UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
NÚCLEO INTERINSTITUCIONAL DE ESTUDOS DA VIOLÊNCIA E CIDADANIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM POLÍTICAS DE SEGURANÇA E DIREITOS
HUMANOS
INTELIGÊNCIA E NARCOTRÁFICO
GERSON VINICIUS PEREIRA
Cuiabá-MT
Dezembro/2014
GERSON VINICIUS PEREIRA
INTELIGÊNCIA E NARCOTRÁFICO
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Especialização em Gestão de Segurança Pública como requisito obrigatório para a conclusão do curso e obtenção de Grau de Especialista em Gestão de Segurança Pública.
Orientador: Mestre Elcio Bueno de Magalhães
Cuiabá-MT
Dezembro/2014
GERSON VINICIUS PEREIRA
INTELIGÊNCIA E NARCOTRÁFICO
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Especialização em Gestão de
Segurança Pública como requisito obrigatório para a conclusão do curso e obtenção
de Grau de Especialista em Gestão de Segurança Pública, orientador Elcio Bueno
Magalhães.
Banca Examinadora:
Avaliação final: _______
Cuiabá-MT, _____ de _________2014
DEDICATÓRIA
A Deus, pela minha existência. Aos
meus pais, Raquel e Jair pelo incentivo A
minha esposa Elizabeth e aos meus filhos
Letícia e Murilo pelo amor dispensado.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador pela paciência,
compreensão e dedicação durante todo o
transcorrer desta pesquisa.
Aqueles que não fazem nada estão sempre dispostos a criticar
os que fazem algo.
Oscar Wilde
RESUMO PEREIRA, Gerson Vinicius Pereiras. Inteligência e Narcotráfico. Orientador: Mestre Elcio Bueno de Magalhães.
O crime organizado e, em especial, o narcotráfico constituem problemas
que hoje afligem a maioria dos países, atingindo níveis nunca antes imaginados. Além de afetarem a segurança pública e dos cidadãos em geral, nos últimos anos tais atividades criminosas vem se contrapondo à existência do próprio Estado, enfrentando-o de maneira audaciosa e violenta. Os métodos tradicionais de enfrentamento e de investigação não foram capazes de se confrontar ao poder das organizações criminosas e dos narcotraficantes, cujos lucros auferidos assemelham-se aos das maiores empresas do planeta. Nesse contexto, a atividade de inteligência surgiu como mais um instrumento a ser empregado no combate ao crime organizado e ao narcotráfico. A experiência tem demonstrado a eficácia de sua utilização, tanto na prevenção quanto na repressão. No Brasil, a gravidade da situação chegou ao extremo. Freqüentemente surgem notícias dando conta de ações perpetradas por traficantes contra agentes públicos e contra a sociedade. Em alguns locais, chegam até mesmo a ditar suas “leis” e impor suas vontades em detrimento da população e do Estado. A evolução da atividade de inteligência até os dias atuais, no Brasil e no mundo, conduz à compreensão de sua importância. A relevância da inteligência policial também merece destaque, constituindo atualmente vetor principal no combate eficiente ao narcotráfico. A evolução histórica das drogas e como o homem se relaciona com a mesma desde séculos é fundamental para que se entenda a conjuntura atual. A elaboração de políticas e estratégias passa necessariamente por esse entendimento, evitando-se assim a repetição de erros e o desperdício de recursos públicos.
Palavras-chaves: combate – narcotráfico – crime organizado – inteligência – polícia
ABSTRACT
PEREIRA Gerson Vinicius. Intelligence and Drug Trafficking combat. Orientend by Elcio Bueno de Magalhães.
The organized crime, especially the drug trafficking, constitute problems that nowadays afflict the majority of the countries, reaching levels never imagined before. Beyond affecting public security and citizens in general, in the last years, these criminal activities have been opposing to the existence of the own State, facing it in an audacious and violent way. Traditional methods of confrontation and investigations weren’t able to face the criminal organizations and narcotics traffickers’ power, whose profits are similar to those derived from the biggest companies of the world. In this context, intelligence activity has appeared as one more instrument to be used in organized crime and drug trafficking combating. Experiences have demonstrated its efficacy in prevention as well as in repressing crimes. In Brazil, the seriousness of the situation has come to the utmost. Frequently, news about actions perpetrated by traffickers against public agents and also against society emerge. Some places even dictate their own law and impose their wills in detriment of the population and the State. The evolution of Intelligence activity so far, in Brazil and in the world, leads to the understanding of its importance. The relevance of police intelligence also deserves to be showed up, constituting currently the principal vector of an efficient combat on drug trafficking. Drugs historical evolution and how man deals with it from centuries are essential to the understanding of the actual juncture. Politics and strategies elaboration necessarily goes through this agreement, preventing mistakes to be repeated and public resources to be wasted.
Keywords: combat – drug trafficking – organized crime – intelligence – police
LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Distribuição dos Registros de Ocorrências de Crimes de Drogas em
Cuiabá-MT, por Anos de Ocorrência, nos Anos de 2012 e 2013 .............................. 45
Gráfico 2: Distribuição dos Registros de Ocorrências de Crimes de Drogas em
Cuiabá-MT, por Mês do Ano, nos Anos de 2012 e 2013 ........................................... 45
Gráfico 3: Distribuição dos Registros de Ocorrências de Crimes de Drogas em
Cuiabá-MT, por Dia da Semana, nos Anos de 2012 e 2013 ..................................... 46
Gráfico 4: Distribuição dos Registros de Ocorrências de Crimes de Drogas em
Cuiabá-MT, por Faixa Horária, nos Anos de 2012 e 2013 ........................................ 47
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Distribuição Anual dos Registros de Ocorrências de Crimes de Drogas
em Cuiabá-MT, nos Anos de 2012 e 2013, segundo o Tipo de Local de
Ocorrência ................................................................................................................. 48
Quadro 2: Distribuição Anual dos Registros de Ocorrências de Crimes de Drogas
em Cuiabá-MT, nos Anos de 2012 e 2013, segundo o Local de Ocorrência ............ 49
LISTA DE ABREVIATURAS
ABIN Agência Brasileira de Inteligência
CEAC Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal
CEPAL Comissão Econômica para a América Latina
COAF Conselho de Controle de Atividade Financeira.
CPI Comissão Parlamentar de Inquérito
DNISP Doutrina Nacional de Inteligência
FATF Financial Action Task Force
ONU Organização das Nações Unidas
SENASP Secretaria Nacional de Segurança Pública
SESP Secretaria de Segurança Pública
SISBIN Sistema Brasileiro de Inteligência
SISNAD Sistema Nacional de Política Pública Sobre Drogas
SISP Sistema de Inteligência de Segurança Pública
SNI Serviço Nacional de Informações
SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 13
1. A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA .................................................................. 16
1.1 A INTELIGÊNCIA E SUAS ORIGENS............................................................ 16
1.2. A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NO BRASIL ............................................ 18
1.3 A INTELIGÊNCIA POLICIAL .......................................................................... 21
2 O NARCOTRÁFICO.......................................................................................... 23
2.1 AS ORIGENS HISTÓRICAS DO NARCOTRÁFICO ...................................... 24
2.2 O NARCOTRÁFICO NO BRASIL ................................................................... 27
2.3 O NARCOTRÁFICO E CRIME ORGANIZADO .............................................. 31
2.4 O NARCOTRÁFICO E LAVAGEM DE DINHEIRO ......................................... 34
2.5 A LEGISLAÇÃO E O NARCOTRÁFICO ......................................................... 36
2.6 A INTELIGÊNCIA E O NARCOTRÁFICO, A SITUAÇÃO ATUAL .................. 38
2.7 A EFICÁCIA DA INTELIGÊNCIA NO COMBATE AO NARCOTRÁFICO ....... 41
3 DOS REGISTROS DOS CRIMES DE DROGAS, EM CUIABÁ ........................ 44
3.1 AS PECULIARIDADES DOS REGISTROS DE CRIMES DE DROGAS EM
CUIABÁ ................................................................................................................ 44
3.2 O EMPREGO DA INTELIGÊNCIA NO COMBATE AO NARCOTRÁFICO ..... 49
3.2.1 Primeiro caso (Operação Mordaça) ......................................................... 49
3.2.1.1 Dos alvos da operação .......................................................................... 50
3.2.1.1.1 Grupo 01 ............................................................................................... 50
3.2.1.1.2 Grupo 02 ............................................................................................... 52
3.2.1.1.3 Grupo 03 ............................................................................................... 54
3.2.2 Da Análise da Operação Mordaça ............................................................ 56
3.2.3 Segundo Caso ........................................................................................... 58
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 62
13
INTRODUÇÃO
O narcotráfico é uma das atividades mais lucrativas do mundo. Nenhum
comércio legal aufere tantos recursos como o tráfico de drogas. O poder dos
traficantes se contrapõe ao poder do próprio Estado, e por vezes o enfrenta
abertamente em confrontos armados. (QUAGLIA, 2014, p.73 )
Segundo a Professora Maria Luiza Marcilio, professora de direitos Humanos
da Universidade de São Paulo, o tráfico de drogas cria fatores de desestabilização
política, econômica e social e inibe o crescimento de países desenvolvidos e em
desenvolvimento. Não se trata, portanto, de um problema eminentemente policial.
A este respeito Fernandes (1998, p.60) destaca que o Brasil vive hoje uma
situação complexa e preocupante, pois deixou de ser já há algum tempo um país
cujo território era utilizado somente como passagem para as drogas para galgar o
título também de país produtor e grande consumidor de drogas.
E em se tratando do controle desta atividade, Magalhães (2000, p. 45),
observa-se que a utilização de métodos tradicionais de investigação, diante da
complexidade e poderio do crime organizado, por vezes é insuficiente. Para o autor
é necessário o incremento da atividade de inteligência como instrumento de combate
e controle destas atividades criminosas, pois apenas as investigações com
vigilâncias, conhecidas como “campanas” não surtem mais efeito. Os
narcotraficantes têm informantes e “olhos” por todos os lugares. Este incremento da
inteligência vem alicerçado com o avanço do maquinário tecnológico. Neste sentido
tem-se que a atividade de inteligência, tanto na ação preventiva como na repressiva,
mostra-se como uma opção viável e eficaz no enfrentamento direto aos
narcotraficantes, exercendo papel de fundamental importância na conjuntura atual.
Desta forma no transcorrer do trabalho, fez-se algumas considerações
acerca da atividade de inteligência, em níveis mundial e nacional. Um breve
14
conhecimento acerca de tal tema revela a importância da atividade e da sua
utilidade diante dos problemas enfrentados diuturnamente pelos Estados,
ressaltando-se que não somente em face de conflitos bélicos, mas em um leque
muito mais abrangente de atuações.
Entende-se que compreender as relações entre o narcotráfico, o crime de
lavagem de dinheiro e o crime organizado é de fundamental importância para situar
o tema, assim como a evolução da legislação correlata.
O conhecimento é de fundamental importância para a tomada de decisão
nos mais diversos níveis da administração pública, assim em tempo de guerra, como
em tempo de paz e a disponibilidade das informações ao tomador de decisões deve
estar de acordo com a complexidade do tema investigado e, isto se aplica também a
questão do crime organizado e do narcotráfico, cuja compreensão não é tarefa fácil.
Diante da gravidade da situação envolvendo o narcotráfico e pelo problema
que este evento representa na atualidade, Filho (2007, p. 34), destaca que é
imperativo que se utilize equipamentos tecnológicos para se incrementar a
inteligência, onde se busca a coleta de informações com a finalidade de localizar
traficantes e drogas. Pois para o autor, o narcotráfico está intimamente ligado à
lavagem de dinheiro e esta ligação consiste no aumento da capacidade financeira
dos traficantes sem ter uma base legal. E em razão disto, em muito casos de
investigação destes eventos, o analista de inteligência começa um procedimento de
análise proativamente buscando altos empresários pela via transversa, isto é,
pessoas com alto poderio financeiro, os quais não tem como comprovar a origem de
tal dinheiro, onde muitas vezes é oriundo do tráfico de drogas. Aí a necessidade da
inteligência ser imprescindível para agir perante estes ilícitos (tráfico de drogas e
lavagem de dinheiro), usando suas técnicas e com a tecnologia agindo junto como
ferramenta imprescindível.
Esse estudo tem como objetivo geral analisar como a utiilização das técnicas
de inteligência comtribuíram para a repressão dos crimes de narcotráfico, sendo que
o objetivo específico é levantar os casos em que houve a atuação da inteligência
para o combate ao narcotráfico e analisar as técnicas de inteligência utilizadas. Com
a denúncia vinda do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOSP)
fazemos um comparativo com as estatísticas da Coordenadoria de Estatística e
Análise Criminal, como horário, dias da semana e local com maior incidência e após,
15
começamos a utilizar o serviço operacional para que no final tenhamos um relatório
circunstanciado para efetuarmos uma operação no combate ao narcotráfico.
No desenvolver do trabalho, abordaremos a atividade de inteligência e sua
breve origem histórica e a inteligência policial; o narcotráfico e suas relações com a
lavagem de dinheiro e o crime organizado; a situação atual, a eficácia da inteligência
para combater o narcotráfico; dos registros de tipos de crime e os casos em que
houve a ação da inteligência para combater o narcotráfico.
Utilizamos um método teórico discursivo baseado na Doutrina Nacional de
Inteligência de Segurança Pública, onde descrevemos a teoria já existente e os
casos que nortearam a ação desenvolvida com êxito para combater o narcotráfico.
16
1. A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
1.1 A INTELIGÊNCIA E SUAS ORIGENS
A atividade de inteligência entendida em sentido amplo como a obtenção de
qualquer informação relevante para auxiliar o tomador de decisões é antiga e
remonta aos primórdios da civilização. Desde quando o ser humano passou a viver
em sociedade, a necessidade de garantir a proteção, a segurança e o
desenvolvimento desta, exigiu dos seus membros a implementação de sistemas
eficientes para obtenção de informações. (FIALHO, 2006, p. 57 ).
