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DETERMINAÇÃO DA CINÉTICA QUÍMICA E DIMENSIONAMENTO DO REATOR PARA A REAÇÃO DE CAUSTIFICAÇÃO NA INDÚSTRIA DE CELULOSE Autor: Paulo Henrique de Almeida Machado 1 Orientador: Prof. MSc. Francisco de Assis Bertini Moraes 2 Resumo Este trabalho consiste na determinação da mais adequada cinética de reação para dimensionamento básico de um reator para o processo de caustificação de uma indústria de celulose com capacidade de produção de 1200 toneladas por dia de celulose. O objetivo é obter a máxima eficiência da reação de caustificação identificando as principais variáveis que influenciam neste processo, tais como concentração do licor verde, sulfidez do licor verde, temperatura do licor verde, dosagem e qualidade da cal, tempo e temperatura da reação química. O aumento da conversão da reação química proporciona menor carga de inertes no ciclo de recuperação e consequentemente uma significativa redução no consumo de energia e de químicos no processo de produção de celulose. O melhor modelo cinético encontrado para a cinética de caustificação foi a de primeira ordem direta e primeira ordem inversa, proporcionando o dimensionamento do reator, encontrando em reatores RPA (reator tanque agitado) contínuo disposto em 2 linhas com 4 reatores em série com um volume de 33,1 m 3 . Palavras-chave: caustificação; recuperação química; cinética; reator. Abstract 1 Paulo Henrique de Almeida Machado é discente de graduação em Engenharia Química (2019) pela Faculdade Municipal Professor Franco Montoro, Mogi Guaçu, São Paulo. E- mail: [email protected] 2 Francisco Bertini possui graduação em Engenharia Química pela UNICAMP 1983, Mestrado em Engenharia de Produção pela USP/UNIARA, 2011. Experiência de 33 anos como profissional em indústria multinacional e nacional em engenharia de processos químicos, projeto de indústria e gestão da produção química. Professor(a) da Faculdade Municipal Professor Franco Montoro, Mogi Guaçu, São Paulo. E- mail: [email protected] 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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DETERMINAÇÃO DA CINÉTICA QUÍMICA E DIMENSIONAMENTO DO REATOR PARA A REAÇÃO DE CAUSTIFICAÇÃO NA INDÚSTRIA

DE CELULOSEAutor: Paulo Henrique de Almeida Machado1

Orientador: Prof. MSc. Francisco de Assis Bertini Moraes2

Resumo Este trabalho consiste na determinação da mais adequada cinética de reação para dimensionamento básico de um reator para o processo de caustificação de uma indústria de celulose com capacidade de produção de 1200 toneladas por dia de celulose. O objetivo é obter a máxima eficiência da reação de caustificação identificando as principais variáveis que influenciam neste processo, tais como concentração do licor verde, sulfidez do licor verde, temperatura do licor verde, dosagem e qualidade da cal, tempo e temperatura da reação química. O aumento da conversão da reação química proporciona menor carga de inertes no ciclo de recuperação e consequentemente uma significativa redução no consumo de energia e de químicos no processo de produção de celulose. O melhor modelo cinético encontrado para a cinética de caustificação foi a de primeira ordem direta e primeira ordem inversa, proporcionando o dimensionamento do reator, encontrando em reatores RPA (reator tanque agitado) contínuo disposto em 2 linhas com 4 reatores em série com um volume de 33,1 m3.

Palavras-chave: caustificação; recuperação química; cinética; reator.

Abstract

This work is based in the determination of the most adequate kinetic of reaction for a basic dimensioning of a reactor to caustification process in the cellulose industry with production capacity of 1200 ton/day of cellulose. The objective is to get the most efficiency of caustification reaction identifying the main variables that influence in this process, such as concentration of green liquor, sulphidity of green liquor, temperature of green liquor, dosage and amount of lime, time and temperature of chemical reaction. The increase in the convertion of the chemical reaction results less loading of inerts in the recuperation cycle in addition to a significant reduction on energy consumption and chemicals in the process of cellulose production. The most applicable kinetic model founded to caustification kinetic was a first order reaction direct and inverse, providing the dimensioning of the reactor, resulting in CSTR (continuous stirred-tank reactor) reactors willing in 2 lines of with 4 reactors in series with a volume of 33.1 m3.

