Ministério da Justiça – MJ
ATA da 22ª Reunião Ordinária
Comissão Nacional de Política
Indigenista - CNPI
Período: 10 a 12 de dezembro de 2013
Centro de Formação em Política Indigenista
Sobradinho/DF
Esclarecimentos iniciais
A 22ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista -
CNPI foi antecedida por reuniões, em separado, da bancada indígena e
indigenista, bem como da bancada governamental. A plenária se iniciou no dia 10
de dezembro de 2013, no período matutino, com a presidenta Maria Augusta
Boulitreau Assirati, que moderou toda a reunião, consultando os participantes
sobre os encaminhamentos e, após acordar as deliberações, decidiu-se que a
bancada indígena se reuniria com a Dra. Débora Duprah, do Ministério Público
Federal, suspendendo a plenária no período da manhã para possibilitar tal reunião,
e deliberou o retorno dos trabalhos da CNPI às 14h do primeiro dia conforme a
pauta acordada. O segundo dia, durante o período da tarde, os membros da CNPI
foram participar em agendas externas, daí a reunião foi retomada no terceiro dia,
que transcorreu segundo a dinâmica previamente acordada, os horários foram
seguidos e ao final dos trabalhos a organização agradeceu a presença de todos
desejando boas comemorações natalinas. Segue a relação de participantes,
conforme listas de presenças, anexas a este documento.
Participantes:
Representantes do Governo: José Eduardo Cardozo - Ministro da
Justiça; Maria Augusta B. Assirati - Presidente da CNPI; Juliano Pimentel Duarte
e Daniel Mendonça Lage da Cruz - Casa Civil/PR; Elmir Flach - Secretaria-Geral
da Presidência da República; Frederico Raphael C. D. Brito - Gabinete de
Segurança Institucional/PR; Antonio Alves e Bianca Moura - SESAI/Ministério
da Saúde; Thiago Thobias - Ministério da Educação; André Schiessl - Ministério
do Meio Ambiente; Celiane Santos -Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate a Fome; Cel. Eustáquio B. Soares - Ministério da Defesa; Luiz
Fernando M. Souza - Ministério do Desenvolvimento Agrario; Olga Novion -
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Marcelo Veiga e Natália Dino
- Ministério da Justiça.
Representantes Indígenas da CNPI: Kohalue Karajá, Francisca
Navantino Pareci, Elcio Severino da Silva, Lourenço Borges Milhomem, Simone
Vidal da Silva, Dilson Domente Ingaricó, Lindomar Santos Rodrigues, Luiz
Vieira Titiah, Rosa da Silva Souza, Marcos Luidson de Araujo, Sandro Emanuel
Cruz dos Santos, Marcos dos Santos Tupã, Brasílio Priprá, Valcélio Figueiredo,
Anastácio Peralta.
Representantes de ONGs: Saulo Ferreira Feitosa – CIMI; Daniel Pierri –
CTI.
Demais Participantes: Dra. Deborah Duprat - Ministério Publico
Federal, Kleber Santos, Antonisio Lulu, Winti Suij, Kamilla Pacheco, Jean
Martins, Lucia Oliveira - Funai, José Maria A. e Silva - Funai, Breno Gonçalves,
Uilton Tuxá, Daniel Benites, Paulino Montejo, Alessandra Farias, Jô Brandão,
Rosivaldo Silva, Maria Helena Fialho, Giovana Tempesta, Samira Suelly,
Claudio Lopes de Jesus, Aline Cavalcante, Fernando Viana, Ivan Stibich, Patricia
Chagas, Rafael Wedero, Jaime Siqueira, Dourado Tapeba, Mariana Castilho,
Manoel Prado Junior, Solange Alves.
Secretaria-Executiva do Ministério da Justiça: Teresinha Gasparin
Maglia, Gracioneide Maria Rodrigues e Samira Suelly.
Relatora da Funai: Eliane da Silva Souza Pequeno.
Dia: 10/12/2013, manhã:
Maria Augusta Boulitreau Assirati (Presidente CNPI) – Está aberta a
22ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista. Agradeço a
presença de todos e todas. Registro que temos aí bastante falta na bancada de
governo, mas acho que o pessoal também deve estar chegando. A nossa proposta,
e a Teresinha primeiro dará alguns informes. Está bem, eu estou com aquela do
dia anterior que eu recebi, quevocê me passou.
Teresinha Maglia (Secretaria Executiva-MJ) – É sobre a pauta. Eu não
sei se houve alguma mudança.
Maria Augusta – Vamos consultar, antes, de a gente consultar pessoal
sobre a pauta e a gente definir aqui a nossa pauta, e organizar o nosso trabalho
para esses dias de CNPI. Eu queria pedir para todo mundo, para a gente
homenagear uma pessoa que está fazendo aniversária essa semana, que fez
aniversário ontem, na verdade. E que é uma pessoa que é muito companheira, que
é uma pessoa que tem um compromisso enorme com a pauta, com a CNPI, que
sempre se dedicou integralmente para os trabalhos da CNPI. Que é uma pessoa
amiga, que é uma pessoa que está sempre disposta a nos ajudar, contribuir, e que
soma muito com o nosso trabalho, com a nossa luta aqui na política indianista,
que é a Teresinha Maglia. Registrar também que fez aniversário na sexta-feira
passada, a Natália do Ministério da Justiça, parabéns! O pessoal está ficando mais
velho, o meu já foi faz tempo. Então pessoal, é o seguinte: A pauta que tinha sido
proposta, que é a que está aqui na minha mão, ela previu o seguinte: No dia 09 as
reuniões das bancadas que já foram feitas, hoje na terça-feira primeira parte da
Plenária geral com a discussão de portarias e decretos de terras indígenas. Dia 11,
das 9h às 12h30’ arranjo institucional da FUNAI e PNGATI das 14h às 20h, com
intervalo das 16h30’ às 17h, a pauta 'Educação Escolar Indígena' e 'Saúde
Indígena'. E no último dia, quinta-feira dia 12 das 9h às 12h30’ a pauta seria
'Resultado da Conferência Nacional de saúde indígena' e 'Avaliação do ano de
2013' à tarde, e agenda para o ano de 2014, com o planejamento da Conferência
Nacional de Política Indigenista. Essa era a pauta que estava proposta. Já vou
abrir a palavra para todo mundo se manifestar. Mas ontem, na reunião de governo
a gente fez só uma proposta de adendo a essa pauta, para submeter à Plenária, que
seria juntar a pauta da Conferência Nacional de Saúde que está prevista para
quinta-feira, com a discussão de saúde indígena, que vai ser na quarta-feira à
tarde. Então a gente condensaria e ficaria com um tempo maior para discutir o
planejamento de 2014 e o planejamento da Conferência Nacional. Então essa foi a
proposta que a gente trouxe de governo, e aí eu acho que a Natália também pode
passar o informe sobre a vinda do Ministro aqui hoje à tarde, o horário, como está
previsto, qual a proposta de exposição e debate sobre a minuta de portaria. Para a
gente poder então se acertar, e alinhar e organizar os nossos trabalhos para o dia
de hoje e para os próximos dias, se todos estiverem de acordo.
Natália Dino (Ministério da Justiça) – Bom dia a todos e todas! Como a
Guta falou a gente tem o informe sobre a vinda do Ministro, ele só poderá estar
presente a partir das 04h de hoje no período da tarde. E ele manifestou um grande
interesse de que a discussão da minuta de portaria fosse feita na presença dele,
que ele abrisse essas discussões e estivesse aqui para iniciar o processo de debates
com vocês. Então por conta dessa impossibilidade de horário dele, na parte da
manhã de hoje em razão de uma viagem, a gente gostaria de solicitar a alteração
da pauta para que a minuta de portaria seja debatida na parte da tarde de hoje e
também na parte de amanhã, tanto pela manhã, quanto pela tarde, conforme seja
de interesse da bancada.
Maria Augusta – Obrigada Natália, pessoal só um último informe: A
Teresinha passou para todos nós a síntese e a ata da reunião passada da CNPI,
como eu acho que ninguém teve tempo de ler porque ela mandou ontem à noite, a
gente pode fazer a aprovação das atas no final da reunião, obrigada. Está aberto
então para a gente definir aí os nossos trabalhos quem quiser sugerir e contribuir.
Sandro Tuxá – Bom dia a todos e todas! Sandro Tuxá, pela região leste e
nordeste. Ontem nós tivemos a oportunidade de poder sentar na nossa bancada
pela manhã e pela tarde, e fazer uma leitura muito aprofundada sobre o cenário
atual, sobretudo em relação a questão da portaria. A gente concorda com o
encaminhamento de podermos pautar a portaria na tarde, depois da apresentação
da portaria nós podemos ouvir o Ministro e nós fazermos o encaminhamento que
aqui determinamos em grupo. Como nós já estamos a duas reuniões aguardando o
posicionamento, sobretudo do Ministro, voltado às demandas que foram
apresentadas na mesa de negociação, na mesa de articulação do movimento
indígena, reuniões até que houveram posteriormente as reuniões da CNPI,
tentando estabelecer um diálogo sobre os implementos que foram apresentados.
Como encaminhamento, e aproveitando também a presença da nossa digníssima
Dr. Débora Duprat, nós gostaríamos de poder aproveitar essa manhã. E aí é um
encaminhamento que nós fazemos, para podermos sentar entre bancada indígena
novamente, porque aí já é uma oportunidade ímpar, a presença da Dr. Débora,
para a gente nivelar às informações a cerca não só da portaria, como de outros
encaminhamentos que foram feitos diante da mobilização que houve. Nós
tivemos algumas dificuldades para alguns parentes vieram chegar posteriormente,
a gente não conseguiu nivelar todas as informações. A gente gostaria de poder
contar com o apoio da bancada de governo, para a gente poder ter esse momento
em reservado com a bancada indígena, para a gente poder realmente se debruçar
em relação às atividades da CNPI no primeiro horário da tarde e a pauta sendo
retomada no período da tarde.
Simone Karipuna – Simone Karipuna, região amazônica, estado do
Amapá e norte do Pará, representando aqui nessa Comissão. A gente também
deliberou pela reunião da bancada indígena e indigenista, também que a gente
pudesse aqui levar como encaminhamento para a pauta, que fosse revisto os
últimos encaminhamentos feito pela bancada, para que o Ministro trouxesse para
a gente em relação à questão das terras. A FUNAI. Houve encaminhamentos, que
a gente retome agora, para que a gente não fuja da nossa pauta, porque até então
não foi respondido. Então isso foi uma deliberação da reunião da bancada
indígena e indigenista ontem, que a gente retome isso, como o Sandro já falou
também essa questão da gente poder ouvir o Ministro, no momento dispor sobre a
portaria também, foi uma decisão conjunta, e também depois de ouvir, deliberar.
E posteriormente continuar verificando a questão da pauta, verificando a questão
da PNGATI, também que a gente vai ter o momento de fazer conversa, também já
tem a questão da saúde. Isso! Então a gente seguir um pouco, acho que seria
interessante que a gente pudesse rever agora o momento como que vai se dá daqui
para frente. O momento de resposta das solicitações que foram feitas em relação
aos últimos encaminhamentos pela gente, tem um documento em relação a isso,
para que a FUNAI, tanto o Ministério da Justiça, traga para a gente essa resposta
e a Casa Civil também.
Dourado Tapeba – Da mesa de diálogo, região nordeste. Queria reforçar
as falas do Sandro e da Simone em relação à questão da portaria, porque na outra
reunião que a gente teve com o Ministro, agora sexta-feira, foi quinta-feira, a
gente propôs a questão das consultas nas bases. E a nossa preocupação é que não
deixar a cargo só da CNPI, porque é uma preocupação muito grande dos povos
indígenas, as bases. E aí a proposta de que o Ministro, sobre a portaria, mas que
não se faça debate, porque nós temos que debater nas bases, para poder a gente ter
realmente aqui uma situação mais esclarecida pelo nosso pessoal da base. Porque
a preocupação é de fazer o debate aqui e ficar como consulta ao CNPI, mas na
realidade as consultas primeiramente nas bases para depois colocar, era isso.
Saulo Feitosa – Sem prejuízo dessa proposta que a bancada indígena está
fazendo, eu queria sugerir mais um tema para pauta, que é o PLS 236, que trata da
mudança do Código Penal, eu considero importante a CNPI ter informações e se
posicionar. Até porque a própria Procuradoria da FUNAI trabalhou na proposta
que contribuiu com a Comissão, e agora a relatoria do senador Pedro Taques está
fazendo umas mudanças muito ruins, umas propostas de alteração de emendas,
em uma perspectiva bem colonialista, bem tutelar. Acho que até aproveitando a
Dra. Débora, que veio do Ministério Público para também ter uma conversa, a
gente poder chegar até o relator.
Maria Augusta – Bom pessoal, então a proposta que está colocada na
mesa é: Fazer uma suspensão dos trabalhos agora pela manhã, para a bancada se
reunir com a Dr. Débora e retornar os trabalhos da Plenária às 14h, com a pauta
que está colocada aqui. Então iniciaríamos. Quer falar Simone?
Simone Karipuna – É só levando em consideração esse encaminhamento
que a gente deu, e que a gente consiga rever os últimos encaminhamentos que
foram dados nas últimas reuniões da CNPI, está bem.
Maria Augusta – Então vamos ver se eu consigo sintetizar: Então haveria
essa suspensão agora, vocês fariam uma reunião com a Dra. Débora, vocês estão
solicitando isso na verdade, retornaria os trabalhos na Plenária às 14h, com a
pauta territorial. Ou seja, dividida em dois momentos, a discussão, a apresentação
do Ministro da portaria com os encaminhamentos necessários e o tratamento dos
últimos pontos de pauta, das últimas reuniões, que não tiveram ainda concretude,
não tiveram uma resposta ainda concreta em relação ao que foi colocado e
discutido nas últimas reuniões. E o Saulo está propondo um acréscimo da
discussão do PLS 236, que eu vou fazer uma proposta rápida para ver se a gente
encaixa aqui, e nos outros dias seguiríamos com essa proposta de pauta que foi
colocada aqui. Amanhã pela manhã discutiríamos os avanços e desafios, que
estão colocados em relação às ações da FUNAI e a PNGATI, durante a parte da
tarde a pauta 'Educação e Saúde indígena', e no dia seguinte pela manhã. Aliás,
planejamento de 2014 e Conferência Nacional de Política Indigenista. Eu queria
só fazer uma proposta, antes de abrir para a Plenária avaliar essa colocação que
foi colocada aqui pela bancada indígena, se a gente não aproveitaria então a
presença da Dra. Débora, para agora rapidamente fazer um debate sobre o PLS
antes da reunião de vocês, sugestão, está bem? Então está aberto aí para a gente
deliberar sobre a proposta que está.
Saulo Feitosa – Guta, a minha proposta, como o PLS, ou seja, não tomou
conhecimento dele, a minha proposta era que, não agora, mas que a gente pudesse
ter um momento para informar. E a gente fazer alguma deliberação no contato da
própria CNPI com o senador Pedro Taques, para uma conversa com ele, depois
não necessariamente a gente ocupasse o tempo para debate, dado que tem essa
urgência da minuta.
Maria Augusta – Então vamos tentar encaixar na sexta-feira pela manhã
o debate do PLS, acho que talvez o próprio Saulo possa trazer os informes, a
gente pode trazer também o pessoal da nossa Procuradoria para contribuir no
debate. E aí não sei se a Dra. Débora vai estar aqui na sexta, não. Quinta
desculpa, por que eu estou falando sexta? Mas aí a gente discute, qualquer coisa
eu mando o material para o MPS, faz a comunicação por escrito. Tudo bem
gente? Todos em acordo com essa proposta? Ok? Então vamos retornar à reunião
às 14h, 14h30’ aqui na Plenária da CNPI, é isso Teresinha? 14h30’? Está bem,
almoçam aqui, 14h então, está bem gente? Retomamos a nossa reunião. Obrigada
então e até de tarde.
Dia: 10/12/2013, tarde:
Maria Augusta – Boa tarde. Nós estamos retomando aqui, o segundo
período da nossa reunião, tivemos uma parada técnica de manhã, e não sei quem
estava pela manhã na reunião, se a bancada indígena junto com a doutora Débora,
se tem alguma proposta de encaminhamento para gente começar a nossa reunião,
já que a previsão de chegada do Ministro para gente começar a pauta fundiária às
16h. Queria registrar aqui a chegada de mais algumas pessoas do governo, Tiago,
que não estava, enfim, tem mais um pessoal da FUNAI que chegou também, a
Giovana da Coordenação de Identificação e Delimitação, Carolina. Vocês tem
alguma proposta gente, para antes da chegada do Ministro, a gente já começa
organizar um pouco a pauta. Nós trouxemos aqui também, resgatamos o
documento da penúltima reunião da CNPI, que a bancada indígena apresentou ao
governo, que vai ser, também, discutido aqui, quando o Ministro chegar, com
aqueles pontos de pauta, que precisam ser retomados e serem rediscutidos com a
reposta do governo. Não sei se vocês pretendem que a gente releia aquele
documento, que a gente use esse momento para aprovar as atas da última reunião,
enfim. Aprovação das atas então? Todo mundo conseguiu ter acesso e ler as atas
da 21ª?
Teresinha Gasparin Maglia– Presidenta, com licença. É interessante o
pessoal lembrar que a ata, é uma degravação, ou seja, está na íntegra o que vocês
falam em plenária, até se vocês suspirarem, ou espirrarem vai aparecer aí, não, eu
estou brincando. A gente sempre manda, faz a síntese, e eu peço desculpa por ter
mandado só ontem, mas a síntese, tanto a síntese quanto a degravação, só chegou
até nós na sexta feira, aí, eu trabalhei final de semana e ontem à noite até 1h30’ da
madrugada, para conseguir fazer com que chegassem a tempo de nós
conseguirmos aprovar hoje. Quem não teve acesso, seria bom dar uma olha, mas
ela é na íntegra, como cada um de vocês fala, aí, vê presidenta se quer aprovar
igual ou se querem esperar o pessoal dar uma lida, e se precisarem também, a
gente pode imprimir, hoje a noite a gente pode imprimir e trazer amanhã, para o
pessoal ter acesso. Obrigada.
Maria Augusta –Bem colocado esse esclarecimento, importante, pela
Teresinha, eu acho que a gente, enfim, se vocês quiserem esse tempo para ler a
memória, alguém tiver alguma consideração a gente pode dar esse tempo.
Podemos então, aproveitar para resgatar aquele, fazer uma leitura do documento
que foi apresentado pela bancada, na penúltima reunião, e que a gente também,
como foi sugerido, e encaminhado aqui hoje pela manhã, tratar dessa pauta
também, assim que o Ministro chegar para participar da reunião com a gente.
Tem acordo em relação a isso? Vocês querem fazer a leitura vocês, alguém da
bancada, ou querem que a gente leia? Bom, “Brasília, 23 de agosto de 2013,
senhores e senhoras membros da Comissão Nacional de Política Indigenista e
demais convidados presentes, considerando o Regimento da CNPI, em especial o
que trata do objetivo desta Comissão, considerando que essa reunião
extraordinária tem o objetivo de avançar nas demandas apresentadas, sucessivas
vezes, nas últimas reuniões da CNPI e condensadas em cartas para a Presidenta
Dilma, a qual se comprometeu, com os líderes indígenas, a avançar na
implementação dos nossos direitos, inclusive, determinando aos seus ministérios
auxiliares, e em especial ao Ministério da Justiça, maior empenho nesse sentido,
reafirmamos que o tema terra é imprescindível e prioritário aos povos indígenas,
mas tem se apresentado uma série de entraves e investidas de retrocesso aos
direitos territoriais. Considerando que os procedimentos de regularização
fundiária das terras indígenas estão respaldados na Constituição Federal e no
Decreto 1775/96, sendo este os instrumentos legais que devem orientar os
procedimentos demarcatórios, é necessário estabelecer os prazos e ter a
seriedade em responder aos povos indígenas, sobre a implementação de seus
direitos. Portanto, após receber as informações prestadas pela Funai, sobre a
questão fundiária, discutir em grupos regionais, analisar a situação
administrativa, politica e jurídica das terras indígenas nos Brasil,
recomendamos, que a Funai emita até a próxima reunião da CNPI, proposta
para o início de outubro, as portarias de delimitação, das três terras indígenas,
para as quais não há nenhuma pendência técnica que impeça o avanço do
procedimento. A saber, Terra Indígena Tapeba, Ceará, Terra Indígena Mato
Castelhano, rio Grande do Sul e Terra Indígena Kaxuyana/Tunayana no Pará.
Que no mesmo prazo, o Ministro da Justiça emita as portarias declaratórias das
sete terras indígenas, para as quais não há nenhuma pendência técnica que
impeça o avanço do procedimento, conforme anexo. Que no mesmo prazo, a
Presidência da República emita os decretos de homologação, das quinze terras
indígenas, para as quais não há nenhuma pendência técnica que impeça o
avanço do procedimento, conforme anexo. Que no mesmo prazo, a Presidência
da República emita os decretos de desapropriação, das duas terras indígenas,
para as quais não há nenhuma pendência técnica que impeça o avanço do
procedimento, conforme anexo. Que a Funai não paralise os oitenta e três
estudos de identificação e delimitação, que estão em curso, além dos vinte e sete
processos de demarcação física e os quarenta e dois processos de pagamento de
benfeitorias, ver anexo e traga prazos concretos para a finalização de cada um
deles na próxima reunião da CNPI. Que a Funai traga na próxima reunião, a
lista da totalidade das terras reivindicadas para as quais não há nenhum
processo administrativo instaurado, para que as comparemos com nossas
próprias listas, também em anexo, e esclareça prazos concretos para a criação
de GTs para essas terras. Reiteramos que a metodologia para o avanço nas
mesas de diálogo, já foi acordado em plenária, e elas devem ter espaço na
própria CNPI, sem a redução da bancada. Ouvindo que o governo é contrário à
PEC 215 e PLP 227, esperamos empenho para rejeição dessas propostas no
Congresso Nacional, pois se caso aprovadas, podem acabar com nossos direitos.
Da mesma forma, as 19 condicionantes discutidas pelo STF, no caso Raposa
Serra do Sol, não estão julgadas e nem transitada em julgado, portanto a
Portaria 303 não faz sentido, devendo ser revogada em definitivo. Como ato
simbólico com os Povos Indígenas, esperamos um sinal do Estado Brasileiro, que
quer ter um diálogo sério e transparente, por isso, reiteramos o pedido de
criação do Conselho Nacional de Política Indigenista, por decreto presidencial,
seguindo a resolução da última reunião da CNPI, como medida justa e
necessária. Atenciosamente. Bancada Indígena da CNPI, APIB, e demais
lideranças e organizações indígenas convidadas.” Daí, seguem os anexos com as
áreas indígenas aguardando a declaração e outras, a identificação, aliás, para
declaração e homologação. E, a ata da reunião preparatória que reencaminha essa
proposta. Aberta a palavra para apreciação.
Marcos Xucuru –Marcos Xucuru, da região nordeste e leste. Bom,
Presidenta, feito a leitura dos últimos encaminhamentos da Comissão Nacional de
Política Indigenista, e acordado assim, por todos, ficamos apreensivos, inclusive,
com a mudança de pauta, nos últimos dias ao chegarmos aqui, onde, na verdade,
nós esperaríamos tanto do Ministro da Justiça, quando do Gilberto Carvalho e da
própria Funai, a apresentação, real, de todas essas demandas que a Comissão
Nacional, incansavelmente, vem colocando e pautando nessa Comissão. Bom, de
modo que, só o Ministro da Justiça poderá, até porque, ele ficou com a
incumbência dessa mesa de diálogo, e o Gilberto Carvalho também, com o
movimento e, principalmente, a pauta que foi trabalhada com a presidente Dilma,
e o foco dado foram às demarcações das terras indígenas. Inicialmente, é o
primeiro item da pauta do movimento, porque entendemos que sem terra, sem
resolver esse imbróglio das demarcações das terras indígenas no país, nós não
teremos avanço na construção da política indigenista. Então, de fato, fazendo essa
memória, do que nós já encaminhamos, precisamos, de fato, de que haja umas
respostas, imediatamente, por parte do governo, em relação a essa pauta
específica. De modo que eu acho, que precisa da presença do Ministro para poder,
fazer com que, ele nos apresente, concretamente, esses avanços ou as propostas
que foram colocadas aí, das portarias, até porque, como a gente está vendo, que
estamos enxergando que há uma intencionalidade, no sentido de enfraquecer o
trabalho, inclusive, da Funai. A Funai não consegue mais publicar um relatório, a
Funai não tem mais essa incumbência que, na verdade, faz parte do seu trabalho.
Não se consegue, a gente tem visto que na última reunião, na penúltima reunião
que tivemos. Inclusive, abrindo um parêntese aqui, o que aconteceu em Alagoas,
com a retirada do grupo de trabalho da Funai, pelo Ministro da Justiça, em virtude
de uma conversa com Renan e com Collor de Melo, isso é de um absurdo tão
grande. Porque a Funai, ela perde toda a sua capacidade, tanto localmente, como a
nível central de poder se pronunciar, em relação a sua própria atividade, a sua
incumbência, enquanto órgão indigenista. O que aconteceu também, no Ceará,
com o povo Tapeba, e nós, incansavelmente, falávamos para o Ministro: “Não
faça isso, porque isso é extremamente complicado.” Mas mesmo assim,
aconteceu, a mesa de negociação lá no Ceará, e as informações, inclusive,
Dourado Tapeba que está aqui, é que mesmo tendo essa conversa lá no Ceará,
com o governador, com os políticos lá na região, posteriormente, o governador
entra com ação judicial contra a portaria. Então, assim, o Ministro termina tirando
a força da Funai, dando oportunidade aos latifúndios, aos grandes empresários e
os políticas, incidirem nas demarcações de terras indígenas e por outro lado,
enfraquecendo a Funai, e isso, de fato, é muito complicado. Quando chegamos
aqui, e temos uma proposta dessas, de minuta e que onde ele quer concretizar e
colocar no papel, exatamente esse pensamento, enfraquecendoa nossa Instituição,
que é o que nos resta ainda, é a FUNAI, e que a gente, na verdade, precisa é
fortalecer ela, isso é muito complicado. Então, não houve avanço por esse lado,
de que deveria se dar respostas, já deveria ter dado, porque nós temos muitas
terras aí, que não tem problemas judiciários, tem terras que, simplesmente, usar o
poder da caneta dele e publicar essas portarias, e o que a gente vê é o contrário.
Não se demarca mais terra, não se consegue avançar nessa pauta, e nesse
governo, principalmente, não temos esse ano mesmo, foi um fiasco, um desastre
total, em relação a essa pauta de terras, no nosso país. Só tende os conflitos a
aumentarem, porque, quando eu falava para ele, na última reunião, se isso não
ocorrer nós vamos fazer auto demarcação, nós vamos ter que ir para o
enfrentamento, não tem outra alternativa e, com certeza, iremos ser prejudicados,
porque vidas, tenho certeza, que vai ser tiradas, tenho plena convicção disso. A
gente remete isso ao próprio estado brasileiro, que não cumpre com o seu papel,
que é fazer cumprir o que manda a Constituição Brasileira, que é demarcar nossas
terras, que vem passando por um processo pós-constituinte, que tinha um prazo
estabelecido, que ainda hoje, o estado brasileiro tem essa dívida, em relação à
demarcação das terras indígenas. Então, era um pouco isso que eu queria falar.
Saulo – Aproveitando que o Marcos se reportou a reunião passada,
quando veio uma delegação do povo Xucuru-cariri de Alagoas, na delegação veio
Antônio Celestino, que falou em nome da delegação. Uma das lideranças que
acompanhou foi o Jecivaldo Xucuru-Cariri, que infelizmente faleceu semana
passada, 56 anos, em uma situação muito parecida ao que aconteceu com a
Maninha, ele foi levado ao hospital, os médicos medicaram com analgésico, ele
volta para casa, só que o caso dele era trombose intestinal, ele faleceu por
negligência médica. Pelo que eu tenho acompanhado, durante essa luta do povo
Xucuru-cariri, para demarcar aquela terra, já é a quinta liderança, então, há uma
geração, acho que daquela primeira geração, só resta seu Antônio Celestino.
Jecivaldo, um homem lutador, eu conheci Jecivaldo, morreu aos 56 anos, era
sempre perseguido, sempre ameaçado de morte, no momento que o grupo estava
trabalhando, na área, é retirado, e mais uma liderança que morre frustrada, diante
da sua luta, porque, mais uma vez a expectativa da demarcação foi frustrada,
realmente. É para registrar, fazer a memória dessa pessoa que eu considero uma
das lideranças, mais importantes do país, grade guerreiro, era um homem da luta
de base, articulava todo o Estado dele, e foi o grande companheiro da Maninha,
ele era sempre o apoio na comunidade. Então, só para aproveitar e fazer o registro
e mais uma vez protestar que o Estado vai protelando, vai arrastando os conflitos
e as pessoas vão morrendo, sejam assassinadas ou por fatalidades como essa.
Sandro Tuxá –Sandro Tuxá pelo Leste Nordeste. Eu fico apreensivo com
esse novo cenário, que não é tão novo assim, e trago esse sentimento
compartilhado aí, com o Saulo, e com os parentes que aqui estão, porque nós
estamos debruçados, desde 2007, sob a CNPI. Além da pauta de terra, uma puta
que nós julgamos importante era a pauta da criação do Conselho, mas, lógico, não
se avançamos tanto quanto questão do Conselho, que não foi aprovado até agora,
e diante da falta de resposta sobre a inúmeras reinvindicações que trouxemos
aqui, sobre tudo a falta de respostas com as resoluções que foram criadas nessa
Comissão, nós resolvemos ter uma resposta pontual do governo. Não foi fácil
para nós, superarmos a problemática do que é importante, do que é prioritário, do
que é demanda para já, porque para nós todas as terras indígenas são demandas
para já. Então, se debruçamos mesmo assim, passamos vários dias, exaustivos aí,
em termos de debates, para classificar terras prioritárias, e respostas emergentes
em relação a essas terras, sobretudo levados em conta à questão da problemática
local. Eu estive conversando com alguns parentes do Sul, sobretudo, e trazendo a
fala de Saulo aí, de um guerreiro que nós perdemos, recordei que a cada mês,
morrem várias lideranças no Sul, não é um não é dois, e tudo isso está ligado a
terra, tudo isso relacionado ao conflito fundiário. Nós não podemos deixar de
falar, de é nesse tempo de CNPI, é nesse tempo de articulação de movimento,
frete as demandas do movimento, e do governo que mais lideranças foi vitimadas.
Nós trouxemos, na última reunião da CNPI, dados atualizados, por contas dos
conflitos fundiários que nem me recordo mais, centenas de lideranças foram
vitimadas por conta do conflito fundiário. A resposta que temos é que os conflitos
fundiários gera a desordem no campo, gera criação de quadrilha, de máfia
indígena, frente à luta por terra, e isso acaba sendo pactuado por muitos, dada a
falta de resposta por parte do governo. E o que é impressionante, é que mesmo
agente chegando a esse entendimento, mesmo a gente superando as nossas
limitações e tentando pautar o governo para um direcionamento, uma resposta, a
gente não consegue. Acreditávamos, nós, ingenuamente, que esse ano seria um
ano de resposta e por isso, pautamos de forma incisiva buscando essas respostas,
sobretudo na questão da terra, não tivemos resposta, não chegou nenhum
entendimento por parte do governo, os processos que estão sendo encaminhados,
que chegam a Casa Civil é terra indígenas aprece que põe uma pedra em cima. Eu
acho que a gente precisa, como eu estava dizendo, se respeitar, a gente precisa se
respeitar, e parece que esse respeito está vindo só da parte dos indígenas, eu não
estou falando dos representantes do governo que estão aqui, eu estou falando da
cúpula do governo, núcleo duro do governo, que não querem dar as respostas para
nossas principais demandas. Há tempo que nós estamos discutindo uma pauta,
outra pauta é criada, e a gente não consegue entender porque, essas outras pautas
são criadas, porque o governo estabelece como norte a Comissão Nacional de
Política Indigenista, e a cada momento, uma realidade é trazida, para dar umas
respostas, não aos indígenas, mas para a bancada ruralista, porque até agora, até
nos prove o contrário, essa portaria nos representa isso, o entendimento de dar as
respostas e tirar as tensões do Congresso e dar as respostas que a bancada
ruralista tanto busca. Em tempo que nós estamos a debruar sobre essa portaria, a
gente vê pareceres do núcleo agrário, do próprio Partido dos Trabalhadores,
contradizendo a mesma, se reunindo e dizendo que ela ameaça o próprio ato
institucional da Funai, e fragiliza o órgão, por isso se levantam contra. Então, eu
concordo como Marquinho, até por uma questão de se respeitar, o respeito é
mútuo, é preciso que nós, realmente, começamos, nessa reunião da CNPI, tendo o
posicionamento do Ministro, porque nós não estamos aqui para brincar, nós
viemos na qualidade de representante indígena, liderança de nossas comunidades
e nós não estamos conseguindo levar essas respostas. O Ministro tem que dizer
isso, porque nós não temos as respostas, porque é que ele não está conseguindo
emplacar e porque ele não respeita as pautas da nossa CNPI. Nós achávamos, só
para frisar, e o Marquinho lembrou bem, que aqui, ele iria, podemos nos
surpreender também, pessoal, de repente o Ministro chega aqui com várias
portarias para serem declaradas, encaminhadas por ele. É isso que nós
aguardamos.
Anastácio Peralta –Boa tarde. Anastácio Peralta Guarani Kaiowá, Mato
Grosso do Sul. Eu acho que, desde 2007, a gente vem falando a mesma coisa,
acho eu o governo criou uma ouvidoria, dentro da CNPI, de se especializar em
escutar, só escuta, mas não encaminha nada, e a gente tem que mudar essa
política, porque de 2007 até agora, a gente não conseguiu avançar em nada. A não
ser os nossos parentes assassinados, assassinados por pistoleiros, e ultimamente, a
própria polícia matando liderança. Então, eu vejo assim, qual a responsabilidade
que o estado brasileiro tem, e o compromisso que tem com povos indígenas, que
nós somos daqui, somos primeiro daqui, originários, como diz a Constituição, só
que não é respeitado, até aprece assim, vejo eu só tem uma política, uma política
do agronegócio, uma política que o boi vale mais que uma criança, a soja vale
mais que um pé de cedro, agora é a cana que está aí. O povo, principalmente, o
pessoal do agronegócio está se organizando, fazendo leiloes, arrecadando
dinheiro, para matar índio, não é para resolver o problema do nosso estado
brasileiro. Eu vejo que a justiça tem que tomar uma posição nisso. Eu estive
acompanhando um pouco a situação dos leilões, e também a nossa, eles estão aí,
pronto, eles não precisa fazer leilão para criar milícia, eles já tem a milícia, que é
apropria Polícia do Estado, e ninguém toma providencia, e os indígenas, nós
indígenas, Guarani Kaiowá, já tomou uma posição, pode construir lei, pode
construir o que for,ou portaria, nós vamos continuar ocupando as nossas terras,
por quê? Porque o estado não dá um resultado para nós, e esses fazendeiros se diz
dono da terra, eles não são dono da terra, porque quando eles chegaram aí, nós já
estávamos aí. Então, o estado brasileiro só tem de política de três eixos, um é o
latifundiário, o banqueiro e o grande empresário. Então, o governo brasileiro,
atende. A economia está acima das questões sociais, o ser humano. Então, a gente
precisa mudar esses servos deste país. Até esses tempos, eu fui ao Congresso
Nacional, achei que todo mundo discutia Direitos Humanos, mas lá é direito do
boi, da soja, direito do minério, não é Direito Humanos, isso é o estado brasileiro,
que se diz um estado brasileiro, um país, como dizia o Lula: “Um país de todos.”
Eu vejo que é um país de alguns. Então, se nós não tomarmos providência logo,
na demarcação das terras, e vão acontecer muitas coisas ruins, e ruins par ao lado
mais fraco, que é os indígenas, e tem uma frestrinha lá, para mostrar que é a
nossa mama. Quem vai morrer somos nós, é muito feio para um estado brasileiro,
que é soberano, não tomar uma posição de justiça, esse nome chama justiça, de
portaria em portaria, vai tirando o nosso direito. Então, a justiça precisa tomar
uma posição, que continua, nós indígena vivendo, porque nós fazemos parte desse
país, nossa cultura, as nossas tradições, a nossa língua, achamos que as nossas
línguas é que são brasileiras, que a gente fala português, língua de outro país.
Então, a gente precisa tomar uma posição, imediato, e o governo brasileiro, ele
não está a serviço de defender direito indígena, ele está a serviço de defender a
economia, eu sempre tenho falado que boi não vota, nem soja. Então, tem que
tomar muito cuidado com quem eles estão aliados. Era isso, muito obrigado.
Dourado Tapeba –Boa tarde a todas e a todas, Dourado Tapeba, Ceará.
Na mesa diálogo, eu represento a região nordeste. Eu queria fortalecer as falas
que foram feitas aqui já. Fico assim, me perguntando que todas as falas que vocês
vão falar aqui, todas elas são repetidas, de reuniões anteriores, a gente foi criado a
mesa de diálogo com a presidente Dilma, com os Ministros, e essa mesa de
diálogo não está funcionando como deveria funcionar. Quer dizer, nós pedimos as
demandas, que foi lida aí, pelo Marquinhos, e na realidade, as demandas que nós
colocamos para que o governo respondesse, ele está mandando para nós, como
cabe essa portaria, coisas que vai cada vez mais piorar em relação ao nosso
acesso, as nossas terras indígenas. Aí, colocando aqui, também, eu queria até
inteirar o apoio que nós temos do Ministério Público, a doutora Débora, a doutora
Eliana, que muito nos ajudou também, e também, reiterar o compromisso com a
questão dos povos indígenas, mas eu fico preocupado, porque muitas vezes tem
traidores dentro desses órgãos. Porque, como foi colocado aqui, o govenador, ele
entrou com a contestação, para o governador entrar com a contestação,
imediatamente, é preciso que alguém passa a informação para ele. Eu quero dizer
com toda sinceridade, eu tenho toda confiança no seu trabalho, sei que não é de
você, mas eu acho que dentro desses órgãos indigenistas, deve ter alguém
repassando informações, para que essas coisas aconteçam, a questão das
contestações. É por causa do Pitaguary também, no Ceará, tem uma ação na
justiça que está, praticamente, perdida, por causa dos prazos que a própria Funai
também, perde, a Procuradoria Jurídica da Funai, perde muito prazo, a Rosa está
aí, testemunha. Então, eu queria só, como discuti, porque não dá mais para nós
ficar repetindo o que nós dizemos nas reuniões anteriores, eu acho que eu não
queria estar nesse lugar nesse momento, porque eu tenho certeza que você
gostaria de resolver tudo, pelo menos uma parte, mas você não está tendo o apoio
que o Ministério da Justiça tem que dar, para que a coisa acontecesse. Porque, se
você tivesse o apoio integral, essas portarias não sairiam para prejudicar, cada vez
mais, os estudos das terras indígenas, que estão aí, para serem estudados. Então,
eu queria estar colocando essa minha insatisfação em relação a isso, e dizer que
nós, movimento indígena, temos que fazer a nossa parte, temos que fazer o
movimento mais forte, sair desse momento amistoso, e partir, realmente, para o
avanço, como nós fazíamos antes. Achava que esse governo de esquerda, que não
é mais de esquerda, que ia resolver o problema, nós fomos enganados, nós
estamos sendo atropelados, inclusive, a gente fica preocupado porque, o próximo
ano é ano de eleição, e esse governo não está fazendo nada para que aconteça a
questão para os povos indígenas. É um governo anti-indigenista, infelizmente, eu
tenho que dizer isso, achava que talvez a redenção de nossas terras, de nossos
povos indígenas, o retorno de um trabalho coletivo, entre todos os povos, mas aí,
eu me enganei, todos nós nos enganamos; Mas nós temos esperança, nós não
vamos se suicidar, nós vamos cada vez fortalecer essa luta, eu tenho certeza que
um dia nós venceremos. Era isso, obrigado.
Maria Augusta– Obrigada Dourado. Brasílio.
Brasílio Priprá – Boa tarde a todas e todos. Eu quero só complementar o
que os companheiros falaram aí, o que é lamentável, é que os povos indígenas, o
verdadeiro brasileiro, os verdadeiros mesmo, eu estou falando o verdadeiro,
aqueles que são verdadeiros brasileiros, que gosta, realmente, que são do meio
ambiente. O que eu fico preocupado, é que todo esse povo que está no Mato
Grosso, Rondônia, são pessoas que vieram lá do sul, tiraram na década de 50 a
terra dos povos indígenas lá, hoje vem para o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
retoma de novo outras terras e força o governo, dizendo que eles que tem o
direito. É lamentável, e o governo, o governo que se diz do povo, que é para ser
do povo não tem coragem de enfrentar, 50, 100, pessoas que são latifundiários.
Então, o povo tem direito a 50 hectares, 100 hectares, agora umas pessoas têm
direito a 10.000 hectares, 100.000 hectares. Então, para o povo que é dono desse
país, que aqui estiveram por amor a esse país, não vieram para explorar esse país,
são verdadeiros brasileiros, são verdadeiros que cuida do meio ambiente
brasileiro, hoje precisa engatinhar, chorar, perante o governo para, pelo menos,
ter o direito a terra, que governo é esse? Eu me orgulho de ser brasileiro, vou
morrer com orgulho de ser brasileiro, ser indígena, porque tenho orgulho do meu
sangue, tenho orgulho do meu país, mas quando e vejo essas poucas pessoas que
não respeitam os verdadeiros brasileiros, eu fico triste, mas vou morrer lutando,
porque tenho meus filhos, os meus netos. Eu luto é por amor, amor sim, a essa
terra, a esse Brasil que é tão bonito, esse Brasil que é invejado por outras pessoas
que vem aqui, e se acovarda contra o verdadeiro brasileiro e o governo não tem
coragem. Nunca nesse país, em 513 anos, os povos brasileiros estiveram em uma
situação tão difícil, que estamos passando no século 21, onde deveria ser
diferente. Então, na verdade, é lamentável, é triste, às vezes, a gente repete quase
as mesmas coisas, porque? Porque nada anda, quando se apresenta um
documento, a gente pensa que é favor a gente, muito contrário, é para recalcar o
povo brasileiro, o verdadeiro povo brasileiro, e não são só os povos indígenas
não, é os quilombolas, os pequenos agricultores. Parece que fala na sociedade
total do Brasil, não, é 50, 100 pessoas que faz isso, e o governo tem medo desse
povo, o governo está sendo covarde, por causa de 100 pessoas, que querem terra
indígena, que não compraram, não é dono, mata índio para ser dono das coisas,
não tem respeito, não tem sentimento, não sabe o que é amor, só sabe o que é
ganância. Talvez hoje eu estou aqui, amanhã não sei, não sei se estou aqui, mas
vou morrer lutando e sempre falando a verdade, porque o nosso compromissos,
do Conselho Nacional de Política Indigenista, a qual todo mundo lutou, para se
criar uma mesa de diálogo com o governo, é para defender os direito indígenas.
Vamos lutar, podemos perder, mas sendo sinceros honestos e responsáveis, temos
certeza, presidente, que a senhora também, tem esse respeito, e tem essa vontade
que as coisas andam, mas nós da CNPI e do Conselho Nacional, reconhecemos do
que tem limite. Eu gostaria que o Ministro estivesse aqui, eu gostaria de ter a
possibilidade de conversar com a presidente Dilma, se, realmente, ela ama esse
país, para ela provar que ela ama esse país, ela tem que cuidar do verdadeiro
brasileiro, ela deve se espelhar em uma pessoa que faleceu e que ela foi visitar
Nelson Mandela. Eu gostaria que nascesse um brasileiro aqui, e chegasse à
Presidência da República, que tivesse respeito ao verdadeiro povo brasileiro, e
honrasse essa bandeira brasileira, que tem muito brasileiro que honra, mas precisa
sim, nascer uma Mandela aqui nesse país, para defender os direitos indígenas e
que faça ser respeitado. Muito obrigado.
Maria Augusta– Obrigada Brasília. Winti.
Winti Suyá –– Boa tarde a todos. Meu nome é Winti, sou povo Kĩsêdjê
do Xingú. Estado de Mato Grosso. Venho representar esse grupo de 16 povos
indígenas do Xingú. Eu só queria perguntar para a presidente, o que você sente
com esse espaço chamado CNPI? Que a gente ouve falar que é mesa de diálogo
com o governo, indígenas, indigenistas com o governo, as empresas. Neste
momento, eu sempre ouvi que nesse espaço, como espaço de uma discussão, é
inválido, esse espaço de CNPI, porque eu falo isso? Parece o governo não tem
mínimo respeito pela decisão de diálogo por esse povo brasileiro que está aqui
tentando colocar a sua posição em cima, que querer fazer, que as coisas ande de
uma forma, legalmente, com consideração de políticas, de entendimento, em
frente com indígena e com não indígena. Cada vez mais que o indígena faz, e
coloca, e consegue seu espaço, política e governo ameaçam esse espaço e não dar
valor para esse espaço de diálogo. Eu fico infeliz com isso, que diálogo é esse,
que diálogo que o povo indígena, liderança indígena, eu está aqui à frente do
governo, colocar a posição de todas as lideranças dos baixos, dos seus povos que
estão sofrendo nas terras indígenas, que está sofrendo nas suas terras e as coisas
não anda. Principalmente, hoje que a gente ouve falar do governo, governo fala,
as políticas fala que o índio hoje, não quer terra, só quer saúde e educação, isso
não existe índio sem terra. Nós indígenas, nós população em geral, não existimos
também. Eu acho que isso o governo tem que reconhecer, e tem que respeitar, e
tem que entender, que nós estamos aqui, não é para mentir, entre nós, em frente
com outro, olhando na cara dos outros, nós não estamos mentindo. O governo
poderia entender, e acreditar no que nós estamos dizendo aqui, cada vez mais o
povo indígena está conquistando seu espaço, para falar seus direitos, e cada vez
mais o governo está querendo acabar com esse espaço, querendo impedir esse
espaço de diálogo. Eu sempre ouvi falar desse espaço de CNPI, que é importante,
que a gente sente, parece um espaço que não é diálogo, porque não tem resposta
para nós. Eu acho que toda vez que eu venho a ouvir a resposta do governo, não
tenho uma resposta nem positiva, nem encaminhada, uma coisa, um processo que
já está acontecendo, tudo é difícil. Então, eu só queria dizer isso, para vocês que
estão aqui mostrando a nossa cara, continuar mostrando, dialogando com o
governo, as empresas que são responsáveis, poderia entender esse diálogo,
poderia considerar esse espaço, e onde que as nossas lideranças estão aqui lutando
diante dos nossos direitos, e cada vez mais o nosso direito está ameaçado, a gente
sente que nossos parentes estão morrendo porque não tem mais a força para
defender o nosso direito. A Funai, cada vez mais, parece que não faz parte do
governo e não tem nem o mínimo de apoio a esse setor, que diretamente é ligado
ao Ministro da Justiça, parece que não tem valor, e isso que eu digo a vocês, e até
mesmo, ao representante que tiver aí, responder esse espaço para eu levar para os
16 povos que existem no território Xingu. Obrigado.
Maria Augusta – Obrigada Winti. Tem mais alguém inscrito, alguém
mais? Alguém mais quer falar? Lourenço.
Lourenço Krikati –Boa tarde. Lourenço Krikati,região norte, COIAB.
Bom, eu queria só passar para as bancadas governistas, do governo que a
presidenta da CNPI, e doutora Débora. Não, a Presidenta da CNPI e a doutora
Débora, das autoridades que nós estamos, por enquanto, estamos se encontrando
aqui e os outros autoridades mais na frente. Todas as falas de liderança presentes
aqui, a nossa preocupação e na mesma linha. Muito me preocupa hoje, lembrando
hoje que na reunião, aproveitando a Conferência, nós fizemos um movimento
para falar com o Ministro, cobrando ele que para nós liderança indígena, de todo
o Brasil, representante legítimo que vem de base. Eu quero dizer para o governo
nosso, durante esse tempo, depois de mandato do governo passado, do Lula, a
presidenta da república não está, sequer, respeitando uma conjuntura de discussão
política, entre povos indígenas e governos, não está respeitando, sequer, uma vez
se presenciou. Eu quero tocar nisso, porque não tem respeito, começa por aí, uma
instância que discute a nível nacional a política para a população indígena, que
próprios indígenas discutem também, junto com o governo dos representantes, e
se preocupa como própria fala do Brasílio, que sequer a presidenta tem
preocupação conosco, população indígena. No final, a conclusão está fechando
com ruralistas, latifúndio, de todo o acompanhamento que nós olhamos um
pouco, infelizmente, ela não está preocupada com um país pluricultural que nós
temos um país rico, ela nem, sequer, olha para esse lado. Como todos nós
falamos, nós somos primeiros, mas nós estamos sendo os últimos agora, então,
nós queríamos tocar nessa parte, que este ano achamos que, pelo menos uma vez,
nas reuniões a presidente estivesse presente, e eu cobrei isso do Ministro. Mais
uma coisa, que eu quero lembrar, que na reunião, na mesma reunião, eu me
levantei e cobrei também, da presidente da Funai, porque que esse tempo todo
fica como interina, porque não incentivar? Incentivar como presidente mesmo?
Então, isso preocupa a nós, até falei para o Ministro isso, espero e quando chega,
der a resposta, porque no momento não respondeu. Então, toda essa conjuntura,
essa avaliação hoje, finalizando este ano, felizmente nós voltamos para base, não
com um final feliz, eu quero falar do sentimento nosso com a população, no dia
12 e 13 nós estamos reunindo agora, a população indígena, do estado do
Maranhão, infelizmente, durante esse tempo, nós vamos passar só negativo.
Então, nós temos que passar essas informações para a base, para tomar
conhecimento. E própria Conferência, essa semana que passou, viram que o
governo não está do lado dos povos indígenas, pelo contrário. Então, tentamos
fazer de uma forma de cobrar do próprio Ministro, para cobrar da presidenta, para
fortalecer, principalmente, a instituição Funai, o órgão ainda tentando, como a
própria presidente já mostrou que, realmente, está vestindo a camisa, mas não está
sendo esse o fortalecimento da Funai, por parte do ministério, por parte do
governo mesmo, para a presidenta; isso nos preocupa, aonde que nós vamos
chegar? Como alguns já falaram, nós temos uma conversa vazia para nós, isso nós
não podemos mais esconder o que nós estamos vendo, então, eu estou achando
que, mais uma vez, está empurrando, e para não acontecer, não cumprir o que já
na lei estão inventando um monte de decreto, então, isso preocupa nós. Então, eu
quero dizer a vocês, com essas palavras, porque amanhã, provavelmente, não vou
poder vir, diz para os colegas da bancada, estou saindo, estou tentando a minha
ida amanhã, às 11h, e eu tenho que estar no dia 12 prestando contas. No IBGE,
fala em quase 36 mil indígenas, no censo da Funai, e da SESAI, nós somos em 32
mil, então nós estaremos dia 12 e 13 passando essas informações, prestando
contas com todos os povos indígenas do estado, por conta da Assembléia, logo a
diretoria da organização de base, e nós temos que estar presentes para passar
essas informações; Por isso, não vou estar amanhã aqui, mas colegas, nossos
colegas a cada dia, com certeza, vamos estar, depois me passar as informações do
final desse encontro aqui, dessa reunião. Então, queria dizer a vocês, daqui a
pouco, com certeza, o Ministro vai estar presente, mas assim, eu quero dizer a
vocês, que é isso que eu penso que eu vejo hoje, como a COIAB também, estou
indo para também, em nível da Amazônia, conversar com o nosso povo lá,
através como organização. Então, eu quero assim, dizer o que eu estou vendo
hoje, como organização ao nível da Amazônia brasileira.
Maria Augusta –Obrigada Lourenço. Titiah está inscrito. Gente eu queria
fazer uma proposta para vocês. Então, está bom, como vocês lêem todo o meu
pensamento, a idéia era a gente dar uma interrompida, antes de o Ministro chegar,
fazer o nosso lanche, para depois na hora que ele chegar, a gente seguir a reunião
direto. Pode ser? Todo mundo tem acordo?Acordado.
Luiz Vieira Titiah –É o seguinte eu queria falar aqui um pouquinho, eu
não quero repetir o que a liderança colocou aqui na reunião da CNPI, mas uma
coisa que eu queria deixar registrado aqui, Guta e todos os representantes do
governo, que nós ficamos sempre analisando, e eu sou um que sempre avalio isso.
Nós já enxergamos a fraqueza dentro da reunião da CNPI, então, hoje aqui está
mais de dezessete representantes da bancada indígena, onde aqui tem sete, da
bancada do governo. A nossa preocupação, dentro dessa política de estado, é que
na última reunião da CNPI, onde nós conversamos com o Ministro da Justiça, ele
deixou bem claro, outra hora nós, eu estava dialogando com mais de trinta
deputados da bancada ruralista. Aí, quando ele veio conversar com a gente, tirou
algum encaminhamento, que era aquela pauta lá, para o Ceará, consultar o
governador e tal, sobre a questão do território lá, dos Tapeba do Ceará. A outra
coisa que a gente tem que avaliar, na questão dessas consultas que ele está
fazendo lá nos estados, a gente se preocupa com a ida dele na Bahia, aquela ida
de vocês na Bahia, onde ele tinha conversado antes com o representante dos
fazendeiros, depois foi ouvir as lideranças, e na saída dele, o que aconteceu,
morte de três Tupinambá, pela questão da luta da terra. Então, Guta, isso está
sendo preocupante para gente. Que conversa é essa mesmo que ele está tendo
com a bancada ruralista, com os representantes dos fazendeiros? Que assim que a
saída dele, os fazendeiros se fortaleceu mais, fazer movimentação na BR, em
seguida teve morte de três Tupinambá na região. Está acontecendo no extremo
sul, com as retomadas de terras, e agora também, nós estamos tendo ameaça
Pataxó Hã Hã Hãe, por questão de parar o trabalho do GT, isso não está sendo
avaliado. Então, Guta é o seguinte, a gente está ainda acreditando no seu trabalho,
e eu quero que você com carinho, respeita aquela fala do pai de Maninha, na
última reunião da CNPI, que aquilo não só foi um conselho, mas foi uma oração
de cultura do povo dele, lhe fortalecendo para tu enfrentares as demandas do dia a
dia. Isso também, nós aqui da bancada indígena, e outras lideranças que conhece
um pouco do seu trabalho, estamos confiante nisso, mas a gente, sinceramente;
Nós já tomamos uma decisão, o movimento indígena já tomou uma decisão, e
essa decisão, eu vou registrar aqui na bancada da CNPI, é nós, o governo não está
nem aí, com a demarcação de terras indígenas, a nossa revolução é retomada do
nosso território, isso não vai parar, e nem governo nenhum vai parar essa decisão
nossa. Então, já está decidido, a gente vai começar a fortalecer a nossa retomada,
porque o próprio governo está provocando isso. Então, eu acho que temos que
chegar o momento, nós esperamos que a vinda dele aqui, que ele traga algo, que a
gente, de fato, conclua aqui, dentro da reunião da CNPI, leva para as bases,
porque para a semana a gente tem uma Assembléia da POIME, nós temos que
levar algo para as 400 e poucas lideranças que vai reunir lá, no extremo Sul da
Bahia; Eu acho que você também, vai estar presente, você tem que levar lago
concreto para as lideranças que está te esperando lá. Eu só queria registrar isso
aqui nesse momento na reunião da CNPI. Muito obrigado.
Maria Augusta –Obrigada Titiah, boa tarde, vamos retomar a nossa
reunião aqui, após o intervalo, com a chegada do Ministro, e do secretário de
assuntos legislativos, Marivaldo, e o secretário Antônio Alves que acabou de
chegar também. Bem vindo, Antônio. Então, retomando, eu proponho que, não
sei se o Ministro tem alguma proposta, se gostaria de começar falando. Então,
podemos começar passando a palavra para o Ministro pessoal, ou vocês querem
primeiro, fazer uma rodada de colocações, e depois passamos a palavra para ele?
Então, passamos a palavra para o Ministro.
José Eduardo Cardozo – Boa tarde a todos e todas vocês, quero saudar
mais uma vez o encontro da CNPI. Eu queria aproveitar essa minha fala inicial,
para passar algumas informações, e fazer um rápido balanço desse período, desde
a nossa última reunião até hoje. Nós temos, no Ministério da Justiça,
desenvolvido algumas atividades, na perspectiva de poder garantir, melhor, o
cumprimento da nossa atividade, no que diz respeito aos direitos dos povos
indígenas. E, claro, uma das questões centrais que se coloca para nós, não é única,
mas o resto vem sido desenvolvida pela Funai com tranqüilidade, é a questão da
demarcação de terras indígenas. Nesse ponto, apesar dos nossos esforços,
imensos, nós ainda passamos por uma fase de grande turbulência, de grande
acirramento e de situações que nós precisamos fazer uma reflexão. No dia de
hoje, eu participei de uma reunião na Câmara dos Deputados, estive eu, doutor
Rodrigo Janot, Procurador Geral da Republica, e foi uma reunião muito difícil,
quero dizer que foi uma reunião bastante difícil. Basicamente, o que motivou essa
reunião foi que na última reunião que nós tivemos lá, eu manifestei a posição do
governo, contrária a PEC 215, por entender que essa PEC é inconstitucional, e
por entender que do ponto de vista do mérito, ela traz mais problemas do que
resultados. Também, falei da posição do governo, relativamente ao projeto de lei
227, que dizia que embora seja necessário regulamentar o Artigo 231 § 6º da
Constituição Federal e que o governo não se furtaria discutir uma
regulamentação, a proposta do projeto de lei 227 nos parecia, primeiro
inconstitucional, em vários aspectos, e em segundo lugar nos parecia também,
inconveniente porque, limitava, sobremaneira, o espectro de situações que
poderiam ensejar a demarcação de terra. Nessa reunião a doutora Débora também
estava, foi a última reunião que tivemos, doutor Janot, doutora Débora, também,
já tinha sido uma reunião difícil. Aí, o próprio Ministério Público ficou de fazer
um estudo informal, o doutor Janot, sobre os problemas que poderiam ter esse
projeto de lei 227, eu fiquei de encaminhar para a Câmara, uma proposta ser
discutida, de portaria disciplinadora, dos processos de demarcação. Falei que essa
portaria seria encaminhada a lideranças indígenas e a eles, para que nós
tivéssemos uma discussão aberta, sobre seria essa portaria, se não seria esta, e
fiquei nesse período de trabalhar nas mesas de negociação, em alguns estados que
estavam colocados dentro de uma ordem. Nós tínhamos assumido dar
continuidade a mesa de Mato Grosso do Sul, eu tinha proposto que faríamos uma
mesa no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná, Alagoas e Bahia. Até
o momento nós damos continuidade no Mato Grosso do Sul, estivemos no Rio
Grande do Sul, embora não tenha sido possível, ainda, fazermos uma mesa, no
sentido estrito, no Rio Grande do Sul, porque é uma recusa que se possa fazer
uma reunião em conjunto. Na Bahia, eu tive que passar na gente da lista, por
força de uma situação que se verificava, inclusive, na própria CNPI, quando
conversei com lideranças baianas, também, não foi possível fazer uma mesa,
porque houve recusa, vai fazer duas reuniões separadas, e fizemos ontem em
Santa Catarina. Isso foi o que fizemos nesse período, com alguns
encaminhamentos concretos, que eu posso detalhar para vocês depois, mas a
reunião de hoje foi muito mais difícil que a anterior, no meu modo de avaliar,
porque ao ver daqueles que estavam na reunião hoje, com o presidente, que era o
mesmo espectro de deputados que estavam na reunião passada. Nós não
encaminhamos nenhuma proposta de regulamentação do Artigo, que hoje a
proposta deles é regulamentada pela PL 227, ou seja, a questão teria avançado
nessa regulamentação, eles acham que o governo tomou uma postura só para
segurar o projeto, mas não vem dialogando sobre isto. Acharam a portaria
péssima, porque entendem que a portaria, ela é pró-indígena, na medida em que
qualifica os representantes indígenas em um patamar diferente de outros; Acham
que as regras que estão colocadas, relativamente a consulta de órgãos, não tiraram
o protagonismo da Funai, e que a Funai continua, ainda, a manter o papel, que
essa portaria seria, portanto, uma legitimação do que já se faz, e que portanto,
seria totalmente parcial. O próprio Deputado Osmar Serralho, fez uma série de
questionamentos, em relação à portaria, eu propus que depois, se quisessem,
faríamos uma reunião específica, para elucidar o porquê dos posicionamentos dos
ministérios, naquela linha, mas em face desse desagrado, eles resolveram propor,
ao Colégio de Lideres, implantação, imediata, da Comissão que vai examinar a
proposta de Emenda Constitucional 215. Eu argumentei, dizendo que isso não só
não resolveria, como agravaria o problema que o governo é contra, o próprio
Advogado Geral da União, o Ministro Luiz Adams, disse que entendia que esta
PEC é inconstitucional, eu salientei que o despacho dado pelo Ministro Luiz
Roberto Barroso, numa ação que tratava, justamente, da tramitação legislativa
acenava para esta inconstitucionalidade, mas saíram irredutíveis da reunião, e
essa proposta, assim que eu sai, ela ficou de ser submetida, na tarde de hoje, ao
Colégio de Lideres. Eu acabo de ser informado, na vinda para cá, que o Colégio
de Lideres aceitou a proposta e a Comissão será instalada hoje à tarde às 18h nos
plenários da Câmara dos Deputados. Então, portanto, os esforços que nós temos
feito, relativamente, a tentar demonstrar que o melhor caminho não é este,
infelizmente, não renderam êxito, existiram também, nessa reunião, propostas
para que eu determinasse a suspensão, imediata, dos processos demarcatórios em
curso, eu disse que isto era impossível, que legalmente isto não é possível.
Ficaram de discutir a aprovação, não sei se nesta PEC ou em outro texto desta
possibilidade, legislativamente paralisando até que se resolvesse o problema da
PEC, levantaram, também, a possibilidade de uma CPI da Funai, para a qual já
existe número, para investigar situações de irregularidade no órgão. E,
relativamente ao projeto de lei 227 também, ficaram de renovar, não sei se farão
isto ou não, a urgência constitucional para a eventual votação em plenário. Então,
portanto foi uma reunião muito ruim, dentro dos nossos propósitos, eu tentei
demonstrar que nós buscávamos, exatamente, a linha do entendimento, que aquilo
não era linha de entendimento, houve até a proposta, de um Deputado, que se
criasse uma Comissão para fazer um plano, um pacto, a expressão utilizada, um
pacto sobre a política indígena do século 21. Eu falei que achava isto bom, desde
que fosse uma comissão plural, que não representasse apenas um dos lados, que
isso poderia representar um diálogo que era o esforço que o Ministério da Justiça
vinha fazendo, mas isso não foi aceito, e partiu-se então, para esta política de
criação, imediata, desta Comissão desta PEC. Disseram que talvez, possa ser
melhorado o texto da PEC, que possa ser colocadas outras coisas, inclusive, a
própria suspensão dos processos de demarcação, e que isso teria que implicar em
uma discussão maior, que seria um momento que a Câmara dos Deputados teria
de discutir o assunto e reagir a uma inércia, segundo eles, do governo
relativamente à proposta, porque a portaria, ao contrário de resolver o problema,
seria uma clara afirmação do governo em um alinhamento pró-indígena, sem
considerar outro segmento da sociedade. É isso que eu considero uma reunião
ruim, porque acho que isso não ajuda a resolver o problema, só acirra a
contradição. Do ponto de vista do governo, eu reitero e falei publicamente com a
impressa, hoje na hora do almoço, que a nossa posição é radicalmente contrária a
PEC 215, que embora entendamos que é necessária a regulamentar Constituição
no § 6º do Artigo 231 essa proposta da PL 227 não é boa, ela é inconstitucional
em vários aspectos. Não haveria nenhum problema de nós discutirmos um texto
para isto, mas que não era, efetivamente, esse texto, que nós prosseguiremos
discutindo a portaria, para verificar se esse é o caminho, ouvindo lideranças
indígenas, ouvindo lideranças dos produtores, ouvindo parlamentares, porque nós
achávamos que objetivamente esse era o caminho e continuaríamos fazendo as
nossas mesas de negociação. Bem, passado esse quadro, eu quero precisar um
pouco o quadro, primeiro das mesas de negociação. Objetivamente, enquanto
mesas que não são de negociação, mas são de diálogo, utilizar a expressão que eu
acho mais correta, que sempre se fala que direito não se negocia, não se negocia
mesmo, mesa de diálogo, nós temos duas funcionando, as outras ainda não foram
instaladas, Rio Grande do Sul, nós não conseguimos fazer uma mesa, foram
reuniões separadas e Bahia também não conseguimos fazer, foram reuniões
separadas, as mesas de diálogo, portanto duas que nós conseguimos fazer. Em
Mato Grosso do Sul, nós avançamos, nós já temos uma sinalização do governo,
relativamente, a questão da Fazenda Buriti, de que nós utilizaremos verbas do
governo Federal para uma compensação indenizatória na Fazenda Buriti, tivemos
um problema inicial, qual foi o problema inicial? É que alguns proprietários, dois
deles, se recusavam a aceitar uma avaliação da área, agora parece que só um está
resistindo a esta avaliação da área, o governo do estado, ele não aceitou a nossa
proposta de nós repassarmos dinheiro para obras, e ele faria o pagamento das
indenizações. Então, nesse momento, nós estamos conversando a possibilidade de
fazer o repasse, fundo a fundo, não sei se precisaremos de autorização legislativa
para isso ou não. E, acabou agora, a avaliação feita pelo INCRA, da Fazenda
Buriti, isso talvez, tenha um problema, porque parece que a avaliação é, muito,
inferior àquilo que pretendiam receber os proprietários. Então, nós teremos,
talvez, outro tormento de negociações, que seria o valor relativo à indenização
que foi feita pelo INCRA. Mas, do ponto de vista da mesa de diálogo, as coisas
vão bem, em relação à Buriti. Eles nos fazem uma acusação permanente de que
esta mesa, não teria significado, a não ser pró-indígena, porque teriam ocorrido 30
ou 40 retomadas, ou ocupações como eles dizem, no Estado do Mato Grosso,
desde a instalação desta mesa; Eu ponderei ainda na reunião de hoje, que estas
ocupações, de fato, tinham se dado, mas que nós havíamos feito um trabalho de
diálogo com as lideranças indígenas, porque isso se dava mais a não localização
da Fazenda Buriti, mas na outra parte do Estado, nós temos que contemplar
também, na mesa de negociação; Mas eles entenderam que isto era um
rompimento da negociação, que há uma recusa da Força Nacional, e da Polícia
Federal em cumprir as reintegrações de posse, que consideram isso absolutamente
inaceitável. Essa é a razão pela qual, no último sábado, teria sido feito o leilão
para a aquisição de área, e contratação de segurança privada, leilão que foi
suspenso pelo Juiz de primeira instância, mas cuja liminar, foi cassada a
posteriori. Independentemente, deste aspecto, eu acho que a mesa, no Mato
Grosso do Sul, ela avança com dificuldades, e aproxima dificuldade que nós
teremos é, exatamente, é a discussão com os proprietários, do valor da terá, é o
que me parece. Já a mesa de Santa Catarina foi muitíssimo bem, na primeira
rodada de ontem, pelo menos é minha avaliação, e conversando depois com
representantes indígenas, e representantes de proprietários, pequenos agricultores,
o Ministério Público, essa é minha avaliação. Um acordo que andava meio
emperrado, quanto à possibilidade de realização, de que, provisoriamente, os
índios seriam acomodados em uma área comprada pelo governo do estado, mas
que isto independia de aceitação de qualquer das partes em relação ao processo,
praticamente, vai depender de consultas, mas foi muito bem. O governo do
estado, já empenhou a verba para comprar esta área, é um total de 8 milhões de
reais. Ficou acertado, mas sob consulta, das respectivas bases, que os índios
poderiam ocupar esta área de imediato, definido o caráter provisório, se,
eventualmente, houvesse uma reversão da decisão judicial, e se dissesse que a
área, que se discute, não é indígena, esta área comprada pelo governo do Estado,
ficaria com os indígenas, se eventualmente não se reverter, se ficasse confirmado
que é área indígena seria passada e os indígenas sairiam da área que seriam
locados provisoriamente, assumiriam a posse da área definitiva, e aí, haveria uma
discussão quanto a eventual indenização aos pequenos proprietários, sendo que
houve um pré-entendimento com o governo do estado, que o governo do estado
venderia esta área, dos 8 milhões, ou contribuiria com esses 8 milhões
equivalentes, para um processo de indenização dos proprietários. Esse foi mais ou
menos o processo que foi discutido ontem, me parece que há um encaminhamento
bom, para que se chegue a este acordo. Em relação à outra área que foi discutida
lá em Santa Catarina, que é a área de Morro dos Cavalos, aí, houve uma grande
dificuldade. Eu pedi o mapeamento dos moradores da área, uma vez que existem
situações bastante diferentes lá, e os proprietários mesmo, não sabem se vão
querer sentar em uma mesa de negociação, e nós dissemos a eles que se eles não
sentarem, obviamente, a lei será cumprida, porque eu vou tentar mediação até o
limite, e não tem outra saída que não seja isso. Então, mas a primeira negociação
foi, extremamente, positiva, claro. Em linhas gerais, até peço desculpas porque
estou bastante rouco, com sinusite, e ontem foi o dia inteiro, e hoje de manhã
também, foi muito pesado. Mas este é, especificamente, o quadro que está
colocado, sem prejuízo de muitas outras questões que vocês também, podem
fazer, e que eu me coloco, inteiramente, à disposição para responder. Fui
informado agora, que foi adiada a instalação que seria hoje às 18h, da PEC, por
alguma razão se desistiu, ou foi apenas adiada talvez, para amanhã quarta feira,
talvez por indicação de parlamentar, não sei, exatamente a razão, porque foi, mas
há uma decisão de implantar, realmente. É isso, estou aberto às questões que
vocês acharem, pedir apenas a Presidente da Funai que coordenasse aí, as
questões.
Brasílio – Boa tarde Ministro, boa tarde a todos. Eu queria deixar aqui a
minha preocupação,Ministro, sobre essa parte que o senhor falou que os
Deputados estão contra povos indígenas, eu acho eu aí, é o momento do governo
brasileiro estar junto com nós povos indígenas, porque terra indígena é terra da
União, este é o momento de o governo demonstrar que, realmente, as terras da
União tem que ser respeitado, porque terra indígena é terra da União. Então,
precisamos agora, o governo ter um pulso firme, de governo, e defender esses
verdadeiros brasileiros que ficam em cima da terra da União. Então, agora, nesse
momento, esperamos, não só, a presidenta da Funai, não só o Ministro, mas sim
todos os outros órgãos do governo, todos os ministérios e, principalmente, a
Presidente Dilma, que tenha pulso firme, demonstrando que esse país, tem ordem,
que esse país precisa ser respeitado, e que algumas pessoas desse país, não pode
desrespeitar a terra da União, porque eu digo terra da União, porque todas terras
dos povos indígenas são terras da União. Então, precisamos manter esse respeito,
e é esse momento, Ministro, que contamos com a sua colaboração, levando a
nossa reivindicação a Presidente Dilma, para que nós temos apoio, porque se nós
formos esperar atitude desses deputados, que tem esse tipo de atitude, que todas
as melhores terras, as melhores praias desse Brasil, está nas mãos dessas pessoas,
e hoje ainda, o pouco que fica, continua querendo tirar. Então, Ministro, eu lhe
peço, em nome de todos os povos que estão aqui representados, aqueles que estão
ainda lá, sem contato, precisa ter uma posição de governo, porque se deixar essas
pessoas não respeitar os direitos dos povos indígenas, não estão respeitando
governo, não estão respeitando União. Eu acho que é o momento do governo
brasileiro ter pulso firme, demarcar essas terras mostrando que nesse país, ainda
tem ordem. Obrigado.
Maria Augusta– Obrigado Brasílio. Sandro Tuxá.
Sandro Tuxá – Bem, boa tarde a todos e todas. Sandro Tuxá, pelo leste e
nordeste, e a nossa organização, APOIME. Bem, Ministro, mais uma vez nos
encontramos, debruçados sobre a pauta principal, que é a questão da nossa mãe
terra, e nós, profundamente, podemos externar e agradecer pela ação do senhor,
desenvolvida para buscar os entendimentos. Mas isso nos entristece por demais,
porque nós estamos há dois dias, três dias, enfrentando obstáculo, diante do
cenário que tivemos, com mais de 2 mil índios, ou 1.600 índios na Conferência,
que pautou a CNPI, que brigou com a CNPI, que brigou com a mesa de
negociação para que nós não pudéssemos, em hipótese alguma, discutir a portaria
que o Ministro nos trouxe. Nós, ao debruçamos sobre ela, viemos com
entendimento de trabalhar metodologia, de chegar às comunidades, de fazer essa
pesquisa, para mostrar que não estamos fechados às possibilidades e ao diálogo, e
a resposta que o Congresso nos traz, através da bancada ruralista, é totalmente
contrária. Então, fica claro, por a mais b, que os índios não estão fechado ao
diálogo, e sim, o Congresso Nacional, e sim a bancada ruralista, e aí, eu concordo
com o Brasílio, quando ele diz que se faz necessário uma ação enérgica, pro parte
do governo, para defender os direitos dos povos indígenas. Até quando o
Congresso pode legislar contra a Constituição, sem nenhuma ação contrária a esse
poderio do Congresso Nacional? Até quando o governo pode se pauta, diante de
uma ação do Congresso Nacional? Aí, eu quero voltar aqui atrás, porque nós
precisamos independente de todos esses embates, das respostas dos Ministros,
sobre as pautas que pactuamos, anteriormente, das ações que demandamos na
reunião anterior da CNPI. Nós queremos dizer uma coisa Ministro, acho que se
faz necessário, uma ação de equilíbrio por parte do governo, eu estava
conversando com a nossa bancada indígena, agora a pouco, e eu disse: “Meu
Deus, sequer nós temos uma presidenta, com cargo como titular.” Nossa
presidenta está aí, há seis, cinco, seis meses, como substituta, nos parecendo que
o governo não sabe a quem recorrer, ou se quer colocar uma pessoa dele e não
tem coragem de segurar a própria presidenta. As demandas que nós apresentamos,
nenhuma apareceu como contra ponto, e agora é necessário, nós estávamos
falando na sua ausência, estamos falando na sua presença, é necessário um
posicionamento por parte do senhor, e por parte do nosso governo. É isso que eu
queria contribuir.
Maria Augusta– Obrigado Sandro. Wilton.
Wilton – Boa tarde a todos os parentes, saudações ao seu Ministro, a
presidente da Funai, os demais que acompanham a mesa, todos os não indígenas,
que não são membros da CNPI que estão presente. Senhor Ministro, acho que o
senhor deve se recordar de mim, eu, no sai três de outubro do corrente ano, eu
usando da máxima boa fé, que um líder indígena tem, gentilmente, lhe presenteei
com uma caneta, simples, uma caneta Bic, mas que era uma caneta que estava
tomada de esperança. Naquele momento, naquele ato, eu imaginava que, de fato,
pudesse alcançar o momento, que o senhor pudesse fazer uso daquela simples
caneta para nos beneficiar, nós povos indígenas, no sentido de assinar aquele
pacote de terras indígenas, que foi pré-anunciado, no primeiro semestre, que o
senhor reafirmou, aqui, o compromisso de que alguns dias após, que estaria dando
andamento a assinatura dessas portarias. Lamentavelmente, até agora, nada
aconteceu, e o senhor nos dá essa informação, é triste, porque pelo que está posto,
diante de nossos olhos aqui, é que a caneta será utilizada sim, em algum
momento, mas será contra nós povos indígenas no Brasil. Não sei se será o
senhor, que será obrigado a usá-la contra nós, mas certamente, se não for o
senhor, será outro que estará ocupando o seu lugar, que será forçado pelos
ruralistas, os inimigos dos povos indígenas no Brasil, assinar a erradicação dos
direitos dos povos indígenas a seus territórios tradicionais. Isso é lamentável, é
doloroso, mas não deve nos servir de consolo, a gente não deve se conformar, por
várias vezes, provocamos vossa excelência: “Senhor Ministro o governo, de fato,
tem compromisso com as terras indígenas no Brasil?” E o senhor por mais de
uma vez, repetiu: “Temos.” Eu cheguei até ao ponto de perguntar: “Senhor
Ministro, quantos por cento da sua fala é fala pessoal, e quantos por cento de sua
fala representa uma posição do governo?” Você disse: “A minha fala inteira é
uma posição do governo.” E reforçado pelo Ministro Gilberto de Carvalho, que
estava presente no momento também, e agora simplesmente, o senhor chega para
nós, depois de passar mais de 60 dias e diz: “Tentei convencê-los, mas não foi
possível.” Eu acredito que se, de fato, essa composição de governo tem
compromisso com os territórios dos povos indígenas do Brasil, a situação não
deve ser tratada de tal forma, simples assim, eles não quiseram me ouvir, não, aí,
agora se faz necessário o governo adotar uma postura mais concreta, mais firme,
que possa parecer para nós, compromisso; que até então, o que nós percebemos é
que, lamentavelmente, a questão fundiária nesse país, quem tem pautado são os
ruralistas, e o nosso governo está de joelhos, simplesmente, por conta do pleito
político, é preciso continuar, e é preciso fazer as composições, em prol das
composições, nós temos que engolir sapo. Só que as terras indígenas desse país,
não é sapo para ninguém estar engolindo, são um direito constitucional que nós
temos, a gente precisa ser respeitado, é uma imoralidade, uma composição de
governo, que passou três décadas pregando igualdade de direito, pregando
respeito a valores agora, simplesmente, diante de um pleito político tem que se
curvar diante dos interesses do grande capital, isso é vergonhoso. Eu gostaria que
o senhor, sensibilizasse, e usasse dos poderes que tem, enquanto Ministro de
estado desse país, que dialogue com a chefe maior desse país, a presidente Dilma,
porque se o governo não adotar uma postura mais concreta, muito sangue será
derramado, ainda mais, porque muito sangue tem se derramado. Muitos povos
indígenas tem vestido uma camisa de coragem, tem se encorajado e tem feito a
luta, com a força dos próprios punhos, com a força de Tupã. E, aí seremos
obrigados a recorrer às forças poderosas, encantada, pedir a Deus força, coragem
para a gente poder fazer aquilo que o estado não tem coragem de fazer, que é
fazer a demarcação do nosso território, e com isso, assegurar o respeito aos
territórios dos povos indígenas do Brasil. Muito obrigado.
Maria Augusta– Obrigado Wilton. Pessoal tem duas pessoas inscritas, o
Ministro está sugerindo aqui, que após essas duas inscrições ele comece já a
responder, depois a gente reabra as inscrições para as falas. O próximo inscrito é
o Cacique Babau e como ele não é representante na CNPI, eu consulto a plenária,
se há acordo em a gente abrir a palavra para ele? Ok, Babau com a palavra.
Babau (Cacique Tupinambá) – Boa tarde a todos. Senhor Ministro, eu
conheço o senhor por televisão, eu acho que o senhor não me conhece, mas já
ouviu falar de mim, eu sou alguém que ninguém deve temer, ou deve gostar, ou
deve odiar, não precisa, sou apenas mais um Tupinambá, que resiste a 500 anos.
