7/23/2019 ARTIGO C.a.M. Arquitetura Indstria Da Construo e Mercado Imobilirio
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Arquitetura, indstria da construo e mercado imobilirio
Ou a arte de construir cidades insustentveis
Carlos Alberto Maciel
Uma coisa que eu acho importante ns entendermos que no mundo
capitalista tudo exige capital. No existe um arquiteto, que milita numarea de to grandes investimentos, que acha porque ele bonito, tem bons
olhos ou faz um gesto mais curvo, o capital venha pedir a ele para aud!
lo. No. "oc#s t#m que se preocupar, arquitetos, e eu falo aos ovens que
esto aqui, a entender de que maneira voc#s vo conseguir uma associa$o
com o capital.
%oaquim &uedes '()
*uando me dei conta, e acreditava que estava preparado para avan$ar, os
bombeiros haviam definido a altura '+m), os consultores ingleses a
modula$o dos pilares '- automveis) e os engenheiros a espessura das
laes '-cm). /om o n0cleo central imposto pelas normativas de seguran$a
'1 escadas e 2 elevadores), a largura do edif3cio saiu do esfor$o
poss3vel que a lae poderia suportar '1+m).4er que a arquitetura das torres sempre assim, tipo 56ig 7ac58 4iza
construindo ao lado, mais esperto, me confirmou que sim. 7as de nada
serve lamentar!nos.
9 silhueta foi imposta e 9lberti 'firmitas, utilitas, venustas)
definitivamente enterrado. :estava!nos a arquitetura da pele ';erzog
tinha razo).
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e mercado. 4e arquitetos e mercado imobilirio coexistem h tempos, as
variadas contradi$?es nesta complexa rela$o tampouco so novidade.
Bodo empreendimento passa por uma sequ#ncia de planeamento, implanta$o e
comercializa$o '-). Nesse processo poss3vel diferenciar, de um lado,
condicionantes que podem ser entendidos como pragmticos, cuos fundamentos
so mais facilmente aferidos por se tratarem de defini$?es que se do A oudeveriam dar!se ! em inst>ncias tcnicas ! variveis de proeto de arquitetura
e engenharia, tcnicas construtivas, custos efetivos de implanta$o, custos
efetivos de comercializa$o ! ou legais A restri$?es de legisla$o de uso do
solo, preven$o e combate a inc#ndio, impacto ambiental, entre outrasC e de
outro lado condicionantes cuo valor ou preciso so intang3veis, que podem
ser denominados de no!pragmticos '2).
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9lguns dos princ3pios de proeto utilizados por arquitetos e engenheiros na
otimiza$o do processo de produ$o nesta etapa soD
a) mxima propor$o de rea comercializvel em rela$o @ rea total do
empreendimento. 4o aspectos decorrentes desta premissa a redu$o proporcional
de reas de circula$?es verticais e horizontais atravs da concentra$o do
acesso @s unidades, do que derivam, entre outras coisas, os tradicionaispartidos em H;I de edif3cios de apartamentos com 2 ou J unidades e a redu$o
proporcional de reas de garagem, utilizando as vagas presas de modo a
otimizar a rea sem perder em quantidade de vagasC
b) menor per3metro de fachada para maior rea do pavimento, eliminando
reentr>ncias e sali#ncias, o que significa gastar menos material e mo de obra
para a constru$o de mesma rea comercializvel A em 0ltima inst>ncia, o
c3rculo seria a planta mais eficiente neste aspecto, que por bvias quest?es
construtivas e de arrano interno, converte!se no quadrado 'K)C
c) menor rea de anelas, uma vez que, por serem tecnologicamente mais
avan$ados, os sistemas de esquadrias geram maior custo de constru$o tantopelo custo da prpria tecnologia como da mo de obra mais especializada quando
comparados aos sistemas tradicionais de veda$o 'alvenarias de tiolo cer>mico
com os mais diversos acabamentos, constru3dos por mo de obra com pouca ou
nenhuma qualifica$o)C
d) concentra$o de prumadas, reduzindo o custo de instala$?esC
e) estruturas com vos pequenos, com sistemas assimilados pelos
construtores e pela mo de obra, sem transi$?es e no necessariamente
moduladas A modula$o curiosamente no parece ser uma preocupa$o da grande
maioria de arquitetos e engenheiros calculistasC
f) repeti$oD tanto pelo espelhamento de unidades, como pela ado$o dopavimento tipo. 9 repeti$o, por princ3pio, tende a gerar economia de escala.
