1. C ()M EN T R I O B 1HL I C O Novo T estam en to - " M a t e
u s a J o o E 1) I C C) C O M > I, E T A
2. Matthew Henry
3. HENRY Ia Edio MATEUS A JOO Traduo Degmar Ribas Jnior CPAD
Rio de Janeiro 2008
4. Todos os direitos reservados. Copyright 2008 para a lngua
portuguesa da Casa Publicadora das Assemblias de Deus. Aprovado
pelo Conselho de Doutrina. Matthew Henrys Commentary on the whole
Bible - Volume V - Matthew to John. Domnio pblico. Traduo deste
volume: Degmar Ribas Jnior Preparao de originais e reviso: Anderson
Grangeo da Costa, Miriam Anna Liborio e Reginaldo de Souza Capa:
Rafael Paixo Projeto grfico: Joede Bezerra Editorao: Joede Bezerra
e Alexandre Soares CDD: 220 - Comentrio bblico ISBN:
978-85-263-0906-7 Para maiores informaes sobre livros, revistas,
peridicos e os ltimos lanamentos da CPAD, visite nosso site:
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Caixa Postal 331 20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil Impresso no
Brasil Ia edio/2008
5. EDIO BRASILEIRA Direo-Geral Ronaldo Rodrigues de Souza
Diretor-Executivo da CPAD Superviso editorial Claudionor de Andrade
Gerente de Publicaes Coordenao editorial Isael de Araujo Chefe do
Setor de Bblias e Obras Especiais
6. P r e f c io e d i o c o m p l e t a d o c o m e n t r io b
b l ic o d e MATTHEW HENRY A Casa Publicadora das Assem blias de
Deus vem a pblico consagrar ao Senhor Jesus e dedicar aos
estudiosos da Bblia a edio completa do ComentrioBblico deMathew
Henry. Sem dvida, um dos maiores clssicos das le tras evanglicas.
Inicialmente, lanamos uma edio compacta da referida obra, que logo
se esgotou. Tendo em vista o interesse de nossos leitores, vimo-nos
constrangidos a editar a obra completa; primeiro, os volumes
referentes ao Novo Testa mento; em seguida, os referentes ao
Antigo. Como levar adiante uma obra to vultosa? A traduo de M athew
H enry representou um de nossos maiores de safios, no somente pela
copiosidade do texto como tambm pela linguagem utilizada pelo autor
- um ingls classica mente shakespeareano. At mesmo um ingls
ver-se-ia em dificuldades para ler uma linguagem que, posto que
bela, j no utilizada. N ossa equipe, contudo, porfiou por
apresentar uma linguagem clara e facilmente assimilvel para os
falantes do portugus, sendo sempre fiel ao pensamento e ao estilo
do autor. Afinal, como ressaltava Buffon, o es tilo o homem; se no
preservarm os o estilo do autor, como este ser admirado por seus
leitores. Em seu monumental comentrio das Sagradas Escrituras,
mostra o irmo H enry uma erudio singular; apro fundando-se no texto
bblico, logra trazer tona os mais preciosos tesouros dos profetas e
apstolos de Nosso Se nhor. Longe dele, porm, a erudio pela erudio;
nele, a erudio revela-se na piedade de uma vida integralmente
santificada ao servio do Mestre. Matthew H enry nasceu na
Inglaterra, em 18 de outubro de 1662. Sendo seu pai um ministro do
evangelho, infe re-se haja M atthew entrado em contato com as
Sagradas Escrituras ainda bastante tenro. No precisamos discor rer
acerca da austeridade do lar em que ele foi educado, nem sobre as
regras que os meninos britnicos eram cons trangidos a observar.
Isso, porm, no o traumatizou; induziu-o a uma vida de disciplina,
correo e zelo. J separado para o ministrio pastoral, o irmo H enry
jam ais descurou de suas obrigaes. Insuspeitos depoi mentos
descrevem-no como um obreiro zeloso, santo, irrepreensvel. E
lembrado pelos contemporneos como um pastor extremamente afetuoso.
Em 1704, pe-se a escrever o seu comentrio das Sagradas Escrituras.
N esta tarefa, consagra os ltimos dez anos de sua vida. Ainda no
vira a sua obra publicada quando, em 1714, aprouve a Deus recolher
o seu servo s man ses celestes. Desde ento, M atthew H enry
tornou-se uma referncia obrigatria no campo do comentrio bblico.
Muitos so os eruditos que se debruam sobre o exaustivo trabalho de
M atthew Henry. E sta obra, porm, no se destina apenas ao
especialista nas Sagradas Escrituras. M atthew H enry destina-se a
todo o povo de Deus. Nossa sincera orao que Deus faa surgir, atravs
desta obra, um compromisso maior com a sua Palavra. Os
editores
7. V id a e o b r a s d e m a t t h ew h en r y M attew H enry
foi o segundo filho de Philip Henry, nascido prematuramente em 18
de outubro de 1662, em Bro ad Oak, na regio da capela de Iscoyd,
Flintshire, no Pas de Gales, Reino Unido. Quando criana, H enry era
muito doente, porm um tanto precoce na aprendizagem. Seu primeiro
tutor foi William Turner, mas muito de sua educa o na infncia ele
recebeu de seu pai Philip. E ste havia sido banido pela Lei
Britnica da Igualdade, em 1662. Como a maioria de seus colegas de
sofrimento, Philip possua poucos recursos, mas o suficiente para
dar ao seu filho H enry uma boa educao. Em 21 de julho de 1680, o
jovem H enry ingressou na academia de Thomas Doolittle, na poca em
Islington, e permaneceu ali at 1682. Em 30 de outubro de 1683, logo
aps atingir a maioridade, H enry se mudou para a propriedade rural
em Bronington, Flintshire, herdada de Daniel M atthews, seu av
materno. Aconselhado por Rowland Hunt, de Boreatton, Shropshire,
comeou a estudar Direito e foi aprovado na G rays Inn, em 6 de maio
de 1685. Logo desistiu dos estudos das leis, para se dedicar
Teologia, como integrante dos no-conformistas*. Em junho de 1686,
comeou a pregar para os m oradores da regio em que seu pai vivia.
Por causa de algumas questes de negcios, H enry foi para Chester,
em janeiro de 1687. Enquanto permaneceu ali, pregou em casas parti
culares e solicitaram que ele se tornasse o pastor dos fiis daquela
regio. H enry concordou por algum tempo e de pois voltou para G
rays Inn. Em 9 de maio de 1687, H enry foi reservadam ente ordenado
ministro presbiteriano em Londres por seis pasto res, na casa de
Richard Steel. Comeou seu ministrio em Chester, no dia 2 de junho
de 1687. Em poucos anos, a quantidade de seus ouvintes chegou a
250. Em setembro de 1687, o rei Tiago II visitou Chester, quando os
no-con- form istas fizeram um discurso de agradecimento pela
tranqilidade e liberdade que eles gozavam sob sua prote o. Um a
nova constituio foi garantida cidade (a antiga havia sido anulada
em 1684), dando poder coroa para substituir e nomear magistrados.
Por volta de agosto de 1688, emissrios do rei solicitaram-no que
nomeasse magis trados. E le no concordou com isso. A nova
constituio foi substituda por outra, na qual os nomes de todos os
no-conformistas de renome foram impostos administrao da cidade. E
stes, no entanto, se recusaram a trabalhar e exigiram o retorno da
constituio anterior, cujo restabelecimento demorou bastante. Um
templo foi erguido por H enry em Crook Lane (atual Crook Street). A
construo foi iniciada em setembro de 1699, e a inaugurao aconteceu
em 8 de agosto de 1700. Em 1706, foi construda uma galeria para
acomodar uma outra congregao que se havia unido a Henry. Sua
audincia agora aumentara para 350 pessoas. Alm das ativida des
congregacionais (incluindo uma palestra semanal), ele realizava
cultos mensais em cinco vilas nas redondezas da cidade, e regularm
ente pregava aos prisioneiros num castelo. H enry foi um membro
ativo da unio de ministros de Cheshire, fundada em Macclesfeld, em
maro de 1691, sob as bases da happy union de Londres. Achou tempo
tam bm para labutar como comentarista da Bblia, o que deu origem ao
seu sistema de pregao expositiva. Estudava num quiosque de dois
andares nos fundos de sua residncia em Bolland Court, W hite
Friars, Chester. H enry recusou as propostas para pastorear igrejas
em Hackney e Salters Hall, em 1699 e 1702 respectivamen te; tambm,
no aceitou as de Manchester (1705) e Sver Street e Old Jewry,
Londres (1708). Em 1710, foi novamen te convidado pela igreja de
Hackney, e concordou em se mudar, embora no imediatamente. E m 3 de
junho de 1711, estava ele em Londres e era a primeira ceia em que
ficara ausente de Chester em 24 anos. Daniel Williams, D.D., cuja
escolha datada de 26 de junho de 1711, nomeou-o como um dos
primeiros administradores de suas instituies educacionais, mas H
enry m orreu antes de assumir o cargo. O ltimo sermo de H enry foi
pregado em Chester, no dia 11 de maio de 1712. Seu ministrio em M
are Street, Hackney, comeou em 18 de maio de 1712. Em maio de 1714,
ele visitou novamente Cheshire. H enry se casou primeiro, em 19 de
julho de 1687, com Katherine, filha nica de Samuel Hardware, de
Brombo- rough, Cheshire; ela morreu em 14 de fevereiro de 1689, aos
25 anos, durante o parto de sua filha Katherine. Depois, Henry
contraiu segundo casamento, em 8 de julho de 1690, com Mary, filha
de Robert Warburton, de Hefferstone Grange. Com Mary, ele teve um
filho, Philip (nascido em 1700, que tomou o sobrenome Warburton,
foi membro do Par lamento representando Chester, a partir de 1742,
e m orreu solteiro, em 16 de agosto de 1760). Nasceram-lhe ainda
oito filhas, trs das quais morreram na infncia. Sua filha, Esther
(nascida em 1694), foi a me de Charles Bulkley. E m novembro de
1704, H enry comeou a escrever a Exposio doAntigo e Novo
Testamentos, que correspon de a este famoso comentrio em seis
volumes, o qual no tem sido superado at hoje. O primeiro volume foi
publica do em 1708; este e quatro outros volumes trouxeram o seu
comentrio at o fim dos Evangelhos, publicados numa edio uniforme em
1710. Antes de sua morte, ele concluiu o comentrio de Atos para o
sexto volume, no publicado. Aps sua morte, trinta pastores
no-conformistas prepararam os comentrios das Epstolas e de
Apocalipse. Os no mes desses no-conformistas foram citados por John
Evans (1767-1827) na Protestant Dissenters'Magazine, em 1797, p.
472, extrados de um memorando de Isaac Watts. A edio completa de
1811, com quatro tomos, seis volu mes, editados por George B urder
e John Hughes, tem assuntos adicionais extrados de manuscritos de
Henry. O comentrio de H enry prtico e devocional, mais que uma obra
de crtica textual, mantendo um correto bom senso, apresentando um
pensamento incomum, alto tom moral, simplicidade e aplicao prtica,
combinados com
8. VID A E OBRAS DE MATTHEW HENRY X uma slida fluncia do estilo
ingls. Seus comentrios so fundamentalmente exegticos, tratando o
texto bblico como ele est apresentado. O primeiro objetivo de Henry
era a explicao, e no a traduo ou a pesquisa textual. Tudo isto fez
de seu comentrio uma obra monumental. At hoje, consultado por
estudantes e pregadores, e cita do em centenas de outros comentrios
bblicos. Suas outras obras, excluindo sermes, so: 1. A BriefInquiry
into... Schism (1689); 2. Memoirs of... Philip Henry (1696); 3. A
Scripture Catechism (1702); 4. Family Hymns (1702); 5. A Plain
Catechism (1702); 6. The Communicants Companion (1704); 7.
FourDiscourses (1705); 8. A Methodfor Prayer (1710); 9.
Directionsfor Daily Communion (1712); 10. A ShortAccount
oftheLife... ofLieutenant Illidge (1714). Em 1726, foi publicada
uma coletnea sob o ttulo Works, e, em 1809, surgiu a Miscellaneous
Writings, editada por Samuel Palmer, e reeditada em 1830 por Sir J.
