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Zilton Alencar Ontem levantou-se um questionamento provocado por um dos meus últimos artigos, ma precisamente o que versa sobre a UNÇÃO COM ÓLO! "espeitosamente, #ui perguntado $%& que o te'to d& a entender que n(o creio na un)(o com *leo+ acerca de ob%etos ungidos citados pela .blia! O te'to em quest(o /0 "E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia maravilhas extraordinárias, de sorte que até os len aventais se levavam, do seu corpo, aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espritos malignos saam" ! t #$%##&#'() Um dos questionamentos levantados #oi se estes len)os e aventais n(o seriam ungid a.11 2rimeiramente, quero dei'ar claro $maisuma ve34+ que sou 2entecostal, n(o Cessacionista, 5667 adepto do *+ *-./P01. ! Creio na cura divina! Creio no dom espiritual de CU"89 $5 Co 5:0;b+, mas creio que, a despeito de possuir ou n(o est espiritual, <U8L<U" C"N= pode orar pelos en#ermos, e que >eus, por 9ua miseric*rdia e de con#ormidade com a 9ua vontade, pode curar qualquer doen)a, de simples dor na un?a at/ um c@ncer em estado terminal4 Creio na un)(o com *leo, re 8O9 NA"MO9 e ministrada unicamente pelos 2"9 B="O9, o que pode ser visto no artigo citado acima! Ou se%a, creio naquilo que a .blia prescreve! 9omente! ma N(o creio nas inven) es ?umanas de sair ungindo tudo, pessoas, animais e ob%etos, indiscriminadamente, #ora do que a scritura prescreve e orienta! 9egundo, quero parabeni3ar ao irm(o $que n(o citarei seu nome, por quest es /tica educa)(o com que se dirigiu a mim em seu %usto questionamento, e pelo seu interes bereiano de contestar, %ulgar, inquirir e prescrutar qualquer ensino D lu3 das s / b.blico, e louv&vel $8t 5F055+! <ue o amado continue assim, e que outros se ins sua conduta, e #a)am o mesmo4 Esto posto, voltemos ao caso4 O te'to b.blico em quest(o retrata o poder do sp.rito 9anto na vida dos 8p*stolo poder emanava de tal #orma que len)os e aventais usados por 2aulo "8M LG8>O9 8O9 NA"MO9, e a simples presen)a do tecido, ou o colocar do tecido en#ermos e endemonin?ados $suposi)(o, visto que o te'to n(o a#irma tal atitude+, l?es a cura e a liberta)(o! Esto / #ato! st& narrado nas scrituras, e n(o pode absolutamente questionado! ntretanto, alguns detal?es devem ser apresentados, para que n(o ?a%a dúvida sobr ocorrido, e se o mesmo era pr&tica comum na Egre%a, se era tratado como norma de

Zilton Alencar

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Zilton AlencarOntem levantou-se um questionamento provocado por um dos meus ltimos artigos, mais precisamente o que versa sobre aUNO COM LEO.Respeitosamente, fui perguntado (j que o texto d a entender que no creio na uno com leo) acerca de objetos "ungidos" citados pela Bblia.O texto em questo :

"E Deus, pelas mos de Paulo, fazia maravilhas extraordinrias, de sorte que at os lenos e aventais se levavam, do seu corpo, aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espritos malignos saam" (At 19:11-12).

Um dos questionamentos levantados foi se estes lenos e aventais no seriam "ungidos"... E a??

Primeiramente, quero deixar claro (mais uma vez!) que sou Pentecostal, no Cessacionista, 100% adepto doSOLA SCRIPTURA. Creio na cura divina. Creio no dom espiritual de CURAS (1 Co 12:9b), mascreio que,a despeito de possuir ou no este dom espiritual, QUALQUER CRENTE pode orar pelos enfermos, e que Deus, por Sua misericrdia e de conformidade com a Sua vontade, pode curar qualquer doena, de uma simples dor na unha at um cncer em estado terminal! Creio na uno com leo, restrita AOS ENFERMOS e ministrada unicamente pelos PRESBTEROS, o que pode ser visto no artigo citado acima. Ou seja, creio naquilo que a Bblia prescreve. Somente. E mais nada! No creio nas invenes humanas de sair ungindo tudo, pessoas, animais e objetos, indiscriminadamente, fora do que a Escritura prescreve e orienta.

