¹ Professora de Educação Física da Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná. Especialista em Educação. ² Professor de Educação Física. Especialista em Ensino Superior. Mestre em Recreação e Lazer. Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA PRÁTICA DA GINÁSTICA
GERAL E OS BENEFÍCIOS PARA OS ALUNOS NA FASE DE PRÉ-
ADOLESCÊNCIA E ADOLESCÊNCIA
Autora: Luzia Aparecida Ferro¹
Orientador: Carlos Eduardo da Costa Schneider²
Resumo: Este estudo se reporta a prática da ginástica e a cultura corporal como meio de aprimorar
as habilidades corporais e legitimar os objetivos da Educação Física, em especial, o desenvolvimento das habilidades sociais articulados com os conhecimentos escolares. Para tal, na escola, a Educação Física é uma das disciplinas que tem a característica de proporcionar as diferentes possibilidades de movimento corporal e, assim, constitui a área de conhecimento que tem como objeto de estudo o movimento humano. Dessa maneira, cabe à ginástica, como conteúdo da cultura corporal e a Educação Física, como disciplina curricular, uma área de formação, contribuir para o desenvolvimento do pensamento científico a partir da prática social e apontar possibilidades de transformação tanto na cultura pedagógica da escola quanto na sociedade em geral. Para tanto, pretende-se que o conteúdo: ginástica, seja desenvolvido de maneira lúdica, reflexiva e contextualizado, onde o saber produzido venha a interferir no processo educativo de modo que garanta ao aluno uma aprendizagem transformadora.
Palavras-chave: Ginástica; Ginástica Geral; Cultura Corporal; Lúdico.
1. INTRODUÇÃO
Nos dias atuais ainda observa-se na prática cotidiana da Educação Física
escolar muitas dificuldades e limitações, a autora constatou por observação empírica
que as aulas de Educação Física são na maioria das vezes desprovidas de
contextualização, com base excessiva em uma prática pedagógica com ênfase nos
esportes coletivos, neste contexto a prática da ginástica se secundariza.
No processo histórico da evolução do ser humano, o movimento tem grande
importância biopsicossocial, pois é através dele que o homem interage com o meio
em que vive.
Na escola, a Educação Física é uma das disciplinas que proporciona as
diferentes possibilidades de movimento, é a área de conhecimento que tem como
objeto de estudo o movimento humano.
Considerando que o conhecimento de que trata a Educação Física é o
conhecimento da cultura corporal, o estudo deve apreender a gênese, o
desenvolvimento e as necessidades estabelecidas historicamente, ampliando as
possibilidades de compreensão, explicação e intervenção dos sujeitos na realidade
contraditória e complexa. Portanto, a ginástica é reconhecida, junto com os jogos, as
brincadeiras, os esportes, as lutas, as danças e outras manifestações culturais como
elementos construtivos da cultura corporal, os mesmos aparecem como conteúdos
estruturantes das Diretrizes Curriculares Estaduais – DCE / PR, da disciplina de
Educação Física, este documento nos diz que “... a ginástica deve dar condições ao
aluno de reconhecer as possibilidades de seu corpo sem que esteja atrelado a uma
prática meramente competitiva, com movimentos obrigatórios presos a uma técnica
dos exercícios repetitivos.” (DCE, 2008, p. 67).
Dessa maneira, cabe à ginástica, como conteúdo da cultura corporal e a
Educação Física, como disciplina curricular, uma área de formação, contribuir para o
desenvolvimento do pensamento científico a partir da prática social e apontar
possibilidades de transformação tanto na cultura pedagógica da escola quanto na
sociedade em geral.
Para tanto, pretende-se que o conteúdo de ginástica seja desenvolvido de
maneira lúdica, reflexiva e contextualizado, onde o saber produzido venha a interferir
no processo educativo de modo que garanta ao aluno uma aprendizagem
transformadora.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. GINÁSTICA: um pouco de história
Ao iniciar um estudo sobre a Ginástica Geral, se faz necessário percorrer sua
trajetória, para que seja possível entendê-la como um fenômeno inserido num
determinado contexto histórico. A Ginástica Geral é um resgate da Ginástica do
passado, quando as pessoas a praticavam por prazer, por alegria, sem se
preocuparem com recordes ou desempenho perfeito.