O senhor está perante uma nação, o senhor não está perante só de uma pessoa, o
senhor está perante uma nação que há 500 anos recebe, da mão do governo, só
canetada de distinção, só canetada de assassinato. Desculpe por atrapalhar vocês,
porque eu vou falar o que eu estou com vontade, pois quando esses invasores
chegou na terra nossa, a primeira canetada que essa tal Coroa Portuguesa deu, foi
dizer que Tupinambá era inimigo deles, da Coroa Portuguesa, e decretou a
extinção dos Tupinambá, que todos deveriam matar Tupinambá, eles não
conseguiram. Depois distribuíram Capitanias Hereditárias e aos donatários
determinou que para cada um que iria receber terras nas capitanias deveria matar
o máximo de Tupinambás que eles encontrassem, mas o senhor sabe por que eles
ordenavam isso? Porque nós somos a própria existência, a existência de vocês
depende da minha existência, mas às vezes, as pessoas quer morrer e quer destruir
o outro, porque ele se envergonha de olhar na cara e ver que ele não consegue ser
igual aquele. Ele não consegue ter a liberdade, ter a coragem de encarar qualquer
um, para ser real, ser a si próprio, prefere dormir amargurado, se tem uns
pesadelos no sonho, cedendo ao que o outro quer, de que fazer aquilo que dá paz
no coração, aquilo que eleva com a vida próspera após essa, porque essa aqui é só
uma provação de sofrimento. Nós Tupinambás, nós não tememos a morte, e
jamais vamos temer, pois nós sempre dissemos somos só 20% de nós que é
matéria, 80% espírito, e nós somos espírito de guerra, nós estamos para proteger
quem precisa ser protegido. Então, Ministro, o que está acontecendo com os
povos indígenas no Brasil, desculpa eu Tupinambá não consigo falar só de mim,
porque nós representamos as nações, eu quero ver qual é a tribo que está aqui,
quando puxa um ritual nosso, se Tupinambá não chega, chega ou não chega? Para
ordenar e direcionar o poder da guerra, nós é a própria existência, e isso, nesses
500 anos, de branco lidando com nós, não conseguiu descobrir de nós, povos
indígenas, nenhum décimo do que somos nós, nós somos o que o homem não
pode compreender, nós somos a incompreensão do mundo, e a incompreensão
está na cara de todo mundo aí, agora. A questão aqui Ministro, não é briga de
terra não, a questão que está em disputa naquele Congresso Nacional que o
senhor está falando aí, é a nossa existência, se vai deixar nós povo indígena
continuar vivo, ou se vai matar a todos nós. Passaram 500 anos tentando nos
escravizar, e nós não aceitamos a escravidão, nós não admitimos, e Tupinambá
retornou para gritar que não vai deixar povos indígenas virar escravo de ninguém,
e nós não tem medo de nada e nem de ninguém, quando alguém achar que
destruiu nossos corpos, vocês vão ver, vocês vão apreciar o que acontece com
esse mundo. Nós conseguimos controlar o mar, consegue controlar o ar, e
consegue controlar a fúria da terra, veja quantas vezes os portugueses relataram
em seus relatórios que nós Tupinambá fazia um ritual nas praias, fazia navios
deles afundar ou se perder, não acha que eles estavam mentindo não. O que estão
fazendo com nós, Ministro, na desumanidade da ambição do dinheiro, está
levando a um conflito sem tamanho nesse país, o senhor é Ministro, peço que
pegue seus antropólogos e mande fazer o relato Tupinambá, comece pelo
massacre lá de Olivença, de 1565, nós morremos, mas nós não nos rendemos, nós
destruímos os engenho de açúcar, nós acabamos com tudo, mas não se
escravizamos, não saímos do território. Nós passamos esses anos todos, vou pular
além, o Ministério da Guerra, em 1910, demarcou a terra, Tupinambá e Pataxó,
50 léguas em quadro, 50 léguas, aceitaram Pataxós, mas Tupinambá, não. O
senhor pega lá seus relatórios do seu ministério, para ver lá, acusaram nós de ser
comunista e mandaram nos matar, aquele Presidente, que aqui estava Getúlio
Vargas, considerou que nós éramos comunistas, e mandou dizimar aldeia
Tupinambá de Serra do Padeiro, nos caçaram peguem qualquer documento está
lá. Os Tupinambás que é da mata estão botando fogo em tudo que é de fazenda,
está tirando todo mundo, Ministro, é porque ninguém quis apurar, nesse período
que levaram nosso chefe para ser julgado e condenado e assassinado no Rio de
janeiro, como comunista, Ministro. Esse governo brasileiro jogou uma espécie de
uma doença nas nossas terras Tupinambá, que até hoje nunca ficou explicado, que
na Região inteira, morreu umas 65 mil pessoas, Ministro, está publicado nos
jornais da época, 65 mil mortos, e nós estamos vivo, nós sobrevivemos, não é
essas leizinha aí, que vai acabar. Então, não estou reclamando por causa de lei,
não vim aqui para pedi para o senhor assinar a portaria Tupinambá não, assina se
o senhor quiser se não quiser cancela, agora vai ter matar todos nós, dentro da
nossa terra. A terra é de Tupinambá, e Tupinambá não arreda o pé dela, e peço ao
senhor o seguinte: retirem da terra Tupinambá, aqueles trecos lá, daquela Polícia,
Base Militar, eu não quero aquelas bases lá, eles queriam botar três bases militar
em Serra do Padeiro, bota em um dia, nós declara guerra a eles no outro. Getúlio
Vargas tentou 12 anos, Base Militar nas nossas aldeias, foram 12 anos de
massacre, de morte e não admitimos, e não é agora que nós vamos admitir Base
Militar lá dentro, que toda vez que mataram um Tupinambá foi o governo que
matou, foi a polícia, pode tirar todos de lá, não tenha medo não, já tomou nosso
território, deixe um fazendeiro encarar lá nós, mas tira essa polícia de lá, de
dentro de nós. E outra coisa, Ministro, Adriano, o que está fazendo, desculpe o
senhor, o senhor falou aqui sobre a autonomia Funai, não é isso que Tupinambá
enxerga, não é isso, não é isso que Tupinambá enxerga, o que Tupinambá está
enxergando é uma ingerência do Ministério da Justiça, sobre a liberdade da Funai;
É um órgão parceiro o Ministério da Justiça, não para o Ministério da Justiça,
sufocar e tirar todos os poderes, que eles não têm poder nem de falar com o
Policial Militar, que ameaça e faz calar a boca. Nós precisamos de uma Funai,
forte que nos representa, é um órgão de nós povos indígenas, o Ministério da
Justiça tem uma questão mais ampla, mais toda, agora a Funai não, deve ser
reforçada nas demarcações de terra, tem que estar com habilidades, com poderes,
e for possível, aqueles funcionários, o senhor tem que dar autonomia de polícia,
para que possa defender vida daqueles povos que não consegue se defender na
integridade, sem isso, o senhor está vendo aí, os leilões, que o governo não
consegue parar um leilão, que diz que é para matar povos indígenas, imagine os
outros, enfraquecendo o órgão da Funai como está. É só ligar para o Ministro, o
Ministro pega e diz: “Tira o estudo de tal terra, suspende a equipe de tal terra.”
Isso não contribui para vida, isso contribui para a morte, e quanto mais está
destruída a Funai, que é um órgão que foi criado, pensado, porque nós somos
brasileiros, mas nós somos nações indígenas, com língua e crenças diferentes, um
órgão precisa ser forte, num momento que se esfacela, no momento que é
destruído. Esses outros que estão aí Ministro, eu entendo, porque eles são
gananciosos, eles querem tudo, questiona que nós tem muita terra, que a Funai
está demarcando muita terra, que a Funai está fazendo isso o aquilo, mas o senhor
sabe quando é bastante terra, não sai de 40 anos aqui no Brasil. O senhor sabe
quantas pessoas da gente tem que morrer, do outro lado morre ninguém não
Ministro, só morre dento dos povos indígenas, e aí, o que acontece? O Órgão cada
vez mais enfraquecido, não consegue proteger nem a eles mesmos, não consegue
se defender, quando um fazendeiro acusa que estão demarcando terra para muito
índio, não tem poder nem de chegar e retrucar dizendo quando tem o Quartieiro
com 50 mil hectares de terra um homem só, fica um Tupinambá com 47 mil,
quase 10 mil índio é muita terra; Espera ainda, onde está essa contradição aí,
como é que um homem só tem 50 mil não é considerado muita terra, e mais de
10, quase 10 mil índio para ter 47 mil hectares é muita terra? Para o Ministro
suspender qualquer coisa dos Tupinambás ele tem que devolver as 50 léguas em
quadro dos Tupinambás, que vai abarcar, não só, Tupinambá, mas quase 70 etnias
que tem naquele território, por isso que usou o nome dos dois povos, para
proteger todos os demais povos que ali viva pelo sul da Bahia. Então, Ministro,
quero que o senhor reflita, estou falando para o senhor, porque o senhor está
representando diretamente a Presidente da República, não tenha medo de tomar as
decisões certas, que as outras coisas vão para o lugar, mas toda vez que vocês
tenta negociar com bandido, com aquele que sempre tirou a vida nossa, aí,
complica a de vocês também, cada dia mais, cada hora mais. Espero que o senhor
não fique indignado, com raiva da minha pessoa, por esse desabafo, mas esse é
Tupinambá falando. Muito obrigado.
Maria Augusta– Próximo, o Marquinhos Xuxurú. Obrigada Babau.
Marcos Xucurú – Marcos Xucurú, região nordeste e leste, representando
a APOIME. Bom, eu gostaria de me ater à fala que o Ministro fez em relação ao
que ele foi fazer no Congresso Nacional, e me remete a refletir e a pensar diante
do que a própria CNPI tem encaminhado, tem pautado aqui nesta Comissão.
Relembrando o que nós discutimos, nas últimas reuniões e que pautávamos,
justamente, nessa mesa de diálogo, que se constitui no âmbito da CNPI, e pautada
pela Presidência da República, que nós, como ponto principal, tratamos da
questão terra, por entendermos que através daí, e tudo aquilo que o Cacique
Babau coloca, onde está a nossa força, a nossa mística, a nossa religiosidade, e a
partir daí que a gente constrói todas as outras coisas. Esperávamos que nessa
reunião senhor Ministro e como nós conversávamos com o próprio Ministro da
Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, na última reunião, que hoje a
gente estava na esperança tivéssemos aqui várias portarias declaratórias, que está
no amplo do seu Ministério, a assinatura de algumas homologações de algumas
terras indígenas, e também, por parte da Funai, a liberação dos relatórios de tantas
terras, que precisa ser destravada no âmbito do governo. Como a gente falava, lá
atrás, e falava isso para o senhor, que essa Comissão, desde o momento que nós
começamos um processo de discussão do governo, nós não tivemos o prazer,
nesse governo ou no governo passado, de avançarmos nessa pauta, não
conseguimos avançar. Então, meio que para a gente, fica uma situação
complicada, porque há uma demanda do movimento dos povos indígenas, da qual
nós representamos aqui, e que temos e que temos pautado, mas não temos tido
essa sinalização por parte do governo. O que a gente vê, aí, eu acho que o senhor
está no seu direito, em relação, de promover essas mesas de diálogo, essas mesas
de conversa, mas, no meu ponto de vista, não tem avançado, até pelo fato que
ocorreu no Ceará, quando nós, naquela ocasião da penúltima reunião no
Ministério da Justiça, que o senhor pediu para suspender o relatório, a portaria da
terra indígena, Tapeba que precisava conversar com o governador. Isso foi feito, a
conversa, posteriormente, aconteceu, mas conversando com o Dourado, que está
aqui que a voz liderança é a Rosa, que é daquela região, a informação é que o
Governador entrou com uma ação, entrou com contestação contra o processo.
Significa que essa mesa, ela não está surtindo efeito, e muito pelo contrário, está
tardando cada vez mais, o processo de demarcação das terras indígenas. Então,
nós precisamos destravar isso, eu acho que depende do comando maior, que é do
senhor, eu acho que fortalecer a Funai, nesse aspecto, é importantíssimo, diante
do que foi colocado aqui que, inclusive, a bancada ruralista, contrariamente, a
proposta de portaria, isso faz com que nós, inclusive, aqui da CNPI, não
discutamos mais sobre isso. E foi colocado, inclusive, pelo movimento, na quinta
feira passada, que foi contrariamente a essa proposta de portaria, a gente enxerga,
e temos enxergado que há um esvaziamento nesse aspecto, de que a Funai se
enfraquece cada vez mais. Então, é preciso que a Funai, ela seja fortalecida, eu
acho que a gente precisa, nesse sentido, ir para o contra ataque, e o contra ataque
significa, o governo brasileiro soltar as declarações que tem, demarcar as terras
que estão aí, sabe, por que nós temos que ir para esse enfrentamento, porque eu
acho que não dá mais, nós, enquanto movimento indígena, liderança indígena,
está dialogando ou dialogar dessa forma, onde nós só temos perdido, onde nós só
temos recuado. Então, eu acho que já passou essa fase, e não dá para a gente
mais, ter essa flexibilidade, diante do cenário político que se instala, hoje, no
nosso país; Temos um Congresso anti-indígena, e não dá para que nós pactuemos
com essa situação, com essa proposta que foi colocada, de se fazer uma
Comissão, um pacto, entre a bancada ruralista, não sei se é com o governo, eles
propuseram. Mas é de algum modo, eles tentam de alguma forma, vindo dessa
forma, porque, na verdade, o que interessa a eles é mexer na Constituição, é
avançar com a PEC 215, e o PLP 227, precisamos, evidentemente, se posicionar
em relação a isso, mais firmemente, como já foi colocado pelas outras lideranças.
José Eduardo Cardozo – Veja eu quero falar vários pontos aqui. Mas eu,
evidente que os movimentos, eles sabem, melhor do que ninguém, a maneira pela
qual lutam e, melhor do que ninguém, as táticas que devem desenvolver. Mas tem
um exemplo muito atual, que não pode nos passar despercebido, e que eu acho
que foi, uma verdadeira, lição para todos nós, em relação a como lidar com as
causas justas, em processos de disputa muitos fortes. Grandes causas foram
perdidas, porque não se soube analisar, exatamente, os passos que devem ser
dados em cada momento, não é fácil para o movimento e nem para alguém da
política saber, que passo dar em cada hora. Você tem que fazer um exame,
permanente, da correlação de forças, e saber quando avança, saber quando recua,
saber quando ataca por um lado, saber quando você faz tática de guerrilha, ou
quando você faz enfrentamento em campo aberto. Como eu disse muitas grandes
causas, na maioria foram perdidas por erros de avaliação, porque saber a hora de
fazer cada coisa é um grande desafio, saber que a coragem, ela é muito
importante, mas que ela não deve substituir nunca a razão, que é outro fator muito
importante, para você ganhar uma disputa. O maior exemplo disso, a meu ver,
morreu agora, chama-se Mandela, Mandela ficou 27 anos preso, saiu com a
mesma ideia e com a mesma causa, e saiu vitorioso, ele soube recuar, soube
avançar, soube dialogar, sempre medindo a correlação de forças, e sabendo
liderar, claro, eu quero dar esse exemplo, para fazer uma análise daquilo que foi
dito. O Congresso Nacional, formalmente e substantivamente, é um poder distinto
do Executivo, como o Judiciário também é. O governo tem uma base de apoio no
Congresso? Tem, tem uma base de apoio, mas muitas vezes o governo é
derrotado, e derrotado de forma dura no Congresso Nacional, nós tivemos
exemplos recentes disso, foram várias situações, pode olhar imprensa, que o
governo foi derrotado por setores expressivos da bancada governista, ou seja, não
existe e nem pode existir, em uma democracia, uma relação de subordinação entre
eleitos. Presidente da República é eleita, parlamentares e senadores também são,
independente da crítica que nós façamos ao nosso sistema político, essa é a
realidade. Frequentemente, o governo dá ordens a sua base, do ponto de vista de
orientar votações, e perde, temos, por exemplo, o orçamento impositivo que
passou agora, o governo tinha posição contrária, entrou num processo de diálogo
para conseguir uma situação, minimamente, aceitável, porque perdeu no
Congresso Nacional e perderia ainda mais, se não tivesse uma avaliação da
conjuntura. Então, quando se diz que o governo tem que ter uma posição firme,
na questão indígena, tem tomado como tomou no orçamento impositivo, como
tomou em outros momentos, em que ganhou e outros em que perdeu. O
importante é você saber como você lida com as realidades, quando estão postas,
analisando em cada momento, em cada situação. No orçamento impositivo ficou
claro que o governo ia perder, perdeu, ele era contra o orçamento impositivo, que
é poder que o parlamentar ia dizer onde vai colocar o dinheiro, e o Executivo não
pode dizer não, claro que isso passou, ok. Mas, o governo tem o poder de vetar o
projeto de lei, mas o veto pode ser interrompido pelo Congresso Nacional, e
quando é PEC, o governo não tem nem poder de veto, porque 3/5 do Congresso
Nacional pode aprovar a PEC. A situação, hoje, no Congresso Nacional, por
erros, ou por acertos, ou por ideologia, não importa, ela não é favorável a nós, não
é favorável a questão indígena, estou me associando aqui, porque eu estou
associado a isso, porque ela não é favorável? Porque é um erro de avaliação
imaginar, que são só setores ruralistas que, hoje, querem aceita certas medidas,
não é verdade. Partidos Progressistas, e que não são inimigos da causa indígenas,
também, estão se juntando a esse bloco, especialmente, por causa da questão dos
pequenos agricultores, por causa de assentados e por causa de agricultores
familiares, e que há um confronto aberto, especialmente, na região sul do país,
com situações de demarcações e que se sentem injustiçados. Então, parlamentares
que, historicamente, defenderam a causa indígena, hoje, estão em outra posição,
vamos ter clareza disto, nós queremos, podemos até dizer que são apenas os
ruralistas, não é verdade; Porque eu digo isto? Porque nós temos que entender a
correlação de forças, para saber quando q você lida com uma situação, quando
você lida com outra, querer carimbar todos que hoje, pode até estar defendendo a
PEC 215 como ruralista, não é correto; Por que eu digo isto? Porque esta questão
também, se projeta no Poder Judiciário, nós tivemos uma importante derrota,
recentemente, no Judiciário, importante derrota que foi a Kayabi, em que o
governo demarcou, na nossa avaliação era uma situação tranquila, do ponto de
vista formal. Houve uma suspensão de liminar, com base na jurisprudência, da
Raposa Serra do Sol, dizendo, se não me falha a memória, me corrijam porque eu
não li, me informaram, que havia, não estava provado o esbulho anterior a CF 88.
Porque é o seguinte, a Raposa Serra do Sol, embora não tenha sido dito que é
norma, ela tem uma jurisprudência, uma decisão que pode servir para casos
futuros, lá se disse que o marco da ocupação é 88, e quem poderia, não seja 88,
desde que ficasse caracterizado o esbulho possessório anterior. O que o Ministro
Fux disse na liminar, eu não li, peço desculpas se tiver errado, é que não estava no
nosso processo caracterizado o esbulho, devidamente, de 88, e por isso foi
suspenso. Ora, situações dessa natureza podem implicar em muitas suspensões,
nós não tivemos a análise, e a percepção só que acontece, se nós não tivermos a
percepção que depois da Raposa Serra do Sol que nós temos que instruir os
nossos processos de maneira diferente, e casos dessa natureza pode demorar anos
para serem decididos no Supremo Tribunal Federal. Há muitos casos, em que
liminar foram dadas, e que anos se passam, sem que vá para o plenário, esse é o
pior dos mundos, porque se eu tenho um processo judicial suspenso, isso pode
passar anos sem que eu possa fazer nada, sem que vocês possam fazer nada, sem
que ninguém possa fazer nada. Então, não basta a gente dizer vamos para o
enfrentamento, etc. Nós estamos dentro de uma realidade que nós temos que
entender o que está acontecendo, para encontrara tática para ganhar, e não a
coragem para perder, a coragem é sempre importante, mas ela tem que estar
associada a uma análise do que nós devemos fazer. Claro, o governo vai se
empenhar muito, mas muito mesmo, para que não seja aprovada a PEC 215, vai
se empenhar muito, para que não passe aquela versão do projeto de lei 227. Agora
eu não tenho poder de evitar isso, ou de evitar outros retrocessos na legislação
indígena, se eventualmente nós não tivermos a tática certa, vou falar francamente
a vocês, não há governo que consiga isso. O próprio governo norte-americano,
que é o governo mais poderoso, recentemente, teve um dissabor terrível com o
Congresso Nacional deles, então, nós temos que fazer uma análise política
adequada, e acho que a nossa estratégia, ela não pode ser só a da coragem, tem
que ser da racionalidade, e da análise precisa em relação a como fazer. Quando
nós propusemos a portaria, e ainda vou e quero discutir a portaria, tanto com
vocês como com o Congresso Nacional, ela parte de uma lógica, que eu peço que
vocês lembrem, quando no passado se resolveu estabelecer o direito de defesa dos
processos de demarcação, uma proposta de decreto, segundo me contam, houve
uma grande reação contra o decreto, hoje, as pessoas que defendem a causa
indígena dizem: “Não mexa no decreto.” Eu posso dizer a vocês que este decreto
salvou as demarcações feitas no período, porque se não tivesse dado direito de
defesa, como o decreto prevê, todos os processos seriam anulados, com base na
Constituição de 88. Por isso, hoje, nós defendemos esse decreto, mas não época
não se tinha essa percepção, na época isso era visto como uma concessão
indevida aos setores conservadores, quando, na verdade, isto surge, pode até ter
sido uma ação de conservadores que queriam isso, mas surge como uma
necessária adaptação a Constituição de 88, na legislação. O que eu estou dizendo
é, primeiro, ou nós melhoramos o processo de demarcação, ou nós tomamos
alguns cuidados formais, ou nós trazemos, para dentro do processo, informações
que podem ser utilizadas depois em ações judiciais, ou nós vamos amargar outras
liminares, considerando, inclusive, a orientação jurisprudencial da Raposa Serra
do Sol. Vou dar um exemplo para vocês, quando nós estávamos em Santa
Catarina ontem, discutindo Morro dos Cavalos, o governo estadual anunciou que
vai entrar com uma ação contra a declaração, contra a portaria, e falou vários
argumentos, todos formais, um deles, inclusive, que diz que a pessoa que
requereu a demarcação é quem fez o laudo. Que a antropóloga que fez o laudo é
quem teria requerido a demarcação, o que afastaria a isenção do laudo, eu não sei
se isso é verdade, mas você percebe como é pequena sutilizas formais, podem
ensejar ações liminares, aquilo que nós fazemos, muitas vezes, com boa fé, pode
ser utilizado, então, nós temos que ter muito rigor formal. Quando você fala em
situações de conflito, ou você tem o rigor formal, ou você pode ter atraso de anos
em um processo de demarcação, essa portaria tem que objetivo? 1º) Colocar no
papel ceras situações que já ocorre, para formalizá-las; 2º)O objetivo de trazer
informações no processo de demarcação, com o objetivo de instruí-lo melhor, não
de atrapalhar, de instrui-lo melhor, porque hoje, com a lei de acesso com
informações, você pode obter as informações desse órgão e utilizar fora do
processo de demarcação, onde não tendo a informações não houve a resposta
adequada, nem o tratamento adequado. Dou um exemplo, o tal dos laudos da
EMBRAPA, que não são nem um pouco antropológicos, mas se nós não
trouxermos, principalmente, nessa questão da prova do esbulho, não houver isso,
alguém pode pegar esse laudo, pela lei de acesso a informação, e entrar com uma
ação na justiça, eu prefiro tratar ele no processo de demarcação, quero te falar
francamente, posso estar errado, então, vou discutir essa portaria, etc. Ela não foi
feita, essa portaria, com o objetivo de prejudicar, é o contrário, foi no processo de
avançar. E o 3º ponto dessa portaria é a mediação. A mediação hoje, é uma
preocupação em todos os processos judiciais, todos, é preferível a mediação do
que a ação judicial, nós queremos introduzir a mediação nesta portaria. Foi com
base nestes pilares, melhorar a instrução, ter melhor formalização e garantir a
mediação, em todas as fases nós fizemos essa portaria, se é o melhor texto, se não
é o melhor texto, isso nós estamos aberto para discutir. O que eu acho é que não
dá para ficar, as coisas como estão, porque nós vamos começar, especialmente,
depois, da reafirmação da Raposa Serra do Sol e de situações de formalização,
que nós estamos vendo, que tem problemas, se nós fecharmos os olhos a isso, nós
vamos ter, grandes, derrotas judiciais, posso estar enganado, mas eu acho que é
preferível, prevenir do que remediar. Quero observar que o governo tem sido
firme em algumas questões, hoje mesmo, eu fui muito pressionado nessa reunião,
para que nós parássemos a desintrusão[leia-se extrusão] dos Awá, eu disse que
nós não vamos parar, pois que isso já venceu todas as decisões judiciais, e que
quanto a isso não há colocação. Falava-se que 7 mil pessoas seriam retiradas,
falei: “Isso não é meu dado, se tiver situação de realocação, que nós tivermos
que fazer com pessoas carentes, faremos.” Mencionou-se na reunião que o Juiz,
que as Forças Armadas estavam lá, falei: “As Forças Armadas estão lá, porque
essa decisão judicial.” E aí eles ficaram: “Ah, o senhor que cumprir decisão
judicial do Awá, porque que não cumpre das reintegrações de posso do Mato
Grosso do Sul, Porque que vocês são imparciais?” Claro, então há um conjunto
complexo de situações que nós temos que entender, e saber como é que nós
vamos lidar com essas situações no período. Então, em síntese, a portaria, ela foi
feita, não para resolver problema nenhum, mas para evitar problemas, que nós
queremos, introduzir o mecanismo da mediação, ela não tira o protagonismo da
Funai, ela deixa a representação indígena em uma situação privilegiada no
processo, tanto que ela faz diferença em quem acompanha e quem participa, é
uma expressão que está lá colocada, que mostra, claramente, a diferenciação das
coisas. Ela permite a mediação em qualquer fase do procedimento, ela permite
solução de vícios formais, a partir de outras informações que são colocadas, esta
foi a orientação que presidiu esta portaria, eu acho ela necessária, não sei se
nesses termos, não discuti. Eu quero ouvir todo mundo, inclusive, contribuição do
Ministério Público, contribuições do Conselho Nacional de Justiça, contribuição
dos indígenas, contribuição dos proprietários de todos, mas esse era o objetivo,
dar segurança formal em situações futuras, evitar que situações como essa, se é
que são verdadeiras, como por exemplo, a que foi falada ontem em Santa
Catarina, de quem pediu a abertura do procedimento e quem fez o laudo possam
inviabilizar situações futuras por décadas, quanto menos penas nós tivermos,
menos eles podem se apegar para atacar o processo, quanto mais consistente
foram os nosso laudos menos dissabores nós teremos, porque basta uma situação
para que os outro tentem generalizar: “Está vendo, olha aí, o laudo era incorreto,
o laudo foi errado, a Funai é parcial, etc.” Então, essa é a cautela que nós
queremos fazer, e é por isso que estamos fazendo a portaria e queremos muito
discutir com vocês, discuto até pessoalmente, para poder entender as razões de
eventuais críticas, mas a orientação é esta, segurança jurídica, colocar no papel o
que já se faz, evitar irregularidades formais, e fazer a mediação para evitar o mais
possíveis conflitos. Sandro, o que o governo pode fazer Sandro? O que nós
podemos fazer para evitar essa provação, nós vamos fazer, mas nós vamos ter que
ter clareza e cabeça para entender como se faz as coisas, também, não vamos
jogar a opinião pública contra o movimento indígena, tem que ter clareza disso. O
grande aliado que a questão indígena tem hoje, é a opinião pública, não podemos
perder isso, eu falava isso na Bahia, naquele dia que estava tendo aquela
ocupação de estrada, população local ensandecida com a ocupação da estrada, e
nós dissemos: “Gente, nós não podemos perder essa relação com a população.”
Porque a questão indígena é bem vista pela sociedade, se você inverte o processo,
aí nós estamos linchados, claro. Então, as táticas tem que ter, a meu ver, para
avançar essa questão, te que ter muita clareza de como se faz isso, Awá eu
informei hoje, Kayabi tomamos o reverso, Marawatsedé, nós enfrentamos
também, e conseguimos, enfrentamos e conseguimos. Agora, quando você tem
situações de iminente litígio, como essa que foi colocada no Morro dos Cavalos,
em que eu estou convencido de que não há nenhuma discussão antropológica
sobre a tradicionalidade da terra, ninguém me falou isso, falam lá, mas não foi
argumento, etc. Mas eu tenho vistos formais e o governo de Santa Catarina vai
entrar com uma ação alegando que quem pede é a antropóloga que faz que é uma
parcialidade do processo, isso pode dar fragilidade sim, nós temos que sanear
situações dessa natureza, quer dizer, já no longo dos processos demarcação. E, aí,
algumas coisas que eu não entendi, o Babau fez uma afirmação que eu me perdi
completamente, tem sido constante entre os indígenas pedirem a presença da
Força Nacional, para proteger os índios e em Mato Grosso do Sul, eu estive agora
os Terenas, que estiveram comigo há uma semana, 10 dias, dizendo: “Olha, os
fazendeiros estão vindo para cima, pelo Amor de Deus deixa a Força Nacional
aqui, não tira.” Porque eu tenho pouco contingente da Força Nacional, eu tirei
esse contingente também, para mandar para a Bahia, de Mato Grosso, então, faça
isso me reuni com a Polícia Federal, me reuni com a Força Nacional de
Segurança Pública para reforçar com os Terenas, que era uma situação difícil,
retornei para o pessoal lá, parece que ainda não está bom o negócio, por quê?
Porque a Força Nacional ela faz a mediação, ela evita que matem indígena, evita
a situação, pois bem, isso me foi pedido pelos Terenas. Quando eu estive na
Bahia, na mesa de negociação indígena, me foi pedida que havia uma ofensiva
dos fazendeiros contra os indígenas, me foi falado ali, e ali nós propusemos um
grupo integrado de planejamento, e a SENASP doou para o governo da Bahia,
porque era o seguinte, havia um acordo que nós tínhamos com Mato Grosso do
Sul, em que algumas Bases Policiais Comunitárias seriam colocadas para a
proteção de terra indígenas, regularizadas. O governo do estado do Mato Grosso
do Sul, parece que não quis mais isto, nós não tínhamos como fazer, e o governo
da Bahia, topou colocar estas bases para dar proteção aos indígenas e evitar os
conflitos. Então, se eu entendi o que o Babau está falando, posso estar falando
coisa diferente, mas são essas bases que estão sendo colocadas para a proteção
dos indígenas, com a Força Nacional, não é Exercito, é com a Força Nacional e
com a Polícia Federal, eu até quero entender isso aí. Babau
Cacique Babau – O senhor pode pegar desde o governo Lula, toda vez
que a polícia, na Serra do Padeiro só chega atirando de metralhadora, nós foi
bombardeado, não em retomada, mas na terra que minha família vive e pode
provar a mais de 600 anos. No pé da serra nós fomos bombardeado de 5h da
manhã até 5h da tarde, com tiro de ponto 50, nós provou, todo mundo dizia que
era mentira, nós achou as cápsulas lá da bala e entregamos.
José Eduardo Cardozo – Quando foi isso?
Cacique Babau – Foi em 2008, e sucessivamente, a Polícia lá, a Federal,
por exemplo, levou em 2010, em 2009 torturou de choque elétrico 5 índios de
minha aldeia que arrancou o coro. E foi a CNPI que conseguiu trazer rapidamente
para não sofrer outros danos. Em 2010, a Polícia Federal na fazenda Palmeira
entrou com carro, com Congresso de Direito Médico homens dentro, depois saiu
e deixou junto lá, Congresso de Direito Médico homens armados e que nós
provou que os índios lá conseguiu que eu acho que foi obra dos encantados, que
os encantados deu ordem da gente não tirar nenhuma vida de ninguém. Nós
conseguimos, apesar deles está atirando muito em nós, conseguimos capturar um
por um, tomar as armas e entregar as armas para a Secretaria Pública do Estado
da Bahia, que lá tinha até PF na inscrição das balas sem deflagrar. Nós, agora
mesmo, com a Força Nacional lá, por exemplo, todo aquele quebra-quebra, foi na
cidade não foi lá, na aldeia não.
José Eduardo Cardozo – Foi na cidade, é verdade.
Cacique Babau – É lá, na cidade, por exemplo, é o refeito que, Antônio
Alves, que desviou meio milhão de reais da saúde indígena e agora foi condenado
a devolver o meio milhão de reais para nós, e ele não quer pagar, aí, o que é que
ele fez, os vereadores, porque soube que nós se filiamos ao PT, e ia disputar nas
próximas eleições, a eleição e colocamos na Bahia um deputado indígena para
concorrer um Deputado Estadual; Aí ele se mobilizaram dentro da cidade, mas
contra essas coisas, aí para botar a população contra nós, dizendo tirando esse
dinheiro, vai deixar a cidade sem funcionar, estão impedindo a gente de
recadastrar título, estão impedindo a gente de recadastrar Bolsa Família, estão
impedindo outras coisas. Nós somos povo autônomo, nunca pedimos nada para
ninguém, temos uma sustentabilidade perfeita muito boa, a Funai mesmo sabe, a
gente tem uma sustentabilidade na Serra do Padeiro, quase acima do nível
nacional, nós tira por família, mais 1.200 reais por mês, por família, nós temos
uma sustentabilidade incrível, e eles tem raiva disso. Por isso quebraram o
diretório do PT para não acontecer, porque aceitou filiar índio, são eles que estão
bancando. Aí, o que acontece, com a Força Nacional e Polícia Federal, fizeram
um acordo com o Prefeito, esse Prefeito Jeová Nunes, de São José da Vitória, o
Guima, de Buerarema para pegar e montar, que foi o que vocês informaram lá,
que ia botar a base dentro do Sururu e Vila Brasil. Aí, agora eles estão querendo
fazer a reintegração de bases dentro da aldeia Serra do Padeiro, e colocar as bases
dentro da Serra do Padeiro. Pode perguntar para a Funai, para o grupo aqui.
José Eduardo Cardozo – Foi depois da morte dos três índios?
Cacique Babau – Não, a morte foi lá na praia, na Serra do Padeiro não
aconteceu nada, não tem nada de morte lá, não tem violência não. Porque uma
perseguição em cima de uma aldeia que não tem briga entre indígena, eu estou
dessa idade, nunca vi um índio lá na minha aldeia dar um murro na cara do outro,
por exemplo, uma mulher tomar um tapa do marido, uma criança espancada pelo
pai, a gente encontrar um índio bêbado, na minha aldeia você não conhece isso,
na minha aldeia você não vê, lá não tem drogado.
José Eduardo Cardozo – Babau, eu não estou informado onde vão
colocar, eu posso até checar, aí a gente conversa depois.
Cacique Babau – Mas o senhor sabe que a Força Nacional e a Polícia
Federal, por exemplo, recebeu, entrou na aldeia Tupinambá, em Serra do Padeiro
com cerca de quase 30 homens em um caminhão, soltou dentro da fazenda São
José, eles saquearam a fazenda, essas pessoas, aí um senhor de 90 anos estava lá,
estava passando mal, as outras pessoas estavam na escola, os outros estavam
trabalhando; A gente teve que cercar, prendemos a Polícia federal e a Força
Nacional lá, e chamamos de ladrão enquanto eles não devolvessem o que foi
usurpado lá, de nós, aí, foi a Funai que foi solta-los. Aí para o senhor vê, eles
entraram, os fazendeiros, os pistoleiros que entrou, o pessoal que entrou, não foi
sozinho não, foi a Força Nacional e a Polícia Federal que levou e depois soltou
dentro de uma retomada da gente, onde não tinha ação nenhuma, e com senhor
idoso e tudo, aconteceu. Então, nós na Serra do Padeiro, sabemos que se alguém
matar alguém de nós lá, com certeza, foi a Polícia.
José Eduardo Cardozo – Mas, isso da Força Nacional, quando foi que
aconteceu?
Cacique Babau – Foi há 15 dias.
José Eduardo Cardozo – Veja, eu vou ver o que está acontecendo, nós
colocamos um pessoal lá, porque havia se falado, porque tinha uma existência e
tal, nós colocamos gente de fora, para comandar, vamos ver o que está
acontecendo. O que eu sei é que foi feito um plano de segurança, para evitar o
conflito na região. É isso. Agora, claro, se o Juiz manda uma ordem x de cumprir
tal coisa, isso tem que ser cumprido, a Polícia não tem essa liberdade, o que eu
posso é ligar, falar, dizer.
Cacique Babau – Não tem ordem, não tem nada disso. Estava indo para
outra aldeia. Para passar por dentro da Serra do Padeiro, e pararam.
José Eduardo Cardozo– Então, eu vou ver o que é que está acontecendo.
Eu não sei o que é isso. Quem a Polícia Federal?
Cacique Babau – A polícia Federal e a Força Nacional, segundo eles
relataram, que os Caciques permitiram uma roça de cacau.
José Eduardo Cardozo – Ah, é isso, eu já sei o que é.
Cacique Babau – O que eu sei o seguinte, quando faz uma retomada, é
porque ele precisa viver, ele tem que mandar e o certo que eles usaram essa
desculpa, passaram por dentro da Serra do Padeiro, para entrar, saquear, eu falei
para eles: “Olha se você está sob o comando de alguém deixar eles entrar,
quebrar cadeado, saquear coisas, então.”
José Eduardo Cardozo – Deixa eu ver se é esse episódio. Eu fu, me
informaram que havia tido um acordo para que colheita de cacau fosse feita por
alguns dos produtores, eu tinham sido objetos de uma retomada, e que isso tinha
sido autorizado, e a Força Nacional foi acompanhá-los, para que eles pudessem
fazer a colheita de cacau. Foi isso?
Cacique Babau – Isso, mas não foi nessa área, essa área deles, eles
tiveram normal, eles entraram na Serra d Padeiro, que é outra aldeia, que jamais,
nós estava tomando o que é nosso, aquilo é nosso, nós não deixa ninguém entrar,
eles entraram com carro e ainda fizeram esse tipo de coisa.
José Eduardo Cardozo – Então, foi lá embaixo que deu a confusão?
Cacique Babau – Deixamos claro, as pessoas, a Polícia tem que ser
isenta, faz acordos com Prefeitos, porque as fazendas é em nome de terceiros,
porque não pode ser registrada no nome deles, porque eles não pode identificar
patrimônio, e eles lá aceitam morar nessas fazendas para cumprir reintegração de
posse, espera a, tem uma contradição senhor Ministro, em alguma coisa.
José Eduardo Cardozo – Eu vou tentar entender o que está acontecendo,
porque ali o que a gente colocou foi gente de fora, para fazer um plano de
segurança, em conjunto, o Governador da Bahia também, não é uma cara, nem o
Secretário, que são inimigos dos índios, não é assim. Então, eu quero ver o que é
que está acontecendo.
Cacique Babau – O Governador não é inimigo nosso, bate aqui e fala te
amo, mas quando chega lá no fazendeiro e fala: “É nós vamos dar um jeito disso
não sair.” É Geraldo Simões que está gerenciando, todo esse comando para não
sair a terra Tupinambá, nós vamos matar nem que seja de feitiço. Nós vamos
fazer um feitiço.
José Eduardo Cardozo – Quem é Geraldo Simões? Ah, bom, deixa eu
ver o que está acontecendo, especificamente, porque ali o plano de segurança, é
para evitar o conflito, como em Mato Grosso do Sul, é a mesma coisa.
Cacique Babau – Então, pega toda a Polícia, leva lá embaixo para a
praia, onde os índios são assassinados, para dizer que o índio matou o outro, e a
gente sabe que não é.
José Eduardo Cardozo – Vamos ver o que está acontecendo lá, eu vou
ver, exatamente, o que está acontecendo, para mim isso é uma surpresa. O plano
de segurança é feito para a proteção e evitar o conflito. Bem, então, só para
concluir Babau, eu vou ver que diabo está acontecendo aqui, está certo. No Ceará
que foi mencionado aqui, eu quero dizer o seguinte, houve um contato com o
governador Cid Gomes, aí, combinou-se a situação, inclusive, que haveria uma
contestação, porque como o plano ele tinha que prevê uma situação, o acordo
passaria por uma contestação que o governador faria. Agora, se deu alguma
situação não escrita, nada que não seja ajustável. O governador, o Cid, ele ajustou
isso que eles fariam a contestação, e que no final aí, se resolveria o problema, foi
o combinado. Então, eu não acho que no Ceará houve problema não contornável,
pode ter tido um mal entendimento, mas ali houve um acordo que eles iriam fazer
a contestação sim, para poder viabilizar a coisa, então, acho que isso aí, é,
perfeitamente, contornável. Para finalizar, o que eu quero dizer é o seguinte, na
minha opinião, eu acho que nós temos que avaliar a correlação de forças que está
colocada, no Sul do país, eu sinto, dos pequenos agricultores, muita disposição de
diálogo, eles apontam, na reunião de Santa Catarina, eles defenderem terra para
os indígenas, eles defenderem, querem ficar com a terra deles, é claro, mas eles
defendem terra para os indígenas, não existe aquela animosidade. O que está
acontecendo é que algumas lideranças, aproveitando o momento eleitoral, do não
que vem, estão querendo acirrar o confronto. Eu vejo hoje lideranças, dos setores
ruralista do Rio Grande do Sul, indo a Mato Grosso, nacionalizando a disputa, por
força do processo eleitoral que está aí, então, nós temos que ter clareza dos passos
que vão ser dados. O que eu defendo, a manutenção das mesas de diálogos, o que
nós conseguimos de tencionar nesse momento é melhor, eu acho que nós temos
que ter clareza, que algumas retomadas que estão sendo feitas, elas não
contribuem, nós temos que tentar ir na mesa de diálogo. Terceiro, nós temos que
evitar aprovar retrocessos na legislação indígena no Congresso Nacional, de que
maneira nós temos que fazer isso? Nós temos que dialogar, temos que fazer. O
governo vai colocar o seu peso nisso, mas do jeito que está a coisa, nós podemos
ser derrotados, então, nós temos que entender aí, a questão não é confronto, nem
coragem para o confronto é saber como o movimento se posiciona diante de
situações dessa natureza. E, finalmente, a portaria, no meu modo de entender, eu
vou pedir para o meu pessoal, amanhã, fazer uma apresentação para vocês, para
que a gente possa verificar onde estão os acertos da portaria, onde estão os erros
da portaria, porque se ela está sendo tão duramente recriminada pelos ruralistas,
não é possível que seja também tão duramente recriminada por vocês, alguma
tem, não é possível desagradar todo mundo. Eu estou convencido que esta
portaria sana problemas, pode ser melhorada, é claro, vamos ver o que pode ser
feito, mas nós queremos entender a critica, e ver se, realmente, a gente entende a
lógica das coisas. Então, amanhã, eu vou pedir para o meu pessoal fazer uma
exposição detalhada, para vocês, a gente sentar depois fazer as oficinas para
discutir, para poder entender onde estão os problemas.
Maria Augusta– A próxima inscrita é a doutora Débora.
Déborah Duprat– Ministro, eu entendo até como razoável a disputa
fundiária, enfim, é uma disputa entre um grupo que quer manter aí, alguns
determinados privilégios. O que não dá para aceitar, e eu acho que isso está
ficando bastante grave, é esse discurso de ódio que vem sedo disseminado Brasil
a fora, escancaradamente, isso vem sendo multiplicado, começou em Mato
Grosso do Sul e está sendo replicado Brasil afora. Nós tivemos semana passada,
começou semana passada, esse episódio do leilão em Mato Grosso do Sul para
arrecadar recursos para formação de milícias, para atacar indígenas, isso é uma
coisa assim, absurda, isso tem contaminado, sinto dizer, as instituições públicas.
A polícia, isso que o Babau falou da Polícia Federal aconteceu na Bahia, tem um
representante do Aty Guassu para falar como se deu uma reintegração de posse,
recente, no Mato Grosso do Sul, com a Polícia Federal com armas apontadas para
a população indígena. Então, eu acho que enfim, isso tem que ser, de alguma
maneira, contido, eu acho que as mesas de negociação podem ter lá seu propósito,
agora, em relação a isso, é preciso alguma medida enérgica. Eu estava lendo um
trabalho que o CTI, fez a respeito de um grupo indígena, para Comissão Nacional
da Verdade, e estava vendo o que os militares falavam, em termo de demarcação
de terras indígenas, naquele período da ditadura, não corresponde, nem de perto,
ao que hoje se fala a respeito disso. Então, nós estamos vivendo em um cenário,
absolutamente, de terror, então eu acho que isso precisa de alguma maneira ser
contido, porque as reações estão crescendo em violência, e vão aumentar, eu acho
que esse é o quadro de gravidade de ambos os lados.
José Eduardo Cardozo – Eu concordo doutora, e acho que isso passa
todo o esforço que nós podemos fazer, será feito, tem sido feito. A orientação eu a
Polícia Federal recebe, e a Força Nacional, é para evita o conflito, abusos tem que
ser punidos pelas Corregedorias, quando eu sou informado, eu abro investigações
sobre isso, vou ver o que aconteceu nesse caso na Bahia. Agora, o que eu acho,
ou nós temos a clareza de que a situação se agoniza, e nós temos que ter as táticas
adequadas para cada momento, ou nós vamos tentar apagar incêndio riscando
fósforo na gasolina, e aí, a nossa gasolina também, ela é problemática. Eu acho
que nós temos que ter clareza disso, buscar, negociar, avançando na negociação,
sendo firmes nas negociações, mas tendo clareza das táticas que estão sendo
utilizadas. Eu acho, na minha opinião, falei isso publicamente, até para lideranças
indígenas, as retomadas que foram feitas em Mato Grosso do Sul, trouxeram
combustível para quem quer atacar a causa indígena, não acho que foi apropriado,
eu acho que certas situações sã evitáveis. Os inimigos às claras, nós sabemos
quem são o problema é quando se juntam a pessoas que poderiam ser aliadas, e aí,
nós temos problemas na correlação de força. Se você me permitir, eu quero só
concluir Babau, dizendo o seguinte, a disputa, a nossa briga não é com o
parlamento, porque se você começar a brigar com o parlamento, você briga com
513. A nossa briga são com os setores lá que nós temos que, inclusive, descolar
eventuais progressistas deles, porque se você chama para a briga todo mundo, a
possibilidade de você ser derrotado é imensa. Eu não quero chamar todo mundo
para a briga, eu quero selecionar meus adversários e ter alguns, ou neutros e do
meu lado, se eu jogo todo mundo junto contra nós, eu posso ter a melhor causa do
mundo, mas eu perco. Então, eu acho que isso, essa tática, ela tem que ser muito
bem pensada e refletida, por isso que eu dei o exemplo do Mandela, o Mandela
soube fazer isso, magistral.
Maria Augusta– Pessoal, só porque a gente está seguindo a inscrição. A
próxima é a Chiquinha, já consulto a plenária se pode passar a palavra para a
Rosane, que é a próxima inscrita? Questão de ordem, da Simone. O Ministro está
informando que tem que ir embora, daqui a meia hora.
Simone Karipuna – Ministro, uma questão de ordem, e aí, bancada eu
queria pedir, justamente, a aprovação de vocês para esse encaminhamento que eu
vou propor ao Ministro. Primeiro, eu gostaria de perguntar ao senhor, o senhor
pretende hoje, apresentar essa portaria aqui na instância da CNPI?
José Eduardo Cardozo – Se você me permitir, eu queria pedir que fosse
amanhã de manhã, hoje o Marcelo Veiga, inclusive, ele está no hospital, eu não
sei o que aconteceu, ele vinha, e está no hospital, ele viajou comigo para Santa
Catarina, e hoje está no hospital. Então, se você me permitir eu ia sugerir que
fosse amanhã de manhã.
Simone Karipuna – Então, o senhor vai estar aqui, Ministro?
José Eduardo Cardozo – Em princípio não, mas vai estar a minha
Assessoria.
Simone Karipuna – Então está, eu tenho um encaminhamento.
José Eduardo Cardozo – Pois não.
Simone Karipuna - Eu gostaria muito também, novamente de pedir a
bancada, que a gente, nesse momento, se o senhor nos permitisse apresentar, para
o senhor, o nosso posicionamento como bancada indigenista.
José Eduardo Cardozo – Antes de ouvi a apresentação da portaria?
Simone Karipuna – Bom, na realidade assim, se eu pudesse apresentar
hoje, mas pelo visto o senhor não vai estar e a gente queria fazer isso na sua
presença.
José Eduardo Cardozo – Veja, tudo bem, sem nenhum problema, podem
fazer, eu escuto, agora, se a portaria ainda não foi exposta, você já tem um
posicionamento sobre ela?
Simone Karipuna – Na realidade, é um posicionamento do próprio
movimento nesse sentido, seguindo o encaminhamento que a gente deu na
reunião de quinta feira com o senhor, e esse documento é bem explicativo, nesse
sentido, se o senhor nos permitir.
José Eduardo Cardozo – Por favor.
Maria Augusta – Então, só Simone, antes de apresentar, então, eu queria,
vamos terminar garantir as pessoas que estavam inscritas, a gente reduz a fala a
dois minutos, para poder dar a oportunidade, pode ser gente? Então, Chiquinha, a
próxima é a Rosane, tem acordo da planária, para a gente abrir a palavra para a
Rosane? Tem acordo, gente? E o próximo é Saulo.
Chiquinha – Bom, Ministro, eu prestei bastante atenção nos seus
esclarecimentos, que o senhor colocou, e pensando diante dos nossos
companheiros aqui, nós discutimos. Eu queria fazer apenas uma questão de
colocação do meu entendimento, de uma maneira geral. Até para ajudar nesse
processo que a gente está vi vendo, primeiramente, eu assim, diante do contexto
do meu Estado, e diante dos contextos de outros Estados dos parentes que estão
vivenciando toda essa violência contra os nossos direitos, eu queria ressaltar para
o senhor que, assim, eu tenho achado muito estranha a posição do governo; Por
mais que o senhor tenha colocado aqui, a sua opinião, a sua força política,
colocando essa questão de que, de fato, o governo está empenhado, tudo, mas se a
gente vê que no fundo da questão, não existe um empenho tão grande, por causa
do nível de comprometimento que o Congresso e o governo tem com essas
bancadas e com as empresas que estão por trás de tudo isso aí, empresas que
bancaram as campanhas eleitorais. Eu estava doida para ouvir mesmo o nosso
Cacique que saiu, ele deixou uma coisa bem clara, esse conflito que aconteceu aí,
tem a ver com a questão eleitoral, sabe, quando os índios se posiciona que estão
do lado de alguém, aí vem o outro, vem o contrário. Então, eu tenho
entendimento assim, e eu lendo um texto agora de um jornalista, que ele escreve
sobre guerra fria contra os índios no Brasil, está desse jeito, guerra fria contra os
indígenas, e coloca a posição política partidária no meio, sabe a questão da
posição política partidária e a disputa pelas terras. Porque eu estou falando
isso,Ministro? Olha só, há uma década, lá trás, a briga era com o MST, não era
verdade, quantas vezes o MST, eles invadiram propriedade, fizeram tudo isso que
a gente sabe, o passado diz, a história está aí, para contar, qual foi a posição que o
governo teve? O governo teve uma posição firme, o próprio Lula se comprometeu
com o MST, fez um pacto com eles, inclusive, parou, você não ouve um, de uns
10 anos para cá ninguém fala mais de invasão de nada por MST, alguns casos
assim, mas que vai lá e faz uma discussão. Agora de repente, a mira se volta,
totalmente, contra nós povos indígenas, e isso está tão grande, tão ferrenho, que
eu fico extremante preocupada, como o que está acontecendo em Mato Grosso do
Sul, que estão acontecendo lá no sul, na região sul, e em outras partes do nosso
país. Então, eu fico muito preocupada com isso, quando o próprio Congresso se
propõe a querer derrubar direitos constitucionais, porque o que está ai, e o que a
gente está tentando fazer aqui, remediar com essa portaria, remediar uma coisa
que é um direito constitucional, como é que você vai fazer isso? Está certo que
nós tínhamos que fazer uma emenda para fazer a regulamentação, então eu fico
muito preocupada com isso. Agora, por outro lado, eu queria perguntar para o
senhor, que o senhor pudesse ver assim, por exemplo, no caso amanhã, ela vai
fazer a apresentação da proposta nossa, está bom, mas é muito importante que o
senhor possa também, escutar nessa reunião de amanhã. Por exemplo, o senhor
não vai estar no primeiro momento, mas no segundo momento o senhor vai ter
que estar, e ouvir o que tem a dizer hoje e amanhã, depois nessa reunião.
José Eduardo Cardozo – Vocês não vão fazer oficinas para debater o
problema? Eu quero estar junto para debater.
Chiquinha – Mas é isso que vai ser colocado aqui, Ministro, mas o que
eu vou fechar minha reflexão, que eu quero refletir com o senhor. É, assim, a
preocupação que a gente está tendo nesse momento, que nós estamos inseguros
no nosso direito, e que o governo Dilma, eu vou dizer o governo Dilma, o
governo Lula, o governo Dilma está, extremamente, comprometido com tudo isso
que está acontecendo. Claro que as empresas estão de olho nas terras indígenas,
então, eu gostaria depois que o senhor pudesse refletir, ver aí, de que momento a
gente vai poder abordar esse assunto, porque isso vai ter reflexos nas eleições. Era
isso que eu queria colocar, só isso Ministro, para uma questão de reflexão, até por
conta da nossa situação.
Rosane Kaingang – Bom, boa tarde senhor Ministro, boa tarde a todos e
a todas. Obrigado pela palavra, eu estou aqui representando o Cretã, e
ARPINSUL, na mesa de diálogo. Eu gostaria de ser prática, como nós gaúchos
somos, Ministro, de bate e volta entre eu e o senhor, na resposta. O senhor vai
paralisar as demarcações?
José Eduardo Cardozo – Não.
Rosane Kaingang – Muito bem. O senhor vai assinar as portarias e de
demarcação e declara de posse?
José Eduardo Cardozo – Sim.
Rosane Kaingang – Quando?
José Eduardo Cardozo – As que puderem passar por um processo de
mediação, serão assinadas.
Rosane Kaingang – Ou seja, mediação, que mediação, as mesas de
diálogo? Porque, e depois eu quero falar sobre isso. A outra pergunta, nós
tivemos uma reunião ampliada, anterior a reunião da CNPI, com várias lideranças
que estavam aqui em um acampamento, essas lideranças estão aguardando o que
o senhor pediu aos membros da CNPI, o levantamento, e nessa reunião desta
CNPI, que está acontecendo, o senhor traria por escrito e diria para nós quais as
portarias que o senhor iria assinar de terra. No entanto, nós não vimos isso até
agora, concretamente, a aí, a pergunta é e aí, nós vamos ficar assim, não vamos
ter resposta concreta? É isso eu que quero saber do senhor, sim ou não?
José Eduardo Cardozo – Não, é o seguinte, eu estou tentando fazer um
processo de mediação para isso, por exemplo, Ceará, nós conseguimos fazer
mediação, estamos tentando, agora nesse momento, a mediação no Pará para
resolver o dos quilombolas, uma convivência para eles soltar, Kaxuiana. Eu estou
fazendo, na medida em que a gente consegue equacionar o problema,
minimamente, para evitar um conflito nós estamos fazendo, sim, como não. Nós
vamos fazer a desintrusão dos Awá, nós fizemos, ou seja, nós estamos fazendo,
aquilo que nós podemos fazer, no limite das possibilidades, qual é o problema?
Em alguns estados, eu estou tendo o problema de fazer a mesa, não consigo
montar a mesa, inclusive, no seu.
Rosane Kaingang – Lá, nós não vamos montar a mesa com a FETRAF,
nem FAMASUL, nem CNA, nós vamos com os pequenos colonos, que são os
atingidos, que nós pedimos para o senhor ir até a terra para conversar com os
pequenos colonos, mas vamos indo, isso nós vamos nos posicionar depois.
José Eduardo Cardozo – Eu estou respondendo, eu fui até Erexim, qual
é o problema? O problema é que quando nós estávamos indo na terra, eu fui
avisado que várias, várias lideranças de outras etnias, estavam indo para lá, e que
poderia haver confronto; Então, nós resolvemos marcar em Erexim separado, eu
me reuni com o pessoal, e me reuni em Porto Alegre com os produtores para não
dar confusão, eu não quero ir lá e provocar um conflito, foi isso, e não consegui
fazer a mesa.
Rosane Kaingang – Agora vamos para a pergunta Ministro, o senhor vai
dar, realmente, condições da Funai trabalhar, porque até o momento que se
discutiu reestruturação, eu não vi nenhuma resposta por parte do senhor, como
Ministério da Justiça. Também, não vi aquela vez que o senhor foi na Funai,
mandou a Funai fazer um levantamento de todos os problemas deles, compactuou
com os servidores da Funai, e eu estava presente, ia dar condições da Funai
melhorar, a reestruturação, e até hoje eu não vi resposta concreta.
José Eduardo Cardozo – A proposta que a Funai fez de reestruturação
foi endossada pelo Ministério da Justiça, e está hoje, no Planejamento.
Rosane Kaingang – Sim, e aí, cadê a resposta do Planejamento?
José Eduardo Cardozo – Bom, o Ministério da Justiça endossou, está no
Ministério do Planejamento, está discutindo a proposta.
Rosane Kaingang– Mas, aí, eu acho que cabe ao senhor, na sua gestão
também, fazer gestões.
José Eduardo Cardozo – Querida, as gestões estão todas feitas, não só
desta área da Funai, eu tenho, um minutinho, se você me pergunta eu tenho que
responder, e você ouve a minha resposta. Não, então não vou responder. Então,
você faz a pergunta e quando eu puder, eu respondo.
Rosane Kaingang – Mas, eu entendi a sua resposta.
José Eduardo Cardozo – Mas eu não respondi, como você entendeu?
Rosane Kaingang – O senhor disse que está fazendo gestões.
José Eduardo Cardozo – Gestões, não só da Funai, eu tenho várias
situações de reestruturações que são indispensáveis, inclusive, para a portaria, eu
estive hoje de manhã, com a Ministra Mirian Belchior pedindo caso, nós
venhamos a fazer a portaria, eu preciso ter uma estrutura, no gabinete do Ministro
para fazer essas mediações. Eu não tenho condições, eu tenho ido a vários
Estados, me empenhando nisso, porque eu acho que esta questão é central, vários
Estados, eu não tenho condições de fazer isso, como eu estou fazendo, o tempo
inteiro. Eu não tenho condições de passar um dia inteiro em Santa Catarina, um
dia inteiro no Rio Grande do Sul, um dia inteiro na Bahia, porque o Ministério da
Justiça ele é imenso, eu tenho 44 mil outros problemas, eu estou me empenhando
pessoalmente assim, porque eu acredito que esse é o caminho, se não eu lavaria as
minhas mãos. Agora, eu preciso ter uma estrutura que faça essa mediação, porque
senão eu, a pessoa do Ministro, não consegue fazer isso sozinho.
Rosane Kaingang – Bom, Ministro, por último nós queríamos ouvir, já é
a terceira vez que as lideranças nossas pedem, e aqui os membros da CNPI
pediram, devido uma vulnerabilidade que se encontra a Funai, eu vou lhe fazer, e
o senhor vai ter que responder, o senhor vai efetivar a senhora presidenta da
Funai?
José Eduardo Cardozo – Isso está sendo colocado para o governo, e esta
avaliação é feita pelo governo. Quem nomeia a Presidente da Funai, quem efetiva,
quem deixa de efetivar é o governo como um todo. O que eu vou te dizer é o
seguinte, a Funai tem hoje uma presidenta que está respondendo pelo exercício, e
isso, no momento, que for decidido será comunicado a vocês, nós estamos ainda
em uma situação de interinidade, por várias, Polícia Rodoviária ficou um tempão
em interinidade, várias situações foram feitas dessa maneira.
Rosane Kaingang – Outra pergunta Ministro, nós temos vários relatórios
na mão da senhora Presidente da Funai, ela tem sua autorização para aprovar
esses relatórios de terra ou não?
José Eduardo Cardozo – A política que o Ministério da Justiça está
fazendo é da mediação no limite máximo das possibilidades, essa é a orientação
política que eu tenho, eu não quero situações paralisadas novas na justiça, nem
quero situações de conflito que eu não tenha exaurido o limite máximo da minha
possibilidade de resolver. Em alguns casos, a gente sabe que não tem como
resolver, caso Awá, por exemplo, não tem conflito para resolver, porque ali não
tem negociação possível, então, vamos efetivar, nós vamos fazer a desintrusão,
nem tem conflito objetivamente. Agora, em situações de conflito, eu vou ao limite
da minha possibilidade, para tentar evitar o conflito, e que aquilo que é um ato,
que parece um avanço, pode ser um retrocesso de anos, com uma liminar, com
uma situação na justiça que paralise situações. É a política que nós estamos
traçando, de governo, não é minha.
Rosane Kaingang – Então, eu queria por último dizer senhor Ministro,
quando o governo Federal não segue uma legislação, uma Constituição, uma
legislação indigenista, ele deixou nós vulneráveis. Ele só deixou duas opções para
nós, nós não estamos brigando com os pequenos colonos isso não existe, no Rio
Grande do Sul não existe, em Santa Catarina não existe, no Paraná não existe,
mas o governo botou nós para brigar com a CNA - Confederação Nacional da
Agricultura, FAMATO, FAMASUL, braço da FETAF. Nós temos duas opções, e
nós vamos passo a passo, nós sabemos como lutar dentro do Congresso Nacional
com relação ao Poder Legislativo, Judiciário e governo federal. Agora o que não
pode é nos deixar na vulnerabilidade, nos deixar vulnerável, e entre as duas
opções, nós vamos, o nosso passo a passo e nós vamos para as nossas ações
práticas que está dando duas opções para nós guerrear e pajelança, isso nós vamos
fazer. Obrigado.
José Eduardo Cardozo – Só uma informação, vai ser instalada hoje sim
a PEC, acabaram de anunciar, o relator será o deputado Osmar Serralho, do
PMDB do Paraná.
Maria Augusta – Saulo.
Saulo Feitosa – Boa tarde, senhor Ministro. Eu vou pedir a permissão de
dialogar com o senhor, sobre algumas questões que foram colocadas.Eu começo
lhe dizendo que eu sou um dos indigenistas mais antigos, porque eu nasci invasor
de terra indígena, eu nasci em Palmeira dos Índios, a terra que recentemente o
senhor suspendeu esses trabalhos. Eu nasci invasor.Eu tive que tomar uma
posição, ou eu me aliava a meus parentes e amigos, ou eu me aliava ao povo
Xucuru cariri, e eu tomei uma posição, estou só lhe dizendo, isso não me
impossibilitou de viver em Palmeira dos Índios e não me impossibilitou de
manter as relações com meus familiares, por mais complicado que tenha sido
essas relações. No ano de 94, fui salvo pelos índios, de uma tentativa de anti
anistiamento feito, não por pequenos ocupantes da terra indígenas, mas por
grandes latifundiários, que tem terra no Mato Grosso, tem terra no Paraguai, e
tem pequenas chácaras no município. É só par a gente entender a gravidade, eu
acho que quando o cacique babau coloca a questão que a discussão é da
existência humana; Na última reunião da CNPI, esteve uma liderança querida do
povo Xucuru cariri, Jecivaldo, ele faleceu depois que voltou daqui, aos 56 anos,
sem ver a sua terra sendo demarcada, e muitas lideranças que u conhecia ali,
morreram sem que a terra fosse demarcada. Eu estou dizendo isto senhor Ministro
só para o senhor começar a refletir que a cada suspensão de trabalho que é feito, é
o intervalo de tempo que para algumas pessoas custa uma vida, e eu estive no
funeral de Jecivaldo, e achei bonito o que uma professora, da comunidade, disse:
“Você foi um homem sábio, preparou sete filhos, quatro filhos e três filhas,
deixou sete guerreiros, porque você sabia que a luta ia continuar.” Então, dito
isso, eu gostaria de também, dizer para o senhor que há concordância entre muitas
coisas que o senhor fala, a correlação de forças eu acho que não há divergência, o
senhor fala como se não houvesse, por parte do movimento indígena e
indigenista, uma incompreensão sobre a correlação de força, eu acho que há sim;
É muito bom que o senhor nos faça perceber ainda mais, porque o senhor tem,
inclusive, informações que nós não acessamos, e essa correlação de forças, ela é,
totalmente, desfavorável, o nosso receio é que o governo, piore essa correlação de
forças.
José Eduardo Cardozo – Concordo com você.
Saulo Feitosa – Então, esse exercício que a gente faz, é nessa tentativa,
justamente, de buscar um certo equilíbrio, ou diminuir a desvantagem nessa
correlação de forças, nesse sentido, eu vou também, quere me dialogar coma
própria experiência do Mandela. É muito bom que o senhor traga o Nelson
Mandela para a nossa sala, por quê? Por que a mídia está querendo transformar o
Mandela, em um reconciliador sem memória. Em um Mandela. Pois é, e nós
sabemos que não, porque Mandela sempre foi implacável com os inimigos do
povo, Mandela sempre foi implacável com o racismo. Então, é isso que nós
estamos querendo dizer, que nessa correlação de forças tem que haver a
inteligência, a habilidade, mas isso que o senhor coloca a gente só pode entender
no contexto do Mandela, então ele se mantém com os seus princípios
assegurados. Nessa discussão dos princípios, o senhor também, por mais de uma
vez, fez referência ao Decreto 1775, eu lutei contra ao 1775, e o 1775 foi muito
ruim para os povos indígenas, Ministro. Eu vou lhe dizer o porque, vou lhe da
vários exemplos, nós dizíamos, que o 1775 não vai impedir as ações judiciais, não
impediu; O 1775, só para lhe dar um péssimo resultado dele, é o responsável
direto pelo assassinato do Cacique Chicão, pai do Marcos. Quando o Ministro
Jobim, fez o anuncia de que esse decreto, ele viria a existir, aqui ele recebeu um
grupo de ruralistas de Pernambuco, eles voltaram fizeram festas dizendo que as
terras Xucuru não seriam mais demarcadas. Esses mesmo ruralistas apresentaram
272 contestações, depois insatisfeitos com as contestações, porque não obtiveram
êxito desejado, não reduziram a terra, tanto quanto pretendiam, eles assassinaram
o Cacique Chicão. Eu poderia dar vários exemplos, não vou lhe dar, só para pedir
que o senhor não repita que o 1775 trouxe de benefício. Se ele tivesse de
resultado, apenas no assassinato do Cacique Chicão, ele já seria um decreto de
morte, ele resultou em muita coisa mais grave do que isso, mas é lógico que tem
sempre que ter o mais velho para fazer a memória, por isso que eu estou aqui me
colocando nesse papel. Então, diante dessas questões todas, eu acho que a
reflexão que o senhor coloca dessa discussão da tática para ganhar versus a
coragem para perder, pode estar correta essa sua preocupação, agora a tática para
ganhar, ela não pode se converter em uma antecipação de derrotas. Eu acho que o
cuidado que nós temos que fazer, nessa conjuntura, e é por isso que a gente está
insistindo é, justamente, como nós vamos encontrar essa saída. Eu fico
impressionado com a sua coragem e disposição de dar conta do Ministério da
Justiça, ainda fazer essas viagens país afora, com essas tentativas, eu o senhor
acha que vai resultar, então nós temos uma releitura aqui, não porque
historicamente o Cacique Babau foi bom em fazer essa memória, e infelizmente,
é isso. O estado é isso aí, o estado é brando, o estado pertence a uma classe,
infelizmente, a nossa luta é para mudar essa situação, ela avançou pouco, e todos
os acordos firmados. Desde a colônia, nós tivemos acordos onde tivemos 72
lideranças indígenas, por exemplo, na Confederação Cariri, representantes do Rei
de Portugal, os índios firmaram acordo, cederam 5 mil guerreiros, para a coroa 4
meses depois o acordo foi desfeito, e 12 mil Januins foram assassinados.
Infelizmente, essa memória que o Babau faz, ela é importante para gente ter
consciência da história. Mas o que eu estou querendo fazer essa reflexão toda é só
para dizer o seguinte, eu acho eu nós temos que compreender o seu esforço, e
sabemos que é um esforço, que para o senhor tem uma perspectiva de solução de
conflitos. Ao mesmo tempo, nós temos uma demanda de comunidades que gritam
por vida, então, o senhor vai ter que fazer uma reflexão, e encontrar a equação,
entre o seu convencimento de que é preciso negocia e as vidas dessas milhares de
pessoas. Então, nesse contexto é que faz sentido, esse desafio que o senhor está se
colocando, é ter sempre presente a vida dessas pessoas, e para tanto eu acho que
demarcação de terras, as terras que não tem nenhum impedimento, deveriam
acontecer sim. Essa tentativa de solução de conflitos, como também, sou um dos
mais antigos, durante o governo do Fernando Henrique, nós todos aqui éramos
oposição aquele governo, mas foi feito uma tentativa de negociação com a
CONTAG, na época o Ministério da Justiça, não lembro mais quem era o
Ministro, mas foi feito um levantamento de todas as situações que envolviam
demarcação de terras de pequenos ocupantes. Se chegou a pensar em um grande
convenio entre Funai e INCRA, para a solução desses conflitos, várias dessas
organizações que estão ligadas a COTAG, a FETAG certamente estiveram nestas
discussões, nessas tentativas de diálogo. Depois mudou o Ministro, e todo aquele
esforço, que a Funai tinha feito, as entidades indigenistas, ele foi esquecido. É só
para dizer que também, já houve outras tentativas, mas fazendo essa distinção,
entre pequeno ocupante e grande invasor.
José Eduardo Cardozo – Deixa eu fazer um comentário. Eu quero te
cumprimentar, concordo com 90% do que você disse, portanto 10% de
divergência, tua análise. Vai da análise do Mandela a tua percepção da correlação
de força, minha discordância em 10%, e aí, eu estou convencido disso, é que
embora, talvez tenha tido uma gênese, um processo muito ruim no 1775, ele
talvez seja o viés do advogado falando, eu tenho a mais absoluta convicção, eu
não sei quais foram os interesses que estavam por trás na realização desse
decreto, mas eu tenho que separar o interesse que levou a uma situação. Esse
decreto, a meu ver, por garantir o direito de defesa, ele salvou as demarcações que
foram feitas no período, se ele não tivesse direito de defesa, não sobreviveria nada
no judiciário; Isso experiência de quem milita na área jurídica, de quem estuda
essa área, o direito contraditório da ampla defesa, ele foi consagrado na
Constituição na parte administrativa, se mesmo formalmente, não fosse feito isso,
eu acho que hoje você teria um desastre nas demarcações feitas. Então, eu acho
que nessa dimensão, independente da gênese, do que determinou das situações, eu
digo mais, eu acho que o 1775, ele, claro, ele não evitou as judicializações, elas
estão dadas aí, ele evitou judicializações com êxito, e derrota para procedimentos
de demarcasses, essa é a grande vantagem histórica. Eu acho mais, quando eu falo
em evitar a judicializações, eu tenho esperanças, mas eu falo evitar a
judicializações com êxito, com liminares, porque nós temos que ter certo rigor
formal nesses procedimentos, porque se nós não tivermos esse rigor formal, se
não tivermos laudos, que respondam a certas questões eu são levantadas, hoje,
pela jurisprudência, nós vamos ter revés, quanto maior o conflito, maior a
possibilidade de revés. Advogados estão se treinando, no Mato Grosso do Sul,
por exemplo, nós sabemos que pessoas foram fazer antropologia para orientar os
advogados nos laudos, a qualidade no embate jurídico está aumentando. Então,
nós temos que ter respostas adequadas, a portaria, ela visou isso dar mais
qualidade jurídica, na instrumentalização, e introduzir o caminhão da mediação.
Uma pena, na minha opinião, eu não sabia dessa experiência no governo
Fernando Henrique Cardoso, achei muito bom, você registrar, uma pena que não
tinha dado continuidade, talvez tivesse resolvido muitos dos problemas que tem
sido colocados. Eu, talvez, mais que todo mundo, talvez tenha mais defeitos do
que virtudes, mas eu entro de cabeça nas coisas que eu acredito, eu acredito que a
única saída, que nós temos, é a busca da mediação nesta questão indígena,
analisando a correlação de força, analisando o processo como está, sem prejuízo,
de nós não mediarmos situações que não tem mediação, ou que não devem,
minimamente, ser mediadas, dentro de uma análise tática, a correlação de força.
Awá, por exemplo, não tem mediação possível, quer dizer, Marawatsedé, não
tinha mediação possível, quando eu liguei para o governador, dizendo que eu
tinha dado ordem para a Polícia Federal, para prender aqueles que estavam
colocando a população dentro da Marawatsedé, e que eu tinha acionado o COT da
Polícia Federal, que é a tropa de elite, para fazer esta prisão, eu fiz com
convicção, porque ali não tinha mais mediação possível, tinha ameaçado. Nós
sabíamos que estavam levando coquetel molotov para reagir, e ali então, nós
botamos 300 a 400 homens para fazer a operação colocada, é diferente de certas
situações que eu acho que ainda tem margem de diálogo, se não tiver margem de
diálogo vai ter que se cumprir a lei. A judicialização é um problema, por
exemplo, eu vou citar o Morro dos Cavalos, se o governo estadual tiver êxito na
ação que disse que vai propor, ele pode ter uma liminar que paralisa aquela
questão por anos. Eu acho que ali podiam ter situações que pudessem ser
evitadas, soube da ação ontem na mesa, o procurador geral do estado, estava
presente na mesa, e falou que o governo do Estado havia vários registros formais,
não sei se vai ter êxito ou não, claro, mas se nós tivéssemos tomado algum
cuidado, nós não daríamos pé para um ataque judicial. Então, é isso que a minha
preocupação é essa, a portaria foi feita com esse sentido e com a mediação, ou
seja, os dois elementos. Mas feita a divergência, o resto eu assino embaixo e
cumprimento a tua intervenção, eu não faria melhor e acho que está correta a tua
análise, inclusive, que me faz refletir também, é importante.
Simone Karipuna – Simone Karipuna, região amazônica, representando
nessa Comissão Amapá e Norte do Pará. Fui escolhida pela Comissão Indígena e
Indigenista para ler a carta do posicionamento indígena, em relação à minuta da
portaria. Gostaria de dizer ao Ministro antes de iniciar a leitura, que para nós, os
membros da CNPI, para mais outras lideranças, foi passada para o nossos e-mail,
e a gente tomou conhecimento da minuta da portaria, e também, no dia da reunião
com o senhor, quinta feira também, foi repassada cópias da minuta da portaria,
então, já nos deu subsídios suficientes para poder expor essa carta ao senhor:
“Articulação dos povos indígenas do Brasil, APOIME, APIN/SUDESTE,
APIN/SUL, Conselho dos Povos Indígenas do Mato Grosso do Sul, Atiguaçu e
COIAB. Brasília, 10 de dezembro de 2013. Ao plenário da Comissão Nacional
Indigenistas, Nós liderança da bancada indígena, das organizações indígenas, da
mesa de diálogo instalada no âmbito da Comissão Nacional de Política
indigenista, reunido por ocasião da 22ª Reunião Ordinária desta Comissão, que
acontece no período de 9 a 12 do corrente, considerando a apresentação por
parte do Ministro da Justiça, da minuta da portaria, que busca estabelecer
instruções para a execução do procedimento administrativo de demarcação de
terras indígenas, de que trata o Decreto 1775/96, viemos diante desta plenária
manifestar: 1º) Os nossos povos e comunidades, após serem informados sobre a
possibilidade deste novo instrumento ser publicado sentem-se profundamente
preocupados, pois entendem que a minuta de portaria, aumenta as ameaças aos
direitos territoriais, já atacados por meio de outras portarias, como a 303 e
iniciativas legislativas como a PEC 215 e o PLP 227. Ao invés de zelar pelos
direitos indígenas, o governo tem dado sinais claros de que tomou posição em
favor dos ruralistas, do agronegócio e do latifúndio. Continua omisso diante da
violência contra nossos povos, como se pode ver, de fato, de que nem sequer se
manifestou ou atuou, judicialmente, para impedir a realização do leilão das
milícias, através dos quais os ruralistas se armam para tirar a vida de nossas
lideranças. Ao contrário, tem insistido em criminalizar a resistência indígena,
retomando a conduta do regime militar. 2º) Em razão disso, esclarecemos que a
CNPI não é um simples fórum de consulta para medidas que interessam ao
governo, mas um espaço de diálogo, de articulação de políticas públicas, e que
em relação a essa minuta de portaria, que tem efeito sobre a totalidade das
terras indígenas do país, deve atuar como instância de mediação, de uma ampla
consulta às comunidades indígenas em suas bases. Essa consulta deve ser feita,
tendo como referência processos como o da formulação de nova proposta de
Estatuto dos Povos Indígenas, durante o qual através da CNPI foram realizadas
uma série de oficinas regionais, para construção com as bases, ou então, como
nas Conferências Nacional de Saúde Indígena e de Educação que também
mobilizaram amplamente as comunidades locais. Nesse sentido, nossa proposta é
que essa discussão de minuta de portaria aconteça por meio de, um mínimo de 10
oficinas regionais, Coordenadas pela Funai, pelas organizações indígenas e pela
bancada indígena da CNPI, esperando ainda que ao final do processo, o governo
respeite a decisão dos povos e comunidades, nos termos da Convenção 169 da
OIT. 3º) Reafirmamos, finalmente, que a apresentação da minuta realizada pelo
Ministério da Justiça não constitui de forma alguma a consulta a bancada
indígena e as demais lideranças, que aceita apenas discutir proposta
metodológica para a discussão a ser realizada com as bases do movimento
indígena. 4º) Entendemos que a tentativa de limitar as discussões sobre a enorme
dívida que ainda resta, em relação a demarcação das terras indígenas, a
avaliação dessa desastrosa minuta de portaria é uma forma de se esquivar em
dar respostas concreta, sobre as demandas já apresentada desde a primeira
reunião da mesa de diálogo. Naquela ocasião cobramos do Ministro da Justiça, a
emissão da portaria declaratória de oito terras indígenas que estão sobre a sua
mesa, sem nenhum obste administrativo, e também, cobramos à Presidência da
República os decretos de homologação de 15 terras indígenas que estão na
mesma situação. Desde então, vimos cobrando uma resposta formal, por escrito,
a respeito dos prazos coma conclusão desses processos, e até agora nada foi dito
sobre o tema. Já sendo a terceira reunião sem resposta concreta. Também,
cobramos uma agenda e prazos, para os demais processos de demarcação que
ainda estão pendentes e nada foi apresentado. Esperamos por isso, que o
governo atenda imediatamente as nossas reivindicações. “Bancada indígena da
CNPI e Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.”
Sandro Tuxá – Sandro Tuxá pelo leste e nordeste, APOIME. Eu só
queria contribuir, sobre a nossa carta, o nosso manifesto junto ao nosso Ministro.
O nosso entendimento construído com o Ministro, na audiência que tivemos na
semana passada, de realmente estaremos efetivando essa consulta junto aos povos
indígenas, entendendo que nós já tivemos acesso, como a Simone mesmo
informou a todo o teor da portaria, inclusive, com elementos, porque o Ministro
mesmo já indagou em vários momentos, o porquê da portaria. Então, nós
entendemos senhor Ministro que não se faz necessário ter uma apresentação
formal, já que nós tivemos conhecimento da mesma, via e-mail, via documento, e
até perante a fala do senhor. Nós queremos é que o senhor, realmente, possa
atender o nosso pedido, porque nós estamos concordando com essa oitiva, junto
aos indígenas, e também, levando em conta, que nós temos um passivo muito
grande, sobre as ações da CNPI, voltadas as outras demandas que aqui estão
postas, relacionada à educação, relacionada à primeira Conferência Nacional de
Política Indigenista, e outros ritos da própria Conferência. Portanto nos
entendemos que amanhã, nós devemos nos debruçar sobre a pauta da
Conferência, entendendo que nós já tivemos conhecimento, do teor da matéria da
portaria, e que nós submeteremos esta consulta, junto às comunidades. Queríamos
que o senhor Ministro pudesse endossar o nosso pedido das dez Conferências,
porque foi uma experiência louvável, das Oficinas, que fizemos as dez Oficinas,
debruçamos sobre o Estatuto dos Povos Indígenas, foi a primeira, pioneira em
nível nacional, e é uma experiência que já foi compactuada pela Funai; Então, a
Funai estaria em cargo disso, junto com a CNPI, e junto com os Dirigentes do
movimento indígena. Era isso que eu queria contribuir.
