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A ATUAL REGIÃO SERRANA FLUMINENSE E SEUS ESPAÇOS i -economias perdedoras, institucionalidades desarticuladas e realidades sociais perversas- ii Resumo: Este artigo se propõe a examinar três aspectos: a região serrana como perdedora no contexto do Estado Rio de Janeiro (ERJ) - aliás, como vem ocorrendo desde meados dos anos 1990; a sua desarticulação política e político-institucional; e o fato dessa região se mostrar socialmente perversa com as suas maiorias populacionais, o que, em parte, é expressão do seu baixo dinamismo econômico e das apontadas desarticulações. Por fim, seguem duas reflexões: a do desenvolvimento dessa região no contexto estadual e a do lugar da massa de trabalhadores e dos destituídos em geral em seu próprio âmbito. Abstract: This article aims to examine three aspects: the mountain region as a loser in the context of the state Rio de Janeiro (RJ) - indeed, as it has since the mid-1990s; its political and political- institutional disarticulation; and the fact that Rio de Janeiro mountain region show up socially perverse with its majority population, which, in part, is an expression of its low economic dynamism and pointed dislocations. Finally, here are two thoughts: the development of the region in the context state and the place of the mass of workers and destitute in general in its own sphere. Foot-note: the word fluminense refers to natives, places and institutions of the Rio de Janeiro State. APRESENTAÇÃO

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A ATUAL REGIÃO SERRANA FLUMINENSE E SEUS ESPAÇOSi

-economias perdedoras, institucionalidades desarticuladas e realidades sociais perversas-ii

Resumo:Este artigo se propõe a examinar três aspectos: a região serrana como perdedora no

contexto do Estado Rio de Janeiro (ERJ) - aliás, como vem ocorrendo desde meados dos

anos 1990; a sua desarticulação política e político-institucional; e o fato dessa região se

mostrar socialmente perversa com as suas maiorias populacionais, o que, em parte, é

expressão do seu baixo dinamismo econômico e das apontadas desarticulações. Por fim,

seguem duas reflexões: a do desenvolvimento dessa região no contexto estadual e a do

lugar da massa de trabalhadores e dos destituídos em geral em seu próprio âmbito.

Abstract:This article aims to examine three aspects: the mountain region as a loser in the context of

the state Rio de Janeiro (RJ) - indeed, as it has since the mid-1990s; its political and political-

institutional disarticulation; and the fact that Rio de Janeiro mountain region show up socially

perverse with its majority population, which, in part, is an expression of its low economic

dynamism and pointed dislocations. Finally, here are two thoughts: the development of the

region in the context state and the place of the mass of workers and destitute in general in its

own sphere.

Foot-note: the word fluminense refers to natives, places and

institutions of the Rio de Janeiro State.

APRESENTAÇÃO

Este artigo, como indicado, tem como recorte geográfico a região serrana (RS) do estado do

Rio de Janeiro (ERJ) e como recorte cronológico o tempo presente iii; assim sendo, resta

assinalar a pergunta que orienta o escrito (o recorte lógico) iv. Com base nas experiências

vivenciais e leituras prévias dos autores no e sobre o lugar em tela há quatro démarches a

examinar, além das referências positivas que a ela são associadas e ilustradas pelo seu

clima ameno, sua vegetação exuberante, etc., a saber: o porquê de ser ela historicamente

perdedora no contexto estadual; o porquê de ser ela desarticulada em termos políticos e

político-institucionais; o porquê de ser ela socialmente perversa com suas maiorias

populacionais; e, por fim, o porquê de seu problemático desenvolvimento, sublinhando-se aí

o papel dessas mesmas maiorias populacionais e, em especial, o da classe trabalhadora.

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Isto posto, afora esta Apresentação, o artigo está organizado em mais quatro seções: na

Seção I, examina-se o fato de a RS ser historicamente perdedora no contexto estadual,

graças ao relativo dinamismo econômico vigente em outras regiões fluminenses, como mais

uma vez vem ocorrendo desde meados dos anos 1990,; na Seção II, o que corrobora para o

analisado na primeira seção, examina-se a desarticulação política e político-institucional da

região em exame – apesar do “label”v região; c) na Seção III, mostra-se que a realidade

social serrana é socialmente perversa com as suas maiorias populacionais - o que, pelo

menos em parte, é uma das expressões do seu baixo dinamismo econômico e das

apontadas desarticulações; e d) na Última Seção, de Considerações Finais, são elaboradas

breves reflexões sobre dois temas chaves da questão regional em exame: a do seu

desenvolvimento vis a vis o âmbito estadual e a do lugar da massa de trabalhadores e dos

destituídos em geral em seus próprios domínios.

SEÇÃO I – ´LOCALIZANDO´ O ESPAÇO-OBJETOvi: traços gerais

É fato comum associar ao espaço em questão as cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e

Petrópolis. Todavia, por suposto, outros municípios menos destacados poderiam ser aqui

também arrolados. Porém, pelo menos no momento, esse não é o caso. Por que? Porque

tal listagem depende da regionalização a ser adotada. Sendo assim, resolveu-se de início

escolher a fornecida pelo IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). E

por duas razões: uma, pelo fato dessa instituição ser a mais importante produtora de dados

no/do país e, a outra, pelo que se explicará logo adiante. Então, agora sim, segue a

supramencionada listagem: Bom Jardim, Cantagalo, Carmo, Cordeiro, Duas Barras,

Macuco, Nova Friburgo, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, São Sebastião do Alto,

Santa Maria Madalena, Sumidouro, Teresópolis e Trajano de Morais.

Como se pode verificar, dada essa listagem, o espaço-objeto abarcaria 14 (quatorze)

municípios. Vencida essa etapa de definição dos municípios com que trabalhar impõe-se um

novo desafio: seriam eles considerados em bloco ou seriam dispostos conforme as

microrregiões do IBGE? Neste caso, os autores resolveram seguir à segunda alternativa,

tendo como referência as anotadas experiências vivenciais e leituras prévias na e sobre a

realidade serrana dos autores. Os municípios anotados foram então organizados, por

Microrregiões, como segue: N. FRIBURGO (Bom Jardim, Duas Barras, Sumidouro e N.

Friburgo), SERRANA (N. Friburgo, Petrópolis, Teresópolis e S.J. do Vale do Rio Preto),

Santa Maria Madalena (S. Sebastião do Alto, Trajano de Morais e Santa Maria Madalena) e

CANTAGALO-CORDEIRO (Carmo, Macuco, Cantagalo e Cordeiro).

Assim sendo, poder-se-ia então levantar os argumentos alinhados pelo IBGE de modo a

explicar o porquê da sua escolha. Mas se entendeu ser isso desnecessário; explicando:

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mais uma vez com base nas mencionadas experiências e leituras prévias, resolveu-se

redefinir essa regionalização (apoiada na anterior, a do mesmo IBGE). Como segue:

QUADRO I: NOVA REGIONALIZAÇAO DOS MUNICÍPIOS SERRANOSSUBREG. SUBREG. SUBREG. SUBREG. SUBREG.

