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CONSTITUCIONAL – NOVELINO – AULA 01

CONSTITUCIONALISMO:

1- EVOLUÇÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL

1.1- CONSTITUCIONALISMO: É uma idéia que se contrapõe ao Absolutismo , numa tentativa de limitar o poder do Estado.

Temos 3 IDÉIAS BÁSICAS DO CONSTITUCIONALISMO:

1ª) GARANTIA DE DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS INDIVÍDUOS;

2ª) PRINCÍPIO DO GOVERNO LIMITADO AO DIREITO: todo governo constitucional tem que ser limitado. A Constituição vai impor limites a idéia de governo; Karl Loewenstein assevera que “a história do constitucionalismo não é senão a busca pelo homem político das limitações do poder absoluto exercido pelos detentores do poder...”

3ª) SEPARAÇÃO DE PODERES: a divisão entre órgãos distintos às funções do Estado;

Canotilho – a teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado, indispensável a garantia dos direitos, em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade;

Em suma, as 3 ideias básicas do constitucionalismo são:- Garantia dos Direitos;- Separação dos Poderes;- Princípio do Governo Limitado;

1.2- ETAPAS DE SEU DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO:

1.2.1- CONSTITUCIONALISMO DA ANTIGUIDADE OU ANTIGO:

Este vai até o século XVIII.

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O constitucionalismo antigo engloba as experiências constitucionais que se caracterizaram como um conjunto de princípios escritos ou consuetudinários alicerçadores da existência de direitos estamentais perante o monarca e simultaneamente limitadores de seu poder.

A) EXPERIÊNCIAS DO CONSTITUCIONALISMO ANTIGO:

1ª) ESTADO HEBREU:

Onde já havia uma limitação do poder através de dogmas religiosos.

Era um Estado Teocrático, onde os dogmas religiosos consagrados na Bíblia eram impostos como limites ao poder político.

A sociedade vivia sob o jugo da autoridade divina e os direitos tinham uma forte influência da religião.

2ª) GRÉCIA E ROMA:

Segunda e terceira experiência foram na Grécia e Roma, onde tiveram uma experiência relacionada a democracia constitucional (participação popular nas escolhas políticas).

Tempos marcados pelas seguintes características:

- a inexistência de constituições escritas;

- prevalência da supremacia do Parlamento;

- a possibilidade de modificação das proclamações constitucionais por atos legislativos ordinários;

- a irresponsabilidade governamental dos detentores do poder.

4ª) INGLATERRA:

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Quarta experiência foi na Inglaterra, onde se teve a experiência da “rule of law” - governo das leis em substituição ao governo dos homens - ou seja, o governo não é mais de uma pessoa, mas sim das leis.

A subordinação do governo ao direito só foi possível na Inglaterra graças à independência dos juízes em relação ao poder político e, sobretudo, pela particularidade do direito inglês de considerar, ao lado das normas legislativas emanadas do Parlamento, os precedentes judiciais e os princípios gerais do direito contidos no commow law, um direito do qual os juízes são conservadores e depositários.

Tivemos na Inglaterra também, VÁRIOS DOCUMENTOS IMPORTANTES:

1- MAGNA CARTA LIBERTATUM (1215);2- PETITION OF RIGHTS (1628)3- LEI DO HABEAS CORPUS “HABEAS CORPUS ACT” (1679)4- BILL OF RIGHTS (1689)5- ACT OF SETTLEMENT (1701)

Tempos marcados pelas seguintes características:

- a supremacia do Parlamento;

- a monarquia parlamentar;

- a responsabilidade parlamentar do governo;

- a independência do Poder Judiciário;

- a carência de um sistema formal de direito administrativo;

- a importância das convenções constitucionais.

ESTES ACIMA FORAM OS EMBRIÕES DAS CONSTITUIÇÕES ESCRITAS

B) CARACTERÍSTICAS COMUNS DESTAS 4 EXPERIÊNCIAS:

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1ª – CONJUNTO DE PRINCÍPIO QUE GARANTEM A EXISTÊNCIA DE DIREITOS PERANTE O MONARCA, LIMITANDO O SEU PODER;

