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12 Entrevista: Flávia Moraes // 14 Notas 04 Sustentabilidade // 10 Biomimética PUBLICAÇÃO YEMNI – BRANDING, DESIGN & COMM JAN . 2011 03 ANO I m a g a z i n e #03 America estratégia e solidariedade

Yemni Magazine

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Mais do que uma revista, é um espaço aberto à troca de ideias e à divulgação das novidades e tendências do nosso mercado, abordadas de maneira simples e clara. Leia e participe.

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12 Entrevista: Flávia Moraes // 14 Notas04 Sustentabilidade // 10 Biomimética

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m a g a z i n e

#03

Americaestratégia e solidariedade

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Há um bom tempo, o tema sustentabilidade tem estado presente na vida das pessoas,

das corporações, dos governos, enfim, em praticamente todos os setores. E não é para me-

nos. A sociedade tem tomado consciência da necessidade de agir de maneira a não esgotar

os recursos dos quais depende sua sobrevivência.

Dentro desse movimento, o setro empresarial tem sido um dos setores mais cobrados.

Mas temos de tomar cuidado para não pensar em sustentabilidade como um fim em si,

como se, a partir da ação empresarial, todos os nossos problemas fossem resolvidos num

passe de mágica. Equilíbrio é a palavra-chave.

Sabemos que uma empresa só sobrevive se constrói uma relação amigável com o

meio ambiente e a sociedade. Se desperdiça matéria-prima e polui sem preocupações, não

funciona. E se fica distante, sem investir em desenvolvimento social e cidadania, morre

isolada diante do mercado.

Um empreendimento só se mantém quando há equlíbrio entre lucro, crescimento e

sustentabilidade. Sem lucro não cresce e, em consequência, não se sustenta.

A permanência no mercado depende da visibilidade que as empresas conseguem

para a sua marca. E ações que mostrem a capacidade da empresa de contribuir para a sus-

tentabilidade social e ambiental representam uma forma de ampliar sua visibilidade.

Nesta Yemni Magazine falamos sobre isso. Mostramos uma ação de apoio dos restau-

rantes America à Casa, Hope envolvendo uma rede de solidariedade que, para se efetivar,

contou com a participação de seus clientes. Numa progressão geométrica, a marca circulou

de mão em mão e a instituição, que atende crianças e jovens com câncer, saiu ganhando.

Entrevistamos uma grande especialista, Flávia Moraes, ex-executiva na área de sus-

tentabilidade de uma multinacional e, hoje consultora, palestrante e professora da Fun-

dação Getúlio Vargas. Tratamos, também, da importância da comunicação e das ações

sustentáveis reais das empresas. E, para completar, abordamos o assunto por um ângulo

estético: falamos sobre o aproveitamento das sábias soluções da natureza no design.

Espero que aproveite!

Vitor Patoh

Caro leitor,

ah!

www.yemni.com.br/blog Yemni – Branding, Design & Comm twitter.com/yemni

Publicação da Yemni – Branding, Design & Comm

Produção e Execução: Yemni – Branding, Design & Comm Diretor Executivo: Vitor Patoh Edição: Henrique Ostronoff (Jornalista responsável - MTb. 14.856) Editora Assistente: Luiza Medeiros Design e Diagramação: Pauliana Caetano Revisão: Eleonora B. Rantigueri Foto de Capa: Ian McKinnell/Getty Images Impressão e Acabamento: Atrativa Gráfica Tiragem: 1.000 exemplares

© 2010 Yemni – Branding, Design & Comm Todos os direitos reservados – www.yemni.com.br

Fale Conosco redaçã[email protected]

Esta revista é impressa em papel. O papel é biodegradável, renovável e provém de florestas plantadas. Essas florestas são lavouras que dão emprego a milhares de brasileiros e as árvores plantadas amenizam o efeito estufa, pois absorvem o gás carbônico durante o seu crescimento. Imprimir é dar vida!

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strategy

A sustentabilidade não é uma responsabi-

lidade só das empresas. É também dos governos,

das ONGs e de outros atores sociais. Em suma, é

função da sociedade promovê-la. Porém, as empre-

sas têm um papel fundamental na mudança para

o cenário sustentável, por conta do poder econô-

mico que detêm. É uma questão de incorporar

novos interesses aos objetivos empresariais além

do mercado. Nesse malabares de prioridades, a

comunicação é uma peça fundamental para valo-

rizar empresas e marcas sustentáveis e para manter

o equilíbrio do sistema empresarial.