Daniel Pierre – Daniel Pierre, do Centro de Trabalho Indigenista/CTI. É
só uma questão de ordem sobre este último parágrafo da carta, que faz menção a
um documento que os índios já aposentaram, e a Rosane também fez menção a
esse documento, então eu própria que a gente lesse, junto com o Ministro, a lista
das terras que foram reivindicadas para cobrar uma posição de cada uma dessas
terras. Faço minhas as palavras do Saulo, no sentido de que é muito louvável o
esforço de fazer essa mediação de conflitos em situações onde, é muito crítica
mesmo, mas nesta lista tem terras onde não é o caso, tem uma terra, por exemplo,
no Rio Grande do Sul que tem 222 hectares, seria muito bom ter uma posição
formal sobre, enfim, essa e outras terras.
José Eduardo Cardozo – Bom, deixa só eu começar de trás para diante.
Eu acho excelente a ideia das oficinas, concordo, acho correto, acho que a CNPI
não tem que ser um órgão homologador ou não homologador das coisas, precisa
ver o eu vocês tem a dizer sobre isso. Eu faço duas observações só, eu tenho uma
preocupação com o tempo, por que eu tenho a preocupação com o tempo? O fato
de nós abrirmos uma discussão sobre a portaria é benéfico, porque eu vou saber a
crítica, as coisas, é melhor, etc. Mas também, coloco a questão da
procedimentalização do processo de demarcação, isso não precisa ser feito,
necessariamente, por portaria, pode ser feito por lei, e até agora ninguém, teve a
ideia no Congresso Nacional, de fazer um projeto de lei tratando desse assunto,
mas pode ter, isso pode não ser um procedimento tão adequado quanto aquele que
aprece que nos queremos chegar, claro. Então, qual é a minha sugestão, que a
gente faça as Oficinas, com brevidade, a maior brevidade possível, por quê?
Porque senão, isso até poderá ser utilizado para apresentar um projeto de lei, no
Congresso Nacional, com outras características e com outras intensões diferentes
que a daquela da portaria. Eu temo isso. Não foi colocado, mas eu acho que
podem colocar, por quê? Porque quando nós apresentamos a portaria, a PEC 215
é um pouco isso também, lembre-se a PEC 215 ela tira do Executivo e bota no
Legislativo a questão. E foi falado o seguinte: “A redação não precisa ser está, a
redação pode se outra.” Inclusive, foi dito a reunião o seguinte: “Não, nós
podemos deixar, já que o senhor acha que é inconstitucional, vamos deixar o
decreto final para a Presidente da república, mas vamos fazer o procedimento no
Legislativo.” Isso foi falado na reunião hoje, como sugestão. Isso me assusta um
pouco, quer dizer, a Presidente da República tem o simples caráter
homologatório, de um processo de demarcação feito, sobre a condição do
Legislativo, eu acho que igualmente inconstitucional, não vou entrar nesse mérito,
mas essas ideias podem ser aperfeiçoadas e chegarem, me falaram essa semana, o
seguinte: “Não, deixa o executivo faz a demarcação, a gente faz o processo isso,
a gente regula o processo, mas submetido a homologação do legislativo.” Aí,
você já começa a ter uma diminuição das arestas condicionais, e aí, surge a ideia
que eu acho que nós temos que estar atendo, ou seja, uma lei disciplinando
procedimento, e remetendo, após a decisão da presidenta para uma homologação
do legislativo, do processo. Então, para evitar que situações dessa natureza, possa
ser objeto de debate, inclusive, com decorrência, como essa da PEC 215, eu acho
que nós deveríamos aperfeiçoar esta portaria, então dizer que ela é boa, não é boa.
Eu vou me esforçar para discutir também, com o Congresso Nacional, essa
portaria, trazendo para as lideranças indígenas, as sugestões que fazem, porque se
nós tivermos uma situação de procedimentalização definida, essa discussão, pelo
menos, essa não se coloca, e pode ajudar a esvaziar a discussão da PEC 215. Em
minha opinião, embora hoje, eles sejam, radicalmente, contra a portaria, mas se
nós chegarmos a um denominador, isso pode ajudar a esvaziar, pelo menos, um
setor lá que eu vejo da PEC 215. Então, se nós amarramos muito a nossa
discussão, nós podemos ser atropelados pelo próprio Congresso Nacional quando
legisla aí lei é lei e terá que ser cumprida. Aliás, eu se fosse maquiavélico, se
tivesse com outras posturas, diferentes das que eu tenha, eu não faria a PEC 215,
eu faria uma regulamentação diferente, em processo legislativo da tramitação das
demarcações, claro, mas isso cada um pensa, por isso que eu acho que nós
tínhamos que agilizar. Concordo com as oficinas, acho correto, claro que eu
discordo da análise que está feita no documento, em várias passagens, mas eu
acho que as oficinas são boas. Só coloco uma observação, a portaria, ela não é
uma portaria, de fácil compreensão, porque ela envolve certa nuances, como até
falei na reunião que eu estive com você essa semana, diferença entre
representação, participação e acompanhamento, por isso que eu acharia bom, sem
haver debate, haver uma exposição da portaria, até para que vocês percebam que
nós erramos na redação, se for o caso, ou vocês percebam o que nós quisemos
dizer, para aperfeiçoar. Não sei se aqui, porque quem pega para ler a portaria,
pode ter uma visão diferente, hoje, por exemplo, o Deputado Osmar Serralho, fez
uma série de críticas à portaria, eu a meu vê, não tinha o menor sentido, inclusive,
para aquilo que ele estava falando, ele entendeu errado, quer dizer, e ele é uma
pessoa, imagina, formação jurídica, deu aula de direito e entendeu errado, ou nós
dissemos errado, ou ele entendeu errado, não posso afastar essa hipótese. Por isso
que eu sugiro, que a equipe que redigiu a portaria, pudesse fazer uma exposição,
em algum momento, para que vocês pudessem verificar até o que nós quisemos
fazer, bom, mas isso aqui não está claro, então poder mudar, eu acho que seria
melhor, mas a decisão é de vocês. Essa portaria foi feita a muitas mãos, foi muito
debatido, tiveram várias sugestões que não formam aceitas, outras que foram
aceitas, participaram Ministério da Justiça, AGU, Casa Civil, mas a palavra final
da formatação foi nossa, Ministério da Justiça. Tiveram várias propostas que não
foram aceitas, e outras que foram aceitas, mas por isso que eu quero ouvir. Houve
consulta das mais diversas. Eu comecei na verdade, vou ser muito franco, eu
comecei a discutir essa ideia com a Presidente anterior da Funai, com a Marta,
que apresentou o primeiro esboço de uma ideia, nós achávamos que poderia
melhorar processo de demarcarão da terra, a partir daí, desde a época da Marta,
nós temos tido essas discussões.
Sandro Tuxá – Senhor Ministro, nós gostaríamos de insistir na proposta
que nós já apresentamos, por conta do andar dos incrementos que nós precisamos
dar na CNPI, e a gente entende que não vai haver maiores prejuízos, uma vez que
nas oficinas será abordado todo o teor da portaria e todos os índios poderão
compartilhar do entendimento.
José Eduardo Cardozo – Haveria um momento nas oficinas que a gente
pudesse fazer a exposição?
Sandro Tuxá – Claro, correto, sim.
José Eduardo Cardozo – Perfeito, sem problemas, ok. Fechado, está
bom.
Déborah Duprat – Eu queria saber se há uma disposição do governo de
estar conversando com o judiciário?
José Eduardo Cardozo – Sim.
Déborah Duprat – Principalmente, falo a respeito de Kayabi, porque eu
estive com o Ministro Luiz Fux, enfim, fiquei bastante impressionada, primeira
coisa. A segunda é o seguinte, eu queria saber, se já estão instaurados, na Polícia
Federal, inquéritos sobre esse leilão de milícias.
José Eduardo Cardozo – Eu vou verificar.
Déborah Duprat – E o outro Ministro, sobre o arrendamento, porque a
gente sabe que tem uma indústria por trás desse arrendamento.
José Eduardo Cardozo – Deixa eu lhe falar, os inquéritos, eles correm
em sigilo, eu não posso, nem se soubesse, falar. Arrendamento existe em grau,
bastante aprofundado.
Déborah Duprat – Mais inquérito aberto?
José Eduardo Cardozo – Inquérito aberto, em nível bastante
aprofundado.Eu não posso dar mais detalhes.
Maria Augusta – Eu vou fazer uma intervenção nesse sentido, porque eu
acho, um pouco para concluir também, e fazer uma fala da Funai, porque como eu
fico aqui presidindo a mesa acabo nunca também, me colocando no papel de
representante da Funai, mas acho que é importante nesse momento fazer uma
fala. Eu concordo com as avaliações aqui que foram colocadas, a gente também,
da Funai tem vivido momentos difíceis, eu acho eu tem locais que a gente tem
sentido, na nossa atuação local, o conflito a resistência a nossa ação, a dificuldade
de compreensão também, das pessoas em relação muitas vezes ao próprio
procedimento de demarcação, e a gente também, é favorável. A Funai tem se
colocado a disposição para fazer esse diálogo, quando esse diálogo é possível,
quando existe possibilidade da gente tentar uma mediação, quando a gente sabe
que estamos diante de uma situação, em que o conflito envolve pessoas que estão
em seguimentos, igualmente, vulneráveis. Mas eu queria também, retomar uma
questão que a doutora Déborah colocou aqui, acho que compartilhar um pouco,
até com os próprios companheiros aqui da bancada de governo, que nem a gente
conversou ontem, na nossa reunião de governo, é que, realmente, as críticas que
tem se colocado, as ofensivas, as colocações que tem sido colocada ao próprio
trabalho da Funai, a atuação do movimento indígena, elas tem sido extremamente
pesadas, elas tem sido caluniosas, a gente assiste assim, diariamente no jornal,
parlamentares colocando que os laudos da Funai são fraudulentos, que a ação da
Funai é criminosa, que nós estamos instrumentalizando o movimento indígena
para fazer retomadas, que nós estamos financiando arrendamento. Então, assim,
eu aproveitei essa fala da doutora Déborah, para dizer que, bom, primeiro que nós
sabemos que temos falhas no nosso trabalho, a Funai é uma instituição que
historicamente, nunca foi muito valorizada, ela precisa, de fato, refinar alguns
procedimentos, a gente tem essa compreensão, a gente tem a compreensão que é
possível e preciso melhorar o nosso trabalho em alguns aspectos. Agora, eu acho
inadmissível também, a gente, enquanto governo, e eu venho compartilhando essa
angústia também com os nossos companheiros de bancada, a gente não se colocar
diante dessas afirmações caluniosas que tem sido colocada, o nosso trabalho não é
fraudulento, nós não estamos fraudando laudos, nós não estamos vendendo áreas
para arrendamento, nós não estamos financiando retomada, isso é uma decisão de
cada movimento, de cada povo que tem se organizado e que tem adotado as
medidas que entende melhor, e arcado inclusive com as consequências disso,
como tem sido falado na mesa do Mato Grosso do Sul. Então, eu queria colocar
isso, Ministro, em relação ao arrendamento, mais uma vez, eu acho que a
PNGATI ela vem trazendo essas diretrizes para gente juntos, todos os órgãos de
governo e as próprias comunidades que habitam as terras indígenas, fazerem a
gestão das áreas regularizadas de uma forma sustentável, baseada nos princípios e
diretrizes que estão alinhadas com o que a Funai vem defendendo para a
promoção dos direitos dos indígenas e proteção territorial. As terras indígenas são
terras da União, a Funai é contrária expressamente ao arrendamento, nós inclusive
formalizamos pedido à Polícia Federal para investigar situações de arrendamento,
inclusive em locais que se dizia que havia algum tipo de relação de alguns
servidores da Funai com situações de arrendamento, nós não compactuamos com
isso, achamos que a gestão das terras indígenas regularizadas, elas tem que ser
feitas de acordo com as diretrizes que a Funai e que o governo federal já
explicitou através de uma política nacional instituída por decreto da presidenta
Dilma. E pedimos esse apoio, a gente quer fazer um trabalho à altura do que
merecem os povos indígenas, as terras que estão regularizadas precisam ter
atenção também, precisam ter um trabalho, um investimento, um fomento de
ações governamentais, os indígenas tem colocado frequentemente a necessidade
de apoio do governo federal para fomentar atividades produtivas. Nós vamos
tratar disso aqui amanhã, vamos fazer a nossa prestação de contas, o balanço do
ano de governo, eu, Antônio Alves, o pessoal do MEC vai estar aqui, todo mundo
vai falar um pouco do que tem feito. Fazer esse balanço do ano, e no último dia a
CNPI vamos planejar o ano de 2014, Ministro, e que a gente acha, queríamos
também pedir o seu apoio, enquanto pessoas que se debruçam em cima da pauta
indigenista, que a gente tenha a possibilidade de realizar essa Conferência
Nacional de Política Indigenista, que é o que está se propondo, que é uma ideia
que veio da bancada indígena, que muitos segmentos aqui de governo já
aceitaram. Aliás, ontem na reunião de bancada de governo, já adiantando aqui a
nossa posição, foi consensual o apoio do governo em relação à Conferência, a
gente, enfim, vai apresentar algumas propostas aí em relação ao que vocês estão
colocando, de datas, enfim, que podem recolocar um pouco o que vocês
trouxeram. Mas, em relação ao mérito a gente é favorável, e a gente acha
Ministro, que nesse contexto desfavorável, como o senhor colocou, e que todos
nós temos no seu papel, cumprindo o seu papel enquanto Funai, enquanto
Ministério da Justiça, buscado superar essas dificuldades, a gente precisa também
de uma unidade, e a Funai precisa também desse apoio do governo, para a gente
poder levantar a cabeça, tratar também das outras demais pautas que a gente tem.
A gente sabe que a pauta territorial ela é fundamental, a gente compreende isso, a
gente reforça isso que tem sido colocado por todos os indígenas, não só os
representantes da CNPI, mas por outros, por outras terras onde eu tenho visitado,
por outras áreas de acampamento em que eu tenho ido, a situação do Mato Grosso
do Sul, Anastácio está aqui para também nos dar sempre o seu testemunho,
chamar a atenção para a situação de vulnerabilidade daquela área. A gente sabe
que a terra é fundamental, mas o trabalho da Funai não é só esse, a gente também
quer ter dignidade de se afirmar como um órgão público, se afirmar como um
órgão que desenvolve uma política pública, uma política pública que tem uma
responsabilidade, proteger e promover o direito dos povos indígenas, a gente tem
capacidade de dialogar, mas a nossa missão institucional, é essa, então extrapolar
muito a minha missão institucional também eu acho que é difícil. E, por isso eu
peço Ministro, o seu apoio para a gente poder finalizar o ano de uma forma não
tão negativa, eu acho que positiva não está, o cenário positivo não está para nós,
mas para a gente poder encerrar de uma forma, procurando fazer a discussão
dessa portaria. A portaria foi proposta, todos nós Funai, os indígenas estão abertos
a fazer essa discussão, deixaram isso claríssimo aqui, diferente de outros
segmentos que não querem nem fazer a discussão da portaria, mas a gente quer, a
gente acha que isso é importante, vamos ver quais são as questões que a portaria
pode melhorar, enfim, vamos fazer essa discussão e ver se para o ano que vem a
gente começa em uma perspectiva um pouco menos desfavorável para a gente
realizar o nosso trabalho, e para a gente poder, enquanto estado brasileiro,
cumprir o nosso papel de proteger e promover os direitos dos indígenas. Obrigada
Ministro.
José Eduardo Cardozo – Obrigado a vocês, eu vou agradecer a vocês,
não sem antes dizer algumas coisas importantes, não é só a Funai que tem sido
atacada, eu próprio tenho sido, recentemente em uma audiência uma senadora me
falou que eu sou um enrolador, que eu sou um omisso, até me deu um novo nome
“José Omisso Cardozo”, e a minha omissão é justamente não parar esse processo
de demarcação, no caminho oposto ao que estão sendo colocado. Então, todos nós
estamos submetidos a essa situação, e evidente é impossível o corpo não apoiar o
seu membro, a Funai é governo, ela não é uma ONG, ela é governo, é nomeada
pelo governo para seguir a linha de governo, então eu não posso separar a Funai
de governo, claro e naturalmente, o governo tem que apoiar a Funai, claro, porque
seria a mesma coisa que um corpo não apoiar a sua perna, o corpo tem um
cérebro, tem a perna, e o cérebro comanda a perna, mas tem que apoiar essa
perna, não é verdade? Então, nessa perspectiva é evidente que as políticas
governamentais têm que envolver todos os membros do seu corpo, e a linha
traçada pela presidenta Dilma Rousseff é muito clara e tem que ser seguida, não
só pelos seus Ministros como por todos os seus órgãos, a orientação é garantia
dos direitos indígenas, aquilo que a presidenta disse na reunião com vocês, a
orientação é, cumpra-se a Constituição, a orientação é buscar mediação ao limite
das possibilidades para evitar conflitos como ponto de responsabilidade
governamental sem prejuízo daquilo que efetivamente deve ser feito como tarefa
do poder executivo. Claro, essa é a missão que eu tenho, essa é a missão que a
Funai tem, eu até pela forma que a Funai é um membro de um corpo e a linha é
única. Nessa perspectiva eu acho muito importante a gente desenvolver esse
diálogo que eu não me furto, mas ainda, quero ser muito franco, nessa linha da
mediação que é uma linha de governo, é uma linha que eu acredito
profundamente, eu posso estar errado, eu não vejo outro horizonte possível para
tentarmos. E, por isso, eu tenho me empenhado muito, eu me empenharia em
qualquer condução, porque quando você está em um governo, você ou sai dele ou
cumpre as suas determinações, e quando o governo determina, eu posso até,
eventualmente, já participei de vários governos na vida, posso falar, eu não
concordo, mas não acho que é o suficiente para ir embora, porque se eu tenho
orientação, e acho que contraria os meus princípios, por dever de lealdade, de
honestidade e ética eu tenho que sair do governo, mas nunca aconteceu isso
comigo no governo da presidenta Dilma Rousseff. Mas, nesse caso, a orientação
de seguir a mediação não é uma coisa que eu cumpro por dever hierárquico, que
todos nós membros de um corpo por lealdade temos que fazer, mas é porque eu
acredito nisso, e o meu empenho máximo é nessa linha, eu acredito nisso, eu
acredito no direito dos povos indígenas e acredito que é possível diminuir muitos
dos conflitos, das demandas judiciais como forma e alternativa, quer dizer, ou
seja, não é só um cumprimento de ordem hierárquica que por lealdade eu teria
que cumprir, mas é também por crença, eu espero não estar equivocado nisso. E
nesse ponto vocês contem com a minha firme atuação nessa linha, enquanto eu
estiver no ministério, me empenharei ao máximo para cumprir aquilo que é esta
orientação, e no mais, agradecer a vocês a oportunidade de a gente poder fazer
essas oficinas discutindo esta portaria, para aperfeiçoá-la, para que eu possa
entender eventuais críticas, para que eu possa explicar o que a gente quis fazer,
redigir melhor ou mostrar para vocês que a redação é boa. Em síntese, eu
agradeço esta oportunidade que nós vamos fazer, seria muito importante que nós
tivéssemos um cronograma disso, e eu peço encarecidamente por força da
conjuntura adversa que nós estamos vivendo hoje, e conflituosa, quanto mais
enxuto for esse cronograma é melhor para nós darmos respostas, é melhor para
nós fecharmos portas para que ventos estranhos não enterrem pelas nossas
janelas. Então, eu acho que esse cronograma mais rápido, sem prejuízo da
profundidade de discussão, sem prejuízo do nosso empenho em realizar, é de
fundamental importância, porque o tempo agora, ele pode jogar contra nós na
realidade que nós estamos vivendo. Então, a vocês muito obrigado, eu continuarei
me empenhando nessas mesas de negociação, no limite da minhas possibilidade,
repito, não por dever hierárquico que eu faria lealmente como sempre, mas
também porque eu acredito que nós vamos superar essa adversidade, evitar
retrocessos e garantir avanços, desde que a gente tenha a sensibilidade, a análise
da correlação de forças e a maturidade necessária para compreender o momento
que nós vivemos, que não é dos mais fáceis, mas também não é dos mais difíceis,
é um momento que, como muitos na vida de quem está na gestão da coisa
pública, tem que ser superado. Obrigado a vocês.
Marcos Xukuru – Sr. Ministro, e gostaríamos que tivéssemos esse
compromisso, como nós vamos fazer esse processo ter esse acordo aqui com o
senhor, que não publicasse essa portaria.
José Eduardo Cardozo – Não, não vai ser publicada não, fique tranquilo,
não vai ser publicada.
Marcos Xukuru – Nós queremos essa garantia, essa fala do senhor
registrada, inclusive em Ata, porque o nosso compromisso nós iremos fazer na
medida em que nós nos comprometemos aqui. Iremos fazer o possível.
José Eduardo Cardozo – Claro, não, está garantido, ninguém vai
publicar portaria nenhuma. Aliás, foi uma orientação da presidenta, ela falou:
“Não quero que nada seja feito sem que sejam ouvidos os indígenas.” Foi feita a
reunião dos índios, com vocês, com todos os indígenas, os índios. O que eu quero
é só dizer a vocês, por favor, a maior agilidade possível nisso, eu não vou
publicar, mas eu preciso que vocês façam o cronograma rápido para que a gente
possa viabilizar isso.
Marcos Xukuru – Convido a bancada indígena e indigenista para sentar
urgentemente ali mediante essa informações que nós tivemos em relação à
proposta da PEC.
Chiquinha Paresi – Ministro lembre-se da garantia de recursos
financeiros?
José Eduardo Cardozo – Sim, eu vou fazer o possível, eu não tenho a
menor ideia do custo disso, mas vou atrás dele. Ah, do Irapuá, perdão, eu estou
tão cansado que eu não estava me lembrando. Não, não é o problema de uma
portaria é o contexto em que ela se insere. Há algumas lideranças do Rio Grande
do Sul que estão loucas para que qualquer ato seja praticado para incendiar o Rio
Grande do Sul, eu acho que ali é uma terra que tem uma baixa densidade de
conflito, mas o estado não tem, por isso que eu queria fazer a mesa de negociação
lá e não consegui até agora, porque ali, está claro que não tem conflito, eu soltaria
com base na mesa e ninguém pode dizer o contrário, eu tentei fazer isso, uma vez
eu falei com as lideranças lá, mas eu não consegui fazer. Qual era a minha ideia,
quais são os conflitos que tem lá? Ah, não tem, bom, então vamos fazer, e aí
ninguém poderia dar como justificativa para colocar fogo nas outras, por
exemplo, lá eu tenho alguns assentamentos com o Mato Preto, como o Passo
Grande da Forquilha, que são assentamentos muito fortes, e que algumas pessoas
não bem intencionadas estão querendo utilizar para incendiar, inclusive Santa
Catarina e Paraná, claro. Então, eu tenho que isolar as coisas, pelo menos na
minha avaliação, eu não posso imaginar, por exemplo, se você solta uma coisa e
não fica claro para o pessoal de Mato Preto que uma coisa não tem a ver com a
outra, incendeia imediatamente, então é só esse o cuidado que nós temos que ter,
daí eu tenho insistido na mesa de negociação, mas eu sei que lá não tem esse
observação, mas eu preciso deixar isso transparente para o estado e para os
principais envolvidos, eu tenho certeza que na mesa de negociação isso fica
facilmente resolvido em cinco minutos.
Maria Augusta– Pessoal, vamos encerrar então nosso primeiro dia da 22ª
Reunião da CNPI, e quem quiser se reunir pode usar as salas ali do lado, está
bem? Obrigada. Olha, amanhã, 9h aqui, está bem?
Dia: 11/12/2013, manhã:
Teresinha G. Maglia – Bom dia a todos e a todas. A presidente está um
pouquinho atrasada e pediu que se iniciasse a reunião mesmo sem a presença
dela, afinal e de imediato passo a palavra para a Carolina, da Diretoria de
Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, para que ela comece essa
apresentação, que seria os arranjos institucionais da Funai. Prestação de contas do
ano 2013.
Carolina – Bom gente, bom dia a todos e todas. Como a Teresinha já
falou, eu, Carolina, sou Diretora Substituta da Diretoria de Promoção e
Desenvolvimento Sustentável. E a Funai, como todos sabem, tem duas diretorias
finalísticas, que é a Diretora de Promoção ao Desenvolvimento
Sustentável/DPDS, e a Diretoria de Proteção Territorial/DPT. Então a ideia é
fazer uma breve prestação de contas sobre o trabalho que a gente desenvolveu no
ano de 2013, e também traçar um panorama dos desafios presentes e futuros que a
gente tem enfrentado. Eu não vou seguir estritamente o power point, mas assim,
porque tenho outras coisas que eu quero falar que não estão refletidas aí mas,
antes de mais nada, eu acho importante colocar que a Diretora de Promoção e
Desenvolvimento Sustentável ela foi criada em 2009 com a reestruturação da
Funai. Então, antes disso ela, se chamava Diretoria de Assistência. Com a
reestruturação, o caráter de atuação da diretoria se modifica substancialmente,
passa a ser uma diretoria que tem o desafio de promover o desenvolvimento
sustentável, a autonomia dos povos indígenas, o respeito, enfim, a diferença, a
agrobiodiversidade das terras indígenas. Enfim, é todo um enfoque diferenciado
do que era anteriormente a Diretoria de Assistência, que estava voltado como o
próprio nome diz, a uma ação assistencialista, que era bastante resumida na
entrega de alimentos, ferramentas, sementes, a prática de listas, era muito o que
acontecia no âmbito dessa diretoria.
Marcos Xukuru – Marcos, região nordeste e leste. Só questão de ordem
já que estamos dando início aos trabalhos, é bom estipular a questão de um
horário, quanto tempo você precisa para poder fazer a sua apresentação para a
gente poder otimizar o nosso tempo em virtude de que precisamos à tarde termos
uma outra agenda, só para a gente poder organizar esse tempo até 12h, 12h30’,
não sei que hora a gente vai ficar.
Carolina – Certo, temos 20 minutos para apresentação e um vídeo de 12
minutos, uns 40 minutos no total. Então, como estava dizendo, o novo viés de
atuação da Diretoria está voltado, não mais para uma ação assistencialista, enfim,
de uma proteção tutelar do estado com os povos indígenas, mas sim da
valorização das terras indígenas para a promoção da autonomia dos povos
indígenas, e a valorização dos modos de vida, ou seja, é a Funai tendo que se
redesenhar para conseguir prestar um apoio aos povos e terras indígenas de forma
diferenciada, se antes se fazia de uma forma bastante padronizada, a gente passa a
ter como diretriz esse atendimento diferenciado. Então a Diretoria de Promoção e
Desenvolvimento Sustentável ela trabalha com dois grandes eixos, um deles é o
eixo da gestão territorial e ambiental. Pode passar o próximo slide e daí eu vou
mostrar onde isso se reflete na estrutura da diretoria. Esse eixo da gestão
territorial e ambiental está refletido bastante na Coordenação-Geral de Promoção
ao Etnodesenvolvimento, na questão de atividades produtivas, enfim, fomento à
produção, geração de renda, autoconsumo. Na Coordenação-Geral de Gestão
Ambiental, e também na Coordenação-Geral de Licenciamento Ambiental. E, o
outro viés de peso da atuação da diretoria, é na área da promoção dos direitos
sociais e de cidadania, ou seja, no reconhecimento dos indígenas como cidadãos
brasileiros que tem direitos iguais a todo cidadão brasileiro, mas ao mesmo tempo
são sujeitos de direito diferenciado, que devem ter a sua diversidade cultural, a
sua especificidade cultural respeitada no âmbito das políticas públicas. Essa é a
atual, são as cinco coordenações gerais que compõem a diretoria atualmente e é
uma configuração que se consolidou no ano passado, teve o que muita gente
chama da outra reestruturação da Funai, mas não foi, foi uma reorganização da
Funai o Decreto 7774, é isso? Acho que é? Em junho do ano passado teve outro
decreto que reorganiza um pouco o que foi proposto na reestruturação de 2009. E
afetou diretamente a estrutura da Diretoria de Promoção e Desenvolvimento
Sustentável, e levou a configuração dessas cinco coordenações gerais no âmbito
da diretoria. Então a Coordenação-Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento,
CGETNO, todo mundo conhece muito as siglas. Na CGETNO, o Coordenador-
Geral é o Júlio César, que eu acho que não está aqui ainda. Já chegou o Júlio? O
Júlio César é o Coordenador-Geral. Então é legal que vocês conheçam, ele deve
está chegando, ele está na Funai a mais ou menos dois meses, mas de toda forma
está aqui o Ivan representando a CGET no que é o Coordenador de Geração de
renda na Funai. Quem quiser dinheiro é com o Ivan. Então o Ivan coordenador de
geração de renda. A Coordenação-Geral de Promoção dos Direitos Sociais,
CGPDS, a Coordenadora-Geral é a Patrícia Chagas, que está ao telefone ali, ela
pode se levantar para todo mundo saber quem é. A Patrícia já está com a gente há
mais de um ano. A Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania, a
Coordenadora-Geral, a CGPC, a Coordenadora-Geral é a Erika Yamada, vários
de vocês já conhece, porque ela participa da CNPI, ela era assessora do Aluizio,
assessora da Diretoria de Proteção Territorial. Não está aqui, está lá no Território
Etnoeducacional Yanomami. Mas, temos aqui a Eliane Pequeno, que é
representante da CGPC, trabalha lá, e não sei se tem a Josilene Brandão ainda não
chegou, mas à medida que chegar eu apresento. A Coordenação-Geral de
Licenciamento Ambiental, que a Coordenadora-Geral é Maria Janete Carvalho,
acho que também vários de vocês conhecem a Janete Carvalho, já trabalha há
muito tempo nessa área de licenciamento ambiental e a Coordenação-Geral de
Gestão Ambiental, CGGAM, Jaime Siqueira, também muito conhecido. A Julia,
ela trabalha no licenciamento ambiental com a Janete, ela é uma das
coordenadoras. Então essa é a configuração atual da diretoria, e eu vou falar um
pouquinho dos avanços em cada área dessa esse ano, e também falar um pouco
sobre o Projeto GATI, e a PNGATI, o Projeto Gestão Ambiental e Territorial de
Terras Indígenas que é um projeto piloto de ações de gestão territorial e ambiental
que ocorre em 32 terras indígenas no país, e a PNGATI que é a Política Nacional
de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas que foi decretada no ano
passado, então o projeto GATI ele faz iniciativas piloto, digamos, da política,
embora a política tenha saído depois do projeto. E também assim, só para
enfatizar, esse é o todo, é uma diretoria que está num processo de reconfiguração
da própria atuação da Funai como um todo, então todas essas coordenações gerais
elas estão com inúmeros desafios à frente, e é uma diretoria que trabalha
muitíssimo, e para desenvolver o seu trabalho tem que está constantemente
atuando e em parceria com outros órgãos que têm também atribuições sobre
execução da política indigenista do país, então o etnodesenvolvimento a gente
tem uma interface muito forte com o Ministério do Desenvolvimento Agrário,
com a Embrapa, os direitos sociais a gente tem uma interface muito forte com o
Ministério do Desenvolvimento Social, com a própria SESAI. A promoção de
cidadania tem uma interface grande com o MEC e com o MInC, licenciamento
ambiental com o Ministério do Planejamento, com o Ministério de Minas e
Energia, com o Ministério dos Transportes, e a gestão ambiental, sobretudo com o
Ministério do Meio Ambiente. Então a gente não consegue fazer o nosso trabalho
sozinho de forma nenhuma, a gente tem que estar sempre dialogando com outros
órgãos no âmbito federal, mas também estadual e municipal quando vai para as
regionais e CTLS da Funai. Bom, esse ano alguns avanços da Coordenação-Geral
de Promoção ao Etnodesenvolvimento, vou citar apenas alguns, mas um deles é a
realização do segundo módulo de capacitação para servidores dos serviços de
gestão ambiental e territorial das Coordenações Regionais da Funai para quê?
Para aprimorar a elaboração dos planos de trabalho das coordenações regionais.
Por que isso? Isso tem a ver com essa mudança da qual eu estava falando. Por
muito tempo, a Funai, ela entregou semente, ferramenta, mas hoje em dia a gente
tem um desafio de está conseguindo construir e de forma participativa com os
povos indígenas os planos de trabalho regionais que atendam a demanda das
comunidades indígenas e consigam se adaptar localmente, regionalmente, as
potencialidades produtivas das terras indígenas, enfim, do país inteiro. Então, a
gente tem feito uma série de capacitações para ir habilitando os servidores que
estão atuando nas pontas para essa nova orientação. Claro que a gente sabe vocês
que estão nas bases aí, a gente sabe que isso ainda tem muito que avançar, até
porque hoje em dia a gente tem conseguido avançar bastante na produção de
planos de trabalho bastante qualificados e inclusive construídos
participativamente com os povos indígenas, às vezes daí a gente entra no
problema da execução, até tem um plano de trabalho já muito mais aprimorado,
mas aí entra numa dificuldade de execução da Coordenação Regional. Mas isso,
enfim, é um processo mesmo. Outro avanço esse ano que é um avanço que não é
só desse ano, mas que é um processo que está acontecendo é a realização de
diagnósticos sobre turismo em terras indígenas, e a sistematização de
informações, com proposta de minuta para visitação em terras indígenas. Então é
uma meta do PPA da Funai a regulamentação do turismo em terras indígenas, até
2015, e existe todo um plano de trabalho para isso, já foram feitos diagnósticos
em várias terras indígenas sobre turismo, e atualmente a gente já conta com uma
proposta que a gente pretende submeter à discussão com vocês, inclusive de
minuta para regulamentação da visitação em terras indígenas. Não vou me
alongar nisso porque isso aqui é um tema que requer um diálogo mais detalhado,
um pouco mais longo para explicar enfim todo esse processo. Em termos de
avanço também a ampliação e consolidação de parcerias com instituições
públicas federais como o MDS, MDA. Ainda, no etnodesenvolvimento, esse ano
a gente já realizou uma aproximação com o instituto de propriedade industrial
visando à adoção de sinais distintivos por produtos indígenas de terras indígenas,
então nós começamos a discutir o processo de criação e constituição de marcas
indígenas, de selos indígenas para os produtos indígenas. Então é uma ação que
está em curso, participamos e apoiamos vários eventos de intercâmbios e troca de
insumos e sementes nas terras indígenas, e entre os povos indígenas como é o
caso da feira de sementes em Ingaricó, a feira de sementes Krahô e a Feira
Nacional de Agricultura Tradicional indígena, e também temos promovido ações
mais robustas voltadas à segurança alimentar e em áreas de indígenas de recente
contato, como é o caso de Awá Guajá e também áreas prioritárias da Funai, como
é o caso de Mundurucu e Marawatsedé. Essas áreas, só fazer uma observação,
essas áreas que estão citadas aí, Awá Guajá, Mundurucu, Marawatsedé, são áreas
de atuação prioritária que a Funai tem feito ações articuladas em conjunto, várias
coordenações gerais da Funai estãofazendo expedições nessas áreas para a gente
ter um conjunto de ações mesmo que atenda as demandas dessas terras indígenas
que estão em situação de extrema vulnerabilidade, sofrendo grandes pressões e
assim por diante. Então não é só um avanço do etnodesenvolvimento, mas de uma
forma geral na Funai se tem feito esse esforço entre as duas diretorias de fazer
uma atuação articulada. Bom, aí eu estou passando para a Coordenação-Geral de
Promoção dos Direitos Sociais, os avanços dessa coordenação geral e acho que é
interessante também traçar um desafio que é comum a Coordenação-Geral de
Proteção ao Etnodesenvolvimento e a Coordenação-Geral de Promoção dos
Direitos Sociais, por uma ação que a gente vem refletindo dentro da Funai que é
essa necessidade de fazer uma transição desse padrão de assistência para um
padrão de promoção ao desenvolvimento sustentável. Então assim, nós sabemos
no país muitas terras indígenas recebem cesta básica, que é uma ação que é
acompanhada pela Coordenação-Geral de Promoção dos Direitos Sociais. O caso
do Mato Grosso do Sul é emblemático porque existe distribuição universal de
cesta básica para as terras indígenas lá. E a gente está buscando traçar uma
estratégia de, paulatinamente, fazer numa transição de modo que a gente tenha
mais fomento às atividades produtivas, às roças, às atividades inclusive que tem
potencial de geração de renda nas comunidades indígenas, e uma redução da ação
assistencialista. A gente sabe que tem terras e localidades que a gente não tem
como abrir mão da cesta básica, que realmente as comunidades dependem disso.
Mas, a gente sabe que tem lugares que inclusive tem comunidades que pararam
de plantar pela acomodação, bom, está recebendo a renda do Bolsa Família,
recebe a cesta básica e parou, e isso afeta diretamente a saúde das comunidades
indígenas que passam a ter um padrão alimentar inferior, muito baseado em
carboidratos, enfim, esses alimentos que são distribuídos por meio da cesta
básica. E deixam de estar cultivando a sua semente, de estar plantando, de estar
trabalhando com os recursos das suas terras. Então a gente já fez esse ano uma
inversão, colocamos mais recurso para o etnodesenvolvimento e menos para as
ações mais assistencialistas digamos assim, e pretendemos continuar trabalhando
nesse sentido no ano que vem. Bom, então a Coordenação-Geral de Promoção
dos Direitos Sociais nesse o ano, um dos avanços foi a assinatura de acordos de
cooperação com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
sendo que um deles é voltado para o estudo e aprimoramento do programa Bolsa
Família. Então um pouco nessa linha que eu estava falando aqui da cesta básica
também, o programa Bolsa Família começou a ser acessado por muitas
comunidades indígenas no país, e hoje está havendo uma pesquisa em nível
nacional em algumas regiões piloto, são sete terras indígenas. Para se fazer uma
avaliação do impacto do programa Bolsa Família nas terras indígenas e para os
povos indígenas, porque a gente sabe que em muitos casos o Bolsa Família gerou
aquela situação de dependência, de apreensão de cartões do Bolsa Família por
comerciantes locais que se aproveitam e se apropriam do recurso que os indígenas
recebem. Também tem essa questão do recurso financeiro acaba gerando um
desestímulo a utilização, a plantação, as roças das comunidades indígenas, e
assim por diante, então está havendo uma avaliação para que se possa aprimorar o
programa Bolsa Família que é um programa universalizante, que é para todo
mundo igual, eventualmente ele ter algumas características diferenciadas para os
povos indígenas. Então após o resultado da pesquisa vai se buscar aprimorar o
desenho do programa que para atender as especificidades dos povos indígenas.
Também estamos fechando a criação de um sistema de direitos sociais e
cidadania que deve ser lançado ano que vem, para fazer um levantamento, enfim,
para que a gente tenha um cadastro mais padronizado pela Funai, um
levantamento de dados nas terras indígenas, da população, dos benefícios que a
população indígena está recebendo e assim por diante, de repente depois a
Patrícia pode até falar um pouquinho mais do sistema que ela está acompanhando
diretamente. Também fizemos a regulamentação dos serviços de acolhimento ao
índio, a Instrução Normativa nº 2, isso é super recente, acho que faz umas duas
semanas que foi publicado no diário oficial, mas é importante porque essa
regulamentação, importante que todos vocês saibam e disseminem essa
informação porque regulamenta como é que se dá o acolhimento ao índio pela
Funai quando os indígenas estão em Brasília em articulação social. Tem critérios
para isso, a gente precisa ter que as nossas regionais estejam informadas, então
cria um fluxo de comunicação, estabelece períodos de permanência. Enfim, é
importante que todo mundo se aproprie dessa normativa que foi recém-criada. E
bom, esse ano foi criada a sala, foi instalada uma sala de situação no âmbito do
programa Brasil Sem Miséria. É uma sala de situação para discutir a questão
indígena na qual a Funai senta junto com o Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome e com Ministério do Desenvolvimento Agrário para avançar
uma série de pautas, seja voltada ao etnodesenvolvimento ou a promoção dos
direitos sociais no sentido de se buscar a diferenciação dessas políticas públicas
que já estão dadas aí, seja a política de ATER, a política de fomento, a política de
assistência social, e trabalhando com um refinamento dessas políticas para os
povos indígenas. Então, foi muito frutífero esse ano ter essa sala de situação com
o MDA e com o MDS, porque a gente conseguiu avançar uma série de pautas,
inclusive estamos trabalhando uma proposta que é a de fomento coletivo, que
seria uma forma de está podendo apoiar associações indígenas para atividades
produtivas nas suas terras. Ao invés do fomento, ele ser por família, também tem
essa possibilidade de haver um aporte de recursos federais que possam ser
alocados para associações indígenas, para produção indígena associada à
assistência técnica rural. Isso está em andamento também ano que vem, imagino
que a gente já tenha uma normativa sobre isso. Também, no âmbito dessa sala,
outra coisa que tem sido discutida, por exemplo, é a qualificação da ação de
distribuição de cestas básicas, qualificar a distribuição porque a Funai ficou muito
envolvida na entrega das cestas básicas, de conseguir fazer a logística para
entregar a cesta básica, de conseguir embalar a cesta básica, o que acabava
onerando os servidores das Coordenações Regionais, das coordenações técnicas
locais, nesse serviço assim mais manual, e acaba afastando eles do trabalho
técnico que eles têm que fazer, então a gente avançou nos diálogos com a
CONAB, esse ano, de modo que a Funai fique menos envolvida com essa
operacionalização, até porque isso tem um impacto no nosso orçamento bastante
alto, e que a gente possa desonerar os nossos servidores para que eles possam está
construindo os planejamentos, dando andamento a execução das atividades
finalísticas nas terras indígenas. E, outro avanço também dessa sala de situação, é
a abertura do diálogo com a Secretaria Nacional de Assistência Social para que os
CRAS e CREAS que estão localizados dentro das terras indígenas passem a ter
uma atuação diferenciada, de fato, isso é um diálogo insipiente, que está no
começo, mas existe essa abertura da Secretaria. E, também conseguimos
viabilizar a indicação de áreas de terras indígenas não só no semiárido, aí está só
o semiárido, mas em outras localidades do país para terem acesso ao programa
Água Para Todos. Então comunidades que estão com dificuldade de acesso à
água, seja para consumo, ou seja, para produção, poder ter o acesso a esse
programa federal que é o Água Para Todos. Bom, então a Coordenação-Geral de
Promoção de Cidadania ela é uma coordenação, mudando já a fita para outra
coordenação geral, ela é uma coordenação que foi criada ano passado, e ela tem
duas coordenações específicas, uma delas é a Coordenação de Processos
Educativos que está responsável pelo acompanhamento das ações de educação
escolar indígena e de apoio a processos educativos indígenas, e a outra
coordenação que se chama Coordenação de Mobilização Social, Gênero e
Geração. A Eliane pode me corrigir, talvez eu troquei a ordem. Bom, mas de toda
forma ela trata da temática, se foi criado um locus, dentro da Funai, para tratar da
temática de mobilização social. Diga Eliane.
Eliane Pequeno – Eliane, antropóloga da CGPC, a Coordenação-Geral de
Promoção da Cidadania é composta pela Coordenação de Promoção dos
Processos Educativos, e pela Coordenação de Gênero, Assuntos Geracionais e
Mobilização Social, ou seja, COPE e COGEM.
Carolina – Então é essa coordenação, que é um locus que foi criado
dentro da Funai para está se pensando processos de mobilização, de
fortalecimento das associações indígenas, de fortalecimento da participação social
indígena nos diferentes fóruns onde políticas públicas estão sendo discutidas, seja
no âmbito federal, estadual ou municipal, local. Ela está voltada para isso, mas é
bastante jovem essa área, e também discute como já havia uma coordenação
anteriormente voltada para assuntos para assunto de gênero e geração para
discutir na pauta das mulheres indígenas, da juventude indígena e infância. Bom,
em alguns avanços aqui, na verdade tem muito mais, mas só destacar alguns dos
avanços da Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania, que foi o apoio, a
realização e a participação indígena em mais de 100 eventos esse ano, no
contexto das políticas públicas e iniciativas de fortalecimento dos povos
indígenas. O apoio a cerca de 1.450 estudantes no ensino superior. E, a transição
do auxílio da Funai para o Bolsa Permanência do MEC, isso é uma pauta que de
repente o próprio MEC vai falar mais longamente, mas a Funai ela vinha e
continua apoiando em certa medida a permanência de estudantes indígenas no
ensino superior por meio de um auxílio, no entanto a gente está num processo de
transferência dessa atribuição do pagamento desse auxílio para o MEC que já está
ocorrendo, e ele se configura nesse programa chamado Bolsa Permanência, que é
uma portaria que saiu em junho desse ano, então nós já temos vários indígenas no
país de ensino superior que estão inscritos no programa Bolsa Permanência no
MEC para que possam dar continuidade aos seus estudos de ensino superior.
Bom, nós temos também 22 Territórios Etnoeducacionais pactuados com o MEC,
e nessa Coordenação-Geral há apoio a uma série de iniciativas de processos
comunitários indígenas, atualmente a gente apoia 11 iniciativas. A Coordenação-
Geral de Licenciamento Ambiental tem como avanços uma organização e
normatização cada vez maior da atuação da Funai nos processos de licenciamento
ambiental de empreendimentos, a garantia da oitiva dos povos indígenas nos
processos, ou seja, dentro dessas normativas está bastante claro que em todo o
processo de licenciamento, em todas as suas etapas as comunidades indígenas
devem ser ouvidas e devem participar. E, também se percebe hoje já um maior
reconhecimento por outros setores do governo da importância do componente
indígena nesses processos. No entanto, ainda há vários desafios para essa
coordenação-geral, um deles é a mobilização qualificada e informada dos povos
indígenas para que possam intervir nos processos de modo também qualificado e
informado, ou seja, a gente conseguir está fazendo processos de capacitação
mesmo dos indígenas sobre como é que funciona o licenciamento ambiental,
quais são as normas, quais são as etapas de modo para empoderar as comunidades
mesmo para atuar quando estão sendo impactadas por grandes empreendimentos,
e também um acompanhamento de processos de licenciamentos estaduais e
municipais, dos quais nem sempre os povos indígenas e a Funai costumam ser
alertados. Isso é muito importante também porque quando o empreendimento ele
é federal já tem toda uma normativa que obriga o IBAMA a informar a Funai, e a
gente consegue acompanhar com mais qualidade e transparência os processos.
Agora quando têm empreendimentos estaduais ou municipais, essa normativa ela
não abarca as situações dos estados e municípios e, muitas vezes, a Funai não é
sequer informada que está havendo isso, e aí muitas terras indígenas acabam
sendo impactadas diretamente por seja rodovias estaduais, PCHs, MCHs,
estaduais ou municipais sem que a gente tenha conhecimento, então é importante
que a gente sempre seja informado, mas não há ainda esse fluxo muito bem
estabelecido. Bom, a Coordenação-Geral de Gestão Ambiental tem destaque aqui
em dois grandes avanços, um deles foi a formação do grupo de trabalho
interministerial com o Instituto Chico Mendes para se tratar das interfaces e das
sobreposições de terras indígenas e unidades de conservação. Esse grupo foi
criado em maio, ele tem um ano de prazo para dar diretrizes, encontrar soluções e
alternativas nos casos de sobreposição de terra indígena e unidade de
conservação. Nós já realizamos diversas reuniões no âmbito desse grupo de
trabalho. E, também começamos um processo aí de aprimoramento da
participação indígena em comitês de bacias hidrográficas, tendo como a primeira
experiência o caso da bacia hidrográfica do Rio Doce, em novembro. E aqui, eu
vou falar um pouquinho, estou quase terminando, vou falar um pouquinho do
projeto GATI e da PNGATI que têm sido conduzidos com o protagonismo da
Coordenação-Geral de Gestão Ambiental, no entanto são tanto um projeto quanto
uma política que impacta, e que é responsabilidade da Funai como um todo, e não
só da Funai, também do Ministério do Meio Ambiente e que tem o pleno
envolvimento dos povos indígenas e das organizações indígenas. Então o projeto
GATI teve vários avanços, na verdade ano que vem é o último ano do projeto
GATI. Mas, esse ano a gente pode destacar como avanços do projeto GATI:
intercâmbios e capacitações para agroflorestas, beneficiamento de frutas,
agroecologista, ativismo, criação de animais silvestres, cartografia e GPS,
participação em congressos. Também, a discussão sobre centros de formação
indígena como espaços que se pode está discutindo a gestão territorial e ambiental
e formando indígenas para estarem atuando nesse campo. Então, teve essa
discussão no sul e sudeste, pantanal e cerrado, e tivemos também intercâmbio
para conhecer outros centros de formação de excelência na Amazônia, como é o
caso da CPI/Acre e o da Raposa Serra do Sol, em Roraima. Também temos uma
Carteira de microprojetos lançada ano passado, não é Jaime, e aí foram 48
microprojetos apresentados pelas comunidades indígenas e 26 deles já foram
pagos pelo menos em partes. Então são vários microprojetos de gestão territorial e
ambiental que estão em andamento nas terras indígenas. E, aí eu vou falar
rapidamente aqui da PNGATI, depois a gente vai apresentar um vídeo que é para
fechar essa parte da apresentação. Como vocês sabem, a PNGATI foi uma
política nacional construída de forma participativa com os povos indígenas, foi
um processo de consulta, um processo que levou vários anos para se consolidar
até a publicação da política, tem o envolvimento direto do Ministério do Meio
Ambiente e da Funai. E, é uma política que está voltada de forma ampla a gestão
ambiental e territorial de terras indígenas, e que envolve não apenas só Funai ou
só MMA, ou só organizações indígenas, mas sim uma série de órgãos do governo
que estão refletidos na estrutura do Comitê Gestor da Política Nacional sobre o
qual eu vou falar daqui a pouco. Então, é uma política ser implementada por
todos, com um protagonismo dentro da Funai na coordenação desse processo,
mas por diversos órgãos, não apenas órgãos federais, mas também estaduais,
municipais, organizações da Sociedade Civil, organizações indígenas e
indigenistas. Esse ano nós tivemos uma série de cursos de formação continuada
em gestão territorial e ambiental, tivemos três turmas iniciadas na Amazônia, uma
turma iniciada no sul e sudeste e uma oficina de mobilização no nordeste que está
acontecendo nessa semana, não é Jaime, começa amanhã no Nordeste. Dois
planos de gestão emblemáticos que estão em processo de construção que é o
PGTA de Marawatsedé e Mundurucu, nós temos várias ações em curso, já
fizemos ações de sensibilização, oficinas de etnomapeamento, reconhecimento
territorial, disponibilização de mudas para recomposição ambiental. Os planos de
gestão são ações que são realizadas também por um conjunto de coordenações
gerais da Funai e outros parceiros. Então, é um esforço realmente de articulação e
envolvimento de diversos setores. Também, de planos de gestão nós tivemos sete
planos de gestão concluídos no Acre, e 16 projetos de planos de gestão para
construção de planos de gestão aprovados para 2014, através de um edital do
PDPI, isso em parceria com o MMA. Tivemos a capacitação para chefes dos
serviços de gestão territorial e ambiental das Coordenações Regionais, e o que eu
já havia mencionado a instalação do Comitê Gestor em outubro. Então o Comitê
Gestor da política foi instalado em outubro desse ano, ele é o órgão de
governança da PNGATI, e é integrado por representantes governamentais e não
governamentais, e representantes dos povos indígenas. E as competências do
Comitê Gestor são: coordenar a execução da PNGATI, promover articulações
para implementação da PNGATI, acompanhar e monitorar as ações da PNGATI,
e propor ações, programas e recursos necessários a implementação da PNGATI
no âmbito do Plano Plurianual das diretrizes orçamentárias do orçamento anual e
outras fontes de financiamento. Então, esse Comitê Gestor ele é realmente o
órgão de governança da política e ele é que vai dar configuração das ações que
vão ser realizadas, vai ajudar na captação de recursos, de modo que as decisões
aqui sejam tomadas coletivamente sobre os passos para a implementação da
política. E assim, só para vocês terem uma ideia, não vai para enxergar os nomes,
mas nós temos uma série de representantes dos povos indígenas que compõem o
Comitê Gestor da PNGATI, representantes da COIAB, a APOIME, APIB, e At
Guassú, APIN Sudeste, tem assento. E dos representantes governamentais nós
temos a Funai, o Ministério da Justiça, o Ministério do Meio Ambiente, o
Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome, e o Ministério da Saúde. Esse é um grande desafio para 2014,
a gente conseguir realmente o engajamento de todos esses atores e ter resultados a
partir das reuniões, resultados efetivos a partir das reuniões e das deliberações do
Comitê Gestor da política, porque como eu já falei anteriormente, essa política só
vai realmente sair do papel de uma forma mais efetiva com o engajamento de
todos esses atores. E isso, eu estou falando aqui de recursos humanos, de recursos
orçamentários, e da mobilização de todos para que a gente concretize essa
política. Bom, gente devo ter esquecido várias coisas que eu gostaria de falar, mas
agora a gente vai passar um vídeo da uma prestação de contas do que foi feito em
relação à PNGATI e do projeto GATI, e depois se tiverem perguntas a gente está
a disposição. Obrigada. Só segura um pouquinho, que eu me lembrei de uma
coisa que eu tinha esquecido. É o seguinte: a gente estava falando da PNGATI,
das ações que a gente tem feito para buscar recursos para implementar a política,
e a gente tem uma série de iniciativas que já estão em curso, uma delas é o projeto
KFW, que vai iniciar com o apoio do recurso do governo alemão, que vai iniciar
o ano que vem, e que tem um enfoque primeiramente na região sul do Amazonas,
e é voltado para a gestão territorial e ambiental. Estamos fechando um edital para
chamada do Fundo Amazônia para apoiar a construção e implementação de
planos de gestão territorial e ambiental em terras indígenas, uma proposta em
conjunto também com MMA para apoiar essa construção e implementação de
PGTAS, e processos de formação e gestão territorial e ambiental. E, também
temos o tal do BRA, que é, enfim, acho que o Jaime pode explicar melhor o BRA
do que eu.
Jaime Siqueira – É um projeto em parceria com o PNUD, assim como o
projeto GATI, que possibilita da gente utilizar recursos de fontes do próprio
orçamento e também fontes externas para apoiar ações relacionadas à PNGATI.
Nós estamos nessa semana finalizando a criação desse projeto, mais um projeto, é
um projeto para apoiar ações da PNGATI com recursos do orçamento, mas por
ser um projeto ligado ao PNUD facilita a gente, por exemplo, contratar
consultorias e fazer outras ações que são muito difíceis, normalmente, no dia-a-
dia das nossas instituições, é isso.
Carolina – Então é isso gente, só para dar alguns exemplos de ações que
estão em curso e que provavelmente ano que vem já vão ser recursos disponíveis
para se estar fazendo ações de gestão territorial e ambiental nas terras indígenas
no Brasil.
(apresentação do vídeo institucional da Funai)
Carolina – Gente, só para fechar. Então, me lembrei de duas coisas que
eu havia esquecido, me lembrei de um dos desafios da gestão da Coordenação-
Geral de Gestão Ambiental que não estava colocado ali, que é também a gente
está propondo uma reflexão e normatizando essa interface das políticas
ambientais e das leis ambientais, como elas se aplicam às terras indígenas, isso é
um grande desafio, sobretudo agora que nós temos um novo código florestal,
então esse é um desafio enorme que nós temos aí para 2014 em diante. E, outro
desafio que é comum a todas as áreas da Funai que é a questão de servidores e
recursos orçamentários. Assim, isso quando a gente pensa desafios, isso sempre
aparece porque o nosso quadro de servidores está pequeno, a gente precisa
aumentar nossa capacidade de atender as pontas. E, o nosso orçamento também é
pequeno, sofre os contingenciamentos, então isso também dificulta a plena
execução do nosso trabalho. E, finalmente eu queria apresentar para vocês o Julio,
que é o Coordenador-Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento. Está aqui
Julio, de camisa listrada. Está bom gente, muito obrigada. Se tiver dúvidas, eu
não sei se tem espaço para dúvidas agora.
Maria Augusta – Pessoal bom dia. Eu queria só fazer uma breve
consideração aqui em relação à apresentação que foi colocada aqui da DPDS. Eu
não vi a apresentação inteira, eu estava conversando ali com o pessoal lá fora
sobre outras questões, mas já conheço bastante essa apresentação, afinal de contas
ainda pertenço a Diretoria de Promoção e Desenvolvimento Sustentável na Funai,
então a gente já refletiu e discutiu muito a respeito de tudo que foi apresentado
hoje aqui. Queria colocar assim, só uma sensação que eu tive enquanto a gente
assistia o vídeo da PNGATI, e um pouco relacionado à reunião que a gente teve
ontem. Eu acho que a PNGATI, todo esse esforço de investimento que a Funai
vem fazendo nas ações de promoção, eu acho que a gente avançou muito nessa
área de promoção, a gente conseguiu amadurecer a atuação da Funai um pouco, a
gente conseguiu refletir, implementar coisas novas, pensar soluções novas,
amadurecer áreas como a relação com a educação, com a saúde, pensar os
processos educativos tradicionais, pensar num processo de discussão de cidadania
indígena, enfim, várias coisas foram amadurecidas ali nessa área, mas acho que a
PNGATI ela vem num momento, e ela foi aprovada num momento em que a
expectativa era de que a gente já tivesse um pouco superado os entraves
principais no que diz respeito aos processos de regularização fundiária das terras
indígenas, então ela vem como um passo para frente, na expectativa de que se
desse um passo para frente, quer dizer, a política indigenista ela se debruçou
muitos anos em cima das questões relacionadas à regularização fundiária,
demarcação de terras indígenas, embora isso ainda não tivesse concluída, esse
trabalho como um todo, mas existiu um arcabouço já normativo, enfim, jurídico e
político que garantisse isso. E acho que a PNGATI ela vem na expectativa de ser
um passo à frente de se pensar então a gestão das áreas regularizadas. No entanto,
a gente vê que na verdade esse passo ele ainda é paralelo, não é um passo a frente,
a gente ainda volta e meia retorna a discussão da questão de demarcação de terras
indígenas, da garantia do direito originário à ocupação de terras tradicionais,
então eu também, eu acho que assim, as coisas não avançaram tanto quanto a
gente gostaria, mas acho também que a gente não pode enxergar esse passo da
PNGATI, da gestão das áreas regularizadas como um passo, que deve ser
desconsiderado, que deve ser colocado, digo, em segundo plano. Eu acho que a
gente tem que fortalecer essa política, tem muita coisa para se fazer ainda para
que ele possa sair do papel, e acho que, mesmo a gente estando numa conjuntura
aqui está difícil de tratar as questões fundiárias, a gente não pode deixar essa
conquista se perder, a gente não pode deixar essa conquista ficar secundarizada. E
acho que esse esforço ele é de todos nós, esse esforço é dos órgãos de governo,
tem o papel do movimento importante, tem um papel das organizações da
sociedade civil também que é fundamental, a gente também dentro do governo
disputar recursos para isso, a Carolina colocou aqui que um dos desafios vem
sendo buscar internalizar e obter recurso para poder desenvolver os planos de
gestão e concretizar a PNGATI. Então, acho que essa sensação um pouco que eu
tive de que embora a gente tenha certeza de que o momento está difícil no que diz
respeito à regularização, às demarcações de terras indígenas, também não
podemos secundarizar essa conquista que foi hoje ter uma política governamental,
uma política pública voltada para a gestão territorial e ambiental das terras
indígenas. Que é uma política que ainda precisa amadurecer, ela é ainda criança,
ela vai crescer, ela vai amadurecer, ela vai ter outros incrementos ao longo do seu
processo de implementação, e isso vai depender muito da forma como a gente
cuidar dela. Então, um pouco essa sensação que eu tivepara compartilhar com
vocês e fazer também um pedido da gente se esforçar para também não
secundarizar essa discussão, esse debate que é fundamental também para a
política indigenista. Feitas essas considerações, a gente, eu queria que a gente
compactuasse aqui um pouco o nosso tempo, porque talvez eu já escutei aqui
algumas pessoas falando que vai haver uma proposta de mudança de agenda para
à tarde, eu acho que a gente pode tratar disso daqui a pouco, mas assim, agora são
11h, tem duas pessoas que pediram para falar, não sei se vão ter mais inscrições,
eu acho que a gente podia trabalhar uns 15 minutos com debates, algumas
perguntas e respostas sobre a apresentação da DPDS, um pouco mais se acharem
que é necessário, e depois a gente poder ter também apresentação da DPT, que é
um pouco o balanço do ano, tratar um pouco das questões que inclusive vocês nos
pediram que a Funai respondesse desde a pauta passada em relação às terras
indígenas, processos de demarcação que estão na Funai, estudos e tudo mais, e
outras ações também, porque a DPT também não trabalha apenas a área de
identificação e delimitação, ela trabalha com fiscalização, vigilância,
monitoramento, a parte de índios isolados, e recente contato que eu acho que é
importante vocês saberem também o que a gente está fazendo, então se a gente
puder pactuar dessa forma, a gente considera que daí a Funai conseguiu fazer o
balanço um pouco na CNPI do seu trabalho nesse ano, se tiver acordo. Ok? Então
primeira inscrita, a Rosa.
Carolina – Enquanto isso, eu vou apresentar a Janete Carvalho, que é a
Coordenadora-Geral de Licenciamento. É que eu apresentei todos os
coordenadores gerais, e ela não tinha chegado. Ela que é a coordenadora-geral de
licenciamento da Funai.
Rosa Pitaguary – Só uma pergunta. Rosa Pitaguary, Ceará. APOIME
nordeste e leste. É só assim, sobre os Comitês que foram criados pela Funai,
vocês têm uma listagem de quais desses Comitês estão funcionando? Comitês
Regionais, porque a minha pergunta, por que é que eu faço essa pergunta?
Porque, no Ceará, foi feito apenas uma reunião para criação e posse, e nunca
mais, e nós enquanto comunidade indígena sempre a gente cobra da Funai os
encaminhamentos, como que anda isso e a resposta que nós temos é porque não
tem recurso para fazer as reuniões do Comitê. Por que é que eu estou
perguntando? Porque eu faço parte, pelo menos eu fui empossada para fazer parte
desse Comitê e a gente nunca sentou, nunca conversamos e a gente sempre cobra,
e nós não temos respostas, então assim, se é para a gente discutir uma
apresentação dessa muita bonita, falo até que aqui a CNPI também participa da
PNGATI, então assim, eu também desconheço, eu enquanto Rosa dessa
participação.
Maria Augusta – Chiquinha.
Chiquinha Pareci – Bom dia a todos e a todas. Chiquinha Pareci, do
Mato Grosso. Bom, a minha questão que eu queria colocar um pouco dentro desse
viés que a Rosinha colocou, e colocar mais algumas questões que foram
discutidas aqui mesmo na CNPI. Bom, uma coisa que eu queria perguntar, eu
perguntei já para o Jaime anteriormente, que eu gostaria de enfatizar isso.
Primeiramente, em relação às apresentações que foram colocadas ali de como
ficou a Funai, na estrutura dela. E, vocês sabem que tem muitas questões ainda
pendentes da Funai dentro daquela reestrutura dela. E, eu acho que é essa questão,
a gente tem que até discutir com o Ministro, porque a questão da reestrutura da
Funai não diz respeito só para nós, nem para você, Guta, como presidente
provisória, mas toda conjuntura institucional dela tem que ser tratada com o
Ministro, porque afinal é ele que vai lá discutir com a presidenta. Então, penso eu
que tem que ser uma pauta que a gente tem que levar em consideração nessa
discussão que nós estamos discutindo terra. Outra coisa que eu queria colocar um
pouco, que a Rosa já colocou aí, em relação aos Comitês, também a mesma
questão que eu gostaria de saber, e essa questão do acompanhamento mesmo da
CNPI em relação à PNGATI. Bom, de fato nós participamos, nós aqui que foi
referendado uma série de ações da própria política, pensou eu que a política está
em processo ainda de implementação, porque para mim não está implantado, até
por que, para mim, implantação é quando você tem um recurso e tem a ação, aí
vai tudo junto. Agora do contrário, um faz aqui, outro não faz ali e tal e a coisa
acontece assim meio paralela, a própria Guta falou, as ações são paralelas, de fato
são paralelas, a gente percebe isso. Outra paralela que eu vejo é assim, em relação
às políticas gerais dos órgãos, porque eu penso que não é só a Funai que tem que
prestar conta, mas todas as instituições que estão aqui na CNPI, conosco. Todas
as instituições, eu quero saber o que estão fazendo, e qual foi o encaminhamento
que foi dado, que isso aí nós já pedimos desde o ano passado, ano retrasado e
fomos pedindo, durante esses anos todos da CNPI a gente está sempre pedindo,
quais são as ações que determinados órgãos que estão presentes, aqui na CNPI,
tem com os povos indígenas, política indigenista. Não é mais aquela política do
tempo de Rondon, e não é mais uma política centrada, ela é uma política que
agora ela descentralizou e a gente precisa saber. Outra questão também que eu
gostaria é em relação mesmo, por exemplo, no caso da PNGATI. Não tem como
você discutir determinadas ações sem discutir a questão mesmo da terra,
demarcação de terras indígenas, isso é um assunto que a gente tem que tratar com
o Ministro também. Discutir terras sem estar a terra regularizada, o que é que
adianta, para depois aqui a invasão, aí começa todo o desespero de novo. Não
adianta, nós temos que tratar esse assunto, a terra é fundamental para nós, sem ela
como alguém já falou ali, a terra é tudo para nós, é tudo, é a nossa sobrevivência,
é a nossa identidade como povo, como cultura, é tudo. Então, não tem como
discutir isso sem ter uma terra regularizada, sem ser uma terra bem tratada, se ela
não está de fato de posse dos povos indígenas. E, outra questão que eu gostaria de
colocar aqui é assim, em relação à questão da educação e a PNGATI. Na vez
anterior, eu tinha colocado, não me lembro de qual foi das reuniões, tinha
colocado que nós temos que fazer as ações se integrarem entre elas. Agora fica o
ministério faz uma ação, outro ministério faz outra, ninguém se encontra aqui, no
caso nosso para nós indígenas. Ninguém sabe o que o outro está fazendo, sabe de
repente as coisas acontecem. Eu estou falando isso gente porque eu fui cobrada
uma vez numa reunião de liderança, e eu não sei nem o que falar para as
lideranças de fato, e eles têm razão, aí um faz um, cada hora vem um aqui, está
igual secretaria, a secretaria também é mesma coisa, vai um setor vai lá, faz uma
coisa, outro vai lá e faz a outra, ninguém se entende. E, de repente tem a mesma
instituição fazendo a mesma coisa. Nós temos que acabar com isso gente, tem que
acabar com isso, nós temos tratando de cidadania, de povo, é a vida da gente que
está pendente nisso aí. Aí fica um faz uma coisa, o da saúde faz outra, a educação
faz outra. Por exemplo, a questão da PNGATI em relação à educação, eu tinha
pautado que a educação é uma política transversal, ela tem que ser discutida,
porque a educação gente que faz a cabeça das pessoas, é que forma cidadania. E
se a educação não está naquela discussão de terra, ela não está na discussão da
saúde, ela não está na questão do etnodesenvolvimento, não está em nada, não
adianta nada. As próximas gerações que virão, não sabe nem o que é PNGATI,
porque só chama um grupinho, e pronto. Então eu vou falando isso também,
porque outra cobrança que eu recebi e os professores me questionaram “a gente
não sabe de nada, como é que nós vamos discutir um tema com nossos alunos,
nós nem sabemos o que é que está se tratando”. Então eu acho assim, nós temos
que, eu acho que a Funai tem esse poder discutir isso, até por conta que, ou bem
ou mal, ou descentralizado ou não, é a Funai ainda que é a referência no
imaginário nosso e da sociedade de uma maneira geral com a questão da política
indigenista. Então, cabe a ela desenvolver o seu papel de orientar as outras
instituições e demais ministérios. Por exemplo, na questão da formação
continuada, na questão da capacitação, vai capacitar o povo sobre questão de
terra, tem que capacitar todo mundo, tem que capacitar para eles entenderem que
os índios, não são vagabundos não, porque tem muita gente, é a sociedade
envolvida, pensa que nós somos tudo vagabundos que está na terra, não faz nada,
os índios não fazem nada, não. Que vocês apresentaram aí coisas muito boas, o
que nós temos para apresentar, os índios trabalhando na terra, a produção
econômica, produzimos, nós fazemos artesanatos, fazemos cada coisa
maravilhosa com que a natureza nos dá, o que os nossos ancestrais nos deixaram.
Mas, a sociedade de uma maneira geral não sabe de nada, não sabe. E aí, ela
desce o pau na gente, acaba com a gente, fala que nós não sabemos fazer nada,
que nós somos isso, somos aquilo. Então, nós temos que capacitar todos os
envolvidos, por exemplo, uma crítica que eu faço séria, pena que o MEC não está
aqui para escutar. Essa questão dessa discussão do PNGATI com a educação tem
tudo a ver sim, e eu não vi até agora a ação relacionada com a educação, está só
assim, uma coisinha ali, ah não tem nada a ver, é sistema de ensino, é escola, não
tem nada a ver com PNGATI. Então, ou vocês colocam isso aí na matéria de fato
e ponham uma ação, ou então para mim não tem sentido o PNGATI também, não
tem sentido. Porque fica todo mundo discutindo terra, terra, terra, produção,
produção, produção, fiscalização, fiscalização, fiscalização. E daí? Um grupo
pequeno, pronto. E o resto? E o restante da comunidade, onde é que está? O
restante da sociedade envolvida, onde é que está? Então gente, nós vamos discutir
o direito, ainda nesse momento que nós temos sendo bombardeado, violados
nesse campo de direito. Essa é uma coisa, e finalizando, eu quero dizer também,
achei muito interessante a ação que vocês colocaram lá, as ações de produção dos
povos indígenas. Isso tem a ver também na integração que estou falando das
ações de política, como a questão, por exemplo, que eu ouvi reclamações das
mulheres naquela oficina que a gente fez com o CONSEA sobre a questão da
merenda escolar. Gente, com uma terra dessa, com uma produção econômica
dessa que a terra dá para nós indígenas, e comprando merenda tudo no mercado
para dar para as crianças. Ah, o que é que é isso? Então, aí mais um protesto em
relação ao PNGATI, obrigação da PNGATI, pode discutir a questão da merenda
escolar, pode colocar na pauta. Agora o que é que é isso? Aí as mulheres elas
falaram, eu fiquei assim, e de fato elas têm razão gente, tanta produção. E aí a
merenda escolar é comprada na cidade, é feita toda uma negociação com a
mercadoria lá, levam coisas que não tem nada a ver na alimentação. E elas
reclamaram, e a nossa produção Chiquinha, como é que fica? Nós somos
mulheres de terra, de produção, e no que é que adianta a escola não aproveita.
Pena que o MEC não está aqui para poder escutar isso aqui. Então gente, ou o
PNGATI coloca a educação lá, porque a educação não é só escola não gente, e
tem a ver com aquelas ações que vocês colocaram lá, que eu vi lá que são ações
de negócio educativo aí da comunidade, que vocês colocaram aí. Os processos
educativos tradicionais. Então se o próprio setor está discutindo isso, tem uma
proposta de política para isso, por que é que o PNGATI não foi tirar isso aí e
colocou lá no dele? Viu Jaime, você tem obrigação, você se comprometeu com a
gente aqui, e eu pelo que eu estou vendo achei legal, achei bacana, e eu acho que
parabéns a iniciativa, só que educação está fora daí, educação não é só sistema de
ensino, e não é só escola, educação é tudo. Então, ela é uma discussão, é uma
política transversal. Era isso que eu queria fazer, e de maneira geral, pelo esforço
que vocês fizeram, eu até parabenizo por isso, porque com todo problema que a
Funai tem, com toda essa situação que nós estamos vivendo, a ausência de
recursos e todo esse massacre mas, pelo menos tem uma proposta que eu vejo que
é positiva e que está assegurada aí o futuro dos povos indígenas, suas
comunidades. Era isso.
Maria Augusta – Chiquinha, olha, valeu o ano, tudo que nós fizemos e
passamos para receber esse elogio seu em relação às ações da DPDS viu,
agradeço pela Funai inteira. Anastácio Peralta.
Anastácio Peralta – Bom dia. Anastácio Peralta, Guarani Kaiowá de
Mato Grosso. Eu vejo assim, que no Brasil a gente burocratiza muitas coisas. E eu
acho que é um projeto fácil de aplicar na prática ele. Só que não sei se a
instituição ou as pessoas que não têm muito conhecimento, o que é que é facilitar
as coisas, que a gente não consegue aplicar esses tipos de projeto. E aí a gente
politiza ele, aí burocratiza, faz um punhado de coisa para não acontecer. Um
projeto, nesse modelo, eu escrevi em 2010, andei com ele o Brasil inteiro debaixo
do meu braço, esquentando ele, acha bonito mas, na prática, tem dificuldade. Eu
já passei para a Presidente Guta o último Aty Guassú um projeto desse, passei
para a Silvia um projeto desse e a gente não tem muito a resposta disso. E eu tive
que mandar para outros países para poder ser aprovado. E, às vezes assim, a gente
fala bonito, mas na prática a gente não consegue aplicar. E, é coisinha mínima, eu
sempre tenho falado assim o que a Funai sabe muito bem fazer no Mato Grosso
do Sul, não sei se é forçado, é distribuir cesta. Então nós indígenas Guarani
Kaiowá a gente já pensa demarcação com produção, e a gente já iniciou esse
projeto lá. Agora precisa de apoio. Que nem a Guta falou, precisa politizar isso,
mas politizar como? Eu acho muito importante as visitas, troca de experiência,
mas se você não faz na prática nunca vai ter. E a gente já iniciou esse projeto lá,
até convido vocês da CNPI, bancada, para ir visitar. Porque agora nós temos que
por em prática, não dá para a gente ficar rodeando o toco, não é um projeto caro,
é um projeto barato, bom, fácil de fazer. Outra coisa, a educação que a gente tem
que ter não é uma educação para a gente sair da aldeia para ficar na cidade, mas
tem uma educação que a gente valoriza a nossa aldeia, o nosso campo, a nossa
alimentação, a nossa saúde, e a gente não consegue fazer isso, a gente tem uma
faculdade hoje, indígena, em Dourados, que a gente também está construindo um
projeto para a gestão ambiental, valorizar o meio ambiente, a nossa aldeia. E, às
vezes, a gente não tem muito apoio nisso, o país não está preparado, porque a
gente tem um olhar para a monocultura, nosso olhar é tudo para a monocultura,
muita soja, muita cana, essas coisinhas a gente não valoriza, então o país precisa
mudar esse servo também, porque valorizar. Então, mas eu queria assim, já que
até agora eu não tive resposta desses projetos, vê se o ano que vem, a Funai, a
presidência e quem puder aí, ir fazer uma visita no Panambizinho, e a gente
conversar sobre esse projeto, porque tem criança que nem sabe que jeito que é
arroz, nem feijão, que jeito que nasce, porque nós tem mais de 15 anos recebendo
cesta. Então, a gente precisa não enrolar muito, eu vejo muita enrolação nesses
projetos, era isso.
Maria Augsta – Obrigada Anastácio. O próximo é o Titiah e depois tem
escrito o Dourado. Mais alguém quer se inscrever, porque daí a gente encerra para
abrir a parte da DPT. Brasília. Vamos encerrar na Simone, para a gente abrir a
outra pauta.
Luiz Titiah – Bom dia a todos. Sou Luiz Titiah da região nordeste e leste
representando a APOIME. Então é o seguinte, o que eu vejo dessa explanação aí
desse trabalho, eu queria fazer aqui algumas colocações. Principalmente eu que
faço parte da Comissão de Etnodesenvolvimento dentro da CNPI, foi criado um
grupo de trabalho junto com o MDA onde a gente fez alguns encaminhamentos e
parou o trabalho do grupo. E assim, igual o Luiz Fernando está aqui presente na
reunião da CNPI, eu queria saber qual foi a situação por nós termos parado esse
trabalho. E, uma coisa que nós divulgamos, principalmente nas bases foi a
questão da última reunião, a ideia de nós caminharmos dentro da política do
estado brasileiro, é a questão da criação do PAA Indígena. Isso a gente não sabe
como é que está esse processo. Então é o seguinte, o que eu vejo Guta dentro da
realidade do que aconteceu dentro da Funai e da reestruturação da Funai, o que eu
vejo assim, tem muito gasto em capacitação dos novos funcionários que entraram
aí, e isso lá na ponta não está desenvolvendo, porque eu lembro que quando foi
discutido aqui na reunião da CNPI, que ia ter uma pactuação dentro da política
nos estados e nos municípios, onde que ia ter técnico nas Coordenações Regionais
para está desenvolvendo um trabalho junto com essas parcerias, sinceramente,
não funciona. Eu dou exemplo o meu estado, quem está buscando projeto de alta
sustentação para as comunidades são os presidentes das associações, são os
presidentes dos movimentos locais, e não tem nenhum acompanhamento técnico
do órgão, da Funai, presente. Então isso, há uma situação muito difícil. A outra
coisa que eu queria dizer, que eu vejo também Guta, sinceramente, e vou dizer
aqui para os representantes do governo. Eu vejo muita propaganda política, mas
nós não vemos ação, nós não vemos essas ações desenvolvendo lá na ponta. Nós,
aqui em trabalho de grupo fizemos alguns levantamentos sobre o programa Bolsa
Família, algumas ações de projeto que estava lá, que precisava o governo
fiscalizar se realmente está indo para as comunidades indígenas, se realmente está
desenvolvendo aqueles projetos dentro das comunidades indígenas, porque os
levantamentos sempre é levantado aqui que gastou x em tal aldeia, x em tal
região, mas quando a gente vai visitar, a gente representante dos movimentos, aí
nós vemos as reclamações das lideranças, das organizações internas, não, não
vem para aqui não, vem para o município, vem para o estado, mas dentro da
comunidade não foi implantado ainda esse projeto. E, outra coisa que a gente
olhou aqui, que foi o enfraquecimento do desenvolvimento desse projeto, o
acompanhamento técnico para desenvolver os projetos dentro das comunidades
indígenas, principalmente comunidade que não sabe fazer o seu levantamento dos
seus projetos para está buscando algo dentro dessas ações dentro dos projetos do
governo do estado. E, assim eu me preocupo Guta, sinceramente eu já quero
deixar um exemplo dentro do meu estado, e que até mesmo a Funai está querendo
ser trabalhada em 2014 sobre a estruturação da Funai, que sempre a gente vem
pedindo aqui, dentro da CNPI, que nós queremos voltar àquela discussão sobre a
reestruturação da Funai, principalmente nós liderança indígena que fomos
cobrados na base, que somos também culpado pela reestruturação da Funai. Toda
vez que nós tentamos pautar essa discussão, nós sempre somos podados dentro da
reunião da CNPI, eu tenho essa visão. Porque eu estou preocupando até pela
questão do meu estado, apesar de que nós temos informação agora que não vai ter
mais assembleia da APOIME, a gente ficou revoltado com a situação que nós
enfrentamos ontem dentro do Congresso Nacional, a gente se preocupa com essa
nova que está aí implantada dentro do governo contra as comunidades indígenas.
