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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE PEDAGOGIA
MARIA MARGALYÊR JUSTINO FIGUEIREDO
O LÚDICO NA APRENDIZAGEM INFANTIL: O PAPEL DA ESCOLA, DO
PROFESSOR E DA FAMÍLIA
FORTALEZA
2013
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MARIA MARGALYÊR JUSTINO FIGUEIREDO
O LÚDICO NA APRENDIZAGEM INFANTIL: O PAPEL DA ESCOLA, DO
PROFESSOR E DA FAMÍLIA
Monografia submetida à aprovação
Coordenação do Curso de Pedagogia do
Centro Superior do Ceará, como requisito
parcial para obtenção do grau de
Graduação.
FORTALEZA
2013
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MARIA MARGALYÊR JUSTINO FIGUEIREDO
O PAPEL DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM INFANTIL: O PAPEL DA ESCOLA, DO
PROFESSOR E DA FAMÍLIA
Monografia com pré-requisito para
obtenção do título de Licenciatura em
Pedagogia, outorgado pela Faculdade
Cearense – FAC, tendo sido aprovada
pela banca examinadora composta pelos
professores.
Data de aprovação ___/___/___
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________
Professora Ms. Patrícia Campêlo do Amaral Façanha
________________________________________________
Professor Ms. Luiza Lúlia Feitosa Simões
_________________________________________________
Professor Ms. Humberto de Oliveira Santos Junior
4
Dedico à minha Tia Ana Maria, pelo
carinho, apoio e suporte dado ao longo da
minha vida para que tudo que tenho
planejado e sonhando possa ser
realizado.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus meu refúgio nos momentos difíceis.
A minha orientadora Professora Patrícia Campêlo, pela paciência e auxílio para a
conclusão do presente trabalho.
A meu pai Nolyêr, que está sempre ao meu lado, à minha mãe Margarida,
responsável por tudo que sou hoje, minha irmã Danielle, meu filho Nolyêr, que com
todo carinho e apoio, não mediram esforços na conquista de mais essa etapa de
minha vida.
Aos professores do Curso em especial a Patrícia Campêlo, pela paciência na
orientação, o que tornou possível a execução e conclusão desta monografia.·.
Aos queridos amigos, Paula, Débora, Inácio, Elba, Michely, Vilanny, Rosy, Suzana,
Mayana, Albertina, Vaneide e outros que de forma indireta colaboraram com o
incentivo e auxílio constante na elaboração desse trabalho.
A Cristiane, pela oportunidade em auxiliar na conclusão do presente trabalho.
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“Estudos e pesquisas têm mostrado
O quanto às lúdicas atividades
Desenvolvem potencialidades,
Quando usadas de modo adequado,
Visando conseguir bom resultado
Físico, motor, e emocional,
Incluindo cognitivo e social
Tornando o ambiente aconchegante
Para a criança seguir adiante,
Desenvolvendo seu potencial.
Pois vale ressaltar com prontidão,
O quanto assimilam conhecimentos,
Capazes de tamanhos crescimentos,
Os quais garantem boa condição,
Decisiva para sua formação,
Nessa fase devemos adotar,
Nossa didática de estimular.
Um propenso interesse em prender, A
estratégia de desenvolver uma nova
maneira de educar”.
(Ana Maria Nascimento)
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RESUMO
Trabalhar as atividades lúdicas nas escolas é proposta educativa que garante
resultados positivos e alavanca o interesse dos alunos, além de promover vários
benefícios, pois quando executadas com credibilidade eles têm maior motivação
para aprender e participar ativamente a fim de garantir bons resultados na escola.
Portanto o objetivo geral do presente trabalho é investigar sobre o lúdico na
aprendizagem infantil, enfocando o papel da escola, do professor e da família. Os
objetivos específicos são: Analisar inicialmente o desenvolvimento infantil e sua
relação com a brincadeira; Tratar do lúdico e sua relação com a aprendizagem
infantil; Compreender nesse contexto o papel da escola, dos professores e da
família. O presente trabalho foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica em
livros, artigos, revistas e sites seguros. Os principais teóricos que embasaram as
informações aqui apresentadas foram: Andrade e Sanches (2006), Piaget (1994),
Brougére (2004), Carvalho (2007), Alves (2003), BRASIL (2007), Vygotsky (1984),
dentre outros nomes que serão visto em todo o trabalho. Nesse contexto a cada um
dos entes investigados cabem atividades que somadas poderão propiciar às
crianças um melhor desenvolvimento e aprendizagens significativas.
Palavras-Chaves: Lúdico. Aprendizagem infantil. Desenvolvimento infantil. Escola.
Família. Professor.
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ABSTRACT
Working recreational activities in schools is educational proposal that guarantees
positive results and leverages students' interest, while promoting several benefits,
because when they have performed credibly greater motivation to learn and actively
participate in order to ensure success in school. Therefore the aim of the present
work is to investigate on the playful child in learning, focusing on the role of the
school, the teacher and the family. And the specific objectives are: Analyze first child
development and its relationship with the joke; Treat of playfulness and its relation to
children's learning; Understanding this context the role of schools, teachers and
family. This work was developed through research on books, articles, magazines and
websites safe. Leading theorists that supported the information presented herein
were: Andrade and Sanches (2006), Piaget (1994), Brougère (2004), Carvalho
(2007), Alves (2003), BRAZIL (2007), Vygotsky (1984), among others names that will
be seen throughout the work. In this context of each of the entities investigated fit
activities which together can give children a better development and meaningful
learning.
Key Words: Playful. Children's learning. Child development. School. Family. Teacher.
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Modelo ilustrativo da aprendizagem mecânica e da aprendizagem
significativa respectivamente ..............................................................................
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 10
2 METODOLOGIA............................................................................................... 13
3 O DESENVOLVIMENTO INFANTIL................................................................. 14
4 O LÚDICO E A APRENDIZAGEM INFANTIL.................................................. 20
4.1 As atividades lúdicas e suas funções....................................................... 21
4.1.1 As atividades lúdicas na escola ................................................................. 22
4.1.2 O jogo na teoria de Piaget........................................................................... 29
4.1.3 Tipos de jogos segundo Piaget................................................................... 30
4.2 O papel do lúdico na educação infantil...................................................... 33
4.2.1 A contribuição da brinquedoteca para o desenvolvimento da criança........ 34
4.2.2 As formas de aprender com o lúdico........................................................... 36
4.3 As diferentes abordagens sobre o brincar................................................ 40
4.4 A escola e o lúdico....................................................................................... 42
4.5 O professor e as atividades lúdicas........................................................... 44
4.5.1 Motivação em sala de aula.......................................................................... 46
4.6 A família e o lúdico...................................................................................... 47
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 50
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 52
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1 INTRODUÇÃO
O lúdico é uma atividade desenvolvida qualquer pessoa que utiliza a
brincadeira para desenvolver suas habilidades e práticas, e é acompanhada por
regras que podem sofrer alterações de acordo com os participantes. As regras dos
jogos são reaproveitadas na sala de aula pelo professor ao compreender que em
toda atividade os participantes devem aprender, prestar a atenção nas explicações,
obedecer às regras e aplicar seus conhecimentos. Os jogos podem ser classificados
em estruturados ou semiestruturados, como instrumento educacional ou para fins
recreativos respectivamente.
Segundo Rojas (1998), o lúdico permite que o outro construa por meio da
alegria e do prazer de querer fazer. O jogo e a brincadeira estão presentes em todas
as fases da vida dos seres humanos, tornando especial a sua existência. De alguma
forma o lúdico se faz presente e acrescenta um ingrediente indispensável no
relacionamento entre as pessoas, possibilitando que a criatividade aflore.
As atividades lúdicas são aplicadas na escola com a finalidade de
estimular as crianças a trabalharem suas funções mentais como as físicas, por
exemplo. O uso do lúdico favorece o desenvolvimento de habilidades práticas,
auxilia na forma de exercício, ou exerce um papel educativo na vida desta. Quando
as atividades são bem elaboradas, se tornam essenciais para o crescimento
intelectual e perceptivo, visto que os jogos necessitam do trabalho da mente e do
controle de suas ações, fazendo com que a criança preste a atenção necessária
para encontrar a resposta e solucionar o que lhe é proposto.
De acordo com Machado (1966) o ressaltar do jogo como não sendo
qualquer tipo de interação, mas sim, uma atividade que tem como traço fundamental
os papéis sociais e as ações destes derivados em estreita ligação funcional com as
motivações e o aspecto propriamente técnico-operativo da atividade. Dessa forma
destaca o papel fundamental das relações humanas que envolvem os jogos infantis.
Esta monografia tratará sobre o lúdico na aprendizagem infantil, relatando
o papel da escola, do professor e da família nesse processo. Com base nesse
assunto surgem algumas questões: será que o lúdico realmente facilita a
aprendizagem de crianças? Tendo como base as atividades lúdicas e a
aprendizagem, qual será o papel da escola? Como o professor deve lidar com as
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atividades lúdicas? A família poderá fazer uso de atividades lúdicas em casa para
potencializar a aprendizagem iniciada na escola?
De acordo com o que se observou ao longo de um estágio, a atividade
lúdica tem garantido às escolas uma interação melhor entre o professor e o aluno a
fim de melhorar o comportamento, a aprendizagem, as habilidades e o respeito entre
os mesmos. Portanto o presente trabalho tentará mostrar como é importante utilizar
as atividades lúdicas na escola, acompanhadas pelos mestres e pela família em
casa.
O motivo a desenvolver esse trabalho foi mostrar a importância do lúdico
na educação infantil e nos anos iniciais, pois a sala deve ter um ambiente prazeroso
para desenvolver todas as habilidades. A finalidade também é de mostrar como uma
aula recreativa com brincadeiras tradicionais, modernas, brinquedos pedagógicos,
filmes, leituras melhoram o aprendizado brincar é interagir com as crianças são
experiências agradáveis e incomparáveis com qualquer outro tipo de atividade já
realizada durante o curso de Pedagogia.
A vontade de trabalhar esse tema surgiu depois de um estágio da
faculdade no qual foi observado o lúdico como uma ferramenta de auxílio ao
professor no processo ensino-aprendizagem.
Portanto o objetivo geral do presente trabalho é investigar sobre o lúdico
na aprendizagem infantil, enfocando o papel da escola, do professor e da família. E
os objetivos específicos são:
Analisar inicialmente o desenvolvimento infantil e sua relação com a
brincadeira;
Tratar do lúdico e sua relação com a aprendizagem infantil;
Compreender nesse contexto o papel da escola, do professor e da família.
O presente trabalho foi desenvolvido em dois capítulos para apresentar a
importâncias das atividades lúdicas como ferramentas importantes para a escola,
professor e a família no que tange à aprendizagem de suas crianças.
O primeiro capítulo apresenta o desenvolvimento infantil, baseado nas
informações de Vygotsky, nas suas concepções sobre o processo de formação de
conceitos que remetem às relações entre pensamento e linguagem, à questão
cultural no processo de construção de significados pelos indivíduos, ao processo de
internalização e ao papel da escola na transmissão de conhecimento, que é de
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natureza diferente daqueles aprendidos na vida cotidiana. Piaget define o
desenvolvimento como um processo de equilibração, sucessivas experiências físicas
ou mentais, sobre o objeto que provocando desequilíbrio, resulta em assimilação, ou
acomodação, e consequentemente na construção de esquemas ou conhecimento.
O segundo capítulo aborda a aprendizagem lúdica na educação infantil,
apresentando suas funções, como a escola deve trabalhar essas atividades, de
acordo com a teoria de Piaget. O mesmo capítulo ainda faz referências à
participação dos professores e da família nesse processo em que a criança
necessita de todos os recursos para aprender.