NOVA FRIBURG

O

SANTA MARIA

MADALENA

CANTAGALO-CORDEIRO

PETRÓPOLIS

TERESÓPOLIS

Bom Jardim

São Sebastião

do AltoCarmo Petrópolis Teresópolis

Duas Barras

Trajano de Morais Macuco

São José do Vale do Rio

Preto-

SumidouroSanta Maria

MadalenaCantagalo -

Nova Friburgo - Cordeiro -

Fonte: IBGE/Censo 2010.

O Quadro I, com base nas listagens anteriores, traz consigo três mudanças: a criação de

duas novas subregiões (as de Petrópolis e Teresópolis), a eliminação da microrregião

serrana e a inscrição do município de S. José do Vale do Rio Preto na subregião de

Petrópolis. As explicações desses rearranjos são as seguintes: a relação mais proeminente

de Nova Friburgo ocorre com os municípios mencionados na primeira coluna do quadro

anterior pelo fato dele ser, como já indicado, uma espécie de ´capital regional´; a relação de

Nova Friburgo com os municípios de Teresópolis e, destacadamente, com o de Petrópolis é

quase inexistente; o município de São José do Vale do Rio Preto, antes fração territorial de

Petrópolis, tem nesse município, dada à sua fragilidade econômica, etc., sua ´capital

regional´; Teresópolis, pela sua geografia e vínculos econômicos, etc., guarda relações mais

estreitas com a Baixada Fluminense, via Guapimirim, que propriamente com seu entorno

regional serrano; e, por último, conquanto a Microrregião Serrana reúna os três municípios

mais conhecidos da chamada RS, é mais ou menos evidente que eles possuem nexos

irrisórios.

Para melhor visualização da região serrana redefinida, com seus municípios e subregiões,

procedidas às escolhas e definições efetuadas, na linha da aproximação do desvelamento

da região-objeto, vide o Quadro a seguir.

QUADRO II: POPULAÇÃO MUNICIPAL POR SUAS RESPECTIVAS SUBREGIÕES, 2010SUBREG.

NOVA FRIBURGO

SUBREG.SANTA MARIA

MADALENA

SUBREG.CANTAGALO-

CORDEIRO

SUBREG.PETRÓPOLIS

SUBREG.TERESÓPOLIS

MUNIC./POP. MUNIC./POP. MUNIC./POPP. MUNIC./POP. MUNIC./POP.

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Bom Jardim/25.333

São Sebastião do Alto/8.895

Carmo/17.434

Petrópolis/295.917

Teresópolis/163.746

Duas Barras/10.930

Trajano de Morais/10.289

Macuco/5.269

São José do Vale do Rio

Preto/20.251

-

Sumidouro/14.900

Santa Maria Madalena/

10.321

Cantagalo/19.830

- -

Nova Friburgo/182.082

- Cordeiro/20.430

- -

POP. TOTAL =233.245

POP. TOTAL =29.505

POP. TOTAL =62.963

POP. TOTAL =

316.168

POP. TOTAL =163.746

FONTE: Censo IBGE, 2010.

Resulta do quadro anterior que em um total de 805.627 habitantes (a soma dos números

registrados em sua última linha), há subregiões mais adensadas, como é o caso da de

Petrópolis, secundada pela de Nova Friburgo e, passo seguinte, pela de Teresópolis, graças

aos seus ´municípios capitais´, como também subregiões relativamente esvaziadas em

termos populacionais, como avultadamente expresso na de Santa Maria Madalena, mas

também, em menor grau, na de Cordeiro-Cantagalo. Ademais, se de um lado pontificam os

´municípios capitais´, com destaque para o de Petrópolis, há os casos daqueles situados na

faixa dos 10 mil habitantes (Macuco, S. Sebastião do Alto, Duas Barras, Trajano de Morais e

Santa Maria Madalena). Partindo-se do princípio realista de que na sociedade do capital

para onde ele se dirige a população vai atrás, pode-se afirmar que esse espaço-objeto é

bastante desigual do ponto de vista (estrito) da geração de riqueza, uma vez recortada à

reflexão município a município e mesmo em termos subregionais. E esse fato, ainda que

ocioso, pode ser apreendido na consideração dos municípios mais populosos vis a vis os

menos...

Evidentemente outros aspectos poderiam aqui ser adicionados à localização da região

serrana como, por exemplo: sua importante proximidade com a região metropolitana

fluminense; sua ligação rodoviária quer com essa última região através da BR-040, quer

também por conta da mesma BR-040 com a de Belo Horizonte; etc. Enfim: entende-se que

o que já se anotou é suficiente para os propósitos desta seção – quando mais não fosse

porque, conquanto sob ângulos diversos e complementares, desse temário se continuará a

tratar no restante do artigo.

SEÇÃO II – REALIDADE ECONÔMICA PERDEDORA NO CONTEXTO ESTADUAL: uma primeira aproximação analítica

Inescapável desde logo, ainda que sucintamente, examinar a expressão realidade

econômica perdedora. Sabem os que militam no campo do planejamento urbano e regional

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e os estudiosos das ciências territoriais que essa referência é aqui usada em contraposição

ao termo “regiões que ganham” de George Benko e Alain Lipietz (1992). Nesse trabalho, no

ambiente da crise do chamado fordismo (1970-80), os autores mostram que nem todos os

lugares dos países centrais estavam na mesma situação de desalento (de crise econômica

e com elevada taxas de desemprego). Antes pelo contrário...Foi assim, enfim, que foi aqui

apropriada a supramencionada referência.

Por conseguinte, para dizer perdedora a região serrana é preciso ter em conta que o estado

do Rio de Janeiro experimentou a partir de meados dos anos 1990 certa dinamização da

sua vida econômica – com especial destaque para alguns dos seus espaços, a saber: os

das regiõesvii Norte, Baixadas Litorâneas e Costa Verdeviii. A esse respeito os dados que

seguem são bem ilustrativos:

QUADRO III: VARIAÇÃO DO EMPREGO FORMAL EM REGIÕES DE GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 1995-2008

REGIÕES DE GOVERNO TOTAL DA VARIAÇÃO DO EMPREGO FORMAL

Região Serrana 39,9%Norte 169,1%

Costa Verde 148,1%Baixadas Litorâneas 144,0%

Noroeste 68,0%Centro-Sul 56,5%

Médio Vale do Paraíba 37,7%Metropolitana 28,3%

Estado do Rio de Janeiro 38,1% Fonte: RAIS/MTE.