/ontudo, raramente se encontram aplicados princ3pios de coordena$o modular, o
que efetivamente contribuiria para a racionaliza$o de processos construtivos
e no necessariamente determinariam a organiza$o repetida do apartamento!
tipo. 9o contrrio, a repeti$o que se verifica na ind0stria da constru$o
civil parte da elabora$o de uma planta!tipo, que costuma ignorar qualquer
lgica de modula$o ou racionaliza$o e se define como se fosse constru3da uma
0nica vez e de modo artesanal, e a repete, agregando ao processo alguns
procedimentos semi!industrializados, porm espec3ficos para aquele
empreendimento. 9 repeti$o portanto circunstancial e localizada, e seu
produto excessivamente determinado e limitado a uma 0nica tipologia.
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na produ$o da unidade de moradia '(). Um princ3pio baseado na concep$o de
sistemas e no na produ$o de obetos '(() poderia contribuir para uma
significativa amplia$o das alternativas tipolgicas nas cidades, e mesmo, em
um 0nico empreendimentoC
g) flexibilidadeD a mesma atitude parcial, incompleta e contraditria aparece
neste argumento de venda de empreendimentos residenciais recentesD a plantaflex3vel. Na maioria dos casos, a ideia de flexibilidade no se constri
conforme amplamente pesquisado e realizado pela arquitetura moderna, ou sea,
pela ado$o de lgicas modulares e de uma disposi$o de estruturas,
instala$?es e organiza$o espacial interna com maior racionalidade,
setorizando os espa$os funcionalmente determinados A como sanitrios e cozinha
A de modo a liberar as reas secas e indeterminadas funcionalmente para
permitir sua reorganiza$o conforme a necessidade espec3fica dos diversos
usurios. 9o contrrio, o que se faz demonstrar, a partir da mesma planta
convencional com pequenas altera$?es, duas ou tr#s possibilidades pr!
determinadas de transforma$o do espa$o interno, ora integrando quartos para
constituir su3te com maior rea, ora integrando um quarto @ sala, ora
integrando a cozinha @ sala, conferindo!lhe apar#ncia menos conservadora, oradando alguma utilidade alternativa @ depend#ncia de empregado. Uma
flexibilidade mais radical se realizaria se os empreendimentos fossem de fato
customizveis, entendidos como infraestruturas de suporte, com as reas
molhadas, instala$?es, estruturas e aberturas pensadas dentro de uma lgica de
coordena$o modular que pudessem ser ocupadas por seus usurios finais com os
materiais de acabamento e a disposi$o espacial deseados, sem a necessidade
de demoli$?es em edifica$?es recm!constru3das, como se faz usualmente '(1).
%! &ustos de implantao e comerciali'ao
=s custos de implanta$o re0nem o custo do terreno, o custo de proetos e o
custo da constru$o. 4omam!se a eles o custo da comercializa$o e os custos de
regulariza$o A alvars, escrituras e registros das unidades, registro de
incorpora$o ! e se ter o custo total do empreendimento. "enda!se pelosvalores praticados pelo mercado, a diferen$a resultar no lucro, aps a
remunera$o do capital empregado para a realiza$o do processo. = custo do
terreno pr!determinado pela sua localiza$o e pelas possibilidades de
constru$o determinadas pela legisla$o. = custo de proetos de arquitetura e
engenharia irrelevante na totalidade do empreendimento. Na prtica, costuma
incidir entre (, a -Q do custo da constru$o, o que corresponde a no mais do
que , a (Q do valor final de venda do empreendimento. = custo de
comercializa$o tambm pr!definidoD KQ do valor final de venda a
remunera$o dos corretores, geralmente inclu3dos a3 os valores investidos em
divulga$o 'ressalta!se que, financeiramente, a venda aproximadamente (
vezes mais importante do que os proetos em todo o processo) A Lig. (.
