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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS WILSIONE JOSÉ CARNEIRO BIOCONVERSÃO E DEGRADAÇÃO DA VENLAFAXINA EM SEU METABÓLITO ATIVO Goiânia 2010

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

WILSIONE JOSÉ CARNEIRO

BIOCONVERSÃO E DEGRADAÇÃO DA VENLAFAXINA

EM SEU METABÓLITO ATIVO

Goiânia

2010

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WILSIONE JOSÉ CARNEIRO

BIOCONVERSÃO E DEGRADAÇÃO DA VENLAFAXINA

EM SEU METABÓLITO ATIVO

Dissertação apresentada ao programa de

Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

da Universidade Federal de Goiás, como

um dos requisitos para obtenção do título

de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

Área de Concentração: Fármacos e

Medicamentos.

Orientadora: Profa. Dra. Valéria de Oliveira

Goiânia

2010

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WILSIONE JOSÉ CARNEIRO

BIOCONVERSÃO E DEGRADAÇÃO DA VENLAFAXINA

EM SEU METABÓLITO ATIVO

Dissertação apresentada ao programa de

Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

da Universidade Federal de Goiás, como

um dos requisitos para obtenção do título

de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

Área de concentração: Fármacos e

Medicamentos.

Aprovado em Goiânia em ____/____/ 2010

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________

Profa. Dra. Valéria de Oliveira

______________________________________________________

Profa. Dra. Caridad Nóda Perez

______________________________________________________

Prof. Dr. Luiz Carlos da Cunha

______________________________________________________

Prof. Dr. Ricardo Menegatti

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Agradecimentos

Simplesmente a Deus que sempre me iluma, me ouve e atende o que peço.

À professora Valéria de Oliveira, pelo seu profissionalismo e

competência. Pelas técnicas ensinadas e pelas horas de dedicação. O meu sincero agradecimento.

Aos meus pais e familiares, pessoas que cada vez mais me

ensinam que surpresas boas na vida sempre acontecem quando menos esperamos ou quando menos julgamos merecer. Amo vocês.

Ao grande amigo Emmanuel Carneiro de Oliveira que sempre

se dispôs a me ajudar e nunca mediu esforços. A todos os amigos do LabioCon pelas ajudas, pelas conversas,

pelas risadas e pelo tempo que passamos juntos. Esses momentos foram inexplicáveis.

Aos professores da banca de qualificação e defesa que

contribuíram para o enriquecimento deste trabalho. Aos meus amigos pessoais e profissionais.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14

1.1 BIOCONVERSÃO ............................................................................................... 14

1.2 METABOLISMO DE FÁRMACOS ....................................................................... 16

1.2.1 Citocromo P450 (CYP450) .................................................................................. 17

1.2.2 Reações de Fase I .............................................................................................. 19

1.2.3 Reações de Fase II ............................................................................................. 21

1.2.4 Reações de biotransformação utilizando Cunninghamella elegans .................... 23

1.2.5 Fatores que influenciam no processo de bioconversão ....................................... 28

1.3 ESTUDO INDICATIVO DE ESTABILIDADE ....................................................... 30

1.3.1 Reações de Degradação forçada ........................................................................ 33

1.4 MÉTODOS APLICADOS ..................................................................................... 36

1.5 VENLAFAXINA E SEUS METABÓLITOS ......................................................... 443

2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 46

3. PARTE EXPERIMENTAL - BIOTRANSFORMAÇÃO DA VENLAFAXINA EM O-

DESMETILVENLAFAXINA POR Cunningamella elegans ATCC 6169 .......................... 47

3.1 Equipamentos...................................................................................................... 47

3.2 Materiais e Reagentes ......................................................................................... 47

3.3 Microrganismos ................................................................................................... 47

3.4 Meio de cultura “Potato Dextrose Soy Medium” - PDSM ..................................... 47

3.5 Cultura e procedimento para a biotransformação................................................ 48

3.6 Método de Análise ............................................................................................... 49

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3.7 Isolamento e identificação do metabólito principal ............................................... 49

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 50

4.1 Triagem preliminar da biotransformação .............................................................. 50

4.2 Identificação e caracterização dos metabólitos .................................................. 517

5. PARTE EXPERIMENTAL II - MANUSCRITO: IDENTIFICATION OF THE MAJOR

ACTIVE VETABOLITE, DESVENLAFAXINE IN EXTENDED-RELEASE CAPSULES OF

VENLAFAXINE ............................................................................................................... 55

6. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 56

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 57

8. ANEXO .................................................................................................................. 62

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FIGURAS DA DISSERTAÇÃO

Figura 1

Biotransformação de amitriptilina por C. elegans (ZHANG et al., 1995).

20

Figura 2 Reações enzimáticas catalisadas por C. elegans (ZHANG et al., 1996).

22

Figura 3 Perfil metabólico de carbamazepina por C. elegans ATCC 9245. 2 hidroxicarbamazepina (CBZ-2OH), 3-hidroxicarbamazepina (CBZ-3OH) e 10,11-dihidro-10,11-epoxicarbamazepina (CBZ-EP), como demostra na figura 04 (Kang et al., 2008 (A)).

23

Figura 4 Perfil metabólico de mosaprida por C. elegans (SUN et al., 2009).

25

Figura 5 Proposta metabólica de GEN por C. elegans (KANG et al., 2009).

26

Figura 6 Perfil metabólico de venlafaxina por mamíferos (VIDYAVATHI et al., 2009).

27

Figura 7

Perfil de degradação da lamivudina formando os produtos I, II, III e IV ( BEDSE, KUMAR, SINGH, 2008).

35

Figura 8

Estrutura da venlafaxina (1), metabólito ativo O-desmetilvenlafaxina (2), e os outros metabólitos N, O-desmetilvenlafaxina (3) e N-desmetilvenlafaxina (4)

44

Figura 9 Estrutura da venlafaxina (1a), rac-sila-venlafaxina (rac -1b), e os derivados rac-2 e rac-3 (DAIB et al., 2006).

44

Figura 10

Espectro representativo “Full Scan” dos produtos (A) venlafaxina, (B) O-desmetilvenlafaxina [ODV+H]+ e (C) dehidroxi-venlafaxina

[VEN – H]+

52 Figura 11 “Product Ion”: (A) Dehidro-venlafaxina para [VEN – OH]+(B) O-

desmetilvenlafaxina [ODV+H]+

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FIGURAS DO MANUSCRITO

Fig. 1 Structures of venlafaxine (1), its active metabolite desvenlafaxine (2), and its other metabolites N,O-didesmethyl (3) and N-desmethyl (4).

Fig. 2 HPLC chromatograms of VEN (A) extended-release capsules (0.75

mg/ml), (B) after 24 h exposure at acid and (C) after 50 h exposure at acid.

Fig. 3 ESI (+) full-scan ion spectra of: (A) venlafaxine (VEN); (B)

desvenlafaxine; (C) dehydration product of VEN.

Fig. 4 Collision-induced dissociation (CID) mass spectrum of the

electronspray generated [M+H]+ ions peaks from venlafaxine degradants. Product-ion spectrum for the [M+H]+ ions (A) m/z 260.1 of dehydration product of VEN and (B) m/z 264.2 for desvenlafaxine.

Fig. 5 Precursor-ion for m/z 58.1 resulting from three major pattern ions,

m/z 264.2 (dehydration product, A), 260.1 (desvenlafaxine, B) and 278.1 (venlafaxine, C).

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TABELAS DA DISSERTAÇÃO

Tabela 1 Métodos cromatográficos utilizadas para análise de venlafaxina e de seus metabólitos.

39 Tabela 2

Detecção por cromatografia em camada delgada dos derivados da venlafaxina ao final da incubação da triagem e seus respectivos valores de Rf. 51

Tabela 3

Correlação entre os pesos molecular dos metabólitos encontrados na biotransformação de venlafaxina utilizando C. elegans (ATCC6169) com os mesmos produtos descritos na literatura em análise de plasma humano.

53

TABELAS DO MANUSCRITO

Table 1 Inter-day and between-analysts precision data of the method

Table 2

Accuracy data of the method

Table 3

Evaluation of robustness for the venlafaxine HPLC assay (n = 6)

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

C.C.D – Cromatografia em camada delgada

CBZ-2OH - 2 hidroxicarbamazepina

CBZ-3OH - 3-hidroxicarbamazepina

CBZ-EP - 10,11-dihidro-10,11-epoxicarbamazepina

C. elegans – Cunninghamella elegans

CLAE – Cromatografia líquida de alta eficiência

CYP450 – Citocromo P450

D.P.R – Desvio padrão relativo

EM – Espectro de massa

GEN – Genfibrozila

ICH – International Conference of Harmonization

K – Fator de capacidade

LC – Cromatografia líquida

LOD – Limit of detection

LOQ – Limit of quatification

EM – Espectrometria de massa

N – número de pratos teóricos

NADPH – Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato

ODV – O-desmetilvenlafaxina (desvenlafaxina)