E veja assim, eu estou preocupado com essa estruturação meus parentes, porque
já está começando lá dentro do nosso estado da Bahia. Onde já estão fechando
CTLs, onde que tem mudança de Coordenação Regional para uma instância de
mais de setecentos e poucos quilômetros, onde as comunidades estão com uma
luta de retomada de terra, onde está o conflito, onde está o derramamento de
sangue, onde que já foi índio à óbito. E, eu não sei como é que vai ser essa
implantação dessa nova estruturação da Funai, como vai funcionar. Esses
técnicos, como estão sendo preparados para desenvolver esse desenvolvimento lá
na ponta. Então, eu acho que eu mesmo estou triste, eu queria deixar registrado
aqui na reunião da CNPI, porque eu fui cobrado pelo Carlos que estava
responsável na assessoria do projeto do GATI, onde que me pediu apoio como
representante da APOIME para desenvolver as atividades do Nordeste, e eu me
empenhei, fiz o meu papel, e hoje Guta esse projeto do GATI na região,
principalmente para os Pataxó e outras regiões está parado, porque o cara acho
que não teve competência de desenvolver o trabalho dele de levantamento da
assessoria que ele estava fazendo sobre o projeto do GATI, então nós estamos
num prejuízo, por causa de uma pessoa que não tem competência de desenvolver
a atividade dentro dos projetos das ações. Então, eu queria deixar isso registrado e
nós precisamos desenvolver isso, nós precisamos desenvolver isso, e nós
queríamos saber em que pé estão essas ações. Então, eu acho que nós precisamos
discutir, e assim, com essa representação eu acho que assim, só quero fazer um
registro aqui, esperamos que essa representação de fato em 2014 vá para a prática.
Que chega de tanto gasto e na prática nada vai ser desenvolvido. Acredito, Guta,
no seu trabalho, acredito. Eu mesmo ia fazer algumas colocações na presença
ontem do Ministro, de fato do que está acontecendo, principalmente na nossa
região, mas eu deixei, porque nós tínhamos outro ponto importante para discutir,
mas assim, mesmo que não tenha assembleia da APOIME, eu queria deixar aqui
registrado, eu conversei, acabei de conversar com algumas lideranças lá que essa
situação que está na Bahia pode atingir nas outras regiões, é um começo que é lá
na Bahia. Que mesmo que você não vai poder ir para a assembleia da APOIME,
que nós íamos discutir isso lá, que você vá para lá e faça uma reunião com o
movimento do estado da Bahia, porque estão aguardando e estão esperando para
discutirmos mais e ter um esclarecimento nessas mudanças que vai haver lá,
principalmente na questão da Funai. E, que lá nós não estamos sendo contra a
Funai, nós queremos deixar bem claro, nós queremos moralizar a Funai e ajudar
de fato que a Funai desenvolva o seu papel dentro da região, principalmente que é
meio complicado o estado da Bahia. Meu muito obrigado, era isso que eu queria.
Maria Augusta – Obrigada Luiz. Brasílio, e Simone, a próxima. Pessoal,
vamos só observar o tempo, senão a gente não consegue.
Brasílio Priprá – Bom dia a todas e a todos. Eu vou ser bem rápido. Na
verdade Presidente eu fui contemplado já alguma com a fala do Titiah, eu fico na
linha dele que a Funai, ela tem que se reestruturar. O nosso papel aqui é também
apoiar e nós precisamos de uma Funai forte, eu sei que não depende só da
presidente, mas nós precisamos de uma Funai forte, que realmente está bem
colocada no papel, a gente sabe que algumas coisas estão funcionando e nem tudo
está parado, mas nós precisamos que vá mais na prática, que atinja outras áreas
com mais necessidade. Então, na verdade, aqui eu deixo o parabéns a todos que
montaram isso mas, realmente, precisa está na prática. A reestruturação da Funai
ela precisa, porque na verdade queira ou não queira os povos indígenas têm uma
Funai como referência então, na verdade, a reestruturação na Funai ela faz com
que os povos indígenas tenha mais confiança na Funai, uma Funai mais forte, até
porque a liderança de base, conhecer a Funai mais forte que está hoje, hoje a
Funai está fraquinha, ela está assim com a água no pescoço, mas vamos, porque
nós aqui, nós somos cobrados por lideranças de base, liderança que conhece a
Funai há 35, 40 anos, aquela Funai forte, e hoje a gente sabe que não é isso.
Então, aqui nós também temos juntos, estamos dispostos a ajudar, vamos cobrar a
Presidência da República com outros Ministros para que ajudem a Funai ser a
Funai mais forte. Sabemos que a Funai tem um papel importante dentro das áreas
indígenas, mas que hoje ela não está fazendo, e precisa melhorar. Obrigado.
Maria Augusta – Simone e Dourado.
Simone Karipuna – Bom dia a todos e a todas. Sou Simone, a Simone
Karipuna, região amazônica, representando o Amapá e Norte do Pará nessa
Comissão. Essa minha fala eu pego um pouco da fala do Titiah, que ele acabou
lembrando sobre a nossa participação da bancada indígena dentro de um grupo
GTI, um grupo interministerial, Funai e lideranças indígenas e MDA que foi
criado para que a gente desse justamente encaminhamento sobre as questões
voltadas à DAP que ainda não era adequada para a questão indígena. Então na
Subcomissão de etnodesenvolvimento que a gente também remete para a questão
da PNGATI, e aí a Chiquinha também fala uma coisa muito interessante,
recentemente a gente participou de um seminário nacional sobre segurança
alimentar e nutricional para os povos indígenas, e aí lá houve uma demanda muito
grande em relação dessa questão de como acessar a questão da merenda escolar e
que ela fosse fornecida pelas comunidades indígenas, que dentro das
comunidades indígenas têm sua produção. E, infelizmente, isso não vem
acontecendo. Esse grupo de trabalho foi criado justamente para estabelecer e
facilitar esse acesso das comunidades indígenas a esse programa, e isso não vem
acontecendo. Nesse ano de 2013 nós nos reunimos na Bahia, justamente pautando
encaminhamento para proposta da DAP indígena, que até hoje a gente não
conseguiu nenhum encaminhamento que fosse repassado para nós indígenas do
GTI, do GT que foi criado. Não foi passada nenhuma informação depois da
reunião que ocorreu na Bahia. E nós estamos sendo cobrados, no seminário nós
fomos cobrados. A Carol estava lá, ela viu, na carta do final também saiu essa
cobrança. E a gente fica como liderança indígena que foi e que está dentro
discutindo isso, se sente um pouco engessado quando somos cobrados, que a
gente não apresenta resultados. Isso realmente eu remeto que está aqui o Ivan,
está aqui o Luiz Fernando do MDA que a gente possa não sei se agora,
presidente, mas que a gente possa de fato colocar em prática o que a gente
acordou na reunião na Bahia, porque nós estabelecemos um cronograma de
atividades que até então não foi nos apresentado nenhum encaminhamento em
relação a isso. Queria também se você me permite puxar um pouquinho de
sardinha para o meu povo na região do Amapá, a gente sabe da grande
dificuldade que hoje a Funai tem para desenvolver suas atividades na ponta, mas
os povos indígenas de Oiapoque ao qual eu pertenço, é histórico o momento de
fazer o seu monitoramento nas suas terras. Esse ano a gente conseguiu mobilizar
900 indígenas e conseguimos fazer na grande parte das terras indígenas que são
três, a gente conseguiu fazer o monitoramento lá. Infelizmente, sem nem muito
apoio da Funai, mas eles se articularam e conseguiram, lógico, com os servidores
da Funai, com apoio, mas sem justamente um outro financeiro para execução.
Então assim, eu queria registrar isso aqui, e também em outras regiões, tem já se
programado para fazer e a gente eu acho que por recurso está chegando, chegou
agora no segundo semestre, então ainda não ocorreu. Então queria fazer esse
registro, porque como várias lideranças aqui já falaram, para nós terra, o nosso
território é muito importante. Queria também questionar aqui em relação de que
agora para o ano de 2014 a gente comece a pensar ou então, e também quero
questionar com vocês em relação ao concurso público da Funai. Era isso.
Maria Augusta – Obrigada Simone. Dourado.
Dourado Tapeba – Bom dia a todos e a todas. Dourado Tapeba, mesa de
diálogo, representando o nordeste, mesa de diálogo. Eu já estou contemplado em
parte com a fala da Chiquinha, mas eu queria falar sobre três pontos: a questão da
reestruturação da Funai, a questão da PNGATI e a questão da educação. A
reestruturação da Funai inclusive a gente ajudou fazer essa discussão, mesmo
depois que a própria CNPI foi acusada de ter se vendido para o governo, e a gente
sabe que não foi isso que aconteceu. Inclusive a gente foi penalizado por várias
perdas das regionais e também de CTLS que foram colocadas em lugares que
realmente ficou difícil para o atendimento dos povos indígenas. Mas é o seguinte,
não se faz reestruturação sem recursos humanos. A Simone tocou bem ainda com
o concurso público da Funai. É preciso que a gente proponha também, que faça
uma mobilização em frente ao Ministério do Planejamento para que essa questão
desse concurso saia, porque nós sabemos o servidor da Funai hoje não existe mais
nem um terço dos servidores que tinham há 10 anos, há 15 anos. E os poucos que
tem estão se aposentando, então é preciso que a gente corra logo essa questão de
apoiar também não só os servidores, mas quem possa também está fazendo parte
dessa discussão e apoiando, ir lá no Ministério do Planejamento e colocar, fazer
nossa crítica e o repúdio, porque todo dia sai na televisão as vagas para os setores,
inclusive hoje estava passando vários setores do governo fazendo vaga para
concurso público, essa é uma questão. A questão da PNGATI, quando nós, eu fiz
parte da discussão nas oficinas, e a gente pensou a PNGATI numa forma que
todos os povos indígenas do Brasil fossem atendidos pela PNGATI, só que depois
de tudo feito, inclusive depois que foi assinado o ano passado, em junho do ano
passado, se não me engano foi dia 06 de junho, estive até presente, criaram o
GATI que só trabalha em terras regularizadas, terras homologadas, então
inclusive o Ceará tem uma que tem vários projetos, que é Tremembé do Córrego
João Pereira. Mas outras, a maior parte das terras, 99% das terras ficam
descobertas. Então é preciso que essa PNGATI que ela possa estender as cidades
do Brasil, independente de ser demarcada, homologada essa questão, isso é uma
questão que a gente tem que propor isso. Ainda mais questionando aqui a questão
de um projeto, de um projeto não, de uma ação, um programa que era a Carteira
Indígena, que tinha o PPG7 que financiava a questão lá da Amazônia brasileira,
que era o PDPI, então foi criada a Carteira Indígena para ajudar a resolver alguns
problemas das outras regiões, principalmente da região nordeste e sul. E esse
programa foi um programa que foi muito bom, inclusive o Luiz Fernando está
aqui, participou desse programa, o André também, e esse programa ele melhorou
muito a vida de muitos índios nessas regiões. E esse programa praticamente
acabou-se. Seria que poderia com a PNGATI tentar resgatar essa ação dentro da
PNGATI para continuar esse trabalho nas terras indígenas? É uma outra proposta.
A questão da educação, eu queria propor aqui, e acho que falou muito bem ali em
relação à questão dos territórios etnoeducacionais, eu queria propor que a Funai
trouxesse de volta, recriasse a Comissão de Educação que os povos indígenas
perderam muito com a saída, com a extinção da Comissão de Educação Escolar
Indígena da Funai. Então é preciso que a gente possa refazer essa discussão para
que possa melhorar mais ainda a educação. Acho que inclusive até propor
também que existe também uma Comissão de saúde também na Funai, porque
quer queira ou não, a Funai ainda é o órgão fiscalizador de toda política
indigenista no país. Então queria fazer essa fala, já estou contemplado em várias
falas aí e pedir com que a gente possa realmente acelerar esses projetos, esses
programas. Era isso.
Maria Augusta – Obrigada Dourado. Eu vou passar aqui, a Carolina vai
apresentar algumas respostas, o Luiz Fernando e a Lúcia vai falar sobre os
Comitês Regionais. Eu só queria fazer uma reflexão antes de passar a palavra
para eles, no seguinte sentido gente. Bom, primeiro falar um pouco sobre a
reestruturação. Eu gostaria de fazer uma discussão de reestruturação da Funai
com vocês, inclusive a gente tinha se proposto da última reunião para cá nós
pensamos em começar esse debate nessa reunião do CNPI aqui, no entanto a
pauta ficou bastante apertada, a gente tem sido frequentemente premidos por
emergências, e a CNPI passa a discutir reativamente digamos a um fato que está
colocado ou uma emergência que está colocada, e a gente acaba não fazendo essa
discussão aqui. Eu estou assim deixando registrado o meu interesse e a minha
total adesão a essa proposta de discutirmos a questão de reestruturação. Por que é
que eu estou falando isso? Porque eu acho que a reestruturação, primeiro alguns
fatores, teve coisas que ficaram por implementar por uma série de circunstâncias
da reestruturação que foi planejada em 2009, foi implementada em 2009.
Segundo porque de 2009 para cá tem coisas que tem que ser revistas, porque são
coisas que não deram certo,a nosso ver, na avaliação da gestão agora, passado uns
quatro anos. E, terceiro porque tem coisas que para a realidade atual, porque a
conjuntura muda também que precisam ser repensadas. E vocês precisam
compreender o que é que a gestão tem pensado em relação a isso, o que é a
diferença de, por exemplo, você ter uma unidade gestora, uma coordenação
regional e você ter como você está pedindo e cobrando aqui. CTLS funcionando
para quê? Para implementar projeto para desenvolver ações de direitos sociais,
para fomentar, ajudar nas ações de PNGATI, para fazer interlocução, bom, fazer
interlocução é mais o papel da CR, com o PAA, PNAE que são os programas que
foram citados aqui e que de fato a gente está atrasado, vocês têm toda razão, o
caminho está traçado, existe a política, existe o caminho, e a gente precisa
viabilizar isso, o que é que está faltando, eu acho que essa reflexão a gente
também fazer, temos conversado muito, Luiz Fernando, o Edmilton, o pessoal do
MDA, está muito próximo da gente, o MDS também veio muito forte nessa
discussão, mas assim, a gente está com os caminhos prontos e precisamos
viabilizar, vocês têm razão em relação a isso. Reestruturação voltando. Eu acho
que a gente precisa discutir, nós temos avaliações do ponto de vista da Funai e
vocês também precisam compreender isso gente, porque é o seguinte, todo mundo
quer uma unidade gestora perto da sua área, na nossa concepção não é isso que
está resolvendo o problema, não é isso que está fazendo a diferença, o que vai
fazer diferença é você ter um corpo de servidores, fazer o concurso, aumentar os
servidores, e ter a Funai lá indo para as terras indígenas. Uma vez por semana,
uma vez a cada 15 dias, mas conhecendo os problemas, trazendo isso para a
coordenação regional e a coordenação regional podendo fazer a relação com a
sede quando é preciso ou resolvendo o problema quando o problema é local e
pode ser discutido no próprio estado. Agora todo mundo quer uma unidade
gestora, uma coordenação regional perto da terra indígena. Isso não resolve o
problema na nossa avaliação. Mas nós estamos abertos a discutir isso com vocês,
queremos discutir essa concepção com vocês, e também podemos e estamos
abertos para ser convencidos do contrário. Eu acho que isso tem que ser discutido
mesmo, tem regionais, e aí fazendo uma autocrítica da Funai que não estão
funcionando, que não estão funcionando, por diversas razões: por falta de
servidor, ou porque mesmo não consegue avançar no cumprimento das suas
atribuições, porque não conseguem muitas vezes o papel do que é ser uma
coordenação regional, do que é ser um CTL, qual a interlocução entre essas duas
unidades da Funai. Então isso precisa está internalizado, tanto para nós da Funai,
os servidores, o corpo, as CLs, as CTLs, quanto para vocês, qual é o papel de
cada unidade, o que é que se cobra de cada uma das unidades, o que é que se
cobra de CTL, o que é que se cobra da CR, por que é que não existe uma
comunicação adequada entre CTL e CR, muitas vezes e sede, o planejamento que
a gente faz no começo do ano, e muitas vezes chega no fim do ano e cadê, não
conseguimos implementar um monte de coisa, por quê? Então tem uma lição de
caso interno que é nossa, tem uma série de gargalos, de desafios que a Funai tem
que superar e isso é uma tarefa nossa, mas tem uma discussão que tem que ser
feita com vocês também para a gente poder está alinhado nisso e na compreensão
de qual é o papel de cada unidade da Funai. Então eu estou me dispondo a gente
fazer isso, talvez não seja uma discussão de CNPI, talvez seja uma discussão da
Funai com a bancada indígena, enfim, precisamos num formato de discutir isso,
mas assim, estou aberta, estamos abertos para fazer essa discussão e mais do que
isso, achamos necessário. E isso me leva também a fazer outra reflexão que é a
nossa discussão aqui da CNPI, a nossa dinâmica, o nosso funcionamento da
CNPI. Nós estamos sei lá, quatro, cinco reuniões, nem sei dizer muito bem
quantas, mas faz muitas reuniões que não são regulares, que a gente não consegue
ter a discussão da pauta das subcomissões, que a gente não consegue avaliar o que
foi tratado e encaminhado nas subcomissões e fazer o monitoramento dessas
ações, nós estamos fazendo reunião atrás de reunião para tratar de emergência,
para discutir questão pontual do que está acontecendo no momento,
encaminhamos uma, duas, três coisas depois nem retomamos isso para saber o
que é que está caminhando e o que é que não está. Então assim, eu tenho feito
essa reflexão a respeito da CNPI, acho que hoje é um dia propício para colocar
isso, porque a gente teve uma reunião que foi tumultuada, não tivemos
subcomissões, a gente não trata mais das pautas setoriais, então eu acho que nós
estamos num momento e aproveitando que é a última do ano, e também trazendo
o governo para essa reflexão, porque os indígenas eu acho que já ouvi algumas
pessoas reclamando do funcionamento da CNPI, mas eu acho que como é a
última do ano, nós temos obrigação gente de fazer essa avaliação e pensar o que
vai ser da CNPI o ano que vem nós queremos continuar nesse modelo ou não,
vamos voltar. E acho que assim, tem pautas importantes. Essa questão da
PNGATI que está sendo colocada aqui, fazer uma avaliação, criar um grupo da
CNPI que consiga fazer uma avaliação, discutir com as áreas onde estão sendo
implementadas as ações da PNGATI para a gente também poder monitorar, que
pode ser no etno, exatamente entendeu. Então assim, nós não estamos fazendo
desse espaço, dessa instância na minha avaliação, essa é uma avaliação pessoal
minha, que eu não discuti com governo, não discuti com a bancada indígena, nem
indigenista, mas eu acho que nós precisamos enriquecer, qualificar o nosso
trabalho e voltar a ser, fazer da CNPI uma instância de pensar e monitorar
políticas públicas, uma instância de participação e controle social. Eu não estou
vendo hoje o CNPI como essa instância. Alguém? Acho que foi o Winti que
colocou ontem, o que é que a gente achava de que a CNPI estava virando um
espaço de escuta, de ouvidoria, que as pessoas chegavam, que os indígenas
falavam, falavam, falavam, e a gente escutava tudo, todo mundo ia embora para
casa, toma o lanchinho e vai embora depois de três dias sem ter feito uma
reflexão mais robusta, sem ter conseguido concretizar algum encaminhamento, ou
monitorar ou cobrar, eu acho que a CNPI ela tem que ser esse espaço.
Independente da roupagem dela, da forma como ela está constituída, hoje ainda é
uma Comissão, mas que a gente sempre disse que era um embrião do Conselho, o
Conselho ele é um espaço de participação e controle social, mas independente da
forma, eu acho que a atuação nossa ela tem que está voltada para esse objetivo,
para esse trabalho de participação de controle social. Então foi só uma reflexão
para a gente pensar, pensar na nossa participação, eu acho que a gente tem que
reavaliar, governo tem estado muitas num tem ou representação total aqui da
bancada, e bancada indigenista também, ficamos aquela coisa de a organização
que saiu vai voltar, não vai, a gente tem que retomar esse debate, bancada
indígena, representação é a mesma representação desde que a CNPI começou, é
isso mesmo gente, não é. Eu acho que essas reflexões, está na hora da gente fazer,
nós temos hoje quantos anos de CNPI? Sete anos. Então assim, eu acho que essa
avaliação, estamos num momento oportuno de fazê-lo, mas assim, não é uma
posição de bancada ou nem de Funai, é uma posição pessoal minha que eu estou
colocando aqui, acho que a gente tem que pensar esse espaço. Então Carolina,
Luiz Fernando e Lúcia.
Ivan – Era só uma dúvida já que vocês vão falar sobre essa questão que a
Simone colocou do concurso, que me preocupa bastante. De que está sendo
cobrado e prometido há muito tempo e a gente não tem resposta, então queria
ouvir também se o Ministério do Planejamento tem alguma resposta sobre isso, e
além do Ministério do Planejamento eu queria saber se a Funai tem um estudo
sobre essa questão do que vai acontecer nos próximos anos com as
aposentadorias, porque eu queria que vocês trouxessem isso para a CNPI, porque
eu ouço muito isso que em dois anos não vai ter ninguém na Funai, todo mundo
vai se aposentar. Eu sei, eu estou exagerando por querer.
Lúcia Alberta – Então eu vou falar dos Comitês Regionais. Então, eu sou
a Lúcia Alberta, eu trabalho na assessoria da presidência da Funai e um dos
assuntos que eu ajudo a coordenar na Funai são os Comitês Regionais. Então os
Comitês que foram criados com a reestruturação da Funai, a ideia era eles serem
esse espaço de gestão compartilhada e planejamento, avaliação dos trabalhos da
Funai nas pontas. Então hoje das 37 coordenações regionais, nós temos 30
Comitês instalados, desses 30 pela nossa avaliação que fizemos recentemente,
pensando um pouco essa reestruturação dentro da Funai, nós temos 15
Coordenações que hoje nós podemos dizer que tem o Comitê Regional
funcionando como foi pensado na reestruturação. Então são Comitês que
planejam as ações da CR, avaliam e depois eles também aprovam os planos
regionais como está na estrutura da Funai. Eu vou falar rapidamente quais são
esses Comitês só para vocês terem uma ideia de quais nós avaliamos como
Comitês que estão funcionando. Então: CR Madeira, Minas Gerais, Espírito
Santo, Nordeste 1, Paulo Afonso, Ji-paraná, Rio Negro, Manaus, Alto Solimões,
Maranhão, Araguaia e Tocantins. Eu falei somente 10 aqui, o que nós temos uma
às vezes que realmente estão funcionando, desses que eu citei aqui, tem alguns
que funcionam muito melhor, que realmente conseguem fazer essa gestão
compartilhada da política, enquanto outros eles conseguem fazer reuniões,
discutem, mas ainda não conseguem avançar. Os outros 15 que estão instalados,
mas que não funcionam, são Comitês Regionais que foram instalados na época
com objetivo de cumprir metas. Então eles foram criados, podemos até falar
assim, sinceramente, “a toque de caixa”, e nós precisamos, junto com as
coordenações regionais e os povos indígenas, repensar esses Comitês Regionais,
desde os membros até o objetivo desse Comitê naquelas regionais. E os sete que
precisam ser instalados, ou seja, são Comitês que ainda nem foram pensados nas
Coordenações Regionais. Desses sete eu cito: a CR Xavante, CR Ribeirão
Cascalheira, CR Xingu, CR Juruá e outras que eu não estou lembrando agora,
mas que a gente pode passar também essa tabelinha para vocês. Eu acho que é
isso assim, uma informação bem rapidinha. Obrigada.
Carolina – Bom, essa demanda me remetendo ao Dourado, da Carteira
Indígena, PDPI, enfim, essa demanda de retorno desses projetos, isso é constante,
a gente sabe que os povos querem a volta disso, mas o que é que a gente tem
feito? Tanto Carteira Indígena quanto PDPI foram projetos também com recursos
internacionais também, com um início, meio e fim, são projetos que estavam
muitos deles demonstrativos, restritos no tempo e no espaço. E houve uma série
de aprendizados a partir dessas experiências e o interessante é que a gente possa
converter isso numa política, numa ação continuada, numa ação de governo, e não
nessa característica de projeto. Então quando eu apresentei ali e falei que uma das
questões que a gente está discutindo no âmbito da sala de situação é a proposta de
fomento coletivo, ela vem ao encontro dos aprendizados que se teve com esses
projetos, ou seja, o fomento coletivo, mas aí como uma ação de governo, algo
continuado que possa está fomentando atividades produtivas indígenas, apoiando
associações, provendo assistência técnica adequada, como uma ação continuada.
Então nós estamos trabalhando isso, não num molde de um projeto, mas sim de
uma ação de governo. Sobre a questão colocada aqui também pelo Dourado do
projeto GATI e da PNGATI, eu acho que é importante a gente diferenciar, porque
o projeto GATI é também um projeto com tempo limitado para ocorrer, uma
iniciativa piloto e em 32 terras indígenas. O que não quer dizer que naquelas
terras indígenas que não estão sendo apoiadas pelo projeto GATI não possam ter
ações de gestão territorial e ambiental conforme propõe a política. Aliás, a
política ela consolida um fato em larga medida ela consolida um fato que é a
gestão territorial ambiental ela já acontece nas terras indígenas pelos povos
indígenas. E uma série de ações de gestão territorial ambiental já vem sendo
apoiadas e fomentadas por órgãos governamentais, por organizações da
Sociedade Civil há muito tempo. A política ela consolida objetivos, diretrizes de
gestão territorial e ambiental, e ela está aí para todas as terras indígenas. Então eu
acho que é importante a gente separar, não é porque não tem o projeto GATI que
não está sendo beneficiado ou que não pode ser beneficiado com ações de gestão
territorial e ambiental. Quando eu falei de todos esses projetos aí que a gente tem
para apoiar a PNGATI a partir do ano que vem, isso também vai está voltado à
possibilidade é para todas as terras indígenas do país. Bem como os projetos, os
planos anuais de trabalho da Funai, o que a CGGAM, a CGETNO, a CGMT
apoiam são ações da PNGATI, de monitoramento territorial, de produção, de
recuperação de área degradada, isso tudo é a PNGATI. Só para a gente diferenciar
essas duas iniciativas. No que diz respeito às políticas que foram aqui citadas, o
programa de aquisição de alimentos, o programa nacional de alimentação escolar,
e depois a DAP que é uma porta de entrada para acessar esses programas, eu acho
que o Luiz Fernando vai poder falar também, mas assim, de fato como durante a
apresentação eu coloquei ali outras políticas e programas do governo como o
programa Bolsa Família, como ação de distribuição de alimentos, que precisam
está pensando a especificidade das terras indígenas, que são políticas que estão aí
para todos, mas que elas precisam ser trabalhadas para atender melhor as terras
indígenas, essa é uma discussão que a gente tem feito, nem por isso, há uma série
de terras indígenas que já estão sendo beneficiadas pelo PAA nos moldes que ele
está colocado, mas a gente sabe e a Coordenação-Geral de Promoção ao
Etnodesenvolvimento já vem trabalhando numa revisão também dos gargalos, do
PAA para as terras indígenas, mas nós temos terras indígenas inclusive em
Roraima, lá no Alto Solimões que já estão inseridas e vendendo sua produção.
Mas nós sabemos que temos que avançar mais nesse âmbito, bem como o
programa nacional de alimentação escolar que tanto vai contribuir para segurança
alimentar e saúde dos povos indígenas por está consumindo alimentos produzidos
localmente, quanto também é uma janela de oportunidade para a geração de
renda, para as famílias que estão produzindo localmente e podem está vendendo
sua produção e essa produção tem uma circulação local. Sobre a DAP indígena eu
acho que eu deixo para o Luiz Fernando falar. Então deixa eu me calar aqui, só
vou falar mais sobre o que vocês colocaram aqui nessa ponta, sobre a PNGATI e
o espaço, qual é a interface, como o CNPI é uma das instâncias de governança da
PNGATI, como é que essa discussão se insere? No âmbito da CNPI, isso a gente
realmente vai ter que construir. Eu acho que um lugar para a gente construir esse
fluxo de como é que vai estar dialogando a respeito da PNGATI. No Comitê
Gestor, nos Comitês Regionais, e aqui na CNPI, uma vez que o Comitê Gestor foi
recém-instalado, eu acho que nós vamos ter que repactuar aí um fluxo, o que é
que cada instância vai está tratando e acho sim que a CNPI, a gente tem feito
reuniões da CNPI discutindo essencialmente terra, nas últimas reuniões, e
acabamos não tendo o tempo adequado para está discutindo outros temas tão
relevantes que são voltados à gestão territorial ambiental e eu acho que aí a
PNGATI ela tem que está pautada na CNPI. É isso por enquanto.
Teresinha – Obrigada Carol. Luiz Fernando, do MDA.
Luiz Fernando – Bom dia a todas e todos, vou procurar ser breve, mas
uma resposta direta aos membros do GTI, Simone Karipuna, Luiz Titiah, Priprá,
Anastácio Peralta, e os representantes de governo, Ivan. Enfim, Simone, a gente
conversa bastante sobre isso. Eu acho que a primeira coisa que eu quero deixar
claro é que o MDA jamais relegou ao segundo plano os trabalhos do GTI, a gente
entende que o GTI é uma instância importantíssima de discussão para acesso de
políticas públicas, de acesso dos povos indígenas às políticas públicas tanto de
governos federais, como de municipais e tal. Foi um ano também difícil, e eu não
quero que vocês interpretem isso aqui como qualquer desculpa, realmente foi um
ano bastante difícil para nós, já que no primeiro semestre nós perdemos
praticamente toda equipe técnica, eu tenho trabalhado todos esses meses com uma
estagiária e uma consultora, e avançamos bastante, porque foi um ano de
conquistas, nós realizamos a II Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural
Sustentável que foi um sucesso, acho que vai contribuir bastante também para o
crescimento e inserção desses povos as nossas políticas. E outros eventos,
chamadas públicas grandes no âmbito Brasil Sem Miséria que enfim, deu
realmente, consumiu bastante a pequena equipe, e apoio a vários outros eventos
Brasil a fora. No que diz respeito especificamente a DAP I, nós temos um
problema que infelizmente não é possível, está fora da nossa governabilidade,
resposta rápida e isso para esse ano ainda, já que se trata de problema de rede,
tem um contrato do MDA com uma instituição que é responsável por toda
manutenção dessa rede. E o contrato termina agora no final do ano, e que o prazo
para que nós possamos terminar e concluirmos toda a adaptação dessa rede para
ser disponibilizada para a Funai, e aí sim realizarmos as capacitações dos técnicos
das CRs e tal para que possam está emitindo essas DAPs, isso vai levar ainda
alguns meses, mas a gente espera e sinceramente isso não é uma informação
vazia, a gente espera realmente que até julho de 2014 isso esteja rodando pleno.
Com relação à gente não ter realizado durante o segundo semestre as reuniões,
pelo menos as duas outras reuniões que a gente deixou agendado na reunião lá em
Ilhéus, pois eu peço realmente desculpa pessoalmente, eu não tive perna para
fazer. Pessoal, fui eu. Desculpem, e vou marcar, eu proponho que a saia dessa
reunião da CNPI com uma data marcada e com uma pauta. Já que todas as metas
pertencentes à portaria, com exceção da questão do crédito, e a conclusão dessa
construção da DAP indígena, tudo foi feito de acordo com o proposto. Não foi
possível também darmos aquela visibilidade toda para todas as regiões como a
gente pactuou lá em Ilhéus sobre as políticas, a gente tem feito isso no âmbito das
nossas chamadas públicas, que envolve essa questão da capacitação. Para acesso a
PAA, PNAE, mas tem sido feito no âmbito das nossas chamadas, que é onde a
gente consegue ter perna para alcançar. Enfim, sobre GTI eu acho que é isso, a
gente precisa fazer uma reunião emergencial de fato, se vocês quiserem a gente
pode verificar, assim, possibilidade ainda de fazer até o final do ano, coisa que eu
acho difícil, mas proponho que vocês marquem uma data para o iniciozinho do
ano. Inclusive com alguma proposição de pauta, eu acho que a gente tem que
rever a portaria para que nos oriente, para que a gente crie novas metas, novos
objetivos, isso não impede que a gente discuta outras pautas como a gente vem
fazendo no âmbito desse grupo de trabalho. Então realmente eu peço desculpa a
vocês se a gente não conseguiu avançar da forma como a gente pretendia. Vamos
tentar melhorar em 2014, Titiah. Só mais uma coisinha, o MDA ele entra como
um parceiro eu acho que importante aí em todos esses projetos e metas futuros.
PNGATI a gente vê com muito bons olhos, eu estou vendo uma colega de muitos
anos que eu tenho muito orgulho de ser amigo dela, a Eliane Pequeno, onde a
gente começou as primeiras discussões sobre PNGATI, ainda quando eu tinha e
tenho orgulho de ter pertencido a DAF e tudo começou lá. Então hoje a gente
pensa que tem a possibilidade também de através das nossas chamadas públicas
estarmos contribuindo de modo efetivo, tanto para levar a informação sobre a
PNGATI para as comunidades e os povos indígenas, como estarmos atuando,
colocando recurso lá. Só uma complementação na fala da Carol, é interno, mas eu
vou abrir, eu acho que o nosso grupo de trabalho na nossa sala de situação, a
gente precisa pensar sim no fomento coletivo, o MDS é fundamental nisso, mas
eu acho que a gente tem trazer o investimento também. E eu acho que isso tem
que está dentro das chamadas públicas do MDA, por exemplo. Nós precisamos
ter a coragem, a determinação e tal de fazermos as mudanças que precisam ser
feitas, inclusive leis novas para que isso seja possível, para que a gente trabalhe
custeio, fomento e investimento dentro de um mesmo instrumento, para que a
gente possa dar continuidade, porque é isso que eles se ressentem, a assistência
técnica de situação rural ela é importantíssima do ponto de vista de orientação, de
informação. Só que isso gera uma grande expectativa e também um pouco de
decepção por parte dessas comunidades que são atendidas, porque eles
descobrem, poxa, isso é possível, mas como é que a gente vai fazer isso se a
chamada não disponibiliza o recurso necessário para que isso seja executado e se
torne sustentável. Então a gente precisa discutir isso lá dentro da nossa sala de
situação, eu acho que a CNPI tem um papel fundamental aí no sentido de
empurrar a gente para essa lógica de pensamento e tal. Então estamos juntos
dentro da PNGATI. E Dourado, a Carteira Indígena sem sombra de dúvida, e a
gente como amigo, a Carteira Indígena, não é por ter participado dela, mas
realmente eu vejo como o melhor programa que já foi disponibilizado para os
povos indígenas na questão do etnodesenvolvimento. A impossibilidade de a
gente trabalhar com recurso internacional e tal não deveria ser impedimento para
que um programa tão exitoso tivesse continuidade. Então só para dar essa
resposta eu vejo mais uma vez que as chamadas públicas podem funcionar aí, por
quê? Porque traz como eu já afirmei, o custeio, o fomento e o investimento traz a
PNGATI já que a gente pode trabalhar dentro dessas chamadas metas de
atendimento a meio ambiente e tal, e aí é óbvio, a gente vai sentar para conversar
com pessoas que podem nos qualificar nisso já, enfim, o pessoal que está a frente
do programa. E também atender a um número maior de comunidades indígenas, e
eu acho que nessas chamadas elas são tímidas, a gente precisa de unir forças,
recursos e tal, e abranger mais e tal. Aí eu acho que também daríamos uma
resposta a CNPI no que diz respeito à solicitação da volta da Carteira Indígena, a
Carteira Indígena não morreu, ela só está adormecida. Obrigado. Aos membros
do GTI, eu vou está à disposição aqui para a gente conversar e marcar isso da
forma que vocês acharem melhor. Obrigado.
Maria Augusta – Obrigada Fernando. Só reafirmando aqui, a gente tem
sentido a importância dessa parceria com o MDA, isso tem sido fundamental,
acho que a gente ainda tem o que avançar, mas a gente conseguiu dar passos em
frente, eu concordo plenamente enquanto Funai de que a gente precisa aumentar
mesmo o número dessas chamadas, que é o formato do Carteira Indígena, ele
pode chamar um outro programa, mas a ideia disso é que a gente com recursos
públicos fomente a implementação de projetos que as próprias comunidades
podem planejar, que enfim estejam de acordo com as diretrizes do que a PNGATI
estabelece, e que as próprias comunidades por muitas vezes serem menos
burocratizadas, as organizações, não ter esse peso digamos assim para se
movimentar, que a máquina do estado tem pode implementar com muito mais
rapidez, e muito mais efetividade. Então eu tenho pleno acordo com essa fala do
Luiz Fernando.
André – Aqui é André do Ministério do Meio Ambiente, sou analista
ambiental. Respondendo um pouco ao Dourado, e a discussão da Carteira
Indígena, em todos os fóruns de discussão que a gente participa, a gente sempre
tem essa cobrança. Tanto em relação ao PDPI como a Carteira Indígena. Mas
enfim, eles são projetos com recursos limitados, com tempo limitado, o PDPI já
foi prorrogado diversas vezes. Ainda teve uma sobra de recursos e a gente lançou
esse ano uma chamada que aprovou 16 projetos e entorno de R$ 4 milhões que a
gente fez já todas essas capacitações iniciais, e assim, no começo do ano a gente
pretende fazer a liberação desses recursos. Com relação à Carteira Indígena eu
lembro que teve uma discussão no CONSEA, uma reunião específica para
discutir a Carteira Indígena, e aí teve as discussões, naquele momento a
conjuntura muda, mas a Funai deu uma indicação que poderia absorver a Carteira
Indígena, talvez essa discussão não tenha ido para frente, ou então talvez tenha
sido substituída pela discussão do fomento coletivo que o MDS está puxando, que
a Funai está participando e o que o MMA também participa. E até respondendo a
Chiquinha que cobrou um pouco sobre os resultados do ano, então vou falar de
um minuto, teve esses 16 projetos aprovados pelo PDPI, em torno de R$ 4
milhões. O Ministério junto com o ICMBio realizou um curso de formação de
gestores em PNGATI da região Sul/Sudeste do bioma Mata Atlântica. A gente
está participando junto com a Funai e com o BNDES para elaboração do edital do
Fundo Amazônia que pode ser um edital que tenha uma escala bem maior do que
até os projetos da Carteira Indígena e do próprio PDPI. Também tem a ideia de
uma discussão com a Funai para se elaborar o edital, para a elaboração de PGTAS
através do Fundo Clima. Então, seria mais ou menos essas as considerações.
Maria Augusta – Obrigada André. Bom, então encerramos essa pauta,
vamos chamar aqui o Aluizio, Diretor de Proteção Territorial para fazer a
apresentação.
Jaime Siqueira – Aviso que na próxima reunião da CNPI, em função até
da gente retomar as discussões mais aprofundadas, mais temáticas, que haja um
tempo maior para a discussão da PNGATI, porque a CNPI é órgão de governança
da PNGATI, a discussão que a gente tem feito aqui sobre esse tema tem sido mais
geral, eu acho que a CNPI precisa se apropriar melhor desse debate, os membros
do Comitê Gestor podem fazer um relato mais qualificado sobre o que é que está
sendo discutido, e o Comitê Gestor já tem a próxima reunião marcada para a
segunda quinzena de março, se por acaso a CNPI se reunir antes disso, eu gostaria
de propor como encaminhamento para amanhã, discussão e tal, tenha pelo menos
um dia, ou pelo menos um período dedicado para a discussão da PNGATI para
que os membros do Comitê Gestor possam fazer um relato mais qualificado deste
trabalho. Planejamento tem uma série de atividades que já estão sendo iniciadas e
que precisa ser aprofundada, a CNPI precisa se apropriar disso. Então é só uma
proposta.
Maria Augusta – Perfeito Jaime, inclusive fica como proposta também, a
gente pode deliberar amanhã, eu acho que a gente poderia fazer uma apresentação
já dos PGTAS que já estão em fase de implementação, como é que estão o que é
que tem o que é que já andou fazer um pouco um balanço também do que é que já
está em curso, o que é que está andando, como é que as coisas estão se
apresentando aí em termos de resultado. Obrigada.
Aluizio Azanha – Boa tarde a todos. Representação indígena. Os poucos
representantes do governo que ainda permanecem aqui. Meu nome é Aluizio, sou
Diretor de Produção Territorial da Funai. Antes vou fazer um pouco o balanço
das ações, vou focar na parte da regularização fundiária, então não vou entrar um
pouco, atendendo um pouco a demanda do que foi colocado na última reunião da
CNPI, vou procurar aqui fazer um balanço das ações de regularização fundiária,
então não abarca aqui as ações de vigilância, proteção, fiscalização, e as ações
mais específicas em relação à proteção dos índios isolados, eu vou focar aqui um
pouco a apresentação em relação à regularização fundiária das terras indígenas.
Antes vou fazer uma apresentação rápida para a gente nivelar um pouco a questão
dos procedimentos, das metas do PPA para chegar em 2013 especificamente,
porque as nossas metas que a Funai trabalha e como todo órgão de governo
trabalha em cima de metas do PPA que são para quatro anos e a partir desse
monitoramento que a gente foca o que é que a gente avançou em 2013, mas sendo
tendo como metas o que foi estabelecido no plano plurianual. Então, as bases
legais que aqui hoje está vigente essa base legal dos processos de demarcação de
terras indígenas, Artigo 231/CF 88, a Lei 6.001/73, Decreto 1775/96, Convenção
169, a Portaria MJ 14/96 e a Portaria 2498, de 2006 que é a que regula a
participação dos entes federados no processo de demarcação de identificação que
também foi uma portaria feita em 2011 que deu também uma repercussão aqui no
âmbito da CNPI por não ter sido objeto de consulta à época, e que ela está de
certa forma incorporada na nova proposta de portaria que regula a participação
dos órgãos da administração pública federal e dos órgãos aí dos representantes
dos entes federados, os estados e municípios. As etapas, rapidamente, só porque
isso tem vinculação em relação as nossas metas, na etapa, então primeira parte é a
identificação e delimitação que é o ato da presidência da Funai, aprovação do
relatório de identificação, depois tem toda parte da contestação administrativa,
pois o processo vai para o Ministério da Justiça, o ato do Ministro é a portaria
declaratória. Feita a portaria declaratória se realiza a demarcação física da terra
indígena, e a parte da regularização fundiária propriamente dita, com a avaliação
das benfeitorias, o início do processo de indenização e pagamento dessas
benfeitorias, a regularização da posse propriamente dita. Feita a demarcação
física o processo é instruído para homologação, vai para a Casa Civil da
Presidência da República e sendo assinado o decreto homologatório a gente
registra na Comarca específica na Secretaria do Patrimônio da União essas etapas,
hoje, previstas pelo Decreto 1775 que diz respeito aos processos administrativos
de demarcação de terras indígenas. Esse é o objetivo geral da diretoria de
proteção territorial na Funai, que é garantir os povos indígenas a plena ocupação
de suas terras por meio de ações de regularização fundiária, fiscalização,
monitoramento, proteção dos isolados, contribuindo para a redução de conflitos e
para ampliar a presença do estado democrático pluriético de direito. O objetivo
principal é que a gente tenha a demarcação das terras indígenas como um meio
para se atingir a posse plena, e não uma demarcação com um objetivo em si
mesmo, então o objetivo da demarcação que é previsto na Constituição Federal é
garantir a posse plena e o usufruto exclusivo dos povos indígenas sobre suas
terras. Então, o que a gente vem trabalhando nesse PPA é esse conceito de posse
plena dos povos indígenas sobre suas terras para além do avanço do processo
administrativo e formal, ou seja, que essas terras elas sejam demarcadas,
regularizadas e que sejam garantidas a posse plena e usufruto exclusivo dos
recursos e das demais riquezas existentes na terra indígena. As metas do PPA
atingidas até novembro de 2013 são: 20 terras delimitadas, a nossa meta é de 56
terras delimitadas em quatro anos, a delimitação compreendendo então a
aprovação do relatório de identificação, até novembro de 2013, a gente aí está
com quase quarenta e poucos por cento da meta atingida. Falta ainda dois anos,
então se tudo certo, se a gente tiver toda liberdade possível e se não modificar os
procedimentos aí a gente conseguirá cumprir essa meta. Esse é um pouco o
quadro regional da situação das terras indígenas, só para a gente ter o
dimensionamento da discrepância em relação às terras regularizadas na Amazônia
Legal e nas demais regiões do país. Então o último gráfico são as áreas
regularizadas, a gente percebe que o grosso das áreas regularizadas elas se
concentram no Amazônia Legal, isso é importante também porque as nossas
metas, esses quatro anos a gente tentou, estamos investindo fortemente em mudar
um pouco o eixo dos estudos de identificação de demarcação de regularização da
Amazônia Legal para as regiões aí do nordeste, sudeste e centro-oeste do país,
então esse gráfico mostra o que se avançou de demarcação, houve avanços
significativos nos últimos 20 anos, mas ainda concentrado na região da Amazônia
Legal, e a própria ação do governo particularmente da Funai nos últimos sete
anos a dez anos, também surge toda essa reação do movimento aí dos ruralistas
que é um pouco a gênese e também da própria reação dos ruralistas dessas demais
iniciativas, porque também é um guinada da ação do estado brasileiro em relação
à demarcação em regiões que são mais densamente ocupadas, com uma ocupação
mais intensa, com título de terras muitas vezes mais longos, e aí com o poder
econômico mais forte, mais organizado, e que também está por detrás dessa
gênese, desse movimento todo do ruralista aí, e como diria o Ministro, não só os
ruralistas, outros setores progressivos dentro de outros partidos. A barrinha maior
é só pegar a barra maior é a Amazônia Legal. A da esquerda, primeira barra,
pegando o foco da regularizada, a primeira barra da esquerda ali grande é
Amazônia Legal. Então o quadro da esquerda, o número, são os números de terras
indígenas. E a segunda é o centro-oeste, a terceira é o nordeste, a quarta é o
sudeste, a última o sul. Então as terras regularizadas a gente tem mais terras
regularizadas na Amazônia, depois vem o sul, depois vem o sudeste, depois vem
o centro-oeste, e por último o nordeste. Não tem a ver com superfície, tem a ver
com número de terras. Eu vou dar alguns dados de terras regularizadas, que aí
pega a superfície. Então das terras indígenas, são 419 terras indígenas
regularizadas, o total dessa área aproximadamente 105 milhões o que representa
12% do território nacional. Sempre colocando esse dado de que 8% dessas 419
elas ainda não estão na posse plena dos índios, ou seja, cumpriram com toda a sua
etapa administrativa, está registrada, regularizada, mas ainda pendente da retirada
dos ocupantes, seja eles de má fé ou de boa fé, o caso que a gente tinha, por
exemplo, era o Marawatsedé que era uma terra regularizada, registrada, mas que
não estava na posse plena, hoje Marawatsedé saiu desse 8%, mas a gente tem
terras como Ianomami ainda pendente de regularização fundiária, a Terra
Indígena Awá que é regularizada, Alto Rio Guamá que é regularizada e não estão
na posse plena dos povos indígenas. TI Apterewa ainda não está regularizada.
Estou trabalhando só com as regularizadas. Dos aproximadamente 12% já
regularizados como terra indígena, 98,75% concentram-se na Amazônia Legal.
Essa aqui é a discrepância em relação às demarcações na Amazônia Legal e fora
da Amazônia Legal, é um dado significativo. Ou seja, 1,25% das terras
regularizadas da superfície das terras regularizadas situa-se na região sul, sudeste,
centro-oeste, nordeste do país, que chega num total de 1.300.000 hectares para
cerca de 600 mil indígenas. Então essa situação de confinamento que a gente
verifica aí que vocês vivenciam no seu dia-a-dia. Isso é o mapa que demonstra
claramente essa discrepância. Aí é só um quadro comparativo da superfície das
terras indígenas por unidade da federação. Está certo, o gráfico azul é o gráfico da
superfície, bem lembrado. Existe, mas nem é representativo. Só para trabalhar
com gráficos, todos os estados. E aqui fala das terras indígenas regularizadas.
Vou só citar alguns dados também, só em relação a algumas. Isso aqui é o dado
de Mato Grosso do Sul, mostrando o confinamento, a densidade demográfica,
1,64% das terras regularizadas do total do estado. Representa o total do estado,
isso é um pouco para mostrar que o avanço da demarcação em nenhum momento
implicará em qualquer empecilho ao desenvolvimento econômico do estado. A
terra indígena. E o grandão ali é a superfície total do estado. Então esse é o dado
do Mato Grosso do Sul, isso porque a gente está contando o Kadiwéu. Porque eu
estou trabalhando aqui só terra regularizada, porque não adianta eu colocar num
dado as áreas que estão declaradas que não estão na posse dos índios, ou seja, a
gente coloca, dimensiona uma superfície sem isso está na posse dos índios e para
o dado de confinamento que tem que ser trabalhada a posse plena. Então eu estou
trabalhando aqui sempre com terras regularizadas. Então a densidade demográfica
só para vocês terem uma ideia da população Guarani Terena eu retirei o Kadiwéu,
é de 149,2 indígenas por quilômetro quadrado, enquanto a população geral é de
6,8. Ou seja, a densidade demográfica das terras indígenas é 21 vezes maior do
que a densidade demográfica do estado. Estamos falando de confinamento, claro.
Paraná que é um estado sensível aí, todas as terras demarcadas regularizadas elas
chegam a 0,5% da superfície do estado do Paraná. Santa Catarina a gente tem um
avanço significativo com 0,85% da superfície total do estado. Estou trabalhando
com regiões que obviamente a gente sabe que são situações fundiárias muitas
vezes diferenciadas em relação à Amazônia Legal, então são muitas vezes
minifundos ou não, também não dá para generalizar, a gente sabe que é uma
situação fundiária diferente na região sul da Amazônia Legal. Mas o dado
objetivo que até o momento ninguém consegue rebater é o seguinte, a demarcação
das terras indígenas região sul não serão empecilho para o desenvolvimento
econômico ou engessamento do estado, isso não tem como fazer qualquer dado
por mais que a CNA consiga trabalhar muito bem seus dados ao por esses dados.
Ainda que eles tenham a tática de somar unidade de conservação com terra
indígena, e muitas delas estão sobrepostas para mostrar se a gente continua
demarcando terras indígenas ou criando unidades de conservação, esses dados
mostrariam que daqui há 20 anos teria que ter dois Brasil para demarcar na média
que estava sendo demarcada, mas eles somam unidade de conservação com terra
indígena e esses dados são totalmente sobrepostos. Então eles são bons de
manipular os dados, mas contra esse dado aí eu não consegui verificar nenhuma
coisa que se oponha a essa situação drástica, eu não estou nem trabalhando com
os dados de população aí, eu acho que Brasília, eu tenho o dado de cabeça, não
sei se é 30 mil indígenas na região de Santa Catarina. Eu acho que é Rio Grande
do Sul. 20 mil indígenas, 30 mil. São regularizadas. Isso, exatamente, foi a típica
pergunta da audiência lá da Comissão foi essa. Eu respondo. Se eu somar, por
exemplo, vou dar um dado concreto. Rio Grande do Sul 0,38. Aí eu vou trabalhar
com os dados, como eu tenho terras indígenas em estudo e lá são cerca de 30
terras indígenas, a Funai tem 30 terras indígenas em estudo no Rio Grande do Sul,
eu vou pegar o dado da própria Embrapa, e os dados da Embrapa aí são também
importantes, ele trabalha com média de demarcação, eles fizeram, quem teve
acesso aos estudos da Embrapa, vê a questão indígena, você poderia verificar que
a média do Rio Grande do Sul era dois mil hectares, eles calculam a média da
região amazônica ou da região sul, traçam as médias aí da delimitação e dava
2.400 era a média do Rio Grande do Sul. Eu tenho hoje, não varia muito de fato a
demarcação dessas terras, o Mato Preto tem quatro mil, mas Irapuá tem 200
hectares. TI Passo da Forquilha para ficar nos exemplos que foram citados ontem
como casos conflituosos ou não, Mato Preto tem quatro mil, Irapuá tem 200,
Passo Grande da Forquilha chega a dois mil e pouco hectares, Mato Castelhano
que é uma área que está para ser aprovada também não passa de dois mil hectares.
Essa é o padrão de dois mil hectares. Se eu somar as 30 terras indígenas com essa
porcentagem vai mudar bastante ali, acho que vai chegar a 0,50% no máximo, se
eu somar todas com as 30 terras em estudo. Então se quiserem fazer um
ordenamento territorial e falar, não, o Rio Grande do Sul só vai ter 3% de terra
indígena demarcada, a gente vai ter muita terra para demarcar, então assim, por
mais que eles sempre questionem que a gente está trabalhando com os dados
regularizados exatamente para mostrar a necessidade de se avançar nas áreas em
estudo. Mas ainda assim essas áreas que estão em estudos elas não são
significativas ao ponto de modificar essa discrepância entre a superfície total do
estado e a superfície hoje de posse dos índios, destinada aos índios, e ainda
calculando aí a população, ali já tem a densidade demográfica inclusive para o
estado Rio Grande do Sul. Então são alguns dados para a gente sempre ter em
mente. E eu também usei, eu gostei dessas pizzas assim porque eu aprendi com a
CNA. Os dados são importantes para a gente fazer um contraponto aos dados que
são vinculados à imprensa, no Congresso, é importante a gente ter esses dados de
forma consistente para conseguir fazer os contrapontos necessários para conseguir
também atrair a opinião pública, para atrair outros órgãos da administração
pública federal para que não entre num discurso mistificante, que são propagados
aí por certas instituições e principalmente pelo Congresso Nacional. Esses são os
principais obstáculos da regularização fundiária, a carência de profissionais
especializados, a resistência e a dificuldade de realização dos trabalhos de campo,
a judicialização dos processos administrativos e o contexto político aí, PEC,
portaria, nova portaria, tudo isso são obstáculos à regularização fundiária. Aqui
eu acho que essa apresentação a gente fez para uma discussão com a ARPIB se
não me falhe a memória quando a gente fez as estratégias para os avanços num
processo de regularização fundiária e a gente identificou as dificuldades e as
estratégias para superação de cada ponto. Então, é um pouco tem definida a
estratégia no estudo, as dificuldades e um contraponto em relação à estratégia. Aí
eu passo essa apresentação para todo mundo para a gente ir ganhando tempo. Só
marcando a questão da carência de profissionais de recursos humanos, como a
digníssima representante do Ministério do Planejamento ficou presente aqui a
nossa apresentação, e o Ivan lembrou uma coisa importante, que é o servidor
público, que não basta o concurso, a gente tem que discutir a carreira para que a
gente consiga de fato ter a permanência dos servidores. Isso é importantíssimo,
estratégico para nós. É para a gente tentar mais uma vez atrair a sensibilidade de
todos os órgãos, a gente põe a bandeirinha do Brasil ali. Então aqui é um pouco o
que nós fizemos em 2013, quais as áreas que foram delimitadas, mais uma vez
terra indígena delimitada é aquela que tem um relatório aprovado pela presidência
da Funai, abrindo o prazo de contestação administrativa. Então não está em
ordem cronológica, a gente tem Kaxixó, em Minas Gerais com cinco mil hectares,
Iguatemi Peguá, 41 mil hectares, é que aquela extensão em hectares ali está 415,
não, é 41 mil. Iguatemi Peguá que foi aprovada no início do ano, primeira terra
delimitada para os Guarani fruto do compromisso de ajustamento de conduta
assinado em 2007, ela é maior área hoje Guarani reconhecida, delimitada,
aprovada, é 41 mil hectares. A gente tem o Boa Vista do Sertão do Promirim, em
São Paulo, Lago do Limão, Amazonas, Tupinambá de Belmonte/Bahia, Jaraguá
em São Paulo, Jaraguá antes sustentava o título da menor terra indígena
regularizada do Brasil e quiçá do mundo, eram cerca de 1,7 hectares para uma
população de mil indígenas, era a menor terra indígena demarcada reconhecida no
Brasil todo, Jaraguá lá em São Paulo, agora ela está com cerca de 532 hectares.
Tapeba dispensa apresentação. A terceira vez que é aprovada a Terra Indígena
Tapeba com 5.838 hectares por questões judiciais ela já foi aprovada, já teve
portaria declaratória, já foi revogado o processo, já voltamos, no início dessa vez
contou com a participação de todos os entes federados desde o início do processo
administrativo. E vamos ver se a gente consegue avançar nesses 33 anos aqui.
Não, eu só queria chamar a atenção um pouco da questão já da onde que a gente
tem focado os estudos, e a delimitação. A gente percebe que grande parte dessas
áreas que foram reconhecidas, porque tem aquela, muito aqueles dados e aqui eu
tenho inúmeros dados do governo Fernando Henrique, Dilma, Lula, quanto se
aprova mais, onde se aprova menos, mas muitas vezes não se faz uma análise
qualitativa desses dados, então trabalha com superfície, ah você homologou x e
não consegue trabalhar os dados qualitativos dessas regiões, então a gente
delimitou às vezes poucas terras, e aí são cerca de sete, oito, que não são poucas,
mas em regiões fora da Amazônia Legal que são regiões obviamente com um
maior tensionamento, maior dificuldade para se fizer isso, mas de qualquer forma
dessas que foram delimitadas, uma só que está na Amazônia Legal, ou seja, das
sete, seis estão fora da Amazônia Legal, um pouco tentando avançar, lógico que a
gente tem pleito, continua com vários estudos na Amazônia Legal, depois outros
dados vão mostrar isso. Os dados em relação à Amazônia Legal, mas essa
guinada da demarcação para fora da Amazônia Legal é essencial, e os dados
demonstram o esforço que a Funai vem fazendo em relação a contemplar os
povos indígenas hoje que estão com maior carência de terras. Para lembrar ainda
tem dívidas ainda passivas na região da Amazônia de também 100 anos. Depois,
os dados da terra indígena em estudo vão mostrar isso, a gente ainda continua
com o mesmo número de terras indígenas, na Amazônia ainda é o principal, terras
indígenas em estudo, ela se concentra na Amazônia Legal, mas esse gráfico a
gente já está quase conseguindo superar. Então, essas foram as terras delimitadas,
foram sete esse ano por enquanto, o ano só termina 31 de dezembro, temos
esperança que ainda aumentaremos esses dados. Esses foram os grupos
Técnicos/GTs constituídos em 2013, aí mostra aí um pouco essa diversidade,
terras em Santa Catarina, na Amazônia, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio
Grande do Sul, Pará, Amazonas, Acre, Pernambuco, Minas, Amazonas,
Rondônia, Rondônia, Mato Grosso, Pará, foram os GTs constituídos, alguns, a
maioria deles complementares, a gente tem trabalhado com poucos novos GTs
tentando acabar com o passivo de terras indígenas que estão em estudo. A gente
hoje tem 108 terras indígenas em estudo, então ao invés da gente criar novos
estudos a gente está tentando concentrar esforços e delimitar essas áreas antes de
abrir novos GTs, isso já é uma orientação do PPA desde o início, a gente abre
novos GTs, mas a gente em vez de ficar criando um monte de GTs e não
conseguir concluir eles, a gente está focando na conclusão desses estudos. Essas
foram as terras encaminhadas ao Ministério da Justiça, esse ano foram três terras
encaminhadas, a gente ainda tem a perspectiva dessa e da próxima semana
encaminhar mais duas terras, que é Pontal dos Apiaká, no Mato Grosso, e
Paquiçamba, no Pará, Irapuá, Kauwahiva do Rio Pardo, Taunepegue, foram
encaminhadas ao Ministério da Justiça para decisão a cerca da assinatura da
portaria declaratória e se junta às terras que estão aguardando a portaria
declaratória que se não me falha a memória são sete ou oito, se junta a outras
terras que já foram encaminhadas em anos anteriores. Essas foram as terras
indígenas encaminhadas para homologação, ainda verifica que a grande parte da
homologação ainda se concentra na Amazônia Legal, porque as áreas que estão
em estudo e que estão sendo delimitadas da região sul e sudeste ainda não
conseguiram atingir essa etapa do processo administrativo, então na fase de
homologação a gente ainda tem um grande volume de terras da Amazônia Legal,
mas temos terras em outras regiões, Potiguara do Monte Mor, Rio dos Índios/RS,
Toldo Imbu, Santa Catarina, Morro dos Cavalos em Santa Catarina e outras áreas
aí. Essas foram as terras indígenas demarcadas fisicamente. Xucuru Kariri, só
uma pequena observação que o Saulo colocou aqui na liderança não tinha visto a
terra ser demarcada, a terra foi demarcada fisicamente sim, esse ano, a gente
concluiu o processo de demarcação física, instruímos o processo já de
homologação que foi suspenso foi a questão da avaliação de benfeitoria, mas nós
conseguimos concluir a demarcação física da terra indígena, fizemos a
demarcação física de Caramuru Paraguaçu, Carapó, Dourados, Vale do Guaporé,
Chapecó, Pinhalzinho, Canhadão, ou seja, demarcamos terra também em Santa
Catarina, São Paulo, Piaçaguera, vencemos essa batalha com Eike Batista graças
também a que ele faliu, talvez isso tenha contribuído para a gente conseguir
avançar em Piaçaguera, conseguimos demarcar Piaçaguera. Awá fizer uma
aviventação com uma demarcação, Porquinhos do Kanela, no Maranhão também
conseguimos, e Pindoti esperamos conseguir que também é na região de Santa
Catarina, litoral norte do povo Guarani. Essas foram as terras demarcadas
fisicamente. Essas aqui foram as terras indígenas com ocupantes indenizados em
2013, ou seja, pagamento de indenização, isso pressupõe que o ocupante
reconhece o domínio da união, retire todas as ações judiciais eventualmente
existentes, e se retire da terra indígena. Então esse é o momento crucial para a
demarcação que é exatamente tirar a terra indígena do papel e transformar ela em
posse, em área, em dignidade, em tranquilidade, então essa é o fim do processo, a
regularização fundiária propriamente dita que é um dos maiores gargalos nossos.
É realmente tirar as terras indígenas do papel, essas foram as áreas que a gente
conseguiu indenizar, estamos fazendo as indenizações, nesse momento ainda
temos várias Comissões de pagamento em campo, e priorizamos muito essas
regiões aí. Então também varia, temos terras no Rio Grande do Sul, na Bahia,
Paraná, Maranhão, Pernambuco, Amazonas, TI Pankararu que também é uma
dessas terras que está há 30 anos em processo de regularização fundiária, ou seja,
terra reconhecida que não avança na retirada dos ocupantes. Essas terras
indígenas julgadas, essa sigla aí que a gente é que a gente trabalha muito com
sigla aqui, é a Comissão de Análise de Benfeitoria, o procedimento anterior, ao se
fazer a indenização a gente tem que submeter para saber se essa benfeitoria está
ou não de boa fé, que o que é previsto pela Constituição Federal é indenização
das benfeitorias consideradas de boa fé, aqueles ocupantes de má fé não tem
direito nem a indenização das suas benfeitorias. Então foram as terras que foram
submetidas e que estão em previsão de pagamento. Faltou o Morro dos Cavalos
que foi julgado esse ano também na Comissão de Análise. Esse é o quadro da
situação geral administrativa das terras indígenas, a gente tem 108 terras
indígenas em estudo, a gente ainda se concentra grande parte no norte, mas já tem
um avanço significativo na região sul, ou seja, já está quase equiparando as terras
indígenas que estão em estudo na região sul, na região norte. A gente tem 37
terras delimitadas, ou seja, aprovaram o relatório, estão na fase de contraditório,
ou ainda estão aguardando a portaria do Ministério da Justiça, são cerca de 37, e
66 terras estão declaradas, mas ainda estão pendentes de demarcação física ou
foram demarcadas fisicamente, e estão pendente de homologação pela
Presidência da República, temos 15 terras homologadas e ainda pendentes à
regularização, o registro em cartório, e o registro na Secretaria do Patrimônio da
União, totalizando cerca de 537 mais 108 terras em estudo, é que muitas vezes o
agente soma ali, porque os 108 na verdade são procedimentos em estudo,
eventualmente um procedimento pode resultar em duas terras indígenas, então
tem uma circunstância aí que a gente prefere deixar, são 536 terras indígenas,
mais 108 procedimentos que estão em estudo. Esse é o quadro final. Não pergunta
a extensão delas, mas que são regularizadas, então um pouco esse é o panorama
geral aí pelo curto prazo de tempo, e estou aberto aí a perguntas,
questionamentos. E lembrando que a proposta pelo menos que foi passada para a
CNPI é que amanhã a gente trabalhasse um pouco o planejamento também de
2014, minimamente a gente estabeleceu alguns critérios de prioridades em relação
aos GTs, então não vai entrar aqui no contexto político que já foi fartamente
discutido ontem, PEC, nova portaria, foquei claramente aqui nos dados e nos
procedimentos que estão sobre a competência exclusiva da Funai.
Chiquinha Pareci – Chiquinha Pareci, Mato Grosso. De certa forma,
Aluizio, eu me senti contemplada em alguns aspectos aí, essa sua apresentação, e
ela respondeu um pouco daquele levantamento que nós apresentamos aqui. Ela
responde alguns aspectos desse levantamento que a gente tinha pedido, dentro
daquilo que a gente conhece, sabe, eu mesma estive que fazer um levantamento
no meu estado com alguns polos, e principalmente com o pessoal da Funai, das
regiões. E para a gente ter um entendimento do que é que está acontecendo, dessa
situação de uma maneira geral. Bom, mas eu tenho algumas questões que tsão
questões que tenham a ver com aquela parte primeira também da apresentação
que eu deixei passar, mas assim, depois a gente ficou lembrando. Primeiro que
ficou para responder algumas coisas que o Dourado perguntou que se relaciona a
questão da reestrutura da própria Funai. Por exemplo, a respeito da questão da
educação, como é que vai ficar, que eu acho que isso a gente pode deixar para o
seu segundo momento, e outras questões relacionadas à própria Funai e a sua
atividade. Bom, o que eu vou perguntar aqui, não é nem questionamento, mas
assim uma questão mesmo de perguntar um pouco da situação. Nós tivemos aí
algumas reuniões que eu participei com as mulheres e assim com algumas
lideranças, e assim, algumas coisas foram perguntadas para nós de como que a
CNPI estaria discutindo essas temáticas. Primeira coisa uma foi a questão de
geração de renda mesmo, vocês apresentaram aqui para nós, assim um pouco
dessas atividades e algumas políticas que estão sendo já propostas e algumas em
andamento, mas eu penso que é um tema que a gente tem que discutir também
isso aí, porque lá na ponta isso tem procurado também por nós, o pessoal vem
perguntar como é que isso está sendo pensado como política, porque na política
indigenista, porque antes o que é que era para a gente? A política indigenista era
um, o foco era um, aí foi mudando, e agora é outro. E aí nós também fomos
mudando. Então como vamos agora nós, povos indígenas, dentro dessa nova
conjuntura atual do mundo contemporâneo, como vamos lidar com a nossa
própria subsistência, sobrevivência em relação às terras. Eu acho que tem tudo a
ver um pouco do que vocês colocaram. E a questão da pauta da geração de renda
para nós, eu acho que tem que ser um assunto que a gente pode pauta
futuramente. Mas eu queria perguntar também em relação à questão da
regularização fundiária mesmo. Mudou, a gente percebe, eu me lembro de que há
uns 20 anos que eu participei, a gente participava dos processos de demarcação
das terras indígenas em loco, eu participei, eu conheço, na minha cabeça eu tenho
o mapa, o mapa do meu povo, o mapa das terras indígenas do meu povo, porque
eu participei do grupo técnico, de trabalho do GT e acompanhando para inclusive
colocar marcos em alguns lugares. E assim, nós tivemos também situações dessas
demarcações na época e um pouco da época do Rondon e dos tempos atuais, que
alguma parte de terra ficaram de fora. Por exemplo, terras indígenas que tem
nascente dos rios, ficaram fora. Por exemplo, meu povo no Rio Formoso nós
estamos agora solicitando anexar uma parte desse território, dessa terra para a
nossa terra indígena, porque ficaram de fora, e lá que está a nascente dos rios, as
partes bem importantes e que nós dependemos disso aí para subsistência de uma
maneira geral. Eu queria saber como é que vocês estão pensando em relação a
isso, porque dessas situações das terras, como é que está essa situação, de anexar
essas partes das terras que ficaram fora na hora da demarcação desses aspectos.
Por exemplo, áreas que eram áreas de caça, ficou fora você entendeu, onde tinha
os cemitérios tradicionais, ficou fora. E aí, como é que está? Os índios estão
pedindo de volta, e principalmente em relação à questão das águas, dos rios, das
nascentes, o nosso caso, por exemplo, do Rio Formoso são nascentes que ficou
fora, principal nascente ficou de fora, e a gente quer agora de volta. E ainda não
está invadida, e ainda está preservada. Agora se começar essa loucura toda desses
ruralistas e desses caras aí que querem ocupar as mesmas terras, tomar a terra na
verdade, eles não vão demorar muito, já estão acabando com elas. Essa é uma
coisa. Outro caso também que apesar de você não ter focado, negócio em relação
à região centro-oeste, mas você disse que o Mato Grosso, por exemplo,
recentemente ouvi uma notícia que o governo do nosso estado tinha pedido uma
anexação de um pedacinho da terra lá entre o Mato Grosso e Pará. O mapa do
Mato Grosso você sabe não é, uma cabeça e tal assim lateral, e aí tem um
pedacinho ali onde está aquele picozinho assim, um trecho assim, o governo está
pedindo, reivindicando essa terra para Mato Grosso, para anexar nas terras de
Mato Grosso. Eu vi isso e eu fiquei preocupada. Eu queria saber de vocês se essa
parte que eles estão reivindicando ou se vocês sabem disso, não é uma das terras
que os povos indígenas estão pedindo, por exemplo, Apiacá está pedindo que a
regulamentação da terra deles. Eu gostaria de saber se você tem essa notícia, se
vocês têm essa informação, é bem pequena, e eles estão pedindo. Então para mim
é terra indígena aquilo lá, e o governador está pedindo para anexar na terra de
Mato Grosso para colocar no mapa inclusive. Essa área pelo o que ele fala na
notícia, é uma área que Rondon que fez a demarcação. Se Rondon fez a
demarcação, para mim tem índio no meio, sabe, tem terra indígena. Então eu acho
que eu gostaria de saber isso, e eu gostaria que fizesse essa tarefinha para você na
próxima reunião da CNPI você me trazer esse dever aí de casa. Até para eu dar
resposta para os parentes que na próxima nós vamos ter uma reunião com
algumas lideranças aí, e eu preciso colocar isso daí na questão porque eu acho
isso superimportante. Outra coisa que eu queria colocar para vocês de uma
maneira geral a Funai, se tem como dentro daqueles critérios estabelecidos para a
demarcação da terra, reconhecer o estado brasileiro, reconhecer as demarcações
comunitárias, porque tem muitos, por exemplo, esses dias mesmo eu conversando
com um liderança ela falou para mim: pois é Chiquinha, o mapa que nós temos
conforme a nossa tradição, conforme a nossa cultura, os nossos conhecimentos
tradicionais era um. Aí veio o estado brasileiro, demarcou de outra forma, já
mudou o mapa. Então eu queria saber assim se existe essa possibilidade, eu tenho
um sonho que poderia, de repente, esse reconhecimento de reconhecer esses
mapas, e colocar isso como um dos critérios para a demarcação. Porque, claro,
lógico que terras que já estão com essas questões de conflito e tal, assim tem que
ir para a justiça no meu entendimento, não tem como, como é que a gente vai
fazer. Aí fica essa guerra, essa situação toda, a gente tem que analisar isso muito
bem até por conta, para ter uma segurança para os povos de uma maneira geral.
Então eu gostaria que também fosse colocado levantamento do quadro dessa
situação. Por exemplo, no caso do nosso povo, no caso de Rio Formoso, no mapa
nosso incluía essas nascentes dos rios que estão bem preservadas ainda, tem água
potente ainda de qualidade. Então a gente tem receios, porque a invasão está
sendo cada dia que passa, maior. Outra coisa também é no caso da demarcação de
terras indígenas do tempo do Rondon, estou falando isso, tempo do Rondon, mas
ele foi um grande, uma pessoa que demarcou algumas áreas, e que elas foram
invadidas. Exatamente, eu bastante tenho uns prós e uns contras em relação à
política dele. E foram diminuídas, em que procedimento está essas terras? Lá em
Mato Grosso nós temos algumas nessa situação. Então isso para mim é muito
importante a gente ver. E o último que gostaria de perguntar para você é sobre
essa CPAB que fica o órgão, porque você falou, mas aí eu fiquei meio na dúvida,
é a Funai, é a Funai que tem, é o Ministério da Justiça, como é que é isso, onde é
que elas se encontram? Até para a gente ter um entendimento. Por último, a
questão dos laudos antropológicos, que a CNA, não só a CNA, mas os ruralistas
de uma maneira geral e as suas instituições questionam laudos antropológicos,
inclusive o exemplo que o Ministro deu ontem para nós, de que estão colocando
até os antropólogos numa situação constrangedora, quer dizer, o cara faz um
trabalho, não fez um trabalho para ele não, ele fez um trabalho para o estado
brasileiro, isso tem que ficar bem claro. O estado que mandou, o estado que está
pagando, você está entendendo, por um direito constitucional. E como é que os
caras pegam e questionam, aí para tudo, só porque os caras questionaram. Então
eu acho que é uma questão em relação aos dados antropológicos que nesse
sentido eu gostaria de propor um encaminhamento sobre essa questão em relação
até o perfil dos antropólogos, porque tem antropólogos e antropólogos, porque eu
sei de casos assim que eu tomei conhecimento em relação com as mulheres na
reunião do MEC, de algumas que colocaram uma situação lá que eles estão
vivendo, de que a antropóloga fez, a antropóloga depois ela virou, como se diz,
virou a casaca contra os indígenas. Então eu acho assim, eu acho que nós
tínhamos também que discutir, abrir uma discussão com a ABA em relação a essa
questão. Por exemplo, para mim na educação é fundamental os pareceres dos
antropólogos nessa questão das especificidades. E pelo que eu vi, algumas
questões ou o próprio Ministro, ele colocou o papel importante que o
antropólogo. Eu acho que a gente tem que discutir isso, porque ficou muito solto
assim depois da constituição federal, ficou tudo solto, aí qualquer um quer ser
antropólogo, e não tem assim uma coisa, é, qualquer um, só porque conhece uns
indiozinhos, vai lá na aldeia, passeia, é amigo dos índios, eu já virei antropólogo.
O que é que é isso? Vamos maneirar isso aí. E, tem os especialistas indígenas, os
especialistas em índios, e que se julgam. Tanto é verdade gente que passa a
própria CNA, todo esse grupo dos ruralistas, estão usando os antropólogos, agora,
mas só que contra nós. Então eu acho que era uma coisa que eu queria colocar e
pontuar em relação a isso. Obrigada.
Rosa Pitaguary – Rosa Pitaguary, região nordeste. Eu queria perguntar
assim, foi falado ali sobre terras que já foi feito estudo, já estão desentrosadas,
homologadas, enfim. Nós também tínhamos pedido, acho que no pedido, no
documento anterior, as terras que ainda não tem GT, que a gente não viu aqui, até
mesmo porque nós queríamos igualar as listas sobre terras que já são demarcadas,
enfim, para ver se está batendo igual com a nossa do movimento indígena. A
outra coisa eu acho que é a falta de diálogo que não tem entre as coordenações
regionais e a Funai aqui sobre a questão de terra, porque quando a gente fica
sabendo dos processos, já tem terminado o prazo, a gente já tem perdido, que nem
aconteceu com a terra Pitaguary, que hoje estamos aí correndo um risco muito
grande de perder uma grande parte da nossa terra, por que, por conta de
negligência, de procuradores que não cumpriram com o prazo, e por conta disso,
nós deixamos aí a perder isso. E aí eu queria saber até então uma resposta sobre
isso, ou até mesmo pela conversa que nós já tivemos. E aí eu queria pedir que
vocês tivessem assim um pouquinho de atenção e prioridade sobre essa questão
da região nordeste para que a gente possa ver todas as situações das terras que
estão aí pendentes.
AluizioAzanha – Eu vou tentar responder muito brevemente. Em relação
à participação da demarcação, a gente continua requisito a participação inclusive
hoje tem uma instrução normativa que regulamenta como se dá a participação
indígena tanto na identificação nos estudos, é a própria Portaria 14 do Ministério
da Justiça prevê a anuência dos índios, ou seja, os índios têm que dar anuência,
tem que ter uma carta formal de anuência, além disso, tem todo um procedimento
de acompanhamento dos indígenas, inclusive com eventual apoio nosso, para
aquelas indígenas que vão ficar 30 a 40 dias em campo, orientando, deixando suas
atividades de subsistência, suas atividades profissionais para participar, a
instrução que regulamenta o pagamento de auxílio para várias áreas, seja para a
educação, para isso que a normativa, por orientação do TCU, a Funai
regulamentou esse ano. E um dos eixos é a questão da ação de proteção. Tanto os
estúdios de identificação quanto também na demarcação física. Há uma ação de
vigilância prevista para nós, o acompanhamento dos indígenas na ação de
demarcação física. Então, da mesma forma que participam nos estudos de
identificação, os indígenas também acompanham a empresa que venceu a
licitação junto com os técnicos da Funai. E, além disso, nas questões de
aviventação, ou seja, aquelas áreas que já foram demarcadas há muito tempo, que
estão com programa de marco, de modificação dos marcos, a gente faz o processo
de aviventação como uma ação inclusive de vigilância e de prevenção de ilícitos,
a gente deve ter clareza disso, então continua na mesma forma, inclusive na
normativa tem que ser indicado pelas comunidades indígenas, quem que é o
representante, pelas organizações, está tudo muito bem detalhado em relação a
isso. Em relação aos antropólogos, vou falar da parte que me cabe aqui em
relação aos estudos de identificação, eles são conduzidos a partir de um critério
legal que é o colocado pelo Decreto 1775 que é ser antropólogo com qualificação
reconhecida. Então assim, não basta ser antropólogo, tem que ser antropólogo
com qualificação reconhecida, que nós entendemos qualificação reconhecida é
exatamente a experiência sobre aquele grupo indígena envolvido. Ou seja, tem
que ter experiência naquele grupo indígena envolvido, é o que garante a
qualificação reconhecida dele, e obviamente, é importante isso, o antropólogo
quando está coordenando o estudo, seja ele servidor da Funai, já sendo servidor,
seja eventualmente um contratado ou um cedido para um universidade, ou
contratado por outras formas ou como colaborador, o eventual momento que ele é
designado para coordenar os estudos, ele está na qualidade de servidor público
com o ônus e o bônus disso. Então a gente teve caso de antropólogos que não
encaminharam os relatórios conforme o previsto, a gente entra com a notificação
judicial, notificação extra-judicial para que eles apresentem ou devolvam os
recursos que foram gastos com isso. Então tem todo também um trabalho, a gente
investe muito na qualificação dos antropólogos, porque muitas vezes vem de uma
área mais acadêmica e não entende a natureza do processo administrativo, quando
não são pessoas da universidade, quando são servidores da casa fica mais
tranquilo, conhece os procedimentos, então a gente investe muito na qualificação
e na capacitação dos antropólogos em curso de formação, manuais de orientação
para cada um dos estudos de identificação, a gente tem uns quatro elementos, art.
231CF/88, para cada um desses elementos, seja a parte do antropólogo, do
ambiental, do engenheiro agrônomo, a gente tem normativas que orientam, tem
um manual de orientação para cada um desse profissional que vai atuar. Investir
muito também na qualificação dos nossos próprios servidores, inclusive das CRs.
Esse ano a gente deu continuidade, ano passado a gente fez uma oficina, esse ano
a gente já fez hoje, outra a gente mapeia todos os servidores das CRs que tem
curso superior, seja na área de antropologia, história, formação ambiental,
fizemos aqui uma oficina de cinco dias detalhando como se escreve um relatório,
por capítulo, na Portaria 14, ela é super detalhada, então parece que os
antropólogos escrevem relatório tomando um chá e apresenta no dia seguinte.