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&rfico com a propor$o de valores relativos em um empreendimento imobilirio em
6elo ;orizonte, 7&, elaborado a partir de valores de mercado naquela cidade em
1(. = tra$o vermelho representa a remunera$o A e a respectiva valoriza$o
profissional. R/arlos 9lberto 7aciel, 1(.S
:estam duas variveis manipulveis para tornar o empreendimento competitivo e
rentvelD o custo da constru$o e o lucro. Nesta polaridade se revelam os mais
diversos tipos de empreendedores, desde aqueles mercenrios que geram v3cios
ocultos de constru$o para ampliar seu lucro at aqueles que asseguram um bom
n3vel de qualidade como refer#ncia A ou HdiferencialI ! para seus
empreendimentos. Uma das estratgias mais comuns da lgica da constru$o
destinada @ venda a transfer#ncia de custos e responsabilidades da fase de
constru$o para a fase de uso. Um claro exemplo dessa prtica a total
desconsidera$o de aspectos relacionados ao clima ! como a correta orienta$o
e a instala$o de elementos de prote$o e atenua$o solar. 9o deixar de
implantar elementos de atenua$o solar durante a fase de constru$o, amplia!se
o lucro inicial e se transfere ao usurio final o Mnus pelo pior desempenho
energtico da edifica$o. 9 economia na fase de constru$o se reverte em
sobrecusto de manuten$o atravs do maior consumo de energia decorrente da
instala$o de equipamentos de ar condicionado, ou exige novos investimentos,
na fase de uso e por parte do usurio final, para implantar dispositivos de
atenua$o solar. 7ais raros so os exemplos de empreendedores que investem em
qualidade construtiva e arquitetMnica.
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tambm amplia o lucro. Fa3 resulta um ponto decisivo na determina$o do lucro
do empreendimento que produz as mais variadas consequ#ncias nas tomadas de
deciso em todo o processoD o tempo.
(! )empo * de implantao e de comerciali'ao
4e o lucro aferido aps a remunera$o do capital empregado na realiza$o do
empreendimento, reduzir o tempo de constru$o e de venda implica em reduzir ocusto do capital empregado. 9ssim, uma consequ#ncia natural do planeamento
dos empreendimentos a redu$o dos prazos de implanta$o, o que estimularia,
em tese, a ado$o de processos de industrializa$o da constru$o e de montagem
a seco, com sobreposi$o de etapas e transfer#ncia de parte das atividades de
produ$o para fora do canteiro de obras. /ontudo, o que se verifica na prtica
um sentido oposto de racionaliza$o, que no incide sobre os processos
construtivos, mas sobre a forma dos edif3cios. 7ascar elucida este aspecto da
produ$o imobiliria com grande clareza, ao comentar a rela$o entre a altura
das edifica$?es, o tempo de constru$o e seu consequente custo em fun$o da
remunera$o do capital imobilizadoD
Na realidade, os aumentos do custo de constru$o por custo de dinheiroimobilizado so muito variveis de pa3s para pa3s, de regio para regio
e at de empresa para empresa, porque dependem, por um lado, da
programa$o da obra adotada e, por outro lado, da taxa de uros do
mercado financeiro. 'T) as alturas de custo m3nimo dependem do momento
que vive o pa3s onde se constri. Nos per3odos de recesso 'per3odos com
taxas altas), as alturas econMmicas so menoresC em per3odos de expanso
'per3odos geralmente com taxas menores), as alturas de custo m3nimo sero
maiores. '(-)
Fa3 se verifica que um dos elementos mais importantes para a defini$o da
paisagem urbana de pa3ses em desenvolvimento, com edifica$?es baixas e
compactas, de constru$o rpida, a sua alta taxa de uros, que imp?e a
necessidade de redu$o do tempo de implanta$o dos empreendimentos. 9ssociadaa um contexto produtivo em que as escolhas tecnolgicas so orientadas pela
oferta de mo!de!obra barata e pouco qualificada, a necessidade de redu$o de
tempo conduz @ simplifica$o dos processos e a ado$o de tcnicas
tradicionalmente empregadas e facilmente assimilveis por esse contingente de
reserva que opera a constru$o.