B. Williams, contendo sermes adicionais extrados dos manus critos
de Henry. Henry morreu de apoplexia, em Nantwich, na casa do pastor
no-conformistaJoseph Mottershead, em 22 deju nho de 1714, durante
uma viagem de Chester para Londres. Foi sepultado na capela da
Trinity Church, em Chester. Seu funeral teve a assistncia de oito
pastores da cidade. Os sermes da cerimnia fnebre foram pregados, em
Chester, por Peter Withington e John Gardner; em Londres, por
Daniel Williams, William Tong, Isaac Bates e John Reynolds; os
ltimos quatro foram publicados. Aps a sua morte, a igreja em
Hackney se dividiu em duas. Seu retrato est na biblioteca do
Dr.William, em Gordon Square, Londres, e foi pintado por J. Jenkins
(1828); a es tampa de Vertue de um croqui desenhado a bico de pena
e feito numapoca em que Henry estavamuito corpulento. Acima de
tudo, Matthew Henry lembrado como um pastor afetuoso, amante
apaixonado da Palavra de Deus e homem de grande integridade pessoal
que tem deixado a sua marca nos coraes de inmeros cristos que
anelam compreender mais profundamente as riquezas das
Escrituras.
9. P refcio Com o auxlio da graa de Deus, conclumos metade do
nosso empreendimento sobre o Novo Testamento* e apresentamos o
resultado ao leitor. Espero, operando o Senhor atravs desse
trabalho, que o estudante das Escritu ras possa ser de algum modo
ajudado a entender e aproveitar a histria sagrada de Cristo e seus
apstolos, e a tor n-la, como certamente , a melhor exposio do nosso
credo, na qual esses escritores inspirados so recapitulados e
intimados pelo evangelista que chama o seu evangelho de a narrao
dos fatos que entre ns se cumpriram (Lc 1.1). E, embora no haja uma
parte das Escrituras cuja crena supere as que so trazidas pelas
demais passagens, h passagens que so mais comentadas que outras.
Nosso dever , portanto, por meio de esforos constantes em me ditao
e orao, chegar a um conhecimento profundo do intento e significado
verdadeiros dessas narrativas, de qual o nosso interesse por elas,
e o que devemos desenvolver sobre elas e delas extrair; que
possamos no descan sai* em tal conhecimento assim como no deixamos
de estudar aps a nossa infncia, quando fomos ensinados a ler o
nosso idioma a partir da traduo, e o grego a partir dos originais
desses livros. Devemos conhec-las como o mdico conhece os seus
remdios, o advogado os seus livros de leis, e o marinheiro a sua
carta e a sua bssola; isto , saber como fazer uso delas no que
aplicamos a ns mesmos como nossa tarefa neste mundo, que servir a
Deus aqui e desfrutar a presena dele doravante, e tambm de Cristo,
o Mediador. Os maiores propsitos das instituies crists (das quais
esses livros so as fontes e fundamentos) sempre foram levar os
filhos dos homens ao temor e ao amor a Deus, como o princpio
dominante de sua observncia dele, e obe dincia a Ele, para lhes
mostrar o caminho de sua reconciliao e aceitao diante dele, e
traz-los sob obrigaes a Jesus Cristo como Mediador, e desse modo
envolv-los em todas as instncias de devoo a Deus, e justia, e
carida de a todos os homens, em conformidade com o exemplo de
Cristo, em obedincia sua lei, de acordo com os seus grandes
propsitos. O que, portanto, tentei aqui com esta viso foi tornar
esses escritos aproveitveis para a f, a santidade e o consolo dos
bons cristos. Agora que esses escritos - assim utilizados para
servir aos grandes e nobres propsitos - podem ter a sua de vida
influncia sobre ns, importante que estejamos bem estabelecidos em
nossa crena da sua origem divina. E aqui precisamos enfocar dois
tipos de pessoas. Alguns abraam o Antigo Testamento, mas o colocam
em oposio ao Novo, alegando que, se um est certo, o outro est
errado; e estes so osjudeus. Outros, embora vivam em uma nao crist
(e pelo batismo usem o nome de cristos), sob o pretexto de
liberdade de pensamento, desprezam o cristianismo, e
conseqentemente rejeitam o Novo Testamento, e portanto, oAntigo,
naturalmente. Confesso que estranho que qualquer que agora receba o
Antigo Testamento deva rejeitar o Novo, uma vez que, alm de todas
as provas especficas da autoridade divina do Novo Testamento, haja
uma admirvel harmonia entre ambos. O Novo Testamento concorda com o
Antigo em todas as principais intenes, refere-se a ele, se
desenvolve sobre ele, mostra a realizao de seus tipos e profecias,
e desse modo a sua perfeio e coroa. E ainda, se ele no for
verdadeiro, o Antigo Testamento deve ser falso, como tambm todas as
promessas gloriosas que brilham to in tensamente nele, e a
performance da qual esteve limitado dentro de certos perodos de
tempo, devem ser uma grande desiluso - da qual estamos certos de
que no so. Por isso, devemos abraar o Novo Testamento para apo iar
a reputao do Antigo. Os fatos no Antigo Testamento que o Novo
Testamento deixa de lado so as peculiaridades da naojudaica e as
observncias da lei cerimonial, ambas certamente uma indicao divina;
e mesmo assim o Novo Testamento no en tra em conflito com o Antigo
por qu: 1. Elas sempre foram designadas para serem colocadas de
lado na plenitude dos tempos. Nada mais deve ser es perado alm do
desaparecimento da estrela da manh aps o nascimento do sol; e as
partes finais do Antigo Testa mento freqentemente falam de colocar
de lado aquelas coisas, e da chamada dos gentios. 2. Elas eram
muito dignas, porm deveriam ser colocadas de lado, e trocadas pelo
que era mais nobre e excelen te, mais divino e celestial. A igreja
judaica foi absorvida pela crist, e o ritual mosaico pelas
instituies evanglicas. O Novo Testamento no a anulao do Antigo, da
mesma forma que o envio de um jovem para a universidade no a anulao
de sua educao no ensino fundamental. 3. A Providncia logo
determinou esta controvrsia (que a nica coisa que parecia uma
controvrsia entre o Antigo e o Novo Testamento) pela destruio de
Jerusalm, pelas profanaes do Templo, pela dissoluo do servio do
Templo, e pela completa disperso de todo o remanescente da nao
judaica, com uma derrota judicial de todas as tentativas de
incorpor-lo novamente, agora por mais de 1.600 anos; e isto de
acordo com as expressas predies de Cristo, um pouco antes de sua
morte. Tambm importante destacar que a doutrina de que Cristo o
Messias no foi excessivamente enfatizada at que a grande prova
conclusiva dela fosse expressa pela sua ressurreio dentre os
mortos; assim, a revogao da lei cerimonial, como para os judeus, no
foi muito enfatizada, mas a manuteno da * Nota do editor em lngua
inglesa: Pode ser adequado informarao leitor que ovolumepara o qual
este prefcio foioriginalmente prepara do inclua os Atos dos
Apstolos, que na edio atual iniciar o segundo volume, a fm de
assegurar uma diviso mais igual do Novo Testa mento, sendo q
comentrio sobre os livros restantes menos extensos do que o autor
pretendia.
10. PREFCIO XII observao dela foi conveniente, at que a grande
prova conclusiva de sua revogao foi dada pela destruio de Je
rusalm, que tornou a sua observao impraticvel para sempre. E os
sinais manifestos da ira divina a que osjudeus - considerados como
um povo, mesmo apesar da prosperidade de certas pessoas em
particular entre eles - continu am submetidos at este dia, so uma
prova, no s da verdade das predies de Cristo a respeito deles, mas
de que eles jazem sob uma culpa maior que a da idolatria (pela qual
eles jazeram sob uma desolao de 70 anos), e isto no pode ser outra
coisa seno a crucificao de Cristo, e a rejeio do seu Evangelho.
Assim, fica evidente que, em nossa exposio do Novo Testamento, no
estamos anulando o que fizemos ao ex por o Antigo; to longe disso
que podemos apelar para a lei e os profetas para a confirmao da
grande verdade que os evangelhos escritos servem para provar: que o
nosso Senhor Jesus o Messias prometido aos pais, que de veria vir,
e que no devemos procurar nenhum outro. Porque embora o seu
aparecimento no tenha correspondido expectativa dos judeus carnais,
que procuravam um Messias em pompa e poder exteriores, ele
correspondia exatamente a todos os tipos, profecias e promessas do
Antigo Testamento, e todos tiveram o seu cumprimento nele. E at
mesmo os seus sofrimentos degradantes, que so a maior pedra de
tropeo para os judeus, foram pre ditos a respeito do Messias; de
forma que, se Ele no tivesse se sujeitado a eles, teramos falhado
em nossa prova, e seramos enfraquecidos por eles. A Demonstrao do
Messias dos Cristos, do bispo Kidder, tem exposto esta verdade de
forma ampla, e respondido aos sofismas dosjudeus (pois o que eles
so, em vez de argumentos) mais que tudo em nosso prprio idioma.
Vivemos uma era em que o cristianismo e o Novo Testamento so mais
violenta e audaciosamente atacados por alguns de dentro de suas
prprias entranhas do que por aqueles que esto s suas margens. Nunca
Moiss e seus es critos foram to censurados e ridicularizados por
qualquer judeu, ou Maom e seu Alcoro por qualquer muluma- no, como
Cristo e seu Evangelho tm sido por homens que so batizados e
chamados de cristos; e isto, no sob o as pecto de qualquer outra
revelao divina, mas em desprezo e provocao a toda revelao divina; e
no por meio de algum embate que eles travem com algo que choque a
sua f, e que, atravs de sua prpria fraqueza, no consigam superar.
Eles no desejam ser instrudos e ajudados no entendimento e na sua
reconciliao com a verdade que rece beram, mas fazem uma oposio
resoluta, como se olhassem para a revelao divina como seu inimigo,
tendo resolvi do por todos os meios possveis ser a runa dele,
embora no possam dizer que mal ela tenha feito ao mundo ou a eles.
Se os pretextos ou as falsas alegaes transportaram a muitos da
igreja de Roma para tais corrupes de adorao e crueldades de governo
- que certamente so o escndalo da natureza humana - em vez de serem
to preconceituo sos contra o cristianismo puro, deveriam, antes, se
dedicar mais vigorosamente defesa dele, ao verem uma institui o to
excelente como esta abusada e mal representada. Eles fingem ter uma
liberdade de pensamento em sua opo sio ao cristianismo, e gostariam
de ser distinguidos pelo nome de livres-pensadores. No irei aqui me
ocupar na produo de argumentos que, para todos aqueles que no so
intencionalmente ignorantes e preconceituosos contra a verdade,
devem suficientemente provar a origem e a autoridade divina da
doutrina de Cristo. O homem culto en contra muita satisfao ao ler
as apologias dos antigos religio crist na luta contra o politesmo e
a idolatria dos gentios. Justino Mrtir e Tertuliano, Lactncio e
Mincio Flix, escreveram coisas admirveis em defesa do cristia
nismo, que foi posteriormente selado pelo sangue dos mrtires. Mas
os seus patronos e advogados nos dias atuais possuem outros tipos
de inimigos com os quais tm de lidar. A antiguidade da teologia
pag, a sua prevalncia uni versal, os decretos dos prncipes, e as
tradies e usos da nao, no se opem agora ao cristianismo; mas eu no
sei que liberdade imaginria de pensamento e que privilgio
desconhecido da natureza humana so presumidos, para no estarem
ligados por nenhuma revelao divina. Agora fcil compreender: 1. Que
aqueles que pensam que assim manteriam a liberdade de pensamento
como um dos privilgios da natureza humana, e na defesa daqueles que
estavam dispostos a pegar em armas contra o prprio Deus, no pensam
livremen te, nem do aos outros licena para faz-lo. Em alguns deles,
uma indulgncia resoluta voltada a si mesmos naqueles crculos
viciosos, em que eles conhecem o Evangelho - se o admitirem - os
perturbar muito; e uma hostilidade secreta a uma mente e a uma vida
celestiais santas os probem de todo pensamento livre; porque um
preconceito muito forte lan ou as suas luxurias e paixes contra as
leis de Cristo, e eles se sentem fortemente compelidos a lutar
contra elas. Perit judicimn, quandorestrans in affectumae-
Ojulgamento estarsuperado, quandoa decisoestivervoltadas emo es.