Segundo Soares (2001), “a ginástica desde suas origens tem sido entendida
como a arte de exercitar o corpo nu”, englobando atividades como corridas, saltos,
lançamentos e lutas, tem evoluído para formas esportivas claramente influenciadas
pelas diferentes culturas.
As raízes da Ginástica Geral encontram-se na Europa, mais precisamente no
século XIX, com o Movimento Ginástico Europeu, principalmente na Alemanha,
Suécia, Dinamarca e França, que juntamente com o esporte na Inglaterra, formaram
as bases da Educação Física que ainda vigoram no mundo.
A partir dos séculos XVIII e XIX com o surgimento do movimento ginástico
europeu, a ginástica começou a ser sistematizada e houve uma troca de valores e
sentido no que dizia respeito a seu significado e sentido ao longo do tempo. Isso
ocorreu porque começou a se pensar numa “ginástica científica” no sentido de
educar o corpo, adestrá-lo, onde com o avanço das ciências principalmente físicas e
biológicas, “intensificaram-se e permitiram vislumbrar as possibilidades da ginástica
para uma ‘educação do movimento’, para uma ‘educação do corpo’”. (AYOUB,
2004, p.32). Os gestos e manifestações livres da ginástica e dos artistas circenses
perderam espaço para a formação de um corpo civilizado, educado.
Soares (2001), diz que os métodos ginásticos chegaram ao Brasil no final do
século XIX e início do XX. Os princípios destes métodos foram aceitos no país que
na época necessitava de saúde, fortalecimento da raça e unificação pátria, por meio
do fortalecimento dos corpos brasileiros. Inicialmente foram aplicados no exército.
Posteriormente, ganharam força, passando a adentrar o espaço escolar que passou
a ensinar ginásticas nas escolas.
A prática da ginástica é necessária na medida em que a tradição histórica do mundo ginástico é uma oferta de ações com significado cultural para os praticantes, onde as novas formas de exercitação em confronto com as tradicionais possibilitam uma prática corporal que permite aos alunos darem sentido às suas exercitações ginásticas (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 77).
No exercício da ginástica encontra-se um potencial de transformação e crítica
que possibilita novos olhares, com o alargamento de horizontes mediante diferentes
linhas de pensamento. Assim sendo, a ginástica vem ganhando espaço sendo
entendida como uma manifestação corporal, como uma forma particular de
exercitação onde, por meio de aparelhos ou não é possível trabalhar atividades
diferenciadas e lúdicas que promovem experiências corporais bastante
enriquecedoras da cultura corporal dos adolescentes e do homem em geral. A
ginástica consiste em uma atividade corporal completa, contribuindo para o
desenvolvimento humano em sua dimensão motora, cognitiva, social e afetiva.
2.2. A Ginástica Geral na escola
O conceito estabelecido pela Federação Internacional de Ginástica define a
Ginástica Geral como a parte da ginástica que está orientada para o lazer, que
oferece um programa de exercícios com características especiais, adequadas para
todas as idades. Desses exercícios, as pessoas participam principalmente pelo
prazer que sua prática proporciona, a qual: desenvolve a saúde, a condição física e
a interação social, contribuindo também para o bem estar físico e psicológico; possui
caráter social e cultural; e proporciona experiências de movimentos expressivos com
caráter estético para participantes e espectadores, respeitando as características,
interesses e tradições de cada povo, expressados por meio da variedade e beleza
do movimento corporal.
A partir dessa definição , verifica-se o vasto campo de atividades que a
Ginástica Geral compreende, são elas: ginástica, dança, exercícios com e sem
aparelhos e jogos, com fins recreativos e participativos.
A Ginástica Geral também desenvolve a saúde, a condição física e a
integração social. Além disso, contribui para o bem-estar físico e psíquico, sendo um
fator cultural e social.
Pode-se dizer que a Ginástica Geral é uma atividade corporal completa, pois
contribui para o desenvolvimento humano nos aspectos motor, cognitivo, social e
afetivo. E suas capacidades requisitadas, que são: flexibilidade, equilíbrio, força e
agilidade, servem de base para a prática de outros esportes e atividades.