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permanente por apagar a memria, como se o edif3cio e o lugar conseguissem
preservar!se novos ao longo do tempo.
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trabalharo os arquitetos. &eralmente esses argumentos no abordam, por uma
bvia limita$o de forma$o dos vendedores, aspectos qualitativos dos
edif3cios, que decorrem diretamente da qualidade de sua arquitetura, tais como
as virtudes de sua implanta$o, da inser$o urbana do edif3cio, da disposi$o
espacial interna, da abertura @ luz natural, @ ventila$o e a visuais de maior
interesse, a ordena$o construtiva e seu potencial para gerar flexibilidade
real. *uando descrevem o produto imobilirio, limitam!se a aspectosquantitativos como o n0mero de vagas de estacionamento, o n0mero de quartos e
banheiros, o n0mero de elevadores, o padro dos materiais de acabamento, os
inumerveis equipamentos de uso comum, e os recursos tecnolgicos embarcados
no edif3cio ! os sistemas de seguran$a, a portaria blindada, o aquecimento das
piscinas, a pot#ncia do som do home-theaterde uso coletivo. 7esmo quando
abordam a qualidade dos materiais, no buscam afirmar sua perman#ncia, ou
efici#ncia A qualidades utilitrias A, mas o foco se centra no que os
corretores chamam de HdiferencialI, ou o que faz com que o obeto a ser
consumido se diferencie de outros, ustifique seu pre$o e sugira
exclusividade.
=s argumentos de venda A e naturalmente os prprios empreendimentos
imobilirios A v#m sendo fortemente influenciados pelas mostras de decora$o,que prop?em uma super!especializa$o funcional e criam novas denomina$?es para
antigos espa$os '(J).
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proeto presentes nos edif3cios contempor>neos, cua excessiva
compartimenta$o gera moradias que, em alguns casos, possuem mais banheiros e
vagas de garagem do que moradores.
%! /elimitao de pblico alvo
Bodos os edif3cios produzidos pelo mercado, seam habitacionais ou comerciais,
buscam a estratifica$o scio!econMmica de seus moradores e usurios. 9 quase
totalidade da produ$o recente dessa arquitetura edita e aperfei$oa os padr?esde segrega$o.
=s edif3cios de moradia so em geral pensados para grupos estratificados
social e economicamente A moradores!tipo para apartamentos!tipo. G cada vez
mais raro encontrar edif3cios com alguma variedade de tipos, com reas
variadas e para p0blico diversificado, como se fez amplamente na produ$o
imobiliria residencial dos anos aos + '1-). 7esmo nos recentes grandes
condom3nios verticalizados com m0ltiplas torres, que compartilham reas comuns
similares a clubes, a diferen$a entre os apartamentos!tipo de cada torre
m3nima, buscando ampliar ligeiramente o p0blico potencial atravs da oferta de
apartamentos em uma faixa de pre$os alargada, mas preservando integralmente o
perfil scio!econMmico uniforme do conunto dos moradores.