Segundo, quero parabenizar ao irmo (que no citarei seu nome, por questes ticas) pela educao com que se dirigiu a mim em seu justo questionamento, e pelo seu interesse bereiano de contestar, julgar, inquirir e prescrutar qualquer ensino luz das Escrituras. Isto bblico, e louvvel (At 17:11). Que o amado continue assim, e que outros se inspirem em sua conduta, e faam o mesmo!

Isto posto, voltemos ao caso!

O texto bblico em questo retrata o poder do Esprito Santo na vida dos Apstolos. Tal poder emanava de tal forma que lenos e aventais usados por Paulo ERAM LEVADOS AOS ENFERMOS, e a simples presena do tecido, ou o colocar do tecido sobre os enfermos e endemoninhados (suposio, visto que o texto no afirma tal atitude), trazia-lhes a cura e a libertao. Isto fato. Est narrado nas Escrituras, e no pode ser absolutamente questionado.

Entretanto, alguns detalhes devem ser apresentados, para que no haja dvida sobre o ocorrido, e se o mesmo era prtica comum na Igreja, se era tratado como norma de conduta na Igreja Primitiva.

Em primeiro lugar, o livro de Atos um livro histrico, e no uma epstola doutrinria, de sorte que no vemos nestas prticas razo para doutrina. Muitos tomam certas passagens do livro de Atos e estabelecem doutrina, como por exemplo "o conselho de Gamaliel", relatado em Atos 5:34ss."Mas, levantando-se no conselho um certo fariseu, chamado Gamaliel, doutor da lei, venerado por todo o povo, mandou que, por um pouco, levassem para fora os apstolos, edisse-lhes: Vares israelitas, acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes homens, porque antes destes dias, levantou-se Teudas, dizendo ser algum: a este se ajuntou o nmero de uns quatrocentos homens; o qual foi morto, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos e reduzidos a nada.Depois deste, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo aps si; mas, tambm, este pereceu, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos.E agora, digo-vos: DAI DE MO A ESTES HOMENS, E DEIXAI-OS, porque, SE ESTE CONSELHO E ESTA OBRA DE HOMENS, SE DESFAR, MAS SE DE DEUS, NO PODEREIS DESFAZ-LA, PARA QUE NO ACONTEA SERDES TAMBM ACHADOS COMBATENDO CONTRA DEUS.E concordaram com ele" (At 5:34-40 - grifos meus).

De acordo com Gamaliel, douto fariseu, qualquer grupo que crescesse e no pudesse ser detido era sinal da aprovao de Deus. Ora, Gamaliel no era nem crente! Assim, como levar uma palavra dita por um incrdulo como fonte de de doutrina? Como entender que algum s poderia doutrinar se falasse pelo Esprito Santo, enquanto Gamaliel, no cristo, no tinha o Esprito? Trata-se, portanto, de uma NARRATIVA. Assim como a Bblia relata at as palavras de satans, ou de homens maus como Pilatos, Herodes e outros mais, tambm relatou as palavras de Gamaliel, JAMAIS dando a elas qualquerstatusde palavras divinas.

Ademais, o que dizer de falsas seitas que crescem a olhos vistos, at mais que o Evangelho verdadeiro, luz do conselho de Gamaliel, como Mrmons, Testemunhas de Jeov, Budistas e Muulmanos?Todas estas so campes de crescimento, e nem por isso tm a aprovao divina... Ou tem???

Outro exemplo de "doutrina" extrada de Atos o "batismo em nome de Jesus". Algumas igrejas, mormente as Unicistas (que no creem na Trindade) no batizam de conformidade com a frmula disposta em Mateus 28:19 por interpretarem erroneamente os textos de Atos que supostamente ensinam o batismo "em nome de Jesus". Entretanto, os escritos dos pais da Igreja demonstram que a Igreja Primitiva NUNCA usou a frmula batismal "em nome de Jesus".

Repetimos: o livro de Atos NO DOUTRINRIO, nas narrativo. Apenas conta a histria da Igreja no 1 Sculo, sem se preocupar em prescrever doutrina.

Em segundo lugar, QUAL ERA O CONTEXTO SCIO-RELIGIOSO DA COMUNIDADE EM QUESTO? Tentarei responder com o prprio texto bblico! facinho de fazer: S ANALISAR O CONTEXTO!!