A Ginástica Geral deve ser entendida como uma manifestação da cultura
corporal que reúne as diferentes interpretações da ginástica, integrando-as às
demais formas de expressão corporal, de maneira livre e criativa. É uma atividade
esportiva não competitiva, que oportuniza a prática da ginástica para qualquer
pessoa, independente da idade, sexo, condição física ou técnica, necessita do
princípio da ludicidade, priorizando a recriação da ginástica enquanto exercitação do
fazer corporal e de sua expressão enquanto atividade gímnica.
As Diretrizes Curriculares Estaduais – DCE / PR, (2008) elenca que a
ginástica e suas modernas variações sejam desmitificadas, no sentido de atender às
demandas da realidade escolar. Nessa concepção de ensino e aprendizagem em
Educação Física escolar, o professor da área pode organizar a aula de forma que os
alunos se movimentem, descubram e reconheçam as possibilidades e limites do
próprio corpo. Trata-se, portanto, de um processo pedagógico capaz de propiciar a
interação, o conhecimento, a partilha de experiências e a reflexão, numa visão
crítica que implique diversas possibilidades de significação e representação. Dessa
maneira, ao desenvolver as práticas corporais da ginástica, podem levantar
questões importantes:
Dentre elas, a crítica à lógica do sacrifício e do sofrimento – não somente físico -; o excesso de exercícios que aumentam o risco de lesões graves e a possível degradação do corpo; o uso de meios artificiais, como anabolizantes, os quais aceleram a almejada performance corporal, devendo-se discutir com os alunos os danos que o uso dessas substâncias causa no organismo. (PARANÁ, 2008, p. 56).
Na escola podem ser inseridas atividades, onde os alunos aprendem a
respeitar os seus limites e dos colegas, trabalhar em equipe, cooperar, usando a
criatividade, através da ludicidade, ou seja, do prazer, onde o mais importante é
participar sem se preocupar em ganhar ou perder. A Ginástica Geral tem essa
finalidade: todos podem e a devem praticar.
2.3. O lúdico como conteúdo na Educação Física
Uma das características mais importantes da vida e do movimento humano,
em particular, é o aspecto lúdico, Johan Huizinga (2000) identifica o lúdico em
diferentes esferas da vida social, considerando-o, fundamentalmente, como jogo,
uma atividade livre, não séria, mas absorvente para o jogador, desligada de
interesses materiais e praticada de acordo com regras de ordem, tempo e espaço e
cuja essência repousa no divertimento. Segundo o autor referenciado acima, o
lúdico transcende as necessidades imediatas da vida social, possuindo um
significado em si mesmo, na medida em que constitui uma realidade autônoma; tem
como essência o ousar, correr riscos, suportar a tensão e a incerteza.
O lúdico, portanto, é parte integrante da vida em geral, é associado a
diferentes manifestações como jogos, brincadeiras, cujas particularidades como
espontaneidade, criatividade, imaginação, prazer, alegria e divertimento, bem como
à dimensão do corpo, do movimento e das atividades corporais é de fundamental
importância para a Educação Física escolar.
O lúdico envolve o corpo e seus movimentos, é uma atividade particularmente
poderosa para estimular a vida social e construtiva dos indivíduos. O brincar
possibilita uma amplitude dos movimentos que fazem o aluno ter uma maior atenção
no momento de executá-los, para Adriane Ferreira da Costa o:
Brincar faz parte do ser humano, o riso e a diversão podem melhorar o emocional do individuo. É com a brincadeira, que o individuo de qualquer idade deixa fluir seus sentimentos e liberta sua ansiedade. Na medida em que envelhecemos perdemos a espontaneidade. Então não se pode perder a criatividade enquanto se passa da infância para a pré-adolescência, pois se precisa dessa condição para vida inteira. Brincar é universal, qualquer individuo pode usufruir desse momento. (COSTA, 2010, p.1)
Ao brincar a criança movimenta-se em busca de parceria e na exploração de
objetos, comunica-se com seus pares, se expressa através de múltiplas linguagens,
descobre regras e toma decisões.
Todo ser humano pode beneficiar-se de atividades lúdicas, em qualquer
época da vida de crianças e adolescentes e porque não de adultos, as brincadeiras
devem estar presentes, todos precisam do brincar e de alguma forma de jogo, sonho
e fantasia para viver.