Key-words: causticizing; chemical recovery; kinetic; kinetic ; reactor.1 Paulo Henrique de Almeida Machado é discente de graduação em Engenharia Química (2019) pela Faculdade Municipal Professor Franco Montoro, Mogi Guaçu, São Paulo. E-mail: [email protected] Francisco Bertini possui graduação em Engenharia Química pela UNICAMP 1983, Mestrado em Engenharia de Produção pela USP/UNIARA, 2011. Experiência de 33 anos como profissional em indústria multinacional e nacional em engenharia de processos químicos, projeto de indústria e gestão da produção química. Professor(a) da Faculdade Municipal Professor Franco Montoro, Mogi Guaçu, São Paulo. E-mail: [email protected]

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1. INTRODUÇÃO O processo de caustificação pertence ao sistema de produção de celulose

conhecido como Kraft, que permite a recuperação química dos produtos utilizados

para a obtenção da polpa no processo do cozimento. O processo de recuperação

química nas indústrias de celulose, tem como objetivo recuperar o hidróxido de sódio

(soda cáustica) para ser reutilizado no cozimento dos cavacos de madeira. O

sistema de recuperação, além de retornar os reagentes químicos ao digestor com o

mínimo de perdas, também é utilizado como fonte produtora de energia para

diversas etapas do processo, pois queima na caldeira de recuperação a parte

orgânica (lignina) do licor negro oriundo do cozimento. Consequentemente, elimina

parte dos efluentes que seria fonte poluidora, fazendo com que a fabricação de

celulose tenha viabilidade em termos de custos (autossuficiência em vapor e energia

elétrica) e em aspectos ambientais (EDMUNS, 2010; MORAES e PIRATELLI, 2014).

Torna-se necessidade estudar o processo da reação de caustificação do licor

verde na produção de celulose, pois, o aumento da conversão da reação química

proporciona menor carga de inertes no ciclo de recuperação, o que resulta em uma

redução no consumo de energia e de químicos. Assim, o processo Kraft é de

fundamental importância para a viabilidade econômica e ambiental, pois a indústria

de celulose depende da capacidade e eficiência do sistema de caustificação em

converter os produtos químicos recuperados em um licor branco de qualidade, que

será utilizado nos digestores novamente, para que assim possa atender à demanda

de produção (FIGUEIRÊDO, 2009).

Portanto, dentro deste cenário, o objetivo deste trabalho foi determinar a

adequada cinética química da reação de caustificação do licor verde (Na2CO3 e

Na2S) para produção do licor branco (NaOH + Na2S), a fim de propiciar o

dimensionamento básico de um reator com capacidade de produzir licor branco o

suficiente para a produção de 4.500 toneladas/dia de celulose. Neste projeto, foram

avaliadas as melhores opções de configurações de reatores CSTR, a fim de

propiciar uma análise técnica-operacional e econômica da opção mais viável.

Esperamos com este trabalho, contribuir com uma metodologia de

dimensionamento básico de reatores para utilização industrial, com confiabilidade

necessária ao investimento de capital. Desta forma, profissionais de projeto

industrial, operação de processos químicos e da área acadêmica, podem utilizá-lo

como exemplo de estudo de caso.

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2. Processo de caustificaçãoO processo de caustificação, envolve a adição de CaO (produzido nos fornos

de cal) no licor verde para converter o Na2CO3 em NaOH, produzindo, assim, o licor

branco, que será novamente utilizado nos digestores (FIGUEIRÊDO, 2009; REIS,

2013).

A área de utilidades, no processo de celulose, é constituída pelo tratamento

de água e de efluentes, desmineralização de água para as caldeiras, caldeira de

biomassa, turbinas e geradores responsáveis pela distribuição de energia elétrica e

vapor para os setores (MORAES e PIRATELLI, 2014).

A caustificação tem o objetivo de produzir um licor de cozimento (licor branco)

com composição de NaOH e Na2S adequado à sua reutilização, a partir da

recuperação de produtos químicos inorgânicos produzidos na caldeira de

recuperação e no forno de cal (ASSUMPÇÃO, 1988; ALVES et al, 2015).

O licor verde bruto, obtido na caldeira de recuperação, inicialmente passa

pelo processo de clarificação, pois é composto por grande quantidade de material

suspenso inerte, conhecido como borra ou “dregs” e são constituídos de material

com carbono e acompanhado de ferro, sílica, sulfetos metálicos entre outros

compostos sólidos oriundos da caldeira de recuperação que deverão ser removidos

por meio de decantação ou por filtração. A remoção da borra aumenta a eficiência

da caustificação e do forno de cal, e acaba evitando, também, o efeito acumulativo

no ciclo dos licores (EDMUNDS, 2010; MORAES e PIRATELLI, 2014).

Figura 3 - Visão geral do processo de caustificação.

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Fonte: Adaptado de ASSUMPÇÃO (1988, p. 174)

A borra removida do licor verde será enviada para um sistema de filtração, no

qual será lavado para a remoção do licor que ainda está presente e correção do pH.

O licor de lavagem gerado, conhecido como licor fraco, será enviado para um tanque

para ser utilizado para diluir o material fundido da caldeira de recuperação. Os dregs

serão enviados para aterros, compostagem ou até mesmo ser usado como aditivo

para a fabricação de outros produtos (REIS, 2013).