Eor outro lado, todos os grandes edif3cios no residenciais v#m editando a
lgica do Shopping CenterA espa$os que estruturam o cotidiano a partir da
lgica do consumo, simulando uma falsa urbanidade de corredores e pra$as
acess3veis somente a quem tem poder de consumo, dando as costas para a cidade
e ampliando os dispositivos de seguran$a. Nas cidades, a grande maioria das
novas urbaniza$?es privatiza ilegalmente os espa$os p0blicos sob a forma de
falsos condom3nios, com a leni#ncia do poder p0blico. Bodos os esfor$os
contempor>neos de planeamento e proeto voltados para o mercado se dedicam a
privatizar o urbano e a eliminar a diversidade. ncias do
mercado, esta segrega$o scio!econMmica tem por obetivo facilitar e acelerar
a venda entre consumidores de uma determinada faixa de renda. 4e o que se
vende no o imvel, mas o statusque ele representa e que diferencia seuproprietrio, ampliando!lhe aparentemente o prest3gio e a exclusividade,
misturar tipos de unidades, faixas de renda e perfis sociais e econMmicos dos
moradores ou consumidores eliminaria a percep$o dessa diferen$a '12).
(! Valor da di0erena
9 arquitetura teve uma ampla penetra$o e uma significativa import>ncia no
mercado imobilirio nos anos 2 a +, em um momento em que as qualidades de
uso e a concretude material das coisas ainda guardavam algum valor A os
famosos valores de uso de troca, em um momento anterior @ aplica$o da
obsolesc#ncia programada na arquitetura. nea. %ean 6audrillard amplia a lgica dos
sistemas de obetos para alm do obeto de valor utilitrio e do obeto de
valor de troca
'...) acrescentando o obeto simblico e o obeto do signo @ categoria do
obeto.
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podem ser resumidas como as da utilidade, do mercado, do presente e
dostatus, respectivamente. Na lgica da primeira categoria, o obeto
torna!se um instrumento, na segunda um bem, na terceira um s3mbolo, e na
quarta, um signo. '...) seu aspecto diferencial ou relacional torna!se
crucial na compreenso deles. 9lm disso, embora haa um aspecto
utilitrio em muitos obetos, o que essencial para eles sua
capacidade de significar um status. /om rela$o a isso, at mesmo anega$o pode ser uma lux0ria A como quando o Hbom gostoI exige que uma
sala no fique demasiadamente atulhada de obetos. '1)
9 arquitetura, neste >mbito, passa @ total irrelev>ncia, assumida
incontestavelmente pelos an0ncios imobiliriosD se o produto propriamente no
interessa, os an0ncios, que outrora apresentavam uma planta do pavimento tipo
e uma perspectiva externa do edif3cio, passaram a vender apartamentos com uma
foto de algum fato notvel preexistente no terreno A uma vegeta$o relevante,
uma vista, um vizinho notvel !, uma detalhada explica$o sobre as virtudes e
exclusividades da localiza$o, e uma bela imagem da piscina integrada
ao fitness center."ende!se a iluso da diferen$a e da exclusividade. =
apartamentoD quatro su3tes, quatro vagas na garagem. /omo qualquer outro.
=cultos nesta lgica do marOeting imobilirio esto a redu$o de reaprivativa das unidades '1K), o respectivo aumento do n0mero de unidades
diluindo o custo proporcional das reas de uso comum, maior valor agregado com
alguns onerosos materiais da moda, e a consequente venda rpida com lucros
astronMmicos.
V ! $equenas contra0ac1es2 nunca demolir, reconecer a cidade, projetar
in0raestruturas, assumir novos pap3is
Neste contexto de produ$o do espa$o em que o arquiteto tem a relev>ncia de um
tra$o A e remunera$o proporcional @ sua relev>ncia !, algumas pequenas, mas
importantes a$?es permitem identificar alternativas @ massifica$o
funcionalista que decorre dessa lgica.
