1 • Diplomática - Junho/Julho 2008
´Diplomaticabusiness & Diplomacy
With English & French TextsFesta Nacionais: Alemanha, Brasil, Espanha, China, Ucrânia, Áustria e Coreia
Dossier
Nº12Dezembro/Fevereiro 20124 (Cont.)
Dip
lo
má
tic
a 1
2 • D
ez
em
br
o 2
01
1 / f
ev
er
eir
o 2
01
2
9 771647 006007 21000
Mohammed VI O Rei de Marrocos Mais um passo na democracia
Portugal: dos E.U.A. ao Magreb
Especial
Passos Coelho
em AngolaPres. Moçambique em Lisboa
Entrevistas:Pres. Cabo Verde
Jorge Carlos Fonseca Pres. Caixa Crédito Agrícola
João Costa Pinto Embaixadora
Karima Benyaich
´ +africa
Para habitação, nova ou renovação
Uma gama de design intemporal, mecanismos nas versões Branco ou Creme com quatro possibilidades de acabamento.Especialmente concebida a pensar no respeito pelo ambiente, oferece inovadoras soluções que visam a eficiência energética e a rapidez de instalação.
Para mais informação useo leitor de QR code do seu “smartphone”
Optimize as despesas energéticas com as soluções de aquecimento.
Termostato de ambiente | Branco
Integre todas as funções do Sistema Mosaic: riqueza funcional
Obturador/adaptador para 2 módulos | Branco
Couleurs PantoneVert : Pantone 376 CLogo Legrand : Blanc
Couleurs QuadriVert : Cyan 50 % Jaune 100 % Logo Legrand : Blanc
niloé™
a nova gama de aparelhagemnaturalmente inovadora
3fevereiro 2012 - Diplomática •
Da alma de portugal, feita de música e requebros mouros que
fizeram encher as tascas dos antigos bairros de alfama e da
mouraria em lisboa, nasceu a canção.
o fado ou destino das nossas mulheres que iam ficando sós,
sujeitas a tentações e sem protecção, vendo os seus homens
partirem pelos mares na procura de outros mundos, pertence
agora não só a nós, portugueses como também aos mundos
que eles foram encontrando.
E o Fado agora considerado Património Imaterial da Huma-
nidade foi cantado por Carlos do Carmo na Assembleia da
República Portuguesa. ■
Nota do Editor
editor's note
From the soul of portugal , made of music and the wooings mours that fill the taverns of the old quarters of alfa-
ma anda mouraria, in lisbon, the song was born.
the fate or destiny of our women, who were staying alone, subject to temptations and unprotected, seeing their
men leave to the seas, in search of others worlds, now belongs not only to us, portuguese, but the also to the
worlds they have encountering.
and fado has just now been considered intangible Heritage of Humanity, was sang by carlos do carmo at the
portuguese parlement!
De l’âme du portugal, construit sur la musique et chants maures, qui ont fait remplir les tavernes des vieux quar-
tiers d’alfama e mouraria à lisbonne, la chanson este née.
le fado ou le destin de notre femmes, que restaient seules, soumis à des tentations et sans protection, en voyant
ses hommes quitter vers les mers à la recherche d’autres mondes, appartient, maintenaint, non seulement à nous,
portugais, mais aussi aux mondes qu’ils rencontraient.
et le fado vient d’être consideré comme patrimoine immatériel de l’Humanité, a ète chanté por carlos do cramo
au parlement portugais!
Destino
4 • Diplomática - fevereiro 2012
DIRECTOR: maria da luz de bragança PRODUÇÃO: césar Soares PROPRIEDADE: maria da luz de bragança EDIÇÃO: Gabinete 1 editor nº 211 326. av. engº Duarte pacheco, nº1 - 4º esq. – 1070-100 lisboa.
MARkETINg & PUblICIDADE: Gabinete 1 - e-mail:[email protected] tel.: 21 322 46 60 a 76 fax: 21 322 46 79IMPRESSÃO: madeira & madeira, S.a. DISTRIbUIÇÃO: logista - alcochete - telefone: 21 926 78 00 fax: 21 926 78 45
iSSN 1647-0060 – Depósito legal nº 276750/08 – publicação registada na Direcção Geral da comunicação Social com o nº 125395
3
6
9
10
18
20
22
23
26
28
32
36
38
41
54
58
59
60
68
70
72
76
78
80
81
83
85
87
90
91
92
94
96
AssuntosSummary
carta ao leitor.letter to the reader.
Dossier. marrocos. King mohammed vii, um sinal de esperança.Dossier. maroc.mohammed vii, a sign of hope.
recepção na embaixada de marrocos.reception in the embassy of maroc.
embaixadora de marrocos em entrevista.ambassador of maroc in interview – the strenght and competence.
presidente da república na oNU defende a língua portuguesa e os direitos humanos.portuguese president in oNU in defense of portuguese language and Human rights.
cimeira ibero americana no paraguai.ibero-american Summit in paraguay.
pedro passos coelho nos eUa. portuguese prime-minister in onu Security council.
paulo portas diplomacia em alta nos eUa e no magreb.paulo portas diplomacy in the eUa and magreb.
Jean-claude Juncker convidado das Grandes conferências 2011 na Gulbenkian.Jean-claude Juncker invited for the cicle of Great conferences 2011 in Gulbenkian foundation.
entrevista a Jorge costa pinto, presidente da caixa central de crédito agrícola mútuo.interview to Jorge costa pinto, chairman of the central mutual agricultural credit.
patrick ziegler, um olhar sobre a europa.patrick ziegler: europe – where do we go from here?
Suécia, pátria de marcas de excelência.Sweden, land of marks of excelence.
embaixador da coreia fala da Nova era para a União europeia e coreia.Korea ambassador speaks of a New era for eU and Korea.
embaixador da federação da rússia, embaixador da alemanha, embaixador do luxemburgo, embaixador da república da moldávia, embaixador da república da albânia e embaixador da república Dominicana.ambassador of russian federation, German embassador, luxembourg ambassador, ambassador of the moldova republic,ambassador of the republic of albania and ambassador of the Dominican republic.
polónia em exposição.poland in exhibition.
apresentação dos novos embaixadores em belém.New ambassadors deliver new credentials in belém.
áfrica +.africa +.
entrevista a Jorge carlos fonseca, novo presidente da república de cabo verde.interview to the new elected president of republic of cape verde.
primeiro-ministro passos coelho visita oficialmente angola.prime-minister passos coelho visits officialy angola.
palmira tjipilica. cultura e históriapalmira tjipilica. culture and history
cavaco Silva e armando Guebuza. Dois estadistas em belém preparam cimeira bilateral de dois dias.cavaco Silva e armando Guebuza. two statesmen in belém prepare a two-day bilateral summit.
cplp tem nova sede no palácio do conde de penafiel.cplp has ist new headquarters in the palace of the count of penafiel.
Xanana em lisboa – emoções como pano de fundo.Xanana Gusmão in lisboa – emotions as a backdrop.
vista do primeiro-ministro da Sérvia a portugal.prime-minister of Serbia visits portugal.
Dia da unidade alemã 2011.Day of de German uni 2011.
festa do 189º aniversário da independência do brasil.reception of the 189º anniversary of the brazilian independence.
festa na embaixada de espanha.reception on the Spanish embassy.
recepção do Dia Nacional da china.reception of the National Day of china.
Dia nacional da áustria.reception of the National Day of austria.
Dia nacional da coreia.reception of the National Day of Korea.
iX mostra portuguesa em espanha.iX portuguese exhibition in Spain.
11 de Setembro – 10 anos depois. September 11th – tem years after.
traduções.translations.
6 • Diplomática - fevereiro 2012
No trono desde 1999, ano em que seu
pai, Hassan ii, faleceu, mohammed vi
distanciou-se de algum modo das polí-
ticas que vinham sendo seguidas pelo
antecessor, mostrando maior abertura e
jogo de cintura, dando um novo alento à
esperança de um povo que ansiava por
mudanças.
Nasceu em 21 de agosto de 1963, em
rabat, a capital do país, e é o segundo
dos cinco filhos de hassan, primogénito
dos varões. a mãe, latifa hammou, foi
a segunda das esposas do rei, descen-
dente de uma importante família. porém,
a mãe de mohammed nunca teve direito
à dignidade do título de rainha, reser-
vado por tradição à primeira mulher de
hassan ii.
o jovem mohammed, como também
é de tradição, aprendeu as primeiras
letras no palácio e, em 1969, frequentou
estudos secundários no colégio real de
rabat. em Junho de 1985 licenciou-se
em Direito pela faculdade de ciências
Jurídicas, económicas e Sociais de sua
cidade natal, tendo, dois anos depois,
obtido uma pós-graduação em ciências
políticas.
corria o ano de 1984 quando Hassan
ii nomeia o primeiro filho varão como
herdeiro do trono, embora nunca tenha
emitido decreto real firmando a nomea-
ção. prevaleceu a sua vontade, mesmo
assim, sem que tal tenha gerado qual-
quer oposição.
apesar do curso de Direito, é nas for-
ças armadas que mohammed empre-
ende a sua vida profissional. em abril
de 1985, o ano em que se licenciou, foi
nomeado coordenador de serviços do
estado-maior General das forças ar-
madas reais, tendo nove anos depois
(1994) ascendido à patente de General
de Divisão.
em 1988, com o fim de completar a ins-
trução académica e adquirir experiência,
passa alguns meses na comissão eu-
ropeia, em bruxelas, trabalhando direc-
tamente com Jacques Delors, o então
presidente da comissão.
São conhecidos poucos detalhes de sua
vida privada, mas sabe-se que, aos pou-
cos, o pai o teria encarregado de dis-
cretas missões diplomáticas, tendo sido
seu emissário por várias vezes. aliás,
a sua habilidade para a diplomacia não
teria passado despercebida a hassan ii,
que viu nele as condições necessárias
para as reformas que o velho rei não
tinha condições para empreender…
enquanto príncipe, procurou conhecer
o seu país, manifestando então alguma
sensibilidade pelas questões sociais
e a problemática religiosa. mas a sua
atenção virou-se, também, desde muito
cedo, para as novas tecnologias, ferra-
mentas que considera decisivas para
o desenvolvimento de marrocos e as
necessidades da modernidade.
com a morte do pai, em 1999, o jovem
mohammed, passa a ser o chefe de
estado, tornando-se no 18º monarca da
Dinastia alauí (fundada em 1664), sob o
nome de mohammed vi.
o entusiasmo popular rodeou a sua
chegada ao trono, abrindo espaço à
esperança de profundas transformações
políticas e sociais. e, nos seus primeiros
discursos, o novo rei garantiu o interes-
se em consolidar a monarquia constitu-
cional, libertar a economia e aprofundar
o estado de Direito, dando sinais claros
da seriedade de suas intenções ao de-
terminar a indemnização das vítimas da
repressão, incentivando o regresso de
refugiados e exilados, bem como per-
correndo as zonas mais pobres do país,
visitando hospitais, orfanatos e centros ➤
Mohammed VIUm sinal de esperança
O Rei conseguiu alinhar o País pelo trilho das reformas democráticas, rompendo
com o passado da monarquia autocrática, colocando Marrocos na senda
de um Estado de Direito moderno e de uma monarquia constitucional.
Capa
7fevereiro 2012 - Diplomática •
8 • Diplomática - fevereiro 2012
➤ de internamento de pessoas com defici-
ência.
mais recentemente, confrontado com
os protestos populares que abalaram o
norte de áfrica e alguns países árabes,
mohammed vi promoveu um projecto
de revisão constitucional, sufragado por
voto popular, transferindo competências
para o primeiro-ministro, que passou a
chamar-se presidente do Governo.
“É conveniente, de acordo com a filo-
sofia constitucional, que o primeiro-mi-
nistro se torne chefe do governo e que
o poder executivo proceda do partido
político que ganhar maioritariamente as
eleições legislativas, na sequência do
voto directo”, afirmou o rei em declara-
ção televisiva proferida meses atrás. ■
Enquanto príncipe, procurou conhecer o seu país, manifestando então alguma sensibilidade pelas
questões sociais e a problemática religiosa. Mas a sua atenção virou-se, também, desde muito cedo, para
as novas tecnologias, ferramentas que considera decisivas para o desenvolvimento de Marrocos e as
necessidades da modernidade
Mohammed VI
9fevereiro 2012 - Diplomática •
Para comemorar o 12º aniversário da
subida ao trono de Sua alteza real,
o rei de marrocos, realizou-se, na
residência oficial dos embaixadores
representantes daquele país em lis-
boa, uma requintada recepção, que
contou com mais de 300 convidados.
entre os presentes, contavam-se
representantes do corpo diplomá-
tico acreditado em portugal, altas
patentes militares e políticas (caso
do secretário de estado da Justiça,
dr. fernando Santos), e múltiplas
personalidades, entre elas Sar o
Duque de bragança, a duquesa de
cadaval, maria barroso Soares, o
presidente do círculo de amizade
portugal-marrocos, manuel pechir-
ra, e o presidente da fundação
luso-americana, charles bucha-
nan. estiveram também presentes
figuras destacadas, ligadas às áreas
da economia e finanças, cultura e
media.
naturalmente, estiveram, entre os
convidados nesta recepção, os mem-
bros da comunidade marroquina,
radicados no nosso país, que assim
prestaram homenagem e compro-
misso ao Glorioso trono alawite.
Durante toda a recepção, a músi-
ca da orquestra el Hilal tetouan
animou a festa, enquanto eram
servidas as mais diversas e delicio-
sas especialidades gastronómicas
marroquinas. ■
Recepção na residência da Embaixadora de Marrocos
Dossier MarroCos
10 • Diplomática - fevereiro 2012
Karima BenyaichA força e a competência de uma Mulher na embaixada do Reino de Marrocos em Portugal
“Portugal e Marrocos têm uma história comum, de vários séculos, extraordinária, com
influências excepcionais”
Karima Benyaich está pela primeira vez a desempenhar as funções de Embaixadora, apesar de ter já um
extenso curriculum na área das relações externas do seu país. A Embaixadora do Reino de Marrocos em
Portugal não poderia ser a pessoa mais indicada para desempenhar tal desafio, visto que tem um conhe-
cimento bastante profundo do país – realizou a tese sobre “O Impacto da Integração da Espanha e de
Portugal na Comunidade Europeia – em 1986 – na Economia Marroquina”.
A Alta Representante do Reino de Marrocos está em Lisboa desde Dezembro de 2008, com as suas duas
filhas de 15 e 17 anos, e recomenda que os marroquinos visitem o nosso país, assim como os portugue-
ses visitem Marrocos, “duas sociedades com uma longa história em comum”. ➤
Dossier MarroCos
11fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ Vamos começar por falar no
seu percurso. Como chegou
até Portugal, o que se passou?
nasci na vila de tétouan (tân-
ger), no Norte de marrocos, onde
passei alguns anos com os meus
pais. Depois acompanhei-os para
rabat, passei aí grande parte da
minha infância e fiz os meus es-
tudos superiores: o “bacalaureat”
em letras modernas. posterior-
mente fui para paris.
estudei um ano na Universidade
americana de paris, antes de
partir para o canadá para fazer
os meus estudos em economia,
na universidade de montréal, e
um master em finanças e co-
mércio internacional, defendendo
a tese: “o impacto da integra-
ção da espanha e de portugal
na comunidade europeia – em
1986 – na economia marroqui-
na”. Quando terminei os estudos
no canadá voltei a marrocos
para, em 1989, começar a traba-
lhar no ministério dos negócios
estrangeiros, no departamento
de relações com a cee, hoje
União europeia. fui também
chefe de Divisão das relações
de marrocos com a américa la-
tina. trabalhei ainda no Quadro
do comité averróis, um grande
filósofo andaluz que se debruçou
sobre os valores de promoção do
diálogo e do entendimento entre
os povos. averróis nasceu na an-
daluzia (córdova ) na época de
influência árabe/marroquina na
ibéria e morreu em marraquexe.
este comité promovia as rela-
ções entre marrocos e espanha
a nível da aproximação das duas
sociedades civis, para melhorar e
fomentar as boas relações. tam-
bém fui nomeada Directora
de cooperação cultural e cien-
tífica no ministério dos Negócios
estrangeiros e representante do
meu país para a “francofonia”.
É curioso, Marrocos antes da
integração de Espanha e Por-
tugal na CEE tinha vantagens
muito mais importantes na Eu-
ropa do que do que Espanha e
Portugal, e teve que se adaptar
a todas essas mudanças.
tínhamos um protocolo de acor-
do com a frança, por termos sido
um país sub-protectorado francês
até 1955, quando marrocos con-
seguiu a sua independência.
O que pensa da União dos paí-
ses mediterrânicos? Portugal,
Marrocos, Espanha, França,
Itália, entre outros. Trabalhou
sobre isso?
Na cooperação cultural e científi-
ca alguma coisa passou por mim.
De resto, Sarkozy anunciou em
marrocos esta união para o me-
diterrâneo quando visitou tânger.
marrocos está de acordo, gosta
de contribuir para a aproximação
dos povos de modo a conseguir
soluções económicas, sociais e
artísticas no espaço mediterrâ-
nico. Sabemos que este espaço
é muito, muito importante a nível
geoestratégico, histórico, econó-
mico e ao nível dos seus diferen-
tes povos que têm uma história
comum pelos muitos encontros
ao longo dos tempos. portanto,
sempre que existe uma iniciativa
em que marrocos possa contri-
buir eficazmente, fazemo-lo. Sim,
somos pela união.
Tem-se falado pouco sobre
isso. Estará a ideia estagnada?
não me parece. ultimamente
têm havido alguns encontros.
o Secretário-Geral foi recente-
mente nomeado e é marroquino,
senhor Youssef amrani, grande
diplomata marroquino e homem
de visão. todas as novas ideias
têm que ter o seu tempo para se
concretizarem.
É dito que a Senhora Embai-
xadora é uma defensora dos
direitos humanos e da mulher
árabe e muçulmana.
eu posso ser muito sincera con-
vosco. trabalhei sempre num
mundo onde havia homens e mu-
lheres e sinto-me à vontade tanto
com os homens como com as
mulheres. Sobretudo lutei pelos
direitos da criança porque acre-
dito muito na cultura e, eviden-
temente, como mulher que sou,
defendo os direitos da mulher.
pertenço, entre outras, à asso-
ciação “voz de mulheres” que
organiza um festival na minha
cidade natal – tétouan. criado
há três anos tem como temáti-
ca o lado artístico da mulher de
tétouan e marroquina em geral.
É o canto, é a música, é a arte
a valorizar o património e toda a
dimensão feminina ao longo dos
tempos.
Como se encontra o papel da
mulher marroquina na socieda-
de?
posso dizer-vos que marrocos é
um país moderno, aberto, demo-
crático, mas encontra-se enraiza-
do nas suas tradições e valores
defensores da sua identidade na-
cional. o lugar que hoje a mulher
marroquina ocupa é graças a um
combate de numerosas mulheres
que ao longo dos tempos têm de-
fendido os direitos e a consagra-
ção destes direitos da mulher. a
nível de direitos devemos render
homenagem ao rei mohammed
vi, que é graças a ele, à sua von-
tade e às directrizes que criou,
que hoje temos todos os direitos.
em 2004, Sua majestade instituiu
o código da família, aprovado
no parlamento, feito no quadro
de conselho de Juristas e de
homens e mulheres da sociedade
civil, para encontrar uma solução
que não fosse em contradição
com o islão. antes de 2004, a
mulher era menor em ➤
12 • Diplomática - fevereiro 2012
➤ relação a alguns direitos.
estava sob tutela do pai, do filho
ou do marido. agora, depois de
2004, há uma coresponsabilida-
de, entre homem e mulher, no
quadro da família. onde os direi-
tos da mulher são respeitados,
os do homem também, e depois
os direitos da criança.
Estará mais feliz com os novos
direitos, que implicam também
mais obrigações?
não sei se será mais feliz, mas
está certamente confortada com
os seus direitos. tem exacta-
mente os mesmos direitos que
o homem. até 2004, uma mu-
lher marroquina casada com um
estrangeiro não podia transmitir
a sua nacionalidade aos filhos.
hoje, ela já pode dar a sua na-
cionalidade aos filhos.
Aqui em Portugal, até há rela-
tivamente pouco tempo, uma
mulher também não podia
viajar para o estrangeiro sem
autorização do marido…
É isso, marrocos e portugal ti-
nham e têm muito em comum.
A Senhora Embaixadora é cer-
tamente uma mais-valia para o
seu país em estar aqui.
não terá sido ao acaso a Sua es-
colha. os seus estudos e espe-
cializações traduzem isso.
Qual a importância da Embai-
xada de Marrocos em Portugal.
o meu primeiro posto como
embaixadora é em portugal, aqui
em lisboa. para nós portugal
é um país muito importante. É
um país estratégico de gran-
de importância. Somos países
vizinhos. estou muito honrada
com a minha missão aqui, de ser
embaixadora e ter o privilégio
de representar Sua majestade, o
rei. felicitamo-nos com a quali-
dade das relações com portugal.
primeiro, não esqueçamos que
somos países vizinhos. portugal
não tem outros vizinhos para
além de marrocos e espanha. a
capital mais próxima de rabat
é lisboa e de lisboa é rabat.
a nível geográfico, nós estamos
muito próximos de portugal e,
apenas, 14 quilómetros separam
marrocos de espanha e da euro-
pa. Segundo, temos uma história
comum, de vários séculos,
extraordinária, com influências
excepcionais: a inf luência ➤
Karima Benyaich
13fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ portuguesa sobre a costa atlân-
tica e a influência árabe/marro-
quina em portugal. uma história
comum que não gerou conflitos.
os portugueses são muito bem-
vindos em marrocos.
Gostamos muito de portugal e
dos portugueses. os marroquinos
são muito, muito bem acolhidos
em portugal, não existem este-
reótipos nem imagens negativas
sobre marrocos, isso resulta num
potencial extraordinário. estamos
próximos e isso traduz-se em
tudo: no modo de vida, ou mesmo
através da língua. Há em portugal
mais de mil palavras de origem
árabe, também em marrocos ➤
14 • Diplomática - fevereiro 2012
➤ há muita influência do modo de
vida português e muitos vestígios
de origem portuguesa. no ano
passado, em Jadid, um dos vestí-
gios portugueses foi premiado.
Vê Portugal como uma porta
de entrada para o comércio e
melhores relações económicas
com a Europa?
marrocos sempre teve uma re-
lação estreita e importante com
a europa e depois da criação da
cee fizemos, em 1969, acordos
e parcerias particulares, tendo
hoje um status avançado com a
europa, que foi reforçado duran-
te a presidência de portugal na
União europeia. É o único país
do Sul que obteve um estado tão
avançado com União europeia.
Então as relações políticas,
económicas e comerciais entre
os dois países são boas!?
as relações entre portugal e
marrocos são excelentes tanto ao
nível institucional como a nível
económico, social e cultural.
Devido à sua aproximação geo-
gráfica e às relações históricas
comuns, os nossos governantes,
seja Sua majestade, seja o presi-
dente ou o governo de portugal,
estão ambiciosos com as nossas
relações. tanto portugal é uma
plataforma para marrocos como
marrocos é uma plataforma para
portugal, tendo em vista áfrica,
o mundo árabe e muçulmano.
estamos na porta de áfrica e so-
mos um país que conhece refor-
mas em todos os níveis: ao nível
dos direitos do homem, ao nível
económico, cultural ou social. Se
se debruçarem sobre marrocos
verão, que sobre a condução de
Sua majestade o rei mohammed
vi, marrocos teve, nestes últimos
anos, um avanço incrível a nível
de democratização. fomos dos
primeiros países a criar a instân-
cia da reconciliação (2004) para
reconciliar os marroquinos com
a sua história, fazendo o balanço
de todas as violações dos direitos
do homem desde a independên-
cia (1955 – 1999). todos os iden-
tificados que sofreram a violação
dos direitos foram recompensa-
dos a nível financeiro e moral.
fomos pioneiros a tomar esta
atitude, mesmo alguns países eu-
ropeus ainda não o fizeram. nós
queremos ficar reconciliados com
o nosso passado. há reformas
a nível do campo religioso, no
universo da justiça, ou da demo-
cratização. marrocos conheceu
avanços muito importantes.
Que tipo de acordos e parce-
rias tem o Reino de Marrocos?
temos acordos com muitos paí-
ses: acordo de livre intercâmbio
com a Ue, com os eUa, com a
turquia, com países árabes e da
américa latina, entre outros. te-
mos mais de 55 acordos de inter-
câmbio, daí sermos também uma
plataforma para portugal por-
que marrocos tem também uma
política muito solidária em áfrica
e partilhamos avanços importan-
tes nos domínios da agricultura
e electrificação. por exemplo,
em 1993 tínhamos 19 por cento
de electrificação e agora temos
93 por cento em todo o território
marroquino. repartimos todos
estes avanços com os nossos
irmãos países africanos. a nível
da formação e educação, mar-
rocos é uma autêntica estância
aberta a todos os níveis. Quanto
às infra-estruturas, em 1910, tí-
nhamos 40 quilómetros de cons-
trução de auto-estradas por ano,
actualmente estamos a fazer 160
quilómetros por ano. a nível por-
tuário, em tânger, dispomos dos
maiores portos do mediterrâneo.
está ligado a mais de 71 portos
internacionais e nele trabalham
mais de 25 companhias. toda
esta obra de desenvolvimento
económico, de reformas aos
níveis da fronteira, da bolsa, da
banca e da legislação são para
favorecer a promoção da nossa
indústria e da nossa economia,
não só para encorajar as empre-
sas a investir como também para
facilitar o investimento estrangei-
ro.
No que diz respeito às impor-
tações e exportações entre os
dois países, como se encontra
a situação?
É mais ou menos deficitária para
marrocos. importamos mais de
portugal. o que é interessante
para marrocos é que mesmo sem
petróleo e sem gás (todos os
países vizinhos o têm) consegui-
mos manter um desenvolvimento
sustentável. apesar da crise,
marrocos foi preservado. no ano
passado tivemos cinco por cento
de crescimento com todas essas
obras.
Sua majestade o rei não es-
quece o Ser humano: em 2008,
lançou a iniciativa nacional para
o Desenvolvimento humano
que foi lançada justamente para
combater a pobreza e diminuir
as disparidades entre as regiões
mais pobres de marrocos e os
bairros mais pobres das grandes
cidades. Desde 2005 até hoje,
mais de 19 mil projectos foram
lançados, onde o Ser humano
está no centro de decisão.
