11
Universidade de Aveiro Departamento de Comunicação e Arte Mestrado em Criação Artística Contemporânea ESTÉTICA CONTEMPORÂNE A Rodrigo Canhão, nº 63304 YELLOW

Yellow RodrigoCanhao

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Yellow RodrigoCanhao

8/3/2019 Yellow RodrigoCanhao

http://slidepdf.com/reader/full/yellow-rodrigocanhao 1/11

Universidade de AveiroDepartamento de Comunicação e Arte

Mestrado em Criação Artística ContemporâneaESTÉTICA CONTEMPORÂNEA

Rodrigo Canhão, nº 63304 

YELLOW

Page 2: Yellow RodrigoCanhao

8/3/2019 Yellow RodrigoCanhao

http://slidepdf.com/reader/full/yellow-rodrigocanhao 2/11

YELLOWNota Introdutória Neste trabalho, pretende-se interpretar a peça YELLOW de A. Kapoor, partindo dos aspectosestruturais e fenomenais da obra. Saliento ainda o facto de ter tido a oportunidade de visitar a peçaem 2010 e ter vivido a experiencia que a peça proporciona.

Sobre a interpretação da sua obra, Kapoor é claro e directo quando diz: “nada tenho a dizer!”. Nãoquer que haja conotação, pelo menos directa, com a experiencia do autor.

Crê na ideia de que o objecto tem uma linguagem em si mesma, e que seu principal objectivo nomundo não é interpretativo, “…ele está lá como se estivesse sentado no seu próprio mundo designificados.” 

Poderíamos, na área da pura especulação interpretativa, dizer ainda que o autor foi buscar às suaraízes e origens as qualidades de equilíbrio interior e bem-estar proporcionadas pela combinação domaterial e da estrutura, e que remete para a meditação e para ritos religiosos de queeventualmente provem. Orgulhoso da suas origens incomoda-o o facto de o seu trabalho ter sido deinicio rotulado de Exótico.

Por tudo isto pretendo neste exercício não ser excessivamente abusivo na subjectividade inerente aomesmo. 2

Page 3: Yellow RodrigoCanhao

8/3/2019 Yellow RodrigoCanhao

http://slidepdf.com/reader/full/yellow-rodrigocanhao 3/11

- Nome da Obra: Yellow

- Ano concepção: 1999

- Autor: Anish Kapoor

- Local: Galería 203Guggenheim Bilbao

- Data exibição GuggB. : 2010

- Iluminação do espaço:Intensa e difusa

YELLOWEstrutura da Obra

Fotografia: Erika Ede (Guggenheim Bilbao, 2010) 3

Page 4: Yellow RodrigoCanhao

8/3/2019 Yellow RodrigoCanhao

http://slidepdf.com/reader/full/yellow-rodrigocanhao 4/11

- Composição: Fibra de vidroPigmento - pó

(matéria-prima mineral)

- Cor: MonocromáticaAmarelo primário

- Dimensão: 600x600x300 cm

- Objecto tridimensionalSuperfície moldada com umacavidade no centro da peça.Embutida na parede.

- Espaço Esta obra,( do ponto de vista

formal) não é autónoma em relação aoespaço físico. Exige que o espaço abarque assuas características :grande dimensão;instalação, requerendo a inserção numaparede; iluminação. Necessita para issocondições especiais para a sua exposição.

YELLOWEstrutura da Obra

Fotografia: Ninolo (Guggenheim Bilbao, 2010) 4

Page 5: Yellow RodrigoCanhao

8/3/2019 Yellow RodrigoCanhao

http://slidepdf.com/reader/full/yellow-rodrigocanhao 5/11

AS INQUIETAÇÕES EM YELLOW  

Ao estarmos presentes peranteesta obra, várias questõescolocam-se: 

O título da obra remete para umacor, mas que tipo de amarelo éeste?

Que tipo de coisas se associa comesta cor?

A escala e a forma afecta-nos?

É um espaço interno ou externo?

Como nos afecta fisicamente, quesensação, (calor - sol)?

YELLOWConceitos | Interpretação

Fotografia: (Guggenheim Bilbao, 2010) 5

Page 6: Yellow RodrigoCanhao

8/3/2019 Yellow RodrigoCanhao

http://slidepdf.com/reader/full/yellow-rodrigocanhao 6/11

COR | MONOCROMIA 

Neste trabalho faz o título parte do conteúdo?Ao chamar Yellow (Amarelo) à peça há umaintenção preliminar, de remeter o espectador parauma cor.

Para muitos o amarelo está relacionada com o

elemento terra. Representa a prosperidade, a luzdo Sol e o brilho do ouro. Transmite calor, luz,descontracção, energia, optimismo, etc..Na Índia assume o significado de pureza eespiritualidade.