2ª – CONSTITUIÇÕES CONSUETUDINÁRIAS: esta é marcante, e talvez por isso, muitos autores não considerem a existência de Constituição, pq nesta época não existia Constituição Escrita;

obs: quando uma constituição é costumeira não existe distinção formal entre uma Constituição e uma Lei, e portanto, não existe supremacia formal da Constituição, pois o mesmo parlamento que vai modificar uma lei, pode modificar uma Constituição, não existe diferença de procedimento; portanto, se não existe supremacia, por conseqüência não há controle de constitucionalidade;

3ª – SE NÃO EXISTIA SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO, ENTÃO, A SUPREMACIA ERA DO PARLAMENTO;

Vai até o final do séc.XVIII

1.2.2- CONSTITUCIONALISMO LIBERAL OU CLÁSSICO

O marco histórico foi 1787, porque foi nesta data que surge a PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO ESCRITA DA HISTÓRIA, que foi a Constituição Norte Americana (que está em vigor até hoje).

Com o surgimento desta Constituição Escrita surge a idéia de Constituição Rígida, em que se tem um processo mais solene de alteração, do que o processo legislativo ordinário.

Não é a existência de cláusula pétrea que caracteriza a rigidez, mas sim o procedimento legislativo mais complexo que o da alteração de lei ordinária.

Obs: estudar a Classificação das Constituições quanto a ONTOLÓGICA (estudo do ser quanto ao ser, da origem), que é uma classificação feita por Karl Ldewenstein, tem sido cobrada nos últimos concursos.

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Apartir da Constituição Rígida é que surge a idéia da Supremacia da Constituição Formal, pois até então não existia esta supremacia normal.

No período final do séc.XVIII, a corrente filosófica principal era o JUSNATURALISMO, que são direitos inatos ao homem, eternos e universais, ou seja, não eram direitos que eram criados pelo ordenamento jurídico, mas sim eram direitos que já pertenciam ao homem. (esta corrente predominou tanto no constitucionalismo da antiguidade, como no constitucionalismo clássico).

- Dentro deste período do Constitucionalismo LIBERAL, tem 2 experiências importantes:

a) CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO: este vai contribuir com a idéia de:

A.1) SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO: E esta supremacia está ligada a chamada regras do jogo;

Tem-se os três Poderes: PL, PJ, PE - estes estabelecem as regras do jogo e impõe limites a estes poderes, e é justamente a Constituição que vai estabelecer os limites-funções que estes poderes vão exercer. Então , se a Constituição estabelece as regras do jogo político, por uma questão lógica, ela deve estar acima dos que dele participam, por isso a Supremacia;

A.2) GARANTIA JURISDICIONAL:

Isto é, quem vai garantir que a Supremacia da Constituição será preservado, será justamente o Poder mais Neutro, o Poder Judiciário que vai garantir a Supremacia da Constituição; CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE (1803 – no famoso caso Marbury X Madison, onde o juiz John Marsahll).

No EUA o controle de constitucionalidade não tem previsão constitucional; Esta experiência é norte americana, e inicialmente não foi importada pela Europa;

Entre as inovações e principais características do constitucionalismo norte-americano, podem ser destacadas:

I-A CRIAÇÃO DA PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO ESCRITA E DOTADA DE RIGIDEZ;

II-A IDEIA DE SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO;

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III-A DISTINÇÃO ENTRE PODER CONSTITUINTE E PODERES CONSTITUÍDOS;

IV-A INSTITUIÇÃO DO CONTROLE JUDICIAL DE CONSTITUCIONALIDADE;

V-A FORMA FEDERATIVA DE ESTADO;

VI-O SISTEMA PRESIDENCIALISTA;

VII- A FORMA REPUBLICANA DE GOVERNO;

VIII- O REGIME POLÍTICO DEMOCRÁTICO;

IX- A RÍGIDA SEPARAÇÃO E O EQUILÍBRIO ENTRE OS PODERES ESTATAIS;

X- O FORTALECIMENTO DO PODER JUDICIÁRIO;

XI- A DECLARAÇÃO DE DIREITOS DA PESSOA HUMANA;

b) NA REVOLUÇÃO FRANCESA: Para assegurar os direitos de liberdade do povo e da burguesia ascendente; no Constitucionalismo Francês a primeira Constituição surgiu em 1791, e em 1793 já surge uma nova Constituição; era uma constituição extremamente prolixa, com vários artigos;

O constitucionalismo francês também vai contribuir com 2 idéias:

B.1) GARANTIA DE DIREITOS;

B.2) SEPARAÇÃO DOS PODERES;