O lúdico é um recurso didático dinâmico que garante resultados eficazes na
educação, o jogo é a atividade lúdica mais trabalhada pelos professores, pois ele
estimula várias inteligências, permitindo que o aluno se envolva em tudo o que
esteja realizando de forma significativa, a ludicidade do jogo proporciona momentos
mágicos e únicos na vida de um indivíduo, pois no mesmo instante que diverte,
ensina e desenvolve o raciocínio e a criatividade, dessa maneira através do lúdico o
educador pode desenvolver atividades que sejam divertidas e, sobretudo ensine os
alunos a discernir valores éticos e morais, formando cidadãos mais conscientes dos
seus deveres e de suas responsabilidades.
2.4. O lúdico e a ginástica geral
O lúdico é uma das atividades mais eficazes de envolver o aluno em suas
tarefas, permite um desenvolvimento global do educando e uma visão de mundo
mais real, é uma forma de trabalhar, refletir e descobrir o mundo que o cerca, é
muito importante aprender com alegria, com vontade, a educação lúdica contribui
para a melhoria do ensino, na formação do educando, seja para redefinir valores ou
para melhorar o relacionamento das pessoas na sociedade. Por meio das
descobertas e da criatividade, o educando pode se expressar, analisar, criticar e
transformar a realidade.
Poletto (2005) destaca que “o lúdico é um instrumento que permite a inserção
da criança na cultura e através do qual se podem permear suas vivências internas
com a realidade externa. É um facilitador para a interação com o meio, embora seja
muito pouco explorado”.
Dentre as formas de abordagem no processo de aprendizagem da Educação
Física têm os esportes, lutas, ginástica, dança, jogos e brincadeiras. Então esses
conteúdos devem ser trabalhados de forma lúdica no ensino-aprendizagem.
Sendo a Educação Física uma área do conhecimento bastante vasta, que
abarca diversificada gama de elementos da cultura corporal, optou-se por delimitar o
estudo a partir da análise das manifestações do lúdico na Ginástica, para
posteriormente, estabelecer relações com a Ginástica Geral.
O lúdico como ferramenta pedagógica no desenvolvimento da Ginástica Geral
irá proporcionar aos alunos uma prática saudável e prazerosa, fazendo com que os
seus aspectos cognitivos e afetivos sejam desenvolvidos de forma espontânea.
Dessa maneira, a Ginástica como conteúdo da Educação Física escolar, tem
na Ginástica Geral a contribuição para uma cultura de movimento próprio da área,
amplia os referenciais estéticos e artísticos por meio de uma linguagem corporal
específica, através da vivência e exploração das inúmeras possibilidades de
movimentos, não tem finalidade competitiva e sim demonstrativa, não têm regras
rígidas preestabelecidas, tem grande amplitude e diversidade de movimentos, não
determina limites, possibilitando dessa maneira o desenvolvimento da prática da
Ginástica com prazer e criatividade, pois “a ludicidade, a liberdade de expressão e a
criatividade são pontos marcantes na Ginástica Geral”. (PAOLIELLO, 2008, p.47)
A Ginástica Geral se apresenta como possibilidade bastante pertinente para o
trato deste conteúdo nas aulas de Educação Física. Os seus pilares fundamentais
segundo SOUZA (1997) “modalidade demonstrativa, de regras bastante flexíveis, de
participação irrestrita, pautada pela ludicidade, liberdade de expressão e
criatividade”, mostram-se mais próximos da realidade escolar.
[...] a ginástica geral pode ser reconhecida como o caminho mais apropriado para resgatarmos, para re-criarmos e para re-significarmos a ginástica na escola, numa perspectiva de 'confronto' e síntese e, também numa perspectiva lúdica, criativa e participativa. (AYOUB, 1999, p.137).
Por meio da ginástica, o aluno se movimenta, descobre e reconhece as
possibilidades e limites do seu corpo e a Ginástica Geral tem o intuito de promover o
lazer, a alegria, interação entre as pessoas, movimentar-se tendo prazer ao mesmo
tempo, proporcionando bem estar físico e mental.
Tal característica recupera parte do que foi a Ginástica no passado, como
confirma SOARES (2005) ao considerar que os elementos do núcleo primordial
desta prática corporal possuem suas características dominantes localizadas no
campo dos divertimentos. Reafirma-se assim a relevância de aprofundarmos o
estudo do lúdico no âmbito da ginástica.
3. METODOLOGIA
A proposta para desenvolvimento do projeto continha três etapas: Pesquisa
Bibliográfica; Elaboração de material didático e Implementação do Projeto na Escola.