Na etapa seguinte, o licor verde clarificado, constituído principalmente de

sulfeto de sódio (Na2S, ativo no cozimento e representado pela porcentagem de

sulfidez do licor) e de carbonato de sódio Na2CO3, será enviado ao apagador de cal,

para adição de óxido de cálcio (CaO), que é dissolvido em água para formação de

hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), promovendo a liberação de energia. Assim que o

hidróxido é formado, a reação de caustificação, no qual o Ca(OH)2 formado, reage

com o carbonato de sódio (Na2CO3), presente no licor verde, para formar o hidróxido

de sódio (NaOH) e, gerando o carbonato de cálcio (CaCO3) como subproduto,

conhecido por lama de cal. Os reatores que estão dispostos em série têm o intuito

de aumentar ao máximo o tempo de residência da mistura para que o rendimento da

operação seja maior (MENESES, 2005; FIQUEIRÊDO, 2009; MORAES e

PIRATELLI, 2014).

As reações químicas mostram o processo de caustificação em dois

processos:

Apagamento

CaO (s) + H2O (l) Ca(OH)2 (l) + 270 kcal/kg de CaO (1)

Caustificação

Ca(OH)2 + Na2CO3 + Na2S ↔ 2 NaOH + CaCO3 + Na2S (2)

Devido ao fato do licor branco bruto conter carbonato de cálcio (CaCO3) como

precipitado, este deverá ser enviado ao processo de clarificação para a remoção da

lama de cal (CaCO3) através de decantação ou por filtração. O licor branco será

enviado para o digestor, novamente, para a produção de celulose e a lama de cal

será enviada para o filtro de lama, para ser lavada para a remoção do licor branco

fraco que ainda está presente. O licor da lavagem da lama de cal será enviado para

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um tanque que será utilizado para diluir o material fundido da caldeira de

recuperação (MENESES, 2005; REIS, 2013).

A lama de cal, retirada do fundo do clarificador, será espessada para 60-

80% de sólidos e será encaminhada para um forno rotativo de cal, no qual, através

da combustão de gás natural, proporcionará o calor necessário para que ocorra a

reação de calcinação do carbonato de sódio, que está presente na lama de cal,

ocorrendo a recuperação do óxido de cálcio (Ca2CO3 + calor CaO + CO2). O

óxido de cálcio é então transportado para silo de armazenagem e, como o processo

de calcinação tem eficiência entre 85-95%, é utilizada cal virgem para reposição na

reação de caustificação. Essa cal virgem é armazenada em outro silo, no qual

realimentarão o apagador para as reações de caustificação. Os gases quentes,

contendo dióxido de carbono gerado no processo, e o material particulado passam

por um precipitador eletrostático para que o material particulado seja retido antes de

ser emitido para a atmosfera (MENESES, 2005; REIS, 2013; ALVES et al, 2015).

Embora os dois processos tenham sido apresentados separados, as reações

são simultâneas e concorrentes, ou seja, a caustificação ocorre ao mesmo tempo

que o apagamento. Porém, a reação de caustificação sendo reversível, não é

possível converter todo o carbonato de sódio, mesmo com grandes concentrações

de cal adicionada. É de extrema importância que sejam obtidas máximas

conversões, pois o hidróxido de sódio é o reagente ativo no cozimento e não o

carbonato de sódio (REIS, 2013; MORAES e PIRATELLI, 2014).

2.1 Cinética e eficiência da reação de caustificaçãoA equação da caustificação pode ser descrita de uma maneira simplificada já

que Na2S não tem participação ativa na reação, podendo ser apresentada da

seguinte forma:

Na2CO3(aq) + Ca(OH)2(s) ↔ 2NaOH(aq) + CaCO3(s) (3)

No processo de caustificação há uma reação de equilíbrio, sendo uma reação

reversível indicado pela seta dupla. Isto significa que mesmo sob condições muito

favoráveis não será alcançado uma conversão total de Na2CO3 em NaOH, e isto

ocorre independente da quantidade de cal utilizada, e esta porcentagem depende

diretamente da concentração de álcali e sulfidez no licor verde, como ilustra na

Figura 4. Sob essas condições o hidróxido de cálcio e o carbonato de cálcio são

insolúveis e por isso participam da reação como sólidos, e como o CaCO3 é menos

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solúvel que o Ca(OH)2, a caustificação acontece principalmente para a direita

(FIGUEIRÊDO, 2009; MORAES e PIRATELLI, 2014).

Figura 4 - Eficiência de caustificação x Licor branco (TTA).