Estas duas idéias, ou melhor, o principal precedente desta concepção estão previstas no art.16 da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789); para que uma Constituição possa existir, o mínimo que ela pode consagrar é a garantia dos direitos e a separação dos poderes;

Na Europa, a supremacia não era da Constituição, mas sim do Poder Legislativo;

As principais características do constitucionalismo francês, podem ser destacadas:

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I-A MANUTENÇÃO DA MONARQUIA CONSTITUCIONAL;

II-A LIMITAÇÃO DOS PODERES DO REI;

III-A CONSAGRAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES;

IV-A DISTINÇAÕ ENTRE O PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO E DERIVADO – cujo principal teórico foi o Abade Emmanuel Joseph Sieyès;

- No Constitucionalismo Clássico ou Liberal surge a PRIMEIRA DIMENSÃO OU PRIMEIRA GERAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:

O autor desta distinção de gerações foi Karel Vazak (1979). Só que quem deu conhecimento a estas gerações foi Norberto Bobbio. E aqui no Brasil, quem trouxe esta distinção foi o autor Paulo Bonavides.

As Constituições não consagraram todas as dimensões de direitos, de maneira conjunta.

A importância desta classificação de gerações é para fins didáticos.

São os seguintes:

- DIREITOS DE PRIMEIRA DIMENSÃO OU GERAÇÃO:

LIBERDADE (1ª GERAÇÃO)

IGUALDADE (2ª GERAÇÃO)

FRATERNIDADE (3ª GERAÇÃO)

para lembrar, basta lembrar do lema da revolução francesa.

I- 1ª DIMENSÃO: LIBERDADE: são conhecidos como os:

- DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS: Estes direitos surgem a partir das Revoluções Liberais, onde se buscou que se assegurasse a liberdade dos indivíduos em face do Estado;Estes direitos civis e políticos tem caráter negativo, pq exige uma abstenção por parte do Estado, e não uma atuação positiva, pois eles queriam que a liberdade religiosa, de educação, etc fossem garantida, e para isso, o Estado não poderia retroceder;A proteção dos direitos dos indivíduos eram oposição ao Estado; aqui, o Estado eram os únicos destinatários destes direitos, ou seja, só eram oponíveis ao Estado e não a outros particulares,

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então, a eficácia dos direitos individuais eram apenas vertical (se aplicam apenas na relação individuo-estado, e não individuo-individuo);Obs: Adam Smith é o principal representante do liberalismo econômico.Dentro do Constitucionalismo Clássico surge a primeira denominação de Estado de Direito ou Estado Liberal, que começa aqui, e se caracteriza pelo seu ponto marcante que é o ABSTENCIONISMO (antes existia o Estado Absolutista, que podia tudo, daí, veio uma reação, onde existe limitações para o Estado, que o estado não pode nada, que se abstenha de atuar).

Quando se fala em ESTADO DE DIREITO OU LIBERAL, tiveram 3 CONCRETIZAÇÕES IMPORTANTES: 1ª – Rule of law (Inglaterra): o governo das leis em substituição ao governo dos homens, a expressão encontra sua base na limitação do poder arbitrário e na igualdade dos cidadãos ingleses perante a lei, ideais florescidos durante a idade Média; 2ª – Rechtsstaat (Estado de Direito) (Prússia): tinha como viga mestra a impessoalidade do poder. O Estado era considerado o único soberano, sendo todos, do Rei ao mais ínfimo funcionário, seus servidores; a lei é compreendida como vontade do soberano; 3ª – État Legal (França – que foi o momento em que ocorreu a concretização do Estado de Direito); pode ser compreendida como o estabelecimento de normas por meio de legisladores eleitos democraticamente. As leis elaboradas pelo Parlamento são concebidas como a expressão da vontade politica geral e dos imperativos constitucionais; interessante notar que a profunda desconfiança dos revolucionários franceses nos juízes não deixava margem para adjudicação da Constituição, o que posteriormente acabou se mostrando inadequado para uma democracia constitucional.

CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO ESTADO LIBERAL OU DE DIREITO:

1ª- Os Direitos Fundamentais correspondem aos direitos da burguesia (liberdade e propriedade), sendo consagrados apenas de maneira formal e parcial para as classes inferiores;

2ª- Limitação do Estado pelo Direito (a noção deles, aqui, é que direito é lei) se estende ao Soberano que, ao se transformar em

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“órgão do Estado”, também passa a se submeter ao império da lei;;

3ª- A atuação da Administração Pública dentro da Lei: então o princípio da legalidade do direito administrativo, já vem desde esta época do Estado de Direito; a intervenção da AP somente pode ocorrer dentro da lei;

4ª- A atuação do Estado limita-se a defesa da ordem e segurança pública, deixando os domínios econômicos e sociais à esfera da liberdade individual e de concorrência (Estado Mínimo): então, é um estado que do ponto de vista econômico, é um Estado mínimo, pois ele não intervém na educação, saúde, indústria, etc;

Obs: O Liberalismo Político: está relacionado ao Estado Limitado.

O Liberalismo Econômico: está relacionado ao Estado Mínimo.

Obs: a limitação do Estado ocorre em relação aos poderes, ensejando o Estado de direito, e , no tocante às funções, desenvolvendo o Estado Mínimo.

INTERPRETAÇÃO DO DIREITO feito nesta Fase Constitucionalista Liberal:

A interpretação era vista como uma atividade mecânica do juiz, ou seja, nesta época a INTERPRETAÇÃO ERA PURAMENTE LITERAL DO TEXTO. O juiz somente dizia o que estava contido no texto de lei;

Este modelo de Estado dura até o fim da PRIMEIRA guerra mundial.

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1.2.3- CONSTITUCIONALISMO MODERNO OU SOCIAL:

Com a crise que ocorreu no séc.19, o Estado Liberal se revelou impotente diante das demandas sociais que abalaram o século 19. Daí, passou a surgir o Constitucionalismo Moderno ou Social.

I- CARACTERÍSITCAS DO MODELO SOCIAL:

A) começa a surgir no séc.20 o POSITIVISMO, que teve Hans Kelsen como principal teórico: a ideia de positivismo é que não importa o conteúdo das normas, mas sim se é feito pelo Estado, enfim, direito é aquilo que é posto pelo Estado; No positivismo não existe uma relação necessária entre direito e moral.

B) Surge a 2ª DIMENSÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: DIREITO DE IGUALDADE : que são:

- OS DIREITOS SOCIAIS;

- OS DIREITOS ECONÔMICOS E,

- OS DIREITOS CULTURAIS;

Teremos 2 CONSTITUIÇÕES QUE PRIMEIRAMENTE MARCARAM A CONSAGRAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS:

1º) CONSTITUIÇÃO DO MÉXICO;

2ª) CONSTITUIÇÃO ALEMÃ;

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Obs: na nossa CF/88, art.6º, (direitos sociais – o primeiro direito social que não estava na Constituição e foi consagrado por Emenda, foi o direito A MORADIA, e depois através da emenda n.64 foi o direito A ALIMENTAÇÃO).

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 26, de 2000)

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 64, de 2010)

Os direitos sociais foram conquistados pela sociedade, e foram decorrentes da REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.

Estes direitos tem caráter POSITIVO, pois são direitos que vão exigir do Estado uma atuação, e não uma abstensão.

Os direitos de primeira dimensão são basicamente individuais, ao passo que os direitos de segunda dimensão serão basicamente COLETIVOS.

C) O Estado abandona a postura abstencionista, e SE TRANSFORMA NUM VERDADEIRO ESTADO INTERVENCIONISTA;

II- CARACTERISTICAS ESSENCIAIS DESTE ESTADO SOCIAL:

A) INTERVENÇÃO DO ESTADO NOS ÂMBITOS ECONÔMICOS, SOCIAL, E LABORAL: então, temos um Estado Intervencionista, com o consequente abandono da postura abstencionista;

B) PAPEL DECISIVO NA PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE BENS, SOBRETUDO OS BENS DE CARÁTER ESSENCIAL:

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C) GARANTIA DE UM MÍNIMO DE BEM ESTAR SOCIAL: o Estado do bem estar social (welfare state): pex, a criação de um salário social para os mais carentes;

D) ESTABELECIMENTO DE GRANDE CONVÊNIO GLOBAL IMPLÍCITO DE ESTABILIDADE ECONÔMICA;

III- INTERPRETAÇÃO NO ESTADO SOCIAL:

Savigny (séc.19) desenvolve alguns elementos interpretativos, que passam a desempenhar um importante papel hermenêutico, quais sejam, são 4:

a) Elemento gramatical ou literal: o interprete analisa tanto o significado dentro do texto, quanto da palavra;

b) Elemento lógico ou científico: é aquele que vai utilizar as regras da lógica formal;

c) Elementos Sistemático: parte da premissa de que o ordenamento jurídico é considerado como uma unidade, então, se temos um ordenamento formado por normas que devem ser coerentes entre si, então, quando formos interpretar uma norma, não podemos fazê-la isoladamente, e sim temos que interpretar em conjunto com as outras normas;

d) Elemento histórico: vai-se analisar a norma dentro do contexto de sua criação; quais eram os anseios da sociedade na época; faz-se uma análise histórica da lei; ver qual foi a exposição de motivos;

e) Elemento Teleológico: (teleos – significa fim): (não foi feito por ele, mas foi desenvolvido por outros autores): busca-se aqui a finalidade da norma, ou seja, os fins que a norma pretende alcançar; este elemento está consagrado na LICC;

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1.2.4- CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO: (Alguns NEOCONSTITUCIONALISMO; Alguns PÓS POSITIVISMO):

I- CARACTERÍSTICAS:

A) REAPROXIMAR DIREITO E MORAL;B) ELEVAÇÃO DOS PRINCÍPIOS A CATEGORIA DE NORMAS: onde norma é o gênero, de

espécies como princípio, e espécie como regra;

Surge outro modelo de Estado.

Este surge na segunda metade do séc.XX, após Segunda Guerra Mundial.

C) SURGE A 3ª GERAÇÃO (DIMENSÃO) DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: FRATERNIDADE: (esta classificação é a do Prof. Paulo Bonavides – o surgimento de direitos ligados à fraternidade (ou solidariedade) teve como causa a constatação da necessidade de atenuar as diferenças entre as nações desenvolvidas e subdesenvolvidas, por meio da colaboração de países ricos como os países pobres): rol de direitos de 3ª geração mencionados pelo prof: (este rol não é exaustivo):

1- DIREITO AO PROGRESSO OU DESENVOLVIMENTO;

2- DIREITO DE AUTO-DETERMINAÇÃO DOS POVOS;

3- DIREITO DE COMUNICAÇÃO;

4 – DIREITO AO MEIO AMBIENTE;

5 – DIREITO DE PROPRIEDADE SOBRE O PATRIMÔNIO COMUM DA HUMANIDADE;

Obs: o direito a paz estava inserido aqui, entretanto, não faz mais parte ainda, e sim faz parte dos direito de 5ª geração (ou dimensão), no sentido de que é algo que ainda devemos buscar, alcançar.

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Obs: OS DIREITOS DE 3ª GERAÇÃO SÃO DIREITOS TRANSINDIVIDUAIS.

D) SURGE OS DIREITOS DE 4ª GERAÇÃO: PLURALIDADE

O responsável pelo surgimento deste direito é a GLOBALIZAÇÃO, e surge os seguintes direitos: (democracia, informação, pluralismo foram introduzidos no âmbito jurídico em razão da globalização política):

1- DIREITO À DEMOCRACIA: atualmente a democracia não é vista apenas no sentido formal ou em sentido estrito (democracia ligada a premissa (vontade da maioria) majoritária). Só que este conceito de democracia foi sendo alterado, e alguns autores como Habermas diz, que para a pessoa exercer democracia tem que se pressupor o exercício de alguns direitos políticos , como por ex, liberdade de reunião, associação, liberdade de pensamento; Então, hoje se fala em democracia em sentido amplo ou material, que compreende não apenas a vontade da maioria, mas também a fruição de direitos básicos por todos, inclusive pelas minorias (entra a importância do Poder Judiciário, que exatamente pelo fato de não ser eleito pelo povo, que irá exercer este poder contra-majoritário); Bobbio – diz que democracia é sinônimo de regras do jogo (observância das regras que conferem legitimidade aos representantes da maioria, que são as regras do pré-jogo, que são, liberdade de associação, liberdade de reunião, liberdade de pensamento); Dworkin – utiliza o conceito de “Democracia Constitucional” (que consiste no tratamento de todos, com igual respeito e consideração, e não exatamente a vontade da maioria);

2- DIREITO A INFORMAÇÃO;

3-DIREITO AO PLURALISMO: associa-se ao respeito a diversidade, ao direito das minorias; o pluralismo pode ser

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extraído pelo art. 1º, inc.V, da CF (que é um dos fundamentos da República Federativa):