As reuniãos de alto nível entre
Portugal e Marrocos traduzem
a intensidade e a qualidade das
relações bilaterais. Fale-nos
dessa intensidade de relações
diplomáticas.
voltando à última reunião de alto-
nível luso-marroquina realizada
em Junho de 2010 em marraque-
xe, o ex-primeiro ministro José
Sócrates qualificou a visita como
muito positiva e importante. veio ➤
Karima Benyaich
15fevereiro 2012 - Diplomática •
embaixadora de marrocos Karima benyaich
16 • Diplomática - fevereiro 2012
➤ reconfirmar a importância das
nossas relações. a visita foi à re-
gião do magreb, prioritária para a
política externa portuguesa, mas
marrocos tem com portugal rela-
ções ancestrais. temos um trata-
do de amizade e cooperação de
boa vizinhança desde 1994, que
instituiu reuniões ao mais alto
nível alternadamente nos dois
países. Nós desejamos partilhar
conhecimento e experiências por-
tuguesas em diferentes domínios.
entre os domínios que nos inte-
ressam particularmente estão as
energias renováveis. marrocos
lançou um plano solar de ener-
gias renováveis, em que portu-
gal tem uma grande experiência,
e desejamos trabalhar juntos.
há inúmeras oportunidades para
trabalharmos juntos, seja nesse
domínio seja noutros, como por
exemplo: na construção. Grandes
empresas portuguesas trabalham
hoje em marrocos. construímos
100 mil habitações por ano. uma
política de Sua majestade para
que cada cidadão marroquino
possa ter a sua dignidade, conse-
guindo uma habitação própria em
condições. a nível do turismo,
portugal é prioritário. há um ano
e meio tínhamos dois a três voos
por semana, hoje temos três voos
por dia casablanca - lisboa.
vamos dar mais visibilidade às
nossas relações pelo turismo e
cultura. a nossa sociedade civil
deve conhecerse melhor não só
através da cultura como também
da economia. Hoje, mais de 150
empresas portuguesas trabalham
em marrocos.
E empresas marroquinas em
Portugal?
os empresários marroquinos
estão a começar. há vários en-
contros de empresários e cimei-
ras tanto em portugal como em
marrocos.
Como funcionam as relações
entre Marrocos e a união Euro-
peia? Fale-me da Cimeira União
Europeia – Marrocos (Março em
granada).
foi a primeira com um país do
Sul. isso demonstra a importân-
cia de marrocos como plataforma
para a europa. Se conseguimos
este avanço foi porque o mere-
cíamos. Haverá razões para a
cimeira União europeia – marro-
cos.
O secretário-geral do ministé-
rio dos Negócios Estrangeiros
e Cooperação do Reino de Mar-
rocos classificou que a Cimeira
teve uma “dinâmica ascenden-
te”.
isso quer dizer que as empresas
europeias (portuguesas, espa-
nholas, ou dinamarquesas, ou
seja, as empresas da Ue) po-
derão vir a marrocos onde irão
encontrar praticamente o mesmo
sistema, as mesmas normas que
têm na europa. Não estarão em
perigo. há um potencial muito
grande e muitas oportunidades
para as empresas europeias.
E o relacionamento de Marro-
cos com o continente America-
no?
estamos muito bem. Somos uma
zona de livre intercâmbio com os
estados Unidos da américa que
demonstra a abertura da econo-
mia marroquina com o resto do
mundo.
Marrocos é o único país do
continente africano que não faz
parte da União Africana. Por-
quê? Pelo conflito com o Saha-
ra Ocidental (dura há 35 anos)?
fala-me do Sahara marroquino.
temos excelentes relações com
a maioria dos países africanos.
a royal air maroc tem a partir de
casablanca 20 voos para áfrica.
retirámo-nos porque foi reco-
nhecida na U.a. a república de
Saraui que deveria fazer parte
do reino de marrocos. vou dar-
vos um apontamento do que se
passou: marrocos esteve sobre
protectorado em três fases da
colonização. em 1944, espanha
ocupou a região Sul de marrocos,
a região do Sahara. em 1912,
o centro tornou-se protectora-
do dos franceses e a espanha
tomou o norte, tânger, a cidade
internacional. a nossa indepen-
dência fez-se progressivamente.
em 1955 declarou-se a inde-
pendência do centro. em 1958
recuperámos a região do norte e,
mais tarde, quando recuperamos
a região Sul, foi criado um mo-
vimento de separatistas que foi
para tinduf.
actualmente, este problema está
ao nível das Nações Unidas.
Gostaríamos de uma solução jus-
ta e durável nesta região. pensa-
mos que no quadro da soberania
europeia, a melhor solução seria
oferecer a autonomia às regiões
do Sul. em Janeiro deste ano,
Sua majestade
insistiu na regionalização.
Senhora Embaixadora, da nos-
sa parte é tudo. Quer acrescen-
tar mais alguma coisa?
marrocos é um país tolerante e
aberto ao diálogo. entre o nosso
país e portugal existem muitas
sinergias e podemos desenvolver
ainda mais as nossas relações
ao nível do mediterrâneo e do
atlântico. há imensos desafios
que nos esperam e devemos
trabalhar neles conjuntamente.
o reino de marrocos tem uma
grande diversidade cultural. um
país muito bonito, convidamos
os portugueses a visitar-nos. e,
claro, os marroquinos devem
também visitar este belo país que
é portugal, com pessoas fantás-
ticas. pelo que temos em comum
devemos conhecer-nos melhor. ■
Karima Benyaich
BDDP&FILS
ONM113/2
Date /11/11
DC
Responsable Prod Print
Commercial
Directeur artistique
Concepteur rédac.
Client
PPR 230 x 320 mm
travel for realwww.visitmorocco.com
MARROCOSO Pais que viaja em si
18 • Diplomática - fevereiro 2012
No início de Novembro (9), o presidente cavaco Silva teve ocasião de presidir ao debate con-
selho de Segurança das nações unidas, em nova iorque, intervindo sob o pano de fundo de
veemente defesa da língua portuguesa.
o debate aberto que ali ocorreu durante o mês de Novembro – o primeiro da presidência por-
tuguesa naquele órgão da onu -, revestiu-se de particular importância, dando um sinal claro
nesse sentido da diplomacia nacional pela presença do chefe de estado.
enfatizando que o conselho de Segurança tem, actualmente, a presença de dois países de
língua portuguesa (brasil e portugal), cavaco considerou ser esse um “sinal expressivo do seu
compromisso inequívoco com a promoção dos valores da paz, da segurança e do respeito pe-
los direitos inalienáveis de todos os seres humanos”, porquanto a língua portuguesa é “um dos
idiomas em maior expansão no mundo, sendo a terceira língua europeia, em número global de
falantes, e a sexta a nível mundial”. aliás, o presidente vem, desde há anos, defendendo que o
português deveria ser acolhido nas Nações Unidas como língua oficial.
Intervenções sob critérios “humanitários”em matéria de intervenções nos conflitos bélicos que assolam várias regiões do globo, cavaco ➤
Cavaco em defesa da língua portuguesa
O português e os direitos humanos foram o pano de fundo da intervenção do Presidente no
Conselho de Segurança das Nações Unidas. Na deslocação aos EUA, Aníbal Cavaco Silva
foi, ainda, recebido por Obama
Viagens De estaDo
19fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ Silva defendeu que estas devem estar condicionadas ao primado dos critérios humanitários,
deixando claro que “portugal condena da forma mais veemente possível todos os ataques que
tiveram e têm os civis como alvo”, numa referência às situações vivenciadas na líbia, afeganis-
tão, iraque e Síria, entre outras, porque segundo ele “vítimas não são somente aqueles que são
parte no conflito, que são mortos, mutilados ou feridos por integrarem um exército regular ou um
grupo de combatentes, são de facto os civis que continuam a sofrer, em larga escala, os efeitos
directos das guerras”, rematando ser necessário aprofundar a responsabilidade por violações
dos Direitos humanos”, prevenindo situações futuras e agilizando os procedimentos do tribunal
penal internacional (tpi).
o debate organizado pela presidência portuguesa teve ainda a presença – e contou com inter-
venções – de ban Ki-moon, o secretário-geral da oNU; de Navanethen pillay, alta comissária
das Nações Unidas para os Direitos Humanos; bem como de philip Spoerri, do comité interna-
cional da cruz vermelha.
Na sua deslocação aos estados Unidos da américa (eUa), cavaco Silva teve ainda ocasião
de se encontrar com o presidente barak obama, a quem garantiu que portugal irá cumprir as
orientações da troika e saldar os seus compromissos financeiros. ■
20 • Diplomática - fevereiro 2012
Foi na cidade de assunção, no paraguai, que se realizou
a XXi cimeira anual ibero-americana. portugal esteve
representado pelo presidente cavaco Silva, pelo primeiro-
ministro passos coelho e ainda pelo ministro dos negó-
cios estrangeiros paulo portas.
embora a ausência do brasil, da venezuela e da argen-
tina tenha sido notada, esta cimeira manteve-se como
um evento de grande importância para os países latino-
americanos.
constituindo-se como a maior economia da américa la-
tina representada na cimeira, com taxas de crescimento
bastante elevadas, o presidente português destacou o mé-
xico como o quarto país economicamente mais significati-
vo para portugal fora da União europeia, logo precedido ➤
XXI Cimeira Iberoamericana
Viagens De estaDo
21fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ pelo brasil, pelos estados Unidos da américa e angola.
embora o tema central da reunião fosse a “transformação
social e desenvolvimento”, a crise global tornou-se a pro-
tagonista fulcral da cimeira.
numa altura em que a maioria dos presidentes necessita
repensar estratégias e salvaguardar o património nacio-
nal, a cimeira foi dominada pelo actual panorama econó-
mico global, ao qual todos os países necessitam de se
adaptar.
a cimeira ibero-americana manteve assim a ligação
visível que tem vindo a construir ao longo dos anos, desig-
nando a espanha como o país organizador da próxima
cimeira que se realizará, no próximo ano, na cidade de
cádiz. ■
22 • Diplomática - fevereiro 2012
Foi francamente importante a intervenção
proferida por passos coelho antes de por-
tugal ter a presidencia do conselho de Se-
guraça da onu, até por ter sido a primeira,
que reuniu recentemente em nova iorque.
o primeiro-ministro português aproveitou,
nomeadamente, parfa anunciar a iniciati-
va da presidência portuguesa do cS, de
promover, ainda em novembro, uma “visão
integrada” das ameaças à paz, que asso-
lam o nosso mundo, integrando factores
como o clima, a energia e a água.
usando sempre a lingua portuguesa,
passos coelho interveio, activamente, no
debate aberto do conselho de Segurança,
cujo tema versou, desta vez, a “manuten-
ção da paz e segurança – prevenção de
conflitos”. tema, de resto, escolhido, pela
presidência do líbano e que contou com
a presença de ban Ki-moon, o secretário-
geral da onu.
na sua intervenção, centrada nas novas
ameaças que se põe à paz internacional,
o primeiro-ministro português defendeu
que “também hoje, a segurança tem a
ver com o desenvolvimento sustentável,
o clima, a energia, as epidemias, o aces-
so a alimentos, água e matérias primas”,
sendo por isso intenção do nosso governo
a implementação de uma visão integrada
que cubra todos os desafios que o século
XXi enfrenta.
nesta primeira intervenção de passos
coelho na onu, de que portugal faz parte
até finais de 2012, o primeiro-ministro
esteve acompanhado pelo mNe, paulo
portas,e pelo embaixador de portugal na
onu, moraes cabral. aproveitou tam-
bém a ocasião para levar até este palco
da diplomacia internacional o relato dos
esforços levados a cabo pela comunidade
dos países de língua portuguesa (cplp)
no apoio aos seus membros “que estão em
situação mais fragilizada”, tudo isto no âm-
bito de uma lógica preventiva e consistente
de evitar conflitos. ■ ➤
Viagens De estaDo
Passos Coelho No Conselho de Segurança da ONU
Nesta sua intervenção neste importante fórum da diplomacia e política internacional, o primei-
ro-ministro português afirmou a intenção de Portugal “promover” uma visão
integrada que espelhe os vários desafios que enfrentamos no século XXI”.
23fevereiro 2012 - Diplomática •
Encontro com William Hague e palestra na London School of Economics
Paulo portas, ministro dos Negócios estrangeiros,
não tem perdido tempo para conseguir o seu objec-
tivo principal, que é o de promover os traços de uma
diplomacia de influência. Neste contexto inseriu-se o
encontro que manteve com o seu homólogo britâni-
co William hague, com quem passou em revista os
principais temas da agenda internacional e a quem
teve a oportunidade de explicar a determinação do
Governo de lisboa em cumprir com os acompromis-
sos assumidos com a troika, sobretudo no que diz
respeito às condicionantes para a ajuda financeira,
tendo dando destaque aos elogios que, a esse pro-
pósito, o nosso país tem vindo a receber da comuni-
dade internacional.
o ministro paulo portas aproveitou o facto de estar
em londres para proferir uma palestra na prestigia-
da london School of economics, onde sublinhou as
“razões pelas quais o caso português não pode se
confundido com outros estados”, numa óbvia alusão
ao caso da Grécia. nesse mesmo dia, paulo portu-
gues reuniu-se, ao jantar, com mais de uma centena
de empresários portugueses e britânicos.
De londres para Washington foi um passo que
paulo portas tinha marcado em agenda e onde teve
oportunidade de se encontrar com a secretária de
estado norte-americana Hillary clinton, cujas decla-
rações em relação a portugal foram extremamente
simpáticas, ao realçar que “portugal está no bom
caminho para resolver a crise da dívida”, aludindo
assim à medidas já tomadas pelo Governo presidido
por passos coelho. o encontro entre os responsá-
veis pelas diplomacias americana e portuguesa tive-
rem lugar no Departamento de estado, onde aborda-
ram também diversos temas, como por exemplo, o
processo de transição na líbia e a situação (sempre)
conturbado no médio oriente.
mas paulo portas não se limitou a este importante
encontro, pois ainda arranjou tempo para se avistar
com outros membros da administração americana,
congressistas e senadores, com quem quem fez
questão de partilhar o esforço que portugal está a
levar a cabo para ultrapassar os efeitos saldados
pela crise internacional, ao mesmo tempo que reali-
za um esforço tremendo para honrar os compromis-
sos assumidos com a troika. ■ ➤
Viagens De estaDo
Diplomacia portuguesa em alta
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, tem vindo a promover os traços de uma
diplomacia de influência, procurando intervir em vários cenários e desdobrando-se em via-
gens de Estado, para importantes encontros com os seus homólogos dos vários continentes.
24 • Diplomática - fevereiro 2012
Em meados do passado mês de
novembro, antecedendo a queda
definitiva de muammar Khadafi – e a
sua morte trágica – na líbia, paulo
portas efectuou um périplo por três
países do magreb, nomeadamente,
argélia, marrocos e tunísia.
rabat foi a primeira capital visitada,
num país em que a contestação po-
pular tem contornos completamente
diferentes daquela que apressou a
queda dos regimes de tunis e de
tripoli. o rei, mohammed vi, desde
que assumiu o trono, tem empreen-
dido um conjunto de reformas demo-
cráticas que reduziram a oposição
ao regime e têm vindo, cada vez
mais, a colocar o país na senda dos
estados de Direito democrático.
os encontros de portas com o
primeiro-ministro abbas el fassi, o
presidente da câmara de represen-
tantes, abdelwahed radi, o presi-
dente da câmara de conselheiros,
mohamed cheikh biadillah, e o seu
homólogo taieb fassi fihri, serviu
para consolidar velhas relações de
amizade entre os dois países e de-
bater a complicada situação política
no magreb.
Na tunísia, o ministro dos Negócios
estrangeiros teve ocasião de “tomar
o pulso” aos novos rumos seguidos
desde a abertura democrática e
constatar que, apesar de algum des-
contentamento popular pela timidez
de algumas reformas, o novo regime
consolida o seu prestígio junto da
população, fazendo antever-se a
consolidação dos fundamentos de ➤
Viagens De estaDo
Paulo Portas visitou Magreb com a Líbia como pano de fundo
A viagem do MNE português, que antecedeu a queda de Khadafi na Líbia,
centrou-se na diplomacia de negócios e na consolidação da influência
geoestratégica de Portugal na região
"mudam-se oa
tempos, mudam-se
as vontades..."
25fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ uma sociedade democrática.
na argélia, onde o crescendo de opo-
sição ao regime assume sinais preocu-
pantes para a estabilidade da região,
portas cumpriu a agenda não se reten-
do em grandes declarações públicas,
parecendo antever os ventos de mu-
dança que, como um vulcão, parecem
incendiar a antiga colónia francesa.
Nos três destinos, naturalmente, por-
tas não deixou de ter em cima da mesa
a diplomacia económica que elegeu
como uma das componente essenciais
da sua acção enquanto responsável da
pasta dos Negócios estrangeiros, abrin-
do espaço às empresas portuguesas,
perscrutando oportunidades de negócio
e afirmando a influência geoestratégica
de portugal na região.
A queda de um mitoDurante anos símbolo dos movimentos
de libertação do continente africano
e dirigente de um país com níveis de
desenvolvimento notáveis, Khadafi
parece não ter entendido que os ventos
da História já não são compatíveis com
regimes paternalistas e autocráticos,
e essa foi a sua sentença de morte.
Soubesse o coronel ter empreendido as
reformas exigidas na rua e retirar-se a
tempo, seria talvez hoje uma referên-
cia da unidade líbia e uma reserva do
orgulho nacional.
a sua queda e a afirmação do novo
poder de tripoli levanta, no entanto,
algumas preocupações. À liberdade
conquistada, o novo regime terá de
juntar os elevados padrões de vida a
que Khadafi habituou os líbios durante
décadas. por exemplo, um relatório das
Nações Unidas, datado de 2007, cons-
tatava que o país registava o maior
Índice de Desenvolvimento humano
de áfrica; o ensino era gratuito até à
universidade; 10 por cento da popu-
lação universitária estudantil cursava
na europa e nos eUa, com tudo pago
pelo estado; aos casais, logo no início
do matrimónio, eram entregues a fun-
do perdido 50 mil dólares para adquirir
bens; o sistema de saúde era gratuito e
beneficiando de equipamentos da mais
avançada tecnologia; e os empréstimos
concedidos pela banca estatal eram a
juro zero, entre outras regalias à dispo-
sição da população.
a liberdade, naturalmente, não tem pre-
ço, mas o novo regime, para se conso-
lidar, terá de manter a fasquia alta que
Khadafi colocava ao serviço dos líbios
para calar vozes mais críticas e ousa-
dias comprometedoras… ■
Nos três destinos, naturalmente,
Portas não deixou de ter em cima
da mesa a diplomacia económica
que elegeu como uma das com-
ponente essenciais da sua acção
enquanto responsável da pasta dos
Negócios Estrangeiros, abrindo
espaço às empresas portuguesas,
perscrutando oportunidades de ne-
gócio e afirmando a influência geo-
estratégica de Portugal na região
26 • Diplomática - fevereiro 2012
Jean-Claude JunckerPrimeiro-Ministro do Luxemburgo e Presidente do Eurogrupo
Como convidado do ciclo Grandes conferências 2011, Jean-claude
Juncker esteve em portugal. no âmbito da visita oficial, o primeiro-
ministro do luxemburgo encontrou-se com o seu homólogo português,
pedro passos coelho, e ainda com o ministro das finanças, vítor Gas-
par. em debate, para além das relações bilaterais, esteve a actualidade
política europeia, com destaque para a questão da liderança económica
da zona euro. com vítor Gaspar, o encontro esteve especialmente
focado na crise da dívida pública na zona euro e a situação financeira e
do budget de portugal.
Jean-claude Juncker encontrou-se também com os ex-presidentes da
república, mário Soares e Jorge Sampaio, a ainda com a presidente da
assembleia da república, assunção esteves. ➤
eConoMia & Finanças
27fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ Na conferência, Juncker enfatizou a sua convicção no futuro risonho
do euro, contrariando o cepticismo geral sobre o destino da moeda úni-
ca. para os cépticos e os arrependidos das virtualidades da moeda da
união, o primeiro-ministro luxemburguês foi muito claro: “É verdade que,
ao contrário de uma concepção ecuménica, que atravessa o continente
europeu, é verdade que o euro não está em crise. coro de raiva todas
as vezes que ouço que o euro está em crise”, para logo a seguir con-
cluir que “enfrentamos uma crise de dívida pública em alguns estados-
membros da zona euro, um em particular que todos vós conheceis
bem… mas o euro, a moeda única não está em crise. o valor externo
do euro não está ameaçado, apesar do facto de estar, neste momento,
a ser corrigido em baixa, a um nível de 1,36 relativamente ao dólar”. ■
28 • Diplomática - fevereiro 2012
Prof. Costa Pinto, presidente da caixa central de crédito agrícola mútuo:
“Proximidade com as comunidades locais é uma das razões de sucesso da instituição”
O Crédito Agrícola (CA), a instituição que o Prof. Costa Pinto lidera, comemora os
cem anos de existência, motivos que justificam esta entrevista sobre a vida de uma
instituição que assume particular relevância nas comunidades locais do interior do
país e que se assume como um dos mais pujantes grupos financeiros nacionais. ➤
gestores internaCionais
29fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ Há quem diga que o Crédito
Agrícola é um banco regional.
Qual o segredo da sua longevi-
dade, numa altura em que co-
memora este ano cem anos de
existência?
São 85 bancos regionais organi-
zados num único grupo financeiro
nacional. É a única instituição
financeira, em linha com outros
bancos que surgiram na europa
na mesma altura, que, em vez de
ter saído de uma decisão central,
foi criada mercê das decisões de
comunidades locais. estas orga-
nizaram-se em pequenos bancos
locais, denominados cooperativas
de crédito, criando uma realidade
nacional. tem uma origem mui-
to particular que faz com que o
crédito agrícola assuma as carac-
terísticas de ser uma organização
cooperativa - das poucas com su-
cesso em portugal… – de carácter
privado.
Quem são os titulares do capi-
tal?
São meio milhão de associados
que têm participações no capital
das várias caixas, as quais, por
sua vez, controlam esta organiza-
ção central em termos de capital.
praticam aquilo que é conhecido
em toda a europa como banca de
proximidade. portanto, vivem mui-
to do relacionamento com os seus
clientes, os seus associados, têm
conhecimento das suas necessi-
dades, do tipo de apoio e serviços
que necessitam. portanto, essa
proximidade com os seus poten-
ciais clientes é uma das razões de
sucesso do ca.
Até se diz que tem tido um papel
fulcral para impedir a desertifi-
cação do país, principalmente
dos meios rurais do interior?
É verdade. um dos contributos do
ca que eu considero mais assina-
láveis é esse combate à desertifi-
cação de várias zonas do país que
estão longe dos grandes centros
urbanos.
A construção de novas vias
rápidas alterou um pouco esse
panorama…
alterou-se um pouco a facilidade
de acessibilidade a zonas impor-
tantes. mas o ca, não só tem uma
representação muito grande ao
longo da faixa costeira (o que é
normal face à importância dessa
zona no contexto da actividade
económica geral), mas também
tem uma representação bastante
densa no resto do país, mesmo
nas zonas menos urbanas e mais
rurais. Se analisarmos o que as
restantes instituições financeiras e
grupos financeiros fazem, ou seja,
normalmente captam as poupan-
ças geradas no interior canalizan-
do-as para as faixas costeiras ou
os grandes centros urbanos, as
caixas, como têm a sua área de
acção nas comunidades onde ope-
ram, é para elas que destinam as
poupanças que lá são geradas. ou
seja, o ca dá um contributo ímpar
ao desenvolvimento económico e
social do país.
Neste contexto de crise, qual
será o papel do CA?
É um papel muito importante. por
um lado, o ca não se debate com
muitos dos problemas que afectam
a restante banca. tem liquidez,
apresenta uma situação de grande
equilíbrio – posso dizer-lhe que no
primeiro semestre deste ano os
resultados atingiram os 30 milhões
de euros de lucros, o que corres-
pondem a uma subida de mais de
50 por cento dos números alcan-
çados no período homólogo do
ano passado. portanto, é a única
instituição bancária cujos resul-
tados estão a crescer, reflectindo
essa realidade muito especial de
que há pouco falei. ao contrário
dos outros bancos, estes lucros
ficam nas próprias instituições
locais, vão fortalecer a sua situa-
ção patrimonial e vão dar margem
acrescida para continuar a apoiar
o desenvolvimento económico e
social nas diversas localidades.
Sendo organizações cooperati-
vas, o lucro não é o seu objectivo
primordial. o ca integra-se na
chamada economia social dada a
sua base de cooperativas.
Um pouco à imagem do que
aconteceu na Europa nos anos
noventa…
exactamente. Surgiram inicial-
mente para apoiar as zonas mais
rurais. por uma razão histórica: a
banca tradicional aparece funda-
mentalmente nos centros urbanos
para apoiar as classes médias
ligadas às actividades comerciais
e industriais, em particular, o de-
senvolvimento industrial nascente
e menos para apoiar as zonas
rurais e as actividades agrícolas.
por isso, nos diferentes países a
resposta destes últimos sectores
foi fazer surgir estes movimentos
cooperativos, destinados ao apoio
ao desenvolvimento económico e
social, das zonas rurais.
Uma situação que se alterou na
actualidade?
Hoje o crédito agrícola desen-
volve a sua actividade em todos
os sectores de actividade, não se
confina ao sector primário: abran-
ge pequenos e médios comercian-
tes e actividades industriais, em
particular os pequenos e mé-
dios negócios. mas hoje em dia,
através da caixa central, opera
também com os grandes grupos
económicos. ou seja, tem uma
actividade transversal ao próprio
tecido económico e social sem no
entanto perder a sua génese.
O logótipo do CA é uma árvore
estilizada cujas raízes apontam
para o céu. Qual poderá ser o
futuro da instituição? Há novas
áreas de intervenção? ➤
30 • Diplomática - fevereiro 2012
Perfil
O prof. João costa pinto, 65 anos de idade, é licenciado em economia pela
faculdade de economia do porto, professor convidado do iSeG, iScte e
Universidade católica. foi vice-governador do banco de portugal e consultor
da administração, presidente do ca do banco Nacional Ultramarino, do bci e é
actualmente membro do ca da associação empresarial de portugal e membro
da Direcção da cip (confederação empresarial de portugal). foi membro do
comité monetário da comunidade europeia em bruxelas e integrou o comité de
alternates do comité de Governadores dos bancos centrais europeus.
condecorado pelo presidente da república com a medalha de Grande oficial da
ordem do infante, na sequência das funções que exerceu como Secretário de
estado adjunto para a economia e finanças do Governo de macau. ■
“O CA integra-se na chamada economia social dada a
sua base de cooperativas”
Costa Pinto
31fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ Essa questão do logótipo é inte-
ressante. Se formos ver a sua evo-
lução desde as origens do ca, vai
reflectindo a imagem das novas
etapas e desafios com que a ins-
tituição se tem confrontado, sem
perder a sua ligação às origens.
essa árvore estilizada aponta para
a modernização, para a respos-
ta às necessidades das novas
gerações. Se não fosse assim, o
crédito agrícola arriscava-se a
perder o seu nicho de mercado, a
sua ligação à sociedade. o grande
desafio da instituição nos dias de
hoje é o mesmo de há trinta anos
atrás: modernizar-se, reorganizar-
se, adaptar-se às novas gerações
e aos seus anseios, sem perder
essa ligação às comunidades onde
teve a sua origem. Dou-lhe um
exemplo: o ca está agora a apos-
tar nas novas tecnologias. como
é que podemos implementar essa
estratégia sem pôr em causa a tal
banca de proximidade que é uma
das suas marcas de origem? Não
é fácil e essa questão tem motiva-
do várias discussões internas, pois
o que deve prevalecer deve ser
essa característica ímpar que nos
deve diferenciar dos outros bancos
– banca de proximidade.