Para o autor em questão, a atividade de inteligência sempre esteve
presente nos campos diplomático e militar. A este respeito, a história registra
inúmeros casos de sua utilização em conflitos bélicos, desde as épocas mais
remotas. (p. 67).
A este respeito encontramos no Antigo Testamento das Sagradas Escrituras,
Livro de Deuteronômio, Capítulo 1, versículo 23, o seguinte relato que trata da
jornada do Povo de Deus rumo a Terra Prometida. Em determinado momento, e com
o propósito de seguir em direção a Terra dos Cananeus, Moisés reúne o povo sob
sua liderança e diz:
Então, todos vós chegastes a mim, e dissestes:Mandemos homens adiante de nós, para que nos espiem a terra e, de volta, nos ensinem o caminho pelo qual devemos subir, e as cidades a que devemos ir (BÍBLIA, 1993, p. 184).
Analisando a citação acima, é possível considerar primeiramente que a
atividade de inteligência, é prática inerente a pessoa humana, e segundo que via de
regra é utilizada como ferramenta ou instrumento de apoio ou suporte a outras
atividades, ou seja, a atividade de inteligência pode facilitar o labor de um indivíduo
ou grupo social, naquilo que se pretende alcançar ou adquirir.
Também, Sun Tzu, filósofo e general chinês, em seu famoso livro “A Arte da
Guerra”, escrito há cerca de dois mil e quinhentos anos, ensinava que, antes de
atacar qualquer cidade, deve-se levantar todas as informações possíveis sobre seus
moradores, líderes e exército. Para ele, o indivíduo responsável por tal tarefa deve
receber os mais altos salários da arma, sob pena de ficar tentado a mudar de lado,
ou seja, trabalhar para o inimigo.
17
Situação semelhante é observada durante as guerras travadas pelo Império
Romano e, mais tarde, nas guerras napoleônicas. Nestas, a competência dos
generais era avaliada levando-se em consideração a capacidade dos mesmos em
ter prévio conhecimento do campo de batalha, das forças e estratégias do inimigo.
(ARAÚJO, 2011, p 45 ).
Porém, no que concerne a outorga da atividade de inteligência como uma
prática oficial, reconhecida, têm-se conhecimento que as primeiras organizações
permanentes e profissionalizadas surgiram a partir do século XVI, na Europa,
quando Francis Walsingham, Secretário de Estado da Rainha Elizabeth I, da
Inglaterra, criou, em 1573, dentro da estrutura administrativa de sua secretaria, uma
função a qual denominou “the intelligence”, e tinha como objetivo a provisão de
informações extraordinárias sobre potências estrangeiras. O mesmo ocorreu na
França do início do século XVII, onde o Cardeal Richelieu fundou o “Gabinet Noir”,
que tinha por objetivo monitorar as atividades da nobreza daquele país. As
informações obtidas eram, entretanto, utilizadas politicamente .(ARAÚJO, 2011, p.
56).
Ainda segundo o autor em questão, a Revolução Industrial no final do século
XIX refletiu nas técnicas de guerra e, consequentemente influenciou a atividade de
inteligência. As novas tecnologias surgidas então tais como o telégrafo, exigiram dos
profissionais da área e dos governantes uma rápida adaptação. Em razão deste
avanço tecnológico, na Guerra de Secessão nos Estados Unidos foram utilizadas
novas técnicas, tais como fotografia, reconhecimento de área realizado por balões e
utilização de cifras e códigos (p. 61 ).
Considerando a I Guerra Mundial, o autor observa que somente depois
deste evento é que surgiram os primeiros órgãos de inteligência institucionais. E
ressalta que naquela época, a Rússia Czarista possuía um serviço de inteligência
estruturado, chamado de “Okhrana”, e a Inglaterra havia criado, no ano de 1909, o
até hoje conhecido “MI6”, o qual tinha como principal objetivo a realização de
operações de inteligência militar no estrangeiro. Com Stalin no poder, o serviço
secreto da União Soviética passou por várias siglas, até que, em 1954, adotou a
sigla “KGB-Komitet Gosudarstvennoi Bezopasnosti,” que significa Comitê de
Segurança do Estado, e assim foi denominado até a dissolução do país, em 1991.
(p. 74 ).
18
Mas no decorrer da II Guerra Mundial os serviços de inteligência
desempenharam papel de fundamental importância. Nesta época, a Alemanha
possuía dois serviços de informação, o “Abwehr” e o “SD”, o primeiro ligado aos
militares, o segundo ligado ao Partido Nazista. Já os japoneses possuíam uma rede
de espionagem chamada “Kempei”, responsável por infiltrar agentes que
contribuíram para o ataque a Pearl Harbor. (ARAÚJO, 2011, p. 74 ).
Para o estudioso acima, após a II Segunda Guerra Mundial, o presidente dos
Estados Unidos na época, Harry Truman, criou a CIA – “Central Intelligence
Agency”, em substituição ao OSS – “Office of Strategic Services” (p. 77 ).
E com o advento da chamada Guerra Fria houve um grande incremento da
atividade de inteligência, motivado principalmente pela corrida armamentista entre a
União Soviética e os Estados Unidos. Nessa época, o avanço tecnológico foi patente
e decorreu basicamente da constante busca por parte dos dois países de mais
eficientes e letais mecanismos de destruição e monitoramento recíproco ( p. 79)
Atualmente, segundo (SILVA 2003, p. 56), com o fim da Guerra Fria e o
advento de novas ameaças, tais como o terrorismo e o crime organizado
transnacional, houve uma diversificação na atividade de inteligência, com a
consequente necessidade de sua adaptação e atualização. Também no campo da
espionagem econômica e industrial, observa-se grande incidência da atividade,
exigindo das grandes potências a necessidade de ter em seus quadros especialistas
na área.
Assim, de acordo com o autor acima, tanto na antiguidade quanto nos dias
atuais, nos aspectos político, econômico, tecnológico e industrial, não há como
negar que conhecimento é poder e, consequentemente, aquele que possui o
conhecimento detém o poder. É, pois, incontestável a importância da atividade de
inteligência como vetor principal na obtenção do conhecimento, motivo pelo qual tem
sido considerada tão importante (p. 58 ),
1.2. A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NO BRASIL
A atividade de inteligência no Brasil teve início oficialmente no ano de 1927,
quando o então Presidente Washington Luís criou o Conselho de Defesa Nacional,
através do Decreto nº 17.999, a ele diretamente subordinado. Este conselho tinha
como atribuição coordenar a produção de conhecimentos sobre questões de ordem
19
financeira, econômica, bélica e moral referentes à defesa da pátria. Porém, foi
reestruturado em 15 de fevereiro de 1934, onde o artigo 163 da Constituição Federal
de 1937 deu-lhe nova denominação, passando a chamar Conselho de Segurança
Nacional, mas assim, atuava somente no âmbito dos ministérios militares (ESG,
2010, p. 33).
Assim, em setembro de 1946, o Decreto-Lei nº 9.775-A, autorizou o
Conselho de Segurança Nacional a criar um Serviço Federal de Informações e
Contra-Informações-SFICI, o que ocorreu somente no ano de 1958 com o Decreto nº
44.489-A. O SFICI era um órgão subordinado à Secretaria-Geral do Conselho de
Segurança Nacional e tinha como atribuição superintender e coordenar as atividades
de informações de interesse da Segurança Nacional (ESG, 2010, p. 37).
E em 1964, através da Lei nº 4.341, criou-se o Serviço Nacional de
Informações -SNI, o qual possuía como atribuição legal superintender e coordenar
as atividades de informações e contra-informações, em particular as que
interessassem à Segurança Nacional. Nota-se grande semelhança com as
atribuições do então extinto SFICI. O SNI, durante o regime militar, teve sua atuação
muito criticada, notadamente pelos civis, face o seu envolvimento com questões
eminentemente políticas e seu distanciamento de assuntos relacionados aos
interesses nacionais (SENASP, 2011, p. 39)
Mas com o processo de redemocratização do país, iniciado em 1989, houve
uma reorientação no direcionamento dos serviços de informação, os quais, segundo
a nova perspectiva, deveriam ter uma atuação mais contundente em prol da nação e
reduzindo sua atuação no campo político. Assim, em 1990, o Presidente da
República eleito, Fernando Collor de Mello, face ao desgaste do SNI diante da
opinião pública, resolveu extinguir o órgão, criando em seu lugar a Secretaria de
Assuntos Estratégicos-SAE, que, dentre outras atribuições, abarcou também a
atividade de inteligência. E então a partir de 1995, a atividade de inteligência passa
a ser supervisionada pela Secretaria Geral da Presidência da República e, logo em
seguida, à Casa Militar (SENASP, 2011, p. 43 ).
Mas no ano de 1999, no governo do então Presidente da República
Fernando Henrique Cardoso, foi promulgada a Lei nº 9.883, que instituiu o Sistema
Brasileiro de Inteligência-SISBIN, e criou-se a Agência Brasileira de Inteligência -
ABIN. Para esta lei, o SISBIN tem como atribuições integrar as ações de
planejamento e execução das atividades de inteligência do Brasil e fornecer
20
subsídios ao Presidente da República nos assuntos de interesse nacional. E a ABIN
considerada como órgão central do SISBIN, tem como atribuições planejar, executar,
coordenar, supervisionar e controlar as atividades de inteligência do Brasil, além de
planejar e executar ações relacionadas à obtenção e análise de dados para a
produção de conhecimento, proteção de conhecimentos sensíveis, avaliar ameaças
à ordem constitucional e promover o desenvolvimento de recursos humanos e da
doutrina de inteligência (SENASP, 2011, p. 48).
Além de instituir o SISBIN e criar a ABIN, a Lei nº 9.883 definiu inteligência
como:
“A atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado. E contra-inteligência como: “a atividade que objetiva neutralizar a inteligência adversa (SENASP,2011, p, 34).
Esta obtenção de dados precisa ser trabalhada pelo profissional de
inteligência, seja na inteligência estratégica ou policial, onde busca assessorar o
tomador de decisões. Enquanto que a neutralização que é mencionada na Lei visa
obstruir a espionagem feita por organismos antagônicos, seja no campo estratégico
ou policial.
Assim, é fato que hoje, ao contrário de alguns anos atrás, pode-se afirmar
que a atividade de inteligência no Brasil desenvolvida pela ABIN tem como objetivo
primordial a produção de conhecimentos estratégicos de interesse do País. O
acompanhamento permanente de questões nacionais e internacionais que possam
criar obstáculos à consecução dos objetivos nacionais, à ordem democrática e à
segurança do País, passou a ser o objetivo principal da atividade (FIALHO, 2006, p.
35).
Exemplos de fatos desta natureza é o acompanhamento de movimentos
separatistas, de temas relacionados às questões indígena, meio ambiente e
biodiversidade, tecnologia, Amazônia, crime organizado e segurança pública em
especial o narcotráfico e a lavagem de dinheiro (SILVA, 2003, p. 48).
E assim sendo, vê-se que a ampla as áreas de atuação dos órgãos de
inteligência, para bem desenvolver suas atribuições, devem ter como balizas
princípios éticos e democráticos. Além disso, os responsáveis pela atividade não
21
podem esquecer que o trabalho é feito em prol do Estado, e não em benefício deste
ou daquele governo (SENASP, 2011, p. 52).
E considerando a evolução histórica dos serviços de inteligência no País,
vale destacar que em julho de 2009, houve um grande avanço na atividade de
inteligência com a criação da Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança
Pública-DNISP, onde especifica o conceito, finalidade, características, métodos para
reunião de dados e outras definições. Esta evolução está na regulamentação da
atividade de inteligência, pois este feito indica, mostra o caminho a ser seguido pelo
analista de inteligência e as consequentes operações policiais que são realizadas
pela Polícia Federal e pelas polícias estaduais do país (SENASP, 2011, p. 55).
1.3 A INTELIGÊNCIA POLICIAL
Com a globalização e o crescimento vertiginoso do narcotráfico e do crime
organizado transnacional nas últimas décadas, aumentou-se a preocupação dos
países em criar instrumentos eficientes de repressão a tais modalidades criminosas
(FERNANDES, 1998, p.66).
Para se contrapor ao poderio das organizações criminosas em especial dos
narcotraficantes e diante da comprovada eficiência da atividade de inteligência em
nível de Estado, alguns países passaram a utilizar tal procedimento também neste
sentido, surgindo daí a chamada inteligência policial (FIALHO, 2006, p.45).
De acordo com o Manual de Inteligência do Departamento da Polícia
Federal, 2007, inteligência policial consiste em:
“A atividade de inteligência policial é a atividade interativa exercida pelo órgão policial, fundamentada em preceitos legais e padrões éticos, que consiste na produção e proteção de conhecimento, por uso de metodologia própria e de técnicas acessórias, que permitam afastar a prática de ações meramente intuitivas e a adoção de procedimentos sem uma orientação racional” (p14).
Essa abordagem deixa bem claro que o profissional de inteligência faz uma
processo analítico do dado, em que o mesmo recebe, para que este dado seja
trabalhado e se transforme em um informação para ajudar o tomador de decisão.
Nesse contexto, e diante do reconhecido sucesso da utilização da atividade
de inteligência como instrumento eficiente na proteção do Estado, a inteligência
22
policial surgiu como uma alternativa viável para o combate ao crime organizado e
crimes correlatos. Ao contrário da inteligência de Estado, a inteligência policial não
possui como função primordial a defesa estrita dos interesses nacionais, apesar de
fazê-lo quando atua no combate às organizações criminosas (FIALHO, 2006, p. 48).
De acordo com a Doutrina Nacional de Segurança Pulica (DNISP), estas
atividades diferem basicamente em razão do foco mais restrito da atividade de
inteligência policial, bem como pelo fato desta sofrer um maior controle de diversos
outros órgãos. A inteligência policial, como ramo especializado da inteligência
estratégica, tem como objetivo prevenir, identificar e neutralizar as ações criminosas.