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (para lembrar: Sem Comida Deu valor ao Padre)

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

O pluralismo político não é apenas o pluralismo ideológico ou pluralismo político-partidário, mas também abrange, além deste, abrange o pluralismo religioso, artístico, cultural, de opções, e de orientações pessoais; A CF menciona novamente no preâmbulo, o pluralismo; O pluralismo da sociedade vai ter reflexo na CF e é por isso que vamos ter conflito de normas, pq estas representam o pluralismo; Boa-Ventura de Souza Santos , diz, temos o direito de ser iguais, quando a diferença nos inferioriza, e temos o direito de ser diferentes, quando a igualdade nos descaracteriza.

II- Surge, então, um novo Estado, que é o ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO ou ESTADO CONSTITUCIONAL DEMOCRÁTICO:

Busca sintetizar as conquistas das experiências anteriores, e superar as suas deficiências: O ESTADO DE DIREITO está ligado diretamente ao império da lei, então, este estado tem como paradigma a idéia de império da lei, e hoje, depois da 2º Guerra, surgiu o estado de direito com o paradigma de força normativa da Lei, ou seja, Força Normativa da Constituição;

III- CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO:

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a) O ORDENAMENTO JURÍDICO INTRODUZ MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO DO POVO, NO GOVERNO DO ESTADO: introduz dentro do governo, a participação do povo, participação não só indireta através dos representantes do povo, como também uma participação direta, através do plebiscito, do referendo, iniciativa popular de leis;

b) PREOCUPAÇÃO NÃO APENAS COM O ASPECTO FORMAL, MAS TAMBÉM COM O CARÁTER SUBSTANCIAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: a maior preocupação hoje das constituições, não é a consagração dos direitos fundamentais (direitos formais), mas sim a preocupação é com o aspecto material, fazendo com que eles se efetivem, fazendo com que estes direitos cumpram a sua função social, cumprindo a sua função social;

c) A LIMITAÇÃO DO PODER LEGISLATIVO DEIXA DE SER MERAMENTE FORMAL, E PASSA A TER TAMBÉM UM ASPECTO MATERIAL: (ontem a forma, hoje o conteúdo);

d) JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL VOLTADA A ASSEGURAR A SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO E A PROTEÇÃO EFETIVA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: temos hoje, nos Estados Contemporâneos uma hierarquia não só para proteger a supremacia da CF, e a proteção dos direitos fundamentais;

IV- ASPECTOS QUE OS AUTORES IDENTIFICAM COMO NEOCONSTITUCIONALISMO (NOVO CONSTITUCIONALISMO):

CARACTERÍSTICAS DO NEOCONSTITUCIONALISMO:

1ª) NORMATIVIDADE DA CONSTITUIÇÃO: (Força Normativa da CF):

Significa que até meados do séc.20, a CF era vista basicamente como um documento meramente de caráter político, principalmente na parte dos direitos fundamentais, e o legislador não estava respeitando. Então, atualmente a CF é vista como algo de caráter jurídico, como norma, a CF é vista como norma;

Em 1959, Konrad Hesse, foi um dos principais responsáveis pelo apregoamento destas características;

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2ª ) SUPERIORIDADE DA CONSTITUIÇÃO:

A idéia de supremacia do parlamento, será substituída por supremacia da constituição, então, a constituição passa a ter supremacia sobre as leis. Sem a supremacia da constituição não dá para falar em neoconstitucionalismo;

3ª) CENTRALIDADE DA CONSTITUIÇÃO:

Está ligado a “constitucionalização do direito” (TEMOS 3 ASPECTOS DA CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO):

a) consagração de outras normas-direito, inserindo-as na CF;

b) filtragem constitucional: esta expressão diz o seguinte, é uma interpretação de outros ramos do direito, à luz da CF, ou melhor, se os ramos do direito tem os seus princípios básicos na CF, então, para eu interpretar as normas destes ramos tenho que passar pelo filtro constitucional, pelos princípios básicos da CF;

c) eficácia horizontal dos direitos fundamentais: antes nas relações privadas não se aplicavam os direitos fundamentais, pq eram regidos a autonomia da vontade. Atualmente, admite-se uma relação direta , do mesmo plano, entre aplicação dos direitos fundamentais diretamente sobre as relações individuais –privadas;