Deriva do Quadro III que três regiões apresentaram desempenho inferior ao da região de

governo serrana: o Médio Vale do Paraíba, a Metropolitana e o conjunto do estado ix. No

entanto, tal fato não surpreende; e pelas seguintes razões: a região metropolitana, no limite,

era então uma região saturada economicamente e, além disso, os investimentos verificados

em seus domínios eram marcadamente “capital intensive” (e não “labor intensive”); o Médio

Vale do Paraíba, em que pese o seu dinamismo, assentado no que se poderia grosso modo

denominar de Complexo Metal-Mecânico, mostrava-se largamente poupador de mão de

obra; e, por fim, a dinâmica do estado resultava da reduzida capacidade de geração de

postos de trabalho das suas regiões economicamente menos dinâmicas e dos investimentos

assentados em tecnologias que dispensam trabalhadores, tudo isso, é trivial, puxando sua

média para baixo. Por conseguinte, os 39,9% da região serrana comprovavam que no

quesito em tela seu desempenho ao nível estadual era mesmo preocupante quando

considerada outras regiões de governo no longo período de análise aqui recortado. Em

reforço ao que veio de ser exposto, veja-se o quadro que segue:

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QUADRO IV: PIB A PREÇO DE MERCADO POR REGIÕES DE GOVERNO 2010

REGIÕES DE GOVERNO PIB A PREÇO DE MERCADOPOR REGIÕES DE GOVERNO (R$)

Região Serrana 15.583.078Metropolitana 215.183.465

Norte 45.646.937Médio Vale do Paraíba 29.368.835

Baixadas Litorâneas 21.336.446Costa Verde 11.743.068Centro-Sul 4.329.429Noroeste 3.853.536

Estado do Rio de Janeiro 407.122.794 Fonte: CEPERJ, 2010.

Neste caso, o da comparação dos Produtos Internos Brutos (a preços de mercado),

excluindo-se a região metropolitana com seus 19 (dezenove) municípios, dado seu inegável

peso econômico, poder-se-ia dizer que a situação da região serrana (RS) não seria das

piores; tanto que ela, no “ranking” em exame, superaria a região Noroeste, e mesmo a do

Centro-Sul e a da Costa Verde. Ora, superar a região Noroeste não surpreende na medida

em que ela é histórica e longevamente fragilíssima em termos econômicos. Tampouco

surpreende que a RS supere a produção de riqueza da região Centro-Sul, posto que ela, no

que trata da produção de riqueza social, também histórica e longevamente, aproxima-se em

termos de desempenho da região Noroeste. Quanto à Costa Verde, superá-la igualmente

não surpreende, posto que embora ali estejam ocorrendo importantes investimentos - como

indicado -, em termos econômicos essa região se resume, no limite, ao município de Angra

dos Reis.

Logo, mais uma vez excluindo a região metropolitana fluminense, é razoável afirmar que a

região serrana não soube ou não pode acompanhar o dinamismo econômico vigente no

estado nas últimas décadas. Tanto que ficou atrás até mesmo de regiões outrora débeis,

como o eram a Baixada Litorânea e a Norte. Mais: também continuou atrás do Médio Vale

do Paraíba, com seu passado industrial atualizado a partir de meados dos anos 1990,

dados, dentre outros, os investimentos automobilísticos que ali foram realizados. E, por fim,

mesmo tendo superado à região da Costa Verde, parece razoável não valorizar esse

desempenho pela razão já aludida.

O descompasso econômico entre a região serrana no âmbito do estado, mormente com

parcela não desprezível dele, fica mais flagrante quando se considera a Receita Corrente

Líquida “Per-Capita”. A esse respeito, vide o quadro seguinte:

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QUADRO V: RECEITA CORRENTE LÍQUIDA PER CAPITA POR REGIÕES DE GOVERNO 2010

REGIÕES DE GOVERNO RECEITA CORRENTE LÍQUIDA PER CAPITA (R$)

Região Serrana (RS) 1.573,12Norte 3.989,85

Costa Verde 3.506,81Baixadas Litorâneas 2.338,77

Médio Vale do Paraíba 1.767,42Noroeste 1.684,21

Centro-Sul 1.638,20Metropolitana (RM) 1.369,21

Fonte: CEPERJ, 2010.

Os valores anteriores são acachapantes. Afinal, a RS fica situada apenas acima da RM, e

por uma simples razão: tal região possui valores baixos pelo evidente gigantismo da sua

população – e com baixíssimo poder de compra.

Certamente outros dados poderiam ser aqui argüidos de modo a sustentar a tese em

questão, a de ser ela, a RS, perdedora no contexto estadual. Mas isso parece

desnecessário. Até porque não é de hoje que ela desse modo se apresenta. Vale assim

relembrar que quando da passagem do café pelo seu espaço, na segunda metade do século

XIX, tal produto nunca se mostrou um “tradeable” e nem, tampouco, soube realizar, no

limite, qualquer “take off” econômico quando da industrialização do século XX. Ou seja, o

histórico dessa região como economicamente perdedora é antigo.

Concluindo: a região em questão nunca se mostrou capaz de fazer frente às transformações

econômicas dos últimos e aproximados 150 anos. No entanto, a novidade das duas últimas

décadas é que com o relativo soerguimento da economia fluminense até mesmo regiões

antes frágeis lograram acompanhar ou mesmo contribuir para essa nova dinamicidade - mas

esse não foi o caso da região serrana. É verdade que essa dinamicidade em parte assim se

deu por desígnios da natureza, como acontece com a cadeia de petróleo e gás. Porém,

nada disso deveria servir de desculpa para o ´atraso´ que se foi ao longo do tempo

acumulando, inclusive o dessa última conjuntura. Nesses termos, como toda e qualquer

região economicamente fragilizada, resulta que ela deveria ser objeto de ações públicas

urgentes – todavia, infelizmente, isso está longe de acontecer. Mas não apenas: certamente

há aspectos relativos à sua história e às suas forças sociais, ambos carentes de estudos de

modo a desvelar os porquês mais profundos do fato dessa região ser secularmente

perdedora em termos econômicos...

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SEÇÃO III – REALIDADE POLÍTICA E POLÍTICO-INSTITUCIONAL DESARTICULADA: uma segunda aproximação analítica

É razoável afirmar que os lugares possuem representatividade política em função de três

critérios isolados ou combinados, a saber: importância econômica, existência de político(s)

que fale(m) por eles e contingente populacional traduzível em voto.

No que concerne ao primeiro critério, os apontamentos efetuados na Seção II indicam que a

região serrana é frágil para daí retirar uma base que a catapulte no cenário estadual e,

menos ainda, no nacional (e.g., ao nível das lutas federativas). Poder-se-ia pensar, é trivial,

em municípios isolados capazes de ´falar´, senão em nome da região, pelo menos em seus

próprios nomes em vista de seus ´pesos´ econômicos. Logo, cabe a pergunta: existe na

região algum município (ou existem municípios) com essa força? Pela sua importância na

região, preliminarmente, o único que poderia desempenhar esse papel seria o de Petrópolis

- esse temário será retomado adiante.

No que concerne ao segundo critério, o da voz política que fale pelo município e/ou região,

ela é praticamente inexistente. É fato que o estado do Rio de Janeiro, como todos os

estados da federação, possui três senadores (atualmente, Lindberg Farias, Francisco

Dornelles e Marcelo Crivella) e que eles detêm boa expressão política no cenário nacional.

