. Viram um Deus amante irritado, e a perda de sua graça e seu favor. Veja-se aqui que desonra e transtorno provoca o pecado; faz maldade onde quer que se introduza e destrói todo consolo. Cedo ou tarde acarreta a ver-gonha; seja a vergonha do arrependimento verdadeiro, que termina em glória, ou a vergonha e confusão perpétua, na qual despertarão os malvados no grande dia. Veja-se aqui em que con-siste correntemente a idiotice dos que pecaram. Cuidam mais de salvar seu crédito ante os homens que de obterem o perdão de Deus. As escusas que dão os homens para cobrirem e restar importância a seus pecados são vãs e frívolas; assim como os aventais de folhas de figueira que se fizeram não conseguiram melhorar as coisas: não obstante, todos temos a tradição de cobrir as nossas transgressões como Adão. Antes de pecar, eles acolhiam com gozo humilde as bondosas visitas de Deus; agora Ele se convertia num terror para eles. Não cabe assombrar-se de que se convertessem em terror para si mesmos e se enchessem de con-fusão. Isto mostra a falsidade do tentador e a fraude de suas tentações. Satanás prometeu que estariam a salvo, porém, eles não podem nem pensar que seja assim! Adão e Eva eram, agora, consoladores infelizes o um para o outro!

Versículos 9-13Observe a surpreendente pergunta: "Adão, onde você está?" Aqueles que se descaminham

de Deus pelo pecado devem considerar seriamente onde estão: estão longe de todo bem, em meio de seus inimigos, escravizados a Satanás, e no caminho real à ruína total. Esta ovelha perdida teria vagueado sem fim se o bom Pastor não a tiver procurado e lhe tiver dito que o lu -gar onde estava descaminhada, não poderia ser fácil nem cômodo. Se os pecadores quisessem considerar onde estão, não descansariam até regressar a Deus.

É falha e tolice comum dos que têm agido errado, quando perguntados ao respeito, recon-hecer somente o que é tão evidente que não pode ser negado. Como Adão, temos razão para ter medo de aproximados a Deus se não estamos cobertos e vestidos com a justiça de Cristo. O pecado aparece mais claro no espelho do mandamento, e assim, Deus o colocou ante Adão; 8

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e nesse espelho devemos olhar nosso rosto. Porém, em lugar de reconhecer o pecado em toda sua magnitude, e assumir a vergonha neles mesmos, Adão e Eva justificaram o pecado e car-regaram a vergonha e a culpa em outros. Nos que são tentados existe uma estranha tradição a dizer que são tentados por Deus; como se nosso abuso dos dons de Deus desculpasse nossa transgressão das leis de Deus. Os que estão prestes a aceitar o prazer e lucro do pecado, são lerdos para assumirem a culpa e a vergonha disso. Aprendamos, então, que as tentações de Satanás são todas seduções; seus argumentos, todos enganosos; seus incentivos, todas ar-madilhas; quando fala bem, não devemos acreditar nele. É pelo engano do pecado que o coração se endurece. Veja Romanos 7.11, Hebreus 3.13. Embora a sutileza de Satanás pudesse arrastar-nos ao pecado, de jeito nenhum nos justifica que estejamos no pecado. Ainda que ele é o tentador, nós somos os pecadores. Que não diminua nosso pesar pelo pecado ao qual ten-hamos sido enganados; antes, que aumente nossa indignação conosco por termos permitido sermos enganados por um conhecido vigarista e inimigo juramentado, que deseja a destruição de nossa alma.

Versículos 14-15Deus dita sentença; e começa onde começou o pecado, com a serpente. Os instrumentos do

diabo devem partilhar os castigos do diabo. Sob o disfarce da serpente, o diabo é sentenciado a ser degradado e amaldiçoado por Deus; detestado e aborrecido por toda a humanidade: tam-bém a ser destruído e arruinado, a final, pelo grande Redentor, coisa significada pelo esmaga-mento de sua cabeça. Declara-se a guerra entre a Semente da mulher e a semente da ser-pente. O fruto desta inimizade é que haja uma guerra contínua entre a graça e a corrupção nos corações do Povo de Deus. O céu e o inferno nunca podem ser reconciliados, tampouco a luz e as trevas; não mais que Satanás e uma alma santificada. Além disso, existe uma luta contínua entre os malvados e os santos deste mundo. É feita uma promessa bondosa sobre Cristo, como o libertador do homem caído do poder de Satanás. Esta era a aurora do dia do evangelho: tão logo como foi feita a ferida, foi provido e se revelou o remédio. Esta bondosa revelação de um Salvador chegou sem que a pedissem nem a procurassem. Sem uma revelação de misericór-dia, que dá esperanças de perdão, o pecador convicto afundaria no desespero e se endurece-ria. Pela fé nesta promessa foram justificados e salvos nossos primeiros pais, e os patriarcas anteriores ao dilúvio.

São dados detalhes sobre Cristo:1) Sua encarnação ou vinda na carne. Que seu Salvador seja a Semente da mulher, osso de

nosso osso, dá grande ânimo aos pecadores (Hb 2.11,14).2) Seus sofrimentos e morte, indicados em que Satanás feriria seu calcanhar, isto é, sua na-

tureza humana. Os sofrimentos de Cristo continuam nos sofrimentos dos santos por seu nome. O diabo os tenta, os persegue e os mata; e assim fere o calcanhar de Cristo, que é afligido nas aflições dos santos. Todavia, enquanto o calcanhar é ferido na terra, a Cabeça está noção céu.

3) Sua vitória sobre Satanás. Cristo frustrou as tentações de Satanás, resgatou almas de suas mãos. Por sua morte assestou um golpe final ao reino do diabo, uma ferida incurável na cabeça desta serpente. A medida que o evangelho ganha terreno, Satanás cai.

Versículos 16-19Por seu pecado, a mulher é condenada a um estado de pesar e submissão; castigo ade-

quado desse pecado em que ela procurou satisfazer a concupiscência dos olhos e da carne, e seu orgulho. O pecado trouxe dor ao mundo; fez do mundo um vale de lágrimas. Não é de es-tranhar que nossas dores se multipliquem quando nossos pecados se multiplicam. Ele se apoderará de você, é somente o mandamento de Deus: esposas, submetam-se a seus maridos.

Se o homem não tiver pecado, sempre se teria feito senhor com sabedoria e amor; se a mul-her não tivesse pecado, ela sempre teria obedecido com humilde e mansidão. Adão culpou a sua esposa, e embora tivesse sido uma falta dela o convencê-lo para que comesse do fruto proibido, foi falta de Adão tê-la obedecido. Assim que as frívolas escusas dos homens se tornarão em sua contra no dia do juízo de Deus. Deus pôs marcas de desagrado em Adão.

1) Amaldiçoa sua habitação. Deus deu a terra aos filhos dos homens para que fosse uma morada cômoda, mas agora está maldita pelo pecado do homem. Contudo, Adão mesmo não é amaldiçoado, como o foi a serpente, senão tão só o solo, por amor a ele.

2) Seus esforços e prazeres lhe são amargos. O trabalho é nosso dever e devemos realizá-lo fielmente; é parte da sentença do homem, coisa que a ociosidade desafia atrevidamente. O in-cômodo e o cansaço no trabalho são nosso justo castigo, ao qual devemos submeter-nos com paciência, já que são menos que o merecido por nossa iniqüidade. O alimento do homem se tornará desagradável. Contudo, o homem não é sentenciado a comer pó como a serpente, senão somente a comer a erva do campo.

3) sua vida também é encurtada. Porém, considerando quão cheios de problemas estão seus dias, é um favor que sejam poucos. A morte é espantosa por natureza, apesar de que a

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vida é desagradável, e com isso conclui o castigo. O pecado introduziu a morte no mundo: se Adão não tiver pecado, não teria morrido. Ele cedeu à tentação, mas o Salvador a resistiu. Quão admiravelmente a satisfação de nosso Senhor Jesus, por sua morte e sofrimentos, re-spondeu à sentença ditada contra nossos primeiros pais! Entraram as dores de parta a causa do pecado? Lemos do fruto da aflição da alma de Cristo, (Is 53.11), e as dores da morte que o retiveram são assim chamadas (At 2.24). Entrou para permanecer embaixo do pecado? Cristo nasceu sob a lei (Gl 4.4). Entrou maldição com o pecado? Cristo foi feito maldição por nós, e morreu uma morte maldita (Gl 3.13). Vieram os espinhos com o pecado? Ele foi coroado com espinhos por nós. Chegou a dor com o pecado? Ele suou por nós, e seu suor foi como grandes gotas de sangue. Chegou a dor com o pecado? Ele foi um varão de dores; em sua agonia sua alma esteve sobremodo dolorida. Veio a morte com o pecado? Ele se fez obediente até a morte. Assim, a bandagem é tão grande quanto a ferida. Bendito seja Deus por seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.

Versículos 20-21Deus deu nome ao homem e o chamou Adão, que significa terra vermelha; Adão deu nome

à mulher e a chamou Eva, isto é, vida. Adão leva o nome do corpo mortal, Eva o da ama viva. Provavelmente Adão tenha levado em conta a bênção de um Redentor, a Semente prometida, ao chamar Eva ou vida a sua esposa; pois Ele seria a vida de todos os crentes, e nEle seriam abençoadas todas as famílias da terra.

Veja-se, também, o cuidado de Deus por nossos primeiros pais, as fez agasalhantes e fortes, rústicas e muito simples; não mantos de escarlate, senão túnicas de peles. Tendo comida e abrigo, fiquem contentes; eles estão tão bem como Adão e Eva. Que aqueles que estão final-mente vestidos, aprendam a não fazer das vestimentas seu ornamento.

Supõe-se que as bestas, de cujas peles Deus os vestiu, foram mortas não para comida do homem, senão para sacrifício, para tipificar Cristo, o grande Sacrifício. Adão e Eva se fizeram aventais de folhas de figueira, cobertura demasiado estreita para envolvê-los (Is 28.20). Tais são todos os trapos de nossa justiça própria. Mas Deus lhes fez túnicas de peles, grandes, firmes, duradouras e de sua medida: tal é a justiça de Cristo; portanto, vistam-se do Senhor Je -sus Cristo.

Versículos 22-24Deus expulsou o homem; lhe disse que já não devir ocupar nem desfrutar esse jardim: mas

o homem gostava daquele lugar e não estava disposto a sair, portanto Deus o fez partir. Isto significou a exclusão dele e de toda sua raça culpável da comunhão com Deus, que era a bênção e a glória do paraíso. Porém o homem foi enviado a lavrar o solo do qual fora tomado. Ele foi enviado a um lugar de árduo trabalho, não a um lugar de tormento. Nossos primeiros pais foram excluídos dos privilégios de seu estado de inocência, embora não foram livrados ao desespero.

Foi fechado o caminho a árvore da vida. Daí em diante seria em vão que ele e os seus es-perassem retidão, vida e felicidade pela aliança de obras; porque ao quebrantar o manda-mento dessa aliança, sua maldição cobra plena vigência: somos todos destruídos se somos jul-gados por essa aliança. Deus revelou isto a Adão, não para levá-lo ao desespero, senão para animá-lo a buscar a vida e a felicidade na Semente prometida, por quem se abre ante nós um caminho novo e vivo para o Lugar Santíssimo.

CAPÍTULO 4• Versículos 1-7 O nascimento, trabalho e religião de Caim e Abel • Versículos 8-15 Caim mata a Abel – A maldição de Caim• Versículos 16-18 A conduta de Caim – Sua família• Versículos 19-24 Lameque e suas esposas – A destreza dos descendentes de

Caim• Versículos 25-26 O nascimento de outro filho e neto de Adão

Versículos 1-7Quando nasceu Caim, Eva disse: "Gerei um varão do Senhor". Talvez pensou que era a se-

mente prometida. De ser assim, teve uma amarga desilusão. Abel significa vaidade: quando ela pensou que tinha a semente prometida em Caim, cujo nome significa possessão, ele se ab-sorveu tanto com ele que outro filho era como vaidade para ela.

Note-se que cada filho tinha um chamamento. A vontade de Deus para todos é que cada um tenha algo que fazer neste mundo. Os pais devem criar a seus filhos para que trabalhem. "Lhes dê uma Bíblia e um chamamento", dizia o bom senhor Dod, e Deus seja com eles. Podemos su-por que, depois da queda, Deus mandou a Adão que derramasse o sangue de animais in-10

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ocentes e, uma vez mortos, queimasse parte ou todos os corpos com fogo. Assim foram prefig-urados o castigo que merecem os pecadores, isto é, a morte do corpo e a ira de d., da qual o fogo é um emblema bem conhecido, além dos sofrimentos de Cristo. Observe que a adoração religiosa de Deus não é um invento novo. Foi desde o começo; é o bom caminho antigo (Jr 6.16).

As ofertas de Caim e Abel foram diferentes. Caim demonstrou um orgulhoso coração incré-dulo. Em conseqüência, ele e sua oferta foram rejeitados. Abel chegou em qualidade de pecador e, conforme com o estabelecido por Deus, por meio de seu sacrifício expressava hu-mildade, sinceridade, obediência e fé. Deste modo, ao buscar o benefício da nova aliança de misericórdia, por meio da Semente prometida, seu sacrifício tinha uma expressão que Deus aceitou. Abel ofereceu em fé, mas não Caim (Hb 11.4). Em todas as épocas tem havido duas classes de adoradores, à maneira de Caim e Abel; a saber, os orgulhosos e endurecidos que desprezam o método da salvação do evangelho, que tentam agradar a Deus com métodos de-senhados por eles mesmos; e os crentes humildes que se aproximam dEle pelo caminho que Ele lhes revelou.

Caim entregou-se à ira maligna contra Abel. Albergou um espírito maligno de descontenta-mento e rebelião contra Deus. Deus percebe todas as nossas paixões e desagrados pecaminosos. Não há olhar de raiva, inveja ou de aborrecimento que fuja a seu olho vigilante. O Senhor arrazoou com este homem rebelde; se tomar o caminho certo, seria aceito. Alguns entendem isto como um anúncio de misericórdia. "Se não fizer isto bem, o pecado, isto é, a oferta pelo pecado, está a porta e você pode se beneficiar dela". A mesma palavra significa pecado e sacrifício pelo pecado. "Embora não o tenhas feito bem, não desesperes ainda; o remédio está perto". É dito que Cristo, a grande oferta pelo pecado, está na porta (Ap 3.20). Bem merecem perecer em seus pecados os que não vão à porta a pedir o benefício desta oferta pelo pecado. A aceitação da oferta de Abel por parte de Deus, não mudou o direito de primogenitura fazendo-o seu; então, por que haveria de irritar-se Caim? Os arrebatamentos e inquietudes pecaminosas se esvaecem quando se procura em forma estrita e justa a causa.

Versículos 8-15A maldade do coração termina no assassinato realizado com as mãos. Caim matou Abel, seu

próprio irmão, o filho de sua própria mãe, a quem deveria ter amado; a seu irmão menor, a quem deveria ter protegido; um irmão bom, que nunca tinha feito nada de errado. Que efeitos fatais do pecado de nossos primeiros pais foram estes, e como devem ter-se enchido de angús-tia seus corações! Observe o orgulho, a incredulidade e a soberba de Caim. Nega o crime, como se pudesse ocultá-lo de Deus. Trata de encobrir o homicídio deliberado com uma mentira deliberada. O assassinato é um pecado que clama. O sangue pede sangue, o sangue do assas-sino pelo sangue do assassinado.

Quem conhece o alcance e o peso de uma maldição divina, quão longe chega, quão pro-fundo penetra? Os crentes se salvam dela somente em Cristo, e herdam a bênção. Caim foi amaldiçoado pela terra. Ele achou seu castigo ali onde escolheu sua sorte e depositou seu coração. Toda criatura é para nós o que Deus a fizer, um consolo ou uma cruz, uma bênção ou uma maldição. A maldade do perverso traz maldição a todo o que faz e a todo o que tem.

Caim se queixa, não de seu pecado, senão de seu castigo. Mostra-se grande dureza de coração quando nos preocupam mais nossos sofrimentos que nossos pecados. Deus tem propósitos sábios e santos ao prolongar as vidas até dos piores homens. Vão é inquirir qual foi o sinal colocado sobre Caim. Sem dúvida era conhecido tanto como marca de infâmia sobre Caim, e como sinal de Deus para que não o matassem.

Abel falava ainda estando morto. Fala da odiosa culpa do crime e nos avisa que devemos reprimir os primeiros acessos de ira, e nos ensina que o justo deve esperar perseguição. Tam-bém, que existe um estado futuro e uma recompensa eterna para desfrutar, pela fé em Cristo e em seu sacrifício expiatório. Ele nos fala da excelência da fé no sacrifício e o sangue expi-atório do Cordeiro de Deus. Caim matou a seu irmão porque suas próprias obras eram más, e as de seu irmão, justas (1 João 3.12). Como conseqüência da inimizade colocada entre a Se-mente da mulher e a semente da serpente explodiu a guerra, que se tem livrado continua-mente desde então. Nesta guerra estamos todos comprometidos, ninguém é neutral; nosso Capitão tem declarado que o que não é com Ele, é contra Ele. Apoiemos decididamente, porém com mansidão, a causa da verdade e da justiça contra Satanás.

Versículos 16-18Caim desprezou todo o temor de Deus e não quis ouvir os mandados dEle. Os professantes

hipócritas que fingem e se negam a levar a sério a Deus, são justamente abandonados a sua sorte para que façam algo extremamente escandaloso. Assim, pois, se desprendem daquela forma de santidade para a qual têm sido repreensão e cujo poder negam. Caim saiu da pre-sença do Senhor e nunca encontramos que tenha regressado, para seu consolo. A terra na que

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habitou Caim foi chamada de terra de Node, que significa "estremecimento" ou "tremente", o que, deste modo, mostra a inquietude e incômodo de seu espírito, ou "a terra do vagabundo". Os que se afastam de Deus nunca podem achar repouso em nenhuma outra parte.

Os que na terra buscavam a cidade celestial, optaram por morar em tabernáculos ou ten-das; porém Caim, por não importar-lhe essa cidade, edificou uma na terra. Assim, todos os amaldiçoados por Deus procuram sua estabilidade e satisfação aqui embaixo.

Versículos 19-24Um da perversa raça de Caim é o primeiro que se registra quebrantando a lei do

matrimônio. Até aqui, um homem somente tinha uma esposa por vez; porém Lameque tomou duas.

As únicas coisas sobre as que a perversa gente carnal coloca seu coração são as coisas deste mundo, e são sumamente espertos e diligentes a este respeito. Assim aconteceu com a raça de Caim. Aqui havia um pai de pastores e um pai de músicos, mas não um pai de fiéis. Aqui há um que ensina sobre o bronze e o ferro, mas não há quem ensine o bom conhecimento do Senhor; aqui há recursos para enriquecer-se e para ser poderoso e estarem alegres, porém nada de Deus, de seu temor e seu serviço. As coisas presentes enchem a cabeça da maioria.

Lameque tinha inimigos, aos que havia provocado. Faz uma comparação entre ele mesmo e seu antepassado Caim; e se elogia por ser muito menos criminoso. Parece abusar da paciência de Deus ao dispensar a Caim, tomando isso como um estímulo para ter a expectativa de pecar e de não receber castigo.

Versículos 25-26Nossos primeiros pais foram consolados em sua aflição pelo nascimento de um filho, ao qual

chamaram Sete, isto é, "substituto", "estabelecido" ou "colocado"; em sua semente, a hu-manidade continuaria até o fim dos tempos, e dele desceria o Messias. Enquanto Caim, a cabeça da apostasia, é feito errante, Sete, de quem surgiria a igreja verdadeira, é um estabele-cido. Em Cristo e sua igreja está o único estabelecimento verdadeiro. Sete andou nos passos de seu martirizado irmão Abel; foi partícipe de uma fé igualmente preciosa na justiça de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo e, assim, chegou a ser um novo testemunho da graça e influência de Deus Espírito Santo. Deus concedeu a Adão e Eva que vissem o avivamento religioso de sua família.

Os adoradores de Deus começaram a fazer mais em religião; alguns, por uma profissão franca da verdadeira religião, protestavam contra a maldade do mundo circundante. Quanto pi-ores sejam os outros, melhores devemos ser nós, e mais zelosos. Então começou a distinção entre professantes e profanos, a qual tem continuado desde então e continuará enquanto hou-ver mundo.

CAPÍTULO 5• Versículos 1-5 Adão e Sete• Versículos 6-20 Os patriarcas desde Sete até Enoque• Versículos 21-24 Enoque• Versículos 25-32 Matusalém a Noé

Versículos 1-5Adão foi feito a imagem de Deus; porém, estando caído gerou um filho a sua própria im-

agem, pecador e corrupto, frágil, miserável e mortal, como ele mesmo. Não somente homem como ele mesmo, composto de corpo e alma, senão pecador como ele mesmo. Isto é o con-trário da semelhança divina em que foi feito Adão; tendo-a perdido, não podia transmiti-la a sua semente.

Adão viveu 930 anos em total; e então morreu, conforme com a sentença ditada: "ao pó voltarás".

Embora não morreu no dia em que comeu o fruto proibido, nesse mesmo dia se tornou mor-tal. Então começou a morrer; toda sua vida posterior não foi senão uma execução demorada, uma vida condenada e perdida; foi uma vida moribunda e desolada. A vida do homem não é senão um morrer gradualmente.

Versículos 6-20É dito "e morreu" de cada um destes, exceto de Enoque. Bom é observar a morte dos out-

ros. Todos eles viveram muito; nem um só deles morreu senão até ter quase oitocentos anos, e alguns viveram muito mais que isso; um tempo muito longo para que uma alma imortal esteja prisioneira numa vivenda de barro. Seguramente a vida presente não era para eles tanta carga como o é comumente agora, de outro jeito teriam-se cansado dela. Tampouco a vida futura 12

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teria sido então tão claramente revelada como agora, sob o evangelho, do contrário teriam es-tado urgidos a sair dela. Todos os patriarcas que viveram antes do dilúvio, salvo Noé, nasce-ram antes que morresse Adão. Dele devem ter recebido um relato total da criação, a queda, a promessa e os preceitos divinos sobre a adoração e a vida religiosa. Assim, Deus manteve em sua igreja o conhecimento de sua vontade.

Versículos 21-24Enoque foi o sétimo contando desde Adão. A piedade é caminhar com Deus; o qual mostra a

reconciliação com Deus, pois dois não podem andar juntos se não estiverem de acordo (Am 3.3). Inclui todas as partes de uma vida reta, santa e sóbria. Caminhar com Deus é ter a Deus sempre diante de nós, agir como estando sempre sob seu olhar. É preocupar-se constante-mente de agradar a Deus em todas as coisas e não ofendê-lo em nenhuma. É ser seguidores dEle como filhos amados. O Espírito Santo diz que andou Enoque com Deus, em lugar de dizer viveu Enoque (com Deus). Esta foi sua preocupação e trabalho constante; enquanto os outros viviam para si mesmos e o mundo, ele viveu para Deus. Era o gozo de sua vida.

Enoque foi levado a um mundo melhor. Como ele não viveu como o resto da humanidade, ele não saiu do mundo pela morte, como o resto. Não foi achado porque Deus o transpôs (Hb 11.5). Ele tinha vivido somente 365 anos que, segundo a idade dos homens daquele então, era somente a metade da vida deles. Freqüentemente Deus se leva mais pronto aos quais Ele ama; o tempo perdido na terra ganham-no no céu, inefável vantagem para eles. Veja como se expressa a transposição de Enoque: desapareceu porque Deus o levou.

Já não esteve mais neste mundo; foi transformado, como o serão todos os santos que es-tiverem vivos na segunda vinda de Cristo.

Os que começam a caminhar com Deus quando são novos têm a esperança de caminhar com Ele longa, cômoda e obsequiosamente. A marcha constante na santidade do cristão ver-dadeiro, durante muitos anos, até que Deus o levar, é a melhor recomendação para a religião a qual muitos se opõem e contra a qual muitos abusam. Caminhar com Deus concorda bem com as preocupações, consolos e deveres da vida.

Versículos 25-32Matusalém significa "quando ele morrer, virá como um dardo", ou "um envio", a saber, o

dilúvio que chegou no ano em que morreu Matusalém. Viveu 969 anos, a vida mais longa de um homem sobre a terra; porém ainda o que viver mais, deverá morrer afinal.

Noé significa descanso; seus pais lhe deram este nome com a perspectiva de que ele fosse uma grande bênção para sua geração. Observe a queixa de seu pai acerca do estado calami-toso da vida humana, devido à entrada do pecado e à maldição pelo pecado. Toda a nossa vida se gasta em trabalhar e nosso tempo se enche com esforço contínuo. Por ter amaldiçoado Deus a terra, o mais que agonias podem fazer, com o maior cuidado e aflições, é obter uma dura manutenção dela. Lameque esperava alívio pelo nascimento deste filho: "Este nos aliviará de nossas obras". Isso significa não só o desejo e a expectativa que geralmente têm os pais no que diz respeito a seus filhos, de que eles sejam consolo e ajuda para eles, embora amiúde re-sultem ser o contrário; senão que também significa uma perspectiva de algo a mais. Cristo é nosso? O céu é nosso? Em nosso afã e aflição necessitamos melhores consoladores que as mais caras relações e a mais prometedora descendência; podemos buscar e achar consolo em Cristo.

CAPÍTULO 6• Versículos 1-7 A maldade do mundo que provocou a ira de Deus • Versículos 8-11 Noé acha graça• Versículos 12-21 Anúncio do dilúvio a Noé – Instruções sobre a arca• Versículo 22 Fé e obediência de Noé

Versículos 1-7A coisa mais notável acerca do mundo antigo é sua destruição pelo dilúvio. Nos é falado da

abundante iniqüidade desse mundo mau: a justa ira de Deus e sua santa resolução de castigá-lo. Em todas as épocas tem havido uma maldição específica de Deus para o matrimônio entre um professante da verdadeira religião e seus inimigos declarados. O mau exemplo do cônjuge ímpio corrompe ou fere muito o outro. Acaba-se a religião da família e as crianças são edu-cadas conforme às máximas mundanas do progenitor que não tem temor de Deus. Se profes-sarmos ser filhos ou filhas de Senhor Todo Poderoso, não devemos casar sem seu consenti-mento. Ele não nos sua bênção; se preferimos a beleza, a inteligente, a riqueza ou as honras mundanas à fé e a santidade.

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O Espírito de Deus contendeu com os homens enviando a Enoque, Noé e talvez a outros, para que lhes predicassem; esperava mostrar sua graça apesar de suas rebeliões, despertando temor e convicção em suas crenças. Porém o Senhor declarou que seu Espírito não sempre contenderia assim com os homens; Ele os deixaria endurecer-se no pecado e amadurecer para a destruição. Isto foi determinado por Ele porque o homem era carne: não só frágil e débil, senão carnal e depravado, tendo usado mal os poderes nobres de sua alma para satisfazer suas inclinações corruptas.

Deus vê toda a maldade que há entre os filhos dos homens; não a podem ocultar dEle agora; e se não se arrependem dela, será dada a conhecer por Ele daqui a pouco. Sem dúvida a maldade de um povo é grande quando os pecadores notórios são homens célebres entre eles. Muitíssimo pecado era cometido por toda classe de pessoas. Qualquer podia ver que a maldade do homem era grande: mas Deus viu que toda imaginação ou propósito dos pensa-mentos do coração do homem era de contínuo somente o mal. Isto era a raiz amarga, a fonte corrupta. O coração era enganoso e perverso; os princípios eram corruptos, os hábitos e as dis-posições, más. Suas intenções e planos eram malvados. Eles faziam o mal deliberadamente, e se esforçavam para cometer atrocidades. Não havia bem entre eles. Deus viu a maldade do homem como quem é ferido e maltratado por ela. A viu como um pai tenro vê a tolice e a por-fia de um filho rebelde e desobediente, coisa que o aflige e o faz desejar não haver tido filhos. As palavras usadas aqui são muito notáveis; as usa segundo o entendimento dos homens e não significam que Deus possa mudar ou sentir-se infeliz. Deus odeia assim nosso pecado? e nós, não deveríamos afligir-nos por isso? Oh, que possamos olhar para Aquele a quem temos afligido, e lamentar!

Deus se arrependeu de ter feito o homem; porém nunca o encontramos arrependido de ter redimido o homem. Deus resolve destruir o homem: a palavra original é muito impressionante, "rasparei da face da terra os homens", como se varre o pó ou a sujeira de um lugar que deve estar limpo e se lança num monte de lixo, o lugar apropriado para isso. Deus fala do homem como de sua própria criatura, quando resolve seu castigo. Perdem sua vida os que não respon-dem ao propósito de suas vidas. Deus tomou esta decisão sobre os homens depois que seu Es-pírito havia contendido por muito tempo com eles, mas em vão. Ninguém é castigado pela justiça de Deus, senão aqueles que detestam ser reformados pela graça de Deus.

Versículos 8-11Noé não achou favor ante os olhos dos homens; eles o odiaram e perseguiram porque por

sua vida e predicação ele condenava o mundo: mas achou graça ante os olhos do Senhor e isso o fez verdadeiramente mais honorável que os homens de renome. Que este seja nosso de-sejo principal, esforcemo-nos para que possamos ser aceitos por Ele. Quando o resto do mundo era mau, Noé manteve sua integridade. A boa vontade de Deus para com Noé produziu esta boa obra nele. Ele era justo, isto é, um homem justificado ante Deus pela fé na Semente prometida. Como tal, foi feito santo e teve princípios justos. E foi justo em sua conduta. Não só foi honesto senão devotado; seu afã constante era fazer a vontade de Deus. Deus olha com fa-vor aos que atentam sinceramente a Ele com os olhos da fé. Fácil é ser religioso quando a re-ligião está de moda; porém demonstra fé e resolução firme nadar contra a correnteza e estar por Deus quando mais ninguém está por Ele; Noé agiu assim.

Toda classe de pecados se achavam entre os homens. Eles corromperam a adoração de Deus. O pecado enche a terra com violência e isto justificava plenamente a decisão de Deus de destruir o mundo. O contágio se espalha. Quando a maldade se torna geral, a ruína não está longe; enquanto em uma nação exista um remanescente de gente que ora, esvaziando assim a medida antes que se encha, os juízos podem ser aprazados; porém, quando todas as mãos es-tão ocupadas em destruir as cercas, pelo pecado, e ninguém se coloca na brecha para repará-la, que pode esperar-se senão um dilúvio de ira?

Versículos 12-21Deus contou a Noé seu propósito de destruir o mundo malvado com água. A comunhão ín-

tima do Senhor é com os que o temem (Sl 25.14). Está com os crentes, capacitando-os para entender e aplicar as declarações e advertências da palavra escrita. Deus optou por fazê-lo com inundação das águas que alagariam o mundo. Ao escolher a vara com que corrige a seus filhos, Ele escolhe a espada com que corta seus inimigos.

Deus estabeleceu sua aliança com Noé. Este é o primeiro lugar da Bíblia em que se encontra a palavra "aliança" ou "pacto"; parece significar:

1) O acordo de providência; que o curso da natureza continuará até o final do tempo.2) A aliança de graça em que Deus será o Deus de Noé, e que de sua semente Deus tomaria

um povo para sim.Deus deu ordens a Noé para que fizesse uma arca. Esta arca era como o casco de um navio,

adequado para flutuar sobre as águas. Era muito grande, a metade do tamanho da catedral de 14

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são Paulo (Londres, Inglaterra). E poderia conter mais de dezoito das maiores naves usadas em nosso tempo. Deus teria podido salvar a Noé se fazê-lo passar por trabalhos, dores e proble-mas, porém o empregou para construir o que seria o meio de preservá-lo, para prova de sua fé e obediência. A providência e a graça de Deus possuem e coroam ao obediente e diligente. Deus deu ordens específicas a Noé acerca de como fazer a arca, que, portanto, não podiam senão ser perfeitas para seu propósito.

Deus prometeu a Noé que ele e sua família seriam mantidos vivos na arca. Provavelmente nós e nossas famílias tenhamos o benefício do que fazemos por obediência a Deus. A piedade dos pais dá bem a seus filhos nesta vida e os encaminha pela senda da vida eterna, se eles melhoram.

Versículo 22A fé de Noé triunfou sobre tosos os arrazoamentos corruptos. Armar um edifício tão grande,

como nunca tinha sido visto, e proporcionar comida para as criaturas vivas, requereria dele muita dedicação, trabalho e custos. Seus vizinhos zombariam dele. Todavia, todas essas ob-jeções superou Noé pela fé; assim fez ele e assim devemos fazer nós.

Teve temor do dilúvio e, portanto, preparou a arca. Na advertência dada a Noé há uma ad-vertência ainda mais solene dada a nós: fugir da ira vindoura que raspará o mundo dos incré-dulos, lançando-os no abismo da destruição. Cristo, o verdadeiro Noé, que nos consolará pes-soalmente, já preparou a arca por seus sofrimentos e bondosamente nos convida a entrar pela fé. Enquanto durar o dia de sua paciência, ouçamos e obedeçamos sua voz.

CAPÍTULO 7• Versículos 1-12 Noé, sua família e as criaturas vivas entram na arca e

começa o dilúvio• Versículos 13-16 Noé encerra-se na arca• Versículos 17-20 O desenvolvimento do dilúvio durante quarenta dias• Versículos 21-24 Toda carne destruída pelo dilúvio

Versículos 1-12O chamamento a Noé é muito bondoso, como o de um pai doce a seus filhos para que en-

trem em casa quando vê que se aproxima a noite ou uma tormenta. Noé não entrou na arca até que Deus o ordenou, embora sabia que seria seu lugar de refúgio. É muito consolador ver que Deus vai adiante de nós em cada passo que damos. Noé passou muito trabalho para con-struir a arca e, agora, ele mesmo se conservaria vivo nela. O que fazemos em obediência ao mandamento de Deus, e com fé, certamente nos trará consolo, cedo ou tarde. O chamamento a Noé nos faz lembrar do chamado que faz o Evangelho aos pobres pecadores. Cristo é uma arca e somente nEle podemos estar a salvo quando cheguem a morte e o juízo. A palavra diz "Vem"; os ministros dizem "Vem"; o Espírito diz "Vem, entra na Arca".

Noé foi considerado justo, não por sua justiça própria, senão como herdeiro da justiça que é pela fé (Hb 11.7). Ele acreditou na revelação de um Salvador, e buscou e esperou a salvação somente através dEle. Assim foi justificado pela fé e recebeu esse Espírito cujo fruto é em toda bondade; porém, se algum homem não tem o Espírito de Cristo, não é dos seus.

Depois de cento e vinte anos, Deus deu um espaço de sete dias a mais para o arrependi-mento. Mas estes sete dias foram desperdiçados, como todo o resto. Serão tão somente sete dias. Tinham somente uma semana a mais, um dia de descanso a mais para melhorar e consid-erar as coisas que correspondem a sua paz. Mas é comum que os que têm sido descuidados com suas almas durante os anos de sua saúde, sejam igualmente negligentes durante esses poucos dias de sua doença, nos que se vislumbra a morte na distância, em que se vê aproxi-mar-se a morte, estando endurecidos seus corações pelo engano do pecado. Como Noé preparou a arca pela fé na advertência dada de que viria o dilúvio, assim entrou nela, por fé na advertência de que aconteceria logo. E no dia em que Noé esteve seguro, dentro da arca, se romperam as frontes do grande abismo. A terra tinha em si essas águas que, à ordem de Deus, brotaram e a alagaram; assim, nossos corpos têm em si mesmos esses humores que, quando Deus se apraz, tornam-se semente e fonte de doenças mortais.

As janelas do céu foram abertas e as águas que estavam o acima do firmamento, isto é, na atmosfera, foram derramadas sobre a terra. A chuva cai em gotas; porém então caíram chu-varadas tão grandes como nunca tinha havido antes, nem depois. Choveu sem parar nem abrir o céu por quarenta dias com suas quarenta noites, sobre toda a terra de uma só vez. Assim como houve um exercício especial da onipotência de Deus ao causar o dilúvio, seria vão e pre-sunçoso tratar de explicar por meio da sabedoria humana o método que usou.

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Versículos 13-16As criaturas vorazes foram feitas mansas e manejáveis; contudo, quando a circunstância

terminou, foram as mesmas de antes, pois a arca não modificou sua natureza. Os hipócritas da igreja se conformam exteriormente com as leis dessa arca, continuam sem mudar e, antes ou depois, mostrarão de que classe são. Deus continuou cuidando de Noé. Deus fechou a porta para assegurá-lo e mantê-lo a salvo na arca; também deixou fora para sempre a todos os out-ros. Em que forma foi feito isto, é algo que não aprouve a Deus dar a conhecer.

Há muito a ver de nossos deveres e privilégios no evangelho na certeza de Noé na arca. O apóstolo o faz tipo do batismo cristão (1 Pe 3.20-21). Observe-se, então, que é nosso grande dever, em obediência ao chamado do evangelho, mediante uma fé viva em Cristo, ir pelo cam-inho e salvação que Deus tem provido para os pobres pecadores. Os que entram na arca de-vem trazer a quantos possam com eles, mediante boas instruções, convencendo-os e através de um bom exemplo. Deus colocou a Adão no paraíso, porém não fechou a porta; depois, ele mesmo o expulsou; mas quando Deus coloca a Noé na arca, e quando leva uma alma a Cristo, a salvação é segura: não é segurança nossa, senão da mão do Mediador. Todavia, a porta da misericórdia logo será fechada para aqueles que agora a tomam levianamente. Chame agora, e lhe será aberto (Lc 13.25).

Versículos 17-20O dilúvio foi crescendo durante quarenta dias. As águas subiram tão alto que os cumes dos

montes mais elevados foram cobertos por mais de vinte pés (pouco mais de 6m). Na terra não há um lugar tão elevado que coloque os homens fora do alcance dos juízos de Deus. A mão de Deus alcançará a todos seus inimigos (Sl 21.8). Quando cresceu o dilúvio, a arca de Noé foi lev-antada e as águas, que rompiam todo o resto, sustentaram-na. Isso que para os incrédulos é sinal de morte para a morte, para os fiéis é sinal de vida para a vida.

Versículos 21-24Morreram todos os homens, mulheres e crianças que havia no mundo, exceto os que es-

tavam na arca. Podemos imaginar facilmente o terror que os embargou. Nosso Salvador nos diz que até o mesmo dia em que chegou o dilúvio, eles estavam comendo e bebendo (Lc 17.26-27). Eles se convenceram de sua idiotice quando já era demasiado tarde. Podemos supor que tentaram todos os médios possíveis para salvar-se, mas todo foi em vão.

Os que não se encontram em Cristo, a Arca, certamente serão destruídos, destruídos para sempre.

Façamos uma pausa e consideremos este tremendo juízo! Que pode prevalecer diante do Senhor quando Ele está irado? O pecado dos pecadores será sua ruína, cedo ou tarde, se não se arrependem. O Deus justo sabe levar a ruína ao mundo dos ímpios (2 Pe 3.5). Que terrível será o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios! Felizes os que são parte da família de Cristo e que como tais estão a salvo com Ele; eles podem esperar sem desmaio e regozijar-se de que triunfarão quando o fogo queimar a terra e todo o que nela há. Podemos supor algumas distinções favoráveis em nosso próprio caráter, porém, se descuidarmos, rejeitarmos ou abusarmos da salvação de Cristo, apesar das imaginadas vantagens, seremos destruídos na ruína comum de um mundo incrédulo.

CAPÍTULO 8• Versículos 1-3 Deus se lembra de Noé e seca as águas• Versículos 4-12 A arca descansa sobre o Ararate – Noé manda um corvo e

uma pomba• Versículos 13-19 Noé sai da arca, tendo sido ordenado que assim fizesse• Versículos 20-22 Noé oferece um sacrifício – Deus promete não amaldiçoar

mais a terra

Versículos 1-3Toda a raça da humanidade, salvo Noé e sua família, estavam agora mortos, de modo que o

lembrar-se Deus de Noé foi o retorno de Sua misericórdia à humanidade, a qual não tinha ex-terminado por completo. As exigências da justiça divina tinham sido respondidas pela ruína dos pecadores. Deus enviou o vento para secar a terra e selou suas águas. A mesma mão que traz a desolação deve trazer a liberação; portanto, devemos olhar sempre essa mão. Quando as aflições têm feito a obra para a qual foram enviadas, seja obra que mata ou que cura, serão tiradas. Como a terra não foi alagada num dia, também não secou em um dia. Deus costuma liberar gradualmente seu povo para que não seja desprezado o dia das coisas pequenas, nem haja desconsolo pelo dia das grandes coisas. 16

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Versículos 4-1A arca descansou sobre uma montanha, para onde foi dirigida pela sábia e bondosa

providência de Deus, para que pudesse descansar mais cedo. Deus tem tempos e lugares de repouso para seu povo depois de ter sido chacoalhado; e muitas vezes Ele faz provisão para que se estabeleça cômoda e oportunamente, sem os estratagemas próprios deles, e completa-mente além do que eles poderiam prever.

Deus tinha dito a Noé quando viria o dilúvio, embora não lhe deu uma revelação detalhada dos tempos e passos pelos quais terminaria. O conhecimento do anterior era necessário para a preparação da arca, porém o conhecimento do último teria servido somente para satisfazer a curiosidade; o ocultá-lo exercitaria sua fé e paciência.

Noé enviou um corvo da arca, que continuou voando e comendo dos cadáveres que flutu-avam. Depois, Noé enviou uma pomba que tornou, a primeira vez, sem boa notícia; mas a se-gunda vez trouxe em seu pico uma folha que arrancara de uma oliveira, mostrando simples-mente que as árvores, as frutíferas, começavam a aparecer sobre as águas. A segunda vez Noé enviou a pomba sete dias após da primeira; e a terceira vez foi também sete dias depois; provavelmente no dia do repouso. Tendo guardado o dia de descanso com sua pequena igreja, ele esperava uma bênção especial do céu, e perguntou por ela. A pomba é um emblema de uma alma bondosa que, não achando paz ou satisfação firmes neste mundo alagado e cor-rupto, regressa a Cristo como a sua arca, como a seu Noé, seu repouso. O coração carnal, como o corvo, se vira com o mundo e come da carniça que ali encontra; porém, volta a meu re-pouso, oh alma minha, a teu Noé, assim diz a palavra (Sl 116.7). Como Noé tirou sua mão, to-mou a pomba e a atraiu a ele, ao interior da arca, assim Cristo salvará, ajudará e acolherá os que fogem a Ele em busca de repouso.

Versículos 13-19Deus consulta nosso benefício mais que nossos desejos; Ele sabe o que é bom para nós mel-

hor que nós mesmos, e por quanto tempo a mais é conveniente que continuem nossas re-strições e sejam demoradas as misericórdias aneladas. Nós sairíamos da arca antes do solo es-tar seco; e, quiçá, se a porta estiver fechada, estaríamos dispostos a tirar a tampa e trepar de alguma forma; porém o tempo de Deus mostrar misericórdia é o melhor tempo. Como Noé re-cebeu a ordem de entrar na arca assim, por aborrecido que tenha sido seu confinamento, Ele esperaria de novo uma ordem para sair. Nós devemos reconhecer a Deus em todos os nossos caminhos e colocá-lo diante de nós em todos nossos movimentos. Somente vão sob a proteção de Deus os que seguem as instruções de Deus e se submetem a Ele.

Versículos 20-22Noé agora ia sair a um mundo desolado onde, alguém poderia pensar, sua primeira preocu-

pação deveria ser edificar uma casa para ele, mas começa com um altar para Deus. Começa bem quem começa com Deus. Embora o gado de Noé era pouco e salvo com grande cuidado e trabalho, ele não se queixou para servir com isso a Deus. Servir a Deus com o pouco que temos é a forma de fazê-lo crescer; nunca devemos pensar que é desperdiço aquilo com que honramos a Deus. A primeira coisa feita no novo mundo foi um ato de adoração. Agora deve-mos expressar nosso agradecimento, não com holocaustos, senão com louvor, devoções e con-versações piedosas. Sem sentiu-se bem agradado com o que foi feito. A carne queimada não pode agradar mais a Deus que o sangue de touros ou bodes, salvo como tipo do sacrifício de Cristo e como expressão da fé e a consagração humilde de Noé a Deus.

O dilúvio eliminou a raça dos homens maus, mas não eliminou o pecado da natureza do homem, que sendo concebido e nascido em pecado, pensa, imagina e ama a maldade, ainda desde a juventude, e tanto antes como depois do dilúvio. Porém Deus por graça declarou que nunca inundaria o mundo de novo. Enquanto permanecer a terra, e o homem nela, haverá verão e inverno. É claro que esta terra não vai permanecer para sempre. Em breve deve ser queimada junto com todas as obras dela; e veremos novos céus e uma nova terra, quando to-das estas coisas sejam desfeitas. Mas na medida em que permaneçam, a providência de Deus fará que o curso dos tempos e das estações prossiga e cada uma tenha seu lugar. E baseados nesta palavra, confiamos em que assim seja. Vemos que se cumprem as promessas de Deus às criaturas e podemos inferir que da mesma forma serão cumpridas suas promessas a todos os crentes.

CAPÍTULO 9• Versículos 1-3 Deus abençoa Noé e lhe concede a carne como alimento• Versículos 4-7 Proibição do derramamento de sangue e do homicídio• Versículos 8-17 A aliança de Deus e o arco-íris• Versículos 18-23 Noé planta um vinhedo – Fica bêbado e é escarnecido por

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Cão • Versículos 24-29 Noé amaldiçoa Canaã, abençoa sem, ora por Jafé – Sua

morte

Versículos 1-3A bênção de Deus é a causa de nosso bem-estar. Dependemos dEle, devemos estar agrade-

cidos a Ele. Não esqueçamos a vantagem e o prazer que temos do trabalho das bestas, e o que sua carne subministra. Tampouco devemos ser menos agradecidos pela seguridade de que desfrutamos em quanto as bestas selvagens e daninhas, pelo temor do homem que Deus tem colocado no profundo delas. Vemos o cumprimento desta promessa todos os dias e em todas partes. Este obséquio dos animais para comida garante plenamente o uso deles, mas não o abuso por glutonaria, e menos por crueldade. Não devemos causar dor desnecessária en-quanto vivam, nem quando lhes tiramos a vida.

Versículos 4-7A razão principal de proibir comer o sangue, sem dúvida, deveu-se a que o derramamento

de sangue nos sacrifícios tinha por objeto que os adoradores tivessem seu pensamento colo-cado na grande expiação; embora também parece ter o propósito de controlar a crueldade, para que os homens, costumando-se a derramar o sangue dos animais e alimentar-se dele, vi-rassem insensíveis frente a isso e os afetasse em pouco a idéia de derramar sangue humano.

O homem não deve tomar sua própria vida. Nossa vida é de Deus e devemos dá-la somente quando a Ele aprouver. Se precipitarmos de alguma forma nossa própria morte, deveremos re-sponder a Deus por isso.

Quando Deus pede a um homem que responda por uma vida que tirou injustamente, o homicida não pode responder e, portanto, deve entregar a própria vida em troca. Em um ou em outro momento, neste mundo ou no vindouro, Deus descobrirá os crimes e castigará aque-les homicídios cujo castigo ficou fora do alcance do poder do homem. Porém há os que são ministros de Deus para proteger o inocente, para infundir temor nos malfeitores, e que não de-vem esgrimir em vão a espada (Rm 13.4). O homicídio deliberado deve ser sempre punido com a morte. A esta lei se agrega uma razão. Ainda há remanescentes da imagem de Deus no homem caído, de modo que quem matar injustamente a um homem, desfigura a imagem de Deus e o desonra.

Versículos 8-17Como o mundo antigo foi destruído para ser um monumento de justiça, assim este mundo

permanece até agora como um monumento de misericórdia. Mas o pecado, que afogou o mundo antigo, queimará este. Entre os homens se selam acordos, para que o prometido possa ser mais solene e para fazer que o pactuado seja mais seguro para mútua satisfação. Esta aliança foi selada com o arco-íris que, provavelmente, tenha sido visto antes nas nuvens, mas nunca como sinal da aliança, até então. O arco-íris aparece quando há maior razão para temer que a chuva prevaleça; então Deus mostra este selo da promessa, de que não prevalecerá. Quanto mais densa a nuvem, mais brilhante o arco nela. Assim, como abundam as aflições ameaçadoras, abundam muito mais os consolos alentadores. O arco-íris é o reflexo dos raios do sol que brilham sobre ou através das gotas da chuva: toda a glória dos selos da aliança deriva de Cristo, o Sol de Justiça. E Ele derramará glória sobre as lágrimas de seus santos. Um arco fala de terror, mas está dirigido para acima, não para a terra; pois os selos da aliança têm a intenção de consolar, não de aterrar. Como Deus olha o arco para lembrar esta aliança, as-sim nós devemos ter presente a aliança com fé e gratidão. Sem revelação não poderia ser con-hecida esta bondosa seguridade; e sem fé não seria útil para nós; e assim é no que diz respeito aos perigos ainda maiores a que todos estão expostos, e em quanto à nova aliança com suas bênçãos.

Versículos 18-23A embriaguez de Noé está registrada na Bíblia, com essa transparência que somente se en-

contra na Escritura, como caso e prova da fraqueza e imperfeição humana, embora tenha sido tomado por surpresa pelo pecado, e para mostrar que o melhor dos homens não pode per-manecer em pé se não depender da graça divina e é sustentado por ela. Cão parece ter sido um homem malvado e, provavelmente, se alegrou de encontrar seu pai numa situação im-própria. De Noé se diz que era perfeito em suas gerações (capítulo 6.9); mas isto se refere à sinceridade, não à perfeição sem pecado. Noé, que se manteve sóbrio em companhia de bêba-dos, agora está bêbado em companhia de sóbrios. O que pense estar firme, olhe que não caia. Devemos pôr muito cuidado quando usamos abundantemente as boas coisas criadas por Deus, para não usá-las em excesso (Lc 21.34).18

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A conseqüência do pecado de Noé foi a vergonha. Observe-se aqui o grande mal do pecado na embriaguez. Descobre aos homens; quando estão ébrios delatam os males que têm e, en-tão, deixam escapar facilmente os secretos. Os porteiros bêbados mantêm as portas abertas. Traz desgraça aos homens e os expõe ao desprezo. Na medida em que os delata, os enver-gonha. Quando estão embriagados, os homens dizem e fazem coisas que, estando sóbrios, os fariam corar só de pensá-lo. Atentem para o cuidado que põem Sem e Jafé para cobrir a ver-gonha de seu pai. Há um manto de amor que se pode lançar sobre as faltas de todos (1 Pe 4.8). Além disso, há um manto de reverência que se pode colocar sobre as faltas dos pais e de outros superiores. A bênção de Deus espera aos que honram a seus pais, e sua maldição se acende especialmente contra os que os desonram.

Versículos 24-29Noé pronuncia uma maldição sobre Canaã, o filho de Cão; talvez este neto seu fosse mais

culpável que os outros. Ainda entre seus irmãos seria um escravo de servos, isto é, o menor e mais desprezível dos servos. Isto certamente aponta às vitórias obtidas por Israel em épocas posteriores, sobre os cananeus, nas quais foram passados a espada ou levados cativos para pagarem tributo. Todo o continente da África estava povoado principalmente pelos descen-dentes de Cão; que por quantas épocas tem estado as melhores partes desse território sob o domínio dos romanos, depois dos sarracenos, e agora, dos turcos! Em meio e quanta maldade, ignorância, barbárie, escravidão e miséria vive a maioria de seus habitantes! E dos pobres ne-gros, quantos são vendidos e comprados anualmente como bestas no mercado e levados de um a outro canto do mundo a realizar o trabalho das bestas! Porém, isto de jeito nenhum é es -cusa para a cobiça e a barbárie dos que se enriquecem com o produto do suor e o sangue de-les. Deus não nos mandou escravizar os negros e, sem dúvida, castigará severamente todas estas cruéis ruindades. O cumprimento desta profecia, que contém quase a história do mundo, libera Noé da suspeita de tê-la pronunciado por raiva pessoal. Prova plenamente que o Espírito Santo usou como ocasião a ofensa de Cão para revelar seus propósitos secretos.

"Bendito seja o Senhor Deus de Sem". A igreja seria edificada e continuaria na posteridade de Sem; dele vieram os judeus, que foram, durante longo tempo, o único povo professante que teve Deus no mundo. Cristo, que era Jeová Deus, em sua natureza humana descenderia de Sem; pois dele, no que concerne a carne, veio Cristo. Noé também abençoa a Jafé, e nele as il-has dos gentios que foram povoadas por sua semente. Fala da conversão dos gentios e a en-trada deles na igreja. Podemos lê-lo "Engrandeça Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem". Judeus e gentios serão unidos no aprisco do Evangelho; ambos serão um em Cristo. Noé viveu para ver dois mundos; porém, sendo herdeiro da justiça que é pela fé, agora repousa em es-perança, para ver um mundo melhor que esses dois.

CAPÍTULO 10• Versículos 1-7 Os filhos de Noé, de Jafé, de Cão • Versículos 8-14 Ninrode, o primeiro monarca• Versículos 15-32 Os descendentes de Canaã – Os filhos de Sem

Versículos 1-7Este capítulo fala dos três filhos de Noé, que destes se espalharam as nações na terra. Nen-

huma nação, exceto os judeus, pode estar segura de qual destes setenta descende. Por amor ao Messias, somente os judeus conservaram a lista de nomes de pais e filhos. Porém, muitos homens doutos têm mostrado, com alguma probabilidade, quais nações da terra descenderam de cada um dos filhos de Noé. À posteridade de Jafé foram atribuídas as ilhas dos gentios; provavelmente, a ilha da Bretanha entre as outras. Todos os lugares de ultramar além da Judéia são chamados de ilhas (Jr 25.22) 1. Essa promessa (Is 42.4), "e as ilhas aguardarão a sua lei", fala da conversão dos gentios à fé de Cristo.

Versículos 8-14Ninrode foi um grande homem em sua época; ele começou a ser poderoso na terra. Os ante-

riores a ele se contentavam com estar a mesmo nível que o próximo e, embora cada homem reinasse em sua própria casa, nenhum homem pretendia ser mais. Ninrode estava decido a apoderar-se de seus vizinhos. O espírito dos gigantes de antes do dilúvio, que chegaram a ser homens poderosos e homens de renome (Gn 6.4), reviveu nele.

Ninrode foi vigoroso caçador. Naquele então, caçar era o método de impedir o aumento per-nicioso das bestas selvagens. Isto requeria de muito valor e destreza e assim deu a Ninrode 1 Ou "beiras" [costas] segundo a versão Reina-Valera de 1960. (Nota do Original).Nas versões portuguesas, na ACF se utiliza a palavra "ilhas", em quanto na PJFA aparece a palavra "terras", e na NVI figura: "das ilhas e das terras" (N. Da T.).

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uma oportunidade para mandar nos outros e, paulatinamente, reuniu uma quantidade de homens sob sua chefia. Provavelmente desde tal começo Ninrode começou a governar e a obrigar os outros inocentes; propondo-se fazer todo seu pela força e a violência. Executou suas opressões e a violência, desafiando o próprio Deus. Ninrode foi um grande rei. De uma ou de outra forma, pela razão ou pela força, obteve poder e, assim, fundou uma monarquia que foi o terror do forte e com boas probabilidades de governar todo o mundo. Observe-se em Ninrode a natureza da ambição. Não tem limites; o muito quer ter mais, e ainda clama: dá-me, dá-me. É incansável; Ninrode, quando teve quatro cidades sob seu mando, não pôde contentar-se até não ter quatro mais. É cara; Ninrode preferia encarregar-se de levantar cidades se não tinha a honra de governá-las. É atrevida, e não se deterá ante nada. O nome de Ninrode significa rebe-lião; os tiranos entre os homens são rebeldes ante Deus. Vêm dias em que os conquistadores não serão mais enaltecidos, como nas histórias parciais do homem; antes levarão o selo da in-fâmia, como nos registros imparciais da Bíblia.

Versículos 15-32A posteridade de Canaã foi numerosa, rica e gratamente estabelecida; contudo, Canaã es-

tava sob uma maldição divina, e não uma maldição sem causa. Os que estão submetidos à maldição de Deus podem, talvez, florescer e prosperar neste mundo; porque nós não podemos conhecer o amor ou o ódio, a desobediência ou a maldição pelo que está diante de nós, senão pelo que está dentro de nós. A maldição de Deus sempre opera realmente e sempre é terrível. Talvez seja uma maldição secreta, uma maldição para a alma e não opera de modo que os out-ros possam vê-la; ou é uma maldição lenta e não opera logo; porém os pecadores estão reser -vados por ela para o dia da ira. Canaã tem aqui uma terra melhor que Sem ou Jafé e, contudo, eles têm melhor sorte pois herdam a bênção.

Abraão e sua semente, o povo da aliança de Deus, desceram de Éber, e por ele foram chamados hebreus. Quanto melhor é ser como Éber, o pai de uma família de homens santos e honestos, que ser o pai de uma família de caçadores de poder, de riquezas mundanas ou de vaidades. A bondade é a verdadeira grandeza.

CAPÍTULO 11• Versículos 1-4 Uma linguagem no mundo – A construção de Babel• Versículos 5-9 A confusão das línguas – Dispersão dos construtores de

Babel• Versículos 10-26 Os descendentes de Sem• Versículos 27-32 Taré, o pai de Abrão, avô de Ló – Viagem a Harã

Versículos 1-4Com quanta prontidão se esquecem os homens dos juízos mais graves e voltam a seus

crimes anteriores! Embora a devastação do dilúvio estava diante de seus olhos, embora surgi-ram da semente do justo Noé, ainda durante sua vida, a maldade aumenta em forma exces-siva. Nada senão a graça santificadora do Espírito Santo pode tirar a luxúria pecaminosa da vontade humana e a depravação do coração do homem.

O propósito de Deus era que a humanidade formasse muitas nações e povoasse toda a terra. Desprezando a vontade divina e contrariando o conselho de Noé, o grosso da hu-manidade se uniu para edificar uma cidade e uma torre que lhes impedisse serem separados. Começou a idolatria e Babel chegou a ser uma de suas principais sedes. Eles se fizeram mutua-mente mais ousados e resolutos. Aprendamos a estimular-nos mutuamente no amor e nas boas obras, assim como os pecadores se incitam e alentam uns a outros nas más obras.

Versículos 5-9Eis aqui uma expressão à maneira dos homens: "Desceu Jeová para ver a cidade". Deus é

justo e bom em todo o que faz contra o pecado e os pecadores e não condena a ninguém sem ouvi-lo. O pio Éber não se encontra neste grupo ímpio; pois ele e os seus são chamados filhos de Deus; suas almas não se uniram à assembléia destes filhos dos homens. Deus permitiu que eles chegassem a certo ponto para que as obras de suas mãos, das quais se prometiam honra perdurável para si mesmos, resultassem uma censura eterna. Deus tem fins sábios e santos ao permitir que os inimigos de sua glória executem em grande medida seus maus projetos e pros-perem por longo tempo.

Observe a sabedoria e misericórdia de Deus nos métodos usados para derrotar esta em-presa. E a misericórdia de Deus ao não fazer o castigo igual à ofensa; pois Ele não nos trata conforme aos nossos pecados. A sabedoria de Deus, ao estabelecer uma forma segura de de-ter seus procedimentos. Se não podiam entender-se uns aos outros, não poderiam ajudar-se um ao outro; isto os afastaria da edificação. Deus tem diversos métodos, e eficazes, para frus-20

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trar e derrotar os projetos de homens orgulhosos que se colocam em Sua contra e, em particu-lar, os divide entre eles mesmos. Apesar de sua unidade e obstinação, Deus estava acima de-les; pois quem tem endurecido seu coração contra Ele e tem prosperado? Sua linguagem foi confundida. Por eles todos sofremos até hoje todas as dores e problemas necessários para aprender idiomas, tudo isso pela rebeldia de nossos antepassados de Babel. E, olha só!, quan-tas infelizes brigas de palavras surgem por alguém entender errado as palavras de outros e, por todo o que sabemos, deve-se a esta confusão de línguas.

Eles deixaram de edificar a cidade. A confusão de línguas não somente os incapacitou para ajudar-se uns a outros, senão que viram a mão do Senhor contra eles. É sabedoria deixar algo assim que percebemos que Deus se opõe a isso. Deus pode destruir e reduzir a nada todas as artes e desígnios dos construtores de Babel: não há sabedoria nem conselho que possa levan-tar-se contra o Senhor.

Os construtores se separaram conforme as suas famílias e as línguas que falavam, aos países e lugares designados para eles. Os filhos dos homens nunca tornaram a se ajuntar, nem jamais se reunirão novamente, até o grande dia em que o Filho do homem se sentar no trono de sua glória e todas as nações se reúnam diante dEle.

Versículos 10-26Aqui há uma genealogia, ou lista de nomes, que termina em Abrão, o amigo de d., e assim

conduz a Cristo, a Semente prometida, que era o filho de Abrão. Nada fica no registro senão seus nomes e idades; pareceria que o Espírito Santo se apressasse a passar por eles rumo a história de Abrão. Quão pouco sabemos daqueles que passaram antes que nós neste mundo, ainda daqueles que viveram nos mesmos lugares em que nós vivemos, como, igualmente, sabemos pouco daqueles que viveram em lugares distantes! Temos bastante que fazer para di-rigir nossa própria obra. Quando começou a povoar-se a terra, as vidas dos homens começaram a encurtar-se; isto foi sábia disposição da Providência.

Versículos 27-32Aqui começa a história de Abrão, cujo nome é famoso em ambos os Testamentos. Até os fil-

hos de Éber tinham-se tornado adoradores de falsos deuses. Os que pela graça são herdeiros da terra prometida, deviam lembrar qual era a terra de seu nascimento, isto é, qual era seu es-tado corrupto e pecador por natureza.

Os irmãos de Abrão era Naor, de cuja família tiveram suas esposas Isaque e Jacó, e Harã, o pai de Ló, que morreu antes que seu pai. Os filhos não podem estar seguros de sobreviverem a seus pais. Harã morreu em Ur, antes da feliz saída da família desse país idólatra. Nos concerne apressar-nos a sairmos de nosso estado natural, não seja que a morte nos surpreenda nele.

Aqui lemos da saída de Abrão desde Ur dos caldeus, com seus pai Taré, seu sobrinho Ló e o resto de sua família, obedecendo ao chamado de Deus. Este capítulo os deixa a metade do caminho entre Ur a Canaã, onde habitaram até a morte de Taré. Muitos chegam a Harã e, con-tudo, não chegam a Canaã; não estão longe do Reino de Deus, e, não obstante, nunca chegam ali.

CAPÍTULO 12• Versículos 1-3 Deus chama a Abrão e o abençoa com a promessa de Cristo• Versículos 4-5 Abrão sai de Harã• Versículos 6-9 Viaja por Canaã e adora a Deus nessa terra• Versículos 10-20 Abrão é levado ao Egito por uma grande fome – Finge que

sua esposa é sua irmã

Versículos 1-3Deus escolheu a Abrão e o separou dentre seus congêneres idólatras para reservar um povo

para sim, entre os quais se mantivesse a verdadeira adoração até a vinda de Cristo. Daqui em diante, Abrão e sua semente são quase o único tema da história da Bíblia. Abrão foi provado, se amava a Deus mais que tudo, e se podia deixar voluntariamente todo para ir com Deus. Seus parentes e a casa de seu pai eram uma constante tentação para ele; não podia seguir en-tre eles sem o risco de ser contaminado por eles. Os que deixam seus pecados e se voltam a Deus ganharão o indizível com a mudança.

A ordem que Deus deu a Abrão é em grande medida igual ao chamamento do evangelho, porque os afetos naturais devem ceder passo à graça divina. O pecado e todas suas oportu-nidades devem abandonar-se, em particular as más companhias.

Eis aqui muitas promessas grandes e preciosas. Todos os preceitos de Deus vão acompan-hados de promessas para o obediente:

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1) Farei de ti uma grande nação. Quando Deus tirou a Abrão de seu povo, prometeu fazê-lo cabeça de outro povo.

2) Te abençoarei. Os crentes obedientes estarão seguros de herdarem a bênção,3) Engrandecerei teu nome. O nome dos crentes obedientes certamente será engrandecido.4) Serás uma bênção. Os homens bons são bênção para seus países.5) Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoem. Deus se ocu-

pará de que nenhum seja perdedor por algum serviço feito em favor de seu povo.6) Em ti serão benditas todas as famílias da terra. Jesus Cristo é a grande bênção do mundo,

a maior que o mundo tenha possuído jamais. Toda verdadeira bem-aventurança no mundo agora ou que alguma vez chegue a ter, deve-se a Abrão e sua descendência. Por meio deles temos uma Bíblia, um Salvador e um evangelho. Eles são a cepa sobre a qual tem sido enxer-tada a igreja cristã.

Abrão acreditou que a bênção do Todo Poderoso supriria todo o que ele pudesse perder ou deixar atrás, satisfaria todas suas carências e responderia, e ainda mais, ultrapassaria todos seus desejos, e sabia que nada senão a desgraça seguiria à desobediência. Este tipo de crentes, justificados pela fé em Cristo, têm paz com Deus.

Eles seguem em seu caminho a Canaã. Não desanimam pelas dificuldades do caminho nem são arrastados fora dele pelos deleites que encontram. Os que se dirigem ao céu devem perse-verar até o fim. Os que empreendamos o caminho em obediência à ordem de Deus e aten-dendo humildemente a sua providência, certamente triunfaremos e finalmente teremos con-solo. Canaã não era, como outras terras, uma simples possessão externa, senão um tipo do céu e, neste sentido, os patriarcas a apreciavam fervorosamente.

Versículos 6-9Abrão achou a terra povoada por cananeus que eram maus vizinhos. Ele viajou, e continuou

avançando. Às vezes a sorte dos homens bons é não estarem estabelecidos e, freqüente-mente, mudar a diversos estados. Os crentes devem considerar-se como peregrinos e es-trangeiros neste mundo (Hb 11.8,13-14). Porém, observe quanto consolo tinha Abrão em Deus. Quando teve escassa satisfação em seus contatos com os cananeus que ali encontrou, teve abundante prazer na comunhão com aquele Deus que o havia conduzido até ali, e que não o desamparou. A comunhão com Deus se mantém pela palavra e a oração. Deus se revela Ele mesmo e seus favores em forma gradual a seu povo; antes havia prometido mostrar a Abrão a terra; agora promete dá-la: a medida que cresce a graça, cresce o consolo. Pareceria que Abrão o entendeu também como a concessão de uma terra melhor, da qual esta era tipo, porque esperava uma pátria celestial (Hb 11.16).

Abrão se estabeleceu tão logo como chegou a Canaã, e embora não era senão estrangeiro e peregrino ali, manteve a adoração de Deus em sua família. Não só se preocupou da parte ceri-monial da religião, a apresentação de sacrifícios, senão que cobrou consciência de buscar a Deus e invocar seu nome, o sacrifício espiritual com o qual se agrada Deus. Predicava sobre o nome do Senhor; ensinou a sua família e a seus vizinhos o conhecimento do Deus verdadeiro e de sua santa religião. A adoração familiar é um bom caminho antigo, nada novo, senão o antigo costume dos santos. Abrão era rico e teve uma família numerosa, embora não estava estabelecido e estava rodeado de inimigos; contudo, onde quer que levantava acampamento, edificava um altar: onde quer a vamos, não deixemos de levar nossa religião conosco.

Versículos 10-20Não há na terra uma situação livre de provações, nem personagem livre de defeitos. Houve

grande fome em Canaã, a mais gloriosa de todas as terras, como houve incredulidade em Abrão, o pais dos fiéis, com ao males que sempre implica. A felicidade perfeita e a pureza perda estão somente no céu. Abrão, quando deve deixar Canaã durante um tempo, vai para o Egito, com a intenção de demorar-se ali não mais do necessário, para que não parecesse que olha para trás.

Ali Abrão oculta sua relação com Sarai, errado, e pede a sua esposa e a seus servos que façam o mesmo. Ele ocultou uma verdade como um modo de negá-la efetivamente, e por isso, expõe ao pecado tanto a sua esposa como aos egípcios. A graça pela qual mais se destacava Abrão era a fé; contudo, assim caiu pela incredulidade e desconfiança na providência divina, ainda depois de que Deus tinha-se aparecido duas vezes. Ai, que será de uma fé fraca quando a fé firme se vê assim remexida! Muitas vezes, se Deus não nos livrasse das angústias e inqui-etações em que nos metemos nós mesmos, por nosso próprio pecado e tolice, estaríamos de-struídos. Ele não nos trata conforme ao que merecemos.

São castigos felizes aqueles que nos impedem ir pelo caminho do pecado e nos levam a cumprir nosso dever, particularmente o dever de fazer reparação pelo que temos tomado ou conservado indevidamente.

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A repreensão do Faraó para Abrão foi muito justa: "Que é isto que fizeste comigo?" Quão in-apropriado de um homem sábio e bom! Se os que professam a fé fazem o injusto e enganoso, especialmente se dizem o que está na borda da mentira, devem estar dispostos a ouvir uma repreensão, e têm razão para agradecer aos que lhes falem desse modo.

A despedida foi bondosa. O Faraó estava tão longe de toda intenção de matar a Abrão, como este temia, que teve um particular cuidado dele. Freqüentemente, ficamos confundidos com temores que não têm absolutamente nenhum fundamento. Muitas vezes tememos quando não há nada que temer. O Faraó encarregou a seus homens que não fizessem nenhum mal a Abrão. Não basta que os que têm autoridade não firam por si mesmos; eles devem im-pedir que seus servos e os que o rodeiam façam dano.

CAPÍTULO 13• Versículos 1-4 Abrão volta desde o Egito com grandes riquezas• Versículos 5-9 Briga dos pastores de Abrão e os de Ló – Abrão dá a eleição

de país a Ló• Versículos 10-13 Ló escolhe morar em Sodoma• Versículos 14-18 Deus renova sua promessa a bem, que parte para o Hebrom

Versículos 1-4Abrão era muito rico: ele estava muito pesado, assim é a palavra hebraica; pois as riquezas

são uma carga, e os que serão ricos somente se carregam com barro espesso (Hq 2.6). Há uma carga de cuidado ao obter riquezas, medo de perdê-las, tentação de usá-las, culpa por abusar delas, pena por perdê-las, e um peso da rendição de contas que, por último, deve ser dada por elas. Não obstante, Deus em sua providência às vezes faz ricos aos homens bons, e deste modo a bênção de Deus fez rico a Abrão sem penas (Pv 10.22). Embora seja difícil que um rico entre no céu, em alguns casos pode ser (Mc 10.23-24). Vamos, a prosperidade externa, se for bem administrada, é um ornamento da piedade e uma oportunidade para fazer mais bem.

Abrão partiu para Betel. Seu altar não estava, então não pôde oferecer sacrifício; porém in-vocou o nome do Senhor. É mais fácil encontrar-se um homem vivo sem respirar que um do povo de Deus sem orar.

Versículos 5-9As riquezas não só dão espaço à discórdia, sendo as coisas pelas que mais corriqueiramente

briga; senão que também podem incitar um espírito contencioso, fazendo que a gente se orgulhe e fique cobiçosa. Meu e teu são os grandes produtores da raiva do mundo. A pobreza e o trabalho, as carências e as vagabundagens não puderam separar Abrão e Ló, porém sim as riquezas.

Os maus servos amiúde têm feito muito mal nas famílias e entre os vizinhos, por seu orgulho e paixão, mentindo, caluniando e levando fofocas. Aqueles que assim agem são os agentes do diabo e os piores inimigos de seus amos. O que piorou a briga foi que os cananeus e os perizeus habitavam a terra. As pelejas dos professantes são a repreensão da religião e dão ocasião de blasfemar aos inimigos do Senhor.

Melhor é conservar a paz, que não seja rompida, porém a melhor coisa é, quando se apre-sentam diferenças, sufocar com toda velocidade o fogo que está começando. O intento de apaziguar esta discórdia foi feito por Abrão, embora ele era um homem ancião e maior. Abrão demonstra-se como homem de espírito sereno, que mandava em sua paixão e que sabia como acalmar a ira com uma resposta branda. Aqueles que mantêm a paz nunca devem devolver mal por mal. De espírito condescendente, Abrão esteve disposto a implorar ainda a seu inferior para estar em paz. O povo de Deus deve ser pela paz, seja o que for o que os outros apóiem. O rogo de Abrão pela paz foi muito poderoso. Que a gente da terra contenda por ninharias; porém, não caiamos nós, que conhecemos coisas melhores, e que esperamos um país melhor. Os professantes da fé devem ter sumo cuidado para evitarem contendas. Muitos professam es-tar pela paz sem fazer nada por ela: não assim Abrão. Quando Deus condescende a rogar-nos que nos reconciliemos, bem podemos rogar-nos uma aos outros. Embora Deus tinha prometido a Abrão dar esta terra a sua semente, contudo, ofereceu uma parte igual ou melhor a Ló, que não tinha um direito igual; e ele, sob a proteção da promessa de Deus, não agiria com dureza com seu parente. Nobre é estar disposto a renunciar em aras da paz.

Versículos 10-13Tendo Abrão oferecido a opção a Ló, este a aceitou logo. A paixão e o egoísmo tornam mal-

educados os homens. Ló olhou a bondade da terra; portanto, não duvidou que floresceria cer-tamente num solo tão fértil. Mas, que saiu disso? Aqueles que, ao escolher relações, chama-mentos, habitações ou estabelecimentos, são guiados e governados pela luxúria da carne, a

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luxúria do olho ou o orgulhoso da vida, não podem esperar a presença ou a bênção de Deus. Correntemente se desiludem até daqueles aos que principalmente apontam. Este princípio deve dirigir todas as nossas opções. Que o ótimo para nós seja o que for ótimo para as nossas almas.

Ló considerou em pouco a maldade dos habitantes. Os homens de Sodoma eram pecadores ousados e impudicos. Esta era a iniqüidade de Sodoma: o orgulho, a fartura de pão e a abundância do ócio (Ez 16.49). Deus dá amiúde uma grande abundância aos grandes pecadores. Com freqüência tem sido a sorte vexadora dos homens bons o viver entre maus vizinhos; e deve ser mais doloroso se, como Ló aqui, são eles mesmos os que se acarretaram isso, por sua má eleição.

Versículos 14-18 Os melhor preparados para as visitas da graça divina são aqueles cujos espíritos estão cal-

mos e não alterados pela paixão. Deus compensará abundantemente com paz espiritual o que perdemos por conservar a paz do próximo. Quando nossas relações se afastam de nós, Deus não.

Observe também as promessas com que Deus consolou e enriqueceu agora a Abrão. Ele lhe assegurou duas coisas: uma boa terra e uma progênie numerosa para desfrutá-la. As perspec-tivas vistas por fé são mais ricas e belas que aquelas que vemos ao nosso redor. Deus o fez caminhar pela terra, não para pensar em estabelecer-se nela, senão para estar sempre sem in-stalar-se e caminhar por ela em pós de uma Canaã melhor. Ele edificou um altar como prenda e seu agradecimento a Deus. Quando Deus nos satisfaz com promessas bondosas, espera que lhe obedeçamos com louvores humildes. Nas dificuldades externas é muito proveitoso para o crente verdadeiro que medite na herança gloriosa que o Senhor tem para ele no final.

CAPÍTULO 14• Versículos 1-12 A batalha dos reis – Ló é levado prisioneiro• Versículos 13-16 Abrão resgata a Ló• Versículos 17-20 Melquisedeque abençoa Abrão• Versículos 21-24 Abrão devolve o botim

Versículos 1-12As guerras das nações formam grande parte da história, porém não teríamos relato desta

guerra se Abrão e Ló não tivessem tomado parte dela. Por cobiça, Ló tinha-se instalado na fér-til, porém malvada Sodoma. Seus habitantes estavam completamente maduros para a vin-gança contra todos os descendentes de Canaã. Os invasores eram da Caldeia e da Pérsia, naquele então, reinos pequenos. Tomaram a Ló e seus bens entre os outros. Era justamente o filho do irmão de Abrão, porém, quem estava nesta encrenca. Nem a nossa própria piedade nem a nossa relação com os favoritos do céu podem dar-nos seguridade quando se iniciem os juízos de Deus. Mais de um homem honesto sofre o pior devido a seus maus vizinhos: é sabedoria nossa separar-nos ou, pelo menos, distinguir-nos deles (2 Co 6.17). Um parente tão próximo de Abrão deveria ter sido companheiro e discípulo de Abrão. Se ele preferiu morar em Sodoma, foi graças a si mesmo que participou das perdas de Sodoma. Quando nos saímos do caminho de nosso dever, saímos da proteção de Deus e não podemos esperar que a opção tomada por nossa luxúria termine em nosso proveito.

Eles levaram-se o patrimônio de Ló; justo é para Deus tirar os nossos deleites, pelos quais nos vemos privados de seu gozo.

Versículos 13-16Abrão aproveita esta oportunidade para dar uma prova real de que é verdadeiramente

amigo de Ló. Nós devemos estar prontos para socorrer aos que estão em problemas, especial-mente parentes e amizades. Embora o próximo tenha faltado a seus deveres para conosco, ainda assim não devemos descuidar nosso dever para com eles. Abrão resgatou os cativos, ao ter a oportunidade, devemos fazer o bem a todos.

Versículos 17-20Melquisedeque é chamado rei de Salém, que supõe-se é o lugar que depois se chamou

Jerusalém e, geralmente, se pensa que era simplesmente um homem. As palavras do apóstolo (Hb 7.3) somente dizem que a história sagrada nada menciona de seus antepassados. O silên-cio das Escrituras sobre isto é para que elevemos nossos pensamentos a Cristo, cuja geração não pode ser declarada.

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Pão e vinho foi um bom refrigério para os cansados seguidores de Abrão; notável é que Cristo designasse os mesmos elementos como lembrança de seu corpo e sangue que, sem dúvida, são carne e bebida para a alma.

Melquisedeque abençoou a Abrão de parte de Deus. Bendisse a Deus de parte de Abrão. Nós temos de agradecer pelas misericórdias para com o próximo assim como pelas que nós mesmos recebemos. Jesus Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote, é o Mediador de nossas orações e louvores e não somente eleva as nossas, senão que eleva as suas próprias por nós.

Abrão lhe deu o dizimo do botim (Hb 7.4). Quando recebemos uma misericórdia grande de Deus, é muito apropriado que expressemos nossa gratidão por um ato especial de piedosa caridade. Jesus Cristo, nosso grande Melquisedeque, está para que lhe seja rendida home-nagem e para reconhecê-lo humildemente como nosso Rei e Sacerdote; devemos dar-lhe não somente o dizimo de tudo, senão todo o que tivermos.

Versículos 21-24Observe a oferta de gratidão do rei de Sodoma a Abrão: "Dá-me a mim as pessoas, e os

bens toma para ti". A gratidão nos ensina a recompensar o mais que possamos, aos que têm suportado fadigas, corrido riscos e gastado para nosso serviço e proveito. Abrão recusou gen-erosamente esta oferta. Acompanha sua rejeição com uma boa razão: "Para que não digas: Eu enriqueci a Abrão", o qual se refletiria na promessa e aliança de Deus, como se o Senhor não tivesse enriquecido já a Abrão sem os despojos de Sodoma. O Povo de Deus, e aras de seu próprio crédito, deve ter cuidado de fazer algo que pareça mesquinho ou mercenário, ou que tenha ressaibos de cobiça e interesse próprio. Abrão pôde confiar no Dono do céu e da terra, que o proverá.

CAPÍTULO 15• Versículo 1 Deus dá ânimo a Abrão• Versículos 2-6 A promessa divina – Abrão é justificado pela fé• Versículos 7-11 Deus promete Canaã como herança a Abrão• Versículos 12-16 A promessa é confirmada numa visão• Versículos 17-21 A promessa confirmada por um sinal

Versículo 1Deus assegurou a Abrão a segurança e a felicidade; que estaria sempre a salvo. "Eu sou teu

escudo"; ou "Eu sou para ti um escudo, presente contigo, que te cuido em forma muito rel". A consideração de que o próprio Deus é e será um escudo para seu povo, para assegurá-lo de to-dos os males, um escudo disposto para eles e um escudo em volta deles, deveria silenciar to-dos os temores que atormentam e confundem.

Versículos 2-6 Mesmo que nunca devemos queixar-nos de Deus, temos permissão para queixar-nos a Ele,

e expressá-lhe todas as nossas aflições. É consolador para um espírito carregado apresentar seu caso a um amigo fiel e compassivo.

A queixa de Abrão é que não tinha filho; que provavelmente nunca teria um; que a falta de um filho era um problema tão grande para ele que lhe tirava todo consolo. Se supusermos que Abrão não olhava mais que a comodidade externa, essa queixa teria estado carregada de culpa. Porém, se considerarmos que Abrão aqui estava referindo-se à Semente prometida, seu desejo era desígnio de encômio. Não devemos descansar satisfeitos até que tenhamos provas de nosso interesse em Cristo; de que me serve tudo se vou sem Cristo? Se continuarmos in-sistindo em oração, não obstante, orando com humilde submissão à vontade divina, não bus-caremos em vão.

Deus deu a Abrão a promessa expressa de um filho. Os cristãos podem crer em Deus a re-speito das preocupações corriqueiras da vida, porém a fé pela qual são justificados sempre se refere à pessoa e obra de Cristo. Abrão creu a Deus que lhe prometia a Cristo; os cristãos crêem nEle como tendo sido levantados dentre os mortos (Rm 4.24). Pela fé em seu sangue obtiveram o perdão de seus pecados.

Versículos 7-11Deus deu a certeza a Abrão de ter a terra de Canaã como herança. Deus nunca promete

mais do que pode cumprir, que é o que amiúde fazem os homens. Abrão fez como Deus lhe mandou. Partiu pela metade os animais, conforme com a cerimônia acostumada para selar as alianças (Jr 34.18-19). Tendo preparado todo conforme ao indicado por Deus, se pôs a esperar o sinal que Deus poderia dar-lhe. Devemos manter-nos vigilantes ante nossos sacrifícios espiri-

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tuais. Quando os pensamentos vãos, como aquelas aves, descem a atacar nossos sacrifícios, devemos espantá-los para esperar em Deus sem distrações.

Versículos 12-16Um sono profundo caiu sobre Abrão: com este sono caiu sobre ele o horror de uma grande

escuridão: uma mudança súbita. Os filhos da luz não sempre andam na luz. Então lhe foram anunciadas várias coisas:

1) O sofrimento da semente de Abrão durante longo tempo. Serão estrangeiros. Os herdeiros do céu são estrangeiros na terra. Serão servos; porém os cananeus servem sob maldição, e os hebreus servem sob uma bênção, eles sofrerão. Os que são abençoados e ama-dos de Deus freqüentemente são afligidos gravemente pelos homens perversos.

2) O juízo dos inimigos da semente de Abrão. Embora Deus pode permitir que perseguidores e opressores pisoteiem seu povo durante longo tempo, certamente os enfrentará no final.

3) Aqui se anuncia o grande acontecimento, a liberação da semente de Abrão no Egito.4) Seu feliz assentamento em Canaã. Eles voltarão de novo a Canaã. A medida de pecado se

enche paulatinamente. A medida do pecado de algumas pessoas se enche lentamente. O con-hecimento dos acontecimentos futuros raramente ajuda para o nosso consolo, há tantas aflições nas famílias mais favorecidas e nas vidas mais felizes que é misericordioso de parte de Deus ocultar o que nos acontecerá a nós e aos nossos.

Versículos 17-21O forno fumegante e a tocha acesa representam, provavelmente, as severas provações e a

feliz libertação dos israelitas, com o apoio bondoso recebido nos tempos difíceis. Provavel-mente o forno e a tocha que passaram entre os pedaços, queimaram-nos e os consumiram, completando deste modo o sacrifício, a testemunhara que Deus o aceitou. Assim é sugerido que as alianças de Deus com o homem são feitas por sacrifício (Sl 1.5). Nós podemos saber que Ele aceita nosso sacrifício se acende afetos piedosos e devotos em nossa alma.

Estabelecem-se os limites da terra concedida. Fala-se de várias nações ou tribos que devem ser expulsas para dar lugar à semente de Abrão.

Neste capítulo percebemos a fé de Abrão que luta contra a incredulidade, triunfando sobre ela. Não se assombrem, crentes, se encontram temporadas de trevas e mal-estar. Contudo, não é a vontade de Deus que estejam deprimidos: não temam, pois Ele será para vocês todo o que foi para Abrão.

CAPÍTULO 16• Versículos 1-3 A pedido de Sarai, Abrão toma a Agar • Versículos 4-6 A má conduta de Agar com Sarai• Versículos 7-16 O Anjo manda que Agar regresse – A promessa para ela – O

nascimento de Ismael

Versículos 1-3Sarai, que já não esperava ter filhos próprios, propôs a Abrão que tomasse outra esposa, cu-

jos filhos ela poderia adotar: sua escrava, cujos filhos seriam propriedade de Sarai. Isto foi feito sem pedir o conselho do Senhor. Operou a incredulidade, e esqueceram o poder onipotente de Deus. Foi um mau exemplo e fonte de múltiplo desconforto. Em toda relação e situação da vida há uma cruz que devemos carregar: grande parte do exercício da fé consiste em submeter-se pacientemente, em esperar o tempo do Senhor e usar somente aqueles médios que Ele des-igna para remover a cruz. As tentações néscias podem ter pretensões muito bonitas, e estar coloridas com isso que as faz luzir como muito plausíveis. A sabedoria carnal nos tira do cam-inho de Deus. Isto não seria assim se pedíssemos o conselho de Deus por Sua Palavra e oração antes de tentar aquilo que é duvidoso.

Versículos 4-6O infeliz matrimônio de Abrão com Agar logrou muito cedo fazer muita maldade. Podemos

agradecer-nos a culpa e pena que nos seguem quando nos saímos do caminho de nosso dever. Veja-se neste caso.

A gente apaixonada costuma brigar com o próximo por coisas das quais eles mesmos de-vem carregar a culpa. Sarai tinha dado sua donzela a Abrão, porém ela grita: "Minha afronta seja sobre ti". Nunca se diz sabiamente aquilo que o orgulho e a ira colocam em nossas bocas. Nem sempre têm a razão aqueles que são mais barulhentos e ousados para apelarem a Deus: tal pressa e tais imprecações ousadas falam corriqueiramente de culpa e de uma má causa. Agar esqueceu que ela mesma tinha provocado primeiro o desprezo de sua senhora. Aqueles que sofrem por suas faltas devem suportá-lo com paciência (1 Pe 2.20).26

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Versículos 7-16Agar estava fora de seu lugar e fora do caminho de seu dever, e continuava descamin-

hando-se mais quando o anjo a encontrou. Grande misericórdia é ser detido num caminho pecador, seja pela consciência ou pela providência. De onde vem você? Considere que está fugindo do dever e dos privilégios com que era abençoada na tenda de Abrão. Bom é viver numa família religiosa, coisa que deveriam considerar aqueles que têm esta vantagem. Para onde iria? Está correndo rumo ao pecado; se Agar regressar ao Egito, voltará aos ídolos endeu-sados e ao perigo do deserto pelo qual deve viajar. Lembrar quem somos freqüentemente nos ensina nosso dever. Perguntar de onde viemos deveria mostrar-nos nosso pecado e tolice. Con-siderar para onde iremos descobre nosso perigo e desgraça. Aqueles que deixam seus lugares e deveres, devem apressar seu regresso, por mortificante que seja.

A declaração do Anjo "Eu quero", indica que este Anjo era a Palavra eterna e Filho de Deus. Agar não pôde senão admirar a misericórdia do Senhor e sentir: "Tenho sido eu, que sou tão in-digna, favorecida com uma bondosa visita do Senhor?" Ela foi levada a um melhor tempera-mento, regressou e com sua conduta abrandou a Sarai e recebeu um tratamento mais amável. Que nós sejamos sempre impressionados apropriadamente com este pensamento: Deus, Tu me vês!

CAPÍTULO 17• Versículos 1-6 Deus renova a aliança com Abrão• Versículos 7-14 Instituição da circuncisão • Versículos 15-22 Mudança do nome de Sarai – Isaque é prometido• Versículos 23-27 Circuncisão de Abraão e sua família

Versículos 1-6A aliança era para que se cumprisse no momento oportuno. A Semente prometida era Cristo

e os cristãos nEle. Todos os que são da fé são abençoados no crente Abrão, sendo partícipes das mesmas bênçãos da aliança. Como prenda desta aliança, seu nome é mudado de Abrão "pai excelso" para Abraão, "pai de uma multidão". Todo o que desfruta o mundo cristão é dev-ido a Abraão e sua Semente.

Versículos 7-14A aliança de graça é desde a eternidade em seus conselhos, e até a eternidade em suas

conseqüências. O sinal da aliança era a circuncisão. Aqui se diz qual é a aliança que Abraão e sua semente devem guardar. Os que desejam ter o Senhor como seu Deus, devem resolver-se a ser um povo para Ele. Não só Abraão e Isaque e sua posteridade por Isaque seriam circunci-dados, senão também Ismael e os escravos. Sela-se a da terra de Canaã não só para a posteri-dade de Isaque, senão a do céu por meio de Cristo para toda a igreja de Deus. O sinal exterior é para a igreja visível; o selo interno do Espírito é em particular para os que Deus sabe que são crentes e somente Ele pode conhecê-los.

A observância religiosa desta instituição é requerida sob pena de um severo castigo. Perigoso é tomar levianamente as instituições divinas e viver descuidando-as. A aliança em questão era uma que compreendia grandes bênçãos para o mundo de todas as épocas futuras. Até a bênção do próprio Abraão e todas as recompensas conferidas a ele eram por amor a Cristo. Abraão foi justificado, como vimos, não por sua própria justiça, senão pela fé no Messias prometido.

Versículos 15-22Aqui se faz a Abraão a promessa de um filho de Sarai, no qual se cumpriria a promessa real-

izada. A prenda desta promessa foi a troca do nome de Sarai para Sara. Sarai significa "minha princesa", como se sua honra estivesse limitada a uma só família; Sara significa "uma princesa". Quantos mais favores Deus nos outorgue, mais devemos rebaixar-nos aos nossos próprios olhos.

Abraão demonstrou grande gozo; riu-se, era um riso de alegria, não de desconfiança. Agora era que Abraão se gozou de que haveria de ver o dia de Cristo; agora o viu e se gozou (Jo 8.56).

Temendo que Ismael fosse abandonado e deixado de Deus, Abraão fez uma petição a seu favor. Deus nos dá permissão para que quando oremos sejamos específicos em nossas petições. Quaisquer sejam nossas preocupações e temores, devem ser expostos ante Deus em oração. Os pais têm o dever de orarem por seus filhos, e o maior que deveríamos desejar é que eles sejam guardados em sua aliança, e que possam ter a graça de andar com ele em justiça.

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A Ismael foram-lhe garantidas as bênçãos comuns. Os filhos de pais piedosos nascidos na carne costumam receber boas coisas exteriores, por amor a seus pais. As bênçãos da aliança estão reservadas para Isaque e ele toma posse delas.

Versículos 23-27Abraão e toda sua família foram circuncidados recebendo assim o sinal da aliança e se dis-

tinguiram de outras famílias que não tinham arte nem parte no assunto. Foi obediência im-plícita; ele fez como Deus lhe ordenou sem perguntar por quê nem para quê. O fez porque Deus o ordenara. Foi obediência pronta; no mesmo dia. A obediência sincera não demora. Não só as doutrinas da revelação senão os selos da aliança de Deus nos lembram que somos pecadores culpáveis corruptos. Nos mostram a necessidade do sangue da expiação; apontam ao Salvador prometido e nos ensinam a exercer a fé nEle. Nos mostram que sem a regener-ação, a santificação por seu Espírito e a mortificação de nossas inclinações carnais e corruptas, não podemos estar em aliança com Deus. Porém, lembremo-nos que a circuncisão verdadeira é a do coração, pelo Espírito (Rm 2.28-29). Sob ambas dispensações, a antiga e a nova, muitos têm feito a profissão externa e têm recebido o selo sem terem sido selados nunca pelo Espírito Santo da promessa.

CAPÍTULO 18• Versículos 1-8 O Senhor se aparece a Abraão• Versículos 9-15 Repreensão da incredulidade de Sara• Versículos 16-22 Deus revela a Abraão a destruição de Sodoma• Versículos 23-33 A intercessão de Abraão por Sodoma

Versículos 1-8Abraão estava esperando atender a qualquer viajante cansado, pois não havia hospedarias

como as há entre nós. Enquanto Abraão estava sentado nesta atitude, viu vir três homens. Eram três seres celestiais em corpos humanos. Alguns pensam que todos eram anjos criados; outros, que um deles era o Filho de Deus, o Anjo da aliança.

Lavar os pés é costume naqueles climas cálidos onde somente se usam sandálias. Não de-vemos esquecer a hospitalidade pois, por ela, sem percebermos podemos atender anjos (Hb 13.2); mais ainda, ao próprio Senhor dos anjos; como sempre devemos fazer quando por amor a Ele hospedamos o menor de seus irmãos. As maneiras alegres e amáveis ao mostrar bon-dade, são adornos grandiosos da piedade. Embora nosso condescendente Senhor não nos faça visitas pessoais, contudo, por seu Espírito, está à porta e bate; quando nos inclinados a abrir, Ele se digna entrar; e por seus consolos bondosos dá uma rica festa da qual participamos com Ele (Ap 3.20).

Versículos 9-15"Onde está Sara, tua mulher?", foi-lhe perguntado. Preste atenção à resposta: "Aqui na

tenda". A mão, em seu lugar adequado, ocupada em seus afazeres domésticos. Nada se con-segue com a ociosidade. Aqueles que mais provavelmente recebam consolo de Deus e suas promessas são as que estão em seu lugar apropriado e atendendo a seus deveres (Lc 2.8).

Nós somos de lento coração para crer e necessitamos línea sobre línea para lográ-lo. As bênçãos que os outros têm de parte da providência comum, os crentes a tem da promessa div-ina, que os faz muito doces e muito seguros. A semente espiritual de Abraão deve sua vida, e gozo, e esperança e todo, à promessa. Sara pensa que isto é uma notícia demasiado boa para ser verdade; ri, e portanto, não pode ainda fazer-se à idéia para acreditar nela. Sara riu. Nós podemos não pensar que tenha havido diferença entre o riso de Sara e o de Abraão (capítulo 17.17). Porém Aquele que esquadrinha o coração viu que um surgia da incredulidade e o outro, da fé. Sara negou ter-se rido. Um pecado costuma levar a outro e é provável que não manten-hamos estritamente a verdade quando questionamos a verdade divina. Contudo, o Senhor repreende, acusa, silencia e leva ao arrependimento aos que ama quando pecam ante Ele.

Versículos 16-22Os dois que se supõe eram anjos criados continuaram a Sodoma. Aquele que foi chamado

Jeová em todo o capítulo, continuou com Abraão e não ocultou o que se propunha realizar. Apesar de que Deus suporta muito aos pecadores, pelo qual imaginam que o Senhor não vê e que não se importa, quando chegar o dia de Sua ira, Ele os olhará. O Senhor dará a Abraão uma oportunidade para interceder ante Ele, e lhe mostra a razão de sua conduta.

Considere-se, como parte muito brilhante do caráter e exemplo de Abraão, que ele não só orava com sua família, senão que punha muito cuidado em ensiná-los e dirigi-los bem. Os que esperam bênçãos familiares devem tomar consciência do dever familiar. Abraão não lhes 28

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encheu a cabeça com assuntos de duvidoso debate; os ensinou a serem sérios e devotos para adorarem a Deus, e a ser honestos em seus tratamentos com todos os homens. Quão poucas são as pessoas nas quais tal caráter se dá em nossa época! Quão pouco cuidado têm oração chefes de família em fundamentar nos princípios da religião aos que estão a seu cuidado! Vi -giamos de dia de repouso em dia de repouso se adiantam ou retrocedem?

Versículos 23-33Eis aqui a primeira oração solene registrada na Bíblia; é uma oração para salvar a Sodoma.

Abraão orou fervorosamente para que Sodoma fosse poupada, se tão só se achassem nela uns poucos justos. Venham e aprendam de Abraão quanta compaixão devemos sentir pelos pecadores e quão fervorosamente devemos orar por eles. Aqui vemos que a oração eficaz do justo pode muito. Sem dúvida que Abraão fracassou em seus pedidos por todo o lugar, porém Ló foi miraculosamente livrado. Então, animem-se a esperar, por meio da oração fervorosa, da bênção de Deus para sua família, suas amizades, sua vizinhança. Com tal fim não somente de-vem orar, senão viver como Abraão.

Ele sabia que o Juiz de toda a terra faria o justo. Não pede que se salve o malvado por si mesmo nem porque seja cruel destruí-lo, senão por amor do justo que possa ser achado entre eles. Somente a justiça pode ser argumento diante de Deus. Então, como intercedeu Cristo pe-los transgressores? Não culpando a lei divina nem alegando a extenuação ou escusando a culpa humana, senão oferecendo SUA PRÓPRIA OBEDIÊNCIA até a morte.

CAPÍTULO 19• Versículos 1-29 Destruição de Sodoma e liberação de Ló• Versículos 30-38 Pecado e desgraça de Ló

Versículos 1-29Ló era bom, mas não havia mais ninguém do mesmo caráter na cidade. Toda a gente de

Sodoma era muito má e vil. Portanto, tomou-se o cuidado de salvar a Ló e a sua família.Ló se demorou, agiu trivialmente. Assim, pois, muitos que estão convencidos de seu estado

espiritual e da necessidade de uma mudança, delongam essa obra necessária. A salvação dos homens mais justos é da misericórdia de Deus, não por seus próprios méritos. Somos salvos pela graça. O poder de Deus deve também ser reconhecido ao tirar almas de um estado de pecado. Se Deus não tiver sido misericordioso conosco, nossa demora teria sido nossa ruína.

Ló deve correr por sua vida. Ele não deve anelar Sodoma. São dadas ordens como estas aos quais, por meio da graça, são livrados de um estado e de uma condição de pecado. Não voltem ao pecado nem a Satanás. Não descansem no eu nem no mundo. Acudam a Cristo e ao céu, pois isso é escapar a montanha, não devendo deter-se antes de chegar. Em quanto a esta de-struição, observe-se que é uma revolução da ira de Deus contra o pecado e os pecadores de todas as idades. Aprendamos daqui o mau de pecar e sua natureza daninha; conduz à ruína.

Versículos 30-38Veja-se o perigo da seguridade. Ló, que se manteve casto em Sodoma, que se lamentava da

maldade do lugar, e era uma testemunha contra ela, quando está sozinho na montanha e, se-gundo acreditava, fora da tentação, é vencido vergonhosamente. Aquele que pensa que está alto e firme, cuide que não caia. Veja-se o perigo da embriaguez; não somente é um grande pecado em si mesmo, senão que leva a muitos pecados, os quais produzem feridas e desonra perduráveis. Muitos homens, quando estão ébrios fazem aquilo que, quando sóbrios, não pode-riam pensar sem horrorizar-se.

Também deve ver-se o perigo da tentação, até de parte de parentes e amizades, aos quais amamos e estimamos, e esperamos bondade de parte deles. Devemos temer uma armadilha, onde estivermos, e estar sempre em guarda. Não pode haver escusas para as filhas nem para Ló. Dificilmente pode dar-se razão a este assunto, salvo esta: o coração é enganoso mais que todas as coisas, e perverso, quem o conhecerá? (Jr 17.9). Pelo silêncio das Escrituras sobre Ló daí em diante, aprenda-se que a bebedeira, assim como faz esquecidos os homens, também faz que sejam esquecidos.

CAPÍTULO 20• Versículos 1-8 Abraão em Gerar – Sara tomada por Abimeleque • Versículos 9-13 A repreensão de Abimeleque a Abraão• Versículos 14-18 Abimeleque devolve a Sara

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Versículos 1-8As políticas tortas não prosperarão; nos colocam em perigo a nós e aos outros. Deus dá

aviso a Abimeleque do perigo de pecar, e do perigo de morte por seu pecado. Todo pecador voluntário é um homem morto, porém Abimeleque alega ignorância. Se a nossa consciência testemunha que, por termos sido de alguma forma enganados com uma armadilha, não temos pecado a sabendas contra Deus, será nosso regozijo no dia mau. É consolador para os que são honestos que Deus conheça sua honestidade e a reconheça. É grande misericórdia que se-jamos impedidos de cometermos pecado; Deus deve levar a glória nisto. Porém se fizemos mal por ignorância, isso não nos escusará se persistimos nisso a sabendas. Quem age errado, seja quem for, príncipe ou camponês, certamente receberá sua paga pelo mal que tem feito, a menos que se arrependa e, no possível, faça restituição.

Versículos 9-13Veja-se nisto muita culpa, ainda no pai dos fiéis. Perceba sua desconfiança de Deus, o indev-

ido temor por sua vida, seu intento de enganar. Ele também pôs tentação no caminho dos out-ros, causando-lhes aflição, expondo-se ele mesmo e a Sara às justas repreensões, e, contudo, tentou escusar-se. Estas coisas ficaram escritas para nossa advertência, não para que as imite-mos. Até Abraão não tem de que gloriar-se. Ele não pode justificar-se por suas obras, senão que deve estar agradecido pela justificação,por essa justiça que está por acima de todos e que é para todos os que crêem. Não devemos condenar por hipócritas a todos os que caem em pecado, se não continuam nele. Deixe que o impenitente orgulhoso perceba que não deve con-tinuar pecando, se pensar que a graça pode abundar.

Abimeleque, advertido por Deus, aceita a advertência; e estando verdadeiramente assus-tado pelo pecado e suas conseqüências, levanta-se logo para seguir as ordens de Deus.

Versículos 14-18Freqüentemente nos perturbamos e até somos levados à tentação e ao pecado o suspeitas

sem fundamento; e encontramos o temor de Deus onde não o esperávamos. Os acordos para enganar costumam acabar geralmente em vergonha e dor; e as restrições do peculiar, embora seja pelo sofrimento, devem ser reconhecidas com gratidão. Mesmo que o Senhor repreenda, não obstante, Ele perdoará e livrará a seu povo, e lhes dará graça ante os olhos daqueles com os que eles estão; e vencerá suas doenças quando sejam humilhados por elas, de modo que resultem úteis para si mesmos e para os outros.

CAPÍTULO 21• Versículos 1-8 Nascimento de Isaque – O gozo de Sara• Versículos 9-13 Ismael zomba de Isaque• Versículos 14-21 Agar e Ismael expulsados – Socorridos e consolados por um

anjo• Versículos 22-34 A aliança de Abimeleque com Abraão

Versículos 1-8No Antigo Testamento são poucos os que vieram ao mundo com tantas expectativas como

Isaque. Nisto foi um tipo de Cristo, essa Semente que o santo Deus prometera muito tempo antes e que os homens santos esperaram por tanto tempo. Nasceu conforme com a promessa, no momento designado do qual Deus tinha falado. As misericórdias prometidas por Deus certa-mente chegarão no momento em que Ele determina, e esse é o melhor momento. Isaque sig-nifica "riso", tendo boa razão para o nome (capítulo 17.17; 18.13). Quando o Sol do consolo se levanta na alma, é bom lembrar quão bem recebido foi o alvorecer do dia.

Quando Sara recebeu a promessa, riu-se com desconfiança e dúvida. Quando Deus nos dá as misericórdias das que começamos a desesperar, deveríamos lembrar com pena e vergonha nossa pecadora desconfiança em seu poder e promessa, quando estávamos em busca delas.

Esta misericórdia encheu a Sara de gozo e assombro. Os favores de Deus para seu povo da aliança são tais que superam seus próprios pensamentos e expectativas, como também os al-heios: quem poderia imaginar que Ele fizesse tanto por aqueles que merecem tão pouco, mais ainda, por aqueles que merecem receber o mal? Quem teria dito que Deus enviaria seu Filho a morrer por nós, seu Espírito para fazer-nos santos, seus anjos para servir-nos? Quem teria pen-sado que pecados tão grandes seriam perdoados, que serviços tão mesquinhos seriam aceitos e que vermes tão indignos seriam integrados na aliança?

Faze-se um breve relato da infância de Isaque. Deve reconhecer-se a bênção de Deus sobre a criadagem das crianças e sua preservação através dos perigos da idade infantil, como exem-plo os sinais do cuidado e ternura da providência divina. Veja o Salmo 22.9-10; Os 11.1-2.30

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Versículos 9-13Não descuidemos a forma em que este assunto familiar nos ensina a não descansar nos

privilégios externos ou em nossas próprias obras. Procuremos as bênçãos da nova aliança pela fé na certeza Divina. A conduta de Ismael foi de perseguição, com desprezo profano da aliança e da promessa, e com malícia contra Isaque. Deus atenta no que dizem e fazem as crianças em suas brincadeiras; e os levará em conta se dizem e agem mal, embora não o façam seus pais. Zombar é um grave pecado e resulta em provocação contra Deus. Os filhos da promessa devem esperar que caçoem deles.

Abraão se doeu de que Ismael se comportasse mal e que Sara exigisse um castigo tão severo. Porém, Deus mostrou que Isaque deve ser o pai da Semente prometida; portanto, "manda longe a Ismael, não seja que corrompa os costumes ou trate de usurpar os direitos de Isaque". A semente da aliança de Abraão deve ser um povo por si mesmo, não misturado com os que estão fora da aliança: Sara pouco pensou no que fez, porém Deus ratificou o que ela disse.

Versículos 14-21Se Agar e Ismael tivessem se comportado bem na família de Abraão, teriam continuado ali,

mas foram justamente castigados. Nós perdemos os privilégios por abusarmos deles. Os que não sabem quando estão bem, conhecerão o valor das misericórdias quando lhes faltem.

Eles foram levados à angústia no deserto. Não se diz que se acabassem as provisões nem que Abraão os lançasse sem dinheiro. Mas acabou-se a água, e tendo perdido seu caminho, nesse clima cálido, Ismael foi rapidamente vencido pela fadiga e a sede. A prontidão de Deus em ajudar-nos quando estamos em problemas não deve diminuir senão apressar nossos es-forços para ajudar a nós mesmos.

A promessa referente a seu filho é repetida como razão pela qual Agar deve pôr-se em ação ela amém para ajudá-lo. Devemos comprometer nossa atenção e cuidados pelas crianças e jovens ao considerar que não sabemos qual seja a grande tarefa que Deus lhes têm designada, nem sabemos o que possa fazer deles.

O anjo lhe mostra uma provisão presente. Muitos que têm razão para estar consolados, pas-sam condoendo-se de dia em dia porque não vêem que exista razão para ter consolo. Há um poço de água perto deles na aliança da graça, porém eles não percebem até que o próprio Deus que abriu os olhos para ver suas feridas, os abre para que enxergam o remédio.

Parã era um lugar silvestre, adequado para um homem rude como Ismael. Os que nascem segundo a carne se amoldam ao deserto deste mundo, enquanto os filhos da promessa que se dirigem à Canaã celestial não podem ter repouso até que estejam lá. Contudo, Deus estava com o rapaz; seu bem-estar exterior devia-se a isso.

Versículos 22-34Abimeleque sentiu-se seguro de que as promessas de Deus lhe seriam cumpridas a Abraão.

É sábio que nos relacionemos com os que são abençoados por Deus; e temos de pagar com bondade aos que têm sido bondosos conosco. Os poços de água são escassos e valiosos nos países orientais. Abraão teve cuidado de assegurar seu direito ao poço para evitar futuras dis-putas. Não pode esperar-se outra coisa de um homem honesto, senão que esteja pronto para fazer o bem tão logo como saiba que tem agido errado.

Abraão, estando agora num bom lugar, permaneceu muito tempo nele. Ali fez não só uma prática constante, senão também ma profissão franca de sua religião. Ali invocou o nome de Jeová como o Deus eterno; provavelmente a árvore que plantou foi seu lugar de oração. Abraão manteve o culto público, no qual podiam participar seus vizinhos. Os homens bons de-vem fazer todo o que possam para fazer com que os outros cheguem a ser bons. Onde quer que peregrinemos, não devemos descuidar a adoração de Jeová, nem envergonhar-nos de fazê-lo.

CAPÍTULO 22• Versículos 1-2 Deus manda Abraão a sacrificar a Isaque• Versículos 2-10 Fé e obediência de Abraão ante o mandamento divino• Versículos 11-14 Provisão de outro sacrifício como substituto de Isaque• Versículos 15-19 Renovação da aliança com Abraão• Versículos 20-24 A família de Naor

Versículos 1-2Nunca estamos a salvo das provações. Tentar e provar, em hebraico, se expressam com a

mesma palavra. Toda prova é, sem dúvida, uma tentação, e tende a mostrar as disposições do 31

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coração, se são santas ou ímpias. Porém Deus provou a Abraão, não para conduzi-lo ao pecado, como tenta Satanás. A fé firme costuma exercitar-se com as grandes provas e quando lhe pedem serviços difíceis de serem cumpridos.

O mandamento de oferecer a seu filho se dá numa linguagem que faz a prova mais penosa ainda; aqui cada palavra é uma espada. Observe-se:

1) A pessoa do sacrifício: toma a teu filho; não teus touros nem teus cordeiros. Com quanta vontade teria partido Abraão com todos eles para remir a Isaque! Teu filho; não teu servo. Teu uno filho; o filho único com Sara. Toma a Isaque, o filho que amas.

2) O lugar: a três dias de viagem; de modo que Abraão tivesse tempo de meditar e obede-cesse deliberadamente.

3) A forma: oferece-o em holocausto; não somente mata teu filho, teu Isaque, senão mata-o como um sacrifício; matá-lo com toda aquela solene pompa e cerimônia, com que costumava oferecer seus holocaustos.

Versículos 3-10Nunca foi o ouro provado em fogo mais ardente. Quem, salvo Abraão, não teria discutido

com? Tal teria sido o pensamento de um coração fraco, porém Abraão sabia que tratava com um Deus, com Jeová. A fé tinha-lhe ensinado a não discutir, senão a obedecer. Tem a certeza de que o mandamento de Deus é bom; que o que Ele tem prometido não pode ser quebran-tado. Nas coisas de Deus, quem consulte com carne e sangue nunca oferecerá seu Isaque a Jeová. O bom patriarca se levanta cedo e começa sua triste viagem. Agora viaja três dias, e Isaque continua perto dele! A desgraça se faz mais difícil quando dura muito.

A expressão "voltemos a vocês", indica que Abraão esperava que Isaque, sendo ressusci-tado dentre os mortos, regressaria com ele. Foi uma pergunta muito sensível a que lhe fez Isaque, enquanto iam juntos: "Meu pai", disse Isaque; era uma palavra que derreteria, uma palavra que, alguém pensaria, fincaria fundo no coração de Abraão, mais que seu cutelo no coração de Isaque. Contudo, esperava a pergunta de seu filho. Então Abraão, sem ter a in-tenção, profetiza: "Deus se proverá de cordeiro para o holocausto, meu filho". O Espírito Santo, por boca de Abraão, parece anunciar o Cordeiro de Deus, que Jeová tem provido e que tira o pecado do mundo.

Abraão dispõe a lenha para a pira funerária de seu Isaque e, agora, lhe dá a surpreendente notícia: Isaque, você é o cordeiro que Deus proveu! Sem dúvida, Abraão o consola com as mes-mas esperanças com que ele mesmo foi consolado pela fé. Não obstante é necessário que o sacrifício seja amarrado. O grande Sacrifício que, no cumprimento dos tempos, seria oferecido, devia ser amarrado e assim também Isaque. Feito isto, Abraão toma seu cutelo e estende sua mão para dar o golpe fatal. Eis aqui um ato de fé e obediência que merece ser um espetáculo para Deus, os anjos e os homens. Deus, em sua providência, às vezes nos chama a separar-nos de um Isaque e devemos fazê-lo com alegre submissão a sua santa vontade (1 Sm 3.18).

Versículos 11-14Não era intenção de Deus que Isaque fosse realmente sacrificado, conquanto, no tempo

oportuno, seria derramado pelo pecado um sangue mais nobre que o dos animais, o sangue do unigênito Filho de Deus. Contudo, ainda assim Deus não teria aceitado, em caso nenhum, os sacrifícios humanos.

Foi provido outro sacrifício. Devia ter referência ao Messias prometido, à Semente bendita. Cristo foi sacrificado em nosso lugar, como este cordeiro em lugar de Isaque, e sua morte foi a nossa expiação. Observe-se que o templo, o lugar do sacrifício, foi construído depois neste mesmo monte Moriá; e estava perto do Calvário onde Cristo foi crucificado.

Foi dado um novo nome a esse lugar, para ânimo de todos os crentes, até o fim do mundo, para que alegremente confiem em Deus e o obedeçam. Jeová-Jiré, Jeová proverá, aludindo provavelmente ao que tinha dito Abraão: Deus se proveria de um cordeiro. O Senhor sempre terá seu olho sobre seu povo, em suas angústias e inquietudes, para dar-lhe ajuda oportuna.

Versículos 15-19Há elevadas afirmações do favor de Deus para com Abraão nesta confirmação da aliança

com ele, que excedem tudo aquilo com o qual ele tinha já sido abençoado. Os que estão dis-postos a separar-se de qualquer coisa por Deus, se verão recompensados com indizível van-tagem. A promessa (versículo 18), aponta sem dúvida ao Messias e à graça do Evangelho. Por isso, conhecemos a amorosa bondade de Deus nosso Salvador para com o homem pecador, em que Ele não poupou seu Filho, seu Filho unigênito, e o deu por nós. Nisto percebemos o amor de Cristo, em que se deu como sacrifício por nossos pecados. Contudo, Ele vive e chama aos pecadores para que vão a Ele e participem de sua salvação comprada com sangue. Ele chama a seu povo remido a regozijar-se nEle e a glorificá-lo. Então, que lhe daremos por todos seus benefícios? Que seu amor nos constranja a viver, não para nós mesmos, senão para 32

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Aquele que morreu por nós e ressuscitou. Admirando e adorando Sua graça, consagremos nosso todo ao serviço dAquele que deu sua vida por nossa salvação.

Todo o mais querido nesta terra é nosso Isaque. A única maneira que temos de achar con-solo em algo terreno é colocá-lo pela fé nas mãos de Deus. Todavia, lembremos que Abraão não foi justificado por sua prontidão para obedecer, senão pela obediência infinitamente mais nobre de Jesus Cristo; sua fé ao receber isto, ao confiar nisso, ao regozijar-se nisso, lhe deu a disposição e o fez capaz de tão admirável abnegação e dever.

Versículos 20-24Este capítulo termina com um relato da família de Naor que tinha-se estabelecido em Harã.

Parece ter sido incluído pela relação que tinha com a igreja de Deus. De lá tomaram esposas Isaque e Jacó; e antes desta lista registra-se o relato destes acontecimentos. Mostra que ape-sar de que Abraão viu a sua própria família honrada com privilégios, admitida na aliança e abençoada com a certeza da promessa, ele não olhou com desdém a seus parentes, senão que se alegrou de ouvir da prosperidade e bem-estar de suas famílias.

CAPÍTULO 23• Versículos 1-13 A morte de Sara – Abraão solicita um lugar para sepultura• Versículos 14-20 O sepulcro de Sara

Versículos 1-13A vida mais prolongada deve cedo chegar a seu fim. Bendito seja Deus que há um mundo

onde o pecado, a morte, a vaidade e a vexação não podem entrar. Bendito seja seu nome, que nem sequer a morte pode separar os crentes da união com Cristo. Aqueles aos que mais amamos, sim, até nossos corpos, que tanto cuidamos, devem logo tornar-se asquerosos mon-tões de pó e ser enterrados fora da vista. Então, quão soltos estarmos de todas as ataduras e enfeites terrenos! Procuremos antes que nossas almas estejam ornadas com graças celestiais.

Abraão rendeu honra e respeito aos príncipes de Hete, embora eram ímpios cananeus. A re-ligião da Bíblia nos insta a respeitar devidamente a todos os que estão na autoridade, sem ba-jular suas pessoas nem alentar seus delitos se são pessoas indignas. A nobre generosidade destes cananeus envergonha e condena o caráter fechado, egoísta e áspero de muitos que se qualificam de israelitas. Não foi por orgulho que Abraão rejeitou a dádiva, ou porque detes-tasse ficar obrigado a Efrom, senão por justiça e prudência. Abraão podia pagar o terreno e, portanto, não quis aproveitar-se da generosidade de Efrom. A honestidade, assim como a honra, nos proíbem aproveitar-nos da generosidade de nosso próximo e impor-nos sobre os que dão livremente.

Versículos 14-20A prudência e a justiça nos mandam ser eqüitativos e francos em nossos tratos; os negócios

enganosos não iluminam. Abraão paga o dinheiro sem fraude nem demora. Paga todo de ime-diato sem deixar nada; e bem pesado, de boa lei entre mercadores, sem engano. Veja-se como se usava antigamente o dinheiro, para facilidade do comércio, e com quanta honestidade devia pagar-se uma dívida. Embora toda a terra de Canaã era de Abraão pela promessa, ainda não tinha chegado o tempo de possuí-la, e ele teve a ocasião de comprar e pagar. O domínio não se fundamenta na graça. O direito dos santos a uma herança eterna não lhes dá o direito às possessões deste mundo, nem os justifica para fazer o mal.

Honesta e eqüitativamente, Efrom faz um título válido da terra. Assim como aquilo que se compra, deve ser pago com honestidade, assim o que se vende deve ser entregue e assegu-rado honestamente. Manejemos nossas preocupações com pontualidade e exatidão para evitar discórdias.

Abraão enterrou a Sara na cova ou abóbada que havia no campo comprado. Isso lhe faria querida a terra a sua descendência. Vale a pena perceber que um lugar para sepultar era o único pedaço de terra que Abraão possui em Canaã. Os que menos têm nesta terra, encontram um túmulo nela. Este sepulcro estava no extremo do campo; quaisquer que sejam nossas pos-sessões, há um lugar para sepultura no final delas. Era um sinal de sua fé e esperança de ressurreição. Abraão se contenta com continuar sendo um peregrino enquanto viver, porém se assegura de um lugar aonde, quando mortifica, sua carne possa repousar com esperança. De-pois de tudo, a principal preocupação é com quem ressuscitaremos.

CAPÍTULO 24• Versículos 1-9 Preocupação de Abraão pelo matrimônio de Isaque• Versículos 10-28 Viagem do servo de Abraão à Mesopotâmia – Seu encontro

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com Rebeca• Versículos 29-53 Rebeca e seus familiares consentem ao matrimônio dela• Versículos 54-67 O feliz encontro e matrimônio de Isaque e Rebeca

Versículos 1-9O efeito do bom exemplo, a boa educação e a adoração de Deus em uma família, geral -

mente se vê na piedade, a fidelidade, a prudência e o afeto dos servos. Viver nessas famílias ou ter tais servos são, ambas as coisas, bênçãos de Deus que devem ser altamente valorizadas e reconhecidas com gratidão. Contudo, não há na vida preocupação de maior importância para nós, o próximo ou a igreja de Deus que o matrimônio. Portanto, sempre deve empreender-se com muito cuidado e prudência, especialmente em referência à vontade de Deus, e com oração por sua direção e bênção. Onde não se consulta nem se consideram os bons pais, não podem esperar-se bênçãos de Deus. Ao dispor de seus filhos, os pais devem consultar cuida-dosamente o bem-estar de suas almas, e seu progresso no caminho ao céu.

Observe-se o cometido que Abraão deu a um bom servo, um cuja conduta, felicidade e afeto, para com ele e sua família, conhecia desde fazia muito tempo. Observe-se também que Abraão lembra-se que Deus o tirou prodigiosamente da terra de seu nascimento, por um chamamento de sua graça e, portanto, não duvida que Ele prospere sua preocupação de não levar a seu filho de volta lá. Deus fará que isso termine em consolo para nós quando sincera-mente temos o alvo colocado em Sua glória.

Versículos 10-28O servo de Abraham reconhecia devotadamente a Deus. Nós estamos autorizados para en-

carregar em detalhe nossos assuntos ao cuidado da divina providência. Propõe um sinal, não porque tratasse de não avançar além dali se não era prosperado nisso; antes, trata-se de uma oração para que Deus proveja uma boa esposa para seu jovem amo; e essa foi uma boa oração. Ela devia ser simples, trabalhadora, humilde, alegre, serviçal e hospedeira. Não im-porta qual seja a moda, o sentido comum e a piedade nos indicam que estas são as qualidades apropriadas para uma esposa e mãe, pois é quem será companheira de seu marido, admin-istradora das coisas domésticas e encarregada da formação da mente de seus filhos. Quando o mordomo foi buscar uma esposa para seu amo, não foi a lugares de diversão e prazer pecaminoso, orando por achar uma lá, senão que foi ao poço de água, esperando encontrar ali a uma que estivesse ocupada. Orou que agradasse a Deus fazer claro e liso seu caminho ante ele neste assunto. Nossos tempos estão nas mãos de Deus; não só os acontecimentos mes-mos, senão seus tempos. Devemos cuidar-nos de não sermos audazes em excesso, insistindo no que Deus deve fazer, não seja que os fatos enfraqueçam nossa fé em lugar de fortalecê-la. Porém Deus o ouviu e lê aplanou o caminho. Em todos os aspectos, Rebeca respondia às carac-terísticas que ele buscava na mulher que seria a esposa de seu amo. Quando chegou ao poço, ela se inclinou, encheu seu cântaro e se endireitou para ir a sua casa. Não se deteve para olhar o forasteiro e seus camelos, senão que se ocupou de seus assuntos e não teria sido afastada deles senão por uma oportunidade de fazer o bem. Não se pôs a conversar com ele por curiosi-dade ou confiada, senão que respondeu com modéstia. Satisfeito de que o Senhor tinha ouvido sua oração, presenteou à donzela alguns ornamentos dos que se usam nos países orientais; ao mesmo tempo em que lhe perguntava por sua família. Ao saber que era parente de seu amo, inclinou a cabeça e adorou, abençoando a Deus. Suas palavras foram dirigidas ao Senhor, porém ditas ao alcance do ouvido de Rebeca, que pôde perceber quem era ele e de onde vinha.

Versículos 29-53O concerto do matrimônio de Isaque e Rebeca se narra com muito detalhe. Devemos notar a

providência de Deus nos fatos corriqueiros da vida humana e, neles, exercer prudência e out-ras graças.

Labão foi a pedir ao servo de Abraão que entrasse, porém não antes de ver o anel e o bracelete em mãos de sua irmã. Conhecemos o caráter de Labão por sua conduta posterior, e podemos pensar que ele não teria estado tão livre de hospedá-lo se não tiver esperado ser bem recompensado.

O servo estava dedicado a sua tarefa. Embora terminava uma viagem e havia chegado à casa que procurava, não comeria senão até cumprir sua diligência. Realizar nosso trabalho e cumprir nossos cometidos, sejam para Deus ou para o homem, deve ser preferido por nós antes que a comida; eram a comida e bebida de nosso Salvador (Jo 4.34). Conta-lhes o encargo que lhe dera seu amo, com a razão dele. Relata o acontecido no poço, para apoiar a proposição, mostrando simplesmente o dedo de Deus nisso. Os acontecimentos que nos pare-34

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cem efeito de uma eleição, de planos ou do destino, são determinados por Deus. Isto não im-pede, antes estimula, o uso de todos os médios apropriados. Eles aceitam livre e alegremente a proposição; quando procede do Senhor, todo assunto provavelmente resultará fácil. O servo de Abraão reconhece agradecido o bem êxito que achou. Ele era um homem humilde e os homens humildes não se envergonham de sua situação na vida, qualquer que seja. Todas nos-sas preocupações temporais são doces se misturadas com a piedade.

Versículos 54-67O servo de Abraão, como quem opta por seu trabalho antes que por seu prazer, estava com

pressa por chegar em casa. Demorar-se e permanecer não são ações próprias em absoluto de um homem sábio e bom que é fiel a seu dever.

Como os filhos não devem casar sem o consentimento de seus pais, assim os pais não de-vem casá-los sem o deles. Rebeca consentiu, não só em ir, senão em partir de imediato. A bon-dade do caráter de Rebeca mostra que nada incorreto havia na resposta, embora não concorde com nossos costumes modernos. Podemos esperar que ela tivesse uma idéia tal da religião e piedade da família a qual ia, que se sentiu disposta a esquecer sua própria gente e a casa de seu pai. Suas amigas a despediram com atenções apropriadas e com cordiais bons desejos. Elas abençoaram a Rebeca. Quando nossas relações entram numa situação nova, devemos en-comendá-las por meio da oração a bênção e graça de Deus.

Isaque estava bem ocupado quando se encontrou com Rebeca. Saiu a aproveitar uma tarde tranqüila no lugar solitário para meditar e orar, esses exercícios divinos pelos quais conver-samos com Deus e com nossos próprios corações. As almas santas amam o retiro; nos fará bem estar a sós com freqüência se usarmos isso em forma correta; e nunca estamos menos sozinhos que quando estamos a sós.

Observe que filho tão afetuoso era Isaque: quase três anos tinham-se passado desde que morrera sua mãe, e, contudo, ele ainda não tinha sido consolado. Veja também que marido carinhoso foi com sua esposa. Os filhos respeitosos prometem ser maridos carinhosos; quem cumpre com honra sua primeira posição na vida, provavelmente faça o mesmo nas seguintes.

CAPÍTULO 25• Versículos 1-10 A família de Abraão por Quetura – Morte e sepultamento de

Abraão• Versículos 11-18 Deus abençoa Isaque – Os descendentes de Ismael • Versículos 19-26 Nascimento de Esaú e Jacó• Versículos 27-28 Diferentes caracteres de Esaú e Jacó• Versículos 29-34 Esaú despreza sua primogenitura e a vende

Versículos 1-10Não todos os dias, até dos melhores e maiores santos, são dias notáveis; alguns se deslizam

silenciosamente; tais foram os últimos dias de Abraão. Eis aqui uma lista dos filhos de Abraão com Quetura e a disposição que ele fez de seu patrimônio. Depois e nascer estes filhos pôs sua casa em ordem, com prudência e justiça. Fez isto enquanto estava vivo. Sábio é que os homens façam o que têm de fazer enquanto vivem, na maior média possível.

Abraão viveu 175 anos; justo cem anos a mais que ao entrar em Canaã; todo esse tempo for peregrino num país estrangeiro. Pouco importa que nossa estadia nesta vida seja longa ou curta, sempre e quando deixemos atrás um testemunho da fidelidade e bondade do Senhor, e um bom exemplo para nossa família. Conta-se que seus filhos Isaque e Ismael o sepultaram. Parece que o próprio Abraão os havia reunido enquanto ele vivia.

Não fechemos a história da vida de Abraão sem abençoar a Deus por tal testemunho do tri -unfo da fé.

Versículos 11-18Ismael teve doze filhos, cujas famílias chegaram a ser distintas tribos. Povoaram um país

muito grande que se encontra entre o Egito e a Assíria, chamado Arábia. A quantidade e a força desta família foi o fruto da promessa feita a Agar e a Abraão no tocante a Ismael.

Versículos 19-26Isaque não parece ter sido muito provado, senão ter passado seus dias tranqüilamente. Jacó

e Esaú foram resposta à oração: seus pais os tiveram por oração depois de se passar muito tempo sem filhos. O cumprimento da promessa de Deus sempre é seguro, embora costuma ser lento. A fé dos crentes prova e exercita sua paciência, e as misericórdias longamente esper-adas são melhor recebidas quando chegam.

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Isaque e Rebeca tinham presente a promessa de que todas as nações seriam benditas em sua descendência, portanto, não somente desejavam filhos senão que ansiavam todas as coisas que pareceriam marcar o futuro caráter deles. Nós devemos perguntar ao Senhor em oração por todas as nossas dúvidas. Em muitos de nossos conflitos com o pecado e a Teimoso poderíamos adotar as palavras de Rebeca: "Se é assim, para que vivo eu?" Se um é filho de Deus, por que sou tão negligente e carnal? Se um é filho de Deus, por que é tão temeroso ou tão carregado de pecado?

Versículos 27-28Esaú caçava as bestas do campo com destreza e êxito até que chegou a ser um vencedor

que dominava a seus vizinhos. Jacó era um homem simples, que gostava dos deleites ver-dadeiros do retiro, mais que de todos os pretendidos prazeres. Ele foi um estrangeiro e pere-grino em seu espírito, e um pastor todos seus dias. Isaque e Rebeca tiveram somente estes dois filhos: um era o favorito do pai e o outro, da mãe. Embora os pais piedosos devem sentir mais afeto por um filho piedoso, contudo, não devem mostrar preferências. Que seus afetos os conduzam a fazer o que for justo e eqüitativo com cada filho, ou surgirão males.

Versículos 29-34Aqui temos a transação feita entre Jacó e Esaú pela primogenitura, que era de Esaú por

nascimento, porém de Jacó pela promessa. Era um privilégio espiritual e vemos o desejo de Jacó pela primogenitura, porém procurou obtê-la por meios tortos, não segundo o caráter de homem simples. Ele tinha razão ao cobiçar fervorosamente os melhores dons; fez mal ao aproveitar-se da necessidade de seu irmão. A herança os bens mundanos do pai deles não cor-respondia a Jacó e não estava incluída nesta proposição. Porém, incluía a possessão futura da terra de Canaã por parte dos filhos de seus filhos, e a aliança feita com Abraão em quanto a Cristo, a Semente prometida. O crente Jacó valorizou estas coisas por acima de tudo; o incré-dulo Esaú as desprezou. Ainda que devemos ter o juízo de Jacó para procurarmos a primogeni-tura, devemos evitar cuidadosamente toda malícia ao tratar de conseguir ainda as melhores vantagens.

A comida de Jacó agradou os olhos de Esaú. "Rogo-te que me dês de comer desse guisado vermelho"; por isso foi chamado Edom, ou Vermelho. Satisfazer o apetite sensual arruína mil-hares de almas preciosas. Quando os corações dos homens andam em pós de seus olhos (Jó 31.7), e quando servem seus ventres, podem ter a certeza de que serão castigados. Se nos empenharmos em negar-nos a nós mesmos, rompemos a força da maioria das tentações. Não pode supor-se que Esaú estiver morrendo de fome na casa de Isaque. As palavras significam "eu vou rumo à morte"; ele parece dizer "Eu nunca viverei para herdar Canaã ou nenhuma dessas supostas bênçãos futuras ou o que signifiquem para quem as tenha quando eu estiver morto e tenha partido". Esta seria a linguagem do profano com que o apóstolo o qualifica (Hb 12.16); e este menosprezo da primogenitura é sua culpa (versículo 34). É a maior tolice sepa-rar-nos de nosso interesse em Deus, Cristo e o céu, pelas riquezas, honras e os prazeres deste mundo; é um negócio tão mau como o que vende sua primogenitura por um prato de guisado.

Esaú comeu e bebeu, agradou seu paladar, satisfez seu apetite e, depois, se levantou des-cuidadamente e foi embora, sem pensar seriamente nem lamentar o mau negócio que tinha feito. Assim, Esaú desprezou sua primogenitura. Por sua negligência e desprezo posteriores e justificando-se no que tinha feito, deixou o assunto no esquecimento. A gente é destruída não tanto por fazer o que é errado, como por fazê-lo e não arrepender-se isso.

CAPÍTULO 26• Versículos 1-5 Isaque vai a Gerar devido a uma grande fome• Versículos 6-11 Nega a sua esposa e é repreendido por Abimeleque• Versículos 12-17 Isaque fica rico – A inveja dos filisteus • Versículos 18-25 Isaque escava poços – Deus o abençoa• Versículos 26-33 Abimeleque faz um pacto com Isaque• Versículos 34-35 As esposas de Esaú

Versículos 1-5Isaque tinha sido educado numa dependência de fé na concessão divina da terra de Canaã

para ele e seus herdeiros; agora que há uma fome na terra, Isaque continua aferrado a aliança. O valor real das promessas de Deus não pode diminuir para o crente por nenhuma providência contrária que lhe aconteça. Se Deus se compromete a estar conosco e nós estamos onde Ele quer, nada senão nossa própria incredulidade e desconfiança podem impedir nosso consolo. A obediência de Abraão à ordem divina foi a evidência dessa fé pela qual, como pecador, foi jus-

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tificado ante Deus, e o efeito desse amor pelo qual opera a fé verdadeira. Deus testifica que Ele aprovou esta proibição para animar a outros, especialmente a Isaque.

Versículos 6-11Nada há de imitável nem de escusável na negação que faz Isaque de sua esposa. A ten-

tação de Isaque é a mesma que venceu a seu pai e em duas ocasiões. Isto fez que seu pecado fosse ainda mais grave. As quedas dos que nos precederam são outras tantas rochas sobre as quais têm naufragado os outros; o relato delas é como colocar bóias para salvar os marinheiros do futuro. Este Abimeleque não é o mesmo que viveu na época de Abraão, porém ambos agi-ram retamente. Os pecados dos professantes os envergonham diante dos que não são reli-giosos.

Versículos 12-17Deus abençoou a Isaque. Observe-se que Deus o abençoou com grande crescimento para

estimular os inquilinos pobres, honestos e trabalhadores que labutam nas terras de outras pes-soas.

Os filisteus invejavam a Isaque. Este é um exemplo da vaidade do mundo; pois quanto mais tenham os homens, mais inveja suscitam e se vêem expostos à censura e à injúria. Também pertence à corrupção da natureza, que sem dúvida é um mau princípio: que os homens se lamentem pelo bem dos outros. Eles fizeram que Isaque saísse do país deles. A sabedoria que é do alto nos ensina a ceder nosso direito e a retirar-nos das brigas. Se formos injustamente expulsados de um lugar, o Senhor nos fará espaço em outra parte.

Versículos 18-25Isaque se enfrentou a muita oposição ao escavar poços. Dois foram chamados Contenção e

Inimizade. Veja a natureza das coisas mundanas: provocam brigas e ocasionam discórdias, e freqüentemente a sorte do mais tranqüilo é pacífico é que, malgrado evite as brigas, não con-segue evitar que briguem com ele. Que misericórdia é ter muita água e tê-la sem brigar por ela! Isaque escavou um poço, finalmente, pelo qual não contenderam. Aqueles que se es-forçam por conseguir a tranqüilidade, rara vez fracassam. Ainda que os homens são falsos e malvados, Deus continua sendo fiel e bondoso; e seu tempo para mostrar-se assim é quando mais desenganados estamos dos homens. A mesma noite em que Isaque chegou a Berseba, cansado e inquieto, Deus deu consolo a sua alma. Os que estão seguros da presença de Deus podem mover-se com comodidade.

Versículos 26-33Quando os caminhos do homem são agradáveis a Jeová, até seus inimigos faz estar em paz

com ele (Pv 16.7). Os corações dos reis estão em suas mãos e quando lhe apraz pode voltá-los para favorecer a seu povo. Não é errado estar alerta ao tratar com os que têm agido injusta-mente. Porém Isaque não insistiu na injustiça que lhe haviam feito; iniciou livremente amizade com eles. A religião nos ensina a sermos amistosos e, em quanto depender de nós, a termos paz com todos os homens. A providência sorriu pelo que fez Isaque; Deus abençoou seus tra-balhos.

Versículos 34-35Esaú foi néscio ao casar com duas esposas juntas, e pior ainda, ao casar com cananéias, al-

heias à bênção de Abraão e sujeitas à maldição de Noé. Doeu a seus pais que casasse sem o conselho nem o consentimento. Os filhos que causam preocupações a seus pais bons têm pou-cas razões para esperar a bênção de Deus.

CAPÍTULO 27• Versículos 1-5 Isaque manda a Esaú que saia a caçar• Versículos 6-17 Rebeca instrui a Jacó sobre como obter a bênção• Versículos 18-29 Jacó obtém a bênção fingindo ser Esaú• Versículos 30-40 O temor de Isaque – A importunidade de Esaú• Versículos 41-46 Esaú ameaça a vida de Jacó – Rebeca envia longe a Jacó

Versículos 1-5As promessas do Messias e da terra de Canaã tinham passado a Isaque. Agora tinha uns 135

anos de idade e seus filhos, por volta de 75. Não tendo considerado devidamente a palavra div-ina referida a seus dois filhos de que o maior serviria o menor, resolveu dar toda a honra e o poder que havia na promessa a Esaú, seu filho mais velho. Nós somos muito bons para tomar

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medidas conforme a nosso próprio arrazoar mais que segundo a revelação divina e, por isso, perdemos freqüentemente nosso caminho.

Versículos 6-17Rebeca sabia que a bênção estava preparada para Jacó e esperava que ele a obtivesse.

Porém, fez mal a Isaque ao enganá-lo; fez mal a Jacó ao tentá-lo para que agisse errado. Pôs uma pedra de tropeço no caminho de Esaú e lhe deu um pretexto para odiar a Jacó e aborrecer a religião. Todos eram culpáveis. Era uma daquelas medidas retorcidas que amiúde se adotam para fazer progredir as promessas divinas; como se o fim justificasse os meios, ou escusasse os médios incorretos. Assim, pois, muitos têm agido errado com a idéia de serem úteis para fo-mentar a causa de Cristo. A resposta a todas essas coisas é a que Deus dirigiu a Abraão: "Eu sou o Deus Todo Poderoso; anda diante de mim e sé perfeito".

Foi um dizer muito apressado de Rebeca: "Filho meu, seja sobre mim tua maldição". Cristo tem carregado a maldição da lei por todos os que se amarram ao jugo do mandamento, o man-damento do evangelho. Mas é demasiado ousado que uma criatura diga: "seja sobre mim tua maldição".

Versículos 18-29Com certa dificuldade, Jacó conseguiu seu propósito e obteve a bênção. Esta bênção é em

termos muito gerais. Não se mencionam as misericórdias distintivas da aliança com Abraão. Isto poderia ser devido à forma em que Esaú tinha desprezado as melhores coisas. Além disso, sua inclinação por Esaú, a ponto de não levar em conta a vontade de Deus, deve ter enfraque-cido enormemente sua própria fé nessas coisas. Portanto, poderia esperar-se que a escassez estivesse em sua bênção, concordemente com seu estado mental.

Versículos 30-40Quando Esaú compreendeu que Jacó tinha obtido a bênção, clamou com um muito grande e

amargo choro. Vem o dia em que os que assumem com volubilidade as bênçãos da aliança e trocam seu direito às bênçãos espirituais pelo que carece de valor, em vão as pedirão com urgência. Isaque tremeu muito quando percebeu o engano que lhe fizeram. Os que seguem a opção de seus próprios afetos mais que a vontade divina, acabam em confusão. Porém ele logo se recuperou e confirmou a bênção que tinha dado a Jacó dizendo: Eu o abençoei e será ben-dito.

Os que se afastam de sua sabedoria e de sua graça, de sua fé e da boa consciência, em aras das honras, as riquezas ou os prazeres deste mundo, por mais que finjam zelo pela bênção, tem sido julgados indignos dela e sua condenação será a que lhes corresponda.

Uma bênção comum foi dada a Esaú. Era o que desejava. Os desejos fracos de felicidade sem a eleição correta do fim, e o uso correto dos médios, enganam a muitos levando-os a sua própria ruína. As multidões vão para o inferno com suas bocas cheias de bons desejos.

A grande diferença é que não há nada na bênção de Esaú que aponte a Cristo; e sem isso, a gordura da terra e o produto do campo valem de bem pouco. Assim, pois, por fé Isaque abençoou a seus dois filhos, segundo o que devia ser sua sorte.

Versículos 41-46Esaú aborreceu a Jacó pela bênção que este obteve. Assim seguiu pelo caminho de Caim,

que assassinou a seu irmão porque tinha recebido a aceitação de Deus, da qual Caim tinha-se feito indigno. Esaú se propôs impedir que Jacó ou sua descendência tivessem o Deus, tirando-lhe a vida. Os homens podem inquietar-se pelos conselhos de Deus, mas não podem mudá-los. Para evitar uma tragédia Rebeca advertiu a Jacó do perigo e o aconselhou que partisse em aras de sua segurança. Não devemos esperar demasiada sabedoria e decisão ainda nos mais prom-etedores dos filhos; antes devemos ter cuidado de mantê-los afastados do caminho do mal. Quando lemos este capítulo não devemos deixar de observar que não devemos seguir nem ao melhor dos homens além do que façam conforme à lei de Deus. Não devemos fazer mal para que venha o bem. Conquanto para cumprir seus propósitos, Deus não levou em conta as más ações registradas neste capítulo, de todos modos vemos seu juízo nas penosas conseqüências para todas as partes envolvidas.

Foi privilégio e vantagem particular de Jacó transmitir estas bênçãos espirituais a todas as nações. O Cristo, o Salvador do mundo, nasceria de certa família e Jacó foi preferido e não Esaú, pelo beneplácito do Deus Onipotente que certamente é o melhor juiz do que é bom e tem o direito indiscutível de dispensar seus favores segundo o estime conveniente (Rm 9.12-15).

CAPÍTULO 28• Versículos 1-5 Isaque manda a Jacó a Padã-Harã

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• Versículos 6-9 Esaú casa com a filha de Ismael• Versículos 10-15 A visão de Jacó• Versículos 16-19 A pedra de Betel• Versículos 20-22 O voto de Jacó

Versículos 1-5Jacó tinha promessas de bênçãos para este mundo e para o vindouro, mas sai para trabalhar

em forma árdua. Isto o ajudou a corrigir-se pela fraude perpetrado a seu pai. A bênção lhe será conferida, mas terá aguda dor pelo curso indireto tomado para obtê-la.

Jacó é despedido por seu pai com um solene encargo. Ele não deve tomar esposa das filhas de Canaã: os que professam a religião não devem casar com os que não se preocupam por sua fé. Além disso, lhe dá uma bênção solene. Isaque tinha-o abençoado antes sem querer; agora o faz deliberadamente. Esta bondade é mais completa que a anterior; é uma bênção evangélica. Esta promessa aponta tão alto como o céu, do qual Canaã era um tipo. Essa era a pátria mel-hor que Jacó e os outros patriarcas tinham em vista.

Versículos 6-9Os bons exemplos impressionam até o profano e perverso. Contudo, Esaú pensou em com-

prazer seus pais em uma coisa a fim de expiar os outros males cometidos. Os corações carnais são dados a crer-se tão bons como deveriam ser porque em algum aspecto não são tão maus como poderiam ter sido.

Versículos 10-15A conduta de Jacó até agora, segundo o relato, não era a que alguém que simplesmente tem

temor de Deus e confia nEle. Mas agora, com problemas, obrigado a fugir, somente buscou a Deus para que lhe permitisse estar a salvo e poder deitar a dormir à intempérie com sua cabeça sobre uma pedra. Todo crente verdadeiro deve estar disposto a virar-se com o traves-seiro de Jacó, supondo que possa ter a visão de Jacó. O tempo de Deus para visitar sua gente com suas consolações é quando estão completamente privados de outros consolos e de outros consoladores.

Jacó viu uma escada que ia da terra ao céu, os anjos subindo e descendo por ela, e o próprio Deus no alto dela. Isto representa:

1) A providência de Deus, pela qual se mantém um intercâmbio constante entre o céu e a terra. Isto faz saber a Jacó que ele tinha ao mesmo tempo um bom guia e um bom guardião.

2) A mediação de Cristo. Ele é a escada; o pé na terra é sua natureza humana; o topo no céu, sua natureza divina. Cristo é o Caminho (Jo 1.51). Por este caminho os pecadores se aproximam do trono da graça com aceitação. Pela fé vemos este caminho e, em oração, nos aproximamos a ele. Em resposta à oração recebemos todas as necessárias bênçãos da providência e da graça. Não temos caminho para chegar ao céu a não ser por meio de Cristo. Quando a alma, pela fé, pode ver estas coisas, então todo lugar se tornará agradável e toda perspectiva, gozosa. Ele nunca nos deixará até que sua última promessa seja cumprida para nossa felicidade eterna.

Deus falou consoladoramente a Jacó. Falou-lhe desde o alto da escada. Todas as felizes no-vas que recebemos do céu vêm por meio de Jesus Cristo. O Messias devia vir de Jacó. Cristo é a grande bênção do mundo. Todos os que são abençoados, são abençoados nEle, e ninguém, de nenhuma família, fica fora da bênção nEle senão aqueles que se auto-excluem. Jacó tinha uma longa viagem pela frente a um país desconhecido, todavia, "Eis aqui, eu estou contigo", e Deus promete trazê-lo de volta a esta terra. Parecia abandonado de todos seus amigos, porém Deus lhe deu esta certeza, "Eu não te deixarei". Deus nunca abandona ao que ama.

Versículos 16-19Deus se manifestou Ele mesmo e seu favor a Jacó enquanto este dormia. O Espírito, como o

vento, sopra quando e onde quer, e a graça de Deus, como o orvalho, não se retrasa para os filhos dos homens. Jacó procurou superar-se a partir da visita que Deus lhe fez. Onde quer que estejamos, na cidade ou no deserto, na casa ou no campo, na tenda ou na rua, podemos man-ter nossa relação com o Céu; se não for assim, é a nossa própria falta. Porém, quanto mais ve-jamos de Deus, mais causa teremos para um santo tremor diante dEle.

Versículos 20-22Nesta ocasião Jacó formulou um solene voto. Observe-se o seguinte:1) A fé de Jacó. Ele confia que Deus estará com ele e que o guardará; ele confia nisso.

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2) A moderação de Jacó em seus desejos. Não pede roupa suave nem carne gostosa. Se Deus nos dá muito, devemos estar agradecidos e usá-lo para Ele; se nos der pouco, devemos estar contentes e desfrutar alegremente dEle no pouco.

3) A piedade de Jacó e sua consideração de Deus, que são vistas no que desejou, que Deus estivesse com ele e o guardasse. Não devemos desejar mais para ficarmos cômodos e felizes. Também sua resolução é aferrar-se ao Senhor como seu Deus da aliança. Quando recebemos mais que a graça comum de Deus, devemos abundar em gratidão para Ele. O dízimo é uma proporção adequada para consagrar a Deus e empregá-la para Ele, embora pode ser mais ou menos, segundo Deus nos prospere (1 Co 16.2). Então, lembremo-nos de nossos Beteles, como estamos comprometidos por votos solenes a render-nos ao Senhor, para tomá-lo por nosso Deus e consagrar todo o que temos e somos para Sua glória!

CAPÍTULO 29• Versículos 1-8 Jacó chega ao poço de Harã• Versículos 9-14 Seu encontro com Raquel – Labão o atende• Versículos 15-30 O contrato de Jacó por Raquel – O engano de Labão • Versículos 31-35 Os filhos de Lia

Versículos 1-8Jacó prosseguiu alegre sua viagem depois da doce comunhão que teve com Deus em Betel.

A providência o levou ao campo onde deviam beber os animais de seu tio. O que se diz do cuidado dos pastores por suas ovelhas pode lembrar-nos a tenra preocupação que nosso Sen-hor Jesus, o grande Pastor das ovelhas, tem por seu rebanho, a igreja; por Ele é o bom portanto que conhece suas ovelhas, e a quem elas conhecem. A pedra da boca do poço era para fechá-lo; a água era escassa, não estava ali para que qualquer um a usasse: mas os interesses par-ticulares não nos devem impedir que nos ajudemos uns a outros. Quando se juntavam todos os pastores com seus rebanhos, então, juntos, como bons vizinhos, davam de beber a seus ani-mais. A lei da clemência ao falar tem um poder obrigatório (Pv 31.26). Jacó foi bem educado com estes estrangeiros e achou que eles eram bem educados para com ele.

Versículos 9-14Veja aqui a humildade e a laboriosidade de Raquel. Ninguém tem de envergonhar-se do tra-

balho honesto e útil, nem deve ser impedido pela preferência de alguém. Quando Jacó com-preendeu que esta era sua parenta, esteve muito disposto a servi-la.

Labão, embora não do melhor humor, deu-lhe as boas-vindas e se deu por satisfeito com o relato que Jacó lhe fez de si mesmo. Embora evitemos estarmos tolamente dispostos a acredi-tar em tudo o que nos seja dito, devemos ter cuidado de sermos suspicazes em forma pouco caridosa.

Versículos 15-30No mês que Jacó se passou como hóspede, não esteve ocioso. Onde quer que estejamos é

bom ocupar-nos em algo útil. Labão estava desejoso de que Jacó ficasse com ele. Não se deve obter vantagem das relações com os subordinados; é nosso dever recompensá-los.

Jacó fez saber a Labão o afeto que tinha por sua filha Raquel. Carecendo de bens mundanos com os quais dotá-la, promete sete anos de serviços. O amor faz curtos e fáceis os serviços longos e difíceis; daí que lemos de trabalho com amor (Hb 6.10). Se soubermos valorizar a feli-cidade do céu, os sofrimentos deste tempo presente serão como nada para nós. Uma era de trabalho não será senão uns poucos dias para os que amam a Deus e anelam a vinda de Cristo.

Jacó, que tinha-se aproveitado de seu pai, agora é utilizado por Labão, seu sogro, com um engano parecido. Daqui, que por injusto que tenha sido Labão, o Senhor foi justo: ver Juízes 1.7). Ainda aos justos, se derem um passo em falso, assim Deus lhes paga na terra. Muitos que como Jacó não são desenganados pela pessoa, em seus matrimônios, logo se encontram, para sua grande dor, desencantados pelo caráter. A eleição desta relação deve fazer-se com bom conselho e pensamento por ambas as partes. Há razões para acreditar que a escusa de Labão não era verdadeira. Seu modo de resolver a questão piorou o mal. Jacó se viu levado ao prob-lema das muitas esposas. Ele não podia rejeitar a Raquel porque a havia desposado; muito menos podia rejeitar a Lia. Ainda não havia um mandamento expresso contra casar com mais de uma esposa. Era pecado de ignorância nos patriarcas, porém não justifica o mesmo cos-tume atual quando a vontade de Deus está claramente dada a conhecer pela lei divina (Lv 18.18), e mais plenamente desde que, por nosso Salvador, podem unir-se somente um homem e uma mulher (1 Co 7.2).

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Versículos 31-35Os nomes que Lia dá a seus filhos expressavam seu respeito e consideração tanto para

Deus como para seu esposo. Rubem, ou olha um filho, com este pensamento: "Agora meu marido me amará"; Levi, ou unido, com a expectativa de que "Esta vez meu marido se unirá comigo". O afeto mútuo é ao mesmo tempo um dever e o consolo da relação conjugal; e os companheiros de jugo devem considerar o agradar-se um ao outro (1 Co 7.33-34). Ela recon-hece, agradecida, a bondosa providência de Deus ao ouvi-la. Em tudo o que nos sustente e console nas aflições ou se ocupe de nossa liberação delas, é Deus quem deve ser reconhecido nisso. Chamou Judá seu quarto filho, ou louvor, dizendo: "Esta vez louvarei a Jeová". Deste, se-gundo a carne, é que veio Cristo. Qualquer seja a razão de nosso regozijo deve ser tema de nossa ação de graças. Os favores frescos devem apressar-nos a louvar a Deus pelos favores anteriores. Desta vez louvarei a Jeová mais e melhor do que tenho feito antes. Todos nossos louvores devem centrar-se em Cristo, como objeto deles e como Mediador deles. Ele desceu, segundo a carne, daquele cujo nome era Louvor, e Ele é o nosso louvor. Está Cristo formado em meu coração? Desta vez louvarei a Jeová.

CAPÍTULO 30• Versículos 1-13 Outro relato mais da família de Jacó• Versículos 14-24 Raquel dá a luz a José • Versículos 25-43 A nova aliança de Jacó com Labão para servi-lo pelo rebanho

Versículos 1-13Raquel invejava a sua irmã: a inveja é doer-se porque o próximo está bem; não há pecado

que seja mais odioso para Deus que esse, ou mais pernicioso para nosso próximo e nós mes-mos. Ela não considerou que Deus estabelece a diferença e que em outras coisas ela tinha a vantagem. Cuidadosamente estejamos vigilantes contra todas as aparições e obras desta paixão em nossa mente. Que nosso olho não seja mau para nenhum de nossos conservos porque o olho de nosso Amo é bom.

Jacó amava a Raquel e, portanto, a repreendeu por falar mal. As reprimendas fiéis revelam um verdadeiro afeto. Deus pode ocupar o lugar de qualquer criatura em nós, mas é pecado e tolice colocar uma criatura no lugar de Deus e depositar na criatura a confiança que somente a Ele deve dar-se.

Jacó, convencido por Raquel, tomou a Bila, donzela dela, como esposa para que, conforme com os costumes da época, seus filhos fossem de sua senhora. Se seu coração não tivesse es-tado influenciado pelas más paixões, Raquel teria pensado nos filhos de sua irmã, mais próxi-mos a ela e com mais direito a seu carinho que os de Bilha. Porém lhe eram mais desejáveis os filhos aos que ela tinha direito de mandar que os filhos aos que ela tinha mais razão para amar. Como exemplo precoce de seu poder sobre estes filhos, ela se compraz em dar-lhes nomes que levam em si a marca de sua rivalidade com sua irmã. Veja-se o que são as raízes da amar-gura, inveja e discórdia, e quanto mal fazem entre os entes queridos.

Jacó, convencido por Lia, tomou a Zilpa, sua serva, como esposa também. Veja o poder doa ciúmes e da rivalidade, e admire-se a sabedoria do desígnio divino, que une a um só homem com uma só mulher; porque Deus nos tem chamado à paz e à pureza.

Versículos 14-24O desejo de ser a mãe da Semente prometida, bom em si mesmo, porém amiúde demasiado

grande e irregular, junto com a honra de ter muitos filhos e a censura de ser estéril, foram al-gumas das causas desta inconveniente disputa entre as irmãs. A verdade parece ser que elas estavam influenciadas pelas promessas de Deus a Abraão, a cuja posteridade tinha-se feito a promessa das mais ricas bênçãos, e de quem sairia o Messias.

Versículos 25-43Passados os catorze anos, Jacó estava desejoso de partir sem provisão, salvo a promessa de

Deus. Mas de muitas forma, tinha um justo reclamo sobre a fortuna de Labão, e era vontade de Deus que ele recebesse provisão dela. Ele referiu sua causa a Deus em vez de acordar os salários estipulados com Labão, cujo egoísmo era muito grande. Pareceria ser que agiu hones-tamente quando não se achou nenhum gado entre os seus, senão aqueles das cores acor-dadas. Labão pensou egoisticamente que seu gado produziria poucos de cores diferentes das do seu.

Tem sido considerado que a conduta de Jacó depois deste acordo é um exemplo de sua política e administração. Porém aconteceu assim a instâncias de Deus e como sinal de seu poder. O Senhor de uma ou de outra forma defenderá a causa do oprimido e honrará os que

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simplesmente confiam em sua providência. Tampouco pôde Labão queixar-se de Jacó, já que não tinha nada além do que fora livremente acordado; também não foi danificado, senão muito beneficiado pelos serviços de Jacó. Que todas nossas misericórdias sejam recebidas com ação de graças e oração, para que, vindo de sua generosidade, não levianamente a louvá-lo.

CAPÍTULO 31• Versículos 1-21 Jacó parte em secreto• Versículos 22-35 Labão persegue a Jacó• Versículos 36-42 Jacó se queixa da conduta de Labão• Versículos 43-55 A aliança deles em Gileade

Versículos 1-21Os assuntos destas famílias se relatam com muito detalhe embora não se mencionam os as-

sim chamados grandes acontecimentos dos estados e reinos deste período. A Bíblia ensina à gente os deveres corriqueiros da vida, como servir a Deus, como desfrutar as bênçãos que Ele outorga, e a fazer o bem nas variadas situações e deveres da vida. Os homens egoístas se con-sideram despojados de tudo o que fica fora de seu alcance, e a cobiça se engole até o afeto natural. A sobrevalorização da riqueza mundana que os homens fazem é um erro que é a raiz da cobiça, a inveja e de todo mal. Os homens do mundo entremetem-se no caminho alheio e cada um parece estar tirando dos outros; dali surgem o descontentamento, a inveja e a discór-dia. Porém, há certas possessões que bastam por tudo; feliz aquele que as busca em primeiro lugar. Em todas nossas mudanças devemos respeitar o mandamento e a promessa de Deus. Se Ele está conosco, não temos nada a temer. Os perigos que nos rodeiam são tantos que, em verdade, nada mais pode dar ânimo a nossos corações. Lembrar as temporadas favorecidas pela comunhão com Deus é muito refrescante quando alguém está em dificuldades; e amiúde deveríamos lembrar nossos votos, para que não deixemos de cumpri-los.

Versículos 22-35Deus pode pôr freio na boca dos homens maus para restringir sua maldade, embora não

mude seus corações. Embora não amem o povo de Deus, o fingirão e tratarão de fazer méritos por necessidade. Néscio Labão! Chamar deuses todas essas coisas que podiam ser roubadas! Os inimigos podem roubar todos nossos bens, mas não nosso Deus. Aqui Labão culpa a Jacó de coisas que não sabia. Os que encomendam sua causa a Deus não têm a proibição de rogar por ela com mansidão e temor. Quando lemos que Raquel rouba as imagens de seu pai, que cena de iniqüidade se abre! A família de Naor, que deixou os caldeus idólatras, esta mesma família se torna idólatra? É assim. Parece que a verdade é que eram como alguns de tempos posteri-ores, que juraram por Jeová e juraram por Milcom (Sf 1.5); e como outros de nossos tempos que desejam servir simultaneamente a Deus e a Mamom. Grandes multidões reconhecerão da palavra ao Deus verdadeiro, mas seus corações e casas são albergues da idolatria espiritual. Quando um homem se entrega à cobiça, como Labão, o mundo é seu deus; e somente tem de residir entre idólatras grosseiros para tornar-se um com eles, ou pelo menos, um favorecedor de suas abominações.

Versículos 36-42Se Jacó tinha-se deixado consumir voluntariamente pelo calor do dia e a geada da noite,

para chegar a ser o genro de Labão, que teríamos que negar-nos a suportar para chegarmos a ser filhos de Deus? Jacó fala de Deus como do Deus de seu pai; ele se tinha por indigno de ser considerado em si mesmo, mas era amado por amor de seu pai. Ele o chama o Deus de Abraão e o temor de Isaque, pois Abraão estava morto e tinha partido a esse mundo onde o perfeito amor deita fora todo temor, porém Isaque estava vivo ainda, santificando por Senhor em seu coração com tremor e temor.