Certo ou errado, as ligaduras de Cristo devem ser quebradas, e as
suas cordas tiradas deles; por mais evidentes que sejam as
premissas, a concluso deve ser negada, se ela tender a apertar
esses laos e cordas sobre eles; e ento onde est a liberdade de
pensamento? Embora prometam a liberdade a si mesmos, eles so os
servos da corrupo; porque o homem se torna servo daquele que o
vence. Em outros deles, um orgulho reinante e uma afetao de singula
ridade, e um esprito de contradio - aquelas luxurias da mente que
so to impetuosas e imperiosas quanto qualquer das paixes da carne e
do mundo - probem a liberdade de pensamento, e escravizam a alma em
todas as suas indaga es sobre a religio. Assim como ningum pode
pensar por seus vizinhos, estes no podem mais pensar livremente que
so capazes de decidir em que iro pensar. Eles tambm no tm a
capacidade de dar aos outros a liberdade de pensar livremente;
porque no pela razo e pelo argumento que eles se ocuparo de tentar
nos convencer, mas por zombarias e brincadeiras, tentando expor o
cristianismo e os seus srios ensinadores ao desprezo. Agora,
consideran do quo natural para a maioria dos homens ter cimes de
sua reputao, esta uma imposio muito grande. A irra cionalidade
imposta prejudicando o livre pensamento, pelo medo que os homens
sentem de serem ridicularizados no clube daqueles que fazem os seus
prprios orculos e argumentos. Eles sentem o medo de serem
amaldioados, exco mungados, e anatemizados, pelo conselho daqueles
que pretendem ser os lderes da religio. E ento, onde est a li
berdade de pensamento?
11. XIII PREFCIO 2. Que aqueles que se permitirem uma
verdadeira liberdade de pensamento, e que pensarem seriamente, s po
dero abraar todas as palavras de Cristo como fiis e dignas de toda
aceitao. Deixe que os preconceitos corruptos do corao carnal em
relao ao mundo, carne, e ao ego (o dolo mais arrogante dos trs)
sejam removidos, e que a doutrina de Cristo seja proposta primeiro
em suas cores verdadeiras, como Cristo e seus apstolos nos deram, e
em sua luz verdadeira, com toda a sua evidncia prpria, intrnseca e
extrnseca. E ento, que a alma capaz use livre mente os seus poderes
e faculdades racionais, e pela operao do Esprito da graa - que o
nico que opera a f e o pensamento elevado em todos os que crem -
quando se tornar um pensamento livre, liberto da servido do pecado
e da corrupo, se torne, por um poder agradvel e feliz, cativo, e
levado obedincia a Cristo. E quando o Esprito, desse modo, o
libertar, ele ser realmente liberto. Qualquer um que d a si mesmo a
licena para pensar imparcial mente, e se esforce para pensai
intimamente, deve ler o livro do Sr. Richard Baxter,
RazesparaaReligio Crist, e assim descobrir a profundidade deste
assunto, e que o Esprito quem coloca o alicerce de forma profunda e
fir me. E Ele quem tambm estabelece a pedra fundamental no
relacionamento de um crente com Deus em Cristo, para a satisfao de
qualquer pessoa que esteja verdadeiramente preocupada com a sua
alma e com omundo por vir. As provas das verdades do Evangelho tm
sido - de maneira excelente - colocadas em forma de mtodos, e
refora das da mesma forma pelo bispo Stillingfleet, em seu livro
OriginesSacrae;por Grotius, em seu livro A Veracidade daReligio
Crist, pelo Dr. Whitby, no Prefcio Geral do seu Comentriosobre
oNovo Testamento; e, por fim, pelo Sr. Ditton, de forma muito
argumentativa, em seu discurso a respeito da Ressurreio deJesus
Cristo; e muitos ou tros tambm o fizeram dignamente. E eu no
acredito que nenhum homem que rejeite o Novo Testamento e a reli
gio crist tenha pensado livremente sobre o assunto, e que tambm
tenha, com humildade, seriedade, e orao a Deus por direo, lido de
modo deliberado estes ou outros livros similares, que, certamente,
foram escritos tanto com liberdade como com clareza de pensamento.
Da minha prpria parte, se os meus pensamentos forem dignos de que
algum os note, eu declaro que tenho pen sado nesta grande preocupao
com toda a Uberdade que uma alma razovel pode desejar; e o
resultado que quan to mais penso, e quanto mais livremente penso,
mais plenamente me sinto satisfeito pelo fato de a religio crist
ser a verdadeira religio, e que, se eu submeter a minha alma
sinceramente a ela, posso faz-lo confiantemente. Porque quando eu
penso livremente: 1. S posso pensar que o Deus que fez o homem como
uma criatura razovel por seu poder, tem o direito de gui-lo por sua
lei, e obrig-lo a manter as suas faculdades inferiores de apetites
e paixesjuntamente com as capa cidades de pensamento e fala, em
devida sujeio aos poderes superiores da razo e da conscincia. E,
quando olho para o meu prprio corao, s posso pensar que foi isto o
que o meu Criador planejou na ordem e na estrutura da minha alma, e
que aqui ele pretendia apoiar o seu prprio domnio em relao a mim.
2. S posso pensar que a minha felicidade est inseparavelmente
ligada ao favor de Deus, e que o seu favor ser ou no direcionado a
mim, de acordo com a minha disposio de cumprir ou no as leis e as
finalidades da minha cria o, da qual sou responsvel para com este
Deus to precioso; e que dele procede o meujulgamento, no s no que
se refere a este mundo, mas tambm ao meu estado eterno. 3. S posso
pensar que a minha natureza muito diferente do que era a natureza
do homem quando saiu das mos do Criador; ela foi degenerada em
termos de sua pureza e retido. Encontro em mim mesmo uma averso na
tural minha obrigao, e aos exerccios espirituais e divinos, e uma
propenso ao que maligno, tal como uma incli nao ao mundo e carne, o
que equivale a uma propenso a me apostatar do Deus vivo. 4. S posso
pensar que estou, portanto, por natureza, afastado do favor de
Deus; porque embora eu entenda que Ele um Deus bondoso e
misericordioso, tambm sei que Ele um Deusjusto e santo, e que me
torno, pelo pecado, tanto odioso sua santidade como ofensivo
suajustia. Se eu pensasse de outra forma, no estaria pensando livre
mente, porm muito parcialmente. Acho que sou culpado diante de
Deus, tenho pecado, e sido deficiente em glorifi- c-lo, e assim no
sou digno de ser glorificado com Ele. 5. S posso pensar que, sem
alguma descoberta especial da vontade de Deus em relao a mim, e da
sua boa vontade para comigo, no posso recuperar o seu favor, ser
reconciliado com Ele, e ser restaurado minha justia inicial em
termos de ser capaz de servir ao meu Criador, e corresponder
finalidade da minha criao, tornan do-me adequado para um outro
mundo; porque a generosidade da Providncia para comigo, como tambm
para com as criaturas inferiores, no pode servir como uma garantia
de que Deus est reconciliado comigo ou que pre tende me reconciliar
consigo. 6. S posso pensar que o caminho da salvao, tanto da culpa
como do poder do pecado, atravs de Jesus Cristo e de sua mediao
entre Deus e o homem - como revelado pelo Novo Testamento - uma
vontade admiravelmen te adequada para todas as exigncias do meu
caso, para me restaurar tanto ao favor de Deus como ao meu prprio
governo e satisfao. Aqui vejo o mtodo correto para a remoo da culpa
do pecado (para que eu no morra pela sentena da lei) pelo mrito
auto-suficiente e pela justia do Filho de Deus em nossa natureza, e
pela quebra do poder do pecado (para que eu no venha a morrer pela
minha prpria enfermidade), pela influncia completa e su ficiente, e
pela operao do Esprito de Deus sobre a nossa natureza. Toda
enfermidade tem aqui o seu remdio, toda tristeza termina aqui, de
um modo que exalta a honra de todos os atributos divinos, e
perfeitamente ade quado natureza humana. 7. S posso pensar que
aquilo que encontro em mim mesmo, e que faz parte da religiosidade
natural, evidente mente d testemunho da religio crist; porque toda
esta verdade que me revelada pela luz da natureza confir mada e
mais claramente revelada pelo Evangelho; naquilo em que a luz da
natureza me d uma viso confusa
12. PREFCIO XIV (como a viso dos homens como rvores que andam),
o Novo Testamento me d uma viso clara e distinta. Todo este bem que
vem sobre mim pela lei da natureza me mais plenamente revelado, e
eu me encontro muito mais fortem ente ligado a ele pelo Evangelho
de Cristo. Tambm recebo todas as exigncias bem como as palavras de
nimo e auxlio que ele coloca em relao ao meu dever. E tudo isto
serve para confirm ar para mim que ali, e so m ente ali, que esta
luz natural m e deixa perplexo. A insatisfao m e diz que at agora
ela pde me carregar, mas no poder m ais faz-lo; logo o Evangelho me
toma, me ajuda, e me d toda a satisfao que eu posso desejar, e que
est especialm ente relacionada grande questo de satisfazer a justia
de Deus pelo pecado do homem. A mi nha prpria conscincia pergunta:
Por meio de que ou de quem eu venho at presena do Senhor, e m e
inclino di ante do Altssim o? Agradar-se- o Senhor de m ilhares de
carneiros? M as ainda estou perplexo; no posso for m ular uma
justia a partir de qualquer coisa que eu mesmo seja, ou tenha, ou
de qualquer coisa que eu possa fazer para Deus ou apresentar a
Deus, atravs da qual eu ouse com parecer diante dele; mas o
Evangelho se apresenta, e me diz que Jesus C risto fez de sua alma
uma oferta pelo pecado, e Deus se declarou satisfeito com todos os
cren tes que esto nele; e isto m e deixa tranqilo. 8. S posso
pensar que as provas pelas quais Deus atestou a verdade do
Evangelho so as mais adequadas que poderiam ser dadas em um caso
dessa natureza; que o poder e a autoridade do Redentor no reino da
graa devem ser exemplificados ao mundo, no pelo grau m ais elevado
da pompa e da autoridade dos reis da terra, como osjudeus
esperavam, mas pelas evidncias de seu domnio no reino da natureza,
que uma dignidade e uma autoridade muito maior do que qualquer dos
reis da terra jam ais simulou, e nada menos que divino. E seus m
ilagres sendo geral mente operados sobre os homens, no s sobre os
seus corpos, como foram em sua maioria quando Cristo esteve aqui na
terra, mas, algo ainda superior - sobre as suas mentes, como foram
em sua maioria aps o derramamento do Esprito com o dom de lnguas e
outros dons sobrenaturais, que eram as confirmaes mais adequadas
possveis da verdade do Evangelho, que foi criado por Deus para
tornar os homens santos e felizes. 9. S posso pensar que os mtodos
usados para a propagao desse Evangelho, e o maravilhoso sucesso
destes m todos, que so puramente espirituais e celestiais e
destitudos de todas as vantagens e apoios seculares, mostram cla
ramente que o Evangelho era de Deus, porque Deus estava com ele; e
ele jam ais poderia ter sido anunciado como o foi, diante de tanta
oposio, se no tivesse estado acompanhado pelo poder do alto. E a
preservao do cristianismo no mundo at este dia, apesar das
dificuldades que ele enfrenta, para mim um milagre permanente que
serve como pro va da sua veracidade. 10. S posso pensar que o
Evangelho de C risto teve alguma influncia sobre a minha alma, teve
domnio sobre mim, e foi um conforto para mim, como uma demonstrao a
mim mesmo - embora no possa ser assim com outra pessoa - de que ele
de Deus. Tenho provado que o Senhor misericordioso; e o polemista
mais sutil no pode con vencer a ningum que tenha provado m el que
ele no doce. E agora eu recorro quele que conhece os pensamentos e
intentos do corao, para que em tudo isso eu possa pen sar
livremente (se for possvel para um homem saber que pensa assim), e
no sob o poder de qualquer preconceito. Se tivermos razo de pensar
que aqueles que, sem qualquer razo aparente, no s usurpam, mas
monopolizam o carter de livres-pensadores, fazem assim, deixemos
que aqueles que julgam observem facilmente que eles no falam
sincera mente, mas engenhosamente escondem as suas noes. E um
exemplo que no posso deixar de notar o seu procedi mento injusto
para com os seus leitores - que, procurando diminuir a autoridade
do Novo Testamento, embora eles exortem os vrios leitores do
original, e citem um reconhecimento pelo Sr. Gregory, da Igreja de
Cristo, em seu pref cio s suas obras: Que nenhum autor profano,
qualquer que seja... etc., contudo suprimem o texto que vem
imediata mente a seguir, alterando o sentido pretendido por aquele
homem erudito sobre este assunto: Que este um argu mento invencvel
pela parte das Escrituras... etc. (palavras que afirmam a
fidedignidade das Escrituras). Ns, ento, recebemos os livros do
Novo Testamento como nossos orculos; porque evidente que aquela noo
excelente do Dr. H enry M ores verdadeira, de que eles tm uma
tendncia imediata para tomar-nos da vida ani mal e trazer-nos para
a vida divina. Mas enquanto estamos, assim, mantendo a origem e
autoridade divinas do Novo Testamento, como foram recebi das ao
longo de todas as eras da igreja, achamos a nossa causa no s
atacada pelos inimigos de que falamos, mas com efeito trada por
aquele que torna o nosso Novo Testamento quase o dobro daquilo que
realmente *, acrescentando a ele as Constituies dosApstolos,
coletadas por Clemente, juntamente com os CnonesApostlicos, e
tornando es tes de igual autoridade com os escritos dos
evangelistas, e preferveis s Epstolas. Aumentando as linhas de
defesa, portanto, sem causa ou precedente, ele d grande vantagem
aos invasores. Aquelas Constituies dos Apstolos tm muitas coisas
boas, e podem ser teis, como outras composies humanas; mas
pretender que elas tenham sido com postas, como professam, pelos
doze apstolos reunidos em Jerusalm, Eu, Pedro, dizendo isso; Eu,
Andr, dizendo aquilo etc., a maior imposio que pode ser praticada
sobre a credulidade dos smplices. 1. E certo que havia muitos
escritos esprios que, nos dias da igreja primitiva, se fizeram
passar sob os nomes dos apstolos e homens apostlicos; desta forma,
sempre ficou claro que era impossvel descobrir quaisquer escritos
deles alm do cnon das Escrituras. Somente este cnon poderia com
segurana ser atribudo a eles. O prprio Baronius re conhece isso:
Cum apostolorumnomine tarnfacta
quamdictareperianturessesupposititia;necsic quid deillis ve- ris
sincerisque spriptoribus narratum sit integrum etincorruptum
remanserit, in desperationem plan quandam animum
dejicuntposseunquam assequi quodverum certumque subsistat- Umavez
quemuitos dos atos epalavras *Whiston.