9 primeira delas um exemplo que vem de fora. *uando tratamos do habitar emuma metrpole contempor>nea, em que as densidades populacionais so
alt3ssimas, o custo da terra, exorbitante e as infraestruturas,
congestionadas, o que mais escasso, e portanto se converteria no maior luxo
poss3vel, no so os materiais, mas sim, espa$o A maior rea constru3da
privativa com qualidade ambiental, como afirmam Fruot, acaton e "assalD
Uma casa tima uma casa luxuosa. = luxo um termo que surpreende
quando se trata de habita$o popular, mas, no obstante, o HluxoI uma
no$o menos amb3gua do que HqualidadeI. 9quela no$o imprescind3vel
porque no deixa d0vidas quanto @ inten$o de quem a emprega.
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reas centrais de nossas capitais t#m uma grande quantidade de edif3cios
produzidos entre os anos 2 e + cua renova$o iminente e urgente, e que
podem ser salvos da demoli$o. 9 atitude de no demolir apresenta ainda forte
preocupa$o ambiental, ao, por um lado, dispensar um enorme esfor$o e
investimento para a nova constru$oC e por outro lado, evitar uma grande
gera$o de res3duos.
Um segundo exemplo importante a iniciativa pontual de incorporadoras que
investem em arquitetura. = representante mais relevante desse pequeno grupo
a incorporadora deiaYarvosZ, de 4o Eaulo, que introduz preocupa$?es incomuns
na concep$o de seus empreendimentos '1P)D o respeito aos bairros em que
constroem, a gera$o de impactos positivos nos locais, a cria$o de pequenas
pra$as e espa$os p0blicos integrados aos edif3cios, a racionaliza$o no uso de
recursos naturais, a racionaliza$o dos elementos permanentes de estrutura e
infraestrutura de modo a favorecer a transforma$o e criar real flexibilidade,
e, mais importante, a op$o deliberada por contratar bons arquitetos para
desenhar seus produtos.
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ao usurio e um rigor construtivo que revela um consistente aprendizado com
aqueles que lhes precederam.
Eor 0ltimo, uma a$o poss3vel no contexto do mercado e da produ$o imobiliria
parte do reconhecimento dos limites e dificuldades para se atingir resultados
relevantes atravs da prtica reativa convencional de produ$o de proetos por
demanda de incorporadores. &uardadas as raras exce$?es em que a arquiteturaintegra a pauta que formata os empreendimentos, em geral a prtica de
elabora$o de proetos nesse contexto resume!se @ formaliza$o da legisla$o e
@ execu$o da respectiva aprova$o legal do proeto unto aos rgos
competentes. Uma alternativa a essa prtica reativa o deslocamento do
arquiteto de sua posi$o de proetista, prestador de servi$os, para a de
construtor ou de incorporador. 9o faz#!lo, o arquiteto assume para si uma
por$o mais significativa do poder de deciso A o que se reflete
proporcionalmente na sua responsabilidade e na sua remunera$o. 9lguns
precedentes importantes podem orientar a abertura novos caminhos no sentido da
melhoria da produ$o arquitetMnica nesse contexto.
Na 9rgentina, a exist#ncia de um dispositivo legaldenominado ideicomisopermite que arquitetos comandem todo o processo de
concep$o, constru$o e comercializa$o de edif3cios residenciais '--).
9travs da organiza$o de grupos de proprietrios ou investidores que
financiam o processo de constru$o, conduzido sob a coordena$o de um
arquiteto, amplia!se significativamente a diversidade da oferta imobiliria
quanto @ tipologia e padro construtivo. 9mplia!se, tambm, o campo de atua$o
dos arquitetos e consequentemente seu potencial de remunera$o '-2). = mais
vis3vel efeito desse sistema uma qualidade consideravelmente superior da
constru$o mdia nas cidades, o que contribui, somado a outros cuidados de
planeamento no >mbito p0blico, para garantir uma qualidade m3nima das cidades
e de suas paisagens urbanas.