Fonte: FIGUEIRÊDO (2009, p. 27)

Na caustificação ocorre uma maior eficiência para um licor que contenha

menor sulfidez, porque existe mais Na2CO3 no licor do que Na2S. Desta forma,

haverá maior formação de soda, já que na reação de caustificação o carbonato é

convertido em hidróxido de sódio. (FIGUEIRÊDO, 2009).

O processo de caustificação tem como objetivo produzir o licor branco para

ser utilizado nos digestores com uma determinada eficiência de caustificação e com

um valor desejado de álcali. Por este motivo, a reação deve ocorrer rapidamente

para a direita, pois a operação dos digestores depende do álcali efetivo do licor

branco. Assim o fluxo de licor branco fundamental para a operação dos digestores

será determinado pela quantidade necessária por dia de álcali ativo, sendo os

valores necessários de álcali e sulfidez determinados pela operação dos digestores

(FIGUEIRÊDO, 2009).

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O carbonato de sódio que não for convertido representa uma carga inerte no

sistema, resultando, consequentemente, em uma maior necessidade de soda

cáustica, sendo desejável que ocorra a máxima conversão (FIGUEIRÊDO, 2009).

Para que se tenha uma máxima eficiência no processo de caustificação, a

cinética desta reação deve levar em consideração as principais variáveis que podem

influenciar nesta eficiência ou na conversão do carbonato de sódio (Na2CO3) em

hidróxido de sódio (NaOH) (MORAES et al, 2018).

Álcali total do licor verde (g-NaOH/l);

Temperatura do licor verde (°C);

Sulfidez do licor verde (%, teor de sulfeto/álcali ativo);

Dosagem de cal (t-CaO/t-alcali total);

Tempo da reação química (minutos).

A eficiência da caustificação depende da concentração dos componentes de

sódio que estão presentes no licor verde. Soluções com menores concentrações

promovem maiores conversões, pois em soluções com maiores concentrações, o

NaOH gradativamente reduzirá a solubilidade do Ca(OH)2, e isto ocorre até o ponto

em que não haja íons de cálcio suficientes para excederem o limite de solubilidade

do CaCO3. A eficiência da reação também será reduzida com a presença de sulfeto

de sódio, que é hidrolisado a hidróxido e hidrosulfeto de sódio, sendo a redução de

eficiência proporcional ao aumento da sulfidez ou à quantidade de hidróxido de

sódio formado na hidrolise (FIGUEIRÊDO, 2009; MORAES e PIRATELLI, 2014).

2.2. Cinética química de reações reversíveisUma reação reversível, como a que ocorre no processo de caustificação, é

aquela que se desloca nos dois sentidos simultaneamente, como podemos ver na

reação: aA + bB ↔ cC + dD (4)

A constante de equilíbrio (K) da reação de caustificação representa a razão

entre as constantes de velocidade específicas das reações direta e inversa (K=k1/k2

), sendo a velocidade da reação direta (k1 ¿ diminuida com o acúmulo de produtos

até que um equilíbrio dinâmico seja determinado. Até que não seja estabelecida a

condição de equilíbrio, ocorre a conversão de reagentes em produtos e vice versa,

sendo a velocidade de reação grande no início, pois as velocidades das reações

direta e inversa são diferentes, até que essas velocidades vão diminuindo e

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tendendo a zero até que se atinja a conversão máxima, chamada de equilíbrio X Ae

(FIGUEIRÊDO, 2009; SCHMAL, 2013).

A constante de equilíbrio (K) depende da concentração química de Na2CO3

presente no licor verde, como também, o aumento de sulfeto no licor verde ocasiona

uma menor conversão Na2CO3 em NaOH, o que faz com que esta adição suprima a

reação e o valor da constante de equilíbrio seja menor (FIGUEIRÊDO, 2009).

As equações cinéticas são taxas de reações escritas em função das variáveis

medidas, em geral da concentração e particularmente da conversão ou grau de

avanço. A taxa de formação do produto ou de transformação do reagente é expressa

em relação à concentração do reagente limitante, sendo válida para qualquer tipo de

sistema (SCHMAL, 2013).

2.2.1 Determinação de parâmetros cinéticos para reações reversíveisPara que haja a determinação dos parâmetros cinéticos de qualquer reação,

podem-se utilizar os métodos: integral e diferencial. Neste trabalho, será utilizado o

método de integração para reações reversíveis, que tem como vantagem uma

solução analítica, sendo possível encontrar o valor da constante da velocidade por

um método gráfico, conforme algumas etapas (SCHMAL, 2013):

2.2.1.1. Modelos cinéticos possíveis para a reação química de caustificação Será descrito a seguir modelos cinéticos que podem representar a reação

química de caustificação do processo de celulose 1 A+1B↔2C+1D.