Versículos 43-55Labão não podia justificar a si mesmo nem condenar a Jacó, portanto, deseja não saber mais

do assunto. Não está disposto a reconhecer sua falta como deveria ter feito. Propõe uma aliança de amizade entre eles, com o qual concorda rapidamente Jacó. É levantado um montão de pedras, para conservar a lembrança do fato, pois então não se sabia ler e escrever, ou se usava pouco. Foi oferecido um sacrifício como oferta de paz. A paz com Deus coloca um ver-dadeiro consolo na paz com nossas amizades. Eles comeram juntos o pão, e participaram da festa pelo sacrifício. Nas épocas antigas, as partes ratificavam a aliança de amizade comendo e bebendo juntos. Deus é o juiz das partes litigantes e Ele julgará com Jesus Cristo; que faz o mal, o faz por sua própria conta e risco.

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Eles deram um novo nome ao lugar, Marco do Testemunho ou Monte do Testemunho. De-pois da irada discussão das condições, separaram-se amigos. Deus costuma ser melhor para nós que nossos temores, e dirige a favor nosso os espíritos dos homens, além do que poderíamos esperar; porque não é em vão confiar nEle.

CAPÍTULO 32• Versículos 1-8 A visão de Jacó em Maanaim – Seu medo de Esaú• Versículos 9-23 A fervorosa oração de Jacó por liberação – Prepara um

presente para Esaú • Versículos 24-32 Luta com o Anjo

Versículos 1-8Os anjos de Deus se apareceram a Jacó para dar-lhe ânimo com a certeza da proteção div-

ina. Quando Deus submete a seu povo a grandes provas, os prepara por meio de grandes con-solações.

Enquanto Jacó, a quem pertencia a promessa, esteve trabalhando com ardor, Esaú tinha chegado a ser um príncipe. Jacó enviou uma mensagem demonstrando que não insistia na pri-mogenitura. A mansidão fará cessar as grandes ofensas (Ec 10.4). Não devemos negar-nos a falar com respeito ainda aos que estejam irados injustamente conosco. Jacó recebeu um in-forme dos preparativos bélicos de Esaú contra ele, e teve muito medo. O sentido vívido do perigo e o medo vivificador que dele surge, podem achar-se unidos com a humilde confiança no poder e na promessa de Deus.

Versículos 9-23 Os tempos de terror devem ser épocas de oração: seja o que for que cause o temor, deve

deixar-nos de joelhos ante o nosso Deus. Jacó tinha visto recentemente a seus anjos guardiões porém, em seu mal-estar, recorreu a Deus, não a eles; ele sabia que eles eram seus conservos (Ap 22.9). Não pode Haber uma pauta melhor que esta para a verdadeira oração. Aqui há um reconhecimento agradecido de favores anteriores imerecidos; uma humilde confissão de indig-nidade; uma simples declaração de seus temores e inquietudes; uma referência plena de todo o assunto ao Senhor e o descanso de todas suas esperanças nEle. O melhor que podemos dizer que Deus em oração é o que Ele nos tem falado. Assim, Ele fez do nome do Senhor sua torre forte e não pôde senão estar a salvo. O temor de Jacó não o fez afundar no desespero, nem sua oração o fez pressupor a misericórdia de Deus, sem o uso de médios. Deus responde as orações ensinando-nos a ordenar corretamente nossos assuntos.

Jacó enviou um presente para apaziguar Esaú. Não devemos desesperar de reconciliar-nos com outros, por muito irados que estejam conosco.

Versículos 24-32Um bom tempo antes da saída do sol, estando sozinho, Jacó expressou mais plenamente

seus temores orando a Deus. Enquanto estava assim ocupado, Um semelhante a um homem lutou com ele. Quando o Espírito nos ajuda em nossas bondades e quase não achamos palavras para expressar nossos desejos mais vastos e fervores, e queremos dizer mais do que podemos expressar, então, a oração luta, sem dúvida, com Deus. Por atribulados ou desenco-rajados que estejamos, prevaleceremos e, ao prevalecer com Ele em oração, prevaleceremos contra todos os inimigos que lutam em contra nossa. Nada requer de mais vigor e esforço in-cessante que lutar. É um emblema do verdadeiro espírito de fé e oração. Jacó manteve seu ter-reno; embora a luta continuou longo tempo, isto não sacudiu sua fé, nem silenciou sua oração. Ele terá uma bênção, e preferia que todos seus ossos fossem deslocados antes de partir sem uma. Os que desejam ter a bênção de Cristo devem decidir-se a não aceitar uma negativa. A oração fervorosa é a oração eficaz.

O Anjo lhe pôs uma marca de honra perdurável, trocando-lhe o nome. Jacó significa usurpador. Daqui em diante será celebrado não pela sua esperteza e hábil manipulação, senão pelo valor verdadeiro. "Serás chamado Israel", príncipe de Deus, um nome maior que o dos grandes homens da terra. Sem dúvida ele é um príncipe, isto é, um príncipe de Deus; são ver-dadeiramente honoráveis aqueles que são poderosos em oração. Ao ter poder com , também terão poder com os homens; ele prevalecerá e ganhará o favor de Esaú.

Jacó dá um nome novo ao lugar. O chama Peniel, o rosto de Deus, porque ali tinha visto aparecer a Deus e obteve Seu favor. Aos que Deus honra, corresponde admirar sua graça para com eles. O Anjo que lutou com Jacó era a segunda Pessoa da sagrada Trindade que, depois, foi Deus manifestado na carne e que, em sua natureza humana, é chamado Emanuel (os 12.4-5).

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Jacó foi ferido em sua coxa. Isso poderia servir para evitar que se sentiria superior com a abundância das revelações. O sol sal para Jacó; amanhece para aquela alma que teve co-munhão com Deus.

CAPÍTULO 33• Versículos 1-16 A amistosa reunião de Jacó e Esaú• Versículos 17-20 Jacó vai a Sucote e Siquem – Constrói um altar

Versículos 1-16Tendo encomendado sua causa em oração a Deus, Jacó continuou seu caminho. Aconteça o

que acontecer, nada pode dar errado para aquele cujo coração está firme, confiando em Deus. Jacó se inclinou ante Esaú. Uma conduta humilde e submissa faz muito para eliminar a ira. Esaú abraçou a Jacó. Deus tem os corações de todos os homens em suas mãos e pode voltá-los quando e como lhe apraz. Não é em vão confiar em Deus e invocá-lo no dia mau. Quando os caminhos do homem agradam ao Senhor, Ele faz que até seus inimigos estejam em paz com ele.

Esaú recebe a Jacó como irmão e há muita ternura entre eles. Esaú pergunta: "Quem são estes?". A esta pergunta corriqueira, Jacó falou sinceramente, como um homem cujos olhos es-tão sempre dirigidos para o Senhor. Jacó instou a Esaú, como se seu temor tivesse acabado, e ele tomou seu presente. Bom é quando a fé dos homens os faz generosos, de coração livre e mão aberta. Mas Jacó declinou o oferecimento de Esaú de acompanhá-lo. Não é desejável inti-mar com parentes ímpios superiores a um, que esperarão que nos unamos a eles em suas vaidades ou, pelo menos, que ignoremos as ações, embora eles acusem e, talvez, até zombem de nossa religião. Tais serão uma armadilha para nós ou se ofenderão conosco. Arrisquemo-nos a perder todas as coisas antes de pôr em perigo nossas almas, se conhecemos seu valor; antes de renunciar a Cristo, se verdadeiramente o amamos. Que o cuidado e boa atenção que Jacó dá a sua família e a seus rebanhos nos lembrem o bom Pastor de nossas almas, que reúne os cordeiros com seu braço e os leva em seu seio e, bondosamente, guia as que acabam de parir (Is 40.11). Todos devemos seguir seu exemplo como pais, mestres ou pastores.

Versículos 17-20Jacó não se contentou com palavras de gratidão pelo favor de Deus para com ele, senão que

deu graças reais. Também manteve a fé e a adoração de Deus em sua família. Onde tenhamos tenda, Deus deve ter um altar. Jacó dedicou este altar para a honra de El-Eloé-Israel, Deus, o Deus de Israel; à honra de Deus, o único Deus vivo verdadeiro; e à honra do Deus de Israel como Deus da aliança com ele. O Deus de Israel é a glória de Israel. Bendito seja seu nome, Ele continua sendo o poderoso Deus, o Deus de Israel. Que nós louvemos seu nome e nos regozije-mos em seu amor através de nossa peregrinação aqui na terra e por sempre na Canaã celes-tial.

CAPÍTULO 34• Versículos 1-19 Diná desonrada por Siquem • Versículos 20-31 Os de Siquem são assassinados por Simeão e Levi

Versículos 1-19As pessoas jovens, especialmente as mulheres, nunca estão a salvo e tão bem como sob o

cuidado de pais piedosos. Sua própria ignorância e as bajulações e artifícios mal-intencionados da gente ímpia, que sempre está tendendo-lhes armadilhas, as expõem a grande perigo. Eles são seus próprios inimigos se desejam ir-se ao estrangeiro, especialmente sozinhos, entre os estranhos à verdadeira fé. Os pais que não impedem a seus filhos que se exponham desneces-sariamente ao perigo estão muito errados. As crianças malcriadas, como Diná, amiúde se tor-nam em dor e vergonha para sua família. A desculpa dela foi ver as filhas da terra, ver como se vestiam e como dançavam e que estava de moda entre elas; foi para ver, porém isso não era tudo; foi também para que a vissem. Foi fazer amizade com as cananéias e a aprender seus costumes. Veja-se o que aconteceu com o vagar de Diná. O começo do pecado é como deixar escapar a água. Que tanto importa que se acenda um fogo pequeno? Devemos evitar cuida-dosamente todas as ocasiões para pecar e as aproximações a isso.

Versículos 20-31Os de Siquem se submeteram ao rito sagrado para dar-lhe o gosto a seu príncipe e enrique-

cer-se, e foi justo que Deus os castigasse. Como nada nos assegura melhor que a verdadeira 44

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religião, assim nada nos expõe mais que a religião somente fingida. Simeão e Levi foram suma-mente injustos. Aqueles que agem perfidamente sob pretexto de fé, são os piores inimigos da verdade e endurecem para destruição os corações de muitos. Os crimes alheios não con-stituem escusa para nós. Ai, como um pecado leva a outro e, como labaredas de fogo, espalha desolação em todas as direções! Os prazeres néscios conduzem à sedução; a sedução produz ira; a ira tem sede de vingança; a sede de vingança recorre à traição; à traição termina em as-sassinato; e o assassinato é seguido por outras ações ilegais. Se fizermos a história do comér-cio ilícito entre os sexos, encontraríamos que termina em sangue mais que nenhum outro pecado.

CAPÍTULO 35• Versículos 1-5 Deus manda a Jacó a ir a Betel – Tira os ídolos de sua família• Versículos 6-15 Jacó erige um altar – Morte de Débora – Deus abençoa a

Jacó• Versículos 16-20 Morte de Raquel• Versículos 21-29 O crime de Rubem – A morte de Isaque

Versículos 1-5Betel estava esquecido. Todavia, a quantos Deus ama, lembrará dos deveres descuidados

de uma ou de outra forma, pela consciência ou pela providência. Quando temos feito um voto a Deus, é melhor não demorar o pagamento; melhor tarde que nunca. Jacó mandou seu lar que se preparasse não somente para a viagem e a mudança, senão para os serviços religiosos. Os chefes de família devem usar sua autoridade para conservar a fé em suas famílias (Js 24.15). Eles devem tirar os deuses alheios. Nas famílias nas que há uma aparência de religião e um al-tar para Deus, muitas vezes há muita perdição e mais deuses estranhos do que alguém pode-ria supor. Devem purificar-se e trocar as vestes. Estas são somente cerimônias externas, que representam a purificação e a mudança de coração. Que são as roupas limpas e as vestes no-vas, sem um coração limpo, sem um novo coração?

Se Jacó tiver procurado antes esses ídolos, se teria separado antes deles. Às vezes as tenta-tivas de reforma triunfam melhor do que tivéssemos pensado. Jacó enterrou as imagens. Deve-mos estar totalmente afastados de nossos pecados, como o estamos daqueles que estão mor-tos e sepultados, fora da vista. Mudou-se de Siquem a Betel. Embora os cananeus estavam muito enraivecidos com os filhos de Jacó pelo tratamento bárbaro contra os de Siquem, foram retidos de tal modo pelo poder divino, que não puderam aproveitar a oportunidade de vingar-se que agora se lhes oferecia. O caminho do dever é I caminho da segurança. Quando estamos ocupados na obra de Deus, estamos sob proteção especial; Deus está conosco enquanto nós permaneçamos com Ele; e se Ele é por nós, quem contra nós? Deus rege o mundo por terrores secretos na mente dos homens mais do que podemos perceber.

Versículos 6-15O consolo que os santos têm nas sagradas ordenanças não é tanto de Betel, a casa de Deus,

como de El-Betel, o Deus da casa. Os mandamentos são coisas vazias se não nos encontramos com Deus neles. Jacó enterrou ali a Débora, a ama de Rebeca. Sua morte foi muito lamentada. Os velhos servos da família, que têm sido fiéis e úteis em seu tempo, devem ser respeitados.

Deus se apareceu a Jacó. Renovou a aliança com ele. Eu sou Deus Todo Poderoso, Deus onipotente, capaz de cumprir a promessa no devido tempo e de sustentar-te e prover para você no tempo mau.

Promete duas coisas: que ele será o pai de uma grande nação e o dono de uma boa terra. Estas duas promessas tinham um significado espiritual do qual Jacó tinha certa noção, embora não tão clara e definida como a temos nós agora. Cristo é a Semente prometida e o céu é a terra prometida; o primeiro é o fundamento e o segundo, a culminação de todos os favores de Deus.

Versículos 16-20Raquel tinha falado apaixonadamente "Dá-me filhos ou senão morro"; e agora que tinha fil-

hos, morreu! A morte do corpo não é senão a partida da alma ao mundo dos espíritos. Quando aprendamos que é Deus só quem realmente sabe o que é o melhor para seu povo, e que em todos nossos assuntos mundanos a via mais segura para o cristão é dizer de todo coração: "É o Senhor, que Ele faça o que bem lhe parecer". Somente nisso está a nossa seguridade e nosso consolo, em não conhecer outra vontade senão a Sua.

Seus lábios moribundos chamaram Benoni a seu filho recém-nascido, filho de minha dor; e muitos filhos resultam ser uma carga insuportável para a que os teve. Os filhos são uma dor bastante grande para suas mães; portanto, quando cresçam deveriam estudar para ser o gozo

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delas e, de ser possível, fazer algumas emendas. Porém Jacó, devido a que não queria reviver a lembrança penosa da morte da mãe cada vez que chamasse a seu filho, mudou seu nome por Benjamim, o filho de minha destra, isto é, muito querido para mim; o apoio de minha velhice, o cajado de minha mão direita.

Versículos 21-29Mostra-se a profunda aflição que foi o pecado de Rubem em "e Israel o soube". Não se diz

mais, mas é suficiente. Rubem pensou que seu pai nunca saberia, mas aqueles que se prome-tem secreto ao pecar, geralmente se desenganam.

Registra-se a idade e a morte de Isaque, embora não morreu senão depois que José fosse vendido ao Egito. Isaque viveu uns quarenta anos depois de ter feito seu testamento (capítulo 27.2). Não morreremos uma hora antes por colocar nosso coração e nossa casa em ordem; contudo, isto será muito melhor.

Destaca-se em particular o acordo de Esaú e Jacó em quanto ao funeral de seu pai, para mostrar como Deus tinha mudado prodigiosamente a mente de Esaú. É horrível ver os par-entes que brigam sobre os túmulos de suas amizades, por um pouco dos bens deste mundo, enquanto estão próximos a partir eles mesmos ao túmulo.

CAPÍTULO 36Esaú e seus descendentes

O relato deste capítulo mostra a fidelidade de Deus à promessa dada a Abraão. Aqui Esaú é chamado Edom, o nome que mantém a lembrança da venda de sua primogenitura por um prato de guisado. Esaú continuou sendo o mesmo profano que despreza as coisas celestiais. Na prosperidade e honra exterior os filhos da aliança costumam estar atrás e aqueles que es-tão fora da aliança são os que tomam a dianteira. Podemos supor que é uma prova da fé do Deus de Israel, o ouvir da pompa e poderio dos reis do Edom, enquanto eles eram escravos no Egito; todavia, os que buscam grandes coisas de Deus devem contentar-se com esperá-las; o tempo de Deus é a melhor época. O monte de Seir é chamado a terra de sua propriedade. Canaã era nesta época somente a terra prometida. Seir era possessão dos edomitas. Os filhos deste mundo têm tudo na mão e nada na esperança (Lc 16.25), enquanto que os filhos de Deus têm tudo na esperança e quase nada na mão. Contudo, consideradas as coisas, é incom-paravelmente melhor ter Canaã na promessa, que o monte do Seir como possessão.

CAPÍTULO 37• Versículos 1-4 José, amado por Jacó, odiado por seus irmãos• Versículos 5-11 Os sonhos de José• Versículos 12-22 Jacó manda José a buscar seus irmãos – Conspiração para

matá-lo• Versículos 23-30 Os irmãos de José o vendem• Versículos 31-36 Jacó enganado – José vendido a Potifar

Versículos 1-4Na história de José vemos algo de Cristo, que primeiro foi humilhado e depois exaltado.

Também mostra a sorte dos crentes que devem passar por muitas tribulações para entrar no reino. É uma história que não tem igual, em que se exibem variadas formas de operar da mente humana, tanto para o bem como para o mal, e a providência singular de Deus ao fazer uso delas para cumprir seus propósitos.

Embora José era o favorito de seu pai, não foi criado ocioso. Não amam verdadeiramente a seus filhos aqueles que não os ocupam nos negócios e trabalhos, e coisas que requerem es-forço. Com boa razão se diz que mimar os filhos e estragá-los. Os que têm sido educados para não fazer nada é provável que sejam bons para nada.

Porém Jacó deu a conhecer seu amor vestindo a José mais finamente que ao resto de seus filhos. É mau que os pais façam diferenças entre um e outro filho, a menos que exista uma poderosa razão para isso, pela obediência ou desobediência deles. Quando os pais fazem difer-enças, as crianças logo as captam e isso conduz a conflitos familiares.

Que estiveram fora do alcance de sua vista, os filhos de Jacó fizeram o que não teriam feito na casa com ele; porém José falava a seu pai da má conduta deles para que os repreendesse. Não como fofoqueiro, para semear discórdia, mas como irmão leal.

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Versículos 5-11Deus deu muito cedo a José a perspectiva de seu progresso, para sustentá-lo e consolá-lo

em seus longos e dolorosos problemas. Observe-se que José sonhou sua exaltação, mas não sonhou seu encarceramento. Assim, muitos jovens, quando saem ao mundo, não pensam em outra coisa que não seja a prosperidade e o prazer, e nunca sonham com os problemas. Seus irmãos interpretaram o sonho corretamente, embora aborreceram a interpretação. Ainda que cometeram delitos para derrotar o sonho, foram os instrumentos para cumpri-lo. Assim os judeus entenderam o que Cristo disse de seu reino. Decididos a que Ele não reinasse sobre eles, tiveram conselho para matá-lo, porém por sua crucifixão abriram o caminho para a exal-tação que pensaram impedir.

Versículos 12-22Com quanta atenção espera José as ordens de seus pai! Os meninos que são mais amados

por seus pais devem ser os mais dispostos a obedecê-los. Veja-se quão deliberadamente es-tavam os irmãos de José em sua contra. Eles pensavam matá-lo com maldade premeditada e a sangue frio. Quem odeia a seu irmão é um homicida (1 João 3,15). Os filhos de Jacó odiavam a seu irmão porque seu pai o amava. Novas ocasiões como seus sonhos e coisas semelhantes, deram-lhes maior impulso, e produziram um ressentimento constante em seus corações, até que resolveram matá-lo. Deus tem todos os corações em sua mão.

Rubem tinha maior razão para estar ciumento de José, já que era o primogênito, embora re-sulta ser seu melhor amigo. Deus operou para que todo servisse a Seu propósito: o fazer de José um instrumento para salvar a vida de muita gente. José era um tipo de Cristo; pois apesar de ser o Filho amado de seu Pai, e de ter sido odiado por um mundo malvado, o Pai o enviou, não obstante, desde seu seio, a visitar-nos com grande humildade e amor. Veio do céu à terra a buscar-nos e salvar-nos; contudo, contra Ele fizeram malignas conspirações. Os seus não só não o receberam; o crucificaram. Ele se submeteu a isto como parte de seu desígnio para red-imir-nos e salvar-nos.

Versículos 23-30Lançaram a José num poço para que morresse de fome e frio; tão cruéis eram suas tenras

misericórdias. Não tiveram consideração porque estava sofrendo e não se condoeram pelo quebrantamento de José, veja-se Amós 6.6, pois quando estava no fundo do poço, sentaram-se a comer pão. Não tiveram remorso de consciência pelo pecado. Mas a ira do homem louvará a Deus e reprimirá o resto da ira (Sl 76.10). Os irmãos de José foram miraculosamente impedidos de matá-lo e sua venda resultou em forma igualmente maravilhosa em louvor para Deus.

Versículos 31-36Quando Satanás tem ensinado aos homens a cometer um pecado, os ensina a tratar de

ocultá-lo com um outro, a esconder o roubo e o homicídio com mentiras e juramentos falsos: todavia, o que encobre seu pecado não prosperará. Os irmãos de José ocultaram o seu e o fiz-eram mutuamente por um tempo, porém sua vileza saiu à luz finalmente, e aqui ficou publi-cada para o mundo.

Para entristecer a seu pai lhe mandaram a túnica de cores de José, e ao ver a túnica en -sangüentada, ele pensou imediatamente que José tinha sido despedaçado. Que os que con-hecem o coração de um pai imaginem a agonia do coitado Jacó. Com toda baixeza seus filhos fingiram consolá-lo, mas todos eram consoladores miseráveis e hipócritas. Sem realmente tivessem desejado consolá-lo, poderiam tê-lo feito de uma vez dizendo-lhe a verdade. O coração é estranhamente endurecido pelo engano do pecado.

Jacó se negou a ser consolado. O grande afeto para uma criatura prepara para uma grande aflição ou nos amarga quando nos é tirada: o amor indevido termina correntemente em dor in-devida.

Sabedoria dos pais é não criar seus filhos com delicadeza, pois não sabem que dificuldades podem encontrar antes de morrer.

Em todo este capítulo vemos com assombros os caminhos da Providência. Pareceria que os malvados irmãos se deram bem; os mercadores, aos que nada importa com que comerciam com tal de obter lucro, também conseguiram sua parte; e Potifar também logrou sua boa parte, conseguindo um excelente e jovem escravo! Porém os desígnios de Deus, por estes mé-dios, estão prestes a serem executados. Este acontecimento terminará com a descida de Israel ao Egito; e isso acaba nos que são liberados por Moisés; isso, em estabelecer a religião ver-dadeira no mundo e em sua difusão a todas as nações por meio do Evangelho. Assim, pois, a ira do homem louvará o Senhor e Ele reprimirá o resto da ira.

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CAPÍTULO 38A conduta libertina de Judá e sua família

Este capítulo fala acerca de Judá e sua família, e é um relato tal que parece um milagre que de todos os filhos de Jacó, nosso Senhor tenha vindo de Judá (Hb 7.14). Porém Deus mostra que a salvação é por graça e não por mérito, e que Cristo veio ao mundo a salvar pecadores, ainda o primeiro. Além do mais, que a dignidade de Cristo é dEle mesmo e não de seus antepassados. Quão pouca razão tiveram os judeus, que assim foram chamados a partir deste Judá, para jactar-se como o fizeram (Jo 8.41). Que horrorosos exemplos de seu extremo desagrado pelo pecado proclama o Senhor em seus castigos! Busquemos a graça de Deus para evitar toda aparência de pecado. Que este estado de humilhação ao qual foi submetido Jesus, quando veio tirar o pecado por meio do sacrifício de si mesmo, ao designar personagens como os aqui registrados para que fossem seus antepassados, faça mais amado o Redentor em nos-sos corações.

CAPÍTULO 39• Versículos 1-6 José, preferido por Potifar• Versículos 7-12 José resiste a tentação• Versículos 13-18 José é acusado falsamente por sua ama• Versículos 19-23 Encarcerado – Deus está com ele

Versículos 1-6Nossos inimigos podem despojar-nos das distinções e adornos externos, mas a sabedoria e

a graça não podem ser-nos tiradas. Eles podem separar-nos dos amigos, os parentes e da pá-tria, mas não podem afastar-nos da presença do Senhor. Põem isolar-nos das bênçãos exter-nas, roubar-nos a liberdade e confinar-nos em calabouços, porém não podem impedir-nos a co-munhão com Deus, do trono da graça, ou arrebatar-nos as bênçãos da salvação. José foi abençoado, maravilhosamente abençoado, até na casa onde era escravo. A presença de Deus conosco faz que prospere todo quanto fazemos. Os homens bons são bênção no lugar onde moram; os bons servos podem sê-lo embora sejam mal ou pouco estimados. A prosperidade do ímpio é, de uma ou outra forma, por causa do piedoso. Aqui, uma família malvada foi abençoada por amor do bom servo dela.

Versículos 7-12A beleza de homens e mulheres freqüentemente resulta ser uma armadilha, tanto para eles

mesmos como para os outros. Isto proíbe o orgulho por ela e exige uma constante vigilância contra a tentação que a espreita. Temos muita necessidade de fazer aliança com nossos olhos, não seja que os olhos infectem o coração. Quando a luxúria conseguiu o poder, se sacrificam a decência, a fama e a consciência. A esposa de Potifar demonstrou que seu coração estava to-talmente dedicado ao mal. Quando compreendeu que não poderia vencer a José com os prob-lemas e tribulações do mundo, pois em meio delas ele ainda se aferrava a seus princípios, Sa-tanás o assaltou com prazeres que têm provocado mais destruição que o anterior. Porém José, pela graça de Deus, foi capacitado para resistir e superar a tentação; e seu escape foi um ex-emplo tão grande do poder divino como a liberação dos três rapazes da fornalha de fogo. Este pecado era o que mais facilmente poderia tê-lo perturbado. A tentadora era sua ama, uma cujo favor o teria feito progredir; seu máximo perigo era rejeitá-la e que se convertesse em sua in-imiga. O tempo e o lugar favoreciam a tentação. A todo isso devia agregar-se a instigação con-stante e freqüente. A todo-poderosa graça de Deus capacitou a José para vencer este ataque do inimigo. Apresenta como argumento o que devia, tanto a Deus como a seu amo. Estamos obrigados por honra como por justiça e gratidão, a não fazer mal em nada aos que confiam em nós, por muito secreto que isto possa ser feito. Ele não ofenderia a seu Deus. José aduz três ar-gumentos:

1) Considera quem era tentado. Um que está na aliança de Deus, que professa a religião e a relação com Ele.

2) Qual era o pecado que o tentava. Outros poderiam vê-lo como pouca coisa; porém José não pensou assim. Deve-se chamar o pecado por seu nome, sem rebaixar sua importância. Que os pecados desta natureza sempre sejam vistos como grande maldade, como excessiva-mente pecaminosos.

3) Contra quem foi tentado a pecar: contra Deus. O pecado é contra Deus, contra sua na-tureza e seu domínio, contra seu amor e seu propósito. Os que amam a Deus, por esta razão odeiam o pecado. A graça de Deus capacitou a José para vencer a tentação esquivando a ten-tadora. Não quis ficar a conversar com a tentação, senão que fugiu dela como quem escapa 48

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para salvar a vida. Se tivermos a intenção de não cometer iniqüidade, fujamos como uma ave do laço, e como um cervo do caçador.

Versículos 13-18A ama de José, tendo tentado em vão de fazê-lo culpável, tratou de vingar-se dele. Os que

quebraram as amarras da prudência, nunca serão justos pelos laços da verdade. Não é coisa nova que o melhor dos homens tenha sido acusado falsamente do pior dos delitos por os que são os piores delinqüentes. Bom é que haja no futuro um ia de revelação em que todos apare-cerão com seu verdadeiro caráter.

Versículos 19-23O amo de José acreditou na acusação. Provavelmente Potifar tenha escolhido o cárcere

porque era o pior, mas Deus tinha o propósito de abrir caminho para que José recebesse honra. José era propriedade de seu Deus e por Ele foi honrado. Estava longe de todos seus amigos e parentes; não tinha ninguém que o ajudasse o consolasse, mas o Senhor estava com José e lhe mostrou misericórdia. Os que têm boa consciência estando presos, ali têm um bom Deus. Deus o favoreceu ante o guarda da prisão; confiou nele para que administrasse os assuntos da prisão. Um homem bom fará o bem onde estiver, e será uma bênção ainda estando acor-rentado e prisioneiro.

Não esqueçamos olhar a Jesus através de José, pois Ele sofreu sendo tentado, porém sem pecado; foi caluniado e perseguido e aprisionado, mas sem causa; aquele que pela cruz ascen-deu ao trono. Que nós sejamos capacitados para ir, submetendo-nos e sofrendo, pela mesma senda ao mesmo lugar de glória.

CAPÍTULO 40• Versículos 1-19 O copeiro e o padeiro do Faraó na prisão – Seus sonhos

interpretados por José• Versículos 20-23 A ingratidão do chefe dos copeiros

Versículos 1-19Não foi o cárcere o que tanto entristeceu o copeiro e o padeiro, como seus sonhos. Deus

tem mais de um caminho para contristar os espíritos. José teve compaixão deles. Que nos in-teressemos pela tristeza dos rostos de nossos irmãos. Para os que têm problemas freqüente-mente é um alívio ser percebidos. Além disso, aprendamos a ver a causa de nosso próprio pe-sar. Existe uma boa razão? Não há suficiente consolo para equilibrá-la, qualquer que seja? Por que estás abatida, oh minha alma? José teve cuidado de dar a glória a Deus. O sonho do chefe dos copeiros anunciava sua ascensão. O sonho do padeiro-mor, sua morte. Não era culpa de José que não lhe fossem dadas melhores notícias ao padeiro. Assim, os ministros somente são intérpretes; eles não podem fazer que as coisas sejam distintas do que são: se eles se con-duzem com fidelidade e sua mensagem resulta desagradável, a culpa não é deles.

José não pensa em seus irmãos que o venderam; tampouco no mal que sua ama e seu amo lhe fizeram, senão que mansamente afirma sua inocência. Quando somos chamados a de-fender-nos, devemos evitar, cuidadosamente, dentro do possível, falar mal dos outros. Con-tentemo-nos com demonstrar a nossa inocência e não recriminemos aos outros sua culpa.

Versículos 20-23A interpretação que José deu aos sonhos aconteceu no dia indicado. No aniversário do Faraó

todos seus servos o atendiam e então foram revisados os casos dos dois. Todos podemos olhar para o nosso aniversário com proveito, com gratidão pelas misericórdias de nosso nascimento, com tristeza pelo pecado de nossa vida e com a expectativa de que o dia de nossa morte seja melhor que o dia de nosso nascimento. Mas parece raro que a gente mundana, tão aficionada a viver aqui, deva regozijar-se afinal de cada ano de sua curta expectativa de vida. O cristão tem razão para alegrar-se por ter nascido, de ir aproximando-se o final de seu pecado e pesar, e sua eterna felicidade.

O chefe dos copeiros não se lembrou de José, senão que o esqueceu. José teria merecido algo melhor dele, porém esqueceu. Não devemos pensar que é estranho se neste mundo nos devolvem ódio por nosso amor e dardos por nossa bondade. Veja-se quão dados a esquecer-se dos outros que estão em problemas são os que agora estão bem. José aprendeu, por seu de-sengano, a confiar unicamente em Deus. Nós nunca podemos esperar demasiado pouco do homem nem demasiado de Deus.

Não esqueçamos os sofrimentos, as promessas e o amor de nosso Redentor. Culpamos a in-gratidão do copeiro-mor para com José, porém nós mesmos agimos com muita mais ingratidão para com o Senhor Jesus. José apenas tinha anunciado a ascensão do chefe dos copeiros,

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porém Cristo produziu a nossa; Ele intercedeu com o Rei de reis por nós, mas nós o esquece-mos, embora freqüentemente se nos faz lembrá-lo e apesar de ter prometido não esquecê-lo jamais. Assim de mal lhe pagamos, como a gente néscia e imprudente.

CAPÍTULO 41• Versículos 1-8 Os sonhos do Faraó• Versículos 9-32 José interpreta os sonhos do Faraó• Versículos 33-45 O conselho de José – Ascendido a um alto cargo• Versículos 46-57 Os filhos de José – O começo da fome

Versículos 1-8O meio de José para ser liberado da prisão foram os sonhos do Faraó, que aqui se relatam.

Agora que Deus já não fala mais desse jeito, não importa que façamos pouco caso dos sonhos ou os contemos. Contar sonhos néscios não pode ser melhor que falar bobagens. Mas estes sonhos evidentemente tinham sido enviados por Deus; quando o faraó acordou, seu espírito estava perturbado.

Versículos 9-32O tempo de Deus para o crescimento de seu povo é o tempo mais adequado. Se o chefe dos

copeiros tivesse logrado que José fora liberado da prisão, provavelmente este teria regressado à terra dos hebreus. Então não teria sido abençoado tanto, nem tampouco teria havido tamanha bênção para sua família, como resultou depois. José dá honra a Deus quando o apre-sentam ao faraó.

Faraó tinha sonhado que estava na beira do rio Nilo e viu umas vacas, gordas e depois ma-gras, saírem do rio. O Egito não tem chuvas, mas a colheita do ano depende da enchente do rio Nilo. Note-se quantos caminhos tem a Providência para dispensar suas dádivas; contudo, nossa dependência da Primeira Causa continua sendo a mesma, a qual faz que cada coisa criada seja o que é para nós, seja chuva ou rio.

Veja-se a que mudanças estão sujeitas as comodidades desta vida. Não podemos estar se-guros de que amanhã será como hoje, ou que o ano próximo seja como este. Devemos apren-der a ter pobreza e a estar em abundância. Note-se a bondade de Deus para mandar os sete anos de abundância antes que os da fome, para que pudesse ser feita provisão. O produto da terra é às vezes mais, e às vezes menos, porém, tomados em conjunto, para quem colheita muito não sobra nada, e àquele que colheita pouco, nada lhe falta (Êx 16.18). E perceba na na-tureza perecível de nossos prazeres mundanos. As colheitas maiores dos anos de abundância se perderam por completo, sendo consumidas nos anos de escassez, e aquilo que parecia muito, somente serviu para manter viva a gente. Há pão que permanece para a vida eterna pelo qual vale a pena trabalhar. Os que fazem com que as coisas deste mundo sejam seu bem mais prezado, acharão pouco prazer ao lembrar que as receberam.

Versículos 33-45José deu um bom conselho a faraó. A boa advertência sempre deve ir seguida por um bom

conselho. Deus nos tem dito em sua Palavra que há um dia de provação para nós, quando ne-cessitaremos de toda a graça que possamos ter. Portanto, faça agora a provisão correspon-dente. O faraó deu um testemunho honorável de José. É um homem em quem está o Espírito de Deus; e tais homens devem ser estimados.

O faraó deposita em José sinais de honra. Deu-lhe um nome que falava do valor que tinha para ele, Zafenate-Panéia, que significa "revelador de segredos". Esta ascensão de José nos dá ânimos para confiarmos em Deus. O novo nome de José, alguns o traduzem como "o salvador do mundo". As glórias mais resplandecentes, ainda do mundo superior, estão depositadas em Cristo; a maior confiança tem sido depositada em sua mão e todo o poder no céu e na terra lhe foram dados.

Versículos 46-57José se apropriou da divina providência nos nomes de seus dois filhos, Manassés e Efraim.1) Esqueceu sua desgraça.2) Foi frutífero na terra de sua aflição.Chegaram os sete anos de abundância e se terminaram. Devemos esperar o fim dos dias,

tanto de nossa prosperidade como de nossa oportunidade. Não devemos sentir-nos seguros da prosperidade nem sermos preguiçosos para fazer bom uso da oportunidade. Os anos da abundância acabarão; faça tudo o que estiver ao alcance de sua mão para ser feito; e colha no tempo da colheita. Chegou a escassez e a fome se fez sentir não somente no Egito, senão tam-bém em outras terras. José foi diligente para armazenar enquanto durou a abundância. Quando 50

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chegou a fome, foi prudente e cuidadoso para dar. José esteve dedicado às lavoras úteis e im-pressões. Porém, em meio desta atividade sua foi que seu pai Jacó disse: José não aparece! Quão grande seria a parte de nossos problemas que seria eliminada se soubéssemos toda a verdade!

Que estes acontecimentos nos conduzam a Jesus. Há fome do pão de vida em toda a terra. Vão a Jesus e façam o que Ele lhes peça. Escutem Sua voz, peçam-lhe; Ele abrirá seus tesouros e satisfará com bondade a alma faminta de toda época e nação, sem dinheiro e sem preço. Mas os que não prestam a devida atenção a esta provisão, devem passar fome, e os inimigos dela serão destruídos.

CAPÍTULO 42• Versículos 1-6 Jacó manda a dez de seus filhos a comprar trigo• Versículos 7-20 O trato que José dá a seus irmãos• Versículos 21-24 O remorso deles – Simeão é retido• Versículos 25-28 O resto regressa com o trigo• Versículos 29-38 Jacó nega-se a enviar a Benjamim ao Egito

Versículos 1-6Jacó viu o trigo que seus vizinhos tinham comprado e levado a suas casas desde o Egito. O

ver que outros têm encontrado seu abastecimento estimula à ação. Os outros terão alimento para suas almas, e nós passaremos fome enquanto há aonde conseguir? Tendo descoberto onde há ajuda, devemos pedi-la sem demora, sem diminuir o esforço nem queixar-nos do custo, especialmente a respeito de nossas almas imortais. Há provisão em Cristo, mas deve-mos acudir a Ele e pedir-lhe.

Versículos 7-20José foi duro com seus irmãos, não por espírito vingativo, senão para levá-los ao arrependi-

mento. Ao não ver seu irmão Benjamim, suspeitou que o tivessem eliminado, e lhes deu ocasião para falar de seu pai e de seu irmão. Em sua providência, às vezes Deus parece duro com os que ama e fala com rudeza àqueles para os quais reserva grande misericórdia. José dis-pôs, finalmente, que um deles ficasse e o resto fosse a sua casa a trazer a Benjamim. Foi muito animador que ele lhes dissesse: "Eu temo a Deus"; como se tiver dito "Vocês podem ter a certeza de que não lhes farei mal; não me atrevo, pois sei que há um mais alto que eu". Daqueles que temem a Deus podemos esperar um tratamento justo.

Versículos 21-24O ofício da consciência é lembrar coisas que faz muito foram ditas e feitas. Quando estava

fresca a culpa do pecado dos irmãos de José, eles não lhe deram importância e se sentaram a comer pão, mas agora, muito depois, suas consciências os acusam disso. Veja-se o bom das aflições; amiúde resultam ser um meio ditoso que desperta a consciência e traz o pecado a nossa memória, além do negativo da culpa para com os nossos irmãos. Agora a consciência lhes recriminava por isso. Cada vez que pensemos que nos têm feito dano, devemos lembrar o mal que nós temos feito ao próximo.

Rubem somente lembrou, com consolo, que ele tinha feito o que pudera para impedir a mal-dade. Quando partilhamos com os outros seus sofrimentos, será um consolo ter o testemunho de nossas consciências de que não participamos nas más obras, senão que em nosso momento demos testemunho contra elas. José se retirou a chorar. Embora sua razão lhe dizia que ainda devia comportar-se como estranho porque ainda eles não estavam suficientemente humilha-dos, o afeto natural, contudo, não podia senão operar.

Versículos 25-28Os irmãos vieram por grão, e conseguiram grão; não somente isso, senão que cada homem

recebeu seu dinheiro de volta. Assim Cristo, como José, nos dá provisões sem dinheiro e sem preço. Os mais pobres são convidados a comprar. Mas as consciências culpáveis são propensas a levar a mal as boas providências e a dar uma interpretação de maldade até nas coisas que se fazem em seu favor.

Versículos 29-38Eis aqui o informe que os filhos de Jacó deram a seu pai. Isto perturbou ao bom homem. Até

as bolsas de dinheiro que, com bondade, José devolveu a seu pai, o assustaram. Jogou a culpa em seus filhos; conhecendo-os, temeu que tivessem provocado aos egípcios e tivessem tra-paceado para trazer o dinheiro de volta para sua casa. Jacó simplesmente desconfiava de seus

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filhos, lembrando que nunca viu a José desde o dia em que este fora a ter com eles. É mau para uma família quando os filhos se comportam tão errado que os pais não sabem se podem confiar neles.

Jacó dá por perdido a José, e a Simeão e a Benjamim os vê em perigo; e conclui que todas estas coisas estavam em sua contra. Resultou ser o contrário, pois todas essas coisas estavam a seu favor, operando juntas para seu bem e o bem de sua família. Volta e meia pensamos que está em nossa contra o que, em realidade, está a nosso favor. Somos afligidos no corpo, o patrimônio, o nome e em nossas relações, e pensamos que todas essas coisas estão em nossa contra quando, em realidade, estão operando em nós um peso de glória.

Assim o Senhor Jesus se disfarça, Ele e seu favor, assim repreende e disciplina às pessoas para as quais tem um propósito de amor. Mediante agudos corretivos e humilhantes con-vicções (de pecado), Ele romperá a teimosia e quebrantará o orgulho do coração e o levará ao arrependimento verdadeiro. Porém, antes que os pecadores o conheçam plenamente ou saibam que Ele é bom, Ele consulta seu bem e sustenta suas almas para que esperem nEle. Então nós nunca devemos render-nos ao desencorajamento, determinando não buscar outro refúgio que Ele, e humilhar-nos mais e mais sob sua poderosa mão. Em seu devido momento, Ele responderá nossas petições e fará por nós mais do que podemos esperar.

CAPÍTULO 43• Versículos 1-14 Jacó é convencido de enviar Benjamim ao Egito• Versículos 15-25 Recebimento de José para seus irmãos – Seus temores• Versículos 26-34 José dá uma festa para seus irmãos

Versículos 1-14Jacó insta a seus filhos para que vão e comprem um pouco de comida; agora, em tempo de

escassez, um pouco deve bastar. Judá insta a que Benjamim vá com eles. Não é contra a honra nem o dever dos filhos para com os pais aconselhá-los humildemente e, quando estejam em necessidade, arrazoar com eles. Jacó viu a necessidade do caso e se rendeu. Sua prudência e justiça se observam em três coisas.

1) Devolveu o dinheiro que tinham encontrado na bolsa. A honestidade nos obriga a de-volver não só o que nos chega por nossa própria falta, senão aquilo que nos chega por erro do próximo. Embora o obtenhamos por descuido, se o retivermos quando descobrimos o erro, o reteremos por meio de engano.

2) Enviou outro tanto como o que tinha levado na viagem anterior. O preço do trigo poderia ter subido, ou talvez tivessem de pagar o resgate de Simeão.

3) Ele manou um presente de coisas que permitia a terra, que eram escassas no Egito, como bálsamo, mel, etc. A Providência nos dispensa suas dádivas a todos por igual. Mas o mel e as especiarias nunca satisfarão a carência de pão de trigo. A fome era aguda em Canaã, mas tin-ham bálsamo e mirra, e outras coisas assim. Podemos viver bem com comida simples, sem iguarias, mas não podemos viver com iguarias, sem comida simples. Demos graças a Deus que o mais necessário e útil, em geral, é o mais barato e abundante. Embora os homens valorizam mais o ouro e a prata, e considerem os produtos de luxo como os melhores frutos de toda terra, em tempo de fome de boa vontade os trocam por pão. Quão pouco nos sustentarão as boas coisas terrenas no dia da ira! Quão preparados deveríamos estar para renunciarmos a to-das elas, como perda, pela excelência do conhecimento de Jesus Cristo! nossa forma de prevalecer com o homem é prevalecer primeiro com o Senhor em fervorosa oração. Mas cada oração pelas misericórdias desta vida ou para sermos livrados das aflições desta vida, deve concluir com o "seja feita a Tua vontade".

Versículos 15-25Os filhos de Jacó desceram por segunda vez ao Egito para comprar trigo. Se alguma vez en-

tendemos o que significa a fome da palavra, não pensemos que é muito viajar tão longe espiri-tualmente, como eles fizeram pelo alimento corporal.

O mordomo de José tinha ordens de seu amo para levá-los a sua casa. Até isso os assustou. Aqueles que são culpáveis, pensam sempre no pior. Porém o mordomo lhes deu ânimo. Pelo que disse, parecia que seu bom amo tinha-o levado ao conhecimento do Deus verdadeiro, o Deus dos hebreus. Os servos religiosos devem aproveitar toda ocasião para falar com rev-olução e seriedade de Deus e sua providência.

Versículos 26-34Observe o grande respeito que os irmãos de José lhe brindaram. Assim se cumpriram cabal-

mente os sonhos de José. Ele lhes mostrou grande bondade. Os tratou com nobreza, porém perceba aqui, bem cedo, a distância entre judeus e gentios. No dia da fome basta com receber 52

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algo de comida, mas eles foram festejados. Agora estavam terminados seus esforços e temores, e comeram seu pão com gozo, reconhecendo que estavam em boa posição ante o senhor da terra. Se Deus aceita nossas obras, nosso presente, temos razão para regozijar-nos.

José mostrou especial afeto por Benjamim, para provar se seus irmãos o invejariam. Deve ser nossa regra estar contentes com o que temos, e não ofender-nos pelo que tem o próximo.

Assim, Jesus mostra cada vez mais aos que ama que necessitam dEle. Faz-lhes ver que Ele é o único refúgio que têm contra a destruição. Ele vence a falta de disposição e os atrai a si mesmo. Então, quando lhe parece bem, lhes dá a provar seu amor, e lhes dá as boas-vindas às provisões de sua casa, como prenda do que Ele tem preparado para eles.

CAPÍTULO 44• Versículos 1-17 Procedimento de José para demorar a seus irmãos e provar

seu afeto por Benjamim• Versículos 18-34 A súplica de Judá a José

Versículos 1-17José provou o que sentiam seus irmãos por Benjamim. Se tivessem invejado e odiado o

outro filho de Raquel como o haviam odiado a ele, e se tivessem tido a mesma falta de senti-mentos para com seu pai Jacó, como antes, agora o teria demonstrado. Quando se achou o copo de prata em poder de Benjamim, eles teriam usado isso como pretexto para deixá-lo como escravo. Mas não podemos julgar o que são agora os homens pelo que foram antes; nem tampouco se pode prever o que farão, pelo que antes fizeram.

O mordomo os acusou de ingratos, de pagarem mal por bem; de serem néscios, por levar seu copo de uso diário, cuja falta teria sido logo percebida e seria procurado com diligência; pois assim pode ler-se: "Não é este o copo em que bebe meu senhor e pelo qual bem adiv-inha?". Ou, por deixá-la negligentemente na mesa de vocês, ele iria a provar se vocês eram ou não homens honestos?

Eles se lançam na misericórdia de José e reconhecem a justiça de Deus, lembrando talvez que o dano que antes fizeram a José, pensando que Deus estava agora castigando-os. Até nas aflições em que acreditamos que os homens nos magoam, devemos aceitar que Deus é justo e descobre nosso pecado.

Versículos 18-34Se José tiver sido por completo alheio à família, como supunha Judá, não teriam operado so-

bre ele seus poderosos razoamentos. Porém nem Jacó nem Benjamim necessitavam de um in-tercessor diante de José, pois este os amava. A fiel adesão de Judá a Benjamim, agora, em sua angústia, foi recompensada tempo depois quando a tribo de Benjamim permaneceu com Judá, enquanto as outras tribos a abandonavam. O apóstolo observa, quando discorre sobre a medi-ação de Cristo, que nosso Senhor veio de Judá (Hb 7.14), e que não só intercedeu pelos trans-gressores, senão que se fez fiador deles, testificando isso seu tenro interesse por seu Pai e por seus irmãos.

Jesus, o grande anti-tipo de José, se humilha e prova ser seu povo, ainda depois que eles sa-borearam algo de sua amorosa bondade. Ele os faz lembrar de seus pecados para que possam exercitar-se, e mostrar arrependimento, e sentir quanto devem a sua misericórdia.

CAPÍTULO 45• Versículos 1-15 José consola a seus irmãos e envia por seu pai• Versículos 16-24 O faraó confirma o convite de José – Os presentes de José

para seus irmãos• Versículos 25-28 Jacó recebe a notícia de que José está vivo

Versículos 1-15José deixou falar a Judá e escutou todo o que tinha para dizer. Achou a seus irmãos humilha-

dos por seus pecados, considerados ele, pois Judá o mencionou duas vezes em seu discurso, respeitosos de seu pai e muito doce com seu irmão Benjamim. Agora estavam preparados para o consolo que lhes daria, identificando-se. José ordenou a todos seus servos que saíssem. As-sim Cristo se dá a conhecer Ele mesmo, e expressa sua amorosa bondade a seu povo, fora da vista e dos ouvidos do mundo. José derramou lágrimas de ternura e forte afeto e com estas apagou a austeridade com que se havia comportado com seus irmãos até esse momento. Isto representa a compaixão divina para os que voltam arrependidos. "Eu sou José, seu irmão". Isso os humilharia ainda mais por seu pecado de vendê-lo, porém os alentaria a esperar um bom

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tratamento. Assim, pois, quando Cristo quis convencer a Paulo disse: "Eu sou Jesus", e quando consolava a seus discípulos dizia "Eu sou, não temam". Quando Cristo se manifesta a seu povo, os anima a aproximar-se a Ele com um coração sincero. José o faz assim e lhes mostra que, seja o que eles pensavam fazer contra ele, Deus o havia usado para bem. Os pecadores devem condoer-se e irar-se consigo mesmos, embora Deus tire algo bom de seus pecados, pois isso não é mérito deles. É muito impressionante a concordância de tudo isto com o caso do pecador, ao manifestar-se Cristo a sua alma. Neste relato ele não pensa que o pecado seja um mal menor, senão maior; e, de todas formas, está tão armado contra a desesperação que chega a regozijar-se no que Deus há operado, enquanto que treme pensando nos perigos e na ruína da qual escapou. José promete cuidar de seu pai e de toda a família. Dever dos filhos é, se a necessidade de seus pais o requer em qualquer momento, mantê-los e dar-lhes o melhor que possam; isto é mostrar a piedade em casa (1 Tm 5.4). Depois que José houve abraçado a Benjamim, os acariciou a todos e, depois, seus irmãos conversaram livremente com ele de to-dos os assuntos da casa de seus pais. Depois dos sinais da verdadeira reconciliação com o Sen-hor Jesus, segue-se uma doce comunhão com Ele.

Versículos 16-24O faraó foi amável com José e com seus familiares por amor a ele. Egito compensaria as per-

das da mudança deles. Assim, os que vão receber de Cristo sua glória celestial, não deveriam ter consideração das coisas deste mundo. O melhor de seus deleites é só cinza; não podemos estar seguros deles enquanto estejamos aqui, e muito menos levá-los conosco. Não coloque-mos nossa vista ou nosso coração no mundo; há coisas melhores para nós na terra bendita aonde se foi Cristo, nosso José, a preparar-nos um lugar. José despediu a seus irmãos com uma advertência apropriada: "Não briguem pelo caminho". Sabia que eram demasiado dados a brigar entre eles e, tendo perdoado a todos, lhes faz este encargo, de não brigar entre eles. Esta ordem nos foi dada por nosso Senhor Jesus, que nos amemos uns a outros e que aconteça o que acontecer ou que tenha acontecido, não briguemos. Já que somos irmãos, todos temos o mesmo Pai. Todos somos culpáveis e, em lugar de brigar uns com outros, temos razão para ad-moestar-nos a nós mesmos. Somos ou esperamos ser perdoados por Deus, a quem todos temos ofendido e, portanto, deveríamos estar prontos para perdoar-nos uns a outros. Estamos "no caminho", um caminho através da terra do Egito, onde temos muitos olhos sobre nós que procuram aproveitar-se de nós, um caminho que leva à Canaã celestial, onde esperamos estar por sempre em perfeita paz.

Versículos 25-28Ouvir que José está vivo é uma notícia demasiado boa para ser vã; Jacó se afligiu pois não o

crê. Nós nos afligimos porque não cremos. Finalmente Jacó se convence da vê. Jacó estava velho, e não esperava viver muito mais. Diz: "Que meus olhos se refresquem com esta visão antes que se fechem e, depois disso, não necessito outra coisa para fazer-me feliz neste mundo".

Eis aqui, Jesus se manifesta a Si mesmo como Irmão e Amigo antes os que uma vez o de-sprezaram e foram seus inimigos. Ele os assegura seu amor e as riquezas de sua graça. Lhes ordena deixar de lado a inveja, a raiva, a maldade e a discórdia, e que vivam em paz uns com outros. Lhes ensina a renunciar ao mundo por Ele e sua plenitude. Proporciona-lhes todo o necessário para conduzi-los a casa, a Ele mesmo, para que onde Ele está, estejam também eles. Afinal, quando envia por seu povo, conquanto eles possam por um tempo sentir algumas dúvidas e temores, o pensamento de ver sua glória e de estar com Ele lhes permitirá dizer: "Basta, estou disposto a morrer; e que ir a ver e a estar com o Amado de minha alma".

CAPÍTULO 46• Versículos 1-4 As promessas de Deus para Jacó• Versículos 5-27 Jacó e sua família vão ao Egito• Versículos 28-34 José se reúne com seu pai e seus irmãos

Versículos 1-4Ainda nos fatos e empreendimentos que parecem mais gratos devemos buscar o conselho,

a ajuda e a bênção do Senhor. Em atender seus mandamentos e termos recebido as prendas de seu amor na aliança, temos a esperança de Sua presença e a paz que confere. Em todas nossas mudanças devemos lembrar-nos de nossa saída deste mundo. Quando passamos pelo vale da sombra da morte, nada pode animar-nos a não temer mal nenhum salvo a presença de Cristo.

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Versículos 5-27Aqui temos uma lista detalhada da família de Jacó. Embora o cumprimento das promessas

sempre é seguro, entretanto, costuma ser lento. Agora se passaram 215 anos desde que Deus havia prometido a Abraão fazer dele uma grande nação (capítulo 12.2); contudo, esse ramo de sua semente, ao qual foi feita a promessa, somente havia aumentado a setenta, dos quais se conserva esta relação específica para mostrar o poder de Deus para fazer que estes setenta se convertessem numa grande multidão.

Versículos 28-34Considerou justo fazer saber ao faraó que sua família se estabeleceria em seus domínios. Se

outros depositam sua confiança em nós, não devemos ser tão baixos como para abusar deles e impor-nos.

Porém, que vai fazer José com seus irmãos? Houve um tempo em que eles se confabularam para livrar-se dele, agora ele pensa aonde estabelecê-los para proveito deles; isto é devolver bem por mal. Queria que eles vivessem sozinhos na terra de Gósen, que estava mais perto de Canaã.

Os pastores eram uma abominação para os egípcios. Mas José não queria que eles fossem envergonhados ao reconhecer aquela como a ocupação deles ante o faraó. Poderia ter-lhes procurado cargos na corte ou no exército. Mas tais distinções os exporiam à inveja dos egíp-cios, ou a tentação de esquecer Canaã e a promessa feita a seus pais. Uma vocação honesta não é desgraça, nem devemos contá-la como tal senão, melhor, reconhecer que é vergonhoso estar ocioso ou não ter nada a fazer. Geralmente é melhor que a gente permaneça nas vo-cações em que foram criados e as que estão acostumados. Qualquer que seja o emprego e condição que Deus, em sua providência, nos tenha designado, acostumemo-nos a isso, sin-tamo-nos contentes com isso e não pensemos em posições mais elevadas. Melhor é ser o crédito de um povo modesto que a vergonha de um elevado. Se desejarmos destruir nossas al-mas ou as almas de nossos filhos, procuremos grandes coisas para nós e para eles, porém, senão, nos corresponde estarmos contentes no que estamos, tendo comida e vestido.

CAPÍTULO 47• Versículos 1-6 José apresenta seus irmãos ao faraó• Versículos 7-12 Jacó abençoa o faraó• Versículos 13-26 Tratos de José com os egípcios durante a fome• Versículos 27-31 A idade de Jacó – Seu desejo de ser enterrado em Canaã

Versículos 1-6Embora José era um grande homem, especialmente no Egito, ele reconheceu a seus irmãos.

Que os ricos e grandes do mundo não passem por alto nem desprezem os parentes pobres. Nosso Senhor Jesus não se envergonha de chamar-nos de irmãos. Respondendo à pergunta do faraó, qual é seu ofício?, eles disseram que eram pastores, agregando que vinham para estar na terra por um tempo, enquanto durasse a fome em Canaã. O faraó ofereceu empregá-los como pastores sempre e quando fossem homens ativos. Qualquer que seja nosso ofício ou em-prego, devemos tratar de destacar-nos nele e mostrar-nos inteligentes e trabalhadores.

Versículos 7-12Com a seriedade da idade avançada, a piedade do crente verdadeiro e a autoridade de um

patriarca e profeta, Jacó suplicou ao Senhor que outorgasse uma bênção ao faraó. Agiu como homem que não se envergonha de sua religião; e que expressa gratidão ao benfeitor seu e de sua família.

Aqui temos uma resposta muito pouco comum a uma pergunta muito comum. Jacó chama peregrinação a sua vida; a passagem de um forasteiro por um país estrangeiro, ou a pátria passageira a seu próprio país. Não estava cômodo na terra; sua habitação, sua herança, seus tesouros estavam no céu. Conta sua vida em dias; até em dias se conta a vida com velocidade e não estamos seguros de que continue por mais um dia. Portanto, contemos nossos dias. Seus dias foram dias da eternidade e o estado eterno. São maus; isto é verdade no que diz respeito ao homem. Vive poucos dias, e cheios de problemas; já que seus dias são maus, é bom que se-jam poucos. A vida de Jacó tinha estado lotada de dias maus. A velhice lhe chegou mais cedo que alguns de seus antepassados. Assim como o jovem não deve orgulhar-se de sua força ou beleza, o velho não deve orgulhar-se de sua idade e de suas cãs, embora os outros as reveren-ciem com justiça; porque os que são considerados muito velhos não chegam aos anos dos pa-triarcas. A cabeça branca só é coroa de glória quando está no caminho da justiça. Essa re-sposta não podia deixar de impressionar o coração do faraó lembrando-lhe que a posteridade e

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felicidade mundana não podem durar muito e não bastam para satisfazer. Depois de uma vida de vaidade e vexações, o homem vão ao túmulo, assim desde um trono como desde uma choça. Nada pode fazer-nos felizes senão a perspectiva de um lar eterno no céu, depois de nossa breve e extenuante peregrinação sobre a terra.

Versículos 13-26Tendo-se preocupado de Jacó e sua família, cuja misericórdia foi especialmente concebida

pela providência no progresso de José, se relata a salvação do reino do Egito da ruína. Não havia pão e a gente estava a ponto de morrer. Veja-se como dependemos da providência de Deus. Toda a nossa riqueza não nos livraria de passar fome se não chover durante dois ou três anos. Note-se até que ponto estamos a mercê de Deus e mantenhamo-nos sempre em seu amor. Também veja-se quanto nos prejudicamos por nossa própria falta de cuidado. Se todos os egípcios tivessem guardado trigo para eles nos sete anos de abundância, não teriam pas-sador esses apertos; porém, não consideraram a advertência. A prata e o ouro não os alimen-tariam; eles deviam ter trigo. Todo o que o homem tenha o dará por sua vida.

Não podemos julgar isto segundo as regras modernas. É claro que os egípcios consideraram a José como benfeitor público. O todo é coerente com o caráter de José, a agiu com temor de Deus entre o faraó e seus súbditos. Os egípcios confessaram a respeito de José: Nos salvaste a vida. Que lhe dirão a Jesus as multidões agradecidas no dia último? Salvaste as nossas almas da mais horrível destruição, e em tempo de angústia mais extrema! Os egípcios se desfizeram de todas suas propriedades, e até de sua liberdade para salvarem suas vida: pode ser demasi-ado, então, que nós contemos tudo como perda e o deixemos, enquanto Ele o ordena o por amor dEle, que salva a nossa alma e nos dá cem vezes tanto, aqui neste mundo? Certamente, se formos salvos por Cristo devemos estar dispostos a sermos Seus servos.

Versículos 27-31Finalmente, chegou o tempo em que Israel devia morrer. Israel, príncipe de Deus, teve

poder sobre o Anjo e prevaleceu, mas de todos modos devia morrer. José lhe deu pão para que não morresse de fome, mas isso não lhe garantia o não morrer de velhice ou por doença. Mor-reu gradualmente; sua vela se foi queimando paulatinamente até o final, de modo que visse aproximar-se o tempo. Vantajoso é ver que a morte se aproxima antes que a sintamos para sermos impulsionados a fazer, com todas nossas forças, o que nossas mãos encontrem para fazer. Mesmo assim, a morte não está longe de nenhum de nós. Ao ver que se aproximava seu dia. A preocupação de Jacó era seu sepultamento; não a pompa deste, senão ser enterrado em Canaã, porque era a terra prometida. Era tipo do céu, a pátria melhor, que claramente disse esperar (Hb 11.14). Nada ajudará melhor a fazer mais cômodo o leito de morte que a perspec-tiva certeira do repouso na Canaã celestial. Feito isto, Israel se apoiou no ponta de seu bordão, adorou a Deus, como se explica ver Hebreus 11.21, e lhe deu graças por todos seus favores; em debilidade se apoiou por si mesmo e expressou sua disposição de deixar o mundo. Ainda os que viram a provisão de José, e até Jacó, que lhe era tão querido, deviam morrer. Mas conjunto nos dá o pão verdadeiro para que possamos comer e viver por sempre. Quando nos aprox-imemos da morte, vamos e rendamo-nos a Ele, e quem nos sustentou durante a vida, nos sairá ao encontro e nos fará entrega da salvação eterna.

CAPÍTULO 48• Versículos 1-7 José visita a seu pai moribundo• Versículos 8-22 Jacó abençoa os filhos de José

Versículos 1-7O leito de morte do crente com as orações e conselhos da pessoa moribunda é adequado

para impressionar seriamente aos jovens, aos dados a prazeres, e aos prósperos; faremos bem em ir com os filhos em tais ocasiões, se pode ser feito apropriadamente. Se lhe apraz ao Sen-hor, é muito desejável que nosso testemunho de moribundo se refira a Sua verdade, a Sua fi-delidade e ao prazeroso de seus caminhos. A gente deveria desejar viver assim, como para dar energia e peso a nossas exortações no leito de morte. Todo crente verdadeiro é abençoado em sua morte, mas não todos partem igualmente cheios de consolos espirituais.

Jacó adotou os dos filhos de José. Que eles não sucedam a seu pai em seu poder e grandeza no Egito, senão que triunfem no marco da herança da promessa feita a Abraão. Assim, pois, o velho patriarca moribundo ensina a estes jovens que unam sua sorte com o Povo de Deus. Os nomeia para que cada um seja cabeça de uma tribo. São dignos de dupla honra os que, pela graça de Deus, passam por alto as tentações da riqueza e o favor mundano para abraçar a re-ligião em desgraça e pobreza. Jacó fará que Efraim e Manassés saibam que é melhor ser de baixa condição neste mundo e estar na igreja, a que ser elevados e estar dorea dela.56

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Versículos 8-22Os homens bons dão glória a Deus em sua consolação. José diz: "Eles são meus filhos, os

que Deus me deu". Jacó diz: "Deus me mostrou tua semente". As consolações são duplamente doces para nós quando as vemos vir da mão de Deus. Ele não só evita nossos temores, senão que excede nossas esperanças. Jacó menciona o cuidado que a divina providência teve com ele todos seus dias. Em seu tempo tivera uma boa quantidade de dificuldades, porém Deus lhe evitou o mal de seus problemas. Agora que está morrendo, olha para si mesmo como remido de seus pecados e seus pesares para sempre. Cristo, o Anjo da aliança, redime da maldade. Nos libera da miséria e do perigo, pelo poder divino, que vem através do resgate pelo sangue de Cristo, usualmente chamado nas Escrituras de redenção.

Ao abençoar os filhos de José, Jacó intercambia suas mãos. José está disposto a manter a seu primogênito e poderia ter removido as mãos de seu pai. Mas Jacó agiu não por erro nem por afeto parcial a um mais que ao outro; mas sim através de um espírito profético, e pelo Di -vino conselho. Deus está abençoando a seu povo, dá mais a um que ao outro, graça e comodi-dades, e mais das coisas boas da vida. Usualmente lhe dá mais àqueles que menos possibili-dades têm de receber. Ele escolhe as coisas fracas do mundo; levanta o pobre do pó. A graça observa não a ordem da natureza, nem tampouco Deus prefere àqueles que nós pensamos que mais o merecem, senão ao prazer dEle. Que pobres são àqueles que não têm riquezas, senão as deste mundo! Que miserável o leito de morte para aqueles que não têm um bom funda-mento de esperança, mas sim terríveis apreensões de maldade, e nada além de maldade para sempre!

CAPÍTULO 49• Versículos 1-2 Jacó chama a seus filhos para abençoá-los• Versículos 3-7 Rubem, Simeão, Levi• Versículos 8-12 Judá• Versículos 13-18 Zebulom, Issacar, Dã• Versículos 19-21 Gade, Aser, Naftali • Versículos 22-27 José e Benjamim • Versículos 28-33 O encargo de Jacó no referente a seu enterro – Sua morte

Versículos 1-2Todos os filhos de Jacó estavam vivos. Seu chamado que os fez reunir-se foi um preceito

para que eles se unissem em amor e não se misturassem com os egípcios; e predisse que não iriam a separar-se como o fizeram os filhos de Abraão e de Isaque, senão que todos deviam formar um só povo.

Não vamos considerar este discurso como expressão de sentimentos particulares de afeto, ressentimento ou parcialidade, senão como linguagem do Espírito Santo que declara o propósito de Deus a respeito do caráter, as circunstâncias e a situação das tribos que descen-diam dos filhos de Jacó, e que podem identificar-se em suas histórias.

Versículos 3-7Rubem foi o primogênito, mas por grande pecado perdeu sua primogenitura. O caráter de

Rubem era instável como a água. Os homens não prosperam porque não se estabelecem. O pecado de Rubem deixou uma infâmia perdurável em sua família. Nunca façamos o mal e, en-tão, não temeremos que nos falem a respeito.

Simeão e Levi eram apaixonados e vingativos. O assassinato dos siquemitas é uma prova. Jacó protestou contra esse ato bárbaro. Nossa alma é nossa honra; por suas capacidades so-mos distinguidos das bestas que perecem, e somos elevados por acima delas. De todo coração devemos aborrecera todo homem sanguinário e malvado. Maldita seja sua ira. Jacó não amaldiçoa a suas pessoas, senão suas luxúrias. Eu as dividirei. A sentença acerca de Levi se converteria em bênção. Esta tribo realizou um serviço agradável a Deus em seu zelo contra os adoradores do bezerro de ouro (Êx 32). Tendo sido separados por Deus como sacerdotes, nesse caráter foram espalhados pela nação de Israel.

Versículos 8-12O nome de Judá significa louvor. Deus era louvado por sua causa (capítulo 29.35), louvado

por ele e louvado nele; portanto, seus irmãos o louvarão. Judá será uma tribo forte e valente. Judá é comparado, não com um leão enfurecido e rugidor, senão com um leão que desfruta a satisfação de sua força e êxito sem vexar a outrem; isto é ser verdadeiramente grande. Judá será a tribo real, a tribo da qual virá o Messias Príncipe. Siló, essa Semente prometida em quem a terra será abençoa, "esse pacífico e próspero", ou "Salvador", virá de Judá. Assim, pois,

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o moribundo Jacó viu, de longe, o dia de Cristo e isso lhe foi consolo e sustento em seu leito de morte. Até a vinda de Cristo, Judá possuiu autoridade, mas, depois de sua crucifixão, esta foi diminuída e, conforme ao anunciado por Cristo, Jerusalém foi destruída e todo o remanescente pobre e perseguido dos judeus foi confundido.

Muito do que aqui se diz de Judá deve aplicar-se a nosso Senhor Jesus . NEle há abundância de todo o que alimenta e refresca a alma e que mantém e alegra a vida divina nela. Ele é a videira verdadeira; o vinho é o símbolo indicado por seu sangue, que se bebe, derramado em favor dos pecadores e aplicado pela fé; e todas as bênçãos de seu evangelho são vinho e leite, sem dinheiro e sem preço, ao qual é bem-vinda toda alma sedenta (Is 55.1).

Versículos 13-18Acerca de Zebulom: se a profecia diz que Zebulom será um proto de barcos, certamente a

providência assim o fará. Deus designa os limites de nossa habitação. Sabedoria e dever nosso é nos acomodar a nossa sorte e melhorá-la; se Zebulom habita no porto de mar, que seja refú-gio de barcos.

No referente a Issacar: ele viu que a terra era deleitosa, produzindo não só perspectivas gratas senão bons frutos para recompensar seus esforços. Vejamos, com o olho da fé, que o re-pouso celestial seja bom e a terra prometida deleitosa; isto fará que nosso serviço presente seja fácil.

Dã ganharia, por artes e política e surpresa, vantagens contra seus inimigos, como serpente que morde o calcanhar do viajante.

Jacó, quase extenuado e prestes a desmaiar, o alivia com estas palavras: "Tua salvação es-perei, oh Jeová". A salvação que esperava era Cristo, a Semente prometida; agora que Ele seria reunido com seu povo, suspira por Aquele a cujo redor será a reunião do povo. Declara sim-plesmente que procura o céu, a pátria melhor (Hb 11.13-14). Agora que vai a desfrutar da sal-vação, se consola por ter esperado a salvação. Como nosso caminho ao céu é esperar em Cristo, e o céu, devemos esperá-lo como nosso repouso nEle. É consolo do santo moribundo ter esperado a salvação do Senhor, pois então terá o que esteve esperando.

Versículos 19-21Em quanto a tribo de Gade, alude Jacó a seu nome, que significa exército e anuncia o

caráter desta tribo. A causa de Deus e seu povo, embora por uma vez possa parecer derrotada e acabada, afinal será vitoriosa. Representa o conflito cristão. A graça da ama costuma ir en-volvida em seus conflitos; as hostes de corrupção a vencem, mas a causa é de Deus e afinal a graça sairá vencedora, sim, mais que vencedora (Rm 8.37).

Aser deve ser uma tribo rica. Sua herança beirava o Carmelo, que era proverbialmente frutífero.

Naftali é uma cerva solta. Podemos considerá-lo como descrição do caráter desta tribo. A diferente do laborioso boi e do asno, está desejoso de comodidade e liberdade, ativo, porém mais notório pela ação rápida que pelo labor constante e a perseverança. Como o suplicante que, com boas palavras, anela misericórdia. Que não se censurem nem invejem uns a outros os que têm diferentes temperamentos e dons.

Versículos 22-27A bênção de José é muito plena. O que diz Jacó dele que história e profecia. Jacó lhe lembra

as dificuldades e ferozes dardos das tentações com que anteriormente lutou. Sua fé não fal-hou, antes, em meio de suas provações levou todas suas cargas com firmeza e não fez nada inconveniente. Toda nossa fortaleza para resistir as tentações e suportar as aflições vem de Deus; sua graça é suficiente.

José chegou a ser o pastor de Israel para cuidar de seu pai e de sua família, e a rocha de Is -rael, seu fundamento e firme suporte. Nisto, como em muitas outras coisas, José foi um notável tipo do Bom Pastor e a Pedra do Ângulo provada de toda a igreja de Deus.

As bênçãos são prometidas para a posteridade de José, típicas das vastas e eternas bênçãos que vêm sobre a semente espiritual de Cristo. Jacó abençoou a todos seus filhos mas especial-mente a José, "que foi separado de seus irmãos". Não só separado no Egito, senão por possuir uma eminente dignidade e por ser mais consagrado a Deus.

É dito de Benjamim que arrebatará como lobo. Jacó foi guiado pelo Espírito de profecia no que disse e não pelo afeto natural; caso contrário, teria falado com mais ternura de seu amado filho Benjamim. A respeito dele somente prevê e predize que sua posteridade será uma tribo guerreira, forte e ousada, e que se enriquecerá com os despojos de seus inimigos; que serão ativos. O bendito Paulo era dessa tribo (Rm 11.1; Fp 3.5); no amanhecer de seu dia, devorou a presa como perseguidor, porém no ocaso repartiu o botim como predicador; ele partilhou as bênçãos do Leão de Judá e participou em suas vitórias.

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Versículos 28-33Jacó abençoou a cada um conforme às bênçãos que Deus tinha como objetivo outorgá-lhes

em épocas posteriores.Falou do lugar de sua sepultura desde um princípio de fé na promessa de Deus, de que

Canaã seria a herdade de sua semente no momento devido. Quando houve terminado suas bênçãos e seus encargos e, portanto, seu testemunho, se concentrou em sua tarefa de morrer. Encolheu os pés na cama, não só como um que pacientemente se submete ao golpe, senão como quem alegremente se acomoda para descansar, agora que estava exausto. Entregou livremente seu espírito na mão de Deus, o Pai dos espíritos. Se o povo de Deus é nosso povo, a morte nos reunirá com eles. Sob o cuidado do Pastor de Israel, nada nos faltará para o corpo ou a alma. Permaneceremos firmes até que esteja terminada nossa obra; então, expiraremos nos-sas almas nas mãos dAquele cuja salvação temos esperado, partiremos em paz e deixaremos trás de nós uma bênção para nossos filhos.

CAPÍTULO 50• Versículos 1-6 O luto por Jacó • Versículos 7-14 Seu funeral• Versículos 15-21 Os irmãos de José suplicam seu perdão – Ele os consola• Versículos 22-26 A instrução de José a respeito de seus ossos – Sua morte

Versículos 1-6Embora os parentes e amizades piedosas tenham vivido até uma idade bem avançada e es-

tejamos confiados de que partiram rumo à glória, podemos sentir a perda e respeitar sua lem-brança chorando-os. A graça não destrói, senão que purifica, modera e regula o afeto natural. A alma que partiu está fora do alcance de toda mostra do nosso afeto, porém é apropriado mostrar respeito pelo corpo, do qual esperamos uma ressurreição gloriosa e gozosa, seja o que for que aconteça com seus restos neste mundo. Assim, pois, José mostrou sua fé em Deus e seu amor por seu pai. Mandou que o corpo fosse embalsamado ou envolvido com especiarias para preservá-lo. Veja quão vis são nossos corpos quando a alma os têm abandonado: viram em muito curto tempo fétidos e desagradáveis.

Versículos 7-14O corpo de Jacó foi velado não só por sua família, senão pelos grandes do Egito. Agora que

conheciam melhor aos hebreus, começaram a respeitá-los. Os que professam a religião devem propor-se eliminar, por sabedoria e amor, os prejuízos que muitos têm contra eles. Os especta-dores viram isso como um grande choro. A morte dos bons homens é uma perda em qualquer parte e deve ser grandemente lamentada.

Versículos 15-21 Diversos são os motivos que puderam fazer que os filhos de Jacó continuassem no Egito,

apesar da visão profética que Abraão teve de sua escravidão lá. Julgando a José com o temper-amento geral da natureza humana, pensaram que agora ele se vingaria dos que o haviam odi-ado e danificado sem causa. Não sendo capazes de resistir nem de fugir, tentaram abrandá-lo humilhando-se. Lhe suplicaram como servos do Deus de Jacó. José sentiu-se muito afetado ao ver o cumprimento total de seus sonhos. Lhes manda que não o temam a ele, senão a Deus; que se humilhem ante o Senhor e busquem o perdão divino. Lhes garante sua própria bondade para com eles. Veja-se que espírito excelente era José, e aprendamos dele a devolver bem por mal. Ele os consolou e, para dissipar todos seus temores, lhes falou amavelmente. Os espíritos alquebrados devem ser curados e animados. Não só devemos fazer o bem aos que amamos e perdoamos; também devemos falar-lhes bondosamente.

Versículos 22-26Ao honrar a seu pai, José teve longos dias na terra que, pelo presente, Deus tinha-lhe dado.

Quando viu que se aproximava sua morte, consolou a seus irmãos com a certeza do regresso deles a Canaã em seu devido momento. Devemos consolar-nos uns aos outros com as mesmas consolações com que fomos consolados por Deus, e animá-los a descansar nas promessas que são nosso apoio. Como uma confissão de sua própria fé e uma conferência da deles, os encar-rega que deixem sem enterrar seus restos até o dia glorioso em que eles se estabeleçam na terra prometida. Assim, pois, José, por fé na doutrina da ressurreição e na promessa de Canaã, deu mandamento acerca de seus ossos. Isto manteria viva a expectativa deles em quanto a uma breve saída do Egito e a ter Canaã presente de forma contínua. Além disso, uniria a pos-teridade de José com seus irmãos.

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A morte, como também a vida deste eminente santo, foi verdadeiramente excelente; ambas nos dão uma firme exortação de perseverança no serviço de Deus. Quão ditoso começar cedo uma carreira celestial, continuar firme e terminar a carreira com gozo! isto que fez José, nós também podemos fazê-lo. Até no momento em que as dores da morte estejam sobre nós, não temamos dizer: "minha carne e meu coração desfalecem, mas a rocha de meu coração e minha porção é Deus para sempre".

ÊXODO

O Livro de Êxodo narra a formação dos filhos de Israel na igreja e nação. Até aqui vimos a religião verdadeira na vida doméstica; agora, começamos a ver seus efeitos nos assuntos de reinos e nações. Êxodo significa "a saída", sendo o fato principal aqui registrado a saída de Is-rael do Egito e da escravidão egípcia. Indica claramente o cumprimento de diversas promessas e profecias feitas a Abraão a respeito de sua semente e estabelece profeticamente a situação da igreja no deserto deste mundo até sua chegada na Canaã celestial, o repouso eterno.

CAPÍTULO 1• Versículos 1-7 Os filhos de Israel aumentam no Egito depois da morte de

José• Versículos 8-14 São oprimidos, mas se multiplicam sobremodo• Versículos 15-22 Morte dos filhos varões

Versículos 1-7Durante mais de duzentos anos, enquanto Abraão, Isaque e Jacó viveram em liberdade, a

população hebraica cresceu lentamente; somente umas setenta pessoas entraram no Egito. Ali, quase na mesma quantidade de anos, porém sob cruel servidão, se converteram numa nação grande. Este assombroso aumento foi em conformidade com a promessa feita muito tempo antes aos pais. Embora às vezes o cumprimento das promessas de Deus seja lento, sempre é seguro.

Versículos 8-14A terra do Egito se converteu em casa de servidão para Israel. O lugar onde fomos felizes

pode tornar-se, de repente, um lugar de aflição; o lugar do qual dissemos: Este é nosso lugar de consolo, pode ser a cruz maior para nós. Deixem de confiar no homem, e que não se diga de nenhum lugar deste lado do céu: "Este é meu repouso". Todos conheciam a José, o amavam e foram amáveis com seus irmãos por amor a ele; ainda os melhores e mais úteis serviços que um homem faça pelos outros, logo são esquecidos depois de sua morte. Nosso grande inter-esse deve ser servir a Deus e comprazer Àquele que não é injusto, como os homens, para es-quecer nossa obra e trabalho de amor. A ofensa de Israel é que prospera. Não há coisa mais odiosa para um homem malvado que a prosperidade do justo.

Os egípcios temiam que os filhos de Israel se unissem a seus inimigos e os expulsassem da terra. A maldade é sempre cobarde e injusta; faz que o homem tema onde nada há que temer, e que fuja quando ninguém o persegue. A sabedoria humana amiúde é néscia e muito pecaminosa. O povo de Deus tinha capatazes sobre eles, não só para oprimi-los, senão para afligi-los com suas cargas. Não somente os faziam servir para proveito do faraó, senão para amargá-lhes as vidas.

Os israelitas aumentaram maravilhosamente. O cristianismo se difunde mais quando é perseguido: o sangue dos mártires foi a semente da igreja. Os que aceitam conselho contra o Senhor e seu Israel somente imaginam coisas vãs e acarretam maior afronta contra si mesmos.

Versículos 15-22Os egípcios trataram de destruir a Israel assassinado a seus filhos. A inimizade que há na

semente da serpente contra a Semente da mulher, faz com que os homens esqueçam toda compaixão. Fica claro que os hebreus estavam agora sob uma bênção pouco comum. Vemos que os serviços feitos para o Deus de Israel são freqüentemente recompensados com bondade.

O faraó deu a ordem de afogar todos os filhos varões dos hebreus. O inimigo que, por meio do faraó, tratava de destruir a igreja em seu estado infantil, se ocupa de frustrar o surgimento de reflexões sérias no coração do homem. Que temam pecar os que escapem, e clamem so-corro ao Senhor, direta e fervorosamente.60

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CAPÍTULO 2• Versículos 1-4 Nasce Moisés e o deixam no rio• Versículos 5-10 O encontram e o levam para a filha do Faraó• Versículos 11-15 Moisés mata um egípcio e foge a Madiã • Versículos 16-22 Moisés casa com a filha de Jetro • Versículos 23-25 Deus ouve aos israelitas

Versículos 1-4Observe a ordem da Providência: justo no momento em que a crueldade do Faraó chega ao

máximo, mandando matar os meninos hebreus, nasce o libertador. Quando os homens se con-fabulam para levar a igreja à ruína, Deus está preparando sua salvação.

Os pais de Moisés viram que era um menino formoso. A fé viva sente-se fortalecida com o menor indício do favor divino. Hebreus 11.23 diz que pela fé os pais de Moisés o esconderam; tinham a promessa de que Israel seria preservado, e acreditaram nela. A fé na promessa de Deus anima a usar meios legais para obter misericórdia. O cumprimento de nosso dever vai seguido dos feitos de Deus. A fé em Deus sempre nos porá por acima do temor do homem.

Ao cabo de três meses, quando já não podiam esconder mais o bebê, o colocaram numa arca de juncos na beira do rio, e sua irmã para que o vigiasse. Se o fraco afeto de uma mãe foi tão cuidadoso, que pensaremos dAquele cujo amor, cuja compaixão são infinitos, como Ele. Moisés nunca teve proteção mais poderosa a seu redor, que agora quando jaz sozinho, um in-defeso bebê sobre as águas. Não há água, não há egípcio que possa machucá-lo. Deus está mais presente ao nosso lado quando parecemos mais abandonados e desamparados.

Versículos 5-10Venham, vejam o lugar onde esse grande homem, Moisés, jaz sendo um menininho; numa

cesta de juncos na beira do rio. Se tiver permanecido longo tempo ali, teria perecido. Porém, ao lugar onde está este pobre bebê desamparado, Deus traz a filha do Faraó e inclina seu coração à compaixão, coisa que ela se atreve a fazer quando ninguém mais podia. O cuidado que Deus teve de nós em nossa infância deveríamos mencioná-lo repetidas vezes para seu lou-vor. O faraó tratou cruelmente de destruir a Israel, mas sua própria filha teve dó de um menino hebreu e não só isso, senão que, sem sabê-lo, preservou o libertador de Israel e deu a Moisés uma boa ama, isto é, sua própria mãe. Para que tivesse uma ama hebraica, a irmã de Moisés trouxe a sua mãe como ama.

Moisés foi tratado como filho da filha do Faraó. Muitos que têm um nascimento escuro e po-bre, por atos surpreendentes da Providência são colocados a grande altura no mundo, para que os homens saibam que Deus reina.

Versículos 11-15Moisés assumiu atrevidamente a causa do Povo de Deus. Fica claro em Hebreus 11 que isto

foi feito pela fé, com o propósito pleno de abandonar as honras, as riquezas e os prazeres da categoria que tinha entre os egípcios. Pela graça de Deus foi um príncipe da fé em Cristo, que vence ao mundo. Devido a que tinha a certeza de que Israel era o povo de Deus, estava dis-posto não só a arriscá-lo tudo, senão a sofrer por amor a Ele.

Por concessão especial do Céu, que não senta jurisprudência para outros casos, Moisés ma-tou a um egípcio e resgatou a um israelita oprimido. Além disso, tratou de pôr fim a uma dis-puta entre dois hebreus. A recriminação de Moisés ainda poderia ser usada. Não podemos aplicá-lo aos que disputam, e com seus ardorosos debates dividem e debilitam a igreja cristã? Esquecem que são irmãos. Aquele que agia errado atacou a Moisés. Irar-se pela repreensão é sinal de culpa. Os homens não sabem o que fazem, nem quão inimigos são de si mesmos, quando resistem e desprezam a repreensão fiel e a quem a faz. Moisés poderia ter dito: Se este é o espírito dos hebreus, voltarei à corte e serei o filho da filha de Faraó". Todavia, deve-mos ter cuidado de não colocar-nos em contra dos caminhos de Deus e de seu povo, por tolice e maus modos de algumas pessoas que professam a religião. Moisés viu-se obrigado a fugir à terra de Madiã. Deus ordenou isto com fins sábios e santos.

Versículos 16-22Moisés encontrou refúgio em Madiã. Embora tinha sido criado e educado na sabedoria da

corte, esteve disposto a ajudar às filhas de Reuel a que dessem de beber a seus rebanhos. Moisés gostava de fazer justiça e agir em defesa dos que via prejudicados, coisa que todo homem deveria fazer se estiver a seu alcance. Ele gostava de fazer o bem; onde quer que nos coloque a providência de Deus, devemos desejar sermos úteis e tratar de sê-lo; e quando não possamos fazer o bem que devemos, temos de estar preparados para fazer o bem que pos-

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samos. Moisés se recomendou sozinho ao príncipe de Madiã, o qual casou uma de suas filhas com Moisés, com a qual teve um filho, Gerson, "um estranho ali", para que lembrasse a terra na qual tinha sido estrangeiro.

Versículos 23-25Embora não seguiu o assassinato dos meninos varões, continuou a servidão dos israelitas no

Egito. Às vezes, o Senhor tolera que a vara dos malvados caia longa e pesada sobre a sorte do justo. Afinal, submetidos a suas tribulações, começaram a pensar em Deus. É sinal de que o Senhor vem a nós com liberação quando se inclina e faz que clamemos a Ele. Deus ouviu seus gemidos; deixou em claro que tinha tomado nota de suas lamentações. Ele lembrou sua aliança, da qual nunca esquece. Levou isto em consideração, e não qualquer mérito deles. Ele olhou para os filhos de Israel. Moisés os olhou e os compadeceu, porém, agora Deus os olhou e os ajudou. Ele teve respeito por eles. Seus olhos estavam agora fitos sobre Israel para mostrar-se em favor deles. Deus sempre é assim, uma muito pronta ajuda nas tribulações. Então, ani-mem-se vocês, que cientes de culpa e servidão, estão esperando nEle para serem liberados. Deus, em Cristo Jesus, também olha para eles. Um chamado de amor se une a uma promessa do Redentor. Venham a mim todos os que estejam cansados e carregados, e eu os farei des-cansar (Mt 11.28).

CAPÍTULO 3• Versículos 1-6 Deus se aparece a Moisés numa sarça ardente• Versículos 7-10 Deus envia Moisés para liberar a Israel• Versículos 11-15 O nome Jeová• Versículos 16-22 Promessa de liberação para os israelitas

Versículos 1-6A vida de Moisés divide-se em três períodos de quarenta anos: os primeiros quarenta que

passou como príncipe na corte do Faraó; os segundos, como pastor em Madiã; os terceiros, como rei em Jesurum. Quão variável é a vida do homem! A primeira aparição de Deus achou a Moisés cuidando ovelhas. Parece um pobre emprego para um homem de sua capacidade e ed-ucação, embora esteja satisfeito com ele; deste modo aprende a mansidão e o contentamento, pelos quais se destaca mais que por todo seu saber nos escritos sagrados. Satanás gosta de encontrar-nos ociosos. Deus se agrada quando nos encontra ocupados. Estar sozinhos é bom para nossa comunhão com Deus.

Com grande assombro, Moisés viu uma sarça que ardia sem um fogo que a acendesse. A sarça ardia mas não se consumir, emblema da igreja escravizada no Egito. Em forma adequada nos lembra a igreja de toda época que, ainda sob as perseguições mais severas, não pôde ser destruída porque Deus a conservou. Na Escritura, o fogo é um emblema da justiça e santidade divinas, e das aflições e tribulações com que Deus prova e purifica a seu povo, e ainda o batismo do Espírito Santo, pelo qual são consumidos os afetos pecaminosos, e a alma muda à natureza e imagem de Deus.

Deus fez a Moisés um chamado por graça, ao qual ele deu uma resposta imediata. Os que hão de ter comunhão com Deus devem prestá-lhe atenção nas ordenanças através das quais lhe apraz manifestar-se a si mesmo e a sua glória,embora seja numa sarça. Descalçar-se era um sinal de respeito e submissão. Para chegar-nos a Deus devemos fazê-lo pausadamente e com uma solene preparação, evitando cuidadosamente todo o que pareça leviano, vulgar e in-conveniente a seu serviço.

Deus não diz: "Eu era o Deus de Abraão, Isaque e Jacó", senão "Eu sou". Os patriarcas ainda vivem, depois de tantos anos que seus corpos tem permanecido no túmulo. Nenhuma extensão no tempo pode separar a alma dos justos de seu Criador. Dizendo isto, Deus ensinou a Moisés acerca de outro mundo e fortaleceu sua crença num estado futuro. Assim o interpreta nosso Senhor Jesus, o qual, a partir disto, prova que os mortos ressuscitam (Lc 20.37). Moisés escon-deu seu rosto, como envergonhado ao tempo que assustado de olhar para Deus. Quanto mais vemos de Deus e de sua graça e seu amor na aliança, mais motivo veremos para adorá-lo com reverência e piedoso temor.

Versículos 7-10Deus nota as aflições de Israel. Suas angústias; até as angústias secretas do povo de Deus

lhe são conhecidas. Seu clamor: Deus ouve os gritos de seu povo afligido. A opressão que su-portavam; os opressores mais altos e grandes de seu povo não estão por acima dEle. Deus promete pronta libertação por métodos alheios aos caminhos comuns da providência. Aos que Deus, por sua graça, libera de um Egito espiritual, os levará à Canaã celestial.

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Versículos 11-15Moisés tinha-se crido capaz, antes, de liberar a Israel, porém se deu à tarefa com demasiada

pressa. Agora, quando é a pessoa mais adequada para isso, conhece suas próprias fraquezas. Este foi o efeito de um maior conhecimento de Deus e de si mesmo. Anteriormente foi a confi-ança em si mesmo misturada com uma firme fé e grande zelo; agora, um pecaminoso descon-fiar em Deus se arrasta disfarçado de humildade; tão defeituosas são as graças mais firmes e os melhores deveres dos santos mais proeminentes. Mas todas as objeções recebem resposta: "Certamente eu estarei contigo". Isso basta. Dois nomes pelos quais Deus será agora con-hecido. Um nome que denota que é em si: EU SOU O QUE SOU. Isto explica seu nome Jeová e significa:

1) Que Ele é auto-existente: e tem seu ser de Si mesmo.2) Que é eterno e imutável e sempre o mesmo, ontem, hoje e pelos séculos.3) Que Ele é incompreensível; não podemos, por médios humanos, desentranhar o que é:

este nome detém todas as indagatórias ousadas e curiosas acerca de Deus.4) Que Ele é fiel e veraz a todas suas promessas, imutável em sua palavra assim como em

sua natureza; que Israel saiba disso, EU SOU me enviou a vocês. Eu sou, e não há ninguém fora de mim.

Todo o resto tem seu ser de Deus e é totalmente dependente dEle.Além disso, eis aqui um nome que denota o que Deus é para seu povo. O Senhor Deus de

seus pais me enviou. Moisés deve reviver neles a religião de seus pais, que estava quase per-dida; e, então, eles podiam ter a expectativa do cumprimento rápido das promessas feitas a seus pais.

Versículos 16-22O êxito de Moisés com os anciãos de Israel seria bom. Deus, que, por sua graça, inclina o

coração e abre o ouvido, pôde dizer de antemão: Eles escutarão tua voz, pois Ele lhes daria a disposição neste dia de poder. Em quanto ao Faraó, aqui lhe diz a Moisés que as petições, as persuasões e as queixas humildes não prevaleceriam com ele; nem sequer uma mão poderosa estendida em sinais e prodígios. Mas os que não se inclinam ante o poder de sua palavra, cer-tamente serão quebrantados pelo poder da mão de Deus. O povo do Faraó daria riquezas a Is-rael em sua partida.

Na tirania do Faraó e a opressão de Israel vemos o estado miserável e abjeto dos pecadores. Embora o jugo é áspero, eles trabalham como escravos até que o Senhor manda a redenção. Junto com os convites do Evangelho, Deus envia o ensino de seu Espírito. Assim, os homens re-cebem a disposição para buscar e esforçar-se por sua liberação. Satanás perde seu poder de retê-los, eles se saem adiante com todo o que têm e são, e aplicam toda a glória a Deus e ao serviço de sua igreja.

CAPÍTULO 4• Versículos 1-9 Deus dá poder a Moisés para fazer milagres• Versículos 10-17 Moisés não quer ser enviado – Arão terá de ajudá-lo• Versículos 18-23 Moisés parte de Madiã – A mensagem de Deus para Faraó• Versículos 24-31 O desagrado de Deus contra Moisés – Encontro com Arão – O

povo crê neles

Versículos 1-9Moisés diz que a gente não crerá a menos que ele lhes mostre algum sinal. Deus lhe dá

poder para fazer milagres. Mas os que na atualidade se ocupam em entregar a mensagem de Deus aos homens não têm poder para operar milagres: o caráter deles e sua doutrina devem ser provados pela Palavra de Deus a qual apelam. Estes milagres se referem especialmente aos milagres do Senhor Jesus Cristo. Somente correspondia a Ele expulsar da alma o poder do diabo e sarar a alma da lepra do pecado; e assim era para Ele, primeiro expulsar ao diabo e cu-rar a lepra do corpo.

Versículos 10-17Moisés seguiu com reticência a obra que Deus lhe designou; havia muita cobardia,

indolência e incredulidade nele. Não devemos julgar os homens pela prontidão de seu discurso. A língua tardia pode ter muita sabedoria e verdadeiro valor. Às vezes Deus escolhe como mensageiros seus aos que têm em grau mínimo as vantagens da arte ou da natureza, para que neles possa ver-se sua graça de forma mais gloriosa. Os discípulos de Cristo não eram oradores, até que o Espírito Santo os fez tais.

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Deus condescende a responder à escusa de Moisés. Até a auto-desconfiança que nos impede cumprir o dever ou nos obstrui no trabalho é muito desagradável para o Senhor. Porém, enquanto culpamos a Moisés por sua atitude neste serviço perigoso, perguntemos a nossos corações se não estamos descuidando deveres mais fáceis e menos perigosos.

A língua de Arão, com a cabeça e o coração de Moisés, comporiam um ser completamente apto para esta tarefa. Deus promete "Eu estarei com tua boca e com sua boca". Até Arão, que podia falar bem, não poderia falar deste cometido a menos que Deus lhe desse permanente ensino e ajuda; pois sem a ajuda constante da graça divina até os melhores dons falharão.

Versículos 18-23Depois que apareceu na sarça, Deus falou freqüentemente com Moisés. O Faraó tinha

endurecido seu coração contra os gemidos e clamores dos israelitas oprimidos; agora Deus, no caminho de fazer um justo juízo, endurece o coração do Faraó contra o ensinamento que lhe deixam os milagres e o terror das pragas. Todavia, seja que o Faraó ouça ou seja que proíba, Moisés deve dizê-lhe: Assim diz o Senhor. Deve exigir a libertação de Israel: Deixa ir meu filho; não só a meu servo ao qual não tens direito de reter, senão a meu filho. Meu filho é quem me serve e, portanto, deve ser liberado, por Ele deve rogar-se. Em caso de rejeição: Eu matarei a teu filho, teu primogênito. Como os homens tratam ao povo de Deus, assim devem ser tratados.

Versículos 24-31Deus sai irado ao encontro de Moisés. O Senhor o ameaça de morte ou com mandá-lhe uma

doença como castigo por ter passado por alto a circuncisão de seu filho. Quando Deus nos dá a conhecer o que está mal em nossa vida, devemos pôr toda diligência em emendar-nos com prontidão. Esta é a voz da vara cada vez que a usa; nos chama a que nos voltemos a quem nos tem disciplinado. Deus enviou a Arão ao encontro de Moisés. Quanto melhor viam eles que Deus era quem os reunia, mais agradável era seu encontro.

Os anciãos de Israel os encontraram em fé e estiveram dispostos a obedecê-los. Freqüentemente acontece que se encontra menos dificuldade que a esperada nas empresas que são conforme com a vontade de Deus e para sua glória. Somente levantemo-nos e esforcemo-nos em nossa obra, que o Senhor estará conosco e nos prosperará. Se Israel acolheu as notícias de sua libertação e adorou ao Senhor, como não deveríamos nós acolher a boa nova da redenção, para abraçá-la por fé e adorar ao Redentor!

CAPÍTULO 5• Versículos 1-9 O desagrado do Faraó – Ele aumenta as tarefas dos israelitas • Versículos 10-23 Os sofrimentos dos israelitas – A queixa de Moisés a Deus

Versículos 1-9Deus reconhecerá a seu povo embora pobres e desprezados, e encontrará um tempo para

defender sua causa. Faraó tratou com desprezo todo o que ouviu. Ele não tinha conhecimento de Jeová, nem temor dEle, nem amor por ele e, portanto, se negou a obedecê-lo. Assim, pois, o orgulho, a ambição, a cobiça e o conhecimento político de Faraó o endureceram para sua própria destruição. O que pediram Moisés e Arão era muito razoável, somente ir a três dias de viagem pelo deserto e isso para uma boa diligência. Sacrificaremos ao Senhor nosso Deus. Faraó foi muito irracional ao dizer que a gente falava em ir a sacrificar porque estava ociosa. Assim, tergiversou suas palavras para ter um pretexto para aumentar suas cargas. No presente encontramos a muitos que estão mais dispostos a culpar o próximo por passar umas poucas horas no serviço de Deus, afastados de seus negócios mundanos, que em culpar os que dedicam o duplo de seu tempo a prazeres pecaminosos.

A ordem de Faraó foi bárbara. Até Moisés e Arão deviam irar-se. Os perseguidores se comprazem em desprezar os ministros e pôr-lhes dificuldades. Deviam fazer a quantidade habitual de tijolos sem a provisão acostumada de palha para misturar com o barro. Deste modo os homens foram carregados com tanto trabalho que, se o fizessem, o esforço os quebrantaria, e se não o fizessem, seriam castigados.

Versículos 10-23Os capatazes egípcios eram muito severos. Veja quanta necessidade temos de orar para

sermos livrados dos homens maus. Os chefes dos trabalhadores se queixaram justamente ao Faraó mas este zombou deles. A maldade de Satanás freqüentemente apresenta o serviço e a adoração de Deus como tarefa adequada somente para os que nada têm a fazer e atividade somente para ociosos, embora seja dever ainda dos mais ocupados deste mundo.

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Os que são diligentes em oferecer seus sacrifícios ao Senhor escaparão, ante Deus, do destino do servo preguiçoso, mesmo que não escapem dos homens.

Os israelitas deveriam ter-se humilhado ante Deus e ter assumido sobre si mesmos a vergonha de seu pecado mas, em vez disso, brigaram contra os que seriam seus libertadores. Moisés voltou ao Senhor. Sabia que o que tinha dito e feito era por ordem de Deus e, portanto, apela ao Senhor. Quando nos encontramos em qualquer momento confundidos no caminho de nosso dever, devemos ir a Deus e expor nosso caso ante Ele por meio da oração fervorosa. Os desenganos de nosso trabalho não devem afastar-nos de nosso Deus; antes deveríamos refletir no motivo pelo qual nos foram enviados.

CAPÍTULO 6• Versículos 1-9 Deus renova sua promessa• Versículos 10-13 Moisés e Arão enviados novamente a Faraó• Versículos 14-30 O parentesco de Moisés e Arão

Versículos 1-9Muito provavelmente prosperemos em nossas tentativas de glorificar a Deus e sermos úteis

aos homens quando aprendamos por experiência que nada podemos fazer por nós mesmos, e se toda a nossa dependência está nEle e toda nossa expectativa seja dEle. Moisés tinha estado esperando o que Deus faria, mas agora verá o que Ele fará. Agora Deus seria conhecido por seu nome, Jeová, isto é, o Deus que faz o prometido e termina sua obra.

Deus queria a felicidade deles: Eu os tomarei como meu povo, um povo peculiar e Eu serei seu Deus. Não necessitamos pedir nem ter mais que isto para fazer-nos felizes. Ele quer sua glória: vocês saberão que Eu sou Jeová. Estas palavras boas e consoladoras deveriam ter reanimado os decaídos israelitas e fazê-lhes esquecer sua miséria; mas eles estavam tão absorvidos em seus problemas que não fizeram caso das promessas de Deus. Ao deixar-nos levar pelo descontento e a ansiedade, nos privamos do consolo que poderíamos ter tanto da Palavra de Deus e de Sua providência, e andamos desconsolados.

Versículos 10-13A fé de Moisés era tão fraca que apenas podia seguir seu trabalho. A obediência pronta

sempre é conforme à fortaleza de nossa fé. Embora nossas fraquezas deveriam humilhar-nos, não deveriam desencorajar-nos a ponto de não fazer o melhor que pudermos em qualquer serviço que possamos oferecer a Deus. Quando Moisés repete seus confusos argumentos, já Deus não discute mais, senão que dá um cometido a ele e a Arão, para os filhos de Israel e para o Faraó. A autoridade de Deus é suficiente para responder todas as obrigações e obriga a todos a obedecer sem murmurações nem contendas (Fp 2.4).

Versículos 14-30Moisés e Arão eram israelitas, criados entre seus irmãos, como Cristo também o seria; Ele,

que seria o Profeta e Sacerdote, o Redentor e o Legislador do povo de Israel.Moisés regressa a sua narração e repete o encargo dado por Deus de entregar sua

mensagem a Faraó, e contra suas objeções. Os que têm falado sem refletir com seus lábios deveriam meditar nisso com arrependimento, como Moisés parece fazê-lo aqui. "Incircunciso" é uma expressão usada na Escritura para denotar a inaptidão que pode haver em algo para responder a seu propósito correto; como o coração carnal e a natureza depravada do homem caído, que são totalmente inadequadas para o serviço de Deus e para os objetivos de Sua glória. Proveitoso é não depositar a confiança em nós mesmos; toda nossa suficiência deve estar no Senhor. Nunca será demasiada pouca a confiança em nós mesmos, e nunca ser a demasiada a confiança em nosso Deus. Nada posso fazer por mim mesmo, disse o apóstolo, mas todo posso em Cristo que me fortalece.

CAPÍTULO 7• Versículos 1-7 Moisés e Arão animados• Versículos 8-13 As varas convertidas em serpente – Endurecimento do

coração de Faraó• Versículos 14-25 O rio convertido em sangue – Angústia dos egípcios

Versículos 1-7De glorifica a Si mesmo. Dá a conhecer a seu povo que Ele é Jeová. Israel o chega a saber

pelo cumprimento das promessas dadas a eles e aos egípcios, derramando sua ira sobre estes.65

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Moisés, como embaixador de Jeová, falando em Seu nome, deu ordens ao Faraó, lhe notificou ameaças e invocou um juízo em sua contra. Faraó, orgulhoso e grande como era, não pôde resistir. Moisés não se sentiu assustado ante Faraó; antes o fez tremer. Isto é o que parecem querer significar as palavras: Tu serás deus para Faraó. Afinal Moisés é liberado de seus temores. Já não apresenta objeções; fortalecido na fé, realiza sua tarefa com valor e continua adiante com perseverança.

Versículos 8-13Nada que possa desgostar aos homens, quando se opõe a seu orgulho e luxúria, chegará a

convencê-los. Todavia, é fácil fazê-los acreditarem que são verdadeiras as coisas que desejam. Deus manda sempre com sua palavra provas conclusivas de sua autoridade divina, porém quando os homens se inclinam à desobediência, e querem pôr objeções, Ele permite repetidas vezes que seja colocada diante deles uma armadilha, na qual eles mesmos sejam capturados. Os mágicos eram enganadores que, o meio de tretas e truques secretos, tentaram copiar os milagres verdadeiros de Moisés, coisa que lograram fazer em pequena medida, como para enganar os observadores; porém, finalmente, viram-se obrigados a confessar que não podiam imitar os efeitos do poder divino. Ninguém ajuda mais a destruir pecadores que aqueles que resistem a verdade distraindo os homens com algo parecido com a verdade, porém falso. Satanás deve ser temido com maior razão quando se transforma em anjo de luz.

Versículos 14-25Eis aqui a primeira das dez pragas: Conversão das águas em sangue. Foi uma praga

espantosa. A visão de tão vastas torrentes de sangue não podia senão inspirar horror. Nada é mais comum que a água; tão sabia e tão bondosamente a Providência tem ordenado que o que é tão necessário e útil para o bem-estar da vida humana seja barato e esteja disponível quase em todo lugar; contudo, agora os egípcios deviam beber sangue ou morrer de sede. Egito era uma terra agradável, mas os peixes mortos e o sangue devem tê-la deixado muito desagradável. Era uma praga justa, enviada com justiça sobre os egípcios, porque o Nilo, o rio do Egito, era seu ídolo. Essa criatura que idolatramos é o que Deus nos tira justamente ou faz que nos resulte amarga. Tinham maculado o rio com o sangue dos meninos dos hebreus e, agora, Deus convertera seu rio em sangue. Nunca tiveram sede de sangue, porém, cedo ou tarde, se fartaram. Era uma praga significativa; Egito dependia muito de seu rio (Zc 14.18); de modo que o atacar o rio para eles era uma advertência da destruição de toda a produção de seu país. O amor de Cristo a seus discípulos muda todas suas misericórdias comuns em bênçãos espirituais; a ira de Deus contra seus inimigos converte em maldição e miséria para eles as vantagens mais apreciadas.

Arão deve convocar a praga batendo o rio com sua vara. Foi feito à vista do Faraó e seus ajudantes, pois os verdadeiros milagres de Deus não se realizam como os prodígios mentirosos de Satanás; a verdade não se esconde nos cantos. Veja-se o poder onipotente de Deus. Cada criatura é para nós o que Ele a faz ser: água ou sangue. Note-se com que mudanças podemos encontrar-nos nas coisas deste mundo; o que sempre é vão, logo pode converter-se em tribulação. Perceba-se que má obra realiza o pecado. Se as coisas que têm sido nossa consolação resultam ser nossa cruz, é graças a nós mesmos. O pecado é o que converte nossas águas em sangue.

A praga durou sete dias; e em todo esse tempo o orgulhoso coração de Faraó não o deixou desejar que Moisés orasse para terminar a praga. Assim os hipócritas de coração acumulam ira sobre si. Não é de assombrar-se que a ira de Deus não se tenha acalmado, senão que sua mão ainda continue estendida.

CAPÍTULO 8• Versículos 1-15 A praga das rãs • Versículos 16-19 A praga dos piolhos• Versículos 20-32 A praga das moscas

Versículos 1-15Faraó está infestado com rãs; a enorme quantidade delas as converteu numa praga irritante

para os egípcios. Deus poderia ter infestado o Egito com leões, ursos, lobos ou aves predadoras, mas Ele escolheu estas criaturas desprezíveis. Quando lhe apraz, Deus pode atacar-nos com as menores partes de sua criação. Deste modo humilhou a Faraó. Não podiam comer, beber nem dormir tranqüilos; onde estiverem, eram incomodados pelas rãs. A maldição de Deus sobre um homem o perseguirá onde quer que ele vá e lhe pesará em tudo o que faça.

Faraó cedeu sob esta praga. Ele promete que deixará ir o povo. Os que desafiam a Deus e à oração, mais cedo ou mais tarde deverão entender que os necessitam. Mas quando Faraó viu 66

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que havia alívio, endureceu seu coração. Enquanto o coração não seja renovado pela graça de Deus, não durarão os pensamentos provocados pela aflição; as convicções se desgastam e se esquecem as promessas formuladas. Enquanto o estado do ar não mudar, o que se desgela ao sol tornará a congelar-se na sombra.

Versículos 16-19Os piolhos foram feitos do pó da terra; de qualquer parte da criação, Deus pode tirar um

açoite para corrigir os que se rebelam em Sua contra. Até o pó da terra lhe obedece. Os piolhos foram muito incômodos e ignominiosos para os egípcios, cujos sacerdotes se viram obrigados a trabalhar muito para que nenhum fosse jamais achado neles. Todas as pragas infligidas aos egípcios se referiam a seus crimes nacionais ou foram agravadas particularmente por seus costumes. Os mágicos trataram de imitá-las porém não conseguiram. Os forçou a confessar: Este é o dedo de Deus! Os controles e as restrições que nos são impostos devem vir necessariamente de um poder divino. Antes ou depois, Deus forçará até aos inimigos a reconhecerem Seu poder. Apesar disto, Faraó ficava mais obstinado.

Versículos 20-32Faraó ia cedo a suas falsas devoções no rio; e nós dormiremos mais e continuaremos

adormecidos quando deve realizar-se um serviço ao Senhor?Os egípcios e os hebreus seriam distinguidos na praga das moscas. O Senhor conhece os

que são seus e, talvez não neste mundo porém seguro no outro, fará evidente que os têm separado para sim.

Faraó, sem querer, fez um tratado com Moisés e Arão. Contenta-se com que eles façam sacrifícios a seu Deus, sempre que os realizem na terra do Egito. Todavia, seria uma abominação ante Deus que lhe oferecessem sacrifícios egípcios; e seria uma abominação para os egípcios se eles oferecessem a Deus os objetos da adoração dos egípcios, isto é, seus bezerros e bois. Os que oferecem um sacrifício aceitável a Deus devem afastar-se dos ímpios e profanos. Também devem afastar-se do mundo. Israel não podia celebrar uma festa de Jeová entre os fornos para cozer tijolos ou entre as panelas de carne do Egito. Deviam realizar os sacrifícios como Deus manda, não de outro jeito. Embora fossem escravos do Faraó, contudo, deviam obedecer aos mandamentos de Deus. Faraó consente que vão para o deserto, com tal que não vão muito longe, para poder trazê-los de volta. Assim, pois, alguns pecadores, num ataque de convicção, se afastam de seus pecados, embora não se distanciem muito, para que quando passe o medo, possam voltar novamente a eles.

Moisés prometeu eliminar a praga. Todavia, que Faraó não volte a fazer tratos enganosos. Não se enganem, de Deus não se zomba: se pensarmos enganar a Deus com um arrependimento fingido e uma falsa rendição a Ele, poremos um engano fatal na nossa alma.

Faraó tornou a endurecer-se. As luxúrias que governam o homem rompem os laços mais firmes e fazem que os homens sejam presumidos e não cumpram com sua palavra. Muitos parecem sinceros, mas há uma reserva, algum pecado secreto muito amado. Não têm a vontade de considerar-se como que correm o risco da miséria eterna. Se refrearão de outros pecados; fazem muito, dão muito e até se castigam muito. Deixarão o pecado às vezes e é como se deixassem que seu pecado se distanciasse por um pouco de tempo, mas não se decidem a terminar de vez para seguir a Cristo levando sua cruz. Em vez disso, arriscam tudo. Sentem pesar, porém se afastam de Cristo, decididos a conservar o mundo presente, e esperam um futuro, quando possam obter a salvação sem sacrifícios tão custosos; porém, finalmente, o pobre pecador é arrastado por sua impiedade e fica sem esperanças, para lamentar sua atitude néscia.

CAPÍTULO 9• Versículos 1-7 Mortandade no gado• Versículos 8-12 A praga de furúnculos e úlceras• Versículos 13-21 Anúncio da praga da saraiva• Versículos 22-35 A praga da saraiva

Versículos 1-7Deus quer que Israel seja liberado; Faraó se opõe, e está em jogo de quem é a palavra que

prevalecerá. A mão do Senhor cai de imediato sobre o gado, muito do qual, alguns de todas as classes, morre por um tipo infeccioso de doença. Esta foi uma grande perda para seus donos; eles tinham empobrecido a Israel e, agora, Deus os empobrecia a eles. Deve ver-se a mão de Deus ainda na doença e a morte do gado, porque não cai um pardal na terra sem a vontade de nosso Pai. Nada do gado dos israelitas morreria; o Senhor marcaria a diferença. O gado

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morreu. Os egípcios adoravam seu gado. O que nós idolatramos, Deus considera justo tirá-lo de nós.

Este tirano orgulhoso e cruel opressor merecia um tratamento exemplar de parte do justo Juiz do universo. Ninguém que seja castigado conforme ao que merece pode queixar-se com justiça. A dureza do coração denota um estado mental no qual não fazem impressão perdurável as ameaças ou as promessas, os juízos ou as misericórdias. A consciência está endurecida e o coração cheio de orgulho e presunção, de modo que eles persistem na incredulidade e a desobediência. Este estado mental também se chama de coração de pedra. Muito diferente é o coração de carne, o coração contrito e humilhado. Os pecadores não devem culpar a ninguém, só a si mesmos, pelo orgulho e a impiedade que abusa da generosidade e da paciência de Deus. Porque seja como for que o Senhor endurece os corações dos homens, sempre é como um castigo de pecados prévios.

Versículos 8-12Quando os egípcios não foram comovidos pela morte do gado, Deus mandou uma praga que

os atacou em seus próprios corpos. Se os juízos menores não operam, Deus manda um maior. Às vezes, Deus mostra aos homens seu pecado mediante o castigo. Eles haviam oprimido a Israel nos fornos, e agora as cinzas dos fornos se constituem no terror deles. A própria praga era muito incômoda. Os mesmos magos foram atacados pelos furúnculos. O poder deles foi antes refreado; mas eles continuaram opondo-se a Moisés e confirmando ao Faraó em sua incredulidade, até que se viram obrigados a ceder. O Faraó insistiu em sua obstinação. Tinha endurecido seu coração e, agora, Deus justamente lhe deu em conformidade com as injúrias de seu coração, permitindo que Satanás o cegasse e endurecesse. Se os homens fecham seus olhos à luz, é justo que Deus lhes feche seus olhos. Este é o juízo mais doloroso sob o qual pode estar um homem fora do inferno.

Versículos 13-21Aqui se ordena a Moisés que leve a Faraó uma mensagem espantosa. A Providência o

ordenou: que Moisés tivesse de enfrentar-se com um homem de espírito tão feroz e porfiado como este Faraó; e todo o converte num indigitado exemplo do poder que Deus tem para humilhar e derrubar o mais orgulhoso de seus inimigos. Quando a justiça de Deus ameaça ruína, ao mesmo tempo sua misericórdia mostra uma saída. Deus não somente fez distinção entre os egípcios e os israelitas, senão entre um e outro egípcio. Se Faraó não se rendia e assim impedia o juízo mesmo, os que acataram a advertência poderiam buscar refúgio. Alguns acreditaram, tiveram medo e albergaram a seus servos e seu gado em suas casas, e essa foi uma sábia decisão. Até entre os servos de faraó houve alguns que tremeram ante as palavras de Deus, e os filhos de Israel não terão temor? Porém outros não creram, e deixaram o gado no campo. A incredulidade obstinada é surda às melhores advertências e aos conselhos mais sábios, o que deixa que o sangue dos que perecem caia sobre suas cabeças.

Versículos 22-35Esta saraiva fez uma terrível destruição: matou homens e gado; o trigo brotado foi destruído

e somente o que ainda não tinha brotado foi preservado. A terra de Gósen foi passada por alto. Deus faz que chova ou saraive sobre uma cidade e não em outra, por misericórdia ou por juízo.

Faraó se humilhou a Moisés. Nenhum homem poderia ter falado melhor: ele reconhece ter errado; reconhece que Jeová é justo; e Deus deve ser justificado quando fala, ainda que o faça por meio de trovões e raios. Porém seu coração continuava endurecido. Moisés roga a Deus: apesar de ter razão para pensar que Faraó se arrependerá de ter-se arrependido, e assim o anuncia a ele, promete ser seu amigo. Moisés saiu da cidade, apesar do granizo e dos raios que mantiveram dentro a Faraó e seus servos. A paz com Deus faz aos homens a prova de trovões. O faraó estava assustado pelo tremendo juízo, porém quando passou, suas boas promessas foram esquecidas. Os que não melhoram pelos juízos e as misericórdias, ordinariamente pioram.

CAPÍTULO 10• Versículos 1-11 Anúncio da praga de gafanhotos – Faraó, aconselhado por

seus servos, se inclina a permitir que os israelitas partam• Versículos 12-20 A praga de gafanhotos • Versículos 21-29 A praga das trevas

Versículos 1-11As pragas do Egito mostram a gravidade do pecado. Advertem aos filhos dos homens que

não devem lutar co seu Fazedor. Faraó pretendera humilhar-se, porém não lhe foi levado em 68

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conta porque não foi sincero. Se anuncia a praga de gafanhotos. Esta devia ser muito pior que qualquer dessa classe que tivessem conhecido. Os servos de Faraó o persuadiram para que ficasse de acordo com Moisés. Nesse momento Faraó quer deixar que partam os varões, pretendendo falsamente que isto era todo o que eles desejavam. Jura que não se levarão as crianças. Satanás faz tudo o que pode para impedir que os que servem a Deus levianamente a seus filhos com eles. É o inimigo juramentado da piedade precoce. Temos razão para suspeitar que Satanás está metido em tudo o que nos impeça comprometer a nossos filhos no serviço de Deus. Tampouco deve o jovem esquecer que o conselho do Senhor é: Lembra-te de teu Criador nos dias de tua juventude; mas o conselho de Satanás é que se mantenha as crianças como escravos do pecado e do mundo. Atentem que o grande inimigo do homem deseja retê-lo com os laços do afeto, como se Faraó tiver tomado reféns dos israelitas para garantir seu retorno, retendo em cativeiro as esposas e filhos. Satanás está disposto a partilhar nosso dever e nosso serviço com o Salvador, porque o Salvador não aceitará suas condições.

Versículos 12-20Deus faz que Moisés estique sua mão; os gafanhotos vêm ao seu chamado. Teria sido mais

fácil resistir a um exército que a esta hoste de insetos. Então, quem é capaz de enfrentar o grande Deus? cobriram a face da terra e comeram seu produto. As ervas crescem para servir ao homem, porém, quando agrada a Deus, os insetos a saqueiam e comem o pão da boca deles. Que nosso trabalho não seja pela habitação e a comida que assim ficam expostos, senão para o que perdura para a vida eterna.

Faraó pede a Moisés e Arão que orem por ele. Há alguns que, em seu mal-estar, buscam a ajuda das orações de outras pessoas, mas não têm a intenção de orar eles mesmos. Com isso demonstram que não têm um amor verdadeiro a Deus nem se deleitam na comunhão com Ele. Faraó deseja somente que esta morte seja afastada, não este pecado. Deseja livrar-se da praga de gafanhotos, não da praga de um coração duro que era mais perigoso. Um vento oriental trouxe os gafanhotos, um vento ocidental os leva embora. Onde quer que esteja o vento, obedece a palavra de Deus e gira por Seu conselho. O vento sopra de onde quer, em relação a nós, mas não é assim em quanto a Deus, pois o respeita. Também foi um argumento para o arrependimento deles, porque por isto parecia que Deus estava disposto a perdoar e a mostrar misericórdia. Se o faz ante os sinais externos da humilhação, que não fará se formos sinceros! Oh, que esta bondade de Deus possa levar-nos ao arrependimento! Faraó regressou novamente a sua resolução de não deixar partir o povo. Os que freqüentemente são detidos em suas convicções, é porque estão justamente entregues às concupiscências de seu coração.

Versículos 21-29A praga das trevas trazida sobre o Egito foi uma praga espantosa. Era escuridão que podia

apalpar-se, tão espessa era a névoa. Assombrava e aterrava. Continuou por três dias: seis noites de uma só vez; até os palácios mais iluminados eram como masmorras. Agora Faraó teve tempo para considerar se ele o teria feito melhor. As trevas espirituais são escravidão espiritual; enquanto Satanás cega os olhos dos homens para que não enxerguem, lhes amarra de pés e mãos para que não trabalhem para Deus nem se movam rumo ao céu. Eles se sentam nas trevas. Era justo que Deus os castigasse assim. A cegueira de sua mente lhes acarretou a escuridão do ar; nunca esteve tão cegada a mente como a do Faraó; nunca o ar esteve tão abaçanado como no Egito. Devem temer-se as conseqüências do pecado; se três dias de trevas foram tão espantosos, como serão as trevas eternas?

Os filhos de Israel tinham, ao mesmo tempo, luz em suas casas. Não devemos pensar que participamos das misericórdias comuns como algo que se dá por sentado e, portanto, que não devemos gratidão a Deus por elas. Elas demonstram o favor particular que Ele demonstra a seu povo. Sem dúvida que há luz onde há um israelita, onde há um filho da luz, embora seja neste mundo de trevas. Quando Deus fez esta diferença entre os israelitas e os egípcios, quem não teria preferido a pobre choça de um israelita ao formoso palácio de um egípcio? Há uma diferença real entre a casa do ímpio que está sob a maldição e a vivenda do justo que é abençoado.

Faraó renovou seu tratado com Moisés e Arão e consentiu em que levassem a seus filhos, porém deixando o gado. É comum que os pecadores regateiem com Deus Todo Poderoso; assim tratam de zombar dEle, porém se enganam a si mesmos. As condições da reconciliação com Deus têm sido fixadas de modo que, embora os homens as discutam por longo tempo, não podem alterá-las nem rebaixá-las. Devemos cumprir as exigências da vontade de Deus; não podemos esperar que Ele condescenda com os termos que dite nossa luxúria. Devemos consagrar todos nossos pertences mundanos, com nós mesmos e nossos filhos, ao serviço de Deus; nós não sabemos que uso fará Ele de alguma parte do que temos.

Faraó se retirou abruptamente da conferência e resolveu não fazer mais tratos. Tinha-se esquecido da freqüência com que manava trazer a Moisés para que o aliviasse das pragas?

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Agora deveriam dizê-lhe para não voltar mais? Vã maldade! Ameaçar com a morte a quem estava armado com semelhante poder! A que ponto levará aos homens a dureza de seu coração e o desprezo pela Palavra de Deus e seus mandamentos! Depois disto, Moisés não tornou a voltar até que o mandaram chamar. Quando os homens lançam de si a palavra de Deus, Ele os entrega justamente a seus próprios enganos.

CAPÍTULO 11• Versículos 1-3 As últimas instruções de Deus a Moisés a respeito de Faraó e

dos egípcios• Versículos 4-10 Anúncio da morte dos primogênitos

Versículos 1-3Uma revelação secreta foi feita a Moisés enquanto ainda estava na presença de Faraó, para

que lhe der advertência do último espantoso juízo antes de ir embora. Este foi o último dia da servidão de Israel; estavam para partir. Seus amos, que tinham abusado deles em seu trabalho, os teriam enviado com as mãos vazias, porém Deus fez provisão para que os trabalhadores não perdessem o que lhes correspondia por seu trabalho e lhes ordenou pedir agora, em sua partida, e lhes foi dado. Deus curará o ferido que, em humilde silêncio, lhe encomendou sua causa; e no final nenhum dos que sofrem com paciência sae perdendo. Também mudou o espírito dos egípcios para com eles, e os fez obter a compaixão de seus opressores. Os que honram a Deus serão honrados por Ele.

Versículos 4-10A morte de todos os primogênitos do Egito de uma só vez; esta praga tinha sido a primeira

em anunciar-se, mas foi a última em executar-se. Percebam quão lento é Deus para a ira. A praga se anuncia e se afixa o tempo; todos seus primogênitos dormiriam o sono da morte, não silenciosamente, senão como para despertar às famílias à meia-noite. O príncipe não estava tão alto como para não ser alcançado por isso, nem os escravos do moinho estavam demasiado baixo para passas desapercebidos.

Enquanto os anjos matavam os egípcios, nem sequer um cachorro latiria entre os filhos de Israel. Isto é uma antecipação da diferença que haverá no grande dia entre o povo de Deus e seus inimigos. Se os homens soubessem qual é a diferença que marca Deus, e marcará para toda a eternidade, entre os que o servem e os que não lhe servem, a religião não lhes pareceria coisa indiferente; nem tampouco agiriam nisto com tanta negligência como o fazem.

Quando Moisés houve assim entregado sua mensagem, saiu da presença de Faraó com grande ira por sua obstinação, embora ele era o homem mais manso da terra.

A Escritura tem anunciado a incredulidade de muitos que ouvem o evangelho, para que não seja uma surpresa ou uma pedra de tropeço para nós (Rm 10.16). Não pensemos nunca o pior do Evangelho de Cristo pela marcada negligência que país homens lhe assinam.

Faraó se endureceu, apesar de que foi convencido para que depusesse suas severas e altivas exigências para que os israelitas obtivessem a plena liberdade. Em forma semelhante, o povo de Deus achará que cada luta contra seu adversário espiritual, feita no poder de Jesus Cristo, cada tentativa de vencê-lo pelo sangue do Cordeiro, e todo desejo de alcançar crescente semelhança e amor ao Cordeiro, serão recompensados com crescente liberdade do poder do inimigo das almas.

CAPÍTULO 12• Versículos 1-20 Mudança do começo do ano – Instituição da Páscoa• Versículos 21-28 Instruções ao povo para a observância da Páscoa• Versículos 29-36 Morte dos primogênitos egípcios – Pedem aos israelitas que

saiam da terra do Egito• Versículos 37-42 A primeira jornada dos israelitas até o Sucote • Versículos 43-51 Ordem de respeitar a Páscoa

Versículos 1-20O Senhor faz novas todas as coisas para aqueles que liberta da escravidão de Satanás e os

toma para si mesmos a fim de que sejam seu povo. O momento em que Ele faz isto, para eles é o começo de uma vida nova.

Deus indicou que, a noite em que sairiam do Egito, cada família matasse um cordeiro ou que duas ou três famílias, se eram pequenas, deviam matar um cordeiro em conjunto. Este cordeiro devia comer-se na forma aqui indicada, e o sangue devia aspergir-se nas ombreiras e 70

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na verga da porta para marcar as casas dos israelitas, e distingui-las das dos egípcios. O anjo do dinheiro, quando destruísse os primogênitos egípcios, passaria por alto as casas marcadas com o sangue do cordeiro: daqui o nome desta festa ou ordenança sagrada 2.

A Páscoa deveria celebrar-se cada ano, tanto como uma lembrança da preservação de Israel e sua liberação do Egito, e como um notável tipo de Cristo. A seguridade e a liberação dos israelitas não foi uma recompensa de sua justiça própria senão uma dádiva misericordiosa. A eles se lembrava disso e, por meio desta ordenança, foram ensinados que todas as bênçãos lhes chegaram por meio do derramamento e a aspersão do sangue.

Observe-se:1) O cordeiro pascoal era um tipo. Cristo é a nossa Páscoa (1 Co 5.7); Cristo é o Cordeiro de

Deus (Jo 1.29); muitas vezes é chamado Cordeiro no Apocalipse. Devia ser de qualidade ótima; Cristo se ofereceu no melhor de sua idade, não quando era o bebê de Belém. Devia carecer de todo defeito; o Senhor Jesus foi um Cordeiro sem mácula: o juiz que condenou a Cristo o declarou inocente. Tinha de ser separado quatro dias antes, denotando assim a designação do Senhor Jesus para ser Salvador, tanto no propósito como na promessa. Devia ser morto e queimado com fogo, denotando isto os penosos sofrimentos dEle, até a morte, e morte de cruz. A ira de Deus é como fogo e Cristo foi feito maldição por nós. Nenhum osso dele devia ser quebrado, coisa que foi cumprida em Cristo (Jo 19.33), indicando nisto a fortaleza não quebrantada do Senhor Jesus.

2) A aspersão do sangue era um tipo. O sangue do cordeiro devia borrifar-se, indicando a aplicação dos méritos da morte de Cristo a nossas almas; temos que receber a expiação (Rm 5.11). A fé é o hissopo com o qual nos são aplicadas as promessas e os benefícios do sangue de Cristo. Devia ser colocado no topo e nos laterais da porta, indicando a profissão direta de fé em Cristo que devemos fazer. Não devia borrifar-se sobre o umbral, o qual nos adverte para termos cuidado de não pisotear o sangue da aliança. É sangue precioso e deve sê-lo para nós. O sangue, assim aspergido, foi um meio para preservar os israelitas do anjo destruidor, que não tinha nada a fazer onde estiver esse sangue. O sangue de Cristo é a proteção do crente da ira de Deus, da maldição da lei, e da condição do inferno (Rm 8.1).

3) O comer solenemente o cordeiro era um tipo de nosso dever para com Cristo no Evangelho. O cordeiro pascoal não era somente para ser contemplado, senão para comê-lo. Assim, pela fé temos de apropriar-nos de Cristo; e receber força e alimento espiritual dEle, como de nossa comida (veja-se Jo 6.53,55). Era para ser comido todo; os que pela fé se alimentam de Cristo, devem fazê-lo de um Cristo total: devem tomar a Cristo e seu jugo, a Cristo e sua cruz, e assim também a Cristo e sua coroa. Devia ser comido de uma só vez, de imediato, sem deixar nada para o dia seguinte. Hoje se oferece a Cristo e deve ser recebido em tanto se diz hoje, antes que durmamos o sono da morte. Devia ser comido com ervas amargas, lembrando a amargura da escravidão do Egito; nós devemos alimentar-nos de Cristo com dor e com o coração quebrantado, lembrando o pecado. Cristo será doce para nós se o pecado é amargo. Devia ser comido de pé, com o cajado na mão, prestes a partir. Quando nos alimentamos de Cristo pela fé, devemos abandonar o reinado e o domínio do pecado; liberar-nos do mundo e de tudo o que nele há; abandoná-lo todo por Cristo e não considerá-lo como mau negócio (Hb 13.13-14).

4) A festa dos pães ázimos era um tipo da vida cristã (1 Co 5.7-8). Tendo recebido a Cristo Jesus o Senhor, devemos gozar-nos continuamente nEle. Nenhuma classe de obra deve ser feita, isto é, não admitir nem albergar esforços que não concordem com este santo gozo, ou que o rebaixem. Os judeus eram muito estritos em quanto a que na Páscoa nada de fermento devia ser achado em suas casas. Deve ser uma festa que se observa com caridade, sem o levedo da malícia; e com sinceridade, sem o levedo da hipocrisia. Era uma ordenança perpétua; na medida em que vivamos, devemos continuar alimentando-nos de Cristo, regozijando-nos nEle sempre, e mencionando com gratidão as grandes coisas que Ele tem feito por nós.

Versículos 21-28Essa noite, quando os primogênitos seriam destruídos, nenhum israelita devia sair pelas

portas até que fossem chamados para partir do Egito. Sua seguridade devia-se ao sangue aspergido. Se deixassem essa proteção, o faziam sob seu próprio risco. No tempo vindouro deviam ensinar cuidadosamente a seus filhos o significado deste serviço. É bom que as crianças perguntem acerca das coisas de Deus; os que buscam o caminho o acharão. Observar anualmente esta solenidade era:

1) Olhar atrás para lembrar quantas grandes coisas Deus tinha feito por eles e por seus pais. As misericórdias antigas para conosco ou para com nossos pais não devem ser esquecidas para que Deus seja louvado e nossa fé nEle seja fortalecida.2 Páscoa é a transcrição grega do termo aramaico para a Páscoa, que vem do hebraico pasac: passar por cima, deixar de lado.

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2) Tinha o propósito de olhar para frente como prenda do grande sacrifício do Cordeiro de Deus no cumprimento do tempo. Cristo, nossa Rocha, foi sacrificado por nós; sua morte foi nossa vida.

Versículos 29-36As trevas mantiveram os egípcios na ansiedade e no horror durante três dias e suas noites;

agora, seu repouso é interrompido por uma calamidade muito mais terrível. A praga atacou os primogênitos, o gozo e esperança de suas famílias. Eles tinham dado morte aos filhos dos hebreus, agora Deus matava aos seus. Abrangeu desde o trono até o calabouço: príncipe e camponês ficam ao mesmo nível ante os juízos de Deus. O anjo destruidor, como mensageiro da dor, entrou em cada vivenda que não tinha o sinal do sangue. Realizou sua diligência espantosa sem deixar casa na qual não houvesse um morto. Imaginem, então, o clamor que correu pela terra do Egito, o longo e estridente uivo de agonia que explodiu em cada lar. Assim será na hora espantosa em que o Filho do homem visite os pecadores com o juízo final. Os filhos de Deus, seus primogênitos, se salvaram. Melhor é que os homens se submetam primeiro às condições de Deus, porque Ele nunca seguirá as deles.

Agora o orgulho de Faraó é abatido e se rende. A palavra de Deus é a que permanece; nada obtemos com contender ou com a demora em submeter-nos. O terror dos egípcios conseguiu o favor e a rápida partida de Israel. Assim, pois, o Senhor cuidou que lhes fossem pagados os salários duramente ganhos e a gente os proveu para sua viagem.

Versículos 37-42 Os filhos de Israel se puseram em marcha sem demora. Uma multidão de toda classe de

gente foi com eles. Talvez alguns estivessem dispostos a deixar sua pátria, desolada pelas pragas; outros, por curiosidade; talvez uns poucos por amor a eles e a sua religião. Porém entre os israelitas sempre houve os que não eram israelitas. Da mesma maneira, ainda há hipócritas na igreja.

Este grande acontecimento ocorreu aos 430 anos de ter sido feita a promessa a Abraão: veja-se Gálatas 3.17. Tanto tempo tinha-se passado sem cumprir-se a promessa de estabelecê-los em sua terra; porém, embora as promessas de Deus não tenham rápido cumprimento, se cumprirão no momento mais oportuno.

Esta é essa noite do Senhor, uma noite notável, digna de ser celebrada em todas as gerações. As grandes coisas que Deus faz por seu povo não são uma maravilha somente para uns quantos dias, senão para ser lembradas em todas as épocas, especialmente a obra de nossa redenção por Cristo. A primeira noite da Páscoa foi uma noite do Senhor, digna de ser observada; porém a noite da última Páscoa, na que Cristo foi traído e na qual se deu fim à primeira Páscoa, com as outras cerimônias judaicas, foi uma noite do Senhor, que deve ser celebrada ainda mais. Nessa ocasião, foi quebrantado e tirado de nosso pescoço um jugo mais pesado que o do Egito, e foi colocada diante de nós uma terra melhor que a de Canaã. Foi uma redenção digna de celebrar-se no céu por toda a eternidade.

Versículos 43-51Nos tempos vindouros toda a congregação de Israel devia guardar a Páscoa. Todos os que

participam das misericórdias de Deus devem unir-se em louvores de gratidão por elas. A Páscoa do Novo Testamento, a Ceia do Senhor, não deve ser descuidada por ninguém.

Os estrangeiros, se eram circuncidados, podiam comer da Páscoa. Eis aqui uma indicação precoce de favor para com os gentios. Isto ensinou aos judeus que o que lhes dava direito a seus privilégios era o ser uma nação favorecida por Deus, não sua descendência de Abraão.

Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós (1 Co 5.7). Seu sangue é o único resgate por nossas almas; sem o derramamento de sangue não há remissão; sem derramamento de sangue não se faz remissão. Por fé nEle, temos refugiado nossas almas da merecida vingança, colocando-as sob a proteção de seu sangue expiatório? Nos mantemos perto dEle, descansando constantemente nEle? Professamos nossa fé no Redentor e nossas obrigações para com Ele, de modo que todos os que passam por nosso lado saibam a quem pertencemos? Estamos preparados para seu serviço, dispostos a andar em seus caminhos e a separar-nos de seus inimigos? Estas são perguntas de enorme importância para a alma; que o Senhor dirija nossas consciências para respondê-las com honestidade.

CAPÍTULO 13• Versículos 1-10 Consagração dos primogênitos a Deus – Ordem de

comemorar a Páscoa• Versículos 11-16 Separação dos primogênitos das bestas• Versículos 17-20 Os ossos de José levados pelos israelitas – Chegada a Etã • Versículos 21-22 Deus guia os israelitas por meio de uma coluna de nuvem e

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de fogo

Versículos 1-10Em comemoração da destruição dos primogênitos do Egito, dos homens e dos animais, e da

liberação dos israelitas da escravidão. Os varões primogênitos dos israelitas foram separados para o Senhor. Por este médio foi-lhes apresentado o fato de que suas vidas tinham sido preservadas por meio do resgate da expiação, a que a seu devido tempo se realizaria pelo pecado. Eles deviam também considerar que suas vidas, assim resgatadas da morte, deviam agora estar consagradas ao serviço de Deus. Os pais não deviam pensar que tivessem algum direito sobre seus primogênitos, até que os apresentassem solenemente a Deus, e Ele lhes desse seu título de propriedade a eles. O que, por misericórdia especial, nos é devolvido, deve aplicar-se à honra de Deus; pelo menos, deve ser feito um reconhecimento de gratidão com obras de piedade e amor.

A comemoração de sua saída do Egito devia observar-se anualmente. O dia da ressurreição de Cristo deve comemorar-se porque nEle fomos ressuscitados com Cristo, saindo da casa da escravidão e da morte. A Escritura não nos diz expressamente que dia do ano ressuscitou Cristo, porém estabelece particularmente que dia da semana aconteceu, porque como liberação mais valiosa deve comemorar-se semanalmente.

Os israelitas deviam guardar a festa dos pães Deus fermento. No Evangelho não só lembramos a Cristo, senão que observamos a Santa Ceia. Façam isto em memória dEle. Além disso, deviam ter cuidado de ensinar às crianças o conhecimento de Deus. Esta é uma antiga lei para a catequese. É sumamente útil familiarizar as crianças em sua primeira infância com os relatos da Bíblia. Os que têm a lei de Deus em seus corações devem tê-la em sua boca para falar dela todo o tempo, para afetar a si mesmos e ensinar aos outros.

Versículos 11-16Os primogênitos dos animais que não se usavam para o sacrifício deviam ser trocados por

outros que se usassem, ou deviam ser mortos. Nossa alma tem sido entregue à justiça de Deus e a menos que seja resgatada pelo sacrifício de Cristo, certamente perecerá. Estas instituições os lembrariam continuamente seu dever de amar e servir ao Senhor. De igual modo, o batismo e a Ceia do Senhor, se são explicadas e observadas adequadamente, nos farão lembrar nossa profissão e nosso dever, dando-nos ocasião de lembrar-nos uns a outros.

Versículos 17-20Havia dois caminhos do Egito ao Canaã. Um era de somente uns poucos dias de viagem; o

outro, era muito mais longo, indo para o deserto, e esse foi o caminho que Deus escolheu para conduzir a seu povo Israel. Os egípcios deviam afogar-se no Mar Vermelho; os israelitas deviam humilhar-se e ser provados no deserto. O caminho de Deus é o bom caminho, embora não pareça. Se pensarmos que Ele não conduz a seu povo pelo caminho mais curto podemos ter, não obstante, a certeza de que Ele os leva pelo melhor caminho, e assim ficará em evidência quando chegarmos afinal de nossa viagem. Os filisteus eram inimigos fortes; era necessário que os israelitas fossem preparados para as guerras de Canaã, passando pelas dificuldades do deserto. Assim, pois, Deus proporciona provas a seu povo para fortaleza deles (1 Co 10.13).

Saíram em boa ordem. Uns iam de a cinco por fileira; outros, em cinco bandos, o que parece ser significativo. Levaram com eles os ossos de José. Era um estímulo para sua fé e esperança que Deus os levasse a Canaã, cuja esperança fazia que eles levassem seus ossos pelo deserto.

Versículos 21-22O Senhor ia diante deles numa coluna, como presença da Majestade Divina. Cristo estava

com a igreja do deserto (1 Co 10.9). Aos que Deus leva a um deserto, Deus não os abandonará nem os deixará perder-se ali, senão que cuidará de conduzi-los na travessia. Foi uma grande satisfação para Moisés e para os israelitas piedosos ter a certeza de estarem sob sem direção divina. Os que têm como fim a glória de Deus, como regra a Palavra de Deus, como guia de seus afetos o Espírito de Deus, e a providência de Deus como condutor de seus assuntos, podem estar seguros de que o Senhor vai diante deles, embora não o possam ver com seus olhos: agora devemos viver por fé.

Quando Israel marchava, a coluna ia diante e indicava o lugar onde acampar, segundo o estimasse conveniente a Sabedoria divina. De diz os resguardava do calor, e pela noite lhes dava luz.

A Bíblia é lâmpada para os nossos pés, e luz para o nosso caminho, a que em seu amor nos tem deixado o Salvador. Dá testemunho de Cristo. Para nós é como a coluna para os israelitas. Escutem a voz que clama: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas mas

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terá a luz da vida (Jo 8.12). Somente Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida, (Jo 14.6), segundo o mostra a Bíblia e o recomenda o Espírito Santo a alma em resposta à oração.

CAPÍTULO 14 • Versículos 1-9 Deus leva os israelitas a Pi-Hairote – Faraó os persegue• Versículos 10-14 Os israelitas se queixam – Moisés os consola • Versículos 15-20 Instruções de Deus a Moisés – A nuvem entre os israelitas e

os egípcios • Versículos 21-31 Os israelitas cruzam o Mar Vermelho, os egípcios se afogam

Versículos 1-9Faraó pensou que todo Israel estava capturado no deserto e que seria presa fácil. Porém

Deus disse: Serei glorificado em Faraó. Sendo todos os homens feitos para honra de seu Criador, Ele será honrado naqueles pelos quais Ele não é honrado. O que pareceria ser a ruína da igreja, volta e meia é utilizado para ruína dos inimigos dela. Embora faraó satisfez sua maldade e vingança, ele ajudou a que se cumprissem os conselhos de Deus acerca dele. Mesmo que tinha deixado sair a Israel com toda razão, agora estava irado consigo mesmo por tê-lo feito. Deus faz que a inveja e fúria dos homens contra seu povo sejam um tormento para eles mesmos. Os que voltam seus olhos ao céu e vivem piedosamente em Cristo Jesus devem esperar o acosso das tentações e terrores de Satanás. Ele não deixará mansamente que ninguém saia de seu serviço.

Versículos 10-14Não havia caminho aberto para Israel, senão para acima e dali veio a liberação deles. Nós

podemos estar no caminho do dever, seguindo a Deus, e avançando para o céu, mas podemos estar rodeados de tribulações. Alguns clamaram ao Senhor; o temor os fez orar e isso esteve certo. Deus nos põe em apertos para fazer-nos cair de joelhos. Outros clamaram contra Moisés; o medo os fez murmurar como se Deus já não fosse mais capaz de fazer milagres. Eles repreenderam a Moisés por tê-los tirado do Egito e, assim, estavam irados com Deus pela maior bondade que tinha-lhes sido feita; assim de grosseiros são os absurdos da incredulidade.

Moisés disse: Não temam. Quando não possamos sair dos problemas, sempre é nosso dever e interesse colocar-nos por acima de nossos medos; que avivem nossas orações e esforços, porém que não silenciem nossa fé e esperança.

"Fiquem firmes"; não pensem em salvar-se a vocês mesmos lutando ou fugindo; esperem as ordens de Deus e obedeçam-nas. Conservem a serenidade, confiados em Deus, para que pensem pacificamente na grande salvação que Deus está por operar em vocês. Se Deus permite que seu povo esteja em apuros, achará o caminho para tirá-los.

Versículos 15-20As silenciosas orações da fé de Moisés prevaleceram diante de Deus mais que os fortes

gritos de terror de Israel. A nuvem e a coluna de fogo iam trás deles onde necessitavam guarda, e eram uma muralha entre eles e seus inimigos. A palavra e providência de Deus têm um lado negro e tenebroso para o pecado e os pecadores, mas um lado luminoso e agradável para o povo do Senhor. Aquele que separou a luz das trevas (Gn 1.4), designou a escuridão aos egípcios e a luz aos israelitas. Essa diferença existirá entre a herança dos santos da luz e as negras trevas que será a porção dos hipócritas para sempre.

Versículos 21-31A divisão do Mar Vermelho foi terror para os cananeus (Js 2.9-10); o louvor e o triunfo dos

israelitas (Sl 114.3; 106.9; 136.13). Foi um tipo do batismo (1 Co 10.1-2). A passagem dos israelitas no meio do mar era tipo da conversão das almas (Is 11.15); e que os egípcios fossem afogados nele era tipo da ruína final dos pecadores impenitentes.

Deus mostrou sua onipotência abrindo uma passagem em meio das águas, de umas 40 milhas 3 de comprimento. Deus pode levar a seu povo através das dificuldades maiores e fazer caminho onde não há. Foi um exemplo de seu favor maravilhoso para seu Israel. Eles passaram em meio do mar, caminharam em seco pelo fundo do mar. Foi feito para animar o povo de Deus de todas as épocas para que confiem em Deus nas maiores dificuldades. Que não pode fazer Aquele que fez isso? Que não fará Ele pelos que o temem e amam, já que fez isto pelos israelitas queixosos e incrédulos?

Depois sobreveio a ira reta e justa de Deus sobre seus inimigos e os de seu povo. A ruína dos pecadores é acarretada por eles mesmos, devido a seu próprio furor e soberba. Eles 3 Aproximadamente 65 km.74

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poderiam ter deixado em paz a Israel, mas não quiseram; agora gostariam de esconder o rosto de Israel, mas não podem. Os homens não se convencem até que é demasiado tarde, de que os que se metem contra o povo de Deus, o fazem para seu próprio prejuízo.

Foi ordenado a Moisés que estendesse sua mão sobre o mar; as águas regressaram e afogaram a toda a hoste dos egípcios. Faraó e seus servos, que tinham-se endurecido mutuamente em pecado, juntos caíram agora, sem escapar nenhum só. Os israelitas viram mortos os egípcios sobre as areias. O espetáculo os afetou muito. Quando os homens vêm as obras de Deus e percebem o benefício recebido, o temem e confiam nEle. Quão bom seria para nós se sempre estivéssemos de bom ânimo, como as vezes acontece! Eis aqui o fim para o qual pode atentar o cristão. Seus inimigos ardem de furor e são poderosos; porém, enquanto ele estiver firmemente sustentado por Deus, passará a salvo pelas ondas, guardado pelo mesmo poder de seu Salvador, que descerá contra cada inimigo espiritual. Os inimigos de sua alma que tenha visto hoje, não tornará a vê-los.

CAPÍTULO 15• Versículos 1-21 O cântico de Moisés pela liberação de Israel• Versículos 22-27 As águas amargas de Mara – Os israelitas chegam a Elim

Versículos 1-21Este cântico é o mais antigo que conhecemos. É um cântico santo para a honra de Deus,

para exaltar seu nome e celebrar seu louvor e somente o seu, pois no em nada magnifica a nenhum homem. A santidade do Senhor está em cada parte dele. Pode ser considerado como tipo e profecia da destruição final dos inimigos da igreja.

Felizes aqueles cujo Deus é o Senhor. Eles têm trabalho a fazer, tentações com as quais contender e aflições que suportar, e em si mesmos são fracos mas sua graça é a fortaleza deles. Amiúde estão apenados, porém nEle têm consolo; Ele é o cântico deles. O pecado e a morte e o inferno os ameaçam, mas Ele é e será a salvação deles. O Senhor é um Deus todo-poderoso e ai daqueles que lutam com seu Fazedor! Ele é um Deus de incomparável perfeição; Ele é glorioso em santidade; sua santidade é sua glória. Sua santidade se mostra no ódio do pecado e sua ira contra os pecadores obstinados. Se vê na liberação de Israel e sua fidelidade a sua própria promessa. Ele é temível em louvores; aquilo que é matéria de louvor para os servos de Deus é muito espantoso para seus inimigos. Ele está operando prodígios, coisas fora do curso corriqueiro da natureza; maravilhas para aqueles em cujo favor são feitas, que são tão indignos que não tinham motivos para esperá-las. Houve prodígios de poder e prodígios de graça; em ambos, Deus era para ser humildemente adorado.

Versículos 22-27No deserto de Sur os israelitas não tiveram água. Em Mara tiveram água, porém era

amarga, de modo que não puderam bebê-la. Deus pode fazer-nos amargoso aquilo que mais nos prometamos a nós mesmos, e volta e meia faz assim no deserto deste mundo, para que nossas carências e desenganos na criatura nos levianamente ao Criador em cujo favor pode ter-se consolo verdadeiro.

Em seu mal-estar, a gente se afanou e brigou com Moisés. Os hipócritas podem mostrar muito afeto e parecer fervorosos nos exercícios religiosos, porém caem no momento da tentação. Ainda os crentes verdadeiros serão tentados, em momentos de aguda prova, a afanar-se, desconfiar e resmungar. Mas em cada prova devemos lançar nossa preocupação sobre o Senhor e derramar nossos corações diante dEle. Então acharemos que uma vontade submissa, uma consciência pacífica e os consolos do Espírito Santo, tornarão suportável a prova mais amarga, até torná-la agradável.

Moisés fez o que o povo tinha descuidado fazer; ele clamou ao Senhor. Deus proveu bondosamente para eles. Ele dirigiu a Moisés para uma árvore que lançou nas águas e de imediato viraram doces. Alguns fazem desta árvore um tipo da cruz de Cristo que dulcifica as águas amargas da aflição para todos os fiéis e os capacita para regozijar-se na tribulação. Porém o israelita rebelde não se sairá melhor livrado do que o egípcio rebelde. A ameaça é somente implícita, a promessa é explícita. Deus é o grande Médico. Se somos bem conservados, é Ele que nos mantém; se somos melhorados, Ele é quem nos recupera. Ele é nossa vida e o longo de nossos dias. Não esqueçamos que somos preservados da destruição e livrados de nossos inimigos para sermos os servos do Senhor.

Em Elim tiveram água boa e suficiente. Embora por um tempo Deus pode ordenar que seu povo acampe na margem das águas amargas de Mara, essa não será por sempre sua sorte. Não desfaleçamos nas tribulações.

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CAPÍTULO 16• Versículos 1-12 Os israelitas chegam ao deserto de Sim – Murmuram pela

comida – Deus promete pão do céu• Versículos 13-21 Deus manda codornas e maná • Versículos 22-31 Detalhes sobre o maná • Versículos 32-36 Um ômer de maná para conservar

Versículos 1-12As provisões de Israel, trazidas do Egito, acabaram-se a meados do segundo mês e eles

murmuraram.Não é novidade que as maiores bondades se representem com baixeza como os prejuízos

maiores. Sua apreciação da libertação era tão baixa, que desejaram ter morrido no Egito, e pela mão do Senhor, isto é, pelas pragas que mataram aos egípcios. Não podemos supor que tinham abundância no Egito, nem que lhes for possível sentir medo de morrer de fome no deserto enquanto tivessem rebanhos e manadas: ninguém diz coisas mas absurdas que os que murmuram. Quando começamos a agitar-nos, devemos considerar que Deus ouve todas nossas queixas.

Deus promete uma provisão oportuna e constante. Provou se eles confiariam nEle e se estariam satisfeitos tendo o pão de cada dia a tempo. Deste modo, provou se eles o serviriam, e viu-se claramente quão ingratos eram. Quando Deus mandou as pragas aos egípcios, foi para fazê-lhes saber que Ele era o Senhor; quando proveu para os israelitas, foi para fazê-lhes saber que Ele era seu Deus.

Versículos 13-21No anoitecer chegaram as codornas, e a gente capturou facilmente quantas necessitavam.

O maná chegou com o orvalho. Eles o chamaram maná, man hu, que significa "O que é isso?". É uma porção; é o que o nosso Deus nos designou e o tomaremos, e estaremos agradecidos. Era uma comida desejável; era alimento saudável. O maná chovia do céu; quando o orvalho cessava de descer, aparecia como uma coisa pequena, redonda, miúda como a geada que cobre a terra como a semente do coentro, de uma cor semelhante à das pérolas. O maná cais somente seis dias na semana, e em quantidade dupla no sexto dia; bichava e apodrecia se era guardado por mais de um dia, exceto no dia de repouso. A gente nunca o tinha visto antes. Podiam moê-lo no moinho, ou amassá-lo num morteiro, e depois fazer tortas e cozê-las. Durou os quarenta anos que os israelitas estiveram no deserto, por onde foram, e cessou quando entraram no Canaã. Tudo isto mostra quão diferente era de qualquer coisa encontrada antes ou agora.

Eles deviam recolher o maná cada manhã. Aqui nos é ensinado:1) A sermos prudentes e diligentes para prover comida para nós e nossos lares; trabalhar

tranqüilos e comer nosso próprio pão, não o pão do ócio ou do engano. A abundância de parte de Deus dá lugar ao dever do h.; assim era ainda quando chovia maná; eles não deviam comer senão até terem recolhido.

2) A estarmos contentes com o suficiente. Os que mais têm, têm somente alimento e vestimenta para si mesmos; os que têm menos, em geral têm essas coisas, de modo que quem recolhe muito nada tem que sobre, e ao que ajunta pouco, nada lhe falta. Não há desproporção entre um e o outro no desfrute das coisas desta vida, como a há na simples possessão delas.

3) A confiarmos na Providência: que durmam em paz mesmo que não tenham pão em suas tendas, nem em todo o acampamento, confiando em que Deus, no dia seguinte, lhes trará o pão cotidiano. Estava mais seguro e a salvo no armazém de Deus que em poder deles, e daí viria mais doce e fresco. Veja-se aqui quão néscio é acumular. O maná acumulado por alguns, que se acharam mais espertos e melhores administradores que seus vizinhos, e que quiseram abastecer-se para que não lhes faltasse no dia seguinte, bichou-se e apodreceu. Resultará completamente desperdiçado o que se guarda com cobiça e sem fé. Tais riquezas são corruptas (Tg 5.2-3).

A mesma sabedoria, poder e bondade que desde o alto trouxe para os israelitas alimento diário no deserto, produz o alimento anualmente desde a terra no curso constante da natureza, e nos dá todas as coisas ricamente para desfrutar.

Versículos 22-31Aqui se menciona um sétimo dia de repouso. Era conhecido, não só antes de dar-se a lei no

monte Sinai, senão antes de sair Israel do Egito, até mesmo desde o princípio (Gn 2.3). Separar um dia de cada sete para a obra sagrada e para o descanso santo, estava estabelecido desde que Deus criou o homem sobre a terra, e é a mais antiga das leis divinas. Ao designar o sétimo dia para o descanso, Ele se preocupou que devido a isso não fossem a sair perdendo; e nenhum nunca sairá perdendo por servir a Deus. Neste dia deviam ajuntar o suficiente para 76

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dois dias e deixá-lo preparado. Isto nos ensina a ordenar os assuntos familiares para que nos estorvem o menos possível na obra do dia de repouso. Há trabalhos necessários que inevitavelmente devem ser feitos nesse dia, porém é desejável ter o menos possível para fazer, a fim de que possamos dedicar-nos mais livremente a preparar-nos para a vida vindoura. Quando guardavam maná em contra do mandamento, apodrecia; quando o guardavam por uma ordem, era doce e bom; tudo é santificado pela palavra de Deus e a oração. Deus não enviava maná no sétimo dia, portanto eles não deviam esperá-lo nem sair a ajuntá-lo. Isto mostrava que era produzido em forma miraculosa.

Versículos 32-36Tendo Deus provido o maná para que fosse o alimento de seu povo no deserto, deviam

guardar uma quantidade como lembrança. O pão comido não deve ser esquecido. Os milagres e as misericórdias de Deus são para serem lembradas. A palavra de Deus é o maná pelo qual se nutrem as nossas almas (Mt 4.4). As consolações do Espírito são maná escondido (Ap 2.17). Estas vêm do céu, como o maná, e são o sustento e o consolo da vida divina na alma, enquanto estamos no deserto deste mundo. Cristo na palavra é para aplicá-lo a alma e os meios de graça são para serem usados. Cada um de nós deve ajuntar para si mesmo e deve fazê-lo na manhã de nossos dias, na manhã das nossas oportunidades; se o deixarmos ir embora, pode que se faça muito tarde para recolher. O maná não é para acumulá-lo, senão para comê-lo; os que têm recebido a Cristo devem viver pela fé nEle, e não receber em vão sua graça. Houve maná suficiente para todos, suficiente para cada um, e ninguém teve demasiado; assim, pois, em Cristo há suficiente, mas não mais do que necessitamos. Os que comeram maná tornaram a ter fome, finalmente morreram, e de muitos deles não se agradou Deus; enquanto que os que se alimentaram de Cristo pela fé, nunca tornarão a ter fome nem morrerão jamais, e deles se agradará Deus para sempre. Busquemos fervorosamente a graça do Espírito Santo para que converta todo nosso conhecimento da doutrina de Cristo crucificado no alimento espiritual de nossas almas por fé e amor.

CAPÍTULO 17• Versículos 1-7 Os israelitas murmuram por água em Refidim – Deus lhes

envia água da rocha• Versículos 8-16 Amaleque é vencido – As orações de Moisés

Versículos 1-7Os filhos de Israel viajaram conforme ao mandamento do Senhor, conduzidos pela coluna de

nuvem e fogo, mas chegaram a um lugar aonde não havia água para que eles bebessem. Nós podemos andar pelo caminho do dever e, todavia, encontrar-nos com problemas, aos quais nos conduz a Providência, para provar nossa fé, e para que Deus seja glorificado em nossa liberação. Eles começaram a perguntar-se se Deus estava ou não com eles. Isto é chamado de "tentar a Deus", o que significa desconfiar dEle depois de terem recebido tais demonstrações de seu poder e bondade.

Moisés lhes respondeu com gentileza. É néscio responder paixão com paixão; isso piora o mau.

Deus, em sua graça, se apresentou para ajudá-los. Que maravilhosa a paciência e tolerância de Deus para com os pecadores que o provocam! Para mostrar seu poder e sua compaixão e para fazer um milagre de misericórdia, lhes deu água da rocha. Deus pode abrir fontes para nós onde menos o esperamos. Os que, neste deserto, guardam o caminho de Deus, podem confiar em que Ele os proverá. Além disso, que isso nos leve a confiar na graça de Cristo. O apóstolo diz que a Rocha é Cristo (1 Co 10.4); era um tipo dEle. Embora a maldição de Deus poderia ter sido justamente executada contra nossas almas culpáveis, eis aqui o Filho de Deus, ferido por nós. Peçamos e recebamos.