A pesquisa bibliográfica constou dos temas abordados no Projeto – “A
importância do lúdico na prática da ginástica geral e os benefícios para os alunos na
fase de pré- adolescência e adolescência”.
O material didático foi construído a partir desse referencial teórico e acrescido
de atividades teórico-práticas.
A implementação, ou seja, a intervenção pedagógica deu-se em duas turmas
de 6ª ano do Colégio Estadual Professor Paulo Freire – Ensino Fundamental e
Médio, do município de Pinhais, totalizando em 60 alunos.
O instrumento utilizado caracterizou-se como uma pesquisa bibliográfica
qualitativa, a qual utilizou as técnicas de observação e diário de bordo, onde foi
desenvolvido a ginástica geral e o lúdico como ferramentas pedagógica nas aulas de
Educação Física, o que proporcionou aos alunos uma prática saudável e prazerosa,
fazendo com que os aspectos cognitivos e afetivos fossem desenvolvidos de forma
espontânea, sendo assim, a implementação do projeto de pesquisa foi desenvolvida
com observações simples em relação à vivência dos alunos nas atividades lúdicas e
com adaptações para estimulá-los para as aulas de Educação Física Escolar com
base no desenvolvimento da ginástica geral.
O estudo buscou observar e elencar a construção de situações e materiais
lúdicos nas aulas de Educação Física que tratam da Ginástica Geral, tendo por
objetivo o desenvolvimento lúdico da ginástica geral para assim buscar compreender
se estas formas de apropriação efetivamente dialogam e valorizam a cultura lúdica
do aluno na escola.
Utilizou-se a metodologia participativa, a qual permite a atuação efetiva dos
participantes no processo educativo, sem considerá-los meros receptores. No
enfoque participativo valorizam-se os conhecimentos e experiências dos
participantes, envolvendo-os na discussão, identificação e busca de soluções para
problemas que emergem de suas vidas. É uma forma de trabalho didático-
pedagógico baseada no lúdico, na vivência e na participação em situações reais e
imaginárias, onde através da ginástica e dos jogos, os alunos conseguem, por meio
da fantasia, trabalhar situações concretas. A metodologia participativa foi utilizada
como meio de investigação, onde foi realizado em estudo teórico-metodológico,
abordando o Conteúdo Estruturante da disciplina de Educação Física – a Ginástica,
tendo como fator motivador para a prática da mesma nas aulas de Educação Física
e foi desenvolvido como parte integrante do PDE - Programa de Desenvolvimento
Educacional / 2012.
Teve a intenção de desenvolver a ginástica, como conteúdo estruturante, e
trabalhar em seus diferentes estilos de forma lúdica e sistematizada nas aulas de
Educação Física, possibilitando aos alunos a apropriação do conhecimento para que
viessem a ter uma aprendizagem transformadora.
Foram desenvolvidos exercícios de coordenação motora, lateralidade,
organização espaço temporal e equilíbrio, pois estes são fundamentais para a
prática da ginástica, os alunos contemplaram os subsídios teórico-práticos
necessários à compreensão da temática.
O Caderno Pedagógico foi composto por unidades assim distribuídas:
Breve histórico e evolução da ginástica;
Vivências e exploração da ginástica geral de maneira lúdica, individual
e em grupo;
Compreensão da relação da ginástica com a saúde física e mental;
Reflexões sobre as formas básicas de movimentos: andar, saltar,
correr, equilibrar e como estão relacionadas na vida diária;
Desenvolvimento das formas básicas de movimentos e acrobacias de
solo;
Tentativa da realização de um festival para apresentação da ginástica;
Este material foi utilizado como suporte didático para aplicação do projeto de
intervenção.
Os alunos opinaram durante as atividades desenvolvidas, segundo eles a
prática foi divertida e concluíram que os movimentos da ginástica geral são
importantes e o aprendizado vem de forma espontânea e prazerosa, tanto para os
leigos como para os mais habilidosos, e que o conteúdo de ginástica deve ser
desenvolvido no meio escolar e não relegado a segundo plano.