A internacionalização, ou seja, a
procura de mercados externos,
não se enquadra nos futuros
objectivos da instituição?
o ca tem sido até aqui uma
organização doméstica. É um
dos principais grupos financeiros
portugueses e, de facto, começa
a olhar para o exterior. Desenvol-
vemos alguns contactos nesse
sentido, privilegiando os países
de expressão portuguesa. temos
uma representação em cabo ver-
de, uma participação no capital de
um grupo espanhol, e começamos
a olhar para o brasil. olhamos
para outros mercados do exte-
rior, tendo sempre presente que a
actual crise financeira aconselha
prudência.
E no que respeita à presença
do banco junto das comunida-
des portuguesas espalhadas
pelo Mundo, particularmente na
Europa?
o crédito agrícola está presen-
te junto das mesmas. tem uma
equipa de representantes a traba-
lhar permanentemente junto das
comunidades portuguesas com
presença forte em países euro-
peus, como acontece na frança e
no luxemburgo. exactamente por-
que lhes atribuímos grande impor-
tância. os emigrantes sabem que
existem dependências da institui-
ção nas suas terras de origem em
portugal e o ca surge assim como
um veículo natural que utilizam
com regularidade para os seus
contactos.e se formos a olhar
para a evolução das remessas dos
emigrantes nos últimos anos, que
decresceram substancialmente na
última década, no ca elas mantêm
uma grande regularidade.
Precisamente, há que saber
aproveitar esse grande potencial
das comunidades portuguesas
espalhadas pelo Mundo…
concordo. essa Diáspora portu-
guesa nunca foi suficientemente
aproveitada. houve algumas tenta-
tivas ténues…
A diplomacia económica deve
ser intensificada?
É crucial. Num país como portu-
gal, que não tem veleidades em
ser uma potencia político – militar,
a diplomacia pode dar um contri-
buto inigualável no contacto entre
os empresários portugueses e os
interesses económicos dos países
onde prestam serviço. há nações
que têm tirado muito mais partido
dessa diplomacia económica do
que nós. cada vez mais, a procura
de oportunidades para um país
com a dimensão portuguesa é de
uma extraordinária importância.
Como vê a actual situação eco-
nómica do país? A crise vai pas-
sar daqui a poucos anos, como
prevê o actual primeiro ministro
Passos Coelho?
eu sou um optimista por natureza.
portugal já enfrentou outro tipo de
dificuldades muito grandes, que
sempre soube ultrapassar. a gran-
de questão deste momento é que
a resolução de uma parte substan-
cial das dificuldades que enfrenta-
mos não depende só de nós. há
muito tempo que o país vivia na
grande ilusão de que era possível
atingir níveis de bem estar pró-
ximos da média europeia. não
somos nós os únicos culpados,
induziram-nos a isso pelas pró-
prias condições em que a europa
e a zona euro foram criadas. va-
mos ter de corrigir hábitos, haverá
sacrifícios a fazer. por outro lado,
uma parte das dificuldades que
enfrentamos decorre de problemas
enfrentados pela europa como um
todo. Só podemos desejar que os
líderes dos principais países euro-
peus tenham a visão e a capacida-
de de encontrar saídas de forma a
preservar este grande projecto da
integração europeia.
Há quem defenda que devemos
sair do Euro…
a saída de portugal do euro teria
consequências tão graves que
nem se deve de facto colocar.
Devemos tentar resolver os nos-
sos problemas integrados neste
grande clube que é a união mone-
tária europeia. a europa tem de
encontrar soluções para a crise,
criando novas formas de organi-
zação institucional e até políticas,
agindo como um todo, em áreas
que têm de ser coordenadas,
como é o caso da área fiscal. Se
não o fizer, esse grande projecto
europeu pode correr o risco de se
desagregar. ■
32 • Diplomática - fevereiro 2012
EuropeWhere do we go from here?
Europe appears today as a wounded continent,
reeling under excessive debt, burdened by
stagnant economies on the brink of recession,
suffering from high unemployment expected to
go only higher, risking a possible break-up of the
eurozone, becoming increasingly trivial in the
world, its leaders seemingly unable to put forth a
credible plan to get us out of this mess.
is europe going to be able to survive? Do we
have any grounds for optimism?
let us briefly review recent history: to end
forever the possibility of another devastating
european war, the remarkable generation of
founding leaders: monnet, Schuman, de Gasperi,
Spaak, adenauer, put forward the concept of a
european Union. but of course it was impossible
to expect french, Germans, italians, and others,
to suddenly accept a shift of allegiance from their
individual nations States to that of a politically
unified europe.
So while planting the ideal of political union,
they moved forward with smaller - although
still very bold - concrete steps, first with the
integration of the coal and steel industries, both
critical to any war effort, evolving to a common
market of goods and people, and then to the
creation of a common currency. in parallel,
an institutional and bureaucratic framework
was created: the european commission, the
european parliament, the court of Justice and
the european central bank.
i have always suspected that the original
founders knew very well that they had created
a contradiction, that it was impossible to arrive
at industrial, economic, financial and monetary
union without a large degree of political union,
and that they understood that such a truth
could not be openly admitted. they expected
and hoped that the process they had put into
play, and the idealistic underpinnings they had
given it, would bring about a gradual shift in
sovereignty from each independent nation to the
federation, the logical outcome of which would
one day be true political union.
to a large degree, their gamble worked. over
the past 60 years, europe has become more
integrated, with occasional, idealistically-driven
large leaps forward, but more typically, smaller
steps contributing to a growing integration and a
gradual shift in certain powers from each national
capital to the central bureaucracy. meantime, the
idealistic beacon of a United europe attracted ➤
patrick Siegler-lathrop is a french-american consultant living in
portugal, with a more than 30-year career as a Wall Street investment
banker, entrepreneur, industrialist and professor, having taught at
iNSeaD and paris University, Dauphine. He is a founding member of
the international NGo action contre la faim.
eConoMia & Finanças
(* the opinions expressed herein are those of the author, and do
not necessarily represent those of Diplomatica)
(* as opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor
e não representam necessariamente as da Diplomática.)
33fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ more and more countries, which if they met
certain criteria were not refused entry, to bring the
current membership to an unwieldy 27 countries.
but the process itself contained the seeds of
its own weakness - the unresolved conflict
between national interest and the interests of the
community. Such tension is natural in federal
structures, but in the case of europe, the official
message was that power remained totally with
independent national governments, while the
reality of building a union required transferring
power to the center.
in addition, the indirect approach to european
integration generated a bureaucratic, bottom-up
system, with the central bureaucracy, defenders
of a common objective, proposing new steps
forward, often entering into conflict with individual
governments, each seeking to defend its own
interests.
Such a process led to repeated crises, the
more so when additional countries joined, but
the idealistic drive was strong enough for the
politicians to overcome most crises, so europe
advanced when major political steps forward
were taken, while in parallel it moved gradually
towards integration through the bureaucracy.
but the people of europe were left out of the
process. i believe european leaders made a
huge marketing mistake, not to have much more
actively “sold” the benefits of the union to their
electorate, not to have sufficiently invested
in the political idea of europe. one need only
attend soccer matches between national teams
to note that decades of european Union have
done nothing to lessen fierce nationalism. most
europeans do not understand the contribution
european integration has made to their
wellbeing, they feel estranged from the european
bureaucracy, uninterested in the process,
attached to their national identity and less and
less willing to sacrifice national interests for the
common good.
the ideal of european Union appears to have
lost much of its luster, and as always in times of
hardship, such as we are currently experiencing,
ideals become even less relevant.
So where does this leave us with the euro? its
creation was one of the boldest political steps
in recent history, much more than a monetary
project, a huge step forward in the integration of
the economies of 16 eurozone countries, a clear
precursor to political integration. but at the time
of its creation, and we return to the fundamental
contradiction, certain basic elements of
economics were ignored.
as now appears clear with 20-20 hindsight, for a
monetary union to work, you must have a central
bank with the power to monitor the banking
system and to provide liquidity when required, and
- in a region with such disparate economies as
the eurozone - internal adjustment mechanisms
to compensate for radically different economic
performance from one region to the other.
putting into place such mechanisms at the
creation of the euro in 1999 would have
represented an unacceptable transfer of
sovereignty to a central authority, and it was
inconsistent with the grand bargain entered into
with Germany. to overcome German reluctance
to abandoning the rock-solid Deutschemark,
Germany insisted that the european central
bank (“ecb”) be exactly mirrored after the
bundesbank, operating independently of any
political influence, with an overriding objective to
control inflation - reflecting Germany’s excessive
fear of inflation borne of its experience between
the two World Wars - without providing for
unifying mechanisms to provide liquidity and
adjustment procedures.
Up until recently, the euro has been a
resounding success, perceived by markets as
virtually as solid as the Deutschemark, with all
eurozone countries able to borrow in euros at
attractive, low interest rates, and the currency
has grown in value relative to the dollar since
early 2002. Germany benefitted from the strong
euro, but many other countries of europe saw
their international competiveness decline.
the subprime crisis in 2008, bringing increased
vulnerability and volatility in financial markets,
revealed the weakness of certain european
countries, leading to the Greek crisis, a maelstrom
of market turbulence and contagious spreading
initially to portugal and ireland, and more recently ➤
34 • Diplomática - fevereiro 2012
➤ to italy, Spain and france, jeopardizing the very
existence of the euro and threatening the whole
extraordinary european experiment.
because of the German-inspired constraints
imposed since the creation of the euro and an
unwillingness to recognize the extent of the
problems, europe, and particularly the ecb,
has not had the tools - or has not been willing to
utilized them - to deal adequately with the crisis.
is the euro really worth saving? Some argue that
Greece and portugal would be better off with
their own currencies, they could then devalue,
providing a difficult but not impossible path to
regaining international competitiveness. others
defend the idea that Germany would also be
better off outside the euro, no longer having to
support the burden of weaker euro countries.
the situation, in early november, 2011, appears
dire: there is no mechanism for a country to leave
the euro, yet markets may make it impossible
for countries to finance themselves, leading
to the fear that the eurozone will break up in
chaos, with negative repercussions on the entire
international banking and financing system,
possibly triggering a worldwide depression.
What is clear is that markets will not accept
that the eurozone remain where it is: either it
must create a mechanism to permit countries to
leave the euro, at considerable risk of chaos,
or provide the support to allow all eurozone
members to go forward together, requiring huge
sacrifices by all parties. the choice is between
two unattractive alternatives.
i am convinced that in the current mess, we
should go forward, to save the euro. Why? to
stave off likely chaotic consequences to the
world economy would be reason enough, but an
even more important reasons is to avoid, with the
break-up of the eurozone, a huge step backward
in the process of european integration, which
could lead to unwinding much of what has been
accomplished to date. this could jeopardize
europe’s prosperity, and possibly encourage
even more dangerous political consequences,
such as the rise in europe of nationalistic,
populist regimes, echoing the history of europe
between the two World Wars.
the decisions we face today clearly go beyond
the survival of the euro. at issue is the future
course of europe.
the tools are there to save the euro, and there
is general consensus among commentators that
what is needed is a combination of:
Debt relief for the small number of countries
which are not solvent, including Greece,
financing for countries which are clearly solvent
but temporarily unable to obtain market funding
at acceptable rates (italy, Spain, perhaps
france) or alternatively a funding mechanism
to purchase country debt to insure that interest
rates remain reasonable,
a common banking supervisory system, support
for, and higher capital levels, for banks, especially
those fragilized by sovereign debt holdings,
a credible path to adjust long-term imbalances,
meaning concrete steps to:
reduce or eliminate Government deficits,
improve international competitiveness for so-
called weaker economies, including reducing unit
labor costs,
provide a system, by the creation of a regulatory
authority, to impose fiscal solidarity and
discipline.
this will require sacrifices from everyone, not just
the so-called weaker countries, as adjustment is
not a one-way street: if portugal is to sell more
outside its borders, someone, no doubt including,
Germany has to buy more portuguese exports.
Governments have to spend less, providing lower
levels of social benefits. banks, which have
taken on too much risk, must share the pain.
the ecb must have a less tight monetary policy.
new investments must be made where they are
most needed. and everyone must accept deeper
financial integration, and a larger transfer of
sovereignty to europe, than originally envisioned.
recent success has made Germany more
confident, at the risk of feeling superior and
condemning higher deficit countries of europe.
exactly the opposite is required. the euro, and
the european experience, needs strong and wise
leadership at this time, particularly from Germany.
once the immediate crisis is passed, europe
needs leaders willing to embrace again the ideal
of a european community, to revitalize their
electorate away from narrow nationalism to the
larger europe, regaining its vigor and influence.
Do eurozone leaders and their Governments have
the ability and political will to make the sacrifices
necessary to save the euro, and to revitalize
europe?
i certainly hope so. ■
EuropeWhere do we go from here?
36 • Diplomática - fevereiro 2012
O Hotel altis belém & Spa de lisboa
foi o local escolhido pelo embaixador
da Suécia bengt lundborg para dar
a conhecer melhor a todos os seus
convidados algumas marcas que
tanto na Suécia quanto a nível inter-
nacional são líderes nas respectivas
áreas.
com a beleza do tejo como cenário,
e numa altura em que a Suécia volta
a estar sob as luzes da ribalta devido
à entrega dos prémios nobel, o
embaixador dirigiu-se aos presentes
anunciando que em maio do próximo
ano as equipas da volvo race team
cruzarão nos seus veleiros as águas
que banham a capital lisboeta. em
seguida falou um pouco das princi-
pais marcas suecas com implantação
e sucesso em portugal, a saber, a
volvo e o Grupo auto Sueco, a Sony
ericsson e a oriflame.
a auto Sueco, instalada há 70 anos
no nosso país é o maior cliente da ➤
Suéciapátria de marcas de excelência
1 2 3
4 5 6
7
1. embaixador da Suecia, bengt lundborg 2. embaixatriz de lituania, Janina rimkunniené e embaixador da estonia 3. lénia Godinho
lopes e hans Jurgen nissen 4. Sophia reutenberg, christina Gillies and maria da luz de bragança 5. Ulla elfenkaemper e Nadine Sch-
mit-Konsbruck 6. embaixadores do iraque e dos emiratos arabes Unidos 7. embaixadores dos paises baixos Hendrik e da Dinamarca
traDes
37fevereiro 2012 - Diplomática •
8. maria luz de bragança, Hans Jurgen Nissen, christina Gillies e benn lehse 9. embaixador da alemanha
com o embaixador bernhard Wrabetz 10. embaixador da moldávia com seu filho 11. embaixador da argen-
tina, Jorge farie com maria luz de bragança 12. ilona Stael thykier, christina Gillies e a embaixatriz Jane
lundborg
➤ marca volvo, sendo que é a partir de
portugal que muitos outros mercados
recepcionam os seus veículos volvo.
Já no âmbito das telecomunicações a
Sony ericcson, com uma história de
mais de 100 anos é incontornável, tal
como os cosméticos oriflame que são
distribuídos apenas no nosso país por
mais de 35 000 vendedoras.
por último, o realce recaiu sobre
um importante número: os 55 000
funcionários a que as companhias
suecas dão trabalho em portugal. Já
no tocante à gastronomia, o sucesso
de chefs e restaurantes nórdicos não
deixou também de ser mencionado
em particular face à referência das
medalhas no certame bocuse d’or
arrebatados, respectivamente, pela
Dinamarca, ouro, Suécia, prata e
noruega, bronze. o evento terminou
com os acepipes preparados pelo
chef magnus viksten e ao som da
jovem estrela sueca anna ihlis. ■
8 9
10 11 12
fotos: roman buzutt
38 • Diplomática - fevereiro 2012
New Era for EU and KoreaThe EU-Korea FTA in force as of 1 July 2011by Kang Dae-hyun, ambassador of the republic of Korea
In 1487, a portuguese expedition, led by bartolomeu Dias,
had sailed far south when a violent storm drove it well away
from the coast. When he sighted land again, he found it ran
east, not south - at last, a portuguese navigator had circled
the southern cape of the vast african continent. this way lay
the long-sought sea route to the indies (in Portugal - a Companion History
written by José Hermano Saraiva).
it has been 5 months since the eU’s free trade agreement (fta) with
the republic of Korea took effect on 1 July this year. this agreement is
the most comprehensive and ambitious trade deal the eU and Korea have
ever made, and it is praised as an agreement that will generate mutual
economic benefits and offer enormous business opportunities to both the
eU and Korea.
New Opportunities for growth and Development
the benefits of the eU-Korea fta come first from the elimination of tariffs, as
nearly all tariffs will be eliminated on both sides in 7 years and already more
than 90% of tariffs were immediately removed when the fta came into force
on July 1st this year.
above all, the eU-Korea fta is unique because it removes not only tariffs
but also non-tariff trade barriers such as standards or rules that have created
obstacles for companies on both sides to fully develop their business
opportunities in each others’ markets. according to a press release by the
Swedish trade council in april, a study indicated that Swedish exports
to Korea have the potential to increase by 60-80%. of course, european
consumers can have access to a bigger choice of cheaper goods and
services through this fta.
the european commission also released the 10 benefits for the eU through
this fta such as protection of intellectual property rights, strong competition
rules and so on. Now, it is indisputable that with this fta, the distance
between the two markets - eU and Korea - will be drastically shortened, and
thus contribute greatly to common prosperity.
It is time to see korea as an attractive and critical market in Asia
anyone in the eU might raise the question - can we get real results from a
fta with Korea, such a small country in the far east?
it is true that Korea is a small country in terms of territory. however, when it
comes to its status in the world economy, it is a different story. Korea is the
11th largest economy in the world, with an annual GDp of about uSD 1 trillion
in 2010. Korea’s dynamic economy recorded an average annual growth rate
of 3.5% between 2007 and 2010. in the whirl of the global recession, Korea
was one of the three members of the oecD that marked a positive growth in
2009. moreover, Korea’s GDp expanded to 0.2% in 2009 and 6.1% in 2010,
proving its resilient economy. ➤
traDes
39fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ Korea’s strategic location can be used as a springboard to larger markets in its
neighbourhood; there are 43 cities with a population of over 1 million people in
North-east asia, within a flying distance of 3 hours or less from Seoul. in addition,
Korea has its own market of 50 million consumers, acknowledged as one of the
best test markets in the world.
regarding trade volume, Korea is the eU’s 4th largest trading partner, and the eU is
Korea’s 2nd largest trading partner only after china, with a two-way trade volume that
reached almost USD 100 billion in 2008. but also, the eU is the number one foreign
investor in Korea with an accumulative stock valued at USD 59.7 billion in 2010. this
is why the eU invited Korea to be the first-ever asian country to conclude a fta. ➤
40 • Diplomática - fevereiro 2012
the eU-Korea fta is a new beginning for the future. Well begun is only half
done, and the first half was shaping, embodying and putting in place this
agreement. now, the remaining half to lead us to a new future should be
completed not only by the governments but also by the business circles of the
eU and Korea. in order to utilise this fta to its fullest extent, all of us should
carry out a continuous quest in search of ways to benefit even more from this
agreement.
almost 500 years ago, as a great portuguese navigator found the way to the
east in a violent storm, it is sincerely hoped that portugal and the other eU
member countries will make a breakthrough and emerge from recession by
taking advantage of the eU-Korea fta. and last but not least, the Korean
embassy in lisbon will always remain a true friend to the people who wish
to have a business opportunity with Korea and make the best use of the
embassy as a gateway to Korea. ■
➤ EU-korea FTA - a milestone on the way towards a better future
by lowering tariffs, harmonizing regulatory rules, and enhancing ipr
protection, the eU-Korea fta will create substantial export opportunities for
the manufacturers, service providers, investors and farmers of the eU.
considering that Korea’s average tariff level reached 12.2% in 2008, this
fta will relieve eU exporters of a substantial portion of the customs duties
paid annually, thereby strengthening their competitive positions in the Korean
market.
the eU-Korea fta also establishes firm principles on non-tariff measures in
sectors of eU’s interest, where international and european standards will be
recognized as equivalent to Korean domestic standards. as non-tariff measures
are not fully covered by the multilateral trade regime, having addressed them
in the eU-Korea fta is expected to bring significant value to eU business,
especially to eU’s Smes doing business with Korea.
New Era for EU and Korea
41fevereiro 2012 - Diplomática •
Pavel Petrovskiy - Embaixador da Federação da Rússia
Durante últimos anos na comunidade mundial de
especialistas prediziam um “desgelo árabe” como
“transformações democráticas doseadas” que se
impuseram nos países da áfrica do Norte com os
regimes autoritários. porém, ninguém podia predizer
uma “primavera árabe” tão tempestuosa no início
de 2011. a “primavera” chegou impetuosamente,
lembrando em algo cheias primaveris dos rios nos
países do norte quando, por causa de neve se der-
reter depressa, as correntes fortes de água saem do
leito do rio, varrendo tudo a caminho. como resulta-
do, tanto no oriente árabe, como no norte da áfrica
criou-se uma situação geopolítica absolutamente
nova. a olhos vistos começou a ser destruída a tese
antiga segundo a qual os árabes são politicamente
passivos e não têm capacidade para a democracia.
poucos especialistas podiam prever uma “cheia”
de grandes proporções que afectou toda a região e
antes de mais os estados com os regimes autoritá-
rios “de cimento armado” – tunísia, egipto e líbia.
os seus líderes, não tendo conseguido opor nada
às manifestações de rua, viram-se um após outro
levados pela onda da ira do povo. vou sublinhar um
facto paradoxal: menos sensíveis ao efeito de domi-
O que segue a “Primavera Árabe”?
nó nos países árabes foram os regimes monárqui-
cos (Jordânia, marrocos, arábia Saudita), embora o
“despertar primaveril” também se note lá.
a juventude árabe desempenha um papel activo nas
grandes manifestações de rua. isto não acontece
por acaso, pois durante muitos anos ela estava de
facto privada da expressão livre de vontade e do
acesso aos meios de comunicação social dissiden-
tes, afastada de processos políticos, em particular
não tinha uma possibilidade real de eleger os seus
dirigentes. a geração inteira de jovens em líbia,
egipto, iémen, tunísia não conheciam outro líder
além de muammar Kadhafi, hosni mubarak, ali
abdullah Saleh, zine el abidine ben ali. É mesmo
a este material humano “explosivo” que na altura
apontaram os especialistas, profetizando as mudan-
ças. nisto a análise da situação deles viu-se certa.
assim, a “primavera árabe” não é o resultado duma
“conspiração externa” ou de “intrigas de forças
clandestinas”, mas sim um despertar espontâneo da
sociedade que ficou cansada da estagnação política
e das ideias do carácter arcaico.
ultimamente a atenção principal da comunidade interna-
cional tem sido focada em dois países – líbia e Síria. ➤
espaço DiploMátiCo
42 • Diplomática - fevereiro 2012
➤ em relação à líbia a posição da rússia foi e per-
manece praticamente inalterada. apoiamos o princí-
pio de inadmissibilidade da violência e a necessida-
de de garantir a segurança da população civil neste
país e respeitar os direitos humanos. infelizmente,
como foi repetidamente salientado pelo ministro dos
Negócios estrangeiros da rússia Sergey lavrov,
o que está a acontecer neste país, não nos pode
satisfazer. a tarefa principal proclamada pelo con-
selho da Segurança da onu reside na protecção
da população civil, porem as pessoas continuam a
morrer, e os combates também continuam.
o conselho nacional de transição deve aprender
as lições positivas da história. Se desejarem, os
seus líderes poderiam seguir o exemplo da revo-
lução dos cravos de 1974 em portugal quando o
regime autoritário foi substituído e chegaram as
pessoas que tinham por objectivo a tarefa de recon-
ciliar e unir a sociedade portuguesa, e não dividi-la
em “democratas” e “retrógrados”, em “vencedores”
e “perdedores”. É importante os novos líderes da
líbia, que chegaram ao poder na crista da onda
democrática, não cederem à tentação de atribuir
à vingança pelas ofensas do passado a categoria
da política nacional a longo prazo. Neste contexto
acredito que as forças políticas e étnicas, as tribos
que representaram o ex-líderes da líbia não devem
ser submetidas ao ostracismo total. eles fazem par-
te do povo líbio e podem pretender ao direito de ser
uma parte do processo da reconciliação nacional.
nós colaboramos cada vez mais activamente com
as novas autoridades líbias. o nosso país estabele-
ceu e mantém as relações diplomáticas com a líbia
desde 4 de Setembro de 1955 e nunca as interrom-
peu independentemente daquilo que governo estava
no poder em trípoli. a federação da rússia reco-
nheceu o conselho nacional de transição como
o poder actual e deu o devido valor ao programa
anunciado de reformas. há pouco os representan-
tes do conselho nacional de transição visitaram
moscovo. no decorrer das conversações mantidas
com a parte líbia foi revelado o interesse em esta-
belecer a colaboração comercial mutuamente van-
tajosa, inclusive na área energética. e nós partimos
do princípio que os acordos assinados antes entre
a rússia e a líbia e outras obrigações recíprocas
das partes continuam a estar em vigor nas relações
entre os dois estados e serão cumpridos conscien-
ciosamente.