2.2.1.2. Reação reversível de primeira ordem direta e primeira ordem inversaRepresenta-se esta equação como:

(-ra) = k1. CA – k2. CC (-ra) = k1 . CA0. (1-XA) – k2. 2/1. CA0. XA (7)

No equilíbrio temos que, (−r A )=0 K=k 1k 2

=2. X Ae

(1−X Ae) (8)

Sendo que, X Ae é obtido a partir de dados de laboratório.

A taxa de reação pode ser descrita da seguinte forma:

(−ra )=k 1 .CA 0 .(1−X A

X Ae) (9)

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t=C A0∫ dXA

k 1 .CA 0 .(1− X A

X Ae) , cuja solução é −ln(1− X A

X Ae)= k1

X Ae.t

(10)

2.2.1.3. Reação reversível de segunda ordem direta e primeira ordem inversa Representa-se esta equação como:

(−ra )=k 1 .CA2−k 2 .CC k1 .CA 0

2 . (1−X A )2−k2 .2.CA 0 .X A (11)

No equilíbrio temos que, (−r A )=0 K=k 1k 2

=2. X Ae

[C A0 (1−X Ae )2]

(12)

C A0 .K .−(2.K .CA 0+2 ) . X Ae+K .CA 0 . X Ae2 =0 Acha-se X Ae

¿ e confirma X Ae (13)

A taxa de reação pode ser descrita da seguinte forma:

(−r A )=k1 .C A0 ²[ (X Ae−X A ) . (X Ae¿ −X A )] (14)

Integrando, encontra-se: t=C A0∫d X A

k 1 .CA 0.2 [ (X A−X Ae ) . (X A−X Ae

¿ ) ]

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Cuja solução é 1

(X Ae−X Ae¿ )

. ln(X A−X Ae)X A−X Ae

¿ =C A0 . k1 . t

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2.2.1.4. Reação reversível de primeira ordem direta e segunda ordem inversaRepresenta-se esta equação como:

(−r A )=k1 .C A−k2 .CC2 k1CA 0 . (1−X A )−k2 .CA 0

2 . X A2 .4 (17)

No equilíbrio temos que, (−r A )=0 K=k 1k 2

=(4.C¿¿ A0 . X Ae ²)

(1−X Ae)¿

(18)

−4.C A0 . X Ae ²−K . X Ae+K=0 Acha-se X Ae¿ e confirma X Ae (19)

A taxa de reação pode ser descrita da seguinte forma:

(−r A )=( k1 .C A0

K ) .[ (X Ae−X A ) . (X Ae¿ −X A )] (20)

Integrando, encontra-se: t=C A0∫

d X A

( k1 .C A0

K ) .[ (X Ae−X A ) .(X Ae¿ −X A ) ]

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Cuja solução é 1

(X Ae−X Ae¿ ). ln( X A−X Ae

X A−X Ae¿ )=(CA 0 .k 1

K ). t (22)

2.2.1.5. Reação reversível de segunda ordem direta e segunda ordem inversa Representa-se esta equação como:

(−r A )=k1 .C A ²−k2 .CC ² k1 .CA 02 . (1−X A ) ²−k2 .4.CA 0

2 . X A ² (23)

No equilíbrio temos que, (−r A )=0 K=k 1k 2

=(4. X Ae

2 )(1−X Ae )

2 (24)

(K−4 ) . X Ae ²+2K . X Ae+K=0 Acha-se X Ae¿ e confirma X Ae (25)

A taxa de reação pode ser descrita da seguinte forma:

(−r A )=( k1 .C A02 .(K−4)K ) .[ ( X Ae−X A ) . (X Ae

¿ −X A )] (26)

Integrando, encontra-se: t=C A0∫

d X A

( k1 .C A02 .(K−4)K ) .[ (X A−X Ae ) . (X A−X Ae

¿ ) ]

(27)

Cuja solução é 1

(X Ae−X Ae¿ ). ln( X A−X Ae

X A−X Ae¿ )=(CA 0 .k 1 .(K−4)

K ). t

(28)

3. METODOLOGIAPara este trabalho, no item 2 foi abordado de uma maneira geral o processo

de produção de celulose e no item 3, foi detalhado com maior foco o processo de

caustificação. No item 4, foi exposto um detalhamento das razões que possibilitam

maior eficiência da reação de caustificação e os possíveis modelos cinéticos que

possibilitarão atingir a conversão mais próxima possível de equilíbrio e daí

possibilitar o dimensionamento dos reatores CSTR no adequado tempo de reação.

Para este item de metodologia, a partir de dados de laboratório, fornecidos

pela empresa International Paper utilizado como base de dados no artigo “Modelo

para eficiência de conversão da reação de caustificação na indústria de celulose”

apresentado no Cobeq de 2018 e utilizando os conceitos e os modelos cinéticos

discutidos no item 4, foi possível elaborar e desenvolver os cálculos de ajustes dos

parâmetros cinéticos, por ferramenta Excel, para a determinação do melhor modelo

da cinética da reação de caustificação, dentre os comentados no item 4.3.