O Triple Bottom Line, conceito criado em

1994 pelo inglês John Elkington, considera que,

na perspectiva empresarial, a sustentabilidade

deve basear-se em três fatores: econômico, huma-

no e ambiental. Em outubro de 2008, uma pesqui-

sa realizada pelo Conselho Empresarial Brasileiro

para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)

entre cerca de 25 empresas associadas revelou que

100% delas utilizavam esse conceito em suas ações

de sustentabilidade e tinham no mínimo uma área

responsável pela comunicação dessas ações.

O Guia de Comunicação e Sustentabilida-

de, elaborado pelo CEBDS especificamente para

o contexto corporativo nacional, divide o processo

dessa comunicação em três dimensões: informar o

público a respeito das posturas e práticas em sus-

tentabilidade da empresa, o que o guia chama de

comunicação da sustentabilidade; promover a edu-

cação sobre o tema e incentivar a participação de

novos atores, comunicação para a sustentabilidade;

executar as estratégias de comunicação por meio

de táticas e processos responsáveis, verdadeiros, éti-

cos e capazes de deixar a menor pegada ecológica

possível, sustentabilidade da comunicação. O guia

está disponível para download gratuito em http://

www.cebds.org.br.

De acordo com o presidente executivo do Con-

selho, Fernando Almeida, a comunicação sustentá-

vel gera valor agregado para a empresa, pois torna-se

um fator a mais de reconhecimento e valorização pe-

rante seus públicos de relacionamento. Essa possibi-

lidade de agregar valor às marcas por meio da susten-

tabilidade está provocando mudanças substanciais

no mercado. Se as empresas não viam vantagens no

A COMuNICAçãO é ESSENCIAL PARA O RECONHECIMENTO DA MARCA SuSTENTáVEL

POR LuIzA MEDEIROS

Agir e comunicar

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A COMuNICAçãO é ESSENCIAL PARA O RECONHECIMENTO DA MARCA SuSTENTáVEL

investimento em projetos sociais ou ambientais, a re-

lação positiva estabelecida entre a marca sustentável

e o consumidor foi o incentivo que elas precisavam

para começar a agir nesse sentido.

O diretor executivo da Plastivida - Instituto

Sócio-Ambiental dos Plásticos, Miguel Bahiense,

lembra que há, inclusive, investimentos específi-

cos na bolsa de valores em empresas com susten-

tabilidade bem definida em suas atividades. “O re-

sultado é positivo: se, por um lado, a sociedade e o

meio ambiente se beneficiam das ações, a empresa

também – além do ganho financeiro, ela tem o

reconhecimento de sua marca atrelada a ações de

responsabilidade socioambiental”, diz ele.

Exemplo de reconhecimento pelo Índice

Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI), da bolsa

de valores de Nova Iorque, a Petrobras recebeu

por cinco anos consecutivos o direito de partici-

par da composição do índice. A coordenadora do

Relatório de Sustentabilidade da empresa, Ana

Paula Grether, reforça que a sustentabilidade

deve fazer parte da estratégia das empresas e suas

atividades devem estar em sintonia com o tema.

“A área de Comunicação Institucional está sem-

pre alinhada ao plano estratégico da empresa no

que diz respeito a atender as diversas demandas

de divulgação das ações e projetos, criar soluções

que contribuam para um desenvolvimento sus-

tentável e orientar o investimento em produtos

e serviços cada vez mais adequados, consideran-

do as expectativas da sociedade em relação a sua

atuação”, explica ela. •

ComunICAção DA susTEnTABIlIDADE

ComunICAção PARA susTEnTABIlIDADE

Comunicação sobre o que a empresa faz, como faz e por que faz – busca criar empatia com os públicos de relacionamento.

Comunicação com o objetivo de atrair, mobilizar e educar os diversos públicos de relacionamento.

susTEnTABIlIDADE DA ComunICAção

Incorporação da sustentabilidade aos processos e às práticas de comunicação corporativa.

ComunICAR A susTEnTABIlIDADE Em TRês DImEnsõEs

Intrinsecamente relacionadas durante todo o processo de comunicação, as três dimensões ajudam a entender que o mais importante é a coerência entre a realidade da empresa e aquilo que ela comunica.