No que tange ao aspecto jurídico, deve constatar os fatos, para posteriormente se
iniciar uma investigação com o fim de obter a verdade dos fatos.. Essa identificação
e neutralização, de acordo com o que foi editado pela DNISP, objetiva-se na
produção e salvaguarda de conhecimentos utilizados em uma tomada de decisões.
No que refere ao conhecimento, a DNISP destaca que é produzido pela
inteligência nas seguintes situações:
a) de acordo com um plano de inteligência;
b) em atendimento à solicitação de uma agência congênere;
c) por iniciativa do próprio analista.
Com a evolução das atividades criminosas, os métodos de investigação
tradicional, utilizados pelas polícias judiciárias, por vezes são inócuos diante da
complexidade e da estrutura das organizações criminosas. Notadamente com
relação ao narcotráfico, tais organizações dispõem de amplos recursos financeiros e,
obviamente, os utilizam para a obtenção de recursos tecnológicos e corrupção de
agentes públicos, o que dificulta a ação repressiva do Estado (CASTRO, 2011, p.
24).
Para (FIALHO 2006, p. 47), nos últimos anos os governos, conscientes da
necessidade de criação de serviços eficientes de inteligência para se contraporem
ao crime, têm investido na área. Os resultados disso podem ser observados quase
que diariamente na mídia, que noticia o sucesso de operações policiais baseadas
principalmente nas ações de inteligência, em especial com relação à Polícia Federal.
Em se tratando do acesso a informações, de acordo com o que preconiza a
Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública, cerca de noventa e cinco
por cento dos conhecimentos podem ser encontrados em fontes abertas, como
arquivos e banco de dados e apenas cinco por cento estariam protegidos. O acesso
23
a este conhecimento protegido, o dado não disponível se dá através do acionamento
do elemento de operações, que é a fração do órgão de inteligência que deve buscar
tal informação negada. Para isto empregam, as chamadas operações de inteligência
que utilizam técnicas, como: OMD (observação, memorização e descrição); estória-
cobertura; reconhecimento; fotografia; meios técnicos; disfarce; vigilância;
recrutamento; entrevista; comunicações sigilosas e infiltração.
Ainda tratando do emprego de técnicas de inteligências, os órgãos policiais
por ter poder de polícia, utilizam com frequência da interceptação telefônica,
conforme está previsto na lei nº 9.296/96. Este instrumento de constatação em muito
tem auxiliado as policiais judiciárias no desmantelamento de quadrilhas, em especial
as envolvidas com o crime organizado e o narcotráfico (CASTRO, 2011, p. 56).
Para Castro (2011, p. 63), a utilização de tais técnicas de inteligências,
obviamente adaptadas à atividade de inteligência policial, propiciou o
desmantelamento de diversas quadrilhas que vinham atuando no Brasil, em especial
as ligadas à corrupção nos mais diversos níveis do poder público.
Ainda com relação ao emprego das atividades de inteligência, Silva (2014, p
62), destaca que não somente como atividade repressiva em si, mas que a
inteligência policial pode ser utilizada como importante ferramenta de prevenção de
crimes. Para o autor, através da coleta e análise de dados e informações, é possível
identificar tendências através da elaboração de cenários e estabelecer estratégias
de atuação policial. O planejamento estratégico das ações de segurança pública
com base em coleta e processamento de informações é de fundamental importância,
bem como a análise prospectiva com vistas a auxiliar o usuário na tomada de
decisões relacionadas ao problema envolvendo o crime organizado.
Desse modo, de acordo com Ferro Júnior (2011, p. 72) diante do grave
quadro advindo do aumento considerável dos índices de criminalidade, o uso da
inteligência por parte dos órgãos policiais é de extrema importância, devendo o
Estado fornecer às instituições encarregadas de garantir a segurança pública
recursos humanos, materiais e tecnológicos para o bom desempenho da atividade, a
qual vem, rotineiramente, provando sua eficiência.
2 O NARCOTRÁFICO
24
2.1 AS ORIGENS HISTÓRICAS DO NARCOTRÁFICO
A origem da palavra droga é controvertida. Alguns afirmam que deriva do
francês “drogue”, outros do holandês antigo “droog” , - folha seca -, do persa “droa”,
que significa odor aromático e, ainda, do hebraico “rakab”, que significa perfume
(CASTRO, p . 82).
Para Castro (2011, p. 83), em sentido amplo, pode-se definir droga como
qualquer substância ou ingrediente utilizado em farmácia, tinturaria e laboratórios
químicos. Em sentido restrito, o termo remete a qualquer produto alucinógeno,
substância ou produto tóxico que leve à dependência química. Cientificamente, as
drogas costumam ser classificadas em três categorias: depressoras do sistema
nervoso central como álcool, ópio; tranquilizantes, benzodiazepínicos e inalantes;
estimulantes como a cocaína, crack, ecstasy, anfetaminas e alucinógenas como o
ácido lisérgico, maconha e heroína.
Mas, em se tratando de drogas, o estudioso observa que independente do
conceito ou classificação dada aos diversos tipos de drogas, o ser humano
relaciona-se com elas há muitos séculos. Arqueólogos descobriram há 6.000 (seis
mil) anos antes de Cristo, no norte do Irã, um jarro de cerâmica com resíduos de
álcool, sendo este o registro mais antigo de consumo da bebida pelo homem.
Também descobriram que a coca, árvore no idioma indígena, já era cultivada há
milhares de anos, cerca de 4.000 a 6.000 anos atrás, Em países andinos como o
Peru, Bolívia, Equador e Colômbia, indígenas possuem como hábito mastigar a
folha, que tem a propriedade de atenuar os efeitos de doenças relacionadas à
altitude. Ainda sobre o uso de drogas nos tempos passados, há registros que
mostram que mães ministravam drogas aos filhos a fim de amenizar a fome e a sede
(p. 84).
Quanto ao uso da maconha, segundo este afirma que historiadores afirmam
que tal droga teria sido utilizada pelos chineses 5.000 anos antes de Cristo, e pelos
hindus, gregos e indianos, 3000 anos antes de Cristo, principalmente como fonte de
prazer. Segundo o Escritório contra Drogas e Crime das Nações Unidas – UNODC,
a maconha é hoje a droga mais comercializada do mundo, possuindo cerca de 140
milhões de consumidores em todo o planeta (p. 26).
Para o mesmo autor, o ópio, substância extraída da papoula, teria sido
descoberto por populações da Mesopotâmia há cerca de 3.500 a.C. E em razão do
25
comércio e consumo desta droga ocorreram duas guerras no século XIX. No ano de
1839, o governo imperial da China tentou deter a importação ilegal de ópio e
queimou vinte mil caixas apreendidas dos ingleses. O Reino Unido em represália a
esta ação do governo chinês mandou uma frota e ocupou a cidade de Xangai,
obrigando os chineses a assinarem o tratado de Nanquim, segundo o qual a China
teria que pagar pesadas indenizações, abrir cinco portos e entregar a cidade de
Hong Kong aos ingleses. Tal incidente ficou conhecido como a I Guerra do Ópio, e
durou até o ano de 1842. Em 1856 ocorreu um novo conflito militar entre chineses e
britânicos, os quais tiveram o apoio dos franceses. Conhecido como II Guerra do
Ópio, que resultou em nova derrota para os primeiros, que foram obrigados a fazer
novas concessões. Assim, no ano de 1906, estimava-se que 13.5 milhões de
chineses cerca de 27% da população masculina adulta fumavam ópio, com graves
consequências sociais para o país (CASTRO 2011, p. 34 ).
Quantos a adoção de medidas de controle, o autor diz que somente no ano
de 1909, o governo chinês daquele país instituiu os primeiros meios de controle da
droga, a cargo da Comissão do Ópio de Shangai realizou-se ali uma conferência
internacional com a participação de treze países, resultando, três anos depois, na
Convenção Internacional do Ópio, assinada em Haia e que visava o controle das
drogas (p. 36).
Segundo explicações de (Castro 2011, p. 38) em virtude dos avanços
tecnológicos no campo da física e da química, no final do século XIX, surgiram
substâncias mais fortes, como a cocaína, originada da folha de coca, e a heroína,
originada da morfina, extraída do ópio. A cocaína droga estimulante produzida
através da mistura entre folhas de coca e outras substâncias químicas foi criada por
médicos europeus no ano de 1860 e era utilizada com finalidades terapêuticas.
Produzida a partir de alcaloides extraídos da folha de coca, não é possível ser
sintetizada.
Quanto as anfetaminas e o MDMA (metilonodioximetanfetamina), princípio
ativo do ecstasy, droga sintética produzida em laboratório, o autor em questão afirma
que estas foram descobertas em 1912 pela indústria farmacêutica alemã Merck. A
finalidade inicial do ecstasy foi a de supressor do apetite. O uso recreativo da droga
surgiu em 1970, nos EUA. Em 1977 foi proibido no Reino Unido e em 1985 nos EUA
(p. 40.).
26
Em relação ao uso de drogas Castro (2011, p. 42) ressalta também que em
países como Peru e Bolívia, a produção da folha de coca é legalizada, sendo o
primeiro e o maior produtor mundial. Nesses países, é uma tradição da população
nativa mascar as folhas
A respeito do uso de drogas, o autor também faz referência ao austriáco
Sigmund Freud , criador da psicanálise dizendo que estimulou o consumo de drogas
para fins terapêuticos. Para o autor este cientista incentivou o uso da substância na
época, chegando a ministrá-la para alguns de seus pacientes. Com a invenção da
seringa, os efeitos do uso de algumas substâncias como a cocaína foram
potencializados, aumentando o nível de dependência dos usuários. Atualmente,
estima-se que tal substância é consumida por aproximadamente 13,4 milhão de
pessoas no mundo (p. 44).
Porém, no que tange ao combate ao tráfico e o consumo, durante o século
XX, este autor destaca que os países decidiram lidar com o problema de forma
conjunta e em razão desta decisão, três convenções das Nações Unidas acerca do
assunto pretenderam restringir o consumo e a venda das substâncias, liberando-as
tão somente para fins medicinais. Tais convenções foram agrupadas no ano de 1961
na Convenção de Drogas e Narcóticos (p. 46 ).
Concernente ao combate ao comércio de drogas que se alastrava sobre o
território americano, Castro (2011, p. 49), destaca que na década de 70 do século
passado, o comércio e consumo de drogas alcançaram níveis inimagináveis,
atingindo seu auge nos anos 80 e em razão disto, em abril de 1986, o então
presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, assinou uma Diretiva de Segurança
Nacional, considerando o narcotráfico como uma ameaça para a segurança daquele
país e autorizou as forças armadas a participarem da chamada guerra contra as
drogas.
E dando sequencia as medidas adotadas por Ronald Reagan, em 1989, o
presidente norte-americano George Bush autorizou as forças especiais daquele país
a acompanhar as forças locais de países produtores de drogas no patrulhamento
contra os narcóticos. Por causa desta autorização presidencial, observou-se nos
últimos anos forte presença americana na Colômbia, país considerado produtor de
cocaína. Estima-se em 1,3 bilhão de dólares a ajuda financeira dos EUA aos
colombianos para compra de equipamentos, armas e assessoramento (CASTRO
2011, p. 53)
27
Também nos anos de 1987 e 1988, conferências realizadas em Viena
resultaram na denominada Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de
Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas, abarcando variados aspectos do
combate às drogas. (CASTRO 2011)
Para Castro (2011, p. 55), hoje, o narcotráfico é uma das atividades mais
lucrativas do mundo, possui uma rentabilidade estimada em 3.000% (três mil por
cento) e custos de produção de 0,5% e custos de distribuição de 3% em relação ao
valor final do produto. Um quilo de cocaína está avaliado em U$ 2.000,00 (dois mil
dólares) na Colômbia, U$ 25.000,00 (vinte e cinco mil dólares nos EUA) e U$
40.000,00 (quarenta mil dólares) na Europa. No Brasil, varia de U$ 4.000,00 a U$
6.000,00.
Considerando o poder econômico dos traficantes, o estudioso do assunto
informa que segundo dados da CEPAL- Comissão Econômica para a América Latina
e o Caribe, os lucros com o narcotráfico na Bolívia chegam a US$ 1,5 bilhão,
enquanto os lucros advindos das exportações regulares daquele país são de US$
2,5 bilhões. Na Colômbia o narcotráfico rende de US$ 2 a 4 bilhões, e as
exportações normais geram US$ 5,25 bilhões (p. 62).
Por fim Castro (2011, p. 66) destaca que a história do consumo e comércio
de drogas se confunde com a própria história da humanidade. Há tempos o ser
humano faz uso de substâncias que alteram seu estado psíquico e físico para os
mais variados objetivos, tais como religiosos e, principalmente, relacionados à
obtenção de prazer. Não obstante, o trágico quadro atual - advindo do incremento da
atividade ilícita com as suas conseqüências nefastas, atingiu um nível sem
precedentes.
2.2 O NARCOTRÁFICO NO BRASIL
No dia 09 de fevereiro de 1737, um edital da Câmara de São Paulo proibiu
aos que não fossem médicos, boticários ou cirurgiões, vender em seus
estabelecimentos substâncias venosas como o ópio. Porém, alguns comerciantes
então, alegando que já vendiam a substância há algum tempo, e que a proibição
contrariava o bem comum do comércio, conseguiram fazer com que o Rei Dom João
V revogasse a medida (MAGALHÃES, 2000, p 34).
28
E assim, segundo este autor após permissão do comércio de tais
substâncias, no ano de 1910, foi publicado um anúncio na Gazeta Médica de São
Paulo exaltando as virtudes da pastilha de cocaína da marca Midy no combate a
doenças como laringite e tosses nervosas. Do mesmo modo, no ano de 1914, o
jornal “O Estado de São Paulo” publicou uma reportagem sobre filhos de famílias
abastadas daquele estado que estavam exagerando no uso da cocaína, realçando
as consequências negativas desse fato.Ressalte-se que naquela época o uso não
medicinal da cocaína estava restrito aos meios artísticos, intelectuais e
aristocráticos, com pouca penetração nos outros segmentos da sociedade. (p. 36).