Porque nunca leram, eu já dei para ele várias vezes cópias do relatório de
identificação para ele poder ler e fazer suas colocações com mais propriedade, eu
acho que tem avançado, alguns contra laudos são feitos de forma com mais
consistência de fato, inclusive é o que vocês estão colocando muito os produtores
rurais têm contratado os antropólogos, historiadores. Isso antropólogo não é
monopólio para defender os índios, tem a formação de fazer isso aquilo. Mas
qualifica um pouco a discussão, sai de uma discussão ideológica, eu li muito a
contestação administrativa, contestação judicial, trabalho com isso todo dia, e às
vezes é isso, fica aquela coisa, ah, o antropólogo fez isso, trabalhou aquilo, tomou
um chá, é amigo dos índios, não sei o que e etc. Eu recebi recentemente um
relatório, um contra laudo, mas com aspectos históricos de fato, questionando, ou
seja, entra para uma discussão técnica em relação ao estudo, saindo um pouco da
visão ideológica ou da crítica, porque já tem um roteirozinho da contestação,
primeiro agride o antropólogo enquanto pessoa, depois mostra as suas relações
com a comunidade ou com as ONGs, etc., tem todo um roteiro e eles estão
aperfeiçoando, isso é natural, e a gente para o nosso lado a gente tem que
exatamente aperfeiçoar e dar mais consistências aos relatórios que sejam capazes
de responder todos esses dados técnicos e é um ponto que a gente tem investido,
inclusive à luz do que está discutido que é um dos pontos que você coloca. Então,
hoje a gente não passa despercebida de toda discussão que está colocada no
judiciário em relação ao marco temporal da ocupação, a vedação de terra indígena
ampliada, o que você colocou assim, as partes que são anexadas, que foram
deixadas de fora dos estudos ou da primeira demarcação. O próprio Supremo
disse que é possível fazer a ampliação de terra indígena demarcada, a AGU
também disse, desde que seja caracterizado o vício num processo originário,
então todo o trabalho que Funai faz, por exemplo, num processo de verificação de
um estudo às vezes de reestudo, ou às vezes a gente chama de estudo de
identificação, porque aquela demarcação, por exemplo, citar o caso de Buriti aqui
que é uma área que o Rondon fez. A área de Buriti ela foi demarcada sem
qualquer estudo, então a gente não chama nem de revisão de limites, porque
revisão de limites ou reestudo seria um estudo prévio, nunca foi feito um estudo.
A área foi demarcada por outros critérios que não os critérios técnicos, e mesmo
porque à época não tinha nenhuma legislação, então a gente orienta sempre a
caracterizar o vício num processo originário, por que é que essas áreas ficaram de
fora, foi feito antes da Constituição Federal, tinha cara dos índios, não houve
acompanhamento, por que é que as cabeceiras ficaram de fora, por que é que
essas áreas de ocupação tradicional, a gente tem que caracterizar o vício num
processo, primeiro o processo de demarcação, para conseguir responder aos
questionamentos tanto das consultorias jurídicas, porque esse processo
obviamente passa pela procuradoria da Funai, depois vai para a consultoria
jurídica do MJ, e depois também pela própria Casa Civil, e eles perguntam, mas
aqui está caracterizado vício, está seguindo, e para a gente conseguir nos
relatórios também fazer frente aos questionamentos judiciais que são colocados.
Então uma orientação, a própria discussão do marco temporal que foi citado
ontem pelo Ministro em relação ao Kayabi, mas Kayabi foi negada por
ampliação, não por marco temporal, que foi o que foi usado por causa do Buriti,
para dizer que não era terra tradicionalmente ocupada, o marco temporal, a gente
no próprio relatório deixar claro qual que foi o processo de esbulho, por isso essa
interação hoje da antropologia com a história, com a parte das leituras de cadeia
dominial, de todo processo de regularização fundiária que a gente tenha
capacidade aí de ter relatórios cada vez mais consistentes, aprimorar o que tiver
que aprimorar, eventuais falhas processuais, a gente está aprimorando para
conseguir que realmente a gente consiga fazer frente a todo esse contexto, a todo
esse questionamento, então investimos muito em orientação e capacitação dos
coordenadores dos GTs, e das equipes da Funai, a gente usa muito hoje os
servidores das regionais nos nossos grupos técnicos, ou naquilo que a gente vem
chamando de qualificação de reivindicação das áreas que ainda não foram, não
tem GTs constituídos, e a gente precisa saber os elementos, que isso também está
contemplado na portaria do Ministro, na nova portaria, tem lá uma parte toda que
diz que é do juízo de admissibilidade que é o que a gente chama de qualificar esse
pleito com algumas informações suficientes. A gente investe muito na interação
também da Funai com a procuradoria, foi falado aqui que muitas vezes, acho que
foi o Titiah que falou aqui, ah, os servidores a gente qualifica e não resultado. Eu
discordo completamente, na área fundiária mesmo, lá no sul da Bahia, se a gente
não tivesse os novos servidores conseguindo fazer os relatórios para subsidiar
hoje a suspensão, segurança que a gente está entrando contra 40 reintegrações de
posse de Tupinambá de Olivença, se esses relatórios das regiões não vêm com
informações qualificadas, qual que é o imóvel, quantos ocupantes indígenas estão
ocupando na área, todos os dados técnicos, isso é essencial para que a gente aqui
consiga fazer atuação, então temos investido muito forte também nesse
acompanhamento na qualificação das ações judiciais e do que nós temos, e que
não adianta falar para a procuradoria, ah, você tem que atuar. Nós temos que dar
subsídios para procuradoria. Então hoje a gente no âmbito da diretoria uma
assessoria jurídica que só trabalha não uma assessoria jurídica, é a procuradoria
jurídica que faz assessoria, mas a gente tem uma assessoria dentro da diretoria, só
faz interlocução com a procuradoria. Então responde todas as ações judiciais, dá
os subsídios, a equipe que você conheceu. E naquele caso específico de Pitaguary
foi uma falha do procurador que realmente deixou o prazo transcorrer. E a gente
hoje faz esse monitoramento, inclusive para cobrar a procuradoria, a gente que
faz o levantamento de todas as ações judiciais, fazemos o acompanhamento delas,
então pautamos a procurando também nesse sentido, a gente passa as listas das
ações judiciais, entramos nós mesmos nos andamentos processuais, pede o
número do agravo, do recurso e ficamos monitorando para garantir que a
procuradoria também não perca os seus prazos. Temos investido muito nessa
interação, considerando que todos os processos administrativos hoje estão
judicializados. Então era isso, a lista. A Comissão de Análise da Boa Fé ela é
formada por coordenações gerais da própria Funai. Então é uma instância interna
a Funai que analisa as benfeitorias, eu sou Presidente da Comissão e ela é
formada por cinco, seis coordenações gerais da Funai inteira, e aí passa todo o
processo também para a procuradoria e quem autoriza os pagamentos é a
presidenta da Funai.
Maria Augusta – Pessoal, tem mais duas pessoas aqui que querem falar,
Natalia e a Olga, já vou passar a palavra. Só queria complementar uma coisa que
o Aluizio falou, em relação assim a essa reflexão sobre os processos de
demarcação. Acho que é importante colocar assim, que da década de 80 para cá a
própria legislação mudou muito, vieram as portarias, o próprio decreto que
chegou em 96. Então, muitos processos sobre os quais hoje a gente está
debruçando ainda, eles tiveram início num período lá atrás, quando a legislação
era outra, o arcabouço jurídico, o número de exigências era muito menor
inclusive para você fazer uma demarcação de terra indígena. Hoje é mais
complexo, a legislação exige um rigor maior no procedimento, e a própria Funai
tem um rigor muito maior ao qualificar, como colocou o Aluizio, as
reivindicações, ao estabelecer as etapas internas do procedimento, porque a gente
sabe que hoje qualquer vírgula que tiver fora de lugar ela vai ser questionar
administrativa ou judicialmente, então a gente também tem buscado aperfeiçoar
os nossos procedimentos e sabemos que precisamos melhorar ainda, para que
justamente a gente não deixe fragilidade ou vulnerabilidades que possam impedir
que o processo chegue ao final, seja por uma impugnação administrativa, uma
contestação administrativa, ou até por judicialização. Então o rigor hoje é muito
maior e nós da Funai também temos que ter esse rigor interno muito maior. Já
dizia isso até naquele filme Paralelo 10, o Meireles, ele mesmo usa essa frase, ele
disse olha, hoje você fazer uma demarcação de terra indígena no Brasil não é
mais como na década de 80, o rigor é muito maior. Então nós da Funai, também a
equipe técnica ela tem que está mais preparada, ela tem que está mais segura, ela
tem que está mais firme ao proceder qualquer tipo de ação dentro do processo de
demarcação, porque qualquer vírgula fora de lugar será motivo para inviabilizar
uma demarcação, então isso também nós temos nos preparado internamente, o
Aluizio colocou o esforço das oficinas internas, agora a gente está para o fim do
ano preparando também um trabalho interno sobre a instrução processual que
muitas vezes é um vício bobo, formal de um despacho que não foi dado interno, e
que isso é usado para questionar e pode inviabilizar um processo de demarcação.
Então nós também estamos tendo que nos adequar a isso, mas acho que é
importante também que todo mundo tenha claro que hoje tem processos que estão
ainda por delimitar, mas declarar e também homologar que começaram lá atrás
numa época que num contexto normativo e político completamente diferente que
hoje a gente vai ter que enfrentar problemas e por isso que o Ministro colocou,
que às vezes. Com certeza, a política interfere no processo, então hoje mesmo se
for um vício formal, pequeno, ele nessa conjuntura será utilizado para
inviabilizar. Então acho que é importante a gente ter isso em mente, o Ministro
colocou aqui que tem sido questionado, que os processos da Funai tem problema,
a gente sabe que a gente tem fragilidades que precisam ser robustecidas, que
precisam ser fortalecidas, mas também há processos sobre os quais a gente está
tratando hoje, que não tiveram uma conclusão e que começaram nesse marco
normativo e político completamente diferente. Natalia e Olga.
Aluísio – Só rapidinho, só em relação à questão que foi colocada a ABA.
A ABA fez um evento semana passada, inclusive a Carolina participou, para a
discussão dos laudos antropológicos, e a partir desse contexto todo. Não, esse que
você está falando da ABA em João Pessoa. A gente fez uma outra discussão com
o INPF semana passada em Porto Alegre que discutiu isso, e nessa segunda-feira
também teve a reunião da associação dos profissionais de antropologia, que é um
outro grupo que também está discutindo a profissionalização ou não, se vira uma
categoria profissional, limite das éticas, etc. e também é um assunto que está
sendo discutido tanto pela ABA quanto pelas outras associações.
Chiquinha Pareci – Sim, inclusive eu fiquei de fazer um
encaminhamento por conta da educação e de alguns aspectos aí. Agora eu acho
que tem socializar isso com a gente. Nós povos indígenas temos que nos
empoderar dessas informações. Não, mas é verdade, a gente, nós precisamos nos
empoderar dessas discussões técnicas sobre o trabalho dos antropólogos sim
senhor, porque no final quem dá o veredicto em relação aos aspectos históricos e
antropológicos, e dizer da forma de vida das condições daquele povo naquele
território, são eles, o estado vai ouvi-los, então eu acho isso muito importante. E
eles são também aqueles que vão dar os pareceres em relação à própria política,
porque é isso que marca a diferença entre nós indígena e o povo de uma maneira
geral. Então por isso que eu acho muito importante essa socialização dessa
discussão e eu quero propor aqui assim que a ABA venha conversar com a gente
aqui na CNPI.
Natalia – Boa tarde a todos e todas. Chiquinha sobre a ABA mesmo que
eu iria me manifestar também, acrescentando as informações que o Aluizio já
trouxe, já antecipou. Queria dizer que essa é uma sugestão que o Ministério da
Justiça considera da mais alta relevância, que eu irei levar para o Ministro da
Justiça. E queria informá-los também que o Ministério da Justiça, o Ministro da
Justiça já iniciou também um diálogo com a ABA, já teve uma reunião no final de
outubro para discutir com a ABA a Comissão de Assuntos Indígenas da
Associação Brasileira de Antropologia, porque também considera esse diálogo
muito importante com os antropólogos, tendo em vista o seu papel de altíssima
relevância e impactos sobre o processo de demarcação de terras indígenas. Então
é uma opinião que nós compartilhamos, e que nós pretendemos dar andamento a
essa aproximação do diálogo com a categoria técnica dos antropólogos.
Olga – Boa tarde. Boa tarde a todos e a todas. Olga do Planejamento.
Quanto a contratação de pessoal para a Funai, para compor o quadro por
reestruturação, a Funai e o Ministério da Justiça tem que encaminhar o pedido ao
Ministério do Planejamento, porque isso se faz através de concurso. E é um
procedimento que tem de ser feito assim. Uma coisa que eu queria só comentar
com vocês, é que normalmente, não sei qual é o nível, se é nível de segundo grau,
o que está precisando, porque esse pessoal deveria ir principalmente para a ponta,
que na Funai está mais desvalida de profissionais. E eu queria, não sei se a Funai
faz isso ou não, e se faz me desculpe, mas você teria que dar para esse pessoal um
curso de treinamento indigenista, porque não pode o pessoal contratá-lo, concurso
público e tal, ir para a área e não ter esse treinamento, principalmente quando esse
pessoal de segundo grau ou de terceiro grau também, que não conhece a realidade
indígena. Eu acho que o curso de treinamento de indigenismo é indispensável,
provavelmente no pedido também teria que ser pedido recurso para esses cursos
de treinamento.
Maria Augusta – Só então assim, um pouco, a gente tem um processo
aberto, com a solicitação de concurso já há algum tempo, o processo já teve
várias idas e vindas, ele voltou agora recentemente para a Funai com uma
sinalização de que não seria possível realização do concurso esse ano, por enfim,
situação orçamentária, mas aí depois disso ainda em conversas, porque a gente
não quer nunca se conformar com a resposta negativa, se sinalizou com a
possibilidade de um número pequeno de vagas, mas isso foi conversado só depois
do processo ter voltado formalmente, e aí sinalizou-se que eventualmente um
número pequeno de vagas poderia ainda ser aberto esse ano, mas não temos ainda
nada formalmente colocado pelo Ministério do Planejamento nesse sentido.
Olga – Só quero pedir a vocês que no momento que isso já está
caminhando dentro do Ministério da Planejamento, por ser isso de alçada da SEG,
que não é a Secretaria que eu trabalho, vocês me informem, porque eu vou lá,
trago a pessoa que está fazendo isso e fico em cima e a gente faz isso com mais
celeridade.
Maria Augusta – Obrigada Olga. Podemos encerrar então o nosso
período da manhã.
Sandro Tuxá – Eu não sei se tem quórum por parte do governo, eu não
sei como é que a gente pode votar. São mais de tantas resoluções que a CNPI já
tem feito, acho que uma que nós precisamos reiterar e fazer, porque essa CNPI
começou pedindo concurso público da Funai. Houve aquele reajuste de pelo
menos dois mil funcionários, aí baixou para 400, houve aquele concurso que aí
teve aqueles problemas que muitos migraram para outro órgão, e a gente não
voltou a pautar. Acho que deveríamos fazer uma resolução de encaminhamento
pedindo ao próprio ministério que possa liberar esse concurso público, assinado
pelo governo e pela Bancada Indígena, para dar visibilidade a essa demanda que é
latente, porque lá na minha região, todo o Nordeste, a maioria dos funcionários
estão caindo.
Maria Augusta – Eu acho que super bom, eu acho que a gente pode,
como está baixo o quórum, fazer essa deliberação para amanhã. Obrigada gente.
Então está encerrado aqui o nosso período da manhã.
Observação: no período da tarde, os membros da CNPI foram participar
em agendas externas, daí a reunião foi retomada no dia seguinte.
Dia: 12/12/2013, manhã:
Teresinha Maglia – Gente, vamos começar e vamos nos programar para
o dia de hoje? Bom dia a todos e a todas antes, que seja um bom dia hoje, o nosso
último dia da nossa Plenária. A presidenta Maria Augusta ficou em reunião até
tarde com os Mundurucu, nós vamos iniciar, nos programar, vamos fazer a
programação do dia de hoje de questão de tempo, quais os assuntos, que daí
quando o pessoal do governo chegar e o pessoal. Parabéns à Bianca que está aqui,
que é a única representante governamental que se encontra. O pessoal está
chegando agora. Então vamos nos organizar? Ficou dois pontos de pauta de
ontem, que ficou educação e saúde, eu gostaria que a Chiquinha comentasse essa
questão da educação, como é que ficou definido e como é que o pessoal está
achando, para nós depois encaminharmos então quais são os outros pontos.
Chiquinha Paresi – Bom dia a todos e a todas nesta última reunião deste
ano, não é Teresinha? Deste ano e dizer para vocês que em relação à educação
houve, assim, um certo contratempo das informações, também eu tive esse
equívoco nessas informações. Eu tinha entendido que a gente poderia marcar uma
audiência de exclusividade com o Ministro lá no gabinete dele, só que depois eu
fui rever inclusive na Ata, na verdade, nós estávamos pedindo a presença do
próprio Ministro aqui na CNPI, igual os outros, que como ficou marcado para o
Ministro da Saúde, e tinha outro Ministro que não me lembro, ah, o próprio
Cardozo, Eduardo Cardozo, então, nesse seguinte sentido a nossa proposição é de
que de fato o Ministro venha na CNPI, o Ministro da Educação venha na CNPI
nos escutar e ouvir o que nós aqui, os membros da CNPI, os representantes da
CNPI, tem a dizer sobre a questão da educação. Neste sentido eu gostaria de
solicitar a todos vocês que vocês tragam as demandas, igual a gente já está
fazendo um pequeno levantamento da situação de uma maneira geral, a partir de
uma série de questões que vem acontecendo, e aí a minha proposição, assim, na
condição da área da qual a gente atua é de que ele possa vir tão logo na primeira
reunião da CNPI. Nós vamos ter também a CONAE, que é a Conferência
Nacional de Educação, que vai acontecer em fevereiro do próximo ano e nós
lutamos bastante para assegurar a presença dos povos indígenas. Eu inclusive
trouxe uma listinha de algumas regiões do Brasil que ainda não estão
contempladas com a presença indígena na CONAI e depois aí eu vou passar para
vocês, eu vou ler aqui, eu não estou aqui com ele, estão aqui na minha mochila,
mas, assim, para passar para vocês sobre a situação. De uma maneira geral
praticamente já estamos contemplados com quase o Brasil todo na Conferência da
CONAI, mas tem alguns estados que não encaminharam os seus representantes e
nesse sentido eu chamo atenção para os meus companheiros indígenas, que eles
possam passar uma mensagem e pedir para as bases que enviem os seus
representantes ou mandem os nomes, porque nós temos um prazo. Então era isso
que eu queria colocar. Então, Teresinha, na verdade, é assim, que o Ministro
possa vir para a reunião da CNPI, assim como os outros estão vindo, ele também,
e depois disso é que nós possamos marcar uma audiência com ele, nesse sentido.
Teresinha – Ok, Chiquinha. Então nós, da Secretaria-Executiva, vamos
mandar o convite ao Ministro Mercadante para que ele, então, se faça presente na
próxima reunião da CNPI, na primeira do ano de 2014, é isso? Bom, nós temos
ainda como pauta, que ficou de ontem, avaliação da Conferência da Saúde,
planejamento, aliás, desculpa, avaliação do ano 2013, planejamento do ano 2014
e o PLS 236, que o Saulo levantou, que fala sobre a mudança do Código Penal e
ainda Conferência Nacional de Política Indigenista. Essa pauta da Conferência
Nacional, o pessoal da Funai pediu para a gente discutir à tarde, o Jaime, o
pessoal da PNGATI, que eles também gostariam de fazer presente para discutir
com vocês, então nós podemos deixar para a parte da tarde. Então vamos
distribuir o tempo, ver como é que a gente pode fazer essa nossa pauta e nós
também temos que discutir a questão das oficinas, que eu não tinha anotado aqui,
sobre a minuta de portaria, que essa nós temos que fechar hoje também. Entra na
questão do planejamento 2013. O que ficaria de manhã, o que ficaria à tarde?
Ficou então: avaliação da Conferência de Saúde Indígena, não é avaliação,
informes, como foi, quem fez a avaliação foi o próprio pessoal da saúde, mas,
então, colocar os informes, como é que foi a Conferência, o que o pessoal achou,
os próprios indígenas que participaram, que participaram da coordenação da
Conferência; avaliação 2013, os trabalhos da CNPI; planejamento 2014; o PLS
236; e Conferência. Sandro.
Sandro Tuxá – Região leste e nordeste, APOINME. O que eu queria só
recordar, que ontem à tarde, quando nós finalizamos os trabalhos, a gente ficou
combinado no começo das atividades de hoje a gente fazer uma resolução de
encaminhamento solicitando uma audiência no Ministério do Planejamento para
tratar de forma específica do concurso público da Funai e aí como teria um
número pequeno, não tinha quórum, a gente ficou de votar essa proposta.
Olga – Eu entendi que a Guta antes da minha colocação tinha respondido
que a Funai e o Ministério da Justiça já tinha encaminhado alguma coisa lá e que
seria aberto um concurso para 400 vagas, isso foi quando eu coloquei também
que seria interessante que a Funai providenciasse um curso de treinamento de
indigenismo.Porque esse povo vai para a ponta tem que ter. Então não sei se
vocês comentaram, creio que vocês comentaram alguma coisa, que não sei se
ficou acordado que seria feito hoje.
Sandro Tuxá – Foi, na verdade, o seguinte, só queria recordar que eu
encaminhei isso no final, ficou no fechamento a proposta para que pudesse estar
encaminhando isso hoje pela manhã. Eu só queria reforçar que nessa ida para que
a gente promova essa resolução de uma reunião junto ao ministério, na direção do
ministério, possam também estar presentes alguns representantes indígenas,
porque é uma fragilidade da não resposta do órgão durante esse tempo de
reivindicação, sobretudo da CNPI, então se faz necessário uma gestão e ontem
ficou encaminhado e a gente precisaria colocar em votação para que dê esse
encaminhamento.
Teresinha– Sandro seria uma resolução ou seria uma solicitação de
audiência?
Sandro Tuxá – Mas é a solicitação de audiência pedida pela bancada
indígena e pela bancada do governo.Então se não precisa, se todos concordam, é
só mais um encaminhamento.
Teresinha – É porque uma resolução, não cabe uma resolução aqui, cabe
uma solicitação de audiência com a Secretaria-Executiva do Ministério do
Planejamento em nome da bancada indígena, sim, com toda a bancada indígena e
governamental da CNPI solicitando uma audiência com a Secretaria-Executiva,
ou com a Ministra do Planejamento. Isso seria para agora, para a próxima
reunião, no intervalo entre agora janeiro e fevereiro? Para hoje? Não, porque
resolução, Sandro, ela tem que ser publicada no Diário Oficial, aí não dá tempo,
demora, é uma burocracia.
Sandro Tuxá – Há necessidade de realmente pautar isso?
Teresinha – Olga, então quem sabe a gente entra em contato com a
Secretaria-Executiva do Planejamento e ver se é possível ainda hoje. Pode ser?
Sandro, vamos encaminhar isso, então assim que a Maria Augusta assumir, aqui,
eu e a Olga já vamos fazer essa menção para ver se a gente consegue. Como?
Não, resolução não tem como fazer de um dia para o outro, porque a resolução
mesmo que a presidenta Maria Augusta assine aqui a gente tem que passar pelo
gabinete do Ministro, porque é publicado na página do Ministério da Justiça.
Sandro Tuxá – Só para ajudar. No caso, o intuito nosso é de ter um ato
mais formal e realmente trazer as respostas e publicizar essas respostas. É porque
a gente precisa de resposta.
Olga – Pelo o que eu entendi, ontem, a presidenta disse que já tinha esse
entendimento, que já sabia qual era o número de vagas, teríamos que esperar que
ela chegasse para saber em que pé está e a partir daí com a maior rapidez a gente
ir atrás para conseguir um comprometimento, um orçamento, não sei se já está
contemplado no orçamento isso, não sei em que pé já está. Acho que teria que
esperar Maria Augusta.
Teresinha – Sandro e pessoal, a sugestão da Olga é que a gente espere a
Maria Augusta chegar, que ela já tem mais informações, que ela já passou para a
Olga ontem, passou aqui a informação, então a gente costurar com ela, ver o que
ela já negociou com o Ministério do Planejamento, o que ela negociou, porque eu
não estou a par disso.
Sandro Tuxá – Então a gente resolve o caso com a presença dela e faz o
encaminhamento. Lúcia, é que ontem nós conversamos. Ontem nós conversamos
sobre a necessidade do concurso e de pautarmos o concurso e trazer isso como
foco da CNPI, ou seja, fazer gestão junto ao Ministério do Planejamento que há
muito vem aqui, mas não consegue demandar nada sobre o concurso público.
Diante das três mil vagas, que foram solicitadas para a Funai, que já vem
tramitando há muito tempo lá, saiu aquele concurso que entrou 400, 600 pessoas e
a maioria migraram, e não foi resposta para o órgão. Pensando nisso, para
institucionalizar o pedido, a gente trouxe a ideia, eu propus ontem para a Guta de
fazer uma resolução pedindo uma audiência para que nesse momento tenhamos as
respostas devidas quanto, como, metas, e quando, o que é que o ministério
realmente está se propondo e para isso era necessário o tempo do Ministério
poder ajustar e dar as respostas para a CNPI e para o Movimento Nacional. Foi
isso que mais ou menos ficou entendido ontem. Agora como a presidenta tem
outras questões aí nós não sabemos se podemos encaminhar agora sem a presença
dela. Por favor.
Lúcia Alberta – Oi, bom dia para vocês. Então, desde o ano passado a
Funai apresentou já uma proposta para o Ministério do Planejamento, não sei, a
Marta ainda era Presidente, ela até falou que era uma proposta de Funai cinco
estrelas, não sei se vocês lembram dessa conversa de Funai cinco estrelas. Então
foi uma proposta, além do concurso, de pensar a estrutura do órgão e aí isso foi
cortado, pediram para a gente diminuir um pouco a nossa proposta, uma proposta
bem robusta demais, não tinha condições financeiras para aquela proposta e aí nós
refizemos essa proposta de pensar a estrutura da Funai. Hoje, os nossos
coordenadores regionais, eles têm cargos de IDS 3, a ideia, por exemplo, era que
tivesse o IDS 4, porque isso também mudaria um pouco a representação política
deles nas regionais. E aí dentro dessa proposta emitir um concurso público
pedindo três mil vagas e aí nós recebemos a resposta recentemente, isso que a
Guta até falou para vocês, não foi uma resposta formalizada, não é um Ofício e
nós conseguimos algumas vagas para fazer concurso ainda em 2014, a ideia era
que o edital seria lançado até agora, final de dezembro, mas como nós não temos
nada formalizado não tem como fazermos o pregão, essas coisas todas. Então a
princípio nós conseguiríamos 150 vagas, todas para ensino superior e aí nós
estamos definindo que todas essas 150 vagas, elas vão ser para coordenações
técnicas locais, não vai ser nenhuma vaga para Brasília e nenhuma vaga para
Coordenação Regional. Então a princípio o que nós temos já de informação do
MPOG é isso que eu estou falando para vocês, está bom?Assim, a proposta, eu
concordo com vocês, eu acho bem importante essa resolução, porque ela vai
ressaltar o pedido que está lá.
Teresinha – Então seria diferente, não seria uma resolução solicitando
audiência, porque uma solicitação de audiência não cabe em uma resolução. Uma
resolução cabe colocar pedindo urgência para que seja feito o concurso público,
não para receber vocês, para reforçar o pedido de que saia até o final do ano.
Sandro Tuxá – Podemos fazer as duas coisas? Porque eu acho que uma
ida, um grupo, tanto da parte do governo para apoiar a Funai, como dirigentes
indígenas que sai de alguma comissão, para se fazer presente nesse ato lá com a
secretária-executiva ou com a própria ministra é muito importante também. Então
poderia ficar duas coisas: uma resolução e uma data a ser marcada de uma visita,
porque aí não impede da Funai estar fazendo os encaminhamentos junto com a
própria Olga e tudo mais até enquanto essa reunião chega. O importante é que
tenha algo realmente efetivo, estabelecido e que venha vincular a
responsabilidade do ministério.
Lúcia Alberta – Só para terminar, nós vamos entregar para vocês, daqui a
pouco a informação que vocês pediram ontem, que é o dado que nós temos hoje
de servidores e o percentual de quantos vão se aposentar até 2020, e fora isso nós
estamos trazendo também o resumo da proposta da política que nós estamos
propondo para a Funai, aí lá fala da questão do concurso que nós já protocolamos
no MJ, está bom?
Teresinha – Ok, então? Nós vamos, então, preparar um texto de
resolução assim que a Guta assumir aqui e um pedido de audiência então. Eu
quero saber para quando vocês querem essa audiência, se é para agora, para hoje?
Hoje muito em cima não, então durante o mês de dezembro para janeiro, para
quando que a gente vai solicitar.
Sandro – Eu insisto que a gente possa fazer os dois. Uma coisa não
invalida a outra. A reunião, que a Olga vai ter com a Funai e outros mais, são
tudo dentro do próprio governo, é uma coisa e essa reunião junto com a direção e
os indígenas e outros mais para trazer as respostas precisa de um tempo, porque
estão sinalizando, não tem nada efetivo, não tem nada concretizado, de modo que
não precisaria ser necessariamente essa reunião ano, poderia ser no primeiro, quer
dizer, é uma ideia também.
Teresinha – Saulo.
Saulo – Saulo, do CIMI. Sobre essa discussão eu acho que, de fato,
podem acontecer as duas coisas, audiência e a resolução, mas eu já estou
querendo adiantar outra preocupação em relação à discussão do próprio formato
do concurso, quer dizer, o que é esquisito é que a Funai realiza um concurso que
não tem cota para indígena, quando outros órgãos da administração pública
assegura cota para indígena, até mesmo o concurso para procurador da república
agora, o próximo concurso já prevê cota para indígenas e para negros. Então acho
que tem que haver uma discussão na CNPI sobre o formato desse concurso, que a
gente poderia também estar tratando na próxima reunião, não sei quando, mas ou
criar uma comissão, mas isso tem que ser bem discutido, porque o concurso mais
branco hoje do Brasil é o da Funai.
Sandro – Desculpa. Daí, pessoal, a necessidade de nós estarmos presente
para decidir sobre isso aí.
Olga – Eu lembro que o ano que vem é um ano eleitoral, então a gente vai
ter que correr. Eu não sei se essa discussão não poderia ser feita logo para logo
terminado o ano, início de janeiro já fazer isso, porque se a Funai pediu para 2014
e a gente está questionando outra coisa. E esse é um processo que demora a
discussão, não sei o que, gera formato, e há um prazo para chamar concurso, se
fazer concurso, por isso que eu disse, nós temos que correr para que isso aconteça
o ano que vem, se não, o ano que vem, no final do ano que vem de novo, na
última reunião da CNPI, que a gente sabe que a Funai está sem gente.
Teresinha – Como o ano é eleitoral, ano que vem acho que são 13 meses
ou é seis meses antes da eleição não pode fazer concurso, não é? Então por isso
tem que ser. Quem é advogado aí, são quantos meses? A Casa Civil? Daniel.
Daniel, sabe me dizer?
Daniel Mendonça – eu sou Daniel Mendonça, da Casa Civil, já vim nas
primeiras reuniões aqui no CNPI. Acho que no diz respeito a cotas a gente tem
que lembrar o seguinte, a presidenta enviou para o Congresso Nacional com
motivo de urgência um PL que estabelece cotas para negros, o PL está tramitando
no Congresso, a gente espera realmente que seja aprovado e muito provavelmente
o PL vai ser um PL de cotas para negros e indígenas. Ele está sofrendo
transformações, estão sendo apresentadas Emendas exatamente para que os
indígenas sejam contemplados, quer dizer, então essa questão que hoje é
significativa, não estou de maneira nenhuma dizendo que não é significativa, mas
essa questão hoje, por assim dizer, da dominância branca na Funai, ela pode daqui
a quatro ou cinco meses deixar de ser uma questão. Acho que não precisa gastar
essa bala, porque provavelmente o PL no Congresso vai contemplar os indígenas
também. É a nossa expectativa.
Teresinha – Saulo.
Saulo – Meu nome é Saulo. Daniel, eu só não entendo porque o concurso
da Funai tem que ser condicionado a aprovação de um Projeto de Lei quando
outros concursos já estão sendo realizados independente do Projeto de Lei ser
aprovado acerca das cotas.
Daniel Mendonça – Concordo com o senhor, acho que é absolutamente
legítimo sim. Agora a questão é o seguinte, antes do PL você tinha uma situação
relativa à indefinição, cada órgão estabelecia cota ou não e ficava uma coisa solta,
o PL uniformiza isso, e aí eu só estou dizendo, claro, essa questão é super
relevante, mas ela pode deixar de ser na medida que a gente vai ter assegurado a
cota no curto prazo, acho que cabe o debate.
Lúcia – Eu sou a Lúcia, da Funai. Então, como nós ainda não temos
amadurecido essa ideia de pensar nas cotas para indígenas, o que nós pensamos
para esse concurso logo, se ele realmente for acontecer antes do período eleitoral,
que nós esperamos que sim. É que ele seja regionalizado e dentro do termo de
referência ele obrigue os candidatos a terem alguns perfis que vá de certa forma
mantê-los naquela Coordenação Técnica Local, porque hoje um problema grande
que a Funai enfrenta é a desistência de pessoas que passaram no concurso. Nós
temos regional que 20 pessoas foram lotadas e hoje tem dois servidores, todos ou
pediram remoção, ou pediram demissão, foram para outro concurso, então nós
pensamos nisso e, além disso, no processo de formação, que já vai estar no Termo
de Referência, ou seja, o candidato é aprovado e ele vai passar por uma formação,
essa formação, ela vai ser eliminatória e essa formação, ela vai ser feita dentro da
terra indígena, então para ver se a pessoa realmente tem resistência psicológica,
tem sensibilidade, perfil para trabalhar com povos indígenas. Então é o que nós
estamos tentando fazer se for para fazer logo esse concurso, se realmente for
autorizado oficialmente.
Marcos Xucuru –Bem, questão de ordem aqui, por gentileza. Marcos
Xucuru, região nordeste leste. Eu proponho que nós encaminhamos o processo, a
gente está entrando já em uma discussão aqui, enfim, que eu acho que é preciso a
gente retomar a pauta. O tema, ele é relevante, é importante sim, eu proponho,
enquanto medida de encaminhamento, então se é urgente, urgentíssimo, então nós
não temos tempo essa semana para ficar aqui, até por questões ou outras que já
estamos aqui duas semanas em Brasília, eu proponho que aconteça nos primeiros
meses de janeiro, então que a Funai e a CNPI encaminhem um pedido de
audiência para que haja uma discussão e aí não é necessário também vir toda a
bancada indígena da CNPI para o Congresso, então discutir com um grupo
menor, não sei se a Subcomissão de Assuntos Legislativos, não sei que
subcomissão poderia estar sendo convocada de repente para fazer parte dessa
audiência com a Ministra, enfim, com quem seja de fato agendada a reunião.
Então eu proponho para encaminhamento, em termos de encaminhamento, a
gente consiga, de modo consensual, esse pedido para janeiro, enfim, a gente toca
a nossa pauta. Obrigado.
Teresinha– Ok. Então acatado a sugestão do Marcos.
Simone – Tudo bem, mas eu acho que seria interessante se fosse
disponibilizado essa proposta que a Funai já tem da proposta para a gente se
apoderar e contribuir.
Teresinha Maglia – A Lúcia está colocando que vocês vão receber hoje,
é isso? Hoje vocês já vão receber esse material, está? Bom, então vamos seguir,
ficou assim então, nós vamos pedir, solicitar a sugestão do Marquinhos. Vamos
ver se todo mundo acata, um pedido de audiência para a segunda semana de
janeiro, que a primeira semana de janeiro todo mundo sabe que é início de ano,
para isso a gente vai, então, solicitar para a segunda semana de janeiro e a
sugestão é que seja a Subcomissão de Orçamentos e Finanças e a Subcomissão de
Assuntos Legislativos, agora não vamos conseguir chamar todo o pessoal dos
indígenas, CNPI, tendo em vista que nós vamos ter que trabalhar com 1/12 avos,
todo o Ministério trabalha com 1/12 avos e o orçamento não está aberto, então
para a gente conseguir trazer todo mundo vai ser difícil, então a gente pega duas
ou três subcomissões e traz o pessoal para discutir isso na audiência. Pode ser
assim? Aí a gente vê uma data com o Ministro, com a Ministra, faz a solicitação,
quando confirmada a gente entra em contato com todos vocês e chamam vocês,
então, para essa audiência e concomitantemente a gente faz a resolução, a
presidenta assina a resolução e já encaminhamos, então, já no início da semana
que vem a gente encaminha essa resolução para o Ministério do Planejamento.
Sim, vamos ter que ainda fazer ela para depois ser aprovada em Plenária até o
final da tarde. Ok? Então vamos seguir, todo mundo concorda que seja nesse
formato: agora a avaliação da Conferência de Saúde, depois a avaliação 2013,
planejamento 2014? Isso de manhã ficaria, e o Marquinhos sugeriu bem, vamos
ver um horário, hoje e amanhã seria, então, avaliação da Conferência e avaliação
2013, é isso? À tarde fica planejamento 2014, PLS 236 e Conferência e ainda
oficinas. Olha que nós temos muito assunto hoje. Sobre educação, então, ficou
para primeira reunião da CNPI do ano que vem.
Marcos Xucuru –Marcos Xucuru, região nordeste leste. Eu proponho que
nós possamos estipular um horário aqui para as apresentações e eu acredito que
Bianca não precisa mais do que uma hora para explicar um pouco, acho que meia
hora é o suficiente para ela falar do que foi a Conferência, enfim, e aí a gente
poderia, então, entrar um pouco nessa avaliação do exercício de 2013 e também a
gente discutir o PLS e ficaríamos a parte da tarde só para planejamento.
Teresinha – Ok. E Conferência.
Marcos Xucuru – E a Conferência de Saúde Indígena.
Teresinha – E as oficinas, não é?Ok. Bianca.
Bianca – Bem, bom dia. Meu nome é Bianca, estou como Assessora do
Controle Social, coordenei o Comitê Executivo da V Conferência Nacional de
Saúde Indígena e nessa proposta, que o Marcos apresentou, eu gostaria de dividir
o meu tempo também, nos 30 minutos dividir com os indígenas que participaram
como delegados e convidados durante a V Conferência, então eu gostaria de
dividir esse momento da avaliação com quem esteve presente participando da
etapa nacional e também participaram de algumas etapas, desde as etapas locais,
distritais e da nacional também. Eu não sei como a gente combina, se eu falo
brevemente desse histórico e aí depois a gente passa para vocês. Pode ser assim?
Pode ser? De acordo? Então está. Só vou fazer um resgate do início de quando
começou a proposta e como chegamos até esse ano. Eu tinha uma apresentação,
mas acho que fica meio chato ficar apresentando, vou falar mesmo aqui. A
Conferência, ela foi convocada ano passado pelo Conselho Nacional e pelo
Ministério da Saúde, então as etapas, foram três etapas, etapa local, etapa distrital.
A etapa local, devido à demora da aprovação do orçamento, ela só iniciou em
abril efetivamente, então a etapa local, ela durou de abril até setembro; a etapa
distrital foi de 1º de julho a 15 de outubro; e a etapa nacional foi agora de 2 a 6 de
dezembro. Então foram divididas em três etapas até chegarmos à etapa nacional
que aconteceu semana passada. A Conferência teve o tema central: Subsistema de
atenção à saúde indígena e SUS: direito, diversidade e atenção diferenciada; e
quatro eixos temáticos, sendo que esses eixos, eles se dividiram em subeixos, que
o primeiro eixo foi atenção integral e diferenciada nas três esferas de governo;
controle social, e a gestão participativa foi o segundo eixo; o terceiro eixo foi
etnodesenvolvimento e segurança alimentar e nutricional; e o quarto eixo foi
saneamento e edificações em terras indígenas. Para discutirmos esses quatro eixos
foi elaborado pela Comissão Organizadora um documento base, um documento
orientador com questões problematizadoras, que elas nortearam as discussões e as
propostas que vieram desde a etapa local. Foram 306 etapas locais com
envolvimento de 23.505 pessoas, então como eram etapas locais que aconteceu a
sua grande maioria nas aldeias a maioria, esses 23 mil foram, sim, de indígenas,
esses 505 se resume a equipe do distrito que ia até o local realizar as etapas
distritais e algumas Secretarias Municipais de Saúde que participaram. Então,
assim, essa primeira etapa foi muito rica, que abrangemos, lógico que não foi, o
ideal e o perfeito seriam todos os 305 povos com todas as aldeias e todas as
comunidades, e os 800 e tantos mil indígenas, mas uma Conferência dessa
dimensão foram 306 locais e com essa proporção significa dizer que o debate foi
bem feito no sentido de estar abrangendo o maior quantitativo de indígenas e de
comunidades. São 305 etnias, se a gente pudesse fazer a proporção é como se
fosse uma Conferência para cada etnia, mas o que não ocorreu, em 306. As etapas
distritais, algumas iniciaram seguindo o cronograma, o Regimento Interno, teve
um pequeno problema, questões de licitações, o que demorou também a
realização das etapas distritais, que como alguns daqui, que estão participando da
CNPI e participaram das etapas distritais, viram que tinha todo um processo de
organização, de local, de material e tivemos dificuldades com as solicitações que
vinha e voltava das AGU’s, o que atrasou um pouquinho, mas algumas delas
iniciaram no prazo que foi estabelecido pelo Regimento Interno da Conferência,
que foi aprovado no Conselho Nacional de Saúde, que foi dia 1º de julho. E a
última, que foi o Maranhão, ela encerrou dia 17 de outubro. Foram 34, cada um
correspondendo com o distrito, que também houve a participação de 6.785.
Lembrando que os participantes da etapa distrital vieram como os delegados
retirados desde a etapa local. Então esse Regimento, ele disse o número de
participantes de cada distrito, quantos delegados seriam das locais para as
distritais e assim a retirada, a seleção dos delegados das etapas distritais para a
etapa nacional. Dos delegados previstos foram 1.352 delegados das etapas
distritais para vir para o âmbito nacional, desses nós tivemos participando
efetivamente durante a etapa nacional 1.212 e 202 convidados. O relatório
consolidado da etapa nacional, ele foi discutido oriundo das 34 etapas distritais,
nele constavam 453 propostas, propostas essas que vieram da base, propostas
essas que vieram das etapas distritais, e que foram aprovadas integralmente 446,
apenas 29 foram destacadas e aprovadas durante a plenária final, porque teve uma
metodologia desde as etapas locais, distritais e para a etapa nacional, então foram
propostas de base mesmo, sendo que 95% foram aprovadas na íntegra e apenas 29
levados para o debate na plenária final. E foram aprovadas 57 moções, sendo que
essas 453 propostas são oriundas dos oito subeixos que foram divididos já
posteriormente. Só metodologicamente informando para vocês que a Conferência
Nacional, ela teve todo um processo organizativo, teve a metodologia, teve a
implementação da Comissão Organizadora, teve a instalação de subcomitês para
que a gente pudesse fazer uma Conferência daquela magnitude com cerca de dois
mil participantes. De forma técnica, foi isso. De forma política, nós avaliamos
enquanto gestão positivamente foi uma Conferência, eu não participei da IV, mas
participei de outras Conferências Nacionais, o clima foi um clima de harmonia,
de unidade, a gente percebia que estávamos todos ali com o propósito de avaliar a
política que estava há 11 anos, avaliar essa Política Nacional de Saúde dos Povos
Indígenas e propor diretrizes para construir uma nova Política de Saúde dos
Povos Indígenas, avaliar avanços e desafios, de que maneira nós conjuntamente
podemos estar construindo uma nova ou reformulando a Política de Saúde dos
Povos Indígenas com o intuito de levar uma saúde de qualidade. Foram assinadas
duas portarias durante o ato: uma que estávamos ansiosamente aguardando que é
em relação à compra de medicamentos, que vai nos ajudar bastante, que os
gargalos, digamos assim, do subsistema é média complexidade, medicamentos; e
também a questão do transporte. Então gradativamente, com muito esforço,
estamos conseguindo vencer essas barreiras, essas dificuldades e sempre
informando a comunidade dos avanços e dos desafios. Eu não sei se eu fui breve
demais, mas eu gostaria de compartilhar também com os que participaram
ativamente desse processo essa avaliação. A avaliação que a gestão faz é
extremamente positiva, em um ano, ficamos um ano inteiro organizando e
conseguimos chegar aprovando essas propostas, propostas essas que foram
construídas desde as etapas locais e distritais, de acordo com a metodologia que
foi apontada. Então agradeço a oportunidade de estarmos avaliando
conjuntamente e me coloco à disposição para alguns esclarecimentos de
metodologia e de processo de trabalho que foi. A gente pede desculpas se não
conseguimos satisfazer a todos, porque, assim, trabalhamos para isso, para que
todos fossem bem acolhidos, bem recebidos, e que a discussão fosse realmente
bem construída conjuntamente, lógico que um probleminha ou outro ocorreram,
porque uma conferência grandiosa dessa a gente não tem 100% de aprovação,
mas a gente tem um 100% de certeza que a dedicação, o compromisso que essa
gestão fez de realizar não digo a melhor, mas se esforçar para que ela tenha sido a
melhor: vocês saibam disso que é o sentimento da gestão do Ministério da Saúde
e da Secretaria Especial de Saúde Indígena que não mediu esforços para realizar e
fazer acontecer essa conferência. Obrigada, e eu passo a palavra para os membros
que participaram desde etapas locais até as distritais. Estava lembrando aqui que
uma vez eu cheguei atrasada, que eu estava vindo de uma etapa distrital e me
desculpei, então, assim, de algumas eu pude participar, local, distrital, da grande
maioria, e que é esse o trabalho que a gente vem desenvolvendo, o controle social
de estar cada vez mais perto da comunidade não só ouvir vocês, mas de que
maneira podemos trabalhar conjuntamente para estar melhorando o subsistema.
Obrigada.
Teresinha – Então vamos iniciar. O Lindomar se inscreveu, Marcos
Xucuru também. Marcos.
Marcos Xucuru – Bom, Marcos Xucuru, da região nordeste e leste. Eu
tive a oportunidade de participar de todas as etapas da conferência até chegar à
Conferência Nacional, a V Conferência, e dizia da forma que foi feita e pensada
de forma muito democrática, uma participação ativa do controle social no
processo vindo da base, vindo dos Conselhos Locais com a participação das
lideranças e eu falo isso porque nós, povo Xucuru e os povos de Pernambuco,
onde tive a oportunidade de participar algumas etapas em Pernambuco de alguns
outros povos com a participação do controle social, com a participação das
lideranças, com a participação, enfim, dos trabalhadores e dos gestores, então foi
algo muito compartilhado, algo que foi, de fato, socializado e com a participação
efetiva de tantas pessoas que diretamente e indiretamente estavam relacionadas,
ligadas a saúde indígena. E de fato as propostas que foram ali nas etapas locais
tiradas, então foi um momento de inclusive avaliar o que era do âmbito da SESAI
e que eram questões muito mais locais, peculiar de cada povo e assim fazendo
eliminação e trazendo, de fato, o que era de cunho nacional enquanto propostas de
políticas e de acompanhamento por parte tanto da gestão quanto do próprio
controle social, na perspectiva de construção das políticas. Ao chegarmos às
Conferências Distritais de fato havia aquele processo ali de interação entre os
povos ali presentes e fazendo inclusive as etapas de eliminação e isso de forma
muito consensual eamplamente discutida nos trabalhos de grupo até chegarmos a
Brasília na Conferência Nacional, que também meu ponto de vista foi
extremamente importante, porque pudemos discutir com os outros povos de
outras regiões e de fato houve essa harmonia, porque eu estive também na IV
Conferência, eu participei da IV Conferência, em Rio Quente, e, de fato, houve
naquela conferência um clima muito tenso entre os povos indígenas, entre o
movimento indígena inclusive e essa agora não, nós conseguimos, de fato, fazer
algo consensuado, amplamente discutido e encaminhado de acordo com o que as
bases, com o que nós, de fato, tínhamos encaminhado. Então eu avalio e aí
reforço o que Bianca coloca, de que foi uma Conferência extremamente
importante com a nossa participação e que bons resultados ali não se foram
encaminhados, porém foi mais uma etapa que conseguimos fazer e aí vem os
desafios pela frente, que é colocar, de fato, em prática aquilo que foi discutido e
encaminhado pelas lideranças, pelo movimento ali representado ali pelos caciques
e pelo controle social. É, de fato, tirarmos do papel, aquilo que foi planejado,
discutido amplamente no território nacional e que o estado brasileiro a partir de
agora assuma e coloque em prática tudo aquilo que foi discutido e encaminhado
pela V Conferência Nacional de Saúde. Dizer que, para mim, isso foi um
processo muito importante, eu falava em algum momento diante desse período de
um ano e colocava, ali, de fato, é um processo de escuta muito importante,
amplamente discutido, então você observe que todos os territórios, todos os povos
foram ouvidos. É um processo de escuta muito importante que aconteceu e até
falava: será se, em relação à Convenção 169, e como nós fazíamos parte desse
grupo de trabalho da Convenção 169, porque não se fazia um processo de escuta,
de construção da proposta de regulamentação da Convenção 169 a partir dessa
experiência de escuta a todos os povos e assim construirmos, de fato, esse
processo de consulta livre prévia e informada. Então, assim, eu avalio que foi
muito importante nesse sentido, dessa escuta, de que, de fato, houve esse respeito
por parte do estado no sentido de ouvir atentamente a todos os povos, todas as
etnias, enfim, contemplando a todos nesse processo. Então eu avalio que foi
importante e que agora o novo desafio para nós, inclusive da CNPI, é o
acompanhamento dessa pós-conferência nas políticas que foram pensadas.
Obrigado.
Teresinha – Gente, a presidenta está na mesa, então agora eu passo a
palavra para ela, para ela continuar com os trabalhos, está ok?
Brasílio Priprá –Presidente, só uma questão de ordem. É o Brasílio
Priprá. Eu acho que primeiro definir, assim, uns minutinhos para o pessoal que
vai falar, senão uns falam 10 minutos, assim só para a reunião andar, só uma
sugestão. Obrigado.
Maria Augusta – Pessoal, bom dia, bom dia a todas e todos. O próximo
inscrito é o Lindomar, então estamos pactuando aqui dois minutos de fala para
cada um. Três minutos de fala.
Lindomar Xocó – Eu me sinto contemplado com a fala da Bianca.
Lindomar, Xocó, região nordeste e leste, bom dia a todos e a todas. Eu me sinto
contemplado com a fala da Bianca e do Marcos, mas eu gostaria aqui de reafirmar
que a conferência é mais uma afirmação para nós, indígenas, e que o governo
deve ouvir, levar como experiência, que quando as coisas são bem trabalhadas na
base não há um confronto nem com governo, nem com nossos parentes, que as
coisas vêm bem debatidas, vêm bem enxugadas, então a Conferência Nacional de
Saúde, ela traz esse modelo para o governo. A gente vê pessoas do Conselho
Nacional, Presidente do Conselho Nacional dos Conselhos Municipais de Saúde,
ele afirmou que a Conferência Nacional de Saúde vai propor no Conselho
Nacional de Saúde que seja um modelo para o nacional, que vai acontecer o ano
que vem assim. A metodologia, presidente, pode ser cansativa do trabalho do
grupo, mas na Plenária Final, eu fiz parte desde a II Conferência Nacional de
Saúde, era estressante, nós entrávamos em votação 8h e saímos 1h, 2h do outro
dia, isso era estressante. Então, assim, começamos os trabalhos às 9h, foi até 14h .
Outra coisa, outro fato pequeno que é estressante demais para todo mundo, que
sempre foi, a questão das filas, não houve filas na Conferência Nacional de
Saúde, nem para o credenciamento, nem para os hotéis, o almoço, todo mundo
almoçava à vontade, assim, então são coisas pequenas, detalhes que deixam as
pessoas muito irritadas. Então no geral eu acho que o governo em geral, todos os
ministérios quando pensar em trabalhar qualquer política tem que começar dessa
forma, trabalhando e muito bem as bases. Muito obrigado.
Maria Augusta – Dourado.
Dourado Tapeba – Bem, eu queria salientar, até porque já estou
contemplado em uma fala da Bianca e também do Marquinho, mas eu queria
salientar o seguinte, na III Conferência houve uma tumulto tão grande em relação
à questão de um grupo defendendo Funai, outro grupo defendendo a criação da
SESAI, então, assim, acho que a criação da SESAI, a proposta veio desde a II
Conferência e que essa V Conferência, ela resultou, talvez não sei porque as bases
estavam mais preparadas, os Conselhos Locais funcionando, em muitos lugares
funcionam muito bem, em outros lugares menos, outros lugares tem problemas,
mas a gente conseguiu trazer as propostas das bases e o que eu acho mais
interessante foi que houve uma harmonia muito grande em todas as regiões, coisa
que não aconteceu na III. Na IV foi mais ou menos equilibrada, mas essa V
Conferência a gente pode ter a certeza que ela foi a melhor Conferência de todas
as que aconteceram pela questão da harmonia, pela questão da metodologia, pela
questão da organização. Eu participei da organização também da Comissão
Organizadora Nacional, o desempenho de todas as pessoas na Conferência, o
Comitê Executivo através da Bianca, ela inclusive estava sempre preocupada:
“Será que vai dar certo? Será que vai dar alguma coisa errada?” A gente estava
sempre perto dela: Bianca, você sempre saiba que tem alguém querendo fazer o
mal, mas o mal por si se destrói, e é tanto que as pessoas queriam fazer o mal, que
a gente sabia quem era, se portou de maneira que a gente entendeu que a coisa
realmente é pela nossa preocupação que estava acontecendo, desvendou a mente
daquelas pessoas que não queriam que a coisa desse certo, mas graças a Deus a
participação da Funai, a participação de todos os órgãos que estiveram presentes.
O mais interessante que eu achei de ganho nessa Conferência foi os atos
assinados pelo Ministério da Saúde, a questão da tripartite, na questão do
medicamento. E aí o seguinte, o que eu queria que acontecesse mesmo é que esta
Conferência e tudo o que nós aprovamos nos Conselhos Distritais, os planos
distritais, elas pudessem realmente ter a participação que ela concede o papel, que
não faça que nem a última Conferência que, como foi colocado ali pelo
Lindomar, votamos até 1h da madrugada e praticamente 20% saíram no papel, na
época na FUNASA. E eu acho que a SESAI é um órgão que nós criamos,
ajudamos a criar, então tem o nosso protagonismo, tanto o nosso, como dos
indigenistas, dos parceiros e aí o que eu proponho aqui é que a gente acompanhe
e a Bianca, como controle social, que ela possa também objetivar a capacitação
para os Conselhos Locais e Distritais de Saúde para que a coisa possa funcionar
realmente em parceria adequada. Então era isso, obrigado.
Maria Augusta – Obrigada Dourado. Cacique Darã.
Cacique Darã – Bom, quero agradecer a todas as lideranças, presidência,
a presidenta da Funai, a Bianca, todos que estão aqui presentes. Olha, eu
participei de todas as conferências, acho que essa V Conferência aí marcou
bastante pelo, assim, uma marca muito grande pelos povos indígenas, por quê?
Desde a base os caciques participaram da Conferência, a comunidade, as crianças
também, os jovens participaram, porque foi importante de participar a base, por
quê? Porque é de lá que a gente tira todas as propostas para serem encaminhadas
para vim ser votada aqui em Brasília. Então quero agradecer a equipe da SESAI,
e que fez esse trabalho, eu estava analisando, fique quieto até agora, não falei,
desde a Conferência fique analisando, não falei muito, porque a gente, quieto, a
gente vai analisando que as propostas que foram aprovadas realmente vão sair do
papel. E agradecer também os funcionários da base que ajudaram a construir
também; o governo ajudou também a construir, o Ministro, porque tudo é passado
por ele. Então acho que nós levantamos uma bandeira que estava a meio mastro
dentro da saúde indígena e nessa conferência, eu vi e tenho certeza que essa
bandeira foi o topo do mastro. Então, assim, as lideranças que sempre estão aí
com a situação, que vinha reivindicando saúde melhor, querendo uma qualidade
melhor de saúde, e também quero lembrar que através que a SESAI pegou tudo
sucateado a saúde indígena, que eu também ajudei construir a SESAI, também
participei do grupo de GT também junto com meus amigos, com meus irmãos,
então naquela época a gente estava querendo uma saúde de qualidade e isso está
acontecendo aos poucos e vai acontecer mais coisa ainda. Para o ano que vem nós
vamos ter os medicamentos, que estavam faltando na aldeia, que era a
reivindicação, que eram os anseios da população indígena; as vias tudo novas já
estão começando a chegar também, isso acho que é um ganho muito importante.
Eu me sinto, assim, honrado e orgulhoso de ter participado, de criar essa SESAI.
Falando como Cacique Darã, como representante da ARPIN Sudeste, então isso
acho que vai ainda enriquecer mais o governo, vai ajudar. Isso quando se trabalha
igual o Lindomar falou que se trabalha junto e mostrando para o governo e o
governo mostrando para nós não vai ter embate, não vai ter a discussão. Bianca,
eu quero dar os meus parabéns para vocês, eu vi a sua correria, não tive tempo
ainda de conversar com Dr. Antônio Alves, queria dar os parabéns para ele, foi
tudo organizado, desde a limpeza do chão, os banheiros, de tudo, coisinhas
mínimas que pode atrapalhar uma conferência. Muito obrigado.
Maria Augusta – O próximo é o Brasílio.
Brasílio – Brasílio Priprá, do povo Xokleng, Santa Catarina. O pessoal já
disse quase tudo, mas eu quero dar parabéns para a saúde indígena, a
metodologia, a organização. Eu acho que foi muito bem organizado. Participei de
outras, mas eu achei, assim, de excelente organização, não teve fila para nada,
todos foram bem atendidos na hora de chegar, na hora de sair e realmente
parabéns a todos que ali organizaram, todas as pessoas, foram várias pessoas,
parabéns a todos. Eu só queria que, na verdade, tudo que foi deixado pelos povos
indígenas ali escritos, as propostas, elas dessem certo. Se ela dá só 60% está
ótimo. É difícil? É. Nós vamos lutar, eu acho que está aí uma boa proposta e
vamos aí à luta. O que eu queria deixar aqui: qual é o desafio da SESAI para
implantar após a conferência? Isso eu queria deixar aqui, mas de parabéns. Eu
acho que nunca houve, eu acho que qualquer órgão do governo quando for fazer
uma Conferência para a saúde indígena, ou outra coisa que seja feito eu acho que
tem que se espelhar nesse modelo que fez a SESAI para atender os povos
indígenas. Obrigado.
Maria Augusta – Obrigado Brasílio. Titiah.
Luiz Titiah – Bom dia a todos. Eu queria fazer uma avaliação, em
primeiro lugar agradecer a Deus pelo empenho de todos os delegados, de todas as
lideranças indígenas que construíram desde a base. Assim, na minha visão, esse
ano dentro do governo foi o único gasto proveitoso para os povos indígenas foi
essa Conferência Nacional de Saúde Indígena, mas, também, assim, eu queria
também fazer avaliação e agradecer também, no momento, a coragem que todos
os delegados teve de dentro da Conferência ter uma decisão de fazer uma
caminhada de protesto contra o Decreto 1.775/96, que no momento nós achamos,
assim, ter um pouco, assim, de consideração por parte do governo lançar aquela
minuta de portaria sem consultar a gente, principalmente no momento aonde nós
estávamos discutindo a política de saúde para o nosso povo, mas, assim, enfim.
Nós ontem agradecemos ao Dr. Antônio, que no momento também quero
agradecer a Bianca, a presença aqui da reunião da CNPI, nós lá enxergamos e
vimos o empenho dela para estar resolvendo vários problemas, e agradecer a
comissão organizadora que também se empenharam, indígena, e dizer, assim,
Bianca, nós também temos, assim, uma esperança que, de fato, o que foi
encaminhado na Conferência Nacional de Saúde, realmente, o ano que vem,
principalmente dentro do controle social, a gente aplica lá na ponta para
realmente fortalecer uma saúde com qualidade para os povos indígenas de todo o
Brasil. Muito obrigado.
Maria Augusta – Obrigada Titiah. Dilson.
Dilson Ingarikó – Bom dia. Dilson Ingarikó, estado de Roraima. Ontem
eu fiquei fazendo isso aqui, pedindo vez de fala, mas ninguém conseguiu
enxergar, e eu vou aproveitar para falar, porque a discussão ontem foi relacionada
às terras indígenas e hoje estamos avaliando a Conferência, tudo está relacionado.
Eu fiquei observando muito a cobrança de lideranças indígenas, de jovens,
mulheres indígenas, durante a Conferência, focava muito a relação terra é
principal o assunto para a questão da saúde indígena, porque sem terra não
haveria saúde para os povos indígenas. O tempo todo se colocava isso e aí para
reforçar, veio um assunto de segurança alimentar que também estava pautado na
Conferência e junto tratou muito a questão de produção agrícola, fortalecimento,
que também se tocou no assunto ontem e aí tudo isso se resume para movimento
indígena a visão de futuro indígena é a terra, garantia da terra, que gera segurança
alimentar e nutricional para os povos indígenas e garante qualidade de vida e a
saúde melhor para as comunidades indígenas. E, aí gera a questão de produção,
sabemos que existem nas comunidades indígenas com as terras menores e que
levam a depender da cesta básica muitas vezes por falta de espaço de produção
mesmo, por falta de pensar, planejar melhor os seus projetos. E dizer também que
o PNGATI, eu acho que esses assuntos que foram retirados para ajudar pensar
melhor na metodologia das Conferências tanto local, distrital e nacional foi o
PNGATI, porque eu vi alguns assuntos que foram observados, foram analisados,
então é uma das ações a ser concretizadas do PNGATI, porque está ligado a
Conferência, está ligado com o PNGATI e esclarecer aqui relação PNGATI que é
uma política ali, não é um projeto específico. Quem cria o projeto específico em
suas regiões são os povos indígenas que elaboram os seus projetos de vida
conforme sua necessidade, é aprofundado no PNGATI, não é o PNGATI, como
tudo não vai atender todas as regiões, até porque as regiões são diferentes, povos
diferentes e cada povo tem seu desejo de criar seu projeto de vida, enfim. Então
as nossas decisões internalizadas lá localmente é que vão com que o governo
pense de atender, podemos entender que ele é uma política, é uma rede e dentro
da rede tem cada um uma especificidade. Ok? Essa é a minha contribuição e
parabenizo a SESAI. É a primeira vez que essa Conferência chega na ponta
mesmo naquelas comunidades, que dificilmente vem para a capital, para as
cidades, mas que o governo vai lá e discute junto com a comunidade e dou o
parabéns por isso. Eu fui uma das pessoas que coordenou regionalmente a
Conferência, ajudamos a entender, é importante com que o povo entenda o que é
isso, o que significa e contribuam, é por isso que não teve tanta polêmica na
discussão, porque respeitamos a decisão das populações locais. Obrigado.
Maria Augusta– Obrigada Dilson, Kohalue.
Kohalue – Oi. É Kohalue Karajá, região amazônica. Então, assim,
Bianca, queria dizer que em relação à Conferência no meu ponto de vista foi
realmente, como os colegas aí acabaram de relatar, eu avalio como positivo e
referente à Conferência que aconteceu lá em Caldas Novas foi maior tumultuada.
Agora, assim, nós temos que pensar agora daqui para frente colocar na prática o
que foi aprovado lá durante votação. E também eu queria pedir para vocês aí que
pudesse estar fiscalizando a DSEI, eu quero focar especificamente da minha
região, já aconteceram, espero que não venha a acontecer daqui para a frente, em
função transporte, por exemplo, negar atendimento para os parentes que residem
em Palmas, maioria dos estudantes, e dizer que índio desaldeado não tem direito
de atendimento em relação a transporte. Isso aconteceu na minha família relação a
meu filho, eu peço para vocês aí que realmente não deixem acontecer mais isso,
existe diálogo para isso, buscar para não acontecer, chegar a ponto de procurar a
justiça. Eu acho que todos estando aqui em relação à CNPI, a gente está aqui para
contribuir no trabalho do governo, e não adianta a gente querer só debater, falar
mal, isso não resolver. Então a minha contribuição é só isso, para parabenizar
vocês, Dr. Antônio Alves e a sua equipe, e a base também estiveram presentes lá,
e o CNPI também esteve presente. Realmente a presença do nosso grupo foi
bastante relevante para a construção desse modelo que a gente espera que
realmente funcione na prática. Obrigado.
Maria Augusta– Obrigada Kohalue. Valcélio.
Valcélio – Bom dia a todos. Valcélio Terena, Mato Grosso do Sul. Eu
quero também aqui agradecer e concordar com todos os meus companheiros da
CNPI que já falaram Bianca, referente à Conferência Nacional de Saúde Indígena
e eu concordo com eles. Eu tive a oportunidade também de estar participando de
todas as Conferências Distrital, Estadual e a Nacional pela primeira vez, eu vejo
que realmente é tudo o que nossos companheiros têm falado aqui, aconteceu tudo
conformes pelos seus trabalhos também que tem realizado, mas a gente faz
também uma avaliação. E reavaliando, em 2013, o que mais a gente vinha
discutindo a questão terra e saúde, então nós não podemos de deixar também aqui
de estar cobrando. Eu vejo que a Conferência Nacional realmente foi muito
importante para nós estar reivindicando as nossas demandas de cada localidade e
região, mas eu vejo, assim, que as falas dos meus companheiros estão certas, nós
temos que cobrar colocar ela na prática, ouvir as demandas das comunidades
indígenas. A gente conta muito com o apoio do Dr. Antônio Alves, tanto você
também que está mais próximo da CNPI, que está direto com a gente aí, eu vejo
que realmente para o nosso dizer local, estadual, para ela estar com um trabalho
bem desenvolvido eu acredito que precisa de parceria do governo federal estar
ajudando a gente. Hoje eu vejo que o estado de Mato Grosso do Sul, nós vamos
falar aqui, ela passa por uma necessidade realmente, mas através dessa
Conferência, que a gente acabou de concluir, eu acredito que se ela sair do papel,
ir para a prática, nós vamos estar trabalhando muito bem. Essa é a minha palavra.
Maria Augusta – Obrigada Valcélio. Eu vou passar para a Bianca fazer
as considerações dela e depois o Luiz Fernando também pediu um minutinho de
fala. Eu só queria complementar, assim, ouvindo todo mundo aqui na CNPI,
comentar e elogiar a Conferência, eu queria também me solidarizar isso, porque
estive lá em dois momentos, e também achei Bianca, assim, toda a parte do
acolhimento, a organização, os temas, tudo foi muito bem pensado, eu também
me senti muito feliz de poder participar, poder contribuir e acho, de fato, que tudo
que eu ouvi lá, e a gente está escutando aqui hoje realmente a Conferência foi um
sucesso. E acho que nós aqui da CNPI, a gente poderia pensar em algum
mecanismo de ir fazendo acompanhamento, monitoramento dessas Resoluções
que saíram da Conferência, pensar em de repente ter uma Comissão para isso, a
gente tem uma Comissão que pode fazer isso, trazer para a Plenária, sei lá, a cada
três ou quatro meses, uma avaliação do que tem sido implementado, porque acho
que isso também ajuda a dar concretude, a efetivar o que foi tirado na
Conferência. Então passo a palavra para você. Obrigada.
Bianca – Gente, obrigada. Vocês não imaginam o quanto eu fico feliz,
mais feliz ainda de estar aqui na CNPI avaliando é com pessoas que
acompanharam e já vem de uma história de luta que há mais de 20 anos, alguns
outros há 30 anos, e foi um desafio muito grande para o Ministério de Saúde, para
a Secretaria Especial de Saúde de Indígena e para essa equipe, que está na gestão
da SESAI, porque nós só existimos, de fato, a SESAI há três anos e dois meses. O
ano de 2011 foi um ano de transição, então de fato e de direito conseguimos em
apenas dois anos e meio começar a executar de fato mesmo as ações de saúde
com a gestão do subsistema. Um subsistema que já existe há 14 anos a mais, não,
há 14 anos, de uma política que existe há 12 anos. Então foi um desafio, uma
coragem da gestão do Dr. Antônio Alves de fazer uma avaliação em uma política
que já existe há uma década, no subsistema que já está há mais de uma década.
Feliz de saber que tivemos a oportunidade de externalizar o compromisso que a
gente sempre vem falando, mas reforçar isso através de atitudes, não adianta só a
gente falar. Acho que o compromisso maior que vocês visualizam isso são as
atitudes e o comportamento que essa gestão tem em respeito, em sempre buscar
trabalhar conjuntamente em parceria com todos vocês. Era para o Dr. Antônio
estar fazendo essa avaliação, então, assim, eu fico um pouco envergonhada,
porque ele, como gestor maior da SESAI, Secretário e Coordenador da
Conferência, estava pautado para ontem à tarde, infelizmente como foi suspensa,
ele não pôde estar vindo hoje por conta de alguns compromissos lá na SESAI e eu
estou aqui, ele me encobriu de fazer essa avaliação, então, assim, é diferente, uma
assessora fazer do que o próprio Secretário. Ele queria muito estar aqui com
vocês fazendo essa avaliação conjunta. E dizer que concordo plenamente com o
que vocês falaram, principalmente com o Marquinho, que é mais uma etapa, a
próxima etapa é analisar o pós-conferência e a metodologia que foi colocada das
etapas distritais, porque muitas propostas quando elas veem tem resolução de
âmbito distrital, não precisa vir para a nacional, a nacional é diretriz para nortear
a nova política dos povos indígenas, de saúde dos povos indígenas. Então isso fez
com que também a comunidade e os coordenadores sentissem responsáveis,
porque algumas propostas têm que serem resolvidas em âmbito local. Como
recentemente foi aprovado o Plano Distrital de Saúde Indígena uma das
estratégias é que essas propostas reflitam também, a gente faça uma análise dos
Planos Distritais que foram aprovados e que estão em vigência, que a gente pode
estar reavaliando e readequando para melhor atender e vai ser também o nosso
norteador para a busca de novo orçamento para estar dando conta, porque às
vezes o que se propõe foram discussões da base, mas uma discussão bem racional
de que: olha, isso é viável, então vamos aprovar, vamos propor, porque isso é
viável, é factível. Então foi uma conferência que ela foi construída sempre com o
pé no chão da sua viabilidade, da sua racionalidade, que maneira nós podemos
construir. E a grande maioria do desafio que está lá proposto é uma articulação
que temos que fazer cada vez mais com estados e municípios, que é a questão da
média e da alta complexidade, que foge totalmente a missão do subsistema, que é
a questão da média e da alta que está com os estados e os municípios, e o avanço
da publicação das duas portarias, que é o gargalo dos medicamentos, e os distritos
tem assentos nas CIBs, ou seja, discutir com estados e municípios a questão dessa
regulação. Agradeço mais uma vez a oportunidade e estaremos aqui juntos
contribuindo e construindo um subsistema melhor e que atenda com qualidade e
principalmente com respeito a todos vocês, aos povos indígenas do Brasil.
Obrigada.
Maria Augusta – Obrigada Bianca. O Luiz Fernando pediu a palavra
para fazer umas considerações sobre o que a gente discutiu ontem.
Bianca – Desculpa, só lembrando, a maioria dos delegados que vieram
para a etapa nacional foram pessoas de base, que viajaram pela primeira vez, que
participaram também pela primeira vez. Isso demonstra a democratização que foi
e a legitimidade que foi da escolha desses delegados para o âmbito nacional.
Então, assim, foi todo um processo que a grande maioria veio pela primeira vez e
nunca tinham saído das suas aldeias também, então isso legitimou mais uma vez
esse processo democrático e de dar oportunidades a essas pessoas que vivam o
cotidiano nas suas dificuldades e vir, estar aqui defendendo as propostas que
fizeram desde o âmbito local. Vou passar a palavra.
Luiz Fernando – Bom dia a todas e a todos. Na verdade, é só um
esclarecimento, Guta, já que a gente está pautada para o período da tarde para
falarmos sobre ainda o GTI, marcarmos as reuniões com pauta. Eu pedi só que
fossem distribuídos os dados que eu solicitei ontem para hoje, bem rápido, sobre
dados do TAA e é um esclarecimento só para vocês não receberem esse
documento aí e não saber por que isso chegou às mãos de vocês. Então são dados
referentes aos anos de 2009 a 2012, ainda não foram consolidados os de 2013, e,
na verdade, eu estou falando isso até para fortalecer a importância da participação
da CNPI, do GTI, para fortalecer o trabalho da Funai e do MDA na construção da
DAPIndígena. A DAPI é realmente muito importante, se vocês notarem nessa
planilha o número total de indígenas beneficiários desses anos vocês vão verificar
que o número é bastante baixo, são 136 indígenas, em todos os estados da
federação, mas o volume de recurso que foi manipulado por essas 136 pessoas é
bastante significativo, oito milhões. Em 2009 a primeira coluna, até 2012, e o
valor total de R$ 8.917.639,60. O maior gargalo para que o MDA conseguisse
ampliar o número de beneficiários realmente sempre foi a DAP por todas as
dificuldades de comprovação de dados. Enfim, o formulário de acesso não era e
ainda não é adequado aos povos indígenas, então por isso nós tomamos como
prioridade mesmo a criação e a implementação dessas DAPI. Eu acredito que a
partir de julho de 2014, como a gente está prevendo, quando essa DAPI começar
a rodar, desses 136 indígenas, a gente deve saltar ainda no primeiro ano para
números bastante significativos, dois mil, três mil indígenas, segundo ano, e isso
será exponencial, e se a gente pensar e analisar essa planilha você vai vê que com
o aumento do número de beneficiários como essa política pode ser benéfica para
os povos indígenas, mesmo com os problemas que a gente sabe que o programa
vem passando, mas é um programa positivo. Acho que merece algumas
considerações nossas para que sejam alterados alguns artigos que regulam a
forma como esses recursos chegam e são distribuídos. Enfim, é um programa
positivo, a gente deve continuar acreditando nele e fortalecê-lo principalmente
com a publicação e realmente a execução da DAPI. Era só isso, obrigado.
Maria Augusta – Obrigada Luiz. Bom, deixa-me acompanhar aqui a
pauta que a Teresinha estabeleceu com vocês hoje pela manhã, se não tivermos
mais nenhuma consideração sobre saúde e a Conferência, e passaremos para o
ponto de avaliação do ano de 2013, é isso Então acho que podemos, e o próximo
ponto é o PLS 236, que foi sugerido pelo Saulo ontem, ou pelo Daniel, não
lembro, um dos dois.
Luiz Titiah –Guta, questão de ordem, eu só queria deixar registrado aqui
na CNPI, que agora recebi uma ligação, pois sou representante do nordeste e
leste. Queria deixar aqui registrado na CNPI uma ligação que eu recebi lá agora
da região, parece que está tendo umas reintegrações de posse lá nos Tupinambás.
Eu queria que entrasse em contato com alguém da Funai lá para estar
acompanhando de perto pela situação até que o Cacique Babau colocou aqui na
reunião.
Maria Augusta – Ok, vamos avaliar, e registrando também que ontem
depois da CNPI, eu assinei a prorrogação da permanência dos nossos servidores
que estão lá fazendo esse acompanhamento das questões lá do sul da Bahia, dos
conflitos que tem havido lá. Então temos servidores, além dos da Coordenação
Regional, para acompanhar essas situações e a gente vai obter informações e traz
para você Titiah. Obrigada.
Saulo – Só uma questão de ordem, eu queria só propor uma inversão de
pauta, porque essa questão do Projeto de Lei eu penso em usar 10 minutos, vou
fazer uma proposta de encaminhamento. A gente poderia fazer rapidamente isso e
investir na avaliação.
Maria Augusta – Eu também acho, porque avaliação é longa, pode ser
que a gente avance um pouco na hora do almoço. Eu concordo com esse
encaminhamento proposto pelo Saulo. Então, PLS 236.
Saulo – Então, pessoal, o seguinte, em meio a toda essa enxurrada de
processos no Congresso Nacional alguns a gente deve dedicar maior ou menor
atenção. Esse Projeto de Lei, o 236, na verdade se trata de uma proposta de
mudança do Código Penal Brasileiro. Alguns de nós pudemos em algum
momento refletir sobre isso. A Funai acompanhou esse processo, a própria
Procuradoria da Funai acompanhou esse processo, mas o fato é que foi construído
uma Comissão de Juristas para apresentar uma proposta de reformulação do
Código Penal, essa Comissão de Juristas concluiu o seu trabalho e esse trabalho
foi, então, encaminhado ao Senado. No que se refere ao tratamento dispensando
aos povos indígenas estava razoável a proposta da Comissão de Juristas, por quê?
Porque essa Comissão incorporou alguns artigos da Convenção 169, o que para
nós é muito importante, porque o tempo todo a gente está brigando pela execução
de fato, pela implementação da Convenção 169, dentre eles tem dois artigos que
são importantes no que se trata dessa questão penal. Um é o Artigo 9º da
Convenção 169 que vai estabelecer o seguinte, eu vou ler tal qual está na
Convenção 169, serei bem breve, então o Artigo 9º, ele está falando exatamente
da situação em que o índio praticar algum delito e ele é punido e diz o Artigo 9º,
da 169: “Na medida em que isso for compatível com o Sistema Jurídico Nacional
e com os Direitos Humanos internacionalmente reconhecidos deverão ser
respeitados metas, aos quais os povos interessados recorrem tradicionalmente
para a repressão dos delitos cometidos pelos seus membros.” Então, ou seja,
aqueles atos em que a comunidade já tem uma pena e que é reconhecida, não há
incompatibilidade com o Sistema Nacional e Internacional de Direitos Humanos,
não se trata de tortura, não se trata de pena de morte, enfim, então isso é acatado.
Nos países, tipo Colômbia, Bolívia, os países vizinhos aqui, todos já têm isso e
muito mais avançado. A Comissão de Juristas propôs isso, acontece que o atual
relator, que é o senador Pedro Taques, Mato Grosso, que é Procurador da
República, inclusive já trabalhou muito com povos indígenas lá no Mato Grosso,
ele fez emenda a esse artigo e a Emenda dele é muito ruim, porque a emenda dele
transfere para o juiz essa definição, ao invés de assegurar, ele mantém o texto que
a Comissão diz, mas acrescenta: “Podendo ao juiz, conforme a gravidade do fato,
decidir sobre isso.” Então, vai caber ao juiz analisar a razoabilidade ou não disso,
então ele tira o poder, que, de fato, foi estabelecido pela Convenção 169, e
transfere para o juiz, quer dizer, é uma proposta em uma perspectiva bem
colonialista, tutelista, então o juiz decide. Então essa emenda não tem o menor
cabimento. A outra questão é o Artigo 10 da Convenção 169, que também foi
incorporado, e que o Senador Pedro Taques também está emendando esse Artigo
que aparece lá no PLS 236, no § 2º, que diz o seguinte, no que se refere a pena, ao
cumprimento da pena: “A pena de prisão será cumprida em regime especial de
semiliberdade ou mais favorável no local de funcionamento do órgão de
assistência ao índio mais próximo de sua habitação.” Isso está inclusive
reproduzindo o que já existe no próprio Estatuto do Índio, atualmente, e
acrescentando a questão da semiliberdade. O relator, o senador Pedro Taques, de
novo ele faz uma emenda e para fazer essa emenda, tem aquele ditado de que eu
conserto, como é que é? A emenda saiu pior do que o conserto, então foi isso
também. Ele usa o argumento do senador Aloysio Nunes, que se fundamenta na
existência de índios imputáveis e inimputáveis, isso é um argumento antigo que
alguns juízes ainda insistem nisso, em dizer que há índios que são inimputáveis.