4ª) REMATERIALIZAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES: as constituições consagram um extenso rol de direitos fundamentais. Atualmente as constituições são extremamente analíticas, prolixas, regulamentares, que são aquelas que tecem minúcias sobre diversos temas, que tem um extenso rol de direitos fundamentais, e que estes direitos fundamentais não são apenas princípios, e também traçam um modelo de constituição dirigente (que dirige os rumos do estado);

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5ª) MAIOR ABERTURA NA INTERPRETAÇÃO E NA APLICAÇÃO DO DIREITO: atualmente, temos que observar que, a teoria da subsunção formal , que consiste na aplicação do direito ao fato, e portanto, isso só se aplica a regras jurídicas, pq não tem como aplicar aos princípios, pois nestes, nós aplicamos a teoria da ponderação, que consiste num sopesamento, ponderação entre os princípios, para ver qual é a argumentação jurídica racional, com fins a justificar a ponderação;

6º) FORTALECIMENTO DO PODER JUDICIÁRIO: é sabido a evolução do poder judiciário, que atualmente, os neoconstitucionalistas costumam dizer que o poder judiciário é o principal protagonista, pois é ele que vai procurar estabelecer e resguardar a supremacia da constituição;

Obs: Luiz Pietro Sanchis tem um entendimento do Neoconstitucionalismo, e diz que é o seguinte:

a)mais princípios que regras;

b) mais ponderação do que subsunção;

c) constelação plural de valores;

d) onipotência judicial.

1.2.5- CONSTITUCIONALISMO DO FUTURO:

José Roberto Dromi – autor argentino tenta profetizar quais valores serão consagrados pelas constituições no futuro:

O constitucionalismo do futuro BUSCARÁ UM EQUILÍBRIO entre as concepções dominantes DO CONSTITUCIONALISMO MODERNO (SOCIAL), E OS EXCESSOS praticados pelo CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO:

Diz ele que as constituições do futuro terão 7 VALORES FUNDAMENTIAS, são elas:

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1 – VERDADE: as constituições não vão estabelecer promessas irrealizáveis. Cabendo ao legislador constituinte fazer uma análise daquilo que realmente é possível e precisa ser constitucionalizado;

2 – SOLIDARIEDADE: as constituições do futuro serão fruto de um consenso democrático e estarão mais próximas de uma nova ideia de igualdade, baseada na solidariedade entre os povos, no tratamento digno ao ser humano e na justiça social.

3 – CONSENSO: as constituições serão frutos de um consenso democrático;

4 – CONTINUIDADE: no sentido de que não deverão ter mudanças bruscas, não terão quebras lógicas do sistema;

5 – PARTICIPAÇÃO : participação maior do povo, na vida política; a democracia participativa impõe uma ativa e responsável participação do povo na vida política do Estado, afastando-se a indiferença social.

6 – INTEGRAÇÃO: a constituição é o principal elemento de integração da comunidade; cabe às constituições futuras propiciar mecanismos de integração supranacional.

7 – UNIVERSALIZAÇÃO: universalização dos direitos fundamentais; é uma exigência decorrente do primado universal da dignidade da pessoa humana.

CONSTITUCIONALISMO ANTIGO (antiguidade clássica)

CONSTITUCIONALISMO CLÁSSICO (LIBERAL)Final do séc.XVIII

CONSTITUCIONALISMO MODERNO (SOCIAL)1º Pós-guerra – 1918

CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO2º Pós-guerra-1945

CONSTITUCIONALISMO DO FUTURO

a)Jusnaturalismo;b)Constituições

a)Positivismo;b)Constituições

a)Positivismo; a)Pós-positivismo ou

Valores:a)verdade;

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Consuetudinárias; Escritas/Rígidas; Neoconstitucionalismo;

b)solidariedade;c)consenso;d)continuidade;e)participação;f)integração;g)universalização;

I-Estado Absolutista;II-Poder Ilimitado;

a)Estado Liberal ou Estado de Direito;b)Direitos fundamentais de 1ª Geração:b.1-Liberdade;b.2-direitos civis e políticos;

a)Estado Social;b)Direitos Fundamentais de 2ª Geração:b.1) Igualdade Material;b.2) direitos sociais, econômicos e culturais;

a)Estado Democrático de Direito (Estado Constitucional Democrático);b)direitos fundamentais de 3ª geração:b.1)Fraternidade;c)direitos fundamentais de 4ª geração:b.2) Pluralidade;


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