Houve uma provisão abundante desta água. Por numerosos que sejam os crentes, a provisão do Espírito de Cristo é suficiente para todos. A água brotou da rocha em torrentes para refrescar o deserto e os acompanhou em seu caminho a Canaã; e esta água brota de Cristo, por meio das ordenanças, ao deserto estéril deste mundo, para refrescar nossas almas até que cheguemos à glória.

Foi dado um novo nome ao lugar, para lembrar, não a misericórdia da divina provisão, senão o pecado da murmuração: "Massá", tentação, porque tentaram a Deus; "Meribá", briga, porque brigaram com Moisés. O pecado deixa uma mancha sobre o nome.

Versículos 8-16Israel se comprometeu numa luta necessária com Amaleque, em defesa própria. Deus dá

capacidade a seu povo, e o chama a diversos serviços pelo bem de sua igreja. Josué peleja, 77

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Moisés ora, ambos ministram a Israel. A vara foi mantida em alto, como estandarte para dar valor aos soldados. E também para Deus, como um modo de apelar a Ele.

Moisés estava cansado. O braço mais forte falhará se estiver estendido por muito tempo; somente a mão de Deus permanece estendida o tempo todo. Não vemos que a Josué lhe pesassem as mãos para pelejar, mas a Moisés lhe pesavam as mãos para orar; quanto mais espiritual é um serviço, mais dados somos a falhar e a render-nos.

Para convencer a Israel de que a mão de Moisés, contra a que tinham brigado, estava fazendo mais em sua defesa que suas próprias mãos, sua vara mais que a espada deles, a vitória se produz ou decai segundo Moisés levante ou deixe cair suas mãos. A causa da igreja é mais ou menos vitoriosa na medida em que seus amigos sejam mais ou menos firmes na fé e fervorosos para orar. Moisés, o homem de Deus, está feliz de receber ajuda. Não devemos envergonhar-nos de pedir socorro ou de brindar ajuda aos outros.

As mãos de Moisés, assim sustentadas, ficaram firmes até o pôr-do-sol. Foi um grande estímulo para a gente ver a Josué diante deles no campo de batalha, e a Moisés no alto da colina. Ct é ambos para nós: nosso Josué, o Capitão de nossa salvação, que peleja nossas batalhas, e nosso Moisés, que vive sempre intercedendo no alto para que nossa fé não caia. As armas formadas contra o Israel de Deus não podem prosperar por muito tempo e, por último, serão quebrantadas.

Moisés devia escrever o que tinha sido feito, o que Amaleque tinha feito contra Israel; escreve o amargo ódio deles; escreve seus cruéis intentos; que nunca se esqueça, nem tampouco o que Deus fizera por Israel para salvá-lo de Amaleque. Escrever o que deve fazer-se; para que no curso do tempo Amaleque seja totalmente arruinado e desarraigado. A destruição de Amaleque era um tipo da destruição de todos os inimigos de Cristo e de seu reino.

CAPÍTULO 18• Versículos 1-6 Jetro traz a Moisés sua esposa e seus dois filhos• Versículos 7-12 Moisés atende a Jetro• Versículos 13-27 O conselho de Jetro para Moisés

Versículos 1-6Jetro veio a regozijar-se com Moisés pela felicidade de Israel, e para trazê-lhe a sua esposa e

filhos. Moisés deve ter sua família consigo, para que enquanto governe a igreja de Deus possa dar um bom exemplo de governo de sua família (1 Tm 3.5).

Versículos 7-12A conversação acerca das maravilhosas obras de Deus é boa e edifica. Jetro não só se

regozijou na honra conferida a seu genro, senão em toda a bondade feita a Israel. Os observadores foram mais afetados com os favores que Deus tinha mostrado a Israel que muitos dos que os receberam. Jetro deu a glória ao Deus de Israel. Gozemos do que seja, porém Deus deve ter o louvor.

Eles se uniram num sacrifício de ação de graças. A amizade mútua se santifica pela adoração em conjunto. Muito bom é que os familiares e amizades se unam no sacrifício espiritual de orações e louvores, como pessoas que estão em Cristo. Esta foi uma festa moderada; eles comeram pão, maná. Jetro devia ver e saborear o pão do céu e, embora era um gentio, é bem-vindo: os gentios são bem-vindos a Cristo, o Pão de vida.

Versículos 13-27Apresenta-se o grande zelo e eficaz de Moisés como magistrado. Tendo sido chamado para

redimir a Israel da casa da servidão, Ele é um tipo mais de Cristo, no fato de que foi empregado para ser legislador e juiz entre eles. Se os do povo eram briguentos entre sim como o eram com Deus, sem dúvida Moisés devia ver muitas causas que levavam diante dele. A esta tarefa foi chamado Moisés; parece que o fazia com grande cuidado e bondade. O israelitas mais humilde era bem acolhido ao apresentar sua causa ante ele. Moisés dedicava-se a sua lavor desde a manhã até a noite. Jetro pensou que para que ele o atendesse sozinho, era demasiado; além disso, faria com que a administração da justiça fosse cansativa para o povo. Pode haver excesso até para fazer o bem. A sabedoria é proveitosa para dirigir, para que não nos contentemos com menos que nosso dever, nem nos ocupemos além das nossas forças.

Jetro aconselhou a Moisés e lhe propôs um plano melhor. Os grandes homens não somente devem estudar para serem úteis, também devem virar-se para que os outros sejam úteis.

Deve-se colocar cuidado na eleição das pessoas que se admitem nessa tarefa. Devem ser homens de bom senso, que entendam o assunto e que não se amedrontem pelas demonstrações de raiva nem pelas queixas, e que aborreçam a idéia do suborno. Homens 78

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piedosos e de fé; que temam a Deus, que não se atrevam a fazer algo errado, embora pudessem fazê-lo em secreto e sem problemas. O temor de Deus fortalecerá na melhor forma ao homem contra das tentações de cometer injustiças.

Moisés não desprezou o conselho. Não são sábios os que se crêem demasiado sábios para serem aconselhados.

CAPÍTULO 19• Versículos 1-8 O povo chega ao Sinai – A mensagem de Deus e sua

resposta• Versículos 9-15 Instruções ao povo e sua preparação para ouvir a lei• Versículos 16-25 A presença de Deus no Sinai

Versículos 1-8Moisés foi chamado para que subisse ao monte e foi empregado como mensageiro da

aliança. O Fazedor e principal impulsor é o próprio Deus. Este bendito estatuto foi concedido pela livre graça de Deus. A aliança aqui mencionada foi o pacto nacional pelo qual os israelitas chegaram a ser um povo governado por Jeová. Foi um tipo da nova aliança feito com os crentes verdadeiros em Cristo Jesus, mas, como outros tipos, somente era uma sombra das coisas boas que virão. Como nação quebrantaram a aliança; portanto, o Senhor declarou que Ele faria uma nova aliança com Israel escrevendo Sua lei não sobre tábuas de pedra, senão em seus corações (Jr 31.33; Hb 8.7-10). A aliança aludida nestas passagens como próxima a desaparecer é a aliança nacional com Israel que eles perderam por seu pecado. Se não atentarmos cuidadosamente para isto, cairemos em erros ao lermos o Antigo Testamento. Não devemos supor que a nação dos judeus, sob o pacto de obras, nada sabe do arrependimento nem da fé em um Mediador, do perdão dos pecados nem da graça; nem devemos supor, tampouco, que toda a nação de Israel teve o caráter e possuiu os privilégios dos crentes verdadeiros, como verdadeiros partícipes da aliança de graça. Todos eles estavam sob uma dispensação de misericórdia; tiveram privilégios externos e vantagens para a salvação; porém, como os cristãos professantes, a maioria permaneceu por ali, sem avançar mais.

Israel aceitou as condições. Responderam como um só homem: "Todo o que Jeová falou, nós o faremos". Oh, que tivesse havido neles um coração assim disposto! Moisés, como mediador, transmitiu as palavras do povo a Deus. Assim, Cristo o Mediador, como Profeta, nos revela a vontade de Deus, seus preceitos e promessas e depois, como Sacerdote, oferece a Deus nossos sacrifícios espirituais, não só de oração e louvor, senão de afetos devotos e resoluções piedosas, a obra de seu próprio Espírito em nós!

Versículos 9-15A maneira solene em que a lei foi entregue era para impressionar ao povo com o sentido

correto da majestade divina. Também, para convencê-lo de sua própria culpa e para mostrar que eles não podiam suportar um juízo ante Deus sobre a base de sua própria obediência. O pecador descobre na lei o que deve ser, o que é e o que lhe falta. Ali aprende a natureza, a necessidade e a glória da redenção e de ter sido feito santo. Tendo aprendido a refugiar-se em Cristo e amá-lo, a lei é a regra de sua obediência e fé.

Versículos 16-25Nunca antes, nem desde então, tem-se predicado um sermão como aquele que foi

predicado à igreja no deserto. Poderia supor-se que os terrores devem ter refreado a presunção e curiosidade do povo; mas o coração endurecido do pecador ainda não vivificado pode tratar negligentemente as ameaças e os juízos mais terríveis. Ao aproximar-nos a Deus nunca devemos esquecer Sua santidade e grandeza, nem nossa baixeza e imundícia. Não podemos resistir um juízo ante Ele conforme a sua justa lei.

O transgressor convicto pergunta: que devo fazer para ser salvo? E escuta a voz: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo. O Espírito Santo, que fez a lei para convencer do pecado, agora toma das coisas de Cristo e no-las mostra. No Evangelho, lemos que Cristo nos redimiu da maldição da lei, feito por nós maldição. Temos redenção por seu sangue, o perdão dos pecados. De todo aquilo de que pela lei de Moisés não pudemos ser justificados, nEle somos justificados. A lei divina é obrigatória como regra de vida. O Filho de Deus desceu do céu e sofreu a pobreza, o opróbrio, a agonia e a morte não só para redimir-nos da maldição da lei, senão para constranger-nos mais estritamente a guardar seus mandamentos.

CAPÍTULO 20• Versículos 1-2 O prefácio dos dez mandamentos

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• Versículos 3-11 Os mandamentos da primeira tábua• Versículos 12-17 Os da segunda tábua• Versículos 18-21 O temor do povo• Versículos 22-26 A idolatria proibida de novo

Versículos 1-2Deus fala de muitas maneiras aos filhos dos homens; pela consciência, por providências, por

sua voz, a todas as quais devemos atender cuidadosamente; mas nunca falou, em momento algum, como quando deu os Dez Mandamentos. Deus tinha dado antes esta lei ao homem; estava escrita em seu coração, mas o pecado a desfigurou tanto que foi necessário reviver o conhecimento dela. A lei é espiritual, e toma conhecimento dos pensamentos, desejos e disposições secretas do coração. Sua grande exigência é o amor, sem o qual a obediência externa é pura hipocrisia. Requer obediência perfeita, infalível, constante; nenhuma lei do mundo admite a desobediência. Qualquer que guardar toda a lei, mas ofender um único ponto, se faz culpável de todos (Tg 2.10). omitir ou variar algo no coração ou na conduta, em pensamento, palavra ou obra, é pecado e o salário do pecado é a morte.

Versículos 3-11Os primeiros quatro dos dez mandamentos, correntemente chamados a Primeira Tábua,

falam de nosso dever para com Deus. Resulta adequado que estes fossem colocados primeiro, porque o homem teve um Criador para amar antes de ter um próximo para amar. Não pode esperar-se que seja veraz com seu irmão aquele que for falso com seu Deus.

O primeiro mandamento se refere ao objeto de adoração, Jeová, e somente a Ele. aqui se proíbe adorar criaturas, porém o mandamento vai além. Aqui se proíbe amar, desejar, deleitar-se ou esperar algo bom de qualquer complacência pecaminosa. Transgride este mandamento tudo o que não seja por amor, gratidão, reverência ou adoração perfeita. Tudo o que façam façam-no para a glória de Deus.

O segundo mandamento se refere à adoração que devemos render ao Senhor nosso Deus. é proibido fazer imagem ou retrato da Deidade em qualquer forma ou propósito; ou adorar qualquer criatura, imagem ou quadro, mas o alcance espiritual deste mandamento vai muito além. Aqui se proíbe toda classe de superstição e o emprego de invenções puramente humanas para a adoração de Deus.

O terceiro mandamento se refere à forma de adorar, que seja com toda reverência e seriedade possível. Proíbem-se os falsos votos. Toda alusão leviana a Deus, toda maldição profana é uma horrenda transgressão deste mandamento. Não importa se são usadas as palavras com ou sem sentido. Toda broma profana com a palavra de Deus ou com as coisas sagradas e todas as coisas semelhantes violam este mandamento e não há proveito, honra nem prazer nelas. O Senhor não terá por inocente a quem tomar seu nome em vão.

A forma do quarto mandamento, "Lembra-te", demonstra que não é a primeira vez que este é dado, senão que era conhecido antes pelo povo. um dia de cada sete deve ser santificado. Seis dias são dedicados aos assuntos do mundo, mas não como para descuidar o serviço de Deus e o cuidado de nossas almas. Nestes dias devemos fazer todo nosso trabalho, sem deixar nada para fazer no dia de repouso. Cristo permitiu os trabalhos inevitáveis, e as obras de caridade e piedade; porque o dia do repouso foi feito para o homem e não o homem para o dia do repouso (Mc 2.27); mas estão proibidas todas as tarefas supérfluas, vaidosas, ou dar-se o gosto de qualquer forma. Comerciar, pagar salários, arranjar contas, escrever cartas de negócios, estudos seculares, visitas supérfluas, viagens ou conversações levianas, não guardam santo este dia para o Senhor. A preguiça e a indolência podem ser um repouso carnal, porém não santo. O dia de repouso para o Senhor deve ser um dia de descanso do trabalho secular, para repousar no serviço de Deus. As vantagens da devida observância deste dia santo, embora somente fossem pela saúde e a felicidade da humanidade, além do tempo que outorga para o cuidado da alma, mostram a excelência deste mandamento. O dia é bendito; os homens são abençoados por ele e nele. A bênção e a ordem de guardá-lo santo não se limitam a um sétimo dia, senão que se dizem do dia de repouso.

Versículos 12-17As leis da Segunda Tábua, isto é, os últimos seis dos dez mandamentos, afirmam nosso

dever para com nós mesmos e de uns para com outros, e explicam o grande mandamento: Amarás o próximo como a ti mesmo (Lc 10.27). A santidade e a honestidade devem ir juntas.

O quinto mandamento se refere aos deveres para com nossos parentes. "Honra teu pai e tua mãe" inclui estimá-los, o que se demonstra em nossa conduta, na obediência a seus mandados legítimos: acudir quando sejam chamados, ir aonde sejam enviados, fazer o que lhes for pedido, refrear-se do que sejam proibidos; e isto, fazê-lo alegremente a partir de um 80

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princípio de amor. Além do mais, a submissão a seus conselhos e correções. Esforçar-se em tudo para dar comodidade aos pais e render fácil sua velhice; mantê-los se necessariamente sustento, coisa que nosso Salvador faz que esteja particularmente compreendida neste mandamento (Mt 15.4-6). Os observadores diligentes têm notado uma bênção peculiar em coisas temporais para os filhos obedientes e o inverso para os filhos desobedientes.

O sexto mandamento requer que consideremos a vida e a seguridade dos outros assim como temos em consideração a própria. Os magistrados, seus oficiais e as testemunhas que testificam da verdade, não rompem este mandamento. A defesa própria é legítima, mas muito do que as leis do homem não consideram homicídio, o é perante Deus. As paixões furiosas suscitadas pela ira ou pela embriaguez não são escusa: muito mais culpável é o assassinato nos duelos, que são o efeito horrível de um soberbo espírito vingativo. Toda luta, seja pelo salário, por renome ou por ira e maldade, viola este mandamento, e é homicídio o derramamento de sangue resultante. Pode incluir-se ali o tentar aos homens ao vício e aos delitos que encurtam a vida. A má conduta, como a que pode quebrantar o coração de pais, esposas ou outros parentes, ou encurtá-lhes a vida, é uma transgressão deste mandamento. Proíbe toda inveja, maldade, ódio ou ira, toda linguagem provocadora ou insultante. Aqui se proíbe a destruição de nossa própria vida. Este mandamento requer um espírito de bondade, paciência e perdão.

O sétimo mandamento se refere à castidade. Devemos temer tanto isso que contamina o corpo como aquilo que o destrói. O que tende a contaminar a imaginação ou a despertas paixões, fica embaixo desta lei, como são os retratos obscenos, livros ou conversações impuras, ou qualquer outra matéria afim.

O oitavo mandamento é a lei do amor em quanto ao respeito da propriedade alheia. A porção de coisas deste mundo que nos tem sido assinada, em tanto se obtenha em forma honesta, é o pão que Deus nos tem dado; pelo qual devemos estar agradecidos, contentes e, no uso de médios legítimos, confiar na providência para o futuro. Aproveitar-se da ignorância, a comodidade ou a necessidade do próximo, e muitas outras coisas, quebrantam a lei de Deus, embora a sociedade não veja culpa nisso. Os saqueadores de reinos, embora estejam por acima da justiça humana, ficam incluídos nesta sentença. Defraudar o público, contrair dívidas sem pensar em pagá-las ou evadir o pagamento das justas dívidas, a extravagância, viver da caridade quando não for necessário, toda opressão do pobre em seus salários; estas e outras coisas quebrantam este mandamento, que exige o trabalho, a frugalidade e o contentamento, e tratar aos outros como gostaríamos que eles nos tratassem a nós em quanto ao patrimônio deste mundo.

O nono mandamento se preocupa de nosso bom nome, do próprio e o do próximo. Proíbe falar falsamente de qualquer coisa, mentir, falar com equívocos e planejar ou pretender enganar de qualquer forma a nosso próximo. Falar injustamente contra nosso próximo, manchar sua reputação. Dar falso testemunho contra ele ou, na conversação corriqueira, caluniar, murmurar e andar com fofocas; tergiversar o que foi dito, exagerar e pretender de qualquer forma melhorar nossa reputação degradando a fama do próximo. Quantas vezes quebrantam a diário este mandamento pessoas de todas as categorias!

O décimo mandamento golpeia na raiz: "Não cobiçarás". Os outros proíbem todo desejo de fazer o que resultará em dano para nosso próximo; este proíbe todo desejo ilícito de ter o que nos produza prazer a nós mesmos.

Versículos 18-21Esta lei, tão extensa que não podemos medi-la, tão espiritual que não podemos evadi-la, e

tão razoável que não podemos encontrá-lhe defeito, será a regra do futuro juízo de Deus, como é a regra para a conduta presente do homem. Se formos julgados por esta regra, encontraremos que nossa vida tem-se passado em transgressões. Com esta santa lei e um juízo espantoso que nos espera, quem pode desprezar o Evangelho de Cristo? O conhecimento da lei mostra a necessidade do arrependimento. O pecado tem sido destronado e crucificado no coração de cada crente, e nele foi escrita a lei de Deus, e se renovou a imagem de Deus. o Espírito Santo o capacita para odiar o pecado, fugir dele, amar e obedecer esta lei com sinceridade e verdade; tampouco deixará de arrepender-se.

Versículos 22-26Tendo entrado na densa escuridão, Deus falou a Moisés de todo o que se segue daqui até o

final do capítulo 23, e é, em sua maior parte, unicamente exposição dos Dez Mandamentos. As leis destes versículos se relacionam com a adoração de Deus. os israelitas recebem a certeza da bondosa aceitação de suas devoções por parte de Deus. sob o evangelho, os homens são convidados a que orem em todo lugar, e onde quer que o povo de Deus se reúna em seu nome para adorá-lo, Ele está no meio deles; ali Ele estará com eles e os abençoará.

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CAPÍTULO 21• Versículos 1-11 Leis sobre os servos• Versículos 12-21 Leis judiciais• Versículos 22-36 Leis judiciais

Versículos 1-11As leis deste capítulo se relacionam com os mandamentos quinto e sexto e, embora difiram

de nossa época e costume, e não sejam obrigatórios para nós, explicam, contudo, a lei moral e as regras da justiça natural.

O escravo, em seu estado de servidão, era um símbolo do estado de escravidão ao pecado, a Satanás e à lei, estado ao que o homem ingressa por roubar a glória de Deus, por transgredir seus preceitos. Igualmente receber a liberdade era símbolo da liberdade com a qual Cristo, o Filho de Deus, liberta seu povo da escravidão, que é verdadeiramente livre; isto o fez gratuitamente, sem dinheiro e sem preço, por pura graça.

Versículos 12-21Deus, que por sua providência dá e conserva a vida, por sua lei a protege. Um homicida

intencionado deve ser eliminado, embora se aferre às pontas do altar de Deus. Apesar disso, Deus proveu cidades de refúgio para proteção dos que tivessem a desgraça de causar a morte de outro, sem que fosse sua culpa; como quando por acidente, o homem realiza um ato legítimo, sem a intenção de ferir, e mata a outro.

Que as crianças escutem a sentença da Palavra de Deus para com o ingrato e desobediente; e que lembrem que Deus certamente lhes dará sua retribuição se tiverem amaldiçoado a seus pais, embora tenha sido em silêncio, ou se tiverem levantado a mão contra eles, salvo que se arrependam e fujam a buscar refúgio em seu Salvador. Que os pais aprendam daqui a serem muito cuidadosos na formação de seus filhos, dando-lhes um bom exemplo, especialmente no controle de suas paixões, e ao orar por eles, tendo cuidado de não provocá-los a ira.

Às vezes os israelitas se vendiam eles mesmos ou seus filhos, devido à pobreza; os magistrados vendiam a algumas pessoas por seus delitos e os credores tinham permissão, em alguns casos, para vender seus devedores que não podiam pagar. Mas "seqüestrar um homem" com o objeto de forçá-lo à escravidão, é algo que o Novo Testamento cataloga junto com os delitos mais graves.

Aqui se cuida que se dê satisfação pelo dano feito a uma pessoa, mas não com seguimento de morte. O evangelho ensina aos amos a terem paciência e a moderar suas ameaças (Ef 6.9), refletindo com Jó: "Que faria eu quando Deus se levantar?" (Jó 31.13-14).

Versículos 22-36Os casos aqui mencionados dão regras de justiça vigentes, então e agora, para decidir

assuntos similares. Estas leis nos ensinam que devemos ser muito cuidadosos de não fazermos mal algum, seja direta ou indiretamente. Se fizermos mal, devemos estar muito dispostos a remediá-lo, e estar desejosos de que ninguém perca por nossa culpa.

CAPÍTULO 22Leis judiciais

O Povo de Deus sempre estará pronto para mostrar mansidão e misericórdia, conforme com o espírito destas leis. Devemos responder a Deus não só pelo que fazemos maliciosamente, senão pelo que fazemos despreocupadamente. Portanto, quando tivermos prejudicado a nosso próximo, devemos fazer restituição, embora não sejamos obrigados pela lei. Que estas escrituras dirijam nossa alma para lembrar que se a graça de Deus se tem manifestado em verdade a nós, então nos tem ensinado e capacitado para conduzir-nos de modo tal por seu santo poder que, renunciando à impiedade e aos desejos mundanos, vivamos neste século sóbria, justa e piedosamente (Tt 2.12). e a graça de Deus nos ensina que como o Senhor é a nossa porção, há suficiente nEle para satisfazer todos os desejos de nossa alma.

CAPÍTULO 23• Versículos 1-9 Leis contra a falsidade e a injustiça• Versículos 10-19 O ano de repouso – O repouso – As três festas• Versículos 20-33 Deus promete conduzir os israelitas a Canaã

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Versículos 1-9Na lei de Moisés há marcas muito claras de um sentir moral sólido e de uma verdadeira

sabedoria política. Nela cada coisa é adequada para o objetivo desejado e confessado: a adoração de um só Deus e a separação de Israel do mundo pagão. Nenhuma das partes, amizades, testemunhas nem opiniões comuns devem mover-nos a minimizar as faltas graves, ou a agravar as pequenas, a escusar os ofensores, a acusar o inocente nem a tergiversar nada.

Versículos 10-19A terra devia repousar a cada sete anos. Não devia ser arada nem semeada; devia comer-se

o que a terra produzisse de si mesma, sem trabalhá-la. Esta lei parece ter a intenção de ensinar a dependência da Providência, e a fidelidade de Deus ao enviar maior provisão quando se guardam suas indicações. Também era um tipo do repouso celestial, quando cessem para sempre todos os sofrimentos, preocupações e interesses terrenos.

Proíbe-se estritamente todo respeito pelos deuses dos pagãos. Já que a idolatria era um pecado ao qual se inclinavam os israelitas, eles deviam eliminar toda lembrança dos deuses dos pagãos.

É pedida de forma estrita a presença enérgica solene ante Deus, no lugar que Ele escolher. Devem reunir-se na presença do Senhor. Que bom Amo ao qual servimos, que tem feito um dever que nos regozijemos em sua presença! Dediquemos com prazer ao serviço de Deus essa parte de nosso tempo que Ele nos pede, e contemos seus descansos e ordenanças como festas para a nossa alma. Não deviam apresentar-se com as mãos vazias; nossa alma deve encher-se com santos desejos e consagração a Ele, porque de tais sacrifícios se agrada Deus.

Versículos 20-33Aqui se promete que eles serão guiados e resguardados em seu caminho pelo deserto à

terra prometida. Eis aqui que eu envio meu Anjo diante de ti. O preceito unido com esta promessa é que sejam obedientes a este anjo que Deus envia diante deles. Cristo é o Anjo de Jeová; isto nos ensina claramente são Paulo (1 Co 10.9).

Devem ter um assentamento cômodo na terra de Canaã. Quão razoáveis são as condições desta promessa: que servam ao único Deus verdadeiro, não aos deuses das nações, que de modo nenhum são deuses. Quão ricos são os detalhes desta promessa! O consolo de seu alimento, a continuidade de sua saúde, o aumento de sua riqueza, a prolongação de suas vidas até uma idade avançada. Assim a piedade tem promessa desta vida presente. Se promete que eles subjugarão a seus inimigos. Nuvens de vespas abriram caminho às hostes de Israel; Deus pode usar ínfimas criaturas para castigar os inimigos de seu povo. com verdadeira bondade para a igreja, os inimigos são vencidos aos poucos; assim nos mantemos em guarda e em contínua dependência de Deus. As corrupções saem do coração do povo de Deus não de uma vez para sempre, senão aos poucos. O preceito desta promessa é que não devem ter amizade com os idólatras. Os que se mantêm fora dos caminhos perigosos devem evitar as más companhias. Perigoso é viver num bairro mau; os pecados dos vizinhos podem ser laço para nós. O perigo maior vem daqueles que nos fariam pecar contra Deus.

CAPÍTULO 24• Versículos 1-8 Moisés chamado a subir ao monte – O povo promete

obediência• Versículos 9-11 Aparece a glória do Senhor• Versículos 12-18 Moisés sobe ao monte

Versículos 1-8Deus fez uma aliança solene com Israel. Foi muito solene, tipificando a aliança de graça

entre Deus e os crentes por meio de Cristo. tão logo como Deus separou para sim um povo peculiar, os governou pela palavra escrita, e assim o tem feito desde então.

As alianças e os mandamentos de Deus são tão justos em si mesmos, e para nosso bem, que quanto mais pensemos neles e com maior clareza, e em forma mais completa apareçam ante nós, mais razões vemos para cumpri-los. O sangue do sacrifício se aspergia sobre o altar, sobre o livro e sobre o povo. Nem as pessoas, sua obediência moral nem seus serviços religiosos acharão aceitação de parte do Deus santo, se não for por meio do derramamento e a aspersão do sangue. Além disso, todas as bênçãos transmitidas a eles eram por misericórdia; o Senhor os trataria com bondade. Assim, pela fé no sangue de Cristo, o pecador rende obediência voluntária e aceitável.

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Versículos 9-11Os anciãos viram o Deus de Israel; tiveram uma olhada de Sua glória, e mesmo que o que

tenham visto fosse algo do que não podiam fazer imagem nem retrato algum, bastou para satisfazê-los de que Deus estava com eles de verdade. Nada se descreve senão o que estava sob seus pés. As safiras eram o pavimento sob seus pés; coloquemos toda a riqueza deste mundo sob nossos pés e não em nosso coração. Assim, o crente descobre na faze de Jesus Cristo reflexos muito mais gloriosos da justiça e santidade de Deus com maior clareza do que jamais tivesse visto sob convicções aterradoras; e por meio do Salvador tem comunhão com o Deus santo.

Versículos 12-18Uma nuvem cobriu o monte durante seis dias; um sinal da especial presença de Deus ali.

Moisés estava seguro que quem o ordenara a subir o protegeria. Até nos atributos gloriosos de Deus, que são terríveis até o máximo para o ímpio, se regozijam os santos com humilde reverência. Por meio da fé no sacrifício expiatório, esperamos maior honra que a que desfrutou Moisés na terra. Agora vemos através de um espelho, obscuramente, mas quando Ele aparecer, o veremos face a face. Esta visão de Deus continuará com o mesmo crescente resplendor de gozo, não somente por uns poucos dias, senão por toda a eternidade.

CAPÍTULO 25• Versículos 1-9 O que ofereceram os israelitas para construir o tabernáculo • Versículos 10-22 A arca• Versículos 23-30 A mesa com seus utensílios• Versículos 31-40 O candelabro

Versículos 1-9Deus escolheu o povo de Israel para que fosse um povo peculiar para Si mesmo, por acima

de todo outro povo, e Ele mesmo seria o Rei deles. Ordenou que se fizesse para ele um palácio real, chamado santuário, lugar santo ou habitação santa. Nele mostraria sua santa presença em meio deles. Já que no deserto habitam em tendas ou barracas, mandou que este palácio real fosse um tabernáculo, que pudesse ser trasladado quando eles se deslocassem.

O povo devia subministrar a Moisés os materiais, em forma completamente voluntária. O melhor uso que podemos dar a nossa riqueza mundana é honrar a Deus com ela em obras de piedade e caridade. Devemos perguntar não só "Que devemos fazer?", senão "Que podemos fazer por Deus?". O que dessem, deviam dá-lo alegremente, não de má vontade, porque Deus ama o doador alegre (2 Co 9.7). O que se coloca a serviço de Deus deve contar-se como bem empregado, e todo o que se faça para o serviço de Deus deve fazer-se segundo Suas ordens.

Versículos 10-22A arca era um cofre, recoberto de ouro, no que seriam guardadas as duas Tábuas da Lei.

Estas tábuas são chamadas testemunho; nelas Deus dá testemunho de Sua vontade. A lei era um testemunho para os israelitas a fim de orientá-los em seus deveres, e para convertê-la num testemunho contra eles, caso a transgredissem. A arca foi colocada no Lugar Santíssimo; o sumo sacerdote a borrifou com o sangue dos sacrifícios e queimou incenso ante ela; e sobre ela aparecia a glória visível, símbolo da presença Divina. Era um tipo de Cristo em sua natureza sem pecado, que não viu corrupção, unido pessoalmente com sua natureza Divina, que fez expiação com sua morte por nossos pecados cometidos contra Deus.

Os querubins de ouro estavam um enfrente do outro, e ambos olhavam embaixo, para a arca. Representavam a assistência dos anjos ao Redentor, sua disposição de fazer Sua vontade, sua presença na assembléia dos santos, e seu anseio de olhar os mistérios do Evangelho. A arca estava coberta com uma tampa de ouro chamada de propiciatório. É dito que Deus mora ou se assenta no propiciatório, entre os querubins. Ali Ele daria sua lei e escutaria aos suplicantes, como um príncipe em seu trono.

Versículos 23-30Deviam fazer uma mesa de madeira revestida de ouro, para colocá-la na primeira habitação

do tabernáculo, e devia ter continuamente o pão da proposição. A mesa com seus utensílios nela, e seu uso, parece tipificar a comunhão que o Senhor tem com seu povo remido por meio de suas ordenanças, as provisões de sua casa, as festas com que são favorecidos. Além disso, o alimento para sua alma, que sempre encontram quando o necessitam; e o deleite que Ele encontra nas pessoas e seu serviço, segundo são apresentados ante Ele em Cristo.

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Versículos 31-40O candelabro representa a luz da Palavra e do Espírito de Deus em Cristo Jesus e por meio

dEle, concedido neste mundo tenebroso ao povo crente, para dirigir a adoração e a obediência deles, e para dar-lhes consolo. A igreja ainda está em sombras, como o tabernáculo, em comparação com o que será no céu, porém a palavra de Deus é uma luz que brilha em um lugar escuro (2 Pe 1.19), e sem dúvida o mundo seria um lugar muito escuro sem ela.

No versículo 40 há uma expressa advertência para Moisés. Nada foi deixado a sua fantasia, ou à dos operários ou do povo; a vontade de Deus devia observar-se em cada detalhe. A instrução de Cristo a seus discípulos (Mt 28.20) tem o mesmo sentido: Guardem todas as coisas que lhes mandei.

Lembremos que somos os templos do Espírito Santo, que temos a lei de Deus em nossos corações, que devemos levar uma vida de comunhão com Deus, celebrar suas ordenanças e ser luz para o mundo, se verdadeiramente somos seguidores de Cristo. que o Senhor No-Amom ajude a provar-nos por esta enfoque da religião e a caminho conforme a isso.

CAPÍTULO 26• Versículos 1-6 As cortinas do tabernáculo • Versículos 7-14 As cortinas de pelo de cabra• Versículos 15-30 As tábuas, as bases, as travessas • Versículos 31-37 O véu do Lugar Santíssimo e para a entrada

Versículos 1-6Deus manifestou sua presença entre os israelitas em um tabernáculo ou tenda, devido à

situação deles no deserto. Deus adapta as prendas de seu favor e os dons de sua graça ao estado e às carências de seu povo. As cortinas do tabernáculo deviam ser muito ricas. Deviam estar bordadas com querubins para significar que os anjos de Deus acampam em torno da igreja (Sl 34.7).

Versículos 7-14As cortinas do material mais barato, ao ser mais compridas e largas, cobriam as outras, e

estavam protegidas por cobertas de couro. O total representa a pessoa e a doutrina de Cristo, e a igreja dos verdadeiros cristãos, e todas as coisas celestiais que exteriormente são baixas mas, por dentro, e ante os olhos de Deus, são gloriosas e preciosas.

Versículos 15-30Cada uma das bases de prata pesava umas 115 libras (52 kg); deviam colocar-se em fileiras

no solo. Sobre cada para de bases se inseria um painel de madeira de acácia recoberto de ouro, afirmado por encaixes que deviam acomodar-se aos correspondentes orifícios. Assim seriam formadas muralhas por ambos os lados e no extremo ocidental. A muralha era também sustentada por travessas que passavam por argolas de ouro. Se despregavam as cortinas sobre tudo isso. embora era portátil, era forte e firme. Os materiais eram muito caros. Tudo isso era um tipo da igreja de Deus, edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo a principal pedra do ângulo Jesus Cristo mesmo (Ef 2.20-21).

Versículos 31-37Um véu o cortina separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo. Estava pendurado das

colunas. O véu era para separar o Lugar Santo do Santíssimo; impedia por completo que alguém olhasse dentro do Lugar Santíssimo. O apóstolo diz qual era o significado deste véu (Hb 9.8). A lei cerimonial não podia fazer perfeitos os que ali iam, nem sua observância levaria os homens para o céu; não se havia manifestado o caminho para o Lugar Santíssimo, enquanto a primeira parte do tabernáculo estiver em pé. A vida e a imortalidade jaziam escondidas até que fossem tiradas à luz pelo Evangelho; o qual ficou representado pelo véu que se rasgou ao morrer Cristo (Mt 27.51). Agora, pelo sangue de Jesus podemos entrar confiadamente no Lugar Santíssimo em todos os atos de adoração; contudo, sendo santíssimo, nos obriga à santa reverência.

Havia uma cortina para a porta exterior do tabernáculo. Este véu era toda a defesa que o tabernáculo tinha. Deus cuida de sua igreja na terra. Uma cortina, se lhe apraz a Deus fazê-lo assim, será tão forte para defesa de sua casa como se fossem portas de bronze e barras de ferro. Com esta descrição típica de Cristo e sua igreja ante nós, qual é nosso juízo nestes assuntos? Vemos algo de glória na pessoa de Cristo? Alguma excelência em seu caráter? Algo precioso em sua salvação? Ou alguma sabedoria na doutrina da cruz? Suportará um exame nossa religião? E somos mais cuidadosos para aprovar nossos corações ante Deus que nossos caracteres diante dos homens?

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CAPÍTULO 27• Versículos 1-8 O altar do holocausto• Versículos 9-19 O átrio do tabernáculo• Versículos 20-21 O óleo para as lâmpadas

Versículos 1-8Diante do tabernáculo, no átrio, onde entrava a gente, havia um altar ao qual deviam levar

os sacrifícios e sobre o qual os sacerdotes deviam ofertá-los a Deus. o altar era de madeira revestida com bronze. Uma grade de bronze era colocada na parte oca do altar, em meio do qual se mantinha aceso o fogo e se queimava o sacrifício. A grade era feita como uma rede de crivo, e ficava no buraco para que por ali caíssem as cinzas. O altar de bronze era tipo de Cristo que morre para expiar nossos pecados, o fogo do céu teria consumido a madeira se não tivesse estado protegida pelo bronze; tampouco a natureza humana de Cristo teria podido suportar a ira de Deus se não tivesse sido sustentada pelo poder divino.

Versículos 9-19O tabernáculo estava cercado por um átrio de umas sessenta jardas (54,86 m) de

comprimento por trinta (27,43 m) de largura, formado por cortinas que pendiam de colunas de bronze, de argolas de bronze. Dentro deste recinto os sacerdotes e os levitas ofereciam os sacrifícios e a esse lugar tinham acesso os judeus. Estas distinções representam a diferença que existe entre a igreja visível nominal e a igreja espiritual verdadeira, que é a única que tem entrada na presença de Deus e pode ter comunhão com Ele.

Versículos 20-21O óleo puro representava os dons e as graças do Espírito que todos os crentes recebem de

Cristo, a boa Oliveira, e sem o qual nossa luz não pode alumiar diante dos homens. os sacerdotes deviam acender as lâmpadas e cuidá-las. Obra dos ministros por meio da predicação e exposição das Escrituras, que são como uma lâmpada, é alumbrar a igreja, o tabernáculo de Deus sobre a terra. Bendito seja Deus, esta luz não está agora limitada ao tabernáculo judeu; antes é uma luz para iluminar os gentios e para salvação até os confins da terra.

CAPÍTULO 28• Versículos 1-5 Arão e seus filhos são separados para o ofício sacerdotal

Suas vestes• Versículos 6-14 O éfode • Versículos 15-30 O peitoral – O Urim e o Tumim• Versículos 31-39 O manto do éfode – A lâmina de ouro• Versículos 40-43 As vestes para os filhos de Arão

Versículos 1-5Até aqui, os chefes das famílias faziam de sacerdotes e ofereciam os sacrifícios; porém

agora este ofício ficou restringido exclusivamente a família de Arão; e assim continuou até a dispensação do evangelho. As vestiduras santas não somente distinguiam os sacerdotes do povo, eram também emblemas da conduta santa que sempre deve ser a glória e a beleza, a marca dos ministros da religião, sem a qual suas pessoas e seus ministérios seriam desprezíveis. Também tipificavam a glória da Majestade Divina, e a beleza da situação completa que realizou Jesus Cristo, o grande Sumo Sacerdote. Porém, nosso ornato no evangelho não deve ser de ouro nem custosos atavios, senão as vestes da salvação, o manto da justiça.

Versículos 6-14O éfode, de obra primorosa, era a vestidura exterior do sumo sacerdote; o éfode simples de

linho o usavam os sacerdotes inferiores. Era uma túnica curta, sem mangas, bem amarrada ao corpo com um cinto. As ombreiras eram abotoadas com pedras preciosas engastadas em ouro, uma em cada ombro, sobre o qual estavam gravados os nomes dos filhos de Israel. Assim Cristo, nosso Sumo Sacerdote, apresenta a seu povo ante o Senhor ante o Senhor para memória. Como a túnica de Cristo não tinha costuras, senão que era tecida de cima para baixo, assim era o éfode. As campainhas de ouro do éfode, por seu som agradável e sua

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preciosidade, representam bem a boa profissão que fazem os santos, e as romãs, o fruto que eles levam.

Versículos 15-30O ornato principal do sumo sacerdote era o peitoral, uma rica peça de tecido, de obra

primorosa. O nome de cada tribo estava gravado numa pedra preciosa, afixada no peitoral, para significar quão preciosos e honoráveis são os crentes aos olhos de Deus. por pequena e pobre que fosse uma tribo, era como uma pedra preciosa no peitoral do sumo sacerdote: assim de caros são todos os santos para Cristo, sem que importe qual seja a estimação dos homens. o sumo sacerdote tinha os nomes das tribos sobre seus ombros, assim como sobre o peito, o que nos recorda o poder e amor com que nosso Senhor Jesus intercede pelos seus. Não só os leva em seus braços com poder onipotente, senão que os leva em seu seio com terno afeto. Que consolo para nós cada vez que nos dirigimos a Deus!

O Urim e o Tumim, pelo qual se dava a conhecer a vontade de Deus em casos duvidosos, estava no peitoral. Urim e Tumim significam luz e integridade. Há muitas conjecturas sobre que eram; a opinião mais provável parece ser que eram as doze pedras preciosas do peitoral do sumo sacerdote. Agora bem, Cristo é nosso Oráculo. Por Ele Deus se nos dá a conhecer Ele e sua vontade para conosco nestes tempos últimos (Hb 1.1-2; Jo 1.18). Ele é a Luz verdadeira, a Testemunha fiel, a Verdade mesma, e dEle recebemos o Espírito de Verdade que nos guia a toda verdade.

Versículos 31-39O manto do éfode ia embaixo dele e chegava até os joelhos; não tinha mangas. Arão devia

ministrar vestido com as vestes designadas. Nós devemos servir ao Senhor com santo temor, como os que sabem que merecem morrer.

Uma lâmina de ouro estava amarrada sobre a testa de Arão, com o gravado de "Santidade ao Senhor". Por esse médio se lembrava a Arão que Deus é santo e que seus sacerdotes devem ser santos, consagrados ao Senhor. esta devia estar na frente deles como profissão aberta da relação deles com Deus. devia ser gravada como gravura de selo, profunda e duradoura; não pintada para que desbote, senão firme e durável; tal deve ser nossa santidade ao Senhor. Cristo é nosso Sumo Sacerdote; por meio dEle nos são perdoados os pecados e não se carregam em nossa conta. Nossas pessoas, nossas obras, são agradáveis para Deus por conta de Cristo e não de outro jeito.

Versículos 40-43As vestiduras do sacerdote tipificam a justiça de Cristo. se nos apresentamos ante Deus sem

elas, levaremos nossa iniqüidade e morreremos. Portanto, bem-aventurado o que vigia e guarda suas roupas (Ap 16.15). E bendito seja Deus porque temos um Sumo Sacerdote, nomeado por Deus, e separado para sua obra; enfeitado para seu elevado ofício pela glória da majestade Divina e a beleza da perfeita santidade. Felizes somos se pela lei espiritualmente entendida vemos que al Sumo Sacerdote se fez nós; que nós não podemos aproximar-nos a um Deus santo ou sermos aceitos, senão por meio dEle. Não há luz, sabedoria ou perfeição senão nEle; não há glória nem beleza senão em ser como Ele. Tenhamos valor pelo poder, amor e compaixão de nosso Sumo Sacerdote para aproximar-nos confiadamente ao trono da graça, para que possamos receber misericórdia e achar graça para o oportuno socorro em tempo de necessidade.

CAPÍTULO 24• Versículos 1-37 O sacrifício e a cerimônia de consagração dos sacerdotes• Versículos 38-46 Os holocaustos contínuos – A promessa de Deus de habitar

em Israel

Arão e seus filhos seriam separados para o ofício de sacerdote numa cerimônia solene. Nosso Senhor Jesus é o grande Sumo Sacerdote de nossa profissão, chamado por Deus para sê-lo, ungido com o Espírito, pelo que é chamado de Messias, o Cristo; revestido de glória e beleza; santificado por seu próprio sangue, aperfeiçoado ou consagrado por meio de sofrimentos (Hb 2.10). Todos os crentes são sacerdotes espirituais para oferecer sacrifícios espirituais (1 Pe 2.5), lavados no sangue de Cristo, e desse modo feitos sacerdotes para nosso Deus (Ap 1.5-6). Além disso, estão vestidos com a beleza da santidade e têm recebido a unção (1 Jo 2.27). O Espírito de Deus é chamado dedo de Deus (Lc 11.20, compare-se com Mt 12.28), e ele aplica o mérito de Cristo a nossa alma. esta consagração significa a admissão de um pecador no sacerdócio espiritual, aceitável a Deus por meio de Jesus Cristo.

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Versículos 38-46Devia oferecer-se um cordeiro no altar cada manhã, e outro cordeiro no final da tarde. Isto

tipifica a intercessão contínua de Cristo, que vive sempre para interceder por sua igreja. Embora se ofereceu a si mesmo de uma vez para sempre, essa única oferta se torna oferta contínua. Isto nos ensina também a apresentar a Deus sacrifícios de oração e louvor cada dia, manhã e tarde. Nossas devoções diárias são nossas obras diárias mais necessárias, e os mais prazerosos de nossos consolos diários. O tempo de oração deve observar-se como se respeita a hora das comidas. Esfomeiam suas almas aqueles que não se apresentam em forma constante ante o trono da graça; a constância na religião produz o consolo nela.

CAPÍTULO 30• Versículos 1-10 O altar do incenso• Versículos 11-16 Resgates de almas• Versículos 17-21 A pia de bronze• Versículos 22-38 O óleo da santa unção – O perfume

Versículos 1-10O altar do incenso representa o Filho de Deus em sua natureza humana e o incenso ali

queimado tipifica a intercessão por seu povo. A intercessão contínua de Cristo está representada pela queima diária de incenso, manhã e tarde. Uma vez por ano devia-se aplicar o sangue da expiação, denotando isto que a intercessão de Cristo tem toda sua virtude a partir de seus sofrimentos na terra, e que nós não necessitamos outro sacrifício nem outro intercessor, senão somente Cristo.

Versículos 11-16O tributo era meio siclo, uns quinze centavos de nossa moeda. O rico não devia dar mais,

nem menos o pobre; as almas dos ricos e pobres são preciosas por igual, e Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Jó 34.19). Em outras oferendas, os homens deviam dar conforme a suas habilidades mundanas, mas nesta, que era o resgate da alma, devia ser igual para todos. As almas de todos são de igual valor, estão em igual perigo e todas por igual necessitam um resgate. O dinheiro reunido era para ser usado no serviço do tabernáculo. Os que têm o benefício não devem queixar-se das cargas necessárias para o culto público de Deus, o dinheiro não pode fazer expiação pela alma, mas pode usar-se para honra dAquele que fez a expiação, e para a manutenção do evangelho, pelo qual se aplica a expiação.

Versículos 17-21Devia-se instalar uma grande pia de bronze para água perto da porta do tabernáculo. Arão e

seus filhos deviam lavar suas mãos e pés nela, cada vez que entrassem para ministrar. Isto era para ensiná-lhes a pureza em todos seus serviços e a temer a contaminação do pecado. Não só deviam lavar-se e ser purificados quando eram feitos sacerdotes pela primeira vez, senão que deviam lavar-se e manter-se limpos cada vez que fossem a ministrar. Nos ensina a apresentar-nos diariamente ante Deus, a renovar diariamente nosso arrependimento pelo pecado e nossa esperança no sangue de Cristo para a remissão; pois em muitas coisas ofendemos a diário.

Versículos 22-38Aqui se dão instruções para fazer o óleo da santa unção, e o incenso para uso no serviço do

tabernáculo, o qual era grato de ver e cheirar. O nome de Cristo é como ungüento derramado (Ct 1.3), e o bom nome dos cristãos é como ungüento precioso (Ec 7.1). o incenso queimado sobre o altar de ouro era preparado com especiarias doces. Quando se usava devia ser moído muito fino, pois assim aprouve a Deus moer o Redentor quando este se ofereceu como sacrifício de sabor e cheiro grato. O mesmo não deve ter nenhum uso comum. Deste modo Deus mantém a reverência na mente do povo por seu serviço, e ensina a não profanar nem abusar coisa alguma pela qual Deus se der a conhecer. Grande afronta para Deus é brincar com as coisas sagradas e chacotear sua palavra e suas ordenanças. Sumamente perigoso e fatal é usar a profissão do evangelho de Cristo para fomentar os interesses mundanos.

CAPÍTULO 31• Versículos 1-11 Bezaleel e Aoliabe são nomeados e dotados para a obra do

tabernáculo • Versículos 12-17 A observância do dia de repouso• Versículo 18 Moisés recebe as tábuas da lei

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Versículos 1-11Os israelitas, que tinham sido construtores e fabricantes de tijolos no Egito, não estavam

qualificados para trabalhos especiais de artesanato; mas o Espírito que deu aos apóstolos o falar em diversas línguas deu miraculosamente a Bezaleel e Aoliabe a habilidade que lhes faltava. Quando Deus honra a uma pessoa sempre a acompanha com uma tarefa para desenvolver; ser empregado por Deus é uma elevada honra. Aos que Deus chamar a um serviço os fará aptos ou lhes dará a aptidão. O Senhor dá dons diferentes a pessoas diferentes; que cada qual se ocupe da obra correspondente lembrando diligentemente que a sabedoria de alguém, é o Senhor que a coloca no coração para a execução do que foi ordenado.

Versículos 12-17Agora deu as ordens para que for preparado um tabernáculo para o serviço de Deus. porém

não deviam pensar que a natureza da obra e a urgência requerida os justificaria para trabalhar nela durante o dia do repouso. A palavra hebraica shabath significa repouso ou cessar no trabalho. A coisa significada pelo dia de repouso é que resta um repouso em glória para o povo de Deus; portanto, a obrigação moral pelo dia de repouso deve continuar até que o tempo seja absorvido pela eternidade.

Versículo 18A lei foi escrita em tábuas de pedra para mostrar sua permanência: para denotar

igualmente que dureza de nossos corações; é mais fácil escrever sobre pedra que escrever algo bom na corrompida natureza de nosso coração. Foi escrita pelo dedo de Deus, por sua vontade e poder. Somente Deus pode escrever sua lei no coração: Ele dá um coração de carne; então, por seu Espírito, que é o dedo de Deus, escreve sua vontade no coração (2 Co 3.3).

CAPÍTULO 32• Versículos 1-6 O povo faz que Arão fabrique um bezerro de ouro• Versículos 7-14 O desagrado de Deus – A intercessão de Moisés• Versículos 15-20 Moisés quebra as tábuas da lei – Destrói o bezerro de ouro• Versículos 21-29 A desculpa de Arão – Morte dos idólatras • Versículos 30-35 Moisés ora pelo povo

Versículos 1-6Enquanto Moisés estava no monte recebendo a lei de Deus, o povo inflamado se dirigiu a

Arão. A multidão embrutecida estava cansada de esperar o retorno de Moisés. O cansaço da espera dá lugar a muitas tentações. Deve esperar-se o dinheiro até que chegue, e deve ser esperado ainda que demore.

Que a prontidão deles para entregar seus pendentes de ouro para fabricar um ídolo envergonhe nossa mesquinhez no serviço do Deus verdadeiro. Não se detiveram a considerar o custo da idolatria, e nós nos queixamos por nosso gasto na religião? Arão fez a imagem de um boi ou bezerro, e lhe deu certa terminação com um buril. E eles ofereceram sacrifícios a este ídolo. Já que colocaram uma imagem ante eles e assim trocaram a verdade de Deus em mentira, seus sacrifícios foram abominação. Uns poucos dias antes, nesse mesmo lugar, não tinham eles ouvido a voz de Jeová Deus dizendo-lhes desde o meio do fogo: "Não te farás imagem"? Eles mesmos, não tinham entrado solenemente numa aliança com Deus, no sentido de fazer tudo o que Ele lhes tinha falado, e que obedeceriam? (Capítulo 24.7). Contudo, antes de sair do lugar onde tinham feito solenemente o pacto, romperam um mandamento expresso, desafiando uma ameaça expressa. Isto mostra claramente que a lei não era capaz de santificar, como não era capaz de justificar; por ela se conhece o pecado, mas não a cura do pecado.

Arão foi separado por nomeação divina para o ofício do sacerdócio; todavia ele, que uma vez se envergonhou ao extremo de levantar um altar para o bezerro de ouro, agora deve reconhecer-se indigno da honra de servir no altar de Deus, e deve sentir-se em dívida com a livre graça por isso. deste modo foram silenciados o orgulho e a jactância.

Versículos 7-14Deus diz a Moisés que os israelitas tinham-se corrompido. O pecado é a corrupção do

pecador, e é uma corrupção de si mesmo; cada um é tentado, quando de sua própria concupiscência é atraído e seduzido. Eles tinham-se descaminhado. O pecado é sair-se do caminho do dever e tomar um atalho. Logo esqueceram as obras de Deus. Ele vê o que eles não enxergam, e nenhuma maldade do mundo lhe está oculta. Nós não suportaríamos ver a milésima parte da maldade que Deus vê a diário. Deus expressa a grandeza de seu justo

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desagrado no estilo dos homens, que não teriam permitido que alguém intercedesse por aqueles contra os que tivessem resolvido serem severos. Nada, senão a oração de Moisés, podia salvá-los da ruína; deste modo, foi um tipo de Cristo, por cuja única mediação Deus reconciliaria o mundo consigo mesmo.

Moisés põe como prenda a glória de Deus. A glorificação do nome de Deus, que deveria ser nossa primeira petição, como é no Pai Nosso, deveria ser nosso rogo principal. As promessas de Deus devem ser nosso principal rogo na oração, já que quem o prometeu é poderoso para cumprir. Note-se o poder da oração. Em resposta às orações de Moisés, Deus mostrou seu propósito de perdoar o povo, da forma que antes parecia decidido a destruí-lo; a mudança na expressão anterior de seu propósito é chamada "arrepender-se do mal".

Versículos 15-20Que mudança! Descer do monte da comunhão com Deus para conversar com um mundo

malvado. Nada vemos em Deus que não seja puro prazeroso; no mundo, nada que não seja pecador e provocativo. Para que fosse visto que um ídolo é nada no mundo, Moisés pulverizou o bezerro. O ato de misturar este pó com a água que bebiam representa o fato de que o coração do apóstata deve encher-se com seus próprios caminhos.

Versículos 21-29Nunca houve homem sábio que desse uma escusa mais frívola e néscia que a de Arão. Não

devemos ser levados a pecar por algo que o homem possa dizer-nos ou fazer-nos; pois os homens somente podem tentar-nos a pecar, mas não podem obrigar-nos a fazê-lo. a forma em que Moisés enfrentou o problema virou a dança em tremor. A vergonha de seu pecado foi exposta à luz. Para tirar a recriminação, Moisés não ocultou o pecado, nem lhe impôs uma cor falsa, senão que o castigou. Os levitas tiveram de matar os líderes desta maldade, mas ninguém foi executado, senão os que se enfrentaram abertamente. Os que persistem em pecar estão marcados para a ruína: os que pela manhã cantavam e dançavam, morreram antes do anoitecer. Os juízos do Senhor produzem mudanças súbitas às vezes, com os pecadores que se sentem seguros e alegres em seu pecar.

Versículos 30-35Moisés o qualificou de grande pecado. a obra dos ministros deve mostrar a enormidade de

seus pecados à gente. O grande mal do pecado se evidência no preço do perdão. Moisés roga misericórdia a Deus; ele não foi a dar escusas, senão a expiar. Não devemos supor que Moisés quer dizer que sempre estiver disposto a morrer pelo povo. temos de amar a nosso próximo como a nós mesmos, mas não mais que a nós mesmos. Porém, com o sentir que havia em Cristo, Ele estava disposto a por sua vida da maneira mais dolorosa, se desse modo puder preservar o povo. Moisés não podia apaziguar totalmente a ira de Deus; o qual mostra que a lei de Moisés não era capaz de reconciliar os homens com Deus, nem de aperfeiçoar nossa paz com Ele. somente em Cristo Deus perdoa o pecado, para não lembrá-lo mais.

Esta história nos mostra que nenhum coração carnal, que não se humilhou, pode suportar por muito tempo os preceitos santos, as verdades humilhantes e a adoração espiritual de Deus. Porém um deus, um sacerdote, um culto, uma doutrina e um sacrifício, na medida da mente carnal, sempre acharão abundância de adoradores. Pode-se perverter o evangelho mesmo a ponto tal que se adapte ao gosto mundano. É bom para nós que o Profeta, incomparavelmente mais poderoso e misericordioso, tenha feito, como Moisés, expiação por nossa alma, e agora interceda por nós. Regozijemo-nos em sua graça.

CAPÍTULO 33• Versículos 1-6 O Senhor recusa ir com Israel• Versículos 7-11 O tabernáculo de Moisés é tirado fora do acampamento• Versículos 12-23 Moisés deseja ver a glória de Deus

Versículos 1-6Aos que Deus perdoa, deve-se fazer saber o que merecia seu pecado. "Que eles partam

sozinhos", expressava em grande medida o desagrado de filho. Embora Ele promete cumprir a aliança com Abraão, dando-lhes Canaã, lhes nega os sinais de Sua presença com que tinham sido abençoados.

O povo chorou por seu pecado. de todos os frutos e amargas conseqüências do pecado, o que os verdadeiros arrependidos lamentam e temem mais é que Deus se afaste deles. A mesmíssima Canaã não seria uma terra agradável sem a presença do Senhor. Os que saíram ataviados para manter o pecado não puderam fazer outra coisa que tirar os atavios como sinal de pesar e vergonha pelo pecado.90

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Versículos 7-11Moisés tomou o tabernáculo e o levantou fora do acampamento. Parece ter sido um edifício

temporal, armado para o culto, e no qual ele julgava as disputas das pessoas. O povo olhava em pós de Moisés; tinham muitos desejos de estar em paz com Deus e lhes interessava saber o que aconteceria.

A coluna de nuvem que tinha-se afastado do acampamento quando fora contaminado pela idolatria, agora regressou. Se nosso coração sai ao encontro de Deus, Ele virá misericordiosamente a nosso encontro.

Versículos 12-23Moisés é muito honesto com Deus. Assim, a intercessão de Cristo não só nos salva da ruína,

além disso adquirimos o direito da eterna bem-aventurança.Observe aqui como ele argumenta. Nós achamos graça aos olhos de Deus se encontramos

graça em nossos corações para guiar-nos e apressar-nos no caminho de nosso dever. As promessas da graça de Deus e sua misericórdia para conosco não só devem alentar nossa fé, senão que também devem estimular nosso fervor para orar. Observe como ele pressiona. Veja-se, num tipo, a intercessão de Cristo, a que sempre dá vida para interceder em favor de tudo aquilo que venha a Deus por Ele; e que não é por nenhuma coisa que exista a favor naqueles pelos quais Ele intercede.

Moisés pede ver a glória de Deus e também nisso é ouvido. A visão completa da glória de Deus abrumaria até o mesmo Moisés. O homem é mau e indigno disso; fraco, e não pode suportá-lo; culpável e não poderia senão temê-lo. A revelação misericordiosa que se faz em conjunto é o único que podemos tolerar. O Senhor concedeu o que o satisfaria abundantemente. A bondade de Deus é sua glória; e Ele fará que o conheçamos pela glória de sua misericórdia, mais que pela glória de sua majestade.

Sobre a rocha havia um lugar adequado para que Moisés visse a bondade e a glória de Deus. a pedra de Horebe era um tipo de Cristo, a Rocha de refúgio, salvação e força. Ditosos os que estão sobre esta Rocha.

A fenda pode ser um emblema de Cristo como partido, crucificado, ferido e morto.O que segue denota o imperfeito conhecimento de Deus no estado presente, até ainda

segundo se revela em Cristo; porque isto, comparado com a visão Cl dEle, somente é como ver a um homem que passou, cujas costas são o único que pode ser visto. Deus em Cristo, como Ele é, nas manifestações mais plenas e brilhantes de sua glória, graça e bondade, estão reservadas para outro estado.

CAPÍTULO 34• Versículos 1-4 Renovação das tábuas da lei• Versículos 5-9 Proclamação do nome do Senhor – Fervorosa petição de

Moisés• Versículos 10-17 A aliança de Deus• Versículos 18-27 As festas• Versículos 28-35 O véu de Moisés

Versículos 1-4Quando Deus fez o homem a sua imagem, a lei moral foi escrita em seu coração pelo dedo

de Deus, sem médios externos. Entretanto, como a aliança feita então com o homem foi quebrantada, o Senhor tem usado o ministério dos homens, tanto para escrever a lei nas Escrituras, como para escrevê-la no coração. Quando Deus se reconciliou com os israelitas, ordenou que as tábuas fossem renovadas e escreveu sua lei nelas. Ainda embaixo do evangelho da paz por Cristo, a lei moral continua obrigando o crente. Cristo nos redimiu da maldição da lei, mas não dos mandamentos dela. A primeira e melhor prova do perdão dos pecados e da paz com Deus é que a lei fica escrita no coração.

Versículos 5-9Como um sinal aberto de sua presença e manifestação de sua glória, o Senhor desceu numa

nuvem e dali proclamou seu Nome; isto é, as perfeições e o caráter denotados pelo nome Jeová. O Senhor Deus é misericordioso: pronto para perdoar o pecador e socorrer o necessitado. Piedoso: bom e disposto a conceder benefícios imerecidos. Tardio para irar-se: é longânime, concede tempo para o arrependimento, e somente castiga quando é necessário. Ele é grande em misericórdia e verdade: até os pecadores recebem em abundância das riquezas de Sua magnificência apesar de que abusem dela. Todo o que Ele revela é verdade infalível, todo o que promete o realiza com fidelidade. Que guarda misericórdia a milhares:

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continuamente Ele mostra misericórdia aos pecadores até o fim do tempo, e tem tesouros que não se podem esgotar. Que perdoa a iniqüidade, a rebelião e o pecado: sua misericórdia e bondade chegam ao perdão pleno e gratuito do pecado. E que de modo nenhum terá por inocente ao malvado: a santidade e justiça de Deus são parte de sua piedade e amor para com todas suas criaturas. Nos sofrimentos de Cristo mostra-se a santidade e justiça Divina plenamente, e se dá a conhecer a maldade do pecado. a misericórdia de Deus que perdoa sempre vai acompanhada de sua graça que converte e santifica. Ninguém tem perdão senão os que se arrependem e abandonam a prática intencional de todo pecado; nenhum que abuse, descuide ou despreze esta grande salvação poderá escapar.

Moisés se inclinou e adorou com reverência. O crente pode invocar qualquer perfeição do nome de Deus, para pedir-lhe o perdão de seus pecados, que seja feito santo seu coração, e que se estenda o reino do Redentor.

Versículos 10-17Manda-se aos israelitas que destruam todo monumento de idolatria, por formoso ou custoso

que seja; que rejeitem a idolatria, amizade ou matrimônio com os idólatras e todas as festas idólatras; e são lembrados para que não repitam o delito de fazer-se imagens de fundição. O furor do homem é chamado de ciúmes (Pv 6.34); mas o desagrado é santo e justo em Deus. Os que não adoram somente a Deus não podem adorá-lo retamente.

Versículos 18-27Uma vez por semana devem repousar, mesmo que seja na temporada da semeadura e da

colheita. Todos os negócios do mundo devem dar lugar ao repouso santo; até a sega prosperará para melhor pela observância sagrada do dia de repouso na temporada da colheita. Devemos demonstrar que preferimos nossa comunhão com Deus e nosso dever para com Ele antes que os negócios ou a alegria da colheita.

Três vezes ao ano eles deviam apresentar-se ante o Senhor Deus, o Deus de Israel. Cá era uma terra desejável e os povos vizinhos eram cobiçosos; porém Deus diz: "Ninguém cobiçará tua terra". Controlemos todos os desejos pecaminosos de nosso coração contra Deus e sua glória e então, confiemos em que Ele controle todos os desejos pecaminosos no coração de outros em contra nossa. O caminho do dever é o caminho da seguridade. Os que se aventuram por ele, nunca perdem.

Aqui se mencionam três festas:1) A Páscoa, que lembra a liberação desde o Egito.2) A festa das semanas ou festa de Pentecostes; agregada a esta está a lei das primícias.3) A festa das colheitas ou festa dos Tabernáculos.Moisés devia escrever estas palavras para que o povo as conhecesse melhor. Nunca

podemos estar suficientemente agradecidos a Deus pela palavra escrita. Deus faria uma aliança com Israel com Moisés como mediador. Assim, a aliança de graça é realizada com os crentes por meio de Cristo.

Versículos 28-35A comunhão próxima e espiritual com Deus melhora as graças de um caráter renovado e

santo. A piedade séria confere brilho ao semblante do homem, assim como infunde estima e afeto. O véu que Moisés se colocou indica a escuridão dessa dispensação, em comparação com a dispensação do evangelho do Novo Testamento. Também era um emblema do véu natural que existe no coração dos homens a respeito das coisas espirituais. Além disso, representa o véu que estava e está sobre a nação de Israel, o qual somente pode ser tirado pelo Espírito do Senhor, que lhes mostra a Cristo como o fim da lei para justiça a todo aquele que crê. O medo e a incredulidade colocarão o véu diante de nós, estorvarão nossa aproximação confiada ao trono da graça no alto. Devemos mostrar plenamente nossas carências temporais e espirituais diante de nosso Pai espirituais; temos de contá-lhe nossos problemas, lutas, provas e tentações; devemos reconhecer nossas ofensas.

CAPÍTULO 35• Versículos 1-3 Observância do dia de repouso• Versículos 4-19 Os donativos voluntários para o tabernáculo• Versículos 20-29 A disposição do povo em geral• Versículos 30-35 Bezaleel e Aoliabe chamados à obra

Versículos 1-3O jugo leve e fácil de Cristo tem feito mais deliciosos nossos deveres, e menos irritantes as

restrições de nosso dia de repouso que as do repouso judaico; porém nós somos mais 92

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culpáveis por descuidá-lo. Certamente a sabedoria de Deus ao dar-nos o dia de repouso com toda a misericórdia de seus propósitos são pecaminosamente deixados de lado. É nada marcar com o desprezo o dia bendito, que nos foi dado por um Deus generoso para que cresçamos em graça com a igreja aqui embaixo, a fim de preparar-nos para a felicidade com a igreja no alto?

Versículos 4-19O tabernáculo estaria dedicado à honra de Deus, e se usaria para seu serviço; portanto, o

que se trouxer para sua construção era uma oferta para o Senhor. A regra é: Todo generoso de coração a trará.

Todos os que têm destreza devem trabalhar. Deus dispensa seus dons; e cada homem, segundo tenha recebido, assim deve ministrar (1 Pe 4.10). Os que eram ricos deviam trazer materiais para trabalhá-los; os que eram hábeis, deviam servir o tabernáculo com suas habilidades; como necessitavam uns dos outros, assim o tabernáculo os necessitava a ambos (1 Co 12.7-21).

Versículos 20-29Sem uma mente voluntária seriam aborrecíveis as ofertas custosas; com ela, até a mais

pequena será aceitável. Nosso coração está disposto quando assistimos alegremente a promover a causa de Deus. Os que são diligentes e estão contentes com empregos considerados baixos, são tão aceitáveis por Deus como os que estão em serviços esplêndidos. As mulheres que fiaram o pelo de cabra eram de coração sábio, porque o fizeram de todo coração para o Senhor. Assim o lavrador, o mecânico ou o servo que atende seu trabalho na fé e temor de Deus, pode ser tão sábio, em seu lugar, como o ministro mais útil, e ser igualmente aceito pelo Senhor. nossa sabedoria e dever consistem em dar a Deus a glória e a utilidade de nossos talentos, sejam muitos ou poucos.

Versículos 30-35Aqui está a nomeação divina dos mestres para que não houvesse contenda pelo ofício, e

todos os que estivessem empregados na obra pudessem receber ordens deles e serem responsáveis diante deles. Aos que Deus chamou para seu serviço, Ele os encheu com o Espírito de Deus. A destreza, ainda em empregos mundanos, é dom de Deus e vem do alto. Mas há muitos bastante dispostos a organizar o trabalho dos outros, e podem dizer o que deve realizar este ou aquele homem; mas eles não tocariam nem com um dedo as cargas que amarram sobre os outros. Os tais ficarão sob a categoria de servos negligentes. Estes homens não estavam somente para desenhar e trabalhar; além disso, deviam ensinar aos outros. os que dirigem, devem ensinar; e aqueles aos que Deus tem dado conhecimentos devem estar dispostos a dá-los a conhecer para benefício do próximo.

CAPÍTULO 36A construção do tabernáculo – Limitação da liberalidade da gente

A prontidão e o zelo com que os construtores se puseram a trabalhar, a exatidão com que realizaram a tarefa e a fidelidade com que desistiram de receber mais contribuições, são dignas de imitação. Assim devemos servir a Deus, e também aos nossos superiores, em todas as coisas lícitas. Assim todos os que estamos em cometidos públicos, devemos aborrecer o sujo lucro, e evitar todas as ocasiões e tentações da cobiça.

Onde teremos a representação do amor de Deus para conosco, os que por amor habitamos nEle e Ele em nós, salvo em Emanuel? (Mt 1.23). Esta é a soma do mistério de reconciliação (2 Co 5.18-19). Este é o desenho do "tabernáculo do testemunho", um testemunho visível do amor de Deus à raça dos homens, por caídos que estivessem de seu primeiro estado. E este amor foi demonstrado por Cristo ao assumir sua permanência na terra; pelo Verbo feito carne (Jo 1.14), onde, segundo o expressa o original, Ele fez seu tabernáculo entre nós.

CAPÍTULO 37A construção da arca e a mobília do tabernáculo

Na mobília do tabernáculo houve emblemas de um serviço espiritual aceitável. O incenso representava as orações dos santos. O sacrifício do altar representava o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A vasilha de ouro com maná ou pão do céu, a carne de Jesus Cristo que Ele deu pela vida do mundo. O candelabro com suas luzes, o ensino e iluminação do Espírito Santo. O pão da proposição representava a provisão para os que têm fome e sede de justiça, que dão abundantemente o evangelho, as ordenanças e os sacramentos da casa de oração.

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A precisão dos artesãos com a regra deveria ser seguida por nós, procurando as influências do Espírito Santo para que possamos regozijar-nos em Deus e glorificá-lo enquanto estivermos neste mundo, e para estar com Ele no final, para sempre.

CAPÍTULO 38• Versículos 1-8 O altar e a pia de bronze• Versículos 9-20 O átrio• Versículos 21-31 As ofertas do povo

Versículos 1-8Em todas as idades da igreja tem havido algumas pessoas mais devotas a Deus, mais

constantes que outras em sua assistência a suas ordenanças e mais dispostas a deixar até as coisas lícitas por amor a Ele. algumas mulheres, dedicadas a Deus e zelosas da adoração do tabernáculo, expressaram seu zelo dando os espelhos, que eram placas polidas de bronze. Antes de inventar os espelhos de vidro, estas serviam para essa finalidade.

Versículos 9-20Os muros do átrio eram de cortina somente, o que insinua que os estado da igreja judaica

mesma era movível e mudável; no momento oportuno, o desmantelariam e dobrariam, ou viria o tempo quando o lugar da tenda deveria ampliar-se e suas cordas se estenderiam para dar lugar ao mundo gentio.

Versículos 21-31O fundamento de bases de prata demonstrava a solidez e a pureza da verdade sobre a qual

está fundada a igreja.Consideremos o Senhor Jesus Cristo quando lemos acerca da mobília do tabernáculo.

Quando consideremos o altar do holocausto, vejamos a Jesus. nEle, em sua justiça e salvação, há uma doação completa e suficiente pelo pecado. Deixemos que nossa alma seja lavada na pia da regeneração por seu Espírito Santo, e será limpa; e como o povo ofereceu voluntariamente, assim posa ser voluntária a nossa alma. Estejamos prontos a deixar qualquer coisa, e contá-lo todo como perda para ganhar a Cristo.

CAPÍTULO 39• Versículos 1-31 As vestiduras dos sacerdotes• Versículos 32-43 O tabernáculo terminado

Versículos 1-31As vestiduras dos sacerdotes eram ricas e esplêndidas. A igreja em sua infância foi assim

ensinada por sombras das boas coisas vindouras, mas a substância é Cristo e a graça do Evangelho. Cristo é nosso grande Sumo Sacerdote. Quando Ele empreendeu a obra de nossa redenção, se pôs as roupas de serviço, se enfeitou com os dons e as graças do Espírito, se cingiu com resolução para realizar a empresa, se encarregou de todo o Israel espiritual de Deus, o pôs sobre seu coração, o gravou na palma de suas mãos, e o apresentou a seu Pai. E Ele se coroou com santidade ao Senhor, consagrando toda sua empresa completa à honra da santidade de seu Pai.

Os crentes verdadeiros são sacerdotes espirituais. O linho fino com que deve confeccionar-se toda sua roupa de serviço é as ações justas dos santos (Ap 19.8).

Versículos 32-43O tabernáculo era tipo ou emblema de Jesus Cristo. assim como o Altíssimo habitava

visivelmente no santuário, sobre a arca, assim Ele residiu na natureza humana e no tabernáculo de seu amado Filho; em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da Deidade (Cl 2.9). o tabernáculo era um símbolo de cada cristão verdadeiro. Na alma de todo seguidor verdadeiro do Salvador habita o Pai, o objeto de sua adoração e autor de suas bênçãos. O tabernáculo também tipifica a igreja do Redentor. O mais baixo e o mais poderoso, por igual, são caros para o amor do Pai, livremente exercido por meio da fé em Cristo. o tabernáculo era um tipo e emblema do templo celestial (Ap 21.3). Então, qual será o esplendor de Sua manifestação quando for tirada a nuvem e seus adoradores fiéis o vejam como Ele é!

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CAPÍTULO 40• Versículos 1-15 Instalação do tabernáculo – Santificação de Arão e seus

filhos• Versículos 16-33 Moisés faz todo conforme ao mandado• Versículos 34-38 A glória do Senhor enche o tabernáculo

Versículos 1-15Quando começa um ano novo devemos procurar servir melhor a Deus que no ano anterior.O tabernáculo foi terminado no meio do ano. Quando os corações da gente se dedicam

seriamente a uma boa causa, pode ser feito muito em pouco tempo; e quando se presta atenção continuamente aos mandamentos de Deus, como regra de trabalho, tudo será bem feito.

O sumo sacerdócio esteve na família de Arão até a chegada de Cristo, e nele continua para sempre a substância de todas as sombras.

Versículos 16-33Quando o tabernáculo e seus utensílios estiveram terminados, não deixaram de erigi-lo até

que chegaram a Canaã, mas obedecendo a vontade de Deus, o armavam em meio do acampamento. Os que não estão estabelecidos no mundo não devem pensar que isso é escusa para a falta de religião; como se bastasse começar a servir a Deus quando começam a estabelecer-se no mundo. Não; um tabernáculo para Deus é muito necessário até no deserto, especialmente devido a que podemos estar no outro mundo antes de chegar a estabelecer-nos neste. E devemos temer, não seja que nos enganemos a nós mesmos com uma aparência de piedade. O pensamento de que foram tão poucos os que entraram em Canaã deve ser uma advertência especialmente para a gente jovem, para não postergar o cuidado de sua alma.

Versículos 34-38A nuvem cobriu o tabernáculo até no dia mais claro; não era uma nuvem que o sol

desmancha. A nuvem era um sinal da presença de Deus, para ser vista dia e noite por todo Israel, para que nunca tornassem a perguntar-se: "Esta ou não o Senhor entre nós?". Dirigiu o acampamento de Israel através do deserto. Enquanto a nuvem estava sobre o tabernáculo, eles descansavam; quando se levantava, eles a seguiam.

A glória do Senhor enchia o tabernáculo. A shekiná se fazia visível em forma de luz e fogo: Deus é Luz; nosso Deus é Fogo consumidor. Porém, tão deslumbrante era a luz e tão temível o fogo, que Moisés não podia entrar na tenda da reunião até que diminuía o resplendor. Mas o que Moisés não pôde fazer, nosso Senhor Jesus, a quem Deus o fez aproximar-se, o fez; Ele nos convidou a entrar confiadamente no trono da graça. Ensinados pelo Espírito Santo a seguirmos o exemplo de Cristo, e a dependermos dEle, a participar de suas ordenanças e obedecer a seus preceitos, seremos guardados de perdermos o caminho, e seremos conduzidos em meio das sendas de juízo, até que cheguemos ao céu, a habitação de Sua santidade. Bendito seja Deus por Jesus Cristo!

LEVÍTICO

Deus ordenou diversas classes de oblações e sacrifícios para assegurar a seu povo o perdão de suas ofensas, se os ofereciam com verdadeira fé e obediência. Também designou sacerdotes e levitas, suas vestimentas, ofícios, conduta e porção. Indicou as festas que deviam observar e em que épocas.

Declarou por meio dos sacrifícios e cerimônias que a paga do pecado é a morte, e que sem o sangue de Cristo, o inocente Cordeiro de Deus, não pode haver perdão de pecados.

CAPÍTULO 1• Versículos 1-2 As ofertas• Versículos 3-9 De rebanhos• Versículos 10-17 De manadas e aves

Versículos 1-2A oferta de sacrifícios era uma ordenança para a religião verdadeira, desde a queda do

homem até a vinda de Cristo. Porém parece que não houve regulamentos muito detalhados até 95

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que os israelitas estiveram no deserto. O desígnio geral destas leis é claro. Os sacrifícios tipificavam a Cristo; também eram sombras do dever, caráter, privilégio e comunhão do crente com Deus. quase não há algo que a Escritura diga Deus Senhor Jesus que, também, não faça referência a seu povo. este livro começa com as leis dos sacrifícios; os mais antigos eram os holocaustos, sobre os quando Deus dá ordens a Moisés nesta passagem. Se dá por sentado que o povo estava disposto a trazer ofertas ao Senhor. a luz mesma da natureza dirige o homem de uma ou outra forma para honrar a seu Criador como seu Senhor. os sacrifícios foram ordenados imediatamente depois da queda.

Versículos 3-9Na correta execução das ordenanças levíticas, os mistérios do mundo espiritual são

representados pelos objetos naturais correspondentes. Em seus ritos se exibem acontecimentos futuros. Sem isto, todo o conjunto parecerá um cerimonial sem sentido.

Há nestas coisas um tipo dos sofrimentos do Filho de Deus, que seria o sacrifício pelos pecados de todo mundo? Queimar o corpo de um animal somente era uma fraca representação da miséria eterna que todos merecemos, e que nosso bendito Senhor levou em seu corpo e em sua alma, quando morreu sob a carga de nossas iniqüidades.

Observe-se:1) O animal que se oferecia devia ser sem defeito. Isto significava a força e pureza que

havia em Cristo e a vida santa que deve haver em seu povo.2) O proprietário devia oferecê-lo por própria e livre vontade. O que se faz na religião para

agradar a Deus deve fazer-se por amor. Cristo se ofereceu voluntariamente por nós.3) Devia oferecer-se na porta do tabernáculo onde estava o altar de bronze do holocausto,

que santificava a dádiva: devia oferecê-lo na porta, como quem é indigno de entrar, e reconhecendo que um pecador não pode ter comunhão com Deus, senão por meio do sacrifício.

4) O ofrendante devia colocar sua mão sobre a cabeça da oferta, significando com isso seu desejo e esperança de ser aceito, de sua parte, cristianismo expiação por ele.

5) O sacrifício devia ser morto diante do Senhor, em forma ordenada e para honrar a Deus. significava também que no cristão deve ser crucificada a carne com seus afetos corruptos e suas concupiscências.

6) Os sacerdotes deviam aspergir o sangue sobre o altar; já que o sangue é a vida, é ele o que faz expiação. Isto representa a pacificação e purificação de nossa consciência, por meio da aspersão do sangue de Jesus Cristo sobre ela, por fé.

7) O animal devia ser partido em vários pedaços e, depois, queimado sobre o altar. A queima do sacrifício representa os agudos sofrimentos de Cristo e o afeto devoto com que, como fogo santo, o cristão deve oferecer-se completamente —espírito, alma e corpo— a Deus.

8) Se diz que isto era uma oferta de cheiro grato.Como ato de obediência a um mandado divino, e como tipo de Cristo, era agradável a Deus;

os sacrifícios espirituais dos crentes são aceitáveis para Deus por meio de Cristo (1 Pe 2.5).Versículos 10-17Os que não podiam oferecer um bovino, deviam trazer uma ovelha ou cabra; os que não

podiam isso eram aceitos por Deus se traziam uma rola ou um pombinho. As criaturas escolhidas para o sacrifício deviam ser mansas, delicadas e inofensivas, para mostrar a inocência e mansidão que houve em Cristo, e que deve haver nos cristãos. A oferta do pobre é tão tipo da expiação de Cristo como os sacrifícios mais caros, e expressava tão completamente como os outros o arrependimento, fé e devoção a Deus.

Não temos escusa se recusamos o culto ao Deus agradável e racional agora requerido.Mas não podemos oferecer o sacrifício de um coração quebrantado, ou de louvor e ação de

graças, assim como um israelita não podia oferecer um bovino ou cabra, se Deus não se dava a si mesmo primeiro. Quanto mais façamos no serviço do Senhor, mais obrigados estaremos com Ele, por sua vontade, a capacitação e a oportunidade. Em muitas coisas Deus deixa que nós fixemos o que deverá gastar-se em seu serviço, seja de nosso tempo ou de nossa substância; contudo, quando a providência de Deus tenha dado muito a um homem, não se aceitarão ofertas magras, pois não são expressões corretas de uma mente bem disposta. Consagremo-nos a Seu serviço em corpo e alma, seja o que for que nos peça que demos, aventuremos, façamos ou soframos por amor que Ele.

CAPÍTULO 2• Versículos 1-11 A oblação• Versículos 12-16 A oferta das primícias

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Versículos 1-11As ofertas vegetais podem ser tipo de Cristo, que se ofereceu a Deus por nós, como o Pão

de vida para nossas almas; porém antes parecem significar nossa obrigação para com Deus pelas bênçãos da providência, e as boas obras aceitáveis para Deus. a oblação era comestível e este nome abrangia, e ainda compreende, qualquer classe de provisão; a maior parte da oferta era para ser comida, e não para queimá-la. Estas ofertas são mencionadas depois dos holocaustos: estes serviços não podem ser aceitos sem que haja interesse no sacrifício de Cristo, e dedicação a Deus de todo coração.

O fermento é o emblema do orgulho, a maldade, a hipocrisia, e o mel, do prazer sensual. O primeiro se opõe diretamente às virtudes da humildade, o amor e a sinceridade, que Deus aprova; o segundo afasta os homens dos exercícios de devoção e da prática das boas obras. Cristo, em seu caráter e sacrifício, estava totalmente livre das coisas representadas pelo fermento; e sua vida de sofrimentos e suas dores de morte eram exatamente o oposto do prazer mundano. Seu povo tem sido chamado a segui-lo, e a ser como Ele.

Versículos 12-16O sal é necessário em todas as ofertas. Aqui Deus lhes insinua que seus sacrifícios, em si

mesmos, são insípidos. Todos os serviços religiosos devem estar sazonados com a graça. O cristianismo é o sal da terra.

São dadas instruções acerca da oferta das primícias na colheita. Se um homem, com gratidão pela bondade de Deus ao dar-lhe uma colheita abundante, estava disposto a apresentar uma oferta a Deus, que traga os primeiros frutos maduros e espigas. O que se levar a Deus devia ser o melhor de sua classe, embora só fossem espigas verdes de trigo.

Sobre eles deviam colocar-se óleo e incenso. A sabedoria e a humildade suavizam e dulcificam o Espírito e o serviço da gente jovem, e assim suas espigas verdes de trigo serão aceitáveis. Deus se agrada nas primícias maduras do fruto do Espírito e nas expressões de piedade precoce e devoção. O amor santo a Deus é o fogo em que devem fazer-se todas nossas ofertas. O incenso denota a mediação e intercessão de Cristo, por meio de quem é aceito nosso serviço. Bendito seja Deus que temos a substância, da qual estas observâncias eram somente sombras. Existe uma excelência em Cristo e em sua obra como Mediador, que nenhum tipo nem sombra podem representar plenamente.

Nossa dependência disto deve ser tão completa que nunca o percamos de vista no que façamos, se devemos ser aceitos por Deus.

CAPÍTULO 3• Versículos 1-5 Oferta de paz do gado• Versículos 6-17 Oferta de paz do rebanho

Versículos 1-5As ofertas de paz tinham de considerar a Deus como o doador de todas as coisas boas. Se

repartiam entre o altar, o sacerdote e o dono. Eram chamadas ofertas de paz porque nelas era como se Deus e seu povo celebrassem juntos, em sinal de amizade. As ofertas de paz se ofereciam a título de súplica. Se um homem andava a procura de alguma misericórdia, agregava por isso uma oferta de paz a sua oração. Cristo é a nossa Paz, nossa oferta de Paz; pois por seu único intermédio podemos obter uma resposta de paz a nossas orações. Também, a oferta de paz era apresentada a modo de ação de graças por alguma misericórdia recebida. Devemos oferecer continuamente a Deus sacrifícios de louvor por Cristo, nossa Paz; então, isto agradará mais ao Senhor que um boi ou um bezerro.

Versículos 6-17Aqui há uma lei que proibia comer gordura e sangue. Em quanto à gordura, se refere à

gordura das partes internas, o sebo. O sangue foi proibido pela mesma razão: porque era a parte de Deus em todo sacrifício. Deus não permitia que o sangue que fazia expiação for utilizado como coisa corriqueira (Hb 10.29); nem tampouco permitirá, embora tenhamos o consolo da expiação realizado, que reclamemos para nós uma porção na honra de fazê-la. Isto ensinou aos judeus a respeitar a distinção entre as coisas comuns e as sagradas; os manteve separados dos idólatras. Eram impressionados mais profundamente pela crença num importante mistério no derramamento do sangue e na queima da gordura em seus sacrifícios solenes.

Cristo, como Príncipe de paz, fez "a paz mediante o sangue de sua cruz". Por seu intermédio o crente é reconciliado com Deus e, já que tem a paz de Deus em seu coração, está disposto a

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estar em paz com todos os homens. que o Senhor multiplique graça, misericórdia e paz a todos os que desejam ser portadores do caráter cristão.

CAPÍTULO 4• Versículos 1-12 A oferta do sacerdote pelo pecado por erro• Versículos 13-21 Por toda a congregação• Versículos 22-26 Por um chefe• Versículos 27-35 Por qualquer do povo

Versículos 1-12Holocaustos, ofertas vegetais e ofertas de paz tinham sido oferecidas desde antes que fosse

dada a lei no monte Sinai; nelas os patriarcas deviam fazer expiação pelo pecado. porém agora aos judeus foi-lhes indicado um método para fazer a expiação pelo pecado, mais particularmente pelo sacrifício, como sombra das coisas boas vindouras; contudo, a substância é Cristo e sua só oferta de si mesmo, pela qual tirou o pecado do meio. Supõe-se que os pecados pelos quais foram estabelecidas as ofertas pelo pecado, eram atos conhecidos. Supõe-se que eram pecados de comissão, coisas que não deveriam ter sido feitas. As omissões são pecados e devem ser julgados; mas o que foi omitido uma vez, poderia ser realizado em outra ocasião; porém, um pecado cometido era lembrança do passado. Supõe-se que eram pecados cometidos por erro.

A lei começa com o caso do sacerdote ungido. É evidente que Deus nunca teve um sacerdote infalível em sua igreja terrena, já que até o sumo sacerdote podia cair em pecados por erro. Toda pretensão de agir sem erro são marcas certas do anticristo. o animal devia ser levado fora do acampamento e ali ser incinerado. Isto era um sinal do dever do arrependimento, que é tirar o pecado como coisa detestável que nossa alma aborrece. A oferta pelo pecado se identifica com o pecado. O que eles faziam no sacrifício, nós devemos fazer aos nossos pecados: o corpo do pecado deve ser destruído (Rm 6.6). o apóstolo aplica a Cristo o fato de levar o sacrifício fora do acampamento (Hb 13.11-13).

Versículos 13-21Se os líderes do povo pecassem por erro, devia apresentar-se uma oferta, para que a ira não

caísse sobre toda a congregação.Ao oferecer os sacrifícios, a pessoa por cuja conta se oferecia, tinha que colocar as mãos

sobre a cabeça da vítima, e confessar seus pecados.Quando se ofereciam os sacrifícios por toda a congregação, os anciãos deviam fazê-lo.

Supunha-se então que a carga do pecado era levada pelo animal inocente. Afirma-se que, consumada a oferta, a expiação está feita, e o pecado, perdoado. A salvação das igrejas e dos reinos da ruína deve-se à satisfação e mediação de Cristo.

Versículos 22-26Os que têm poder para pedir rendição de contas aos outros são responsáveis de renderem

contas ante o Rei de reis. O pecado do chefe, cometido por erro, deve chegar a seu conhecimento, já seja por obra de sua própria consciência, ou pela repreensão de seus amigos; a estes, inclusive o melhor e maior, o mais poderoso, não só deve submeter-se, senão ficar agradecido. "Isso que eu não enxergo, mostra para mim", e "Mostra-me onde errei", são orações que devemos elevar a Deus cada dia; para que si, por erro, cairmos em pecado, não permaneçamos nele por ignorância.

Versículos 27-35Eis aqui a lei da oferta para uma pessoa comum. Poder alegar, quando estamos carregados

por um pecado cometido por erro, e devido ao inesperado da tentação, não nos afastará dele, se não tivermos interesse naquele grande juízo no qual Cristo morreu. O pecado de ignorância cometido por uma pessoa comum necessitava um sacrifício; os maiores não estão por acima da justiça divina, nem os menores estão por debaixo dela. Nenhum ofensor é passado por alto.

Aqui se encontram ricos e pobres; são igualmente pecadores e são bem recebidos por Cristo. De todas as leis sobre a oferta pelo pecado podemos aprender a aborrecer o pecado e a vigiar para não sermos alcançados; e podemos valorizar devidamente a Cristo, a verdadeira e grande oferta pelo pecado, cujo sangue nos limpa de todo pecado, o que não era possível pelo sangue de bezerros e bodes. Quando nós erramos, com a Bíblia na mão, é devido ao efeito do orgulho, a indolência e a negligência. Necessitamos fazer uso freqüente do auto-exame, apoiados num estudo sério das Escrituras. e uma oração sincera pela influência convincente de Deus o Espírito Santo; isto para que possamos detectar nosso pecado por erro, arrepender-nos e receber o perdão pelo sangue de Cristo.98

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CAPÍTULO 5• Versículos 1-13 Acerca de diversas transgressões• Versículos 14-19 Acerca de transgressões contra o Senhor

Versículos 1-13As ofensas aqui destacadas são:1) O homem que oculta a verdade quando jurou, como testemunha, dizer a verdade, toda a

verdade e nada além da verdade. Em tal caso, se por medo de ofender a alguém que foi seu amigo, ou talvez seu inimigo, o homem nega-se a dar a evidência ou a der somente em parte, deverá carregar com sua iniqüidade. E é uma carga pesada, que se não fazer alguma coisa para tirá-la, afundará o homem no inferno. Todos os que sejam chamados em algum momento a serem testemunhas, pensem nesta lei, e sejam livres e honestos na evidência que dão, e cuidem-se de prevaricar. Coisa sagrada é um juramento ante o Senhor, com o qual não se deve brincar.

2) O homem que tocar algo que era cerimonialmente imundo. Embora tocar uma coisa imunda somente o contaminava cerimonialmente, o não lavar-se conforme à lei era negligência ou desprezo, e contraia culpa moral. Tão logo como Deus, por seu Espírito, convença a nossa consciência de algum pecado ou dever, devemos obedecer a essa convicção, sem envergonhar-nos de reconhecer nosso prévio erro.

3) Jurar com leviandade que se fará ou não uma coisa. Como se, depois, o cumprimento de seu voto resultar ilícito ou não puder ser cumprido. A sabedoria e a prudência ajudam a prever essas dificuldades. Em tal caso, o ofensor devia confessar o pecado e apresentar a oferta; porém a oferta não era aceita a menos que fosse acompanhada com confissão e uma humilde oração pedindo perdão. A confissão deve ser em particular, que algum pecou em tal coisa. O engano está nas generalizações: muitos reconhecem ter pecado, mas isso todos devem aceitá-lo; contudo, nem todos estão dispostos a admitir que têm pecado em algum aspecto específico. A forma de assegurar-se o perdão e armar-se contra o pecado para o futuro, é confessar a verdade exata.

Se alguém era muito pobre, podia trazer algo de farinha e isso era aceito. Assim, o gasto da oferta pelo pecado era reduzido mais que qualquer outro, para ensinar que a pobreza a ninguém obstaculiza o caminho do perdão. Se o pecador trazia duas rolas, uma era para oferta pelo pecado, e a outra para holocausto.

Devemos ver primeiro que nossa paz seja feita com Deus e, então, podemos esperar que nossos serviços para sua glória sejam aceitos por Ele. Quando se oferecia farinha não devia ser feita agradável ao paladar com óleo nem ao olfato, com incenso, para indicar assim a odiosidade do pecado. Por meio destes sacrifícios Deus falava de consolo aos que tinha ofendido, para que não desesperassem nem enlanguescessem em seus pecados. De igual forma, falava de cautela para não ofender mais, lembrando quão incômodo era fazer expiação.

Versículos 14-19Aqui há ofertas para expiar as ofensas contra um próximo. Se alguém usava

involuntariamente algo consagrado a Deus, devia apresentar este sacrifício. Temos de sermos zelosos com nós mesmos para pedirmos pecado pelo pecado e dar satisfação pelo mal, embora só suspeitemos que somos culpáveis.

A lei de Deus é tão ampla, as ocasiões de pecar neste mundo são tão numerosas e somos tão propensos ao mal, que devemos temer sempre, e orar sempre, que sejamos liberados do pecado. Também devemos olhar diante nosso a cada passo. O cristão verdadeiro se declara culpável diariamente ante Deus e busca o perdão por meio do sangue de Cristo. e a salvação do Evangelho é tão gratuita, que o mais pobre não fica excluído; e tão plena que a consciência mais carregada pode achar alívio nEle. De todos modos, exibe-se o mau do pecado de modo tal que o pecador perdoado o aborreça e o tema.

CAPÍTULO 6• Versículos 1-7 Acerca das ofensas contra nosso próximo• Versículos 8-13 Acerca dos holocaustos• Versículos 14-23 Acerca da oferta de farinha• Versículos 24-30 Acerca da oferta pelo pecado

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Versículos 1-7Embora todos os casos se relacionam com nosso próximo, de todos modos se chamam

ofensa contra o Senhor. Mesmo que a pessoa ofendida seja tão miserável e até desprezível, não obstante a ofensa se reflete em que Deus deu o mandamento de amar a nosso próximo e o pôs ao mesmo nível de amar a si mesmo. as leis humanas estabelecem diferenças em quanto aos castigos, mas todos os métodos para machucar os outros são, por igual, violações da lei divina, até o conservar algo achado quando é possível descobrir quem é o dono. As fraudes geralmente vão acompanhadas de mentiras e, freqüentemente, de juramentos falsos. Se o ofensor quer escapar da vingança de Deus, deve efetuar uma ampla restituição, conforme a seu poder, e buscar o perdão por fé na única Oferta que tira o pecado do mundo. As transgressões aqui mencionadas continuam sendo violações da lei de Cristo, que insiste muito na justiça e na verdade, como lei da natureza ou lei de Moisés.

Versículos 8-13Aqui a referência principal é o diário sacrifício de um cordeiro. O sacerdote devia cuidar do

fogo do altar. O primeiro fogo do altar veio do céu (capítulo 9.24); se conservado aceso contin-uamente, podia dizer-se que todos os sacrifícios eram consumidos por fogo do céu, como sinal da aceitação de Deus. Assim, devem ser incessantes o fogo de nosso santo afeto, o exercício de nossa fé e amor, e da oração e o louvor.

Versículos 14-23A lei dos holocaustos impunha muito cuidado e trabalho aos sacerdotes; a carne era

queimada totalmente e os sacerdotes nada tinham, senão o couro. Mas a maior parte da oferta de farinha era deles. A vontade de Deus é que seus ministros sejam abastecidos com o necessário.

Versículos 24-30O sangue da oferta pelo pecado devia tirar-se das roupas sobre as quais casualmente era

aspergido, o que indica o cuidado que devemos ter com o sangue de Cristo, não contando-o como coisa corriqueira. Devia quebrar-se a vasilha em que era fervida a carne da oferta pelo pecado, se for de barro; porém, quando era de bronze, devia ser muito bem lavada. Isto mostra que a oferta não tira completamente a contaminação; todavia, o sangue de Cristo limpa completamente de todo pecado.

Todas estas regras estabeleciam a natureza contaminante do pecado e o traspasso da culpa do pecador ao sacrifício. Olhem e maravilhem-se do amor de Cristo, em que Ele se contentou com ser feito oferta pelo pecado a nosso favor, e desse modo procurar nosso perdão dos con-tínuos pecados e fracassos. Ao que não conheceu pecado, por nós o fez pecado (isto é, uma oferta pelo pecado), 2 Co 5.21. Daqui obtemos perdão, e não só perdão, senão também poder contra o pecado (Rm 8.3).

CAPÍTULO 7• Versículos 1-10 Acerca da oferta pela culpa• Versículos 11-27 Acerca da oferta de paz• Versículos 28-34 As ofertas mexidas e elevadas• Versículos 35-38 A conclusão destas instituições

Versículos 1-10O sacrifício da oferta pelo pecado e o da oferta pela culpa eram repartidos entre o altar e o

sacerdote; o que oferecia não tinha parte como nas ofertas de paz. O anterior expressava ar-rependimento e pesar pelo pecado; portanto, era mais apropriado jejuar que festejar; as ofer-tas de paz denotavam comunhão com um Deus reconciliado em Cristo, o gozo e a gratidão do pecador perdoado e os privilégios do crente verdadeiro.

Versículos 11-27Em quanto à oferta de paz, Deus os deixou mais em liberdade na expressão de seu sentido

de misericórdia, que na expressão de seu sentido de pecado; para que seus sacrifícios, sendo ofertas voluntárias, fossem mais aceitáveis; embora ao obrigá-los a realizar os sacrifícios, expi-atórios, Deus mostra a necessidade da grande Propiciação.

A razão principal de que o sangue estiver proibido antigamente, era que o Senhor tinha indi-cado o sangue para a expiação. Este uso, sendo figurativo, teve seu fim em Cristo, que por seu sangue e o derramamento dele fez com que cessassem os sacrifícios. Portanto, esta lei não está atualmente vigente para o crente.100

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Versículos 28-34O peito e a espádua direita eram para o sacerdote oficiante. Quando se dava morte ao sacri-

fício, o próprio ofrendante devia apresentar a parte de Deus; com isto representava sua alegria de oferecer a Deus. com suas próprias mãos devia elevá-lo como sinal de que considerava a Deus como Deus do céu e, depois, devia mexê-lo de um lado a outro como sinal de que consid-erava a Deus como o Senhor de toda a terra.

Convençam-se e animem-se a alimentar-se de Cristo e a festejá-lo, a Ele que é nossa oferta de Paz. Esta bendita oferta de Paz não é somente para os sacerdotes, para os santos de maior categoria e para eminências, senão também para a gente comum.

Cuidem-se de não demorar. Muitos pensam arrepender-se e voltar-se a Deus quando es-tiverem a ponto de morrer e cair no inferno; eles devem comer a oferta de paz, e comê-la agora. Não fique até que se acabe o dia da paciência do Senhor, pois não se aceita que se deixe para comer ao terceiro dia; nem tampouco servirá aferrar-se a Cristo quando você es-tiver caindo no inferno!

Versículos 35-38Os atos solenes de culto religioso não são coisas que possamos fazer ou não, a nosso gosto;

é para nosso perigo omiti-los. A observância das leis de Cristo não pode ser menos necessária que a das leis de Moisés.

CAPÍTULO 8• Versículos 1-13 A consagração de Arão e seus filhos• Versículos 14-36 As ofertas de consagração

Versículos 1-13A consagração de Arão e seus filhos tinha sido postergada até que o tabernáculo estivesse

terminado, e entregadas as leis dos sacrifícios. Arão e seus filhos deviam ser lavados com água para significar que deviam purificar-se de todas as disposições pecaminosas e manter-se sem-pre puros. Cristo lava de seus pecados com seu próprio sangue aos que Ele faz reis e sacer-dotes para nosso Deus (Ap 1.5-6); e os que se aproximam a Deus devem ser lavados em água pura (Hb 10.22). A unção de Arão era tipo da unção de Cristo com o Espírito, que não lhe foi dada por medida. Todos os crentes têm recebido a unção.

Versículos 14-36Nestes tipos vemos a nosso grande Sumo Sacerdote, Cristo Jesus, solenemente nomeado,

ungido e revestido com seu ofício sacro por seu sangue e pela influência de seu Espírito Santo; Ele santifica as ordenanças da religião para benefício de seu povo e para honra de Deus Pai que, por amor a Ele, aceita nossa adoração embora esteja contaminada com pecado. também podemos regozijar-nos em que Ele é misericordioso e fiel Sumo Sacerdote, cheio de compaixão pela alma de mente fraca e sacudida pela tormenta. Todos os verdadeiros cristãos têm sido consagrados para serem sacerdotes espirituais. Devemos perguntar-nos seriamente: Em nosso diário andar, estudamos para manter este caráter? E, abundamos em sacrifícios espirituais aceitáveis para Deus por meio de Cristo? De ser assim, ainda não há razão para jactar-se. Não desprezemos a nosso próximo pecador; senão que, lembrando o que temos feitos, e como fo-mos lavados, procuremos e oremos por sua salvação.

CAPÍTULO 9• Versículos 1-21 As primeiras ofertas de Arão para sim e pelo povo• Versículos 22-24 Moisés e Arão abençoam o povo – Cai fogo de Jeová sobre o

altar

Versículos 1-21Estes muitos sacrifícios, que chegaram a seu fim com a morte de Cristo, nos ensinam que

nosso melhor serviço deve ser lavado em seu sangue, e que a culpa de nossos melhores sacri-fícios deve ser tirada por um mais puro e nobre que eles. Estejamos agradecidos de ter tal Sumo Sacerdote.

Os sacerdotes não tinham um dia de descanso no serviço. Os sacerdotes espirituais de Deus têm trabalho constante que requer o dever de cada dia; os que devem render contas, com gozo devem redimir o tempo.

A glória de Deus apareceu à vista do povo e aceitou o que eles tinham feito. Agora não temos que esperar tais aparições, porém Deus se aproxima aos que se aproximam a Ele, e as

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ofertas da fé são aceitáveis; dado que os sacrifícios são espirituais, os sinais de sua aceitação são igualmente espirituais.

Quando Arão houve realizado tudo o que devia fazer pelos sacrifícios, levantou as mãos para o povo e o abençoou. Arão somente podia anelar uma bênção. Deus é o único que pode enviá-la.

Versículos 22-24Quando finalizou a solenidade e foi dita a bênção, Deus testificou sua aceitação.Ali veio um fogo do Senhor e consumiu o sacrifício. Este fogo podia justamente ter sido pre-

cipitado sobre o povo, consumindo-os por seus pecados, porém ao consumir o sacrifício signifi-cou a aceitação de Deus daquilo como expiação pelo pecador.

Também isto foi uma figura das boas coisas vindouras. O Espírito desceu como fogo sobre os apóstolos. E a descida deste fogo santo a nossas almas, para acender nelas afetos piedosos e devotos para com Deus, e tal zelo santo que queima a carne e suas luxúrias, é uma prenda segura da bondosa aceitação de nossas pessoas e desempenhos por parte de Deus. Nada vai a Deus senão o que vem dEle.

Devemos ter graça, esse fogo santo, do Deus da graça ou, de outro modo, não podemos servi-lo aceitavelmente (Hb 4.16; 12.28).

O povo foi aceito por este descobrimento da glória e graça de Deus. Eles o receberam com o gozo mais elevado; triunfantes na seguridade dada a eles de que Deus estivera perto deles. E com a menor reverência; adorando humildemente a majestade desse Deus que assim conde-scendeu a manifestar-se a eles. Medo pecador de Deus é aquele que nos afasta dEle; o temor da graça nos faz inclinar-nos ante Ele.

CAPÍTULO 10• Versículos 1-2 O pecado e a morte de Nadabe e Abiú • Versículos 3-7 Proíbe-se a Arão e a seus filhos de levar luto por Nadabe a

Abiú • Versículos 8-11 Proibição do vinho aos sacerdotes quando estiverem ao

serviço do tabernáculo• Versículos 12-20 De comer as coisas stas

Versículos 1-2Depois de Moisés e Arão, ninguém tinha mais probabilidades de ser honrado em Is que Nad-

abe e Abiú. Há razão para pensar que eles se encheram de orgulho e que se acenderam com vinho. Enquanto o povo estava prostrado ante o Senhor, adorando Sua presença e glória, eles entraram precipitadamente ao tabernáculo para queimar incenso, ainda que não fosse o mo-mento indicado; os dois juntos em lugar de um só, e com fogo que não fora tomado do altar. Se o tivessem feito por ignorância, lhes teria sido permitido apresentar uma oferta pelo pecado. Porém a alma que age presunçosamente e com desdém da majestade e justiça de Deus, essa alma será cortada. O salário do pecado é a morte. Eles morreram no ato mesmo de seu pecado.

O pecado e o castigo destes sacerdotes mostrou a imperfeição do sacerdócio desde seu começo mesmo, e que não podia resguardar do fogo da ira de Deus, não sendo outro coisa senão um tipo do sacerdócio de Cristo.

Versículos 3-7As considerações mais tranqüilizadoras na aflição devem ser buscadas na Palavra de Deus.

Que foi o que disse Deus? Embora o coração de Paz deve ter estado cheio de angústia e con-sternação, em silenciosa submissão honrou a justiça do golpe. Quando Deus nos corrige pelo pecado, a nós ou aos nossos, é o nosso dever aceitar o castigo e dizer: Jeová é; faça o que bem achar.

Cada vez que adoramos a Deus, nos aproximamos a Ele como sacerdotes espirituais. Isto deve deixar-nos muito sérios em todos os atos de devoção. Quando nos aproximamos de Deus, concerne a todos nós realizarmos todo exercício religioso com a postura dos que crêem que o Deus com quem temos a ver é o Deus santo. Ele se vingará daqueles que profanam seu sagrado nome usando-o levianamente.

Versículos 8-11Não bebam vinho nem bebidas fortes. Estavam proibidas aos sacerdotes durante o tempo

em que ministravam. Exige-se dos ministros do evangelho que não sejam dados ao vinho (1 Tm 3.3). diz: "Para que não morram", morram enquanto estiverem bêbados. O risco de morte ao qual estamos expostos continuamente deve comprometer-nos a todos a sermos sóbrios.102

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Versículos 12-20As aflições deveriam estimular-nos a cumprir nosso dever, em vez de afastar-nos.Mas nossa inaptidão para com o dever, quando é natural e não pecaminosa, nos permitirá

que tenhamos grandes concessões a causa dela; Deus terá misericórdia e não pedirá sacrifício.Aproveitemos a solene advertência que transmite essa história. Quando os professantes

vêm a adorar com zelo, sem conhecimento, com afeto carnal e pensamentos triviais, vãos, ligeiros e terrenos, artifícios todos da adoração soldado a própria vontade, em lugar de ofere-cer alma e espírito, então é quando se acende o incenso com um fogo que não veio do céu, que o Espírito do Deus santo nunca colocou dentro de seu coração.

CAPÍTULO 11Animais limpos e imundos

Estas leis parecem ter sido concebidas:1) Como prova da obediência do povo, da mesma forma em que se proibiu a Adão de comer

da árvore do conhecimento do bem e do mal; além disso, para ensiná-lhes a negar a si mes-mos e a governar seus apetites.

2) Para que os israelitas se conservassem diferentes de outras nações. Muitos dos animais proibidos eram também objeto de superstição e idolatrias entre os pagãos.

3) O povo aprendia a fazer distinção entre o santo e o ímpio em suas amizades e nas re-lações mais próximas.

4) A lei proibia não só comer animais imundos; tampouco deviam ser tocados. Os que de-vem guardar-se de todo pecado devem ser cuidadosos para evitarem todas as tentações, ou aproximar-se ao que pode tentá-los.

As exceções são muito minuciosas, e todas têm o objetivo de pedir cuidado e exatidão con-stante na obediência, e ensinar-nos a obedecer.

Embora desfrutamos de nossa liberdade cristã e estamos livres de tais observâncias opres-soras, devemos ter cuidado para não abusar de nossa liberdade. Porque o Senhor tem remido e chamado a seu povo para que seja santo, como Ele é santo. Devemos sair do mundo e dis-tanciar-nos dele; temos de deixar a companhia dos ímpios e todas as relações desnecessárias com os que estão mortos no pecado; devemos ser zelosos de boas obras, seguidores devota-dos de Deus e companheiros de seu povo.

CAPÍTULO 12Purificação cerimonial

Depois das leis a respeito dos alimentos limpos e imundos, estão as leis acerca de pessoas ímpias e imundas. O homem transmite sua natureza depravada a sua descendência de modo que, a menos que o impeçam a expiação de Cristo e a santificação do Espírito, a bênção origi-nal "Frutificai e multiplicai-vos" (Gn 1.28) tem-se tornado uma maldição terrível para a raça caída, e comunica pecado e miséria.

Que as mulheres que têm recebido a misericórdia de Deus de ter filhos, recebam com toda gratidão a bondade de Deus para com elas; e isto agradará ao Senhor mais que os sacrifícios.

CAPÍTULO 13• Versículos 1-17 Instruções para o sacerdote acerca da lepra• Versículos 18-44 Mais instruções• Versículos 45-46 Como dispor do leproso• Versículos 47-59 A lepra na roupa

Versículos 1-17A praga da lepra era uma imundícia, mais que uma doença. É dito de Cristo que limpa lep-

rosos, não que os cura. Comum como era a lepra entre os hebreus durante e depois de sua es-tadia no Egito, não temos razão para acreditar que fosse conhecida deles com anterioridade. Seu estado de angústia e de trabalho nessa terra deve tê-los tornado susceptíveis à enfermi-dade.

Mas era uma praga amiúde infligida diretamente pela mão de Deus. a lepra de Miriã, de Geazi e a do rei Urias foram castigos de pecados em particular; não é de maravilhar-se que se tomasse cuidado de distingui-la de um achaque corriqueiro. A decisão a respeito da lepra foi deixada aos sacerdotes. Era figura das contaminações morais na mente dos homens pelo pecado, o qual é a lepra da alma, que corrompe a consciência, e a qual somente Cristo pode

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limpar. O sacerdote somente podia acusar o leproso (pela lei se conhece o pecado), porém Cristo pode curar o pecador, pode tirar o pecado.

Obra de grande importância, mas muito difícil, é julgar nosso estado espiritual. todos temos razões para suspeitar de nós mesmos, estando cientes de chagas e manchas, mas a questão é se alguém está puro ou imundo. Como havia certos sinais pelos quais a lepra era reconhecida, assim existem sinais de imundícia, como a raiva amarga.

O sacerdote deve dar-se tempo para emitir seu juízo. Isto nos ensina a todos, tanto aos min-istros como ao povo, a não apressar-se para censurar, nem julgar antes de tempo. Os pecados de alguns homens se fazem patentes antes que venham a juízo, porém os de outros são de-scobertos depois, e o mesmo acontece com as boas obras dos homens. se a pessoa suspeita for achada limpa, apesar disso deve lavar sua roupa, porque houve uma base para a suspeita. Necessitamos sermos lavados de nossas manchas no sangue de Cristo, embora não sejam manchas de lepra, porque, quem pode dizer "eu estou limpo de pecado"?

Versículos 18-44É indicado ao sacerdote o juízo que deve fazer se houver alguma aparência de lepra em

chagas antigas; é o mesmo perigo que correm os que, tendo escapado das contaminações do mundo, tornam a enredar-se nelas.

Ou então, numa queimadura por acidente (versículo 24). A queimadura da discórdia e con-tenção repetidas vezes ocasiona a aparição e o estalido da corrupção que demonstra que os homens são imundos. A vida humana jaz exposta a muitos motivos de queixa. Com que exército de males somos sitiados por todas partes, e todos entraram pelo pecado! Se a consti-tuição for saudável, e o corpo vivo e ágil, nos sentiríamos obrigados a glorificar a Deus com nossos corpos. Destaca-se em particular a lepra na cabeça. Se a lepra do pecado tomou a cabeça, se o juízo é corrupto, e são abraçados princípios maus que apóiam os maus costumes, trata-se de uma imundícia extrema da qual muito poucos são limpados. A fé sadia impede que a lepra chegue à cabeça.

Versículos 45-46Quando o sacerdote declarava imundo o leproso, dava-se fim a sua atividade no mundo,

sendo afastado de suas amizades e familiares, e lhe impedia toda a comodidade que pudesse ter no mundo. Devia humilhar-se sob a poderosa mão de Deus, sem insistir em sua limpeza, quando o sacerdote o declarava imundo, e aceitar o castigo. Assim devemos assumir a ver-gonha que nos corresponde, e com o coração quebrantado qualificar-nos de "Imundo, imundo!". Coração imundo, vida imunda; imundo pela corrupção original, imundo pela trans-gressão presente; imundo, portanto merecedor de estar por sempre separado da comunhão com Deus e sem esperança de felicidade nEle; imundo, portanto, destruído, se não interviesse a misericórdia infinita.

O leproso deve advertir aos outros que se cuidem e não se aproximem. Então, deve ser ex-pulso do acampamento e, depois, quando chegassem a Canaã, devia ser expulso da cidade, povo ou aldeia onde morava, e habitar somente com os que eram leprosos como ele. Isto tipifi-cava a pureza que deve ter a igreja evangélica.

Versículos 47-59A roupa suspeita de estar contaminada de lepra não devia queimar-se de imediato.Se, depois de examinada, se achava que havia nela uma mancha de lepra, devia queimar-

se, pelo menos, essa parte. Se resultasse livre, deviam lavá-la e depois podia ser usada. Isto também determina o grande mal que existe no pecado. não só corrompe a consciência do pecador, além disso suja tudo o que tem e tudo o que faz. e aqueles que colocam sua roupa ao serviço de seu orgulho e luxúria podem ver-se manchados com a lepra. Porém os mantos de justiça nunca são furtados, nem comidos pela traça.

CAPÍTULO 14• Versículos 1-9 Sobre a limpeza do leproso• Versículos 10-32 Sacrifícios que devia oferecer• Versículos 33-53 A lepra em uma casa• Versículos 54-57 Resumo da lei da lepra

Versículos 1-9Os sacerdotes não podiam limpar os leprosos, mas quando o Senhor tirava a praga, havia

que observar diversas regras para dar-lhes acesso novamente às ordenanças de Deus e à so-ciedade de seu povo. Estas representam muitos deveres e exercícios de pecadores verdadeira-mente arrependidos e deveres dos ministros em quanto a eles. Se os aplicarmos à lepra espiri-104

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tual do pecado, insinua que, quando nos afastamos dos que andam desordenadamente, não devemos contá-los como inimigos; devemos admoestá-los como a irmãos. E também que quando Deus, por sua graça, produz o arrependimento, devem ser recebidos de novo com ter-nura, gozo e afeto sincero. Sempre deve ter-se cuidado de não animar os pecadores, nem de-sanimá-los perigosamente. Se for achado que a lepra tinha sido curada, o sacerdote devia declará-lo com as detalhadas solenidades aqui descritas. As duas aves, uma morta e a outra submergida no sangue da ave morta antes de ser solta, poderiam representar a Cristo, que derrama seu sangue pelos pecadores, ressuscita e ascende ao céu.

O sacerdote que declarou ao leproso limpo de sua doença, deve limpar-se de todos os restos dela. Da mesma forma, os que têm o consolo da remissão de seus pecados, com cuidado e cautela devem limpar-se de seus pecados; porque todo aquele que tem esta esper-ança nEle, se purifica a si mesmo.

Versículos 10-32O leproso limpo devia ser apresentado ao Senhor com suas ofertas. Quando Deus nos tem

restaurado para desfrutar da adoração, depois de uma doença, de um afastamento ou outra coisa, temos de dar testemunho de nosso agradecimento pelo uso diligente da liberdade.

Devemos apresentar-nos nós mesmos e nossas ofertas ante o Senhor por meio do Sacer-dote que nos limpou, nosso Senhor Jesus.

Além dos ritos costumeiros do sacrifício pela culpa, havia que aplicar um pouco do sangue e um pouco do óleo naquele que seria limpo. Cada vez que se aplica o sangue de Cristo para jus -tificação, o óleo do Espírito é aplicado para santificação; os dois não podem separar-se.

Temos aqui a bondosa providência da lei feita em favor dos leprosos pobres. Os pobres são tão bem acolhidos ao altar de Deus como os ricos. Porém, ainda que do pobre se aceitava um sacrifício mais baixo, usava-se a mesma cerimônia que para o rico; suas almas são igualmente preciosas e Cristo e seu Evangelho são o mesmo para ambos.

Até para o pobre era necessário um cordeiro. Nenhum pecador poderia ser salvo se não for pelo Cordeiro que foi sacrificado e que nos remiu para Deus com Seu sangue.

Versículos 33-53Para nós, a lepra em uma casa é inexplicável, como o é a lepra da roupa, mas o pecado, se

reinar numa casa, ali é uma praga, como o é no coração. Os chefes de família devem estar atentos, e temer a primeira aparição de pecado em sua família, e tirá-lo seja como for.

Se era achado numa casa, a parte infestada devia ser eliminada. Se persistia nela, era necessário demoli-la. O proprietário estará melhor sem vivenda que habitando numa casa in-festada. A lepra do pecado arruína a família e a igreja. Do mesmo modo, o pecado está de tal modo entretecido com o corpo humano que deve ser banido por meio da morte.

Versículos 54-57Quando Deus, que é rico em misericórdia, por seu grande amor com que nos amou, apesar

de estarmos mortos em pecados, nos deu vida pela sua graça (Ef 2.4-5), nós manifestaremos a mudança com o arrependimento e o abandono dos pecados passados.

Busquemos a santidade e tenhamos compaixão dos outros coitados leprosos, desejemos e procuremos sua limpeza, e oremos por ela.

CAPÍTULO 15Leis concernentes à imundícia cerimonial

Não se necessita ser erudito para explicar estas leis; mas temos razão para agradecer que não tenhamos que temer a contaminação, salvo a do pecado, nem necessitemos purificações cerimoniais gravosas. Estas leis nos lembram que Deus vê todas as coisas, até as que fogem à percepção dos homens. aqui se representam os grandes deveres do Evangelho, a fé e o ar-rependimento, os grandes privilégios do evangelho provenientes da aplicação do sangue de Cristo a nossa alma, para nossa justificação, e sua graça para nossa santificação.

CAPÍTULO 16• Versículos 1-14 O grande dia da expiação• Versículos 15-34 Os sacrifícios daquele dia – O bode expiatório

Versículos 1-14Sem entrar nos detalhes dos sacrifícios do grande dia da expiação, podemos observar que

era um estatuto perpétuo, até que essa dispensação chegasse a seu fim. Na medida em que pecamos continuamente, necessitamos perpetuamente a expiação. A lei de afligir nossas al-

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mas pelo pecado é um estatuto que continuará vigente até que cheguemos onde toda lágrima, incluso as do arrependimento, seja enxugada de nossos olhos. O apóstolo o considera como prova de que os sacrifícios não podem tirar o pecado e limpar a consciência; cada ano se fazia memória dos pecados, no dia da expiação (Hb 10-1.3). A repetição dos sacrifícios demonstrava que neles havia apenas um débil esforço por fazer expiação; esta somente poderia fazer-se oferecendo o corpo de Cristo de uma vez para sempre, e que esse sacrifício não necessitava ser repetido.

Versículos 15-34Aqui se tipificam os dois grandes privilégios do Evangelho, o da remissão do pecado e o

acesso a Deus, os quais devemos a nosso Senhor Jesus Cristo. Veja a expiação da culpa.Cristo é ao mesmo tempo o Executor e a Substância da expiação, porque é o Sacerdote, o

Sumo Sacerdote, também é o Sacrifício com o qual se faz a expiação; porque Ele é tudo em todo em nossa reconciliação com Deus. Assim, Ele foi prefigurado pelo dois bodes. O animal sacrificado era o tipo de Cristo que morre por nossos pecados; o bode enviado ao deserto (a Azazel) era o tipo de Cristo ressuscitado para nossa justificação. É dito que a expiação se com-pletava depositando os pecados de Israel sobre a cabeça do animal que era enviado ao de-serto, a uma terra não habitada; o envio do animal representava a remissão completa a gra-tuita dos pecados. Ele levará as iniqüidades deles. Assim Cristo, o Cordeiro de Deus, tira o pecado do mundo levando-o sobre si mesmo (Jo 1.29).

A entrada ao céu, que Cristo fez por nós, tipificava a entrada do sumo sacerdote ao Lugar Santíssimo. Veja-se Hebreus 9.7. O sumo sacerdote saia de novo, mas nosso Senhor Jesus vive eternamente, intercede e sempre comparece ante Deus por nós.

Aqui se tipificam os dois grandes deveres do evangelho, a fé e o arrependimento. Pela fé im-pomos as mãos sobre a cabeça da oferta, confiamos em Cristo como o Senhor nossa Justiça, nos acolhemos à satisfação feita por Ele, como o único capaz de expiar nosso pecado e procu-rar-nos o perdão. Pelo arrependimento afligimos nossa alma; não só jejuamos por um tempo das delicias do corpo, senão sentindo interiormente pesar pelo pecado, levando uma vida de abnegação e assegurando-nos que, se confessamos nossos pecados, Ele é fiel e justo para per-doá-los, e limpar-nos de toda maldade. Pela expiação recebemos repouso para nossa alma e todas as liberdades gloriosas dos filhos de Deus.

Pecador, consiga que o sangue de Cristo seja eficazmente aplicado a sua alma; do contrário nunca verá o rosto de Deus com consolo ou aceitação. Tome o sangue de Cristo, aplique-o a você pela fé e veja como faz expiação para com Deus.

CAPÍTULO 17• Versículos 1-9 Todos os sacrifícios deviam oferecer-se no tabernáculo• Versículos 10-16 Proíbe-se comer sangue ou animais que morrem de morte

natural

Versículos 1-9Todo o gado que matavam os israelitas, enquanto estiveram no deserto, devia ser apresen-

tado ante a porta do tabernáculo, e a carne devia ser devolvida ao ofrendante para que, con-forme à lei, a comesse como oferta de paz. Quando entraram a Canaã, isso continuou vigente somente para os sacrifícios.

Os sacrifícios espirituais que nós devemos oferecer agora não se limitam a um lugar. Agora não temos templos nem altar que santifique a dádiva; tampouco a unidade do evangelho se baseia somente num lugar, senão num coração e na unidade do Espírito. Cristo é nosso Altar e Tabernáculo verdadeiro; nEle Deus habita no meio dos homens. nossos sacrifícios são aceitáveis para Deus nEle, e somente nEle. Estabelecer outros mediadores, outros altares, ou outros sacrifícios expiatórios é, em efeito, estabelecer outros deuses. E embora Deus aceite bondoso nossas ofertas familiares, não devemos por isso descuidar a assistência ao tabernáculo.

Versículos 10-16Aqui há uma confirmação da lei que proíbe comer sangue. Não deviam comer sangue. Mas

esta lei era cerimonial e agora já não rege; a vinda da substância elimina a sombra.O sangue dos animais já não é mais resgate, senão somente o sangue de Cristo; portanto,

agora não há razão para abster-se, como antes. Agora o sangue é permitido para nutrição de nosso corpo; já não tem o desígnio de fazer expiação pela alma. agora o sangue de Cristo faz expiação real e eficazmente, portanto, a ela devemos consideração, e não devemos tratá-la como coisa corriqueira ou com indiferença.

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CAPÍTULO 18Matrimônios ilícitos e luxúrias carnais

Eis aqui uma lei contra toda conformidade com os costumes corruptos dos pagãos. Também há leis contra o incesto, a concupiscência desenfreada e a grosseira idolatria; e reforça a vigên-cia das leis apelando à destruição dos cananeus. Deus dá aqui preceitos morais.

A adesão estreita e constante às ordenanças de Deus é o que mais eficazmente preserva do pecado. Somente a graça de Deus nos dá certeza; cabe esperar essa graça só no uso dos mé-dios de graça.

Tampouco deixa a ninguém livrado à concupiscência de seu coração, até que o tenham abandonado a Ele e seu serviço.

CAPÍTULO 19Leis diversas

Neste capítulo há alguns preceitos cerimoniais, porém a maioria deles são obrigatórios para nós, porque explicam os dez mandamentos. É requerido que Israel seja um povo santo, porque o Deus de Israel é santo (versículo 2), para ensinar a separação real do mundo e da carne, e a completa consagração a Deus. esta é agora a lei de Cristo; que o Senhor leve todo pensamento nosso à obediência!

Os filhos devem ser obedientes a seus pais (versículo 3). O temos aqui requerido com-preende interiormente a reverência e a estima, e exteriormente o respeito e a obediência, o in-teresse por comprazê-los e fazer que se sintam gratos.

Somente deve adorar-se a Deus (versículo 4). Não se afastem do Deus verdadeiro para os falsos deuses, do Deus que os fará santos e felizes, para os que os enganarão e os farão sem-pre miseráveis. Não voltem seus olhos a eles, muitos menos seus corações.

Deviam deixar restos de sua colheita e os bagos da vinha para os pobres (versículo 9). As obras piedosas sempre devem ir acompanhadas por obras de caridade, conforme a nossa ca-pacidade. Não devemos ser cobiçosos, avarentos nem ambiciosos do que possamos reclamar, nem insistir em nosso direito nestas coisas.

Temos de ser honestos e verazes em todos nossos tratos (versículo 11). Tudo quanto obten-hamos no mundo, devemos tratar de obtê-lo honradamente, pois não podemos ser verdadeira-mente ricos, nem ricos por muito tempo, com o que se consegue de outro jeito.

Deve-se mostrar reverência pelo sagrado nome de Deus (versículo 12).Não devemos reter o que pertence a outrem, em especial o pagamento dos assalariados

(versículo 13).Devemos ser brandos em quanto ao crédito e a seguridade dos que não podem valer-se por

si mesmos (versículo 14). Não prejudiquem a ninguém porque não possa ou não tenha a von-tade de vingar-se. Devemos cuidar-nos para não fazer algo que possa ocasionar a queda a nosso irmão mais fraco. O temor de Deus deve impedir que façamos o errado, embora não nos exponhamos à ira dos homens.

Manda-se aos juízes e a todos os que têm a autoridade, que julguem sem parcialidade (ver-sículo 15).

Ser fofoqueiro e semear discórdia entre o próximo é o pior que um homem pode fazer.Temos de repreender com amor a nosso próximo (versículo 17).Melhor é repreendê-lo que odiá-lo por um dano feito a nós mesmos.Incorremos em culpa por não reprovar; isso é odiar a nosso próximo. Devemos dizer: farei o

favor de falar-lhe de suas faltasTemos de banir toda maldade e vestir-nos de amor fraterno (versículo 18). Volta e meia nos

fazemos dano a nós mesmos, mas logo nos perdoamos esses males e não diminuem em nada nosso amor próprio; de igual modo temos de amar a nosso próximo. Em muitos casos, deve-mos negar-nos a nós mesmos por amor a nosso próximo.

Versículo 31: é uma dolorosa afronta a Deus que os cristãos peçam que lhes seja dita a for -tuna (dizer a sorte, ver horóscopos), que usem encantamentos e conjuros ou coisas parecidas. Devem ser torpemente ignorantes os que perguntam "O que há de errado nessas coisas?".

Aqui há um encargo para os jovens: que respeitem a gente mais velha (versículo 32). A re-ligião ensina bons modos e nos obriga a honrar aos que lhes é devida a honra.

Se encarrega aos israelitas que sejam muito amáveis com os estrangeiros (versículo 33). Os estrangeiros, as viúvas e os órfãos estão sob o cuidado particular de Deus. Se lhes fizermos al -gum dano, o risco é nosso. Os estrangeiros devem ser bem-vindos à graça de Deus; devemos fazer todo o possível para que a religião lhes resulte atraente.

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Ordena-se ser justo no uso dos pesos e medidas (versículo 35). Devemos fazer-nos con-sciência para obedecer aos preceitos de Deus. não devemos escolher ou selecionar nosso de-ver; antes, devemos ter como objetivo o cumprimento de toda a vontade de Deus. e quanto mais próxima estiver nossa vida e nosso temperamento dos preceitos da lei de Deus, mais fe-lizes seremos e mais felizes faremos a todos os que nos rodeiam, e melhor enfeitaremos o evangelho.

CAPÍTULO 20• Versículos 1-9 Proibição de sacrificar crianças a Moloque – Dos filhos que

amaldiçoam a seus pais• Versículos 10-27 Repetição de algumas leis – O mandado da santidade

Versículos 1-9Nos espanta a crueldade contra natura dos antigos idólatras que sacrificavam a seus filhos?

Podemos espantar-nos com razão. porém, não há muitíssimos pais que, por maus ensinamen-tos e maus exemplos, e pelos mistérios da iniqüidade que demonstram ante seus filhos, os dedicam ao serviço de Satanás e adiantam sua ruína eterna em forma muito mais lamentável? Que conta deverão render a Deus esses pais, e que reunião terão com seus filhos no dia do juízo!

Por outra parte, que os filhos lembrem que o que amaldiçoava a pai ou mãe era certamente condenado a morte. Cristo confirmou esta lei (Mt 15.4; Mc 7.10).

Aqui são reiteradas leis que já foram emitidas, e se agregam castigos. Se os homens não evitam os maus costumes, porque a lei tem feito pecado estes costumes, e é bom que nos fun-damentemos nesse princípio, certamente as evitarão quando a lei as fizer morte, por um princípio de própria conservação.

Em meio destas leis há um encargo geral: Santifiquem-se e sejam santos. O Senhor é quem santifica, e embora seja difícil, sua obra será realizada. No entanto sua graça está tão longe de desanimar nosso esforço, que antes nos estimula enfaticamente. Ocupem-se em sua salvação, porque Deus é quem opera em vocês.

Versículos 10-27Estes versículos repetem o já dito, mas era necessário que fossem repetidos línea por línea.

Quanto louvor devemos a Deus por ensinar-nos o malvado do pecado e o caminho seguro para livrar-nos dele! Que tenhamos graça para enfeitar em todas as coisas a doutrina de Deus nosso Salvador; que não sejamos partícipes nas obras infrutíferas das trevas, antes, melhor, repreen-damo-las.

CAPÍTULO 21Leis sobre os sacerdotes

Como os sacerdotes eram tipo de Cristo, assim todos os ministros devem ser seus seguidores para que seu exemplo ensine a outros a imitar o Salvador. Ele executou seu ofício sacerdotal na terra, sem mácula e separado dos pecadores. Que classe de pessoas deveriam ser, então, seus ministros! Todavia, se são cristãos, todos são sacerdotes espirituais; o ministro está especialmente chamado a dar o bom exemplo para que a gente o siga.

Nossas enfermidades corporais, bendito seja Deus, não podem agora distanciar-nos de seu serviço, de seus privilégios nem de sua glória celestial. Muitas almas sadias e formosas estão alojadas em corpos fracos e deformes. E os que podem não ser aptos para a obra do ministro, podem servir a Deus com comodidade em outros deveres de sua igreja.

CAPÍTULO 22Leis sobre os sacerdotes e os sacrifícios

Neste capítulo temos diversas leis acerca dos sacerdotes e dos sacrifícios, todo para preser-var a honra do santuário. Lembremos com gratidão que nada pode impedir a nosso grande Sumo Sacerdote o desempenho de seu ofício. Lembremos também que o Senhor nos manda que reverenciemos seu nome, suas verdades, seus estatutos e seus mandamentos. Cuidemo-nos da hipocrisia, e examinemo-nos em quanto a nossa contaminação pecaminosa, procurando sermos purificados delas no sangue de Cristo e por seu Espírito santificador. Quem tentar ex-piar seu próprio pecado ou aproximar-se com o orgulho da justiça própria, põe uma grande afronta em Cristo, como aquele que vem à mesa do Senhor para satisfazer sua concupiscência

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pecaminosa. Tampouco pode o ministro que ama a alma de sua gente suportar que eles con-tinuem neste perigoso engano.

Deve pedir-lhes não só que se arrependam de seus pecados e os abandonem, senão que de-positem toda sua confiança na expiação de Cristo, pela fé em seu nome, para o perdão e para ser aceitos por Deus; somente assim o Senhor os fará santos, como povo Seu.

CAPÍTULO 23• Versículos 1-3 As festas de Jeová – O dia de repouso• Versículos 4-14 A Páscoa – A oferta das primícias• Versículos 15-22 A festa de Pentecostes • Versículos 23-32 A festa das trombetas – O dia da Expiação• Versículos 33-34 A festa dos tabernáculos

Versículos 1-3Temos neste capítulo a instituição das datas santas, muitas das quais foram mencionadas

antes. Embora as festas anuais se destacaram mais pela assistência geral ao santuário, con-tudo, não deviam dar-lhes mais importância na celebração que ao dia de repouso.

Nesse dia deviam separar-se de toda atividade secular. É dia de repouso, que tipifica o des-canso espiritual do afastamento do pecado, e o repouso em Deus. Os repousos de Deus devem observar-se religiosamente em cada caso particular, por cada família, por separado ou reunida, em assembléias santas. O repouso do Senhor em nossa vivenda será sua beleza, fortaleza e seguridade; as santificará, edificará e glorificará.

Versículos 4-14A festa da Páscoa devia durar sete dias; não dias ociosos, dedicados ao esporte, como

muitos que se chamam cristãos passam seus dias festivos. Se apresentavam ofertas ao Senhor em seu altar; e a gente aprendia a usar o tempo em oração, louvando a Deus e em santa medi-tação.

Os feixes de primícias eram um tipo do Senhor Jesus ressuscitado dentre os mortos, como Primícia dos que dormem. Nosso Senhor Jesus ressuscitou dentre os mortos no mesmo dia em que se ofereciam as primícias.

Esta lei nos ensina a honrar ao Senhor com nossa substância e com as primícias de nossos ganhos (Pv 3.9). Eles não tinham que comer o grão novo antes de oferecer a Deus sua parte; e nós sempre começamos com Deus: comecemos cada dia com Ele, iniciemos cada comida com Ele, principiemos cada assunto e negócio com Ele: busquem primeiro o Reino de Deus.

Versículos 15-22A festa das semanas se celebrava para comemorar a entrega da lei, cinqüenta dias depois

da saída do Egito, e anunciava o derramamento do Espírito Santo, cinqüenta dias depois que Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós. esse dia os apóstolos apresentaram as primícias da igreja cristã a Deus.

À instituição da festa de Pentecostes se agrega uma reiteração da lei pela qual eram orde-nados de deixar sobras em seus campos. Os que são verdadeiramente sensíveis à misericórdia recebida de Deus, terão misericórdia do pobre, sem queixar-se.

Versículos 23-32Os som das trombetas representava a predicação do evangelho, com o qual se chama aos

homens a arrepender-se do pecado e a aceitar a salvação de Cristo, que era significada pelo dia da expiação. Além disso, convidava a gozar-se em Deus e a fazer-se estrangeiros e peregri-nos na terra, o qual denotava a festa dos tabernáculos, observada no mesmo mês. Ao começar o ano, o som de trombeta chamava a sacudir a preguiça espiritual, a examinar e provar seus caminhos e a emendá-los. O dia da expiação era o nono; assim os despertavam a fim de se prepararem para esse dia, mediante o arrependimento sincero e sério, para que de verdade fosse para eles um dia de expiação.

A humilhação de nossa alma pelo pecado, e reconciliar-se com Deus, é obra que requer todo do homem e a aplicação mais completa da mente. Esse dia Deus falava de paz a seu povo e a seus santos; em conseqüência, eles deviam deixar de lado todos seus assuntos seculares para ouvir mais claramente essa voz de gozo e alegria.

Versículos 33-44Na festa dos tabernáculos é lembrado quando tiveram de morar em tendas ou barracas no

deserto, assim como a seus pais que habitaram em tendas em Canaã; isto, para lembrá-los de

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suas origens e sua liberação. Também poderia prefigurar o fato de que Cristo iria a tabernacu-lar na terra, na natureza humana. Representa a vida do crente na terra: estrangeiro e pere-grino aqui embaixo, com seu lar e coração lá acima, com seu Salvador.

Valorizavam mais as comodidades e bem-estar de seus lares depois de morar sete dias nas barracas. Às vezes é bom, para os que têm abundância e comodidade, aprender o que é supor-tar privações. O gozo da colheita deve ser aumentado para fomentar nosso gozo em Deus. De Jeová é a terra e sua plenitude; portanto, Ele deve ter a glória por qualquer comodidade que tenhamos, especialmente quando se aperfeiçoa alguma misericórdia.

Deus designou estas festas "além dos dias de repouso e de todas suas ofertas voluntárias". O chamamento a serviços extraordinários não é escusa para descuidar os constantes e estab-elecidos.

CAPÍTULO 24• Versículos 1-9 Óleo para as lâmpadas – O pão da proposição • Versículos 10-23 A lei da blasfêmia – Lapidação de um blasfemo

Versículos 1-9Os pães tipificam a Cristo como o Pão de vida, e o alimento para a alma de seu povo.Ele é a Luz de sua igreja, a Luz do mundo; essa luz brilha em e por sua Palavra. Por esta luz

discernimos o alimento preparado para nossas almas; e diariamente, mas em especial de re-pouso a repouso, devemos alimentar-nos dela em nosso coração com ação de graças. E como os pães eram deixados no santuário, assim devemos permanecer com Deus até que Ele nos dizer.

Versículos 10-23O ofensor era filho de um egípcio e de mãe israelita. o fato de destacar-se quem eram seus

pais mostra o mal efeito comum dos matrimônios mistos. Nesta ocasião foi feita uma lei per-manente para lapidar os blasfemos. Grande mal-estar está imposto nesta lei. Estende-se aos estrangeiros que houver entre eles, assim como aos nascidos na terra. Os estrangeiros e os is-raelitas nativos devem ter direito ao benefício da lei de modo que não sofram dano; e devem ser passiveis do castigo desta lei caso ajam mal.

Se aqueles que profanam o nome de Deus escapam só castigo dos homens, de todos modos o Senhor nosso Deus não tolerará que eles escapem de seus justos juízos.

Quanta inimizade contra Deus deve haver no coração do homem quando de sua boca saem blasfêmias contra Deus. se o que desprezou a lei de Moisés morreu sem misericórdia, de qual castigo serão dignos os que desprezam e abusam do evangelho do Filho de Deus! estejamos em guarda contra a ira, não façamos mal, evitemos todas as relações com gente malvada e reverenciemos esse nome santo que blasfemam os pecadores.

CAPÍTULO 25• Versículos 1-7 O repouso da terra no sétimo ano• Versículos 8-22 O jubileu do ano cinqüenta – Proibida a opressão• Versículos 23-34 Redenção da terra e das casas• Versículos 35-58 Compaixão pelo pobre• Versículos 39-55 Leis a respeito da escravidão – Proibida a opressão

Versículos 1-7Todo trabalho devia cessar no sétimo ano, da mesma forma que o trabalho cotidiano no sé-

timo dia. Estes estatutos nos advertem contra a cobiça, pois a vida do homem não consiste na abundância dos bens que possui. Para nosso sustento temos que exercer a dependência volun-tária da providência de Deus; devemos considerar-nos administradores ou inquilinos do Sen-hor, e temos de usar nossas coisas em harmonia com esta forma de pensar. O ano do repouso tipifica o descanso espiritual ao qual acedem todos os crentes por meio de Cristo. Por seu inter-médio, temos descanso da carga dos cuidados e do trabalho mundano, e ambos nos são san-tificados e dulcificados; e somos capacitados e estimulados a viver pela fé.

Versículos 8-22A palavra "jubileu" indica um som particularmente animado da trombeta de prata. O som

devia emitir-se ao cair a noite do grande dia da expiação; porque a proclamação do evangelho da liberdade e da salvação resulta do sacrifício do Redentor.

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Tinha-se estabelecido que não devia vender-se a herdade das famílias. Somente podia se dispor dela como se fosse um arrendamento até o ano do jubileu e, então, devia ser devolvida ao proprietário ou a seus herdeiros. Isto tendia a preservar suas distintas tribos e famílias até a vinda do Messias. A liberdade em que tinha nascido cada homem, se fosse vendido ou renunci-asse a ela, tinha de ser devolvida o ano do jubileu. Isto era tipo da redenção feita por Cristo, da escravidão do pecado e de Satanás, e de ser devolvido à liberdade dos filhos de Deus.

Todas as transações ou negócios deviam fazer-se seguindo esta regra: "Ninguém engane ao seu próximo", nem tirem vantagem da ignorância ou necessidade de uns e outros, senão "terás temor de teu Deus". O temor de Deus que reina no coração impede que façamos mal a nosso próximo, de palavra ou obra.

Era-lhes dada a certeza de que com a observância do ano de repouso eles seriam os grandes ganhadores. Se formos cuidadosos para cumprir nosso dever, podemos confiar nosso bem-estar a Deus. A eles não lhes faltaria a comida o ano em que não semeassem nem col-hessem. Isto era um milagre para estímulo de todo o povo de Deus, de todos os tempos, para confiar nEle em nosso caminho do dever. Nada se perde pela fé e pela negação de si para obe-decer. Alguns perguntavam "Que comeremos o sétimo ano?". Deste modo muitos cristãos pre-vêem males, perguntando-se que farão, com temor de seguir no caminho do dever. Mas não temos direito de prever males nem de preocupar-nos com eles. Para a mente carnal pode pare-cer que agimos em forma absurda, mas a senda do dever sempre é a senda da seguridade.

Versículos 23-34Se a terra não era resgatada antes do ano do jubileu, então regressava a quem a tinha ven-

dido. Esta era uma figura da graça gratuita de Deus em Cristo, pela qual, e não por preço ou mérito próprio, somos restaurados ao favor de Deus. as casas nas cidades amuralhadas eram mais os frutos da própria laboriosidade deles que a terra do país, a qual era dádiva direta da generosidade de Deus; portanto, se um homem vendia uma casa da cidade, podia resgatá-la somente dentro do ano seguinte a venda. Isto dava ânimo aos estrangeiros e prosélitos para irem estabelecer-se entre eles.

Versículos 35-38A pobreza e a decadência são grandes aflições e muito comuns; aos pobres sempre os terão

com vocês. Os socorrerão por simpatia, compadeçam-se dos pobres; por serviço, façam algo por eles; e em quanto à provisão, dêem-lhes conforme a sua necessidade e conforme à capaci-dade de vocês.

Os devedores pobres não devem ser oprimidos. Percebam os argumentos aqui utilizados contra a extorsão: "Terás temor de teu Deus". Socorre ao pobre, para que possa "viver com você", pois pode te resultar útil. O rico pode escassamente prescindir do pobre, como o pobre do rico. Corresponde, aos que têm recebido misericórdia, mostrar misericórdia.

Versículos 39-55Se era vendido um israelitas nativo por uma dívida ou por um delito, era para servir por seis

anos, e sair livre no sétimo. No caso em que se vender a si mesmo devido a sua pobreza, tanto seu trabalho como seu uso deviam ser tais que fossem dignos para um filho de Abraão. Pede-se aos amos que dêem a seus servos o que é justo e eqüitativo (Cl 4.1). No ano do jubileu o servo devia ser liberado, ele e seus filhos, e devia regressar a sua família. Isto tipifica a re-denção do serviço ao pecado e a Satanás, pela graça de Deus em Cristo, cuja verdade nos faz livres (Jo 8.32). Não podemos resgatar a nosso próximo pecador, mas podemos indicá-lhe a Cristo, enquanto por sua graça nossa vida pode adornar seu evangelho, expressar nosso amor, mostrar nossa gratidão e glorificar seu santo nome.

CAPÍTULO 26• Versículos 1-13 Promessas por guardar os preceitos• Versículos 14-39 Ameaças contra a desobediência• Versículos 40-46 Deus promete lembrar os que se arrependem

Versículos 1-13Este capítulo contém uma imposição geral de todas as leis dadas por Moisés: promessas de

recompensa em casos e obediência, por um lado; e ameaças de castigo pela desobediência, em outro. Enquanto Israel manteve o respeito nacional pela adoração, pelos dias de repouso e pelo santuário de Deus, e não se voltou para a idolatria, o Senhor se comprometeu a seguir dando-lhes misericórdias temporais e vantagens religiosas. Essas grandes e preciosas promes-sas, embora se relacionem principalmente com a vida presente, eram tipo das bênçãos espiri-tuais asseguradas pela aliança de graça a todos os crentes por meio de Cristo.

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1) Abundância em frutos da terra. Toda boa dádiva e todo dom perfeito deve descer do alto, do Pai de luzes.

2) Paz sob a proteção divina. Vivem seguros os que moram em Deus.3) Vitória e êxito em suas guerras. É o mesmo para o Senhor salvar com muitos que com

poucos.4) O crescimento de seu povo. a igreja do evangelho será frutífera.5) O favor de Deus, que é a fonte de todo bem.6) Sinais de Sua presença em e por suas ordenanças. A forma de ter fixas as ordenanças de

Deus entre nós, é a adesão firme a elas.7) A graça da aliança.Todas as bênçãos da aliança se resumem na relação da aliança: "Eu serei seu Deus e vocês

serão meu povo"; e todas elas se fundamentam em sua redenção. Tendo-os adquirido, Deus será seu dono e nunca os rejeitará até que eles o rejeitem.

Versículos 14-39Depois de por ante eles a bênção que os faria um povo feliz se eram obedientes, Deus

coloca aqui diante deles a maldição, os males que os farão desgraçados se desobedecem.Duas coisas acarretarão a ruína:1) O desprezo dos mandamentos de Deus. os que rejeitam o preceito, finalmente chegarão

a renunciar a aliança.2) O desprezo de sua correção. Se não aprendem a obedecer pelo que sofrem, o próprio

Deus estará contra eles; e esta é a raiz e causa de toda sua miséria. Além disso, toda a criação estará em guerra com eles. Todos os terríveis juízos de Deus serão enviados contra eles. As ameaças aqui são muito detalhadas, eram profecias e Ele, que previu todas suas rebeliões, sabia que essa seria sua conduta.

São ameaçados com juízos TEMPORARIOS. Os que não se afastam de seus pecados ao con-hecer os mandamentos de Deus, se distanciarão de seus pecados por meio de juízes. Os casa-dos com suas luxúrias se fartarão delas.

São ameaçados com juízos ESPIRITUAIS que devem apoderar-se da mente. Eles não serão aceitos por Deus. A consciência culpável será seu contínuo terror. Justo que para Deus deixar que desesperem do perdão os que presumem de pecar; e deve-se à livre graça que nós não enlanguesçamos na iniqüidade em que nascemos e vivemos.

Versículos 40-46Entre os israelitas as pessoas não sempre foram prosperadas ou afligidas conforme a sua

obediência ou desobediência. Porém, a prosperidade nacional foi o efeito da obediência na-cional, e os juízos nacionais foram a causa da maldade nacional. Israel estava sob uma aliança peculiar. A maldade nacional terminará na ruína de qualquer povo, especialmente onde se des-fruta da palavra de Deus e da luz do evangelho. Cedo ou tarde o pecado será a ruína, e a repreensão de todo povo. Oh, que sendo humilhados por nossos pecados, possamos evitar a tormenta crescente antes que exploda sobre nós! Que Deus nos conceda que possamos, neste nosso tempo, considerarmos as coisas que pertencem a nossa paz eterna.

CAPÍTULO 27• Versículos 1-13 Lei relativa aos votos – Das pessoas e dos animais• Versículos 14-25 Votos relativos a casas e terra• Versículos 26-33 As coisas consagradas não são resgatáveis• Versículo 34 Conclusão

Versículos 1-13O zelo pelo serviço de Deus dispôs os israelitas , em algumas ocasiões, a consagrar-se eles

ou seus filhos ao serviço do Senhor, em sua casa de por vida. Algumas pessoas assim con-sagradas podiam empregar-se como assistentes; em geral, deviam ser redimidas por um preço.

Bom é estar zelosamente afetado e generosamente disposto para o serviço do Senhor, mas o assunto deve ser bem pensado e a prudência deve dirigir-nos em quanto assim o fazemos; caso contrário, os votos precipitados e a vacilação ao fazê-los desonrarão a Deus e perturbarão nossa mente.

Versículos 14-25Nossas casas, terras, gado e toda nossa substância devem ser usados para a glória de Deus.

É aceitável para Ele que uma porção seja dada para sustentar sua adoração e fomentar sua causa. Mas Deus não aprova um grau de zelo tal que arruíne a família do homem.

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Versículos 26-33As coisas ou as pessoas consagradas distinguem-se das coisas ou pessoas que somente

foram santificadas. As coisas consagradas são sumamente santas para o Senhor e não podem tornar a ser tomadas, nem podem ser aplicadas para outros propósitos. Quaisquer sejam os produtos com que se beneficiem, deve-se honrar a Deus com o dízimo, se aplicável. Assim re-conhecem que Deus é o Dono de sua terra, o Doador de seus frutos, e que eles mesmos são seus inquilinos e dependem dEle.

Assim, lhe dão graças pela abundância de que desfrutaram, e buscam o favor em sua con-tinuidade. É-nos ensinado a honrar ao Senhor com nossa substância.

Versículo 34O último vínculo parece referir-se a todo o livro. Muitos dos preceitos que nele há são morais

e sempre obrigatórios; outros são cerimoniais e próprios da nação judaica; contudo, têm um significado espiritual e assim no-lo ensinam; pois por estas instituições nos é predicado o evan-gelho, como também a eles (Hb 4.2). A doutrina da reconciliação com Deus por um Mediador não é desmerecida com a fumaça do holocausto, senão aclarada pelo conhecimento de Cristo, e este crucificado. Estamos sob as instituições doces e fáceis do Evangelho, que declara ado-radores verdadeiros aos que adoram ao Pai em espírito e em verdade, por Cristo só, e em seu nome. De todos modos, não pensemos que como não estamos atados aos ritos e oblações ceri-moniais, que basta um pouco de atenção, tempo e gasto para honrar a Deus.

Tendo acesso direto ao Lugar Santíssimo pelo sangue de Jesus, aproximemo-nos com coração sincero e em plena certeza de fé, adorando a Deus com o maior gozo e harmonia con-fiança, dizendo ainda: Bendito seja Deus por Jesus Cristo.

NÚMEROS

Este livro chama-se Números devido aos censos do povo que contém. Vai desde a entrega da lei no Sinai até sua chegada às planícies do Jordão. Dá conta das queixas e da incredulidade pela que foram sentenciados a vaguear pelo deserto durante quase quarenta anos; também fala de algumas leis cerimoniais e morais. As provas do povo tendem marcadamente a distin-guir os malvados e hipócritas dos servos fiéis e verdadeiros de Deus que lhe serviram com coração puro.

CAPÍTULO 1• Versículos 1-43 O censo dos israelitas• Versículos 44-46 A quantidade de pessoas• Versículos 47-54 Os levitas não são contados junto com os outros

Versículos 1-43O povo foi contado para mostrar a fidelidade de Deus ao aumentar a descendência de Jacó,

para que eles fossem os melhor treinados para as guerras e a conquista de Canaã, e para orga-nizar as famílias visando ao reparto da terra. Diz-se que foram contados de cada tribo os que eram capazes de ir à guerra; tinham guerras por diante, ainda que por enquanto não achassem oposição. Que o crente esteja preparado para resistir aos inimigos de sua alma, embora tudo pareça estar em paz.

Versículos 44-46Aqui temos a soma total. Quanto se necessitava para manter a todos estes no deserto! To-

dos eram satisfeitos por Deus a cada dia. Quando observamos a fidelidade de Deus, por im-provável que pareça o cumprimento de Sua promessa, podemos cobrar valor a respeito das promessas que ainda devem ser cumpridas para a igreja de Deus.

Versículos 47-54Aqui cuida-se de distinguir a tribo de Levi, que tinha-se diferenciado por si mesma no as-

sunto do bezerro de ouro. Os serviços singulares serão recompensados com honras singulares. Foi para honra dos levitas que lhes fosse encomendado o cuidado do tabernáculo e de seus tesouros em seus acampamentos e marchas. Foi para honra das coisas sagradas que ninguém as visse nem as tocasse senão os chamados por Deus para o serviço. Todos somos inaptos e

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indignos de termos comunhão com Deus, até que sejamos chamados por Sua graça à co-munhão de Seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor; e deste modo, sendo a descendência espiri-tual deste grande Sumo Sacerdote, sejamos feitos sacerdotes para nosso Deus. deve ter-se sumo cuidado em evitar o pecado, pois evitar o pecado é evitar a ira. Os levitas não foram con-tados com os outros israelitas por serem uma tribo santa. Os que ministram coisas sagradas não devem envolver-se nem ser envolvidos nos assuntos mundanos. E que cada crente pro-cure fazer o que o Senhor lhe tem mandado.

CAPÍTULO 2A ordem das tribos em suas tendas

As tribos tinham de acampar em volta do tabernáculo, que era montado no meio, era um sinal da bondosa presença de Deus. porém deviam armar suas tendas longe, por reverência ao santuário.

Os filhos de Israel se colocaram em seus postos sem queixar-se nem discutir, e como era sua seguridade, assim era sua beleza. Dever e interesse é contentar-nos com o lugar que nos tem sido indicado e empenhar-nos em ocupá-lo em forma apropriada, sem invejas, queixas ou resmungos.; sem ambição nem cobiça. Assim, pois, a igreja do evangelho deveria manter uma boa ordem e, então, todos os que desejam bem para a igreja se regozijarão contemplando sua ordem (Cl 2.5).

CAPÍTULO 3• Versículos 1-13 Os filhos de Arão – Os levitas são tomados em vez do

primogênito • Versículos 14-39 Os levitas numerados por suas famílias – Seus deveres• Versículos 40-51 Contam os primogênitos

Versículos 1-13Havia muito trabalho correspondente ao ofício dos sacerdotes e agora estavam somente

Arão e seus dois filhos para realizá-lo; Deus nomeia os levitas para que os assistam. Aos que á uma tarefa a cumprir, Deus lhes encontrará ajuda. Os levitas foram tomados em lugar do pri-mogênito. Quando O que nos criou nos salva, como foram salvos os primogênitos de Israel, fi-camos sob uma maior obrigação de servi-lo fielmente. O direito de Deus sobre nós pela re-denção, confirma o direito que Ele tem sobre nós pela criação.

Versículos 14-39Os levitas eram de três classes, conforme aos filhos de Levi: Gérson, Coate e Merari; e estes

foram subdivididos em famílias.A posteridade de Moisés não foi em absoluto honrada nem privilegiada, mas estava no nível

dos outros levitas; assim, pois, ficou claro que Moisés não procurou o progresso de sua própria família, nem lhe assegurou honras. A tribo de Levi era, com muito, a menor de todas as tribos. Os escolhidos de Deus são só um pequeno rebanho em comparação com o mundo.

Versículos 40-51O número dos primogênitos e o dos levitas eram muito aproximados entre si. Deus conhece

todas suas obras de antemão; há uma proporção exata entre eles, e assim se verá quando forem comparados. O pequeno número dos primogênitos, superior e por acima do número de levitas, devia ser remido, e o dinheiro da redenção devia ser pago a Arão. A igreja se chama de congregação dos primogênitos, redimidos não como eles, com prata e ouro, senão que, es-tando condenados pela justiça de Deus a causa do pecado, são resgatados com o precioso sangue do Filho de Deus. todos os homens são do Senhor por criação, e todos os cristãos ver-dadeiros são seus por redenção. Cada um deve conhecer seu próprio lugar e dever; não pode nenhum serviço requerido por tal Amo com justiça ser contado como baixo ou duro.

CAPÍTULO 4• Versículos 1-3 O serviço dos levitas • Versículos 4-20 O dever dos coatitas• Versículos 21-33 Os deveres dos gersonitas e meraritas• Versículos 39-49 A quantidade de levitas para o ministério

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Versículos 1-3Os homens de idade madura da tribo de Levi, todos os de trinta a cinqüenta anos de idade,

tinham de ser empregados para o serviço do tabernáculo. O serviço de Deus requer o melhor de nossa força e as primícias de nosso tempo, que não pode ser melhor utilizado que na honra dAquele que é o Primeiro e o melhor. O serviço de Deus deve fazer-se quando estamos mais fortes e ativos. Os que postergam o arrependimento até uma idade avançada não levam em conta isso, e deste modo deixam a melhor obra para fazê-la no pior momento.

Versículos 4-20Os coatitas deviam carregar as coisas santas do tabernáculo. Todas as coisas santas deviam

ser cobertas, não só por seguridade e respeito, senão para impedir que fossem vistas. Isto não só indicava a reverência devida às coisas santas, senão também o mistério das coisas santifi-cadas pelos tipos, e a escuridão da dispensação. Porém agora, por meio de Cristo, a situação mudou, e somos exortados a aproximar-nos confiadamente ao trono de graça.

Versículos 21-33Aqui temos as tarefas das outras duas famílias levitas que, embora não tão honrosas como a

primeira, eram necessárias e deviam cumprir-se com regularidade. Todas as coisas lhes foram entregues por nome. Isto insinua o cuidado que Deus tem com sua igreja e com cada membro dela. A morte dos santos a representa pelo tabernáculo que se desfaz (2 Co 5.1), e o abandono do corpo (2 Pe 1.14). Todos serão ressuscitados no grande dia, quando nossos corpos vis sejam feitos como o corpo glorioso de Jesus Cristo, e assim estaremos para sempre com o Senhor.