Então eles quando vão fundamentar a emenda para tirar essa possibilidade da
semiliberdade é dizendo que há índios que são integrados, que não são integrados,
que há índios imputáveis e índios inimputáveis, então aquela velharia da
legislação indigenista antiga. Eu não quero me aprofundar, diante disso
considerando que o senador Pedro Taques fez essas emendas e essas emendas no
contexto, inclusive da discussão dos outros projetos de lei, elas são muito ruins,
porque elas negam a existência da Convenção 169, inclusive elas retroagem ao
Estatuto do Índio, a Lei 6.001, e é da ditadura militar, então a minha proposta era
que a CNPI se envolvesse nessa discussão do PLS e pudesse marcar uma
conversa com o relator, com o senador Pedro Taques, que a própria da
presidência da CNPI pudesse estar agendando isso até mesmo porque a Funai
contribuiu com essa proposta de discussão da comissão, não é Natália? Não sei se
enviando através do Ministério da Justiça, mas eu lembro que eu estive
conversando com alguns procuradores da Funai e na tentativa de que ele
reconsidere, isso não tem cabimento, ele tem conhecimento da causa indígena, ele
sempre atuou junto com a Sexta Câmara. Então a minha proposta é a gente
assumir esse PLS também como importante e que comece a agir em relação a
isso.
Maria Augusta – Obrigada Saulo. A palavra está aberta, a Natália quer
fazer algumas considerações e aí a gente encaminha a forma de tratamento da
proposta aqui do Saulo.
Natália – Bom dia a todos e todas. Sobre o PLS 236 eu tinha alguns
informes a fazer, é uma pena que a gente não esteja conseguindo ter as reuniões
hoje nas áreas da CNPI com a reunião da Subcomissão de Assuntos Legislativos,
porque a gente acaba se concentrando em algumas propostas legislativas e
deixando outras que também dizem respeito aos povos indígenas em descoberto,
porque não estão tanto na pauta prioritária. O Código Penal, qualquer proposta de
emenda, de alteração que a CNPI deseja fazer o Ministério da Justiça vai
colaborar por meio da sua Assessoria Parlamentar. Eu queria só informar que ele
está na pauta da semana que vem da Comissão Especial, que analisa esse projeto,
de lá ele segue para a Comissão de Constituição de Justiça do Senado. Uma vez
aprovado nessas duas Comissões ele segue para o plenário do Senado, se
aprovado no plenário do Senado, ele vai para a Câmara dos Deputados ainda.
Então um melhor lugar para fazer uma proposta de emenda é nessa Comissão
Especial, porque ela analisa todo o texto e é o primeiro estágio, é o primeiro
marco de aprovação do texto e é o relator senador Pedro Taques. A sessão,
segundo informações da Secretaria Parlamentar do MJ, será terça-feira, semana
que vem, então eu sugeriria que caso o encaminhamento seja para agendar
alguma reunião isso se dê ainda essa semana para que o senador possa levar em
consideração isso ainda antes da sessão de votação na Comissão Especial. E mais
uma vez eu coloco o Ministério, a Secretaria Parlamentar à disposição da CNPI
para o que puder colaborar.
Maria Augusta – Saulo, só um minutinho. Chiquinha, ou é em cima
disso? Chiquinha. Está, então Chiquinha.
Chiquinha – Chiquinha Paresi, Mato Grosso. Bom, eu queria dizer que,
assim, eu acho até muito importante a gente já fazer uma visita para ele, não sei
como que a gente pode fazer isso, ou através da CNPI, ou através pelos próprios
indígenas representantes para o Mato Grosso. Eu digo isso porque o senador
Pedro Taques, ele sempre se propôs que é a favor da causa indígena e lá no meu
estado, Mato Grosso, ele foi um dos senadores que têm se aproximado muito da
questão indígena no estado, tanto é que eu faço parte de um grupo que ele está em
contato, assim, de fazer com referência, sou eu, o Félix e tem mais um grupo aí de
indígenas, e, assim, estou até surpresa com isso, porque na última conversa que
nós tivemos a gente fez se colocando com ele a respeito de algumas questões que
nós gostaríamos de estar pautando. A gente falou para ele, ele colocou à
disposição até o escritório dele de lá de Cuiabá e de Brasília e tanto é que nós,
indígenas de Mato Grosso, estamos querendo pautar até umas questões com ele e
também ele provavelmente pode ser um candidato a governo do estado, então ele
mesmo já está se propondo a procurar. Eu recebi antes de eu vir para cá algumas
comunicações que ele está fazendo, ele mandou para mim, para eu distribuir e
conversar com os indígenas a respeito disso e aí a gente tinha que analisar bem
em relação de como a gente vai fazer isso perante a informação que a Natália
acabou de dizer, quer dizer, nós temos pouco tempo, é um prazo muito curto, as
sessões vão acontecer, a semana aqui a gente já vai ter uma e se nós temos algum
encaminhamento para fazer eu queria até ver se a CNPI propõe se a gente vai
fazer por CNPI ou se a gente lá para o Mato Grosso passamos isso, porque nós
vamos ter, como diz o ditado, encontro com ele e provavelmente talvez antes do
final do ano mesmo. Então para mim eu estou colocando isso para vocês para
colocá-los a par de que nós, em Mato Grosso, os indígenas, temos essa, assim,
relação com ele. Era isso.
Teresinha – Obrigada Chiquinha. Saulo.
Saulo – Então, a minha sugestão é que dada a urgência nesse caso a CNPI
poderia aprovar uma resolução para manutenção do texto original da Comissão e
aí a Assessoria Parlamentar, no caso a emenda seria uma emenda supressiva as
emendas do senador. Isso a gente tem que correr para ainda aproveitar essa
discussão na Comissão Especial, o que não impede, aliás, é importante que
independente disso se converse antes com ele para explicar por que está se
propondo que ele retire essas emendas. Mesmo que a CNPI faça é importante que
o movimento indígena no Mato Grosso faça também.
Teresinha – Ok, obrigada Saulo. Ninguém mais inscrito? Encerrado então
esse assunto. Então vamos providenciar Saulo depois você me ajuda nessa
resolução e a gente faz, então, Natália, Saulo, para a gente fazer a resolução para
que seja lida aqui e aprovada para depois publicar.
Chiquinha – Teresinha, eu precisaria acima de um texto, de algo mais
concreto sobre a parte dele para a gente poder ter instrumento de marcar
audiência com ele lá em Mato Grosso.
Teresinha – Ok, então eu pedi ajuda, depois da Natália e Saulo para a
gente fazer isso, de repente no intervalo do almoço. Fechamos, então, esse ponto
de pauta. Vamos para o próximo que seria a avaliação do exercício 2013. O nosso
trabalho de todo o ano de 2013, das reuniões, tivemos algumas reuniões, várias
reuniões esse ano, e eu acho que avaliar o trabalho da CNPI e avaliar um trabalho
como um todo. Então eu abro inscrição se alguém gostaria já de se manifestar
para a avaliação do ano 2013.
Rosa – Rosa Pitaguary, Ceará. Quando a gente tinha conversado sobre a
avaliação nós falamos até que fizesse uma pequena apresentação também do que
tinha sido proposto, aí eu lembro, assim, você também fez a cartilhazinha, que foi
distribuída agora na Conferência Nacional de Saúde Indígena, que vem pautando,
assim, todas as ações que nós fizemos no decorrer desses anos de Comissão
Nacional de Política Indigenista, CNPI, mas eu acho que realmente o pontapé
inicial para essa discussão eu acho que deve vir realmente de você, porque eu
acho que a memória mesmo atual mesmo a gente vai só complementando e
avaliando os pontos.
Teresinha – Bom, então, a cartilha que a gente fez e apresentou que eu
acho que vamos começar por aqui, ela não é, na verdade, uma prestação de contas
do ano 2013, aquela cartilha foi feita em função da Conferência aonde nós
teríamos muitos indígenas que não conhecem a CNPI, que não tinham noção do
que era, então a gente fez aquela cartilha a toque de caixa, peço desculpas se tiver
alguma coisinha errada, porque veio a resolução em poucos dias que nós teríamos
um stand da CNPI para divulgar lá e aí a gente conseguiu fazer em três dias fazer,
em dois dias a gráfica para imprimir. Na verdade, essa cartilha é uma maneira de
expor para os parentes de vocês, os indígenas que estavam na Conferência levar
para casa, terem o conhecimento do que é CNPI, quem é que compõe a CNPI,
como é que ela funciona, algumas fotos do sistema que é feito na CNPI, as
subcomissões, o que a CNPI fez até agora, e no final a gente colocou Regimento
Interno, porque muita gente vem nos perguntar como faz para substituir os
membros da CNPI e como faz para participar da CNPI. Tem muita gente que acha
que a CNPI é um espaço aberto onde eu estou lá no sul do Rio Grande do Sul e eu
gostei do trabalho da CNPI, eu quero entrar, então a gente colocou o Regimento
Interno justamente para saber que tem regras, que é escolhido em assembleia,
como é feito, quem é que participa, como é que os povos se reúnem e fazem
assembleia para escolher e quando tem que ser substituído também é feito por
assembleia, não é dois, três que escolhem os membros da CNPI, eles fazem parte
de regiões e isso vai para o Ministro, as organizações encaminham uma
assembleia onde participam membros do governo da CNPI e é convidado o
Ministério Público, aí depois disso é mandado para o Ministro José Eduardo
Cardozo, que é publicado no Diário Oficial, o Ministro da Justiça, e publicado no
Diário Oficial. Então, na verdade, esse livrinho não é uma prestação de contas
nossa, mas é uma maneira de divulgar o que é a CNPI. Como Secretária-
Executiva eu avalio esse ano, eu acho que foi um ano bastante pesado, bastante
difícil, mas que eu acho que a gente teve avanços e eu não gostaria de, como
Secretária-Executiva, avaliar esse ano, eu gostaria que vocês, como membros da
CNPI, avaliassem o que houve de avanço, o que houve de retrocesso, o que
paralisou. Então eu acho que é um apanhado mais geral de vocês como membros
representantes das organizações indígenas e o pessoal do governo também se
quiser fazer avaliação, eu acho que nós fazemos uma avaliação. Então eu ouço e
aí depois a presidenta vai entrar. O primeiro inscrito então, Titiah.
Luiz Titiah – Bom dia a todos. Luiz Titiah, representando o nordeste e
leste, e a APOINME. O que eu queria dizer, Teresinha e para todos, que a minha
avaliação esse ano da CNPI, primeiro eu queria agradecer aos participantes do
governo que estão aqui presente, vem sempre nessa caminhada, nós temos essa
visão, aqueles que realmente querem que tenha mudança dentro da política
indigenista, aqueles que se empenharam junto aqui com a gente para desenvolver
e, assim, nós queremos dizer a questão do nosso avanço como a bancada
indígena, porque esse ano nós tivemos uma participação muito interessante onde
foi no abrigo indígena, com todas as demandas que tem aí dos projetos de leis aí
contra o nosso direito, mas nós tivemos, assim, um avanço, uma oportunidade de
estarmos participando do abrigo indígena, do acampamento. O último
acampamento aqui em Brasília a bancada da CNPI indígena teve de estar lá nas
plenárias colocando algumas atividades da CNPI e as lideranças de base abriram
esse espaço para nós e nós socializamos juntos. E, assim, também é a
oportunidade que nós temos de trazer todas as demandas que veio da região, onde
nós registramos na CNPI, alguns foram encaminhados, outros estão aí parados,
outros estão no meio do caminho, mas, assim, nós acreditamos que esse ano de
2014 a gente tem de mais um pouco ir para a prática da CNPI, por quê? Porque
nós, a delegação toda aqui, passamos por um processo, enfrentamos Conferência
nas nossas bases, na nossa região, para ser escolhido para vim dar o recado dos
povos indígenas do Brasil. E, assim, nós somos muito cobrados, eu queria
aproveitar esse momento aqui, dizer para os representantes do governo, quando a
gente faz aqui algum papel chato de cobrar dentro da CNPI, porque lá na ponta
nós somos cobrados pelos caciques, lideranças, representantes de base, e, assim, o
que é complicado para a gente, Teresinha, por exemplo, aquela liderança que não
sabe labutar com a tecnologia, que não sabe entrar no site da Funai para saber as
demandas que têm da CNPI para ele estar por dentro. Isso que a gente vem
cobrando muito, e eu queria que o ano 2014 voltasse aquela atividade da CNPI
nas regiões, que quando nós cobramos aquilo na gestão do Márcio Meira, aquilo
foi, assim, fortaleceu muito a gente na base, por exemplo, algumas reuniões em
alguns estados aonde tinha a oportunidade de alguns caciques, alguns pajés,
algumas lideranças pelo menos ir lá participar como ouvinte e ver, assim, de perto
um pouco a realidade, o que era a CNPI. E voltando, assim, nós não tivemos
muito avanço na questão da nova estruturação da Funai, eu quero aqui mais um
momento cobrar, porque nós fomos, assim, penalizados, assim, de algumas
políticas de alguém ao contrário de dizer que nós fomos vendidos, nós, da
bancada da CNPI, fomos vendidos na nova estruturação da Funai, onde nós
pedimos que a presidenta da CNPI na época fizesse uma carta dizendo que nós
cobramos que essa discussão fosse para a ponta, ser discutido igual está sendo
agora com a minuta aí da portaria sobre o Decreto 1.775/96. Então, assim, o que
eu quero dizer, assim, teve os momentos difíceis, teve o momento da gente
também registrar, assim, alguns fatos de luta, de retomada, luta pela terra, aonde
registramos alguns fatos de violência contra o nosso povo, mas, assim, enfim, nós
com toda a dificuldade que a gente passa nós estamos parabenizados, que nós
estamos mostrando a nossa resistência. Achamos, assim, um pouco difícil em
alguns momentos que nós pedimos entre nós mesmos para parar um pouco, a
atividade da CNPI foi um ano, isso foi um prejuízo muito grande para nós, nós
avaliamos e dizer, assim, que nós esperamos que o ano que vem alguns
encaminhamentos nós vamos trabalhar. Eu acho que eu vi a Natália deixou bem
claro que muitas coisas nós não pontuamos que está discutido dentro da CNPI até
por causa dos projetos que vieram aí, mas que o ano que vem nós vamos pontuar
nisso aí, levar para a ponta alguma coisa para nós mostrarmos lá à nossa
comunidade, ao nosso povo. E, de fato, agradecer, assim, os representantes do
governo que vem participando, atuando junto com a gente e nesse momento
aproveitar aí, um feliz Natal, um ano novo, e que nós vamos estar aí para 2014,
nós realmente colocar as atividades de fato, ir para a ponta e para a prática. Meu
muito obrigado.
Teresinha– Obrigada Titiah. Próximo, Dilson.
Dilson – Dilson, estado de Roraima. Minha linha de avaliação vai mais na
metodologia das reuniões mesmo. Eu fui contemplado na fala do Titiah relação
paralisação das atividades, nós avaliando, uns acham que é melhor paralisar por
falta de avanços nas reivindicações e encaminhamentos que são feitos aqui na
CNPI e o governo estava fazendo diferente dos que estavam sendo encaminhado,
por isso a bancada indígena entendeu que é melhor parar as atividades, porque as
atividades encaminhadas que no trabalho encaminhadas não estavam sendo
cumpridas por parte do governo. Então, mas avaliando a nível regional junto com
lideranças indígenas disseram também que a CNPI é um espaço de diálogo entre
governo e que por momento nenhum não poderia parar e sim chamar cada vez
mais o governo para esclarecimento mesmo e discutir e decidir junto com o
governo e que nosso posicionamento não tem que ser só indígena, aqui é CNPI
composta de forma paritária e que o governo também aqui na CNPI tem que se
posicionar a relação algumas questões encaminhadas e que nós aqui, bancada
indígena, falarmos mais e menos fala o governo, bancada do governo, sendo que
eles também tinham que discutir mais com a gente. Acredito que a metodologia,
que nós vamos pensar agora, poderá ajudar. Eu proponho que a metodologia, eu
acho que é importante manter a reunião preparatória da bancada indígena, quanto
do governo também, mas que a gente entrasse com os informes antes de ir para as
subcomissões e que o governo chegasse com as informações do que está sendo
feito em cada Ministério e que a partir dessa discussão nós tomássemos uma
avaliação melhor, uma discussão melhor em grupos para vir para a Plenária. Isso
seria o meu encaminhamento.
Teresinha– Obrigada Dilson. O próximo inscrito é Chiquinha.
Chiquinha – Bom dia a todos e a todas. Chiquinha Paresi, Mato Grosso.
Bom, o que eu queria fazer de uma avaliação, nós temos aspectos positivos e
aspectos negativos, eu coloco desta forma. Aspectos positivos, algumas coisas,
questões que nós tínhamos pautado nos anos anteriores a gente conseguiu de certa
forma realizar, por exemplo, nós tivemos algumas Conferências de participação,
participamos de Conferências com as mulheres, Conferências da juventude,
algumas das Comissões foram encaminhadas. Tivemos também, assim, a
participação também de autoridades aqui que vieram de certa forma prestar
esclarecimentos de algumas questões que estavam afetando as comunidades, que
estão ainda afetando as comunidades indígenas. Um dos aspectos que eu
considero, assim, bastante preocupantes e também considero ainda que a gente
tem que avançar mesmo é em relação à divulgação, mais divulgação e mais de
certa forma a presença da CNPI nas bases. Eu digo isso porque, por exemplo, eu
tenho o estado de Mato Grosso onde nós temos na nossa avaliação 43 povos
indígenas, nós temos povos aí que eu estava verificando que estão reivindicando
as suas terras agora, povos que migraram para Mato Grosso, como o caso do
Guarani Kaiowá, Guajajara, estão dentro de Mato Grosso, nós temos Canela,
Krenak, que estão em Mato Grosso, são povos que chegaram para Mato Grosso e
estão reivindicando suas terras. Então, assim, essas pautas já foram colocadas
aqui na CNPI. Tivemos também, assim, em relação à questão que os colegas
colocaram alguns pontos que o Titiah colocou e eu concordo plenamente com ele,
o Dilson também, em relação à questão, por exemplo, da paralisação da CNPI.
Bom, eu avalio como positiva a nossa paralisação, porque nós chegamos ao
limite, naquele momento político nós estávamos sendo ludibriados, enganados e
eu me senti como otária, porque a gente vinha para as reuniões da CNPI pensando
naquilo que nós tínhamos pautado em reuniões anteriores, quando chegávamos
aqui nós tínhamos outra novidade, outros encaminhamentos foram feitos e
totalmente diferente daquilo que a gente tinha esperado, então isso atrasou muito,
isso caracterizou, assim, uma imagem muito negativa nossa nas bases, que vocês
sabem, quer dizer, a CNPI está apenas para referendar aquilo que o governo
decide, então, quer dizer, a gente decidiu uma coisa e por detrás já era decidido
outra coisa completamente diferente. Isso é péssimo para nós, quer dizer, então ou
abríamos um diálogo sério, ouvíamos mesmo ou a CNPI tinha uma função
realmente importante ou nada feito, então para mim aquele momento de se decidir
não querer mais dialogar e nem participar foi muito importante, tanto é que houve
mudanças depois, quando nós voltamos houve algumas mudanças. Então, essas
questões nós temos que avaliar, é o contexto, não é só se foi ou negativo ou não,
mas, assim, de uma maneira geral ela contribuiu muito, porque a partir disso
muitas comunidades começaram: “Ué, por que a CNPI paralisou?” Quer dizer,
já estão antenados, prestando atenção. “Não, paralisou por conta disso.”“Ah
bom, isso é verdade.” A Portaria 303 está aí para dizer. Outra questão positiva foi
aproximação nossa com as próprias reuniões que nós fizemos do calendário do
movimento indígena, o abril indígena, isso foi muito importante, terra livre,
porque a gente pôde estar presente cara a cara com as comunidades de diferentes
partes do país e poder abrir um diálogo e conversar com eles e mostrar também a
nossa própria fragilidade, as dificuldades que nós temos de ter no acesso as
próprias comunidades, a dificuldade que a gente tinha para chegar na ponta, não é
fácil isso, vocês sabem disso. Um ponto positivo, a questão da divulgação pela
própria Funai, o site da Funai, eu estive com vários indígenas que chegaram para
mim e falaram assim: “Eu só conhecia a CNPI através do site da Funai.” Porque
muitos têm acesso e muitos não têm acesso, então onde tem acesso muitas das
escolas indígenas tem acesso através dos sites, através da internet, mas temos
também comunidades que não tem acesso nenhum, então nós temos que lutar por
essas comunidades terem acesso, porque praticamente nós já fizemos um
calendário de atuação nossa nas bases dizendo de quantas vezes que nós temos
que visitar as comunidades, quantas vezes e não foi aceito, vocês sabem disso, o
calendário não foi aceito 100%, não conta, de uma série de situações, de recursos
financeiros e de agendas mesmo. Então, quer dizer, alguém colocou aí, acho que
foi o Titiah que colocou aquela agenda de trabalho da gente estar dentro
permanente nas comunidades a partir de várias reuniões, seminários, encontros,
que acontecem e fazer uma agenda casada da CNPI com os demais órgãos que
são realizados. Por exemplo, o PNGATI tem uma agenda de trabalho nas bases,
por isso que nós estamos cobrando da PNGATI que a gente insira a participação
da CNPI ali, eles têm uma agenda programada já com várias oficinas e seminários
nas comunidades, então a gente quer estar presente, mas a gente não era visado.
Outra questão que eu gostaria de ressaltar, assim, deixar claro que a dificuldade
desta CNPI, desta Comissão, é exatamente pelo número de indígenas
representantes que são poucos ainda para dentro da representatividade geral dos
povos indígenas do Brasil. Por exemplo, lá em Mato Grosso agora se criar o
Conselho nós vamos ter quatro representantes só para Mato Grosso, quatro, aí eu
já me sinto, agora uma só não dá, quer dizer, só tem eu e o meu suplente, no meu
caso do Mato Grosso, é um, é muito difícil para um estado como é Mato Grosso,
43 povos, dificuldades de acesso, é complicado. Agora em uma nova formação e
composição, como é pretendido pelo Conselho, é diferente, tem estados aí que vai
ter seis representantes, só o estado vai ter seis, por quê? Porque é a formatação
que a gente teve para o Conselho. Nesse sentido em relação a Conselho para mim
nosso trabalho como CNPI já está consolidado em relação o que foi criada a
Comissão. Para mim a Comissão é provisória, a Comissão da CNPI é provisória e
a nossa luta é a criação do Conselho. Nesse sentido eu quero apelar aqui de novo,
inclusive para a Presidente da Funai, a Presidente da CNPI, da gente se debruçar
nos esforços da criação do Conselho de Política Indigenista, do Conselho gente,
do Conselho. O nosso papel é provisório, a gente sabe disso, ninguém é eterno e a
gente sabe disso, e a minha esperança era da gente sair e já emplacar o Conselho.
Agora a gente sabe que pelo Congresso vai ser impossível diante do contexto que
está no Congresso Nacional, mais contra a gente do que a favor, impossível. O
nosso apelo é para o Decreto mesmo da presidente Dilma e isso para mim é um
papel fundamental do Ministro da Justiça, de ele fazer todo o esforço possível,
você está entendendo? Para se concentrar na criação do Conselho, porque é esse
Conselho que vai criar a mudança que vai ter conforme as comunidades querem,
eu acho justo isso, das mudanças de uma maneira geral, mudanças das
representações, eu concordo plenamente, mas é o Conselho. Então essa é uma
coisa positiva que eu vejo, que o nosso trabalho foi positivo nisso e demais agora,
daqui para frente nós vamos é fazer apenas os demais conformes, o nosso papel
nós já fizemos. E eu quero reafirmar aqui, voltar a dizer de que algumas coisas
nós avançamos, algumas coisas paralisamos. Em relação à educação, da qual a
gente lutou tanto, ainda temos muita coisa a ser colocada, não foi feito, não me
sinto ainda satisfeita no nosso trabalho por conta dessas enperrações que foge da
nossa alçada como representante indígena, porque tem muita coisa que nós
colocamos aqui para o governo e não foi encaminhado. A pauta, como disse
vocês, parou e muitas questões aí não foram encaminhadas. O único apelo que eu
faço é para, assim, que o Ministro possa fazer o encaminhamento mesmo de
agenda positiva com a Presidente Dilma nessa questão da criação do Conselho,
nem que seja pelo Decreto, que agora não tem mais jeito, é o decreto e pronto, de
se criar o Conselho, aí sim, aí a mudança, vem tudo. Isso que o nosso parente
falou, o Dilson aí, das metodologias concordo plenamente, até então nós vamos
protelando até acontecer isso. Bom, era esse o meu informe e dizer que a gente
está no aguardo aí dessas mudanças que eu espero que o ano que vem a gente já
tenha realmente de fato consolidado. Meu muito obrigado.
Maria Augusta – Obrigada Chiquinha. Marcos Tupã. Ah, desculpa, o
Sandro não foi ainda, então Sandro. É porque ele estava antes da Chiquinha. Está,
desculpa, é que a inscrição do Sandro aqui estava antes, eu achei que ele já tinha
falado. Vamos relacionar aqui, tem Marcos Tupã, Dourado, Lindomar, Valcélio e
Saulo.
Sandro – Bem, Sandro, Tuxá, pela região leste e nordeste da APOINME.
Eu me apego também à fala da Chiquinha e dos outros que me antecederam,
sobretudo no posicionamento da paralisação da CNPI, mas não vou entrar no
mérito, porque eu acho que ela falou muito bem. De alguma maneira após esse
processo a CNPI para os povos indígenas recebe o devido destaque uma vez que
nós conseguimos por alguma maneira mostrar as intenções e quantos delegados
representantes de nossa base aqui na CNPI, tentando superar aqueles momentos
tristes lá com a questão da situação da Funai. O que eu queria dizer aqui, que
como é um espaço conciliador, como é um espaço interlocução com o governo
nada impede de nós manifestarmos o nosso entendimento junto às esferas de
governo para que o executivo do governo, porque a gente sabe que aqui se
encontram os nossos representantes do governo e nós entendemos que esses
representantes do governo veem na condição amistosa de fazer os devidos ajustes,
as alianças necessárias com os povos indígenas para encaminhar as demandas que
são aqui apresentadas, que realmente a gente possa poder traduzir isso dentro dos
ministérios, a gente não consegue fazer isso. A gente ter uma lembrança muito
triste de alguns momentos que tentamos de encaminharmos algumas coisas e não
ter as devidas respostas, então às pessoas que estão aqui por parte do governo
deve ser pautado, enquanto dirigente do governo, e que possa fazer gestão junto a
seu ministério, cobrar um posicionamento, porque de alguma maneira cada um de
nós somos parte desse processo. Uma determinada resolução foi encaminhada por
parte da CNPI de recomendação, de solicitação, de informação, a gente que está
no nosso ministério tem de alguma maneira, as pessoas que estão nesse
Ministério, o dever de acompanhar e trazer essa resposta para dentro da CNPI e a
gente poder ter a devida divulgação, porque isso é o encaminhamento e a gente
peca nisso. Houve os devidos encaminhamentos dentro da CNPI. Quanto à
questão da mobilização do movimento indígena não adianta, quem tem que fazer
essa divulgação daquilo que nós demandamos somos nós, porque é uma
articulação do movimento, é como nós enfrentamos o nosso problema e aí vai
competir a cada um de nós e aos nossos aliados, porque aí eu já falei muito ao
CIMI e ao CTI, que estão voltados a isso. O que eu entendo é que a gente precisa
realmente caminhar com o pensamento que a CNPI é um espaço de realmente de
interlocução com o governo e que ela somada a Comissão Conciliadora, ela
fortalece, porque ela traz as organizações de base e isso é um ponto positivo. Eu
penso que, de fato, o que nós precisamos é emplacar esses apontamentos, esses
ajustes necessários para que venhamos a criar o nosso Conselho. Se, em 2014,
nós criarmos o nosso Conselho de Política Indigenista, a CNPI cumpre o seu
legado, cumpre o seu papel, vai ter um assento institucionalizado que delibera
sobre a política oficial do estado. Então a gente vai ter que nos ajudar quebrando
as barreiras necessárias e aí a gente pede encarecidamente a todos os integrantes
de governo, que aqui estão que possam transformar o núcleo duro de seu
ministério. É um pedido que a gente faz enquanto bancada indígena, porque o
Conselho, ele vem dar as respostas necessárias das principais bandeiras de luta do
movimento e do governo em favor dos seus interesses, que nós sabemos que
temos esse enfrentamento. O governo entende uma coisa de uma forma, entende
outra e nesse espaço de interlocução poderemos estar de alguma maneira em um
pé de igualdade, porque poderemos estar convergindo, errando e acertando, mas
de forma mútua, não da forma que está aí o Congresso trabalhando 24 horas em
prol de fazer um desmantelo com os interesses e direitos indígenas, como fizeram
agora a instalação da Comissão Especial para contrapor os direitos indígenas
garantidos na Constituição, que é a nossa Carta Magna, que é o sonho dos
brasileiros quando foi aprovado em 88, que agora está sendo dilacerada, destruída
pelo Congresso, que está simplesmente vislumbrar os seus interesses. É por isso
que eu volto a pautar, temos que contar de forma harmoniosa e de parceria com
vocês, que são representantes do governo, e tenho certeza que cada um de vocês
incide na pauta dos seus ministérios e é preciso que vocês relacionem junto com a
gente para que no ano a gente possa estar criando esse Conselho. Muito obrigado.
Maria Augusta – Obrigada Sandro. Agora sim, Marcos Tupã.
Marcos Tupã – Bom dia. Bom dia a todos, bom dia à presidente. Marcos
Tupã, Mbyá Guarani, sudeste. Eu quero dizer que para nós, indígenas, da bancada
indígena, lideranças, a gente vem enfrentando situações difíceis em nossas
regiões, em nossas comunidades, mas eu quero antes, assim, dizer, parabenizar a
todos nós, a todos os movimentos indígenas e que todos nós sabemos das
dificuldades e problemas, mas tenho certeza de que cada momento, cada fase,
cada ano que nós estamos nesse movimento, nessa política defendendo os nossos
direitos a gente vem nos fortalecendo muito diante das dificuldades e problemas.
Mas, dizer para os representantes do governo eu acho que é importante que todas
as demandas, resoluções, enfim, aqui encaminhada pela CNPI. Ela precisa, de
fato, assim, trazer resposta, trazer explicação para a bancada indígena do que foi
encaminhado, do que foi colocado para que nós possamos ter essa confiança de
que aqui é um espaço de diálogo, aqui nós procuramos trazer essa discussão para
que todas as questões colocadas sejam, de fato, informadas as nossas
comunidades. De fato, assim, nós somos cobrados em nossas comunidades dessas
informações que muitas vezes chegam ou não chegam aqui para que nós
possamos levar para as nossas comunidades. Nós, da nossa região do povo Mbyá
Guarani, eu quero aqui reforçar um pouco a questão dessa situação das terras na
faixa litorânea que são as nossas terras, muitas delas estão nesse processo ainda
de não reconhecimento total das demarcações das nossas terras, porque a nossa
região já pelo processo histórico da colonização portuguesa, enfim, daí as nossas
terras são pequenas, nem sequer pode discutir como se discute o Programa
Nacional de Política da Gestão Ambiental Territorial, por exemplo. As nossas
terras são pequenas, não todos estão garantidos, daí como vai se implantar o
Programa Nacional de Gestão Ambiental? Então eu quero aqui registrar para nós
e solicitar de todos os órgãos do governo para que esses esforços sejam
contemplados nas nossas terras, nossas aldeias, nossas comunidades, seja ela na
questão da saúde, seja ela na questão da demarcação das terras, que é primordial
nas nossas comunidades, nossa terra guarani, que está localizada na faixa
litorânea. Como eu disse, as nossas terras muito pequenas, não se pode pensar em
um Programa de Gestão Ambiental. Eu quero muito aqui pedir o esforço de cada
um das partes do governo para essa questão. Eu também aproveito a
oportunidade, eu sei que a Conferência de Saúde, e acho que contemplou e que
foi discutido muito a questão da territorialidade, mas eu quero aqui também dizer
e perguntar se foi discutido a questão das terras? Muitas das terras guarani,
inclusive no oeste do Paraná e na faixa litorânea e muitas terras não estão
garantidas, estão no processo, umas estão com o GT, outras nem publicado os
limites ainda foram e muitas dessas terras são as maiores dificuldades dessa não
contemplação de assistência, atendimento a saúde nestas comunidades. Às vezes
os funcionários locais falam que não podem atender, porque as terras não estão
demarcadas. Esses são os maiores conflitos, esses são muitos os desafios que nós
enfrentamos ainda nas nossas regiões. Eu ressalto esse item, no caso aqui de
como foi discutido essa discussão na Conferência? E dizer aqui para nós,
enquanto do movimento indígena da nossa região, que 2014 nós temos esse
desafio muito grande como os nossos movimentos indígenas em cada região, em
cada organização, nas aldeias e principalmente nesse movimento nacional que eu
acho que temos que nos organizar, nos preparar, vir com mais força buscar essa
compreensão dos novos povos como tem feito em todo ano, mas também eu acho
que fortalecer melhor a nossa participação, o nosso envolvimento pela questão
dos desafios que vem aí que é a criação dessa Comissão 215 e, além disso, eu
acredito que está ocorrendo o Projeto de Lei da Mineração que a gente nem está
tratando aqui, mas é importante a gente buscar essa informação de como está e
essa questão. Eu enquanto representante Mbyá, Guarani, eu vejo muito nessas
regiões as nossas dificuldades desse processo da demarcação das terras e de
outros desafios que temos de fato aqui que nos fortalecer. E sobre a Conferência
Nacional de Política Indigenista para 2014, previsto, eu acho que é pensar de fato,
assim, na metodologia para que todas as comunidades indígenas de aldeias para
contemplar mesmo a participação dos nossos indígenas, dos nossos grandes
líderes tradicionais das aldeias para fortalecer o nosso movimento, as nossas lutas.
Eu acho que na metodologia a gente vai discutir melhor isso, não vou aqui me
estender, mas enquanto representação no qual eu faço parte essa é a minha
preocupação aqui é uma aprendizagem aqui na CNPI, nas discussões, e eu fico
muito indignado com a situação que passamos, vivemos esse confronto que temos
que confrontar diretamente muitas vezes, mas exigir aqui, solicitar dos
representantes de governo que olhe com muito carinho, muita atenção, porque são
dificuldades e problemas, os nossos parentes, nossas lideranças estão morrendo
em suas comunidades em defesa dos direitos e eu quero contar com o movimento
indígena, principalmente nas nossas causas com certeza estamos juntos e
parabenizando a todos e com certeza organizar e fortalecer mais ainda a nossa
luta e buscar. Se vivemos até aqui, 513 anos, temos muita luta pela frente, então
fortalecer e que todos os movimentos e a sociedade estejam do nosso lado.
Maria Augusta – Obrigada Marcos. O próximo é o Dourado.
Dourado Tapeba – Eu queria parabenizar a CNPI como um todo pelo
desempenho também de recuar quando foi preciso recuar e retomar quando foi
preciso retomar. Inclusive eu avaliando, parabenizando toda a Comissão de
Política Indigenista dos Povos Indígenas, principalmente o pessoal que representa
a nossa região, na Comissão Leste Nordeste, que representa a organização da
APOINME, que vai do Ceará ao Espírito Santo, que várias reuniões da
coordenação da APOINME eram feitas algumas críticas que tinham alguns
representantes nossos que entravam mudos e saiam calados. Então, desta forma
eu quero dizer que nós, da região, estamos sendo bem representando, a avaliação
que se faz agora é que o crescimento dos participantes, dos representantes da
nossa região, quero registrar o crescimento de todos, Marquinhos, Sandro Tuxá, a
Rosa, Lindomar, o Titiah, e isso é um ponto positivo. E aí o ponto mais positivo
foi do movimento indígena a nível nacional reconhecer que a CNPI é a instância
que realmente discute as políticas para todos os povos indígenas no Brasil.
Sabemos que temos muitos Conselhos, sabemos que temos outras instâncias que
estamos lá, mas o movimento indígena soube reforçar essa história na questão da
mesa de negociação, porque o governo queria uma mesa de negociação para
discutir as proposições do governo, mas nós já sabíamos que tinha essa Comissão,
já foi colocado que já existe a Comissão. Então para não ficar coisa solta foi
discutida a reunião da mesa de negociação com a Comissão, negociação não, de
diálogo, e aí o fortalecimento foi muito grande. O outro ponto positivo é da gente
ter agora como coordenação da CNPI uma pessoa que realmente tem
transparência com a Política Indigenista desse país, porque aí eu queria
parabenizar a Maria Augusta pela questão, eu nunca vi um presidente de Funai se
expor tanto como ela já se expôs nesse pouco tempo que ela está na Funai, porque
a língua dos outros presidentes atrás era mais só defender a questão do governo, e
eu quero parabenizar por isso. Também não posso deixar também de parabenizar
a Teresinha pelo esforço que ela tem feito para que essas reuniões aconteçam. E
aí, eu queria só propor para o planejamento de 2014 que a Funai, ela possa dar
condições aos membros da CNPI de fazer a discussão lá na ponta, lá nas aldeias,
porque nós temos aqui, sabemos que quando volta para as aldeias, como o Sandro
bem falou, que essa pessoa não sabe nem o site da Funai na base, então é preciso
que ela fosse fazer que nem a própria SESAI está fazendo no controle social, de
que os assessores indígenas, os presidentes de CONDISI, eles possam estar
visitando as suas bases a nível de estado, a nível de região para repassar o que se
discute aqui na CNPI. Então eu acho que a SESAI cresceu muito nessa questão
pela questão do controle social, de ter investido bastante. Agora existem certos
controles sociais que não funcionam, porque ficam esperando, ficam de braços
cruzados, então é preciso descruzar os braços para que a coisa possa acontecer. E
aí por mais posso dizer um Feliz Natal, um próspero ano novo, que possa trazer
para nós uns presentes, que essa PEC, ela não seja aprovada na Câmara, que a
gente possa realmente derrotar e eu acho que nós temos que procurar os nossos
pajés, nossas lideranças tradicionais e fazer realmente rituais para que as coisas de
mau pensamento não possam acontecer no nosso meio. E aí dizer um ano novo
cheio de alegria para todos nós, que 2014 possa ser realmente um ano positivo, e
que a gente possa pensar positivo também, porque se a gente pensar negativo a
negatividade, ela entra dentro da gente. Então parabéns a todos nós e agradecer a
Deus por nós estarmos aqui e que a gente possa realmente continuar sobrevivendo
e aí repudiar o ato de ontem na Câmara Federal aonde os ruralistas lá investiram
em muitas pessoas que nem sabem o que é que estavam fazendo lá para poder
agredir a gente, mas aí tivemos muita sorte que o pessoal da Polícia Federal
chegou e organizou e nós saímos de lá sem agressão física, mas foi muito ruim a
questão de ontem. Isso, registrar também que inclusive o Saulo ouviu uma pessoa
dizer que estava recebendo R$ 10,00, uma camisa e tudo pago para conhecer
Brasília, para ficar aqui em Brasília, então é muito. E, por fim, eu queria
parabenizar também todo o pessoal do governo, que está aqui também, que de
uma forma contribuiu para as coisas acontecerem e dizer que no próximo ano o
governo possa ser mais presente na CNPI, porque a gente vê mais a bancada de
indígenas, mais a bancada indigenista, a bancada de governo está deixando a
desejar com a presença aqui na Comissão. Muito obrigado.
Maria Augusta – Obrigada Dourado. Pessoal, vamos parar de desejar
feliz natal, porque tem reunião à tarde, estou achando que vocês estão querendo
não vir à tarde. Vou inscrever a Bianca, o próximo inscrito é o Lindomar.
Lindomar – Lindomar, Kariri-Xocó, estado de Sergipe, região nordeste
leste. Eu me sinto já contemplado com a fala de todos os companheiros que já
passaram, mas eu gostaria também de registrar aqui que eu acho que quando se
trata da bancada da CNPI eu acho que a CNPI fez seu papel, fez muito bem, foi
paciente, enxugou o que pôde enxugar. Eu acho que o governo foi que não deu
resposta dos nossos encaminhamentos, o governo foi falho e principalmente no
ponto principal que é a questão da terra. Nós pedimos a lista, mostramos quais
são as terras que não tem problema, como encaminhar todos esses
encaminhamentos da CNPI, da nossa Comissão e o governo não encaminhou. Eu
gostaria de dizer para vocês que eu vou sair daqui hoje muito triste, porque nós
vamos levando na bagagem dois presentes muito ruins: que é a portaria, que o
Ministro quer lançar, está com esse propósito; e a instalação da PEC 215, é muito
preocupante, até já liguei para a minha comunidade já para que a gente possa
estar se reunindo e juntarmos mais força. Então, assim, no geral eu acho que a
bancada fez seu papel, o governo, nós tivemos esse diálogo entre nós aqui da
CNPI, mas o governo faltou aí cumprir com os encaminhamentos que foram
dados. Eu gostaria só de fazer um pedido, não ao governo, mas pedir a bancada
aqui do governo, quanto amigos que estamos trabalhando juntos, que nos dessem
em nome da população indígena esse presente que eu vou pedir agora, que já que
vamos levando dois presentes ruins, que vocês pudessem estar se inteirando, que
eu tenho certeza que vocês têm esse contato muito próximo aos seus Ministros,
para que eu pudesse estar pedindo a Dilma para no apagar das luzes poder estar
dando esse presente que é encaminhando ao Congresso a medida provisória, que
já temos o projeto, já temos toda a discussão, da criação do Conselho Nacional de
Saúde de Política Indigenista. Então é um pedido particular a vocês, que vocês
pudessem estar fazendo isso aos seus Ministros para que pudesse estar intervindo
pelo menos para que a gente não passe um natal tão amargo. Muito obrigado.
Teresinha – Obrigada Lindomar. O próximo inscrito é Valcélio.
Valcélio – Bom dia a todos. Valcélio Terena, Mato Grosso do Sul, região
centro-oeste. Quero, primeiramente, agradecer pela oportunidade, hoje está
fazendo um ano que eu fui eleito pela CNPI e para mim foi um aprendizado que
está sendo de grande aproveito par a gente estar sempre reivindicando as nossas
demandas. Quero falar em relação no corrente ano de 2013 eu acredito, assim,
que para nós, da região de Mato Grosso do Sul, foi um ano, assim, muito pesado,
de grande dificuldade, que a gente vem enfrentando, até inclusive nós estamos
enfrentando ainda no momento, mas eu quero sempre agradecer a Deus pelo
espaço, agradecer também bastante pela presidente Maria Augusta, Teresinha,
aquelas instituições sempre que estão nos apoiando nas nossas reivindicações.
Quero deixar registrado aqui, assim, que Mato Grosso do Sul, Terra Indígena
Buriti, a gente teve um sofrimento muito grande que quando nós falamos, assim,
expectativa de 2013, a gente teve uma perca que repercutiu praticamente o mundo
na vida de Oziel Gabriel e também estivemos o Oziel Gabriel, que é parente,
ficou na cadeira de rodas, então isso para nós é muito doloroso, mas eu quero
agradecer também os irmãos aqui, companheiros da CNPI que estão sempre junto
com a gente apoiando o nosso movimento. A gente aprendeu também ouvir as
reivindicações de todos os estados, dos nossos parentes, que cada um tem uma
reivindicação quase diferente, mas no momento a gente discutiu muito a questão
da terra, a questão da saúde. Esperamos que em 2014 nós vamos superar. Quero
contar bastante com o apoio da bancada indígena, do governo que olha para nós
aí, que nós estamos na vida. E também quero agradecer sempre a presença da
nossa instituição não governamental, CPI, o CIMI, que está sempre presente nas
nossas reuniões. É essa a minha contribuição.
Teresinha – Obrigada Valcélio, obrigada. Próximo inscrito, Saulo.
Saulo – Eu acho que de fato nós precisaríamos de mais tempo para poder
fazer avaliação mais aprofundada. Só queria colocar, primeiro, que o que eu
percebi, que nos últimos anos durante o governo da presidenta Dilma houve o
desempoderamento da Comissão, a gente estava no processo de construção de
empoderamento, de aperfeiçoamento, de funcionamento, mas a postura assumida
pelo atual governo e a conjuntura, esse avanço, essa agressão que foi feita contra
os direitos indígenas no Congresso Nacional acabou provocando um impacto
muito grande dentro da CNPI e a própria conjuntura, ela tem obrigado a bancada
indígena a em vários momentos propor suspensão das atividades e a conjuntura é
tão complicada que sempre coincide quando há reunião da CNPI em Brasília
acontece algo que demanda uma ação urgente dos indígenas. Nesse sentido eu
acho que o que tem sido muito positivo é a compreensão da representação
governamental, porque eu imagino o que é você planejar atividades inúmeras, se
planeja naqueles dias e de última hora tem que refazer esse planejamento, então
essa flexibilidade eu acho que tem sido o aspecto positivo, embora o governo seja
um dos causadores dessa situação também, o próprio governo, mas a
representação governamental tem compreendido essa conjuntura e tem sido
bastante solidário. Isso eu acho o aspecto positivo. Em termos do funcionamento
eu acho que, de fato, a existência das subcomissões possibilita que a gente tenha
uma intervenção mais qualificada, uma participação mais qualificada no plenário,
mas, como eu já falei, a conjuntura acaba impossibilitando. Então em termos de
metodologia eu continuo acreditando que as subcomissões, elas são importante,
elas são necessárias para que a gente possa, de fato, se preparar para reuniões
Plenárias e diminuir o número de temas que vem aqui para a reunião Plenária.
Considero também que a gente não conseguiu avançar na transformação da CNPI
em um espaço mais indígena, nós somos uma formatação que não é muito
diferente das outras formatações. Vocês mesmos, os indígenas, poderiam tornar
isso aqui mais indígena, o modelo é branco, a forma de organizar a reunião é
branca, então a gente tem que aprender também outras formas de ser. Nas duas ou
três reuniões passadas você até criava outro momento, quando estavam muito
aperreados aí vamos rezar um pouco, aí vinha uma reza, mas a gente poderia
melhorar a sistemática e trazendo para a CNPI uma mudança na forma de pensar
as questões, uma mudança na forma de construir as questões, porque do outro
lado o que está ocorrendo, como a gente está vendo agora no PLS 236, é o
retrocesso. Acho que a CNPI começou inclusive quando foi construir a proposta
de Estatuto dos Povos Indígenas, ela começou a trazer umas concepções novas na
forma de pensar a legislação, na própria elaboração no Projeto de Lei que cria o
Conselho Nacional de Política Indigenista. Então se os inimigos históricos dos
índios estão querendo retroagir a gente tem que avançar mais, então tem que
formular mais e a CNPI eu acredito deveria ser um espaço aonde a contribuição
da representação indígena pudesse dar um caráter mais indígena, menos branco,
menos ocidental nesse espaço. Eu acho que ela possibilita, porque, como eu falei,
há compreensão por parte também da representação governamental. Agora é a
hora de vocês nos catequizarem, fazerem o processo inverso, vocês foram
catequizados pelos brancos, façam o processo inverso, tragam a contribuição, o
aporte na forma de pensar e fazer indígena. Enfim, acho que é uma fala muito
rápida, mas a Guta já falou ontem que a gente precisa avaliar muitos pontos, ela
destacou os pontos de ontem, já estão registrados lá na Ata, não vou recuperar
aqui, mas acho que ela apontou pontos que são, de fato, merecedores, aqueles
pontos que ela apontou ontem a gente poderia estar discutindo nas subcomissões,
avaliar em outro momento e depois trazer para aprofundar na Plenária. Esse
momento agora é o momento que não vai possibilitar esse aprofundamento.
Teresinha – Obrigada Saulo. O próximo, Élcio Machineri, Toya.
Élcio Machineri – Toya Machineri, região amazônica e nessa Comissão
representando a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia
Brasileira, COIAB. A COIAB está nos 11 estados amazônicos, Amazônia Legal.
A minha avaliação começaria parabenizando a SESAI aqui representada pela
Bianca, que ela foi a Conferência e por ter realmente mastigado da melhor forma
possível as propostas, que foi bastante interessante, porque de todas as propostas
que foram pautadas apenas 25 não teve o consenso geral, então demonstrou o
tamanho da organização e do debate que foram feitas nas regionais e na etapa
local. Também parabenizar o esforço grande da Teresinha, nossa Secretária-
Executiva da CNPI, que tem trabalhado bastante para que as reuniões possam
acontecer da melhor forma possível. Gostaria de destacar aqui com relação aos
trabalhos encaminhados pela CNPI à Comissão Nacional, aliás, a Política
Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas, ela nasceu aqui através da
CNPI, após um ano foram feitos cinco seminários regionais e após um ano dos
seminários regionais nós tivemos o Decreto e foi pautado por aqui, eu acho que o
próprio Decreto da PNGATI é muito importante para as questões indígenas de
todo o território nacional, porque anteriormente se pensava muito apenas na
Amazônia e com a política nós podemos estar construindo uma política, uma
proposta de política que abarcasse todo o território nacional com as realidades de
cada estado e de cada bioma. Então eu isso coloco um dos pontos positivos que
sai dessa Comissão. E analisar a Comissão de Política Nacional, CNPI, com as
atividades que foram encaminhadas eu acho que ela encaminhou todas as
atividades que estavam. O que significa realmente a Comissão? Ela não é uma
consultiva, é uma Comissão Consultiva não deliberativa, então acho que nesse
ponto que foram encaminhadas algumas surtiram efeito, outras não pelo fato dela
não ser realmente o Conselho que nós pretendíamos, mas temos muitos ganhos,
principalmente o movimento indígena, como disse o Dilson, é um espaço oficial
do estado brasileiro de diálogo com as populações indígenas. Anteriormente,
penso eu, que a Comissão não estava fortalecida, seus representantes não estavam
fortalecidos, aqui falo pela Região Amazônica, não pelas outras regiões, mas
porque as nossas próprias organizações indígenas não valorizam os seus
representantes dentro da Comissão e a partir do momento que ela o fez isso, que
foi aqui agora na mobilização nacional, teve outro caráter, não é Dourado, e
reconheceram que realmente esse é o espaço de diálogo não do movimento
indígena, mas dos dois, movimento indígena e governo, e isso fortalece muito a
ação do movimento indígena. Com relação aos membros governo aqui colocar
também como que seja parceiros, eu acho que essa parceria já existe, a partir do
momento que se senta na mesa de diálogo há essa parceria, mas que o
envolvimento seja maior, como foi solicitado pelo Lindomar, que cada um possa
estar trabalhando com os seus Ministros, ministério com assessoria do Ministro.
Não seria nem uma solicitação, mas, tipo assim, que essa conversa pudesse ser
feita nos ministérios para que mais esclarecimentos o Ministro tivesse, para que a
coisa não caminhasse da forma que está caminhando atualmente e talvez o
envolvimento maior da bancada governamental com as questões indígenas nós
teríamos um reforço maior, e a participação também nos debates, porque se isso é
um espaço de diálogo nós temos que dialogar, não só a bancada indígena falar e
não ter resposta do outro lado, mas que se torne realmente um espaço de diálogo
para que a gente possa estar conversando e a partir das propostas aí tiramos
nossas dúvidas, que eu acho que dessa forma nós vamos construir bastante coisa
daqui para frente. E era isso. Obrigado.
Teresinha – Obrigada Toya. O próximo inscrito Daniel.
Daniel Mendonça – Bom dia a todos. Acho que eu fui contemplado aqui
com a fala dos companheiros da bancada, não vou falar muito, só queria, assim,
pensando em avaliação a única coisa que me vem à mente é que esses últimos
dois anos acho que foram os anos mais duros para o ataque aos direitos indígenas
e eu acho que essa avaliação positiva, que alguns de vocês estão colocando, se
deve ao fato de que a CNPI foi um espaço importante na resistência a esses
ataques e pensando, assim, no planejamento do ano que vem, que a gente vai
discutir depois, eu só queria colocar uma questão que eu acho que o ano que vem
será muito semelhante a esse, a esse aspecto. Eu acho que os ataques vão
continuar a vir, como esse fim de ano deixou claro aí com a aprovação dessa
Comissão Especial, e eu espero que a CNPI continue sendo essa trincheira que ela
foi esse ano, daí que vem essa força de articulação com o restante do movimento
indígena que vocês colocaram aqui. Disso eu também tenho a agradecer em
relação à bancada do governo que foi sensível aos momentos mais críticos de
apoiar as Resoluções que foram tiradas aqui, eu acho que se teve algum avanço
dentro da CNPI foi o de conseguir conter alguns ataques, enfim. Eu acho que eu
fui bem contemplado pela fala de vocês, só queria agradecer aqui aos membros da
bancada indígena de ter dado a oportunidade de estarmos juntos com vocês nessa
batalha e me colocar à disposição aí nos próximos anos, no próximo ano, para
continuar junto com vocês aprendendo aí nessa luta. É só isso.
Teresinha – Obrigada Daniel. O próximo inscrito Cacique Darã.
Cacique Darã – Bom, boa tarde, já são 12h32. Em primeiro lugar quero
agradecer a todos os companheiros aí indígenas e a bancada do governo. Em
primeiro lugar quero agradecer a CNPI, APIB e todas as organizações, porque o
estado de São Paulo estava ficando sem representatividade aqui dentro da CNPI
com falta de alguns Conselheiros, quem estava vindo é o Marcos Tupã, mas nós
temos a vaga do Donizete, que não estava vindo mais, e falta também de um
representante da ARPIN Sudeste para representar aqui junto com vocês para
trazer reivindicação do Rio de Janeiro, estado de São Paulo. Igual o Marcos Tupã
foi bem objetivo na fala dele, da questão das terras eu vou falar em nome do
geral, não vou fazer só um contexto de uma região, do interior também, porque
nós temos as dificuldades lá no interior, questão da terra, e também agradecer
todo o movimento que foi feito essa semana com essa organização e também
lembrar também que, igual nosso parente disse bem claro, nós estamos levando
duas bagagens ao contrário a questão dos povos indígenas. Lembrar também que
a CNPI é uma bancada de indígenas e não indígenas que leva essa reivindicação
até a Dilma, porque está sendo um retrocesso, está sendo muito triste esse final de
ano pelas causas das terras indígenas. Ontem nós tivemos vários embates com o
pessoal que estava lá no Senado e foi uma coisa muito triste, estamos aí querendo
ajudar o governo e o governo não está enxergando. Eu vou deixar bem registrado
aqui, se a Presidente não tomar uma posição sobre a questão da terra indígena, as
demarcações, que a gente vê muitas mortes na retomada das terras, que foi nossa,
que é nossa. Nós não viemos tomar terra de ninguém nesse país, eles que vieram
tomar as nossas terras. Se a Presidente Dilma e se a bancada do governo não levar
essa reivindicação do Cacique Darã, representando um povo lá na nossa região,
nós vamos levar até a nível de outro país, a gente vai procurar os Direitos
Humanos, a gente tem que procurar, nós temos que procurar, porque os índios
estão sendo massacrados. Então a minha reivindicação é essa, gostaria que a
bancada do governo, que está junto com o nosso povo aqui na CNPI, levasse até a
Dilma, se vocês não levar o Cacique Darã vai levar, porque eu tenho os caminhos,
eu tenho os meus contatos junto ao governo americano. Então se vocês não tomar
providência sobre a votação que está tendo no Senado contra os índios, estou
sendo sincero para vocês, eu vou levar. E agradecer a cada um dos meus
companheiros que me acolheram aqui dentro da CNPI, agradecer mesmo do
fundo do coração, então agradeço a Teresinha que fez contato comigo, Paulino, a
ARPIB, APOINME, então quero agradecer a todos, a presidência da Funai,
agradecer, estive outra vezes conversando com a Presidência, acho que é uma
guerreira mesmo a Presidente, não tem medo de lutar pela causa indígena. A
partir do momento que ela me atendeu, eu e o Chicão estivemos lá conversando,
nós precisamos também fazer assembleia para quem que vai assumir quem vai
responder pela ARPIN Sudeste. Então queria pedir encarecidamente para vocês aí
que nos ajudasse, pedir para a Bianca se não possa ajudar nós lá para fazer essa
assembleia lá para regularizar mesmo e pedir para a Dona Teresinha também,
para a Teresinha, que regularizasse também, ajudasse nós a tentar regularizar o
desfalque do Donizete aqui dentro dessa casa aqui, nessa mesa, porque nós
estamos ficando só um aqui dentro e agora eu que estou começando com o apoio
de todos aí da bancada do governo, da bancada dos indígenas, então isso quero
deixar registrado. E contar com a sua ajuda também Bianca para nós sermos
parceiros, lutar pela terra, saúde, educação e moradia. Então é só isso, muito
obrigado.
Teresinha – Obrigada Cacique Darã. Bianca.
Bianca – Bianca, SESAI. Diante da conjuntura também não poderia
deixar de fazer uma avaliação da CNPI durante esse ano 2013. Acho que diante
da conjuntura desse ano, de 2013, foi extremamente positivo os avanços que nós
tivemos, que tivemos avanços também, principalmente no que diz respeito ao
fortalecimento dessa Comissão e aí somos todos, a bancada indígena e a bancada
do governo. Se não conseguirmos avançar enquanto governo foi devido a
algumas conjunturas em fomos impostos, porque na medida do possível conjunto
com vocês solidariamente, não só solidariamente, mas como responsabilidade de
estado fizemos gestão, não só os nossos Ministros, só os nossos Secretários, mas
também não medimos esforços para estarmos avançando conjuntamente. Eu acho
que isso demonstra ao fato de que tanto os indígenas, quanto os indigenista aqui,
o CIMI e o CTI, eles reconhecem a forma com que essa bancada se comportou
não só de forma solidária, mas de forma responsável e de forma de respeito nas
questões que não só afetam vocês, como afetam o governo como um todo. Então
eu avalio como extremamente positivo esse ano diante dessa conjuntura que não
foi só o ataque a vocês, mas o ataque também ao governo que se posiciona o
tempo inteiro em a favor dos direitos de vocês, que se nós estamos hoje aqui é
porque nós acreditamos que é possível avançar, mas que diante desse cenário
alguns passos demos para trás para analisar que estratégia, enquanto governo,
enquanto cada pasta aqui que cada um representa, podemos estar analisando e
avançando cada vez mais. Isso foi o que o Ministro colocou,o Ministro José
Eduardo, temos que pensar uma estratégia de avançar cada vez mais na garantia
dos direitos, não só direito à terra, mas o direito à saúde, educação, e de que
maneira pensando conjuntamente. Hoje fico muito feliz em saber que estamos
trabalhando sim em parceria e é assim que nos vemos, tanto vocês, quanto nós
também nos vemos trabalhando de forma solidária e responsável. Foi a partir
desse fórum que a SESAI deu o seu pontapé inicial, foi uma avaliação da saúde
na CNPI que o Presidente Lula tomou a decisão de criar, de se pensar um órgão
específico para a saúde indígena. Então, assim, resgatando um pouco dessa
história o quanto é importante, o quanto está fortalecido e se fortalecendo essa
Comissão, que se avaliou, começou a ser iniciada a discussão da PNGATI, hoje a
SESAI tem três anos, então olha só o avanço que se tem e que, apesar de toda
essa conjuntura negativa de alguns manifestos que sabemos que é fato, que é
concreto, conseguimos avançar bem e para fortalecer cada vez mais nós temos
que continuar e avançar lógico, e internamente de que maneira nossa bancada, ela
tem se reunido, assim como vocês tem as reuniões de bancada nós temos uma
reunião prévia para estar alinhando e sempre que nos reunimos é de que maneira
podemos fortalecer cada vez mais os direitos de vocês e de que maneira
trabalhamos internamente para que isso venha a se concretizar. O Saulo trouxe
uma coisa que eu estava tentando pensar de que maneira seria essa metodologia, o
caráter menos branco e mais indígena. No formato que as reuniões são feitas das
Comissões, do Conselho Nacional, que eu participo da SISE, do CONDISI,
assim, eu não acho esse formato totalmente equivocado, mas uma coisa que eu
senti falta, e acho que eu não cheguei atrasada esses dias não, acho que só não
vim ontem, mas uma coisa que eu senti falta que e nós colocamos durante a
Conferência é que cada dia da Conferência tinha um ritual e uma região
responsável e eu senti falta disso, porque uma vez nós puxamos acho que na
reunião anterior da CNPI, creio eu que para começar a mudar um pouquinho que
começasse com o ritual, geralmente é uma semana inteira, são cinco dias de
reunião ou quatro dias, e aí cada região ficasse responsável para puxar um toré,
uma oração, para estar fortalecendo. Creio que é isso também que está faltando, a
gente pedir aos Encantados, ao Mavotsi, que é mais lá do Xingu, ao Tupã, a Deus,
a espiritualidade de forma geral, sabedoria principalmente, discernimento, porque
acho que assim a gente consegue pensar conjuntamente encontrar algumas
alternativas e respostas. Foi um ano de provação não só para vocês, indígenas,
mas para nós, governo, foi um ano de amadurecimento interno, é um ano que a
gente está fechando que eu avalio como extremamente positivo no sentido da
resistência e de que estamos convictos que nós poderemos e estamos buscando
caminho para avançar na seguridade dos direitos de vocês, que também é o nosso
direito enquanto cidadão brasileiro. Não é o direito do indígena, mas é o direito
de cidadão brasileiro quando ele é ameaçado e isso está mexendo com todos nós
que acreditamos não só com a causa, mas principalmente temos como retaguarda
uma Constituição que ela é cidadã e que agora está demonstrando que está ferindo
o direito do cidadão brasileiro, dos indígenas especialmente. Então, assim, eu
avalio como extremamente positivo e parabenizo a nossa presidenta enquanto
presidenta dessa Comissão, a nossa Secretária-Executiva CNPI, a toda a bancada
do governo, que não mede esforços, estando aqui, participando das reuniões, mas
também quando retorna das reuniões sempre faz gestão junto aos seus secretários,
diretores, Ministros no sentido de avançar cada vez mais e dizer que se às vezes
não conseguimos, mas é porque outras questões, muito maiores do que essa, não
do governo em si, não da gestão da presidenta, mas a conjuntura que muitas vezes
são colocadas e muitas vezes a gente não pode explicitar tão claramente, porque a
gente também sofre retaliação não do governo, mas, assim, da atual conjuntura
que passa o Congresso. A gente sempre tem falado que não depende só do Dr.
Antônio de fazer a saúde, não depende só de o Ministro fazer a saúde, a
presidenta infelizmente, ela está refém do Congresso, então muitas vezes ela quer
avançar, mas temos o Congresso, então ela não governa sozinha, ela não tem esse
poder de falar: “A partir de agora está feito isso.” Tem toda uma conjuntura.
Então, assim, a gente tem também que entender isso, que alguns avanços não
foram feitos nesse sentido diante da atual conjuntura que a gente sabe que a gente
está vivendo na pele e que a gente sofre junto com vocês. Eu não estou falando só
da boca para fora, porque quem conhece e que acompanha o nosso trabalho sabe
o quanto nós sofremos conjuntamente com vocês. Isso não são palavras ao vento,
quem acompanha o trabalho, seja da saúde, seja da Funai, sabe o quanto isso
atinge enquanto cidadão, enquanto pessoas que estão na gestão profundamente e
às vezes sentimos de não corresponder à altura da demanda que a gente sabe que
é imensa. Afinal são 513 anos de dívida que esse estado brasileiro tem
infelizmente parte desse estado não se reconhece como os primeiros habitantes e
não sei se seria o caso de fazer uma campanha maciça. A história do Brasil, ela é
muito distorcida quando se fala de povos indígenas, só quem sabe realmente
quem são vocês, é quem trabalha cotidianamente e somos multiplicadores disso,
então de que forma nós podemos para o ano com a Conferência fazer um
movimento maciço de informação desses povos, desses 305 povos? Quem é essa
população? Como vive? E seus costumes? Quem sabe nos mobilizar e ter pessoas
que se juntem a nós para estar fortalecendo cada vez mais os seus direitos. Então
eu avalio como positivo esse ano, principalmente diante dessa conjuntura e creio
que é um passo extremamente importante para a gente estar avançando cada vez
mais e estamos no caminho certo, de forma respeitosa, solidária, trabalhando
conjuntamente em parceria, tenho esperança que 2014 será bem melhor do que
2013. Obrigada.
Teresinha – Obrigada Bianca. Kohalue.
Kohalue – Então, bom dia a todos, Kohalue Karajá, Região Amazônica.
Na verdade, a minha contribuição vai ser mais uma reflexão para nós todos,
principalmente a bancada do governo. 2013 eu acho que foi um dos piores
momentos em relação aos direitos indígenas, foi violação dos direitos indígenas,
também houve bastantes assassinatos das lideranças indígenas por causa da terra.
Infelizmente parece que a Constituição Federal de 88 não assegurou, que nossos
direitos estão lá garantidos, que é Artigo 231, 232. Quando a gente começou a
estudar sobre os direitos aí ali fala que seria mais ou menos cláusulas pétreas,
quer dizer, isso não pode ser mudado nunca, pode acrescentar. Infelizmente os
parlamentares, que são anti indígenas, que a maioria são ruralistas, parece que
para eles têm o valor, como nosso amigo costuma falar, ele não está aqui, o lá do
Sul, Guarani Kaiowá, como é que chama ele? Peralta. Parece que a cabeça de
gado tem um valor do que o próprio indígena. Homem branco, esses caras aí só
pensam riqueza, cada vez mais se enriquecer e destruir natureza, acabar com a
floresta. Isso acontece no Sul, Santa Catarina, ali no Mato Grosso do Sul, todos
têm conhecimento disso. Vocês podem ver que é só plantação de soja assim, não
existe mais árvores, nem animais silvestres. Eu fico muito triste, porque o que
está acontecendo agora nesses últimos dias, como o amigo nosso acabou de falar,
a gente está levando é uma tristeza na nossa bagagem, nossos parentes indígenas
estão lá na base esperando uma notícia, mas infelizmente não é isso que está
acontecendo aqui, apesar de tudo é inconstitucional, mas eu acredito que nós
temos Ministro do Supremo Tribunal, que teremos que fazer isso, recorrer a ele
para tentar derrubar esse tal de PEC 215, entendeu? Então, assim, a gente não
pode parar diante desses tantos problemas que a gente está enfrentando, somos
guerreiros. Eu tenho certeza que o espírito dos nossos ancestrais estão com a
gente, estão e vão com a gente daqui para frente. É só isso, muito obrigado.
Teresinha – Obrigada Kohalue, e com o Kohalue encerram-se as palavras
e passar a palavra para Presidenta que ela vai se manifestar.
Maria Augusta – Obrigada Tere. Bom, eu queria também, enfim, pedir
licença as bancadas aqui para me despir um pouco do papel de Coordenadora aqui
da mesa, de Presidente da CNPI, e fazer também umas reflexões e contribuir aí
nessa nossa avaliação, nesse nosso balanço de 2013. A gente percebe que todas as
avaliações que foram feitas aqui dos nossos trabalhos da CNPI, elas se
interrelacionam de maneira muito forte com a avaliação um pouco da conjuntura,
enfim, do ano de trabalho, dos órgãos, enfim, do próprio movimento no que diz
respeito à pauta indígena e acho que é consensual, pelo o que foi colocado aqui,
de que foi um ano de uma conjuntura bastante difícil e eu particularmente acho
que o ano para nós foi difícil, na Funai, foi um ano particularmente para mim
também de muitos desafios, de um amadurecimento, como a Bianca colocou, eu
acho que, enfim, essa é a palavra que resume bastante o sentimento que eu
chegou ao final desse ano, um sentimento de que os desafios, as durezas da vida,
os desafios que são colocados, enfim, para nós que temos uma perspectiva e um
projeto político, um projeto de sociedade, esses desafios, eles nos obrigam, eles
não nos deixam outra alternativa se não buscar amadurecer com isso e pensar
formas de enxergar a situação, analisar a conjuntura e pensar formas de superar
esses momentos difíceis. Para mim acho que foi um ano de bastante superação.
Eu queria muito, assim, agradecer essas manifestações de apoio que vocês
colocam aqui, isso para mim foi fundamental para eu ter conseguido ter forças
para passar por esses momentos difíceis e, enfim, de todos os indígenas com
quem a gente se relacionou nesse ano eu senti esse apoio, um apoio ao
desempenho desse papel em que eu estou desempenhando nesse momento. O
apoio também dos companheiros indigenistas, eu acho que todas as organizações
que trabalham em defesa da pauta indígena também manifestaram sempre um
apoio a mim, enfim, a gestão e a Funai que também foi fundamental para que a
gente pudesse sobreviver esse ano, e aos companheiros de governo, de quem eu
tenho também recebido, enfim, particularmente bastante apoio, bastante
manifestações de solidariedade, contribuições no sentido da gente poder juntos
enfrentar isso, nos dar as mãos, nos unir e conseguir enxergar isso a partir
também de um distanciamento que é necessário, mas que é difícil na medida em
que todos nós estamos vivendo isso. Então viver isso e também estar no governo,
estar à frente da gestão de algum órgão e ter que propor formas de superar esses
desafios, de evitar os conflitos e de fazer o nosso papel de que é de dirigente, que
é em última análise de quem é governo, é muito difícil, mas eu acho que essa
unidade que a gente vem tendo, enfim. Queria destacar aqui especialmente, assim,
a SESAI, acho que toda a equipe da SESAI, o Dr. Antônio, a gente tem
conversado muito esses últimos tempos e muitas vezes, assim, era um fim de
noite que eu estava ali trabalhando, 21h, 21h30’ ele ligava, estava na SESAI
ainda, a gente discutindo os últimos detalhes ali da Conferência, ele pedindo
ajuda, a questão das pistas de pouso, então esse compartilhamento, essa
solidariedade, ela foi fundamental para que a gente pudesse avançar e outras
parcerias institucionais também. Eu acho que o MDA, o Luiz Fernando não está
aqui, mas queria destacar, assim, que foi muito importante o apoio que a gente
teve, o fortalecimento dessa parceria MDA e Funai nesse ano, a gente conseguiu
avançar em ações concretas, importantes. Essa questão que, como o Luiz falou,
da DAPI, da chamada, a gente pensou isso com muito empenho e com muita
expectativa de que desse certo. No meio do caminho avaliamos que tivemos
alguns equívocos, vamos reavaliar isso, enfim, na parceria dos dois órgãos, mas
também discutindo isso o ano que vem no GTI com vocês. A gente acha que tem
algumas coisas que a gente pode superar, que a gente pode melhorar. Enfim,
tantos outros parceiros, o MMA, tivemos também ações concretas muito bacanas,
conseguimos fazer os editais para essas últimas chamadas com recursos do
Ministério do Meio Ambiente, a Funai sozinha não conseguiria fazer isso, a gente
não teria recurso para isso, foi importante, porque é uma ação que valoriza
justamente isso que vocês colocaram, que é aquele modelo do Carteira Indígena,
do PPCDAM, enfim, de outros programas e projetos aí que justamente o quê?
Valorizam a ação das próprias organizações indígenas, das próprias comunidades,
valorizam a perspectiva mesmo de implementar projetos e políticas públicas que
vem a partir da visão das comunidades, de cada realidade que é diferente, de cada
região que é diferente, então eu acho que isso também foi muito legal, enfim. Eu
estou, certamente, esquecendo e deixando de mencionar outras questões e
parcerias importantes, mas acho que um pouco para exemplificar que nesse
momento foi fundamental a gente poder também buscar essa unidade entre nós,
órgãos de governo, e buscar essa força que vem a partir dessa unidade, desse
pensar interinstitucional, multidisciplinar, interministerial, para que a gente
pudesse ter avanços e houve também, apesar da conjuntura diversa, momentos
importantes e ações que eu acho que a gente não deve nunca esquecer que
representam conquistas. Conquistas que acho que ainda estão longe de concretizar
o que a Bianca cita, que é o resgate da dívida histórica que o estado brasileiro tem
com os povos indígenas no Brasil e que é uma dívida que eu acho que se leva
ainda muito tempo para se reverter, para se resgatar, mas eu acho que tem pessoas
dentro desse governo que estão e como em outros muitos e tantos governos já
houveram pessoas que trabalham, se dedicam e assumem um compromisso de
fazer a sua parte nesse processo de resgate histórico e sinceramente, assim, eu
queria me colocar no conjunto dessas pessoas que assumiram esse compromisso
não só a partir do momento em que vou para a Funai, mas, enfim. Participei de
momentos diferentes na CNPI compondo o Ministério da Justiça, enfim,
representava o Ministério aqui na CNPI também e acho que esse é um processo
mesmo, um processo histórico que muitas vezes tem retrocessos, que faz com que
taticamente seja necessário um recuo e que em outros momentos tem avanços,
momentos em que a gente pode comemorar vitórias. Acho que a gente não pode
esquecer nunca e perder de vista o marco constitucional. O marco constitucional,
ele é uma vitória muito importante e que tem sido um pilar fundamental para toda
a discussão, e implementação, e defesa da pauta indígena, um pilar fundamental
na perspectiva de não retrocesso e é esse momento que a gente está vivendo
agora, um momento em que o que está em jogo é o próprio marco constitucional
de defesa desses direitos indígenas. Então acho que ele tem sempre que estar no
nosso entendimento, na nossa compreensão e na nossa bagagem de instrumentos
de defesa e garantia desses direitos e que é um marco recente também, 1988 é
uma data que não está muito lá atrás na história, muito recente, então isso um
pouco para a gente também perceber como a história, ela se dá de maneira
dinâmica. Hoje a gente vive, 25 anos depois da promulgação da Constituição
Federal, um momento delicado em que se está colocando em xeque os próprios
direitos que estão colocados ali na Constituição Federal. Então é um pouco essa
análise mais ampla da conjuntura para entrar também um pouco na avaliação aqui
dos nossos trabalhos da CNPI. Foi colocado muito em relação à gente pensar a
efetividade do que é tirado aqui, que muitas vezes a gente tira Resoluções, tira
encaminhamentos e isso acaba ficando um pouco perdido, isso é uma angústia um
pouco que eu tenho também. Eu sempre achei que a gente tinha que instituir
mecanismos mesmo de ter um monitoramento um pouco mais refinado e eu acho
que isso depende de uma boa vontade entre nós mesmo de pensar esses
mecanismos, como é que a gente vai monitorar, talvez para o ano que vem pensar
em ter uma instância dentro da CNPI de monitoramento desses nossos
encaminhamentos, não sei, estou pensando alto aqui. Foi tratado um pouco da
questão da metodologia das reuniões, eu acho que a gente também pode avançar
um pouco, refinar esses processos, isso depende também de um despojamento
nosso, dos membros, de refletir o que não está dando certo, eu acho que tem
coisas, mesmo, que a gente pode melhorar. O Saulo trouxe a questão das reuniões
das subcomissões que eu tenho pleno acordo, eu acho que a pauta indígena, ela é
muito ampla, então se a gente ficar trazendo o tempo todo tudo para a Plenária a
gente vai se perder no debate, a gente vai se desorganizar ou perder a nossa
organização, então eu acho que para o ano que vem pensar em, de fato, voltar a
valorizar e a enriquecer o trabalho das subcomissões eu sugiro e acho que isso é
bastante importante. Nós temos também que refletir sobre a nossa representação,
a representatividade das pessoas que estão aqui nessa mesa, isso foi trazido muito
pela bancada indígena e também colocado pela bancada indígena em relação um
apelo de que a bancada governamental levasse o que é discutido aqui para os seus
órgãos, buscar se internalizar isso. Eu acho que isso é fundamental, mas acho que
isso não é uma questão que permeia só a CNPI, hoje a gente tem um número
grande de Conselhos que funcionam na Esplanada com participação paritária dos
movimentos sociais e que também vivem, e se discutiu essa questão, questão de
que muitas vezes são tirados encaminhamentos e Resoluções dentro dos
Conselhos e que acabam não sendo internalizadas muitas vezes pelos órgãos de
governo e que acabam também por outro lado não chegando a base dos
movimentos, então é essa questão da representatividade. Isso é uma das grandes
questões desse século XXI, a representatividade dentro das instâncias e dos
órgãos de participação e controle social, a representatividade do Congresso, dos
Parlamentares em relação as suas representações, as suas bases, enfim. Eu acho
que essa é uma questão central na sociedade e no sistema político que a gente
hoje vive. Então como pensar aqui dentro do nosso micro espaçozinho como
melhorar essa representatividade, tanto do ponto de vista eu acho que do
movimento, espalhar e conseguir capilarizar isso para a base das comunidades
indígenas, mas também do nosso lado de governo como internalizar esses
encaminhamentos, esses debates que a gente trava aqui na CNPI. Enfim, fazendo
uma reflexão também um pouco mais longa, acho que é importante dizer que a
partir do governo Lula a gente tem um crescimento muito grande do número de
instâncias de participação e controle social dentro do governo federal. Talvez a
Secretaria-Geral possa até falar em números mais precisamente. Eu cheguei a
estudar isso, tinha esse número de cabeça, hoje eu não lembro, mas um
crescimento expressivo do número de Conselhos, do número de Conferências
realizadas, do número de, enfim, fóruns de participação, enfim, não me vem à
cabeça agora outros instrumentos, mesas de monitoramento, de diálogo, enfim.
Muitas instâncias foram criadas a partir do governo Lula para possibilitar essa
participação da sociedade civil, ouvidorias, dos movimentos sociais organizados e
para que a gente pudesse aprofundar os mecanismos de relação e de governo de
forma democrática, de governo de forma participativa. Eu acho que o Presidente
Lula, ele deixou isso muito claro, isso foi uma marca muito forte do governo, e
passado hoje, enfim, já mais de 10 anos em relação ao início do governo Lula a
gente hoje vive um momento em que, na minha avaliação, era importante a gente
avaliar como é que essas instâncias, esses instrumentos, esses fóruns de
participação social tem se comportado e em que medida eles têm contribuído de
fato para ser fóruns que permitam a entrada da sociedade civil, dos movimentos
sociais, enfim, dos cidadãos, fóruns que permitam que os cidadãos, movimentos e
sociedade civil ingressem na gestão pública, ingressem e contribuam para o
governo e que façam de fato o governo ser uma estrutura mais permeável, mais
democrática e mais participativa. Eu acho que esse é um momento em que a gente
tem que avaliar isso. Então coloco tudo isso para dizer que essa reflexão aqui
nossa, da CNPI, não é só uma reflexão nossa, da CNPI, ela é uma reflexão de um
momento do processo de democratização do estado brasileiro e que permeia
também outras instâncias, outros Conselhos e acho que essa reflexão é
fundamental, ela é importante, mas apenas estou acentuando em um contexto um
pouco mais amplo para a gente também não ficar sempre achando que a questão,
ela está só colocada aqui no âmbito da pauta indígena. Eu acho que essa é uma
questão um pouco maior. Alguém colocou, acho que foi o Sandro, se não me
engano, que a gente precisava reafirmar que o espaço da CNPI é o espaço de
interlocução dos indígenas com o governo e a Chiquinha coloca na fala dela, de
maneira bastante, que a CNPI era para ser uma instância provisória. De fato,
porque quando se institui a CNPI lá atrás ainda no governo do Presidente Lula se
faz isso já com uma perspectiva muito concreta da criação do Conselho, por quê?