No entanto, é razoavelmente consensual que nenhum deles tem a representatividade

necessária junto aos governos estadual e federal para fazer frente às necessidades

regionais, seja da serrana ou de qualquer outra do estado – isso sem contar que seus

domicílios eleitorais e suas bases de apoio/voto estão concentrados no município do Rio de

Janeiro e em seu entorno metropolitano. Quanto aos deputados federais, esse conjunto de

14 (quatorze) municípios e 805.627 habitantes identifica, formalmente, somente dois

deputados federais - Hugo Leal e Glauber Braga – como ´seus´. O primeiro é em parte

vinculado ao município de Petrópolis, embora com votos distribuídos na região (embora não

apenas), ao passo que o segundo é um claro filho de Nova Friburgo e com votos na área de

influência desta mesma subregião. Em resumo: há evidentes dificuldades neste quesito no

que tange à atração de recursos para o espaço-objeto, bem como em termos de suas

capacidades políticas de efetivamente contribuir para a definição de algum projeto regional

de desenvolvimento.

No que concerne ao terceiro critério, o da existência de contingente populacional traduzível

em voto, ele tampouco existe. Veja-se em seguida o quadro que segue:

QUADRO VI: DISTRIBUIÇÃO POPULACIONAL PELAS REGIÕES DE GOVERNO 2010REGIÕES DE GOVERNO POPULAÇÃO

Serrana 805.627Metropolitana 11.835.708

Médio Vale do Paraíba 855.193Norte 849.515

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Baixadas Litorâneas 810.666Noroeste 317.493

Centro-Sul 272.227Costa Verde 243.500

TOTAL 15.989.929 Fonte: Informações Socioeconômicas do Estado do Rio de Janeiro/SEBRAE-RJ.

Os dados anteriores confirmam o óbvio: a avultada participação da região metropolitana em

termos populacionais no conjunto do estado, tanto que ela abarca 74% desse total; a

participação diminuta das regiões Centro-Sul e Costa Verde no total em tela; e a

participação relativamente equilibrada das demais (Serrana, Baixadas Litorâneas, Médio

Vale do Paraíba e Norte). Daí resulta que com a exceção da RM as demais possuem

populações relativamente limitadas para efeito da contagem de voto; o que equivale a dizer

que se desse mal não padece apenas a RS, evidentemente, embora não sozinha, à

fragilidade econômica dessa última adiciona-se outra, a da dificuldade em eleger número

expressivo de parlamentares, sejam eles estaduais e, principalmente, federais. A esse

respeito, vide o Quadro VII:

QUADRO VII: PARTICIPAÇÃO DO ELEITORADO PELAS REGIÕES DE GOVERNO 2010REGIÕES DE GOVERNO PARTICIPAÇÃO DO ELEITORADO

NO TOTAL DO ESTADO (%)Serrana 5,5

Metropolitana 72,7Baixadas Litorâneas 5,6

Médio Vale do Paraíba 5,6Noroeste 2,1

Centro-Sul 1,9Costa Verde 1,4

Fonte: Municípios em Dados/Secretaria de Planejamento do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Entretanto, não é apenas (sic) sua população relativamente limitada que dificulta o

soerguimento da economia da RS, dadas às suas dificuldades estruturais (como examinado

antes): há também o fato dessa região ser historicamente desarticulada em termos político-

institucionais. Ou seja: os termos região ou de governo serranos, como algumas vezes aqui

já se escreveu, foram empregados - e também o são por outros autores e diversas

instituições - mais por força do hábito que por efetivo rigor conceitual e, claro, por conta das

bases de dados existentes seguirem esses recortes. De outra forma: essa ´região´ é um

mosaico desarticulado e, assim sendo, quase uma ficção (o que, para ser justo, não é

exclusividade da RS no âmbito estadual fluminense...).

Possivelmente a evidência mais marcante do que veio de ser anotado diga respeito aos

seus três principais municípios (Petrópolis, Teresópolis e N. Friburgo) que, ao fim e ao cabo,

são estranhos uns aos outros. Petrópolis, por exemplo, interage com centralidade apenas

em relação a S.J do Vale do Rio Preto; por outro lado, embora ele seja relativamente auto-

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suficiente, em especial no que trata dos chamados serviços, também interage, até de

maneira expressiva, com o município do Rio de Janeiro – mas esse, como se sabe, não

pertence legalmente à sua região. Além desses dois municípios, Petrópolis também se

relaciona com Areal e Três Rios, municípios não pertencentes à sua subregião, e até

mesmo com Juiz de Fora, do estado de Minas Gerais. É dizer: sendo essas suas interações

principais, resulta evidente seu ´afastamento´ regional. O município de Teresópolis, por sua

vez, parece mais próximo da capital do estado, via Guapimirim (e, depois, Duque de

Caxias), que de seu entorno regional serrano. N. Friburgo é o caso mais ´dissonante´ no que

concerne ao referido entorno. Como já se anotou, ele desempenha o papel de ´capital

regional´ para os municípios de Bom Jardim, Duas Barras e Sumidouro; e, ´esticando um

pouco a corda´, também para os municípios da sub-região de Sta. Maria Madalena. Porém,

nesse último caso, vale reter que ela, melhor, seus municípios, vem crescentemente se

aproximando do município de Macaé, pertencente à Microrregião Norte, por conta de seu

crescimento econômico recente e do fator proximidade geográfica. E por aí vai...qual seja,

essa região, a serrana, é praticamente uma ficção se a análise avança para além do campo

da chamada geografia física e do político-administrativo. O pouco de história em comum,

especialmente à época da passagem do café pelos seus domínios no século XIX e parcela

da entrada do XX, em definitivo não sedimentou qualquer identidade que os levasse a

alguma práxis de sonhos/projetos compartilhados. Talvez um dos exemplos mais dramáticos

do que veio de ser exarado seja a da extrema raridade de foros de discussão, incluindo aí

suas mais evidentes comunalidades (face o exposto até este momento da análise): a de ser

de longa data uma região econômica, política e político-institucionalmente perdedora.

Em resumo: nem importância política nem capacidade ou vontade político-institucional de

fazer frente aos seus óbices estruturais como é flagrante no que trata da geração de postos

de trabalho, etc., inclusive quando a economia de algumas das regiões do estado, até

mesmo parcela das antes degradadas, logram apropriar-se do dinamismo econômico em

curso – como acontece desde meados dos anos 1990 (Natal, 2005).

SEÇÃO IV – REALIDADE SOCIAL DRAMÁTICA: uma terceira aproximação analítica

Nesta terceira aproximação analítica à RS fluminense foram selecionados alguns aspectos

de sorte a examinar sua realidade social; eles foram organizados em quatro grupos: os

relativos à relação entre Cor e Raça e apropriação da riqueza gerada, à escolaridade, ao

acesso aos chamados serviços de consumo coletivos e à saúde.

No que concerne à relação entre a dimensão Cor e Raça vis a vis à apropriação da riqueza

social, vide os Quadros e análises seguintes:

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QUADRO VIII: POPULAÇÃO RESIDENTE NAS SUBREGIÕES, POR COR E RAÇAx 2010SUBREG.