Versículos 34-49Deus o ordenou de modo tal que, embora os meraritas fossem os menos em quantidade,

eles tinham a maioria dos homens capazes; pois para qualquer serviço a que Deus chame, Ele os proverá dando forças em proporção com a obra, e graça suficiente. A menor das tribos tinha muitos mais homens capazes que os levitas: os que empreendem o serviço deste mundo são muitos mais que os consagrados ao serviço de Deus. que nossas almas estejam totalmente consagradas a Seu serviço.

CAPÍTULO 5• Versículos 1-10 O imundo deve sair do acampamento – Restituição pelos

pecados• Versículos 11-31 O juízo por ciúmes

Versículos 1-10Havia que purificar o acampamento. A pureza da igreja deve conservar-se tão zelosamente

como a paz e a ordem. Todo israelita contaminado devia ser separado. A sabedoria que é do alto é primeiramente pura; depois, pacífica. Quanto maior seja a profissão religiosa de uma casa ou família, mais obrigada está a expulsar deles a iniqüidade. Se um homem engana ou prejudica a seu irmão em qualquer coisa, é um pecado contra o Senhor, que nos encarrega e ordena estritamente que façamos justiça.

Que fazer, então, quando a consciência desperta de um homem o carrega com culpa desta classe, embora o tenha feito faz muito mais tempo? Deve confessar seu pecado, confessá-lo a Deus, confessá-lo a seu próximo e envergonhar-se; embora seja para dano próprio reconhecer uma mentira, de todos modos deve fazê-lo. Deve dar satisfação pela ofensa feita a Deus, assim como pelo dano causado ao próximo; neste caso, não é suficiente com a restituição sem fé e arrependimento. Enquanto se retém a sabendas o adquirido em má forma, a culpa permanece na consciência e não se elimina com sacrifícios nem ofertas, oração nem lágrimas; pois se per-manece no mesmo ato de pecado. esta é a doutrina da razão justa e da palavra de Deus, que detecta os hipócritas e dirige a consciência abrandada para a conduta correta, a qual, brotando da fé em Cristo, abrirá o amanhã rumo à paz interior.

Versículos 11-31Esta lei faria com que as mulheres de Israel se cuidassem para não dar motivos de suspeita.

Por outra parte, impediria o tratamento cruel que pode provocar uma suspeita deste tipo. Além do mais, evitaria que a culpável fugisse e que a inocente for colocada sob injusta suspeita. Quando não podiam apresentar-se provas, chamava-se a esposa para efetuar a solene apelação ao Deus que esquadrinha os corações. Nenhuma mulher podia dizer "Amém" ao con-juro se era culpável, e beber a água depois, a menos que não cresse a verdade de Deus, ou que desafiasse sua justiça. A água é aqui chamada de águas amargas porque causavam

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maldição. Assim, pois, o pecado é chamado coisa má e amargosa. Que todos os que se metem em prazeres proibidos saibam que afinal lhes trarão amargura.

Disto todo aprendam:1) Os pecados secretos são conhecidos por Deus e, às vezes, são estranhamente tirados à

luz nesta vida; que existe um "dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Je-sus Cristo, segundo o meu evangelho" (Rm 2.16).

2) Em particular, Deus julgará certamente os proxenetas e adúlteros. Embora agora não temos as águas dos ciúmes, temos, contudo, a Palavra de Deus que deveria produzir um terror tão grande quanto aquelas. A luxúria sensual terminará em amargura.

3) Deus manifestará a inocência do inocente. A mesma providência é para bem de alguns e para mal de outros. E responderá aos propósitos que tem Deus.

CAPÍTULO 6• Versículos 1-21 A lei do nazireado • Versículos 22-27 A forma de abençoar ao povo

Versículos 1-21A palavra nazireu significa separação. Alguns eram escolhidos por Deus, desde antes de seu

nascimento, para serem nazireus toda sua vida, como Sansão e João Batista. Porém, em geral, era um voto de separação do mundo e de consagração aos serviços da religião por um tempo limitado, e sob certas regras, que qualquer pessoa podia fazer se quiser. É dito que o nazireu era bem conhecido; mas sua obrigação se descreve com maior certeza que antes. Para que a fantasia dos homens supersticiosos não multiplique as restrições interminavelmente., Deus dá as regras. Eles não devem beber vinho, bebidas alcoólicas nem comer uvas. Os que se sepa-ram para Deus não devem gratificar os desejos do corpo, senão mantê-lo sob domínio. Que to-dos os cristãos sejam muito moderados no uso do vinho e das bebidas alcoólicas; pois se o amor por elas chegar a dominar uma vez ao homem, este se torna presa fácil de Satanás. Os nazireus não deviam comer nenhum produto da videira; isto ensina que se deve ter máximo cuidado para evitar o pecado e tudo quanto o rodeia, e o que conduzir a isso ou que seja uma tentação para nós.

Não deviam cortar os cabelos. Não deviam passar navalhas sobre suas cabeças nem raspar as barbas; esta foi a marca de Sansão ao ser um nazireu. Isto significa desprezo pelo corpo e por aquilo que o melhore ou enfeite. Aqueles que se separam a si mesmos para Deus devem manter puras suas consciências no concernente as obras mortas, e não tocam em coisas imundas. Todos os dias de sua separação devem ser santos para o Senhor. Este era o signifi-cado daquelas aparências externas e sem isso eles não contavam para nada. Não havia castigo nem sacrifício designando para aqueles que voluntariamente quebrantavam seu voto de serem nazireus; eles deveriam responder em outro dia por essa profana leviandade com o Senhor seu Deus; mas aqueles que não pecavam voluntariamente seriam aliviados.

Nada há na Escritura que tenha o menor parecido com as ordens religiosas da igreja de Roma, salvo estes nazireus. Contudo, note a diferença ou, melhor, perceba quão completa-mente contrárias são! É proibido casar-se aos religiosos dessa igreja, mas não se impõe esta restrição aos nazireus. Àqueles é ordenado que se abstenham das carnes, mas os nazireus po-diam comer todo alimento permitido aos israelitas. Em geral, não se proíbe vinho nem sequer em seus dias de jejum, porém os nazireus não podiam beber vinho em nenhum momento. O voto daqueles é para sempre, até o fim de suas vidas; o voto dos nazireus era somente por um tempo limitado a sua própria vontade e, em certos casos, não o era a menos que for permitido por maridos ou pais. Existe uma diferença tão completa entre as regras inventadas pelo homem e as regras ordenadas na Escritura.

Não esqueçamos que o Senhor Jesus não é somente nossa Seguridade, senão também nosso exemplo. Por amor a Ele devemos renunciar aos prazeres mundanos, abster-nos das luxúrias carnais, estar separados dos pecadores, fazer profissão honesta de nossa fé, moderar os afetos naturais, estar orientados ao espiritual, e consagrados ao serviço de Deus e dese-josos de sermos um exemplo para os que nos rodeiam.

Versículos 22-27Os sacerdotes tinham que abençoar solenemente o povo em nome do Senhor. estar sob a

onipotente proteção de Deus nosso Salvador; desfrutar seu favor como o sorriso de um Pai amante ou como os tíbios raios do sol; enquanto que Ele perdoa misericordiosamente nossos pecados, supre nossas necessidades, consola o coração e nos prepara por sua graça para a glória eterna; estas coisas formam a substância desta bênção e a somatória total de todas as bênçãos. Em uma lista tão rica de misericórdias, nem sequer são dignos de mencionar-se os gozos mundanos.116

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Aqui há uma forma de oração. Repete-se três vezes o nome Jeová. Os judeus pensam que isso é um mistério, e nós sabemos de que se trata, ao estar explicado no Novo Testamento. Ali somos dirigidos a esperar a bênção da graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo (2 Co 13.14); sendo Jeová cada uma destas Pessoas e, todavia, não são três Senhores, senão um só Senhor.

CAPÍTULO 7• Versículos 1-9 Ofertas dos príncipes na dedicação do tabernáculo• Versículos 10-89 Ofertas dos príncipes na dedicação do altar

Versículos 1-9As ofertas dos príncipes para o serviço do tabernáculo somente foram feitas quando esteve

totalmente instalado. As observâncias necessárias sempre devem vir de ofertas voluntárias. Quanto mais progredir alguém, maior é a oportunidade que tem de servir a Deus e a sua ger -ação.

Tão logo como foi instalado o tabernáculo, se fez provisão para mudá-lo. Ainda quando acabamos de estabelecer-nos no mundo, devemos preparar-nos para alterações e mudanças, especialmente para a grande mudança.

Versículos 10-89Os príncipes e os grandes homens foram adiante no serviço de Deus. eis aqui um exemplo

para os que estejam em autoridade e tenham a posição mais elevada; devem usar sua honra e poder, sua fortuna e interesse, para fomentar a religião e o serviço a Deus nos lugares onde moram.

Embora era época de gozo e regozijo, de todos modos em meio de seus sacrifícios achamos uma oferta pelo pecado. Quando estamos cônscios de que existe pecado, deve haver ar-rependimento até em nossos melhores serviços, inclusive nos serviços que nos causam mais gozo. Em toda aproximação a Deus pela fé devemos olhar a Cristo como a Oferta pelo pecado.

Eles levaram suas ofertas, cada um em seu dia. A obra de Deus não deve ser feita com con-fusão ou precipitadamente; consagre-se tempo e o teremos feito no menor tempo que for pos-sível ou, pelo menos, teremos feito o melhor. Se deverem realizar-se serviços durante doze dias seguidos, não devemos considerá-lo como uma tarefa ou uma carga. Todas as ofertas eram iguais; todas as tribos de Israel tiveram uma participação igual no altar, e um interesse igual nos sacrifícios oferecidos. O que agora falou a Moisés, como a Shekináh ou Majestade Divina, Deus em meio aos querubins, era o Verbo Eterno, a Segunda Pessoa da Trindade; porque toda comunhão de Deus com o homem é por meio de seu Filho, por quem fez o mundo e governa a igreja, que é o mesmo ontem, hoje e pelos séculos.

CAPÍTULO 8• Versículos 1-4 As lâmpadas do santuário • Versículos 5-26 Consagração dos levitas e seu serviço

Versículos 1-4Arão mesmo acendeu as lâmpadas, e representou assim a seu Divino Senhor. a Escritura é

luz que brilha em lugar escuro (2 Pe 1.19). Sem ela, até a igreja pode ser um lugar escuro, como teria sido o tabernáculo, que não tinha janelas, sem as lâmpadas. A obra dos ministros é acender as lâmpadas mediante a exposição e a aplicação da Palavra de Deus. Jesus Cristo é a única Luz em nosso mundo tenebroso e pecaminoso; por sua expiação, por sua palavra e pelo Espírito Santo, difunde a luz em redor.

Versículos 5-16Aqui temos as instruções para a solene ordenação dos levitas. Todo Israel devia saber que

eles não tomaram por si mesmo esta honra, senão que foram chamados por Deus; tampouco bastava que eles fossem separados dos outros. todos os que são empregados por Deus devem ser consagrados a Ele, conforme a sua tarefa. Os cristãos devem ser batizados, os ministros devem ser ordenados; primeiro devemos entregar-nos ao Senhor e, depois, temos que prestar nosso serviço.

Os levitas deviam ser purificados. Os que levam os vasos do Senhor devem ser limpos. Moisés devia aspergir a água da purificação sobre eles. Isto significa a aplicação do sangue de Cristo a nossas almas por fé, para que sejamos aptos para servirmos o Deus vivo. Sem declara sua aceitação. Todos os que esperam participar dos privilégios do tabernáculo, devem estar re-

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solvidos a realizar o serviço do tabernáculo. Assim como, por uma parte, nenhuma das criat-uras de Deus necessariamente é um servo, Ele não necessária do serviço de nenhuma delas; por outra parte, ninguém é servo honorário que não faça nada. Deus emprega a todos os que lhe pertencem; os próprios anjos têm seus serviços.

CAPÍTULO 9• Versículos 1-14 Da Páscoa• Versículos 15-23 Guiados pela nuvem

Versículos 1-14Deus deu detalhadas ordens para a celebração desta Páscoa e, por estranho que pareça,

eles não celebraram outra Páscoa até que chegaram a Canaã (Js 5.10). Isto mostrou bem cedo que as instituições cerimoniais não sempre continuariam, pois tão logo como foram instituídas, algumas dormiram por muitos anos. porém, a ordenança da Ceia do Senhor não foi abandon-ada desse modo nos primeiros dias da igreja cristã, apesar de que foram épocas de dificul -dades e inquietudes maiores que as que Israel teve no deserto; inversamente, em tempos de perseguição, a Ceia do Senhor se celebrava com maior assiduidade. Os israelitas do deserto não deviam esquecer a liberação do Egito. Corriam este perigo quando chegaram a Canaã.

Dão-se algumas instituições em relação aos imundos cerimoniais, antes de comer a Páscoa. Os que têm a mente e a consciência contaminadas pelo pecado são inaptos para a comunhão com Deus, e não podem participar com consolo da Páscoa do Evangelho até que pelo ar-rependimento sincero e a fé verdadeira sejam limpos. Note-se com quanta inquietude e pre-ocupação se lamentavam estes homens de que lhes era impedido realizar ofertas ao Senhor. Deveria ser um problema para nós quando, por qualquer motivo, somos impedidos de partici-parmos das solenidades de um dia de repouso ou de um sacramento.

Observe-se o cuidado que Moisés toma para resolver este caso. Os ministros devem impedir conselho da boca de Deus, na medida que melhor possam, sem tomar determinações con-forme a suas próprias fantasias ou afetos, senão conforme com a Palavra de Deus. E se, em ca-sos difíceis, se toma o tempo para expor o assunto ante Deus, humildemente por meio da oração e com fé, é seguro que o Espírito Santo dirigirá rumo ao caminho bom e reto.

Deus deu instruções sobre este caso, e outros similares, explicativos da lei da Páscoa. Assim como os que, contra sua vontade, se vêem forçados a ausentar-se das ordenanças de Deus, podem ter a esperança de receber os favores da graça de Deus em sua aflição, os que volun-tariamente se ausentam podem ter a expectativa da ira de Deus por seu pecado. não se en-ganem; de Deus não se zomba.

Versículos 15-23Esta nuvem tinha o propósito de servir de sinal e símbolo visível da presença de Deus em

meio de Israel. Deste modo, somos ensinados a ver a Deus sempre perto de nós, dia e noite. Enquanto a nuvem permanecia sobre o tabernáculo, eles permaneciam no mesmo lugar. não, não é perda de tempo esperar o tempo de Deus. Quando a nuvem se levantava, eles partiam, por cômodos que estivessem em seu acampamento. Nós somos mantidos na incerteza em que ao tempo em que deveremos despojar-nos de nossa casa terrena, deste tabernáculo, para que estejamos sempre prestes a partir em quanto o Senhor o ordenar. Muito seguro e grato é partir quando vemos a Deus diante de nós, e descansar onde Ele nos mande repousar. A direção da nuvem representa a condução do bendito Espírito.

Agora não temos que esperar esses sinais da presença e direção divina, já que a promessa é segura para todo o Israel espiritual de Deus, que Ele o guia por seu conselho (Sl 73.24), até além da morte (Sl 48.14). Todos os filhos de Deus serão conduzidos pelo Espírito de Deus (Rm 8.14). Ele endireitará as veredas dos que o reconhecem em todos seus caminhos (Pv 3.6). Nosso coração sempre deve mover-se e repousar às ordens do Senhor, dizendo: Pai, seja feita a tua vontade; dispõe de mim e do meu como te aprouver. O que Tu desejes e onde Tu dese-jes; somente permite-me ser teu e estar sempre no caminho de meu dever.

Ao aplicar preceitos gerais a circunstâncias particulares, deve haver bom conselho e fer-vorosa oração. Quando uma empresa é evidentemente má ou duvidosamente justa e, contudo, a mente se inclina a ela, nesse caso "o movimento da nuvem", como às vezes a chamam, er -radamente os homens, geralmente não passa de uma tentação que lhe é permitido propor a Satanás; e os homens fantasiam que seguem ao Senhor quando estão seguindo suas próprias inclinações volúveis. O registro de sua misericórdia nos conduzirá com verdade infalível, por meio de Cristo, à paz eterna. Sigam a coluna de nuvem e fogo. Coloquem a Bíblia em seu coração e recebam com mansidão a palavra implantada, que é poderosa para salvar suas al-mas.

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CAPÍTULO 10• Versículos 1-10 As trombetas de prata• Versículos 11-28 Os israelitas vão de Sinai a Parã• Versículos 29-32 Moisés convida a Hobabe a ir com eles• Versículos 33-36 Moisés transmite a bênção

Versículos 1-10Aqui ha instruções sobre os avisos públicos que devem dar-se ao povo por meio de sons de

trombeta. Suas leis deviam ser divinas em todos os casos, portanto, até neste assunto Moisés recebe ordens. As trombetas tipificam a predicação do evangelho. Soam como um alarme para os pecadores, os chamam a arrepender-se, proclamam a liberdade dos cativos e escravos de Satanás e reúnem os que adoram a Deus. Os dirigem e os animam em sua pesada jornada; os estimulam a combater contra o mundo e o pecado, e os alentam com a certeza da vitória. Dirigem a atenção deles ao sacrifício de Cristo, e mostram a presença do Senhor para sua pro-teção. Também é necessário que a trombeta do evangelho dê um som nítido, conforme com a pessoa a qual se dirige, ou segundo o fim proposto, seja convencer, humilhar, consolar, exor-tar, repreender, ou ensinar. O som da trombeta do evangelho é a ordenança de Deus, e exige a atenção de todos aqueles aos que envia.

Versículos 11-28Quando os israelitas levavam quase um ano completo no monte Sinai e tudo tinha sido esta-

belecido em quanto ao que seria o culto no futuro, empreenderam a marcha rumo a Canaã. A verdadeira religião começa com o conhecimento da santa lei de Deus e a humilhação pelo pecado, mas deve seguir-se adiante rumo à perfeição, no conhecimento de Cristo e de seu Evangelho, e dos estímulos, as motivações e as assistências eficazes propostas para a santi-dade.

Empreenderam a viagem conforme ao mandamento do Senhor (Dt 1.6-8), e segundo os guiava a nuvem. Os que se submetem à direção da palavra e do Espírito de Deus, vão por rumo reto, embora pareçam confundidos. Enquanto estejam seguros que não podem perder a seu Deus e Guia, não têm por que ter o temor de perder o rumo.

Saíram do deserto de Sinai e repousaram no deserto de Parã. Todos nossos movimentos neste mundo não são senão de um deserto a outro. As mudanças que achamos serão para melhor, nem sempre resultam assim. Nunca descansaremos, nunca nos sentiremos em casa, até chegarmos ao céu, porém lá acharemos que todo está bem.

Versículos 29-32Moisés convida aos seus a irem a Canaã. Os que estão destinados à Canaã celestial devem

pedir e exortar a seus amigos para que vão com eles: não teremos menos gozo do céu se out-ros vão a partilhar conosco. Bem é confraternizar com os que têm comunhão com Deus. Mas as coisas deste mundo, as que se vêem, apartam com força da busca das coisas do outro mundo, que não se vêem.

Moisés convida a Hobabe, que poderia ser-lhes útil. Não para mostrá-lhes onde acampar nem o caminho que devem seguir, porque a nuvem se encarregava disso, senão para mostrar as vantagens dos lugares por onde iam marchando e acampando. Harmoniza bem com nossa confiança na providência de Deus o uso da ajuda de nossos amigos.

Versículos 33-36Suas saídas e entradas dão um exemplo para começar e terminar a jornada diária e o tra-

balho de cada dia com oração. Eis aqui a oração de Moisés quando a arca empreende a mar-cha: "Levanta-te, oh Jeová, e sejam dispersados teus inimigos". Há gente do mundo que é in-imiga de Deus e o aborrecem; inimigos secretos e declarados; inimigos de suas verdades, de suas leis, de suas ordenanças, de seu povo. o bem-estar e a felicidade do Israel de Deus con-siste na presença contínua de Deus entre eles. A seguridade deles não radica em sua quanti-dade, senão no favor de Deus e em seu misericordioso regresso a eles e em que Ele repouse em meio deles. Nisso, feliz de ti, Israel! Que povo há como tu? Deus ira diante deles, para achá-lhes um lugar de repouso no caminho. Sua promessa é, e as orações deles são, que Ele nunca os deixará nem os abandonará.

CAPÍTULO 11• Versículos 1-3 O incêndio de Taberá • Versículos 4-9 O povo deseja carne e aborrece o maná• Versículos 10-15 Moisés se queixa de seu cargo

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• Versículos 16-23 Nomeação de anciãos para dividir a carga – Promessa de dar-lhes carne

• Versículos 24-30 O Espírito repousa sobre os anciãos• Versículos 31-35 As codornas

Versículos 1-3Este é o pecado do povo: se queixaram. Veja-se a devassidão do pecado que se aproveita

do mandamento para provocar. A debilidade da lei descobre o pecado mas não pode destruí-lo; o controla, mas não pode vencê-lo. Eles se queixaram. Os que têm um espírito desconforme, sempre acharão algo por que brigar ou preocupar-se, embora as circunstâncias de sua situação exterior nunca tenham sido tão favoráveis. O Senhor o ouviu, mas não Moisés. Deus conhece as queixas e murmurações secretas do coração embora estejam ocultas dos homens. O que viu o desagradou tanto, que os castigou por este pecado. O fogo da ira deles contra Deus ardeu em suas mentes; com justiça o fogo da ira de Deus os acoitou por seu pecado; mas os juízos de Deus lhes sobrevieram paulatinamente para que recebessem a advertência. Pareceria que Deus não se compraz em castigar; quando começa, logo se convence para deixá-lo apagar.

Versículos 4-9O homem, tendo abandonado o repouso, sente-se incomodo e miserável, embora próspero.

Eles se cansaram da provisão que Deus tinha feito para eles, mesmo que era comida sã e ali -mentícia. Não custava dinheiro nem cuidados, e o trabalho de juntá-lo era sem dúvida pe-queno; contudo, falavam da fartura do Egito e do peixe que lá comiam de graça, como se não lhes tivesse custado nada, sendo que o pagavam bem caro com duro trabalho de servidão! En-quanto viveram de maná, pareciam isentos da maldição que o pecado tem acarretado ao homem, que deve comer o pão com o suor de seu rosto; não obstante, referiam-se a ele com zombaria. A mente desconforme e briguenta achará defeitos no que não tem falha em si, mas que é demasiado bom para ela. Os que poderiam ser felizes freqüentemente se sentem mis-eráveis devido ao descontentamento.

Não podiam estar satisfeitos se não tinham carne para comer. É a evidência do domínio da mente carnal quando queremos ter os deleites e as satisfações dos sentidos. Não devemos ceder a nenhum desejo que não possamos, por fé, converter em oração, como não podemos quando pedimos carne para nossa concupiscência. O que de por si é legítimo se torna mau quando Deus não no-lo dá, mas nós o desejamos.

Versículos 10-15A provocação foi muito grande; mas Moisés se expressou de um modo que lhe convinha.

Menosprezou a honra que Deus tinha-lhe conferido. Magnificou seus próprios logros, embora o dirigiu à sabedoria divina e poder onipotente, para dispensar recompensas e castigos. Fala de-sconfiando da graça divina. Se a obra fosse muito menor, ele não teria podido realizá-la por suas próprias forças, porém se fosse muito maior, teria podido fazê-la pela força que Deus lhe tivesse dado. Oremos: Senhor, não nos deixes cair em tentação.

Versículos 16-23Moisés teve de escolher aos que conhecia para que fossem anciãos, isto é, homens sábios e

experimentados. Deus promete dar-lhes os atributos. Se não fossem idôneos para o cargo, re-ceberiam a idoneidade. Até a gente desconforme receberá sua paga, para que toda boca se feche.

Veja aqui:1) A vaidade de todos os deleites sensuais; se fartam, mas não se satisfazem. Somente os

prazeres espirituais satisfazem e duram. Da maneira que o mundo passa, assim passam as concupiscências.

2) Quão brutais são os pecados da glutonaria e da bebedice! Prejudicam o corpo com o que deveria dar-lhe saúde. Moisés objeta. Até os grandes e verdadeiros crentes às vezes encon-tram difícil confiar em Deus, submetidos ao desalento de causas secundarias, e contra esper-ança, acreditar em esperança. Aqui Deus leva a Moisés a este ponto, o Senhor Deus é Todo Poderoso e põe a prova o assunto: Agora verás se a minha palavra se cumpre ou não. Se Ele fala, está feito.

Versículos 24-30Aqui temos o cumprimento da palavra de Deus a Moisés, de que deveria ter ajuda para gov-

ernar a Israel. Ele deu seu Espírito aos setenta anciãos. Eles falaram das coisas de Deus ao povo para que todos os que os ouvissem pudessem dizer que em verdade Deus estava com eles. Dois dos anciãos, Eldade e Medade, não tinham vindo ao tabernáculo, como o resto, sen-120

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síveis a sua própria debilidade e indignidade, porém o Espírito de Deus os achou no acampa-mento e ali exerceram seu dom de orar, predicar e louvar a d.; falavam movidos pelo Espírito Santo. O Espírito de Deus não está limitado ao tabernáculo, senão que, como o vento, sopra onde quer. E os que se humilham serão exaltados; e os que são mais aptos para governar são os que menos o ambicionam.

Josué não deseja que sejam castigados, senão que somente sejam refreados no futuro. Esta moção a fez por zelo, pelo que ele pensava devia ser a unidade da igreja. Ele os teria silenci-ado, não fora que causassem divisão ou rivalizassem com Moisés, porém Moisés não temia nenhum desses efeitos daquele Espírito que Deus tinha colocado neles. Rejeitaremos aos que pertencem a Cristo, ou os refrearemos de fazer algo bom, porque não estão em todo de acordo com nossas idéias? Moisés desejaria que todo o povo do Senhor for profeta, que Ele colocasse seu Espírito em todos.

Que os que desejam estar no poder creiam no testemunho de Moisés: que o governo é uma carga. É uma carga de cuidado e problemas para os que tomam consciência do dever que é; e para os que não, resultará uma carga mais pesada o dia em que devam dar contas. Que o ex-emplo de Moisés seja seguido por os que estão no poder; que não desprezem o conselho e a assistência de outros, senão que o desejem e agradeçam. Se a totalidade do povo do Senhor for profeta ou ministro, pelo Espírito de Cristo, mesmo que nem todos concordassem em assun-tos externos, há obra suficiente para todos no chamamento aos pecadores a arrepender-se e a ter fé em nosso Senhor Jesus .

Versículos 31-35Deus cumpriu sua promessa ao povo, dando-lhes carne. Quanto mais diligentes são os

homens para recolher carne que perece, que para labutar pela comida que permanece para vida eterna! Somos rápidos para ver as coisas temporais, mas a estupidez nos cega em quanto as coisas eternas. Não necessitamos argumentos para ir em pós das vantagens mundanas, mas quando temos de assegurar as riquezas verdadeiras, então, somos todo esquecimento.

Os que estão sob o poder da mente carnal, verão satisfeitas suas concupiscências, mesmo que seja para seguros dano e ruína de suas preciosas almas. Eles pagaram caras suas festas. Amiúde, por ira Deus concede o desejo dos pecadores, enquanto por amor nega os desejos de seu próprio povo. Se obtivermos o que desejamos indevidamente, temos motivo para temer, pois será de uma ou de outra forma uma pena, e uma cruz para nós. E que multidão há em to -das partes de pessoas que encurtam suas vidas por excessos de um ou de outro tipo! Busque-mos os prazeres que satisfazem, mas nunca excessivamente, e que durarão por sempre ja-mais.

CAPÍTULO 12• Versículos 1-9 Deus repreende a murmuração de Arão e Miriã• Versículos 10-16 Miriã atacada de lepra e sarada ao orar Moisés

Versículos 1-9A paciência de Moisés foi provada em sua própria família, assim como pelo povo. o pretexto

foi que tinha-se casado com uma estrangeira; porém provavelmente o orgulho deles tinha sido ferido e a inveja tinha sido excitada por sua maior autoridade. A oposição de nossos familiares próximos e dos amigos religiosos é sumamente dolorosa. Mas deve ter-se isto em consider-ação, e será bom que em tais conseqüências possamos conservar a bondade e a mansidão de Moisés, o qual estava desse modo equipado para a obra a que estava chamado. Deus não só declarou inocente a Moisés, senão que o elogiou. Moisés tinha o espírito de profecia num grau que o coloca muito por acima de todos os outros profetas; mas aquele que é o menor no Reino dos Céus é o maior nele; e nosso Senhor Jesus o excede infinitamente (Hb 3.1).

Que Miriã e Arão considerem a quem estavam insultando. Nós temos motivos para temer dizer ou fazer algo contra os servos de Deus. sem dúvida são presunçosos os que não temem falar mal das potestades superiores (2 Pe 2.10). Ser banidos da presença de Deus é o sinal mas certo e triste do desagrado de Deus. Ai de nós se Ele se afastar! Ele nunca se distancia até que pelo pecado e a tolice nós o deixamos.

Versículos 10-16A nuvem se afastou, e Miriã ficou leprosa. Quando Deus vai embora, chega o mal; não es-

perem o bem quando Deus parte. A imunda língua dela, como disse o bispo Hall, foi justamente castigada com rosto imundo.

Arão, como sacerdote, era o juiz da lepra. Ele não podia declará-la leprosa sem tremer, sabendo que ele mesmo era igualmente culpável. Mas se ela foi deste modo castigada por falar contra Moisés, que será dos que pecam contra Cristo? Arão, que se uniu a sua irmã para

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difamar a Moisés, se vê forçado por si mesmo e sua irmã, a suplicar e falar com altura daquele a quem tinham tão recentemente acusado. Os que pisoteiam aos santos e servos de Deus, um dia se alegrarão de serem parte de seu séqüito. Bom é quando a repreensão produz confissão de pecado e arrependimento. Tais ofensores, embora derrotados e desonrados, serão perdoa-dos.

Moisés fez evidente que ele perdoava a injúria infligida. Devemos conformar-nos a esta pauta de Moisés e à de nosso Salvador, que disse: "Pai, perdoa-os".

É dada uma razão para o afastamento de Miriã do acampamento durante sete dias, porque desse modo ela devia aceitar o castigo de seu pecado. quando estamos sob o sinal do de-sagrado de Deus pelo pecado, nos corresponde aceitar a vergonha. Isso obstaculizou o avanço do povo em sua marcha rumo a Canaã. Muitas coisas se nos opõem, mas nada nos estorva tanto no caminho ao céu como o pecado.

CAPÍTULO 13• Versículos 1-20 Doze homens enviados a explorar a terra de Canaã

Instruções para eles• Versículos 21-25 Seus procedimentos• Versículos 26-33 O relato deles sobre a terra

Versículos 1-20Neste capítulo e no seguinte se relata a história memorável e triste do regresso de Israel

das fronteiras de Canaã, e da sentença pronunciada contra eles de peregrinar e perecer no de-serto a causa de sua incredulidade e suas murmurações. Parece (Dt 1.22) que a idéia de explo-rar a terra proveio do povo. Tinham uma melhor opinião de sua própria política que da sabedo-ria de Deus. Deste modo nos arruinamos crendo mais nos informes e representações dos senti-dos que na revelação divina. Andamos por vista, não por fé.

Moisés encarregou isto aos espiões: Tenham valor. Não só era uma grande empresa para a qual foram consignados, que exigia boa administração e resolução, senão uma grande confi-ança foi depositada neles, que requeria que fossem fiéis. O valor em tais circunstâncias pode surgir unicamente da fé firme que somente Calebe e Josué possuíam.

Versículos 21-25Os exploradores da terra trouxeram com eles um cacho de uvas e outras frutas, como

provas da bondade da terra; o qual era para Israel, as prendas e o melhor de todas as frutas de Canaã. Tais são os consolos presentes que temos em comunhão com Deus, antecipações da plenitude do gozo que esperamos ter na Canaã celestial. Por eles podemos ver o que é do céu.

Versículos 26-33Podemos perguntar-nos assombrados por que o povo de Israel esperou quarenta dias o re-

torno de seus espiões, quando estavam prestes a entrar em Canaã, com todas as garantias do êxito que poderiam receber do poder divino e dos milagres que até então os haviam acompan-hado. Porém desconfiaram do poder e da promessa de Deus. quantas vezes, por nossa in-credulidade, nos deixamos guiar por nossa própria luz! Os mensageiros regressaram final-mente, mas a maioria desanimou o povo para que não entrasse em Canaã. Os israelitas são justamente deixados a mercê desta tentação de confiar no juízo dos homens, quando deveriam ter confiado na Palavra de Deus. Tinham achado a terra tão boa como Deus havia falado, to-davia, não creram que fosse tão segura como Ele havia dito, e desesperaram de possuí-la emb-ora a Verdade Eterna a tinha entregado a eles. Esta foi a representação dos maus espiões.

Contudo, Calebe os estimulou a seguir adiante, ainda que foi secundado somente por Josué. Ele não disse "Vamos e vençamos", senão "Vamos e possuamos a terra". As dificuldades que há no caminho da salvação perdem importância e se esvaecem ante uma fé viva e ativa no poder e na promessa de Deus. todas as coisas são possíveis para aquele que crê, se foram prometidas; mas não se deve acreditar nos sentidos nem crer aos professantes que são car-nais. A incredulidade passa por alto as promessas e o poderio de Deus, magnifica cada perigo e dificuldade, e enche de desalento o coração. Que o Senhor nos ajude a crer! Então encon-traremos que todas as coisas são possíveis.

CAPÍTULO 14• Versículos 1-4 O povo murmura ante o relato dos espias• Versículos 5-10 Josué e Calebe se esforçam por tranqüilizar o povo• Versículos 11-19 Ameaças divinas – Intercessão de Moisés• Versículos 20-35 Impede-se que os murmuradores entrem na terra prometida

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• Versículos 36-39 A morte dos maus espias• Versículos 40-45 A derrota do povo que agora quis invadir a terra

Versículos 1-4Os que não confiam em Deus continuamente se desconcertam a si mesmos. A tristeza do

mundo produz morte. Os israelitas murmuraram contra Moisés e Arão e, neles, recriminavam ao Senhor. Olharam para trás com descontentamento sem causa. Veja-se a loucura das paixões desenfreadas que fazem que os homens desprezem o que a natureza conta como mais querido: a vida mesma. Eles desejam morrer como criminosos sob a justiça de Deus antes de viver em seu favor como vencedores. Por último, resolvem que, em lugar de seguir adiante a Canaã, preferem regressar ao Egito. Os que não andam no conselho de Deus procuram sua própria ruína. Podiam esperar que a nuvem de Deus os guiasse ou que seu maná os assistisse? Supondo que as dificuldades para conquistar Canaã fossem como as imaginavam, ainda as de retornar ao Egito eram muito piores. Nos queixamos de nosso lugar e sorte e gostaríamos de mudá-los; porém, existe neste mundo algum lugar ou situação que não tenha algo em si que nos incomode se estamos predispostos a isso? A forma de melhorar nossa condição é colocar nossos espíritos num marco melhor. Veja-se a tolice de afastar-se dos caminhos de Deus. mas os homens correm para as seguras conseqüências fatais de um rumo pecaminoso.

Versículos 5-10Moisés e Arão ficaram atônitos ao ver a um povo que despreza as misericórdias que lhe per-

tencem. Calebe e Josué asseguram a gente da bondade da terra. Minimizam as dificuldades para consegui-la. Se os homens se convencessem do desejável que são os ganhos da religião, não se deteriam ante os requerimentos dela. Embora os cananeus habitavam em cidades amu-ralhadas, seu amparo tinha-se afastado deles. Os outros espias atentaram para a força deles, mas estes perceberam sua maldade. Ninguém pode estar a salvo quando provocam que Deus os abandone. Embora Israel more em tendas, eles estão fortificados. Enquanto tenhamos a presença de Deus conosco, não devemos temer a força mais poderosa que se levantar em nossa contra. Os pecadores são destruídos por sua própria rebelião. Todavia quem, como Calebe e Josué, se expõem fielmente por amor a Deus, é seguro que serão colocados sob sua proteção especial e serão escondidos, sob o céu ou no céu, da ira dos homens.

Versículos 11-19Moisés fez uma humilde intercessão por Israel. Aqui ele é tipo de Cristo, que orou por aque-

les que o trataram desdenhosamente. O país do pecado de uma nação é o afastamento do cas-tigo da nação; por isso Moisés é aqui tão fervoroso. Ele alega que, coerentemente com seu caráter, Deus poderia perdoá-los em suas abundantes misericórdias.

Versículos 20-35O Senhor concedeu a oração de Moisés de não destruir de imediato a congregação, porém

não acreditar na promessa proíbe o benefício. Os que desprezaram a terra desejável não poderão entrar nela. A promessa de Deus deverá cumprir-se em seus filhos. Eles desejaram morrer no deserto; Deus fez que seu pecado fosse sua ruína, lhes tomou a palavra e seus cadáveres caíram no deserto. Tiveram que gemer sob a carga de seu próprio pecado, que era demasiado pesada para que eles a suportassem. Conhecerão a ruptura de Sua promessa, e também o fundamento disso, conseguido pelo pecado deles —porque Deus nunca abandona a ninguém até que eles o abandonam primeiro a Ele—, e suas conseqüências, que provocarão sua ruína. Porém suas crianças, agora menores de vinte anos, que em sua incredulidade dis-seram que seriam presas, a eles fará entrar. Deus lhes fará saber que Ele pode distinguir entre o culpável e o inocente, e cortá-los sem tocar seus filhos. Deste modo Deus não tira por com-pleto sua amorosa bondade.

Versículos 36-39Aqui está a morte súbita dos dez maus espiões. Pecaram ao caluniar a terra prometida.

Provocam enormemente a Deus os que falam mal da religião, que produzem aversão pela fé na mente doa homens, ou que dão oportunidade para que o façam os que procuram a ocasião. Os murmuradores, com justiça, se convertem em lamentadores. Se tivessem lamentado o pecado quando foram repreendidos com fidelidade, teriam-se evitado a sentença; porém como se lamentaram somente pelo juízo, isso não serviu. No inferno estão os que assim se lamen-tam, mas as lágrimas não apagam as chamas, nem refrescam as línguas.

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Versículos 40-45Alguns dos israelitas agora queriam sinceramente ir e entrar em Canaã, mas já era demasi-

ado tarde. Se os homens anelassem tão fervorosamente o céu enquanto durar seu dia de graça, como o anelarão quando seja demasiado tarde, quão bom seria para eles! Isso que foi dever em seu momento, quando fora de tempo, pode tornar-se pecado. os que estão fora do caminho do dever, não estão sob a proteção de Deus e andam a seu próprio risco. Deus os mandou ir, e não foram; Ele os proibiu de ir, e foram. Assim é a inimizade da mente carnal con-tra Deus. Desconfiaram do poder de Deus; agora presumiam de seu próprio poder, sem o dEle. Conseqüentemente, a expedição fracassa; agora começa a executar-se a sentença, que seus cadáveres cairiam no deserto. Nunca termina bem o que começa com pecado. o caminho para conseguir paz com nossos amigos e êxito contra nossos inimigos, é termos a Deus como Amigo nosso e manter-nos em seu amor. Tomemos como advertência o destino de Israel, não seja que pereçamos pelo mesmo exemplo de incredulidade. Vamos adiante dependendo da miser-icórdia, poder, promessa e verdade de Deus; Ele estará conosco, e conduzirá a nossa alma ao repouso eterno.

CAPÍTULO 15• Versículos 1-21 A lei da oferta e da libação – O estrangeiro está sob a mesma

lei• Versículos 22-29 O sacrifício pelo pecado da ignorância• Versículos 30-36 O castigo do desafio – O transgressor do dia de repouso é

lapidado• Versículos 37-41 A lei das franjas das vestes

Versículos 1-21São dadas instruções completas sobre as ofertas de farinha e da libação. O começo deste

ensinamento é muito alentador. "Quando tenham entrado na terra de sua habitação que Eu lhes dou". Esta era uma simples indicação de que Deus garante a terra prometida a sua se-mente.

Dado que os sacrifícios de reconhecimento eram concebidos como o alimento da mesa de Deus, era requisito que houvesse uma provisão constante de pão, óleo e vinho, qualquer fosse a carne. E a intenção desta lei é ensinar as proporções da oferta de farinha e a libação.

Os nativos e os estrangeiros são colocados no mesmo nível nesta matéria como em outras afins. Isto era um feliz anúncio do chamado dos gentios e de sua admissão na igreja. Se a lei fazia tão pouca diferença entre judeu e gentio, muita menos diferença faria o evangelho que derrubou o muro de separação e reconciliou a ambos com Deus.

Versículos 22-29Embora a ignorância constitui escusa em certo grau, não justificará aqueles que poderiam

ter conhecido a vontade de seu Senhor, mas não o fizeram. Davi orava para ser limpado de suas faltas ocultas, os pecados dos que ele mesmo não tinha consciência. Os pecados cometi-dos por ignorância serão perdoados por meio de Cristo, o grande Sacrifício que, quando se ofereceu a si mesmo de uma só vez para sempre na cruz, pareceu explicar parte da intenção de sua oferta com a oração: Pai, perdoa-os, porque não sabem o que fazem. Isto atentava com favor aos gentios, pois a lei da expiação pelos pecados de ignorância está feita expressamente para estendê-la aos que eram estrangeiros em Israel.

Versículos 30-36Reconhecem-se como pecadores com soberba aos que pecam deliberadamente contra a

vontade e a glória de Deus. Os pecados assim cometidos são excessivamente pecaminosos. O que assim transgride o mandamento, repreende ao Senhor e também despreza a palavra do Senhor. Os pecadores soberbos a desprezam pensando que são demasiado grandes, demasi-ado bons, e demasiado sábios para serem governados por ela.

Narra-se um caso particular de desafio no pecado de transgredir o dia de repouso. A trans-gressão foi ajuntar lenha para fazer fogo no dia de repouso, em tanto que o povo devia cozin-har o que for no dia anterior (Êx 16.23). Isto foi feito como afronta tanto à lei como ao Legis-lador. Deus é zeloso da honra de seus dias de repouso, e não considerará inocente ao que os profana, façam o que fizerem os homens. Deus concebeu este castigo como advertência para que todos tomem consciência de guardar o caráter sagrado do dia de repouso. E podemos ter a certeza de que jamais foi dado mandamento para castigo do pecado, que no dia do juízo não resulte ter procedido do amor e da justiça perfeitos. O direito de Deus a um dia de devoção a Ele será disputado e negado somente pelos que atentam ao orgulho e à incredulidade de seu 124

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coração em vez de ouvir o ensinamento do Espírito da verdade e da vida. Em que radica a diferença entre aquele que foi surpreendido recolhendo lenha no deserto no dia de Deus e o homem que dá as costas as bênçãos das ordenanças do dia de repouso e as promessas das misericórdias do dia de repouso, para usar seu tempo, seus interesses e sua alma em acumular riquezas, e desperdiça suas horas, seus bens e sua força no prazer pecaminoso? A riqueza pode vir pelo esforço ímpio, mas não virá sozinha; terá sua espantosa recompensa. As empre-sas dos pecadores conduzem à ruína.

Versículos 37-41O Senhor manda a gente que coloque franjas na borda de suas vestes. Os judeus se distin-

guiam de seus vizinhos por sua roupa e por sua dieta e, deste modo, ensinavam a não confor-mar-se com os costumes dos pagãos em outras coisas. Proclamavam-se judeus onde quer que fossem, e não se envergonhavam de Deus e de sua lei. As franjas não foram ordenadas como terminação e enfeite de sua roupa, senão a modo de lembrança para despertar sua mente. Se fossem tentados a pecar, a franja os advertiria que não deviam quebrantar os mandamentos de Deus. Devemos usar todos os médios para refrescar em nossas memórias as verdades e preceitos da palavra de Deus, para fortalecer e avivar nossa obediência e armar nossas mentes contra a tentação.

Sejam santos para seu Deus; limpos de pecado e sinceramente dedicados a Seu serviço; e aquela grande razão de todos os mandamentos se repete uma e outra vez: "Eu, Jeová, vosso Deus".

CAPÍTULO 16• Versículos 1-11 A rebelião de Coré, Datã e Abirão – Coré contende pelo

sacerdócio• Versículos 12-15 Desobediência de Datã e Abirão • Versículos 16-22 Manifestação da glória do Senhor – A intercessão de Moisés e

Arão• Versículos 23-34 A terra engole a Datã e Abirão• Versículos 35-40 A companhia de Coré é consumida• Versículos 41-50 O povo murmura – Envia-se uma grande praga

Versículos 1-11O orgulho e a ambição ocasionam grande quantidade de maldade tanto nas igrejas como

nos estados. Os rebeldes brigam contra a ordenação do sacerdote de Arão e sua família. Tin-ham pouca razão para ufanar-se da pureza do povo ou do favor de Deus, pois o povo tinha sido contaminado com pecado tão freqüentemente que tão recentemente que agora estavam sob os sinais do desagrado de Deus. Acusam injustamente a Moisés e Arão de arrogar-se a honra para si mesmos; todavia, tinham sido chamados por Deus para fazê-lo. Veja-se aqui:

1) De que espírito são os que reclamam, os que resistem as potestades que Deus tem colo-cado sobre eles.

2) Que tratamento podem esperar até os melhores e mais úteis homens, ainda de parte daqueles aos que têm servido.

Moisés procurou o ensino de Deus. o coração do sábio reflexiona antes de responder e pede o conselho de Deus.

Moisés mostra os privilégios que têm como levitas e os acusa do pecado de menosprezar tais privilégios. Para evitar que invejemos os que estão por acima de nós, nos servirá consid-erar devidamente quantos são os que estão embaixo de nós.

Versículos 12-15Moisés convocou a Datã e Abirão para que apresentassem suas queixas; mas eles não obe-

deceram. Trouxeram falsos cargos contra Moisés. Volta e meia caem sob a censura mais pe-sada pessoas que, em verdade, merecem os mais elevados elogios.

Mesmo que era o homem mais manso, Moisés ficou muito bravo ao encontrar que se cen-surava a Deus junto com ele; não podia suportar que o povo se destruísse a si mesmo. apela a Deus e a sua própria integridade. Deus os faz comparecer com Arão na manhã seguinte, na hora de oferecer o incenso matutino. Coré decidiu comparecer. Os homens orgulhosos e ambi-ciosos freqüentemente precipitam sua vergonhosa queda, quando projetam sua própria exal-tação.

Versículos 16-22A mesma glória do Senhor que primeiro se manifestou para colocar a Arão em seu ofício (Lv

9.23) apareceu agora para confirmá-lo e para confundir aos que estavam em sua contra. Nada 125

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é mais terrível para os que têm consciência de culpa que a manifestação da glória divina. Ob-serve-se o perigoso que é confraternizar com os pecadores e participar com eles.

Ainda que o povo tinha desertado traiçoeiramente deles, Moisés e Arão se demonstraram como fiéis pastores de Israel. Se outros falham em seu dever conosco, isso não elimina as obri-gações que nós temos para procurar o bem-estar deles. A oração deles foi uma intercessão su-plicante, que prevaleceu.

Versículos 23-34Os setentas anciãos de Israel assistiram a Moisés. Nosso dever é fazer o que possamos para

sustentar e manter a autoridade legal quando existir oposição a ela. E os que não perecerão com os pecadores devem sair de em meio deles e separar-se. Em resposta à oração de Moisés foi que Deus impulsionou o coração da congregação para afastar-se por sua própria segurança. A graça de separar-se dos malfeitores é uma das coisas que acompanham a salvação. Deus deixou justamente os rebeldes entregues à obstinação e a dureza de seus próprios corações.

Sob a direção divina, Moisés declara, enquanto todo Israel esperava o que aconteceria, que se os rebeldes sofressem uma morte comum, ele aceitaria que o chamassem de impostor e o contassem como tal.

Assim que Moisés falou, Deus fez com que a terra se abrisse e engolisse a todos. as crianças pereceram com seus pais; dos quais não podemos dizer quão malvados poderiam ter sido para merecê-lo ou, ao contrário, quão bom poderia ter sido Deus com eles. Contudo, disto estamos seguros: que a justiça infinita não lhes fez mal. Isso foi completamente miraculoso. Deus tem, quando lhe apraz, castigos estranhos para os que cometem iniqüidade. Foi muito significativo. Considerando como a terra continua ainda carregada, de igual modo, com o peso dos pecados do homem, temos razão para maravilhar-nos que não afunde sob sua carga. A ruína dos outros deveria ser nossa advertência. Se pela fé pudermos ouvir os uivos dos que caíram no abismo insondável, poríamos mais diligência para escapar por nossa vida, sob pena de cairmos tam-bém em sua condenação.

Versículos 35-40Fogo saiu do Senhor e consumiu os duzentos e cinqüenta homens que ofereciam o incenso.

Enquanto Arão, que estava entre eles, foi conservado com vida. Deus é zeloso da honra de suas próprias instituições e não tolera que as invadam. O sacrifício dos ímpios é abominação para o Senhor. Os incensários estão santificados e, como todas as coisas santas, devem ser uti-lizados para a glória de Deus. a coberta para o altar feita com os incensários, lembraria este acontecimento aos filhos de Israel, para que outros pudessem ouvir e temer e não fazer mais coisas com soberba. Eles se acarretaram a destruição em corpo e alam. Assim, pois, todos os que transgridem a lei e desprezam o Evangelho, escolhem e amam a morte.

Versículos 41-50A terra apenas acabava de fechar sua boca quando tornaram a cometer os mesmos pecados

e desprezaram todas as advertências. O povo do Senhor, que encontra defeitos na justiça div-ina, é chamado de rebelde. A obstinação de Israel, a pesar do terror da lei de Deus, quando foi dada no Monte Sinai, e do terror de seus juízos, demonstra quão necessária é a graça de Deus para mudar o coração e a vida dos homens. o amor fará o que não pode fazer o temor.

Moisés e Arão intercederam ante Deus e pediram misericórdia, sabendo quão enorme era a provocação. Arão foi e queimou incenso, colocando-se entre os mortos e os vivos, não para pu-rificar o ar, senão para pacificar o Deus ofendido. Como responsável da vida de cada israelita, Arão se apressou o mais possível. Devemos devolver bem por mal.

Observe-se especialmente que Arão era tipo de Cristo. há uma epidemia de pecado no mundo, que somente a cruz e a intercessão de Jesus Cristo podem deter e eliminar. Ele entra no campo dos contaminados e moribundos. Interpõe-se entre os mortos e os vivos; entre o Juiz eterno e as almas condenadas. Teremos redenção por seu sangue, e perdão dos pecados. Ad-miramos a pronta devoção de Arão; não abençoaremos e louvaremos a indizível graça e amor que encheram o coração do Salvador quando se colocou em nosso lugar, e nos comprou com sua vida? Sem dúvida que Deus esclareceu seu amor para conosco em que, sendo nós ainda pecadores, Cristo morreu por nós (Rm 5.8).

CAPÍTULO 17• Versículos 1-7 Doze varas colocadas ante o Senhor• Versículos 8-13 A vara de Arão que floresce é guardada como sinal

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Versículos 1-7É um exemplo da graça de Deus que, tendo operado vários milagres para castigar o pecado,

faça ainda mais um para impedi-lo. Deviam tomar doze varas ou cajados. Provavelmente eram os bastões que os príncipes usavam como insígnias de sua autoridade, varas velhas e secas que não tinham seiva. Tinham de esperar que brotasse e florescesse a vara a tribo ou do príncipe a quem Deus escolher para o sacerdócio. Moisés não objetou que o assunto já estava suficientemente decidido; não se propôs determiná-lo; deixou o caso ante o Senhor.

Versículos 8-13Embora todas as outras varas permaneceram como estavam, a vara de Arão se converteu

num ramo vivo. Em algumas partes saíram brotos, em outras flores e, em outras, frutos, ao mesmo tempo; tudo isso era miraculoso. Deste modo se manifestou que Arão estava sob a bênção especial do Céu. O levar fruto é a melhor prova do chamado divino; as plantas do ambi-ente de Deus e as vergônteas que dela se cortem, florescerão. Esta vara foi conservada para terminar com as murmurações da gente, para que não morressem. O desígnio de Deus em to-das suas providências e sinais é tirar o pecado. Cristo foi manifestado para tirar o pecado.

Cristo é chamado expressamente vara do tronco de Jessé: desde o ponto de vista humano, havia poucas possibilidades de que Ele florescesse. Mas a vara seca reviveu e floresceu para confusão de seus adversários.

O povo clamou: Eis aqui, nós somos mortos, perdidos somos, todos nós estamos perdidos! Esta era a linguagem de um povo aflito, que luta contra os juízos de Deus, provocados por eles mesmos, devido a seu próprio orgulho e obstinação. Muito mau é queixar-se contra Deus quando estamos afligidos e, em nossa angústia, agravar a nossa transgressão. Se morremos, se perecemos, é devido a nós mesmos, e a culpa cairá sobre nossa cabeça. Quando julgar, Deus vencerá e obrigará aos contraditores mais obstinados a confessar sua tolice. Quão grandes são as misericórdias que desfrutamos ao termos uma melhor dispensação, mais glo-riosa e estabelecida sobre melhores promessas!

CAPÍTULO 18• Versículos 1-7 O ofício dos sacerdotes e dos levitas• Versículos 8-19 A porção dos sacerdotes• Versículos 20-32 A porção dos levitas

Versículos 1-7O povo tinha-se queixado das dificuldades e perigos que entranhava aproximar-se a Deus.

aqui Deus lhes dá a entender que os sacerdotes se aproximarão por eles. Arão podia ver a razão para não orgulhar-se pela preferência, ao considerar o grande cuidado e responsabili-dade que lhe era imposta. Não tenham mais elevado conceito, antes bem, temam. Quanto maior seja a confiança do trabalho e do poder que nos é encomendada, maior é o risco de trair-mos essa confiança. Esta é uma boa razão para não invejar as honras dos outros, nem desejar os cargos elevados.

Versículos 8-19Todos os crentes são sacerdotes espirituais e Deus tem prometido cuidá-los. A piedade tem

promessa desta vida presente. E sobre a base da provisão aqui estabelecida para os sacer-dotes, o apóstolo demonstra que manter a seus ministros é dever da igreja cristã. Um manti-mento vergonhoso produz ministros vergonhosos. Os sacerdotes tinham de consagrar-se total-mente a seu ministério, sem distrair-se disso, sem serem perturbados pelos cuidados seculares ou pelos assuntos do mundo. Também para que sejam exemplos da vida de fé, não somente na providência de Deus, mas em suas ordenanças.

Deve oferecer-se o melhor como primícia para o Senhor. Os que pensam em poupar dando as sobras a Deus, enganam-se, pois ninguém zomba de Deus.

Versículos 20-32Assim como Israel era um povo que não devia contar-se entre as nações, assim também a

de Levi era uma tribo que se distinguia do resto. Os que têm a Deus por herança e porção para sempre, devem olhar com santo desdém e indiferença os pertences deste mundo.

Os levitas tinham de dar a Deus os dízimos de sua parte, como também os israelitas de seus ganhos. Veja-se no versículo 31 a maneira de ter consolo em todos nossos pertences mun-danos, para não albergar pecado a causa deles.

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1) Devemos estar seguros de que o que temos tem sido logrado com honestidade e no serviço de Deus. come-se melhor a carne que primeiro se ganha, porém se alguém não quer trabalhar, que também não coma (2 Ts 3.10).

2) Devemos estar seguros de que Deus tenha sua parte. Temos o consolo de nossa substân-cia quando honramos o Senhor com ela. Não terão pecado devido a isso quando tenham dado a melhor parte. Devemos dar oferta das coisas que temos para que todo seja santo e conso-lador para nós.

CAPÍTULO 19• Versículos 1-10 As cinzas da novilha• Versículos 11-22 Usadas para purificar o imundo

Versículos 1-10A novilha devia ser completamente queimada. Isto tipifica os sofrimentos dolorosos de

nosso Senhor Jesus, em corpo e alma, como sacrifício feito por fogo, para satisfazer a justiça de Deus pelo pecado do homem. As cinzas deviam ser guardadas para purificação pelo pecado; embora somente eram para purificar da imundícia cerimonial, as cinzas eram um tipo da purifi-cação pelo pecado que fez nosso Senhor Jesus em sua morte. O sangue de Cristo está guardado para nós na palavra e nos sacramentos, como fonte de mérito, ao qual podemos recorrer constantemente pela fé para limpar nossa consciência.

Versículos 11-22Por que a lei convertia um cadáver em algo contaminante? Porque a morte é o salário do

pecado, entrou no mundo pelo pecado e reina pelo poder do pecado. A lei não pôde vencer a morte nem aboli-la como o faz o Evangelho, tirando à luz a vida e imortalidade, e introduzindo assim uma esperança melhor.

Como as cinzas da novilha significavam o mérito de Cristo, assim a água corrente significa o poder e a graça do bendito Espírito, o qual se compara com rios de água viva; e por sua obra nos é imputada a justiça de Cristo para limpeza nossa. Os que se prometem a si mesmos bene-ficiar-se da justiça de Cristo, porém não se submetem à graça e a influência do Espírito Santo, simplesmente enganam-se sozinhos; não podemos ser purificados pelas cinzas se não for em água corrente.

Que uso poderia haver para estas ordenanças se não estivessem referidas às doutrinas do sacrifício de Cristo? Ao compará-las com o Novo Testamento, fica evidente o conhecimento que se obtém delas. O verdadeiro estado do homem caído se mostra nestas instituições. Aqui aprendemos a natureza contaminante do pecado e somos advertidos para que evitemos as más companhias.

CAPÍTULO 20• Versículos 1-13 O povo chega a Zim – Murmuram pela água – Moisés bate na

rocha – a fraqueza de Moisés e Arão• Versículos 14-21 Não se permite aos israelitas atravessar o Edom • Versículos 22-29 Arão entrega o sacerdócio a Eleazar e morre no monte Hor

Versículos 1-13Depois de trinta e oito anos de tediosa permanência no deserto, os exércitos de Israel

avançaram outra vez rumo a Canaã. Não havia água para a congregação. Vivemos num mundo necessitado e onde quer que estejamos, acharemos algo que nos desconcerta. Grande miser-icórdia é ter água abundante, misericórdia a qual atribuiremos mais valor se nos escassear. Aqui murmuraram contra Moisés e Arão. Falaram com a mesma linguagem absurda e bestial de seus pais. Isto agravou seu delito porque já conheciam tanto tempo os descontentamentos e a falta de fé de seus pais; não obstante, se aventuraram nas mesmas pegadas. Moisés deve, novamente, mandar em nome de Deus que brote água para eles de uma rocha; como sempre, Deus pode abastecer a seu povo com o que necessitam.

Contudo, Moisés e Arão agiram errado. Atribuíram a si mesmos uma boa parte da glória do fato maravilhoso: "Tiraremos água desta pedra para vocês?", como se o fizessem por algum poder ou valor próprio. Eles deviam falar à rocha, mas bateram nela. Portanto, são acusados de não santificar a Deus, isto é, não lhe deram a Ele a glória devida a seu nome por este mila -gre. Provocado pelo povo, Moisés falou com seus lábios tolamente. O mesmo orgulho do homem usurpa até o poder de Deus. poderíamos convencer-nos voluntariamente de que pode-mos usurpar o ofício de Mediador designado e tornar-nos sabedoria, justificação, santificação e 128

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redenção para nós mesmos. Tal estado de pecaminosa independência, semelhante rebelião da alma contra seu Salvador, é condenada pela voz de Deus em cada página do Evangelho.

Versículos 14-21O caminho mais curto a Canaã desde onde estava acampado Israel era passar pelo território

de Edom. Os embaixadores enviados regressaram com uma negativa. Os edomitas temiam que os israelitas os prejudicasse. Se este numeroso exército tiver estado sob outra disciplina que não for à de um Deus justo, haveria motivo para este zelo. Mas Esaú odiava a Jacó pela bênção; agora, quando a bênção estava para ser herdada, o ódio reviveu. Não deve estranhar-nos que homens insensatos neguem petições razoáveis, e que os que gozam do favor de Deus sejam afrontados pelos homens.

Versículos 22-29Deus pede a Arão que se prepare para morrer. Há algo de desagrado nesta ordem. Arão não

deve entrar em Canaã porque falhou em seu dever nas águas da contenda. Eles receberam muita misericórdia. Arão, apesar de morrer por sua transgressão, morre em paz e com honra. Foi reunido a seu povo como quem morre nos braços da graça divina. Há muita significação nestas ordens. Arão não deve entrar em Canaã, para demonstrar que o sacerdócio levítico nada podia aperfeiçoar; isto deve fazê-lo a introdução de uma esperança melhor. Arão se sub-mete e morre do modo e forma designados e, por estranho que pareça, com tanto júbilo como se ficasse dormido, para Arão foi uma grande satisfação ver que se dava preferência a seu filho, que lhe era tão querido, e seu ofício, preservado e assegurado: especialmente veja-se nisto uma figura do sacerdócio eterno de Cristo. um bom homem deve desejar, se for da von-tade de Deus, não viver além de sua vida útil. Por que devemos desejar continuar neste mundo, senão enquanto possamos servir em algo para Deus e nossa geração?

CAPÍTULO 21• Versículos 1-3 Destruição dos cananeus de Arade • Versículos 4-9 A gente murmuradora atacada por uma praga de serpentes

ardentes – Eles se arrependem, são sarados por meio da serpente de bronze

Versículos 1-3Antes que o povo começasse a dar um rodeio para passar Edom, o rei cananeu de Arade, a

habitava no sul do país, os atacou no deserto e tomou alguns prisioneiros. Isto fez com que os israelitas olhassem em forma mais completa ao Senhor.

Versículos 4-9Os filhos de Israel estavam fatigados pela longa marcha rodeando a terra de Edom. Falam

descontentes do que Deus tinha feito por eles, e desconfiando do que Ele faria. Com que será agradado, quem não estaria feliz com o maná? Que o desprezo de alguns pela palavra de Deus não nos faça valorizá-la menos. É o pão de vida, o pão essencial que nutre aos que pela fé se alimentam dele para vida eterna, embora alguém o chame de pão leviano.

Vemos o justo juízo de Deus sobre eles por murmurar. Ele enviou serpentes ardentes que morderam mortalmente a muitos. É de temer que não tivessem reconhecido o pecado de não ter sido pelo ardor da picada, mas transigiram sob a vara. Deus fez uma provisão maravilhosa para seu alívio. Os próprios judeus dizem que não era ver a serpente de bronze o que curava, senão que ao olhá-la, olhavam a Deus como o Senhor que os sarava. Havia muito do evangelho nisto, nosso Salvador declarou (Jo 3.14-15) que como Moisés levantou a serpente no deserto, assim era necessário que o Filho do homem fosse levantado para que todo aquele que nEle crê não se perca.

Compare-se a doença deles com a nossa. O pecado morde como uma serpente, e pica como uma víbora venenosa. Compare-se a aplicação do remédio deles e o nosso, eles olharam e viveram; e nós, se crermos, não pereceremos. Pela fé olhamos a Jesus (Hb 12.2). Todo aquele que olhava, por desesperado que fosse seu caso, débil sua visão ou longe seu lugar, era cu-rado, certa e completamente. O Senhor pode aliviar-nos de perigos e mal-estares por médios que a razão humana nunca teria concebido. Oh, que o veneno da serpente antiga, que inflama as paixões dos homens e os faz cometer pecados que desembocam na destruição eterna deles, fora tão sensivelmente sentido, e o perigo visto com tanta clareza, como os israelitas sentiram a dor da mordida das serpentes ardentes, e como temiam a subseqüente morte! Então, ninguém fecharia seus olhos a Cristo ou se afastaria de Seu evangelho. Então o Salvador cruci -ficado seria tão valorizado como todo o resto seria contado como perda por Ele; então, sem demora, e com fervor e simplicidade, todos lhe suplicaríamos a Ele na forma indicada, cla-

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mando: Senhor, salva-nos, que perecemos! Ninguém abusaria da liberdade da salvação de Cristo, embora reconheceriam o preço que lhe custou.

Versículos 10-20 Aqui temos as jornadas dos filhos de Israel até que chegam às planícies do Moabe, onde

cruzaram o rio Jordão rumo a Canaã. A final de sua peregrinação estava perto. "Partiram". Bom seria que nós fossemos assim: quanto mais perto do céu cheguemos, sejamos muito mais ativos e abundantes na obra do Senhor.

Aqui se fala do êxito maravilhoso que Deus concedeu a seu povo e, entre outras, suas ações no rio Arnom, em Vaebe, em Sufa e em outros lugares ribeirinhos desse rio. Em cada etapa de nossa vida, não, em cada passo, devemos advertir o que Deus nos trouxe; o que Ele fez em tal momento e em tal lugar, deve ser lembrado claramente.

Deus bendisse a sua gente com provisão de água. Quando cheguemos ao céu, iremos a fonte da vida, a fonte das águas vivas. Eles a receberam com gozo e gratidão, o que fez dupla-mente doce essa misericórdia. Devemos tirar com gozo águas das fontes de salvação (Is 12.3). Como a serpente de bronze era uma figura de Cristo, que é levantado para nossa sanidade, as-sim esta fonte é uma figura do Espírito, derramado para nosso consolo, e desde a qual correm rios de água viva (Jo 8.38-39). Brota esta fonte em nossa alma? De ser assim, devemos receber o consolo para nós e dar a glória a Deus. Ele prometeu dar água, mas eles devem abrir o ter-reno. Devem esperar-se os favores de Deus no uso de médios que estejam dentro de nosso al-cance, mas de todos modos o poder continua sendo somente de Deus.

Versículos 21-35Siom saiu com suas forças contra Israel, fora de suas fronteiras, sem provocação, e assim se

precipitou a sua própria ruína. Os inimigos da igreja de Deus amiúde perecem pelos conselhos que tem considerado como muito sábios.

Ogue, rei de Basã, em lugar de considerar a advertência que era o destino de seus vizinhos, para fazer a paz com Israel, vai e faz a guerra, o que provoca de igual modo sua destruição. Os perversos fazem o que podem para assegurar-se eles e seus pertences contra os juízos de Deus, porém tudo é em vão, quando chega o dia em que devem cair. Deus deu êxito a Israel enquanto Moisés esteve com eles para que pudesse ver o começo da obra gloriosa, embora não viveria para vê-la consumada. Em comparação, era somente o dia das coisas pequenas, mas era a garantia de grandes coisas. Devemos preparar-nos para conflitos e inimigos novos. Não devemos fazer a paz nem estabelecer trégua com a potestade das trevas, nem sequer tratar com eles; tampouco devemos esperar pausa em nossa contenda. Contudo, confiando em Deus e obedecendo seus mandamentos, seremos mais que vencedores de todo inimigo.

CAPÍTULO 22• Versículos 1-14 O temor de Balaque para com Israel – Ele envia a buscar a

Balaão• Versículos 15-21 Balaão vai a Balaque• Versículos 22-35 A oposição de Balaão no caminho• Versículos 36-41 Balaão e Balaque se encontram

Versículos 1-14O rei de Moabe se fez um plano para amaldiçoar o povo de Israel; isto é, para pôr a Deus em

contra deles, que até agora tinha lutado em favor deles. Tinha a falsa idéia de que se lograva que um profeta orasse pedindo que lhes sobreviesse o mal, e que desse uma bênção a ele e seus exércitos, então poderia enfrentar o inimigo. Ninguém tinha uma reputação maior que Balaão, e Balaque o empregará, apesar que teve que fazê-lo vir de longe. Não se sabe se antes disto o Senhor tinha falado alguma vez a Balaão, ou às vezes dele, embora é provável que o tivesse feito, e é seguro que depois o fez. Contudo, temos provas abundantes de que ele viveu e morreu como homem malvado, inimigo de Deus e de seu povo. A maldição não virá a nós se não há uma causa, embora os homens a pronunciem.

Para convencer a Balaão, eles levaram a paga da injustiça, mas Deus limitou a Balaão, proibindo-lhe de amaldiçoar a Israel. Balaão não era um estranho da causa de Israel, de modo que deveria ter respondido de imediato aos mensageiros que nunca amaldiçoaria um povo que Deus tiver abençoado. Porém se toma uma noite para considerar o que fazer. Quando parla-mentamos com as tentações estamos em grave perigo de sermos derrotados.

Balaão não foi fiel para entregar a mensagem com a resposta de Deus aos mensageiros. Os que diminuem as restrições divinas são um bom alvo para a tentação de Satanás, como se ir contra a lei de Deus for somente andar sem sua permissão. Os mensageiros tampouco são fiéis

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ao dar a resposta de Balaão a Balaque. Assim, muitos são maltratados pelos elogios dos que os rodeiam e lhes impedem de ver seus próprios defeitos e tolices.

Versículos 15-21Partiu uma segunda embaixada para Balaão. Bom seria para nós sermos fervorosos e con-

stantes para prosseguirmos a boa obra, apesar das decepções. Balaque pôs uma isca não só para a cobiça de Balaão, senão para seu orgulho e ambição. Com quanto fervor devemos rogar diariamente a Deus que mortifique tais desejos em nós! Assim, os pecadores não reparam em dores nem em custos, nem se importam de quão baixo se dobrem para satisfazer seus luxos ou sua maldade. Então, deveríamos estar dispostos a fazer o errado? Deus não o permita!

As convicções de Balaão lhe encarregaram aderir-se ao mandamento de Deus; nenhum outro homem teria podido falar melhor. Porém muitos que chamam de seu a Deus, não são verdadeiramente seus, porque não são exclusivamente seus. Não deve julgar-se aos homens pelo que eles dizem; Deus conhece o coração. Ao mesmo tempo, as corrupções de Balaão o in-clinaram a ir em contra do mandamento. Pareceria que ele rejeita a tentação, mas não ex-pressa aborrecimento dela. Ele tinha um forte desejo de aceitar a oferta, e esperava que Deus pudesse dar-lhe a permissão para ir. Ele já sabia qual era a vontade de Deus. Prova certeira do reinado da corrupção no coração é pedir permissão para pecar.

Deus entregou a Balaão à concupiscência de seu coração. Como às vezes Deus nega com amor as orações de seu povo, assim também, às vezes, concede com ira os desejos do ímpio.

Versículos 22-35Não devemos pensar que, devido a que pela sua providência Deus nem sempre detém os

homens em seu pecado, o aprove, o que não lhe era aborrecível. Os santos anjos se opõem ao pecado e, talvez sejam empregados para evitá-lo mais do que percebemos. Este anjo era um adversário para Balaão, porque ele o reputou como tal; os que detêm nosso avanço pelos cam-inhos do pecado são realmente nossos melhores amigos, e devemos reconhecê-los como tais.

A asna avisa a Balaão do desagrado de Deus. é comum que os que têm o coração total voltado para o mal, continuem avançando com violência por entre as dificuldades que a Providência coloca em seu caminho. O Senhor abriu a boca da asna. Este foi um grande mila-gre operado pelo poder de Deus. O que fez falar ao homem pode, quando lê aprouver, fazer falar a asna com a voz do homem. A asna se queixou da crueldade de Balaão. O justo Deus não permite que seja maltratado o menor ou mais fraco, e se eles não falam em sua própria defesa, Ele falará por eles de uma ou de outra forma.

Afinal Balaão abriu os olhos. Deus tem muitas formas de abater o coração duro e enaltecido. Quando nossos olhos se abrem, vemos o perigo dos caminhos pecaminosos, e quão vantajoso seria para nós ter sido detidos. Balaão pareceu transigir: "Eu pequei"; porém, não parece que for sensível a esta maldade de seu coração, se não estiver disposto a admiti-la. Se achar que não pode continuar adiante, se contentará com regressar, já que não há remédio. Assim, pois, muitos abandonam seus pecados somente porque seus pecados os abandonaram a eles. O anjo declarou que ele não só devia ser incapaz de amaldiçoar a Israel, senão que seria forçado a abençoá-lo: isto seria mais para a glória de Deus e para sua própria confusão que se se ar-repender.

Versículos 36-41Agora Balaque nada tem de que se queixar, senão que Balaão não acudiu com maior pron-

tidão. Balaão exorta a Balaque a não esperar demasiado dele. Parece falar com irritação, porém realmente está tão desejoso de comprazer a Balaque como sempre tinha pretendido es-tar por comprazer a Deus. Veja quanta necessidade temos de orar a diário: Pai nosso que estás no céu, não nos deixes cair em tentação. Sejamos zelosos por nosso próprio coração, vendo o quão longe podem chegar os homens no conhecimento de Deus e, ainda assim, não al-cançarem a graça divina.

CAPÍTULO 23• Versículos 1-10 O sacrifício de Balaque – Balaão pronuncia uma bênção em

vez de uma maldição • Versículos 11-30 A desilusão de Balaque e o segundo sacrifício – Balaão volta

a abençoar a Israel

Versículos 1-10Com os acampamentos de Israel a plena vista, Balaão ordenou que se construíssem sete

altares e se oferecesse um novilho e um carneiro em cada um deles. Oh, a estupidez da super-stição que imagina que Deus estará à ordem do homem! A maldição é tornada com amor em

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bênção para Israel pelo poder avassalador de Deus. Deus decidiu servir sua própria glória com Balaão e, portanto, enfrentá-lo. Se Deus pôs palavras na boca de Balaão, que teria desafiado a Deus e a Israel, com certeza Ele não faltará aos que desejam glorificar a Deus e edificar a seu povo; a eles lhes será dado o que devam dizer.

O que abriu a boca da asna, fez que a boca deste homem malvado dissesse palavras tão contrárias ao desejo de seu coração, como as da asna eram para os poderes do animal. O mila-gre foi tão grande num caso como no outro.

Balaão declara a salvo a Israel. Reconhece que não pode fazer mais do que Deus lhe permi-tir. Ele os declara bem-aventurados em sua distinção do resto das nações. Bem-aventurados em seu número, que os torna ao mesmo tempo honoráveis e formidáveis. Bem-aventurados em seu final. A morte é o fim de todos os homens; até o justo deve morrer, e é bom que pense-mos nisto a respeito de nós, como o faz aqui Balaão, falando de sua própria morte. Ele declara verdadeiramente abençoado o justo não só enquanto vive, senão quando morrer; o que faz a morte deles ainda mais desejável que a vida mesma. Mas há muitos que desejam morrer a morte dos retos, mas não empreender a vida do justo; estariam felizes de ter um fim como o deles, mas não um caminho como o deles. Querem ser santos no céu, mas não na terra. Este ditado de Balaão é somente um desejo, mas não uma oração; é um desejo vão por ser so-mente um desejo do fim sem nenhum interesse pelos médios. Muitos procuram acalmar sua consciência com a promessa de uma emenda futura, ou dar-se alguma esperança falsa en-quanto desprezam o único caminho de salvação pelo qual um pecador pode ser justo ante Deus.

Versículos 11-30Balaque estava irado com Balaão. Deste modo se extrai de um profeta malvado uma confis-

são do poder avassalador de Deus, para confusão de um príncipe perverso. Pela segunda vez, a maldição é tornada em bênção; e esta bênção é mais ampla e mais poderosa que a primeira. Os homens mudam de idéia e quebrantam sua palavra, porém Deus nunca muda de propósito e, portanto, nunca revoga sua promessa. Quando na Escritura se diz que Ele se arrepende, não significa nenhuma mudança de seu propósito, senão somente uma mudança de sua maneira. Houve pecado em Jacó, e Deus o viu, mas não foi do grau que pudesse fizer que os entregasse à ruína. Se o Senhor vê que confiamos em Sua misericórdia e aceitamos Sua salvação, que não nos damos o gosto com concupiscências secretas e que não continuamos em rebelião, senão que tentamos de servi-lo e glorificá-lo podemos ter a certeza de que Ele nos olha como aceitos em Cristo, de que nossos pecados estão todos perdoados. Oh, as maravilhas da providência e da graça, as maravilhas do amor redentor, da misericórdia perdoadora, do Espírito que faz no-vas todas as coisas!

Balaque não tinha esperanças de arruinar a Israel, e Balaão demonstrou que ele tinha mais razão para temer que eles os assolassem. Como Balaão não pôde dizer o que Balaque queria que dissesse, este desejava que não falasse nada. Embora os desígnios do coração humano se-jam muitos, prevalecerão os conselhos de Deus. mas decidem realizar uma nova tentativa, ainda que não tinham uma promessa sobre a qual edificar suas esperanças. Continuemos orando fervorosos, os que temos a promessa de que, finalmente, a visão falará e não mentirá (Lc 18.1).

CAPÍTULO 24• Versículos 1-9 Balaão deixa a adivinhação e profetiza a felicidade de Israel• Versículos 10-14 Balaque despede a Balaão com ira• Versículos 15-25 Profecias de Balaão

Versículos 1-9Agora Balaão não fala com seus sentidos, senão a linguagem do Espírito que veio sobre ele.

há muitos que têm seus olhos abertos, mas não seus corações; têm sido iluminados, mas não santificados. O conhecimento que enche os homens de orgulho somente serve para acendê-los no inferno, aonde muitos vão com os olhos abertos.

A bênção é quase a mesma dada antes. Em Israel admira sua beleza. Sem dúvida, o justo é mais excelente que seu vizinho. Seu fruto e ganho. Sua honra e progresso. Seu poder e vitória. Olha o passado, para o que tem sido feito por eles. Seu valor e seguridade. O justo é valente como um leão, não quando assalta aos outros, senão quando está em repouso, porque Deus o faz habitar seguro. Sua influência sobre o próximo. Deus toma o que é feito a eles, bem ou mau, como feito a Ele.

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Versículos 10-14Termina a vã tentativa de amaldiçoar a Israel. Balaque acende sua ira contra Balaão, e ex-

pressa o ofendido que está. Balaão tem uma escusa muito boa: Deus o impediu de falar o que teria querido dizer, e o obrigou a dizer o que jamais teria falado.

Versículos 15-25Sob a poderosa influência do Espírito de profecia, Balaão anuncia a prosperidade futura e o

domínio amplo de Israel. Balaão jacta-se de que seus olhos estão abertos. Outrora os profetas eram chamados de videntes. Tinha ouvido as palavras de Deus, que muitos não as escutam, nem ouvem a Deus nelas. Tinha o conhecimento do Altíssimo. Um homem pode estar cheio do conhecimento de Deus, mas esgar destituído de Sua graça. Chama a Deus Altíssimo e Onipo-tente. Nenhum homem poderia expressar um maior respeito por Deus; no entanto, não tinha verdadeiro temor de Deus, amor por Ele nem fé nEle. Assim de longe pode um homem chegar no caminho ao céu e, contudo, ficar finalmente destituído dEle. Eis aqui a profecia de Balaão acerca do que devia ser coroa e glória de seu povo Israel; que é Davi, como tipo, mas que aponta principalmente a nosso Senhor Jesus, o Messias prometido, e dEle é uma gloriosa profe-cia. Balaão é um homem perverso: verá a Cristo, mas não de perto; não o verá como Jó, e o viu como seu Redentor, e o viu para si mesmo. Quando venha nas nuvens, todo olho o verá; porém muitos o verão como o rico no inferno viu a Abraão, de longe.

Sairá de Jacó e Israel, como Estrela e Cetro; a primeira indicando sua glória e lustre, e este em representação de seu poder e autoridade. Cristo será Rei, não só de Jacó e Israel, senão de todo o mundo; de modo que todos serão governados por seu cetro de oro ou serão esmiuçados por sua vara de ferro. Balaão profetiza acerca dos amalequitas e dos queneus, parte de cujos territórios podia ver. Nem sequer um ninho na rocha será refúgio duradouro. Esta é uma profe-cia que olha o futuro, aos gregos e romanos. Reconhece que todas as revoluções dos estados e reinos são feitura do Senhor. estes acontecimentos causarão uma desolação tal que escassa-mente escapará alguém. Os que vivam então, serão como brasas arrebatadas do fogo. Que Deus nos faça aptos para esses tempos! Assim Balaão, em vez de amaldiçoar a igreja, amaldiçoa a Amaleque, o primeiro inimigo da igreja, e a Roma, o último inimigo. Não só a Roma pagã, senão também a Roma papal; o anticristo e todas as potestades do anticristo.

Perguntemo-nos, em conhecimento, experiência ou profissão de fé: somos melhores que Balaão? Nenhuma habilidade de oratória, na predicação ou na oração, nenhum dom de conhec-imento ou profecia são em si diferentes dos dons de que se vangloria aquele que amou o salário da injustiça e morreu como inimigo de Deus. A simples dependência do sangue expi-atório e da graça santificadora, a alegre submissão à vontade divina, o esforço constante de glorificar a Deus e de beneficiar seu povo, são dons menos esplêndidos, mas muito mais exce-lentes e sempre acompanham a salvação. Nenhum hipócrita jactancioso jamais os teve; con-tudo, o crente mais fraco tem algo deles, e ora diariamente para ter mais.

CAPÍTULO 25• Versículos 1-5 Os israelitas são seduzidos pelas filhas de Moabe e Midiã • Versículos 6-15 Finéias mata a Zinri e a Cozbi• Versículos 16-18 Os midianitas serão castigados

Versículos 1-5A amizade do ímpio é mais perigosa que sua inimizade, pois nada pode vencer o povo de

Deus se não são derrotados pela concupiscência; nem pode feri-lo um encantamento, senão a sedução dos interesses e prazeres mundanos. Eis aqui o pecado de Israel, ao qual são provoca-dos pelas filhas de Moabe e Midiã. Nossos piores inimigos são os que nos levam a pecar, pois esse é o maior dano que um homem pode fazer-nos. O pecado de Israel fez o que todos os con-juros de Balaão não puderam realizar: pôr a Deus contra eles. As doenças são o fruto da ira de Deus, e o justo castigo do pecado imperante; uma infecção segue à outra. Os instigadores prin-cipais do pecado deveriam ser submetidos a uma justiça exemplificadora.

Versículos 6-15Com o valor do zelo e da fé, Finéias executou a vingança em Zinri e Cozbi. Este ato nunca

pode ser um exemplo de vingança privada, ou de perseguição religiosa ou de uma vingança pública ilegal.

Versículos 16-18Não lemos que algum midianita morresse pela praga; Deus os castigou com a espada de um

inimigo, não com a vara do pai. Nós devemos pôr-nos em contra do que seja ocasião de 133

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pecado para nós (Mt 5.29-30). O que atrair a pecar deve ser uma afronta para nós, como um aguilhão na carne. E ninguém será mais seguro e severamente castigado que os que, seguindo o exemplo de Satanás, e com sua sutileza, tentam a pecar a outrem.

CAPÍTULO 26• Versículos 1-51 Censo de Israel nas planícies do Moabe• Versículos 52-56 A divisão da terra• Versículos 57-62 Conta dos levitas• Versículos 63-65 Nenhum remanescente do primeiro censo

Versículos 1-51Moisés não fez o censo do povo senão quando o Senhor o mandou. Temos aqui registradas

as famílias e as tribos. O total foi quase o mesmo contado no monte Sinai. Leva-se em conta os filhos de Coré, que não morreram como os filhos de Datã e Abirão; parece que eles não se uni -ram nem sequer a seu pai na rebelião. Se não participamos dos pecados dos pecadores, não participaremos de suas pragas.

Versículos 52-56Ao distribuir as tribos, prescreve-se a regra geral da eqüidade: que aos muitos lhes seja

dado mais, e aos poucos, menos. Embora parece livrado à prudência do príncipe deles, o as-sunto deve ser definitivamente resolvido pela providência de Deus, com a qual todos devem conformar-se e estar satisfeitos.

Versículos 57-62Levi era tribo de Deus, portanto não foi contada com as outras, mas sozinha. Não ficou sub-

metida à sentença de que ninguém entraria em Canaã salvo Calebe e Josué.Versículos 63-65Observe-se a execução da sentença pronunciada contra os murmuradores (capítulo 14.20).

Não houve um homem contado agora que tivesse sido contado no anterior censo, salvo Calebe e Josué. Aqui se manifestou a justiça de Deus e sua fidelidade no cumprimento de suas ameaças. Observe-se especialmente a verdade de Deus ao cumprir a promessa dada a Calebe e Josué. A morte devasta espantosamente a espécie humana e provoca mudanças surpreen-dentes nas famílias e nações; no entanto, tudo tem sido estabelecido em perfeita sabedoria, justiça e verdade pelo Senhor mesmo. isto deveria estimular-nos a pensar na natureza abor-recível do pecado, a causa de todas estas devastações. Devemos renovar nosso arrependi-mento, buscar perdão, valorizar a salvação de Cristo, lembrar quão frágeis somos, preparar-nos para a convocatória da morte e encher nossos dias servindo a nossa geração conforme com a vontade de Deus.

CAPÍTULO 27• Versículos 1-11 As filhas de Zelofeade solicitam herança – A lei das heranças • Versículos 12-14 Moisés é avisado de sua morte• Versículos 15-23 Josué nomeado sucessor de Moisés

Versículos 1-11As cinco filhas de Zelofeade se consideraram abandonadas por não ter pai nem irmão que

herdasse a terra. Sua expectativa de fé era que a palavra do Senhor seria cumprida a seu tempo, junto com seu desejo de um interesse na herança prometida; e a forma modesta e cân-dida em que pediram, sem murmurações secretas nem descontentamento, são um bom exem-plo. Pedem uma possessão na terra de Canaã. Nisto elas mostram:

1) Uma fé firme no poder e a promessa de Deus de dar a terra de Canaã a Israel.2) E um desejo fervoroso de ter um lugar e um nome na terra prometida, a qual era tipo do

céu.3) Respeito e honra pelo seu pai, cujo nome era precioso para elas agora que já estava

morto. Ele nunca tinha feito algo para impedir o reclamo de suas filhas. É um consolo para os pais, quando ao momento de morrer, embora eles mesmos tenham sofrido as conseqüências do próprio pecado, não terem consciência alguma das iniqüidades que Deus castigará nos fil-hos.

O mesmo Deus é quem emite o juízo. Ele toma nota dos assuntos, não só das nações. Senão também das famílias, e os ordena conforme a sua vontade. A petição é concedida. Os que 134

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procuram uma herdade na terra da promessa terão o que buscam, e outras coisas lhes serão agregadas.

Versículos 12-14Moisés deve morrer, mas terá a satisfação de ver a terra prometida. A visão de Canaã repre-

senta sua perspectiva de fé numa pátria melhor, isto é, a celestial. Moisés deve morrer, mas a morte não o corta, somente o leva a descansar com os santos patriarcas. É só morrer como eles morreram, tendo vivido como eles viveram; e já que o fim deles foi paz, por que devemos temer algum mal na passagem por este vale escuro?

Versículos 15-23Os espíritos invejosos não amam a seus sucessores; porém Moisés não era um desses. Em

nossas orações e em nossas empresas devemos preocupar-nos pela geração vindoura, para que a religião seja mantida e progrida quando nós estivermos em nossos túmulos. Deus nomeia um sucessor: Josué, que tinha-se destacado por seu valor ao pelejar contra Amaleque, por sua humildade ao ministrar a Moisés, e por sua fé e sinceridade ao testificar contra o in-forme dos espias maus. Deus nomeia a este homem para suceder a Moisés; um homem em quem está o Espírito, o Espírito de graça. Ele é um bom homem, temeroso de Deus, que abor-rece a cobiça e age baseado em princípios. Tem o espírito de governo; ele é apto para fazer a obra e executar os cometidos de seu cargo. Tem um espírito de conduta e valor; tem, também, o Espírito de profecia. O homem desprovido da graça e dos dons do Espírito Santo não está ple-namente capacitado para servir na igreja de Cristo, quaisquer sejam as habilidades naturais que possua. Na sucessão de Josué somos lembrados que "a lei foi dada por meio de Moisés", a qual, devido a nossa transgressão, não pôde levar-nos ao céu, mas "a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo" para salvação de todo crente.

CAPÍTULO 28• Versículos 1-8 As ofertas – O sacrifício diário• Versículos 9-15 A oferta do dia de repouso e as luas novas• Versículos 16-31 Oferta da Páscoa e do dia das primícias

Versículos 1-8Deus considerou necessário repetir agora a lei dos sacrifícios. Esta era uma geração nova de

homens; preocupavam-se em manter a paz com Deus quando estavam em guerra com seus in-imigos. O sacrifício diário chama-se holocausto contínuo; quando se nos pede que oremos sem cessar, pelo menos cada manhã e cada anoitecer devemos oferecer orações e louvores solenes a Deus. aqui nada se agrega, senão que vinho derramado na oferta para a libação deve ser vinho superior, para ensinar-nos a servir a Deus com o melhor que tivermos. Era uma figura do sangue de Cristo, sinal deixado à igreja como vinho; e do sangue dos mártires que seria derra-mado como oferta para a libação do sacrifício e serviço de nossa fé (Fp 2.17).

Versículos 9-15Cada dia de repouso, além dos dois cordeiros oferecidos para o holocausto diário, havia que

oferecer outros. Isto nos ensina a redobrar nossas devoções no dia de repouso, porque assim o requer o dever do dia. O repouso deve observar-se para aplicar-nos mais intimamente à obra do dia de repouso, a qual deve encher todo o tempo do repouso. As ofertas das luas novas demonstravam gratidão pela renovação das bênçãos terrenas: quando nos regozijamos nos presentes da providência, devemos fazer fonte e manancial de nosso gozo o sacrifício de Cristo, essa grande dádiva de graça especial. O culto realizado em lua nova é tipo das solenidades da boa nova (Is 66.23). Assim como a lua toma emprestada a luz do sol, e é reno-vada por seu influxo, assim a igreja toma emprestada a luz de Jesus Cristo, o Sol de Justiça, renovando o estado da igreja, especialmente sob o Evangelho.

Versículos 16-31Pelos sacrifícios aqui estipulados somos lembrados do poder contínuo do sacrifício de Cristo

e de nossa necessidade contínua de dependermos dEle. Nenhuma atividade apressada, nem situação perigo ou conseqüência próspera deve causar preguiça para nossos exercícios reli-giosos; antes, devem provocar-nos a maior diligência para procurar socorro do Senhor ou agradecê-lhe a Ele. todo deve ir acompanhado de arrependimento, fé no Senhor Jesus e amor por Ele, e produzir santidade verdadeira em nossa conduta para com todos os homens; do con-trário, Deus aborrecerá nosso serviço mais solene e nossa devoção mais abundante. Cristo é

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capaz de suprir as necessidades diárias, de cada semana, de cada mês, de cada ano, de cada ordenança, de cada caso.

CAPÍTULO 29• Versículos 1-11 A oferta da festa das trombetas e do dia da expiação• Versículos 12-40 Ofertas da festa dos tabernáculos

Versículos 1-11Há mais solenidades sagradas no sétimo mês que nos outros. era a temporada entre a col-

heita e a semeadura. Quanto mais tempo livre tenhamos das pressões desta vida, mais tempo devemos dedicar ao serviço imediato de Deus. tinha-se estabelecido o toque de trombetas (Lv 23.24). Aqui se ordenam os sacrifícios que deviam oferecer nesse dia. Quem quiser conhecer o propósito de Deus na Escritura deve comparar uma porção com outra. As revelações posteri-ores da luz divina explicam o escuro e suprem o que faltava, para que o homem de Deus possa ser perfeito.

Versículos 12-40Pouco depois do dia da expiação, em que os homens deviam afligir suas almas, vinha a

festa dos Tabernáculos, na que deviam regozijar-se ante o Senhor. Seus dias de regozijo de-viam ser dias de sacrifícios. A disposição de estarmos alegres nos faz bem, quando estimula nosso coração para os deveres do serviço de Deus. Todos os dias em que permaneciam nas barracas deviam realizar sacrifícios; enquanto estivermos aqui em estado de tabernáculo, é por nosso interesse e também nosso dever, mantermos constante comunhão com Deus. indicam-se os sacrifícios para cada um dos sete dias. Cada dia haveria uma oferta pelo pecado, como nas outras festividades. Nossos sacrifícios de louvor não podem ser aceitos por Deus, a menos que sejamos parte do grande sacrifício que Cristo ofereceu quando, por nós, se fez oferta pelo pecado. não há serviços extraordinários que substituam as devoções estipuladas. Todo aqui nos lembra a nossa devassidão. A vida que vivemos na carne deve sê-lo pela fé no Filho de Deus; até que formos a estar com Ele, a contemplar Sua glória e a louvar Sua misericórdia, a dAquele que nos amou e lavou de nossos pecados em seu próprio sangue. A Ele seja a honra e a glória por sempre. Amém.

CAPÍTULO 30• Versículos 1-2 Cumprimento dos votos• Versículos 3-16 Casos em que se pode anular um voto

Versículos 1-2Nenhum homem está ligado por própria promessa a fazer o que, por preceito divino, já está

proibido. Em outros assuntos, o mandamento é que não deve quebrantar sua palavra, se mu-dar de idéia.

Versículos 3-16Determinam-se dois casos de votos. O caso de uma filha na casa de seu pai. Quando o voto

dela chegar ao conhecimento do pai, este tem o poder de confirmá-lo ou anulá-lo. a lei é sim-ples no caso da esposa. Caso seu marido permitir seu voto, embora somente seja por silêncio, o voto é firme. Se não o permitir, a obrigação dela para com seu esposo toma o lugar do voto; pois ela deve estar sujeita a ele como ao Senhor. a lei divina compreende a boa ordem das famílias. É apropriado que todo homem governe sua casa e tenha em sujeição sua esposa e fil-hos. Deus libera da obrigação até do voto solene antes que se rompa esta grande regra, ou que se estimule aos parentes sob sujeição a quebrantar os votos. Assim, pois, a religião asse-gura o bem-estar de toda a sociedade; e neles têm bênção as famílias da terra.

CAPÍTULO 31• Versículos 1-6 Guerra com Midiã• Versículos 7-12 Matam a espada a Balaão• Versículos 13-18 Os mortos a espada a causa de seu pecado• Versículos 19-24 Purificação dos israelitas• Versículos 25-47 Reparto do botim• Versículos 48-54 Ofertas

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Versículos 1-6Todo aquele que ousar executar vingança privada sem ter esse cometido de parte de Deus

e que, por ambição, cobiça ou ressentimento, fizer a guerra e devastar reinos, deve responder por isso um dia. Porém se Deus, em vez de mandar um terremoto, uma peste ou uma grande fome, se compraz em autorizar e mandar um povo para que vingue Sua causa, esse cometido certamente é justo e bom. Os israelitas puderam executar essa comissão, embora ninguém possa fazê-lo na atualidade. As guerras de Israel começaram e foram realizadas expressa-mente por mandado divino, e com milagres foram capacitados para vencer. A menos que possa demonstrar-se que os ímpios cananeus não mereciam seu destino, os contraditores so-mente demonstram seu desgosto por Deus, e seu amor pelos inimigos do Senhor. o homem toma levianamente a maldade do pecado, porém Deus a aborrece. Isto explica a terrível exe-cução de nações que tinham enchido a medida de seus pecados.

Versículos 7-12Os israelitas passaram a espada os reis de Midiã. Passaram a espada a Balaão. A providên-

cia soberana de Deus o levou ali e a justa vingança o alcançou. Se tiver acreditado correta-mente no que tinha anunciado do feliz estado de Israel, não se teria metido na piara dos inimi-gos de Israel. Os maus desejos dos midianitas eram o projeto de Balaão: era justo que pere-cesse com eles (os 4.5). Tomaram cativos as mulheres e as crianças. Queimaram suas cidades e castelos e regressaram ao acampamento.

Versículos 13-18A espada da guerra deve excetuar as mulheres e crianças, mas a espada da justiça não con-

hece distinção senão entre culpável e não culpável. A guerra era a execução de uma sentença justa contra uma nação culpável em que as mulheres foram as piores criminosas. Foi perdoada a vida das pequenas que, se fossem criadas entre os israelitas, não os tentariam à idolatria. Todo o relato mostra a odiosidade do pecado e a culpa de tentar os outros; nos ensina a evitar-mos todas as ocasiões de mal e a não darmos quartel a nossas concupiscências. As mulheres e as meninas pequenas não foram conservadas para propósitos pecaminosos, senão para es-cravas por serem cativas, segundo o costume universal na antigüidade. No curso da providên-cia, quando a fome e as pragas castigam pelo pecado a uma nação, as crianças sofrem na calamidade comum. Neste caso, os pais são castigados em seus filhos; e, no que diz respeito das crianças que morrem antes de cometer pecados atuais, se faz provisão completa para sua felicidade eterna pela misericórdia de Deus em Cristo.

Versículos 19-24Os israelitas tiveram de purificar-se conforme à lei e habitar fora do acampamento durante

sete dias, embora não tivessem contraído culpa moral alguma, e embora a guerra era justa, le-gal e ordenada por Deus. assim, Deus preservaria na mente deles o terror e o aborrecimento pelo derramamento de sangue. O botim tinha sido usado pelos midianitas e agora chegava a ser possessão dos israelitas, então era apropriado que fosse purificado.

Versículos 25-47Seja o que for que tenhamos, Deus reclama justamente uma parte. Deus exigia um a cada

cinqüenta da parte do povo, porém da parte dos soldados somente um de cada quinhentos. Quanto menos oportunidades tivermos de honrar a Deus com serviços pessoais, mais devemos dar em dinheiro ou valores.

Versículos 48-54O êxito dos israelitas tinha sido muito notável: uma companhia tão reduzida derrotara a

uma grande multidão, mas era ainda mais maravilhoso que nenhum tiver morrido ou faltasse. Apresentaram o ouro achado entre os despojos como oferta para o Senhor. Deste modo con-fessaram que, em lugar de reclamar uma recompensa por seus serviços, necessitavam de perdão pelo muito que haviam errado, e que desejavam agradecer a preservação de sua vida, que com justiça Ele poderia ter tirado.

CAPÍTULO 32• Versículos 1-5 As tribos de Rubem e Gade pedem herdade ao oriente do

Jordão• Versículos 6-15 Moisés repreende aos filhos de Rubem e aos filhos de Gade• Versículos 16-27 Eles explicam – Moisés consente• Versículos 28-42 Tomam possessão da terra ao oriente do Jordão

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Versículos 1-5Eis aqui uma proposta feita pelos filhos de Rubem e os de Gade, de que lhes for entregue a

terra recentemente conquistada. Duas coisas comuns do mundo podem levar a estas tribos a escolherem isto: a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Havia muito que estava fora de ordem no princípio em que se basearam; consultaram sua particular conveniência mas que o bem-estar público. Deste modo, até o presente, muitos procuram o seu próprio antes que o que é de Jesus Cristo; e se deixam levar por interesses e vantagens mundanos para não chegar à Canaã celestial.

Versículos 6-15A proposta mostra desdém pela terra de Canaã, desconfiança na promessa do Senhor e

falta de disposição para enfrentar as dificuldades e perigos de conquistar e expulsar os habi-tantes dessa terra. Moisés se ira contra eles. Não corresponde a ninguém no Israel de Deus de-spreocupar-se dos compromissos difíceis e perigosos de seus irmãos, sejam públicos ou pes-soais. Os lembra das conseqüências fatais da incredulidade e da cobardia de seus pais quando estavam, como eles mesmos, prestes para entrarem em Canaã. Se os homens considerassem como deveriam, qual é o fim do pecado, teriam mais temor de começá-lo.

Versículos 16-27Eis aqui um bom efeito do trato claro. Ao mostrá-lhes Moisés seu pecado e o perigo, os

levou a seu dever sem murmurações nem brigas. Todos os homens deveriam considerar os in-teresses dos outros, assim como os próprios; a lei do amor nos pede que labutemos, nos aven-turemos ou soframos uns pelos outros segundo haja ocasião. Eles propõem que seus homens de guerra vão preparados e armados diante dos filhos de Israel ao entrarem na terra de Canaã, e que não regressem até que termine a conquista da terra. Moisés lhes concede esta petição, porém os adverte do risco de quebrantar sua palavra. Se falham, pecam contra o Senhor e não somente contra seus irmãos; certamente que Deus levará isso em conta. Podem ter a certeza de que seu pecado os alcançará. O pecado alcançará certamente o pecador, cedo ou tarde. Agora nos corresponde tirar à luz nossos pecados para arrepender-nos e abandoná-los, não seja que eles nos alcancem para nossa destruição.

Versículos 28-42Em quanto ao assentamento destas tribos, observe-se que edificaram as cidades, ou seja,

as repararam. Mudaram seus nomes; provavelmente eram nomes idólatras que, conseqüente-mente, deviam ser esquecidos. Um espírito egoísta, de procurar o próprio e não o que é de Cristo, quando cada um deveria ajudar o próximo, é tão perigoso como comum. Impossível é ser sincero na fé, sensível à bondade de Deus, constrangido pelo amor de Cristo, santificado pelo poder do Espírito Santo e, contudo, ser indiferente ao avanço da religião e ao êxito espiri -tual dos outros, por amor da comodidade ou por medo ao conflito. Assim alumie sua luz entre os homens, para que vejam suas boas obras e glorifiquem a seu Pai que está nos céus.

CAPÍTULO 33• Versículos 1-49 Acampamentos dos israelitas• Versículos 50-56 Os cananeus devem ser destruídos

Versículos 1-49Este é um olhar breve das viagens dos filhos de Israel pelo deserto. História memorável. Es-

tiveram movimentando-se continuamente em suas jornadas rumo a Canaã. Tal é o nosso es-tado neste mundo; aqui não temos cidade permanente, e todas nossas mudanças neste mundo não são senão de uma parte a outra do deserto. Foram levados daqui para lá, de diante para trás, porém sempre dirigidos pela coluna de nuvem e fogo. Deus os fez peregrinar mas, de to-dos modos, os dirigiu pelo caminho correto. O caminho que escolha Deus para atrair seu povo a Si mesmo sempre é o melhor caminho, embora nem sempre nos pareça o mais curto. Men-cionam-se acontecimentos anteriores. Deste modo devemos lembrar as providências de Deus para conosco e nossa família, para conosco e nossa terra, e os muitos casos em que o cuidado divino nos tem conduzido, nos tem alimentado, e nos tem mantido todos nossos dias até agora. Poucos são os períodos de nossa vida em que se possa pensar sem que nos lembrem da bondade do Senhor e nossa própria ingratidão e desobediência: sua bondade nos deixa sem escusa por nossos pecados. Não gostaríamos de atravessar de novo pelas etapas que pas-samos, a menos que possamos, pela graça de Deus, evitar os pecados que então cometemos e abraçar as oportunidades de realizar o bom que deixamos passar.

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Logo terminará nossa peregrinação e nosso estado eterno será fixado além de toda memória; quão impressão é, então, o momento presente! Felizes os que o Senhor guia agora com seu conselho e que, afinal, receberá na glória. O Evangelho nos chama a essa felicidade. Eis aqui, agora, o tempo aceitável; eia aqui, agora, o dia de salvação. Pecadores, aproveitem a oportunidade e corram a refugiar-se na esperança que é colocada diante de vocês. Redimamos nosso tempo para glorificar a Deus e servir a nossa geração, e Ele nos fará passar a salvo por todo até seu reino eterno.

Versículos 50-56Agora que deviam cruzar o Jordão, estavam entrando outra vez na tentação de seguir ído-

los; e são ameaçados que se respeitassem os ídolos ou os idólatras, o pecado deles será certa-mente castigo. Criarão víboras em seus próprios colos. O remanescente dos cananeus seriam espinhas em seus olhos e aguilhoes em seus lados, se fizessem a paz com eles, ainda que fosse durante algum tempo. devemos esperar problemas e aflição a causa de qualquer pecado que alberguemos; aquilo em que estamos dispostos a deixar-nos tentar, será o que nos abrume. O objetivo era que os cananeus fossem expulsos da terra, mas se os israelitas apren-diam seus maus caminhos, também eles seriam expulsos. Ouçamos isto e temamos. Se não expulsamos o pecado, o pecado nos expulsará a nós. Se não formos a morte para as nossas concupiscências, nossa luxúria será a morte de nossa alma.

CAPÍTULO 34• Versículos 1-15 As fronteiras da terra prometida• Versículos 16-29 Os nomeados para dividir a terra

Versículos 1-15Canaã era de pouca extensão; segundo os limites dados, é de umas 160 milhas (257,50 km)

de comprimento e umas 50 milhas (80,47 km) de largura, mas esta era a terra prometida ao pai dos fiéis e a vinha do Senhor, seu horto; todavia, como acontece com hortos e vinhas, a es-treiteza do espaço era compensada pela fertilidade do solo. Apesar de que a terra e sua pleni-tude são do Senhor, contudo, são poucos os que o conhecem e o servem; porém esses poucos são bem-aventurados, porque levam fruto para Deus. além disso, veja-se que pequena porção do mundo dá Deus a seu próprio povo. os que tem sua porção no céu, têm motivos para estarem contentes com um pedacinho desta terra. Mas por pouco que tiver um justo, o que tem do amor de Deus e de Sua bênção, é muito melhor e mais reconfortante que as muitas riquezas dos ímpios.

Versículos 16-29Deus nomeia aqui a homens para que distribuam a terra entre eles. Tão seguros deviam

sentir-se da vitória e do êxito enquanto Deus pelejou por eles, que foram nomeadas as pessoas as que seria confiada a divisão da terra.

CAPÍTULO 35• Versículos 1-8 As cidades dos levitas• Versículos 9-34 As cidades de refúgio – As leis sobre o assassinato

Versículos 1-8As cidades dos sacerdotes e levitas não eram só para acomodá-los, senão para pô-los como

mestres de religião em diversas partes do território. Porque embora o serviço do tabernáculo ou do templo eram em um só lugar, a predicação da palavra de Deus, a oração e o louvor não estavam confinados a esse lugar. as cidades tinham que ser dadas por cada tribo. Cada uma reconhecia deste modo sua gratidão com Deus. cada tribo tinha o benefício dos levitas que habitavam nelas, para ensiná-lhes o conhecimento do Senhor; deste modo não ficavam partes do país em trevas.

O Evangelho faz provisão para que o que é ensinado na palavra, faça partícipe de toda coisa boa ao que o instrui (Gl 6.6). Nós devemos deixar os ministros de Deus livres das preocupações que os distraem e dar-lhes tempo livre para os deveres de seu ofício; a fim de que eles possam dedicar-se completamente a eles, e aproveitem toda ocasião para ganhar a boa vontade da gente e chamar sua atenção, com atos de bondade.

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Versículos 9-34Para demonstrar claramente o aborrecível do homicídio e prover o médio mais efetivo para

o castigo do homicida, o parente mais próximo do morto podia, em casos notórios, buscar a vingança e executá-la sob o título de vingador de sangue (ou redentor do sangue). Não se dis-tingue entre a súbita ira e a aleivosia premeditada, sendo ambos delito de homicídio; dis-tingue-se entre atacar intencionalmente a alguém com uma arma que provavelmente lhe cause a morte, e um golpe casual. Neste caso somente a cidade de refúgio dava proteção. O assassinato em todas suas formas e em todas suas roupagens contamina a terra. Ai! Que passem sem ser castigados tantos assassinatos disfarçados como duelos, combates esportivos, etc!

Havia seis cidades de refúgio; a alguma deles se podia chegar em menos de um dia de vi -agem desde qualquer parte da terra. A elas podiam fugir os homicidas em busca de refúgio e estar a salvo até que tivessem um juízo justo. Se forem exonerados do cargo, eram protegidos do vingador de sangue, mas deviam continuar dentro dos limites da cidade até a morte do sumo sacerdote. Deste modo somos lembrados que a morte do grande Sumo Sacerdote é o único médio pelo qual são perdoados os pecados e deixados em liberdade os pecadores.

Em ambos os Testamentos há claras alusões a estas cidades, de modo que não duvidemos o caráter típico de sua instituição. "Voltai à fortaleza, ó presos de esperança; também hoje anun-cio que te recompensarei em dobro", diz a voz de misericórdia em Zacarias 9.12, aludindo à cidade de refúgio. São Paulo descreve o fortíssimo consolo de acudir a refugiar-se na esper-ança colocada diante de nós, numa passagem sempre aplicada à misericordiosa instituição das cidades de refúgio (Hb 6.18).

As ricas misericórdias da salvação por meio de Cristo, prefiguradas por estas cidades, de-mandam nossa atenção:

1) A antiga cidade, não elevava suas torres de seguridade para o alto? Veja-se a Cristo lev-antado na cruz, e agora não tem sido exaltado à destra de seu Pai para ser um Príncipe, um Salvador, para dar arrependimento e remissão de pecados?

2) O caminho de salvação, não lembra a suave e lisa senda à cidade de refúgio? Examine-se a senda que leva ao Redentor. Encontra-se nEle alguma pedra de tropeço, salvo a que o coração mau de incredulidade põe para sua própria queda?

3) Havia sinais que indicavam a cidade. não é o ofício dos ministros do evangelho dirigir os pecadores a Cristo?

4) A porta da cidade estava aberta dia e noite. Não tem Cristo declarado que o que a Ele vai, não o lança fora?

5) A cidade de refúgio dava apoio a todos os que entravam trás seus muros. Os que chegaram ao refúgio, que vivam por fé nAquele cuja carne é verdadeira comida e cujo sangue é verdadeira bebida.

6) A cidade era um refúgio para todos. No evangelho não se faz acepção de pessoas. So-mente vive nela a alma que merece a ira divina; não vive ali senão a alma que, com fé simples, não tiver outra esperança de salvação e vida eterna senão por meio do Filho de Deus.

CAPÍTULO 36• Versículos 1-4 A herança das filhas de Zelofeade • Versículos 5-12 As filhas de Zelofeade devem casar dentro de sua própria

tribo• Versículos 13 Conclusão

Versículos 1-4Os chefes da tribo de Manassés representam o mau que poderia sobrevir se as filhas de

Zelofeade casassem com homens de qualquer outra tribo. Elas procuravam preservar a desig-nação divina das herdades, e que não surgissem contendas nem brigas entre os que viessem depois. É sabedoria e dever dos que têm propriedades no mundo, regularizá-las e dispor delas de modo que não surjam discórdias nem disputas.

Versículos 5-12Os que consultam os oráculos de Deus sobre a forma de assegurar sua herdade celestial,

não somente saberão o que devem fazer, senão que também suas perguntas serão bondosa-mente aceitas. Deus não permite que uma tribo se enriqueça a expensas de outra. Cada tribo devia preservar sua herdade. As filhas de Zelofeade se submeteram a este desígnio. Como poderiam deixar de casar-se bem se o Pai Deus as dirigia?

Que o povo de Deus aprenda quão bom e conveniente é unir-se somente a seu próprio povo, como as filhas de Israel. Não deveria todo verdadeiro crente em Jesus estar muito atento 140

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às relações próximas e tenras da vida, para unir-se somente com os que estão unidos ao Sen-hor? Todas nossas intenções e inclinações devem sujeitar-se à vontade de Deus, quando esta nos tem sido dada a conhecer, e especialmente quando se trata de contrair matrimônio. Emb-ora a palavra de Deus permite o afeto e a preferência nesta impressão relação, não dá sua aprovação à paixão néscia, ingovernável e idólatra, que não se preocupa por qual seja o fim, senão que, desafiando a autoridade, determina sua própria satisfação. Toda conduta desta classe é contrária ao sentido comum, aos interesses da sociedade, à felicidade da relação mat-rimonial e, o que é pior ainda, contra a religião de Cristo.

Versículo 13Estes são os juízos que o Senhor enviou nos campos de Moabe. A maioria deles são a re-

speito da relação com a ocupação de Canaã, onde entrariam agora os israelitas. Qualquer que seja a nova condição que Deus nos colocar em sua providência, temos de rogá-lhe que nos en-sine os deveres correspondentes e nos capacite para isso, a fim de que possamos realizar a obra do dia em seu dia, o dever de um lugar em seu lugar.

DEUTERONÔMIO

Este livro repete grande parte da história e leis contidas nos três anteriores. Moisés o deu a Israel pouco antes de morrer, por transmissão oral, para que os comovesse, e por escrito para que permanecesse. Os homens da geração a que foi dada originalmente a lei já estavam todos mortos, e tinha surgido uma nova geração, à qual aprouve a Deus que Moisés a repetisse agora, quando iriam tomar possessão da terra de Canaã. O amor maravilhoso de Deus por sua igreja fica estipulado neste livro; como preservou a sua igreja graças a sua misericórdia e faria que ainda seu nome fosse invocado entre eles. Tais são as líneas gerais deste livro, cujo todo mostra o amor de Moisés por Israel e o indica como tipo eminente do Senhor Jesus Cristo. Apliquemos a nossa consciência suas exortações e persuasões para estimular nossa mente à obediência agradecida e fiel aos mandamentos de Deus.

CAPÍTULO 1• Versículos 1-8 As palavras que Moisés disse a Israel nos campos de Moabe

A promessa de Canaã• Versículos 9-18 Juízes para o povo• Versículos 19-46 Envio dos espias – A ira de Deus pela incredulidade e

desobediência deles

Versículos 1-8Moisés falou ao povo de todos os mandamentos que o Senhor tinha-lhe dado. Horebe estava

a somente onze dias de Cades-Barnéia. Isto os lembraria dEle sua má conduta lhes havia oca-sionado tediosas peregrinações; para que pudessem entender mais prontamente as vantagens da obediência.

Agora deviam seguir adiante. Embora Deus coloque seu povo em problemas e aflição, Ele sabe quando o juízo tem durado o suficiente. Quando Deus nos manda seguir adiante em nossa carreira cristã, coloca a nossa frente a Canaã celestial para dar-nos ânimo.

Versículos 9-18Moisés lembrou ao povo a feliz constituição de seu governo, que poderia dar-lhes seguri-

dade e tranqüilidade a todos, se não for por culpa deles. Ele reconhece o cumprimento da promessa de Deus a Abraão e ora por seu cumprimento mais pleno. Não estamos por pressão no poder e a bondade de Deus, então, por que teríamos que sentir-nos pressionados em nossa fé e esperança? Aos israelitas foram dadas boas leis e se nomearam bons homens para que se ocupassem de executá-las, o que demonstra a bondade de Deus com eles, e o cuidado de Moisés.

Versículos 19-46Moisés lembra os israelitas sua marcha desde Horebe a Cades-Barnéia através daquele

grande e terrível deserto. Faz-lhes ver o perto que estiveram de estabelecer-se felizmente em Canaã. Agravará a ruína eterna dos hipócritas o não terem estado longe do Reino de Deus.

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Como se não for suficiente que tivessem a seguridade de seu Deus ante eles, enviariam homens diante deles. Nunca ninguém tinha visto a Terra Santa, mas deviam aceitá-la como terra boa. Havia alguma causa para desconfiar deste Deus? No fundo de tudo isso se achava um coração incrédulo. Toda desobediência às leis de Deus, e a desconfiança de seu poder e bondade, provêm da incredulidade a sua palavra, assim como toda obediência verdadeira provém da fé.

É proveitoso que dividamos nossa vida passada em períodos distintos; dar graças a Deus pelas misericórdias que temos recebido em cada um deles, confessar e buscar o perdão de to-dos os pecados que possamos lembrar; e, deste modo, renovar nossa aceitação da salvação de Deus, e nossa entrega a seu serviço. Nossos planos rara vez têm um bom propósito; em vez disso, o valor para exercer a fé e ir pela senda do dever capacita o crente para seguir plena-mente ao Senhor, para rejeitar tudo o que se oponha, para triunfar sobre toda oposição, e para assentar-se firmemente nas bênçãos prometidas.

CAPÍTULO 2• Versículos 1-7 Esquivam-se os edomitas• Versículos 8-23 Esquivam-se os moabitas e os amonitas• Versículos 24-37 Destruição dos amorreus

Versículos 1-7Somente se dá um breve relato da longa permanência de Israel no deserto. Deus não so-

mente os castigou por sua murmuração e incredulidade;. Também os preparou para Canaã: os humilhou por pecarem, ensinando-lhes a mortificar suas luxúrias, a seguir a Deus e a consolar-se nEle. Embora Israel deva estar por muito tempo à espera de liberação e propriedade, elas fi-nalmente chegarão.

Antes que Deus levasse a Israel a destruir a seus inimigos em Canaã, os ensinou a perdoar a seus inimigos no Edom. Não deviam pensar, sob o pretexto da aliança e conduta de Deus, em apropriar-se de todo quanto pudessem deitar mão. o domínio não se baseia na graça. O Israel de Deus será bem colocado, mas não deve esperar ser colocado somente em meio da terra. A religião nunca deve ser um manto para a injustiça.

Desprezem sentir-se obrigados com os edomitas, quando têm um Deus todo-suficiente do qual dependem. Usem o que tenham, usem-no com alegria. Já que tiveram a experiência do cuidado da providência divina, nunca usem métodos retorcidos para seu próprio abasteci-mento. Tudo isso deve aplicar-se por igual à experiência do crente.

Versículos 8-23Temos a origem dos moabitas, edomitas e amonitas. Moisés também proporciona um caso

mais antigo que qualquer deles: os caftorins expulsaram os aveus de seu território. Estas rev-oluções mostram quão inseguros são os pertences mundanos. Assim foi outrora e assim será sempre. As famílias declinam e sua fortuna se traslada a famílias que prosperam; tão pouca continuidade há nessas coisas. Isto fica escrito para animar os filhos de Israel. Se a providência de Deus tem feito isto por moabitas e amonitas, muito mais fará sua promessa por Israel, seu povo peculiar. São advertidos para não se entremeterem nem com os amonitas ou os moabitas. Não deve-se fazer dano nem sequer ao ímpio. Deus dá e preserva as bênçãos exter-nas para os ímpios; estas não são as coisas melhores, pois Ele tem coisas mulheres ainda reservadas para seus filhos.

Versículos 24-37Deus prova a seu povo proibindo-lhes de entremeter-se com os ricos países de Moabe e

Amom. Lhes dá a terra dos amorreus como possessão. Se nós nos abstivermos dos que Deus nos proibir, não perderemos por obedecer. De Jeová é a terra e sua plenitude; Ele a dá a quem lhe apraz; mas quando não há uma expressão direta, ninguém pode rogar que Ele conceda esses bens.

Ainda que Deus assegura aos israelitas que a terra será deles, contudo devem contender com o inimigo. Devemos esforçar-nos para obter o que Deus nos dá. que mundo novo era aquele ao que agora entra Israel! De maior gozo será a mudança que as almas santas experi-mentarão quando passem do deserto deste mundo à pátria melhor, isto é, a celestial, à cidade que tem fundamentos. Que ao refletirmos nos tratos de Deus com Israel, seu povo, sejamos guiados a meditar nos anos de nossa vaidade, a causa de nossas transgressões. Porém, bem-aventurados os que Jesus tem liberado da ira vindoura; a quem tenha dado o fervor de seu Es-pírito em seu coração. Sua herança não pode ser afetada pelas revoluções dos reinos, nem pelas mudanças das possessões terrenas.

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CAPÍTULO 3• Versículos 1-11 A derrota de Ogue, rei de Basã• Versículos 12-20 A terra de Gileade e Basã• Versículos 21-29 Moisés anima a Josué

Versículos 1-11Ogue era muito poderoso, mas não se deu por advertido com a destruição de Siom, e não

pediu condições de paz. Confiou em sua própria força e, desse jeito, se endureceu para sua própria destruição. Os que não são alertados pelos juízos de Deus contra os outros, esperam o momento oportuno para que lhes sobrevenham juízos semelhantes.

Versículos 12-20Este território foi povoado pelas tribos de Rubem, Gade e a meia tribo de Manassés: veja-se

Nm 32. Moisés repete a condição da cessão que tinham acordado. Quando tivermos repouso deveríamos desejar também o descanso para nossos irmãos, e estarmos dispostos a fazer o que possamos neste sentido; porque não nascemos para nós mesmos, senão que somos mem-bros os uns dos outros.

Versículos 21-29Moisés deu alento a Josué que o sucederia. Deste modo, o ancião e experto no serviço de

Deus deveria fazer tudo o que puder para fortalecer as mãos dos jovens e principiantes na fé. Considere-se o que Deus tem feito, o que Deus tem prometido. Se Deus está por nós, quem poderá vencer-nos? Nós somos uma censura para nosso Capitão, se o seguimos tremendo.

Moisés orou que se era a vontade de Deus, Ele iria diante de Israel para atravessar o Jordão e entrar em Canaã. Não devemos permitir em nosso coração desejos que não possamos, por fé, oferecer a Deus em oração. A resposta de Deus a esta oração foi uma mistura de misericór-dia e juízo. Deus considera bom negar muitas coisas que desejamos. Pode aceitar nossas orações, mas não conceder-nos precisamente aquilo pelo qual oramos. Se Deus, em sua providência, não nos der o que desejamos, mas por sua graça faz que estejamos contentes sem isso, o resultado vem a ser o mesmo. Contentem-se com ter a Deus como seu Pai, e o céu por porção e vocês, ainda que não tenham tudo o que desejariam neste mundo.

Deus prometeu a Moisés que veria Canaã desde o cume do Pisga. Bem que ele não teria a possessão dela, teria uma visão panorâmica. Até os grandes crentes, no estado presente, vêem o céu, mas de longe.

Deus o proveu de um sucessor. É consolador para os amigos da igreja de Cristo que a obra de Deus tenha a probabilidade de ser continuada por outros, quando eles descansem silen-ciosos no pó. E se temos a garantia e a visão do céu, que nos bastem; submetamo-nos à von-tade do Senhor e não falemos mais de assuntos que Ele considera bom não conceder-nos.

CAPÍTULO 4• Versículos 1-23 Séria exortação à obediência e contra a idolatria • Versículos 24-40 Advertências contra a desobediência e promessas de

misericórdia• Versículos 41-49 Indicam-se as cidades de refúgio

Versículos 1-23O poder e o amor de Deus são aqui a base e motivo de uma quantidade de precauções e

sérias advertências; e embora se refere em grande medida a aliança Caldéia pode, contudo, aplicar-se aos que vivem sob o evangelho. Para que se fazem as leis, senão para serem obser-vadas e obedecidas? Nossa obediência como pessoas não pode merecer a salvação, mas é a única prova de que somos partícipes do dom de Deus, que é a vida eterna por meio de Jesus Cristo. considerando quantas tentações nos rodeiam, e quantos desejos corruptos temos em nosso seio, necessitamos cuidar muito nosso coração com toda diligência. Não podem camin-har direito os que caminham com descuido.

Moisés encarrega particularmente que se cuidem do pecado da idolatria. Mostra quão fraca será a tentação para os que pensam com retidão; porque os supostos deuses —o sol, a lua e as estrelas—, eram somente bênçãos que o Senhor seu Deus tinha entregado a todas as nações. Absurdo é adorá-los, serviremos àquilo que foi feito para servir-nos? Cuidem-se de não esque-cer a aliança do Senhor seu Deus. devemos cuidar-nos, não seja que em qualquer momento esqueçamos nossa religião. O cuidado, a advertência e a vigilância são ajudas contra uma má memória.

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Versículos 24-40Moisés ressalta a grandeza, a glória e a bondade de Deus. se tivéssemos considerado que

Deus é este com quem temos que ver, certamente tomaríamos consciência de nosso dever para com Ele e não nos atreveríamos a pecar contra Ele. Abandonaríamos a um Deus miseri-cordioso que nunca nos deixará, se formos fiéis? Aonde poderíamos ir? Que os laços do amor nos sustentem em nosso dever e predominem pelas misericórdias de Deus, para aferrar-nos a Ele. Moisés ressalta a autoridade de Deus sobre eles, e suas obrigações para com Ele. Ao obe-decer os mandamentos de Deus, eles agiriam sabiamente consigo mesmos. O temos do Sen-hor, nisso consiste a sabedoria. Os que desfrutam do benefício da luz divina e suas leis, deve-riam confirmar sua integridade para a sabedoria e a honra, para que Deus seja glorificado desse modo. Os que invocam a Deus o acharão certamente perto, disposto a dar uma resposta de paz a cada oração de fé. Todos estes estatutos e juízos da lei divina são justos e retos, mais elevados que os estatutos que juízos de qualquer das nações.

O que viram no Monte Sinai lhes deu a antecipação do dia do juízo, em que o Senhor Jesus se revelará como fogo consumidor. Devem lembra, além do mais, o que ouviram no Monte Sinai. Deus se manifesta nas obras da criação sem palavras nem linguagem, porém em suas obras se escuta sua voz (Sl 19.1-3); mas a Israel Ele se deu a conhecer por palavras e lin-guagem, condescendendo com a fraqueza de seu povo. A forma como se constitui esta nação foi completamente diferente da origem de todas as outras nações. Vejam-se aqui as razões da livre graça; não somos amados pelo que somos, senão por amor a Cristo.

Moisés afirma o seguro benefício e as vantagens da obediência. O argumento tinha sido começado no versículo 1, com "para que vivam e entrem e possuam a terra", e o conclui no versículo 40, "para que te vá bem a ti, e a teus filhos depois de ti". Os lembra que a prosperi -dade dependerá de sua piedade. Apostatar de Deus sem dúvida será a ruína de sua nação. Anuncia que se rebelarão contra Deus para irem após os ídolos. Os que busquem a Deus com todo seu coração, e eles somente, o acharam para seu consolo. As aflições nos dirigem e es-timulam para buscar a Deus, e pela graça de Deus que opera nelas, muitos são devolvidos a uma atitude correta. Quando os aconteçam estas coisas, voltem-se ao Senhor seu Deus, porque verão o que sucede ao distanciar-se dEle. Coloquem todos os argumentos juntos e en-tão digam se a religião não tem a razão de seu lado. Ninguém despreza o governo de seu Deus, senão aquele que primeiro abandona o entendimento humano.

Versículos 41-49Eis aqui a introdução de outro discurso, ou sermão, que Moisés predicou a Israel e que

temos nos capítulos seguintes. Põe diante deles a lei como a regra pela qual tinham que op-erar, o caminho pelo qual deviam de andar. A põe diante deles como o espelho onde deviam olhar seu rosto natural, para que, olhando-se na perfeita lei filha liberdade, pudessem contin-uar ali.

São as leis dadas quando Israel acabava de sair do Egito, e agora se repetem. Moisés lhes encarregou estas leis quando estavam acampados em Bete-Peor, um lugar de ídolos dos moabitas. Seus triunfos presentes eram um argumento forte em prol da obediência. Temos de entender nossa situação como pecadores, e a natureza da aliança de graça a qual somos con-vidados. Ali nos são mostradas coisas maiores que as que Israel viu desde o Monte Sinai; nos são dadas misericórdias maiores que as que receberam no deserto ou no Canaã. Nos fala Um cuja dignidade é infinitamente maior que a de Moisés; Aquele que carregou nossos pecados na cruz e nos insta por Seu amor que o leva a morrer.

CAPÍTULO 5• Versículos 1-5 A aliança em Horebe• Versículos 6-22 Representação dos Dez Mandamentos• Versículos 23-33 O povo pede que a lei seja entregue por meio de Moisés

Versículos 1-5Moisés exige atenção. Quando ouvimos a palavra de Deus devemos aprendê-la; e o apren-

dido temos de pô-lo em prática, porque esse é o propósito de ouvir e aprender; não encher nossa cabeça de idéias ou nossa boca de palavras, senão dirigir nossos afetos e nossa conduta.

Versículos 6-22Aqui há algumas diferenças a respeito de Êxodo 20, como entre o Pai Nosso de Mateus 6 e o

de Lucas 11. mais necessário é unir-nos às coisas que, inalteravelmente, às palavras. Aqui não se menciona a razão original para santificar o dia de repouso, tomada do descanso de Deus de sua obra de criação no sétimo dia. Embora isto continua sempre vigente, não é a única razão. 144

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Aqui se toma da liberação de Israel do Egito porque aquela foi um tipo da redenção operada por Jesus Cristo por nós, em lembrança da qual havia que observar o dia de repouso cristão. Na ressurreição de Cristo fomos levados à graça gloriosa dos filhos de Deus com mão forte e braço estendido. Quão doce é para uma alma que está verdadeiramente angustiada sob o terror da lei quebrantada, ouvir a suave linguagem do evangelho que reaviva a alma!

Versículos 23-33Moisés refere-se ao abatimento que produziu o terror com que se deu a lei. As aparições de

Deus sempre têm sido terríveis para o homem, desde a queda; porém Cristo, tendo eliminado o pecado, nos convida a entrar confiadamente no trono da graça.

Tinham uma boa disposição, submetida à força da convicção da palavra que ouviram. Muitos têm a consciência alarmada pela lei, mas não a purificaram; pela força tiram boas in-tenções deles, sem que atentem e arraiguem bons princípios neles.

Deus elogiou o que disseram. Deseja o bem-estar e a salvação dos pobres pecadores. Deu abundante prova de que assim o faz; nos dá espaço e tempo para arrepender-nos. Enviou a seu Filho para redimir-nos, prometeu seu Espírito aos que orem por Ele, e declara que não se compraz na destruição dos pecadores. Bom seria para muitos se sempre tivessem um coração como o que parecem ter às vezes quando estão sob convicção de pecado ou sob a repreensão da providência, ou quando chegam a ver a morte de frente. A única maneira de ser feliz é ser santo. Digam ao justo que se dará bem. Que os crentes, cada vez mais, a convertam no motivo de seu estudo e deleite ao fazer o que lhes têm ordenado o Senhor Deus.

CAPÍTULO 6• Versículos 1-3 Persuasão à obediência• Versículos 4-5 Exortação à obediência • Versículos 6-16 Ensina-se obediência • Versículos 17-25 Preceitos gerais – Instruções para dar aos filhos próprios

Versículos 1-3Nesta passagem e em outras similares, os "mandamentos" parecem denotar a lei moral; os

"estatutos", a lei cerimonial, e os "decretos", a lei pela qual decidiam os juízes. Moisés ensinou ao povo tudo aquilo, e unicamente aquilo que Deus lhe mandou ensinar. De modo semelhante, os ministros de Cristo devem ensinar a suas igrejas tudo o que Ele lhes mandou, nem mais nem menos (Mt 28.20). O temor de Deus no coração será o princípio mais poderoso para a obediência. É altamente desejável que não só nós, senão também nossos filhos e os filhos de nossos filhos, tenham temor do Senhor. a religião e a justiça fazem progredir e asseguram a prosperidade de qualquer povo.

Versículos 4-5Eis aqui um breve resumo da religião que contém os primeiros princípios da fé e a obediên-

cia. Jeová nosso Deus é o único Deus vivo e verdadeiro; Ele só é Deus e é somente um Deus. Não desejemos ter outro. A menção tripla dos nomes divinos, e o número plural da palavra que se traduz por "Deus", parecem claramente aludir a uma Trindade de pessoas, até nesta declaração expressa da unidade da divindade.

Bem-aventurados os que têm a este só Senhor como seu Deus. Melhor é ter uma fonte que mil cisternas; um só Deus todo-suficiente que um milhar de amigos insuficientes.

Este é o primeiro e grande mandamento da lei de Deus, que O amemos; e que cumpramos cada parte de nosso dever para com Ele a partir de um princípio de amor: Filho meu, dá-me teu coração. Temos que amar a Deus com todo nosso coração, e com toda a nossa alma e com toda a nossa força. Isto é:

1) Com um amor sincero, que não seja de palavra nem de língua, senão interiormente, de verdade.

2) Com um amor forte. Ele, que é o nosso Todo, deve ter nosso tudo, e ninguém senão Ele.3) Com um amor superlativo; devemos amar a Deus por acima de toda criatura e não amar

senão o que amamos por Ele. 4) Com um amor inteligente. Amá-lo com todo o coração, e com toda a inteligência requer

que vejamos uma boa causa para amá-lo.5) Com um amor inteiro; Ele é UM, nosso coração deve estar unido neste amor. Oh, que este

amor de Deus possa ser derramado em nossos corações!Versículos 6-16Eis aqui os médios para manter e guardar a religião em nosso coração e em nosso lar.

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1) Meditação. Devemos pôr a palavra de Deus em nosso coração para que nossos pensa-mentos estejam diariamente nela.

2) A educação religiosa das crianças. Repitam-lhes com freqüência estas coisas. Sejam cuidadosos e exatos no ensino de seus filhos. Ensinem estas verdades a todos os que estejam sob seu cuidado em alguma forma.

3) Fala piedosa. Falem destas coisas com a devida reverência e seriedade para benefício não só de seus filhos, senão de seus servos, amigos e companheiros. Usem toda ocasião para discorrer com os que os rodeiam, não de assuntos duvidosos e discutíveis, senão das claras verdades e leis de Deus, e das coisas que correspondem a nossa paz.

4) Leitura freqüente da Palavra. Deus mandou a seu povo que escrevesse as palavras da lei em suas paredes, e nos rolos de pergaminho que deviam levar pendurados de seus pulsos. Isto era obrigatório ao pé da letra para os judeus, como é o plano para nós, a saber, que por todos os médios devemos familiarizar-nos com a palavra de Deus para usá-la em todas as ocasiões, para prevenir o pecado e para conduzir-nos no dever. Nunca devemos envergonhar-nos de nossa religião nem de reconhecer-nos sob seu controle e governo.

Aqui há uma advertência: não esquecer a Deus no dia da prosperidade e da abundância. Quando lhes facilitava todo por dádiva, eram dados a sentir-se seguros de si mesmos e a es-quecer a Deus. Portanto, cuidem-se de não deslembrar-se do Senhor quando estejam sãos e salvos. Quando o mundo sorri, somos propensos a cortejá-lo e a esperar sermos felizes nele, e esquecemos Àquele que é nossa única porção e repouso. É necessário muito cuidado e cautela num momento assim. Então, cuidem-se: estejam alertas, tendo sido advertidos do perigo.

Não tentarás o Senhor teu Deus, desesperando de seu poder e bondade, enquanto seguimos na senda de nosso dever, nem presumindo disso quando sairmos desse caminho.

Versículos 17-25Moisés encarrega guardar os mandamentos de Deus. A negligência nos destruirá, pois não

podemos ser salvos sem diligência. Para nosso interesse e para nosso dever convém sermos religiosos. Será nossa vida. A piedade tem promessa de continuidade e consolo para a vida presente em tanto que seja para a glória de Deus. Será nossa justiça. Unicamente através do Mediador podemos ser justos ante Deus.

O conhecimento da espiritualidade e excelência da santa lei de Deus é útil para mostrar ao pecador sua necessidade de um Salvador, e para que prepare seu coração para receber a sal-vação grátis. O evangelho honra a lei não só na perfeita obediência do Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo, senão em que é um plano para levar outra vez os rebeldes e inimigos apóstatas, pelo arrependimento, à fé, o perdão e a graça renovadora, a que amem a Deus por sobre todas as coisas, até neste mundo; e no mundo vindouro, a que O amem perfeitamente, como o amam os anjos.

CAPÍTULO 7• Versículos 1-11 Proíbe-se a relação com os cananeus • Versículos 12-26 Promessas se forem obedientes

Versículos 1-11Há uma advertência estrita contra toda amizade e comunhão com os ídolos e os idólatras.

Os que estão em comunhão com Deus não devem participar com as obras infrutíferas das trevas. A limitação às nações aqui mencionadas da ordem de destruir, demonstra claramente que, depois de muito tempo, não devia tomar-se isto como precedente. A compreensão correta da maldade do pecado e do mistério do Salvador crucificado nos capacitará para entendermos a justiça de Deus em todos os castigos, temporais e eternos. Temos de enfrentar com decisão as concupiscências que batalham contra nossa alma: não lhes mostremos misericórdia; morti-fiquemo-las, crucifiquemo-las e destruamo-las por completo.

Contam-se por milhares no mundo de hoje os que têm sido destruído por matrimônios ím-pios; porque maior é a probabilidade de que o bom seja pervertido, de que o mau seja conver-tido. Os que, ao escolher cônjuge, não se mantêm dentro dos limites da fé professada, não po-dem prometer-se ajudas idôneas para si.

Versículos 12-26Estamos em perigo de ter comunhão com as obras das trevas se nos comprazermos em

confraternizar com os que as realizam. Qualquer coisa que nos introduza numa arapuca nos coloca sob maldição. Sejamos constantes em nosso dever e não questionemos a constância da misericórdia de Deus. as doenças são os servos de Deus que vão aonde Ele as manda e fazem o que Ele lhes ordena fazer. Portanto, é bom para a saúde de nosso corpo, mortificar total-mente o pecado de nossa alma, que é a regra de nosso dever. Porém o pecado nunca é com-146

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pletamente exterminado neste mundo; e em realidade, predomina em nós mais do que o faria, se fossemos alertas e diligentes. Nisto todo o Senhor age conforme ao conselho de Sua von-tade, mas como tal conselho nos está oculto, não busquemos escusas para nossa preguiça e negligência, das quais Ele não é causa em nenhum grau.

Não devemos pensar que, já que não se operam de imediato a liberação da igreja e a de-struição dos inimigos da alma, conseqüentemente, nunca acontecerão. Deus fará sua obra a seu devido tempo e de seu jeito; e podemos ter a certeza de que sempre será o melhor. Assim a corrupção é tirada do coração do crente aos poucos. A obra de santificação se realiza grad-ualmente; mas, finalmente, a vitória será total. O orgulho, a seguridade e outros pecados que são efeitos corriqueiros da prosperidade, são inimigos mais perigosos que as bestas do campo, e são dados a proliferar em nós.

CAPÍTULO 8• Versículos 1-11 Exortações e advertências postas em vigência pelos

anteriores tratos do Senhor com Israel e suas promessas • Versículos 12-20 Outras exortações e advertências

Versículos 1-11A obediência deve ser:1) Cuidadosa, observar antes de fazer.2) Universal, cumprir todos os mandamentos.3) A partir de um bom princípio, com respeito a Deus como o Senhor e Deus deles, e com

santo temor.Para comprometê-los à obediência, Moisés lhes ordena olhar para trás. É bom lembrar todos

os caminhos da providência e da graça de Deus, pelos quais Ele nos tem conduzido através deste deserto, para que possamos servi-lo com regozijo e confiar nEle. Devem lembrar os aper-tos pelos que, às vezes, passaram, para mortificar seu orgulho ao manifestar sua perversidade; para prová-lhes, e que os outros soubessem todo o que havia no coração deles, e que todos pudessem ver que Deus os escolhera, sem que houver nisso algo que os pudesse dispor a Seu favor. Devem lembrar as provisões miraculosas de comida e vestiário outorgadas. Que nenhum dos filhos de Deus desconfie de seu Pai nem tome um rumo pecaminoso para suprir suas ne-cessidades. De uma ou de outra forma, Deus os proverá no conhecimento honesto do dever e diligência, e verdadeiramente serão alimentados. Isto pode ser aplicado espiritualmente: a Palavra de Deus é o alimento da alma. Cristo é a Palavra de Deus: vivemos por Ele. Também devem lembrar as censuras sob as quais estiveram, e não desnecessariamente. Devemos fazer este uso de todas as nossas aflições: sejamos estimulados por elas para nosso dever. Moisés também ordena olhar adiante, rumo a Canaã. Seja qual for o caminho que olhemos, para trás como para adiante, nos dará argumentos para obedecer. Moisés viu nessa terra um tipo da pá-tria melhor. A igreja do Evangelho é a Canaã do Novo Testamento, regada com o Espírito com seus dons e graças, plantada de árvores de justiça, com frutos de justiça. O céu é a pátria mel-hor em que nada falta e onde está a plenitude do gozo.

Versículos 12-20Moisés dá instruções acerca do dever em uma situação próspera. Que sempre lembrem a

seu Bem-Feitor. Devemos dar graças em todo. Moisés os arma contra as tentações da situação próspera. Quando os homens são donos de grandes fortunas ou estão em negócios que lhes deixam grandes lucros, encontram-se ante a tentação do orgulho, de esquecer-se de Deus e do pensamento carnal. Ficam ansiosos e se alteram por muitas coisas. Nisto tem vantagem o po-bre que crê, pois percebe mais facilmente que suas provisões vêm do sangue como resposta à oração de fé; e, por estranho que pareça, eles encontram menos dificuldade em confiar sim-plesmente nEle para o pão cotidiano. Saboreiam nisso uma doçura que geralmente é descon-hecida para o rico, ao tempo em que, também, estão livres de muitas das tentações daquele.

Não se esqueçam os tratos anteriores de Deus com vocês. Aqui está o grande secreto da providência divina. A sabedoria e a bondade infinitas são a fonte de todas as mudanças e de todas as provações que os crentes experimentam. Israel teve muitas provas amargas, mas foi "para que lhe fizessem bem". O orgulho é natural no coração humano. Poderia supor alguém desse povo, depois de ser escravo na fabrica de tijolos, que fosse necessitar dos espinhos do deserto para fazê-lo mais humilde? Mas assim é o homem!

Foram provados para que fossem humildes. Nenhum de nós vive uma só semana sem dar provas de fraqueza, estultícia e depravação. Somente para as almas quebrantadas o Salvador é certamente precioso. Nada pode fazer que as provas internas e externas sejam mais efetivas que o poder do Espírito de Deus. Veja-se aqui como se reconciliam o dar de Deus e o nosso re-ceber, e aplique-se à riqueza espiritual. todas as dádivas de Deus são conformes a suas

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promessas. Moisés repete a advertência que dava amiúde sobre as conseqüências fatais de olvidar a Deus. Os que seguem aos outros no pecado, o seguirão rumo à destruição. Se fizer-mos como fazem os pecadores, temos de esperar a paga dos pecadores.

CAPÍTULO 9• Versículos 1-6 Os israelitas não devem pensar que seus êxitos vieram por

sua própria dignidade• Versículos 7-29 Moisés lembra aos israelitas suas rebeliões

Versículos 1-6Moisés descreve o poderio dos inimigos que agora enfrentaria. Isto, para levá-los a Deus, e

para que depositassem sua confiança nEle. Lhes assegura a vitória pela presença de Deus com eles.

São advertidos de que não pensem de jeito nenhum em sua justiça própria, como se isso lhes significasse o favor da mão de Deus. Em Cristo temos justiça e poder; nEle devemos glo-riar-nos, não em nós, nem em nenhuma suficiência própria.

Deus expulsa a estas nações pela maldade delas. Toda pessoa rejeitada por Deus é re-jeitada por sua própria maldade, pois nenhuma que Ele aceitar, é aceita por sua justiça própria. Deste modo, elimina-se para sempre a jactância, veja-se Efésios 2.9,11-12.

Versículos 7-29Para que os israelitas não tivessem nenhuma propensão a pensar que Deus os trouxe a

Canaã por sua justiça própria, Moisés mostra que milagre de misericórdia foi que não tivessem sido destruídos no deserto. Bom é que lembremos freqüentemente nossos pecados anteriores, contra nós mesmos, com pena a vergonha, para que possamos ver quanto devemos à livre graça, e para que humildemente reconheçamos que nunca merecemos nada senão a ira e a maldição da mão de Deus. porque tão intensa é nossa tendência ao orgulho, que se introduzirá sob uma ou outra aparência. Estamos prontos para fantasiar que nossa justiça nos conseguiu o favor especial do Senhor, embora, em realidade, nossa maldade é mais clara que nossa fraqueza. Mas quando a história secreta da vida de cada homem seja exposta no dia do juízo, todo mundo resultará culpável ante Deus.

Há Um no presente que advoga por nós ante o trono de graça, Um que não só jejuou senão que morreu na cruz por nossos pecados; por meio do qual podemos aproximar-nos, embora pecadores condenados por nossa culpa, e implorar a misericórdia não merecida e a vida eterna como dádiva de Deus nEle. Demos toda a vitória, toda a glória e todo o louvor ao único que traz a salvação.

CAPÍTULO 10• Versículos 1-11 As misericórdias de Deus para com Israel depois de sua

rebelião • Versículos 12-22 Uma exortação a obedecer

Versículos 1-11Moisés lembra aos israelitas a grande misericórdia de Deus para com eles apesar de suas

provocações. Havia quatro coisas nas quais e pelas quais o Senhor se mostrava reconciliado com Israel. Deus lhes deu sua lei. Deste modo Deus nos tem confiado a Bíblia, o dia de repouso e os sacramentos, como prendas de Sua presença e favor. Deus os guiou rumo a Canaã. Lhes deu um ministério permanente para as coisas santas. E, agora, sob o evangelho, quando o der-ramamento do Espírito Santo é mais pleno e poderoso, a obra do Espírito no coração dos homens conserva a sucessão capacitando-os e fazendo que alguns desejem realizar essa obra em cada época. Deus aceitou a Moisés como advogado ou intercessor deles e, portanto, os nomeou para que fosse seu príncipe e líder; Moisés é um tipo de Cristo que sempre vive, in-tercedendo por nós, e tem toda potestade no céu e na terra.

Versículos 12-22Aqui nos é ensinado nosso dever para com Deus em nossos princípios e na prática. Temos

que temer ao Senhor nosso Deus. Devemos amá-lo e deleitar-nos na comunhão com Ele. Deve-mos andar pelos caminhos que Ele tem preparado para caminhar. Devemos servi-lo com todo nosso coração e alma. O que façamos em seu serviço, temos de fazê-lo com gozo e boa von-tade. Devemos obedecer a seus mandamentos. Há verdadeira honra e prazer na obediência.

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Devemos render honra a Deus; e a Ele temos que unir-nos como alguém a quem amamos, em quem nos deleitamos e confiamos, e em quem temos grandes esperanças.

Aqui nos é ensinado nosso dever para com o próximo. Os dons comuns de Deus para a hu-manidade nos obrigam a honrar a todos os homens. Os que têm passado por dificuldades e acharam a misericórdia de Deus, devem estar dispostos a mostrar bondade aos que estejam na mesma dificuldade.

Aqui nos é ensinado nosso dever para co nós mesmos. Circuncidem seus corações. Aban-donem todos os afetos e inclinações corruptos que lhes incomodem para temer e amar a Deus. Por natureza não amamos a Deus. este é o pecado original, a fonte da qual procede a nossa maldade; a mente carnal é hostil a Deus porque não se sujeita à lei de Deus nem tampouco pode, em verdade; de modo que os que andam na carne não podem agradar a Deus (Rm 8.5-9). Vamos sem demora e sem reservas a unir-nos a nosso Deus, reconciliado em Jesus Cristo, para que o amemos, sirvamos e obedeçamos em forma aceitável, e para que sejamos diaria-mente transformados a sua imagem, de glória em glória, pelo Espírito do Senhor. considerem a grandeza e a glória de Deus, sua bondade e sua graça; estas nos convencem de nosso dever.

Bendito Espírito! Oh, por tua influência purificadora, perseverante e renovadora, que se-jamos chamados a sair do estado de estrangeiros, como eram nossos pais, sejamos achados no número dos filhos de Deus, e que nossa sorte esteja entre os santos.

CAPÍTULO 11• Versículos 1-7 A grande obra de Deus por Israel• Versículos 8-17 Promessas a ameaças• Versículos 18-25 Estudo cuidadoso das exigências da Palavra de Deus• Versículos 26-32 Bênçãos e maldições

Versículos 1-7Observe-se a conexão entre estes dois: Amarás a Jeová, e guardarás suas ordenanças. O

amor opera em obediência, e somente a obediência que flui do princípio do amor é aceitável (1 João 5.3). Moisés relata algumas das terríveis e grandes obras de Deus vistas por seus olhos. O que nossos olhos viram, especialmente em nossos primeiros dias, deveria afetar-nos, e fazer-nos melhores com o tempo.

Versículos 8-17Moisés os apresenta para o futuro, a vida e a morte, a bênção e a maldição, segundo

guardassem ou não os mandamentos de Deus. o pecado tende a encurtar os dias dos homens, e encurtar os dias de prosperidade de um povo.

Deus o abençoará com abundância de todas as coisas boas, se eles o amam e lhe servem. A piedade tem promessa desta vida presente; mas o favor de Deus porá alegria no coração, ma que o ganho do grão, o vinho e o azeite.

Voltar-se de Deus aos ídolos com certeza será sua ruína. Cuidem-se de não enganar seus corações. Todos os que abandonam a Deus para depositar seu afeto em qualquer criatura, se acharão infelizmente enganados para sua própria destruição; e o que o piorará será o fato de que foi por não ter cuidado.

Versículos 18-25Que todos sejamos dirigidos pelas três regras que aqui se dão:1) Que nossos corações sejam cheios da Palavra de Deus. não pode haver bons costumes na

vida, se não há bons pensamentos, bons afetos e bons princípios no coração.2) Que nossos olhos se fixem na Palavra de Deus, e a tenhamos sempre em conta como

guia de nosso caminho, como regra para nosso trabalho (Sl 119.30).3) Que nossa língua seja usada com referência à Palavra de Deus. nada fará mais pela pros-

peridade, e a conservação da religião de uma nação, que a boa educação dos filhos.Versículos 26-32Moisés resume todos os argumentos da obediência em duas palavras: a bênção e a

maldição. Deixem ao povo a eleição. Depois, Moisés convoca a uma proclamação pública e so-lene da bênção e da maldição, que devia efetuar-se nos montes Gerizim e Ebal. Quebrantamos a lei e estamos sob sua maldição, sem remédio de parte nossa. Por misericórdia, o evangelho torna a colocar-nos diante de nós a bênção e a maldição. Bênção, se obedecemos o chamado ao arrependimento, à fé em Cristo e à novidade de coração e vida por meio dEle; maldição es-pantosa, se tivermos em pouco uma salvação tão grande. Recebamos a gratidão as boas novas de grande gozo; não endureçamos nosso coração, e ouçamos a voz de Deus enquanto se diz

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hoje, e enquanto Ele nos convida a aproximar-nos ao trono da graça. Procuremos tanto mais fazer firme nossa vocação e eleição.

CAPÍTULO 12• Versículos 1-3 Os monumentos à idolatria devem destruir-se• Versículos 4-32 O lugar do serviço de Deus deve guardar-se

Versículos 1-3Moisés passa aos estatutos que tinha de encarregar a Israel; começa com os que têm a ver

com a adoração de Deus. Encarrega-se aos israelitas que não introduzam ritos nem costumes idólatras no culto de Deus. não podemos servir a Deus e a Mamom; nem adorar ao Deus ver-dadeiro e aos ídolos; nem confiar em Jesus Cristo e nas superstições e na justiça própria.

Versículos 4-32O mandamento de levar TODOS os sacrifícios à porta do tabernáculo se explica agora com

referência à terra prometida. Em quanto ao serviço moral, então como agora, os homens po-diam orar e adorar em qualquer lugar, como o faziam em suas sinagogas. O lugar que Deus es-colheria, é o lugar onde Ele colocaria Seu nome. Seria sua habitação onde, como Rei de Israel, o encontrariam todos os que o buscassem reverentemente. Agora, no evangelho, não temos templo nem altar que santifique o dom, senão somente a Cristo; e em quanto aos lugares de culto, os profetas anunciaram que em todo lugar se ofereceria o incenso espiritual (Ml 1.11). Nosso Salvador declara que os aceitos como adoradores verdadeiros são os que adoram a Deus em espírito e verdade, sem considerar este monte ou Jerusalém (Jo 4.21). O israelita de-voto pode honrar a Deus, manter a comunhão com Ele e obter misericórdia dEle, embora não tenha tido a oportunidade de oferecer um sacrifício em seu altar.

A obra de Deus deve fazer-se com santo gozo e alegria. Até os filhos e os servos devem re-gozijar-se ante Deus; os serviços da religião têm de ser um deleite, e não um trabalho ou uma obrigação tediosa.

Dever da gente é mostrar-se bondosos com os ministros que os ensinam bem e lhes dão bons exemplos. Na medida em que vivamos, necessitamos da ajuda deles, até que cheguemos àquele mundo onde não serão necessárias as ordenanças. Seja que comamos ou bebamos, ou que façamos qualquer coisa, se nos ordena fazê-lo todo para a glória de Deus. devemos fazer todo no nome do Senhor Jesus Cristo, dando graças ao Pai por meio dEle.

Nem sequer devem perguntar sobre as modalidades e formas da adoração idólatra. Que bem faria conhecer essas profundezas de Satanás? E nossa satisfação interior será cada vez maior se abundarmos em amor e boas obras, que surgem da fé e do Espírito de Cristo que mora em nós.

CAPÍTULO 13• Versículos 1-5 Os que induzem à idolatria devem morrer• Versículos 6-11 Não se perdoará aos familiares que induzem à idolatria• Versículos 12-18 Não se perdoará às cidades idólatras

Versículos 1-5Moisés tinha advertido contra o perigo que podia provir dos cananeus. Aqui os adverte con-

tra a aparição da idolatria em meio deles. Devemos estar bem familiarizados com as verdades e preceitos da Bíblia; porque podemos esperar que se nos prove pela tentação o mal sob a aparência do que é bom, do erro disfarçado de verdade; nada pode opor-se diretamente a tais tentações, salvo o testemunho claro e expresso da palavra de Deus em sentido contrário. É uma prova de sincero afeto a Deus que, apesar das enganosas simulações, não sejam levados a abandonar a Deus para seguirem a outros deuses, para servi-los.

Versículos 6-11É política de Satanás tratar de guiar-nos ao mal por meio de nossos seres queridos, dos que

menos podemos suspeitar, e aos que desejamos agradar e estamos dispostos a conformar-nos. É de se supor que a tentação aqui vem de um irmão ou de um filho que, por natureza, são próximos; de uma esposa ou de um amigo, que são próximos por eleição, e são para nós como a nossa própria alma. mas é nosso dever preferir a Deus e a religião, antes que os mais próxi -mos e mais queridos de nossos amigos. Não devemos consentir-lhes, nem ir com eles, seja por companhia ou por curiosidade, nem para ganhar seus afetos. É uma regra geral: "Se os

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pecadores te querem enganar, não consintas" (Pv 1.10). Não devemos impedir o curso da justiça de Deus.

Versículos 12-18Aqui está o caso de uma cidade que se rebela contra o Deus de Israel e serve a outros

deuses. Supõe-se que o delito foi cometido por uma das cidades de Israel. Embora lhes fora or-denado preservar a religião pela força, não lhes foi permitido levar a outras pessoas a elas pelo fogo e a espada. Os juízos espirituais sob a dispensação cristã são mais temíveis que a exe-cução dos criminosos; não temos menor causa que os israelitas para temermos a ira divina. En-tão, temamos a idolatria espiritual da cobiça e o amor do prazer mundano e tenhamos cuidado de não vê-los em nossa família por nosso exemplo ou pela educação dos filhos. Queira o Sen-hor escrever sua lei e sua verdade em nosso coração, e estabelecer nele seu trono, e derramar seu amor!

CAPÍTULO 14• Versículos 1-21 Os israelitas devem distinguir-se das outras nações• Versículos 22-29 A respeito dos dízimos

Versículos 1-21Moisés diz ao povo de Israel que Deus lhes deu três privilégios distintivos, os quais eram sua

honra, e eram figura das bênçãos espirituais das coisas celestiais com que Deus nos tem abençoado em Cristo. primeiro, a eleição: "O Senhor te escolheu". Não os escolheu porque fos-sem em si mesmos um povo peculiar para Ele, por acima das outras nações, senão que os es-colheu para que eles pudessem sê-lo por sua graça; da mesma forma, foram escolhidos os crentes (Ef 1.4). Segundo, a adoção: "Filhos sois do SENHOR vosso Deus", não porque Deus ne-cessitasse filhos, senão porque eles eram órfãos e necessitavam de um pai. Cada israelita es-piritual é verdadeiro filho de Deus, partícipe de sua natureza e favor. Terceiro, a santificação: "És povo santo". É exigido ao povo de Deus que seja santo, e se são santos, estão em dívida com a graça de Deus que os faz assim. Aos que Deus escolhe para serem seus filhos, os for-mará para que sejam um povo santo e zeloso de boas obras. Devem ser cuidadosos para evitar todo o que possa produzir desonra a sua profissão de fé ante os olhos dos que esperam vê-los vacilar. Nosso Pai celestial nada proíbe que não seja para o nosso bem-estar. Não te faças dano; não arruínes tua saúde, tua reputação, tuas comodidades domésticas, a paz de tua mente. Especialmente, não assassines tua alma. não sejas escravo vil de teus apetites e paixões. Não faças miseráveis aos que te rodeiam, e não tragas ignomínia sobre ti; aponta ao que é mais excelente e útil.

As leis que consideravam imundas muitos tipos de carne os impediriam de se misturarem com seus vizinhos idólatras. Fica claro no evangelho que estas leis agora têm sido deixadas de lado, mas perguntemos ao nosso coração, somente os filhos do Senhor nosso Deus? Estamos separados do mundo ímpio, separados para a glória de Deus, comprados pelo sangue de Cristo? Estamos submetidos à obra do Espírito Santo? Senhor, ensina-nos com aqueles pre-ceitos com quanta pureza e santidade deve viver todo teu povo!

Versículos 22-29Era requerida uma segunda porção do produto da terra. Toda esta instituição era evidente-

mente contra a cobiça, a desconfiança e o egoísmo do coração humano. Fomentava a amizade, a liberalidade e a alegria, e provia um fundo para ajuda dos pobres. Os ensinava que sua porção mundana era desfrutada em forma altamente consoladora, quando era partilhada com os irmãos que passavam por necessidade. Se servirmos assim a Deus, e fazemos o bem com o que temos, se promete que o Senhor nosso Deus nos abençoará toda a obra das nossas mãos. A bênção de Deus é por completo para nossa prosperidade externa; e sem essa bênção, a obra de nossas mãos não terá fruto. A bênção desce sobre a mão diligente. Não esperem que Deus os abençoe em sua ociosidade e amor pela comodidade. Sua bênção desce sobre a mão que dá. o que assim reparte, certamente prosperará; e ser livres e generosos para apoiar a religião, e toda boa obra, é a forma mais certa e segura de prosperar.

CAPÍTULO 15• Versículos 1-11 O ano de liberação• Versículos 12-18 Acerca da liberação dos servos• Versículos 19-23 A respeito dos primogênitos do gado

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Versículos 1-11O ano de liberação tipificava a graça do evangelho no qual se proclama o ano aceitável do

Senhor e, pelo qual obtemos a remissão de nossas dívidas, isto é, o perdão de nossos pecados. A lei é espiritual e põe restrições aos pensamentos do coração. Erramos se acreditamos que há pensamentos livres do conhecimento e do controle de Deus. é um coração verdadeiramente perverso o que suscita maus pensamentos a partir da boa lei de Deus, como os deles que, dev-ido a que Deus os obrigou à caridade do perdão, negaram a caridade de dar. Os que quiserem abster-se de pecar, devem manter fora de sua mente o pensamento mesmo do pecado.

