A avaliação naeducação infantil
As programações educacionais são "apostas",pois avaliam apossibilidade de determinada ação ser o caminho mais
promissor para o desenvolvimento da criança. A concepçãoeducacional exposta neste livro exige a superação de modelosdiddticos preestabelecidos e rígidos e reconhece o valor daexperimentação, da avaliação e da correção de rotas no
processo, em sintonia com as interações criadas com base nasnecessidades e experiências das crianças, em seu
universo simbólico-cultural. É nessesentido que sepropõe aavaliação na educação infantil· como ferramenta para oarranjo de boas condições para o desenvolvimento de
meninos e meninas desde o nascimento.
A avaliação do desenvolvimento infantil deve atuarcomo recurso para auxiliar o progresso das crianças.Graças às informações que o processo avaliatório lhe oferecer, o professor poderá sentir-se seguro a respeito daforma como as situações de aprendizagem foram organizadas ou perceber a necessidade de modificá-las.
A avaliaçãoeducacional requer um olhar sensívele permanente do professor para compreender as crianças eresponder adequadamente ao "aqui-e-agora" de cada situação. Perpassatodas as atividades, mas não se confunde comaprovação/reprovação. Sua finalidade não é excluir, masexatamente o contrário: incluir as crianças no processoeducacional e assegurar-lhesêxito em sua trajetória por ele.
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A LDB assim se pronuncia a respeito da avaliação naeducação infantil:
"Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante........._ -- - .....__ - -~.__.....--- .
acompanhamento e registro do seu desenvolvimento,sem o objetivõdê promoção-: mes~o para o acesso ao
~ensino fundamentar (Lei 9394/96, artigo 31).As crianças devem sentir-se aceitas incondicionalmente,
embora alguns de seus comportamentos possam ser modificados. O importante é o professor servir-se de modelosde avaliação do desenvolvimento voltados para a detecçãode zonas de desenvolvimento proximal de cada criança, ouseja, buscar conhecer caminhos emergentes, e não meramente constatar obstáculos.
Para bem avaliar,o professor precisa superar viesesideológicos e pessoais e proceder ao questionamento de estereótipos que atrapalham sua relação com as crianças. Asfontes para o estabelecimento de indicadores de avaliaçãoeducacional devem levar em conta as teorias acerca dodesenvolvimento infantil já elaboradas. Muitas delas consideram a criança como algo universal, e não como umainvenção social no interior de uma rede de relações depoder, de preocupações políticas e de investimentos devalor. Decorre daí que a classificação das crianças segundo uma escala de méritos e valores, geralmente orientadapor informes vulgarizados da psicologia, exerce nelas efeitos muito marcantes, atribuindo-lhes qualidades psicológicas e morais que terminam por funcionar como canalizadores do seu desenvolvimento, dentro do que foi chamado de "profecia auto-realizadora".
Ao contrario, as análises integrantes da avaliação são,a um só tempo, situacionais, por envolverem respostas dacriança a um conjunto de fatores, e provisórias, visto quea criança e a relação que ela estabelece com seu ambienteestão em constante mudança. Novas pesquisas sobre o desenvolvimento infantil feitas em diversos países revelam
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que as crianças demonstram diferentes competências sociais,dependendo da forma como interagem com seuscontextos de desenvolvimento. Estes envolvem uma ecologiafísica e social em que se incluem as estratégias de cuidadoe de interação utilizadas. Daí a necessidade de uma definição mais sofisticada dos ambientes socioculturais emque a criança se insere.
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Avaliar a educação infantil implica detec~armudançasem competências das crianças que possam ser atribuídastanto ao trabalho realizado na creche e pré-escola quantoà articulação dessas instituições com o cotidiano familiar.Implica analisar, com base em escalas de valores, asmudanças evidenciadas. Exige o redimensionamento docontexto educacional - repensar o preparo dos profissionais, suas condições de trabalho, os recursos disponíveis, as diretrizes defendidas, os indicadores usados -,para promovê-lo ainda mais como ferramenta para odesenvolvimento infantil. Envolve conhecer os diversoscontextos de desenvolvimento de cada criança, sendo umretrato aberto, que pontua uma história coletivamentevivida, aponta possibilidades de ação educativa, avalia aspráticas existentes. Trata-se de um campo de investigação,não de julgamento, que contribui decisivamente para abusca de uma proposta pedagógica bem delineada.
Para saber mais
HOFFMAN, Jussara. Avaliação mediadora: uma práticaem construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre:Mediação, 1995.
Sugestão de atividade
Elabore um roteiro de avaliaçãodas crianças e das situações por elas vividas em creches e pré-escolas,
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DireçãoJoséXavier Cortez
EditorAmir Piedade
PreparaçãoAlexandre SoaresSantana
RevisãoOneide EspinosaRegina Gimenez
J Alves
Edição de ArteMaurício Rindeika Seolin
IlustraçõesMdrcio Baraldi (internas)Cleido Vasconcelos(capa)
Papéis da capaAtelier Luiz Fernando Machado
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Oliveira, Zilma Ramos deEducação infantil : fundamentos e métodos / Zilma Ramos de
Oliveira. - São Paulo : Cortez, 2002. - (Coleção Docência emFormação)
ISBN 85-249-0855-6
1.Educação de crianças. 2. Professores- Formaçãoprofissional.I. Título. II. Série.
02-1639 CDD-372.21
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