Porque o governo encaminha formalmente ao Congresso Nacional um Projeto de
Lei para criação do Conselho Nacional de Política Indigenista esperando que isso
fosse uma medida que não tivesse muito problema para ser aprovada e que isso se
viabilizaria de forma muito rápida e a gente está já em 2013, ou seja, passado seis
anos da criação, sete, da CNPI, seis? Seis anos da criação da Comissão, a
conjuntura esteve, enfim, uma série de mudanças, a gente não conseguiu ver esse
projeto aprovado e a gente continua funcionando enquanto uma Comissão. Então
queria juntar um pouco essa fala do Sandro com a da Chiquinha e expressar a
minha opinião a respeito disso, é que eu acho que, de fato, a CNPI hoje, ela tem
sido esse espaço de interlocução dos indígenas com o governo, com todos os
problemas que se tem, com todas as dificuldades e com todas as questões que eu
acho que a gente tem que aprofundar e que melhorar. Eu acho que esse é um
espaço, gente, é um espaço que foi conquistado, é um espaço que foi instituído,
assim, com o apoio do Presidente da República, do Presidente Lula que participou
em diversas reuniões da CNPI, inclusive Extraordinárias que foram fora de
Brasília tiveram a participação do Presidente Lula. Então eu acho que a gente tem
que reconhecer isso e se apegar um pouco a essa conquista que foi a criação da
CNPI, independente da forma como ela hoje está instituída, ou seja, ainda como
uma Comissão, não tendo conseguido alcançar o status de Conselho, eu acho que
nós temos que reafirmar a necessidade de manter esse espaço, que no mérito ele é
um espaço que permite esse diálogo, que permite a participação de um conjunto
de representações indígenas importantes e que, como alguém colocou se não me
engano foi o Dani, que conseguiu também garantir, assim, em alguns momentos
difíceis que não houvesse algum tipo de retrocesso mais grave no âmbito e no
cenário da Política Indigenista. E com isso eu não quero dizer que a gente tem
que deixar de batalhar pela criação do Conselho, eu acho que isso é uma pauta
que já foi expressa aqui muitas vezes dentro da CNPI pela bancada de governo,
pela bancada indígena, pela bancada indigenista e que foi e é objeto também,
inclusive, de uma resolução nossa, das bancadas, da Plenária toda da CNPI, foi
aprovado isso aqui. A gente buscar, então, nesse momento conjuntural a
instituição do Conselho por meio de Decreto, então acho que a gente tem que
buscar perseguindo esse objetivo, mas acho que a gente não tem que perder de
vista que a criação do Conselho é um aspecto simbólico, importante, porém
formal. A gente ainda tem o nosso espaço de diálogo, de debate e participação,
que é a CNPI, então vamos perseguir o nosso objetivo, porém reafirmando
sempre a CNPI como esse espaço, a meu ver, de diálogo dos indígenas com o
governo. A Bianca colocou uma coisa bem interessante que é a história da gente
pensar em uma campanha para o ano que vem e tudo mais, e aí já entrando um
pouco com algumas sugestões para a nossa pauta da tarde, que é o planejamento.
Eu acho, gente, que o ano que vem, o ano de 2014, ele vai ser um ano, assim, em
que a gente não vai ter facilidade para avançar na pauta fundiária, eu acho que a
pauta territorial, ela vai ser uma pauta difícil, eu acho que como foi esse ano, mas
o ano que vem eu acho que tende a ser mais difícil pelo cenário eleitoral, pelo
cenário, enfim, que está colocado, que a gente tem visto já a partir da ação do
Congresso desses últimos dias e acho que a perspectiva da nossa atuação, ela tem
que ser uma perspectiva, assim, organizativa, de planejamento, de pensar uma
perspectiva macro, de pensar nas ações de promoção, aprofundar isso. Acabei de
ter uma notícia boa aqui pelo celular, de que a gente conseguiu em uma primeira
instância já aprovar um recurso via Fundo Amazônia para implementação da
PNGATI, de um projeto que a Funai apresentou, então acho que a gente vai
conseguir esse recurso para 2014, isso vai nos permitir avançar nas ações da
PNGATI, isso é muito importante. E aí fico pensando um pouco no que a gente já
refletiu internamente na Funai, compartilhamos até com alguns companheiros que
estão aqui, sejam de governo, sejam indígenas, que a gente fez um trabalho muito
preliminar ainda na Funai de pensar um pouco o que a gente tinha conseguido
avançar nesses últimos anos em relação à Política Indigenista, o que a gente
achava que precisávamos avançar. Isso se relaciona muito com essa reflexão e
debate que a gente vem fazendo, que certamente vai surgir à tarde, que é a
proposta da Conferência. Acho que a gente realizar essa grande Conferência, a
gente pensar em uma Política Nacional de Promoção e Proteção dos Direitos dos
Povos Indígenas, uma política que consiga articular e amarrar todas as ações do
governo federal, que hoje são feitas, já são realizadas, mas são realizadas por cada
ministério, muitas vezes falta uma amarração, uma amarração, porque eu acho
que cabe a Funai, como Coordenadora da Política Indigenista no Brasil, como
órgão que é o responsável pela Coordenação da Política, a gente precisa amarrar
isso. A gente também poderia ter um instrumento único que regulamentasse essa
Política Nacional, pensando, enfim, na construção de um sistema de Política
Indigenista, que pudesse amarrar também a responsabilidade dos estados, a
responsabilidade dos municípios, que pudéssemos pensar a Política Indigenista de
uma forma mais ampla, mais consolidada e que viesse a abarcar e atender de
maneira mais clara as especificidades regionais, as especificidades de cada povo e
as responsabilidades também de cada órgão público nesse país. Então eu acho que
esse é um pouco o debate que a gente vai fazer à tarde e a gente fez um pouco um
ensaio disso tudo na Funai e construímos um documento a respeito disso, um
documento até que alguns de vocês acho que tiveram acesso, a gente encaminhou
isso para o Ministério da Justiça, encaminhamos uma cópia ainda, claro que em
versão preliminar, para a SESAI e para o MEC, porque justamente a gente trouxe
um pouco essa reflexão da amarração das políticas e a SESAI e o MEC hoje são
quem tem sistemas um pouco mais consolidados para trabalhar a pauta indígena
nesse momento. Então eu acho que a gente pode aprofundar isso tudo, eu acho
que nós temos perspectiva para um trabalho do próximo ano, que pode não ser o
trabalho ideal, mas que é o trabalho que nos está sendo possível realizar nesse
momento e que é um trabalho fundamental da gente pensar macro, da gente
pensar essa política grande, como é que a gente articula tudo isso e lá nessa
proposta, Bianca, por isso que eu citei, falei tudo isso, a gente faz uma sugestão e
aí colocamos isso para o Ministro de algumas ações que a gente achava na Funai
que ainda podiam ser realizadas em 2013. Uma delas é reafirmando a questão da
criação do Conselho, que a gente achava que ainda esse ano poderia investir nessa
tentativa. Bom, falamos um pouco da Portaria 303, que também já foi objeto de
reflexão e de resolução dessa Comissão, a gente achava que esse debate também
até o final do ano podia ser enfrentado, enfim. Pensamos algumas medidas aí para
2013 emergenciais, mas no macro e para o ano que vem existe uma proposta, e
isso já a gente vai colocar no nosso planejamento do ano que vem da Funai, que é
articular uma Campanha Nacional em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas.
Eu já conversei sobre isso com alguns ministérios, que toparam apoiar essa
campanha, a gente não consegue fazer também isso sozinho, porque isso é uma
campanha que custa caro, a gente queria fazer uma campanha inclusive de mídia
e tudo mais. Então como você trouxe essa proposta aqui, eu acho que a gente
poderia reforçar isso, pensar como é que a CNPI, enfim, pode apoiar, se acham
que essa é uma ideia boa, podemos refletire ter a contribuição também de outros
órgãos para essa campanha, mas é algo que a gente já tem inclusive não só nesse
documento, mas como uma orientação para o planejamento da Funai do ano que
vem investir nessa proposta da campanha. Deixa-me ver se eu falei tudo que eu
queria, mas já falei muito. Gente, vamos almoçar que está todo mundo com fome.
Obrigada. Agora eu queria que o Presidente Lula apoiasse aí o nosso projeto para
2014, entendeu? E a gente pode, então, parar para o almoço, já falei demais.
Queria agradecer e aguardo, então, a nossa parte da tarde para a gente poder
pensar 2014. Obrigada, bom almoço para todo mundo.
Dia: 12/12/2013, tarde:
Maria Augusta – Pessoal, boa tarde, sei que tem gente que ainda está se
organizando nas salas, tem um grupo que está escrevendo a resolução, tem um
pessoal que me parece que foi até a Conferência de Direitos Humanos, não é
conferência que se chama, é o Fórum Mundial de Direitos Humanos, e então o
pessoal está se organizando para voltar. A nossa pauta de agora de tarde é o
planejamento de 2014, para o planejamento eu entendo que a gente tenha que
discutir um pouco essas oficinas que foram tratadas com o Ministro da Justiça
para discussão da portaria, eu acho que isso faz parte do nosso planejamento de
2014, discutir um pouco o planejamento da Conferência e aí tem duas pequenas
coisinhas que a gente queria no final e aí eu peço a licença de todos e todas aqui
das bancadas, que a Funai queria apresentar para vocês rapidamente o nosso novo
portal. Hoje a gente falou um pouco da questão do site, das informações, a gente
vai lançar agora o nosso novo portal da Funai em dezembro, a perspectiva era que
a gente conseguisse lançar nessa CNPI, mas ainda tem uns ajustes que estão
sendo feitos, mas a gente queria mostrar para vocês como vai ficar a nova página
da Funai, mas só podemos fazer isso ao final da nossa discussão porque o pessoal
da Assessoria de Comunicação está vindo e a nossa assessora parlamentar que é a
Solange está aqui também, e ela queria dar uma palavrinha para dar alguns
informes, para fazer uma rápida colocação de como foi e está sendo essa história
da instalação da Comissão, da PEC 215, para a gente poder um pouco se tiver
dúvidas, enfim, aprofundar sobre isso. A Bianca também quer falar alguma coisa.
Bianca – Boa tarde, Bianca SESAI Ministério da Saúde. Só para entender
um pouquinho, vamos começar o planejamento e depois a Conferência?
Maria Augusta – Eu proporia de a gente começar com os informes da
Solange e aí entrar no planejamento e dentro do planejamento eu que estou
sugerindo que dentro do planejamento a gente tem que pensar um pouco nas
oficinas da portaria e na Conferência.
Bianca – Eu vou tentar participar até o final porque eu tenho um
compromisso com o Fórum Mundial e vou ter que me ausentar um pouquinho
mais cedo. Independe se tiver avançado até eu sair se tiver avançado a
Conferência tudo bem, mas de antemão já me coloco de antemão para estar
contribuindo com o processo de organização da Conferência Mundial. Ah, da
Conferência dos Povos Indígenas, desculpa. Que poderá encaminhar para uma
mundial dos povos indígenas da América não é gente? A gente pode sair com
uma moção, já é um indicativo.
Maria Augusta – E acho que a gente vai precisar bastante mesmo Bianca,
porque na medida em que foi bem avaliada a Conferência Nacional de Saúde
Indígena eu acho que muitos dos subsídios aconteceram lá a gente pode
incorporar para pensar a nossa Conferência aqui. Se tiver de acordo eu já passo a
palavra para a Solange, pode ser? Sol e Gustavo nossos Assessores Parlamentares
da Funai. Obrigada.
Solange – Boa tarde gente, boa tarde a todos. Enfim, eu conheço a
maioria, acho que a maioria me conhece, estou assumido agora junto com o
Gustavo a Assessoria Parlamentar e a ideia é a gente sempre estar fazendo
informe para vocês do cenário que está, do que está acontecendo no Congresso e
é legal que vocês puderem estar com a gente. Então a gente vai fazer essa análise
juntos do que aconteceu. Na verdade são três informes que a gente gostaria de
passar meio rápido, primeiro, antes de entrar na história da PEC, nós estamos com
projeto de mineração que não é amineração indígena, o projeto de mineração era
para ser votado agora no final do ano, está sendo discutido, está na iminência de
ser votado e o projeto de mineração tem um artigo que fala de mineração
indígena, a gente está tentando na negociação retirar esse artigo, o pessoal do
movimento está nessa luta, salvo engano é o artigo 109 que é do Projeto de
Mineração geral, tem um artigo que traz de novo uma ameaça aos direitos
indígenas, então a gente está nesse momento nessa luta para retirar esse artigo e
não está fácil porque o relator é uma figura de difícil trato. Assim, eu estou
passando o informe e não sei se são informes requentados, se vocês já sabem, mas
enfim, desculpa se são informes requentados. Segundo informe que o PL que era
do Conselho da CNPI, transformar a CNPI em Conselho saiu o último relatório
do Relator e é contrário ao PL dizendo que a Comissão já tem a mesma
contribuição, que não precisa desse Conselho, enfim, é o relatório que saiu essa
semana desse PL da Comissão do Meio Ambiente com parecer contrário,
desculpa, do Meio Ambiente não, da Comissão da Amazônia, contrário ao projeto
de governo em relação a instituição, transformar a CNPI em Conselho. Outra
rasteira para a gente que a gente vai ter que lidar com isso e ver qual é a
estratégia. Mais uma. E o terceiro é só dá um informe, como vocês
acompanharam a história do Congresso, é que a composição da PEC ficou acho
que pior impossível, e ontem teve reunião da bancada do PT e eles reafirmaram
os nomes que já tinham sido previamente indicados. O que a gente está tentando
fazer agora é trazer isso para a conta dos ambientalistas também. O mantra, a
gente está fazendo a discussão dizendo que a história da PEC não é só direitos
indígenas, só terra indígena que está sendo ameaçada, ele fala de unidades de
conservação, e nós não tivemos uma nota do Ministério do Meio Ambiente, nós
não tivemos uma nota do ICMBio, nós não tivemos. Enfim, e os ambientalistas
começaram a agir, começaram a acordar para essa ameaça que também paira aí, é
uma nova discussão do Código Florestal, nós já acionamentos também o Sarney
Filho, ele estava nessa briga toda, se negou a indicar o PV e o PSB foram os dois
que não indicaram nomes ainda por conta de resistência, só que o fato de não
indicar não quer dizer que vai paralisar porque o presidente da casa tem atribuição
e ele tem competência legal para fazer indicação ad hoc, ele pode fazer essa
indicação. De qualquer forma, a estratégia que nós buscamos hoje, e ontem, foi o
seguinte como houve um problema legal ontem que nós entendemos legal e
formal na hora da eleição da mesa, assim o PV vai tentar verificar se pode entrar
com questão de ordem ou questionar se vai tentar questionar a eleição, porque
quando um deputado chegou para votar a eleição da comissão já tinha se
encerrado, então com todo aquele barulho a gente vai tentar olhar essas coisas
regimentais, o PV ficou de fazer isso. Segundo, o deputado Sarney Filho
possivelmente vai entrar na briga com esse viés ambientalista, tentar melar o
máximo essa discussão. O PT a gente também, o pessoal, a gente foi tentar
também fazer com os parlamentares mais próximos tentando trazer pessoas mais
ativas, mais fortes para essa discussão, os que estão agora não são muito dessa
pauta, então a gente não sabe mais ou menos. Assim, a gente vai ver como vai ser
a condução desses trabalhos, mas não é um cenário muito favorável, não. O que
nós ficamos sabendo hoje também é que tem uma grande possibilidade, mas
assim, são comentários de bastidores, que esse relatório até já esteja pronto, então
assim, eles estão fazendo essa coisa de alegre, mas tem grande, assim, o cenário
já está mais ou menos desenhado e que esse e aí é um alerta para a CNPI mesmo,
essa história de não colocar e aí estou falando como advogada e como pessoa que
milita na área, essa história de falar assim: vai ficar só na discussão e não vai
para o plenário. Isso não tem quem segura, regimentalmente, estou falando por
conta de regimento, conseguindo o número de assinaturas não tem como o
presidente segurar essa história de não colocar no plenário e pode ser que a gente
leve uma rasteira e em qualquer momento eles adiantem a história, terminem o
seu trabalho e coloquem o relatório final em plenário e aí a gente novamente.
Enfim, esse é o cenário. O que a gente está tentando fazer é isso, os deputados
mais próximos ocuparem esse espaço lá para ficar tentando prorrogar o máximo,
vai ver essa questão regimental, enfim, tentar atrasar ao máximo a condução dos
trabalhos, mas é isso, é a minoria da minoria. E, outro cenário também é que o
pessoal do PSDB. Parece que tem uma ala do PSDB muito brava, e que vão
questionar os nomes que foram indicados aqui, uma ala do PSDB que está mais
ligada a questão do meio ambiente. Quando eu falo essas palavras a gente tem
que ver quem é quem na ordem do dia, tem o PSDB ligado aos ruralistas, mas
tem uns que são ligados, o deputado Trípole é da Comissão do Meio Ambiente e
disse que ia brigar por esse espaço porque ele entende que a questão ambiental
está em risco. Então assim, tem forças aí brigando internamente em seus partidos
para poder somar a essa luta maior. Agora assim, o recado é essa história. Acho
que o cuidado é justamente essa história de que não é só discussão, o Ministro
disse que tinha esse possível, que ia tentar não colocar para votar, que o governo
ia tentar segurar, mas regimentalmente é muito difícil se o trabalho da Comissão
se encerrar, e eles não levarem a plenário. Enfim, vocês precisam depois discutir
as forças que estão e como vai lidar com essa história toda. Na próxima terça feira
já tem agenda para essa Comissão. Por isso que eu estou dizendo, lógico que são
comentários que a gente traz porque são pessoas ligadas. Bastidores, bastidores
que você pega as informações. Essa história do relatório que está mais ou menos
pronto, alguma coisa deve ter mesmo, eles não estão de alegres nessa história. É,
e aí o que eles querem o que se percebe, eles querem acelerar o trabalho. A gente
falou: Mas semana que vem é bom que já esteja encerrando o ano, não dá para
vacilar. Qual o cenário que nós temos: semana que vem é a última semana do
Congresso mesmo, só que o Presidente chamou os deputados por conta do
orçamento, então tem grande possibilidade de dar quórum no Congresso, por que
assim, se não fosse dificilmente deputado vem na semana de natal, mas a gente
está com essa espada na cabeça porque é votação de orçamento. Votação de
orçamento, como é uma coisa de interesse de todos, então tem grande chance dos
deputados estarem na Casa na próxima semana, estando na Casa tem grandes
chances dessa Comissão se reunir, porque assim, em dois segundos eles fazem
dar quórum. A reunião está marcada para terça feira às 14h. Mas enfim, na página
da Câmara está às 14h e com essa possibilidade, porque 18h estava essa história
toda, mas eu acho que vai dar Plenário. Na página está às 14h. Tem essa
possibilidade das 18h, mas eles estão com medo de ter Plenário, porque se a
discussão no Plenário estiver ocorrendo não se pode ter Comissão Deliberativa
paralela. O Plenário tem prioridade em termo regimental, se tiver discussão em
Plenário essa história de 18,14, enfim, na Câmara, na página está às 14h com essa
possibilidade de 18. Mas o que a gente traz é o seguinte, como é orçamento tem
grande chance dos Deputados estarem na Casa na terça feira. Então, eu posso até
passar aqui para vocês darem uma olhada, porque como são bastantes nomes.
Espera aí, eu vou passar para o Gustavo que ele ajuda nesse informe.
Gustavo – Essas pessoas que foram definidas pelo PT para participar do
grupo que a gente pode até ler aqui rapidinho que é o Afonso Florence que era
Ministro do MDA, o presidente da Comissão, Geraldo Simões do PT da Bahia
que já se manifestou favorável a PEC 215 em alguns momentos e está brigando
para que o PT mude a sua posição de ser contrário a PEC 215 para que seja
favorável, o Pe. João que é contrário do movimento de Minas Gerais, do setor
agrário do PT, Anselmo de Jesus do PT de Rondônia, Paulão de Alagoas e o
Valmir Assunção do PT da Bahia. Valmir Assunção é contra a PEC 215, o a favor
é o Geraldo Simões. O Valmir Assunção é suplente. Suplentes são Anselmo de
Jesus, Paulão e Valmir Assunção. Os titulares são Afonso Florence. O discurso
do Pe. João é que se deve mexer na desintrusão [extrusão] como um tema a ser
decidido pela bancada, porque a desintrusão [extrusão] do jeito que ele imagina
que é feito hoje é agressivo aos assentados, às pessoas que são impactadas pelas
demarcações. O Geraldo Simões é deliberadamente favorável a PEC 215, tem um
viés de defesa dos agricultores e o Afonso Florence foi Ministro do
Desenvolvimento Agrário, então tem sua base ligada aos pequenos agricultores,
mas o PT deliberou que tivesse um grupo de suporte a esses seis que se reuniria
para orientá-los e para trabalhá-los na força de ser contrário a PEC, de se manter
posição contrária e esse grupo é formado pelo Pe. Tom, pelo Molon que é um
bom regimentalista que defendeu a inconstitucionalidade da PEC 215 na CCJ
com muito vigor, e o Saguás do Mato Grosso que tem uma posição meio dúbia,
mais o Renato Simões que é o suplente do Genuíno. Renato Simões que entrou no
lugar do Genuíno, que é um aguerrido contrário a PEC 215 pela forma mais
legalista, mas constitucionalista do viés que vão dar suporte a esses deputados. O
que está claro é que é uma disputa ainda dentro do partido, como está sendo uma
disputa dentro dos outros partidos também como a Sol disse, o PSDB também
está tentando melhorar um pouco o universo com medo da questão ambiental,
indígena, ter uma relevância grande na eleição e com isso o candidato deles
perder essa pauta, essa bandeira, então não é uma luta perdida, mas será uma luta
Política mesmo. A sociedade é que vai decidir o posicionamento que as pessoas
vão ter nessa Comissão e eles dizem que é uma Comissão para não se votar nada
e sim para se fazer pressão no governo federal para que o governo federal resolva
a questão da demarcação da terra indígena, segundo eles, antes que a PEC faça o
seu relatório e continue sendo, como a gente disse, uma espada na cabeça dos
direitos indígenas que aí fica esse jogo de cena e isso foi o que a gente conseguiu
colher desses dias de trabalho.
Paulino – Só para ajudar na conversa. Paulino Assessor da ARPIB. Só
para ajudar na conversa, o quadro colocado hoje resumidamente vai depender da
mobilização. Como nós demonstramos desde julho do ano passado contra a
Portaria 203 passando pelo mês de abril que empurramos essa PEC até o final do
ano agora, só depende de mobilização exatamente nas três frentes aí, ambiental,
quilombolas e indígenas. A gente vai ter que trabalhar muito o risco se com eles
podem aprovar em três anos podem aprovar em três meses, está colocado o risco
desanimador a compulsão da Comissão. Incluindo o Geraldo na turma dos
ruralistas estamos dezesseis a seis, Dezesseis a seis, isso contando com alguma
conversão dos outros do PT que estão lá, porque não tem acúmulo, não tem peito,
o próprio presidente da Comissão é uma “rainha da iglaterra”. O presidente de
Comissão não manda, nada, quem manda é o Relator, mesmo que o Florence
tenha sido Ministro do Desenvolvimento Agrário, isso não resolve nada, ao
contrário. Então gente, é só para resgatar uma conversa que nós tivemos uns
tempos atrás de a própria bancada indígena, CNPI, se articular para fazer
presença intermitente em Brasília junto com as comunidades, só assim que
seguramos a Portaria 203, e a PEC 215. O quadro é desfavorável, mas ainda bem
que há uma sensibilização total. Eu estava agora no Fórum Mundial dos Direitos
Humanos, estávamos com um seminário da frente parlamentar dos direitos
humanos e há uma unanimidade, inclusive saiu uma nota de uma carta dirigida ao
presidente da Câmara repudiando a instalação dessa Comissão. Mas, a gente tem
que recorrer a todos, inclusive junto ao STF, a gente já verificou possibilidade de
ação jurídica para impedir a tramitação, não tem condição de apresentar outro
mandado de segurança, é possível sim, mas aditivar o mandado anterior quando, à
época, era iminente a ameaça da instalação da Comissão, agora a Comissão está
lá, pode ter um motivo para sensibilizar o Ministro Barroso para, de vez, derrubar
essa medida. A gente vai ter que recorrer a todas as possibilidades, mecanismos,
formas de luta mais diversas possíveis para tentar barrar, porque isso é o fim da
picada, passando isso já era o resto, nem a minuta da portaria pode preocupar
mais, eles vão tratorar tudo.
Sandro – Sandro. Na verdade é uma curiosidade, vocês que estão
acompanhando mais aqui em Brasília, havendo essa reunião da Comissão, que
passo que eles poderiam estar dando que poderia ainda mais dificultar a nossa
ação? Porque a depender, se preciso for, alguém tem que se mobilizar para ser
aqui.
Paulino – Regimentalmente, terça feira eles não têm como aprovar
porque a primeira sessão da Comissão é elaborar a agenda de trabalho da
Comissão. Entendemos que os poucos parceiros que temos lá irá incidir na
definição da agenda, nós mesmo, enquanto movimento, vamos apresentar
requerimento adoidado para as audiências públicas, visitas, diálogos, etc. O
problema é que, certamente, vamos ter muita dificuldade para aprovar
requerimentos, porque como maioria assim como eles podem aprovar o que eles
querem pode evitar aprovar o que nós queremos. Var ser muito difícil porque os
parlamentares, os poucos que estão lá, vão contar uns três porque o resto vai a
reboque, vamos ter que respaldar muito com mobilização, esse é o desafio viu
Sandro. E vamos contar que as próximas semanas não andem muito não só pela
questão do orçamento, até porque tem um Projeto de Lei novo onde os
parlamentares estão querendo aumentar as contratações para os seus gabinetes,
isso aí vai dar rolo, na próxima semana, porque tem companheiros que já estão
trabalhando, ia entrar em pauta hoje, foi jogado para terça feira que é um assunto
de plenário. Então, vamos torcer para que as forças se embolem no meio de
campo.
Solange – Só para clarear, de qualquer forma essa história do plenário é
só para dizer para a gente não se iludir no argumento de que essa Comissão é só
para discutir, que não vão levar a plenário, isso não tem garantia. Porque, assim, o
Ministro, e estou me respaldando na fala e nessa justificativa que estão dando que
a Comissão é só pra se discutir, que tem um acordo de não se levar a plenário, o
que eu estou chamando atenção é questão regimental, o plenário é uma
possibilidade muito plausível porque conseguindo a assinatura necessária nem o
presidente consegue barrar a ida para o plenário, isso é fato. O plenário, lógico
que não é esse ano não, tem toda a parte regimental, toda parte formal da
discussão da Comissão, tem que ter as audiências, tem que ter as reuniões, enfim,
tem todo um passo. O marco temporal que nós estamos dizendo de terça feira era
assim, nós estávamos na esperança de ter sido encerrado o trabalho do Congresso
essa semana e de não ter mais nada na semana que vem. E essa nossa esperança já
caiu por terra por quê? Por conta do orçamento tem grande possibilidade dos
parlamentares estarem aqui, eles estando aqui vão começar os trabalhos da
Comissão da PEC na semana que vem. Começar. Então é isso. Agora, jogo rápido
mesmo, faço minhas as palavras do Paulino e só acrescentando, uma coisa é o
Congresso e do Congresso nossas relações são muito ruins, a correlação de força
a gente está, a gente perde longe. Agora, essa história da mobilização, e aí o
movimento se aproximar do movimento ambientalista é a nossa única, que eu
vejo ser a única saída, mobilização e se aproximar do movimento ambientalista,
com essas duas forças e o povo na rua. A única coisa que estremece o Congresso,
que estremece as forças postas. E quilombolas, então eu acho que as lideranças
aqui têm que pensar como trazer, porque assim, até então só os índios se
manifestaram, o movimento ambientalista a gente ainda não viu nada tão incisivo,
não estou dizendo que não estão mexendo, a gente não viu nada tão claro e
evidente como foi a reação dos índios e estou aqui se vocês tiverem alguma
dúvida.
Maria Augusta – Bom, então vamos partir para o nosso ponto de
planejamento de 2014 e aí relembrando, acho que não estava todo mundo aqui na
hora que a gente estava tentando se organizar, para o planejamento considero que
já tem duas pessoas bastante importantes que a gente vai ter que se debruçar, uma
é pensar o cronograma das oficinas de discussão da portaria do Ministro que
conforme foi tirado aqui com o Ministro e o segundo ponto é a gente pensar na
programação e planejamento da Conferência. Então, e a agenda da CNPI do ano,
a gente tem que pensar a nossa agenda do CNPI, as reuniões e tudo mais e
pensando que se nós formos de fato já dar início às etapas preparatórias da
Conferência, a gente vai ter bastante reunião na ponta, muita região nos locais,
nas terras indígenas, então talvez pensar um pouco casar o cronograma da CNPI
com algumas agendas da Conferência, enfim, acho que a gente vai precisar ter
bastante atividade. Procurar administrar muito bem o nosso tempo no ano que
vem porque é um ano mais curto, a gente sabe, com todas as atividades eleitorais,
a Copa, vai ser um ano mais enxuto, então a gente poder aproveitar alguns
momentos para desenvolver mais de uma atividade em conjunto, pode ser, por
exemplo, uma etapa preparatória e já uma reunião da CNPI. A gente precisa
pensar um pouquinho para conseguir desenvolver e executar toda nossa agenda
para o ano que vem. Então está aberto para a gente começar a refletir. Bianca já
se inscreveu.
Bianca– Bianca SESAI, Ministério da Saúde. Assim, penso eu que uma
vez decidida a realização da Conferência ela requer uma prioridade zero porque
foi o que aconteceu conosco da saúde indígena da SESAI, ela foi convocada no
final do ano passado, de 2012, tivemos o ano inteiro de reuniões para realizar as
etapas locais e distritais e aí não se discutia outras etapas. No controle social, só
se discutia as etapas da Conferência, como ia ser a Conferência, não tinha como o
controle social desenvolver atividades paralelas, tanto que da criação da SESAI
para cá foi organizar o controle social no primeiro ano, plano distrital para só
centralizar forças na realização das etapas da quinta. Então, como é prioritário
também menos um, em ordem de prioridades, a realização dos seminários. É uma
proposta, iniciaria no caso com os seminários para o primeiro trimestre, não sei,
quadrimestre. No primeiro trimestre, trabalhamos com doze avos que é o tempo
que se monta, se constitui a Comissão Organizadora da Conferência para pensar o
documento orientador, para pensar a metodologia da Conferência, porque assim, a
gente vê ela bonitinha que foi graças a Deus foi um sucesso, deu tudo certo, mas
são muitos detalhes, são várias reuniões que se faz para pensar cada passo. Como
temos duas agendas eu acho que onde vamos ter que dividir tarefas em relação à
organização da primeira Conferência e do Seminário. Creio que pelas falas, pelo
momento com o Ministro, temos urgência na realização desse seminário em
relação à minuta. É para a gente pensar de que maneira vamos trabalhar esse
planejamento para que não se atropele e se pense de maneira organizada, porque
não adianta a gente ter pressa e depois sair mal feito.
Maria Augusta – Deixa-me só tirar uma dúvida. Você colocou que o
seminário que vocês realizaram foi para constituir a Comissão Organizadora,
redigir o documento base e qual era a terceira tarefa?
Bianca– Foi o seguinte, teve a convocatória pelo Ministro e pelo
Conselho Nacional que institui, convoca a realização da Conferência, com isso
tem uma portaria que diz quem é o Coordenador da Conferência e os membros da
Comissão Organizadora que são indicados pelo Conselho Nacional. Uma vez
instalado isso oficialmente no Diário Oficial da União essa Comissão começa a se
reunir para pensar metodologia, para pensar os eixos, para discutir o tema central,
porque isso foi discutido, levada a ideia para a Comissão, a Comissão debate,
lógico que tínhamos a Ciça que estava acompanhando todo esse processo porque
temos que pensar o tema central, no caso da saúde, os eixos, e aí, o que vamos
discutir? Como vamos fazer? Foi feito elaborado o documento orientador com
questões problematizadoras, foi passado na Comissão. Então assim, são passos
que tem que ser dados. A relatoria como ela se organiza? São detalhes que não
podem passar batidos. É bobagem. Não, tem todo um processo de organização
que antecede as etapas locais, porque o que se discutiu nas etapas locais foi
baseado em um documento orientador para subsidiar a relatoria para a etapa
distrital e assim sucessivamente. Eu creio que fazendo duas atividades
concomitantes não sei como conseguiríamos, no caso como CNPI, como Funai,
como governo, dar conta de tanta demanda assim para o primeiro semestre, então
acho que pensar prioritariamente, no caso, as oficinas por conta da urgência da
portaria e se instala a Comissão Organizadora, não que ela deixe de trabalhar, mas
já se pensa na instalação da Comissão Organizadora enquanto um grupo trabalha
na questão da portaria para a gente se organizar mesmo e unir forças, porque não
adianta, o que acontece, o mesmo grupo que vai estar discutindo a portaria vai
estar também envolvido na organização da conferência e acaba prejudicando um e
outro. Para a gente pensar de que maneira podemos internamente nos organizar e
já instituir essa Comissão.
Maria Augusta – Só mais uma dúvida. Quantas reuniões e etapas
preparatórias vocês fizeram na nacional?Locais, e distritais?
Bianca – Foram 306 etapas locais com o envolvimento de 23.505 pessoas.
Para acontecer essas etapas locais a Comissão Organizadora se reuniu desde
janeiro pensando documento orientador, pensando como seria a metodologia e aí
foi toda uma metodologia baseada na Comissão de Relatoria, então tem todo um
desenho metodológico que tem que ser discutido para se iniciar uma etapa local,
porque a gente sabe o que vai acontecer na etapa local e o fluxo que vai até a
nacional.
Maria Augusta – Ok, obrigada Bianca.
Teresinha – Já temos três pessoas inscritas.
Bianca– Gente eu não sei se eu me fiz entender, para a gente nesse
momento no planejamento ver o que a gente prioriza e uma coisa para não ficar
chocando, para acontecer os dois planejamentos da melhor forma possível.
Aproveitando enquanto ainda não passo a palavra eu vou me despedir porque eu
vou ter que sair por conta de outro compromisso com o Fórum Mundial de
Direitos Humanos que nós vamos falar também sobre a Conferência, eu já tinha
avisado no início das atividades, mas é um prazer. Desculpa, presidenta, tomar
assim a fala. Mas é um prazer estar com vocês, não sei se agora eu posso falar um
feliz natal e um próspero ano novo, que 2014 seja melhor que 2013 e é sempre
um prazer estar aqui com vocês. Nos encontraremos em outros fóruns, em outros
momentos, em outras reuniões, em outras assembleias. Um beijo no coração de
vocês e até a próxima e desculpe qualquer coisa, se não foi atendido com tanto
carinho, tanto acolhimento algumas demandas, mas é porque como ser humano a
gente acaba cometendo alguns equívocos, mas sempre no sentido de estar
melhorando e acertando. Bom final de semana, bom retorna a todos vocês que
estão conosco desde a semana passada, principalmente.
Teresinha – Obrigada Bianca. Obrigada Bianca e um feliz natal para você
também. Primeira inscrita então nós temos a Chiquinha.
Chiquinha Paresi – Bom, Chiquinha Paresi, Mato Grosso. Bianca
obrigada viu Bianca e você está convidada para compor a nossa Comissão, aquela
Comissão que nós estávamos falando, até por conta de toda discussão que nós
tivemos entre nós paralelamente, mas assim, é muito importante isso para vocês
nos ajudarem a pensar, essa Conferência para nós é muita prioridade. Obrigada.
Bianca– Apoio integral e restrito. O que vocês precisarem, vocês sabem
que podem contar para a gente está reunindo e discutindo.
Maria Augusta – Desculpa interromper a fala Chiquinha, rapidinho.
Você não tem escapatória, você vai sair para a outra reunião, mas a gente vai te
colocar na Comissão está bem?
Bianca– Aceitadíssimo, só comunica o meu chefe também tá gente.
Maria Augusta – Eu falo com ele, pode deixar.
Chiquinha Paresi – Bom o que eu queria dizer é o seguinte, afinal nós
vamos ter o ano que vem bastante tumultuado se for pensar bem, o calendário e
tal e de certa forma a prioridade maior para nós é realmente essa Conferência e eu
queria lembrar aqui a todos, é bem rápida a minha fala, em relação a essa questão
da participação que não é só a nossa participação, mas é a participação de todos
os envolvidos, inclusive os governos estaduais e municipais. Nesse sentido os
governos estaduais vão estar envolvidos com a questão da eleição, ano que vem é
eleição e é Copa do Mundo, então nós temos aí dois eventos que praticamente vai
envolver o Brasil 100%, então é nesse sentido que a gente está preocupada aqui,
inclusive a nossa Comissão, a gente está preocupada exatamente com esse tempo
e de como vai ser dividido, distribuído esse calendário e principalmente casando
com a questão, quero lembrar os companheiros aqui, a questão do orçamento,
porque isso tem que estar previsto de um ano para outro. Essa é a questão que eu
estou bastante preocupada. Obrigada.
Teresinha – Obrigada Chiquinha. Rosa.
Rosa Pitaguary – Boa tarde a todos, Rosa Pitaguary, nordeste e leste
APOIME. Assim, nós tivemos uma reunião, foi criada uma pequena Comissão
para que a gente pudesse exatamente estar discutindo essas questões e a nossa
preocupação é exatamente em cima de ser um ano muito cheio que viria um ano
de Copa, um ano eletivo e por conta disso nós nos preocupamos muito
exatamente porque essa Conferência para nós é prioritária e agora a gente está se
debatendo com essa questão das oficinas, dessa minuta, enfim, e nós tivemos uma
conversa paralela onde a gente estava exatamente vendo como fazer. Como nos
organizar para o próximo ano vendo todas essas questões e vendo também como
seriam realizadas tanto as Conferências, nós tivemos essa conversa para a gente
estar fazendo essa troca de ideia. Eu fico muito preocupada porque a gente
precisa realmente nos planejar, nos organizar e por conta disso o tempo é muito
pouco para que a gente possa estar trabalhando a questão da Conferência e para
estar acontecendo a Conferência Nacional para o próximo ano. Está muito corrido
e eu acho que a gente teria que ver bem essas questões.
Teresinha – Obrigada Rosa. Rosane.
Rosane Kaingang – Bom, Rosane. Eu concordo com o que a Chiquinha
disse, e a Rosa Pitaguary, e ainda temos mais, nós temos aqui, eu estou lendo aqui
a ata resumida da 2ª Reunião Preparatória da CNPI 19/11/2013, tem mais uma
atividade aqui da PNGATI, então aqui está, as atividades são: dez oficinas
regionais entre os meses de março e maio de 2014, então é complicado, uma série
de atividades também com e essa da PNGATI. Então nós temos que refletir
porque às vezes a gente tem muitas atividades nas nossas regiões e acabamos por
fazer mal as coisas e dizer, a presidente da Funai não está na sala, mas para
contribuir nós tivemos nove ou dez oficinais regionais de Política Indigenista e
está no acervo da Funai como foi o sistema de convocação e quem dirigiu as
conferências regionais foram as organizações indígenas e lideranças dentro de
uma portaria colocada pela Funai e a minha sugestão é CNPI, organizações
indígenas, dirigindo essas Conferências e elas têm que ter o formato das
conferências como houve da política indigenista, porque no quesito saúde
começou tantos seminários locais, estaduais, não sei o quê, regionais, confundiu
os nossos povos na ponta, no quesito da saúde, esse formato da saúde que houve.
Então, a minha sugestão é nesse sentido porque já temos dentro da Funai um
exemplo de como foram essas Conferências regionais de política indigenista e a
nacional dentro desse sistema que a Bianca falou, é isso, então tem que refletir
sobre essa mesma agenda da PNGATI. Obrigada.
Teresinha – Só por uma questão de ordem, vou falar como Secretaria
Executiva, Teresinha Secretaria Executiva, a Rosane questiona. Só para
esclarecer esse ponto da Rosane porque ficou uma dúvida. Por que só entre março
e maio? Porque o orçamento da União só abre no fim de fevereiro e começo de
março, até aí todos os ministérios se não for aprovado até dia 31 agora só vão
trabalhar com um doze avos, para nós conseguirmos fazer as nossas conferências
regionais em mês de janeiro e fevereiro é muito difícil conseguir recurso, todo
mundo sabe que nós só temos que fazer as nossas reuniões a partir de março
como todo Conselho. Bo,, março, abril e maio está livre, junho nós temos a Copa,
julho, agosto e setembro é o período eleitoral, ou seja, três meses antes da eleição
e três meses depois da eleição não se pode fazer Conferência porque caracteriza
campanha eleitoral. Eu me baseei no Código Eleitoral de Eleições para saber
como fazer e eu achei que eram só três meses, são seis meses, são três meses
antes não se pode marcar nada e três meses depois porque caracteriza campanha
eleitoral a junção de pessoas. Você faz três meses antes você está durante a
campanha, três meses depois você fez uma promessa antes que três meses depois
será realizada, é um ano difícil por isso, então sobrou mesmo, outubro, novembro
e dezembro, sobrou mesmo março, abril e maio. Por isso o tempo é exíguo, muito
exíguo mesmo para nós fazermos isso. Sim, mas o Jaime já vai entrar, o Jaime já
está inscrito aqui e ele também vai entrar nessa questão da PNGATI com uma
proposta que a PNGATI tem de fazermos juntos a PNGATI e a Conferência.
Acho que o Jaime entra nessa, vamos continuar os inscritos porque eu só
justifiquei porque os três meses. Vamos ao próximo então, Dourado.
Dourado Tapeba – Eu queria só lembrar, a Rosane já fez uma parte da
fala que eu ia falar, em relação a questão organizadora que seria a própria CNPI,
as organizações indígenas e também envolver a questão dos professores e a
questão da articulação nacional da juventude também estar participando da
Comissão Organizadora, era só isso para acrescentar.
Teresinha – Obrigado Dourado. Marcos Xukuru.
Marcos Xukuru – Marcos Xukuru, da região nordeste e leste. Eu estou
mais cego em tiroteio porque a gente está no planejamento de 2014, ou estamos
falando da Conferência Nacional de Política Indigenista?
Maria Augusta – Vamos retomar aqui, rapidinho gente, vou tentar
explicar Marquinhos. Quando a gente começou ainda tinha algumas pessoas fora
da sala, a gente conversou o seguinte, que para fazer o planejamento de 2014 a
gente tinha duas coisas fundamentais além do quê, de planejar os nossos trabalhos
aqui da CNPI para 2014 que são cosias que já foram discutidas aqui na Plenária
da CNPI que é a questão da realização da Conferência que é uma agenda que está
proposta para ter início em 2014, tem algumas inclusive propostas de realizar a
própria etapa nacional em 2014, o que foi tirado aqui na vinda do Ministro que
era a realização de 10 oficinas para a discussão da portaria e também a agenda de
trabalhos da CNPI. Então dentro do planejamento de 2014 a gente está se
propondo a fazer esses três pontos principais de discussão, é isso. Mas se também
tiver alguma proposta de encaminhamento diferente a gente pode rediscutir.
Teresinha – Questão de ordem, Lindomar. Encaminhamento? De
encaminhamento tem Simone, Saulo e Jaime inscrito, quem sabe a gente houve,
encerram aqui e a gente já encaminha, pode ser Lindomar? Então é Simone.
Simone Karipuna – Oi, boa tarde, Simone Karipuna, região Amazônica.
Na realidade eu sigo na mesma, um pouco aqui, apesar da Guta ter dado uma
tranquilizada, mas eu estou me sentido um pouco confusa, e não estou
conseguindo visualizar muito a forma que nós estamos discutindo agora, vocês
me perdoem, mas é a forma que eu vou tentar me encontrar aqui, vou ser bem
breve. Nós temos três meses apenas, se eu tiver errada Teresinha me corrige, três
meses apenas para pensar nos seminários sobre a minuta da portaria, nós temos
também, estamos pensando também aqui sobre a Conferência Nacional de
Política Indigenista. Certo? A gente precisa estabelecer primeiramente o que nós
vamos pensar de que forma vai ser executada no ano que vem, o que a gente
agora vai planejar. Primeiro é o seminário sobre a portaria da minuta? A minuta
da portaria desculpa. Ou a gente vai pensar agora de como vai se dar toda a
questão da Conferência Nacional? Eu estou meio confusa, estou baratinada aqui.
Paralela a isso também tem a questão da PNGATI que é justamente a implantação
de tudo. Aproveitando isso eu já remoto um pouquinho, a gente como
Subcomissão de Etnodesenvolvimento, a gente tem visto que tem acompanhado
que está ocorrendo a reunião no Comitê Gestor da PNGATI e a Subcomissão
solicita aqui também essa participação nessas reuniões. Com essa questão eu fico
pensando, a Rosa falou e a Chiquinha também mencionou, a gente estava aqui
esperando iniciar a reunião e a gente teve um bate volta de conversa entre várias
lideranças e pensamos como poderia ser a Conferência Nacional e a gente
pensando como se daria isso. Também foi discutido muito isso hoje, os moldes de
como foi a questão da Conferência de Saúde. Foi muito boa. A gente
acompanhou, eu acompanhei várias lideranças aqui acompanharam e viram a
importância que é, até porque, como a Chiquinha falou, a abrangência da
Conferência local, da Conferência Nacional não será somente para indígena,
porque a gente vai querer pegar vários parceiros tanto municipal, de várias
instâncias no nível local, para que a gente possa, a nível estadual também, fazer
todo esse nivelamento do que é a importância da Política Indigenista. Eu acho que
se for por aí, eu começo a dar uma visualizada de como é isso.
Teresinha – A presidenta está colocando que a Lúcia vai fazer um
calendário, vai tentar colocar o que for falado para no final a gente conseguir
fechar. Obrigada Simone. Saulo.
Saulo – Eu acho que a discussão sobre planejamento de 2014 tem que ser
concentrada na Conferência Nacional de Política Indigenista. Sobre essa
discussão de PNGATI.O que eu entendo, se nós vamos realizar uma Conferência
Nacional de Política Indigenista PNGATI, embora a PNGATI já tenha uma
proposta, tem inclusive um orçamento próprio para realização dessa discussão a
PNGATI é também parte da Política Nacional. Então o que eu entendo é que a
ação, o planejamento de 2014 deve ser a realização da Conferência Nacional de
Política Indigenista. A minuta tem que se submeter a esse processo, não faz
sentido, e a gente vai ter que explicar isso para o Ministro, não faz sentido
nenhum a gente estar discutindo uma Política Indigenista em nível nacional, e ao
mesmo tempo estar antecipando a discussão de uma minuta, quer dizer, a gente
está colocando a proposta, a minuta de portaria acima da Conferência Nacional de
Política Indigenista. Então, nós temos que agir com coerência. Acho que essa
conversa a gente tem que falar com o Ministro. A celeridade que o Ministro pede
é impossível ser menos que um ano, se é para fazer essa discussão. A Conferência
Nacional de Saúde não conseguiu fazer em um ano não é? É mais de um ano
porque tem as locais, a gente, se não fossemas eleições nós achamos que até
junho a gente fecharia a etapa nacional. Mas, com as eleições e o Ministro deve
entender isso melhor do que a gente, não dá para fazer a Conferência Nacional
antes das eleições, só depois das eleições, lá para começo de dezembro. A
nacional, porque a gente pode realizar as consultas regionais, o ideal seria realizar
as locais, não vai ser possível, não vai ser possível do ponto de vista de tempo
principalmente. Agora, o que eu fico muito bem convencido de que é capaz a
gente realizar esse esforço, porque há essa necessidade de realizar essa
Conferência Nacional de Política Indigenista, é que pelo que me parece, pelo que
a gente conhece dos outros Conselhos que a Guta falava de manhã é importante
lembrar Guta, são 34 Conselhos, desses 34, apenas os povos indígenas e as
populações tradicionais não tem status de Conselho, são 32 Conselhos e duas
Comissões, simbolicamente isso é muito ruim, isso para mim caracteriza racismo.
Então, até do ponto de vista simbólico a gente tem que argumentar. Acho que
durante a gestão Lula foram 14 ou 15 Conselhos reestruturados ou criados. Então,
porque só a Comissão Nacional de Política Indigenista e a Comissão Nacional de
Desenvolvimento dos Povos e Comunidades Tradicionais não podem ter status de
Conselho? Para o estado brasileiro é muito ruim. Mas enfim, eu acho que a nossa
proposta seria: vamos realizar a Conferência Nacional de Política Indigenista, a
PNGATI é um dos pontos mais importantes a serem considerados nessa
Conferência, por isso pensar o tempo que vai ser dedicado a cada tema vai ser um
exercício da Comissão que vai preparar a Conferência e a minuta vai ter que ser
submetida a esse processo senão a gente inverte completamente a lógica e o
esforço e o compromisso dos povos indígenas vai ser para chegar ao final do ano
com a Conferência já realizada. Eu acho que não dá para pensar para além disso.
A outa coisa que eu gostaria de deixar aqui registrado, a CNPI tem experiência
também em execução das atividades tanto das próprias reuniões como das
oficinas com o investimento de poucos recursos. Vejam a Secretaria Executiva da
CNPI que nem são pessoas da CNPI, Funai e Ministério da Justiça se articulam,
coordenações, não tem despesas para o estado. As oficinais do Estatuto foram
realizadas da maneira mais econômica possível, inclusive a etapa nacional o
governo nem arcou, foi o próprio movimento indígena. Isso não é argumento,
financeiro não é argumento e tempo também não é argumento porque eu acho que
a CNPI consegue junto com as organizações indígenas fazer isso rapidamente e
da maneira mais econômica possível.
Maria Augusta – Obrigada Saulo. O próximo é o Jaime.
Jaime – Oi, Jaime da Funai. Eu queria reforçar um pouco algumas
questões que o Saulo levantou, e alertar para a importância que a gente está vendo
de fazer de forma integrada a Conferência de Política Indigenista e de Gestão
Territorial e Ambiental, mas fazer de forma integrada mesmo, a gente quer evitar
alguns riscos nesse caso, seja de colocar essa discussão da PNGATI em segundo
plano ou seja fazer ela fragmentada. Então agora vamos discutir a Política
Indigenista, dois, três dias para isso, vamos pegar dois dias para fazer da
PNGATI, tem que fazer integrado mesmo. Os temas que a PNGATI coloca, acho
que 70% dos temas da Política Indigenista estão ali dentro, agrega mais saúde,
educação e a gente tem o conjunto da obra. A gente tem assim, a Comissão que
for ficar responsável de organizar esse processo tem que pensar,
metodologicamente, isso de ter tempo suficiente para discutir o conjunto de temas
que são muito complexos e que seja discutido de forma integrada, que a gente não
fragmente e nem deixe um tema renegado ao segundo plano, essa é uma questão.
O Comitê Gestor da PNGATI na sua 1ª Reunião já propôs isso, os representantes
indígenas, os representantes de governo que fazem parte, muitos deles fazem
parte da CNPI também, já fizeram essa proposta de integrar e fazer uma coisa só.
Só que assim, a avaliação do Comitê Gestor da PNGATI era que era impossível
fazer essa Conferência em 2014, a proposta do Comitê Gestor da PNGATI foi
fazer em abril de 2015 por conta de todas as questões que já foram levantadas
aqui. Eu sei que existem contra-argumentos dizendo que em 2015 será outro
governo, a gente não sabe se vai ter compromisso de fazer a Conferência em
2015, que é legal tentar acelerar o passo, mas se a proposta é fazer 10
preparatórias. Se a proposta é fazer 10 preparatórias e mais essa demanda dos
seminários que eu não sei se vai ficar inserido ou não no contexto das
preparatórias, eu acho um tempo, pessoalmente,acho apertado e o Comitê Gestor
da PNGATI também achou difícil fazer em 2014, mas enfim, a decisão nesse caso
cabe a CNPI, como a gente destacou ontem a CNPI também é órgão de
governança da PNGATI, é o órgão, digamos assim, máximo de governança da
PNGATI, se a CNPI decidir assim vamos tocar o barco assim, mas pessoalmente
e o Comitê Gestor também entendeu assim, a gente está vendo dificuldade de
conseguir cumprir toda essa agenda em 2014. Do ponto de vista da PNGATI, da
Conferência da PNGATI, uma das questões importantes é discutir propostas para
o novo PPA, está certo? Porque a PNGATI apesar de já ter algumas ações
previstas no PPA em vigor antes mesmo da assinatura do decreto, a grande
maioria das ações não tem previsão orçamentária, e precisa. É um dos temas, um
dos objetivos importantes da Conferência é subsidiar o novo PPA. É claro que
não precisa ser só a Conferência a fazer isso, a gente tem outras formas de
influenciar o próximo PPA e ele vai começar a ser discutido em 2014, 2015, por
isso que a gente achou no âmbito do Comitê Gestor que o prazo máximo para
realização da Conferência seria abril de 2015 para dar tempo de ter propostas
concretas para o próximo PPA 2016-2019. Então é um pouco isso que eu queria
destacar, reforçar essa ideia de fazer junto, mas de forma integrada, de forma
articulada para que a gente tenha bons resultados, mas assim, eu acho tem o
desafio agora é pensar o tempo disso, a organização desse processo porque fazer
uma Conferência não é uma atividade simples, é um negócio extremamente
complicado que exige bastante mobilização e bastante planejamento e pensando
no caso da PNGATI em uma previsão orçamentária para o próximo PPA. Acho
que era isso.
Maria Augusta – Paulino está inscrito, eu já vou te passar a palavra, eu
só queria fazer algumas considerações aqui gente. Assim, isso que o Saulo coloca,
e que o Jaime reforça um pouco, só para colocar para vocês que é a posição da
Funai, em que sentido? No sentido de que, na verdade não é que a gente vá fazer
junto, duas coisas, a Conferência Nacional de Política Indigenista e a Conferência
Nacional da PNGATI, juntar as duas coisas, na verdade elas são uma coisa só. A
Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental é uma parte fundamental da
Política Indigenista que a gente quer ver discutida, implementada, enfim, pensada
na Conferência para poder se tornar em um instrumento único que regulamente a
Política de Promoção e Proteção aos Direitos de Povos Indígenas no Brasil. E,
outra consideração que eu queria fazer é o seguinte, eu até fiz questão de fazer
essa pergunta para a Bianca antes dela sair, assim, a gente fez uma avaliação
super positiva da Conferência Nacional de Saúde Indígena, que houve um
cuidado de fazer toda a preparação, a discussão nas bases, de isso vir subindo
para instâncias regionais e depois chegar a uma etapa nacional que é o modelo
mais adequando para você pensar uma Conferência, e ela disse que foram 306
reuniões de etapas preliminares, 306, então assim, a gente aqui falar em 10
reuniões me parece buscar simplificar um processo que é o contrário, que tem que
ser enriquecido, que tem que ser intensificado porque afinal de contas nós
estamos tratando e planejando realizar a I Conferência Nacional que vai pensar a
Política Nacional para os Povos Indígenas no Brasil. Exatamente, o Marquinhos
está falando que tem que ser dentro desse modelo, essa é um pouco a avaliação
que eu tenho também, eu acho que seria simplista a gente pensar em, sei lá, 10,
que fossem 20 etapas preparatórias. Eu acho que a gente tem que pensar muito
mais do que no tempo que isso precisa ser realizado, mais na qualidade desse
trabalho preparatório para que possamos vir para uma etapa nacional com
subsídio bastante forte e embasado para a gente tratar de uma política nacional,
que não é uma coisa simples, não é uma coisa qualquer, é um trabalho muito
importante, é fundamental para direcionar o futuro da Política Indigenista no
Brasil. Paulino.
Paulino – Obrigado. Na verdade, o Saulo adiantou um monte de coisas
que eu queria reiterar, o Jaime concordou, e a presidenta idem. Eu só queria
reforçar, de fato, que eu acho que o que nós estamos discutindo agora é a agenda
do próximo ano, acho que a gente teria que ser consensual quais serão as fases da
Conferência e já definir as datas. O que nós vamos fazer no primeiro trimestre, e
o que nós vamos deixar para os últimos três meses do ano, e acho que tem que
conciliar a agenda da Conferência enquanto atividade prioritária, número zero,
com as reuniões da CNPI, porque eu entendo que a Comissão Organizadora tem
que passar pelo âmbito da CNPI, ampliada, não do jeito que está aqui, aqui está
só a CGI, GSI não é? Com todos os órgãos que tem algum envolvimento com a
Política Indigenista, ou seja, tornar efetiva a plenária da CNPI enquanto órgão
responsável pela preparação da comissão da política indigenista. Eu acho que esse
é o grande desafio, porque desse jeito aqui não vai dá para planejar Conferência
nenhuma, então esse é o primeiro desafio. Eu diria que, Jaime, a gente sabe como
está a discussão, tem que fazer um trabalho didático, político, técnico, muito sério
para convencer a opinião tanto do Comitê Gestor, quanto dos órgãos envolvidos,
quanto dos gestores de que a PNGATI não é uma Conferência paralela à Política
Indigenista. Aqui entre nós tem entendimento que são duas Conferências
paralelas, juntas, isso tem que superar, porque evidentemente o foco central e o
peso da PNGATI é a sustentabilidade, a proteção, a sustentabilidade dos
territórios indígenas, mas é tão importante quanto o tema da saúde, da educação,
da resistência, da promoção cultural, sociocultural dos povos indígenas, acho que
a gente tem que nesse sentido abrir o debate, talvez não seja esse momento,
porque no meu entendimento não é só uma questão de agenda, de datas, é uma
questão de metodologia de conteúdo da Conferência e tratar os assuntos no
mesmo patamar. Todos os aspectos que dizem respeito aos povos indígenas, áreas
indígenas, tem que ser tratados no mesmo porque aquela Conferência que o
Mércio fez, é a Conferência dele, esse é o momento de se discutir a Política de
Estado para os povos indígenas, a Política Indigenista que o Estado brasileiro vai
estabelecer a partir de 2015 com os povos indígenas em todas as áreas, em todas
as dimensões, porque além da PNGATI tem um assunto, presidenta, que nós já
discutimos há um ano e quatro meses, desde quatro de setembro de 2012, que é o
tema da reestruturação de ser levada para a ponta. Como vamos tratar isso?
Vamos tratar no âmbito da Conferência ou vamos tratar em outra agenda paralela
para as bases? Esse é um assunto que tem que se tocar porque a reestruturação
não vai para frente discutindo aqui na CNPI não, por mais que haja representação
qualificada e respeitada e legitimada, a reestruturação vai se discutir, lá na ponta
junto às comunidades, os povos, às organizações, às sociedades. Como que a
gente vai conciliar isso ou isso vai fazer parte da pauta de conteúdo da
Conferência. Como que vamos conciliar tem um monte de agendas que a gente
tem que ver se faz coincidir, separa, posterga a outro, inclusive a minuta da
portaria é certamente e concordo com os companheiros, fica atrelada e
subordinada à dinâmica maior que é das Conferências, senão a gente está
subvertendo a ordem, que já houve uma subversão da ordem no encaminhamento
dessa portaria, pois uma portaria não pode estar acima de um decreto assim como
um decreto não pode estar acima da Constituição, de uma lei, e uma lei está acima
da Constituição. Acho que a gente tem que tratar as coisas na ordem correta e o
quadro da conjuntura Política eleitoral do próximo ano condiciona a gente,
lamentavelmente, não tem como forçar a barra para tocar uma minuta ou qualquer
outra atividade a não ser atrelada a perspectiva da Conferência e ajustar à agenda
da CNPI e a agenda da Conferência. Acho que esse é o grande desafio e muito
trabalho, mas a expectativa é que seja com a participação de todos os órgãos do
governo, não só com os que estão aqui, senão acaba virando uma reunião de
indígenas e não da Política Indigenista do País.
Teresinha – Só uma questão de ordem, eu vou furar a fila aqui, como nós
não temos nenhum representante do Ministério da Justiça, nem um titular e nem
um suplente, eu acabei de falar com o Dr. Marcelo, porque o Ministério da Justiça
tem que responder também alguma coisa sobre as Conferências e sobre a minuta
da portaria, e o Dr. Marcelo pediu que eu transferisse a vocês que a discussão, as
oficinas da portaria, da minuta de portaria deveria ser o quanto antes em função
de que senão ficarão paralisadas todas as demarcações, portarias, mas quando
mais nós demoramos mais tempo fica. Então o que deveria ser em primeiro lugar
as oficinas da portaria e em seguida da Conferência. Estou transmitindo o que ele
me passou que era para nós avaliarmos bem, mas o que mais urgente agora seria
nós definirmos a minuta da portaria para que continuassem tocados os processos
de demarcação de terra indígena.
Rosane – O chefe dele disse que não ia paralisar as demarcações.
Teresinha – Sim, mas por isso, ele não ia parar as demarcações, mas
pedia que houvesse pressa e prioridade para que seja largada essa portaria. Para
isso ele pediu urgência, então transmito o que o Marcelo pediu que a gente
avaliasse bem. Eu coloquei que havia prioridade primeiro em primeiro lugar as
Conferências regionais e dentro delas as oficinas e ele pediu que nós
discutíssemos prioritariamente as oficinas para que continue sendo feita a
demarcação o mais rápido possível. Agora volto à palavra para vocês. O Elmir, da
Secretaria Geral da Presidência da República, em seguida o Saulo.
Elmir – Boa tarde, sou o Elmir, da Secretaria Geral. Em beneficio da
produtividade do trabalho eu acho que a gente poderia seguir dar uma sequência
da seguinte forma, primeiro definir quando a gente vai ver as sugestões de data
para essa Conferência, para a nacional, e em função disso determinar o que a
gente pode fazer e qual é a extensão, por exemplo, dos debates na base que vão
prepara essa Conferência. Eu acho que isso seria um procedimento que deve nos
ocupar agora imediatamente para a gente poder avançar. Obrigado.
Teresinha – Obrigada Elmir. Saulo.
Saulo – Vou dialogar com a Guta, a Bianca e o Marquinhos. A Bianca
não está mais.Não está, mas é a parte da fala deles. Eu acho que vocês pensam
muito burocraticamente, eu penso desburocratizando os processos. Os povos
indígenas sempre fizeram suas auto consultas, no ano de 2000, foi realizada a I
Conferência dos Povos Indígenas do Brasil, que a gente se esquece disso, não foi
aquela de 2006. Participaram cinco mil pessoas em Porto Seguro. Em um ano
foram produzidas umas cinco mil cartilhas Paulino em várias línguas com todo o
material que ia ser discutido, os pontos principais de discussão e as organizações
indígenas fizeram o processo preparatório. Porque também, outra coisa ruim é o
movimento indígena ficar na dependência do Estado, então as organizações
indígenas são interessadas nesse processo, não dá para só fazer uma reunião se
tiver alguém do Estado lá para legitimar. Por isso que eu acho que se é uma
preparação prévia, quando nós discutimos essas 10 oficinas a gente discutiu que
teria que haver um material produzido, que teria que ter uma linguagem acessível
para o povo que é alfabetizado e para o povo que não é alfabetizado, que teríamos
que ter os tradutores do processo, para só depois acontecer as 10 oficinas
regionais, quer dizer, nós teríamos formas de pensar. A Funai tem as
coordenações locais, as organizações tem os seus contatos, tem que haver uma
contribuição entre, principalmente a Funai, mas aí já entre a SESAI também. No
caso da Conferência Nacional de Saúde, a gente tem uma estrutura que você tem
o Conselho Local, não tinha como não passar pelo Conselho Local, porque aí
seria inclusive desonesto, tem o Conselho Local, tem o Conselho Distrital, então a
própria estrutura do subsistema ela impõe isso e se não fizer assim fica
invalidado, entendo eu. Inclusive eu acho que eu fui um dos primeiros aqui a
discutir sobre o sistema, quando o CIMI propôs isso disseram que era uma
viagem do que nunca ia ser efetivado. Lógico que a gente não pensou assim, um
subsistema que ia ter essa ingerência grande do poder político, enfim, não vamos
discutir isso. Mas o que eu estou dizendo é que na nossa proposta que a gente
quando se reuniu no Ministério da Justiça a gente pensou que tinha que haver a
discussão prévia das comunidades, por isso que eu estou falando,
desburocratizando antes das dez oficinas teria que haver a preparação prévia,
agora, as deliberações só ocorreriam nas oficinas e quem viesse para as oficinas,
porque também a gente não apresentou uma proposta não é? Já seria
automaticamente o delegado da Conferência Nacional, a gente não elegeria dado
isso que vocês colocam, quer dizer, o poder está na comunidade, a comunidade
participa do processo de discussão, mas ela envia os seus membros para a
regional, quem vem para regional já é delegado da nacional, não tem processo de
eleição, aí não tem como não aferir o poder dado a comunidade que aí é outra
coisa da metodologia que tem que discutir bem, é a comunidade indicando quem
vai para essas dez. É só para dizer que na proposta como a gente discutiu naquele
dia a gente pensou também que teria essa local, mas o momento local não estaria
necessariamente sendo. É, institucionalizado, seria um espaço mais autônomo de
discussão. Agora, qual a obrigação, no caso, da CNPI e da Funai, principalmente,
é como fazer com que as comunidades estejam discutindo, o que vai ser
disponibilizado, que documento eles vão receber, por exemplo, isso que vocês
nos entregaram aqui, como vai para a linguagem das comunidades, e aí como
entra as organizações, qual a demanda disso. Enfim, é só para dizer que isso não
começa nas dez oficinas.
Teresinha – Entendi. Obrigado Saulo. Marcos Xukuru.
Marcos Xukuru – Bom primeiro dizer Marcos Xukuru, da região
nordeste e leste. Não sei por que Saulo me citou nesse negócio, eu apenas
concordei que eu acho que todos os povos devem ser escutados, isso é uma coisa
que eu já vinha falando e citei exatamente como se no Rio Grande do Sul onde a
Rosane colocava que foi péssima a situação lá da SESAI, infelizmente a gente
não pode por questões generalizar o que houve, o que aconteceu, sei que em
Pernambuco nós acompanhamos enquanto controle social, enquanto cacique,
enquanto liderança em todos os aspectos em Pernambuco e de fato uma discussão
que foi extremamente importante e a participação efetiva das lideranças
indígenas, dos Conselhos locais, de professores. Houve um envolvimento de fato
da participação na construção da Política de Saúde Indígena. O que o colega ali
concordo, acho que tem que haver sim esse envolvimento, agora, evidentemente
dentro dessa metodologia que você coloca aí eu acho que é extremamente
importante também, porque é uma coisa que eu não tinha ainda escutado, não
tinha visto isso. Outra coisa é em relação à resposta de Marcelo, eu acho aqui que
não podemos atrelar de forma alguma essa questão da portaria à demarcação das
terras indígenas, essa minuta de portaria, ou seja, forçando a barra aqui para a
CNPI que nós temos que discutir urgentemente essa situação senão aí demarcar a
terra indígena. Então assim, está com a faca no pescoço da gente, eu
particularmente acho que não é bem por aí. Quando nós falamos aqui que iríamos
analisar e discutir o processo é no nosso tempo, o nosso tempo que nós estamos
colocando é nessa perspectiva da escuta local e vindo para algo dessa magnitude
ouvindo a todos e todas dentro do processo. Eu, particularmente, discordo de
atrelar essa discussão da minuta de portaria nessa urgência que se coloca o
Marcelo nessa discussão, eu discordo completamente e a gente tem que seguir e
tocar o barco dentro dessa perspectiva da Conferência Nacional de Política
Indigenista assim como está sendo colocada, e proposta aqui pelos demais
companheiros.
Teresinha – Obrigado Marcos Xukuru. Próxima inscrita, Maria Augusta,
presidenta da Funai.
Maria Augusta – Não, só assim, dialogando um pouco com a proposta do
Saulo que eu acho que é bem interessante, claro que não desconsiderando o que
foi realizada a Conferência Nacional dos Povos Indígenas, mas assim, a gente
vem refletindo muito e até fizemos um pouco internamente essa discussão na
Funai, de que eu acho que a gente precisaria dar um passo a diante em relação ao
que já houve, que seria você ter uma Conferência que discutisse a Política
Indigenista e, inevitavelmente, você vai ter a necessidade para ver essa política
que vai ser discutida na Conferência e para ver ele implementada você vai
necessitar de atores governamentais ou o poder público, do estado para que essa
política possa se implementar efetivamente, não no todo efetivamente porque uma
política não se implementa só a partir de uma ação do estado, mas vai contar
também com a necessidade de você ter ações públicas, ações do poder público.
Então, eu acho que ter uma Conferência pensando a política e por isso talvez eu
tenha imaginado ela em um modelo muito mais burocrático como é inerente a
tudo que leva participação de representantes do estado, mas é você ter também
uma participação de governo nessas discussões desde a base, isso é uma coisa que
dá trabalho, que leva tempo, que custa dinheiro, que vai um investimento de
orçamento bastante grande que foi um pouco o modelo como foi pensada e
realizada a Conferência Nacional de Saúde Indígena. Claro que eles têm um
conjunto, um sistema de participação e controle social dentro do Sistema Único
de Saúde, dentro do SUS, que já é muito mais, digamos assim, fechado no que diz
respeito à forma de indicação de representações, à participação dos próprios
Conselhos na eleição de delegados, como a Bianca colocou aqui na discussão do
texto base, enfim, a Comissão Organizadora da Conferência foi retirada de dentro
do próprio Conselho que é uma coisa que eu fiz um pouco um paralelo pensando
que a agente poderia trabalhar isso aqui dentro da CNPI para, enfim, tirar essas
primeiras premissas e esses primeiros trabalhos que teriam que ser organizados na
Conferência. Eu acho que esse modelo mais livre é bastante interessante, mas eu
acho que nós estamos em um momento do nosso histórico na relação do estado
com os povos indígenas do Brasil que requer uma participação governamental
ainda bastante forte para que a gente possa ter essa discussão incorporada,
internalizada no governo desde o que se pensa na base até se chegar para uma
etapa nacional. Mas assim, para reflexão, não precisamos também fechar isso
nesse exato momento, mas, colocando a partir de o quê a minha fala foi feita e
como a gente tem pensado um pouco esse processo da Conferência na Funai.
Obrigada.
Teresinha – Obrigada Guta, próximo inscrito Brasílio.
Brasílio Priprá – Brasílio Priprá, Santa Catarina. Eu acho assim, é como
dizem os companheiros, eu acho que a gente deve discutir, se comprometeu com
o Ministro que seria discutido nas bases, deve ser assim, agora, o que nós temos
que entender o governo e o próprio Ministro, é que nós temos que ter um tempo,
até porque nós precisamos avaliar bem, nós temos que trabalhar, as lideranças de
base têm que ter essa tranquilidade para conversar, ouvir, até porque a portaria da
terra indígena vai sair daqui a seis meses e dentro de um ano estartodas as terras
demarcadas, então nós precisamos de tranquilidade até em respeito aos nossos
povos que também não têm esse hábito de ter muito. Eles têm que ter
tranquilidade, vão sentar, vão conversar, vão ouvir, a gente tem que explicar para
eles o que está acontecendo, então tudo isso gera um tempo. Na verdade, a gente
está com a faca no pescoço e ter que fazer isso muito rápido, todas as coisas que
tem que ser feitas muito rápido acho que se tornam quase mal feitas. Nós
precisamos ter essa tranquilidade, não que a gente, se pudéssemos fazer com
rapidez provavelmente nós faríamos, mas se nós fizermos isso provavelmente nós
vamos desrespeitar os nossos povos, isso nós temos que ter respeito,
tranquilidade, até porque o que nós vamos fazer são coisas para a comunidade e
também ajudando o governo a solucionar um problema que a nós incomoda, tanto
para os povos indígenas quanto para o próprio governo. Então nós precisamos ter
essa tranquilidade, infelizmente essa recomendação do Dr. Marcelo é um pouco
assustadora, mas vamos ver o que dá para fazer o mais rápido possível. Também
temos interesse disso ser feito o mais rápido possível, mas eu acredito que tão
rápido assim não dá para fazer. Eu queria deixar aqui, não sei se eu vou falar
mais, mas eu queria agradecer a parte do governo a que os militares
incansavelmente em todas as reuniões da CNPI sempre estiveram e sempre
estiveram aqui dentro dos horários, respeitando, assim, não de todo o governo,
mas de todos os governos que apareceu aqui da parte do governo os militares
tiveram mais respeito pela reunião da CNPI. Então quero agradecer eles de
coração, muito obrigado pelo respeito que têm.
Maria Augusta – Obrigado Brasílio. O próximo é o Lindomar.
Lindomar –Lindomar, da cidade de Sergipe. Eu gostaria de acompanhar
esse mesmo raciocínio do Saulo. Eu fiz parte da Comissão Organizadora da
Saúde e uma coisa que eu preocupo de cara é com o orçamento que eu sei que o
orçamento é um montante de dinheiro, vocês nem imaginem o quanto foi gasto na
Conferência de Saúde. Qual é a minha proposta? É encaminhar dessa forma,
nessa metodologia que o Saulo está encaminhando e que no futuro a gente possa,
acontecendo essa Conferência a gente pode estar trilhando de que forma, nós já
temos experiência, trilhando de que forma nós queremos para as futuras, mas que
nesse momento que a gente possa estar vendo essa questão de data da forma que o
Saulo está propondo, que a gente possa encaminhar. Obrigado. Levando em
consideração esses três meses que a Teresinha falou que só temos para realizar.
Obrigado.
Maria Augusta – Não tem mais ninguém inscrito. Toya vai falar?
Toya Manchineri – Tem uma questão que as propostas estão sendo
colocadas aí são interessantes para o debate, mas acho que nesse momento nós já
estamos às quatro horas da tarde, 16h, e o debate? Acho que a questão que eu vou
trazer aqui é mais na questão de a gente definir prazos. A Conferência Nacional
de Política Indigenista é bastante interessante, a PNGATI está dentro e outras
Políticas Públicas também. Eu acho que esses três meses, acho que nesse
momento a gente poderia estar discutindo a composição da Comissão
Organizadora da Conferência, acho que dá tempo para gente e a partir da
composição definir datas para nós termos um documento base para trabalhar essa
Conferência que aí eu acho que seria de março a maio, talvez provavelmente a
gente definisse esses três meses para concluir esse documento base e ser aprovado
na CNPI que é lógico que nós estaríamos avançando muito mais. Obrigado.
Rosa Pitaguary – Rosa Pitaguary, Ceará. Nessa ata que nós tivemos
acesso, da 2ª Reunião Preparatória que nós já começamos a falar sobre a
Conferência aí a gente aqui embaixo já coloca para a gente ver organizar um
seminário que seria com algumas pessoas para estar vendo exatamente a questão
da Conferência, outra reunião, porque assim, nós estamos em um grupo, em uma
Comissão, essa Comissão é bem enxuta, quanto nós começamos a conversar
sobre a Conferência eu particularmente acho que essa Comissão deve ser
ampliada, porque até mesmo tem várias questões que têm que estar colocadas,
aqui na ata nós colocamos alguns ministérios ou órgãos que teriam que estar
fazendo parte da Comissão Organizadora também da Conferência e eu acho que
realmente é como o nosso colega colocou, que nós já deveríamos estar fechando
datas e vendo essa Comissão para que a gente possa estar dando esses
encaminhamentos porque tem que fechar também a questão de recursos para o
próximo ano que é uma coisa que também é prioritário porque se não tiver isso
não tem como acontecer as outras, então a gente já poderia estar pautando
algumas coisas que são importantes para que a gente pudesse estar fechando. E,
como foi citado aqui, a Conferência de Saúde Indígena que aconteceu tanto as
locais como as distritais e a nacional, eu participei de ambas as Conferências,
tanto na local do meu povo quanto na distrital que foi no Ceará como aqui na
Nacional, então assim, temos pessoas que podem estar nos ajudando, que
participaram. A Bianca se dispôs aqui, é uma pessoa importadíssima para que
estivesse também nos ajudando nessa Comissão com a experiência que ela já teve
da Conferência Nacional da Saúde e a gente já estar pontuando isso e fechando,
porque se a gente for discutir, discutir, nós vamos sempre estar repetindo sempre
a mesma coisa e não vamos chegar a lugar nenhum. Acho que nós devíamos
pontuar algumas coisas e fechar. Obrigada.
Maria Augusta – Rosa, você poderia então já apresentar para a plenária a
proposta que vocês fizeram, lá na reunião preparatória? Pelo menos dos órgãos?
Assim gente, só tentando acompanhar, encaminhar. Eu gosto bastante dessa
proposta do Toya, de a gente tirar hoje aqui a composição da Comissão e a
Comissão pode aprofundar esse debate, se vão ser mais preparatórias ou menos,
as etapas locais vão ter participação do governo ou não, enfim acho que esse
debate vai ser aprofundado depois, isso não precisa ser decidido agora. Então tirar
hoje, eu acho, a Comissão Organizadora e da parte do governo como tem vários
representes que não estão aqui presentes a gente poderia definir ao menos os
órgãos, depois as representações quem não tiver aqui pode encaminhar
posteriormente os representantes de cada órgão e tirar o prazo para a primeira
reunião da Comissão Organizadora, e o prazo final para elaboração do documento
base. Acho que seriam essas três deliberações que a gente poderia tirar na reunião
de hoje. Ok? Então está bem. Quer apresentar Rosa a proposta?
Rosa Pitaguary – Eu vou ler aqui o que a gente conversou, colocando:
“Os participantes da reunião preparatória da 22ª Reunião da CNPI definiram
que a agenda dessa Plenária terá a mesma pauta da reunião anterior, acontecida
no dia 22/10/2013. Com relação à Conferência Nacional de Política Indigenista,
a sugestão é que deverá acontecer em 2014, incorporada à Conferência Nacional
da PNGATI. Os participantes definiram como órgão participante da Comissão
Organizadora desta Conferência: a Secretaria Geral da Presidência, Funai,
Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério
da Educação, Ministério da Cultura, Ministério do Desenvolvimento Social,
Ministério da Saúde, Secretaria de Direitos Humanos, Ministério da
Comunicação, Ministério do Esporte, Casa Civil, Ministério da Justiça, INCRA.
Esse outro aqui é ICMBio, Ministério Público Federal, Conselho Nacional de
Justiça e OAB. A Conferência Nacional será realizada em dez regionais” que
aqui nós já temos uma proposta de ser mudada, quer dizer, ter as locais e depois
essas outras, “entre os meses de março e maio de 2014”. Por conta que nós
também já justificamos o ano que a gente vai ter por conta da Copa e o ano letivo.
“A etapa nacional será realizada após a eleição se for possível, os membros da
CNPI coordenarão a Conferência. A Conferência abordará os seguintes temas: A
Constituição Federal, a educação, saúde, autonomia, tutela, terra, território e
questões fundiárias, e a discussão sobre o Estatuto dos Povos Indígenas será
dividido em seis grupos”. Todas essas propostas seriam trazidas para cá para que
fossem apreciadas por todos e se tivesse ainda alguma pactuação, não é? Por
todos nós, e se tivesse mais alguma coisa para ser colocado, algum órgão que a
gente possa ter esquecido, enfim, seria mais ou menos dessa forma. Lá embaixo
tem, aí tem uma planilha, “tem essa planilha que nós colocamos e tem algumas
observações que nós colocamos: marcar reunião para discutir os valores, que
são os recursos porque eu acho que se não tiver, a gente discutir isso. É o
principal. Verificar o percentual para ser apresentado na reunião da CNPI,
organizar um seminário preparatório da Conferência” e enfim. Acho que foi
mais ou menos isso que nós tínhamos conversado que eu passei entregando para
todos para ver o que mais ou menos a gente tinha discutido e em cima disso ver o
que a gente poderia estar melhorando, se faltou alguém a gente acrescentar e
apreciação de todos aí.
Saulo – Oi. É só para fazer Rosa uma correção aí no texto, porque aí fala
“A discussão sobre o Estatuto”, ninguém na verdade pensou a discutir a
discussão do Estatuto na Conferência, é porque alguém estava falando da
metodologia do Estatuto e durante a proposta do Estatuto eram construídos seis
grupos e cada grupo trabalhava uma quantidade de temas, mas isso não faz parte
da proposta. Só para não confundir. Outra coisa, aproveitando a minha fala, acho
que a Guta já fez referência, esse texto da Funai eu gostei muito a maneira como
ele está um texto sucinto de vinte páginas, acho que é um ponto de partida para se
pensar na discussão durante a preparação dessa Comissão, achei legal, os anexos
também muito bons, está de uma maneira objetiva. Aí nós temos documento
produzido pela Funai, documento produzido pelas próprias organizações
indígenas ARPIB, os próprios da Conferência que são subsídios importantes para
essa Comissão que vai trabalhar, acho que dá para dizer que tem material bom
para ser trabalhado.