Coisa espantosa é que o pobre clame por justiça contra nós.Não te queixes por um ato de bondade para com teu irmão; não desconfies da providência

de Deus. o que faças, faze-o livremente, porque Deus ama o doador alegre (2 Co 9.7).Versículos 12-18Aqui se repete a lei sobre os servos hebreus, com o agregado que requer que os amos colo-

quem alguma reserva em mãos de seus servos, para que se estabeleçam por si mesmos quando sejam liberados de sua escravidão, na qual não recebiam salários. Podemos esperar bênçãos familiares, mananciais de prosperidade familiar, quando tomamos consciência de nosso dever para com nossos familiares.

Temos de lembrar que somos devedores ante a justiça divina e não temos com que pagar. Somos escravos, pobres, e perecemos. Mas o Senhor Jesus Cristo se fez pobre, e derramou seu sangue, e fez uma provisão plena e livre para o pagamento de nossa dívida, o resgate de nos-sas almas, e para cobrir todas as nossas necessidades. Quando se predica claramente o evan-gelho, se proclama o ano aceitável do Senhor; o ano da remissão de nossas dívidas, da liber-ação de nossa alma, e da obtenção do repouso nEle. Quando prevaleçam a fé de Cristo e o amor a Ele, triunfarão sobre o egoísmo do coração e sobre a maldade do mundo, eliminando as escusas que surgem da incredulidade, a desconfiança e a cobiça.

Versículos 19-23Aqui há instruções sobre o que devia ser feito com os primogênitos. Não estamos agora limi-

tados como estiveram os israelitas; não diferenciamos entre um terneiro ou cordeiro pri-mogênitos do resto. Então, atentemos para o significado desta lei no evangelho, dedicando-nos nós mesmos e as primícias de nosso tempo e de nossas forças a Deus, e usando todas nossas comodidades e prazeres para Seu louvor, e sob a direção de Sua lei, já que todo o temos por sua dádiva.

CAPÍTULO 16• Versículos 1-17 As festas anuais• Versículos 18-22 Dos juízes – Árvores e imagens proibidas

Versículos 1-17Aqui são repetidas as leis para as três festas anuais; a da Páscoa, a do Pentecostes e a dos

tabernáculos; a lei geral acerca da assistência da gente. Nunca deve esquecer o crente seu baixo estado de culpa e miséria, sua liberação e o preço que custou ao Redentor; que a gratidão e o gozo do Senhor possam misturar-se com o pesar pelo pecado, e a paciência sob as tribulações em seu caminho ao Reino dos Céus.

Os crentes devem regozijar-se no que recebem de Deus, e no que devolvem em sacrifício e serviço para Ele; nosso dever deve ser nosso deleite e nosso gozo.

Se os que estavam embaixo da lei deviam regozijar-se ante Deus, quanto mais nós que es-tamos embaixo da graça do evangelho; o que faz com que nosso dever seja regozijar-nos mais, regozijar-nos sempre no Senhor. quando nos regozijamos em Deus, devemos fazer o que pos-samos por ajudar os outros a que também se regozijem nEle, consolando os doentes e dando aos necessitados. Todos os que fazem de Deus seu gozo, podem regozijar-se com esperança, pois é fiel quem o prometeu.

Versículos 18-22Cuida-se a devida administração da justiça. Todas as considerações pessoais devem deixar-

se de lado, para fazer bem a todos o mal a ninguém.Se põe cuidado em impedir que se sigam os costumes idólatras dos pagãos. Nada dá uma

noção mais falsa de Deus, nem tende a corromper mais as mentes dos homens, que represen-tar e adorar por meio de uma imagem a esse Deus que é um Espírito todo-poderoso e eterno, presente em todo lugar. Ai! Até na época do evangelho e sob melhor dispensação, estabele-

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cido sobre melhores promessas, está no coração humano a tendência a fazer-se ídolos de uma ou de outra forma.

CAPÍTULO 17• Versículos 1-7 Todos os sacrifícios devem ser perfeitos – Morte dos idólatras• Versículos 8-13 Controvérsias difíceis • Versículos 14-20 Eleição de um rei – Seus deveres

Versículos 1-7Nenhuma criatura que tiver algum defeito podia ser oferecida como sacrifício a Deus. Assim

se nos pede que lembremos do sacrifício perfeito, puro e imaculado de Cristo, e somos lembra-dos que sirvamos a Deus com o melhor de nossas capacidades, tempo e possessões, ou nossa obediência fingida será aborrecível para Ele.

Ao idólatra judeu deve infligir-se um castigo tão grande como a morte, uma morte tão notável como a de morrer apedrejado. Que todos os que em nossa época se fazem ídolos em seus corações, lembrem como castigava Deus este crime em Israel.

Versículos 8-13Em cada cidade havia que estabelecer tribunais de justiça. embora seu juízo não tiver a au-

toridade divina de um oráculo, era o juízo de homens experimentados, prudentes e sábios, e tinha a vantagem de uma promessa divina.

Versículos 14-20Deus mesmo era em particular o Rei de Israel, e se eles colocavam outro rei sobre eles, era

necessário que Ele escolhesse a pessoa. Conseqüentemente, quando o povo quis ter rei, recor-reram a Samuel, profeta do Senhor. Em todos os casos, a eleição de Deus, se pudermos con-hecê-la, deve dirigir, determinar e sobrepor-se à nossa.

São dadas leis para o príncipe que seja escolhido. Ele deve evitar cuidadosamente roda coisa que o afaste de Deus e da religião. Riquezas, honras e prazeres são os três grandes es-torvos da santidade (a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida), especialmente para os que estão em níveis elevados; aqui se adverte ao rei em contra de tudo isso. o rei deve estudar cuidadosamente a lei de Deus e fazê-la sua regra; e tendo uma cópia das Escrituras de próprio punho e letra, deve lê-la todos os dias de sua vida. Não basta com ter Bíblias, além disso devemos usá-las, e usá-las a diário enquanto vivamos. Os eruditos de Cristo nunca aprendem mais que suas Bíblias, mas terão ocasião constante para usá-la, até que cheguem a esse mundo onde serão aperfeiçoados o conhecimento e o amor. A escritura e leitura do rei eram como nada se não praticasse o que escrevia e lia. Os que temem a Deus e guardam seus mandamentos, farão o melhor ainda neste mundo.

CAPÍTULO 18• Versículos 1-8 Uma cláusula sobre os levitas• Versículos 9-14 Evitar as abominações dos cananeus• Versículos 15-22 Cristo, o grande Profeta

Versículos 1-8Tem-se cuidado de que os sacerdotes não se enredem nos assuntos desta vida, nem se en-

riqueçam com os bens deste mundo; têm coisas melhor de que preocupar-se. Igualmente, toma-se o cuidado de que não lhes faltem as comodidades e as vantagens desta vida. O povo deve prover para eles. Quem tem o benefício das assembléias religiosas solenes, deve dar para o conveniente sustento dos que ministram em tais assembléias.

Versículos 9-14Era possível que um povo tão abençoado com as instituições divinas sempre estivesse em

perigo de converter em seus mestres aos que Deus tinha feito cativos? Corriam esse risco; por-tanto, depois de muitas advertências, são encarregados de não agirem segundo as abomi-nações das nações de Canaã.

Fica aqui proibido todo reconhecimento de dias de boa ou ma sorte, todo encantamento para enfermidades, todos os amuletos ou conjuros para evitar o mal, lançar a sorte, etc. tudo isso é tão mau que é a causa principal do desarraigo dos cananeus. Assombra prensar que ex-istam falsários desta classe numa terra e numa época de luz como a que vivemos. São simples impostores que cegam e enganam a seus seguidores.

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Versículos 15-22Esta é uma promessa acerca de Cristo, que virá um Profeta, maior que todos os profetas;

por meio dEle Deus se dará a conhecer a Si mesmo, e sua vontade aos filhos dos homens, em forma mais plena e clara que nunca. Ele é a luz do mundo (Jo 8.12). Ele é o vós pelo qual Deus nos fala (Jo 1.1; Hb 1.2). Em seu nascimento Ele será um de sua nação. Em sua ressurreição Ele será exaltado em Jerusalém e, dali, deve sair sua doutrina para todo o mundo. Deste modo, tendo ressuscitado a seu Filho Cristo Jesus, Deus o enviou para abençoar-nos. Ele devia ser como Moisés, só que superior a ele. este profeta veio, é JESUS, e é "o que devia vir", e não temos que esperar um outro. A visão de Deus que Ele dá não aterroriza nem espanta, senão que nos anima. Faça com afeto paternal e autoridade divina. Quem se negar a ouvir a Jesus Cristo, achará que é para seu mal; Ele mesmo, que é Profeta, será seu Juiz (Jo 12.48). Ai, então, daqueles que recusam escutar a voz e aceitar sua salvação ou render obediência a seu man-dado! Porém, bem-aventurados os que confiam nEle e o obedecem. Ele os conduzirá pelas sendas de segurança e paz até que os introduza na terra da perfeita luz, pureza e felicidade.

Aqui há uma advertência contra os falsos profetas. É parte de nosso dever ter um critério correto para provar a palavra que ouvimos, para que saibamos que essa palavra não é a que o Senhor tem falado. Todo o que se opor ao claro sentido da palavra escrita, ou o que favoreça ou estimule o pecado, podemos estar certos de que se trata de algo que Deus não tem falado.

CAPÍTULO 19• Versículos 1-13 As cidades de refúgio – O homicida – O assassino• Versículo 14 Não se devem mudar os limites• Versículos 15-21 O castigo das testemunhas falsas

Versículos 1-13 Aqui se estabelece a lei que rege entre o sangue do assassinado e o sangue do homicida; se

faz provisão de que as cidades de refúgio sejam uma proteção, para que não morra o homem por um crime que não foi intencional. Em Cristo, o Senhor que é nossa Justiça, é dado refúgio aos que, pela fé, acodem a Ele. todavia, não há refúgio em Jesus Cristo para os pecadores pre-sunçosos que continuam em suas transgressões. Os que acodem a Cristo de seus pecados, se encontraram a salvo nEle, mas não assim os que esperam que Ele os escude em seus pecados.

Versículo 14São dadas instruções para fixar os limites em Canaã. é vontade de Deus que cada um con-

heça o seu; e devem usar-se todos os médios para evitar cometer e sofrer o mal. Sem dúvida que este é um preceito moral que ainda rege. Que cada homem se contente com sua própria fortuna, e seja justo com seu próximo em todas as coisas.

Versículos 15-21Nunca deve ditar-se sentença sobre a base do testemunho de uma única testemunha. A

testemunha falsa deve sofrer o mesmo castigo que pensou infligir à pessoa que acusou. Nen-huma lei poderia ser mais justa. Que todos os cristãos não só sejam cautos para darem teste-munho em público, senão que se cuidem de unir-se às calúnias, e que todo aquele cuja con-sciência o acusa de delitos, fuja sem demora a refugiar-se na esperança colocada ante eles em Jesus Cristo.

CAPÍTULO 20• Versículos 1-9 Exortação e proclamação acerca dos que vão à guerra• Versículos 10-20 Intimação de paz – Cidades que seriam condenadas

Versículos 1-9Nas guerras em que Israel se comprometera conforme à vontade de Deus, podiam esperar a

ajuda divina. O Senhor seria sua única confiança. Neste aspecto são tipo da guerra do cristão. Os que não estão dispostos a pelejar, devem ser despedidos. A indisposição pode surgir de al-guma circunstância externa do homem. Deus não deve ser servido por homens obrigados que não têm a disposição de fazê-lo. "Teu povo se oferecerá voluntariamente" (Sl 110.3). Ao correr a carreira cristã e pelejar o bom combate da fé, devemos deixar de lado todo quanto nos im-peça de oferecer-nos. Se a falta de vontade de um homem surge da debilidade e do medo, terá que sair da guerra. A razão dada é que não seja que se enfraqueça o coração de seus irmãos assim como o seu. Devemos considerar que nós não tememos o que eles temem (Is 8.12).

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Versículos 10-20Aqui se instrui aos israelitas em quanto às nações com as quais fariam a guerra. Que isto

mostre a graça de Deus no trato com os pecadores. Os intima à paz, e lhes roga que se recon-ciliem. Também nos mostra o dever ao tratar com nossos irmãos. Não importa quem estão pela guerra, nós devemos estar pela paz.

Não deve ficar com vida nenhum dos habitantes das cidades entregadas a Israel. Já que não se podia esperar que se curassem da idolatria, teria prejudicado a Israel. Estas normas não são nossa regra de conduta, senão a lei do amor de Cristo.

Os horrores da guerra devem encher o coração sensível de angústia ante cada lembrança; e são provas da maldade do homem, do poder de Satanás e da justa vingança de Deus, que deste modo acoita o mundo culpável. Mas quão espantoso é o caso dos que estão comprometi-dos em um conflito desigual com seu Criador, dos que se submetem para rendê-lhe o tributo grato de adversário e louvor! Aguarda-lhes uma ruína segura.

Não permitamos que a quantidade nem o poderio dos inimigos de nossa alma nos faca des-maiar; que tampouco nossa própria debilidade nos faça tremer ou esmorecer. O Senhor nos salvará; porém, que nesta guerra ninguém se comprometa se seu coração tem amor pelo mundo ou se tiver medo à cruz e ao conflito.

Cuida-se aqui de não destruir as árvores frutíferas das cidades sitiadas. Deus é melhor amigo do homem que este para si mesmo; e a lei de Deus tem consideração por nossos inter-esses e comodidades; enquanto nossos apetites e paixões, em que nos damos o gosto, são in-imigos de nosso bem-estar. Muitos dos preceitos divinos nos impedem destruir aquilo que é para nossa vida e comida. Os judeus entendem tudo isso como uma proibição de todo des-perdício voluntário em qualquer sentido. Todo o que Deus criou é bom; e nada é para ser jo-gado fora; assim, nada é para abusar disso. Podemos viver para necessitar o que des-perdiçamos negligentemente.

CAPÍTULO 21• Versículos 1-9 A expiação do homicídio não resolvido• Versículos 10-14 Da cativa tomada como esposa• Versículos 15-17 Não deserdar o primogênito por afetos particulares• Versículos 18-21 Deve lapidar-se o filho contumaz• Versículos 22-23 Os malfeitores não devem permanecer pendurados toda a

noite

Versículos 1-9Se não se puder achar a um homicida, se provê uma grande solenidade para tirar a culpa da

terra como expressão de temor e aborrecimentos a esse respeito. A providência de Deus tem tirado à luz, sempre em forma maravilhosa, as obras ocultas das trevas e, por estranho que pareça, o pecado do culpável freqüentemente o tem alcançado. O terror do homicídio deve es-tar profundamente impresso em todo coração e todos devem unir-se para detectar e castigar os culpáveis. Os anciãos deviam professar que não tinham, de jeito nenhum, ajudado ou insti-gado o pecado. os sacerdotes deviam rogar a Deus pelo país e a nação, pedindo a Deus que fosse misericordioso. Devemos esvaziar com nossas orações a medida que outros enchem com seus pecados. Por esta solenidade, todos seriam ensinados que ter o máximo cuidado e diligência para impedir, descobrir e castigar o homicídio. Todos devemos aprender daqui a cuidar-nos de participar nos pecados de outros homens. Se não as repreendermos, somos partícipes das obras infrutíferas das trevas.

Versículos 10-14Esta lei permitia a um soldado casar com uma cativa, se assim desejava. Isto podia aconte-

cer em algumas ocasiões; porém a lei não demonstra aprovação nisso. Também insinua quão obrigatórias no matrimônio são as leis da justiça e da honra, o qual é um compromisso sagrado.

Versículos 15-17Esta lei proíbe os homens de deserdarem a seu primogênito sem causa justa. O princípio

deste caso acerca dos filhos ainda é obrigatório para os pais; eles concedem a seus filhos seu direito sem parcialidade.

Versículos 18-21Perceba como se descreve aqui ao transgressor. É um filho rebelde e contumaz. A nenhum

filho lhe irá pior por carência de capacidade, lentidão ou torpeza, senão por ser voluntarioso e 155

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obstinado. Nada leva aos homens a toda classe de maldade e os endurece nisso com maior certeza e fatalidade que a embriaguez. Quando os homens se entregam à bebida, esquecem da lei para honrar aos pais. Seu pai e sua mãe devem queixar-se dele aos anciãos da cidade. Os filhos que esquecem seu dever, sem culpar a seus pais, se são olhados cada vez com menos afeto, devem reconhecer que isso acontece graças a sua própria conduta. Deve ser lapi-dado em público até morrer, o que farão os homens de sua cidade. Desobedecer a autoridade dos pais deve ser muito mau, já que se ordena semelhante castigo; e na atualidade não é menos provocador para Deus, embora escape do castigo do mundo. Mas quando a juventude se escraviza cedo a seus apetites sensuais, logo endurece o coração e se embrutece a con-sciência; e nada podemos esperar senão rebeldias e destruição.

Versículos 22-23Pela lei de Moisés era contaminante tocar um cadáver, portanto, não devem ficar os

cadáveres pendurados, pois assim contaminam a terra. Eis aqui uma razão que se refere a Cristo: maldito por Deus é o pendurado; isto é, o maior grau de desgraça e rejeição. Os que ve-jam a um homem pendurado entre o céu e a terra, concluirão que esse tem sido abandonado por ambos, sendo indigno dos dois lugares. Moisés, por inspiração do Espírito, usa a frase de ser maldito de Deus, quando quer dizer somente ser tratado da forma mais ignominiosa, para que depois pudesse aplicar-se à morte de Cristo e mostrar que nela Ele sofreu a maldição da lei por nós; o qual prova seu amor e estimula a termos fé nEle.

CAPÍTULO 22• Versículos 1-4 Da humanidade para com os irmãos• Versículos 5-12 Vários preceitos• Versículos 13-30 Contra a impureza

Versículos 1-4Se considerarmos devidamente a regra de ouro de "fazer aos outros como queremos que

eles nos façam a nós", poderiam omitir-se muitos preceitos particulares. Não podemos apro-priar-nos de nada que encontremos. A religião nos ensina a sermos amistosos e dispostos para fazer todos os bons ofícios a todos os homens. não sabemos quão logo podemos ter necessi-dade de ajuda.

Versículos 5-12A providência de Deus se estende aos assuntos menores, e seus preceitos também, para

que até neles possamos ter o temor do Senhor, como que estamos sob seu olho e seu cuidado. Porém a tendência destas leis, embora pareçam pouca coisa, é tal que, por achar-se na lei de Deus, devem contar-se como grandes coisas. Se nos demonstramos como povo de Deus, deve-mos respeitar Sua vontade e Sua glória, e não as modas vãs do mundo. Até o vestir-nos com a roupa, no comer ou beber, todo deve ser feito com séria consideração da preservação de nossa pureza de coração e de conduta, assim como a do próximo. Nosso olho deve ser simples, nosso coração limpo e nossa conduta, coerente.

Versículos 13-30Estas regras e outras afins podem ter sido necessárias naquele então e não é necessário

que nós devamos examiná-las detalhadamente, senão com respeito. As leis se relacionam ao sétimo mandamento, impondo uma proibição às luxúrias carnais que batalham contra a alma.

CAPÍTULO 23• Versículos 1-8 Quem são expulsos da congregação• Versículos 9-14 Leis sanitárias• Versículos 15-25 Dos servos fugitivos – Usura e outros preceitos

Versículos 1-8Devemos valorizar os privilégios do povo de Deus tanto por nós mesmos como por nossos

filhos, por acima de toda vantagem. Nenhum defeito pessoal, nenhum crime de nossos an-tepassados,, nenhuma diferença nacional não exclui da dispensação cristã, senão o coração malvado que nos priva de todas as bênçãos; e um mal exemplo ou um matrimônio inadequado podem tirá-las de nossos filhos.

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Versículos 9-14No acampamento do Senhor nosso deve haver nada impuro. Se devemos ter cuidado para

conservar limpo o corpo, quanto mais deveremos cuidar de mantermos pura a mente.Versículos 15-25É honroso dar refúgio e proteção só fraco, sempre que não for perverso. Os prosélitos e os

convertidos à verdade devem ser tratados com ternura especial para que não tenham a ten-tação de tornar ao mundo.

Não podemos honrar a Deus com nossa substância a menos que seja honrada e honoravel-mente. Não só deve considerar-se o que damos, senão como o obtivemos. Onde o que pede emprestado consegue ou espera conseguir, justo é que o que empresta partilhe o ganho; mas deve mostrar piedade para o que pede emprestado a fim de comer.

Ninguém deve desdizer-se do que sai de seus lábios como voto solene e deliberado, senão que deve mantê-lo e cumpri-lo pontual e completamente.

A eles foi-lhes permitido recolher e comer do grão e das uvas que cresciam à beira do cam-inho; somente não podiam levar nada consigo. Esta lei pressupunha a grande abundância de grão e de vinho que teriam em Canaã. faz provisão para o sustento dos viajantes pobres, e nos ensina a sermos bondosos com eles, a estar dispostos a repartir e a não pensar que se perde todo o que se dá. contudo, nos proíbe abusar da amabilidade dos amigos ou tirar vantagem do permitido. A fidelidade com seus compromissos deve ser característica do Povo de Deus; nunca deveriam aproveitar-se dos outros.

CAPÍTULO 24• Versículos 1-4 Do divórcio• Versículos 5-13 Das pessoas recém-casadas – Dos seqüestradores – Das

prendas• Versículos 14-22 Da justiça e a generosidade

Versículos 1-4Quando a providência de Deus, ou uma má eleição no matrimônio, outorgaram a um cristão

uma tribulação em lugar de uma ajuda idônea, de todo seu coração ele preferirá levar a cruz, que o alívio que tender ao pecado, à confusão e à desgraça. A graça divina santificará sua cruz, o sustentará nela e o ensinará a comportar-se de modo tal que paulatinamente se tornará mais tolerável.

Versículos 5-13De grande transcendência é que se mantenha o amor de marido e mulher; que evitem

cuidadosamente tudo o que puder fazê-los estranhos.O seqüestro era um crime capital que não podia reparar-se pela restituição como os outros

roubos.As leis sobre a lepra devem ser cuidadosamente observadas. Assim, todos os que assentam

sua consciência sob a culpa e a ira, não devem encobri-la nem tratar de liberá-la de sua con-vicção de pecado, senão que pelo arrependimento, a oração e a confissão humilde, devem tomar a senda da paz e do perdão.

São dadas algumas ordens sobre pedir prenda para emprestar dinheiro. Isto nos ensina a considerar o bem-estar e a subsistência dos outros tanto como a própria vantagem. Que o devedor pobre durma com sua roupa e louvem a Deus pela bondade sua para com ele. os devedores pobres devem sentir mais do comum a bondade de seus credores que não se aproveitam de todas as vantagens da lei em quanto a eles, nem tampouco devem considerar isto como fraqueza.

Versículos 14-22Não custa provar que a pureza, a justiça, a misericórdia, a conduta eqüitativa, a amabilidade

para com o pobre e o necessitado, a consideração por eles e a generosidade de espírito agradam a Deus e correspondem a seu povo redimido. A dificuldade é atendê-los em nosso an-dar e conduta diários.

CAPÍTULO 25• Versículos 1-3 Magnitude do castigo• Versículo 4 O boi que pisoteava o grão• Versículos 5-12 Matrimônio da esposa de um irmão• Versículos 13-16 Dos pesos injustos

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• Versículos 17-19 Guerra contra Amaleque

Versículos 1-3Todo castigo deve realizar-se com solenidade para que os que o vejam possam encher-se de

espanto e tomar as medidas para não ofender em forma semelhante. Embora os transgres-sores devem ser envergonhados e devem sentir a dor, para sua advertência e desgraça, deve cuidar-se, de todos modos, de não envilecê-los completamente. Bem-aventurados os que são castigados pelo Senhor para torná-los humildes, para que não sejam condenados à destruição com o mundo.

Versículo 4Isto é encargo para os lavradores. Nos ensina a valorizar muito os animais que nos servem.

Porém devemos aprender não somente a ser justos, senão generosos com todos os que se pre-ocupam pelo bem de nossa melhor parte, a nossa alma (1 Co 9.9).

Versículos 5-12O costume que aqui se regulamenta parece ter estado na lei judaica para manter claras as

heranças; agora seria ilegal.Versículos 13-16O ganho desonesto sempre traz maldição à propriedade, à família e a alma dos homens.

Bem-aventurados os que se julgam a si mesmos, se arrependem de seus pecados e os aban-donam, deixando as coisas más para que não sejam condenados pelo Senhor.

Versículos 17-19Que cada perseguidor e injuriador do Povo de Deus seja advertido do caso dos amalequitas.

Quanto mais demore em sobrevir o juízo, mais terrível será afinal. Amaleque pode lembrar-nos os inimigos de nossa alma. que todos sejamos capazes de matar todas nossas concupiscên-cias, todas as corrupções externas ou internas, todas as potestades das trevas e do mundo que se nos opõem em nosso caminho ao abençoado Senhor.

CAPÍTULO 26• Versículos 1-11 Declaração ao oferecer as primícias• Versículos 12-15 A oração posterior à entrega do dízimo do terceiro ano• Versículos 16-19 Aliança entre Deus e o povo

Versículos 1-11Quando tem cumprido conosco suas promessas, Deus espera que nós o atribuamos à honra

de sua fidelidade. Nosso consolo como criaturas é duplamente doce quando o vemos fluir da fonte da promessa. A pessoa que ofereceu suas primícias deve lembrar e reconhecer a baixa origem da nação, da qual era membro. Um arameu a ponto de perecer foi meu pai. Jacó é aqui chamado de arameu. Sua nação em sua infância peregrinou no Egito como estrangeiros, onde serviram como escravos; e embora se enriqueceram e cresceram, não tinham razão para sen-tir-se orgulhosos, seguros nem para esquecer-se de Deus.

Deve ser lembrada, com agradecimento, a grande bondade de Deus para com Israel. O con-solo que temos no que desfrutamos deveria levar-nos a viver agradecidos por nossa partici-pação na abundância e a paz públicas; e com as misericórdias presentes, deveríamos abençoar o Senhor pelas misericórdias passadas de que nos lembramos, e as misericórdias futuras que aguardamos com esperança.

Devia oferecer-se um cesto de primícias. Toda coisa boa que Deus nos dá, é com sua von-tade de que façamos dela o uso mais consolador que possamos, atribuindo os riachos de bênção à Fonte de todo consolo.

Versículos 12-15Como poderia render a terra seu produto ou, se assim não o fizer, que consolo poderíamos

ter nisso, a menos que com isto nosso Deus nos der sua bênção?Tudo isto representa a relação contratual entre um Deus reconciliado e cada crente ver-

dadeiro, e os privilégios e deveres correspondentes. Devemos estar alertas e demonstrar que, de conformidade com a aliança de graça de Cristo Jesus, Jeová é nosso Deus e nós somos seu povo, esperando sua vontade no cumprimento de suas promessas de graça.

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Versículos 16-19Aqui Moisés põe em vigência os preceitos. São leis de Deus, portanto, devem cumpri-las,

pois para esse fim lhes foram dadas; cumpram-nas e sem discutir; executem-nas sem desdizer-se; realizem-nas, não descuidada e hipocritamente, senão com o coração e a alma, de todo seu coração e toda sua alma. Nós juramos e rompemos o compromisso mais sagrado se, quando tomamos o Senhor para ser nosso Deus, não assumimos consciência de obedecer a seus man-damentos. Somos escolhidos para obedecer (1 Pe 1.2); escolhidos para sermos santos (Ef 1.4); purificados para sermos um povo próprio, que possamos não só realizar boas obras, senão ser-mos zelosos delas (Tito 2.14). A santidade é a verdadeira honra, e o único caminho à honra eterna.

CAPÍTULO 27• Versículos 1-10 A lei devia escrever-se em pedras na terra prometida • Versículos 11-26 As maldições que deviam pronunciar-se no monte Ebal

Versículos 1-10Tão logo como entraram em Canaã, deviam erigir um monumento no qual escrever as

palavras desta lei.Devem levantar um altar. A palavra e a oração devem ir juntas. Embora por iniciativa

própria não podiam levantar um altar fora do tabernáculo, contudo, por indicação de Deus po-diam fazê-lo em ocasiões especiais. Este altar devia ser feito com pedras não lavradas, como as encontrassem no campo. Cristo, nosso Altar, a pedra cortada do monte não com mãos hu-manas, desprezada pelos edificadores, que não tinha parecer nem formosura, porém aceito por Deus Pai e feito cabeça de ângulo. No Antigo Testamento estão escritas as palavras da lei com a maldição anexada; o qual nos abrumaria de terror se no Novo Testamento não tivéssemos um altar perto, que dá consolação. Bendito seja Deus, as cópias impressas das Escrituras entre nós eliminam a necessidade dos métodos apresentados a Israel. O propósito do ministério do evangelho é, e deveria ser, a finalidade dos predicadores: tornar o mais clara possível a Palavra de Deus. contudo, a menos que o Espírito Santo de Deus prospere tais tarefas, ainda esses médios não nos farão sábios para salvação; por esta bênção deveríamos, portanto, orar diária e fervorosamente.

Versículos 11-26As seis tribos designadas para a bênção eram todas dos filhos das livres, porque a elas per-

tence a promessa (Gl 4.31). Levi está aqui entre o resto. Os ministros devem aplicar a si mes-mos a bênção e a maldição que predicam aos outros, e por fé dizer seu próprio amem a elas. Não só devem atrair a gente a seu dever com as promessas de bênção, senão provocar-nos temor com as ameaças de uma maldição, declarando que a maldição sobrevirá aos que façam tais coisas. A gente devia dizer "amém" a cada uma das maldições. Sua fé professava que es-tas e outras maldições semelhantes eram declarações reais da ira de Deus contra a impiedade a injustiça dos homens, das quais nem um til cairá por terra.

Era o reconhecimento da eqüidade das maldições. Os que fazem tais coisas merecem cair e permanecer sob a maldição. Para que os culpáveis de outros pecados, não mencionados aqui, não acreditassem estar a salvo da maldição, a última alcança a todos: não só aos que realizam o mal que proíbe a lei, senão também àqueles que omitem o bem que a lei manda. Sem o sangue expiatório de Cristo, os pecadores não podem ter comunhão com um Deus santo nem fazer nada que seja aceitável para Ele; Sua justa lei condena a todos os que, em algum mo-mento ou em algo, a transgridem. Como transgressores, permanecemos sob sua espantosa maldição, até que a redenção de Cristo é aplicada a nosso coração. Onde quer que a graça de Deus traga salvação, ensina ao crente que, renunciando à impiedade e aos desejos mundanos, viva neste século sóbria, justa e piedosamente, dando seu amém às palavras da lei de Deus, e deleitando-se nela segundo o homem interior. Neste santo caminhar se encontram a paz ver-dadeira e o gozo estável.

CAPÍTULO 28• Versículos 1-14 As bênçãos da obediência• Versículos 15-44 As maldições da desobediência • Versículos 45-68 Sua ruína, se desobedecem

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Versículos 1-14Este capítulo é uma exposição muito longa de duas palavras, a bênção e a maldição. São

coisas reais que têm efeitos reais. Aqui as bênçãos são colocadas antes que as maldições. Deus é tardio para a ira, mas rápido para mostrar misericórdia. Se compraz em abençoar. É melhor deixar-nos atrair pelo bom com uma esperança infantil do favor de Deus, antes que viver atemorizados por um temor servil a sua ira. A bênção é prometida com a condição de que escutem, diligentes, a voz de Deus, que conservem a religião, sua forma e poder, em suas famílias e sua nação, então a providência de Deus prosperaria todas suas preocupações exter-nas.

Versículos 15-44Se não guardamos os mandamentos de Deus, não somente ficamos destituídos da bênção

prometida, senão que nos colocamos sob a maldição que abrange toda miséria, assim como a bênção compreende toda bem-aventurança. Observe-se:

1) A justiça desta maldição: não é uma maldição sem causa, ou por uma causa leve. 2) A extensão e poder desta maldição: onde quer que vá o pecador, a maldição de Deus o

segue; onde quer que esteja, ela descansa sobre ele. tudo o que te está sob maldição. Todas suas alegrias são amargas; ao pode achar o verdadeiro consolo, pois a ira de Deus está mistu-rada com elas.

Aqui são pronunciados muitos juízos, que serão os frutos da maldição, com os quais Deus castigará o povo judeu por sua apostasia e desobediência. Podemos observar o cumprimento destas ameaças no estado presente desse povo. para completar sua miséria, as tribulações ameaçam com despojá-los de todo consolo e esperança, abandonados a uma completa deses-peração. Os que andam por vista e não por fé correm o risco de perder a razão mesma quando todo a seu redor se apresentar espantoso.

Versículos 45-68Se Deus se vingar, que misérias podem acarretar sua maldição à humanidade, até no

mundo atual! Mas estas não são senão o princípio das dores para os que estão embaixo da maldição de Deus. Quanta será então a mistério do mundo onde o verme deles não morre, e onde o fogo nunca se apaga! Observe-se o que aqui se diz da ira de Deus, a qual deve vir e permanecer sobre os israelitas por seu pecado. Assombra pensar que um povo por tanto tempo favorito do Céu seja de tal modo rejeitado e, ainda assim, que num povo tão disperso em meio de todas as nações, fosse mantida sua identidade, sem misturar-se com os outros. Se não serviam a Deus com gozo, seriam obrigados a servir a seus inimigos. Podemos esperar jus-tamente de Deus que, se não tememos seu terrível Nome, sentiremos suas terríveis pragas. Já que Deus deve ser temido de uma ou de outra forma.

Descreve-se a destruição que os ameaça. Sem dúvida, eles foram arrancados da terra (ver-sículo 63), não só pelo cativeiro babilônico e quando Jerusalém foi destruída pelos romanos, senão depois, quando não lhes foi permitido pôr um pé em Jerusalém. Não acharão descanso; nenhum descanso do corpo (versículo 65), senão que mudarão continuamente, seja com a es-perança de lucros, ou por medo da perseguição. Nenhum repouso mental, o qual é muito pior. Têm sido expulsos de cidade em cidade, de país em país; têm sido recebidos novamente, so-mente para serem expulsos mais uma vez. Estes acontecimentos, comparados com o favor demonstrado a Israel na antigüidade, e com as profecias, não somente deveria excitar o as-sombro, senão converter-se em testemunho para nós, assegurando-nos a verdade da Escritura. quando as outras profecias de sua conversão a Cristo sejam cumpridas, todo será sinal e mila-gre para todas as nações da Terra, e precursor da difusão geral do cristianismo verdadeiro. O cumprimento destas profecias sobre a nação judaica, entregadas há mais de três mil anos, demonstra que Moisés falava pelo Espírito de Deus, que não somente prevê a ruína dos pecadores, senão que os adverte a esse respeito para que possam evitá-la pelo arrependi-mento verdadeiro e oportuno ou, caso contrário, serem deixados sem escusa. E sejamos agradecidos de que Cristo nos tenha redimido da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, levando em sua pessoa todo o castigo que merecem nossos pecados, e que, de outro modo, teríamos devido suportar para sempre. a este Refúgio e salvação fujam os pecadores; ali re-gozijem-se os crentes e sirvam a seu Deus reconciliado com coração alegre pela abundância de suas bênçãos espirituais.

CAPÍTULO 29• Versículos 1-9 Moisés pede que se lembrem das misericórdias de Israel• Versículos 10-21 A ira divina está sobre os que se jactam de sua maldade• Versículos 22-28 A ruína da nação judaica• Versículo 29 As coisas secretas pertencem a Deus

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Versículos 1-9Devemos pensar que as misericórdias, antigas e novas, são motivo de obediência. O ouvido

que escuta, o olho que vê, e o coração que entende, são dádivas de Deus. todos os que os têm, os têm recebido dEle. Deus não só dá comida e roupa, senão riqueza e grandes pos-sessões a muitos aos que não dá sua graça. Existem muitos que desfrutam de seus dons, que não têm coração para reconhecer o Doador, nem perceber o verdadeiro desígnio e uso das dá-divas. Por gratidão e interesse, por dever e fidelidade, estamos obrigados a guardam as palavras da aliança.

Versículos 10-21A aliança nacional feita com Israel não somente tipifica a aliança de graça feita com os ver-

dadeiros crentes, senão que representa a dispensação externa do evangelho. Os que têm sido capacitados para receber a nova aliança de misericórdia e graça de Jeová em Jesus Cristo, e entregar-se para serem seu povo, devem aproveitar toda oportunidade de renovar sua profis-são franca de relação com Ele e sua obrigação com Ele, como Deus de salvação, e caminhar em conformidade com isso.

Descreve-se o pecador como um cujo coração se afasta de Deus; ali começa a maldade, no coração malvado da incredulidade que inclina os homens a distanciar-se do Deus vivo para irem após ídolos mortos. Até a este pecado são tentados os homens agora, quando suas próprias luxúrias e fantasias os descaminham. Tais homens são raízes que produzem fel e amargura. Eles são como o joio que, se deixado sozinho, se espalha por todo o campo. Satanás pode disfarçar este bocado amargo por um tempo, para que não se discerna o sabor natural, porém, no último dia, se não antes, o verdadeiro sabor ficará claro.

Atentem na seguridade do pecador no pecado. Ainda que ouça as palavras de maldição, ainda pensa que está a salvo da ira de Deus. Dificilmente haja em todo o livro de Deus uma ameaça mais espantosa que esta. Oh, que os pecadores presunçosos a leiam e estremeçam! Porque é uma declaração real da ira de Deus contra toda impiedade e injustiça dos homens.

Versículos 22-28A idolatria será a ruína de sua nação. Não é coisa nova que Deus acarrete juízos desoladores

sobre um povo próximo a Ele por profissão. Nunca faz isto sem uma boa razão. nos corre-sponde buscar a razão, para que demos glória a Deus e nos demos por advertidos.

De modo que a lei de Moisés deixa os pecadores sob a maldição e sem raízes na terra do Senhor, porém a graça de Cristo para com os pecadores arrependidos que crêem os planta de novo em sua terra, e não serão arrancados, resguardados pelo poder de Deus.

Versículo 29Moisés termina sua profecia da rejeição dos judeus, da forma em que Paulo termina seu ser-

mão sobre o tema, quando começa a cumprir-se (Rm 11.33). Somos proibidos de inquirir por curiosidade nos conselhos secretos de Deus, e decidirmos ao respeito. Todavia, se nos dirige e estimula a que esquadrinhemos diligentemente naquilo que Deus tem dado a conhecer. Ele não reteve nada que fosse proveitoso para nós, senão somente o que é bom que ignoremos. O fim de toda revelação divina não e dar-nos temas curiosos de especulação e discussão, senão que possamos realizar todas as palavras desta lei e sermos abençoados em nosso obrar. A Bíblia revela claramente isto; além daqui não podem ir proveitosamente os homens. por esta luz a gente pode viver e morrer comodamente e ser feliz para sempre.

CAPÍTULO 30• Versículos 1-10 Promessas de misericórdia ao arrependido• Versículos 11-14 Encarecimento do mandamento• Versículos 15-20 A vida e a morte colocadas ante eles

Versículos 1-10Neste capítulo há um claro anúncio da misericórdia que Deus tem guardada para Israel nos

últimos tempos. A passagem se refere às advertências proféticas dos últimos dois capítulos. Que se cumpriram principalmente na destruição de Jerusalém pelos romanos, e em sua disper-são até o presente; não há dúvida que as promessas proféticas contidas nestes versículos es-tão ainda pendentes. A nação judaica se converterá na fé de Cristo em algum período futuro, talvez não muito distante; e muitos acreditam que se estabelecerá de novo na terra de Canaã. a linguagem que aqui se utiliza é, em grande medida, de promessas absolutas; não só de com-

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promisso condicional, senão que declara um fato que ocorrerá com toda certeza. Porque o mesmo Senhor se compromete aqui: "circuncidará Jeová teu Deus teu coração", e quando graça regeneradora tenha eliminado a natureza corrupta, e o amor divino tiver suplantado o amor pelo pecado, eles certamente refletirão, se arrependerão, se voltarão a Deus e o obede-cerão; e Ele se regozijará em fazê-lhes o bem. A mudança ocasionada neles não somente será por fora nem consistente somente de opiniões; chegará a suas almas. Produzirá neles um supremo ódio por todo pecado e um amor fervoroso a Deus, como seu Deus reconciliado em Cristo Jesus; eles o amarão com todo seu coração e com toda sua alma. na atualidade estão muito distantes deste estado mental, porém assim estavam os assassinos do Senhor Jesus no dia de Pentecostes, os quais, contudo, em uma hora se converteram a Deus. assim será o dia do poder de Deus; uma nação nascerá num dia; o Senhor o acelerará em seu tempo.

Como promessa condicionada, esta passagem pertence a todas as pessoas e a todos os povos, não somente a Israel; nos assegura que os maiores pecadores, se se arrependem e se convertem, receberão o perdão de seus pecados, e serão restaurados no favor de Deus.

Versículos 11-14A lei não é demasiado elevada para você. Não é conhecida somente em lugares longínquos;

não está confinada aos homens doutos. Está escrita em teus livros, bem clara para que qual-quer que a ler a entenda. Está em tua boca, na língua que usas correntemente, para que pos-sas ouvi-la quando lês e falar dela aos teus filhos. Foi dada de modo tal de estar ao alcance do entendimento mais simples. Isto é especialmente certo do evangelho de Cristo, ao qual o aplica o apóstolo. Mas a Palavra está perto de nós, e Cristo está nessa palavra; de modo que se cremos com o coração que as promessas do Messias se cumprem em nosso Senhor Jesus, e as confessamos com nossa boca, então temos a Cristo conosco.

Versículos 15-20Que coisa poderia dizer-se, mais comovedora e que tenha mais probabilidades de causar

impressões profundas e permanentes? Todo homem deseja obter vida e bem-estar e escapar da morte e do mal; deseja a felicidade e teme a infelicidade. Tão grande é a compaixão do Senhor, que por Sua palavra tem favorecido os homens com o conhecimento do bem e do mal, que os faria por sempre felizes se não fosse por sua própria falta. Ouçamos o resumo de tudo o assunto. Se eles e os seus amassem a Deus e o servissem, viveriam e seriam felizes. Se eles, ou os seus, se afastam de Deus, desertam de Seu serviço e adoram outros deuses, isto certa-mente será sua ruína. Nunca houve, desde a queda do homem, mais que um único caminho ao céu, o qual está marcado em ambos os Testamentos, embora não com igual clareza. Moisés se referia ao mesmo caminho de aceitação que Paulo descreveu mais claramente; e as palavras de Paulo se referem à mandamentos obediência da qual tratou mais plenamente Moisés. Em ambos Testamentos somos aproximados do caminho bom e reto, e nos é revelado com clareza.

CAPÍTULO 31• Versículos 1-8 Moisés anima o povo e a Josué• Versículos 9-13 A lei deve ler-se a cada sétimo ano• Versículos 14-22 Anúncio da apostasia dos israelitas – Um cântico que é

testemunho contra eles• Versículos 23-30 A lei entregada aos levitas

Versículos 1-8Moisés assegura a Israel da presença constante de Deus com eles. Isto é aplicado pelo após-

tolo a todo o Israel espiritual, para animar sua fé e esperança; a nós nos é predicado este Evan-gelho, assim como a eles; não te deixará nem te desamparará (Hb 13.5).

Moisés lhes recomenda como líder a Josué, cuja sabedoria, valor e afeto haviam conhecido desde muito tempo atrás, a quem Deus tinha nomeado para ser seu chefe, a quem reconhece-ria e abençoaria. Josué se sente muito comprazido ao ser admoestado por Moisés para ser firme e valente. Irá bem aos que tiverem a Deus com eles, portanto, devem ter valor. Em Deus faremos proezas, pois nEle teremos a vontade; se resistirmos ao diabo, de nós fugirá.

Versículos 9-13Ainda que leiamos a palavra em privado, não devemos pensar que seja desnecessário ouvi-

la quando se lê em público. A leitura solene da lei devia fazer-se no ano da remissão. O ano de remissão era tipo da graça do Evangelho, chamado de "ano aceitável do ah", porque nosso perdão e liberdade graças a Cristo nos comprometem a obedecer a seus mandamentos. Deve ser lida ante todo Israel, homens, mulheres, crianças e os estrangeiros. Vontade de Deus é que toda a gente se familiarize com sua Palavra. É regra para todos; portanto, devem lê-la a todos. 162

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quem tenha lido os trabalhos que suportam muitas pessoas para conseguir pedaços da Escrit-ura, quando não se pode obter ou não é possível ter sem perigo uma cópia inteira, verá quão agradecidos deveríamos estar pelos milhares de exemplares que temos. Também entenderão a situação especial em que estiveram os israelitas por muito tempo. Mas o coração do homem é tão negligente, que se achará que todo é demasiado pouco para conservar o conhecimento das verdades, preceitos e adoração de Deus.

Versículos 14-22Moisés e Josué atendiam a majestade divina na porta do tabernáculo. A Moisés lhe é nova-

mente dito que deve morrer em breve; até os mais preparados e dispostos a morrer devem ser lembrados freqüentemente da chegada deste dia. O Senhor diz a Moisés que a aliança pela qual ele tinha-se esforçado tanto para concretizar entre Israel e Deus, seria quebrantada de-pois de sua morte. Israel abandonaria a Deus; então, Deus abandonaria a Israel. Ele com justiça rejeita os que com injustiça o rejeitam.

Ordena-se a Moisés que lhes entregue um cântico que deve ficar como testemunho perma-nente de Deus, como que é fiel a eles ao preveni-los e, contra eles, como pessoas falsas con-sigo mesmas, ao não aceitarem a advertência. A palavra de Deus discerne os pensamentos e intenções do coração dos homens e lhes sai ao encontro com repreensões e corretivos. Os min-istros que predicam a Palavra não conhecem o pensamento dos homens, porém Deus, Deus quem é a Palavra, o sabe perfeitamente.

Versículos 23-30Narra-se novamente a entrega solene do livro da lei aos levitas para colocá-lo na arca, ou

mulher dito, a um lado dela. O cântico que se segue no próximo capítulo se entrega a Moisés e ele o dá ao povo. primeiro o escrevei segundo o ensinou o Espírito Santo; e depois o disse a ou-vidos de todo o povo. Moisés lhes diz claramente: Sei que, depois de minha morte, certamente se corromperão. Isto sem dúvida ocasionou mais de um pensamento triste a este bom homem, porém seu consolo era que tinha cumprido seu dever e que Deus seria glorificado na dispersão deles, se não na ocupação da terra, porque o fundamento de Deus está firme.

CAPÍTULO 32• Versículos 1-2 O cântico de Moisés• Versículos 3-6 O caráter de Deus – O caráter de Israel• Versículos 7-14 As coisas grandes que Deus fez por Israel• Versículos 15-18 A iniqüidade de Israel• Versículos 19-25 Os juízos que lhes sobrevirão por seus pecados• Versículos 26-38 Suspensão da vingança merecida• Versículos 39-43 A liberação de Deus para seu povo• Versículos 44-47 A exortação com que foi entregue o cântico• Versículos 48-52 Moisés sobe ao monte Nebo a morrer

Versículos 1-2Moisés começa com uma apelação solene ao céu e terra em quanto à verdade e importância

do que diria. Sua doutrina é o evangelho, o discurso de Deus, a doutrina de Cristo; a doutrina da graça e misericórdia por meio dEle, e da vida e salvação por Ele.

Versículos 3-6"Ele é uma Rocha!". Esta é a primeira vez que se chama assim a Deus na Escritura. a ex-

pressão denota que o poder, a fidelidade e o amor divino, revelados em Cristo e no evangelho, formam um fundamento que não pode ser mudado nem movido, sobre o qual podemos edificar nossas esperanças de felicidade. Sob sua proteção podemos encontrar refúgio de todos nossos inimigos e em todos nossos problemas; como as rochas daqueles países escudavam contra os raios abrasadores do sol e contra as tempestades, ou eram fortalezas contra o inimigo.

"Sua obra é perfeita": a de redenção e salvação em que se expõe completa a perfeição div-ina em todas suas partes. Todos os tratos de Deus com suas criaturas estão regulados por uma sabedoria que não pode errar e por sua perfeita justiça. certamente Ele é justo e reto; Ele cuida que nenhum se perca por Ele.

É apresentada uma grande acusação contra Israel. Até os filhos de Deus têm suas máculas enquanto estão neste mundo imperfeito; pois se dizermos que não temos pecado, nenhuma mácula, nos enganamos a nós mesmos. Mas o pecado de Israel não era habitual, notável e im-penitente, o qual é característico dos filhos de Satanás.

Foram néscios ao abandonar suas misericórdias em troca das vaidades mentirosas. Todos os pecadores voluntários, especialmente os pecadores de Israel, são néscios e ingratos.

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Versículos 7-14Moisés dá exemplos particulares da bondade de Deus e sua preocupação por eles. O

cuidado que a águia dá a seus filhotes é um belo emblema do amor de Cristo que veio mediar entre a justiça divina e nossa alma culpável, e a levar nossos pecados em seu próprio corpo so-bre o madeiro. Por meio da predicação do evangelho e a influência do Espírito Santo, Ele estim-ula os pecadores e prevalece sobre eles para que deixem a escravidão de Satanás.

Nos versículos 13 e 14 se encontram os símbolos da vitória que os crentes têm, em e por meio de Cristo, sobre seus inimigos espirituais: o pecado, Satanás e o mundo. Também da se-guridade e triunfo deles nEle; do marco de felicidade de sua alma quando está sobre o mundo e suas coisas. Este será o caso bendito do Israel espiritual em todo sentido no último dia.

Versículos 15-18Eis aqui dois exemplos da iniqüidade de Israel; cada um foi uma apostasia contra Deus.Esta gente era chamada Jesurum, "um povo reto" por alguns, "um povo visionário" para out-

ros; porém logo perderam a reputação de seu saber e de sua retidão. Deram-se o gosto em quanto aos apetites como se não tivessem nada a fazer senão realizar provisão para a carne, a fim de satisfazer suas concupiscências. Os que se endeusam e fazem um ídolo de seu estô-mago, com orgulho e jactância, e não toleram que lhes falem disso, abandonam por isso a Deus, com o que demonstram que o estimam em pouco. Há somente um caminho para a aceitação e santificação do pecador, embora sejam diferentes os modos em que a falta de re-ligião ou a falsa religião mostra consideração para atraí-lo a outros caminhos, atitude que amiúde se qualifica mal como candidez. Quão loucos estão os idólatras que abandonam a Rocha de salvação para correr sobre a rocha de perdição!

Versículos 19-25A rebelião de Israel se descreveu nos versículos anteriores, e aqui se seguem as resoluções

da justiça divina sobre eles. Nos enganamos se pensamos que Deus pode ser burlado por um povo infiel. O pecado nos faz odiosos à vista do santo Deus. Observe-se quanta maldade faz o pecado, e contem-se como néscios os que zombam disto.

Versículos 26-38A idolatria e as rebeliões de Israel mereciam, como o exige a justiça de Deus, que eles fos-

sem desarraigados. Mas Ele perdoa a Israel e os deixa que continuem sendo as testemunhas vivas da verdade da Bíblia, para silenciar os incrédulos. Têm sido preservados para propósitos sábios e santos, e as profecias nos dão uma idéia de quais são esses propósitos. O Senhor nunca trará vergonha sobre o trono de sua Gl.

Muito sábio é, e ajudará ao regresso dos pecadores a Deus, a consideração séria do final ou o estado futuro deles. Isto refere-se particularmente ao que Deus anunciou por meio de Moisés, no concernente a seu povo nos dias últimos; mas pode dar-se uma aplicação mais geral. Oh, que os homens considerassem a felicidade que perderão e a desgraça em que certamente afundarão se continuam em suas transgressões! Qual será o fim deles? (Jr 5.31). Porque o Sen-hor derrotará em seu devido tempo os inimigos da igreja, desagradado por sua maldade. Quando os pecadores se considerem mais seguros, virá sobre eles destruição repentina. E o tempo de Deus para vir a liberar a seu povo é quando as coisas estão piores para eles. Mas os que confiam em qualquer rocha que não é Deus, acharão que lhes falha quando mais a neces-sitam.

A rejeição do Messias por parte da nação judaica é a continuidade de sua antiga idolatria, apostasia e rebelião. Serão levados a humilhar-se ante o Salvador, a arrepender-se de seus pecados e a confiar em seu longamente rejeitado Mediador para salvação. Então Ele os livrará e fará que sua prosperidade seja grande.

Versículos 39-43A conclusão do cântico diz:1) Glória a Deus. Não pode haver escapatória de seu poder.2) Terror a seus inimigos. Sem dúvida terror para aqueles que o odeiam. A ira de Deus se

revela aqui desde o céu contra eles.3) Consolo a seu povo. O cântico conclui com palavras de gozo. Quaisquer sejam os juízos

trazidos contra os pecadores, o povo de Deus se dará bem.Versículos 44-47Aqui está a solene entrega deste cântico a Israel com o encargo de dar importância a todas

as boas palavras que Moisés tinha-lhes falado. Não é coisa trivial, senão questão de vida ou morte: dêem importância a estejam prontos para sempre; descuidem-no e estarão destruídos

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para sempre. Oh, que os homens fossem plenamente persuadidos de que a religião é a vida deles, até a vida de suas almas!

Versículos 48-52Agora que Moisés tinha acabado sua obra, por que iria desejar viver mais um dia? Deus o

lembra do pecado pelo qual era culpável, o que o impediu de entrar em Canaã. bom é para o melhor dos homens morrer arrependido dos males dos que estiver ciente. Mas podem morrer consolados e tranqüilos quando Deus os chamar, apesar dos pecados que lembram contra si mesmos, porque têm a perspectiva do crente e a esperança de vida eterna além da morte bem cimentada.

CAPÍTULO 33• Versículos 1-5 A majestade gloriosa de Deus • Versículos 6-23 A bênção das doze tribos• Versículos 24-25 Fortaleza para os crentes• Versículos 26-29 A excelência de Israel

Versículos 1-5Moisés agrega uma bênção solene a todos seus preceitos, advertências e profecias. Começa

escrevendo as aparições gloriosas de Deus para dar a lei. Sua lei opera como o fogo. Se for re-cebida, derrete, esquenta, purifica e queima a escoria da corrupção; se for rejeitada, endurece, sela, dói e destrói. O Espírito Santo desceu em línguas como de fogo; pois o Evangelho também é uma lei candente. A Lei de Deus escrita no coração é a prova certa do amor de Deus derra-mado nele: devemos reconhecer sua lei como uma das dádivas de Sua graça.

Versículos 6-23A ordem em que as tribos são aqui abençoadas não é a mesma observada em outras partes.A bênção de Judá pode referir-se a toda a tribo em geral ou a Davi como tipo de Cristo.Moisés abençoa grandemente a tribo de Levi. A aceitação de Deus é ao que todos devemos

apontar e desejar, em todas nossas devoções, seja que os homens nos aceitem ou não (2 Co 5.9). esta oração é uma profecia de que Deus manterá seu ministério em sua igreja até o fim do tempo.

A tribo de Benjamim tinha sua herdade perto do Monte Sião. Estar situado perto das orde-nanças é um presente precioso do Senhor, privilégio que não deve trocar-se por nenhuma van-tagem ou indulgência humana.

Devemos receber agradecidos as bênçãos terrenas enviadas a nós por meio da sucessão das estações. Mas aquelas boas dádivas que descem desde o Pai das luzes por meio da ascen-são do Sol de Justiça e o derramamento de seu Espírito como a chuva que fertiliza, são infinita-mente mais preciosas como sinais de seu amor especial, as coisas preciosas pelas que aqui se ora são figuras das bênçãos espirituais nas coisas celestiais por Cristo, os dons, as graças e os consolos do Espírito.

Quando Moisés orou pela boa vontade dAquele que esteve na sarça, se referia ao pacto so-bre o qual devem cimentar-se todas nossas esperanças do favor de Deus.

A providência de Deus designa as habitações dos homens e dispõe sabiamente os homens para diferentes empregos em prol do bem público. Qualquer seja o nosso lugar e negócio, é nossa sabedoria e dever aplicar-nos a ele, sendo felicidade estarmos contentes com isso. não só devemos convidar os outros ao serviço de Deus, senão abundar neste.

A bênção de Naftali. O favor de Deus é o único favor que satisfaz a alma. são sem dúvida bem-aventurados os que têm o favor de Deus; o terão os que reconhecem que lhes basta com tê-lo e não desejam mais.

Versículos 24-25Todo será santificado para o crente verdadeiro; se o caminho deles é duro, seus pés serão

suavizados com a preparação do evangelho da paz. Como teus dias, assim será tua força. O "dia" costuma ser na Escritura um dizer pelos fatos do dia; é uma promessa de que Deus respaldará, bondosa e constantemente, quando alguém estiver sob provações e tribulações, quaisquer que sejam. É uma promessa segura para toda a semente espiritual de Abraão. Têm trabalho designado? Terão a força para realizá-lo. Têm tribulações? Terão forças e nunca serão tentados além do que possam resistir.

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Versículos 26-29Ninguém teve um Deus como Israel. Não há povo como o Israel de Deus. o que aqui se diz

da igreja de Israel deve aplicar-se à igreja espiritual. nunca houve povo tão bem assentado e escudado. Os que fazem de Deus sua morada, terão todos os consolos e benefícios de uma habitação nEle (Sl 91.1).

Nunca houve povo tão bem respaldado e sustentado. Por baixo que o povo de Deus chegue num momento dado, os braços eternos estão embaixo deles para impedir que o espírito afunde, desfaleça, e que sua fé falhe. A graça divina é suficiente para eles (2 Co 12.9).

Nunca houve povo tão bem mandado. Assim, pois, os crentes são mais que vencedores a re-speito de seus inimigos espirituais, por meio de Cristo que os amou.

Nunca houve povo tão bem assegurado e protegido. Israel habitará nesta só segurança. To-dos os que estão perto de Deus serão mantidos a salvo por Ele.

Nunca houve povo tão bem provido. Cada israelita verdadeiro olha com fé para a pátria mel-hor, a Canaã celestial, que está cheia de coisas melhores que o trigo e o vinho.

Nunca houve povo tão ajudado. Se correrem o risco de qualquer dano, ou falta algo de bom, tinham um Deus eterno ao qual acudir. Nada poderia prejudicar aos que Deus ajudava, nem tampouco era possível que perecesse o povo salvo pelo Senhor.

Nunca houve povo tão bem assegurado da vitória sobre seus inimigos. Assim, pois, o Deus de paz calcou Satanás sob os pés de todos os crentes, e o fará daqui a muito pouco (Rm 16.20).

Que Deus nos ajude a procurar e estabelecer nossos afetos nas coisas do alto; e a afastar nossas almas dos objetos terrenos que perecem; para que não tenhamos nossa sorte entre os inimigos de Israel nas regiões das trevas e desesperação, senão com o Israel de Deus nos âm-bitos do amor e da felicidade eterna.

CAPÍTULO 34• Versículos 1-4 Moisés vê a terra prometida desde o monte Nebo• Versículos 5-8 A morte e sepultamento de Moisés – O luto do povo• Versículos 9-12 Josué sucede a Moisés – Elogio de Moisés

Versículos 1-4Moisés parecia não desejoso de deixar sua obra mas, acabada esta, não manifestou incô-

modo por morrer. Deus tinha declarado que não entraria em Canaã, mas o Senhor também tinha prometido que Moisés a veria e que Ele lhe mostraria toda essa boa terra. Agora os crentes vêem, por meio da graça, a bênção e a glória de seu estado futuro. Às vezes, Deus reserva os descobrimentos mais esplendorosos de Sua graça para apoiar a Seu povo nos mo-mentos de morte. Os que morrem na fé de Cristo e na esperança do céu costumam deixar com júbilo este mundo.

Versículos 5-8Moisés obedeceu esta ordem de Deus com a mesma disposição com que obedeceu qualquer

outra, embora esta parecesse mais dura. Isto se parece com nosso Senhor Jesus Cristo. Entre-tanto, Moisés morreu com honra, em paz e de uma maneira mais fácil; o Salvador morreu so-bre a desgraçada e torturante cruz. Moisés morreu com toda facilidade; Ele morreu "conforme a palavra de Jeová", segundo a vontade de Deus. Quando os servos do Senhor têm feito todas suas outras obras, devem morrer por fim, e estar dispostos a ir a casa, quando seu Amo manda por eles (At 21.13). Não se conhece o lugar do túmulo. Se a alma está repousando com Deus, tem pouca importância onde repouse seu corpo. Não houve declinação na força de seu corpo, nem no vigor e atividade de sua mente; seu entendimento e sua memória eram tão claros como sempre. esta foi a recompensam por seus serviços, o efeito de sua mansidão ex-traordinária.

Façamos luto solene por ele. Contudo, por grande que seja nossa perda, não devemos en-tregar-nos à dor. Se esperamos ir ao céu regozijando-nos, por que iremos ao túmulo lamen-tando-nos?

Versículos 9-12Moisés levou a Israel até as fronteiras de Canaã e, depois, morreu e os deixou. Isto significa

que nada aperfeiçoou a lei (Hb 7.19). Leva os homens a um deserto de convicção de pecado, mas não à Canaã do repouso e paz estável. Essa honra foi reservada para Josué, nosso Senhor Jesus, do qual Josué era um tipo (e o nome é o mesmo), que faz por nós o que a lei não podia

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fazer (Rm 8.3). Por Ele entramos no repouso espiritual de consciência e no repouso eterno no céu.

Moisés foi maior que qualquer outro profeta do Antigo Testamento. Todavia, nosso Senhor Jesus foi além dele, muito além dos outros profetas que ficaram para trás a respeito dEle. E ve-mos aqui um forte parecido entre o redentor dos filhos de Israel e o Redentor da humanidade. Moisés foi enviado por Deus a liberar os israelitas de uma cruel escravidão; ele os tirou e venceu seus inimigos. Ele chegou a ser não só o libertador deles, senão seu legislador; não só seu legislador, senão seu juiz; e, finalmente, os conduziu à fronteira da terra prometida. nosso bendito Salvador veio resgatar-nos da escravidão do diabo e a restaurar-nos para a liberdade e a felicidade. Ele veio a confirmar cada preceito moral do primeiro legislador; e a escrevê-los não sobre tábuas de pedra, senão sobre as tábuas de carne do coração. Ele veio para ser nosso Juiz também, por quanto tem designando um dia em que julgará todos os segredos dos homens recompensará ou castigará conforme a isso. Esta grandeza de Cristo por acima de Moisés é uma razão pela qual os cristãos devem ser obedientes e fiéis à santa religião pela qual professam serem seguidores de Cristo. Deus nos faça a todos assim por Sua graça!

JOSUÉ

Esta é a história da entrada de Israel ao território de Canaã, conquistando-o e dividindo-o, sob as ordens de Josué, e a história deles até a morte deste. O poder e a verdade de Deus são mostrados maravilhosamente ao cumprir Suas promessas a Israel e ao executar Sua vingança sobre os cananeus, justamente avisada. Isto deve ensinar-nos a levar em conta as tremendas maldições estipuladas na Palavra de Deus contra os pecadores impenitentes, e a buscar refú-gio em Cristo Jesus.

CAPÍTULO 1• Versículos 1-4 O Senhor nomeia a Josué para sucessor de Moisés• Versículos 5-9 Deus promete assistir a Josué• Versículos 10-15 Preparativos para cruzar o Jordão• Versículos 16-18 O povo promete obedecer a Josué

Versículos 1-4Josué tinha atendido a Moisés. Ele era chamado para ser honrado , tinha sido usado por

muito tempo pela empresa. Nosso Senhor Jesus assumiu a forma de servo. Josué estava treinado para obedecer ordens. Os mais aptos para governar são os que têm aprendido a obe-decer.

A mudança de situação dos homens úteis deve estimular os sobreviventes para ser mais diligentes em fazer o bem.

Levantem-se e vão a cruzar o Jordão. Os baixios da zona estavam naquele momento alaga-dos. Josué não tinha ponte nem barcas, mas devia crer que Deus abriria um caminho ao ter or-denado que o povo passasse para o outro lado.

Versículos 5-9Josué vai fazer que a Lei de Deus seja seu governo. É-lhe ordenado meditar nela dia e noite

para que possa compreendê-la. Quaisquer que sejam os assuntos do mundo que tenhamos em mente, não devemos deixar de lado a única coisa necessária. Todas as ordens de Josué ao povo, e seus juízos, devem estar conforme com a lei de Deus. Ele mesmo deve submeter-se aos mandamentos; a dignidade ou o domínio de nenhum homem o coloca por acima da Lei de Deus.

Ele deve alentar a si mesmo com a promessa e a presença de Deus. Que o sentir suas próprias doenças não desanimem a você; Deus é todo-suficiente. Eu te mandei, chamei e comissionei para fazê-lo, e podes ter a certeza que te sustentarei em, e te tirarei de, isso. Quando estamos na senda do dever, temos razão para sermos fortes e muito ousados. Nosso Senhor Jesus, como aqui Josué, foi sustentado em seus sofrimentos por considerar a vontade de Deus e o mandamento de seu Pai.

Versículos 10-15Josué diz ao povo que cruzarão o Jordão e possuirão a terra porque Deus o tinha dito. Nós

honramos a verdade de Deus quando não vacilamos na promessa de Deus. as duas tribos e 167

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meia deviam cruzar o Jordão com seus irmãos. Quando Deus nos deu repouso, por Sua Providência, devemos considerar que serviço podemos fazer a nossos irmãos.

Versículos 16-18O povo de Israel se compromete a obedecer a Josué: Faremos todo o que nos ordenas, sem

murmurar nem brigar, e para onde quer que nos envies, ali iremos. O melhor que podemos pedir a Deus para nossos magistrados é que eles possam ter a presença de Deus; isso fará que eles sejam bênçãos para nós, de modo que ao pedirmos isso para eles, levamos em conta nosso próprio interesse. Que sejamos capacitados para enrolar-nos sob a bandeira do Capitão de nossa salvação, que sejamos obedientes a seus mandamentos e que pelejemos o bom com-bate da fé, com toda essa confiança e amor em e por Seu nome, contra todo o que se oponha a Sua autoridade; pois quem quiser que se recusar a obedecê-lo, deve ser destruído.

CAPÍTULO 2• Versículos 1-7 Raabe recebe e esconde a dois israelitas• Versículos 8-21 Raabe e os espias• Versículos 22-24 O retorno dos espias

Versículos -17A fé nas promessas de Deus não deve terminar nossa diligência para usar os médios ade-

quados, senão estimulá-la. A providência de Deus dirigiu os espias à casa de Raabe. Deus sabia onde havia alguém que seria leal com eles, ainda que eles não. Raabe parece ter sido uma dona de pousada; e se anteriormente tinha levado uma má vida, o qual é duvidoso, ela tinha abandonado seus maus caminhos.

Isso que nos parecem mais acidental está, amiúde, mandado pela providência divina para servir a grandes finalidades. Foi por fé que Raabe recebeu em paz a esses contra os quais es-tavam e guerra o rei e sua pátria. Estamos seguros de que esta foi uma boa obra; assim é qual-ificada pelo apóstolo (Tg 2.25); e ela o fez pela fé, fé que a colocou por acima do medo ao homem. São unicamente crentes verdadeiros aqueles que, em seus corações, acham o aventu-rar-se por Deus; eles tomam a Seu povo por povo deles, e correm a sorte com eles.

Os espias foram dirigidos pela providência especial de Deus, e Raabe os atendeu por consid-eração a Israel e ao Deus de Israel, e não por lucro ou com nenhum propósito malvado. Embora possam oferecer-se desculpas para a culpa da mentira de Raabe, é melhor não admitir nada que trate de explicá-la. Os enfoques de Raabe no que diz respeito à lei divina devem ter sido muito difusos: uma mentira como esta, cometida pelos que desfrutam da luz da revelação, qualquer seja o motivo, teria merecido dura censura.

Versículos 8-21Raabe tinha ouvido dos milagres que o Senhor operava por Israel. Ela acreditava que Suas

promessas certamente se cumpririam e que Suas ameaças se efetuariam; e que não havia forma de fugir, senão submeter-se a Ele e unir-se a Seu povo. A conduta de Raabe demonstrou que ela tinha o princípio real da fé divina.

Observe as promessas que os espias fizeram a ela. A bondade de Deus se expressa amiúde por sua bondade e verdade (Sl 117.2); em ambos casos devemos ser seguidores dEle. Aqueles que serão cientes para cumprir as promessas, são cautos para formulá-las. Os espias estipulam condições necessárias. O cordão de fio de escarlata, como o sangue sobre o umbral da porta na Páscoa, volta a lembrar a seguridade do pecador sob o Senhor expiatório de Cristo; e que temos que fugir lá para refugiar-nos da ira do Deus justo ofendido. A mesma corda que Raabe usou para a salvação desses israelitas seria usada para a seguridade dela. Podemos esperar que aquilo com que servimos e honramos a Deus, seja abençoado por Ele e feito útil para nós.

Versículos 22-24O informe que levaram os espias foi alentador. Toda a gente do país desfalecia devido a Is-

rael; não tinham sabedoria para render-se nem valor para pelejar. Aqueles terrores de con-sciência e essa sensação da ira divina que fazem desmaiar o ímpio mas não o levam ao ar-rependimento, são antecipações temíveis da destruição que se aproxima. Mas a graça abunda, contudo, para o principal dos pecadores. Que eles fujam a Cristo sem demora e tudo dará certo.

CAPÍTULO 3• Versículos 1-6 Os israelitas chegam ao Jordão• Versículos 7-13 O Senhor exorta a Josué – Josué exorta ao povo

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• Versículos 14-17 Os israelitas cruzam a seco o Jordão

Versículos 1-6Os israelitas chegaram ao Jordão com fé, tendo-lhes sido dito que deviam cruzá-lo. No cam-

inho do dever, prossigamos tão longe como possamos e dependamos do Senhor. Josué os guiava. Nota-se em particular que acorda cedo, o qual demonstra, assim como depois em out-ras ocasiões, quão pouco buscava sua própria comodidade. Aqueles que farão acontecer grandes coisas, devem acordar cedo. Não ame o dormir, não seja que fique pobre. Todos os que estão em lugares públicos sempre devem atender ao dever de sua posição. O povo tinha que seguir a arca. Assim, pois, nós devemos andar em todo conforme com a regra da Palavra e com a direção do Espírito; assim será a paz sobre nós, como sobre o Israel de Deus; porém, de-vemos seguir os nossos ministros somente em quanto eles sigam a Cristo.

Todo o caminho deles pelo deserto foi uma senda não trilhada, mas principalmente esta pelo Jordão. Enquanto estivermos aqui devemos esperar e preparar-nos para passar por camin-hos que não passamos antes; entretanto, na senda do dever devemos proceder com ousadia e alegria. Seja que estejamos chamados a sofrer pobreza, dor, trabalhos, perseguição, rejeição ou morte, estamos seguindo ao Autor e Consumador de nossa fé; nem podemos assentar o pé em nenhum ponto perigoso ou difícil de toda a nossa viagem, pois a fé verá ali as pegadas dos pés do Redentor, que passou por essa mesma senda rumo à glória do alto, e que nos chama a segui-lo, para que onde Ele está nós também possamos estar. Eles deviam santificar-se. Se quisermos experimentar os efeitos do amor e poder de Deus, devemos abandonar o pecado e ter cuidado de não contristar o Espírito Santo de Deus.

Versículos 7-13As águas do Jordão serão cortadas. Isto deve ser feito em forma tal que nunca se fez, salvo

a partir do Mar Vermelho. Aqui se repete o milagre; Deus tem o mesmo poder para finalizar a salvação de Seu povo como para começá-la; a Palavra do Senhor estava tão verdadeiramente com Josué como com Moisés.

As aparições de Deus para Seu povo deveriam estimular a fé e a esperança. A obra de Deus é perfeita, Ele guardará a Seu povo. A inundação do Jordão não pôde manter fora a Israel, a força de Canaã não pôde fazê-los voltar.

Versículos 14-17O Jordão alagava todas suas ribeiras. Isto magnificava o poder de Deus e Sua bondade para

com Israel. Apesar de que aqueles que se opõem à salvação do Povo de Deus tenham todas as vantagens, contudo, Deus pode vencer e o fará.

Este cruzamento do Jordão, como entrada em Canaã, depois de suas longas vagabundagens extenuantes pelo deserto, são uma sombra da passagem do crente pela morte a caminho do céu, depois de ter terminado seu deambular por este mundo pecador. Jesus, tipificado pela arca, tinha ido adiante e cruzou o rio quando mais inundava o território que o rodeava. Ente-souremos as experiências de Seu cuidado fiel e doce, para que possamos assistir a nossa fé e esperança no conflito final.

CAPÍTULO 4• Versículos 1-9 Pedras tomadas do Jordão• Versículos 10-19 O povo cruza o Jordão• Versículos 20-24 As doze pedras colocadas em Gilgal

Versículos 1-9As obras do Senhor são tão dignas de ser lembradas, e o coração do homem é tão propenso

a esquecê-las, que se necessitam vários métodos para refrescar nossas lembranças, para a glória de Deus, para vantagem nossa e de nossos filhos. Deus deu ordens de preparar este lembrança.

Versículos 10-19Os sacerdotes com a arca não se mexeram até que lhes foi ordenado. Que nenhum se canse

de esperar, enquanto tiver consigo os sinais da presença de Deus, neste caso a arca da aliança, embora esteja nas profundidades da adversidade.

Observe-se a honra outorgada a Josué. São respeitados, no melhor sentido, aqueles que demonstram que Deus está com eles, e o colocam na frente de si.

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Versículos 20-24É dever dos pais falar reiteradamente a seus filhos das palavras e obras de Deus para que

se preparem no caminho pelo que devem andar. Em todas as instruções que os pais dêem a seus filhos, devem ensiná-lhes a temer a Deus. A piedade sincera é o melhor ensino. Não esta-mos chamados, assim como os israelitas, a louvar a bondade de nosso Deus? não erigiremos um altar a nosso Deus, que nos tirou de entre perigos e problemas em forma tão maravilhosa? Porque até agora o Senhor nos tem ajudado, tanto como o fez com os santos da antigüidade. Que enorme estupidez e ingratidão dos homens que não percebem sua mão e não reconhecem sua bondade em suas freqüentes liberações!

CAPÍTULO 5• Versículos 1-9 Os cananeus temem – A circuncisão renovada• Versículos 10-12 Páscoa em Canaã – Cessa o maná• Versículos 13-15 O Príncipe do exército de Jeová se aparece a Josué

Versículos 1-9Quão espantoso é o caso deles, ver a ira de Deus que vem deles sem poder evitá-la nem es-

capar! Tal será a situação horrível dos ímpios; as palavras não podem expressar a angústia de seu sentir nem a grandeza de seu terror. Oh, que agora eles aceitem a advertência e, antes que seja demasiado tarde, fujam a refugiar-se e se aferrem da esperança colocada diante de-les no Evangelho! Deus imprimiu este temor nos cananeus e os desesperançou.

Isto deu um breve repouso aos israelitas, e a circuncisão tirou o opróbrio do Egito. Como conseqüência, foram reconhecidos como filhos legítimos de Deus, que têm o selo da aliança. Quando Deus se glorifica ao aperfeiçoar a salvação de seu povo, não somente silencia a todos os inimigos, senão que lhes tira seu opróbrio.

Versículos 10-12Foi guardada uma Páscoa solene no tempo indicado pela lei, e nas planícies de Jericó, como

desafio aos cananeus que os rodeavam. Era o cumprimento da promessa de que quando fos-sem a celebrar as festas, sua terra estaria sob a proteção especial da providência divina (Êx 34.24).

Destaca-se o fato de que o maná cessou tão logo como eles comeram do trigo da terra. Porque assim como veio quando o necessitaram, assim continuou enquanto o necessitaram. Isto nos ensina a não esperar provisões miraculosas quando podem obter-se de maneira cor-riqueira. A Palavra e as ordenanças de Deus são maná espiritual com o qual Deus alimenta a Seu povo neste deserto. Embora freqüentemente abandonadas, contudo, continuam enquanto estejamos aqui; todavia, quando cheguemos na Canaã celestial, este maná cesará, pois já não o necessitaremos.

Versículos 13-15Não lemos de nenhuma aparição da glória de Deus a Josué até agora. Aí se apareceu a ele

como homem, para que se notasse. Este Homem era o Filho de Deus, o Verbo eterno. Josué lhe rendeu honras divinas: Ele as aceitou, coisa que um anjo criado não teria feito, e Ele é chamado Jeová (capítulo 6.2). Apareceu como viajante a Abraão/ a Josué, como guerreiro. Cristo será para sua gente segundo o necessitar a fé deles. Cristo tinha sua espada na mão, desembainhada, denotando que estava prestes para a defesa e salvação de seu povo. a es-pada girava em todo sentido. Josué saberá se Ele é amigo ou inimigo. A causa entre israelitas e cananeus, entre Cristo e Belzebu, não permite que nenhum homem recuse pôr-se a favor de um ou de outro bando, como poderia fazer nas contendas do mundo. A pergunta de Josué demonstra um desejo fervoroso de conhecer a vontade de Cristo e uma grata disposição e res-olução para fazê-la. Todos os cristãos verdadeiros devem pelejar sob a bandeira de Cristo, e vencerão por sua presença e ajuda.

CAPÍTULO 6• Versículos 1-5 O cerco de Jericó• Versículos 6-16 Marcha em torno da cidade• Versículos 17-27 Raabe e sua família salvados

Versículos 1-5Jericó resolve que Israel não será seu amo. Encerrou-se poderosamente fortificada pela téc-

nica e a natureza. Assim de néscios eram, e endureceram o coração para destruição deles; é o 170

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caso miserável de todos os que se fazem os fortes contra o Todo Poderoso. Deus resolve que Israel seja o amo, e pronto. não havia que realizar preparativos bélicos. Pelo método nada cor-rente de dar voltas em torno da cidade, o Senhor honrou a arca como símbolo de sua pre-sença, e demonstrou que todas as vitórias eram Suas. A fé e a paciência do povo foram provadas e aumentadas.

Versículos 6-16Onde quer que irmã a arca, o povo a atendia. Os ministros de Deus, pela trombeta do evan-

gelho eterno, que proclama liberdade e vitória, devem exortar os seguidores de Cristo em sua guerra espiritual. Assim como as prometidas liberações devem ser esperadas à maneira de Deus, também devem ser esperadas em Seu tempo. Por último, o povo devia gritar: assim o fizeram, e os muros derruíram. Este foi um grito de fé; eles criam que as muralhas de Jericó cairiam. Foi um grito de oração; clamaram ao céu por ajuda, e chegou o socorro.

Versículos 17-27Jericó seria um sacrifício solene e espantoso à justiça de Deus, sobre aqueles que tinham

enchido a medida de seus pecados. Deste modo, Ele indica de Quem, como criaturas, rece-beram a vida e a Quem, como pecadores, tinham abandonado. Raabe não pereceu com os que não creram (Hb 11.31). Toda sua família foi salva com ela; assim, a fé em Cristo traz salvação à casa (At 16.31). Ela, e eles com ela, foram tirados como brasas da fogueira.

A nossa porção deve estar, bem com Raabe, bem com os homens de Jericó, segundo re-cebemos ou rejeitamos o sinal da salvação: a fé em Cristo, que opera por amor. Lembremo-nos o que depende de nossa eleição e escolhamos de forma adequada. Deus mostra o peso de uma maldição divina; onde esta repousa, não há forma de escapar dela, porque traz ruína ir-remediável.

CAPÍTULO 7• Versículos 1-5 Derrota dos israelitas em Ai• Versículos 6-9 A humilhação de Josué e sua oração• Versículos 10-15 Deus ordena a Josué o que deve fazer• Versículos 16-26 Acã é descoberto – É destruído

Versículos 1-5Acã tomou algo do botim de Jericó. O amor pelo mundo é a raiz de amargura mais difícil de

ser arrancada. Devemos cuidar-nos do pecado, não seja que por ele muitos sejam estorvados e contaminados (Hb 12.15); e cuidado de confraternizar com os pecadores, não seja que par-ticipemos de sua culpa. É dever nosso vigiar-nos mutuamente para impedir o pecado, porque os pecados alheios podem ser para nosso mal.

A fácil conquista de Jericó suscitou desprezo pelo inimigo, e uma disposição a esperar que o Senhor fizesse todo por eles, sem que eles usassem os médios corretos. Deste modo os homens abusam das doutrinas da graça divina e das promessas de Deus, e as usam como es-cusa para sua preguiça e capricho. Devemos ocupar-nos de nossa salvação, embora seja Deus quem opera em nós.

Foi uma vitória custosa para os cananeus, porque devido a ela Israel despertou, fez refor-mas e reconciliou-se com seu Deus, e o povo de Canaã se endureceu para sua própria ruína.

Versículos 6-9O interesse de Josué pela honra de Deus, mais que pelo destino de Israel, era a linguagem

do Espírito de adoção. Suplica a Deus. Lamenta a derrota, porque teme que denigre a sabedo-ria e o poder de Deus, sua bondade e fidelidade. Em nenhum momento podemos apresentar um melhor depoimento que este: Senhor, que farás por teu grande Nome? Que Deus seja glori-ficado em tudo, e então recebamos toda Sua vontade.

Versículos 10-15Deus acorda a Josué para que faça uma investigação, e lhe diz que quando o anátema for

tirado, tudo estará bem. Os tempos de perigo e tribulação devem ser tempos de reforma. De-vemos examinar nosso lar, nosso coração, nossa casa, e fazer uma busca diligente para achar se não há uma anátema, que Deus vê a aborrece; uma luxúria secreta, lucro ilícito, algum se-creto indevido com Deus ou com outras pessoas. Não podemos prosperar até que o anátema seja destruído, e arrancado de nosso coração e tirado de nossas habitações e de nossa família, e eliminado de nossa vida.

Quando o pecado dos pecadores fica ao descoberto, deve dar-se a Deus seu reconheci-mento. Com juízo seguro e sem erro, o Deus justo discerne e fará distinção entre o inocente e o

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culpável; de modo que, embora os justos sejam da mesma tribo, família ou lar que os maus, nunca serão tratados como o ímpio.

Versículos 16-26Veja-se a tolice dos que prometem guardar o segredo no pecar. O Deus justo tem muitas

formas de tirar à luz as obras ocultas das trevas. Também veja-se até que ponto é nosso dever buscar a causa de nossa tribulação, quando Deus contende contra nós. devemos orar com o santo Jó: Senhor, faze-me entender por que contendes comigo.

O pecado de Acã começou no olho. Viu todas essas coisas formosas, como Eva viu o fruto proibido. Veja-se o que resulta de tolerar que o coração ande na vista dos olhos, e a necessi-dade que temos de fazer aliança com nossos olhos, que se vagueiam, certamente chorarão por isso. isto saiu do coração. Os que queiram evitar as ações pecaminosas, devem mortificar e controlar dentro de si os desejos pecaminosos, particularmente a cobiça de riquezas mun-danas. Se Acã tivesse olhado essas coisas com o olho da fé, as teria visto como anátema e as teria rejeitado com temor; mas ao olhá-las com o olho dos sentidos unicamente, as viu como coisas valiosas e as cobiçou. Quando teve cometido o pecado, tratou de ocultá-lo. tão logo como obteve seu botim, isso se converteu em carga, e não se atreveu a usar seu tesouro mal conseguido. Quão diferentes se vêem de longe os objetos de tentação de quando já se têm conseguido. Veja-se aqui o enganoso do pecado; o que é agradável ao cometê-lo, é amargo em sua conseqüência. Observe-se como se enganam os que roubam a Deus. o pecado é coisa muito perturbadora, não só para o pecador mesmo, senão para todos os que o rodeiam. O Deus justo certamente recompensará com tribulação aos que transtornam a seu povo.

Acã não pereceu sozinho em seu pecado. Levam os seus à perdição os que tomam o que não é deles. Seus filhos e filhas morreram com ele. provavelmente o tenham ajudado a escon-der as coisas; devem ter sabido delas. Que fatais conseqüências se seguem, ainda neste mundo, ao pecador mesmo e que tudo quanto lhe pertence! Um pecador destrói muito do bom. Então, que será com a ira vindoura? Fujamos dela a Cristo Jesus como ao Amigo do pecador. Há circunstâncias na confissão de Acã que marcam o desenvolvimento do pecado, desde sua entrada no coração até sua perpetração, o qual deve servir como a história de quase cada ofensa contra a lei de Deus, e o sacrifício de Jesus Cristo.

CAPÍTULO 8• Versículos 1-2 Deus anima a Josué• Versículos 3-22 A conquista de Ai• Versículos 23-29 A destruição de Ai e seu rei• Versículos 30-35 Leitura da lei em Ebal e Gerizim

Versículos 1-2Quando temos eliminado fielmente o pecado, essa coisa maldita que nos separa de Deus,

então e somente então podemos esperar ouvir de Deus para nosso consolo; e o fato de que Deus nos guie na continuação de nossa obra e guerra cristã, é uma boa evidência de Sua rec-onciliação conosco. Deus animou a Josué a continuar.

O botim de Ai não devia ser destruído como o de Jericó, portanto, não havia perigo de que a gente cometesse essa transgressão. Acã, que tomou o botim proibido, perdeu isso, a vida e tudo mais; porém o resto da gente que se manteve longe da coisa maldita foi rapidamente rec-ompensada por sua obediência. A forma de ter o consolo do que Deus nos permite, é afastar-nos do que nos proíbe. Ninguém perde por negar a si mesmo.

Versículos 3-22Observe-se a conduta e a prudência de Josué. Os que desejam manter suas lutas espirituais,

não devem amar sua comodidade. Provavelmente ele foi sozinho ao vale a orar a Deus pedindo uma bênção, e não procurou em vão.

Ele nunca retrocedeu até terminar a obra. Os que têm estendido suas mãos contra seus in-imigos espirituais nunca devem retroceder.

Versículos 23-29Deus, o justo Juiz, tinha sentenciado os cananeus por sua impiedade; os israelitas somente

executaram a sentença. Nada da conduta deles pode ser mostrada como exemplo para os out-ros. Sem dúvida, houve razão especial para a severidade com o rei de Ai; provavelmente tenha sido notavelmente ímpio, vil e blasfemo contra o Deus de Israel.

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Versículos 30-35Assim que Josué chegou aos montes Ebal e Gerizim, sem demora e sem preocupar-se pelo

estado de Israel, que ainda não se estabelecia, nem de seus inimigos, confirmou a aliança do Senhor com seu povo, segundo tinha-se indicado (Dt 11 e 28). Não devemos pensar em diferir o pactuar com Deus até estarmos estabelecidos no mundo; tampouco nenhum assunto deve impedir que demos importância e busquemos a única coisa necessária. A forma de prosperar é começar por Deus (Mt 6.33). Eles edificaram um altar e ofereceram sacrifício a Deus, como sinal de sua dedicação a Deus, como sacrifício vivo em Sua honra, em um Mediador e por meio dEle. Pelo sacrifício do mesmo Cristo por nós, temos paz com Deus.

Grande misericórdia para qualquer povo é ter a lei de Deus por escrito e é próprio que a lei escrita esteja em língua conhecida, para que possa ser vista e lida por todos os homens.

CAPÍTULO 9• Versículos 1-2 Os reis se unem contra Israel• Versículos 3-13 Os gabaonitas solicitam a paz• Versículos 14-21 Obtêm a paz, mas são logo descobertos• Versículos 22-27 Os gabaonitas serão escravos

Versículos 1-2Até agora os cananeus tinham-se defendido, mas aqui se confabulam para atacar a Israel.

Tinham a mente cegada e endurecido o coração, para sua destruição. Embora amiúde inimiza-dos uns com outros, uniram-se contra Israel. Oh, que Israel aprendesse dos cananeus a sacri-ficar seus interesses privados em arras do bem público, e deixassem de lado todas as brigas entre eles, e se unissem contra os inimigos do Reino de Deus!

Versículos 3-13Outro povo ouviu estas notícias e foram estimulados por elas a declarar a guerra a Israel,

mas os gabaonitas foram levados a fazer as pazes com eles. Assim, o descobrimento da glória e da graça de Deus no evangelho é, para alguns, cheiro de vida para a vida; para outros, cheiro de morte para a morte (2 Co 2.16). O mesmo sol amolece a cera e endurece o barro.

A falsidade dos gabaonitas não tem justificativo. Não devemos fazer mal para que venha o bem. Se eles tivessem reconhecido seu país, deixado a idolatria, e tivessem se entregado ao Deus de Israel, temos razão para pensar que Josué teria sido dirigido pelo oráculo de Deus a perdoá-lhes a vida. Porém quando disseram uma vez "viemos de terras longínquas", tiveram de dizê-lo de novo, e além disso dizer o que era completamente falso acerca de seu pão, seu vinho e sua roupa: uma mentira após outra, e depois dessa, uma terceira e assim sucessiva-mente. O caminho desse pecado vai especialmente rumo a queda. Todavia, a fé e a prudência deles é digna de elogio. Ao submeter-se a Israel se submeteram ao Deus de Israel, o qual sig-nificava abandonar a idolatria. Como poderíamos estar melhor que lançando-nos na misericór-dia do Deus de toda bondade? A forma de evitar o juízo é confrontá-lo com arrependimento. Façamos como aqueles gabaonitas, busquemos a paz com Deus nos farrapos da humilhação, e com santa tristeza, para que nosso pecado não seja nossa ruína. Sejamos servos de Jesus, nosso bendito Josué, e viveremos.

Versículos 14-21Os israelitas concluíram apressadamente, depois de examiná-las, que as provisões dos

gabaonitas confirmavam o que eles falavam. Nós nos precipitamos, não aceleramos, quando não esperamos que Deus vá conosco, e não o consultamos pela Palavra e a oração. Logo se descobriu a fraude. A língua mentirosa vale somente um instante. Se o juramento tiver sido ilícito em si mesmo, não teria sido obrigatório; porque nenhuma obrigação pode fazer que seja nosso dever cometer um pecado. mas não era ilícito salvar os cananeus que se submetiam e deixavam a idolatria, e que somente desejavam salvar sua vida.

Um cidadão de Sião Judá dano seu e não por isso muda (Sl 15.4). Quando descobriram que tinham sido enganados, Josué e os príncipes não apelaram a Eleazar, o sumo sacerdote, para serem liberados do compromisso, nem pretenderam que tinham razões para não conservar sua palavra com aqueles aos que tinham jurado. Que isto nos convença de que devemos cumprir nossas promessas, honrar nossos acordos e ter consciência do valor de nossa palavra.

Versículos 22-27Os gabaonitas não justificam sua mentira, mas alegam que o fizeram para salvar a vida. O

medo não era somente do poder do homem, do qual pode-se fugir à proteção divina, senão do mesmo poder de Deus, que viram comprometidos em sua contra.

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Josué os sentencia à escravidão perpétua. Devem ser servos, mas toda tarefa se torna hon-rosa quando se faz para a casa do Senhor, e seus ofícios.

De igual modo, submetamo-nos a nosso Senhor Jesus, dizendo: É-nos aqui em tua mão; o que te pareça bom e reto fazer conosco, faze-o; somente salva a nossa alma; não nos arrepen-deremos disso. Se Ele nos mandar carregar sua cruz e servi-lo, isso não nos será vergonhoso nem penoso, porque até o humilde ofício no serviço de Deus nos dá direito a uma morada na casa de Jeová, todos os dias de nossa vida. Ao acudir ao Salvador não procedemos por ventura. Somos convidados a ir a Ele, e nos assegura que "o que a vem a mi, não o lanço fora". Até as coisas que soam rudes e humilhantes, e são uma dura prova para nossa sinceridade, resul-tarão numa verdadeira vantagem.

CAPÍTULO 10• Versículos 1-6 Cinco reis guerreiam contra Gibeom (ou Gibeão)• Versículos 7-14 Josué socorre a Gibeom (ou Gibeão) – Detenção do sol e a

lua• Versículos 15-27 Os reis são capturados, seus exércitos derrotados, e a eles se

dá morte• Versículos 28-43 Derrota e morte de outros sete reis

Versículos 1-6Quando os pecadores deixam o serviço de Satanás e a amizade com o mundo, para fazer a

paz com Deus e unir-se a Israel, não devem assombrar-se se o mundo os odeia, se seus anteri-ores amigos se tornam seus inimigos. Com tais métodos, Satanás desencoraja a muitos que es-tão convencidos de seu perigo e quase persuadidos de serem cristãos, mas temem a cruz. Es-tas coisas devem avivar-nos para apelar a Deus em busca de proteção, socorro e liberação.

Versículos 7-14Os mais humildes e fracos que somente começam a confiar no Senhor têm tanto direito a

serem protegidos como os que faz muito tempo são seus servos fiéis. Nosso dever é defender o afligido que, como os gabaonitas, estão encrencados por nossa conta, ou por causa do evan-gelho. Josué não iria abandonar seus novos vassalos. Quanto menos nosso verdadeiro Josué vai falhar aos que confiam nEle! Podemos ser faltos em nossa fé, mas a nossa confiança nunca pode faltar ao êxito. Mas as promessas de Deus não são para afrouxar ou suprimir nossas em-presas, senão para avivá-las e estimulá-las.

Observe-se a grande fé de Josué e o poder de Deus que lhe responde detendo miraculosa-mente o sol, para que o dia da vitória de Israel seja mais longo. Josué agiu nesta ocasião por impulso do Espírito de Deus em sua mente. Não era necessário que Josué falasse ou que o mi-lagre ficasse registrado segundo o vocabulário moderno da astronomia. Para os israelitas, o sol sais por sobre Gibeom (ou Gibeão), e a lua, por acima do vale de Ajalom (ou Aijalom), e o curso deles pareceu deter-se por todo um dia. Há algo demasiadamente difícil para o Senhor? Esta é a resposta suficiente a dez mil dificuldades, que os contraditores de toda época tem esgrimido contra a verdade de Deus revelada em Sua Palavra escrita. Por isto se proclama às nações viz-inhas: "Olhem as obras de Jeová" e digam, que nação grande há que tenha a Deus tão perto, como Israel?

Versículos 15-27Ninguém moveu sua língua contra nenhum dos filhos de Israel. Isto mostra sua perfeita se-

guridade.Os reis foram chamados a render contas como rebeldes contra o Israel de Deus. os refúgios

de mentiras somente podem assegurar o juízo de Deus contra eles. Deus castigou a abom-inável iniqüidade destes reis, cuja medida de iniqüidade estava agora completa. Por este ato público de justiça, executado nos líderes dos cananeus em pecado, Ele fez que seu povo tivesse maior terror e ódio ao pecado das nações que Deus expulsava de diante deles.

Aqui há um tipo e figura da vitória de Cristo sobre as potestades das trevas e da vitória dos crentes por meio dEle. Não devemos satisfazer-nos com alguma vitória importante em nossos conflitos espirituais. Devemos perseguir a nossos inimigos dispersos, buscando os restos de pecado a medida que surjam em nosso coração e, assim, prosseguir a conquista. Ao fazê-lo as-sim, o Senhor permitirá que haja luz até que se complete a guerra.

Versículos 28-43Josué se apressou a tomar essas cidades. Note-se que grande é a quantidade de trabalho

que se pode realizar em pouco tempo, se formos diligentes e melhorarmos nossas oportu-nidades. Aqui Deus demonstra seu ódio pela idolatria e outras abominações das quais eram 174

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culpáveis os cananeus, e pela enormidade da destruição que caiu sobre eles nos ensina quão grande foi a provocação. Também aqui se tipifica a destruição de todos os inimigos do Senhor Jesus, os que, tendo desprezado as riquezas de Sua graça, devem sentir para sempre o peso de Sua ira.

O Senhor lutou por Israel. Não poderia ter obtido a vitória se Deus não tiver dado a batalha. Nós vencemos quando Deus peleja por nós; se Ele é por nós, quem contra nós?

CAPÍTULO 11• Versículos 1-9 Diversos reis vencidos nas água de Merom • Versículos 10-14 Hazor é tomada e queimada• Versículos 15-23 Domínio de todo o país – Extermínio dos anaquins

Versículos 1-9As maravilhas que Deus operou para os israelitas eram para estimulá-los a agir vigorosa-

mente por si mesmos. Do mesmo modo, a guerra contra o reino de Satanás que se efetua na predicação do evangelho, primeiro progrediu por milagres; porém tendo-se demonstrado ple-namente que é de Deus, agora nos é deixada à graça divina no uso habitual da espada do Es-pírito. Deus alentou a Josué. Os novos perigos e dificuldades fazem que seja necessário buscar novo apoio da Palavra de Deus, a qual temos perto de nós para usá-la em todo momento de necessidade. Deus nos dá tribulações em proporção a nossas forças, e nos dá forças em pro-porção a nossas provas.

A obediência de Josué ao destruir cavalos e carros demonstra sua abnegação ao cumprir o mandamento de Deus. A possessão de coisas das quais o coração carnal tende a depender, é daninha para a vida de fé e o caminhar com Deus; em conseqüência, é melhor estar sem van-tagens mundanas que ter a alma ameaçada por elas.

Versículos 10-14Os cananeus encheram a medida de sua iniqüidade e, a modo de juízo, foram deixados a

mercê do orgulho, obstinação e inimizade de seu coração, e ao poder de Satanás, tirados todos os freios, enquanto as dispensações da providência tendiam a sumi-los no desespero. Acar-retaram-se sobre si mesmos a vingança que justamente mereciam, da qual os israelitas seriam os executores, pela ordem que o Senhor deu a Moisés.

Versículos 15-23Nunca deixe que os filhos de Anaque aterrorizem o Israel de Deus, porque chegará o dia de

sua queda.A terra descansou da guerra. Não terminou em paz com os cananeus, isso estava proibido,

porém em paz deles. Resta um repouso, um descanso da guerra para o povo de Deus, no qual devem entrar quando sua guerra termine.

O que agora fizeram se compara com o que foi dito a Moisés. a palavra de Deus e suas obras, se tomadas em conjunto, se verá que concordam plenamente.

Se tomarmos consciência de nosso dever, não temos de questionar o cumprimento da promessa. Mas o crente nunca deve tirar a armadura ou esperar uma paz duradoura até que feche os olho ao morrer; antes, a medida que se acrescentam suas forças e sua utilidade, pode esperar tribulações mais pesadas; mas o Senhor não permitirá que nenhum inimigo assalte o crente até que Ele o tenha preparado para a batalha. Cristo Jesus vive sempre para interceder por seu povo, e a fé deles não falhará por mais que se permita a Satanás atacá-los. Por te-diosa, aguda e difícil que seja a guerra do crente, sua paciência na tribulação pode ser estimu-lada pelo gozo da esperança; porque ele descansará, antes de muito, do pecado e do pesar na Canaã do alto.

CAPÍTULO 12• Versículos 1-6 Os dois reis vencidos por Moisés• Versículos 7-24 Os reis que Josué derrotou

Versículos 1-6As novas misericórdias não devem afogar a lembrança das anteriores, nem a glória dos atu-

ais instrumentos do bem para a igreja devem minguar a justa honra dos que os precederam, já que Deus é o mesmo que os operou através de ambos.

Moisés deu a uma parte de Israel um país muito rico fértil, porém deste lado do Jordão. Jo-sué deu a todo Israel a terra santa do outro lado do Jordão. Assim pois, a lei deu bênçãos mun-

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danas a uns poucos do Israel espiritual de Deus, ansiosos das boas coisas vindouras; todavia nosso Senhor Jesus, o Josué verdadeiro, provei bênçãos espirituais e a Canaã celestial para to-dos os filhos da promessa.

Versículos 7-24Aqui temos os limites do país conquistado por Josué. Se dá uma lista dos reis derrotados por

Israel: trinta e um em total. Isto mostra quão frutífero era Canaã então, pois tantos escolheram viver amontoados ali. Esta era a terra que Deus destinou para Israel; mas em nossa época é um dos países mais estéreis e inservíveis do mundo. Tal é o efeito da maldição sob a qual es-tão desde que seus possuidores rejeitaram a Cristo e seu Evangelho, como o anunciara Moisés (Dt 29.23).

A vingança de um justo Deus, infligida a todos estes reis e a seus súbditos, por sua mal-dade, deveria fazer-nos odiar e temer o pecado. a terra frutífera outorgada a seu povo eleito deveria encher nossos corações de esperança e confiança em sua misericórdia, e de humilde gratidão.

CAPÍTULO 13• Versículos 1-6 Limites da terra ainda sem conquistar• Versículos 7-33 Herdade de Rubem

Versículos 1-6Neste capítulo começa o relato do reparto da terra de Canaã entre as tribos de Israel por

sorteio, narração que mostra o cumprimento da promessa feita aos pais de que esta terra seria dada à semente de Jacó. Não temos que passar por alto estes capítulos de nomes difíceis con-siderando-os inúteis. Onde Deus tenha uma boca para falar e uma mão para escrever, deve-mos encontrar ouvido para escutar e olho para ler; e que Deus nos dê um coração que ganhe!

Supõe-se que Josué teria por volta dos cem anos de idade nesta época. Bom é para os que são velhos e entrados em anos que se lembrem o que são. Deus considera a estrutura de seu povo e não os sobrecarrega com obras superiores a suas forças. Todas as pessoas, especial-mente os velhos, devem dispor-se a realizar prontamente o que lhes corresponde fazer antes de morrer, não seja que a morte os impeça (Ec 9.10).

Deus promete que fará aos israelitas donos de todos os países ainda não subjugados, emb-ora Josué estava velho e era incapaz de fazê-lo, e provavelmente não viveria para vê-lo real-izado. Seja o que for que aconteça conosco, e ainda que sejamos deixados de lado como vasos rotos e desprezados, Deus fará sua obra a seu devido tempo. Devemos trabalhar em nossa sal-vação, e então Deus operará em nós e operará conosco; devemos resistir a nossos inimigos es-pirituais, e então Deus os colocará embaixo de nossos pés; devemos ir adiante em nossa tarefa e guerra cristã, então Deus ira diante de nós.

Versículos 7-33A terra devia ser repartida entre as tribos. A vontade de Deus é que cada homem conheça o

seu e não tome o que é de outrem. O mundo deve ser governado, não pela força, senão pelo direito. Onde quer que fique nossa habitação, e seja qual for a forma honesta de designar nossa porção, devemos considerá-la dada por Deus; devemos estar agradecidos por isso, e usá-la como corresponde, enquanto deva usar-se todo método prudente para impedir disputas pela propriedade, tanto no presente como no futuro. Josué deve ser aqui um tipo de Cristo que não somente venceu as portas do inferno por nós; também nos abriu as portas do céu e, tendo adquirido a herança eterna para todos os crentes, os colocará em possessão dela.

Aqui há uma descrição geral do país dado às duas tribos de Levi: veja Nm 18.20. O manti -mento deles deviam tomá-lo de todas as outras tribos. Os ministros do Senhor devem mostrar-se indiferentes aos interesses mundanos, e a gente deve cuidar de que não lhes falte nada necessário. Bem-aventurados os que têm ao Senhor Deus de Israel por herança, embora seja pouco o deste mundo que tenham como sorte. Suas providências suprirão suas necessidades, suas consolações sustentarão sua alma até que recebam gozo celestial e prazeres eternos.

CAPÍTULO 14• Versículos 1-5 As nove tribos e meia recebem sua herança• Versículos 6-15 Calebe obtém Hebrom

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Versículos 1-5Os israelitas devem ocupar as novas conquistas. Canaã teria sido submetida em vão se não

tiver sido habitada. Mas não todo homem pode ir a instalar-se onde lhe pareça. Deus escolhe nossa herança por nós.

Revistemos nossa herança de misericórdia atual, nossa perspectiva da terra prometida, eterna, nos céus. Deus faz acepção de pessoas? Não é melhor que nosso lugar, em quanto a bem ou tristeza terrena, seja determinado pela infinita sabedoria de nosso Pai celestial e não por nossa própria ignorância? Não deveriam aqueles para os quais foi revelado o grande mis-tério da piedade, aqueles cuja redenção foi comprada por Jesus Cristo, com gratidão, atribuir seus interesses terrenos a Sua designação?

Versículos 6-15O pedido de Calebe é "dá-me este monte", ou Hebrom, porque estava anteriormente na

promessa de Deus para ele, e faria saber a Israel quanto valorava a promessa. Os que vivem pela fé valorizam o dado por promessa de Deus muito mais que o dado somente por sua providência. Agora isso era possessão dos anaquins e Calebe deixaria que Israel soubesse quão pouco temia ao inimigo, e que os animaria a continuar adiante com suas conquistas. Calebe respondia a seu nome, que significa "todo coração". Hebrom foi dada a Calebe e seus herdeiros, porque ele seguiu completamente ao Senhor Deus de Israel. Somos felizes se o seguirmos. A piedade extraordinária será coroada com favor extraordinário.

CAPÍTULO 15• Versículos 1-12 As fronteiras do território de Judá• Versículos 13-19 A porção de Calebe – A bênção de sua filha• Versículos 20-63 As cidades de Judá

Versículos 1-12Josué designou suas heranças a Judá, Efraim e a meia tribo de Manassés, antes de sair de

Gilgal. Depois de ir para Siló, se realizou um outro censo, e foi designada sua porção às outras tribos. A seu devido tempo, todo o Povo de Deus esteve instalado.

Versículos 13-19Acsa obteve algo da terra pela livre concessão de Calebe. Ele lhe deu uma terra ao sul.

Terra sem dúvida, porém ao sul, seca e propenso às secas. Ela obteve algo mais a pedido, e ele lhe deu as fontes de cima e as de baixo. Os que o interpretam como um único campo, re-gado com a chuva do céu e com as fontes que brotam da terra, o relacionam com a alusão que se faz corriqueiramente, quando oramos pelas bênçãos espirituais e celestiais, que se referem a nossa alma, como bênçãos das fontes de cima, e as que se referem ao corpo e à vida pre-sente, como às bênçãos das fontes de embaixo. Todas as bênçãos, sejam das fontes de cima ou das de baixo, pertencem aos filhos de Deus. Relacionadas com Cristo, as têm por terem sido livremente dadas pelo Pai, como porção de sua herança.

Versículos 20-63Aqui há uma lista das cidades de Judá. Mas não achamos aqui a Belém, que depois foi a

cidade de Davi, enobrecida pelo nascimento de nosso Senhor Jesus. Essa cidade que, no mel-hor dos casos, era muito pequena para ser contada entre os milhares de Judá (Mq 5.2), salvo que foi honrada desse modo, era então tão pequena que não aparece na conta das cidades.

CAPÍTULO 16Os filhos de José

Este e o capítulo que se segue não devem separar-se. Narram a sorte de Efraim e Manassés, os filhos de José que, depois de Judá, teriam o lugar de honra e, portanto, tiveram a primeira e melhor parte da zona norte de Canaã, como Judá no lado do sul.

O povo de Deus, agora como antes, sofre a permanência de seus inimigos. Bendito Senhor, quando serão vencidos todos nossos inimigos? (1 Co 15.26). Expulsa-os a todos; somente tu podes fazê-lo.

As fronteiras fixas podem lembrar-nos que nossa situação e provisão nesta vida, como tam-bém nossa herança futura, têm sido designadas somente pelo sábio e justo Deus, e devemos estar contentes com nossa porção, já que Ele sabe o que é melhor para nós e todo o que temos é mais do que merecemos.

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CAPÍTULO 17• Versículos 1-6 A sorte de Manassés• Versículos 7-13 As fronteiras de Manassés – Os cananeus não expulsados• Versículos 14-18 José deseja uma porção maior

Versículos 1-6 Manassés não era senão a metade da tribo de José, porém dividida em duas. As filhas de

Zelofeade colheram agora o benefício de seu zelo piedoso e sábia previsão. Os que têm cuidado no deserto deste mundo, para assegurar-se um lugar na herança dos santos de luz, terão seu consolo no outro mundo, enquanto os que agora o descuidam, o perderão para sem-pre. Senhor, ensina-nos aqui a crer e obedecer e dá-nos a herança entre teus santos na glória eterna.

Versículos 7-13Havia muita comunhão entre Manassés e Efraim. Embora cada tribo tinha sua herdade, con-

tudo, deviam misturar-se entre si, fazer-se boas obras mutuamente como corresponde aos que, ainda que de tribos diferentes, eram todos de um só Israel e estavam destinados a amar-se como irmãos. Porém, toleraram que os cananeus vivessem com eles, contra o mandamento de Deus, para servir a seus próprios interesses.

Versículos 14-18Josué, por ser pessoa pública, não teve consideração por sua própria tribo mais que por

qualquer outra, senão que governaria sem favores nem afetos; pelo qual deixou bom exemplo para todos os que desempenham cargos públicos. Josué lhes diz que o que lhes tocou em sorte lhes alcançaria bem para eles se tão somente trabalhavam e pelejavam.

Os homens se escusam com qualquer pretexto para não trabalhar, e nada serve melhor para esse fim que ter parentes ricos e poderosos, capazes de prover para eles; e são muito in-clinados a desejar uma disposição parcial e infiel do encarregado aos que eles crêem ser ca-pazes de dar-lhes tal ajuda. Todavia, realmente é mais bondoso indicas as vantagens al-cançáveis e animar os homens a fazer seu melhor, em vez de fomentar a preguiça e a extrav-agância outorgando favores. A verdadeira religião não tolera esses males. A regra é: quem não trabalha, que não coma; e muitos de nossos "não posso" são unicamente a linguagem da preguiça que magnifica toda dificuldade e perigo. Este é especialmente o caso de nossa obra e guerra espirituais. Sem Cristo nada podemos fazer, mas somos dados que permanecer quietos sem tentar nada. Se formos dEle, Ele nos estimulará para nossas empresas e para clamar a Ele por ajuda. Então serão ampliados nossos territórios (1 Cr 4.9-10), e silenciadas as queixas ou, melhor, serão transformadas em alegre ação de graças.

CAPÍTULO 18• Versículo 1 O tabernáculo instalado em Siló• Versículos 2-10 Descrição e repartição do resto da terra• Versículos 11-28 As fronteiras de Benjamim

Versículo 1Siló estava na sorte de Efraim, a tribo à qual pertencia Josué, e era apropriado que o

tabernáculo estivesse perto da residência do governante principal. O nome desta cidade é o mesmo com o qual Jacó profetizou do Messias (Gn 49.10). Alguns supõem que a cidade se chamava assim quando foi escolhida para lugar de repouso da arca, o qual tipificava a nosso grande Pacificador e o caminho a um Deus reconciliado através dEle.

Versículos 2-10Depois de um ano ou mais, Josué os culpou por sua negligência e lhes disse como deviam

proceder. Deus, por sua graça, nos tem dado a possessão de uma boa terra, a Canaã celestial, mas nós somos negligentes para tomar possessão dela; não entramos no descanso, como poderíamos, pela fé, esperança e gozo santo. Quanto tempo mais será assim conosco? Quanto tempo mais continuaremos em nossa própria luz, abandonando nossas misericórdias por vaidades mentirosas? Josué anima aos israelitas a tomar possessão de sua porção. Ele está preste a fazer sua parte, se eles fazem a deles.

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Versículos 11-28As fronteiras de cada porção foram claramente delimitadas e se estabeleceu a herança de

cada tribo. Todas as queixas e reclamos egoístas foram evitados pela sábia disposição de Deus que designou a colina e o vale, o trigo e a pastagens, as quebradas e os rios, as aldeias e as cidades. A sorte de um servo de Cristo, é lançada em aflição e tristeza? É o Senhor, faça o que bem lhe parecer. Estamos com prosperidade e paz? É do alto. Sejam humildes quando com-parem a dádiva com sua indignidade. Não se esqueçam dAquele que deu o bom, e estejam sempre dispostos a renunciarem a isso quando Ele o ordenar.

CAPÍTULO 19• Versículos 1-9 A sorte de Simeão• Versículos 10-16 A sorte de Zebulom• Versículos 17-51 A sorte de Issacar, Aser, Naftali e Dã

Versículos 1-9Os homens de Judá não se opuseram a devolver cidades de dentro de seus limites quando

se convenceram de que tinham mais do que lhes correspondia. Se um crente verdadeiro tem obtido uma vantagem inesperada e incorreta em qualquer coisa, ele a entregará sem murmu-rar. O amor não busca o seu próprio, e não se conduz em forma inconveniente; induzirá, em aqueles nos que mora em abundância, a dar o próprio para suprir o que falta a seus irmãos.

Versículos 10-16As bênçãos proféticas de Jacó se cumpriram no reparto a cada tribo de Israel. Eles escol-

heram por si mesmos o que lhes foi repartido lançando sortes, na forma e lugares que ele pre-vira. Regra tão segura é a palavra profética para guiar-se: por ela vemos o que cremos e demonstra sem discussão que as coisas são de Deus.

Versículos 17-51Josué esperou até que todas as tribos ficaram estabelecidas antes de pedir algo para sim. Se

contentou com estar sem estabelecer-se até vê-los a todos colocados. Aqui há um exemplo para todos es que estão em cargos públicos: preferir o bem comum antes da vantagem partic-ular. Os que se esforçam ao máximo para fazer o bem aos outros, procuram herança na Canaã do alto; porém logo deverão entrar lá, quando tenham feito todo o serviço de que sejam ca-pazes a seus irmãos. Tampouco nada pode assegurá-lhes mais efetivamente seu direito a ela, que esforçar-se por levar os outros a desejá-la, a buscá-la e a obtê-la. Nosso Senhor Jesus veio e morou na terra, não com pompas, senão em pobreza, dando descanso ao homem e ainda sem ter Ele onde reclinar sua cabeça; porque Cristo não se agradou de si mesmo. nem tam-pouco entraria Ele a possuir sua herança, até que, por sua obediência até a morte, obtivesse a herança eterna para todo seu povo; nem considerará completa sua própria glória, até que cada pecador resgatado seja colocado em possessão de seu repouso celestial.

CAPÍTULO 20• Versículos 1-6 Lei acerca das cidades de refúgio• Versículos 7-9 Cidades destinadas como refúgio

Versículos 1-6Quando os israelitas foram instalados em sua herdade prometida, foi-lhes lembrados que

deviam separar as cidades de refúgio, cujo uso e significado como tipo já foi explicado em Nm 35 e Dt 19. O Israel espiritual de Deus tem e terá em Cristo e no céu não somente alívio para repousar, senão refúgio para dar-lhes seguridade. Estas cidades foram indicadas para serem tipo do alívio que o evangelho dá aos pecadores arrependidos, e sua proteção da maldição da lei e da ira de Deus, em nosso Senhor Jesus, a quem fogem os crentes a procurar refúgio (Hb 6.18).

Versículos 7-9Estas cidades, como as do outro lado do Jordão, estavam localizadas de modo que um

homem pudesse chegar a uma desde qualquer parte do país, em meio dia. Deus sempre é um Refúgio que está a mão. Todas eram cidades levitas. Era bondade para com o pobre fugitivo que, ao não poder subir à casa de Jeová tivesse, contudo, servos de Deus com ele para instruí-lo, orar por ele e ajudá-lo a cumprir sua necessidade das ordenanças públicas.

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Alguns vêem uma significação nos nomes destas cidades numa aplicação a Cristo, nosso Re-fúgio. Quedes significa santo, e nosso Refúgio é o santo Jesus. Siquem, um ombro, e o princi-pado sobre seu ombro. Hebrom, comunhão, e os crentes estão chamados à comunhão de Cristo Jesus nosso Senhor. Bezer, uma fortaleza, porque Ele é praça forte para todo o que con-fia nEle. Ramote, alto e exaltado, pois Deus o exaltou com sua destra. Golã, gozo ou exultação, porque todos os santos são justificados nEle e se gloriarão nEle.

CAPÍTULO 21• Versículos 1-8 Cidades para os levitas• Versículos 9-42 As cidades designadas para os levitas• Versículos 43-45 Deus deu a terra e o repouso aos israelitas conforme a Sua

promessa Versículos 1-8Os levitas esperaram até que as outras tribos tiveram sua provisão antes de proferir seu

reclamo a Josué. Fundamentam seu reclamo numa base muito boa; não seus méritos ou serviços, senão o preceito divino. O sustentamento dos ministros não é coisa deixada simples-mente à vontade da gente para que, se lhes aprouver, os deixem morrer de fome; os que anunciam o evangelho vivam do evangelho, e o façam com comodidade.

Versículos 9-42Misturar os levitas com as outras tribos foi para que vissem que os olhos de todo o Israel es-

tavam sobre eles e, portanto, era sua preocupação andar de forma tal que seu ministério não fosse vituperado. Cada tribo tinha de partilhar sua porção de cidades dos levitas. Deste modo Deus proveu para a conservação da religião entre eles e para que tivessem que Palavra em todo lugar da terra. Porém, bendito seja Deus, nós temos o evangelho mais difundido entre nós.

Versículos 43-45Deus prometeu dar em possessão à semente de Abraão a terra de Canaã e, agora, a tinham

e habitavam nela. A promessa da Canaã celestial é tão segura para todo o Israel espiritual de Deus porque é a promessa dAquele que não pode mentir.

Ali esteve diante deles não um homem. O predomínio anterior dos cananeus foi efeito da negligência de Israel e categoria por sua pecaminosa inclinação à idolatria e abominações dos pagãos que albergaram e permitiram em seu médio. Não faltou nada de bom do que o Senhor tivesse falado à casa de Israel. Em seu devido momento, todas as promessas seriam cumpri-das; então, seu povo reconheceria que o Senhor tinha superado suas maiores expectativas e os fizera mais que vencedores, levando-os ao desejado descanso.

CAPÍTULO 22• Versículos 1-9 Rubem e Gade com a meia tribo de Manassés, são

despedidos para voltarem a suas casas• Versículos 10-20 Erigem um altar como testemunho – A congregação se

ofende por isso• Versículos 21-29 Reação dos rubenitas • Versículos 30-34 Os filhos de Israel, satisfeitos

Versículos 1-9Josué despede as tribos com um bom conselho. Os que têm o mando o têm em vão a menos

que guardem o mandamento, que não será realizado corretamente a menos que feito com cuidado diligente. Em particular, que amem a Jeová seu Deus, como o melhor dos seres e o melhor dos amigos; e nesse princípio reja o coração, haverá cuidado e esforço constante para andar em todos seus caminhos, ainda os que são estreitos e em subida. Em todo caso, que guardem seus mandamentos. Em todo tempo, em toda situação, com coração decidido a seguir o Senhor e a servi-lo a Ele e a seu reino entre os homens, de todo seu coração e toda sua alma. Este bom conselho se dá a todos: que Deus nos dê graça para aceitá-lo!

Versículos 10-20Aqui está o afã das tribos do outro lado do Jordão por conservar sua participação na religião

de Israel em Canaã. a primeira vista parecia que o propósito era estabelecer um altar em oposição ao altar de Siló. Deus é zeloso de suas instituições; também devemos sê-lo nós, e

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temer todo o que pareça idolatria ou conduza a ela. A corrupção da religião se trata melhor ao princípio.

Porém sua prudência ao seguir esta zelosa resolução não é menos elogiável. Muitas infelizes discórdias teriam sido evitadas ou resolvidas logo ao indagar a substância da ofensa. A lem-brança de grandes pecados cometidos anteriormente deveria fazer-nos estar alerta contra o começo do pecado; porque o caminho do pecado leva ao abismo. Todos temos o dever de repreender a nosso próximo quando comete falta para não participar de seu pecado (Lv 19.17). A oferta feita de que eram bem-vindos na terra onde estava o tabernáculo de Jeová, onde po-diam estabelecer-se, estava no espírito dos verdadeiros israelitas.

Versículos 21-29As tribos aceitaram boa parte da repreensão de seus irmãos. Com solenidade e mansidão

passaram a dar quanta satisfação pudessem. A reverência a Deus se expressa na forma de sua apelação. Sua breve confissão de fé eliminaria a suspeita de seus irmãos de que tentavam ado-rar a outros deuses. Falemos sempre de Deus com seriedade, e mencionemos Seu nome com uma pausa solene. Os que apelam ao Céu com um descuidado "Deus sabe" tomam Seu nome em vão: é muito diferente disto.

Expressam grande confiança em sua própria retidão no assunto de sua apelação. "Deus sabe", pois está perfeitamente familiarizado com os pensamentos e intenções do coração. Em todo o que façamos em religião, é nosso santo dever ser aprovados por Deus, lembrando que Ele conhece o coração. Sem Deus conhecer nossa sinceridade, devemos estudar o modo de dá-la a conhecer a outros por seus frutos, em especial aos que mostram zelo pela glória de Deus, porém erram conosco.

Desprezaram o desígnio de que eram considerados suspeitos e explicaram plenamente sua verdadeira intenção ao edificar o altar. Os que têm achado o consolo e o benefício das orde-nanças de Deus, somente podem desejar preservá-las para sua semente e usar todo o cuidado possível para que seus filhos sejam considerados como possuidores de uma parte. Cristo é o grande Altar que santifica toda dádiva; a melhor evidência de nosso interesse nEle é a obra de seu Espírito em nosso coração.

Versículos 30-34Bom é que em ambas partes haja disposição para a paz, como houve zelo por Deus; porque,

freqüentemente, as brigas pela religião resultam ser as mais árduas e difíceis de pacificar por falta de sabedoria e amor. Quando espíritos irritáveis e orgulhosos culpam injustamente a seus irmãos, embora se apresente prova plena de sua injustiça, por nenhum médio serão convenci-dos a desdizer-se. Mas Israel não era tão preconceituoso. Atentaram para a inocência de seus irmãos como sinal da presença de Deus. O zelo de nossos irmãos pelo poder da piedade, a fé e o amor, apesar do temor de romper a unidade da igreja, são coisas pelas quais deveríamos contentar-nos com alegria.

O altar foi chamado de o Testemunho. Era um testemunho de seu cuidado por conservar pura e íntegra sua religião e daria testemunho contra seus descendentes, se deixassem de seguir o Senhor. será toda uma felicidade quando os cristãos professantes aprendam a seguir o exemplo de Israel, unindo zelo e adesão firme à causa da verdade, com candor, mansidão e prontidão para entender-se uns a outros, para explicar e ficar satisfeitos com a explicação de nossos irmãos. Que o Senhor aumente o número dos que se esforçam por manter a unidade do Espírito no vínculo da paz! Que a graça e o consolo crescente estejam com todos os que amam a Jesus Cristo com sinceridade!

CAPÍTULO 23• Versículos 1-10 Exortação de Josué antes de morrer• Versículos 11-16 Advertência de Josué sobre a idolatria

Versículos 1-10Josué estava velho e moribundo; eles devem observar o que lhes diz. Os lembra das grandes

coisas que Deus tem feito por eles em seus dias. Os exorta a serem muito valorosos. Guardar com cuidado o que está escrito, fazê-lo com diligência e apreciá-lo com sinceridade. Além disso, a esforçar-se com muita diligência para esquecer a idolatria pagã, de modo que nunca seja revivida. Triste é que entre os cristãos se usem tão correntemente os nomes de deuses pagãos, e sejam tão familiares.

Josué os exorta a serem constantes. Pode haver muitas faltas entre eles, mas não tinham abandonado a Jeová seu Deus; a maneira de fazer que a gente melhore é fazer o melhor deles.

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Versículos 11-16Se formos fiéis ao Senhor, estaríamos sempre em guarda, porque muitas almas se perdem

por negligência. Amem ao Senhor seu Deus e não se afastem dEle. Tem sido Deus fiel com vocês? Então, não sejam infiéis com Ele. Fiel é o que o prometeu (Hb 10.23). A experiência de todo cristão testifica da mesma verdade. os conflitos podem ter sido graves e prolongados, e as provas, muitas e grandes; todavia, afinal, reconhecerá que o bem e a misericórdia o seguiram todos os dias de sua vida.

Josué manifesta as conseqüências fatais de tornar atrás; saibam, pois, com toda certeza que isso será sua ruína. O primeiro passo será a amizade com os idólatras; o seguinte, casar com eles; o final será servir seus deuses. Desse modo, o caminho do pecado vai por água abaixo, e os que têm comunhão com os pecadores não podem evitar a comunhão com o pecado.

Descreve a destruição acerca da qual os adverte. A bondade da Canaã celestial e que Deus a tenha feito um presente livre e seguro, será somado à miséria dos que para sempre ficarão excluído dela. Nada os fará sentir mais o absoluto de sua miséria que ver quão felizes puderam ser. Vigiemos e oremos para não cairmos em tentação. Confiemos na fidelidade, amor e poder de Deus; invoquemos suas promessas e sejamos fiéis a seus mandamentos; então seremos fe-lizes na vida, na morte e por sempre.

CAPÍTULO 24• Versículos 1-14 Os benefícios de Deus para seus antepassados • Versículos 15-28 Josué renova a aliança entre o povo e Deus• Versículos 29-33 A morte de Josué – Enterram os ossos de José – O estado de

Israel

Versículos 1-14Nunca devemos dar por terminada nossa obra para Deus, até que tenha acabado nossa

vida. Se alongar os nossos dias além do esperado, como a Josué, se deve a que tem outro serviço para encomendar-nos. Quem quiser ter o mesmo sentir que houve também em Cristo Jesus, se gloriará em dar o último testemunho da bondade de seu Salvador, e em proclamar aos quatro ventos as obrigações com que o têm enlaçado a imerecida bondade que Deus lhe mostrou.

A assembléia se reuniu em solene atitude religiosa. Josué lhes falou em nome de Deus e de parte dEle. Seu sermão foi durante e aplicação. A parte doutrinária é a história das grandes coisas que Deus tinha feito por seu povo e por seus antepassados. A aplicação da história das misericórdias de Deus para com eles é uma exortação a temer e servir a Deus como gratidão por seu favor, e que possa continuar.

Versículos 15-28É essencial que o serviço do povo de Deus seja feito com atitude voluntária. Porque o amor

é o único princípio genuíno do qual pode provir todo serviço aceitável a Deus. O Pai busca tais adoradores para que O adorem: os que O adoram em espírito e em verdade. Os desígnios da carne são inimizade contra Deus, portanto, o homem carnal é incapaz de dar adoração espiri-tual. Dai a necessidade de nascer de novo. Contudo, grande quantidade de pessoas ficam só nas formalidades quando lhes são impostas tarefas.

Josué lhes deu a escolher, mas não como se fosse indiferente que eles servissem ou não a Deus. Escolham a quem servirão, agora que as coisas estão claras ante vocês. Ele resolve servir a Deus, seja o que for que os outros façam. Os que resolvem servir a Deus não devem importar-se de ficar sozinhos dai para frente. Os que vão para o céu devem estar dispostos a nadar contra a corrente. Não devem fazer nada como a maioria, senão como os melhores. Ninguém pode comportar-se como deveria em qualquer situação sem considerar profunda-mente seus deveres religiosos nas relações familiares.

Os israelitas estiveram de acordo com Josué, influenciados pelo exemplo do homem que tinha sido uma bênção tão grande para eles; nós também serviremos ao Senhor. Atentem para quanto bem fazem os grandes homens por sua influência, se são zelosos na religião.

Josué os leva a expressar o pleno propósito do coração de serem fiéis ao Senhor. Devem de-spojar-se de toda confiança em sua própria suficiência ou, do contrário, seus propósitos serão vãos. Quando decidiram deliberadamente servir a Deus, Josué os ligou com uma al solene. Re-aliza um monumento para memória. Deste modo emotivo, Josué se despediu deles; se pere-cerem, o sangue deles será sobre suas próprias cabeças.

Embora a casa de Deus, a mesa do Senhor e até os muros e árvores ante os quais temos ex-pressado nossos propósitos solenes de servi-lo, dessem testemunho em nossa contra se o ne-garmos, de todos modos podemos confiar nEle, que colocará temor em nosso coração para que 182

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não nos afastemos dEle. Somente Deus pode dar graça e, contudo, abençoa nossos esforços por fazer que os homens se comprometam em seu serviço.

Versículos 29-33José morreu no Egito, porém deu ordens no reforma a seus ossos, para que não des-

cansassem em seu túmulo até que Israel repousasse na terra prometida.Note-se além disso a morte e sepultamento de Josué e de Eleazar, o sumo sacerdote. Os

homens mais úteis, tendo servido a sua geração conforme com a vontade de Deus, um após outros caem dormidos e vêem corrupção. Mas Jesus, tendo passado e terminado sua vida na terra em forma mais efetiva que Josué e José, ressuscitou dentre os mortos e não viu cor-rupção. Os remidos do Senhor herdarão o reino que preparou para eles desde a fundação do mundo. Eles falarão admirados da graça de Jesus: "Aquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém" (Ap 1.5-6, ACF).

JUÍZES

O Livro dos Juízes é a história de Israel durante o governo dos juízes, que foram libertadores ocasionais que Deus levantava para resgatar a Israel de seus opressores, para reformar o es-tado da religião e para ministrar justiça ao povo. o estado do povo de Deus não parece ter sido muito próspero neste livro, nem seu caráter muito religioso, como teria sido de esperar-se; porém, havia muitos crentes entre eles e o serviço do tabernáculo era atendido. A história ex-emplifica as freqüentes advertências e predições de Moisés, e merece ser tomada com pro-funda atenção. Todo o livro está cheio de importantes ensinamentos.

CAPÍTULO 1• Versículos 1-8 Ações das tribos de Judá e Simeão• Versículos 9-20 Conquista de Hebrom e outras cidades• Versículos 21-36 Os procedimentos das outras tribos

Versículos 1-8Os israelitas estavam convencidos de que deviam continuar a guerra contra os cananeus;

porém, duvidavam sobre o modo de executá-la depois da morte de Josué. Perguntaram ao Sen-hor a esse respeito. Deus encarrega que o sirvam de acordo com a fortaleza que Ele lhes outor-gou. Dos mais capazes espera-se mais. Judá era o primeiro em dignidade e deve ser o primeiro no dever. O serviço de Judá será de pouca utilidade se Deus não dá o êxito; porém Deus não dará o êxito a menos que Judá se dedique ao serviço. Judá era a mais considerável de todas as tribos, e Simeão, a menor; todavia, Judá implora a amizade de Simeão e lhes pede socorro. Corresponde aos israelitas ajudar-se uns a outros contra os cananeus; todos os cristãos, ainda de tribos diferentes, devem fortalecer-se uns a outros. os que se ajudam mutuamente com amor têm razão para esperar que Deus os ajude a ambos em Sua graça.

Adoni-Bezeque foi feito prisioneiro. Este príncipe tinha sido um severo tirano. Os israelitas, evidentemente sob a direção divina, o fizeram sofrer o que ele tinha feito a outras pessoas. As-sim, às vezes, o justo Deus, em sua providência, faz que o castigo corresponda ao pecado.

Versículos 9-20Os cananeus tinham carros de ferro, mas Israel tinha a Deus de seu lado, cujos carros são

milhares de anjos (Sl 68.17). Mas até eles deixaram que seus temores prevalecessem sobre sua fé. Lemos de Calebe em Josué 15 16-19. Os queneus tinham-se estabelecido na terra. Is-rael deixou que se estabelecessem onde quisessem, sendo um povo tranqüilo e não ambicioso. Aos que não incomodam a ninguém, ninguém os incomoda. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.

Versículos 21-36O povo de Israel foi muito negligente com seu dever e com seus benefícios. Se não for pela

preguiça e a cobardia, não teriam tido dificuldades para completar suas conquistas. Também se devia a sua cobiça: estavam dispostos a deixar que os cananeus vivessem entre eles para aproveitar-se deles. Não tinham o terror nem o ódio pela idolatria que deveriam ter. a mesma

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incredulidade que manteve a seus antepassados por quarenta anos fora de Canaã, os impedia agora de tomar completa possessão da terra. A desconfiança no poder e a promessa de Deus os privava dos benefícios e os metia em encrencas. Desse modo, muitos crentes que começam bem se vêem retrasados. Suas graças enlanguescem, suas concupiscências revivem, Satanás os acossa com tentações adequadas, o mundo recupera seu domínio; têm sentimento de culpa, enchem de angústia seu coração, desacreditam seu caráter e fazem cair a repreensão sobre o evangelho. Embora repreendido imperiosamente, e ainda recuperado para que não pereça, contudo, terá que lamentar profundamente sua tolice pelo resto de seus dias; em seu leito de morte deverá lamentar as oportunidades que perdeu de glorificar a Deus e de servir à igreja. Não podemos ter comunhão com os inimigos de Deus em nós ou fora de nós, senão para próprio dano; em conseqüência, nossa única sabedoria é livrar uma guerra incessante contra eles.

CAPÍTULO 2• Versículos 1-5 O anjo do Senhor repreende ao povo• Versículos 6-23 A maldade da nova geração posterior a Josué

Versículos 1-5Era o grande Anjo da aliança, o Verbo, o Filho de Deus, quem falou com autoridade divina

como Jeová e que agora os chama a render contas de sua desobediência. Deus expõe o que tem feito por Israel e o que havia prometido. Os que rejeitam a comunhão com Deus e têm co-munhão com as obras infrutíferas das trevas não sabem o que fazem, e nada terão a dizer em seu favor no próximo dia da rendição de contas. Devem esperar sofrimentos em troca de sua estultícia. Enganam a si mesmos os que esperam obter vantagem de sua amizade com os in-imigos de Deus. Amiúde Deus faz que o pecado dos homens seja seu castigo; há espinhos e ar-madilhas no caminho do obstinado que anda em contra de Deus.

O povo chorou, queixando-se de sua própria insensatez e ingratidão. Tremeram ante a palavra e não sem causa. É um prodígio que os pecadores possam até ler a Bíblia com os olhos secos. Se não se tivessem mantido perto de Deus e de seu dever, nenhuma voz senão a dos cânticos se teria ouvidos mas, por seu pecado e estultícia, fizeram outra obra para si mesmos e nada se ouvirá senão a voz do pranto. A adoração de Deus, em sua própria natureza, é gozo, louvor e ação de graças; nossos pecados somente fazem necessário o choro. Agrada ver que os homens chorem por seus pecados, porém as nossas lágrimas e orações, e nem sequer as emendas podem expiar o pecado.

Versículos 6-23Temos uma idéia geral do curso das coisas em Israel durante a época dos Juízes. A nação se

tornou tão miserável e desgraçada por abandonar a Deus, como teriam sido grandes e felizes se tivessem continuado sendo fiéis a Ele. o castigo correspondeu ao mal que tinham feito. Serviram aos deuses das nações que os rodeavam, até o menor, e Deus fez com que servissem os príncipes das nações de suas redondezas, até a menor delas. Os que têm descoberto que Deus é fiel a suas promessas, podem estar seguros que será igualmente fiel com suas ameaças.

Com justiça, poderia tê-los abandonado, mas por compaixão não o fez. O Senhor estava com os juízes que levantava, e desse modo chegaram a ser salvadores. Nos dias das maiores tribu-lações da igreja, haverá alguns aos que Deus achará ou fará aptos para ajudá-la.

Os israelitas não foram cabalmente reformados; porque estavam tão enlouquecidos por seus ídolos e tão obstinadamente inclinados a descaminhar-se. Assim também, os que aban-donaram os bons caminhos de Deus, que uma vez conheceram e professaram, geralmente fi-cam mais atrevidos e desesperados no pecado, e seus corações se endurecem.

Seu castigo foi que os cananeus foram perdoados e, desse jeito, eles foram golpeados com sua própria vara. Os homens abrigam e toleram seus corruptos apetites e paixões; em conse-qüência, Deus os deixa justamente livrados a sua sorte, sob o poder de seus pecados, o que será sua ruína. Deus nos disse quão enganoso e desesperadamente perverso é nosso coração, mas não estamos dispostos a acreditar nisso até que, fazendo-nos ousados pela tentação, de-scobrimos por triste experiência que é verdade. devemos examinar-nos a nós mesmos e orar sem cessar para que habite Cristo pela fé em nossos corações, arraigados e cimentados em amor. Declaremos a guerra a todo pecado e prossigamos na santidade todos os nossos dias.

CAPÍTULO 3• Versículos 1-7 Nações deixadas para provar a Israel• Versículos 8-11 Otniel liberta a Israel

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• Versículos 12-30 Eúde libera a Israel de Eglom• Versículo 31 Sangar liberta e julga a Israel

Versículos 1-7Como os israelitas eram tipo da igreja da terra, não deviam estar ociosos nem serem

preguiçosos. Agradou ao Senhor prová-los com o resto das nações que eles perdoaram. As ten-tações e as provas detectam a iniqüidade do coração dos pecadores; e reforçam as graças dos crentes em seus conflitos diários com Satanás, o pecado e com este mundo mau. Isto marca a diferença entre os seguidores de Cristo e os professantes. A amizade do mundo é mais fatal que a inimizade; esta somente pode matar o corpo, porém aquela assassina a muitas almas preciosas.

Versículos 8-11Otniel foi o primeiro juiz; começou a ficar famoso já na época de Josué. Pouco depois de es-

tabelecer-se em Canaã, a pureza de Israel começou a corromper-se e a perturbar-se sua paz.Porém a aflição faz que clamem a Deus os que antes escassamente falavam a Ele. Deus

voltou a eles por misericórdia para liberá-los. O Espírito de Jeová desceu sobre Otniel: o Espírito de sabedoria e valor que o capacita para o serviço e o Espírito de poder que o estimula para isso. Primeiro julgou a Israel, o repreendeu e o reformou, e depois foi à guerra. Derrotem o pecado em casa, o pior dos inimigos, e os inimigos de fora serão mais facilmente vencidos. As-sim, que Cristo seja nosso Juiz e Legislador, depois nos salvará.

Versículos 12-30Quando Israel volta a pecar, Deus levanta um novo opressor. Os israelitas fizeram o mal, e

os moabitas fizeram pior; já que Deus castiga neste mundo os pecados de seu povo, Israel é debilitado, e Moabe fortalecido contra eles. Se as tribulações menores não realizam a obra, Deus enviará as maiores.

Quando Israel volta a orar, Deus levanta a Eúde. Como juiz ou ministro da justiça divina, Eúde mata a Eglom, rei de Moabe, executa os juízes de Deus contra ele como inimigo de Deus e de Israel. Porém a lei de submeter-se a principados e potestades em todas as coisas licitas é a regra de nossa conduta. Agora não são dados cometidos como estes; pretender tê-los é blas-femar contra Deus.

Note-se o discurso de Eúde a Eglom. Que mensagem de Deus, senão uma de vingança, pode esperar um soberbo rebelde? Essa mensagem está contida na Palavra de Deus; seus min-istros ousadamente a declaram sem temer o cenho franzido nem fazer acepção das pessoas dos pecadores. Porém, bendito seja Deus, eles têm que entregar uma mensagem de misericór-dia e salvação gratuita; a mensagem da vingança é somente para os que rejeitam a oferta da graça. A conseqüência desta vitória foi que a terra teve descanso por oitenta anos. foi um grande intervalo para que repousasse a terra, mas o que é isso para o descanso eterno dos santos na Canaã celestial.

Versículo 31O lado do país que jazia ao sudoeste estava infestado de filisteus. Deus levantou a Sangar

para libertá-los; não tendo espada nem lança, levou uma aguilhada de bois, o instrumento que tinha mais a mão. Deus pode fazer úteis para sua glória e para o bem de sua igreja a pessoas humildes e obscuras por nascimento, educação e ocupação. Não importa a arma se Deus dirige e fortalece o braço. Freqüentemente Ele opera por meios inverossímeis para que a excelência do poder seja de Deus.

CAPÍTULO 4• Versículos 1-3 Israel volta a rebelar-se e é oprimido por Jabim• Versículos 4-9 Débora fica de acordo com Baraque para libertá-los• Versículos 10-16 Derrota de Sísera • Versículos 17-24 Jael mata a Sísera

Versículos 1-3A terra teve seus oitenta anos de descanso, o que devia confirmá-los em sua religião;

porém, os fez sentir-se seguros e se renderam a suas concupiscências. Assim, a prosperidade dos néscios os destrói. Jabim e seu general Sísera oprimiram fortemente a Israel. Este inimigo estava mais perto que os anteriores. Israel clamou ao Senhor quando a aflição os levou a Ele, e

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não viam outra forma de alívio. Os que esquecem a Deus na prosperidade, terão de buscá-lo na aflição.

Versículos 4-9Débora era profetisa, instruída no conhecimento divino pela instrução do Espírito de Deus.

julgava em Israel como boca de Deus para eles; corrigia os abusos e resolvia as queixas. Por ordem de Deus, ela mandou a Baraque a organizar um exército e que atacasse as forças de Jabim. Baraque insistiu muito em que ela estivesse presente. Débora prometeu ir com ele. não o enviaria aonde ela mesma não iria. Os que em nome de Deus chamam a seu dever aos out-ros, devem estar dispostos a assisti-los. Baraque aprecia mais a satisfação de sua mente, e o bom êxito de sua empresa, que a simples honra.

Versículos 10-16A confiança de Sísera estava em seus carros. Todavia, se temos base para esperar que Deus

vá a nossa frente, podemos ir com valor e júbilo. Não desmaiem pelas dificuldades que encon-trem ao resistir a Satanás, servir a Deus ou ao sofrer por Ele, porque, não foi o Senhor diante de vocês? Sigam-no em tudo.

Baraque desceu, ainda que na planície os carros de ferro teriam vantagem sobre ele; deixou a montanha, dependendo do poder divino; porque somente no Senhor está a salvação de seu povo (Jr 3.23). Ele não foi defraudado em sua confiança. Quando Deus vai a nossa frente nos conflitos espirituais, devemos entrar em ação e, quando por Sua graça nos dá algum triunfo so-bre os inimigos de nossas almas, devemos melhorá-lo estando alertas e resolvidos.

Versículos 17-24Os carros de Sísera eram seu orgulho e sua confiança. Deste modo, se frustram os que des-

cansam na criatura; assim como o caniço rachado não só se quebra, senão são atravessados por muitas dores. O ídolo se torna rapidamente uma carga (Is 46.1); Deus pode fazer que aquilo pelo qual enlouquecíamos, nos enlouqueça de verdade. Provavelmente Jael tenha real-mente tentado ser amável com Sísera; mas por um impulso divino, depois foi levado a consid-erá-lo como o inimigo juramentado do Senhor e de seu povo, e decidiu destruí-lo. devemos romper todas nossas relações com os inimigos de Deus se temos o Senhor como nosso Deus e seu povo como nosso povo. o que tinha pensado destruir Israel com seus muitos carros de ferro, é destruído com um prego de ferro. Assim, o fraco do mundo confunde ao poderoso. Os israelitas teriam evitado muita maldade se tivessem destruído mais pronto os cananeus, como Deus lhes ordenara e os capacitara; contudo, vale mais ser sábios tarde do que nunca, e adquirir sabedoria pela experiência.

CAPÍTULO 5• Versículos 1-5 Louvor e glória atribuídos a Deus• Versículos 6-11 Aflição e libertação de Israel• Versículos 12-23 Alguns elogiados, outros censurados• Versículos 24-31 A mãe de Sísera se desengana

Versículos 1-5Não deve haver perda de tempo para agradecer ao Senhor suas misericórdias; porque nos-

sos louvores são mais aceitáveis, agradáveis e proveitosos quando fluem de um coração satis-feito. Por isso, deve estimular-se mais o amor e o agradecimento, e fixá-los mais profunda-mente no coração do crente; os acontecimentos serão mais conhecidos e lembrados por mais tempo. O Senhor é quem deve ter todo o louvor, não importa quanto tenham feito Débora, Baraque ou o exército. A vontade, o poder e o êxito foram todos de Deus.

Versículos 6-11Débora descreve o estado aflito de Israel sob a tirania de Jabim, para destacar que sua sal-

vação era pura graça. Mostra a causa de sua miséria. Foi sua idolatria. Escolheram novos deuses com novos nomes. Todavia, por trás de todas essas imagens era a Satanás a quem adoravam. Débora foi uma mãe para Israel ao fomentar diligentemente a salvação de suas al-mas. Chama aos que partilharam as vantagens desta grande salvação para que ofereçam sua gratidão a Deus. Àqueles que foram restaurados, não só a sua liberdade como ao resto dos is-raelitas, senão também a sua dignidade, que louvem a Deus.

Esta é a obra do Senhor. Nos seus atos fez justiça sobre seus inimigos. Em épocas de perseguição se recorre às ordenanças de Deus, às fontes de salvação, de onde se extrai a água de vida, com perigo para a vida dos que lhe prestam atenção. Em todo momento Satanás ten-

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tará impedir que o crente se aproxime ao trono da graça. Atentem na bondade de Deus para seu povo que treme. A glória de Deus é proteger os que estão mais expostos e ajudar o mais fraco. Notemos o benefício que temos pela paz pública, especialmente os habitantes das aldeias, e demos louvor a Deus.

Versículos 12-23Débora invoca a sua própria alma para que seja a mais fervorosa. O que acende o fogo nos

corações de outros homens com o amor de Cristo, deve arder primeiro com o mesmo amor. Louvar a Deus é uma tarefa para a qual devemos despertar, e despertar-nos para ela. Se percebe quem pelejou contra Israel, quem pelejou por eles e quem se manteve longe. Os que pelejaram contra eles eram inimigos obstinados do Povo de Deus, portanto, os mais perigosos. Os que pelejaram por eles: as diversas tribos que os ajudaram são mencionadas aqui com honra; porque ainda que Deus deva ser glorificado por acima de tudo, os que são utilizados de-vem receber seu devido elogio para estímulo dos outros. Todavia, toda a criação está em guerra contra os que têm a Deus por inimigo.

O rio Quisom pelejou contra seus inimigos. A maior parte das vezes era pouco profundo, mas agora, provavelmente pela grande chuva que cairá, estava tão crescido e a correnteza era tão profunda e forte, que os que trataram de cruzá-lo se afogaram.

A alma da própria Débora pelejou contra eles. Quando se emprega a alma em piedosos ex-ercícios e se realiza obra de coração, pela graça de Deus, a força de nossos inimigos espirituais será pisoteada e cairão diante de nós.

Observe os que se mantiveram à distância e não ficaram do lado de Israel, como poderia ter-se esperado. Assim, muitos não cumprem seu dever por medo aos problemas, o amor à co-modidade e o indevido afeto por seus negócios e vantagens mundanas. Os espíritos estreitos e egoístas não se cuidam pelo que aconteça a igreja de Deus, com tal de conseguir, guardar e poupar dinheiro. Todos buscam o seu próprio (Fp 2.21). algo pequeno lhes servirá de pretexto para ficar em casa aos que não têm a intenção de comprometer-se em serviços necessários, porque apresentam dificuldades e perigos. Pois não podemos manter-nos fora da luta entre o Senhor e seus inimigos; e se não nos metemos ativamente a fomentar Sua causa neste mundo mau, cairemos sob a maldição contra os operários da maldade. Ainda que não necessite de ajuda humana, contudo, Deus se agrada em aceitar os serviços dos que melhoram seus talen-tos para o progresso de Sua causa. Ele requer que cada homem faça isto.

Versículos 24-31Jael teve uma bênção especial. Os que lançam sua sorte na tenda, numa esfera baixa e es-

treita, se servem a Deus segundo os poderes que lhes deu, não perderão sua recompensa.A mãe de Sísera esperava seu regresso, não temendo nem minimamente por seu êxito.

Cuidemo-nos de abrigar desejos ardentes por algum bem temporal, particularmente em quanto a acariciar a vanglória, pois isso era o que aqui ela desejava.

Que quadro apresenta ela, de um coração ímpio e sensual! Quão vergonhosos e infantis são os desejos de uma mãe anciã e de seus assistentes para seu filho! Deste modo, Deus freqüen-temente arruína seus inimigos quando mais enchidos estão de orgulho.

Débora conclui com uma oração a Deus pela destruição de todos os inimigos e pelo consolo de todos seus amigos. Tal será a honra e o gozo de todos os que amam a Deus com sinceri -dade; para sempre brilharão como o sol no firmamento.

CAPÍTULO 6• Versículos 1-6 Israel oprimido pelos midianitas• Versículos 7-10 Um profeta repreende a Israel• Versículos 11-24 Gideão colocado para liberar a Israel• Versículos 25-32 Gideão destrói o altar de Baal• Versículos 33-40 Sinais dados a Gideão

Versículos 1-6O pecado de Israel se renovou e se repetiram as aflições de Israel. Todos os que pecam es-

perem sofrer.Os israelitas se ocultaram em cavernas e guaridas; tal foi o efeito de uma consciência

culpável. O pecado deprime os homens. Os invasores não deixaram comida para Israel, salvo a levada às cavernas. Prepararam para Baal aquilo com que deveriam ter servido a Deus, assim que agora Deus, justamente, envia um inimigo para tirá-lo deles na estação correspondente.

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Versículos 7-10Eles clamaram a Deus por um libertador e Ele lhes enviou um profeta para ensiná-los.

Quando Deus dá a nação ministros fiéis, é um sinal de que lhe tem reservada misericórdia. Os acusa de rebelião contra o Senhor; sua intenção é levá-los ao arrependimento. O arrependi-mento é real quando se lamenta a devassidão do pecado, como desobediência a Deus.

Versículos 11-24Gideão era um homem de espírito valente e esforçado, mas na escuridão de sua época; aqui

ele é estimulado a empreender algo grande. Era seguro que Jeová estava com ele, quando seu Anjo esteve com ele.

Gideão era de fé fraca, o qual lhe dificulta reconciliar a seguridade da presença de Deus com a aflição à qual está submetido Israel.

O Anjo responde a suas objeções. Lhe diz que se apresente e aja como o libertador de Israel, que não necessitava mais. O bispo Hall diz: Embora Deus qualifica de valente a Gideão, é Ele quem o faz assim. Deus se deleita em fazer progredir o humilde. Gideão deseja que sua fé seja confirmada. Agora, sob a influência do Espírito, nós não temos que esperar sinais ante nossos olhos como os que Gideão deseja aqui; antes devemos orar fervorosamente a Deus que, se temos achado graça ante seus olhos, Ele envie um sinal a nosso coração pela obra poderosa de seu Espírito.

O Anjo converteu a carne numa oferta apresentada pelo fogo; demonstrando assim que Ele não era homem que necessitasse carne, senão o Filho de Deus que seria servido e honrado pelo sacrifício e que, no cumprimento do tempo, se ofereceria a Si mesmo em sacrifício. Aqui se dá a Gideão um sinal de que tinha achado graça aos olhos de Deus. Desde que o homem tem estado exposto à ira e maldição de Deus, tem sido aterrador para ele uma mensagem do céu, porque dificilmente se atreve a esperar boas notícias de lá. Neste mundo é muito espan-toso ter qualquer relação com o mundo dos espíritos, ao qual somos tão alheios. O valor faltou a Gideão, mas Deus lhe falou de paz.

Versículos 25-32Veja-se aqui o poder da graça de Deus, que levantará um reformador; e a bondade de sua

graça que levantará o libertador da família de um líder da idolatria. Gideão não deve pensar que é suficiente não adorar nesse altar; deve demoli-lo e oferecer sacrifício num outro. Era necessário que fizesse a paz com Deus antes de ir à guerra contra Midiã. Enquanto o pecado não tenha sido perdoado pelo grande Sacrifício, não deve esperar-se nenhum bem. Deus, que tem todos os corações em sua mão, influi sobre Joás para que compareça em favor de seu filho contra os defensores de Baal, embora anteriormente se tiver unido ao culto de Baal. façamos nosso dever e confiemos a Deus nossa segurança.

Aqui há um desafio a Baal para que faça bem ou mal; o resultado convence a seus ado-radores de sua estultícia de pedir socorro àquele que não podia sequer vingar a si mesmo.

Versículos 33-40Os sinais são verdadeiramente miraculosos e muito significativos. Gideão e seus homens lu-

tariam contra os midianitas, poderia Deus distinguir entre um pequeno velo de lã de Israel e o extenso solo de Midiã? Se faz saber a Gideão que Deus podia fazê-lo. Desejava Gideão que o orvalho da graça divina descesse em particular sobre ele mesmo? Vê o velo de lã molhado pelo orvalho para dar-lhe seguridade. Deseja que Deus seja como o orvalho para todo Israel? Eis ali, todo o solo está úmido. Quanta causa temos nós, pecadores dos gentios, para abençoar o Sen-hor pelo fato de que o orvalho das bênçãos celestiais, uma vez limitado a Israel, agora é envi-ado a todos os habitantes da terra! Mas até os médios de graça se dão em diferentes medidas conforme com os propósitos de Deus. na mesma congregação, a alma de um homem é como o velo de lã umedecido de Gideão, o outro é como o solo seco.

CAPÍTULO 7• Versículos 1-8 Redução do exército de Gideão• Versículos 9-15 Gideão é alentado• Versículos 16-22 Derrota dos midianitas• Versículos 23-25 Os de Efraim tomam a Orebe e Zeebe

Versículos 1-8Deus faz provisão para que o louvor da vitória seja totalmente seu, indicando somente

trezentos homens para a luta.

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A atividade e a prudência vão junto com a dependência de Deus para que nos socorra em nossas justas empresas. Quando o Senhor vê que os homens vão se desentender dEle e, por incredulidade, vão evitar os serviços perigosos ou que, por orgulho, quereriam colocar-se em Sua contra, os deixa de lado e realiza sua obra com outros instrumentos. Muitos acharão pre-textos para desertar da causa e fugir da cruz. Porém, embora uma sociedade religiosa possa, assim, reduzir-se em número, ganhará, contudo, em pureza, e pode esperar uma bênção acrescentada de parte do Senhor. Deus escolhe empregar os que não somente estão bem afe-tados, senão zelosamente afetados por uma coisa boa.

Não murmuraram pela liberdade dos outros que foram dispensados. Ao cumprir os deveres requeridos por Deus, não devemos considerar o progresso ou retraso dos outros, nem o que fazem, senão o que Deus espera de nossas mãos. É raro encontrar uma pessoa que possa tol-erar que os outros a superem em dons, bênçãos ou liberdade; de modo que podemos dizer que é pela graça especial de Deus que consideramos o que Deus nos diz e não atentamos para o que fazem os homens.

Versículos 9-15O sonho parecia ter pouco significado em si mesmo, mas a interpretação demonstrou evi-

dentemente que todo era do Senhor, e descobriu que o nome de Gideão tinha enchido de ter-ror os midianitas. Gideão tomou isto como sinal seguro do êxito; sem demora adorou e louvou a Deus, e regressou com confiança a seus trezentos homens. onde quer que estejamos, pode-mos falar a Deus e adorá-lo. Deus deve ter o louvor pelo que estimula nossa fé. deve recon-hecer-se sua providência nos sucessos, embora sejam pequenos e aparentemente acidentais.

Versículos 16-22O método para derrotar os midianitas pode ser tomado como exemplo da destruição do

reino do diabo no mundo, pela predicação do evangelho eterno, o tocar a trombeta, e o mostrar a luz que sai dos vasos de barro, pois tais são os ministros do Evangelho (2 Co 4.6-7). Deus escolheu o néscio do mundo para confundir o sábio, um pão de cevada para derrotar as tendas de Midiã, para que a excelência do poder seja somente de Deus. o evangelho é uma es-pada, não na mão, senão na boca: a espada do Senhor e de Gideão, de Deus e de Jesus Cristo, dAquele que se assenta no trono e o Cordeiro.

Os ímpios costumam ser levados a vingarem a causa de Deus sobre outrem, sob o poder de seus enganos e a fúria de suas paixões. Veja-se também como Deus, freqüentemente, faz que os inimigos da igreja sejam instrumento para que se destruam uns aos outros; é uma pena que os amigos da igreja devam às vezes agir como eles.

Versículos 23-25Dois comandantes principais das hostes de Midiã foram capturados e mortos pelos homens

de Efraim. Resultaria desejável que todos nós fizéssemos como eles, e que onde se necessitar ajuda, que esta fosse pronta e voluntariamente dada por outro. E que, quando começamos algo excelente e proveitoso, estivéssemos dispostos a termos colaboradores para terminar e aperfeiçoar aquilo e não, como comumente acontece, estorvar-nos uns a outros.

CAPÍTULO 8• Versículos 1-3 Gideão pacifica a Efraim• Versículos 4-12 Sucote e Peniel recusam aliviar a Gideão• Versículos 13-17 Sucote e Peniel castigados• Versículos 18-21 Gideão vinga a seus irmãos• Versículos 22-28 Gideão não aceita o governo, porém dá ocasião à idolatria• Versículos 29-35 A morte de Gideão – A ingratidão de Israel

Versículos 1-3Os que não tentam nem se aventuram em nada para a causa de Deus, são os mais prestes

a censurar e disputar com os que são de espírito mais zeloso e empreendedor. Os mais preguiçosos para os serviços difíceis, são os que mais se iram por não receber reconhecimento. Gideão surge aqui como grande exemplo de abnegação e nos demonstra que a inveja se elim-ina melhor com a humildade. Os homens de Efraim expressaram suas paixões com uma liber-dade muito errada para falar, sinal certo de uma causa fraca: a razão voa baixo quando a repreensão voa alto.

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Versículos 4-12Os homens de Gideão estavam esgotados, mas prosseguiram; fatigados com o que tinham

feito, porém ansiosos por fazer mais contra seus inimigos. Muitas vezes é assim o caso do cristão verdadeiro, desfalecente, mas continua avançando. O mundo muito pouco sabe da luta perseverante e bem-sucedida que livra o crente verdadeiro com seu coração pecador. Mas ele se remete a essa força divina em cuja fé começou seu conflito, e por cuja só convicção pode terminar com triunfo.

Versículos 13-17Os servos ativos do Senhor enfrentam-se com uma oposição mais perigosa de parte dos fal-

sos mestres que dos inimigos francos; contudo, não devem preocupar-se pela conduta dos que são israelitas de nome, porém midianitas de coração. Devem perseguir os inimigos de sua alma e da causa de Deus, embora estejam a ponto de desmaiar pelos conflitos internos e pelas dificuldades externas. E serão capacitados para perseverar. Quanto menos ajudem os homens e mais procurem estorvar, mais ajudará o Senhor.

Sendo desprezada a advertência de Gideão, o castigo foi justo. Muitos aprendem com os abrolhos e espinhos da aflição o que não aprenderam de outro jeito.

Versículos 18-21Era necessário enfrentar os reis de Midiã.Quando se confessaram culpáveis do assassinato, Gideão agiu como o vingador do sangue,

já que era o parente mais próximo das pessoas assassinadas. Não pensaram eles que tinham ouvido disto fazia muito tempo, já que o homicídio rara vez fica impune nesta vida. Deve-se render conta a Deus dos pecados que o homem tem esquecido há muito tempo. que pobre consolo existe em esperar sofrer menos dor na morte, e morrer com menos desgraça que out-ros! Mas muitos estão mais ansiosos por estes aspectos que pelo futuro juízo e o que se seguirá.