PDA – Photo diode Array detector

PDSM – Potato dextrose soy medium

r – coeficiente de correlação linear

REF – Revista Eletrônica de Farmácia

R.S.D. – Relative standard deviation

REA – Relação estrutura atividade

RMN – Ressonância Magnética Nuclear

RT – Tempo de retenção

S.Q.R. – Substância química de referência

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Tf – Fator de simetria

UV – Ultra violeta

VEN – Venlafaxina

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RESUMO

A venlafaxina, (1-[2-dimetilamino)-1-(4-metoxifenil)etil]ciclohexanol), é um fármaco antidepressivo de segunda geração. É um dos mais potentes inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina, e o seu efeito terapêutico é atribuído a esta atividade. A venlafaxina é biotransformada no fígado pelas enzimas CYP2D6, CYP2C19 e CYP2C9 em O-desmetilvenlafaxina ou também chamado de desvenlafaxina (metabólito majoritário), N,O-desmetilvenlafaxina, N-desmetilvenlafaxina. O O-desmetilvenlafaxina é farmacologicamente ativo e contribui significativamente para o efeito farmacológico da venlafaxina, uma vez que é encontrado no plasma em altas concentrações. A investigação da formação de produtos de degradação é de grande importância, pois os produtos formados podem ser menos ativos, mais ativos ou tóxicos. Bioconversão ou a aplicação de modelos microbianos é uma estratégia para mimetizar o metabolismo dos mamíferos produzindo quantidades consideráveis de metabólitos para estudos de atividade farmacológica e toxicológica. Neste trabalho foi realizado um estudo de degradação forçada de venlafaxina em cápsulas de liberação prolongada em diferentes condições de estresse (hidrólise ácida e alcalina, oxidativa e térmica) e foram selecionadas cepas de fungos filamentosos com a finalidade de identificar aquelas capazes de metabolizar a venlafaxina e produzir em escala semi-preparativa os principais metabólitos. Os fungos filamentosos utilizados foram: Aspergillus candidus ATCC 2023, Beauveria bassiana ATCC 7159, Cunninghamella echinulata ATCC 9244, Cunningamella elegans ATCC 6169, Mortierella isabelina ATCC 1757 e Rhizopus arrhizus ATCC 11145. Foi desenvolvido e validado um método indicativo de estabilidade por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) utilizando fase reversa para a análise de venlafaxina na formulação farmacêutica. Os metabólitos preparados por bioconversão foram utilizados para elucidação estrutural e posteriormente serão utilizados como substância química de referência em análises de estudos de estabilidade e futuros estudos de atividade biológica. A cepa Cunninghamella elegans ATCC 6169 foi selecionada e produziu O-desmetilvenlafaxina (desvenlafaxina) e dehidroxi-venlafaxina, similares aos encontrados em mamíferos, reforçando a aplicação dos modelos microbianos para o estudo do metabolismo animal. O estudo indicativo de estabilidade da condição ácida de venlafaxina, formou dois produtos de degradação similares aos obtidos por bioconversão. A O-desmetilvenlafaxina foi recentemente aprovado para o tratamento do transtorno depressivo maior. Como resultado do presente trabalho, foi possível obter a O-desmetilvenlafaxina nas reações de bioconversão por Cunninghamella elegans ATCC 6169 e em estudos de degradação forçada de venlafaxina. O método desenvolvido e validado por CLAE foi considerado método indicativo de estabilidade para análise de venlafaxina em cápsulas de libertação prolongada, pois é sensível/ específico (seletividade < 2%), preciso (D.P.R < 2%), linear (r > 0,99), exato (98,0 - 102,0%) e reprodutível (D.P.R < 2%). Palavras-chave: Bioconversão, estudo de degradação forçada, venlafaxina, produtos

funcionalizados, produtos de degradação.

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ABSTRACT

The venlafaxine, 1-[2-dimethylamino-1-(4-methoxyphenyl)-ethyl] cyclohexanol, is a antidepressant drug of second generation. This is one of the most potent reuptake inhibitor of serotonin and noradrenaline, and its therapeutic effect is attributed to this activity. Venlafaxine is biotransformed in the liver to O-desmethylvenlafaxine (desvenlafaxine), N, O-desmethylvenlafaxine, N-desmethylvenlafaxine. Enzymes CYP2D6, CYP2C19 and CYP2C9 metabolize venlafaxine and major metabolite is the O-desmethylvenlafaxine. This is pharmacologically active and contributes significantly to the pharmacological effect of venlafaxine, as is found in plasma at high concentrations. The investigation of the formation of degradation products is of great importance, because the products formed may be less active, more active or toxic. Bioconversion or the application of microbial models is a strategy to mimic the mammalian metabolism produces significant quantities of metabolites for studies of pharmacological activity and toxicological. This work represents a forced degradation study of venlafaxine extended-release capsules in different stress conditions (acid and alkaline hydrolysis, oxidative and thermal) and select strains of filamentous fungi, to identify those able to metabolize venlafaxine and produce in a semi-preparative major metabolites. The filamentous fungi used were: Aspergillus candidus ATCC 2023, Beauveria bassiana ATCC 7159, Cunninghamella echinulata ATCC 9244, Cunningamella elegans ATCC 6169, Mortierella isabelina ATCC 1757 and Rhizopus arrhizus ATCC 11145. Was developed and validated method stability indicating HPLC using reverse phase for the analysis of venlafaxine in pharmaceutical formulation. The metabolites prepared by bioconversion were used for structural elucidation and later as a reference chemical in the analysis of stability studies and future studies of pharmacological and toxicological activity. The fungus Cunninghamella elegans ATCC 6169 was selected and produced O-desmethylvenlafaxine (desvenlafaxine) and dihydroxy-venlafaxine, similar to those found in mammals, reinforcing the application of microbial models for the study of animal metabolism. The study indicated the stability of the acid condition of venlafaxine, formed two degradation products, the products found were similar to those obtained by bioconversion. The O-desmethylvenlafaxine, corresponds to the active metabolite of venlafaxine in humans and was recently approved for the treatment of major depressive disorder. Those studies, one can get the O-desmethylvenlafaxine in bioconversion reactions by Cunninghamella elegans ATCC 6169 and forced degradation studies of venlafaxine. The method developed and validated HPLC method was considered indicative of stability analysis of venlafaxine extended-release capsules, it is sensitive, specific (interference < 2%), precise (RSD < 2%), linear (r > 0.99), accurate (98.0 to 102.0%) and reproducible (RSD < 2%).

Keywords: Bioconversion, forced degradation study, venlafaxine, functionalized

products, degradation products.

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1 INTRODUÇÃO

1.1 BIOCONVERSÃO

Nos últimos anos, a biotransformação tornou-se uma ferramenta importante na

modificação estrutural e no estudo do metabolismo de compostos orgânicos de origem

natural ou sintéticos. A aplicação da transformação microbiana como modelo

complementar in vitro para o metabolismo dos fármacos tem desempenhado atenção

considerável (SUN et al., 2009).

A biotransformação é importante para a avaliação do fármaco porque é

considerada uma reação de detoxificação, fazendo com que o fármaco fique mais polar

para ser eliminado do organismo. Em muitos casos este metabolismo pode levar a uma

ativação, produzindo outras substâncias farmacologicamente mais ativas ou metabólitos

tóxicos reativos (AZERAD, 1999; SUN et al., 2009).

Modelos microbianos podem constituir uma alternativa, ou no mínimo, um

complemento para o uso de sistemas animais, pois eles podem mimetizar o

metabolismo dos mamíferos, dando informações pertinentes sobre o metabolismo e o

destino do fármaco (AZERAD, 1999).

Os fungos filamentosos, por serem organismos eucariotos, são comumente

utilizados nos estudos de bioconversão, porque apresentam um sistema enzimático

semelhante ao dos mamíferos. O uso de bactérias (organismos procariotos) tem sido

limitado, pois geralmente elas utilizam as substâncias xenobióticas como fonte de

carbono e nitrogênio para a sua manutenção. Porém, o uso das bactérias limita-se as

cepas Actinomicetos (Streptomyces, Nocardia, Actinoplanes e Mico ou Corynebacteria),

pois, apresentam um sistema enzimático similar aos dos fungos filamentosos (AZERAD,

1999).

O estudo do metabolismo in vivo de fármacos tem contado com a utilização de

sistemas para produzir os metabólitos humanos. Nestes modelos in vivo, utilizam-se

pequenos animais de laboratórios como, por exemplo: rato, cão, gato, coelhos, etc.

Nestes animais são coletados e examinados o plasma e a urina para verificar a

presença de possíveis metabólitos formados e compará-los com os metabólitos

humanos (ASHA e VIDYAVATHI, 2009).

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Os estudos in vivo tradicionais sofrem uma série de limitações, tais como, custo

dos animais, manutenção, preocupações éticas e as variações das espécies. Além

disso, a quantidade de fármaco a ser administrado no animal deve ser em pequenas

dosagens, devido à toxicidade do fármaco. Com isso, a quantidade de metabólitos

formados é pequena, dificultando o isolamento, purificação e identificação (ASHA e

VIDYAVATHI , 2009).

A utilização do modelo microbiano oferece uma série de vantagens sobre o

estudo do metabolismo em animais. Dentre as vantagens, pode-se destacar por ser

uma técnica simples, de fácil preparação e apresenta baixo custo de manutenção e

preparação do meio de cultura, a triagem para várias cepas de fungos filamentosos é

um processo simples e repetitivo, a formação de metabólitos permite mais fácil

detecção, isolamento e identificação estrutural, novos metabólitos podem ser

produzidos e isolados, é um método utilizado para síntese de compostos que envolvem

várias etapas, a manutenção das culturas das cepas é simples, é de custo menor do

que manter células ou culturas de tecidos ou animais em laboratórios, fácil

manipulação, mais viável e reprodutível. (ABOURASHED, CLARK e HUFFORD, 1999;

AZERAD, 1999; SRISILAM e VEERESHAN, 2003; SMITH e ROSAZZA, 2004; LIN et

al., 2007 (A); ASHA e VIDYAVATHI, 2009; VIDYAVATHI et al., 2009).

As biotransformações microbianas têm a seu favor a natureza régio, quimio e

estereosseletiva das reações enzimáticas, permitindo o direcionamento do sistema de

reação para obtenção de um produto definido. Isto pode ser importante na produção de

compostos farmacêuticos que possuem centros quirais, porque nestes compostos não é

fácil a preparação produtos através da síntese química convencional (YOSHIDA et al.,

2001).

Nas reações quimiosseletivas, as enzimas agem em grupos funcionais

específicos, assim, outros sítios funcionais da molécula ficam inalterados. Observa-se a

formação de produtos puros quando comparados com as reações químicas

convencionais (FABER, 2000).

Nas reações regiosseletivas, devido à estrutura tridimensional complexa das

enzimas, elas podem diferenciar grupos funcionais idênticos localizados em regiões

diferentes do substrato reagindo com um grupo específico (FABER, 2000).

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Nas reações estereosseletivas, as enzimas fúngicas irão reagir com isômeros

específicos do substrato (R,S) e não irão produzir mistura racêmica (FABER, 2000).

1.2 METABOLISMO DE FÁRMACOS

O metabolismo de fármacos compreende o conjunto de reações enzimáticas que

biotransformam fármacos e outros compostos exógenos (xenobióticos) em metabólitos

de polaridade crescente, para que sejam excretados. O metabolismo desempenha,

assim, um importante papel na eliminação dos fármacos, e impede que estes

compostos permaneçam por tempo indeterminado no organismo (BARREIRO e

FRAGA, 2001).