Miguel Bahiense, diretor executivo da Plastivida

Se a sociedade e o meio ambiente se beneficiam, a empresa também – além do ganho financeiro, ela tem o reconhecimento de sua marca atrelada a ações de responsabilidade socioambiental”

Fonte: CEBDS

REDE DE COOPERAçãO INCENTIVA DOAçõES à CASA HOPE E FORTALECE A MARCA AMERICA

xperiencem

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Espalhar solidariedade foi a missão da campanha

de final de ano promovida pelo restaurante America. A ação

de marketing teve como objetivo aumentar as doações para a

Casa Hope, que cuida de crianças e adolescentes com câncer,

por meio de uma corrente de cooperação. Além de ajudar a

instituição todos os anos, com donativos e venda de produtos

exclusivos, o America promoveu sua divulgação entre seus

clientes e parceiros e incentivou as doações. Tudo começou

com uma dinâmica de grupo da qual participaram crianças

da Casa e funcionários voluntários do restaurante.

A capilaridade da ação foi planejada de modo a be-

neficiar a instituição e fortalecer a marca da rede de res-

taurantes. “Ao mesmo tempo em que a corrente incentiva

doações, a marca América fica associada ao gesto de solida-

riedade”, explica Vitor Patoh, sócio diretor da Yemni, sobre

a elaboração da estratégia de marketing.

O America elegeu as crianças como foco de suas ações

de sustentabilidade. Essa decisão vai ao encontro da própria

solidáriaPOR LuIzA MEDEIROS

A construção de uma estratégia

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identidade da marca, que oferece cardápio especial para

crianças, distribui brindes e promove eventos voltados ao

público infantil. Um exemplo de evento, já consolidado

no calendário das lojas, acontece no Dia das Crianças.

Há 10 anos, a data é comemorada com a doação à Casa

Hope da renda obtida com a venda de sobremesas. A rede

de restaurantes também fomenta a arrecadação de recur-

sos para a Hope por meio da comercialização do material

promocional durante o mês de outubro. O nome America

já está fortemente aliado à instituição filantrópica, tanto

que a parceria rendeu o desenvolvimento de uma linha de

produtos exclusivos, que unem os personagens-símbolo Fo-

gofino e Hopinho.

A campanha America Solidário partiu da percepção

de que a rede precisava aprofundar suas ações de coopera-

ção com a sociedade. A partir da mobilização de alguns de

seus colaboradores, que se apresentaram voluntariamen-

te, a empresa promoveu uma tarde de atividades para as

crianças da Casa Hope. “Reunimos um grupo de crianças,

seus acompanhantes e nossos colaboradores em um emo-

cionante encontro em agosto do ano passado”, conta Mi-

rella Scorza, diretora de Marketing do America. Durante

o evento, cada participante pintou um dos 70 desenhos de

um painel. O resultado foi a formação de um belo mo-

saico, símbolo da campanha e da mensagem principal da

ação. “Queríamos mostrar que, juntos, podemos fazer mui-

to mais por quem precisa”, explica Mirella. »

Mirella Scorza, diretora de Marketing do America

Sabemos que as empresas precisam fazer mais pela sociedade, e o América só ganhou ao se associar a uma instituição como a Casa Hope”

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xperience

O evento serviu para aproximar os funcionários do

restaurante às crianças da Casa Hope. “O bonito da ação

foi, também, fazer com que as crianças saíssem da roti-

na e tivessem uma tarde de atividades diferente”, conta

Bettina Melsohn, diretora de Atendimento da Yemni, que

acompanhou o evento. Ao longo da tarde, as crianças par-

ticiparam de diversas atividades recreativas e receberam

lanches e brinquedos oferecidos pelo America.

O próximo passo foi a elaboração de mil caixas de ma-

deira para embalar os brindes de final que seriam distribuí-

dos entre os parceiros, clientes e fornecedores do America.

Tanto a tampa das caixas como as peças foram estampadas

com o mosaico-símbolo da ação. O kit incluiu também um

bloco de Cupons Solidários, com a sugestão de que par-

te deles fosse distribuída entre amigos e conhecidos. Cada

cupom, acompanhado do comprovante de depósito de uma

doação mínima de R$ 20 para a Casa Hope, poderia ser tro-

cado por um Frozen Yogurt em qualquer loja do America.

Cláudia Bonfiglioli, presidente da Casa Hope

Além de incentivar as doações, o América divulgou o nome de nossa instituição para milhares de pessoas. Inclusive, outras empresas já começaram a entrar em contato conosco para saber como fazer parcerias assim”

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Cada pessoa que ganhou o kit do America recebeu 10 cupons para incentivar doações em troca de frozen yogurt.