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2 METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido através de uma pesquisa
bibliográfica. Segundo Marques (2003) estabelecer um tema de pesquisa é, assim,
demarcar um campo específico de desenhos e de esforços por conhecer, entender
nosso mundo e nele e sobre ele agir de maneira lúcida e consequente. Mas o tema
não será verdadeiro, não será encarnação determinada e prática do desejo, se não
estiver na estrutura subjetiva, corporal, do desejado. Não pode o tema ser imposição
alheia. Deve-se por ele tomar paixão, desejo trabalho, construído pelo próprio
pesquisador. Da experiência antecedente, dos anteriores saberes vistos como
insuficientes e limitantes nasce o desejo de conhecer mais e melhor a partir de um
foco concentrado de atenções. Não podemos tudo querer ao mesmo tempo. Muito
menos podemos de fato querer o que não tem ligação com nossa própria vida, o que
nela não se enraíza.
As fontes de pesquisa foram principalmente livros, artigos, revistas e sites
seguros que estão presentes com seus endereços eletrônicos nas referências
bibliográficas, bem como as revistas utilizadas para darem a credibilidade necessária
a esse trabalho.
Os principais teóricos que embasaram as informações aqui apresentadas
foram: Andrade e Sanches (2006), Piaget (1994), Brougére (2004), Carvalho (2007),
Alves (2003), Brasil (2007), Vygotsky (1984), dentre outros nomes que serão vistos
em todo o trabalho.
A pesquisa foi realizada entre os meses de janeiro e maio de 2013. A
análise de dados se deu de forma qualitativa, cruzando e contrapondo informações
de diversos autores.
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3 O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
O desenvolvimento infantil se começa com o início da vida, através dos
primeiros ensinamentos que são repassados pelos pais e que vão se moldando a
cada evolução da criança, mas é na escola que suas habilidades e desenvolvimento
serão aprimorados para atender todos os seus anseios de descobrir tudo o que está
ao seu redor, através da curiosidade, pois a criança age como um investigador que
só fica satisfeito quando consegue desvendar algo que lhe interessa. Para entender
com mais preponderância, Piaget e Vygotsky apresentam suas contribuições para o
referido tema.
Para Queiroz, Maciel e Branco (2006, p. 170) a criança é um ser em
desenvolvimento e ao longo do mesmo vai construindo novas e diferentes
competências que irão lhe permitir compreender e atuar de forma mais ampla no
mundo.
Diante disso há várias teorias sobre o desenvolvimento infantil. Na
psicologia geral há o objetivismo e o subjetivismo. Ambas as correntes são
derivadas de duas grandes vertentes da Filosofia (o idealismo e o materialismo
mecanicista) que, por sua vez, são herdadas do dualismo radical de Descartes que
propôs a separação estanque entre corpo e alma, id est, entre físico e psíquico.
Assim sendo, a Psicologia objetivista, privilegia o dado externo, afirmando
que todo conhecimento provém da experiência; e a Psicologia subjetivista, em
contraste, calcada no substrato psíquico, entende que todo conhecimento é anterior
à experiência, reconhecendo, portanto, a primazia do sujeito sobre o objeto.
(FREITAS, 2000, p. 63).
Considerando insuficientes essas duas posições para explicar o processo
evolutivo da filogenia humana, Piaget formula o conceito de epigênese,
argumentando que "o conhecimento não procede nem da experiência única dos
objetos nem de uma programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções
sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas". (PIAGET, 1976 apud
FREITAS, 2000, p. 64). Quer dizer, o processo evolutivo da filogenia humana tem
uma origem biológica que é ativada pela ação e interação do organismo com o meio
ambiente - físico e social - que o rodeia, significando entender com isso que as
formas primitivas da mente, biologicamente constituídas, são reorganizadas pela
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psique socializada, ou seja, existe uma relação de interdependência entre o sujeito
conhecedor e o objeto a conhecer.
Pode-se dizer que o "sujeito epistêmico" protagoniza o papel central do
modelo piagetiano, pois a grande preocupação da teoria é desvendar os
mecanismos processuais do pensamento do homem, desde o início da sua vida até
a idade adulta. Nesse sentido, a compreensão dos mecanismos de constituição do
conhecimento, na concepção de Piaget, equivale à compreensão dos mecanismos
envolvidos na formação do pensamento lógico, matemático. Como lembra La Taille
(1992, p. 17), "(...) a lógica representa para Piaget a forma final do equilíbrio das
ações. Ela é 'um sistema de operações, isto é, de ações que se tornaram reversíveis
e passíveis de serem compostas entre si”.
Segundo Freitas (2000, p. 65) o conceito de equilibração torna-se
especialmente marcante na teoria de Piaget, pois ele representa o fundamento que
explica todo o processo do desenvolvimento humano. Trata-se de um fenômeno que
tem, em sua essência, um caráter universal, já que é de igual ocorrência para todos
os indivíduos da espécie humana, mas que pode sofrer variações em função de
conteúdos culturais do meio em que os mesmos estão inseridos. Nessa linha de
raciocínio, o trabalho de Piaget leva em conta a atuação de 2 elementos básicos ao
desenvolvimento humano: os fatores invariantes e os fatores variantes.
Quanto aos fatores invariantes Piaget postula que, ao nascer, o indivíduo
recebe como herança uma série de estruturas biológicas - sensoriais e neurológicas
- que permanecem constantes ao longo da sua vida. São essas estruturas biológicas
que irão predispor o surgimento de certas estruturas mentais. Em vista disso, na
linha piagetiana, considera-se que o indivíduo carrega consigo duas marcas inatas
que são a tendência natural à organização e à adaptação, significando entender,
portanto, que, em última instância, o 'motor' do comportamento do homem é inerente
ao ser. (FREITAS, 2000, p. 65).
Os fatores variantes são representados pelo conceito de esquema que
constitui a unidade básica de pensamento e ação estrutural do modelo piagetiano,
sendo um elemento que se transforma no processo de interação com o meio,
visando à adaptação do indivíduo ao real que o circunda. Com isso, a teoria
psicogenética deixa à mostra que a inteligência não é herdada, mas sim é
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construída no processo interativo entre o homem e o meio ambiente (físico e social)
em que ele estiver inserido. (FREITAS, 2000, p. 65).
Segundo Vygotsky (1998, p. 122), a criança é um ser social e desde os
seus primeiros momentos de vida ela já faz parte de um todo macrossocial o qual,
por sua vez, poderá interferir em seu comportamento humano através de
midiatizações constantes entre este ser e a linguagem. Além disso, segundo ele, o
indivíduo é formado pelo entrelaçamento de duas linhas distintas: uma de origem
biológica e outra de origem sociocultural. A de origem biológica abarcaria aquelas
características biologicamente definidas para todos os seres humanos, enquanto
que as de ordem sociocultural estariam relacionadas aos aspectos apreendidos e
cristalizados no comportamento humano durante os processos de trocas
midiatizadas com os outros. Essas trocas, de acordo com a teoria sócio histórica, se
dão basicamente através da linguagem.
A linguagem libera a criança das impressões imediatas sobre o objeto, oferece-lhe a possibilidade de representar para si mesmo algum objeto que não tenha visto e pensar nele. Com a ajuda da linguagem, a criança obtém a possibilidade de se libertar do poder das impressões imediatas, extrapolando seus limites. (VYGOTSKY, 1998, p. 122).
A teoria desenvolvida por Vygotsky fundamenta-se no fato de que o
aprendizado conduz ao desenvolvimento, já que o comportamento humano funciona
como uma superação/transformação/suscitação constante de aprendizado e
desenvolvimento durante toda a sua existência. Salienta-se que a linguagem, como
instrumento social de mediação entre o eu e o outro, funciona como ponto de partida
para o aprendizado e o desenvolvimento. Além disso, a linguagem sendo vista sob
este prisma pode ser entendida como a base para todo o processo constitutivo da
subjetividade humana. Isto porque “por trás de cada pensamento há desejos,
necessidades, interesses e emoções, fazendo com que a compreensão do que
dizemos dependa substancialmente da interação do ouvinte com essa base afetiva
volitiva”. (JOBIM e SOUZA, 2001, p. 24).
Dessa forma, Vygotsky via que entre o conhecimento já adquirido e o que
poderia ser dominado pela criança num futuro próximo com a ajuda de outros
colegas mais capazes e/ou um adulto, existia uma zona intermediária que ele
denominou de zona de desenvolvimento proximal. Ou seja, sendo a aprendizagem
anterior ao desenvolvimento, esse por sua vez só se dá a partir do momento em que
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novas aprendizagens forem adquiridas, num processo ininterrupto de aquisição e
superação de obstáculos de forma constante e dialética. Assim, “a zona de
desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram,
mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão”.
(VYGOTSKY, 1991, p. 97).
Segundo La Taille (1993) Piaget, Vygotsky e Wallon tentaram mostrar que
a capacidade de conhecer e aprender se constrói a partir das trocas estabelecidas
entre o sujeito e o meio. As teorias sócio interacionistas concebem, portanto, o
desenvolvimento infantil como um processo dinâmico, pois as crianças não são
passivas, meras receptoras das informações que estão à sua volta. Através do
contato com seu próprio corpo, com as coisas do seu ambiente, bem como através
da interação com outras crianças e adultos, elas vão desenvolvendo a capacidade
afetiva, a sensibilidade e a autoestima, o raciocínio, o pensamento e a linguagem. A
articulação entre os diferentes níveis de desenvolvimento (motor, afetivo e cognitivo)
não se dá de forma isolada, mas sim de forma simultânea e integrada.
Pedrosa (1996), em consonância com Valsiner (2000), afirma que a
criança desde o seu nascimento interage com um mundo de significados construídos
historicamente; na relação com seus parceiros sociais se envolve em processos de
significação de si, dos outros e dos acontecimentos de seu contexto cultural,
construindo e reconstruindo ativamente significados.
De acordo com Vygotsky (1984 apud MARTINS, 2006, p. 49), “a
educação é a influência premeditada, organizada e prolongada no desenvolvimento
de um organismo”. Nesse sentido pensar a educação da criança e do ser humano
de modo mais amplo é pensar num contexto de possibilidades de interações sociais
intersubjetivas estabelecidas ou que se estabelecem num processo de trocas
mediadas pelo conhecimento, pela cultura e pela história inerentes a todos os seres
humanos, pois, como lembra Facci (2006, p. 138):
A educação, de acordo com a vertente da Psicologia russa, é colocada em destaque por partir do pressuposto de que os seres humanos apropriam-se da cultura para se desenvolverem e também para que ocorra o desenvolvimento da sociedade como um todo. Sem a transmissão dos resultados do desenvolvimento sócio-histórico da humanidade seria impossível à continuidade do processo histórico.
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É importante que a criança receba as informações necessárias para seu
crescimento intelectual, pois o mundo atual espera que as escolas, preparem seus
alunos e os torne aptos a participarem de atividades e terem bons resultados.
Quando a criança desenvolve suas habilidades no processo de aprendizagem, ele
terá condições de se envolver em todos os exercícios que forem propostos.
Nos primeiros anos de vida, o lúdico tem seu papel importante para o
desenvolvimento intelectual da criança, pois através das brincadeiras ela começa a
conhecer todos os objetos que são apresentados e logo, após terá condições de
identificar sem a ajuda de um adulto.
3.1 A brincadeira e o desenvolvimento infantil
Em grande parte das sociedades contemporâneas, a infância é marcada
pelo brincar, que faz parte de suas práticas culturais típicas. A brincadeira permite à
criança vivenciar o lúdico e descobrir-se a si mesma, apreender a realidade,
tornando-se capaz de desenvolver seu potencial criativo. (SIAULYS, 2005).