No que respeita a Síria, a situação em redor deste
país-chave da região está a aquecer e torna-se peri-
gosa. ainda em 22-23 de agosto do ano em curso
no decorrer da sessão especial do conselho da
onu para os direitos humanos a delegação russa
manifestou a sua preocupação séria em relação
a violação dos direitos humanos neste país – a
morte dos civis, militares e funcionários dos ór-
gãos policiais - apelando acelerar a implementação
das transformações politicas e económico-sociais
amadurecidas. ao mesmo tempo representantes
da rússia pronunciaram-se firmemente a favor da
solução da situação na Síria pelo próprios sírios na
base do dialogo nacional sem qualquer ingerência
externa. a delegação da rússia reafirmou a sua po-
sição principal - contra a utilização dos mecanismos
da defesa dos direitos humanos a fim de intervir nos
assuntos internos do país e alcançar os objectivos
políticos o que é incompatível com as normas do
direito internacional.
ao falar da Síria, todos, antes de mais, devem par-
tir dos interesses do povo sírio. É exatamente este
princípio que o presidente da rússia Dmitriy med-
vedev tem destacado nas entrevistas aos meios de
comunicação social russos e estrangeiros. os civis
não se devem tornar vítimas inocentes. a comuni-
dade internacional deve exigir de todas as partes do
conflito respeitar os direitos humanos e o direito ➤
O Conselho Nacional de Transição deve
aprender as lições positivas da história. Se
desejarem, os seus líderes poderiam se-
guir o exemplo da Revolução dos Cravos de
1974 em Portugal
Pavel Petrovskiy
43fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ humanitário internacional. a maior exigência a
todas as partes envolvidas é começar imediata-
mente o diálogo. induzimos activamente o pre-
sidente assad que seja mais atento e sensível
às expectativas da população. e apesar de não
ser tão célere como desejaríamos, assad está
a propor passos concretos virados à solução de
antigos problemas do país: introdução de multi-
partidarismo, liberdade de imprensa, preparação
de nova constituição e nova lei eleitoral. Se as
forças de oposição na Síria não concordarem com
o conteúdo de algumas reformas sugeridas pelo
presidente assad, devem discutir isto à mesa de
negociações em vez de rejeitar infundadamente
o teor e a agenda das transformações traçadas.
É pouco provável que a substituição do regime à
força possa levar aos avanços significativos na
área humanitária, económica ou social naquele
país. Não se deve excluir neste caso o aumento
de desilusão e insatisfação da população, o que
pode ser bem aproveitado por forças extremistas.
nas condições de desintegração das estruturas
tradicionais do poder, a chegada ao poder de fun-
damentalistas religiosos não é uma ameaça fútil,
sendo as suas consequências negativas óbvias a
todos.
De facto hoje a questão principal que preocupa a
todos, inclusive à rússia, é o que se seguirá a “pri-
mavera árabe”. infelizmente, não há uma resposta
simples. È possível prever apenas uma coisa – os
fundamentos democráticos do mundo árabe não
serão criados de noite para o dia. a democracia
deve amadurecer. como diz a sabedoria oriental:
mesmo juntando nove mulheres grávidas, a criança
não nascerá em um mês. obviamente o período de
transição do regime autoritário à democracia será
bastante longo e talvez complicado.
para garantir o sucesso no egipto, na líbia e nou-
tros países é preciso criar, além de mais, as leis
que funcionam, as instituições democráticas, os
partidos, a imprensa livre, bem como as eleições
livres de quaisquer constrangimentos. mas estes
são apenas os instrumentos de transformação e não
o objectivo final. a minha experiencia de trabalho
na áfrica sugere que há mais uma coisa importan-
te - mudar gradualmente a mentalidade do povo de
acordo com as imposições do tempo. pois, as boas
tradições e experiencias seculares acumuladas, as
particularidades do modo económico, crenças reli-
giosas e a identidade étnica e muitas outras coisas
começam a agir de modo frutífero só quando as
pessoas livremente das pressões externas pude-
rem fazer a sua opção – confiar ou não no sistema
politico, participar ou não nele, consentir nos seus
slogans ou rejeita-los.
podemos também prever que a vida de jovens
democracias árabes seria saturada de rivalidades
entre tribos, clãs e agrupamentos envolvidos na
luta pelo poder e pela influência sobre a sociedade.
Se não regular tais rivalidades, seriam inevitáveis
os conflitos agudos e confrontos internos. É neces-
sário acalmar agitação de paixões e interesses e
para este fim servem as eleições, o poder da lei e
também a sociedade civil com uma forte e efectiva
ligação recíproca entre o povo e os novos dirigen-
tes. Durante muito tempo tal ligação em egipto,
iémen, líbia e nos outros países estava obstruída
ou mesmo ausente.
resumindo acima referido quero sublinhar que
hoje em dia o mundo árabe encontra-se nas águas
turbulentas engendradas pela “primavera árabe”.
agora como disse duma maneira metafórica há
pouco tempo atras presidente Dmitriy medvedev,
apelando aos participantes das transformações
democráticas na áfrica de Norte: “vocês acabaram
de entrar no rio encapelado. não percam de vista a
costa oposta”. ■
Para garantir o sucesso no Egipto, na Líbia
e noutros países é preciso criar, além de
mais, as leis que funcionam, as instituições
democráticas, os partidos, a imprensa livre,
bem como as eleições livres de quaisquer
constrangimentos
44 • Diplomática - fevereiro 2012
Os actuais desenvolvimentos no norte de áfrica,
a crise financeira na europa e o crescente peso
económico e político da américa latina demons-
tram, acima de tudo, que o mundo de hoje se
apresenta em mudança permanente. estas mu-
danças exigem, por um lado, esforços laboriosos,
mas, por outro, oferecem grandes oportunidades.
isto também vale para as relações da alemanha
com os países de áfrica e da américa latina. a
alemanha pretende tirar partido destas oportuni-
dades e enfrentar estes desafios, através de uma
política de parceria, que também se insere sem-
pre nas relações da europa com os respectivos
países.
a nossa política, tanto em relação a áfrica como
à américa latina, assenta sobre novas bases
conceptuais, apresentadas pelo nosso ministro
dos Negócios estrangeiros ao público alemão
nos dois últimos anos. o ponto de partida foi, em
ambos os casos, a ideia de valores comuns. os
acontecimentos da mais recente história africa-
na provaram, de forma imponente, que o desejo
de democracia, da existência de um estado de
Direito e do respeito pelos direitos humanos não
Europa, África, América Latina: parceiros de confiança, novas condições, valores e interesses comuns
Helmut Elfenkämper - Embaixador da Alemanhã
são apenas características próprias dos estados
„ocidentais“. Um número crescente de estados
africanos é conduzido por governos conscien-
tes das suas responsabilidades, após eleições
democráticas e uma mudança de governo pacífi-
ca, e controlado por uma sociedade civil activa.
também na américa latina, o compromisso com
os valores referidos e a aspiração a uma ordem
mundial segura, orientada de forma multilateral,
é um pilar fundamental da política largamente
reconhecido.
a alemanha vê a áfrica como um continente
repleto de oportunidades. no entanto, a taxa de
crescimento da economia africana - cerca de 6% ➤
espaço DiploMátiCo
45fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ ao ano desde a viragem do milénio - não deve
dar origem a equívocos, dado que nenhum ou-
tro continente se encontra perante desafios tão
grandes como a áfrica. a alemanha aspira a uma
pareceria em pé de igualdade, através da qual
também possa cumprir com a sua responsabili-
dade em relação ao continente. no seu conceito
para áfrica, o governo federal aponta os valores
e interesses da sua política africana em áreas-
chave como a paz e segurança, boa governação,
estado de Direito, democracia e direitos humanos,
economia, clima e ambiente, energia e matérias
primas, assim como desenvolvimento, educação
e investigação. em todas estas áreas deverão
ser fortalecidas a responsabilidade e competên-
cia própria para a resolução de problemas dos
estados e das organizações regionais africanas.
o potencial do desenvolvimento africano deverá
tornar-se visível e tangível, nomeadamente atra-
vés do aprofundamento do trabalho de formação,
com o objectivo de tornar desnecessária a actual
cooperação para o desenvolvimento e converte-la
numa cooperação económica.
a alemanha prossegue o seu conceito para a
américa latina, de forma não menos empenha-
da e igualmente com uma abordagem de forte
incidência na parceria, através do qual pretende
reagir à crescente importância económica e políti-
ca dos estados do subcontinente, dando forma às
relações para o futuro.
um dos pontos principais é o alargamento das
relações económicas. a economia alemã está pre-
sente na região há mais de um século e goza de
uma excelente reputação. a alemanha é, a seguir
à espanha e aos eUa, o terceiro maior investi-
dor na américa latina. É importante continuar a
desenvolver esta história de sucesso.
a alemanha conta igualmente com os parceiros
latino-americanos para a resolução dos proble-
mas globais. Do seu novo peso económico e
político resulta a responsabilidade de enfrentar
em conjunto as dificuldades que a globalização
nos apresenta. a alemanha pretende, assim,
coordenar-se estreitamente com os parceiros
latino-americanos e desenvolver iniciativas co-
muns relativamente aos desafios globais como a
protecção do ambiente e do clima, a luta contra
a criminalidade organizada e as drogas ou as
necessárias reformas da arquitectura financeira
global. o desenvolvimento das nossas relações
com a américa latina insere-se nas relações
europeias com o subcontinente. Um símbolo da
nossa vontade de aprofundar estas relações é a
nova fundação União europeia-américa latina e
caraíbas, com sede em Hamburgo, cuja criação
foi decidida pelo conselho de altos funcionários
da Ue e dos estados da américa latina em Janei-
ro de 2011. a fundação deverá conferir uma nova
dinâmica à cooperação entre a Ue e os estados
latino-americanos e intensificar a parceria entre
a europa e a américa latina a todos os níveis.
Deverá, nomeadamente promover processos de
investigação e apoiar as redes entre as socieda-
des civis dos dois continentes.
É assim enviado de Hamburgo – historicamente
uma porta importante para este subcontinente –
um novo e importante sinal para a cooperação
europa-américa latina. ■
Os acontecimentos da mais recente
história africana provaram, de forma
imponente, que o desejo de democracia,
da existência de um Estado de Direito e
do respeito pelos direitos humanos não
são apenas características próprias dos
Estados „ocidentais“
46 • Diplomática - fevereiro 2012
Le premier ministre luxembourgeois, Jean-claude
Juncker, devant le parlement européen, a un jour
posé la question: « au fait, quel est le prix d�une
heure de paix ? » il est difficile d’y répondre.
la diplomatie étant l’art d’éviter les conflits armés
voire d’y mettre fin, les grands projets diplomatiques
du XX siècle auxquels le luxembourg a participé,
que ce soit l’oNU, l’otaN ou la communauté eco-
nomique européenne (ci-devant ceca) devenue
plus tard l’Union européenne, ont tous pour objectif
de voir les etats se rapprocher afin d’éviter la guer-
re. Si, d’après le théoricien prussien carl von clau-
sewitz (1780-1831) : « la guerre est le prolongement
de la politique par d’autres moyens », la diplomatie
est un vecteur de paix pour le développement à la
fois économique et social.
c’est dans cet esprit que le luxembourg s’est en-
gagé en tant que membre fondateur dans la cons-
truction européenne, qui représente le plus grand
projet de paix dans l’histoire de l’europe. cet effort
a mené à la fois en direction de son élargissement
qui, finalement, est aussi une garantie de paix, mais
O papel da diplomacia - vector para a paz e desenvolvimento económico e social
aussi son de approfondissement notamment par
la mise en place du marché intérieur et de la mon-
naie unique ou l’euro. Depuis l’entrée en vigueur
du traité de lisbonne, dont l’une des innovations
les plus tangibles a été la mise en place du Service
européen pour l’action extérieure et l’extension des
prérogatives du Haut représentant, les procédures
améliorées permettent aux etats membres de l’Ue
d’agréer leurs positions nationales, renforçant ainsi
leur impact et leur portée. même si l’europe traver-
se des crises, il y a toujours lieu de garder à l’esprit
quelles seraient, dans un monde globalisé et soumis
à l’instantanéité des informations, les marges de
manœuvre et les moyens d’action des uns et des au-
tres. malgré certaines adaptations des dispositions
et des mécanismes, un retour en arrière ne peut être
envisagé.
après la Seconde Guerre mondiale, les etats, qui
ont créé l’onu, dont le Grand-Duché de luxem-
bourg, ont souhaité développer par la coopération
et la diplomatie des stratégies de préparation et de
maintien de la paix. c’est aussi afin de renforcer ➤
Paul Schmit - Embaixador do Luxemburgo
espaço DiploMátiCo
47fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ cette approche que le luxembourg a présenté sa
candidature pour un siège de membre non-perma-
nent du conseil de Sécurité en 2012 -2013.
c’est aussi cette intention qui motive la coopération
luxembourgeoise au développement qui se place
résolument au service de l’éradication de la pauvre-
té, notamment dans les pays les moins avancés.
Ses actions se conçoivent dans l’esprit du dévelo-
ppement durable compris dans ses aspects sociaux,
économiques et environnementaux - avec l’homme,
la femme et l’enfant en son centre.
D’un point de vue géographique, la coopération
luxembourgeoise poursuit, par souci d’efficacité et
d’impact, une politique d’intervention ciblée dans un
nombre restreint de pays partenaires. Six des dix
pays partenaires de la coopération luxembourgeoise
dont le choix est primordialement orienté par l’indice
composite sur le développement humain du pnuD,
se situent en afrique subsaharienne. la coopéra-
tion avec ces pays se distingue par un sens aigu
du partenariat avec les autorités et les collectivités.
cet esprit de partenariat, complété par le souci de
l’appropriation des programmes et projets par les
bénéficiaires, préside à la mise au point de program-
mes pluriannuels de coopération, les pic (program-
mes indicatifs de coopération). la concentration
géographique de la coopération luxembourgeoise
prend en compte l’indice du développement humain
du pnuD ainsi que des considérations relatives à
l’approche régionale et aux situations de fragilité.
en termes d’aide publique au développement (apD),
la coopération luxembourgeoise se place depuis l’an
2000 dans le groupe des cinq pays industrialisés qui
consacrent plus de 0,7 % de leur revenu national
brut à la coopération au développement.
en 2010, l’aide publique au développement (apD)
luxembourgeoise a pour la première fois dépassé
le seuil des 300 millions d’euros, pour s’établir à
304.031.901 euros.
exprimée en pourcentage du revenu national brut
(rNb), l’apD s’est élevée à 1,046% en 2010, alors
qu’en 2009 elle était de 1,11%.
l’apD est mise en œuvre par les instruments de la
coopération bilatérale, de la coopération multilatéra-
le, de l’appui aux programmes et de la coopération
avec les onG de développement.
l’aide publique au développement du luxembourg
comprend par ailleurs un important volet d’action
humanitaire qui permet de répondre primordialement
sous forme d’aide d’urgence en cas de catastrophes
humanitaires, catastrophes naturelles ou conflits vio-
lents. l’action humanitaire comprend également un
volet « prévention » des catastrophes humanitaires
ainsi qu’un volet « transition », entre une catastrophe
humanitaire, la reconstruction et la reprise des activi-
tés de développement.
la politique du luxembourg en matière de coopéra-
tion au développement ou d’action humanitaire se
caractérise par un effort constant et progressif, tant
en quantité qu’en qualité, au bénéfice des popula-
tions les plus démunies. elle est l’expression d’une
solidarité internationale affirmée et confirmée et
constitue en tant que telle un important vecteur de
l’action extérieure du gouvernement du Grand-Duché
de luxembourg.
le développement, qu’il soit économique ou so-
cial, permet de contribuer à davantage de paix et
d’harmonie à travers le monde. la diplomatie luxem-
bourgeoise est consciente qu’elle est appelée à y
contribuer à hauteur des moyens et des réalisations
du pays. ■
Depuis l’entrée en vigueur du Traité de
Lisbonne... les procédures améliorées per-
mettent aux Etats membres de l’UE d’agréer
leurs positions nationales, renforçant ainsi
leur impact et leur portée.
48 • Diplomática - fevereiro 2012
Valeriu Turea - Embaixador da República da Moldávia
Para cada embaixador, a apresentação das car-
tas credenciais é um acontecimento especial. para
mim, não obstante, a alegria foi dupla, já que o ano
passado, no marco da cerimónia no palácio presi-
dencial, o Sr. presidente aníbal cavaco Silva achou
apropriado falar elogiosamente sobre os moldavos
estabelecidos em portugal…
foi, indiscutivelmente, um momento agradável e um
bom-tom para o inicio da actividade. ulteriormente,
convenci-me de que os mais de 20 mil compatriotas
que se encontram em portugal representam um po-
tencial humano muito importante, que não pode ser
negligenciado na consolidação das relações entre a
moldova e portugal. ao contrário, constitui um factor
que, utilizado com inteligência, tem a capacidade de
pôr em valor alguns elementos essenciais.
mas a pergunta hamletiana, no que respeita aos
imigrantes moldavos, fica categórica na mesma: Ser
ou não ser? em outras palavras, é o fenómeno da
migração, um fenómeno positivo ou, ao contrário,
tem conotações negativas – imediatas e duradou-
ras? tenho que reconhecer que não posso dar uma
resposta unívoca a essa pergunta. em moldova, em
tais situações diz-se: “cada nuvem tem um forro de
prata”. Desde a perspectiva, concretamente huma-
na, a parte má do fenómeno da imigração é que
não com pouca frequência, a saída de um membro
da família para o estrangeiro levou ao desmorona-
mento da mesma. Qual triste não seria a realidade,
a verdade é que na moldova existem dezenas de
famílias, nas quais as crianças ficaram sob o cuida-
do dos avós, sobrecarregados pelos anos e pelas
preocupações diárias, e ainda não se sabe se existe
perspectiva de reintegração…
por outro lado, as remessas que os moldavos que
se encontram no exterior enviam para casa ajudam
o país a suportar com mais facilidade as conse-
quências da crise económica global, sem falar do
apoio concreto que se oferece aos pais, crianças,
irmãos e irmãs. as autoridades do nosso país
desenvolveram um amplo programa em apoio ao
regresso dos moldavos a casa, o qual já dá resulta-
dos positivos.
visto, no entanto, por uma óptica mais global, o ➤
A diáspora moldava: ponte entre as duas extremidades latinas da Europa
espaço DiploMátiCo
49fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ problema tem que ver, e não no último lugar, tam-
bém com um dos direitos fundamentais do homem
– à livre circulação, com todas as complicações que
devem superar os cidadãos de um país ou outro.
cada país com o seu específico – na moldova, por
exemplo, a ligação com a terra, a casa e a família,
leva um carácter mais emocional, mais patriarcal,
daí que também a separação é mais sensível, mais
dolorosa. mas esta é a realidade! partimos de uma
situação que temos que tomar em conta e, neste
caso, é mais saudável ver a metade cheia do copo
do que lamentar-nos do destino.
a vantagem dos estrangeiros estabelecidos em por-
tugal é a atitude atenta, compreensível e cuidadosa
para com eles por parte das autoridades. portugal
não é agressivo com outras etnias e não tem a
ambição de assumi-las. ao contrário, sabe apreciar
o valor específico de cada uma delas, tentando
destacar o irrepetível. por sua vez, “os moldavos
portugueses” (por pouco não escrevi estrangeiros,
mas que tipo de estrangeiros são os que falam o
português tão bem como a sua língua materna,
enquanto nas instituições de ensino já não é pos-
sível distinguir um português nativo e um moldavo
“de adopção” afectiva) sabem apreciar o país que
os compreendeu e apoiou nos momentos difíceis.
poucos dias atrás, assistia a um maravilhoso serão
organizado pelas nossas associações culturais e
fiquei muito surpreendido ao ouvir uma das canções
moldavas mais belas interpretada… em português!
aprendi que os rapazes têm um repertório completo
de canções traduzidas por eles mesmos, que fazem
uma raiva real entre o português. importante é que
os nossos compatriotas “exportam” também para a
moldova este amor para com a cultura, a língua e a
espiritualidade portuguesas. 10-15 anos atrás, por
exemplo, era uma raridade encontrar um livro de au-
tores portugueses em chisinau, inclusive traduzido.
hoje em dia, em todas as nossas grandes livrarias,
o compartimento do livro português é cada vez mais
imponente, enquanto na Universidade de estado da
moldova os cursos facultativos do português têm
todas as chances de adquirir o mesmo estatuto que
outras línguas estrangeiras com o estudo em pro-
fundidade. tenho a certeza de que tais perspectivas
não levam um futuro muito distante e isso é devido,
não no último lugar, a um cavaleiro distinguido das
letras portuguesas como é a Dra. ana paula labou-
rinho, presidente do instituto camões de lisboa.
também, junto com o Sr. José manuel mendes,
presidente da associação portuguesa dos escri-
tores, concordamos em identificar possibilidades
para editar uma antologia bilingue das páginas mais
belas da literatura para crianças de portugal e da
república da moldova e, mais tarde, de uma anto-
logia de poesia moderna pertencente aos poetas da
vanguarda de ambos os países.
mais moldova em portugal e mais portugal na mol-
dova – este seria, creio, o lema do dia para as duas
extremidades latinas da europa, para o qual subs-
crevem como mensageiros convencidos também “os
moldavos portugueses”. ■
Mais Moldova em Portugal e Mais
Portugal na Moldova – este seria,
creio, o lema do dia para as duas
extremidades latinas da Europa,
50 • Diplomática - fevereiro 2012
A noção de soberanía engloba a ideia de igualdade
entre os estados, da sua liberdade e a ideia da sua
independência. o actual processo de globalização, ou
integração económica de mercados, desloca frontei-
ras, despedaça a força política dos estados europeus
e põe em causa o tradicional princípio da soberania
nacional. a europa não pode concentrarse apenas no
seu próprio desenvolvimento, tem também de partici-
par activamente na globalização.
a europa, essencialmente, é representada pela União
europeia, que por si só, é um pacto entre nações
soberanas, decididas a partilhar um destino comum
e a exercer em conjunto uma parte crescente da sua
soberania, que incide sobre os 6 valores europeus
primordiais, mais profundamente enraizados nos
povos da europa: a paz, o bemestar físico e económi-
co, a segurança, a democracia participativa, a justiça
e a solidariedade. a soberania para a europa pode
ser concebida mediante diferentes critérios: políticos,
económicos, diplomáticos, segurança, (defesa), etc.
terminou mais de meio século de Guerra fria - a
rússia tem uma nova orientação e os antigos países
comunistas juntaram se à Nato e à Ue quase em
simultâneo. croacia e albania eram os últimos países
“Que é soberania para a Europa no contexto económico, político, diplomático e segurança (defesa)”?
que se juntaram à nato. Deste modo, o continente
europeu está a reunir-se pacificamente e os seus
países estão a trabalhar em conjunto na luta contra a
criminalidade internacional, o tráfico de seres huma-
nos, a imigração clandestina e o branqueamento de
capitais.
a política económica e comercial da europa está
estreitamente ligada à política de desenvolvimento,
e é uma política económica e comercial aberta ao
mundo. mediante a Ue, europa exerce maior influên-
cia na cena mundial, quando fala a uma só voz em
questões internacionais. a integração económica é o
princípio da soberania nacional dos países membros.
este acesso preferencial ao mercado da Ue pretende
dinamizar o crescimento económico dos países me-
nos desenvolvidos e, ao mesmo tempo, garantir, de
uma determinada maneira, a sua soberania nacional.
mas a crise financeira, que se iniciou no verão de
2007, provocou a redução da liquidez no mercado
financeiro, tornando o acesso ao crédito mais caro.
a confrontar com sucesso esta situação, europa,
através das suas instituições financeiras, protegeu-se
indirectamente, e não se pôs em risco a soberania
dos estados membros. por isso, não se disse em vão,
em termos económicos, comerciais e monetários,
que a União europeia já atingiu o estatuto de grande
potência mundial.
acerca da soberania da europa no contexto diplomá-
tico, vale a pena recordar o facto que um dos objec-
tivos fundamentais do tratado de lisboa é reforçar a
diplomacia europeia no mundo e, entre as medidas
para a sua concretização, destacam-se:
- atribuição de personalidade jurídica à União euro-
peia - passa a poder celebrar contratos, ser parte em
convenções internacionais ou membro de organiza-
ções internacionais;
- criação da figura do alto representante da União
para os Negócios estrangeiros e a política de Segu-
rança passa a ser este a conduzi-la no que toca à
política externa e de defesa comum.
- relativamente à política europeia de Segurança e
Defesa, o tratado prevê disposições especiais para
a tomada de decisão e prepara o caminho para uma
cooperação reforçada. o tratado permitirá à Ue falar
a uma só voz sobre assuntos internacionais.
Na área da defesa, cada país europeu, ➤
Edmond Trako – Embaxaidor de República da Albania
espaço DiploMátiCo
51fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ independentemente de ser membro da nato ou
de ter um estatuto de neutralidade, mantém plena
soberania. No entanto, os estados-membros estão a
desenvolver uma cooperação militar em missões de
manutenção de paz. as últimas cinco décadas de in-
tegração comunitária reforçaram a asserção de que a
segurança permaneceu como um dos últimos redutos
executivos da soberania nacional, ao se observar que,
enquanto a segurança “ideológica” e estratégica da
europa foi assegurada por Washington e pela Nato,
já a segurança física e rotineira dos cidadãos euro-
peus permaneceu entre os escopos de responsabili-
dade do estado individual. Hoje em dia, as principais
ameaças à Segurança europea são: o terrorismo, os
extremismos políticos e a criminalidade organizada.
-entre os actuais players na lista dos factores de risco
à segurança comum, a proeminência deverá ser con-
cedida indubitavelmente ao terrorismo de inspiração
islamista. o islamismo e os seus agentes ideológicos,
financiadores, facilitadores de logística, ou perpetra-
dores de atentados, actuam de forma determinada
para a destruição de toda a ordem política, moral,
económica, religiosa e social que não se enquadre na
sua percepção distorcida da fé islâmica. hoje, o ter-
rorismo islamista é um elemento da rotina europeia.
muito da original celeridade na integração e coorde-
nação europeia em matéria de segurança deveu-se à
imperiosidade de uma resposta comum ao terrorismo
islamista. a sucessão de ataques, desde o 11 de
Setembro, até aos atentados de madrid e de londres,
imprimiram um cunho de urgência à construção de
uma arquitectura técnica e política de coordenação e
execução do esforço contraterrorista europeu.
a sucessão de operações contra-terroristas europeias
para a supressão de canais de radicalização, recru-
tamento, financiamento e apoio logístico, permitem
concluir que a recente actividade comunitária em
face do terrorismo islamista tem sido marcada pelo
sucesso. este sucesso da Ue e dos seus estados-
membros retém também uma assinalável carga
moral, pois comprova que é possível empreender
uma intensa resposta táctica e política ao terrorismo
islamista, sem se questionar ou sonegar os princípios
morais que fundamentam a democracia liberal, como
o respeito pelos Direitos humanos, ou o primado do
Direito, ou a soberania em si mesma.
- a última década permitiu observar a emergência de
novos fenómenos de violência ideológica, caracteri-
zados pela sua informalidade, desagregação hierár-
quica ou natureza transnacional. hoje, em ambos os
extremos do espectro ideológico, nascem e crescem
ímpetos de violência extremista política, desprovidos
da fidelidade ideológica e organizacional percep-
cionada no passado. este é um desafio imediato,
ao qual a Ue e os seus estados-membros terão de
responder de forma afirmativa, porque indirectamente
estes acontecimentos punham em risco a soberania
do país.