Os fármacos apresentam estruturas químicas diversas, diferenciando em

tamanhos e formas, que vão desde cadeias alifáticas até cadeias cíclicas. As enzimas

responsáveis pelo metabolismo destes fármacos também são diferentes, embora

muitas executem transformações químicas semelhantes. A maioria dos tecidos (como

por exemplo: intestino, pulmões e rins) apresentam capacidade de metabolizar os

fármacos para que eles sejam excretados, porém, o fígado é o órgão que apresenta

maior acúmulo de enzimas responsáveis pelo processo de metabolização (TREDGER,

2004).

O fígado contém uma variedade de enzimas responsáveis pelo metabolismo das

substâncias. As enzimas mais importantes são as do citocromo P450 (CYP 450), que

catalisam as reações de primeira passagem, estas também conhecidas reações de fase

I, são denominadas de reações de funcionalização, que são: oxidação, redução e

hidrólise. Posteriormente, catalisam reações de conjugação (ex. glucuronidação,

sulfatação, acetilação) que são as reações de fase II e resultam na formação de

compostos solúveis que são facilmente excretados na urina (LEE e DORKICL, 2006).

Os metabólitos ativos podem agir por mecanismos de ação similares ou diferentes ou

até mesmo por antagonismo. O conhecimento da cinética da formação dos metabólitos

ativos é importante não apenas para previsão do resultado terapêutico, mas também

para explicar a toxicidade de um fármaco (PEREIRA, 2007).

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Bactérias e fungos filamentosos são usados como modelos in vitro para simular o

metabolismo dos fármacos que ocorre nos mamíferos. O uso dos microrganismos como

modelo do metabolismo tem sido bem registrado para obter novos metabólitos, novos

protótipos de fármacos e também por produzir metabólitos em grande quantidade

(VIDYAVATHI et al., 2009).

1.2.1 Citocromo P450 (CYP450)

Citocromo P450 é o componente primordial do sistema enzimático oxidativo,

porque o complexo formado com o monóxido de carbono apresentava um pico de

absorção espectrofotométrica no comprimento de onda 450 nm (nanômetros). Essa

enzima apresenta um núcleo pirrólico com o átomo de ferro à semelhança da

hemoglobina, sendo considerada uma hemoproteína (BERNHARDT, 2006)..

O sistema citocromo P450 faz parte da fração microssômica e é responsável

pelas reações de oxidação de inúmeras drogas, desempenhando papel fundamental na

biotransformação (BERNHARDT, 2006).

Um sistema de nomenclatura foi desenvolvido para o citocromo P450, sendo que

suas isoenzimas são reunidas em subgrupos tendo em vista as semelhanças nas

sequências de aminoácidos. O prefixo CYP é usado para designar o sistema citocromo

P450. As isoenzimas são classificadas dentro de famílias e subfamílias. Um numeral

arábico depois do prefixo CYP indica a família (por exemplo, CYP2). Depois do numeral

arábico, há uma letra que representa uma subfamília (por exemplo, CYP2D). O último

dígito do sistema de nomenclatura do citocromo P450 é um numeral arábico que

designa a isoenzima específica (por exemplo, CYP2D6) (BERNHARDT, 2006).

Uma família é constituída por enzimas que compartilham pelo menos 36% da

sequencia de aminoácidos. As subfamílias são formadas por enzimas com mais de 70%

de similaridade na sequência de aminoácidos (BERNHARDT, 2006).

Até o momento são conhecidas 11 famílias do citocromo P450 humano, que

incluem 30 enzimas ou citocromos diferentes. Apenas as famílias CYP1, CYP2 e CYP3

são importantes na biotransformação de drogas. Dentro dessas famílias, as isoenzimas

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1A1, 1A2, 2C9, 2C19, 2D6, e 3A3/4 são reconhecidamente as mais importantes para o

metabolismo de drogas (BERNHARDT, 2006)..

A reação básica catalisada pelo sistema do citocromo P450 é a

monooxigenação, onde o oxigênio molecular é decomposto e um de seus átomos é

adicionado a um substrato (um xenobiótico ou uma substância endógena) e o outro

reduzido na formação de água, à custa da oxidação do NADPH (BERNHARDT, 2006).

O Citocromo P450 catalisa as reações da seguinte forma:

SUBSTRATO-H + O2(g) +NAD(P)H + H+ → METABÓLITO-OH + H2O + NAD(P)+

Nesse ciclo, as reações catalisadas pelo citocromo P450 envolvem a

hemoproteína do citocromo P450, a NADPH citocromo P450 redutase, o NADPH e o

oxigênio molecular, mas devido a rearranjos ocorridos durante as reações, os produtos

do sistema do citocromo P450 não se resumem aos álcoois e fenóis e envolvem

reações de hidroxilação, N-, O- e S- desalquilações, N-oxidação, sulfoxidação, N-

hidroxilação, desaminação, deshalogenação e dessulfuração (BERNHARDT, 2006).

O mecanismo da reação envolve a formação do complexo substrato-citocromo

oxidado (Fe+3), que é reduzido (Fe+2) pelo citocromo P450 redutase com o elétron

transferido do NADPH. O complexo reduzido reage com o oxigênio molecular e

novamente é reduzido pelo mesmo citocromo P450 Redutase com outro elétron doado

por outro NADPH e reage também com um próton, passando de Fe+2O2 para Fe+2OOH.

A adição de um segundo próton cliva o complexo, originando uma molécula de água e o

complexo (FeO)+3 transfere seu oxigênio para o substrato. O substrato oxidado é

liberado, reconstituindo o citocromo P450. A interrupção desse ciclo (desacoplamento)

após a adição do primeiro elétron origina um ânion superóxido (O 2-) e, se desacoplado

após a adição do segundo elétron, origina peróxido de hidrogênio (BERNHARDT,

2006).

Muitas substâncias exógenas ou endógenas podem ser substratos de

isoenzimas P450, ou seja, ser metabolizada por elas. Em geral, um fármaco pode ser

substrato de uma única isoenzima CYP450 ou de mais de uma, seja em dado momento

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ou simutaneamente . Além disso, pode ser substrato de uma isoenzima CYP450 e atuar

como inibidor da mesma. Atuando como inibidor da atividade das isoenzimas, pode

provocar interações potenciais com outros fármacos. Um fármaco pode ainda, inibir

uma isoenzima CYP450 que não esteja relacionada com o seu processo de

biotransformação. Finalmente, uma substância pode induzir um aumento na atividadede

certa isoenzima, sendo ou não substrato da mesma (BERNHARDT, 2006).

1.2.2 Reações de Fase I

As reações de fase I são mediadas por enzimas do citocromo P450, contendo

flavinas monoxigenases, esterases e amidases. Os metabólitos das reações de fase I

são produzidos por reações de oxidação, hidroxilação de aromáticos e alifáticos, N, O,

desmetilação e redução (IYER e SINZ, 1999).

Os fungos do gênero Cunninghamella ssp., simulam o metabolismo dos

xenobióticos semelhante ao que ocorre nos mamíferos (ZHANG et al., 1996). As

enzimas responsáveis pelas reações de fase I realizam a funcionalização dos

xenobióticos, ou seja, introdução ao substrato de grupos funcionais com a função de

aumentar a polaridade do metabólito podendo formar compostos farmacologicamente

mais ativos (IYER e SINZ, 1999, FURA, 2006). A formação de nortriptilina pela

biotransformação da amitriptilina utilizando Cunninghamella elegans (C. elegans), está

ilustrada na Figura 1. Esta reação é um exemplo de biotransformação para a obtenção

de produtos que podem apresentar atividade farmacológica (ZHANG et al., 1995;

FURA, 2006).

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Figura 1- Biotransformação de amitriptilina por C. elegans (ZHANG et al., 1995).

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1.2.3 Reações de Fase II

As enzimas que catalisam as reações de fase II são geralmente transferases e

são responsáveis pela conjugação com os xenobióticos ou metabólitos destes,

resultando assim em produtos mais polares (IYER e SINZ, 1999).

Nas reações de fase II (Figura 2), pequenas moléculas polares (ex. ácido

glicurônico e sulfatos), se conjugam com grupos funcionais formados durante as

reações da fase I, formando produtos com uma polaridade maior. A conjugação direta

com as moléculas endógenas pode também ocorrer se o composto já contém grupos

funcionais apropriados. Estas reações de conjugação são mediadas por enzimas que

são as glicuroniltransferases, sulfotransferases e N-acetiltransferases (FURA, 2006).

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Figura 2- Reações enzimáticas catalisadas por C. elegans (ZHANG et al., 1996).

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1.2.4 Reações de biotransformação utilizando C. elegans

Muitos estudos utilizando C. elegans estão descritos na literatura e estes

simulam o metabolismo humano e ainda demonstram outros caminhos ou vias

sintéticas para a produção de novos protótipos com possível atividade farmacológica. A

C. elegans é utilizada como modelo microbiano para estudar o metabolismo dos

mamíferos de muitos fármacos, em particular os antidepressivos tricíclicos como, por

exemplo, a amitriptilina, a ciclobenzapina, a imipramina, a protriptilina e os anti-

histaminicos (incluindo doxepina e azatadina) (KANG et al., 2009 (A)).

A cepa C. elegans (ATCC 9245) foi utilizada para produzir três metabólitos de

carbamazepina. Os metabólitos formados foram mais hidrofílicos que o substrato e eles

foram caracterizados por cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas

(LC/MS). Os produtos formados foram 2-hidroxicarbamazepina (CBZ-2OH), 3-

hidroxicarbamazepina (CBZ-3OH) e 10,11-dehidro-10,11-epoxicarbamazepina (CBZ-

EP), como apresentado na Figura 3 (KANG et. al., 2009 (A)).

Figura 3- Perfil metabólico de carbamazepina por C. elegans ATCC 9245. 2-hidroxicarbamazepina (CBZ-2OH), 3-hidroxicarbamazepina (CBZ-3OH) e 10,11-dehidro-10,11-epoxicarbamazepina (CBZ-EP) (KANG et al., 2009 (A)).