A brincadeira é uma atividade que a criança começa desde seu
nascimento no âmbito familiar. Segundo Kishimoto (2002, p. 139) essa atividade
continua com seus pares. Inicialmente, ela não tem objetivo educativo ou de
aprendizagem pré-definida. A maioria dos autores afirma que é desenvolvida pela
criança para seu prazer e recreação, mas também permite que interaja com pais,
adultos e coetâneos, bem como explorar o meio ambiente.
A importância do brincar para o desenvolvimento infantil reside no fato de
esta atividade contribuir para a mudança na relação da criança com os objetos, pois
estes perdem sua força determinadora na brincadeira. “A criança vê um objeto, mas
age de maneira diferente em relação ao que vê. Assim, é alcançada uma condição
que começa a agir independentemente daquilo que vê”. (VYGOTSKY, 1998, p. 127).
A cultura, na concepção de Valsiner (2000), refere-se à organização
estrutural de normas sociais, valores, regras de conduta e sistemas de significados
compartilhados pelas pessoas que pertencem a certo grupo com uma história de
convivência e relações de pertencimento. Para ele, a cultura tem duas faces: a)
como entidade coletiva (significados compartilhados); b) como entidade pessoal
(significados pessoais). A primeira é aprendida pela criança no contexto de suas
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experiências em diferentes tipos de ambientes. Especialmente os pais e
profissionais responsáveis pelos cuidados e educação (escola, creches), que devem
procurar organizar o ambiente de forma que este seja brincável, isto é, explorável
(DANTAS, 2002), e que incentive o brincar.
É impossível, porém, a criança fazer a brincadeira em um âmbito apenas relacionado à livre fantasia; mesmo quando não imita os instrumentos dos adultos, sempre parte de significados culturalmente construídos, pois é deles que ela recebe seus primeiros brinquedos, embora tenha certa liberdade para aceitar ou recusar sugestões, muitos (bola, bonecas, carrinhos) são, de certa forma, impostos como objetos de valor, e daí, graças à força de sua imaginação, são transformados em brinquedos admirados e maravilhosos. (BENJAMIN, 2002).
A subjetividade da criança vai se formando nas interações que estabelece
com seus parceiros nos contextos cotidianos. Valsiner (1989) acrescenta que o
mundo adulto, dependendo de seus valores culturais, oferece à criança uma
variedade de sugestões e modos de interação simbioticamente marcados pelos
modelos sexuais, muitas vezes estereotipados como masculino e feminino ou
indiferenciado. Esta é uma das sugestões sociais que leva a criança a brincadeiras
marcadas pelo gênero, de acordo com a cultura coletiva, o que frequentemente
ocorre naqueles em que o menino só pode brincar de carrinho, e a menina, de
casinha de boneca. As famílias canalizam as ações, as percepções e
representações da criança na direção de assumir um papel social aprovado de
acordo com suas crenças e valores.
Wallon (1975 apud MAHONEY e ALMEIDA, 2006) considerava a escola um meio privilegiado para a investigação psicogenética uma vez que lá pode contar com um amplo campo para levantar questões, observar, aplicar, controlar, permitindo adentrar no complexo mundo da criança – principal sujeito de seu trabalho.
Cabe à escola por meio de um profissional identificar os motivos que
atrapalham o desenvolvimento da criança, nesse contexto entra o psicopedagogo,
profissional que tem toda credibilidade profissional para agir em determinados
problemas através de uma investigação e acompanhamento para logo depois fazer
o diagnóstico. Esse trabalho garante recuperar a criança inserindo-a em todas as
atividades escolares.
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4 O LÚDICO E A APRENDIZAGEM INFANTIL
4.1 Panorama sócio histórico
A brincadeira, no panorama sócio histórico é um tipo de atividade social
humana que supõe contextos sociais e culturais. O lúdico como instrumento
educativo já se fazia presente no universo criativo do homem desde primórdios da
humanidade. (ANDRADE E SANCHES, 2006).
As brincadeiras foram ocupando lugar de destaque numa sociedade que
se desenvolveu do ponto de vista tecnológico e de suas relações sociais. No que diz
respeito à mesma perspectiva citada acima vale destacar as pesquisas
desenvolvidas por Szundy (2005). Em seus estudos, essa pesquisadora chama a
atenção para o fator histórico do jogo com uma presença marcante nas diversas
atividades características das civilizações antigas, das quais o mito e o culto podem
ser citados como exemplos claros dessa influência.
Ao criar um jogo entre fantasia e realidade, o homem da época procurava,
através do mito, dar conta dos fenômenos do mundo. No que diz respeito ao culto,
os rituais das civilizações antigas eram celebrados dentro de um espírito de puro
jogo, no sentido literal da palavra, um jogo entre o bem e o mal. (CARDOSO, 1996).
Na Grécia antiga e em Roma já existiam os jogos educativos, e no século XIX o ensino de línguas é ressaltado pelo desenvolvimento comercial e pela expansão dos meios de comunicação e surgem, assim, os jogos para o ensino de línguas vivas. (KISHIMOTO, 1998, p. 15).
Em grego, todos os vocábulos referentes às atividades lúdicas estão
ligados à palavra criança (pais). O verbo païzeim, que se traduz por „brincar‟,
significa literalmente „fazer de criança‟. Só mais tarde paignia passa a designar
indiscutivelmente os brinquedos das crianças, mas são raras as ocorrências. Em
latim a palavra ludribrum, proveniente de ludus, jogo, também está ligada à infância
e é utilizada num sentido metafórico. Quanto à palavra crepundia, frequentemente
traduzida por „brinquedos infantis‟ parece só ter adquirido sentido depois do século
IV, e seria encontrada frequentemente na pluma dos humanistas renascentista.
(MANSON, 2002, p. 30).
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Ainda segundo Manson (2002), tanto gregos quanto latinos elaboraram as
primeiras reflexões acerca do lugar em que o brinquedo ocupava na vida da criança.
As brincadeiras foram passadas historicamente.
Mesmo nas comunidades antigas ou na sociedade atual, o brincar
propicia ao educando uma construção simbólica do mundo. O homem é sócio
histórico, ou seja, se estabelece através das relações e contradições do meio.
(VYGOTSKY, 2003).
Negrine (2000) afirma que a capacidade lúdica está diretamente
relacionada à sua pré-história de vida. Acredita ser, antes de qualquer coisa, um
estado de espírito e um saber que progressivamente vai se instalando na conduta do
ser devido ao seu modo de vida.
Nesse contexto as atividades lúdicas passam a ocupar lugar importante
na vida das crianças.
4.2 As atividades lúdicas e suas funções
Segundo Dinello, (2004), por meio de atividades lúdicas as crianças
manifestam, com evidência, uma aprendizagem de habilidades, transformam sua
agressividade em outras relações criativas, crescem em imaginação e se socializam,
melhorando o vocabulário, se tornando independentes.
A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo. (ALMEIDA, 1995, p.11).
O lúdico apresenta dois elementos que o caracterizam: o prazer e o
esforço espontâneo. Ele é considerado prazeroso, devido a sua capacidade de
absorver o indivíduo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. É
este aspecto de envolvimento emocional que o torna uma atividade com forte teor
motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia. Em virtude desta
atmosfera de prazer se desenrola a ludicidade, que é portadora de um interesse
intrínseco, canalizando as energias no sentido de um esforço total para consecução
de seu objetivo. Portanto, as atividades lúdicas são excitantes, mas também
requerem um esforço voluntário. (TEIXEIRA, 1995, p. 23).
23
As situações lúdicas mobilizam esquemas mentais. Sendo uma atividade
física e mental, a ludicidade aciona e ativa as funções psico-neurológicas e as
operações mentais, estimulando o pensamento. As atividades lúdicas integram as
várias dimensões da personalidade: afetiva, motora e cognitiva. Como atividade
física e mental que mobiliza as funções e operações, a ludicidade aciona as esferas
motora e cognitiva, e à medida que gera envolvimento emocional, apela para a
esfera afetiva. Assim sendo, vê-se que a atividade lúdica se assemelha à atividade
artística, como um elemento integrador dos vários aspectos da personalidade. O ser
que brinca e joga é, também, o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve.
(TEIXEIRA, 1995, p. 23).
Segundo Almeida (1995, p.13):
O lúdico permite um desenvolvimento global e uma visão do mundo mais real. Por meio de descobertas e da criatividade, a criança pode se expressar, analisar, criticar e transformar a realidade. Se bem aplicada e compreendida, a educação lúdica poderá contribuir para a melhoria do ensino, quer na qualificação ou na formação crítica do educando, quer para redefinir valores e para melhorar o relacionamento das pessoas na sociedade.
As atividades lúdicas quando selecionadas por ótimos profissionais
contribuem e facilitam o desenvolvimento da criança a partir do contato com o
mundo que o cerca, através de uma interação maior tanto com os professores como
as outras crianças que estão inseridas no seu meio.
4.2.1 As atividades lúdicas na escola
De acordo com Teixeira (1995), vários são os motivos que induzem os
educadores a apelarem às atividades lúdicas e utilizá-las como um recurso
pedagógico no processo de ensino-aprendizagem. Segundo Schwartz (2002), a
criança é automotivada para qualquer prática, principalmente a lúdica, sendo que
tende a notar a importância de algumas atividades para o seu desenvolvimento,
assim sendo, favorece a procura pelo retorno e pela manutenção dessas atividades.
O conhecimento implica uma série de estruturas construídas
progressivamente através de contínua interação entre o sujeito, o meio físico e o
social, portanto o ambiente escolar deve ser estimulante e favorecer essa interação,
24
e para isso, deve o projeto político pedagógico da escola estar fundamentado numa
proposta de trabalho que tenha como características: processos dinâmicos
subjacentes à construção das estruturas cognitivas. (PIAGET, 1994, p.19).
Huizinga (1996), diz que numa atividade lúdica, existe algo “em jogo” que
transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação.
Para Schaefer (1994), as atividades lúdicas promovem ou restabelecem o
bem estar psicológico da criança. No contexto de desenvolvimento social da mesma
é parte do repertório infantil e integra dimensões da interação humana necessária na
análise psicológica (regras, cadeias comportamentais, simulações ou faz de conta,
aprendizagem observacional e modelagem). Portanto sua condução em sala de aula
pode propiciar uma melhora nas relações entre colegas e com os professores.
Segundo Moço (2010, p.52) as sete atividades realizadas nos eixos do
currículo para a educação infantil entre 1 e 3 anos são:
1. Exploração dos objetos e brincadeiras
2. Linguagem oral e comunicação
3. Desafios corporais
4. Exploração do ambiente
5. Identidade e autonomia
6. Exploração e linguagem plástica
7. Linguagem musical e expressão corporal
E os principais eixos do currículo para a educação infantil são:
1. Imaginação
Para Rabinovich (2007), é essencial que se compreenda o movimento da
criança como linguagem, e também é necessário que a mesma seja livre para agir
em um ambiente, intencionalmente organizado pelo adulto, mas que lhe propicie a
oportunidade de transformar, adaptar, criar, interagir e integrar-se.
Por meio do jogo simbólico, a criança passa a dar diferentes significados a um único objeto. “Um pedaço de pau pode ser uma bengala ou uma boneca que se embala”. Os adultos fazem o mesmo: interpretam fatos ou objetos de diferentes formas. O faz de conta é o primeiro contato da criança com as regras e com o papel de cada um, aprendizado fundamental para a vida em sociedade. A imaginação tem ainda uma função importante de regulação
25
das próprias emoções e das ações. Aqueles que tiveram tolhidas na infância a possibilidade de imaginar, em geral, apresentam dificuldades de controlar os impulsos na vida adulta. (FERREIRA, 2010, p.82).