E desta forma, o estudioso acima afirma que durante boa parte do século
XX, o uso e comércio de substâncias entorpecentes no Brasil não foi considerado
um problema grave e que merecesse atenção especial das autoridades. De certa
forma, estava limitado a certos setores da sociedade, sem grande abrangência com
relação à grande maioria da população (p. 38).
Mas, segundo Santos (2014, p. 41) nos anos 60 e 70 do século passado,
com a mudança cultural pela qual passou o mundo ocidental, houve o aumento
vertiginoso do consumo de drogas e, no Brasil, não foi diferente. Nos anos 70,
presos políticos condenados por violação à Lei de Segurança Nacional foram
colocados em penitenciárias junto com presos comuns. E nestes ambientes
passaram então a ensinar conceitos relacionados à organização e ao planejamento,
a princípio, como forma de reivindicação de melhorias no sistema penitenciário e
deste relacionamento nasceu dentro dos presídios uma organização criminosa
conhecida por “Falange Vermelha” que, posteriormente, passou a se chamar
“Comando Vermelho”, que hoje, no estado do Rio de Janeiro, domina o comércio
ilícito de drogas e dele retira seus maiores lucros.
Assim, segundo o autor, este tipo de organização criminosa se alastrou pelo
país e suas instituições. Por causa disto, no ano de 1991, o Congresso Nacional
instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito que ficou conhecida como CPI do
Narcotráfico e teve como objetivo investigar suspeita de envolvimento de políticos
com tal crime. Ao ser encerrada, apesar de não ter resultado na prisão de grandes
traficantes, gerou a cassação de um Deputado Federal do Acre, Jabes Rabelo (p.
43).
O mesmo ocorreu em 1999, onde de acordo (SANTOS, 2014, p. 45) nova
Comissão Parlamentar de Inquérito é instaurada pela Câmara dos Deputados com o
29
objetivo de investigar o avanço e a impunidade do narcotráfico. No decorrer das
investigações, foram revelados esquemas empresariais relacionados ao tráfico de
drogas, conexões entre traficantes brasileiros e estrangeiros, bem como o
envolvimento de servidores públicos dos mais diversos escalões.
No que refere a drogas, para Santos (2014, p. 47), o Brasil há algum tempo
era considerado tão somente como país de trânsito de drogas, com um nível
moderado de consumo, mas atualmente, o cenário é bastante diferente. Devido a
localização geográfica, o Brasil faz fronteira com a Colombia (1.644 km); Peru ( .995
km) e Bolívia (3.423 km), países que segundo a ONU (Organização das Nações
Unidas) são grandes produtores de cocaína e responsáveis pela quase totalidade
das 800 toneladas da drogas produzidas todo ano no mundo. Devido à esta posição
estratégica, o Brasil acaba se tornando rota natural do escoamento de parte da
produção daqueles países.
Segundo (Castro, 2011, p. 49), estudiosos classificam o Brasil atualmente
como um país produtor e consumidor de drogas ilícitas. Especialistas já chegaram a
afirmar que o país seria uma emergente superpotência das drogas e que de 70 a
80% das substâncias químicas utilizadas no processo de refino da cocaína seriam
aqui fabricados ou embarcados.
Ainda, no que tange a drogas no Brasil, o autor em questão destaca que
com relação à maconha, há registros de produção da droga em estados do nordeste
brasileiro, principalmente Pernambuco e Bahia. Entretanto, grande parte desse tipo
de droga aqui consumida é oriunda do Paraguai, de onde é encaminhada para o
Brasil principalmente por via terrestre. Mas alerta, que em sintonia com a nova
tendência mundial, o tráfico de ecstasy ganhou grande impulso no país. Droga
difundida principalmente entre jovens usuários das classes média e alta, tal
substância que tem origem principalmente na Holanda é de difícil detecção. Ao
contrário de outras substâncias como a maconha, que exala odor e é volumosa,
enquanto que o ecstasy é do tamanho de um comprimido, sendo, portanto, de fácil
dissimulação. É consumida em festas conhecidas por “raves”, que chegam a durar
alguns dias, Esta droga está se tornando a droga preferida de jovens usuários das
classes média e alta, o que acabou resultando na mudança do perfil do traficante. Ao
contrário dos traficantes de outras drogas, como cocaína e maconha, o traficante de
ecstasy geralmente é do mesmo nível social e cultural do usuário e também
frequentador das mesmas festas (p. 51).
30
Segundo Castro (2011, p. 53), em razão dos altos lucros auferidos com o
comércio dos diversos tipos de drogas, nos grandes centros urbanos, o fenômeno do
narcotráfico produziu e continua a produzir efeitos nefastos na sociedade brasileira,
adquirindo poder que o leva a condição de se opor ao Estado, criando uma forma de
governo. em áreas por eles dominadas, como é o caso de algumas favelas do Rio
de Janeiro Para o autor em questão, algumas localidades na cidade principalmente
os morros se transformaram em verdadeiras fortalezas do crime, onde comerciantes
têm de pagar aos marginais para poderem trabalhar e a população, formada em sua
maioria por gente pobre e honesta, tem de se submeter às ordens dos criminosos,
que impõem sua vontade pela força das armas.
Entretanto, este estudioso seria ingenuidade creditar aos traficantes de
morros cariocas o monopólio do tráfico de drogas, bem como considerá-los como os
grandes responsáveis e principais beneficiários dessa atividade ilícita, pois
considerando que o tráfico movimenta um volume de dinheiro equivalente ao lucro
de empresas petrolíferas, os responsáveis por tal negócio são muito mais
organizados e preparados que os marginais semi-analfabetos e violentos que
dominam os morros. Não é por acaso que o crime organizado retira do tráfico de
drogas seus maiores lucros. Mais do que qualquer outro atividade criminosa é o
tráfico que dá às organizações criminosas o capital necessário ao incremento das
suas ações (p. 55).
Em uma matéria publicada no jornal “O Globo”, no dia 13/06/2003, o
jornalista Amauri Mello revelou que policiais italianos da “Guarda Finanziaria”
afirmaram que o Brasil, em pouco tempo, se tornaria o maior fornecedor de cocaína
do mundo pelos seguintes motivos: possuir vasta extensão de fronteiras
desprotegidas; possuir população pobre em áreas da Amazônia e do Centro-Oeste;
reunir uma crescente população da classe média de milhões de pessoas,
consumidores da droga em potencial; possuir legislação migratória não rigorosa; ter
um vasto litoral, de mais de oito mil quilômetros, com muitas ilhas e ilhotas com
grandes fluxos de turismo; possuir uma população miscigenada e a cultura do
consumismo e da obtenção de prazer (MELLO, 2003, p. 58).
Ainda segundo a reportagem, mafiosos italianos estariam objetivando
implementar suas atividades criminosas no Brasil, uma vez que a crescente
repressão a que estavam sendo submetidos na Itália e nos Estados Unidos estaria
prejudicando os negócios. Para tanto, planejaram, em um prazo de dez anos,
31
incrementar as seguintes ações: estimular associação com negócios em áreas de
massa populacional carente, como o transporte coletivo o que, além de facilitar e
justificar a movimentação do dinheiro ilícito, estabeleceria relação com os moradores
e a venda de materiais de construção; participar da atividade política através do
Poder Legislativo, a princípio elegendo vereadores e Deputados Federais e, por fim,
estimular o jogo (MELLO, 2003, p. 61).
Sobre esta previsão dos policiais italianos para o Brasil, (MELLO 2003, p.
62) observa que de fato, uma breve análise do que vem ocorrendo no país nos
últimos anos parece indicar que os policiais italianos não estavam exagerando nas
suas previsões. É notório o envolvimento do tráfico e do crime organizado com o
transporte clandestino, o jogo ilegal e os bingos. Recentemente, a mídia divulgou
que uma organização criminosa de São Paulo teria financiado a campanha de um
candidato a deputado federal. Para este autor, segundo dados da Polícia
Internacional-INTERPOL e da Polícia Federal-PF, estima-se que atuam no Brasil
quatro facções da máfia italiana, a “Camorra Napolitana”, a “N’draghatte Calabresa”,
a “Cosa Nostra” e a “Sacra Corona Unita”, estas duas últimas sicilianas.
No tocante a este assunto, segundo a Secretaria Nacional de Segurança
Pública - SENASP, com base em dados oriundos dos registros das Polícias Civis, os
delitos envolvendo drogas cresceram nos últimos anos. Em 2008, foram 80.764
registros para 100.000 habitantes. Em 2009 foram 83.851 registros e em 2010 foram
90.859 registros (SENASP, 2009).
Com base nestas informações, pode-se afirmar que o tráfico de drogas
prosperou muito no Brasil nos últimos anos. A Polícia Federal estima que cerca de
150.000 pessoas estão envolvidas direta ou indiretamente com o tráfico interno de
drogas. Do mesmo modo, a Polícia do Rio de Janeiro, por sua vez, estima em
100.000 o número de pessoas envolvidas com o tráfico de drogas no estado
(QUAGLIA 2014, p. 45).
Hoje, o problema relacionado ao narcotráfico no mundo, e em especial no
Brasil, ganhou contornos de problema de Estado e há tempos o uso de drogas
ilícitas deixou de ser um simples caso de polícia e de saúde pública, atingindo novos
patamares, onde o narcotráfico passou a ser uma ameaça à existência do próprio
Estado (QUAGLIA, 2014, p. 47).
2.3 O NARCOTRÁFICO E CRIME ORGANIZADO
32
Ainda não tinha sido definido na legislação pátria o que vinha a ser crime
organizado, bem como organização criminosa. A Lei nº 9.034/95, não obstante
relacionava os meios operacionais para a prevenção e repressão às ações
praticadas por organizações criminosas ficou conhecida como Lei de Combate ao
Crime Organizado, não conceituava o que seria e nem o que caracterizaria tal tipo
de organização. Atualmente foi definido o que é organização criminosa com o
advento da a Lei 12850 de 12 agosto de 2013 e dispõe sobre a investigação
criminal, os meios de obtenção de prova, infrações penais correlatas e o
procedimento criminal.
No parágrafo primeiro do artigo primeiro da Lei acima descrita, temos a
definição de organização criminosa como:
“a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional (SENASP, 2011, p. 23).
O novo conceito de crime organizado abrange:
a) a quadrilha ou bando (art. 288), que claramente (com a Lei 10.217/01)
recebeu o rótulo de crime organizado, embora seja fenômeno completamente
distinto do verdadeiro crime organizado;
b) as associações criminosas já tipificadas no nosso ordenamento jurídico (art.
35 da Lei de Tóxicos de numeral 11343.06) assim como todas as que
porventura vierem a sê-lo e;
c) todos os ilícitos delas decorrentes ("delas" significa: da quadrilha ou bando
assim como das associações criminosas definidas em lei);
d) a "organização criminosa", que faltava definição legal;
e) o concurso de pessoas (os requisitos da estabilidade e permanência levam à
conclusão de que associação criminosa ou quadrilha ou bando jamais podem
ser confundidos com o mero concurso de pessoas (que é sempre eventual e
momentâneo)."
Quanto ao surgimento das primeiras organizações criminosas, segundo
Gomes (2009, p. 25 ), historiadores apontam que surgiram no ano de 1644, na
China, e ficaram conhecidas como as “Tríades Chinesas”. Inicialmente foram
33
concebidas nos movimentos populares que visavam à expulsão de invasores, mas
acabou se envolvendo posteriormente com o comércio ilícito da heroína e possuíam
como símbolo um triângulo cujos vértices significavam as principais forças do
universo: céu, terra e homem. Também dizem que no Japão feudal do século XVII
surgiu a organização criminosa denominada “Yakusa”, que tinha como objetivo
explorar atividades lícitas como casas noturnas, teatros e cinemas e ilícitas como
cassinos, tráfico de drogas e turismo sexual.
Porém, segundo o mesmo autor, o termo máfia surgiu na Itália na época
medieval e seus membros eram lavradores arrendatários de terras dos senhores
feudais. A máfia mais famosa daquele país é a “Cosa Nostra”, de origem siciliana.
Da Itália, esta expandiu-se para outros países, como os Estados Unidos, onde
desenvolveram atividades ilícitas relacionadas ao contrabando, extorsão e
corrupção.
Com relação ao Brasil, pode-se dizer que o crime organizado surgiu no início
do século XX, com o chamado “jogo do bicho” entre os anos de 1950 e 1980,
principalmente na cidade do Rio de Janeiro, onde a atividade foi bastante difundida.
Nesta cidade, os contraventores gozavam de certa liberdade de atuação e acabaram
por popularizar o jogo, que não era visto como prejudicial à sociedade. E assim, a
atividade desenvolveu-se e os chefes da contravenção, organizados, acabaram se
envolvendo com outras atividades criminosas, como o narcotráfico e a corrupção
(MARTINS, 2006, p. 27).
Assim, segundo Silva (2014, p. 27) nos últimos anos, o poder paralelo dos
bicheiros cresceu sobremaneira, aumentando o seu nível de influência nos
organismos estatais, bem como sua capacidade de intimidação. Além do “jogo do
bicho”, passaram a explorar também máquinas caça-níqueis e bingos.
Esta prática estava tão enraizada na sociedade, que “Operação Hurricane”
deflagrada pela Polícia Federal, mostrou que uma quadrilha mantinha estreitas
relações com membros do Judiciário e do Ministério Público, em uma simbiose de
causar espanto (SILVA, 2014, p. 31).