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Estudo de mosaprida em humanos têm mostrado um metabolismo extensivo

catalizado pelas enzimas do citocromo CYP3A4 produzindo o composto, des-p-

fluorobenzil mosaprida (M6), que tem sido relatado como o metabólito majoritário. A

biotransformação da mosaprida utilizando a C. elegans AS 3.156 indicou que o fármaco

foi metabolizado (90,35% de biotransformação) e formaram uma quantidade de 13

produtos. Dentre os metabólitos, sete (7) metabólitos foram originados das reações de

fase I e seis (6) originados das reações de fase II, conforme Figura 4. O emprego da

biotransformação microbiana utilizando este fungo filamentoso, houve a formação do

metabólito majoritário produzido pelos mamíferos (M6), além de produzir novos

compostos. Embora a produção dos metabólitos não tenha sido elevada, os resultados

descritos indicaram que a transformação microbiana poderia produzir padrões de

referência para análises biológicas e também novos derivados do fármaco (SUN et al.,

2009).

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NHO

N

O

ONH2

CH3

F

Cl

NHO

N

O

ONH2

CH3

F

Cl

NHO

N

O

ONH

CH3

F

Cl

Glucoside

o

NHOH

O

ONH2

CH3

Cl

NH

F

NHOH

CH2OH

O

ONH2

CH3

Cl

NHOH

O

ONH2

CH3

Cl

N

F

CHO

NHO

NH

O

ONH2

CH3

Cl

NHO

N

O

ONH2

CH3

Cl

CHONHO

N

O

ONH2

CH3

Cl

COCH3

Mosaprida

M9

M8

M7

M6

M13

M10

M5

M4

M3M2

NHO

N

O

ONH

CH3

F

Cl

HO3SM12

NH2

O

ONH2

CH3

Cl

M11

M1

O

CH3

NHO

N

O

NH2

F

Cl

O

CH3

NHO

N

O

NH2

F

Cl

O

CH3

NHO

N

O

NH2

F

Cl

o

o

o

Figura 4- Perfil metabólico de mosaprida por C. elegans AS 3.156 (SUN et al., 2009).

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O metabolismo primário de genfibrozila (GEN) por C. elegans também foi

investigado com a finalidade de elucidar os metabólitos produzidos e comparar com

aqueles produzidos em cães, ratos e no homem. A biotransformação de GEN utilizando

C. elegans originou 10 metabólitos, conforme mostrado na Figura 5. Baseados em

dados obtidos por CLAE, CLAE/Espectrometria de massa (EM) e análise de

CLAE/EM/EM, os autores propuseram uma via metabólica de GEN por C. elegans,

conforme demonstrado na Figura 5. Esta via mostra a formação dos metabólitos 2-

hidroximetilgenfibrozila (FM7) e 2,5 hidroximetilgenfibrozila (FM1), que tiveram suas

estruturas confirmadas por ressonância magnética nuclear (RMN). O metabólito FM1 e

o seu produto de oxidação, FM2, são encontrados no metabolismo de ratos. A C.

elegans formou mais produtos por oxidação (KANG et al., 2009 (B)).

Figura 05- Proposta metabólica de GEN por C. elegans (KANG et al., 2009 (B)).

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A biotransformação da venlafaxina (Figura 6), foi realizada a fim de analisar qual

microrganismo (fungo filamentoso ou bactéria) era responsável por produzir metabólitos

em quantidades suficientes para a detecção por CLAE. Os autores desenvolveram um

método simples, rápido e específico por CLAE para a detecção de venlafaxina e de

seus prováveis metabólitos em estudos de biotransformação. O método desenvolvido

foi especifico, preciso, linear e exato nas condições analisadas. Na análise realizada

por CLAE, obteve-se um pico adicional nos extratos de culturas da cepa

Saccharomyces cerevesiae, quando comparada com as amostras de controle, “branco”.

Isto indicou que houve a formação de um metabólito derivado da biotransformação da

venlafaxina por Saccharomyces cerevesiae (VIDYAVATHI et al., 2009).

Figura 6- Perfil metabólico de venlafaxina por mamíferos (VIDYAVATHI et al., 2009).

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1.2.5 Fatores que influenciam no processo de bioconversão

Os processos de bioconversão, assim como qualquer processo reacional, estão

sujeitos às várias influências, que devem ser controlados com a finalidade de se obter

um maior rendimento. Dentre os fatores que influenciam no processo de síntese dos

metabólitos pelos fungos filamentosos, podem-se relatar os parâmetros de pH, a

composição do meio reacional, a velocidade de agitação, a aeração, a temperatura e a

morfologia (AZERAD, 1999).

Diferentes valores de pH do meio de cultura, podem ser medidos durante a

incubação e estar relacionados ao transporte e a solubilização de nutrientes, às

reações enzimáticas e/ou a fenômenos de superfície. Meios fracamente tamponados

contendo sais de amônio, provavelmente se tornarão mais ácidos durante o

crescimento, enquanto meios contendo nitratos se tornarão mais alcalinos. Altas

concentrações de íons, tais como fosfatos, são requeridos para se alcançar valores de

pH estáveis, sobretudo quando se deseja medir a atividade biológica e a atividade

enzimática (PAZINI, 2006).

O meio de cultura é responsável pelo crescimento fúngico e por maiores

rendimentos na produção dos possíveis metabólitos. Neste tipo de experimento, pode-

se utilizar variados tipos de meio de cultura desde que atendam uma quantidade

mínima de nutrientes para a sobrevivência e manutenção das cepas. O meio reacional

é composto por água, oxigênio, carbono como fonte de energia, nitrogênio, podendo

conter, se necessário, fósforo, potássio, cloreto de sódio, peptona, açucares (D-frutose,

sacarose e D-glucose), lipídios e aminoácidos (ALEXANDRE et al., 2004; SUN et al.,

2009).

Estudos relatam que a velocidade de agitação, pode alterar a viscosidade do

meio reacional para alguns microorganismos. O aumento da rotação reduz o

comprimento das hifas e leva ao aumento de ramificações tornando o meio de cultura

mais viscoso (GIBBS, SEVIOUR e SCHMID, 2000; PAPAGIANNI, 2004). A agitação é

um dos processos mais importantes e necessários para as reações de

biotransformação, a fim de se obter concentrações e temperaturas uniformes nos

processos de fermentação. A agitação influencia no crescimento e na concentração da

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biomassa formada, e ainda na produção dos metabólitos formados por alguns fungos

filamentosos (ZNIDARSIC e PAVKO, 2001).

A oxigenação é um fator importante nas reações de biotransformação utilizando

fungos filamentosos, pois a redução na aeração influencia na formação dos metabólitos

produzidos (PAPAGIANNI, 2004). O nível de oxigênio altera o crescimento e a

morfologia da massa fúngica durante a incubação no meio reacional. A taxa de

crescimento, as propriedades da parede celular e o comprimento das hifas é fortemente

dependente da concentração de oxigênio presente no meio reacional (ZNIDARSIC e

PAVKO, 2001).

A morfologia dos fungos filamentosos altera a viscosidade do meio reacional, a

transferência de calor entre a biomassa e ainda afeta o transporte de nutrientes e

metabólitos de dentro para fora das hifas. Considerando o aspecto morfológico como

produtor de metabólitos pelos fungos, então o tipo morfológico irá alterar a produção de

metabóitos pelas cepas. Estudos afirmam que para a formação de alguns metabólitos é

necessário uma morfologia específica. Algumas morfologias específicas são

preferenciais para a produção de ácido itacônico por Aspergillus terreus, enquanto o

crescimento filamentoso é melhor para a síntese de ácido fumárico por Rhizopus

arrhizus. Os fatores aeração e agitação afetam a morfologia microbiana e

consequentemente a formação de produtos (ZNIDARSIC e PAVKO, 2001).

A produção de metabólitos por alguns fungos é reduzida com o crescimento na

forma de “pellets”, estes são grupamento de colônias com formas arredondadas,

semelhante a uma esfera. Uma possível razão para redução da produção de

metabólitos, quando houver formação de “pellets”, é o estabelecimento de um gradiente

de nutrientes, pois, enquanto o fluido de fermentação está bem aerado e rico em

nutrientes, as células do interior dos “pellets” poderão estar estressadas devido à

limitação de transporte nutricional. Esta deficiência nutricional é especialmente

detectada em “pellets” compactos, onde a difusão molecular não ocorre livremente e

seus centros são ocos devido à autólise hifal. Informações sobre a morfologia dos

“pellets” produzidos são importantes para se ter uma estimativa dos rendimentos.

Maiores rendimentos são esperados com a formação de pequenos “pellets”, já que

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oferecem uma menor barreira para difusão de oxigênio e outros nutrientes em relação a

“pellets” compactos (PAZINI, 2006).

A vantagem de se obter “pellets” é a de possuir uma maior superfície de contato

externa facilitando com isso as reações. No caso da produção de massa amorfa, melhor

rendimento é encontrado em modificações de compostos por reação de redução ou

outras mais demoradas (PAZINI, 2006).

1.3 ESTUDO INDICATIVO DE ESTABILIDADE

A estabilidade de fármacos e medicamentos pode ser definida como a extensão

em que estes retém, dentro dos limites especificados e dentro de seu prazo de

validade, as mesmas propriedades e características que possuíam na ocasião em que

foram fabricados (KOMMANABOYINA e RHODES, 1999).

A estabilidade dos produtos farmacêuticos precisa ser avaliada para fornecer

informações sobre a variação da qualidade de um produto ao longo do tempo, sob a

influência de fatores ambientais como temperatura, umidade, luz e ar atmosférico (ICH,

2003).

Teste de estabilidade e teste de estresse (estudo de degradação forçada) são

componentes críticos para o desenvolvimento de fármacos. Os estudos ajudam a

entender os mecanismos de decomposição dos fármacos além de obter informações

sobre os fatores físicos e químicos que resultam em instabilidade (SINHA et al., 2007).

Para estabelecer o prazo de validade a partir dos testes de estabilidade,

considera-se o período de tempo compreendido entre a fabricação do produto

farmacêutico até o momento em que sua potência não seja inferior a 90%, desde que

os produtos de degradação estejam todos seguramente identificados e seus efeitos

previamente reconhecidos e que a qualidade do produto esteja dentro do especificado

(PRISTA, ALVES e MORGADO, 1995; BRASIL, 2005).