As palavras substituem as ações físicas. Considerando o ato da fala como
uma ação física, pode-se dizer que certas ações físicas substituem outras, de outro
nível, uma pessoa, quando começa a falar, pode, através da fala, deixar de realizar
certas ações motoras, que passam a ser simbolizadas. A linguagem é fundamental,
não só para a construção de um nível cada vez mais elevado de pensamento, como
também para a estruturação de outros atos motores. Não podendo falar, o recurso
da criança para agir com o mundo são as sensações e os movimentos corporais.
(FREIRE, 1997, p.31).
Atividades onde a criança possa fazer representações no uso de sua linguagem, por imitações e com criações, podem ser de grande valia para seu desenvolvimento, como por exemplo: imitar animais, pessoas, representar histórias, criar personagens, criar novas situações, etc. Ter a condição de incorporar em suas representações a sua imaginação, os seus sonhos e os seus desejos, em um processo de construção mental. (CAVALLARI, 2006).
Aguçar a imaginação da criança é um ato favorável para que ela possa
desenvolver todas as suas habilidades.
2. A oralidade
A oralidade é uma das habilidades que se espera nos primeiros anos de
escolaridade. Nas turmas de pré-escola, é possível fazer isso de diversas formas.
Brincadeiras cantadas, como músicas e cantigas de roda, ou faladas, como trava-
línguas e parlendas, sempre são bem recebidas nessa idade. De forma lúdica, elas
ampliam as possibilidades de comunicação e expressão e promovem o interesse
pelos vários gêneros orais e escritos.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (2008) prevê
que os conteúdos ligados a essa área devem ser divididos em três blocos nas
classes de 4 e 5 anos de idade: falar e escutar, práticas de leitura e práticas de
escrita. Assim, num bom trabalho com esse tema a oralidade, a leitura e a escrita
são apresentadas às crianças de forma integrada e complementar. O objetivo é
potencializar os diferentes aspectos que cada uma dessas linguagens exige das
crianças. (TREVIZAN, 2008, p.2).
26
Segundo Ferreira (2010, p.82):
Hoje se sabe que a evolução da comunicação não se dá de forma espontânea nem está relacionada à genética e à hereditariedade. Participar de diferentes formas sociais de comunicação tem um papel fundamental nessa aprendizagem. Ninguém espera que as crianças de 2 e 3 anos memorizem ou rabisquem letras, mas o contato com adultos que escrevem regularmente e leem para elas e para si mesmos aumenta o interesse e o desejo de dominar a língua escrita.
Portanto a família deve dar bons exemplos quanto à leitura e escrita para
que seus pequenos possam ficar motivados para desenvolverem essas modalidades
de comunicação.
3. Domínio das ações
O lúdico para distrair os alunos corresponde a uma profunda exigência do
organismo e ocupa lugar de extraordinária importância na educação escolar.
Estimula o crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as
faculdades intelectuais, a iniciativa individual, favorecendo o advento e o progresso
da palavra. Estimula a observar e conhecer as pessoas e as coisas do ambiente em
que se vive. O lúdico na educação infantil possibilita à criança brincar naturalmente,
testar hipóteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa. Para que a mesma
manifeste sua criatividade, é essencial que utilize potencialidades, sendo criativa em
suas descobertas e desenvolvimento do seu próprio eu. (TEZANI, 2004).
Brinquedos não devem ser explorados só para lazer, mas também como
elementos enriquecedores para promoverem a aprendizagem. Através do lúdico, o
educando encontra apoio para superar suas dificuldades de aprendizagem e
melhorar o seu relacionamento com o mundo. Os professores precisam estar cientes
de que a brincadeira é necessária e que traz enormes contribuições para o
desenvolvimento da habilidade de aprender e pensar dos educandos. (CAMPOS,
2007).
Quando as crianças têm espaço e liberdade para se movimentar, aprendem a medir sua força e seus limites. “Elas se exercitam até que o domínio da ação as impele ao próximo desafio, como se dissessem: “já sei andar” vou ver se corro”. Nos primeiros anos de vida, ocorrem grandes mudanças em
27
relação a tudo que se refere à capacidade de movimento. (FERREIRA, 2010, p.83).
Assim, a utilização do lúdico na educação infantil contribui no processo
pedagógico, faz despertar o gosto pela vida e as leva a enfrentarem os desafios que
lhes surgirem, sendo estas habilidades necessárias ao domínio e ao bom uso da
inteligência emocional. A convivência de forma lúdica e prazerosa com a
aprendizagem proporcionará aos pequenos o estabelecimento de relações
cognitivas entre as experiências vivenciadas, bem como relacioná-las as demais
produções culturais ou simbólicas conforme procedimentos metodológicos
compatíveis com essa prática. (CUNHA, 2001).
Cunha (2001) afirma que o lúdico é a oportunidade de desenvolvimento
da criança que experimenta, descobre, inventa, aprende, confere habilidades. Além
de estimular a curiosidade, a autoconfiança e autonomia, proporciona o
desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e atenção. Brincar
é indispensável à saúde física, emocional e intelectual e contribuirá, no futuro, para a
eficiência e o equilíbrio do adulto.
O brinquedo traduz o real para a realidade infantil, suaviza o impacto
provocado pelo tamanho e pela força dos adultos, diminuindo o sentimento de
impotência durante a infância. Brincando, a inteligência e sensibilidade estão sendo
desenvolvidas. A qualidade de oportunidade oferecida à criança pelas brincadeiras e
brinquedos garante a harmonização de suas potencialidades e afetividade. A
ludicidade torna-se importante para a saúde mental do ser humano e merece
atenção dos pais e educadores, pois é o espaço para a expressão mais genuína do
ser, é o espaço e o direito de toda criança para o exercício da relação efetiva com o
mundo, com as pessoas e com os objetos. (CUNHA, 2001).
Nesse contexto é importante que as escolas ofereçam em suas
brinquedotecas material adequado para todas as idades, pois a educação infantil
inicia-se com o brinquedo que é uma ferramenta imprescindível para o
desenvolvimento e aprendizagem das crianças.
4. A percepção
28
O brincar revela a estrutura do mundo da criança, como se organiza o seu
pensamento, seus questionamentos sobre o mundo à sua volta. Na brincadeira, a
mesma explora as formas de interação humana, aprende a lidar com a espera, a
antecipar ações, a tomar decisões, a participar de uma ação coletiva. (BRASIL,
2007, p. 9).
De acordo com Ferreira (2010, p.82):
Por meio de exploração, da curiosidade, da observação e dos questionamentos que fazem aos adultos, as crianças buscam entender o como, o porquê dos fenômenos da natureza e da sociedade. Segurando, mordendo, batendo e carregando objetos e materiais, elas começam a perceber que eles existem independentemente de suas ações. Essas coisas podem estar isoladas ou em grupos, ter tamanhos variados e aparecer em diferentes quantidades. À medida que vão trabalhando com isso, os pequenos adquirem informações sobre o mundo e constroem a gênese do conhecimento sobre as características dos objetos, da natureza e do espaço que o cercam.
A zona de desenvolvimento proximal que Vygotsky enfatiza como sendo
importante para elaborar dimensões do aprendizado escolar permite “delinear o
futuro imediato da criança e seu estado dinâmico de desenvolvimento, propiciando o
acesso não somente ao que já foi atingido através do desenvolvimento, como
também àquilo que está em processo de maturação”. (VYGOTSKY, 2000, p. 113).
Com base no que a perspectiva Histórico-Cultural enfatiza, todas as
atividades são planejadas de maneira a considerar o saber anterior dos pequenos
como ponto de partida para o seu desenvolvimento, cumprindo com a função do
professor, que de acordo com Gasparin (2002) “consiste em aprofundar e em
enriquecer essas concepções, ou retificá-las, esclarecer as contradições,
reconceituando os termos de uso diário”. (GASPARIN, 2002, p.20).
A inteligência nessa fase é algo extraordinário, pois a criança consegue
reconhecer o brinquedo que mais chamou sua atenção quando participou de algum
tipo de atividade lúdica. São esses conceitos que uma escola deve usar para
trabalhar a percepção da criança a fim de instiga-la a perceber e reconhecer tudo
que esteja ao seu dispor e que lhe desperte interesse.
5. Superação
29
Todos os métodos aplicados na aprendizagem serão utilizados para sua
independência intelectual. O presente tópico apresenta a identidade e autonomia do
aluno, isso acontece através do ensino e aprendizagem realizada entre professor e
alunos no período em que ele vai desenvolvendo sua parte motora, cognitiva e
linguística. A capacidade de entender já atinge um patamar mais elevado e essa
adaptação vai se realizando em todo o seu desenvolvimento como aprendiz.
Num ambiente desafiador e que possibilita interações adequadas, desde muito cedo a criança age com crescente independência. Ela aponta para as pessoas ou coisas de que gosta e decide o que vai explorar. Ao tomar as decisões e fazer escolhas, ganha um sentido de controle e eficácia pessoal, como se dissesse: “sou alguém que consegue fazer isso”. Essa sensação é proporcionada ao permitir que se alimentem sozinhos, por exemplo. “Eles devem realizar várias tarefas por conta própria, mas isso não quer dizer largá-los à própria sorte”. É preciso intervir sempre que necessário e ajudá-los a entender como se faz determinada coisa. À medida que o ambiente os encoraja a serem independentes, eles também têm de se proteger contra experiências que causem vergonha – como não conseguir fazer algo sozinho na primeira tentativa. (FERREIRA, 2010, p.84).
Oliveira (2005, p.159) clarifica que o lúdico é uma ferramenta importante
para a criação da fantasia, fundamental à leitura não convencional do mundo. O
trabalho, por meio do lúdico ou do brincar proporciona às crianças serem mais
autônomas, criativas, imaginativas e com maior capacidade de representação.
Articulado a outras formas de expressão, ele também é um importante instrumento
para aprender regras sociais.
Com as crianças das salas de Educação Infantil, o professor deve
incentivar o registro das brincadeiras trabalhadas, pois, assim, as mesmas poderão
comunicar ideias e pensar sobre o caminho utilizado. O professor deve preocupar-se
com o desenvolvimento do respeito pelas ideias de toda a valorização e discussão
do raciocínio, das soluções e dos questionamentos das crianças. (SMOLE, 2000, p.
4).
A atividade lúdica quando bem estruturada, garante ao aluno a superar
qualquer dificuldade já apresentada em sua vida educacional e a valorização de
suas impressões e sentimentos a respeito da mesma só reforçará seus efeitos.
6. Expressão e percepção visual
Segundo Valesco (1996) o brinquedo representa instrumento do brincar,
não importando o tipo, o material, a função, a cor, a forma, o tamanho e nem a
30
origem. A criança é capaz de descobri-lo no próprio corpo. O brincar é tão
espontâneo, tão natural, tão próprio desta que não haveria como entender sua vida
sem o brinquedo.
As brincadeiras infantis evoluem paralelamente ao desenvolvimento
global da criança. Nas brincadeiras, o brinquedo pode ser fundamental, pois trás o
mundo adulto para a realidade infantil. Isto estimula a criatividade, seu
desenvolvimento psicomotor. Não se devem oferecer brincadeiras difíceis e nem
usar muita explicação verbal, pois ela não entende e não elabora, se desliga e não
presta atenção, chega a se negar à execução e sugere outra atividade ou cai na
frustração. As experiências negativas resultam em regressão ou até agressão.
Por trabalhar com a expressividade, as atividades artísticas são importantes no desenvolvimento da identidade e da autonomia “este é o meu desenho! Aqui está meu irmão”. Elas são ainda um meio de controle motor, de compreensão do espaço e de desenvolvimento da imaginação que é fundamental para a condição humana relacionada ao brincar. (FERREIRA, 2010, p.85).