13. XV PREFCIO atribudos aos apstolos so esprios, e atmesmo as
narrativas de escritoresfiis comrelao a elesno esto li vres de
corrupo, devemosperdera esperanadealgumavezsermos capazesdechegara
qualquercertezaabsoluta sobreeles.AdAn. Christ. 44, se. 42 etc.
Houve Atos sob os nomes de Andr, o apstolo, Felipe, Pedro, e Tom;
evange lhos sob os nomes de Tadeu, um outro Barnab, e um outro
Bartolomeu; um livro sobre a infncia do nosso Salvador, um outro
sobre a sua natividade, e muitos semelhantes, os quais todos ns
rejeitamos como falsificaes. 2. Essas Constituies e Cnones,entre os
demais, foram condenados na igreja primitiva como apcrifos, e, por
tanto, justamente rejeitados. Porque, mesmo que fossem bons, eles
fingiam ser o que realmente no eram: ditados pelos prprios doze
apstolos, como se tivessem sido recebidos de Cristo. Se Jesus
Cristo lhes deu tais instrues, e eles as deram de uma maneira
solene para a igreja, como foi simulado, inexplicvel que no haja o
menor aviso so bre qualquer coisa desse tipo nos Evangelhos, nos
Atos, ou em qualquer uma das Epstolas. Aqueles que julgaram os mais
auspiciosos desses Cnones e Constituies concluram que eles foram
compilados por algumas pessoas no oficiais sob o nome de Clemente,
no final do segundo sculo, mais de 150 anos depois da as censo de
Cristo, fora da prtica comum das igrejas; isto , aquilo com que os
compiladores estavam mais familiariza dos, ou pelo que tinham
respeito. Ao mesmo tempo, temos razes para pensar que o grande
nmero de igrejas crists que na poca foram implantadas tinha as suas
prprias Constituies, que, se tivessem tido a felicidade de ser
transmi tidas posteridade, teriam se recomendado a si mesmas como
estas, ou ainda de uma forma muito melhor. Mas, me dida que os
legisladores antigos atriburam uma reputao s suas leis, fingindo
t-las recebido de uma ou outra divin dade, os lderes da igreja
estudaram a situao e concluram que poderiam trazer uma boa reputao
aos seus pensa mentos colocando algum homem apostlico ou outro no
alto de sua lista de bispos (veja o Irenicum, do bispo Stilling-
fleet, p. 302). Eles entenderam que poderiam trazer
umaimportantereputao aos seus Cnones e Constituies atri buindo a
sua autoria aos apstolos. Mas, como algum pode imaginar que os
apstolos deveriam estai todosjuntos em Jerusalm, para compor este
livro de Cnones com tanta solenidade, quando sabemos que eles
receberam a incum bncia de divulgar a mensagem do Evangelho a todo
omundo, pregando-o a toda criatura? Conseqentemente, Eus- bio nos
diz que Tom foi para Prtia, Andr para Ctia, Joo para a sia Menor; e
temos motivo para pensar que aps a sua disperso eles nunca mais se
reuniram, assim como aconteceu com aqueles que implantaram as naes
depois que o Altssimo separou os filhos de Ado. Penso que qualquer
pessoa que comparar essas Constituies com os escritos de que temos
a certeza que foram da dos pela inspirao de Deus, discernir
facilmente umavasta diferena de estilo e esprito. O que a palha
para o trigo? Onde esto osministros, no estilo dos verdadeiros
apstolos, chamados de sacerdotes, e sumos sacerdotes? Onde encon
tramos na era apostlica- aquela era de sofrimento - o
estabelecimento de bispos em seus tronos? Ou de leitores, canto
res, e porteiros na igreja?* Receio que o coletor e compilador
dessas Constituies, sob o nome de Clemente, estivesse ciente de sua
honesti dade, e que ele no as teria publicado, antes de tudo, por
causa dos mistrios contidos nelas; elas no eram conhecidas e nem
foram publicadas at a metade do quarto sculo, quando a falsificao
no poderia ser to bem refutada. No con sigo ver nelas quaisquer
mistrios que devessem ser ocultados, se tivessem sido genunos; mas
tenho a certeza de que Cristo ordena que os seus apstolos publiquem
os mistrios do Reino de Deus sobre os telhados. E o apstolo Paulo,
que revela em suas epstolas mistrios muito mais sublimes do que
qualquer dessas Constituies, afirma que eles deveriam ser lidos
para todos os santos irmos. E no somente isto: essas Constituiesso
to completas em termos de preceitos morais, ou regras de prticas
para a igreja, que se tivessem sido o que fingem ser serviriam em
muito para ser publicadas antes de mais nada. E embora o Apocalipse
seja to repleto de mistrios, uma bno pronunciada so bre os leitores
e ouvintes da profecia. Devemos, portanto, concluir que a despeito
de quando quer que tenham sido es critos, enfraqueceram a luz que
eles mesmos gostariam de ter, e reconheceram que eram apcrifos;
isto , eram escri tos que estavam escondidos ou ocultos. Eles no
ousaram se misturar com o que foi dado pela inspirao divina; mas
poderiam at fazer alguma aluso ao que foi dito pelos ministros (At
5.13). No demais, nenhum homem ousejuntar-se aos apstolos, pois o
povo os exaltou. E assim, a prpria confisso deles mostra que os
seus escritos no foram entre gues s igrejas com os outros escritos,
quando o cnon do Novo Testamento foi solenemente selado com aquela
terrvel sentena que sobrevir queles que lhe acrescentarem algo. E
quando foram feitas tentativas posteriores para provar a pureza e a
suficincia do nosso Novo Testamento, por acrscimos a ele, tivemos
da mesma forma - de um outro lugar - um grande desprezo colocado
sobre ele, pelo poder papal. A ocasio era essa: Um padre Quesnel,
um papista francs, mas um jansenista, alguns anos atrs, pu blicou o
Novo Testamento em francs, em vrios volumes pequenos, com Reflexes
Morais sobre cada versculo, para traduzir a leitura dele de maneira
mais proveitosa, facilitando a sua meditao. Esta traduo foi muito
estima da na Frana, por causa da piedade e devoo que se via nele. E
assim, muitos exemplares foram impressos. Osjesu tas ficaram muito
insatisfeitos, e solicitaram ao papa a condenao dele, embora o seu
autor fosse um papista, e mui tas coisas nele dessem apoio a
supersties papais. Depois de muita luta com relao a isso na corte
de Roma, uma bula papal foi finalmente obtida, a pedido do rei
francs, do papa da poca, Clemente XI, datada de 8 de setembro de
1713, na qual o livro citado, com qualquer que fosse o ttulo ou o
idioma impresso, foi proibido e condenado. O prprio Novo Testamento
deveria ser evitado por causa de muitas coisas provenientes do
latim vulgar, como as Anotaes, que continham diversas proposies
(mais de uma centena est enumerada) que foram consideradas
escandalosas e perniciosas, injuriosas para a igreja e seus
costumes, mpias, blasfemas, com paladar de heresia. Algumas proposi
* Edit. Joan. Clerici, p. 245.
14. PREFCIO XVI es so as seguintes: Que a graa do nosso Senhor
Jesus Cristo o princpio eficaz de toda a forma de bem, e ne cessria
para cada boa ao; porque sem isso nada feito, e sem isso nada pode
ser feito. Esta uma graa soberana, e uma operao da mo poderosa de
Deus. Que quando Deus acompanha a sua Palavra com o poder interior
de sua graa, esta opera na alma a obedincia que exigida. Esta f a
primeira graa, e a fonte de todas as outras. Que em vo para ns
chamarmos a Deus de nosso Pai, se no clamarmos a Ele com um esprito
de amor. Que no h Deus, e nem religio, onde no h caridade. Que a
igreja catlica compreende os anjos e todos os homens eleitos e
justos da terra de todas as pocas. Que ela tinha a Palavra
encarnada por sua cabea, e todos os santos como seus membros. Que
proveitoso e necessrio em todas as pocas, em todos os lugares, e
para todos os tipos de pessoas, conhecer as sagradas Escrituras.