Versículos 22-28Gideão recusou o governo que o povo lhe ofereceu. Nenhum homem bom se agradaria com

alguma honra conferida a ele, daquela que só pertence a Deus.Gideão pensou conservar a lembrança desta vitória com um éfode feito do melhor dos de-

spojos. Provavelmente este éfode tinha colado, como era habitual, um terafim, e Gideão pre-tendeu que isso seria um oráculo para consulta. Muitos são levados por caminhos errados por um único mau passo de um homem bom. Se tornou em armadilha para o próprio Gideão, e re-sultou ser a ruína da família. Com quanta rapidez os ornamentos que alimentam a concupis-cência dos olhos e formam a soberba da vida, tendem assim também às concupiscências da carne, envergonhando os que os apreciam!

Versículos 29-35Assim que morreu Gideão, que manteve o povo adorando o Deus de Israel, estes se viram

sem restrições; então, foram após os baalins, e não se mostraram bondosos com a família de Gideão. Não surpreende que os que esquecem a seu Deus olvidem também seus amigos. To-davia, cientes de nossa própria ingratidão para com o Senhor, e observando a da humanidade em geral, devemos aprender a sermos pacientes em qualquer classe de repercussões perver-sas que achemos por nossos maus serviços e resolver, conforme ao exemplo divino, não ser-mos derrotados pelo mal, senão vencer o mal com o bem.

CAPÍTULO 9• Versículos 1-6 Abimeleque assassina seus irmãos e é feito rei• Versículos 7-21 Jotão repreende os homens de Siquém• Versículos 22-29 Os homens de Siquém conspiram contra Abimeleque• Versículos 30-49 Abimeleque destrói a Siquém• Versículos 50-57 Abimeleque assassinado

Versículos 1-6Os homens de Siquém escolheram como rei a Abimeleque. Não consultaram a Deus se eles

deviam ter rei ou não, e muito menos quem deveria ser.Se os pais pudessem ver o que farão os filhos, e o que sofrerão, o gozo por eles se tornaria

amiúde em tristeza: podemos estar agradecidos de não saber o que acontecerá. Por acima de todo, devemos temer e vigiar contra o pecado, pois nossa conduta iníqua. Pode produzir efeitos fatais em nossa família, quando nós já estejamos em nosso túmulo.190

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Versículos 7-21Não houve ocasião para que as árvores escolhessem um rei, pois todas são árvores do Sen-

hor, que Ele semeou. Tampouco houve ocasião para que Israel impusesse um rei sobre eles, pois o Senhor era o Rei deles. Os que dão fruto para o bem público são justamente respeitados e honrados por todos os sábios, mais que os que são uma figura.

Todas as árvores frutíferas deram a mesma razão para rejeitar sua nomeação por acima das outras árvores; ou, como diz um nota marginal, subir e descer pelas árvores. Governar exige de um homem muito esforço e cuidado. Os favoritos da confiança e do poder público devem re-nunciar a todos seus interesses e vantagens particulares pelo bem dos outros. os que têm sido ascendidos a cargos de honra e dignidade, correm o grande risco de perder sua capacidade de dar fruto. Razão pela qual os que desejam agir vida temem ser demasiado grandes.

Jotão compara a Abimeleque com uma sarça, planta sem valor, cujo fim é ser queimada. Tal era Abimeleque.

Versículos 22-29Abimeleque se assenta no trono que seu pai rejeitou. Porém, quanto dura esta glória? Per-

manece só três anos e vê que a sarça murcha e é queimada. A prosperidade do ímpio é breve e frágil. Os homens de Siquém foram dizimados não por outra mão que a de Abimeleque. Os que o elevaram injustamente no trono, são os primeiros em sentir o peso de seu cetro.

Versículos 30-49Abimeleque pretendeu castigar os de Siquém por lhe faltarem o respeito agora, mas Deus

os castigou por tê-lo servido anteriormente, ao assassinar os filhos de Gideão. Quando Deus usa os homens como instrumentos de Sua mão para realizar Sua obra, Ele significa uma coisa e eles, outra. De modo que o que esperavam fosse um bem para eles, resulta ser uma ar-madilha e um laço, como acharão certamente os que correm aos ídolos a refugiar-se, refúgio que resulta ser um esconderijo de mentiras.

Versículos 50-57Os de Siquém foram arruinados por Abimeleque; agora ele se vê enfrentado a eles como

seu líder na infâmia. O mal persegue os pecadores e, às vezes, os supera quando não só estão tranqüilos, senão triunfantes. Embora a maldade possa prosperar por um tempo, não prosper-ará para sempre.

Se a história da humanidade for contada com veracidade, se pareceria muito à deste capí-tulo. O registro dos que se qualificam de sucessos esplêndidos nos apresentam este tipo de luta pelo poder. Tais cenas, embora elogiadas pelos homens, explicam totalmente a doutrina bíblica do enganoso e perverso do coração do homem, a força das luxúrias humanas e o efeito da influência de Satanás. Senhor, tu nos deste Tua palavra de verdade e justiça; oh, derrama teu Espírito de pureza, paz e amor sobre nós, e que escreva tuas santas leis em nosso coração!

CAPÍTULO 10• Versículos 1-5 Tola e Jair, juízes de Israel• Versículos 6-9 Os filisteus e os amonitas oprimem a Israel• Versículos 10-18 O arrependimento de Israel

Versículos 1-5Os reinos tranqüilos e pacíficos, embora sejam os melhores para viver, dão pouco que falar.

Tais foram os dias de Tola e de Jair. Eles foram homens humildes, ativos e úteis, governadores nomeados por Deus.

Versículos 6-9Agora se cumpre a ameaça de que os israelitas não teriam poder para resistir ante seus in-

imigos (Lv 26.17,37). Por seus maus caminhos e suas mas obras se buscaram isto para si mes-mos.

Versículos 10-18Deus é capaz de multiplicar os castigos dos homens conforme ao número de seus pecados e

ídolos. Mas há esperança quando os pecadores clamam ao Senhor pedindo socorro e lamentam sua impiedade, assim como suas transgressões mais flagrantes. É necessário que, no ver-dadeiro arrependimento, exista uma plena convicção de que não podem ajudar-nos as coisas que colocamos para que compitam com Deus.

Reconhecem o que mereciam, embora rogaram a Deus que não os tratasse conforme a seus méritos. Devemos submeter-nos à justiça de Deus com esperança em Sua misericórdia. O ver-

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dadeiro arrependimento não é só pelo pecado, senão do pecado. como a desobediência e a desgraça de uma criança são dor para um pai tenro, assim as provocações do povo de Deus são uma tristeza para Ele. nunca pode procurar-se em vão misericórdia de parte dEle. Então que o pecador tremente e o descaminhado, quase desesperado, deixem de debaterem sobre os propósitos secretos de Deus nosso Salvador, se humilhem sob Sua mão, procurem ser liber-ados dos poderes das trevas, se afastem do pecado e das ocasiões de pecar, usem os médios de graça com diligência e esperem o tempo do Senhor, e assim, certamente, se regozijarão em Sua misericórdia.

CAPÍTULO 11• Versículos 1-11 Jefté e os gileaditas • Versículos 12-28 Ele tenta fazer a paz• Versículos 29-40 O voto de Jefté – Vence aos amonitas

Versículos 1-11Os homens não devem levar a culpa de seus pais, sempre que sua vida não seja digna de

repreensão. Deus tinha perdoado a Israel, portanto, Jefté perdoa. Não fala com confiança de seu êxito sabendo com quanta justiça Deus poderia deixar que prevalecessem os amonitas para prolongar o castigo de Israel. Tampouco fala com confiança de si mesmo, para nada. Se triunfar, é o Senhor que os entregará em sua mão; por isso lembra a seus companheiros que atentem para Deus como o doador da vitória. A mesma pergunta se apresenta aos que dese-jam a salvação em Cristo. Se Ele te salva, você está disposto a que Ele te governe? Ele não te salvará sob nenhuma outra condição. Se te faz feliz, te fará santo? Se for teu ajudador, será tua Cabeça?

Jefté estava disposto a expor sua vida para obter um pouco de honra mundana. Nos desen-corajaremos em nossa guerra cristã pelas dificuldades com que possamos encontrar-nos, quando Cristo tem prometido uma coroa de vida aos vencedores?

Versículos 12-28Um exemplo da honra e respeito que devemos a Deus, por ser nosso Deus, é utilizar corre-

tamente o que nos dá como possessão. Receba-o dEle, use-o para Ele e deixe-o quando Ele o pedir. toda esta mensagem mostra que Jefté conhecia bem os livros de Moisés. seu argumento foi claro e sua demanda, razoável. Os que possuem a fé mais valorosa são os mais dispostos para a paz, e os mais prestes a realizar progressos para sua obtenção; porém a rapacidade e a ambição comumente escondem seus propósitos de uma alegação de eqüidade, e tornam es-téreis os esforços pacificadores.

Versículos 29-40Existem várias lições importantes que aprender do voto de Jefté:1) Pode haver vestígios de desconfiança e dúvida até nos corações dos crentes verdadeiros

e grandes.2) Nossos votos a Deus não devem ser a compra do favor que desejamos, senão para ex-

pressarmos nossa gratidão.3) Devemos estar bem despertos ao fazer um voto, para não enredar-nos.4) Devemos cumprir o que tenhamos empenhado como voto solene a Deus, se for possível e

legal, embora nos resulte difícil e triste.5) Corresponde bem que os filhos, obediente e alegremente, se submetam no Senhor a seus

pais.É duro dizer o que fez Jefté para cumprir seu voto, porém se pensa que não ofereceu sua

filha em holocausto. Tal sacrifício teria sido uma abominação para o Senhor; se supõe que a obrigou a permanecer solteira e afastada de sua família. Acerca de esta e de outras passagens da história sagrada, em que homens doutos estão divididos e inseguros, não temos que con-fundir-nos; o que é necessário para nossa salvação está suficientemente claro, graças a Deus.

Se o leitor lembrar a promessa de Cristo referida à doutrina do Espírito Santo, e se colocar sob este Mestre celestial, o Espírito Santo o guiará a toda verdade em cada passagem, na me-dida em que seja necessário entendê-la.

CAPÍTULO 12• Versículos 1-7 Os de Efraim pelejam com Jefté• Versículos 8-15 Ibzã, Elom e Abdom, juízes de Israel

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Versículos 1-7Os homens de Efraim tiveram a mesma briga com Jefté que com Gideão. O orgulho estava

no fundo da disputa; somente pelo orgulho há contenda. É errado dar nomes de repreensão às pessoas ou aos países, como se faz comumente, em especial aos que estão em desvantagem evidente. Volta e meia ocasiona brigas que resultam ter más conseqüências, como aconteceu aqui. Nenhuma contenda é tão amarga como a dos irmãos ou rivais pela honra. Quanto neces-sitamos vigiar e orar pelos maus temperamentos! Que o Senhor incline a todo seu povo a ir em pós das coisas que servem para a paz!

Versículos 8-15Aqui temos um relato curto de três juízes mais de Israel. A vida mais ditosa das pessoas e o

estado mais feliz da sociedade é o que permite que aconteçam os sucessos menos notáveis. Viver com mérito e tranqüilidade, ser pacificamente útil para os que nos rodeiam, possuir uma consciência limpa mas, sobre tudo, e sem o qual nada serve de nada, desfrutar da comunhão com Deus nosso Salvador enquanto vivamos, e morrer em paz com Deus e o homem, formam a substância de todo o que possa desejar um homem sábio.

CAPÍTULO 13• Versículos 1-7 Os filisteus – Sansão é anunciado• Versículos 8-14 O anjo se aparece a Manoá • Versículos 15-23 O sacrifício de Manoá • Versículos 24-25 Nascimento de Sansão

Versículos 1-7Israel fez o mal; então Deus os voltou a entregar em mãos dos filisteus. Sansão nasceu

quando Israel estava afligida. Seus pais estavam sem filhos fazia muito tempo. muitas pessoas eminentes nasceram de tais mães. As misericórdias longamente esperadas costumam acabar sendo sinais de misericórdias; e por elas os outros podem cobrar ânimos para continuar es-perando na misericórdia de Deus.

O anjo adverte a aflição dela. Muitas vezes Deus envia consolo a seu povo muito oportuna-mente, quando eles sentem o máximo de seus problemas. O libertador de Israel deve ser con-sagrado a Deus.

A esposa de Manoá ficou satisfeita de saber que o mensageiro era de Deus. deu a seu es-poso um relato particular, juntamente com a promessa e o preceito. Os esposos e as esposas devem contar-se mutuamente suas experiências de comunhão com Deus e o crescimento no conhecimento dEle, para que possam ajudar-se no caminho do que é santo.

Versículos 8-14Bem-aventurados os que não o viram e, contudo, como Manoá, creram. Os homens bons

têm mais cuidado e desejo de conhecer o dever que devem cumprir que saber os detalhes a respeito: o dever é nosso, os fatos são de Deus. Ele guiará por seu conselho aos que desejem conhecer seu dever e que apelam a Ele para que o ensine a eles. Os pais piedosos pedirão em forma especial a assistência divina. O anjo repete as instruções que tinha dado antes. Se pre-cisa sumo cuidado para o correto ordenamento de nós e de nossos filhos, para que sejamos de-vidamente separados do mundo, e sejamos sacrifícios vivos para o Senhor.

Versículos 15-23A Manoá lhe foi dito prontamente o que perguntou como instrução para cumprir seu dever,

mas lhe foi negado o que perguntou para satisfazer sua curiosidade. Deus dá em sua Palavra instruções completas acerca de nosso dever, porém nunca teve o propósito de responder outra classe de perguntas. Há coisas secretas que não nos correspondem, as quais devemos estar contentes de ignorar enquanto estejamos neste mundo. O nome de nosso Senhor é maravil-hoso e secreto, porém por suas obras maravilhosas Ele se dá a conhecer na medida em que for necessário para nós.

A oração é elevar a alma a Deus. Mas sem Cristo por fé no coração, nosso serviço é fumaça escandalosa; nEle, é chama aceitável. Podemos aplicar isto ao sacrifício de Cristo por nós; Ele ascendeu na chama de sua própria oferta, pois por seu sangue entrou de uma vez por todas no Lugar Santíssimo (Hb 9.12).

Nas reflexões de Manoá há grande temor: seguramente morreremos. Na reflexão de sua es-posa há grande fé. como sua ajuda idônea, ela lhe dá ânimo. Que os crentes que tiveram co-munhão com Deus na Palavra e a oração, aos que Ele se manifestou bondosamente, e tiveram razão para pensar que Deus aceitou suas obras, se sintam animados num dia escuro e

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nublado. Deus não teria feito o que fez por minha alma, se seu desígnio fosse desamparar-me e deixar-me perecer afinal, porque sua obra é perfeita. Aprendam a arrazoar como a esposa de Manoá: se Deus quiser minha morte sob sua ira, não me daria sinais de Seu favor.

Versículos 24-25O Espírito do Senhor começou a mover a Sansão quando era jovem. Isto era prova de que o

Senhor o abençoava. Onde Deus dá sua bênção, dá seu Espírito para que capacite para sua bênção. São certamente bem-aventurados aqueles nos que o Espírito de graça começa a op-erar desde os dias de sua infância.

Sansão não bebida vinho nem sidra, mas se destacava em força e valor, pois tinha Espírito de Deus que o movia; portanto, não se embriaguem com vinho, antes sejam cheios do Espírito.

CAPÍTULO 14• Versículos 1-4 Sansão deseja uma esposa filistéia • Versículos 5-9 Sansão mata um leão• Versículos 1-20 O enigma de Sansão

Versículos 1-4Já que o matrimônio de Sansão era coisa comum, era fraqueza e tolice de sua parte pôr seus

afetos numa filistéia. Um israelita, e mais ainda um nazireu consagrado ao Senhor, pode ter anelo de chegar a ser um com uma adoradora de Dagom? Não parece que Ele tivesse alguma razão para pensar que ela era sabia e virtuosa ou, em alguma forma, fosse uma provável ajuda idônea para ele; somente viu nela algo que agradou sua imaginação. Quem se guia somente pelo que vê ao escolher esposa, e for dirigido por sua fantasia caprichosa, depois terá de agradecer só a si mesmo quando se encontrar com uma filistéia em seus braços.

Todavia, Sansão agiu bem no fato de ter dado a conhecer a seus pais acerca do assunto. Os filhos não devem casar-se, nem sequer pensar a esse respeito, sem o conselho e consenti-mento de seus pais. Os pais de Sansão fizeram bem em dissuadi-lo de unir-se em jugo desigual com uma incrédula.

Parece que aprouve a Deus deixar que Sansão seguisse suas próprias inclinações, com a in-tenção de obter algo bom de sua conduta; e seus pais consentiram porque ele estava decidido. Contudo, seu exemplo não ficou registrado para que nós o imitemos.

Versículos 5-9Ao dar poder para matar o leão, Deus fez saber a Sansão o que podia fazer com o poder do

Espírito de Jeová, e que não tivesse medo jamais de olhar direto à cara as dificuldades maiores. Estava somente caminhando pelos vinhedos. A gente jovem não considera quanto se expõem ao leão rugidor que anda buscando a quem devorar, quando se afastam da prudência e piedade de seus pais. Tampouco os homens consideram os leões que podem estar a espreita nos vinhedos do vinho que brilha vermelho. Tendo vencido nosso Senhor Jesus a Satanás, esse leão rugidor, os crentes como Sansão encontram mel no cadáver, força e satisfação abun-dantes, suficientes para eles e para todos seus amigos.

Versículos 10-20O enigma de Sansão literalmente não significa outra coisa senão que Ele tinha achado mel

para comer e gostar no leão, que em sua força e fúria estava prestes a devorá-lo. porém parece aludir diretamente à vitória de Cristo sobre Satanás, por meio de sua humilhação, ago-nia e morte, e sua exaltação subseqüente, com a glória que tinha do Pai, e as vantagens espiri -tuais para seu povo. Até a morte, monstro devorador, despojada de seu aguilhão e de seu hor-ror, leva a alma ao reino da bênção. Neste e em outros sentidos, do devorador saiu comida, e do forte, doçura.

Os companheiros de Sansão obrigaram a sua esposa que conseguisse de parte dele a expli-cação. Uma esposa mundana ou uma amizade mundana, é para um homem santo um inimigo em seu campo, que buscará toda oportunidade para traí-lo. Nenhuma união pode ser cômoda ou duradoura, se não podem confiar-se segredos, sem risco de que a outra parte os divulgue.

Satanás, com suas tentações, não poderia fazer-nos o dano que nos faz se não arasse com o boi de nossa natureza corrupta. Sua principal vantagem contra nós surge de sua correspondên-cia com nosso coração enganoso e nossa luxúria inata.

Isto resultou ser ocasião de afastar a Sansão de seus novos parentes. Bom seria para nós se a maldade que encontramos no mundo e nossa desilusão nos obrigassem, por fé e oração, a voltar à casa de nosso Pai e repousar ali. Veja quão pouca é a confiança que se pode ter num homem. Qualquer tenha sido a pretensão de amizade feita, o verdadeiro filisteu logo se cansará de um verdadeiro israelita.

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CAPÍTULO 15• Versículos 1-8 É negada sua esposa a Sansão – Ataca aos filisteus • Versículos 9-17 Sansão mata mil filisteus com uma queixada • Versículos 18-20 Seu mal-estar pela sede

Versículos 1-8Quando há diferenças entre familiares, contem-se como os mais sábios e os melhores, os

que estão mais dispostos a perdoar e a esquecer e se mostram mais dispostos a inclinar-se e a ceder em aras da paz. Nos médios que Sansão empregou devemos observar o poder de Deus para supri-los e fazê-los triunfar, para mortificar o orgulho e castigar a maldade dos filisteus. Estes ameaçaram a esposa de Sansão que a queimariam a ela e a casa de seu pai. Para salvar-se e fazê-lhe um serviço a seus compatriotas, ela traiu a seu marido; e o mesmo que temia, e que procurou evitar pecando, lhe sobreveio! Ela e a casa de seu pai foram queimadas com fogo por seus compatriotas, aos que ela acreditou servir com o mal que fez a seu esposo. O dano do qual procuramos escapar por práticas ilícitas, freqüentemente o acarretamos sobre nossa própria cabeça.

Versículos 9-17O pecado deprime os homens e oculta de seus olhos as coisas que pertencem a sua paz. Os

israelitas culparam a Sansão pelo que tinha feito contra os filisteus, como se lhes tivesse cau-sado um grande dano. Do mesmo modo, nosso Senhor Jesus fez muitas coisas boas e por elas os judeus estavam dispostos a apedrejá-lo. quando o Espírito do Senhor desceu sobre Sansão, se soltaram as cordas: onde está o Espírito do Senhor há liberdade e são verdadeiramente livres os que assim foram liberados. Deste modo, Cristo triunfou sobre as potestades das trevas que clamavam em sua contra, como se o tivessem em seu poder.

Sansão ocasionou muita destruição entre os filisteus. Tomar o osso de um jumento para isto, era fazer maravilhas com as coisas néscias do mundo, para que a excelência do poder seja de Deus, não do homem. Esta vitória não foi a causa da arma, nem pelo braço, senão no Espírito de Deus que moveu a arma por meio do braço. Podemos fazer todo por médio do que nos fort-alece. Vejam a um pobre cristão capacitado para vencer uma tentação por um conselho fraco e frágil, e eis ali o filisteu vencido por uma miserável queixada.

CAPÍTULO 16• Versículos 1-3 Fuga de Sansão desde Gaza• Versículos 4-17 Sansão seduzido para que revele o segredo de sua força• Versículos 18-21 Os filisteus levam a Sansão e lhe tiram os olhos• Versículos 22-24 Renovação da força de Sansão• Versículos 25-31 Destruição de muitos filisteus

Versículos 1-3Até agora o caráter de Sansão tem parecido glorioso, embora pouco comum. Neste capítulo

o achamos comportando-se em forma tão perversa que muitos se questionam se era ou não um homem santo. Mas o apóstolo tem dirimido esta questão em Hb 11.32. ao dirigir nossa atenção às doutrinas e exemplos da Escritura, aos artifícios de Satanás, ao enganoso do coração humano e aos métodos com que freqüentemente o Senhor trata a seu povo, podemos aprender lições úteis desta história, na qual desnecessariamente tropeçam alguns, enquanto outros criticam e objetam. O tempo específico em que viveu Sansão pode dar razão de muitas coisas que, se forem feitas em nossa época, e sem o desígnio especial do Céu, seria altamente criminosas. Pode que Ele tenha feito muitos exercícios piedosos que, se registrados, tivessem lançado uma luz diferente a seu caráter.

Observe-se o perigo de Sansão. Oh, que todos os que satisfazem seus apetites sensuais com bebedices ou qualquer outra luxúria sensual se vejam a si mesmos deste modo rodeados, ven-cidos e marcados para o desastre por seus inimigos espirituais! Quanto mais profundo dur-mam, mais seguros se sentem, porém maior é seu perigo. Esperamos que fosse com uma res-olução piedosa de não tornar a seu pecado que ele se levantou por meio do perigo em que es -tava. Posso eu estar a salvo sob esta culpa? Foi mau que ele se deitasse a dormir sem contro-lar sua situação; porém, teriam sido pior se tiver permanecido tranqüilo.

Versículos 4-17Sansão tinha sido levado mais de uma vez à maldade e ao perigo por amor das

mulheres,contudo, não aprendeu de tais advertências, e pela terceira vez caiu na mesma ar-195

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madilha, que desta vez foi fatal. A libertinagem é uma das coisas que tira o coração. É um poço profundo em que muitos caíram, e do qual poucos escaparam, e esses por um milagre de mis-ericórdia, com a perda de sua reputação e a inutilidade quase completa, exceto de sua alma. A angústia do sofrimento é dez mil vezes maior que todos os prazeres do pecado.

Versículos 18-21Veja-se os efeitos fatais da fala seguridade. Satanás destrói os homens elogiando-os para

que adquiram uma boa opinião de sua própria firmeza e, assim, os leva a que nada lhes im-porte e nada temam; e, então, lhes rouba sua força e honra, e os leva cativos a sua vontade. Quando dormimos, nossos inimigos espirituais não dormem. Os olhos de Sansão foram a en-trada de seu pecado (versículo 1), e agora seu castigo começa pelos olhos. Os filisteus o deixaram cego e teve tempo para lembrar que sua própria luxúria o havia cegado antes. A mel-hor forma de preservar os olhos é tirá-los da vaidade que contempla. Aprendam de sua queda; vigiem cuidadosamente contra todas as concupiscências carnais; porque toda nossa glória se vai e nossa defesa nos abandona quando profanamos nossa separação para Deus, em nossa qualidade de nazireus espirituais.

Versículos 22-24As aflições de Sansão foram o médio de levá-lo ao arrependimento profundo. Ao perder sua

visão corporal, se abriram os olhos de seu entendimento, e ao privá-lo de sua força corporal, aprouver a Deus renovar sua força espiritual. O Senhor permite que uns poucos se descamin-hem longe e afundem profundamente, mas no final os recupera e os salva de afundarem no abismo da destruição, marcando seu desagrado pelo pecado com graves sofrimentos tempo-rais. Os hipócritas podem abusar destes exemplos, e os infiéis podem zombar deles, porém os cristãos verdadeiros se farão por eles mais humildes, dispostos a vigiar e a serem prudentes, mais simples em sua confiança no Senhor, mais fervorosos para orar pedindo serem guardados de cair, e no louvor por terem sido preservados; e, se caírem, serão guardados para que não afundem no desespero.

Versículos 25-31Nada completa os pecados de uma pessoa ou um povo com maior velocidade que zombar

dos servos de Deus e maltratá-los, embora a causa seja sua própria estultícia. Deus pôs no coração de Sansão, como personagem público, vingar deste modo neles a luta de Deus, de Is-rael e a sua. A força perdida pelo pecado foi recuperada pela oração. Isto não foi por paixão nem vingança pessoal, senão por santo zelo pela glória de Deus e Israel, o que fica claro pelo fato de que Deus aceita e responde a sua oração.

O templo é derrubado, não pela força natural de Sansão, senão pela onipotência de Deus. em seu caso esteve bem que ele vindicasse a causa de Deus e Israel. Não deve ser acusado de suicida. Não procurava sua morte, senão a liberação de Israel e a destruição de seus inimigos.

Sansão morreu acorrentado e entre os filisteus, como espantosa rejeição de seus pecados, porém morreu arrependido. Os efeitos de sua morte tipificam os da morte de Cristo que, por sua própria vontade, pôs sua vida entre transgressores e desse modo destruiu o fundamento do reino de Satanás, e proveu para a libertação de Sua gente. Embora foi grande o pecado de Sansão, e ainda que mereceu os juízos que se acarretou, finalmente achou misericórdia do Senhor; e todo penitente que fuja a refugiar-se no Salvador cujo sangue limpa de todo pecado, obterá misericórdia. Mas aqui nada há que estimule a ceder ao pecado: com a esperança eles finalmente se arrependerão e serão salvos.

CAPÍTULO 17• Versículos 1-6 O começo da idolatria em Israel – Mica e sua mãe• Versículos 7-13 Mica contrata a um levita para que seja seu sacerdote

Versículos 1-6O que se relata neste capítulo e nos restantes até o final deste livro aconteceu pouco depois

da morte de Josué (veja-se capítulo 20.28). Para destacar o feliz que era a nação sob os Juízes, se mostra quão infelizes eram quando não havia Jz. O amor pelo dinheiro fez tão irresponsável a Mica para com sua mãe que lhe roubou e ela ficou tão perversa com seu filho como para amaldiçoá-lo. as perdas externas guiam a gente boa a orar, mas aos malvados, a amaldiçoar. A prata desta mulher já era seu deus antes que fosse feita imagem esculpida ou fundida.

Mica e sua mãe ficaram de acordo para converter seu dinheiro num ídolo e instauraram o culto aos ídolos em sua família.

Perceba-se a causa desta corrupção. Cada um fazia o que bem entendia, e logo fizeram o mau ante os olhos do Senhor.196

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Versículos 7-13Mica interpretou como sinal do favor de Deus para ele e suas imagens a chegada de um

levita a sua porta. Deste modo, os que se comprazem em seus enganos, se a providência traz inesperadamente a suas mãos algo que os adentra ainda mas em seu mau caminho, são dados a pensar que Deus está comprazido com eles.

CAPÍTULO 18Os danitas procuram aumentar sua herança e roubam a Mica

Os danitas decidiram levar os ídolos de Mica. Oh, a estultícia destes danitas! Como po-diam imaginar que os ídolos os protegeriam se não podiam evitar que os roubassem! Levá-los consigo para usá-los era um duplo delito; demonstrava que não temiam a Deus, nem re-speitavam a homem algum, senão que estavam perdidos ao mesmo tempo para a santidade e para a honestidade. Que tolice a de Mica, chamar deuses ao que ele mesmo tinha feito, quando o Único que deve ser adorado por nós como Deus é Aquele que nos fez! Aquilo pelo qual nos afanamos é colocado no lugar de Deus, como se nosso todo estiver unido a isso. se a gente anda no nome de seus deuses falsos, muito mais deveríamos nós amar e servir o Deus verdadeiro!

CAPÍTULO 19A maldade dos homens de Gibeá

Os três capítulos restantes deste livro têm um relato muito triste da perversidade dos homens de Gibeá, no território de Benjamim. O justo Senhor permite que os pecadores exe-cutem justa vingança uns contra outros, e se a cena que aqui se descreve é horrível, como serão as revelações do dia do juízo! Que cada um de nós considere como escapar da ira vin-doura, como mortificar os pecados de nosso coração, como resistir as tentações de Satanás e como evitar a imundícia que há no mundo.

CAPÍTULO 20A tribo de Benjamim é quase exterminada

O aborrecimento dos israelitas pelo crime cometido em Gibeá e a resolução de castigar os criminosos era justo; mas tomaram sua decisão com demasiada pressa e confiança em si mes-mos. A ruína eterna das almas será pior e mais temível que a desolação de uma tribo.

CAPÍTULO 21Os israelitas choram pelos de Benjamim

Israel chora pelos de Benjamim, e estavam confundidos por seu juramento de não darem suas filhas em matrimônio a eles. Os homens são mais zelosos para respaldar sua própria au-toridade que a de Deus. teria sido mulher arrepender-se de seu juramento precipitado, trazer ofertas pelo pecado, e procurar o perdão na forma prescrita, que tratar de evitar a culpa do perjúrio com ações tão malvadas. Que os homens se aconselhem mutuamente para cometer atos de traição ou violência, por sentido do dever, constitui uma firme prova da cegueira da mente humana, quando deixada livrada a si mesma, e dos efeitos fatais da consciência sub-metida à ignorância e ao erro.

RUTE

Neste livro encontramos exemplos excelentes de fé, piedade, paciência, humildade, labo-riosidade e benignidade, nos fatos comuns da vida. Vemos também o cuidado especial que a providência de Deus tem de nossos interesses menores, alentando-nos a confiar plenamente nEle. Podemos ver este livro como uma bela, pelo natural, representação da vida humana; como um detalhe curioso de feitos importantes e como parte do plano de redenção.

CAPÍTULO 1• Versículos 1-5 Elimeleque e seus filhos morrem na terra de Moabe

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• Versículos 6-14 Noemi regressa a sua pátria• Versículos 15-18 Orfa fica, porém rute vai com Noemi• Versículos 19-22 Chegada a Belém

Versículos 1-5Não se pode culpar a Elimeleque de falta de cuidado para prover a sua família, mas não

pode justificar que fosse a Moabe essa mudança terminou no desastre de sua família. É néscio pensar em escapar da cruz que se põe em nosso caminho para que a tomemos. Mudar de lugar não é consertar as coisas. Os que levam a gente jovem a más companhias e os desviam do caminho das ordenanças públicas, ainda que pensem que o fazem por boas razões, e armados contra a tentação, não sabem qual será o final. Não parece que as mulheres com que casaram os filhos de Elimeleque fossem prosélitos da religião judaica.

As provações ou os prazeres terrenos são de breve duração. A morte se leva continuamente aos de toda idade e situação, e estraga todas nossas consolações externas: nunca preferire-mos em excesso as vantagens que durarão eternamente.

Versículos 6-14Depois da morte de seus dois filhos, Noemi começou a pensar em regressar. Quando chega

a morte a uma família, deve reformar o que estiver errado. A terra se nos faz amarga para que amemos o céu. Noemi parece ter sido pessoa de fé e piedosa. Se despede de suas noras com oração. Muito apropriado para os amigos, quando se separam, separar-se com oração. Ela as despediu afetuosamente. Se os familiares devem separar-se, que o façam com amor.

Fez bem Noemi em desanimar suas noras a que fossem com ela, quando poderia tê-las sal-vado da idolatria de Moabe e levá-las à fé e adoração do Deus de Israel? Noemi desejava sem dúvida fazer isso, mas se iam com ela, não as forçaria a irem por conta dela. Os que fazem profissão de fé somente para agradar a seus amigos ou para acompanhá-los, serão convertidos de pouco valor. Se a seguiam, seria por uma livre eleição, depois de sentar a calcular o custo, como corresponde aos que fazem uma profissão religiosa. Muitos desejam "descansar na casa de um marido" ou em algum estabelecimento mundano, ou satisfação terrena, antes que no repouso ao qual Cristo convida a nossa alma; portanto, quando são provados se distanciam de Cristo, ainda que talvez com certa tristeza.

Versículos 15-18Veja-se a resolução de rute e seu grande afeto por Noemi. Orfa se resistia a separar-se dela,

mas não a amava tanto como para deixar Moabe. Deste modo, muitos apreciam a Cristo e lhe têm afeto, porém ficam destituídos de sua salvação porque não querem abandonar outras coisas por Ele. O amam, e ainda assim o deixam, porque não o amam tanto como amam as outras coisas. Rute é um exemplo da graça de Deus que inclina a alma a escolher a melhor parte. Noemi não podia desejar outra coisa que a declaração solene que fez Rute. Veja-se o poder da resolução; silencia a tentação. Os que recorrem os caminhos religiosos sem uma mente firme, são como uma porta entreaberta, que convida o ladrão; porém a resolução fecha e coloca ferrolho na porta, resiste ao diabo e o obriga a fugir.

Versículos 19-22Noemi e Rute chegaram a Belém. As aflições produzem grandes e assombrosas mudanças

em pouco tempo; que Deus, por Sua graça, queira preparar-nos para todas essas mudanças, especialmente para a grande mudança!

Noemi significa "prazerosa" ou "amigável". Mara, "amarga" ou "amargor". Agora era uma melhor de espírito amargurado. Ela tinha tornado a casa vazia, pobre, viúva e sem filhos. Mas há uma plenitude para os crentes da qual nunca podem ficar vazios; a boa parte que não será tirado dos que a têm. O copo da aflição é um copo "amargo", mas ela reconhece que a aflição provém de Deus. Convêm muito que nosso coração seja humilhado sob providências humil-hantes. Não é a aflição mesma, senão a aflição bem levada a que nos faz bem.

CAPÍTULO 2• Versículos 1-3 Rute espiga nos campos de Boaz • Versículos 4-16 A bondade de Boaz para com Rute• Versículos 17-23 Rute regressa a casa de sua sogra

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Versículos 1-3Observe-se a humildade de Rute. Quando a providência a deixou pobre, ela se submeteu de

boa vontade a sua sorte. Os espíritos soberbos preferem morrer de fome antes que dobrar-se; não assim Rute. Ainda mais, é sua própria proposição. Ela fala humildemente de sua permissão para ir a espigar. Podemos não exigir bondade, como se nos fosse devida, porém podemos pedir, e tomá-la como favor, embora se trate de algo pequeno.

Rute também foi um exemplo de diligência. Não gostava de comer o pão de graça. Este é um exemplo para a juventude. A diligência promete bem tanto para este mundo como para o outro. Não devemos envergonhar-nos de um emprego honesto. Nenhum trabalho é indigno. O pecado é uma coisa baixa para nós, porém não devemos pensar o mesmo de algo ao qual so-mos chamados pela providência.

Ela foi um exemplo de consideração por sua sogra e de confiança na providência. Deus or-dena sabiamente o que a nós parecem feitos pequenos; e os que se vêem totalmente incertos, também são dirigidos a servir Sua glória e o bem de seu povo.

Versículos 4-16A linguagem piedosa e bondosa entre Boaz e seus segadores mostra que havia pessoas

piedosas em Israel. Uma linguagem como esta rara vez se ouve em nossos campos; com de-masiada freqüência, ao contrário, é imoral e corrupta. Um estrangeiro se formaria uma opinião muito diferente de nossa terra em comparação com a que Rute se formou de Israel a partir da conversação e conduta de Boaz e seus segadores. Mas a verdadeira religião ensina ao homem a comportar-se retamente em todos os estados e condições; forma amos amáveis e servos fiéis, e produz harmonia na família. A religião verdadeira produz amor e bondade mútuas entre pessoas de diferentes níveis. Teve estes efeitos sobre Boaz e seus homens. quando ele irmã com eles, orava por eles. Eles não o amaldiçoavam em quanto ele ficava fora do alcance de ouvi-los, como alguns servos de má natureza que odeiam o olho de seu amo, senão que re-tribuíam sua cortesia. O mais provável é que as coisas se dêem bem onde há uma boa vontade como esta entre amos e servos. Eles se expressavam sua bondade uns a outros, e oravam os uns pelos outros.

Boaz perguntou pela estrangeira que viu e ordenou que fosse bem tratada. Os amos devem cuidar não somente de não danar a si mesmos; tampouco devem permitir que seus servos e os que estão sob seu mando façam o mal. Rute se reconheceu humildemente indigna de tais fa-vores, considerando que tinha nascido e tinha sido criada como pagã. Nos convêm a todos pensar humildemente de nós mesmos, estimando melhor aos outros que a nós mesmos.

Na bondade de Boaz com Rute, notemos a bondade do Senhor Jesus Cristo com os pobres pecadores.

Versículos 17-23Estimula a diligência que em todo trabalho, ainda o de espigar, haja lucro. Rute se con-

tentou com o que ganhava por sua laboriosidade, e se cuidou de reter o trabalho. Cuidemo-nos de não perder o que temos obtido, que ganhamos para bem de nossa alma (2 João 8).

Os pais devem examinar a seus filhos como fez Noemi, não para assustá-los ou desanimá-los, não para que odeiem o lar ou para tentá-los a mentir, senão para elogiá-los se fizeram bem, e repreendê-los com suavidade e aconselhá-los se agiram de outro modo. Uma boa per-gunta para fazer-nos cada noite é: Onde espiguei hoje? Que melhoras tive no conhecimento e na graça? Que tenho feito que me dê bom crédito? Quando o Senhor nos dá abundância, não sejamos encontrados em outro campo, nem procurando nossa felicidade e satisfação na criatura. Perdemos favores divinos se os desprezamos.

Rute observou devidamente as instruções de sua sogra. Quando terminou a colheita, fez companhia a sua anciã sogra em casa. Diná saiu para ver as filhas da terra; sua vaidade termi-nou em desgraça (Gn 24). Rute ficou em casa e ajudou a manter a sua sogra e não saiu a outra diligência que não fosse obter provisões para elas; sua humildade e laboriosidade terminaram em seu progresso.

CAPÍTULO 3• Versículos 1-5 As instruções que Noemi deu a Rute• Versículos 6-13 Boaz reconhece seu dever de parente• Versículos 14-18 O regresso de Rute a sua sogra

Versículos 1-5O estado matrimonial deve ser um descanso, tanto como poderia sê-lo todo na terra, já que

deve deixar fixo o afeto e estabelecer uma relação para toda a vida. portanto, deve empreen-199

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der-se com grande seriedade, com oração sincera, pedindo direção, a bênção de Deus, e com submissão a Seus preceitos. Os pais devem aconselhar cuidadosamente a seus filhos neste im-portante assunto para que todo dê certo a eles e a suas almas. Lembre-se sempre que o mel-hor para nossa alma é o melhor para nós.

O procedimento que aconselhou Noemi nos parecerá estranho, mas era conforme às leis e costumes de Israel. Se a medida proposta tiver parecido má, Noemi não a teria sugerido. A lei e o costume deram a Rute, que agora era prosélita da verdadeira religião, um direito legal so-bre Boaz. Era costume que as viúvas exercessem esse direito (Dt 25.5-10). Maturidade, isto não se registra para que seja imitado em outras épocas, e não deve ser julgado segundo as re-gras modernas. Se tiver havido algo de errado nisso, Rute era mulher altamente virtuosa e sen-sata como para tê-lo evitado.

Versículos 6-13O que seria inapropriado numa nação ou numa época, não sempre é assim em outra época

ou nação. Sendo juiz de Israel, Boaz diria a Rute o que devia fazer; também se ele tinha o dire-ito de redenção, os métodos que devia adotar e os ritos que devia utilizar para consumar seu matrimônio com ele ou com outra pessoa.

A conduta de Boaz é digna de grande elogio. Não tentou aproveitar-se de Rute; não a de-sprezou por ser estrangeira, necessitada e pobre, nem suspeitou que ela tivesse má intenção. Falou em forma honorável dela como mulher virtuosa, lhe fez uma promessa e, assim que amanheceu, a despediu com um presente para sua sogra. Boaz condicionou sua promessa porque havia um parente mais próximo que ele, a quem correspondia o direito de redenção.

Versículos 14-18Rute fez todo o correto, devendo esperar com paciência os feitos. Boaz, tendo empreendido

este assunto, se asseguraria de manejá-lo bem. Muita maior razão têm os crentes verdadeiros para lançar seus pesares sobre Deus, porque Ele tem prometido ocupar-se deles. Nossa força está em ficarmos quietos (Is 30.7). este relato pode estimular-nos a que pela fé nos prostremos aos pés de Cristo: Ele é nosso parente próximo; tendo assumido nossa natureza sobre si, tem o direito de redimir. Procuremos receber as instruções dEle: Senhor, que desejas que faça? (At 9.6). Nunca nos culpará de fazer isto importunamente. Desejemos e busquemos fervorosa-mente o mesmo repouso para nossos filhos e amigos, para que também lhes vá bem.

CAPÍTULO 4• Versículos 1-8 O parente recusa remir a herança de Rute• Versículos 9-12 Boaz se casa com Rute• Versículos 13-22 Nascimento de Obede

Versículos 1-8Toda a questão dependia das leis dadas por Moisés sobre a herança e, sem dúvida, todo foi

arranjado da forma regular e legal. O parente rejeitou a oferta quando soube das condições. Em forma parecida, muitos rejeitam a grande redenção; não estão dispostos a desposar a re-ligião; têm ouvido boas coisas dela e nada têm a dizer em sua contra; falam bem dela, con-tudo, estão dispostos a desligar-se dela, e não querem unir-se a ela, por medo de perder sua própria herança neste mundo.

Renunciou a seu direito em favor de Boaz. O trato justo e honesto em todo o reforma a con-tratos e negócios é algo do que devem tomar consciência todos os que se reconhecem como verdadeiros israelitas, nos que não há engano. Acharão que a melhor política é a honestidade.

Versículos 9-12Os homens estão dispostos a aproveitar as oportunidades de aumentar sua fortuna, porém

poucos conhecem o valor da piedade. Tais são os sábios deste mundo aos que o Senhor acusa de estultícia. Eles não se preocupam da necessidade de sua alma e rejeitam a salvação de Cristo por temor a perder sua herança. Mas Deus deu a Boaz a honra de incluí-lo na linhagem do Messias, enquanto do parente que temeu rebaixar-se e perder sua herança, foi esquecido o nome, família e herança.

Versículos 13-22Rute teve um filho às vezes do qual nasceram milhares e miríades para Deus; parte da lin-

hagem de Cristo foi instrumento para a felicidade de todos os que serão salvos por Ele: nós os gentios e os de origem judaica. Ela foi um testemunho ante o mundo gentio de que Deus não os havia desamparado por completo, senão que, a seu devido tempo, chegariam a ser um com

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seu povo escolhido, e partícipes de sua salvação. A oração a Deus esteve presente no matrimônio e o louvor assistiu ao nascimento do menino. Que pena que esta linguagem piedosa já não se use entre os cristãos, ou que tenha sido deixada cair no formalismo!

Aqui está a linhagem de Davi por parte de Rute. Veio o tempo em que Belém de Judá exibiu maravilhas maiores que as da história de Rute, quando de outra pobre mulher da mesma raça nasceu o bebê desprezado que dirigiu os conselhos do amo romano do mundo e fez vir príncipes e sábios do oriente para depositar tesouros de ouro, incenso e mirra a seus pés. Seu nome permanecerá por sempre e todas as nações lhe dirão bendito. Nessa Semente serão ben-ditas todas as nações da terra.

1 SAMUEL

Neste livro temos o relato acerca de Eli, e da maldade de seus filhos; também de Samuel, seu caráter e seus feitos. Depois narra a nomeação de Saul como rei de Israel, e de sua má conduta até que sua morte deu lugar à ascensão de Davi ao trono, que foi um tipo proemi-nente de Cristo. a paciência, modéstia, constância de Davi e o ser perseguido por inimigos francos e amigos fingidos, são um padrão exemplar para a igreja e para cada membro seu. Muitas coisas deste livro estimulam a fé, a esperança e a paciência do crente que sofre. Con-tém também muitos conselhos úteis e advertências espantosas.

CAPÍTULO 1• Versículos 1-8 Elcana e sua família• Versículos 9-18 A oração de Ana• Versículos 19-28 Samuel – Ana o apresenta ao Senhor

Versículos 1-8Elcana seguia atendendo o altar de Deus apesar das infelizes diferenças de sua família. Se a

vida devocional de uma família não prevalece para pôr fim a suas divisões, não se deve permi-tir que as divisões acabem com a vida devocional. Diminuir nosso amor justo por um parente, por uma doença inevitável, e que é motivo de aflição, é fazer que a providência de Deus brigue com seu preceito e é agregar, com maldade, aflição ao aflito. Prova de uma má disposição é deleitar-se em provocar dor a quem tem um espírito contristado e inquietar a em tem a tendência a afanar-se e incomodar-se. Devemos levar uns as cargas dos outros, não aumentá-las. Ana não podia suportar a provocação. Os que são de espírito esforçado e dados a levar muito a sério as provocações, são inimigos de si mesmos e se despojam de muitos consolos, tanto da vida como da piedade. Devemos perceber o consolo e não lamentar as cruzes. Deve-mos atentar também para o que está por nós, assim como o que está contra nós.

Versículos 9-18Ana misturava as lágrimas com suas orações; considerava a misericórdia de nosso Deus que

conhece a alma atribulada. Deus nos dá permissão, em oração, não só para pedirmos coisas boas em geral, senão para mencionar aquilo que em especial mais necessitamos e desejamos. Falava baixinho, ninguém podia ouvi-la. Com isso testemunhava de sua fé no Deus que con-hece o coração e seus desejos.

Eli era sumo sacerdote e juiz de Israel. Não nos corresponde ser rudes e precipitados para censurar o próximo, e pensar que a gente é culpada de coisas más enquanto o assunto seja duvidoso e estiver sem demonstrar.

Ana não responder a acusação nem recriminou a Eli a má conduta de seus próprios filhos. Em qualquer momento em que nos estejam censurando injustamente, devemos pôr dupla guarda na porta de nossos lábios para não devolver a repreensão com outra repreensão. Ana pensou bastante para ter todo claro, e assim devemos agir nós.

Eli ficou disposto a reconhecer seu erro. Ana foi embora satisfeita. Em oração ela tinha en-comendado seu caso a Deus e Eli tinha orado por ela. A oração é a calma do coração para uma alma bondosa. A oração suavizará o rosto; deve ser assim. Ninguém continuará sentindo-se desgraçado por muito tempo se usar o privilégio de ir até o trono de misericórdia de um Deus reconciliado em Cristo Jesus.

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Versículos 19-28Elcana e sua família tinham uma viagem por diante e uma família com crianças que levar

comércio eles, porém não se mexeriam até que tivessem adorado juntos a Deus. A oração e os equipamentos não estorvam a viagem. Quando os homens têm tanta pressa para começar suas viagens ou empreender um negócio, que não têm tempo para adorar a Deus, provavel-mente procedam sem Sua presença e sem Sua bênção.

Ana, embora sentia um cálido afeto pelos átrios da casa de Deus, rogava para ficar em casa. Deus quer misericórdia e não sacrifício. Os que se vêm privados das ordenanças públicas porque criam e cuidam de crianças pequenas, podem consolar-se com este caso e crer que se cumprem esse dever com o espírito justo, Deus os aceitará bondosamente.

Ana apresentou seu filho ao Senhor com reconhecimento e gratidão por sua bondade para responder à oração. O que demos a Deus é o que primeiro pedimos e recebemos dEle. Todas nossas dádivas para Ele primeiro foram dádivas suas para nós.

O menino Samuel demonstrou precocemente uma piedade verdadeira. Deveria ser ensinado aos meninos a adorar a Deus quando são muito pequenos. Seus pais deveriam ensiná-los nisso, conduzindo-os a isso e deixando-os que façam o melhor que possam; Deus os aceitará bondosamente e lhes ensinará a fazê-lo melhor.

CAPÍTULO 2• Versículos 1-10 O cântico de gratidão de Ana• Versículos 11-26 A maldade dos filhos de Eli – O ministério de Samuel • Versículos 27-36 A profecia contra a família de Eli

Versículos 1-10O coração de Ana se regozijava, não em Samuel, senão no Senhor. ela olha além da dádiva

e louva o Doador. Se regozija na salvação do Senhor e na expectativa de sua vinda, a dAquele que é toda a salvação de Seu povo.

Os fortes logo são debilitados e os fracos logo são fortalecidos, quando a Deus lhes apraz. Somos pobres? Deus nos fez pobres, o qual é uma boa razão para que estejamos contentes, e aceitemos nossa condição. Somos ricos? Deus nos fez ricos, o qual é uma boa razão para que estejamos agradecidos, o sirvamos jubilosamente e façamos o bem com a abundância que Ele nos dá. Ele não respeita a sabedoria do homem nem suas supostas excelências, senão que es-colhe aos que o mundo considera néscios, e lhes ensina a sentir sua culpa e a valorizar sua sal-vação preciosa e gratuita.

Esta profecia olha para o Reino de Cristo, esse reino de graça do qual Ana fala, depois de ter falado longamente do reino da providência. E aqui é a primeira vez que nos encontramos com o título Messias ou seu Ungido. Os súbditos do Reino de Cristo estarão a salvo e seus inimigos serão destruídos, pois o Ungido, o Senhor Jesus, é capaz de salvar e destruir.

Versículos 11-26Por estar consagrado ao Senhor de forma especial, Samuel foi desde criança empregado no

santuário para os serviços que era capaz de realizar. Como fez isto com uma santa disposição mental, foi chamado a ministrar ao Senhor. recebeu uma bênção do Senhor. Ele capacita os jovens que servem a Deus o melhor que podem, para que melhorem e o sirvam melhor.

Eli evitava os problemas e o esforço, coisa que o levou a educar mal a seus filhos e não usou da autoridade paterna para restringi-los e corrigi-los quando eram crianças. Fazia a vista gorda ante os abusos do serviço do santuário até que virou costume, o que conduziu a abominações; seus filhos, que deveriam ter sido exemplo do que era bom aos que estavam dedicados ao serviço do santuário, os conduziam à maldade. A ofensa alcançava até a oferta dos sacrifícios pelos pecados, que eram um tipo da expiação feita pelo Salvador! Os pecados contra o remé-dio, a expiação mesma, são os mais perigosos, porque pisoteiam o sangue da aliança.

A repreensão de Eli era demasiado suave e amável. Em geral, ninguém mais abandonado que os filhos degenerados das pessoas santas quando quebrantam todos os freios.

Versículos 27-36Os que permitem que seus filhos andem em todo caminho mau sem usar sua autoridade

para refreá-los e castigá-los, em realidade honram a eles mais que a Deus. que o exemplo de Eli anime os pais a lutar fervorosamente contra os primeiros indícios de maldade, e a educar a seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor.

Em meio da condena sentenciada contra a casa de Eli, se promete misericórdia a Israel. A obra de Deus nunca cairá por terra por falta de mãos para executá-la.

Cristo é o Sumo Sacerdote misericordioso e fiel a quem Deus levantou quando o sacerdócio levítico foi deposto, e é quem em todas as coisas fez a vontade de seu Pai, e para quem Deus 202

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edificará uma casa segura, cimentada sobre uma rocha de modo que o inferno não possa prevalecer contra ela.

CAPÍTULO 3• Versículos 1-10 A palavra do Senhor revelada a Samuel por primeira vez• Versículos 11-18 Deus fala a Samuel da destruição da casa de Eli• Versículos 19-21 Samuel é estabelecido para ser profeta

Versículos 1-10O chamamento que se faz segundo o propósito da graça divina é eficaz; será repetido até

que assim seja, até que respondamos ao chamado. Ao perceber que era a voz de Deus o que Samuel tinha ouvido, Eli o instrui acerca do que devia dizer. Embora fosse uma desgraça para Eli, porque o chamado de Deus estava dirigido a Samuel, lhe ensinou a responder. Desse modo, o ancião deve fazer o melhor e o que mais possa para ajudar e melhorar os mais novos que vão surgindo. Não deixemos nunca de ensinar aos que vêm após de nós, ainda que eles logo possam ser preferidos em nosso lugar (Jo 1.30). As boas palavras devem ser colocadas oportunamente na boca das crianças, para que estejam preparados a aprender coisas divinas e a serem educados para levá-las em consideração.

Versículos 11-18Quão grande quantidade de culpa e corrupção há em nós, acerca do que podemos dizer: é a

iniqüidade que nosso coração conhece; nós mesmos estamos cientes dela! Os que não reprimem os pecados do próximo, quando podem, se fazem partícipes da culpa e lhes será car-regada por unir-se a eles.

Em sua notável resposta a esta espantosa sentença, Eli reconhece que o Senhor tinha o di -reito de fazer o que bem achasse, estando seguro de que nada de errado faria. A mansidão, a paciência e a humildade contidas nestas palavras demonstraram que ele está verdadeiramente arrependido; ele aceitou o castigo de seu pecado.

Versículos 19-21Todo incremento de sabedoria e graça deve-se à presença de Deus junto a nós. Deus repe-

tirá bondosamente suas visitas aos que as recebem bem. A piedade precoce será a maior honra da juventude. Deus honrará aos que o honram.

Que a gente jovem considere a piedade de Samuel e dele aprendam a lembrar-se de seu Criador nos dias da juventude. As crianças pequenas podem ser religiosas. Samuel é a prova de que agrada ao Senhor que os meninos o escutem e esperem nEle. Samuel é um padrão de todos os temperamentos amáveis que são o ornamento mais esplendoroso da juventude, e fonte segura de felicidade.

CAPÍTULO 4• Versículos 1-9 Os israelitas vencidos pelos filisteus• Versículos 10-11 Captura da arca• Versículos 12-18 A morte de Eli• Versículos 19-22 Nascimento de Icabode

Versículos 1-9Israel é açoitado pelos filisteus. O pecado, a coisa maldita, estava no acampamento e deu

aos inimigos toda a vantagem que podiam desejar. Reconheceram a mão de Deus em sua tribulação, porém em vez de submeter-se, falaram com raiva, como se não percebessem que tivessem cometido nenhuma provocação. A insensatez do homem entorta seu caminho, e de-pois seu coração se irrita contra Jeová (Provérbios 19.3), e o culpam a Ele. Supuseram que po-diam comprometer a Deus a manifestar-se em favor deles, levando a arca a seu acampa-mento. Os que regressaram à vida de religião, às vezes demonstraram um grande afeto pelas observâncias externas, como se estas pudessem salvá-los e como se a arca, o trono de Deus, no acampamento, os conduzisse ao céu, ainda quando o mundo e a carne estejam entroniza-dos no coração.

Versículos 10-11A captura da arca foi um grande juízo contra Israel e sinal certo do desagrado de Deus. Que

ninguém pense em escudar-se contra a ira de Deus sob o manto de uma profissão externa de fé.

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Versículos 12-18A derrota do exército foi muito penosa para Eli, porquanto era o juiz; as notícias da morte de

seus dois filhos, com os que tinha sido tão indulgente, e que morreram sem arrependimento, como tinha razão para temer, o comoveram como pai; mas havia uma preocupação maior ainda em seu espírito. Quando o mensageiro concluiu seu relato dizendo "a arca de Deus foi capturada", ele foi abatido no coração e morreu instantaneamente. Um homem pode morrer em forma miserável, e contudo não morrer eternamente; pode chegar a um final inoportuno, mas o final será paz.

Versículos 19-22A esposa de Finéias parece ter sido uma pessoa piedosa. Seu lamento de moribunda foi pela

perda da arca, e o traspasso filha glória de Israel. Que é um gozo terreno para quem está mori -bundo? Nenhum gozo, senão o espiritual e divino, resistirá então; a morte é algo demasiado grave para reconhecer o sabor de um gozo terreno. Que é isso para quem lamenta a perda da arca? Que prazer podemos achar em nossas consolações e deleites de criaturas, se necessita-mos da palavra e das ordenanças de Deus, especialmente se quisermos o consolo de sua pre-sença bondosa e a luz de Seu rosto? Se Deus vai embora, a glória vai embora, e todo o bom vai embora. Aí de nós se Ele vai embora! Todavia, embora a glória seja traspassada de uma nação, cidade ou aldeia pecadoras a outra, contudo, nunca se irá por completo, pois brilha num lugar, quando se eclipsa num outro.

CAPÍTULO 5• Versículos 1-5 Dagom derribado ante a arca• Versículos 6-12 Os filisteus derrotados

Versículos 1-5Note-se o triunfo da arca sobre Dagom. Certamente assim cairá o reino de Satanás diante

do Reino de Cristo, o erro diante da verdade, o profano diante do piedoso e a corrupção ante a graça, no coração do fiel. Quando o interesse pela religião parece a ponto de afundar, ainda então podemos confiar em que chegará o dia de seu triunfo. Quando Cristo, a Arca verdadeira da aliança, entra realmente no coração do homem caído, que sem dúvida é templo de Satanás, todos os ídolos caem, todo esforço para pô-los de novo em pé será vão, o pecado será aban-donado, e se fará restituição de todo ganho injusto; o Senhor reclamará o trono e tomara pos-sessão dele. Porém o orgulho, o amor próprio e as concupiscências do mundo, mesmo que de-stronados e crucificados, ainda persistem dentro de nós, como o trono de Dagom. Vigiemos e oremos para que não possam prevalecer. Procuremos destruí-las por completo.

Versículos 6-12A mão do Senhor pesou muito sobre os filisteus; não somente os convenceu de sua estultí-

cia, também castigou severamente sua insolência. Mas eles não renunciaram a Dagom e, em lugar de buscar a misericórdia de Deus, desejaram liberar-se da arca. Quando os corações car-nais despertam a realidade do juízo de Deus, preferem afastar a Deus deles, se isso for pos-sível, antes de entrar em aliança, ter comunhão com Ele e buscá-lo como amigo deles. To-davia, suas artimanhas para evitar os juízos divinos somente logram acrescentá-los. Os que lu-tam contra a vontade de Deus, logo ficarão cansados.

CAPÍTULO 6• Versículos 1-9 Os filisteus perguntam como devolver a arca• Versículos 10-18 A levam até Bete-Semes• Versículos 19-21 A gente cai morta por olhar dentro da arca

Versículos 1-9Os filisteus foram castigados sete meses pela presença da arca; a praga durou tanto tempo

porque não a devolveram antes a seu lar. Os pecadores alongam sua infelicidade quando re-cusam afastar-se de seus pecados.

Os israelitas não fizeram esforço algum para recuperar a arca. Em realidade, onde achare-mos que prevalece o interesse pela religião por acima de todos os outros assuntos? Em épocas de calamidade pública tememos por nós, por nossas famílias e por nossa pátria, porém, quem se preocupa pela arca de Deus? Somos favorecidos com o evangelho, mas o tratamos com negligência ou desprezo. Não devemos assombrar-nos se nos for tirado, o que a muitos não causaria pesar, embora seja a pior de todas as catástrofes. Há multidões que ficariam tão com-204

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prazidas com qualquer profissão de fé tanto como com a do cristianismo. Mas existem os que valorizam a casa de Deus, sua palavra e o ministério por acima de suas mais ricas possessões, e temem a perda destas bênçãos mais que a morte.

Quão dispostos estão os homens maus a mudar suas convicções, e, quando têm problemas, acreditam que lhes acontecem por casualidade, e que a vara não tem uma voz que eles de-vessem ouvir ou prestar atenção!

Versículos 10-18As duas vacas conheciam a seu amo, o grande Dono, a quem Hofni e Finéias não con-

heciam. A providência de Deus leva em conta até as bestas brutas e as usa para seus propósi-tos.

Quando os segadores viram a arca, se regozijaram; seu gozo foi maior que o gozo da col-heita. O regresso da arca e o avivamento das santas ordenanças, depois dos dias de restrição e tribulação, são matéria de grande gozo.

Versículos 19-21Grande afronta contra Deus é que homens vãos espionem nas coisas secretas que não lhes

pertencem e bisbilhotem nelas (Dt 29.29, Cl 2.18). O homem caiu na ruína por desejar o con-hecimento proibido. Deus não tolera que sua arca seja profanada. Não se enganem, de Deus não se zomba. Os que não temem Sua bondade nem usam reverentemente os sinais de Sua graça, terão de sentir Sua justiça.

A quantidade dos mortos está expressada de modo desacostumado no original e é provável que signifique 1170 (cinqüenta mil e setenta, em algumas versões).

São os que desejam liberar-se da arca. Os néscios que correm de um extremo ao outro. Mel-hor teria sido que perguntassem: Como podemos estar em paz com Deus e recuperar Seu fa-vor? (Mq 6.6-7). Deste modo, quando a palavra de Deus provoca terror na consciência dos pecadores, eles lutam contra a palavra e em lugar de aceitar a culpa e a vergonha, a de-sprezam. Muitos sufocam sua convicção de pecado e afastam de si a salvação.

CAPÍTULO 7• Versículos 1-4 A arca levada a Quiriate-Jearim • Versículos 5-6 Arrependimento solene dos israelitas• Versículos 7-12 O Senhor desconcerta os filisteus• Versículos 13-17 Eles são submetidos – Samuel julga Israel

Versículos 1-4Deus achará um lugar de repouso para sua arca; se alguns a lançam fora, o coração de out-

ros se inclinará a recebê-la. Não é novidade que a arca de Deus esteja numa casa particular. Cristo e seus apóstolos predicaram de casa em casa quando não puderam fazê-lo em lugares públicos.

Vinte anos se passaram antes que a casa de Israel se interessasse pela ausência da arca. Durante este tempo, o profeta Samuel trabalhou para o avivamento da verdadeira religião. As poucas palavras usadas são muito expressivas; e este foi um dos avivamentos mais efetivos da religião que tenha acontecido em Israel.

Versículos 5-6Israel tirou água e a derramou diante do Senhor, significando com isso sua humilhação e

tristeza pelo pecado. derramaram seus corações em arrependimento ante o Senhor. foram livres e plenos em sua confissão e decidiram resolutamente expulsar dentre eles todas as más obras. Fizeram uma confissão pública, pecamos contra o Senhor; assim deram glória a Deus e assumiram sobre eles a vergonha. Se nós confessarmos deste modo nossos pecados, achare-mos que Deus é fiel e justo para perdoar-nos nossos pecados.

Versículos 7-12Os filisteus invadiram Israel. Quando os pecadores começam a arrepender-se e reformar-se,

devem esperar que Satanás reúna toda sua força contra eles e ponha a trabalhar ao máximo seus instrumentos para opor-se e desanimá-los.

Os israelitas rogaram fervorosamente a Samuel que orasse por eles. Que grande consolo é para todos os crentes que nosso grande Intercessor no alto nunca cesse de orar, nunca se cale! Porque Ele sempre está na presença de Deus por nós. o sacrifício de Samuel, sem sua oração, teria sido uma sombra vazia. Deus deu uma resposta cheia de graça. Samuel erigiu uma pedra como memorial desta vitória, para a glória de Deus e para alentar a Israel.

Às vezes de sucessivas gerações a igreja de Deus teve causas para levantar novos Ebenéz-eres por novas liberações: perseguições externas nem corrupções internas têm prevalecido

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contra ela, porque "até aqui a tem ajudado o Senhor", e Ele a ajudará até o fim do mundo.Versículos 13-17Neste grande avivamento da verdadeira religião, a arca não foi trasladada a Siló, nem colo-

cada com o tabernáculo em nenhuma outra parte. Este descuido das instituições levíticas mostra que seu uso principal era seu significado típico; e quando aquelas foram passadas por alto, se converteram num serviço sem vida, em nada comparável com o arrependimento, a fé e o amor para com Deus e o homem.

CAPÍTULO 8• Versículos 1-3 O governo malvado dos filhos de Samuel• Versículos 4-9 Os israelitas pedem rei• Versículos 10-22 O estilo de um rei

Versículos 1-3Não parece que os filhos de Samuel fossem tão profanos e ferozes como os filhos de Eli,

contudo eram juízes corruptos que se deixaram levar pelo afã de lucro. Samuel não aceitava subornos, porém seus filhos sim, e então perverteram o direito. aumentava o sofrimento do povo a ameaça de invasão por Naás, rei dos amonitas.

Versículos 4-9Samuel estava desconforme; podia tolerar pacientemente o que o afetasse pessoalmente e

a sua própria família, porém lhe desagradou quando lhe pediram: Constitui-nos agora um rei que nos julgue, porque isso era contra Deus. isto o fez ajoelhar-se. Quando algo nos perturba, é nosso dever e interesse apresentar nosso problema ante Deus.

Samuel deve dizer-lhes que terão um rei. Não porque Deus estiver contente com o pedido deles, senão que, assim como às vezes nos contraria com amor, em outras ocasiões nos satis-faz com ira; assim fez aqui. Deus sabe dar-se glória e serve a seu propósito sábio até com os conselhos néscios dos homens.

Versículos 10-22Se tivessem um rei que os governasse, como os reis orientais governavam a seus súbditos,

teriam achado excessivamente pesado o jugo. Aos que se submetem ao governo do mundo e da carne, lhes é dito claramente quão duros são seus amos e quão tirano é o domínio do pecado. A lei de Deus e o estilo dos homens diferem amplamente entre sim; a primeira deve ser nossa regra nas diversas relações da vida; o último deve ser a medida do que podemos es-perar dos outros. Estas seriam suas penas e, quando se queixassem a Deus, Ele não os ouviria. Quando nos metemos em angústias por nossos maus desejados e projetos errados, abandona-dos precisamente o consolo da oração e o benefício da ajuda divina.

O povo foi obstinado e insistente em suas demandas. As resoluções súbitas e os desejos precipitados operam um arrependimento longo e sem pressa. É sabedoria nossa agradecer as vantagens, e termos paciência com as desvantagens do governo sob o qual estejamos; orar continuamente por nossos governantes, para que nos dirijam com temor de Deus e que pos-samos viver sob seu mandado com toda santidade e honestidade. Sintoma esperançador é poder suportar nossos desejos de objetos mundanos, e quando possamos, deixar à providência de Deus o tempo e a forma de satisfazê-los.

CAPÍTULO 9• Versículos 1-10 Saul levado ante Samuel• Versículos 11-17 Falam a Samuel sobre Saul• Versículos 18-27 O trato que Samuel dá a Saul

Versículos 1-10Saul saiu disposto a buscar os asnos de seu pai. Sua obediência para com seu pai era digna

de elogio. Seu servo propôs que, como agora estavam em Ramá, visitassem a Samuel para pedi-lhe conselho. Onde nos encontremos devemos usar a oportunidade de familiarizar-nos com os que são sábios e bons. Muitos consultam a um homem de Deus se este se cruza em seu caminho, mas não dará um passo fora de sua senda para obter sabedoria. Sentimos muito as perdas mundanas e nos esforçamos para compensá-las, mas quão pouco tentamos procurar a salvação de nossa alma, e quão logo nos cansamos disto! Se os ministros dissessem aos homens como obter fortuna ou ficarem ricos, seriam mais consultados e teriam maior honra 206

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que agora, que se dedicam a ensiná-lhes como escapar da miséria eterna e obter a vida eterna. A maioria das pessoas preferiria que lhes dissessem sua sorte e não seu dever.

Samuel não necessitava o dinheiro deles nem lhes teria negado conselho se nada tivessem trazido, contudo eles o deram como sinal de respeito e pelo valor que assinavam a seu ofício, e conforme com o costume generalizado da época, de levar sempre um presente aos que estão em autoridade.

Versículos 11-17As mesmas donzelas da cidade os conduziram ao profeta. Elas tinham ouvido do sacrifício e

podiam falar da necessidade da presença de Samuel. não é pouco benefício viver em lugares santos e religiosos. sempre devemos estar prestes para ajudar aos que buscam aos profetas de Deus. Apesar de que Deus tinha concedido com desagrado o pedido de Israel de um rei, lhes envia um homem que os capitaneie, que os salve da mão dos filisteus. O faz em Sua graça, es-cutando seu clamor.

Versículos 18-27Samuel, aquele bom profeta, distava muito de invejar a Saul ou de tê-lhe má vontade; foi o

primeiro e o mais inclinado a rendê-lhe honras. Tanto esse anoitecer como cedo na seguinte manhã, Samuel teve comunhão com Saul sobre o telhado da casa. Podemos supor que Samuel agora convencera a Saul de que Deus o havia nomeado para reinar, e que ele estava disposto a renunciar.

Quão diferentes são os propósitos do Senhor para nós, do que são nossas próprias in-tenções! Talvez Saul era o único que sempre saia a buscar os asnos e, literalmente, achou um reino; porém muitos saíram e trasladaram sua morada em busca de riquezas e prazeres, e foram levados a lugares onde acharam a salvação para sua alma. assim, se encontraram com os que falaram como se soubessem os secretos de sua vida e de seu coração, e foram seri-amente guiados a considerar a palavra do Senhor. Se este não tem sido nosso caso, embora nossos planos mundanos não tenham prosperado, não nos preocupemos por isso; o Senhor nos deu ou nos tem preparado para o que é muito melhor.

CAPÍTULO 10• Versículos 1-8 Samuel unge a Saul• Versículos 9-16 Saul profetiza• Versículos 17-27 Saul escolhido rei

Versículos 1-8A sagrada unção, então usada, indicava o grande Messias, o Ungido, o Rei da igreja e Sumo

Sacerdote de nossa profissão, ungido com o óleo do Espírito, não por medida, senão sem me-dida, e por acima de todos os sacerdotes e príncipes da igreja judaica.

Para maior satisfação de Saul, Samuel lhe dá alguns sinais que devem acontecer o mesmo dia. O primeiro lugar ao qual o dirige, era o sepulcro de um de seus antepassados; ali lembraria sua própria mortalidade e, agora que tinha uma coroa diante dele, devia pensar em seu tú-mulo, no qual toda sua honra ficaria sob o pó.

Desde a época de Samuel parece ter havido escolas ou lugares públicos onde jovens piedosos eram levados ao conhecimento das coisas divinas. Saul deve ter-se sentido forte-mente motivado a unir-se a eles para converter-se num homem distinto do que tinha sido. O Espírito de Deus muda os homens, os transforma maravilhosamente. Saul, louvando a Deus na comunhão dos santos, se tornou outro homem, mas pode duvidar-se de que chegasse a ser um homem novo.

Versículos 9-16Os sinais que Samuel deu a Saul aconteceram pontualmente; achou que Deus tinha-lhe

dado outro coração, outra disposição mental. Todavia, não confiem demasiado numa demon-stração externa de devoção e numa mudança presente repentina. Saul entre os profetas seguia sendo Saul. O fato de ser ungido foi mantido em secreto. Deixa que Deus execute sua obra por meio de Samuel e fica calado, para ver em que dará tudo.

Versículos 17-27Samuel diz à gente: Vocês desprezaram hoje a seu Deus. Tão pouco interessado por esse

poder estava Saul, que pouco depois de possuí-lo já não podia pensar em separar-se dele, que se escondeu. Bom é estar cientes de nossa indignidade e insuficiência para os serviços aos

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quais fomos chamados; mas os homens não devem ir-se ao outro extremo, recusando os serviços aos quais o Senhor e a igreja os chamam.

A maior parte da gente tratou o assunto com indiferença. Saul foi modestamente a sua casa, porém foi acompanhado por um bando de homens cujos corações Deus preparou para apoiar sua autoridade. Se o coração se inclinar em qualquer momento em forma correta, é porque Ele o tocou. Um toque basta quando é divino. Outros o desprezaram. Tão diferente é a forma como nosso excelso Redentor afeta aos homens. Há um remanescente que se submete a Ele que o segue onde quer que vá; são os que foram tocados por Deus e aos que deu a dis-posição de segui-lo. porém, há outros que o desprezam, que perguntam: Como nos salvará este? Sentem-se ofendidos por Ele, e serão castigados.

CAPÍTULO 11• Versículos 1-11 Jabes-Gileade liberada • Versículos 12-15 Saul confirmado em seu reino

Versículos 1-11O primeiro fruto do governo de Saul foi o resgate de Jabes-Gileade de mãos dos amonitas.

Para salvar a vida, os homens renunciam a sua liberdade e até consentem em que lhes sejam arrancados os olhos; então, não é sabedoria deixar o pecado que nos é tão querido como nosso olho direito, antes de ser lançado no fogo do inferno? Veja-se a fé e confiança de Saul e, cimen-tados nela, seu valor e resolução. Observe-se também sua atividade neste assunto. Quando o Espírito do Senhor desce sobre os homens, os converte em espertos, mesmo que não tenham experiência. Quando o zelo pela glória de Deus, e o amor pelos irmãos impulsiona os homens a esforços sérios, e quando Deus se compraz em ajudar, rapidamente podem produzir-se grandes efeitos.

Versículos 12-15Agora honravam a Saul, a quem tinham desprezado; se de um inimigo se faz um amigo, é

maior vantagem que matá-lo.O uma vez desprezado Salvador será reconhecido finalmente por todos como o Rei ungido

por Jeová. Até agora, no trono da graça Ele recebe a submissão dos rebeldes, e até intercede por eles; porém, daqui a pouco, desde seu tribunal de justiça, Ele condenará a todos os que persistem em opor-se a Ele.

CAPÍTULO 12• Versículos 1-5 Samuel testemunha de sua integridade• Versículos 6-15 Samuel repreende o povo• Versículos 16-25 Trovões na época da colheita

Versículos 1-5Samuel não só aclara as dúvidas sobre seu próprio caráter, também senta um precedente

exemplar ante Saul, e mostra ao povo que foram ingratos com Deus e com ele mesmo. há uma dívida de justiça que todos os homens têm com seu bom nome, especialmente os homens em cargos públicos, que consiste em resguardá-los contra culpa e suspeitas injustas, para que ter-minem sua carreira com honra e gozo. Ter vivido honestamente em nossos cargos será nosso consolo ante qualquer desprezo que nos possa cair acima.

Versículos 6-15A obra dos ministros é arrazoar com a gente, não só exortar e dirigir, senão persuadir, con-

vencer o juízo dos homens e, assim, ganhar suas vontades e afetos. Samuel arrazoa sobre os atos justos do Senhor. Os que seguem a Deus com fidelidade, serão capacitados para que con-tinuem seguindo-o.

A desobediência seria certamente a ruína de Israel. Erramos se pensamos que podemos es-capar da justiça de Deus tratando de desfazer-nos de seu domínio. Ainda que resolvamos que Deus não nos governará, de todos modos nos julgará.

Versículos 16-25Ditas as palavras de Samuel, Deus enviou trovões e chuva numa época do ano em que

nesse país não acontecia coisa semelhante. Era para convencê-los de que tinham agido inicua-mente ao pedir um rei; não só pelo acontecimento numa estação desacostumada, na colheita do trigo, num dia claro, senão porque o profeta o anunciou. Mostrou a estultícia deles ao dese-208

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jar um rei para salvá-los ante que Deus, ou Samuel; aceitavam mais promessa de um braço de carne que do braço de Deus ou do poder da oração. Poderia seu príncipe comandar forças simi-lares às que podia dirigir o profeta por suas orações? Os inquietou muitíssimo. Alguns não con-seguem ver seus pecados por métodos mais suaves que as tormentas e os trovões. Pediram a Samuel que orasse por eles. Agora vêem que têm necessidade daquele a quem há pouco trataram com insolência. Assim, pois, muitos que não terão a Cristo reinando sobre eles, es-tariam contentes com que Ele intercedesse por eles para afastar a ira de Deus.

O propósito de Samuel é confirmar ao povo em sua religião. De qualquer coisa que façamos um deus, acharemos que nos engana. as criaturas são boas no lugar que lhes corresponde, mas quando se colocam no lugar de Deus, são vãs.

Pecamos se refrearmos a oração e, em particular, se deixarmos de orar pela igreja. Somente lhe pediram que orasse por eles, mas ele prometeu fazer mais, ensiná-los. Os exortou a que por gratidão estavam obrigados a servir a Deus, considerando as grandes coisas que Ele tinha feito por eles; e que também estavam obrigados, por interesse pessoal, a servi-lo, con-siderando o que faria contra eles se continuassem fazendo tanto mal. De modo que, como ata-laia fiel, lhes deu advertência, e assim livrou sua alma. se considerarmos as coisas tão grandes que tem feito o Senhor por nós, especialmente na grande obra de redenção, não podem faltar motivos, alento nem ajuda para servi-lo.

CAPÍTULO 13• Versículos 1-7 A invasão dos filisteus• Versículos 8-14 Saul sacrifica – Samuel o repreende• Versículos 15-23 A política dos filisteus

Versículos 1-7Saul reinou um ano sem que nada particular acontecesse, porém em seu segundo ano

sucederam os feitos registrados neste capítulo. Durante mais de um ano deu tempo aos filis-teus para preparar-se para a guerra e debilitar e desarmar os israelitas. Quando os homens crescem em auto-suficiência, amiúde são levados à estultícia. As vantagens principais dos in-imigos da igreja derivam da má conduta de seus amigos confessos. Quando por fim Saul fez soar o alarme, o povo não foi com ele, desertou rapidamente, insatisfeito com sua adminis-tração, ou aterrorizados pelo poder do inimigo.

Versículos 8-14Saul violou a ordem expressa de Samuel (ver capítulo 10.8), sobre que fazer em casos ex-

tremos. Quando foi acusado de desobedecer, justificou a si mesmo pelo que tinha feito, sem dar sinais de arrependimento. Queria que este ato de desobediência passasse como exemplo de sua prudência e prova de sua piedade. Os homens despojados de piedade interior, amiúde ressaltam muito os atos religiosos externos.

Samuel acusa a Saul de ser seu inimigo. Os que desobedecem os mandamentos de Deus o fazem nesciamente contra si mesmos. O pecado é insensatez, e os maiores pecadores são os maiores néscios. Nossa disposição para obedecer ou desobedecer a Deus será freqüentemente demonstrada por nossa conduta em coisas que parecem pequenas.

Os homens não vêem senão o ato externo de Saul, que parece pequeno, porém Deus vê que o fez por incredulidade e desconfiança de Sua providência, com desprezo de Sua autoridade e justiça, e com rebelião contra a luz de sua própria consciência.

Bendito Salvador, que nunca levemos nossas pobres ofertas ou nossas supostas ofertas de paz, sem olhar teu precioso sacrifício todo-suficiente! Somente tu, oh Senhor, podes fazer ou fizeste nossa paz no sangue da cruz.

Versículos 15-23Veja-se quão políticos foram os filisteus quando tiveram poder; não só impediram que o

povo de Israel fabricasse armas de guerra, além disso os obrigaram a depender de seus inimi-gos até para os instrumentos de lavoura. Que pouco político foi Saul, que ao começar seu reinado não arranjou isso.

A falta do sentido verdadeiro sempre acompanha a falta de graça. Os pecados que nos pare-cem muito pequenos, têm conseqüências perigosas. Miserável é uma nação indefensa e culpável; muito mais os desprovidos de toda a armadura de Deus.

CAPÍTULO 14• Versículos 1-15 Jônatas ataca os filisteus• Versículos 16-23 A derrota deles

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• Versículos 24-35 Saul proíbe a seu povo comer até o anoitecer• Versículos 36-46 Jônatas indicado por sorteio• Versículos 47-52 A família de Saul

Versículos 1-15Saul parece ter estado muito perdido e incapaz de ajudar-se. Nunca podem considerar-se a

salvo os que se vêem fora da proteção de Deus. Agora manda em busca de um sacerdote e da arca. Espera arranjar as coisas com o Todo-Poderoso por meio de uma reforma parcial, como fazem muitos cujo coração não se humilha nem muda. A muitos lhes agrada ter ministros que profetizem coisas bonitas.

Jônatas teve o impulso e a impressão divina que o lançou nesta aventura atrevida. Deus guia os passos dos que o reconhecem em todos seus caminhos e buscam Sua direção, com todo o propósito de seu coração de segui-lo. às vezes encontramos mais consolo no que não é tanto nossa obra, já que fomos levados a isso pelos giros inesperados, porém bem planejados, da providência divina.

Houve pânico na guarnição. Se diz tremor de Deus, o qual significa não só uma grande tremor, que não puderam resistir nem arrazoar para pôr-lhe fim, senão que veio repentina-mente da mão de Deus. O que fez o coração savé fazê-lo tremer.

Versículos 16-23Os filisteus foram postos um contra o outro pelo poder de Deus. quanto mais evidente era

que Deus fazia todo, mais razão tinha Saul para perguntar se Deus lhe daria autorização para fazer algo. Porém, estava tão pressuroso por combater um inimigo caído que não ficou para terminar suas devoções, nem ouviu a resposta de Deus. quem crê não andará tão apressado nem considerará qualquer assunto tão urgente como para não dedicar tempo para a Deus o acompanhe.

Versículos 24-35A severa ordem de Saul foi muito imprudente; se ganhasse tempo, tirava forças para a

perseguição. Tal é a natureza de nossos corpos que o trabalho cotidiano não pode ser feito sem o pão cotidiano, que, conseqüentemente, nosso Pai celestial dá em Sua graça.

Saul estava distanciando-se de Deus e agora começa a levantar altares, sendo então, como muitos, muito zeloso da forma da piedade, porém negando sua eficácia.

Versículos 36-46Se Deus rejeitar nossa oração, temos razões para suspeitar que é por algum pecado alber-

gado e nosso coração, o qual devemos buscar para tirá-lo e eliminá-lo. sempre devemos sus-peitar de nós mesmos e examinar-nos primeiro; mas um coração que não se tem humilhado suspeita de cada pessoa, e busca em todas partes, menos em si mesmo, a causa pecaminosa de sua calamidade.

Foi descoberto que Jônatas era o ofensor. Os que são mais indulgentes com seus pecados são os mais severos com os outros; os que mais desprezam a autoridade de Deus são os mais impacientes quando são desobedecidos seus próprios mandados. Os que lançam maldições, põem em perigo a si mesmos e a sua família.

Versículos 47-52Este é um reconto geral da corte e acampamento de Saul. Ele tinha poucas razões para

orgulhar-se de sua dignidade real, e nenhum de seus vizinhos tinha causa para invejá-lo, pois desfrutou muito pouco depois de assumir o reinado. Freqüentemente, a glória terrena do homem não é senão um lampejo produzido justo antes que caia sobre eles a escura noite da desgraça e dos ais.

CAPÍTULO 15• Versículos 1-9 Saul enviado a destruir Amaleque• Versículos 10-23 Saul se escusa e se elogia a si mesmo• Versículos 24-31 A humilhação imperfeita de Saul• Versículos 32-35 Morte de Agague – Samuel e Saul se separam

Versículos 1-9A sentença condenatória contra os amalequitas tinha sido ditada muito antes (Êx 17.14; Dt

25.19), mas não tinha sido executada enquanto não enchessem a medida de seus pecados. Es-

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tamos seguros que o justo Senhor Jesus não faz injustiça a ninguém. A lembrança da amabili-dade dos antepassados dos queneus que os favoreceu, na época em que Deus estava casti-gando as injúrias perpetradas pelos amalequitas, tendeu a vindicar a justiça de Deus nesta dis-pensação. Perigoso é ser encontrado em companhia dos inimigos de Deus, e o dever e inter-esse pessoal devemos afastar-nos deles, não seja que participemos de seus pecados e suas pragas (Ap 18.4).

Como o mandamento tinha sido expresso, e prova para a obediência de Saul, sua conduta evidentemente era o efeito de um espírito orgulhoso e rebelde. Ele destruiu somente o lixo, o que de pouco servia. O destruído agora foi sacrificado à justiça de Deus.

Versículos 10-23O arrependimento de Deus não é uma mudança de propósito, como em nosso caso, senão

uma mudança de método. A mudança esteve em Saul, "porquanto rejeitou a palavra do Sen-hor". Por isso fez de Deus seu inimigo. Samuel se passou toda uma noite rogando por Saul. A rejeição dos pecadores é tristeza para os crentes: Deus não se deleita em sua morte, nem tam-pouco nós.

Saul se jacta de sua obediência ante Samuel. Assim pensam os pecadores, que justificando-se a si mesmos, escaparão do juízo do Senhor. O barulho do gado, como o mofo da prata (Tg 5.3) testemunhou contra ele. Muitos se ufanaram de obedecer os mandamentos de Deus, mas então, que significa sua contemporização com a carne, seu amor ao mundo, seu espírito ir-ritável e perverso, e sua negligência dos deveres santos que testemunham em sua contra? Veja-se de que mal é a raiz o amor ao dinheiro; e perceba-se qual a gravidade do pecado e ob-serve-se que é o que por acima de toda outra coisa o faz mau ante os olhos do Senhor: é a des-obediência: "não obedeceste a voz do Senhor".

O coração carnal e enganoso como o de Saul, pensa escusar-se dos mandamentos de Deus pelo que a eles mais agrada. Custa convencer aos filhos de desobediência. Mas aquela hu-milde, sincera e conscienciosa obediência à vontade de Deus é mais agradável e aceitável para Ele do que gordura queimada e sacrifícios. Se glorifica mais a Deus e se nega melhor o eu pela obediência que pelo sacrifício. É muito mais fácil trazer um bezerro ou cordeiro para ser queimado sobre o altar do que transformar todo pensamento altivo em obediência a Deus e submeter nossa vontade à sua vontade. São inaptos e indignos de governar aos homens os que não estão dispostos a que Deus reine sobre eles.

Versículos 24-31Houve sinais da hipocrisia no arrependimento de Saul.1) Suplicou a Samuel a sós e parecia muito ansioso de ficar bem em sua opinião e de ganhar

seu favor.2) Embora a confessa, justifica sua falta; esse não é o caminho do verdadeiro arrependido.3) Toda sua preocupação era salvar seu crédito ante o povo e preservar seu interesse por

ele.Os homens são inconstantes e mudam de idéia, fracos e não podem concretizar seus

propósitos; algo acontece que não puderam prever pelo qual rompem suas medidas, mas não acontece assim com Deus. O Forte de Israel não mentirá.

Versículos 32-35Muitos pensam que a amargura da morte já se passou, quando ainda não chegou; colocam

o dia mau longe deles, quando em realidade está muito perto. Samuel chama a Agague para que renda conta de seus pecados. Seguiu o exemplo da crueldade de seus antepassados, por-tanto é justamente requerido todo o sangue justo derramado por Amaleque. A Saul parece não preocupá-lhe o sinal do desagrado de Deus sob o qual está, embora Samuel chora dia e noite por ele. Jerusalém estava carnalmente segura quando Cristo chorou por ela. Desejamos fazer toda a vontade de Deus? Voltem-se a Ele, não em forma nem aparência, senão com sinceri-dade.

CAPÍTULO 16• Versículos 1-5 Samuel enviado a Belém a Jessé• Versículos 6-13 Unção de Davi• Versículos 14-23 Saul perturbado por um espírito maligno, e acalmado por

Davi

Versículos 1-5Se vê que Saul tinha ficado muito mal. De que não seria culpável se pensou em matar a

Samuel? Os anciãos de Belém tremeram ante a chegada de Samuel. Nos convém reverenciar os mensageiros de Deus e tremer diante de Sua palavra. Sua resposta foi: Sim, venho oferecer

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sacrifício a Jeová. Quando nosso Senhor Jesus veio ao mundo, mesmo que os homens tivessem razão para temer que sua missão era condenar o mundo, deu, contudo, toda a seguridade de que veio em paz, pois veio oferecer sacrifício e trouxe consigo sua oferta: Me preparas-te corpo. Santifiquemo-nos e confiemos em seu sacrifício.

Versículos 6-13Era raro que Samuel, que se havia decepcionado tanto de Saul, cujo rosto e estatura lhe re-

comendavam, julgasse a outro homem por seu aspecto exterior. Podemos dizer como se vêm os homens, porém Deus pode dizer o que são. Ele julga os homens pelo coração. Freqüente-mente nos formamos um juízo errado de um personagem, porém o Senhor valoriza somente a fé, o temor e o amor plantados no coração, por acima do discernimento humano. Deus não fa-vorece a nossos filhos conforme a nossa parcialidade afetiva; freqüentemente, honra e abençoa os que foram menos considerados.

Afinal, foi nomeado Davi. Ele era o filho menor de Jessé; seu nome significa Amado; era tipo do amado Filho de Deus. parecia que Davi era o menos dotado de todos os filhos de Jessé. Porém o Espírito do Senhor desceu sobre ele desde esse diâmetro em diante. Sua unção não foi uma cerimônia vazia; um poder divino veio com esse sinal instituído; ele se achou de re-pente com grande sabedoria e valor, com todas as capacidades de um príncipe, embora seu desenvolvimento não o devesse a circunstâncias externas. Isto lhe confirmava que sua eleição era de Deus. a melhor evidência de ser predestinado ao reino da glória é ser selado com o Es-pírito da promessa e experimentar uma obra de graça no coração.

Versículos 14-23Saul se aterrorizava de si mesmo. o Espírito do Senhor foi-se dele. Se Deus e sua graça não

nos governam, o pecado e Satanás tomarão possessão de nós. O diabo, por permissão divina, perturbou e aterrorizou a Saul pelos humores corruptos de seus corpo e as paixões de sua mente. Ficou temeroso, beligerante, descontente e, às vezes, maluco. É uma pena que a música, que pode ser útil para o bom gênio da mente, seja sempre mal utilizada para respaldar a vaidade e a luxúria e seja ocasião para afastar o coração de Deus e das coisas serias. Isso é afastar o Espírito bom, não o mau. A música, as diversões, a companhia ou os negócios tem sido utilizados por um tempo para acalmar a consciência ferida; porém nada pode efetuar uma cura real, senão o sangue de Cristo aplicado com fé e o Espírito santificador que sela o perdão, por sua santa consolação. Todos os outros planos para dissipar a melancolia religiosa, o que farão com certeza é acrescentar o mal-estar, seja neste mundo ou no próximo.

CAPÍTULO 17• Versículos 1-11 O desafio de Golias• Versículos 12-30 Davi chega ao acampamento• Versículos 31-39 Davi se compromete a pelejar com Golias• Versículos 40-47 Vai a seu encontro• Versículos 48-58 Mata a Golias

Versículos 1-11Os homens dependem tão completamente de Deus em todas as coisas, que quando Ele re-

tira sua ajuda, o mais valoroso e decidido não encontra coração nem braços, como o demon-strará a experiência diária.

Versículos 12-30Jessé não pensou em mandar seu filho ao exército nessa situação crítica, mas o sábio Deus

ordena as ações e os assuntos para que sirvam a Seu desígnio.Em épocas de formalismo e indiferença geral, todo grau de zelo que implique disposição

para ir adiante ou para aventurar-se na causa de Deus mais que os outros, será achacado ao orgulho e à ambição, e nada menos que pelos parentes próximos como Eliabe, ou pelos superi-ores negligentes. Foi uma prova da mansidão, paciência e constância de Davi. Tinha o direito e a razão de seu lado, mas não devolveu golpe por golpe; com uma resposta branda acalmou a ira de seu irmão. A derrota de sua própria paixão foi mais honrosa que a de Golias. Os que em-preendem grandes serviços públicos não devem achar estranho que falem mal deles e que se lhes opunham pessoas das que deviam esperar apoio e ajuda. Devem prosseguir humilde-mente com sua obra, enfrentando não só as ameaças do inimigo, senão também os dardos e suspeitas dos amigos.

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Versículos 31-39Um pastorzinho, chegado essa mesma manhã diretamente de sua tarefa de cuidar ovelhas,

teve mais valor que todos os homens poderosos de Israel. Deste modo, Deus amiúde envia boas palavras a seu Israel e realiza grandes coisas por eles por meio do néscio e fraco do mundo. Da forma em que tinha respondido com mansidão à paixão de seu irmão, Davi respon-deu com fé ao temor de Saul.

Quando Davi cuidava ovelhas, demonstrou que era muito cuidadoso e atento com seu re-banho. Isto nos lembra a Cristo, o Bom Pastor, que não só se aventurou, senão que entregou sua vida pelas ovelhas. Nossa experiência deveria animar-nos a confiarmos em Deus e a ser-mos valentes no caminho do dever. O Deus que tem liberado, liberta e continuará liberando.

Davi teve a autorização para pelejar com o filisteu. Ao não estar acostumado a uma ar-madura, como a que Saul lhe deu, não estava satisfeito de ir assim; isto era do Senhor, para que se visse com toda clareza que ele lutou e venceu pela fé e que a vitória era dAquele que opera através dos médios e instrumentos mais fracos e desprezados. Não deve perguntar-se quão excelente é uma coisa, senão se é apropriada. Seja a cota de Saul tão rica, e sua ar -madura tão forte, porém, em que melhoram a Davi, se não lhe acomodam? Todavia a fé, a oração, a verdade e a justiça, toda a armadura de Deus, e o sentir que havia em Cristo, são igualmente necessários para todos os servos do Senhor, qualquer seja a obra deles.

Versículos 40-47A seguridade e presunção dos néscios os destrói. Nada pode superar a humildade, a fé e a

piedade que há nas palavras de Davi. Expressou sua segura esperança de êxito; se gloriou em sua pobre aparência e em suas armas de que a vitória seria atribuída somente o Senhor.

Versículos 48-48Veja-se o frágil e incerto da vida, embora o homem se considere excelentemente fortificado;

quão rápida e facilmente e por quão pequenas formas pode abrir-se uma passagem para que saia a vida e entre a morte! O forte não se glorie em sua força, nem o homem armado em sua armadura. Deus resiste o soberbo e despreza os que o desafiam a Ele e a seu povo. ninguém que tenha endurecido seu coração contra Deus tem prosperado. A história ficou escrita para que todos se atrevam a entrar em ação em defesa da honra de Deus, e em apoio de Sua causa, com valente e imperturbável confiança nEle. Há um conflito em que estão comprometi-dos todos os seguidores do Cordeiro, e devem estar!: um inimigo mais formidável que Golias, que se atreve a desafiar os exércitos de Israel; contudo, "resistam ao diabo e fugirá de vós". Veja a batalha com a fé de Davi, e as potestades das trevas não lhe resistirão. Todavia, com quanta freqüência o cristão é entorpecido por um coração malvado e incrédulo!

CAPÍTULO 18• Versículos 1-5 A amizade de Jônatas e Davi• Versículos 6-11 Saul procura matar a Davi• Versículos 12-30 O temor de Saul ante Davi

Versículos 1-5A amizade de Davi e Jônatas era efeito da graça divina que produz nos crentes verdadeiros

um coração e alma, e faz que se amem uns a outros. Esta união de almas provém da co-munhão com o Espírito de Cristo. Onde Deus une os corações, os assuntos carnais são demasi-ado fracos para separá-los. Os que amam a Cristo como a sua alma estão dispostos a unir-se a Ele numa aliança eterna. Certamente foi uma grande prova do poder da graça de Deus em Davi, que ele pudesse suportar todo este respeito e honra sem enaltecer-se em forma desme-dida.

Versículos 6-11Os problemas de Davi não só seguem imediatamente a seus triunfos, senão que surgem de-

les; tal é a vaidade do que parece mais grandioso neste mundo. Sinal de que o Espírito e Deus se foi dos homens, é que eles, como Saul, são irritadiços, invejosos, desconfiados e de mal gênio. Compare-se Davi, com sua harpa na mão, procurando servir a Saul, com Saul, com a lança na mão, procurando matar a Davi; observe-se a doçura e utilidade do povo de Deus perseguido e a desumanidade de seus perseguidores. Todavia, a seguridade de Davi deve atribuir-se à providência de Deus.

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Versículos 12-30Por longo tempo Davi for mantido em contínua apreensão de cair pela mão de Saul, mas

perseverou em sua conduta mansa e respeitosa para com seu perseguidor. Quão pouco co-mum são tanta prudência e discrição, especialmente quando há insultos e provocações! Averigüemos se imitamos esta parte do personagem exemplar colocado diante nosso. Estamos conduzindo-nos prudentemente em todos nossos caminhos? Não há omissão pecadora, nem rudeza de espírito, nem nada mau em nossa conduta? A oposição e a perversidade dos outros não será escusa para nosso mau temperamento; antes devem aumentar nosso cuidado, e a atenção aos deveres de nossa posição.

Considerem Àquele que sofreu tal contradição de pecadores contra si mesmo para que o ân-imo de vocês não canse até desmaiar (Hb 12.3). Se Davi magnificou a honra de ser o genro de Saul, quanto deveríamos nós magnificar a honra de sermos filhos do Rei de reis!

CAPÍTULO 19• Versículos 1-10 Jônatas reconcilia a seu pai com Davi – Saul trata de matá-lo

outra vez• Versículos 11-24 Davi foge a Samuel

Versículos 1-10Que convincentes são as palavras retas! Por um tempo Saul esteve convencido do irracional

de sua inimizade contra Davi; porém continuou com seu rancor. Tão incurável é o ódio da se-mente da serpente contra a da mulher, tão enganoso e perverso é o coração do homem sem a graça de Deus (Jr 17.9).

Versículos 11-24A estratagema de Mical para ganhar tempo até que Davi estiver longe era permissível,

porém sua falsidade não teve nem sequer a defesa da necessidade para escusá-la e manifesta que ela não estava sob a influência do mesmo espírito de piedade revelado que havia ditado as palavras de Jônatas a Saul.

Davi fez de Deus seu refúgio ao fugir a Samuel. Este, como profeta, era o melhor habilitado para aconselhá-lo a que fazer nesse momento perigoso. Achou pouco conforto ou satisfação na corte de Saul, e por iso foi buscá-lo na igreja de Samuel. quão pouco é o prazer que têm neste mundo os que têm uma vida de comunhão com Deus; a isto regressou Davi no momento difícil. Com tanta impaciência buscava Saul o sangue de Davi, tão inquieto estava em sua contra, que embora uma providência após outra a frustraram, não lograva perceber que Davi estava sob a proteção especial de Deus.

Quando Deus toma este caminho para proteger a Davi, até Saul profetiza. Muitos têm grandes dons, mas nada de graça; podem profetizar no nome de Cristo, mas são desconheci-dos por Ele. procuremos diariamente renovar a graça que será em nós como poço de água que brota para a vida eterna. Aferremo-nos à vaidade e à santidade com propósito pleno do coração. Em todo perigo e problema busquemos a proteção, o consolo e a direção das orde-nanças de Deus.

CAPÍTULO 20• Versículos 1-10 Davi consulta a Jônatas• Versículos 11-23 A aliança de Jônatas com Davi• Versículos 24-34 Saul procura matar a Jônatas ao faltar Davi• Versículos 35-42 Jônatas se separa de Davi

Versículos 1-10As provas que enfrentou Davi o prepararam para seu futuro progresso. Assim trata o Senhor

a quem prepara para a glória. Não os coloca lodo em possessão do reino; os guia às vezes de muita tribulação, a qual converte no médio para equipá-los para o reino. Não murmurem con-tra sua nomeação por graça, nem desconfiem do cuidado de Deus, porém olhem para frente, com alegre esperança, a coroa que lhes está reservada.

Às vezes nos parece que não há senão um passo entre nós e a morte; em todas as ocasiões pode ser assim e devemos preparar-nos para o fato. Mas ainda que os perigos pareçam muitos ameaçadores, não podemos morrer enquanto não se cumpra o propósito de Deus para nós, nem até que tenhamos servido a nossa geração conforme com a sua vontade, se somos crentes.

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Jônatas oferece generosamente seus serviços a Davi. Esta é a amizade verdadeira. Da mesma forma testemunha Cristo seu amor por nós. Peçam e lhes será dado; e devemos dar testemunho de nosso amor a Ele, obedecendo a seus mandamentos.

Versículos 11-23Jônatas promete que ele fará saber fielmente a Davi como encontra a atitude de seu pai

para com ele. será bondade para com nós mesmos e para com os nosso adquirir interesse nos que são favorecidos por Deus, e fazer-nos amigos de seus amigos. A amizade verdadeira des-cansa sobre uma base firme, e é capaz de silenciar a ambição, o amor próprio e a consideração indevida dos outros. todavia, quem pode entender completamente o amor de Jesus que se deu em sacrifício por rebeldes pecadores corruptos! Quão grande, então, deve ser o poder e o efeito de nosso amor por Ele, por sua causa e sua gente!

Versículos 24-34Ninguém mais constante que Davi para assistir aos deveres sagrados; nem tampouco se

teria ausentado, porém a auto-preservação o obrigou a retirar-se. Em caso de grande perigo, as oportunidades presentes para participar nas ordenanças divinas se podem postergar. Con-tudo, é mau para nós, exceto em caso de necessidade, perder qualquer oportunidade de par-ticipar na forma estabelecida.

Jônatas agiu bem e prudentemente para si mesmo e sua família, ao adquirir interesse em Davi, embora o culpassem por isso. Bom é tomar o povo de Deus como nosso povo. Afinal será para a nossa vantagem, ainda que agora se pense que é contrário aos nossos interesses. Saul se enfureceu. Em que bestas selvagens, e pior ainda, converte a ira aos homens!

Versículos 35-42A separação dos dois amigos fiéis foi triste para ambos, mas o caso de Davi era mais lamen-

tável, porque deixava todas suas comodidades, até as do santuário de Deus. Os cristãos não devem entristecer-se como os que não têm esperança; já que são um com Cristo, são um mu-tuamente, e se encontrarão em sua presença dentro de não muito tempo, para não separar-se nunca mais, e encontrar-se onde Deus enxugará toda lágrima dos olhos deles.

CAPÍTULO 21• Versículos 1-9 Davi com Aimeleque• Versículos 10-15 Davi se finge louco em Gate

Versículos 1-9Davi, em problemas, fugiu ao tabernáculo de Deus. grande consolo no dia difícil é que ten-

hamos um Deus ao qual acudir, ao qual podemos apresentar nosso caso e ao qual podemos pedir e esperar direção.

Davi disse a Aimeleque uma tremenda mentira. Que diremos disto? A Escritura não a oculta, e não nos atrevemos a justificá-lo; foi mal feito e teve mas conseqüências, porque ocasionou a morte dos sacerdotes do Senhor. Davi depois refletiu sobre isto com arrependimento. Davi tinha grande fé e valor, mas ambos lhe falharam; caiu torpemente por temor e cobardia, e dev-ido à debilidade de sua fé. se tiver confiado corretamente em Deus, não teria usado esse conto triste e pecaminoso para sua sobrevivência. Está escrito, não para que o imitemos, nem sequer nos maiores apertos, senão como advertência para nós. Davi pediu pão e espada a Aimeleque. Este supôs que podiam comer do pão da proposição. O Filho de Davi ensina, a partir disto, que a misericórdia é melhor que os sacrifícios; que as observâncias rituais devem dar preferência aos deveres morais.

Doegue entrou no tabernáculo junto com Davi. Pouco sabemos de com que coração vêm a gente à casa de Deus, nem do uso que farão da pretendida devoção. Se muitos vêm com coração simples a servir a seu Deus, outros vêm a observar a seus mestres e se convertem em acusadores. Somente Deus e o que aconteça podem distinguir entre um Davi e um Doegue quando ambos estão no tabernáculo.

Versículos 10-15O perseguido povo de Deus tem achado freqüentemente um melhor trato dos filisteus, que

dos israelitas. Davi tinha razão para pôr sua confiança em Áquis, mas começou a temer. Sua conduta foi degradante e se mostrou vacilante em sua fé e valor. Quanto mais simplesmente confiarmos em Deus e o obedeçamos, mais cômoda e seguramente caminharemos por este problemático mundo.

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CAPÍTULO 22• Versículos 1-5 Davi em Adulão – Muitos recorrem a ele• Versículos 6-19 Saul destrói os sacerdotes de Nobe • Versículos 20-23 Abiatar foge trás Davi

Versículos 1-5Observem-se os instrumentos fracos que às vezes usa Deus para realizar seus propósitos. O

Filho de Davi está preparado para receber as almas angustiadas que ficarão sob seu mando. Ele recebe a todos os que acodem a Ele, por vis e miseráveis que sejam; os transforma em um povo santo e os coloca a Seu serviço: os que reinarão com Ele ao devem conformar-se com sofrer com Ele e por Ele.

Observe-se com quão tenra preocupação Davi proveu para seus anciãos pais. O primeiro que faz é buscá-lhes uma habitação tranqüila, sem importar o que aconteça com ele. os filhos devem aprender a honrar a seus pais em tudo, considerando em todo sua comodidade e satis-fação. Ainda que sejam ascendidos ao mais alto, e estejam muito ocupados, não se esqueçam de seus anciãos pais. Os passos do homem bom têm sido ordenados pelo Senhor. Deus preser-vará a seu povo para a obra determinada, por mais que sejam odiados e denunciados.

Versículos 6-19Observe-se a natureza do rancor ciumento e suas más artes. Saul olhava como seus inimi-

gos a todos os que o rodeavam, porque não falavam como ele. na resposta de Aimeleque a Saul temos a linguagem da inocência consciente, porém, com quanta maldade não pressionará aos homens quando o espírito maligno tem o domínio! Saul afirma o que é completamente falso e indemonstrável. Todavia, até os tiranos mais sanguinários acharam instrumentos de sua crueldade, tão bárbaros como eles mesmos. Doegue, tendo assassinado os sacerdotes, foi à cidade de Nobe e passou a todos pela espada. Nada tão repulsivo, senão os que o fazem, os que têm provocado a Deus, ao ponto que Ele os entrega à luxúria de seus corações. Todavia, este foi o cumprimento das ameaças contra a casa de Eli. Embora Saul foi injusto ao fazê-lo, Deus foi justo ao permiti-lo. nenhuma palavra de Deus cairá em terra.

Versículos 20-23Davi lamentou muito a desgraça. Grande transtorno para um homem bom é compreender

que foi o causante do mal para terceiros. Deve ter ficado muito pesaroso quando considerou que sua mentira tinha sido a causa deste acontecimento fatal. Davi fala com certeza de sua própria seguridade e promete que Abiatar terá sua proteção. Com o Filho de Davi, todos os que são seus podem ter certeza que serão salvaguardados (Sl 91.1).

Na pressa e distração em que estava continuamente Davi, encontrou tempo para ter co-munhão com Deus e achou consolo nela.

CAPÍTULO 23• Versículos 1-6 Davi livra a Queila• Versículos 7-13 Deus lhe adverte para que fuja de Queila• Versículos 14-18 Jônatas consola a Davi• Versículos 19-29 Livrado de Saul por uma invasão dos filisteus

Versículos 1-6Quando um príncipe persegue o povo de Deus, deve esperar tribulações de todas partes. A

forma em que um país tem tranqüilidade é deixar que a igreja de Deus esteja tranqüila: se Saul peleja contra Davi, os filisteus pelejam contra seu país. Davi se considerava protetor de sua terra. Assim fez o Salvador Jesus e nos deixou um exemplo. Não são como Davi os que porfi-adamente se negam a fazer o bem se não são recompensados seus serviços.

Versículos 7-13Bem poderia Davi queixar-se de seus inimigos, que lhe devolviam mal por bem, e em troca

de seu amor se tornavam seus adversários. Assim, Cristo foi tratado com vileza.Davi pedia direção a seu grande Protetor. Assim que lhe traziam o éfode, ele o usava.

Temos as Escrituras em nossas mãos, busquemos conselho delas nos casos duvidosos. Digam: "Tragam-me a Bíblia". A forma em que Davi se dirige a Deus é muito solene, mas também muito particular. Deus permite que sejamos assim em nossas conversas com Ele: Senhor, guia-me neste assunto sobre o qual estou agora totalmente perdido. Deus sabe não só o que será,

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senão o que deveria ser, se não houver impedimento; portanto, Ele sabe livrar o piedoso da tentação e como dar a cada homem conforme a suas obras.

Versículos 14-18Davi não cometeu atentados contra Saul; guardou o caminho de Deus, esperou o tempo de

Deus, e contentou-se com ocultar-se nos bosques e no deserto. Pensamos o pior deste mundo, que freqüentemente trata tão mal a seus melhores homens: que nos faça anelar esse reino onde a bondade estará por sempre na glória e a santidade em honra.

Encontramos a Jônatas consolando a Davi. Como amigo piedoso o dirigiu a Deus, o funda-mento de seu consolo. Como amigo abnegado, se compraz na perspectiva do Ascenso de Davi ao trono. Como amigo constante renova sua amizade com ele. Nossa aliança com Deus deveria ser renovada por nós freqüentemente e, assim, manter nossa comunhão com Ele. se o que diz um amigo numa reunião consola e fortalece nossos corações, que não pode esperar-se do respaldo contínuo e do amor poderoso do Salvador dos pecadores, o Amigo dos crentes na aliança!

Versículos 19-29Em meio de sua maldade, Saul fingiu falar a linguagem da piedade. Tais expressões, sem

efeitos apropriados, podem somente divertir ou enganar aos que as ouvem e aos que as usam.Esta montanha era um emblema da providência divina interposta entre Davi e o destruidor.

Não desmaiemos ante a perspectiva de futuras dificuldades, antes permaneçamos nAquele que é maravilhoso em conselho e excelente em obra. Antes que faltar a sua promessa, Ele en-carregará aos filisteus que se ocupem de fazer-nos escapar, no momento mesmo em que nosso caso pareça mais desesperado. Deus exige dependência completa dEle: "Se não o cr-erdes, certamente não haveis de permanecer" (Is 7.9, ACF).

CAPÍTULO 24• Versículos 1-7 Davi perdoa a vida de Saul• Versículos 8-15 Davi demonstra sua inocência• Versículos 16-22 Saul reconhece sua falta

Versículos 1-7Deus entregou a Saul nas mãos de Davi. Era uma oportunidade dada a Davi para exercer fé

e paciência. Tinha-lhe sido prometido o reino, mas não tinha ordem de matar o rei. Arrazoa firmemente consigo mesmo e com seus homens em contra de fazer algum dano a Saul. o pecado é algo que nos deve causar sobressalto, e devemos resistir as tentações para pecar. Davi não só consideraria isto mau em si; tampouco toleraria que os seus o fizessem. Assim, de-volveu bem por mal àquele de quem recebera mal por bem; deste modo, assentou um exem-plo para todos os que se dizem cristãos, de não deixar-se vencer pelo mal, senão de vencer o mal com o bem.

Versículos 8-15Davi foi acusado falsamente de que procurava o mal de Saul; demonstra a Saul que a

providência de Deus tinha-lhe dado a oportunidade de fazê-lo. e foi com um bom princípio que se negou a fazê-lo. declara sua decidida resolução de não ser jamais seu próprio vingador. Se os homens lhe fizerem mal, Deus nos fará bem ao máximo no juízo do grande dia.

Versículos 16-22Saul fala totalmente vencido pela bondade de Davi. Muitos se lamentam de seus pecados

sem arrepender-se verdadeiramente deles; choram amargamente por eles, porém continuam apaixonados deles, e ligados a eles.

Agora Deus cumpriu a Davi a palavra com que lhe tinha feito ter esperanças de que faria re-luzir sua justiça como a luz (Sl 37.6). os que se cuidam de manter uma boa consciência, podem deixar que Deus lhes dê o crédito por ela. Cedo ou tarde, Deus forçará até àqueles que são da sinagoga de sentimento a que conheçam e aceitem aos que Ele amou. Eles se separaram em paz.

Saul foi para sua casa convicto, mas não convertido; envergonhado de sua inveja por Davi, porém retendo em seu peito essa raiz de amargura; irritado de que quando por fim tinha achado a Davi, não teve seu coração para destruí-lo, como se havia proposto. O rancor parece freqüentemente morto quando somente está dormido, e reviverá com dupla força. Contudo, seja que o Senhor amarre as mãos dos homens ou afete seus corações, de modo que não nos

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firam, a liberação é igualmente Sua; é prova de Seu amor e antecipo de nossa salvação, e deve tornar-nos agradecidos.

CAPÍTULO 25• Versículo 1 A morte de Samuel• Versículos 2-11 O pedido de Davi – A negação grosseira de Nabal • Versículos 12-17 A intenção de Davi de destruir a Nabal• Versículos 18-31 Abigail leva um presente a Davi• Versículos 32-39 Ele se tranqüiliza – Nabal morre• Versículos 39-44 Davi toma por esposa a Abigail

Versículo 1Todo Israel lamentou a Samuel, e tinham razão. Ele orava diariamente por eles. Têm

corações duros os que podem enterrar os ministros fiéis sem pena, os que não sentem como perda sua aos que têm orado por eles, e lhes ensinaram o caminho do Senhor.

Versículos 2-11Não teríamos sabido de Nabal se nada tivesse acontecido entre ele e Davi. Observe-se seu

nome, Nabal, "néscio", porque isso significa. As riquezas fazem que os homens se vejam grandes ante os olhos do mundo, mas para quem vê corretamente, Nabal se via muito baixo. Não tinha honra nem honestidade, era vulgar, de mau temperamento e irritável; malvado em seus feitos, duro e opressor; homem que não se importava de que fraude ou violência utilizava para ganhar e entesourar. Quão pouca razão temos para anelar a riqueza deste mundo, quando um vulgar como Nabal tem abundância, e homens tão bons como Davi passam neces-sidade!

Davi deu como argumento os bondosos serviços dispensados aos pastores de Nabal. Con-siderando que os homens de Davi estavam em angústia e em dívida, inquietos e com escassez de provisões, foi a boa administração de Davi o que lhes impediu saquear. Nabal se deixou levar pela paixão, como tendem a fazer os homens cobiçosos, quando lhes é pedido Aldo, pen-sando assim cobrir um pecado com outro; e, maltratando ao pobre, se escusam para não so-corrê-los. Todavia, de Deus não se zomba. Que isto nos ajude a suportar as repreensões e os mal-entendidos com paciência e bom ânimo, e nos faça flexíveis; com freqüência tem sido a sorte dos excelentes da terra.

Nabal insiste muito na propriedade das provisões de sua mesa. Não pode fazer com o dele como lhe apraz? Erramos se pensamos que somos senhores absolutos do que temos e que podemos fazer o que nos apraz com isso. Não, não somos senão mordomos, e devemos usá-lo como nos é mandado, lembrando que não é nosso, senão dAquele que no-lo encomendou.

Versículos 12-17Deus é bom com o mau e ingrato, por que nós não podemos ser como Ele? Davi decidiu de-

struir a Nabal e todo o que lhe pertencia. É essa tua voz, oh Davi? Tinha permanecido tanto tempo na escola da aflição, onde devia aprender a paciência e, contudo, continua tão apaixon-ado? Em outros momentos, era sereno e considerado, mas se inflama tanto por umas poucas palavras duras, que procura destruir uma família inteira. Que é dos melhores homens, quando Deus os deixa livrados a si mesmos, para que possam saber o que há em seus corações? Quão necessário é orar: Senhor, não nos deixes cair em tentação!

Versículos 18-31Abigail expiou com um presente a negativa de Nabal ao pedido de Davi. A conduta dela foi

muito submissa. A submissão pacifica grandes ofensas. Ela se coloca no lugar de um penitente, e de alguém que roga. Não podia escusar a conduta de seu marido. Ela não depende de seus razoamentos, senão da graça de Deus para abrandar a Davi, e espera que a graça opere poderosamente. Diz-lhe que estava por debaixo dele vingar-se de um inimigo tão fraco e de-sprezível como Nabal, que assim como não lhe faria nenhum bem, tampouco podia fazê-lhe mal algum.

Ela prediz o final glorioso dos problemas presentes de Davi. Deus preservará sua vida; por-tanto, não lhe convém tirar a vida de ninguém, injusta e desnecessariamente, em especial do povo de seu Deus e Salvador. Abigail guarda este argumento para o final, por ser poderoso ante um homem tão bom; que quanto menos ceder a sua paixão, mais contribuirá à paz e tran-qüilidade de sua própria consciência. Muitos têm feito no ardor de sua ira o que desejarão mil vezes desfazer. A doçura da vingança logo se converte em amargura. Quando somos tentados a pecar, devemos considerar como o veremos quando o pensemos depois.

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Versículos 32-39Davi dá graças a Deus por enviá-lhe esta feliz interferência num caminho de pecado. Seja

quem for que nos saia ao encontro com um conselho, orientação, consolo, advertência ou repreensão oportunas, devemos ver que é Deus quem o envia. Devemos estar muito agradeci-dos por essas felizes providências, que são médios para impedir-nos pecar. A maioria pensa bastante se assumirão a repreensão com paciência, porém poucos a tomam com gratidão, elo-giam aos que a dão e a aceitam como um favor. Quanto mais perto estejamos de cometer pecado, maior é a misericórdia de uma chamada oportuna de atenção. Os pecadores costu-mam estarem muito seguros quanto mais perigam.

Estava muito bêbado. Sinal de que era Nabal, um néscio, que não podia desfrutar de algo sem abusar disso; que não podia ser afável com seus amigos sem converter-se numa besta. Não há sinal mais seguro de que um homem tem pouca sabedoria, nem forma mais segura de destruir o pouco que tenha, do que beber em excesso. Na manhã seguinte, como mudou! Seu coração, que ontem noite estava alegre com o vinho, na manhã seguinte estava pesado como pedra; tão enganosos são os prazeres carnais, que logo passa o riso do néscio; o final deste re-gozijo é angústia. Os ébrios se entristecem quando refletem em sua própria estultícia.

Uns dez dias depois, o Senhor atacou a Nabal para que morresse. Davi abençoou a Deus por tê-lo impedido de matar a Nabal. A tristeza do mundo, o orgulho envergonhado e a consciência aterrorizada põem fim ao gozo do luxurioso e afastam o cobiçoso de sua riqueza; porém, qual-quer seja a arma, o Senhor abate os homens com a morte quando lhe apraz.

Versículos 39-44Abigail cria que Davi seria rei de Israel, e apreciava muito seu caráter piedoso e excelente.

Considerou honorável sua proposta de matrimônio e vantajosa para ela, apesar de suas dificul-dades atuais. Com grande humildade e indubitavelmente de acordo com os costumes da época, ela consentiu, disposta a partilhar de suas tribulações. Deste modo, os que se unem a Cristo devem estar dispostos a sofrer com Ele, crendo que depois reinarão com Ele.

CAPÍTULO 26• Versículos 1-12 Saul persegue a Davi que, de novo, perdoa a vida de Saul• Versículos 13-20 Davi exorta a Saul• Versículos 21-25 Saul reconhece seu pecado

Versículos 1-12Com quanta prontidão os corações ímpios perdem as boas impressões causadas pela con-

vicção de pecado! Quão indefesos estavam Saul e todos seus homens! Ainda que todos es-tavam desarmados e acorrentados, não lhes faz nada; somente dormem. Com quanta facili-dade pode Deus debilitar o mais forte, fazer que o mais sábio seja néscio e deixar confundido o mais desperto! Davi resolveu, de qualquer modo, esperar até que Deus visse conveniente vingá-lo em Saul. De jeito nenhum ele forçaria com métodos duvidosos seu caminho rumo à coroa prometida. A tentação era muito forte, porém se ele se rendesse, pecaria contra Deus, portanto, resistiu a tentação e deixou as coisas nas mãos de Deus.

Versículos 13-20Davi arrazoou séria e afetuosamente com Saul. Os que nos proíbem de obedecer as orde-

nanças de Deus, fazem o que podem para afastar-nos de Deus e converter-nos em pagãos. Temos que contar como o dano maior que pode ser-nos feito, aquele que nos expõe ao pecado. Se o Senhor te incitou contra mim, seja por desgosto comigo, usando esta maneira de castigar-me por meus pecados contra Ele, ou por desagrado com você, se é o efeito desse espírito mal-vado de parte do Senhor que te atormenta, que Ele aceite uma oferta de nós dois. Unamo-nos procurando a paz e reconciliemo-nos com Deus pelo sacrifício.

Versículos 21-25Saul repetiu suas boas palavras e seus bons desejos, mas não deu sinais de arrependimento

verdadeiro para com Deus.Davi e Saul se separaram para nunca mais encontrar-se. Nenhuma reconciliação entre os

homens é firme se não se fundamenta nem se cimenta na paz com Deus por médio de Jesus Cristo. ao pecar contra Deus, os homens se fazem de loucos e erram em excesso. Muitos que odeiam a luz e fecham seus olhos ante ela, têm uma opinião passageira destas verdades. Não se pode ter confiança numa profissão justa dos que por longo tempo têm pecado contra a luz, embora as confissões de pecadores obstinados podem satisfazer-nos de que vamos por bom caminho e nos estimulem a perseverar, e esperar nossa recompensa somente no Senhor.

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CAPÍTULO 27• Versículos 1-7 Davi se retira de Gate• Versículos 8-12 Davi engana a Áquis

Versículos 1-7A incredulidade é um pecado que facilmente assedia até aos homens bons quando há lutas

por fora e temores por dentro; é difícil de superar. Senhor, aumenta nossa fé! podemos corar ao pensarmos que a palavra de um filisteu tivesse mais valor que a palavra de um israelita, e que a cidade de Gate fosse um refúgio para um homem bom, quando as cidades de Israel lhe negaram um refúgio seguro. Davi conseguiu um lugar cômodo não só distante de Gate, senão na fronteira com Israel, onde podia manter comunicação com seus compatriotas.

Versículos 8-12Davi atacou alguns remanescentes das nações sentenciadas enquanto esteve em território

filisteu. A gente que matou estava desde fazia muito tempo condenada à destruição.Às vezes é sábio evitar a notoriedade pública, mas não devemos estar ociosos em nenhuma

situação. Sempre devemos tratar de fazer algo pela causa de Deus.Davi ocultou esta expedição de Áquis. Todavia, uma falácia que serve ao objetivo de uma

mentira é tão parecida com ela, como um hipócrita é a uma pessoa profana; somente tem um melhor aspecto e, portanto, é mais perigosa. Contudo, embora os crentes manifestem imper-feições freqüentemente, nunca devem deixar-se vencer, para renunciar ao serviço de Deus e unir-se aos interesses de seus inimigos ou, finalmente, para chegar a serem servos do pecado e de Satanás. Todavia, que seqüela de males seguem-se à incredulidade! Quando esquecemos as misericórdias passadas do Senhor e suas promessas de graça, seremos abrumados com temores deprimentes e provavelmente seremos conduzidos a adotar algum método desonroso para liberar-nos de nossos problemas. Nada pode estabelecer-nos tão eficazmente num caráter e costumes santos, e preservar-nos da confusão, como a dependência firme e impassível das promessas de Deus em Cristo Jesus.

CAPÍTULO 28• Versículos 1-6 Áquis confia em Davi – O medo de Saul • Versículos 7-19 Saul consulta a adivinha de En-Dor• Versículos 20-25 O temor de Saul

Versículos 1-6Davi não podia rejeitar a Áquis sem perigar. Se prometesse ajudar e, depois, ficava neutral

ou se passava para o bando dos israelitas, se conduziria ingrata e traiçoeiramente. Se pele-jasse contra Israel, pecaria gravemente. Parecia impossível que saísse desta dificuldade com a consciência limpa, mas sua resposta evasiva, pensada para ganhar tempo, sem dúvida não harmonizava com o caráter de um israelita.

Os problemas são terríficos para os filhos da desobediência. Saul, em seu mal-estar, inquiriu do Senhor. não o buscou com fé, senão com mente dupla e instável. Saul tinha colocado em vigência uma lei contra a feitiçaria (Êx 22.18). Muitos parecem zelosos opositores do pecado quando são feridos de alguma forma por este, mas não se interessam pela glória de Deus, nem sentem desgosto pelo pecado por ser pecado. muitos parecem inimigos do pecado alheio, to-davia se satisfazem a si mesmos. Saul lançará fora o diabo de seu reino, porém o alberga em seu coração por inveja e rancor. Quão néscio é consultar os que, conforme com a lei de Deus, tinha-se proposto eliminar!

Versículos 7-19Quando nos saímos da clara senda do dever, todo nos desvia mais e acrescenta nossa con-

fusão e tentação. Saul deseja que a mulher invoque a alguém dentre os mortos com quem ele desejava falar; isto está expressamente proibido (Dt 18.11). Toda bruxaria ou conjuro, real ou simulado, é uma tentativa má ou ignorante de obter conhecimento ou ajuda de alguma criatura, quando não se obtém do Senhor indo pela senda do dever. Não lemos que Saul tenha ido a Samuel quando este vivia para que o aconselhasse em suas dificuldades; teria sido bom que o tivesse feito. Mas agora que morreu: "Faze-me subir a Samuel". Muitos que desprezam e perseguem os santos e ministros de Deus enquanto vivem, se alegrariam de tê-los com eles quando já partiram.

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Todo mostra que não foi uma fraude ou truque humano. Ainda que a mulher não podia fazer que Samuel fosse enviado, a busca de Saul seria a ocasião para isso. a surpresa e o terror da mulher provou que esta era uma aparição inesperada e desacostumada. Saul tinha desprezado as solenes advertências de Samuel durante sua vida, mas agora que esperava, como de-safiando a Deus, conseguir algum conselho e alento de parte dele, não iria Deus a permitir que a alma de seu profeta já ido se aparecesse a Saul, para confirmar sua sentença anterior e proclamar sua condena? A expressão "tu e teus filhos estareis comigo" não significa outra coisa que estarão no mundo eterno. Reflete muita solenidade o fato de que Deus permitisse que a alma de seu profeta falecido viesse como testemunha desde o céu para confirmar o que tinha falado na terra.

Versículos 20-25Os que esperam algum conselho bom o consolo de outra fonte que não Deus, e no caminho

de suas instituições, se desiludirão terrivelmente, como Saul. embora aterrado até o deses-pero, não se humilhou. Não confessou seus pecados, não ofereceu sacrifícios e não apresentou súplicas. Não parece ter-se preocupado pelos seus filhos ou por seu povo, nem ter tentado al -guma saída, mas em seu triste desespero se precipitou a seu final. Deus, às vezes, permite al-gum faro como este, para advertir os homens que não apaguem suas convicções de pecado, nem desprezem Sua Palavra. Porém, enquanto restar um pensamento de arrependimento, que nenhum pecador ache que esse é seu caso. Que se humilhe ante Deus, decidido a viver e mor-rer rogando seu favor, e terá êxito.

CAPÍTULO 29• Versículos 1-5 Davi objetado pelos filisteus• Versículos 6-11 Despedido por Áquis

Versículos 1-5Davi tinha a esperança secreta de que o Senhor o ajudasse, e o tirasse do problema, porém

parece que o medo do homem influiu muito quando consentiu em assistir a Áquis. Difícil é chegar perto da beira do pecado sem cair nele. Deus inclinou os príncipes dos filisteus para que se opusessem a que Davi fosse usado na batalha. Deste modo, o desgosto deles lhe fez bem, quando nenhum amigo teria podido fazê-lhe tanto bem.

Versículos 6-11Davi teve rara vez uma maior libertação que quando foi escusado desse serviço que era um

laço para ele. O Povo de Deus deve comportar-se sempre de forma tal que, de ser possível, tenha boa fama de parte de todos os que com ele tratam: corresponde que se fale bem dos que têm agido bem.

CAPÍTULO 30• Versículos 1-6 Os amalequitas assolam Ziclague • Versículos 7-15 Davi vence os amalequitas • Versículos 16-20 Recupera o que tinha perdido• Versículos 21-31 Davi reparte o botim

Versículos 1-6Quando nos vamos ao estrangeiro seguindo a senda do dever, podemos esperar tranqüila-

mente que Deus cuide de nossa família durante nossa ausência, mas não ao contrário. Se ao voltar de uma viagem encontramos nosso lar em paz e não assolado como encontrou Davi o seu, louvado seja o Senhor. os homens de Davi murmuraram contra ele. uma grande fé deve esperar severas provações. Porém, observe-se que Davi foi tão humilhado somente antes de ser elevado no trono, quando as coisas estão piores na igreja e no Povo de Deus, então começam a acomodar-se.

Davi se animou no Senhor seu Deus. seus homens se afanaram pelas suas perdas, a alma do povo estava amargurada; seu próprio descontento e impaciência se agregaram à aflição e à desgraça. Porém Davi o suportou melhor, ainda que tivesse mais razões que nenhum para lamentá-lo. Eles deram rédea solta a suas paixões, mas ele colocou suas graças em ação; e en-quanto eles se desencorajavam uns aos outros, ele, ao alentar-se em Deus, manteve seu es-pírito em calma. Os que tomaram o Senhor como seu Deus, podem recuperar alento nEle nas piores épocas.

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Versículos 7-15Se reconhecermos a Deus em todos os nossos caminhos, apesar de que, como neste caso,

não exista dúvida de que são justos, podemos esperar que Ele dirija nossos passos como fez com os de Davi.

Este, com ternura para com seus homens, não os exigiu além de suas forças. O Filho de Davi considera assim os corpos de seus seguidores, que não são fortes nem vigorosos por igual em suas empresas e conflitos espirituais. Porém, onde somos fracos, Ele é bom, e mais ainda, ali Ele é forte (2 Co 12 9-10).

Um coitado rapaz egípcio, apenas vivo, converte-se num médio de muito bem para Davi. Justamente a Providência fez deste pobre servo, usado por seu amo de forma baixa, um instru-mento para a destruição dos amalequitas; porque Deus escuta o clamor dos oprimidos. Indig-nos do nome de israelitas verdadeiros são aqueles que não se compadecem das pessoas com problemas. Não devemos fazer dano nem negar o bem a ninguém; em algum momento pode que o mais baixo esteja em posição de devolver o bem ou o dano.

Versículos 16-20Os pecadores estão mais perto da ruína quando gritam: Paz e segurança, e consideram que

o dia mau está longe deles. Tampouco nada dá mais vantagem a nosso inimigo espiritual que a sensualidade e o libertinagem: comer, beber e dançar tem sido a forma suave e agradável em que muitos se foram à congregação dos mortos.

O botim foi recuperado e levado; nada se perdeu, e muito foi ganho.Versículos 21-31Deus tem o propósito de que usemos para fazer o bem o que Ele nos dá. Davi foi justo e

bom a repartir o botim. Sem dúvida são homens de Belial os que se deleitam em pôr dificul-dade a seus irmãos, e não se interessam pelo faminto enquanto eles possam encher-se por completo.

Davi foi generoso e bom com todos seus amigos. Os que consideram que o Senhor é o doador da abundância deles, disporão daquilo com bondade e generosidade.

CAPÍTULO 31• Versículos 1-7 Derrota e morte de Saul• Versículos 8-13 O corpo de Saul resgatado pelos homens de Jabes-Gileade

Versículos 1-7Não podemos julgar o estado espiritual ou eterno de ninguém pela forma em que morre,

porque nesta, um mesmo fato acontece para o justo e para o ímpio.Saul não expressou preocupação por sua alma eterna quando estava mal ferido e incapaz

de resistir ou de fugir; senão que somente desejou que os filisteus não o insultassem nem lhe provocassem dor, e se tornou seu próprio assassino. Como o grande engano do diabo é con-vencer os pecadores, submetidos a grandes dificuldades, que se refugiem neste último ato de desespero, bom é fortalecer a mente contra isso, considerando seriamente sua grave concupis-cência ante Deus, e suas conseqüências desgraçadas para a sociedade. Porque nossa seguri-dade não está em nós mesmos. Busquemos a proteção do que guarda a Israel. Estejamos alerta e orando, e coloquemo-nos toda a armadura de Deus para suportar no dia mau e, tendo feito tudo isso, resistirmos.

Versículos 8-13A Escritura não menciona que aconteceu com as almas de Saul e de seus filhos depois que

morreram; somente se refere a seus corpos: as coisas secretas não nos correspondem. Tem pouca importância saber por que meios morremos ou o que é feito com nossos corpos mortos. Se nossas almas são salvas, nossos corpos ressuscitarão incorruptíveis e gloriosos; mas não temer Sua ira, que é capaz de destruir corpo e alma no inferno, é a suprema estultícia e mal-dade. Que inútil é o respeito dos congêneres dos que estão sofrendo a ira de Deus! ainda que funerais pomposos, grandes monumentos e louvores humanos honrem a memória do defunto, a alma pode estar sofrendo nas regiões das trevas e da desesperação! Procuremos aquela honra que somente vem de Deus.

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Este livro é a história do reinado de Davi. Relata suas vitórias, o aumento da prosperidade de Israel e a reforma que fez do estado da religião. Junto que estes fatos se registram os peca-dos aborrecíveis que cometeu e os problemas familiares e públicos com que foi castigado. Aqui achamos muitas coisas dignas de imitar, porém muitas ficam registradas como advertência. A história do rei Davi se dá na Escritura com muita fidelidade, da qual se revela que era um homem bom e grande, para os que colocam na balança suas muitas virtudes e qualidades ex-celentes, e suas faltas.

CAPÍTULO 1• Versículos 1-10 Chega a Davi a notícia da morte de Saul• Versículos 11-16 Morte do amalequita• Versículos 17-27 O lamento de Davi por Saul e Jônatas

Versículos 1-10O golpe que abriu o caminho de Davi para o trono foi dado na época em que esteve grave-

mente afligido. Os que encomendam seus assuntos ao Senhor, afirmarão tranqüilamente sua vontade. Isto demonstra que Davi não desejava a morte de Saul nem estava impaciente por chegar ao trono.

Versículos 11-16Davi era sincero em seu luto por Saul e todos se humilharam junto com ele, sob a mão de

Deus, colocada tão pesadamente sobre Israel com esta derrota.O homem que trouxe esta notícia foi executado por ordem de Davi, por assassinar a seu

príncipe. Davi não agiu com injustiça neste caso; o amalequita confessou seu crime. Se fez como disse, merecia morrer por traição; e sua mentira a Davi, se verdadeiramente era mentira, demonstrou como esse pecado demonstra, tarde ou cedo, que mentia contra si mesmo. Aqui Davi se mostrou zeloso da justiça pública, sem levar em conta seu interesse particular.

Versículos 17-27Provavelmente o título deste cântico fúnebre foi "kasheth" ou "o arco". Davi não elogia a

Saul pelo que não foi e nada diz de sua piedade ou bondade. Jônatas foi um filho obediente; Saul, um pai afetuoso; portanto, ambos se queriam. Davi tem razão para dizer que o amor de Jônatas por ele foi maravilhoso. Depois do amor entre Cristo e seu povo, o afeto que surge dEle produz a amizade mais firme. Os problemas do povo do Senhor e os triunfos de seus inimigos sempre doerão para os crentes verdadeiros, sejam quais forem as vantagens que possam obter deles.

CAPÍTULO 2• Versículos 1-7 Davi coroado rei em Hebrom• Versículos 8-17 Abner coroa rei a Is-Bosete – Batalha entre os homens de

Abner e Joabe • Versículos 18-24 Abner mata a Asael• Versículos 25-32 Ambos bandos retrocedem

Versículos 1-7Depois de morrer Saul, muitos se uniram a Davi em Ziclague (1 Cr 12.22), mas ele confiou

em Deus, que lhe prometeu o reino, que lhe seria dado a seu tempo e a Seu jeito. Contudo, a segura esperança da promessa de Deus iniciará boas empresas. Se eu for eleito para a coroa de vida, não se segue que "então, eu já não faço nada", senão que "então, farei todo o que Deus me mandar". Este bom uso fez Davi de sua eleição e assim agirão todos os eleitos de Deus.

Em todas nossas viagens e mudanças é consolador ver que Deus vai diante nosso; e pode-mos fazê-lo, se pela fé e a oração o colocamos por diante de nós. Ele escolheu a senda de Davi conforme com a promessa. Davi ascendeu paulatinamente: deste modo, o reino do Messias, o Filho de Davi, se estabelece gradualmente; Ele é o Senhor de tuso, porém ainda não vemos to-das as coisas submetidas a Ele.

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Versículos 8-17Em geral, a nação rejeitou a Davi. Por este médio, preparou o Senhor a seu servo para sua

futura honra e utilidade; e ficou demonstrada a tendência da verdadeira piedade em sua con-duta, apesar de experimentar diversas dificuldades. Davi foi nisto um tipo de Cristo, porque Is-rael não se submeteria a Ele, embora tinha sido ungido pelo Pai para ser Príncipe e Salvador deles.

Abner quis dizer que os jovens lutem diante de nós, quando disse: "Deixa levantar os moços, e joguem diante de nós": assim os néscios zombam do pecado. mas é indigno de ser chamado humano quem pode jogar assim com o sangue humano.

Versículos 18-24A morte costuma chegar pelos caminhos menos suspeitos. Freqüentemente somos traídos

pelas façanhas que nos orgulham! A velocidade de Asael, da qual ele tanto presumia, não lhe serviu; antes, apressou seu final.

Versículos 25-32Abner chama a atenção de Joabe sobre as más conseqüências de uma guerra civil. Os que

tomam levianamente tais lutas antinaturais, acharão que são amargura para todos os envolvi-dos. Quão fácil é que os homens usem a razão quando lhes convêm, mas não a usem se lhes for inconveniente!

Veja-se como o curso dos acontecimentos altera o propósito dos homens! o mesmo que parecia grato pela manhã, pela noite se vê deprimente.

Os mais dados a começar uma contenda, se arrependerão antes que tenha acabado, e teria sido melhor deixá-la antes de meter-se nela, como aconselha Salomão. Isto vale para todo pecado: oh, que os homens considerassem a tempo o que afinal trará amargura!

Aqui se menciona o funeral de Asael. Se faz distinção entre o pó de alguns e o de outros, porém na ressurreição não haverá diferença senão entre os santos e os ímpios, a qual perdu-rará.

CAPÍTULO 3• Versículos 1-6 Aumenta o poder de Davi – Sua família• Versículos 7-21 Abner se rebela contra Davi• Versículos 22-39 Joabe mata a Abner – Davi leva luto por ele

Versículos 1-6Esta longa guerra foi uma prova para a fé e paciência de Davi, e fez que sua ascensão ao

trono fosse afinal bem recebida. A contenda entre a graça e a corrupção no coração dos crentes pode bem comparar-se com esta batalha. Há uma longa guerra entre elas, a carne con-tra o espírito e o espírito contra a carne; porém, a medida que se executa e se realiza a obra da santidade, a corrupção se debilita cada vez mais, como a casa de Saul, enquanto a graça se fortalece mais, como a casa de Davi.

Versículos 7-21Muitos, como Abner, são demasiado orgulhosos para tolerar repreensões, nem sequer a sus-

peita de serem culpados, mas não estão isentos de cometerem os crimes mais baixos. En-quanto os homens continuem pecando, e sem que isso lhes preocupe evidentemente, podem estar cientes de que lutam contra Deus.

Muitos pretendem servir seus próprios interesses e traem os que neles confiam quando po-dem tirar vantagem. Porém o Senhor serve seus desígnios até por meio dos que são motivados a agir por vingança, ambição ou luxúria; mas como eles não têm a intenção de honrar a Deus, afinal serão rejeitados com desdém.

Houve verdadeira generosidade tanto para Mical como para a lembrança de Saul ao receber Davi àquela, lembrando, provavelmente, de que forma devia sua vida ao afeto dela, e sabendo que estava separada dele, em parte, pela autoridade de seu pai.

Que nenhum homem ponha seu coração naquilo no que não tem direito. Se uma desavença separa marido e mulher, e têm a expectativa da bênção de Deus, que se reconciliem e vivam juntos com amor.

Versículos 22-39Há juízos preparados para os escarnecedores como Abner, mas em sua atuação, Joabe usou

de maldade. Davi sentiu profundamente em seu coração o assassinato de Abner, e expressou

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de muitas formas que o detestava. A culpa do sangue traz maldição para a família; se os homens não o vingam, Deus o fará.

Coisa triste é morrer como néscio, como o fazem os que de alguma forma encurtam seus dias, e os que não fazem provisão para outro mundo.

Quem quer o poder, se só é tido nominalmente, e se for responsável de render contas, ainda que esteja impedido de exercê-lo? Davi deveu cumprir seu dever e depois, encomendar a Deus o assunto. A política carnal salvou a Joabe. O Filho de Davi pode demorar bastante, porém nunca deixa de castigar os pecadores impenitentes. O que agora reina no trono de Davi tem um reino mais nobre. Tudo quanto faz a seu povo bem disposto Ele o percebe, e lhe agrada.

CAPÍTULO 4• Versículos 1-7 Is-Bosete assassinado• Versículos 8-12 Davi manda matar os assassinos

Versículos 1-7Veja-se como foi assassinado Is-Bosete! Quando nos desanimem as dificuldades que deve-

riam estimular nossos esforços, traímos nossas coroas celestiais e nossa vida terrena. Não ames o sono, para que não fiques pobre e te arruínes. A alma ociosa é presa fácil do destru-idor. Não sabemos quando nem onde nos sairá a morte ao encontro. Quando nos deitamos a dormir, não estamos seguros de não dormirmos o sono da morte antes de acordarmos; nem sabemos de que mão pode vir o golpe mortal.

Versículos 8-12Uma pessoa pode alegrar-se por conseguir a realização de seus justos desejos e, em reali-

dade, lamentar o médio pelo qual os recebe. Você pode estar triste pela morte de uma pessoa que lhe permite ganhar. Esses homens derramaram sangue inocente pelos motivos mais baixos. Davi executou com justiça a vingança contra eles. Não toleraria que alguém o ajudasse de forma ilícita. Deus o havia ajudado a superar muitas dificuldades e a sair de muitos perigos, portanto, dependia dEle para coroar e completar sua obra. Ele fala como de coisa feita de sua redenção de toda angústia; embora lhe restassem por diante muitos tormentos, ele sabia que o liberaria o mesmo que já o havia livrado.

CAPÍTULO 5• Versículos 1-5 Davi reina sobre todo Israel• Versículos 6-10 Toma a fortaleza de Sião• Versículos 11-16 O reino de Davi se estabelece• Versículos 17-25 A derrota dos filisteus

Versículos 1-5Davi foi ungido rei pela terceira vez. Seu progresso foi gradual para provar sua fé e para que

ganhasse experiência. Deste modo, seu reinado tipifica o do Messias, que alcançaria sua altura gradualmente. Assim Jesus chegou a ser nosso irmão, tomou nossa natureza, habitou nela para chegar a ser nosso Príncipe e Salvador: o pecador humilhado recebe alento da relação de amor, pede sua salvação, se submete a sua autoridade e anela sua proteção.

Versículos 6-10Os inimigos do Povo de Deus costumam estar muito confiados em sua própria força, e com-

pletamente seguros quando se aproxima o dia de sua queda. Mas o orgulho e a insolência dos jebuseus animou a Davi, e o Senhor Deus dos exércitos esteve com ele. Da mesma forma, no dia do poder de Deus, a praça forte de Satanás, a coração humano, é mudado em morada de Deus pelo Espírito, e num trono sobre o qual reina o Filho de Davi, e leva todo pensamento cativo a sua obediência. Que ele venha desse modo, e recupere e limpe nossos corações; e que, destruindo todo ídolo, reine ali para sempre!

Versículos 11-16A casa de Davi não era a pior nem a menos apta para ser dedicada a Deus, por ter sido edi -

ficada por estrangeiros. Se profetiza da igreja do evangelho que "estrangeiros edificarão teus muros, e seus reis te servirão" (Is 60.10). O governo de Davi estava arraigado e edificado. Davi foi instaurado rei; assim é o Filho de Davi, e todos os que por Ele são feitos reis e sacerdotes para nosso Deus.

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Nunca tinha parecido tão grande a nação de Israel como agora começava a ser. Muitos têm o favor e o amor de Deus, porém não o percebem, e querem seu consolo; porque a felicidade está em ser exaltado a isso e percebê-lo. Davi reconhece que Deus tinha feito grandes coisas por ele por amor de seu povo, para que ele fosse uma bênção para eles, e que eles fossem fe-lizes sob seu reinado.

Versículos 17-25Os filisteus não consideraram que Davi tinha consigo a presença de Deus, coisa que Saul

tinha rejeitado e perdido. O reino do Messias foi atacado pelas potestades das trevas em quanto foi instaurado no mundo. Os pagãos se enfureceram, e os reis da terra se opuseram, mas tudo foi em vão (Sl 2.1ss). A destruição se voltará sobre o próprio reino de Satanás, como aconteceu aqui. Davi confessa que depende de Deus para a vitória e se encomenda ao bene-plácito de Deus, "O farás?" A certeza que Deus nos deu da vitória sobre nossos inimigos espiri-tuais deveria dar-nos valor em nossos conflitos espirituais.

Davi esperou até que Deus se moveu; então se moveu ele, mas não antes. Estava preparado para depender de Deus e sua providência. Deus cumpriu sua promessa e Davi não deixou de aproveitar suas vantagens. Quando o reino do Messias ia ser estabelecido, os após-tolos, que derrotariam o reinado do diabo, não deviam tentar coisa alguma até que re-cebessem o Espírito da promessa, que veio desde o céu com um ruído como de vento forte que soprava (At 2.2).

CAPÍTULO 6• Versículos 1-5 A arca sai de Quiriate-Jearim• Versículos 6-11 Uzá morre por tocar a arca – Bênção para Obede-Edom• Versículos 12-19 Davi leva a arca a Sião• Versículos 20-23 A má conduta de Mical

Versículos 1-5Deus está presente na alma de seu povo, quando querem os sinais externos de sua pre-

sença, mas agora que Davi está instalado no trono, começa a reviver a honra da arca. Apren-damos disto a pensar e falar de Deus com altura; e a pensar e falar com honra das sagradas ordenanças, que são para nós o que a arca era para Israel, o sinal da presença de Deus (Mt 28.20). Cristo é nossa Arca; em e por Ele manifesta Deus sua mediação, na que se mostra o nome de Jeová e todas Suas glórias. Os sacerdotes deviam levar a arca sobre seus ombros. Os filisteus podem levar a arca num carro sem sofrer por isso, todavia os israelitas não podem, pois isto não era o disposto por Deus.

Versículos 6-11Uzá foi morto de um só golpe por tocar a arca. Deus véu presunção e irreverência no

coração de Uzá. A familiaridade com o mais digno de reverência, serve muito bem para desper-tar o desprezo.. se for um crime tão grande que alguém tocasse a arca da aliança, sem ter di-reito de fazê-lo, o que será dos que pretendem ter os privilégios da aliança sem viver à altura desta?

Obede-Edom abriu suas portas sem medo, sabendo que a arca era sabor de morte para morte somente para os que a tratavam em forma incorreta. A mesma mão que castigou a orgulha presunção de Uzá, recompensou a ousadia humilde de Obede-Edom. Que ninguém pense o pior do evangelho pelos juízos dos que o rejeitam, antes considere as bênçãos que traz para todos os que o recebem. Os chefes de família sejam estimulados a preservar a religião em sua família. É bom viver numa família que recebe a arca, porque todo o que a rodear andará melhor.

Versículos 12-19Ficou evidente que era bem-aventurado o homem que tinha a arca perto dele. Cristo é sem

dúvida pedra de tropeço, e Rocha de escândalo para os desobedientes, porém para os que crêem, Ele é a Pedra do ângulo, eleita, preciosa (1 Pe 2.6-8). Sejamos religiosos. É a arca uma bênção para as casas dos outros? nós podemos tê-la, com sua bênção, sem roubá-la de nossos vizinhos.

Davi ofereceu sacrifícios a Deus ao partir. Provavelmente nos vã bem em nossos esforços quando comecemos com Deus e diligentemente busquemos estar em paz com Ele. Somos tão indignos e nosso serviço tão contaminado, que todo nosso gozo em Deus deve relacionar-se com o arrependimento e a fé no sangue expiatório do Redentor. Davi estava presente com grandes expressões de gozo. devemos servir a Deus com todo nosso corpo e alma, e com todo dom e poder que possuamos. Nesta ocasião, Davi deixou de lado suas roupas reais e se pôs

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uma simples túnica de linho. Davi orou com o povo e por eles, e como profeta os abençoou solenemente em nome do Senhor.

Versículos 20-23Davi regressou para abençoar sua casa, para orar por eles e com eles, e para oferecer sua

ação de graças familiar por esta misericórdia nacional. Trabalho de anjos é adorar a Deus e, certamente, não pode rebaixar ao maior dos homens.

Contudo, nem sequer os palácios dos príncipes estão isentos de problemas familiares. Os exercícios da religião podem parecer errados aos olhos dos que têm pouca ou nenhuma re-ligião em si mesmos. Se nos apresentamos ante Deus aprovados no que fazemos em religião, e o fazemos diante do Senhor, não devemos prestar ouvidos às repreensões. A piedade terá seu elogio: não sejamos indiferentes, nem temamos nem nos envergonhemos ao reconhecê-lo. Davi se contentou com justificar-se e não repreendeu nem culpou a insolência de Mical, mas Deus a castigou. Deus honrará aos que o honram, porém serão pouco estimados os que o de-sprezam a Ele, a seus servos e a seu serviço.

CAPÍTULO 7• Versículos 1-3 O cuidado de Davi pela arca• Versículos 4-17 A aliança de Deus com Davi• Versículos 18-29 Oração e ação de graças

Versículos 1-3Já estabelecido em seu palácio, Davi meditava como podia empregar melhor seu tempo e

sua prosperidade no serviço de Deus. Se fez o propósito de edificar um templo para a arca. Aqui Natã não fala como profeta, senão como homem piedoso estimulando a Davi com seu juízo particular. Temos de fazer todo o que possamos para animar e promover os bons propósi-tos e intenções do próximo, e a medida que tivermos a oportunidade, fomentar uma boa obra.

Versículos 4-17Prometem-se bênçãos à família e posteridade de Davi. Estas promessas se relacionam com

Salomão, o sucessor imediato de Davi, e a linhagem real de Judá. Porém, também se rela-cionam com Cristo, que é chamado com freqüência de Davi e Filho de Davi. Deus lhe deu toda potestade no céu e na terra, com autoridade para realizar o juízo. Ele construiria o templo do evangelho, uma casa para o nome de Deus; o templo espiritual dos crentes verdadeiros, para ser morada de Deus no Espírito. O estabelecimento de sua casa, seu trono e seu reino eterno, não podem ser aplicados a outro que não seja Cristo e seu reino: a casa e o reino de Davi ter-minaram há muito. A iniqüidade cometida não pode aplicar-se ao Messias mesmo, senão a sua descendência espiritual; verdadeiros crentes têm doenças, a correção das quais devem es-perar, ainda que não sejam rejeitados.

Versículos 18-29A oração de Davi está cheia de suspiros de afetuosa devoção a Deus. considerava em pouco

seus méritos próprios. Quanto temos deve ser considerado como dom de Deus. fala alta e hon-rosamente dos favores que Deus lhe dispensara. Considerando o caráter e estado do homem, pode maravilhar-nos a forma em que Deus trata com ele. A promessa de Cristo inclui todo; se o Senhor Deus é nosso, que mais podemos pedir ou pensar? (Ef 3.20). Ele nos conhece melhor do que nos conhecemos, portanto, contentemo-nos com o que fez por nós. que podemos dizer por nós mesmos em nossas orações que seja mais do que Deus tem dito por nós em suas promessas? Davi atribui todo à livre graça de Deus: as grandes coisas que Ele tinha feito por ele e as grandes que lhe tinha feito conhecer. Todo era por amor a sua palavra, isto é, por amor a Cristo, a Palavra eterna. Muitos têm que esquadrinhar seu coração quando vão orar, mas o coração de Davi estava preparado, estável; terminadas suas peregrinações, se entregou totalmente ao dever, e se aplicou a isso. a oração que somente é da língua não agrada a Deus; o que será elevado e derramado ante Deus deve achar-se no coração. Ele edifica sua fé e es -pera o bem baseado na certeza da promessa de Deus. Davi ora pelo cumprimento da promessa. Dizer e fazer não são duas coisas com Deus, como costuma acontecer entre os homens; Deus fará como tem falado.

As promessas de Deus não nos são feitas por nome, como a Davi, porém pertencem a todos os que crêem em Jesus Cristo e as invocam em Seu nome.

CAPÍTULO 8• Versículos 1-8 Davi vence os filisteus, moabitas e sírios

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• Versículos 9-14 Dedicação do botim• Versículos 15-18 O governo e os oficiais de Davi

Versículos 1-8Davi venceu os filisteus que fazia muito tempo atormentavam a Israel. Depois das longas e

freqüentes lutas que têm os santos com as potestades das trevas, como Israel com os filisteus, o Filho de Davi os pisoteará a todos eles e fará mais que vencedores aos santos.

Derrotou os moabitas e os fez servos tributários de Israel. Destruiu duas partes e salvou a terceira parte. A linhagem que manteria viva, embora fosse uma só, devia ser completa. Que a linhagem da misericórdia seja a mais ampla.

Derrotou os sírios. Davi esteve protegido em todas as guerras, pelo que, amiúde, dá glória a Deus em seus salmos.

Versículos 9-14Todas as coisas preciosas de que Davi era dono, foram coisas dedicadas, destinadas para

edificar o templo. Davi destruiu os ídolos de ouro (2 Sm 5.21), mas consagrou os vasos de ouro. Deste modo, na conquista de uma alma pela graça do Filho de Davi, o que se opõe a Deus deve ser destruído, toda concupiscência deve ser mortificada e crucificada, mas deve consagrar-se o que possa ser de glória para Ele; assim se altera sua propriedade. Deus utiliza a seus servos de diversas formas: alguns em batalhas espirituais, como a Davi; outros em edifí-cios espirituais, como a Salomão; e um prepara a obra para o outro, para que Deus tenha a glória de tudo.

Versículos 15-18Davi não fez mal a ninguém, nem negou ou demorou em fazer o certo. Isto fala de sua com-

pleta dedicação a sua tarefa; também de sua prontidão para receber todo quanto lhe era dito e pedido. Não fez acepção de pessoas ao julgar. Nisto foi um tipo de Cristo. submetamo-nos a Ele, procuremos Sua amizade, contemos Seu serviço como prazer nosso, realizemos diligentes a obra que nos designa. Davi fez príncipes a seus filhos; porém todos os crentes, a semente es-piritual de Cristo, são favoritos, porque são feitos reis e sacerdotes para nosso Deus (Ap 1.6).

CAPÍTULO 9• Versículos 1-8 Davi manda a buscar a Mefibosete • Versículos 9-13 E provê para ele

Versículos 1-8Em meio de numerosos assuntos, tendemos a esquecer-nos da gratidão que devemos e os

compromissos que temos, não só com nossos amigos, sena para com Deus mesmo. Contudo, as pessoas de verdadeira piedade não descansam até tê-los cumprido. E os objetos mais apro-priados para mostrá-lhes bondade e caridade, muitas vezes não se encontram sem serem bus-cados.

Jônatas foi o amigo dileto de Davi, portanto, foi bondoso com Mefibosete, o filho de Jônatas. Deus é fiel conosco; não sejamos infiéis os uns com os outros. se a providência nos faz pro-gredir, e decaem nossas amizades e familiares, devemos ter cuidado de buscar a justa oportu-nidade de sermos amáveis com eles.

Versículos 9-13Como Davi era um tipo de Cristo, seu Senhor e Filho, sua Raiz e Progênie, deixa que sua

bondade com Mefibosete nos lembre a bondade e amor de Deus nosso Salvador para com o homem caído, com quem nada o obriga, como Davi para com Jônatas. O Filho de Deus busca a raça caída e perdida que não buscou a Ele. Ele veio buscar e salvar o que se tinha perdido!

CAPÍTULO 10• Versículos 1-5 Os mensageiros de Davi são maltratados por Hanum• Versículos 6-14 Derrota dos amonitas• Versículos 15-19 Derrota dos sírios

Versículos 1-5Naás tinha sido inimigo de Israel, porém tinha sido bondoso com Davi. Portanto, este resolve

retribui-lhe agradecido. Se um fariseu der esmola com orgulho, embora Deus não o recom-228

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pense, o que recebe a esmola deve dar graça por isso. Os que têm má vontade com seu próx-imo têm resolvido acreditar que eles não lhes têm boa vontade. Nada tem boa intenção, e todo pode ser mal-interpretado pelos homens que somente se amam a si mesmos, e não pode ser de outro jeito. Os melhores homens não devem achar estranho se são mal-entendidos. O amor não pensa mal.

Conforme com o costume da época e daqueles países, Hanum tratou os embaixadores de Davi na forma mais depreciativa. Davi se afligiu muito por seus servos. Aprendamos a não levar a sério as repreensões injustas que se passarão e serão para vergonha dos que os ex-pressaram ou fizeram; em vez disso, a reputação injustamente ferida em pouco tempo volta a crescer, como a barba. Deus exibirá a justiça de você como a luz, portanto, fique calado ante Jeová e espere nEle (Sl 37.6-7).

Versículos 6-14Os que estão em guerra com o Filho de Davi não somente provocam, senão que começam a

guerra. Deus tem forças para mandar contra os que desafiam sua ira (Is 5.19), as que os con-vencerão de que nunca ninguém que tenha endurecido seu coração contra Deus tem prosper-ado. Os soldados de Cristo devem reforçar suas mãos uns aos outros na guerra espiritual.

Que nada falte em nós, qualquer seja o êxito. Quando tomamos consciência de cumprirmos nosso dever, com satisfação podemos deixar o fato com Deus, esperando com toda certeza sua salvação a sua maneira e no tempo oportuno.