CORE RAÇA

SUBREG.1

(Nova Friburgo)

SUBREG.2

(Petrópolis)

SUBREG.3

(Teresópolis)

SUBREG.4

(Cantagalo-Cordeiro)

SUBREG.5

(Santa Maria

Madalena)

TOTAL

Branca 164.726 201.251 83.120 32.660 14.829 496.586Preta 21.262 34.264 14.120 12.535 4.822 87.003Parda 45.334 79.273 43.964 17.364 9.647 195.582

Amarela 1.743 1.145 701 378 181 4.183TOTAL 233.065 315.933 141.905 62.937 29.479 783.319

Fonte: IBGE, Censo 2010.

Esses dados atestam a face prevalentemente branca da região serrana, como segue (pelas

subregiões anteriores): Nova Friburgo, 70,7%; Petrópolis, 63,7%; Teresópolis, 58,6%;

Cantagalo-Cordeiro, 51,9%; e Santa Maria Madalena, 50,3%. Como o item Cor e Raça é

registrado pelo IBGE através da autodeclaração do entrevistado e que se mostra comum

parcela de pardos dizer-se branca, isso tende a superestimar o verdadeiro total de brancos

e a subestimar o de pardos. Não obstante, resulta claro o que veio de ser assinalado; qual

seja: que a população serrana em termos das Cores e Raças se aproxima mais

percentualmente do sul do país que propriamente da região sudeste da qual faz parte.

Por outro lado, conforme os dados que seguem, ratifica-se no espaço-objeto o que é

sistematicamente presente na sociedade brasileira, a saber: a marcada discriminação da

população preta e parda vis a vis à branca. A esse respeito, vide o quadro IX que segue:

QUADRO IX: VALOR SOMADO DO RENDIMENTO MÉDIO MENSAL DAS PESSOAS DE 10 ANOS OU MAIS DE IDADE COM RENDIMENTOS (EM REAIS) DAS SUBREGIÕES, POR COR E RAÇA 2010SUBREG.

CORE RAÇA

SUBREG.1

(Nova Friburgo)

SUBREG.2

(Petrópolis)

SUBREG.3

(Teresópolis)

SUBREG.4

(Cantagalo-Cordeiro)

SUBREG.5

(Santa Maria

Madalena)

TOTAL

Branca 3.991,06 2.327,25 1.452,51 4.643,68 2.853,14 15.267,64Preta 2.694,13 1.319,14 736,95 2.493,93 1.649,97 8.849,12Parda 2.853,37 1.455,38 825,37 2.928,75 1.901,86 9.964,73

Amarela 3.178,09 3.120,06 1.343,00 3.185,95 1.709,93 12.537,03TOTAL 12.716,65 8.221,83 4.357,83 13.252,31 8.114,90 46.618,52

Fonte: IBGE, Censo 2010.

Este quadro revela que os brancos, na média, auferem cerca de 30% do total percebido pelo

conjunto da população, segundo as Cores e Raças antes alinhadas, percentual esse que

certamente seria ainda maior caso fossem desconsiderados os Amarelos que, em geral, se

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inscrevem de maneira muito particular nas lutas travadas no país no que trata da

apropriação da riqueza nele gerada...

No que concerne à educação dois foram os indicadores considerados; a saber: pessoas de

cinco anos ou mais de idade alfabetizadas e taxa de alfabetização das pessoas de cinco

anos ou mais de idade (percentual); e pessoas de vinte e cinco anos ou mais de idade por

nível de instrução. Para esse fim, veja-se o quadro que segue:

QUADRO X: INDICADORES EDUCACIONAIS SELECIONADOS, POR SUBREGIÕES 2010

MUNICÍPIOS POR

SUBREG.*

ALFABETIZAÇÃO – 5 ANOS OU

MAIS

ALFABETIZAÇÃO – 25 ANOS OU MAIS

XXXXXXXX PES-SOAS

TAXA (%)

S/INSTR. E FUNDAM.INCOM-PLETO

FUND.COMPL.

E MÉDIOINCOM-PLETO

MEDIO.COMPL. E SUPE-

RIOR.INCOMPL

.

SUPE-RIOR.

COMPL.

Nova Friburgo 161.972 94,31 57.332 20.245 26.804 13.943Bom Jardim 21.264 89,46 10.608 1.956 2.203 1.057Duas Barras 9.036 88,64 4.368 692 1.154 338Sumidouro 11.763 84,50 7.203 739 742 280

Petrópolis** 266.036 95,41 88.778 31.992 44.712 22.792S.J. do Vale do

Rio Preto17.052 90,06 8.374 1.423 1.678 583

Teresópolis 142.581 92,73 51.430 15.597 21.216 12.394S. Maria

Madalena8.460 87,44 4.071 825 1.232 279

S.S. do Alto 7.159 85,96 3.833 568 1.080 170Trajano de

Moraes8.222 85,40 4.374 759 1.076 219

Cantagalo 16.758 90,46 6.755 1.671 2.982 872Cordeiro 17.944 93,47 5.838 2.042 3.628 1.253

Carmo 14.650 89,81 5.948 1.619 2.620 723Macuco 4.449 91,51 1.765 302 937 194

Fonte: IBGE, Censo 2010. Obs.: * os municípios em negrito são os que emprestam seus nomes às microrregiões; ** no caso desse município, aparecem números referidos a Não Determinado, perfazendo um total de 338 pessoas; idem para S.J. do Vale do Rio Preto, com 11 pessoas; idem para Teresópolis, com 141 pessoas; idem para Cantagalo, com 42 pessoas; idem para Cordeiro, com 23 pessoas; para Carmo, com 18 pessoas; e idem para Macuco, com 3 pessoas.

Na segunda coluna, referida à alfabetização das pessoas de 5 anos ou mais, observa-se

que metade dos municípios da região em exame alcança percentual superior a 90%, sendo

que desses, com as exceções de São José do Vale do Rio Preto e Macuco, cinco

emprestam seus nomes para as subregiões nas quais estão inscritos. Por outro lado, dos

sete municípios com percentuais inferiores a 90%, três deles registram taxas no entorno de

85% - Sumidouro, S.S. do Alto e Trajano de Morais -, dois deles da subregião de Santa

Maria Madalena, a mais problemática em termos de dinamismo econômico na sua região.

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Mas, no geral, até se poderia dizer que pelo menos nesse quesito a situação serrana é boa,

porém, veja-se o que segue.

Na terceira coluna, referida às pessoas com 25 anos ou mais em termos de instrução, vale a

pena relê-la em termos percentuais. Vide Quadro XI:

QUADRO XI: PESSOAS COM 25 ANOS OU MAIS, POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE*, POR SUBREGIÕES (em termos percentuais)

MUNICÍPIOS POR

SUBREG.*

S/INSTR. E FUNDAM.INCOMPL.

FUND.COMPL. E

MÉDIOINCOMPL.

MEDIO.COMPL. E

SUPERIOR.INCOMPL.

SUPERIOR.COMPL.