Este autor ainda destaca apesar de opiniões contrárias, que as principais
organizações criminosas do Brasil são o “Comando Vermelho-CV” e o “Primeiro
Comando da Capital-PCC” Para o autor acima citado, o Comando Vermelho surgiu
no sistema penitenciário do Rio de Janeiro entre os anos de 1969 e 1975,
inicialmente chamada de Falange Vermelha, a organização tinha como objetivo
34
inicial reivindicar melhores condições para os presos. Para estas organizações
surgiram da união,ajuntamentos de presos comuns com presos políticos, nos
presídios da Ilha Grande e da Ilha do Diabo, no Rio de Janeiro, quando os presos
comuns foram instruídos pelos políticos com lições relacionadas à organização,
disciplina e companheirismo, bem como modo de atuação das guerrilhas
revolucionárias.
2.4 O NARCOTRÁFICO E LAVAGEM DE DINHEIRO
A atividade ilícita relacionada à ocultação de valores e bens, segundo alguns
historiadores, teria surgido na China, há cerca de 3.000 anos. Naquela época,
comerciantes se utilizavam de técnicas visando ocultar lucros e, com isso, proteger o
patrimônio face à atuação dos governantes da época (VIVIANI, 2014, p. 44 ).
Para a autora, o termo “lavagem de dinheiro” teria surgido na década de
1920, nos Estados Unidos, época na qual começou a atuar naquele país
organizações criminosas mafiosas que exploravam atividades ilícitas, como o
contrabando de bebidas e jogos ilegais. Neste país era grande o número de
imigrantes de origem asiática, os quais abriram inúmeras lavanderias e tinturarias,
estas empresas, pelo fato de movimentarem rapidamente muito dinheiro, foram
utilizadas pelos mafiosos para dissimular a origem dos recursos obtidos na atividade
criminosa, os quais eram misturados com o capital legalmente ganho nas
lavanderias e tinturarias. Assim, na década de 1960, com o avanço do narcotráfico e
o consequente aumento dos lucros obtidos pelas organizações criminosas, as
técnicas relacionadas à lavagem de dinheiro foram aprimoradas, inicialmente no
continente americano e, em seguida, nos demais continentes, onde segundo a
autora movimenta quantidade vultosa de dinheiro em espécie. E em razão da
quantia de valores movimentados pelas organizações, o sistema bancário foi então
largamente utilizado nos Estados Unidos para inserção dos valores obtidos com a
atividade criminosa, o que levou o país a criar a Lei do Sigilo Bancário em 1970.
Para Viviani (2014, p 47), em razão da Lei de Sigilo Bancário, todos os
bancos e instituições bancárias dos Estados Unidos passaram a serem obrigados a
informar ao governo federal qualquer movimentação em dinheiro acima de U$
10.000,00 (dez mil dólares), mas, somente em 1986, a lavagem de dinheiro passou
a ser tipificada como crime naquele país.
35
Mas em 1988, segundo autora, a Convenção de Viena, intitulada Convenção
das Nações Unidas Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias
Psicotrópicas lançou as bases da política internacional de combate à lavagem de
dinheiro. Esta convenção enfatizou o caráter lucrativo do narcotráfico, ressaltando
que os grandes traficantes auferiam lucros imensos, bem como possuíam fortunas
consideráveis, haja vista que, quando houve uma expansão da atividade ilícita, os
estados não estavam aparelhados legalmente para enfrentar a ocultação dos valores
auferidos com o tráfico (p. 51).
E após o atentado terrorista contra os Estados Unidos, em setembro de
2001 isto segundo a mesma autora, o FATF -Financial Action Task Force, criado
pelo G7 no ano de 1989 para examinar medidas e desenvolver políticas para o
combate à lavagem de dinheiro, editou oito recomendações especiais sobre o
combate ao terrorismo, ressaltando aspectos relacionados à lavagem de dinheiro (p.
55).
Já em se tratando deste problema no Brasil, a autora observa-se que este
país aderiu à Convenção de Viena em 1991, mas somente no ano de 1998, que
aprovou a Lei nº 9.613/98, que posteriormente foi alterada pela Lei nº 10.467, de
2002 e depois pela Lei n 12.683 de 2012, leis estas que definiram a conduta típica
relacionada ao crime de lavagem de dinheiro como a atitude de “ocultar ou
dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou
propriedade de bens ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração
penal”. Não obstante, a Lei estabeleceu que o crime de lavagem é independente e
autônomo, ou seja, não está vinculado ao processo e julgamento dos crimes
praticados anteriormente (VIVIANI, 2014, p. 58).
De acordo com esta autora, o processo envolvendo a lavagem de dinheiro é
composto de três etapas: colocação, circulação ou estratificação e integração. Tais
etapas podem ocorrer simultaneamente e o processo será bem sucedido se não
deixar vestígio entre as etapas. A primeira etapa consiste na remoção dos recursos
oriundos de atividades ilícitas, como, por exemplo, envio dos mesmos para o
exterior. Nesta etapa o objetivo é dificultar o alcance dos órgãos encarregados da
fiscalização. Na segunda etapa, a fim de desvinculá-los de sua real origem, os
recursos ilícitos são movimentados por instituições financeiras através de
transferências bancárias complexas como, por exemplo, exportações fictícias. Na
última etapa, tais recursos são utilizados em atividades financeiras ligadas
36
diretamente aos criminosos e que, apesar de terem aparência de legais são, na
verdade, criadas tão somente para tal finalidade (p. 61).
Segundo a autora acima mencionada, a Lei nº 9.613/98 também criou o
COAF- Conselho de Controle de Atividades Financeiras, ligado ao Ministério da
Fazenda e com sede em Brasília, tem por finalidade disciplinar, aplicar penas
administrativas, receber, examinar e identificar ocorrências suspeitas de atividades
ilícitas relacionadas à lavagem de dinheiro. Porém é fato que o crime de lavagem de
dinheiro está diretamente relacionado ao narcotráfico e ao crime organizado. O
grande volume de dinheiro obtido pelos traficantes com a venda de drogas, quase
sempre em espécie, precisa ser legalizado pelos criminosos. Nos últimos anos, o
narcotráfico desenvolveu-se muito e o lucro dos criminosos, em consequência,
aumentou de forma considerável (p. 64).
E para esta estudiosa, o combate eficaz à lavagem de dinheiro é de
fundamental importância para a repressão ao narcotráfico, assim como a
recuperação dos bens adquiridos com o dinheiro advindo dessa atividade criminosa
e neste contexto, o uso da atividade de inteligência, torna-se imprescindível e
extremamente necessário face às peculiaridades e complexidade da atividade
criminosa relacionado ao tráfico e à lavagem de dinheiro (p. 65).
2.5 A LEGISLAÇÃO E O NARCOTRÁFICO
A História relata que a primeira legislação criminal relacionada às drogas no
Brasil surgiu no século XVII. No Livro V das Ordenações Filipinas, existia a proibição
do comércio de substâncias tóxicas como o ópio. Aquele que guardasse em casa
tais substâncias poderia perder a fazenda ou ser enviado para a África (CASTRO,
2011, p. 37).
E segundo o estudioso acima, em se tratando de legislação brasileira que
tratava da temática drogas, o Código Penal do Império de 1830 não fez referência às
drogas e somente com a Proclamação da República e a aprovação o advento do
Código Penal de 1890, que a conduta de expor a venda ou ministrar substâncias
venenosas sem legítima autorização e sem as formalidades previstas nos
regulamentos sanitários. foi tipificada. Este delito era o chamado como o Delito do
Boticário (p. 39).
37
No entanto, de acordo com o autor acima, no dia 25 de novembro de 1938,
entrou em vigor em todo o Brasil o Decreto-Lei nº 891/38, aprovado pelo então
Presidente da República Getúlio Vargas, conhecido como Lei de Fiscalização de
Entorpecentes, teve como objetivo dotar o país de uma legislação capaz de regular
eficientemente a fiscalização de entorpecentes, bem como adequá-la às recentes
convenções sobre o tema. De acordo com o decreto, foram proibidos o uso e
comércio no território nacional de várias substâncias, tais como cocaína, maconha,
heroína e ópio (p. 43).
Esta lei foi posteriormente incorporada ao Código Penal Brasileiro através do
Decreto-Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940, que instituiu o Código Penal. No
capítulo III do diploma legal estavam relacionados os crimes contra a saúde pública,
bem como descrevia os delitos envolvendo o comércio e uso de entorpecentes como
encontramos estabelecido no caput de artigo 281 do Código Penal:
“Importar ou exportar, vender ou expor à venda, fornecer, ainda que a título gratuito, transportar, trazer consigo, ter em depósito, guardar, ministrar ou, de qualquer maneira, entregar a consumo substância entorpecente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. A pena prevista era de um a cinco anos de reclusão e multa (CASTRO, 2011, p. 46).
Esta abordagem estava ainda muito incompleta e de acordo com o
comentário do autor Castro, a pena de plantar para comercializar, ´não estava
tipificada
No entendimento de Castro (2011, p. 49), este artigo acima mencionado
possuía uma pena muito branda, com os benefícios de progressão de pena. Os
autuados em flagrante por este delito, logo saíam em liberdade provisória e se
condenados já conseguiam algum benefício, e aqueles que plantavam a droga não
eram penalizados, No entanto, em 1964 a Lei nº 4.451 do então governo Castello
Branco, alterou a redação do artigo 281 do Código Penal, acrescentando mais um
verbo núcleo ao tipo penal, tornando também típica a conduta de plantar substância
proibida, o que ainda não era previsto como crime. E em 1968, nova alteração foi
imprimida ao artigo referido artigo 281, esta através do Decreto-Lei nº 385 que
sistematizou-o de maneira mais organizada as diversas condutas típicas
relacionadas ao consumo e comércio de drogas e cultivo de plantas destinadas à
preparação de entorpecentes. E também em 1971, a Lei nº 5.726 trouxe alteração
38
na pena para o tráfico, que passou de um ano a cinco anos de reclusão para um a
seis anos.
E ainda em se tratando da tipificação dos crimes relacionados a drogas, o
autor destaca que em 1976 entrou em vigor a Lei nº 6.368, que dispôs sobre
medidas de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de substâncias
entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, e revogou por
completo o artigo 281 e todas as suas alterações. Este diploma legal, composto de
quarenta e sete artigos, demonstrou a preocupação do Estado com o problema
relacionado ao tráfico e consumo de entorpecentes. Houve um aumento sensível na
pena prevista para o tráfico, que de um ano e seis meses de reclusão passou a ser
de três a quinze anos. Esta lei permaneceu em vigor até o ano de 2006 quando,
após intensos debates no Congresso Nacional, foi promulgada a Lei nº 11.343,
contendo setenta e cinco artigos (p. 54).
Considerando esta lei Castro (2011, p. 56) observa-se uma preocupação
com relação à reinserção do usuário de drogas no contexto social e a criação do
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas-SISNAD, cuja finalidade,
segundo o Decreto nº 5.912 de 2006 é articular, integrar, organizar e coordenar as
atividades relacionadas a prevenção ao uso e a repressão ao tráfico de drogas. Essa
preocupação com o usuário revelou-se também na redução de sua punição, o qual
não mais está sujeito a pena de prisão. E com esta preocupação, o artigo 28 desta
lei estabelece que o usuário será submetido tão somente à pena de advertência,
prestação de serviços à comunidade ou medida educativa de comparecimento a
programa ou curso educativo. Mesmo que descumpra, na fase de execução da
pena, qualquer uma das medidas impostas, o usuário não poderá ser preso. Mas por
outro lado, a pena mínima para o crime de tráfico de drogas foi aumentada de três
para cinco anos de reclusão, enquanto que a Lei 6.368/76 previa pena de um a dois
anos de detenção e multa para o usuário de drogas.
2.6 A INTELIGÊNCIA E O NARCOTRÁFICO, A SITUAÇÃO ATUAL
O Brasil já foi considerado um país de trânsito de drogas. Hoje, a realidade é
outra. Além do território brasileiro ser usado como rota do tráfico internacional, há
também produção de maconha e o mercado consumidor é cada vez maior
(MARTINS, 2006, p. 32).
39
De acordo com o autor acima, a fim de combater o narcotráfico e o crime
organizado, o Estado brasileiro, nos mais diversos níveis da organização
administrativa, possui órgãos que, isolados ou em conjunto, direta ou indiretamente,
atuam na repressão e prevenção de tais delitos (p. 36).
A este respeito, o estudioso destaca que a Constituição Brasileira de 1988,
em seu artigo 144, atribuiu às Polícias Civis a função de investigar as infrações
penais, exceto as militares e, à Polícia Federal a função de, entre outras, prevenir e
reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins (p. 39)..
No âmbito da Polícia Federal, é notória a utilização da inteligência policial no
combate ao narcotráfico. As várias operações da instituição nessa área
demonstraram efetivamente o sucesso das medidas adotadas (MARTINS, 2006, p.
41).
Já a Agência Brasileira de Inteligência-ABIN produz conhecimento acerca do
narcotráfico no Brasil, bem como sobre a atuação do crime organizado, como em
relação a problemas que envolvem a segurança do Estado (BRASIL, 2013, p.19).
Em se tratando da Secretaria Nacional de Segurança Pública-SENASP,
como órgão central do Sistema de Inteligência de Segurança Pública – SISP, esta
criou no ano de 2007 uma doutrina única de inteligência policial, o que contribuiu
para o aperfeiçoamento do uso da atividade por parte das polícias no combate ao
crime organizado e em especial ao narcotráfico. Atualmente essa Doutrina esta
sendo remodelada para melhor servir de parâmetro aos órgãos de inteligência
(SENASP, 2011, p. 17).
Com relação às Forças Armadas, também há preocupação dos respectivos
centros de inteligência com relação ao crime organizado e ao narcotráfico, e
consequentemente, tais órgãos também produzem conhecimento sobre o assunto
(ESG, 2010, p. 63 ).
Desse modo, (CEPIK, 2009, p. 44) observa-se que os vários órgãos de
inteligência das mais diversas instituições no país atuam no problema relacionado ao
narcotráfico de uma forma ou outra. Não obstante, a troca de informações entre eles
está se aperfeiçoando, para que haja uma maior eficiência no combate ao delito
acima mencionado.