O controle da pureza de uma formulação é fundamental para garantir a qualidade

dos ingredientes de uma forma farmacêutica e do produto final. As impurezas podem

ser sintetizadas durante as etapas da síntese do fármaco ou podem ser formadas

durante as etapas de produção do medicamento. Portanto, é necessário ter um método

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analítico que separe o fármaco de todos os possíveis produtos de degradação e/ou

impurezas, e que também separe todos os produtos de degradação uns dos outros

(XIÃO et al., 2007; XIONG, XIÃO e RUSTUM, 2009).

Além da diminuição da potência do medicamento, que é o efeito mais óbvio da

instabilidade farmacêutica, também é importante investigar se os produtos de

degradação formados são tóxicos, já que seu acúmulo é tão importante quanto, ou mais

que, a diminuição da potência (KOMMANABOYINA e RHODES, 1999).

Vários são os fatores que podem afetar a estabilidade de formas farmacêuticas.

Existem, por um lado, fatores relacionados ao produto, como características físicas e

químicas do fármaco e excipientes, dosagem e composição da fórmula, processo de

fabricação e propriedades dos materiais de embalagem e, por outro lado, deve-se

considerar os fatores ambientais, tais como temperatura, umidade e luz (WHO, 1996).

A legislação Brasileira, por meio da Resolução RE nº. 1, de 29 de julho de 2005,

da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), define três tipos de estudo de

estabilidade: acelerado, de longa duração e de acompanhamento. No primeiro, a

degradação química é acelerada por condições extremas de armazenamento durante

um curto período de tempo (6 meses). Neste estudo, o medicamento sólido é submetido

a uma condição de temperatura de 40°C ± 2°C e umidade relativa (UR) de 75% UR ±

5% UR. O medicamento é analisado após 3 e 6 meses da sua produção e sob estas

condições de armazenamento (BRASIL, 2005).

O estudo de estabilidade de longa duração visa verificar por quanto tempo o

medicamento mantem suas características nas condições normais de armazenamento

durante um período de 24 meses. Por ocasião de registro poderá ser concedido um

prazo de validade provisório de 24 meses se aprovado o relatório de estudo de

estabilidade de longa duração de 12 meses ou relatório de estudo de estabilidade

acelerado de 6 meses acompanhado dos resultados preliminares do estudo de longa

duração. No estudo de estabilidade de longa duração, o medicamento sólido é

submetido a uma condição de temperatura de 30ºC ± 2ºC e umidade relativa (UR) de

75% UR ± 5% UR. O medicamento é analisado após 3, 6, 9, 12, 18 e 24 meses da sua

produção sob estas condições de armazenamento (BRASIL, 2005).

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O estudo de acompanhamento, que ocorre após o início da comercialização do

produto, tem a função de determinar se o produto mantém as características previstas

no estudo de estabilidade de longa duração. O prazo de validade de 24 meses será

concedido mediante relatório de estudo de estabilidade de longa duração de 12 meses,

ou de estudo de estabilidade acelerada de 6 meses. Posteriormente, para renovação do

registro do medicamento, será necessária a apresentação dos resultados do estudo de

longa duração de 24 meses (BRASIL, 2005).

O teste de estresse é definido como o teste de estabilidade do fármaco ou

produto farmacêutico em que as condições excedem as usadas no teste de estabilidade

acelerada. Estes estudos são realizados para elucidar a estabilidade intrínsica dos

fármacos. De acordo com o guia da Conferência Internacional de Harmonização (ICH)

os testes de estabilidade de novos fármacos e produtos devem ser realizados em

diferentes condições de estresse e deve-se validar o método indicativo de estabilidade

para ser utilizado nas análises de estabilidade das amostras. As condições de estresse

devem exceder valores de pH, oxidação, hidrólise (ácida e básica), fotólise e

temperatura (SINHA et al., 2007).

Algumas condições analíticas estão descritas na literatura contribuindo para a

realização dos testes de degradação forçada de fármacos. Para realizar o estudo

indicativo de estabilidade de venlafaxina, pode-se submeter o fármaco à degradação

forçada em meio ácido, básico, condição oxidativa e aquecimento (MAKHIJA e VAVIA

2002; ADJAYE et al. 2007).

Um método indicativo de estabilidade precisa ser capaz de dosar o fármaco

seletivamente, diferenciando-o de suas impurezas e de seus produtos de degradação.

Desta forma, deve-se realizar estudos de degradação forçada quando se pretende

desenvolver uma metodologia indicativa de estabilidade, com o intuito de garantir a

especificidade do método (ICH, 2003; RAMAN et al., 2009).

Nas condições de degradação forçada, o agente de estresse deve ser capaz de

degradar a amostra a um valor preferencial de 10-20% em relação ao teor da

substância na formulação farmacêutica. A descoberta de tais condições é baseada em

tentativas e erros (RAMAN et al., 2009).

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33

O estudo de degradação forçada também permite elucidar a estabilidade

intrínseca do fármaco, contribuindo para o entendimento do mecanismo de degradação

da substância, o que, posteriormente, ajuda a compreender quais fatores físicos e

químicos devem ser controlados para manutenção da estabilidade (SINHA et al., 2007).

Tendo em vista a necessidade de garantir a confiabilidade, comparabilidade e

rastreabilidade dos resultados analíticos, é imprescindível a validação dos métodos. O

processo de validação assegura a credibilidade do método no uso rotineiro, fornecendo

evidências documentadas de que o método realiza o que é esperado, através da

avaliação sistemática do procedimento analítico (RIBANI et al., 2004).

Desta forma, a validação do método é um requisito importante para a prática da

análise química e deve ser uma parte integrante das boas praticas para as análises

(ZAN et al., 2009).

No Brasil, a validação de procedimentos analíticos é regulamentada pela

Resolução – RE nº 899, de 29 de maio de 2003, em que está definido: “a validação

deve garantir, por meio de estudos experimentais, que o método atenda às exigências

das aplicações analíticas, assegurando a confiabilidade dos resultados”. Para métodos

analíticos quantitativos, os parâmetros utilizados na validação são:

especificidade/seletividade, linearidade, intervalo, precisão, exatidão e robustez

(BRASIL, 2003).

1.3.1 Reações de degradação forçada

O estudo de degradação forçada de aciclovir foi realizado de acordo com as

condições recomendadas pelo ICH, utilizando hidrólise ácida (0,1mol/L, 1,0 mol/L e 2,0

mol/L de HCl com e sem temperatura de 80°C por 2 horas), hidrólise alcalina (1N de Na

OH com e sem temperatura de 80°C por 2 horas), condição oxidativa (1% H2O2 por 30

minutos e subsequentemente por 3horas; 10% H2O2 e 30% H2O2 por 24 horas) e

fotoestabilidade por 14 dias. O estudo realizado apresentou diferentes condições de

estresse nas condições descritas. O aciclovir degradou e formou produtos em todas as

condições de estresse, detectadas por CLAE, porém a extensão de degradação foi

diferente em cada condição analisada (SINHA et al., 2007).

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34

O estudo indicativo de estabilidade de rizatriptam, usado no tratamento de

enxaquecas, foi desenvolvido e validado por CLAE para detectar as substâncias

relacionadas nas amostras. Estudos de degradação forçada foram realizados em

amostras de benzoato de rizatriptam usando hidrólise ácida (HCl 0,5 mol/L), hidrólise

básica (NaOH 0,1 mol/L) e condição oxidativa (3% H2O2), aquecimento a 60°C e

condição fotolítica. Uma degradação leve do fármaco foi observada na hidrólise básica

e uma degradação considerável foi observada durante o estresse oxidativo (RAO et al.,

2006).

Um método indicativo de estabilidade foi desenvolvido e validado por CLAE para

determinar a pureza de fanciclovir na presença de impurezas e de produtos de

degradação. O fármaco foi submetido às condições de estresse oxidativo, hidrólise

ácida e básica, hidrólise térmica e degradação fotolítica. No estudo realizado,

encontraram-se produtos de degradação nas condições oxidativa, ácida e básica. Nas

condições de estresse em hidrólise térmica e fotolítica não houve a degradação do

fármaco, considerando assim estável nestas condições. Os produtos de degradação

tiveram uma boa resolução em relação ao pico principal, indicando que o método é

considerado indicativo de estabilidade (RAMAN et al., 2009).

A lamivudina foi submetida ao estresse de degradação forçada por condição

hidrolítica (neutra, ácida e alcalina), oxidativa, fotolítica e estresse térmico, conforme

sugerido pelo guia de recomendações do ICH. O fármaco demonstrou ser instável em

meio ácido, alcalino e oxidativo, e permaneceu estável na condição neutra e de

estresse térmico. No total, cinco produtos de degradação foram formados, conforme

Figura 7. Para caracterizar os produtos formados, em primeiro lugar uma fragmentação

completa do fármaco foi realizada através da espectrometria de massa. O mesmo foi

comparado com os fragmentos do produto de degradação da substância química de

referência. Os valores exatos das massas obtidos foram usados e as informações totais

ajudaram na identificação dos produtos de degradação (BEDSE, KUMAR e SINGH,

2009).

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Figura 07- Perfil de degradação da lamivudina formando os produtos I, II, III e IV

(BEDSE, KUMAR e SINGH, 2009).

Um método rápido, simples e indicativo de estabilidade foi desenvolvido por

CLAE para avaliar a estabilidade das formas farmacêuticas de venlafaxina. O uso de

hidrólise ácída (1 mol/L HCl) e básica (1 mol/L NaOH), condição oxidativa (3% H2O2)

com e sem temperatura na degradação forçada de comprimidos de venlafaxina, foi

capaz de produzir um produto de degradação na condição ácida detectado por CLAE e

N

N

S

O

O

NH2

OH

N

N

O

O

NH2

OH

SO

N

N

S

O

O

NH2

OH

N

NH

NH2

N

NH

O

O

N

N

S

O

O

O

OH

[O]

H+/OH-,H2O

-NH3

-Oxatiol

-NH3

-Oxatiol

-NH3

H+,OH-,H2O H+,OH-,H

2O

III IV

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com característica mais polar que o próprio fármaco. A venlafaxina foi estável em

hidrólise básica e na condição oxidativa (MAKHIJA e VAVIA, 2002).