Bettina Melsohn, diretora de Atendimento da Yemni

O bonito da ação foi, também, fazer com que as crianças saíssem da rotina e tivessem uma tarde de atividades diferente”

Para a presidente da Casa Hope, Cláudia Bonfiglioli, a ini-

ciativa do restaurante vai além dos donativos. “Além de incentivar

as doações, o America divulgou o nome de nossa instituição para

milhares de pessoas. Inclusive, algumas empresas entraram em

contato conosco para saber como fazer parcerias assim”, diz ela.

Da mesma forma, a diretora de Marketing da rede, Mirella Scor-

za só vê vantagens na ação: “Sabemos que as empresas precisam

fazer mais pela sociedade e o América só ganhou ao se associar a

uma instituição como a Casa Hope”. •

xplorem

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BIOMIMéTICA COPIA A NATuREzA PARA CRIAR SOLuçõES INOVADORAS

Existe um certo exagero na afirmação “A biomi-

mética será a terceira revolução humana, depois da desco-

berta do fogo e da revolução industrial”, feita durante uma

conferência de imprensa em Barcelona, em 2008. Mas le-

vando-se em consideração que ela foi feita pela pesquisadora

e maior divulgadora do biomimetismo, a norte-americana

Janine Benyus, e pelo empresário belga Gunter Pauli, fun-

dador da Zero Emissions Research and Initiatives, entidade

internacional que busca soluções sustentáveis para o plane-

ta, há que se pensar.

A palavra Biomimética deriva da composição de duas

palavras gregas: bio/vida e mimesis/imitação. Tem como

base a observação e aplicação de soluções que a natureza

vem desenvolvendo há 4 bilhões de anos para sobreviver e

tirar proveito dos recursos, sempre com o objetivo primário

de nunca desaparecer.

A ideia básica da biomimética é a de que animais, plan-

tas e microorganismos desenvolveram mecanismos e proces-

a vidaImitando

Análises biomiméticas do livro Sementes do Cerrado e Design Contemporâneo

NEuBLACK.COM

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POR HENRIquE OSTRONOFF

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sos perfeitos. “A natureza, imaginativa por necessidade, já

resolveu muitos dos problemas com os quais ainda nos

debatemos: energia, produção de alimentos, controle do

clima, química não-tóxica, transporte, embalagens e mui-

tos outros”, afirma o site do Biomimicry Institute, de Janine

Benyus, a papisa mundial do tema. A biomimética analisa

“os organismos e ecossistemas e aplica seus princípios bási-

cos de design às nossas inovações”.

O exemplo clássico é o velcro — o inventor inspirou-

se nos picões que ficaram grudados na roupa de seu filho

durante um passeio no campo. Mas tem também o prédio

residencial, em Zimbábue, que economizou US$ 3,5 mi-

lhões na construção ao mimetizar as casas de cupim, cuja

refrigeração interna é mantida por meio de túneis e passa-

gens de ar. No site AskNature, ligado ao instituto da pes-

quisadora Benyus, são oferecidas mais de 1.200 estratégias

usadas pela natureza para vencer desafios e que poderiam

inspirar soluções para alguns dos problemas globais.

O Biomimicry Institute considera que essa abordagem

chama a atenção para a importância da conservação da biodi-

versidade no planeta. Mas é também uma nova e promissora

área de negócios que estimula designs inovadores.

Não apenas o design, mas ainda outras áreas de cria-

ção, como a engenharia, a arquitetura e as artes aplicadas,

têm a possibilidade de empregar esses princípios. “O de-

sign de produto, principalmente, deve, como nunca, en-

volver a biomimética, tirando proveito não só das ‘dicas’ e

‘segredos’ revelados pelos elementos da natureza, como

também do próprio processo criativo da biomimética para

descobrir novas idéias e produzir obras inovadoras, esteti-

camente atraentes, funcionalmente justificáveis”, explica

Tai Hsuan-an, designer, artista plástico e arquiteto. Em

áreas como o design gráfico, porém, “uma porção de fan-

tasia poderia ser acrescentada durante o processo”, defen-

de o professor da Universidade Católica de Goiás e autor

de Sementes do Cerrado e Design Contemporâneo, onde

desenvolve métodos de análises biomiméticas.