Que a santa obscuridade da palavra de Deus no motivo para que os
leigos no a leiam. Que o dia do Senhor deve ser santificado
lendo-se livros piedosos, especialmente as sagradas Escrituras. E
que proibir os cristos de ler as Escrituras proibir o uso da luz
aos filhos da luz. Muitas posies como estas, em que o esprito de
cada bom cristo s pode sentir prazer como em algo verdadeiro e bom,
so condenadas pela bula do papa como mpias e blasfemas. E esta bula
papal, embora sofrendo uma severa oposio por parte de um grande
nmero de bis pos na Frana, que foram bem influenciados pelas noes
do padre Quesnel, foi recebida e confirmada pelas cartas patentes
do rei francs, datando de 14 de fevereiro de 1714, em Versalhes,
que probe todos os tipos de pessoas, sob pena de punio exemplar, de
guardar qualquer desses livros em suas casas. A partir daquele
momento, qualquer que escrevesse em defesa das proposies condenadas
pelo papa como perturbadoras da paz, seria condenado. Isto foi
registrado no dia seguinte, 15 de fevereiro, pelo Parlamento de
Paris, mas com diversas condies e limitaes. Por meio disso, parece
que o papado ainda a mesma coisa que sempre foi - um inimigo do
conhecimento das Escrituras, e da honra da graa divina. Temos
motivo para bendizer a Deus por termos a liberdade de ler as
Escrituras, e de termos materiais auxiliares que nos ajudam a
entend-las e a aplic-las, e devemos ter a preocu pao de fazer um
uso diligente e bom de tudo, para que no provoquemos a Deus de
forma a nos entregar nas mos dos poderes que usariam todas as
coisas de um modo indigno. Espero que aqueles para quem a leitura
da Ex-posio do Antigo Testamento foi agradvel acharo este novo
trabalho ainda mais agradvel; pois esta a parte da Escritura que
testifica mais claramente de Cristo, e na qual esta graa do
Evangelho que aparece em todos os homens, trazendo salvao, brilha
mais claramente. Este o leite do Novo Testamento para bebs - o
restante carne forte para homens fortes. Por estes, portanto,
sejamos alimentados e fortalecidos para que possamos prosseguir
vigorosamente em direo perfeio; e que, tendo colocado o alicerce na
histria da vida, morte e ressurreio do nosso bendito Salvador, e a
primeira pre gao de seu Evangelho, possamos edificar sobre ele pelo
conhecimento dos mistrios da piedade, qual sere mos apresentados
posteriormente nas Epstolas. Desejo que os meus escritos sejam
lidos com um olhar sincero, e no crtico. Eu procuro no gratificar
os curio sos. O alvo da minha ambio auxiliar aqueles que verdadeira
e seriamente buscam as Escrituras diariamente. Te nho certeza de
que esta obrafoi criada - e espero que tambm seja calculada - para
promover a piedade em relao a Deus e a caridade em relao aos nossos
irmos; e que no haja nela apenas algo que possa edificar, mas que
no haja nada que possa ofender, com justia, a qualquer bom cristo.
Se qualquer pessoa receber um benefcio espiritual atravs dos meus
fracos esforos, isto ser um conforto para mim; mas d a Deus toda a
glria, e o louve pela sua graa, por ter usado algum totalmente
indigno de tal honra, e capacitado at aqui algum totalmente
insuficiente para tal servio. Tendo obtido a ajuda de Deus, e
continuando assim at agora, humildemente dependo da mesma boa mo do
meu Deus para me conduzir naquilo que permanece, para cingir os
meus lombos com a fora necessria e para aper feioar o meu caminho;
e para isso eu desejo humildemente as oraes dos meus amigos. Mais
um volume, eu espero, incluir o que ainda est por ser feito; e eu
tanto irei empreend-lo, como prosseguir com ele, enquanto Deus me
ca pacitar, com toda a velocidade conveniente; mas este volume
conter aquela parte das Escrituras que, de todas as outras, requer
o maior cuidado e sofrimentos ao expor. Mas eu confio que assim
como o dia, vir tambm a fora. M. H. 1721
15. Mateus M A EXPOSIO COM OBSKRVACS PR TICAS emos agora diante
de ns: I O Novo Testamento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
E sta segunda parte da Bblia Sagrada assim intitulada: A
NovaAliana-, assim deve ser traduzido; a palavra significa ambos.
Mas, quando ela (como aqui) mencionada como ato e ao de Cristo, ela
traduzida mais corretamente como Testamento, porque E le o
testador, e este Testamento ganha fora pela sua morte (Hb 9.16,17);
aqui no h, como em alianas, um tratado anterior entre as partes,
mas o que concedido, embora como uma propriedade condicionada, se
deve ao testamento, ao livre-arbtrio, boa vontade, do Testador.
Toda a graa contida neste livro devida a Jesus Cristo como o nosso
Senhor e Salvador; e, a menos que consintamos que E le seja o nosso
Senhor, no podemos aceitar qualquer benefcio dele como o nosso Sal
vador. Isto chamado de um novo testamento, para distingui-lo
daquele que foi dado a Moiss, mostrando que ele no antiquado; e
para significar que ele deveria ser sempre novo, e nunca deveria
envelhecer e ficar ultrapassado. E stes livros contm no s uma
descoberta completa dessa graa que apareceu a todos os homens,
trazendo salva o, mas um instrumento legal pelo qual ela
transmitida, e estabelecida, a todos os crentes. Com que cuidado
pre servamos, e com que ateno e prazer lemos a ltima vontade e o
testam ento de um amigo, que a esse respeito nos deixou uma boa
propriedade, e, com ela, altas expresses de seu amor por ns! Quo
precioso, ento, deve ser este testamento do nosso bendito Salvador
a ns, que nos assegura todas as suas riquezas insondveis! E o seu
testamen to; embora, como usual, tenha sido escrito por outros (no
temos nada registrado que tenha sido escrito pelo pr prio Cristo).
Contudo, E le o ditou. E na noite anterior sua morte, na instituio
de sua ceia, E le o assinou, selou e publicou na presena das doze
testemunhas. E embora estes livros s tenham sido escritos alguns
anos depois, para benefcio da posteridade, in perpetuamrei memoriam
- comoum memorialperptuo, o Novo Testamento de nosso Senhor Jesus
foi estabelecido, confirmado e declarado, desde a hora de sua
morte, como um testamento nuncupati- vo, com o qual estes registros
concordam exatamente. Os fatos que Lucas escreveu eram fatos em que
todos criam, sendo, portanto, bem conhecidos, antes que ele os
registrasse; mas, quando eles foram escritos, a tradio oral foi
substituda e deixada de lado, e estes escritos foram o repositrio
daquele Novo Testamento. Isso est sugerido pelo ttulo que prefixado
em muitas cpias gregas: Tes kaines Diathekes Hapantae-A totalidade
do Novo Testamen to,ou todas as coisas dele. N ele est declarado
todo o conselho de Deus a respeito da nossa salvao (At 20.27). Como
a lei do Senhor perfeita, o Evangelho de Cristo tambm o , e nada
deve ser acrescentado a ele. Ns temos tudo, e no devemos procurar
mais nada. n Temos diante de ns os Quatro Evangelhos. Evangelho
significa boas novas, ou notcias felizes; e esta histria da vinda
de Cristo ao mundo para salvar os pecadores , sem dvida alguma, a
melhor notcia que j veio do cu ter ra; o anjo lhe deu este ttulo
(Lc 2.10), euangelizomaihymin- trago-vosboasnovas;
trago-vosoEvangelho.E o profeta predisse isso (Is 52.7; 61.1). Foi
predito que nos dias do Messias, boas novas deveriam ser pregadas.
Evangelho uma an tiga palavra grega; ela est relacionada a Deus; e
Deus assim chamado porque E le muito bom, Deus optimus - o Deusmais
excelente;portanto, esta , sem dvida, uma boa palavra. Se
considerarmos que este termo tambm significa encanto, ou fascinao
(carmen), e o tomarmos em um bom sentido, para o que est se movendo
e afetando, que ade quado lenire doloremae - para acalmar os
espritos, ou exalt-los em admirao e amor. Quando algo muito amvel,
ns o chamamos de encantador; e isto absolutamente aplicvel ao
Evangelho, porque nele o encantador perito em en cantar, embora os
seus ouvintes geralmente se comportem como vboras surdas (SI
58.4,5). E nem (algum poderia pen sar) podem quaisquer encantos ser
to poderosos quanto aqueles da beleza e do amor do nosso Redentor.
Todo o Novo Testamento o Evangelho. O apstolo Paulo o chama de seu
evangelho, porque ele era um dos seus pregadores. Que cada um de ns
possa cham-lo de seu, pela nossa cordial aceitao e sujeio a ele!
Mas comumente chamamos os quatro livros que contm a histria do
Redentor de os Quatro Evangelhos, e chamamos os seus escritores
inspirados de evange listas ou escritores dos Evangelhos. Porm,
isto no totalmente correto, porque este ttulo pertence a uma ordem
espe cfica de ministros, que eram auxiliares dos apstolos (E
f4.11): E ele mesmo deu uns para apstolos... outros para evan
gelistas. E ra necessrio que a doutrina de Cristo fosse entrelaada
e fundada sobre a narrativa de seu nascimento, vida, milagres,
morte e ressurreio; pois ento ela aparece em sua luz mais clara e
mais intensa. Como em natureza, assim em graa, as descobertas mais
felizes so aquelas que surgem de certas representaes de fatos. A
histria natural a me-
16. w . 1-17 MATEUS 1 2 lhor filosofia; como tambm a histria
sagrada, tanto do Antigo como do Novo Testamento, o veculo mais
adequado e grato da verdade sagrada. E sses quatro Evangelhos foram
recebidos inicial e constantemente pela igreja primitiva, e li dos
em assemblias crists, como consta nos escritos de Justino Mrtir e
Irineu, que viveram pouco mais de cem anos de pois da ascenso de
Cristo; eles declararam que nem mais nem menos de quatro Evangelhos
foram recebidos pela igreja. Uma Harmonia desses quatro
evangelistas foi composta por Taciano sobre aquela poca, que ele
chamou: To diatessa- ron - O Evangelho de quatro. Nos sculos III e
IV houve evangelhos falsificados por diversas seitas, e publicados,
um sob o nome de Pedro, outro de Tom, outro de Felipe etc. M as
estes nunca foram reconhecidos pela igreja, nemjamais re ceberam
qualquer crdito, como mostra o erudito Dr. Whitby. E ele d uma boa
razo do por que devemos aderir a estes registros escritos; porque,
qualquer que possa ser o pretexto da tradio, no suficiente
preservar algo de que no se tenha completa certeza, como alguns
costumam fazer. Pois, embora Cristo tenha dito e feito muitas
coisas memorveis que no foram escritas (Jo 20.30; 21.25), a tradio
no preservou nenhuma delas para ns, mas tudo se perdeu, exceto o
que foi escrito. , portanto, a isso que devemosnos ater; e,
abenoados por Deus, nos ater palavra segura da histria. m Temos
diante de ns o Evangelho Segundo Mateus. O escritor era judeu de
nascimento, publicano por voca o, at que Cristo solicitou a sua
presena, e ento ele deixou a coletoria de impostos para segui-lo, e
fez par te daqueles que acompanharam o Senhor em todo o tempo que E
le entrou e saiu, comeando desde o batismo de Jo at o dia em que o
Senhor foi recebido em cima (At 1.21,22). Mateus foi, portanto, uma
testemunha competente da quilo que ele registrou aqui. Somos
informados de que ele escreveu esta histria cerca de oito anos aps
a ascenso de Cristo. Muitos dos antigos dizem que ele escreveu no
idioma hebraico ou siraco; mas a tradio suficientemente re futada
pelo Dr. Whitby. Sem dvida alguma, seu Evangelho foi escrito em
grego, como foram as outras partes do Novo Testamento; no naquele
idioma que era peculiar aos judeus, cuja igreja e estado estiveram
familiarizados por um pe rodo, mas no que era comum ao mundo, no
qual o conhecimento de Cristo seria transmitido com mais eficincia