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Page 11:  · Web viewO melhor modelo cinético encontrado para a cinética de caustificação foi a de primeira ordem direta e primeira ordem inversa, proporcionando o dimensionamento do reator,

O método utilizado pela International Paper para a determinação dos dados

de concentração em função do tempo é o SCAN-N 30:85, desenvolvido para uso em

laboratórios que empregam titulação potenciométrica para a determinação de álcali

total, ativo e efetivo em licores brancos e verdes normais obtidos e usados no

processo de polpação kraft (SPPB-TC, 1985).

O princípio deste método é utilizar uma amostra do licor, na qual será titulada

com ácido clorídrico de concentração conhecida. O valor de pH da mistura de

reação e o volume de ácido clorídrico são registrados continuamente e, a partir dos

dados registrados, o consumo de ácido nos pontos de inflexão é determinado. A

partir das quantidades de ácido necessárias para atingir os três pontos de inflexão,

calcula-se o álcali efetivo, ativo e total da amostra, que propicia com o valor

conhecido da sulfidez, determinar os valores das concentrações de carbonato de

sódio (Na2CO3) e de soda cáustica (NaOH) (SPPB-TC, 1985).

Tabela 1- Dados de laboratório: reação de caustificação em função do tempo

Fonte: MORAES et al (2018, p. 02)

Os resultados disponibilizados são apresentados na Tabela 1, acima:

Na2CO3 (“A”) + Ca (OH)2 (“B”) ↔ 2 NaOH (“C”) + CaCO3 (“D”) Podemos observar na Tabela 1 que os dados de concentrações de carbonato

de sódio (Na2CO3) e de soda cáustica (NaOH), em função do tempo, foram obtidos

numa sulfidez de 25% (teor de Na2S) e temperatura de 105 °C. Com estas variáveis

fixas, foram realizados no laboratório quatro experimentos partindo de diferentes

concentrações iniciais de carbonato de sódio (CA0 de 1,0 kmol/m3, CA0 de 1,25

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Page 12:  · Web viewO melhor modelo cinético encontrado para a cinética de caustificação foi a de primeira ordem direta e primeira ordem inversa, proporcionando o dimensionamento do reator,

kmol/m3, CA0 de 1,50 kmol/m3 e CA0 de 1,75 kmol/m3), em face da forte interferência

desta variável na cinética da reação, conforme comentado no item 4.

A Figura 7 abaixo ilustra o comportamento das concentrações de reagentes e

produtos ao longo do tempo, com aparente estabilização após 210 minutos, para as

quatro concentrações iniciais (CA0) de carbonato de sódio.

Figura 7 - Comportamento das concentrações em função do tempo.

Fonte: Elaborado pelos autores

Como já abordado, a importância do conhecimento da cinética da

caustificação envolve atingir o máximo de conversão real, próxima da conversão de

equilíbrio, pois proporciona menor carga de inertes e faz com que o ciclo de

recuperação seja mais eficiente, alcançando maior produção de soda cáustica,

provocando, consequentemente, um menor consumo de químicos para o processo

de cozimento. Assim, com a cinética definida foi possível realizar o adequado projeto do

reator em termos dimensionais (altura, diâmetro e número de reatores em série para

o caso do CSTR).

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir dos dados de laboratório, as variáveis calculadas através do

Excel para aplicação e avaliação dos resultados da cinética de caustificação e

utilizando os conceitos discutidos no item 4, foram elaborados e desenvolvidos os

cálculos para determinar o melhor modelo para a cinética da reação de caustificação

conforme seguem nas tabelas abaixo (Tabelas 2 a 5), nas quais estão descritos os

modelos cinético encontrados, valor do resíduo e os gráficos plotados com as taxas

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Page 13:  · Web viewO melhor modelo cinético encontrado para a cinética de caustificação foi a de primeira ordem direta e primeira ordem inversa, proporcionando o dimensionamento do reator,

de reação calculado e real para as concentrações iniciais de 1; 1,25; 1,50 e 1,75

kmol/m³.

Tabela 2 – Valores obtidos para a concentração inicial 1 kmol/m³.

Fonte: Elaborado pelos autores

Tabela 3 – Valores obtidos para a concentração inicial 1,25 kmol/m³.