4. RESULTADOS
A prática da ginástica nas aulas de Educação Física é secundarizada, pois o
que se desenvolve na maioria das vezes é uma prática pedagógica com ênfase nos
esportes coletivos, segundo Schiavon e Nista-Piccolo (2006) “a ausência da
ginástica na escola se dá principalmente pela falta de conhecimento dos
professores”, mas o que distancia o professor da aplicação da ginástica na escola é
a dificuldade de enxergar uma prática gímnica diferenciada, para além das formas
esportivizadas.
Outro fator observado é que nem sempre se encontra espaço físico
adequado, nem materiais pequenos ou grandes, que poderiam facilitar a aplicação
desta manifestação da cultural corporal de movimento na escola.
Schiavon e Nista-Piccolo (2006) ressaltam que muitos professores da área
alegam a falta de material específico e de como adaptar os materiais disponíveis na
escola para desenvolver a ginástica. Estas autoras colocam que “o que falta nas
escolas na maioria das vezes, não é material, é criatividade”.
Apesar de todas as dificuldades que se encontra para o desenvolvimento da
ginástica no interior da escola, ela permanece nos documentos oficiais e referenciais
teóricos da Educação Física Escolar, neste sentido, é preciso levar em consideração
a riqueza de possibilidades que este conteúdo oferece e desenvolver de maneira
efetiva nas aulas de Educação Física.
A implementação pedagógica do projeto de pesquisa da autora, proporcionou
verificar que a ginástica geral inserida no contexto escolar contribui para a formação
do educando, proporcionando lazer, cooperação, auto-conhecimento corporal e
físico, disciplina e socialização, com isso é possível considerar a ginástica geral
como uma atividade completa que contribui para o desenvolvimento humano nos
aspectos cognitivos, motores, sociais e afetivos e auxilia os alunos na manutenção
da qualidade de vida, consequentemente contribui para a promoção da saúde.
A ginástica geral foi desenvolvida com ludicidade nas atividades da
intervenção pedagógica, promovendo a alegria, a interação, o trabalho coletivo,
sendo valorizado o processo de construção do conhecimento, pois o interesse
pedagógico não foi centrado no domínio técnico, mas sim na vivência dos valores
humanos de convivência entre os alunos.
Verificou-se ainda, que a partir da construção e manipulação de materiais
alternativos e convencionais como: cordas, bolas, bastões, jornais, de maneira livre,
a ginástica geral estimula a criatividade de seus praticantes, pois de acordo com as
definições, a ginástica geral não possui normas e nem padrões obrigatórios, por isso
permite a liberdade gestual e a formação de grupos mistos e diversificados,
enriquecendo as possibilidades de expressão corporal propostas pelo grupo,
respeitando os limites de cada um, dentro deste contexto educacional é possível
perceber que a ginástica geral interage com outras práticas e elementos da cultura
corporal, permitindo a visualização desta manifestação como um saber ideal para
(re) significar o conteúdo da ginástica na escola, bem como sua importância no
contexto escolar.
As atividades da ginástica geral desenvolvidas possibilitaram uma nova
concepção da ginástica, mostrando que a mesma pode ser praticada em diferentes
espaços, com diferentes focos e objetivos, tornando as atividades corporais mais
atrativas aos alunos, foram apresentados aspectos lúdicos e prazerosos,
promovendo a compreensão, valorização e apropriação desta manifestação artística,
oportunizando a variação das ações corporais, ampliando o repertório motor e
expressivo dos alunos, motivando-os e desafiando-os a vivenciarem novos
aprendizados.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente documento vem aqui refletir sobre a Ginástica, visto ser este um
importante conteúdo da Educação Física escolar e expressiva componente da
cultura corporal de movimento. A abordagem deste tema justifica-se porque sua
concepção e manifestação têm sido muito empobrecidas atualmente no interior da
escola.
Nesse sentido, a preocupação é lançar novos olhares que permitam colocar a
Ginástica, sob diferentes perspectivas tanto conceituais como prática, possibilitando
a ampliação das experiências e dos saberes corporais sobre e a partir desta
manifestação, nos diversos ambientes educacionais em que ela pode se fazer
presente. Para tanto, buscou-se a compreensão da Ginástica como uma linguagem
corporal e nesta procura, encontrou-se a experimentação e o registro de diferentes
práticas educativas envolvendo o movimento expressivo, junto com o estudo da
Ginástica Geral, interessantes respostas para a elaboração e sistematização de uma
proposta metodológica que intenta avançar, também, no conhecimento da
linguagem gímnica.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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