Portanto as atividades artísticas são mais uma ferramenta de estímulo,
compreensão do e sobre o aluno. Sua utilização mostra-se de grande importância
pois auxilia no desenvolvimento da sensibilidade e na expressão de afetividade.
7. A influência da música
A música está presente na vida da criança através de jogos, brincadeiras
e desenhos infantis, e até mesmo na escola, mediante as comemorações e festas,
porém, dificilmente está inserida no processo pedagógico. O professor, ao inserir a
música e a brincadeira no processo de ensino e aprendizagem, estará criando na
sala de aula uma atmosfera de motivação, permitindo ao aluno participar ativamente
na construção de seu conhecimento de forma lúdica e eficaz, o qual irá assimilar
experiências e informações, sobretudo, incorporando atitudes e valores.
Para Piaget, a brincadeira infantil é uma assimilação quase pura do real
ao eu, não tendo nenhuma fidelidade adaptativa. A criança pequena sente
constantemente a necessidade de se adaptar ao mundo social dos adultos, cujos
interesses e regras ainda lhe são estranhos, e uma infinidade de objetos,
31
acontecimentos e relações que ela ainda não compreende. (FONTANA; CRUZ,
1997, p. 120).
De acordo com Ferreira (2010, p.86):
Cantar cantigas, dançar em roda, acompanhar a música com palmas e saber o nome de vários instrumentos são alguns dos conteúdos trabalhados em creche. As crianças costumam descobrir fontes sonoras surpreendentes ao bater, sacudir ou empurrar objetos à sua volta, assim como quando utilizam instrumentos sonoros simples. O trabalho com ritmos tem uma importante relação com atividades de movimento. As músicas são ainda uma ferramenta para a aquisição da linguagem verbal.
A música e o jogo presentes no brincar são diferentes recursos, pouco
utilizados no processo educacional, que propiciam o desenvolvimento cognitivo e
emocional do ser humano, e por serem atividades lúdicas além do desenvolvimento
cognitivo, favorecem o desenvolvimento das estruturas psicológicas, afetivas e
emocionais. São atividades benéficas, pois despertam o interesse de todos por
participarem das atividades, aprendendo de forma prazerosa, pois aprendem
brincando. (FONTANA, 1997, p.126).
A atividade lúdica requer do aluno atenção, percepção e ação em todos
os sentidos, deixando a criança estimulada e em alguns casos cansada. A partir
dessa preocupação, a escola deve usar outros métodos como a música que também
auxilia no relaxamento.
4.2.2 O jogo na teoria de Piaget
Na concepção de Piaget (1973 apud FREITAS, 2000, p. 63) o jogo surge
no período sensório-motor, de 0 a 2 anos, quando as ações da criança sobre os
objetos acontecem por prazer. Nesse período ela utiliza esquemas já conhecidos,
com a intenção de repetir a ação que lhe deu prazer. Apresentando seriedade e
atenção em suas ações, ela acomoda e assimila a realidade à sua volta e vai, pouco
a pouco, executando ações mentais, produzindo e reproduzindo esquemas que
darão início às suas primeiras manifestações lúdicas que se transformam em jogos
(jogos de exercício).
32
Se o ato de inteligência culmina num equilíbrio entre assimilação e acomodação, enquanto a imitação prolonga última por si mesma, poder-se-á dizer, inversamente, que o jogo é essencialmente assimilar, ou assimilação predominando sobre a acomodação. (PIAGET, 1994, p.115).
Os jogos podem ser praticados pelos alunos fora da escola, onde as
orientações e acompanhamento sejam feitos pelos familiares para que a criança
entenda que em tudo existem regras e que essas devem ser respeitadas. Nesse
sentido, Piaget (1974 apud FREITAS, 2000, p. 64), estimula algumas dessas
orientações que os pais devem adotar para que a criança se familiarize com a
prática do jogo, esse conceito pode ser aplicado em determinadas situações como:
na hora de dormir, comer, tomar banho, não mexer em certos objetos, etc.
Dessa forma Piaget (1974 apud FREITAS, 2000, p. 64), percebeu que o
jogo e os mecanismos do mesmo estão envolvidos na construção da inteligência,
destacou também, a influência afetiva do jogo espontâneo como instrumento
incentivador e motivador no processo da aprendizagem, já que este dá a criança
uma razão própria que faz exercer de maneira significativa sua inteligência e sua
necessidade de investigação.
A visão do autor em pesquisar a contribuição do jogo para as atividades
lúdicas é importante e garante não só em auxiliar a aprendizagem do aluno, mas em
trabalhar sua coordenação, equilíbrio e desenvolvimento de acordo com sua idade.
4.2.2.1 Tipos de jogos segundo Piaget
Para Piaget (1996 apud KISHIMOTO, 2001), o brincar não recebe uma
conceituação precisa, é uma ação assimiladora, aparece como forma de expressão
da conduta, cheia de características metafóricas como espontaneidade, prazer,
iguais as do romantismo e da biologia. Ao inserir a brincadeira e o jogo dentro do
conteúdo da inteligência e não na estrutura cognitiva, Piaget distingue a construção
de estruturas mentais da aquisição dos conhecimentos. Nesse sentido, a brincadeira
e o jogar, enquanto processos assimilativos participam do conteúdo da inteligência,
igual à aprendizagem, e também é compreendida como conduta livre, espontânea,
que a criança expressa por sua vontade e pelo prazer que lhe dá. Portanto, ao
manifestar a conduta lúdica, ela demonstra o nível de seus estágios cognitivos e
constrói conhecimentos de acordo com seu nível de desenvolvimento.
33
Através dos jogos e brincadeiras a criança poderá ter um bom
desenvolvimento psicomotor e psicossocial, essas práticas também facilitam na
socialização e na contribuição para a sua vida afetiva. As atividades lúdicas
encorajam também o desenvolvimento intelectual, através da atenção e da
imaginação, facilitando a sua expressão. (FRIEDMANN, 2002).
A classificação e evolução dos jogos são apresentadas em: jogos de
exercícios, jogos de pensamentos, jogos simbólicos e jogo de regras. (PIAGET,
1974 apud FRIEDMANN, 1995).
a) Jogos dos exercícios
Esses jogos caracterizam-se por:
1. Jogos de exercícios simples que se limitam em reproduzir fielmente um
comportamento adaptado pelo simples prazer que se encontra em repetir.
Quase todos os jogos sensório-motores referentes ao período de 1 a 18
meses pertencem a essa classe.
2. Combinações sem finalidade. A única diferença entre a primeira classe e a
segunda baseia-se no fato de que a criança não se limita a exercer
simplesmente atividades anteriormente adquiridas, mas passa a construir com
elas novas combinações que são lúdicas desde o início.
3. Combinações com finalidades. Assim pode-se exemplificar a criança ao atirar
vezes seguidas um objeto para fora do berço, andar pela casa toda por um
período longo de tempo. Nesses jogos as combinações possuem uma
finalidade predominantemente lúdica. Por exemplo: Ao pularem sobre os
pneus, procuram descobrir novas formas de saltar, rolar livremente os pneus,
passar por dentro (imitando túnel).
b) Jogos de pensamentos
Apresentado entre duas etapas, em que a primeira está voltada para os
jogos de exercícios e a segunda para os jogos de exercícios de pensamento, em
que o cérebro desenvolve ações para as respostas necessárias para solucionar e
encontrar os resultados. A inteligência é o fator mais utilizado para concluir essa
34
etapa apoiando-se no exercício sensório-motor, na Inteligência prática e na
inteligência verbal. Segundo Piaget (1994):
Uma criança tendo aprendido a formular perguntas, poderá se divertir pelo simples prazer de perguntar (exercício simples). Por outro lado, poderá relatar algo que não existe pelo prazer de combinar as palavras sem finalidade (combinações sem finalidade). Ou ainda pode inventar palavras ou descrições pelo simples prazer que encontra ao inventar combinações lúdicas de pensamento com finalidade.
c) Jogos simbólicos
Os jogos simbólicos são desenvolvidos através de representação gráfica
ou de símbolos, nessa fase a criança passa a ter um interesse maior a fim de
descobrir a diferença entre significantes e significados para entender em que tipo de
modalidade está participando. Nessa etapa o jogo de pensamento oferece ao
participante o prazer da descoberta, as respostas do significado de cada tipo de
representação.
Segundo Piaget (1994) a criança demonstra seu funcionamento simbólico
através de alguns comportamentos e ações que chama a atenção do adulto tais
como:
Quando imita uma determinada situação, que presenciou em outro momento
demonstra uma representação interna desse acontecimento;
Quando brinca de faz de conta, transformando um objeto em outro, uma
vassoura pode vir a ser, nas mãos de uma criança um cavalo, um lápis pode
se tornar um avião;
No jogo quando apresenta uma interpretação própria dos acontecimentos
que fazem parte do seu dia-a-dia;
Quando começa a usar a linguagem para se expressar e se comunicar com
os outros;
Quando desenha, pinta a criança expressa aquilo que conhece e tem
significado para ela.
35
É importante que as escolas repassem aos pais e às comunidades a
contribuição dos jogos simbólicos para o desenvolvimento da criança, que através
deles ela pode enxergar o que está ao seu redor, registrar qualquer coisa que
aconteça, visto que a mesma já consegue pensar e ler as regras impostas de cada
jogo. A hora das atividades lúdicas é a parte mais importante para a criança, neste
momento ela brinca, joga, pinta, desenha e corre. Esses sentimentos favorecem sua
inserção no mundo, expressando sentimentos e ideias para sua formação.
A partir das considerações relatadas acima, acredita-se que os jogos e
brincadeiras podem ser analisados a partir da fundamentação da teoria do
desenvolvimento cognitivo proposta por Piaget. Sendo assim, pode-se considerar os
jogos e brincadeiras como atividades necessárias para a criança e presentes
durante todo o desenvolvimento cognitivo infantil, ou seja, o jogo e o brincar
evoluíram na criança como parte de seu desenvolvimento. (ROSA, 1998).
d) Jogo de regras
O jogo de regras é apresentado a criança entre 7 e 11 anos de idade,
momento em que ela consegue entender e obedecer as imposições feitas pelo jogo.
Para Piaget (1990) esse período é marcado pelo início da cooperação e do
raciocínio lógico. Nessa fase, tanto a linguagem se socializa, favorecendo relações
interpessoais, como as explicações para os problemas se aproximam mais da
realidade. No entanto, seu pensamento é limitado pelo mundo concreto. É nesse
período que o jogo de regras se constitui como uma atividade do ser socializado,
prolongando-se durante toda a sua vida.
4.3 O papel do lúdico na educação infantil
Na educação infantil, os jogos são importantes para o desenvolvimento
intelectual, motor e psíquico, em que o ato de brincar pode proporcionar à criança
inúmeras habilidades. Na visão de Brotto (2001, p. 12) não existe uma teoria
completa sobre o jogo, nem ideias admitidas universalmente. O autor apresenta uma
síntese dos principais campos culturais e científicos em que os jogos são utilizados:
36
Sociológico: influência do contexto social no qual os diferentes grupos de
crianças brincam.
Educacional: a contribuição do jogo para a educação; desenvolvimento e
aprendizagem da criança.
Psicológico: o jogo como meio para compreender melhor o funcionamento da
psique, das emoções e da personalidade dos indivíduos.
Antropológico: a maneira como o jogo reflete, em cada sociedade, os
costumes e a história das diferenças culturais.
Folclórico: analisa o jogo como expressão da cultura infantil através das
diversas gerações, bem como as tradições e costumes através dos tempos
nele refletidos.