- a criminalidade organizada, nos formatos de crimi-
nalidade económica e tráficos ilegais de substâncias,
ou de seres humanos, são constantes vectores de
risco para a europa que, embora não colhendo a
atenção mediática do terrorismo ou da violência urba-
na, têm vindo a crescer em número de vítimas e em
progressão territorial.
Seja como for, a verdade é que, a europa têm ainda
um longo caminho a percorrer, em termos diplomáti-
cos, políticos, económicos e da segurança, antes de
poderem falar a uma só voz em questões importan-
tes, tal como é a soberania do país. a preservação da
soberania nacional deve ser vista como um eficiente
mecanismo capaz de assegurar vantagens competiti-
vas no âmbito internacional, pois garante a diferença
entre os povos e entre os mercados. assim, a sobera-
nia deve orientar a busca pela realização dos fins do
estado (desenvolvimento nacional) e dos fins de toda
e qualquer actividade económica (existência digna
do ser humano). mais do que isso, a pedra angular
da soberania nacional, designadamente os sistemas
de defesa militar, mantém se nas mãos dos governos
nacionais, associados entre si apenas no quadro de
alianças, como a nato.
«virá um dia em que todas as nações do continen-
te, sem perderem a sua qualidade distintiva e a sua
gloriosa individualidade, se fundirão estreitamente
numa unidade superior e constituirão a fraternidade
europeia. virá um dia em que não haverá outros cam-
pos de batalha, para além dos mercados abrindose
às ideias. virá um dia em que as balas e as bombas
serão substituídas pelos votos». victor Hugo proferiu
estas proféticas palavras em 1849, mas foi preciso
mais de um século para que as suas premonições
utópicas começassem a tornarse realidade. ■
A soberania para a Europa pode ser
concebida mediante diferentes critérios:
políticos, económicos, diplomáticos,
segurança, (defesa), etc.
52 • Diplomática - fevereiro 2012
É com grande honra que recebo o seu convite
para escrever um artigo na prestigiada revista
Diplomática sobre a relação entre europa, áfrica
e américa.
Juntamente com a ásia, a oceânia e a antártida,
estes continentes cobrem mais de 30% da super-
fície do planeta, sendo o restante 70% coberto de
água, de cujo volume apenas 3% é de água doce,
constituído por rios, lagos e outras formações
hídricas.
os três continentes abrangidos pela análise pro-
posta cobrem 62% da superfície terrestre total e
32% da população mundial.
o desenvolvimento humano foi muito desigual na
europa, áfrica e américa. em áfrica terão apare-
cido os primeiros seres humanos – o homo erec-
tus – há cerca de dois milhões de anos. a europa
terá sido povoada milhares de anos mais tarde, e
a américa ainda muito mais tarde. o homo sa-
piens terá aparecido há apenas uns 50 mil anos,
também em áfrica.
a primeira civilização histórica que utilizou a es-
crita para o registo dos acontecimentos surgiu na
parte oriental do norte de áfrica, nomeadamente
no egito, concentrada ao largo do curso inferior
do rio nilo.
a pré-história do egito – no paleolítico ou idade
da pedra – cobre o longo período que vai desde
há 2,5 milhões de anos até ao ano 1000 a.c.
Nesta época foram construídos os primeiros ins-
trumentos de caça feitos de madeira, osso e pe-
dra lascada. Dominaram o uso do fogo, do vento
e da vela, domesticaram animais que liberaram o
músculo do homem e plantas que estimularam a
vida sedentária e a produção de mais e melhores
alimentos. inventaram a roda, que levaria à cons-
trução de carroças, e estradas que permitiriam
aldeamentos cada vez mais distantes e que pos-
teriormente dariam origem aos centros urbanos. ➤
Jaime Duran Hernando – Embaxaidor da República Dominicana
espaço DiploMátiCo
53fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ a astronomia, e com ela a medição do tempo
e das terras, recebeu o seu primeiro e grande
impulso histórico.
a segunda civilização a alcançar feitos similares
desenvolveu-se pouco mais tarde na ásia, no-
meadamente na Suméria, acádia e babilónia, no
território que é hoje o iraque.
a cultura, a ciência, a tecnologia, a arte e a filo-
sofia experimentaram na Grécia antiga - de 1000
a 146 a.c. - a alta expressão que nos permite
considerá-la o berço da civilização ocidental.
Durante os últimos anos da sua existência, e
república romana retomou e difundiu os aspe-
tos principais da cultura grega. no entanto, foi o
império romano do ocidente que realizou essa
tarefa, até à sua queda no ano 475 D.c., desde a
península itálica até quase toda a europa, norte
de áfrica e boa parte da ásia.
em meados do século Xvi, portugal, que se tinha
declarado o primeiro estado monárquico da euro-
pa no ano de 1139, reconhecida em 1143, iniciou
o período dos Descobrimentos portugueses em
1415 com a conquista de ceuta, e pouco depois
o da colonização, começando pela costa ociden-
tal africana chegando até à Índia em 1498, com
a chegada de vasco da Gama a calcutá, preci-
samente no ano em que cristóvão colombo, no
processo de colonização e conquista da américa,
fundando a cidade de Santo Domingo, chamava
por desconhecimento e confusão índios aos au-
tóctones.
espanha foi o segundo grande descobridor e
colonizador da época, sendo o continente ameri-
cano, como se viria a chamar mais tarde, o objeto
principal desses eventos. Segundo o tratado de
tordesilhas de 1494, portugal adquiria na amé-
rica a sua mais extensa e importante colónia de
todos os tempos: o brasil.
a espanha manteve-se como o principal império
colonial e quase o único no continente, desde fins
de 1492 até 1910 quando começou o seu declínio.
as independências dos estados Unidos (1776) e a
do Haiti (1804) não foram feitas à custa da espa-
nha, mas sim da inglaterra e da frança, respeti-
vamente.
o terceiro grande império colonial, mas o primeiro
em extensão e importância, foi o império britâni-
co, que começou em 1607 com uma das 13 coló-
nias que se viriam a transformar mais tarde nos
estados Unidos da américa. este império chegou
a deter 25% de toda a superfície terrestre e 25%
da população mundial, incluindo a Índia.
o império francês estabeleceu-se em áfrica
(1624) no Senegal, argélia e tunísia. No conti-
nente americano, também no canadá e nas ca-
raíbas (por exemplo no Haiti), e estendeu as suas
colónias até a ásia e oceânia.
a europa foi o grande continente colonizador,
áfrica e américa os colonizados. uma diferença
fundamental entre colonizadores e colonizados foi
o aspeto cultural e o tecnológico, o conhecimento
e o uso da pólvora e dos metais, principalmente
o ferro, que permitiu aos colonizadores empregar
canhões para fazer face às flechas de madeira e
osso.
todas as colónias alcançaram algum grau de
independência, liberdade e soberania, mas o peso
dos colonizadores não desapareceu por completo.
mais ainda, há indícios que nos levam a crer na
existência de um interesse e desejo renovados
em impor um neocolonialismo, que é reforçado
com métodos e atores novos e originais, para
além dos de sempre. ■
A Europa foi o grande continente coloniza-
dor, África e América os colonizados. Uma
diferença fundamental entre colonizadores e
colonizados foi o aspeto cultural e o tecno-
lógico, o conhecimento e o uso da pólvora e
dos metais, principalmente o ferro, que per-
mitiu aos colonizadores empregar canhões
para fazer face às flechas de madeira e osso.
54 • Diplomática - fevereiro 2012
Numa parceria entre a embaixada da repúbli-
ca da polónia e a câmara municipal de cas-
cais, o espaço memória dos exílios inaugurou
no dia 29 de Setembro a exposição Exilados,
Políticos e Diplomatas em Tempos Difíceis,
que retrata a passagem de várias personalida-
des estrangeiras pelo estoril durante a Segun-
da Guerra mundial. preparada pelo Gabinete
dos assuntos dos combatentes e vítimas da
repressão da polónia, e com a colaboração
das embaixadas da república francesa e do
Grão-Ducado do luxemburgo, a exposição dá
especial atenção aos cidadãos polacos, que
passaram por portugal durante esse período.
a inauguração contou com as presenças da
embaixadora da polónia em portugal, Katarzyna
Skórzyska, do presidente da câmara muni-
cipal de cascais, carlos carreiras, chefe do
Gabinete dos assuntos dos combatentes e ví-
timas da repressão da polónia, ministro Jan
Stanisław ciechanowski, do representante do
ministério da cultura e do partimónio nacional
polaco, Director do Departamento do patri-
mónio cultural Jacek miler, do embaixador do
Grão-Ducado do luxemburgo, paul Schmit, do
primeiro conselheiro da embaixada de fran-
ça, Didier Gonzalez e do neto do irmão gémeo
de aristides de Sousa mendes, antónio de
moncada Sousa mendes, que interveio ex-
plicando não apenas o papel desempenhado
pelo tio-avô, mas também o do seu avô césar
de Sousa mendes, que durante a guerra exer-
ceu funções de embaixador de portugal em
varsóvia, manifestando-se, tal como o irmão,
contrário às orientações do regime.
«vale a pena mencionar» – ressalvou na
inauguração a embaixadora da polónia,
Katarzyna Skórzyska – «que, nesse período,
a neutralidade colocou portugal numa extraor-
dinária posição geoestratégica. num cenário
de guerra europeia, o país assumiu um papel
de acolhimento para milhares de deslocados,
na maioria cidadãos polacos, belgas, france-
ses e holandeses. Sabemos que nos anos de
1940-1945, portugal recebeu cerca de sete
mil refugiados civis de nacionalidade polaca.
Desde 1940, portugal esteve também na rota
de evacuação de oficiais e soldados, princi-
palmente polacos, que não conseguiam sair
directamente da frança derrotada para conti-
nuar a lutar na Grã-bretanha».
o ministro Jan Stanisław ciechanowski refe-
riu no seu discurso que: «após a inesperada
capitulação da frança, no verão de 1940,
portugal, um país neutro, tornou-se um dos
pontos importantes no cruzamento das linhas
de comunicação e dos interesses das partes
em luta, assim como uma porta aberta para
a europa e américa para os cidadãos dos
países da aliança anti-nazi. assim, lisboa,
cascais, estoril e outras localidades portu-
guesas tornaram-se lugares importantíssimos
na procura do abrigo seguro. em portugal,
um país hospitaleiro, encontraram refúgio os
polacos que fugiam dos nazis, cujo propósito
era exterminarem a elite da nação polaca.
maior perigo espreitava os cidadãos polacos,
de nacionalidade judaica ou ainda os polacos
de origem judaica. muitos posteriormente,
após imensas dificuldades na obtenção de
vistos, seguiram viagem para ficar mais longe
do perigo na europa».
Na exposição fez-se também referência às
relações históricas entre os dois países,
pois, ao longo dos séculos, as relações entre
a polónia e portugal não foram frequentes,
sobretudo devido à distância que os separa.
contudo, sempre se caracterizaram por uma
cordialidade recíproca. Depois da guerra sur-
giram vários relatos por parte dos refugiados
polacos, que passaram por portugal. muitos
dos polacos que partiram daqui para prosse-
guir viagem, já não regressaram à pátria.
entre todos os países neutros, durante a Se-
gunda Guerra mundial, precisamente aqui, em
portugal, os polacos depararam-se, no dia-a-
dia, com provas de amizade e compreensão
nos contactos com os portugueses.
o ministro ciechanowski acrescentou que
«ainda não sabemos tudo sobre a matéria dos
refugiados em portugal durante a Segunda
Guerra mundial. tal como o trabalho para esta ➤
Polónia em Exposição Exilados, Políticos e Diplomatas em Tempos Difíceis
MeMória
55fevereiro 2012 - Diplomática •
56 • Diplomática - fevereiro 2012
➤ exposição o demonstrou, existe ainda muita
matéria que fica para os historiadores inves-
tigarem. todavia, já hoje podemos afirmar
que a recepção afável dos representantes
das nações dos países ocupados por parte
dos portugueses durante a Segunda Guerra
mundial foi um importante acto humanitário.
Numa situação trágica para muitas nações
europeias, portugal prestou auxílio sem olhar
à raça, à nacionalidade e à confissão religiosa
dos refugiados».
De facto, durante a Guerra, foram muitas as
personalidades polacas que estiveram em
portugal. figuras como o estadista e compo-
sitor ignacy Jan paderewski, que permane-
ceu no Hotel palácio do estoril entre 8 e 27
de outubro de 1940, a caminho do exílio nos
estados Unidos da américa, dois membros do
Governo da república da polónia no exílio:
ministro marian Seyda que residiu na figueira
da foz e em lisboa, e o general Józef Haller,
herói das lutas pela restauração da indepen-
dência da polónia, ministro sem pasta, que
viveu na ericeira. Na sua viagem de frança
para o Brasil, passou por portugal a actriz po-
laca, irena eichlerówna. em Janeiro de 1942,
chegou a lisboa edward raczyski, na altura
chefe do ministério dos Negócios estrangeiros
polaco. No mesmo ano estiveram em lisboa o
membro do conselho Nacional da república
da polónia, Szmul Zygelbojm, assim como o
bispo da diocese chełmno, Stanisław Wojciech
okoniewski.
a exposição destaca também a passagem de
outras personalidades como S. a. r. a Grã-
Duquesa do luxemburgo charlotte e o escritor
francês antoine de Saint-exupéry. em 1940,
estas duas importantes figuras residiram em
cascais e no estoril respectivamente.
entre o diversificado conjunto documental ➤
Polónia em Exposição
57fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ proveniente de arquivos internacionais:
polacos, portugueses, franceses e luxembur-
gueses, bem como de colecções fotográficas
privadas, que faz parte da exposição, são de
realçar os boletins de alojamento de estran-
geiros registados em hotéis, pensões e casas
particulares do estoril, monte estoril, cascais,
carcavelos e parede, entre 1930 e 1952, que
hoje se encontram depositados no arquivo
Histórico municipal de cascais (aHmc), e cujo
preenchimento era obrigatório na época, por
imposição da pvDe (polícia de vigilância e
Defesa do estado), como forma de controlar
as deslocações dos estrangeiros em portugal.
Sobretudo no estoril, observou-se a presença
de um núcleo significativo de estrangeiros que
se registaram como funcionários diplomáticos
e consulares – profissões que frequentemen-
te funcionavam como cobertura de outras
funções: políticos, militares, aviadores, in-
dustriais, banqueiros, comerciantes, actores,
escritores, músicos, etc., alguns em escala
para diferentes destinos, outros desenvolven-
do as suas actividades especificamente em
portugal.
a figura de ignacy Jan paderewski, compo-
sitor e estadista polaco, cujos 150 anos de
nascimento foram comemorados em 2010,
foi homenageado no mesmo dia da inaugura-
ção da exposição através do descerramento
de uma placa no Hotel palácio: «estadista,
chefe do primeiro governo da polónia sobe-
rana, grande pianista e compositor, residiu
neste hotel, em outubro de 1940». Na altura
foi também lançado, por iniciativa da câmara
de cascais e da embaixada da polónia, um
postal comemorativo, dedicado a este “feiticei-
ro do teclado”, dando conta do seu percurso
de vida e dos acontecimentos que o trouxeram
a portugal. ■
1. carlos carreiras, presidente da cm de cascais; Katarzyna Skórzyska, embaixadora da polónia; francisco corrêa de barros, Director
do Hotel palácio estoril e Jacek miler, Director do Departamento do património cultural do ministério da cultura e do património polaco
2. embaixadora Katarzyna Skórzyska com embaixador do luxemburgo paul Schmit e sua mulher 3. embaixadora Katarzyna Skórzyska
com o ministro Jan Stanisław ciechanowski, chefe do Gabinete dos assuntos dos combatentes e vítimas da repressão da polónia
1 2
3
58 • Diplomática - fevereiro 2012
O presidente da república, cavaco Silva, recebeu, no palácio de
belém, com a tradicional solenidade, os novos embaixadores em
portugal
entregaram as suas cartas credenciais os embaixadores do cana-
dá, Hedi Kutz, da tunísia, Youssef louzir, do paquistão, Humaira
Hasan, da roménia, vasile Gheorghe popovici, da Noruega, obe
thorsheim e da itália, renato varriale.
os novos diplomatas, agora acreditados, irão cumprir a sua missão
diplomática de representação dos seus respectivos países em por-
tugal, nas suas múltiplas áreas. ■
Apresentação dos novos EmbaixadoresEntrega das credenciais
1. Heidi Kutz, embaixadora do canadá 2. Humaira Hasan, embaixadora do paquistão 3. ove thorsheim,
embaixador da Noruega 4. renato varriale, embaixador de itália 5. vasile Gheorghe popovic,i embaixador da
roménia 6. Youssef louzir, embaixado da tunísia
1 2
3 4
5 6
DiploMaCia
59fevereiro 2012 - Diplomática •
´ +africaComo bem afirmou a ministra da economia francesa e recente
presidente do fmi, christine lagarde, «áfrica é a nova economia
emergente». No novo panorama político, económico e diplomático
áfrica pode – e deve – tornar-se numa nova força no xadrez inter-
nacional.
a revista Diplomática, sempre atenta às mudanças, vectores
e conjunturas mundiais – decidiu apoiar esta investida criando um
novo dossier: áfrica+. o mundo precisa de mais áfrica e áfrica está
pronta a dar mais ao mundo.
No presente número, concentramo-nos em três países: cabo
verde, moçambique e angola. a escolha, se bem que pautada
pelos acontecimentos políticos dos últimos meses, não foi de todo
inocente. Quisémos dar destaque aos países desse continente
mágico que estão ainda ligados ao nosso país: pela língua, pelas
tradições, pela memória. ➤
´ +Africa60 • Diplomática - fevereiro 2012
O discreto prédio de classe média,
na achada de Santo antónio (cida-
de da praia), não denuncia que ali
reside o presidente da república.
apenas o mercedes, de modelo já
antigo e com matrícula do estado,
poderá dar luz sobre a existência de
ilustre locatário.
poucos dias depois da tomada de
posse, que ocorreu a 9 de Setem-
bro, é ele que nos abre a porta de
casa, com um sorriso rasgado e
trajando informalmente. na sala
familiar onde impera o bom gosto
e o conforto, não há, porém, nada
de ostensivo, nenhum sinal de luxo
dispensável. a informalidade é
circunstância natural deste homem
de 60 anos, que revela uma surpre-
endente juventude. na intimidade de
sua casa, Jorge carlos fonseca não
destoa da imagem de simpatia e
simplicidade que passou na cam-
panha. É um produto genuíno, não
é nenhuma invenção do marketing
político. e encara este desafio com
a mesma determinação e voluntaris-
mo com que se envolveu noutros: a
luta contra o colonialismo, o com-
bate pela liberdade e democracia, a
sua vida académica e o seu percur-
so de intelectual, poeta e passageiro
de utopias…
O seu slogan eleitoral, “Um Presi-
dente junto das pessoas, de que
forma é que o pensa materializar?
a minha ideia é, para que valha a
pena ser presidente da república
– mesmo no nosso sistema -, que o
pr seja uma pessoa que ouça os ci-
dadãos, que conheça os problemas,
ausculte as iniciativas da sociedade
civil, de forma que, conhecendo
os problemas – e no âmbito dos
poderes que tem -, possa ajudar
a resolvê-los. Se não conhecer os
problemas dos jovens, como eles
vêem o país, se não conhecer as
preocupações dos empresários, os
problemas do ensino, as dificulda-
des dos trabalhadores, se não ouvir
os sindicatos, se não auscultar os
empresários, não pode ter a base e
o fundamento para que, em diálogo
com o Governo e os poderes pú-
blicos, possa dar uma contribuição
para resolver os problemas. Sejam
eles da economia, dos impostos, da
juventude, do ensino, da segurança,
da Justiça… o presidente da repú-
blica, tem de estar ao pé dos inte-
ressados, conhecer os problemas,
os anseios, fazer o diagnóstico e
ter opinião que seja uma mais-valia
para a governação.
O senhor Presidente tem o raro
privilégio de ter estado ligado aos
dois grandes desígnios da nação
cabo-verdiana, nomeadamente,
a luta contra o colonialismo e
pela independência, e a luta pela
liberdade e a democracia. Tomou
posse numa altura em que o gran-
de debate se coloca em torno das
questões do desenvolvimento e
do progresso social. E isso é mui-
to relevante, na medida em que
pode, também, fazer a ponte entre
estes três momentos históricos.
creio que é uma oportunidade boa.
estive ligado à luta pela indepen-
dência, que terá sido muito modesta
– era um jovem de 17 anos -, mas
de qualquer modo uma contribui-
ção que passou pela militância no
paiGc até 1979, e que se mate-
rializou, após a independência em
1975, numa pequena contribuição
como director-geral da emigração
e Serviços consulares e, posterior-
mente, secretário-geral do ministério
dos Negócios estrangeiros. e, de-
pois de 79, foi, em rigor, um trabalho
subversivo. trabalhei com vários
grupos contra o regime de partido
único, estive ligado a uma coisa
chamada GriS – que teve existên-
cia efémera -, integrei os círculos
pela Democracia e, quando era
assistente da faculdade de Direito
de lisboa, trabalhei com jovens es-
tudantes cabo-verdianos que tinham
estado, também, neste processo de
contestação ao partido único: o eu-
rico monteiro, o José manuel pinto
monteiro, o mário Silva, o arnaldo
Silva – que é hoje o bastonário dos
advogados -, o ex procurador-Geral,
henrique monteiro, o Gustavo araú-
jo – que está em portugal. e, portan-
to, era um grupo que eu dirigia mas
que tinha ligação com cabo verde,
sobretudo na praia e no mindelo. tí-
nhamos algumas pontes com figuras
como manuel faustino.
e, na altura, criamos também a
liga cabo-verdiana dos Direitos
do homem, que era uma estrutura
composta por personalidades, como
o advogado caldeira marques, que
hoje também está em portugal, mas
esteve aqui como juiz do Supremo;
o José tomás veiga; o eugénio
inocêncio; o Daniel lobo; o Gustavo
araújo… entretanto, fui para macau,
como professor universitário e ➤
Jorge Carlos Fonseca por antónio alte pinho*, fotos inês ramos
O recém-eleito Presidente da República de Cabo Verde
«CPLP deve caminhar para uma comunidade de povos»
Em entrevista exclusiva à Diplomática, o Presidente da República de Cabo Verde aborda as grandes
questões nacionais e fala-nos do seu percurso de vida enquanto cidadão e militante de causas
entreVista
´ +Africa 61fevereiro 2012 - Diplomática •
“A União Europeia é um espaço chave da nossa política externa.
O impacto da crise financeira internacional complica um pouco a cooperação e
os investimentos, e daí nós devermos diversificar as nossas relações
com países emergentes como a Índia, o Brasil, Angola, China”
A luta pela libertação e independência, a batalha pelo Estado de Direito democrático - JCF
foi sempre protagonista activo dos grandes desígnios cabo-verdianos
´ +Africa62 • Diplomática - fevereiro 2012
➤ director da faculdade de Direito e,
pouco depois, dá-se aqui a abertura
política. vim para cá, estive na ori-
gem do mpD, pertenci à sua primei-
ra comissão política, que na altura
se chamava comissão executiva
nacional, ganhamos as eleições, es-
tive no Governo como ministro dos
Negócios estrangeiros. aconteceu
tudo muito rápido, essa ligação à
independência e à democracia.
Mas, voltando à sua pergunta,
no que respeita às questões
do desenvolvimento, eu venho
trabalhando nesse sentido desde
a independência. Mas percebo
a sua ideia quanto ao desígnio
do país arrancar definitivamente
nesse sentido. Deixar de fazer só
coisas bonitas e fazer com que o
País dê o salto qualitativo…
Às vezes, “saltar de pára-quedas”
num país tem as suas vantagens,
porque se fica com uma ideia mais
objectiva. e a ideia que tenho, em
termos de desenvolvimento, é que
há uma espécie de cortina de fumo
que não corresponde a uma situa-
ção real.
nós, de facto, aparecemos muito
bem posicionados em listas, rankin-
gs, mesmo em termos de liberdade
de imprensa, taxas de crescimen-
to, taxas de mortalidade infantil,
de equidade do género…mas não
devemos ficar muito satisfeitos por
sermos os primeiros confrontados
com países que estão mal, quan-
do comparados com outros países
africanos. isso é pouco, acho que
cabo verde deve ter condições
para ser mais ambicioso. e, em
vez de nos compararmos a países
africanos que têm muitos proble-
mas, devemos comparar-nos com
países desenvolvidos. creio que o
grande desígnio é este. e, para isso,
gostaria de, quando terminar o meu
mandato como presidente – seja um
ou dois -, ter a consciência de haver
contribuído para que o país desse
um salto. cabo verde fez coisas
no período pós-independência,
promoveu também muitas coisas
bonitas no período pós-democracia,
mas o país tem de ter um clique.
naturalmente que isso passa pelos
Governos, mas também passa pela
sociedade, pelos cabo-verdianos
em geral, e também cabe um pouco
ao presidente da república. e, por
exemplo, se nos compararmos com
as maurícias ou com as Seychelles,
mesmo depois da democracia, nós
temos crescido muito menos. e, em
vez de nos aproximarmos, estamos
a afastar-nos, mesmo se compara-
dos com outros países emergentes.
portanto, os dois grandes desafios
neste momento, em cabo verde,
são consolidar a democracia, afir-
má-la, alargá-la, ser uma democra-
cia mais moderna e mais avançada,
que comporta mais desenvolvimen-
to, mais bem-estar para a maioria
dos cabo-verdianos.
E o Presidente da República pode
ser o catalisador?
pode ser referência, pode ser cata-
lisador, pode ser potenciador. Sem
sair da esfera das suas funções,
sem querer ser Governo, sem pre-
tender ser oposição. mas o presi-
dente tem de dialogar com o Gover-
no, mas também com a oposição,
porque está em condições de lidar
com uns e com outros, mas sobre-
tudo dialogar com a sociedade, com
o território que não está nos parti-
dos e que não está no estado. e
sempre que for necessário fazer as
pontes, como vai ser preciso no que
respeita ao tribunal constitucional
e ao provedor de Justiça, à comis-
são Nacional de eleições… pugnar
por eleições justas e transparentes.
para isso tudo o presidente tem que
fazer um esforço de aproximação da
oposição e do Governo.
O presidente Jorge Carlos Fon-
seca está numa situação particu-
larmente favorável, porque pela
primeira vez em 10 anos não há
casos à volta… há uma vitória
clara.
É muito bom para mim o facto de
ter tido uma vitória clara. o facto de,
também, em relação à minha can-
didatura não haver nenhuma sus-
peição de favorecimento do estado.
e o facto de ter sido uma vitória de
âmbito nacional. porque, à excep-
ção do fogo, ganhei nas outras oito
ilhas, ganhei na europa e resto
do mundo… e, mesmo no fogo, o
resultado satisfez-me muito. mas te-
nho, se me permite, outra vantagem:
o facto de ser independente dá-me
mais à-vontade para pôr as pessoas
a dialogar, e também por ser uma
pessoa amiga da constituição, não
me coloca problemas em trabalhar
para que se avance com o tribunal
constitucional e o provedor de Justi-
ça, que acho serem fundamentais
para a qualidade da democracia.