Os fatos em questo se passaram em feso, regio extremamente mergulhada em misticismo e idolatria, adoradores da deusa Diana (ou Artemis). A continuao da leitura do captulo deixa muito bem transparecer esta condio espiritual:

"E muitos dos que tinham crido vinham, confessando e publicando os seus feitos.Tambm muitos dos que seguiam artes mgicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presena de todos, e, feita a conta do seu preo, acharam que montava a cinquenta mil peas de prata.Assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia" (Atos 19:18-20).O que vemos no texto imediatamente posterior da narrativa acerca do uso dos lenos e aventais: tratava-se de uma comunidade imersa em feitiarias e prticas ocultistas. Ou seja, a prtica de levar tais lenos e aventais muito provavelmente adveio da sua cultura ocultista e animista. No nos parece, absolutamente, uma boa ideia mesclar a doutrina crist da cura com prticas pags!

Em terceiro lugar, observamos pelo texto em questo (At 19:11-12) que os enfermos noiam Igreja BUSCAR tais lenos e aventais; era algo que as pessoas levavam at eles, a pedido ou por sua prpria iniciativa, j que almejavam a cura e libertao do amigo ou parente. O texto parece-me muito mais nos mostrar [1] pessoas doentes, impossibilitadas de ir Igreja buscar cura ou [2] pessoas no crists, que deliberadamente no iam Igreja, e por este motivo seus parentes cristos levavam tais peas de vesturio s suas casas.

Em quarto lugar, em momento algum, em lugar algum, a Escritura afirma que estes lenos e aventais passavam por qualquer "uno" com leo... Portanto, isso uma suposio baseada nos costumes dos dias de hoje! Ora, a boa exegese e a boa hermenutica nos ensinam que ao lermos um texto devemos l-lo sob a ptica dos dias em que o texto foi escrito, e no dos nossos dias!

Em quinto lugar, tais lenos e aventais eram levados MAS NO ERAM VENDIDOS pelos Apstolos ou por qualquer outro representante da Igreja! Ou seja, no havia comrcio dos lenos ou dos aventais ungidos, como acontece clara e abertamente nos dias de hoje. Os Apstolos levavam a srio o princpio do "de graa recebestes, de graa dai" (Mt 10:8). Tomemos como exemplo o caso de Simo, o mgico, que tentou comprar o poder do Esprito Santo, e foi severamente repreendido por Pedro (At 8:18-24).

No podemos jamais dizer que Deus no age atravs de um leno ou avental. Mastambmno podemos dizer que tais curas, ocorridas com a "ajuda" de objetos, seja algo divino. Conhecemos inmeros casos de curas atravs deste expediente, mas tais curas NO SO privilgio das "igrejas evanglicas". J vimos catlicos, e at candomblecistas, serem curados atravs de objetos, o que nos mostra o poder curativo da sugesto. A cura no significa a aprovao divina!

Observemos alguns pontos importantes sobre o uso de aventais e lenos...

[1] Os lenos e aventais de Paulo no eram "ungidos". Eram peas de seu uso pessoal, que sem qualquer uno com leo eram levados aos enfermos. Paulo no os usava com a inteno de envi-los aos doentes (pelo menos, o texto bblico nada afirma sobre isso), como muitos "curandeiros" fazem nos dias de hoje.

[2] Os lenos e aventais no eram vendidos! No h nas Escrituras NENHUM relato de venda de qualquer objeto que emanasse poder! Se eu estiver errado, que me apresentem textos bblicos relatando algum objeto sendo vendido, tendo da boca dos apstolos qualquer indicao de que detinham poder.

[3] No se fala na Escritura que os apstolos ungiam, ou consagravam, ou transferiam poder para objetos ou peas de vesturio, para serem posteriormente usados em cura ou exorcismo. O texto apenas relata o que as pessoas comuns faziam, e no prescreve tal ato como prtica recomendada.

[4] Tal ato no se transformou em DOUTRINA para a Igreja. Paulo ou qualquer apstolo no INCENTIVAVA tal ato. Simplesmente as pessoas faziam, mas no havia ensino apostlico para que isso fosse feito, e o fato de "dar certo" no fez com que tal prtica fosse recomendada em local nenhum das Escrituras. pecado fazer? No. pecado considerar como doutrina e prtica comum? Acredito que sim.