Tai afirma que a sustentabilidade também está pre-

sente no processo, uma vez que a aplicação no design das

características de adaptação e otimização produzidas pela

natureza leva à “questão da economia de recursos em ter-

mos de quantidade”. E conclui: “A sustentabilidade está

também na inovação fundamentada e no processo que

promove o estímulo ao trabalho criativo”. •

Tai Hsuan-an, designer, artista plástico, arquiteto e

professor da universidade Católica de Goiás

“A sustentabilidade está também na inovação fundamentada e no processo que promove o estímulo ao trabalho criativo”.

Estudos desenvolvidos por meio da análise biomimética de autoria de Tai Hsuan-an

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POR LuIzA MEDEIROS

PREPARAR A CAMINHADA RuMO à SuSTENTABILIDADE é O DESAFIO DOS NOVOS AGENTES EMPRESARIAIS

O Valor da

xpression

Sustentabilidade

Há dez anos, quando Flávia Moraes dizia que era gerente geral de

Sustentabilidade da Philips da América Latina, era comum que seus inter-

locutores perguntassem: “Sustenta o quê?”. Com o passar do tempo, Flávia

acompanhou a trajetória de seu objeto de trabalho e estudo, que ganhou es-

paço na mídia, nas agendas das empresas e na vida das pessoas rapidamente.

Hoje, ela é sócia-diretora da FCM Consultoria em Sustentabilidade

e professora do curso Princípios e Práticas da Responsabilidade Social

nas Empresas, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Dá palestras sobre

sustentabilidade e é membro de comitês e conselhos de sustentabilidade

no Brasil e no exterior.

A visão crítica de modelos de desenvolvimento agressivos se disseminou

e a demanda por informações sobre sustentabilidade continua crescendo.

Isso não quer dizer, contudo, que o problema esteja próximo de ser resolvido.

Hoje, temos quase 7 bilhões de pessoas consumindo recursos finitos sem con-

siderar a capacidade de suporte dos ecossistemas. Para reverter esse quadro, as

empresas devem se preparar para uma longa caminhada.

Se não soubermos fazer projeções mais longas, como poderemos prever o fim dos recursos naturais?”

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: O que é uma empresa sustentável?

Flávia: A verdadeira empresa sustentável é aquela capaz de equi-

librar três fatores: viabilidade econômica, justiça social e preser-

vação ambiental. Esse conjunto é chamado de tripé da susten-

tabilidade. Porém, hoje, não existe uma empresa cem por cento

sustentável, pois isso significaria que ela não causa impactos am-

bientais ou sociais no meio em que está inserida. Toda empresa

causa impactos. Hoje ou no futuro, alguém pagará a conta. O

que precisamos é planejar uma longa caminhada em direção à

sustentabilidade dos negócios. As empresas que mais se desta-

cam em suas ações trabalham com projeções para 2050.

Por onde começar para realizar ações sustentáveis?

Para saber em qual direção deve ser dado o primeiro passo, cada

empresa deve fazer um diagnóstico dos pontos a serem melhora-

dos. Após identificar as questões críticas, elaborar metas para re-

solver cada problema e procurar fazer o projeto ter mais aderên-

cia na empresa. É essencial para o sucesso da ação que haja um

envolvimento do maior número possível de pessoas da empresa.

E não são apenas empresas muito grandes que podem fazer tudo

isso. Qualquer atividade econômica pode ser mais sustentável.

Uma padaria, por exemplo, pode doar e aproveitar alimentos,

promover ações voluntárias, recuperar praças a sua volta e in-

centivar a educação dos seus funcionários.

Sustentabilidade pode gerar lucro para a empresa?

Ainda que as empresas devam buscar outros objetivos além dos lu-

cros financeiros, da micro empresa à grande corporação, as ações

de sustentabilidade nunca devem deixar de visar o crescimento do

negócio. A sustentabilidade oferece possibilidades de crescimento

tangíveis, entre elas o lucro financeiro, e, sobretudo, crescimento de

valores intangíveis. O orgulho que o funcionário tem de trabalhar na

empresa, a relação de confiança que o consumidor tem com a mar-

ca, são exemplos de valores intangíveis. A grandeza de uma marca é

formada, sobretudo, por esses valores.

Quais são os desafios da empresa sustentável?