Nesta obra a cor pura e monocromática, não serve

como decoração, mas é o próprio princípio dotrabalho.Todo o nosso campo de visão está ocupado pelasingular experiencia da cor.

Kapoor utiliza a cor e as propriedades da cor como

uma ferramenta autónoma que abarca toda aforma e transforma-a.

YELLOWConceitos | Interpretação

Fotografia: Dave Morgan (Haus der Kunst, Munich, 2007 –08) 6

Page 7: Yellow RodrigoCanhao

8/3/2019 Yellow RodrigoCanhao

http://slidepdf.com/reader/full/yellow-rodrigocanhao 7/11

COR | MONOCROMIA 

Ele está interessado em explorar a cor como umacondição da escultura, e diz:“…quero utilizar a cor de maneira a que se converta

num estado tão absoluto e completo, como dizerque a agua está molhada. O amarelo tem de ser

amarelo e o vermelho tem de ser vermelho!”

Wittgenstein questiona, (em Anotações sobre as cores), oamarelo puro, como uma proposição daexperiencia, ele diz que o sentido “puro” e

“saturado” não é claro. 

Diz ainda:”71.Trato o conceito de cor como os conceitos de

sensações; 72. Os conceitos de cor devem tratar-se como os

conceitos de sensações;

73. O Conceito de cor pura não existe”. 

YELLOWConceitos | Interpretação

Fotografia: Dave Morgan (Haus der Kunst, Munich, 2007 –08) 7

Page 8: Yellow RodrigoCanhao

8/3/2019 Yellow RodrigoCanhao

http://slidepdf.com/reader/full/yellow-rodrigocanhao 8/11

FORMA

A peça escultórica é feita de fibra de vidro e pigmentos,mas a sua construção e os materiais são difíceis deentender, já que está embutida na parede.Já perto da obra apercebemo-nos da qualidade doacabamento, a superfície aparece-nos impecavelmente

polida.

A cavidade central penetra profundamente na parede.É ambíguo o que vemos, requer um esforço para acompreender, sabemos que a forma é convexa masvemo-la concava, que o espaço é finito mas temosduvidas, remete para o vazio contra o sólido e brinca

com estas várias dualidades.

YELLOWConceitos | Interpretação

Fotografia: Rodrigo Canhão (Guggenheim Bilbao, 2010) 8

Page 9: Yellow RodrigoCanhao

8/3/2019 Yellow RodrigoCanhao

http://slidepdf.com/reader/full/yellow-rodrigocanhao 9/11

Percepção | Espaço e o Tempo 

A noção de tempo e espaço é para mim fantástica nestaobra, e parece ir mais alem dos limites escultóricos dapeça. Os nosso olhos sentem a experiencia da relaçãoentre o objecto e o sujeito, focando e desfocando.Porque, o que de inicio parece ser uma pintura ou uma

estrutura bidimensional é na realidade um objectotridimensional.

Kapoor descreve este fenómeno: “Esta mudança estácausando incerteza fenomenológica, o que levantaa questão sobre o que estamos vendo. ...Esperoque lá, em algum momento, haja espaço para um

momento de poesia.” 

YELLOWConceitos | Interpretação

Fotografia: Rodrigo Canhão (Guggenheim Bilbao, 2010) 9

Page 10: Yellow RodrigoCanhao

8/3/2019 Yellow RodrigoCanhao

http://slidepdf.com/reader/full/yellow-rodrigocanhao 10/11

Percepção | Espaço e o Tempo

Para quem tem pela primeira vez a experiencia de estarperante esta peça, o primeiro confronto poderá ser adificuldade em reconhecer aspectos familiares.

Yellow  joga com as nossas percepções, óptica e física, acor amarela tem um efeito profundamente enraizado em

nós, lembra-nos o sol, mas este sol não é perigoso paraolhar. É um dom podermos chegar perto.

Somos levados para fora da galeria. Como a solidez sedissolve imperceptivelmente para o espaço? Trata-se defazer algo vazio de aspecto sólido, que pode conduzir à

sensação sublime de ser engolido pelo trabalho.Yellow joga com a dualidade vazio/cheio.

Para Kapoor, " criar o vazio não conduz ao vazio[...]. Esvaziamento é encher ".

YELLOWConceitos | Interpretação

Fotografia: Rodrigo Canhão (Guggenheim Bilbao, 2010) 10

Page 11: Yellow RodrigoCanhao

8/3/2019 Yellow RodrigoCanhao

http://slidepdf.com/reader/full/yellow-rodrigocanhao 11/11

http://www.anishkapoor.com/

http://www.bbc.co.uk

http://www.lissongallery.com/

http://www.guggenheim-bilbao.es/

Wittgenstein L., Anotações sobre as cores, Edições 70

YELLOWBibliografia

Fotografia: Dave Morgan (Royal Academy of Arts, Londres) 11