s na es da terra. Contudo, provvel que houvesse uma edio dele em
hebraico, publicada pelo prprio Mateus, ao mes mo tempo em que
escreveu em grego - um para osjudeus, e o outro para os gentios -
quando ele deixou a Judia, para pregar entre os gentios. Bendigamos
a Deus pelo Evangelho de M ateus, e por t-lo em um idioma que
entendemos. Captulo I E ste evangelista comea com a descrio do nas
cimento e ascendncia de Cristo, os ancestrais de quem E le
descendia, e a form a de sua entrada no mundo, indicando que E le
era realm ente o M essi as prometido, pois fora profetizado que E
le deve ria ser o filho de Davi, e deveria nascer de uma virgem; e
aqui est claramente demonstrado que E le cumpriu tudo isso. Pois o
texto diz: L Sua li nhagem de Abrao em quarenta e duas geraes, trs
perodos de quatorze (w . 1-17). II. Um relato das circunstncias de
seu nascimento, pois era um requisito m ostrar que E le nasceu de
uma virgem (w . 18-25). D essa forma, a vida de nosso bendito
Salvador metodicamente escrita, como todas as vidas deveriam ser
escritas, para que o propsito do exemplo delas seja o mais claro
possvel. AGenealogia de Cristo w . 1-17 Com respeito a essa
genealogia de nosso Salvador, observe: T Seu ttulo. o livro (ou o
relato, de acordo com o 1 significado dado, s vezes, palavra
hebraica sep- her, um livro) da genealogia de Jesus Cristo, de seus
ancestrais conforme a carne; ou a narrativa de seu nas cimento. E o
Biblos Geneseos - um livro do Gnesis. O Antigo Testam ento comea
com o livro da criao do mundo, e a sua glria que seja assim; mas a
glria do Novo Testam ento, exaltada neste documento, come ar com a
genealogia daquele que criou o mundo. Como Deus, suas origens so
desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade (Mq 5.2), e
ningum pode expli car aquela criao; mas, como homem, E le foi
enviado na plenitude dos tempos, nasceu de uma mulher, e esta criao
que proclamada aqui. n A principal inteno dela. No uma genealogia
sem fim ou desnecessria; no presunosa como so geralmente as dos
grandes homens. Stemmata, quid faciunt? - Qual a utilidade das
antigas genealogias? De viam ser usadas como evidncia, para
comprovarum ttulo e apoiar uma alegao; o objetivo aqui provar que o
nos so Senhor Jesus Cristo o filho de Davi e o filho de Abrao, e,
portanto, daquela nao e daquela famlia atravs da qual o Messias
estava para surgir. Abrao e Davi eram, em seus dias, os grandes
depositrios da pro messa relativa ao Messias. A promessa da bno foi
feita a Abrao e sua semente, e a do poder, a Davi e sua se mente; e
aqueles que teriam um envolvimento com Cris to, como o filho de
Abrao, em quem sero abenoadas to das as famlias da terra, deveriam
ser fiis e leais sditos dele como o filho de Davi, por quem sero
governadas to das as famlias da terra. Foi prometido a Abrao e a
Davi que Cristo descenderia deles (Gn 12.3; 22.18; 2 Sm 7.12; SI
89.3ss.; 132.11); conseqentemente, a menos que possa ser provado
que Jesus um filho de Davi, e um filho de Abrao, no podemos aceitar
que E le seja o Messias. Agora isso est provado aqui atravs dos
registros autn ticos do ofcio da aristocracia. Os judeus eram muito
pre-
17. 3 MATEUS 1 w . 1-17 cisos em manter a sua genealogia, e
havia prudncia nis so, pois assim podiam esclarecer a linhagem do
Messias a partir dos patriarcas; e desde a sua vinda essa nao est
to dispersa e confusa que existe uma questo sobre se qualquer
pessoa no mundo pode legalmente provar que um filho de Abrao. De
qualquer maneira, certo que ningum pode provar que um filho de
Abrao ou de Davi; desse modo, o ofcio de sacerdote e de rei deve
ser abandonado, como perdido para sempre, ou ser colocado nas mos
de nosso Senhor Jesus. Cristo aqui, pela pri meira vez, chamado de
filho de Davi, porque sob esse ttu lo, ele era freqentemente
comentado e esperado entre os judeus. Aqueles que reconheciam ser
ele o Cristo, cha mavam-no de filho de Davi (cap. 15.22; 20.31;
21.15). Des se modo, portanto, o evangelista tem a tarefa de compro
var que E le no apenas um filho de Davi, mas aquele fi lho de Davi
sobre cujos ombros deveria estar o governo; no apenas um filho de
Abrao, mas aquele filho de Abrao que seria o pai de muitas naes. Ao
chamar Cristo de filho de Davi, e filho de Abrao, ele mostra que
Deus fiel sua promessa, e cumprir tudo o que disse: 1. Embora o
cumprimento fosse adiado por um longo perodo. Quando Deus prometeu
a Abrao um filho, que deveria ser a grande bno do mundo, talvez ele
es perasse que este fosse seu filho imediato; mas ficou com provado
que se tratava de um descendente que estava a quarenta e duas
geraes de distncia, cerca de 2.000 anos. Deus pode profetizar com
muita antecedncia aquilo que deve ser feito e, s vezes, muito tempo
depois cumprir o que foi prometido. Observe que embora a demora em
conceder as misericrdias prometidas exercite a nossa pa cincia, ela
no enfraquece a promessa de Deus. 2. Embo ra algum comece a perder
a esperana. Esse filho de Davi e de Abrao, que deveria ser a glria
da casa de seu Pai, nasceu quando a semente de Abrao era um povo
menos prezado, que recentemente se tornara tributrio do jugo
romano, e quando a casa de Davi havia mergulhado na obscuridade.
Pois Cristo seria uma raiz arrancada de solo seco. Note que o tempo
de Deus para o cumprimento de suas promessas geralmente aquele em
que as condies se mostram mais desfavorveis. m Uma seqncia
particular, descrita em linha reta diretamente a partir de Abrao,
de acor do com as genealogias registradas no incio dos livros de
Crnicas (at onde elas vo), e cuja utilidade vemos aqui. Algumas
peculiaridades que podemos observar na genealogia: 1. Entre os
ancestrais de Cristo que eram irmos, geralm ente E le descendia do
irmo mais novo; assim foi com o prprio Abrao, Jac, Jud, Davi, Nat e
Resa; para m ostrar que a superioridade de Cristo vinha, no como no
caso dos prncipes terrenos, da primogenitura de seus ancestrais,
mas da vontade de Deus, que, con forme o mtodo de sua providncia,
exalta os menores depositando uma honra mais abundante sobre a
parte que menos tinha. 2. E n tre os filhos de Jac, alm de Jud, de
quem veio Sil, a ateno dada aqui a seus irmos: Jud e seus irmos. No
feita meno a Ismael, filho de A- brao, ou a Esa, o filho de Isaque,
porque eles foram impedidos de entrar na congregao. Todos os filhos
de Jac foram recebidos, embora no fossem os pais de Cristo; mas
mesmo assim foram patriarcas da igreja (At 7.8), e por isso o
mencionados na genealogia, para o encorajamento das doze tribos que
foram espalhadas pelo mundo, insinuando a estas que elas tm um
envolvi mento com Cristo, e que permanecem relacionadas tan to a E
le como a Jud. 3. Perez e Zer, filhos gmeos de Jud, so igual mente
mencionados, embora somente Perez fosse an cestral de Cristo, pela
mesma razo que os irmos de Jud so mencionados; e alguns pensam que
seja por que o nascimento de Perez e Zer contenha uma espcie de
alegoria. Zer colocou sua mo para fora primeiro, como se fosse o
primognito, mas quando a recolheu, Pe rez ficou com o direito da
primogenitura. A igreja judai ca, como Zer, alcanou antes o direito
de primogenitu ra, mas pela sua descrena, ao retrair a mo, a igreja
gentlica, como Perez, adiantou-se e conquistou o direito de
primogenitura; e assim em parte a cegueira atinge a Israel, at que
os gentios atinjam a plenitude e, ento, Zer nascer e todo Israel
ser salvo (Rm 11.25,26). 4. H quatro mulheres, e somente quatro,
listadas nesta genealogia; duas delas originariamente no per
tencentes comunidade de Israel. Raabe, uma canania e, alm disso,
prostituta, e Rute, a moabita; pois em Je sus Cristo no h nem grego
nem judeu; os forasteiros e os estrangeiros so, em Cristo,
bem-vindos como conci dados dos santos. A s duas outras eram
adlteras, Ta- m ar e Bate-Seba; o que foi uma m arca a mais de humi
lhao colocada sobre nosso Senhor Jesus. particular mente observado
em sua genealogia que E le era um descendente delas, e nenhum vu
posto sobre este fato. E le tomou sobre si a semelhana da carne
pecami nosa (Rm 8.3), e aceita at mesmo os maiores pecadores - aps
eles se arrependerem - em seu crculo de rela es mais prximas. Note
que no devemos criticar as pessoas pelos escndalos de seus
ancestrais; algo que elas no podem controlar, e isto ocorre at
mesmo com as melhores pessoas; ocorreu at mesmo com o nosso prprio
M estre. O fato de Davi ter gerado Salomo atra vs daquela que havia
sido a esposa de Urias mencio nado (diz o Dr. W hitby) para m
ostrar que o crime de Davi, devido ao arrependimento, estava muito
longe de impedir o cumprimento da promessa que lhe fora feita. O
cumprimento da promessa agradava tanto a Deus, que E le tolerou que
fosse cumprida atravs daquela mulher. 5. Em bora diversos reis
sejam aqui citados, nenhum chamado de rei, exceto Davi (v. 6).
Davi, o rei; porque com ele foi feito o pacto da realeza, e a ele
foi feita a pro messa do reino do Messias, sobre quem dito que her
dar o trono de seu pai Davi (Lc 1.32). 6. N a linhagem dos reis de
Jud, entre Joro e Uzi- as (v. 8), existem trs que no so citados,
especifica mente Acazias, Jos e Am azias; e conseqentemente quando
dito que Joro gerou a Uzias, isto significa, de acordo com o uso da
lngua hebraica, que U zias era um descendente dele em linha reta,
assim como dito a Ezequias que os filhos que haveria de gerar
seriam le vados para a Babilnia, levando em conta que vrias geraes
se passaram at que ocorresse a referida re moo. Provavelm ente no
foi por engano ou esqueci mento que estes trs foram omitidos nas
tabelas gene-
18. w . 18-25 MATEUS 1 4 algicas que o evangelista consultou.
Mesmo assim, elas so consideradas como autnticas. Alguns do a
seguinte razo para isso: sendo desejo de Mateus, para facilitar a
memorizao, reduzir o nmero de ancestra is de Cristo a trs perodos
de quatorze geraes, foi preciso que, nesse perodo, trs fossem
excludos, e ningum era m ais adequado do que aqueles que eram
descendentes diretos da amaldioada Atalia, que intro duziu a
idolatria de A cabe na casa de Davi, motivo pelo qual este estigm a
foi colocado sobre a famlia, e a ini qidade atingiu at a terceira e
a quarta gerao. Dois desses trs eram apstatas; e dessa m aneira
Deus ge ralm ente coloca uma m arca de desagrado sobre este mundo:
os trs foram levados ao tmulo com sangue. 7. Alguns observam que
havia uma m istura de bons e maus na sucesso desses reis; como, por
exemplo (w. 7,8), o mau Roboo gerou ao mau Abias; o mau Abias ge
rou ao bom Asa; o bom A sa gerou ao bom Josaf; o bom Josaf gerou ao
mau Joro. Nem a graa nem o pecado correm no sangue. A graa de Deus
pertence a Ele, e E le a d ou retira conforme lhe agrada. 8. O
cativeiro da Babilnia mencionado como um perodo singular nessa
lista (w . 11,12). Levando tudo em conta, foi um m ilagre que os
judeus no tenham se perdido nesse cativeiro, como aconteceu com
outras naes. M as isso sugere a razo pela qual as multides desse
povo se m antiveram puras ao atravessar aquele m ar morto: pois
deles, segundo a carne, surgiria o Cris to. No o destrua, pois h
bno nele, at mesmo a bno das bnos, o prprio Cristo (Is 65.8,9). Foi
com vistas a E le que eles foram retomados, e sobre o santurio
assolado o Senhor fez resplandecer o seu santo rosto (Dn 9.17). 9.