Versículos 15-19Aqui há uma nova tentativa dos sírios. Até a causa moribunda sairá adiante na medida em

que lhe restar algo de vida; os inimigos do Filho de Davi assim agem. Todavia, agora se cumpria a promessa feita a Abraão (Gn 15.18), e reiterada a Josué (Js 1.4), de que as fronteiras de Israel se estenderiam até o rio Eufrates. Aprendam daqui que é perigoso ajudar os que têm a Deus por inimigo, quando caiam, cairão com eles os que os ajudaram.

CAPÍTULO 11• Versículos 1-5 O adultério de Davi• Versículos 6-13 Trata de esconder seu delito• Versículos 14-27 Urias é assassinado

Versículos 1-5Observe-se a ocasião do pecado de Davi; o que o conduziu a cair:1) Descuidou sua ocupação. Ficou em Jerusalém. Quando nos saímos do caminho de nosso

dever, estamos em tentação.2) Amor ao ócio: a preguiça dá muita vantagem ao tentador.3) Um olho errante. Não tinha feito aliança com seus olhos, como Jó, ou se esqueceu no mo-

mento. Notem-se os passos do pecado. Veja-se como o caminho do pecado é em declive, quando os

homens começam a fazer o mal, não podem deter-se. Percebam-se os agravantes do pecado: Como pôde Davi repreender ou castigar nos outros aquilo mesmo do qual tinha consciência de que ele mesmo era culpado?

Versículos 6-13Dar lugar ao pecado endurece o coração e provoca a partida do Espírito Santo. Roubar sua

razão ao homem é pior que roubar seu dinheiro; e atraí-lo ao pecado é pior que atraí-lo a qual-quer outro problema mundano.

Versículos 14-27O adultério costuma ocasionar homicídio ao tratar de ocultar uma maldade com outra. Deve

temer-se o começo do pecado, porque, quem sabe onde terminará? Pode um crente verdadeiro andar por esta senda? Pode tal pessoa ser um verdadeiro filho de Deus? Ainda que a graça não se perca num caso tão espantoso, a seguridade e o consolo dela são reduzidos. Podemos ter a plena certeza de que se perdeu da vida de Davi toda a espiritualidade e o consolo na religião. Nenhum homem, em tal caso, pode ter evidência que o satisfaça de que é crente. Quanto maior seja a confiança de um homem que se afundou na maldade, maiores serão sua pre-sunção e hipocrisia. Ninguém que se pareça em nada a Davi, senão em suas transgressões, deve estimular sua confiança com este exemplo. Que siga a Davi em sua humilhação, ar-rependimento e suas outras graças eminentes; é preferível que pense de sim como de um descaminhado, e não seja um hipócrita.

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Que ninguém que se oponha à verdade diga: Este é o fruto da fé! Não, são os efeitos da na-tureza corrupta. Vigiemos os começos da auto-complacência e mantenhamo-nos na maior dis-tância de todo mal. Contudo, no Senhor há misericórdia e abundante redenção. Ele não lançará fora a nenhum crente arrependido e humilde; tampouco suportará que Satanás arrebate suas ovelhas de Sua mão. Não obstante, o Senhor fará que seu povo se recupere do dano em forma tal que marcará o aborrecimento de seus crimes, para impedir que os que têm consideração por Sua Palavra, abusem das palavras da graça.

CAPÍTULO 12• Versículos 1-14 A parábola de Natã – Davi confessa seu pecado• Versículos 15-25 O nascimento de Salomão • Versículos 26-31 A severidade de Davi para com os amonitas

Versículos 1-14Deus não tolera que seu povo fique tranqüilo no pecado. com esta parábola, Natã tirou de

Davi uma sentença contra ele mesmo. Há enorme necessidade de prudência ao repreender. Foi fiel em sua aplicação. Diz com palavras claras: "Tu és este homem". Deus mostra quanto odeia o pecado, até em seu próprio povo; e que onde o achar, não o deixará sem castigo. Davi não diz uma palavra para escusar ou aliviar seu pecado; o confessa livremente.

Quando Davi disse "Pequei", e Natã percebeu que era um verdadeiro arrependido, lhe asse-gurou que seu pecado tinha sido perdoado. "Não morrerás": isto é, não morrerás eternamente nem estarás para sempre longe de Deus, como terias estado se não tivesses abandonado o pecado. Mesmo que sejas castigado todos os dias pelo Senhor, não serás condenado com o mundo. Existe um grande mal nos pecados dos que professam a fé e a relação com Deus, a saber, que dão ocasião aos inimigos de Deus e da religião para recriminar e blasfemar. Do caso de Davi se desprende que, ainda que se obtenha o perdão, o Senhor visitará com vara a trans-gressão de seu povo e com chagas a iniqüidade deles. Davi teve de sofrer por muitos dias e anos de dor extrema por dar satisfação momentânea a uma luxúria vil.

Versículos 15-25Davi escreve agora o Salmo 51, no qual ora fervorosamente pelo perdão e lamenta muito

seu pecado, apesar de que já sabia que seu pecado estava perdoado. Estava disposto a sofrer a vergonha, tê-lo sempre diante de sim, e ser continuamente repreendido por isso. Deus nos permite orar honestamente por bênçãos particulares, confiando em seu poder e misericórdia geral, embora não haja uma promessa específica para apoiar-se.

Davi se submeteu pacientemente à vontade de Deus na morte de seu filho, e Deus compen-sou sua perda para vantagem dele, com o nascimento de outro. A forma para que continuem ou se nos restaurem as consolações como criaturas, ou que sejamos compensados pela perda de alguma outra forma, e render-se de bom ânimo a Deus. por sua graça Deus reconheceu e favoreceu em particular a esse filho e ordenou que fosse chamado Jedidias, "amado do Sen-hor".

Nossas orações por nossos filhos são respondidas por graça e completamente, quando al-guns morrem em sua infância, pois são bem cuidados, e quando outros vivem, "amados do Senhor".

Versículos 26-31Ser tão severo como para escravizar os filhos de Amom era sinal de que o coração de Davi

ainda não tinha sido suavizado pelo arrependimento, na época em que isto aconteceu. Somos mais compassivos, bondosos e perdoadores com os outros, quanto mais sentimos nossa neces-sidade do amor perdoador do Senhor e saboreamos sua doçura em nossa alma.

CAPÍTULO 13• Versículos 1-20 A violência de Amnom com sua irmã• Versículos 21-29 Absalão assassina a seu irmão Amnom• Versículos 30-39 A tristeza de Davi – Absalão foge a Gesur

Versículos 1-20Daqui para frente Davi teve um problema após outro. O adultério e o assassinato foram os

pecados de Davi, e pecados similares de seus filhos foram os começos de seu castigo: foi de-masiado indulgente com seus filhos. Assim, Davi pôde distribuir os pecados de seus filhos a sua própria má conduta, coisa que deve ter piorado a angústia do castigo.230

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Que ninguém tenha a expectativa de ser bem tratado por quem são capazes de fazê-los cair em tentação; todavia, é melhor suportar o maior dos males que cometer o menor dos pecados.

Versículos 21-29Observem-se os agravantes do pecado de Absalão: ele quis matar a Amnom quando estiver

menos apto para ir-se deste mundo. Comprometeu a seus servos na culpa. São servos mal en-sinados os que obedecem a um amo malvado contra os mandamentos de Deus. as crianças malcriadas sempre resultam ser cruzes para os pais piedosos, cujo néscio amor os leva a des-cuidar seu dever para com Deus.

Versículos 30-39Jonadabe foi tão culpado da morte de Amnom como de seu pecado; amigos falsos resultam

ser os que nos aconselham que façamos o mal. Depois de um tempo, Davi anelava ver a Ab-salão em lugar de aborrecê-lo por assassino: esta era a debilidade de Davi. Deus viu algo em seu coração que marcava a diferença, pois do contrário, teríamos pensado que ele, como Eli, honrava mais a seus filhos que a Deus.

CAPÍTULO 14• Versículos 1-20 Joabe procura o regresso de Absalão• Versículos 21-24 Absalão retorna• Versículos 25-27 Sua beleza pessoal• Versículos 28-33 Admitido na presença de seu pai

Versículos 1-20Aqui podemos advertir como roga esta viúva a misericórdia de Deus e sua clemência para

com pobres pecadores culpáveis. O estados dos pecadores é o de estarem destituídos de Deus. Deus não perdoa a ninguém que desonre sua Lei e justiça, e ninguém que seja impenitente, nem aos que estimulem o delito, nem ao que causa dano ao próximo.

Versículos 21-24Davi se inclinava em favor de Absalão, porém pela honra de sua justiça, não podia fazê-lo

regressar se não lhe era solicitado, o qual pode mostrar os métodos da graça divina. Verdade é que Deus pensa compassivamente em quanto aos pobres pecadores, e não quer que nenhum deles pereça; contudo, se reconcilia com eles através de um Mediador que roga por eles. Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, e Cristo veio à terra de nosso exílio para levar-nos a Deus.

Versículos 25-27Nada se diz da sabedoria e piedade de Absalão. Todo o que se diz dele é que era muito bem

parecido. Pobre recomendação para um homem que não tinha outra coisa de valor nele. Muitas almas contaminadas e deformadas habitam um corpo formoso. Lemos que tinha um bonito ca-belo, que era uma carga para ele, mas que não o cortava enquanto suportasse seu peso. Ninguém se queixa disso que estimula e gratifica o orgulho, ainda que seja incômodo. Queira o Senhor conceder-nos a beleza da santidade, e o adorno de um espírito manso e aprazível! So-mente os que temem a Deus são verdadeiramente felizes.

Versículos 28-33Por sua atitude insolente com Joabe, Absalão fez que aquele rogasse por ele. obteve seu de-

sejo por sua mensagem insolente ao rei. Quando os pais e os governantes toleram tais person-alidades, logo sofrerão os efeitos mais fatais. Porém a compaixão de pai prevaleceu para rec-onciliá-lo com seu filho impenitente, e questionarão os pecadores arrependidos a compaixão dAquele que é o Pai das misericórdias?

CAPÍTULO 15• Versículos 1-6 A ambição de Absalão• Versículos 7-12 Sua conspiração• Versículos 13-23 Davi abandona Jerusalém• Versículos 24-30 Davi devolve a arca• Versículos 31-37 Ora contra o conselho de Aitofel

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Versículos 1-6Davi permite a pompa de Absalão. Os pais que permitem a atitude orgulha de seus filhos

não sabem o que fazem: muitos jovens são destruídos pelo orgulho. Correntemente, os que mais anelam a autoridade são os que menos entendem seus deveres.

Versículos 7-12Veja-se quão dispostos estão os pais tenros a acreditarem o melhor de seus filhos. Todavia,

quão fácil e perverso é que os filhos se aproveitem de seus bons pais e os enganem com um alarde de religião! Os principais homens de Jerusalém se uniram à festa de Absalão por seu sacrifício. As pessoas piedosas se alegram ao ver que os outros parecem religiosos e isto dá ocasião para o engano. A política dos homens maus, e a sutileza de Satanás são exercidas para fazer que as pessoas boas apóiem seus maus desígnios.

Versículos 13-23Davi decidiu partir de Jerusalém. Resolveu isto como um penitente que se submete à vara.

Ante o ímpio Absalão podia justificar-se e resistir, porém ante o justo Deus devia condenar-se e render-se a Seus juízos. Assim, aceita o castigo de seu pecado. quando os homens bons sofrem, anelam que os outros não sejam levados a sofrerem com eles. Não obrigou a ninguém; deixou que se fossem com Absalão os que tinham seu coração colocado nele, e assim será sua condena. Cristo alista somente os seguidores voluntários.

Davi não pôde tolerar a idéia de que Itai, um estrangeiro, prosélito e novo convertido, que deveria ter sido animado e a quem se deveriam ter facilitado as coisas, tivera de encontrar tão duro tratamento. Porém Itai valorizava tanto a sabedoria e bondade de Davi que não o deixaria. Sem dúvida, em todo o tempo ama o amigo, e é como um irmão em épocas de angús-tia. Aferremo-nos ao Filho de Davi, com pleno propósito de coração, e nem a vida nem a morte nos separarão de seu amor.

Versículos 24-30Davi é muito cuidadoso da seguridade da arca. Bom é preocupar-se mais pela prosperidade

da igreja que pela própria; preferir o êxito do evangelho por acima de nossa própria riqueza, crédito, comodidade e seguridade. Observe com que satisfação e submissão fala Davi da dis-posição divina. Interesse e dever nosso é assentir com regozijo à vontade de Deus, seja o que for que nos aconteça. Vejamos a mão de Deus em todos os acontecimentos; e para que não temamos o que será, vejamos todos os acontecimentos na mão de Deus.

O pecado de Davi estava sempre diante dele (Sl 51.3), mas nunca tão evidente nem tão preto como agora. Nunca chorou assim quando Saul o perseguia, mas a má consciência faz que os problemas sejam gravosos (Sl 38.4).

Versículos 31-37Davi não ora contra a pessoa de Aitofel, senão contra seu conselho. Orou crendo firme-

mente que Deus tem todos os corações em Sua mão, e também as línguas. Porém nós deve-mos secundar nossas orações com esforço, e assim fez Davi, de outro modo tentamos a Deus. todavia, não achamos a sabedoria nem a simplicidade tão unidas num só homem, que não percebamos nada que necessite perdão. Contudo, quando o Filho de Davi foi tratado traiçoeira-mente e com toda a crueldade que era possível, sua sabedoria, mansidão, franqueza e paciên-cia foram profetisas. Sigamo-lo a Ele, aferremo-nos a Ele e sirvamo-lo a Ele na vida e na morte.

CAPÍTULO 16• Versículos 1-4 A falsidade de Ziba • Versículos 5-14 Simei amaldiçoa a Davi• Versículos 15-23 O conselho de Aitofel

Versículos 1-4Ziba delatou a Mefibosete. Os homens grandes sempre devem suspeitar dos bajuladores, e

devem cuidar de ouvir ambos lados.Versículos 5-14Davi suportou as maldições de Simei muito melhor que as bajulações de Ziba; porque estes

o levaram a julgar mal a outrem, e aquelas o conduziram a julgar a si mesmo de forma justa: os sorrisos do mundo são mais perigosos que seu cenho franzido. Uma e outra vez Davi salvou a vida de Saul, enquanto Saul buscava a sua. Mas a inocência não é defesa contra a maldade e a falsidade. Nem tampouco temos que achar estranho que nos acusem precisamente daquilo 232

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que temos evitado com sumo cuidado. Bom é para nós que os homens não sejam nossos juízes, senão Aquele cujo juízo é conforme a verdade. veja-se quão paciente foi Davi neste mal-trato. Que isto nos lembre a Cristo, que orou pelos que o amaldiçoavam e o crucificaram. O es-pírito humilde voltará as repreensões em reprovação e tirará algo bom delas, em lugar de ser irritados por elas.

Davi vê a mão de Deus nisto e se consola com que Deus obterá algo bom de sua aflição. Podemos depender de Deus para recompensar não só nossos serviços, senão nossos sofrimen-tos.

Versículos 15-23Os conselheiros mais sábios da época eram Aitofel e Husai; Absalão se crê seguro de triun-

far quando tem a ambos; confia neles e não consulta a arca, ainda que a tem consigo. Mas am-bos resultaram ser conselheiros miseráveis. Husai nunca o aconselharia a agir sabiamente. Aitofel o aconselhou a fazer o errado; e assim o traiu tão eficazmente como o fez, sendo delib -eradamente falso com ele: porque os que aconselham aos homens que pequem, certamente os aconselham para seu próprio mal. Depois de tudo, a honestidade é a melhor política, e assim será em longo prazo. Aitofel aconselhou mal a Absalão para torná-lo aborrecível a seu pai de modo que este nunca se reconciliasse com ele; esta maldita política é do diabo. Quão perverso é o coração do homem!

CAPÍTULO 17• Versículos 1-21 O conselho de Aitofel é frustrado• Versículos 22-29 Aitofel se enforca – Absalão persegue a Davi

Versículos 1-21Aqui houve um efeito maravilhoso da Providência Divina que cegou a mente de Absalão e

influenciou em seu coração para não seguir o conselho de Aitofel, e desejar o conselho de Hu-sai. Mas não há discussão com este Deus que pode armar a um homem contra si mesmo, e de-struí-lo por seus próprios erros e paixões.

O anterior conselho de Aitofel foi seguido, porque Deus queria corrigir a Davi, porém o úl-timo não foi seguido porque Deus não queria destruí-lo. Ele pode anular todos os conselhos. O êxito é de Deus sozinho, que não permitirá que seu povo pereça, seja qual for a sabedoria ou ajuda que um homem possa empregar ou permitir-se.

Versículos 22-29Aitofel se enforcou, ressentido porque não se seguirá seu conselho. Destrocará o coração do

homem orgulhoso o que não interrompe o sono do homem humilde. Se pensou ameaçado, con-cluindo que, como seu conselho não foi seguido, a causa de Absalão fracassaria e, para pre-venir uma possível execução pública, se fez justiça a si mesmo. Assim se detém seu hálito e se dobra a cabeça da qual nada podia esperar-se, senão maldade.

Absalão perseguiu a seu pai. Todavia, observe-se como Deus às vezes dá consolo de estran-hos a seu povo, quando não o recebem de sua própria família.

Nosso Rei não necessita nossa ajuda, mas nos assegura que o que fazemos por o menor de nossos irmãos, doentes, pobres e necessitados, será aceito e recompensado como se for feito a Ele mesmo.

CAPÍTULO 18• Versículos 1-8 O exército de Absalão é derrotado• Versículos 9-18 Ele morre• Versículos 19-33 A pena excessiva de Davi

Versículos 1-8Como devolve Davi bem por mal! Absalão somente teria dado morte a Davi; Davi somente

teria salvado a Absalão. Isto é semelhante à maldade do homem para com Deus, e à misericór-dia de Deus para com o homem, do qual custa muito dizer qual é mais assombrosa. Agora os israelitas vêem o resultado de ficar contra Jeová e seu ungido.

Versículos 9-18Jovens, olhem para Absalão, pendurado de uma árvore, amaldiçoado, abandonado pelo céu

e a terra; leiam nisto quanto aborrece o Senhor a rebelião contra os pais. Nada pode res-guardar aos homens da desgraça e do desprezo, senão a sabedoria do alto e a graça de Deus.

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Versículos 19-33Aimaás preparou a Davi para a notícia da morte de seu filho, guiando-o a dar graças a Deus

por sua vitória. Quanto mais se prepara e engrandece nosso coração para agradecer a Deus suas misericórdias, melhor dispostos estaremos a suportar com paciência as aflições que vêm com elas.

Alguns pensam que o desejo de Davi surgiu da preocupação pelo estado eterno de Absalão; porém pareceria mais que ele falou sem pensar devidamente. Deve ser culpado por mostrar grande carinho por um filho carente de bondade; além disso, por pelejar com a justiça divina e opor-se à justiça nacional que tinha que administrar em sua qualidade de rei, e a qual deveu preferir por acima do afeto natural. Os melhores não sempre têm o enfoque correto; somos da-dos a contristar-nos excessivamente pelo que amamos com exagero. Todavia, ainda que deste exemplo aprendamos a vigiar e orar contra a indulgência pecaminosa ou o descuido de nossos filhos, não podemos notar em Davi uma sombra do amor do Salvador que chorou, orou e até sofreu a morte pela humanidade, embora esta estava composta de rebeldes e vis inimigos?

CAPÍTULO 19• Versículos 1-8 Joabe faz que Davi cesse seu luto• Versículos 9-15 Davi regressa ao Jordão• Versículos 16-23 Perdoa a Simei• Versículos 24-30 Escusa a Mefibosete• Versículos 31-39 Davi se separa de Barzilai • Versículos 40-43 Israel peleja com Judá

Versículos 1-8Foi imprudente e indigno continuar lamentando-se por um filho tão malvado como Absalão.

Joabe repreende a Davi, mas sem o respeito e a deferência adequados para com seu soberano. Um caso claro pode discutir-se com justiça com os que estão por acima de nós, e podem ser repreendidos pelo errado que praticam, mas isto deve ser feito sem rudeza nem insolência. Contudo, Davi tomou prudente e mansamente a repreensão e o conselho. Ceder em forma oportuna costuma evitar os maus efeitos das medidas errôneas.

Versículos 9-15A providência de Deus, pela persuasão dos sacerdotes e o interesse de Amasa, levou o povo

a resolver o regresso do rei. Davi não se mexeu até receber este convite. nosso Senhor Jesus reinará nos que o convidam ao trono de seus corações, mas não até ser convidado. Ele inclina primeiro o coração para que se ofereça voluntário no dia de seu poder, depois domina em meio de seus inimigos (Sl 110.2-3).

Versículos 16-23Os que agora tomam levianamente e abusam do Filho de Davi se alegrarão de reconciliar-se

com Ele quando volte em Sua glória, mas será demasiado tarde. Simei não perdeu tempo. seu maltrato tinha sido pessoal e com o bom sentimento costumeiro nos homens bons, Davi o per-doou facilmente.

Versículos 24-30Davi lembra o confisco do caudal hereditário de Mefibosete e este expressa gozo pelo re-

torno do rei. O homem bom suporta contente suas perdas enquanto ver a Israel em paz, e ex-altado ao Filho de Davi.

Versículos 31-39Barzilai pensou que tinha-se honrado a si mesmo ao servir em algo o rei. Deste modo,

quando os santos sejam chamados a herdar o reino, se assombrarão pela recompensa, que será muito mais do esperado por seu serviço (Mt 25.37).

O homem bom não deveria ir a nenhuma parte onde for uma carga ou, melhor, que o seja em sua casa antes de sê-lo em casa alheia. Bom é para todos, mas especialmente conveniente para os anciãos, pensar na morte e falar muito a esse respeito. Meu sepulcro está preparado, me deixem ir e preparem-se para o momento.

Versículos 40-43Os homens de Israel se criam desprezados e as palavras mais ferozes dos homens de Judá

produziram efeitos muito maus. Poderia evitar-se muito mal se os homens estivessem alerta

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contra o orgulho, e lembrassem que a resposta branda elimina a ira. Ainda que tenhamos o di-reito e a razão de nosso lado, Deus não se agrada se o dizemos com ferocidade.

CAPÍTULO 20• Versículos 1-3 A rebelião de Seba • Versículos 4-13 Joabe mata a Amasa• Versículos 14-22 Seba se refugia em Abel• Versículos 23-26 Os oficiais de Davi

Versículos 1-3Uma prova surge depois de outra para nosso bem, até que cheguemos no lugar onde se

eliminam para sempre o pecado e a pena. Os disputadores irados entendem mal e interpretam mal as palavras de outrem; o homem orgulhoso fará todo de seu jeito ou rejeitará toda ajuda. Não se deve confiar no favor de muitos, e que poderia esperar-se quando o "Hosana" ao Filho de Davi foi logo mudado por "crucifica-o, crucifica-o!"?

Versículos 4-13Joabe assassinou brutalmente a Amasa. Quanto mais premeditação há no pecado, pior é.

Joabe sacrificou contente o interesse do rei e o do reino em aras de sua vingança pessoal. Não obstante, alguém se perguntaria com que cara um assassino pode perseguir a um traidor; e como, sob essa carga de culpa, teve coragem para pôr-se em perigo: sua consciência estava endurecida.

Versículos 14-22Justamente se ataca o lugar que ousa albergar a um traidor; e também não lhe irá melhor

ao coração que se deixar levar pela luxúria rebelde, que não terá a Cristo reinando sobre ele.Uma mulher discreta satisfez a Joabe, por sua prudente ministração, e assim salvou a

cidade. a sabedoria não está confinada à categoria nem ao sexo; não consiste em profundo conhecimento, senão em saber agir quando surge algo, para eliminar os problemas e assegu-rar os benefícios. Seria evitada muita maldade se as partes beligerantes se entendessem. Que ambos os bandos se desenganem. A única condição para a paz é a rendição do traidor. Assim acontece nos tratos de Deus com a alma quando esta é sitiada pela convicção do pecado e a aflição; o pecado é o traidor; a amada luxúria é o rebelde; termina com isso, lança fora a trans-gressão, e tudo dará certo. Não há paz sob nenhuma outra condição.

Versículos 23-26Aqui está a situação da corte de Davi depois de sua restauração. Bom é quando se nomeai a

homens capazes para desempenhar os cargos públicos; que todos procurem desempenhar seus deveres como fiéis servos do Filho de Davi.

CAPÍTULO 21• Versículos 1-9 Os gabaonitas vingados• Versículos 10-14 Rispa cuida os corpos dos descendentes de Saul• Versículos 15-22 As batalhas com os filisteus

Versículos 1-9Toda aflição surge do pecado e deve conduzir-nos a arrepender-nos e a humilhar-nos diante

de Deus; porém alguns problemas especialmente mostram que têm sido enviados para trazer à memória o pecado. Os juízos de Deus costumam olhar muito atrás, e isso é o que suas repreensões requerem que façamos quanto antes. Não nos corresponde objetar o fato de que a gente sofra pelo pecado de seu rei; talvez o ajudaram. Nem objetar o fato de que esta ger-ação sofra pelo pecado da anterior. Deus costuma castigar os pecados dos pais nos filhos, e não rende contas de nada a ninguém. O passar do tempo não apaga a culpa do pecado, nem podemos acariciar a esperança de escapar porque o juízo demora. Se não podemos entender todas as razões da Providência a esse respeito, tampouco temos direito de pedir que Deus nos renda conta de Suas razões. Deve ser bom porque é a vontade de Deus e, afinal, resultará ser assim.

O dinheiro não paga o sangue. Pareceria que a posteridade de Saul andou em suas pegadas, porque é chamada casa de sangue. Era o espírito da família pelo qual com justiça são recon-hecidos por seu pecado pessoal, como pelo de sua família. Os gabaonitas pediram isto contra Saul ou sua família, não por maldade. Não era para satisfazer nenhuma vingança, senão pelo

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bem público. Foram executados no começo da colheita; assim pois foram sacrificados para acalmar a ira do Deus Todo-Poderoso que tinha suspendido a misericórdia das colheitas du-rante os anos anteriores, e para obter seu favor na colheita atual. Em vão esperamos miser-icórdia de Deus se não fizermos justiça contra nossos pecados. As execuções não devem con-siderar-se cruéis quando são pelo bem público.

Versículos 10-14Que uma terra culpável desfrutasse de muitos anos de abundância, requer gratidão; não

deve maravilhar-nos que se castigue com escassez a abundância mal usada; porém, quão poucos estão dispostos a perguntar ao Senhor a causa pecaminosa, enquanto muitos procuram as causas secundárias por meio das quais lhes aprouve obrar. Mas o Senhor advoga pela causa dos que não podem ou não desejam vingar-se; e as orações do pobre são de grande poder.

Quando Deus enviou chuva para regar a terra, os corpos foram enterrados, porque então fi-cou claro que a petição pela terra tinha sido ouvida por Deus. quando se faz justiça na terra, cessa a vingança do céu. Deus se pacifica, e é colocado a nosso favor por meio de Cristo, que foi pendurado num madeiro, feito maldição por nós, para tirar do meio a culpa, ainda que Ele mesmo fosse inocente.

Versículos 15-22Estes acontecimentos parecem ter ocorrido por volta do final do reinado de Davi. Davi

fraquejava, mas não fugiu, e Deus enviou ajuda em tempo de necessidade. Às vezes até os santos mais fortes desfalecem nos conflitos espirituais; então, Satanás os ataca furiosamente, mas os que defendem seu terreno e resistem, serão aliviados e serão mais que vencedores. A morte é o último inimigo do cristão, e filho de Anaque; todavia, por meio dAquele que venceu por nós, os crentes, afinal serão mais que vencedores, até acima do inimigo.

CAPÍTULO 22O Salmo de ação de graças de Davi

Este capítulo é um Salmo de louvor; o encontramos quase igual que no Salmo 18. os que confiam em Deus na senda do dever, o acharão como ajuda presente nos maiores perigos: as-sim foi para Davi. Em nossos louvores deveríamos mencionar expressamente suas liberações mais notáveis. Nunca seremos liberados de todos os inimigos até que cheguemos ao céu. Deus preservará a todo seu povo (2 Tm 4.18). os que recebem suas misericórdias como sinais de Deus, devem dar a glória a Ele.

Davi cantou este cântico no dia em que Deus o liberou. Enquanto a misericórdia estiver fresca, e nós muito afetados por ela, apresentemos nossa oferta de ação de graças, que seja acesa com o fogo desse afeto. Todo seu gozo e esperança se centram, como todas as nossas esperanças, no grande Redentor.

CAPÍTULO 23• Versículos 1-7 Últimas palavras de Davi• Versículos 8-39 Os valentes de Davi

Versículos 1-7Estas palavras de Davi são muito dignas de serem consideradas. Quando os que tiveram por

muito tempo a experiência da bondade de Deus e o prazer da sabedoria celestial chegam ao fi-nal de sua carreira, deveriam dar seu testemunho da verdade da promessa.

Davi admite sua inspiração Divina, que o Espírito de Deus fala por ele. Ele e outros santos, falaram e escreveram movidos pelo Espírito Santo.

Em muitas coisas teve de culpar sua conduta e negligência. Mas Davi se consola com que o Senhor fez com ele uma aliança eterna. Entende como tal principalmente a aliança de miser-icórdia e paz, que o Senhor fez com ele, um pecador que creu no Salvador prometido, abraçou as bênçãos prometidas, e se rendeu ao Senhor para ser seu servo redimido. Os crentes desfru-tarão por sempre das bênçãos da aliança; e Deus Pai, Filho e Espírito Santo será para sempre glorificado na salvação deles. Assim, o perdão, a justiça, a graça e a vida eterna são recebidos como dádiva de Deus às vezes de Jesus Cristo. há uma infinita plenitude de graça, e todas as bênçãos entesouradas em Cristo para os que buscam sua salvação.

Esta aliança era toda a salvação de Davi; ele conhecia tão bem a santa lei de Deus e a mag-nitude de sua própria devassidão, que percebeu que estava necessitado em seu próprio caso desta salvação. Portanto, era todo seu desejo. Comparativamente, todos os objetos terrenos perdem seu atrativo; estava disposto a dá-los a todos, ou morrer e deixá-los para desfrutar a 236

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felicidade plena (Sl 73.24-28). Todavia o poder do mal e a debilidade de sua fé, esperança e amor eram sua tristeza e sua carga. Sem dúvida, teria reconhecido que sua própria negligência e falta de cuidado eram a causa; mas a esperança de que logo seria feito perfeito em glória o alentou em seus momentos de morte.

Versículos 8-39Uma vez Davi desejou ardentemente a água do poço de Belém. Isso parece um instante de

fraqueza. Tinha sede; em sua juventude se havia refrescado com a água desse poço amiúde, e a desejou sem pensá-lo devidamente. Eram seus valentes tão ousados para expor-se, ante o menor sinal do desejo de seu príncipe, e estavam tão desejosos de comprazê-lo, e nós não de-sejaremos sermos aprovados por nosso Senhor Jesus cumprindo prestamente Sua vontade, se-gundo Sua Palavra, Seu Espírito e Sua Providência? Davi derramou a água como libação para o Senhor, assim enfrentou sua fantasia néscia, se castigou por permiti-la, e demonstrou ter pen-samentos sóbrios para corrigir as decisões precipitadas, e mostrou que sabia negar a si mesmo, Davi considerou que a água era tão preciosa pela forma em que arriscaram seu sangue os homens que a conseguiram, e nós não deveríamos valorizar muito mais os benefí-cios adquiridos com o derramamento do sangue de nosso bendito Salvador? Cuidemo-nos para não descuidar uma salvação tão grandiosa.

CAPÍTULO 24• Versículos 1-9 Davi faz o censo do povo• Versículos 10-15 Escolhe a pestilência• Versículos 16-17 Detenção da pestilência• Versículos 18-25 O sacrifício de Davi – Fim da praga

Versículos 1-9Pelo pecado do povo se deixou que Davi agisse mal e como retribuição receberam um cas-

tigo. Este exemplo lança luz sobre o governo de Deus sobre o mundo, e dá uma lição útil.O orgulho no coração de Davi foi seu pecado ao fazer o censo do povo. pensou que isto o

faria parecer mais formidável, e confiou no braço da carne mais do que deveria, e a pesar de ter escrito tanto sobre confiar somente em Deus. Ele não julga o pecado como nós. o que a nós parece inócuo ou, pelo menos, pouco ofensivo, pode ser um pecado grande aos olhos de Deus, que discerne os pensamentos e as intenções do coração. Até os ímpios podem discernir os maus temperamentos e a má conduta dos crentes, dos quais estes estão, freqüentemente, in-conscientes. Porém Deus rara vez permite os prazeres que desejam pecaminosamente àqueles aos que Ele ama.

Versículos 10-15Quando um homem peca, é bom que tenha um coração interior que o incomode por isso. se

confessarmos nossos pecados, podemos orar com fé que, por misericórdia perdoadora, Deus nos perdoará e tirará esse pecado que nós rejeitamos com arrependimento sincero. É justo de parte de Deus que nos tire o que constituímos motivo de orgulho, ou o faça amargo para nós, e o converta em nosso castigo. O castigo deve ser de índole semelhante, já que o povo teve uma boa parte nisto, pois embora o pecado de Davi abriu a comporta, os pecados do povo foram todo um dilúvio.

Nesta dificuldade, Davi escolheu por um juízo que viesse diretamente de Deus, cujas miser-icórdias ele conhecia que eram muito grandes, e não do homem, que teria triunfado na miséria de Israel e se teriam endurecido em sua idolatria. Escolheu a pestilência; ele e sua família es-tariam tão expostos a ela como o israelita mais pobre; e por um breve lapso seguiria sub-metido à disciplina divina, não importa que fosse severa.

A rápida destruição ocasionada pela peste mostra com quanta facilidade pode derrubar Deus os pecadores mais orgulhosos, e quanto devemos diariamente à paciência divina.

Versículos 16-17Talvez houve maior maldade, especialmente mais orgulho, e esse era o pecado que agora

era castigado em Jerusalém mais que em outro lugar, portanto a mão do destruidor se estende a essa cidade; mas o Senhor o fez arrepender-se do mal, mudando não de propósito, senão de método.

No mesmo lugar onde impediu que Abraão sacrificasse a seu filho, impediu ao anjo que de-struísse Jerusalém, com uma contra-ordem similar. É por amor do grande sacrifício, que se preserva nossa vida do anjo destruidor. E em Davi está o espírito do verdadeiro pastor de seu povo, que se oferece a si mesmo como sacrifício pela salvação de seus súbditos.

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Versículos 18-25Quando Deus nos exorta a oferecê-lhe sacrifícios espirituais, é uma evidência de Sua recon-

ciliação de nós com Ele mesmo. Davi comprou o terreno para construir o altar. Deus odeia que se roube para oferecer holocausto. Não sabem o que é a religião os que principalmente se in-teressam em abaratá-la e simplificá-la para si mesmos, e se comprazem mais com o que lhes custa menos dores ou dinheiro. Para que temos substância senão para honrar a Deus com ela, e como pode ser melhor dada?

Veja-se a edificação do altar e a oferta dos sacrifícios apropriados nele: os holocaustos para a glória da justiça de Deus, as ofertas pela paz para a glória de Sua misericórdia. Cristo é nosso Altar, nosso Sacrifício; somente nEle podemos ter esperança de escapar de Sua ira e achar o favor de Deus. a morte anda destruindo todo em volta, em tantas formas e tão repentina-mente, que é loucura não esperar o fim da vida e preparar-se para isso.

1 REISA história que agora temos por diante explica os assuntos dos reinos de Judá e Israel, emb-

ora com especial consideração do Reino de Deus entre eles; porque é história sagrada. É ante-rior no tempo, ensina mais, e é mais interessante que qualquer das histórias comuns.

CAPÍTULO 1• Versículos 1-4 Idade da decadência de Davi • Versículos 5-10 Adonias aspira ao trono• Versículos 11-31 Davi faz rei a Salomão• Versículos 32-53 Salomão ungido rei e fim da usurpação de Adonias

Versículos 1-4Temos aqui a Davi afundando embaixo das doenças. Foi castigado por seus pecados re-

centes e sentiu os efeitos dos esforços e as duras lavouras do passado.Versículos 5-10Os pais indulgentes costumam ser castigados com filhos desobedientes, ansiosos por

apoderar-se de sua fortuna. Nenhuma sabedoria mundana, experiência nem santidade de caráter podem assegurar a continuidade de uma carreira dos que permanecem sob o poder do amor próprio. Porém, bem podemos perguntar-nos por meio de quais artes poderia deixar-se de lado a Joabe e Abiatar.

Versículos 11-31Observem-se as palavras de Natã a Bate-Seba: "Deixa-me dar-te um conselho, para que

salves a tua vida, e a de Salomão teu filho" (versículo 12). Semelhante a este é o conselho que nos dão os ministros de Cristo em Seu nome, para que coloquemos toda diligência não só para que ninguém tome nossa coroa (Ap 3.11), senão para que salvemos nossa vida, sim, a vida de nossa alma. Davi declarou solenemente sua firme adesão à anterior resolução de que Salomão fosse seu sucessor. Até a lembrança do desastre do qual o resgatara o Senhor aumentou seu consolo, inspirou suas esperanças e o animou em seu dever, apesar do deterioro da idade e a proximidade da morte.

Versículos 32-53O povo expressou grande gozo e satisfação com a ascensão de Salomão. Todo israelita ver-

dadeiro se regozija na exaltação do Filho de Davi.Logo se dissolverão as combinações formadas sobre maus princípios, quando o interesse

próprio chame a mudar de rumo. Como podem esperar boas novas os que fazem más obras? Adonias tinha desprezado a Salomão, porém logo lhe teve temor.

Aqui vemos, como por espelho, a Jesus, o Filho de Davi e Filho de Deus, exaltado ao trono de glória, apesar de todos seus inimigos. Seu Reino é muito maior que o de seu pai Davi e ali se regozija cordialmente todo o verdadeiro povo de Deus. A prosperidade de sua causa é in-sulto e terror para seus inimigos. Nenhum chifre de altar, nenhuma forma de piedade, e nen-huma religião simulada podem servir de proveito aos que não se submetam a Sua autoridade, e aceitem Sua salvação; e se a submissão deles for hipócrita, perecerão sem remédio.

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CAPÍTULO 2• Versículos 1-4 O último encargo de Davi a Salomão• Versículos 5-11 O encargo de Davi no referente a Joabe e os outros• Versículos 12-25 Salomão reina – Adonias, aspirante ao trono, e mandado

matar• Versículos 26-34 Abiatar exilado – Manda-se matar a Joabe• Versículos 35-46 Manda-se matar a Simei

Versículos 1-4O encargo de Davi a Salomão é que obedeça às ordens do Senhor. a autoridade de um pai

moribundo é muita, porém nada comparada com a do Deus vivo. Deus tinha prometido a Davi que o Messias viria de sua semente, e essa promessa foi absoluta; mas a promessa de que não lhe faltaria homem sobre o trono de Israel era condicionada: se ele andar diante de Deus com sinceridade, zelo e resolução; para isto deve prestar atenção a seu caminho.

Versículos 5-11Os conselhos no referente a Joabe e Simei, ao morrer, não foram por ira pessoal, senão pela

seguridade do trono de Salomão, que era a causa de Deus e de Israel. Era evidente que Joabe não se arrependera dos assassinatos que tinha cometido, e logo os repetiria para conseguir qualquer propósito; ainda que tolerado por muito tempo, afinal deverá render contas. O tempo não apaga a culpa de nenhum pecado, em particular o do assassinato.

No que diz respeito a Simei: Não o deixes sem castigo; não acreditem que é teu amigo ver-dadeiro, de teu governo ou digno de confiança; ele não tem menos maldade agora da que teve então.

Os sentimentos de Davi ao morrer são registrados como entregues sob a influência do Es-pírito Santo (2 Sm 23.1-7). O Senhor lhe descobrira os ofícios e a salvação desse glorioso per-sonagem, o Messias, cuja vinda então anunciou e da qual ele derivava todo seu consolo e suas expectativas. Essa passagem dá prova determinante de que Davi morreu sob a influência do Espírito Santo, no exercício da fé e a esperança.

Versículos 12-25Salomão recebeu a Bate-Seba com todo o respeito devido a uma mãe; todavia, ninguém lhe

peça o que não pode outorgar. É mau para um homem bom promover uma petição má ou com-parecer em favor de uma causa perversa. Ao pedir que Abisague fosse sua esposa, conforme com os costumes orientais, era evidente que Adonias procurava ser rei, e Salomão não poderia estar a salvo enquanto aquele vivesse. Os espíritos ambiciosos e turbulentos preparam comu-mente a morte para si mesmos. Mais de uma cabeça se tem perdido tratando de alcançar uma coroa.

Versículos 26-34As palavras de Salomão a Abiatar e seu silêncio implicam que se haviam efetuado algumas

conspirações recentes. Aos que mostram bondade ao Povo de Deus, isso lhes será lembrado para seu proveito. Por esta razão, Salomão salva a vida de Abiatar, mas o despede de seu ofí-cio. No caso de pecados como os expiados pelo sangue de animais, o altar era um refúgio, mas não foi assim no caso de Joabe. Salomão olha para acima, a Deus, como Autor da paz, e à eternidade como seu aperfeiçoamento. O mesmo Senhor de paz nos dá essa paz que é eterna.

Versículos 35-46A velha malignidade permanece no coração inconverso, e deve-se manter o olho atento so-

bre os que, como Simei, têm manifestado sua inimizade e não deram provas de arrependi-mento. Nenhum compromisso ou perigo freará os homens mundanos; continuam avançando ainda que percam a vida e as almas.

Lembremo-nos, Deus não acomodará a nós Seu juízo. Seu olho está sobre nós; esforcemo-nos por andar em Sua presença. Cada obra, cada palavra e cada pensamento nosso estejam governados por esta grande verdade, pois se aproxima rapidamente a hora em que as menores circunstâncias de nossa vida serão tiradas à luz, e nosso estado eterno será fixado por um Deus justo que não erra.

Deste modo ficou estabelecido o trono de Salomão em paz, como tipo do reino de paz e justiça do Redentor. E com referência à inimizade dos inimigos da igreja, é um consolo que, ainda que rujam furiosamente quanto queiram, é coisa vã que eles imaginam. O trono de Cristo está estabelecido, e eles não podem comovê-lo.

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CAPÍTULO 3• Versículos 1-4 O matrimônio de Salomão• Versículos 5-15 Sua visão – Sua oração por sabedoria• Versículos 16-28 O juízo de Salomão

Versículos 1-4Quem ama a Jeová, por seu bem, deveria pôr seu amor numa mulher do povo do Senhor.Salomão era um homem sábio, rico e grande, mas o elogio mais precioso acerca dele é ac-

erca do caráter de todos os santos, até do menor: "Amou a Jeová". Onde Deus semeia abun-dantemente, espera colher conforme com a semeadura; e os que amam verdadeiramente a Deus e seu culto, não reclamarão pelos custos de sua religião. Nunca devemos pensar que é um custo supérfluo o que é consagrado ao serviço de Deus.

Versículos 5-15O sonho de Salomão não era comum. Enquanto seus poderes corporais estavam bloqueados

pelo sono, se fortaleceram os poderes da alma; ele foi capacitado para receber a visão divina e tomar uma decisão correta. De modo similar, Deus nos coloca no caminho preparado para que sejamos felizes, assegurando-nos que teremos o que necessitamos e pedimos em oração. Que Salomão tomasse essa decisão estando dormido, quando os poderes da razão estão menos ativos, demonstra que tudo vinha da graça de Deus. tendo um sentido humilde de seus próprios desejos e fraquezas, roga: Senhor, eu sou jovem. Quanto mais sábios e considerados sejam os homens, melhor familiarizados estarão com suas próprias debilidades e mais zelosos de si mesmos.

Salomão roga a Deus que lhe dê sabedoria. Devemos pedi-la (Tg 1.5), para que nos ajude no chamamento particular que tenhamos recebido, e nas diversas ocasiões que temos. Aceitos por Deus são os que preferem as bênçãos espirituais aos bens materiais. Esta foi uma oração que prevaleceu, e conseguiu mais do que pediu. Deus lhe deu sabedoria como nunca fora outro príncipe abençoado com ela, e também lhe deu riquezas e honra. Se nos asseguramos da sabedoria e da graça, estas trarão consigo a prosperidade externa ou adoçarão a falta dela. A forma de obter bênçãos espirituais é lutar em oração com Deus. a forma de obter bênçãos ter-renas é encomendar-nos a Deus a esse respeito. Salomão recebeu sabedoria porque a pediu, e riquezas porque não as pediu.

Versículos 16-28É dado um exemplo da sabedoria de Salomão. Atentem para o difícil do caso. Para averiguar

qual era a mãe verdadeira, não podia provar qual era mais amada pelo bebê e, portanto, provou qual delas amava mais a criança: a sinceridade da mãe é colocada a prova quando o menino corre perigo. Os pais devem mostrar seu amor pelos seus filhos, especialmente no cuidado de suas almas, arrebatando-os como brasas do fogo. Por este e outros casos de sabedoria com que Deus o dotou, Salomão teve grande fama entre seu povo. Isto era melhor para ele que as armas da guerra; por isso foi temido e amado.

CAPÍTULO 4• Versículos 1-19 A corte de Salomão• Versículos 20-28 Os domínios de Salomão – Sua provisão diária• Versículos 29-34 A sabedoria de Salomão

Versículos 1-19Sem dúvida manifestou sua sabedoria na eleição dos grandes dignitários da corte de Sa-

lomão. Vários são os mesmos que estavam na época de seu pai. Se estabelece um programa para abastecer a corte, por meio do qual nenhuma parte do país se esgote, ainda que cada uma mandava uma porção.

Versículos 20-28Nunca resplandeceu com tanto brilho a coroa de Israel como quando Salomão a levou. Teve

paz por todos os lados. Aqui, seu reino foi tipo do reino do Messias; porque lhe é prometido que terá os gentios por herança e príncipes o adorarão.

A paz espiritual, o gozo e a santa seguridade de todos os fiéis súbditos do Senhor Jesus foram tipificados pelos de Israel.

O Reino de Deus não é, como o de Salomão, coisa de comida e bebida, senão do que é in-finitamente melhor: de justiça, paz e gozo no Espírito Santo. O vasto número de seus ajudantes 240

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e a grande quantidade de pessoas que recorriam a ele são mostrados pelo montante da pro-visão diária. Aqui Cristo supera longe a Salomão, porque alimenta a todos seus súbditos, não com o pão que perece, senão com o que para vida eterna permanece.

Versículos 29-34Foi maior glória para Salomão sua sabedoria que sua riqueza. Ele tinha o que aqui se chama

amplitude de coração, porque freqüentemente se coloca o coração para referir-se aos poderes da mente. Tinha o dom da palavra e da sabedoria. Muito desejável é que os que têm grandes dons de qualquer classe, tenham amplidão de coração para usá-los para o bem do próximo.

Que tesouros de sabedoria e conhecimento se perdem! Porém, cada classe de conheci-mento que seja necessário para a salvação se encontra nas Sagradas Escrituras.

A ele vieram pessoas de todas partes, que apreciaram mais o conhecimento que seus vizin-hos, para ouvir a sabedoria de Salomão. Nisto, Salomão é tipo de Cristo, em quem estão escon-didos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento; e escondidos para nós, pois Ele é feito por Deus sabedoria para nós. a fama de Cristo se difundirá por toda a terra, e os homens de todas as nações acudirão a Ele, aprenderão dEle e tomarão seu jugo que é leve, e acharão repouso para suas almas.

CAPÍTULO 5• Versículos 1-9 A aliança de Salomão com Hiram • Versículos 10-18 Os operários de Salomão para o templo

Versículos 1-9Aqui está a determinação de Salomão para construir um templo. Não há adversário, não há

um Satanás, esta é a palavra: nenhum instrumento do diabo para opor-se nem para desviar isto. Satanás faz tudo o que pode para estorvar a obra do templo.

Quando não há mal em volta, estejamos prestes e ativos no que é bom e vamos avançar. Que as promessas de Deus vivifiquem nossos esforços. Que toda destreza e vantagem externa sejam colocadas ao serviço dos interesses do Reino de Cristo.

Se Tiro abastecer a Israel com operários, Israel suprirá de trigo a Tiro (Ez 27.17). Assim, pois, pela sábia disposição da Providência, um país necessita do outro e se beneficia de outro para que haja interdependência entre eles para glória de Deus.

Versículos 10-18O templo foi edificado principalmente com as riquezas a trabalhos dos gentios, o que tipifica

o chamá-los que serem parte da igreja. Salomão mandou e eles trouxeram pedras custosas para o cimento. Cristo, que é colocado como o fundamento, é uma pedra eleita e preciosa. Nós devemos lançar nosso fundamento com firmeza, e depositar a maior parte das penas naquela parte de nossa fé que jaz fora da vista dos homens. Bem-aventurados os que, como pedras vi-vas, vão sendo edificados numa casa espiritual para habitação de Deus no Espírito. Quem de nós edificará a casa do Senhor?

CAPÍTULO 6• Versículos 1-10 Edificação do templo de Salomão• Versículos 11-14 Promessas dadas em quanto ao templo• Versículos 15-38 Detalhes acerca do templo

Versículos 1-10O templo foi chamado casa de Jeová porque foi ordenado e concebido por Ele, e seria uti-

lizado em Seu serviço. Isto lhe dava a beleza da santidade, pois era a casa de Jeová, a que su-pera toda outra beleza. Seria o templo do Deus de paz, pelo qual não devia ouvir-se o som de ferramentas de ferro; a quietude e o silêncio convêm e ajudam aos exercícios religiosos. a obra de Deus deve realizar-se com muito cuidado e sem barulho. O clamor e a violência costumam estorvar, mas nunca adiantam a obra de Deus. assim, o Reino de Deus no coração do homem cresce em silêncio (Mc 5.27).

Versículos 11-14Ninguém se emprega na obra de Deus sem que Ele tenha seu olho colocado sobre eles. To-

davia, Deus dá a conhecer claramente a Salomão que toda a carga da edificação do templo não o escusaria de obedecer a lei de Deus, nem o protegeria de Seus juízos em caso de des -obediência.

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Versículos 15-38Veja-se o que tipifica o templo:1) Cristo é o Templo verdadeiro. NEle habita toda a plenitude da divindade corporalmente;

nEle se reúne todo o Israel espiritual de Deus; por meio dEle temos entrada a Deus com confi-ança.

2) Todo crente é um templo vivo em quem habita o Espírito de Deus (1 Co 3.16). Este tem-plo vivo é edificado sobre o fundamento de Cristo e será aperfeiçoado em seu devido mo-mento.

3) A igreja do evangelho é o templo místico. Cresce como templo santo no Senhor, enrique-cida e embelezada com os dons e as graças do Espírito. Este templo está firmemente edificado sobre a Rocha.

4) O céu é o templo eterno. Ali ficará estabelecida a igreja. Todos os que serão pedras desse edifício, no estado presente de preparação devem acomodar-se e preparar-se para tudo isto. Que os pecadores acudam a Jesus como fundamento vivo para serem edificados nEle, como parte desta casa espiritual, consagrados em corpo e alma à glória de Deus.

CAPÍTULO 7• Versículos 1-12 As edificações de Salomão• Versículos 13-47 Mobília do templo• Versículos 48-51 Utensílios de ouro

Versículos 1-12Todas as edificações de Salomão, ainda que belas, estavam concebidas para serem usadas.

Salomão começou com o templo; primeiro edificou para Deus e, depois, os outros edifícios. Os fundamentos mais sólidos da prosperidade duradoura se lançam na piedade precoce. Demorou treze anos na edificação de sua casa, mas edificou o templo em pouco mais de sete anos; não que fosse mais exato, senão que estava menos ansioso por edificar sua própria casa que por construir a de Deus. devemos preferir a honra de Deus a nossa própria comodidade e satis-fação.

Versículos 13-47Os dois pilares de bronze do pórtico do templo eram, como pensam alguns, para ensinar aos

que vinham adorar a que dependessem somente de Deus em quanto a força e equilíbrio de to-dos os exercícios religiosos. "Jaquim": Deus fixará esta mente peregrina. Bom é que o coração esteja estabelecido com graça. "Boaz": nossa força está nEle, que opera em nós tanto o querer como o fazer. a força e a estabilidade espiritual estão na porta do templo de Deus, onde deve-mos aguardar os dons da graça para uso dos médios de graça.

Os sacerdotes e os sacrifícios espirituais devem lavar-se na pia do sangue de Cristo e da re-generação. Devemos lavar-nos amiúde porque diariamente nos contaminamos. São médios completos providos para nossa limpeza; assim que será falta nossa se lançamos nossa sorte entre os ímpios por sempre. Abençoemos a Deus pela fonte aberta pelo sacrifício de Cristo para o pecado e a imundícia.

Versículos 48-51Cristo é agora o Templo e o Edificador; o Altar e o Sacrifício; a Luz de nossa alma e o Pão de

vida; capaz de abastar todas as necessidades de todos os que apelaram ou apelarão a Ele. As imagens externas não podem representar, as palavras não podem expressar, o coração não pode conceber o precioso que é, nem seu amor. Vamos a Ele e lavemos nossos pecados em seu sangue; procuremos a graça purificadora de seu Espírito; mantenhamos comunhão com o Pai por Sua intercessão e rendamo-nos nós e todo o que temos a Seu serviço. Sendo fortaleci -dos por Ele, seremos aceitos, úteis e felizes.

CAPÍTULO 8• Versículos 1-11 Dedicação do Templo• Versículos 12-21 A ocasião• Versículos 22-53 A oração de Salomão• Versículos 54-61 Bênção e exortação• Versículos 62-66 As ofertas de paz de Salomão

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Versículos 1-11Entrar com a arca é a finalidade que deve coroar a obra: foi feito com muita solenidade. A

arca foi instalada no lugar indicado para seu repouso, na particular interior da casa, desde onde eles esperavam que Deus lhes falasse: o Lugar Santíssimo. As varas da arca foram tiradas, como para dirigir ao sumo sacerdote para o propiciatório sobre a arca, quando este en-trasse, uma vez ao ano, para aspergir o sangue; de modo que continuaram sendo úteis, emb-ora não houve já ocasião de usá-las para o transporte da arca. A glória de Deus que apareceu numa nuvem pode significar:

1) A escuridão dessa dispensação comparada com a luz do evangelho pela qual, a face de-scoberta, contemplamos como em espelho a glorioso do Senhor.

2) A escuridão de nosso estado presente, em comparação com a presença de Deus, que será a felicidade do céu, onde a glória divina é desvelada.

Versículos 12-21Salomão anima os sacerdotes que ficaram estupefatos com a nuvem escura. As escuras dis-

pensações da Providência deveriam vivificar-nos para fugir a refugiar-nos na esperança do Evangelho. Nada pode reconciliar-nos mais com elas que considerar o que Deus tem falado, e comparar sua palavra com suas obras. Qualquer seja o bem que façamos, devemos olhá-lo como o cumprimento da promessa de Deus para conosco, não como o cumprimento de nossas promessas a Ele.

Versículos 22-53Em sua excelente oração, Salomão faz como nós deveríamos fazer em toda oração: dá

glória a Deus. As novas experiências da verdade das promessas de Deus pedem maiores lou-vores. Ele pede a graça e o favor de Deus. as experiências que tenhamos do cumprimento de Suas promessas, deveriam animar-nos a dependermos delas e a reclamá-las; e os que es-peram novas misericórdias, devem estar agradecidos pelas anteriores. As promessas de Deus devem ser as que dirigem nossos desejos e a base de nossa esperança e de nossas expectati -vas na oração. Os sacrifícios, o incenso e todo o serviço do templo eram tipo dos oficiais, a oblação e a intercessão do Redentor. Portanto, o templo tinha que ser lembrado continua-mente.

Com uma só palavra, "perdoar", Salomão expressa todo quanto podia pedir em favor de seu povo. Porque assim como todas as misérias surgem do pecado, assim o perdão do pecado prepara o caminho para tirar todo mal e receber todo bem. Sem isso, nenhuma liberação re-sulta em bênção.

Além de ensinar a Palavra de Deus, Salomão suplica ao Senhor mesmo que ensine ao povo a obter proveito de tudo, até de seus castigos. Eles farão conhecer a cada homem a praga de seu coração, o que é o que lhe provoca dor; e estenderão suas mãos em oração por esta casa; seja o problema corporal ou mental, o apresentarão perante Deus. parece que se refere espe-cialmente às cargas interiores. O pecado é a praga de nossos corações; as corrupções que moram em nós são nossas doenças espirituais: todo israelita verdadeiro se esforça por con-hecê-las para mortificá-las e vigiar contra sua aparição. Isto o leva a ajoelhar-se; lamentando-as, estende suas mãos em oração.

Depois de muitos detalhes, Salomão conclui com a petição geral a Deus para que escute a seu povo que ora. Nenhum lugar agora, no evangelho, pode agregar às orações feitas nEle ou dirigidas a Ele. A substância é Cristo; todo o que peçamos em seu nome será dado. Deste modo, se estabelece e santifica o Israel de Deus, se recupera e sara o descaminhado. Assim, o estrangeiro se faz próximo, se consola o doente, se glorifica o nome de Deus. o pecado é a causa de todos nossos problemas; o arrependimento e o perdão conduzem a toda felicidade humana.

Versículos 54-61Nunca uma congregação foi despedida com o que mais provavelmente os afetaria e per-

maneceria neles. O que Salomão pede nesta oração ainda o outorga a intercessão de Cristo, de quem a súplica de Salomão foi um tipo. Receberemos suficiente graça, conveniente e oportuna em todo momento de necessidade. Nenhum coração humano por si só está disposto a obede-cer ao chamado do arrependimento, à fé e a novidade de vida que formula o evangelho, an-dando em todos os mandamentos do Senhor; contudo, Salomão exorta a gente a ser perfeita. Este é o método bíblico, nosso dever é obedecer a o mandamento da lei e o chamado do evan-gelho, vendo que temos quebrantado a lei. Quando nosso coração se inclina a isso, sentindo nossa devassidão e fraqueza, oramos pedindo a ajuda divina; assim, somos capacitados para servir a Deus por meio de Jesus Cristo.

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Versículos 62-66Salomão ofereceu um grande sacrifício. Observou a festa dos tabernáculos, segundo parece,

depois da festa da dedicação.Deste modo deveríamos ir-nos a casa, regozijando-nos pelas santas ordenanças, agradeci-

dos pela bondade de Deus.

CAPÍTULO 9• Versículos 1-9 A resposta de Deus a Salomão• Versículos 10-14 Os presentes de Salomão e Hiram • Versículos 15-28 As edificações de Salomão – Seu comércio

Versículos 1-9Deus adverte a Salomão que ele e seu povo não devem crer-se melhores do que são agora

que têm o templo recém edificado e dedicado, senão que temam. Depois de tudo, os serviços que possamos realizar nos deixam nas mesmas condições que antes com o Senhor. nada pode adquirir-nos a liberdade para pecar, nem tampouco o crente verdadeiro deseja tal permissão. Antes preferiria ser castigado pelo Senhor a sentir-se autorizado a continuar com comodidade e prosperidade no pecado.

Versículos 10-14Salomão deu vinte cidades a Hiram, mas não gostou delas. Se Salomão o quisesse agradar,

que fosse em seu próprio elemento, convertendo-se em seu sócio comercial, como fez. Veja-se em que forma a providência de Deus adapta esta terra aos variados temperamentos dos homens e ajusta as disposições dos homens à terra e todo pelo bem da humanidade em geral.

Versículos 15-28Eis aqui outro relato da grandeza de Salomão. Começou do lado certo, porque construiu

primeiro a casa de Deus e a terminou antes de começar a própria; então Deus o abençoou e prosperou em todas suas outras construções. Comecem pela piedade e se seguirá o ganho; deixem o prazer para o final. Provavelmente tenhamos proveito, quaisquer sejam os trabalhos que passemos para a glória de Deus e para proveito do próximo. Canaã, a terra santa, a glória de todas as terras, não tinha ouro; o qual mostra que o melhor produto é para o sustento da vida, a própria e a do próximo; isso produzia Canaã. Salomão obteve muito por sua mercado-ria, contudo, nos dirigiu a um melhor comércio ao alcance do mais pobre. A sabedoria é melhor que o lucro da prata e seu fruto mais que o ouro fino (Pv 3.14).

CAPÍTULO 10• Versículos 1-13 A rainha de Sabá visita a Salomão• Versículos 14-29 A riqueza de Salomão

Versículos 1-13A rainha de Sabá veio ver a Salomão para ouvir sua sabedoria e melhorar a sua. Nosso Sal-

vador menciona suas perguntas sobre Deus a Salomão, como indicando a estupidez dos que não buscam a Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. esperar e orar, esquadrinhar com diligência as Escrituras, consultar os cristãos sábios e experimentados e praticar o que apren-demos, é o que nos livrará das dificuldades.

A sabedoria de Salomão impressionou a rainha de Sabá muito mais que toda sua prosperi-dade e grandeza. Há uma excelência espiritual nas coisas celestiais e nos cristãos firmes, à qual nenhuma fama faz justiça. Aqui a verdade ressalta; todos os que, por meio da graça, são levados à comunhão com Deus, dirão que não lhes tinham falado nem da metade dos prazeres e vantagens dos caminhos da sabedoria. Os santos glorificados dirão muito mais do céu; dirão que não lhes foi dito nem a milésima parte (1 Co 2.9). Ela declarou felizes aos que constante-mente escutavam a Salomão. Com maior razão, nós dizemos dos servos de Cristo: bem-aven-turados os que habitam em Sua casa; eles continuarão louvando-o.

Ela lhe fez um presente nobre a Salomão. Cristo não necessita do que nós lhe damos; porém quererá que o façamos para expressar nossa gratidão. O crente que tenha estado com Jesus, regressará a seu lugar, cumprirá com presteza seus deveres por melhores razões: esperar o dia em que, ausente do corpo, estiver presente com o Senhor.

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Versículos 14-29Salomão aumentava sua riqueza. A prata não se contava. Tal a natureza da riqueza mun-

dana, cuja abundância lhe resta valor; muito mais deveria o gozo das riquezas espirituais diminuir nossa estima pelas posses terrenas. Se o ouro em abundância faz desprezar a prata, a sabedoria, a graça e o gostar de antemão do céu, que é muitíssimo melhor do que o ouro, não fará que o ouro seja estimado em pouco?

Veja-se na grandeza de Salomão o cumprimento da promessa de Deus, e estimule-nos para buscar primeiro a justiça do Reino de Deus. este é quem, tendo gostado dos prazeres terrenos, escreveu um livro para mostrar a vaidade de todas as coisas terrenas e a aflição de espírito que as acompanha, e a estultícia dos que colocam neles seu coração; e para recomendar seri -amente a piedade, como o que fará muito mais por fazer-nos felizes que todas as riquezas e poder que possa lograr; e por meio da graça de Deus, está a nosso alcance.

CAPÍTULO 11• Versículos 1-8 As esposas e concubinas de Salomão – Sua idolatria • Versículos 9-13 A ira de Deus• Versículos 14-25 Os adversários de Salomão• Versículos 26-40 A subida de Jeroboão• Versículos 41-43 Morte de Salomão

Versículos 1-8Não há nas Sagradas Escrituras um caso mais triste e assombroso sobre a depravação hu-

mana que o aqui registrado: Salomão se tornou adorador público de ídolos abomináveis! Provavelmente tenha ido cedendo paulatinamente ao orgulho e à concupiscência, perdendo as-sim seu gosto pela verdadeira sabedoria. Nada constitui em si mesmo um seguro contra o enganoso e perverso coração humano. A idade avançada não cura o coração de nenhuma propensão ao mal, se nossas paixões pecaminosas não são crucificadas e mortificadas pela graça de Deus, nunca morrerão por si mesmas, antes durarão ainda que as oportunidades de satisfazê-las tenham sido eliminadas. Quem pensa estar firme, olhe que não caia. Vemos quão fracos somos em nós mesmos sem a graça de Deus; portanto, vivamos em constante de-pendência da graça. Vigiemos e estejamos sóbrios: a nossa é uma guerra perigosa e em ter-ritório inimigo, embora nossos piores inimigos são os traidores que há em nosso próprio coração.

Versículos 9-13O Senhor disse a Salomão, provavelmente por um profeta, o que devia esperar de sua apos-

tasia. Ainda que tenhamos razão para esperar que se tenha arrependido e achado misericór-dia, o Espírito Santo não o registra expressamente, mas o deixa na dúvida, como advertência para que os outros não pequem. Pode que tenha eliminado a culpa, porém não a repreensão; isso resta. Assim sendo, deve continuar em dúvida para nós até o dia do juízo, se Salomão foi deixado ou não para sofrer o eterno desagrado de Deus ofendido.

Versículos 14-25Enquanto Salomão se manteve perto de Deus e de seu dever, não houve inimigo que o in-

quietasse, porém aqui temos o relato de dois. Se Deus está de nosso lado não temos que temer o maior adversário; mas se Deus está contra nós, Ele pode fazer-nos temer até o menor de todos, e o mesmo gafanhoto será uma carga. Embora eles estavam motivados pelos princí-pios de ambição ou vingança, Deus os usou para corrigir a Salomão.

Versículos 26-40Ao narrar a razão porque Deus dividiu o reino da casa de Salomão, Aías adverte a Jeroboão

que se cuide de pecar por sua subida. Porém a casa de Davi deve continuar; dela sairia o Mes -sias.

Salomão tratou de matar a seu sucessor; não tinha ele mesmo ensinado que quaisquer que sejam os planos do coração do homem, o conselho do Senhor prevalece? Porém ele mesmo crê que pode derrotar esse conselho. Jeroboão se retirou ao Egito e se contentou com viver no exílio e na escuridão por um tempo, seguro de que teria um reino afinal. Não deveríamos estar contentes porque temos um melhor reino reservado?

Versículos 41-43O reino de Salomão foi tão longo como o de seu pai, mas não assim sua vida. o pecado en-

curtou seus dias.245

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Se o mundo, com todas suas vantagens, puder satisfazer a alma e dar gozo real, Salomão o teria achado assim. Porém ele se desiludiu de tudo, e para advertência nossa, deixou este reg-istro escrito de todos os prazeres terrenos. "Vaidade e aflição de espírito".

O Novo Testamento declara que um maior que Salomão vem a reinar sobre nós, e a tomar posse do trono de Davi, seu pai. Não podemos ver algo da excelência de Cristo representada debilmente nessa figura, para nós?

CAPÍTULO 12• Versículos 1-15 Ascensão de Roboão – A petição do povo – Sua resposta• Versículos 16-24 Rebelião de dez tribos • Versículos 25-33 A idolatria de Jeroboão

Versículos 1-15As tribos não se queixaram a Roboão pela idolatria de seu pai e sua rebelião contra Deus. a

ofensa mais grave não era nada para eles; tão negligentes eram em matéria de religião, se po-diam viver cômodos e sem pagar tributos. Aos espíritos contenciosos nunca lhes faltará de que queixar-se. Quando vemos o relato bíblico do reino de Salomão, a paz, a riqueza e a prosperi-dade que então desfrutou Israel, não podemos duvidar que suas acusações eram falsas, ou al-heias à verdade.

Roboão respondeu ao povo conforme ao conselho dos jovens. Não há homem mais cegado pelo orgulho e o desejo do poder arbitrário, que o que pensa que isso não é fatal. Assim foram cumpridos os conselhos de Deus. deixou a Roboão livrado a sua insensatez e escondeu de seus olhos as coisas que correspondiam a sua paz, para que o reino lhe fosse tirado e dividido. Deus usa para seus propósitos sábios e justos as imprudências e os pecados dos homens. Os que perdem o Reino dos Céus é porque o lançam longe, voluntária e tolamente, como Roboão.

Versículos 16-24O povo falou de Davi em forma conveniente. Quão logo se esquecem os homens bons e

seus bons serviços ao público! Estas considerações deveriam reconciliar-nos com nossas per-das e problemas, que Deus é o Autor deles e nossos irmãos são seus instrumentos: não abriguemos desejos de vingança. Roboão e sua gente escutaram a palavra do Senhor. quando sabemos que pensa Deus, devemos submeter-nos, por mais que isto incomode nossa mente. Se tivermos a certeza do favor de Deus, nem sequer todo o universo pode machucar-nos.

Versículos 25-33Jeroboão desconfiava da providência de Deus; ele conceberia formas e médios, pecaminosos

também, para sua própria seguridade. A incredulidade na suficiência total de Deus está no fundo de todos nossos afastamentos dEle. Embora seja provável que sua adoração estivesse dirigida a Jeová, o Deus de Israel, era contrário à lei divina, e desonroso para a majestade div-ina, ser representada desta forma. A gente pode ter-se incomodado menos de adorar o Deus de Israel em forma de uma imagem, que se lhe for pedido logo que adorassem a Baal; mas isso abriu o caminho à idolatria.

Bendito Senhor, dá-nos graça para reverenciar teu templo, tuas ordenanças, tua casa de oração, teus dias de repouso, e que nunca mais, como Jeroboão, ponhamos em nosso coração nenhum ídolo abominável. Sê Tu para nós todo o que nos é precioso; que Tu reines e governes nosso coração, esperança de glória.

CAPÍTULO 13• Versículos 1-10 Reprovação do pecado de Jeroboão• Versículos 11-22 O profeta enganado• Versículos 23-34 Morte do profeta desobediente – Obstinação de Jeroboão

Versículos 1-10Ao ameaçar o altar, o profeta ameaça o fundador e os adoradores. O culto idolátrico não

continuará, mas a palavra de Jeová permanecerá para sempre. A predição afirma claramente que a família de Davi continuaria, e apoiaria a verdadeira religião, quando as dez tribos já não fossem capazes de resisti-los. Se Deus, com justiça, endurece o coração dos pecadores, para que não possam retirar arrependidos a mão que estenderam ao pecado, isso é um juízo espiri-tual, representado por isto, e muito mais espantoso.

Jeroboão buscou ajuda, não de seus bezerros, senão somente de Deus, de Seu poder e fa-vor. Pode chegar o momento em que os que aborrecem a predicação se alegrem das orações 246

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dos ministros fiéis. Jeroboão não deseja que o profeta ore para que seu pecado seja perdoado e mudado seu coração, senão somente que sua mão seja restaurada. Ele pareceu afetado mo-mentaneamente pelo juízo e pela misericórdia, mas a impressão se esvaeceu.

Deus proibiu a seu mensageiro que comesse ou bebesse em Betel para mostrar seu abor-recimento de Deus pela idolatria e apostasia, e para ensinar-nos que não termos comunhão com as obras das trevas. Não aprenderam a negar a si mesmos os que não podem rejeitar uma comida proibida.

Versículos 11-22A conduta do velho profeta prova que realmente não era um homem bom. Quando a mu-

dança aconteceu sob Jeroboão, aquele preferiu sua comodidade e interesse a sua religião. Ele usou um método muito mau para fazer voltar o profeta bom. Tudo era mentira. Os crentes es-tão em maior perigo de serem desviados de seu dever pelas pretensões enganosas de santi-dade.

Pode chamar-nos a atenção que o profeta mau não foi castigado, enquanto que o santo varão de Deus foi castigado súbita e severamente. Que faremos com tudo isto? Os juízos de Deus transcendem nosso poder de compreensão, e há um juízo vindouro. Nada pode escusar um ato voluntário de desobediência. Isto demonstra o que devem esperar os que escutam o grande enganador. Os que cedem ante ele como tentador, serão aterrorizados por ele como atormentador. Aos que agora lisonjeia, depois atacará violentamente; e aos que leva ao pecado, tratará de levá-los ao desespero.

Versículos 23-34Deus se desagrada dos pecados de seu povo; ninguém será protegido em sua desobediên-

cia, pelo ofício que exerce, por sua proximidade a Deus, nem por nenhum outro serviço que tiver feito por Ele. A todos os que O servem, Deus os adverte que observem estritamente suas ordens. Não podemos ser juízes dos homens por seus sofrimentos, nem de pecados pelos casti-gos presentes; a carne é destruída em alguns para que o espírito seja salvo; a carne é obse-quiada em outros para que a alma amadureça para o inferno.

Jeroboão não se arrependeu de seu mau caminho. Prometeu a si mesmo que os bezerros as-segurariam a coroa a sua família, mas a perderam e ele a fez afundar. Traem-se a si mesmos os que pensam sustentar-se por qualquer pecado. temamos prosperar por médios pecaminosos, oremos para sermos resguardados de todo engano e tentação, e para sermos ca-pacitados para andar com perseverança abnegada no caminho dos mandamentos de Deus.

CAPÍTULO 14• Versículos 1-6 Abias adoece e sua mãe consulta a Aías• Versículos 7-20 A destruição da casa de Jeroboão• Versículos 21-31 O reino malvado de Roboão

Versículos 1-6"Naquele tempo", quando Jeroboão fez o errado, seu filho adoeceu. Quando a doença chega

a nossa família, devemos perguntar-nos se não haverá algum pecado específico que se alber-gue em nossa casa, pelo qual se envia a aflição para acusar-nos e reclamar-nos desse pecado.

Teria sido mais piedoso se tivesse desejado saber por que Deus contendia com ele; se tiver pedido as orações do profeta e rejeitado seus ídolos; mas a maioria da gente prefere que lhes seja dita a sorte, e não suas faltas ou seu dever.

Mandou buscar a Aías, porque este lhe tinha dito que seria rei. Os que pelo pecado se desqualificam para as consolações e, contudo, esperam que seus ministros, porque são homens bons, lhes falem de paz e consolo, enganam a si mesmos e a seus ministros.

Mandou a sua esposa disfarçada para que o profeta lhe respondesse somente a pergunta sobre seu filho. Assim, alguns limitam a seus ministros para que suavizem as coisas, e não se interessam de que lhes seja declarado todo o conselho de Deus, não seja que se profetize algo não bom para eles, mas mau. Mas ela sabe, na primeira palavra, em que tem de confiar. As notícias para quem tem uma porção com os hipócritas serão notícias espantosas. Deus julgará os homens conforme o que são, não pelo que parecem ser.

Versículos 7-20Seja que levemos ou não em conta as misericórdias de Deus, Ele sim as leva; as colocará

em ordem diante nosso para nossa maior confusão, se formos ingratos. Aías anuncia a próxima morte do menino doente, por misericórdia para ele. esta criança era a única, na casa de Jer -oboão, que teve afecção pela adoração verdadeira de Deus, e se desgostava da adoração dos bezerros. Para mostrar o poder e a soberania de Sua graça, Deus salva a alguns membros das

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piores famílias, nos quais há algo de bom para o Senhor Deus de Israel. Os justos são livrados do mal que vem deste mundo, e levados ao bem de um mundo melhor. Costuma ser um mau sinal para uma família quando se sepultam os melhores dela. Porém sua morte não é perda para eles. Era uma aflição presente para a família e para o reino, aflição que devia servir de in-strução, ao reino e à família.

Deus, também, anuncia os juízos que sobrevirão ao povo de Israel por conformar-se com a adoração estabelecida por Jeroboão. Depois que saiu da casa de Davi, o governo nunca durou muito em outra família; uma sabotava e destruía a outra. As famílias e os reinos são arruinados pelo pecado. se os grandes homens fazem o errado, arrastam a muitos outros à culpa e ao cas-tigo. A condena deles será muito severa, porque devem responder não só por seus pecados, senão pelos pecados a que arrastaram e nos quais mantiveram a outrem.

Versículos 21-31Aqui, nada de bom é dito de Roboão, e se diz muito para desvantagem de seus súbditos. A

abundância dos piores crimes, do pior dos pagãos, em Jerusalém, a cidade que o Senhor tinha escolhido para seu templo e para ser adorado, demonstra que nada pode melhorar o coração dos homens caídos, senão a graça santificadora do Espírito Santo. Nela somente podemos con-fiar; portanto, oremos diariamente por ela, para nós e para todos os que nos rodeiam. O es-plendor de seu templo, a pompa de seu sacerdócio, e todas as vantagens com que estava as-sociada sua religião, não foram suficientes para mantê-los perto dela; nada, senão o derrama-mento do Espírito, manterá a lealdade do Israel de Deus.

O pecado deixa ao descoberto, empobrece e debilita a toda pessoa. Sisaque, rei do Egito, veio e levou os tesouros. O pecado faz que o ouro se apague, que mude o ouro mais fino e se torne em bronze.

CAPÍTULO 15• Versículos 1-8 Reinado malvado de Abião, rei de Judá • Versículos 9-24 Bom reinado de Asa, rei de Judá• Versículos 25-34 Reinados malvados de Nadabe e Baasa em Israel

Versículos 1-8O coração de Abião não era perfeito para com Jeová seu Deus; Ele queria sinceridade;

começou bem, porém caiu e andou em todos os pecados de seu pai, seguindo seu mal exem-plo, embora tivesse visto as más conseqüências. A família de Davi continuou como lâmpada em Jerusalém, para manter ali a verdadeira adoração de Deus, quando a luz da verdade divina estava extinta em todos os outros lugares. O Senhor ainda cuida de sua causa enquanto os que deveriam servir a ela tenham vivido e perecido em seus pecados. O Filho de Davi ainda contin-uaria sendo uma luz para sua igreja, para estabelecê-la em verdade e justiça no final do tempo.

Existem duas classes de cumprimento da lei: um pela lei e o outro pelo evangelho. É legal quando os homens fazem as coisas requeridas na lei e para si mesmos. Ninguém nunca cumpriu assim a lei, salvo Cristo e Adão antes de cair. A forma de cumprir a lei pelo evangelho é crer em Cristo que cumpriu a lei por nós e propor-se em todo obedecer a Deus em todos seus preceitos. Isto é aceito por Deus como por todos os que são em Cristo. Assim se diz que Davi e outros cumpriram a lei.

Versículos 9-24Asa fez o reto aos olhos de Jeová. Reto é sem dúvida o que é bom aos olhos de Deus. o

período de Asa foi de reforma. Eliminou o errado; sua reforma começa com isso, e achou muito para fazer. quando Asa achou idolatria na corte, a extirpou de raiz. A reforma deve começar por casa. Asa honra e respeita a sua mãe; ele a quer, mas ama mais a Deus. Os que têm poder são ditosos quando têm um coração que lhes permite usá-lo bem. Não só devemos deixar de fazer o mau; temos de aprender a fazer o bom; não somente tirar os ídolos de nossa iniqüi-dade, senão dedicar-nos nós mesmos, e todo o que temos, à honra e glória de Deus.

Asa se dedicou cordialmente ao serviço de Deus, e seus pecados não surgiram de atrevi-mento. Porém sua aliança com Ben-Hadade surgiu da falta de fé. Até os crentes verdadeiros encontram difícil confiar no Senhor com todo o coração em momentos de perigo iminente. A falta de fé dá lugar à política carnal, e assim se abre passo a um pecado após outro. A falta de fé chegou a ponto de conduzir os cristãos a pedirem socorro aos inimigos do Senhor, em suas lutas contra seus irmãos; alguns que uma vez resplandeceram, têm sido cobertos por uma ne-gra nuvem no final de seus dias.

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Versículos 25-34Durante o reinado de Asa em Judá, o governo de Israel esteve em seis ou sete mãos difer-

entes. Observe-se a ruína da família de Jeroboão; nenhuma palavra de Deus cairá por terra. As ameaças divinas não são como para aterrorizar.

Os ímpios executam os justos juízos de Deus um contra o outro. Porém, em meio de peca-dos espantosos e esta aparente confusão, o Senhor leva adiante seu plano: quando estiver completo, a justiça, sabedoria e misericórdia gloriosas ali apresentadas serão admiradas e ado-radas por todas as idades da eternidade.

CAPÍTULO 16• Versículos 1-14 Reinados de Baasa e Elá em Israel• Versículos 15-28 Reinados de Zinri e Onri em Israel• Versículos 29-34 A maldade de Acabe – Hiel reconstrói Jericó

Versículos 1-14Este capítulo se relaciona totalmente com o reino de Israel e as revoluções desse reino.

Deus ainda chama a Israel de seu povo, embora desgraçadamente corrompido. Jeú anuncia que viria sobre a família de Baasa a mesma destruição que esse rei tinha trazido sobre a família de Jeroboão. Os que se parecem com outros em seus pecados, podem esperar parecer-se a eles nas pragas que sofrem, especialmente os que parecem zelosos de pecado em outros que são como os que se permitem a si mesmos.

O próprio Baasa morre em paz e é enterrado com honra. Aqui se vê claramente que há cas-tigo depois da morte, que é o que mais deve ser temido.

Que Elá seja uma advertência para os bêbados que somente sabem que a morte pode sur-preendê-los. A morte chega facilmente aos homens quando estão bêbados. Além das doenças que se acarretam os homens quando bebem, quando estão neste estado são facilmente venci-dos por um inimigo e propensos a graves acidentes. A morte chega em forma terrível aos homens em tal estado, os encontra no ato do pecado e inúteis para um ato de devoção. Esse dia lhes chega sem que percebam. A Palavra de Deus se cumpriu e levou em contra os peca-dos de Baasa e Elá porque com eles provocaram a Deus. seus ídolos são chamados vaidades, porque os ídolos não aproveitam nem socorrem; miseráveis são os que têm como deuses suas vaidades.

Versículos 15-28Quando os homens abandonam a Deus, são entregues a uma praga após outra. Os homens

soberbos se arruínam mutuamente. Onri lutou com Tibni durante alguns anos. embora não sempre entendamos as regras pelas quais Deus governa as nações e indivíduos em Sua providência, podemos aprender lições úteis da história que temos diante nosso. Quando os tiranos se sucedem uns aos outros e há massacres, conspirações e guerras civis, podemos ter a certeza de que o Senhor tem uma controvérsia com seu povo por seus pecados; eles são chamados a grande voz ao arrependimento e a reformar-se.

Onri se fez infame por sua maldade. Muitos homens maus têm sido homens de poder e renome; têm construído cidades e seus nomes estão na história, porém não têm seu nome no livro da vida.

Versículos 29-34Acabe fez o mau mais que todos os que reinaram antes que ele, e o fez com particular raiva

contra Jeová e Israel. Não se satisfez com romper o segundo mandamento adorando imagens; também quebrantou o primeiro, adorando outros deuses: tomar levianamente os pecados menores abre o caminho para os maiores.

Casar com outros ofensores atrevidos também acrescenta a maldade e apressa os homens a irem aos maiores excessos.

Um dos súbditos de Acabe, seguindo o exemplo de sua ousadia, se aventurou a reconstruir Jericó. Como Acã, se meteu com o anátema; tomou para uso próprio o que estava dedicado à honra de Deus: começou a edificar desafiando a maldição bem conhecida em Israel; mas nunca nenhum endureceu seu coração contra Deus e prosperou.

Que a leitura deste capítulo nos faça perceber o final horroroso de todos os fazedores de in-iqüidade. E que nos entrega a história de todos os homens ímpios, qualquer tenha sido a cate-goria ou situação em que se moveram, senão tristes exemplos do mesmo?

CAPÍTULO 17• Versículos 1-7 Elias alimentado pelos corvos

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• Versículos 8-16 Elias enviado a Sarepta• Versículos 17-24 Elias ressuscita o filho da viúva

Versículos 1-7Deus adapta maravilhosamente os homens para a obra a que os chama. Os tempos eram

adequados para um Elias; Elias era apto para esses tempos. O Espírito do Senhor sabe equipar os homens para cada ocasião. Elias informou a Acabe que Deus estava desgostado com os idólatras, e que os castigaria com a falta de chuva, coisa que os deuses que eles serviam não podia dar.

Foi dada a Elias ordem de esconder-se. Se a providência nos chama à solidão e retiro, nos corresponde irmos: quando não podemos ser úteis, devemos ser pacientes; e quando não podemos trabalhar para Deus, devemos sentar-nos quietos e em silêncio para Ele. Foram des-ignados os corvos para que lê levassem alimento, e assim fizeram. Que os que vivem ao dia, aprendam a viver da Providência, confiando nela para o pão diário. Deus pôde enviar anjos para que o atendessem, mas preferiu mostrar que pode servir seus propósitos com as criaturas mais baixas, tão eficazmente como com as mais poderosas.

Elias parece ter continuado assim por mais de um ano. Falhou a provisão natural de água, que vinha pela providência, mas a miraculosa provisão de comida, assegurada a ele por uma promessa, não faltou. Se os céus falham, naturalmente falha a terra; tal é todo nosso consolo como criaturas: os perdemos quando mais os necessitamos, como os riachos no verão. Mas há um rio que alegra a cidade de Deus, que nunca seca, um manancial de água do qual brota vida eterna. Senhor, dá-nos dessa água viva!

Versículos 8-16Havia muitas viúvas em Israel na época de Elias, e é provável que algumas o tivessem acol -

hido em sua casa, mas é enviado a honrar e abençoar com sua presença uma cidade de Sidom, um povo gentio, e assim chega a ser o primeiro profeta aos gentios. Jezabel era a maior inimiga de Elias, mas para mostrar quão impotente era sua maldade, Deus encontra um escon-derijo para ele no próprio país dela.

A pessoa designada para acolher a Elias não é um dos ricos ou grandes de Sidom, senão uma viúva pobre, necessitada e desolada, à qual lhe é dada a capacidade e a disposição de mantê-lo. é o caminho de Deus e é sua glória usar e honrar o néscio e o fraco do mundo. Oh, mulher, grande é tua fé; que nem sequer em Israel se tenha achado igual.

Ela acreditou na palavra do profeta, que não sairia perdendo. Os que se aventuram basea-dos na promessa de Deus, não encontram difícil expor-se e despojar a si mesmos em seu serviço, dando-lhe primeiro sua parte. Certamente o aumento da fé da viúva, para capacitá-la a negar a si mesma e a depender da promessa divina, foi um milagre na esfera da graça, como o aumento de sua comida e óleo na esfera da providência. Bem-aventurados todos os que, contra toda esperança, podem crer e obedecer em esperança. Esta viúva deu ao profeta uma comida de pobre; como recompensa, ela e seu filho comeram por mais de dois anos em tem-pos de fome. Ter comida do especial favor de Deus, e em tão boa companhia como a de Elias, fazia todo duplamente doce. Aos que confiam em Deus lhes é prometido que não serão enver-gonhados no dia mau; em dias de fome serão satisfeitos.

Versículos 17-24Nem a fé nem a obediência eliminam as aflições e a morte. Estando morto seu filho, a mãe

falou ao profeta, antes de dar rédea solta a sua tristeza, mas com esperança de alívio. Quando nos tira nossas consolações, Deus nos lembra dos pecados que são contra nós, talvez os peca-dos de nossa juventude, ainda que faça muito tempo se passaram. Quando nos lembra nossos pecados, se propõe ensinar-nos a lembrá-los contra nós mesmos para arrepender-nos deles.

A oração de Elias filho sem dúvida dirigida pelo Espírito Santo. O menino tornou a viver. veja-se o poder da oração e o poder dAquele que escuta a oração.

CAPÍTULO 18• Versículos 1-16 Elias manda notícia a Acabe de sua chegada• Versículos 17-20 Elias se encontra com Acabe• Versículos 21-40 Juízo de Elias contra os falsos profetas • Versículos 41-46 Elias faz chover por meio da oração

Versículos 1-16Os juízos mais severos, de por si, não humilham nem mudam o coração dos pecadores;

nada, exceto o sangue de Jesus Cristo, pode expiar a culpa do pecado; nada, exceto o Espírito 250

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santificador de Deus pode purgar sua imundícia.Os sacerdotes e os levitas tinham ido a Judá e Jerusalém (2 Cr 11.13-14), porém, em lugar

deles, Deus levantou profetas que liam e expunham a Palavra. Provavelmente eles eram da es-cola de profetas organizada por Samuel. Não tinham o espírito de profecia como Elias, mas en-sinavam à gente a manter-se perto do Deus de Israel. Jezabel procurava destruí-los. Os poucos que escapavam da morte eram forçados a esconder-se.

Deus tem seu remanescente entre todas as classes, altas e baixas; e a fé, o temor e o amor de seu Nome, que são fruto do Espírito Santo, serão aceitos por meio do Redentor. Veja-se quão maravilhosamente levanta Deus amigos para seus ministros e seu povo, para ampará-los em épocas difíceis. Pão e água escasseavam agora, mas Obadias encontrará suficiente para os profetas de Deus, para mantê-los vivos.

A preocupação de Acabe era não perder todas os animais, mas não se preocupava em perder sua alma. Esforçava-se muito em procura de pastagem, porém nada em procura do fa-vor de Deus; lutava contra o efeito, sem perguntar como eliminar a causa. Todavia, é um bom sinal para o povo, quando Deus chama a seus ministros a pôr-se em pé e mostrar-se. Podemos tolerar o pão da aflição muito melhor quando nossos olhos vêem os nossos mestres.

Versículos 17-20Pode-se imaginar qual era o afeto que a gente tem por Deus, observando o afeto por seu

povo e por seus ministros. Tem sido destino dos homens mais úteis, como Elias, serem chama-dos e contados como os agitadores da terra. Porém os que fazem o mal são os que provocam os juízos de Deus, e não os que os anunciam e advertem a nação que se arrependa.

Versículos 21-40Muitos do povo vacilaram em seus juízos e mudaram de prática. Elias os chamou para que

determinassem se Jeová ou Baal era o supremo Deus, que existe por si mesmo, Criador, Rei e Juiz deste mundo, e que o seguissem somente a Ele. Perigoso é claudicar entre o serviço de Deus e o serviço do pecado, o domínio de Cristo e o domínio de nossas concupiscências. Se Je -sus é o único Salvador, aferremo-nos somente a Ele para tudo; se a Bíblia é a palavra de Deus, reverenciemo-la, recebamo-la e submetamos nosso entendimento a seu ensino divino.

Elias se propôs levar a juízo o assunto. Baal tinha todas as vantagens externas, porém o sucesso estimula a todas as testemunhas e defensores de Deus para que não temam o rosto do homem. O que responde com fogo, seja Deus: era necessário fazer a expiação com o sacrifí-cio, antes que a condenação fosse tirada por misericórdia. Portanto, o Deus que tem poder para perdoar o pecado, e para demonstrá-lo consumindo a oferta pelo pecado, deve ser por ne-cessidade o Deus que pode aliviar a calamidade.

Deus nunca requereu de seus adoradores que o honrassem na forma dos adoradores de Baal; mas o serviço do diabo, ainda que às vezes compraz e agrada o corpo, em outras coisas, contudo, é realmente cruel com o corpo, como a inveja e a embriaguez. Deus exige que morti-fiquemos nossas concupiscências e corrupções; mas as penitências e severidades corporais não o agradam. Quem tem pedido estas coisas de suas mãos? Umas poucas palavras emitidas com fé certeira, com fervoroso afeto pela glória de Deus, e amor pelas almas dos homens, ou sedento da imagem do Senhor e de seu favor, formam a fervorosa e eficaz oração do justo, que muito pode.

Elias não procurou sua própria glória, senão a de Deus, pelo bem do povo. o povo está por completo de acordo, convencido e satisfeito: Jeová, Ele é o Deus. alguns, esperamos, tiveram uma mudança em seu coração, mas a maioria somente se convenceu, não se converteu. Bem-aventurados os que não viram o que estes viram e, contudo, creram, e têm trabalhado por isso mais que os que o viram.

Versículos 41-46Israel, reformado a ponto de reconhecer que o Senhor é Deus, e para consentir que se exe-

cutassem os profetas de Baal, foi aceito ao ponto que Deus derramou bênçãos sobre a terra. Elias continuou orando longo tempo. embora a resposta a nossas súplicas fervorosas e de fé

não cheguem logo, devemos continuar orando fervorosos, sem desmaiar nem nos rendermos.Uma nuvenzinha apareceu por fim; logo se espalhou pelos céus e regou a terra. As grandes

bênçãos costumam surgirem de pequenos começos, as chuvas abundantes de uma nuvem como a palma da mão. Que nunca desprezemos o dia das pequenas coisas, antes, esperemos com esperança que delas surjam grandes coisas. De que pequenos começos têm surgido grandes coisas! Assim é em todos os bondosos procedimentos de Deus com a alma. escassa-mente se percebem as primeiras obras de seu Espírito no coração, porém crescem e deixam maravilhados os homens, e conseguem o aplauso dos anjos. Elias pediu a Acabe que voltasse a casa e o esperasse. Deus fortalece a seu povo para todo serviço ao qual seus mandamentos e Sua providência o chamam.

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As terríveis mostras da justiça e santidade divina fazem desfalecer o pecador, suscitam con-fissões e dispõem para a obediência externa enquanto dura a impressão; mas a visão disto com misericórdia, amor e confiança em Cristo Jesus é necessária para levar a alma a humilhar-se, confiar e amar. O Espírito Santo emprega ambas as coisas na conversão dos pecadores; quando os pecadores se impressionam com as verdades divinas. Devem ser exortados a dedicar-se aos deveres a que o Salvador chama a seus discípulos.

CAPÍTULO 19• Versículos 1-8 Elias foge ao deserto• Versículos 9-13 Deus se manifesta a Elias• Versículos 14-18 A resposta de Deus para Elias• Versículos 19-21 O chamamento de Eliseu

Versículos 1-8Jezabel enviou uma mensagem ameaçadora a Elias. Os corações carnais são endurecidos e

enfurecidos contra Deus, por aquilo que deve convencê-los de pecado e vencê-los. A muita fé nem sempre é sinônimo de fé firme ou forte. Elias podia ser útil a Israel neste momento, e tinha toda a razão para depender da proteção de Deus enquanto realizava Sua obra, porém fugiu. O seu não era o desejo deliberado da graça, como o de Paulo, de ir e estar com Cristo. assim, Deus deixou sozinho a Elias, para mostrar que quando era ousado e forte, o era no Sen-hor e no poder de Sua força; porém sozinho não era melhor que seus pais. Ainda que nós não saibamos, Deus conhece que desígnio tem para conosco, que serviços, que provas, e Ele se en-carregará de dar-nos graça suficiente.

Versículos 9-13A pergunta que Deus faz, "Que fazes aqui, Elias?", é uma repreensão. Amiúde nos corre-

sponde perguntar se estamos em nosso lugar, e na senda do dever: estou onde devo estar? Aonde me chama Deus, onde está minha obra, e onde posso ser útil? Elias se queixa da gente e de sua obstinação para pecar; eu sou o único que resta. Desesperar do êxito pode estorvar muitas boas empresas.

Foi Elias até ali para encontrar-se com Deus? Ele descobrirá que Deus lhe sairá ao encontro. O vento, o terremoto, o fogo não o fizeram cobrir seu rosto, porém sim o silvo suave a aprazível. As almas bondosas são mais afetadas pelas tenras misericórdias do Senhor que por seus terrores. A suave voz dAquele que fala desde a cruz, ou do trono da graça, vai acompan-hada de um poder peculiar para tomar possessão do coração.

Versículos 14-18Deus repete a pergunta: "Que fazes aqui?". Então ele se lamenta de seu desconforto, e,

para onde irão os profetas de Deus com essa classe de queixas senão a seu Senhor?O Senhor lhe deu uma resposta. Declara que a malvada casa de Acabe será desarraigada,

que o povo de Israel será castigado por seus pecados; e mostra que Elias não tinha ficado soz -inho, como ele achava, e que, além disso, lhe daria um ajudante. Assim foram respondidas e satisfeitas todas suas queixas.

Os fiéis de Deus costumam ser amiúde seus protegidos (Sl 83.3), e a igreja visível apenas pode ser vista: o trigo se perde entre o joio, e o ouro no ouropel, até que chegue o dia de sepa-rar, refinar e peneirar. Conhece o Senhor aos que são Seus, embora nos não; Ele vê no secreto. Quando cheguemos ao céu estranharemos muitos que pensamos encontraremos lá, e encon-traremos a muitos que não pensamos achar lá. O amor de Deus freqüentemente resulta ser maior que a caridade do homem, e muito mais amplo.

Versículos 19-21Elias encontrou a Eliseu por ordem divina, não na escola dos profetas senão no campo; não

lendo, orando ou sacrificando, senão arando a terra. A ociosidade não honra o homem, nem a agricultura é desgraça para homem algum. Um chamado honesto no mundo não nos tira do caminho de nosso chamamento celestial, mais do que afetou a Eliseu. Seu coração foi tocado pelo Espírito Santo e ele ficou pronto para deixar tudo para ajudar a Elias. É no dia de seu poder que seu povo se oferecerá voluntário; nem tampouco irá ninguém a Cristo, a menos que sejam levados a Ele. Era uma época desalentadora para que os profetas saíssem. Um homem que consultasse com carne e sangue não teria querido o manto de Elias, porém Eliseu deixa tudo alegremente para acompanhá-lo. quando o Salvador disse: "Sigam-me", foram abandona-dos alegremente os amigos mais queridos e as ocupações mais proveitosas, e se cumpriram os deveres mais árduos por amor a Seu nome. Que nós, em forma similar, sintamos a energia de

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Sua graça operando poderosamente em nós, e quem, por uma submissão sem reservas, pos-samos de imediato assegurar nosso chamamento e eleição.

CAPÍTULO 20• Versículos 1-11 Ben-Hadade sitia Samaria • Versículos 12-21 Derrota de Ben-Hadade • Versículos 22-30 Nova derrota dos sírios• Versículos 31-43 Acabe faz a paz com Ben-Hadade

Versículos 1-11Ben-Hadade enviou uma demanda muito insolente a Acabe. Este respondeu com uma sub-

missão muito ignominiosa; o pecado põe em apertos os homens, ao deixá-los fora da proteção divina. Se Deus não nos mandar, o farão nossos inimigos: a culpa desencoraja os homens e os acovarda.

Acabe desesperou. Os homens deixarão suas coisas mais prazerosas, o que mais amam, para salvar a vida; contudo, preferem perder a alma antes de separar-se de qualquer prazer ou interesse para impedi-lo. Eis aqui um dos ditados mais sábios que tenha falado Acabe, e é uma boa lição para todos. Néscio é jactar-se do dia de amanhã, já que não sabemos o que pode trazer. Aplique-se aos nossos conflitos espirituais. Pedro caiu por ter confiança em si mesmo. Bem-aventurado o homem que nunca baixa sua guarda.

Versículos 12-21Os orgulhosos sírios foram derrotados e os desprezados israelitas foram os vencedores. As

ordens do orgulhoso rei ébrio desorganizaram suas tropas, impedindo-os de atacar os israeli-tas. Os que se sentem mais seguros costumam ser os que têm menos valor. Acabe matou os sírios com uma tremenda carnificina. Deus faz freqüentemente que um homem malvado açoite a outro.

Versículos 22-30Os de Ben-Hadade o aconselharam a mudar de terreno. Deram por sentado que não era Is-

rael, senão os deuses de Israel, os que tinham vencido; ainda assim, falam com muita ignorân-cia de Jeová. Supõem que Israel tinha muitos deuses aos quais atribuíam poder limitado dentro de certa jurisdição; assim de vãos eram os gentios no que imaginavam acerca de Deus. a maior sabedoria em assuntos mundanos costuma ir unida com a estultícia mais desprezível nas coisas de Deus.

Versículos 31-43Este estímulo têm os pecadores para arrepender-se e humilhar-se ante Deus. não temos ou-

vido que o Deus de Israel é um Deus misericordioso? Não o verificamos assim? Isso é ar-rependimento do evangelho, que flui da apreensão da misericórdia de Deus em Cristo; há perdão nEle. Que mudança há aqui! O mais altivo na prosperidade resulta ser, amiúde, o mais abjeto na adversidade; um espírito maligno afeta os homens em ambas condições. Há gente a qual, como Acabe, obtêm de mau modo o êxito; não sabem como servir a Deus com sua pros-peridade, nem a sua geração ou, nem sequer, seus interesses verdadeiros; ainda que se mostre favor ao perverso, não aprenderá justiça.

O profeta decretou reprovar a Acabe com uma parábola. Se castigar a um bom profeta por não bater em seu amigo, e amigo de Deus, quando Deus mandar: "Bate", um rei malvado será achado digno de um castigo muito mais doloroso, quando salvar a seu inimigo e inimigo de Deus, quando Deus ordenou: "Ataca". Acabe foi para sua casa, desgostado e molesto, não um verdadeiro penitente, nem procurando desfazer o que tinha feito de errado, totalmente mal-hu-morado apesar de sua vitória.

Ai! Muitos que ouvem a boa nova de Cristo estão muito ocupados aqui e acolá até que se passa o dia da salvação.

CAPÍTULO 21• Versículos 1-4 Acabe cobiça a vinha de Nabote • Versículos 5-16 Nabote assassinado por Jezabel• Versículos 17-29 Elias anuncia juízos contra Acabe

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Versículos 1-4Talvez Nabote tenha-se alegrado por ter uma vinha localizada tão perto do palácio, porém a

situação lhe resultou fatal; a fortuna de mais de um homem tem sido seu laço, e de péssima conseqüência por ter estado perto dos grandes.

O descontentamento é um pecado que é seu próprio castigo, e faz com que os homens se atormentem. É um pecado que se gera em si mesmo; não surge da situação, senão da mente: como achamos a Paulo contente numa prisão, assim Acabe estava descontente num palácio. tinha a sua disposição todos os prazeres de Canaã, essa terra desejável; a riqueza de um reino, os prazeres de uma corte, e as honras e poderes de um trono; todavia, tudo lhe era nada sem a vinha de Nabote. Os maus desejos expõem os homens a contínuas vexações, e os que estão dispostos a afanar-se, por muito bem de posição que estejam, sempre podem achar alguma coisa que lhes provoque novo afã.

Versículos 5-16Quando em vez de uma ajuda idônea, o homem tem uma agente de Satanás que assume a

forma de uma esposa inescrupulosa e enganosa, ainda que amada, podem esperar-se efeitos fatais. Nunca um príncipe tinha dado ordens mais perversas que as que Jezabel deu aos diri-gentes de Jizreel. Nabote devia ser assassinado sob pretexto da religião. Não há maldade tão vil, tão horrenda, porém a religião tem sido às vezes tomada para encobrir isso. ales do mais, deve fazer-se sob a aparência de justiça, e com as formalidades do processo legal.

Surpreendamo-nos da maldade do perverso, baseados nesta triste história, e do poder de Satanás nos filhos da desobediência. Encomendemos o resguardo de nossa vida e nossas con-solações a Deus, porque a inocência não sempre será nossa segurança; e regozijemo-nos por saber que todo se ajustará à justiça no grande dia.

Versículos 17-29O bendito Paulo se queixa de estar vendido ao pecado (Rm 7.14), como um coitado cativo,

em contra de sua vontade; mas Acabe estava disposto, ele se vendeu ao pecado; por decisão, e como ato e obra próprios, amou o domínio do pecado. sua esposa Jezabel o incitou a agir com perversidade.

Elias reprova a Acabe e coloca seu pecado diante de seus olhos. Muito desgraçada é a condição do homem que se fez inimigo da Palavra de Deus; e muito desesperado está aquele que estimar como inimigos seus os ministros da Palavra, porque eles lhe falam a verdade.

Acabe se pôs a roupagem e o aspecto externo do arrependido, porém seu coração não se havia humilhado nem estava mudado. O arrependimento de Acabe foi somente para que o vis-sem os homens; era simplesmente externo.

Que isto anime a todos os que se arrependem verdadeiramente e que sem fingimentos acreditam no santo Evangelho, porque se o que simula ser um arrependido, vai para sua casa reprovado, sem dúvida o arrependido que sinceramente crê ira para a sua casa justificado.

CAPÍTULO 22• Versículos 1-14 Josafá faz aliança com Acabe • Versículos 15-28 Micaías prediz a morte de Acabe• Versículos 29-40 Morte de Acabe• Versículos 41-50 Bom reinado de Josafá sobre Judá• Versículos 51-53 Mal reinado de Acazias sobre Israel

Versículos 1-14O mesmo temperamento fácil que faz que algumas pessoas boas comecem amizade com in-

imigos declarados da religião, os torna muito perigosos para si mesmos. Vêem-se conduzidos a fazer de conta que não vêem e a suportar condutas e conversações contra as quais deveriam protestar com o maior aborrecimento.

Onde quer que há um homem bom, deve levar com ele sua fé, sem envergonhar-se de re-conhecê-la quando estiver com os que a desprezam; Josafá não deixou para trás, em Jerusalém, seu afeto e reverência pela Palavra do Senhor, senão que a confessou e se propôs levá-la à corte de Acabe. Os profetas de Acabe, para comprazer a Josafá, fizeram uso do nome de Jeová; para comprazer a Acabe, disseram: "Sobe". Mas os falsos profetas não podem imitar a verdade, porque o que exerce seus sentidos espirituais pode discernir a mentira. Um fiel pro-feta do Senhor valia por todos eles.

Os homens mundanos em todas as épocas têm sido absurdos por igual em seus pontos de vista sobre a religião. Eles quiseram que o predicador adaptasse sua doutrina à moda dos tem-pos e ao gosto dos ouvintes e, contudo, que agregassem: "Assim diz o Senhor" às palavras que 254

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os homens colocam em suas bocas. Estão dispostos a gritar contra um homem tão rude e tão néscio, que tem escrúpulos para tratar de assegurar seus próprios interesses e enganar os out-ros.

Versículos 15-28O maior bem que podemos fazer a quem vai por um caminho perigoso, é falar-lhe de seu

perigo. Para deixar sem escusa o embrutecido criminoso e dar uma lição útil aos outros, Mi-caías relatou sua visão. Este assunto está representado ao estilo dos homens: não temos que imaginar que Deus alguma vez tolere novos conselhos ou que necessite consultar com os anjos ou com qualquer criatura acerca dos métodos que deve adotar; ou que seja o autor do pecado ou a causa de que alguém diga o creia numa mentira.

Micaías não devolveu o golpe de Zedequias que, ainda que se vangloriava do Espírito como fazem habitualmente os que menos conhecem as operações do Espírito Santo, foi deixado pelo verdadeiro profeta para que se convencesse de seu erro às vezes do acontecimento. Os que não desejam corrigir seus erros a tempo pela Palavra de Deus, serão desenganados, quando demasiado tarde, pelos juízos de Deus.

Deveríamos envergonhar-nos do que chamamos provas, se consideramos o que suportaram os servos de Deus. todavia, estará bem se a liberdade de problemas não resulta mais daninha para nós; somos mais facilmente seduzidos e levados à infidelidade e à conformidade com este mundo.

Versículos 29-40Acabe tratou perfidamente de trair a Josafá para que corresse riscos em troca de assegurar

a si mesmo. Veja-se o que conseguem os que se unem aos homens maus. Como esperar que seja veraz com seu amigo quem tem sido falso com seu Deus? Tinha dito, cumprimentando a Acabe, "Sou como você é" e, sem dúvida, agora estava confundido com aquele. Os que se ajuntam com malfeitores correm o perigo de ter parte em suas pragas.

Ao livrar a Josafá, Deus lhe fez saber que não o havia abandonado ainda que estivesse de-sconforme com ele. Deus é amigo que não falha quando os amigos falham.

Que ninguém pense que se esconde do juízo de Deus. Ele dirigiu a seta que feriu a Acabe; não escapam com vida os que Deus tem condenado a morte. Acabe viveu o suficiente para ver cumprida parte da profecia de Micaías. Teve tempo para sentir-se morrer; com quanto horror deve ter pensado no mal que havia cometido!

Versículos 41-50O reinado de Josafá parece ter sido um dos melhores em piedade e prosperidade. Agradou a

Deus e o Senhor o abençoou.Versículos 51-53O reinado de Acazias foi muito curto, não durou dois anos; Deus opera rápido com alguns

pecadores. Ele tinha muito mau caráter; não ouvia instruções, não aceitava advertências, e seguiu o exemplo de seu malvado pai, e o conselho de sua ainda pior mãe, Jezabel, que ainda estava viva. Desgraçados são os filhos que não somente derivam a natureza pecadora de seus pais, senão que são ensinados por eles a aprofundá-la; e muito desventurados são os pais que ajudam a condenar a alma de seus filhos. Os pecadores embrutecidos se precipitam, irrever-entes e incomovíveis, pelos caminhos que levaram a outros, antes deles, à desgraça eterna.

2 REISCAPÍTULO 1

• Versículos 1-8 Rebelião de Moabe – Doença de Acazias, rei de Israel• Versículos 9-18 Elias pede fogo do céu – Morte de Acazias

Versículos 1-8Quando Acazias se rebelou contra Jeová, Moabe se rebelou contra ele. o pecado nos en-

fraquece e empobrece. A rebelião do homem contra Deus costuma ser castigada pela rebelião dos que lhe devem sujeição.

Acazias caiu por uma janela. Onde quer que vamos, somente há um passo entre nós e a morte. A casa do homem é seu castelo, mas não o assegura contra os juízos de Deus. Afinal, toda a criação, que geme sob a carga do pecado do homem, cederá e afundará sob este peso,

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como essa janela. Nunca está a salvo quem tiver a Deus como seu inimigo. Os que não escu-tam a palavra de Deus para consolo deles, a ouvirão para terror deles, queiram ou não.

Versículos 9-18Elias pediu fogo do céu para consumir os pecadores altivos e atrevidos; não para seguridade

pessoal, senão para provar sua missão e revelar a ira de Deus desde o céu contra toda impiedade e injustiça dos homens. Elias fez isto por impulso divino, mas nosso Salvador não permite que seus discípulos façam o mesmo (Lc 9.54). A dispensação do Espírito e da graça não o permitiu de forma alguma. Elias estava preocupado pela glória de Deus, aqueles por sua própria reputação. O Senhor julga os costumes humanos por seus princípios e seu juízo é se-gundo a verdade.

O terceiro capitão se humilhou e se lançou na misericórdia de Deus e de Elias. Não há nada que ganhar contendendo com Deus; e são sábios os que aprendem a submissão pelo fim fatal da obstinação de outrem.

O valor da fé freqüentemente ataca de terror o coração do pecador mais orgulhoso. Tão es-tupefato está Acazias com as palavras do profeta, que nem ele nem nenhum dos seus lhe opõe resistência. Quem pode danar os que Deus ampara?

Muitos que pensam prosperar no pecado, são chamados, como Acazias, quando menos o es-peram. Todo nos adverte para que procuremos o Senhor enquanto possa ser achado.

CAPÍTULO 2• Versículos 1-8 Elias divide o Jordão• Versículos 9-12 Elias levado ao céu• Versículos 13-18 Eliseu manifestado como sucessor de Elias• Versículos 19-25 Eliseu sara as águas de Jericó – Destruição dos que zombam

de Eliseu

Versículos 1-8O Senhor fez saber a Elias que seu tempo estava próximo. Portanto, foi às diversas escolas

dos profetas para dá-lhes suas últimas exortações e sua bênção. A partida de Elias é um tipo e figura da ascensão de Cristo, e a apertura do Reino dos Céus para todos os crentes.

Eliseu tinha seguido por muito tempo a Elias e não o abandonaria agora que esperava a bênção de sua partida. Os que seguem a Cristo não se percam, cansando-se no final.

As águas do Jordão, antes, cederam ante a arca; agora, ante o manto do profeta, como sinal da presença de Deus. Quando Deus leva ao céu a seus fiéis, a morte é o Jordão que devem cruzar, e encontram um caminho por onde passar. A morte de Cristo dividiu as águas para que passem os remidos do Senhor. onde está, oh morte, teu aguilhão, o dano que podes fazer, teu terror?

Versículos 9-12Essa plenitude da qual profetas e apóstolos obtiveram sua provisão, ainda existe como

antes, e nos é dito que peçamos grandes porções dela. A assistência diligente a Elias, particu-larmente em suas últimas horas, seria o modo apropriado para que Eliseu obtivesse muito de seu espírito. As consolações dos santos que partem, e suas experiências, ajudam a dar brilho a nosso consolo e a fortalecer nossas resoluções.

Elias é levado para o céu num carro de fogo. Podem fazer-se muitas perguntas acerca disto, que não podem ser respondidas. Baste com o que nos é dito, o que seu Senhor o encontrou fazendo quando veio. Ele estava comprometido num sério discurso, exortando e instruindo a Eliseu sobre o Reino de Deus entre os homens. Erramos se pensarmos que a preparação para o céu se realiza somente pela contemplação e por atos de devoção.

O carro e os cavalos pareciam como de fogo, algo muito glorioso, não por arder senão por seu fulgor. Pela forma em que Elias e Enoque foram tirados deste mundo, Deus nos permite dar uma olhada na vida eterna apresentada pelo evangelho, na glória reservada para os corpos dos santos, e na apertura do Reino dos Céus a todos os crentes. Também foi uma figura da as-censão de Cristo.

Embora Elias partiu de forma triunfal para o céu, este mundo mal podia permitir-se deixá-lo ir. Certamente estão endurecidos os corações dos que não se sentem chamados por Deus a chorar e fazer duelo quando Ele se leva os homens fiéis e úteis. Elias foi, para Israel, por seus conselhos, repreensões e orações, melhor que a força mais poderosa de carro e cavalo, e de-teve os juízos de Deus.

Cristo legou a seus discípulos seu precioso evangelho, como o manto de Elias; a prenda do poder divino exercido para derrubar o império de Satanás, e estabelecer o Reino de Deus no

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mundo. O mesmo evangelho permanece conosco ainda que os poderes miraculosos tenham sido retirados, e tem força divina para a conversão e salvação dos pecadores.

Versículos 13-18Elias deixou seu manto a Eliseu como sinal da descida do Espírito sobre ele; era mais que se

lhe tiver deixado milhares em ouro e prata. Eliseu o tomou, não como relíquia sagrada que se deve adorar, senão como veste significativa para ser usada. Agora que Elias foi levado ao céu, Eliseu pergunta:

1) Por Deus; quando nossa consolação de criaturas nos foi tirada, temos um Deus ao qual acudirmos, que vive para sempre.

2) Pelo Deus que Elias servia, honrava e ao qual suplicava. O Senhor Deus dos santos profe-tas é o mesmo ontem, hoje e pelos séculos, mas, de que nos servirá termos os mantos daque-les que partiram, seus lugares, seus livros, se não tivermos o espírito deles, o Deus deles?

Veja aqui a Eliseu dividindo o rio; o povo de Deus não tem de temer o passo final pelo Jordão da morte como por terra seca.

Os filhos dos profetas realizaram uma busca desnecessária de Elias. Os homens sábios po-dem ceder, em aras da paz e a boa opinião dos outros, para aqueles contra o qual seu juízo se opõe, em forma tão desnecessária como infrutífera. Atravessar colinas e vales nunca nos con-duzirá a Elias, mas sim o fará, a seu devido momento, seguir o exemplo de sua santa fé e seu zelo.

Versículos 19-25Observe-se o milagre de sarar as águas. Os profetas deveriam melhorar para eles todo lugar

aonde chegam, propondo-se adoçar os espíritos amargurados e fazer frutíferas as almas es-téreis, pela palavra de Deus, que é como o sal lançado na água por Eliseu. Isso foi um em-blema adequado do efeito produzido pela graça de Deus no coração pecador do homem. Às vezes há famílias, povos e cidades inteiros que têm um novo aspecto pela predicação do evan-gelho; a maldade e o mal foram mudados por fruto das obras de justiça, que são, por meio de Cristo, para louvor e glória de Deus.

Eis aqui uma maldição sobre uns jovens de Betel, suficiente para destruí-los; não foi uma maldição sem causa, pois eles abusaram do caráter de Eliseu em quanto profeta de Deus. zom-baram dele, incitando-o a "subir", refletindo o arrependimento de Elias para o céu.

O profeta agiu por impulso divino. Se o Espírito Santo não tiver dirigido a solene maldição de Eliseu, a providência de Deus não a teria seguido com um juízo. O Senhor deve ser glorificado como Deus justo que odeia o pecado e o castigará. Os jovens temam dizer más palavras, pois Deus percebe o que dizem. Que não zombem de ninguém por defeitos de mente ou corpo; é para seu especial perigo zombar de qualquer por fazer o bem. Os pais que desejem consolo para seus filhos, que os eduquem bem e façam todo o que possam para eliminar a tolice que está ligada a seus corações. Qual será a angústia dos pais que, no dia do juízo, presenciem a condenação eterna de sua progênie, ocasionada por seu próprio mau exemplo, negligência ou má criadagem!

CAPÍTULO 3• Versículos 1-5 Jorão, rei de Israel• Versículos 6-19 Guerra com Moabe – A intercessão de Eliseu• Versículos 20-27 Provisão de água – Moabe vencido

Versículos 1-5Jorão recebeu a advertência do juízo de Deus e tirou a imagem de Baal, embora manteve a

adoração dos bezerros. Não se arrependem ou reformam verdadeiramente os que somente se separam dos pecados pelo que perdem, mas continuam amando os pecados com que crêem ganhar.

Versículos 6-19O rei de Israel lamenta a angústia deles e o perigo em que estavam. Ele convocou os três

reis, porém culpou a Providência. Assim "a estultícia do homem perverte o seu caminho, e o seu coração se irrita contra o Senhor" (Pv 19.3).

Foi bom que Josafá consultasse o Senhor agora, porém teria sido muito melhor se o tiver feito antes de entrar nesta guerra. Às vezes os homens bons descuidam seu dever até que a necessidade e a aflição os impulsiona a isso. A gente malvada costuma andar melhor pela amizade com os bons e sua associação com eles.

Eliseu lhes diz, para provar a fé e a obediência deles, que cavem valas no vale para receber água. Os que esperam as bênçãos de Deus devem cavas cisternas para que a chuva as encha,

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como no vale de Baca e, assim, fazer um estanque para elas (Sl 84.6). Não devemos perguntar de onde veio a água. Deus não está amarrado a causas secundárias. Os que sinceramente bus-cam o orvalho da graça de Deus, o terão e serão mais que vencedores.

Versículos 20-27É uma bênção ser favorecido com a companhia dos que têm poder de Deus e podem pre-

dominar por suas orações. Um reino pode ser sustentado e prosperar como conseqüência das orações fervorosas dos que são amados por Deus. Demos nossa mais alta consideração aos que são preciosos a seus olhos.

Quando os pecadores dizem "Paz, paz", lhes sobrevém a destruição: o desespero seguirá sua louca presunção. A serviço de Satanás, e por sugestão deste, foram feitas obras tão hor-rendas que fazem que se estremeçam os sentimentos naturais do coração; como o rei de Moabe, que sacrificou seu filho. Bom é não estimular o pior dos homens até os extremos; antes, devemos deixá-los ao juízo de Deus.

CAPÍTULO 4• Versículos 1-7 Eliseu multiplica o azeite da viúva• Versículos 8-17 A sunamita tem um filho• Versículos 18-37 O filho da sunamita é ressuscitado• Versículos 38-44 O milagre de sarar o guisado e de alimentar os filhos dos

profetas

Versículos 1-7Os milagres de Eliseu foram atos de verdadeira caridade: os de Cristo assim foram; não só

grandes maravilhas, senão grandes favores para os que foram feitos. Deus magnifica sua bon-dade com seu poder. Eliseu recebeu facilmente a queixa de uma viúva pobre. Os que deixam a sua família sob uma grande carga de dívidas não sabem os problemas que lhes causam. Dever de todos os que professam seguir o Senhor é não tentá-lo com o descuido ou a extravagância, nem endividar-se, enquanto confiam em Deus para o pão diário; pois nada tende mais que trazer repreensão sobre o evangelho ou a afligir mais a família quando eles se foram. Eliseu pôs a viúva na senda para pagar sua dívida, e para manter-se ela e sua família. Isto foi feito por milagre, porém para mostrar qual é o melhor método para ajudar os que estão afligidos, a saber, ajudá-los a melhorar o pouco que têm com sua própria laboriosidade.

O azeite, enviado por milagre, continuou fluindo enquanto ela teve vasilhas vazias em que recebê-lo. Nunca temos pouco em Deus ou nas riquezas de Sua graça; toda nossa estreiteza está em nós mesmos. O que falha é a nossa fé, não Sua promessa. Ele dá mais do que pedi -mos: se houver mais vasilhas, haveria bastante em Deus para enchê-las; suficiente para tudo, suficiente para cada um; e a suficiência absoluta do Redentor somente será detida de suprir as necessidades dos pecadores e de salvar suas almas quando mais ninguém acuda a Ele para salvação.

A viúva devia pagar sua dívida com o dinheiro que recebera pelo azeite. Ainda que seus cre-dores fossem muito duros com ela, devia, ainda assim, pagá-lhes ainda antes de fazer provisão para seus filhos. Uma das principais leis da religião cristã é que paguemos toda dívida justa e demos a cada qual o seu, ainda que deixemos muito pouco para nós mesmos; e isso, não pela força senão por causa da consciência. Os que têm mente honesta não podem comer com prazer seu pão diário a menos que seja seu próprio pão. Ela e seus filhos devem viver com o que sobrar: isto é, com o dinheiro recebido pelo azeite, com que eles se encaminharam rumo à obtenção de uma vida honesta. Não podemos agora esperar milagres, mas podemos esperar misericórdias, se atentamos a Deus e o buscamos. Em particular, que as viúvas dependam dEle. Quem tem os corações em Sua mão pode, sem milagres, enviar tão efetivamente Sua provisão.

Versículos 8-17O rei de Israel pensava bem de Eliseu por seus últimos serviços; um homem bom pode com-

prazer-se tanto em servir os outros como em elevar a si mesmo. mas a sunamita não necessi-tava nenhum bom ofício desta classe. Felicidade é habitar com nossa própria gente, que nos amam e respeitam, e aos que podemos fazer o bem. Bom seria para muitos se tão somente soubessem quanto estão realmente bem. O Senhor vê o desejo secreto que é suprimido por obediência a sua vontade, e Ele ouvirá as orações de seus servos por seus benfeitores, en-viando misericórdias não pedidas e inesperadas; tampouco deve supor-se que as profissões dos homens de Deus sejam enganosas, como as dos homens de mundo.

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Versículos 18-37Aqui figura a morte súbita do menino. Toda a ternura de uma mãe não pode manter vivo a

um filho da promessa, a um filho de oração, um dado com amor, mas quão admiravelmente guarda seus lábios a mãe piedosa e prudente submetida a esta súbita aflição! Nem uma palavra néscia escapa dela. Ela tinha tal confiança na bondade de Deus que estava prestes a crer que Ele restauraria o que agora tinha tirado. Oh, mulher, grande é tua fé! O que a trouxe não a decepcionará. A mãe triste pediu permissão a seu marido para ir logo ao profeta. Ela não tinha pensado que era suficiente ter a ajuda de Eliseu às vezes em sua própria família, porém, ainda que era mulher comum, assistia ao culto público.

Aos homens de Deus lhes faz bem pedir pelo bem-estar de seus amigos e de sua família. A resposta foi: Está bem. Tudo bem e, contudo, o menino estava morto em casa! Sim! Tudo o que Deus faz está bem; tudo está bem com os que se forma, se foram para o céu; e tudo está bem conosco que ficamos para trás, se pela aflição avançamos em nosso caminho para lá.

Quando nos é tirado todo consolo nas criaturas, está bem se pudermos dizer, pela graça, que não pusemos nossos corações nelas, porque se o fizemos, temos razão para temer que nos foi dado com ira e tirado com ira.

Eliseu clamou com fé a Deus, e o filho amado foi restaurado vivo a sua mãe. Os que dão vida espiritual às almas mortas devem sentir profundamente o caso delas e devem labutar fer-vorosamente em oração por elas. Embora o ministro não possa dar vida divina a seus con-gêneres pecadores, deve usar todos os médios com tanto zelo como se pudesse fazê-lo.

Versículos 38-44Houve fome de pão, mas não de ouvir a palavra de Deus. porque Eliseu fez que os filhos dos

profetas se assentassem diante dele para ouvir sua sabedoria.Eliseu fez que a comida má se tornasse boa e sadia. Se um pouco de guisado é toda nossa

comida, lembrem-se que este grande profeta não teve melhor para si mesmo e seus convida-dos. A mesa costuma tornar-se em laço e o que deveria ser para nosso bem-estar resulta ser uma armadilha: esta é uma boa razão pela qual não devemos alimentar-nos sem temor. Quando recebemos o sustento e as consolações da vida, devemos manter a expectativa da morte e o temor do pecado. devemos reconhecer a bondade de Deus ao fazer sadio e alimentí -cio nosso alimento: Eu sou o Senhor que sara.

Eliseu também fez que um pouco de comida fosse muito. Tendo recebido de graça, deu de graça. Deus tem prometido a sua igreja que abençoará abundantemente a provisão dela e sat-isfará com pão a seus pobres (Sl 132.15); Ele enche aos que alimenta, e o que abençoa se torna em muito. A alimentação que fez Cristo dos que o escutavam foi um milagre muito maior que este, mas ambos nos ensinam que os que esperam em Deus na senda do dever, podem esperar que a Providência Divina os proveja.

CAPÍTULO 5• Versículos 1-8 A lepra de Naamã • Versículos 9-14 A cura da lepra• Versículos 15-19 Eliseu rejeita os presentes de Naamã• Versículos 20-27 A cobiça e falsidade de Geazi

Versículos 1-8Ainda que os sírios eram idólatras que oprimiam o povo de Deus, aqui se atribui ao Senhor a

liberação da qual Naamã foi beneficiado. Tal é a linguagem correta da Escritura, enquanto que os que escrevem a história comum demonstram claramente que Deus não está em seus pen-samentos.

A grandeza e a honra de um homem não podem colocá-lo fora do alcance das calamidades mais penosas da vida humana: há mais de um corpo louco e doente sob uma roupagem rica e alegre. Todo homem tem um que outro porém, algo que o macula e rebaixa, uma impureza em sua grandeza, um escurecimento de seu gozo.

Esta rapazinha, ainda que só uma menina, pôde dar conta do famoso profeta que os israeli-tas tinham. Deveria ser ensinado às crianças em idade precoce acerca das prodigiosas obras de Deus para que, onde quer que vão, possam falar delas. Como corresponde a um bom servo, ela desejava a saúde e o bem-estar de seu amo. Os servos podem ser bênção para as famílias onde estão, dizendo o que sabem acerca da glória de Deus e da honra dos profetas. Naamã não desprezou pela baixeza dela o que disse. Bom seria se os homens fossem tão sensíveis à carga do pecado como o são às doenças do corpo. E quando andam procurando as bênçãos que o Senhor envia respondendo às orações de seu povo fiel, eles acharão que nosso Senhor

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pode ser recebido salvo que vão como mendigos em busca de um presente, não como sen-hores a exigir e comprar.

Versículos 9-14Eliseu sabia que Naamã era orgulhoso e lhe faria saber que ante o grande Deus todos os

homens estão ao mesmo nível. Todos os mandamentos de Deus ajuízam os espíritos dos homens, especialmente os que instruem o pecador sobre como solicitar as bênçãos da sal -vação. Veja-se a tolice do orgulho de Naamã; uma cura não o contentaria, a menos que for cu-rado com pompa e ostentação. Rejeita sua cura a menos que seja comprazido.

A forma em que o pecador é recebido e feito santo, por meio do sangue e pelo Espírito de Cristo, pela só fé em seu Nome, não dá o gosto nem se esforça como para comprazer o coração do pecador. A sabedoria humana pensa que pode proporcionar métodos melhores e mais sábios para a purificação.

Observe que os amos deveriam estar dispostos a ouvir razões. Como deveríamos estar sur-dos ao conselho do ímpio, mesmo que seja dado por homens grandes e respeitados, assim de-vemos ter abertos os ouvidos ao bom conselho, embora seja trazido pelos que estão embaixo nosso.

Não faria qualquer coisa você? quando os pecadores doentes se contentam com fazem qual-quer coisa, submeter-se a qualquer coisa, deixar qualquer coisa, por sua cura, então, e não antes, há esperança para eles. Os métodos para a cura da lepra do pecado são tão simples que não temos escusa se não os notamos. Não é mais que "crê e serás salvo"; "arrepende-te e serás perdoado"; "lava-te e serás limpo". O crente pede a salvação sem descuidar, alterar nem agregar às instruções do Salvador; deste modo é limpo da culpa, enquanto outros que as re-jeitam, vivem e morrem na lepra do pecado.

Versículos 15-19A misericórdia da cura afetou a Naamã mais que o milagre. Os que experimentam por si

mesmos o poder da graça divina são os mais capazes para falar disso. Ele também se mostra agradecido para com o profeta Eliseu, que rejeitou toda recompensa, não porque acreditasse que era ilícita, já que recebeu presentes de outros, senão para mostrar a este novo convertido que os servos do Deus de Israel consideram com santo desprezo as riquezas do mundo. Toda a obra era de Deus e ao ponto que o profeta não dava conselho quando não tinha instruções do Senhor. não é bom opor-se drasticamente aos erros menores que acompanham as primeiras convicções dos homens; não podemos levar adiante os homens com maior rapidez que o Sen-hor que os prepara para receber instrução. Quanto a nós, se ao estabelecermos a aliança com Deus, desejamos reservar algum pecado conhecido para continuar deleitando-nos com ele, isto é uma ruptura de sua aliança. Os que verdadeiramente odeiam o mal, terão consciência de ab-ster-se de todas as formas do mal.

Versículos 20-27Naamã, sírio, cortesão, tinha muitos servos e lemos quão sábios e bons eram. Eliseu, um

santo profeta, um homem de Deus, não tinha senão um servo que resulta ser um exímio men-tiroso. O amor pelo dinheiro, a raiz de todo mal, estava no fundo do pecado de Geazi. Pensou impor-se ao profeta, mas logo viu que o Espírito de profecia não podia ser enganado e que era vão mentir ao Espírito Santo. Estultícia é atrever-se a pecar com esperanças de guardar o seg-redo. Quando se distancia por qualquer senda extraviada, não vai com você sua consciência? O olho de Deus não vai com você? Quem encobrir seu pecado não prosperará; particularmente a língua mentirosa durará só um instante. Todas as esperanças e invenções néscias da carnal mundanalidade estão abertas ante Deus. Não é o momento de aumentar nossa riqueza quando só podemos fazê-lo de forma que desonre a Deus e a fé, ou de forma que prejudique o próx-imo.

Geazi foi castigado. Se quisesse o dinheiro de Naamã, teria a doença deste. De que aproveitou a Geazi ganhar dois talentos, quando com isso perdeu saúde, paz, serviço, e se não se arrependeu, também perdeu a alma para sempre? cuidemo-nos da hipocrisia e da cobiça, e temamos a maldição da lepra espiritual que permanece em nossa alma.

CAPÍTULO 6• Versículos 1-7 Os filhos dos profetas ampliam suas habitações – O machado

que flutua• Versículos 8-12 Eliseu descobre as intenções dos sírios• Versículos 13-23 Os sírios enviados a prender Eliseu• Versículos 24-33 Samaria sitiada – Fome – Os reis mandam matar Eliseu

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Versículos 1-7Existe algo de prazeroso na conversação dos servos de Deus que faz que os que escutam

esqueçam a dor e o cansaço do trabalho. Até os filhos dos profetas devem estar dispostos a trabalhar. Que ninguém pense que um emprego honesto é uma carga ou uma desgraça. O tra-balho intelectual é tão pesado e, muito freqüentemente, mais duro que o trabalho manual.

Temos de ter cuidado com o que é emprestado, como se fosse próprio, porque devemos fazem como queremos que nos façam. Este homem era respeitoso em quanto ao machado. Para os que têm uma mente honesta, a mais penosa aflição da pobreza não é tanto sua própria necessidade e desgraça, como estar incapacitados para pagar as dívidas justas. Mas o Senhor cuida a seu povo em suas pequenas preocupações. A graça de Deus pode levantar o coração pesado como ferro que está afundado na lama deste mundo, e elevar os afetos naturalmente terrenos.

Versículos 8-12O rei de Israel considerou as advertências que lhe deu Eliseu como perigo de parte dos

sírios, mas não ouviu as advertências do perigo de seus pecados. Tais advertências são pouco ouvidas pela maioria; querem salvar-se da morte, mas não do inferno. Nada que seja falado, feito ou pensado, de parte de alguém, em qualquer lugar, em qualquer momento, está fora do conhecimento de Deus.

Versículos 13-23O que Eliseu disse a seu servo é dito a todos os servos fiéis de Deus, quando há brigas por

fora e temores por dentro. Não tenha medo, com esse temor que tem tormento e assombro; porque mais são os que estão conosco, para proteger-nos, que os que estão com eles para de-struir-nos. Os olhos de seu corpo foram abertos e com eles viu o perigo. Senhor, abre os olhos de nossa fé para vermos com eles Tua mão. quanto mais clara seja a visão de tenhamos da soberania e do poder do céu, menos temeremos os problemas da terra. Satanás, o deus deste século, cega os olhos dos homens e os engana para sua própria ruína, porém, quando Deus ilu-mina seus olhos, eles se vêem em meio de seus inimigos, cativos de Satanás e ante o perigo do inferno, embora antes tenham pensado que sua condição era boa.

Quando Eliseu teve a sua mercê aos sírios, deixou evidente que ele estava tanto sob a in-fluência da bondade divina como do poder divino. Que não sejamos vencidos pelo mal, senão que vençamos o mal com o bem. Os sírios viram que não fazia sentido tratar de atacar a um homem tão grande e bom.

Versículos 24-33Aprendam a valorizar a abundância e agradeçam por ela; vejam quão desprezível é o din-

heiro quando em tempo de fome se abandona com tanta facilidade, por qualquer coisa que seja comestível! A linguagem de Jorão com a mulher pode ser a linguagem do desespero. Veja-se cumprida a palavra de Deus; entre as ameaças dos juízos de Deus sobre Israel por seus pecados, este era um, que eles comeria a carne de seus próprios filhos (Dt 28.53-57). A ver-dade e a aterradora justiça de Deus foram demonstradas nesta horrível transação. Eis ali, que desgraças tem acarretado o pecado ao mundo! Mas a estultícia do homem torce seu caminho, e, então, seu coração se inquieta contra o Senhor.

O rei jura matar Eliseu. Os homens maus culpam a qualquer como causa de seus problemas mais que a si mesmos, e não deixam seus pecados. Se servisse rasgar as vestes sem ter o coração contrito e quebrantado, se servisse vestir pano de saco sem serem renovados no es-pírito de sua mente, eles não se oporiam ao Senhor. Que toda a palavra de Deus aumente em nós o temor reverente e a esperança santa, para que possamos ser firmes e constantes, crescendo na obra do Senhor sempre, sabendo que o nosso trabalho no Senhor não é em vão.

CAPÍTULO 7• Versículos 1-2 Eliseu profetiza abundância• Versículos 3-11 A fuga do exército sírio• Versículos 12-20 Samaria é provida com abundância

Versículos 1-2A extrema necessidade do homem é a oportunidade de Deus para que Seu poder seja glo-

rioso: Seu tempo de manifestar-se a Seu povo é quando a força deles desapareceu. A increduli -dade é um pecado com que os homens desonram e desagradam muito a Deus e se privam dos favores que Ele designou para eles. Tal será a porção daqueles que não crêem a promessa da vida eterna; eles a verão de longe mas nunca a gostarão. As liberações e misericórdias tem-

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porárias não aproveitarão aos pecadores no final, a menos que sejam levados ao arrependi-mento pela bondade de Deus.

Versículos 3-11Deus pode, quando lhe apraz, fazer tremer o mais forte dos corações e, quanto aos que não

temerão a Deus, Ele pode abalá-los com o tremor de uma folha de árvore. A Providência orde-nou que chegassem os leprosos tão logo como os sírios tivessem fugido. Suas consciências lhes disseram que a desgraça cairia sobre eles se somente cuidavam de si mesmos. A hu-manidade natural e o medo ao castigo são freios poderosos do egoísmo do ímpio. Estes senti-mentos tendem a preservar a ordem e a bondade no mundo, mas os que acharam as ine-scrutáveis riquezas de Cristo não demorarão mais em informar da boa nova aos outros. Por amor a Ele, não por sentimentos egoístas, eles partilharão alegremente suas coisas terrenas boas com seus irmãos.

Versículos 12-20Aqui vemos as necessidades de Israel supridas de uma forma que poucos imaginaram, o

qual deveria animar-nos a depender do poder e da bondade de Deus em nossas maiores angústias. Pode-se confiar na promessa de Deus com toda certeza pois nenhuma palavra sua deixará de cumprir-se. O nobre que objetou a veracidade da palavra de Eliseu viu a abundância para silenciar e envergonhar sua incredulidade e, nisso, viu sua própria insensatez, mas não comeu da abundância que viu. Precisamente assim fazem os que vêem que lhes falham as promessas do mundo e pensam que as promessas de Deus os desapontarão. Aprenda quão profundo é o desgosto de Deus pela desconfiança de Seu poder, providência e promessa: quão incerta é a vida e seus desfrutes; quão certas são as ameaças de Deus e com quanta seguri-dade virão ao culpável. Que Deus nos ajude a esquadrinhar se estamos expostos a Suas ameaças ou interessados em Suas promessas.

CAPÍTULO 8• Versículos 1-6 Fome em Israel – A sunamita obtém sua terra• Versículos 7-15 Eliseu é consultado por Hazael – Morte de Ben-Hadade• Versículos 16-24 O reino mau de Jorão em Judá• Versículos 25-29 O reino mau de Acazias em Judá

Versículos 1-6A bondade da sunamita para com Eliseu foi recompensada pelo cuidado que ele teve dela

durante a fome. Bom é prever um mal, e sábio é esconder-nos, quando o prevemos, se pode-mos fazê-lo legalmente. Quando acabou a fome, ela tornou da terra dos filisteus, a qual não era lugar apropriado para uma israelita, mais do que for necessário. Houve um tempo em que ela esteve tão segura com seu próprio povo que não teve ocasião de que se falasse por ela ao rei; muita é a incerteza desta vida, de modo que podem falhar-nos as coisas ou pessoas das que mais dependemos, e nos cuidam aqueles que pensamos que nunca necessitaríamos. Às vezes os sucessos, pequenos em si mesmos, resultam importantes como aqui, pois dispuseram o rei para que acreditasse no relato de Geazi, quando assim foi confirmado. Isto foi disposto para conceder o pedido dela e sustentar uma vida que foi dada uma e outra vez por milagre.

Versículos 7-15Entre outras mudanças de idéia dos homens devido à aflição, costuma haver uma que faz

pensar de outro modo no que diz respeito aos ministros de Deus, e ensina a valorizar os con-selhos e orações daqueles que odiaram e desprezaram. Não era intenção de Hazael que Eliseu entendesse o que entendeu, senão que Deus o revelou e isso trouxe lágrimas a seus olhos: quanto maior provisão têm os homens, mais propensos são a maior pena. É possível que um homem, sob as convicções de pecado e freios da consciência natural, expresse grande abor-recimento de um pecado, porém, depois, se reconcilie com isso. aqueles que são pouca coisa no mundo não podem imaginar quanta força têm as tentações do poder e da prosperidade, as quais acharão muito piores do que imaginavam, se alguma vez chegam ali, encontrando quão enganosos são seus corações.

O diabo destrói os homens dizendo que certamente se recuperarão e estarão bem, ninando-os assim para que durmam seguros. O falso relato de Hazael foi um insulto para o rei que perdeu o benefício da advertência do profeta de preparar-se para a morte, e um insulto para Eliseu que seria contado como falso profeta. Não é seguro que Hazael tenha assassinado a seu senhor ou, se lhe causou a morte, pudesse ter sido sem intenção, mas este foi um demolidor e, depois, resultou ser um perseguidor de Israel.

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Versículos 16-24É dada uma idéia geral da maldade de Jorão. Sem dúvida que seu pai tinha-lhe ensinado o

conhecimento verdadeiro do Senhor, mas o casou mal com a filha de Acabe; nada de bom pode vir da união com uma família idólatra.

Versículos 25-29Os nomes não fazem naturezas, mas foi mau para a família de Josafá ter tomado nomes em-

prestados da de Acabe. A relação de Acazias com a família de Acabe foi a ocasião de sua mal-dade e de sua queda. Quando os homens escolhem esposas por si mesmos, que se lembrem que estão escolhendo mães para seus filhos.

A providência assim ordenou que Acazias fosse morto com a casa de Acabe, quando es-tivesse cheia a medida de sua iniqüidade. Aqueles que partilham seus pecados com os pecadores, deveriam esperar participar com eles de suas pragas. Que todas as mudanças, problemas e maldade do mundo nos façam mais fervorosos para obtermos interesse na sal-vação de Cristo.

CAPÍTULO 9• Versículos 1-10 Eliseu manda ungir a Jeú• Versículos 11-15 Jeú e os capitães• Versículos 16-29 Jeú mata a Jorão e Acazias• Versículos 30-37 Os cães comem a Jezabel

Versículos 1-10Nestes acontecimentos e em outros similares devemos reconhecer a obra secreta de Deus

que dispõe aos homens para que se cumpram e respeitem seus propósitos. Jeú foi ungido rei de Israel por especial eleição do Senhor, que ainda tinha um remanescente de seu povo e, de todos modos, conservaria seu culto entre eles. Lembra-se disto a Jeú. É mandado a destruir a casa de Acabe e, na medida em que agiu obedecendo a Deus, e com princípios justos, não teve de considerar repreensão nem oposição.

O assassinato dos profetas de Deus se destaca com firmeza. Jezabel persistiu em sua idola-tria e inimizade contra Jeová e seus servos, e sua iniqüidade agora estava completa.

Versículos 11-15Os que entregam fielmente a mensagem do Senhor aos pecadores, em todas as épocas têm

sido tratados como loucos. O juízo, o modo de falar e a conduta deles são contrários à dos out-ros homens; eles suportam muito para lograr seus objetivos e são influenciados por motivos aos quais os outros não têm acesso.

Porém, por acima de tudo, os mundanos e ímpios de todas as classes os acusam de que, sem dúvida, estão malucos; mesmo que os princípios e os costumes dos servos de Deus resul-tem ser sábios e razoáveis. Algo de fé na palavra de Deus parece ter animado a Jeú a esta em-presa.

Versículos 16-29Jeú era homem de espírito fervoroso. A sabedoria de Deus se vê na eleição dos que são em-

pregados em sua obra. Todavia, não é boa reputação para ninguém ser conhecido por seu furor. Quem domina seu próprio espírito é melhor do que o forte.

Jorão encontra a Jeú no lugar de Nabote. As circunstâncias dos acontecimentos são, às vezes, ordenadas pela Providência Divina para que o castigo corresponda ao pecado, como a cara corresponde à cara do espelho. O caminho do pecado nunca pode ser o caminho de paz (Is 57.21). Que paz podem ter os ímpios com Deus? nenhuma, em tanto persistam no pecado; todavia, quando se arrependem do pecado e o abandonam, há paz.

Jorão morreu como criminoso sob a sentença da lei. Acazias foi reunido com a casa de Acabe. Foi um deles; ele tinha-se feito assim pelo pecado. Perigoso é unir-se aos malfeitores; por eles nos enredaremos na culpa e na miséria.

Versículos 30-37Em lugar de esconder-se como quem teme a vingança divina, Jezabel zombou do temor.

Veja-se como um coração endurecido contra Deus o desafiará até o fim. Não há presságio mais seguro de ruína que um coração que não se humilha sob as providências humilhantes. Que considerem a conduta e destino de Jezabel os que usam de magia para seduzir os outros a que realizem maldades e para tirá-los dos caminhos da verdade e da justiça. Jeú pediu ajuda contra

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Jezabel. Quando está andando a obra reformadora é hora de perguntar: Quem está de nosso lado?

Os ajudantes dela a entregaram. Assim foi morta. Veja-se o final do orgulho e da crueldade e diga-se: Jeová é justo. Quando adulamos nossos corpos, pensemos em quão vis são; dentro de pouco seremos banquete para os vermes debaixo do solo, ou para as animálias acima dele. Que todos fujamos da ira que se revela desde o céu contra toda impiedade e injustiça dos homens.

CAPÍTULO 10• Versículos 1-14 Morte dos filhos de Acabe e dos irmãos de Acazias• Versículos 15-28 Jeú destrói os adoradores de Baal• Versículos 29-36 Jeú segue os pecados de Jeroboão

Versículos 1-14Nos acontecimentos mais espantosos, e com a ajuda dos crimes mais baixos do homem,

nota-se a verdade e a justiça de Deus; Deus nunca manda nem pode mandar nada injusto ou irracional. Jeú destruiu todo o que restava da casa de Acabe; todos os que se haviam associado a sua maldade. Quando pensamos nos sofrimentos e nas desgraças da humanidade, quando esperamos a ressurreição e o juízo final, e pensamos no grande número dos malvados que es-peram sua horrorosa sentença de fogo eterno, e quando toda a somatória de morte e miséria tem sido considerada, apresenta-se a pergunta solene: Quem os matou? A resposta é O PECADO. Então, abrigaremos pecados em nosso seio e buscaremos felicidade a partir daquilo que é a causa de toda desgraça?

Versículos 15-28Há paz? Devemos fazer-nos esta pergunta freqüentemente. Eu faço uma confissão justa,

ganhei fama entre os homens, todavia, há paz? Sou sincero com Deus?Jonadabe reconheceu a Jeú na obra de vingança e de reforma. Um coração reto é aprovado

por Deus e não procura outra coisa que sua aceitação; porém se apontarmos ao aplauso dos homens, estamos sobre um fundamento falso. Não podemos julgar se Jeú olhou além.

A lei de Deus era expressa: os idólatras devem morrer. Assim se aboliu a idolatria em Israel de momento. Que nosso desejo seja desarraigá-la de nossos corações.

Versículos 29-36Pode-se perguntar com justiça se Jeú agiu sobre a base de um bom princípio, e se não deu

alguns passos em falso ao fazê-lo; todavia, nenhum serviço feito para Deus ficará sem recom-pensa. Mas a conversão verdadeira não é somente a respeito do pecado grosseiro, senão de todo pecado; não somente dos falsos deuses, senão das adorações falsas. A conversão ver-dadeira não é somente dos pecados caros, senão dos pecados que deixam lucro; não somente dos pecados que ferem nossos interesses mundanos, senão dos que os sustentam a mantêm, abandonando o que é a grande prova de se nos negamos a nós mesmos e confiamos em Deus. Jeú mostrou grande cuidado e zelo para desarraigar uma religião falsa, mas não se interessou na religião verdadeira, não dando passos para comprazer a Deus e cumprir seu dever. Deve temer-se que os que são desobedientes sejam implacáveis. A gente também foi negligente, portanto, não resulta raro que naqueles dias o Senhor começasse a dizimar Israel. Eles fal-haram em seu dever para com Deus, portanto Deus os rebaixou em sua magnitude, riqueza e poder.

CAPÍTULO 11• Versículos 1-12 Atalia usurpa o governo de Judá – Joás é feito rei• Versículos 13-16 Morte de Atalia• Versículos 17-21 Restauração do culto de Jeová

Versículos 1-12Atalia destruiu tudo o que ela sabia estava relacionado com a coroa por parentesco. Joás,

um dos filhos do rei, foi escondido. Agora a promessa feita a Davi estava amarrada a uma vida somente e, apesar disso, não falhou. Assim, o Filho de Davi, o Senhor, conforme a sua promessa, assegura a semente espiritual, às vezes oculta e invisível, porém ilesa no pavilhão de Deus.

Atalia foi tirana durante seis anos. Então foi trazido o rei. Sem dúvida uma criança, mas tinha um bom tutor e, o que era melhor, um bom Deus ao qual recorrer. Com tal gozo e satis-264

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fação devem dar-se as boas-vindas ao Reino de Cristo em nosso coração, quando seu trono se instala, e é expulso Satanás, o usurpador. Digam: Que o Rei Jesus viva por sempre, viva e reine em minha alma e em todo o mundo.

Versículos 13-16Atalia acelerou sua própria destruição. Ela mesma foi a maior traidora e, contudo, foi a

primeira em clamar a grande voz: Traição, traição! Os mais culpáveis são correntemente os mais dispostos a repreender os outros.

Versículos 17-21O rei e o povo deveriam unir-se muito firmemente um ao outro quando ambos se tenham

unido ao Senhor. Bom é para um povo quando as mudanças que passam por eles lhes sirvam para reviver, fortalecer-se e promover os interesses da fé entre eles. As alianças servem para lembrar-nos e amarrar-nos aos deveres já vigentes para nós. eles aboliram de imediato a idola-tria e, conforme a aliança, expressaram sua mútua prontidão para ajudar uns aos outros. o povo se regozijou e Jerusalém teve paz. O método para que o povo tenha gozo e paz é que se dedique plenamente ao serviço de Deus; porque a voz do gozo e ação de graças está nas habitações do justo, mas não há paz para o ímpio.

CAPÍTULO 12• Versículos 1-16 Joás ordena a reparação do templo• Versículos 17-21 Os servos de Joás o matam

Versículos 1-16Grande misericórdia para os jovens, especialmente para os varões jovens de hierarquia,

como Joás, é ter com eles os que os instruam para fazer o que é bom aos olhos do Senhor; e agem sabiamente, e com bem para si mesmos, quando estão dispostos a serem aconselhados e governados.

O templo estava sem reparar; Joás ordena a reparação dele. O rei era zeloso. Deus requer que os que têm poder o usem para a conservação da religião, a retificação das queixas e a reparação das avarias. O rei empregou os sacerdotes para que o administrassem, já que eles provavelmente colocariam todo seu coração na obra. Mas nada se fez efetivamente até o ano vigésimo terceiro de seu reinado. Portanto, se adotou outro método. Quando se realiza fiel-mente a repartição pública, se realizarão alegremente os aportes públicos. Enquanto eles obt-inham todo o que podiam para reparar o templo, não interromperam o mantimento estipulado para os sacerdotes. Que não passem fome os servos do templo, sob pretexto de reparar suas portas. Os encarregados de repará-lo fizeram tudo com cuidado e fidelidade. Não puseram os ornamentos do templo até completar a obra; dai que devemos aprender a preferir em todos os nossos gastos aquilo que é mais necessário e, ao tratar com o público, tratá-lo como o faríamos com nós mesmos.

Versículos 17-21Examinemos o caráter de Joás e consideremos o que podemos aprender disto. Quando ve-

mos quão triste conclusão teve o que começou tão promissoriamente, deveria fazer-nos exami-nar nosso deterioro espiritual. Se conhecermos algo de Cristo como fundamento de nossa fé e esperança, não desejemos conhecer outra coisa senão Cristo. que a obra do Espírito bendito seja manifesta em nossa alma; que possamos ver, sentir e sermos fervorosos para buscar a Je-sus em toda sua plenitude, suficiência e graça, para que nossa alma possa ser separada das obras mortas para servir ao verdadeiro Deus vivo.

CAPÍTULO 13• Versículos 1-9 Reinado de Joacaz• Versículos 10-19 Jeoás, rei de Israel – Eliseu agoniza• Versículos 20-25 A morte de Eliseu – As vitórias de Joás

Versículos 1-9Era antiga honra de Israel ser um povo de oração. Jeoás, seu rei, em sua angústia, buscou o

Senhor; solicitou ajuda direta dEle, mas não aos bezerros: que ajuda podiam dá-lhe? Buscou a Jeová. Veja-se quão prestativo é Deus para mostrar misericórdia, quão prestes para ouvir a oração, quão disposto a encontrar uma razão para ser bondoso; do contrário, não teria olhado tão atrás a antiga aliança que Israel tinha quebrantado e abandonado tão freqüentemente.

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Que isto nos convide e nos comprometa para sempre com Ele; e que alente até àqueles que se esqueceram dEle, para que retornem e se arrependam; porque há perdão nEle, para que seja temido. E se o Senhor responde ao clamor de angústia que pede alívio temporal, quanto mais considerará a oração de fé que pede bênçãos espirituais.

Versículos 10-19Jeoás, o rei, foi ver Eliseu para receber seu conselho e bênção de moribundo. Pode resultar

para nossa grande vantagem espiritual ir até o leito de doente e aos leitos de morte dos homens bons, para que sejamos exortados na fé pelas consolações vivas que eles têm dela na hora de morrer.

Eliseu assegurou seu êxito ao rei, mas ele devia olhar a Deus em busca de guia e força; não devia confiar tanto em suas próprias mãos, senão prosseguir dependendo do socorro divino. As mãos trêmulas do profeta moribundo, em representação do poder de Deus, deram a esta flecha mais força que toda a força das mãos do rei.

Por desprezar o sinal, o rei se perdeu o indicado, para tristeza do moribundo. Para os homens bons é um problema ver aos que querem bem abandonar suas misericórdias, e vê-los perder vantagens contra os inimigos espirituais.

Versículos 20-25Deus tem muitas formas de castigar a um povo provocador. Às vezes os problemas surgem

do ponto que menos tememos. A menção desta invasão ao morrer Eliseu indica que a partida dos fiéis profetas de Deus é um presságio de juízos vindouros.

Seu corpo morto foi um meio para dar vida a outro corpo morto. Este milagre foi uma confir-mação de suas profecias. E poderia fazer referência a Cristo, por cuja morte e sepultura é feito o túmulo uma passagem segura e feliz para a vida, para todos os crentes.

Jeoás triunfou contra os sírios, tão repetidamente como tinha batido o chão com as flechas, e depois se deu término a suas vitórias. Muitos se têm arrependido da desconfiança e da estre-iteza de seus desejos quando é demasiado tarde.

CAPÍTULO 14• Versículos 1-7 Bom reinado de Amazias • Versículos 8-14 Amazias provoca a Jeoás, rei de Israel, e é derrotado• Versículos 15-22 Conspiradores o matam• Versículos 23-29 Mal reinado de Jeroboão II

Versículos 1-7Amazias começou bem, mas não seguiu assim. Não basta fazer aquilo que fizeram nossos

bons predecessores, simplesmente para manter o costume, senão que devemos fazê-lo como eles o fizeram, a partir do mesmo princípio de fé e devoção, e com a mesma sinceridade e de-cisão.

Versículos 8-14Por um tempo, depois da divisão dos reinos, Judá sofreu muito pela inimizade de Israel. De-

pois da época de Asa, sofreu mais pela amizade de Israel, e pela aliança com eles. Agora ve-mos de novo a hostilidade entre eles.

Quanto poderia sorrir um homem humilde ao ouvir a dois homens orgulhosos e escarnece-dores que põem a funcionar seu engenho para vilipendiar-se e menosprezar-se mutuamente! O triunfo ímpio suscita orgulho; o orgulho suscita contendas. Os efeitos do orgulho nos outros são insuportáveis para os orgulhosos. Estes são fonte de problemas e pecados na vida privada, mas quando surgem entre príncipes, se tornam a desgraça de seus reinos. Jeoás mostra a Amazias a estultícia de seu desafio: Teu coração se exaltou. A raiz de todo pecado está no coração e dali flui. Não é a Providência, o sucesso, a ocasião, o que seja, o que faz orgulhosos, seguros de si, desconformes e coisas parecidas aos homens, senão seus próprios corações.

Versículos 15-22Amazias sobreviveu a seu vencedor por quinze anos. O mataram seus próprios súbditos.

Azarias ou Uzias parece ter sido muito novo quando mataram seu pai. Embora os anos de seu reinado se reconhecem desde essa data, ele não foi feito rei senão até onze anos depois.

Versículos 23-29Deus levantou o profeta Jonas e por ele declarou o propósito de seu favor a Israel. É sinal de

que Deus não desprezou seu povo se continuam os ministros fiéis. São dadas duas razões do

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por quê Deus o abençoou com estas vitórias:1) Porque a desgraça era muito grande, o que os fez objeto de sua compaixão.2) Porque ainda não se havia emitido o decreto para sua destruição.Muitos profetas tinha havido em Israel, mas nenhum deixou profecias por escrito até esta

época, e suas profecias são parte da Bíblia. Oséias começou a profetizar no reinado deste Jer-oboão. Ao mesmo tempo profetizou Amós; pouco depois, Miquéias, depois Isaias, nos dias de Acaz e Ezequias. Assim, Deus, nas épocas mais escuras e de maior degeneração da igreja, levantou alguns para que fossem luzes resplandecentes e brilhantes nela para seu tempo, por sua predicação e sua vida; e uns poucos por seus escritos, para derramar luz sobre nós nos úl-timos tempos.

CAPÍTULO 15• Versículos 1-7 Reinado de Azarias ou Uzias, rei de Judá• Versículos 8-31 Os últimos reis de Israel• Versículos 32-38 Jotão, rei de Judá

Versículos 1-7Uzias fez o bom a maior parte de sua vida. foi uma felicidade para o reino que um rei bom

durasse tanto tempo.Versículos 8-31Este relato mostra um Israel confundido. Embora Judá não carecia de problemas, de todos

modos seu reino era feliz, comparado com o estado de Israel. As imperfeições dos crentes ver-dadeiros são muito diferentes da maldade permitida aos homens ímpios. Tal é a natureza hu-mana, tais são nossos corações, se os deixarmos livrados a si mesmos, enganosos sobre todas as coisas e perversos. Temos razão de estarmos agradecidos pelos freios, por sermos mantidos longe das tentações, e devemos implorar a Deus que renove um espírito reto dentro de nós.

CAPÍTULO 16• Versículos 1-9 Acaz, rei de Judá – Seu reinado malvado• Versículos 10-16 Acaz cópia o modelo do altar de um ídolo• Versículos 17-20 Acaz saqueia o templo

Versículos 1-9Poucos e maus foram os dias de Acaz.Aqueles cujos corações os condenam, recorrerão a qualquer parte, em tempos difíceis, em

vez de acudir a Deus. o pecado foi seu próprio castigo. Habitualmente, os que se encrencam por um pecado tratam de ajudar a si mesmos a sair do aperto com outro pecado.

Versículos 10-16Até agora tinha-se mantido o altar de Deus em seu lugar e em uso, porém Acaz pôs outro na

sala.A consideração natural da mente do homem por certo tipo de religião não se extingue facil-

mente; e, salvo que seja regulamentada pela Palavra e pelo Espírito de Deus, produz super-stições absurdas ou idolatrias detestáveis; no melhor dos casos, silencia a consciência do pecador com cerimônias insensatas. Os infiéis se destacaram por crer falsidades ridículas.

Versículos 17-20Acaz desprezou o dia de repouso e, assim, abriu uma ampla entrada para toda classe de

pecado. Fez isto por causa do rei da Assíria. Quando os que tiveram uma entrada para a casa do Senhor se tornam a outro caminho para comprazer o próximo, rodam em declínio rumo à destruição.

CAPÍTULO 17• Versículos 1-6 Reinado de Oséias em Israel – Os israelitas são levados ao

cativeiro pelos assírios • Versículos 7-23 Cativeiro dos israelitas• Versículos 24-41 Gentios colocados na terra de Israel

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Versículos 1-6Quando se enche a medida do pecado, o Senhor não suporta mais. Os habitantes de

Samaria devem ter suportado grande aflição. Alguns israelitas pobres foram deixados na terra. Os que foram levados cativos a grande distância se perderam maiormente entre as nações.