A música cabo-verdiana é um
dos maiores patrimónios do país,
bem como a cultura de uma forma
geral. Vê-se como uma espécie de
seu embaixador?
Sim. e tentarei ser uma espécie de
agente dos agentes culturais. antes
tinha as minhas dúvidas em relação
a essa ideia da cultura enquanto in-
dústria. e, enquanto poeta, não me
estava a ver a exportar poesia, mas
cheguei à conclusão que realmente
– e concretamente com a música –
a economia do país pode ganhar,
pode desenvolver-se, pode expan-
dir-se tendo como objecto o produto
musical. Nós somos um país de mú-
sica… o meu irmão, mário fonseca,
disse num livro que “o meu país é
uma música”. e o presidente, em
sintonia com os objectivos da eco-
nomia, pode envolver-se nisso, não
sendo um agente directo mas sendo
um agente dos agentes culturais.
promover o mérito, sempre que sair
levar uma embaixada com gente da
cultura, tentar abrir portas, ➤
Jorge Carlos Fonseca
´ +Africa 63fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ acarinhar internamente, tentar
junto do Governo facilitar a promo-
ção da cultura através de produção
legislativa. tentar usar aquilo que
parece ser um grande trunfo do
país.
mas creio que não é só a música,
embora esta seja mais visível. lem-
bro-me de há uns anos ir à turquia,
a uma conferência de Direito penal,
em que estava gente académica de
vários países, e haver lá um pro-
fessor turco que não conhecia bem
cabo verde, mas tinha ouvido falar
em cesária Évora. e perguntava-me
o que era cabo verde. e eu: olhe, é
um país pequeno, com umas ilhas,
tem uma grande música, tem praias
bonitas e tem uma literatura razoável
[risos]. creio que de uma maneira
talvez redutora, o país vendável é
este.
Como vê o papel dos intelectuais
na sociedade?
até este momento, os intelectuais
cabo-verdianos têm tido um pa-
pel muito menos relevante do que
poderiam ter. Às vezes, enquanto
cronista, dizia que parece terem os
cabo-verdianos vergonha de serem
intelectuais, porque pouco intervêm
do ponto de vista cívico, do ponto
de vista cultural e, até, do ponto de
vista político. Há uma espécie de
vergonha em ser intelectual. porque
em cabo verde entende-se que ser
intelectual é uma espécie de defeito.
e tenho sido um pouco vítima disso,
porquanto muitas vezes… e recordo
que quando concorri em 2001, havia
pessoas que diziam “você é muito
intelectual”, como se isso fosse um
defeito, uma falha. mas percebe-se
que isso ocorra em cabo verde, e
tem a ver um pouco com o período
pós-independência. Na altura havia
uma série de preconceitos, nome-
adamente em relação aos intelec-
tuais, às pessoas que pensam.
havia todo um discurso populista
exaltando que o importante era estar
com as massas. isso pegou e ficou,
mesmo com a mudança nos anos
90. o que leva a que os intelectuais
sejam quase clandestinos. os que
são escritores escrevem, os que não
são acho que têm medo ou receio
de se afirmar como tal e assumirem
a condição de intelectuais.
O presidente Jorge Carlos Fonse-
ca, quando se levanta de manhã e
olha para o espelho, o que sente
ao ver reproduzido o poeta Jorge
Carlos Fonseca?
não tenho esse problema, porque
ainda não interiorizei que sou presi-
dente [risos]. não tive tempo ainda.
a minha envolvência na política foi
sempre por causas, por impulsos.
Sempre fui uma pessoa libertária, a
liberdade teve sempre um grande
valor, desde miúdo, desde os 17
anos. e isso explica, por exemplo,
o meu traço de independência, mas
também estive ligado a grupos mais
radicais de esquerda e, também, do
ponto de vista estético, estive ligado
ao surrealismo, ao cinema da nou-
velle vague, sempre estive nesses
grupos. fui expulso da Universidade
de coimbra por razões políticas,
com 22 anos, e também a crítica
ao partido único, foi sempre em
nome da liberdade. o meu percurso
político, que é sinuoso, tem sem-
pre presente a ideia da liberdade
e da justiça social – foram sempre
valores que atravessaram a minha
vida da adolescência até hoje. e
tenho ido atrás disso, não tenho ido
atrás de projectos, de ser primeiro-
ministro… ou de ter sido ministro, ou
agora de ser presidente da repúbli-
ca. nunca nada esteve programado,
apesar de ter concorrido em 2001.
O seu percurso académico dá-lhe
outra sensibilidade e abertura
para perceber as novas gerações,
como pensam…
Sim, sim, e acho que felizmente.
mas ainda não na medida do dese-
jável. mas a actividade universitária
permite-me ter um contacto muito
grande com jovens. e acho que me
sinto jovem, porque também ando
sempre com gente muito jovem e
isso dá-me a facilidade de dialogar
e compreender. Dialogar não em
termos partidários - paicv e mpD -,
mas de discutir a política, a cultura,
a literatura, a ciência, a universi-
dade. isso dá-me, também, uma
abertura à sociedade que ultrapassa
um pouco os partidos políticos.
Ainda bem que se referiu aos
partidos, porque era para aí que
eu ia, para os “anos de fogo”.
Refiro-me aos tempos do partido
único e aos traumas daí decorren-
tes. Em função do seu percurso,
pensa que pode funcionar como
o grande agregador da unidade
nacional, da reconciliação?
creio que sim, para já do ponto de
vista pragmático. Há coisas que têm
de ser resolvidas e rapidamente,
importa que haja consenso entre os
partidos. É um péssimo sinal para
cabo verde termos, desde 99, con-
templado um tribunal constitucional
e não o termos, ou mesmo o prove-
dor de Justiça. e não existem porque
não há consenso entre os partidos.
e o presidente tem obrigação de
fazer a ponte. mas, também, o facto
de ser um presidente que tem expe-
riência de partidos políticos, e uma
experiência fora deles com uma mi-
litância cívica e cultural, pode ajudar
a temperar as paixões partidárias.
porque a visão do mundo cabo-ver-
diano é uma coisa dividida a meio,
o paicv ou o mpD. mas tem a ver
com a identificação colectiva, creio
que o país quase todo ou vai para o
paicv, que é o país da independên-
cia, de cabral, da mãe áfrica… ou
vai para o país do mpD, que significa
a libertação do partido único, a de-
mocracia. e estes partidos dividem o
país quase a meio. isso quase que
não é ideológico, aparece quase
como um hábito cultural. ➤
´ +Africa64 • Diplomática - fevereiro 2012
➤ estou convencido que a arruma-
ção dos partidos em cabo verde
não é – em todo o rigor – ideológica,
nem é saudável. o paicv diz que
é do socialismo democrático, mas
conheço gente do partido que não
tem nada a ver com essa ideia do
socialismo, mas está lá porque o
paicv representa uma construção
simbólica que os leva ali por razões
familiares, por tradição… e há gente
que está no mpD que pode não ter
a ver nada com a iDc (internacional
dos Democratas do centro), que
pode até ser mais de esquerda do
que alguma gente que está no pai-
cv. a arrumação não é ideológica,
apanha de tudo.
O período de partido único acar-
retou as suas dificuldades para o
povo de Cabo Verde, mas também
parece ser hiper dramatizado. E,
se calhar, teria de haver alguém
que ajudasse a esclarecer este
período, que sentasse as pessoas
à mesa. Até para as jovens gera-
ções perceberem porque é que
aquilo aconteceu…
É preciso conhecer a história de
uma forma desapaixonada, de forma
objectiva. isto é, que as pessoas
percebam o que foi aquilo a que se
chamou o fraccionismo e o trotskis-
mo, em 79… Houve repressões,
houve torturas, houve processos
esquisitíssimos. eu próprio estive
21 dias detido na brava e, até hoje,
não sei porque o estive. mas creio
que a minha eleição e, de certo
modo, o fenómeno aristides lima no
paicv, representam talvez alguns
sinais encorajadores de que as
coisas estão a mudar um pouco. o
que se passou no paicv, até aqui
era impensável acontecer: o partido
indicar um candidato e aparecer
outro. É um factor político novo que
demonstra algum avanço, creio eu.
mas também os apoios eleitorais, a
votação que tive, provam que as coi-
sas podem estar a mudar um pouco.
Uma coisa é clara, o presidente
Jorge Carlos Fonseca foi eleito
“indo beber a todas as fontes”…
tive o apoio do mpD, que foi muito
importante, e os apoios que tive
deram muito trabalho para os conse-
guir, não foi de bandeja. eu candida-
tei-me, de forma clara, ainda antes
de ter o apoio institucional do mpD,
e anunciei a candidatura antes das
legislativas. mas creio que, também
tive apoios muito diversos: de gente
da uciD, de pessoas ligadas ao
paicv – não digo dirigentes, mas
militantes e simpatizantes deste ➤
“Os dois grandes desafios neste momento, em Cabo Verde, são consolidar a democracia, afirmá-la,
alargá-la, ser uma democracia mais moderna e mais avançada, que comporta mais
desenvolvimento, mais bem-estar para a maioria dos cabo-verdianos”
Jorge Carlos Fonseca
´ +Africa 65fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ partido –, de muita gente sem par-
tido, de quadros, de jovens. creio
que os meus votos foram buscados
um pouco para além do mpD.
Do seu ponto de vista, qual deve
ser a atitude de Cabo Verde nas
suas relações com África, com a
Europa e, de igual modo, com a
CPlP?
claro que o Governo decide e exe-
cuta a política externa do país, como
também decide a política interna,
mas, em matéria de política externa,
enquanto mais alto representante
do estado, o presidente tem que ter
alguns poderes que traduzam essa
referência constitucional. portanto,
tem que ter uma intervenção no
plano das comunidades emigradas,
deve representar a unidade nacional
das ilhas com a diáspora, mas tam-
bém tem competências concretas
na nomeação de embaixadores e,
do ponto de vista da política exter-
na, deve ter um papel relevante.
Desse ponto de vista – e nesse âm-
bito -, sempre defendi – aliás, desde
o tempo em que fui ministro dos
Negócios estrangeiros - que cabo
verde deve ter uma política externa
que traduza, de algum modo, a sua
forma de estar no mundo, que tem
a ver com o processo histórico e
cultural da sua formação.
Nós somos um país moldado por per-
muta de valores, por uma miscige-
nação cultural, e isso talvez se deva
traduzir até nas nossas relações com
os outros estados. isto é, devemos
ter relações externas abertas, plurais
com todos os mundos. com a áfrica,
com a europa e com a américa.
porque, no fundo, somos um pouco
da áfrica, da europa e da américa. É
claro que o pragmatismo ter que ser
fundamental na política externa, que
tem de ser mais ousada e mais atre-
vida. Quando fomos por aí, sempre
tivemos ganhos. por exemplo, quan-
do em 92 estivemos no conselho
de Segurança das nações unidas,
tivemos ganhos. e só não tivemos
mais porque não houve prossecução
da política externa por aquela via, por
razões que tiveram a ver com a crise
no seio do mpD. agora, devemos ter
uma política africana aberta, frontal,
e devemos estar numa relação com
os países africanos, com os valores
históricos, políticos e culturais que
nós temos. os valores da democra-
cia, do estado de Direito, do esta-
do constitucional e, portanto, nas
relações com áfrica, não devemos
ter preconceitos. Somos africanos,
mas com as nossas características
e os nossos valores. ou seja, não
devemos esquecer que somos um
país que defende a democracia, os
direitos humanos e o estado de Di-
reito – e devemos trabalhar para que
os países africanos sejam democra-
cias, respeitem os direitos humanos,
respeitem os seus cidadãos e levem
a eles o desenvolvimento. não pode
haver preconceitos… “que temos de
respeitar as suas opções, que não se
pode falar dos golpes de estado, dos
massacres e dos regimes militares”.
Devemos defender uma áfrica de
futuro, moderna, avançada, com a
marca da democracia e que respeite
os direitos humanos. não podemos
estar ali com um pé dentro e outro
fora.
mas a União europeia também é um
espaço chave da nossa política ex-
terna. os principais parceiros, neste
momento, da nossa economia, são
as economias europeias. neste mo-
mento elas estão sob o impacto da
crise financeira internacional, o que
complica um pouco a cooperação e
os investimentos, e daí nós dever-
mos diversificar as nossas relações
com países emergentes como a
Índia, o brasil, angola, china… mas
também países como as Seicheles,
maurícias. temos que ousar diver-
sificar as relações. bom, e temos as
relações com os estados Unidos.
Quanto à cplp, creio que é uma
ideia fantástica, uma ideia bonita, já
se fez alguma coisa mas creio que
tem de se fazer muito mais. Às ve-
zes dá a impressão que mesmo os
estados que estão na cplp, estão
lá mas não representa para esses
estados algo de muito relevante na
constelação das suas relações ex-
ternas. há ali uma ideia meio difusa,
não se sabe se é uma comunidade
da língua, se é cultura, se é História
ou se são outras coisas. e, portanto,
é preciso clarificar. e há países que
lá estão, que não se sabe se estão
ou não estão. e, sobretudo, se per-
guntar aos cidadãos portugueses,
aos brasileiros, aos angolanos, aos
cabo-verdianos… se eles conhecem
a cplp, se sabem o que é e se
sentem membros daquilo a que se
chama uma comunidade, creio que
a maioria não se sente.
E não se sente porquê? Porque
nós só nos sentimos membros de
qualquer coisa com que temos al-
guma afinidade, quando estamos
com à-vontade, e isso tem a ver
com a circulação das pessoas. Eu
não vejo uma comunidade supra-
nacional sem a livre circulação.
Agora, entendo que seja compli-
cado. Era eu ainda ministro dos
Negócios Estrangeiros, criamos o
estatuto de cidadão lusófono, po-
liticamente foi um sinal, mas foi
um sinal político ingénuo porque
ninguém pegou nisso.
os países como portugal, o brasil e
angola têm de se empenhar mais,
e entendo devermos caminhar para
uma comunidade de povos. porque
há coisas um pouco ridículas, por
exemplo, quando vamos a portugal
temos um balcão de entrada de cida-
dãos da cplp, mas tenho visto pes-
soas a sair daquela fila e vão para a
geral porque é mais fácil entrar. até
dá ideia que, ser da cplp, ao con-
trário de facilitar, só complica. ■ *com José leite (lisboa)
exclusivo liberal | Diplomática
´ +Africa66 • Diplomática - fevereiro 2012
Respondendo a um desafio e no seguimento da
criação de um grupo que hoje grassa nas nos-
sas redes sociais com este mesmo titulo, resolvi
na forma escrita e editada dar um contributo
para este objectivo e ganhar coragem e começar
a escrever umas linhas sobre a minha experiên-
cia muito recente e intensa em angola
ao contrário da muita desinformação ou da
informação corrente nos diários e semanários
daquele país , que se pensa que é controlada ou
subvertida , situação que ainda hoje se conti-
nua a passar na nossa tão avançada democra-
cia, angola é hoje em dia uma das economias
mais pujantes do mundo, enquanto país emer-
gente e enquanto potência económica, política e
diplomática no continente africano e no mundo.
Quando falamos de angola , falamos de um país
cuja história permite chamar-lhe país irmão e é
assim que a maioria dos angolanos nos sentem
a nós, “portugueses”. claro que há excepções
em ambos os lados, mas é mais o que nos apro-
xima do que aquilo que nos faz divergir.
olhar para uma luanda de há 4 anos e olhar
para a mesma cidade agora é um grande ➤
Angola e Portugal, por José Damásio dos Santos
Por um futuro em comum
1. e 2. Kilamba Kiaxi 3. reconstrução do Huambo
´ +Africa 67fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ exercício de memória que eu faço. encontrei
uma cidade menos confusa, mas ainda assim
confusa. não serão assim todas as capitais do
mundo?! com a divergência e o tamanho dos
seus problemas, com a sua altura, tamanho e
dimensão.
encontrei uma luanda, num país que, depois de
sensivelmente uma década, sai da instabilidade
de uma guerra, de um sofrimento entre irmãos
e famílias. “Uma criança”. a olhos vistos, esta
luanda e este país querem crescer, querem
aprender , querem fazer melhor.
Desde as cidades satélites , Kilamba Kiaxi , zango
, camama , Sambizanga , reconstrução do huam-
bo, aeroportos a serem revitalizados e postos em
funcionamento, milhares de quilómetros de estra-
das executadas e em execução em todo o país,
milhares de quilómetros de rede de caminhos de
ferro em restabelecimento e já a funcionar.
Desde o recente lançamento da empreitada do
mega porto no Dande, que se ambiciona venha
a ser um dos maiores de áfrica, aos constantes
esforços de formação, apoio às camadas mais
desprotegidas, passando pelo investimento nes-
te país das maiores corporações do mundo das
grandes potências mundiais, tudo se vê crescer,
tudo são oportunidades (não para “oportunis-
tas”, que também os há) de poder singrar como
país e para nós portugueses, na nossa relação
de centenas de anos com este povo, podermos
encontrar mais um motivo , um local , um povo
que nos quer ajudar e quer nos deixar crescer ,
trabalhar, viver, casar e ter filhos nesse país, a
nossa aproximação nunca fez tanto sentido...
São já muitos os casos de sucesso neste país,
desde algumas das nossas maiores empresas,
ao objectivo , que já foi um dia constante do
nosso país dos “self-made man”, dos nossos pe-
quenos e médios empresários que conseguem
construir riqueza em angola, fazendo-o com o
seu esforço e de muitos outros portugueses,
contribuindo diariamente para a construção des-
ta nova angola que quer aprender com o que de
bom e melhor foi feito noutros países e evoluir
e melhorar nos erros que foram cometidos por
esses outros , pois este país é dos angolanos e
são eles que devem fazer sempre a escolha do
seu caminho.
aqui tudo está recessivo, estamos reféns de
erros de muitas decádas, de maus e bons polí-
ticos, de maus e bons empresários, da alta e da
baixa produtividade dos empregados e principal-
mente da passividade e da pouca pro-actividade
de nós, portugueses, pelo interesse na política,
nos temas da governação, o que deixou, durante
muitos anos e por culpa de todos , chegar ao
estado em que estamos .
Já é suficiente mau dedicar um parágrafo a isto.
e o futuro?!
os nossos governantes, os nossos empresários,
os nossos trabalhadores (aqueles que neste
momento estão a passar por dificuldades e nem
emprego têm), têm que olhar para esta angola
, numa perspectiva de um novo começo para o
nosso país em colaboração e sinergia com os
angolanos.
não há espaço nesta angola para “os novos
colonos”. os que pensarem assim, nem tentem
entrar neste mercado. estarão condenados ao
insucesso.
temos que falar de igual para igual, com al-
guma humildade que nós portugueses temos
bastante, mas que até agora pouco aplicámos
nas relações politicas com este país; temos que
negociar e “angolanizar” as nossas empresas,
procurar parcerias estáveis e consequentes de
construção de uma empresa e de um país e não
o negócio do “golpe de sorte”.
a educação e crescimento desta “criança” faz-
se acompanhando a sua “infância”, investindo
de raiz e colocando sementes, acompanhando a
sua “juventude”, fazendo crescer esses mesmos
investimento e assim também o país. e che-
gando à sua idade “adulta” com esses mesmos
investimentos transformados em grupos empre-
sariais de sucesso, sólidos , sustentáveis , que
cresceram e ajudaram a crescer esse país, que
tanto nos quer, nos mantém as portas abertas
como povo irmão que somos.
Deixemo-nos do fútil e passemos ao útil, do
abstracto ao concreto, do irrealizável ao práctico,
para todos nós portugueses e angolanos, pois
só assim poderemos construir Um futuro em
comum. ■
´ +Africa68 • Diplomática - fevereiro 2012
O primeiro-ministro português es-
teve em angola, numa breve visita
oficial de 48 horas. visita a que
atribuiu uma grande importância,
“por ser uma oportunidade única
para prepara as bases de uma re-
lação de excelência e mais proxi-
midade entre os cidadãos dos dois
países, as empresas e também os
estados”.
para além do encontro com o pre-
sidente José eduardo dos Santos,
que não conhecia (ainda que o pre-
sidente angolano já o tivesse convi-
dado a visitar angola) e com quem
teve uma audiência de 40 minutos,
seguida de almoço, passos coe-
lho, que foi recebido, à chegada ao
aeroporto de luanda, pelo ministro
das relações exteriores, Georges
chikoti, visitou também a assem-
bleia nacional, onde foi recebido
por paulo Kassoma. o último ponto
da agenda do primeiro-ministro por-
tuguês foi um encontro com o líder
da UNita, isaías Samakuva.
passos coelho fez questão de
frisar que portugal tem uma rela-
ção muito próxima com o estado
angolano, que tem permanecido
como prioridade da política externa
portuguesa. no âmbito da visita, o
primeiro-ministro português par-
ticipou num encontro empresarial
portugal-angola, no centro cultural
português. No final, passos coelho
assinalou que, neste momento, em
que portugal vive esta grave crise
económica, angola não só exerce
um poder de atracção à continuação ➤
Pedro Passos Coelho em Angola
Viagens De estaDo
´ +Africa 69fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ dos investimentos portugueses,
mas transformou-se, muito recente-
mente, numa oportunidade para a
diversificação da aplicação de ca-
pitais angolanos e, sobretudo, uma
porta de saída para a realização
profissional e pessoal de um cada
vez maior número de portugueses.
Daí que o primeiro-ministro tenha
tentado, nesta viagem, sensibili-
zar as autoridades angolanas para
reforçar a capitalização de empre-
sas públicas portuguesas. passos
coelho, numa entrevista que deu à
rádio Nacional de angola, admitiu
que angola pode ser “uma alavanca
para a retoma económica em por-
tugal”. mas, em declarações poste-
riores, o primeiro-ministro admitiu
que, nesta fase de privatizações
em portugal, “não há ainda empre-
sas angolanas a participar”.
portugal e angola têm relações
muito próximas, até porque a comu-
nidade angolana é muito relevante
em portugal, disse passos coelho,
realçando que angola tem vindo a
crescer, nos últimos anos, a um rit-
mo elevado. “portugal aposta cada
vez mais na internacionalização da
sua economia e na captação de in-
vestimento externo. estes factores
fazem dos nossos dois países alia-
dos estratégicos muito relevantes”,
indicou ainda o primeiro-ministro
português.
Sabe-se entretanto que ficou mar-
cada, nesta visita, uma cimeira
bilateral, já em 2012, com agenda
já acordada. ■
´ +Africa70 • Diplomática - fevereiro 2012
A cultura em novembro excedeu as expectativas de
uma repetição subjectiva e anacrónica em angola. o
“atllantico” traçado pelo sociólogo paul Gilroy, na sua
perspectiva antiessencialista e afirmativa, sente-se em
nós e leva-nos ainda mais longe. Diria mesmo até à
“casa Grande e Senzala” de Gilberto freire do séc. 20,
tendo-se catapultado para o que é hoje uma cultura glo-
bal e globalizante que, deste lado do atltântico, se eleva
do exótico e expressivo batuque aos instrumentos musi-
cais mais sofisticados, no âmbito da filosofia e dimensão
africana. Da literatura, à dança e à música, as fronteiras
esbatem-se, a partir do momento em que, as orquestras
de música sinfónica entram em cena e, neste caso par-
ticular, em angola, num diálogo ainda em embrião com
o semba, o kuduro e outras formas de expressão corpo-
ral, outrora reconhecidas como sinais do subjectivismo
inconsciente e repetido do gesto e da palavra.
contudo, das pinturas murais ou rupestres das cavernas
à expressão escrita, os povos distanciaram-se de acordo
com a força da diáspora dos primeiros habitantes deste
planeta. tal como o egipto se sagrou como uma socie-
dade da primeira civilização e cultura brilhante avançada
em milénios antes de cristo, também houve distancia-
mentos entre o atlântico norte e o atlântico sul, em ter-
mos do domínio técnico e científico, provavelmente para
os do norte, encorajados pelo clima frio e durezas inver-
nais. No entanto, as vivências do tropicalismo africano
da diáspora da idade moderna e da herança racializada
espalhada pelo “atlântico negro”, apresentam-se como
conquista, a partir das experiências de diferentes cultu-
ras e saberes. Dir-se-ia que, de uma ou de outra manei-
ra, a doutrina das idéias platónicas, onde o objecto do
conhecimento se distingue das coisas naturais, colocam
o humano de hoje no patamar da sabedoria, que se
traduz na filosofia das belíssimas obras de arte, quer na
arquitectura, quer noutras manifestações da vida social,
cultural e política, em que as boas obras inacabadas são
eternizadas pela memória daqueles que as completam,
quer em termos materiais e imateriais, em que o domínio
da escrita, é uma opção obrigatória. Quanto a africa, o
canto e a dança fizeram as delicias dos primeiros admi-
radores e apaixonados pelo “exotismo”, que continua na
tradição africana como marca cultural.
chegados ao séc. 21, a globalização geográfica e as
práticas migratórias, a ser bem geridas e controladas,
não só enriquecem as nações, como também colocam
os humanos num constante diálogo técnico e científico.
e porque assim é, em angola desenha-se um luso-tropi-
calismo, que invoca o passado numa outra perspectiva:
a do equilíbrio das forças, através da expressão cultural
renovada e aprimorada, fortemente mesclada pelo ribom-
bar do batuque e pelos instrumentos da música sinfónica,
na tentativa de transfronteiricidade, contra o eurocentris-
mo da modernidadade europeia. nada mais permanece
igual, numa corrida em que a componente a não perder
é o constante resgaste das identidades entre africanos
e europeus, para atingir os equilíbrios desejados. para
que isso seja factível ao longo das próximas gerações,
precisamos de “utopias”, isto é: não parar de sonhar,
contra os arrastamentos da estagnação.
a globalização geográfica existe desde que grupos hu-
manos se superaram a si próprios e descobriram outros
mundos, vencendo os medos dos distanciamentos. Só
os grupos humanos organizados têm como saber dar e
apropriar-se do melhor dos outros, sem o esvasiamento
e a anulação de si mesmos. É assim que eu vejo o luso-
tropicalismo deste século. isso exige o que os sociólogos
chamam de “coesão social”, através da educação, instru-
ção e do apropriamento da história particular e geral. É
aqui que a comunicação social exerce um papel pre-
ponderante e inexcedível.
a cultura africana, na perspectiva activa essêncialista e
afirmativa das geografias contemporâneas, apresenta-se
com nova roupagem no ser, agir e olhar, resultado das
diversas experiências em viagens e buscas, entre áfri-
ca, américa e a europa, em que o “essencial” de hoje
é transpôr as barreiras do conhecimento e do saber,
como processo de constante movimento e mediação,
imbricada e distinta, na abordagem do atlântico quatro-
centista e quinhentista, como unidade de valores históri-
cos de múltiplas interconexões, na construção da aldeia
comum”, para este milénio, que se pretende civilizada,
igualitária e mais humana. ■
Cultura e HistóriaUm resgate afirmativo da mundialização das identidades
palmira tjipilicaprofessora universitária
CróniCa
Afinal, o melhorBanco Comercialé daqui.No passado dia 27 de Junho, a prestigiada revista internacional ‘World Finance’ distinguiu o BCI com o Prémio “O melhor Banco Comercial em Moçambique”.