A estabilidade gastrointestinal da venlafaxina foi avaliada in vitro simulando os

fluidos gástrico e intestinal usando um método por CLAE para detectar e indicar a

estabilidade. O estudo de degradação forçada do fármaco em meio básico (1 mol/L

NaOH) a 70°C, assim como em condição oxidativa (15% H2O2) por 1 hora e em estudo

de fotoestabilidade no ultravioleta a 255 e 365nm por 24 horas, não produziu nenhum

produto de degradação detectável. O estudo de degradação forçada em meio ácido (1

mol/L HCl) a 70°C por uma hora formou o produto dehidro-venlafaxina (ADJAYE et al.,

2007).

1.4 MÉTODOS APLICADOS

Fungos filamentosos apresentam uma enorme capacidade de promover reações

simples capazes de produzir modificações estruturais em xenobióticos gerando uma

quimiodiversidade de compostos. Dessa forma, a metodologia analítica empregada em

estudos de bioconversão deve ser capaz de distinguir estes compostos, separá-los,

quantificá-los e identificá-los adequadamente (GOMES, 2007).

No estudo do metabolismo dos fármacos é necessário detectar, identificar e

caracterizar os metabólitos formados para permitir uma melhor compreensão do seu

papel na avaliação da segurança dos medicamentos (SUN et al., 2009).

Os microrganismos têm sido usados como alternativa ou complemento ao

emprego de sistemas animais, pela sua capacidade de imitar o metabolismo que ocorre

em mamíferos. As concentrações usadas (que geralmente variam de 0,2 a 0,5 g/l) são

muito maiores que as empregadas em outros modelos de células ou tecidos; como a

capacidade metabólica dos microrganismos pode ser alta, a soma dos metabólitos

formados encontra-se na escala de 20 a 200 mg/L, permitindo fácil detecção,

isolamento e identificação estrutural (AZERAD, 1999).

O uso de fungos filamentosos tais como Beauveria bassiana ATCC 7159, C.

echinulata ATCC 9244 e Mortierella isabelina NRRL 1757 na realização de reações de

oxidação, redução e glicosilação, entre outras, têm se mostrado úteis na bioconversão

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de uma grande variedade de compostos orgânicos (GROGAN e HOLLAND, 2000). A

aplicação dessa metodologia possibilita a obtenção de quantidades suficientes para

identificação estrutural, prepararação de padrões autênticos para as análises de

metabólitos animais e se necessário produção dos mesmos em escala preparativa

(CIRILO, 2006).

As quantidades de metabólitos obtidos nas reações de bioconversões dependem

do desenvolvimento de uma metodologia apropriada que consiste na utilização de

técnicas tradicionais como cromatografia de camada delgada (C.C.D.), CLAE, sendo

esta acoplada ou não a espectrometria de massa (EM) (GOMES, 2007). A C.C.D. é

uma técnica muito utilizada no monitoramento dos produtos formados durante a triagem

e na escala semi-preparativa, pois, esta técnica possibilita a seleção do microrganismo

de interesse de acordo com a produção de cada cepa, assim como no monitoramento

dos diversos derivados produzidos por uma única cepa (GOMES, 2007).

Dentro dos métodos cromatográficos, a CLAE é a mais utilizada devido à sua

alta capacidade de resolução, sensibilidade e especificidade, e porque há uma grande

quantidade de compostos que podem ser analisados usando esta técnica (MARIN e

BARBAS, 2004). Algumas vezes as informações que a CLAE fornece não são

suficientes para a confirmação da identidade. Para este efeito, a LC/MS é uma técnica

em que o peso molecular sugere informações de fragmentação e é uma ferramenta

indispensável de análise (MARIN e BARBAS, 2004).

Vários métodos foram desenvolvidos para a determinação de antidepressivos por

CLAE/EM, a maioria deles para a determinação de um composto e de seus principais

metabólitos, ou de alguns compostos pertencentes ao mesmo grupo de antidepressivos

(CASTRO et al., 2008). Muitos destes métodos são encontrados na literatura para a

determinação quantitativa de níveis terapêuticos de venlafaxina e O-

desmetilvenlafaxina em amostras de plasma humano e fluidos biológicos. Muitos deles

usam a CLAE com detecção ultravioleta (UV), fluorescência, eletroquímico ou

espectrômetro de massa. Eletroforese capilar com detecção UV também tem sido

utilizada (MADRIOLI e VAVIA, 2007).

Um método ideal, que seja indicativo de estabilidade, deve separar o fármaco e

também ser capaz de separá-lo de seus produtos de degradação. Assim, uma tentativa

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foi feita para desenvolver um método por CLAE que fosse preciso, rápido, específico e

reprodutível para a determinação de venlafaxina, na presença de produtos de

degradação durante o estudo de estabilidade de formas farmacêuticas. (ADJAYE et al.,

2007).

Na literatura se encontram muitos estudos para a detecção e a separação de

venlafaxina e de seus metabólitos. Na Tabela se observam os mais variados métodos

para análise de venlafaxina e de seus metabólitos na forma farmacêutica cápsula,

fluidos biológicos, estudos indicativos de estabilidade e meios reacionais para estudos

de biotransformação.

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Tabela 1. Métodos cromatográficos utilizados para análise de venlafaxina e de seus metabólitos.

Tipo de estudo Compostos analisados Condições cromatográficas Referência

Estudos de biotransformação de

venlafaxina VEN e metabólito

Técnica analítica: CLAE

(VIDYAVATHI et al., 2009)

Detector: U.V.

Comprimento de onda: 200 nm

Coluna: C8, 4,6x250 mm

Fase móvel: Acetonitrila:Tampão fosfato de sodio monobásico 0,05 mol/L pH: 3,8 (25:75)

Fluxo: 1,0 mL/min

Tempos de retenção:

VEN: 9.8 min.

Metabólito: 6.2 min.

Estudo indicativo de estabilidade de venlafaxina

em formulações farmacêuticas

VEN e degradante ácido

Técnica analítica: CLAE

(MAKHIJA e VAVIA, 2002)

Detector: U.V.

Comprimento de onda: 224 nm

Coluna: C8_4,6x250 mm

Fase móvel: Acetonitrila:Tampão fosfato de sódio monobásico 0,04 mol/L pH: 6.8 (25:75)

Fluxo: 1,5 mL/min.

Volume de injeção: 20 uL

Tempos de retenção:

VEN: 5.3 min.

Degradante ácido: 4.32 min.

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Tabela 1. Métodos cromatográficos utilizados para análise de venlafaxina e de seu metabólito.

Tipo de estudo Compostos analisados Condições cromatográficas Referência

VEN e desvenlafaxina

Técnica analítica: CLAE

(MADRIOLI e VAVIA, 2007) Análise de venlafaxina e de seu metabólito em plasma

humano

Detector: Fluorescência

Comprimento de onda:

excitação: 238 nm

emisssão: 300 nm

Coluna: C8_4,6x150 mm

Fase móvel: Acetonitrila:Tampão fosfato de sodio monobásico 0,04 mol/L pH: 6.8 com trietilamina(v/v)

Fluxo:

0,0 - 3,5 min: 1,0 mL/min.

3,5 - 4,0 min.: 1,0 - 2,0 mL/min

4.0 - 15,0 min: 2,0 mL/min.

15,0 - 15,5 min: 2,0 - 1,0 mL/min.

Volume de injeção: 20 uL

Tempos de retenção:

VEN: 9.8 min.

Metabólito: 6.2 min.

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1.5 VENLAFAXINA E SEUS METABÓLITOS

A venlafaxina (1-[2-dimetilamino)-1-(4-metoxifenil)etil]ciclohexanol), é um

fármaco antidepressivo de segunda geração. Este é um dos mais potentes inibidores

da recaptação de serotonina e noroadrenalina, e o seu efeito terapêutico é atribuído

a esta atividade. Acredita-se, que o mecanismo de ação antidepressiva da

venlafaxina em seres humanos é associado com a potenciação da atividade

neurotransmissora no sistema nervoso central (PATEL et al., 2008; FONSECA e

BONATO, 2010). A venlafaxina tem demonstrado ação mais rápida e melhor

resposta quando comparada com outros antidepressivos, como, por exemplo, a

fluoxetina (inibidora seletiva da recaptação de serotonina) (LIN et al., 2007).

Venlafaxina está sendo usada em pacientes que não respondem aos inibidores

seletivos da recaptação de serotonina ou naqueles pacientes em que esta resposta

diminui com o tempo (PATEL et al., 2008). A dose diária deste fármaco está entre 75

a 225 mg (MADRIOLI e VAVIA, 2007).

A venlafaxina não mostrou in vitro, afinidade significativa por receptores

muscarínicos, histamínicos ou 1-adrenérgicos. A venlafaxina é biotransformada no

fígado em O-desmetilvenlafaxina (desvenlafaxina), N, O-desmetilvenlafaxina, N-

desmetilvenlafaxina, (Figura 8). As enzimas do CYP2D6, CYP2C19 E CYP2C9

metabolizam a venlafaxina e seu metabólito majoritário é a O-desmetilvenlafaxina

(PATEL et al., 2008; FONSECA e BONATO, 2010), que é farmacologicamente ativo

e contribui significativamente para o efeito farmacológico da venlafaxina, uma vez

que é encontrado no plasma em altas concentrações. Enquanto a venlafaxina é

certamente muito mais benéfica do que os tradicionais antidepressivos tricíclicos, o

tratamento com este fármaco ainda pode causar vários efeitos colaterais sobre o

sistema nervoso central (vertigem, boca seca, insônia, nervosismo, sonolência), o

sistema gastrointestinal (constipação, anorexia, náuseas), o sistema cardiovascular

(hipertenção, vasodilatação e palpitações) e no sistema geniturinário (impotência,

anorgasmia). Portanto, a grande importância do monitoramento terapêutico em

pacientes submetidos ao tratamento com este fármaco pode ser facilmente

compreendido (MADRIOLI e VAVIA, 2007).

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Figura 8. Estrutura da venlafaxina (1), metabólito ativo O-desmetilvenlafaxina (2), e os outros metabólitos N-desmetilvenlafaxina (3), N, O-desmetilvenlafaxina (4)(VU et al., 1997).

Estudos relatam a síntese e a caracterização farmacológica de rac-sila-

venlafaxina (rac -1b), um produto sililado análogo da inibição da recaptação da

serotonina e noradrenalina (rac -1a). No contexto de relação estrutura-atividade

(REA), os derivados rac - 2 e rac - 3 também foram investigados. Neste estudo,

foram testados a eficácia na inibição de serotonina, noradrenalina e dopamina e as

alterações nas propriedades farmacológicas de rac -1a, rac -1b, rac -2 e rac -3.