A palavra "jogos" aplica-se mais às crianças e jovens, exclui qualquer atividade profissional, com interesse e tensão e, por isso, vai além dos jogos competitivos e de regras, podendo contemplar outras atividades de mesma característica como: histórias, dramatizações, canções, danças e outras manifestações artísticas. (BROUGÉRE, 2004, p. 16).
Vygotsky (1984 apud WAJSKOP, 2007) afirma que é na brincadeira que a
criança consegue vencer seus limites e passa a vivenciar experiências que vão além
de sua idade e realidade, fazendo com que ela desenvolva sua consciência. Dessa
forma, é na brincadeira que se propõe a ela desafios e questões que a façam refletir,
propor soluções e resolver problemas. Brincando, ela pode desenvolver sua
imaginação, além de criar e respeitar regras de organização e convivência, que
serão, no futuro, utilizadas para a compreensão da realidade. A brincadeira permite
também o desenvolvimento do autoconhecimento, elevando a autoestima,
propiciando o desenvolvimento físico-motor, bem como o do raciocínio e o da
inteligência.
As culturas infantis são constituídas por um conjunto de formas,
significados, objetos, artefatos que conferem modos de compreensão simbólica
sobre o mundo. Ou seja, brinquedos, brincadeiras, músicas e histórias que
expressam o olhar infantil, olhar construído no processo histórico de diferenciação
do adulto. Os brinquedos e brincadeiras elaborados e vivenciados pelas crianças ao
longo da história da humanidade são, portanto, objetos de estudo que surgem à
37
medida que se entende a infância como categoria geracional sociologicamente
instituída e produtora de uma cultura própria. (CARVALHO, 2007, p.3).
4.3.1 A contribuição da brinquedoteca para o desenvolvimento da criança
Segundo Santos (1997, p.13) a brinquedoteca é o espaço criado com o
objetivo de proporcionar estímulos para que a criança possa brincar livremente. Esse
brincar sendo planejado, orientado, poderá auxiliar no desenvolvimento da mesma,
proporcionando uma interação educacional.
A primeira ideia de brinquedoteca surgiu em 1934, em Los Angeles, o
objetivo principal foi emprestar brinquedos às crianças carentes. Só se expandiu, a
partir de 1960, em que surgiram as ludotecas, as toylibraries e as bibliotecas de
brinquedos. (SANTOS, 1997).
Em 1981 foi criada a primeira brinquedoteca brasileira, na Escola
Indianápolis, em São Paulo, que priorizava o brincar em um determinado espaço
destinado para tal objetivo. (SANTOS, 1997).
De acordo com Santos (1997, p. 8-9):
Em 1984 foi criada a Associação Brasileira de Brinquedoteca, que fez crescer
o movimento, e a partir daí, surgiram diferentes tipos, dentre eles as:
De bairro: montadas com a participação da comunidade e de associações,
sendo frequentadas pelas crianças da comunidade;
De hospitais ou clínicas: esse tipo colabora no tratamento de crianças com
problemas, para amenizar traumas da internação ou terapia;
Temporárias: são montadas em locais onde acontecem grandes eventos,
para oferecer um espaço para a criança, enquanto os pais participam da
programação;
De universidade: montados por profissionais da educação, com a finalidade
principal de pesquisa e formação de recursos humanos.
A criação da brinquedoteca é importante para as atividades lúdicas e tem
como principal objetivo favorecer a criança em seu desenvolvimento. Seus principais
objetivos são também apresentados por Santos (1997, p.14):
Proporcionar um espaço onde a criança possa brincar sossegada, sem
cobranças e sem sentir que está atrapalhando ou perdendo tempo;
38
Estimular o desenvolvimento de uma vida interior rica e da capacidade de
concentrar a atenção;
Estimular a operabilidade das crianças;
Favorecer o equilíbrio emocional;
Desenvolver a inteligência, criatividade e sociabilidade;
Incentivar a valorização do brinquedo como atividade geradora de
desenvolvimento intelectual, emocional e social;
Enriquecer o relacionamento entre as crianças e suas famílias.
A brinquedoteca tem como finalidade principal desenvolver todas as
habilidades da criança, além de favorecer uma relação harmoniosa com os outros
alunos, proporcionando troca de carinho, afeto, atenção e cooperação. De acordo
com Santos (2000, p.61):
A brinquedoteca é o espaço certo da ludicidade, do prazer, do autoconhecimento, da afetividade, da empatia, da automotivação, da arte do relacionamento, da cooperação, da autonomia, do aprimoramento da comunicação, da criatividade, da imaginação, da sensibilidade e das vivências corporais. Portanto, a Brinquedoteca facilita o equilíbrio entre razão e emoção.
Todas as escolas devem oferecer um local adequado para serem
trabalhadas as atividades lúdicas, onde a criança possa participar e vivenciar as
brincadeiras oferecidas nesse ambiente, fato esse que a motivará cada vez mais a
estar no espaço escolar.
4.3.2 As formas de aprender com o lúdico
Para aprender a trabalhar com o lúdico na escola, o professor deve saber
que ele possui um caráter competitivo, mas que essa prática seja utilizada para que
todas as crianças desenvolvam suas capacidades, umas primeiro que as outras ao
responderem antes do tempo, ou na frente de algum colega, assim a brincadeira terá
um caráter educativo, pedagógico. Segundo Almeida (1998, p.123):
O bom eixo de toda atividade lúdico-pedagógica depende exclusivamente do bom preparo e da liderança do professor. É baseada neste contexto que se deve buscar uma nova proposta, e que esta aproveite de forma consciente o lúdico como instrumento metodológico durante as aulas, possibilitando um desenvolvimento que respeite a criança e o adolescente.
39
Segundo Coelho (2002, p.11), a aprendizagem é o resultado da
estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maduro, diante de uma situação –
problema sob a forma de uma mudança de comportamento em função da
experiência.
As dificuldades de aprendizagem afetam um número substancial de crianças em nossa sociedade. São heterogêneas, leves, moderadas, graves, de curta ou longa duração e as mesmas exigem avaliações e intervenções e uma teorização dos modelos do funcionamento cognitivo. (DOCKRELL, 2000, p.11).
Para a solução dos problemas de aprendizagem segundo Dockrell (2000,
p.12) deve-se realizar uma avaliação, baseada nos resultados e desenvolver um
programa de intervenção, isto levantará hipóteses sobre a base dos mesmos. Assim,
a maior preocupação é considerar de fato o que se sabe a respeito das demandas
cognitivas de tarefas como linguagem, leitura, números e os problemas que as
crianças com dificuldades de aprendizagem enfrentam. Dada à variedade de tipos
de dificuldades de aprendizagem, é necessário considerar a forma como elas são
classificadas.
a) Classificação das dificuldades de aprendizagem.
Os transtornos de aprendizagem são problemas neurológicos que afetam
a capacidade do cérebro para entender, recordar ou comunicar informações,
maximizados por uma série de comportamentos, também de base neurológica.
Dentre eles, tem-se: fraco alcance de atenção, dificuldade para seguir instruções,
imaturidade social, dificuldade com a conservação, inflexibilidade, problemas de
planejamento e organização mental, distração, falta de destreza, impulsividade e
hiperatividade. (SMITH e STRICK, 2001).
Pelegrini e Golfeto (2000) propõem uma classificação das dificuldades de
aprendizagem: a) as desordens especificamente escolares; b) as decorrentes do
potencial intelectual da criança; c) decorrentes de um comprometimento da
personalidade, ainda em evolução, associado a um conflito psíquico; d) as por
razões sociais (falta de continuidade de ensino, as mudanças de escola, a troca de
40
professores e classes numerosas); e as associadas a outros distúrbios (desatenção,
hiperatividade e dificuldade de conduta).
Hübner e Marinotti (2000) também consideram diversos fatores para o
fracasso escolar, como: a) quadros neurológicos ou psiquiátricos - sendo o retardo
mental considerado em separado; b) defasagem entre o repertório individual e o
nível de exigência escolar; c) transtornos de aprendizagem; d) falhas no sistema
educacional, entre outros.
De acordo com Feijó (1992, p.185) através do lúdico e de sua história são
recuperados os modos e costumes das civilizações. As possibilidades que ele
oferece à criança são enormes: é capaz de revelar as contradições existentes entre
a perspectiva adulta e a infantil quando da interpretação do brinquedo; travar contato
com desafios, buscar saciar a curiosidade de tudo, conhecer; representar as práticas
sociais, liberar a riqueza do imaginário infantil; enfrentar e superar barreiras e
condicionamentos, ofertar a criação, imaginação e fantasia, desenvolvimento afetivo
e cognitivo.
Segundo Almeida (1997, p.32) os jogos e as brincadeiras enriquecem os
esquemas perceptivos visuais, auditivos e também os esquemas operativos.
(memória, imaginação, representação, síntese, lateralidade, causa e efeito). O ato
de pensar está unido à fala que é estruturada na qual os esquemas verbais são
ampliados. As crianças menores gostam de falar de suas experiências, ouvir e
recontar histórias, brincar com as letras do alfabeto, ler, escrever, olhar e recortar
figuras, montar ou desmontar brinquedos, empilhar objetos e outros jogos sem
regras, pois quando pequenas o egocentrismo ainda não permite que possam
observar as regras dos jogos.
Como o lúdico possui muitas funcionalidades já conhecidas, pode ser
possível que num futuro próximo também se possa encontrar uma forma de
trabalhar muitas das dificuldades de aprendizagem com o uso dessa ferramenta.
b) A aprendizagem significativa
A aprendizagem significativa ocorre quando um aprendiz possibilita a
interação de um novo conteúdo em sua estrutura cognitiva e nesse processo esse
conteúdo adquire significado psicológico. Entretanto, pode não ocorrer essa
incorporação ou acontecer em um número menor de interações. Neste caso pode-se
41
chamar de aprendizagem mecânica, uma vez que o novo conteúdo passa a ser
armazenado isoladamente ou por meio de associações arbitrárias na estrutura
cognitiva. (AUSUBEL, 1978).
Ausubel ainda destaca que o processo de aprendizagem significativa é o
mais importante na aprendizagem escolar. No entanto para que ela ocorra são
necessários alguns requisitos básicos a serem cumpridos. Uma das condições para
que ela ocorra é que o conteúdo ensinado seja relacionável com a estrutura
cognitiva do aluno, isso significa que o material instrucional deve ser potencialmente
significativo, deve ser organizado de forma lógica possibilitando ao aluno interagir
com o novo material de modo substancial e não arbitrário, com conceitos relevantes
para a estrutura cognitiva do mesmo. (MOREIRA, 1983).
Para que o aluno possa aprender significativamente o material
instrucional, é necessário haver em sua estrutura cognitiva um conjunto de conceitos
relevantes que possibilitem a sua conexão com a nova informação a ser aprendida.
Ao conjunto destes conceitos básicos é dado nome de subsunçor, originado da
palavra subsumer. Um subsunçor é, portanto, um conceito, ideia, ou proposição já
existente na estrutura cognitiva do aluno, capaz de servir de “ancoradouro” para uma
nova informação de modo que ela adquira assim um significado para o indivíduo.
Esse sistema está representado na figura 1. (MOREIRA, 1983).
A primeira foto apresenta a aprendizagem mecânica e ao seu lado, a
segunda foto apresenta a aprendizagem significativa.
Figura 1. Modelo ilustrativo da aprendizagem mecânica e da aprendizagem significativa
respectivamente.
Fonte: Moreira, 1983.
42
Por fim, a atitude do aluno é de crucial importância para o processo de
aprendizagem significativa. Ele deve manifestar um esforço e disposição para
relacionar de maneira não arbitrária o novo material potencialmente significativo a
sua estrutura cognitiva. Significando que não importa o quanto o material seja
potencialmente significativo, se o aluno apenas tiver interesse de “decorar” a nova
informação não haverá a aprendizagem significativa do material.