Este Prémio destaca as empresas líderes, com as melhores práticas no mundo financeiro e é atribuído anualmente pela inovação, flexibilidade, soluções e apoio ao Cliente, variedadede produtos e serviços, estratégia e resultados obtidos.
Ganhar esta distinção só foi possível porque cada vez mais moçambicanos depositam a sua confiança no BCI e dizemcom orgulho: “Eu sou daqui. E o meu Banco também”.
´ +Africa72 • Diplomática - fevereiro 2012
Num momento em que portugal, entre
muitos outros países europeus, atra-
vessa uma gravíssima crise financeira,
os nossos estadistas, a começar pelo
presidente da república, têm vindo a
dedicar uma particular atenção com os
países de expressão oficial portugue-
sa, nomeadamente, moçambique.
foi neste âmbito que se inseriu a
visita ao nosso país do presidente
moçambicano armando Guebuza,
com quem cavaco Silva manteve uma
longo encontro a sós, seguido do ha-
bitual jantar oficial, já com a presença
das delegações oficiais de ambos os
países. foi assim dado o início oficial
da cimeira bilateral entre portugal e
moçambique, durante a qual foi feito
o balanço do intercâmbio económico,
relativo aos últimos 12 meses e se
programou as acções para os próxi-
mos 12 meses.
ficou patente, face aos discursos de
cavaco Silva e armando Guebuza,
ser este momento entendido como um
desafio para para ambos os países
tirarem vantagens mútuas a favor da
cooperação. nas suas intervenções, ➤
Cavaco Silva e Armando GuebuzaDois estadistas em Belém preparam cimeira bilateral de dois dias
Visitas De estaDo
´ +Africa 73fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ ambos fizeram questão de reafirmar
a determinação de ambos os países
em dar continuidade aos projectos já
encetados e em programar novos pro-
jectos cuja viabilização financeira seja
considerada verdadeiramente realista.
ambos os presidentes defenderam a
manutenção da cooperação, porque
“entendem que portugal e moçambi-
que são como as duas mãos que, para
que cada uma delas esteja limpa, têm
de se lavar mutuamente”.
Durante a sua visita oficial a portugal,
armando Guebuza ainda teve tempo
para dar uma entrevista a um ocS
português, em que declarou que terá
ficado assegurado, quando se avistou
em nova iorque com pedro passos
coelho, que se chegaria a um des-
fecho final sobre com quem deverão
ficar os restantes 15% de cahora
bassa, de momento ainda na posse do
estado português, depois de ter cedi-
do os 85% a moçambique. ainda que
não tenha sido confirmado, esses 15%
restantes poderão vir a ser repartidos
por duas empresas – uma portuguesa
(a rede eléctrica de energia de ➤
Guebuza na cimeira luso-moçambicana
´ +Africa74 • Diplomática - fevereiro 2012
➤ portugal), outra moçambicana (a
ceza). a concretizar-se este projecto,
a reN poderia ser uma das parceiras,
com o estado moçambicano, na cons-
trução da linha de condução de ener-
gia eléctrica que irá ligar tete a mapu-
to (construção, de resto, já anunciada
há semanas na capital moçambicana).
não é de esquecer que, apesar da cri-
se, há já uma longa lista de empresas
portuguesas que continuam a asse-
gurar o seu empenho em investir em
moçambique, entre elas, a portucel,
a visabeira, o Grupo pestana, sem
esquecer a tap.
o certo é que o presidente Guebuza já
havia dito que estava optimista quanto
ao sucesso da cooperação bilateral
com lisboa, porque via “na crise que
abala portugal apenas um obstácu-
lo para se transpor, tal como muitos
outros que foram já ultrapassados no
passado”. aqui em portugal, Guebuza
fez questão de afirmar aos jornalistas
que “esta cimeira bilateral é a prova
de que estamos mais que determina-
dos a continuar com a nossa coopera-
ção”. ■
Guebuza na Cimeira Luso-Moçambicana
´ +Africa 75fevereiro 2012 - Diplomática •
A importância do mundo da lusofonia como um
espaço privilegiado de negócios, criando grupos lu-
sófonos muito fortes, foi um dos aspectos destaca-
dos pelo ministro da economia e emprego, álvaro
Santos pereira, num almoço-debate promovido
pela associação comercial de lisboa.
o governante sublinhou que este tempo de crise
é uma oportunidade única para o país mudar de
estilo de vida, de se tornar um país mais exigente,
produtivo, empreendedor, eficaz e, por isso, credí-
vel. em suma, para o titular da pasta da economia
trata-se de um novo modelo de desenvolvimen-
to económico, que “tornará portugal um país de
sucesso”. Qual o caminho então a seguir? perante
uma plateia constituída na sua maioria por empre-
sários, álvaro Santos pereira apontou a urgência
de aumentar a liquidez com enfoque nas ajudas
à recapitalização das empresas, quer ao nível de
capital de risco, da reestruturação empresarial e
novos instrumento financeiros relacionados com
as exportações. tudo acompanhado por uma nova
politica de transportes, obras públicas, ou seja a
adopção de políticas que tornem o “estado menos
consumidor”, levando a cabo um “ambicioso pro-
grama de privatizações”, gerando recursos para as
actividades económicas, tornando-as mais concor-
renciais.
o ministro enfatizou ainda o papel das exportações
como um “desígnio nacional” num mundo cada vez
mais global, sublinhando que as mesmas têm cres-
cido à média dos 7 ou 8 por cento ao ano, em con-
tra - ciclo com um consumo em grande retracção.”a
internacionalização deve ser vista como etapa de
vida no ciclo de desenvolvimento das empresas”,
disse, acrescentando que o estado deve criar os in-
centivos necessários para alcançar esse objectivo.
o lançamento de uma via rápida para o investi-
mento, que desburocratize os projectos que estão
estagnados nos vários organismos públicos, a
revisão da lei da concorrência, a aposta estratégica
no projecto alqueva potenciando novas vias para o
turismo e a canalização de verbas para a reabilita-
ção urbana foram outras medidas apontadas pelo
ministro da economia que deixou uma ,mensagem
de esperança aos empresários de que o governo
está firme nos seus propósitos de dar uma nova
visão à economia portuguesa, tornando-a mais
produtiva. e no final fez um apelo aos empresá-
rios para “considerarem sempre aberta a porta do
ministério da economia, pois temos todo o interes-
se em os ouvir”.um novo estilo certamente, faltam
ainda os resultados palpáveis. ■
Tornar a Lusofonia um espaço de negóciosMinistro da Economia aponta linhas mestras em encontro com empresários
o governante apontou a
necessidade de desburocra-
tizar o aparelho de estado
e dar melhores condições à
iniciativa empresarial
traDes
´ +Africa76 • Diplomática - fevereiro 2012
No dia 16 de Setembro de 2011 foi assinado publica-
mente o protocolo de cedência e aceitação do palá-
cio do conde de penafiel para a instalação perma-
nente da sede da comunidade dos países de língua
portuguesa – cplp.
o palácio do conde de penafiel faz parte da histó-
ria de portugal e a sua construção data do primeiro
quartel do século Xviii. Durante muito tempo o seu
núcleo primitivo serviu como instalação do “correio-
mor” – posteriormente chamado correio Geral do
reino – e durante quase uma década foi o centro da
vida faustosa e aristocrática de lisboa. hoje, em ple-
no século XXi, o edifício está à disposição da cplp
para a instalação da sua Sede, cuja mudança definiti-
va está marcada para novembro deste ano.
na cerimónia da assinatura deste protocolo esti-
veram presentes o Director-Geral do Secretariado
executivo da cplp, Dr. Hélder vaz lopes; o ministro
de estado e dos Negócios estrangeiros de portugal,
Dr. paulo portas e o ministro das relações exterio-
res de angola e presidente do conselho de ministros
da cplp, Dr. Georges chicoti, entre outras persona-
lidades.
o acto da cedência do espaço, propriamente dito, foi
celebrado entre o ministério dos Negócios estran-
geiros de portugal, representado por paulo portas,
e cplp. Segundo o directior-geral da cplp, hélder
vaz lopes, no âmbito da reestruturação do secreta-
riado executivo, o tema da nova sede na agenda do
ccp e do conselho de ministros tem vindo a ser ➤
Palácio do Conde de Penafiel A nova Sede da CPLP
ministro das relações exteriores de angola, presidente do conselho de ministros da
cplp, Georges chicoti; ministro de estado e dos Negócios estrangeiros de portugal,
paulo portas e Diretor Geral, Secretariado executivo Da cplp, Hélder vaz lopes
globalização
´ +Africa 77fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ analisado desde 2007. também para o ministro
dos Negócios estrangeiros, paulo portas, a nova
sede da cplp é um assunto que já está a ser deba-
tido há alguns anos. perante esta situação o ministro
paulo portas fez questão de acentuar que “quer do
ponto de vista internacional, portugal cumpriu a sua
palavra;, quer do ponto de vista da operacionalidade
da cplp, portugal contribuiu para o crescimento da
organização, sendo que,do ponto de vista financeiro,
apesar de estarmos em austeridade, a solução foi
rápida”.
“Se hoje a língua portuguesa representa 250 milhões
de pessoas em quatro continentes, onde se fala o
português, é uma comunidade prioritária quer para
o interesse nacional, quer do ponto de vista econó-
mico, quer do ponto de vista cultural e também do
ponto de vista diplomático, estimando-se que, dentro
de poucas décadas, cerca de 350 milhões de pesso-
as falem português. Desta forma, e juntamente com a
cplp, portugal tem todas as condições para vencer
na globalização”,concluiu paulo portas.
ainda de acordo com o Director Geral da cplp, pre-
tende-se que a nova Sede vá dar um novo impulso à
vida daquela organização. para” Hélder vaz lopes,
o “palácio penafiel permitirá não apenas o reforço
das capacidades técnicas do Secretariado executivo,
mas também a abertura da cplp à sociedade civil
dos estados membros, parte do que alguém baptizou
como a passagem duma “comunidade de governos a
uma comunidade de povos”. ■texto e fotos: roman buzutt
78 • Diplomática - fevereiro 2012
A visita efectuada por Xanana Gusmão, primeiro-
ministro de timor-leste a portugal, no passado mês
de Setembro, para além da sua componente política,
destapou e fez reaparecer a velhas cumplicidades que
remontam a um período negro da vida desse país. por-
tugal e timor-leste, por razão da sua história comum
e dos tempos de fogo da invasão indonésia, estarão
sempre ligados por laços para além dos arranjos e das
conveniências políticas.
Já assim havia sido em novembro de 2010 quando,
inesperadamente, o presidente timorense, ramos
horta, também de visita a portugal, havia colocado o
seu pequeno estado – e uma das nações mais pobres
do mundo – à disposição da ex-potência colonial para a
ajudar a sair da crise económica em que se encontra.
«eu não vejo dificuldades em timor-leste comprar tam-
bém notas promissoras portuguesas. o próprio governo
timorense já fez a decisão de diversificar a aplicação do
fundo do petróleo, comprando outras notas promisso-
ras», disse então o presidente maubere em entrevista
a um canal de televisão. e, embora não se sabendo o
pé em que ficou a promessa e o tipo de recepção que
terá tido pelas autoridades portuguesas, pena foi que se
tivesse descartado a possibilidade, na medida em que,
na altura, timor-leste tinha quatro mil milhões de euros
para investir do seu fundo de petróleo.
É que, independentemente da natureza solidária da
promessa, o negócio teria sido bom para timor-leste,
pois, como referiu ainda ramos Horta na mesma
entrevista, o investimento «em empresas públicas ou
semi-públicas portuguesas com grande sucesso porque
a diversificação do nosso fundo do petróleo deve ser
feita com inteligência, em investimentos seguros e que
dão proveitos razoáveis» …
Resultados da vista pouco conhecidos
mas, no que respeita à recente visita de Xanana Gus-
mão a portugal, os seus resultados são pouco conheci-
dos, na medida em que só passou para a comunicação
social informação sobre os actos mais públicos, não
havendo nenhuma alusão à natureza das conversas
que terá tido com as autoridades portuguesas. ➤
Xanana em LisboaEmoções e cumplicidade
Cada regresso à pátria que já foi sua é um ritual fantástico de
emoções e cumplicidades. O guerrilheiro é sempre recebido em
Portugal como amigo íntimo, como irmão…
Visitas De estaDo
79fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ De qualquer modo, a deslocação ao nosso país de
José alexandre (Kay rala Xanana) Gusmão, veio,
como já se disse, destapar a afectividade que para
sempre estreitará as relações entre os dois povos, de
que Xanana é, sem dúvida, a personagem mais rele-
vante.
efectivamente, Gusmão, nascido em manatuto – na
então “província ultramarina de timor” – em 1946, e
que durante anos foi o rosto mais conhecido da re-
sistência armada ao ocupante indonésio, apesar de
rumores sobre o seu alegado autoritarismo – a que não
será alheio o processo pouco explicado do afastamen-
to do então primeiro ministro mari alkatiri, por muitos
entendido como um “golpe de estado” –, continua a ser
a grande referência da resistência e do novo país que,
aos poucos, vai construindo os alicerces de um estado
de Direito democrático.
São reconhecidas por todos – apoiantes e opositores
– as suas extraordinárias capacidades de organiza-
ção e o quanto foi essencial o seu empenhamento na
reorganização da guerrilha timorense na década de 80,
como também elogiadas as suas inatas capacidades
de diplomata com que, na década seguinte, sabiamen-
te soube utilizar a comunicação social de todo o mundo
para alertar a humanidade do massacre que as forças
indonésias de ocupação estavam perpetrar contra o
seu povo, tendo corrido mundo as imagens dos assas-
sinatos de indefesos no cemitério de Santa cruz (Díli),
a 12 de Novembro de 1991.
a sua prisão, em Novembro de 1992, que parecia ser
um duro golpe na resistência timorense, transformou-
se num crescendo de solidariedade internacional e de
isolamento da indonésia no quadro das nações.
com a liberdade da pátria, Xanana assume a presidên-
cia da república, cargo que ocupa por dois mandatos
e, posteriormente, com a eleição de ramos Horta como
presidente, assume as funções de primeiro-ministro
depois de sufragado pelo voto popular.
como todos os nomes grandes da caminhada dos po-
vos, “Kay rala Xanana” Gusmão gera amores e ódios
próprios de uma figura apaixonante e apaixonada. a
história o julgará! ■
São reconhecidas por todos –
apoiantes e opositores – as suas
extraordinárias capacidades
de organização e o quanto foi
essencial o seu empenhamento
na reorganização da guerrilha
timorense na década de 80,
como também elogiadas as suas
inatas capacidades de diplomata
80 • Diplomática - fevereiro 2012
Foi no palácio de belém que o presidente cavaco Silva recebeu o primeiro-ministro da
Sérvia, mirko cvetkovic, que esteve em visita oficial ao nosso país. Dadas as boas re-
lações políticas e económicas entre os dois países, o político sérvio aproveitou, durante
o encontro, para reforçar a abertura que o seu país continua a apresentar, em termos
de investimento, a portugal.
recorde-se que a entrada de mirko cvetkovic na política se deu em Janeiro de 2001,
ao tomar posse do cargo de ministro da economia. cargo que, sete anos depois, viria a
acumular com o lugar de primeiro-ministro da Sérvia, até aos dias de hoje.
a Sérvia é um dos países culturalmente mais diversificados da europa, registando já,
em termos económicos, um mercado emergente e bastante diferenciado. o acordo de
protecção recíproca, no âmbito dos investimentos, assinado entre portugal e a Sérvia
em 2009, visou, objectivamente, intensificar e criar as condições mais favoráveis à
cooperação económica entre os dois países, no que toca à concretização dos investi-
mentos.
o encontro entre cavaco Silva e mirko cvetkovic serviu, não só para reforçar e enri-
quecer as relações bilaterais, mas também para delinear novos métodos e formas de
combater a crise económica vigente.
No final da audiência, ficou, no entanto, claro que, no meio da insegurança económica
mundial e do rumo mais eficaz a tomar para combater a crise, portugal e Sérvia vão
continuar a apoiar-se mutuamente, tanto no que se refere aos seus interesses como às
suas necessidades mais prementes. ■
Visitas De estaDo
Mirko CvetkovicPrimeiro-ministro da Sérvia
81fevereiro 2012 - Diplomática •
Na noite de 29 de Setembro, teve
lugar na residência doembaixador
alemão, Helmut elfenkämper, a
recepção por ocasião do Dia da
unidade alemã. com um excelente
tempo e temperaturas de verão,
a embaixada congratulou-se por
tantos convidados terem aceite o
convite que lhes foi endereçado.
na sua mensagem de boas-vin-
das, o embaixador elfenkämper
sublinhou o significado do Dia
da unidade alemã, momento em
que os alemães são recordados
de que a divisão do seu país e do
continente europeu foi ultrapassa-
da em conjunto com os parceiros
europeus; que hoje é importante ➤
Dia da Unidade Alemã 2011
1. embaixador Helmut elfenkämper transmite a mensagem de boas-vindas, acompanhado pela orchestra Juvenil da renânia
do Norte vestefália 2. ministro conselheiro da embaixada da alemanha, robert Weber e antje Weber 3. embaixador de fran-
ça, franz Schöps, embaixador da Suíça e o embaixador Helmut elfenkämper
1
2 3
Mala DiploMátiCa
82 • Diplomática - fevereiro 2012
➤ garantir, defender e continuar
a desenvolver o que construímos
a partir desta situação histórica
única. Segundo o embaixador, a
União europeia continua a ser a
nossa resposta comum aos desa-
fios da globalização.
o embaixador elfenkämper sau-
dou em particular o „embaixador
extraordinário de bona“, franz
Schöps, que fez um percurso em
bicicleta de mais de 2800 km, de
bona até lisboa, para participar
nas comemorações. a cidade de
bona, anterior sede do governo
federal, foi este ano responsável
pelos festejos do Dia da unidade
alemã na alemanha. ■
4. embaixador Helmut elfenkämper e sua mulher com ministro conselheiro robert Weber e sua mulher recebem os convida-
dos 5. embaixador da alemanha a discursar 6. embaixador da república da áustria com luís miguel ehlert e sua mulher
7. embaixador da confederação Suíça, bruno W. lehmann com Sérgio magnani e sua mulher 8. edith förster
4 5
6 7 8
Dia da Unidade Alemã 2011
83fevereiro 2012 - Diplomática •
Para assinalar os 189 anos da in-
dependência do brasil, o embaixa-
dor mário vilalva deu uma recep-
ção na sua residência no restelo
em Setembro passado. convida-
dos de honra foram o ex-presiden-
te lula da Silva, o primeiro ministro
passos coelho, o ministro dos
assuntos parlamentares, miguel
relvas, maria barroso entre as
centenas de pessoas presentes
ligadas às mais diversas áreas da
sociedade portuguesa, desde a
diplomacia, politica à economia,
além de representantes de empre-
sas portuguesas e brasileiras.
no discurso alusivo à efeméride,
o embaixador do brasil, mário
vilalva, considerou uma honra a
presença de lula da Silva, agora
investido numa nova função de ser
embaixador itinerante do brasil no
que concerne à diplomacia eco-
nómica, estabelecendo contactos
empresariais e comerciais com os
várias países.mário vilalva reafir-
mou a disposição de incentivar as
relações comerciais entre os dois
países irmãos, sublinhando que
o brasil «está agora a descobrir
portugal através dos investimen-
tos feitos por grandes empresas».
Segundo o diplomata, o grande
passo será dado no dia em que
forem definitivamente eliminadas
as barreiras que ainda limitam o
comércio entre o mercosul e a
União europeia, através do «esta-
belecimento daquele que será um
dos maiores acordos comerciais
do planeta».
«Quando chegar esse dia, estare-
mos a criar riqueza e mais empre-
go, tornando o atlântico como a
grande via do comércio no mun-
do», acrescentou mário vilalva,
acentuando, logo em seguida, o
papel determinante que portugal ➤
Festa do 189º aniversário da independência do Brasil
Lula da Silva foi convidado de honra e recebeu medalha do I.S. Técnico
1 2 3
4
5
1. Discurso do embaixador acompanhado por lula da Silva 2. embaixadores do brasil e pedro passos coelho 3. lula da Silva e
antónio José Seguro 4. embaixador da russia e embaixador da bulgária 5. embaixador da Ucrania e Salvador correia de Sá
Mala DiploMátiCa
84 • Diplomática - fevereiro 2012
➤ pode vir a ter na defesa e expan-
são da lusofonia, «pois aprendeu
a ver o mundo a partir da china,
da áfrica, do brasil, da ásia, da
europa, enquanto muitos países
da europa só vêem o mundo atra-
vés do seu umbigo».
Durante a recepção, lula da Silva
recebeu das mãos de manuela
vieira, vice-presidente do institu-
to Superior técnico, a medalha
“leonardo da vinci” como forma
de agradecimento pelo trabalho a
nível mundial que o ex-presidente
brasileiro tem desenvolvido em
prol da engenharia.
a banda da armada portuguesa
executou os hinos dos dois países,
tendo também animado a recepção
que se prolongou durante a noite
a banda do navio-escola de guerra
do brasil executando algumas das
mais conhecidas canções brasilei-
ras.isto enquanto mulheres trajando
os típicos trajes brancos de baianas
iam servindo um acarajé que fazia
as delícias dos convidados.
“viva a independência e a separa-
ção do brasil. pelo meu sangue,
pela minha honra, pelo meu Deus,
juro promover a liberdade do bra-
sil. independência ou morte!”.esta
foi a frase proferida por D. pedro
a 7 de Setembro de 1822, procla-
mando a independência do bra-
sil. exteriorizava o sentir de uma
revolta, em parte resultante de um
crescente mal-estar na antiga co-
lónia face ao monopólio comercial
português e o excesso de impostos
numa época de livre no mercado e
circulação de mercadorias. curio-
samente, dois séculos depois, os
dois países querem unir-se, apos-
tando numa forte união económica,
com o atlântico a servir de espaço
privilegiado nesse nova estratégia
de relacionamento. ■
6. José pestana e ana palmeira 7. embaixadores e.U.a e antónio pinto ribeiro 8. paula bobone e Jorge braga de macedo 9. antó-
nio burtorff acompanhado da mulher e manual ferreia enes 10. embaixadores de frança e antónio pinto ribeiro
11. embaixadores da coreia
6 7
9 10
8
11
Festa do 189º aniversário
da independência do Brasil
85fevereiro 2012 - Diplomática •
Por ocasião do dia nacional do
seu país, os embaixadores de
espanha, francisco villar e a
sua mulher isabel villar, convi-
daram para a sua recepção, que
teve lugar no palácio da palavã,
personalidades dos mais diver-
sos meios sociais, diplomáticos,
económicos e políticos.
portugal e espanha são duas
velhas nações europeias, com
uma notável projecção histórica
e cultural no mundo e possui-
doras de uma singular perso-
nalidade e uma forte identidade
própria.
este ano a comemoração é es-
pecial, pois é o vigésimo quinto
aniversário da adesão simultâ-
nea de portugal e espanha às
comunidades europeias. Hoje a ➤
Festa na Embaixada de Espanha
1. embaixador de espanha, francisco zillar com maria da luz de bragança 2. embaixadores do luxemburgo com embaixatriz da
roménia, Nicolata popovici e embaixadora de marrocos 3. Javier Gallego com marta Gallego e o presidente da camara de espanã,
Guillermo de llera. 4. pedro lourtie com o embaixador do brasil, mario vilalva e o embaixador da Ucrânia, oleksandr m. Nyko-
nenko 5. anne-marie mathias com marcelo mathias 6. anna luisa pignatelli e os embaixadores da Suécia bengt lundborg e Jane
lundborg 7. milton moniz com os embaixadores da correia
1 2 3
4
5
6
7
Mala DiploMátiCa
86 • Diplomática - fevereiro 2012
➤ União europeia, facto de
grande relevância, porque con-
tribuiu de maneira importante
para a consolidação dos nossos
processos democráticos e para
a modernização das nossas
economias, e também para o
impressionante incremento e
reforço que experimentaram as
relações bilaterais entre os nos-
sos dois países ao longo deste
último quarto de século.