Estas estruturas químicas estão ilustradas na Figura 9 (DAIB et al., 2006).

Figura 9. Estrutura da venlafaxina (1a), rac-sila-venlafaxina (rac - 1b), e os derivados rac - 2 e rac - 3 (DAIB et al., 2006).

O composto sililado rac-sila-venlafaxina (rac - 1b), apresenta uma inibição no

perfil de recaptação da monoamina substancialmente alterada quando comparado

com o seu análogo rac-carbono-venlafaxina (rac - 1a). A inibição na atividade de

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recaptação de noradrenalina e transportadores de dopamina é essencialmente

afetada pela sila-substituição (dentro das variações biológicas esperimental in vitro).

Alterações como estas afetam as propriedades químicas, físico-químicas e a

estrutura da venlafaxina e, portanto, alteram suas propriedades biológicas. Em

contrapartida, a rac-sila-venlafaxina-2 (rac - 2) (houve a troca de um ciclo contendo 5

carbonos) reduziu a recaptação de serotonina quando comparado com rac-

venlafaxina (rac - 1a), enquanto que houve um aumento na recaptação do

transportador seletivo de dopamina. O composto rac-metoxilados-sila-venlafaxina

(rac - 3) apresentou uma redução significativa na inibição da atividade de recaptação

de serotonina e noroadrenalina, resultando em um fraco perfil inibidor da atividade

de recaptação de monoaminas. Estes dados demonstram a importância da fração p-

metoxi na manutenção da inibição da recaptação de serotonina e noradrenalina,

enquanto que as mudanças sila alteram as atividades e os efeitos na recaptação de

serotonina e dopamina. Observa-se que a inibição refinada da recaptação de

serotonina e noroadrenalina foi seletiva em rac-sila-venlafaxina (rac-1b) podendo

este, fornecer benefícios na terapêutica no tratamento de várias desordens do

sistema nervoso central (DAIB et al., 2006).

Tomando como base os estudos descritos anteriormente, foi realizado uma

triagem ou “screening” com várias cepas de fungos filamentosos, para identificar

aquelas capazes de metabolizar a venlafaxina e produzir em escala semi-preparativa

os produtos funcionalizados. Também, foi avaliado o padrão de degradação da

venlafaxina em cápsulas de liberação prolongada. A caracterização dos metabólitos

formados na biotransformação e dos produtos de degradação será realizada por

ESI-EM/EM. Além disso, foi desenvolvido e validado um método por CLAE para

estudo indicativo de estabilidade.

Embora a literatura descreva estudos de biotransformação microbiana de

venlafaxina usando a detecção por CLAE dos produtos encontrados, nenhum

metabólito descrito foi caracterizado, o que justifica a realização deste trabalho, uma

vez que os metabólitos produzidos na bioconversão podem ser utilizados como

padrão de referência em analises de estudos de estabilidade ou para futuros

estudos do metabolismo animal.

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2. OBJETIVOS

- Aplicar o modelo microbiano para obter metabólitos de venlafaxina semelhantes

aos do metabolismo animal;

- Desenvolver e validar um metodo analítico que seja indicativo de estabilidade para

venlafaxina em cápsulas de liberação prolongada;

- Caracterizar os produtos formados pela bioconversão e pelo estudo indicativo de

estabilidade;

- Correlacionar os produtos formados na bioconversão com os formados pelo estudo

indicativo de estabilidade.

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3. PARTE EXPERIMENTAL - BIOTRANSFORMAÇÃO DA VENLAFAXINA EM O-

DESMETILVENLAFAXINA POR Cunningamella elegans ATCC 6169

3.1. Equipamentos

Os equipamentos para análise foram: espectrômetro Micromass/Waters

Quattro Micro (ZSpray®) e MDS/SCIEX API5000 (Turbo V - Turbo Ion Spray®),

sistema de purificação de água Milli-Q-plus (Millipore), aparelho de ultra-som,

agitador magnético (Unique), incubadora com agitação, câmara climática (Tecnal),

autoclave (Alpha), câmara climática, evaporador rotatório (Eletro lab).

3.2. Materiais e Reagentes

Matéria prima de cloridrato de venlafaxina, lote: VF001/7007. Acetato de etila

grau UV/HPLC, álcool etílico grau UV/HPLC, fosfato de potássio monobásico

(J.T.Baker, USA); acetato de etila, ácido fórmico, celite, cloreto de sódio, D-glicose

anidra (Dextrose), extrato de levedura, iodo, sílica gel 60 (230-400 mesh), sulfato de

magnésio anidro, vanilina sulfúrica (Vetec, BR); ágar batata, celite, glicerol, papel de

filtro, sílica gel FG254 e tubo de ensaio (Merck, GER); lecitina de soja (INLAB, BR);

metanol grau HPLC (TEDIA, USA); peptona bacteriológica (Synth, FR), Erlenmeyer,

eppendorf, funil de Buchner, funil de vidro sinterizado (Pyrex) e água destilada.

3.3. Microrganismos

As cepas de fungos filamentosos utilizadas foram Aspergillus candidus

(ATCC2023), Beauveria bassiana (ATCC7159), Cunninghamella echinulata

(ATCC9244), Cunningamella elegans (ATCC6169), Mortierella isabelina

(ATCC1757) e Rhizopus arrhizus (ATCC11145). Os microrganismos estavam

estocados em meio sólido inclinado de ágar batata a 4°C.

3.4. Meio de cultura “Potato Dextrose Soy Medium”- PDSM

A biotransformação microbiana foi realizada em meio líquido. Este foi

preparado pesando-se separadamente 5 g de peptona bacteriológica, 20 g de D-

glicose anidra (dextrose), 5 g de cloreto de sódio, 5 g de fosfato de potássio

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monobásico, 3 g de extrato de levedura, 5 g de lecitina de soja. Após a pesagem, os

reagentes foram solubilizados em 1000 mL de água destilada, homogeneizados e

transferiu-se 100 mL deste meio para frascos de Erlenmeyer de 250 mL. Após

transferência os frascos foram autoclavados por 15 minutos a 121°C (SUN et al.,

2009).

3.5. Cultura e procedimentos para a biotransformação

A biotransformação da venlafaxina foi realizada de acordo com duas fases de

fermentação: triagem e escala semi-preparativa (SUN et al., 2009). Para o

procedimento de triagem ou “screening”, foram utilizadas as seis cepas de fungos

filamentosos, já descritas. Estas cepas estavam armazenadas em câmara climáticas

e estocadas em tubos de vidros contendo ágar-batata inclinado. Duas gostas da

suspensão em glicerol dos esporos das cepas foram inoculadas em frascos

Erlenmeyer de 250 mL contendo 100 mL do meio de cultura Potato Dextrose Soy

Medium (PDSM). Após à inoculação, os frascos de Erlenmeyer foram incubados sob

agitação de 200 rpm a 28 ± 2°C em agitador rotativo por 65h. Após esse período,

adicionou-se a cada Erlenmeyer 1,0 mL de uma solução do substrato solubilizado

em álcool etílico na concentração de 50 mg/mL, obtendo-se uma concentração final

de 0,5 mg/mL. Os Erlenmeyer foram novamente incubados no agitador à 200 rpm,

28 ± 2 °C por um período de 144 h. O monitoramento da reação foi realizada em 24,

48, 72, 96 e 144 h após a adição do substrato ao meio de cultura líquido. Foram

retiradas em duplicata com o auxílio de uma pipeta de Pasteur, 1,5 mL do

sobrenadante de cada frasco Erlenmeyer e transferidos para tubos eppendorfs (SUN

et al., 2009).

Frasco de cultura controle, contendo microrganismos, foram cultivadas em

condições idênticas, mas sem substrato ou seja, venlafaxina. Experimentos de

controle contendo o substrato foram preparados nas mesmas condições descritas,

mas sem os microrganismos (SUN et al., 2009).

Para o procedimento de fermentação em escala semi-preparativa, o fungo

selecionado na etapa de triagem, Cunninghamella elegans (C. elegans)

(ATCC6169), foi incubado utilizando os mesmos procedimentos e as mesmas

condições do método de triagem. A solução de venlafaxina foi adicionada em cada

frasco Erlenmeyer para dar uma concentração final de 0,5 mg/mL. Após 144 h de

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49

incubação, o conteúdo dos frascos foram filtrados originando uma fração aquosa e

uma massa fúngica, ou micélio (SUN et al., 2009).

3.6. Método de análise

As reações de biotransformação do experimento de triagem e da escala semi-

preparativa foram monitoradas durante cada tempo de coleta. Após a coleta, as

alíquotas foram centrifugadas por 5 min. a 3000 rpm. Em seguida, transferiu-se o

sobrenadante para um tubo de vidro e saturou-se o líquido com cloreto de sódio.

Após a saturação, adicionou-se acetato de etila, centrifugou e deixou o tubo em

repouso. O extrato orgânico obtido foi analisado utilizando cromatoplacas de

alumínio com sílica gel FG254 e fase móvel metanol : acetato de etila (1:1). Os

metabólitos eluidos nas cromatoplacas foram detectados utilizando luz UV (254 e

365 nm), e revelados com iodo e vanilina sulfúrica.

3.7. Isolamento e identificação do metabólito principal

No experimento em escala semi-preparativa, após o período de incubação

(144 h) a biomassa, contida nos fracos Erlenmeyer, foi separada utilizando funil de

Buchner com gaze. A solução filtrada foi saturada com cloreto de sódio e novamente

filtrada em funil de Buchner contendo celite sob vácuo. Após a filltração, a solução

denominada fração aquosa foi extraída com três partes de acetato de etila (sendo

cada extração com 300 mL), formando a fração acetato de etila. Adicionou-se a esta

fração orgânica, sulfato de magnésio anidro, para eliminar alguma quantidade de

água existente. Filtrou-se em funil de vidro sinterizado e o solvente foi rotaevaporado

sob vácuo, resultando em um material oleoso, que foi seco a temperatura ambiente,

para posterior separação e purificação dos produtos formados.