E dito que Josias gerou a Jeconias e a seus irmos (v. 11); Jeconias
quer dizer, aqui, Joaquim, que foi o pri mognito de Josias; mas,
quando se diz (v. 12) que Jeco nias gerou a Salatiel, esse Jeconias
era o filho daquele Joaquim que foi levado para a Babilnia e l
gerou a Sa latiel (como m ostra o Dr. Whitby), e, quando Jeconias
descrito como no tendo filhos (Jr 22.30), isso explica do da
seguinte forma: nenhum dos homens de sua se mente prosperaria. A
qui dito que Salatiel gerou a Zo- robabel, enquanto que Salatiel
gerou a Pedaas, e este gerou a Zorobabel (1 C r 3.19); mas, como
anteriormen te, o neto geralm ente chamado de filho. E provvel que
Pedaas tenha morrido enquanto seu pai era vivo, e as sim seu filho
Zorobabel era chamado de filho de Salatiel. 10. A linhagem no vai
at M aria, a me de nosso Se nhor, mas at Jos, o marido de M aria
(v. 16); pois os ju deus sempre consideravam as suas genealogias
pelo lado dos homens. Alm disso, M aria era da mesma tribo e da
mesma famlia de Jos, de modo que, tanto por sua me como por seu
suposto pai, E le era da casa de Davi; todavia a sua relao com essa
nobreza deriva de Jos, com quem, segundo a carne, ele no tinha
nenhuma rela o, para m ostrar que o reinado do M essias no basea do
em uma linhagem natural de Davi. 11. O centro em quem todas essas
linhagens se en contram Jesus, que chamado de Cristo (v. 16). E ste
aquele que era to ansiosamente desejado, to impacien temente
aguardado, e a quem os patriarcas tinham em vista quando desejavam
tanto ter filhos para que pudes sem ter a honra de fazer parte da
linhagem sagrada. Ben dito seja Deus, por no estarmos agora em uma
condio to sombria e turva de expectativa como eles ento esta vam,
mas podermos ver claramente aquilo que esses pro fetas e reis viram
atravs de um vidro escuro. E ns pode mos ter, a no ser por nossa
prpria culpa, uma honra ma ior do que aquela que eles tanto
ambicionavam, pois aqueles que fazem a vontade de Deus esto em uma
posi o mais honrada em relao a Cristo do que aqueles que eram seus
parentes segundo a carne (cap. 12.50). Jesus chamado de o Cristo,
ou seja, o Ungido, o mesmo que a palavra hebraica Messias. E le
chamado de Messias, o Prncipe (Dn 9.25), e freqentemente de o
Ungido de Deus (SI 2.2). N essa condio, E le era esperado: s tu o
Cristo, o ungido? O rei Davi foi ungido (1 Sm 16.13); Aro, o
sacerdote, tambm o foi (Lv 8.12); e tambm Eli- seu, o profeta (1 Rs
19.16), e Isaas, o profeta (Is 61.1). Cristo, sendo designado e
qualificado para todas essas posies, por essa razo chamado de o
Ungido, ungido com leo de alegria, mais do que a seus companheiros;
e por causa do seu nome, que como uma uno que flui com abundncia,
todos os seus seguidores so chamados de cristos, pois eles tambm
recebem a sua uno. Por ltimo temos o resumo geral de toda essa
genea logia (v. 17), onde ela totalizada em trs perodos de quatorze
geraes, identificados por perodos extraor dinrios. No primeiro
perodo de quatorze anos, temos a famlia de Davi em ascenso
promissora como uma ma nh. No segundo, ns a vemos prosperando at
atingir o seu brilho mximo. N o terceiro, ela entra em declnio,
crescendo cada vez menos, diminuindo at chegar fa mlia de um pobre
carpinteiro, e ento Cristo surge dela, resplandecendo; E le a glria
de seu povo, Israel. ONascimento de Cristo w . 18-25 O m istrio da
encarnao de Cristo deve ser vene rado, e no visto com curiosidade.
Se no conhecemos o caminho do Esprito na formao das pessoas comuns,
nem como os ossos so formados no tero daquela que est grvida (E c
11.5), muito menos sabemos como o bendito Jesus foi formado no
ventre da virgem bendita. Quando Davi se adm ira de como ele prprio
foi feito em segredo e curiosamente formado (SI 139.13-16), parece
que ele est falando no esprito da encarnao de C ris to. Algum as
circunstncias presentes no nascimento de Cristo, que encontramos
aqui, no constam na ver so de Lucas, em bora o evento seja mais
amplamente descrito por este evangelista. Aqui temos: I O casamento
de M aria com Jos. Maria, a me de nosso Senhor, desposou Jos. E la
no estava com pletamente casada, m as j havia celebrado um contrato
de casamento. E ste contrato era uma proposta de casa mento
solenemente manifestada com as palavras no fu turo, e a promessa de
realiz-lo se Deus o permitisse. Lem os sobre um homem que desposou
uma mulher e no a recebeu (D t 20.7). Cristo nasceu de uma virgem,
mas uma virgem compromissada: 1. Para dar respeito ao casamento e
para defend-lo como algo honrado para
19. 5 MATEUS 1 w . 18-25 todos, contra aquela doutrina do diabo
que probe o ca samento e identifica a perfeio na condio de
solteiro. Quem foi mais favorecido do que M aria o foi em seu ma
trimnio? 2. Para salvar a reputao da bendita virgem, que de outra
form a teria sido exposta. E ra adequado que a sua concepo fosse
protegida por um casamento, e assim justificada aos olhos do mundo.
Um dos antigos diz: Seria melhor que perguntassem se este no era o
filho do carpinteiro, do que: No este o filho da mere triz? S. Para
que a bendita virgem pudesse ter algum para ser o guia da sua
juventude, o companheiro em sua solido e viagens, um parceiro em
suas preocupaes e uma ajuda adequada em todos os momentos. Alguns
pensam que Jos era ento vivo, e aqueles que so cha mados de irmos
de Cristo (cap. 13.55), eram filhos de Jos com uma esposa anterior.
E sta uma conjectura de muitos dos antigos. Jos era um homem justo,
ela, uma mulher virtuosa. Aqueles que so crentes no devem se juntar
de form a desigual com os no-crentes. M as que se perm ita aos que
so religiosos escolherem se casar com aqueles que tambm o so, j que
eles esperam o conforto de tal relacionamento e, neste, a bno de
Deus sobre eles. Ns tambm podemos aprender, com este exemplo, que
bom passar condio de casado com ponderao, e no antecipar as npcias
com precipi tao, atravs de um contrato. E melhor dedicar tempo para
pensar antes, do que se arrepender depois. n Sua gestao da semente
prometida; antes de se juntarem como um casal, M aria ficou grvida,
e esta gravidez foi gerada pelo Esprito Santo. O casa mento foi
postergado para tanto tempo depois do con trato, que ela ficou
grvida antes de chegar o momento da celebrao do casamento, embora o
contrato j tives se sido celebrado antes de ela conceber.
Provavelmente, foi depois do retorno de M aria da casa de sua prima
Isa bel, com quem permaneceu trs m eses (Lc 1.56), que Jos percebeu
que ela estava grvida, e ela no negou isso. Observe que as outras
pessoas notam aqueles em quem Cristo formado: a obra de Deus na
vida de cada pessoa se torna patente. Assim sendo, ns bem podemos
imaginar que perplexidade isto podia legitimamente ca usar bendita
virgem. E la mesma conhecia o divino pro genitor dessa concepo; mas
como ela podia provar isso? E la seria tratada como uma prostituta.
Note que depois de grandes avanos, a fim de no ficarmos orgu
lhosos, podemos esperar que alguma situao ou pessoa nos humilhe, ou
que soframos alguma repreenso, como um espinho na carne. E no
apenas isto, mas s vezes es sas situaes so como uma espada nos
ossos. Jamais al guma filha de E va foi to dignificada quanto a
virgem Maria, e mesmo assim ainda correu o risco de cair sob a
imputao de um dos piores crimes. Porm, observe que ns no a vemos se
atormentando por causa disso; mas, consciente de sua prpria
inocncia, ela se manteve cal ma e tranqila, e comprometida com a
causa daquele que julga com justia. Note que aqueles que se preocu
pam em m anter a conscincia limpa podem alegremente confiar que
Deus m anter os seus bons nomes, e tm motivos para esperar que E le
limpe no apenas a sua in tegridade, mas tambm a sua honra, de uma
form a to clara como o sol ao meio-dia. A perplexidade de Jos, e
sua preocupao so- vbre o que fazer nesse caso. Ns podemos ima ginar
que grande problema e desapontamento foi para Jos descobrir que
algum sobre quem ele tinha tal opi nio e considerao, ficasse sob a
suspeita de um crime to odioso. E ssa Maria? E le comeou a pensar:
Como podemos ser ludibriados por aqueles sobre quem pensa mos o
melhor! Como podemos nos desapontar com aque les de quem mais
esperamos! E le reluta em acreditar em algo to ruim vindo de uma
mulher que ele acredita v a ser to boa; e o caso em si, sendo ruim
demais para ser perdoado, tambm claro demais para ser negado. Que
luta provocou este acontecimento em seu peito, en tre aquele cime
que a ira do homem, cruel como uma sepultura, por um lado, e a
afeio que ele sentia por Maria, por outro! Considere: 1. O
extremismo que ele pensou evitar. E le no estava disposto a torn-la
um exemplo pblico. E le podia ter feito isso; pois, pela lei, uma
virgem com prometida, se procedesse como prostituta, seria apedre
jada at a morte (Dt 22.23,24). M as ele no desejava usar a lei
contra ela; se ela fosse culpada, o que at agora no se sabia, no
seria conhecido atravs dele. Quo diferente era o nimo mostrado por
Jos em relao ao de Jud, que em um caso semelhante, apressadamente
proferiu aquela sentena severa: Tirai-a fora para que seja quei
mada! (Gn 38.24). Que bom pensar sobre as coisas como Jos fez aqui!
Haveria mais ponderao em nossas crticas e julgamentos, haveria mais
misericrdia e mode rao neles. Castig-la aqui o chamado a fazer dela
um exemplo; o que mostra que a finalidade a ser alcanada com a
punio passar um aviso para os outros: atravs do terror que, em todo
lugar, se ouve e se teme. Fira o escarnecedor, e os smplices se
acautelaro. Algum as pessoas de temperamento severo culpari am Jos
por sua clemncia, mas aqui este fato mencio nado como um elogio;
pois ele era um homem justo, por tanto no queria exp-la. E le era
um homem religioso e bom; e, portanto, inclinado a ser
misericordioso como Deus , e perdoar como algum que foi perdoado.
No caso da donzela prometida, se ela fosse desonrada no campo, a
lei caridosamente suporia que ela havia gritado (Dt 22.26), e ela
no deveria ser punida. Talvez Jos te nha dado esta ou alguma outra
interpretao caridosa a esse assunto; neste contexto, ele um homem
justo, cui dando do nome daquela que nunca antes havia feito
qualquer coisa para manch-lo. Note que cabe a ns, em muitos casos,
sermos gentis com aqueles que esto sob suspeita de haver
transgredido a lei, esperar o melhor no tocante a eles, e extrair o
melhor daquilo que, a prin cpio, parece ruim, na esperana de que o
melhor acon tea. Summumjust, summa injuriae - O rigor da lei (s
vezes) a medida da injustia. O tribunal da cons cincia restringe o
rigor da lei ao que ns chamamos de um tribunal justo. Aqueles que
so considerados delitu osos foram talvez surpreendidos no erro, e
devem ser reabilitados com o esprito de brandura; e a intimidao,
mesmo quando justa, deve ser moderada. 2. A oportunidade que ele
encontrou para evitar este extrem o. E le tinha em m ente
abandon-la em se gredo, ou seja, dar-lhe em mos uma carta de
divrcio diante de duas testem unhas, e assim m anter o assunto
20. w . 18-25 MATEUS 1 6 somente entre eles. Sendo um homem
justo, ou seja, um estrito observador da lei, ele no daria
andamento ao seu casamento com Maria, mas resolveu afastar-se dela;
mesmo assim, em um gesto de carinho para com ela, decidiu fazer
isso to secretam ente quanto poss vel. N ote que as crticas queles
que transgrediram a lei devem ser conduzidas sem estardalhao. A s
pala vras dos sbios so ouvidas com discrio. O prprio Cristo no
discutiria nem gritaria. O amor cristo e a prudncia crist encobriro
uma grande quantidade de pecados, alguns deles graves, at o ponto
em que isso no signifique solidarizar-se com eles. A libertao de
Jos dessa perplexidade por um mensageiro enviado do cu (w . 20,21).
Enquan to ele pensava nessas coisas e no sabia o que decidir, Deus
graciosamente indicou-lhe o que fazer, facilitan do-lhe as coisas.
Note que aqueles que costumam rece ber a orientao de Deus devem
pensar a respeito dela e consultar a si mesmos a este respeito.