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Fonte: Elaborado pelos autores

Tabela 4 – Valores obtidos para a concentração inicial 1,50 kmol/m³

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Page 15:  · Web viewO melhor modelo cinético encontrado para a cinética de caustificação foi a de primeira ordem direta e primeira ordem inversa, proporcionando o dimensionamento do reator,

Fonte: Elaborado pelos autores

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Page 16:  · Web viewO melhor modelo cinético encontrado para a cinética de caustificação foi a de primeira ordem direta e primeira ordem inversa, proporcionando o dimensionamento do reator,

Tabela 5 – Valores obtidos para a concentração inicial 1,75 kmol/m³

Fonte: Elaborado pelos autores

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4.1. Apresentação do melhor modelo ajustado para a cinética de caustificação Comparando o calculado com o real, foi possível verificar que o melhor

modelo cinético para a reação de caustificação é o de 1ª ordem direta e 1ª ordem

inversa, para todas as concentrações.

(-ra) = k1. CA – k2. Cc (-ra) = k1. CA0. (1-XA) – k2.2/1.CA0.XA (7)

Podemos confirmar a escolha desse modelo observando os valores obtidos

dos resíduos, em que o valor do resíduo que mais se aproximou de zero foi o

modelo de 1ª ordem direta e 1ª ordem inversa. Consequentemente nos gráficos, a

reta com o calculado e o real foi o que mais se aproximou.

Sabemos que no processo de caustificação há uma reação de equilíbrio,

sendo uma reação reversível indicado pela seta dupla. Isto significa que, mesmo sob

condições muito favoráveis, não será alcançado a conversão de equilíbrio, sendo

possível chegar a 94% da conversão de equilíbrio de Na2CO3 em NaOH (Xae =

0,85), e isto ocorre independente da quantidade de cal utilizada. Esta porcentagem

depende diretamente da concentração de álcali e sulfidez no licor verde.

Sob essas condições o hidróxido de cálcio e o carbonato de cálcio são

insolúveis e por isso participam da reação como sólidos, e como o CaCO3 é menos

solúvel que o Ca(OH)2, a caustificação acontece principalmente para a direita. Por

este motivo, a concentração que teve maior conversão para a cinética de

caustificação foi de 1 kmol/m³.

Figura 10 - Conversão para o modelo encontrado.

Fonte: Elaborado pelos autores

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Os 94% da conversão de equilíbrio, corresponde a XA=0,80, conforme ilustra

a Figura 10 acima, que será utilizado para o cálculo da área de 1 reatore CSTR em 2

linhas. Podendo ser visualizado que se fosse considerado um único reator, a área

utilizada seria muito além da necessária acarretando gastos desnecessários, se

tornando um projeto inviável.

4.2. Cálculo do tempo Para encontrar o tempo de reação em reatores CSTR é utilizada a seguinte

fórmula:

θCSTR=C A0 . X A

(−r¿¿A )→θCSTR=C A0 .X A

(−r¿¿ A)¿¿

(29)

θCSTR=C A0 . X A .1

(−r¿¿ A)¿ (30)

Abaixo, a Figura 11 ilustra a divisão dos 4 reatores em série que será utilizado

para a configuração das áreas destes reatores. A razão da utilização dos reatores

em série é redução de volume para a reação.

Figura 11 - Definição das áreas do modelo encontrado.

Fonte: Elaborado pelos autores

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Para o cálculo do tempo de reação em cada reator, é necessário encontrar os

valores das concentrações iniciais, conforme abaixo.

Para o 1º reator:

θ1=C A 0. A1 (31)

θ1=1 x27,5482→θ1=27,5482min

Para o 2º reator:

θ2=CA1 . A2 (32)

C A1=C A0 .(1−X A1) (33)

C A1=1 x (1−0,30 )→CA 1=0,70

θ2=0,70 x 42,08754→θ2=29,46128min

Para o 3º reator:

θ3=CA 2. A3 (34)

C A2=C A0 .(1−X A2) (35)

C A2=1 x (1−0,55 )→CA 2=0,45

θ3=0,45 x 50,50505→θ3=22,72727min

Para o 4º reator:

θ4=C A3 . A4 (36)

C A3=C A0 .(1−X A3) (37)

C A3=1 x (1−0,70 )→C A3=0,30

θ4=0,30 x101,0101→θ4=30,30303min

Para o cálculo do volume do reator foi realizado o cálculo do tempo médio.

θmédio=27,47min

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4.2.1 Cálculo da vazão

Dentro de um contexto do processo de celulose, tem se a carga de álcali no

processo de 360Kg. Na2O / t .cel aplicada no processo de caustificação.

Figura 12 - Esquematização do processo de caustificação.

Fonte: Elaborado pelos autores

Foi necessário converter a concentração inicial de 1 kmol/m³ de carbonato de

sódio para quilos de carbonato de sódio por metros cúbicos, utilizando o coeficiente

estequiométrico da reação 1 A+1B↔2C+1D.