importante ainda lembrar que, na ocasio em que tal costume era praticado, a Igreja estava "engatinhando", em seus primeiros anos de vida... No havia ainda a Escritura, que se tornou no futuro a regra de f e prtica para a Igreja. A regra, antes do fechamento do cnon, era o ensino unificado dos Apstolos, a Doutrina dos Apstolos (At 2:42), e em momento algum vemos os apstolos ensinando ou fomentando a prtica de usar lenos e aventais como "auxiliares" na cura. de se esperar que, num momento aonde a Escritura no existia para ensinar e prescrever doutrina, pessoas supersticiosas associassem suas supersties f crist, o que mais adiante, nas Escrituras, corrigido, com o ensino do certo a se fazer. Sobre o assunto, pessoas enfermas, mais tarde a Escritura prescreve: "Est algum entre vs doente? chame os presbteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite, em nome do Senhor;E a orao da f salvar o doente, e o Senhor o levantar; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-o perdoados" (Tg 5:14-15), deixando -- agora sim! -- DOUTRINA para toda a Igreja!

No Antigo Testamento, vemos uma histria aonde um "objeto catalisador de poder" no funcionou, embora tenha sido enviado pelo prprio profeta Eliseu (2 Rs 4). O texto relata:

"E ele [Eliseu] disse a Geazi: Cinge os teus lombos, e toma o meu bordo na tua mo, e vai; se encontrares algum, no o sades, e se algum te saudar, no lhe respondas: e pe o meu bordo sobre o rosto do menino ...E Geazi passou adiante deles, e ps o bordo sobre o rosto do menino; porm no havia nele voz nem sentido: e voltou a encontrar-se com ele, e lhe trouxe aviso, dizendo: No despertou o menino" (2 Rs 4:29-31).Devia-nos servir de exemplo para no confiarmos em "objetos de poder"...

A orientao de Tiago, observada no mbito da REVELAO PROGRESSIVA, diz-nos o seguinte: "Est algum entre vs doente? [Ao invs de levar um leno ou um avental at ele] chame os presbteros da igreja...".Uma visita pastoral traz, alm da cura, uma palavra de salvao, ao doente e aos seus familiares, que muitas vezes no vo Igreja... Assim, transforma-se uma visita de cura em uma visita de pregao da Palavra e de salvao...

Acima de tudo, trata-se de MATURIDADE entender o que um texto narrativo e um texto prescritivo na Escritura, e perceber quando um texto literal ou simblico. Ora, observemos: Jesus disse claramente: "Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti, pois te melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lanado no inferno.E, se a tua mo direita te escandalizar, corta-a, e atira-a para longe de ti, porque te melhor que um dos teus membros se perca, do que seja o teu corpo lanado no inferno" (Mt 5:29-30). Entretanto, no vejo mutilados nas Igrejas, e nem vejo ningum incentivando estas automutilaes, embora esteja escrito, tenham sido palavras do prprio Jesus! Paulo mandou Timteo beber um pouco de vinho para obter a cura para os seus problemas gstricos (1 Tm 5:23), e nem por isso tomou-se tal texto como doutrinrio, e nem vemos nenhum "pastor" em nossos dias prescrevendo o uso de vinho para a cura, embora a Escritura mencione o conselho de Paulo! Jesus cuspiu no cho, fez lodo, e com este lodo curou um cego (Jo 9:6), e nem por isso fazemos isso para curar cegos nas Igrejas! Naam foi ensinado, para ser curado de lepra, a mergulhar sete vezes no Jordo (2 Rs 5), e nem por isso se estabeleceu que para se obter cura para problemas dermatolgicos so necessrios sete mergulhos em um rio, mar, piscina ou aude!Assim, observamos que o bom senso continua sendo uma mxima oculta sempre presente no texto da Bblia!

No discordo do poder de Deus, e nem da multiforme operao do Senhor. Por Sua vontade, o milagre pode ocorrer por diversos meios, inclusive por meio de lenos, aventais e peas de roupa usados por homens e mulheres de Deus. Entretanto, essa NO a prtica prescrita nas Escrituras.E O CRENTE MADURO SEMPRE IR PREFERIR A FORMA BBLICA, e desprezar a forma comum e sincrtica! Funciona? Em muitos casos, sim. Mas no seguimos O QUE FUNCIONA, mas o que DEUS deixou escrito!

Finalmente, DISCORDO VEEMENTEMENTE de qualquer ofcio religioso que seja praticado por dinheiro. Discordo do uso da uno com leo fora dos propsitos da Escritura. Discordo que obreiros do Senhor estimulem o "animismo gospel", enxugando o suor com toalhinhas de forma proposital, para vend-las como objetos de poder. Sigamos a Escritura e o bom senso! Voltemos ao Evangelho!!