Simone Karipuna – Simone Karipuna. Na realidade é uma indagação a
essa Comissão, eu não sei, é que eu não vi aqui o Ministério da Defesa, e aí eu
acho interessante chamar para o bojo da discussão. Outra coisa também que eu
faço uma observação aqui, aqui quando diz: “Os membros do CNPI coordenarão
a Conferência.” Ficou não sei se ficou solto, eu acho assim, a gente tem que Eu
gosto de visualizar aquilo que eu estou trabalhando então eu fico muito geral.
Então assim, quem vai de fato estar coordenando porque eu sei que vai ter que ter
um grupo mais. Para que a gente possa verificar essa questão da Conferência.
Lógico que todo mundo da CNPI vai estar envolvido, mas justamente essa
questão de pontuar mais essa questão. E, essa coisa que a Rosa pontua e os que
antecederam já colocaram muito essa questão de trabalhar uma questão de data
para essa reunião, então na verdade eram só esses dois pontos que eu tinha que
fazer.
Lindomar – Só ajudando Guta, nessa preocupação da Simone, essa
Comissão uma vez tirada, eu estou dizendo isso por experiência da Comissão
Organizadora da Conferência. Porque quem conduziu a Conferência de Saúde não
foi nem os próprios coordenadores da Conferência, se foi visto dentro do âmbito
nacional quem podia ajudar e a gente escolheu, prepararam, não foi visita assim
faz, houve uma preparação e aí aconteceu.
Maria Augusta – Quantas pessoas tinham na Comissão Organizadora da
Saúde?
Lindomar – Rapaz, era em torno de umas 40 pessoas.Era paritária,
tinham trabalhadores, gestores, tinham usuário. Eram organizações, tinham vários
segmentos.
Maria Augusta – Porque é o seguinte, a Rosane se inscreveu, eu já vou
passar a palavra. Se a gente, eu achei um pouco grande o conjunto de órgãos para
compor a Comissão Organizadora porque assim, tem 17 órgãos de governo, se a
gente fosse incluir com a sugestão da Simone, a defesa seriam 18 e aí mais a
representação indígena que eu acho que no mínimo teria que ser paritária. Então,
eu acho que para uma Comissão Organizadora talvez fique um pouco grande.
Agora, em termos de participação, claro, acho que todos esses órgãos tem que
estar, pensei também, enfim, na SEPPIR que não está aqui, a gente poderia
acrescentar alguns outros órgãos que não foram citados, mas talvez pensar em
fazer uma Comissão um pouquinho mais enxuta, é uma Comissão de trabalho
mesmo, senão as coisas não fluem muito bem, mas só uma sugestão. Rosane.
Rosane – Eu concordo, queria dizer, queria referendar o que a presidenta
está fazendo, está falando, porque por experiência própria nas discussões das
Conferências Regionais de Política Indigenista a metodologia que o Saulo falou
foi sobre a metodologia utilizada por nós, quando discutimos certo? E aí, a Funai
convocou as organizações via portaria, as lideranças que não tinham organizações
e discutiu com eles, e eles é que coordenaram e compuseram as discussões da
metodologia e do material e a pergunta é, se é uma Conferência de Política
Indigenista nossa, para quê tanto órgão na composição da discussão? É isso que
temos que refletir e também o seguinte, eu queria terminar a minha fala, a
composição é grande, temos que ver como fazemos isso. Da inclusão das
organizações indígenas da Comissão Nacional da Juventude coordenando junto e
não podemos deixar de dizer as mulheres, porque as mulheres indígenas
participaram de uma discussão recente que nós participamos não é Chiquinha?
Você estava presente. De segurança alimentar para o CONSEA, as 50 mulheres
indígenas e elas já têm um documento produzido, e que está disponível aqui,
quem quiser a impressão eu divulguei no seminário da PNGATI em Porto Alegre,
era isso.
Maria Augusta – Chiquinha.
Chiquinha Paresi – É o seguinte pessoal, não sei se vocês prestaram
atenção naquela reunião que nós tivemos onde foi pautada a proposta da
realização dessa Conferência. Essa Conferência é completamente diferente das
demais Conferências que nós temos tido nesses últimos anos e pautadas para
esses últimos tempos, ela é diferente, na verdade essa Conferência é atrasadíssima
em termos de Constituição Federal. Lembra que nós fizemos uma retrospectiva
história da Constituição Federal para cá? Na verdade essa Conferência é para dar
ciência, dar conhecimento à sociedade brasileira sobre Política Indigenista. Então
ela é uma Conferência que envolve os indígenas e não indígenas e envolve
principalmente gestores de políticas públicas que atuam conosco. É uma
Conferência que vai dar um divisor de águas, entendeu? Ela não é igual, não
pensem vocês, não é igual a Conferência que nós temos tido da saúde, nós
estamos colocando a saúde como referência apenas na organização, mas não nos
seus princípios e objetividade, é diferente. Essa Conferência é uma Conferência
que já devia ter acontecido, como eu falei, pós-constituinte. Inclusive é uma
Conferência que foi colocada em vários momentos quando aconteceu a
Conferência que criou a CNPI, nessa Conferência dos Povos Indígenas, porque na
verdade o que nós queremos com essa Conferência é chamar a atenção da
sociedade sobre o que é Política Indigenista que o povo não conhece não, aí ficam
aí discutindo nossas questões, discutindo sobre nossos povos. Qualquer um hoje
em dia na sociedade de uma maneira geral quer discutir sobre questão indígena,
mas sem saber o que são povos indígenas e o que é essa Política Indigenista.
Então, por isso é uma convocatória, a ideia deve ser colocada. Eu digo isso gente
até por conta de várias outras demandas que saíram de outras Conferências, as
pessoas não sabem o que é isso. Ela é uma Conferência diferente mesmo, por
exemplo, vocês estão achando que são muitos órgãos, mas não são, sabe por quê?
Muitos dos órgãos estão aí, o pessoal que está posto aqui junto conosco na CNPI,
mas tem muitos servidores de vários órgãos que desde o momento que
descentralizou a Política Indigenista, desde a década de 90 para cá, contando, por
exemplo, no pacto da Educação, não sabe o que é, e não sabe o que é Política
Indigenista, não sabe nada. Então, quer dizer, o que nós temos hoje é um quadro
de ações muito jogadas, muito dispersas, inclusive da nossa realidade. A
convocatória, inclusive até a convocatória, como o Ministério da Justiça é
responsável pela própria Política de uma maneira geral, é ele que aí convocar, é o
Ministério da Justiça. O nosso entendimento não é colocar essa Conferência igual
às outras, por isso que eu concordo com o que alguns de vocês colocaram com
muita propriedade dizer que a PNGATI faz parte da Política Indigenista, a
questão da educação faz parte, a questão da saúde faz parte. Então pessoal, é uma
Conferência bem específica e diferenciada, é uma Conferência intercultural, que
nós estaremos convocamos a sociedade brasileira para discutir essa Política
Indigenista, porque em relação a isso não são só os órgãos, mas o próprio povo
brasileiro é o que nós vamos fazer agora nessa campanha que a gente vai liberar
agora em abril do ano que vem a gente vai liberar em relação a nosso favor sobre
a questão da demarcação de terra e a nosso favor porque nós somos povos
indígenas, porque nós existimos e porque nós estamos até agora em um mundo
contemporâneo. Então nós vamos fazer um divisor de águas, primeiro uma
política indigenista antes de Rondon, depois de Rondon, período de Rondon,
fecha com a Constituição Federal para cá, é essa a Conferência, já está até
atrasada essa Conferência. Então por isso que ela foi colocada dessa forma e aí o
que a Rosinha colocou aqui dessas instituições tem que chamar sim, porque boa
parte dos gestores e eu falo isso, gestores do governo federal, gestores dos
governos municipais e estaduais, desconhecem a política, desconhecem a
realidade dos povos indígenas, nem sabe do que se trata, nem sabe o que é isso. E,
basta dizer, ouvir o que estou escutando que está acontecendo nessa Conferência
que está acontecendo agora da juventude e dos direitos humanos lá, um monte de
coisa que estão falando lá e o povo está mais perdido do que os vizinhos estão
tentando se encontrar lá, só para vocês terem uma ideia. Então, na verdade, é a
primeira Conferência que vai chamar a atenção do povo brasileiro, da sociedade
nacional, sobre a nossa política e nós povos indígenas, então ela é diferente sim e
é aqui que vai marcar, daqui para frente que nós vamos marcar uma nova relação
com o Estado brasileiro. Bom, era isso que eu queria colocar.
Maria Augusta – Obrigada Chiquinha. Tem três inscritos. Pessoal, assim,
vamos só pactuar, a gente abre as três inscrições, o pessoal fecha, a gente vai
tomar um lanche, volta para fechar isso aqui, eu só queria. É para encaminhar
tudo, agora assim, eu só queria pontuar um esclarecimento que eu acho
importante, essa fala da Chiquinha é fundamental porque eu também vejo essa
Conferência como um marco, o resultado dessa Conferência vai ser um marco
normativo e institucional nessa relação povos indígenas e Estado e justamente por
isso é que tem que ter uma participação maciça de órgãos do governo, órgãos
públicos e não só governo federal gente, estados, municípios e tudo mais. Em
relação a esses órgãos que foram trazidos para seremchamados, eu acho que todos
eles e mais um conjunto de outros que não estão aqui tem que ser chamados a
participar da Conferência. O que eu coloquei e queria afirmar aqui é que para a
Comissão Organizadora poderíamos tirar um grupo menor, porque reunir com 17
órgãos de governo mais uma paridade indígena, da bancada indígena que tem que
compor também a Comissão Organizadora, nós vamos ter um grupo para
organizar, para pensar, para escrever para trabalhar, que é um grupo operativo, é
um grupo de trabalho, quarenta pessoas, praticamente, eu acho que é muito, mas
enfim, estou aqui dando a sugestão e só esclarecendo que a fala da Chiquinha não
inviabiliza, alias, ela complementa o que a gente colocou aqui em relação a
organização. Os próximos inscritos são o Saulo, e o Paulino.
Saulo – É para contemplar essa questão que a Chiquinha coloca, não
apareceu aqui, mas a gente tinha falado da realização de um Seminário Nacional.
Mas, esse Seminário Nacional é o momento em que todos esses ministérios
seriam convidados antes de começar o processo das dez reuniões, acho que
resolve ali e de fato eu acho que a preparação da Conferência fica no âmbito da
CNPI, CNPI organiza uma Comissão pequena e convida quem achar interessante
e as organizações, claro.
Paulino – O que eu quero dizer é, simplesmente, concordar com os
encaminhamentos que foram feitos pelo pessoal da Secretaria que é a gente se
debruçar sobre a data da próxima reunião da CNPI para entrar no meio da
composição da Comissão Organizadora. Acho que esse não tem muito o quê
perder de tempo nisso aí, era unicamente isso concordando com o que foi dito
pela Chiquinha, o Saulo, decidir isso, ou antes, de sair para o lanche ou na volta,
definir a data da próxima reunião da CNPI e lá que a gente discute a composição
da Comissão Organizadora e o plano de trabalho na sequência.
Luiz Fernando – Na verdade só para lembrar que nós temos um acordo
com relação ao Grupo de Trabalho Interministerial, então só lembrar a bancada
do GTI, se vocês discutiram ontem ou hoje pela manhã a data, que fica a critério
do grupo. Não, depois do lanche, só lembrar que vocês também solicitaram não
agora, antes da 4º Reunião, utilizando a mesma fala do Titiah, incluir um número
maior de lideranças nas nossas reuniões, vocês solicitaram que houvesse um
número de convidados maior e que fosse feito uma vez em cada estado. Fizemos
o primeiro em Ilhéus na Bahia que foi, em minha opinião, eu acho que foi a
melhor reunião do Grupo de Trabalho, se definiu muitas coisas ali, algumas
andaram bem outras não como eu disse ontem. Vou aproveitar a fala para não
ficar repetitivo, Simone, Titiah dando resposta principalmente a vocês dois,
algumas coisas ficaram pactuadas na 4ª Reunião, dentre elas vocês pediram que a
gente desse uma celeridade à publicação das chamadas públicas no âmbito do
Brasil sem Miséria, á época nós estávamos em final de conclusão de chamada
para três mil famílias, 1.500 famílias no Rio Grande do Sul, e 1.500 famílias no
Mato Grosso, isso foi feito. A chamada para 1.500 famílias no Rio Grande do Sul,
já está em execução, o vencedor do certame foi a EMATER do Sul,
complementando essa chamada, nós, e aqui não houve tempo real até porque nós
já estamos no final o ano, não houve tempo de consultar a CNPI sobre isso, na
minha coordenação nós ainda tínhamos um recurso para apoio, apesar de ter
apoiado vários eventos indígenas esse ano, nós ainda tínhamos R$ 950 mil e nós
decidimos jogar também no Rio Grande do Sul para complementar mais 1.500
famílias que teriam ficado fora da chamada. Estamos fazendo isso via convênio
com o governo do estado, já está praticamente consagrado. Vocês pediram
também que nós divulgássemos as políticas públicas executadas pelo MDA para
as bases indígenas nos estados e ontem, por questão de esquecimento e por
questão de um monte de cruzamento de agenda, e eu também não me preparei
para essa demanda de vocês ontem, então hoje eu trouxe o Guia de Políticas
Públicas do MDA e do INCRA que já é o resultado da demanda do GTI, vou
distribuir pra vocês também. No âmbito dos jogos indígenas, também foi uma
demanda do GTI, que a gente realizasse feiras da agricultura tradicional indígena
como forma de demonstrar que os povos indígenas não produzem só artesanato, a
alimentação indígena. Na verdade o não indígena se arvorou. Enfim, é crítico para
um lado, mas se arvorou e está interferindo em está levando alimentos prontos,
industrializados para a aldeia na última década, isso está notoriamente sabido por
todos que é extremamente nocivo à saúde indígena. Nós fizemos dentro do
âmbito dos jogos indígenas, a 1ª Feira da Agricultura Tradicional Indígena e com
muito orgulho por parte do MDA a gente ficou muito satisfeito com os resultados
porque além do evento em si, da feira, nós fizemos três oficinas onde discutimos
as possibilidades de inclusão desse público na venda direta e no PAA, PNAE,
discutimos os gargalos, as dificuldades que eles enfrentam para acesso a essas
políticas e também as facilidades. Eu acho que a gente precisa também estar
atento, e fortalecer ações que esses povos já conseguiram vencer as dificuldades e
a gente apoiar, estamos também fazendo isso. Nós temos ainda um plano e isso
foi tralhado em conjunto com a Funai, eu quero chamar a atenção que essas
chamadas públicas no âmbito do Brasil sem Miséria foram construídas desde o
início com a Funai e também com o MDS e outros parceiros que contribuíram e
ainda temos uma demanda de nove mil famílias para o ano que vem, acho que
essa chamada é muito importante até para cumprimento de metas estabelecidas
pela CNPI, mas acho que a gente, assim, que nós devemos nos reunir
principalmente com a Funai porque acho que essa chamada merece, precisa ser
transformadas algumas metas e atividades precisam ser modificadas sobretudo
para incluir esses novos programas que hoje estamos aprovando na CNPI como é
o caso da PNGATI, trazer também. Ela já não tem mais aqui. Mas, também trazer
para dentro das chamadas demandas indígenas estabelecidas na V Conferência
Nacional de Saúde. Então quer dizer, é preciso que a gente reformule essas
chamadas. Bom, fizemos outras chamadas, Rio Negro, e estamos construindo
agora uma chamada para o estado do Acre em que a gente quer fazer e eu vou
chamar também a discussão na próxima reunião do GTI, para que a gente utilize
essa primeira chamada para o Acre como um projeto piloto, que a gente verifique
se isso é viável em um tamanho maior, em uma dimensão maior, é exatamente.
Era isso gente, eu fico à disposição para atender. E, a data que vocês decidirem, o
local, por favor, data e local. Está ok? Enquanto está ocorrendo esta discussão
aqui eu, silenciosamente, vou distribuir esse material que eu acho que vai auxiliar.
Maria Augusta – Obrigada.
Sandro Tuxá – Deixa ajudar aqui o meu cacique Marquinhos e a minha
presidenta. Eu acho que já está completo Marquinhos, pode começar.
Maria Augusta – Vamos começar pessoal, é o seguinte, então a gente já
tem os nossos encaminhamentos. Olha só, eu já vou falar, a gente tem a resolução
sobre o PLS 237 ou 236. Bom, sobre a resolução que foi retirada do
encaminhamento do PLS, a gente vai ler para ver se aprova, temos que aprovar as
atas da última reunião e temos que encaminhar a questão das datas e a
organização da Conferência. Antes disso eu queria propor duas coisas rápidas,
uma é que o Cacique Damião pediu a palavra, queria passar a palavra para ele
rapidinho se estiver acordo da Plenária. Ok, Cacique Damião então pode vim
pegar o microfone e depois da fala dele queria propor que rapidinho o nosso
pessoal da Assessoria de Comunicação apresentasse muito rapidamente para
vocês o que vai ser o nosso novo portal, a gente tinha, como eu falei para vocês, a
ideia de lançá-lo aqui nessa CNPI, não deu tempo, vai ser ainda agora em
dezembro, mas a gente queria mostrar para vocês uma prévia de como vai ser o
nosso portal. Está bom?
Cacique Damião – Boa tarde, meu nome é Cacique Damião, Cacique
Damião meu nome e idioma é parisanã. Então eu estou aqui três meses
participando junto desse GTI e não conheço ninguém, eu não estou lutando dentro
do GTI, mas a minha compreensão do meu estudo é lutar para a retomada das
áreas indígenas tradicionais de Marawatsedé. Mas agora estou com os senhores e
senhoras e todos os meus parentes que estão presentes, eu fiquei muito contente e
estou acompanhando sua discussão e relação, só que eu queria pedir nossos
parentes, não podem desanimar, não podem perder paciência, vamos lutar até
acontecer, mudar a cabeça da autoridade, dos que são contra índios, fazendeiros,
políticos, queremos mudar a cabeça deles, da nossa com paciência, com a nossa
experiência. Sou quem luta, mas diz há 48 anos para conseguir a retirada dos
fazendeiros e dos poceiros, mas deu tudo certo, então queria agradecer com a
presidenta da Funai e da CNPI. Estou hoje finalizando a minha participação, eu
preciso retornar para a aldeia porque lá ainda temos ameaças de morte do povo
com os fazendeiros e também já foi ameaçado muito e até hoje a ameaça existe,
mesmo que não temos medo pode acontecer de repente, mas não vou chorar, eu
tenho experiência para isso, se alguém guerrear eu quebro a perna deles. Isso é
coragem, eu agradeço toda a equipe que o governo federal tem, representantes do
governo, da Secretaria Especial e todo Ministro e Ministério da Defesa e o
Ministro da Justiça, agradeço aos nossos companheiros, guerreiros, Paulo Maldo
é guerreiro, Ministro é guerreiro, Thiago é guerreiro, presidente é guerreira,
presidenta da Funai. Então a nossa vitória foi muito resultado e grande é a nossa
vitória. Aos nossos parentes sou muito agradecido e agradeço a presidenta,
presidente também está presente, apresentando, esclarecendo, a compreensão
dela, então vamos, queremos unir e batalhar juntos, quem está a favor dos índios
vamos estar unidos, uma pessoa lutar não vai conseguir nada, unir quebra forças
mais ainda. Isso que eu queria pedir aos nossos parentes. Muito obrigada e muito
obrigada à presidenta.
Maria Augusta – Obrigada Cacique. Vamos passar então a leitura da
resolução.
Teresinha – Gente é um pouquinho cansativo, mas eu vou pedir a atenção
de vocês para nós conseguirmos aprovar no final: Resolução nº004 de 12 de
dezembro de 2013 Dispõe sobre o Projeto de Lei nº 236 de 2012. A Presidente da
Conferência Nacional de Política Indigenista, CNPI, no uso de suas atribuições
que lhe conferem o inciso III do Artigo 28 do seu regimento interno conforme
portaria nº 1396 de 15 de agosto de 2007 que dispõe sobre a Política Nacional de
Indigenista e considerando que os membros da CNPI se reuniram na 22ª Reunião
Ordinária realizada entre os dias 9 a 12 de dezembro de 2013; Considerando que
a Comissão Nacional de Política Indigenista é o espaço de participação e diálogo
entre os diferentes órgãos do governo federal e os povos indígenas tendo como
missão a construção e o acompanhamento das políticas indigenistas dos povos
brasileiros; Considerando todas as manifestações de seus membros durante a 22º
Reunião Ordinária da CNPI, expressando preocupação com o tratamento dado aos
indígenas no Artigo 36 do PLS, Projeto de Lei do Senado, nº 236 de 2012;
Considerando que, ao tomar conhecimento do conteúdo das emendas
apresentadas pelo relator senador Pedro Taques, a Comissão Nacional de Política
Indigenista/CNPI Resolve: 1º) Manifestar-se expressando o seu entendimento de
que o texto original aprovado pela Comissão de Juristas está em conformidade
com o paradigma constitucional e os tratados internacionais de direitos humanos,
de modo especial a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho,
OIT, incorporada ao ordenamento jurídico nacional pelo Decreto nº 5051, de
2004. 2º) Manifestar-se expressando o seu entendimento de que as emendas
propostas pelo relator senador Pedro Taques não encontram-se em acordo com a
legislação acima citada uma vez que limita o reconhecimento e aplicação dos
usos, costumes e tradições dos povos indígenas ao crivo do magistrado. 3º)
Sugere-se que sejam rejeitadas as emendas apresentadas pelo relator mantendo-se
assim o texto original aprovado pela comissão de juristas no que se refere aos
§§2º e 3º do artigo 36. 4º) Diante disso propõe-se a seguinte redação. Artigo 36:
Não há culpabilidade quando o indígena pratica o ato agindo de acordo com seus
usos, costumes e tradições do seu povo de acordo com o laudo do exame
antropológico. Artigo1º A pena será reduzida de um sexto a um terço se em razão
dos referidos usos, costumes e tradições o indígena tiver dificuldade de
compreender ou internalizar o valor do bem jurídico protegido pela norma ou o
desvalor de sua conduta. Artigo 2º A pena de prisão será cumprida em regime
especial de semiliberdade, ou mais favorável, no local de funcionamento do órgão
federal de assistência ao indígena. Artigo 3º Na medida em que isso for
compatível com o Sistema Jurídico Nacional e com os direitos humanos
internacionalmente conhecidos deverão ser respeitados os métodos aos quais os
povos indígenas recorrem tradicionalmente para repressão aos delitos cometidos
pelos membros de suas comunidades. Artigo 4º É considerado indígena o
indivíduo que se auto declara como tal e é reconhecido pelo respectivo povo e a
comunidade a que pertence. Brasília, 12 de dezembro de 2013. Maria Augusta,
Presidente da CNPI Interina.
Maria Augusta – Aprovado gente?Aprovada a resolução. As atas da
reunião passada. 21ª Reunião da CNPI, aprovadas? Algum óbice? Não? Aprovada
as atas. Bom, então vamos passar para a apresentação do site rapidinho para nós
fazermos os nossos encaminhamentos.
Madeleine – Boa tarde gente, quem não me conhece eu sou Madeleine,
Assessora de Comunicação da Funai, a nossa proposta desse site é que todos
contando Presidência, Diretoria, as Coordenações, tenham espaço nesse nosso
novo portal, nós estamos chamado de portal porque tudo vai estar dentro desse
novo site da Funai, Museu do Índio e inclusive nós temos um espaço para a CNPI
onde todas as portarias, enfim, todas as resoluções que saírem da CNPI vão ter
um espaço exclusivo para elas. A nossa ideia é que já agora nesse mês de
dezembro a gente coloque esse portal no ar, faremos um período de experiências,
aqui nós estamos com o novo portal, naquele momento nessa primeira parte nós
vamos colocar as notícias, aqui terras e povos indígenas nós vamos colocar
exatamente as informações das terras, dos povos. A ideia desse portal é que não
só nós que trabalhamos com as questões indígenas, mas que todo mundo que
precise de informações que são ligadas a terras indígenas, a povos indígenas,
questões indígenas, ele vire um referencial, que a Funai vire um referencial para
que as informações sejam encontradas aqui. Vocês estão vendo ali CNPI em
destaque, é onde nós vamos colocar a gente ainda está alimentando esse portal, é
onde nós vamos colocar todas as resoluções que já saíram de todos os encontros,
reuniões extraordinárias, então todas as vezes que precisar de alguma informação
da CNPI ela vai estar sempre em destaque, todas as informações vão estar aí.
Uma informação que eu acho que vai ser bem relevante nesse nosso portal, além
da Funai, nós temos o Ministério da Justiça, precisou de alguma informação do
Ministério da Justiça nós vamos poder acessar diretamente do nossos site, não
precisa ir lá para o Ministério da Justiça, ele está linkado com o Ministério da
Justiça, quando a gente clica naquele banner Mistério da Justiça, a gente já vai
entrar no Ministério da Justiça. Então a ideia é que tudo referente às questões
indígenas estejam nesse portal, nós estamos finalizando o portal para no máximo
em duas semanas ele já estar no ar, a gente entra em caráter experimental. A
PNGATI vai estar aqui também em destaque, aqui vai estar a PNGATI em
destaque com o Museu do Índio e a proposta é que seja um portal dinâmico,
contamos com a colaboração de vocês também, o que vocês quiserem: Não olha,
está faltando isso, é importante que nesse momento a gente dê um destaque para
esse assunto de questões indígenas. Nós estamos completamente abertos a isso,
não só a parte de comunicação, mas o Fale Conosco vocês podem mandar
informações, vai cair direto na Ouvidoria o Fale Conosco, a comunicação vai cair
direto lá na comunicação, é um formulário eletrônico que nós fizemos na parte do
Fale Conosco que cai direto na Ouvidoria, todas as vezes que eu estou querendo
uma informação, não estou localizando. Não só nós que trabalhamos as questões
indígenas, mas todo mundo que quer algum tipo de informação vai poder pedir
aqui, já vai cair direto na Ouvidoria e a Ouvidora então tem o tempo por lei de 20
dias para responder e na comunicação nós também criamos um espaço para que
essas questões, porque o que a gente vê muito é que às vezes os veículos de
imprensa, mídia, têm algumas informações equivocadas, mesmo a gente tentando
responder sempre a impressa, às vezes eles ficam com algumas dúvidas. A ideia
é, tem alguma dúvida, entra aqui, tem aqui o mapa de onde nós estamos
localizados, a Funai. É importante falar que agora nesse novo portal todas as CRs
e CTLs vão estar contempladas aqui, então questões que acontecem porque antes
as CRs e CTLs estavam usando, aqui coordenações regionais, eles antes estavam
usando blogs porque não tinham espaço, agora tem no nosso portal. Pelo mapa
agora a pessoa consegue visualizar onde ela quer: Ah, eu quero saber alguma
coisa de uma determinada CR, de uma determinada CTL. Essas informações nós
já estamos disponibilizando e vão estar no portal e vão ser também alimentadas
pelas próprias CRs e CTLs, aqui a pessoa pode navegar, a proposta é que ela
navegue em todas elas, cada Coordenação vai ter uma apresentação, as matérias
das Coordenações vão estar aqui também. Então eventos, fatos que acontecem em
uma determinada região que hoje a gente não tinha um lugar específico agora a
gente tem em nosso portal através desse mapa, onde a pessoa vai clicando. Teve
um evento, vamos pensar em coisas boas, não só coisas ruins, mas enfim, a
proposta é que as notícias referentes àquela determinada região estejam nesse
nosso portal. Esse portal foi criado pensando em todos, então a colaboração de
vocês, o que vocês precisarem: Olha da minha região nós temos uma informação.
O espaço está aberto para isso com as CTLs, as terras indígenas, a proposta é que
as pessoas possam entrar e ver exatamente tamanho, que povos que tem naquela
região, a ideia do portal é essa, que ele seja uma referência de questões indígenas.
Todas as informações que nós pudermos colocar nesse portal de questões
indígenas, de terras, notícias boas ou veiculação de notícias que são interessantes
que a gente coloque, uma nota explicativa que a gente não estava tendo esse
espaço que as pessoas consigam visualizar nesse novo portal da Funai esse tipo de
informação. Essa é a proposta do portal e a gente espera que agora já em
dezembro ele entre no ar, a gente vai começar em caráter experimental por uns 15
dias. Mas, que a partir de janeiro do próximo ano a gente realmente tenha uma
alimentação mais rápida, que o nosso portal seja mais dinâmico, então: Ah, vai ter
uma reunião. A proposta é que a gente já visualize isso diretamente no portal da
Funai, todas as informações ligadas às questões indígenas.
Maria Augusta – Só um adendo, já refletindo aqui que eu acho que seria
bom a partir do ano que vem a gente criar um espacinho para a Conferência não
é? As informações da Conferência e tudo mais de acordo com a agenda que a
gente definir aqui hoje. Obrigada Made. Não sei se alguém tem alguma dúvida ou
quer comentar.
Madeleine – Esse portal já é o que vai entrar no ar, se vocês tiverem
alguma dúvida, ali “Quem Somos”, exatamente falando da Funai, as ações da
Funai, as questões que estão no dia. Hoje, por exemplo, esse evento da CNPI já
vai ter um espaço para isso, a matéria já vai entrar diretamente na página principal
que hoje as pessoas têm certa dificuldade de visualizar essas informações, acaba
se perdendo no site e a proposta hoje é que, atendendo inclusive à Lei da
Transparência, as informações estejam todas aqui. Outro ponto importante é que a
partir desse portal todas as nossas fotos, as imagens que são captadas, elas vão
estar todas disponíveis aqui, então, por exemplo, a reunião da CNPI que está
acontecendo, as fotos todos que foram tiradas pelos nossos fotógrafos, nós temos
dois fotógrafos oficiais da Funai que é o Edinho, o Edson e o Mário, acho que
todos já conhecem, vão estar aqui. Elas podem ser baixadas, se vocês precisarem:
Ah, eu quero de repente fazer um informativo de vocês. A gente pode colocar isso
na página da Funai também, essa já são as fotos de ontem na presença do
Ministro que ele esteve aqui, então a ideia é essa, é dar uma transparência maior
ao trabalho, tanto da Funai quanto das lideranças indígenas, dos povos indígenas
estejam se vendo nesse portal e estejam representados aí. Não sei se a presidenta.
Nós fizemos, elaboramos um vídeo, nós ficamos nós sabemos que aqui na CNPI
teve um momento de prestação de contas ontem, hoje de manhã, apresentação dos
trabalhos que foram realizados ao longo desse ano de 2013, nós tínhamos uma
proposta inicial de colocar todos os, não só a presidenta falou, mas todos os
diretores, os coordenadores gerais, mostrando um pouco do trabalho que foi
desenvolvido ao longo desse ano de 2013 e as propostas de 2014, aquelas que
foram apresentadas aqui, mas até por conta da CNPI, tudo está acontecendo nessa
semana, todas essas questões que nós sabemos que aconteceram nessa semana,
nós não conseguimos colocar todos os diretores e coordenadores gerais, mas nós
fizemos um vídeo onde a presidenta mostra um pouco do trabalho que foi em
2013, mostra um pouco dos encontros que aconteceram e a gente vai passar para
vocês. Pode ser agora presidenta? Não, ele tem cinco minutos. Está bom? Oito
minutos.
(Apresentação de vídeo institucional da Funai. 2:22:32.9 a 2:31:10.6)
Maria Augusta – Gente, obrigada. Bom, então vamos voltar aqui a nossa
agenda, a gente agora procurar fazer os encaminhamentos sobre a Conferência.
Alguém quer começar propondo datas e a Comissão Organizadora.Bom, então
vamos lá gente. Só para recuperar um pouco, para ajudar na nossa reflexão, teve a
proposta de a gente montar a Comissão Organizadora, foi dada uma sugestão de
que isso saísse daqui de dentro da CNPI, é preciso então que chamemos alguns
órgãos do governo federal para participar dessa Comissão. Foi feita uma reflexão
aqui de que talvez não os 17 que foram citados no documento, embora os 17
tenham que participar. Então, o que a gente tem que tirar, principalmente, é quem
fará parte da Comissão Organizadora e como a gente vai, para quando iremos
marcar a nossa primeira reunião da Comissão que eu acho que coincide também,
pelo que eu estou entendo nós ter também um número de reuniões menor de
reuniões da própria CNPI para tratar de diversos assuntos, mas que a CNPI vai
estar no ano que vem concentrada muito mais nas discussões e operações,
digamos assim, que envolvem a Conferência. Não sei, acho que isso tem que ser
definido. Titiah.
Titiah – Eu acho assim, eu me preocupo quando coloca assim. Tem
ministério ali que às vezes nem está contribuindo na nossa discussão, que às
vezes falha em algumas reuniões. Minha preocupação é colocar esses nomes aí e
na hora das atividades falharem e atrasar as conferências por participação de
pessoas e a quantidade, eu acho que tem que dividir as tarefas não é? Porque já
que vai ter a Conferência dividir as tarefas como teve na Saúde, teve a Comissão
de Comunicação, teve a Comissão de Infraestrutura e assim, enfim, acho que
pode ter uma quantidade, mas que deve dividir quem vai trabalhar metodologia,
quem vai trabalhar infraestrutura, quem vai trabalhar a organização e cada
Comissão se reúne, faça seus encaminhamentos e depois marca uma data que
sentam todos juntos e mostram seus encaminhamentos para socializarem juntos
até a Conferência Nacional.
Rosa Pitaguary – É porque assim, nós tivemos conversando com
algumas pessoas, na hora do intervalo, e nós temos uma pequena Comissão que já
começou essas discussões, e que a proposta seria a permanência dessas pessoas,
acrescentando mais os representantes da Subcomissão de Etnodesenvolvimento,
até mesmo porque fazem parte da discussão, a questão da PNGATI, a gente vai
englobar, então assim, seria ela e aí viria os representantes governamentais e aí a
gente veria quem poderia estar somando. Quem está nessa Comissão é como
represente, nós temos o Tóya e o Uilton que vem representando a APIB, temos a
Chiquinha, a Pierlângela, eu e Delclides e temos também o Saulo, do CIMI, e que
na falta dele vem o Daniel, os dois seriam, e mais dois representantes indígenas
que fariam parte dessa Comissão que seria do etnodesenvolvimento. Simone e
Marquinhos que fazem parte.
Titiah – Acho que uma ideia assim, como vai trabalhar em conjunto podia
fazer uma Comissão que representasse para o estado não? É, dentro da CNPI, por
exemplo, um da Bahia, um do Mato Grosso, para eles também estarem
divulgando nas suas regiões o que está organizando para a Conferência. Só uma
opinião.
Jaime – Então, sugeri talvez integrar essa Comissão alguns
representantes indígenas que estão no Comitê Gestor da PNGATI, porque vocês
citaram vários aí, mas acho que nenhum deles faz parte do Comitê Gestor da
PNGATI, tem o Uilton Tuxá, tem a Sônia Guajajara, tem o Chico Apurinã, sei lá,
alguns desses, tem o Mário Nicácio, são alguns dos representantes e
observadores. O Toya está como observador. Só para misturar um pouco mais, é
uma sugestão. A Ceiça Pitaguary, exatamente, acho que a Ceiça faz parte
também, enfim, acho que para garantir que essa discussão esteja representada no
Comitê Gestor da PNGATI, os órgãos de governo são basicamente os mesmos
acho que não tem muito problema, mas os representantes indígenas eu sugeriria
essa questão, escolher alguns desses nomes. A gente depois pode passar a lista,
mas alguns dos nomes indígenas que fazem parte do Comitê Gestor da PNGATI e
uma última questão que eu acho que é legal definir um ponto de partida, quer
dizer, uma primeira reunião dessa Comissão e tal, mas era legal ter um ponto de
chegada, era importante saber a data que está se definindo para realização da
Conferência, porque é de lá para trás que você organiza o trabalho, isso define
números de reuniões, logística, datas, etc. Define-se o ponto de partida e eu acho
que tem que definir o ponto de chegada.
Marcos Xukuru – Eu, particularmente, acho que inclusive da nossa
participação, acho que já tem muita gente inclusive nossa, se a gente está
pensando em um grupo menor para pensar um pouco como vai dar o rumo da
própria Conferência, então o que vai de fato nortear quais são os pontos principais
que vão estar inseridos ali, é algo que é muito técnico. E, eu acho que não há
necessidade de ter um por estado. Ele falou um monte de gente ali também sabe,
eu acho que ali já tem muita gente, acho que daria para dar uma enxugada mais
ainda, porque essa Comissão vai ter o papel de elaborar algo, trazer aqui na CNPI,
socializar com todos nós aqui, dizer é isso mesmo, não é, acrescenta, tira, coloca,
então eu acho que não há necessidade de colocar um monte de gente, fica até
difícil para reunir, sabe? Eu acho que deveria dar uma enxugada mais inclusive
no nome da gente ali.
Maria Augusta – Espera aí gente, vamos seguindo as inscrições. O
Sandro quer falar? Então está bem, Sandro. Não tem mais ninguém inscrito, quer
falar Lúcia? Sandro, Rosane, Saulo. É Saulo ou Daniel, que é suplente, fica um
titular e um suplente.
Sandro Tuxá – Bem pessoal. Sandro pela região leste/nordeste. Eu
concordo com o Marquinhos que realmente tenha que ter uma enxugada, se a
gente for colocar um por estado vai pesar muito e tem que ter agilidade, tem que
ter agilidade e aí acaba sendo uma outra Conferência. Levando pelo princípio que
nós tínhamos entendido que a questão da SESAI tinha conseguido traduzir um
pouco do ideário que nós entendemos por Conferência, do mecanismo de
organização, teve um número significativo, mas não foi um número tão
avassalador. Tem 34 distritos, pela regra teria que ver os 34 presidentes, não
vieram os 34 presidentes. Vieram apenas 17 indígenas, em nível de Brasil, de
todas as representações, segmentos de organização indígena, tentou-se trazer, a
sugestão é essa, que nós congreguemos. Eu estou falando assim para reafirmar a
sua fala Marquinhos, tentar fechar a conversa a partir daqui, tentarmos trazer
segmentos do nosso movimento em nível nacional, das nossas organizações,
representantes das organizações indígenas, representantes desses espaços que têm
aí. Justamente, da APIB e outros mais, mas eu pensei em um número abaixo de
10 pessoas, acho que estaria bom, acho que cinco pessoas poderiam estar
representando a região, mas não estaria representando os interesses todos. Então
assim, e no caso, se a gente conseguisse além das cinco pessoas por região
contemplarmos as nossas organizações indígenas, integrantes da APIB,
integrantes do Fórum de Presidentes dos Conselhos Distritais que vêm, a gente
fecharia em um número de sete pessoas e um por região.
Sinome Karipuna – Eu acho que tem que avaliar as pessoas que já estão
ali, que já fazem parte da equipe.
Maria Augusta – Espera aí só um pouquinho. Rosane, depois Simone,
Rosane Kaingang – Questão de contribuição, eu vou na mesma coisa do
Sandro Tuxá, nós, por exemplo, se for um por região, por organização, pela nossa
região nós estamos contemplados, só que nós estamos com muitas tarefas a fazer
e nós indicaríamos um da ARPINSUL, porque senão fica muito desigual, eu estou
vendo ali, muito desigual quando você coloca três, quatro pessoas da mesma
região, está desigual isso para mim e as organizações, se elas não forem parte
dessa discussão quem vai ajudar os membros da CNPI coordenar essa
Conferência lá na ponta. É isso que eu acho e eu acho que é muito desigual isso aí
quando você coloca três, quatro da mesma região, não tem a participação
igualitária. E aí, presidenta da Funai, eu gostaria de sugerir aos membros da
CNPI, nós temos um Assessor Técnico da APIB, o Paulino, o Paulino para nós
que faz as preparatórias de todas as nossas delegações, de todas as nossas
reuniões, inclusive as preparatórias dos membros da CNPI, eu gostaria de inseri-
lo aí porque ele dá conta de dar essa resposta para as outras organizações. Essa é a
minha contribuição.
Maria Augusta – Obrigada Rosane, pessoal, só para contribuir aqui,
recuperar um pouco. Eu vou passar a palavra para quem está inscrito. Recuperar
um pouco qual é o papel da Comissão Organizadora. Essa Comissão vai ter que
pensar em constituir Comissões, como foi colocado aqui, Comissões de
infraestrutura, comunicação, mobilização, logística, texto base, é uma Comissão
que é operativa, ela pode vir a buscar outros atores para ir se incorporando a essas
Comissões. As deliberações, o que nós estamos tratando aqui é que as
deliberações que vão ser trazidas, as sugestões, as propostas das Comissões
Organizadoras vão ser deliberadas aqui na CNPI, então assim, pensar que tem que
ter todas as representações e tal, não sei se é o caso porque a deliberação vai se dá
nessa mesa aqui, então a Comissão é para operar, para fazer a coisa acontecer,
isso tanto do ponto de vista de governo quanto do ponto de vista de movimento
indígena e indigenista. Próximo inscrito é o Saulo e depois o Paulino.
Saulo – A minha questão já foi contemplada.
Paulino – Paulino. A minha preocupação é o seguinte, tem horas que a
gente leva a discussão como se a Comissão Organizadora fosse só do indígena,
acho que precisa ser paritário e tem muita gente que não precisa estar não vou
defender o meu nome, mas na hora que for trabalhar mencionar o processo
certamente os membros da Comissão vão requerer apoio, auxilio suporte técnico
e tudo mais. Ou se decide levando um critério de equidade na representação das
regiões tanto no âmbito da bancada quanto no âmbito das organizações indígenas,
ou se tira gente que tem a disposição de trabalhar, não é brincadeira tocar uma
Conferência, é um grupo de trabalho, Comissão Preparatória é sacal, tem que
trabalhar muito. Se for só para vim somar, fazer número. Não quero dizer que seja
isso, mas a gente tem que pensar que enquanto mais enxuto, mais operativo
melhor.
Marcos Xukuru – Só uma questão de ordem, nesse sentido. Marcos da
região nordeste e leste. Nesse sentido eu peço para retirar o meu nome, inclusive
para enxugar mais um pouco o número de participantes e também porque eu não
tenho essa disponibilidade no ano que vem. Quero dizer que nós vamos estar
envolvidos, eu vou estar envolvido em um processo de eleição da APOIME, da
articulação da nossa organização, e eu não vou ter tempo suficiente para dar conta
disso aí. Eu não vou colocar o meu nome simplesmente para ter volume ou estar
vindo aqui em Brasília, enfim, eu não. Então nesse sentido eu retiro meu nome da
participação.
Dourado Tapeba – é o mesmo diálogo. Reforçando o que foi falado pelo
Titiah, só que o seguinte, os indígenas indicam seus nomes e o governo indica os
deles, nós não podemos interferir na indicação do governo, como o Paulinho
falou paritário, então o governo indica os nomes.
Valcélio - A minha proposta é que fosse sete e sete. Colocaria cinco
indígenas, dois indigenista e o governo. A dupla ali.
Maria Augusta – Sete indigenistas e sete do governo? Fechou? Quem
está aqui gente, vamos lá. Tóia e Uilton, Chiquinha e Pier, Rosa e Delclides,
Saulo e ou Daniel, um titular e um suplente, Simone, Titiah e Marquinhos que
está pendido para retirar o nome. Aqui nós temos um, dois, três. Tirou o
Marquinhos e coloca a Solange. Quantos aí então?
Lúcia Alberta – Já coloquei. Tem nove.Então tem que tirar dois.
Dourado Tapeba – Aí tem dois da APIB que tem o Uilton e a Solange
Guajajara. Eu sugiro que tire um dos dois.
Sandro – Uilton está no Colegiado. Uilton no Comitê e está no
Colegiado. Então deixa, Saulo lembrou bem.
Rosane – Entrando nessa questão do não cumprimento a gente vem
observando e vem olhando enquanto ARPINSUL das presenças e do
compromisso quando se assume fazer parte de uma Comissão para nós o cara tem
que dar conta, comparecer e ele também tem que contribuir, para ficar calado não
dá. Eu vou defender dois nomes aqui, da nossa região nós vamos trocar. Vamos
trocar Delclides está inadimplente, já faltaram duas reuniões dessa Comissão, nós
vamos colocar o Rilton, certo? E eu defendo o nome da Soninha Guajajara pela
APIB porque a Sônia tem contribuído muito. Certo. Pode ser? E depois nós
vamos falar com o Delclides, certo?
Teresinha – Rosane, Teresinha da Secretaria Executiva. Lembrando que,
para substituição dos membros da CNPI, tem que cumprir o que está no
regimento interno.
Rosane Kaingang – Mas eu não estou substituindo membro da CNPI, eu
estou substituindo da Comissão Organizadora.
Teresinha – Da Comissão, ah, desculpa, desculpa.
Maria Augusta – Espera um pouquinho, vamos tentar organizar. Titiah,
só um pouquinho.
Valcélio – Presidente, vamos ser sinceros, vamos ser sinceros, porque é o
seguinte, eu acho que essa Comissão é mais uma Comissão que vai trabalhar
tecnicamente, não precisa colocar 20, 30 por região, agora eu fui entender depois
a colocação. Eu acho que vai aumentar mais na hora que criar a Comissão
Organizadora da Conferência que eu acho que vai ter um do estado para estar
organizando o seu povo, então acho que nós temos que ter a consciência de
escolher os cinco ou sete que for fechado, mas que seja aqui, olhando, e ele fazer
o compromisso como o Marquinhos colocou aí: Não dá para mim, eu estou fora.
Para nós não colocarmos pessoas, depois mais na frente ele não poder estar
contribuindo e nós ficarmos no prejuízo por causa de um ou dois ou três que não
puderam contribuir nessa comissão técnica.
Maria Augusta – Espera aí gente, a Guta vai ler e vocês vão dizer se tem
acordo ou não.
Lúcia Alberta – Vamos lá, sete lideranças indígenas: Rosa, Tóya,
Chiquinha, Pierlângela, Delclides, Simone, Sônia Guajajara. Um indigenista:
Daniel, Saulo suplente. Governo, sete também: Funai, MMA, SG, SESAI, MEC,
MJ, mais um. Deixa-me só falar uma coisa para explicar para a Rosane a questão
do nome do Rildo. Rosane, Rosane, Rosane, só para explicar, é assim, para a
gente poder comprar as passagens para a reunião da CNPI nós compramos
passagens para os membros titulares e suplentes e com a CNPI incorporou a Mesa
de Diálogos nós compramos passagens para os membros da mesa e os membros
da mesa são aqueles que participaram da reunião com a Dilma em julho. Tem que
ver se o Rildo é um desses, se não for não tem como a gente comprar passagem
para ele participar disso, tem que avaliar isso também. Só isso.
Teresinha – Só justificando, o Delclides participou como CNPI e
participou da reunião com a presidenta Dilma, na última reunião preparatória que
teve o Delclides estava na reunião, ele está inadimplente nessa e esteve em outra.
Agora, na preparatória ele esteve sim.
Rosane – Mas quem fez parte da Mesa de Diálogo aquele dia é o Cretan,
isso que eu vim representar ele aqui. O Cretan faz parte da Mesa de Diálogo
gente. Mas agora que ela colocou que a Mesa de Diálogo que ela só pode comprar
passagem para a mesa de diálogo. Então quem é da Mesa de Diálogo é o Cretan.
Teresinha – O Delclides estava na reunião com a presidenta Dilma, o
Delclides é representante da região Sul na CNPI, foi discutido já o nome dele na
última reunião aqui, e ele participou da reunião reparatória onde foi definido isso,
ele não é de outra região gente.
Marcos – Pois é ele é da região Sul, se tem algum problema lá.Se não tem
problema nenhum então está garantida a presença lá e posteriormente vocês,
enquanto organizações conversam com ele em relação a isso. Eu acho que nós da
bancada indígena aqui precisamos encaminhar o assunto e não vamos ficar aqui
debatendo questões internas de vocês. Eu proponho que permaneça da forma que
está, o Sul está contemplado e lá vocês discutem, pedem para Cretan conversar
com o representante na CNPI e vocês encaminhem esse assunto para lá.
Maria Augusta – Lúcia, você poderia ler de novo a representação de
governo, por favor, só para a gente ver os ministérios.
Lúcia Alberta – Funai, MMA, SG, SESAI, MEC, MJ e tem mais uma
vaga porque a ideia é sete, e sete.
Dourado Tapeba – MDA.
Maria Augusta – Fechou então não é? Tudo bem gente, alguma sugestão
de vocês em relação à bancada de governo? Está legal? Tudo certo? Está bem,
então definimos a composição dessa primeira Comissão Organizadora, vocês
acham que é interessante a gente fazer um rolzinho mínimo de atribuições daqui
para sair o que essa Comissão tem que fazer ou na primeira reunião define?
Lúcia Alberta – Eu coloquei aqui o que você tinha falado, só para
acrescentar, o que é o objetivo desse grupo que nós falamos: Construir grupos de
trabalho para organizar uma proposta de desenho estrutural para implantação da
Conferência Nacional. Esta Comissão deverá apresentar uma proposta a ser
deliberada por todos os membros da CNPI em sua própria reunião ordinária.
Mediador – É na sua próxima reunião ordinária. Data, então gente.
Teresinha – E outra coisa, eu me comprometo para a próxima reunião
trazer nos moldes de como foi a da Saúde, qual é a competência de cada
Comissão, adaptando a nossa, não fechando, mas sim trazendo quais são as
atribuições e para que fosse adaptado em reunião aqui conosco.
Maria Augusta – Só mais uma contribuição, eu queria resgatar aqui a
proposta que o Elmir e o Jaime fizeram que fosse da gente começar pensando as
datas a partir da data da Conferência Nacional e vim lá da frente para trás para
saber toda agenda que a gente tem que compor, porque senão a gente não vai
chegar a um cronograma factível. Será em 2015, gente? Ou ainda esse ano? Eu
acho que esse ano não vai dar. Vamos fazer com calma. Abril de 2015. Fechou
todo mundo, tem acordo abril de 2015 a etapa nacional. Preparatórias, tem a
proposta do Saulo de se fazer as locais de forma mais livre, só com algum
subsidio do que for decidido e for tratado pela Comissão Organizadora em termos
de texto base e realizar um número x de pré-conferências regionais, a proposta
inicial que vem no texto de vocês são 10 e eu tenho uma sensação de 10 é pouco,
mas enfim, o Saulo quer falar.
Saulo – É só para fundamentar a minha proposta, que mais do que livres
que sejam autônomas, eu acho que na discussão local não precisa ser paritária,
tem que empoderar a comunidade, tem que restituir os fóruns próprios das
comunidades. Cabe à Comissão preparatória produzir material e ver como a Funai
vai colaborar, quem está lá, alguém de uma organização, mas não precisa ter
paridade, para justamente ir realizando essa proposta de mudança que a própria
Funai discutiu, tirando a tutela, então vamos garantir a autonomia local.
Maria Augusta – Queria só tirar uma dúvida em relação a sua proposta
Saulo, então assim, está claro para mim, eu acho essa proposta bem interessante,
não precisa ter a paridade, mas pode ter a participação também dos órgãos
públicos que estão compondo a Conferência, é isso?
Saulo – Não, claro, até para contribuir, só que assim, a minha proposta é
que não há obrigatoriedade, até em alguns lugares as próprias comunidades vão
convidar da SESAI, da Funai, etc. Mas, dar autonomia plena a comunidade, acho
que seria isso, empoderar a comunidade e a discussão local completamente
autônoma. Aí quando vem para as regionais entra no critério da paridade.
Dourado Tapeba – Presidenta, Dourado Tapeba. Eu queria propor que 10
oficinas, 10 seminários, oficinas regionais é pouco, eu queria propor 15, três por
região.
Maria Augusta – São as etapas regionais. A primeira proposta então que
surge é que nas regionais façamos três por região, é a proposta que o Dourado
coloca três por região seriam 15, cinco regiões no país. Uma por regional.
Proposta do Sandro, uma Conferência por regional da Funai, essa é a minha ideia
também, 37.
Dourado Tapeba – Essa era a primeira que eu tinha colocado.
Marcos Xucuru – Acho que para que a gente contemple a questão da
diversidade e a gente vai ter tempo para isso, eu acho que deveria acontecer uma
por cada regional, acho que é melhor.
Maria Augusta – Pessoal é o seguinte, não sei se quem está aqui do
governo se lembra disso, o que eles estão colocando uma por regional significa o
quê, a região jurisdição das Coordenações Regionais da Funai. Nós temos 37
regionais então faríamos uma por regional então seriam 37. Simone tem dúvidas,
vamos tentar aclarar, contribuir para que ela saia.
Simone Karipuna – Tenho um parente que diz “Eu ter dúvida” E aí eu
estou com dúvida. Visto o que está sendo encaminhado é que é uma pré-
conferência. Eu tinha entendido logo que a gente começou a conversar que seria
as coordenações regionais iriam pensar de que forma seria melhor para poder
realizar as suas conferências locais e em seguida faria a consolidação com os
indígenas. Não é mais isso?
Maria Augusta – Vou tentar trazer aqui os elementos, as primeiras etapas
Simone que a gente está propondo são as mais localizadas possíveis, então em
cada terra indígena, cada terra indígena vai poder fazer por aldeia ou não, vai
fazer todo um processo. Isso, como colocou o Saulo ter uma obrigatoriedade de
ter uma paridade participativa. E isso vem para as regionais está bem? Aonde vai
fazer, isso vai definindo nos processos.
Jaime – Só, assim eu acho que a proposta é interessante porque é uma
forma também de envolver os Comitês regionais das CRs nesse processo, está
certo? Uma vez que boa parte dos Comitês está desarticulada, inclusive eu acho
que é uma oportunidade muito interessante para rearticulação de Comitês
Regionais que ainda não estão em pleno vapor levando em conta inclusive que
além da CNPI, o Comitê Gestor da PNGATI, os Comitês Regionais também são
órgãos de governança da PNGATI, eu acho muito legal a ideia, só acho que tem
que ser. Essas reuniões vão ter que ser um ou momento ou outro vão ter que ser
simultâneas porque se for uma depois da outra acho que a gente passa de 2015.
Acho que em algum momento nós vamos ter que ter reuniões simultâneas
acontecendo pelo Brasil.
Sandro Tuxá – Pessoal eu queria contribuir na proposta. Sandro Tuxá,
pela região leste e nordeste, APOIME. Eu acho que não tem nenhum problema
que as reuniões aconteçam simultâneas porque cada administração tem uma
atividade própria e tem uma ação própria, se fosse assim não tinha reunião dos
Comitês, apesar, como o Paulino bem lembrou bem, que está desestruturado, mas
eu acredito que a forma de acontecer por coordenações regionais é trazer a
problemática da realidade local de forma muito mais apurada e tentar trazer a
problemática, tentar romper os gargalos que tem em cada organização, inclusive a
inoperância da CTL, inclusive a inoperância dos Comitês Gestores, vão trazer as
fragilidades do órgão e de outras coisas mais, que tanto afetam a questão indígena
das políticas públicas.
Teresinha – E, lembrando bem que vocês se forem concomitantes,
procurar que não sejam duas na mesma região porque vocês como membros da
CNPI vão ter que estar em todas, vocês vão ter que estar girando em todas, então
cuidado para que não sejam duas na mesma região. Eu acho que vocês já tem um
pouco de experiência como foi aquela do Estatuto não ? Vocês já têm
experiência, já lembra como ela é puxada, como ela foi corrida. Então, vamos
encaminhar, vamos ver data então?
Lindomar Xocó –Lindomar Xocó. E que tudo fique a critério da
Comissão Organizadora que traga para o Pleno para que a gente possa estar
encaminhando tudo isso nas regionais para não deixar que o Administrador faça
da forma que ele quer.
Teresinha – Correto, inclusive vocês devem ter bem lembrado quando a
gente fez as oficinas do Estatuto não foram os Coordenadores que escolheram
quem eram as pessoas que participava, foi vocês junto com os Coordenadores.
Acho que é um trabalho pactuado junto para que não haja nem só de um lado nem
só de outro.
Lindomar Xocó – Eu estou dizendo isso porque em algumas
negociações, por exemplo, na minha, nós como representantes da CNPI não
somos convidados para nada, então não somos respeitados, essa é a minha
indignação.
Teresinha – Ok. Só um minutinho. Saulo estava inscrito e depois
Chiquinha.
Saulo – Comentando a proposta de que quando o grupo pensou realizar
10 pré-conferências era considerando que a nacional aconteceria ainda em 2014
em função da conjuntura. Se agora está se pensando para 2015 e aí se amplia o
número das Conferências regionais, acho legal, mas vejo que é importante se
garantir um momento intermediário que seria no final de 2014. Um seminário, do
mesmo jeito que a gente vai ter um seminário preparatório, eu acho que tem que
ter um grande seminário intermediário porque fica muito distante, o ideal para
mim seria que as conferências, todas as conferências regionais fossem realizada
ainda em 2014, ou antes, ou depois das eleições, para a gente ter o começo do ano
todo seria a sistematização e esse seminário de dezembro, começo de dezembro
ou final de novembro seria muito importante para isso, então acho que já que eles
vão se multiplicar a gente tem que garantir um outro momento nacional que se
discute a metodologia como isso vai se dar, o seminário preparatório, as
conferências, aquele momento que antecede a conferência e depois a conferência,
é para justamente juntar todas essas contribuições que vem das regiões.
Teresinha – Saulo, esse seminário regional seria para somente para a
Comissão Organizadora, o pessoal costurar o resto ou bem mais ampliado, uma
pré-conferência nacional? Desculpa Chiquinha, só para eu tirar essa dúvida.
Saulo – Eu estou entendendo assim Teresinha, naquele seminário, do
primeiro seminário vai se preparar os coordenadores, em tese todo mundo que vai
coordenar as conferências locais deveria estar naquele seminário preparatório, o
segundo seminário vai ser basicamente um mesmo público, que é o publico que
trabalhou nas coordenações e ali nós vamos ter um momento da sistematização
geral para não ficar isso só com aquela Comissão de sistematização pequena que
vai surgir depois.
Teresinha– Ok. Obrigada Saulo. Chiquinha.
Chiquinha Paresi – O meu é questão mesmo de esclarecimento. Eu
quero ter um entendimento com clareza para que eu possa divulgar essa discussão
na minha região, no meu estado, Mato Grosso, por exemplo, eu quero dar a
situação mesmo nossa, nós somos lá cinco regiões, então o que eu tinha pensado
era um pouquinho diferente do que nós realizamos na época do Estatuto, porque
no Estatuto a gente problemas, nós tivemos situações de administrações que
estavam fechadas os índios tinha invadido, estavam fechado e esses indígenas
tiveram que vir para outra administração. Tivemos uns problemas super
estressantes. Eu vejo que é muito importante a questão do esclarecimento para
essas administrações, de clareza para os coordenadores regionais das CTLs sobre
o que está acontecendo gente, porque eu não quero passar o que eu passei, pelo
amor de Deus, estressante, por exemplo, a gente mandou uma lista para um
determinado, na época era administrador, ele não mandou porque não tinha
passagem, ele falou que não sabia de nada, sabe aquela história? Não sei de nada,
não sei o que está acontecendo. Então, esse tipo de coisa, assim, penso eu que
como a Funai é a base institucional que vai coordenar, uma das coordenadoras em
relação a isso, eu penso que ela tem que dar esse esclarecimento, fazer uma
reunião com todos os coordenadores, se possível chamar eles aqui em Brasília e
decretar. Decreto olha aqui, vocês estão fazendo isso, isso, isso e isso. Vocês tem
que orientar porque a gente teve esse problema. Outra questão também, como eu
coloquei em relação a isso, em relação à contribuição, por exemplo, do município
e dos estados, é lógico que os municípios vão querer participar e aí também uma
orientação para não ficar assim só eu faço aí eu fico batendo lá e falando não, que
é assim, mas eu não tenho respaldo daqui de cima que não mandou nada para lá
como aconteceu no próprio Estatuto, não falaram nada, não orientaram nada, e os
caras, é lógico: Eu não vou fazer, não tem orientação e quem manda em mim é o
presidente. É desse jeito que os de lá falam. Então vamos parar com isso e a coisa
sair daqui, vai para as bases, chama esses coordenadores, põem eles aqui, senta
com eles, orienta como deve ser. Lembrando que nós temos administrações. Eu
falo administração, pois não consigo mais assimilar esse negócio de coordenação,
que não tem ninguém está vazio, não tem ninguém, ou então tem uma pessoa e os
indígenas estão sendo atendidos por outro. No meu caso são cinco regiões e a
gente pensa em fazer em cinco regiões, por exemplo, nós temos um povo que vai
ser só para eles, por exemplo, o próprio Xavante vai ser só para eles que são nove
terras indígenas, Xingu, dezessete povos só para o Xingu, não tem como a gente
trazer o Xingu para outro lugar, é lá só para eles. Nesse sentido que eu estou
querendo contribuir, assim, ver como a gente pode pensar cada realidade é uma
realidade, só quero dizer para vocês que de uma maneira geral eu não quero
passar o estresse que eu passei como foi a do Estatuto, porque é muito bonito aqui
e tal, os chefes aqui, mas lá na ponta a conversa é outra. Eu acho assim, a gente
fecha essa questão aí muito bem fechada e a ordem vai para lá, que os caras muito
disso gente: Eu só aceito as ordens lá de cima, avisou, se não avisou dançou. É
desse jeito que funciona a questão.
Titiah – Questão de ordem. Luiz Titiah representando o nordeste e leste.
Eu recebi uma ligação agora e queria registrar aqui na reunião do CNPI, que a
questão dos Tupinambá está ruim sabem, tem uma manifestação dos fazendeiros
onde fecharam a BR 101, queimaram pneus e estão protestando para tirar a
comunidade de Babau da terra de qualquer jeito, acho que assustaram funcionário
da Funai, acho que deram porrada na viatura da política e está muito ruim lá a
região. Queria ver se Guta pudesse entrar em contato com alguém lá para saber se
realmente está acontecendo isso mesmo. Me ligaram, agora.
Maria Augusta – Vou entrar em contato. É porque o Marcelo estava em
contato com o pessoal da PF, mas eu vou ligar na regional também e passo o
informe.
Teresinha – Não, Paulino é o último inscrito.
Paulino – Eu só queria embasar a fala da Chiquinha, eu estou lembrando
aqui a experiência do GT da PNGATI nós tivemos muito problema para garantir a
participação de algumas lideranças exatamente pela desconexão, inclusive receio
e, sei lá, rixa entre administradores e lideranças indígenas e acho que a gente tem
que contornar isso garantindo no seminário de preparação a participação dos
coordenadores regionais, eles têm que estar no início do processo, não basta
passar uma circular, uma instrução apenas, tem que envolver eles no processo e
inverter um pouco a coisa, eles têm que aprender que o sujeitos de direito tem que
ser protagonistas o bastante possível são as lideranças, eles têm que começar a
respeitar as lideranças que estão inclusive na CNPI. A experiência nossa é
traumática, naquela hora pedi a palavra e ao mesmo tempo retirei porque tem
problema de ordem estrutural, tem regionais que não estão estruturadas, então
vamos ter que ver como trabalhar isso de fato para que uma regional não tenha
prejuízo em termos de encaminhamento dos processos, das discussões e a
construção da Conferência. Esse é um grande desafio inclusive para a presidenta
da Funai.
Maria Augusta – Falando como presidência da Funai agora, concordo,
acho que temos que ter a participação das regionais em todas as etapas, temos
pleno acordo. Acho que a gente tem locais mesmo onde temos problemas
estruturais nas regionais, mas a gente precisa dar conta, então eu acho que se há
algum lugar onde a gente está sem coordenador, com coordenador substituto, nós
vamos ter que viabilizar a participação de alguma forma das regionais, e isso
Paulino, eu já me comprometo aqui a assumir essa atribuição e ter essa
participação regional garantida em todas as etapas.
Saulo – Pensando alto, metodologia, nós teríamos Comissão responsável
pela preparação, aquele seminário, o primeiro seminário nacional que seria o
seminário de preparação para mobilização ele deveria ser um seminário que teria
em torno de 200 pessoas, porque nós teríamos 37 coordenadores regionais mais
os membros das organizações indígenas, a gente teria um número grande de
pessoas que estariam se preparando. E, nesse seminário envolver o Comitê Gestor
da PNGATI. Por exemplo, têm que ver todas essas pessoas tem que estar, eu acho
que duzentas pessoas é um número bom. Nós iríamos para essas conferências
autônomas das comunidades e as conferências regionais depois as 37 e mais um
seminário intermediário que seria de socialização, um seminário de socialização e
de sistematização esperando que até o final de 2014 tenha acontecido as 37, senão
a gente faria com as que já aconteceram, mas tem que haver esse momento
intermediário antes de abril e aí a gente fecharia um processo de metodologia que
eu acho que garante a mobilização permanente e a informação, a comunicação, à
socialização. Problemas como esse que a Chiquinha disse, se aparecem no
seminário de socialização a gente já tenta resolver até a Conferência Nacional
para não vim esse problema para a Conferência Nacional.
Maria Augusta – Lúcia, você quer fazer a leitura? Eu acho que ficou
faltando a gente fechar, não sei se a hora que eu sai vocês discutiram isso, a data
para a nossa primeira reunião e eu estava um pouco fazendo as contas aqui de
quantas atividades a gente vai ter entre etapas regionais, seminários e tudo mais
para a gente poder refletir um pouco também para isso já ser um instrumento para
a primeira reunião da Comissão. Quer ler Lúcia, para ver como ficou?
Lúcia Alberta – Eu já inventei uma sigla aqui. Como toda sigla de
conferência começa com CO eu já inventei um COMP aqui. Só para resumir.
Vamos lá. Então, primeiro com relação às etapas. Pela fala de vocês nós vamos
ter pelo menos cinco etapas, o primeiro é essa primeira reunião que seria em
janeiro ainda que eu estou chamando de seminário de arrancada do processo de
construção da Conferência Nacional de Política Indigenista, nesse caso
participam somente os membros da Comissão Organizadora. O segundo, aí
começando nas pontas, em um primeiro momento teriam momentos prévios das
pré-conferências mais autônomas nas terras indígenas, nas aldeias, sem paridade,
para iniciar a discussão. Então ele seria livre de organização por CR coordenado
se possível pelas CTLs no âmbito dos comitês regionais. Esqueci o nome, alguém
falou, Jaime falou. O segundo momento, quer dizer, o terceiro momento: a pré-
conferência por regional da CR, seriam 37 pré-conferências. Outro, um seminário
nacional que o Saulo chamou de intermediário para sistematizar as discussões,
fechando a organização da Conferência Nacional, que seria no mês de dezembro,
e a Conferência Nacional seria na semana dos povos indígenas em abril de 2015.
Eu acho que é isso de informação. É isso mesmo? Vocês entenderam? É isso?
Dourado Tapeba – Lúcia, a data dessa primeira reunião da Comissão
Organizadora e aí a Comissão Organizadora faz as outras datas das próximas
reuniões.
Lúcia Alberta– Eu coloquei aqui, pela fala de vocês deu para entender
que seria em janeiro, aí eu coloquei final do mês de janeiro. Da Comissão, é a
primeira Comissão.
Teresinha – Simone, pedindo uma questão de ordem.
Simone Karipuna –É o seguinte, presidenta, a gente tinha feito uma fala
sobre a questão das reuniões do GT Interministerial só que a gente ficou de dar a
resposta agora depois do lanche. Eu vou ter que sair agora porque eu estou
precisando resolver uma questão pessoal e o Luiz também está de saída. Da
bancada indígena como proposta tanto para a Funai quanto para o MDA que a
reunião seja, isso já foi acordado em reunião, em conversa de bastidores, de ser na
segunda quinzena de fevereiro. Então a gente deixa isso acordado e que essa
reunião ocorra aqui em Brasília até porque início de ano é meio complicado, que
a gente já havia acordado de ter reuniões fora de Brasília, mas que essa
inicialmente do ano de 2014 fosse aqui em Brasília e aí a gente fica conversando
Luiz Fernando para que a gente fique fechado essa agenda de datas, a bancada
indígena está ciente disso. Ok. Obrigada. Não, espera aí. Só queria desejar a todo
mundo um feliz natal, e um 2014 de muita prosperidade e muitas conquistas para
os povos indígenas. Um abraço a todos.
Maria Augusta – Pessoal é o seguinte, vamos considerar que a gente está
com a data da Nacional proposta que é o período de abril de 2015, eu considerei
aqui que a gente teria contando até lá, de janeiro até lá a gente teria 16 meses,
tirando dois junho, e julho de Copa, e tem que tirar eleição. Então vou tirar cinco,
dois da eleição e mais digamos dezembro que é um mês de fim de ano, não dar
para fazer muita coisa, ficariam 11 meses, é isso ou não? Eu não sei isso. Então
tira dois da Copa, três da eleição e janeiro que não dá para fazer nada. Tira três,
Saulo, que você acha?
Teresinha – Em consulta à justiça eleitoral para ver se pode ou não pode
a gente só está vendo três antes e três depois quando se fala em Conferência.
Maria Augusta – Na verdade a gente vai ter 41 atividades sem contar as
etapas locais, porque olha só, uma reunião da Comissão Organizadora que é a
primeira de preparação que acho que já dá para marcar para janeiro, o seminário
de mobilização. Abril? Eu acho muito longe, mas enfim, 37 pré-conferências
regionais, um seminário de socialização que seria do final das regionais e a etapa
nacional, então esse seminário e a nacional podem ficar para 2015 e a gente teria,
essas 41 atividades teriam que se dividir em mais ou menos de 10 a 13 meses aí.
Tem que ser quatro atividades mais ou menos por mês, sejam as regionais. Enfim.
É mais ou menos isso e aí considerando que as regionais podem acontecer
concomitantemente, não precisa ser algo que seja uma realizada por período, um
período pode ter duas ou três realizando ao mesmo tempo. Em dezembro? Então
coloca em dezembro.
Dourado Tapeba – Eu queria só propor o seguinte, que esses detalhes
fossem discutidos na Comissão Organizadora.
Maria Augusta – Então ótimo, fechou. Então que dia nós vamos marcar a
data, essa aqui tem que marcar a primeira da Comissão Organizadora? É janeiro,
mas não dá para a gente já sair com a data fechada?
Maria Augusta – Isso, quarta feira dia um, dia dois é quinta. Vamos fazer
na segunda não é gente, dia sete. Então, duas propostas, semana de 13 a 17 ou de
20 a 24 ou 13 a 18? Abstenções? Aprovada a semana de 20 a 25. Então está bem
gente, semana de 20 a 25. Próxima reunião da CNPI Teresinha, março?
Teresinha – Vamos marcar agora o calendário do ano, porque eu preciso
prever para nós juntarmos. Então são quatro por ano, vamos manter como
mantivemos as outras, março, junho, setembro e dezembro?
Maria Augusta – Eu estava pensando que a gente pudesse juntar um
pouco as agendas da CNPI já com esse calendário da Conferência, então, por
exemplo, pega algumas regionais a CNPI pode ir para o local, faz um dia de
reunião da CNPI lá, já vai avaliando. Não sei se isso é viável também. Aí no
seminário pode ser uma reunião, exatamente. A de dezembro e a de março pode
ser junto com a reunião do Seminário.
Maria Augusta – Gente, só uma coisa, eu acho que faltou um detalhe
bem importante, mas a gente está sem uma representação do MJ aqui na mesa que
a Teresinha vem pela Secretaria Executiva, que é o seguinte, precisa ter a portaria
que institui? Se for decreto, então é presidencial.
Maria Augusta – É portaria do Ministro. Não temos Conselho, não tem
problema, poderia ser do Ministro, mas não exige um decreto não é? Presidencial.
Mas, você leva isso Tere, porque tudo isso depende de ter a portaria chamando.
Então está bem, a Teresinha vai levar isso para eles. Ok? Então fechando a
questão da Conferência? E agora eu gostaria de puxar também a questão das
datas, já temos a data para as regionais, para a nacional, as reuniões da CNPI, as
ordinárias são quatro no ano ordinárias e a gente sempre prevê uma extraordinária
se precisar durante o ano. Eu acho que agora nós teríamos que discutir a questão,
não sabemos se vocês concordam ou não, mas a questão das oficinas para discutir
a minuta de portaria gente. Porque senão nós vamos ser cobrados, eu e a Tere
vamos ser cobradas quando vai ser as oficinas e nós não discutimos, só
discutimos a Conferência. Não, Marcelo esta no Fórum de Direitos Humanos
representando o Ministério da Justiça, e a Natalia que é suplente esta em uma
reunião na Funai, representando a Secretaria Executiva, para discutir sobre
rodovias do Mato Grosso, e nós não tivemos ninguém aqui.
Saulo – Teresinha, a proposta nossa é que nessas reuniões acontecesse a
discussão. A proposta nossa é que aconteça dentro dessas oficinas. O que pode se
fazer é para não esperar até 2015 é o seminário de sistematização fechar a
sistematização do resultado da consulta à minuta, se o Ministro achar, para não ter
que esperar até 2015. Então, colocaria no final de 2014 no seminário nacional de
socialização e sistematização. É, porque também, o Ministro disse que ia
dialogar? Dizendo ele que a proposta é diálogo nossa.
Teresinha – Lembre-se que o Ministro tinha dito que precisava o quanto
antes dessa definição. Que ele queria que tocasse em janeiro ainda.
Saulo – Sim, mas o Mateus já colocou que ele tem que obedecer os
tempos também, não pode agora chegar e chantagear, é bom que está registrado
em ata.
Teresinha– Não, eu vou levar isso, Saulo, eu vou levar isso, vou colocar.
Saulo – Certo, mas eu estou querendo constar em ata, diálogo significa
dialogar e não chantagear, então não se pode colocar: Olha, se não fizer isso não
se demarca terra indígena. Você inviabiliza o diálogo, então o Ministro vai ter que
entender, quando ele propõe diálogo o diálogo tem que ser de fato franco e que
haja possibilidade de as pessoas serem informadas sobre o tema que vai
possibilitar o diálogo com as comunidades, com as organizações, ele vai ter que
entender Teresinha.
Dourado Tapeba – Eu queria dizer o seguinte Guta, também ao Ministro,
que aqui não é Conselho, mas é a Comissão. O que responde pelo Conselho é a
Comissão. Então, o Ministro tem que convocar a Conferência no âmbito da
Conferência Nacional de Política Indigenista.
Maria Augusta – Pessoal, é o seguinte, só fazendo um registro, nós
estamos finalizando a reunião, dedicamos grande parte do nosso tempo pensando
no cronograma da Conferência e já no finalzinho, são 19h30’, estamos apenas
Teresinha e eu aqui, presidente e secretária executiva do governo, não temos mais
ninguém aqui da bancada de governo, a bancada indígena e a bancada indigenista
estão fazendo uma proposta, que foi a proposta que já foi ventilada desde o inicio
do debate, de a gente inserir a discussão, as oficinas sobre a portaria no âmbito
desse cronograma da Conferência. Nós não temos condição de decidir isso aqui
porque a bancada de governo se esvaziou, não tem nenhum representante aqui
então a gente vai levar ao Ministro. Espera só um pouquinho que estão me
ligando aqui, para definir na próxima reunião.
Teresinha– Isso, na próxima reunião em março, que é a próxima reunião
da CNPI é em março, em janeiro deverá ser a reunião da Comissão Organizadora.
Chiquinha Paresi – Essa é a pauta para a próxima reunião?
Teresinha – Isso. E outra pauta eu acho que esse pequeno grupo que vai
se reunir em janeiro é o mesmo grupo que estava definindo a pauta das reuniões
da CNPI, eu acho que quando for se reunir em janeiro já define também a pauta
da próxima reunião incluindo essa sobre as oficinas da portaria, da minuta da
portaria. É isso então? Encaminhado? O último tópico aí: Sobre as oficinas para
discussão da minuta de portaria do Ministério da Justiça que reorganiza os
procedimentos de demarcação da terra indígena, a proposta da bancada indígena
na CNPI é que a consulta seja feita no âmbito das conferências regionais da
Conferência Nacional de Política Indigenista. Como a reunião ordinária nesse
momento estava esvaziada essa decisão será deliberada na próxima Reunião
Ordinária da CNPI. Ah é, Lucia que fique bem claro, esvaziada por parte da
representação governamental. É isso, gente? Bom, antes de encerrar, antes da
Maria Augusta, da presidenta encerrar, eu gostaria de dizer como Secretária
Executiva agradecer a cada membro da CNPI mas, primeiramente, pedir desculpa
se em algum momento nesse ano as coisas não correram exatamente como todo
mundo queria, exatamente como tinha que ser, mas a gente fez, tanto eu quanto a
Graci, lá no Ministério da Justiça, quanto a Maria Augusta, mas eu vou falar por
nós duas não é Graci? Que a gente sempre procurou fazer, dar o máximo de nós
pela CNPI e esperamos que no próximo ano a gente continue caminhando e
caminhando cada vez mais, porque no ano que vem teremos um ano pesado, com
muito trabalho e desejar a todos um feliz natal, um ano de 2014 com um campo
bem aberto para que a gente consiga resolver e fazer tudo o que a gente planejou
para o ano que vem e parabéns para nós todos.
Chiquinha Paresi – Eu só queria dar um recadinho bem rapidão, além de
desejar boas festas para todos, Teresinha, todo esse material vai ser mandado para
a gente não é? É. Só queria aproveitar a oportunidade também de agradecer a
Teresinha, a Secretaria Executiva nossa, agradecer aos parentes, a todos aqueles
direta ou indiretamente que contribuíram para a realização das nossas reuniões,
que se não fosse essas pessoas que muitas delas às vezes a gente não cita, a gente
não conseguiria estar aqui. Meus agradecimentos sinceros a você, Guta, pela seu
esforço, o seu empenho em chegar até o dia de hoje, porque não é fácil, a gente
sabe disso, e esperamos que o outro ano que vem de fato seja um ano melhor para
nós indígenas e para a nossa luta.
Rosa Pitaguary – Rosa Pitaguary. Eu também quero agradecer a todos e
a todas, principalmente a nós bancada indígena que continuamos firmes e fortes,
por mais uma reunião, terminando mais um ano nós bancada indígena dialogando
para nós mesmos, então assim, que nós continuemos fortes, mas que o próximo
ano tenha o governo também para estar nos escutando até o final. E quero
parabenizar Tere, Secretária Executiva, Graci pelo apoio que sempre tem nos
dado aqui, pelo carinho, pela atenção, Guta, também por ter estado sempre aqui
nos escutando, ouvindo as nossas reclamações de certa forma, mas é porque às
vezes é preciso que a gente realmente coloque o que a gente está sentindo e quero
desejar a todos e a vocês três um feliz natal cheio de prosperidade, feliz ano novo
com bastante saúde, que nós possamos realmente conseguir vencer essa agenda
que foi colocada para o próximo ano e que está todo mundo já preocupado com
ela. Obrigada.
Brasílio Priprá – Eu também quero agradecer a todos, um feliz 2014 para
todos com um abraço e um beijo no coração de todos. Obrigado.
Maria Augusta– Pessoal, obrigada a todo mundo, acho que já avaliamos
um monte, também queria falar aqui que espero que no ano que vem a gente
consiga realizar a nossa agenda de trabalho e queria agradecer a todos os nossos
colaboradores que ficaram e ficam sempre até o final, a Eliane que veio essa vez
de suplente porque o nosso pessoal estava todo de férias, então obrigada por ter
contribuído, o pessoal da equipe de gravação, som que ajudou a resolver, o nosso
câmera que ajudou a resolver as questões dos microfones que essa vez não
queriam nem deixar a gente falar. Então é isso minha gente, está encerrada a
reunião, bom ano novo, boa volta para todo mundo e até 2014.
***