C A0=1,0Kmol. Na2CO3

m ³x 21x106

Kg .Na2CO3

Kmol .Na2CO3→CA 0=212

Kg .Na2CO3m ³. sol

Foi necessário realizar a conversão de óxido de sódio que entra nos

caustificadores para carbonato de sódio.

C A=360Kg. Na2Ot . cel

x106Kg .Na2CO362Kg .Na2O

→CA=615,5Kg. Na2CO3

t . cel

E assim, foi possível calcular a vazão de licor verde a partir da capacidade de

produção por dia estipulada inicialmente.

V 0=1200t . celdia

x 615,5Kg .Na2CO3

t . celx m ³212 Kg .Na2CO3

x 1dia1.440min

V 0=2,41m ³ /min

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4.2.2. Cálculo do volume, altura e diâmetro de cada reatorApós ser calculado o valor da vazão inicial, foi possível calcular o volume do

reator a partir do valor encontrado para o tempo médio onde:

V reator=V 0 . θmédio (38)

V reator=2,41m³min

x 27,51min→V reator=66,2m ³

Pela experiência de reações eficientes, o volume adequado para a mistura é

da ordem de 50 m³, por isso os reatores devem ser dispostos em 2 linhas de 4

reatores em série para que o volume em cada reator seja de V reator=33,1m ³.

Para que a operação seja segura, a altura útil de cada caustificador

deve ocupar 80% de sua altura total:

H total=H útil

0,8 (39)

Considerando a altura do tanque igual H total=2,0.D, ou seja:

H útil

0,8=2,0.D→H útil=1,6.D

V reator=[ (π . D2 ) .H útil ]

4 (40)

33,1=[(π .D3 )]2

→D=2,76m

Sendo assim, H útil=4,41meH total=5,52m.

4.2.3. Cálculo do sistema de agitação

Para realizar os cálculos do agitador, foram consideradas as relações da

Figura 13 abaixo:

Figura 13 - Relações para cálculo das dimensões do caustificador.

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Fonte: Adaptado de McCABE (1985, p. 216)

Para o diâmetro do impedidor geralmente para reatores com turbina Rushton

são 1/3 do diâmetro do tanque: Di=D3→Di=

2,763

=0,92m

Largura da pá do impedidor Li=Di

4→Li=

0,924

=0,23m

Altura da pá do impedidor W i=Di

5→W i=

0,415

=0,184 m

Distância do impedidor do fundo do tanque = C = Di = 0,92

Geralmente a largura das chicanas é entre 8 a 10% do diâmetro do reator:

J = 0,08 x D→J=0,22

O número de impedidores para máxima transferência de potencia é dado:

(H útil−2Di)Di

<n° impelidores<H útil−Di

Di (41)

2,79<N i<3,79→N i=3

Distância entre impedidores Hi: Di < Hi < 2Di 0,92 < Hi < 1,84 Hi = 1,40 m.

5. CONSIDERAÇÕES FINAISO objetivo de apresentar o processo de produção de celulose, assim como

determinar a adequada cinética de caustificação e realizar o dimensionamento

completo foi totalmente cumprido e detalhado neste trabalho, propiciando mais um

estudo de caso para análise de profissionais de projeto industrial, operação de

processos químicos e da área acadêmica.

O estudo do adequado modelo cinético para o processo de caustificação,

permitiu encontrar a partir de dados de laboratório, o melhor modelo com a maior

eficiência para a reação correspondendo a 94% da conversão de equilíbrio.

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Possibilitando, a partir dos dados, encontrar a área e a quantidade de reatores

necessários para uma capacidade produtiva de 1200 toneladas/dia de celulose.

Foi possível avaliar as melhores opções de configurações de reatores CSTR

para correta operação, como tempo e volume de cada reator, sendo a opção

apresentada a mais viável. Os resultados obtidos são comparáveis a instalações

industriais em operação, principalmente no que tange à necessidade de 2 linhas de

4 reatores de 33,1 m³ cada, para uma produção de 1200 toneladas/ dia de celulose.

Para concluir, gostaríamos de comentar que este trabalho nos trouxe a

oportunidade de realizar o estudo de um processo completo, desde o estudo e

cálculo para o melhor modelo cinético até o dimensionamento do reator, o que foi

grandioso para nosso aprendizado como projeto final de curso.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASALVES, É. D; PINHEIRO, O. S; COSTA; A. O. S; COSTA JUNIOR; E. F. Estudo do processo de obtenção celulose Kraft com ênfase no forno de cal. Revista Liberato, Novo Hamburgo, v.16, n. 26, p. 101-220, jun. 2015.

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Page 24:  · Web viewO melhor modelo cinético encontrado para a cinética de caustificação foi a de primeira ordem direta e primeira ordem inversa, proporcionando o dimensionamento do reator,

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