Versículos 7-23Embora o relato da destruição do reino das dez tribos é breve, se comenta extensamente

nestes versículos e se dão razões disto. Foi uma destruição de parte do Todo-Poderoso: os as-sírios somente foram a vara de sua ira (Is 10.5). Os que introduzem o pecado num país ou numa família, trazem uma praga, e terão que responder por toda a maldade que se segue. E, mesmo que a maldade externa do mundo é muito vasta, muito maior são os pecados secretos, os maus pensamentos, desejos e propósitos da humanidade. Há pecados externos marcados pela infâmia; mas a ingratidão, a negligência e a inimizade com Deus, e a idolatria e a impiedade que dali procedem, são muito mais malignos. Não pode haver verdadeira santidade sem arrependimento de cada caminho perverso, e sem obedecer aos estatutos de Deus, mas isto deve proceder da fé em seu testemunho acerca de sua ira contra toda impiedade e in-justiça, e sobre sua misericórdia em Cristo Jesus.

Versículos 24-41O terror ao Todo-Poderoso produzirá, às vezes, uma submissão forçada ou fingida nos

homens inconversos, como os trazidos de diferentes países para povoar Israel. Mas estes se formarão pensamentos indignos de Deus, esperando comprazê-lo com formalidades externas e tratarão de reconciliar seu serviço com o amor ao mundo e a libertinagem de suas luxúrias. Que o temor do Senhor, que é princípio da sabedoria, possua nossos corações e influa nossa conduta para que possamos estar dispostos para toda mudança. Os assentamentos terrenos são incertos; não sabemos se podemos ser lançados antes de morrer, e se deveremos deixar logo o mundo; mas o justo escolheu a boa parte, a que não lhe será tirada.

CAPÍTULO 18• Versículos 1-8 Bom reinado de Ezequias em Judá – Idolatria• Versículos 9-16 Senaqueribe invade Judá• Versículos 17-37 Blasfêmias do Rabsaqué

Versículos 1-8Ezequias foi um filho verdadeiro de Davi. Outros fizeram o bom, mas não como Davi. Não

suponhamos que quando os tempos e os homens são maus, têm de piorar gradual e necessari-amente; não é necessário que seja assim: depois de vários reis maus, Deus levantou a um como o próprio Davi.

A serpente de bronze tinha sido conservada com todo cuidado, como monumento da bon-dade de Deus com seus pais no deserto, mas era ocioso e perverso queimá-lhe incenso. Toda ajuda à devoção que não esteja respaldada pela palavra de Deus interrompe o exercício da fé; sempre conduz à superstição e a outros males perigosos. A natureza humana perverte toda coisa desta classe. A fé verdadeira não necessita esse tipo de ajudas; a Palavra de Deus ensi-nada e a oração diária é toda a ajuda externa que necessitamos.

Versículos 9-16A incursão de Senaqueribe sobre Judá foi uma grande calamidade para esse reino, pela qual

Deus prova a fé de Ezequias e castiga o povo. o desgosto secreto, a hipocrisia, a tibieza da maioria requer correição; tais provas purificam a fé e a esperança do justo e o leva à simples dependência de Deus.

Versículos 17-37O Rabsaqué tenta convencer aos judeus que era inútil oferecer resistência. Que confiança é

esta na qual você se apóia? Bom seria que os pecadores se submetessem à força deste argu-mento procurando a paz com Deus. portanto, é sábio de parte nossa render-se a Ele, porque é vão contender com Ele: que confiança é esta em que se apóiam os que resistem? Muita es-perteza há nesta arenga do Rabsaqué e muito orgulho, malícia, falsidade e blasfêmia.

Os nobres de Ezequias conservaram a paz. Há tempo de calar como também tempo de falar; há gente à qual oferecer qualquer coisa religiosa ou racional é como lançar pérolas aos porcos. O silêncio deles fez que o Rabsaqué se sentisse mais orgulhoso e seguro. Freqüente-mente é melhor deixar que este tipo de pessoas vociferem e blasfemem; uma expressão deci-dida de aborrecimento é o melhor testemunho contra eles. O assunto deve deixar-se ao Senhor 268

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que tem todos os corações em suas mãos, encomendando-nos a Ele com humilde submissão, esperança de fé e oração fervorosa.

CAPÍTULO 19• Versículos 1-7 Ezequias recebe uma resposta de paz• Versículos 8-19 A carta de Senaqueribe• Versículos 20-34 Anúncio de sua queda• Versículos 35-37 Destruição do exército assírio – Morte de Senaqueribe

Versículos 1-7Ezequias mostrou uma preocupação profunda pela desonra de Deus na blasfêmia do Rab-

saqué. Devemos desejar particularmente que os que falam a nós de parte de Deus, falem a Deus por nós. O grande Profeta é o grande Intercessor. Os que provavelmente prevaleçam ante Deus são os que elevam seus corações em oração.

A condição extrema do homem é a oportunidade de Deus. Embora seus servos nada possam dizer, somente ter terror contra o profano, o orgulhoso e o hipócrita, têm palavras de consolo para o crente desanimado.

Versículos 8-19A oração é o recurso infalível do cristão tentado, seja que lute com dificuldades externas ou

inimigos internos. Ante o trono da graça de seu Amigo Onipotente abre seu coração, apresenta seu caso,com mas Ezequias, e apela. Quando pode discernir que a glória de Deus está compro-metida de seu lado, a fé ganha a vitória, e ele se regozija, porque não será comovido. As mul-heres petições em oração se aferram da honra de Deus.

Versículos 20-34Todos os movimentos de Senaqueribe eram conhecidos de Deus. o mesmo Deus empreende

a defesa da cidade; e a pessoa ou o lugar que Ele se propõe proteger não podem senão estar a salvo.

Provavelmente a invasão dos assírios tinha impedido que esse ano se semeasse a terra. Supunha-se que o ano seguinte seria de repouso, porém o Senhor fez que a produção da terra fosse suficiente para sustentá-los durante os dois anos. Como o cumprimento desta promessa se realizaria depois da destruição do exército de Senaqueribe, foi sinal para a fé de Ezequias, assegurando-lhe essa libertação presente como antecipo do futuro cuidado do Senhor pelo reino de Judá. O Senhor faria isto não pela justiça deles, senão por sua própria glória. Que nos-sos corações sejam um solo bom para que sua Palavra deite raízes e dê fruto em nossa vida.

Versículos 35-37A noite seguinte ao envio desta mensagem a Ezequias, foi destruído o corpo principal do

exército deles. Note-se quão fracos são os homens mais fortes perante o Deus Todo-Poderoso. Quem se endureceu alguma vez contra Ele e prevaleceu?

Os próprios filhos do rei da Assíria foram seus assassinos. Os que tenham filhos não dispos-tos a obedecer e servir, devem considerar se eles não terão sido assim com seu Pai celestial. Esta história ensina uma prova forte do boa que é a fé e a firme confiança em Deus. Ele aflige mas não desampara a seu povo. bom é que nossos problemas nos coloquem de joelhos, to-davia, não recrimina isso nossa incredulidade? Quão pouco dispostos estamos a descansar na declaração de Jeová! Quão desejosos de saber como nos salvará! Quão impacientes quando demora o socorro! Ainda assim, devemos esperar o cumprimento de sua Palavra. Senhor, ajuda a nossa incredulidade.

CAPÍTULO 20• Versículos 1-11 A doença de Ezequias – Sua recuperação como resposta à

oração• Versículos 12-21 Ezequias mostra seus tesouros aos embaixadores da

Babilônia – Sua morte

Versículos 1-11Ezequias adoeceu gravemente o mesmo ano que o rei da Assíria sitiou Jerusalém. Isaias

levou a Ezequias o aviso de preparar-se para morrer. A oração é um dos melhores preparativos para morrer, porque com ela tomamos a força e o valor de Deus que nos capacita para termi-nar bem. Ele chorou amargamente: disto alguns entendem que não queria morrer; na natureza

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do homem está temer a separação da alma e do corpo. Também houve algo de peculiar no caso de Ezequias; ele estava agora no meio de seu serviço. Que a oração de Ezequias (ver Is 38) interprete suas lágrimas; nela nada há de que era presa servil ou que o atormentasse a idéia da morte.

A piedade de Ezequias lhe facilitou estar em seu leito de morte. "Lembra-te agora, ó Senhor, te peço..."; não fala como se Deus necessitasse que o lembrássemos de algo; tampouco como se a recompensa pudesse ser reclamada por dívida; é somente a justiça de Cristo a que com-pra a misericórdia e a graça. Ezequias não ora: "Senhor, salva-me", senão "Senhor, lembra-te de mim"; seja que viva ou morra, deixa-me ser teu. Deus sempre escuta as orações do que-brantado de coração e dará saúde, longevidade e liberações temporais em tanto e em quanto seja verdadeiramente bom para eles.

Foram usados médios para a recuperação de Ezequias, porém considerando o nível a que tinha chegado a enfermidade, e quão subitamente foi detida, a cura foi miraculosa. Quando es-tejamos doentes, devemos usar médios tais que sejam adequados para ajudar à natureza, caso contrário, não confiamos em Deus; antes, o tentamos.

Para confirmar sua fé, em forma miraculosa, a sombra do sol retrocedeu e houve luz por mais tempo do acostumado. Esta obra prodigiosa mostra o poder de Deus no céu e na terra, a grande forma em que Ele escuta a oração e o grande favor que concede a seus eleitos.

Versículos 12-21Nesta época, o rei da Babilônia era independente do rei da Assíria, embora pouco depois

fosse submetido por este. Ezequias mostrou seus tesouros, seu arsenal e outras provas de sua riqueza e poderio. Isso foi efeito do orgulho e da ostentação, e um afastar-se da simples confi-ança em Deus. também parece que perdeu a oportunidade de falar aos caldeus dAquele que tinha feito milagres que atraíram a atenção deles, e de indicá-lhes o absurdo e malvado da idolatria.

Que é mais comum que mostrar nossas casas e coisas aos nossos amigos? Todavia, se fizer-mos isso com orgulho em nosso coração, para obtermos aplausos dos homens, sem louvar a Deus, torna-se pecado em nós, como aconteceu com Ezequias. Podemos esperar irritação de cada objeto com o qual estejamos indevidamente comprazidos.

Isaias que, amiúde, tinha sido o consolador de Ezequias, agora é quem o repreende. O ben-dito Espírito é ambas coisas (Jó 16.7-8). Os ministros devem ser ambas coisas quando a ocasião o requer.

Ezequias reconheceu a justiça da sentença, e a bondade de Deus na prorrogação. Porém o futuro de sua família e sua nação deve tê-lhe causado muitos sentimentos dolorosos. Ezequias sem dúvida foi humilhado pelo orgulho de seu coração. Bem-aventurados os mortos que mor-rem no Senhor, descansarão de seus trabalhos, porque suas obras com eles seguem.

CAPÍTULO 21• Versículos 1-9 Mal reinado de Manassés • Versículos 10-18 A acusação profética contra Judá• Versículos 19-26 Mal reinado de Amom e sua morte

Versículos 1-9Os jovens em geral desejam chegar a ser seus próprios amos, e ter adiantada possessão de

riquezas e poder. Porém isso, em grande medida, estraga seu consolo futuro e causa dano aos outros. Muito mais feliz é que a gente jovem esteja sob o cuidado de pais ou tutores até que a idade lhes dê experiência e discrição. Embora tais jovens tenham menos liberdades, depois es-tarão agradecidos. Manassés fez muito mal diante dos olhos do Senhor, como se tivesse o propósito de provocá-lo a ira; fez mais mal que as nações que o Senhor tinha destruído. Man-assés andou de mal a pior até que foi levado cativo para a Babilônia. a gente estava disposta a cumprir seus desejos para obter favores deles, e porque era conveniente para as inclinações depravadas deles. Quanto à reforma de grandes corpos, as maiorias simplesmente são servi-dores temporais, e caem diante da tentação.

Versículos 10-18Aqui está a sentença sobre Judá e Jerusalém. As palavras que se usam representam a

cidade vazia e completamente desolada, mas não por isso destruída, senão limpada para guardá-la como morada futura dos judeus: abandonada, mas não finalmente, e somente em quanto aos privilégios externos, pois os crentes individuais foram preservados desse castigo. O Senhor expulsará a todo professante que o desonre com seus crimes, mas nunca abandonará sua causa na terra.

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No livro das Crônicas lemos que Manassés se arrependeu e Deus o aceitou; assim, poderíamos aprender a não desesperar da recuperação dos maiores pecadores. Todavia, que ninguém se atreva a continuar pecando por supor que pode arrepender-se e reformar-se quando desejem. Há uns poucos casos da conversão de pecadores notórios, para que ninguém desespere, e são poucos, para que ninguém presuma.

Versículos 19-26Amom profanou a casa de Deus com suas idolatrias; e Deus suportou que sua casa fosse

contaminada com esse sangue. Por mais injustos que fossem os que fizeram isso, Deus foi justo ao suportar que o fizessem. Agora foi uma mudança feliz que um de seus piores reis de Judá passasse a ser um dos melhores. Mais uma vez Judá foi provado com uma reforma. Seja que o Senhor suporte por muito tempo os ofensores presunçosos, ou que os elimine pronta-mente em seus pecados, devem perecer todos os que insistem em negar-se a andar em Seus caminhos.

CAPÍTULO 22• Versículos 1-10 Bom reinado de Josias – Sua preocupação por reparar o

templo – Achado do livro da lei• Versículos 11-20 Josias consulta a profetisa Hulda

Versículos 1-10A adiantada sucessão de Josias, que foi um fato diferente da de Manassés, deve atribuir-se à

graça distintiva de Deus; porém, provavelmente as pessoas que o formaram foram instrumen-tos para produzir a diferença. Seu caráter foi excelente. Se o povo se tivesse unido de todo coração à reforma, como ele perseverou nela, teria tido benditos efeitos. Mas eram maus e to-lamente se dedicaram à idolatria. Não temos o pleno conhecimento do estado de Judá nos re-latos históricos, a menos que nos refiramos aos escritos dos profetas da época.

Enquanto reparavam o templo foi achado o Lv da lei e o levaram ao rei. Parece que o livro da lei estava perdido e faltava; negligentemente guardado e esquecido, como alguns tiram suas Bíblias num canto, ou malignamente escondido por alguns dos idólatras. O cuidado de Deus com a Bíblia demonstra claramente seu interesse por ela. Fora esta, ou não, a única cópia existente, seu conteúdo era novo para o rei e para o sumo sacerdote. Nem os resumos, nem os extratos, nem as recopilações da Bíblia podem transmitir e preservar o conhecimento de Deus e de sua vontade como a Bíblia mesma. Não era surpreendente que o povo estivesse tão cor-rupto quanto o livro da lei era tão escasso; os que o corromperam usaram sem dúvida más artes para eliminar esse livro das mãos deles. A abundância atual de Bíblias agrava nosso pecado nacional, porque, que maior desprezo de Deus podemos mostrar se nos negarmos a ler Sua Palavra quando a colocam em nossas mãos ou, se a lemos, se No-Amom negarmos a acreditar nela e a obedecê-la? O conhecimento do pecado é pela lei santa, e o conhecimento da salvação é pelo bendito evangelho. Quando se entende o primeiro em sua firmeza estrita e em sua excelência, o pecador começa a perguntar: "Que farei para ser salvo?". E os ministros do evangelho lhe indicam a Jesus Cristo, como o fim da lei para justiça de todo aquele que crê.

Versículos 11-20É lido o livro da lei diante do rei. Os que honram suas Bíblias são os que a estudam; os que

se alimentam diariamente desse pão e andam por sua luz.A convicção de pecado e a ira deveriam provocar esta pergunta: que devo fazer para ser

salvo? Além disso, que podemos esperar e que provisões tomar. Os que têm verdadeira com-preensão do peso da ira de Deus não podem senão estar muito ansiosos por saber como po-dem ser salvos.

Hulda fez saber a Josias quais eram os juízos que Deus tinha reservados contra Judá e Jerusalém. A generalidade do povo estava endurecido e seus corações sem humilhar, porém o coração de Josias era tenro. Esta é ternura de coração e, assim, se humilhou diante do Senhor. os que mais temem a ira de Deus são os que menos provavelmente a sintam.

Embora Josias foi mortalmente ferido em combate, morreu não obstante em paz com Deus e foi para a glória. Não importa o que tais pessoas sofram ou experimentem, são levados ao tú-mulo em paz, e entrarão no repouso que existe para o povo de Deus.

CAPÍTULO 23• Versículos 1-3 Josias lê a lei e renova a aliança• Versículos 4-14 Destrói a idolatria• Versículos 15-24 A reforma se estende a Israel – Observância da Páscoa

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• Versículos 25-30 O faraó Neco mata a Josias• Versículos 31-37 Reinados malvados de Joacaz e Jeoiaquim

Versículos 1-3Josias recebeu uma mensagem de Deus, que não impediria a ruína de Jerusalém, mas que

somente livraria sua própria alma; de todos modos, cumpre com seu dever e deixa o assunto a Deus. Ele comprometeu o povo da forma mais solene para abolir a idolatria e servir a Deus com justiça e santidade verdadeira. Embora a maioria foi formal ou hipócrita dali em diante, se evitou muita maldade externa e ficaram responsáveis diante de Deus pela sua conduta.

Versículos 4-14Quanta abundância de maldade em Judá e Jerusalém! Ninguém acreditaria possível achar

tais abominações em Judá, onde Deus era conhecido, em Israel onde seu Nome era grande, em Salém, em Sião, onde estava sua morada. Josias tinha reinado por dezoito anos, tinha dado um bem exemplo ao povo, e tinha guardado a religião conforme com a lei divina, porém quando se pôs a investigar a idolatria, sua profundeza e extensão eram muito grandes. A história comum e os registros da Palavra de Deus ensinam que toda a piedade ou bondade verdadeira que se achem na terra derivam do Espírito de Jesus Cristo, que faz novas todas as coisas.

Versículos 15-24O zelo de Josias se estendeu às cidades de Israel que estavam a seu alcance. Ele conservou

cuidadosamente o sepulcro do homem de Deus que veio desde Judá para anunciar o derruba-mento do altar de Jeroboão. Quando tiveram limpado o país do antigo fermento da idolatria, então se aplicaram a observar a festa. Em nenhum dos reinados anteriores tinha-se guardado uma Páscoa assim. O despertar de uma ordenança longo tempo descuidada os encheu de santo gozo; e Deus recompensou seu zelo pela destruição deus idolatria com mostras ex-traordinárias de Sua presença e favor. Temos razão para pensar que a religião floresceu du-rante o resto do reino de Josias.

Versículos 25-30Ao lermos estes versículos devemos dizer, Senhor, que assim como Tua justiça é como as

grandes montanhas, evidente, fácil de ser vista e indiscutível, Teus juízos são de grande pro-fundidade, insondáveis e inescrutáveis. O rei reformador é cortado em meio de sua vida útil, com misericórdia para que não visse o mal que viria a seu reino: todavia com ira contra seu povo, porque sua morte foi a entrada da desolação deles.

Versículos 31-37Depois de pôr a Josias em seu túmulo, veio um problema após outro até Jerusalém foi de-

struída em vinte e dois anos. Os malvados pereceram em grandes quantidades, o remanes-cente foi purificado, e a reforma de Josias levantou uns quantos que se uniram aos poucos que foram a semente preciosa do futuro da igreja e da nação. Um pouco de tempo e fracas habili -dades costumam bastar para desfazer o bem que homens piedosos têm efetuado no curso dos anos. todavia, bendito seja Deus que a boa obra que Ele começou por seu Espírito regenerador não poderá ser eliminada, antes resiste a todas as mudanças e tentações.

CAPÍTULO 24• Versículos 1-7 Jeoiaquim vencido por Nabucodonosor • Versículos 8-20 Joaquim, cativo em Babilônia

Versículos 1-7Se Jeoiaquim tivesse servido ao Senhor, não teria servido a Nabucodonosor. Se se tiver con-

tentado com sua servidão, sua condição não teria piorado, porém, ao rebelar-se contra a Ba-bilônia, se submergiu em maiores problemas. Veja-se quanta necessidade têm as nações de lamentar os pecados de seus pais, para não pagar as conseqüências. As ameaças se cumprirão tão certamente como são prometidas, se não o impedir o arrependimento dos pecadores.

Versículos 8-20Joaquim reinou somente três meses, mas foi tempo suficiente para demonstrar que pagou

as conseqüências dos pecados de seus pais, porque seguiu suas pegadas. O governo foi confi-ado a seu tio. Zedequias foi o último dos reis de Judá. Embora os juízos de Deus contra os três reis anteriores a ele deveriam tê-lhe servido de advertência, fez o mau, como eles. Quando os

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encarregados dos conselhos de uma nação agem sem sabedoria e contra seu verdadeiro inter-esse, devemos notar nisto o desagrado de Deus. Deus lhes oculta o que pertence à paz pública a causa dos pecados do povo. e para cumprir os propósitos secretos de sua justiça, o Senhor só tem de deixar os homens entregues à cegueira de sua mente, ou livrados à luxúria de seus próprios corações. A aproximação paulatina dos juízos divinos permite aos pecadores arrepen-der-se, e dá tempo aos crente para preparar-se para enfrentar a calamidade, enquanto mostra a obstinação dos que não abandonarão seus pecados.

CAPÍTULO 25• Versículos 1-7 Jerusalém sitiada – Zedequias arrestado• Versículos 8-21 O templo é queimado – O povo é levado ao cativeiro• Versículos 22-30 O resto dos judeus foge ao Egito – Evil-Merodaque alivia o

cativeiro de Joaquim

Versículos 1-7Jerusalém estava tão fortificada que não podia ser tomada até que a fome voltasse os sitia-

dos incapazes de resistir. Encontramos mais sobre este acontecimento na profecia de Jeremias e nas Lamentações; baste aqui dizer que a impiedade e a desgraça dos sitiados foram muito grandes. Afinal, a cidade foi tomada por assalto. O rei, sua família e seus grandes homens es-caparam de noite por passagens secretas. Porém se enganam os que pensam fugir dos juízos de Deus, tanto como os que se crêem capazes de desafiá-los. Pelo que aconteceu a Zedequias se cumpriram duas profecias, ainda que pareçam contradizer-se. Jeremias profetizou que Zede-quias seria levado a Babilônia (Jr 32.5, 34.3); Ezequiel, que não veria Babilônia (Ez 12.13). Foi levado lá, mas lhe foram tirados os olhos, assim que não a viu.

Versículos 8-21A cidade e o templo foram incendiados e, provavelmente, a arca dentro do templo. Deus

mostrou com isto quão pouco se importa da pompa externa de sua adoração, quando se des-cuidam a vida e o poder da religião.

As muralhas de Jerusalém foram derrubadas, e o povo levado cativo à Babilônia. levaram-se os utensílios do templo. Quando se peca contra as coisas representadas, para que servem os símbolos? Foi justo que Deus privasse do benefício de sua adoração aos que preferiram os cul-tos falsos antes que a Ele; os que tiveram muitos altares agora não têm nenhum. Assim como o Senhor não perdoou os anjos que pecaram, assim como condenou ao túmulo a toda a raça de homens caídos, e a todos os incrédulos ao inferno, e assim como não poupou seu próprio Filho, senão que o entregou por todos nós, assim não devem surpreender-nos as misérias que pode trazer sobre nações, igrejas e pessoas culpáveis.

Versículos 22-30O rei da Babilônia nomeou a Gedalias para que fosse o governador e protetor dos judeus

que ficaram em sua terra. Mas as coisas pertencentes a sua paz estavam tão escondidas de seus olhos que não se deram conta do bem que possuíam. Ismael matou malignamente a ele e a todos seus amigos e, contra o conselho de Jeremias, o resto se foi para o Egito. Assim se real-izou o final definitivo deles por sua própria maldade e desobediência; veja-se Jeremias capítu-los 40 a 45.

Joaquim foi liberado do cárcere onde esteve por 37 anos. que ninguém diga que nunca mais tornará a ver o bem por levar muito tempo vendo somente o mal: até o mais miserável não sabe quando a providência dará uma virada, nem que consolos lhe estão reservados, conforme aos dias em que foram afligidos. Ainda neste mundo o Salvador traz liberação da escravidão Ap pecador aflito que a busca, e lhe concede provar antecipadamente algo dos prazeres que há a sua destra por sempre. o pecado somente pode ferir-nos; Jesus somente pode fazer o bem aos pecadores.

1 CRÔNICASOs livros das Crônicas são, em grande medida, repetições do que se relata nos livros de

Samuel e dos Reis, embora há aqui algumas coisas excelentes e úteis que não achamos em outra parte. O primeiro livro narra a origem do povo judaico a partir de Adão e, depois, dá conta do reino de Davi. A narração continua no segundo livro com o desenvolvimento e final do reino de Judá; também se comenta o retorno dos judeus do cativeiro na bíblica. Jerônimo diz

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que se engana quem creia que conhece as Escrituras sem estar familiarizado com os livros das Crônicas, onde se encontram feitos históricos e nomes que, em outras partes, são passados por alto, e onde pode encontrar-se a conexão de passagens e se explicam muitas perguntas re-formas ao evangelho.

CAPÍTULO 1• Versículos 1-27 Genealogias – Adão a Abraão• Versículos 28-54 Os descendentes de Abraão

Versículos 1-27Este capítulo, e muitos que se seguem, repetem as genealogias ou listas de pais e filhos da

história bíblica, e os reúnem com muitos agregados. Quando se compara com outras pas-sagens, encontram-se algumas diferenças, mas não devemos por isso tropeçar na Palavra, senão abençoar e agradecer a Deus que as coisas necessárias para a salvação sejam bastante claras.

Aqui a origem da nação judaica remonta-se ao primeiro homem que Deus criou e, por isso, se distingue das origens escuras, fabulosas e absurdas atribuídas a outras nações. Mas agora todas as nações estão tão misturadas entre si, que nenhuma nação, nem a maior delas traça sua origem a nenhuma destas fontes. Somente disto estamos seguros, de que Deus criou de um sangue todas as raças dos homens; todos são descendentes de um Adão, de um Noé. Não têm todos um pai? Não nos criou um Deus? (Ml 2.10).

Versículos 28-54A genealogia daqui para frente se limita à posteridade de Abraão.Que tenhamos ocasião de pensar, ao lermos estas listas de nomes, nas multidões que se

passaram por este mundo, que fizeram parte dele e depois partiram. Quando uma geração, até de homens pecadores, passa e vai embora, outra vem (Ec 1.4; Nm 32.14), e assim será en-quanto permaneçamos na terra. Curta é a nossa passagem pelo tempo rumo à eternidade. Que sejamos distinguidos como povo do Senhor.

CAPÍTULO 2Genealogias

Agora chegamos ao registro dos filhos de Israel, esse povo distinguido, que tinha que habitar sozinho e não ser contado entre as nações. Porém agora, em Cristo, todos os que vão a Ele são bem-vindos a Sua salvação; todos têm iguais privilégios conforme sua fé nEle, e seu amor e devoção a Ele. todo o que é verdadeiramente valioso consiste do favor, a paz e a im-agem de Deus, e uma vida vivida para Sua glória, promovendo o bem-estar de nossos con-gêneres.

CAPÍTULO 3Genealogias

De todas as famílias de Israel, nenhuma foi tão ilustre como a de Davi: aqui temos a conta completa dela. Desta família, no reforma à carne, veio Cristo. o observador atento perceberá que os filhos do justo desfrutam de muitas vantagens.

CAPÍTULO 4Genealogias

Neste capítulo temos um relato posterior de Judá, a mais numerosa e mais famosa de todas as tribos; também uma conta de Simeão.

A pessoa mais notável deste capítulo é Jabes. Não nos é dito por que Jabes foi mais hon-orável que seus irmãos, mas acharmos que era homem de oração. O caminho para ser ver-dadeiramente grande é o de buscar fazer a vontade de Deus e orar fervorosamente. Aqui aparece a oração que ele fazia. Jabes orava ao Deus vivo e verdadeiro, que é o único que pode ouvir e responder a oração; e, orando o considerava como Deus que tem uma aliança com seu povo. Jabes não expressa promessa alguma; a deixa subentendida; temia prometer segundo sua própria força e resolveu dedicar-se por inteiro a Deus. Oh, se me desses tua bênção, e me guardasses! Faze o que queiras comigo; eu estarei a tuas ordens e a tua disposição para sem-

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pre. como diz o texto, esta foi a linguagem do desejo mais ardente e afetuoso. Oh, se me dessem tua bênção! Jabes orou por quatro coisas:

1) Que Deus verdadeiramente o abençoasse. As bênçãos espirituais são as melhores: as bênçãos de Deus são coisas reais e produzem efeitos reais.

2) Que alargue seu território. Que Deus alargue nossos corações e, assim, estire nossa parte nEle, e na Canaã celestial, tal deveria ser nosso desejo e oração.

3) Que a mão de Deus estivesse com ele. A mão de Deus conosco, para guiar-nos, proteger-nos, fortalecer-nos e fazer todas nossas obras em e para nós, é uma mão absolutamente sufi-ciente em todo.

4) Que o guardasse do mal, o mal do pecado, o mal do problema, todos os maus desígnios de seus inimigos, para que não o danifiquem, e não fizessem de Jabes um varão de dores.

Deus lhe concedeu o que pediu. Deus sempre está prestes para ouvir a oração. Seu ouvido hoje não está surdo.

CAPÍTULO 5Genealogias

Este capítulo dá uma conta das duas tribos e meio assentadas no lado oriental do Jordão. Elas foram conquistadas pelo rei da Assíria, porque tinham abandonado o Senhor. somente duas coisas se registram aqui a respeito destas tribos:

1) Todos eles participaram numa vitória. Felizes as pessoas que moram juntas em harmonia, que se ajudam mutuamente com os inimigos comuns de sua alma, confiando no Senhor e invo-cando-o.

2) Eles partilharam o cativeiro. Teriam tido a melhor das terras, sem considerar que es-tavam demasiado expostas. O desejo de objetos terrenos distancia das ordenanças de Deus, e prepara os homens para a destruição.

CAPÍTULO 6

Genealogias

Neste capítulo temos um relato de Levi. Os sacerdotes e os levitas estavam mais preocupa-dos que qualquer outro israelita por preservar clara sua descendência e serem capazes de prová-la, porque todas as honras e os privilégios do ofício deles dependia de sua genealogia. Agora, o Espírito de Deus chama ministros a sua obra, sem limite em quanto a sua origem fa-miliar; e, então como agora, embora os crentes e os ministros possam ser muito úteis à igreja, ninguém senão nosso grande Sumo Sacerdote pode fazer expiação pelo pecado, e ninguém pode ser aceito senão através de Sua expiação.

CAPÍTULO 7Genealogias

Não existe conta de Zebulom nem de Dã. Não podemos achar razão pela qual somente eles foram omitidos; mas é a desgraça da tribo de Dã que a idolatria começasse nessa colônia que se estabeleceu em Laís e a chamaram de Dã (Jz 18), e que ali Jeroboão instalasse um dos bez-erros de ouro. Dã é omitido (Ap 7). Os homens se tornam abomináveis quando abandonam a adoração do verdadeiro Deus por qualquer objeto criado.

CAPÍTULO 8Genealogias

Aqui há uma lista mais longa da tribo de Benjamim. Podemos supor que muitas coisas destas genealogias, que nos parecem difíceis, abruptas e confusas, eram simples e claras na época, e respondiam plenamente à intenção para a qual foram publicadas.

Muitas nações grandes e poderosas existiam então na terra, e muitos homens ilustres cujos nomes estão agora completamente esquecidos; enquanto que os nomes de multidões do Israel de Deus são lembrados aqui eternamente. A memória do justo é bendita.

CAPÍTULO 9Genealogias

Este capítulo expressa que um fim de seres registradas todas estas genealogias era dirigir os judeus quando voltassem do cativeiro, para que soubessem com quem unir-se e onde re-

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sidir.Aqui há uma conta do bom estado em que se puseram os assuntos da religião ao regresso

da Babilônia. Cada um conhecia seu ofício. Provavelmente se faz bem o trabalho quando todos conhecem o dever de seu cargo, e fazem disso uma ocupação. Deus é Deus de ordem. Assim, era o templo uma figura do santuário celestial onde não descansam dia e noite de louvar a Deus (Ap 4.8). Bendito seja seu Nome, pois os crentes o louvarão dia e noite sem interrupção, e não por turno, senão todos juntos: que o Senhor nos faça aptos a cada um de nós para a her -ança dos santos em luz.

CAPÍTULO 10A morte de Saul

O desígnio principalmente em vista nos livros das Crônicas parece ser o de preservar os reg-istros da casa de Davi. Portanto, o escrito não repete a história do reino de Saul, senão so-mente a de sua morte, a qual abriu para Davi o caminho ao trono. E da ruína de Saul podemos aprender:

1) Que o pecado dos pecadores certamente os alcançará, cedo ou tarde; Saul morreu por sua transgressão.

1) Que a grandeza de homem nenhum pode excetuá-lo dos juízos de Deus.3) Que a desobediência é homicida. Saul morreu por não guardar a palavra do Senhor.que sejamos liberados da incredulidade, impaciência e desesperação. Esperando no Senhor

obteremos um reino incomovível.

CAPÍTULO 11• Versículos 1-9 Ascensão de Davi ao trono• Versículos 10-47 Lista dos valentes de Davi

Versículos 1-9Davi foi levado a tomar possessão do trono de Israel depois de reinar sete anos em Hebrom,

somente sobre Judá. Os conselhos de Deus se cumprem, finalmente, quaisquer que sejam as dificuldades que haja no caminho. A forma de ser verdadeiramente grande é ser realmente útil, dedicar todos nossos talentos ao Senhor.

Versículos 10-47É dada uma lista dos valentes de Davi, os grandes homens que o serviram. Porém Davi re-

conheceu que seu êxito não era dos valentes que estavam com ele, senão do poderoso Deus cuja presença é tudo em todo.

Ao fortalecê-lo a ele, eles se fortaleciam a si mesmos e seus próprios interesses, porque seu progresso era o deles. Nós ganharemos pelo que fazemos em nossos lugares por sustentar o reino do Filho de Davi; e os que são fiéis a Ele, acharão seus nomes registrados com muita mais honra para eles que os que estão nos registros da fama.

CAPÍTULO 12• Versículos 1-22 Os que foram ver a Davi em Ziclague • Versículos 23-40 Os que vieram a Hebrom

Versículos 1-22Aqui está a lista dos que vieram e agiram como seus amigos quando Davi era perseguido.

Nenhuma dificuldade nem perigo deveriam impedir ao pecador chegar ao Salvador, nem tirar o crente da senda do dever. Os que avançam e vencem nestas tentativas encontrarão abun-dante recompensa. Das palavras de Amasai podemos aprender a testificar nosso afeto e leal-dade ao Senhor Jesus; devemos ser seus por completo; a seu lado devemos avançar para ir e agir. Se estivermos sob a influência do Espírito, desejaremos ter nossa sorte entre eles e declarar-nos de seu lado; sem com fé e amor abraçamos a causa de Cristo, Ele nos receberá, empregará e prosperará.

Versículos 23-40Quando o trono de Cristo se estabelece numa alma, há, ou deveria haver, grande gozo

nessa alma; e se faz provisão, não como aqui, para uns poucos dias, senão para toda a vida e para a eternidade. Felizes os que entendem sabiamente que é seu dever e interesse submeter-se ao Salvador Jesus Cristo, o Filho de Davi; os que renunciam por amor a Ele a tudo o que não 276

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é coerente; aqueles cujas empresas fervorosas para fazer o bem estão dirigidas pela sabedoria que dá Deus, por meio de sua familiarização com a Palavra, por experiência e observação. Se a alguém lhe falta sabedoria, peça a Deus, que dá generosamente a todos os homens, e que não lança em rosto, e lhe será dada.

CAPÍTULO 13• Versículos 1-5 Davi consulta pela arca• Versículos 6-14 O traslado da arca

Versículos 1-5Davi não disse: "Que coisa magnifica farei hoje?", nem "Que coisa agradável?", senão: "Que

coisa piedosa?", para que pudesse ter o consolo e o benefício do oráculo sagrado. Tragamos a arca a nós, para que seja uma bênção para nós. Os que honram a Deus, se beneficiam a si mesmos. É sabedoria dos que saem ao mundo levar consigo a arca de Deus. provavelmente vão com o favor de Deus os que começam com o temor de Deus.

Versículos 6-14Que o pecado de Uzá advirta a todos para cuidar-se da presunção, a pressa e a irreverência

ao tratar das coisas sagradas; e que ninguém pense que um bom fim justifica uma má ação. Que o castigo de Uzá nos ensine a não atrever=-nos a brincar com Deus quando nos aproxi -mamos a Ele; mas que através de Cristo vamos diretamente ao trono de graça. Se o evangelho é para alguns sabor de morte para morte, como a arca foi para Uzá, que nós o recebamos com amor por Ele e seja para nós um sabor de vida para vida.

CAPÍTULO 14As vitórias de Davi

Neste capítulo temos um reconto de:1) O estabelecimento do reino de Davi.2) Desenvolvimento de sua família.3) Derrota de seus inimigos.Isto se repete de 2 Samuel 5. que a fama de Davi seja olhada como tipo e figura da excelsa

honra do Filho de Davi.

CAPÍTULO 15• Versículos 1-24 Preparativos para o traslado da arca• Versículos 25-29 O traslado da arca

Versículos 1-24Os homens sábios e os homens bons podem ser culpáveis de descuidos que corrigirão tão

logo como se dêem conta deles. Davi não trata de justificar o que tinha feito errado, nem coloca a culpa em outrem, senão que se reconhece culpável, com outros, de não buscar a Deus na ordem devida.

Versículos 25-29Bom é notar a ajuda da Providência Divina, até nas coisas que caem dentro do âmbito de

nossos poderes naturais; se Deus não nos ajudasse, não poderíamos dar um passo sequer. Se fizermos nossos deveres religiosos bem, em certo grau, devemos reconhecer que foi Deus que nos ajudou; se isso tivesse ficado livrado a nós mesmos, teríamos sido culpáveis de alguns er-ros fatais. E toda coisa que empreendamos, deve fazer-se dependendo da misericórdia de Deus através do sacrifício do Redentor.

CAPÍTULO 16• Versículos 1-6 A solenidade com que se colocou a arca• Versículos 7-36 O salmo de louvor de Davi• Versículos 37-43 Ordenamento da adoração de Deus

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Versículos 1-6Embora a Palavra e as ordenanças de Deus possam estar veladas e eclipsadas por um

tempo, resplandecerão na escuridão. Isto não era senão uma tenda, uma humilde morada, porém este era o tabernáculo do qual Davi fala tão freqüentemente com tanto afeto em seus salmos. Davi se mostrou generoso com seus súbditos, como tinha achado bondoso a Deus com ele. Aqueles cujos corações estão ampliados de santo gozo, o demonstrarão com sua mão aberta.

Versículos 7-36Que Deus seja glorificado em nossos louvores. Que outros sejam edificados e ensinados, que

os estrangeiros sejam guiados a adorá-lo. Que nós mesmos triunfemos e confiemos em Deus. Os que dão glória ao Nome de Deus têm permissão para gloriar-se nEle. Que a aliança eterna seja o grande tema de nosso gozo e louvor. Seja cuidadoso com sua aliança. Que as misericór-dias passadas de Deus para seu povo antigo sejam lembradas por nós com gratidão. Que mostre sua salvação de dia em dia, sua salvação prometida por Cristo. temos razão para cele-brar isso cada dia, pois diariamente recebemos seu benefício e é tema que nunca pode esgo-tar-se. Em meio dos louvores, não deixar de orar pelos servos de Deus em dificuldades.

Versículos 37-43A adoração de Deus deveria ser a obra de cada dia. Davi assim o ordenou. Asafe e seus ir-

mãos tinham que ministrar continuamente com cânticos de louvor ante a arca que estava em Jerusalém. Ali não se ofereciam sacrifícios, não se queimava incenso, porque não havia altares, porém as orações de Davi eram dirigidas como incenso, e alçar as mãos era sacrifício vesper-tino. A adoração espiritual toma o lugar da cerimonial ao cedo, embora a adoração cerimonial, sendo instituída por Deus, não deve ser em absoluto omitida. Portanto, os sacerdotes atendiam os altares em Gibeom (ou Gibeão), já que sua tarefa era sacrificar e queimar incenso, coisa que faziam continuamente, manhã e tarde, conforme com a lei de Moisés. como as cerimônias eram tipos da mediação de Cristo, sua observância era de grande importância. A assistência atenta dos ministros nomeados é justa em si mesma, e anima o povo.

CAPÍTULO 17Os propósitos de Davi; as bondosas promessas de Deus

Este capítulo é o mesmo que 2 Samuel 7. Veja-se o que se diz ali do tema.É muito claro que o que se diz em Samuel como "Por causa da tua palavra" (versículo 21),

aqui é "por amor de teu servo" (versículo 19). Jesus Cristo é a Palavra de Deus (Ap 19.13), e o Servo de Deus (Is 42.1); e é por amor a Ele, por sua mediação, que se cumprem as promessas a todos os crentes; é nEle que são "sim" e "amém". Por amor a Ele se fazem, por amor a Ele se dão a conhecer; a Ele devemos toda esta grandeza, dEle temos que esperar todas as coisas grandiosas. Elas são as inescrutáveis riquezas de Cristo que, se pela fé as vemos em si mes-mas e no Senhor Jesus, não podemos menos que magnificá-lo como a única grandeza ver-dadeira e falar honrosamente delas. Porque esta bênção é a que podemos esperar em meio das tribulações da vida, e quando sintamos sobre nós a mão da morte; e a procuremos para nossos filhos, depois de nós.

CAPÍTULO 18As vitórias de Davi

Este capítulo é o mesmo que 2 Samuel 8. Nossa boa batalha da fé, mandados pelo Capitão de nossa salvação, terminará no triunfo e a paz eternas. A felicidade de Israel, por meio das vitórias de Davi e seu justo governo, foram uma pálida sombra da felicidade do remido nos lu-gares celestiais.

CAPÍTULO 19As guerras de Davi

Aqui se repete a história que lemos em 2 Samuel 10.A única certeza dos pecadores é submeter-se ao Senhor, procurar a paz com Ele e chegar a

sermos seus servos. Ajudemo-nos uns aos outros na boa causa, mas com temor, não seja que não alcancemos a salvação devido à incredulidade e o pecado, embora sejamos instrumentos para o bem do próximo.

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CAPÍTULO 20As guerras de Davi

Apesar de que o Senhor corrigirá severamente os pecados de seu povo crente, não os deixará nas mãos de seus inimigos. Sua ajuda superará as vantagens em quantidade e forças dos que desafiem a Israel. Todos os que confiem em Cristo serão feitos mais que vencedores por meio dAquele que os ama.

CAPÍTULO 21Davi realiza o censo do povo

Não se menciona neste livro o pecado de Davi no caso de Urias, nem as tribulações que o seguiram: elas não tinham uma conexão necessária com os temas aqui registrados. Todavia, se ressalta o pecado de Davi ao fazer o censo do povo: na expiação efetuada por esse pecado houve um anúncio do lugar onde se edificaria o templo.

A ordem dada a Davi de edificar um altar foi um bendito sinal de reconciliação. Deus testifi-cou sua aceitação das ofertas de Davi neste altar. Assim, Cristo foi feito pecado e maldição por nós; aprouve ao Senhor moê-lo para que, através dEle, Deus pudesse ser para nós, não um fogo consumidor, senão um Deus reconciliado. Bom é continuar a obediência das ordenanças em que tenhamos experimentado os sinais da presença de Deus, e tenhamos comprovado que é verdade que Ele está conosco. Aqui Deus bondosamente me achou, pelo qual eu continuarei esperando achá-lo.

CAPÍTULO 22• Versículos 1-5 Os preparativos de Davi para o templo• Versículos 6-16 As instruções de Davi a Salomão• Versículos 17-19 Manda-se assistir aos príncipes

Versículos 1-5Em ocasião do terrível juízo infligido a Israel pelo pecado de Davi, Deus indicou onde queria

que se edificasse o templo, pelo qual Davi se entusiasmou fazendo preparativos para a grande obra. Davi não edificaria, mas faria tudo o que puder; fez abundantes preparativos antes de morrer. O que nossas mãos achem para fazer por Deus e nossas almas, e pelos que nos rodeiam, façamo-lo com toda nossa força antes de morrer, porque depois da morte não há ciência nem obra. E quando o Senhor recusar ocupar-se nos serviços que desejamos, não deve-mos desanimar-nos nem permanecer ociosos, senão fazer o que possamos, ainda que numa esfera mais humilde.

Versículos 6-16Davi dá a Salomão a razão pela qual ele deverá edificar o templo: porque Deus o nomeou a

ele. Nada é mais forte para comprometer-nos em qualquer serviço para Deus que saber que temos sido nomeados para isso. Ele teria tempo livre e oportunidade para fazê-lo. teria paz e tranqüilidade. Quando dá repouso, Deus espera que trabalhemos. Deus tinha prometido estab-elecer seu reino. As promessas bondosas de Deus devem avivar e fortalecer nosso serviço reli-gioso.

Davi entregou a Salomão uma conta dos vastos preparativos que ele tinha feito para esta construção; nem por orgulho e vanglória, senão para animar a Salomão a comprometer-se de boa vontade na grande obra. Não deve pensar-se que por edificar o templo se compra uma dis-pensa para pecar; ao contrário, sua obra não seria aceita se não cuidasse de cumprir os estatu-tos de Deus. em nossa obra espiritual e em nossa guerra espiritual necessitamos valor e de-cisão.

Versículos 17-19Todo o que se faça, em geral, para que a Palavra de Deus seja conhecida e atendida, equiv-

ale a levar uma pedra ou um lingote de ouro para erigir um templo. Isto deve animar-nos quando nos lamentamos por não ver mais fruto de suas lavouras; depois de nossa morte pode surgir muito bem no qual nunca pensamos. Então, não nos cansemos de fazer o bem.

A obra está nas mãos do Príncipe de paz. Como a Ele, Autor e Consumador da obra, lhe aprouver empregar-nos como instrumentos seus, levantemo-nos e façamos, animando-nos e ajudando-nos mutuamente; obrando conforme a Seu governo, segundo Seu exemplo, depen-dendo de Sua graça, seguros de que Ele estará conosco, e que nosso trabalho no Senhor não será em vão.

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CAPÍTULO 23• Versículos 1-23 Davi nomeia a Salomão como seu sucessor• Versículos 24-32 O ofício dos levitas

Versículos 1-23Tendo sido encarregados da edificação do templo, Davi estabelece o método para o serviço

do templo e ordena seus oficiais. Quando os da mesma família servem juntos, corresponde que se amem e se assistam mutuamente.

Versículos 24-32Agora o povo de Israel era tão numeroso que devia haver muito mais pessoal no serviço do

templo para que todo israelita que trouxesse uma oferta pudesse achar a um levita pronto para servi-lo. quando há mais obra para fazer, é uma pena que não haja mais trabalhadores. O novo coração, a mente espiritual e que tem grande deleite nos mandamentos de Deus e que pode achar uma festa renovadora em Suas ordenanças, constrói a grande diferença entre o cristão verdadeiro e todos os outros homens do mundo. Todo serviço será satisfatório para o homem espiritual. este sempre abundará na obra do Senhor; não sendo nunca tão feliz como quando está empregado para um Amo tão bom num serviço tão grato. Não considerará se for chamado a dirigir ou a encarregar-se dos outros que estão colocados acima dele. Que nós busquemos e sirvamos retamente o Senhor e deixemos todo o resto a sua disposição, pela fé em Sua palavra.

CAPÍTULO 24As divisões dos sacerdotes e levitas

Quando cada um te, conhece e mantém seu lugar a trabalho, quantos mais sejam, melhor será. No corpo místico de Cristo cada membro tem sua função para proveito de todos. Cristo é o Sumo Sacerdote sobre a casa de Deus, ao qual estão sujeitos todos os crentes feitos sacer-dotes. Em Cristo não há diferença entre escravo e livre, ancião e jovem. Os irmãos mais novos, se forem fiéis e sinceros, não serão menos aceitáveis para Cristo que os pais. Que todos se-jamos filhos do Senhor, preparados para cantar seus louvores por sempre em seu templo ce-lestial.

CAPÍTULO 25Os cantores e os músicos

Davi organizou os que foram nomeados para cantores e músicos do templo. Profetizar neste lugar significa louvar a Deus com grande fervor e afeto devotado, sob a influência do Espírito Santo. Se utilizava música e poesia para provocar afetos. Se o Espírito de Deus não coloca vida e fervor em nossas devoções, por ordenadas que sejam serão uma forma inanimada e indigna.

CAPÍTULO 26Os ofícios dos levitas

Os porteiros e tesoureiros do templo tinham a ocasião de usar de força e valor para opor-se aos que tentavam entrar no santuário em má forma, e para custodiar os tesouros sagrados. Muito se gastava diariamente no altar: farinha, vinho, azeite, sal, combustível, além das lâm-padas; dispunha-se antecipadamente das boas quantidades desses elementos, além das roupagens e utensílios sagrados. Estes eram os tesouros da casa de Deus. estes tesouros tipifi-cavam a abundância que há na casa de nosso Pai celestial, suficiente e para guardar. Todas nossas necessidades são satisfeitas com os tesouros sagrados, as inescrutáveis riquezas de Cristo; ao receber de Sua plenitude, devemos dar a Ele a glória e dispor de nossas habilidades e de nossa substância conforme a Sua vontade.

Temos uma relação dos empregados como oficiais e juízes. A magistratura é uma ordenança de Deus para bem da igreja, tão verdadeiramente como o ministério, e não deve ser des-cuidada. Nenhum dos levitas que foram empregados no serviço do santuário, nenhum dos can-tores ou porteiros, se ocupou num assunto externo; um dever era suficiente para comprometer por completo o homem. Para cada ofício são úteis e se requer sabedoria, valor, fé firme, afetos santos e decisão constante para cumprir nosso dever.

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CAPÍTULO 27• Versículos 1-15 A força militar de Davi• Versículos 16-34 Príncipes e oficiais

Versículos 1-15Nos reinos deste mundo a prontidão para a guerra assegura a paz; em forma semelhante,

nada anima tanto os ataques de Satanás como estar descuidado. Na medida em que estejamos armados com toda a armadura de Deus, no exercício de nossa fé e preparação do coração, cer-tamente estaremos a salvo, e provavelmente desfrutemos de paz interior.

Versículos 16-34Os oficiais da corte, ou os administradores da fortuna do rei, tinham a seu cargo a super-

visão e o cuidado da lavoura, os vinhedos, as manadas e os rebanhos do rei, coisas que consti-tuíam a riqueza dos reis orientais. Grande parte da sabedoria dos príncipes se aprecia na eleição de seu gabinete, e as pessoas comuns a demonstram em sua eleição de conselheiros. Embora Davi tinha tudo isso, preferia a Palavra de Deus a todos. Teus testemunhos são meu deleite e meus conselheiros.

CAPÍTULO 28• Versículos 1-10 Davi exorta o povo ao temor do Senhor• Versículos 11-21 Ele dá instruções para o templo

Versículos 1-10Durante a última doença de Davi havia muitos sumos sacerdotes e levitas em Jerusalém.

Achando-se capaz, Davi falou de seu propósito de edificar um templo para Deus, e que Deus tinha desautorizado este propósito. Falou-lhes dos bondosos propósitos de Deus acerca de Sa-lomão. Davi lhes encarregou que se aferrassem constantemente a Deus e seu dever. Não podemos realizar nossa obra como devemos, se não nos decidimos a buscar fortaleza na graça divina.

A religião ou a piedade tem duas partes distintas. A primeira é o conhecimento de Deus, a segunda é a adoração de Deus. Davi diz: conhece o Deus de teu pai e serve-o com coração perfeito e vontade disposta. Deus se dá a conhecer por suas obras e sua Palavra. A só reve-lação mostra todo o caráter de Deus em sua providência, sua santa lei, sua condenação dos pecadores, seu bendito evangelho e a ministração do Espírito a todos os crentes verdadeiros. O homem natural não pode receber este conhecimento de Deus, porém, assim aprendemos a valorizar a expiação do Salvador e a santificação do Espírito de Deus, e somos influenciados para andar em todos seus mandamentos. Leva ao pecador a seu lugar apropriado ao pé da cruz, como coitado verme, culpável e necessitado, que merece a ira, porém que espera todo o necessário da misericórdia e graça gratuitas de nosso Pai Deus e do Senhor Jesus Cristo. Como muito lhe foi perdoado, o pecador perdoado aprende a amar muito.

Versículos 11-21O templo deve ser coisa sagrada, e tipo de Cristo; deve estar enquadrado no ensinamento

divino. Cristo é o templo verdadeiro, a igreja é o templo do evangelho e o céu é o templo eterno; todos estão dentro do marco dos conselhos divinos e do plano estabelecido na sabedo-ria divina, ordenada diante do mundo, para a glória de Deus e para nosso bem.

Davi sentou este padrão para Salomão, para que este pudesse andar conforme ao mandado. São subministrados materiais para os utensílios mais caros do templo. São dadas instruções acerca de onde buscar ajuda para esta grande empresa. Não desfaleças: Deus te ajudará e tu deves olhar para Ele primeiramente. Podemos estar seguros de que Deus, que reconheceu a nossos pais e os levou pelos serviços de sua época, de igual forma nunca nos deixará enquanto tiver alguma obra que realizar em nós ou por nosso meio. Provavelmente prossiga a boa obra quando todos os comprometidos estejam dispostos a fazê-la avançar. Esperemos nosso Senhor misericórdia de Deus; se o buscarmos, o acharemos.

CAPÍTULO 29• Versículos 1-9 Davi convida a príncipes e ao povo que ofereçam de boa

vontade• Versículos 10-19 Sua ação de graças e oração• Versículos 20-25 Salomão ascende ao trono• Versículos 26-30 O reino e a morte de Davi

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Versículos 1-9O que seja feito em obras de obras de piedade e caridade deve realizar-se voluntariamente

e não por obrigação, porque Deus ama o doador alegre. Davi deu um bom exemplo. Davi ofer-eceu, não por obrigação nem para exibir-se, senão porque tinha colocado seu afeto na casa de Deus e pensava que nunca faria bastante para fomentar essa boa obra. Os que desejam atrair a outros ao bem, devem ir adiante eles mesmos.

Versículos 10-19Não podemos formar-nos uma idéia correta da magnificência do templo e dos edifícios que o

rodeavam, nos quais se usaram tais quantidades de ouro e prata. Mas as inescrutáveis riquezas de Cristo excedem o esplendor do templo, infinitamente mais do que aquele superava a barraca mais pobre da terra. Em lugar de jactar-se de óbolos tão grandes, Davi agradeceu solenemente a Deus. todo o que eles deram para o templo do Senhor, era dEle; se eles ten-tassem retê-lo, a morte os teria eliminado prontamente. O único uso que podiam fazer disso, para seu benefício real, era consagrá-lo ao serviço dAquele que o dera.

Versículos 20-25Esta grande assembléia se uniu a Davi para adorar a Deus. Qualquer que seja a boca da

consagração, os que se unam a ela somente se beneficiam, não tanto por inclinar a cabeça, como por elevar a alma.

Salomão se assentou no trono do Senhor. O reinado de Salomão tipifica o reinado do Mes-sias, cujo trono é o trono do Senhor.

Versículos 26-30Quando limos o segundo livro de Samuel, escassamente podíamos esperar que Davi apare-

cesse tão ilustre em sua cena final. Porém, seu arrependimento tinha sido tão notável como seu pecado; e sua conduta durante suas aflições, e para o final de sua vida, parece ter tido um bom efeito em seus súbditos. Bendito seja Deus, porque até o principal dos pecadores pode es-perar uma partida gloriosa quando é levado ao arrependimento, e foge a refugiar-se no sangue expiatório do Salvador. Marquemos a diferença entre o espírito e o caráter do homem que era conforme ao coração de Deus, na vida e na morte, e os dos professantes indignos que se lhe parecem somente em seus pecados, e que tratam perversamente de justificar seus crimes pe-los pecado daquele. Vigiemos e oremos, para que não sejamos vencidos pela tentação, e toma-dos pelo pecado para a desonra de Deus e prejuízo de nossa consciência. Quando sintamos que temos ofendido, sigamos o exemplo do arrependimento e da paciência de Davi, à espera de uma ressurreição gloriosa por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.

2 CRÔNICASCAPÍTULO 1

Salomão pede sabedoria – Sua força e riquezaSalomão começou seu reinado com unicamente piedosa visita pública ao altar de Deus. os

que com sumo afã andam em pós das coisas presentes, provavelmente se decepcionem, en-quanto que os que se encomendam à providência de Deus têm o maior consolo, se não tem o máximo. Os que fazem deste mundo sua finalidade, não chegam ao outro, e também se decep-cionam nisto; mas os que fazem do outro mundo sua finalidade, não somente o obterão, e a plena satisfação, senão que terão em seu caminho tanto deste mundo como seja bom para eles. Contentemo-nos sem as grandes coisas que geralmente cobiçam os homens, mas que correntemente resultam ser laços fatais para a alma.

CAPÍTULO 2Mensagem de Salomão a Hiram acerca do templo – Tratado com Hiram

Salomão informa a Hiram sobre os serviços particulares que se desempenhariam no templo. Os mistérios da religião verdadeira não procuram esconder-se, a diferença dos das super-stições pagãs. Salomão se dedicou a dar a Hiram pensamentos grandiosos e elevados do Deus de Israel. Não devemos assustar-nos nem envergonhar-nos ao aproveitar cada oportunidade para falar de Deus e imprimir nos outros um sentido profundo da importância de seu favor e

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serviço. Agora que o povo de Israel está perto da lei e do culto de Deus, as nações vizinhas es-tavam dispostas a serem ensinadas por eles na religião verdadeira, como os israelitas tinham estado dispostos, nos dias de sua apostasia, a serem infestados com as idolatrias e super-stições de seus vizinhos. Um rei sábio e piedoso é uma prova do amor especial do Senhor por seu povo. Quão grande foi, então, o amor de Deus para com seu povo crente, ao dar seu unigênito Filho para que seja Príncipe e Salvador deles.

CAPÍTULO 3A edificação do templo

Há um relato mais detalhado da construção do templo em 1 Reis 6. devia ser no lugar que Davi tinha preparado, não somente o que havia comprado, senão o estabelecido por ordem divina.

As instruções completas nos capacitam para realizar nosso trabalho com certeza, e dai pro-cedermos com comodidade. Bendito seja Deus, que as Escrituras são suficientes para equipar inteiramente ao homem de Deus para toda boa obra. Esquadrinhemos diariamente as Escrit-uras, suplicando ao Senhor que nos capacite para entender, crer e obedecer sua Palavra, para que nossa obra e nosso caminho sejam aclarados e que todo poda começar-se, continuar-se e terminar-se nEle. Que ao contemplar a Deus, em Cristo, seu Templo verdadeiro, mais glorioso que o de Salomão, possamos chegar a sermos uma casa espiritual, uma habitação de Deus no Espírito.

CAPÍTULO 4A mobília do templo

Aqui há um relato detalhado da mobília da casa de Deus. sem portas nem fora nem dentro, isso era o que tipificava a graça do evangelho, e era sombra das boas coisas vindouras, das quais Cristo é a substância.

Havia um altar de bronze cuja confecção não se mencionou no livro dos Reis. Sobre ele se ofereciam todos os sacrifícios, e santificava o dom. a gente que adorava nos átrios podia ver que se queimavam os holocaustos. Assim podiam ser levados a considerar o grande Sacrifício que se ofereceria no cumprimento do tempo para tirar o pecado e pôr fim à morte, coisa que o sangue de touros e bodes não podia conseguir. E, com a fumaça dos sacrifícios, seus corações podiam ascender ao céu em desejo santo para com Deus e seu favor. Em todas nossas de-voções devemos manter fixo o olho da fé em Cristo.

A mobília do templo, comparada com a do tabernáculo, mostrava que a igreja de Deus seria engrandecida, e multiplicados seus adoradores. Bendito seja Deus, há suficiente em Cristo para todos.

CAPÍTULO 5• Versículos 1-10 A arca colocada no templo• Versículos 11-14 O templo se enche de glória

Versículos 1-10A arca era um tipo de Cristo e, como tal, sinal da presença de Deus. essa promessa de

graça: "Eis aqui eu estou convosco todos os dias, até o fim do mundo", em efeito, traz a arca até nossas assembléias religiosas; sim, pela fé e a oração invocamos essa promessa; e deve-mos estar sumamente desejosos disto. Há verdadeira satisfação na alma quando Cristo é for-mado nela, a lei é escrita no coração, a arca da aliança é instalada, de modo que se converte no templo do Espírito Santo.

Versículos 11-14Deus tomou possessão do templo; o encheu com uma nuvem. Assim, representou sua

aceitação do templo, que é o amém para Ele que o tabernáculo de Moisés, e assegurou a seu povo que Ele estaria igualmente ali. Se quisermos que Deus habite em nossos corações, deve-mos fazê-lhe um lugar; todo o resto deve ser lançado fora. O Verbo se fez carne; e quando vier a seu templo, como o fogo do refinador, quem poderá permanecer no dia de sua vinda? Que Ele nos prepare para esse dia.

CAPÍTULO 6A oração de Salomão na dedicação do templo

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Deve observar-se a ordem da oração de Salomão. Primeiro e principalmente, ele ora por ar-rependimento e perdão, que é a bênção principal e o único fundamento sólido das outras mis-ericórdias: logo, ele pede misericórdias temporais; com isso, nos ensina de que coisas preocu-par-nos e pedir mais em nossas orações. Cristo também nos ensina isto em sua perfeita oração modelo, na que há uma só oração por bênçãos externas, e o resto é pelas espirituais. O templo tipifica a natureza humana de Cristo, em quem habita corporalmente toda a plenitude da Dei-dade. A arca tipifica sua obediência e seus sofrimentos, pelos quais têm acesso os pecadores arrependidos a um Deus reconciliado e, assim, à comunhão com Ele. Jeová fez de nossa na-tureza seu lugar de repouso para sempre, na pessoa de Emanuel e por Ele habita com e se deleita em sua igreja de pecadores redimidos.

Que nosso coração chegue a ser seu lugar de repouso; que Cristo habite ali pela fé, con-sagrando-o como seu templo e derramando para fora seu amor que está ali. Que o Pai nos olhe em e através de seu Ungido, e que Ele nos lembre e abençoe em todas as coisas, conforme a sua misericórdia para com os pecadores em Cristo e por Ele.

CAPÍTULO 7A resposta de Deus à oração de Salomão

Deus deu uma responde graça à oração de Salomão.As misericórdias de Deus para com os pecadores se dão a conhecer de uma forma boa para

impressionar com sua majestade e santidade a todos os que as recebem. A gente adorava e louvava a Deus. Quando se manifesta como Fogo consumidor aos pecadores, seu povo pode regozijar-se nEle como a Luz deles. Tinham sim razão para dizer que Deus era bem nisto. Graças às misericórdias do Senhor não somos consumidos, senão o sacrifício feito em nosso lu-gar, pelo qual devemos estar muito agradecidos. E quem contemplar com fé verdadeira ao Sal-vador que agoniza e morre pelo pecado do homem, por essa visão acha engrandecida sua piedosa tristeza, aumentado seu ódio pelo pecado, sua alma vira mais vigilante e sua vida, mais santa.

Salomão efetuou com prosperidade tudo quanto se propôs para enfeitar a casa de Deus e a sua própria. Os que começam com o serviço de Deus, provavelmente continuem triunfantes com seus próprios assuntos. Foi para elogio de Salomão que, quanto empreendeu, o terminou; foi pela graça de Deus que Ele prosperasse nisso. Temamos e não pequemos. Temamos o de-sagrado do Senhor, esperemos em sua misericórdia e andemos em seus mandamentos.

CAPÍTULO 8As edificações e o comércio de Salomão

Às vezes se requer mais sabedoria e decisão para governar uma família com o temor de Deus que para dirigir um reino com fama. A dificuldade aumenta quando o homem tem um es-torvo por esposa, em lugar de uma ajuda idônea.

Salomão observou os santos sacrifícios conforme com a lei de Moisés. Em vão teria sido con-struído o altar, em vão teria descido fogo do céu, se não trouxessem constantemente os sacrifí-cios. Nos são pedidos sacrifícios espirituais que devemos oferecer diária e semanalmente; bom é estar num método estabelecido de devoção. Quando o serviço do templo esteve bem organi-zado, foi dito que a casa do Senhor foi aperfeiçoada. A obra era o assunto principal, não o lu-gar; o templo esteve sem terminar até que todo ficou pronto.

Canaã era um país rico e, contudo, deveu recorrer a Ofir por ouro. Os israelitas eram povo sábio, porém deveram recorrer ao rei de Tiro por homens que tivessem conhecimento dos mares. A graça, e não o ouro, e a melhor riqueza, e o conhecimento de Deus e sua lei é o mel-hor conhecimento. Deixando que os filhos deste mundo lutem pelos brinquedos deste mundo, coloquemos no céu, como filhos de Deus, nosso tesouro, porque onde estiver o nosso tesouro, ali estará também o nosso coração.

CAPÍTULO 9• Versículos 1-12 A rainha de Sabá• Versículos 13-31 As riquezas de Salomão e sua morte

Versículos 1-12Este relato já foi considerado em 1 Reis 10; contudo, como nosso Salvador o propôs como

exemplo para buscá-lo a Ele (Mt 12.42), não devemos passá-lo por alto sem observar que os que conhecem o valor da verdadeira sabedoria não restringem dores nem custos para obtê-la. 284

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A rainha de Sabá se expôs a muita tribulação e gastos para ouvir a sabedoria de Salomão e, assim, aprender dele para servir a Deus e cumprir seu dever, se considerou bem remunerada em seus esforços. A sabedoria celestial é essa pérola de grande preço pela qual fazemos bom negócio, se deixarmos todo o resto.

Versículos 13-31 As coisas aqui mencionadas indicariam que a prosperidade atraiu as mentes de Salomão e

de seus súbditos ao amor pelas coisas curiosas e raras, embora inúteis em si mesmas. A sabedoria e felicidade verdadeira sempre estão unidas, mas não existe uma aliança assim en-tre a riqueza e o gozo das coisas desta vida. então, familiarizemo-nos com o Salvador para que achemos repouso para a nossa alma.

Aqui Salomão reina com riqueza e poderio, com facilidade e plenitude, coisa que nunca mais se viu desde então; pois os mais conhecidos dos grandes príncipes da terra cobraram fama por suas guerras; enquanto que Salomão reinou quarenta anos em profunda paz. Cumpriu-se a promessa de que Deus lhe daria riquezas e honra como nenhum outro rei os teve nem os terá. O brilho com que ele aparece é tipo da glória espiritual do reino do Messias, e não é senão uma pálida representação de seu trono que está por acima de todo trono.

Aqui Salomão está morrendo, e deixando toda sua riqueza e poder a um que seria um nés-cio, el sabia! (Ec 2.18-19). Isto foi não somente vaidade, senão aflição de espírito. Nenhum poder, riqueza ou sabedoria podem escudar ou preparar para o golpe da morte, mas sejam dadas graças a Deus que dá a vitória ao crente verdadeiro, ainda sobre este temido inimigo, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.

CAPÍTULO 10 Roboão e a rebelião das dez tribos

Os conselhos moderados são os mais sábios e os melhores. A amabilidade fará o que não faz a violência. A maioria da gente gosta de ser tratada amavelmente. As boas palavras cus-tam somente um pouco de negação de si mesmo, porém conseguem grandes coisas. Não se necessita fazer nada mais para arruinar os homens que deixá-los abandonados a seu próprio orgulho e paixão. Assim, qualquer que seja a estratagema e desejo dos homens, Deus faz sua própria obra por todos, e cumpre a palavra que disse. Nenhum homem pode legar sua pros-peridade a seus herdeiros, mais do que a sua sabedoria; porque nossos filhos serão geralmente afetados por nossa conduta, seja boa ou má. Então, busquemos as coisas boas que serão nos-sas por sempre e anelemos a bênção de Deus para nossa posteridade com preferência à riqueza ou enaltecimento mundano.

CAPÍTULO 11• Versículos 1-12 Roboão proíbe a guerra contra Israel• Versículos 13-23 Os sacerdotes e os levitas encontram refúgio em Judá

Versículos 1-12Umas quantas palavras boas poderiam ter evitado a rebelião dos súbditos de Roboão, mas

toda a força de seu reinado não pôde trazê-los de volta. Em vão é contender com o propósito de Deus quando nos foi dado a conhecer. Até os despojados da verdadeira fé prestarão algo de atenção à palavra de Deus em ocasiões, e ela os impedirá de executar más ações para as quais se inclinam por natureza.

Versículos 13-23Quando os sacerdotes e os levitas chegaram a Jerusalém, os seguiram os israelitas devotos

e piedosos. Os que se propuseram em seus corações buscar o Senhor Deus de Israel, deixaram a herdade de seus pais e foram a Jerusalém para terem livre acesso ao altar de Deus, e afas-tar-se da tentação de adorar os bezerros. O melhor para nós é o que é melhor para nossas al-mas; em todas nossas opções devemos procurar as vantagens religiosas por acima de toda conveniência externa. Onde estiverem os sacerdotes fiéis de Deus, deve estar seu povo fiel. E quando se tiver provado que estamos dispostos a renunciar aos nossos interesses mundanos, em quanto somos chamados a fazê-lo pela causa de Cristo e de seu evangelho, temos uma boa evidência de que somos verdadeiramente seus discípulos. Interessa a uma nação proteger a religião e a gente religiosa.

CAPÍTULO 12Castigo de Roboão ao abandonar o Senhor

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Quando Roboão cobrou tanta força como para supor que não tinha nada a temer de Jer-oboão, se despojou de sua profissão externa de bondade. Muito comum, embora muito lamen-tável, é que os homens pareçam muito dedicados a buscar e servir a Deus quando têm proble-mas, ou perigos, ou estão perto da morte, mas deixem de lado toda sua religião quando têm recebido uma misericordiosa liberação.

Deus trouxe rapidamente problemas a Judá para despertar o povo ao arrependimento antes que endurecessem seus corações. Assim, nos corresponde justificar a Deus e julgar a nós mes-mos quando somos submetidos às reprimendas da Providência. Se nosso coração se humilha sob providências humilhantes, a aflição terá feito sua obra; será tirada, ou se mudará a pro-priedade dela.

Quanto mais se compara o serviço de Deus com outros serviços, mais razoável e fácil parece. Pensa-se que são duras as leis da sobriedade? Os efeitos da intemperança resultam muito mais duros. O serviço de Deus é a liberdade perfeita; o serviço de nossas concupiscên-cias é a escravidão absoluta.

Roboão nunca esteve propriamente estabelecido em sua fé. nunca desprezou totalmente a Deus, mas não se comprometeu de coração a buscar o Senhor. veja-se qual foi sua falta: ele não serviu ao Senhor, porque não buscou ao Senhor. Não orou como Salomão, pedindo sabedo-ria e graça; não consultou a palavra de Deus, não a procurou como oráculo seu, nem seguiu suas ordens. Ele fez nada de sua religião, porque não colocou seu coração nela, nem chegou a uma determinação constante ao respeito. Fez mal porque nunca se decidiu pelo bem.

CAPÍTULO 13Abias vence a Jeroboão

Jeroboão e sua gente mereceram, pela apostasia e idolatria, o severo castigo que foi permi-tido a Abias executar contra eles. Do caráter de Abias (1 Rs 15.3), se desprende que não era verdadeiramente religioso, não obstante, cobrava ânimo com a religião de seu povo. É corrente que os que negam o poder da piedade se jactem de sua forma. Muitos que em si tem pouca fé, a valorizam nos outros.

Mas era certo que havia quantidade de adoradores piedosos em Judá e a sua era a causa mais justa. Em sua angústia, quando o perigo estava por todas partes, onde buscariam, liber-ação, senão do alto? Consolo indizível é que sempre esteja aberto nosso caminho da oração ao grito da fé, e chegaram a ser mais que vencedores. Jeroboão escapou da espada de Abias, mas Deus o derrubou; não há fuga de Sua espada.

CAPÍTULO 14A piedade de Asa – Fortalece seu reino

Asa quis agradar a Deus e procurou apresentar-se aprovado diante dEle. Ditosos os que an-dam segundo esta regra, não para fazer o bom aos próprios olhos ou aos olhos do mundo, senão para fazer o bom aos olhos de Deus. por experiência achamos que é bom buscar o Sen-hor; nos dá descanso. Em vez disso, ao ir em pós do mundo somente achamos vexames. Asa consultou com seu povo para usar bem a paz de que desfrutavam; e concluiu, com eles, que não deviam ficar ociosos nem confiados.

Um exército formidável de etíopes invadiu o reino de Asa. Este mal caiu sobre eles para provar sua fé em Deus. A oração de Asa é curta, mas é a linguagem real da fé e esperança de Deus. quando vamos adiante em nome de Deus não podemos senão prosperar, e todas as coisas ajudam para bem ao que Ele favorece.

CAPÍTULO 15O povo faz uma aliança solene com Deus

A obra da reforma completa parecia tão difícil que Asa não teve valor para tentar fazê-la até estar seguro da assistência e aceitação divina. Ele e seu povo ofereceram sacrifícios a Deus; ação de graças pelos favores recebidos, e súplicas por favores vindouros. As orações e os lou-vores são agora nossos sacrifícios espirituais. Por própria vontade, o povo pactuou buscar com fervor a Deus, cada um por si mesmo. O que é a religião senão buscar a Deus, inquirir nEle, apelar a Ele em todas as ocasiões? Convertemos em nada nossa religião se não trabalharmos nela de coração; Deus deve ter todo o coração, ou nada. nossa devoção a Deus, nosso Sal-vador, deve ser reconhecida e demonstrada de uma forma pública e solene. O que se faz com hipocrisia somente é trabalho forçado.

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CAPÍTULO 16Asa busca a ajuda dos sírios – Sua morte

Um profeta do Senhor repreendeu simples e fielmente a Asa por aliar-se com a Síria. Deus se desgosta quando não se confia nEle, mas se confia num braço de carne mais que em Seu poder e bondade. Néscio é apoiar-se num caniço rachado quando temos a Rocha dos séculos para apoiar-nos nela. Para convencê-lo de sua estultícia, o profeta mostra a Asa que ele, dentre todos os homens, não tem razão para desconfiar de Deus, pois tinha achado nEle tão poderosa ajuda. As muitas experiências que temos da bondade de Deus para conosco, agravam nossa desconfiança nEle: assim, veja-se quão enganoso é o nosso coração! Confiamos em Deus quando não temos nosso Senhor além em que confiar, quando a necessidade nos empurra a Ele; porém quando temos outras coisas em que apoiar-nos, somos dados a depender demasi-ado delas.

Observe-se o desagrado de Asa ante esta recriminação. Que é o homem quando Deus o deixa livrado a si mesmo? Quem abusou de seu poder para perseguir o profeta de Deus, foi abandonado para abusar mais do poder para esmagar seus próprios súbditos.

Dois anos antes de morrer, Asa enfermou dos pés. Seu dever era usar dos médicos; porém confiar neles e esperar deles o que deve esperar-se somente de parte de Deus, foram seu pecado e sua estultícia. Em todos os conflitos e sofrimentos, temos que guardar especialmente nosso coração para que possa ser perfeito diante de Deus pela fé, a paciência e a obediência.

CAPÍTULO 17Josafá fomenta a religião em Judá – Sua prosperidade

Josafá achou que seu povo era, em geral, muito ignorante e, portanto, se propôs que fossem bem educados. O ensino público da Palavra de Deus constitui, em toda época, o grande método para fomentar o poder da santidade. Por ela se informa o entendimento, se desperta e dirige a consciência.

Temos um relato detalhado da prosperidade de Josafá, porém não foi um exército formidável o que impediu que as nações vizinhas tentassem algo contra Israel, senão o temor de Deus que caiu sobre eles, quando Josafá reformou seu país e estabeleceu um ministério de predicação nele. As ordenanças de Deus são as forças e a seguridade de um reino mais que os soldados e armas de guerra. A Bíblia nos pede que notemos a mão de Deus em todo sucesso, ainda que isto seja pouco levado em conta. Mas que todos empreguem os talentos que têm: ser fiéis até no pouco. Estabeleçam a adoração de Deus em suas casas. Uma família é um en-cargo importante, por que não iriam instruí-la no livro da lei de Jeová, como fez Josafá com seus súbditos? Todavia, sejam coerentes. Não recomendem uma coisa para fazer outra. Comece você mesmo. recorra ao Senhor Deus de Israel; depois, peça a seus filhos e servos que sigam seu exemplo.

CAPÍTULO 18A aliança de Josafá com Acabe

Lemos esta história em 1 Reis 22. As riquezas e a honra abundantes dão muita ocasião para fazer o bem, porém vão associadas com muitos laços e tentações. Os homens não sabem muito dos artifícios de Satanás, e do enganoso de seus próprios corações, quando cobiçam riquezas com a idéia de poder fazer o bem com elas.

Que pode ferir aos que Deus protege? Que pode amparar aos que Deus destruirá? Josafá está a salvo com suas roupas. Acabe morre em sua armadura, porque não é dos ligeiros a car-reira, nem a guerra dos fortes. Devemos ter cautela para não enredar-nos nas empreitadas mundanas dos homens malvados; e, mais ainda, devemos evitar comprometer-nos em seus projetos pecaminosos. Mas quando eles o invocam, Deus pode e quer tirar a seu povo fiel das dificuldades e perigos em que está metido por causa do pecado. Ele tem todos os corações em sua mão, de modo que facilmente os resgata. Bem-aventurado o varão que deposita sua confi-ança no Senhor.

CAPÍTULO 19Josafá visita seu reino

Cada vez que regressemos em paz a nossa casa devemos agradecer a providência de Deus por preservar nossas idas e vindas. E se temos sido resguardados de perigos fora do comum, estamos obrigados a sermos agradecidos de forma especial. As misericórdias distintivas nos

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colocam sob fortes obrigações. O profeta diz a Josafá que fez muito mal por aliar-se com Acabe. Ele recebe bem a repreensão. Veja-se o efeito que esta repreensão teve sobre ele. ex-aminou estritamente seu próprio reino. Pelo que disse o profeta, Josafá se deu conta que suas tentativas anteriores de reforma agradaram a Deus; portanto, fez o que então faltava fazer. bom é quando os encômios nos estimulam para cumprir nosso dever.

Há diversidades de dons e ocupações, mas todas são do mesmo Espírito e para o bem público e, cada um segundo o dom que tem recebido, ministre-o aos outros. bendito seja Deus pelos magistrados e ministros, escribas e estadistas, literatos e empresários.

Observe-se o encargo que deu o rei. Eles deviam fazer todo no temor do Senhor, com um coração perfeito e reto. E deviam fazer que sua preocupação constante fosse impedir o pecado, que é ofensa a Deus e traz ira sobre o povo.

CAPÍTULO 20• Versículos 1-13 Perigo e angústia de Judá• Versículos 14-19 Jaaziel anuncia a vitória• Versículos 20-30 ação de graças de Judá• Versículos 31-37 aliança de Josafá com Acazias

Versículos 1-13Em todos os perigos, públicos ou pessoais, nossa primeira tarefa deve ser buscar a ajuda de

Deus. Dali a vantagem de ter dias de jejum e oração nacionais. De princípio a fim a busca do Senhor devemos acercar-nos a Ele humilhados por nossos pecados, confiando somente em sua misericórdia e poder. Josafá reconhece o domínio soberano da Divina Providência. Senhor, ex-erce-a por conta nossa. A quem buscaremos, em quem confiaremos para termos auxílio, senão no Deus que escolhemos e servimos. Os que usam para Deus o que têm, podem esperar, con-soladoramente, que Ele o restituirá a eles. Todo crente verdadeiro é um filho de Abraão, um amigo de Deus; com os quais se estabelece a aliança eterna, a eles pertence cada promessa. Estamos seguros do amor de Deus por morar na natureza humana na pessoa do Salvador. Josafá menciona o templo como sinal da presença favorável de Deus. apresenta a injustiça de seus inimigos. Nós bem podemos apelar a Deus em contra dos que nos devolvem mal por bem. Embora tinha um grade exército, disse: não temos poder sem Ti; confiamos em Ti.

Versículos 14-19O Espírito de profecia caiu sobre um levita em meio da congregação. O Espírito, como o

vento, de onde quer e sobre quem quiser. Os anima a confiar em Deus. Que o soldado cristão saia contra seus inimigos espirituais e o Deus de paz o fará mais que vencedor. Nossas tribu-lações resultarão ser nosso proveito. A vantagem será toda nossa, mas toda a glória deve ser dada a Deus.

Versículos 20-30Josafá exorta suas tropas a terem fé firme em Deus. a fé inspira ao homem valor verdadeiro;

nada o ajudará mais a estabelecer o coração em épocas de tremor que a fé firme no poder, a misericórdia e a promessa de Deus. em toda nossa confiança no Senhor e em nossos louvores a Ele, olhemos especialmente sua misericórdia eterna para com os pecadores por meio de Je-sus Cristo.

Nunca foi um exército tão destruído como o do inimigo. Deste modo, Deus costuma fazer que a gente malvada se destrua entre si. Nunca se celebrou uma vitória com uma ação de graças mais solene.

Versículos 31-37Josafá se manteve perto da adoração de Deus; ele fez o que pôde para manter perto a seu

povo. porém, depois que Deus fizera tão grandes coisas por ele, que lhe dera não somente a vitória, senão riqueza, depois disto, foi muito ingrato que ele fosse e fizesse aliança com um rei malvado. Que podia esperar senão que Deus se irasse contra ele? Todavia, parece que aceitou a advertência, porque se negou quando Acazias o pressionou posteriormente para que se unisse a ele (1 Rs 22.49). Assim, a aliança ficou quebrada e a repreensão divina teve seu efeito, pelo menos por uma temporada. Sejamos agradecidos por qualquer perda que tenha impedido a perda de nossa alma imortal. Louvemos o Senhor que nos buscou e não nos deixou perecer em nossos pecados.

CAPÍTULO 21• Versículos 1-11 O reino mau de Jorão

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• Versículos 12-20 O final miserável de Jorão

Versículos 1-11Jorão odiava a seus irmãos e os matou pela mesma razão que Caim odiou a Abel e o matou,

porque a piedade deles condenava sua impiedade. No mistério da Providência tais homens prosperam às vezes por um tempo, mas o Senhor tem propósitos justos ao permitir tais acon-tecimentos, parte dos quais agora aconteceram, e o resto será visto no futuro.

Versículos 12-20Deus enviou uma advertência a Jorão. O Espírito de profecia pôde dirigir a Elias para que

preparasse este escrito prevendo os crimes de Jorão. É-lhe dito claramente que seu pecado o destruirá. Mas não é de assombrar-se que os pecadores não sejam amedrontados pelo pecado, nem se arrependam pelas ameaças de misérias no outro mundo, quando a certeza da des-graça deste mundo, o afundamento de seus patrimônios e a ruína da saúde deles não os afasta de seus maus rumos.

Veja-se aqui a Jorão despojado de todas suas consolações. Assim Deus demonstra simples-mente que a controvérsia era com ele e sua casa. Ele tinha dado morte a todos seus irmãos para fortalecer a si mesmo; agora, todos seus filhos são mortos, exceto um. A casa de Davi não deve ser destruída em sua totalidade, como a dos reis de Israel, porque nela havia uma bênção: a do Messias.

Os homens bons podem ser afligidos com doenças, mas para eles são castigos paternais e, com o apoio das consolações divinas, a alma pode habitar confiada, embora o corpo jaza na dor. Estar doente e pobre, enfermo e sozinho, mas especialmente doente e em pecado, doente e sob a maldição de Deus, doente e sem graça para suportá-lo, é um caso muito deplorável. A maldade e a qualidade do profano fazem desprezíveis os homens, até diante dos olhos dos que apenas se têm religião.

CAPÍTULO 22O reino de Acazias – Atalia destrói a família real

O conselho dos ímpios destrói a muitas pessoas jovens quando estão saindo ao mundo. Acazias se entregou à direção de homens malvados. Os que nos aconselham que façamos o er-rado, nos aconselham para a nossa destruição; mesmo que pretendam ser amigos, são nossos piores inimigos. Veja-se e tema-se a maldade das más companhias. Se não temer a infecção, tema-se a destruição (Ap 18.4). Aqui temos uma má melhor que se propôs destruir a casa de Davi, e uma boa mulher que a preserva. Nenhuma palavra de Deus cairá por terra. Toda a ver-dade das profecias de que o Messias viria de Davi e, por meio dEle, a salvação do mundo, pare-ciam agora depender do frágil fio da vida de um único infante, em cuja destruição se interes-sava o poder reinante. Mas Deus o propusera, e os esforços de terra e inferno foram em vão.

CAPÍTULO 23Coroação de Joás e morte de Atalia

Considerar a nós mesmos e a cada um como povo do Senhor deveria tornar-nos fervorosos para cumprirmos com nosso dever para com Deus e com o homem. Assim foi a feliz revolução ocasionada e o povo se regozijou. Quando o Filho de Davi está no trono da alma, tudo está tranqüilo e gozoso. Veja 2 Reis 11.

CAPÍTULO 24• Versículos 1-14 Joás de Judá – Reparação do templo• Versículos 15-27 Joás cai na idolatria – Seus servos o matam

Versículos 1-14Joás é mais zeloso que o próprio Joiada em quanto à reparação do templo. É mais fácil edi-

ficar templos que ser templos de Deus, porém reparar lugares para a adoração pública é uma boa obra que todos devem fomentar. Seria feita mais de uma boa obra, que agora está sem ser realizada, se homens ativos a promovessem.

Versículos 15-27Veja-se que juízo é para qualquer príncipe ou povo a morte de homens santos, zelosos,

úteis. Observe-se quão necessário é que em matéria de fé ajamos baseados em princípios in-289

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ternos. Então, perder um pai, um ministro ou um amigo não seria perder nossa religião.Freqüentemente os príncipes e a gente inferior tem sido elogiados para sua própria ruína.

Somente a verdadeira graça capacitará o homem para dar fruto até o fim.Zacarias, filho de Joiada, cheio do Espírito de profecia, se pôs em pé e falou ao povo acerca

de seu pecado. A obra dos ministros é descobrir o pecado dos homens por meio da Palavra de Deus, como lâmpada e luz, e expor as providências de Deus.

Eles mataram a pedradas a Zacarias no átrio da casa do Senhor. Atentem para as palavras do mártir moribundo: "Jeová o veja e o demande", que não procederam de um espírito de vin-gança, senão de um espírito de profecia.

Deus golpeou a Joás com graves enfermidades, de corpo ou de mente, ou ambas, antes que os sírios partissem. Se a vingança persegue os homens, o final de uma tribulação não será senão o começo de outra. Seus próprios servos o mataram. Estes juízos são chamados cargas, porque a ira de Deus é uma carga pesada, demasiado pesada para que a suporte um homem. Que Deus nos ajude a ouvir a advertência, a sermos retos de coração, e a perseverar em seus caminhos até o fim.

CAPÍTULO 25• Versículos 1-13 Amasias, rei de Judá• Versículos 14-16 Amasias adoradora os ídolos de Edom• Versículos 17-28 O abrupto desafio de Amasias

Versículos 1-13Amasias não era inimigo da religião, mas um amigo frio e indiferente. Muitos fazem o que é

bom, mas não com um coração perfeito. A impetuosidade opera para arrependimento. Mas a obediência de Amasias ao mandamento de Deus foi para sua honra. A crença firme na com-pleta suficiência de Deus para sustentar-nos em nosso dever e compensar toda perda e dano em que incorramos em seu serviço, fará muito suave seu jugo e muito leve seu fardo. Quando somos chamados a deixar qualquer coisa por Deus e por nossa fé, deve satisfazer-nos que Deus seja capaz de dar-nos muito mais que isso.

Os pecadores convictos, que não têm a fé verdadeira, sempre objetam a obediência abne-gada. São como Amasias; dizem: Todavia, que, pois, se fará dos cem talentos? Que faremos se, por santificar o dia de repouso, perdemos tão bons clientes? Que faremos sem este lucro? Que faremos se perdermos a amizade do mundo? Muitos pretendem aquietar suas consciências com o pretexto de que são necessários os costumes proibidos. A resposta, como aqui, é: o Sen-hor é capaz de dar a você muito mais do que isso. Ele compensa ainda neste mundo todo o que se rende a sua causa.

Versículos 14-16Adorar os deuses dos que Amasias tinha conquistado, que não tinham podido ajudar nem a

seus próprios adoradores, foi o absurdo mais grave. Se os homens considerassem quão inca-pazes de socorrê-los são todas essas coisas às que recorrem cada vez que abandonam a Deus, não seriam tão amigos de si mesmos. A repreensão que Deus enviou por meio de um profeta era muito justa para ser refutada, mas foi-lê proibido dizer uma palavra mais. O pecador se-guro se regozija por ter silenciado os que o repreendem e controlam, mas o que surge disso? Os que são surdos à repreensão amadurecem para sua própria destruição.

Versículos 17-28Nunca um príncipe orgulhoso foi mais mortificado que Amasias em mãos de Joás, rei de Is-

rael. A soberba do homem o abate (Pv 29.23); adianta-se a sua destruição e merecidamente a acarreta. Quem se exaltar será humilhado. Que, entrar apressadamente em pleito, não sabe que fazer afinal, depois que seu próximo o tiver envergonhado (Pv 25.8). E que somos quando pretendemos estabelecer nossa própria justiça ou presumimos de justificar-nos ante o Deus Al-tíssimo, senão espinheiros desprezíveis que se crêem cedros majestosos? E as diversas ten-tações, toda corrupção, não são senão como uma besta selvagem do deserto que pisoteará o jactancioso desgraçado e fará pó de suas altivas pretensões? O orgulho do homem o humil-hará; sua ruína pode datar-se desde que se afastou do Senhor.

CAPÍTULO 26• Versículos 1-15 Bom reinado de Uzias em Judá• Versículos 16-23 Uzias trata de queimar incenso

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Versículos 1-15Enquanto Uzias buscou o Senhor e se preocupou da religião, Deus o fez prosperar. Somente

prosperam aqueles aos que o Senhor faz prosperar, porque a prosperidade é dádiva sua. Muitos têm reconhecido que prosperaram enquanto buscaram o Senhor e cumpriram com seu dever, porém quando o abandonaram, tudo deu errado. Deus nunca continua com a bênção para o indolente, nem retém sua bênção ao diligente. Nunca suportará que alguém busque seu rosto em vão. O nome de Uzias foi famoso em todos os países vizinhos. O renome com Deus e com a boa gente dá verdadeira honra.

Ele não se deleitou na guerra nem se tornou adepto aos esportes, senão que se deleitou em governar bem.

Versículos 16-23A transgressão dos reis anteriores a Uzias foi abandonar o templo do Senhor e queimar in-

censo em altares idólatras, mas sua transgressão foi ir a um lugar santo e tratar de queimar in-censo no altar de Deus. veja-se quão difícil é evitar um extremo sem cair em outro. O orgulho de coração estava no fundo de seu pecado; uma luxúria que destrói a muitos. Em lugar de enaltecer o nome de Deus por gratidão para Aquele que tinha feito tanto por ele, seu próprio coração se enalteceu para menosprezo seu. A pretensão dos homens de obter conhecimento proibido, e de buscar coisas demasiado altas para eles, deve-se à soberba de seu coração.

O incenso de nossas orações deve ser depositado, pela fé, nas mãos de nosso Senhor Jesus, o grande Sumo Sacerdote de nossa profissão; caso contrário, não poderemos esperar que seja aceito por Deus (Ap 8.3).

Embora Uzias irou-se com os sacerdotes, não se iraria com seu Criador. Todavia, foi casti-gado por sua transgressão; morreu leproso, expulso da sociedade. O castigo correspondeu ao pecado como o rosto ao espelho. O orgulho estava no findo de sua transgressão e Deus o hu-milhou deste modo, desonrando-o. os que cobiçam honras proibidas, abandonam as permiti-das. Adão se excluiu da árvore da vida, da qual poderia ter comido, por tomar da árvore do conhecimento do bem e do mal, da qual não podia comer. Que todos os que leiam, digam: "Jeová é justo". E quando o Senhor veja que é bom rejeitar homens prósperos e úteis, como va-sos quebrados, se levantar a outros para ocupar seus lugares, estes podem regozijar-se renun-ciando a todas as preocupações mundanas e empregar o resto de seus dias preparando-se para morrer.

CAPÍTULO 27O reinado de Jotão em Judá

O povo fez o errado. Talvez Jotão desejava a reforma da terra. Os homens podem ser muito bons, mas não ter o valor e o zelo para fazer o que podem. Certamente isto culpa o povo.

Jotão prosperou e chegou a ser poderoso. Quanto mais constantes sejamos na religião, mais poderosos seremos para resistirmos o mal e para fazer o bem. O Senhor tira amiúde os gover-nantes sábios e piedosos, e manda a outros cujas estultícias e vícios castigam um povo que não valorizou suas misericórdias.

CAPÍTULO 28O mau reinado de Acaz em Judá

Israel ganhou esta vitória porque Deus estava zangado com Judá, e o fez vara de seu furor. Ele os lembra de seus próprios pecados. Não convém aos pecadores serem cruéis. Poderiam eles esperar misericórdia de Deus se não mostrassem misericórdia, nem justiça a seus irmãos? Lembremo-nos que todo homem é o nosso próximo, nosso irmão, nosso congênere, se é que não é o nosso irmão cristão. E ninguém que estiver familiarizado com a Palavra de Deus deve ter medo de sustentar que a escravidão é contrária à lei do amor e ao evangelho da graça. Quem pode reter a seu irmão em escravidão sem quebrantar a regra de fazer aos outros o que gostaria que lhe fizeram? Todavia, quando os pecadores ficam livrados à luxúria de seu coração, se tornam mais perversos. Deus os manda liberar os prisioneiros, e eles obedeceram.

O Senhor humilhou muito a Judá. Os que não se humilham sob a Palavra de Deus, serão jus-tamente humilhados por seus juízos. Costuma achar-se que os perversos não têm afeto real pelos que se rebelam contra eles, nem lhes interessa fazê-lhes o bem.

Este é o rei Acaz! Miserável! São realmente maus e perversos os que, em lugar de melhorar com suas aflições, pioram; e, em sua angústia, transgridem ainda mais e têm seus corações mais decididos a fazer o mal. Assim, não deve causar assombro que os afetos e devoções dos homens estejam mal dispostos quando confundem o autor de suas tribulações com o que os

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socorre. O progresso da perversidade e a miséria costuma ser rápido; e é horroroso pensar que o pecador com sua maldade é levado ao mundo eterno.

CAPÍTULO 29• Versículos 1-19 O bom reinado de Ezequias em Judá• Versículos 20-36 O sacrifício de expiação de Ezequias

Versículos 1-19Quando Ezequias chegou à coroa, se aplicou de imediato a fazer reformas. Os que começam

com Deus, começam pelo lado bom sua obra e prosperarão conforme a isso. Os que dão as costas aos mandamentos de Deus, pode-se dizer com verdade que abandonam a Deus mesmo. Ainda há os que descuidam, se não lêem nem abrem devidamente a Palavra, porque isso rep-resentava o acender as lâmpadas, e se não se oferecem orações e louvor, porque isso signifi-cava o incenso ardendo. O descuido da adoração de Deus foi a causa das calamidades sob as quais caíram. O Senhor somente pode preparar o coração do homem para a santidade vital: quando se faz muito bem em pouco tempo, a glória deve ser atribuída a Ele; e se regozijarão nisso todos os que amam a Ele ou às almas dos homens. os que fazem uma boa obra, apren-dam a fazê-la bem.

Versículos 20-36Tão logo como Ezequias soube que o templo estava pronto, não perdeu tempo. Deve re-

alizar expiação pelos pecados do reinado passado. Não bastou com lamentar-se e deixar os pecados; levaram uma oferta pelo pecado. nosso arrependimento e reforma não obterá perdão senão em Cristo e por Ele, que foi feito pecado, isto é, oferta por nossos pecados. Os levitas cantavam enquanto estavam as ofertas no altar. A tristeza pelo pecado não deve evitar que louvemos a Deus. o rei e a congregação deram sua aprovação a todo o que foi feito. Não basta que nós estejamos onde se adoradora a Deus, se não o adorarmos com o coração. Devemos oferecer nossos sacrifícios espirituais de louvor e de ação de graças dedicando-nos nós mes-mos e todo quanto temos como sacrifício aceitável para o Pai, somente através do Redentor.

CAPÍTULO 30• Versículos 1-12 A Páscoa de Ezequias• Versículos 13-20 Se celebra a Páscoa• Versículos 21-27 A festa dos pães ázimos

Versículos 1-12Ezequias deu as boas-vindas a Israel à Páscoa, como se tivessem sido seus próprios súbdi-

tos. Rendamo-nos ao Senhor. Não falem que farão o que desejam; decidam fazer o que Ele quer. Percebemos na mente carnal uma rigidez, obstinação e inaptidão para cumprir com Deus; isso o herdamos de nossos pais e deve ser recuperado. Os que, pela graça, se voltaram para Deus, devem fazer todo o que possam para que os outros vão a Ele. A gente zombará, mas alguns se humilharão e serão beneficiados, talvez onde menos se esperar. A rica miser-icórdia de Deus é o grande argumento para dar vigência ao arrependimento; até o mais vil que se submete e se rende será certamente salvo. Oh, que se enviassem mensageiros para levar esta boa nova a toda cidade, a toda aldeia, por todo território!

Versículos 13-20O necessário do serviço a Deus nas ordenanças solenes é fazer disto uma obra de coração;

sem isto, é nada. Onde há sinceridade e resolução de coração, todavia, pode haver muitas coisas que não alcancem a purificação do santuário. Estes defeitos necessitam graça que per-doa e sara, porque as omissões no dever são pecados igual que as omissões do dever. Seri-amos esmagados se Deus nos tratasse com estrita justiça, até pela melhor de nossas obras. A forma de obter perdão é buscá-lo de Deus em oração; deve conseguir-se pedindo-a pelo sangue de Cristo. Mesmo assim, todo defeito é pecado e necessita de perdão; e isso deve ser o que nos humilhe, ainda que sem desanimar-nos, embora nada possa compensar a falta de um coração preparado para buscar o Senhor.

Versículos 21-27Muitas orações foram feitas a Deus com as ofertas de paz. Nestas, Israel considerava a Deus

como o Deus de seus pais, um Deus que tem uma aliança com eles. Também houve abundân-

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cia de boa predicação. Os levitas leram e explicaram as Escrituras. a fé vem pelo ouvir, e a re-ligião verdadeira sempre tem florescido conforme abunde a fiel predicação bíblica.

Cantaram hinos cada dia: louvor a Deus deve ser grande parte de nossa obra nas assem-bléias religiosas. Tendo guardado os sete dias da festa nesta forma religiosa, eles tiveram tanto consolo que além disso guardaram outros sete dias. Isto o fizeram com alegria. Os de-veres santos devem ser feitos com santa alegria. E quando os pecadores se humilham ante o Senhor, podem esperar alegria de suas ordenanças. Os que saboreiam esta alegria não se cansarão logo, senão que se regozijarão de prolongar seu gozo.

CAPÍTULO 31Ezequias destrói a idolatria

Depois da Páscoa, o povo de Israel se dedicou com vigor a destruir os monumentos à idola-tria. As ordenanças públicas deveriam incitar-nos a limpar nossos corações, nossos lares e ten-das da sujeira do pecado e da idolatria da cobiça, e a entusiasmar os outros a fazerem o mesmo. A melhora que se segue às ordenanças solenes é de maior importância para a religião pessoal, familiar e pública. Quando eles gostaram a doçura da ordenança de Deus na última Páscoa, tiveram liberdade para manter o serviço do templo. Os que desfrutam do benefício de um ministério estabelecido, não reclamarão pelos gastos que produz. Em tudo o que Ezequias tentou para o serviço de Deus, foi fervoroso e decidido em seu enfoque e dependência, sendo conseqüentemente prosperado. Seja que nos tenham sido confiados muitos ou poucos talen-tos, podemos, deste modo, procurar melhorá-los e estimular os outros a fizer o próprio. O que se empreende com sincera consideração pela glória de Deus, triunfará finalmente para nossa honra e consolo.

CAPÍTULO 32• Versículos 1-23 A invasão de Senaqueribe – Sua derrota• Versículos 24-33 A doença de Ezequias – Seu próspero reinado e sua morte

Versículos 1-23Os que encomendam sua seguridade a Deus devem usar os meios adequados, porque, do

contrário, serão tentados. Deus proverá, mas nós também.Ezequias reuniu a seu povo e lhes falou consoladoramente. A confiança em Deus nos levan-

tará por acima do medo imperante no homem. Que os bons súbditos e soldados de Jesus Cristo descansem em sua palavra e digam com plena confiança: Se Deus é conosco, quem contra nós? Pelo favor de Deus se perdem os inimigos e se ganham amigos.

Versículos 24-33Deus deixou sozinho a Ezequias para que, por esta prova e sua fraqueza nela, pudesse re-

conhecer o que havia em seu coração; que ele não era tão perfeito na graça como acreditava ser. Bom é que nos conheçamos a nós mesmos e nossa fraqueza e devassidão, para não orgul-har-nos nem confiar em nós mesmos, e que sempre vivamos dependendo da graça divina. Não conhecemos a corrupção de nosso coração nem a conheceremos se Deus nos deixar livrados a nós mesmos.

Seu pecado foi que seu coração se enalteceu. Quanta necessidade têm os grandes homens, e os homens úteis, de estudarem suas enfermidades e necedades, e suas obrigações com a livre graça, para que nunca pensem altivamente de si mesmos, antes, roguem fervorosamente a Deus que sempre os mantenha humildes! Ezequias devolveu mal a Deus pelos favores, fazendo destes favores alimento e combustível de seu orgulho. Impeçamos toda ocasião de pecar: evitemos a companhia, as diversões, os livros, sim, até a vista mesma que puder con-duzir-nos a pecar. Encomendemo-nos continuamente ao cuidado e proteção de Deus; e rogue-mos-lhe que nunca nos deixe nem nos desampare.

Bendito seja Deus que a morto logo terminará o conflito do crente; então o orgulho e todo pecado serão abolidos. O crente não será mais tentado a reter o louvor que pertence ao Deus de sua salvação.

CAPÍTULO 33• Versículos 1-20 A maldade e o arrependimento de Manassés• Versículos 21-25 O malvado reinado de Amom em Judá

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Versículos 1-20Vimos a maldade de Manassés; aqui temos seu arrependimento, que é um caso memorável

das riquezas da misericórdia perdoadora de Deus e do poder de Sua graça renovadora. Privado de sua liberdade, separados dos maus conselheiros e companheiros, sem nenhuma perspec-tiva, salvo a de terminar seus dias numa miserável prisão, Manassés pensou no que tinha acontecido; começou a clamar misericórdia e liberação. Confessou seus pecados, se condenou a si mesmo, foi humilhado diante de Deus, se detestou como monstro de impiedade e mal-dade. Contudo, esperou ser perdoado por meio da abundante misericórdia do Senhor.

Então, soube Manassés que Jeová era Deus, capaz de liberar. O conheceu como Deus de sal-vação; aprendeu a temê-lo, e andou em novidade de vida. quem sabe que torturas de con-sciência, que estertores de dor, que medo da ira, que remorso e agonia suportou quando olhou para os muitos anos de apostasia e rebelião contra Deus, tendo dirigido a milhares ao pecado e à perdição, em sua culpa sangrenta por perseguir os filhos de Deus? E quem pode reclamar que o caminho ao céu está bloqueado quando vê que entra um pecador como este? Pense o pior de você mesmo, eis aqui um tanto mais perverso que encontra o caminho ao arrependi-mento. Não se negue isso que Deus não lhe negou; não é seu pecado senão sua impenitência o que fecha para você a entrada ao céu.

Versículos 21-25O pai de Amom fez o mal, mas este fez pior. Quaisquer tenham sido as advertências ou

acusações que recebeu, nunca se humilhou. Logo foi cortado em seus pecados e se converteu em advertência para todos os homens, para que não abusem do exemplo da paciência e miser-icórdia de Deus para com Manassés e a considerem um ânimo para continuar em pecado. que Deus nos ajude a sermos honestos com nós mesmos e a pensar corretamente acerca de nosso próprio caráter antes que a morte nos deixe num estado imutável.

CAPÍTULO 34

O bom reinado de Josias em Judá

Como os anos da infância não servem para os nossos congêneres. Assim nossa primeira ju-ventude deveria ser dedicada a Deus, para que não esbanjemos nada do breve espaço de vida que resta. Felizes e sábios são os que buscam o Senhor e se preparam para serem úteis em idade precoce, enquanto outros andam em pós de prazeres pecaminosos, contraindo maus hábitos e estabelecendo relações destruidoras. Que pode expressar a angústia evitada pela precoce piedade e seus benditos efeitos?

O exame e a vigilância diligentes de nós mesmos nos convencerão do enganoso e perverso de nosso coração, e da pecaminosidade de nossa vida. aqui somos exortados a humilhar-nos perante Deus e a buscá-lo como fez Josias. E os crentes são ensinados a não temer a morte, senão a dar as boas-vindas quando os afasta do mal vindouro.

Nada acelera a ruína de um povo nem os faz amadurecer para sua perdição mais que seu descuido das tentativas de reforma. Não se enganem, de Deus não se zomba. A corrente e a maré dos afetos somente gira à ordem dAquele que levanta os mortos em delitos e pecados. Contemplemos a peculiar formosura da graça que outorga o Senhor aos que, em seus anos moços, procuram conhecer e amar o Salvador. Os tem visitado Jesus, a aurora do alto? Podem atribuir a sua juventude o conhecimento desta luz e vida do homem, como Josias? oh, a in-dizível felicidade de chegar a familiarizar-se com Jesus desde nossos primeiros anos!

CAPÍTULO 35• Versículos 1-19 A Páscoa celebrada por Josias• Versículos 20-27 Josias morre em batalha

Versículos 1-19A destruição da idolatria que realizou Josias foi relatada com mais detalhes no livro de Reis.

Aqui se narra a celebração formal e solene da Páscoa. A Ceia do Senhor lembra a Páscoa mais que a qualquer outra das festividades judias, e a devida observância dessa ordenança é prova de crescente piedade e devoção. Deus somente pode fazer verdadeiramente santos os nossos corações e prepará-los para seus santos serviços, porém há deveres que nos correspondem e ao cumpri-los obtemos esta bênção do Senhor.

Versículos 20-27 A Escritura não condena a conduta de Josias de oposição ao Faraó. Todavia, Josias parece

ter a culpa de não consultar o Senhor depois de ter sido advertido; sua morte poderia ser uma 294

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repreensão por sua precipitação, mas foi juízo contra um povo malvado e hipócrita. Quem levar uma vida de arrependimento, fé e obediência não pode ser afetado pela forma súbita em que é tirado. O povo o lamentou. Muitos dos que se doem pelos sofrimentos, não abandonam os pecados que fizeram que Deus lhes enviasse tais juízos. Mas isso somente pode eliminar os juí-zos. Se culparmos a Josias, devemos estar alerta, para que não sejamos cortados em forma desonrosa para nossa profissão de fé.

CAPÍTULO 36• Versículos 1-21 A destruição de Jerusalém• Versículos 22-23 A proclama de Ciro

Versículos 1-21A ruína de Judá e Jerusalém foi gradual. Os métodos que Deus adota para chamar de volta

os pecadores por sua Palavra, por meio dos ministros, pela consciência, por providências, são todos exemplos de sua compaixão para com eles, e de seu desejo de nenhum deles pereça. Veja-se aqui que caos terrível produz o pecado e, a medida que valorizamos o consolo e con-tinuidade de nossas bênçãos terrenas, mantenhamos afastado esse verme de suas raízes.

Eles tinham arado e semeado muitas vezes sua terra num ano sétimo, quando ela deveria ter repousado, e agora tinha permanecido sem arar nem semear durante dez vezes sete anos. Deus não sairá perdendo sua glória afinal, por causa da desobediência dos homens. se eles se negarem a deixar que a terra repousasse, Deus a faria descansar. Que lugar, oh Deus, per-doará tua justiça, se Jerusalém tiver perecido? Se essa delícia for cortada por má, não sejamos altivos, porém temamos.

Versículos 22-23Deus tinha prometido restaurar os cativos e reconstruir Jerusalém no final de setenta anos

e, o tempo fixado, o tempo de favorecer a Sião, chegou finalmente. Ainda que a igreja de Deus seja derrubada, não será expulsa; ainda que seu povo seja corrigido, não será abandonado; ainda que lançado no fogo, não se perde ali, nem será deixado mais tempo do necessário para separar o espúrio. Mesmo que Deus contenda por muito tempo, não contenderá para sempre.

Antes de fechar os livros das Crônicas, que contêm o fiel registro dos fatos, pensem que desolação introduziu o pecado no mundo e, sim, até na igreja de Deus. tremamos pelo que aqui nos é narrado, embora no caráter de algumas poucas almas bondosas descubramos que o Senhor não fica sem testemunhas. E quando tenhamos olhado este fiel retrato da natureza do homem, comparemo-lo com a mesma natureza renovadora pela graça do Todo-Poderoso, por meio da justiça de Cristo, nosso Salvador que justifica e justifica e adorna a alma.

ESDRAS

A história deste livro é o cumprimento da profecia de Jeremias em quanto ao regresso dos judeus desde a Babilônia. de seu conteúdo aprendemos especialmente que toda boa obra terá oposição de parte dos inimigos, e será prejudicada pela má conduta dos amigos; porém Deus fará que sua causa prevaleça apesar de todos os obstáculos e adversários. A restauração dos judeus foi um sucesso da mais elevada conseqüência, que resultou na conservação da religião no mundo, e ajudou a preparar o caminho para a manifestação do Grande Libertador, o Senhor Jesus Cristo.

CAPÍTULO 1• Versículos 1-4 Proclama de Ciro para reconstruir o Templo • Versículos 5-11 O povo provê para seu retorno

Versículos 1-4O Senhor despertou o espírito de Ciro. Os corações dos reis estão na mão do Senhor. Deus

governa o mundo por sua influência nos espíritos dos homens; qualquer seja o bem que façam, Deus estimula seus espíritos a fazê-lo.

Durante o cativeiro dos judeus, Deus os empregou principalmente como meio para chamar a atenção dos pagãos sobre Ele.

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Ciro deu por sentado que entre os judeus capazes havia os que fariam ofertas de livre von-tade para a casa de Deus. Ele também faria que os abastecessem desde seu reino. Os que de-sejam bem para o Templo, devem ser os benfeitores do Templo.

Versículos 5-11O mesmo Deus que despertou o espírito de Ciro para proclamar a liberdade dos judeus, des-

pertou seus espíritos para aceitar o benefício. A tentação de alguns foi ficar na Babilônia, mas outros temiam não retornar e foram seus espíritos os que Deus levantou, por seu Espírito e graça. Qualquer seja o bem que façamos, deve-se à graça de Deus. nosso espírito por natureza se inclina para esta terra e suas coisas; quando se move para o alto, em qualquer bom afeto ou boa ação, é Deus que os levanta.

As chamadas e ofertas do evangelho são como a proclama de Ciro. Os que estão amarrados pelo poder do pecado podem ser libertos por Jesus Cristo. Quem desejar, arrependido e pela fé, tornar a Deus, Jesus Cristo lhe abre o caminho e o eleva da escravidão do pecado à gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Muitos dos que ouvem este alegre som optam por ficar quietos na Babilônia; apaixonados por seus pecados não se aventuram a uma vida santa; porém alguns ir-rompem por entre todos os desalentos, qualquer seja o custo; esses são os espíritos que Deus tem levantado por acima do mundo e da carne, aos que Ele deu uma boa disposição. Assim se encherá a Canaã celestial, mesmo que muitos pereçam na Babilônia; e a oferta do evangelho não terá sido em vão. Trazer de volta os judeus do cativeiro representa a redenção dos pecadores feita por Jesus Cristo.

CAPÍTULO 2• Versículos 1-35 Conta dos que voltaram• Versículos 36-63 Conta dos sacerdotes e dos levitas• Versículos 64-70 Ofertas para o Templo

Versículos 1-35Foi feito um registro das famílias que regressaram do cativeiro. Veja-se quanto reduz o

pecado a uma nação, mas quanto a exalta a justiça!Versículos 36-53Os que menosprezaram seu relacionamento com o Senhor em tempos de repreensão,

perseguição ou angústia, não terão benefícios dele quando se tornar honorável ou proveitoso. Os que não têm evidência de serem sacerdotes espirituais para Deus, pelo novo nascimento por meio de Jesus Cristo, não têm direito às consolações e privilégios dos cristãos.

Versículos 64-70Que ninguém se queixe dos gastos necessários de sua religião. Busquem primeiro o Reino

de Deus, seu favor e sua glória, então todas as outras coisas serão acrescentadas. Suas ofertas eram nada, comparadas com as ofertas dos príncipes da época de Davi; porém, sendo propor-cionais a sua capacidade, foram igualmente aceitáveis para Deus. o Senhor nos conduzirá por todas as empresas que comecemos conforme a sua vontade, se o objetivo for sua glória e de-pendermos de sua ajuda. Os que, ante o chamado do evangelho, renunciam ao pecado e se voltam ao Senhor, serão guardados e guiados através de todos os perigos do caminho, e chegarão a salvo às mansões providas na santa cidade de Deus.

CAPÍTULO 3• Versículos 1-7 O altar e os festivais • Versículos 8-13 São lançados os fundamentos do Templo

Versículos 1-7Dos procedimentos dispensação judeus ao chegar, aprendamos a começar com Deus e fazer

o que possamos na adoração de Deus, quando não podemos fazer o que quereríamos. Eles não podiam ter um Templo de imediato, mas não ficariam sem altar. O medo ao perigo deveria es-timular-nos a nosso dever. Temos muitos inimigos? Então é bom ter a Deus como Amigo nosso e manter a comunhão com Ele. nossos temores deveriam deixar-nos de joelhos. Os sacrifícios por todas estas solenidades foram um gasto grande para um povo tão pobre, mas além dos ex-pressamente mencionados, muitos outros trouxeram ofertas voluntárias ao Senhor. e fizeram sem demora os preparativos para a edificação do Templo: qualquer que seja a tarefa que nos

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chame Deus a fazer, podemos depender de Sua providência para a provisão dos médios necessários.

Versículos 8-13Houve uma mistura notável de emoções ao lançar os fundamentos do templo. Os que so-

mente conheciam a miséria de não ter um templo, louvavam o Senhor com gritos de júbilo. Para eles até este fundamento lhes pareceu grandioso. Devemos agradecer os começos da misericórdia, embora ainda não sejam perfeitos. Todavia, os que lembravam a glória do primeiro templo e consideravam quão inferior seria provavelmente este, choravam em alta voz. Tinham razão, e se lamentavam o pecado que era a causa desta triste mudança, fizeram bem. Ainda assim, era mau lançar sombra sobre o gozo comum. Eles desprezaram o dia das pequenas coisas e não foram agradecidos pelo bem que desfrutavam. Que a lembrança das aflições anteriores não abafe o sentido das misericórdias presentes.

CAPÍTULO 4• Versículos 1-5 Os adversários do Templo• Versículos 6-24 A edificação do Templo é estorvada

Versículos 1-5Todo intento por reviver a verdadeira religião despertará a oposição de Satanás e daqueles

nos que este opera. Os adversários foram os samaritanos que tinham sido plantados na terra de Israel (2 Rs 17). Era evidente que não queriam unir-se na adoração do Senhor conforme a Sua palavra. Os que estorvam uma boa obra e debilitam os que estão comprometidos nela, ve-jam a que amo servem.

Versículos 6-24Calúnia antiga é que a prosperidade da igreja prejudica a reis e príncipes. Nada pode ser

mais falso, porque a verdadeira piedade nos ensina a honrar e a obedecer a nosso soberano. Mas onde a ordem de Deus exige uma coisa e outra a lei da terra, devemos assumir paciente-mente as conseqüências. Todos os que amam o evangelho devem evitar toda aparência de mal, para que não estimulem os adversários da igreja. O mundo sempre está prestes a acredi-tar em qualquer acusação contra o povo de Deus, e recusa escutá-los.

O rei se deixou levar por fraudes e falsidades. Os príncipes vêem e ouvem pelos olhos e ou-vidos de outros homens e julgam as coisas segundo lhes são representadas, o que costuma ser feito com falsidade. Porém o juízo de Deus é justo; Ele vê as coisas como são.

CAPÍTULO 5• Versículos 1-2 Os dirigentes adiantam a edificação do Templo• Versículos 3-17 Carta contra os judeus

Versículos 1-2A edificação do templo ficou detida uns quinze anos. então, tiveram dois bons ministros que

os instaram a continuar com a obra. Sinal de que tem misericórdia reservada para um povo é cada Deus levanta profetas para que ajudem no caminho e na obra de Deus, como guias, bis-pos e reis. Em Ageu vemos que coisas grandiosas faz Deus por sua Palavra, a qual magnifica por acima de tudo seu Nome e por seu Espírito operando nela.

Versículos 3-17Enquanto estivermos empregados na obra de Deus, estamos sob sua especial proteção; seu

olho está acima de nós para sempre. isto deve manter-nos em nosso dever e estimular-nos quando as dificuldades são tão desalentadoras.

Os anciãos dos judeus deram conta de seus procedimentos aos samaritanos. Aprendamos, com mansidão e temor, a dar razões da esperança que está em nós; entendamos correta-mente e, depois, declaremos prestemente o que fazemos ao serviço de Deus, e por que o faze-mos. E enquanto estejamos neste mundo, sempre teremos de confessar que nossos pecados provocaram a ira de Deus. todos nossos sofrimentos surgem dali e todas nossas consolações, de Sua misericórdia imerecida. Por mais que a obra pareça estorvada, o Senhor Jesus Cristo a está executando ainda: Seu povo cresce para ser um Templo santo no Senhor, para morada de Deus no Espírito.

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CAPÍTULO 6• Versículos 1-12 O decreto para completar o Templo• Versículos 13-22 O Templo é terminado

Versículos 1-12Quando chegar o tempo de Deus para cumprir os propósitos de Sua graça para com a Igreja,

Ele levantará instrumento para fazê-lo, pessoas das quais não se esperava tão bom serviço. Enquanto nossos pensamentos estão dispostos neste sucesso, somos levados por Zacarias a fixar nosso olhar num edifício espiritual mais nobre. O Senhor Jesus Cristo continua colocando uma pedra acima da outra: assistamos ao grande desenho. As dificuldades demoram o avanço deste edifício sagrado. Contudo, não permitamos que a oposição nos desanime porque a seu devido tempo se completará para louvor de Sua glória. Ele tirará a primeira pedra com acla-mações de "Graça, graça a ela!".

Versículos 13-22A igreja do evangelho, esse templo espiritual, demora em ser edificada, mas será terminada

finalmente, quando o corpo místico estiver completo. Todo crente é um templo vivo que se edi-fica a si mesmo em sua santíssima fé: é apresentada muita oposição a esta obra de parte de Satanás e de nossas próprias corrupções. O tratamos com pouca seriedade e continuamos avançando com muitas paradas e pausas; mas o que começou a boa obra, a verá realizada. Então serão aperfeiçoados os espíritos dos homens justos.

Se tivessem eliminado seus pecados, os judeus se teriam libertado do aguilhão de suas tribulações posteriores. O serviço deles foi com gozo. acolhamos com gozo as santas orde-nanças e sirvamos ao Senhor com alegria.

CAPÍTULO 7• Versículos 1-10 Esdras sobe a Jerusalém• Versículos 11-26 O cometido encarregado a Esdras• Versículos 27-28 Esdras abençoa a Deus por Seu favor

Versículos 1-10Esdras foi desde a Babilônia a Jerusalém pelo bem de sua pátria. O rei foi amável com ele;

lhe concedeu todos seus pedidos, todo o que Esdras desejasse e o capacitasse para servir a sua pátria. Quando partiu, muitos foram com ele; ele obteve o favor de seu rei pelo favor Di-vino. Toda criatura é para nós o que Deus faz que seja. Devemos ver a mão de Deus nos fatos que nos acontecem e reconhecê-lo com gratidão.

Versículos 11-26A generosidade dos reis pagãos para apoiar a adoração de Deus foi uma repreensão para a

conduta de muitos reis de Judá, e se levantará em juízo contra a cobiça dos ricos cristãos pro-fessantes que não promovem a causa de Deus. mas as armas dos ministros cristãos não são carnais. Predicação fiel, vidas santas, orações fervorosas e sofrimento com paciência, quando chamados a isso, são os médios de levar os homens à obediência a Cristo.

Versículos 27-28Esdras abençoou a Deus por duas coisas:1) Por sua comissão. Se algo bom aparece em nosso coração ou no coração do próximo, de-

vemos reconhecer que Deus o colocou e abençoá-lo; Ele é quem opera em nós tanto o querer como o realizar o bem.

2) Por seu incentivo. Deus inclinou a mim sua misericórdia. Esdras era um homem valente, mas isto o atribui não a seu coração, senão à mão de Deus. se Deus nos der sua mão, seremos ousados e alegres; se a retirar, seremos fracos como a água. Deus deve ter toda a glória em qualquer coisa que sejamos facultados para realizar por Deus e pelos que nos rodeiam.

CAPÍTULO 8• Versículos 1-20 Os companheiros de Esdras• Versículos 21-23 Esdras implora a bênção de Deus • Versículos 24-30 Tesouros encarregados aos sacerdotes• Versículos 31-36 Esdras chega a Jerusalém

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Versículos 1-20Esdras reúne os exilados de Israel e os dispersos de Judá. Deus levanta os espíritos de um

remanescente pequeno para acompanhá-lo. que pena que os bons homens omitam uma boa obra porque não lhes é falada!

Versículos 21-23Esdras tratou que os levitas fossem com ele, mas de que serviria isso, a menos que tivesse

a Deus com ele? Os que buscam a Deus estão a salvo sob a sombra de suas asas, até nos maiores perigos; mas o que o abandonam, estão sempre expostos. Quando se entra num novo estado da vida, nosso cuidado deve ser não levar nada da culpa dos pecados de nossa condição anterior. Quando estamos em perigo, tenhamos paz com Deus, e assim nada poderá machucar-nos realmente. Todas nossas preocupações por nós mesmos, nossa família e nossos pertences, é sabedoria e dever nosso encomendá-las a Deus em oração e deixar que Ele as cuide. Em algumas ocasiões, devemos declinar as vantagens que estejam ao nosso alcance, não seja que sejamos causa de tropeço para outrem, e assim seja desonrado nosso Deus. peçamos sabedoria a Deus para sabermos como usar ou rejeitar as coisas lícitas. Não sairemos perdendo se nos aventuramos, sofremos ou cedermos por amor do Senhor. suas orações foram respondidas e o fato o testifica. Os que buscaram fervorosamente a Deus, têm descoberto que nunca o procuraram em vão. Separar um tempo para orar em secreto ou publicamente, em momentos difíceis e perigosos, é o melhor método que podemos adotar para receber alívio.

Versículos 24-30Esperemos que Deus cuide por sua providência do que nos pertence e, por sua graça, nos

deixe cuidar do que pertence a Ele. que a honra e as coisas de Deus sejam nossa preocupação; então podemos esperar que nossa vida e consolo sejam Sua preocupação.

Versículos 31-36Os inimigos jaziam à espreita dos judeus, mas Deus os protegeu. Até os perigos comuns das

viagens nos chamam a partirmos com oração e regressar com louvores e ações de graças. Porém, que renderemos quando o Senhor nos tiver levado a salvo pela peregrinação da vida, através do sombrio vale da morte, fora do alcance de todos os nossos inimigos, à felicidade eterna!

Entre seus sacrifícios eles tinham uma oferta pelo pecado. A expiação dulcifica e assegura toda misericórdia para nós, o qual não será verdadeiramente consolador a menos que seja re-movido o pecado e estabelecida nossa paz com Deus.

Então repousou a igreja. As expressões aqui usadas nos levam a pensar na liberação dos pecadores da escravidão espiritual e em sua peregrinação rumo à Jerusalém celestial, sob o cuidado e proteção de seu Deus e Salvador.

CAPÍTULO 9• Versículos 1-4 Esdras se lamenta pela conduta dos judeus• Versículos 5-15 A confissão de pecados de Esdras

Versículos 1-4Muitas corrupções escapam da vista dos reis mais cuidadosos. Algumas pessoas desobede-

ceram a ordem expressa de Deus, que proibia todo matrimônio com pagãos (Dt 7). A increduli-dade na suficiência de Deus está no fundo dos lamentáveis tombos que damos para ajudar a nós mesmos. Eles se expuseram a si mesmos e a seus filhos ao perigo da idolatria que tinha arruinado sua igreja e sua nação. Os professantes carnais podem tomar levianamente tais re-lações, e tratam de explicas as exortações à separação eliminando-a, porém os que estão mais familiarizados com a palavra de Deus tratam o tema de outra forma. Devem anunciar o pior de tais uniões. Os males escusados e até defendidos por muitos professantes assombram e provo-cam tristeza no crente verdadeiro.

Todos os que dizem ser povo de Deus devem fortalecer os que se levantam e agem contra o vício e o profano.

Versículos 5-15O sacrifício, em especial o vespertino, era um tipo do bendito Cordeiro de Deus que, no en-

tardecer do mundo, tiraria o pecado pelo sacrifício de si mesmo.O sermão de Esdras é uma confissão penitente do pecado, do pecado de seu povo. Todavia,

que isto sirva de consolo aos penitentes benditos, que ainda que seus pecados cheguem até os céus, a misericórdia de Deus está nos céus.

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Esdras fala com muita vergonha ao mencionar o pecado. a vergonha santa é tão necessária no arrependimento verdadeiro como a tristeza santa. Esdras fala com assombro, o descobri-mento da culpa causa estupefação; quanto mais pensamos no pecado, pior se vê. Pecador, diga: Deus, sê misericordioso comigo. Esdras fala como quem tem muito temor. Não há pressá-gio mais seguro ou triste da ruína que voltar-se ao pecado depois dos grandes juízos e das grandes liberações. Cada um da igreja de Deus deve maravilhar-se de não ter esgotado a paciência do Senhor, e de não ter acarretado a destruição a si mesmo. Então, como será o caso do ímpio? Pois ainda que o penitente verdadeiro nada tem que defender de sua própria con-duta, o Advogado celestial o defende com sumo poder.

CAPÍTULO 10• Versículos 1-5 Esdras anima a reforma• Versículos 6-14 Ele reúne o povo• Versículos 15-44 Se efetua a reforma

Versículos 1-5Secanias admitiu a culpa nacional. O caso é triste porém não desesperado; a doença é

ameaçadora, mas não incurável. Agora que o povo começa a lamentar-se, pareceria que é der-ramado um espírito de arrependimento; agora há esperança de que Deus perdoe e tenha mis-ericórdia. O pecado que retamente nos perturba não nos destruirá. Em momentos melancólicos devemos observar que está por nós como também está em nossa contra. E pode que existam boas esperanças por meio da graça até onde houver um sentido de grande culpabilidade per-ante Deus.

O caso é simples: o que foi mal feito deve ser desfeito novamente, na maior medida pos-sível; nada menos que isto é o arrependimento verdadeiro. O pecado deve eliminar-se, resolvi-dos a não termos nunca nada mais a ver com isso. o que se obteve injustamente, deve restau-rar-se. Levante-se e tenha bom ânimo. Chorar é bom neste caso, mas reformar é melhor. Em quanto a estar desigualmente unido em jugo com incrédulos, tais matrimônios são certamente pecadores e não devem ser efetuados, porém agora não são nulos como o eram antes que o evangelho terminasse a separação de judeus e gentios.

Versículos 6-14Há esperanças concernentes ao povo quando eles estejam convencidos de que não só é

bom separar-se de seus pecados, senão que é necessário; devemos fazê-lo ou seremos des-feitos. Tão rica é a misericórdia e tão abundante a redenção de Deus, que há esperança para o mais vil que ouça o evangelho e estiver disposto a aceitar sua salvação gratuita.

Quando os pecadores se lamentam de seus pecados e tremem ante a palavra de Deus, há esperança de que os abandonem. Para afetar os outros com pena ou amor santos para com Deus, devemos nós mesmos estarmos afetados.

Foi acordado, cuidadosamente, como devia realizar-se este assunto. O que for resolvido apressadamente rara vez resulta duradouro.

Versículos 15-44Os melhores reformadores não podem senão realizar sua empresa; quando o Redentor

mesmo vir a Sião, efetivamente eliminará a impiedade de Jacó. Quando se arrepender e aban-donar o pecado, Deus o perdoará, porém o sangue de Cristo, nossa oferta pelo pecado, é a única expiação que tira nossa culpa. Nenhum arrependimento ou emenda aparentes benefi-ciará os que o rejeitam a Ele, pois a dependência de si mesmos os mostra ainda sem humilhar-se. Todos os nomes escritos no livro da vida são os de pecadores penitentes, não de pessoas com justiça própria que pensam que não necessitam arrepender-se.

NEEMIASA história do entretanto se fecha com o livro de Neemias, no qual se registram as obras de

seu coração na administração dos assuntos públicos, com muitas reflexões devotas.

CAPÍTULO 1A angústia de Neemias pela desgraça de Jerusalém – Sua oração

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Neemias era o copeiro do rei da Pérsia. Quando Deus tem uma obra que realizar, nunca lhe faltarão instrumentos para realizá-la. Neemias vivia comodamente e com honra, porém não es-quece que é israelita e que seus irmãos estão angustiados. Estava disposto a utilizar seus bons ofícios para ajudá-los em tudo quanto puder; e para saber como fazê-lo melhor, realiza inda-gações a esse respeito. Nós devemos investigar especialmente o que se refere ao estado da igreja e da religião.

Cada Jerusalém deste lado da celestial terá algum defeito que requererá da ajuda e os serviços de seus amigos.

A primeira apelação de Neemias foi a Deus, para ter a plena confiança em sua petição ao rei. Nossas melhores argumentos em oração são tomadas da promessa de Deus, a palavra pela qual nos dá esperanças. Devem usar-se outros médios, mas a oração eficaz do justo pode muito. A comunhão com Deus nos preparará para tratar com os homens. Quando temos en-comendado nossas preocupações a Deus, a mente fica livre; sente satisfação e compostura, e se desvanecem as dificuldades. Sabemos que se o assunto for lesivo, Ele poderia impedi-lo facilmente, e se for bom para nós, Ele pode fazê-lo progredir facilmente.

CAPÍTULO 2• Versículos 1-8 O pedido de Neemias ao rei• Versículos 9-19 Neemias chega a Jerusalém• Versículos 19-20 A oposição dos adversários

Versículos 1-8Nossas orações devem ser secundadas com esforços sérios, de outro jeito zombamos de

Deus. não estamos limitados a certos momentos em nossa audiência com o Rei de reis; temos a liberdade de ir a Ele em todo momento; aproximar-se ao trono da graça nunca passa de moda. Mas a sensação do desagrado de Deus e das aflições de seu povo é causa de tristeza para os filhos de Deus, das quais não os consolam os prazeres terrenos.

O rei animou a Neemias para que falasse o que pensava. Isto lhe deu confiança para falar; muito mais pode animar-nos o convite que Cristo nos deu para que oremos, e a promessa de que nos irá bem para irmos diretamente ante o trono da graça.

Neemias orou ao Deus do céu, infinitamente superior até deste poderoso monarca. Elevou seu coração ao Deus que entende a linguagem do coração. Nunca devemos procurar nem es-perar a direção, a assistência nem a bênção divina quando empreendemos algo que é mau para nós. houve uma resposta imediata a sua oração, porque a semente de Jacó nunca buscou em vão o Deus de Jacó.

Versículos 9-18Quando Neemias houve considerado o assunto, disse aos judeus que Deus tinha colocado

em seu coração edificar as muralhas de Jerusalém. Não começa a fazê-los sem eles. Estim-ulemo-nos a nós mesmos e os uns aos outros no que é bom, para fortalecer-nos mutuamente. Somos fracos em nosso dever quando somos frios e indiferentes.

Versículos 19-20A inimizade da semente da serpente contra a causa de Cristo não está limitada a uma época

ou nação. A aplicação para nós é clara. A igreja de Deus pede nossa ajuda. Não está desolada e exposta a ataques? Causa-lhe tristeza considerar seu baixo estado? Que nenhum negócio, prazer ou apoio de um partido capture tanto sua atenção como para que Sião e seu bem-estar não lhe interessem.

CAPÍTULO 3

A reconstrução das muralhas de Jerusalém

Repartiram o trabalho para que todos soubessem que tinham a fazer e se dedicassem com o desejo de alcançar a excelência, mas sem contender nem dividir seus interesses. Nenhuma discórdia surge entre eles, senão a de fazer o máximo pelo bem público. Cada israelita deu uma mão para edificar Jerusalém. Nenhum nobre deve pensar que algo pode ser indigno dele, se com isso fomenta o bem de sua pátria. Até as melhor ajudaram no avanço da obra.

Esta reparou as casas e aquela reparou sua antecâmara. Quando deve ser feita uma boa obra geral, cada um deve dedicar-se à parte que estiver dentro de seu alcance. Se cada um varrer diante de sua porta, a rua ficará limpa; se cada um reparar algo, tudo ficará reparado. Os que terminaram primeiro ajudaram a seus companheiros.

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As muralhas de Jerusalém, em montões de entulho, representam o estado desesperado do mundo circundante; enquanto que a quantidade dos que estorvam a edificação e sua maldade dá uma fraca idéia dos inimigos com que temos que contender enquanto executamos a obra de Deus. Cada um deve começar por sua casa, porque fazer progredir a obra de Deus em nos-sas almas é o melhor que podemos aportar para o bem da igreja de Cristo. que o Senhor estim-ule assim o coração de seu povo, para que deixem de lado suas pequenas disputas, e deixem de lado seus interesses mundanos, para dedicar-se à construção das muralhas de Jerusalém e à defesa da causa da verdade e da santidade contra os assaltos dos inimigos declarados.

CAPÍTULO 4• Versículos 1-6 Oposição de Sambalate e outros• Versículos 7-15 Os desígnios dos adversários• Versículos 16-23 As precauções de Neemias

Versículos 1-6Mais de uma boa obra tem sido olhada com desdém por escarnecedores orgulhosos e al-

taneiros. Pessoas que discrepam entre si quase em tudo, se unem para a perseguição. Neemias não contestou aos néscios conforme a sua estultícia; antes recorrei a Deus em oração. Freqüentemente o povo de Deus tem sido desprezado, mas Ele ouve todos os dardos que lhe são lançados e é para consolo deles que assim o faça. Neemias tinha razão para pen-sar que os corações desses pecadores estavam completamente endurecidos, caso contrário não teria orado que seus pecados nunca fossem apagados. A boa obra continua avançando quando a gente se preocupa por ela. As repreensões dos inimigos deveriam alentar-nos em nosso dever, em lugar de afastar-nos dele.

Versículos 7-15Os homens malvados procuram obstruir a boa obra, e se prometem alcançar o êxito nisso,

mas a boa obra é obra de Deus e prosperará. Deus tem muitas formas de levar a luz, e assim, reduzir à nada as estratagemas e desígnios dos inimigos de Sua igreja. Se nossos inimigos não podem assustar-nos para afastar-nos de nosso dever, nem enganar-nos para que pequemos, não podem prejudicar-nos. Neemias se colocou sob a proteção divina, ele mesmo e sua causa. Foi o método deste bom homem e deveria ser o nosso. Todas suas preocupações, todas suas penas, todos seus temores, os depositou diante de Deus. antes de usar um meio, ele o apre-sentava em oração a Deus.

Tendo orado, pôs uma guarda contra o inimigo. Se pensarmos nos assegurar por meio da oração, sem vigiar e estarmos alertas, somos preguiçosos e tentamos a Deus; porém, vigiar alertas, sem orar, é sermos orgulhosos e insolentes com Deus: Deus qualquer forma, abandon-amos Sua proteção. O cuidado que Deus tem de nossa seguridade deveria comprometer-nos e estimular-nos a continuar avançando com vigor cumprindo nosso dever. Tão logo como ter-mine um perigo, regressemos à nossa obra e confiemos em Deus novamente.

Versículos 16-23Sempre devemos estar em guarda contra os inimigos espirituais, sem esperar que nossa

guerra termine quando acabe nossa obra. A palavra de Deus é a espada do Espírito, a qual sempre devemos ter na mão, e nunca teremos que buscá-la em nossas tarefas e em nossos conflitos como cristãos. Todo cristão verdadeiro é trabalhador e soldado que opera com uma mão e luta com a outra. Provavelmente a boa obra siga adiante com êxito quando os que tra-balham nela o façam com diligência. Satanás teme atacar o cristão alerta, porque, se for ten-tado, o Senhor peleja por ele. assim, temos de esperar o fim da vida, sem tirar-nos a armadura até que terminem nossa obra e nossa guerra; então seremos recebidos no repouso e no gozo de nosso Senhor.

CAPÍTULO 5• Versículos 1-5 Os judeus se queixam de penúrias• Versículos 6-13 Neemias volta a tratar das penúrias• Versículos 14-19 A paciência de Neemias

Versículos 1-5Os homens depredam seus congêneres: desprezando o pobre reprovam seu Criador. Tal

conduta é uma desgraça para qualquer, mas quem pode aborrecê-la o suficiente quando a adotam os cristãos professantes? Com compaixão pelos oprimidos, devemos lamentar as 302

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penúrias sob as quais gemem muitos no mundo, pondo nossas almas no lugar das deles e lem-brando em nossas orações e com nosso socorro aos que estão carregados. Mas deixemos que os que não demonstram misericórdia esperem juízo sem misericórdia.

Versículos 6-13Neemias sabia que ainda que edificasse as muralhas de Jerusalém muito altas, muito

grossas ou muito fortes, a cidade não poderia estar a salvo enquanto houver abusos nela. A forma correta de reformar a vida dos homens é convencer de pecado suas consciências. Se você andar em temor de Deus não será cobiçoso de ganho mundano, nem será cruel com seus irmãos. Nada expõe a religião à repreensão mais que a mundanalidade e dureza de coração dos que a professam. Os que insistem rigorosamente em seus direitos tratam, com muita pouca graça, de convencer os outros de que cedam nos seus.

Quando se arrazoa com gente egoísta é bom comparar sua conduta com a dos que são gen-erosos, mas é ainda melhor apontar o exemplo dAquele que se fez pobre por nós sendo rico, para que nós, por sua pobreza, fossemos enriquecidos (2 Co 8.9). Eles fizeram conforme com a promessa. As boas promessas são coisas boas, mas são melhores as boas obras.

Versículos 14-19Os que verdadeiramente temem a Deus não se atrevem a fazer nada cruel ou injusto. Que

os que estejam em cargos públicos se lembrem que estão ali para fazer o bem, não para en-riquecer-se. Neemias faz menção disto a Deus, orando não como se ele tivesse merecido al-gum favor de parte de Deus, senão para mostrar que ele dependia somente de Deus para que compensasse o que tinha perdido e deixado por sua honra. Neemias falou e agiu evidente-mente como quem se sabia pecador. Não pretendia reclamar um prêmio como se lhe for dev-ido, senão da forma em que o Senhor recompensa um copo de água dado a um discípulo por amor a Ele. o temor e o amor de Deus no coração e o verdadeiro amor aos irmãos levarão a toda boa obra. Estas são evidências próprias da fé que justifica e nosso Deus reconciliado fa-vorecerá as pessoas deste caráter, conforme a todo o que tenham feito por seu povo.

CAPÍTULO 6• Versículos 1-9 O complô de Sambalate para estorvar Neemias• Versículos 10-14 Os falsos profetas tratam de assustar a Neemias• Versículos 15-19 As muralhas são terminadas – Traição de alguns judeus

Versículos 1-9Os que sejam convidados ao ócio em alegres reuniões por vãs companhias, respondam as-

sim à tentação: "Temos obra a fazer e não devemos descuidá-la". Nunca devemos deixar-nos arrastar pelo convite reiterado a fazer algo pecaminoso ou imprudente; antes, quando sejamos atacados pela tentação, resistamo-la com a mesma razão e decisão. É comum que o desejado pelos malvados seja representado falsamente como algo desejável para muitos. Porém Neemias sabia ao que apontavam, e não somente negou que tais coisas fossem verdadeiras, senão que estava informado ao respeito; era melhor que o conhecessem em sua posição, e não que suspeitassem dele. Nunca devemos omitir um dever conhecido por medo de sermos mal-interpretados; confiemos a Deus nosso bom nome enquanto mantemos uma boa consciên-cia. O povo de Deus, ainda que carregado de repreensões, não caiu tão baixo em sua rep-utação como alguns gostariam que se pensasse.

Neemias elevou seu coração ao Céu uma oração curta. Quando entramos num serviço ou conflito na obra e na guerra cristãs, esta é uma boa oração: "Tenho tal dever a realizar, tal ten-tação que enfrentar, agora, oh Deus, fortalece minhas mãos". Toda tentação a desviar-nos do dever deve estimular-nos mais ao dever.

Versículos 10-14O maior mal que podem fazer-nos nossos inimigos é assustar-nos, afastando-nos de nosso

dever e levar-nos a fazer o que é pecaminoso. Nunca declinemos uma boa obra, mas nunca re-alizemos uma má. Devemos provar todo conselho e rejeitar o que for contrário à Palavra de Deus. todo homem deve refletir para ser conseqüente: Devo eu, cristão professo, chamado a ser santo, filho de Deus,, membro do Corpo de Cristo, templo do Espírito Santo, ser cobiçoso, sensual, orgulhoso ou invejoso? Devo render-me à impaciência, ao descontentamento ou à ira? Devo ser preguiçoso, incrédulo ou impiedoso? Que efeitos terá tal conduta nos outros? tudo o que Deus tem feito por nós ou por nosso intermédio, ou tudo o que nos foi dado, deve levar-nos a vigiar, a negar a nós mesmos e à diligência.

Depois da devassidão do pecado devemos aborrecer o escândalo.

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Versículos 15-19 A muralha foi começada e terminada em cinqüenta e dois dias, apesar de que descansaram

nos dias de repouso. Pode ser feita muita obra em pouco tempo se nos dedicarmos com em-penho e formos perseverantes.

Veja-se a maldade de casar com estrangeiras. Quando os homens ficaram parentes de To-bias, logo estavam comprometidos com ele. um amor pecaminoso conduz a uniões perversas. O inimigo das almas emprega muitos instrumentos e forma muitos projetos para censurar os servos ativos de Deus ou para tirá-los de suas obras. Todavia, nós devemos seguir o exemplo dAquele que deu sua vida pelas ovelhas. Elas simplesmente se unem ao Senhor e sua obra re -cebe apoio.

CAPÍTULO 7• Versículos 1-4 A cidade encarregada de Hanani • Versículos 5-73 Registro dos que primeiro regressaram

Versículos 1-4Havendo terminado as muralhas, Neemias retornou à corte persa e voltou à Jerusalém com

um novo cometido.A seguridade pública depende do cuidado de cada um para cuidar de si mesmo e de sua

família contra o pecado.Versículos 5-73Neemias sabia que a seguridade da cidade, submetida a Deus, depende mais dos habitantes

que dos muros.Toda boa dádiva e toda boa obra vêm do alto. Deus dá conhecimento; Deus dá graça; tudo

é dEle e, portanto, tudo deve ser para Ele. o feito pela prudência humana deve ser atribuído à direção da Providência Divina. Todavia, ai dos que dão as costas ao Senhor, amando o pre-sente mundo! E bem-aventurados os que se consagram eles e sua fortuna a Seu serviço e glória!

CAPÍTULO 8• Versículos 1-8 Leitura e exposição da lei• Versículos 9-12 O povo é chamado a regozijar-se• Versículos 13-18 A festa dos tabernáculos – O gozo do povo

Versículos 1-8Os sacrifícios deviam ser oferecidos somente na porta do Templo, mas a oração e a predi-

cação eram e são serviços religiosos tão aceitavelmente realizados em um lugar como em outro. Os chefes de família devem levar consigo suas famílias à adoração de Deus em público. As mulheres e as crianças têm almas que salvar e, portanto, devem familiarizar-se à a Palavra de Deus e assistir aos meios de graça. Os pequenininhos devem ser educados na religião a me-dida que vão entrando em razão.

Os ministros devem levar consigo suas Bíblias quando vão ao púlpito; Esdras assim fez. Dali devem eles obter seu conhecimento; devem falar conforme com essa regra e devem mostrar que assim fazem. Ler as Escrituras nas assembléias religiosas é uma ordenança de Deus pelo qual é honrado, e se edifica Sua igreja. Os que escutam a palavra devem entendê-la, do con-trário é para eles somente um som oco de palavras. Portanto, se requer que haja mestres para que expliquem a palavra e entreguem seu sentido. Ler é bom e predicar é bom, mas a ex-posição faz a leitura mais compreensível e mais convincente a predicação.

Quis Deus levantar em quase toda época da igreja não somente os que predicam o evan-gelho, senão também os que escreveram seus pontos de vista da verdade divina; e ainda que muitos tenham tentado explicar a Escritura, tendo escurecido o conselho com palavras sem conhecimento, há excelente uso para os trabalhos de outros. Mesmo assim, todo o que ouvi-mos deve passar pela prova da Escritura. eles ouviram com disposição e sopesaram cada palavra. A palavra de Deus exige atenção. Se por negligência deixamos que muito se deslize no ouvir, existe o perigo de que, por esquecimento, deixemos que tudo se deslize depois de ouvi-lo.

Versículos 9-12Foi bom sinal que seus corações estivessem tenros quando ouviram as palavras da lei.

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O povo devia enviar porções para os que nada tinham preparado. Dever de toda festa reli-giosa, como também de todo jejum religioso, é aproximar a alma ao faminto; a abundância de Deus deveria tornar-nos generosos. Não somente devemos dar aos que se oferecem a si mes-mos, senão enviar os que estão fora de vista. Sua fortaleza estava no gozo do Senhor. Quanto melhor compreendamos a palavra de Deus, mais consolo acharemos nela; a escuridão da prova surge da escuridão da ignorância.

Versículos 13-18Na lei acharam escrita a festa dos tabernáculos. Os que esquadrinham com diligência as Es-

crituras, encontram coisas que foram esquecidas. A festa dos tabernáculos era uma represen-tação do estado do crente como tabernáculo neste mundo, e tipo do santo gozo da igreja no evangelho. A conversão das nações à fé de Cristo está anunciada sob a figura desta festa (Zacarias 14.16). A religião verdadeira não fará estrangeiros e peregrinos na terra. Lemos e ou-vimos aceitável e proveitosamente a palavra quando agimos conforme com o que está escrito nela; quando se revive o que demonstra ser nosso dever, depois de ter sido descuidado. Eles se importavam com a substância, do contrário a cerimônia não teria servido. Eles o fizeram re-gozijando-se em Deus e em sua bondade. Estes são os médios com que o Espírito de Deus coroa com êxito, ao fazer que os corações dos pecadores tremam e se virem humildes perante Deus. porém, são inimigos de seu próprio crescimento em santidade os que sempre albergam tristeza, até pelo pecado, e afastam deles as consolações que nos dão a Palavra e o Espírito de Deus.

CAPÍTULO 9• Versículos 1-3 Um jejum solene• Versículos 4-38 Oração e confissão de pecado

Versículos 1-3A palavra dirige e aviva a oração, porque por ela o Espírito No-Amom ajuda em nossas

fraquezas. O estudo cuidadoso da palavra de Deus nos revela gradualmente nossa pecaminosi-dade e a abundância de sua salvação; de modo que isto nos chama a condoer-nos pelo pecado e a regozijar-nos nEle. Todo descobrimento da verdade de Deus deveria fazer-nos mais atentos a sua santa palavra e dispostos a participar em seu culto.

Versículos 4-38Aqui temos registrado o resumo de suas orações. Sem dúvida foi dito muito mais. Qualquer

seja a habilidade que tenhamos para fazer algo na senda do dever, temos de servir e glorificar a Deus conforme o melhor. Quando confessamos nossos pecados, bom é que percebamos as misericórdias de Deus para sentir-nos mais humilhados e envergonhados. Os tratamentos do Senhor demonstravam sua bondade e paciência, e a dureza de seus corações. O testemunho dos profetas era o testemunho do Espírito nos profetas, que é o Espírito de Cristo neles. Eles falaram movidos pelo Espírito Santo e o que disseram deve ser recebido em forma conse-qüente. O resultado foram maravilhas pelas misericórdias do Senhor, e o sentimento de que o pecado os tinha conduzido a seu estado atual, do qual nada podia resgatá-los senão seu imere-cido amor. Não é sua conduta uma amostra da natureza humana? Estudemos a história de nossa pátria e a nossa. Lembremo-nos de nossas vantagens da infância e perguntemos: quais foram nossas primeiras respostas? Façamos isso com freqüência, para mantermos a humil-dade, a gratidão e para que vigiemos. Todos devem lembrar que o orgulho e a obstinação são pecados que destroem a alma. porém, costuma ser tão difícil convencer o quebrantado de coração para que tenha esperança, como antes custou levá-lo a temer. É este seu caso? Atente para esta doce promessa. Deus disposto a perdoar! Em lugar de manter-nos afastados de Deus pelo sentido da própria indignidade. Vamos diretamente ao trono da graça para receber miser-icórdia e achar graça para o oportuno socorro. Ele é um Deus disposto a perdoar.

CAPÍTULO 10• Versículos 1-31 A aliança – Aqueles que assinaram• Versículos 32-39 Seu compromisso com os rituais sagrados

Versículos 1-31A conversão é separar-se do curso e dos costumes deste mundo, e consagrar-nos à conduta

dirigida pela palavra de Deus. quando nos comprometamos a cumprir os mandamentos de

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Deus, é para fazer todos seus mandamentos, e para considerá-lo a Ele como o Senhor, e nosso Senhor.

Versículos 32-39Havendo pactuado contra os pecados dos quais eram culpáveis, se obrigaram a cumprir os

deveres que tinham descuidado. Não só devemos cessar de fazer o mal, senão aprendermos a fazer o bem. Que ninguém espere a bênção de Deus a menos que mantenha o culto público. É provável que nos vã bem em nosso lar se cuidarmos que ande bem a obra na casa de Deus. quando todos ajudam e dão para uma boa obra, ainda que seja pouco, o total será uma soma grande. Devemos fazer o que possamos nas obras da piedade e da caridade; e qualquer seja nossa posição, executemos com alegria nosso dever para com Deus, o que será a via mais se-gura para a tranqüilidade e a liberdade. Como as ordenanças de Deus são o médio designado para sustentar nossa alma, o crente não se queixa pelo custo, embora a maioria da gente pre-fira que sua alma passe fome.

CAPÍTULO 11Distribuição da gente

Em toda época os homens têm preferido sua própria comodidade e suas vantagens antes que o bem público. Até os professores de religião buscam muito comumente o próprio e não as coisas de Cristo. poucos tiveram tal apego pelas coisas santas e pelos lugares santos como para renunciar ao prazer por amor a elas. Certamente nossas almas deveriam deleitar-se em habitar aonde mais abundem as pessoas santas e as oportunidades de desenvolvimento espiri-tual. se não tivermos esse amor pela cidade de nosso Deus, e por toda coisa que nos ajude a nossa comunhão com o Salvador, como estaremos dispostos a partir daqui, a ausentar-nos do corpo para estar presentes com o Senhor? Para o de mente carnal será ainda mais duro supor-tar a perfeita santidade da Nova Jerusalém que a santidade da igreja de Deus na terra. Busque-mos primeiro o favor de Deus e sua glória; reflitamos para sermos pacientes, contentes e úteis em nossas diversas condições sociais e esperemos com alegria a entrada na santa cidade de Deus.

CAPÍTULO 12• Versículos 1-26 Os sacerdotes e os levitas que regressaram• Versículos 27-43 A dedicação da muralha• Versículos 44-47 Serviço dos oficiais do Templo

Versículos 1-26Estamos em dívida com os fiéis ministros, de lembrar-nos os guias que nos falaram da

Palavra de Deus. bom é saber que foram nossos santos predecessores, para que possamos aprender o que devemos ser nós.

Versículos 27-43Todas nossas cidades, todas nossas casas, devem ter escritas sobre elas: Santidade a Jeová.

O crente nada deve empreender que não seja dedicado ao Senhor. devemos preocupar-nos de lavar nossas mãos e de purificar-nos o coração, quando qualquer obra para Deus tiver de pas-sar por eles. Os que sejam empregados para santificar os outros, devem santificar-se a si mes-mos e separar-se para Deus. Para os santificados, todas as consolações como criaturas e os go-zos são santos.

O povo se regozijou grandemente. Todos os que participam nas misericórdias públicas de-vem unir-se à ação de graças em público.

Versículos 44-47Quando as solenidades de um dia de ação de graças deixam tais impressões nos ministros e

no povo, que se fazem mais cuidadosos e sentem alegria no cumprimento de seu dever, sem dúvida são aceitáveis para o Senhor, e lhes traz bênção. E todo o que façamos deve ser purifi-cado pelo sangue aspergido e pela graça do Espírito Santo, ou não pode ser aceitável para Deus.

CAPÍTULO 13• Versículos 1-9 Neemias separa a multidão misturada• Versículos 10-14 A reforma de Neemias na casa de Deus• Versículos 15-22 Se restringe a infração do dia de repouso

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• Versículos 23-31 Expulsão das esposas estrangeiras

Versículos 1-9Israel era um povo peculiar que não devia misturar-se com os gentios. Veja-se o benefício

da leitura pública da palavra de Deus; quando atendida devidamente, nos descobre o pecado e o dever, o bem e o mal, e nos mostra onde erramos. Ganhamos quando assim somos levados a separar-nos do mal. Os que desejam expulsar o pecado de seus corações, os templos vivos, de-vem lançar de sua família tudo o que induz à tentação e todas as provisões feitas para o pecado; e devem deixar tudo o que alimenta e serve de combustível da luxúria; isto é morti-ficá-lo. Quando expulsar o pecado do coração por meio do arrependimento, deixe que o sangue de Cristo lhe seja aplicado por fé, e então enfeite-se com as graças do Espírito de Deus para toda boa obra.

Versículos 10-14O caráter sagrado que não impede que os homens dêem um mau exemplo, não deve des-

culpar a ninguém da culpa e do castigo que merece. Os levitas tinham sido maltratados; suas porções não lhes tinham sido entregues. Tiveram que sair a ganhar-se a vida por si mesmos, e para suas famílias, porque sua profissão não os mantinha. O mantimento insuficiente empo-brece o ministério. A obra se descuida porque os operários estão descuidados.

Neemias culpou os governantes. Os ministros e o povo que abandonam a religião e seus serviços, e os magistrados que não fazem o possível para mantê-los nela, têm muito de que dar conta. Em toda ocasião Neemias olhou para Deus e se encomendou a Ele em todos seus assuntos. Agradava-se em pensar que tinha sido útil para reviver e sustentar a religião de sua pátria. Aqui se remete a Deus, não com orgulho, senão com uma súplica humilde acerca de sua intenção honesta em tudo o que tinha feito. Ora: "Lembra-te de mim", e não "Recompensa-me"; "Não apagues minhas boas obras", e não "publica-as ou registra-as". Mas foi recompen-sado e suas boas obras ficaram registradas. Deus faz mais do que somos capazes de pedir.

Versículos 15-22A santa observância do dia do Senhor forma um objeto importante para a atenção dos que

fomentam a verdadeira piedade. A religião nunca prospera quando se pisoteiam os dias de re-pouso. Não é de maravilhar-se que houvesse uma decadência geral da fé, e uma corrupção dos costumes dos judeus, quando abandonaram o santuário e profanaram o dia de repouso. Os que profanam o dia de repouso pouco consideram quanto mal fazem. Devemos responder pelos pecados que outros cometem conduzidos por nosso mau exemplo. Neemias os culpa a eles como coisa má, porque procede do desprezo a Deus e a nossas próprias almas. Ele mostra que quebrantar o dia de repouso foi um dos pecados pelos quais Deus trouxe juízos contra eles; e que se não recebiam a advertência, porém voltassem aos mesmos pecados, deviam esperar mais juízos. O valor, o zelo e a prudência de Neemias neste assunto ficam registrados para que nós façamos o mesmo; e temos razão para pensar que a cura que ele trouxe foi duradoura. Ele se sentiu e se confessou pecador, que nada podia pedir de Deus em justiça, quando assim clama a Ele pedindo misericórdia.

Versículos 23-31Se cada pai for ímpio e de natureza corrupta, inclinará os filhos a seguir seu mau exemplo;

isto é uma forte razão pela qual os cristãos não devem unir-se em jugo desigual. Deve prestar-se sumo cuidado à educação dos filhos em quanto ao cuidado da língua para que não apren-dam a linguagem de Asdode, nem a conversação impura ou ímpia, nem a comunicação cor-rompida.

Neemias mostrou o errado destes matrimônios. Alguns, mais obstinados que o resto, foram açoitados, isto é, mandou que fossem açoitados pelos oficiais conforme com a lei (Dt 25.2-3).

Aqui estão as orações de Neemias nesta ocasião. Ele suplica: "Lembra-te deles, Deus meu". Senhor, convence-os de pecado e converte-os; coloca em suas mentes o que devem ser e fazer. Os melhores serviços para o público têm sido esquecidos por aqueles para os que foram feitos e, portanto, Neemias se encomenda a Deus para que o recompense. Isto bem pode ser o resumo de nossas petições; não necessitamos mais que isto para fazer-nos felizes: "Lembra-te de mim, meu Deus, para bem". Podemos esperar humildemente, que o Senhor se lembre de nós e de nossos serviços, ainda que, depois de vidas de inesgotável atividade e utilidade, ainda veremos causa para aborrecer-nos e arrepender-nos com pó e cinzas, e clamar com Neemias: "Salva-me, Deus meu, conforme com a grandeza de Tua misericórdia!".

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