Deus guiar aque le que reflete, e no o irracional. Quando Jos
estava confuso, e havia pensado sobre o assunto tanto quanto
conseguia, ento Deus se manifestou com uma recomen dao. Note que a
hora de Deus em que E le se manifesta com uma orientao para o seu
povo, aquela em que eles esto confusos e indecisos. O conforto de
Deus deleita a alma em meio profuso de seus pensamentos e de sua
perplexidade. A mensagem foi enviada a Jos atravs de um anjo do
Senhor, provavelmente, o mesmo anjo que le vou M aria a notcia da
concepo, o anjo Gabriel. Agora a comunicao com o cu, atravs de
anjos, com a qual os patriarcas haviam sido dignificados, mas que h
muito tinha sido interrompida, comea a ser reativada; pois, quando
o Primognito fosse trazido a este mundo, os an jos seriam instrudos
a acompanhar os seus movimen tos. Quanto pode Deus agora, de um
modo invisvel, fa zer uso do auxlio dos anjos para livrar o seu
povo das suas dificuldades, no podemos dizer; mas disto ns te mos
certeza: todos eles so espritos que atuam para o bem dele. E ste
anjo apareceu a Jos em um sonho quan do ele estava dormindo, da
maneira como Deus algumas vezes falou aos patriarcas. Quando
estamos quietos e tranqilos, estamos no melhor estado de esprito
para receber as notcias da vontade divina. O Esprito se move em
guas calmas. E ste sonho, sem dvida, carre gava em si a evidncia de
que se originava de Deus, e no de uma presunosa imaginao. Agora: 1.
Jos orientado aqui a prosseguir com o seu casa mento. O anjo o
chama: Jos, filho de Davi; ele o lem bra de sua relao com Davi,
para que possa estar pre parado para receber esta surpreendente
capacidade de entendimento de sua relao com o Messias, que, todos
sabiam, seria um descendente de Davi. s vezes, quan do grandes
honras recaem sobre aqueles que tm pou cas posses, eles no se
preocupam em aceit-las, que rendo desistir delas; era, portanto,
necessrio colocar na mente desse pobre carpinteiro o valor desse
nasci mento: Valoriza a ti mesmo, Jos, tu s aquele filho de Davi
atravs de quem a linhagem do M essias est para ser traada. Podemos
ento dizer a cada verdadeiro crente: No temas, tu, filho de Abrao,
tu, filho de Deus; no esqueas a dignidade do teu nascimento, do teu
novo nascimento. No temas receber a Maria, tua mulher; assim isso
pode ser entendido. Jos, suspei tando que ela estava grvida devido
prostituio, te mia aceit-la, com receio de que colocasse sobre si
mes mo a culpa ou a acusao. No, diz Deus, no temas; a questo no
essa. Talvez M aria tivesse lhe dito que ha via engravidado pelo
Esprito Santo, e talvez ele tenha ouvido o que Isabel disse a ela
(Lc 1.43), quando a cha mou de a me do seu Senhor; e, se este foi o
caso, talvez ele tem esse ser presunoso ao se casar com algum to
superior a ele. Mas, qualquer que fosse a causa do apa recimento de
seus medos, estes foram todos silenciados com estas palavras: No
tem as receber a Maria, tua mulher. Note que uma grande bno sermos
liberta dos de nossos medos, e term os as nossas dvidas soluci
onadas, para que assim possamos prosseguir em nossos afazeres com
satisfao. 2. A qui ele informado sobre aquele ser sagrado, que a
sua esposa tinha em seu ventre. Aquele que foi concebido nela tem
origem divina. E le est to longe do risco de compartilhar a im
pureza ao casar-se com ela, que com isso com partilhar a maior
honra possvel. Duas coisas lhe so ditas: (1) Que ela tinha
concebido pelo poder do Esprito Santo; e no pela fora da natureza.
O Esprito Santo, que criou o mundo, gerou nela agora o Salvador do
mun do, e preparou para E le um corpo como lhe fora prome tido,
quando E le disse: Corpo me preparaste (Hb 10.5). D esse modo, dito
que E le nasceu de uma mulher (G14.4), e, alm disso, que E le o
segundo Ado, que o Senhor do cu (1 Co 15.47). E le o Filho de Deus,
e mes mo assim compartilha a essncia de sua m e ao ser cha mado de
fruto do ventre (Lc 1.42). E ra necessrio que a sua concepo fosse
diferente da normal, para que as sim E le compartilhasse da
natureza humana, e mesmo assim pudesse escapar da corrupo, e da
contaminao desta, e no ser concebido e formado na iniqidade. His
trias nos contam sobre algumas mulheres que em vo fingiram ter
concebido por um poder divino, como a me de Alexandre; mas nenhuma
realm ente o fez, exceto a me de nosso Senhor. Seu nome, por isso,
como em ou tras situaes, Maravilhoso. Ns no lemos que a pr pria
virgem M aria tenha proclamado a honra que rece beu; mas ela
ocultou isso em seu corao, e por isso Deus enviou um anjo para
testificar. Aqueles que no procu ram a sua prpria glria tero a
honra que vem de Deus; ela reservada para os humildes. (2) Que ela
daria luz ao Salvador do mundo (v. 21). E la daria luz um filho; e
que ele seria foi declarado: [1] Pelo nome que deveria ser dado ao
seu Filho: lhe pors o nome de Jesus, o Salvador. O nome o mesmo que
Josu, apenas com a terminao sendo mudada para adequar-se ao grego.
N a Septuaginta, Josu chamado de Jesus (At 7.45; Hb 4.8). Havia
dois homens com esse nome no Antigo Testamento, e eram ambos
reconheci dos tipos de Cristo. Josu, o comandante de Israel em seu
primeiro assentamento em Cana, e Josu, o sumo sacerdote em seu
segundo assentamento aps o cativei ro (Zc 6.11,12). Cristo o nosso
Josu; tanto o Coman dante da nossa salvao, como o Sumo Sacerdote da
nos sa profisso de f. E , em ambos os casos, E le o nosso Salvador,
um Josu que vem no lugar de Moiss, e faz
21. 7 MATEUS 1 w . 18-25 por ns aquilo que a lei no pode fazer,
naquilo em que ela era fraca. Josu havia sido chamado de Osias, mas
Moiss prefixou a primeira slaba do nome Jeov, e as sim tornou-o
Josu (Nm 13.16), para indicar que o Mes sias, que teria esse nome,
deveria ser Jeov; E le , por tanto, o maior salvador, e em nenhum
outro h salvao. [2] N a razo desse nome: Porque ele salvar o seu
povo dos seus pecados; no apenas a nao dos judeus (Ele veio para
eles e eles no o receberam), mas todos que foram dados a E le pela
escolha do Pai, e todos que se deram a E le por si mesmos. E le um
rei que protege seus sditos, e, como os antigos juizes de Israel,
lhes traz a salvao. Note que aqueles que Cristo salva, Ele os salva
dos pecados que praticaram; da culpa do peca do, em virtude da sua
morte, e do domnio do pecado, pelo Esprito da sua graa. Ao salv-los
do pecado, Ele os salva da ira e da maldio, e de todo sofrimento
aqui e na vida futura. Cristo veio para salvar o seu povo, no em
seus pecados, mas dos seus pecados; para comprar para ele no a
liberdade para pecar, mas a libertao do pecado, para redimi-lo de
toda iniqidade (Tt 2.14); e as sim redimi-lo de entre os homens (Ap
14.4) para si mes mo, pois est separado dos pecadores. Para que
aqueles que deixarem os seus pecados, e se entregarem a Cristo como
seu povo, estejam envolvidos com o Salvador, e na grande salvao que
E le planejou (Rm 11.26). V O cumprimento das Escrituras em tudo
isso. E ste evangelista, escrevendo entre os judeus, observa mais
freqentem ente isto do que qualquer outro evan gelista. Aqui as
profecias do Antigo Testamento tiveram a sua consumao em nosso
Senhor Jesus, atravs do qual fica claro que este era aquele que
deveria vir, e que ns no devemos procurar por nenhum outro; porque
este aquele sobre o qual todos os profetas deram teste munho. A
gora a Escritura que foi cumprida no nasci mento de Cristo foi a da
promessa de um sinal que Deus fez para o rei Acaz (Is 7.14): E is
que uma virgem conce ber. Aqui o profeta, encorajando o povo de
Deus a es perar pela prometida libertao da invaso de Senaque- ribe,
o instrui a aguardar ansiosamente pelo Messias, que viria do povo
dos judeus e da casa de Davi. Da era fcil inferir que - embora
aquele povo e aquela casa esti vessem angustiados - nem um nem o
outro poderiam ser abandonados runa, enquanto Deus tivesse tal
honra e tal bno reservadas para eles. Os livramentos que Deus
concedeu igreja do Antigo Testamento eram sm bolos e figuras da
grande salvao atravs de Cristo; e, se Deus consegue fazer aquilo
que maior, E le no fa lhar em fazer aquilo que menor. A profecia
aqui citada devidamente introduzida com as palavras: em sonho, lhe
apareceu, que indicam tanto ateno como admirao; pois aqui temos o m
ist rio da graa, que , sem controvrsia, notvel, de que Deus se
manifestou em carne. 1. O sinal dado era que o M essias deveria
nascer de uma virgem. Uma virgem conceber, e, por ela, Ele ser
manifestado na carne. A palavra Almah significa uma virgem no
sentido mais exato, tal como M aria decla ra ser (Lc 1.34): No
conheo varo. E ste no seria um sinal to maravilhoso como se
pretendia que fosse, se ti vesse sido de outra forma. Foi anunciado
desde o princ pio que o Messias deveria nascer de uma virgem,
quando foi dito que E le deveria vir da semente da mulher. Pode mos
entender que a expresso semente da mulher no poderia ser o mesmo
que a semente de qualquer ho mem. Cristo nasceu de uma virgem no
apenas porque seu nascimento tinha que ser sobrenatural e completa
mente extraordinrio, mas porque deveria ser imacula do, e puro, e
sem qualquer mancha de pecado. Cristo nasceria, no de uma
imperatriz ou rainha, porque Ele no veio em pompa ou esplendor
externos, m as de uma virgem, para nos ensinar a pureza espiritual,
a morte para todos os deleites dos sentidos, e assim nos m anter
mos sem a mcula do mundo e da carne, para que possa mos ser
apresentados a Cristo como virgens castas. 2. A verdade demonstrada
por esses sinais que Ele o Filho de Deus, e o Mediador entre Deus e
os homens: porque eles o chamaro pelo nome de Emanuel; isto , E le
ser o Emanuel; e a expresso E le ser chamado significa que E le ser
o Senhor, Justia Nossa. Emanuel significa Deus conosco; um nome
misterioso, m as muito precioso; Deus encarnado entre ns, e assim
Deus re conciliado conosco, em paz conosco, nos conduzindo ao pacto
e comunho consigo. Os judeus tiveram Deus consigo, em smbolos e
sombras, morando entre os que rubins; mas nunca do modo como quando
a Palavra se tornou carne - que era o bendito Shekinah. Que passo
feliz dado no sentido de estabelecer a paz e a harmonia entre Deus
e o homem, reunindo as duas naturezas na pessoa do Mediador! Por
isso E le se tornou um rbitro irrepreensvel, com plenas condies de
colocar as suas mos sobre ambos, uma vez que ele compartilha a natu
reza de ambos. Veja, nisto, o mistrio mais profundo, e a
misericrdia mais rica que jam ais existiu. Pela luz da na tureza,
vemos Deus como um Deus acima de ns; pela luz da lei, o vemos como
um Deus contra ns; mas pela luz do Evangelho, ns o vemos como
Emanuel, Deus co nosco, em nossa prpria natureza - e (o que ainda
me lhor) a nosso favor. Aqui o Redentor glorificou o seu amor. Com
o nome de Cristo, Emanuel, ns podemos comparar o nome dado igreja
do Novo Testamento (Ez 48.35). Jeov-Sam - O Senhor est alv, o
Senhor dos exrcitos est conosco. Nem imprprio dizer que a profecia
que expressou que E le deveria ser chamado Emanuel foi cumprida,
com o desgnio e a inteno que possua, qando E le foi chamado de
Jesus; pois se E le no tivesse sido Emanuel, Deus conosco, E