Quando se conta com o seu interesse pode-se ter uma aprendizagem
receptiva significativa em sala de aula convencional onde se usam recursos
tradicionais tais como giz e quadro-negro, quando existirem condições do aprendiz
transformar significados lógicos de determinado conteúdo potencialmente
significativo, em significados psicológicos. (TAVARES, 2005).
Segundo Ausubel (1978): “A principal função do organizador prévio é
servir de ponte entre o que o aprendiz já sabe e o que ele precisa saber para que
possa aprender significativamente a tarefa com que se depara”.
Sendo assim um auxílio, para vencer o hiato existente entre o que o aluno
já sabe e a nova informação que ele pretende aprender significativamente, é
necessário. A respeito disto Moreira (1983) define esses organizadores da seguinte
forma: “Os organizadores prévios são materiais introdutórios em um nível mais alto
de abstração, generalidade e exclusividade, capazes de servir de ancoragem
ideacional a suprir a deficiência de subsunções até que estes estejam
desenvolvidos”.
Partindo da definição de subjetividade proposta por Gonzalez Rey (1999),
o espaço lúdico poderia se constituir como mais um dentro dos diferentes sistemas
de relações do sujeito, que está em constante reconfiguração da sua subjetividade.
O sujeito é visto, nessa perspectiva, como sendo o indivíduo concreto, portador de
personalidade, ativo, interativo, consciente, intencional e emocional que produz
emoções nas atividades que se implica e antecipa com suas emoções e sua
implicação nelas. A personalidade é vista como um sistema em desenvolvimento
constituinte do sujeito e atua como elemento que faz parte do próprio
desenvolvimento. A aprendizagem, nessa perspectiva, deixa de ser concebida como
um processo isolado acontecendo apenas no aluno, em sala de aula, e passa a ser
vista nas diferentes relações e contextos vivenciados pelo sujeito.
43
4.4 As diferentes abordagens sobre o brincar
Dolto (1999) admite o jogo como uma atividade comum a todos os
animais e que todos os filhotes dos mamíferos parecem brincar assim como a
criança humana, mas ressalta a diferença em relação à criatividade e à variedade do
jogo. As atividades dos outros animais são estereotipadas, provocadas por uma
necessidade de motricidade da espécie. Ela descreve as diferentes etapas de
desenvolvimento da criança em relação aos tipos de jogos de cada uma delas.
Para essa autora, o bebê apresenta um dos primeiros jogos de prazer
junto ao adulto na brincadeira de esconder o rosto e mostrá-lo de novo. Ela faz
referência ao jogo descrito por Freud (1981) do Fort. Da! (Sumiu. Achou!), a partir do
qual a criança se afirma a si mesma como sujeito da continuidade de seu ser no
mundo. Depois aparecem os jogos do perceber e do explorar. Em seguida, vem o
jogo que envolve o ter e o guardar no qual a criança enche cestos e malas e leva
consigo para passear. Posteriormente aparecem os jogos de construção.
A mesma autora ainda acrescenta os momentos aparentemente passivos
da criança, vistos pelos adultos, na maioria das vezes, como sendo momentos de
perda de tempo em que a criança não estaria fazendo nada. Ela alerta sobre a
importância desses momentos mostrando a capacidade inteligente da criança em
contemplar o mundo a sua volta, observando-o, meditando prazerosamente. Se um
objeto, ou atividade, interessa a ela, é porque a mesma encontra um sentido
fascinante e lúdico na contemplação e na manipulação do mesmo, e nos
pensamentos que ele lhe sugere.
Roza (1999) mostrou como o brincar, na perspectiva da psicanálise se
torna muitas vezes o único veículo possível de expressão para as crianças. Como
meio privilegiado de expressão e de apreensão da realidade, o brincar permite o
acesso ao simbólico e aos processos de complexificação da vida.
Em seu trabalho, a autora busca um resgate da utilização do método
lúdico na psicanálise de crianças, e, para isso, lança mão de outros discursos, como
o da filosofia, o da linguística e o da semiótica defendendo o brincar como um
conceito através do qual se processa a organização do sujeito, que desenvolve a
linguagem e no qual se dá o aprendizado e o conhecimento do mundo.
44
Roza também discute o jogo como sendo em si mesmo linguagem, uma
protolinguagem não verbal, que já é estruturalmente linguagem. Não é evidente que
o brincar seja um sistema de comunicação que transmita uma mensagem, mas é
uma atividade que pode ou não adquirir essa função.
De acordo com Vygotsky (1984), o brincar não pode ser definido como
atividade que dá prazer à criança porque outras atividades podem dar experiências
de prazer mais intensa e outras não são agradáveis e só dão prazer de acordo como
resultado. No entanto, é necessário compreender a brincadeira como atividade que
preenche as necessidades da mesma.
Para se entender o desenvolvimento da criança é preciso conhecer suas
necessidades e interesses para que os incentivos sejam eficazes a fim de promover
o avanço de um estágio do desenvolvimento para outro. O brinquedo possibilita a
criação de um mundo onde os desejos sejam realizados através da imaginação. No
entanto, esta é uma atividade psicológica específica da consciência humana,
presente apenas na criança mais velha.
Sendo assim, Vygotsky conclui que no brinquedo os pequenos criam uma
situação imaginária. Na evolução dos mesmos tem-se a mudança da predominância
de situações imaginárias para a predominância de regras. Não existe brinquedo sem
regras, mesmo que elas não sejam formalmente estabelecidas a priori. Nesse
sentido, da mesma forma que o brinquedo deve conter regras de comportamento,
todo jogo com regras contém uma situação imaginária. O maior autocontrole dos
mesmos ocorre na situação de brinquedo e a subordinação a uma regra passa a ser
uma fonte de prazer.
Ainda segundo Vygotsky (1984), o brinquedo não é simbolização, mas
sim atividade da criança. Isso porque o símbolo é um signo e no brinquedo a criança
opera com significados desligados dos objetos aos quais estão habitualmente
ligadas. Mesmo sem considerar o brinquedo como um aspecto predominante da
infância, este autor ressalta a importância dessa atividade para o desenvolvimento
mostrando que ela cria uma zona de desenvolvimento proximal, pois, ao brincar, a
criança está acima das possibilidades da própria idade, imitando os mais velhos nos
seus comportamentos.
4.5 A escola e o lúdico
45
Segundo Gadotti (1992) a escola não deve apenas transmitir
conhecimentos, mas também preocupar-se com a formação global dos alunos, numa
visão em que o conhecer e o intervir no real se encontrem. Mas, para isso, é preciso
saber trabalhar com as diferenças.
Adriana Friedmann (2008, p. 05), acredita que na escola é “possível o
professor se soltar e trabalhar os jogos como forma de difundir os conteúdos. Para
isso, são necessários três pontos fundamentais: vivência, percepção e sentido,
reflexão em cima da vivência”.
Para isto, o professor necessita escolher determinadas situações
importantes dentro da vivência em sala de aula; notar o que sentiu, como sentiu e de
que forma isso influencia o processo de aprendizagem. (FRIEDMANN, 2008).
As brincadeiras devem ser realizadas de forma diferente nos ensinos
infantil e fundamental. “No fundamental é mais formal, voltado para as vivências
curriculares. É mais fácil para o professor do infantil falar de brincadeiras, enquanto
o educador do fundamental precisa de mais estratégias”. (FRIEDMANN, 2008, p. 5).
É preciso ainda verificar quais são as diferentes estratégias utilizadas na
escola e na sala de aula para ensinar o aluno, se foram oferecidas diversas
oportunidades de estar em contato com o conhecimento, para depois afirmar que o
aluno não está conseguindo aprender. Assmann (1998, p. 22) aponta a necessidade
de ambientes que propiciem experiências do conhecimento, pois seres vivos “(...)
são seres que conseguem manter, de forma flexível e adaptativa, a dinâmica de
continuar aprendendo”.
Snyders (1996) afirma que não somente os alunos que fracassam, mas
também os bens sucedidos consideram que a escola é triste e a alegria começa
quando saem da mesma. Defende que, se o aluno sentir alegria na escola será
capaz de reprimir a distração e a preguiça, e ainda, que, para crescer
harmoniosamente, necessita munir-se de alegria no momento presente.
Para Codo (1996), toda atividade profissional envolve algum tipo de
investimento afetivo por parte de quem se relaciona com os outros. Na atividade
docente, o afeto é indispensável, pois a relação afetiva é um pré-requisito para que o
trabalho seja efetivo e atinja seus objetivos. A afetividade é um dos fatores que
auxiliam na aprendizagem dos alunos.
46
Para Célia (2000, p. 63 e 64), a atividade lúdica da criança é importante
no seu desenvolvimento, pois o brincar, pela condição do “faz de conta”, permite
vivenciar e enfrentar uma situação que na realidade pode ser julgada intransponível.
A criança faz comparações e previsões para investigar o mundo na medida em que
pelo “faz de conta” transfere um fato real para uma ideia sem compromissos e sem
riscos.
Tal atividade amplia o conhecimento da criança: as hipóteses são
testadas no brincar, no imaginário e comprovadas na realidade. A experiência é a
condição fundamental: a criança tem de fazer, experimentar, errar, pois só assim é
que a ela vai adquirir conhecimento das coisas. “O brincar, portanto, está na base do
aprender, do conhecer- se, do sentir-se e, efetivamente, ser alguém no mundo”.
(CÉLIA, 2000, p. 63 e 64).
Outra contribuição da atividade lúdica é a troca entre os alunos. A
interação estabelecida possibilita às crianças a aprendizagem do respeito às ideias
dos outros, a defesa de seus pensamentos, da cooperação, contribuindo para uma
melhora da convivência em grupo. Pode-se dizer que por meio dessa atividade
desenvolvem o aprender a viver juntos. (DELORS, 2002).
Nesse contexto, o brincar favorece uma convivência saudável em
sociedade, já que a criança aprende a respeitar o outro e a se fazer respeitar
também.
4.6 O professor e as atividades lúdicas
Segundo Horn (2007, p.14), o brincar não encontra espaço na escola.
Muitos professores dirigem os momentos lúdicos a fim de alcançarem determinados
objetivos. Desse modo, não permitem às crianças explorarem e criarem sua própria
maneira de brincar. Assim, elas acabam brincando, não pelo prazer e alegria que o
ato lúdico lhes dá, mas para alcançar e cumprir os objetivos e as regras
estabelecidas pelo professor.
De acordo com Horn (2007, p.60), a proposta pedagógica da escola deve
ter como objetivo central do seu trabalho, ensinar e aprender através da ludicidade.
O educador deve inserir essa atitude lúdica na sua prática pedagógica, pois seria
necessário que educadores e escolas resistissem a qualquer pressão, como
47
listagem de conteúdos a serem vencidos, a cobrança dos pais quanto à quantidade
de produção escrita, entre outras. Essa resistência poderia transformar a sala de
aula num espaço de maior criatividade, liberdade e ludicidade, no qual a criança
pudesse desenvolver sua autonomia, tornando-se agente do seu próprio caminhar
durante o brincar.
De acordo com o RCNEI (1998, p.29), cabe ao professor organizar
situações para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada para propiciar
às crianças a possibilidade de escolherem os temas, papéis, objetos e companheiros
com quem brincar e assim elaborarem de forma pessoal e independente suas
emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais.
O professor tem que partir da realidade dos alunos, ver suas necessidades, buscar alternativas de interação. Ocorre que, na fase de mudança, esta tomada de consciência é importante, até que venha a se incorporar como um novo hábito. (VASCONCELLOS, 1995, p.74).