Nova Friburgo 35 12 16 09Bom Jardim 50 09 10 05Duas Barras 48 08 13 04Sumidouro 61 06 06 02

Petrópolis** 33 12 17 09S.J. do Vale do

Rio Preto49 08 10 03

Teresópolis 36 11 15 09S. Maria

Madalena48 10 15 03

S.S. do Alto 54 08 15 02Trajano de

Moraes53 09 13 03

Cantagalo 40 10 18 05Cordeiro 33 11 20 07

Carmo 41 11 18 05Macuco 40 07 21 04

Fonte: IBGE, Censo 2010. Obs. Este quadro, por suposto, foi elaborado a partir do quadro anterior. Obs, * os percentuais acima foram calculados em relação à população total conforme a coluna primeira, razão pela qual as somas dos percentuais, por linha, não alcançam os 100%.

Resulta daí que as taxas de alfabetização relativamente altas do Quadro X mascaram a

realidade social da região na medida em que com base no Quadro anterior se constata que,

na média, aproximadamente 45% da população com vinte e cinco anos ou mais não

possuem qualquer grau de instrução ou somente possuem o ensino fundamental

incompletoxi. Ou seja: possuem menos que oito anos de escolaridade. Caso somados os

percentuais constantes da terceira coluna deste Quadro XI, que considera o ensino

fundamental completo e o médio incompleto, verifica-se que o percentual precedente sobe

para quase 55% (45% + 9,43%). De outra forma: pouco mais da metade da população

serrana possui no máximo 11 anos de escolaridade, sendo que desses, como anotado, mais

ou menos 45%, quando muito, alcançou oito anos de presença nos bancos escolares. Por

outro lado, no que concerne ao superior completo, com as exceções de Nova Friburgo,

Petrópolis, Teresópolis, que alcançam o percentual de 9%, e de Cordeiro, com seus 7%, os

demais possuem no máximo 5% da sua população com essa escolaridade. Mas para não

pairar qualquer dúvida, em prol de uma leitura otimista, vale lembrar que anos de

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escolaridade, especialmente nas primeiras séries, não equivale sempre a efetivo

conhecimento consoante a elas.

Assim sendo, o que veio de ser analisado revela de “per se” mais um constrangimento ao

desenvolvimento em geral da região e, em particular, da qualificação da sua economia

relativamente à gestão propriamente dita e à realização de operações exigentes de maior

grau de escolaridade.

No que concerne aos chamados serviços de consumo coletivos por domicílios, os

indicadores utilizados são os que seguem: existência de energia elétrica, tipo de

esgotamento sanitário, forma de abastecimento de água e destino do lixo. A esse respeito,

vide o Quadro XII.

QUADRO XII: INDICADORES DE ACESSO AOS SERVIÇOS DE CONSUMO COLETIVO SELECIONADOS, POR DOMICÍLIOS E SUBREGIÕES, 2010MUNICÍPIOS

POR SUBREG.*

EXISTÊNCIA DE ENERGIA

ELÉTRICA

TIPO DE ESGOTAMENTO

SANITÁRIO

FORMA DE ABASTECIM.

DE ÁGUA

DESTINO DO LIXO

XXXXXXXX TI-NHAM

NÃO TINH.

REDE GERA

L**

OUTRAS

FORMAS***

REDE GERA

L

OUTRAS

FORMAS

****

COLET.

SERV.DE

LIMP.

OU-TRAS*****

Nova Friburgo

63.440 90 42.140 16.178 47.994 15.536 53.956 9.574

Bom Jardim 8.448 15 3.820 1.711 4.918 3.545 7.158 1.305Duas Barras 3.536 15 854 1.041 1.920 1.631 952 2.599Sumidouro 5.050 23 953 1.724 1.471 3.602 2.784 2.289

Petrópolis** 96.208 111 69.204 27.115 55.183 41.136 47.343 48.976S.J. do Vale do Rio Preto

6.495 6 1.299 5.202 3.138 3.363 895 5.606

Teresópolis 53.736 46 18.671 35.111 37.789 15.993 41.484 12.298S. Maria

Madalena3.448 14 1.676 691 1.694 1.768 1.675 1.787

S.S. do Alto 2.729 28 1.113 524 1.409 1.348 1.586 1.171Trajano de

Moraes3.250 33 831 858 1.220 2.063 1.367 1.916

Cantagalo 6.405 18 4.223 2.200 4.940 1.483 4.943 1.480Cordeiro 6.599 4 5.264 1.339 6.106 497 6.338 265

Carmo 5.733 8 3.824 1.17 5.151 590 5.311 430Macuco 1.649 3 1.507 145 1.533 119 1.546 106

Fonte: IBGE, Censo 2010. Obs.: * os municípios em negrito são os que emprestam seus nomes às microrregiões; ** leia-se: rede geral de esgoto ou pluvial; ***; leia-se: fossa séptica ou rudimentar; **** leia-se: poço ou nascente na propriedade, poço ou nascente fora da propriedade, carro-pipa ou água da chuva, rio, açude ou igarapé, poço ou nascente na aldeia, poço ou nascente fora da aldeia e outras; e, ***** leia-se: coletado em caçamba de serviço de limpeza, queimado (na propriedade), enterrado (na propriedade), jogado em terreno baldio ou logradouro, jogado em rio (ou mar ou lago) e outro destino.

Os números constantes da segunda coluna, sobre a existência ou não de energia elétrica,

falam por si mesmos. Em uma frase: este não é um problema da região em análise. Já no

que diz respeito aos demais aspectos (conforme as colunas 3, 4 e 5), há problemas, e eles

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são graves. Veja-se o caso tipo de esgotamento sanitário: em Nova Friburgo, por exemplo,

as formas inadequadas, apesar das suas variações, chegam a cerca de 1/3 da considerada

adequada (rede geral de esgoto). Mas há casos em que as percentagens das formas

inadequadas são até mesmo superiores às adequadas (exemplo: São José do Vale do Rio

Preto, Teresópolis, etc.). No que concerne ao abastecimento de água, a situação é um

pouco menos grave que o esgotamento sanitário, mas ela não pode ser tida sequer

razoável. Ela também é ruim: dentre outros casos, vide São José do Vale do Rio Preto e

Santa Maria Madalena. Idem no caso de destino do lixo – como ilustrado por Duas Barras e

Petrópolisxii.