Educar os novos agentes empresariais para a realidade atual. Essa é

uma tarefa complexa, pois nem a forma de avaliar resultados é efetiva

nesse contexto. Os resultados trimestrais, por exemplo, não servem

para a área de sustentabilidade. Se não soubermos fazer projeções

mais longas, como poderemos prever o fim dos recursos naturais?

Quais os erros cometidos?

Um dos maiores erros é acreditar que a sustentabilidade é simples.

O planejamento requer tempo, investimento, profissionais compe-

tentes dedicados exclusivamente ao projeto, envolvimento do maior

número possível de pessoas, seriedade e apoio da alta direção. Cos-

tumo dizer sempre: o problema é do tamanho do globo, e não será

resolvido por uma empresa sozinha. Abraçar o mundo também não

é a saída. O ideal é ter noção clara do foco da ação e, aí sim, escolher

como decorrer, definir os objetivos e traçar metas.

Outro erro é fazer uma campanha de comunicação contando que é

sustável sem ser realmente, o chamado greenwashing. A mensagem

passada não é verdadeira, o consumidor percebe isso e acaba criando

uma imagem ruim da marca. Por exemplo, quem gasta uma fortuna

em comunicação e 10% no projeto em si, não está passando uma

imagem boa para o público. É importante contar para as pessoas

sobre as ações, até para servir de inspiração para outras empresas,

desde que a comunicação seja ética e verdadeira.

As ações devem estar ligadas às atividades da empresa?

Não sei fazer se não for assim. Porém, minha visão é mais am-

pla do que simplesmente conectar as ações à parte central do

negócio. Eu trabalhei em uma empresa de eletrodomésticos e

uma das ações desenvolvidas foi a campanha de prevenção de

DST- AIDS e gravidez precoce na adolescência. E algumas pes-

soas perguntavam: “Mas o que a empresa tem a ver com isso?”.

A empresa tem tudo a ver, pois está inserida em uma sociedade

que tem esses problemas e, se, tem como ajudar, deve.

Os projetos de sustentabilidade devem estar inseridos no pla-

nejamento estratégico da empresa e, também, ligados ao que

ocorre a sua volta. •

O que precisamos é planejar uma longa caminhada em direção à sustentabilidade dos negócios”

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tc...

Fotografia: A câmera de Bresson no Brasil

A primeira loja latino-americana da Leica, a exclusiva marca alemã

de fotografia, foi inaugurada em dezembro, no Shopping Cidade

Jardim, zona sul paulistana. A câmera é cultuada por um seleto

grupo de fotógrafos. Não apenas por seu design e pela qualidade e

leveza de suas lentes, mas, principalmente pelo mito que a envolve.

Adivinhe que câmera Cartier-Bresson usava. Os produtos da marca

não são baratinhos: algumas câmeras chegam a custar R$ 90 mil.

A série de guias de viagem The Wierd and Wonderful Books, da

editora espanhola Le Cool, passa longe do típico template de

publicações do gênero. A ideia é criar livros que coloquem o

visitante dentro da cidade.

Os guias são desenvolvidos por estúdios de design premiados

em cada uma das cidades: Barcelona, Amsterdã, Londres,

Lisboa e Madri. A característica mais evidente das publicações

é a ausência de padrão. Cada assunto é tratado com persona-

lidade própria e exclusiva. Editores e escritores dividem seus

segredos, longe das armadilhas para turistas e revelam lugares

que poucos nativos conheciam.

Uma edição limitadíssima está disponível para venda online e

em poucas lojas selecionadas de cada cidade. Para saber mais,

acesse www.lecoolbook.com.

Guia : Estranhos e Maravilhosos

Leica M9 Titan

Curta: LogoramaEstrelado por astros do branding como Ronald

McDonald e o boneco da Michelin, Logorama

é uma animação no estilo dos filmes de ação

hollywoodianos. Mas os personagens são masco-

tes famosos e os cenários, logos do nosso cotidia-

no. No total, são mais de duas mil marcas presen-

tes no filminho de 15 minutos, fácil de achar na

internet, inclusive com versão legendada.

O curta foi produzido pela agência H5 francesa.

Recebeu o prêmio Kodak em Cannes e circulou

por diversos festivais de curtas e animações.

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Sua marca não vai �car só na primeira impressão

Para a Yemni, a qualidade não termina na prancheta. E, para que a

garante mais agilidade e controle na produção com menores custos. Assim,

não importa o tamanho das peças ou a quantidade a ser produzida, o

padrão de qualidade Yemni