A massa fúngica, ou micélio, separada durante a filtração foi extraída com

acetona (300 mL) sob agitação constante em agitador magnético por um período de

3 h, sendo posteriormente filtrada em papel de filtro. A fração orgânica obtida foi

rotaevaporada sob vácuo, resultando em uma fração cetônica. As frações acetato de

etila e cetônica, foram analisadas por cromatografia em camada delgada e os

metabólitos foram detectados e revelados.

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50

A cromatografia em coluna foi utilizada para o procedimento de separação

dos metabólitos formados. Utilizou-se uma coluna com 30 cm de comprimento e 2

cm de diâmetro empacotada com sílica gel 60 (230-400 mesh). A fase móvel para

eluição dos metabólitos foi em gradiente com acetato de etila: metanol (100:0),

alterando 5% a preparação da fase móvel até se chegar em acetato de etila: metanol

(0:100).

As frações acetato de etila e cetônica, foram solubilizadas em metanol:acetato

de etila (1:1), misturadas e aplicadas na coluna. Com a eluição da fase móvel de

maneira contínua, foram coletados 5 mL em tubos de ensaio e aplicados em

cromatoplacas para acompanhamento. O monitoramento foi igual ao utilizado para a

fração acetato de etila e cetônica da escala semi-preparativa. Os tubos contendo as

frações com o mesmo Rf foram agrupados e evaporados.

As frações obtidas na separação pela cromatografia em coluna e contendo o

mesmo Rf, foram enviadas para caracterização em espectrometria de massa. As

amostras preparadas na concentração de 50 ng/mL com 2mM de acetato de amônio

e 0,1% de ácido fórmico foram envuadas para análise em espectrômetro de massa.

As análises foram realizadas através dos espectros obtidos quando estas amostras

foram analisadas por infusão direta com fluxo de 10μL/min nos espectrômetros

Micromass/Waters Quattro Micro (ZSpray®) e MDS/SCIEX API5000 (Turbo V -

Turbo Ion Spray®), nos modos “fullscan”, “precursor íon scan” e “product ion scan”.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Triagem preliminar da biotransformação

Em uma seleção de 6 cepas de fungos filamentosos foram realizados os

experimentos de triagem com a finalidade de verificar qual mirorganismo

desmetilava o fármaco (ASHA e VIDYAVATHI, 2008). Na triagem, todos os fungos

foram capazes de metabolizar a venlafaxina após o período de incubação de 144 h,

produzindo quantidades variáveis de até seis metabólitos. Os metabólitos eluidos

nas cromatoplacas foram detectadas utilizando luz UV (254 e 365 nm), e reveladas

com iodo e vanilina sulfúrica. A Tabela 1, demonstra a quantidade de metabólitos

produzidos pelas cepas no procedimento de triagem e seus respectivos valores de

Rf. Nas análises realizadas dos controles, não houve nenhuma decomposição

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química ou qualquer outra transformação do meio de cultura e da venlafaxina nas

condições de fermentação. As manchas obtidas nas cromatoplacas para o

monitoramento da escala semi-preparativa, para a fração acetato de etila, fração

cetônica e separação por coluna cromatográfica apresentaram o mesmo R f dos

obtidos no procedimento de triagem utilizando C. elegans (ATCC6169).

Tabela 2. Detecção por cromatografia em camada delgada dos derivados da venlafaxina ao final da incubação da triagem e seus respectivos valores de Rf.

Microrganismos Metabólitos (Rf)

VEN (0,50)

I (0,07)

II (0,30)

III (0,60)

IV (0,80)

V (0,90)

VI (0,95)

Aspergillus candidus (ATCC2023)

+ - + + - + +

Beauveria bassiana (ATCC7159)

+ - - + - + +

Cunninghamella echinulata

(ATCC9244) + - - + + + +

Cunningamella elegans (ATCC26169)

+ - + + - - -

Mortierella isabelina (ATCC1757)

+ + + + + + +

Rhizopus arrhizus (ATCC11145)

+ - - + + + +

VEN: Venlafaxina; ( - ): Ausência de metabólito; ( + ): Presença de metabólito

4.2. Identificação e caracterização dos metabólitos da venlafaxina

A cepa de escolha na escala semi-preparativa foi selecionada por produzir um

único ou um pequeno número de metabólitos (ALEXANDRE et al., 2004). As

frações orgânicas obtidas após a eluição em coluna cromatográfica foram

monitoradas por cromatoplacas e aquelas que continham metabólitos com o mesmo

Rf foram analisadas no espectrômetro no modo FullScan (ALEXANDRE et al., 2004).

Os compostos foram facilmente caracterizados por espectrometria de massa e este

mostrou um íon molecular [VEN+H]+ em m/z 278,9439 correspondente a venlafaxina,

[ODV+H]+ em m/z 264,2024 para O-desmetilvenlafaxina e [VEN – OH]+ em m/z

260,9133 para dehidroxi-venlafaxina (Fig. 2). O composto com íon molecular

[ODV+H]+ em m/z 264,2024 para O-desmetilvenlafaxina demonstra a desmetilação

da venlafaxina pela C. elegans (ATCC6169) (ASHA e VIDYAVATHI, 2008).

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Fig. 10. Espectro representativo “Full Scan” dos produtos (A) venlafaxina, (B) O-

desmetilvenlafaxina [ODV+H]+ e (C) dehidroxi-venlafaxina [VEN – H]+

Analisando os resultados da decomposição iônica ativada por colisão (CID),

para os fragmentos de O-desmetilvenlafaxina [ODV+H]+ obteve-se m/z 58.0904,

120.9395, 220.4722, 264.2498 e para a dehidroxi-venlafaxina [VEN – OH]+ obteve-

se m/z 58.0665, 81.0531, 107.0537, 121.0878, 158.1757, 177.1509, 215.1037

sendo então possível propor as estruturas correspondentes (Fig. 3) (ADJAYE et al.

2007 e PATEL et al., 2008).

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Fig. 11. “Product Ion”: (A) Dehidro-venlafaxina para [VEN – OH]+(B) O-

desmetilvenlafaxina [ODV+H]+

Pela comparação dos pesos moleculares de dehidroxi-venlafaxina, O-

desmetilvenlafaxina e venlafaxina em análise por espectro de massa de plasma

humano descritos na literatura (ADJAYE et al. 2007 e PATEL et al., 2008), com os

metabólitos obtidos na biotransformação de venlafaxina por C. elegans (ATCC6169),

observa-se neste estudo a formação dos mesmos produtos pelo modelo microbiano

utilizando C. elegans (ATCC6169) (Tabela 2).

Tabela 3. Correlação entre os pesos molecular dos metabólitos encontrados na biotransformação de venlafaxina utilizando C. elegans (ATCC6169) com os mesmos produtos descritos na literatura em análise de plasma humano (ADJAYE et al. 2007 e PATEL et al., 2008).

Metabólito/Ven Rf MS [M +H]+ Encontrado [M

+H]+

Dehidroxi-venlafaxina 0,6 260,0 260,39

O-desmetilvenlafaxina 0,3 264,0 264,38

Venlafaxina 0,5 278,3 278,41

Ven.: venlafaxina

Para a diferenciação dos enantiômeros formados por biotransformação, deve-

se utilizar métodos analíticos enantioseletivos para a separação dos enantiômeros

de (R),(S) ODV e (R),(S) NDV. Para estas separações utiliza-se uma coluna quiral

com fase móvel normal para a diferenciação dos metabólitos enantioseletivos

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formados da venlafaxina em estudo de biotransformação in vitro (FONSECA e

BONATO, 2010).

Mesmo não tendo isolado os metabólitos, nossos resultados indicaram que a

via de transformação microbiana produz derivados de venlafaxina e os produtos

obtidos foram similares aos encontrados em mamíferos, salientando a aplicação do

modelo microbiano para o estudo do metabolismo animal. Os nossos estudos

confirmaram ainda que a C. elegans (ATCC6169), é capaz de metabolizar fármacos,

especialmente por desmetilação conforme descrito na literatura (AZERAD, 1999;

ASHA e VIDYAVATHI, 2008 e SUN et al. 2009).

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5. PARTE EXPERIMENTAL II - MANUSCRITO : IDENTIFICATION OF THE

MAJOR ACTIVE VETABOLITE, DESVENLAFAXINE IN EXTENDED-RELEASE

CAPSULES OF VENLAFAXINE; Revista Eletrônica de Farmácia (REF) - ISSN

1808-0804 Vol. VI (1), 39-53, 2010. (Vide anexo).

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6. CONCLUSÕES

- As cepas Aspergillus candidus (ATCC2023), Beauveria bassiana (ATCC7159),

Cunninghamella echinulata (ATCC9244), Cunningamella elegans (ATCC6169),

Mortierella isabelina (ATCC1757) e Rhizopus arrhizus (ATCC11145)

biotransformaram a venlafaxina;

- O fungo Cunninghamella elegans ATCC 6169 foi capaz de produzir os

metabólitos em quantidades suficientes para análises estruturais em espectrometria

de massa;

- Os metabólitos obtidos neste estudo foram similares aos encontrados em

mamíferos, salientando a aplicação dos modelos microbianos para o estudo do

metabolismo animal;

- A biotransformação de venlafaxina por Cunninghamella elegans ATCC 6169,

produziu metabólitos similares aos dos mamíferos e que podem ser utilizados como

padrões de referências em análises;

- O estudo indicativo de estabilidade da condição ácida de venlafaxina, formou

dois produtos de degradação que foram caracterizados por ESI-MS/MS, os produtos

foram desvenlafaxina e a dehidroxi-venlafaxina;

- Um dos produtos de degradação corresponde ao metabólito ativo da

venlafaxina, encontrado nos mamíferos e nas reações de bioconversão por

Cunninghamella elegans ATCC 6169;

- O método de venlafaxina desenvolvido e validado por CLAE é considerado

método indicativo de estabilidade para análise de venlafaxina em cápsulas de

liberação prolongada, pois é sensível, específico, preciso, linear, exato e

reprodutível.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8. ANEXO I - MANUSCRITO : IDENTIFICATION OF THE MAJOR ACTIVE VETABOLITE, DESVENLAFAXINE IN EXTENDED-RELEASE CAPSULES OF VENLAFAXINE; REF - ISSN 1808-0804 Vol. VI (1), 39-53, 2010.

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