Contudo, todo professor interessado em promover mudanças na sua
prática em sala de aula deveria encontrar na proposta do uso do lúdico uma
importante metodologia, a qual tem condições de contribuir para a melhoria das
ações realizadas no ambiente escolar no que se refere à promoção de ações
inclusivas. (MAFRA, 2008).
A realidade vivida pela criança difere efetivamente daquela vivida pelo
adulto. Para a criança, há, ainda, a presença da fantasia, o faz-de-conta, o sonhar e
o descobrir. Nessa fase, toda criança utiliza as brincadeiras para se conhecer e
reconhecer, utilizando-as, também, para se construir dentro do meio em que vive. E
isso não acontece diferentemente para a criança com necessidades educacionais
específicas. Para ela também a brincadeira é importante na formação do
autoconhecimento. (MAFRA, 2008).
Nesse contexto, as brincadeiras podem fazer com que a criança consiga
expressar seus sentimentos e as diferentes impressões que tem de si e daqueles
que com ela convivem. A brincadeira é uma forma por meio da qual os pequenos
demonstram interesse em se relacionarem com o ambiente físico e social onde
vivem. Desperta, com singularidade, ações criativas e amplia, ao mesmo tempo,
conhecimentos e habilidades, sejam elas motoras, cognitivas ou linguísticas. Muitas
48
vezes, é através dessa expressão da realidade, que o professor consegue identificar
as dificuldades de seus alunos e suas reais necessidades. (FERREIRA, 2002).
Para Libâneo (2001), as práticas de formação de professores mais recentes são as que concebem o ensino como atividade reflexiva, que consideram o aluno como parte do processo de ensino e de aprendizagem. Ainda, para o autor, o importante é que o professor pense não apenas em sua formação, mas também no currículo, ensino e metodologia de docência, o que ocasiona o desenvolvimento da capacidade reflexiva deste profissional sobre seu trabalho. Assim, os professores devem buscar metodologias diferenciadas que dinamizem o processo de ensino e de aprendizagem.
Como metodologia diferenciada, o uso do lúdico pode se tornar uma
alternativa. Os jogos lúdicos se assentam em bases pedagógicas, porque envolvem
os seguintes critérios: a função de literalidade e não-literalidade, os novos signos
linguísticos que se fazem nas regras, a flexibilidade a partir de novas combinações
de ideias e comportamentos, a ausência de pressão no ambiente e, por fim, ajuda
na aprendizagem de noções e habilidades. (ALMEIDA, 2009).
O professor é a peça fundamental para que as atividades lúdicas sejam
bem sucedidas, mas é importante que ele receba qualificação e acompanhamento
de outros profissionais a fim de garantir que as crianças sejam bem assistidas.
4.6.1 Motivação em sala de aula
A utilização do lúdico na escola como recurso pedagógico é riquíssima,
pois o brinquedo desperta interesse e curiosidade, aspectos que contribuem na
aprendizagem. (ALVES, 2003).
Segundo Piaget (2000), o confronto de diferentes pontos de vista está
sempre presente no jogo, o que torna essa situação particularmente rica para
estimular a vida social e a atividade construtiva do indivíduo.
O aluno precisa ser alguém que joga para que, mais tarde, saiba ser
alguém que age, convivendo de bem com as regras do jogo da vida. Saber ganhar e
perder deveria acompanhar a todos sempre. (ORSO, 1999).
Para Lara (2004) os jogos, ultimamente, vêm ganhando espaço nas
escolas, numa tentativa de trazer o lúdico para dentro da sala de aula. Acrescenta
que a interação da maioria dos professores com a sua utilização é a de tornar as
49
aulas mais agradáveis com o intuito de fazer com que a aprendizagem torne-se algo
mais fascinante; além disso, as atividades lúdicas podem ser consideradas como
uma estratégia que estimula o raciocínio, levando o aluno a enfrentar situações
conflitantes relacionadas com o seu cotidiano.
Com base nessas informações, o professor ocupa posição de grande
importância como articulador de novas metodologias, dentre elas o lúdico, como
motivador de aprendizagens significativas.
Apesar desses estudos terem mostrado que o educador ainda não faz
uso ou não o faz adequadamente da metodologia lúdica, como podem ser
observadas no estudo de Gomes (2013), a autora faz algumas sugestões e
recomendações sobre as atividades lúdicas:
1. Conscientização de todo o corpo escolar sobre a função da escola,
principalmente a social;
2. Reuniões periódicas sobre os principais acontecimentos da instituição,
visando obter a contribuição de todos nas discussões e nos planos de metas
elaborados (Gestão Participativa);
3. Reorganizar o Projeto Político Pedagógico da escola, visando incluir a
ludicidade como ferramenta nas situações de aprendizagens;
4. Criar um ambiente mais harmonioso dentro da escola, onde todos são
valorizados como sujeitos ativos dentro do funcionamento da instituição;
5. Promover cursos de formação dentro da escola, para capacitar os
participantes do sistema no que tange à utilização da ferramenta lúdica no
processo de ensino e aprendizagem infantil, mostrando sua significativa
importância;
6. Organizar momentos interativos entre alunos, professores e gestão, visando à
qualidade do processo de aprendizagem, pois através da afetividade os
conteúdos são assimilados com maior eficácia;
7. Sensibilização do núcleo gestor escolar quanto aos inúmeros benefícios que a
ludicidade e uma gestão participativa poderão promover tanto para os
funcionários como para os alunos, elevando o patamar da qualidade da
educação.
Incentivar a participação das crianças nas atividades lúdicas tem seus
benefícios e qualidades, pois elas se sentirão importantes e desempenharão com
50
naturalidade essas atividades. E desta forma, o professor deve trabalhar a
motivação com seus alunos, reconhecendo e desenvolvendo suas habilidades e
capacidades.
4.7 A família e o lúdico
A família se destaca como elemento promotor de integração da criança
com o ambiente, visando à estimulação de uma forma não mecânica. Mesmo
durante a rotina da vida diária de uma família, existem muitas oportunidades para
estimular o pensamento das crianças e para torná-las mais confiantes. A melhor
fonte de aprendizagem é um adulto disposto a partilhar experiências com a criança;
desde que isso seja feito de maneira natural e amiga. O fato de dar atenção e
demonstrar interesse significa que ela é valorizada como pessoa, o que a ajuda a
elevar seu autoconceito. (MOURA e SILVA, 2005).
De acordo com Brant (2005), são expectativas familiares: produzir
cuidados, proteção, aprendizado de afetos, construção de identidades e vínculos
relacionais, capazes de promover melhor qualidade de vida a seus membros e
efetiva inclusão social, na comunidade e sociedade em que vivem.
O fato de que essas expectativas são possibilidades e não garantias faz
com que a família possa vir a ser fortalecedora ou enfraquecedora de suas
possibilidades e potencialidades. Para o mesmo autor, existe uma influência dos
pais quanto aos resultados do uso do brincar no desenvolvimento psicomotor da
criança e faz um relato de experiência sobre a determinação do comportamento dos
filhos, e a conduta destes, igualmente, modifica e condiciona a atitude de seus pais.
Ou seja, nessa relação todos influenciam e são influenciados.
Desse modo, a relação família, criança, brincadeira tem dupla função:
consolidar os esquemas já formados e dar prazer ou equilíbrio emocional à criança,
propiciando uma estimulação mais livre e menos traumática, fazendo com que ela
aprenda sem perceber. (BRANT, 2005; MOURA e SILVA, 2005).
Para Morais (1986), é importante que a família fique atenta a fim de
identificar se a criança tem algum distúrbio como dislexia (dificuldade de leitura e
escrita); disortografia que se caracteriza pela incapacidade de escrever
ortograficamente correto; disgrafia, problema na linguagem escrita; dislalia, distúrbio
51
na fala; e discalculia que afeta o raciocínio matemático. Essa identificação poderá
auxiliar no lidar com seus filhos e auxilia-los em seu processo de aprendizagem.
A importância da atividade lúdica foi reconhecida pela própria legislação e
em 1959 a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), redigiu a Declaração
Universal dos Direitos Humanos que no artigo 7º afirma: “[...] toda criança terá o
direito de brincar e se divertir cabendo à sociedade e às autoridades públicas
garantir a ela o exercício pleno desse direito”. (ONU, 1959 apud FRIEDMAN, 2002).
A Constituição do Brasil (1988) assegura no art. 227 o direito à educação
e ao lazer das crianças brasileiras. Tal direito é coroado pelo Estatuto da Criança e
do Adolescente (BRASIL, 1991, p. 11) que no art. 4º afirma ser:
[...] dever da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização e à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (grifo nosso).
Portanto quando a família se interessa, motiva e participa do brincar de
suas crianças, estará propiciando às mesmas um ambiente e uma condição de
aprendizagem significativa, complementando o trabalho feito nas escolas.
52
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa proporcionou subsídios através das informações
trazidas pelos autores que conceituam o lúdico como ferramenta importante para o
desenvolvimento intelectual, motor e psicológico.
Para Kishimoto (1994) o desenvolvimento da criança deve ser entendido
como um processo global, no brincar a criança está andando, correndo, ou seja,
desenvolvendo a sua motricidade e paralelamente também é um desenvolvimento
social porque ela brinca com parceiros, com pessoas diferentes, nesse momento ela
usa regras, adquire informações, estabelece relações cognitivas, discute o que ela
acha certo ou errado, nesse momento segundo a autora se está lidando com um ser
humano inteiro.
Também foi apresentada a importância dos jogos no desenvolvimento da
criança através das atividades lúdicas e suas contribuições na aprendizagem infantil,
pois o jogo é uma atividade própria dessa fase podendo se desenvolver de maneira
individual ou coletiva, contribuindo dessa forma com a socialização através das
relações com o seu eu e tudo que o cerca. Os jogos praticados na educação infantil
oferecem grandes possibilidades de crescimento pessoal e intelectual, pois quando
a criança brinca ou participa de jogos individuais ou coletivos, libera necessidades e
interesses espontaneamente.
Segundo o Referencial Curricular Nacional (1998), para a Educação
Infantil, o desenvolvimento da criança acontece através do lúdico. Ela precisa
brincar, ter prazer e alegria para crescer, precisa do jogo como forma de equilíbrio
entre ela e o mundo, portanto, a atividade escolar deverá ser uma forma de fazer e
de trabalho, proporcionando para a mesma um desenvolvimento completo.
Nesse contexto à escola cabe o investimento em atividades lúdicas
direcionadas à aprendizagem e também em atividades não direcionadas, com o
intuito de tornar seu ambiente atraente para a permanência das crianças em seu
espaço e estimulante da aprendizagem infantil. É importante que esta instituição
fomente nos professores o interesse por essas atividades, assim como também lhes
forneça condições para sua prática.
Aos professores cabe o planejamento e direcionamento das atividades
voltadas à aprendizagem das matérias ministradas, assim como também o
53
planejamento das que não forem direcionadas, com a consciência de que também
trarão bons frutos no que tange à motivação e aprendizagem das crianças.
Por fim, a família deve assumir uma postura como motivadora de
brincadeiras e jogos, dando a devida importância aos mesmos, auxiliando no
desenvolvimento de suas crianças, proporcionando-lhes uma infância saudável,
complementando o que foi realizado na escola, dando continuidade ao que lá foi
iniciado, assim proporcionando e potencializando a aprendizagem de seus
pequenos.
Portanto, quando cada parte realizar o que lhe for esperado, para as
crianças serão proporcionadas grandes oportunidades de desenvolvimento e
aprendizagens significativas.
54
REFERÊNCIAS
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das letras,2., 2004, Rolândia, Anais... Rolândia: FACCAR, 2006.
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ALMEIDA, P.N. Educação lúdica: prazer de estudar, técnicas de jogo
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AUSUBEL, P.; NOVAK, J. D., HANESIAN, H. Educational Psychology: A
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