Hoje, espanha, portugal e mui-
tos países europeus e de outras
latitudes atravessam uma gravís-
sima crise financeira, económica
e social. esta crise, no entanto,
ainda que tenha travado algum
projecto concreto, não desatou
os laços cada vez mais fortes
entre os dois países ibéricos. ■
8 9 10
11 12 13
14
15 16 17
8. maria da luz de bragança com margarida ruas 9. maria luísa pacheco com antónio e antónia de almeida e luís mira amaral
10. embaixatriz da polónia Katarzyna Skórzynskza e maria da luz de bragança 11. embaixadores da Noruega 12. embaixatriz da
Suiça, almy Schaller e o embaixador de frança, pascal teixeira da Silva 13. o embaixador da Ucrânia e o embaixador da rússia
14. embaixatriz de Senegal e o embaixador dos emirados 15. Nuno lima de carvalho, maria da luz de bragança e ramon font
16. ana vidal e bernardino Gomes 17. embaixadores da turquia
Festa na Embaixada de Espanha
fotos: roman buzutt
87fevereiro 2012 - Diplomática •
No dia em que a república popu-
lar da china celebrou o seu Dia
Nacional, o embaixador chinês
acreditado no nosso país, ofere-
ceu uma recepção, em que fez
questão de felicitar, de forma es-
pecial, todos os residentes e em-
presas chinesas sediadas em por-
tugal e agradecer a todos os que
têm vindo a acompanhar o desen-
volvimento da china e fomentar a
amizade sino-portuguesa.
ao longo dos 62 anos desde a sua
fundação, frisou o embaixador,
que a república popular da chi-
na, passou por reformas amplas e
profundas e obteve notáveis êxi-
tos em desenvolvimento, trazendo
novas mudanças à vida do seu
povo.
o diplomata chinês realçou ainda
que a república popular da china
está comprometida o seu cami-
nho de desenvolvimento pacífico,
garantindo a manutenção e con-
tribuindo para a paz mundial e,
dedicando-se em conjunto com
a comunidade internacional na
construção de um mundo harmo-
nioso de paz duradoura e prospe-
ridade comum.
a china e portugal, assim como
os seus povos, têm uma longa
história de intercâmbio e amiza-
de, aprofundando os laços de
cooperacção nas áreas política,
económico-comercial, cultural,
cientifico-tecnológica, militar, en-
tre outras.
o embaixador chinês fez ques-
tão de relembrar a resolução da
questão de macau através de
negociações amigáveis e o esta-
belecimento de uma parceiria es-
tratégica Global. lembrou também
o êxito da visita presidente chinês,
hu Jintao, que veio dar um grande
impulso às relações bilterais.a re-
cepão terminou com um brinde à
china e a portugal e ao bem-estar
dos dois povos. ■
Recepção do Dia Nacional da China
o embaixador zhang beisan, proferindo o seu discurso
Mala DiploMátiCa
88 • Diplomática - fevereiro 2012
Por ocasião do Dia nacional da
Ucrânia, o embaixador oleksander
nykonenko, ofereceu uma recepção
no mosteiro dos Jerónimos. Quem
esteve presente pode apreciar um
belo espectáculo com músicos
clássicos ucranianos, que inter-
pretaram obras de compositores
ucranianos e estrangeiros, inclusive
portugueses, interpretados tanto
com instrumentos musicais tradi-
cionais, como antigos instrumentos
ucranianos. a interpretação musical
esteve a cargo do trio de banduras
“Kupava”, o Quarteto de cordas
“amabile” e igor Snedkov. com uma
selecção de melodias magníficas,
entre as quais: “valsa de Kharkiv”
de azat chilutian; “ave maria” de
Giullio caccini e “traz outro amigo
também” de José afonso. Seguin-
do-se de um cocktail com sabores
ucranianos e portugueses que muito
agradaram os convidados. ➤
Dia Nacional da Ucrânia
1. Quarteto de cordas “amabile” 2. igor Snedkov, acordeonista ucraniano 3. trio de banduras “Kupava” 4. convidados a assistir ao
concerto
1 2 3
4
Mala DiploMátiCa
89fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ este ano, a Ucrânia, marca o 20º
aniversário da sua independência.
Durante este período o país, sem
dúvida, conseguiu provar que é um
membro importante da comunidade
internacional,
a ucrânia é potencialmente um
parceiro importante para a europa,
ocupando um dos primeiros lugares
entre os países do continente pelo
tamanho do seu território e o quinto
lugar pela população.
em 2011, a estabilidade políti-
ca, os valores democráticos e a
disposição pragmática dos dirigen-
tes ucranianos assegurarão uma
realização prática do curso estra-
tégico de integração europeia, que
facilitará a introdução pelo governo
ucraniano das reformas políticas,
económicas e de segurança, a me-
lhoria dos climas de investimento,
de cooperação empresarial e muito
mais. ■
5. miguel Horta e costa, embaixador oleksander Nikonenko e embaixador da rússia 6. aline Gallasch hall, primeiro Secretário Yuri
Demidenko, vice-cônsul inna pylypchuk, ludmilla Gallasch Hall e maria da luz bragança 7. isabel Duarte e fernando catarino Narciso
8. embaixadores da moldávia 9. embaixadora do canadá e o embaixador da Hungria 10. presidente da câmara de faro e lília bispo
martins 11. ivan Hudz , coordenador da capelania da igreja greco-católica em portugal com maria da luz bragança 12. embaixador dos
emiratos árabes Unidos com o trio de banduras “Kupava” 13. ludmilla Gallasch Hall, maria da luz bragança, ivan onyschchuk
5 6
7 8 9 10
11 12 13
90 • Diplomática - fevereiro 2012
Por ocasião do Dia nacional do seu
país, os embaixadores da áustria em
portugal, bernhard Wrabetz e Joana
Daniel Wrabetz, foram os anfitriões
de uma recepção na sua residência
oficial. na recepção estiveram pre-
sentes varias personalidades portu-
guesas e estrangeiras.
É uma data marcante e relaciona-
da com a assinatura do tratado de
independência da áustria no 15 de
maio de 1955 em viena. o tratado
foi assinado entre as quatro forças
aliadas que dominavam o território
austríaco: o reino Unido, os estados
Unidos da américa, frança e a União
Soviética.
após a assinatura do tratado os
quatro países aliados retiraram as
suas tropas e no dia 26 de outubro
de 1955 o parlamento proclamou a lei
da neutralidade perpétua da áustria.
áustria tornou-se num estado sobe-
rano, livre e democrático que segue
uma posição política neutra perante
o mundo. a partir deste momento
histórico, a celebração do dia nacio-
nal da áustria decorre todos os anos
no 26 de outubro. Neste dia faz parte
da tradição os austríacos passarem
muito tempo ao ar livre, conviverem
e visitarem os museus e o edifício
parlamentar abertos ao público. ■
Dia Nacional da Áustria
1 2 3
4 5
6 7 8 9
1. maria da luz de bragança e o embaixador da áustria, bernhard Wrabetz 2. ediz e Gassan el aquar 3. embaixatriz
da áustria e maria da luz de bragança 4. embaixador da Suécia, embaixatriz do luxemburgo, embaixatriz da frança
e fabrizio pignatelli 5. miguel polignac de barros, francisco de calheiros, Dzigger Gottlieb, maria do céu Neves car-
doso 6. embaixador de luxemburgo e o embaixador da Suécia 7. fabrizio pignatelli e José de bouza Serrano
8. barão de beck e maria da luz de bragança 9. marlies fenke freifrau von Dornberg e o embaixador da áustria
Mala DiploMátiCa
texto e fotos: roman buzutt
91fevereiro 2012 - Diplomática •
Por ocasião do Dia nacional da coreia,
os embaixadores da coreia oferece-
ram uma magnífica recepção, com a
presença das mais representativas
individualidades do mundo político, em-
presarial, diplomático e do desporto.
a celebração teve lugar na residência
oficial dos embaixadores da coreia,
onde os presentes tiveram a oportu-
nidade de fazer uma viagem gastro-
nómica pelos sabores coreanos ao
som de música tradicional coreana e
portuguesa.
o dia 3 de outubro é o Dia da fun-
dação do povo coreano. um dia que
simboliza a venerável história de cinco
mil anos, desde a sua criação em 2333
antes de cristo.
as relações de amizade e cooperação
entre a coreia e portugal estão cada
vez mais fortes. neste ano de 2011
celebrar-se os 50 anos de relações
diplomáticas entre os dois países.
“através desta ocasião muito espe-
cial, acredito que as relações entre a
coreia e portugal vão prosperar ainda
mais no futuro. vamos todos desejar
o progresso das relações entre os
dois países”. Discursou o embaixador
Kang Dae-hyun. ■
Dia Nacional da Coreia
1. embaixadores da coreia 2. embaixador da Hungria com a embaixadora do canadá 3. embaixador Kang Dae-hyun a discursar
4. embaixadores da moldávia 5. carlos bonjardino e José ribeiro e castro 6. embaixadora da Índia 7. embaixador do luxemburgo
1 2 3
4 5
6 7
Mala DiploMátiCa
92 • Diplomática - fevereiro 2012
A mostra portuguesa em espanha, que já vai na
sua iX edição, continua a decorrer, com espetácu-
los, exposições e cinema, que tiveram o seu auge
em novembro, quando rodrigo leão e a sua banda
tocaram em madrid e em Sevilha, mafalda arnauth
cantou em oviedo, no âmbito do ii ciclo noites de
fado – Divas, luísa Sobral, a muito jovem dona
de uma voz que tem popularizado um pop/jazz de
produção própria, apresentou-se em barcelona
e madrid, pedro moutinho mostrou o seu fado no
círculo de bellas artes e lula pena cantou na Sala
clamores, em ambos os casos em madrid.
enquanto isso, até 8 de janeiro, o público espanhol
pode continuar a apreciar a exposição Mudança de
Paradigma, que exibe 89 obras de 62 artistas plás-
ticos, portugueses e de muitas outras nacionalida-
des, revisitando no museo de arte contemporáneo
de castilla y león (mUSac), na cidade de léon,
as artes plásticas dos anos 60 e 70 do século XX a
partir da coleção de Serralves, a «principal coleção
portuguesa de arte contemporânea».
na sua edição de 2011, a mostra portuguesa em
espanha teve como palcos as cidades de madrid,
barcelona (em coordenação com o consulado-Geral
de portugal), Sevilha, Saragoça, oviedo, león e
badajoz, nesta última cidade por via de uma original
exposição de grafittis no âmbito da fehispor (feira
multissetorial Hispano-portuguesa), tendo como ➤
IX Mostra Portuguesa em Espanha
Cultura
93fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ ponto de partida os símbolos do galo de barcelos
e o touro dos montados da extremadura espanhola.
as propostas culturais portuguesas oferecidas ao
público espanhol «são sempre diferentes de um ano
para o outro», mas o evento de 2011 manteve «as
mesmas características, as mesmas linhas de pro-
gramação, a mesma identidade gráfica e a mesma
equipa», garantiu luís chaby vaz, conselheiro cultu-
ral da embaixada de portugal em madrid e respon-
sável principal da organização da mostra, que tem
ainda como diretores, desde há anos, os espanhóis
concha Hernández e luis martín.
além da música e das exposições, o cinema, o
teatro, os acontecimentos literários e a gastrono-
mia – num total de uma vintena de eventos, que se
têm vindo a suceder desde setembro – constituíram,
como em edições anteriores, o cerne da programa-
ção da mostra, que visa dar a conhecer e difundir
«o pulsar artístico e humano de portugal e o seu
enriquecedor encontro com a cultura espanhola».
Vanguardismo
Para o embaixador de portugal em madrid, álvaro
mendonça e moura, «a mostra portuguesa é um
evento único, com um prestígio evidente e um dos
maiores sucessos na promoção da imagem de por-
tugal como país único, diversificado e culturalmente
vanguardista».
entre os protagonistas de 2011, estiveram, para
além dos cantores e instituições já referidos, os
artistas plásticos João onofre e vasco araújo, que
apresentaram separadamente em barcelona as
suas obras a públicos interessados.
a banda acerte, criada há 35 anos em olivença,
trouxe a madrid a música folclórica espanhola e
portuguesa raiana, com os seus fados, corridinhos e
verde-gaios, ou seja, espelhando o espírito da mos-
tra portuguesa em espanha – o cruzamento cultural
entre os dois países.
a companhia de teatro corcada, de barcelona,
levou à cena a peça O que o turista deve ver, uma
dramatização do livro de fernando pessoa Lisboa:
o que o turista deve ver, um guia em inglês, inédito,
completo, datilografado e pronto para ser publicado,
provavelmente de 1925.
o cinema manifestou-se na mostra por dois tipos
de realizações: o i Seminário de cinema português
contemporâneo, que decorreu no pavilhão de por-
tugal em Sevilha e em que a questão inicial - «exis-
te o cinema português?» - deu o mote à série de
conferências e projeções, e o habitual ciclo promo-
vido pelas filmotecas de espanha, em madrid, e de
Saragoça, que exibiram seis longas-metragens da
mais recente produção de autores portugueses – 48
(2009), de Susana de Sousa Dias, Cisne (2011), de
teresa villaverde, Filme do Desassossego (2010),
de João botelho, Linha Vermelha (2011), de José fi-
lipe costa, Sangue do Meu Sangue (2011), de João
canijo, e Mistérios de Lisboa (2010), do chileno raúl
ruiz.
a gastronomia esteve na mostra a cargo do cozi-
nheiro luís baena, enquanto a literatura foi repre-
sentada pelo escritor mário de carvalho, que fez o
lançamento da edição espanhola do seu romance
Fantasia para dois coronéis e uma piscina (prémio
pen club de portugal de 2003 para a melhor obra
de ficção) e, «de novo e sempre, [por] José Sarama-
go, nesta ocasião graças ao retrato íntimo do Nobel
que realizou o também escritor armando baptista-
bastos», lançado em livro em espanha em novem-
bro.
tal como em anos anteriores, a mostra, que em
financiamento direto custa 100 mil euros, contou
com os apoios do instituto camões, do ministério da
cultura de espanha, do Ayuntamento (município) de
madrid e de outras entidades, com destaque, segun-
do os seus organizadores, para a tap.
Às instituições espanholas que habitualmente co-
laboram com a mostra – como o círculo de bellas
artes, o instituto cervantes, a filmoteca de espa-
nha e de Saragoça, o festival de fado de oviedo,
juntaram-se o festival da revista literária eñe, o
festival de Jazz de barcelona, o mUSac (museu de
arte contemporânea de león), o festival de cinema
europeu de Sevilha e a Universidade de Sevilha.
Segundo o embaixador mendonça e moura, a manu-
tenção da mostra portuguesa em espanha no «atual
contexto político e económico», «é um sinal de que
o país continua desperto, brilhante e capaz de apre-
sentar projetos, obras e criadores capazes de fazer
a diferença». ■i.c. i.p.
94 • Diplomática - fevereiro 2012
Apesar de terem já passados 10
anos, a memória não apagou a
terrível catástrofe do 11 de Setem-
bro nos estados Unidos. e foi assim
que, por todo o mundo, as pessoas
se juntaram para prestar homena-
gem às vítimas dos ataques terroris-
tas, a 11 de Setembro de 2001.
portugal não foi excepção e o local
escolhido para a cerimónia foi a
fundação arpad Szenes - vieira
da Silva, em lisboa. aí se juntaram
os membros do corpo diplomático
creditado no nosso país, personali-
dades nacionais das mais diversas
áreas, desde a politica à empresa-
rial, entre muitos outros convidados.
em destaque estiveram os discursos
proferidos pelo ministro de estado
e dos Negócios estrangeiros, paulo
portas, e de maria de lurdes rodri-
gues, presidente da flaD (funda-
ção luso-americana).
a homenagem do 10º aniversário
do 11 de Setembro foi também
marcada pela exposição “transi-
ções - honrar o passado, Seguir
em frente”, patente no museu da
fundação arpad zenes -vieira
da Silva. o objectivo desta mostra
foi o de propôr uma reflexão sobre
o “modus vivendi” , que assenta nas
mudanças da sociedade pós-11 de
Setembro.
Segundo as palavras do embaixador
allan J. Katz, “ enquanto nunca es-
quecermos aqueles que perdemos,
devemos fazer mais do que simples-
mente lembrarmo-nos deles. É ➤
11 de Setembro10 Anos depois
Jo
el S
ha
pir
o
Jo
aq
uim
br a
vo
álv
aro
la
pa
Jo
sé
pe
dro
cro
ft.
MeMória
95fevereiro 2012 - Diplomática •
➤ em honra deles, tal como o título da
exposição indica, que vamos Honrar
o Passado e Seguir em Frente”.
o embaixador dos estados Unidos
em portugal relembrou também
que, “no dia 11 de Seembro de
2001, cada pessoa, no mundo, se
sentiu um norte-americano”, porque
independentemente do locais onde
os ataques terroristas acontecem
- Washington, nova iorque, lon-
dres, madrid, mumbai ou bali – “há
um lamento colectivo por parte
da pessoas que amam a paz”. e
acrescentou ainda que “hoje, mais
do que nunca, os países de todo
o mundo, que consagram a liber-
dade, tornam-se mais fortes ao
agirem em conjunto”.
no dia 11 de Setembro de 2001
perderam a vida, de uma forma
aterradora, cerca de 3 mil pessoas.
Dez anos passados, a data conti-
nua a ser um dia marcante e emo-
cionante para o povo americano.
mas os norte-americanos, tal como
o resto do mundo, devem continuar
a fortalecer-se para combater o
terrível pesadelo em que se tornou
o terrorismo. Seguir em frente e
lutar pela segurança dos estados é
o objectivo principal e vital. um ob-
jectivo que foi realçado nas obras
expostas nesta exposição, na fun-
dação, em que participaram quatro
autores portugueses – Joaquim
bravo, fernando calhau, José
pedro croft, álvaro lapa e ainda o
norte-americano Joel Shapiro. ■
1. embaixadores dos e.U.a., allan Katz 2. maria de belém roseira, maria de Jesus barroso Soares e maria
de lourdes rodrigues 3. antónio pinto ribeiro e maria de belém roseira 4. maria de lourdes rodrigues,
presidente da flaD, embaixador dos e.U.a. e o ministro dos Negócios estrangeiros de portugal, paulo
portas
1 2
3
4
texto e fotos: roman buzutt
96 • Diplomática - fevereiro 2012
English & French texts
6 - Dossier Morocco - King Mohammed VIthe new king of morocco has lined up the country by rail democratic reforms, breaking with the past of
the autocratic monarchy, so putting morocco on the road to a modern rule of law and a traditional monarchy.
6. Dossier Maroc - SM le Roi Mohammed VI le nouveau roi du maroc a reussi aligner son pays dans la ligne des réformes démocratiques,en rupture avec le
passé de la monarchie autocratique, plaçant le maroc sur la route d’un État de Droit moderne et une monarchie
traditionnelle.
10. Ambassador of MoroccoKarima benyaich is the example of female strength and power ahead of a diplomatic representation, in
this case, morocco. in his first experience in diplomatic functions, the ambassador has a deep understanding of our
country and affirms that “portugal and morocco have a common history of many centuries, an extraordinary one,
with exceptional influences.”
10. Ambassador de MarocKarima benyaich c’est l’exemple de la puissance et compétence femenine d’avance de une representation
diplomatique, dans ce cas, maroc. Dans sa première experience dans les functions diplomatiques, l’ambassadeur,
qui a une profonde connaisance sur notre pays, nous a dit que “portugal et maroc ont une histoire commune, de
plusiers siècles, extraordinaire, avec des influences exceptionnelles”.
20. Ibero-american Summit in Paraguay With the presence of anibal cavaco Silva, the portuguese president, passos coelho and paulo portas. a major
event to all latin-american countries.
20. Sommet ibéro-américaine in Paraguay avec la presence de cavaco Silva, passos coelho et paulo portas. Un evenement très important pour tous les
pays de l’amérique latine.
18. President of the Republic at the UNthe portuguese language and Human rights were the background for the intervention of president cavaco Silva in
the Security council of the United Nations. His visit to eUa included, of course, a meeting with president barack
obama. the debate – the first of the portuguese presidency of this organization – gave a clear signal that
the course of national diplomacy continues the same, with the portuguese president emphasizing that the presence
of portugal, and also brazil, is a "sign of its expressive unequivocal commitment to promoting the values of peace,
security and respect for the inalienable rights of all human beings".
18. Président de la République à l’ONUle portugais et les Droits de l’homme ont été la toile de fond l’intervention du président cavaco Silva au conseil
de Sécurité des nations unies.Dans sa visite aux États unis a consisté, bien sûr, une rencontre avec le président
barack obama. le débat – le premier de la présidence portugaise de cet organisme de l’oNU – a donné un
signal clair du sens que la diplomatie nationale pursuive, avec le chef de l’etat soulignant comme la présence
du portugal, et aussi du brézil, est un signe "de son expressive engagement à la promotion des valeurs de paix,
de sécurité et le respect des droits inaliénables de tous les êtres humains".
22. Portuguese Prime-Minister in ONU Security council assures that portugal is going to assume the challenge to win the crises.
22. Le Premier Ministre du Portugal dans l’ONU a dit que portugal est prêt pour le defi de surmonter la crisis dans l’europe.
23. Minister Paulo PortasDiplomacy in the eUa and magreb.
23. Ministre Paulo Portasla diplomacie se developpe entre les etáts Unies e le magreb.
26. Jean-Claude Juncker in Portugalit was at the calouste Gulbenkian foundation that the prime minister of luxembourg and president of
the eurogroup gave a lecture under the theme "What should be the model for economic government to
adopt a monetary union? lessons of a crisis."
97fevereiro 2012 - Diplomática •
26. Jean-Claude Juncker au Portugalc’était à la fondation calouste Gulbenkian que le premier ministre luxembourgeois et président de l’eurogroupe a
donné une conférence sous le thème « Quel devrait être le modèle de gouvernement économique à adopter pour
une union monétaire? leçons d’une crise. «
28. Professor João Costa Pintoin an interview for Diplomática magazine, professor.costa pinto, who heads the agricultural credit,
now celebrating 100 years of existence, says that the ca is part of the so-called social economy, given its base
of cooperatives. in another context, states that the output of portugal from the euro would have such serious
consequences, that can not ever be considered.
28. Professeur João Costa PintoDans une interview accordée à la revue Diplomática, le professeur João costa pinto, qui dirige le crédit agricole,
qui célèbre 100 ans d’existence, affirme que le ca fait partie de l’économie dite sociale, étant donné sa base de
coopératives. Dans un autre contexte, costa pinto déclare que la sortie de portugal de l’euro aurait telles graves
conséquences, que, en fait, cette hyphotèse ne se devrait jamais poser.
32. Patrick Zieglerles mots justes pour une europe en crise et la révolution.
32. Patrick Ziegler the right words for a europe in crisis and revolution.
36. Sweden – land of brands of excelence. presented by the ambassedor bengt lundborg.
36. Suéde – pays des marques d’excellence. presenté por lámbassador bengt lundborg.
38. Ambassador of Korealearn about the discovery of the new age for the united States and Korea.
38. Ambassadeur de Coréerenseignez-vous sur la découverte du New age pour les etats-Unis et la corée.
54. Exhibition in Polandin a partnership between the embassy of the republic of poland and the city Hall of cascais,
the memory Space of the exiles opened the temporary exhibition “exiles, politcs and Diplomats in tough times”,
depicting the passage of numerous foreign dignitaries at estoril ,during the Second World War.
54. Exposition en Pologne Dans un partenariat entre l’ambassade de la république de pologne et de la municipalité de cascais, l’espace
mémoire des exilés a ouvert l’exposition temporaire «exilés, politiques et Diplomates en temps
Difficiles», illustrant le passage de nombreux dignitaires étrangers à estoril, pendant la Seconde Guerre
mondiale.
58. President receives credentials in the Palaceit was at belém palace that president cavacoSilva received the credentials of the new ambassadors accredited in
our country, among them, tunisia, pakistan, romania, Norway and italy.
58. Le président Cavaco Silva reçoit des diplomates au Palais le président de la république cavaco Silva a reçu les lettres de créance de nouveaux
ambassadeurs accrédités dans notre pays, parmi eux, la tunisie, le pakistan, la roumanie, la Norvège et l’italie.
60. Jorge Carlos Fonseca, President of the Republic of Cape Verde Newly elected, the new president of the republic of cape verde, told to det Diplomática magazine, that the cplp
“must go towards a community.
60. Jorge Carlos Fonseca, Président de La République du Cap VertNouvellement élu, le nouveau président de la république du cap-vert, a déclaré à la revue Diplomática que la
cplp “doit suivre vers une communauté de peuples ». Jorge carlos fonseca aborde également les grandes
questions nationales et nous parle de son cours de vie, en tant que citoyen et militant des causes.
98 • Diplomática - fevereiro 2012
English & French texts
68. Pedro Passos Coelho Was in angola for a short visit to assure the bilateral ties.
68. Pedro Passos Coelho a visité officiellemente angola pour rassurer les relations bilatérales.
70. Palmira Tjipilica culture and history, so a rescue of the globalization of identities.
70. Palmira Tjipilica culture et histoire, donc une opération de secours de la mondialisation des identités.
72. President of Mozambique in portugal believes that portugal is going to win the crisis.
72. Le Président du Mozamiquearmando Gebuza, est sûr que le portugal va vaincre la crise dans l’europe.
75. Jose Damasio Holy Conceptionangola and portugal for a common future - an experience written in the first person.
75. Jose Antonio Damasio Saint Conception l’angola et le portugal pour un avenir commun- une expérience écrite à la première personne.
76. CPLP has new headquartersthe palace of the count of penafiel was the place choosen for the signing of the protocol of transfer
and acceptance of the palace of the conde depenafiel to install permanent headquarters of the
community of portuguese Speaking countries. paulo portas, minister of foreign affairs, represented portugal at
the ceremony.
76. CPLP a un nouveau siège le palais du comte de penafiel a été le lieu de la signature du protocole de transfert et d’acceptation du
palais de le comte de penafiel pour installer le siège permanent de la communauté des pays de langue
portugaise. paulo portas, ministre des affaires étrangères, a représenté le portugal dans la cérémonie.
78. Xanana Gusmão reassures that east timor will always be linked to portugal.
78. Xanana Gusmão a lisbonne reçu par le président cavaco Silva comme un frère.
80. Prime-Minister of Serbia in Lisbon reinforces the opening of his country to help portugal.
80. Premier Ministre de la Serbie au Portugal renforce l'ouverture de san pays à aider le portugal.
92. IX Portuguese Exhibition in Spainhavinh the cities of madrid, Sevilhe and leon as stages of shows and arts.
92. IX Exibition portugaise en Espagneavoir comme scène des spectades et des arts des villes de madrid, Séville et leon.
94. Memoryten years have passed, but the memory did not erase the terrible catastrophe that was the 11 September in
new York. throughout the world, people gathered to pay tribute to victims of the terrorist attacks
of 2001. portugal was no exception and it was in the foundation arpad Szenes-vieira da Silva that the most
diverse personalities from all areas of national life and diplomats paid their homage.
94. MémoireDix ans ont passé, mais la mémoire n’a pas effacé la terrible catastrophe qui a fait l’Septembre 11 à new
York. partout dans le monde, les gens se sont rassemblés pour rendre hommage aux victimes des attentats
terroristes de 2001. le portugal n’était pas exception et a fait son hommage dans la fondation arpad Szenes-vieira
da Silva, où personnalités des plus diverses domaines de la vie nationale et de la diplomacie ont eté presentes.
C:2 M:58 Y:62 K:0
C:2 M:75 Y:90 K:0
C:3 M:100 Y:100 K:0
C:33 M:100 Y:100 K:0
C:30 M:100 Y:100 K:41
C:15 M:65 Y:4 K:0
C:25 M:90 Y:10 K:0
C:45 M:93 Y:13 K:0
C:75 M:97 Y:20 K:0
C:65 M:95 Y:10 K:30
C:0 M:12 Y:75 K:0
C:0 M:20 Y:85 K:0
C:0 M:25 Y:100 K:0
C:0 M:70 Y:100 K:0
C:0 M:90 Y:100 K:0
C:40 M:0 Y:10 K:0
C:65 M:0 Y:14 K:0
C:75 M:0 Y:18 K:5
C:100 M:0 Y:20 K:15
C:100 M:15 Y:20 K:45
C:0 M:32 Y:7 K:5
C:5 M:54 Y:13 K:8
C:5 M:80 Y:15 K:15
C:30 M:100 Y:34 K:25
C:38 M:100 Y:25 K:71
C:20 M:0 Y:100 K:0
C:35 M:0 Y:100 K:0
C:45 M:0 Y:100 K:0
C:72 M:0 Y:100 K:0
C:100 M:0 Y:100 K:31