No que trata da saúde, muitos indicadores poderiam ser aqui alinhados e, a partir deles,

mostrar-se-ia que a situação da RS apresenta desde aspectos positivos, passando pelos

razoáveis, até os mais dramáticos. Face o exposto, buscando formar uma apreciação mais

ampla, ainda que o que segue seja relativamente antigo - mas não muito -, o Plano Estadual

da Saúde/Ministério da Saúde (2007) assinala o seguinte:

QUADRO XIII: PRINCIPAIS PROBLEMAS DE SAÚDE DA REGIÃO SERRANAMACROPROBLEMA DESCRITORES

1. Insuficiente cobertura do PSF Cobertura de 23,87%2. Deficiência nas ações de saúde da área materno-infantil

Insuficiência de leitos em UTI neonatal; elevada taxa de morbimortalidade infantil; e baixa cobertura de pré-natal

3. Dificuldade de acesso aos serviços de média e alta complexidade, e dificuldades para implementação da Noas e da microrregionalização

Demora ma marcação de consultas; uma parcela considerável da população fica sem acesso a esses tipos de serviços; e demora no atendimento, existência de longas filas de espera

4. Deficiência no sistema de informação Inexistência de banco de dados para monitorar uma fração dos indicadores da PPI-ECD; escassez e dificuldade na análise dos dados; e não utilização dos dados para o planejamento

5. Dificuldades na regulação dos sistemas municipais de saúde por parte dos gestores municipais

Prefeituras de alguns municípios não alocam seus recursos diretamente no FMS; baixa capacidade de negociação com o setor privado conveniado, devido à forma de financiamento (centralizado na SES/RJ).

Fonte: Plano Estadual de Saúde (SES), 2001.

Evidentemente, em que pese esse diagnóstico datar de 2001, o fato de a reunião de 2007

se basear no quadro anterior sugere que o que nele constava era ainda tido como válido. De

qualquer maneira, esse problema, o da sua validade, em vista dos anos transcorridos desde

ali até os dias correntes, sempre levanta a fundada suspeita que ele, o diagnóstico, estaria

desatualizado. Não obstante, em vista das dificuldades regionais já alinhadas, etc., a carta-

compromisso da região serrana fluminense constante do mesmo documento de 2007 (pág.

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65) parece não deixar margem à dúvida quanto à realidade da saúde na região em exame,

ainda que mais seis anos tenham se passado, como consta do quadro seguinte:

QUADRO XIV: CARTA-COMPROMISSO DA REGIÃO SERRANA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2007

Falta de investimento no setor público nos municípios que a compõemRede hospitalar hegemonizada pelo setor privadoModelo assistencial pautado na doençaTerceirização de recursos humanosConsórcio da região sem controle socialExistência de conselhos de saúde não-paritários e sem autonomiaAusência de plano de cargos, carreiras e salários.

Fonte: Brasil, Ministério da Saúde, 2007.*

Em resumo: seja pelo critério Cor e Raça em sua relação com a apropriação da riqueza

social seja no que diz respeito aos educacionais, como no que trata do acesso aos

chamados serviços de consumo coletivo e dos de saúde, as análises e/ou dados revelam

quão dramática é a situação da RS e o quanto precisa ser feito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: o desenvolvimento regional e o lugar das maiorias populacionais. O que fazer?

A análise até aqui elaborada mostrou, centralmente: que a região serrana é longevamente

perdedora em termos econômicos; que ela é desarticulada seja em termos políticos seja em

termos político-institucionais; e, ainda, que é socialmente perversa. Evidentemente

expressões como essas não podem ser entendidas sem uma análise que aprofunde a

história de suas formações sociais e, portanto, em que pese às diferenças existentes entre

elas, de seu padrão ou padrões de desenvolvimento.

Essas tarefas não são evidentemente simples; em verdade, elas são impossíveis de serem

enfrentadas nos limites deste artigo. No entanto, parece razoável afirmar que seu

soerguimento exige a redefinição das suas relações econômicas, políticas (e político-

institucionais) e sociais rumo ao estabelecimento de um novo padrão ou, dadas às suas

relativas diferenças internas, padrões conseqüentes de desenvolvimento face o que veio de

ser anotado.

Como se sabe, as chamadas vias do desenvolvimento são várias. Há atores sociais que

imaginam que a questão se resuma à atração de grandes empresas, à montagem de

distritos industriais, à definição de políticas favoráveis à estruturação de pólos tecnológicos,

idem de formação de mão de obra qualificada, etc. Nesses termos, mesmo supondo bem

sucedida essas tentativas, isoladas ou combinadamente, nada disso garante a construção

de um padrão de desenvolvimento que dê voz efetiva e democrática à região, que gere reais

efeitos encadeados de desenvolvimento e muito menos justiça sócio-distributiva. Afinal,

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crescimento econômico, ainda mais se socialmente concentrado, está longe de poder ser

identificado com construção societária, espacial e economicamente ´equilibrada´.

Dessa perspectiva, o fosso social, melhor classial, existente na região serrana fluminense é

o primeiro passo a ser considerado; como segue:

QUADRO XV: PESSOAS DE 10 ANOS OU MAIS, SEGUNDO A POSIÇÃO NA OCUPAÇÃO POR SUBREGIÕES, 2010

POS. OCUP.

EMPREGAD

OR

EMPRE-

GADOS

EMPRE-

GADOS COM CART. ASSIN.

EMPRE-GADOS

S/ CART. ASSIN.

MILITAR.E

FUNCIO-

NÁRIOS PÚBLIC

OS

CONTA PRÓPR.

OUTROS (NÃO REMUNE-RADO+ TRABALHADORES PARA O PRÓ-PRIO COM-SUMO)

TOTAL

SUBRG. 1

Nova FriburgoBom JardimDuas BarrasSumidouroSUB-TOTAL 1

3.364

166

34

95

3.659

66.460

8.942

4.225

4.568

84.195

49.188

5.462

1.912

1.185

57.747

14.372

2.739

1.895

2.894

21.900

2.900

741

418

489

4.548

23.798

3.091

1.349

4.016

32.254

2.012

495

143

169

2.819

95.634

12.694

5.751

8.848

122.927

SUBRG. 2

S. S. do Alto

Trajano de

MoraesS.

Maria Madale

naSUB-

32

31

69

132

2.537

3.047

3.507

9.091

1.209

1.251

1.642

4.102

1.106

1.465

1.207

3.778

223

331

658

1.212

1.101

1.023

866

2.990

153

461

83

697

3.823

4.562

4.525

12.910

17

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TOTAL 2SUBRG

. 3

Cantaga-lo

Cordeiro

CarmoMacucoSUB-TOTAL 3

196

2106061

527

7.176

7.4465.8391.721

22.182

4.584

4.9093.4011.185

14.079

1.946

1.6071.789316

5.658

646

930650220

2.446

1.826

1.8911.379265

5.361

697

15915962

1.077

9.895

9.7067.4372.109

29.147

SUBRG. 4

Petróp.

S. J. do V. do Rio

PretoSUB-TOTAL 4

4.025

255

4.280

103.170

6.636

109.806

75.210

2.999

78.209

23.164

3.052

26.216

4.796

585

5.381

32.241

2.806

35.047

1.556

540

2.096

140.992

10.237

151.229

SUBRG. 5

Teresó-polis

SUB-TOTAL 5

2.036

2.036

52.818

52.818

33.676

33.676

15.769

15.769

3.373

3.373

20.492

20.492

1.106

1.106

76.452

76.452

TOTAL 10.634 278.092

187.813

73.321 16.960 96.144 7.795 392.665

Fonte: IBGE, Censo 2010.