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Elanta do pavimento tipo do edif3cio Bingu R6runo 4anta /ec3lia, 1KS
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somtrica do apartamento do
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imobilirias.httpD[[]]].planalto.gov.br[ccivil^-[leis[2P(.htmRacesso em
1P[2[1(1S
2
Fevo esta diferencia$o, entre condicionantes pragmticos e no!pragmticos, ao
estudo de 6runo 4anta /ec3lia sobre a obra do arquiteto Golo 7aia. /f. 49NB9
/
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extenso do edif3cio conformada por duas empenas estruturais de concreto e um
pilar central. = espa$o de conv3vio, neste caso, incorpora os quartos, mas de
maneira dilu3da e flex3velD os quartos so definidos por armrios mveis e portas
pivotantes piso!teto. /om o recurso do elemento mvel, diferentes arranos so
poss3veis. Eara todo este espa$o, adotado na fachada um mesmo elemento que
caixilho, brise e armrio.
No outro setor longitudinal do apartamento, que complementa o primeiro e com ele serelaciona, concentram!se prumadas hidrulicasD banhos, cozinha, lavanderia e quarto
de empregada. 9 viabilidade deste setor surge no corte. 9 ventila$o da cozinha e
banhos resultado de dutos horizontais compostos pelas prprias nervuras das
laes. 9s duas vigas longitudinais so desenhadas abaixo das vigas transversais, de
forma a permitir que os dutos!nervura atravessem toda a espessura do edif3cio que,
permevel, respira. No desenho da ventila$o est novamente invocado o carter de
artefato da constru$o.I /f. 76:=NB=, 7aria sabel. 0r1s $dif2cios de 3abita()o
para a ormaespa(o& Modulares, 4emini e #rot5tipo. o 4eminrio F=/=7=7= 6rasil,
4o /arlos, out. 1-, p.(2. Fispon3vel emDhttpD[[]]].docomomo.org.br[seminario
Q1Q1pdfs[(:.pdfRacesso em [P[1(-S
(
9 obra de %oo Lilgueiras ima, em especial a fbrica do /B:4 ! /entro deBecnologia da :ede 4arah ! um exemplo relevante dessa lgica. =s diversos
componentes desenvolvidos pelo arquiteto e sua equipe vo de elementos construtivos
a mobilirio e equipamentos, e permite a constru$o de edif3cios de escala e
programa variados, no apenas de hospitais. 9 experi#ncia de constru$o dos B/U5s !
Bribunais de /onta da Unio, em diversas capitais do pa3s, produzindo os
componentes na fbrica de 4alvador e os transportando para montagens nas diversas
cidades resultou em edif3cios invulgares constru3dos com custo abaixo da mdia da
constru$o convencional em tempo reduzido a menos da metade. No caso do B/U de 6elo
;orizonte, no mais do que (1 dias foram gastos das movimenta$?es de terra @
concluso do edif3cio. amentavelmente a economia e a efici#ncia atingidas com a
experi#ncia explicitaram o disp#ndio econMmico e a inefici#ncia dos sistemas de
contra$o e constru$o de edif3cios p0blicos e surpreendentemente o /B:4 foi
proibido de produzir outros edif3cios que no para a prpria institui$o. Lica a
d0vidaD a quem interessa impedir a economia e o avan$o tecnolgico dentro da esfera
p0blica8
((
/hristopher 9lexander desenvolve o racioc3nio sobre a lgica dos sistemas
geradores, que se definiriam por um conunto de elementos e um conunto de regras
que poderiam gerar uma quantidade quase infinita de varia$?es. /f. 9
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do necessrio.I Um extenso panorama sobre a questo da obsolesc#ncia programada no
capitalismo da segunda metade do sculo XX apresentado no filmeD CM#6A6, 076A6,
CM#6A6. 8a historia secreta de la obsolescencia programada.Fire$o de /osima
Fannoritzer. 6arcelonaD :B"
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1-
9lguns exemplos so o
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/f. 49NB9 /