Para este estudioso (CEPIK, 2009, p. 48), a experiência tem demonstrado
que o papel exercido pela inteligência no âmbito policial é de importância ímpar. O
sucesso demonstrado nas operações realizadas comprova esse fato. O que deve
40
ser discutido são as maneiras através das quais pode-se ampliar essa utilização e
com qual frequência.
Para Magalhães (2000, p. 51) investir em inteligência é dispendioso. Os
criminosos, face aos grandes recursos que possuem, têm acesso rápido a
armamentos e tecnologia de ponta. O Estado não pode ficar atrás neste aspecto,
devendo, do mesmo modo, investir para dotar os órgãos encarregados de enfrentar
os traficantes com equipamentos modernos e eficientes.
A este respeito (GOMES, 2009, p. 54) observa que capacitar um profissional
de inteligência demanda tempo e investimento. A difícil tarefa de exercer tal
atividade não pode ser entregue a amadores e profissionais despreparados.
Programas que implementem capacitação e treinamentos de agentes de inteligência
devem ser constantes e abrangentes.Para o autor acima, estão sendo criadas
estruturas administrativas especializadas de inteligência e de repressão ao
narcotráfico dentro dos organismos policiais em todo o país, a exemplo do que
ocorre no Departamento de Polícia Federal, propiciará uma maior efetividade na
repressão a tal crime. Mas destaca que sem o enfrentamento em outras frentes, a
inteligência, sozinha, não resolverá o complexo problema que envolve o narcotráfico.
Outras medidas, em outras áreas, devem ser adotadas.
Ainda considerando o problema das drogas e do narcotráfico, Gomes (2009,
p. 57 ), observa que no campo da educação, há necessidade de uma política voltada
para a conscientização dos jovens acerca das consequências advindas do uso de
drogas. E neste sentido ressalta a importância do papel da mídia que, apesar de não
possuir tal obrigação, mas por questão de responsabilidade face o grave quadro
atual, deveria utilizar seu poder de convencimento no sentido de promover
campanhas contra as drogas, bem como evitar a glamourização do tema.
No que refere a questão de combater ao problema drogas, Castro (2011, p.
42) destaca que com relação ao narcotráfico, a Lei Complementar nº 117, de
setembro de 2004, deu poderes às forças armadas de atuarem na repressão e
prevenção ao crime na faixa de fronteira, podendo efetuar patrulhamento e revistas
de pessoas, carros e embarcações. E com a Lei do Tiro de Destruição nº 9.614/98 -,
houve uma diminuição no número de voos clandestinos, porém forma de repressão
redirecionou a prática destes crimes pelas vias terrestres.
Para Gomes (2009, p. 59) outro problema enfrentado é a questão da
liberalidade das adotada em alguns países da Europa que não resolveu o problema
41
e, em alguns casos, está sendo revista. A Holanda, país conhecido por sua
tolerância em relação ao tema, há pouco tempo reduziu a quantidade de droga
passível de se consumida nos cafés de cinco para três gramas. Nova medida
restritiva foi adotada com a proibição da venda de drogas em cafés que se localizam
próximos as escolas.
Em relação a esta postura, o mesmo estudioso também cita como exemplo o
caso da Suíça, onde a experiência de se permitir que alguns parques fossem
livremente utilizados para consumo de drogas teve que ser revista, pois ao invés de
resolver o problema dos viciados, acabou criando vários outros, como o aumento
sensível no número de crimes ocorridos nas adjacências daqueles lugares (p. 62).
No Brasil, segundo Castro (2011, p. 64), de acordo com o que está previsto
na Lei nº 11.343/06, percebe-se que o País também está adotando uma política
liberalizante, apesar de ter aumentado um pouco a pena mínima para o tráfico,
deixou de apenar o usuário com pena de prisão. Na verdade, desde a aprovação da
Lei nº 9.099/95, que instituiu os Juizados Especiais Criminais, a manutenção de um
usuário de drogas na condição de prisão tornou-se algo difícil e com a aprovação
desta nova lei de drogas, esta possibilidade tornou-se quase que impossível.
A este respeito, este estudioso destaca que ainda não se sabe se a medida
liberalizante adotada no Brasil com relação ao usuário trará algum benefício à
sociedade. E complementa que enquanto houver demanda, haverá tráfico e que os
traficantes forem presos ou mortos estes são facilmente substituídos por outros e o
comércio ilícito, face à grande concorrência entre os criminosos, aos grandes lucros
auferidos e à necessidade de abastecer os consumidores, não param. Com isto,
têm-se que o narcotráfico e o crime organizado há muito deixaram de ser um
problema eminentemente policial para se tornarem um problema de Estado e, como
tal, deve ser entendido e enfrentado (p. 67).
2.7 A EFICÁCIA DA INTELIGÊNCIA NO COMBATE AO NARCOTRÁFICO
Com a aprovação da Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança
Pública-DNISP, no ano de 2007, vários policiais foram especializados para utilizarem
das técnicas operacionais de inteligência no combate ao narcotráfico. As ações de
inteligência, como de coleta e de busca, são feitas para identificar alvos, os quais no
42
caso do narcotráfico são suspeitos de comercializarem ou possuírem substâncias
entorpecentes (DNISP,2007, p. 22 ).
As ações de coleta são realizadas em dados disponíveis em fontes abertas,
sejam elas originadas ou disponibilizadas por indivíduos e órgãos públicos ou
privados. Por originadas ou disponibilizadas entende-se o fato de o conhecimento ou
dado serem de livre acesso a quem procura obtê-los (PF MANUAL, 2009).
Já as ações de busca são todos os procedimentos realizados pelo setor de
operações de uma agência de inteligência com a finalidade de reunir dados
protegidos ou negados. No caso do narcotráfico, o “dado negado” seria a autoria do
delito, o local e a materialidade do delito, ou seja, a droga (DNISP,2007, p. 23).
Em se tratando de ações de busca, de acordo.com o Manual PF, p. 26, após
receber as denúncias do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública, é
feito com isso um trabalho de coleta de dados. Após este procedimento, este dado é
“trabalhado pelo profissional de inteligência”. É a fase intelectual em que o analista
percorre quatro etapas, não necessariamente de forma cronológica, a saber:
avaliação, análise, integração e interpretação.
Para (DNISP, 2007, p. 27) neste processo de análise, várias técnicas de
operações de inteligência são postas em prática, sendo elas: a OMD (observação-
memorização-descrição), fotografia, vigilância, reconhecimento, infiltração e
entrevista, são amplamente utilizadas.
Concomitante a utilização de técnicas de operações de inteligência, a
ferramenta da interceptação telefônica (autorizadas judicialmente) às vezes é
utilizada, como busca do dado negado. Assim, a medida que forem surgindo os
informes das operações, o analista determina às ações que precisam realizar, como
vigilância de pessoas e coisas, reconhecimento de local, fotografia, e até em alguns
casos a própria prisão, pois não há um ordem cronológica a qual foi dita acima (PF
MANUAL 2009, p. 44).
De acordo com a (DNISP, 2007, p. 46), o uso da atividade de inteligência
nas investigações criminais no âmbito da Polícia Judiciária Civil do Mato Grosso
tornou-se imperiosa e teve êxito nas operações baseadas na Doutrina Nacional de
Inteligência de Segurança Pública utilizadas pela Secretaria Adjunta de Inteligência.
A prática tem demonstrado que as mudanças trouxeram grandes benefícios à
sociedade do Mato Grosso, tanto na prevenção quanto na repressão aos crimes, a
inteligência tem desempenhado um papel de destaque.
43
Concomitante a estes procedimentos acima, verificamos este informe com a
Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal-CEAC, da Secretaria Adjunta de
Inteligência-SAI, para que verifiquemos as estatísticas do Bairro Pedregal, cujo
espaço urbano é a área de estudo desta pesquisa (local é o nosso principal alvo.)
44
3 DOS REGISTROS DOS CRIMES DE DROGAS, EM CUIABÁ
Tendo como objetivo geral a análise comparativa juntamente com as
denúncias que chegam, procurou assim, em um primeiro momento apresentar o que
é o Município de Cuiabá-MT em termos de registros de Crimes de Drogas,
mostrando através de gráficos e quadros o número de registros no período
analisado, o tempo de ocorrência (mês, dia da semana, período do dia) e o espaço
da ocorrência (tipo de local e local de ocorrência). Tem-se que com estas variáveis é
possível saber quais meses do ano, dia da semana e período do dia que mais se
pratica o tipo de crime e assim, com as variáveis tipo de local e local de ocorrência,
os locais onde se concentra as ocorrência do crime estudado.
Em um segundo momento, apresenta-se os casos de atuação dos serviços
de Inteligência desta Capital no combate as atividades ilícitas de narcotraficantes no
Bairro Pedregal, nesta Capital (Operação Mordaça), como também o caso de
atuação da Secretaria Adjunta, da SESP-MT, contra a prática de comércio de drogas
no Presídio Central da Capital.
3.1 AS PECULIARIDADES DOS REGISTROS DE CRIMES DE DROGAS EM
CUIABÁ
Esta seção traz informações sobre os registros de Crimes de Drogas em
Cuiabá-MT no período de janeiro à dezembro de 2012 e 2013. Com o propósito de
demonstrar a gravidade do problema deste evento neste Município, comparamos os
registros de ambos os períodos, com destaque para as variáveis relacionadas ao
número de registros de crimes de drogas, mês do ano, dia da semana da ocorrência,
período do dia da ocorrência, tipo de local de ocorrência e local de ocorrência
(bairros), com maiores incidência de registros.
Assim, o Gráfico 01 abaixo disposto, apresenta os registros de ocorrências
envolvendo Crimes de Drogas em Cuiabá-MT, no ano 2013, comparados com os
registros anos de 2012.
45
Fonte: Sistema de Registros de Ocorrências Policiais-SROP/SESP-MT, 2014.
Gráfico 1: Distribuição dos Registros de Ocorrências de Crimes de Drogas em Cuiabá-MT, por Anos de Ocorrência, nos Anos de 2012 e 2013
Considerando o Gráfico 01 acima, observa-se em números absolutos a
considerável preponderância do ano 2012 em relação 2013, isto em termos de
registros de Crimes de Drogas. Observa-se neste gráfico observa-se redução de
38,3% nos registros em relação ao mesmo período de 2012, com 1634 registros a
menos.
Já o Gráfico 02, abaixo, apresenta uma distribuição mensal dos registros dos
Crimes de Drogas em Cuiabá-MT, nos anos de 2013 e 2013.
Fonte: Sistema de Registros de Ocorrências Policiais-SROP/SESP-MT, 2014.
Gráfico 2: Distribuição dos Registros de Ocorrências de Crimes de Drogas em Cuiabá-MT, por Mês do Ano, nos Anos de 2012 e 2013
46
Considerando o gráfico acima, constata-se um considerável destaque do
ano 2012 em relação ao ano 2013, em termos de registros de ocorrência do tipo de
crime estudado.
Nos meses de julho e maio de 2012 há uma maior incidência de drogas em
Cuiabá, sendo que no ano de 2013os meses de maior incidência foram os meses de
janeiro e março.
O Gráfico 03, abaixo, apresenta uma distribuição dos registros de Crimes de
Drogas, por Dia da Semana em Cuiabá-MT, nos anos de 2013 e 2013.
Fonte: Sistema de Registros de Ocorrências Policiais-SROP/SESP-MT, 2014.
Gráfico 3: Distribuição dos Registros de Ocorrências de Crimes de Drogas em
Cuiabá-MT, por Dia da Semana, nos Anos de 2012 e 2013
Os dias da semana com maior incidência no ano de 2012 foram os dias
quinta-feira e sexta feira, enquanto que para o ano 2013, os registros do tipo de
crime concentrou-se nos dias de sextas-feiras e sábados. Assim, é fato considerar
que em ambos os anos desta pesquisa os registros deste tipo de ocorrências
ocorreram especialmente nos finais de semana. É necessário que verifiquem se este
47
aumento dos registros nos finais de semana é resultante da concentração de
operações policiais, ou é resultado de um hábito, onde as pessoas tendem a
consumir, portar e traficar mais nos finais de semana e consequentemente, mais
drogas são apreendidas neste período em questão.
O Gráfico 04, abaixo, apresenta a distribuição dos registros de Crimes de
Drogas, por Faixa Horário em Cuiabá-MT, nos anos de 2013 e 2013.
Fonte: Sistema de Registros de Ocorrências Policiais-SROP/SESP-MT, 2014.
Gráfico 4: Distribuição dos Registros de Ocorrências de Crimes de Drogas em
Cuiabá-MT, por Faixa Horária, nos Anos de 2012 e 2013
Considerando o gráfico acima, observa-se que no ano de 2012, a faixa
horário que mais houve registros dos tipos de delitos foram as faixas compreendidas
das 18h as 00 h e da 12h as 18h; sendo que no ano de 2013 ocorreram das 12h as
18h e das 00h as 06 h. No geral, constata-se que os registros deste delitos
concentrou especialmente a partir do período vespertino, com considerável aumento
no início do período noturno.
48
Abaixo o Quadro 01 apresenta os tipos de locais de ocorrências com
maiores incidências de registros de ocorrências de Crimes de Drogas em Cuiabá-
MT, nos anos de 2012 e 2013.
Tipo de local de Ocorrência
Registros de Ocorrências de Drogas por Ano Média
2012 2013
Via Pública 2782 1770 2276,0
Residência Particular 947 480 713,5
Estabelecimento Comercial 223 125 174,0
Praça Pública 80 82 81,0
Penitenciária/Reformatório 83 78 80,5
Praça Esportiva 12 16 14,0
Escola/Universidade Pública 17 8 12,5
Edifício Público 15 5 10,0
Rio 6 5 5,5
Comércio Livre 5 4 4,5
Habitação Coletiva 10 4 7,0
Outros tipos de locais 88 57 72,5
Total 4268 2634 3451,0 Fonte: Sistema de Registros de Ocorrências Policiais-SROP/SESP-MT, 2014. Quadro 1: Distribuição Anual dos Registros de Ocorrências de Crimes de Drogas em Cuiabá-MT, nos Anos de 2012 e 2013, segundo o Tipo de Local de Ocorrência
Analisando o quadro acima, observa-se que os registros de crimes de
drogas em Cuiabá-MT, obedeceram um mesmo padrão, tanto para o ano de 2012,
como para o ano 2013, variando apenas no número de ocorrência por ambiente.