No quadro acima, dentre outras coisas, é bastante claro que menos de 3% das pessoas de

10 anos ou mais, segundo a posição na ocupação, são empregadores. Por regiões, esses

percentuais são os seguintes: Nova Friburgo, 2,9%; Petrópolis, 2,8%; Teresópolis, 2,7%;

Cantagalo-Cordeiro, 1,8%; e Santa Maria Madalena, 1,0%. É verdade que entre os por

Conta Própria alguns são empregadores; todavia, certamente os percentuais em questão e,

em especial, o médio, de 3%, seriam pouco alterados (para cima). Também é assustador o

fato de quase 20% (73.321) do mesmo contingente populacional (392.665) ser constituído

de Trabalhadores Sem Carteira Assinada; ou seja, sem qualquer tipo de proteção social.

Vale acrescentar aí os cerca de 2% de pessoas Não Remuneradas e os que Produzem para

seu Consumo Próprio – é dizer: os que estão à margem de uma sociedade que, como se

sabe, é generalizadamente mercantil (a capitalista). Tais problemas, também por suposto,

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indicam algo que lhe é inerente, mas que em sociedades periféricas, ainda mais de frágil

dinamismo econômico, como é o caso da RS, se mostram mais agravados.

Nesses termos, não há como negar: há uma questão primeira, de classe, a revelar quão

iníqua, logo, ética, política e ideologicamente inaceitável é a estruturação social que veio de

ser analisada. E.g.: essa estruturação é inaceitável porque, em sendo uma construção

humana, ela pode sê-la de maneira diversa.

Sendo assim, erige-se uma pergunta chave: quais são os donos da região serrana? Quem

são os sujeitos sociais que integram os referidos 3%? Embora essa questão vá ficar para

um próximo momento e estudo, não resta dúvida que essa é uma pergunta chave. Afinal,

não há processo social sem sujeitos sociais; não há processo social sem beneficiários.

Assim sendo, será preciso identificá-los e avançar na discussão dos três temas

apontados/examinados nas seções II, III e IV.

Concluindo, será necessário no bojo da discussão anterior ter em conta, também, as

articulações de tais sujeitos nas escalas externas ao lugar região serrana, como o são as

estaduais, etc.; e, não fora bastante, reconhecer que o processo de desenvolvimento,

notadamente de regiões como essa, com populações em alto grau de fragilidade social,

exige urgentes políticas públicas estaduais e nacionais em feição territorializada.

Ah, e Petrópolis (conforme questionamento formulado em página anterior)? Como município

mais populoso e economicamente mais importante da região em exame nada pode ele fazer

em termos mais substantivo para o soerguimento societário serrano? Essa é uma bela

questão; porém, estudo, outro, também realizado neste ano pelos autores que subscrevem

este artigo (Natal, Costa e Miranda), não os deixa animados quanto a esse propósito, tal seu

descolamento da região e, principalmente, o conservadorismo e a miséria intelectual de

grande parte da sua elite e a limitada participação social das suas maiorias populacionais

(largamente ´ganhas´ por idealizações mistificadores construídas no entorno/síntese do

“label” Cidade Imperial, Cidade Aprazível e Turística, etc.)!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENKO, G. e LIPIETZ, A. “Les regions que gagnent: districts e reseaux. Les noveaux paradigmes de la geographie economique”. Paris/França, PUF, 1992. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE GESTÃO ESTRATÉGICA E PARTICIPATIVA. 1º seminário de gestão participativa em saúde da região serrana do Rio de Janeiro/Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007. FUNDAÇÃO CENTRO ESTADUAL DE ESTATÍSTICAS, PESQUISAS E FORMAÇÃO DE SERVIDORES PÚBLICOS DO RIO DE JANEIRO (CEPERJ)/Governo do Estado do Rio de Janeiro. PIB Estadual e Municipal. Rio de Janeiro, 2010.FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo demográfico 2010. Rio de Janeiro, 2010. NATAL, J. Rede urbana, dinâmica econômica e questão social: o estado do Rio de Janeiro pós-1995. Rio de Janeiro, FAPERJ/Pubblicati Editora, 2005.

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NATAL, J. Desenvolvimento e políticas públicas na região serrana fluminense: uma região perdedora. Rio de Janeiro, Memória Visual, 2013. NATAL, J., COSTA, D. e MIRANDA, D. Discursos hegemônicos e o desenvolvimento contemporâneo de Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil - uma contribuição à crítica da sua formação social. Petrópolis/RJ, Palácio Itaboraí/Fundação Oswaldo Cruz, 2013 (mimeo).SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO/Claudia U. Cavalcanti - Equipe da dimensão territorial do planejamento: Heidine da S.B. Duarte, Franscisco F. A. Neto, Paulo C. Figueiredo e Victor Acselrad - Municípios em dados. Rio de Janeiro, S/d.

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ii. Serrano porque sito na serra dos Órgãos (pertencente à chamada serra do Mar); e Fluminense porque são assim denominados os espaços e os nascidos no atual ERJ - melhor, seus espaços e os nele nascidos a partir da fusão do antigo estado da Guanabara com o também antigo ERJ. ii. Este artigo é parte de uma pesquisa intitulada Expressões territoriais e determinação social da saúde no município serrano de Petrópolis/ERJ. Ela foi coordenada pelo primeiro autor e desenvolvida no âmbito do Palácio Itaboraí: Fórum Política, Ciência e Cultura em Saúde/Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Esta versão foi elaborada em Dezembro de 2014.iii. Embora remissões ao passado não estejam descartadas, elas serão realizadas apenas quando absolutamente indispensáveis ao seu bom desenvolvimento. iv. Este parágrafo é inteiramente devedor da perspectiva metodológica de Novais (1986).v. O uso de aspas duplas diz respeito ao uso de palavras ou expressões em línguas estrangeiras, aspas inglesas (simples) ao emprego delas em sentido figurado, em itálico para destacá-las e, em negrito, para demarcar seções, mapa e quadros. vi. Há uma discussão subjacente a esse termo que é o de região tão cara especialmente aos geógrafos, a qual, no entanto, para efeito deste artigo, os autores entendem desnecessária. vii. Nesta seção e na próxima utilizar-se-á apenas a categoria regiões de governo do governo do ERJ presente em muitas das suas análises e publicações que, por sua vez, têm no IBGE suas bases de dados (e não mais a regionalização anterior, porém sem perdas analíticas).viii. Nas duas primeiras regiões avulta a importância da chamada cadeia de petróleo e gás, e, na terceira, a reativação da indústria naval. No caso das Baixadas Litorâneas, sublinhe-se a melhoria das finanças públicas de seus municípios - consultar Município em Dados, da Secretaria de Planejamento do ERJ. ix

x. O termo Cor e Raça será aqui empregado em conformidade com o IBGE. xi. Tais 45% resultam da soma dos percentuais constantes da segunda coluna divida por 14 (o número de municípios da região-objeto). xiixv. A esse respeito, embora com regionalização diferente da aqui utilizada e com referência ao ano de 2007, vide Brasil, Ministério da Saúde, 2007.