Assim, com base no quadro acima, tem-se que o tipo de crime estudado,
tem como ambiente propício a manifestação, as vias públicas, residências
particulares, estabelecimentos comerciais e assim por diante, conforme mostra o
quadro em referência.
Abaixo o Quadro 02 apresenta os bairros com maiores incidências de
registros de ocorrências de Crimes de Drogas em Cuiabá-MT, nos anos de 2012 e
2013.
49
Local de Ocorrência (Bairros) Registros de Ocorrências de Drogas por Ano
Média 2012 2013
Pedregal 276 128 202,0
Morada da Serra 255 221 238,0
Pedra Noventa 198 128 163,0
Jardim Leblon 136 75 105,5
Centro Norte 110 97 103,5
Tijucal 109 52 80,5
Planalto 107 62 84,5
Altos da Serra 101 45 73,0
Três Barras 101 0 50,5
Jardim Industriário 93 46 69,5
Demais bairros 2782 1780 2281,0
Total 4268 2634 3451,0
Fonte: Sistema de Registros de Ocorrências Policiais-SROP/SESP-MT, 2014. Quadro 2: Distribuição Anual dos Registros de Ocorrências de Crimes de Drogas
em Cuiabá-MT, nos Anos de 2012 e 2013, segundo o Local de Ocorrência
Considerando o quadro acima, constata-se o tipo de crime apresentou tanto
para o ano 2012, como o ano 2013, uma concentração espacial bem característica,
pois dos dez bairros com maior número de registros do tipo de crime nos bairros,
apenas o bairro Três Barras não apresentou registro no ano 2013. Fato interessante
neste caso é o bairro Pedregal, área de estudo, destacou-se em termos de registros
do tipo de crime, ocupando o primeiro e segundo lugar no ranking dos bairros com
registros deste tipo de crime, demonstrando que este bairro pode figurar como uma
potencial área para a prática de crimes de drogas.
3.2 O EMPREGO DA INTELIGÊNCIA NO COMBATE AO NARCOTRÁFICO
3.2.1 Primeiro caso (Operação Mordaça)
Este primeiro caso relata descreve os “modus operandis” de quadrilha de
narcotraficantes, os quais pretendiam estender suas práticas criminosas para outras
Unidades da Federação. A operação Iniciou-se com uma denúncia que no Bairro
Pedregal, onde o indivíduo Jumar dos Santos Morais estaria vendendo drogas.
Assim, preliminarmente, os serviços de inteligência utilizou a ferramenta da
interceptação, onde concomitante a este procedimento, o analista determinou
operações de inteligência para detectar e identificar os parceiros do traficante
50
denunciado e com isto, deu-se início Operação Mordaça, que redundou na prisão de
quinze traficantes.
Em se tratando da Operação em si, seu desenrolar, sua execução, é fato
que a mesma teve por finalidade desarticular um grupo de pessoas que adquiriam,
negociavam, guardavam, preparavam, difundiam e desejavam estabelecer
abastecimentos de drogas em nosso Estado com difusão para outras Regiões da
Federação. Estes envolvidos desenvolveram uma estrutura de autocolaboração,
como se evidencia na descrição das atividades executadas no decorrer da operação,
onde tais laços colaborativos se sustentavam através de três líderes, sendo eles:
ERISVALDO GUIMARÃES OLIVEIRA vulgo “BOQUINHA”; JUMAR SANTOS
MORAIS e WALDEIL SANTOS DA SILVA vulgo DEDÉ, como podemos constatar
nos relatos abaixo transcritos.
3.2.1.1 Dos alvos da operação
3.2.1.1.1 Grupo 01
ERISVALDO vulgo “BOQUINHA” estava recolhido ao Centro de Ressocialização
Carumbé-CRC, encaminhado ao albergue RG: xxxx e CPF: xxxxxx, Nascido em:
XXXXXX Filiação: XXXXXXX;
Atividade;
Líder que se articula com DEDÉ e JUMAR nesse sistema de colaboração
para o tráfico de drogas, no início da Operação, estava recolhido ao
Centro de Ressocialização Carumbé-CRC importando frisar, que o
mesmo estava intensificando contato com VALDELÍCIO ACÁCIO
RODRIGUES o qual cumpria também sua pena naquele estabelecimento
penal, efetivamente, VALDELÍCIO é traficante de grande relevância para
o grupo de BOQUINHA o qual deseja conhecer a trama de abastecimento
do tráfico no Rio de Janeiro, por meio da aproximação prometida por
VALDELÍCIO aos morros cariocas.
TELMA esposa de BOQUINHA, RG: xxxxxx, nascida em xxxxxx, residente à RUA
114 QUADRA 22 CASA 08 TIJUCAL SETOR 01 CEP 78088-000, Filiação:
XXXXXXXXX;
51
Atividade;
Praticamente é a pessoa responsável pela anotação de haveres e clientes
do grupo liderado pelo seu marido ERISVALDO. Realiza a parte contábil,
armazenando as drogas, realiza a captação dos haveres do grupo
encimado por ERISVALDO, faz pagamentos àqueles disseminadores
eventuais (correrias) que vão receber dinheiro, preferencialmente em sua
residência no Bairro Tijucal. Conhece do processo de desenvolvimento e
preparo de entorpecentes. Para essa atividade ilícita tanto TELMA como
ERISVALDO usam até menores para algumas entregas, solicitando, que
esses entreguem drogas encomendadas àqueles clientes os quais
chegam a sua residência para adquirir tal produto.
ALCIRLEI XXXXX, residente à RUA SANTANA Nº 195 PARQUE OHARA (endereço
dos pais) RG: XXXXX, nascido em: XXXXXX Filiação: XXXXXXXX
Atividade:
Realiza o transporte de valores, favores e contatos para os negócios
ilícitos de seu cunhado BOQUINHA, além de providenciar todo o
necessário (papeis, cheques, documentos etc.) para os interesses
pessoais “daquilo” requerido por ERISVALDO. Tem ciência das
transações deste grupo e conhece o Grupo de DEDÉ, dá apoio para
TELMA como motorista além de buscar apoio doutras pessoas para
viabilizar a articulação e a atividade criminosa.
ROZENIR XXXXXXXXX vulgo NIL, RG: XXXXXX, nascida em XXXXXX, residente à
RUA TANGARÁ nº XX QUADRA nº 156, ALTOS DA SERRA, Filiação:
XXXXXXXXXXXXXXXX.
Atividade:
Peça de campo e apoio para ERISVALDO dentro e fora do presídio (CRC-
Carumbé) quando recolhido. Captava droga até doutros apoiadores de
ERISVALDO nessa rede para o tráfico, fazia entregas, buscas, realizava
viagens, efetuava contatos, articulava com outros criminosos (ELVIS
52
SOUZA DE MIRANDA), por vezes era solicitada para transportes (como
chips e arma) para dentro do presídio. Podemos constatar que NIL
trabalha ativamente no trafico e atividades de auxílio aos recolhidos no
CRC, a mando de ERISVALDO se torna a pessoa responsável pelas
entregas.
CLAUDIO XXXXXXXXXXXXXX, nascido em XXXXXX, residente a RUA MARAJÓ
XX, BAIRRO: PEDREGAL EM CUIABÁ, Filiação: MARCOS FRANÇA DOS SANTOS
e LAUDELINA FERNANDES GOMES possui registro criminal nº: XXXXX;
Atividade:
Ocupação imprecisa, fazendo-se constar que atualmente reside a RUA
MARAJÓ, 53 – Bairro Pedregal, quando antes residia à Rua Marabá nº
114 neste mesmo bairro. O mesmo é citado em varias ligações entre
ERISVALDO e seus comparsas quando orienta seus colaboradores de
crime a pegar a droga dele com CLAUDIO (Todinho).
3.2.1.1.2 Grupo 02
WALDEIL XXXXXXXXXX: atualmente albergado na casa do albergado (Bairro
Centro América) declara residir à Rua JOÃO TERTULIANO XX VÁRZEA GRANDE,
nascido em XXXXX RG: XXXXXX CPF: XXXXXX. Filiação: XXXXXXXXXXX
Atividade:
Atualmente albergado na casa do albergado (Bairro Centro América),
traficante que recebe as drogas com fortes indícios de ser proveniente da
Cidade de Cáceres/MT, em virtude de sua irmã DILZA o fornecer. Até
compra droga em conjunto com ERISVALDO e associam esforços para
conseguirem melhor preço, abastecerem presídios e bairros da periferia
com parceria colaborativa para o tráfico. Atualmente faz contatos para
difusão de drogas no bairro Cristo Rey/VG.
DIONÍSIO JOSÉ DE JESUS FARIA: RG: XXXXXX CPF: XXXXXXX, nascido em
XXXXXX, Filiação: XXXXXXXXX, moto-taxista que usa como suporte o seu ponto
53
em frente à Moda Verão do Bairro Tijucal, assim como, em seus cadastros consigna
residência na Rua B, nº xx Quadra COHAB São Gonçalo – CUIABÁ/MT;
Atividade:
Moto-taxista que usa como suporte o seu ponto em frente à Moda Verão
do Bairro Tijucal, assim como, em seus cadastros consigna residência na
Rua B, nº 03 Quadra 27 COHAB São Gonçalo – CUIABÁ/MT. Dá apoio ao
grupo encabeçado por DEDÉ, realizando a condução do pessoal para
pegar e entregar drogas tendo total ciência da atividade ilícita.
Consideramos ser o mesmo peça importante dessa trama, quer seja pela
confiança depositada pelo grupo (família) de DEDÉ, quer seja por ter
conhecimento e saber precisar os endereços dos membros, como a
articulação dos locais de entrega e captação de entorpecente do grupo.
VALDETE XXXXX vulgo XXXXXXX, RG: XXXXX CPF: XXXXXXX, nascido em
XXXXXX, Filiação: XXXXXXXXXXXX, residente no Assentamento SANTO
ANTONIO DA FARTURA, NAS MARGENS DA BR 070 (CUIABÁ/ CAMPO NOVO).
Atividade:
Pai de DEDÉ que o auxilia nesta rede criminosa em nossa região,
realizando o transporte da mercadoria, aliás, usando de viagens
intermunicipais para escoar a droga nas cidades circunvizinhas. Em
verdade, essa família, demonstra longo trato com a mercancia de
entorpecentes, podendo-se determinar que o mencionado casal (FOGOIÓ
E MARIA GORETE) usam a nova propriedade (assentamento) para servir
de abrigo para atividade.
DAIANE XXXXXX, RG: XXXXXX, nascida em XXXXX, Filiação: VALDETE VIEIRA
DA SILVA e MARIA GORETH CUNHA SANTOS, residente Rua 21 casa 13 lote 19
Jd Nossa Senhora Aparecida nesta capital;
54
Atividade:
Irmã de DEDÉ que o auxiliam nesta rede criminosa em nossa capital,
realizando o transporte da mercadoria e contato com clientes. Cremos
que se relaciona com a sua mãe, por vezes, ficando em períodos na
residência de MARIA GORETE.
MARIA , RG: XXXXX CPF: XXXXXX, nascida em XXXXX, Filiação:
XXXXXXXXXXXX, residente em RUA C, QUADRA 02 CASA 26, JARDIM
MOSSORÓ – CUIABÁ/MT.
Atividade:
Tem experiência com o armazenamento e difusão de drogas por estar
nesta atividade há tempo, colabora com os demais do Grupo de DEDÉ
(Filho) interagindo com os demais da família (DAIANE, FOGOIÓ, DILZA).
3.2.1.1.3 Grupo 03
JUMAR RG: XXXXXX, CPF: XXXXXXXX, nascido em XXXXXXX, Filiação:
XXXXXXXXXXX empresário que usa como suporte a sua borracharia localizada na
entrada do Bairro Pedregal, ai sito, PNEUS TIJUCAL: Avenida Doutor Meirelles 14,
Qd 18 Lt 14 78088-100 como também sua residência nova na Rua 111 Quadra 18
casa 29, Bairro Tijucal.
Atividade:
Empresário que usa como suporte a sua borracharia localizada na
entrada do Bairro Pedregal PNEUS PEDREGAL. Líder articulado que
recebe droga de DEDÈ e BOQUINHA, além de repassar drogas e tarefas
a GERCI (ANU) nesta atividade ilícitas. Usam como suporte a sua
borracharia e de GERCI para montar a “encomenda” para MARIA
SALETE, por meio de DEOCLIDES (DIÓ).
GERCI XXXXXXXXX vulgo XX, RG: XXXXXX CPF: XXXXXXXXX, nascido em
XXXXXX, Filiação: XXXXXXXX, empresário que usa como suporte a sua borracharia
55
PNEUS CAPIXABA: Avenida dos Trabalhadores, s/nº (próximo ao Terminal CPA) –
Novo Horizonte.
Atividade:
Empresário e traficante com registros de envolvimento com drogas, que
dá em específico a JUMAR, recebendo drogas e por vezes armazenando-
as em sua empresa usando como suporte a sua borracharia PNEUS
CAPIXABA: Avenida dos Trabalhadores, s/nº (próximo ao Terminal CPA)
– Novo Horizonte em Cuiabá-MT.
DEOCLIDES XXXXXXXXXX: RG: XXXXX, nascido em XXXXX, Filiação:
MELQUIADES DOS SANTOS e NICOLINA RODRIGUES DOS SANTOS,
empresário do ramo de linha de viagens com sua “van” de ALTO PARAGUAI a
CUIABÁ, residente na casa a qual era a antiga SUCAM de ALTO PARAGUAI
mesmo assim consta em seus dados, Rua 07 de setembro, 377, Centro daquele
município;
Atividade:
Empresário do ramo de linha de van, dá apoio a JUMAR levando
entorpecentes preparados para despistar ações policiais e escondidos em
sua van, tendo destino a MARIA SALETE (difusão Alto Paraguai e
Diamantino)
MARIA XXXXXXXXX: RG CRIMINAL: XXXXXXX CPF: XXXXXX9 nascida em
XXXXX, Filiação: XXXXXXXXXXX usam como ponto disseminador a sua residência,
aí sito, Rua Joaquim Murtinho s/nº, Bela Vista, Alto Paraguai/MT Conta com
colaboração da FAMÍLIA;
Atividade:
Traficante de drogas que vive as expensas desta atividade lucrativa no
atacado e varejo, usando como ponto disseminador a sua residência (Rua
Joaquim Murtinho s/nº, Bela Vista, Alto Paraguai/MT). Contando com
colaboração da FAMÍLIA e do seu lider JUMAR, registramos
recentemente a atividade de ADEMAR BRAATZ (irmão de MARIA
56
SALETE) vulgo “alemão mecânico” em conjunto com sua esposa
JUCELMA auxiliam MARIA SALETE na distribuição de drogas no
município de ALTO PARAGUAI e DIAMANTINO, sendo residentes na AV.
Palmeiras s/n NOVO DIAMANTINO 78400-000, DIAMANTINO/MT.
ADEMAR XXXXXXX (irmão de MARIA SALETE) vulgo “ALEMÃO MECÂNICO” RG:
XXXXXXX CPF: XXXXXXX, Filiação: GASPAR BALDUINO NEIS e LONI BRAATZ
em conjunto com sua esposa JUCELMA auxiliam MARIA SALETE na distribuição de
drogas no município de ALTO PARAGUAI e DIAMANTINO, sendo residentes na AV.
Palmeiras s/n NOVO DIAMANTINO 78400-000, DIAMANTINO/MT.
Atividade:
Cooperador de MARIA SALETE que em conjunto com sua esposa
desenvolve a atividade de venda de entorpecente
3.2.2 Da Análise da Operação Mordaça
A Secretaria Adjunta de Inteligência-SAI, através de diligências efetuadas
pelo setor de operações, empregou várias técnicas de inteligência prevista na
Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública-DNISP, as quais identificou
uma rede colaborativa para o tráfico. As informações coligidas prosseguiram no
intuito comum de apurar o crime de tráfico de drogas e afins, precisando quais
pessoas colaborava para os mencionados delitos, determinando um relacionamento
de três grupos justapostos para o mesmo ideal, auferir lucro por meio do tráfico e
venda de drogas. O resultado dessas investigações culminou na Operação Mordaça.
Consta no relatório, confeccionado pelo Setor de Inteligência que inúmeras
pessoas estavam envolvidas em uma modalidade delituosa a qual até recentemente
era pouco percebida pelas forças policiais, ressalvando a intermediação entre
fornecedores localizados no Bairro Pedregal na cidade de Cuiabá.
A nova modalidade trabalhada apresentava-se de forma mais robusta, com
várias pessoas interagindo, com organização hierárquica e funções bem definidas
existindo líderes os quais se auxiliavam com o claro objetivo de melhor se
estabelecerem no ramo perpetrado.
57
No ano de 2013 foram detectados esses líderes de grupos criminosos
organizados para o tráfico de drogas, apesar de alguns estarem presos, mesmos
assim comandavam ainda seus grupos que viabilizavam um “canal” de drogas nos
presídios, para com isso propiciarem entrada das substâncias e continuidade de
suas ações ilícitas dentro e fora das celas.
Assim, a pessoa do DEDÉ viabilizava sua droga por meio de seus contatos
familiares, principalmente na cidade de Cáceres/MT. O acompanhamento feito
mostrou toda articulação do grupo, buscando drogas na Bolívia, tendo ponto de
escoamento as cidades de Cáceres e a Grande Cuiabá, possuindo ainda
articulações para envio de drogas a outros estados da federação.
Em Cuiabá DEDÉ fornecia drogas a pequenos traficantes, os quais não
foram alvos de investigações mais aprofundadas sendo identificados apenas pelas
alcunhas de PAULO, BRUNO e MILTON.
Para a entrega de drogas em outros Estados o grupo de DEDÉ utilizava-se
de sua mãe MARIA GORETE, conhecida por DONA MARIA, a qual leva a droga em
sua bagagem em ônibus interestaduais, contando com a participação efetiva de seu
pai VALDETE conhecido pela alcunha de FOGOIÓ e de sua irmã DAIANE. O grupo,
em nossa capital e adjacências, sempre faziam uso dos serviços do moto-taxista
DIONISIO para entregas de drogas e contatos diretos entre si.
DEDÉ logo no início das investigações estava cumprindo pena no regime
semi aberto, onde ia durmir no albergue. Na data da operação, o mesmo estava
entregando droga logo que saiu do albergue pela manhã e foi preso em flagrante. O
BOQUINHA estava preso no Carumbé, onde traficava com grande intensidade, para
tanto possui um grupo que lhe dá todo suporte externo, o qual se apresenta mais
organizado que o de DEDÉ. A esposa de BOQUINHA, TELMA RODRIGUES DE
JESUS e seu cunhado ALCIRLEI RODRIGUES DE JESUS cuidavam da distribuição
e principalmente da contabilidade do grupo, sendo o responsável por sanar as
duvidas quantos as dívidas de reeducandos, BOQUINHA, solicita uma confirmação
junto a TELMA que mantém as contas anotadas mesmo estando fora da prisão,
ainda, a mesma, é responsável por verificar valores de créditos de telefonia celular,
que é dado como moeda de troca dentro da cadeia.
Outro grande articulador de BOQUINHA era a pessoa de ROZENIR, vulgo
“NIL”, responsável por disseminar drogas, insumos e outros objetos dentro e fora do
CRC, mostrando ser peça fundamental no esquema criminoso de BOQUINHA.Nesta
58
trama, NIL conta com suporte de MÁRCIA (mulher do INDIO, outro criminoso, à
época preso no CRC, que se associara também ao BOQUINHA. “NIL” trata
BOQUINHA por “patrão” e quando não o faz chama de “senhor”, quer seja
mostrando subordinação hierárquica, quer seja cumprindo ordens de entrega para
clientes de BOQUINHA. (ELVIS SOUZA DE MIRANDA).
Também foi possível identificar a pessoa de CLAUDIO DOMINGOS DOS
SANTOS vulgo “TODINHO” como um dos armazenadores de drogas para os
comparsas de BOQUINHA. Constatou-se também que o BOQUINHA também
interagia com o grupo de DEDÉ, às vezes contatando outros membros como a irmã
de DEDÉ, a DAIANE SANTOS DA SILVA, com o objetivo de obter outras
modalidades de drogas.
Temos ainda vinculado ao grupo de DEDÉ e BOQUINHA um outro grupo
liderado por JUMAR o qual utiliza uma borracharia como fachada para venda de
drogas. JUMAR possui um aliado no crime de nome GERCI vulgo “ANU”, sendo que
os mesmos além de traficar drogas em Cuiabá, mantém um fornecimento constante
na cidade de Alto Paraguai através da pessoa de MARIA. A droga é enviada a
MARIA pela pessoa de “DIO”, o qual possui um veículo tipo Van e faz transportes na
rota Cuiabá –Alto Paraguai. Por sua vez MARIA ainda recebe a ajuda de seu tio e de
seu irmão ADEMAR BRAATZ.
O relatório de inteligência concluiu pela existência de um grupo constituído
para a prática do tráfico de drogas de envergadura considerável, bem como ressalta
a quantidade de pessoas envolvidas que participavam na condição de traficantes,
onde desenvolviam uma estratégia que dificultava a ação da Polícia, pois não
atuavam, diretamente, nem na origem nem no destino final da droga.
O relatório também deixa claro que o grupo tem planos para o tráfico
interestadual, sendo que o BOQUINHA vem se relacionando com o reeducando
VALDELICIO ACACIO RODRIGUES, o qual está preso por ter sido flagrado com
quarenta quilos de drogas no Estado do Rio de Janeiro, então transferido do Sistema
Prisional do Rio de Janeiro para nosso Estado. Por esta razão, BOQUINHA
pretendia estabelecer um vínculo colaborativo com as favelas cariocas, para isso
conta com a experiência e os contatos de VALDELICIO no Rio, e revela ao seu
cunhado ALCIRLEI como é a “manobra“ arquitetando com a ROZENIR, vulgo NIL.
3.2.3 Segundo Caso
59
A Secretaria Adjunta de Inteligência-SAI recebeu a denúncia do Centro
Integrado de Operações de Segurança Pública-CIOSP informando que a Policial
Militar CARMEN DA CRUZ, lotada na Guarda da Penitenciária Central da Capital,
estaria comercializando drogas ilícitas dentro do presídio e também levando
aparelhos celulares aos detentos.
Diante disto, consultou-se o banco de dados, conseguindo todos os dados
referentes a denunciada, e confirmando que esta se tratava de fato de uma policial
militar. Após isto, emitimos uma ordem de missão ao setor operacional para que
realizasse todas as técnicas operacionais como vigilância, fotografia e também a
interceptação, com a finalidade de surpreender a referida praticando o comércio
ilícito de drogas.
Os agentes monitoraram a suspeita por três dias. No dia de seu plantão, a
suspeita saiu de sua residência localizada no Bairro Pedregal e foi com sua
motocicleta Honda/Biz em direção à Penitenciária. Durante todo o percurso, a
mesma foi acompanhada por uma equipe da inteligência, a qual mantinha contato
com uma equipe de investigadores da Polícia Judiciária Civil que estava nas
imediações da Penitenciária.
Ao chegar à Penitenciária para assumir o plantão, a suspeita Carmem
portava uma mochila e estava trajada com a farda da Polícia Militar. Ao ser
abordada, os investigadores apreenderam seis aparelhos celulares, três porções de
maconha, uma porção de cocaína e dois mil e cem Reais em espécie. Neste
momento fora dada voz de prisão a mesma pelos artigos 33 da Lei 11.343/2006
(tráfico ilícito de drogas), 349-A e 317 do Código Penal (favorecimento real e
corrupção passiva) e encaminhada a Delegacia de Repressão a Entorpecentes para
a lavratura do auto de prisão em flagrante.
Com base nesta operação acima delineada, demonstramos que a tecnologia
aliada às técnicas operacionais de inteligência, é um método eficaz para o combate
ao narcotráfico.
60
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não se pode negar o avanço do narcotráfico e do crime organizado em nível
nacional e internacional. Países de todo o mundo têm demonstrado preocupação em
estabelecer políticas e estratégias visando enfrentar e reprimir de maneira eficaz tais
atividades ilegais.
A complexidade envolvendo o tema narcotráfico revela que o assunto não
está adstrito tão somente ao âmbito policial e judicial. As consequências graves
decorrentes da atividade atingem a sociedade em vários níveis, em especial nas
áreas econômica e de saúde pública.
A experiência de alguns países na tentativa de solucionar ou minimizar os
problemas decorrentes do comércio e uso de drogas não resultou em sucesso.
Tanto a política de tolerância às drogas adotada por alguns países europeus quanto
à de repressão militar na chamada guerra às drogas não demonstraram ser
eficientes. A prática tem demonstrado que os extremos não estão dando resultado
positivo.
Não somente no aspecto repressivo, mas também e fundamentalmente no
que concerne à prevenção, o uso da inteligência propiciará resultados mais eficazes
na luta contra o crime organizado e, em especial, o narcotráfico.
Os órgãos encarregados de atuar nessas áreas devem estar dotados de
equipamentos e recursos humanos aptos à árdua tarefa de enfrentar as
organizações criminosas. Para tanto, é necessário investimento.
Com efeito, os graves prejuízos causados pelo narcotráfico exigem dos
governantes ações eficazes e urgentes. Sempre pautada pela legalidade e
observância dos direitos e garantias individuais, a ação dos órgãos de inteligência
não podem prescindir de uma integração efetiva. As informações devem ser
61
compartilhadas em tempo hábil, sob pena de se tornarem inúteis caso não sejam
usadas nem difundidas.
Os investimentos na área devem ser proporcionais à importância da
atividade de inteligência. Sem dúvida, o benefício proporcionado compensará o
investimento realizado, não se tratando, pois, de gasto público desnecessário.
Enfrentar o crime organizado e, em especial, o narcotráfico, exige grande
esforço não somente dos governos, mas também de toda a sociedade. Experiências
que estão dando certo não podem ser desprezadas. É o caso da atividade de
inteligência que tem demonstrado sua eficiência não somente no campo da defesa
do Estado e dos interesses nacionais, mas também e principalmente na prevenção e
repressão a tais delitos.
Conhecimento é poder. Urge pois que os órgãos de inteligência sejam
dotados de recursos humanos e materiais que os coloquem em condições de
enfrentar o poderio inerente às organizações criminosas.
Assim, fatalmente, com a implementação das políticas e estratégias
propostas, o Estado, com a utilização da inteligência poderá, de uma maneira mais
eficiente, dar combate efetivo ao narcotráfico, propósito maior do presente trabalho.
Conclui-se, pois, que a atividade de inteligência, na difícil tarefa de reprimir e
combater o narcotráfico está desempenhando um papel de relevância
inquestionável. Os benefícios para a sociedade e para o Estado são visíveis, motivo
pelo qual seu incremento deve ser incentivado e, na medida do possível, sua
utilização ampliada.
Do exposto, a maneira que nos propusemos a combater o narcotráfico
utilizando as técnicas da Doutrina Nacional de Segurança Pública é eficaz
juntamente com uma política educacional nas escolas e universidades.
Essa política educacional versaria num estudo futuro de usarmos alguns
tipos de drogas como medida medicinal e uma grande conscientização que o uso
recreativo não ajudará em nada à humanidade e sim tem o condão de destruir o ser
humano.
62
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